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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO CLÁUDIA ANDRADE STROBEL ZANINA A UTILIZAÇÃO DA BICICLETA PARA UMA MOBILIDADE MAIS SUSTENTÁVEL NO TRÂNSITO MACEIÓ-AL 2012

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

CLÁUDIA ANDRADE STROBEL ZANINA A UTILIZAÇÃO DA BICICLETA PARA UMA MOBILIDADE MAIS SUSTENTÁVEL

NO TRÂNSITO

MACEIÓ-AL 2012

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CLÁUDIA ANDRADE STROBEL ZANINA

A UTILIZAÇÃO DA BICICLETA PARA UMA MOBILIDADE MAIS SUSTENTÁVEL NO TRÂNSITO

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho

MACEIÓ-AL 2012

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CLÁUDIA ANDRADE STROBEL ZANINA

A UTILIZAÇÃO DA BICICLETA PARA UMA MOBILIDADE MAIS SUSTENTÁVEL NO TRÂNSITO

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

__________________________________________ PROF.DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO

ORIENTADOR:

____________________________________ PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Hélio Renato e Geisa Strobel. A amiga

Graça Rocha e a todos que acreditaram em mim.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu Deus por todas as bênçãos e forças que tem me dado

nessa caminhada.

Aos meus pais, minha irmã Mônica, minha prima Renatinha e a amiga Mônica

Regina por todo amor, carinho, dedicação e ensinamentos que me fizeram dar valor

aos estudos.

A minha amiga Gracinha, que sempre torceu por mim e me incentivou em

muitos momentos em que precisei.

Aos professores em especial, Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho

pela dedicação em nosso curso.

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“O automóvel afasta as pessoas, a bicicleta une-as.”

Jane Jacobs

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RESUMO

Uma explicação que traduz os graves problemas de sustentabilidade ambiental para a situação atual na mobilidade urbana podem ser vistos nas características que englobam o setor de transporte. O crescimento desenfreado do número de carros trafegando nas cidades é o maior gerador de congestionamentos e emissões de gases poluentes, tornando essa discussão mais voltada para atual situação e futuro do trânsito das cidades. Entre algumas alternativas pensadas para amenizar esses problemas está o incentivo ao uso da bicicleta que é bastante eficaz para a mobilidade urbana, além de diminuir congestionamentos contribuindo com a acessibilidade de pessoas de baixa renda, é ser saudável para a população, diminuindo o sedentarismo, prevenindo diversas doenças causadoras de problemas de saúde. A motivação para a realização desse trabalho é por acreditar que a bicicleta é uma alternativa econômica e saudável para uma mobilidade mais sustentável no trânsito, propondo caminhos para sua utilização de maneira eficaz pela população. Para isso, conscientizar a respeito do tema é uma necessidade, devendo haver um maior incentivo ao seu uso através da promoção da estrutura cicloviária e de campanhas educativas que destaquem suas vantagens ambientais, econômicas e para a saúde.

Palavras-chaves: Bicicleta, sustentabilidade, mobilidade, trânsito

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ABSTRAT

An explanation that reflects the serious problems of environmental sustainability to the current situation in urban mobility can be seen in the features that comprise the transportation sector. The unbridled growth of the number of cars traveling in cities is the largest generator of traffic congestion, and greenhouse gases emissions, making the discussion more focused on the current situation and the future of city traffic. Among some alternatives planned to alleviate these problems is encouraging the use of bicycles that is quite effective for urban mobility, and besides of reduce traffic congestion contributing to the accessibility of low-income people; it's healthy for the population, decreasing sedentary lifestyles, preventing various diseases that cause health problems.The motivation for performing this work is to believe that the bicycle is an economical alternative, and healthy for a more sustainable mobility in the traffic, proposing ways to the effective use by the population. For this, awareness on the subject is a necessity, and there should be a greater incentive to its use by promoting cycling structure, and educational campaigns that highlight its environmental benefits, and economic to the health.

Keywords: Bicycle, sustainability, mobility, traffic.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01 – Modelos utilizados pelos participantes da pesquisa ....................... 26

TABELA 02 – Ordem de chegada dos participantes ............................................. 30

TABELA 03 – Tempo final que cada participante levou para concluir o percurso .....

.............................................................................................................................. 32

TABELA 04 – Diferença de tempos entre os participantes ................................... 32

TABELA 05 – Gasto financeiro para realizar o percurso ....................................... 33

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 01 - Evolução do tempo .......................................................................... 15

GRÁFICO 01 - Importância do desafio segundo os participantes ........................ 34

GRÁFICO 02 - Avaliação da infraestrutura urbana no trajeto utilizado ................. 35

GRÁFICO 03 - Avaliação da segurança durante o trajeto utilizado ...................... 35

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 14

2.1 Um Breve Histórico ....................................................................................... 14

2.1.1 Criação e Invasão do Automóvel .............................................................. 15

2.1.2 Aspectos Sociais e Culturais .................................................................... 16

2. 2 Mobilidade Urbana ....................................................................................... 17

2.2.1 Sustentabilidade ........................................................................................ 18

2.2.2 Mobilidade Sustentável .............................................................................. 19

2.2.3 O Transporte não Motorizado como Solução para Problemas de

Mobilidade ........................................................................................................... 19

2.3 Vantagens e Benefícios do Uso da Bicicleta .............................................. 20

2.3.1 Vantagens Ambientais ............................................................................... 21

2.3.2 Vantagens para o Trânsito ........................................................................ 21

2.3.3 Vantagens para a saúde ............................................................................ 22

2.4 O Código de Trânsito Brasileiro e a Bicicleta ............................................. 23

3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 25

3.1 Ética ............................................................................................................... 25

3.2 Tipo de Pesquisa .......................................................................................... 25

3.3 Universo ......................................................................................................... 26

3.4 Sujeitos da Amostra ...................................................................................... 26

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ............................................................... 27

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados ......................................................... 28

3.7 Procedimentos para a Análise dos Dados .................................................. 28

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 29

4.1 Ordem de Chegada ....................................................................................... 30

4.2 Tempo ........................................................................................................... 31

4.3 Gastos Financeiros ....................................................................................... 33

4.4 Análise Subjetiva ........................................................................................... 34

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 37

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 39

APÊNDICE ........................................................................................................... 41

ANEXOS ............................................................................................................... 42

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1.INTRODUÇÃO

Podemos verificar que nas últimas décadas ocorreram profundas mudanças

econômicas e sociais que proporcionaram um novo modelo para a mobilidade

urbana.

