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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Orientação Educacional “A relação afetiva no sucesso do ensino aprendizagem no ensino fundamental”. Por Marta Maria de Souza Rosas Orientador Professor Nilson Guedes de Freitas Abril/2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Orientação Educacional

“A relação afetiva no sucesso do ensino

aprendizagem no ensino fundamental”.

Por

Marta Maria de Souza Rosas

Orientador

Professor Nilson Guedes de Freitas

Abril/2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Orientação Educacional

“A relação afetiva no sucesso do ensino

aprendizagem no ensino fundamental”

Monografia elaborada como pré-requisito para

manutenção de titulo de especialista em

orientação educacional apresentada ao

professor Orientador Nilson Guedes de Freitas

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus e a Maria pela minha

força, coragem e determinação e aos meus

filhos João Paulo e Érica Paula que foram

amigos, solidários, pacientes, incentivadores e

colaboradores da confecção e aperfeiçoamento

desse trabalho, mesmo subtraindo os momentos

de estarmos juntos no convívio familiar.

Agradeço também as colegas de curso Sandra,

Rosângela e Wania.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao meu marido e

companheiro Paulo Cesar , que tanto colaborou

para o meu desenvolvimento, não medindo

esforços, e sem dúvida foi o seu apoio e

dedicação que me impulsionou a chegar a essa

realização.

Aos meus filhos, Érica Paula e João Paulo, a

razão do meu viver.

E aos meus pais, Olga e João, meus

primeiros incentivadores na escola da vida.

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“Educar é semear com sabedoria e colher com paciência”

Augusto Cury

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RESUMO

Esse trabalho, procurou apresentar, sem qualquer pretensão competitiva a questão dos envolvidos na formação do jovem aprendiz nesta modernidade que vivemos, apontando a necessidade de ser a família, em seu primeiro plano, a responsável pela educação de base da criança, de forma, que ao chegar na escola, ela possa se ajustar, sentir-se confiante, ter acesso aos mestres, sem medos ou “encolhidos” a um debate, discussão, ponto de vista, por conseqüência familiar. Que seja esta criança, este adolescente, inserido no grupo Institucional por prazer, com prazer, e propenso sempre, a debater, dialogar, extravasar de forma sensata, os seus medos, frustrações, angústias com o grupo que se propõem a ajudá- lo. Encontre um ambiente favorável ao seu crescimento moral, intelectual, e psico-emocional, tornando-se um indivíduo capaz de decidir, agir apresentar propostas e soluções aos desafios da vida.Tendo como problema apresentado à importância da relação afetiva no processo ensino aprendizagem . Centralizamos, o papel da família como a base dessa segurança, pois vemos que assim, os desafios são minorizados e o processo Ensino Aprendizagem aconteça sem tantos atropelos, cujo professor tenha a liberdade de progredir em seus mecanismos de Educador e formador de opiniões. Os procedimentos metodológicos foram desenvolvidos através de pesquisa bibliográfica no ensino fundamental.

Palavras - Chaves: Aprendizagem. Afetividade. Família. Escola. Professor.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...............................................................................................................08

CAPÍTULO 1 – A RELAÇÃO AFETIVA NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM ............11

CAPÍTULO 2 – PONDERAÇÕES ACERCA DE ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA

DA EDUCAÇÃO ............................................................................................................16

CAPÍTULO 3 – O PAPEL DA INSTITUIÇÃO ESCOLA ......................................................21

CAPÍTULO 4 – ASPECTO EMOCIONAL DO PROFESSOR NO RENDIMENTO ESCOLAR ......26

CAPÍTULO 5 – FAMÍLIA E PARENTELA NO SUCESSO DO RENDIMENTO ESCOLAR ........31

CONCLUSÃO ................................................................................................................36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................38

ANEXOS ......................................................................................................................40

ÍNDICE .........................................................................................................................42

FOLHA DE AVALIAÇÃO.................................................................................................43

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo final, levantar questões da importância de

todos os elementos ligados e interligados ao preparo do discente no mundo real em

que vive, particularmente nos deteremos aos aspectos psico-emocionais de qualquer

atitude quer positiva, quer negativa em suas conseqüências dos então educadores

ligados a esse aluno.

Percebemos que na educação moderna, existe a dificuldade constante da

relação afetiva dos educandos no processo ensino aprendizagem. O professor não se

preocupa somente com a aprendizagem do educando; preocupa-se também em

conhecer o aluno sob todos os aspectos de sua personalidade.Encara-o como um

todo, como um ser em formação: o conhecimento da personalidade do aluno, sua

capacidade intelectual, sua manifestação afetivo-social para proporcionar o sucesso

no processo ensino-aprendizagem. Para isso, precisamos reconhecer nossas

possibilidades e limitações.

Atualmente vivenciamos uma época de transição na educação brasileira.

Conseqüentemente, novas políticas educacionais, modificações no currículo escolar,

aprendizagem mediada por novas tecnologias, teorias que estão resignificando o

cotidiano das salas de aula, práticas que enfatizam a construção da autonomia,

competências e cidadania, tornam mais complexo o processo ensino-aprendizagem.

No entanto, enquanto avançam as reflexões, as teorias e as práticas em

diversas áreas da educação, persistem alguns desafios seculares, dentre os quais

destacamos as relações afetivas, cujas expressões na escola têm colocado inúmeros

desafios aos educadores.

São freqüentes os casos de alunos desmotivados para os estudos, até porque

a quantidade de “outros” motivadores, que não a escolaridade e o conhecimento

saber, é muita a envolver o educando, e com isso surgem inúmeras condutas não

satisfatórias.

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Para melhor conhecer e ajudar o educando, freqüentemente, solicitamos a

colaboração dos serviços especializados dentro e fora da escola tais como o

acompanhamento psicológico e pedagógico.

Logo, é inegável que a qualidade da troca interativa existente no binômio

professor-educando, influencia na qualidade de ensino, no campo psicológico e por

conseqüência nos processos de ensino-aprendizagem.

Muitas vezes, problemas de aprendizagem estão relacionados aos de

adaptação escolar, resultando em dificuldades de interação social. Estas, por sua vez,

estão ligadas a problemas de aceitação de autoridade, de disciplina e do controle

exercido pelo contexto escolar e os problemas ligados à interpretação de vários

fatores.

Visto que o aluno transfere para a sala de aula a dinâmica de suas relações

existenciais, seja com seus pais, familiares, amigo e com toda a realidade que o

cerca, constantemente, problemas são gerados no processo ensino-aprendizagem, o

que muitas vezes dificulta a plena realização do mesmo.

O objetivo central desse trabalho, portanto, é verificar a educação como

sendo o desenvolvimento da personalidade humana dentro de um clima de respeito

aos direitos e liberdade dela e de outros cujos fundamentos está no homem em Si,

esperando apenas ser trazido à tona. Entendemos que todos possuem a mesma

capacidade de ensinar e aprender, faltaria talvez uma diretriz mais acentuada, não

que nunca os educadores tenham tentado, ou atentado para esse prisma, mas talvez

tenha ocorrido “pouco caso” em rever como tais conceitos afetivos influem, e muito,

neste processo de Ensino e Aprendizagem.

