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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE DESIGN CURSO DE DESIGN UNIFORME DE TRABALHO PARA OS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA NOVA PROPOSIÇÃO Aluno: Clélio Raniere de Souza Lima Orientadora: Profª. Ma. Iracema Tatiana Ribeiro Leite CARUARU 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

CURSO DE DESIGN

UNIFORME DE TRABALHO PARA OS OPERÁRIOS DA

CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA NOVA PROPOSIÇÃO

Aluno: Clélio Raniere de Souza Lima

Orientadora: Profª. Ma. Iracema Tatiana Ribeiro Leite

CARUARU

2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

CURSO DE DESIGN

UNIFORME DE TRABALHO PARA OS OPERÁRIOS DA

CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA NOVA PROPOSIÇÃO

Clélio Raniere de Souza Lima

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Núcleo de Design para obtenção de grau de Bacharel em Design, da Universidade Federal de Pernambuco - Campus do Agreste, UFPE - CAA, sob orientação da Prof. Ma. Iracema Tatiana Leite.

CARUARU

2016

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Catalogação na fonte:

Bibliotecária – Simone Xavier CRB/4 - 1242

L732u Lima, Clélio Raniere de Souza Lima.

Uniforme de trabalho para os operários da construção civil: uma nova proposição. / Clélio Raniere de Souza Lima. – 2016.

66f. il. ; 30 cm. Orientadora: Iracema Tatiana Ribeiro Leite Justo Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de

Pernambuco, CAA, Design, 2016. Inclui Referências. 1. Fardamentos. 2. Modelagem. 3. Construção civil. 4. Ergonomia. I. Justo, Iracema

Tatiana Ribeiro Leite (Orientadora). II. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2016-186)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DE PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN DE

CLÉLIO RANIERE DE SOUZA LIMA

“Uniforme de trabalho pra os operários da construção civil: uma nova proposição”

A comissão examinadora, composta pelos membros abaixo, sob a presidência

do primeiro, considera o(a) aluno(a) CLÉLIO RANIERE DE SOUZA LIMA.

APROVADO(A)

Caruaru, 15 de julho de 2016.

Prof. Flávia Zimmerle da Nóbrega costa

Prof. Nara Oliveira Rocha

Prof. Iracema Tatiana Ribeiro Leite Justo

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Aos meus pais, Irineu de Souza Lima e Maria Augusta Silvestre de Lima (in

memoriam) que, com certeza estariam muito felizes com esta conquista.

Aos meus irmãos Claudio Rangel e Clerivalda Rener, pelos esforços

dedicados a minha formação moral e educacional. Ao meu irmão Clinio

Reinaldo, pela nossa convivência e estimulo, em meio a tantas dificuldades.

A minha esposa Maria Geni, por seu afeto, abnegação e entusiasmo e aos

meus filhos Raniery e Camila, por entenderem o quanto é importante esta

conquista.

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AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal de Pernambuco por disponibilizar o curso de Design

no CAA, dando-me a oportunidade de cursa-lo.

A Profª. Ma. Iracema Tatiana Ribeiro Leite, minha orientadora, a quem tenho

grande admiração, pela paciência, ensinamentos e pela sua amizade.

As empresas construtoras que entenderam a importância deste estudo e que

permitiram a realização do trabalho de campo.

Aos operários da construção civil que participaram deste estudo e, que,

contribuíram de forma decisiva para as discursões, resultados e conclusão deste

trabalho.

A minha filha Camila, por sua ajuda inestimável na formatação não só deste

trabalho, mas em tantos outros apresentados no decorrer do meu curso.

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RESUMO

A construção civil é um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira,

empregando uma quantidade considerável de mão-de-obra e, traz consigo uma

multiplicidade de fatores que predispõe o operário a condições de trabalho

desfavoráveis, dentre estes, a utilização inadequada de equipamentos de proteção,

fato que, compromete a segurança e a saúde dos trabalhadores. Este estudo, com a

participação dos operários da construção civil, visa verificar o grau de satisfação

destes profissionais em relação ao atual uniforme de trabalho, nos seus aspectos de

bem-estar, conforto, e proteção, relacionando-os com as características dos tecidos

e modelagem utilizados na sua confecção, em real contexto de uso no seu ambiente

de trabalho. O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa exploratório-descritiva,

utilizando-se como principal instrumento o questionário. Tal metodologia mostrou-se

adequada, quando os principais aspectos observados foram incompatibilidades

quanto à mobilidade, manutenção, bem-estar e o conforto, requeridos pelo uniforme

de trabalho assim como foi possível perceber quais itens serão relevantes a fim de

serem considerados em uma nova proposta de modelo para estes uniformes.

Palavras chaves: Modelagem, Uniforme, Construção civil, Ergonomia.

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ABSTRACT

The building is one of the most dynamic sectors of the Brazilian economy, employing

considerable amount of hand labor, and brings with it a multitude of factors

predisposing the workers to unfavorable working conditions, among them the

inadequate use of protective equipment, fact that compromises the safety and health

of workers. This study, involving the construction workers, aims to determine the level

of satisfaction of these professionals in relation to the work uniform, the aspects of

comfort, safety, wellness, convenience and usability, relating them with the

characteristics of fabrics, accessories and modeling used in its manufacture, on-the-

use in the workplace. The study will be conducted through an exploratory and

descriptive research, using as main tool the questionnaire in order to identify possible

incompatibilities as mobility, maintenance, health and safety, required by the work

uniform of construction workers, and to evaluate which items are relevant in order to

be considered on a new project for these uniforms. Thus, this study proposes a new

uniform model of work for construction workers, taking into consideration some

aspects inherent in its production. This product must be suitable for construction

workers in their daily work activities, providing them able to fully perform their tasks

without interference from any inadequacy of clothing, particularly in ergonomics.

Key words: modeling, Uniform, Construction, Ergonomics.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Modelos proposto___________________________________________57

Imagem 1: Uso de EPI’S_____________________________________________29

Imagem 2: Modelo atual de uniforme___________________________________36

Imagem 3: Operação do armador na obra_______________________________43

Imagem 4; Exemplo de uniforme na cor cinza____________________________44

Imagem 5: Modelo de uniforme_______________________________________45

Imagem 6: Trabalho no ambiente interno________________________________46

Imagem 7: Utilização da roupa de algodão por dentro do uniforme____________47

Imagem 8: Proteção contra intempéries, como o sol________________________48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características dos uniformes profissionais_______________________37

Gráfico 1: Estrutura da pesquisa________________________________________34

Gráfico 2: Operários entrevistados______________________________________35

Gráfico 3: Análise das questões 1, 2 e 3__________________________________38

Gráfico 4: Análise da questão 4________________________________________39

Gráfico 5: Análise da questão 5________________________________________40

Gráfico 6: Análise da questão 6________________________________________41

Gráfico 7: Análise da questão 7________________________________________42

Gráfico 8: Análise da questão 9________________________________________44

Gráfico 9: Análise da questão 10_______________________________________45

Gráfico 10: Análise da questão 11______________________________________46

Gráfico 11: Análise da questão 14______________________________________49

Gráfico 12: Análise da questão 20______________________________________51

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

MTE – MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO

NR – NORMA REGULAMENTADORA

RAIOS UV – RAIOS ULTRAVIOLETAS

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SUMÁRIO

Capitulo 1 _________________________________________________________14

Introdução______________________________________________________14

Delimitação da pesquisa___________________________________________15

Objetivos_______________________________________________________15

Justificativa______________________________________________________75

Capitulo 2 – Fundamentação teórica____________________________________18

2.1 Conceito de uniforme___________________________________________19

2.2 O uniforme na moda____________________________________________20

2.3 A escolha do uniforme__________________________________________21

2.3.1 Bem-estar do usuário_______________________________________21

2.3.2 Funcionalidade____________________________________________22

2.3.3 Proteção_________________________________________________22

2.3.4 Conforto_________________________________________________23

2.3.5 Ambiente e conforto térmico_________________________________24

Capitulo 3 – Uniforme e equipamento de proteção individual E.P.I _____________26

3.1 A identificação dos riscos de trabalho______________________________26

3.1.1 Agentes químicos__________________________________________26

3.1.2 Agentes físicos____________________________________________27

3.1.3 Agentes biológicos_________________________________________28

3.1.4 Agentes ergonômicos_______________________________________28

3.2 Equipamento de proteção individual obrigatório (EPI)__________________28

3.3 Uniforme e equipamentos de proteção individual_____________________30

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3.4 Normas regulamentadoras_______________________________________31

Capitulo 4 – Procedimentos metodológicos_______________________________33

Capitulo 5 – Resultados e discursões____________________________________36

5.1 Registro da pesquisa___________________________________________38

Capitulo 6 – Requisitos da proposta de uniforme laboral_____________________53

6.1 Teorias utilizadas para adequação das necessidades descritas pelos

operadores________________________________________________________53

6.2 Medidas propostas____________________________________________55

6.3 Proposição para o tecido_______________________________________55

6.4 Proposição para a modelagem___________________________________56

Capitulo 7 – Considerações finais_______________________________________58

Referencias________________________________________________________60

Anexo____________________________________________________________63

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CAPITULO 1

Introdução

Tendo em vista que os trabalhadores passam grande parte do seu tempo no

ambiente laboral, os uniformes de trabalho constituem-se em um fator a ser

considerado como fundamental para o seu desempenho. As condições de trabalho

interferem diretamente na produtividade dos operários, o que reflete também na

qualidade dos produtos ou serviços prestados por estes trabalhadores. Torna-se

então necessário ao empregador tomar iniciativas no sentido de proporcionar bem-

estar e proteção aos trabalhadores, através de uniformes de trabalho o mais

apropriado possível, visando à redução do número de acidentes e doenças

ocupacionais, Oliveira, Adissi e Araújo (2004, p.2) citam:

Segundo o Regulamento Municipal de Fardamentos e Equipamentos de

Proteção da Câmara Municipal de Odivelas – Portugal (CÂMARA..., 2004),

fardamento deve ser conceituado como o dispositivo que oferecer bem-

estar e proteção aos trabalhadores, através de um desenho e confecção

adequados, permitindo uma total liberdade de movimentos, permeabilidade,

transpiração e proteção contra os agentes físicos, químicos e biológicos no

meio de trabalho. O fardamento deverá ser adequado à época do ano em

que é utilizado.

