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ANAIS III Congresso de Natureza, Turismo e Sustentabilidade 30 de junho a 03 de julho de 2013 Centro de Convenções de Bonito Bonito Mato Grosso do Sul

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ANAIS

III Congresso de Natureza, Turismo e Sustentabilidade

30 de junho a 03 de julho de 2013

Centro de Convenções de Bonito

Bonito – Mato Grosso do Sul

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013

REALIZAÇÃO

Fundação Neotrópica do Brasil

PARCEIROS INSTITUCIONAIS

Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul

(SEPROTUR)

Governo do Estado de Mato Grosso do Sul

Prefeitura Municipal de Bonito – MS

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

PATROCINIO PRATA

MMX Mineração e Metais S.A.

PATROCINIO BRONZE

Instituto Semeia

Petrobrás/ Governo Federal

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013

APOIO

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)

Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado

de Mato Grosso do Sul (FUNDECT)

Universidade Católica Dom Bosco

Universidade Anhanguera Uniderp

Fundação Manuel de Barros

Portal O Eco

Instituto Homem Pantaneiro

EcoBrasil

Photo in Natura

Promossel

Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA)

Conselho Municipal de Turismo de Bonito (COMTUR)

Associação de Atrativos Turísticos de Bonito e Região (ATRATUR)

Bonito Convention Bureau

Rio da Prata

Hotel Piramiúna

Hotel Paraíso das Águas

Hotel Águas de Bonito

Pousada Olho D'Água

Hotel Marruá

Pousada Chamamé

Hotel Cabanas

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

Idealizador do evento

Dr. Miguel Serediuk Milano

Conselheiro Honorário da Fundação Neotrópica do Brasil

Coordenação geral

Drª Gláucia Helena Fernandes Seixas

Superintendente Executiva da Fundação Neotrópica do Brasil

Coordenação executiva

M. Sc. Marja Zatoni Milano

Coordenadora de Projetos da Fundação Neotrópica do Brasil

Coordenação logística

Cecilia Brosig

Bióloga da Fundação Neotrópica do Brasil

Equipe

Anne de Souza Galvão | Jornalista | Fundação Neotrópica do Brasil

Anne Zugman | Bióloga-Educadora Ambiental | Fundação Neotrópica do Brasil

Giana Alves Correa | Auxiliar administrativo e financeiro | Fundação Neotrópica do Brasil

Michele Chincoviaki Pereira | Voluntária | Fundação Neotrópica do Brasil

Vandir Fernandes da Silva | Técnico de campo voluntário| Fundação Neotrópica do Brasil

Victor do Nascimento | Técnico de campo | Fundação Neotrópica do Brasil

Walter Alexandre Oliveira Figueiredo | Auxiliar administrativo e financeiro

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

Monitores Voluntários

Camila da Silva Pereira | UFMS | Campo Grande| MS

Cláudia Naomi Oyama | Fepar | INSEP | Almirante Tamandaré| PR

Fabricio Gomes Figueiredo | UFGD | Dourados | MS

Gabriel Felix Ortega | UFMS | Campo Grande | MS

Inês Regina Dias De Souza Braga| Curso de Guias | Bonito| MS

Johnny Alexandre Ferreira | UFMS | Campo Grande| MS

João Carlos Raimundo Junior | UEMS | Aquidauana| MS

Marcelo Minuzzi Niederauer | Guia local |Bonito | MS

Marcia Regina De Alencar | Colégio Falcão | Bonito| MS

Marina Mayumi |Colégio Falcão | Bonito | MS

Morgana Pereira Gonçalves da Silva | Curso de Guias | Bonito |MS

Tânia Regina Fernandes Seixas |Voluntária da Fundação Neotrópica do Brasil

Verónica Ramirez Martinez | UFMS | Ponta Porã | MS

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

APRESENTAÇÃO

O turismo e a natureza possuem uma estreita relação de dependência. Pode-se dizer, inclusive, que o meio ambiente é a base de um amplo segmento do turismo, quando o homem desloca-se para outros lugares em busca do contato com a natureza, do desconhecido, da aventura e de novas culturas. Entretanto, toda atividade turística gera impactos, que podem ser negativos ou positivos, quer em termos ambientais como sociais.

Os impactos negativos de projetos turísticos incluem a degradação dos mesmos ambientes dos quais dependem para o êxito das suas iniciativas, colocando em risco suas operações e condições de sustentabilidade. Isso inclui, no campo social, por exemplo, as características das relações com as comunidades locais e a sociedade como um todo. Por outro lado, com bom planejamento, é possível gerenciar o desenvolvimento do turismo para minimizar seus impactos negativos e potencializar os benefícios para o ambiente e a sociedade. Só assim, o turismo torna-se aliado da conservação da natureza e pode desempenhar um papel fundamental ao contribuir para a valorização de áreas naturais protegidas, a conservação de espécies-bandeira da fauna nativa, a sensibilização e educação ambiental do público visitante, a obtenção de recursos para a preservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico local de forma sustentada.

Quando se fala em turismo e sustentabilidade, é preciso reconhecer a importância de planejar em longo prazo e utilizar indicadores de desempenho que avaliem aspectos econômicos, ambientais e sociais. Além disso, é preciso investir em práticas e tecnologias que permitam minimizar e monitorar os impactos negativos do turismo sobre o ambiente e as comunidades locais.

Nesse contexto, o Congresso de Natureza, Turismo e Sustentabilidade foi idealizado para discutir o turismo como promotor da conservação ambiental e da natureza como capital de base para o turismo.

Tomando por base a experiência e o sucesso alcançados nas edições anteriores (2010 em Bonito/MS e 2011 em Cuiabá/MT), o CONATUS está se tornando uma referência para todos que de alguma forma pensam, pesquisam e atuam no turismo de natureza e sustentável no Brasil.

Vale ressaltar que não há momento mais oportuno para as discussões e reflexões aqui propostas, vistos os investimentos em turismo que já estão acontecendo para a Copa de 2014 no Brasil e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Logo, é fundamental o planejamento cuidadoso, que gere bons e perenes frutos, preparando o Brasil para se inserir na indústria de turismo mundial de grande escala.

Ainda mais diversificado, em sua terceira edição o Conatus contou com a participação de palestrantes da Argentina, Costa Rica, México e Portugal, além de especialistas de renome nacional e internacional, para compartilharem os seus

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

conhecimentos com os congressistas. No total foram 31 palestrantes, e mais de 350 participantes, três dias de palestras, mesas redondas, reuniões paralelas e sessões de apresentações de trabalhos técnicos e científicos em painéis.

As palestras e artigos aqui apresentados correspondem às apresentações realizadas durante as palestras, mesas redondas que fizeram parte do III CONATUS também compõe este documento os resumos expandidos que foram selecionados pelo comitê técnico científico do III CONATUS.

É importante ressaltar que os trabalhos presentes nesta publicação são de inteira responsabilidade dos autores, independentemente de seus vínculos institucionais, bem como não necessariamente retratam a opinião dos organizadores do evento.

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

SUMÁRIO

1. FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA DO BRASIL ............................................................................................... 10

2. PROGRAMAÇÃO III CONATUS .......................................................................................................... 15

3. MESAS REDONDAS ........................................................................................................................... 20

3.1. CASOS DE SUCESSO ......................................................................................................................... 20

NAS TRILHAS DA BIODIVERSIDADE DO PANTANAL: OPORTUNIDADES E AMEAÇAS ......................... 20

ECOTURISMO NO JALAPÃO: TRAJETÓRIAS E DESAFIOS .................................................................... 26

ALTERNATIVAS PARA SUSTENTAÇÃO FINANCEIRA DE RPPN: DESAFIO COMPARTILHADO ENTRE

EMPRESA E ONG ............................................................................................................................... 27

3.2 EXPERIÊNCIAS TEMÁTICAS ............................................................................................................... 33

OBSERVAR É PARA QUEM ENXERGA LONGE .................................................................................... 33

MERGULHO EM FERNANDO DE NORONHA ...................................................................................... 35

CAMINHADAS DE LONGO PERCURSO ............................................................................................... 39

3.3 PARECERIAS PÚBLICO PRIVADAS ...................................................................................................... 40

PARCERIA PÚBLICO PRIVADA - A VISÃO DO ICMBIO ......................................................................... 40

PARCERIA PÚBLICO PRIVADA: A VISÃO DO INSTITUTO SEMEIA ....................................................... 41

PARCERIA PÚBLICO PRIVADA: A VISÃO DO CONCESSIONÁRIO ......................................................... 42

3.4 TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA E GESTÃO DESCENTRALIZADA ................................................... 46

TRAJETÓRIA DO TURISMO NO SUL DA BAHIA: SOCIEDADE, BIODIVERSIDADE E PLANEJAMENTO ... 46

CONSTRUINDO UM MODELO DE TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA PARA AS UNIDADES DE

CONSERVAÇÃO FEDERAIS ................................................................................................................. 56

UM MODELO DE GESTÃO DESCENTRALIZADA DO TURISMO: A PARCERIA ENTRE A SECRETARIA

MUNICIPAL DE TURISMO E O CONSELHO MUNICIPAL DE TURISMO DE BONITO-MS ....................... 57

3.5 POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE ...................................... 58

FUNDO DE COMPENSAÇÕES AMBIENTAIS E A IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UC NO BRASIL 58

USO PÚBLICO NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO RIO DE JANEIRO ........................................... 59

A EXPERIÊNCIA DA FUNDAÇÃO DE TURISMO DE MS ........................................................................ 61

SOBRE OS DESTAQUES DO III CONATUS – ENCERRAMENTO ............................................................ 62

4. PALESTRAS ...................................................................................................................................... 63

EXPERIÊNCIAS DE USO PÚBLICO NA ARGENTINA: LIÇÕES A APRENDER ........................................... 63

ROTA VICENTINA: 350 KM DE CAMINHADA NO SUDESTE DE PORTUGAL ........................................ 64

UMA EXPERIÊNCIA DE TURISMO DE AVENTURA NO MÉXICO .......................................................... 67

TURISMO DE VIDA SELVAGEM: A VISÃO DE UM CONSUMIDOR E ALGUMAS LIÇÕES ...................... 68

PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS PARA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL ........ 73

HOTÉIS SUSTENTÁVEIS ...................................................................................................................... 76

INFRAESTRUTURAS SUSTENTÁVEIS PARA USO PÚBLICO EM UC ...................................................... 80

ASPECTOS FILOSÓFICOS E JURÍDICOS DA REGULAÇÃO E LICENCIAMENTO DO TURISMO DE

NATUREZA NO BRASIL ....................................................................................................................... 81

5. RESUMOS EXPANDIDOS ................................................................................................................... 82

AÇÕES AMBIENTAIS EM HOTÉIS DO RIO DE JANEIRO/RJ: ................................................................. 82

CONHECIMENTO E GESTÃO DOS HOTELEIROS CARIOCAS ................................................................ 82

SUELLEN ALICE LAMAS ...................................................................................................................... 82

AS MOTIVAÇÕES E O CUSTO DE VIAGEM DOS VISITANTES DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA

DOS VEADEIROS (PNCV) - UMA CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE DE SEU

ENTORNO .......................................................................................................................................... 88

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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

CAMA E CAFÉ MULHERES DE PEDRA: UMA PROPOSTA PARA DESENVOLVIMENTO DE TURISMO DE

BASE LOCAL ....................................................................................................................................... 95

CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS PRESTADOS PELA ................................................. 101

GRUTA DO SALITRE, DIAMANTINA-MG .......................................................................................... 101

FERRAMENTA DE GESTÃO OPERACIONAL PARA O FORTALECIMENTO DO USO PÚBLICO NO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISES E PERSPECTIVAS DOS “PARQUES DA COPA” ................................. 107

FORTALECIMENTO DO USO PÚBLICO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: CONCEPÇÃO E AÇÃO EM

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS ..................................................................................... 113

NORMALIZAÇÃO EM TURISMO DE NATUREZA: A EXPERIÊNCIA DO PROGRAMA AVENTURA

SEGURA.. ......................................................................................................................................... 119

O DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO NO MUNICÍPIO DE VARGEM-SP/BRASIL .................................. 125

O PAPEL DO TURISMO DE CONSERVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE NOVOS VALORES AMBIENTAIS EM

PROJETOS DE PESQUISA .................................................................................................................. 131

O PROGRAMA TURISMO SOLIDÁRIO NA COMUNIDADE DE MENDANHA, MG ............................... 138

O TURISMO COMO PROMOTOR DA CONSERVAÇÃO AMBIENTAL .................................................. 145

PROJETO AVES URBANAS – ARARAS NA CIDADE E O TURISMO DE OBSERVAÇÃO ......................... 151

SELEÇÃO DE INDICADORES PARA MEDIR O GRAU DE SUSTENTABILIDADE EM MATÉRIA DE

QUALIDADE DO MEIO FÍSICO E DOS RECURSOS NATURAIS PARA DESTINOS DE PRAIA ................. 155

TRILHA TRANSCARIOCA ................................................................................................................... 163

TURISMO EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO, SOBRE A RESEX MARINHA CAETÉ-

TAPERAÇU/BRAGANÇA ................................................................................................................... 169

TURISMO DE BASE COMUNITARIA: UMA ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO

NO PARÁ. O CASO DA ASSOCIAÇÃO DE MULHERES DAS ILHAS DE BELÉM,LOCALIZADO NA ILHA DE

COTIJUBA. ....................................................................................................................................... 175

TURISMO INDÍGENA: UMA ALTERNATIVA PARA A REVITALIZAÇÃO DA CULTURA KADIWÉU ......... 181

TURISMO RURAL COMUNITÁRIO: UMA NOVA ALTERNATIVA NO SALAR DE UYUNI ...................... 188

USO PÚBLICO NAS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL DO ESTADO DO MATO

GROSSO DO SUL- MS: UM POTENCIAL POUCO EXPLORADO .......................................................... 194

USO PÚBLICO NA RESERVA BIOLÓGICA Estadual DA Praia do Sul ILHA GRANDE/RJ ...................... 201

COMITÊ TÉCNICO CIENTÍFICO .............................................................................................................. 207

TRABALHOS PREMIADOS COM MENÇÃO HONROSA ........................................................................... 209

COMISSÃO AVALIADORA DOS TRABALHOS ......................................................................................... 209

6. MOÇÕES APROVADAS PELA PLENÁRIA .......................................................................................... 210

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

1. FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA DO BRASIL

A Fundação Neotrópica do Brasil é uma organização não governamental sem finslucrativos com sede em Bonito, Mato Grosso do Sul, Brasil. Tem como missão promover e praticar ações de conservação da natureza para garantir a manutenção dos diferentes ambientes naturais e da diversidade de vida na terra. Desde sua criação, em 30 de Julho de 1993, a organização desenvolveu diversas açõesjunto aos órgãos governamentais de meio ambiente e organizações não governamentais do Estado. É membro do Fórum Estadual de Meio Ambiente de MS, da Coalizão Rios Vivos, do Comitê Estadual de Recursos Hídricos do Rio Miranda, Conselho da Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação e está cadastrada no CNEA (Cadastro Nacional de Entidades Ambientais) do Ministério do Meio Ambiente. Ao longo desses anos desenvolveu projetos de pesquisa científica, mobilização da sociedade para a conservação da natureza e atividades que contribuíram para a criação e o fortalecimento de unidades de conservação (p.ex. Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Monumento Natural da Gruta do Lago Azul e Reservas Particulares do Patrimônio Natural) além de recuperação de áreas degradadas e adequação de propriedades rurais. Atualmente, a Fundação Neotrópica do Brasil realiza projetos focados nas seguintes linhas de ação: 1) Fomento a criação e apoio a gestão das Unidades de Conservação, públicas e privadas; 2) Recuperação de áreas degradadas e adequação de propriedades rurais no Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal; 3) Pesquisa científica sobre biodiversidade e conservação; 4) Comunicação, mobilização e sensibilização da sociedade para as questões ambientais; 5) Estímulo ao desenvolvimento de políticas públicas ambientais; 6) Discutir e promover o turismo como promotor da conservação ambiental e a natureza como capital de base para o turismo no Brasil.

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

PROJETOS EXECUTADOS PELA FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA DO BRASIL

2001 /2002 Elaboração do Plano de Ecodesenvolvimento no Entorno do

Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Apoio:

MMA/PROBIO/CNPq/BIRD.

2003 e 2005 Implementação das Ações Prioritárias do Plano de

Ecodesenvolvimento no Entorno do Parque Nacional da Serra da

Bodoquena. Apoio: MMA/PROBIO/CNPq/BIRD.

2003 – 2009 Projeto Formoso Vivo: Proteção e Recuperação das Matas

Ciliares e Reservas Legais da Bacia Hidrográfica do Rio Formoso,

Bonito/MS: parceria com a Promotoria de Justiça de Bonito.

Apoio: Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

2004/2005 Projeto Corredor de Biodiversidade do Miranda - Serra da

Bodoquena: Fase I - Características e oportunidades. Apoio:

Conservação Internacional do Brasil.

2004 – 2007 Projeto Pé da Serra - Qualificação e diversificação da produção

de alimentos pelas mulheres dos assentamentos rurais do

Entorno do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Apoio:

Programas de Pequenos Projetos/ GEF / PNUD.

2004 – 2010 Projeto Papagaio Verdadeiro e Galego: Monitoramento e

Conservação no Corredor de Biodiversidade Cerrado -

Pantanal/MS. Apoio: Conservação Internacional Brasil.

2004 – 2006 Projeto Execução e Monitoramento do Plano de Conservação e

Recuperação das Matas Ciliares do Rio Formoso, em Bonito/MS.

Apoio: Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

2005 – 2006 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

Bodoquena Fase II: ações prioritárias do plano de conservação e

implementação. Apoio: Conservação Internacional do Brasil.

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

2005 – 2007 Projeto Frutificando, diminuindo os impactos sobre os recursos

naturais com a educação ambiental, novas alternativas de

produção e renda, e organização comunitária. Apoio: Instituto

HSBC Solidariedade.

2004/2006/2008 Participação no Programa Trainee em Meio Ambiente da

Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

2007 – 2012 Proteção e recuperação das nascentes e corpos d'água da micro-

bacia do rio Anhumas na região da Serra da Bodoquena, Bonito –

MS. Apoio: Fundo Nacional de Meio Ambiente.

2007 - 2010 Projeto estruturação de um laboratório de geoprocessamento

para o Ministério Público de Mato Grosso do Sul. Apoio:

Fundação AVINA.

2007-2008 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

Bodoquena - Fase III Apoio: Conservação Internacional do Brasil.

2008-2009 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

Bodoquena - Fase IV Apoio: Conservação Internacional do Brasil.

2008-2009 Projeto Reflorestar Legal. Apoio: MMX - Minerais e Metálicos.

2009-2010 Projeto Consciência Ecológica através do Ecoturismo - Guia

ECOnsciente. Apoio: Fundação Citi.

2010-2011 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

Bodoquena - Fase V. Apoio: Conservação Internacional do Brasil.

2010-2011 Ecologia e Conservação dos Psitacídeos no Parque Nacional da

Serra da Bodoquena e seu entorno, Mato Grosso do Sul. Apoio:

Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

2010 Realização do Congresso de Natureza, Turismo e

Sustentabilidade – Conatus 2010. Apoio: diversas fontes

financiadoras.

Page 13: Unidades da Federação

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

2010-2012 Projeto Rede Latino-Americana de Ministério Público Ambiental.

Apoio: Fundação Avina, Fundação Ford e Fundação Grupo O

Boticário de Proteção à Natureza.

2011 Realização do II Congresso de Natureza, Turismo e

Sustentabilidade – CONATUS 2011. Apoio: diversas fontes

financiadoras.

2011 – 2012 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

Bodoquena - Fase VI. Apoio: Conservação Internacional do

Brasil.

2011-2012 Projeto Produtores de Biodiversidade do Rio Formoso: mercado

voluntário para PSA de Biodiversidade na Bacia Hidrográfica do

Rio Formoso, em Bonito, Mato Grosso do Sul. Apoio:

Funbio/AFCoF.

2011-2012 Projeto Criação de uma unidade de conservação municipal de

uso sustentável no Entorno do Parque Nacional da Serra da

Bodoquena, em Bonito, Mato Grosso do Sul. Apoio:

Funbio/AFCoF.

2011-2012 Projeto Mimoso Vivo: Adequação Ambiental de Propriedades

Rurais da Micro-bacia do Rio Mimoso, em Bonito-MS. Apoio:

PDA/MMA.

2011-2012 Projeto Inclusão Verde: Observadores Mirins de Aves da Serra

da Bodoquena e Curso de Formação de Monitores Ambientais.

Projeto realizado em parceria com o Instituto Família Legal.

Apoio: Oi Futuro.

2012-2013 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

Bodoquena - Fase VII. Apoio: Conservação Internacional do

Brasil.

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

2012 – 2014 “Mapeamento de ninhos de Harpia harpyja no Parque Nacional

da Serra da Bodoquena e entorno em Bonito – Mato Grosso do

Sul”. Apoio: Fundaç~o Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

2012 – 2014 Projeto Eco-comunicadores do Pantanal: rede de comunicadores

ambientais no Pantanal Sul Matogrossense. Apoio: IUCN.

2012 – 2014 O papagaio verdadeiro como indutor da conservação do

Pantanal Sul. Apoio SPVS – E-cons.

2013 Realização do III Congresso de Natureza Turismo e

Sustentabilidade – CONATUS 2013. Apoio: diversas fontes

financiadoras.

Page 15: Unidades da Federação

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

2. PROGRAMAÇÃO III CONATUS

Domingo (30 de junho)

16h-19h RETIRADA DE CREDENCIAIS

19:30 Cerimônia de abertura

Coquetel de boas vindas

Segunda-feira (01 de julho)

Temática do dia NATUREZA

Manhã Livre para visitas locais

13h – 13:30

Apresentação de painéis

13:30 às

14:30 Palestra 1

Experiência de uso público na Argentina: lições a aprender

Diego Cannestraci – Nodocom Comunicaçãoe eventos

14:30 às

15:30 Palestra 2

Rota Vicentina: 350 km de caminhada no sudoeste de Portugal

Marta Cabral – Casas Brancas

15:30 às 16h

INTERVALO

16h às 17h

Palestra 3 Uma experiência de turismo de aventura no México

Mauricio Morales Contel – México Verde Expediciones

17h às 18:30

Mesa-redonda

1

Casos de Sucesso

Nas trilhas da biodiversidade do Pantanal: oportunidades e ameaças

José Sabino - UNIDERP

Page 16: Unidades da Federação

16

III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

Ecoturismo no Jalapão: trajetórias e desafios

Lucio Flavo Adorno - UFT

Alternativas para a sustentação financeira de RPPN: desafio compartilhado entre empresa e ONG

Rubens de Souza – MMX

Ângelo Rabelo – Instituto Homem Pantaneiro

18:30 às 20h

Mesa- redonda

2

Experiências Temáticas

Observar é para quem exgerga longe

Guto Carvalho – Avistar Brasil

Mergulho em Fernando de Noronha

Ismael Escote – Atlantis Divers

Caminhadas de longo percurso

Alexandre Lorenzetto - INEA

Terça-feira (02 de julho)

Temática do dia TURISMO

9:30 às 11:30

Reunião

Paralela I

“Marca Parque: como valorizá-la”

1. Apresentação da proposta do Semeia ligada à Marca Parque Brasil – Anna Carolina Lobo / Instituto Semeia

2. A visão do ICMBio- Giovanna Palazzi /Diretora de criação e manejo de UC / ICMBio

3. Aprofundamento do tema e apresentação de experiências – Tiago Guimarães / Consultor de Projetos e Marcas

4. A visão do operador – uma experiência do uso da Marca Parque na Argentina – Diego Cannestraci / Operador de turismo

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

13h – 13:30

Apresentação de painéis

13:30 às

14:30 Palestra 4

Turismo de Vida Selvagem: a visão de um consumidor e algumas lições

Fábio Olmos - Permian Global

14:30 às

15:30 Palestra 5

Península Papagayo na Costa Rica: um modelo sustentável

Manuel Ardón - Península Papagayo

15:30 às 16h

INTERVALO

16h às 17h

Palestra 6

Parcerias público-privadas para a gestão de Unidades de Conservação no Brasil

Marco Aurélio de Barcelos Silva - Portugal Ribeiro & Navarro Prado Advogados

17h às 18:30

Mesa- redonda

3

Parcerias Público Privadas

A visão do ICMBio

Giovanna Palazzi – Diretora de Criação e Manejo de UC (ICMBio)

A proposta do Instituro Semeia

Anna Carolina Lobo – Coordenadora – Instituto Semeia

A visão do concessionário

Diego Cannestraci – Nodocom Comunicação e Eventos

18:30 às 20h

Mesa-redonda

4

Turismo de Base Comunitária e gestão descentralizada

A cadeia do turismo beneficiando as comunidades em Itacaré – BA

Rui Barbosa da Rocha – Instituto Floresta Viva

Construindo um modelo de Turismo de Base Comunitária para

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

as unidades de conservação federais

Denise Carvalho - ICMBio

Um modelo de gestão descentralizada do turismo: a parceria entre a Secretaria Municipal de Turismo e o Conselho Municipal

de Turismo de Bonito – MS

Juliane Salvadori – Secretaria Municipal de Turismo de Bonito

Quarta-feira (03 de julho)

Temática do dia SUSTENTABILIDADE

9:30 às 11:30

Reunião Paralela

II

“O avanço da cultura da soja em Bonito – MS: quais os possíveis efeitos sobre o turismo?”

1. Quadro atual no Município de Bonito – MS – Paulo Sergio Gimenes /AGRAER

2. O efeito da soja nos ecossistemas e o papel do ZEE – Dr. Paulino Medina Jr. / UFGD

3. Esta questão na perspectiva do Direito Ambiental - Dr. Marcelo Buzaglo Dantas/Advogado

4. Uma proposta para promover o adequado uso da terra no município – Carolina Ximenes de Macedo / Fundação Grupo O Boticário

13h – 13:30

Apresentação de painéis

13:30 às

14:30 Palestra 7

Hotéis Sustentáveis

Alexandre Garrido – Sextante Ltda.