Em decorrência as tais considerações desenvolveremos no capítulo 1, a

Relação Afetiva com o objetivo de apresentar a importância da relação afetiva no

desenvolvimento da personalidade humana, principalmente na personalidade do

educando, que se prepara para obter o conhecimento para a vida. Os teóricos

utilizados foram Piaget (1962) e Vygotsky (1988).

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No capítulo 2, As Ponderações acerca de algumas contribuições da

Psicologia da Educação com o objetivo de mostrar algumas teorias de aprendizagem

que buscam o melhor para o processo ensino-aprendizagem. Os teóricos utilizados

foram Piaget (1962), Vygotsky (1988), Freire (1993), Maslow (1968).

O segmento seguinte, capítulo 3, o papel da Instituição-Escola com o

objetivo de identificar a Escola como a segunda principal instituição que cria laços

afetivos, integra o educando a sociedade, que cria raízes para torná- lo um ser

equilibrado, crítico dentro do processo de aprendizagem.Os teóricos utilizados foram

Piaget (1962), Freire (1993), Maslow (1968).

Observamos no capítulo 4, o Aspecto emocional do professor no rendimento

escolar tivemos como objetivo entender a importância do equilíbrio emocional do

professor para o bom rendimento e relacionamento escolar. Os teóricos utilizados

foram Freire (1963) e Maslow (1968).

Por fim, no capítulo 5, a Família e parentela no sucesso do rendimento

escolar. Desenvolvemos como objetivo analisar o papel desempenhado pela família

como a principal instituição no sucesso do processo ensino aprendizagem. Os

teóricos utilizados foram Piaget (1962), Vygotsky (1988), Freire (1998).

Concluindo teremos como procedimento metodológico a Investigação

Científica, porque sua abrangência é maior, além disso, estaremos trabalhando com

conceitos, teorias e observações acerca do comportamento do indivíduo do mundo

que o cerceia. Estaremos convidando o leitor a questionar conosco tantas teorias

sobre ensino-aprendizagem em sua eficácia ou falimento, propondo repensar nos

conflitos, angústias, medos, fracasso do aluno ou do professor ou ainda da Instituição

escolar a ponto de “nada” ou muito pouco conseguir realizar-se no âmbito da

Educação. Lançaremos “mãos” de debates feitos dentro da Literatura Pedagógica e

da Psicologia do Desenvolvimento, além dos regimentos escolares, currículos e

calendários oferecidos no ensino fundamental da rede privada.

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1. RELAÇÃO AFETIVA

Durante anos, procura-se uma fórmula para inserir o educando dentro de

uma realidade palpável e completa, todavia, continuamos a questionar o porquê de

tanto insucesso – onde estamos falhando com esse aluno?

Como podemos ajudá- lo a ser um cidadão autônomo? Seguro de si mesmo?

Capaz de reconhecer o todo que o envolve? Como ensiná- lo a vivenciar e lidar com

seus próprios conflitos emocionais, sociais e de aprendizagem?

Diante de tantas perguntas, precisamos levantar velhas questões sobre a

Educação e o ato de educar, e nesse levantamento teremos de repensar todos os

elementos participantes da vida do indivíduo no que concerne a sua adaptação no

mundo atual.

Portanto, acompanhando processo de pesquisas e aplicações das mesmas,

tentaremos propor diretrizes ou talvez novas interpretações que somarão na atitude

dos envolvidos na questão Educação.

Todos sabemos que educar não é tarefa fácil, visto as inúmeras diferenças

quer da clientela estudantil, com suas experiências, costumes, culturas e informações

oriundas do mundo no qual está se formando, quer do corpo docente com tantas

fórmulas pedagógicas e tantas outras exigidas pelas instituições, sem deixar de

pensar na própria experiência do professor, e, é claro, as inúmeras frustrações que se

retém em seu interior, por não lhe darem atenção, confiabilidade, valor e acatamento,

quando acredita em um projeto educacional, objetivando melhorias, mas é impedido

em colocá- lo em prática.

Por outro lado além da questão valorização, vemos o problema status, o

financeiro, a má vontade do professor em exercer suas funções com maior desvelo,

excesso de turmas, a pouca atenção ao aluno e suas diferenças sociais ou a

impaciência em relação ao tempo de retenção do conhecimento cognitivo de cada

um.

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Temos ainda a instituição educativa que nem sempre está preparada para

receber o aluno com suas diferenças, dificuldades e meio social diverso dos outros, e

por isso mesmo cria mais conflitos nestes educandos, prejudicando seriamente o

processo ensino aprendizagem.

A relação afetiva pode interferir na capacidade de aprendizagem. Assim

como a percepção de uma criança pode ser destorcida por uma deterioração física de

natureza específica, também pode sê-lo pelo fato de tudo o que se passa à sua volta

ser filtrado através de suas idéias preconcebidas. Há crianças que parecem usar o

recurso a não aprender, apesar de boas aptidões, como um modo de expressar sua

animosidade ou ressentimento pelas repreensões dos pais para que façam melhor.

Essas crianças, usualmente conhecidas como sub-realizadoras, não planejam

maliciosa e astutamente vingar-se; ignoram, literalmente, por que têm um

desempenho tão medíocre na escola. Usam um processo por vezes denominado

motivação inconsciente – a incapacidade de qualquer ser humano para chegar às

causas subjacentes de uma parte do seu comportamento ou para mudar esse

comportamento.

Existem crianças cuja cólera e hostilidade são cuidadosamente mantidas sob

controle. Essas crianças aprenderam a muito que está errado e que pode ser até

perigoso manifestar cólera ou alimentar pensamentos depreciativos sobre outras

pessoas, especialmente se estas são importantes.

As crianças diante de uma situação que tende a despertar cólera e

ressentimentos antigos tentam, automaticamente, sufocar esse sentimento, o que

resulta, por vezes, em fortes reações de culpa e angústia. Acreditam que, de algum

modo, estão agindo mal e não sabem ao certo porquê. Tornam-se ansiosas. A

ansiedade tem todos os concomitantes físicos do medo. Contudo, quando sentimos

medo, sabemos usualmente o que causa essa reação. Quando estamos ansiosos,

porém, sentimos os acompanhantes do medo, mas não temos certeza quanto aos

motivos desse sentimento de ansiedade.

A ansiedade profunda interfere na capacidade de aprendizagem. Todas as

espécies de acontecimentos que ocorrem na escola podem causar ansiedade, e uma

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criança propensa à ansiedade extrema reage como se uma série de pequenas bichas

de rabear estivessem estourando dentro dela. Essa espécie de ansiedade pode ser uma

base para o comportamento de algumas crianças que parecem incapazes de ficar

sentadas e quietas na sala de aula ou de concentrar-se no trabalho escolar, e que têm

o que as professoras chamam um período curto de atenção.

A afetividade é suporte da inteligência, da vontade, da atividade, enfim, da

personalidade. Nenhuma aprendizagem se realiza sem que ela tome parte. Muitos

alunos há cuja inteligência foi bloqueada por motivos afetivos; outros há afetividade

não resolveu determinados problemas, apresentando falhas no comportamento. A

afetividade constitui a base de todas as reações da pessoa diante da vida e de todos os

seus acontecimentos, promovendo todas as atividades.