Por outro lado, sabe-se que, além de cumprir o seu papel de proteção quanto

aos riscos inerentes à tarefa, a uniformização de uma empresa reflete a imagem que

ela quer transmitir ao mercado, clientes e fornecedores. Deve significar segurança,

organização e modernidade, e também representar a imagem corporativa da

empresa através de suas cores e modelo, além de aumentar a autoestima e a

valorização do trabalhador. Percebe-se assim o quanto é imprescindível o uso de

uniformes profissionais adequados a serem utilizados pelos operários da construção

civil para a realização de tarefas de forma eficiente e precisa.

O desenvolvimento deste trabalho surgiu de uma inquietação pessoal:

compreender a política de saúde e segurança no trabalho, adotada num canteiro de

obras da construção civil, bem como o uso dos uniformes profissionais que são

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utilizados atualmente pelos operários e, sobretudo, abordar a importância quanto ao

conforto, proteção, bem-estar e usabilidade destes uniformes durante as atividades

realizadas pelos operários no seu ambiente de trabalho. Neste sentido, tenta-se

contribuir com a melhoria da qualidade de vida dos operários da construção civil,

apresentando-se subsídios para uma nova proposta de uniforme de trabalho

considerando-se o ambiente, as funções e atividades exercidas pelos operários no

canteiro de obras.

Delimitação da pesquisa

Nos canteiros de obras da construção civil, observa-se uma frequente

insatisfação dos operários que relacionam o atual modelo do uniforme de trabalho à

deficiência de conforto (sobretudo conforto térmico), bem-estar e usabilidade. Com

este estudo, pretende-se apresentar uma proposta de uniforme que venha a suprir

as deficiências do modelo atual.

Objetivos

Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é sugerir um modelo de uniforme de trabalho com uma

proposta que se adeque as necessidades percebidas a partir das observações

realizadas e das respostas que foram dadas pelos operários da construção civil, na

ocasião da pesquisa de campo realizada em três canteiros de obras na cidade de

Caruaru-Pe.

Objetivos Específicos

- Compreender o grau de conforto, proteção e usabilidade, assim como o bem-estar

dos operários da construção civil em relação ao modelo do uniforme profissional que

atualmente é padrão, utilizados por estes trabalhadores no seu ambiente laboral.

- Compreender as funções práticas, estéticas e simbólicas do uniforme.

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- Verificar o grau de conhecimento e participação dos operários em relação à

escolha do uniforme utilizado.

- Em função das variáveis obtidas, tais como: os riscos no ambiente operacional, a

ergonomia, a modelagem, e a seleção dos materiais têxteis que são utilizados,

propor o redesign1 do atual modelo do uniforme de trabalho, para que este atenda

não só as necessidades dos operários, mas que seja viável economicamente para

as empresas construtoras.

1 Redesig - processo de voltar a desenhar um produto, fazendo-lhe alterações e

melhoramentos nos seus aspetos técnicos e funcionais, de modo a otimizá-lo e a conseguir maior competitividade. Fonte: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/redesign l

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Justificativa

Na construção civil existe uma multiplicidade de fatores que predispõe o operário

a condições de trabalho desfavoráveis, tais como instalações inadequadas, falta de

uso de equipamentos de proteção, falta de treinamentos e má organização no

ambiente de trabalho. Segundo o Subcomitê da Indústria da Construção Civil no

Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (1997), a área de recursos

humanos no setor é caracterizada pela insuficiência de programas de treinamentos,

pouco investimento em formação profissional, declínio do grau de habilidade e

qualificação dos trabalhadores de oficio ao longo dos últimos anos, elevada

rotatividade da mão-de-obra e falta de programas de formação em nível operário.

Aliando-se as condições de trabalho insatisfatórias a um processo produtivo com

muitos riscos, tal fato dificulta a garantia do bem-estar dos operários além de

apresentar altos índices de acidentes do trabalho. Neste tipo de indústria, a

mecanização é reduzida e há uma intensa utilização de mão-de-obra. Em

decorrência do histórico apresentado, não pode-se esperar de um operário um bom

desempenho de suas atividades se o seu ambiente laboral não lhe oferece

condições para tal.

Uma das formas encontradas no decorrer desta pesquisa de se proporcionar

alguma condição adequada de trabalho aos operários é contribuir com a satisfação,

motivação e melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, apontando-se uma

proposta para um modelo de uniforme de trabalho o mais adequado possível à

realização de suas tarefas, considerando-se o ambiente de trabalho e as diversas

funções e atividades exercidas em um canteiro de obras.

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CAPITULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A compreensão dos administradores, como compradores de uniformes

profissionais, são de que os mesmos devem ser avaliados pelo preço mais baixo. A

função dos uniformes como Equipamento de Proteção Individual (EPI) ainda não faz

parte da cultura organizacional das empresas. Estes fatos, aliado a falta de uma

abordagem deste tema junto aos trabalhadores, que realizam as suas funções sem

a devida atenção no que se refere ao uniforme de trabalho, constitui-se em um dos

aspectos levantados pelo presente estudo. A relevância desta pesquisa está em

auxiliar no entendimento do uso do uniforme pelos operários da construção civil,

como roupa de trabalho, cuja produção vem crescendo sem uma base cientifica

apropriada para contemplar os critérios de bem-estar, conforto, proteção, e

usabilidade a fim de minimizar os riscos nos ambientes operacionais no canteiro de

obras.

Noutra perspectiva, as empresas produtoras de uniformes profissionais

desenvolvem seus produtos padronizados, dentro de um conjunto de não

conformidades na produção destes uniformes, ao desconsiderarem as

características dos seus usuários, das suas atividades e dos ambientes de

operação. Todas essas ocorrências dificultam o estabelecimento da relação entre a

seleção dos materiais têxteis mais adequados e a modelagem apropriada, que

devem estar vinculados aos diferentes processos operacionais que serão

executados por seus usuários. Além destes aspectos, alguns fatores devem ser

levados em consideração, tais como: sol, calor, chuva, ventos e frio, o que torna o

uso de uniformes adequados ao ambiente interno e externo da obra, ainda mais

imprescindível para a realização das tarefas laborais de uma forma mais confortável

e eficiente.

Desta forma o uniforme de trabalho torna-se peça indispensável para melhor

desempenho e proteção do operário durante a realização do seu trabalho. Esse

estudo, ao considerar o bem-estar do homem na realização das tarefas laborais no

dia-a-dia, mostra-se relevante para auxiliar os projetos de desenvolvimento de

produtos de moda – vestuário, a serem percebidos como um diferencial, levando-se

em consideração alguns critérios no projeto dos uniformes, que podem contribuir

positivamente para suprimir a interferência de qualquer tipo de constrangimento

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físico decorrente de alguma inadequação do vestuário. Neste sentido, as condições

oferecidas para a execução de uma atividade profissional devem primar pela

qualidade de vida do trabalhador, oferecendo-lhe recursos necessários ao

desenvolvimento de sua profissão, sem que haja nenhum tipo de dano à saúde ou

que os danos sejam os menores possíveis.

2.1 Conceito de uniforme

O conceito de uniforme vem conquistando cada vez mais espaços nas

corporações empresariais. Atualmente, já se percebe que a uniformização passa a

existir não por imposição dos empresários, mas por solicitação dos próprios

funcionários que querem se sentir identificados com a empresa.

Segundo Rubbo, professor de Moda do Senac – FAU,

“Uniforme – aquilo que só tem uma forma, que não é variante, análogo

comum de dois, uma vestimenta padronizada para determinada categoria

de indivíduos, mas que nos padrões atuais de vestes e costumes busca

uma tendência, uma nova cor ou um tecido high-tech e, por que não dizer,

uma elegância heterogênea” (RUBBO, 2012).

O uniforme, deve se tornar cada dia mais um assunto técnico dentro das

empresas, que não esteja sendo analisado apenas no que se refere ao preço, mas

ao seu custo-benefício. A modelagem está se tornando um item importantíssimo na

sua confecção, e a alta tecnologia está sendo aplicada no desenvolvimento de

novas fibras, que oferecem maior bem-estar aos usuários.

Os critérios estão evoluindo de um enfoque puramente estético e padronizado

para uma maior preocupação com a usabilidade, o bem-estar e o conforto de quem

vai usa-lo. Assim, a preocupação central passa a ser a adequação da roupa às

diversas situações que envolvem o ambiente laboral e as diferentes atividades

profissionais.

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2.2 O uniforme na moda

Hoje já é possível afirmar, que a moda influência diretamente as roupas

profissionais, principalmente no que diz respeito a mudanças nos modelos dos

uniformes, ainda de acordo com o professor Rubbo,

“Desde os primórdios da humanidade até os dias atuais, o uniforme passou

por transformações, costumes, comportamentos, industrializou-se,

aconteceu nas passarelas badaladas da Europa e Américas, tornando-se

quase ambíguo quando desconectado do sentido de coletivo, porém sem

perder sua principal característica – a de uniformizar. Na industrialização de

roupas, a conexão entre moda e uniformização trouxe um aspecto particular

em que o uniforme adquiriu grandes proporções, passa a ser denominado

de “traje corporativo” – um mercado inovador que busca atitudes e

comportamentos atuais dentro dos padrões vigentes de moda” (RUBBO,

2012).

Guimarães (1999) afirma que todo objeto cumpre uma função prática e uma

função simbólica, a função simbólica tem recebido cada vez mais valor, antes de

considerar as qualidades de uso, o consumidor analisa o conjunto de acordo com

sua “apresentação”. Formas e materiais fazem referência a um código de valores

que não são estritamente de ordem utilitária ou mesmo de ordem estética. Porém, a

configuração do objeto transmite uma série de informações complementares que

dizem respeito ao status do objeto ou de seu usuário, é nesse mecanismo que

repousa a moda ou esta função simbólica (GUIMARÃES, 1999 p.15).

Ao optar pela uniformização deve-se levar em consideração que, ao levantar

pela manhã e abrir o guarda-roupa, o indivíduo espera tirar dali um traje que, como

qualquer outro que escolheria, contribua para lhe proporcionar um dia agradável de

trabalho, proporcionando conforto, bem-estar, satisfação pessoal e segurança no

desempenho de suas atividades profissionais. Deste ponto de vista, o uniforme

deve, forçosamente, corresponder às expectativas do seu usuário. Tais

considerações, portanto, evidenciam que as características do uniforme devem se

assemelhar, tanto quanto possível, às características que o indivíduo busca ao abrir

o seu guarda-roupa.

