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Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy” UNIGRANRIO Michele Dias Nunes Tameirão Avaliação bidimensional do transporte do canal radicular após diferentes técnicas de instrumentação mecanizada. Duque de Caxias 2014

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Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”

UNIGRANRIO

Michele Dias Nunes Tameirão

Avaliação bidimensional do transporte do canal radicular após diferentes

técnicas de instrumentação mecanizada.

Duque de Caxias

2014

1

Michele Dias Nunes Tameirão

Avaliação bidimensional do transporte do canal radicular após diferentes

técnicas de instrumentação mecanizada.

Dissertação apresentada à Universidade

do Grande Rio “Prof. José de Souza

Herdy” como parte dos requisitos para a

obtenção do grau de Mestre em

Odontologia.

Área de concentração: Endodontia

Orientador: Prof. Dr. Emmanuel João Nogueira Leal da Silva

Co-Orientadora: Profa. Dra. Aline de Almeida Neves Coutinho

Duque de Caxias

2014

2

CATALOGAÇÃO NA FONTE/BIBLIOTECA – UNIGRANRIO

T157a Tameirão, Michele Dias Nunes.

Avaliação bidimensional do transporte do canal radicular após diferentes

técnicas de instrumentação mecanizada / Michele Dias Nunes Tameirão.

- 2014.

36 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado em Odontotlogia / Endodontia) – Universidade do

Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”, Escola de Ciências da Saúde,

2014.

“Orientador: Profº Emmanuel João Nogueira Leal da Silva”.

“Co-Oritentadora: Profª Aline de Almeida Neves Coutinho”.

Bibliografia: f. 32-36.

1. Odontologia. 2. Endodontia. 3. Anatomia . 4. Instrumentação e aparelhos cirúrgicos. I. Silva, Emmanuel João Nogueira Leal da. II. Coutinho,

Aline de Almeida Neves. III. Universidade do Grande Rio “Prof. José de

Souza Herdy”. IV. Título.

3

4

DEDICATÓRIA

Primeiramente à Deus por me guiar.

Minha mãe, cerne de toda a minha existência.

Meu marido, amigo e companheiro na ausência silenciosa, porém necessária.

Minha filha, minha amiguinha de todas as horas.

Meus amigos e mestres, exemplos de força e incentivo.

Meus orientadores pelo apoio e direcionamento.

Sem vcs, o caminho não seria trilhado até o fim.

5

AGRADECIMENTOS

À Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO), na pessoa de seu magnífico

Reitor, Prof. Arody Cordeiro Herdy, e Coordenador dos Cursos de Graduação e Pós-

graduação em Odontologia, Prof. Dr. Edson Jorge Lima Moreira, pela oportunidade

outorgada.

À Deus por me dar a força interior necessária para superar a adversidade,

mostrar o caminho na dúvida e me guardar na hora da angústia.

Ao meu Coordenador, Prof. Edson Jorge, amigo e sempre mestre, atencioso

e pronto a ouvir.

Aos meus orientadores Professor Emmanuel João Nogueira Leal da Silva e

Professora Aline de Almeida Neves e demais Professores do curso de mestrado

Professor Gustavo De Deus, Professora Thaís Accorsi Mendonça e Professor Victor

Talarico Vieira, por acreditarem em mim, despertando o desejo de aprender a cada

dia.

À minha querida amiga Simone Paiva, pela oportunidade de aprender ao seu

lado e pelo incentivo diário e incansável.

Ao meu amigo Túlio Gama, sempre pronto para ajudar, me deixando segura

frente aos novos conhecimentos.

À minha família, pelo carinho, crédito e paciência.

Aos meus alunos, por estimularem o meu desejo em aprender cada dia mais.

A todos os amigos e funcionários da Unigranrio pelo carinho e apoio.

Aos amigos que fizeram parte desses momentos sempre me ajudando e

incentivando.

A todos os colegas e professores do Mestrado pelo convívio e aprendizado.

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi comparar a capacidade dos sistemas Reciproc, TF

Adaptive e Waveone na manutenção da anatomia do canal radicular. O sistema

ProTaper Universal foi usado como referência para comparação. Quarenta (40)

canais radiculares curvos simulados em blocos de resina foram divididos

aleatoriamente em 4 grupos (n = 10) de acordo com o sistema de instrumentação:

Grupos Reciproc (VDW, Munique, Alemanha), TF Adaptive (SybronEndo, Califórnia,

EUA), WaveOne (Dentsply Maillefer, Ballaigues , Suíça) e ProTaper Universal

(Dentsply Maillefer). Imagens estereoscópicas de cada bloco foram tomadas antes e

após a instrumentação de forma padronizada. Toda a análise e processamento de

dados de imagem foram realizados com um programa de código aberto (Fiji). A

avaliação do transporte do canal foi obtida para todo o canal e em duas regiões

independentes: porção reta e porção curva. Os resultados mostraram que todos os

sistemas causaram transporte do canal. Na parte reta o sistema ProTaper Universal

causou maior transporte do que os outros sistemas testados (P<0.05). Não foram

observadas diferenças na porção reta comparando-se TF Adaptive, Reciproc e

WaveOne (P>0.05). O sistema TF Adaptive causou significantemente menor

transporte na porção curva do que os sistemas Reciproc, WaveOne e ProTaper

Universal. (P<0.05). O sistema ProTaper Universal causou maior transporte na

porção curva do que os outros sistemas testados (P<0.05). Dentro das limitações

deste estudo, podemos concluir que TF Adaptive produziu menor transporte do

canal quando comparado com os outros sistemas testados. O sistema de múltiplas

limas ProTaper Universal causou maior transporte do canal seguida pelos demais

sistemas testados.

Palavras-chave: Anatomia; Endodontia; Instrumentação.