As dificuldades afetivas são causa de muitas desadaptações sociais e

escolares, assim como de um grande número de perturbações no comportamento. Por

isso, o cuidado com a educação afetiva deve caminhar passo a passo com a educação

intelectual e física. Inteligência e boa saúde não bastam para o desenvolvimento e

qualidades de relacionamento que o ajudem a utilizar-se de suas capacidades físicas e

intelectuais.

O que a afetividade humana busca é uma relação com o outro: um diálogo e

uma permuta. Do diálogo tomam parte o educando ,o professor, o inconsciente do

aluno e o inconsciente do professor. O diálogo dos inconscientes tem lugar na escola

e na vida. Assim sendo, os métodos pedagógicos são eficazes pelo o que o professor

pode trazer à solicitação inconsciente da criança. O educador pode auxiliar o aluno a

vencer muitas dificuldades afetivas, assim como aumentá-las ou provocá- las.

E finalmente, instituição família, que a cada ano transfere para o professor a

tarefa destinada aos pais exclusivamente. A cada ano, vemos os professores

exercendo funções de pai e mãe inclusive. Em observando o quanto tudo isso

prejudica a aprendizagem, posto que educar é preparar o indivíduo para o

enfrentamento do macro mundo em que ele vai se desenvolver, mas necessário que

este já traga de seu lar, o mínimo de formação moral, simpatia para com os colegas,

capacidade de se predispor a conhecer novos horizontes, e querer receber

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informações para seu melhoramento pessoal, é que justifica o nosso trabalho de

abordagem mais interior, mais profundamente ligada às emoções e o complexo

mundo das idéias do educando.

O aluno tenso, ansioso, perturbado por qualquer tipo de problema,

apresentará baixo nível de concentração, diminuindo sua capacidade perceptiva

frente à estimulação bloqueada ou dificultando sua integração no ambiente escolar,

comprometendo-se nos aspectos cognitivos e sociais.

Há a hipótese de que a criança carente de afeto sente a dificuldade de inter-

relacionamento pode gerar a inadaptação do escolar. A criança que sofreu de

privação materna, tem um certo grau de frustração no ambiente escolar; por um lado

tem a necessidade de relações afetivas, por outro demonstra medo de novas

frustrações.

Os distúrbios emocionais geram diversos comportamentos dentro de uma escola,

desde atitudes de afastamento mórbido, o trancamento de si mesmo, até as atitudes

violentamente agressivas. A criança portadora de distúrbios emocionais se destaca

não pela qualidade do comportamento de extrema agitação ou inibição; muito

medrosa ou extremamente valente. Este comportamento extremista leva ao

afastamento dos colegas e dos adultos que a rodeiam.

Em face desta problemática, lançaremos mão da Psicologia da Educação e

tentaremos apresentar algumas outras formas em transformar ou despertar nesse

aluno a sua potencialidade entendendo seus medos, conflitos e angústias.

Paralelamente comparemos , sempre que possível, os educadores do passado

e do presente; proporemos sugestões para a melhoria desse intercâmbio escolar, a

partir de nossas experiências como profissionais da educação e o que vemos

acontecer no dia a dia desse aluno.

Sabemos que o emocional, a auto-estima deste aluno precisa ser polida,

torná- la iluminada e para tanto falaremos “dos”, ou “aos” principais responsáveis em

erguer esse indivíduo.

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“Os fatores sociais que forçam a família e a escola à desagregação, ao confinamento e a falta de preparo dos educadores, são aspectos que vem sendo debatidos. Porém o conhecimento da criança, do ser humano, do seu estilo de captação, simbolização do mundo (...) são questões ainda pouco ventiladas. Nós todos ainda temos muito a aprender e se nos dermos à permissão para tanto, maior será o nosso conhecimento e uma grande parcela das dificuldades poderá ser evitada (...)” (Vygotsky, 1988, p.112)

Apresentar antes de tudo , que os objetivos da Educação encerram para a

vida, adaptá- lo ao Meio Social transformando a sua constituição psicobiológica em

atos e atitudes conscientes.

Todos podem ensinar, todos podem aprender, mas educar requer mais do

que conhecimentos teóricos ou didáticas repetitivas ou imitativas inoperantes, bem

como aprender depende de fatores diversificados no meio ambiente sóciocultural-

econômico não discriminatórios e da prontidão e interesse do educador.

Educar consiste em adaptar o indivíduo ao meio social, transformando a

constituição psicobiólogica do indivíduo em função às realidades coletivas, em cuja

consciência comum criaram-se valores variáveis. Assim deve ser o ato de educar,

antes de tudo, o desenvolvimento da personalidade humana dentro de um clima de

respeito aos direitos e liberdades fundamentais do homem em si.

Entendemos que todos possuem a mesma capacidade de ensinar e aprender,

faltaria talvez uma diretriz mais acentuada, não que nunca os educadores tenham

tentado, ou atentado para esse prisma, mas talvez tenha ocorrido "pouco caso" em

rever como tais conceitos afetivos influem, e muito, neste processo de Ensino e

Aprendizagem.

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2. PONDERAÇÕES ACERCA DE ALGUMAS

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

Até os dias de hoje, vemos as diversas contribuições da Psicologia à

renovação de métodos e formas de ensino, traçando igualmente possíveis "armas" a

serem utilizadas, pelos educadores, e todos os interessados “em” e “na” educação

quando se lhes surgem problemas de falência, desinteresse, desconforto, ansiedade e

uma série de conflitos emocionais no aluno, impedindo a priori, alcançarem qualquer

objetivo efetivo traçado.

Cada sociedade distribui os recursos e educa as crianças de acordo com os

seus conceitos sobre o valor fundamental do homem e as premissas subjacentes sobre

as obrigações com os cidadãos. Em todas as culturas, as crianças, adquirem os seus

sistemas de valores fundamentais componentes do processo do desenvolvimento

geral. Cada sociedade tem um conceito da criança e do adulto ideais e um conjunto

de crenças sobre as forças quer os produzem.

No século atual as pessoas percebem que a maioria dos problemas políticos,

econômicos e sociais decorrem fundamentalmente de aspectos morais. Muito do

descontentamento social corrente e das críticas feitas às práticas e conseqüências

educacionais reflete os conflitos morais e éticos de nossa sociedade. Uma fonte de

descontentamento atual é a crença errônea na identidade do conhecimento e da

moral. O desencanto com os frutos da ciência e da tecnologia manifesta-se na

crescente aceitação dos valores humanos.

Apesar de continuar ensinando as aptidões básicas tão bem quanto sempre o

fez com populações de estudantes comparáveis, o grau de descontentamento grande.

As críticas à educação surgem principalmente do vão sempre maior entre as

expectativas e as realizações. Espera-se da educação, a sociedade espera que as

escolas contribuam mais do que nunca para a realização pessoal.

Todavia também vemos interpretações errôneas dos grandes nomes em

educação ou nas teorias psicológicas da educação. Se por um lado temos o modismo

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em que por ser sempre citado Piaget querem, os educadores, aplicar suas idéias de

imediato, sem adequá- las, analisá- las com mais profundidade e dominá- las com

segurança, por outro lado, temos os radicalistas, que sendo seguidores de uma

determinada linha de conduta estabelecida, quer, por uma teoria psicológica, quer por

uma corrente filosófica ou educacional, derrubar qualquer discussão promissora de

sucessos na educação em qualquer direção.