14:30 às

15:30 Palestra 8

Infraestruturas sustentáveis para uso público em UC

Sérgio Pamplona - Arquinatura

15:30 às 16h

INTERVALO

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16h às 17h

Palestra 9

Aspectos filosóficos e jurídicos da regulação e licenciamento do turismo de natureza no Brasil

Marcelo Buzaglo Dantas – Buzaglo Dantas Advocacia

17h às 18:30

Mesa-redonda

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Políticas públicas sobre Natureza, Turismo e Sustentabilidade

Fundo de compensações ambientais e a implantação e manutenção de UC no Brasil

Rosa Lemos de Sá - FUNBIO

Uso público nas UC do Rio de Janeiro

Manuela Tambellini – INEA

A experiência da Fundação de Turismo de MS

Nilde Brun – FundTur MS

18:30 às 20h

Destaques do CONATUS 2013

ENCERRAMENTO

Marcos Martins Borges – EcoBrasil

Renata L. Weiss – Instituto Semeia

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3. MESAS REDONDAS

3.1. Casos de sucesso

Nas trilhas da biodiversidade do Pantanal: oportunidades e ameaças

JOSÉ SABINO: Coordena o Projeto Peixes de Bonito, pela Universidade Anhanguera (Uniderp). Sua produção acadêmica tem foco em comportamento animal e conservação da biodiversidade; dedica especial atenção à compreensão pública da ciência no Brasil.

Resumo da apresentação

NAS TRILHAS DA BIODIVERSIDADE DO PANTANAL:

OPORTUNIDADES E AMEAÇAS AO TURISMO SUSTENTÁVEL

JOSÉ SABINO1

Abstract

The Pantanal's biodiversity - and the surroundinghighlands - is recognized as natural resource with economic, cultural, aesthetic, scientific and educational values. It is also undeniable that the Pantanal's flora and fauna provides resources for recreation, especially for tourism. The landscape and the biological rhythm of the biome are shaped by the flood pulse, cyclical. This natural wealth gives to the Pantanal a remarkableability for ecotourism, with a diversity of attractions rarely seen elsewhere. In recent years, this potential was more adequately exploited. As the antithesis of mass tourism, sustainable tourism requires planning and training of the business sector and government in order to meet the increasing demands without causing damage to the environments.Examples of low-impact tourism, combined with scientific research resulted in good references for the region, and this activity can be expanded. At the same time, the vast natural richness of the Pantanal is under intense threatdue to the opening of new areas for exploration and of the development current model. Thus, the sustainable use of biodiversity is a challenge that requires resources ranging from scientific knowledge to the management of the natural heritage, through public and private policies that promote ecotourism.

Palavras-chave: Ecoturismo. Conservação. Econegócios. Ameaças ambientais.

1.

1Projeto Peixes de Bonito – Universidade Anhanguera-Uniderp.

Av. Alexandre Herculano, 1400 Jardim Veraneio, 79037-280 Campo Grande -MS

Endereço eletrônico: [email protected]

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Key words: Ecotourism. Conservation. Ecobusiness. Environmental threats.

Introdução

A biodiversidade do Pantanal – e dosplanaltos de seu entorno – constitui recurso natural com reconhecido valor econômico, cultural, estético, científico e educacional. Com área remanescente estimada em 146.000 km2(PETRY et al., 2011), a planície alagável do Pantanal abriga uma das mais ricas concentrações de vida selvagem da Terra. O bioma é povoado por uma espetacular concentração de espécies de aves, peixes, mamíferos e tantos outros elementos de sua profícua biodiversidade (MITTERMEIERet al., 2003).

A região tem um pronunciado contraste entre a planície sazonalmente inundável do Pantanal e os planaltos do seu entorno, que não é inundável.A dinâmicahidrológica pantaneira caracteriza-sepela inundação anual cíclica, que dita o ritmo biológico do bioma, molda a paisagem e nutre um complexo mosaico de matas, cordilheiras, campos secos, campos inundados, baías, corixos e rios. Desse modo, os hábitats mudam em função do fluxo de água, que leva nutrientes e sedimentos que enriquecem os hábitats, favorecendo a proliferação de microrganismos, plantas, invertebrados, peixes, herpetofauna, aves e mamíferos(ALHO e SABINO, 2012).

A vegetação mais a produtiva, predominante nas áreas sazonalmente alagadas, nutre as cadeias tróficas e suportaa fauna abundante. Muitas espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada (Pantera onca) e a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) ocorrem com populações viáveis na região. Aves aquáticas são excepcionalmente abundantes durante a estação seca, sustentadas pela fauna aquática confinada em baías e corixos (ALHO e SABINO, 2011).Entretanto, a riqueza natural do Pantanal está sob ameaça devido à abertura de novas áreas para exploração e pressionada pelo atual modelo de desenvolvimento.

Ameaças à biodiversidade

O Pantanal é uma região vulnerável a riscos e ameaças ambientais (PETRY et al., 2011).A perda de hábitats naturais e de sua biota associada tem sido drástica nas últimas décadas. Parte das ameaças provém da pecuária bovina e de práticas agrícolas insustentáveis, que convertem a vegetação natural em pastagens e lavouras, sem cuidados com a conservação dos solos, especialmente nos planaltos circundantes, onde se localizam as nascentes dos rios que correm para o Pantanal (PETRY et al., 2011). Incêndios causados por seres humanos são graves e tornaram-se parte do ciclo anual. Existe, ainda, a ameaça potencial da modificação do fluxo das águas, devido à implantação de pequenas centrais hidrelétricas em rios de planalto do entorno da Bacia do alto Paraguai, cujas águas regulam o ciclo hidrológico do Pantanal (PETRY et al., 2011; ALHO e SABINO, 2012).

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De maneira sintética, as principais ameaças ambientais ao bioma pantaneiro podem ser listadas em sete tópicos: (1) conversão da vegetação natural em pasto e campos agrícolas, (2) destruição e degradação de hábitats principalmente pelo emprego de fogo, (3) sobre-exploração de espécies, sobretudo pela pesca, (4) poluição de água, (5) modificação de fluxo de rios principalmente pela implantação de pequenas usinas hidrelétricas, (6) introdução de espécies invasoras exóticase (7) turismo não sustentável (ALHO e SABINO, 2011).

A implantação de áreas protegidas é apenas uma parte da estratégia necessária à conservação, mas – dada a variedade de ameaças – fica evidente que o uso sustentável da biodiversidade do Pantanal demanda por uma complexa agenda deconservação (ALHO e SABINO, 2011).

Potencial ao Ecoturismo

As principais atividades econômicasna região são a pecuária, a mineração, a pesca comercial, de subsistência elazer, e– mais recentemente –o turismo (SEIDL,2001). Por suas belezas naturais, o Pantanal apresenta aptidão para o ecoturismo, com uma diversidadede atrativos raramente vista em outros locais (SABINO, 2012). O turismo sustentável desponta como alternativa econômica para região pantaneirapor meio de projetos, programas e políticas – públicas e privadas – que fomentem a boa governança dos recursos naturais.No âmbito oficial, programas como“Polos de Ecoturismo” e “Brasil dos Viajantes” s~o referências de diagnóstico, indução e capacitação de pessoal, enquanto organizaçõesnão governamentais como aSOS Pantanal (2012) compilam e divulgam um conjunto de boas práticas de turismo na região.

Exemplos de turismo de baixo impacto, combinados com ações de pesquisa científica, têm resultado em boas referências para a região, e essa atividade tende a se ampliar. Casos de turismo baseados na observação de vida silvestre proliferam no Pantanal, com destaque para projetos como Arara-Azul, Gadonça e Onçafari (PIVATTO e GUEDES, 2012). Pivatto e Sabino (2007) apontam o potencial para expans~o do “birdwachting” no Brasil, com destaque ao Pantanal.A pesca também representa um ativo de alto valor ao turismo regional (SHRESTHAet al., 2002), embora existam críticas à sustentabilidade do modelo predominante(BENANTE et al., 2012).

O desenvolvimento de ferramentas e métricas confiáveis de monitoramento de impactos do ecoturismo é essencial para manter, ou mesmo recuperar ambientes (SABINO e ANDRADE, 2003; TERESA et al., 2011).A produção desse tipo de conhecimento, centrado no biomonitoramento, gera capacidade de prevenir e restaurar eventuais impactos e, em essência, resulta na segurança da operação turística de longo prazo.

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Conclusões

Manter e usar de modo sustentável a riqueza biológica envolve apreciáveis investimentos em recursos para a produção de conhecimento científico, além da proteção à própria natureza. Entender a economia dos ecossistemaspode nos orientar na tomada de decisões sobre o que e quanto devemos conservar nomundo natural, em meio a escolhas conflitantes e demandasconcorrentespor recursos(SUKHDEV, 2011).

Nesse cenário que conecta a economia à valoração da biodiversidade, o ecoturismo ocupa lugar de destaque. A busca por novas experiências ao ar livre, maior contato com a natureza e a possibilidade de conhecer lugares pouco explorados são alguns dos motivos que tem levado cada vez mais pessoas a praticarem ecoturismo e a gerarem negócios da economia verde(SABINO, 2012).

O turismo baseado na vida selvagem é, muitas vezes, identificado como atividade sustentável (ROE et al., 1997). Junto dosbenefícios do ecoturismo, contudo, existem impactos negativos que podem desencadearalterações nos sistemas naturais (GIANNECCHINI 1993). Tais impactos foram demonstrados em diferentes grupos taxonômicos, comomamíferos (RODE et al., 2006), aves (GILL, 2007),répteis (ROMERO EWIKELSKI, 2002)e peixes (SABINO e ANDRADE, 2003).

Acomodar o crescente número de turistas no Pantanal, sem prejudicar a biota, é um desafio. Há registros de que parte deste turismo é predatório. Por exemplo, grupos de turistas podem invadir áreas frágeis que devem ser preservadas, como locais de nidificação de aves aquáticas. Grupos de pesca esportiva podem espalhar lixo, particularmente em acampamentos ilegais em mata de galeria, onde os pescadores deixam sinais de sua presença destrutiva. Numerosos barcos-hotéisdo Pantanal não tratam os resíduos de forma adequada e espalhamlixoem seu caminho (ALHO, 2005).

Por ser a negação do turismode massa, os empresários do setor, o Poder Público e mesmo os visitantes precisam estar preparados para se adequar às demandas cada vez maiores,sem prejudicar os ambientes,tratando comrespeito as peculiaridades e limites da natureza. Assim, usar de modo sustentável o patrimônio natural do Pantanal é um desafio que demanda por recursos que vão desde o conhecimento científico à gestão dos recursos naturais, passando por políticas públicas que fomentem o turismo sustentável.

Agradecimentos

À Universidade Anhanguera-Uniderp pelo financiamento ao Projeto Peixes de Bonito. Aos parceiros de Bonito e região, em especial o Grupo Rio da Prata e o Rio Sucuri, por permitir e apoiar pesquisas em suas propriedades.

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Referências bibliográficas

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ALHO, C.J.R.; SABINO, J.A conservation agenda for the Pantanal’s biodiversity. Braz. J. Biol., vol. 71, no. 1 (suppl.), p.327-335, 2011.

ALHO, C.J.R.; SABINO, J. Seasonal Pantanal flood pulse: implications for biodiversity conservation: a review. OecologiaAustralis, v. 16, p. 958-978, 2012.

BENANTE, D. et al. Avaliação histórica da pesca no Pantanal sul-mato-grossense: contribuição para o debate da sustentabilidade. Capítulo 3. In: Alves, G.L., Mercante, M.A; Favero, S. (orgs.) Pantanal sul-mato-grossense: ameaças e propostas. AutoresAssociados, Campinas. 2012.

GIANNECCHINI, J. Ecotourism: new partners, new relationships.Conservation Biology 7:429–432. 1993.

GILL, J. Approaches to measuring the effects of humandisturbance on birds. Ibis 149:9–14. 2007.

MITTERMEIER, R.A. et al.Wilderness: Earth's Last Wild Places. Mexico, DF: CEMEX/Conservation International. 502 p. 2003.

PETRY, P. et al. Análise de Risco Ecológico da Bacia do Rio Paraguai: Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai. The NatureConservancy; WWF-Brasil. Brasília, DF: The NatureConservancy do Brasil, 54p. 2011.

PIVATTO, M.A.C.; SABINO, J. O turismo de observação de aves no Brasil: breve revisão bibliográfica e novas perspectivas.Atualidades Ornitológicas(Impresso), v. 139, p. 10-13, 2007.

PIVATTO, M.A.C. e GUEDES, N.M.R.Observação de vida silvestre e turismo científico - interagir e conservar a natureza. Pp. 25-40.In: Sabino, J. (org.). Ecoturismo: nas trilhas da biodiversidade brasileira. Campo Grande: Natureza em Foco. 160 p. 2012.

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ROE, D. et al.Take onlyphotographs, leave only footprints: the environmental impacts ofwildlife tourism. IIED Wildlife and Development Series, no 10,p 83.(1997)

ROMERO, L.M.; WIKELSKI,M. Exposure to tourism reduces stressinducedcorticosterone levels in Galápagos marine iguanas.Biological Conservation,108:371–374. 2002.

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SABINO, J.(org.).Ecoturismo: nas trilhas da biodiversidade brasileira. Campo Grande: Natureza em Foco. 160 p. 2012.

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SEIDL, A.F. Biodiversity conservation and cattle ranchersin the Brazilian Pantanal.Pp. 17–36.In:Use ofIncentive Measures for the Conservation and SustainableUse of Biological Diversity. UNEP.160 p. 2001.

SHRESTHA, R.K.et al. Value of recreational fishing in the Brazilian Pantanal: a travel cost analysis using count data models. EcologicalEconomics 42: 289–299.2002.

SOS PANTANAL. Boas práticas-Turismo.<www.sospantanal.org.br/downloads/> 2012. Acesso em19.Jun.2013.

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Ecoturismo no Jalapão: trajetórias e desafios

LÚCIO FLAVO ADORNO: É geógrafo e professor da Universidade Federal do Tocantins; presidiu por 3 anos o Fórum Estadual de Turismo do Tocantins; possui projetos de pesquisas sobre o turismo no Jalapão patrocinados pela Fundação O Boticário e pela Conservação Internacional; foi responsável pela instituição e implementação da RPPN Catedral do Jalapão; esteve como Secretário de Turismo do Estado do Tocantins nos dois últimos anos onde participou da implantação um voucher ecológico na Cachoeira do Jalapão.É Diretor Executivo da REPANATO - Associação de RPPNs do Tocantins, foi membro da CONACER - Conselho Nacional do Programa Cerrado Sustentável (MMA/PR), do Comitê Científico da Iniciativa Cerrado/ GEF/SBPC e Diretor da Agência de Desenvolvimento Turístico da Amazônia – ADETUR.

Resumo da apresentação

O Jalapão, localizado no Estado do Tocantins, abrange uma área de 34.113,20 Km², composto por 8 municípios, compreendendo um Território da Cidadania e ao mesmo tempo o maior Mosaico de Unidades de Conservação do Cerrado. Ao todo são sete diferentes tipos de áreas protegidas, com destaque para a vocação turística e uso público para o Parque Estadual do Jalapão, o Parque Nacional das Nascentes do Parnaíba, o Monumento Natural Canyon e Corredeiras do Rio Sono e a RPPN Catedral do Jalapão. As atividades turísticas só começaram na segunda metade da década de 1990 através de expedições de aventura na natureza por duas empresas com serviços inspirados no estilo overlanding africano. A busca por uma terra inóspita da civilização moderna, ainda selvagem, alicerçou o surgimento desses produtos ao desenvolvimento desse destino, que teve no início da primeira década desse novo século um grande reforço com a projeção da cultura local de comunidades remanescentes de quilombolas ao demonstrarem seu conhecimento tradicional de produzirem utensílios doméstico ao tecerem com uma planta conhecida como capim dourado. Assim firmou-se o destino de aventura agregando o ecoturismo e o artesanato envolvendo essas comunidades locais no roteiro das operadoras nacionais, o que ascendeu o mercado regional com o surgimento de várias pequenas agências de receptivo principalmente da capital do estado, entrando em disputa no mercado com o oferecimento de serviços off road no sistema de viagem com duas caminhonetes. Por outro lado as frequentes passagens do Rally Internacional dos Sertões estimulou a visitação autônoma por grupos de jeppeiros e motociclistas, ao ponto de gerar impasses entre os diferentes usuários dos atrativos naturais da região. Atualmente o Jalapão enfrenta vários desafios de gestão ambiental de seus atrativos, um forte desgaste e esvaziamento das instâncias de governança turística da região, bem como de investimentos públicos e de sustentabilidade econômica dos empresários do trade turístico.

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Alternativas para sustentação financeira de RPPN: desafio compartilhado entre empresa e ONG

RUBENS SOUZA: Analista de Responsabilidade Social Sênior da MMX Sudeste, MBA em Responsabilidade Socioambiental-FGV/RJ, Pós-graduado em Educação Ambiental-UNB, Especialista em Melhores Praticas em Ecoturismo-MPE/FunBio, Analista de Sistemas com ênfase em Sistemas Administrativos-PUC/MG. Experiência em Gestão de entidade civil e articulação para o fomento de iniciativas socioambientais. Atualmente junto com a equipe de Responsabilidade Social da MMX, é responsável pelos projetos sociais estratégicos e os previsto no EIAs do projeto Serra Azul/MG e de Corumbá/MS.

ÂNGELO RABELO: Oficial da Reserva da PMMS no Posto de Coronel, formado pela Academia da Brigada Militar do Rio Grande do Sul; mestre em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pela PMESP, 2013; curso de Comunicação Social – Especialização em Relações Públicas, Academia de Polícia Militar de Barro Branco, 1986, São Paulo – SP; Direito na Universidade Católica Dom Bosco, 1994, MBA Marketing, Fundação Getulio Vargas, 2004, Campo Grande; curso de Especialização em Conservação de Recursos Naturais - USP-SP; curso de Manejo de Recursos Naturais e Áreas Silvestres - Colorado State University, 1994, Fort Collins/Colorado – USA; diversos cursos na área de Educação Ambiental. Trabalhou dois anos como Diretor do Departamento de Educação Ambiental - SEMA-MS; atuou com Consultor do WWF, Sesc Pantanal e do Banco Mundial Projeto PRODEAGRO, gerente da Atividade de Fiscalização do Programa Nacional de Meio Ambiente -Pantanal - Banco Mundial, Consultor da SODEPAM para Assuntos de Proteção e Fiscalização. Exerceu inúmeras funções publicas : Secretario de Meio Ambiente, Cultura e Turismo, 1996 a 2004, Município de Corumbá. Coordenou a implantação do Programa Monumenta – Minc -no município de Corumbá. Ocupou o cargo de Assessor Parlamentar no Senado Federal com Senador Delcídio do Amaral.Possui 2 Prêmios Internacionais: Memorial Prize do WWF, Estados Unidos 1991 – WWF- USA, 1989 e Memorial Prize do WWF , Inglaterra 1992 pelos trabalhos de Conservação a Natureza do Brasil . Em 2010 foi agraciado com o prêmio anual Individual de Conservação a Natureza pela Fundação Ford. Medalhas de Mérito da PMMS, PMSP e PMRS. De 2011 a 2013 atuou na iniciativa privada como Diretor de Licenciamento ambiental do Grupo EBX na Diretoria de Sustentabilidade, RJ. Em 2013 Recebeu em Londres a homenagem do fotógrafo Sebastião Salgado no lançamento do Projeto Genesis, o reconhecimento pelo trabalho em prol da conservação do Pantanal. Atualmente exerce a função de Conselheiro do Instituto Homem Pantaneiro.

Resumo da apresentação

Em 2006 a MMX – Mineração e Metálicos S.Aempresa de mineração do grupo EBX, adquiriu em Corumbá, Mato Grosso do Sul, uma mina para exploração de minério de ferro.

Além de cumprir todas as exigências legais junto aos órgão ambientais para o início das operações, adquiriu no mesmo ano voluntariamente uma área de 20.000 hectares na Serra do Amolar, com objetivos específicos de conservação e preservação.

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Neste mesmo ano a empresa estabeleceu uma parceria com o Instituto Homem Pantaneiro, uma organização local que desenvolve projetos e programa socioambiental para o Pantanal. O Instituto ficou responsável de criar uma unidade de conservação na área e gerir programas estratégicos e os previstos em seu plano de manejo.

O IHP organizou e coordenou duas expedições para área em dois períodos(seca e cheia), em parceria com outras instituições como EMBRAPA e UFMS, realizando uma Avalição Ecológica Rápida, que balizou e deu subsídios para elaboração dos documentos necessário para criação de uma RPPN.

Em 2008 o ICMBio concedeu o titulo criação da RPPN Engenheiro Eliezer Batista com 12.608,79 hectares considerando um polígono socioambiental adequado a realidade local, neste mesmo ano também foi apresentado e protocolado o Plano de Manejo da RPPN.

Com o intuito de fomentar outras iniciativas de conservação ambiental o Instituto Homem Pantaneiro articulou com outras instituições publicas e privadas detentoras de áreas no Pantanal e criou a Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar, agregando outras unidades de conservação publicas e privadas somando um total de 272.000 hectares de áreas protegida, afim de criar um mosaico com iniciativas de conservação e preservação do pantanal, para esta iniciativa a rede contou com o apoio de outras empresas do Grupo EBX,além de outros parceiros institucionais.

Durante estes anos o IHP e a MMX vem buscando alternativas de sustentabilidade para a RPPN, dentro deste contexto o turismo mais especificamente o Ecoturismo é apontando como uma possível forma de sustentação financeira, seria esta atividade viável para a área?

Para responder esta pergunta fomos buscar fundamentos que possam balizar possíveis investimentos e aviabilidade da atividade na área.

Em uma pesquisa2 realizada em 2006 em 14 RPPNs, mostrou-se que o ecoturismo é mais expressivo na Mata Atlântica (41%dos casos), Pantanal (24%)e Cerrado (17%), seguidas da Amazônia (7%), dos Costeiros(5%), da Caatinga e dos Campos Sulinos (ambos com 3%).No Pantanal, verificou-se 161.915,2 ha em RPPNs com ecoturismo, apresentando as reservas privadas de maiorextensão. Tendo como os principais objetivos para sua criação: a conservação (100% dos casos), o ecoturismo (79%), a educação ambiental (72%), a pesquisa científica (64%). Isso evidência em que os objetivos das reservas privadas brasileiras foram prioritariamente voltados para as questões conservacionistas, aliados a outras intenções secundárias, com destaque para o ecoturismo.

Outro dado importante é que o ecoturismo foi avaliado como economicamente lucrativo pela maioria dos proprietários das RPPNs (57%), em

2RUDZEWICZ, Laura; LANZER, Rosane Maria. Práticas de ecoturismo nas Reservas de Patrimônio

Natural/2006

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que o retorno do investimento inicial para o desenvolvimento das práticas de ecoturismo ainda não ocorreu, em 79% dos casos. Esses dados levam a considerar que o ecoturismo deve ser um complemento à busca pela viabilidade financeira das reservas.

Em 79% dos casos as RPPNs demonstraram integrar-se a outras áreas protegidas, formando corredores ecológicos, ampliando sua importância para a conservação dos ecossistemas e, na perspectiva do turismo, integrando e diversificando as possibilidades de uso público em áreas naturais protegidas.

As dificuldades para a viabilidade financeira das reservas é a ausência de planejamento e monitoramento ambiental demonstraram ser fatores limitantes à perspectiva de longo prazo, tanto para fins de conservação, quanto para o desenvolvimento do ecoturismo nos ambientes protegidos.

Um outro estudo demonstra o fluxo turismo em áreas com características parecidas com a RPPN Engenheiro Eliezer Batista vejamos a tabela abaixo:

PERCEPÇÃO DO TURISMO EM ZONAS ÚNIDAS3

Parque EtoshaPans Namíbia 200 mil turistas/ano

Parque Estadual do Rio Doce* Marliéria - Minas Gerais 25 mil turistas/ano

Carvenas de Skocjan Eslovênia 200 mil turistas/ano

Parque de KaKadu Austrália 200 mil turistas/ano

Sesc Pantanal (RPPN)* Poconé - Mato Grosso 20 mil turistas/ano

De um total de 1.927 Sítios RAMSAR no mundo apenas 680(35%) tem alguma atividade turística.

A RPPN EngenheiroEliezer Batista tem previsto em seu Plano de Manejo a visitação publica, a área ainda não dispõem de infraestrutura adequada para o desenvolvimento da atividade turística, porém desde 2010 recebe pesquisadores e visitantes técnicos que desejam realizar seus trabalhos e conhecer a área. Nos últimos 3 anos a RPPN EEB recebeu 651 pessoas formadoras de opinião, acadêmicos de diversas universidades, estudantes, pesquisadores e pessoasreconhecidas mundialmente.Podemos destacar as presenças como: Thomas Lovejoy, Michael Begon, Sebastião Salgado, Lawrence Wabba, FamiliaKink entre outros.

3Turismo em Zonas Úmidas: Uma Grande Experiência –MMA/2011

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Atualmente são desenvolvidos na RPPN EEB diversos projetos de pesquisa e apoio a comunidade como:

Ecologia e Conservação de pequenos e grandes felinos da Serra do Amolar, Pantanal do Brasil;

Doenças transmitidas por vetores em canídeo silvestre (Cerdocyonthous) e cães domésticos da região da Serra do Amolar;

Curso de Campo da UFMS, Curso Estratégias de Conservação para Natureza; Projeto criação de peixes em taques redes e criação de abelha nativa.