7

ABSTRACT

The purpose of this study was to compare the ability of Reciproc, TF Adaptive and

WaveOne systems in maintaining the root canal anatomy. ProTaper Universal

system was used as reference for comparison. Forty (40) simulated curved root

canals in clear resin blocks were randomly assigned to 4 groups (n=10) accordingly

to the instrumentation system: Reciproc (VDW, Munich, Germany), TF Adaptive

(SybronEndod, California, USA) WaveOne (Dentsply Maillefer, Ballaigues,

Switzerland) and ProTaper Universal (Dentsply Maillefer) groups. Color

stereomicroscopic images from each block were taken before and after

instrumentation. All image processing and data analysis were performed with an

open source program (FIJI). Evaluation of canal transportation was obtained for the

whole canal and for two independent regions: straight part and curvature portion. The

results showed that all tested system caused canal transportation. In the straight

part, ProTaper Universal caused more transportation then the other tested systems

(P<0.05). No differences were observed in the straight part when comparing TF

Adaptive, Reciproc and WaveOne. TF Adaptive caused significantly less canal

transportation in the curvature portion than Reciproc, WaveOne and ProTaper

Universal systems (P<0.05). ProTaper Universal system caused more transportation

than the other tested systems in the straight part and in the curvature portion

(P<0.05). Within the limitations of this study, it can be concluded that TF Adaptive

produced overall less canal transportation when compared with the others tested

systems. The multi-file rotary system ProTaper Universal caused more canal

transportation then the other tested systems.

Key words: Anatomy; Endodontics; Instrumentation.

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS

Figura 1. A) Imagem estereomicroscópica do canal simulado não-

instrumentado; B) Imagem estereomicroscópica de um canal simulado

instrumentado; C) Sobreposição do canal não-instrumentado e do canal

instrumentado após o registro da imagem.

20

Figura 2. A) Canal não-instrumentado segmentado; B) Canal instrumentado

segmentado; C) Esqueleto do canal não-instrumentado; D) Esqueleto do canal

instrumentado.

21

Figura 3. Representação do esquema das regiões dos canais avaliados.

Straight part – Porção reta/ Curvature – Porção curva.

21

Tabela 1. Média dos valores de transporte do canal (em mm) para cada grupo

experimental e porção do canal.

23

9

LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E SIGLAS

# - Diâmetro

% - Por cento

ADA - American Dental Association

ANSI - American Standards Institute

Bmp - Bitmap (Formato Digital)

cm - Centímetro

Co. - Company

Com - Comércio

Corp. - Corporation

EUA - Estados Unidos da América

FDI - World Dental Federation

Inc. - Incorporation

Ind. - Indústia

ISO - International Strandartization Organization

Ltda - Limitada

ml- Mililitro

n. - Número

Ncm² - Newton por centímetro quadrado

NiTi - Níquel-titânio

TF – Twisted Files

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................................... 14

3 OBJETIVOS ............................................................................................................................. 20

4 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................................... 21

5 RESULTADOS .......................................................................................................................... 26

6 DISCUSSÃO ............................................................................................................................. 27

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 31

8 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 32

11

1. INTRODUÇÃO

O preparo do canal radicular tem como objetivo a correta limpeza e

desinfecção do sistema de canais, bem como a obtenção de um formato cônico

uniforme e progressivo que propicie boa obturação (SCHILDER, 1974). Com o

intuito de melhorar a qualidade do preparo dos canais radiculares, diversas técnicas

têm sido apresentadas, aliadas a instrumentos com design inovador de diferentes

ligas metálicas conferindo maior flexibilidade, capacidade de corte e menor risco de

fratura durante o preparo do canal radicular mantendo a posição espacial do

foramen.

A introdução da liga de Níquel-Titânio (NiTi) na endodontia trouxe grandes

vantagens e facilidades durante o preparo biomecânico do canal radicular. Estes

instrumentos apresentam maior flexibilidade do que os de aço inoxidável e são

superiores quanto à deflexão e fratura ao torque. Instrumentos de NiTi também

preservam o curso anatômico original do canal evitando degraus no nível apical e o

transporte do forame (CAMPS & PERTOT, 1995; ROWAN et al. 1996; RUDDLE,

2003).

A recente introdução no mercado dos sistemas reciprocantes (Reciproc e

WaveOne), levantou novas perspectivas no preparo químico-mecânico do sistema

de canais radiculares. O conceito apresenta-se como o uso de um único instrumento

de NiTi para ampliar o canal radicular em um tamanho adequado, sendo atraente e

simplificando o procedimento técnico (YARED, 2008). Este sistema é baseado no

alívio da pressão sobre o instrumento ao realizar movimentos em diferentes

angulações no sentido anti-horário (ação de corte) e no sentido horário (libertação

do instrumento). Este movimento prolonga a durabilidade do instrumento,

aumentando sua resistência à fadiga, em comparação com o movimento de rotação

contínua (PEDULLÀ et al. 2013; KIEFNER et al. 2014). Devido a essas vantagens,

tais instrumentos foram preconizados para serem utilizados em uma técnica

utilizando apenas uma lima, com o objetivo de reduzir o custo por diminuição do

número de limas, simplificar o tratamento, evitar a contaminação cruzada e fratura

por fadiga decorrente da reutilização do instrumento.

O sistema Reciproc® (VDW, Munique, Alemanha) disponibiliza três tamanhos

de instrumentos (R25, R40 e R50) usados de acordo com diâmetro inicial do canal.

As limas Reciproc® tem conicidade contínua nos primeiros 3mm (0,08, 0,06 e 0,05

12

mm, respectivamente) seguindo com conicidade decrescente ao longo do

instrumento. Segundo o fabricante, o sistema Reciproc® é adaptado a um motor e

operado com o movimento reciprocante de 10 ciclos por segundo, aproximadamente

300 rpm. A cada três ciclos o instrumento completa 360°. Os instrumentos Reciproc®

apresentam secção transversal reta em forma de S com duas lâminas cortantes ao

longo de toda parte ativa do instrumento que é similar à secção transversal dos

instrumentos rotatórios Mtwo (PLOTINO et al. 2006).