Pensemos primeiro no ambiente em que a criança está se desenvolvendo.

Ele se tornará um adulto, e ficamos a indagar - o ambiente é o mais adequado? - ou

seja, está respondendo as expectativas dessa criança?

O ambiente proporciona a esse SER em formação, a idéia real dos fatos que

o circunda?

Atende aos seus anseios sem tanta repressão ou excesso de liberdade?

O ambiente desenvolve uma consciência de respeito mútuo, desenvolvendo

a personalidade do mesmo, em um clima de respeito às diferenças individuais e um

ambiente pautado no senso de justiça, de forma tal, que possa ele, organizar seus

próprios conceitos?

Será este ambiente capaz de preparar o indivíduo para viver dentro de uma

realidade e adaptar-se a variação de comportamento que se deparará? Ao final

perguntamos:

Qual a melhor maneira de ajudar um indivíduo a tirar proveito das

aprendizagens escolares e sociais?

Sabemos que nesse embate sobre a melhor teoria da aprendizagem, teremos

os behavioristas advogando em favor de um sistema de recompensas e reforços

positivos; os psicólogos humanistas a favor de um sistema relacional que enfatize a

auto-realização e a criatividade; os desenvolvimentistas cognitivos serão partidários

em ajudar, ao educando, a perceber, compreender e dominar o meio estrutural através

da lógica e do conhecimento; e por fim, os psicanalistas advogarão pelo significado

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das emoções e dos sentimentos, e a função do inconsciente no processo da relação

adaptativa.

Não nos restam dúvidas que todos estarão buscando o melhor para o

processo de ensino-aprendizagem e acreditando simultaneamente na importância das

experiências de vida, do conhecimento dominado e das relações ocorridas dentro do

processo de transferência da aprendizagem.

A aprendizagem dá-se a todo o momento, quer dirigida, quer não. O

emprego do termo “aprendizagem” para significar todas as modificações de

comportamento relativamente permanentes não é justificado. Algumas mudanças

padrões de resposta resultam dos processos de crescimento inerentes (maturação).

Outras são causadas por danos orgânicos, outras ainda provêm de condições

bioquímicas. Embora todas essas condições induzam mudanças significativas no

nível da atividade ou produzam maneiras específicas de agir, não se têm na conta de

aprendizagem. A educação não se preocupa primordialmente com elas a não ser

enquanto influenciam e determinam a eficácia das influências de caráter

experimental responsáveis pela aprendizagem.

A aprendizagem ocorre numa variedade de circunstâncias e pode-se

descrever de vários modos. As circunstâncias que envolvem a aprendizagem são,

freqüentemente, o condicionamento clássico, o condicionamento instrumental e a

aprendizagem por tentativas. Alguns dos fenômenos mais importantes da

aprendizagem são a generalização do estímulo, o reforço verbal, a extinção e a

discriminação.

Quando se tem em mente que EDUCAR é ajudar o indivíduo a construir sua

autenticidade, organizando o mundo dentro de si mesmo, reconhecendo-se, lidando

com seus sentimentos, ampliando sua noção de "estar aqui" e com isso encontrando

sua própria personalidade, seu "STATUS QUO", sabemos do esforço ímpar que este

fará: suas energias, suas pretensões, suas habilidades e desejos precisarão estar em

estado de prontidão. Por isso mesmo é que o processo educativo deve promover essa

autonomia do indivíduo, considerar as etapas e crises evolutivas deste ser e hauri- lo

de vigor constantes e estimuladores.

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Através dos tempos evoluíram os conceitos de educação. A educação sofreu

muitas reformulações em suas conceituações, fundamentadas no ponto de vista

filosófico e influenciadas pelas condições socioculturais de cada época. Sempre

existiu boa vontade em educar, mas havia completo desconhecimento da

profundidade da educação e do mesmo modo como se processava. Nos primeiros

anos do século passado, a educação também rompeu com a tradição e com os

processos ingênuos e especulativos.

Na conceituação, podemos dizer que educar é liberar, é desprender de si,

apontando à criança um rumo que ela sozinha deverá seguir, procurando atingir

metas mais elevadas. É preparar o educando para desligar-se da ajuda dos pais e

educadores, ensinando-o a dirigir inteligentemente seus atos, para que, no momento

em que estiver só, saiba responder por suas ações de forma madura e responsável.

O homem é o centro e objeto fundamental da educação. A educação tem de

ajudar o indivíduo a se revelar como pessoa, a manifestar de forma atuante as suas

potencialidades, a fim de que possa dizer para que veio ao mundo.

Tudo isto tem que ser feito em consonância com a realidade e só assim a

educação não será alienada. Não uma educação para as nuvens, mas uma educação

para a objetividade, a fim de que o esforço humano tenha um sentido de ajuda a si

mesmo.

Tem por obrigação despertá-lo para o estético, sensibilizá-lo para o belo:

para o belo que possa aprender em toda a parte e em todos os fenômenos e que ele

mesmo possa criar.

A educação leva o indivíduo a atuar na realidade porque é dela e nela que

ele vive, sendo a sua atuação intelectual e física. Mas este atuar tem de ser levado a

efeito de maneira consciente, eficiente e responsável.

A educação tem de ajudar o indivíduo a se revelar como pessoa. Tem de

ajudar o indivíduo a manifestar, de forma atuante, as suas potencialidades, a fim de

que possa dizer “para que veio ao mundo”.

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Mas, tudo isso, tem de ser feito, em consonância com a realidade, realidade

de suas possibilidades e realidade do mundo exterior.

Só assim, a educação não está alienada. Não uma educação para as nuvens,

mas uma educação para a objetividade, a fim que o esforço humano tenha um sentido

de ajuda a si mesmo.

A necessidade de conhecer é fundamental no homem e por isso não pode

estar desvinculada dos propósitos da educação, uma vez que representa a trilha por

onde deve avançar o homem para atuar conscientemente na realidade.

A educação tem de sensibilizar o educando pelos valores sócio-morais e,

assim, a educação não pode deixar de cuidar da formação moral. Nada terá sentido se

não for formado o homem moral, que cultiva profundo sentimento de respeito pelo

seu semelhante e também pela natureza em geral: o homem não depreda, mas que

reflete, admira e constrói; o homem que não atira pedras, mas que as retira por onde

se deva passar; que não agride, mas coopera; que ridiculariza, mas reconhece e

estimula, não só deixando viver, mas ajudando a viver...

Educar uma criança não é prepará- la para a vida, mas torná- la apta para o

mundo de grandes transformações. É necessidade inadiável dar ao educando as

condições de se adaptar a essa vida futura. .

Desta feita, procuraremos analisar e ponderar o mundo em que essa criança

está se desenvolvendo; coloquemos em pauta os "responsáveis" em auxiliar o

processo educativo: A escola como instituição em toda a sua amplitude; a família

como meio de transformação e o professor como instrumento básico de formação e

realização.

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3. O PAPEL DA INSTITUIÇÃO - ESCOLA

A escola pode ser vista como uma série de grupos e subgrupos constituídos

de pessoas que atuam, dinamicamente, entre si. Alguns dos grupos são organizações

formais de alunos, de funcionários e de leigos. Estes constituem-se de séries, classes,

grêmios e sociedades como turmas de estudantes; professores e administradores

como grupos de funcionários; e a comissão escolar como grupo de leigos. Além

dessas agrupações formais surgem inúmeras rodas e panelinhas informais. Estes

representam divisórias dentro ou através da organização escolar formal. Os alunos,

os professores e administradores estão por definição, incluídos nas organizações

escolares formais. Muitos deles são também membros de um ou mais grupos

informais.