Recentemente o IHP em parceria com a MMX lançou um Livro com os aspectos biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista intitulada “Descobrindo o Paraiso”, que identificou diversas espécies endêmicas ainda não descritas pela ciência mundial, ressaltando a importância e relevância ambientalda área. O IHP também mantem parceria estratégicas importantes para o desenvolvimento da área como: SOS Pantanal, IBAMA/Prevfogo, Parque Nacional do Pantanal, PMA/MS, PANTHERA, SPVS, UFMS, Acaia Pantanal, ICMBio, REPAMS, Fundação Ecotrópica, Fundação Boticário, EMBRAPA/Pantanal.

Consideramos alguns fatores críticos e favoráveis o desenvolvimento turístico na RPPN EEB e na região, pois existem variáveis pontos da qual os proprietários e gestores não tem controle e não de sua responsabilidade o seu desenvolvimento. Abaixo apontamos estes fatores

FATORES CRÍTICOS E FAVORÁVEIS AO DESENVOLVIMENTO

DE TURISMO NA RPPN EEB E REGIAO

Críticos Favoráveis

Infraestrutura básica de apoio turísticos nos gateways deficiente e inexistente;

Diversidade de fauna e flora com certa facilidade para observação;

Pouco levantamento da biodiversidade; (Criação e divulgação de lista de fauna e Flora)

Proximidade a um parque nacional e a outras UCs;

Distancia de grandes centros receptivos;

Possibilidade de agregar a outros destinos consolidados nacional e internacional;

Exploração excessiva do segmento da pesca; Inexistência de outro produto turístico (eco)

o Pantanal apresenta ecossistemas e dinâmicas ecológicas frágeis e as dificuldades de acesso inibem a presença massificada de equipamentos e turistas.

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Sazonalidade (Clima, Queimadas, Mosquito)

Destino único com interesse de grupos bem específicos;

Alto custo de operacionalização; Participação e alternativa de desenvolvimento para as comunidades do entorno;

Falta de controle e fiscalização em área natural de grande extensão e de difícil acesso;

Diferentes tipos de atividades podem ser desenvolvidas na RPPN EEB e seus entorno.

Descrédito por parte de operadores ecoturismo com destino Corumbá;

Diferentes paisagens ao longo do ano, por conta do pulso hídrico da região e clima.

Aqui apontamos algumas alternativas de atividades que devem ser precedidas de um estudo mais aprofundado para avaliar sua viabilidade econômica e ambiental para implementação de um negócio turístico:

• Ecolodge com atividades de:Ecoturismo - Observação de fauna e flora e turismo segmentado/exclusivo;

• Aventura – Canoagem, mergulho; • EtnoCutural; • Turismo Cientifico;

Apontamos ainda outras alternativas de sustentabilidade e geração de renda para área:

• PSA por desempenhar um importante papel de repositório(berçário) de estoque pesqueiro que influencia diretamente a cadeia do turismo de pesca;

• Pagamento de taxa de conservação aos visitantes com renda revertida para fundo das comunidades locais e para custos operativos de conservação e manutenção do valor natural e cultural da área;

• Valoração da Biodiversidade – Banco Genético; • REDD - Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal; • Utilização dos recursos naturais de forma sustentável;

Neste contexto podemos concluir que noPantanal existem práticas bem-sucedidas e grande potencial turístico nas RPPNs, porém, em sua maioria o ecoturismo praticado no Pantanal Sul Matogrossense ainda é uma atividade inexpressiva, desordenada, de baixa qualidade impulsionada, quase que exclusivamente, pela oportunidade mercadológica, deixando a rigor, de gerar os benefícios sócio-econômicos e ambientais esperados e comprometendo não raro, o conceito de imagem do produto ecoturístico brasileiro nos mercados interno e externo.

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Neste sentido a MMX e o IHP estão desenvolvendo um plano de negócios e de sustentabilidade que apontem a viabilidade, alternativase soluções com o objetivo de estruturar e dotar a região da Serra do Amolar de equipamentos e serviços turísticos de alta qualidade explorando o seu potencial natural e cultural de forma sustentável, objetivando a conservação, proteção e sustentabilidade da RPPN EEB, bem como o retorno financeiros aos parceiros envolvidos.

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3.2 Experiências temáticas

Observar é para quem enxerga longe

GUTO CARVALHO: É profissional de comunicação e birdwatcher. Atou muitos anos como diretor publicitário, produziu e dirigiu séries de TV como Ecoprático e Sustentáculos além de programas especiais com foco em conhecimento e sustentabilidade. É criador e organizador do Encontro Brasileiro de Observação de Aves - AvistarBrasil.

Resumo da apresentação

Observação de aves pode ser definida como a necessidade compulsiva de identificar objetos voadores. Um observador de aves não é somente aquele ser com roupas camufladas, binóculos e um compêndio ornitológico, nem o fotógrafo solitário com um tripé nas costas e uma lente-bazuca nas mãos. Antes de ser profissional um observador de aves se esconde naquele tiozinho que atrapalha o trânsito ao estacionar seu carro pra olhar uma gavião pousado na marginal do Tietê em São Paulo, ou ainda na madame que coloca comidinha na varanda do prédio dos Jardins. E esse estilo não se perde, nem mesmo após fotografar a sua 1749º espécie. Ser observador é um estilo de vida e se manifesta em todas suas atividades. Em sua origem, "observar uma ave" é a experiência criadora do birdwatching e tem sua potência máxima no prazer de ver e identificar uma espécie desejada, o chamado "orgasmo ornitológico". Diferente de outras modalidades como por exemplo canyoning ou escalada, onde o "objeto do desejo" é estático, no birdwatching ele é móvel: as aves tem asas e podem voar… Isso cria condições únicas de mobilidade e dispers~o: Basta uma ave migratória aparecer no centro de Belo Horizonte, para converter a urbana lagoa da Pampulha num centro pop-up de birdwatching. Os recentes burburinhos (twitching) em torno do gavião de penacho, tuits, caburé-acanelado são outros bons exemplos desse fenômeno. A experiência da observação segue intrincadas regras estatísticas, mas de modo geral será freqüente onde houver muitas aves e algumas pessoas, ou onde houver muitas pessoas e algumas aves e atinge o ápice em locais com muitas gente e muitas aves… (Manaus por exemplo). Isso explica que a maioria dos registros ocorre em locais inusitados para o turismo de natureza. São Paulo, por exemplo, ocupa um surpreendente e honroso quarto lugar na lista de espécies. A observação de aves, se analisada pela ótica de seu produto (orgasmo ornitológico), apresenta uma distribuição estatísticas do tipo Cauda Longa, onde alguns destinos líderes dominam o mercado (Pantanal, Alta Floresta, Lagoa do Peixe, Itatiaia, etc) mas paralelamente uma infinidade de locações alternativas gera um volume de negócios muito superior ao gerado pelos líderes.

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Isso aponta caminhos alternativos ao atendimento dos top birders, brasileiros ou gringos. Abre espaço para inovação e exploração de nichos. Indica uma estratégia de consolidação e fortalecimento dessa cauda longa. Os hotspots sempre serão importantes, mas a verdadeira consolidação do segmento depende de entender melhor a demanda, a dinâmica e a diversidade de um segmento com asas e uma longa cauda.

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Mergulho em Fernando de Noronha

ISMAEL ESCOTE: Iniciou a carreira como profissional de mergulho em Bonito-MS, onde chegou em 1995 e viveu por 9 anos; formou-se como Guia de Turismo do MS em 1996 e como Instrutor de Mergulho em 1998; em 1999 criou a operadora de mergulho Sub Mundo, especializada em mergulho técnico e cavernas, e esta se tornou pioneira na implementação comercial de mergulhos com misturas gasosas no Brasil. Mora em Fernando de Noronha desde 2006, assumindo a coordenação de mergulho técnico e tornou-se responsável pela coordenação geral das operações de mergulho, pela seleção e treinamento da equipe. Participou de diversos treinamentos de gestão e qualidade pelo Sebrae em Fernando de Noronha e auxiliou na implementação do Sistema de Gestão de Segurança (SGS) na Atlantis Divers. É instrutor de mergulho pelas certificadoras PADI - NAUI - SSI - TDI - IANTD – IANTD, especializado em mergulho em cavernas, mergulho profundo, mergulho em naufrágios, misturas gasosas, foto sub, vídeo sub, DPV e emergências e resgate.

Resumo da apresentação

Introdução

A atividade de mergulho autônomo em Fernando de Noronha é sem dúvida

um dos pilares de sustentação da cadeia turística da Ilha. O fluxo anual, de acordo

com dados da administração de FN, foi de aproximadamente 62.000 visitantes em

2012. Para tratar deste tema os tópicos abordados nesta apresentação serão os

seguintes:

Localização geográfica e infraestrutura urbana. Mergulho em suas diversas modalidades. Importância da atividade para a ilha e para o mercado de mergulho

brasileiro.

Localização geográfica e características do arquipélago

O Arquipélago de Fernando de Noronha está localizado na costa nordeste

do Brasil, fora da plataforma continental à uma distância de aproximadamente,

550 km de Recife-PE e de 350 km de Natal-RN. Trata-se de um conjunto de ilhas

oceânicas formado pela ilha principal e mais 12 ilhas e ilhotas, com uma área de

112 km2. As ilhas têm origem em uma cadeia vulcânica cuja base encontra-se a

4000 metros de profundidade. Fernando de Noronha é um Distrito Estadual de

Pernambuco, sendo este o único do país. Além disso, toda a áreaterrestre do

Arquipélago é composta por duas unidades de conservação, sendo dividas da

seguinte forma: Na área da APA que equivale a 30% está a maior parte da

infraestrutura urbana e o Parque Nacional Marinho abrange os 70% restantes.

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Infraestrutura

A única ilha habitada do arquipélago é a ilha principal chamada Fernando

de Noronha. A população de Noronha varia entre 3500 a 4000 habitantes

dependendo do período do ano. Este número considera a população fixa e a

flutuante, que são os visitantes e os prestadores de serviço temporários.

A ilha dispõe de um aeroporto com capacidade para operar com aeronaves

de grande porte. Dois voos diários de Recife e um voo diário de Natal realizados

por duas companhias aéreas fazem o transporte de visitantes e moradores da ilha

até o continente. Um pequeno porto serve aos diversos barcos de carga que

abastecem a ilha semanalmente com gêneros alimentícios, combustível, gás etc. e

também atende às embarcações de turismo e mergulho que levam os visitantes

para as atividades ao redor da ilha.

Existe um hospital público e um posto de saúde para o atendimento da

população e visitantes, porém a infraestrutura e os equipamentos são limitados e

nos casos de emergências graves pode ser necessário a remoção para o continente.

Existe também o atendimento móvel de emergências feito por uma equipe do

SAMU.

Na área de segurança pública há uma delegacia da Polícia Civil, uma

delegacia da Polícia Federal, um destacamento da Polícia Militar e um

destacamento do Corpo de Bombeiros.

O comércio é composto de pequenos mercados e outros estabelecimentos

que atendem à demanda por alimentos, bebidas, remédios, vestuário e materiais

de construção. Além disso há uma quantidade considerável de bares e

restaurantes.Os meios de hospedagem também são diversificados com oferta de

acomodações simples e pousadas familiares até bangalôs de luxo com serviços

personalizados.

A maior parte da água tratada disponível vem de processo de dessalinização

e apenas uma pequena parte do esgoto é tratado. A energia elétrica é

disponibilizada por uma usina geradora que funciona com motores à combustão de

óleo diesel.

Para comunicação há rede de telefonia fixa, rede de telefonia celular que

atende às principais operadoras e também internet entretanto bastante limitada

em termos de velocidade e pontos de conexão. O sistema de dados disponível para

celular é o Edge que tem velocidade bem inferior ao 3G. Há apenas uma agência

bancária e alguns postos de serviço, pouquíssimas opções de caixa eletrônico e

nenhuma casa de câmbio.

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Mergulho

São três as operadoras que prestam serviços de mergulho autônomo em

Fernando de Noronha somando entre elas oito embarcações que possuem licença

para esta atividade. Noronha é sem dúvida o melhor local do Brasil para a prática

desta atividade do turismo devido aos seguintes fatores:

Condição climática, temperatura e visibilidade da água muito boa durante o

ano todo. Por se tratar área protegida, a vida marinha é abundante e diversificada e

além disso, há também uma diversidade muito grande na paisagem sub aquática,

tornando cada mergulho uma experiência diferente do ponto de vista cênico. É

possível realizar mergulho em fundo rochoso, arenoso, em cavernas e naufrágios,

mergulhos profundos e mergulho de correnteza onde o fluxo da água leva o

mergulhador como se ele estivesse em um rio. São basicamente três modalidades

de mergulho autônomo exploradas na ilha:

1. Mergulho de Batismo –Modalidade em que o visitante deseja fazer somente uma experiência, acompanhado de um instrutor, sem que isto se converta em um treinamento para emissão de certificação. No Batismo, também conhecido como “Discovery scubadiving”, o visitante recebe uma instruç~o teórica durante a navegação até o ponto de mergulho e em seguida vai para a água onde é feita a adaptação ao equipamento antes de descer, acompanhado e em contato físico o tempo todo com um instrutor de mergulho. A duração da imersão é de aproximadamente 30 minutos e a profundidade máxima é de 12 metros.

2. Mergulho Credenciado – Nesta modalidade o visitante já participou de curso de treinamento e possui credencial de mergulhador recreativo, que o habilita a mergulhar até o limite de seu nível de treinamento, que pode ser básico, avançado ou mergulhador técnico. Em função das regras do Parque Nacional Marinho, estes mergulhos serão sempre acompanhados de um condutor de mergulho, que é um profissional qualificado para instruir e conduzir outros mergulhadores. Nas saídas embarcadas os grupos são divididos em até 8 mergulhadores sendo conduzidos por 2 profissionais obedecendo sempre a razão de 1:4 nos mergulhos convencionais e 1:2 nos mergulhos técnicos. A atividade pode ser conduzida em três períodos: manhã, tarde e noite. Nos mergulhos diurnos as saídas são programadas para duas imersões de aproximadamente 40 minutos e no período noturno apenas uma imersão. As profundidades máximas dependem do nível de treinamento dos mergulhadores, sendo os limites para básico – 25 metros, avançado – 40 metros e técnico – 65 metros.

3. Cursos de mergulho – É a modalidade onde o visitante deseja obter a credencial ou certificação de mergulhador autônomo. Esta credencial é emitida por entidades certificadoras que treinam seus instrutores de acordo com padrões reconhecidos internacionalmente e portanto têm validade ao redor do mundo sendo reconhecidas na grande maioria dos países onde se opera mergulho autônomo. Após o primeiro curso, de nível básico, o mergulhador tem a oportunidade de acessar outros níveis e uma

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infinidade de especialidades que vão desde fotografia sub até mergulho em cavernas, sem falar dos programas profissionalizantes.

Ao todo são 23 pontos de mergulho cadastrados na área do PARNAMAR –

Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.

Importância da atividade

O mergulho autônomo é uma das atividades que mais agrada aos turistas

que vêm à Noronha, de acordo com as estatísticas do perfil do visitante,

divulgadas pela Administração da Ilha. Além disso, devido ao volume de

operações ao longo do ano Noronha é também um grande polo de capacitação

profissional para esta atividade. Além de formar profissionais de mergulho,

algumas empresas também contratam profissionais formados que tem intenção

de passar um período curto na ilha, no máximo três meses, com o objetivo de se

qualificar melhor para atuar em seu local de origem.

Outro ponto bastante importante da atividade de mergulho é seu potencial

como ferramenta de educação ambiental. O impacto exercido pelo mergulho

enquanto experiência é tão forte para as pessoas, que seria um desperdício não

utilizar isso, agregando consciência ambiental e passando informações sobre a

importância do participante como elo na cadeia conservacionista.

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Caminhadas de longo percurso

ALEXANDRE LORENZETTO: Biólogo; mestre em Áreas Naturais Protegidas (Espanha); pesquisador associado do Programa Parkswatch-Greenvest, realizando avaliações de efetividade de gestão de áreas protegidas e programas de apoio e fortalecimento para as mesmas, na América Latina. Realizou trabalhos em áreas protegidas na América Latina, com especial ênfase na Argentina, onde fez parte da Comissão de Uso Público para parques de alta montanha. Experiência também na Europa (Espanha e Itália) e África, realizando pesquisas, consultorias e voluntariados, sempre com especial interesse no tema de uso público. Usuário assíduo de unidades de conservação, montanhista com mais de 15 anos de atividades, é também membro voluntário do Corpo de Socorro em Montanha- COSMO (Parque Estadual Marumbi- PR). Atualmente é o coordenador do Projeto de Fortalecimento do Uso Público para o Instituto Estadual do Ambiente- RJ, executado pelo ITPA (Instituto Terra de Preservação Ambiental)

Resumo da apresentação

A palestra aborda conceitos gerais de caminhadas de longa distância pelo mundo, citando alguns exemplos das mais conhecidas. Será aprofundado o tema de caminhadas de longo percurso na Europa, com as suas diversas associações e a estrutura que eles possuem para organizar este tipo de produto turístico. Como estudo de caso será apresentado o caso espanhol, como funcionam as trilhas de longa distância naquele país, como se fomenta, como se divulga, organiza, etc. Além disso, será mostrado como a Espanha está inserida dentro do contexto europeu, principalmente relacionado às trilhas transnacionais. Também foram abordadas experiências do autor em percorrer algumas destas trilhas de longo percurso, exemplificando com fotos e comentando sobre a logística necessária e preparação para os determinados tipos percursos, outros relatos de experiências na América Latina foram trazidos, em locais onde se pratica muito esta atividade, como na Patagônia. Por fim, será feito um paralelo sobre as travessias que possuímos no Brasil e alguns projetos de trilhas de longa distância que estão sendo executados e planejados atualmente.

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3.3 Parecerias Público Privadas

Parceria Público Privada - A visão do ICMBio

GIOVANNA PALAZZI: Graduada em Ecologia pela Universidade Estadual Paulista

(UNESP), desde 2000. Ingressou na carreira de Especialista em Meio Ambiente em

2002 no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

(Ibama) e em 2007 passou a integrar o quadro funcional do Instituto Chico Mendes

de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). No período de 2011/2012 atuou como

Gerente de Projetos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), no Departamento de

Áreas Protegidas, onde coordenou ações de implementação do Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (SNUC). No período de 2010/2011 foi coordenadora geral

de Criação, Planejamento, Avaliação e Monitoramento de Unidades de Conservação

na Diretoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral do ICMBio (DIREP),

atual DIMAN. Em 2009 foi coordenadora regional do ICMBio em Manaus – CR 02,

onde atuou na estruturação e implementação do ICMBio em nível local. No período

de 2002 a 2008 foi chefe da Floresta Nacional do Tapajós, UC gerida pelo Instituto

localizada em Santaré/PA, e do Parque Nacional de Anavilhanas, gerido pelo

Instituto localizado no Amazonas. Atualmente Giovanna é diretora de Criação e

Manejo de UCs do Instituto Chico Mendes

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Parceria Público Privada: A visão do Instituto Semeia

ANNA CAROLINA LOBO: Bacharel em Turismo, com pós-graduação em Tecnologia e

Gestão Ambiental. É coordenadora de Projetos do Instituto Semeia desde janeiro de

2012. O Instituto Semeia é uma ONG brasileira dedicada a reunir entidades públicas

e privadas para desenvolver modelos de gestão responsáveis, de classe mundial para

as áreas protegidas do Brasil. Anteriormente, ela trabalhou por 6 anos como Gerente

de Visitação Pública e Ecoturismo na Fundação Florestal, órgão responsável pela

gestão de Unidades de Conservação do Governo do Estado de São Paulo. Durante o

mesmo período coordenou o Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na

Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo, financiado pelo Banco

Interamericano de Desenvolvimento. Atuou como conselheira no Conselho Estadual

de Turismo e Conselho Estadual de Monumentos Geológicos. De 2003 a 2006

trabalhou na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São

Paulo, onde esteve a frente do programa de regionalização do turismo em diversas

regiões do Estado, assim como do financiamento de projetos de turismo, hotelaria e

outros negócios relacionados a cadeia produtiva do turismo, pelo Fundo de

Desenvolvimento do Vale do Ribeira. Também foi conselheira do Consema - Conselho

Estadual do Meio Ambiente. Foi autora e coautora das seguintes publicações:

“Modelo de Tomada de Decisão para o Desenvolvimento de Parcerias entre os setores

público e privado na conservação e no empreendedorismo turístico em UC” (2012);

“Unidades de Conservação devem ser Fontes de Riqueza para o País” (2012); “Trilhas

de longo curso e diversificação do uso público nos parques estaduais de São Paulo”

(2011); "Manual de Monitoramento e Gestão dos Impactos da Visitação em UC"

(2010); "Manual para Construção e Manutenção de Trilhas" (2010), "Cadernos de

Educação Ambiental - Ecoturismo" (2010); "Passaporte para as Trilhas de São

Paulo" (2008); "Roteiros de Mergulho" (2009); e "Programa de Ecoturismo: As UCs

Paulistas para a Sociedade" (2009).

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Parceria Público Privada: A visão do concessionário

DIEGO CANNESTRACI: Diretor da Nodocom Comunicación y Eventos, que desenvolve

eventos esportivos em parques nacionais e áreas protegidas da Argentina. Formado

em física pela Universidade Nacional de Comahue, com especialização em atividades

recreativas na natureza e cursos de ciências sociais, geografia e negócios, além de ter

feito cursos do comitê Olímpico Argentino e Internacional. É guia de montanha;

autor e editor publicações técnicas de cartografia e livros de trekking.

Resumo da apresentação

Experiencias de uso público, garantías y sustentabilidad real.

Antes de contar mi experiencia técnica como prestador de servicios privados en la naturaleza en los Parques Nacionales de Argentina, debo hacer una breve reseña sobre el contexto de histórico y geográfico de las áreas protegidas ambientalmente en la Argentina y brevemente sobre mi historia personal como actor subjetivo en la economía y uso público de los Parque Nacionales.

Es interesante conocer que la historia de los PNs Argentinos, que oficialmente fueron creados por el estado argentino en 1920, con el primer parque llamado Parque Nacional del Sud (Luego Nahuel Huapi) y creando luego en 1934 la Dirección de Parques Nacionales. Pero que en realidad tuvieron su origen en una donación privada y desinteresada en el área del PN Nahuel Huapi en 1903.

“El 6 de noviembre de 1903, el Dr. Francisco P. Moreno, geógrafo, paleontólogo y gran explorador, en una carta dirigida al entonces Ministro de Agricultura Wenceslao Escalante, manifestaba lo siguiente:

“Durante las excursiones que en aquellos años hice en el sur admiré lugares excepcionalmente hermosos y más de una vez enuncié la conveniencia de que la Nación conservara la propiedad de algunas de ellas, para mejor provecho de las generaciones presentes y venideras. Vengo por ello, invocando los términos de la Ley, a solicitar la ubicación de un área de tres leguas cuadradas con el fin de que sea conservada como parque público. Al hacer esta donación emito el deseo de que la fisonomía actual del perímetro que abarca no sea alterada y que no se hagan más obras que aquellas que faciliten comodidades para la vida del visitante.”

La donación del terreno, se hizo con la exclusiva condición de ser reservada como "Parque Nacional sin que en ella pueda hacerse concesión alguna a particulares". Convencido sobre el devenir de la región, pronosticó que "convertida en propiedad pública inalienable llegaría a ser pronto centro de grandes actividades intelectuales y sociales y por lo tanto, excelente instrumento de progreso humano".

De esta manera, la donación y acto simbólico del Perito Moreno marco el rumbo de Parques de Uso público del país, estableciendo que se realicen “m|s obras que aquellas que faciliten la vida del visitante”, integrando de manera natural el turismo al concepto de |rea protegida. Especificando adem|s que “sus

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excursiones por aquellos años como explorador” dieron la visión de bellezas naturales únicas a ser preservadas.

En el transcurso de 110 años desde esta donación inicial, Argentina tiene hoy 40 aéreas protegidas bajo la Administración de Parques Nacionales, presidida por primera vez desde hace 2 meses por un Guardaparque como autoridad máxima, mostrando sin dudas una madurez muy solida como institución, pero sobre todo coherencia en su mensaje. Esto sin contar las áreas provinciales y municipales de conservación, más de 300.

Se protegen más de 4 millones de hectáreas, y se están por agregar en diferentes proyectos de PNs más de 1,5 millones de hectáreas nuevas al manejo de la APN.

Algunas lecciones aprendidas

Al tener nuestros PNs una misión fundacional orientada al uso público, no han sido pocas las lecciones que la historia ha dejado, pero sin dudas aún queda mucho por aprender y sobre todo para implementar de estas lecciones en la interacción entre diferentes aéreas del estado y los sectores privados.

Un breve repaso por mi historia, para entender un poco más mi visión subjetiva:

Nacionales la Patagonia, hace 33 años, muy cerca de 2 parques nacionales que reúnen más de 1 millones de hectáreas de áreas protegidas. (Nahuel huapi y Lanin). Desde muy chico mi familia me llevo de vacaciones a los PNs, y pude desde muy chico disfrutar d ela naturaleza a través de las actividades recreativas como las caminatas, la pesca, el esquí y los campamentos.

A los 13 comencé a practicar el montañismo seriamente, agregando a las experiencias nuevas disciplinas como la escalada, el kayaking, y el ascenso de montañas con fines “deportivos”.

A los 17 elegí irme a vivir a una de las 2 ciudades dentro del PN Nahuel Huapi, Bariloche, que aunque parezca un cuento es una ciudad de 22.000 hectáreas dentro de un parque nacional de más de 700.000. Allí conocí más de cerca el mensaje del Perito Moreno, fundador espiritual de los PNs, compartiendo cada mañana su visión desde mi ventana.

Me forme como profesor de educación física, y me hice guía de montaña, comenzando a trabajar con turismo en áreas protegidas a los 19 años, llevando a gente a la montaña para explorar la naturaleza. Trabaje como guía de montaña, profesor de niños en escalada, trekking y esquí. También muchos años integre y organice un grupo de rescate en montaña.