O Sistema WaveOne® (Dentsply Maillefer®, Ballaigues, Suíça) é

disponibilizado em três tamanhos: small (diâmetro inicial #21 com conicidade 0,06

mm), primary (diâmetro inicial #25 com conicidade 0,08 mm) e large (diâmetro inicial

#40 e conicidade 0,08 mm). Os instrumentos WaveOne® têm secção transversal

triangular convexa modificada na ponta e triangular convexa nas porções média e

coronal da lima. Sua secção transversal é semelhante à dos instrumentos ProTaper®

(GRANDE et al. 2006). Informações sobre ângulos e velocidade de rotação ainda

não foram disponibilizadas pelo fabricante (PLOTINO et al. 2012). A lima WaveOne®

primary (25.08) possui conicidade decrescente da ponta para a lâmina de corte (0.8,

0.65, 0.6, 0.55 mm) e é caracterizada por diferentes secções transversais ao longo

de toda sua parte ativa. Na região apical, sua secção transversal apresenta guias

radiais, enquanto que na parte média e coronal sua secção transversal muda para

um ângulo de saída neutra com forma triangular convexa, análoga a do instrumento

ProTaper® F2.

Embora os sistemas pareçam muito promissores, algumas dúvidas

relacionadas à movimentação reciprocante surgiram como a quantidade de extrusão

de debris (BÜRKLEIN & SCHÄFER, 2012; KOÇAK et al. 2013; BÜRKLEIN et al.

2014) e uma possível incidência maior de transporte do canal radicular devido a

grande conicidade do instrumento único (KANDASWAMY et al. 2009). Além disso,

como os instrumentos Reciproc e WaveOne são recomendados a serem utilizados

sem um alargamento coronal prévio, a maior pressão utilizada para alargar essa

porção pode contribuir para o transporte do canal radicular.

Outro sistema recentemente lançado no mercado endodôntico foi o sistema

TF Adaptive (SybronEndo, Orange, CA). Este sistema foi projetado para maximizar

as vantagens dos movimentos reciprocantes. Os sistema TF Adaptive emprega uma

tecnologia de movimento único patenteado, que se adapta automaticamente ao

estresse gerado durante a instrumentação. Quando o instrumento não sofre grande

13

estresse no interior do conduto radicular, o movimento realizado pelo motor é um

movimento ininterrupto com ângulos horário e anti-horário: 600-0° (rotação

contínua), permitindo uma melhor eficiência de corte e remoção de detritos. Em

contraste, durante o aumento do stress gerado durante a instrumentação, o

movimento da TF Adaptive muda para um modo de movimento alternativo com

ângulos variáveis horários e anti-horários, variando de 600-0° até 370-50°. As limas

TF Adaptive possuem características únicas de design: um tratamento térmico na

fase R da liga de NiTi, a torção do metal e um condicionamento de superfície

especial (GAMBARINI et al. 2014). Enquanto a cinemática e design das limas TF

Adaptive parecem promissoras, existe muito pouco conhecimento sobre esse novo

sistema (GERGI et al. 2014).

Diante da escassez e das limitações dos estudos atuais, surge a necessidade de

avaliação dos efeitos da instrumentação dos canais radiculares utilizando um

modelo experimental bem ajustado metodologicamente, de modo a permitir a

realização de comparações confiáveis entre as mais diversas cinemáticas de

instrumentação do sistema de canais radiculares. A necessidade desse modelo é

impulsionada pelo freqüente desenvolvimento de novos instrumentos para o preparo

dos canais radiculares (como a recente inclusão dos sistemas Reciprocantes e do

TF Adaptive) com a promessa de uma terapia endodôntica eficaz e com resultados

superiores aos encontrados previamente.

Dessa forma, o objectivo deste estudo foi comparar a capacidade dos

sistemas reciprocantes Reciproc e WaveOne e do sistema TF Adaptive na

manutenção da anatomia de um canal simulado. O sistema ProTaper Universal foi

utilizado como técnica de referência para comparação. A hipótese nula testada foi de

que não há diferenças entre os sistemas testados.

14

2. REVISÃO DE LITERATURA

O sucesso do tratamento endodôntico é composto por diversas etapas

operatórias, sendo o preparo do canal radicular de extrema importância, pois o

formato cônico dado ao canal durante a instrumentação irá auxiliar na eficácia da

realização dos outros procedimentos, como facilitar a irrigação e aspiração e a

obturação tridimensional do sistema de canais radiculares (PETERS, 2004;

PRICHARD, 2012). Além dessa ampliação necessária para a realização dos demais

procedimentos da terapia endodôntica, a instrumentação é necessária para

eliminação de bactérias presentes no interior do canal radicular que se encontram

impregnadas no interior dos túbulos dentinários, sendo assim recomendada a

remoção de parte dessa dentina infectada através da instrumentação (WEIGER et

al. 2006). Assim, até os dias atuais, a instrumentação dos canais radiculares é

amplamente discutida, e diferentes métodos e sistemas de instrumentação são

descritos na literatura.

Inicialmente, a instrumentação dos canais radiculares era realizada apenas

com limas de uso manual confeccionadas de aço inoxidável, porém devido ao seu

baixo grau de flexibilidade e sua tendência em retificar canais curvos e criar

deformações como transporte apical, zips, perfurações e desvios, iniciou-se uma

busca por novos materiais que apresentassem uma maior flexibilidade associada a

maior resistência, proporcionando dessa forma uma maior segurança para a

realização do tratamento endodôntico (DEPLAZES et al. 2001; PETERS, 2004).

Alterações no design dos instrumentos também foram realizadas, numa tentativa de

promover uma maior flexibilidade aos mesmos (CIMIS et al. 1988). Ainda em busca

de maior flexibilidade para vencer os desafios da anatomia, a introdução das ligas de

NiTi proporcionou novas perspectivas ao tratamento endodôntico. Essas ligas foram

profundamente estudadas e a partir dessas avaliações evidenciou-se sua grande

flexibilidade, memória elástica, eficiência de corte e biocompatibilidade (WALIA et al.