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2.3 A escolha do uniforme

Antes de se definir o tipo de uniforme, é importante que sejam observadas

algumas variáveis que vão interferir diretamente no resultado do produto final. A

identificação do usuário, destinatário ativo do uniforme, assim como o seu

envolvimento na escolha dos modelos, cores, estilos, etc., são atitudes primordiais

que contribuirão para comprometê-lo com o seu uso. Esta é a razão pela qual os

operários que antes relutavam e reclamavam ao vestir um uniforme de trabalho, hoje

já podem encontrar motivos para aceita-lo. Para que sejam atendidas as exigências

relativas à proteção e bem-estar do trabalhador, variáveis tais como: as condições

ambientais de cada local de trabalho, a funcionalidade e o conforto, são requisitos a

serem observados. Seguem abaixo algumas das considerações relacionadas aos

fatores acima descritos:

2.3.1 Bem-estar do usuário

A participação dos operários na escolha do uniforme contribuirá para aumentar o

nível de satisfação e uma maior identificação dos operários com os uniformes

escolhidos. Desta forma, os trabalhadores têm a oportunidade de participar dos

projetos relacionados às suas atividades, a partir da premissa de que estes

trabalhadores conhecem seu trabalho melhor do que qualquer outra pessoa, sendo

que este conhecimento lhes permite desenvolver uma maior compreensão e

aproximação com seu bem-estar. (ZVIRTES, 2002).

O processo participativo permite uma melhor compreensão dos fatores que

afetam o trabalhador, permitindo um diagnóstico mais aproximado de soluções que

lhes proporcione um bem-estar ideal. “A ergonomia participativa está se tornando

uma atividade que se expande além dos postos de trabalho” Zvirtes (2002, p.25).

Pode-se estender este pensamento aos fatores relacionados às roupas de trabalho,

considerando que a participação do trabalhador na escolha de modelos e tecidos

resultará no aumento da motivação, bem-estar e qualidade de vida do trabalhador,

com consequente aumento da produtividade e redução de doenças ocupacionais.

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2.3.2 Funcionalidade

O conceito de função vem do latim functio e refere-se ao cumprimento, à

execução de algo. Nesse sentido, devemos pensar na função como na possibilidade

de cumprir uma ação. Cada trabalhador deve receber uma roupa apropriada às

características de seu próprio posto de trabalho, pois um uniforme seguro, funcional

e confortável é um item importante para melhorar a produtividade. (LIPOVETSKY,

1989).

Em estudo sobre moda e função social, Lipovetsky (1989, p.26) refere:

Pouca atenção se dá às roupas que se tornam “fora de moda”, mas

continuam tendo outros usos que praticamente desconhecem o fenômeno:

as roupas profissionais, eclesiásticas, e os uniformes militares. Sobre estas

quase não há interesse dos estudiosos e poucas obras pode-se encontrar

uma lacuna séria que prejudica uma compreensão mais abrangente e

profunda das funções do vestuário.

Tal afirmação permite entrever a falta de estudos sobre o tema “roupa

profissional versus moda”, não no sentido de torna-la mais “chique”, mas para que a

mesma possa cumprir a sua função de proteção e identificar seu usuário como

integrante de um grupo social. Olhando o uniforme de trabalho como um produto,

pode-se perceber que o uniforme deve ser determinado por sua função, inclusive

estética, que valoriza o trabalhador e o seu trabalho.

2.3.3 Proteção

O uniforme deve, antes de tudo, garantir proteção ao trabalhador e deveria estar

nos programas de sistemas de segurança e saúde ocupacional. Conforme o nível de

periculosidade da função deve-se levar em consideração fatores como a

temperatura ambiente (determinará o tipo de tecido), a luminosidade (determinará a

cor), os agentes externos como a umidade, o calor e o frio, bem como os agentes

químicos, físicos e biológicos (utilização de tecidos com acabamentos especiais).

Ele deve contemplar, portanto, as normas de segurança, tanto das Normas

Regulamentadoras quanto da própria empresa, pois ele representa a interface entre

o trabalhador, sua pele e o meio ambiente onde trabalha. Dessa “interface” depende,

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em grande parte, que o trabalhador tenha um dia seguro e confortável. Tais

considerações levam à conclusão de que o projeto de uniforme deve ser cuidadoso,

para que a empresa ao adota-lo possa alcançar os benefícios pretendidos.

Isso não se aplica somente ao pessoal da linha de produção, que trabalha com

produtos químicos, com fogo, ou sob o sol forte, mas também e inclusive ao pessoal

administrativo, que trabalha no escritório, na loja e em ambientes refrigerados. O

uniforme é necessário tanto como fator de conforto, quanto de adequação, seja ao

grau de periculosidade ao local, ou quanto às suas características de segurança e

bem-estar (CONFECÇÕES ZUARTE, 2015).

2.3.4 Conforto

O conforto em ergonomia para produtos está voltado para os aspectos físicos

como: temperaturas, sensações térmicas, medidas e formas adequadas que

facilitem o uso, Iida (1998), define-o como uma qualidade ergonômica do produto.

Martins (2008) apud Jordam (2000), afirma que os produtos percebidos como

confortáveis, são aqueles que proporcionam sensações prazerosas aos seus

usuários.

Para Iida (1998), o conforto não apresenta uma definição precisa, e depende da

área de estudo em que é aplicado, as avaliações subjetivas devem considerar

medidas de sentido ou percepção, já que dependem do julgamento e repertório

individuais dos avaliados.

Neste sentido, conforto é um estado de harmonia física e mental baseado na

ausência de qualquer sensação de incômodo. À primeira vista, conforto é uma

questão puramente subjetiva e, na verdade, não existe um sistema que possa medi-

lo diretamente. No entanto, em se tratando de artigos têxteis, conforto é um

fenômeno que pode ser quantificado, medindo-se objetivamente as propriedades

físicas dos tecidos e relacionando-as à avaliação subjetiva de especialistas.

Determinar a medida do conforto de um tecido é importante para a produção de

artigos que vão agradar o consumidor. No vestuário, além do fator relacionado ao

ajuste da confecção ao corpo, o conforto é determinado por três aspectos: físico,

fisiológico e psicológico, que interagem em diferentes situações. Os aspectos

psicológicos incluem fatores como estética, moda, aparência, adequação à ocasião,

ao tipo físico, à personalidade, à cultura e às normas sociais. E, obviamente, são

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essencialmente pessoais. Já os aspectos físicos e fisiológicos podem ser medidos

com a ajuda de equipamentos, cujos resultados combinados permitem avaliar o grau

de conforto de um tecido.

2.3.5 Ambiente e conforto térmico

No ambiente de trabalho, algumas condicionantes devem ser consideradas

durante a elaboração do projeto do uniforme profissional, dentre estas, pode-se

destacar a temperatura média, a umidade e a periculosidade da área, que exigem o

uso de tecidos especiais, além de maior atenção com a modelagem. A temperatura

e a umidade do ambiente laboral interferem diretamente no desempenho do trabalho

humano. Um bom uniforme de trabalho é aquele que leva em conta o conforto

térmico do seu usuário, pois temperaturas abaixo ou acima dos limites podem gerar

desconforto para o trabalhador e influenciar negativamente no seu desempenho. A

sensação de conforto da pessoa, segundo GRANDJEAN (1998), é dependente de

fatores climáticos que influenciam decisivamente as trocas de calor, esses fatores

climáticos são a temperatura do ar, a temperatura das superfícies limitantes, a

umidade e a movimentação do ar. Obrigatoriamente, deve-se considerar o conforto e

a regulação térmica, já que o homem é um ser homeotérmico, que mantém sua

temperatura corporal constante às custas de alguns processos de geração e

dissipação de calor (AZEVEDO, BARBOSA, SILVA, 2005). Quanto maior a atividade

laboral do homem, maior será a geração de calor, o qual deverá ser dissipado por

mecanismos de radiação, condução e evaporação. Além dos fatores ambientais, a

sensação térmica varia consideravelmente em função da pessoa, da sua atividade e

de suas roupas (AZEVEDO, BARBOSA, SILVA, 2005).

Desta forma, fica claro que o conforto térmico é subjetivo, sendo os seguintes

fatores variáveis conforme o indivíduo: o metabolismo; a idade; o sexo; a

conformação física; a alimentação; a atividade; e a adaptação ao ambiente. Sendo

uma questão pessoal, é importante estabelecer o conforto térmico do indivíduo a

partir de um modelo de uniforme adequado não só às suas características físicas,

mas também ao ambiente laboral, sobretudo o ambiente interno e externo de uma

edificação, local de trabalho do operário da construção civil. Que este uniforme

proteja o trabalhador mesmo em face de variações climáticas, ou seja, deve ser

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confeccionado com cortes que permitam o conforto térmico em uma larga faixa de

temperatura.

O interior da roupa profissional pode ser considerado como um microambiente

de trabalho. Sabendo-se disso, fica evidente que essa roupa, antes de tudo, deve

ser ergonomicamente confortável para seu usuário, confeccionada com tecidos

apropriados, de forma a proteger contra as condições ambientais desfavoráveis. O

excesso de calor ou frio causam desconforto e aumentam o risco de danos

consideráveis à saúde do trabalhador. Neste sentido, a importância desta pesquisa

está na indicação de uma nova proposta para o redesign de um modelo padronizado

de uniforme de trabalho, com subsídios que nem sempre são considerados no

momento da aquisição dos atuais modelos do uniforme profissional utilizados pelos

operários da construção civil que participaram desta pesquisa em canteiros de obras

na cidade de Caruaru-Pe.

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CAPITULO 3 - UNIFORME E EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E.P.I

3.1 A identificação dos riscos do trabalho

Os riscos ambientais ou profissionais são muito diversificados e estão presentes

em vários locais no ambiente de trabalho, os mais comuns dizem respeito ao arranjo

físico inadequado, um fator muito comum nos canteiros de obra da construção civil,

no entanto nem todos os trabalhadores estão sujeitos a todos os fatores de risco em

seus ambientes de trabalho. A presença de produtos ou agentes no local de trabalho

não quer dizer que, obrigatoriamente, existe perigo para a saúde, eles são capazes

de causar danos à saúde e à integridade física do trabalhador em função de sua

natureza, isso depende da combinação de algumas condições como concentração,

intensidade, o tempo de exposição e a susceptibilidade do indivíduo, entre outros.