Cada um tem um certo grau de identificação e lealdade aos vários grupos a

que pertence. Muitas das suas atitudes, crenças e modos de agir têm as raízes e são

alimentados e mantidos por essas identificações com o grupo. A norma de conduta

de cada indivíduo é o resultado de um nó intricado de interesses, atitudes, motivos e

aptidões pessoais com as muitas participações, identificações e lealdades aos grupos

formais e não-formais.

No cume da hierarquia escolar está a comissão. O comportamento do

membro típico da comissão é a manifestação das próprias atitudes e crenças, da

maneira como vê o seu papel, bem como da sua posição como delegado da

comunidade ou de uma facção desta.

As funções administrativas dentro do sistema escolar exercem parcelas

variáveis de autoridade delegada. As pessoas em posições administrativas têm a sua

lealdade dividida e uma situação ambígua dentro da hierarquia escolar.

O corpo docente representa tipicamente um grupo dentro do outro, bastante

definido, e presta bastante apoio mútuo nas horas de conflito com os alunos, a

administração, a comissão ou a comunidade. Os professores têm idéias bastante

claras sobre as relações “adequadas" e da “distância social” entre o professor e aluno,

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professor e professor e professor e administrador. Os professores que não respeitam a

idéia arriscam-se ao ostracismo.

É necessário que a escola moderna faça uso da liderança, da motivação, do

estímulo, da autodisciplina e do trabalho em equipe. Lima (1966).

Dá ênfase à dinâmica de grupo que possibilita aos alunos praticar a

liberdade e a democracia.

O trabalho em grupo e o jogo, recursos auxiliares da aprendizagem, seriam

considerados o melhor meio de evitar os desajustamentos da personalidade dos

alunos, servindo ao mesmo tempo para uma psicoterapia preventiva.

A escola de hoje não é mais como a do passado, considerada como uma

oficina do saber. Hoje, os alunos, quando ingressam na escola, trazem um vasto

embasamento, muito variado, o que não acontecia em fase anterior.

As Instituições podem representar para o indivíduo educando e educador,

não só um ambiente favorável a sua evolução e encontro com sua personalidade e

identidade social, como também ser um campo de conflitos e tensões emocionais de

tal porte, que chegaria ao desconforto total em relação à escola, e até mesmo ao

desinteresse em aprender.

Se falamos em realidade, em situação atual, calcada nas questões sociais do

“aqui” e “agora”, temos de entender o “jogo” das Instituições, até porque delas

participam seres humanos de toda uma equipe.

Entendamos primeiro, realisticamente, da dinâmica adaptativa do indivíduo

e da Instituição ao recebê- lo, e também, não podemos ocultar os conflitos existentes

dentro da escola, cabe sim, explicitá- los e resolvê- los. Evidentemente ocorrem

"crises" inúmeras, de fatores inúmeros também, podendo desencadear ansiedades,

desinteresse e a falta de estímulo para trabalhos de grupo em todos os indivíduos nela

inserida (pais, professores, diretores, alunos e funcionários). Como por exemplo:

uma crise de escola, por ameaça de fechamento, por mudança de direção, por

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mudança no corpo docente, etc. . E neste aspecto cabe uma ação mais diretiva, no

sentido de esclarecer as confusões das informações distorcidas, neutralizar as

ansiedades, discutir novos papéis e funções, e até mesmo demarcar os objetivos da

escola, que muitas das vezes tenta resolver seus conflitos camuflando-os ou

eliminando-os sem enfrentá- los, convenientemente. Com os professores, o trabalho é

imperial, posto ser ele o agente mais evidente na mudança deste indivíduo, além

disso, a ajuda que ele poderá dar à escola, em relação a criar um clima de confiança e

segurança na Instituição em si e no grupo que nela vivência e funciona é muito maior

do que se possa pensar. O professor favorece o processo de aprendizagem e

adaptação escolar.

É importante compreender o quanto o clima institucional afeta a

disponibilidade dos alunos para aprendizagem, sua participação e comprometimento

nos processos de descobertas, de abertura e de estruturação cognitiva, concluindo, às

vezes, que o aluno conseguiu aprender “algo” “apesar de”, e na verdade, as situações

por ele vivenciadas, dentro da escola, traziam um ensino pouco estimulador, não-

facilitador, e planejamentos não adequados.

Encontramos, por outro lado, as justificativas dos professores como, por

exemplo, o seu baixo rendimento econômico, a falta de “Status”, condições negativas

em que trabalham; falta de verbas; nenhum apoio aos seus projetos e idéias; número

excessivo de alunos; falta de colaboração dos pais, enfim, inúmeras razões, e todas

plausíveis em si mesma, mas que se refletirão nos comportamentos e vivências no

âmbito institucional e quiçá social.

Ainda vemos essa grande roda de interesses se complicando tal como o

“efeito cascata”, pois uma vez que professores e alunos desestimulados,

desestimulam a direção e os demais membros desta instituição, criando dessa feita a

falta de direcionalidade, de perspectivas e automaticamente o desinteresse aumenta.

Conseqüentemente, a qualidade das relações entre si, fica reduzida a contatos

meramente superficiais e formais, a participação passa a ser mínima, ou quase

nenhuma, e a própria aprendizagem esvazia-se no seu significado. O indivíduo não

evolui em quaisquer processos ativos à eficácia do ensino, não conseguindo

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estruturar seus conhecimentos nem se desenvolver do ponto de vista emocional,

social e educacional.

Uma sugestão, até bem óbvia, é o trabalho em conjunto de pais, professores,

alunos e escola em diálogos profícuos, objetivando resolver os conflitos dentro da

escola, obedecendo aos limites situacionais, é claro. E uma aproximação

transparente, positiva e aberta, acreditamos ser uma alternativa, com capacidade para

prevenir os problemas de aprendizagem escolar entre outros tantos entraves.

Não esqueçamos, outrossim, que a instituição é um organismo vivo,

portanto precisa e deve ser alimentado para sobreviver, e que tem também de

representar uma realidade viva contemporânea, caso contrário ocorrerá a "esclerose"

desse mecanismo e a “causa mortis” estaria no simples feito – “dissociado da

realidade social da qual se achava inserida”.

São freqüentes os casos de alunos desmotivados para os estudos, até porque

a quantidade de “outros” motivadores, que não escolaridade, conhecimento saber,

são muitos a envolver o educando, e com isso surgem inúmeras condutas não

satisfatórias.

Nesse momento frágil do aluno, cabe aí encorajá- lo com determinadas

atitudes tais como estimular a curiosidade, a criatividade e o prazer em aprender.

Lembremos aqui de Maslow que identifica como necessidades básicas, além

das fisiológicas, as de seguranças, as de afeto e de agregação, as de estima, as de

auto-atualização, as de conhecer e compreender o todo que se cerca. Maslow (1966).

A persistência na motivação é um pressuposto contra o fracasso, o que

responde a velha indagação – “como manter o aluno motivado diante a tantos

obstáculos externos?”