Paralelamente a comenzar a trabajar como guía, funde una agencia de turismo especializada en montañismo y actividades en la naturaleza, trabajando

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durante 10 años en con habilitaciones en 5 PNs de la Patagonia (operador multi parques).

Entre los años 2002 y 2005 publique algunos trabajos bibliográficos de montañismo, como al guía Infotrekking, del PN Nahuel Huapi y mapas topográficos de muchos puntos de montañismo del país. Algunos de estos trabajos sirvieron como base para el trabajo territorial en muchos PNs, inclusive generando un plan de manejo nuevo para la red de trekking más grande de la Patagonia en Bariloche.

Desde 2009, trabajo enfocado en la organización de eventos deportivos (carreras de calle) dentro de los Parques Nacionales, en diferentes puntos del país, realizando eventos en Bariloche, Mendoza; Iguazú y el Calafate. Estos eventos son promotores del uso público de los PNs de manera sustentable, ayudando a expandir el mensaje y valores del uso público y sustentable de los mismos.

Pero, son sustentables los PNs? Por qué?

Es de por si un UCs un área sostenible?

Puede solo por ser conservada un área ser sostenible?

Como contribuye el turismo a la sostenibilidad de las UCs?

Sostenibilidad, concepto de tres ejes.

Partiendo de la base de que la creación de un PNs o UCs es generalmente enfocado en la preservación ambiental, esto solo completa un eje del concepto de sostenibilidad (Ambiental). Faltará entonces dar sentido a los ejes sociales y económicos.

En primer lugar después de más de 10 años de trabajo con turismo en UCs o PNs, puedo contar que el uso público es la primer herramienta para que la población de un país conozca la naturaleza y aprenda a valorarla, estas experiencias han sido condensadas en los PNs de argentina a través de sus áreas de Educación Ambiental, que dan cuerpo a las políticas de comunicación sobre las características de los PNs. Esto incluye su biodiversidad, su historia y su valor como unidad de conservación.

Cada visitante se convierte en un garante de la conservación de un área, y cuanto más conozca de sus características más puede pesar el criterio de los turistas en la defensa de los PNs. Nadie puede defender o valorar lo que no conoce.

Entonces: USO Publico = Conocimiento popular = Valorización = Garantía.

Ahora este aspecto o reflexión sobre el uso público, se suma al eje de conservación implícito en los PNs, y se suma como el referente del eje SOCIAL de la sostenibilidad. Este aspecto de la sostenibilidad, es quizás el más complejo de alcanzar, porque implica que la sociedad debe dar su consentimiento genuino para que un área pública sea conservada y no explotada buscando la satisfacción de otro

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fines. Entonces el uso público se convierte no solo en un garante de la conservación, sino en un legitimador social del valor de la conservación en sí.

La experiencia histórica en la perdida de hábitats y especies en el mundo demuestra que no puede existir la conservación, si no es legitimada por la sociedad.

Está reflexión también lleva a entender el uso público, como un proceso de educación permanente y combativo, que debe guía la utilización de las UCs hacia metodologías coherentes y competitivas (*comentario sobre necesidades-competitividad social), frente a otros estímulos que la sociedad recibe, y que afectan el criterio con el cual las sociedades se relacionan con su entorno. Aquí entra en juego el tercer eje de la sostenibilidad. El económico.

Así como un sociedad no puede valorar algo que no conoce plenamente, tampoco puede valorar de manera abstracta la conservación como valor y es aquí donde entendemos que el turismo es una herramienta generadora de recursos genuinos para una región, que si bien probablemente no garanticen la generación de dividendos como otras actividades económicas, es una barrera más para la protección y legitimización de las UCs.

Entonces: Turismo = actividad económica sostenible en las UCs = Garantía de conservación.

La creación de nuevas UCs y la gestión de las existentes, debe ser diseñada con una visión sostenible REAL y no solo IDEAL.

La articulación del estado, con los emprendedores civiles y privados, también es una metodología con experiencias muy exitosas y productivas en Argentina (*ejemplos breves de desarrollos turísticos ejemplares de Argentina). Algunas deudas en la gestión de aéreas (*comentarios).

Nuestro objetivo “M|s Áreas protegidas!”(* Desarrollo de la experiencia Meseta Infinita y el proyecto del PN Somuncura, el más grande de Argentina!).

Una pequeña historia contradictoria en mi experiencia con la el mundo de la ONGs de la conservación. Casi un CAMPAIGNER (solo en la presentación).

Propuesta: Creación e una red de experiencias latam. de uso público en UCs y bolsa de negocios turísticos sostenibles.

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3.4 Turismo de base comunitária e gestão descentralizada

Trajetória do turismo no Sul da Bahia: sociedade, biodiversidade e planejamento

RUI BARBOSA DA ROCHA: É engenheiro agrônomo, professor do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual de Santa Cruz e dirige o Instituto Floresta Viva. Coordena programas e projetos de conservação e uso da biodiversidade no Sul da Bahia desde 1996; coopera com o trade turístico regional e promove a interface deste setor com as áreas protegidas e com as comunidades locais, influenciando políticas públicas locais para ampliar a qualidade e sustentabilidade no território. Empreendedor Ashoka, conselheiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID e do Conselho de Meio Ambiente de Ilhéus.

Resumo da apresentação

Resumo

O Sul da Bahia, no meio do litoral brasileiro, é conhecido pelo cacaudescrito na literatura de Jorge Amado, aexpressiva Mata Atlântica e por um recortadoe encantador litoral. Neste cenário, o turismo se desenvolve gradualmente desde os anos setenta, mas com maior ímpeto desde os anos 90 com o Prodetur, programa dos Governos Federal e estaduais no Nordeste. Financiado pelo Banco Interamericano do Desenvolvimento e pelo Banco do Nordeste, o programaassociou infra estrutura, áreas protegidas e gestão de novos destinos turísticos: Costas do Dendê, Cacau, Descobrimento, Baleias e Coqueiros, espalhados neste litoral. O planejamento de territórios turísticos com áreas protegidas é um imenso desafio, mas alcança resultados gradualmente pela proteção da paisagem e dos ecossistemas de alta relevância ecológica, com gradual adesão da sociedade civil e do setor privado. A democratização do país motivou a criação dos conselhos gestores destas unidades de conservação, que têm contribuído na avaliação e qualificação de projetos privados e políticas públicas no território. Os maiores riscos para o turismo e mesmo para estes ecossistemas costeirosestão nos conflitos entre políticas públicas locais, estaduais e federais, nem sempre alinhadas no espaço e no tempo.

1. A natureza singular do Sul da Bahia

Árvores e palmeiras seculares cobrem cerca de 1 milhão de hectares de

florestas, lavouras de cacau e dezenas de outras lavouras tropicais, em todo o

litoral do Sul da Bahia. Pescadores remam calmamente em canoasrústicas nos Rios

Caraíva,Pardo, Jequintinhonha,Cachoeira, Contas, Unae em tantos outros que

desaguam nesta costa, vindos das montanhas do interior baiano e de Minas Gerais.

Frutas tropicais de todo o mundo, inclusive algumas endêmicas desta floresta,

estão espalhadas emdezenas de milhares de roças de subsistência e fazendas. Coco,

Jaca, mangustão, cana de açúcar, fruta pão, açaí, baunilha, guaraná, cravo da índia,

dendê e dezenas de outras frutas amazônicas, africanas e asiáticas se misturam

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comamesclas, abius, jenipapos, cajás, mangabas, juçara, piaçavae tantas outras

espécies nativas, indicando que a região conectou-se ao mundo desde o século XVI,

no meio do comércio europeu/asiático/africanode especiarias e da própria

biodiversidade reinante neste ponto da costa brasileira.

Os sons que surgem da floresta são variados ao longo do dia e da noite,

numa sinfonia conduzida pelo clima e pela luz solar e que envolvemiríades de

espécies de insetos, répteis e pássaros, que seguem espalhando sementes das

árvores e ampliando a riqueza biológica tão marcante nesta região. A natureza

exuberante é marcada pelo clima tropical úmido quase sempre agradável –a

temperatura está mediada entre 20 e 29 graus, quase todos dias do ano.

Os recortes no litoral são quase sempre surpreendentes e nos fazem

cantarolar músicas de Dorival Caymmi, um brilhante compositor brasileiro do

século XX:O mar, quando quebra na praia é bonito, ébonito...

Desde a Ponta do Curral, em Valença, a Garapuá, Boipeba, Pratigi, Barra

Grande, Saquaíra, Itacarezinho e Caraiva, mais ao sul, todos os recantos do litoral

sul baiano formaram-se ao longo de milhões de anos com o movimento da corrente

Brasil, moldando com força e serenidade o litoral nordestino e que gerou neste

trecho da costa extensas planícies de restingas, recifes de corais, estuários

gigantescos, penínsulas, arquipélagos e baías generosas, como a de Camamu, ao

norte de Ilhéus.

A riqueza cultural baiana, tão conhecida no Brasil, adquire contornos

próprios neste litoral. O bucolismo da paisagem, a generosidade do clima e o ir e

vir das águas das marés conferem ao povo desta região um humor próprio, nem

sempre compatível com o ritmo acelerado dos grandes centros urbanos. A

produção de cestarias, o azeite de dendê, a secagem do cacau e outros tantos

produtos, como o camarão, a pimenta e o guaraná, a extração e beneficiamento da

fibra de piaçava, a pesca artesanal e o fabrico de cerâmicas seguem ritmos mais

orgânicos e dão a economia local um tempo próprio, nem sempre apto a conviver

com a velocidade de cidades do centro sul do Brasil e da Europa. O cacau,

especialmente, é uma cultura de imenso impacto na história regional dos dois

últimos séculos, alcançando praticamente toda a população regional, direta e

indiretamente. Para ser economicamente viável, requer sete (07) anos de cuidados

desde o plantio, envolvendo também o manejo da sombra e uma fermentação e

secagem bastante cuidadosas por muitos dias, até a produção final do chocolate.

A tradição agrícola tropical, vivíssima nesta região mesmo com as múltiplas

crises econômicas e provocadas por pragas e doenças severas, amplia o caldo

cultural regional se somada a incrível experiência dos povos locais com os peixes,

crustáceos, madeiras, óleos e fibras diversas que ocorrem abundantemente ao

longo da costa, mesmo sob pressão crescente e novas regras do comércio regional

e leis do país. Um destaque fica para a construção naval artesanal que ainda resiste

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na baía de Camamu, precisamente no povoado de Cajaíba do Sul. Ali, dezenas de

marceneiros reformam ou constroem saveiros e escunas com madeiras de lei

oriundas da Amazônia ou da região, com base em um saber de valor incalculável.

Em que pese a legislação ambiental brasileira ter fortalecido a proteção de árvores

ameaçadas, a exemplo do Jataipeba (Bwodriguesiasantosiigowam), esta é uma das

madeiras especiais para a construção do convés de embarcações, pela resistência

ao tempo e as condições náuticas. O conhecimento local da biodiversidade requer

assim o plantio das espécies nativas para um uso continuado, com fortes

implicações culturais e para a economia do turismo.

2. A trajetória do turismo regional

Uma resultante de processos históricos, culturais, econômicos e uma

alternativa à crise do cacau

O turismo neste litoral teve início em remotas eras, seguindo o hábito

europeu de se frequentar locais na costa aprazíveis para retiros de verão ou por

razões terapêuticas. Famíias mais abastadas construíram residências em muitas

vilas de pescadores nos anos quarenta até os anos oitenta do século passado,

sendo um exemplo clássico a Ilha de Itaparica, na Baía de Todos os Santos, ou a vila

de Morro de São Paulo, no município de Cairu, assim como tantos locais da

América e do mundo. Nos anos oitenta, destinos de veraneio locais e regionais

passaram a ser visitados por mochileiros e aventureiros das principais cidades

brasileiras, especialmente São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A mídia

passa a descrever novos destinos turísticos no Nordeste em revistas de ampla

circulação nacional. O acesso a estes destinos passou a ser revelado

detalhadamente no guia Quatro Rodas (1) publicados anualmente e de consumo

generalizado pela classe média urbana de todo o Brasil.

Este fluxo turístico doméstico se intensificou a cada ano desde 1985,

somado ao fluxo turístico internacional que passou a ver o Brasil como um destino

amigável, mesmo com a imagem do país ainda associada a violência urbana e

fragilidade institucional, desde o regime militar pós 1964. Jovens europeus,

também com suporte de guias especializados, alcançavam com facilidade novas

pousadas artesanais que surgiam das casas de pescadores ou dos veranistas,

geradas pela demanda destes novos visitantes. No início da década de noventa,

atentos a esta realidade, os governos estaduais do Nordeste, liderados pela Bahia e

pelo Ceará, conceberam plano ambicioso de expansão do turismo regional, que no

caso baiano considerou como estratégico a implementação de áreas de proteção

ambiental, as APAs, em escala e distribuição geográfica superior a todos os estados

do Brasil.

A APA, categoria de unidade de conservação de uso direto, segundo o

Sistema Brasileiro de Unidades de Conservação - SNUC, é bem mais flexível para

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atividades econômicas do que as reservas biológicas e parques nacionais,

admitindo quase todas as atividades econômicas de baixo impacto, como

agricultura e criação em pequena escala em zonas já desmatadas, turismo e

existência de pequenas cidades e vilas. Por outro lado, as APAs podem conter

ambientes costeiros de altíssima relevância ecológica, como florestas primárias,

restingas e manguezais, especificadas como zonas de preservação rigorosa e

portanto vocacionadas exclusivamente para conservação strictu sensu. A Bahia

possui atualmente 24 (vinte e quatro) APAs tanto na costa quanto no interior do

estado, inclusive dentro da Região Metropolitana de Salvador, sua capital

administrativa, econômica e cultural. No caso do Sul da Bahia e como referência

para este artigo, extraímos muitas lições da APA de Itacaré Serra Grande, uma das

mais ativas da Bahia e do Brasil (veremos mais detalhes no capítulo seguinte).

O Sul da Bahia e a zona cacaueira em crise

O desenvolvimentodo turismo, portanto, é uma resultante positiva de

processos históricos, culturais, econômicos e de políticas públicas- no caso do Sul

da Bahia, também como resposta à crise sócio-econômicado cacau. O incremento

da atividade, que já supera o número de 500 mil visitantes por ano na região de

Ilhéus, tem motivado inúmeros projetos de novos hotéis e resorts entre Ilhéus e

Morro de São Paulo, com destaque para Itacaré, Maraú, Boipeba e também Una, ao

sul de Ilhéus. Este dinamismo, por um lado, minimiza as perdas sociais e

econômicas da agricultura do cacau, quase que diretamente, ao menos aonde as

atividades ocorrem no mesmo local.

O cacau tem sido uma cultura extremamente vigorosa por dois séculos.

Viveu o seu apogeu em 1978 e entrou em quase colapso 16 anos depois, quando

uma sucessão de fatores, no mesmo período, atingiu duramente esta atividade

econômica de alto valor agregado, intensiva em mão de obra e bastante amigável à

biodiversidade das florestas tropicais aonde se desenvolve. A produção regional do

cacau declinou para 20 % da produção máxima, de 1985. Centenas de milhares de

trabalhadores foram demitidos em menos de 5 anos, desde que a doença fúngica

vassoura de bruxa (Crinipelisperniciosus) atacou as lavouras, o preço mundial caiu

de 5000 (cinco mil) para 1200 (hum mil e duzentos) U$ a tonelada, neste período,

o custo do trabalho rural aumentou consideravelmente com a constituinte

brasileira de 1988, e quatro anos seguidos com chuvas escassas afetou

dramaticamente a produtividade do cacau, desde 1985.

O declínio econômico da região afetou tão profundamente os costumes

regionais que a migração do campo para a cidade foi intensa desde 1989,

ampliando a população urbana de Ilhéus, Itacaré, Porto Seguro, Valença e mesmo

Morro de São Paulo, uma vila que multiplicou a sua população em cinco (05) vezes,

desde 1990. Todas as localidades foram destino dos ex-trabalhadores rurais do

cacau. Ao mesmo tempo, a diversificação econômica para o turismo atingiu

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diretamente muitas famílias de produtores rurais, que com residências e fazendas

na costa, passaram a investir em pousadas ou loteamentos residenciais,

substituindo os usos agrícolas tradicionais ou de veraneio para serviços de

hospedagem, gastronomia ou pequenas agências de turismo.

A nova economia do turismo não só ocupou o lugar do meio rural e urbano

tradicional, como também se conectou com a produção rural existente,

diversificando-a e abrindo novas demandas de produtos e serviços. Polpas de

frutas tropicais, leite e queijo, pescado, ovos, hortaliças orgânicas e produção

artesanal de chocolates passaram a ser produzidos diretamente para hotéis,

pousados e restaurantes. Esta complementariedade revitalizou a economia

regional e abre inúmeras possibilidades de negócios, aliados das atividades

econômicas pre-existentes nesta região.

Linha ilustrativa do tempo no Sul da Bahia

Anos 70 E 80

Início da atividade turística doméstica e internacional em vilas e cidades costeiras do nordeste brasileiro

1993 ECO 92 e a agenda ambiental se intensifica no Brasil

1991a 1995

Concepção do PRODETUR para os estados do Nordeste, com a liderança baiana e do Ceará

1996-1998

Na Costa do Cacau, a pavimentação da Rodovia Ilhéus Itacaré, a Criação do Parque do Conduru e a implementação da APA de Itacaré Serra Grande e APA da Lagoa Encantada junto com a política de desenvolvimento turístico da Bahia

2000 Itacaré torna-se um destino turístico diferenciado no Brasil e no Mundo

2000 a 2002

Meios de hospedagem como Txai, Villas de São José, Aldeia da Mata Lodge e Vila Ecoporan surgem entre Serra Grande e Itacaré

2000 a2012

Gestão continuada de áreas protegidas com participação da sociedade civil, mesmo com baixos investimentos estatais em proteção.

2008 a 2012

Projeto Porto Sul versus atividade turística de natureza e amplo debate sobre o futuro regional

2030 Sul da Bahia como centro econômico e cultural complexo, dinâmico e inovador, pautado na conservação e relação sadia com a natureza, tendo o turismo papel fundamental na economia regional.

3. Um sistema de áreas protegidas associado ao turismo regional

Em 1993, um ano depois da ECO-92, o Prodetur na Bahia tinha esboçado

uma estratégia muito clara – planejamento territorial do turismo com base em

APAs, a categoria de unidade de conservação de maior aderência e funcionalidade

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para as zonas turísticas definidas no litoral do Sul da Bahia. Cobrindo quase todo o

litoral, oficialmente protegiam os manguezais, as restingas, rios e riachos, florestas

ainda remanescentes, bem como a paisagem turística, a exemplo das falésias e

costões rochosos.

Na região entre Ilhéus, Uruçuca e Itacaré, por exemplo, denominada de

Costa do Cacau, o plano incluía a pavimentação asfáltica de uma estrada vicinal que

ligava os três municípios ao longo do litoral. A nova obra de infra-estrutura a

serviço do turismo regional, entretanto, desconsiderava no seu projeto conceitual

variáveis ambientais importantes, a exemplo da paisagem costeira e dos

ecossistemas previamente protegidos pela APA de Itacaré Serra Grande. Órgãos

distintos de governo operando os investimentos do Prodetur, com equipes e

culturas profissionais diferenciadas, tomavam decisões opostas sobre como

realizar investimento desta natureza. Por um lado o Departamento de Estradas e

Rodagens, com engenheiros de meia idade acostumados a construir rodovias

convencionais no interior do estado, e do outro arquitetos urbanistas e biólogos

atentos ao traçado futuro da rodovia, com impactos diretos sobre a paisagem de

alto valor para a nova economia que surgia. A sociedade civil, com amplo diálogo

com o Banco Interamericano de Desenvolvimento desde Washington, nos Estados

Unidos, questionou os riscos da política de turismo baiana, que continha ameaças

para a biodiversidade e mesmo para a paisagem do turismo em transformação.

Em 1997, atendendo a solicitação de instituições ambientalistas locais e

nacionais, o Governo da Bahia criou o Parque Estadual da Serra do Conduru e

iniciou nestes municípios uma ampla articulação com a sociedade civil e

prefeituras locais para consolidar as APAs de Itacaré Serra Grande e da Lagoa

Encantada, esta em Ilhéus. Ao final, a região abrigou um sistema de áreas

protegidas complexo, que inclui reservas privadas e um projeto de reserva

extrativista marinha, além de parques municipais na cidade de Ilhéus, tanto para a

proteção de florestas urbanas quanto os corais que estão próximos a cidade. Em

2006 o Ministério do Meio Ambiente aprovou projeto de implementação de

Corredor Ecológico nesta microrregião, consolidando assim este sistema de áreas

protegidas (ver mapa).

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Conflitos persistem entre as políticas públicas

Em que pese a diretriz estabelecida conciliando áreas protegidas com a

atividade turística, agrícola, pesqueira e urbana no litoral, associando agregação

econômica e social gerada pelas economias tradicionais e pelo turismo com a

conservação mais ampla da paisagem regional, através de zoneamentos territoriais

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bem definidos, o plano segue com muitos desafios e ajustes ao longo do tempo. O

populismo ainda presente na administração pública local, que vê as APAs como

obstáculos para a gestão político-eleitoral dos espaços de expansão urbana, é um

dos maiores entraves para o sucesso e eficácia das áreas protegidas na viabilização

do turismo e a conservação da paisagem em longo prazo.

Além das prefeituras, que gerenciam notadamente o ambiente urbano, o

Estado da Bahia, com a alternância dos governos, não tem seguido a risca o plano

original do Prodetur de conciliar turismo com áreas protegidas. A implementação

do Parque do Conduru e das APAs tem sido deficiente e só alcança resultados

parciais pela persistência da sociedade civil em manter a agenda de conservação e

sustentabilidade regional, com inúmeras alianças institucionais, inclusive com o

Ministério do Meio Ambiente, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a

UNESCO.

Em 2008, atingindo um princípio básico da gestão pública -a continuidade

de políticas públicas de longo prazo, a exemplo das áreas protegidas e do próprio

desenvolvimento do turismo regional - o Estado da Bahia reviu a sua estratégia

para esta região inserindo um novo projeto de infra estrutura portuária,

denominado de Porto Sul, visando escoar minério de ferro do interior da Bahia,

exatamente sobre a rodovia turística ambientalmente planejada, entre Ilhéus e

Itacaré.

O projeto de porto foi concebido no meio do Corredor Ecológico instituído

pelo Ministério do Meio Ambiente em 2006 e da APA da Lagoa Encantada criada

pelo estado da Bahia em 1993. Uma ampla retroárea portuária, com cerca de 2 mil

hectares, foi projetada e anunciada com ampla visibilidade pelo governo baiano

desde 2008 até a presente data desta publicação. Ajustes locacionais realizados

nos últimos meses foram insuficientes para corrigir os eventuais danos já

detectados pelo Estudo de Impacto Ambiental do projeto na nova área, cinco

quilômetros ao sul do sítio original, sobre a Mata Atlântica.Além do Porto Sul,

políticas de Reforma agrária, saneamento básico, eletrificação rural, planejamento

urbano e rural afetam ou cooperam diretamente para o desenvolvimento do

turismo regional, e merecem acompanhamento permanentes.

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4. A visão do futuro com o turismo

O Prodetur tem sido peça chave para a transformação econômica e cultural

regional, na medida em que estabeleceu vários instrumentos de planejamento e de

indução produtiva e de novos serviços com o turismo. No entanto, o Sul da Bahia

tem requerido investimentos ainda mais expressivos em várias cadeias produtivas,

inclusive o cacau e o chocolate. Odesenvolvimento integralda região carece de uma

integração mais ampla dos distintos setores da economia e também da proteção da

natureza, envolvendo o cacau e o chocolate, o turismo,a pesca, a informática (que

catalisou um polo em Ilhéus), a geração de conhecimento nestas áreas e a efetiva

implementação das áreas protegidas, garantindo assim a manutenção dos

ecossistemas e sua biodiversidade. Ao mesmo tempo, o futuro requer

aprofundamento da democracia participativa na região,com a inclusão social dos

distintos atores econômicos, inclusive as populações locais, nestes investimentos

em sua governança.

Especialmente quando descrevemos a agricultura e o turismo regional, a

infra-estrutura deste setor está alicerçada em um patrimônio natural e cultural

mais amplo. A rodovia entre Ilhéus e Itacaré, os aeroportos de Salvador e Ilhéus

conectam o Sul da Bahia ao mundo com toda a sua relevância natural, paisagística,

social e cultural – e por isso um sistema de áreas protegidas que dê sentido de

perenidade a paisagem e a economia rural e urbana tornaram-se algo fundamental.

Por fim, a singularidade regional poderá ser percebida por todos – moradores,

empresários, tecnocratas, acadêmicos, mídia, políticos locais, estaduais e nacionais,

gerando assim perenidade das iniciativas para um desenvolvimento sustentável no

Sul da Bahia.

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Visão áerea do norte de Ilhéus – zona turística em expansão no século XXI com áreas protegidas no entorno.

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Construindo um modelo de Turismo de Base Comunitária para as Unidades de Conservação Federais

DENISE CARVALHO: Formada em educação artística, especialista em análise e planejamento ambiental pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e mestre em desenvolvimento sustentável pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB/CDS). Ingressou no serviço público em 1984 na Secretaria Especial do Meio ambiente – SEMA. Com a criação do IBAMA, passou a trabalhar com planejamento ambiental por meio de análise de imagens de satélites no Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto. Em 2000 foi trabalhar com unidades de conservação – UC atuando como supervisora e coordenadora de planos de manejo, período em que teve a oportunidade de vivenciar com maior proximidade as diversas realidades e especificidades das unidades de conservação federais. Também foi neste período, durante a supervisão do plano de manejo do Parque Nacional do Cabo Orange/AP que teve sua primeira experiência com o turismo de base comunitária em uma unidade de conservação federal. Em 2007, com a criação do Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade - ICMBio passou a atuar na área de uso público e desde então vem trabalhando o tema visitação em Unidades de Conservação. Atualmente coordena um grupo de trabalho que tem por objetivo desenvolver instrumentos metodológicos para a gestão do TBC nas UC federais.