De uma forma geral, os riscos ambientais estão presentes nos locais de trabalho

e em todas as demais atividades humanas, comprometendo a segurança e a saúde

das pessoas e a produtividade. Eles podem afetar o trabalhador em curto, médio e

longo prazo, provocando acidentes com lesões imediatas ou doenças chamadas

profissionais ou do trabalho, o que se equiparam aos acidentes do trabalho.

Considerando esses riscos, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) criou a

Norma Regulamentadora Nº 5 (NR-5) referente a prevenção de acidentes de

trabalho, a partir da qual é possível identificar os principais riscos físicos, químicos,

biológicos, ergonômicos e de acidentes, em cada uma das áreas do trabalho,

listados e conceituados a seguir:

3.1.1 Agentes químicos

Entre os agentes químicos pode-se citar a poeira, os fumos, as névoas, os

vapores, os gases e os produtos químicos em geral. A poeira é formada quando um

material sólido é quebrado, moído e triturado nos processos de moagem, raspagem,

esmerilhamento e detonação. Já os fumos são pequenas partículas formadas

quando um metal ou plástico é aquecido, vaporizado e resfriado rapidamente,

enquanto as névoas são originadas quando líquidos são pulverizados ou remexidos.

Os gases são dispersões de moléculas que se misturam com o ar, enquanto os

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vapores são formados através da evaporação de líquidos ou sólidos. (Iida, 1998

p.242)

3.1.2 Agentes físicos

Os agentes físicos compreendem as diversas formas de energia (NR-9), entre as

quais: vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes, umidade, temperaturas

extremas (calor, frio), ruído e iluminamento (Iida, 1998 p.242).

Radiações Ionizantes e não Ionizantes – a NR 15 no seu anexo Nº 5 traz os

limites de tolerância para as radiações ionizantes, bem como os princípios básicos

para a proteção do homem e do seu meio ambiente. O anexo Nº 7 contempla as

radiações não ionizantes como sendo as micro-ondas, ultravioleta e laser, devendo

os trabalhadores receber proteção adequada, em decorrência de laudo de inspeção

realizada no local de trabalho (MANUIAS DE LEGISLAÇÃO, 2002 P. 137).

Umidade: a umidade, de acordo com a NR 15 anexo Nº 10, decorre da

realização de atividades ou operações executadas em locais alagados ou

encharcados com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde

dos trabalhadores, devendo o trabalhador receber proteção adequada, em

decorrência de inspeção no local de trabalho (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO,

2002 p.193).

Temperatura: para a análise do calor é necessário o entendimento de dois

quesitos importantes: a temperatura efetiva e as trocas térmicas. Temperatura

efetiva é aquela que produz sensação equivalente de calor a uma

temperatura média 25º e praticamente o ar parado (sem ventos). Essa

temperatura efetiva corresponde, então, a todas as demais combinações de

temperatura ambiental, umidade relativa do ar e de velocidade do vento, que

produzem a mesma sensação térmica (IIDA, 1998, p.246).

As trocas térmicas entre o organismo e o meio ambiente ocorrem basicamente por

três mecanismos:

Condução: é a propriedade de um corpo transmitir energia calorifica a outro,

com o qual esteja em contato. A convecção ocorre pelo movimento da

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camada de ar próxima à pele, que tende a retirar o ar quente (se a

temperatura ambiente for abaixo de 37º C) e substituí-lo por outro mais frio

(VIEIRA, 1996, p.116).

Radiação: quando o corpo humano troca calor continuamente com o

ambiente, pela radiação, recebendo calor daqueles objetos mais quentes e

irradiando para aqueles mais frios que o seu corpo (IIDA, 1998, p.245).

Evaporação: é o mecanismo mais importante do equilíbrio térmico. Ela ocorre

nos pulmões e na superfície da pele, sob a forma de suor. Cabe destacar que

não é propriamente a produção de suor, mas a sua evaporação que contribui

para remover o calor. Assim, quando um corpo apresenta gotículas de suor

visíveis na pele, é uma indicação de desequilíbrio, ou seja, o suor produzido

não está sendo removido em ritmo suficiente para manter o equilíbrio térmico

(IIDA, 1998, p.245).

3.1.3 Agentes biológicos

Os riscos biológicos são aqueles causados por microorganismos como bactérias,

fungos, vírus, bacilos e outros. São capazes de desencadear doenças devido à

contaminação e pela própria natureza do trabalho (IIDA, 1998, p.246).

3.1.4 Agentes ergonômicos

Estes riscos são contrários às técnicas de ergonomia, que propõem que os

ambientes de trabalho se adaptem ao homem, proporcionando bem-estar físico e

psicológico. Os riscos ergonômicos estão ligados também a fatores externos (do

ambiente) e internos (do plano emocional), em síntese, quando há disfunção entre o

individuo e seu posto de trabalho. São fatores de risco ergonômico, o esforço físico,

o levantamento e transporte manual de peso, ritmos excessivos, jornada prolongada,

dentre outros (IIDA, 1998, p.246).

3.2 Equipamento de Proteção Individual Obrigatório (EPI)

A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado

ao desempenho da atividade laboral e ao risco exposto, além de dar treinamento

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adequado para o seu uso. No que se refere a roupas de trabalho, a NR 6

(MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2015) dispõe, explicitamente:

6.3. Atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional (...) o empregador

deve fornecer aos trabalhadores os seguintes EPI (imagem 1):

Imagem 1: uso de EPI'S. (fonte: monteseuprojeto.com.br2).

I – Proteção para a cabeça;

II – Proteção para os membros superiores:

1. Materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes;

2. Produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, alergênicos, graxos, (...);

3. Materiais ou objetos aquecidos;

4. Choque elétrico;

5. Radiações perigosas;

2 Disponível em http://www.monteseuprojeto.com.br/a-importancia-da-utilizacao-do-epi-na-construcao-

civil/ acesso em Julho de 2016.

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6. Frio;

III – Proteção para os membros inferiores:

h) perneiras de proteção contra riscos de origem mecânica;

i) perneiras de proteção contra riscos de origem térmica;

(...)

VIII – Proteção do tronco:

Aventais, jaquetas, capas e outras vestimentas especiais de proteção para trabalhos

em que haja perigo de lesões provocadas por:

1. Riscos de origem térmica;

2. Riscos de origem radioativa;

3. Riscos de origem mecânica;

4. Agentes químicos;

5. Agentes meteorológicos;

6. Umidade proveniente de operações de lixamento à água ou outras operações

de lavagem (SÃO PAULO, 1996).

3.3 Uniforme e Equipamentos de Proteção Individual

O uniforme pode ser considerado um Equipamento de Proteção Individual (EPI),

se considerarmos que as Normas Regulamentadoras de 1988, que definem EPI

como: “todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira,

destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador” (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE BIOENGENHARIA E SEGURANÇA, 1988; MINISTÉRIO DO

TRABALHO E EMPREGO, 1978).

Ou ainda, como já citado anteriormente, de acordo com o Regulamento

Municipal de Fardamentos e Equipamentos de Proteção da Câmara Municipal de

Odivelas – Portugal (CÂMARA ...,2004), fardamento deve ser conceituado como o

dispositivo que oferecer bem-estar e proteção aos trabalhadores, através de um

desenho e confecção adequados, permitindo uma total liberdade de movimentos,

permeabilidade, transpiração e proteção contra os agentes físicos, químicos e

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biológicos no meio de trabalho. O fardamento deverá ser adequado à época do ano

em que é utilizado (Oliveira, Adissi, Araújo, 2004, p.2).

Cabe à empresa fornecer gratuitamente, o EPI adequado ao risco laboral e em

perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de

proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não oferecerem completa

proteção contra os riscos de acidentes de trabalho e/ou doenças profissionais e do

trabalho; enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas e

para atender às situações de emergências.

O empregador obriga-se a adquirir o tipo de EPI adequado à atividade do

servidor; fornecer ao servidor somente EPI aprovado pelo Ministério do Trabalho;

treinar o funcionário sobre o seu uso adequado; tornar obrigatório o seu uso;

substitui-lo imediatamente quando danificado ou extraviado; responsabilizar-se pela

sua higienização e manutenção periódica (MINISTÉRIO DO TRABALHO E

EMPREGO, 2015).

3.4 Normas Regulamentadoras

A Norma Regulamentadora Nº 6 (NR-6) – Equipamento de Proteção Individual,

aprovada pela Portaria nº 25/2001 define assim EPI: considera-se Equipamento de

Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado

pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a

segurança e a saúde no trabalho.

A Lei nº 6.514 - de 22 de dezembro de 1977 – DOU de 23/12/77 que trata em

seu artigo 166 sobre EPI – Equipamento de Proteção Individual:

Art. 166 – A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,

equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de

conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não

ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos

empregados.

A norma Regulamentadora NR–18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na

Indústria da Construção – (MANUAIS..., 2002), estabelece que: “É obrigatório o

fornecimento gratuito pelo empregador de vestimenta de trabalho, e sua reposição,

quando danificado”. Já a Norma Regulamentadora NR-21 – Trabalho à Céu Aberto

(MANUAIS..., 2002), estabelece que: “Serão exigidas medidas especiais que

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protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e

os ventos inconvenientes”. Desta forma o uniforme de trabalho adequado ao

ambiente de operação, torna-se peça indispensável para melhor desempenho e

proteção do operário da construção civil durante a realização do seu trabalho.

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CAPITULO 4 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho pauta-se no entendimento da satisfação dos operários da

construção civil em relação aos atuais uniformes de trabalho utilizados no seu

ambiente laboral, observando-se os requisitos de saúde e segurança do trabalho.

Para tal, foi realizada uma pesquisa de campo, em três empresas da construção civil

sediadas na cidade de Caruaru – PE.

Em um primeiro momento foi realizada uma pesquisa bibliográfica, por meio da

leitura de livros, teses, artigos, e revistas especializadas, ou seja, documentos sobre

o tema relacionado. De acordo com Marconi e Lakatos, 2007, p.71:

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia

já tornada pública em relação ao tema estudado [...] sua finalidade é colocar

o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado

sobre determinado assunto.

Em um segundo momento, foi realizada uma pesquisa de campo, o que

possibilita um maior contato com o tema pesquisado, por meio da coleta de dados.

“Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir

informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para qual se

procura uma resposta [...] consiste na observação de fatos e fenômenos tal

como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no

registro de variáveis que se presume relevantes, para analisa-los” (Marconi

e Lakatos, 2007, p.83).

O método utilizado consiste em uma pesquisa exploratório-descritiva. De acordo

com Marconi e Lakatos (2007, p.85), os estudos exploratório-descritivos compostos

objetivam descrever certo fenômeno, como, por exemplo, o estudo de um caso para

o qual são realizadas análises empíricas e teóricas. Podem ser encontradas tanto

descrições quantitativas e/ou qualitativas.

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A coleta de dados compreende uma das características da pesquisa descritiva,

para viabilizar estas informações foram utilizados como principal instrumento o

questionário com o objetivo de identificar possíveis incompatibilidades quanto à

usabilidade, bem-estar, conforto e proteção presentes no atual uniforme de trabalho

dos operários da construção civil que participaram desta pesquisa, assim como

avaliar quais itens serão relevantes a fim de serem considerados em uma nova

proposta para estes uniformes. As perguntas que constam no questionário foram

pré-elaboradas de forma estruturada, feitas de forma presencial pelo pesquisador, e

as respostas descritas neste questionário. O questionário utilizado neste estudo

contém 20 (vinte) questões abertas, que bem servem para a interpretação e registro,

sendo comum nas pesquisas de campo.

Trata-se de um estudo voltado para a avaliação do grau de satisfação dos

operários da construção civil em relação ao uso de uniformes profissionais levando-

se em consideração o nível de conhecimento e participação dos operários na

escolha do uniforme utilizado atualmente, avaliar o grau de proteção, conforto,

usabilidade e bem estar do operário. A pesquisa foi estruturada nas seguintes

etapas:

Gráfico 1: Estrutura da pesquisa

Proposta de transformação de acordo com as necessidades identificadas

Análise dos da dados registrados

Aplicação do questionário

Análise de demanda

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A pesquisa foi realizada em três empresas distintas sediadas na cidade de

Caruaru– PE, por destacarem-se no setor da construção civil, subsetor de

edificações de edifícios residenciais e comerciais. Para a realização da pesquisa,

foram entrevistados 45 operários distribuídos, como apresentado na tabla abaixo,

nas seguintes funções: 7 pedreiros, 25 serventes de pedreiros, 3 ferreiros, 1 auxiliar

de ferreiro, 2 armadores, 3 guincheiros, 2 carpinteiros, 1 impermeabilizador e 1

operador de betoneira, buscando-se informações quanto ao conforto, usabilidade,

segurança e bem-estar proporcionado pelas peças que compõem o uniforme de

trabalho utilizado atualmente - calça/bermuda e camisa/camiseta - relativo ao tipo de

tecido, corte e caimento, existência ou não de mangas, comprimento das mangas,

dentre outros.

Gráfico 2: Operários entrevistados

OP

ER

ÁR

IOS

Pedreiros 7

Serventes de pedreiro 25

Ferreiros 3

Auxilar de ferreiro 1

Armadores 2

Guincheiros 3

Carpinteiros 2

Impermeabilizador 2

Operador de betoneira 1

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CAPITULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas três empresas pesquisadas, constatou-se que todas fornecem de forma

gratuita dois conjuntos de fardamentos aos seus operários, conforme imagem 1.

Constatou-se ainda, que as principais razões que motivam as empresas a adotarem

o uso do uniforme profissional, são as recomendações da fiscalização do Ministério

do Trabalho e Emprego, e o cumprimento de Acordos Coletivos de Trabalho.

Imagem 2: Modelo atual de uniforme. (Fonte: fortebrim.com.br3)

Observou-se ainda que, o custo financeiro de cada conjunto do uniforme

profissional, tem sido o principal item considerado pelas empresas na ocasião da

compra destes uniformes, em segundo lugar cita-se a durabilidade, e praticamente

sem nenhum comentário destaca-se o conforto e a proteção proporcionados ao

usuário. Podendo-se afirmar que, de acordo com os operários entrevistados, no que

tange a utilização dos uniformes, 100% responderam que não foram consultados

sobre o modelo de uniforme profissional adotado pelas empresas construtoras.

3 Disponível em <http://www.fortebrim.com.br/uniformes.html acesso em Julho de 2016>.

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As características dos uniformes profissionais, utilizados atualmente no ambiente

laboral pelos operários das empresas pesquisadas, estão sintetizadas na tabela a

seguir, bem como nas respostas ao questionário:

Características dos uniformes profissionais

Camisa/camiseta Camisa 100%

Camiseta 000%

Mangas

Sem mangas 000%

Magas curtas 000%

Mangas longas 100%

Abertura frontal Com abertura 51%

Sem abertura 49%

Gola Com gola 51%

Sem gola 49%

Bolso 1 em cima 40%

1em cima e 2 em baixo 60%

calça/bermuda Calça 100%

Bermuda 000%

Bolso

1 atrás e 2 na frente 55%

1 atrás, 2 na frente e 1 do

lado (tipo cargo) 45%

Cintura Cós com elástico e cordão 100%

Cós com passante 000%

Abertura frontal Com abertura 000%

Sem abertura 100%

Tabela 1: características dos uniformes profissionais.

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5.1 Registros da pesquisa

As questões de número 1, 2, e 3 do questionário utilizado na pesquisa de campo

estão relacionadas ao perfil dos 45 operários entrevistados e as principais

constatações encontradas foram que 100% dos operários são do sexo masculino,

73% concluíram o ensino fundamental e 27% concluíram o ensino médio,

distribuídos nas funções de pedreiro, servente de pedreiro, ferreiros, auxiliar de

ferreiro, armadores, guincheiros, carpinteiros, impermeabilizador e operador de

botoneira, conforme apresentado no gráfico abaixo:

Gráfico 3: Análise das questões 1, 2 e 3.

O objetivo da questão nº 4, “Você gosta da sua aparência quando está usando o

uniforme da empresa?”, foi avaliar o grau de satisfação dos operários ao se verem

vestidos com o atual uniforme. A “apresentação” do uniforme faz referência a um

código de valores que não são estritamente de ordem utilitária. Os aspectos

psicológicos incluem fatores como estética, moda, aparência, adequação à ocasião,

ao tipo físico, à personalidade, à cultura e às normas sociais. A configuração do

objeto transmite informações complementares que dizem respeito ao status do

objeto ou de seu usuário, é nesse mecanismo que repousa a função simbólica,

Masculino

100%

Pedreiros

7

Guincheiros

3

Serventes de pedreiro

24

Carpinteiros

2

Ferreiros 3

Impermeabilizador

2

Auxiliar de ferreiro

1

Operador

de botoneira 1

Armadores

2

Concluiram o

ensino fundamental

73%

Concluiram o

ensino médio

27%

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pode-se perceber que o uniforme deve ser determinado por sua função, inclusive

estética, que valoriza o trabalhador e o seu trabalho.

No gráfico abaixo é feita a análise das respostas referentes à questão 4,

conforme podemos observar:

Gráfico 4: Análise da questão 4.

Na questão nº 5, “Você acha seu uniforme confortável?”, buscou-se saber como

os operários sentem-se em relação ao conforto/desconforto, ou seja, ao estado de

harmonia física e mental baseado na ausência de qualquer sensação de incômodo

provocado pelo contato do tecido com a pele, e do ajuste da confecção ao corpo e

seus movimentos proporcionados pelo atual uniforme.

24 entrevistados responderam que SIM, 54% relacionaram o conforto ao

tamanho do uniforme (não é muito folgado ou apertado), 24% relacionaram o

conforto com a praticidade (a camisa possui abertura frontal com botões), 15%

relacionam conforto com proteção (camisa com manga comprida), 7% não opinaram

e 21 operários responderam NÃO, relacionando o conforto a espessura do tecido (o

uniforme esquenta bastante por ser confeccionado com tecido de brim muito

grosso), como visto no gráfico a seguir:

37 responderam

Sim

67% pelo fato de estarem empregados

11% por se sentirem um operário

11% porque estão representando a

empresa

11% não opinaram

8 responderam

Não

pelo fato de se sentirem obrigados a usar o

uniforme.

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Gráfico 5: Análise da questão 5.

Já a Questão nº 6, “Você acha que o seu uniforme é prático?”, visou identificar o

aspecto de usabilidade com relação ao vestir/desvestir, acionamento dos

aviamentos ou mobilidade durante o uso do uniforme utilizado atualmente pelos

operários das empresas pesquisadas, constata-se, como apresentado abaixo, que

23 entrevistados responderam SIM, 61% apontaram a abertura frontal da camisa

como fator de praticidade, 20% optaram pela camisa sem abertura frontal, 19%

relacionaram a praticidade ao conforto (pelo fato do tecido ser leve ou pelo fato do

uniforme não ser apertado). Dos 22 operários que responderam NÃO, 100% deles

relacionaram a praticidade ao conforto, apontando que o uniforme é confeccionado

com um brim muito grosso.

24 responderam

Sim

54% relacionaram o

conforto ao tamanho do uniforme

24% relacionaram o conforto com a

praticidade

15% relacionam conforto com proteção

7% não opinaram

21 responderam

Não

relacionando o conforto a espessura do tecido

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Gráfico 6: Análise da questão 6.

As questões nº 5 e nº 6 evidenciam uma uniformidade na opinião dos operários

com relação ao tipo de tecido utilizado, apontando o tipo de tecido (brim grosso)

como o principal item de desconforto, haja visto que, o brim com esta espessura é

muito quente para as condições climáticas da região agreste. No entanto, opinaram

que o tecido mais indicado para a confecção do uniforme, é o tecido que seja leve,

de toque macio e resistente, enfatizando a segurança e durabilidade do uniforme.

Ainda nesta questão, observou-se que alguns operários que trabalhavam na área

interna da obra executando tarefas de acabamento, queixavam-se da dificuldade de

movimentação dos membros inferiores e superiores, indicavam que naquela ocasião

o uniforme composto de calça e camisa de manga longa não eram apropriados, o

que nos leva a pensar na função como na possibilidade de cumprir uma ação. Cada

trabalhador deve receber uma roupa apropriada às características de seu próprio

posto de trabalho, pois um uniforme funcional e confortável é um item importante

para melhorar a produtividade.