São muitas as comunidades, escolares, familiares e religiosas que lutam com

o problema da falta de persistência, o medo do fracasso, um índice baixo de auto-

estima e de auto-realização.

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As comunidades podem e devem se unir procurando fomentar nesses alunos

o autoconceito de uma auto-estima, promovendo várias opções de aprendizagem até

torná- lo estimulante o bastante, para este indivíduo “prender-se” na escola, gostar de

aprender e ser capaz de distinguir o que está lhe bloqueando na aprendizagem geral

em que se insere.

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4. ASPECTO EMOCIONAL DO PROFESSOR NO

RENDIMENTO ESCOLAR

Estudos demonstram que há êxito na aprendizagem, quando é acompanhada

de boa relação professor-aluno. O professor “simpático” obtém mais sucesso ao fazer

com que o aluno aprenda. Além disso, o professor que mantém uma relação saudável

com os alunos faz com que os mesmos confiem no seu trabalho e se interessem pelo

mesmo, efetivando assim a aprendizagem. Já o professor “antipático”,embora bom

professor, mas que não desenvolve um relacionamento satisfatório, poderá resultar

em fracasso dos escolares, pois a sua postura é um fator inibidor à aprendizagem dos

mesmos.

O professor representa um agente socializador, que determina as ações das

crianças. O professor pode oferecer modelo de comportamento para os alunos.

Contribui para o desenvolvimento da afetividade, quando desenvolve laços

profundos com de alunos carentes de afeto. Segundo alguns psicanalistas, os

professores podem compensar a afetividade que o aluno não teve com os pais. Ele

representa uma figura de extrema importância, pois o próprio sistema lhe confere

um papel, o próprio sistema legitima essa função, põe em suas mãos o compromisso

de “ensinar”.

A criança busca informação e formação e acredita que o professor seja o

“detentor do saber”, e a aprendizagem das letras está confinada a ele. Portanto, o

aluno se coloca numa postura diferente da do professor e percebe que a postura do

professor é acompanhada por um “lance todo especial”, o do “saber mais que ela” e

isso a faz “intimidar” e ao mesmo tempo “venerar”. Esta diferença de postura fascina

o mundo infantil, e tal relação saudável resultará num escolar satisfeito.

“O educador que castra a curiosidade do educando em nome da eficácia da

memorização mecânica do ensino dos conteúdos, tolhe a liberdade do educando, a

sua capacidade de aventurar-se. Não forma, domestica.” (Freire,1997)

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O papel do professor, no momento, é difícil, ao lado da tecnologia e dos

meios de comunicação, que diariamente informam de modo eficiente, captando a

atenção dos alunos para os acontecimentos de todo o mundo.

Não basta adquirir conhecimentos. É preciso saber como foram adquiridos e

quais as possibilidades de ampliá- los de acordo com as próprias necessidades,

interesses e propósitos. Compete aos professores descobrir, os recursos que

corresponderão a essas necessidades.

O professor de hoje, seja ele de nível pré-primário ou de pós-graduação,

sente-se cada vez mais, envolvido nesse dilema processual em que ocorre o binômio

entre o ensinar e aprender, tendo então a necessidade de renovar seus métodos e

técnicas de forma a se assegurar das situações complexas que se lhes surgem ora e

outra na questão aprendizagem.

Do mesmo modo que procuramos entender o aluno em suas diferenças

sociais, emocionais, afetivas, familiares e das grandes dificuldades em aprender, ou

se adaptar ao meio, também vemos, e precisamos ver, atentar para as dificuldades de

adaptação do professor, decorrentes de atitudes de isolamento, honestidade, oposição

ou passividade afetas a situações de vida conflitivas familiares, sociais e

profissionais.

Não podemos negar a qualidade da troca interativa no binômio professor-

aluno, repercutindo na qualidade de ensino, no clima psicológico e por conseqüência

nos processos de ensino e aprendizagem. São os problemas chave do profissional de

ensino que notadamente nos vemos na obrigação de “levantar” nesse trabalho.

Os desajustes emocionais, ligados à instabilidade nervosa, preocupações e

fadigas excessivas; dificuldade e concentração, insegurança, estafa mental e

perturbações somáticas são fatores, que não raro, encontramos no magistério. Para

tanto, buscamos algumas respostas para esse quadro tão importante e ao mesmo

tempo preocupante, em vários autores dedicados a esse campo de pesquisa.

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Em estudos realizados sobre a saúde mental do professor, destacamos as

seguintes:

- Será que o magistério exige condições emocionais especificas que

possibilitam ao professor enfrentar situações constantes de tensão e de conflitos em

sala-de-aula?

- Será que o magistério tende a desencadear tendências neuróticas no

indivíduo, devido ao desgaste emocional contínuo que o envolve?

- Será que o magistério atrai indivíduos desajustados que procuram vias de

afirmação social ou de compensação de frustrações afetivas e sentimentos de menos

valia?

- Será que no magistério a maioria dos professores não tem motivação,

interesse, nem aptidão para desempenhar tal atividade?

Será que o magistério, de modo geral, oferece condições de trabalhos tão

difíceis e penosas que levam o professor a desajustamentos emocionais?

Lembremos aqui, que o professor, como qualquer ser humano, precisa

encontrar satisfação em sua atividade profissional, e aí, surge à clássica pergunta: -

Como obter satisfação, se os aspectos negativos e desfavoráveis à prática do

magistério são maiores que o seu contrário; como obter satisfação, diante as tantas

exigências e solicitações da comunidade escolar, onde muitas delas “fogem” ao bom-

senso?; - Como encontrar satisfação, se as gratificações, o estímulo ao trabalho

desenvolvido não encontram respostas?.

Ainda temos um grande número de pessoas, a acharem ser o magistério um

sacerdócio, cujos sentimentos devem ser aprisionados de tal forma que não há

“problemas” “conflitos” ou preocupações pessoais. Essa visão de professor-sacerdote

abnegado deve ser combatida, ao nosso julgamento, entendemos sim, que o

magistério, como qualquer outra profissão, pode ser uma atividade monótona e

frustradora em face às situações complexas que se aparece, como também a

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quantidade excessiva de alunos perturbadores ou ainda aos contextos escolares

altamente negativos.

Ora, sabemos que tensões emocionais fortes, trabalho sob pressão, e tantas

outras situações consideradas fortes demais nas tensões, em qualquer atividade,

impede a organização de um trabalho com bases eficazes, resultando da

improdutividade, impaciência e descontentamentos, já que as prestações das tarefas

mal feitas, dos trabalhos não realizados são os responsáveis pela fadiga mental; e o

professor não foge a essa estatística.

São comuns problemas, em classe, de disciplina e de autoridade, embora,

deseje ser aceito e apreciado por seus alunos, não consegue também, manejar

situações conflitivas dos grupos e não raro demonstra impaciência, irritação ou

insegurança.

Por outro lado existe a excessiva coação e controle do ambiente escolar,

bloqueando de sobremaneira a comunicação entre os elementos da escola, surgindo

divergências de critérios e falta de unidade educativa, que prejudicam o próprio

processo ensino aprendizagem.

