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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO JULIANA CAMPOS DO NASCIMENTO GARCIA A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA COM O USO DO TESTE DE ATENÇÃO DIFUSA NA IDENTIFICAÇÃO DE CANDIDATOS A MOTORISTA QUE REPRESENTAM ALGUM RISCO PARA O TRÂNSITO MACEIÓ - AL 2014

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

JULIANA CAMPOS DO NASCIMENTO GARCIA

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA COM O USO DO TESTE DE

ATENÇÃO DIFUSA NA IDENTIFICAÇÃO DE CANDIDATOS A

MOTORISTA QUE REPRESENTAM ALGUM RISCO PARA O

TRÂNSITO

MACEIÓ - AL

2014

JULIANA CAMPOS DO NASCIMENTO GARCIA

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA COM O USO DO TESTE DE ATENÇÃO DIFUSA

NA IDENTIFICAÇÃO DE CANDIDATOS A MOTORISTA QUE REPRESENTAM

ALGUM RISCO PARA O TRÂNSITO

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva

MACEIÓ - AL

2014

JULIANA CAMPOS DO NASCIMENTO GARCIA

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA COM O USO DO TESTE DE ATENÇÃO DIFUSA

NA IDENTIFICAÇÃO DE CANDIDATOS A MOTORISTA QUE REPRESENTAM

ALGUM RISCO PARA O TRÂNSITO

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

________________________________________________________

PROF MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA

ORIENTADOR

_______________________________________________________

PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de monografia aquele que tão cedo identificou a importância do

seguimento desta vertente profissional em minha vida, meu pai Leonai Rubem

Fernandes Garcia, a você sempre o meu melhor.

AGRADECIMENTOS

Agradeço emocionada aquele que me viu nascer e esteve ao meu lado

durante a caminhada rumo a uma formação profissional, rumo ao caminho da

independência não somente financeira, mas moral, agradeço ao meu pai Leonai

Garcia que apoiou e incentivou a trilhar essa jornada mesmo em momentos difíceis,

agradeço orgulhosa por ter aproveitado a oportunidade dada por ele até o final,

mesmo quando já não estava mais presente ao meu lado fisicamente, envaideço-me

por ter conseguido chegar até aqui e gozar do prazer de corresponder a altura o que

planejou com seus ares de experiência.

Agradeço a minha mãe que é meu espelho de profissional, meu parâmetro de

competência, a ela que me deu a vida e em silêncio fez a parte que mais ninguém

poderia fazer, cuidar para que pisasse em solo fértil, por ter estado presente aos

arredores e ter cuidado para que nada desse errado, agradeço ao que tudo fez

mesmo em silêncio.

Ao meu marido Sandro Ramos que me segurou quando não tinha mais forças

para seguir, que firme me deu a mão e me orientou a permanecer no caminho, que

mesmo na hora da dificuldade ofereceu suporte quando eu achava não ter mais

chance, a você que cuidou dos nossos filhos e sanou essa grande preocupação em

uma fase tão difícil, que me mostrou que podia contar com sua ajuda.

Aos dois amores da minha vida Eduardo e Gustavo Pinheiro, que me

ensinaram que existe vida após uma morte, que deram sentido a continuidade da

vida. Amo vocês por tudo que representam: A Vida!

As amigas queridas que se revelaram e me ajudaram a não desistir Mara

Michela, nunca poderei esquecê-la, já que junto com você ganhei outras queridas

como Cyntia Lorena, Anelise Melo e Letícia Costa.

Ao querido Rosano Barata, que criou formas de me manter presente e

consciente para o término desse curso.

A estimada professora e amiga Gabriela Valente Siqueira, sem ela realmente

eu nunca terminaria, obrigada querida.

6

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo

começo, qualquer um tem o direito de fazer

mudanças, recomeçar, e, fazer um novo fim."

(Chico Xavier)

7

RESUMO

Essa monografia analisou a avaliação psicológica na identificação de candidatos a motorista que representam algum risco para o trânsito. O objetivo foi desenvolver um estudo descritivo sobre a avaliação psicológica para a concessão de licença de motorista na cidade de Macapá – AP. A análise de referencial teórico demonstrou uma visão da prevenção do risco se houver uma avaliação e seleção adequada de motoristas a partir da aplicação de testes psicológicos, como os de atenção difusa. Assim, foi realizada pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo do tipo documental, com levantamentos e análise qualitativa e quantitativa, dos registros elencados através de 244 testes de Atenção Difusa Complexa Forma 2 (TEDIF – 2) ministrados pela Psicóloga da Clínica Leonai Garcia em Macapá, analisados pelo método analítico descritivo, e apresentados em gráficos e tabelas. Os resultados demonstram que os avaliandos tinham idade de 18 a 59 anos completos, com 29% mulheres e 71% homens, sendo 92% avaliados como aptos, 8% re-testes e nenhum caso de inaptidão. Concluiu-se que o teste psicológico TEDIF – 2, que avalia o nível de atenção difusa dos candidatos a obter carteira de motorista, foram aplicados com o propósito de verificar a acuidade dapercepção, concentração, reação e habilidade motora. Então, se houver deficiência em uma dessas funções, a avaliação do psicólogo de trânsito será de que tal candidato não tem condições psicométricas para dirigir adequadamente. Todas essas exigências devem ser cumpridas tanto por motoristas idosos, quanto pelos jovens e de meia idade, interessados em obter sua carteira de motorista. Palavras-chave: Psicologia do Trânsito- Avaliação Psicológica- Código de Trânsito Brasileiro- Testagem Psicológica- Prevenção

8

ABSTRACT

This monograph examined the psychological evaluation to identify prospective driver who represent a risk to traffic. The goal was to develop a descriptive study on the psychological evaluation for granting driver's license in the city of Macapa - AP.The theoretical analysis showed a view of preventing the risk if there is a proper evaluation and selection of drivers from the application of psychological tests, such as divided attention. Thus, bibliographical research and field research of documentary type, with surveys and qualitative and quantitative analysis, the records listed through 244 tests Divided Attention Complex Figure 2 (TEDIF - 2) undertaken by the Clinical Psychologist Leonai Garcia in Macapa, analyzed using descriptive analytical, and presented in graphs and tables. The results demonstrate that evaluating were aged 18-59 years of age, with 29% women and 71% men, 92% assessed as fit, 8% re-testing and no case of disability. It was concluded that the psychological test TEDIF - 2, which assesses the level of diffuse attention of candidates to get a driver's license, were applied with the purpose of verifying the accuracy of perception, concentration, reaction e motor skills. So if there is deficiency in one of these functions, the evaluation of the psychologist traffic will be that such a candidate is unable to drive psychometric properly. All these requirements must be met both by elderly drivers, as the young and middle age, interested in getting your driver's license. Keywords: Traffic Psychology-Psychological Assessment-Brazilian Traffic Code-Psychological Testing-Prevention

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 – Distribuição por sexo da população geral ............................................... 50

Gráfico 2 – Resultados das Avaliações Psicológicas ................................................ 57

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Candidatos avaliados por gênero sexual durante os meses de

março a dezembro de 2012) .................................................................. 52

Tabela 2 – Distribuição absoluto e percentual (%) dos candidatos avaliados

conforme a sua idade. ............................................................................ 52

Tabela 3 – Distribuição absoluto e percentual (%) dos candidatos avaliados

conforme a sua escolaridade. ................................................................ 55

Tabela 4 – Resultados das Avaliações Psicológicas dos candidatos avaliados

nos meses de março a dezembro de 2012 ............................................ 58

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AP. – Amapá

BGFM – Bateria Geral de Funções Mentais

CFESP– Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional

CFP – Conselho Federal de Psicologia

CNH – Carteira Nacional de Habilitação

CNS – Conselho Nacional de Saúde

CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito

CRP – Conselho Regional de Psicologia

CTB – Código de Trânsito Brasileiro

IDORT – Instituto de Organização Racional do Trabalho

ISOP – Instituto de Seleção e Orientação Profissional

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

TACOM-A – Teste de atenção concentrada para motorista – Forma A

TACOM-B – Teste de Atenção Concentrada para motorista – Forma B

TADIM – Teste de atenção difusa para motorista

TADIM-2 – Teste de atenção difusa para motorista – Forma 2

TADIS-1 – Teste de Atenção discriminativa para motorista – Forma 1

TADIS-2 – Teste de Atenção discriminativa para motorista – Forma 2

TEDIF – 2 – Teste de Atenção Difusa – Forma 2

12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 16

2.1 A Psicologia do Trânsito .................................................................................. 16

2.2 Avaliação Psicológica e sua Origem ............................................................... 29

2.3 Testes Psicológicos .......................................................................................... 40

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 47

3.1 Ética .................................................................................................................... 47

3.2 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 47

3.3 Universo ............................................................................................................. 48

3.4 Sujeitos e Amostra ............................................................................................ 48

3.5 Instrumento de Coleta de Dados ..................................................................... 48

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados ............................................................. 48

3.7 Procedimentos para Análise dos Dados ......................................................... 49

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 50

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 61

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62

ANEXOS ................................................................................................................... 67

13

1 INTRODUÇÃO

A psicologia do trânsito representa uma área científica que tem desvendado

inúmeros eventos no que concerne o comportamento humano seja como pedestre,

seja como motorista no dia-a-dia desse trânsito confuso atualmente no mundo, de

forma, que tem mostrado um elemento imprescindível para desnudar caracteres

relacionados aos indicadores que representam algum tipo de risco nesse arranjo

dinâmico, do qual se faz parte cotidianamente, cada vez mais freqüentemente, com

a evolução rápida das tecnologias que envolvem veículos motorizados.

Essa área científica tem conseguido colocar em suspensão

extraordinariamente aqueles fatores significativos que muito bem sinalizam todos os

aspectos que envolvem o ser humano enquanto comportamento no trânsito, e para

isso apresenta em seu estudo as várias vertentes que traduzem os reais elementos

complexos e ao mesmo tempo nômades, conforme o contexto temporal assumindo

diferentes roupagens, ao acrescentar, subtrair ou mesmo reformular-se, de acordo

com o cenário vivenciado.

Ao seguir esse contexto mutante, pode-se facilmente encontrar os conceitos

daquela que rege e afunila mais ainda o assunto explorado, que vem a ser a

avaliação psicológica incluindo seu surgimento mundial e em um ciclo mais restrito,

que aponta seu surgimento no Brasil, bem como seu desenvolvimento e conquista

de caráter válido e fidedigno mediante não somente a classe na qual surgiu, mas em

uma visão universal, constituindo padrões delimitadores de condutas e diretrizes

seguidas mundialmente.

Trata-se de uma abordagem que mostra a cada dia que passa a importância

e a influência do mundo interno de alguém interferindo nas inter-relações diárias,

mas acima de tudo que existe um mundo interior dentro de cada ser humano

independente de determinações de padrões socialmente aceitos, padrões esses

indicadores e avaliadores do que pode ser nocivo ou não a conduta de um motorista.

Ao se contar-se com uma abordagem complexa e muito completa da visão

do ser humano enquanto comportamento dinâmico, não se pode deixar de

evidenciar o aspecto também externo que se propõe estudar não só a Psicologia do

Trânsito, mas também a avaliação psicológica, uma vez que nada mais é do que

uma rede interligada seja pelo método científico utilizado, seja, pela interpretação

dada aos dados coletados, pela técnica avaliativa utilizada, ou ainda aos próprios

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prospectos emergentes das possibilidades ou potencialidades advindas do

comportamento humano.

Considera-se ainda que a aliança entre essas duas feras da ciência

psicológica constitui um termômetro por assim displicentemente dizer do estado

patológico ou mesmo das capacidades singulares de cada pessoa. Sim porque a

estreita ligação percebida entre essas duas áreas termina equalizando

possibilidades muito proveitosas para aquele profissional que precisa de padrões

avaliativos de confiança mediante o exercício da peritagem, mais especificamente

no conhecimento de uma breve leitura acerca das condições das funções mentais

de um candidato a carteira nacional de habilitação e saúde de suas funções mentais.

Pode-se entender dessa maneira, que analisar a eficácia da avaliação

psicológica na identificação de candidatos a CNH que apresentam algum indicativo

de comportamento de risco na direção, poderia contribuir para a identificação e

redução da inserção desse risco para a sociedade em geral, não somente

considerando a ligação direta dos motoristas das vias, mas também do ambiente

como um todo, incluindo aquelas pessoas envolvidas indiretamente, mas que podem

sofrer em grande escala com um possível prejuízo desses indivíduos que venham a

apresentar algum risco.

Necessário se faz clarificar, como a avaliação psicológica pode funcionar

como um fator de prevenção, quanto a um ambiente cercado de conturbações e

perigos e risco á vida, muito embora este trabalho não tenha um caráter em nada

preditivo, mas sim de poder esclarecer o quão fidedigno pode ser este instrumento

psicológico que é a avaliação psicológica, na identificação de características não

recomendáveis para o comportamento humano no trânsito e assim com segurança

poder interpretar os dados colhidos com essa testagem psicológica realizada com

candidatos a CNH ou mesmo na renovação da carteira de motorista desse público-

alvo, para assim, apresentar resultados dentro de um contexto de direção segura.

Atribui-se a singularidade de cada caso observado um conceito de extrema

importância para essa discussão, já que envolve um contexto único e que faz-se o

foco da análise do trabalho, que não pode deixar de enxergar dentro de cada caso,

as condições reais que um determinado indivíduo esteja apresentando no momento

de sua avaliação, revelando o estado de sua saúde psicológica, que leva o

profissional a conhecer a capacidade ou aptidão desse possível condutor e

classificá-lo como apto ou não para exercer a função de dirigir.

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Esse trabalho apresenta uma proposta audaciosa no sentido de afirmar a

comunidade mundial, a existência de contextos psíquicos que habitam a moradia do

inconsciente despercebidamente, tornando-se prejudiciais diante de um

acontecimento qualquer, e que casualmente no estabelecimento das relações do

dia-a-dia não podem ser percebidos. E que esse contexto psíquico possui um

funcionamento prático, o qual interfere diretamente nas ações dos seres humanos e

que não cabem apenas ao arranjo de discussões subjetivas, mas que apesar de

possuir um ramo forte de levantamentos teóricos, é na prática que se revelam suas

conseqüências desastrosas.

A Psicologia detém em suas mãos uma arma benéfica para conjecturação e

enredamento de sinais indicadores de comportamentos e indícios patológicos ou

ainda desajustes de um funcionamento que por algum motivo se adaptou não

saudavelmente e que por um determinado período estabeleceu esse padrão de

funcionamento, provavelmente única forma encontrada para coexistir com a

dificuldade sentida e que muitas vezes quando da não interferência profissional,

arrastam esse comportamento até o fim da vida sem perceber. Entretanto, esse

ajuste não saudável poderá causar alguma interferência negativa a alguém que não

possui ligação direta com esse acontecimento e é assim que podemos evitar tipos

de situações como essas, tendo uma leitura clara e fidedigna do quadro

apresentado.