1988).

Dispondo de limas mais flexíveis e no anseio em tornar o tratamento

endodôntico mais ágil e eficiente, o uso dessas limas acopladas a motores utilizados

em movimentos rotatórios se tornou muito popular (PETERS, 2004; YANG et al.

2007). Com o uso constante desse novo método de instrumentação, novos

problemas, quase alheios aos instrumentos manuais, foram aparecendo como, por

15

exemplo, as fraturas devido à fadiga cíclica e de flexão, estimulando dessa forma a

busca por um sistema que aliasse um preparo mecânico efetivo e que não

apresentasse essas falhas.

Sabendo-se das vantagens das limas de NiTi, como a manutenção do trajeto

original do canal e menor tendência de causar transporte apical, no ano de 2008 foi

proposto uma nova técnica utilizando apenas um instrumento do sistema ProTaper

com a lima F2 em um movimento recíproco, objetivando a redução da fadiga do

instrumento e realização mais rápida da instrumentação (YARED, 2008), tendo

como base a cinemática de instrumentação proposta a partir das forças balanceadas

de Roane (ROANE et al. 1985). Ao realizar a comparação dos instrumentos

utilizados em movimentos recíprocos e rotatórios, verificou-se uma maior resistência

a fadiga cíclica desses instrumentos quando utilizados em movimento reciprocante

quando comparado à rotação convencional e, por conseguinte um maior tempo de

vida útil do instrumento (DE-DEUS et al. 2010a; GAMBARINI et al. 2012; GAVINI et

al. 2012). Também foi verificado que essa cinemática é capaz de manter a

centralização do canal (e maior capacidade de manter a centralização do canal

(FRANCO et al. 2011). Além disso, os instrumentos em movimento recíproco não

causaram maior transporte apical do que quando utilizado no movimento rotatório

(YOU et al. 2011) e também não apresentaram diferenças no que diz respeito a

extrusão de debris quando comparados com o movimento rotatório (DE-DEUS et al.

2010b). Com os resultados promissores mostrados pela instrumentação com lima

única proposta por Yared, dois novos aparelhos e sistema de instrumentos foram

desenvolvidos propondo a realização da instrumentação com lima única e em

movimento reciprocante, o Reciproc (VDW, Munich, Germany) e o WaveOne

(Dentsply Maillefer, Ballaigues, Switzerland). Estes sistemas utilizam uma liga de Ni-

Ti com tratamento térmico patenteada como liga M-Wire (PLOTINO et al. 2012).

Os fabricantes do system Reciproc sugerem a utilização de unicamente uma

das três limas que compõem o sistema: R25 (tip 25 e taper 0.08), R40 (tip 40 e taper

0.06), ou, a lima R50 (tip 50 e 0.05). O taper destas limas é constante unicamente

nos três primeiros milímetros, após essa medida o taper ou conicidade é regressivo,

garantindo assim um preparo mais conservador nos tercos cervical e medio. O

formato da seção transversal da lima é em forma de S, com as hastes orientadas

para efetivar o corte em sentido anti-horário. A ponta das limas é inativa. A

cinemática configurada no software do sistema Reciproc, trabalha inicialmente com

16

um movimento de corte em sentido anti-horário de 150º, seguido por um movimento

em sentido horário de 30º relaxando o instrumento. Assim temos que a cada ciclo a

lima consegue um avanço efetivo de 120º, precisando de 3 ciclos para completar

uma rotação.

Já o sistema WaveOne apresenta três opções de limas: small (tip 21 e taper

0.06), primary (tip 25 e taper 0.08) e a lima large (tip 40 e taper 0.08). O taper destas

limas é constante unicamente nos três primeiros milímetros, após essa medida o

taper ou conicidade é regressivo, garantindo assim um preparo mais conservador

nos tercos cervical e medio. O formato da seção transversal da lima é geométrico

com três áreas cortantes e as hastes orientadas para efetivar o corte em sentido

anti-horário. A ponta das limas é inativa. A cinemática configurada no software do

sistema WaveOne, trabalha inicialmente com um movimento de corte em sentido

anti-horário de 170º, seguido por um movimento em sentido horário de 50º relaxando

o instrumento. Assim temos que a cada ciclo a lima consegue um avanço efetivo de

120º, precisando de 3 ciclos para completar uma rotação.

Tendo em vista os muitos resultados positivos obtidos pelos sistemas

reciprocantes, a empresa SybronEndo lançou recentemente, uma nova técnica de

instrumentação (TF Adaptive®), com o objetivo de combinar as vantagens da

cinemática reciprocante com as vantagens da cinemática de rotação contínua. O

movimento do sistema TF Adaptive® pode ser descrito como uma rotação contínua,

permitindo uma melhor eficiência de corte e remoção de detritos, uma vez que seu

corte transversal é destinado a cortar com mais eficiência e a remover os debris em

movimento no sentido horário. Além disso, sempre que necessário, devido a um

maior stress imposto na lima, o sistema passa a realizar uma cinemática

reciprocante buscando proporcionar uma maior resistência a fadiga cíclica dos

instrumentos. Esses instrumentos apresentam três características únicas de

fabricação: a Fase R foi desenvolvida com diferenças em seu tratamento térmico, a

torção do instrumento e um condicionamento especial de sua superfície

(GAMBARINI et al. 2012). Segundo o fabricante, esta tecnologia adaptativa e as

características individuais do instrumento aumenta a resistência, aumentam a

flexibilidade do instrumento e permite que o instrumento possa ajustar-se dentro do

canal aliviando as forças de torção, dependendo da quantidade de pressão.