O professor deve compreender que zelar pela sua saúde mental é medida

imprescindível para manter o equilíbrio emocional e a segurança profissional, o que

o levará a analisar as causas das suas dificuldades de ajustamento e a buscar

possíveis soluções, sempre entendendo que agindo dessa forma estará equilibrando

também a saúde mental de seus alunos e da equipe que com ele trabalha.

A ansiedade é um estado de tensão psíquica devido a condições subjetivas,

pode advir, por exemplo, das exigências do indivíduo para com ele mesmo, de uma

compulsiva necessidade de aprovação social , de sentimentos de solidão, de medo

dos sentimentos de fracasso, e tantos outros sentimentos percebidos como

ameaçadores ao bem-estar.

Todos os indivíduos podem ter a mesma necessidade, mas variam no modo

de satisfazê- las; o importante é procurar atendê- las nos limites da realidade,

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Dificuldades emocionais provêm da não satisfação de necessidades

psicológicas básicas, como as de consideração e afirmação pessoal, de aprovação

social, de novas experiências, de considerações, de afiliação e afeto.

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5. FAMÍLIA E PARENTELA NO SUCESSO DO

RENDIMENTO ESCOLAR

Freqüentemente, problemas de aprendizagem estão relacionados aos de

adaptação escolar, implicando dificuldades de relacionamento e de interação social.

Tais dificuldades, por sua vez estão ligadas a problemas de aceitação de autoridade,

de disciplina e do controle exercido pelo contexto escolar, e os problemas ligados à

interpretação dos fatores; como por exemplo, levantemos a questão da disciplina

escolar. Para muitos, é concebida com sentido de punição, para outros, como

imposição de regras de obediência e de condutas consideradas como corretas, e para

alguns como um sentido de ordem, autocontrole e autocorreção.

Vemos que a disciplina escolar, e sua interpretação múltipla não são tão

diferenciais da disciplina familiar, problemas de alunos no relacionamento com os

professores são freqüentes e quase sempre, senão sempre, advém conflito com a

figura paterna ou materna (quando assume o papel de “chefe” da família) projetando

para a situação escolar, toda uma dinâmica de desafio com figuras de autoridades e

poder, o que ao final certamente, irão interferir no rendimento escolar desse aluno.

Sabemos das dificuldades, dos pais, no que tange ao acompanhamento de

seus filhos na sua vida escolar. São constantes as respostas como cansaço no

trabalho, preocupações com o orçamento; desmotivação para com a vida;

insatisfação com o trabalho e uma série de “entraves” a justificarem a ausência da

família no acompanhamento dos filhos quer no seu aprendizado cognitivo, quer no

seu aprender no mundo. Voltemos, portanto há um tempo mais atrás, quando os

temas da influência das atitudes familiares refletiam nas atitudes dos filhos em

relação aos temas escolares e hábitos de estudos, foi pesquisado por inúmeros

psicólogos.

A imagem paterna é complexa e ambivalente: por um lado, pode aparecer

como um modelo idealizado, por outro, como um objeto de agressividade que resulta

das limitações impostas à criança, podendo várias imagens se sobrepor, misturando-

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se em sua mente, gerando a idéia de pai bom ou mau, visto às vezes, como protetor ,

afetuoso ou então castrador e dominador.

No caso do pai muito venerado ou cultuado na família, o filho sente que é

inútil competir com ele, e assim “canaliza” suas energias em outro campo. A

“sacralização” (mitificação) do pai pode ser, ao nosso ver, uma das causas de

fracasso escolar, quando da recusa de tentar igualá-lo.

Se os pais estão em conflito, a criança encontrará dificuldades em construir o

seu próprio lar, ao passo que um lar bem ajustado lhe proporcionará o ensejo de

formar um outro igual para si.

O lar influencia o desenvolvimento daquelas que determinam se a disposição

para o mundo será harmoniosa ou hostil. A confiança nos pais é o principal

sustentáculo da criança, e com essa confiança atravessará a sua vida em mudança.

Nos primeiros anos de vida, a maior necessidade da criança será a de que seus

ajustamentos emocionais se façam num lar onde haja estabilidade e segurança.

Quando entendemos a família como “um grupo onde não só as ligações de

ordem racional, por exemplo, aquelas que constituem as expectativas sobre os

comportamentos que devem ser exibidos no desempenho dos respectivos papéis,

como também aquelas que, sendo de ordem afetiva, respondem por uma espécie de

costura emocional que une as pessoas entre si” (Moura, 153), que passamos a

trabalhar com a possibilidade do modelo de aprendizagem não se caracterizar como

algo de cunho somente individual, mas também como um modelo desenvolvido em

uma rede de vínculos que se estabeleceu em família.

Muito a de se verificar ainda desse indivíduo em sala-de-aula quanto o seu

ajustamento comportamento e temperamento associando aos familiares. Sabendo que

atitudes como as de autoritarismo e agressividade, por exemplo, são marcas de

manifestações de virilidade, comando, poder, e devemos sempre nos perguntar se não

são atitudes provindas dessa família descentralizada, desajustada emocionalmente,

onde o grito, ou a disciplina, é de fato punição e castração.

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Em nossa experiência em sala-de-aula, onde observamos as várias condutas,

várias respostas, a um mesmo trabalho, confirmamos as dificuldades nas relações

com a escola, dos alunos que apresentavam situações conflitivas familiares, e as

dificuldades no aprendizado estavam relacionados à falta de persistência nos estudos,

instabilidade de rendimento e desinteresse pelas tarefas escolares.

Outra questão que levantamos é o critério dos pais na escolha da escola para

seus filhos. Poucos se preocupam em escolher uma escola, que sintonize com a sua

filosofia educativa e cuja metodologia seja compreendida de tal forma que possam

ajudar aos filhos alcançarem um rendimento escolar expressivo.

Neste parágrafo anterior, paramos e voltamos ao questionamento ou

ponderações dos pais no seu tempo para seus filhos diante das obrigações sociais, e,

mais uma vez, sentimos as tantas barreiras que a família poderia quebrar para o

sucesso do Ensino-aprendizagem.

A verdade é que a cada ano sentimos a ausência da família no processo

educativo em todos os sentidos. A transferência de seu papel para escola e

professores se dá cada vez mais, como se interagir com o filho nesse crescimento

fosse considerada uma tarefa essencialmente da escola. É fundamental que a família

perceba e assuma o seu papel de auxiliadora na aprendizagem dos filhos. Se

conscientize da importância capital nesse processo de crescimento individual, a partir

da pré-escola.

A segurança nas atitudes dos filhos são, ou deviam ser, prioridades para os

pais, e isso significa, acompanhar a desenvoltura nos exercícios cognitivos,

expressividade nos gestos e no domínio lingüístico; nas atividades de projetos que

lançarão os filhos para o contato com o mundo real e tantas outras tarefas escolares,

buscando enfileirar esse aprendiz nas propostas oferecidas pela vida.

Uma reunião com pais, professores, orientadores e psicólogos da escola

poderia ser um bom instrumento de cumplicidade entre a equipe. Nesta reunião,

antes de ser, ou querer ser, “professores e sábios” a ensinar aos pais de como

“educar” seus filhos, levantassem questões acertadas em caminhar juntos, em dar

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segurança ao indivíduo comum aos lados, criar condições ambientais para que se

possa favorecer a adaptação da criança no meio ambiente em que ela vive e convive

nos dois lados; propor ações preventivas no campo da educação pré-escolar para

quando o adolescente chegar a figurar no mundo, tenha em mãos a competência

necessária para “ler” os pictogramas da sociedade que o cerceia , bem como estar

pronto a lidar com suas dificuldades.