Interface For Cycling Expertise (2009 apud, RICCARDI, 2010, p 11) diz: O

automóvel, em sua origem, era sinônimo de alta mobilidade, conseguia atingir

distâncias maiores do que qualquer outro veículo e, como existiam poucos carros

trafegando, não ocorriam congestionamentos. Ao longo dos anos 60, as cidades

passaram a criar suas estruturas viárias em favor do tráfego motorizado,

principalmente do automóvel, tratando essas alterações como um desenvolvimento

natural das cidades.

Assim, observamos o crescimento das discussões relacionadas a atual

situação do trânsito nas maiores cidades e até mesmo nas cidades de médio porte,

tornando os congestionamentos um dos principais focos de debates, assim como a

grande quantidade de gases poluentes emitidos pelos veículos automotivos

circulantes e a segurança viária.

A preservação do meio ambiente é o primeiro foco para o desenvolvimento

urbano sustentável, podendo garantir uma melhor qualidade de vida para a

população atual e futura, sem precisar aumentar o uso dos recursos naturais além

da capacidade de resiliência da natureza. O transporte urbano vem produzindo

inúmeros impactos sobre este equilíbrio, acarretando danos ao meio ambiente, a

economia, a saúde e a segurança da população que trabalha e vive na cidade.

Desta forma, vemos a necessidade de caminhar em direção a uma

Mobilidade Urbana Sustentável, levando em conta que para tal é necessário ações

que visem o uso adequado dos meios de transporte.

Existem inúmeras soluções e abordagens geralmente debatidas, uma delas é

o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte alternativo ao automóvel,

visto seu pequeno tamanho e completa ausência de emissão de gases nocivos ao

meio ambiente. No entanto é importante esclarecer que a “Bicicleta não é a salvação

para combater a degradação do planeta, nem a única solução para acabar com o

caos do trânsito nas cidades, mas é sim uma grande aliada para ajudar a combater

esses problemas.” (MARQUES FILHO, 2007).

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Atualmente a preservação do planeta é muito comentada devido os

problemas ambientais que ocorrem na Terra, e vemos a utilização de bicicletas

como alternativa de meio de transporte com grande importância para caminharmos

em direção a uma consciência de integração com a natureza. Com o problema dos

congestionamentos no trânsito das cidades, uma boa opção de melhoria simples é o

incentivo ao uso da bicicleta como um transporte alternativo.

Para uma sociedade as ciclovias são bem mais do que um princípio de

legislação, são fatos que mostram certo desenvolvimento social e cultural. Por que

não incentivar as pessoas a aproveitar o tempo de seu deslocamento diário, fazendo

atividades físicas através do uso da bicicleta? A sua utilização, além de estar

atrelado à prática de um exercício físico, está ligado ao desenvolvimento

sustentável. Mas para isso vê-se a necessidade de adequação na infraestrutura.

Há muitos anos tem-se reivindicado ciclovias, e nos dias de hoje até o

momento muito pouco foi feito. Acredito que uma sociedade desenvolvida com

hábitos sustentáveis pode ser o início a promoção da utilização da bicicleta, por ser

um meio de transporte saudável, que dispensa gastos, propiciando muitas

vantagens para os que a utilizam e para a sociedade em geral.

Podemos citar muitas cidades e países no mundo que servem como grande

modelo de referência para a implementação de políticas que estimulem o uso desse

meio de transporte nos grandes centros, como a Colômbia (Bogotá possui 180 km

de ciclovias), França e Holanda.

O meio-ambiente será muito beneficiado com a utilização da bicicleta, pois o

solo será menos utilizado, haverá menor emissão de poluentes gerados pelos

automóveis e uma grande redução dos ruídos que causam poluição sonora e afetam

a saúde das pessoas.

Acredito que o desenvolvimento deste trabalho seja relevante, pois é preciso

lutar para que haja o desejo do governo de desenvolver políticas públicas, dando as

devidas condições de segurança necessárias no sentido de proporcionar maior

qualidade de vida aos seus habitantes, fazendo com que as pessoas possam

deslocar-se de bicicleta tranquilamente, em um trânsito que a cada dia está mais

confuso e violento.

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2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Um Breve Histórico

A bicicleta tem sido um meio de transporte útil e vantajoso. Desde sua

invenção vemos em seu histórico que ela não consome nenhum tipo de combustível,

pode ser adquirida por um preço relativamente baixo, ocupa pouco espaço, é um

veículo leve, pesa mais ou menos de 10 quilos, mas pode suportar cargas de até 10

vezes o seu próprio peso. Ainda existe a vantagem da sua manutenção que é fácil e

barata.

Segundo o site Escola de Bicicleta (2012) a história da bicicleta começa de

fato com a criação de um brinquedo: o “celerífero”, realizado pelo Conde de Sivrac.

Construído todo em madeira, constituído por duas rodas alinhadas, uma atrás da

outra, unidas por uma viga onde se podia sentar. A brincadeira consistia em

empurrar ou deixar correr numa descida para pegar velocidade e assim tentar

manter-se equilibrado de maneira muito precária por alguns metros. Pelos desenhos

existentes sabe-se que era muito pesada e rígida e não possuía um sistema de

direção. Como não tinha freio e sistema de direção quem a experimentou descobriu

o “prazer” do medo de um tombo ou colisão eminente.

Entretanto sua origem pode ser ainda mais antiga, nos registros do Código

Atlântico de Leonardo da Vinci, já podem ser encontrados desenhos da bicicleta. Ao

longo dos anos, as diversas versões da bicicleta foram sofrendo atualizações e

melhorias, sendo que em 1891 recebeu as últimas modificações deixando a bicicleta

com as características que se conhece hoje (figura 01). “Apesar de sua real origem

não ser clara, a bicicleta é considerada o primeiro veículo mecânico para o

deslocamento individual de pessoas e sua invenção antecede os motores a vapor”.

(BRASIL, 2007).

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Figura 01 – Evolução no Tempo

Fonte: http://www.bnbike.com.br/images/p002_1_05.png

2.1.1 Criação e Invasão do Automóvel

Para o site Escola de Bicicleta (2012), o automóvel, invenção feita por Carl

Benz em 1886, é basicamente adaptação de um motor a combustão num sociável

de três rodas. E a história como sempre se repete: no início o automóvel era uma

diversão para pouquíssimos, logo passa a ser popular entre os ricos, dá seus

primeiros passos como transporte de verdade, até atingir o estágio de produção

industrial. O Ford Model T, lançado no ano 1908, é o marco do início de produção

em grande escala do carro, não demorando muito para se tornar popular. Custavam

825 dólares e já no primeiro ano foram vendidas mais de 10.000 unidades. Era

fabricado única e exclusivamente na cor preta. A técnica para sua produção em

larga escala foi tirada da experiência da fabricação de bicicletas.