Resumo da apresentação

ICMBio – Construindo um Modelo de Turismo de Base Comunitária para as Unidades de Conservação Federais

As práticas relacionadas ao turismo de natureza fundamentam-se, prioritariamente, na exploração dos atributos naturais dos ambientes, na maioria das vezes sem uma referência e diálogo adequados com a história e as culturas locais. O turismo de base comunitária - TBC, quando em unidades de conservação tem como protagonista as populações a elas vinculadas - tanto em seu interior , quando de uso sustentável, quanto de seu entorno, quando de proteção integral. Tal fato incorpora à paisagem valores relacionados ao universo do imaginário e do pensamento, da história e dos saberes locais, enriquece a experiência do visitante, contribuindo para despertar nos turistas um sentimento mais profundo de conservação da natureza e de respeito e valorização às culturais locais (GUERRA, 2013). Além disso, pode contribuir para um aumento na renda dessas famílias e, em determinadas situações, representa ainda uma resistência ao crescente turismo desordenado no entorno das UC, ao êxodo rural e a especulação imobiliária. O ICMBio promoveu, em outubro de 2011, o I Seminário de Ecoturismo de Base Comunitária, em São Luiz do Maranhão. A princípio, o seminário tinha por objetivo compreender melhor as possibilidades deste viés do turismo nas unidades de conservação, em especial nas de uso sustentável, bem como reunir as experiências existentes sobre o turismo de base comunitária no âmbito do Instituto. O encontro resultou na criação e publicação em boletim de serviço do Instituto Chico Mendes do grupo de trabalho que tem por objetivo “definir as diretrizes institucionais, juntamente com e a metodologia para o planejamento e implementação do TBC nas Unidades de Conservaç~o Federais”.

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Um modelo de gestão descentralizada do turismo: a parceria entre a Secretaria Municipal de Turismo e o conselho Municipal de Turismo de Bonito-MS

JULIANE SALVATORI: É turismóloga, com pós graduação em Gestão Ambiental e fez intercâmbio no exterior. Atuou como gerente de turismo de Bonito e atualmente é Secretária de Turismo, Indústria e Comércio do município.

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3.5 Políticas públicas sobre natureza, turismo e sustentabilidade

Fundo de compensações ambientais e a implantação e manutenção de UC no Brasil

ROSA LEMOS DE SÁ: Formada em Manejo de Vida Silvestre pela Universidade de Wisconsin (EUA), fez mestrado em Ecologia na Universidade de Brasília e é Ph.D. em Conservação da Natureza pela Universidade da Flórida (EUA). Liderou a Iniciativa Andes - Amazônia da Fundação Moore entre 2006 e 2008 nos Estados Unidos; trabalhou no WWF-Brasil por 10 anos, ocupando a posição de Diretora de Conservação entre 2003 e 2006. Assumiu a Secretaria Geral do Funbio em janeiro de 2010, após seis meses na direção da Superintendência de Programas.

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Uso público nas unidades de conservação do Rio de Janeiro

MANUELA TORRES TAMBELLINI: Turismóloga formada pela Faculdade de Turismo da Bahia e mestre em Ciência Ambiental pela Universidade Federal Fluminense, onde pesquisou sobre Mosaicos de Áreas Protegidas. Realizou trabalhos na Ong Grupo Ambientalista da Bahia, participando de projetos como de Monitoramento do Programa de Desenvolvimento de Turismo do Nordeste – PRODETUR II e Chapada Diamantina Sustentável, onde é conselheira consultiva até hoje. Trabalha no Instituto Estadual do Ambiente (Inea), desde a criação deste órgão em 2009, na Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas, elaborando e coordenando projetos para a implantação da visitação nas Unidades de Conservação (UC) estaduais do Rio de Janeiro. Entre os projetos coordenados estão: projetos executivos para implantação das trilhas e atrativos dos parques estaduais da Copa 2014; Fortalecimento e implantação da gestão do uso público para o incremento da visitação nos parques estaduais do Rio de Janeiro e Sistema de sustentabilidade da Ilha Grande e autonomia de custeio do conjunto de UC estaduais que a compõem. É representante da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e do Inea no Conselho Estadual de Turismo do Rio de Janeiro. Liderou o reconhecimento do Mosaico Carioca e acredita que o ecoturismo é uma atividade estratégica e fundamental para atingir os objetivos das UC e a gestão integrada das áreas protegidas.

Resumo da apresentação

Apresentam-se as principais ações que o Instituto Estadual do Ambiente - Inea vem desenvolvendo desde a sua criação em 2009 diretamente para implantar a visitação ordenada nas Unidades de Conservação, entre elas estão:

- A publicação do decreto nº 42.483 de 27 de maio de 2010 que estabelece diretrizes para o uso público nos parques estaduais administrados pelo Inea;

- Projeto Sistema de sustentabilidade da Ilha Grande e autonomia de custeio do conjunto de UC estaduais que a compõem, que objetiva criar o sistema do ordenamento turístico sustentável da Ilha Grande, visando o manejo sustentável dos recursos naturais e da paisagem, com ênfase na ampla participação das instituições públicas e privadas, assim como das comunidades locais na constituição de um arranjo de governança para este sistema. Este sistema abrangerá também a autonomia de custeio do conjunto de UC estaduais presentes na Ilha Grande: Área de Proteção Ambiental de Tamoios (APA Tamoios), Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG), Parque Estadual Marinho do Aventureiro (PEMA) e Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul (REBIO Praia do Sul);

- Projeto Trilhas da Copa 2014 que tem finalidade de implantação das trilhas e atrativos dos Parques Estaduais da Copa 2014 – Parque Estadual da Serra da Tiririca, Parque Estadual dos Três Picos e Parque Estadual da Pedra Branca de forma que as atividades de administração, fiscalização e uso público sejam efetivamente desenvolvidas.

- Projeto fortalecimento e implementação da gestão do uso público para o incremento da visitação nos Parques Estaduais do Estado do Rio de Janeiro que objetiva a regulamentaça o do Decreto de Uso Pu blico n . 42.483/10, a elaboração

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do Planejamento Estratégico do Uso Público das UC até 2016, a elaboração de manuais dos procedimentos operacionais para a de consolidação e ordenamento da visitação nas UC, a capacitação de funcionários e a criação do marco regulatório institucional para concessões, permissões e autorizações de serviços de apoio à visitação nos parques.

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A experiência da Fundação de Turismo de MS

NILDE CLARA DE SOUZA B. BRUN: É economista pela Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (FUCMAT), com pós graduação em Administração em Turismo e Hotelaria pela UCDB, e Planejamento Estratégico e Curso de Estudos e Políticos e Estartégia pela UCDB. Iniciou sua carreira no tuirsmo em 1993 no SEBRAE. Foi superintendente de Turismo na Secretaria de Estado da Produção e Desenvolvimento Sustentável de Mato Grosso do Sul (1999 a 2002), consultora em Turismo da Milênio Cosultoria Empresarial LTDA (2002 a 2003), diretora institucional e de planejamnto da Editoria Jornalística Vertente – Campo Grande /MS (2003). É diretora presidente da Fundação de Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul desde 2004. Participou na elaboração e implementação de vários planos, programas e projetos em âmbito estadual e federal, e recebeu sete reconhecimentos públicos entre Títulos & Homenagens & Prêmios.

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SOBRE OS DESTAQUES DO III CONATUS – ENCERRAMENTO

MARCOS MARTINS BORGES: Possui graduação em Licenciatura em Geografia pela Universidade Católica de Goiás (1992), mestrado em Arts in Geography - University of Wyoming (1995). Atualmente é professor da Faculdade de Tecnologia SENAC Goiás e Gerente de Pesquisa da Diretoria do Instituto de Pesquisas Turísticas da Agência Estadual de Turismo do Estado de Goiás. Tem experiência na área de turismo e meio ambiente, com ênfase em turismo sustentável, atuando principalmente nos seguintes temas: turismo, ecoturismo, desenvolvimento sustentável e planejamento.

RENATA WEISS: Formada em Administração de Empresas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), com especialização em Gestão para Sustentabilidade pela Fundação Getúlio Vargas e intercâmbio em programa equivalente para a HEC School of Management, na França. Membro da equipe do Instituto Semeia desde o início da sua operacionalização, Renata coordena as iniciativas de comunicação, educação e gestão do conhecimento. O Semeia é uma ONG brasileira dedicada a reunir entidades públicas e privadas para desenvolver modelos de classe mundial de gestão para as áreas protegidas do Brasil. Anteriormente, Renata trabalhou como pesquisadora em projeto do INSEAD Business School na França e em Cingapura, desenvolvendo estudo de caso sobre sustentabilidade e as negociações na indústria de óleo de palma – óleo vegetal mais produzido no mundo. Nessa oportunidade ela interagiu com lideranças regionais e internacionais do setor. Foi pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Fundação Getúlio Vargas, de 2004 a 2008. Entre muitas iniciativas, desenvolveu e implementou metodologias para seleção de empresas para participar do Índice Brasileiro em Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo (ISE-Bovespa) e o Guia de Sustentabilidade Empresarial da Exame, a revista de negócios mais importante do Brasil. Também tem experiência relevante em relatórios de sustentabilidade corporativa e finanças sustentáveis. Em 2010, desenvolveu relatórios sobre oportunidades para estabelecer uma economia de baixo carbono no setor de serviços financeiros para uma iniciativa relacionada com GVces em parceria com a Embaixada Britânica e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Começou sua carreira em marketing na Johnson& Johnson e Bunge Alimentos. Renata é bacharel em Administração de Empresas, com ênfase em Marketing, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Ela se especializou na Fundação Getúlio Vargas, no Programa de Desenvolvimento Sustentável, e participou do HEC School of Management como estudante de intercâmbio na Especialização em Gestão do Desenvolvimento Sustentável.

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4. PALESTRAS

Experiências de uso público na Argentina: lições a aprender

DIEGO CANNESTRACI: Diretor da Nodocom Comunicación y Eventos, que desenvolve

eventos esportivos em parques nacionais e áreas protegidas da Argentina. Formado

em física pela Universidade Nacional de Comahue, com especialização em atividades

recreativas na natureza e cursos de ciências sociais, geografia e negócios, além de ter

feito cursos do comitê Olímpico Argentino e Internacional. É guia de montanha;

autor e editor publicações técnicas de cartografia e livros de trekking.

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Rota Vicentina: 350 Km de caminhada no sudeste de Portugal

MARTA CABRAL: Licenciada em Organização e Gestão de Empresas e iniciou a sua atividade profissional em 1998 com um estágio na FIEMG, em Belo Horizonte. Trabalhou durante 3 anos na Parque Expo 98, a empresa que resultou da exposição mundial que decorreu em Lisboa em 1998 e que reabilitou uma importante parte do lado oriental desta cidade ribeirinha. Há 10 anos cuida da gestão da recém criada Associação Casas Brancas, que fez crescer e transformar-se numa sólida rede de turismo de natureza com 62 micro-empresas. Desde 2008 coordena o desenvolvimento do projeto Rota Vicentina e assumiu o cargo de Presidente da Direção em 2013.

Resumo da palestra

A Rota Vicentina é uma grande rota pedestre, com cerca de 350 kms, que percorre a Costa Alentejana e Vicentina no Sudoeste de Portugal, entre Santiago do Cacém e o Cabo de S. Vicente.

Surge em 2008 como uma iniciativa das Casas Brancas, uma associação regional de pequenos empresários da área do turismo rural e de natureza, que há 11 anos desenvolvem um trabalho de promoção conjunta, desenvolvendo uma rede de turismo de natureza, e organizando toda a oferta de forma elucidativa e atrativa para o público alvo, nomeadamente internacional.

A Costa Alentejana e Vicentina é um destino turístico já muito conceituado em Portugal, entre os que apreciam o turismo rural e um ritmo de lazer mais ligado à natureza. O seu reconhecimento internacional foi, no entanto e até há pouco tempo, quase nulo, o que ofereceu a este projeto a oportunidade única de apresentar um destino de elevadíssima qualidade em primeira mão e de forma coesa: a costa oeste do Alentejo e do Algarve sob um único nome: SW PORTUGAL.

A Rota Vicentina pretende apresentar o Sw Portugal como uma das mais belas e bem preservadas zonas costeiras do sul da Europa, mas à qual é intrínseca toda uma região rural, com uma cultura viva e autêntica que marcam diariamente a sua identidade e dinâmica. Pescadores e pastores, ninhos de cegonhas nas falésias e plantas carnívoras na serra, a rudeza do Atlântico e as barragens artificiais, todos contribuem igualmente para oferecer mais do que belas vistas sobre o mar.

Foram desenhados dois caminhos complementares: O Caminho Histórico percorre as principais vilas e aldeias num itinerário rural com vários séculos de história; constituído majoritariamente por caminhos rurais, é uma clássica grande rota totalmente percorrível por BTT, com troços de montado, serra. Vales, rios e ribeiras, numa viagem pelo tempo, pela cultura local e pelos trilhos da natureza. O Trilho dos Pescadores, sempre junto ao mar, segue os caminhos usados pelos locais para acesso às praias e pesqueiros. Trata-se de um single track percorrível apenas a pé, ao longo das falésias e mais exigente do ponto de vista físico. Um desafio ao contacto permanente com o vento do mar, à rudeza da paisagem costeira e à presença de uma natureza selvagem e persistente.

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Numa primeira fase foi feito o levantamento e validação dos trilhos, com critérios como a qualidade técnica e cênica, biodiversidade, antiguidade dos caminhos, proximidade de recursos turísticos, viabilidade legal, entre outros. Procedeu-se à sua marcação, de modo a possibilitar o seu usufruto pelos caminhantes em total autonomia.

Foi dada especial atenção à articulação dos caminhos com as populações locais, através de sessões de esclarecimento, trabalho “porta a porta”, recurso a cafés e outros pontos informais de partilha de informação, caminhadas de apresentação, etc. Foi dado especial enfoque às oportunidades de negócio inerentes a um projeto desta natureza, como no caso dos cafés/mercearias, produtos locais e artesanato, táxis e transferes, comércio, alojamento local, etc.

A articulação com as empresas esteve sempre garantida através da rede Casas Brancas, mas foi assegurado o alargamento a outras empresas, incluindo parques de campismo, hotéis, etc. A todas as empresas associadas é disponibilizado o serviço de promoção integrada, através dos materiais do projeto, mas também através de fam/press trips e apoio à comercialização.

Em termos de promoção, foi feito um fortíssimo investimento na imagem do projeto, que se pretendeu atual, dinâmica e autêntica. O vídeo promocional convenceu turistas e locais, o que foi uma importante conquista em termos da afirmação na região, já com diversos prêmios conquistados em festivais e eventos internacionais. As fotografias profissionais surpreendem os que já conhecem bem a região. O website dá as respostas aos futuros caminhantes, incluindo um mapa interativos, caminhos, recursos turísticos, informação sobre a região, clima, patrimônio, como chegar, eventos, notícias, curiosidades, etc. Estão ainda a ser desenvolvidos mapas à escala 1:50.000, com os pontos turísticos mais relevantes e um guia de campo. Todos os materiais estão a ser concebidos com um muito elevado nível de exigência, no que respeita à informação escrita, layout, imagens, materiais, etc. A página de Facebook é um caso de sucesso, mais na qualidade da interação com os seus seguidores do que no número de seguidores, neste momento cerca de 7.800.

Desde 2012 que a equipa tem levado o projeto a várias feiras internacionais, onde a receptividade de mercados como a Holanda, Bélgica, Alemanha, França e Reino Unido tem sido insuperável. Os operadores turísticos rendem-se à qualidade da região e dos serviços turísticos associados, bem como à natureza sustentável do projeto e dos seus objetivos. A imprensa, nacional e internacional, também tem mostrado um fortíssimo interesse, e são já as mais importantes publicações que nos procuram para reportagens extensas e muito proveitosas, como The Sunday Times, The Independent, Die Zeit, The Guardian, BBC Travel, Travel Channel, Geo Saison, National Geographic, The Times, entre muitos outros, de caráter mais especializado e eventualmente menos conhecidos do público português.

Genericamente o projeto tem sido muito bem recebido a nível local, por habitantes, empresas, instituições públicas e privadas. A notoriedade da marca em Portugal tem superado todas as expectativas, se considerar que o esforço de promoção foi quase exclusivamente internacional. É expectável que o investimento

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já feito possa agora ser rentabilizado, em benefício do próprio projeto e da sua evolução futura.

Para além da associação de turismo Casas Brancas, que coordena o projeto, a parceria conta também com a Associação Almargem, que assumiu a implementação do projecto a sul de Odeceixe, e também os Municípios de Santiago do Cacém, Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, o Polis Sudoeste Litoral, as Entidades Regionais de Turismo do Alentejo e do Algarve, Turismo de Portugal, entre outras entidades.

Em Junho de 2013 foi criada a Associação Rota Vicentina que ficará encarregue da gestão, manutenção, promoção e comercialização da Rota Vicentina e serviços turísticos associados. Desta associação fazem parte as empresas parceiras, mas também entidades públicas e privadas com interesses diversos na região e no sector.

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Uma experiência de turismo de aventura no México

MAURICIO MORALES CONTEL: Formado em Direito pela Universidade Anáhuac;

Mestre em Finanças. É diretor geral do Expediciones Máxico Verde desde 1989 e

presidente do Conselho Pronatura de Veracruz desde 2007; Sócio fundador do

Conselho de Empresas de Turismo Alternativo (200) e da Associação Mexicana de

Aventura e Ecoturismo.Recebeu o Prêmio Nacional do México de Turismo de

Aventura em 2009.

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Turismo de Vida Selvagem: a visão de um consumidor e algumas lições

FÁBIO OLMOS: Biólogo com mestrado em ecologia e doutorado em zoologia. Publicou mais de 100 artigos sobre temas que vão do comportamento de jacarés aos impactos da reforma agrária sobre áreas protegidas. Foi gestor de unidade de conservação e trabalhou na elaboração de planos de manejo e em avaliações ecológicas para identificação de novas UCs. Também atuou como consultor ambiental para ONGs, agências de cooperação e iniciativa privada na elaboração de planos de ação para espécies ameaçadas, estudos de impacto ambiental e programas de monitoramento associados a grandes obras, entre outros. Hoje é diretor da Permian Global, lidando com projetos que conectam a conservação de florestas ao mercado de carbono. Também é conselheiro da Fundação Grupo Boticário e colunista do O Eco. É um observador de aves dedicado que também aprecia fotografar, caminhar e mergulhar.

Resumo da palestra

O turismo de vida selvagem é dedicado à observação, contato e registro (em geral fotográfico, mas também através de filmes, gravações sonoras e diferentes formas de desenho e pintura) da fauna e flora e seu habitat. Existem modalidades específicas deste tipo de turismo, como a observação de aves (bird-watching), turismo botânico, mergulho, general natural history tours, etc. A observação de vida selvagem também é um componente importante de algumas modalidades de turismo de aventura e contemplação da natureza, como ocorre nas caminhadas. O desejo de contato com a vida selvagem é o que motiva visitantes que viabilizam operadores turísticos que organizam excursões a locais que, de outra maneira, dificilmente receberiam visitantes. Estes incluem desde locais remotos como as regiões polares a países politicamente instáveis e inseguros. Esta modalidade de turismo transformou economias locais e regionais, desde países africanos que têm boa parte de seu PIB dependente da fauna que atrai turistas a seus parques a um sem número de indivíduos que implantaram pequenos negócios como receptivos para observadores de aves. O sucesso de um empreendimento turístico baseado na vida selvagem depende de vários fatores. Os mais óbvios são a existência de uma atração interessante e o turista ter uma boa experiência, já que a propaganda boca a boca, via web e nas redes sociais, é mais efetiva que participar de feiras e outras formas tradicionais de divulgação. As atrações oferecidas por um tour são um ponto chave na análise de custo-benefício (ou alegria-desconforto) feita por quem planeja sua viagem. Uma atração única, como uma colônia de 40 mil pinguins na paisagem espetacular da South Georgia, compensa o custo e o desconforto de uma longa viagem marítima, temperaturas abaixo de zero e desembarques arriscados. Na verdade, o que seria inconveniente pode ser transformado em vantagem se você o explora bem (os dias de travessia são usados para observar baleias e albatrozes, e o risco e desconforto torna a coisa “a aventura de uma vida”).

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Nem só de grandes espetáculos naturais vive o turismo de vida selvagem. Há empresas que vivem de experiências aparentemente simples como observar aves em parques urbanos. A chave de seu sucesso não é apenas mostrar os passarinhos que os clientes querem ver, mas a experiência como um todo. O que faz uma experiência valer a pena e que um visitante a recomende para seus amigos e poste fotos em seu Facebook? Os interesses das pessoas naturalmente variam, mas minha perspectiva pessoal é que, indo além de oferecer atrações e experiências singulares que alguém contará aos amigos por anos (como mergulhar com tubarões ou ver a migração no Serengeti), excursões de vida selvagem dependem em grande parte do lado social e psicológico da experiência. A qualidade da experiência é o que fará com que deslizes, desconfortos e outros aspectos negativos da viagem desapareçam da lembrança ou a dominem. Se eu acordo de madrugada, encaro o frio e um mar agitado que me deixa enjoado mas os tubarões brancos que paguei caro para ver não só aparecem mas também fazem um show além do que eu esperava, tudo aquilo se torna irrelevante e quero repetir a experiência. Dane-se o custo e o desconforto. Isso implica em pontos básicos que devem ser tomados em consideração. Antes de entrar no importante, há os óbvios. Como oferecer uma boa relação custo-benefício: explore o turismo, e não o turista. Oferecer segurança – basicamente contra humanos hostis - é fundamental, assim como logística adequada: nada melhor que carro/hospedagem/comida ruins para arruinar a melhor das experiências. Sobre o turismo de vida selvagem, a atração deve ser devidamente empacotada. Uma pedra pode ser mais uma pedra ou algo espetacular que você pode explorar por horas, dependendo da história ligada a ela. Somos animais que contam histórias e norteiam suas vidas por estas histórias. É o teor da história associada a uma atração e a forma como ela é contatada que irá cativar o visitante. Além da história, logicamente é preciso ter uma experiência à altura. Os operadores devem sempre lembrar que estão vendendo experiências que o cliente provavelmente não poderá repetir e devem respeitar isso. Parte desse respeito está associada a manter as expectativas do cliente realistas. Não venda algo que tenha 1% de probabilidade de acontecer ou, pior, minta. Por exemplo, certa vez fui a um tour de bird-watching na Hungria que anunciava uma espécie como atração principal. Ao chegar lá descobri a população havia se extinguido 5 anos antes. O operador também deve ter sensibilidade aos interesses do cliente. Nem todo mundo quer saber de ver criancinhas da tribo do lugar ou cultura local pasteurizada. Pessoalmente, acho que criar um circo baseado no exotismo da cultura local é um desrespeito a todos os envolvidos. Por outro lado, o operador deve sempre avaliar se pode adicionar tempero ao tour adicionando informações sobre história, geologia, etcda região. Por exemplo, em um tour de bird-watching na Transilvânia visitei a cidade onde VladDracula nasceu mas o guia não sabia coisa alguma sobre o lugar. Decepcionante.

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A experiência social do tour é importantíssima. A dinâmica do grupo tem muito a ver com isso e estive em várias excursões onde estranhos se deram extremamente bem e a sinergia tornou a experiência (novamente bird-watching) ainda mais agradável. Isso quer dizer que o guia é a peça fundamental e deve ter preparo, preparo e mais preparo. O guia tem que ter habilidades sociais para ser meio professor, meio showman, meio piadista, meio segurança e segurar as coisas quando imprevistos acontecem. E lembrar que profissionalismo é fundamental e que, enquanto adaptabilidade é uma boa coisa, o jeitinho brasileiro é abominável. A pior coisa é um guia sem habilidades sociais que sabe menos do que você e tenta te enrolar. Por exemplo, uma das minhas piores experiências foi na Chapada dos Veadeiros, com um guia (obrigatório) que só sabia falar da “energia dos cristais”. Também vi como budget safaris na Tanzania contratavam “guias” que não sabiam conduzir um 4x4 (e atolavam) ou chegar noslodges dentro dos parques, um claro exemplo do barato saindo caro. Por fim, toda atividade econômica, incluindo o turismo, deve estar ciente de seus efeitos na área onde atua e se comportar de forma ética. É inaceitável explorar pessoas em situação frágil, causar danos ambientais e abusar de animais. Por exemplo, há locais, como nos arredores de Manaus, onde excursões incluem fotos com animais que foram ilegalmente capturados na natureza e vivem vidas miseráveis em cativeiro. Na Islândia há excursões que te levam a restaurantes que vendem carne de baleias ameaçadas de extinç~o para te dar “um gosto da cultura local”. Estas empresas jamais ter~o um centavo meu e desejo-lhes a mais dolorosa das falências. Operadores turísticos são responsáveis por cuidar daquilo que vendem. Em muitos locais é comum ver guias violando regras como sair de trilhas e estradas autorizadas, dirigindo por onde não devem, dispondo de lixo de maneira incorreta e estimulando comércios irregulares (como lenha retirada da área protegida onde atuam). A falta de cuidado e cuidado de operadores, incapazes de se auto-regular em um contexto de governos inoperantes, está destruindo locais espetaculares como o Everest e é a desculpa usada por aqueles, aqui no Brasil, hostis à abertura de parques e reservas à visitação. Acredito que o turismo é parte da solução para conservar os espaços selvagens que restam, mas isso depende tanto das atitudes dos operadores como dos consumidores. De minha parte,me sinto muito mais satisfeito em gastar meu dinheiro, mesmo que a mais, com operadores que compartilham desta visão

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Península Papagayo na Costa Rica: um modelo sustentável

MANUEL ARDÓN: Engenheiro Civil com especialidade em Administração da Construção. De 1978 a 2002 trabalhou em diversos países latinoamericanos como diretor de projetos grandes, como trilhos, campos de petróleo, aeroportos e expansão do Canal do Panamá. Uniu-se à equipe da Península Papagayo, na Costa Rica, e logo foi nomeado como chefe de operações. Atualmente suas responsabilidades são a supervisão de uma organização de aproximadamente250 pessoas que oferecem todos os serviços dentro da Península.