Os ângulos de corte foram modificados e variam de acordo com a

complexidade anatômica, evitando o estresse e a fadiga do instrumento. Os ângulos

17

horário e anti-horário foram modificados e passaram a ser “adaptáveis” à anatomia

intracanal, reduzindo o risco de fracasso, sem afetar o desempenho, devido ao fato

de que o melhor movimento para determinada situação clínica é automaticamente

selecionado pelo motor Adaptive. O sistema é composto de três instrumentos,

variando de acordo com a complexidade do canal. O número de instrumentos dentro

da seqüência também pode variar e adaptar-se à anatomia do canal, sendo o último

instrumento da seqüência usado somente quando se faz necessário um maior

alargamento apical, devido a maiores dimensões originais do canal e / ou avançadas

técnicas de irrigação. (GERGI et al. 2014)

Durante o processo de instrumentação dos canais radiculares, os

instrumentos devem acompanhar as variações anatômicas, principalmente as

grandes curvaturas, muito comuns na porção apical e serem rígidos o suficiente para

suportarem os movimentos a que são submetidos sem se fraturarem (LOPES et al.

2004).

A metodologia de canais radiculares artificiais foi introduzida em 1975 por

Weine e colaboradores para analisar procedimentos de preparo do canal. Os canais

eram confeccionados por estes autores com material similar à dentina quanto a

dureza e corte (WEINE et al. 1975). Algumas vantagens são atribuídas em se utilizar

esta metodologia comparado aos dentes extraídos, tanto no treinamento pré-clínico

quanto em pesquisas científicas, sendo elas: as limas são vistas atuando pela

transparência do corpo de prova, permitindo avaliação dos movimentos dados aos

instrumentos, comparação da modelagem do canal pelo formato inicial e final, bem

como, fraturas e quantidade de raspas de resina que se depositam na parte final do

canal radicular simulado. Em geral, a maior vantagem do emprego desta

metodologia é a possibilidade de padronização do canal, quanto so seu diâmetro e

curvatura, permitindo uma análise comparativa dos diferentes instrumentos e

técnicas.

O transporte do canal radicular pode ser definido como a mudança do

caminho original do canal radicular após a instrumentação. Esta situação

frequentemente ocorre na presença de curvaturas do canal e próximo ao ápice

radicular. O transporte do canal radicular pode ser definido como um transporte

“externo”, quando instrumentos progressivamente mais largos vão alargando o ápice

radicular em um formato de gota ou através de uma perfuração direta. Já o

18

transporte “interno” é aquele que ocorre quando há bloqueio da luz do canal

radicular por debris ou camada de esfregaço dentinário (PETERS & PETERS, 2007).

O presente estudo teve como foco a avaliação do grau de transporte “externo”

apical.

JUNAID et al. (2014) não encontraram diferenças estatisticamente

significantes no grau de transporte radicular em dentes instrumentados com o

sistema WaveOne comparado ao sistema multi-limas TF. Similarmente, CAPAR et

al. (2014) também não encontraram diferenças no grau de transporte radicular,

medido através do grau de estiramento do canal entre os sistemas OneShape,

ProTaper, ProTaper Next, Reciproc, Twisted Adaptive and Wave One. Já BERUTTI

et al. (2012) encontraram, avaliando também o grau de estiramento do canal,

maiores valores de transporte radicular para o sistema ProTaper comparado ao

WaveOne. Além disso, o clássico estudo de GERGI et al. (2010) encontrou os

menores valores de transporte radicular para o sistema TF, seguido do sistema

ProTaper e, onde o maior grau de transporte radicular foi encontrado, na técnica

manual de instrumentação.

Por outro lado, BURKLEIN et al. (2014) encontraram diferenças

estatisticamente significantes no grau de transporte radicular, com os sistemas

Reciproc e WaveOne mostrando maior grau de transporte do que os sistemas

OneShape e HyflexCM. Outros autores MARZOUK et al. (2013) também

encontraram diferenças entre os sistemas em relação ao grau de transporte

radicular, sendo que o sistema WaveOne resultou em maior grau de transporte

radicular em todos os terços comparado ao sistema TF.

LIM et al. (2013), utilizando canais curvos simulados semelhantes aos

utilizados no presente estudo encontraram um maior grau de transporte no terço

apical quando o sistema WaveOne foi utilizado sem “glide path” comparado ao seu

uso após o estabelecimento do “glide path” ou ao sistema Reciproc, com ou sem

“glide path”.

É possível observar uma grande variablidade dos critérios de avaliação do

grau de transporte radicular e na metodologia empregada para obter seus resultados

conforme publicado na literatura. Uma comparação quantitativa numérica entre os

estudos na maioria das vezes não é possível de ser realizada devido à relatividade

do método ou aos fatores de comparação utilizados. Sendo assim, o presente

19

estudo apresenta e discute aspectos metodológicos de importância no estudo da

efetividade dos métodos automatizados de instrumentação endodôntica.

20

3. OBJETIVOS

O objetivo do presente trabalho é, comparar bidimensionalmente, o grau de

transporte de canais radiculares simulados após instrumentação por diferentes

sistemas mecanizados.

3.1 Hipótese Nula

Não existe diferença significante com relação ao transporte do canal radicular

quando estes são instrumentados por diferentes sistemas mecanizados.

3.2 Hipótese Verdadeira

Existe diferença significante com relação ao transporte do canal radicular quando

estes são instrumentados por diferentes sistemas mecanizados.

21

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Aquisição da imagem digital

Foram utilizados neste estudo, quarenta blocos de acrílico contendo canais

radiculares simulados curvos (Blocos de acrílico Endo ISSO 15; Dentsply Maillefer,

Ballaigues, Suíça), cada um com conicidade de 2%, 10 mm de raio de curvatura e

17mm de comprimento. Antes de qualquer procedimento de instrumentação,

imagens digitais foram obtidas de cada bloco através de um estereomicroscópio

(Modelo 1005t; Opticam, São Paulo, Brasil) acoplado a uma câmera digital (CMOS

10; Opticam) e salvos em formato tiff e padrão de cores RGB. Após os

procedimentos de instrumentação, os blocos foram novamente fotografados,

utilizando-se o mesmo protocolo descrito acima.