Em um curto tempo a mobilidade humana seria transformada pela invasão do

automóvel que, ao longo de pouco mais de 100 anos de história, vem alcançando

um lugar crescente e assustador que estão comprometendo a vida no planeta. Só no

Brasil, em 2011, foram comprados mais de 3,0 milhões de novos carros. A produção

mundial em 2011 foi de 77,6 milhões de veículos. Imaginem o aumento do volume

de poluição que se tem a cada ano, com a entrada em circulação destes milhões de

novos geradores de gases poluentes.

Como tentativa de diminuir o uso destas fontes poluentes é que surgiu como

alternativa o incentivo aos modos de mobilidade não poluentes e saudáveis. Neste

caso, a bicicleta é o grande expoente, fazendo sentido nas propostas de mobilidade

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e podendo ser indicado para a maioria dos deslocamentos urbanos, como símbolo

mundial da mobilidade sustentável.

2.1.2 Aspectos Sociais e Culturais

No século XX, com a progressiva motorização, as cidades concentram grande

parte de seus investimentos em ruas e rodovias, para acomodar o tráfego

motorizado. Atualmente, o tráfego de automóveis vêm crescendo no mundo todo,

particularmente em países em desenvolvimento. Combinando esse fato com uma

infraestrutura massiva e um desenvolvimento desordenado, o tráfego já não flui

livremente e o tempo perdido devido a congestionamentos cresce a cada ano.

Investimentos em transporte público e não motorizado são deixados de lado ou se

tornam quase inexistentes (INTERFACE FOR CYCLING EXPERTISE, 2009 apud

RICCARDI, 2010, p 19).

Antunes (2011) afirma que é preciso conhecer integralmente o trânsito para

haver uma preparação de atitudes e comportamentos adequadas ao mesmo.

Conhecer seus elementos e a interdependência entre eles. É preciso, antes de

qualquer coisa, ter esse entendimento.

O trânsito está composto de três elementos: a via, o veículo, e o homem.

• A via foi criada para o veículo que o homem utiliza e do qual necessita. Sendo

cada uma sinalizada de acordo com suas características e utilização, a fim de

garantir a total segurança de seus usuários. A sinalização é para ser respeitada,

oferecendo segurança a todos.

• O veículo: grande, pequeno, de passeio ou transporte, mais ou menos veloz,

de maior ou menor potência, sem nenhuma dúvida, é de grande utilidade.

Encurtando distâncias, trazendo conforto, conduzindo a todos e assim facilitando a

vida. Em princípio traz consigo recursos de segurança determinados por normas

internacionais. No entanto, esses recursos devem ser mantidos, periodicamente, por

seus responsáveis. Deve-se lembrar também que, com relação ao veículo, cada

condutor tem responsabilidade de mantê-lo e utilizá-lo adequadamente. Assim é

que, cada um deve estar educado para tanto.

• O homem: é ele que anda a pé e nos veículos; motorista ou pedestre, ele é o

elemento básico e principal do trânsito, o agente do sistema. Responsável pelo seu

bom ou mau funcionamento, é o único elemento racional, pensa, decide e age.

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Sendo o elemento determinante, na maioria das situações. Os meios de transporte

são os veículos dirigidos por condutores que levam pessoas e as coisas de um lugar

para outro. Deve estar integrado e adaptado ao funcionamento da sociedade,

passando assim para o lugar de ser social agregando seus hábitos, costumes,

valores, normas, e regras a obedecer.

Em Antunes (2011), observamos todo movimento para que essa comunicação

funcione bem e seja organizada, para isso é que existem as placas de trânsito, as

sinaleiras, as faixas de segurança e os agentes de trânsito. Torna-se necessário um

repensar individual de comportamentos, para se chegar a uma consciência coletiva

do que deve ser incorporado, em termos de postura, na convivência social no

trânsito. No momento que cada indivíduo vai se socializado, tomando consciência da

importância e necessidade de obedecer a normas e regras determinadas, integra-se

melhor à sociedade beneficiando a todos por maior equilíbrio. Vemos a educação

como processo de preparar o indivíduo para o convívio social de forma mais

coerente, a qual é desencadeada em vários níveis: a família, a escola, os grupos

sociais e as autoridades. Consideradas as características de cada um dos níveis em

que se processa, a educação visa o bem comum a partir do comportamento

individual. A partir daí teremos a base da determinação de regras e normas sociais e

para o estabelecimento de direitos e deveres comuns a todos.

.2.2 Mobilidade Urbana

Para a Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade (2007), Mobilidade

urbana é um atributo associado às pessoas e aos bens; corresponde às diferentes

respostas dadas por indivíduos e agentes econômicos às suas necessidades de

deslocamento, considerando-se as dimensões do espaço urbano e a complexidade

de atividades nele desenvolvidas; capacidade de as pessoas se deslocarem no meio

urbano para realizar suas atividades.

A definição de mobilidade pode ser relecionada como um atributo aos

deslocamentos realizados pelos indivíduos nas suas atividades corriqueiras como o

estudo, trabalho, lazer e outras. Surge nesse contexto um papel de grande

importância que tem sido desempenhado pelas cidades envolvendo as diversas

relações de troca de bens e serviços, cultura e conhecimento entre seus moradores,

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mas isso só é possível havendo condições adequadas de mobilidade para as

pessoas.

Segundo Prado (2009) realizar atividades simples como acesso ao trabalho,

educação e recreação, tem sido dificultada por inúmeros problemas relacionados â

mobilidade. Para a autora, isso consome recursos financeiros, humanos e naturais,

causando fortes impactos ao meio ambiente. Assim, além de responsável por

prejuízos econômicos e ambientais, a deficiência da mobilidade urbana traz também

reflexos diretos no convívio social e na interatividade nas cidades.

2.2.1 Sustentabilidade

Para o Portal da Sustentabilidade (2011), Sustentabilidade é um conceito

sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais,

culturais e ambientais da sociedade humana. Propõe-se a ser um meio de configurar

a civilização de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias

possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no

presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais,

planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida

desses ideais.

Em Moore e Johnson (1994) existem no planejamento de cidades

sustentáveis, algumas características comuns:

• Consciência ecológica;

• Uma política flexível para o alcançar os objetivos comuns;

• Equilíbrio entre o homem e a natureza;

• Integração entre todos os sistemas;

• Preservação e complementação dos sistemas existentes ao invés da destruição

dos mesmos;

• Diminuição do uso de recursos não-renováveis;

• Equidade social, geográfica e governamental.