Nota-se que a testagem psicológica nesse âmbito tem a função de agir como

mais uma ferramenta de prevenção, de análise, de identificação e interpretação de

dados, para assim evitar que o candidato possa tornar-se um risco em potencial

para a ocorrência de uma situação de periculosidade no trânsito, entretanto exime

qualquer idéia de caráter preditivo, já que sabe-se da existência da possibilidade de

antecipação através de testes que um ou outro indivíduo venha a envolver-se em um

acidente. Portanto, o objetivo desse trabalho foi de avaliar o uso do teste de

atenção difusa na identificação de candidatos a motorista que representam algum

risco para o trânsito em Macapá.

16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A Psicologia do Trânsito

Ao iniciar-se uma análise sobre a psicologia do trânsito, deve-se

primeiramente partir da análise de seu objeto conceitual principal, o Trânsito, o qual,

na perspectiva do estudo do termo, descreve o dicionário Michaelis (2010), como o

sentido e entendimento de tratar-se de ação ou efeito de transitar, em outras

palavras, significa o ato caracterizado pelo movimento de pessoas e veículos que

vem e vão, numa cíclica de buscar chegar a um destino ou a pé ou utilizando de um

dos vários tipos de veículos automotores existentes e que circulam nas vias públicas

de todas as cidades ou estradas rodoviárias.

Consta no § 1º do art. 1º da Lei nº 9.503, de 23 de Setembro de 1997, a qual

regulou e instituiu o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a descrição conceitual do

termo trânsito. Segundo a lei maior de trânsito no Brasil, o trânsito representa o meio

que pessoas, veículos, animais, de modo solitário ou coletivo, que fazem uso do que

comumente se chama de vias. Pessoas essas que podem estar a pés ou com algum

meio de transporte, e visam dessa forma, realizar atividades de circulação para

conquistarem seus objetivos de chegar a um determinado local. Acresça-se a tal

conceito, os aspectos das vias, podendo estar destinadas às pessoas (circulação

humana ou paradas em um só lugar), também podem ser utilizadas como

estacionamento e ainda no manejo dos automóveis para realizarem carga e

descarga.

De acordo com Ferreira (2006) o trânsito possui várias vertentes científicas

de estudo. Todas confirmam uma característica essencial, a da complexidade em

ser definido e analisado, ao se requerer uma constante atualização teórica em

estudos e pesquisas para elucidar de forma específica, as características científicas

e conseqüências aos seres humanos que o trânsito pode acarretar.

Nesse sentido, Rozestraten (1988) apresenta uma análise conceitual bem

esclarecedora sobre uma das finalidades científicas de analisar-se as

conseqüências biofísicas do trânsito nos seres humanos, ou seja, como impactam o

ser humano que eventualmente participa desse contexto, e terminam por enfatizar a

esfera da Psicologia, um sentido, que valoriza o ato das pessoas deslocarem-se de

um lugar para o outro, com total integridade e responsabilidade. Trata-se de um

17

conceito que insere diretivamente as ferramentas utilizadas para que tal finalidade

seja conquistada, no caso, do uso de automóveis.

Sobrinho (2010) e Ferreira (2006) dispensam conclusões similares ao

sistema do trânsito e o deslocamento humano, pois enfatizam ser o trânsito o meio

pelo qual acontecem todos os deslocamentos realizados por pessoas, mesmo que

elas estejam ou não no uso das vias públicas, incluindo-se no conceito de pedestres

que se utilizam das calçadas (beira das vias) para locomoverem-se e deslocarem-se

de um lugar para outro.

Trata-se de uma sistemática um tanto complexa, como salienta Rozestraten

(1988) pois nesse viés do deslocamento há sempre interesses envolvidos. Em

outras palavras, existem diferentes intenções com que cada pessoa utiliza para

deslocar-seque podem ser tanto para irem trabalhar, quanto para realizar alguma

forma de lazer, o que demonstra uma série de possibilidades intencionais que

podem contribuir ou não para o desenvolvimento de patologias para o corpo

humano. No entanto, o objeto da Psicologia de Trânsito ainda busca o equilíbrio

entre os inúmeros desejos e intenções que os humanos têm para deslocarem-se, o

que evidencia um estabelecer de equilíbrio com a criação de regras e legislações

para orientar comportamentos emanados durante o trânsito.

Marín-León e Vizzotto (2003) apontam algumas divergências que os

conceitos apresentados pelos autores anteriores demonstram, pois enfatizam que

todos os conceitos são coerentes, mas entram em dissonância por não definirem

explicitamente que, o sentido do trânsito aquilata a locomoção, ou seja, expõe o

desejo de movimentar-se, de circular-se, de mover-se para o cidadão, o que o torna

participante de uma mudança espacial, expondo sua liberdade de ir e vir. De forma

que, termina por priorizar a proteção dos que estão consigo sobrepondo em todo o

seu trajeto de mobilidade, a aplicação de uma série de tratados de segurança, de

satisfação e de direitos conquistados.

Pastore (2006) ao comentar sobre as contribuições do trânsito expõe que

são gerados mais problemas do que benefícios, já que importa uma idéia causal do

caos urbano nos dias atuais e expõe que movimentar-se e deslocar-se é essencial

para os indivíduos realizarem suas principais atividades cotidianas, desde uma

simples ida à casa de um vizinho até a visita de parentes em outra cidade, todo o

processo de locomoção e os utensílios usados para movimentarem-se como carros,

18

ônibus, trens e outros auxiliam a esboçar um conceito claro e conciso,

cientificamente, de trânsito nos referenciais teóricos.

Como foi assinalado anteriormente, o trânsito desencadeia um considerável

quantitativo de desordem urbana, e segundo Tebaldi & Ferreira (2004) não deve ser

visto como um problema técnico, mas como um tema chave de um dos inúmeros

problemas sociais e políticos que circundam a vida dos cidadãos em suas vidas

diárias. Os autores sublinham que essa visão sociopolítica de trânsito deve ser

estimada justamente por esboçar uma série de características e comportamentos da

sociedade que vão desde o trânsito, ao considerarem-se congestionamentos e

acidentes, até a sua gestão mais profunda, ao levar-se em conta a análise e criação

de políticas específicas para o trânsito, que reforça, uma constante análise pela

sociedade civil e pelos representantes do governo das cidades, estados e da nação,

de uma linha de pensamento que aborda uma constante reavaliação dos processos

que são inerentes ao trânsito, às pessoas, aos automóveis, e a todos que participam

do ato de locomover-se.

E para se falar em trânsito e avaliação do trânsito, deve-se compreender que

se trata de um mecanismo gerador de problemas de várias ordens, os quais

precisam ser tratados e avaliados, com um olhar voltado para uma intervenção

multidisciplinar coerente com cada problemática desencadeada pelo trânsito. Dessa

forma, o aspecto multidisciplinar reforça a necessidade de compreensão dos

problemas gerados pelo trânsito e tratados por várias ciências, entre as quais,

aquelas que buscam descrevê-lo pelas suas influências no meio ambiente, nos

aspectos da qualidade de vida dos cidadãos e nas inúmeras patologias endêmicas

causadas na saúde, ou seja, restrito a esse ambiente do trânsito ou a essa contexto

mais específico (MORETZSOHN e MACEDO, 2005).

Tebaldi e Ferreira (2004) e Pastore (2008) compartilham a mesma opinião,

ao relatarem que no Brasil, o trânsito tem gerado diversos problemas na saúde dos

brasileiros, haja vista ser considerado um problema que afeta todas as cidades de

forma preocupante e com dados avassaladores e representativos do constante

crescimento de número de mortes causadas essencialmente durante o percurso

realizado no trânsito. O Brasil, estatisticamente, possui um dos trânsitos mais

perigosos do mundo. Não há segurança nas vias públicas, e sim a falta de

sinalização, falta de consciência dos condutores, falta de responsabilidade no

manuseio da condução veicular, dentre outras questões, são inúmeros os problemas

19

motivados essencialmente por condutores descompromissados com a lei e com as

regras sociais, muitas vezes, quando assumem a direção de um veículo sob efeito

de álcool e drogas ilícitas, ou então, em momentos de circulação no trânsito com alta

velocidade, ou até mesmo, no desrespeito aos pedestres.

Pastore (2008) dedica-se a compreender que políticas sociais para o trânsito

tem sido criadas, assim como as legislações estão em estado de evolução e em

mutação constante, mas ainda cabe ao bom senso, o entendimento e

conscientização do valor da vida por parte de quem está no trânsito, ora como

pedestre, ora como condutor. Então, como bem demonstrado por Marín-León &

Vizzotto (2003) vê-se o fator humano como principal causador dos acidentes no

trânsito. Dessa forma, segundo os autores, após essa compreensão, surgiram os

primeiros estudos que puderam fazer descrições dos comportamentos no trânsito

como principal objeto de estudo, entre esses campos, consta a Psicologia de

Trânsito.

A Psicologia do Trânsito surgiu com Hugo Münsterberg em 1910, que foi

convidado por William James para ocupar o cargo de diretor do laboratório de

psicologia experimental nos Estados Unidos em Harvard. Também tem em seu

Curriculum ter sido aluno de Wundt e ser o primeiro responsável por aplicar testes

de habilidade nos profissionais que trabalhavam como motoristas de bondes na

cidade de Nova York (HOFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

Sabe-se que houve boa aceitação e ótimos resultados dos testes utilizados

no período correspondente a Primeira Guerra Mundial, com a justificativa da

contribuição para o aumento da produtividade e redução nos níveis de acidentes de

trabalho. Este ambiente constituiu-se em um solo fértil para a introdução da técnica

psicométrica nas indústrias e pouco a pouco no ambiente do trânsito. Que já nessa

época, tinha o intuito de regular os quantitativos de ocorrência de acidentes ao fazer-

se a aplicação de testes com possíveis motoristas e os motoristas das empresas a

julgar-se suas aptidões mentais de modo a embasar as funções do intelecto, frente

às reações. De acordo com Hofmann, Cruz e Alchieri (2011) a Psicologia do Trânsito

mantém estreita ligação com outras áreas, como com a Psicologia Ambiental, além

de outras áreas imprescindíveis para a possibilidade de esclarecimento acerca da

aplicação da Psicologia do Trânsito de forma adequada. Julga-se uma disciplina

ligada a Psicologia Ambiental por representar o arranjo no qual desenrolam-se todos

os acontecimentos pertinentes a Psicologia do Trânsito, de maneira que são

20

reconhecidos como subsistemas que se inter-relacionam, como veículos e vias, por

exemplo.

Qualquer transformação que seja realizada em um dos participantes

automaticamente desencadeará outras subseqüentes mudanças ocorrerão, como

num efeito em cadeia, contribuindo inclusive para alteração do comportamento de

um indivíduo, já que entende-se que a via significa um ambiente que ao sofrer

mudança obrigatoriamente contribuirá para uma reação também que deverá sofrer

transformação, que está ligada a uma reação segura ou não de um indivíduo. Ao

entender-se que seja uma relação estreita entre ambos (HOFMANN; CRUZ;

ALCHIERI, 2011).

Por isso, Hofmann, Cruz e Alchieri (2011), afirmam que a Psicologia do

Trânsito vem esclarecer que um modelo automotivo em movimento, ou o ato de

andar de uma pessoa – mesmo que em uma calçada – são elementos que precisam

estar ordenados e afinados com o ambiente, por isso, em frações de segundos,

pode ser desencadeada uma quebra de equilíbrio, por falta de atenção, que

facilmente pode ser transformada em um acidente. Nesse sentido, esses autores

pontuam que ao iniciar-se uma explanação sobre um assunto tão complexo e

importante, requer que saiba-se o ponto de partida. Assim, a Psicologia iniciou seu

processo de atuação mediante o estudo dos transportes terrestres em meados da

década de 1920, quando então passou a evoluir constituindo quatro pilares que

pautam o discurso de sua história.

Pode-se começar a ressaltar uma área restrita as primeiras aplicações

psicotécnicas, como eram chamadas nessa época as avaliações realizadas. O que

aponta para o reconhecimento da Psicologia como uma profissão científica, para seu

estabelecimento e afirmação, mesmo que inicial, inclusive, ao apontar um caráter

técnico da Psicologia do Trânsito, até atingir uma terceira fase vista como o

acompanhamento do crescimento e difusão dessa área de atuação e estudo, além

de sua culminância num quarto ponto advinda do estabelecimento do Código de

Trânsito Brasileiro por meio da lei 9.503, de 23/09/1997 (HOFFMANN, CRUZ e

ALCHIERI, 2011).

A formação e desenrolar da Psicologia no Brasil iniciou-se num período que

corresponde aos anos entre 1920 e 1930, período reconhecido como fase em que a

Psicologia passou a ser vista com uma ciência e profissão. De forma que através de

estudos tomou-se conhecimento de que se tratou do berço do surgimento do título

21

que foi empregado a esse capítulo, A Psicologia do Trânsito, que teve seu marco

inicial por meio da instrumentalização teórico-técnica em meio à classe afim, por

meio de um grupo pedagógico inserido nesse contexto (HOFFMANN, CRUZ e

ALCHIERI, 2011).

Ao seguir-se esse raciocínio de implantação da Psicologia no Brasil, pode-se

citar a fase de produtividade científica dentro das faculdades, concomitante a sua

criação, o que possibilitou de pronto o desencadeamento de capacidades de

intervenção, fosse nos manicômios ou mesmo em hospitais e áreas de saúde

ligadas a essa extensão de atividade. Não se pode deixar de concluir que esse

pensamento faz reverência as consequências do trabalho e aprendizado

provenientes da psicologia industrial, trazida pelas marcantes heranças deixadas

pelo taylorismo forte na época (HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

Os arranjos citados acima, nada mais são do que o cerne e a ideia originária

que incitou as demandas acerca de educação, saúde mental e trabalho que

estruturaram a Psicologia no Brasil, que moldaram os caracteres necessários ao

exercício da Psicologia, tanto de cunho diagnóstico, como de orientação e

assistência.

Ao utilizar-se um apontamento mais específico observa-se que o setor que

primeiro experimentou a atuação prática da Psicologia do Trânsito foi a do

transporte, com o Laboratório de Psicotécnica na Estrada de Ferro em Sorocaba,

com a criação do Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT), o Centro

Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (CFESP) e o Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial (SENAI), comandados, conforme Carelli (1975 apud

Hofmann; Cruz; Alchieri, 2011) por Roberto Mangue, conhecido como o precursor da

Psicologia do Trânsito no Brasil. E, posteriormente a instalação do Serviço

Psicológico voltado diretamente para os condutores de veículos.