Instrumentação

Após a aquisição das imagens digitais, os blocos foram aleatoriamente

distribuídos em 4 grupos (n=10): grupo ProTaper Universal, grupo Reciproc, grupo

WaveOne, e o grupo TF Adaptive. Para todos os grupos, foi utilizado uma lima de

aço inoxidável tipo K #10 (Dentsply-Maillefer) até o comprimento de trabalho (CT).

Dessa forma, foi criado o glide path para garantir suavidade na preparação

preliminar tornando o canal previsivelmente negociável. Após a criação do glide path

os blocos foram distrubuídos e instrumentados com as seguintes técnicas:

Grupo ProTaper Universal: Os blocos desse grupo foram preparados com

instrumentos ProTaper Universal usados em 300 rpm com 2 Ncm de torque (Silver

Reciproc; VDW, Munique, Alemanha). Os blocos foram instrumentados na seguinte

sequência: lima SX (1/2 do CT); lima S1 (2/3 de CT); lima S2 (2/3 de CT); e limas F1

e F2 (em todo CT). A patência do canal foi verificada com a lima tipo K #10

(Dentsply-Maillefer) após a utilização de cada lima.

Grupo Reciproc: Os blocos desse grupo foram preparados com instrumentos R25

(VDW) utilizados no respectivo programa (RECIPROC ALL) alimentado por um

motor com controle torque (Silver Reciproc). O instrumento foi gradualmente

avançado no canal simulado até alcançar 2/3 de CT. O instrumento foi movido

22

vagarosamente e com movimento delicado de dentro para fora com uma amplitude

no limite de 3mm. Após cada três movimentações de “bicada”, os instrumentos

foram removidos do canal simulado e suas raspas foram limpas com o auxílio de

uma gaze. A patência do canal foi checada com uma lima tipo K #10 (Dentsply-

Maillefer) antes de usar o instrumento e após cada três movimentos de “bicada”

completos.

Grupo WaveOne: As limas WaveOne Primary (Dentsply-Maillefer) foram usadas da

mesma forma que no grupo Reciproc, sob o programa pré configurado WAVEONE

ALL.

Grupo TF Adaptive: Neste grupo, o canal foi inicialmente explorado utilizando limas

tipo K #8, #10 e #15 até o CT. Então, as limas TF Adaptive foram utilizadas sob

movimento do motor TF Adaptive (Elements Adaptive motor; SybronEndo). A

seguinte sequência foi utilizada: Lima Verde (20/.04; no CT) e lima Amarela (25/.06;

no CT). A patência do canal foi checada com uma lima tipo K #10 (Dentsply-

Maillefer) entre as diferentes limas utilizadas.

Em todos os grupos os canais foram irrigados com 1.0 mL de água

esterilizada a cada inserção de lima. Um volume total de 5.0 mL foi utilizado em

cada grupo. Toda instrumentação foi realizada por um único operador, com

experiência em ambas as técnicas: rotatória e reciprocante.

Processamento e Análise das Imagens Digitais

Todo processamento de imagem, registro, segmentação e determinação dos

resultados foram realizadas utilizando a interface de software aberta FIJI (Fiji is Just

ImageJ) ou um de seus plugins associados (SCHNEIDER et al. 2012). As imagens

foram primeiramente convertidas para uma escala de tons de cinza de 8-bit e depois

disto, cada par de imagens (bloco hígido e bloco instrumentado) foram registrados

com o uso do plugin “Rigid Registration” (Figuras 1A e B). A imagem do bloco

hígido foi utilizada como padrão para a transformação rígida. Um exemplo de

imagem composta, após o registro (com o bloco hígido e o bloco instrumentado),

pode ser visto na Figura 1C.

23

Figura 1. A) Imagem estereomicroscópica do canal simulado não-instrumentado; B) Imagem estereomicroscópica de um canal simulado instrumentado; C) Sobreposição do canal não-instrumentado e do canal instrumentado após o registro das imagens.

Cada canal (hígido e instrumentado) foi segmentado usando a ferramenta de

rastreamento poligonal incorporada ao FIJI. Cada linha segmentada foi definida pelo

usuário seguindo a geometria do canal e assistidos por um algoritmo de

segmentação automática, para que as bordas fossem devidamente definidas.

Depois da definição do polígono, um esquema simples de apresentação de dados

de forma binária (0 para o fundo, 255 para o polígono definido) foi atribuído (Figura

2A e B). Posteriormente, o algoritmo de esqueletonização foi aplicado nas imagens

segmentadas. Este algoritmo utiliza uma diluição binária (erosão simétrica) para

encontrar a linha central (esqueleto) dos objetos em uma imagem de entrada (LEE

et al. 1994). Um exemplo da linha central final para uma imagem de canal hígido e

instrumentado estão representados na Figura 2C. As coordenadas XY para cada

esqueleto foram salvas em uma planilha de dados e a diferença entre cada

coordenada XY encontrada para o esqueleto do canal hígido e do canal

instrumentado foram calculadas com o uso da fórmula:

24

Onde: xb e yb são coordenadas para a baseline e xi e yi são as coordenadas para o

canal instrumentado.

Figura 2. A) Canal não-instrumentado segmentado; B) Canal instrumentado segmentado; C) Esqueleto do canal não-instrumentado; D) Esqueleto do canal instrumentado.

A avaliação do transporte do canal foi obtida para todo o canal em duas

regiões independentes (porção reta e porção curva), como pode ser visto na Figura

3.

Figura 3. Representação do esquema das regiões dos canais avaliados. Straight part – Porção reta/ Curvature – Porção curva.