Para uma cidade promover um programa de sustentabilidade, ela precisa de

planejamento procurando usar sistemas com maior eficiência de transporte trazendo

equilíbrio ao uso das vias, dessa forma favorecendo os pedestres e a população em

geral.

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2.2.2 Mobilidade Sustentável

O Portal da Sustentabilidade (2011) diz: Desenvolvimento sustentável é

promover a satisfação às necessidades do presente sem causar nenhum

comprometimento à capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias

necessidades. O suprimento das necessidades de mobilidade envolvendo os

cuidados com o meio ambiente e a qualidade de vida dos seres humanos de uma

determinada região significa sustentabilidade em transporte.

Boareto (2003), afirma que a mobilidade urbana sustentável pode ser definida

como o resultado de um conjunto de políticas de transporte e circulação que visam

proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, através da

priorização dos modos não motorizados e coletivos de transportes, de forma efetiva,

socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável, baseado nas pessoas e não

nos veículos.

Segundo Sanz (1996), para se ter uma sustentabilidade da mobilidade, vai

depender do objetivo dado ao sistema de transporte. Se o mesmo for trazer

facilidades ao movimento de pessoas e mercadorias, devem-se promover os meios

de transporte que viabilizem os deslocamentos com baixo impacto ambiental e

social. Por outro lado, se o objetivo for facilitar o acesso a bens e serviços, a

sustentabilidade deve ser repensada a partir da redução das necessidades de

deslocamento motorizado e maximizar a capacidade do deslocamento a pé ou em

bicicleta. Significando concentrar esforços em dois objetivos: crias alternativas de

menor impacto ambiental na mobilidade existente e/ou na melhoria ou incremento da

acessibilidade não motorizada.

2.2.3 – O Transporte não Motorizado como Solução para Problemas de

Mobilidade

Em Costa (2007), antecedendo os processos de industrialização, o único

protagonista da cidade era o pedestre. Geralmente não se utilizavam meios de

transporte, já que as pessoas andavam a pé e o transporte mecanizado era um

elemento externo à cidade. Com a Revolução Industrial, entre o fim do século XVIII e

princípios do XIX, surgiram novas tecnologias de mobilidade que facilitam a

circulação, modificaram a estrutura das cidades e interferindo nos hábitos das

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pessoas. Nos dias atuais, a população vem se deslocando nos diferentes tipos de

transporte público e privado, mesmo assim, cada vez mais aumenta o uso do veículo

particular em relação aos demais meios de transporte, multiplicando o número de

automóveis nas ruas.

Vemos a necessidade de medidas concretas para o desenvolvimento

sustentável nas cidades. Substituir ou promover a diminuição do uso do automóvel

por modos mais atrativos e saudáveis para o cidadão é uma questão de prioridade.

Uma boa alternativa é incentivar e priorizar o uso da bicicleta, principalmente nos

centros urbanos e trajetos curtos, promovendo a construção e separação de

espaços apropriados para essa prática. Para conseguir o sucesso dessas medidas,

vemos a necessidade não somente de investimento em infraestruturas apropriadas,

mas também priorizar em educação e informação à população em questão.

Costa (2007) afirma que um elemento essencial é a informação como

implantação de uma política urbana. Faz-se necessários investimentos para um

funcionamento e manutenção de infraestrutura para o tráfego de bicicletas.

Infelizmente a população não percebe de imediato o retorno que essas iniciativas

oferecem para a cidade. A participação comunitária é um instrumento essencial

através das associações de moradores, podendo dialogar com os líderes dos

serviços, com objetivo de expandir a informação e obtendo êxito na prestação de

serviços para esse projeto.

2.3 Vantagens e Benefícios do Uso da Bicicleta

A bicicleta é um meio de transporte é saudável, sustentável, ecológico e

bastante econômico. Segundo IDAE (2006), 30 minutos de atividade física por dia

são suficientes para uma boa saúde, o que seria equivalente a 3 km a pé ou 9 km

em bicicleta. Distâncias estas que, muitas vezes, equivalem aos deslocamentos

diários de um automóvel particular nos centros urbanos.

Para a mobilidade nas cidades vemos a bicicleta como uma excelente

alternativa, pois o atual modelo de transporte e urbanismo centrado no automóvel

tem sido os grandes causadores de problemas para a sustentabilidade do planeta.

Segundo Riccard (2010), são inúmeros os benefícios da utilização da bicicleta

ao indivíduo que a utiliza, mas também para a sociedade no geral. Alguns desses

benefícios trazidos aos ciclistas são:

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• Tempo de deslocamento;

• Melhoria das opções de acesso e mobilidade;

• Benefícios à saúde;

• Redução dos gastos.

O maior motivo para se usar a bicicleta é a sua praticidade e pequeno

tamanho, que permite aos ciclistas se deslocarem em cidades congestionadas com

uma maior facilidade, melhorando as opções de acesso e mobilidade. A bicicleta

oferece, portanto, uma redução no tempo de viagem e torna possível andar mais e

atingir maiores distâncias. (INTERFACE FOR CYCLING EXPERTISE, 2009 apud

RICCARDI, 2010, p 21).

2.3.1 Vantagens Ambientais

A Associação Nacional de Transportes Públicos ANTP (2007) diz que a partir

de 2006 o mundo capitalista calou-se diante das evidências das mudanças

climáticas do planeta. Aquilo que os ambientalistas vinham alardeando há duas

décadas teve, na seca do rio Amazonas e no derretimento das geleiras e dos picos

nevados, amostras contundentes da quebra da harmonia da vida no planeta. Até os

mais céticos industrias e empresários renderam-se à prova de que a Terra está em

processo de degeneração acelerado.

PlanMob (2007) afirma que as bicicletas tem a enorme vantagem por não

causar nenhum tipo de poluição no ar e dificilmente produzem algum barulho, e o

seu impacto no ambiente so acontece na sua fabricação sendo de menor prejuízo

em relação aos impactos causados na fabricação de qualquer outro meio de

transporte.

Interface For Cycling Expertise (2009 apud, RICCARDI, 2010, p 22) diz que o

uso da bicicleta também pode ter um papel importante na melhoria das condições

sociais das parcelas menos favorecidas da sociedade, provendo um transporte

barato e rápido para esses segmentos da sociedade.

2.3.2 Vantagens para o Trânsito

Para Riccardi (2010), tendo em vista o uso da bicicleta no que diz respeito as

vias, isso acarretará um papel importante para promover uma maior segurança nas

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mesmas. Esse incentivo promoverá aos seus usuários lugares seguros no tráfego.