A história continua então construindo o cenário da concretização da

Psicologia no âmbito da prática no Brasil, seguindo com o surgimento do Instituto de

Seleção e Orientação Profissional (ISOP), pelas mãos da Fundação Getúlio Vargas,

que posteriormente tornou-se referência para toda a América Latina, dirigida por

Emilio Mira y López (HOFFMANN, CRUZ E ALCHIERI, 2011).

Como essa monografia abarca questões como a prevenção, não pode-se

deixar de pontuar que Emilio Mira y López significou e significa para a comunidade

científica ligada a essa área de estudo, o pai da atividade preventiva na classe dos

22

condutores e profissionais da condução. Além de ter sido o Primeiro Instituto a

utilizar a vertente da avaliação da personalidade aliada a provas de aptidão e técnica

da entrevista para a investigação avaliativa de condutores da década de 1950.Ações

como essas foram possíveis após o CONTRAN em 8 de Junho de 1953aprovar a

resolução que tornava obrigatório o então conhecido Exame Psicotécnico para

aqueles que almejavam a profissão de motoristas, mas que de imediato só

conseguiu adesão do DETRAN de Minas Gerais, único capaz de obedecer tais

exigências, o que contribuiu para que este Estado se tornasse nome referência na

avaliação de condutores e para que em 27 de Agosto de 1962 a Psicologia fosse

regulamentada como profissão, dando início a expressiva batalha pela busca de

melhorias nessa área de atuação (HOFFMANN e CRUZ EALCHIERI, 2011).

Segundo Hoffman,Cruz e Alchieri (2003),no Brasil a década de 1950

representou o início do investimento sério e mais rigoroso quanto a valorização do

comportamento dos motoristas. De forma que através da lei n.º 9545, foi instituída a

hoje conhecida avaliação psicológica para aqueles candidatos a CNH, que foi

inserida através do chamado ISOP (Instituto de Seleção e Orientação Profissional)

que ficara com a responsabilidade de fazê-la.

A Psicologia então passou a trilhar por um novo rumo, o da ciência que

estuda o comportamento humano no trânsito, seja ele no âmbito dos processos

internos ou externos (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2000, p.10.).

Com a Psicologia do Trânsito já iniciada, passou-se a outra etapa, que foca

seu processo de estabelecimento no país, com pontapé inicial a partir de 1963, bem

próximo ali do golpe militar em 1964. De forma que, pôde-se acompanhar sua

transformação, já que passou de um olhar mais técnico, prático e aplicado

restritivamente ao contexto tradicional, para alcançar níveis mais amplos e

generalistas, muito através também de sua interseção por meio das disciplinas da

área da psicologia que levaram ás pessoas conhecimento acerca das suas teorias e

mais ainda, sua relevância para a sociedade (HOFFMANN, CRUZ E ALCHIERI,

2011).

O exame psicotécnico então passa a ser chamado nessa época de avaliação

psicológica, com o propósito de que se entenda a importância de considerar uma

avaliação mais completa, e menos técnica no sentido literal da palavra e mais

aprofundadas ao levar-se em conta a avaliação da personalidade do ser humano em

questão, o que oferece uma proposta de conhecimento mais exata do

23

comportamento dessa pessoa. Ou seja, deixa-se de investigar apenas o caráter de

capacidade e eficiência, para considerar-se questões mais intrínsecas, estruturais e

múltiplas relevantes.

O cruzamento do ranço deixado pela Psicologia Industrial, mais as áreas de

atuação da psicologia, agora difundidas, como foi dito em parágrafos anteriores,

possibilita que nessa época seja iniciado um projeto de aperfeiçoamento das

práticas da psicologia ao seu campo de estudo. E como conseqüência já podia-se

observar que a área clínica passou a atrair grande investimento em termos de

estudo e disseminação de posturas de intervenção para a produção cada vez mais

qualitativa de tratamentos psicológicos efetivos, o que provocou pesquisas

apontadas para os exames psicológicos, ao considerar mais do que nunca, a sua

veracidade através dos testes psicológicos.

Nesse momento percebe-se a inserção da psicologia na comunidade,

porque percebe-se as tentativas dos órgãos governamentais de introduzir ações que

envolvessem a participação de profissionais ligados a uma conduta psicossocial.

Aliada a essa descrição, mas ainda na linha de desenvolvimento da psicologia do

trânsito, avalia-se que a renovação do Código de Trânsito Brasileiro que gerou a

introdução por lei da realização de avaliação psicológica (HOFFMANN, CRUZ e

ALCHIERI, 2011).

A criação do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e Conselhos Regionais

de Psicologia (CRP’S) assumiu um papel imprescindível para o fortalecimento da

Psicologia de trânsito. Foram então nomeados em meados de 80, estudiosos no

assunto para chefiarem uma comissão ligada a avaliação desses condutores, sendo

eles: Reinier Rozestraten, Efrain Rojas-Boccalandro e J.A. Della Coleta

(HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

Segundo Hofmann, Cruz e Alchieri (2011), foi com a atuação e contribuição

ímpar do Psicólogo Reinier Rozestraten que a Psicologia do Trânsito deu um grande

salto e firmou-se no Brasil, devido uma aplicação efetiva e direcionada aos padrões

que tem-se hoje do que seja a linha de trabalho da Psicologia do trânsito,

conjuntamente a uma Segurança Viária, já que Rozestraten diferencia-se dos tantos

outros colaboradores, por considerar o estudo da origem e desenvolvimento dos

processos mentais ou psicológicos da mente ou da personalidade, geradoras de

alterações no comportamento humano.

24

A história da Psicologia levou a uma mudança em cadeia tanto no olhar da

sociedade, quanto no olhar da administração pública que aprenderam a considerar

uma visão mais humanizada dos acidentes, bem como na própria conduta daqueles

profissionais psicólogos ligados diretamente aos DETRANS, que chamou-os a

responsabilidade de seus papéis como os respondentes pela segurança viária, em

virtude de uma etapa caracterizada pelo descrédito atribuído a classe, em

consequência de suas condutas nem sempre adequadas(HOFFMANN, CRUZ e

ALCHIERI, 2011).

Para Hofmann, Cruz e Alchieri(2011), foram lançados eventos importantes

para tratar de questões relevantes ao quadro vivenciado pela psicologia do trânsito,

como o III Congresso Brasileiro de Psicologia do Trânsito ocorrido no Estado de São

Paulo, com a participação e direção científica de Dr. Renier Rozestraten que,

segundo Baruki (1987), incitou a reformulação da Resolução 584/81, que tratava da

Habilitação dos Condutores de Veículos, referente ao "Exame de Sanidade Física e

Mental", no sentido de propor que houvesse um profissional habilitado

especificamente na área de medicina do trânsito.

Sem contar com outros acontecimentos, como a ocorrência de concursos

públicos para psicólogos atuantes nos DETRAN’S, novas Resoluções como a

670/87 que refletia propostas emanadas por psicólogos antigos na área, como a

entrevista psicológica de condutores envolvidos em acidentes, ou que estivessem

envolvidos em ações que deliberassem o recolhimento da CNH e imputassem

pontuações na sua carteira, além de Congressos Internacionais e Nacionais como o

ocorrido em Uberlândia, que contou com a participação daquela que hoje pode ser

considerada uma das maiores conhecedoras da Psicologia no Trânsito Maria Helena

Hoffman ou ainda o 5º Congresso Brasileiro de Psicologia no Trânsito e o 1º

Congresso de Educação e Fiscalização do Trânsito que aconteceram no ano de

1989 em Goiânia e representaram um debate interdisciplinar (HOFFMANN, CRUZ e

ALCHIERI, 2011).

Pôde-se notar que eclodiram nessa época inúmeras manifestações inclusive

provenientes do Ministério da Justiça através do reconhecimento de que o ano de

1989 foi um ano ímpar e representativo visto como o “Ano Brasileiro de Segurança

no Trânsito”. Como também a inauguração da Associação Nacional de Psicologia do

Trânsito pelos direcionamentos de Rozestraten, vigoração do primeiro curso

interdisciplinar de trânsito em Minas Gerais e nova proposta de Código de Trânsito

25

Brasileiro, que chegou até o Congresso Nacional (HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI,

2011).

Em 1997 foi aprovado o novo Código de Trânsito Brasileiro que passou a

vigorar em Janeiro de 1998, que trouxe no seu conteúdo um comprometimento de

uma visão mais ampla, que passou a considerar o circuito humano, não apenas do

prisma dos veículos motorizados, mais acima de tudo partindo do próprio homem

(HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

Desde então, tem sido mais fácil enxergar que a questão da circulação

humana no trânsito passou a ser discutida nas salas de aula das universidades, por

meio das disciplinas ministradas que retratam uma realidade que exige políticas

públicas de saúde e educação, o que inaugurou diferentes áreas antes impensadas,

mas que em virtude do crescente número de casos de acidentes de trânsito

emergentes, rompantes socioeconômicos e psicológicos sob um ponto de vista

caótico, não puderam ser deixados de lado e que funcionaram como uma mola

propulsora para a entrada da Psicologia do Trânsito nas discussões diárias no Brasil

(HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

Picolotto; Wainer; Picolotto (2007), acentuam que a Psicologia de Trânsito

preocupa-se com o deslocar dos homens e veículos. Durante esse ato, descreve a

existência de comportamentos, que para essa ciência, através de métodos

científicos e válidos, mensura de que forma podem ser afetados os comportamentos

dos condutores, tanto incluindo questões externas e internas, conscientes e

inconscientes que podem facilitar a ocorrência de acidentes, e assim, mediante os

resultados dos seus testes, comprovar a existência de fatores preditivos de

anormalidades que possam vir a impedira concessão de um indivíduo locomover-se

por meio de um veículo.

A Psicologia de trânsito carrega consigo um status de uma ciência nova,

descoberta somente em 1920 com a finalidade de estudar sobre os transportes

terrestres e a circulação. Em seu contexto, existem os comportamentos dos

condutores, que são caracterizados pela ciência como comportamentos simples,

mas que, se não forem vistos, sob o viés científico, e considerados adequados,

poderão contribuir para ocorrência de acidentes e crescimento dos índices que estão

em observação e não param de crescer nos dias atuais com a estatística de casos

de mortes e acidentes no trânsito cada vez mais notável.

26

Dessa forma, segundo Rozestraten (1981), os comportamentos para a

ciência representam um quê, de importância tal, que são descritos através das

condições ideais do indivíduo para locomover-se no trânsito ao utilizar-se de

veículos. Entre seus comportamentos, são enumerados a atenção do indivíduo e

seus principais processos de detecção de objetos, diferenciação dos sinais de

trânsito e percepção dos pedestres e demais veículos em um congestionamento por

exemplo,sem contar também que pode-se enumerar aspectos da memória do

indivíduo, aspectos da aprendizagem da educação de trânsito, a motivação, a

tomada de decisões e uma série de automatismos percepto-motores, no que tange

as aptidões do ser humano nesse ambiente do trânsito, de manobras rápidas,

reflexos e de mecanismos de reação prontamente ligados ao feedback.

Nesse sentido Belina (2005), contribui com a análise ao dizer que o ato de

dirigir, significa um dos objetos de pesquisa da Psicologia de Trânsito enão se

relaciona única e exclusivamente com o ato de dirigir um veículo, mas em âmbito

psicossocial, possui vários significados, especialmente no momento em que a

direção é tomada pelo condutor.

Faz-se preciso entender que na individualidade de cada ser humano existe

uma história de vida, personalidades singulares, buscas pessoais norteadas por

motivações, interesses e necessidades únicas, de um modo geral, um constante

buscar de sentir-se bem e feliz consigo e com os demais ao seu redor. Em matéria

de trânsito, geralmente, esses aspectos entram em conflito, pois cada pessoa possui

uma linha idiossincrásica e, conseqüentemente, uma visão distinta de obediência

das regras e das leis, ou seja, estabelecem uma interpretação subjetiva que deturpa

os valores conscientes em algum momento (BELINA, 2005).

Tebaldi e Ferreira (2004) entendem que essa busca individual, torna o

condutor susceptível quanto à tomada de uma decisão durante sua locomoção no

trânsito. É imperioso afirmar que a escolha tomada toca a necessidade própria para

seu benefício, mas a ciência já conseguiu identificar nos comportamentos as razões

que podem justificar pôr a própria vida em risco, ao desfazer-se dos princípios da

segurança no trânsito e tornar-se alvo de acidentes. É nesse liame, que os autores

esclarecem existir a justificativa para a inoperância da lei nos condutores. Alguns

agem coerentemente, outros não, e comportam-se como se a lei não existisse,

estabelecendo uma lei pessoal própria, que não condiz com os termos oficiais

descritos nos sinalizadores e arcabouços de trânsito da Lei de Trânsito Brasileira.

27

Nesse contexto, o papel do psicólogo do trânsito segundo Moretzsohn;

Macedo (2005) gira em torno de ampliar sua atuação para conseguir avaliar

psicologicamente os candidatos dispostos a obter sua Carteira Nacional de

Habilitação (CNH). Desta feita, implanta métodos e técnicas capazes de descrever a

multiplicidade de comportamentos dos indivíduos propensos a impedi-los de obter a

CNH. Nesse sentido, esse profissional deve ter ciência da suma importância que

possui para a melhora do sistema de planejamento urbano, do trânsito, da saúde

pública e para o convívio dos indivíduos condutores em sociedade e em momentos

de circulação e locomoção.

De modo resumido e breve, Rozestraten (1981) apresenta os principais

objetivos da Psicologia do Trânsito, ao enfatizara análise dos processos

psicológicos, psicofísicos e psicossociais relacionados aos problemas do trânsito,

realização de exames psicológicos de aptidão profissional em candidatos a

habilitação para dirigir veículos automotores, construção de estudos das implicações

psicológicas e outros distúrbios no contexto do trânsito, além da análise da relação

causa-efeito na ocorrência de acidentes de trânsito.

Ainda segundo Rozestraten (1981) podem ser elencados como objetivos da

psicologia de trânsito o desenvolvimento de ações sócio-educativas com pedestres,

ciclistas, condutores infratores e outros usuários das vias, como professores, entre

outros. Além da elaboração e implantação de programas de saúde, educação e

segurança no trânsito, a participação de equipes multiprofissionais no planejamento

e realização das políticas de segurança para o trânsito e estudos de campo e em

laboratórios sobre o comportamento individual e coletivo em diferentes situações no

trânsito a fim de sugerir medidas preventivas quanto a esse certame.