23 responderam

Sim

61% apontaram a abertura frontal da camisa como fator

de praticidade

20% optaram pela camisa sem abertura frontal

19% relacionaram a praticidade ao conforto

22 responderam

Não

relacionaram a praticidade ao conforto

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A questão nº 7, “O seu uniforme é fácil de lavar?”, busca verificar atributos do

tecido com relação a retenção ou não de resíduos e sujeiras, facilidade e eficácia na

limpeza dos uniformes profissionais utilizados pelos operários pesquisados.

28 entrevistados responderam SIM, 50% apontam a facilidade de lavagem em

função da espessura do tecido (quando o uniforme é confeccionado com um brim

mais fino), 25% afirmaram que a sujeira sai do tecido com certa facilidade quando

utiliza-se uma escova no processo de lavagem, 17% indicam a facilidade de

lavagem pelo fato da camisa ter abertura frontal e 8% não opinaram. 17 operários

responderam que NÃO, 88% apontaram a espessura do tecido como o principal

obstáculo (o uniforme é confeccionado com um tecido de brim muito grosso) e 12%

apontam a cor como principal fator de retenção da sujeira (uniformes confeccionados

com tecidos de cor muito clara).

Gráfico 7: Análise da questão 7.

Nesta questão, destaca-se mais uma vez a importância da escolha do tecido para a

confecção do uniforme.

28 responderam

Sim

50% apontam a facilidade de

lavagem em função da espessura do tecido

25% afirmaram que a sujeira sai do tecido com certa facilidade quando

utiliza-se uma escova no processo de lavagem

17% indicam a facilidade de lavagem pelo fato da camisa ter

abertura frontal

8% não opinaram

17 responderam

Não

88% apontaram a espessura do tecido como o principal obstáculo

12% apontam a cor como principal fator de retenção da sujeira

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Na questão nº 8, “O seu uniforme é fácil de passar?”, 100% dos entrevistados

não opinaram sobre esta questão, pelo fato de a maioria dos operários lavarem os

seus uniformes nos próprios canteiros de obra, e estes não disponibilizam espaço

para que se possam passar os uniformes a ferro.

A questão nº 9, “O seu uniforme fica sujo com facilidade?”, teve como objetivo

entender o tempo em que o tecido do uniforme leva para reter resíduos e sujeiras.

Observou-se nas respostas apontadas pelos entrevistados que o fator predominante

está na característica do tipo de tecido utilizado na confecção do uniforme e do

ambiente de trabalho, de maior ou menor exposição à sujeira (imagem 3).

Imagem 3: operação do armador na obra. (fonte: oglobo.com4).

30 operários responderam que SIM, 100% deles apontam que este fator está

diretamente relacionado ao tipo de operação realizada dentro da obra. 15

entrevistados responderam que NÃO, 40% apontaram que a cor (cinza) “esconde

mais a sujeira”, 32% indicaram o tecido (brim mais fino) como facilitador da não

retenção de sujeira e 28% não opinaram.

4 Disponível em <http://oglobo.globo.com/economia/atividade-de-risco-5-milhoes-de-trabalhadores-

se-acidentaram-em-um-ano-diz-ibge-16509336>.

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Gráfico 8: Análise da questão 9

Já na questão nº 10, “Você gosta da cor do seu uniforme?”, durante as

entrevistas, observou-se que a cor predominante dos uniformes utilizados pelos

operários era de cor cinza (imagem 3).

43 entrevistados responderam que SIM, 66% apontaram que a cor cinza “esconde”

(disfarça) a sujeira, 25% por ser o uniforme de cor clara (não retêm calor) e 9% por

ser a cor da empresa. Os 2 operários que responderam NÃO, apontaram ser a cor

muito escura (verde).

Imagem 4: exemplo de uniforme na cor cinza. (fonte: fortebrim.com.br5).

5 Disponível em < http://www.fortebrim.com.br/uniformes.html> acesso em Julho de 2016.

30 responderam

Sim

100% deles apontam que este fator está diretamente relacionado ao tipo de

operação realizada dentro da obra

15 responderam

Não

40% apontaram que a cor (cinza) “esconde mais a

sujeira”

32% indicaram o tecido (brim mais fino) como facilitador da

não retenção de sujeira

28% não opinaram

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Gráfico 9: Análise da questão10

Quando questionados sobre a pergunta nº 11, “Você gosta do modelo do seu

uniforme?”, 41 entrevistados responderam que SIM, 49% aprovam o modelo atual

por ser composto de camisa de mangas longa e calça, 34% por ter a camisa

abertura frontal com botão, 10% pela quantidade de bolsos na camisa e na calça e

7% não opinaram. 4 operários responderam que NÃO, justificando que a camisa não

tem abertura frontal.

Imagem 5: modelo de uniforme (fonte: epi-tuiuti.com.br6).

6 Disponível em http://www.epi-tuiuti.com.br/blog/profissoes/epi-para-construcao-civil/) acesso em

Julho de 2016.

43 responderam

Sim

66% apontaram que a cor cinza “esconde” (disfarça) a sujeira

25% por ser o uniforme de cor clara (não retêm calor) e 9% por

ser a cor da empresa

2 responderam

Não

apontaram ser a cor muito escura (verde)

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Gráfico 10: Análise da questão 11

Nesta questão, vale destacar a quantidade de entrevistados que aprovam o

modelo do uniforme atual. Perguntados sobre o motivo da aprovação, os operários

apontaram o fato de o uniforme ser composto de camisa de mangas longa e calça,

indicando a importância da proteção dos braços e pernas quanto à incidência de

raios solares sobre estas partes do corpo quando estão executando suas atividades

na área externa da obra. No entanto, quando perguntados sobre o trabalho

executado na área interna da obra “E quando você está trabalhando na área interna

da obra?” As respostas foram unanimes: “aí ninguém aguenta o calor” (imagem 4).

Imagem 6: trabalho no ambiente interno. (fonte: ufrgs.br7).

7 Disponível em < http://www.ufrgs.br/eso/content/?tag=acabamentos> acesso em Julho de 2016.

41 responderam

Sim

49% aprovam o modelo atual por ser composto de camisa

de mangas longa e calça

34% por ter a camisa abertura frontal com botão

10% pela quantidade de bolsos na camisa e na calça

7% não opinaram

4 responderam

Não

justificando que a camisa não tem abertura frontal.

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Estimulados com a proposta de um novo modelo de uniforme, onde as peças

que o compõem podem mudar de forma, ou seja, a camisa de mangas longa fosse

transformada em camisa de mangas curtas, e as calças fossem transformadas em

bermudas, em seguida retomassem sua forma original, sendo estas modificações

variando de acordo com o ambiente de trabalho, a reação dos operários foi imediata:

“assim era muito bom, o pessoal pode escolher o melhor pra cada um, pra cada

ocasião”.

A questão nº 12, “No verão, você utiliza alguma outra roupa na empresa, além

do uniforme profissional?”, buscou-se verificar a adequação do uniforme profissional

ao clima, especificamente na estação do verão, que caracteristicamente é muito

quente na cidade de Caruaru – Pe. 27 operários afirmaram que SIM, vestem uma

camiseta de malha de algodão antes de vestir a camisa do uniforme profissional. A

função desta camiseta é absorver o suor do operário, uma vez que a camisa do

uniforme não faz esta função. 18 entrevistados responderam NÃO.

Imagem 7: utilização da roupa de algodão por dentro do uniforme. (fonte: sindusconmt.org.br8).

Já a questão nº 13, “No inverno, você utiliza alguma outra roupa na empresa,

além do uniforme profissional?”, ajudou a entender a adequação do uniforme

profissional na estação das chuvas e do frio. 21 operários responderam SIM, vestem

uma camiseta de malha de algodão antes de vestirem a camisa do uniforme, com o

objetivo de manterem-se mais aquecidos. 24 operários responderam que NÃO, pois,

neste período do ano a execução das atividades ocorrem na maior parte do tempo

no interior da obra.

8 Disponível em < http://www.sindusconmt.org.br/noticia/seconci-sp-cria-modelo-de-regulamento-para-

uso-do-celular-nos-canteiros-de-obras/8586> acesso em Julho de 2016.

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De acordo com as respostas das questões de nº12 e 13, pode-se afirmar que a

temperatura e a umidade do ambiente laboral interferem diretamente no

desempenho do trabalho humano. Um bom uniforme de trabalho é aquele que leva

em conta o conforto térmico do seu usuário, pois temperaturas abaixo ou acima dos

limites podem gerar desconforto para o trabalhador e influenciar negativamente no

seu desempenho. Obrigatoriamente, deve-se considerar o conforto e a regulação

térmica, já que o homem é um ser homeotérmico que mantém sua temperatura

corporal constante às custas de alguns processos de geração e dissipação de calor.

O interior da roupa profissional pode ser considerado como um microambiente de

trabalho. Sabendo-se disso, fica evidente que essa roupa deve ser

ergonomicamente confortável para seu usuário, confeccionada com tecidos e

modelagem apropriados, de forma a proteger o operário da construção civil contra

as condições ambientais desfavoráveis.

Na questão nº 14, “Você acha que o seu uniforme oferece proteção e segurança

no seu ambiente de trabalho?”, 36 entrevistados afirmaram que SIM. Para 65%

destes o aspecto de proteção e segurança está relacionado ao fato do uniforme

profissional ser composto de camisa de manga longa e calça, 15% relacionam o

aspecto de segurança ao uniforme confeccionado com um tecido de brim grosso,

10% apontaram a gola da camisa como fator de proteção e 10% não opinaram. 09

entrevistados responderam NÃO, relacionando a questão de segurança e proteção a

falta de reforço nas partes do uniforme que estão em constante atrito com os

ombros, cotovelos e joelhos.

Imagem 8: proteção contra intempéries, como o sol. (fonte: cristianepoleto.com.br9).