Não só é possível diminuir o número de acidentes nas rotas existentes dos ciclistas,

mas também é possível reduzir o número de acidentes com ciclistas em geral com o

aumento do uso da bicicleta.

Segundo Belotto (2009), em países do Terceiro Mundo algumas cidades

concentram uma forte presença de aspectos de desordem, sendo comuns e

visivelmente as desigualdades sociais. As vias tornam-se espaços inadequados para

comportar de maneira harmoniosa a crescente quantidade de veículos motorizados

e o grande número de pessoas que realizam seus deslocamentos a pé ou de

bicicleta. As cidades precisam passar por mudanças de modelo de planejamento

urbano, só assim é que as pessoas poderão usufruir das vantagens que a bicicleta

pode trazer para o trânsito. Infelizmente, na grande maioria das cidades do planeta

os maiores investimentos foram em transporte público e priorizando as vias para

veículos particulares. Hoje se pode perceber, quando se fala em mobilidade urbana,

existe uma maior preocupação de priorizar equipamentos para pedestres e ciclistas

com um pensamento de qualquer ação no impacto ambiental.

Belotto (2009) afirma que não adianta buscar paliativos tentando resolver os

congestionamentos com construções de viadutos ou abrindo e alargando ruas,

porque é um trabalho que em pouco tempo passa a não suprir as necessidades,

tornando-se sem fim. Os carros logo estarão tomando as ruas e novamente haverá

necessidade de ampliação de mais infraestrutura viária.

Interface For Cycling Expertise (2009 apud, RICCARDI, 2010, p 22) afirma:

Os ciclistas necessitam de menos de um terço do espaço viário necessário para o

tráfego de um automóvel, sendo com isso mais eficientes no combate aos

congestionamentos e garantem um melhor uso do espaço público. Além disso, o

espaço necessário para estacionar um carro é 15 vezes maior que o espaço

necessário para estacionar uma bicicleta.

2.3.3 Vantagens para a Saúde

O Programa Ciclovida (2008) diz que o ser humano tem um organismo que foi

constituído para ser ativo, porém, com a modernização e a tecnologia dos

computadores têm eximido as pessoas, em grande parte, das importantes tarefas

físicas mais intensas no trabalho, no transporte e em todas as tarefas diárias. Outra

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forma são as muitas opções do chamado lazer passivo, como cinema, televisão,

internet e os jogos eletrônicos, têm sido os responsáveis em reduz o tempo livre em

que as pessoas poderiam estar ativas fisicamente. Estes meios poupam esforços e

proporcionam conforto e maior produtividade, só que em momento algum diminuem

a necessidade de exercícios regulares para o organismo, fazendo com que os males

do sedentarismo prejudiquem o estado de saúde física e mental, reduzindo a

qualidade de vida a médio e longo prazo.

Um meio de se obter muitas realizações é tendo uma boa condição de saúde.

Muitas pesquisas mostram que mudanças de comportamento é a chave principal na

hora de prevenir e controlar doenças associadas ao sedentarismo.

Segundo Belotto (2009), o ciclismo é uma atividade de longa duração, ele se

torna essencial como atividade aeróbica, promovendo importantes efeitos sobre

fatores de risco das doenças crônicas e do sistema cardiovascular, do sobre peso,

do estresse. Assim adotar uma mobilidade mais ativa, usando a bicicleta como meio

de transporte pode proporcionar inúmeras vantagens na promoção da saúde.

Adquirir o hábito de andar de bicicleta diariamente é um ótimo exercício, além

de melhorar a saúde da pessoa, o que surge como uma alternativa de deslocamento

dos que levam uma vida sedentária correndo o risco de desenvolverem problemas

de saúde.

2.4 O Código de Trânsito Brasileiro e a Bicicleta

Para Belotto (2009), aos poucos muitas cidades brasileiras vêm apresentando

um significante crescimento do uso da bicicleta como meio de transporte para o

trabalho e outras atividades que necessitem de deslocamento, alem das atividades

de lazer. Entretanto, essa utilização necessita de um tratamento adequado, além da

exigência de políticas públicas específicas, diante da importância que a bicicleta

desempenha nestes deslocamentos urbanos para milhares de pessoas.

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), aprovado em 1997, promoveu um

marco legal quando reconheceu a bicicleta como veículo, incluindo pela primeira vez

regras claras favorecendo o seu uso, deixando claros os direitos e deveres para

seus condutores. São regras de condução, de organização da sinalização, limitação

aos veículos motorizados e muitas outras normas de comportamento para o uso

adequado das vias públicas. Para seu funcionamento necessita-se de um conjunto

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de outros instrumentos, tais como o empenho do desenho urbano, infraestrutura

cicloviária, sinalização adequada, investimento nas escolas com campanhas

educativas e fiscalização efetiva para que a bicicleta possa contribuir efetivamente

na melhoria da trânsito proporcionando uma mobilidade mais sustentável.

Costa (2007) percebendo que a bicicleta é uma alternativa real para um

projeto de mobilidade sustentável, a informação torna-se fundamental para

conscientizar os cidadãos dos inúmeros benefícios que ela pode oferecer. Alguns

deles são os seguintes:

• Campanhas incentivadoras com as vantagens do incentivo ao uso da

bicicleta;

• Buscar desenvolver uma estrutura de transporte sustentável nas cidades,

definindo rotas para o uso da bicicleta;

• Utilizar os meios de comunicação necessários e disponíveis;

• Organizar reuniões e grupos de trabalho com diversas camadas da

sociedade;

• Distribuição de folhetos informativos, cartazes e jornais abordando o tema;

• Promover e incentivar passeios ciclísticos, para que os pais levem seus filhos;

• Festividades para interesse sobre o uso da bicicleta – Dia sem carro/ Dia da

bicicleta;

• Procurar conscientizar a população por meios de exposições retratando os

problemas do meio ambiente.

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3.MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais

conforme determina o Conselho Nacional de Saúde - CNS nº 196/96 do Decreto nº

93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas

regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

Sendo assim, a identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada,

conforme apregoa a Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário

identificar-se ao responder o questionário. Todos assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) como mostra o modelo em anexo. Foram

coletados dados a respeito de idade, profissão, escolaridade, modelo de transporte

utilizado, uma avaliação objetiva contendo o desempenho do participante no desafio

da pesquisa e uma avaliação subjetiva contendo a opinião do participante diante de

5 (cinco) questões, para que se possa obter maiores informações sobre a população

pesquisada.

3.2 Tipo de Pesquisa

Tendo o tema e o método de pesquisa estabelecidos, o trabalho seguiu com a

realização de um estudo exploratório-descritivo, com dupla combinação de

abordagens, da pesquisa bibliográfica e qualitativa.