Os cursos na área do trânsito hoje oferecidos sejam eles de pós-graduação

(lato senso), Psicólogo Perito Examinador de Trânsito, Núcleos de estudos e

pesquisas detentores de grandes discussões do assunto, ou a produção científica de

teses e dissertações voltadas ao trânsito, inclusão de matérias opcionais

interdisciplinares em cursos de graduação e maior proximidade e acompanhamento

dos Conselhos tanto Federal como os Regionais com a questão da responsabilidade

social da Psicologia com a participação no planejamento e arquitetura urbana, vêm

corroborando para uma mudança positiva e constante da conduta adequada do

profissional dessa área (HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

28

Contudo vive-se numa era de construção, reengenharia, em que pode-se

criar partindo do arcabouço já fabricado e deixado pelos antecessores mestres no

assunto, para que assim os profissionais que se seguem em desenvolvimento

possam repensar valores concernentes a um fazer profissional descente, pautado na

ética e comprometimento com vidas, pois podem partir de um contexto dinâmico e

científico, já que somente assim pode-se elaborar condutas sérias, eficientes,

técnicas, porém aprofundadas e coerentes (HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

Para a Psicologia Ambiental, tudo aquilo que tende a influenciar o

comportamento humano no trânsito vem a ser visto como indispensável para seu

estudo, o que deixa claro o centro da atenção de um profissional dessa área que

precisa eleger esse objeto como foco de análise, para então constatar que todo

aquele ambiente considerado vivo que exerça uma ação sobre o Homem, também

obrigatoriamente irá sofrer influência (HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

O homem que é transportado se serve de um elemento do ambiente; um animal ou um automóvel constitui seu ambiente em movimento, seu ambiente mais próximo (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011, p. 31-32).

Tudo aquilo, ou todo aquele que usado for no ambiente do trânsito para a

facilitação ou apenas contribuição da dinâmica do ser humano nessa teia de

acontecimentos sejam eles ambientes em movimento em uma via , sejam rolantes

como carros ou ambulantes, como as pessoas como é dito por Hofmann; Cruz e

Alchieri (2011), precisam estar conectados de alguma forma para a perfeita

obediência das exigências de cada via, o que provavelmente terá consequência num

resultado harmonioso.

Comumente o que se conhece como via, no estudo da Psicologia do

Trânsito vê-se como um ambiente repleto de determinações a serem seguidas para

que seja alcançado um equilíbrio de funcionamento. E essa via juntamente com

suas diretrizes mostra ao motorista o que pode, deve ou não fazer. Esse conceito

tão simples representa um pilar para um condutor veterano ou recente na arte de

dirigir seguramente. Pois fatores emocionais e comportamentais intelectuais e

reacionais, também fazem parte desse quadro mesmo que silenciosamente sejam

os responsáveis talvez por essa onda crescente de mortes ocorridas todos os anos

(HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

29

Para tanto, o trabalho do psicólogo de trânsito para ser realizado de forma

adequada e correta, precisa estar coerente com os métodos e técnicas

implementados no processo de avaliação psicológica, o qual é o próximo item da

revisão bibliográfica a ser analisado.

2.2 Avaliação Psicológica e sua Origem

Nesse momento de análises, pretende-se realizar uma leitura da avaliação

psicológica, ou seja, em matéria de Psicologia do Trânsito este item torna-se um

componente alvo que merece atenção, justo que naturalmente contribui para a

explosão de questões de cunho psicológico durante todo o momento de circulação e

locomoção dos seres humanos no trânsito, segundo os comentários de Pasquali

(1999), Gouveia (2002) entre outros.

A vertente histórica da avaliação psicológica tem data recente, Pasquali

(1999), ao versar sobre o resgate de memórias associadas a esse tema expõe que

desde as primeiras vivências e trocas entre os organismos vivos, já se observava

que suas relações eram mediadas pela utilização de códigos reguladores de

condutas e que funcionavam como grandes diferenciais para uma convivência

harmônica, ou no mínimo dentro de um padrão aceitável de vivência.

Só no final do século IX, que os psicólogos atuaram de forma sinequa non,

para a implantação da avaliação ainda com uma característica mais informal, mas

que, com o avanço dos anos, chegou ao que se conhece hoje como a avaliação

psicológica, assim, enquadra-se sua condição ímpar de importância dentro desse

universo que é a Psicologia do Trânsito, até atingir o conceito científico que possui

atualmente (GOUVEIA, 2002).

A avaliação psicológica segundo Damian (2008), significa um saber técnico.

Em uma linguagem mais simplificada, capaz de gerir não somente as relações

estabelecidas, como também a história de vida de uma pessoa. Mas que justamente

por ser um saber científico e técnico, conta com uma análise profunda de dados

coletados e interpretados a luz de todos os prospectos considerados importantes

nessa área, como características de personalidade, indicativos comportamentais

subsidiados por métodos construídos ao logo dos tempos, que possuem um foco e

objetivo final para que tenha-se a segurança de classificar apto ou inapto um

determinado avaliando.

30

De acordo com os resultados listados em pesquisas realizadas pelo

Conselho Regional de Psicologia – 8.ª Região em 2011, ao considerar-se a

avaliação psicológica para a retroalimentação do que entende-se sobre a inter-

relação dessa área com o trânsito, logo pode-se começar a tratar de sua origem no

Brasil, que dependeu quase que estritamente da aprovação do Código de Trânsito

Brasileiro. O que sabe-se a esse respeito gira em torno de um conceito que

representa diversos autores e estudiosos no assunto, que podem exibir suas

nuances singulares sobre um mesmo ponto (CRP, 2011).

Tais definições abarcam delimitações acerca de um conjunto de técnicas

científicas especializadas relacionados à coleta de dados, estudos e interpretação

de informações provenientes do conhecimento de funcionamentos psicológicos

incitados pelo estudo e avaliação de um ser humano que seja submetido a testes

psicológicos, entrevista psicológica, questionário e observação como afirma o site de

pesquisa (CRP, 2011).

Como o passar do tempo o comportamento humano no trânsito passou a ser

enxergado por meio de estudos, como um elemento de alta complexidade, já que

representa a articulação de fatores distintos como habilidades, capacidades,

atividades e atitudes, bem como nível adequado de amadurecimento intelectual e

emocional, o que proporcionou que fosse conhecida atualmente a real importância

de terem-se técnicas como as avaliativas no contexto do trânsito como uma forma

de decifrar possíveis reações humanas pertinentes para as ações nesse ambiente

(CRP, 2011).

O universo participativo dessa teia relacional que se faz aqui referência

acolhe num mesmo sentido que seja dado ao Homem a permissão de que exerça o

direito de dirigir, caso reúna as condições necessárias e imprescindíveis para tal, se

assim ficar comprovado por meio da avaliação psicológica que esse indivíduo possui

condições para o exercício de sua cidadania, com responsabilidade e segurança de

todo aquele que de alguma forma possa vir a ser atingido pelo simples ato de dirigir.

Para tanto há que considerar-se todos os fatores importantes para que seja

concedido tal privilégio, trabalho esse do psicólogo perito examinador do trânsito

(CRP, 2011).

Na visão de Noronha (1999), a inter-relação da avaliação psicológica e

psicologia do trânsito têm a capacidade de juntar em um mesmo arranjo ciência,

técnica, interpretação dos dados coletados provenientes do que se podechamar de

31

estudos das informações elencadas por meio das diretrizes psicológicas que

orientam a construir, seja pela instrumentação ou metodologia utilizada que

constroem um arcabouço acerca dos fatores diretamente relacionados com

indicadores concernentes e elucidativos a respeito das capacidades significativas do

comportamento humano no contexto da capacidade cognitiva ou sensório-motoras,

assim como aspecto social, afetivo, motivacional, ou mais direto ainda, indicadores

de aptidões específicas e psicopatológicas.

No caso da avaliação psicológica, possibilita ao profissional especializado na

peritagem conhecer as reais condições do candidato em termos das funções

importantes para a sua avaliação, favorecendo também a construção de um

diagnóstico embasado cientificamente, ou ainda um respaldo fidedigno acerca das

condições, construídos em cima de bases seguras de orientação e tomadas de

decisão quanto a possibilidades de estar apto ou não para critérios imprescindíveis a

um condutor saudável biopsicossocialmente.

Faz-se necessário esclarecer que essa discussão passeia pelos meandros

de um contexto restritivo com um foco de discussão, que vai verificar dentro de cada

caso, as condições reais que possuem e representam a saúde psicológica, que leva

ao conhecimento da capacidade de conduzir de forma adequada, tanto para a sua

vida, quanto para todo aquele que possa mesmo que momentaneamente

estabelecer relação com esse condutor, seja ele outro condutor ou pedestre por

exemplo (CADERNO DE PSICOLOGIA DE TRANSITO E COMPROMISSO

SOCIAL,2000).

Entende-se como de suma importância que a avaliação psicológica nesse

âmbito tem a função de agir como mais uma ferramenta de prevenção, ou seja, de

evitar que determinado candidato, possa tornar-se um risco em potencial para a

ocorrência de uma situação de periculosidade no trânsito, o que exime qualquer

idéia preditiva, já que não se sabe a existência da possibilidade de antecipar,

através de um teste que um ou outro indivíduo se envolva em um acidente (PIRES;

MANERA, 2005).

A avaliação psicológica representa um arranjo científico que tem por objetivo

avaliar um indivíduo e suas funções psicológicas, ao fazer uso de instrumentais

técnicos adequados e específicos para uma determinada função. Cabe somente ao

psicólogo a tarefa de avaliar, já que somente ele reúne condições quanto a

compreensão técnica necessária para a interpretação correta de elementos

32

elencados durante a avaliação e devolução do resultado por meio do que conhece-

se como feedback da pessoa avaliada, o que automaticamente deixa recair sobre

esses profissionais como responsabilidades éticas e sigilosas (PIRES; MANERA,

2005).

A postura que deve assumir o profissional psicólogo mediante o uso da

avaliação psicológica num determinado caso avaliado, condiz com uma conduta

humanizada, porém técnica que englobe no decorrer do conteúdo avaliativo as

informações psicossociais desse indivíduo para que assim se possa com clareza

emitir um laudo fidedigno de suas condições (DAMIAN, 2008).

Trata-se então de uma técnica científica que pode ser feita individualmente ou

em grupo, o que depende da área de conhecimento explorada e que, portanto,

determina padrões de aplicação. Através da avaliação obtêm-se com clareza e

veracidade informações imprescindíveis para o entendimento do funcionamento dos

fenômenos psicológicos que se quer explorar, para que seja alcançado um trabalho

avaliativo final de excelência (CFP, 2013).

Contudo, parece interessante desmistificar a semelhança criada no senso

comum entre avaliação psicológica e testagem psicológica, que em uma discussão

mais aprofundada consegue-se entender que são diferentes, partindo do

pressuposto de que a primeira significa uma teia emaranha de informações

indispensáveis que são conseguidas por diversos caminhos, entrevista psicológica,

uso de teste, dinâmicas, observações feitas durante um determinado período e a

análise final desse conjunto de informativos. E a outra representa uma dessas

possibilidades dentro de um quadro maior de atividade (CFP, 2013).

Para a realização de uma avaliação qualificada faz-se necessário

implementar algumas noções primordiais para o trabalho. Ter um foco motivacional

para essa tarefa, sem deixar de incluir características peculiares a cada caso a ser

explorado, como as necessidades que precisam ser atingidas na atividade fim, o que

promoverá escolhas sábias quanto ao material e conduta a ser utilizada pelo

profissional competente (CFP, 2013).

Considera-se ainda nessa avaliação que seja feito um arrecadamento de

informações que possa subsidiar um resultado final, ao utilizar-se testes, entrevistas,

observações e a análise desses dados para conseguir-se alcançar provavelmente o

objetivo traçado por meio da inter relação e interpretação dessa coletânea e nunca

somente fazer uso de apenas uma única ferramenta (CFP, 2013).

33

Sabe-se que com essa socialização de informações que se podem

desenvolver as hipóteses tanto iniciais desse processo como diagnósticas ao fazer-

se referência a um resultado final e quem sabe se necessário lançar mão de outras

técnicas que possam reforçar o padrão de qualidade e tornar a avaliação ainda mais

técnica e confiável. Ao término faz-se a devolução, a resposta as perguntas e

hipóteses levantadas no início do processo com o candidato e a certeza da realidade

apresentada pelo estudo feito com uma pessoa (CFP, 2013).

Por meio da avaliação psicológica o profissional responsável pelo

direcionamento da dinâmica, ou seja, o psicólogo fica apar de informações

extremamente importantes e responsáveis por montar ou desenvolver hipóteses

acerca de tendências psicológicas desse ou desses candidatos em questão, o que

sinaliza como uma determinada pessoa possivelmente agirá mediante uma dada

situação, ou ainda apontará seu nível interrelacional com outros indivíduos em um

acontecimento a ser estudado. Vale lembrar que se podedizer que, trata-se de uma

regra proporcional, ou seja, que depende dos mecanismos e técnicas utilizadas com

um candidato, que quanto mais ou menos profunda a avaliação proporcional é seu

resultado (CFP, 2013).

No final de tudo pode-se entender que a avaliação psicológica tem a

intenção de abranger aqueles apontamentos que fazem referência ao estado e

funcionamento psicológico de uma pessoa, bem como qual sua interferência em

situações estipuladas, como atenção, concentração, fatores estruturais e etc, no

entanto o profissional da área precisa entender e enxergar os limites da sua

atuação, já que se pode compreender a complexidade do funcionamento humano,

também entende-se que há um limite a se respeitar, ao se acreditar que nem tudo

que faz parte da psiquê facilmente se revela (CFP, 2013).

O artigo 11, pertencente a resolução CFP nº 002/2003, orienta que a

escolha de um teste psicológico deve seguir estudos realizados dentro desse

universo e que possam comprovar por meio da publicação de dados condizentes

com a pesquisa a comprovação e padronização de tais resultados, de forma que

mostrem que realmente existem resultados concernentes ao que se faz referência

(CFP, 2013).

Essa escolha precisa ser orientada por critérios que possam oferecer

fidedignamente a possibilidade de responder aos problemas elencados nesse

sentido e ainda apresentar uma capacidade plena de classificação diagnóstica,

34

descrição, predição, planejamento de intervenções e acompanhamento. Assim como

também não se pode deixar de fazer uma citação acerca de que quanto mais

afinada estiverem o objetivo que se quer alcançar, juntamente com o contexto

vivenciado e os melhores estudos desenvolvidos nessa área, maior precisão se terá

para a escolha adequada do teste (CFP, 2013).

No ambiente do trânsito em que seja focado, a avaliação psicológica,

comumente busca-se chegar a um caráter de previsão de comportamento de risco,

comportamentos que reflitam atuação inadequada dentro desse contexto, que

possam trazer a idéia de insegurança. Dessa forma, percebe-se como, mais

plausívelque utilize-se todo aquele instrumento que tenha seus estudos apontados

para essas características, o que certamente irá justificar a sua escolha (CFP, 2013).