25

Análise Estatística

A análise preliminar dos dados agrupados mostrou uma distribuição

gaussiana (D'Agostino & teste de normalidade omnibus Person), e sendo assim, o

teste de análise de variância (ANOVA) foi empregado. Além disso, teste de Tukey foi

utilizado para comparação entre os grupos. O nível de significância foi estabelecido

em 5%. O programa SPSS 11.0 (SPSS Inc., Chicago, IL) foi utilizado como

ferramenta estatística.

26

5. RESULTADOS

Para a porção reta do canal, um total de 775 pontos foram medidos em cada

grupo experimental, enquanto que na porção curva, um total de 840 pontos foi

obtida.

O cálculo da distância entre as coordenadas do esqueleto antes e após a

instrumentação mostrou que o sistema ProTaper Universal promoveu um maior

transporte na porção reta do canal quando comparado com os demais sistemas

(P<0.05). Na porção curva, foi verificada diferença estatística entre todos os

sistemas testados (P<0.05). Nessa porção, o sistema TF Adaptive apresentou os

menores desvios, seguido pelo sistema Reciproc, sistema WaveOne e o sistema

ProTaper Universal. Os dados referentes aos transportes podem ser vistos na tabela

1. Nenhuma fratura e nenhuma perfuração foram observadas.

Tabela 1. Média dos valores de transporte do canal (em mm) para cada grupo

experimental e porção do canal.

Protaper Reciproc TF Adaptive Wave One

Porção Reta 0,055 ± 0,042A 0,029 ± 0,0220B 0,030 ± 0,036B 0,028 ± 0,030B

Porção Curva 0,100 ± 0,075A 0,086 ± 0,050C 0,061 ± 0,043D 0,089 ± 0,065B

Letras diferentes em uma mesma linha representam diferença estatisticamente significante (P<0.05).

27

6. DISCUSSÃO

Um dos principais objetivos do tratamento endodôntico é promover uma

adequada limpeza e desinfecção do sistema de canais radiculares por meio da

atuação de soluções irrigadoras e da ação mecânica dos instrumentos

endodônticos. Para alcançar tais objetivos, a endodontia vem constantemente

apresentando novos avanços, com o intuito de melhorar a qualidade do preparo dos

canais radiculares. Uma grande preocupação durante o tratamento endodôntico é

referente à instrumentação de canais curvos, uma vez que mudanças significativas

podem ocorrer em sua anatomia interna, dependendo da técnica e instrumentos

utilizados em seu preparo.

Atualmente, a instrumentação automatizada faz parte da rotina do tratamento

endodôntico, e apresenta como principais vantagens a redução do tempo de

trabalho, diminuição da fadiga do operador e do paciente, aliado a uma excelente

qualidade de preparo dos canais radiculares e segurança (GUELZOW et al. 2005; DI

FIORE et al. 2006; TZANETAKIS et al. 2008; VADUT et al. 2009). Recentemente, o

movimento reciprocante é sugerido, como uma técnica efetiva e segura para o

preparo dos canais radiculares (YARED, 2008). No entanto, antes de adotar essa

nova cinemática, é importante realizar avaliações com relação a segurança desse

movimento durante a modelagem dos canais radiculares. Dessa forma, o objetivo do

presente trabalho foi comparar o efeito de dois sistemas reciprocantes (Reciproc® e

WaveOne®) e de um sistema adaptativo (TF Adaptive® – que realiza movimentos

rotatórios e reciprocantes) sobre o transporte de canal, utilizando canais curvos

simulados em blocos de resina transparente. Um sistema rotatório convencional de

NiTi (ProTaper Universal) foi utilizado como referência para comparação.

A fim de avaliar as propriedades da capacidade de modelagem de diferentes

sistemas de NiTi, dois modelos experimentais têm sido utilizados: canais radiculares

de dentes humanos extraídos ou canais simulados em blocos de resina (YOO e

CHO, 2012). Neste estudo, os canais simulados em blocos de resina foram

escolhidos devido a normatização da forma, tamanho, conicidade, e curvatura dos

canais experimentais. Estudos anteriores (WEINE et al. 1975; DUMMER et al. 1991;

YOO e CHO, 2012) já validaram a credibilidade dos blocos de resina como um

modelo ideal experimental para a análise de instrumentação endodôntica. No

28

entanto, existem limitações com este modelo, tais como a diferença de dureza entre

a resina e a dentina. A geração de calor é a principal desvantagem da utilização de

instrumentos de NiTi em blocos de resina clara, uma vez que pode suavizar o

material de resina, que conduz à ligação das lâminas de corte, e a separação do

instrumento (WIENE et al. 1975; DUMMER et al. 1991; KUM et al. 2000; LIM et al.

2013, YOO e CHO, 2012). Assim, devemos ter cuidado antes de extrapolar os

resultados desses estudos que utilizam canais simulados para uma situação clínica.

Embora técnicas baseadas em tecnologia tridimensional (3D) já estejam

disponíveis para avaliar o transporte de canal (como por exemplo a microtomografia

computadorizada) e estas técnicas sejam muito tentadoras para representar

plenamente o transporte real dos canais radiculares, processados em uma análise

totalmente 3D apresenta pontos contraditórios. Problemas iniciais estão

relacionados com a definição ideal de medições 3D do transporte do canal radicular:

enquanto que a determinação do centro de gravidade (BERGMANS et al. 2001;

PETERS et al. 2001) é certamente uma abordagem interessante, ela só pode ser

aplicada no caso de canais ovais e a canais individuais. Por esta razão, a grande

maioria dos estudos que utilizam a microtomografia computadorizada para a

avaliação do transporte de canal, ainda realiza uma análise bidimensional

(HARTMAN et al. 2007; GERGI et al. 2010; FREIRE et al. 2012; JUNAID et al.

2014).