Na primeira etapa foi feito um levantamento de informações relacionadas ao

uso da bicicleta, suas características físicas e operacionais, além dos benefícios e

vantagens que a sua utilização podem trazer para uma mobilidade mais sustentável,

para o meio ambiente, o trânsito e a saúde dos que a usam.

A pesquisa bibliográfica foi feita em fontes primárias tais como livros, revistas

científicas, produções acadêmicas, artigos de revisão e bancos de dados, tanto de

forma impressa quanto eletrônica.

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A segunda etapa foi utilizado o método qualitativo, que segundo Minayo

(2005), possibilita que o pesquisador se aprofunde no mundo subjetivo das ações

humanas e nos aspectos não perceptíveis ou captados por medidas e equações

estatísticas.

Esse método de investigação permite aproximar-se de uma gama de

informações (explícitas ou encobertas na vida cotidiana das pessoas), pois as ações

humanas estão baseadas em significados sociais e incorporadas por elas: intenções,

motivos, atitudes e crenças.

3.3 Universo

A partir da proposta de um desafio que foi realizado na Cidade do Recife –

Pernambuco, o presente estudo abrangeu as seguintes áreas:

• Ponto de partida: Parque da Jaqueira – Jaqueira

• Ponto de chegada (final): Estacionamento do Shopping Center Recife – Boa

Viagem

3.4 Sujeitos da Amostra

O universo amostral da pesquisa apresentado na tabela 01, contou com 11

participantes representando 7 (sete) modelos diferentes usados como meios de

locomoção na cidade do Recife.

TABELA 01- Modelos utilizados pelos participantes da pesquisa.

PARTICIPANTES/ MODELOS

1 Pedestre masculino

2 Pedestre feminino

3 Corredor masculino

4 Corredor feminino

5 Usuário de ônibus masculino

6 Usuário de ônibus feminino

7 Usuário de ônibus cadeirante

8 Ciclista Masculino

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9 Ciclista Feminino

10 Motociclista

11 Automóvel

Fonte: dados de pesquisa.

Foram diversos modos de locomoção, saindo ao mesmo tempo de um

mesmo local no horário das 18:00hs (hora do rush) e devendo chegar a um destino

comum.

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados

A pesquisa foi enriquecida pelo desafio proposto aos participantes, que

dedicaram seu tempo e veículos de forma voluntária para a realização deste.

Foram avaliados a eficiência dos modelos utilizados nos seguintes quesitos:

• TEMPO: Sendo disparado o cronômetro no ponto de saída, e fechado o tempo

de cada participante no ponto de chegada.

• GASTOS FINANCEIROS: Para este quesito, foi estimado o gasto de

combustível do carro e da moto, para os passageiros de ônibus o valor foi

correspondente a duas passagens necessárias para cada um concluir o trajeto,

e para os ciclistas e pedestres, não apresentaram gastos diretos, já que

desconsideramos todos os gastos com manutenção por serem feitas raramente

ou em casos específicos.

• ANÁLISE SUBJETIVA: Através da aplicação de um questionário aos

participantes no final do desafio.

As perguntas realizadas aos participantes ajudaram a conhecer a percepção

dos mesmos no papel de usuários, demonstrando dados relevantes ligados a área

de trânsito da cidade. Como se pode observar no anexo, procurou-se identificar

através de um questionário geral de avaliação respondido por e-mail após a

realização do desafio, respostas subjetivas dos participantes, contendo seus

resultados individuais.

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3.6 Procedimentos para Coleta dos Dados

Para delimitação dos modelos que participaram do desafio, foram utilizados

apenas meios de transporte normalmente utilizados na cidade. Os participantes

foram instruídos a respeitar as regras de segurança, bem como a legislação

específica de cada modelo. Não houve necessidade de autorização das autoridades

de trânsito para a realização do desafio.

Sendo assim, o desafio foi proposto aos 11 participantes convidados, que em

consonância com os objetivos traçados pela pesquisa, participaram de forma

voluntária. Para isso, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE).

Foi realizada uma apresentação que justifica a importância do incentivo ao

uso da bicicleta, utilizando os critérios encontrados na pesquisa, atingindo com isso,

os objetivos pretendidos.

O regulamento foi enviado por e-mail aos participantes um dia antes do desafio e

repetido verbalmente antes da largada com todos reunidos.

3.7 Procedimentos para a Análise dos Dados

A estatística foi feita com base na colocação final de cada participante, assim

como o cálculo do gasto financeiro foi realizado com calculadora, seguindo o valor

do combustível do dia para cada categoria utilizada. Dentro dos Km percorridos e

associando a quantidade que cada veículo faz por litro, assim obtivemos o gasto

individual.

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4.RESULTADOS E DISCUSSÃO

O desafio procurou avaliar qual é o meio de transporte mais eficiente para

atravessar a cidade às seis horas da tarde, horário em que milhares de recifenses

ficam presos no trânsito na volta para casa?

Para responder a essa pergunta, repensar a mobilidade das pessoas na

Cidade do Recife e estimular o uso da bicicleta, essa pesquisa é uma ferramenta

para avaliar a eficiência dos vários meios de transporte disponíveis na cidade.

Diante desse desafio, nos deparamos com as nossas principais necessidades

pontuadas logo abaixo, e fomos buscar preencher cada uma delas para que o

mesmo fosse realizado:

• Escolha do local (percurso)

• Escolha dos modelos (locomoção)

• Definição de data e hora

• Convocação de voluntários

• Equipe para monitoramento do ponto de partida e chegada

• Dois cronômetros

As regras foram simples, saindo do ponto inicial, todos ao mesmo tempo,

cada usuário com seu modo de deslocamento poderia usar o caminho que fosse

mais conveniente, desde que obrigatoriamente saísse do ponto inicial combinado e a

chegada fosse registrada pela equipe. Todos deveriam respeitar as leis de trânsito e

as regras de segurança do meio de transporte que usassem.

Ressaltamos aos participantes que a pesquisa não se tratava de uma corrida,

e que tudo deveria ser feito na velocidade comum de seu cotidiano.

Os participantes que utilizaram carro, moto e bicicleta, saíram a pé do ponto

de partida e buscaram seu veículo em um estacionamento ao lado, assim como

deveriam estacioná-lo para chegar ao ponto final caminhando, e dessa forma, o

participante deveria se encaminhar até a bancada da equipe, localizada no

estacionamento do Shopping Center Recife, para que a equipe registrasse o seu

tempo final.

Para facilitar a comunicação entre os participantes, todos receberam uma lista

com os telefones de cada um dos envolvidos.