No momento da escolha do material precisa-se lembrar sempre do padrão

de qualidade que se deseja alcançar com essa avaliação, por isso desde o início do

processo, não pode-se perder o foco e precisão. Em conseqüência disso, alguns

critérios foram criados para orientar o psicólogo, dentre eles pode-se destacar o

conhecer a fundamentação teórica da psicologia, suas abordagens, bem como da

psicopatologia, já que ambas estruturam esse profissional no sentido de ter a noção

do significado e importância de desenvolvimento, inteligência, memória,

emotividade, atenção e suas ramificações, além das problemáticas que podem ser

consequência de determinados quadros de personalidade, conhecer questões

ligadas a psicometria, capacidade de entendimento do que envolve a aplicação da

avaliação e todos seus complicadores para que em qualquer situação tenha a

capacidade de agir pontualmente, não deixar aberta nenhuma lacuna (CFP, 2013).

Na conduta desse profissional também não pode-se deixar de considerar

que tenha uma leitura ampla e clara de tudo que acontece e pertence ao momento

da avaliação. Precisa conseguir sentir-se à vontade e deslocar-se com tranqüilidade

nesse ambiente não somente físico, mas psíquico, o que contribui para a extinção

de atitudes impensadas, desmedidas e improvisadas, mas espontâneas e seguras.

Junto a isso tudo, estar bem informado acerca do material utilizado, da área na qual

desempenha seu trabalho, através de reciclagens constantes, responsabilizar-se por

uma ambientação adequada, adquirir materiais bem conceituados e aprovados pelo

CFP, construir e sustentar uma conduta ética e respaldada (CFP, 2013).

Trabalhar incessantemente para alcançar a excelência, a ética, o

comprometimento, a eficácia não somente no atendimento e oferecimento do

35

serviço, ao candidato em avaliação, mas trata-se de exercitar e promover um

trabalho amplo, que ao mesmo tempo que é feito em uma sala de avaliação, atinge

o restante da sociedade que poderá fazer uso e colher bons frutos. Esse conceito

transpõe-se no objetivo e função de todo aquele psicólogo perito do trânsito, que

possui responsabilidade social e com a vida (CFP, 2013).

O ato de avaliar psicologicamente remete a uma tarefa que requer constante

atenção do psicólogo responsável, pois representa um trabalho de investigação do

tipo intervencionista, ou seja, o psicólogo irá pesquisar a vida do candidato a

obtenção da CNH, e conseqüentemente, em paralelo, irá analisar a aptidão

psicológica para tal anseio ser conquistado. E essa constatação só ocorrerá

mediante a utilização de conteúdos, técnicas e métodos capazes de estudar e

intervir no comportamento do indivíduo, especificamente em momentos que

apontem alguma relação de identidade com a condução do ser humano no contexto

do trânsito (ALCHIERI, CRISTO E SILVA e CARLOS GOMES, 2006).

Segundo Alchieri, Moraes e Cruz (2003),a avaliação psicológica reproduz

um meio pelo qual o psicólogo irá contribuir, independentemente, do processo

multidisciplinar de concessão da CNH, ao implantar estratégias avaliativas através

de métodos e técnicas que possuem a finalidade de observar e medir os fenômenos

e processos psicológicos ou funções mentais, de forma a enquadrá-los nos

conformes estipulados em teorias gerais psicológicas, para que então, possa

conceder parecer favorável a aptidão ou não ao indivíduo candidato.

No Brasil, percebe-se que a avaliação psicológica significa uma área da

psicologia que muito tem participado o psicólogo do trânsito, como bem expressa

Hoffmann (1996). Essa área de trabalho lança mão de exames psicológicos

obrigatórios pelo Departamento Nacional de Trânsito, amparado pelo CTB para

obter e renovara sua CNH. Dessa forma, a finalidade do antigo exame psicotécnico,

exame realizado pelo psicólogo perito examinador de trânsito, hoje conhecido e

adotado pelo nome de avaliação psicológica é evidenciado em toda a história dos

psicólogos, pela evolução das técnicas e pela diversidade de testes existentes e

validados para que sejam utilizados no processo avaliativo dos indivíduos em

questão e que marca a capacidade elucidativa quanto a aptidão do candidato.

Esse processo de avaliação é caracterizado pela coerência dos

procedimentos contidos em lei, que assim, configuram um rol de itens a serem

avaliados pelo psicólogo do trânsito, o qual, deverá intervir com situações práticas

36

para confirmar a existência ou não de problemáticas ligadas ao estado psíquico

humano. Assim, poder identificar transtornos e descompensações psicológicas

relacionadas ao seu funcionamento psíquico, avaliar a qualidade da interação social

e a adaptação na atividade de trabalho, ambos calcados em um formalismo teórico,

abraçados pela classe de psicólogos e baseados no uso extensivo de técnicas de

exames representam o objetivo estabelecido para esse perito.

Dessa forma, a avaliação psicológica sustenta-se essencialmente no que

Alchieri, Moraes e Cruz (2011),denominam de delimitação dos critérios avaliativos,

que pode representar a avaliação psicológica como resultado de três critérios ou

aspectos interdependentes, vistos como medida, instrumento e o processo de

avaliação. Cada um deles possui representação teórica e metodológica própria e

que concebe assim, de forma constitutiva, uma via própria de compreensão do seu

objeto de investigação, denominado de fenômenos ou processos psicológicos.

Pode-se compreender que o processo de avaliação psicológica precisa estar

totalmente fundamentado nos preceitos contidos nos documentos publicados pelo

Conselho Nacional de Trânsito, especialmente as suas diversas resoluções que

tratam sobre a sua realização assim como, quais instrumentos deve o psicólogo de

trânsito fazer uso. Entre os quais, consta a Resolução nº. 0267/2008/CONTRAN que

trata especificamente do processo avaliativo psicológico, realizado por psicólogo

com formação e visa, única e exclusivamente, propor ao candidato, meios cabíveis

legalmente para enquadrar-se no perfil oficial de um condutor que receberá sua

CNH.

A Resolução nº. 0267/2008/CONTRAN ainda elenca em seu bojo, algumas

observações representativas de cada candidato a CNH. Por exemplo, realizar uma

avaliação de processos no tocante aos fatores psíquicos, a maturação da mente, a

atenção, os reflexos, enfim, toda uma sistemática de prioriza a manutenção da

visão, a atenção (difusa, concentrada, distribuída), a detecção, discriminação e

identificação. Outra importante contribuição da resolução citada, faz referência ao

processo de obtenção de dados sobre o candidato, que fundamenta-se na

orientação espacial e avaliação de distância, na capacidade de aprender, memorizar

e respeitar as leis e as regras de circulação e de segurança no trânsito entre outros

aspectos. E por fim, identifica a importância da tomada de decisão, expondo ser

fundamental para escolher dentre as várias possibilidades que são oferecidas no

ambiente de trânsito, o comportamento seguro para a situação que se apresenta.

37

Entende-se que a Resolução 267/2008 do CONTRAN foi criada com o intuito

de apontar itens essenciais para auxiliar o psicólogo de trânsito a examinar e avaliar

psicologicamente o candidato no que concerne a obtenção da CNH. Assim, seu

conteúdo deve ser todo obtido durante o processo avaliativo, para que,

coerentemente, possa ser exposto fidedignamente, um perfil psicológico do avaliado.

A característica essencial do processo de avaliação psicológica indica a

demonstração de dados que adquiridos com clareza, segurança e confiança dados

confiáveis e capazes de tornar aptos a obter a CNH os candidatos que os realizam.

Dessa forma, o CONTRAN preocupou-se em desenvolver e conceituar as técnicas e

métodos de avaliação psicológica para, cada qual a seu modo e implementação

possam expor subsídios para o desenvolvimento de um parecer por parte do

psicólogo responsável pela avaliação do candidato.

Consta na Resolução nº. 07/2009/CFP a definição de um dos principais

instrumentos para a realização da avaliação psicológica, que ressalta os aspectos

essenciais da entrevista psicológica, que caracteriza-se formalmente como o

primeiro momento de diálogo entre psicólogo e candidato. Pressupondo-se obter

subsídios técnicos capazes de auxiliar prematuramente na construção de conceitos

a nível de comportamentos e reações às questões do candidato, é um meio para

que se consiga visualizar os comportamentos por parte do candidato, capazes de

auxiliar a compreender o agir, o pensar, o falar, as reações, os reflexos.

Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2005), tem-se a finalidade de

completar os dados obtidos, e juntá-los com os resultados que serão conquistados

nos demais testes a serem aplicados seguidamente. Ao comentar sobre os demais

resultados obtidos com outros instrumentos de avaliação, a Resolução citada é

enfática ao abordar em seu art. 1.º o seguinte conteúdo:

Art. 1º - Ficam aprovadas as normas e procedimentos para avaliação psicológica de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação e condutores de veículos automotores, que dispõe sobre os seguintes itens: I Conceito de avaliação psicológica II Habilidades mínimas do candidato à CNH e dos condutores de veículos automotores III Instrumentos de avaliação psicológica IV Condições da aplicação dos testes psicológicos V Mensuração e avaliação VI Do resultado da avaliação psicológica (BRASIL, 2009).

38

De acordo com Cristo; Silva (2009), a entrevista faz parte das atividades

iniciais da fase que avalia psicologicamente as aptidões do candidato. Para esses

autores a competência do psicólogo na realização de seu trabalho, fica evidente na

forma de atuar, do fazer referência e uma atuação ética e coerente com o

planejamento e sistemática propostos pelo CONTRAN. Ainda conforme essa linha

de raciocínio compreende-seque a avaliação psicológica possui vários instrumentos

capazes de realizar tal tarefa, aos quais, denominam-se testes psicológicos,

inventários e questionários.

Cristo e Silva (2009) baseiam-se nos estudos a respeito dos testes

psicológicos, e esboçam conceitualmente a finalidade de medir, aferir e padronizar

aspectos comportamentais dos candidatos, ou seja, são instrumentos criados com a

finalidade de aferirem cientificamente os aspectos comportamentais dos candidatos

a CNH. Nesse sentido, são os testes quem irão expor as diferenças ou semelhanças

entre indivíduos ou, ainda, discrepâncias entre as reações de um mesmo indivíduo

em diferentes momentos.

Para Damian (2008), os testes psicológicos são essenciais para a realização

do processo de avaliação psicológica, por diversas razões, como fazer o psicólogo

implantar procedimentos com regras e situações bem definidas e um código

operacional de tal forma que seja possível chegar ao resultado obtido por outro

psicólogo dentro do mesmo período. A autora ainda enumera os instrumentos de

avaliação psicológica para atribuir-se status científico às observações do psicólogo

de trânsito:

1. Que seja comprovada a existência de dados científicos sobre os

instrumentos, sobretudo validade e precisão;

2. Que hajam evidencias de registro preciso e objetivo de todas as respostas

do sujeito, que em concordância com o tipo de prova podem ser gráficas, de

execução ou verbais;

3. Que seja apresentada a existência de uma situação padronizada tanto para

a aplicação quanto para as condições do material do teste, demonstrando

objetividade e clareza nas instruções, de modo que o teste possa ser administrado

igualmente para todos os sujeitos;

4. Que evidencie a presença de normas padronizadas para avaliação e

classificação das respostas que o sujeito apresentou, em relação a um grupo de

referência.

39

Machado; Souza (2000) analisam a questão, ao esboçar certa preocupação

que o psicólogo, ao ministrar avaliação psicológica, deve ter em relação aos

aspectos técnicos de sua atuação antes, durante e depois da realização dos testes.

Assim, recomenda-se ao profissional que possua um knowhow acerca do manuseio

das principais técnicas e métodos de avaliação psicológica, deve também ter uma

consciência crítica para não ser legalista ou antiético na relação dos resultados de

suas avaliações com os testes ministrados, e deve-se sempre buscar atualizar-se

profissionalmente, em busca de novas técnicas e novos métodos capazes de

melhorar a eficácia da avaliação em questão.

Essa preocupação do psicólogo deve também surgir com algumas

dimensões de sua atuação. Primeiramente com a dimensão relacional, Machado;

Souza (2000), dizem ser uma das mais importantes análises na atuação do

psicólogo de trânsito, pois informa sobre mecanismos transferenciais e contra

transferenciais que sempre estão presentes no momento da avaliação. Sem um

conhecimento amplo nessa área, o psicólogo poderá ver-se influenciado por atitudes

dos candidatos (simpatia, sedução e educação) que irão descredibilizar o seu

trabalho e sua avaliação de futuro a médio e longo prazos. Para tanto, recomenda-

se realizar constantemente exercícios de auto-percepção e autocrítica que, muitas

vezes, vem acompanhado de um processo psicoterapêutico.

Na seqüência do estudo das dimensões do psicólogo na avaliação

psicológica, segue-se a apresentação da dimensão ética, a qual relaciona-se

estritamente com os valores e com a avaliação das condutas por parte dos

psicólogos. A ética, em um contexto dimensional da atuação do psicólogo de

trânsito, refere-se especificamente ao processo de entendimento do próximo, ou

seja, do respeito ao semelhante, à sua dor, às obrigações de causar o menor dano

possível com a sua intervenção e à sustentação dos resultados, mesmo que haja

pressões de todos os tipos (pais, chefias e outros) (MACHADO, SOUZA, 2000).

Em seguida, no aspecto da dimensão legal, Machado e Souza (2000)

alertam quanto a necessidade de o psicólogo atuar com a compreensão

investigativa da vida de um cidadão, que está à sua frente para realizar um objetivo,

um desejo, um anseio de obter sua CNH.

Conseqüentemente, há também a dimensão profissional, nesse caso, os

psicólogos devem ser coerentes com a realidade dos candidatos, ao lançar mão da

ética e respeito, mas sem deixar de observar implicações e conseqüências de ordem

40

profissional no momento de uma avaliação, da entrega de um laudo ou da devolução

de resultados. Por isso, não considera-se como fácil um processo de avaliação

psicológica, haja vista que possui uma série de conseqüências para o psicólogo

caso venha expor uma decisão infundada, inconclusiva e inoperante em seu

resultado final no que tange a aptidão do candidato que está em avaliação

(MACHADO; SOUZA, 2000).

2.3 Testes Psicológicos

De acordo com Tyler (1973), o conceito idealizado para definição de teste

psicológico configura certo grau de complexidade, haja vista requerer análises em

sua etimologia que nesse caso, dilui-se seu significado ao afirmar conforme esse

autor que, teste é um termo que deriva da língua inglesa e assume o sentido do

termo “prova” na língua portuguesa. Dessa forma, em esfera mundial, trata-se de um

termo que possui estreita relação com uma modalidade de medição, e que visa

através de suas proposições elementares (questões e/ou atividades diversas)

propõe-se a entender e descobrir algo sobre o indivíduo, em vez de responder a

uma questão geral.