O presente estudo utilizou uma abordagem bidimensional relativamente

comum para estudar o transporte nos canais simulados, comparando as imagens

antes e após a instrumentação com diferentes sistemas (YOO e CHO, 2012; LIM et

al. 2013; BÜRKLEIN et al. 2014). Numa etapa seguinte, os pares de canal antes e

após a instrumentação foram registrados automaticamente, reduzindo

consideravelmente o viés relacionado a um esquema de sobreposição visualmente

orientada e baseada em um operador. Após a segmentação das áreas de canal

antes e após a instrumentação, um algoritmo de "esqueletonização" foi usado para

encontrar uma linha que represente um traçado equidistante de seus limites. O

cálculo final de transporte foi baseado na distância entre coordenadas equivalentes

em ambas as imagens. Desta forma, esta abordagem metodológica traz algumas

melhorias, uma vez que não é dependente do usuário e apresenta os resultados de

todo o comprimento do canal, e não apenas a partir de porções selecionadas.

29

Os principais resultados do presente estudo demonstraram que o sistema TF

Adaptive causou menos transporte do canal radicular quando comparado com os

outros sistemas testados (P<0.05); dessa forma, a hipótese nula foi rejeitada.

Acredita-se que os resultados favoráveis obtidos com o sistema TF Adaptive sejam

devido a características de fabricação do instrumento, tais como o tratamento

térmico na fase R da liga de NiTi, a torção do metal e ao condicionamento de

superfície especial, que conferem à esse sistema uma alta elasticidade (LOPES et

al. 2013). Além disso, esses resultados podem ser justificados por um menor taper

da última lima do sistema TF Adaptive utilizada quando comparada com os demais

sistemas (25/0.06 no sistema TF Adaptive e 25/0.08 nos demais sistemas). Esse

menor taper proporciona uma menor massa de metal ao instrumento fazendo com

que o mesmo tenha uma menor resistência a flexão e consequentemente gerando

um menor desvio. Resultados similares foram observados em um recente estudo

que utilizou réplicas prototipadas para analisar a capacidade de modelagem do

sistema TF Adaptive quando comparado com o sistema Reciproc, demonstrando

menores desvios no sistema TF Adaptive (ORDINOLA-ZAPATA et al. 2014).

Ao realizar a comparação entre os dois sistemas de lima única reciprocante,

verificou-se que a Reciproc causou menor transporte da porção curva do que o

sistema WaveOne (P<0.05). Os resultados do presente estudo estão de acordo com

um estudo recente (YOO e CHO, 2012). Outros estudos não encontraram diferenças

entre os dois sistemas reciprocantes em relação ao transporte de canal (CAPAR et

al. 2014; JUNAID et al. 2014). Já um recente estudo relatou que o Reciproc

apresentou um maior transporte de canal, na porção apical, quando comparado ao

WaveOne (GERGI et al. 2014). Esses resultados contraditórios podem ser

explicados pelas diferenças nas metodologias de avaliação, bem como diferenças

nas amostras (blocos de resina ou dentes extraídos). Diferentes fatores têm sido

apontados como responsáveis para uma maior incidência de transporte do canal,

tais como: design dos instrumentos, liga utilizada nos instrumentos e as técnicas de

instrumentação (BÜRKLEIN et al. 2014b). Embora o Reciproc e o WaveOne, sejam

sistemas de lima única empregados em movimento reciprocantes, possuam a

mesma liga de NiTi tratada termicamente (M-wire) e ambos possuam um tip de

tamanho 25 e um taper de 0,08 nos três primeiros mm da lima, o Reciproc mostrou

um transporte de canal na porção curva significantemente menor do que o

30

WaveOne. Esta diferença entre os sistemas pode ser explicada por diferenças entre

as suas secções transversais. Enquanto o sistema Reciproc apresenta uma

geometria de aresta de corte dupla em formato de S, o sistema WaveOne apresenta

uma secção transversal triangular reta na ponta e secção transversal triangular

convexa na porção média e coronal da lima, apresentando maior área de secção

transversal quando comparado com o sistema Reciproc. Tem sido relatado que

quanto maior a área de secção transversal, maior será a resistência a flexão do

instrumento (DE-DEUS et al. 2014); dessa forma, a maior secção transversal do

sistema WaveOne justifica os resultados obtidos no presente estudo.

De forma geral, o sistema ProTaper Universal apresentou as maiores médias

de transporte do canal no presente estudo, estatisticamente superiores aos demais

sistemas testados (P<0.05). Embora a última lima utilizada do sistema ProTaper

Universal (F2) tenha design e secção transversal similar a lima WaveOne

(BÜRKLEIN e SCHÄFER, 2012), é sabido que os sistemas rotatórios que utilizam

múltiplas limas tem uma tendência a retificar os canais curvos proporcionando

transporte na direção da furca nos terços coronários e médios e retificação no

aspecto externo da curvatura na porção apical (YOU et al. 2011). Outro aspecto que

deve ser mencionado é que essas diferenças podem estar relacionadas com as

características mecânicas das ligas de NiTi. Ambos instrumentos reciprocantes e o

sistema TF Adaptive utilizam uma liga de NiTi M-Wire, enquanto os instrumentos do

sistema ProTaper Universal foram desenvolvidos a partir de uma liga de NiTi

tradicional. Instrumentos produzidos a partir de ligas M-Wire possuem maior

flexibilidade e resistência à fadiga cíclica que os instrumentos confeccionados com

ligas tradicionais (LOPES et al. 2013; PEREIRA et al. 2013). Além disso, outras

variáveis como o efeito de parafusamento, que geralmente acontece com

instrumentos em movimento de rotação contínua (DIEMER e CALAS, 2004; YOU et

al. 2011) podem explicar os resultados obtidos pelo sistema ProTaper Universal.

31

7. CONCLUSÕES

Com base nos resultados apresentados, podemos concluir que há diferença

estatisticamente significante no transporte do canal entre os diferentes sistemas

testados. De forma geral, o sistema TF Adaptive foi o sistema que apresentou os

menores índices de transporte de canal, enquanto que o sistema ProTaper Universal

foi o que apresentou os maiores índices de transporte em canais curvos simulados.

32

8. REFERÊNCIAS

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