Resumo da palestra

Península Papagayo es un desarrollador turístico e inmobiliario. Se trata de uno de los 23 concesionarios privados del Polo Turístico Golfo de Papagayo, proyecto del estado costarricense que consiste en una serie de atractivos derivados del patrimonio natural y cultural. Este desarrollador trabaja conforme a la visión que establece que “Península Papagayo ser| un desarrollo turístico e inmobiliario único en el mundo que combine calidad, naturaleza, cultura y responsabilidad social” y bas|ndose en los pilares de respeto por la legislación nacional, calidad, respeto por el ambiente y fortalecimiento de las relaciones comunitarias. En cuanto al tema ambiental la empresa creó el programa “Compromiso con un Desarrollo Sostenible” que tiene como objetivo “desarrollar un proyecto turístico e inmobiliario sostenible, único y que sea modelo mundial por su responsabilidad en materia ambiental y el manejo de los recursos no solo en sus fases de construcción, sino también en su operación” y desarrolla acciones con los colaboradores, comunidades, proveedores y segregaciones de la concesión. Además cuenta con una Política Ambiental que establece 26 protocolos que se deben seguir en la fase constructiva, 8 en la operativa y 8 generales. La protección de árboles en veda, el control de erosión, el tratamiento de aguas residuales y la separación de desechos sólidos son tan solo algunos de los 42 protocolos establecidos. Por su parte Península Papagayo se ha caracterizado por el desarrollo de prácticas ambientales en alianza con instituciones nacionales y regionales. Además de todos estos esfuerzos en el área de medioambiente, Península Papagayo trabaja en los restantes 6 stakeholders del modelo IndicaRSE, que son los indicadores centroamericanos consensuados por los entes promotores de RSE en la región: Gobernabilidad (valores, transparencia y gobernanza), Política Pública (Gobierno y sociedad), Mercadeo (consumidores y clientes), Proveedores, Público Interno y Comunidad. Todos estos esfuerzos en RSE hicieron posible que, en el 2011, Península Papagayo ingresara a The Global Partnership for Sustainable Tourism, un comité adscrito al Programa Ambiental de Naciones Unidas, que tiene como misión

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integrar la sostenibilidad en el turismo como única opción para mantener la industria turística en el largo plazo.

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Parcerias público-privadas para gestão de Unidades de Conservação no Brasil

MARCO AURÉLIO DE BARCELOS SILVA: Graduado em Direito pela UFMG, com especialização em Direito Público pela PUC/Minas e em Finanças pelo IBMEC Business School. É mestre em Direito Administrativo pela UFMG e Master of Laws (LL.M.) pela Univ. de Londres. Foi assessor jurídico e diretor da Unidade de Parcerias Público-Privadas (Unidade PPP) de MG, onde participou da estruturação dos primeiros projetos de PPP do país; foi assessor da Vice-Presidência do Superior Tribunal de Justiça (STJ); foi professor substituto de Direito Administrativo na UFMG e professor dos cursos de Pós-Graduação da Escola de Contas do Tribunal de Contas de MG. É professor dos cursos de Pós-Graduação em Direito Administrativo e em Direito da Regulação do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), em Brasília, e do LL.M. em Direito Corporativo do IBMEC Business School em Minas Gerais; é sócio na Portugal Ribeiro & Navarro Prado Advogados, escritório especializado nos setores de infraestrutura, contratos públicos e regulação.

Resumo da palestra

As unidades de conservação são figuras previstas na Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Elas traduzemo esforço do legislador brasileiro de fortalecer a proteção de áreas naturais especialmente relevantes. Uma unidade desse tipo envolve o espaço territorial e os recursos naturais de áreas naturais, que assumem limite definido e passam a se submeter a regras especiais de administração e preservação. São categorias de unidades de conservação, dentre outras: as estações ecológicas, as reservas biológicas, os parques nacionais.

Existem, na atualidade, importantes reflexões sobre como viabilizar a manutenção das unidades de conservação no Brasil. O Poder Público costuma enfrentar dois obstáculos para implementar, adequadamente, as medidas de preservação dessas áreas ambientais, a saber: a falta de recursos orçamentários e a pouca eficiência de sua atuação.

Dentre as alternativas debatidas bem recentemente para se contornarem aqueles problemas, tem-se destacado a formalização de parcerias com atores da iniciativa privada, os quais poderiam assumir parte da gestão daquelas unidades, juntando ações de conservação com a exploração racional do potencial turístico das áreas. Existem diversas formas de parceriasadotáveis para essa finalidade, que são tipicamente viabilizadas por meio de contratos. No Brasil, inclusive, já há algumas experiência em contratos do tipo “terceirizaç~o”, por meio dos quais tarefas isoladas, tais como a vigilância, limpeza, restauração etc., passam a ser executadas por empresas privadas.

Uma parceria público-privada (PPP) propriamente dita, todavia, apesar de ser um contrato, apresenta uma dimensão bem mais abrangente quemeros contratos deterceirização. Trata-se, na verdade, de um contrato de “concess~o”, em que a “gest~o” de um empreendimento público, de maneira sistematizada e global, é transferida a um concessionário. Oconcessionário, por sua vez, encontra duas formas de ser remunerado pelo serviços que presta na PPP: ou recebe do próprio Poder Público o pagamento de prestações (em geral,condicionadas ao

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cumprimento de indicadores de desempenho); ou se remunera por meio de receitas decorrentes da exploração do empreendimento, como tarifas, receitas acessórias etc.

Tratando-se de uma unidade de conservação, uma PPP trariatodas essas características. O parceiro privado tanto poderia se remunerar por meio de valores diretamente pagos pelo parceiro público, como também poderia auferir renda de outras atividades que desempenhasse, por além da conservação das áreas, a exemplo da exploração do potencial turístico da unidades, cobrança de ingresso para atrações especiais, venda de souvenires, lanchonetes, eventos etc.

É importante, de toda a maneira, ter em mente que a opção pela PPP não se confunde com a privatização de uma unidade de conservação. Para todos os efeitos, o Poder Público continua sendo o responsável pela preservação da área, o concession|rio funcionado apenas como um “prestador de serviços”. Na realidade, não havendo o cumprimento das obrigações contratuais pelo privado, o Estado pode extinguir o contrato e, na sequencia, reassumir a gestão da unidade, ou promover nova contratação para que outro concessionário prossiga na prestação dos serviços.

Costumam-se apontar diversas vantagens decorrentes da adoção, pela Administração Pública, de parcerias público-privadas para a gestão de empreendimentos de interesse público. Dentre elas, ganha destaque a possibilidade de se obterem serviços mais baratos e com mais qualidade, haja vista a maior flexibilização de que dispõe o concessionário (que é tipicamente uma empresa privada), a sua financiabilidade, a sua expertise e a maior capacidade de congregar e administrar diversos fornecedores ao mesmo tempo, com menos custos de transação. Na literatura especializada, essas vantagens costumam ser ilustradas por meio a express~o de origem inglesa “value for money" (ou “melhor relaç~o entre qualidade e custo”).

Há várias atividades que poderiam integrar um contrato de PPP para uma unidade de conservação. Elas podem incluir desde o monitoramento, o controle de acessos, combate a incêndio, manutenção periódica, limpeza de áreas, até a despoluição de mananciais, conservação e restauração de sítios arqueológicos. Paralelamente, o parceiro privado ainda poderiacuidar da disponibilização de atividade como arvorismo, visitas guiadas, escalada, ciclismo, promoção de exposições, implantação de lanchonetes e restaurantes, exploração da marca de parques e estações etc. O ideal seria, em última análise, fazer com que o conjunto de gastos com a gestão da unidade pudesse ser compensado pelas receitas potencialmente obtidas com o turismo.

Evidentemente, para que um modelo dessa natureza dê certo, é imprescindível que o Poder Público e os órgãos ambientais realizem a permanente fiscalização das atividades desempenhadas pelo concessionário, assim como o regular monitoramento dos indicadores de desempenho que ele estaria obrigado a cumprir. Esse acompanhamento deve poder ser realizado em conjunto com os órgãos de controle especializados (como os próprios Tribunais de Contas), e também pela sociedade.

No Brasil, embora vários outros projetos de parcerias público-privadas em

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distintas áreas, como transporte e saneamento, já estejam em pleno funcionamento, ainda não há iniciativas específicas para unidades de conservação. Em Minas Gerais, no entanto, o Governo está se dedicando à modelagem daquela que provavelmente será a primeira PPP sobre o assunto no país. O desenho mineiro envolve a gestão de um parque estadual e de dois outros monumentos naturais. Existem boas expectativas de que iniciativa seja bem sucedida e possa ser replicada para outras unidades do tipo, em outros entes da Federação. A depender do que a experiência dos primeiros projetos revelar, será possível antever um novo marco para a gestão de unidades de conservação no Brasil.

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Hotéis sustentáveis

ALEXANDRE GARRIDO: É engenheiro Geólogo pela Universidade Federal de Ouro Preto, com MBA em Gestão estratégica pela Fundação Getúlio Vargas e Mestre em Engenharia da Produção éla Univ. Federal Fluminense, com 20 anos de experiência profissional.Especialista em normalização, certificação e gestão empresarial; atua com o tema Turismo Sustentável há 12 anos, com desenvolvimento e implementação de metodologias de gestão para Meios de Hospedagem e Operadoras.Autor de Guias sobre Gestão da Sustentabilidade para Meios de Hospedagem, Instrutor do Curso da ABNT sobre a norma brasileira NBR 15401 – Meios de Hospedagem - Sistema de Gestão da Sustentabilidade e Coordenador da ABNT/CB 54/CE 54:004.01 – Comissão de Estudo de Gestão da Sustentabilidade em Meios de Hospedagem.Atualmente, é Diretor da Sextante, consultoria especializada em tecnologias para a competitividade

Resumo da palestra

De acordo com a Organização Mundial do Turismo – OMT, em 2012 o número de chegadas internacionais de turistas cresceu aproximadamente 4%, atingindo a histórica marca de 1.035 bilhões. Mesmo em crise econômica a Europa apresentou um crescimento de 3%, que representa o valor estimado de 535 milhões de chegadas internacionais. A previsão para todo o globo para os próximos anos continua sendo de crescimento, onde espera-se para um índice médio de 3,8% por ano até 2030.

O crescimento do turismo está acontecendo em cenário de constantes transformações econômicas, políticas, sociais e comportamentais. Os países e destinos

turísticos estão se posicionando na tentativa de se tornarem competitivos e atrair a maior fatia possível de turistas. Isto tem ocorrido por vezes de forma estruturada e com base numa estratégia sólida, mas outras vezes sem nenhuma organização.

Neste ambiente de risco e oportunidade as empresas do segmento tentam se diferenciar e influenciar o poder de decisão dos turistas, trabalhando em questões relativas à preços, ofertas, promoções, produtos e serviços diferenciados, usando cada vez mais mecanismos tecnológicos e com foco em dois grandes temas: inovação e sustentabilidade.

É fundamental para o turismo que os empreendimentos dos destinos desenvolvessem suas atividades, capacitando mão de obra local, valorizando as tradições e produtos da região, preservando e promovendo os patrimônios ambientais e culturais, além de oferecer produtos e serviços com qualidade para superar as expectativas de seus clientes. Afinal, o cliente indica e retorna ao destino quando sai de lá satisfeito e com a sensação de que valeu a pena, o que gastou e o que desfrutou.

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Os meios de hospedagem têm um papel singular neste contexto em função do seu papel central na cadeia do turismo, principalmente para garantir uma experiência significativa para os visitantes, aumentando sua consciência sobre as questões de sustentabilidade e promovendo práticas de turismo sustentável.

Assim, a questão que se coloca é: O que é um Hotel sustentável? Um Hotel sustentável deve ser ao mesmo tempo ambientalmente responsável, socialmente justo e economicamente viável. Pode dizer que um Hotel sustentável é aquele que segue os 7 princípios do turismo sustentável, a saber:

(1) Diretor da Sextante, consultoria especializada em tecnologias para a competitividade e Coordenador da ABNT/CB 54/CE 54:004.01 – Comissão de Estudo de Gestão da Sustentabilidade em Meios de Hospedagem.

1. Respeitar a legislação vigente

O turismo deve respeitar a legislação vigente em todos os níveis no país e as convenções internacionais de que o país é signatário.

2. Garantir os direitos das populações locais

O turismo deve buscar e promover mecanismos e ações de responsabilidade social, ambiental e de eqüidade econômica, inclusive a defesa dos direitos humanos e de uso da terra, mantendo ou ampliando, a médio e longo prazos, a dignidade dos trabalhadores e comunidades envolvidas.

3. Conservar o ambiente natural e sua biodiversidade

Em todas as fases de implantação e operação, o turismo deve adotar práticas de mínimo impacto sobre o ambiente natural, monitorando e mitigando efetivamente os impactos, de forma a contribuir para a manutenção das dinâmicas e processos naturais em seus aspectos paisagísticos, físicos e biológicos, considerando o contexto social e econômico existente.

4. Considerar o patrimônio cultural e valores locais

O turismo deve reconhecer e respeitar o patrimônio histórico-cultural das regiões e localidades receptoras e ser planejado, implementado e gerenciado em harmonia com as tradições e valores culturais, colaborando para seu desenvolvimento.

5. Estimular o desenvolvimento social e econômico dos destinos turísticos

O turismo deve contribuir para o fortalecimento das economias locais, a qualificação das pessoas, a geração crescente de trabalho, emprego e renda e o fomento da capacidade local de desenvolver empreendimentos turísticos.

6. Garantir a qualidade dos produtos, processos e atitudes

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O turismo deve avaliar a satisfação do turista e verificar a adoção de padrões de higiene, segurança, informação, educação ambiental e atendimento estabelecidos, documentados, divulgados e reconhecidos.

7. Estabelecer o planejamento e a gestão responsáveis

O turismo deve estabelecer procedimentos éticos de negócio, visando engajar a responsabilidade social, econômica e ambiental de todos os integrantes da atividade, incrementando o comprometimento do seu pessoal, fornecedores e turistas, em assuntos de sustentabilidade, desde a elaboração de sua missão, objetivos, estratégias, metas, planos e processos de gestão.

Mas em termos práticos, para um Hotel ser sustentável ele deve conhecer e gerenciar os aspectos e impactos relacionados as três dimensões da sustentabilidade. Isso deve ser feito pelo mapeamento das principais atividades desenvolvidas no empreendimento, indo a cada área e identificando as principais atividades executadas e, em seguida, relacionando os aspectos e impactos ligados à sustentabilidade, pensando sempre nas três dimensões envolvidas: ambiental, social-cultural e econômica.

A partir desta identificação deve-se avaliar quais são os impactos significativos, para que então se possa implementar ações para mitigá-los ou minimizá-los, ou seja, para que sejam implementadas práticas sustentáveis efetivas.

Não obstante deve-se acompanhar o desempenho das práticas sustentáveis por meio do uso de indicadores, o que permitirá a tomada de decisões gerenciais adequadas e fundamentadas em termos de sustentabilidade.

Desta forma pode-se afirmar que o Hotel é sustentável porque ele detém um Sistema de Gestão da Sustentabilidade e, não só porque o Hotel realiza uma série de práticas de sustentabilidade.

Atualmente encontramos um conjunto extenso de informações de práticas sustentáveis adotadas por Hotéis de todos portes e tipos, em inúmeras localidades do mundo. Além disto há proliferação de mecanismos de demonstração destas práticas, como prêmios, programas de certificação e outras iniciativas, as quais pretendem ajudar os turistas na identificação de empresas mais sustentáveis e, portanto, mais responsáveis.

Hoje identificamos 140 iniciativas voltadas para o turismo sustentável, aplicadas em 48 países, sendo 30 utilizadas nos Estados Unidos, 11 na Alemanha , 9 na França, 7 Inglaterra e na Austrália e 6 na África do Sul e no Brasil.

Do ponto de vista do foco, destas 140 iniciativas observamos que 72 são aplicadas somente para Hotéis e 13 são específicas para as operadoras de turismo, 10 para restaurantes em regiões turísticas, 6 para destinos turísticos e 4 parques, sem falar naquelas que são aplicadas em vários tipos de negócios.

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No Brasil observa-se que existem pelo menos 230 Hotéis relacionados a alguma das 6 iniciativas identificadas. Contudo a principal iniciativa é a certificação de Sistemas de Gestão da Sustentabilidade de Meios de Hospedagem realizada com base na norma brasileira ABNT NBR 15401:2006 Meios de hospedagem — Sistema de gestão da sustentabilidade — Requisitos. Atualmente são 8 os Hotéis certificados neste programa a saber:

- Hotel Canto das Águas – Lençois/ BA

-Hotel Lençois – Lençois/ BA

- Pousada Ville la Plage – Búzios/RJ

- MABU Thermas & Resorts – Foz do Iguaçu/PR

- Pousada Lagoa do Cassange – Maraú/BA

-Hotel Pousada Blumenberg – Canela/RS

- Pousada Spa Dom Ramon – Canela/RS

- Hotel Pousada Encantos da Terra – Canela/RS

Enfim temos todas as condições necessárias para avançar em termos de Hotéis sustentáveis no Brasil, pois já temos base técnica, experiência, competência, Hotéis iniciados no tema da sustentabilidade e uma tendência crescente do interesse do turista no assunto.

O nosso desafio passa a ser então como promover a sustentabilidade dos Hotéis e fazer com que isso se espalhe nos destinos turísticos em que eles encontram-se inseridos.

Referências Bibliográficas

ABNT NBR 15401:2006 Meios de hospedagem — Sistema de gestão da sustentabilidade — Requisitos

GARRIDO, A.E. e NASCIMENTO, D.P. Guia de meios de hospedagem - Sistema de Gestão da Sustentabilidade. ABNT/SEBRAE. Rio de Janeiro,2012.

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Infraestruturas sustentáveis para uso público em UC

SERGIO PAMPLONA: É arquiteto formado pela UnB. Atua, desde sua graduação em 1989, com projetos voltados para a sustentabilidade. Tal foco fez com que incorporasse a permacultura em seu trabalho desde 1996, filosofia e ciência que embasa seu trabalho desde então.Entre 2000 e 2003 atuou no Proecotur, Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal, do Ministério do Meio Ambiente, pesquisando, desenvolvendo e sugerindo Melhores Práticas em Ecoturismo. Ministrou a disciplina “Práticas Sustentáveis” no curso de Pós-Graduação “Planejamento e Gestão em Ecoturismo e Turismo Rural” da Universidade Católica de Brasília e o tema “Uso Público em Unidades de Conservação” para gestores de Parques do ICMBio. Foi também presidente da Rede Brasileira de Permacultura e editor da revista Permacultura Brasil, tendo dado inúmeros cursos e palestras sobre o tema. Atualmente, dirige a Arquinatura, um escritório de projetos integrados sustentáveis, com enfoque em ecovilas e condomínios ecológicos, propriedades permaculturais, sistemas construtivos de baixo impacto e sistemas sustentáveis de tratamento de esgotos. E, principalmente, vive em um sítio permacultural, onde busca levar uma vida o mais sustentável possível.

Resumo da palestra

Em primeiro lugar será abordada a permacultura, sistema de planejamento integrado para ocupações humanas sustentáveis. Trata-se de um contexto conceitual e prático dentro do qual se pode falar de infraestrutura sustentável de modo coerente e abrangente, e com o qual o palestrante trabalha.

Embora seja um tema vasto e multifacetado, o palestrante tentará mostrar de forma sucinta do que se trata e as muitas áreas em que atua na construção de uma cultura de sustentabilidade.

Em seguida, será abordada a bioarquitetura, área específica de atuação do palestrante dentro da moldura permacultural. Nesse campo, serão abordados muitos temas. Primeiramente, serão os materiais de construção natural e técnicas construtivas que realmente possibilitam construções de baixo impacto ambiental e grande conforto térmico. Entre elas, terra crua, madeira, bambu, fibras naturais e até materiais reaproveitados.

Finalmente, serão abordados aspectos e técnicas específicos de bioclimatismo nas construções (conforto térmico por meio de sistemas naturais), fontes de energia renovável e sistemas de ecossaneamento que utilizam plantas para reciclar o esgoto produzido.

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Aspectos filosóficos e jurídicos da regulação e licenciamento do turismo de natureza no Brasil

MARCELO BUZAGLO DANTAS: É advogado, mestre e doutor em Direitos Difusos e Coletivos pela PUC-SP. Foi "Visiting Scholar do Environmental Law Program da Pace Law School (White Plains/NY)” e é ex-presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB/SC (2007-2009 e 2010-2012).Professor de Direito Ambiental da Universidade do Vale do Itajaí e da Escola de Preparação e Aperfeiçoamento do Ministério Público de SC, assim como dos Cursos de Especialização em Direito Ambiental da PUC/SP, PUC/RJ, UNISINOS, UNIVALI e CESUSC. Coordenador dos cursos de especialização em Licenciamento Ambiental e em Direito e Gestão Ambiental do CESUSC.Autor, organizador e coordenador de seis obras na área do Direito Ambiental e mais de 50 artigos publicados em livros e revistas especializadas, no Brasil e no exterior.Entre 2007 e 2012 foi indicado pela Revista Análise Advocacia, dentre “Os Mais Admirados do Direito”, na categoria “Ambiental”. É membro do Conselho Curador da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

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5. RESUMOS EXPANDIDOS

AÇÕES AMBIENTAIS EM HOTÉIS DO RIO DE JANEIRO/RJ:

CONHECIMENTO E GESTÃO DOS HOTELEIROS CARIOCAS

SUELLEN ALICE LAMAS4

Abstract

Is the environmental dimension taken into account in the strategic planning of hotels? Do hotel managers know environmental actions in this sector? What procedures are used? What reasons for? Based on these questions, the article aims to analyze the information of hotel managers in Rio de Janeiro about the environmental dimension in the hotel trade. In order to achieve such an aim, hotel managers were interviewees and literature review on the subject was carried out. The selection of hotels was based on four main characteristics: be registered in the Cadastur, typology, location and type of daily. The results showed isolated initiatives within the hotel sector, still incipient, which denote that environmental actions are directly conditioned by interests, knowledge, liberty of action and resources of managers.

Palavras-chave: Gestão Ambiental. Hotelaria. Informações de gestores hoteleiros.

Key words: Environmental Management. Hotel.Hotel Managers Information

Introdução

Para atender a uma demanda cada vez mais exigente e consciente, empresas de diversos segmentos, inclusive do turismo, vêm buscando adequar seus procedimentos, incorporando programas de gestão ambiental às estratégias administrativas. Com destaque, a atividade hoteleira, base do turismo, que é pioneira na busca de adequações do setor.

O setor hoteleiro mundial aderiu aos Sistemas de Gestão Ambiental no início na década de 1980 (GONÇALVES, 2004). No Brasil os sistemas ambientais começaram a ser adotados pelos empreendimentos hoteleiros a partir de 2000.

Um Sistema de Gestão Ambiental constitui-se parte da gestão global de uma empresa, incluindo organização, planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos a se desenvolver para implementar a política ambiental (ABNT, 2004).

4 Professora do curso de Gestão de Turismo do CEFET/RJ UnEd Petrópolis. Endereço postal: Rua do

Imperador, 971 Centro – CEP: 25.620-003 - Petrópolis, RJ. E-mail: [email protected]

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No Brasil os sistemas ambientais comumente implantados na hotelaria são: Sistema Ambiental de Produção mais Limpa (P+L), Sistema Ambiental Autônomo, Sistema de Gestão Ambiental série ISO 14000, Programa de Certificação em Turismo Sustentável (PCTS) do Instituto de Hospitalidade e Sistema Ambiental ABIH “Hóspedes da Natureza” (GONÇALVES, 2004). Os empreendimentos que aderem a esses sistemas são certificados a partir do atendimento às orientações e de uma postura ambientalmente correta.

As ações ambientais em empreendimentos hoteleiros abrangem as áreas de energia, resíduos sólidos, água, efluentes, emissões, educação ambiental, programas de sensibilização, aspectos de mercado (legislação, tecnologias) e fornecedores (DE CONTO, 2005).

Com base nesse contexto, faz-se a reflexão: a dimensão ambiental está inserida no planejamento estratégico dos meios de hospedagem cariocas? As ações ambientais no setor são de conhecimento dos gestores? Quais procedimentos são utilizados?

A partir desses questionamentos o presente artigo tem como objetivo conhecer se o debate ambiental se insere nos empreendimentos hoteleiros cariocas, analisando o conhecimento e a preocupação dos gestores hoteleiros por meio das práticas de ações ambientais, quando desenvolvidas nesses meios de hospedagem.

Em destaque a cidade do Rio de Janeiro/RJ que além de destino turístico de referência do país, sediará grandes eventos internacionais, como a Copa das Confederações (2013), a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016), o que aumentará significativamente o número de turistas na cidade, e, por conseguinte, o número de hóspedes.

Nessa direção, o presente artigo, ao conhecer as ações realizadas pelo setor hoteleiro carioca visa agregar novas informações consistentes para se complementar os estudos da área de gestão ambiental em meios de hospedagem do Brasil.

Cabe destacar que o artigo decorre de pesquisas realizadas por Lamas (2012) em sua dissertação de mestrado.

Métodos

O presente artigo retrata um estudo interdisciplinar que busca analisar sobre práticas ambientais no contexto dos meios de hospedagem.

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica e exploratória. A coleta de dados em campo contou com entrevistas estruturadas com gestores dos hotéis selecionados e foi realizada entre os meses de agosto de 2010 e janeiro de 2011.

Para a seleção dos hotéis a serem entrevistados, utilizou-se o Cadastur, um sistema online de cadastro de empresas e profissionais do turismo, executado pelo

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Ministério do Turismo em parceria com Órgãos Oficiais de Turismo dos Estados (CADASTUR, 2010).