Assim, a escola e os professores deverão procurar fornecer currículos

adequados ao momento, e não empobrecidos, desgastados em si mesmos, métodos

de ensino criativos e não obsoletos, visando provocar uma dinâmica relacional

transparente capaz de modificar comportamentos danosos ao seu próprio

crescimento, e, à família caberia promover o ajustamento entre os seus componentes

parentais com diálogos e reforços positivos da atitude dessa criança em evolução.

Sem dúvidas alguma é agindo que a criança adquire experiências e que se

defronta com situações novas, obrigando-as a mudar suas idéias e adquirir novos

conhecimentos, a interação das crianças umas com as outras e com os adultos é

imprescindível, já que reforça seu índice de socialização, todavia é preciso muito

cuidado nessa leitura de mundo da criança e a tradução adulta das suas experiências

com as manifestações criadoras das crianças.

A influência do meio é importante por demais nesse desenvolvimento

criativo da criança, posto que, tanto pode favorecer a expansão de suas idéias, como

também o bloqueio das mesmas. Se um ambiente reprime a espontaneidade da ação,

não possuindo recurso estimulador capaz de provocar a originalidade, a livre

expressão e renovação de experiências, com certeza dificultará o desenvolvimento

potencial criativo dela.

Pais e professores, enfim, desempenham papel decisivo na aquisição das

atitudes criadoras na criança, mas chamamos a atenção das interpretações errôneas

do comportamento criativo, posto que, para muitos ele precisa ser original, não

aceitando as normas da excitação criadora; para outros a criança criativa é aquela que

sabe pintar, tem múltiplas habilidades como tocar piano, falar línguas, manusear

computadores e sempre ter as respostas certas aos questionários, Ora, sabe-se que o

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comportamento criativo está diretamente ligado à organização sistematizada das

idéias, por isso mesmo ela precisa não só de um clima de estabilidade emocional,

como também de liberdade para a ação criadora.

Como vemos, o avanço da criança até a fase adolescente depende sempre de

uma boa base equilibrada e emocionalmente bem estruturada em seus alicerces, e não

é uma responsabilidade exclusiva de pais, professores ou escola, mas de um conjunto

cônscio e unido em seus objetivos.

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CONCLUSÃO

O trabalho procurou apresentar algumas das tantas dificuldades que se

apresentam na educação atual para que o processo Ensino Aprendizagem se

desponte.

O problema apresentado foi à importância da relação afetiva no sucesso do

ensino aprendizagem e sustentou-se como hipótese que o relacionamento afetivo é

fundamental no processo ensino-aprendizagem destacando-se a importância da

família como seu principal elemento propulsor. Deste modo, a interação professor/

educando deve estar baseada em uma relação de respeito mútuo que promova o

desenvolvimento da confiança e afirmação das individualidades, o que concorrerá de

forma decisiva para o êxito do processo em estudo. Acreditamos estar bem claro a

relação afetivo-amorosa da família, em particular, para ocorrer à extensão no mundo.

Esta relação afetiva também se justificará em si mesma, quando nos deparamos com

todos os problemas, dificuldade de aprendizagem e de convívio com o mundo

estiver, pelo menos, encaminhada para uma solução satisfatória, quando então

teremos um indivíduo centrado em suas próprias opiniões, cônscio de sua cidadania e

apto a se projetar sem frustrações, medos, ansiedades e toda uma gama de aspectos

negativos que o circundavam.

Procuramos através de nossa experiência em sala de aula e com leituras de

outros educadores, traçar algumas diretrizes, que não são utópicas no intento de

resolver parte desse aglomerado de problemas. Temos ainda várias propostas de

novos problemas relacionadas ao sucesso do ensino-aprendizagem como a

motivação, a disciplina e o grupo no qual o educando está engajado.

A motivação é fator decisivo no processo da aprendizagem e não poderá

haver, por parte do professor, direção da aprendizagem se o aluno não estiver

motivado, se estiver disposto a despender esforços. Não há, de modo geral,

aprendizagem sem esforço e muito menos aprendizagem escolar, uma vez que ela se

desenvolve um tanto artificial. Não há método ou técnica de ensino que dispense o

esforço por parte do aluno. Daí, a necessidade de motivar atividades escolares, para

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que haja esforço voluntário por parte de quem aprende. Motivar na escola é levar o

educando a se aplicar ao que ele precisa aprender.

A disciplina representa a maneira de agir do educando, em sentido de

cooperação, bem como respeito e acatamento das normas escolares. O educando é

um ser em pleno período evolutivo, pelo que as normas de conduta que se

estabeleçam têm importância fundamental. Delas dependerá o que será o educando

no futuro. O conjunto dessas normas de comportamento, os estímulos e recursos

contribuíram na personalidade do aluno, do seu ajustamento social e na sua

aprendizagem. Um dos objetivos da disciplina é tornar o aluno consciente e

responsável pelo seu comportamento com relação a ele mesmo, a fim de melhor

poder encaminhar seus esforços para alcançar os objetivos de vida que se tenha

proposto.

Em relação ao grupo, o aluno que é transferido de escola, sem ser

consultado se aceita ou não a nova escola, e só vai conhecê- la no primeiro dia de

aula. O aluno vem para a “nova escola” com laços afetivos à antiga escola. Laços

afetivos pela turma e pelos professores, o que vem dificultar o processo de adaptação

na atual escola e conseqüentemente na aprendizagem.

Não estamos aqui, dando soluções mágicas, ou ensinando quem quer que

seja a “lidar” com os educandos, mas levantando posições ou propostas transparentes

de tal modo que, possam ser analisadas, repensadas em suas tomadas de atitudes

diante do desafio de Ensino-Aprendizagem.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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Piaget e Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 1993

· BRANDÃO, Carlos et alli. A Questão Política da Educação Popular. São Paulo:

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ANEXOS

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ...............................................................................................................08

CAPÍTULO 1 – A RELAÇÃO AFETIVA NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM ............11

CAPÍTULO 2 – PONDERAÇÕES ACERCA DE ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA

DA EDUCAÇÃO ............................................................................................................16

CAPÍTULO 3 – O PAPEL DA INSTITUIÇÃO ESCOLA ......................................................21

CAPÍTULO 4 – ASPECTO EMOCIONAL DO PROFESSOR NO RENDIMENTO ESCOLAR ......26

CAPÍTULO 5 – FAMÍLIA E PARENTELA NO SUCESSO DO RENDIMENTO ESCOLAR ........31

CONCLUSÃO ................................................................................................................36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................38

ANEXOS ......................................................................................................................40

ÍNDICE .........................................................................................................................42

FOLHA DE AVALIAÇÃO.................................................................................................43

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Projeto a vez do mestre

Pós-graduação “Lato Sensu”

Título do Livro: A relação afetiva no sucesso do ensino aprendizagem no ensino

fundamental

Data da Entrega:______/______/ 2005

Auto Avaliação: Como você avaliaria este livro?

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Avaliado por:______________________________ Grau _____________

Rio de Janeiro, _____de _____________de 2005