9 Disponível em < http://www.cristianepoleto.com.br/mostra_noticias.php?id=199> acesso em Julho de 2016.

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Gráfico 11: Análise da questão 14

Nesta questão, o número de entrevistados que afirmaram que o atual uniforme

oferece proteção e segurança, indica de forma clara que a não participação do

operário na escolha do uniforme, faz com que este usuário não perceba a função do

uniforme de trabalho como um todo, pois, observa-se que a maioria dos

entrevistados apontaram principalmente o fato do uniforme ser composto de camisa

de mangas longa e calça. Perguntados sobre o motivo desta afirmação, os operários

responderam que no início da obra, há uma grande utilização de armações de

madeira com pregos, ferros e arames, que depois de utilizados, restos destes

materiais são espalhados no ambiente de trabalho, o que pode facilmente provocar

cortes nos braços ou pernas. Por este motivo há uma preferência por este modelo

de uniforme no início da obra. Perguntados em seguida: e depois que passar este

estágio da obra? Aí tornou-se a levar em consideração fatores como a temperatura

ambiente, os agentes externos como a umidade, o calor e o frio bem como os

agentes químicos, físicos e biológicos. O que reforça a ideia de um modelo de

uniforme de trabalho com peças modulares, constituídas por elementos soltos e

combináveis segundo o gosto e a necessidade do usuário, quando o contexto muda,

exige-se uma modificação na forma da indumentária, a roupa articula-se entre o

corpo e o ambiente, o ambiente é o caminho para as possíveis mutações.

36 responderam

Sim

65% destes o aspecto de proteção e

segurança está relacionado ao fato do uniforme profissional ser composto de

camisa de manga longa e calça

15% relacionam o aspecto de segurança ao uniforme confeccionado

com um tecido de brim grosso

10% apontaram a gola da camisa como fator de proteção

10% não opinaram

9 responderam

Não

relacionando a questão de segurança e proteção a falta

de reforço nas partes do uniforme que estão em constante atrito com os

ombros, cotovelos e joelhos

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A questão nº 15, “Você já sofreu algum acidente de trabalho causado pelo seu

uniforme profissional?”, verificou possíveis casos de acidentes de trabalho

relacionados com o uso dos uniformes profissionais, que são utilizados atualmente

pelos operários da construção civil entrevistados nesta pesquisa, bem como a

impressão dos operários em relação à potencialidade destes uniformes em causar

acidentes.

100% dos entrevistados (45) afirmaram nunca ter sofrido qualquer tipo de

acidente em seus canteiros de obra, e descartaram qualquer risco de acidente que

esteja relacionado com o uso dos uniformes que utilizam atualmente.

Já na questão nº 16, “Você já teve ou tem alguma doença na pele que possa ter

sido causada pelo uso do seu uniforme profissional?”, 100% dos entrevistados (45)

responderam que NÃO, não há histórico de qualquer lesão dermatológica que

possam ter ocorrido em decorrência do uso do uniforme profissional utilizado

atualmente no seu ambiente laboral.

A questão nº 17, “Você foi convidado pela empresa a participar da escolha do

seu uniforme profissional?”, buscou avaliar o grau de participação dos operários da

construção civil que participaram deste trabalho, no que tange a escolha do uniforme

profissional que são utilizados atualmente por estes operários. O processo

participativo permite uma melhor compreensão dos fatores que afetam o

trabalhador, permitindo um diagnóstico mais aproximado de soluções que lhes

proporcione um bem-estar ideal.

100% dos operários (45) responderam que NÃO, “nunca fomos procurados para dar

qualquer opinião sobre o nosso uniforme”, relatou um dos entrevistados.

Já na questão nº 18, “Você foi informado sobre a importância da utilização do

seu uniforme na empresa/canteiro de obras?”, 100% dos entrevistados (45)

responderam que SIM.

È importante que se destaque as respostas das questões de nº 17 e 18, haja

vista que, os operários não são convidados a opinarem sobre a escolha dos

uniformes a serem utilizados, mas todos são informados sobre a importância da

utilização dos mesmos. A este fato, devem-se, sobretudo as possíveis fiscalizações

de agentes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ou de fiscais do sindicato da

categoria.

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A questão nº 19, “Modelo atual do uniforme profissional”, está relacionada ao

modelo de uniforme profissional utilizado atualmente pelos operários da construção

civil, que participaram desta pesquisa.

Por fim, na questão nº 20, “Você tem alguma sugestão que possa melhorar o seu

uniforme?”, 23 entrevistados afirmaram que SIM, destes 32% sugeriram que o tecido

a ser utilizado na confecção do uniforme seja leve e macio, porém resistente, 17%

que o tecido seja menos quente, 15% que a camisa seja confeccionada com

abertura frontal e botões, 19% que a camisa seja confeccionada com mangas curtas

e 17% sugerem reforços nos ombros, cotovelo e joelho. 22 entrevistados NÃO

fizeram sugestões afirmando que: “não adianta dar opinião, pois a determinação do

modelo é sempre da empresa”.

Gráfico 12: Análise da questão 20

De acordo com as respostas que foram dadas pelos operários entrevistados,

pode-se afirmar que foi possível verificar o grau de satisfação destes profissionais

em relação ao atual uniforme de trabalho, nos seus aspectos de conforto,

segurança, bem-estar, e usabilidade, bem como a relação do modelo com as

23 responderam

Sim

32% sugeriram que o tecido a ser

utilizado na confecção do uniforme seja leve e macio, porém

resistente

17% que o tecido seja menos quente

15% que a camisa seja confeccionada com abertura

frontal e botões

19% que a camisa seja confeccionada com mangas curtas

17% sugerem reforços nos ombros, cotovelo e joelho

22 responderam

Não

afirmando que: “não adianta dar opinião, pois a determinação do modelo é sempre da empresa”.

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P á g i n a | 52

características dos tecidos, aviamentos e modelagem utilizados na sua confecção,

na ocasião de uso no seu ambiente de trabalho.

Neste sentido foi possível identificar incompatibilidades quanto à mobilidade,

manutenção, saúde e segurança, requeridos pelo uniforme de trabalho, o que torna

válido este trabalho no que se refere à indicação de subsídios que serão relevantes

a fim de serem considerados em uma nova proposta de projeto para estes uniformes

e que serão apresentadas no capítulo 6 deste trabalho.

Partindo-se do princípio de que o uniforme de trabalho deve ser considerado

como um produto que ofereça bem-estar e proteção aos trabalhadores, através de

um desenho e confecção adequados, permitindo uma total liberdade de movimentos,

permeabilidade, transpiração e proteção contra os agentes físicos, químicos e

biológicos no meio de trabalho, e que este uniforme deverá ser adequado à época

do ano, bem como o ambiente em que é utilizado, uma nova proposta de uniforme

considerando-se as funções e atividades exercidas pelos operários no canteiro de

obras serão apresentadas no capítulo 6 deste trabalho.

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CAPITULO 6 – REQUISITOS DA PROPOSTA DE UNIFORME LABORAL

6.1 Teorias utilizadas para adequação das necessidades descritas pelos

operários

Vestir-se está relacionado à facilidade de o ser humano trocar de pele, segundo

Hollander (1996). Em relação à facilidade de trocar de pele, a ergonomia exerce

papel primordial na concepção do projeto do produto de moda. Sob esta ótica,

cumpre-se com o objetivo principal deste trabalho, que é contribuir com subsídios

que se adeque as deficiências percebidas no atual modelo de uniforme de trabalho

pesquisado, indicando-se desta forma subsídios como um aporte para o redesign do

atual modelo, dando lugar a um novo produto. Esse acontecimento apresenta

particularidades que definem o modo de entender esta proposta em termos

funcionais. Martins (2008) apud Jordam (2000) alerta que devemos lançar mão de

fatores que, além de úteis e fáceis de utilizar, tornem os produtos agradáveis e

prazerosos durante o uso. Para esse autor, a qualidade da interação das pessoas

com os produtos é dada por meio da hierarquia de necessidades do consumidor,

que obedece à seguinte sequência: funcionalidade, usabilidade e prazer no uso do

produto. A relação entre o homem, o objeto, sua função e o ambiente, abrem o

caminho para novos requisitos que definem o contexto de ação do design.

Segundo Verónica Fiorini (2008), em seu artigo Design de moda - abordagens

conceituais e metodológicas: “Um exemplo notável do conceito de função na

indumentária é, por seu caráter vanguardista, o da União Soviética pós-

revolucionária. Lá, os construtivistas russos Stepanova e Rodchenko realizavam

propostas de uniformes para os trabalhadores que tinham como objetivo a

adequação das roupas para uma tarefa específica, contemplando posturas e

movimentos”. Essa aproximação da arte à indumentária propõe soluções para certas

necessidades, não só do ponto de vista da tarefa, mas também do ambiente

específico, visando melhorar a qualidade de vida de grandes setores da sociedade,

ao qual destaca-se neste estudo, os operários da construção civil.

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Ainda de acordo com Verónica Fiorini:

“Claus Dietel formulou o conceito de princípio aberto, no qual mostra o

caráter cambiante das necessidades do usuário como um sintoma do nosso

tempo. Isso fomentou desenvolvimentos projetuais experimentais no campo

da indumentária, por exemplo, o de Elke Giese (1985), que propôs um

sistema modular para a vestimenta, o qual permite completar ou

individualizar um traje” (FIORINI, 2008, p.100).

Assim, por meio da roupa cria-se ou recria-se um corpo apto para desempenhar

diferentes ações, em ambientes distintos, requerendo-se uma maior proteção ou

exposição. Quando o contexto muda, exige-se uma modificação na forma da

indumentária, a roupa articula-se entre o corpo e o ambiente, o ambiente é o

caminho para as possíveis mutações.

Andrea Saltzman (2008), em seu artigo O design vivo, nos esclarece que:

“Esse fenômeno acrescenta um incalculável valor à ideia de design no

campo da indumentária, dado que se refere diretamente à relação entre as

formas da vestimenta o corpo e o contexto como um universo dinâmico.

Quando o contexto ou o corpo muda, exige uma modificação da forma e

vice-versa. Se a forma é a solução de um problema e o contexto é o fator

que o propõe, a transformação é o recurso que possibilita ampliar a solução

e resolver diferentes problemas, manifestos ou implícitos. Isso significa

pensar numa forma que possa conter muitas formas ao mesmo tempo”

(SALTZMAN, 2008, p.308).

Segundo Martins (2008) apud Tosi (2005), trabalhar e pensar a ergonomia

significa respeitar os usuários em suas diferenças físicas, psicológicas e cognitivas

nos projetos de produtos e ambientes passíveis de serem usados, percebidos e

vividos. Andrea Saltzman, conclui:

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“Manipulações como desarticular, unir, inserir, rebater e ajustar abrem

possibilidades para o desenvolvimento de um design aberto e interativo.

Mediante os sistemas de desarticulação é possível acrescentar ou eliminar

elementos, alongar ou encurtar peças, modificar a silhueta e criar

rebatimentos, suscitando abundantes variáveis permitindo desenhar peças

modulares, constituídas por elementos soltos e combináveis segundo o

gosto e a necessidade do usuário” (SALTZMAN, 2008, p.308).