Além do cadastro em órgão oficial, adotaram-se três outros critérios para a seleção dos hotéis: Tipo de meio de hospedagem - hotéis; localização – área urbana e tipo de diária – pensão completa. A partir desses critérios, 41 hotéis foram identificados do total de 240 meios de hospedagem cadastrados do Rio de Janeiro/RJ em 09 de agosto de 2010.

Resultados e discussão

Após cinco meses de trabalho em campo (de agosto de 2010 a janeiro de 2011), 14 hotéis foram entrevistados (34%) enquanto 11 (27%) não manifestaram interesse em participar da pesquisa e 16 (39%) foram desconsiderados, pois eram somente motéis ou ofereciam ambos os serviços de hospedagem, apesar de estarem cadastrados como hotel no site do CADASTUR.

Os gestores foram inicialmente questionados sobre o conhecimento de hotéis da cidade do Rio de Janeiro que desenvolvem ações ambientais. Cinco gestores (36%) não demonstraram esse conhecimento, os nove (64%) demais, todavia afirmaram que os hotéis locais desenvolvem ações voltadas para a economia de energia (três respostas), reutilização (uma resposta) e economia de água (duas respostas), reciclagem e coleta seletiva (cinco respostas) e separação e venda de resíduos sólidos (uma resposta), conforme indicado no gráfico 1.

Gráfico 1. Áreas de atuação ambiental dos hotéis do Rio de Janeiro/RJ segundo

os gestores

Posteriormente, os gestores foram questionados se o compromisso ambiental está previsto no planejamento estratégico dos hotéis onde atuam. Somente dois hotéis (14%) afirmaram que isso ainda não acontece, os outros doze (86%) disseram que o compromisso se dá por meio de projetos e/ou ações práticas nas áreas de economia de energia (quatro hotéis), água (três hotéis) e coleta seletiva e descarte correto dos resíduos sólidos (quatro hotéis).

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Após à análise do conhecimento das questões ambientais por parte dos hoteleiros, iniciou-se a verificação da preocupação dos mesmos para com estas questões. Nesse sentido, os entrevistados foram indagados sobre o desenvolvimento de ações e/ou programas ambientais nos hotéis. Somente um dos hoteleiros afirmou realizar ações ambientais de economia de energia esporadicamente no hotel, por não haver necessidade de fazê-la. Os demais hoteleiros, 13 ou 93%, afirmaram realizar ações ambientais nos hotéis (gráfico 2). Tais ações se concentram nas áreas de economia de energia (13 hotéis), água (10 hotéis) e gestão de resíduos sólidos (12 hotéis).

Gráfico 2. Áreas de Atuação Ambiental dos Hotéis Pesquisados Segundo os Gestores

Fazendo uma análise comparativa entre as respostas relacionadas ao comprometimento e as respostas sobre a realização de ações ambientais (Gráfico 3), percebe-se que o número de ações nas principais áreas ambientais destacadas na pesquisa (resíduos sólidos, energia e água) é superior às citações de comprometimento nas mesmas áreas. Denota-se com isso que, em geral, as ações realizadas nos hotéis não são sustentadas por uma base teórica, um conhecimento prévio. E, muitas vezes, a informação ambiental não é transformada em condutas: técnicas e tecnologias ambientais implantadas de forma efetiva nos meios de hospedagem.

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Gráfico 3. Correlação entre as áreas de comprometimento informadas e as ações ambientais realizadas nos hotéis segundo respostas dos sujeitos da entrevista

Quanto às ações desenvolvidas, os hotéis foram, por fim, questionados sobre a consideração de fatores ambientais na escolha dos fornecedores ou quanto terceiriza seus serviços.

Dois hoteleiros (14%) assumiram que essa opção ainda não faz parte da gestão do hotel. Os 12 demais hoteleiros (86%) consideram os fatores ambientais na escolha dos fornecedores, ainda que esta seja uma ação pontual e não contínua.

O presente trabalho objetivou conhecer se o debate ambiental se insere nos empreendimentos hoteleiros cariocas, analisando para isso, o conhecimento e a preocupação dos gestores hoteleiros para com as ações ambientais desenvolvidas nos meios de hospedagem. As pesquisas bibliográficas e entrevistas realizadas possibilitaram um diagnóstico preliminar.

Pode-se dizer que as ações ambientais nos meios de hospedagem ainda são escassas, limitando-se à economia de custos (água, energia, resíduos) e não necessariamente à ações em prol do meio ambiente.

O conhecimento e a preocupação dos gestores estão associados mais à prática diária do que propriamente à busca por informações sobre o tema, fato corroborado pela análise comparativa (gráfico 3).

Verifica-se também iniciativas isoladas, ainda incipientes, condicionadas aos interesses, conhecimentos, liberdade de atuação e recursos dos gestores hoteleiros.

Agradecimentos

Agradeço aos gestores hoteleiros que se dispuseram à esta pesquisa, bem como aos professores Emílio Maciel Eingenheer e Suzana Maria De Conto pela orientação na dissertação de mestrado em Ciência Ambiental – UFF (2012) que deu base para este artigo. Ao CEFET/RJ, agradeço pelo apoio na participação do CONATUS.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR ISSO 14001: Sistemas da gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

CADASTUR. Disponível em <http://www.cadastur.turismo.gov.br>. Acesso em: 09 ago. 2010.

DE CONTO, S. M. Gerenciamento de Resíduos Sólidos em Meios de Hospedagem. In: ______ TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi (Orgs). Análises Regionais e Globais do Turismo Brasileiro. São Paulo: Roca, 2005.

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GONÇALVES, Luiz Cláudio. Gestão ambiental em meios de hospedagem. São Paulo: Aleph, 2004. (Série Turismo).

LAMAS, Suellen Alice. Gestão de resíduos sólidos em meios de hospedagem: diagnóstico da atuação de hotéis do Rio de Janeiro - RJ. Niterói: 2012. 74f. Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2012.

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AS MOTIVAÇÕES E O CUSTO DE VIAGEM DOS VISITANTES DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS (PNCV) - UMA CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE DE SEU ENTORNO

CARLOS SHILEY DOMICIANO5

FRANCIS LEE RIBEIRO6

FELIPE SILVA DOMCIANO7

Abstract This study aims to present preliminary data from a field research conducted for the environmental valuation of the set of environmental goods and services that form the Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), Alto Paraíso de Goiás - Goiás- Brazil. It is based on focus of desire and motivations of tourists, to get in touch with nature and enjoy its amenities. It is a qualitative and quantitative survey with questionnaires to the visitors of PNCV, at a particular time. It was found that the motivations are varied, connected to personal and group nature, and the tourists spending’s can contribute to the community development of the District of São Jorge, in the vicinity of the National Park.

Palavras-chave: Valoração ambiental. Chapada dos Veadeiros. Lazer e recreação. Localidade.

Keywords: Environmental valuation. Chapada dos Veadeiros. Leisure and recreation. Locality.

Introdução

A proposta deste trabalho consiste em apresentar dados preliminares para a realização de uma valoração de um conjunto de bens e serviços ambientais que constituem o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), com enfoque no desejo dos turistas visando a satisfação de uma necessidade e suas motivações, ao entrar em contato com a natureza e desfrutar de suas amenidades. Essa valoração se dá em função dos gastos incorridos pelas pessoas para a realização da viagem.

5Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - IFG - Coordenação de

Turismo e Hospitalidade (Rua 75, nº 46, Setor Central, CEP: 74055-110, Goiânia-GO.

Email:[email protected]), doutorando em Ciências Ambientais - UFG. –

[email protected] 6Professora da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos /UFG -(Campus Samambaia - Rodovia

Goiânia / Nova Veneza, Km 0 - Caixa Postal 131, CEP 74690-900) Goiânia - GO –

[email protected] 7Discente do curso de Ciências Econômicas da Fac. de Administração, Ciências Contábeis e Econômicas

/UFG (Caixa Postal: 131 - CEP: 74.001-970)- Goiânia - GO - [email protected]

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Trata-se de um conceito de cunho econômico, aplicado a uma Unidade de Conservação (UC), considerando as relações existentes entre esse valor aferido e as condições sociais, culturais e econômicas das pessoas que usufruem desse conjunto de bens e serviços naturais, os turistas que buscam certo bem-estar, do entrar em contato com a “natureza intocada”. O valor atribuído ao usufruto dessas atratividades naturais pode nortear formas que subsidiem políticas ou decisões governamentais que venham trazer maiores benefícios, não só para os visitantes, como para as comunidades locais do entorno dessas UC.

Em relação ao turismo que é realizado nas UC, destaca-se a sua importância por ser, em diversos casos, uma das principais fontes de emprego e renda para as populações das localidades onde estão assentadas, conforme asseguram Medeiros et al (2011, p.6) “o turismo que dinamiza a economia de muitos dos municípios do país só é possível pela proteção das paisagens proporcionada pela presença das Unidades de Conservaç~o”.

A proposição de se realizar uma valoração ambiental do PNCV vai utilizar o Método do Custo de Viagem (MCV) e tem a intenção de poder captar o valor que os visitantes atribuem ao conjunto de bens e serviços que o Parque oferece, permitindo determinar o seu valor de uso direto (PEARCE e TURNER, 1990), na forma de lazer e recreação.

De acordo com o Plano de Manejo do PNCV a preservação do cerrado de altitude com suas “chapadas ainda intocadas” é fundamental para “a proteç~o das reservas hídricas da área do alto curso do Rio Tocantins, bem como para a realização de atividades de ecoturismo, recreação e educação ambiental em áreas naturais não só para a população das cidades próximas e do Centro Oeste, mas também para aquela de diferentes pontos do país” (MMA/ICMBio, 2009, p.10), a exemplo do que se nota na Figura 1.

Quanto às motivações para as pessoas se deslocarem a um determinado atrativo turístico em busca de lazer, Swarbrooke e Horner (2002), com base na Escala Motivacional do Lazer (Leisure Motivations Scale - proposta por Mounir Ragheb e Jacob Beard) indicam existirem quatro componentes indutores de viagem, sintetizados a seguir: a) intelectual, ligado ao conhecimento; b) social, balizado pelas relações interpessoais; c) domínio-competência, relacionado com a atividade física na natureza e; d) estímulo-escapismo, associado à fuga dos estilos de vida estressantes.

Para tal procedimento é necessária a coleta de dados e informações socioeconômicas junto aos turistas que visitaram o PNCV, em um determinado período, com intuito de dar suporte a essa metodologia de valoração ambiental, cuja análise descritiva, para traçar o perfil socioeconômico dos visitantes e apuração de gastos tornaram-se os objetivos deste estudo, bem como sondar suas motivações para a realização da viagem.

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Materiais e métodos

A área total do PNCV (65514 ha) abrange os municípios de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, São João da Aliança e Teresina de Goiás, sendo que somente 3% encontram-se abertos à visitação. Situa-se a cerca de 250 km ao norte de Brasília e 470 km ao nordeste de Goiânia. Dentre os municípios de sua abrangência, destaca-se o primeiro, incluso o Distrito de São Jorge (com cerca de 500 habitantes), que a partir da década de 1990, desenvolveu um importante fluxo turístico, com ênfase no ecoturismo, turismo de aventura e cultural. Nos últimos anos, os mais de vinte mil visitantes ao ano que se destinaram ao PNCV, conforme apontado por Domiciano e Oliveira (2012, p.181), “invariavelmente, passam pelo Distrito de S~o Jorge que, de acordo com a administração local, possui 28 pousadas, 15 áreas de camping e residências que alugam parte de suas dependências para alojamento das pessoas”.

Por intermédio do MCV é possível estimar o valor econômico que as pessoas estipulam para um determinado conjunto de bens e serviços ambientais de um local que possui atrativos naturais, em função do dispêndio monetário e do tempo gasto, para nessas localidades poderem aproveitar dos seus benefícios e até, para sua manutenção e conservação. O método consiste em um modelo baseado na teoria da função de demanda do consumidor (MARSHALL, 1985), em que as pessoas demonstram ou revelam uma disposição a pagar (DAP) para desfrutar dos benefícios encontrados em um sítio natural, como um Parque Nacional (PEARCE e TURNER, 1990; HAAB e McCONNELL, 2002; MUELLER, 2012).

Para a realização da coleta de dados, foram aplicados 389 questionários aos visitantes do PNCV, entre 13 e 27 de julho de 2012, que chegaram ao seu portão de entrada, abordados pelos pesquisadores, de acordo com a oportunidade de aproximação – amostragem de conveniência (DENCKER, 2007), enquanto aguardavam a formação dos grupos para o ingresso no Parque.

Esses questionários tinham o intuito de identificar o perfil socioeconômico dos visitantes, considerando variáveis como a região de origem, sexo, idade, o nível de escolaridade, o motivo da viagem, o número de pessoas no passeio, o meio de locomoção, o tempo de viagem, a renda pessoal, estipulada em faixas baseadas no salário mínimo vigente no país e os gastos efetivos com a viagem, além de duas questões para exposição dos motivos relacionados ao passeio.

Resultados e discussões

Analisando-se a região de procedência dos visitantes, observou-se que 48,59% são oriundos da Região I, distante até 500 km do PNCV; 43,18% da Região II, situada numa faixa entre 500 e 1500 km de distância do Parque; enquanto que, 8,23% provieram da Região III, a mais de 1500 km do Parque - modelo zonal (HAAB e McCONNELL, 2002) notando um equilíbrio entre as Regiões I e II, com até 1500 km de distância do local. Os visitantes provieram das mais variadas unidades da federação (Figura 1).

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Figura 1: Regiões de proveniência dos visitantes do PNCV ( julho / 2012)

Quando se observou a faixa etária dos visitantes abordados no PNCV, notou-se que 16,97% possuiam idade entre 16 e 25 anos; que 40,62% estavam na faixa entre 26 e 35 anos; que 21,59% situavam-se no intervalo entre 36 e 45 anos; que 19,54% se encontravam entre 46 e 60 anos e que apenas 1,29% estava na faixa de idade acima dos 61 anos.

Relativo ao nível de escolaridade dos visitantes do PNCV, pode-se constatar que 20,31% possuiam o ensino médio completo e 79,69%, um curso de graduação. Do total, 22,11% relataram ter cursado ou estar cursando uma pós-graduação.

Constatou-se que a média do número de pessoas (NP) viajantes aproximou-se de 3, por grupo de viagem e, que o tempo de viagem e permanência no local(T), na maioria das vezes é de aproximadamente 6 dias (Tabela 1). Esse último elemento é um fator importante a ser considerado, pois no Método do Custo de Viagem (MCV), o custo de oportunidade do tempo das pessoas deve ser computado como um componente do custo de viagem.

Quanto ao aspecto da renda pessoal, os visitantes do PNCV se enquadraram nas seguintes faixas salariais, baseadas no salário mínimo vigente à época (R$622,00): 5,91% declararam-se sem renda ou sem uma renda fixa mensal; 7,71% afirmaram receber uma quantia de até 2 salários mínimos; 25,96% colocaram-se numa faixa que varia de 2 a 5 salários mínimos; 22,88% situaram-se num intervalo entre 5 e 10 salários mínimos; 33,42% dos respondentes

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104

49

38

1912

4 3 3 3 2 1 1 1 18

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

UF

Unidades da Federação DF

SP

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declararam auferir uma renda superior a 10 salários mínimos, e 4,11% optaram por não responder ao quesito perguntado.

A entrada no PNCV é gratuita, porém exige-se o acompanhamento obrigatório de condutores de viagem (“guias”). O custo desse serviço era de R$ 100,00, para um grupo de no máximo dez pessoas, o que resultaria em um valor de R$ 10,00 por pessoa. Inquiridos sobre esse valor, 34,36 % consideraram barato; 55,53 %, mediano; 7,45 %, caro; e 2,06%, não responderam. Além desse valor, foi indagado aos visitantes sobre uma disposição a pagar por um valor que representasse uma taxa de ingresso no PNCV, dos quais 51,42 % concordaram com a existência da mesma, numa faixa que variou de R$ 2,00 até R$ 50,00, encontrando-se uma média de R$ 5,27.

Alusivo ao principal motivo da viagem ao PNCV e seu entorno pode-se perceber que 48,58% dos entrevistados referiram-se a busca de conhecimento que a região proporciona; 27,51% destacaram a fuga da agitação dos centros urbanos e busca de tranquilidade no local; 12,60% relataram gosto pela aventura e os “desafios” que um passeio como esse propicia; 5,91% mencionaram a import}ncia do convívio social nesse tipo de viagem; 2,83% relacionaram os diversos motivos combinados e 2,57% não responderam à questão.

Concernente ao custo total da viagem(CV), por parte dos visitantes do PNCV, que é a questão central do trabalho de valoração, este foi calculado somando-se as despesas com transporte, alimentação, pagamento de entradas em atrativos, hospedagem, produtos locais (como artesanato, lembranças, etc.) e outros (medicamentos, gastos imprevistos), foram apuradas uma média de R$ 2.126,53 por respondente, com desvio padrão aproximado de R$ 2.270,10 e variância de 5.153.377,194.

Tabela 1: Dados comparativos do CV, T e NP dos visitantes do PNCV das Regiões I, II e III – julho/2012

Região CV (R$) T (dias) NP (pessoas) R$/dia/pes. I 1.288,81 3,94 3,18 102,86 II 2.646,01 7,32 2,78 130,03 III 4.304,69 8,03 3,16 169,64

Geral* 2.126,53 5,73 3,00 123,70

* O item Geral refere-se à média agregada dos itens das Regiões I, II e III.

Considerações finais

Referente às motivações indutoras para o deslocamento das pessoas em uma viagem a uma UC, observou-se que vários elementos contribuem para as mesmas, desde estímulos de caráter pessoal, físico e emocional até os de natureza social e cultural, na busca de um bem-estar em contato com o meio ambiente.

Nesse estágio da pesquisa, foi possível determinar (Tabela 1) que o custo de viagem agregado para as três regiões ficou em torno de R$123,70 por dia/pessoa,

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sabendo que conforme informações da administração do PNCV, em julho de 2012, o Parque recebeu 4714 visitantes, perfazendo um total parcial de 14622 visitantes até aquele momento, no ano. Grande parte desses recursos financeiros foi movimentada no Distrito de São Jorge, onde se constata que a maioria da população encontrou no ecoturismo uma forma de garantir a sua reprodução social e econômica, integrada ao meio ambiente.

Espera-se que o valor atribuído ao conjunto de bens e serviços do PNCV pelos turistas possa se tornar um instrumento de gestão da UC e nortear políticas de desenvolvimento para a comunidade de seu entorno, que dá suporte à sua atividade turística.

Agradecimentos

Em especial, pela colaboração na pesquisa de campo de Felipe Silva Domiciano, Gabriela Silva Domiciano e Luana Beatriz Silvéria, que com afinco e dedicação se empenharam na obtenção dos dados desse trabalho, uma equipe genuinamente familiar.

À Pró - Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás- IFG pela concessão da bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Qualificação de Servidores.

Referências bibliográficas

DENCKER, Ada F. N. Pesquisa em turismo: planejamento, métodos e técnicas. São Paulo: Futura, 2007.

DOMICIANO, Carlos S. e OLIVEIRA, Ivanilton J. Cartografia dos impactos ambientais no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO). Mercator, Fortaleza, vol.11, n.25, p.179-199, mai/ago 2012. Disponível em <www.mercator.ufc.br> Acesso em ago. 2012.

HAAB, Timothy C. e McCONNELL, Kenneth E. Valuing environmental and natural resources: the econometrics of non-market valuation. Cheltenham: Edward Elgar Publishing Limited: Northamptom: Edward Elgar Publishing, Inc., 2002.

MARSHALL, Alfred. Princípios de economia: tratado introdutório. Tradução Rômulo Almeida e Ottolmy Strauch – 2 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

MEDEIROS, Rodrigo et al. Contribuição das unidades de conservação brasileiras para a economia nacional. Sumário Executivo. Brasília: UNEP-WCMC, 2011.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA/INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE – ICMBio. Plano de Manejo do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros – Resumo Executivo. Brasília, 2009. Disponível em: <www.icmbio.gov.br/parna_veadeiros> Acesso em out. 2011.

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PEARCE, David W. e TURNER, R. Kerry. Economics of natural resources and the environment. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1990.

SWARBROOKE, John e HORNER, S. O comportamento do consumidor no turismo. Tradução de Saulo Krieger - São Paulo: Aleph, 2002.

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CAMA E CAFÉ MULHERES DE PEDRA: UMA PROPOSTA PARA DESENVOLVIMENTO DE TURISMO DE BASE LOCAL8

LEANDRO DE ARAÚJO DIAS9, STELLA MAGALY DE ANDRADE SOUSA10

Abstract

This summary presents a proposal for homestays accommodation, the type bed and breakfast, which is being implemented in the community of Pedra de Guaratiba, a district in the west area of Rio de Janeiro. In the proposed model, the management of the Bed and Breakfast is in a central administrative office, which is led by a group of women called “Mulheres de Pedra”. The central intermediates hosting operations between tourists and residents who offer their homes. The methodology for the development of activities for the implementation of the Bed & Breakfast was inspired in experiments of tourism development in communities based on community participation, as well as some existing Bed & breakfast experiments developed in Brazil. As a result, is expected an improvement in quality of life of a part of Pedra de Guaratiba´s population, by introducing a new activity that can serve as support for traditional activities, while watch, both locals and tourists to the social and environmental responsibility in tourism. Within the group “Mulheres de Pedra”, it is expected that the enterprise generates revenue for continuing their activities and strengthen its operations.

Palavras-chave: Hospedagem Domiciliar – Responsabilidade social e ambiental – Turismo de base comunitária – Pedra de Guaratiba, RJ.

Key Words: Homestays accommodation - Social and Enviromental Responsibility – Community based tourism - Pedra de Guaratiba, RJ.

Introdução

O projeto de extens~o, “Cama & Café Mulheres de Pedra”, versa sobre o desenvolvimento de um meio de hospedagem do tipo Cama e Café na sede de um grupo denominado “Mulheres de Pedra”, localizado no bairro de Pedra de Guaratiba, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. O grupo “Mulheres de Pedra” é um empreendimento que desenvolve ações com a comunidade para valorização da cultura, produção de artesanato, sensibilização para as questões ambientais, cidadania e incremento de renda, segundo os princípios da economia solidária.

8

Projeto de extensão desenvolvido no Bairro de Pedra de Guaratiba por docentes e alunos da

UFRRJ. 9

Discente graduando Bacharelado em Hotelaria pela Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro. BR 465 - KM 7 - CEP 23890-000 - Seropédica – RJ. E-mail: [email protected]

10

Profª Ms. do Curso de Hotelaria na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. BR 465 -

KM 7 - CEP 23890-000 - Seropédica – RJ. E-mail: [email protected]

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Pedra de Guaratiba é uma antiga aldeia de pescadores que possuía alguma atividade pecuária, porém devido a pressões ambientais como a poluição da Baía de Sepetiba e outras, está perdendo as condições essenciais para a continuidade de suas atividades tradicionais. A pesca e as profissões derivadas, bem como a cultura tradicional relacionada a essas atividades vão pouco a pouco desaparecendo.

De acordo com o Manual de Ecoturismo de Base Comunitária (MITRAUD, 2003), a proposta de implantação do meio de hospedagem Cama e Café, justifica-se por inserir-se em uma forma de turismo voltado para o desenvolvimento local, o turismo de base comunitária. Nessa forma de turismo a comunidade participa diretamente da atividade turística e os benefícios colhidos são distribuídos socialmente, pois envolve não somente a hospedagem, mas os serviços de alimentação e o comércio, além de promover a valorização da história e da cultura local.

Com o desenvolvimento do modelo de hospedagem Cama e Café na comunidade de Pedra de Guaratiba, RJ, visa-se o incremento de renda para a comunidade a partir da conscientização da responsabilidade social e ambiental, promovendo a preservação das características originais do lugar, além da geração de recursos para a manutenção das atividades do grupo Mulheres de Pedra e o fortalecimento de suas ações.

Assim sendo, vale ressaltar os objetivos específicos do projeto, tais como: Sensibilizar a comunidade para as interações entre visitantes e comunidade visitada; Identificar, na comunidade, interessados em receber turistas em suas residências; Estruturar a parte física de um meio de hospedagem Cama e Café na sede do Empreendimento “Mulheres de Pedra”; Capacitar os envolvidos no atendimento ao meio de hospedagem nas áreas de Recepção e Governança; Capacitar gestores do meio de hospedagem; Implantar o meio de hospedagem Cama e Café; Acompanhar o início das operações do meio de hospedagem; Realizar o cadastramento o e triagem das residências interessadas; Promover um curso de capacitação em hospedagem Cama e Café para os moradores das residências cadastradas; Expandir o cama e café estruturando, na sede do grupo “Mulheres de Pedra”, uma central de recepç~o das residências participantes do Projeto Cama e Café Mulheres de Pedra.

Métodos

A metodologia empregada na proposta de implantação do meio de hospedagem Cama e Café, em Pedra de Guaratiba, RJ, baseia-se em experiências para desenvolvimento turístico em comunidades, tendo como base a participação comunitária.

Nesse sentido, este projeto, utilizou-se da leitura de experiências como a dissertaç~o “Hospedagem domiciliar na cidade do Rio de Janeiro: o espaço de encontro entre turistas e anfitriões”, defendida na UFRJ, que trata da rede de Cama e Café do bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, bem como o artigo “Cama, Café

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e rede”, apresentado no semin|rio da ANPTUR11, que apresenta um estudo de caso do projeto de cama e café existente na região do Seridó do Estado do Rio Grande do Norte. Muito importante também foi o “Manual de ecoturismo de base comunit|ria”, do WWF12 que aborda experiências de projetos envolvendo comunidades tradicionais de forma participativa.