Percebe-se conveniente comentar que o processo de realização de testes

visa obter níveis diferenciados que possam existir entre os indivíduos considerados

aptos ou não, no caso desse trabalho, para obter a CNH, o que enfatiza entre as

inúmeras divergências que sua finalidade possui, entender determinadas

características entre diversos sujeitos, ou então o comportamento desse indivíduo

em diferentes ocasiões.

Tonglet (2002), em sua introdução sublinha que os testes psicológicos

compõem o estudo da psicometria, que constitui-se na teoria e nos métodos de

medidas em ciências do comportamento, a qual tem recebido questionamentos

dentro e fora do contexto psicológico. Nesse sentido, o ato de avaliar do psicológico

passa por um momento de reflexão e transição e ao receber a influência da atuação

multidisciplinar do trânsito deverá apresentar novos desdobramentos, de forma a

assumir um enfoque educacional, normativo, formativo e preventivo.

A avaliação psicológica no contexto dos testes deve ser encarada como um

momento dentro do processo de formação do candidato a obtenção da CNH e como

uma possibilidade de revisão periódica das funções mentais do condutor

41

profissional. Os testes psicológicos passam a ser considerados não apenas do ponto

de vista de seleção, mas como termômetros avaliadores ou ainda tarefas que fazem

parte de um estágio preparatório na formação do condutor e parte de uma etapa

preventiva na reciclagem do motorista profissional (TONGLET, 2002).

Cabe ao teste psicológico ser um medidor objetivo e padronizado para

demonstrar de que formas o sujeito comportar-se-á, no sentido de revelar as

diferenças, as hipóteses confirmadas ou refutadas, enfim, todo um estudo de

reações do mesmo indivíduo em diferentes momentos. No entender de Pasquali

(2001), todos os testes psicológicos que possam ser utilizados, conduzem a

reflexões sobre sua objetividade e subjetividade.

A objetividade, para Pasquali (2001) pode ser descrita principalmente,

quando os testes conseguem facilitar o entendimento sobre o que se pretende

observar nos indivíduos analisados, dentro de um olhar científico. Para o autor, os

aspectos subjetivos relacionam-se mais com as técnicas projetivas e em suas

conjecturas, levam o psicólogo a desenvolver uma grande gama de interpretações

de atuação do inconsciente do indivíduo, ademais, possui seu critério cientifico

questionável por não levar em consideração a confirmação das provas empíricas.

De forma que, segundo generalização do autor frente as duas características dos

testes psicológicos em suas conclusões, expõe que pela forma flexível e livre de

trabalho complementam, reforçam ou fundamentam clinicamente um diagnóstico,

além de permitir uma valorização da subjetividade baseada nos estudos de Wundt

(1879 apud PEREIRA; NETO, 2003).

Por conta disso Erné (2000) ressalta que o processo de análise psicológica a

partir de testes assume uma grande importância para o desenvolvimento e

estabelecimento social da psicologia como ciência. Suas possibilidades de serem

utilizados são diversas, desde uma avaliação psicológica, até mesmo envereda-se

para a investigação dos aspectos educacionais, sociológicos e culturais dos

indivíduos que estão analisados e provados.

Alguns autores confirmam os mesmos ideais em relação à realização e aos

resultados dos testes psicológicos, como no caso de Anastasi e Urbina (2000),

Pasquali, Azevedo e Ghesti (1997), e Hutz; Bandeira (1993), que confirmam em

seus estudos, a importância dos testes, por determinarem a utilização de conteúdos

como a natureza e sequência do desenvolvimento mental, aspectos intelectuais dos

indivíduos, tipos de personalidade e características ambientais e de participação em

42

grupos. Segundo enfatizado por Hutz Bandeira (1993), os testes possuem a função

de auxiliar a seleção e classificação de pessoal para as funções que pretendem

exercer em uma organização por exemplo, ou, no caso dessa pesquisa, para

obterem a sua CNH.

De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (Brasil, 2000), desde que

os testes psicológicos tenham sua interpretação realizada de modo adequado,

podem contribuir para futuras decisões a serem tomadas. Por isso, esses

instrumentos são capazes, por si só de demonstrar o quão importantes são para o

sucesso do candidato a CNH e seus desdobramentos na direção e no trânsito,

durante sua locomoção, e também na utilização dos aspectos biopsicológicos

envolvidos durante o ato de dirigir.

Tonglet (2002), diz que a Legislação de trânsito através do Código de

Trânsito Brasileiro constituiu-se como uma mola propulsora para repensar o

comportamento do condutor e proporcionar condições mais favoráveis para

enfrentar o trânsito bem como preparar-se de maneira mais adequada para inserir-

se num novo contexto legislativo, onde a falta de informação poderá acarretar

consequências desastrosas.

Einsberg; Fabes (1992) fazem uma análise da habilidade ao referir-se como

aptidão e competência. Os autores argumentam que habilidade representa o

potencial expressado concretamente, em realizações ou desempenhos,

envolvimento com a apresentação de respostas corretas para problemas e o

conhecimento de determinado conteúdo e competências que indicam um nível de

padronização de realização, o que implicaria um determinado nível de realização

atingido. Esta abordagem relaciona os conceitos de habilidade, conteúdo e nível de

realização.

Por outro lado, habilidade, no sentido utilizado por Carroll (1993), pressupõe

a idéia potencial de realização, ou seja, a existência de uma relativa facilidade em

lidar com informações e problemas de uma determinada classe ou conteúdo. Assim,

torna-se possível pensar que a habilidade não necessariamente implica

competência, mas indica a facilidade em lidar com um tipo de informação, portanto,

para que se transforme em competência, faz-se necessário um investimento em

experiências de aprendizagem. Ao considerar-se o mesmo montante de experiência,

com a mesma qualidade, no tocante a duas pessoas com habilidades diferentes,

43

estas diferirão na facilidade com que se tornarão competentes em determinada

atividade.

Tonglet (2002) traz em seu discurso teórico que a experiência na avaliação

psicológica para motorista tem demonstrado que muitos candidatos a obtenção de

CNH tem seu primeiro contato com a Psicologia por intermédio desta avaliação.

Nesse sentido, os testes devem deixar de ser algo estranho e alheio ao cotidiano do

condutor e precisam estar de acordo com a realidade tanto do trânsito como da

função mental necessária a ser utilizada no ato de conduzir um veículo aplicador.

O psicólogo no seu novo papel de aplicador necessita treinar e focalizar os

seus próprios sistemas de atenção para obter maiores informações sobre o

candidato no momento em que ocorre a execução dos testes. Nesse sentido, a sua

função científica assemelha-se a do médico quando realiza um exame de

ultrassonografia. Porém, o psicólogo acompanha as atividades mentais. Para a

aplicação dos testes, deve-se contribuir tanto com a avaliação psicológica para

motorista como também à avaliação neuropsicológica, porque ambas passam a ter a

sua disposição tabelas atualizadas e padronizadas para a população brasileira e

também por facilitar uma avaliação mais integrada da função mental do candidato.

No grupo de testes referentes a avaliação psicológica consta a Bateria Geral

de Funções Mentais (BGFM-1), que tem por objetivo alcançar a avaliação,

classificação e padronização das funções mentais relacionadas a cognição, que

estabelece estreita ligação com o campo da atenção, da memória e do raciocínio

lógico. Segundo Tonglet (2002), os exercícios propostos aos candidatos são

experimentados tanto a nível de âmbito fechado, modelado, quanto a nível de

trânsito. O candidato além de ser avaliado, também acaba convidado a perceber-se

e orientar-se como se estivesse no trânsito. Entretanto exime-se de ser uma

avaliação no trânsito, mas lhe proporciona a oportunidade de auto-observação,

quando da necessidade de recorrer às funções mentais necessárias para dirigir um

veículo.

Por isso, a BGFM-1 representa uma proposta de entrelaçamento de

objetivos, que vai desde a base de sua construção até as simbologias utilizadas, que

equiparam-se as mesmas placas que são captadas no dia-a-dia no trânsito, através

dos diferentes níveis de atenção do motorista que esteja conduzindo um veículo.

Dessa maneira, para esse trabalho, pretende-se analisar uma forma específica de

44

teste psicológico, o chamado Teste de Atenção Difusa para Motorista – Forma 2

(TEDIF-2) enquadrado na lista dos testes de atenção da BGFM-1.

Tonglet (2002) assinala em suas construções teóricas que os testes de

atenção da BGFM-1 precisam ser encarados como testes complementares aos

denominados testes de inteligência, excluindo, portanto uma visão de aptidão física.

Os testes avaliadores das funções mentais, conforme a especificidade dada a essa

parte da monografia, provocam o uso da atenção difusa dos candidatos, como um

termômetro qualitativo desta função em cada indivíduo. Ao explorar ainda mais esse

campo pode-se dizer que também existem os testes que expandem a análise para

os campos da atenção concentrada, discriminativa, alternada, dentre outras.

A atenção é uma qualidade da percepção. Pelo fato do ser humano dar maior ênfase aos aspectos visuais, observa-se que o motorista ao volante de seu veiculo é invadido por uma multiplicidade de estímulos que surgem e desaparecem em segundos ou frações de segundo, devido ao aspecto dinâmico de seu deslocamento. Além disso, sua percepção visual é capaz de detectar eventos, como uma pessoa atravessando fora da faixa de pedestres [...] ou até mesmo uma motorista estacionando em fila dupla defronte á uma escola (TONGLET, 2002, p. 21).

Durante o exercício de dirigir compreende-se que quando o condutor

constata a existência de sinais ou obstáculos no trânsito, tende a optar por

manobras precisas alinhadas a necessidade emergente, com a idéia de manutenção

de sua circulação de maneira segura. A percepção faz-se muito importante para que

detecte-se possíveis dificuldade de características que possam desencadear alguma

alteração. Desta feita pode-se esclarecer que parte-se da utilização de uma tabela

padrão, que estabelece níveis qualitativos de produtividade, produzidos mediante

embasamento técnico e estudo teórico aprofundado, que transformam-se em

informações vitais para a evitação de padrões desajustados na elaboração e análise

dos dados coletados. Para Tonglet (2002), a atenção significa uma função mental

muito complexa e necessária no que concerne a avaliação psicológica, pois

engendram funções de diferentes ramificações, que são extremamente

representativas tanto em seu caráter de totalidade ou parcialidade em meio ao

comportamento humano e em especial no comportamento dos motoristas.

Nesse campo de estudo sabe-se que vários são os tipos de atenção

existentes, no entanto o objeto de interesse descrito nesse capítulo está pautado na

atenção difusa, que para os aspectos esboçados por Tonglet (2002), toma de uma

45

só vez, a consideração de diversos estímulos que estão dispersos espacialmente ao

estarem coexistindo. Ao seguir essa linha de entendimento esse indivíduo ou

indivíduos, realizam uma captação rápida dessas informações dispostas no

ambiente, dependendo da qualidade da sua atenção difusa e fornecem-lhe um

reconhecimento automático e instantâneo. Essa forma de atenção aparece no uso

de todos os participantes envolvidos no trânsito, sejam pedestres, ciclistas,

motociclistas e motoristas. A avaliação psicológica usa instrumentais psicológicos

conhecidos como testes que permitem que seja feita a observação, o controle de

variáveis e também uma comparação dos resultados do indivíduo em relação ao

grupo. Nesse grupo de referencial teórico percebe-se o agrupamento dos

conhecidos testes TADIM (teste de atenção difusa para motorista) e o TADIM-2

(Teste de atenção difusa para motorista – Forma 2), mas que não foram alvo de

análise durante esse trabalho.

O TADIM e o TADIM-2 utilizam placas de marcação de quilometragem de 01

a 50 dispostas na folha de testes de forma desordenada numericamente. Assim, a

tarefa do candidato será marcar as placas na ordem sequencial de 01 a 50, de

acordo com sua maior capacidade de rapidez possível, dentro de um tempo de

quatro minutos. Através desta instrumentação e tabulação dos resultados consegue-

se identificar o nível de atenção difusa do candidato (TONGLET, 2002).

Nessa bateria de testes tem-se em seguida a atenção concentrada, que

conforme Tonglet (2002), consiste em uma função mental que possui a finalidade de

focalização dos estímulos dirigidos a um único pólo,em que existe apenas uma linha

de estímulo ou onde estão aglomerados um grupo de estímulos que tenham

características em comum. No caso desse motorista, um tipo de informação é

recebido de forma continuada e nesse sentido precisa-se que concentre sua

atenção, sem ocasionar prejuízos nos demais tipos de atenção. Esse teste usa

como símbolos as placas de sinalização utilizadas no contexto diário dos indivíduos

no trânsito. O motorista põe em cheque o estado de saúde interno do seu organismo

e empregará os movimentos necessários à direção do veículo, ao centrar sua

atenção, entre outros estímulos externos, nas placas de advertência e de

regulamentação.

Os testes que fazem parte desse grupamento são conhecidos pelo nome de

TACOM-A (teste de atenção concentrada para motorista – Forma A) e TACOM-B

(Teste de Atenção Concentrada para motorista – Forma B). Durante sua execução o

46

candidato precisa fazer um traço na diagonal em cima de placas que sejam idênticas

as do modelo fixadas dentro de uma placa retangular acima de uma linha onde

existem doze placas para o treinamento, constituindo uma linha de exemplo de

placas de sinalização e advertência, ao considerar-se nessa explanação os dois

testes TACOM-A e TACOM-B. Dessa maneira, toda vez que encontrar uma placa

exatamente igual a que foi apresentada como modelo, e neste sentido o centro de

sua atenção passa a ser as placas de sinalização e advertência, mais

especificamente aquelas que foram apresentadas como modelos, deverá pois,

assinalar com um risco, identificando que percebeu através da comparação que

ambas são iguais.

A atenção discriminativa, também completa esse grupo de análise que para

Tonglet (2002),representa uma função mental que ao focalizar dois ou mais

estímulos diferentes, necessitam realizar uma discriminação, uma segregação, para

colocar em suspensão o estímulo que nesse caso assume ponto de fundamental

interesse e assim reagir com a emissão de uma resposta específica. Durante o ato

de que o motorista faz exatamente o que foi descrito acima, pois realiza uma

discriminação daqueles estímulos visuais e auditivos. Dentro de certame de testes

pode-se citar a existência do TADIS-1 (teste de Atenção discriminativa para

motorista – Forma 1) e TADIS-2 (teste de Atenção discriminativa para motorista –

Forma 2).

No momento da direção exige-se que o motorista deva sustentar o estado de

alerta e estar vigilante, assim como sua atenção precisa ser sustentada de forma

constante, já que qualquer distração ou desvio de atenção, por menor que seja

poderá em frações de segundo, induzi-lo a uma infração e consequentemente a um

acidente de trânsito. Portanto, na medida em que são investigados e definidos

parâmetros de atenção pode-se obter avaliações mais precisas e condizentes com a

realidade do motorista através dos diferentes testes de atenção que fazem parte da

BGFM-1.