6.2 Medidas propostas

De acordo com o que foi apresentado no item 6.1 e, levando-se em

consideração os dados coletados na pesquisa de campo, as características

climáticas da cidade de Caruaru, região do agreste pernambucano, onde estão

inseridos os trabalhadores pesquisados, que apesar de terem cargos definidos na

obra, executam diversas funções em ambientes distintos, e as necessidades de

mudanças nas características dos uniformes de trabalho utilizados atualmente pelos

operários da construção civil, propõe-se aqui a confecção de um uniforme que seja

versátil, com peças modulares onde seja possível a passagem de uma forma a outra

forma, alongando-se ou encurtando-se as peças, a fim de se resolverem problemas

de acordo com a necessidade do usuário e as exigências do ambiente interno ou

externo da obra em que este uniforme esteja sendo utilizado. É importante ressaltar

que no projeto do uniforme profissional sejam considerados os requisitos técnicos e

estéticos, sem que sejam esquecidas as inovações e principalmente que estes

requisitos estejam centrados no usuário e suas necessidades. Entende-se desta

forma que um modelo de uniforme modular, pode resolver as deficiências

percebidas neste estudo, sobretudo as que estão relacionadas ao conforto,

segurança, bem-estar e usabilidade.

6.3 Proposição para o tecido

Os materiais escolhidos devem oferecer propriedades anti-microbial e

resistência a lavagens, ou seja, que se mantenham suas qualidades ao longo do seu

ciclo de vida. A escolha deve levar em consideração a manutenção da temperatura

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corporal e a flexibilidade quanto à modelagem no sentido de adequação às posturas

requeridas durante a realização da atividade laboral dos operários da construção

civil.

Levando-se em consideração as características de conforto, resistência,

flexibilidade e durabilidade apresentada por Costa e Lima (2014), pode-se

considerar como uma proposta viável os tecidos produzidos à partir das fibras de

bambu, além destas propriedades, Costa e Lima destacam ainda a ação bactericida

natural, reduzido poder de absorção da umidade, estabilidade dimensional durante o

processo de lavagem, é de fácil secagem, possui alto nível de solidez à luz, oferece

a ação de proteção contra os raios UV e conta com grande capacidade

termodinâmica, o que torna a roupa mais fria no verão e mais aquecida no inverno.

6.4 Proposição para a modelagem

A modelagem é destinada a satisfazer e evidenciar alguns fatores da

ergonomia, e segundo Gonçalves & Lopes (2006), para isso deve-se levar em

consideração os tipos de técnicas que contribuirão para o funcionamento e eficácia

do produto na execução de suas funções. Estes fatores ergonômicos devem ter

compatibilidade de movimentos, adaptação antropométrica, conforto e segurança, e

por fim contemplar a questão estética, levando-se em consideração a combinação

de formas, cores, materiais e texturas para um visual agradável.

O tipo de modelagem a ser proposto para o redesign do modelo do uniforme

atual, deve tomar como referência os resultados encontrados na pesquisa de

campo, bem como o modelo de uniforme proposto no capitulo 6.

Levando-se em consideração os resultados encontrados, compreende-se a

necessidade de uma modelagem que possibilite maior mobilidade para membros

inferiores e superiores do corpo sem nenhum tipo de limitação, bem como a

eliminação de incompatibilidades quanto à mobilidade, manutenção, saúde e

segurança, requeridos pelo uniforme de trabalho, conforme o modelo proposto na

figura 1.

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Figura 1: Modelo proposto

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CAPITULO 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo maior compreender o grau de conforto,

proteção e usabilidade, assim como o bem-estar dos operários da construção civil

em relação ao modelo de uniforme profissional que atualmente é padrão e utilizados

por estes trabalhadores no seu ambiente laboral e, em função das variáveis obtidas,

tais como: os riscos no ambiente operacional, a ergonomia, a modelagem, e a

seleção dos materiais têxteis que são utilizados, propor o redesign do atual modelo

do uniforme para que este possa suprir as deficiências percebidas.

Através da pesquisa realizada, e de acordo com as respostas que foram

dadas pelos operários entrevistados, bem como as observações realizadas pelo

pesquisador no ambiente estudado, pode-se afirmar que foi possível verificar o grau

de satisfação destes profissionais em relação ao atual uniforme de trabalho e, neste

sentido, foi possível identificar incompatibilidades quanto à mobilidade, manutenção,

saúde e segurança requeridos no uniforme de trabalho, o procedimento

metodológico permitiu ampliar a visão dos itens relevantes para a confecção de um

produto de vestuário, em especial tratando-se de um uniforme profissional para a

área da construção civil.

A pesquisa bibliográfica realizada neste estudo sedimentou as bases

conceituais que foram determinantes na escolha das características principais do

uniforme, sobretudo no que se refere à ergonomia e a usabilidade. Neste sentido,

percebe-se que as empresas que atuam na produção de uniformes profissionais, em

espacial as que estão localizadas no polo de confecções da cidade de Caruaru-Pe,

não utilizam conceitos relevantes de uma metodologia de projeto de produto para

vestuário, tais como conceitos ergonômicos e de usabilidade como suporte para o

desenvolvimento dos seus produtos, haja visto que os uniformes utilizados pelos

operários pesquisados, seguem um modelo único e padronizado.

Partindo-se do princípio de que o uniforme de trabalho deve ser considerado

como um produto que ofereça bem-estar e proteção aos trabalhadores, através de

um desenho e confecção adequados, permitindo uma total liberdade de movimentos,

permeabilidade, transpiração e proteção contra os agentes físicos, químicos e

biológicos no meio de trabalho, e que este uniforme deverá ser adequado à época

do ano, bem como o ambiente em que é utilizado e, levando-se em consideração as

funções e atividades exercidas pelos operários no canteiro de obras, pode-se afirmar

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que a proposta apresentada no capítulo 6 deste trabalho, contempla o objetivo geral

deste trabalho.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO

QUESTIONÁRIO

Este questionário faz parte de uma pesquisa, acerca do uso do uniforme de trabalho

utilizado pelos operários da construção civil, e é parte do Trabalho de Conclusão de

Curso de Design, com o objetivo de embasar uma proposição para um novo modelo

de uniforme. O entrevistado não precisa se identificar e deve estar certo de que

todas as informações prestadas serão tratadas com sigilo. Agradeço a sua

compreensão e valiosa contribuição.

1) SEXO

( ) MASCULINO ( ) FEMININO

2) ESCOLARIDADE

( ) 1º GRAU ( ) 2º GRAU ( ) 3º GRAU

3) FUNÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------

4) VOCÊ GOSTA DA SUA APARÊNCIA QUANDO ESTÁ USANDO O UNIFORME

DA EMPRESA?

( ) SIM ( ) NÃO POR QUÊ ? ---------------------------------------------------

5) VOCÊ ACHA O SEU UNIFORME CONFORTÁVEL?

( ) SIM ( ) NÃO POR QUÊ ? ---------------------------------------------------

6) VOCÊ ACHA QUE O SEU UNIFORME É PRÁTICO?

( ) SIM ( ) NÃO POR QUÊ ?

7) O SEU UNIFORME É FÁCIL DE LAVAR?

( ) SIM ( ) NÃO POR QUÊ ?---------------------------------------------------

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8) O SEU UNIFORME É FÁCIL DE PASSAR?

( ) SIM ( ) NÃO POR QUÊ?---------------------------------------------------

9) O SEU UNIFORME FICA SUJO COM FACILIDADE?

( ) SIM ( ) NÃO POR QUÊ?---------------------------------------------------

10) VOCÊ GOSTA DA COR DO SEU UNIFORME?

( ) SIM ( ) NÃO POR QUÊ?---------------------------------------------------

11) VOCÊ GOSTA DO MODELO DO SEU UNIFORME?

( ) SIM ( ) NÃO POR QUÊ?---------------------------------------------------

12) NO VERÃO, VOCÊ UTILIZA ALGUMA OUTRA ROUPA OU EQUIPAMENTO

NA EMPRESA, ALÉM DO UNIFORME?

( ) SIM ( ) NÃO QUAL?---------------------------------------------------------

13) NO INVERNO, VOCÊ UTILIZA ALGUMA OUTRA ROUPA OU EQUIPAMENTO

NA EMPRESA, ALÉM DO UNIFORM?

( ) SIM ( ) NÃO QUAL?---------------------------------------------------------

14) VOCÊ ACHA QUE O SEU UNIFORME OFERECE PROTECÇÃO E

SEGURANÇA NO SEU AMBIENTE DE TRABALHO?

( ) SIM ( ) NÃO POR QUÊ------------------------------------------------------

15) VOCÊ JÁ SOFREU ALGUM ACIDENTE DE TRABALHO POR CAUSA DO

UNIFORME ?

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( ) SIM ( ) NÃO QUAL?---------------------------------------------------------

16) VOCÊ JÁ TEVE OU TEM ALGUMA DOENÇA NA PELE QUE POSSA TER

SIDO CAUSADA PELO USO DO SEU UNIFORME?

( ) SIM ( ) NÃO QUAL?---------------------------------------------------------

17) VOCÊ PARTICIPOU DA ESCOLHA DO SEU UNIFORME NA EMPRESA?

( ) SIM ( ) NÃO

18) VOCÊ FOI IMFORMADO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DO SEU

UNIFORME NA EMPRESA?

( ) SIM ( ) NÃO

19) MODELO DE UNIFORME UTILIZADO ATUALMENTE PELO OPERÁRIO:

( ) CALÇA ( ) BERMUDA TIPO DE TECIDO -----------------------------

BOLSO --------------------------------------------------------------------------------------

( ) CÓS COM ELÁSTICO ( ) CÓS COM PASSANTE

( ) COM ABERTURA ( ) SEM ABERTURA

( ) CAMISA CAMISETA TIPO DE TECIDO --------------------------------

BOLSO --------------------------------------------------------------------------------------

( ) MANGA LONGA ( ) MANGA CURTA ( ) SEM MANGA

( ) COM GOLA ( ) SEM GOLA

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( ) COM ABERTURA ( ) SEM ABERTURA

20) VOCÊ TEM ALGUMA SUGESTÃO QUE POSSA MELHORAR O SEU

UNIFORME?

( ) SIM ( ) NÃO QUAL? --------------------------------------------------------