Dados da realização:

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1. Data: 05 de dezembro de 2012

2. Hora: 18:10 hs

3. Ponto de partida: Parque da Jaqueira – Jaqueira

4. Ponto de chegada (final): Estacionamento do Shopping Center Recife – Boa

Viagem

A seguir apresentam-se as tabelas e gráficos que demonstram os resultados

dos itens observados na pesquisa, como ordem de chegada, tempo, gasto financeiro

e análise subjetiva.

4.1 Ordem de Chegada

A tabela 02 demonstra a ordem de chegada e colocação final de cada

participante com seu modelo utilizado.

TABELA 02 – Ordem de chegada dos participantes ORDEM DE CHEGADA

COLOCAÇÃO MODELOS

1º lugar Ciclista masculino

2º lugar Motociclista

3º lugar Ciclista feminino

4º lugar Corredor masculino

5º lugar Corredor feminino

6º lugar Automóvel

7º lugar Usuário de ônibus feminino

8º lugar Usuário de ônibus masculino

9º lugar Pedestre masculino

10º lugar Pedestre feminino

11º lugar Usuário de ônibus cadeirante

Fontes: dados de pesquisa.

Durante o percurso os participantes encontraram algumas dificuldades

relacionadas à infraestrutura urbana no trajeto para o modelo utilizado. São elas:

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• Ciclistas: Relataram péssimas condições nas vias. As poucas ciclovias

existentes são repletas de obstáculos e não são respeitadas pelos outros

modelos. A sinalização é muito pouca.

• Motociclista: Relatou uma necessidade de melhora principalmente na sinalização

e uma grande falta de respeito dos automóveis.

• Corredores: Relataram calçadas altamente destruídas para todos que a utilizam

contendo bastantes irregularidades e falta de sinalização.

• Motorista Automóvel: Relatou congestionamento intenso, desorganização e vias

com bastante precariedade.

• Usuários de ônibus: Relataram trafego bastante congestionado, demora

exaustiva para que os veículos cheguem em seus pontos de paradas.

• Pedestres: Relataram muito desrespeito aos mesmos principalmente vindos dos

automóveis e motocicletas que na grande maioria não obedecem à sinalização

principalmente as faixas de pedestres.

• Usuário de ônibus cadeirante: Relatou que a quantidade de transporte coletivo

apropriado para suas necessidades é pouca e que as calçadas são os piores

obstáculos que eles enfrentam no cotidiano.

Estes dados foram coletados no Questionário Geral de Avaliação (ANEXO) e

são de grande importância quando procuramos fazer uma comparação na

mobilidade urbana dentro de cada modelo. Vemos que mesmo com suas

dificuldades, o modelo bicicleta consegue vencê-las tendo o privilégio de criar sua

própria rota, fugindo dos congestionamentos e sendo bastante eficaz conquistando o

primeiro lugar.

4.2 Tempo

O desafio teve início às 18h10min e após 90min13seg finalizou com a

chegada do usuário de ônibus cadeirante às 19h40min13seg, tendo o tempo total de

1h30min13seg. Na tabela 03 temos o desempenho individual relacionado ao tempo

que cada participante levou para concluir o percurso.

É possível observar que as bicicletas e a motocicleta tiveram um desempenho

superior aos demais modelos.

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TABELA 03 – Tempo final que cada participante levou para concluir o percurso.

TEMPO FINAL

MODELOS ( ’ MINUTOS/ ” SEGUNDOS )

Ciclista masculino 40’17”

Motociclista 40’48”

Ciclista feminino 53’57”

Corredor masculino 62’44”

Corredor feminino 63’04”

Automóvel 64’51”

Usuário de ônibus feminino 75’03”

Usuário de ônibus masculino 76’00”

Pedestre masculino 76’59”

Pedestre feminino 79’12”

Usuário de ônibus cadeirante 90’13”

Fonte:dados de pesquisa.

Comparando a eficiência da bicicleta com os demais modelos, temos na

tabela 04 a diferença de tempo entre eles, tomando o ciclista masculino como

referência por ter sido o modelo a gastar o menor tempo para chegar ao destino

final.

TABELA 04 – Diferença de tempos entre os participantes.

CICLISTA MASCULINO: TEMPO TOTAL DE 40MIN. E 48SEG.

MODELOS DIFERENÇA ENTRE TEMPOS

( ’ minutos/ ” segundos )

Ciclista masc. X Motociclista 31”

Ciclista masc. X Ciclista fem. 13’40”

Ciclista masc. X Corredor masc. 22’27”

Ciclista masc. X Corredor fem. 22’87”

Ciclista masc. X Automóvel 24’34”

Ciclista masc. X Usuário de ônibus fem. 34’86”

Ciclista masc. X Usuário de ônibus masc. 35’83”

Ciclista masc. X Pedestre masc. 36’42”

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Ciclista masc. X Pedestre fem. 38’95”

Ciclista masc. X Usuário de ônibus cadeirante 49’96”

Fontes: dados de pesquisa.

Observando os resultados da tabela 04 percebemos o quanto a bicicleta se

justifica quanto a sua eficácia na economia de tempo entre trajetos diários na vida de

quem a usa, agregando-se aos demais fatores já citados que contribuem para a

mobilidade no trânsito das cidades.

4.3 Gastos Financeiros

Como o palco de contradições econômicas do sistema de transporte é um

espaço em permanente disputa entre diferentes modelos, procurou-se ressaltar a

importância a promoção da mobilidade sustentável que requer ênfase no transporte

público coletivo e nos meios não motorizados. Nesse sentido vale ressaltar dados

que possam evidenciar as vantagens financeiras dos usuários da bicicleta, que

podem ser observadas na tabela 5.

TABELA 5 – Gastos financeiros para realizar o percurso.

GASTOS FINANCEIROS

MODELOS DESPESAS (REAL)

Pedestre R$ 0,00

Ciclista R$ 0,00

Corredor R$ 0,00

Moto (gasolina) R$ 2,24

Usuário de ônibus R$ 4,30

Usuário de ônibus cadeirante R$ 4,30

Carro (flex álccol) R$ 5,38

Fonte: dados de pesquisa.

Para efeito de cálculo, os gastos fianceiros foram avaliados seguindo o valor

do combustível do dia para os modelos moto (gasolina) e carro (flex álcool), dentro

dos Km percorridos e associando a quantidade que cada veículo faz por litro, assim

obtivemos o gasto individual. Aos usuários de ônibus associamos o valor de duas

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passagens utilizadas por cada participante para percorrerem o percurso. Os demais

modelos, pedestres, ciclistas e corredores, não tiveram despesas nenhuma.