47

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

Para a construção dessa pesquisa, utilizou-se testes psicológicos que foram

realizados em candidatos a obtenção da CNH, bem como renovação adição de

categoria, que foram atendidos na Clínica Leonai Garcia. Pelo fato de os

participantes não terem participação direta na pesquisa, não foi necessário o pedido

documental de autorização, já que trata de uma pesquisa documental, que tem por

objetivo a análise somente dos dados coletados por meio do material selecionado.

De forma que, não foi requerida a obrigatoriedade de submissão de instrumentos de

coleta de dados.

3.2 Tipo de Pesquisa

Essa pesquisa baseou-se em um estudo descritivo sobre a avaliação

psicológica na identificação de candidatos que representam algum risco para o

trânsito na cidade de Macapá – AP, que foram atendidos diariamente na Clínica

Leonai Garcia no período de 31 de março a 11 Dezembro de 2012.

A pesquisa bibliográfica pautou-se no levantamento de informações sobre o

tema. Os dois processos em que foram obtidos os dados dividiram-se em

documentação direta e a indireta. “A primeira constituiu-se em geral no levantamento

de dados [...]. A segunda serviu de fonte de dados coletados por outras pessoas,

pois constituiu-se de material já elaborado ou não” (MARCONI e LAKATOS, 2008, p.

43).

Enquadrou-se essa pesquisa bibliográfica no perfil duplo de obtenção de

dados. Inicialmente, os dados foram obtidos por meio de levantamentos de dados,

adquiridos através de livros e artigos científicos, os quais foram acessados através

de acervos eletrônicos da Scielo, Bireme, Lilacs e outras bases de dados

disponibilizadas na internet.

Em seguida, consistiu na pesquisa de campo do tipo documental, com

levantamentos e análise qualitativa e quantitativa, dos registros elencados através

dos testes psicológicos aplicados nos candidatos a CNH, a renovação, adição e

mudança de categoria, atendidos referida Clínica em Macapá. Escolheu-se a

48

pesquisa documental, pois segundo Santos (2000, p. 12) esta é “[...] realizada a

partir de documentos, contemporâneos ou retrospectivos, considerados

cientificamente autênticos”.

3.3 Universo

Escolheu-se nesse estudo avaliar aspectos da atenção difusa em cerca de

244 prontuários psicológicos de candidatos participantes do Teste de Atenção Difusa

Complexa Forma 2 (TEDIF – 2) ministrados pela Psicóloga Juliana Campos do

Nascimento Garcia, Diretora/ Presidente da Clínica Leonai Garcia, localizada na

Rua Eliezer Levy, n.º 344, bairro do Laguinho, Macapá - AP.

3.4 Sujeitos e Amostra

No que concerne a esse universo selecionado para o estudo, que leva em

consideração procedimento em torno do teste TEDIF-2 será utilizada a amostra

composta por 244folhas de testes psicológicos, de ambos os sexos e com diferentes

faixas etárias. Pontua-se que todos os prontuários utilizados na amostra desse

trabalho foram de candidatos atendidos pela psicóloga da Clínica Leonai Garcia,

Juliana Garcia.

3.5 Instrumento de Coleta de Dados

Folhas de Testes Psicológicos do tipo TEDIF 2 (Teste de Atenção Difusa

Forma 2)

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados

O candidato que realiza sua avaliação na Clínica Leonai Garcia responde

primeiramente a uma entrevista com dados acerca de identificação pessoal,

condições para o exame, questões profissionais, vida escolar, estado de saúde e

hábitos e conduta social, realizada pela psicóloga, o que significa o primeiro contato

do candidato com a profissional e com a avaliação em si. Posteriormente, o

indivíduo passa as dependências de uma sala específica da realização do teste,

49

onde será dada continuidade a segunda parte do processo, que representa a

ministração de instruções adequadas para o processo avaliativo e sua execução.

O feedback ainda faz parte da terceira etapa da avaliação, que significa a

entrevista devolutiva ao candidato quanto a pontuação atingida e portanto a

interpretação dos resultados e discussão da qualidade da avaliação realizada pelo

candidatos e por final o lançamento do resultado.

Existe uma dependência chamada Arquivo localizado no depósito do

subsolo onde são arquivados todos os documentos e prontuários de atendimentos

realizados pela Clínica por um período de 5 anos. Os dados são catalogados e

possuem a data inicial de arquivamento remetida ao ano de 2012.

Entretanto, para a realização deste trabalho, foram selecionados os dados

de candidatos submetidos a avaliação psicológica com o uso do TEDIF-2, para

retirada, renovação, adição e mudança de categoria da CNH.

3.7 Procedimentos para Análise dos Dados

Os resultados foram analisados pelo método analítico descritivo, em que

construiu-se primeiramente uma análise do perfil da amostra. Na sequência, foram

analisados os testes psicológicos, usados para catalogar os resultados como

objetivo de ratificar o papel da avaliação psicológica na identificação de candidatos a

motorista que representam algum risco para o trânsito.

Este método possibilitou um melhor entrosamento entre resultados obtidos

organizados de forma estruturada utilizando-se gráficos e tabelas, analisados de

forma quantitativa e qualitativa.

50

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se no gráfico 1, que durante o ano de 2012, cerca de 71% dos dados

dos testes pertenciam a indivíduos do sexo masculino e 29% do sexo feminino.

Gráfico 1 - Distribuição por sexo da população geral

Fonte: Dados da pesquisa. Macapá – AP. 2012.

Ao investigar-se estudos similares sobre a análise das diferenças de

gêneros sexuais nos momentos focais de avaliação psicológica, percebeu-se que há

escassez de conteúdo baseado no que se teve acesso para essa pesquisa em

termos de publicações e que essas publicações não assinalam especificações sobre

a forma pretendida para ser analisada nesse trabalho. De forma que, primeiramente,

precisa-se enfatizar as relações de gêneros no tema trânsito.

Como embasamento, buscou-se as orientações a luz das produções de

Foucault (1985), que trata do sexo como um conceito que faz referência aos

aspectos biológicos e anatômicos do ser humano, que por sua vez podem ser

diferentes nas duas possibilidades, tanto do homem, quanto da mulher e muito

raramente, dos hermafroditas. A contribuição vem ainda somada à visão de Scott

(1995),que expõe que gênero vem, de um conceito estreitamente ligado ao

desenvolvimento humano, pois assume um caráter de âmbito psicossocial, cultural e

histórico, inclusive por desencadear influência na definição dos papéis sexuais, na

personalidade, no comportamento sexual, na aparência física, entre outras

características.

Dentro dos estudos de Almeida et al. (2005), pôde-se identificar seu objetivo

de estudar acerca do fenômeno gênero mas, enredado pelo âmbito do sistema de

71%

29%

Masculino (71%) Feminino (29%)

51

trânsito ao considerar um tempo e um espaço para essa análise, de forma que,

demonstrou em seus resultados por meio do estudo do contexto de desenvolvimento

histórico que desde a industrialização que a humanidade passou a se desenvolver

estrutural e socialmente, concluindo-se então, que os gêneros sofreram mutações

em suas atitudes, nos seus valores e crenças, o que significa a independência

existente entre homens e mulheres nas demandas sociais.

No trânsito, essas discrepâncias são evidentes nas formas de tratamento

entre os gêneros, que tratam-se com significações muitas vezes pejorativas. À

mulher, as conquistas lhe fizeram alcançar o papel do trabalho fora de domicílio,

além da vivência de uma vida social e compreensão de seu papel na sociedade. Os

homens ainda carregam consigo o conceito de serem os mantenedores, conceito

esse, advindo de uma sociedade patriarcal, que dava a esse homem o status de

agente do poder. Muitas vezes percebe-se ainda que sobrevive a idéia de que não

cabe a mulher responsabilidades e comportamentos destoantes das tarefas

domésticas, ao ouvir-se nos dias atuais que o mundo das mulheres muitas vezes

gira em torno de um fogão e não do ato simples de dirigir (ALMEIDA et al.,2005).

Mas também identifica-se com clareza que as mulheres apresentam uma

forte visão que alimenta a idéia de que são os homens que geralmente estão

envolvidos em acidentes de trânsito, muito mais do que as mulheres.

Esse estudo deixa claro a coexistência das diferenças de gênero no trânsito,

principalmente ao sublinhar que os homens são competitivos e as mulheres mais

afáveis no trânsito, de forma, que essa idéia representa uma forma de exteriorização

do que a sociedade entende por comportamento de acordo com a história social e

familiar, o que pontua a difícil tarefa de romper com essas barreiras históricas, já que

esse pensamento que contempla a relação da diferença homem-mulher está

incutido nos conceitos mais profundos na sociedade de modo geral. Dessa forma,

que o salutar nesse ponto de análise, abarca um contexto de criação de uma

discussão que tenha espaço para que todas as diferenças sejam respeitadas e

circulem livremente (ALMEIDA et al.,2005).

A Tabela1 apresenta os resultados organizados segundo o gênero sexual

dos candidatos a CNH, renovação, adição e mudança de categoria avaliada por

periodicidade mensal. Constata-se que entre o período de março a dezembro do ano

de 2012, o total de 244 testes foram aplicados, sendo que destes: 176 foram de

candidatos do sexo masculino e 68 do sexo feminino. Assim observa-se que a

52

amostra de testes analisada atuou diretamente com uma porcentagem maior de

candidatos do sexo masculino.

Tabela 1 – Candidatos avaliados por gênero sexual durante os meses de março a dezembro de 2012)

Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Total

Masculino 1 17 9 9 33 3 47 26 19 12 176

Feminino 0 6 1 2 11 0 22 9 8 9 68

Total 1 23 10 11 44 3 69 35 27 21 244

Fonte: Dados da pesquisa. Macapá – AP. 2012.

Em relação a faixa etária, a Tabela 2 demonstra a distribuição dos

candidatos avaliados pela Clínica Leonai Garcia conforme a idade. Nota-se que

cerca de 35% das amostras são compostas por pessoas que possuem 18 anos,

24% possuem entre 19 e 21 anos, 13% entre 22 e 30 anos, 12% entre 31 e 39 anos,

11% entre 40 e 49 anos e 5% entre 50 e 59 anos. Empiricamente, pode-se deduzir

achados nessa pesquisa. Ao levar-se em consideração a constatação que a parte

maior dos avaliados possui entre 18 e 21 anos (59% da amostra).Outra importante

questão, que também foi analisada nos resultados obtidos com a Tabela 2, é que

somente 5% da amostra é composta por idosos (entre 50 a 59 anos).

Tabela 2 – Distribuição absoluto e percentual (%) dos candidatos avaliados conforme a sua idade.

Idade Absoluto Porcentagem

18 anos 87 35%

19 a 21 anos 59 24%

22 a 30 anos 33 13%

31 a 39 anos 27 12%

40 a 49 anos 26 11%

50 a 59 anos 12 5% Total 244 100%

Fonte: Dados da pesquisa. Macapá – AP. 2012.

No caso brasileiro, a maioridade civil é dada aos 21 anos, e a maioridade

penal aos 18.

Esse padrão obedece à lógica da sociedade de classes, onde a lei geral é a da dominação. Neste caso, a dominação do adulto sobre o jovem. O adulto determina o que devemos esperar do jovem; o problema torna-se aqui uma questão política para a juventude. Frase como "Jovem, você é o futuro da nação!" tem um conteúdo verdadeiro, mas com alguma coisa como "Veja bem o que você vai fazer, estamos de olho em você" (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002, p. 300).

53

Entende-se que naturalmente tende a ser formado um conjunto, uma

espécie de rede interligada traduzida pela família, escola e as instituições em geral,

responsáveis pela formação do jovem e que buscam de alguma forma manter esse

jovem sob controle, com o propósito de que seja aquele adulto de amanhã de um

comportamento funcional e saudável. Entretanto a perda desse controle é comum,

justamente por não haver a possibilidade de torná-lo um modelo obediente e

temente as regras, pois o jovem detém em suas mãos a vida toda pela frente, o que

lhe dá o direito ao sonho, à utopia. Há que se constatar aqui uma singularidade

nesse processo de socialização, que, nesse período, combina os valores tradicionais

da sociedade às expectativas (produzidas pela subcultura) de um grupo ao qual o

jovem pertence (Bock, Furtado e Teixeira, 2002).

Essa noção que acaba de ser descrita tem contribuído e muito para o

progressivo número de casos de acidentes de trânsito nessa faixa etária, capazes

de gerar traumas, seqüelas e até a morte com precocidade, conforme estudos

importantes que foram publicados e que podem demonstrar a gravidade e o

malefício desses acidentes de trânsito que envolvem jovens.

Para os autores Carlini-Cotrim; Gazal-Carvalho; Gouveia (2000), os

principais fatores para o agravamento desses acidentes apontam para idade,

gênero, condições sociais e econômicas,o comum desrespeito à legislação de

trânsito principalmente com relação ao abuso de velocidade, álcool e drogas ilícitas

previamente à direção de veículos automotores, além de também, incluir a

inadequada fiscalização do trânsito.

Em seguida, Farage et al. (2002), faz sua crítica a permissão dada pela

sociedade ao jovem para que dirija um veículo automotor ao afirmar seus

posicionamentos com base em um posicionamento teórico baseado em índices

publicados pelos governos federais, estaduais e municipais que afirmam que os

jovens não possuem experiência e maturação suficiente para conduzir um veículo

automotor.

Entende-se que o período da juventude, mais especificamente a

adolescência, representa uma etapa do desenvolvimento do ser humano

caracterizada por picos comuns de impulsividade e pela busca pessoal de auto-

afirmação mediante um grupo ao qual pertença, assim, numa tentativa de sentir-se

aceito, muitos jovens lançam mão do uso exacerbado do álcool, de substâncias

psicoativas e arriscam suas vidas na direção perigosa principalmente com o clássico

54

desrespeito aos limites de velocidade e normas de segurança no trânsito, que os

torna parte da estatística crescente de ocorrência de acidentes de trânsito, de

mutilações físicas e de morte precoce (CARLINI-COTRIM; GAZAL-CARVALHO;

GOUVEIA 2000).

A avaliação psicológica surge para clarificar e dispor da importância dos

testes psicológicos capazes de identificar fatores de riscos nos candidatos jovens

que buscam obter sua primeira habilitação para o trânsito ou ainda aqueles

candidatos a renovação, adição e mudança de categoria (CARLINI-COTRIM;

GAZAL-CARVALHO; GOUVEIA 2000).