Uma cidade que dê prioridade ao transporte coletivo, aos meios não

motorizados e a acessibilidade, estará facilitando o direito de ir e vir e estará

incluindo um percentual da população menos favorecida economicamente e que não

possui carro.

4.4.Análise Subjetiva

Com a aplicação do Questionário Geral de Avaliação, as perguntas realizadas

aos participantes ajudaram a conhecer a percepção dos mesmos como

representantes de um modelo de transporte utilizado na cidade, levantando dados

relevantes às mudanças necessárias ligadas a melhorias na área de trânsito. Por

exemplo:

1) O que você achou de participar do desafio?

GRÁFICO 01 – A importância do desafio, segundo os participantes.

Fonte: Dados da Pesquisa. Recife/PE. 2012.

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2) Como avalia a infra-estrutura urbana no trajeto para o modelo que você

usou?

GRÁFICO 02 – A avaliação da infra-estrutura urbana, no trajeto utilizado.

Fonte: Dados da Pesquisa. Recife/PE. 2012.

3) E a segurança?

GRÁFICO 03 – A avaliação da segurança, durante o trajeto utilizado.

Fonte: Dados da Pesquisa. Recife/PE. 2012.

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Ao finalizar os resultados, tem-se um ranking que revela com clareza a

praticidade e efetividade destes transportes alternativos na Cidade do Recife/PE.

É importante salientar que a bicicleta mostrou-se em destaque, comprovando

que a ênfase na sua inclusão nos deslocamentos urbanos deve ser abordada como

elemento para promoção do conceito de mobilidade urbana saudável e sustentável.

Diante dos resultados, percebemos a maneira como a mobilidade urbana vem

sendo tratada de uma forma pouco inteligente na cidade, pois ampliar as vias para

veículos automotores com certeza não é a solução mais adequada, pelo contrário,

incentiva o uso do automóvel e a tendência óbvia é o crescimento da frota, trazendo

mais problemas de espaço, tempo, gastos e poluição ambiental.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos objetivos da pesquisa, conclui-se que seria interessante que a

população de Recife e das demais cidades, refletisse e repensasse a mobilidade

urbana, visto que, cada vez mais, o trânsito exige que meios de locomoção

alternativos sejam utilizados. Em muitos casos, os meios de transporte motorizados

podem ser substituídos por modelos não motorizados, sem deixar de suprir as

necessidades da população, além de apresentarem-se como uma alternativa que

promove uma melhor qualidade de vida e promovem uma diminuição da poluição.

O desafio mostrou que o uso da bicicleta é uma opção muito eficiente em

termos de locomoção, economia de tempo e dinheiro, promoção de melhor

qualidade de vida, além de não ser prejudicial ao meio ambiente.

Os políticos e a população devem receber uma melhor educação sobre as

consequências que acarretam as escolhas na forma de locomoção das pessoas,

pois políticas de transporte público podem resultar em grandes mudanças para a

saúde da sociedade, criando condições seguras para o desenvolvimento desse

modo de deslocamento.

Creio que muitos caminhos ajudem a conquistar um mundo mais saudável, só

que os dois principais caminhos que unem a questão da mobilidade por bicicletas é

o governo com suas funções dando condições de infraestrutura apropriada e

oferecendo para a população uma maior segurança no que diz respeito ao direito de

ir e vir de cada cidadão. Assim, os usuários terão uma maior reflexão sobre o seu

papel , construindo caminhos para um mundo melhor.

No setor da Educação acredita-se não ser mais possível descuidar da

orientação às crianças quanto ao uso correto da bicicleta. A obrigação do ensino da

disciplina trânsito nas escolas tem de passar primeiramente pela conscientização do

jovem brasileiro de que, antes de tudo, tem de ser preparado para a cidadania. Ele

deve aprender desde cedo a respeitar os pedestres, os idosos, os portadores de

deficiências físicas e mentais, além da legislação de trânsito.

Embora a bicicleta não constitua a única resposta aos problemas de

circulação e de meio ambiente na cidade, buscou-se demonstrar nesta monografia

as suas diversas vantagens e comprovou-se através da pesquisa a sua eficiência

em relação aos demais modelos de transporte urbano. Portanto, ela representa uma

opção que se inscreve perfeitamente numa política geral de revalorização do

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ambiente urbano, visando a construção de uma mobilidade urbana mais saudável e

sustentável, aspecto importante para a melhoria dos problemas do trânsito, assim

como a qualidade de vida nas cidades.

Juntamente com a pesquisa e seus resultados, acredito numa capacidade de

gerar discussões pertinentes para a construção de cidades melhores e para um

futuro realmente sustentável.

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REFERÊNCIAS

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PLANMOB. Construindo a Cidade Sustentável. 2007 Disponível em: <http://www.conder.ba.gov.br/ckfinder/userfiles/files/plano%20Mobilidade.pdf> Acesso em 20 de agosto 2012. PRADO, Sandra Pereira. A qualidade do transporte coletivo aos idosos usuários do centro municipal de convivência do idoso no SEST/SENAT de Divinópolis MG. Belo Horizonte, 2009. PROGRAMA CICLOVIDA, 2008. Disponível em: <http://www.ciclovida.ufpr.br/> Acesso em: 10 de agosto 2012. PROTAL DA SUSTENTABILIDADE. Disponível em: <http://www.sustentabilidade.org.br >. Acesso em: 11 de agosto de 2012. RICCARDI, José Cláudio. Ciclovias e Ciclofaixas: Critérios para Localização e Implantação, 2010. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/ 10183/28577/000769157.pdf?sequence=1 > Acesso em: 16 setembro 2012. SANZ, A. Movilidad y accesibilidad: um escollo para la sostenibilldad urbana. In: La contrucción de la ciudad sostenible. Primer catálogo español de buenas práticas. Madrid:Ministério de Obras Públicas, Transportes y Medio Ambiente, 1996. SECRETARIA NACIONAL DE TRANSPORTE E DA MOBILIDADE URBANA. Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta – Bicicleta Brasil. Caderno de referência para elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades, Brasília. 2007.

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APÊNDICE

QUESTIONÁRIO GERAL DE AVALIAÇÃO

DADOS PESSOAIS: Nome: Idade Profissão: Escolaridade: Modelo utilizado: AVALIAÇÃO OBJETIVA:

Tempo final: Despesa: AVALIAÇÃO DO PARTICIPANTE:

1) O que você achou de participar do desafio? 2) Você seguiu as regras de trânsito? 3) Como avalia a infraestrutura urbana no trajeto para o modelo que você usou?

4) E a segurança?

5) Qual a sua sugestão para a melhoria do trânsito na cidade?

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ANEXO

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

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