Lamounier e Rueda (2005) relataram que a avaliação psicológica e seus

testes são eficazes, por serem capazes de auxiliar na identificação de fatores

negativos do ponto de vista do funcionamento do estado mental de um indivíduo, no

que está relacionado aos riscos evidenciados quanto ao certame de possíveis

indicadores de acidentes, como também demonstra em suas publicações uma

preocupação, em relação aos profissionais de psicologia que os ministra, já que

endentem que essa figura de avaliador detém o papel de agentes preventivos, ou

seja, irão identificar certamente características disfuncionais psicológicas que

naturalmente irá auxiliar na redução da exposição a situações de perigo que

poderão vir a se tornar um acidente de trânsito.

As transformações sociais, políticas e econômicas enfrentadas pela

sociedade ao longo dos tempos têm influenciado diretamente na questão da

valoração relativa da experiência dos idosos. Atualmente o mercado de trabalho tem

enxergado com desprezo a contribuição do profissional mais velho, já que percebe-

se uma contínua desvalorização dos conhecimentos e das experiências destas

pessoas. Sennett (2001), afirma que o capitalismo que marca o século XXI tem dado

ênfase naquele profissional que contemple a facilidade á mudanças em curto prazo.

O que elege uma preferência clara pelo perfil dos jovens, que pelos em tese têm

mais facilidades para mudarem suas vidas. De modo contrário, numa visão

preconceituosa, as experiências das pessoas mais velhas tendem a perder seu valor

relativo, pois as tornariam mais rígidas.

Com referência ao estudo do trânsito, Sant'anna; Braga; Santos (2004)

enfatizam o crescimento do quantitativo de idosos e sua mobilidade por meio de

veículos automotores, o que por si só demonstra a importância e a necessidade de

observação de suas noções de segurança no trânsito, assim como suas implicações

55

para a manutenção da sua mobilidade. Vive-se hoje num país em que os idosos

cuidam e cultivam sua qualidade de vida, por isso, comumente percebe-se o quão

estão em circulação nas ruas, pois não ficam mais reclusos dentro de suas casas e

sentem necessidade natural de sair, de praticar esportes,de ir ao shopping, de

conviver com pessoas, e para isso, precisam locomover-se, e o trânsito acaba

abrigando essa necessidade.

Sant'anna, Braga e Santos (2004), divulgam por meio de suas análises a

importância de que os governos possam desenvolver cursos especiais para a

qualificação dos motoristas idosos, o que inauguraria um processo personalizado

para motoristas com faixa etária acima dos 50 anos. Nesse sentido, a avaliação

psicológica assumiria mais uma responsabilidade, ligada ao papel de construção

detestes capazes de identificar os fatores de riscos de acidentes de trânsito para

esse público.

Malaquiaset al. (2013), contribuem com o assunto, ao alertarem que

comumente motoristas idosos tendem a cometer maior número de erros do que

motoristas mais jovens, em algumas manobras peculiares como entrar em faixa de

trânsito, ou cruzar uma faixa, trocar de faixa, entrar no fluxo principal, dobrar à

esquerda dentre outras.São problemas que geralmente ocorrem com maior

constância nos espaços urbanos das cidades, o que causa uma maior exposição ao

risco de acidente. A avaliação psicológica por sua vez deverá apontar para

características que chamem a atenção nesse ponto de tomada de decisões rápidas,

certas e em meio o caos do trânsito contemporâneo.

Em seguida a Tabela 3 demonstra os resultados da pesquisa conforme a

distribuição de candidatos por escolaridade. Constata-se que dos avaliados que

possuem ensino fundamental 19% não completaram o estudo e 7% completaram.

Em relação ao ensino médio, cerca de 14% não tinham completado essa fase do

estudo e 38% completaram. Por fim, em relação aos candidatos com ensino

superior, destes, 12% não completaram o curso ou estavam cursando e 10% já

tinham completado.

Tabela 3 – Distribuição absoluto e percentual (%) dos candidatos avaliados conforme a sua escolaridade.

Escolaridade Absoluto Porcentagem

Ens. Fund.incompleto 46 19%

Ens. Fund.completo 18 7%

Ens. Médio incompleto 33 14%

56

Ens. Médio completo 92 38%

Ens. Superior incompleto 31 12%

Ens. Superior completo 24 10%

Total 244 100% Fonte: Dados da pesquisa. Macapá – AP. 2012.

Marin-León e Vizzotto (2003) expõem que a educação de forma geral e o

conhecimento da legislação e aplicação das leis de trânsito são fatores que podem

contribuir para a ocorrência ou não dos acidentes de trânsito. Para os jovens, os

cursos e intervenções que envolvam o processo de tirada de carteira são favoráveis

para a redução da ocorrência de colisões. Por sua vez, De Souza et al. (2007), em

seu estudo afirma que nas regiões Sul e Sudeste do Brasil onde o nível educacional

é mais alto, houve uma redução dos acidentes de trânsito envolvendo os mais

jovens.

Barbosa (2005), ao analisar os resultados da Conferência Pan-Americana

sobre Segurança no Trânsito no Brasil afirmou que os acidentes de trânsito são

causados por fatores conhecidos, que demonstram uma amostra prévia do

conhecimento construído ou aprendido sobre as questões de trânsito, e assim,

conclui que os acidentes em sua maioria, são eventos capazes de serem

identificados enquanto riscos e, portanto, capazes de serem prevenidos. Assim,

conforme Davantelet al. (2009), quanto maior for o nível de escolaridade, maior o

uso de dispositivos de segurança ao dirigir.

Desse momento em diante, as análises dos resultados voltam-se para os

resultados obtidos com a folha do Teste de Atenção Difusa Complexa Forma 2

(TEDIF – 2) aplicado a amostra analisada. A intenção aqui não foca no desenvolver

de uma discussão de resultados detalhada de cada tópico do teste citado, mas de

contemplar três critérios avaliativos conclusivos decididos pelo que se exige em

termos de avaliação psicológica do trânsito atualmente, aplicados pelo psicólogo

avaliador. Tais critérios pautam-se sobre a denominação de candidatos aptos,

inaptos e em ré-testes, como bem demonstrado no Gráfico 2 a seguir.

De acordo com o gráfico 2 cerca de 92% das avaliações psicológicas

realizadas que utilizavam o instrumento TEDIF-2 receberam o parecer apto, 8%

receberam recomendação para realizarem novamente o teste conhecido como ré-

teste e não houveram candidatos inaptos.

57

Gráfico 2 – Resultados das Avaliações Psicológicas

Fonte: Dados da pesquisa. Macapá – AP. 2012.

Em relação ao instrumento que foi aplicado aos candidatos a motorista na

Clínica Leonai Garcia (vide Anexo B) emprega apenas um tipo de símbolo, o qual

segundo Tonglet (2002), estão representados por vários círculosmaiores

circunscritos em círculos menores e o espaço intermediário termina preenchido

aleatoriamente nas cores verde, amarelo, vermelho e azul marinho. O círculo menor

representa um fundo em branco, com uma numeração que varia de 01 a 50

exatamente.

Durante a descrição,Tonglet (2002), explica que essa avaliação do TEDIF –

2 deve fornecer resultados em quatro esferas. O resultado bruto do último círculo

que o examinando conseguiu marcar durante o tempo cronometrado e que foi

marcado com um círculo por fora conforme instrução. A omissão da seqüência

(quantidade de círculos que foram omitidos durante a marcação da seqüência),

pontos (sem necessidade de crivo, mas corresponde à subtração das omissões do

resultado bruto), e nota, que o psicólogo avaliador consegue mensurar depois de

consultar a tabela de percentis de acordo com o número de pontos em cada nível de

aplicação.

A validação do teste TEDIF – 2 ou correção começa a partir do

enquadramento dos percentis conforme a consulta das tabelas, em duas validades

exclusivas, conhecidas como validade do construto (não somente descobrir o

construto a partir de uma representação existente, mas descobrir se a representação

constitui uma representação legítima e adequada) e a validade simultânea

(correlação entre os resultados do TEDIF – 2 com outros testes psicométricos).

92%

8% 0%

Aptos (92%) Re-testes (8%) Inaptos (0%)

58

A tabela 4, expressa os resultados das avaliações psicológicas realizadas

pela Clínica Leonai Garcia, descrito no espaço temporal mensal, em que foi

estipulado o valor bruto dos sujeitos considerados aptos e os ré-testes.

Tabela 4 - Resultados das Avaliações Psicológicas dos candidatos avaliados nos meses de março a dezembro de 2012

Meses Aptos Ré-testes N % N %

Março 1 100% - -

Abril 19 83% 4 17%

Maio 10 100% - -

Junho 6 54% 5 46%

Julho 43 98% 1 2%

Agosto 3 100% - -

Setembro 69 100% - -

Outubro 31 88% 4 12%

Novembro 22 81% 5 19%

Dezembro 20 95% 1 5%

Total 224 - 20 - Fonte: Dados da pesquisa. Macapá – AP. 2012.

A proposta do tema do trabalho foi demonstrar a eficácia dos testes

psicológicos, especificamente do Teste TEDIF-2, na identificação de fatores

representativos de padrões prejudiciais ao comportamento de um indivíduo no

trânsito. Este teste avalia a rapidez ou a lentidão com que o examinando utiliza sua

atenção difusa, tornando-se possível classificá-lo de acordo com a padronização

exposta adotada pelo teste. E a partir dessa classificação, identificar candidatos a

motorista que representam algum risco para o trânsito.

De acordo com a Resolução nº 012/ 2000/CRP o processo de realização da

avaliação psicológica tem como principal característica a obtenção de dados e a

interpretação dos resultados, os quais são obtidos através de um conjunto de

procedimentos que auxiliarão o psicólogo a avaliar a veracidade do comportamento.

Entre os procedimentos, constam os testes psicológicos e outros instrumentos.

Não se pode deixar de salientar que existem estudos que apresentam uma

visão crítica dos processos de obtenção da CNH no Brasil, especificamente em

relação a avaliação psicológica e seu teor de obrigatoriedade. No estudo de Gouveia

et al. (2002), ao buscar compreender a opinião dos motoristas, constatou-se que a

Avaliação Psicológica apenas dificulta os candidatos a obterem sua CNH, sendo um

obstáculo a mais para o alcance e inserção no ambiente do trânsito por vias legais.

Entretanto, esse mesmo estudo apresentou posicionamentos emque os motoristas

59

pesquisados consideram o procedimento o meio mais eficiente quanto a

classificação da aptidão dos candidatos ou não, para a direção em via pública,

sendo então de suma importância para detectar sinais, prévios, de conduta

desajustada ou imprudente do candidato no trânsito. Primi (2010), descreve que a

avaliação psicológica é apenas a primeira etapa para o candidato obter sua CNH de

um total de seis.

Nesse sentido, Quintela (2007), em sua pesquisa concluiu que a avaliação

psicológica representa uma ciência que em sua evolução histórica sempre esboçou

dificuldades e limitações como qualquer outra ciência em ascensão e na tentativa de

demarcar seu espaço social, pois as várias teorias não dispensam um consenso

plausível sobre o aumento da segurança nos deslocamentos nas vias públicas. Para

Rozestraten (1990), cabe aos psicólogos elaborem periódicas investigações de

cunho científico sobre sua prática, o que auxiliará na disseminação de uma ideologia

de constante reavaliação dos testes, atualização dos procedimentos e

principalmente, da atualização e criação de cursos no âmbito acadêmico para o

aperfeiçoamento do psicólogo, de forma a não enganarem-se em suas avaliações e

na conclusão de resultados.

Neste estudo foi utilizado o Teste de Atenção Difusa (TEDIF-2) o que

merece dizer que o ato de avaliar a atenção do candidato ostenta importância ímpar

para quem irá utilizar o trânsito, principalmente por tratar-se de um instrumento

conciso e convergente com as necessidades e obrigações descritas pelo

CONTRAN, além de adequado para ser aplicado a pessoas com idade entre 18 e 73

anos o que representa um grande campo de ação. Sem deixar de citar que concebe

um instrumento aprovado pelo CFP, que está atualizado como todos os anos, o que

permite sua comercialização e utilização sem preocupações pelos profissionais

psicólogos (TONGLET, 2002).

Convém explanar ainda que qualquer que seja o instrumento utilizado pelo

psicólogo e por clínicas para realizar a avaliação psicológica, necessita-se que haja

o estabelecimento de níveis de aprendizado, reconhecimento dos melhores e dos

piores métodos e materiais e principalmente, precisam estar adequados a liberação

de licença de trânsito.

O psicólogo precisa buscar conhecer, saber e compreender as diferenças

psicológicas de cada ser humano, para não classificar um candidato de forma

inadequada. Mesmo assim, a avaliação psicológica e seus representantes

60

conquistaram seu espaço social, com muitas lutas e com um constante processo de

reciclagem dos procedimentos, cada vez mais, criteriosa e qualificável. Tanto que

em 2008, o DETRAN publicou no Diário Oficial a determinação para os profissionais

atuantes na área do trânsito que tornem-se especialistas com certificação expedida

pelo CFP, devendo então se adequar em definitivo até o ano de 2013 (Diário Oficial,

2008), mas posteriormente estendido ao ano de 2014. Desde então, cresceu o

número de profissionais dispostos a obter certificação para atuarem no trânsito.

Assim, é importante compreender que os testes psicológicos auxiliam no

desenvolvimento da Psicologia de Trânsito e também contribuem para apresentar

avaliações coerentes e reais sobre as condições psicológicas dos candidatos a

obtenção de licença de trânsito. Tornando-se assim, um importante instrumento para

desenvolver a ciência e contribuir para a Psicologia conquistar seu espaço em

definitivo em nossa nação.

61

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho exposto e incansavelmente explorado a luz de diversos estudiosos

no assunto possui como norte orientador a afirmação perante não somente a

comunidade acadêmica, mas a sociedade comum que um profissional perito

examinador de trânsito, único responsável habilitado para proceder com uma

avaliação psicológica para o trânsito, conta com diretrizes científicas estabelecidas

ao longo da história da psicologia. Diretrizes essas que estão fincadas em bases

seguras e fidedignas ao lançar mão de ferramentas sérias e eficazes na

identificação, análise e interpretação dos dados obtidos durante todo o contexto da

avaliação.

Dessa forma, pode-se afirmar que o perito pauta-se em noções indubitáveis

com relação a chegada de resultados precisos e objetivos no que tange a

comportamentos que possam significar um risco no trânsito. A avaliação psicológica

então, composta por um processo que leva em conta a utilização de testes

avaliadores das funções mentais como a atenção difusa, por exemplo, pode apontar

seguramente baseado nos resultados obtidos com a testagem que um indivíduo

esteja apto ou não para dirigir, já que possíveis deficiências ou desajustes são

claramente apontados quando são identificados alterações em seus

aproveitamentos.

62

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ANEXOS

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