O método proposto envolve etapas para a concretização dos objetivos do projeto. As etapas são: Realizar oficinas com a comunidade para troca de conhecimentos a respeito do turismo, seus benefícios e impactos na área ambiental, social, cultural e econômica; Oferecer 4 mini-cursos de capacitação para os envolvidos nas áreas de Reservas e atendimento, Governança, Alimentos e Gestão em meios de hospedagem; Estruturar, em 6 meses, o meio de hospedagem na sede do Grupo Mulheres de Pedra, com capacidade para acomodação de 8 (oito) hóspedes/dia; Por meio de avaliações de desempenho e aplicação de pesquisa com os turistas hospedados, aferir a eficiência do meio de hospedagem implementado; Cadastrar as residências participantes do projeto, em ficha própria, de acordo com suas características e de seus moradores, com a finalidade de realização de uma triagem e adequação das mesmas; Estabelecer, no prazo de 12 meses, na sede do “Mulheres de Pedra”, uma organizaç~o que centralize informações, coordene ações e intermedeie o contato entre turistas interessados e residências disponíveis.

Será necessária, ainda, a criação de um site do projeto, que ficará a cargo do Núcleo Estadual de Assistência Técnica à Empreendimentos Solidários, organização parceira do projeto, vinculada ao Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável - CIEDS, órgão pertencente à Prefeitura do Rio de Janeiro.

A área de estudo desse projeto envolve a hospitalidade, o turismo, meios de hospedagem e desenvolvimento comunitário. O cuidado na participação comunitária tem em vista maximizar os resultados que, no caso do cama e café, promove o incremento de renda da dos envolvidos diretos e indiretos. De acordo com Pimentel (2007, p. 54) “A hospedagem domiciliar beneficia diretamente as famílias dos proprietários e anfitriões, que recebem de forma direta a maior parte das diárias pagas pelos turistas. Com o dinheiro da hospedagem, os envolvidos com o projeto melhoram seu orçamento e aumentam a qualidade de suas vidas”.

Resultados e discussão

O público alvo atendido pelo projeto Cama e Café Mulheres de Pedra serão, de forma direta, as mulheres componentes do grupo “Mulheres de Pedra” e, de maneira indireta, toda a comunidade de Pedra de Guaratiba, já que, nesse tipo de meio de hospedagem, o benefício é compartilhado com a comunidade e os ganhos não ficam restritos apenas ao meio de hospedagem.

No modelo de hospedagem Cama e Café o hóspede é, a todo o momento, incentivado a interagir com o comércio local, com a cultura da localidade e com os

11

Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Turismo, 2008. 12

World Wild Foudation – ONG internacional de defesa da vida natural e que desenvolve também

projetos sociais.

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habitantes. Pimentel (2008) argumenta que a idéia é que a hospitalidade do local seja parte da atratividade do mesmo, compondo com a cultura, a história da localidade, suas peculiaridades sociais e ambientais o produto apresentado ao turista. Assim sendo, parte do trabalho a ser realizado por meio desse projeto é a sensibilização da comunidade para sua efetiva participação nas questões do turismo, ou seja, na forma como pretende conduzir a experiência de turismo na localidade.

O resultado desejado ao se implantar esse modelo de hospedagem em detrimento de outro vai, de maneira geral, além do incremento de renda para comunidades. Nos dizeres de Kanitz et al. (2008), o desenvolvimento do modelo de hospedagem Cama e Café, passa pela responsabilidade social e ambiental, promovendo a preservação das características originais de um lugar.

Nesse sentido no primeiro trimestre de execução do projeto, foram realizadas atividades, como: Encontros com o Grupo Mulheres de Pedra para apresentação e ajustes na metodologia de trabalho; Visitas técnicas ao bairro de Pedra de Guaratiba para reconhecimento dos possíveis atrativos turísticos e estudo do local onde será abrigada a sede do Cama e Café; Contatos com lideranças locais para difundir a idéia do projeto e arregimentar participantes para as oficinas; Levantamento inicial de interessados em receber turistas em sua residência no sistema Cama e Café; Pesquisa de campo por meio de aplicação de questionários na semana dos Festejos de São Pedro (Festa tradicional da comunidade) para investigar a percepção dos moradores e visitantes a respeito do potencial turístico local e da viabilidade de implantação de um Cama e Café; início do planejamento da estruturação física da sede do Cama e Café e Oficinas participativas tendo por temática a responsabilidade social e ambiental do turismo de base comunitária, como pode-se observar nas figuras 1 e 2, dispostas a seguir:

Fonte 1: Arquivo pessoal Fonte 2: Arquivo pessoal

A partir das ações realizadas no período de três meses os objetivos alcançados são: Contato com lideranças e sensibilização da comunidade, isso se iniciou em nossa primeira visita técnica a Pedra de Guaratiba, na qual foi possível a comunicação com pessoas importantes na área do turismo, e também onde tivemos nosso primeiro contato com Pedra de Guaratiba e o ateliê Mulheres de Pedra, fizemos um tour pela cidade tanto de carro quanto a pé. O que se pode notar enquanto fazíamos esses trajetos que é um bairro muito simplório e com grande

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força na área do turismo, vale ressaltar que a localidade parece estar esquecida pelo poder Público do Município do Rio de Janeiro e por alguns moradores que também se conformaram com a situação de Pedra de Guaratiba. Por isso sentimos também algumas dificuldades em nossa primeira oficina, com poucas pessoas comparecendo para tentar melhorar essa situação, tendo em vista que os poucos que foram estavam animados a fazer a diferença assim como a Leila responsável pelo Mulheres de Pedra.

O Planejamento físico do Cama e Café Mulheres de Pedra é outro resultado que está sendo realizado por duas etapas a primeira foi o levantamento de necessidades e a segunda o orçamento para obra. A realização das obras será executada com o apoio de parceiros obtidos por intermédio do CIEDS. Nos três primeiros meses foi concluído a primeira etapa, onde foi necessário formar um grupo de 8 discentes para identificar problemas na parte física dos quartos e banheiros, durante um mês foram feitas algumas reuniões onde o assunto principal era a modificação da parte física mas sempre tentando manter a arquitetura típica da casa, tendo em vista que todas as mudanças deveriam ser realizadas para se aproximar ao máximo da Cartilha de Classificação de Cama e Café SBClass13, documento que serviu como norteador.

A realização de oficina com a comunidade e identificação de futuros

anfitriões foi realizada em julho no colégio da comunidade para termos contato com os moradores e para passarmos o que nosso projeto possui como objetivo para Pedra de Guaratiba e também como eles seriam influenciados a partir do momento em que este projeto estiver concluído. Pudemos apresentar alguns pontos relevantes quando se trata de adaptar um local em nível macro para turismo, onde há pontos positivos e negativos, mas com planejamento adequado esses pontos negativos podem ser minimizados.

A oficina contou ainda com a participação ativa do público onde cada um

pôde expressar o seu sentimento pelo bairro e pela expectativa desse novo projeto. Essas ações, são assim, algumas discussões e resultados preliminares que se desenvolveram de acordo com a proposta de implantação do modelo de hospedagem de base comunitária Cama e Café no bairro de Pedra de Guaratiba, RJ.

Agradecimentos

Primeiramente, agradeço a minha instituição de ensino - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - pela aprovaç~o do projeto “Cama e Café Mulheres de Pedra” no programa BIEXT, no qual concedeu uma bolsa de auxílio para um estagiário.

Agradeço também ao Centro de Estudos Integrados e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS) pelo apoio e parceria no desenvolvimento das ações do projeto.

13

Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem do Ministério do Turismo.

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Um agradecimento muito especial também a todos os discentes e docentes envolvidos na realização das tarefas do projeto. A saber, o prof° Doutor Lélio Galdino Rosa, Profª Doutora Isabella Fogaça e a Profª Ms. Stella Magaly de Andrade Sousa.

E por fim, um agradecimento especial a srª Leila de Souza Netto, coordenadora do empreendimento Mulheres de Pedra.

Referências bibliográficas

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BARTHOLO, Roberto; BURSZTYN, Ivan; SANSOLO, Davis G. (Orgs.). Turismo de base comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro, Letra e Imagem, 2009.

BASTELLI, Vinícius. Relações interpessoais e de hospitalidade em bed and breakfast. Disponível em http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/86663890753405417065952137034498195988.pdf . Acesso em 23 mai. 2012.

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MITRAUD, Sylvia (org). Manual de ecoturismo de base comunitária: ferramentas para um planejamento responsável. Brasília: WWF Brasil, 2003.

PIMENTEL, Ana Bauberger. Hospedagem Domiciliar na cidade do Rio de Janeiro: o espaço de encontro entre turistas e anfitriões. Dissertação (Mestrado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007.

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CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS PRESTADOS PELA

GRUTA DO SALITRE, DIAMANTINA-MG

HUGO RODRIGUES DE ARAUJO14,3

ARNALDO FREITAS DE OLIVEIRA JUNIOR15

ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO16

Abstract

TheSalitreCave, located in Diamantina, State of Minas Gerais, Southeast Brazil,is one of the most important natural attractions, butuntil recently it was ina complete stateof abandonment. In March 2011, a Non Governamental Organization called Instituto Biotrópicostook over the managementof the cavewith the intentionof structuringpublic use. However, the costof maintaining this area ishigh,preventing properconservation. Thesolution foundtothis problemisthe establishment ofa reserve fundthat can bestructuredbased on the mechanismof Payment forEnvironmental Services (PES). From this perspective, thisstudy aims toidentify theenvironmental services providedby thecavein order toestablishvaluation methodswhose purpose is to focus on the value of the conservation ofenvironmental heritage. The research was conductedin an exploratory manner, analyzing the in situactivities which occurredin the caveduring the last two years. According tothe observations of the research, the most frequentenvironmental serviceswere:Contemplationof the landscape andrecreationin touch withnature, sports activities such as abseilingand climbing, the promotion of environmental education, and the developmentof study andscientific research. It wasalso possible to observecultural servicesas the celebrationofMass,concertsand film screenings.

Palavras-chave: Serviços ambientais; Valoração; Turismo; Sustentabilidade.

Key words: Environmental services; Valuation; Tourism; Sustainability.

Introdução

A Gruta do Salitre, localizada no município de Diamantina, Minas Gerais, é um enorme afloramento rochoso de quartzito em meio à vegetação de

14

Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade Socioeconômica Ambiental da

Universidade Federal de Ouro Preto-UFOP. Endereço: Campus Universitário Morro

do Cruzeiro. CEP:35400-000 Ouro Preto-MG. Email: [email protected] 15

Instituto Federal de Minas Gerais-IFMG (Campus Ouro Preto). Endereço: Rua Pandiá

Calógeras, 898. Bauxita. CEP: 35400-000 Ouro Preto-MG. Email:

[email protected] 16

Instituto Biotrópicos. Endereço: Praça JK, 25, Centro. CEP: 39100-000 Diamantina-

MG. Email:[email protected]/[email protected]

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cerrado e campos rupestres, cujo relevo escarpado, em forma de ruínas, proporciona uma belíssima paisagem que se assemelha a um castelo medieval ou a uma igreja construída no estilo gótico (AZEVEDO & ARAUJO, 2011; Figura 1). O sistema cárstico da Gruta do Salitre ainda abriga uma cavidade subterrânea com vários condutos, um cânion com aproximadamente 125 metros de extensão e uma dolina circundada por paredões de 80 metros de altura (BAGGIO et al. 2012).

A importância deste patrimônio natural somada a sua importância sociocultural, a facilidade de acesso a menos de 9 km do centro histórico de Diamantina e a poucos metros da estrada, coloca a gruta entre os principais roteiros turísticos da cidade (AZEVEDO & ARAUJO, 2011). De acordo com a pesquisa de perfil da demanda turística de Diamantina, a Gruta do Salitre é o segundo atrativo natural mais visitado do município (SILVEIRA & MEDAGLIA, 2012).

Figura 1. Gruta do Salitre: a) Vista da entrada e área de estacionamento; b) Visão superior do cânion.

Apesar de sua relevância como atrativo turístico, a gruta vivenciava um cenário de abandono, de insegurança e de conservação ambiental vulnerável até cerca de dois anos atrás, quando o Instituto Biotrópicos – ONG de cunho científico e socioambiental – assumiu por meio de um contrato de comodato com os proprietários do imóvel onde se situa a gruta, o compromisso de estruturar a gestão do seu uso público (AZEVEDO & ARAUJO, 2011). Desde então, diversas ações foram conduzidas com o intuito de assegurar a conservação ambiental, de alavancar o potencial turístico regional e de melhorar a qualidade de vida dos moradores locais.

Porém, um grande desafio para a gestão do uso público tem sido buscar a sustentabilidade do atrativo. A criação de um fundo de Pagamento dos Serviços Ambientais (PSA) poderia contribuir fortemente para o alcance dessa meta de gestão da gruta. Entende-se por PSA transações voluntárias, na qual um serviço ambiental é adquirido por pelo menos um comprador e no mínimo um provedor, sob a condição de que ele garanta a provisão do serviço (WUNDER, 2006). Segundo Oliveira Junior (2004), para que seja incluído nas

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análises econômicas o valor dos benefícios gerados pelo ambiente natural é preciso reconhecer seus efeitos sobre o cotidiano humano, devendo-se criar soluções alternativas para incorporar o valor do meio ambiente ao sistema econômico convencional.

Nesse contexto, este estudo teve como objetivo identificar e caracterizar os serviços ambientais prestados pela Gruta do Salitre para subsidiar a implementação de um fundo para se garantir a sustentabilidade do atrativo turístico.

Metodologia

A Gruta do Salitre (18°16'35''S; 43°32'12''O) está localizada no Distrito de Extração, município de Diamantina, MG, a 300 km de Belo Horizonte (Figura 2). O acesso ao sítio é feito por estrada vicinal encascalhada, relativamente conservada (AZEVEDO & ARAUJO, 2011; BAGGIO et al., 2012).

Figura 2: Localização da área de estudo, mostrando a inserção do sítio geomorfológico no contexto estadual, municipal e local. Fonte: Baggio et al., 2012.

A identificação dos serviços ambientais prestados pela Gruta do Salitre contou com informações obtidas em pesquisa de campo ao longo de 2 anos compiladas em banco de dados fornecido pelos gestores, a cerca da utilização

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pública dos espaços oferecidos pelo atrativo natural. Concomitantemente foi realizada uma revisão bibliográfica e entrevistas diretas com atores da comunidade local que forneceram informações históricas complementares a respeito da utilização da gruta.

A categorização dos serviços ambientais prestados pela Gruta do Salitre foi estabelecida de acordo com a classificação do TEEB que distingue quatro categorias: Abastecimento, Regulação, Habitat e Amenidades e Cultura (SUKHDEV et al. 2010).

Resultados e discussões

As principais atividades registradas na Gruta do Salitre, em ordem de maior ocorrência, foram:

Contemplação da paisagem e recreação em contato com natureza; Prática de atividades esportivas: rapel e escalada; Promoção da educação ambiental, através de visitas técnicas organizadas por

instituições de ensino fundamental, médio e superior; Desenvolvimento de estudo e pesquisas científicas em todas as áreas do

conhecimento: biótico, abiótico e social. Utilização como palco ou cenário para apresentações musicais, gravação de

documentários, filmes e minisséries de televisão.

Destaca-se que há a mais de 10 anos ocorrem concertos musicais organizado por uma empresa de turismo de Belo Horizonte que atrai grande aglomeração de pessoas de uma só vez para o interior da Gruta (AZEVEDO & ARAUJO, 2011). Nos últimos dois anos a Gruta serviu de cenário para gravação de 2 minisséries de televisão e um programa educativo. Nas entrevistas com moradores locais, também foi apontado o uso da gruta para celebração de missa.

De acordo com o método de classificação utilizado, os serviços ambientais prestados pela Gruta do Salitre identificados acima se agrupam à categoria “Amenidades e Cultura” que incluem serviços culturais, recreaç~o, lazer e entretenimento, apreciação da beleza cênica e a inspiração para a cultura, arte e design, assim como às experiências espirituais (SUKHDEV et al. 2010).

Pode-se observar que mesmo a Gruta não dispondo de uma infra-estrutura adequada para receber visitantes, o fluxo de pessoas que a visitam é regular, principalmente nos finais de semana e feriados. Os turistas, em sua maioria, visitaram a Gruta de forma independente, porém muitos contrataram os serviços de alguma das agências de turismo ou guia local para acompanhá-los no passeio.

No horário em que o atrativo encontra-se oficialmente aberto para visitação (exclusivamente aos finais de semana) as pessoas são recepcionadas por jovens uniformizados da comunidade de Curralinho que foram capacitados pelo Instituto Biotrópicos para atuarem como monitores. Eles comercializam por conta própria a venda de bebidas não-alcóolicas, como água, refrigerantes, sucos e isotônicos. A

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receita gerada com a venda das bebidas complementa a diária de serviço que os mesmos recebem.

Diante disso, pode-se afirmar que a Gruta do Salitre provém serviços ambientais importantes que beneficiam toda a sociedade. Alguns destes são exclusivos, como a apreciação da sua exuberante paisagem. Do ponto de vista esportivo, chega-se a conclusão que a gruta dispõe de um grande potencial para a prática de atividades verticais, fato comprovado com os relatos dos praticantes dessas atividades que estiveram na gruta no período em que a pesquisa foi realizada. Quanto aos estudos científicos, ainda é bastante incipiente o conhecimento a respeito dos aspectos bióticos e abióticos da gruta. Pouco se conhece sobre as espécies que habitam a porção cavernícola e entorno do afloramento rochoso. Considerando a existência de universidades atuantes na região, esse é um campo de oportunidades aberto para o desenvolvimento de pesquisas.

Espera-se que a identificação e a categorização dos usos e serviços ambientais prestados pela Gruta do Salitre, apresentados aqui possam sensibilizar a comunidade quanto a necessidade da manutenção do funcionamento adequado do atrativo turístico, bem como para sua conservação ambiental. Além do público visitante, é fundamental o envolvimento do poder público e privado, neste último caso, sobretudo das empresas ligadas ao turismo, para que se garanta a efetivação de um fundo que garantirá a sustentabilidade das ações de gestão da gruta. Dessa forma, este estudo também poderá nortear futuras pesquisas e ações em prol da manutenção dos serviços ambientais prestados pela Gruta do Salitre.

Referências Bibliográficas

AZEVEDO, A.A.; ARAUJO, H.R. Processo de estruturação da gestão do uso público da Gruta do Salitre, Diamantina, Minas Gerais. In: ANAIS do 31º Congresso Brasileiro de Espeleologia. 2011, Ponta Grossa-PR, 201-208p.

BAGGIO, H. et al. Morfologia Cárstica do Maciço Quartzítico da Gruta do Salitre, Diamantina – MG. Revista Vozes dos Vales da UFVJM: Publicações Acadêmicas – MG – Brasil – Nº 01 – Ano I – 05/2012

OLIVEIRA JUNIOR, Arnaldo Freitas de. Valoração econômica da função ambiental de suporte relacionada às atividades de turismo, Brotas, SP. São Carlos: UFSCar, 2004. Tese dedoutorado.

SILVEIRA, C.E.; MEDAGLIA, J. Perfil da Demanda Turística Real de Diamantina e Região: Características de Viagem, Motivações, Percepções & Expectativas.Relatório Final de Pesquisa. Departamento de Turismo. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, 2012.

SUKHDEV P. et al. TEEB (2010). A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade. Integrando a economia da natureza. Uma síntese da abordagem, conclusões e recomendações do TEBB. 49p. 2010

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WUNDER, S. 2006. Pagos por servicios ambientales: princípios básicos esenciales. Centro Internacional de Investigación Florestal. CIFOR Occasional paper No 42. 32p 2006

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FERRAMENTA DE GESTÃO OPERACIONAL PARA O FORTALECIMENTO DO USO PÚBLICO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISES E PERSPECTIVAS DOS “PARQUES DA COPA”17

GALIANA DA SILVEIRA LINDOSO2,3, ALEXANDRE LORENZETTO2,4, ALEXANDER COPELLO MORAES2, EMILENA MUZOLON MARQUES2, CLAUDIA RODRIGUES ROSA2, LORENA ANDRADE PINTO2, DANIELLE BRASIL FANZARES MARTINS2

Abstract

A process that allows the monitoring of the work of teams in protected areas, specifically on the issue of public use, is necessary for promoting protected areas as places that should provide a pleasant and sensitizing experience for their visitors. Thinking about this issue, and facing the challenge of developing a strategic plan for public use for state protected areas of Rio de Janeiro, the Project "Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público para o Incremento da Visitação nas Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro" developed a facility tool for operational management that indicates the dedication work of teams in the execution of actions in order to improve the public use in 12 protected areas contemplated in the Project. This tool enables the evaluation of actions, potential and gaps on the development of the public use in the state protected areas.

Palavras-chave: Gerenciamento, Unidades de Conservação, Visitação

Key words: Management, Protected Areas, Visitation

Introdução

A aclamada flexibilidade do brasileiro, que é reconhecido internacionalmente como criativo e inovador na busca de soluções, peca em um dos pilares da execução de um bom gerenciamento: a disciplina. Buscar cumprir os objetivos e metas, executar as ações planejadas, acompanhar e se responsabilizar pelos resultados obtidos são os desafios da cultura nacional de gerenciamento para diminuir o hiato existente entre o plano e a ação (ARAUJO, 2007).

Na gestão das unidades de conservação (UC) não é diferente, onde a mensuração dos resultados das mesmas pode ser visto, por muitos gestores, como uma atividade quase impossível. Ao se pensar nas questões envolvidas com a gestão do uso público que permeiam diversos aspectos do planejamento e manejo das UC, é de grande importância buscar ferramentas de gerenciamento de

17

Projeto “Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público para o Incremento da Visitação nas

Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro”, idealizado pelo Inea – Instituto Estadual do

Ambiente e executado pelo ITPA – Instituto Terra de Preservação Ambiental; 2. Instituto Terra de

Preservação Ambiental; Avenida Rio Branco, 251, sala 1505, Rio de Janeiro – RJ; 3.

[email protected]; 4. [email protected]

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atividades e pessoas, para que as metas estabelecidas possam ser alcançadas e ações de uso público possam ser executadas e padronizadas

O gerenciamento das ações em todo o sistema UC de forma a serem realçadas as potencialidades e dinâmicas de cada área, pode ser um objetivo ambicioso, mas extremamente necessário para se acompanhar as atividades relacionadas com o uso público, principalmente quando se trata de áreas protegidas com realidades e estruturas bem diferenciadas, como ocorre no estado do Rio de Janeiro.

O “Projeto de Fortalecimento e Implantaç~o da Gestão do Uso Público para o Incremento da Visitaç~o nas Unidades de Conservaç~o Estaduais” tem buscado atingir esse objetivo para a gestão segura e de qualidade da visitação nas UC contempladas, estabelecendo a gestão operacional como um dos pilares para o desenvolvimento do Projeto, junto com os eixos de Planejamento e Produção e Gest~o do Conhecimento. O desafio é a “aceitaç~o”, pelas equipes gestoras, de uma ferramenta simples, objetiva, de fácil aplicação, e que responde análises sistêmicas, além das perguntas específicas de uso público para cada UC e que faça parte de um ciclo estratégico de gestão, ou seja, Planejar, Executar, Verificar e Ajustar, conhecida internacionalmente como PDCA (“Plan-Do-Check-Act”). Porém, o que se vê na maioria dos casos de gestão de muitas UC é a resposta às demandas, onde o planejamento é algo complicado de fazer e o gerenciamento das atividades executadas mais difícil ainda.

Os resultados apresentados no presente trabalho são parciais e prospectam novas ações frente às particularidades de cada UC contemplada no Projeto, evidenciando as lacunas e potencialidades a serem exploradas e fomentadas. Apresentam também o início de um processo de monitoramento de ações de uso público nas UC estaduais e uma importante aproximação aos indicadores que deverão finalmente avaliar a eficiência das atividades de uso público no estado.

Métodos

A gestão operacional da visitação, no âmbito do Projeto de Fortalecimento do Uso Público, ocorre nas seguintes unidades de conservação estaduais do Rio de Janeiro: Estação Ecológica estadual de Guaxindiba, Parque Estadual (PE) Cunhambebe, PE da Costa do Sol, PE do Desengano, Parque Estadual da Ilha Grande, PE da Pedra Branca, PE da Serra da Concórdia, PE da Serra do Tiririca, PE dos Três Picos, Reserva Biológica Araras, Reserva Biológica de Guaratiba e Reserva Ecológica da Juatinga.

O eixo Operacional do Projeto envolve atividades como a capacitação da equipe de uso público, o atendimento de visitantes, o treinamento e a capacitação de guarda-parques, a manutenção de trilhas, o mapeamento de atrativos e trilhas, o manejo de trilhas, o desenvolvimento de atividades de visitação (como a educação ambiental e a observação de aves), o estabelecimento do perfil de visitantes, a contagem de visitantes, a consolidação de parcerias, entre outras atividades.

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Dentro desse eixo, para visualização das atividades realizadas em cada UC, foi elaborada uma ferramenta de gerenciamento, denominada “Relatório Gerencial”, para acompanhamento das atividades realizadas e descritas a seguir:

1. Elaboração de planos estratégicos emergenciais de uso público – compreende atividades de planejamento e capacitação, realização de reuniões e organização de demandas de uso público já consolidadas e não previstas nas demais ações; 2. Orientação e capacitação de guarda-parques sobre os procedimentos de uso público – compreende o repasse de informações adquiridas em cursos, oficinas e seminários aos guarda-parques e padronização de procedimentos de uso público; 3. Ações do programa de voluntariado – compreende atividades de assessoria aos possíveis voluntariados das UC, assim como planejamento de ações para divulgação de atividades para voluntariado; 4. Ações junto aos usuários das UC – compreende todas as atividades relacionadas à recepção dos visitantes que buscam a UC para a execução de atividades de lazer, incluindo a aplicação de questionários de perfil e satisfação, estimativas de visitantes, acompanhamento de grupos em trilhas, etc; 5. Ações de planejamento e manejo de trilhas – envolve as atividades de diagnóstico, mapeamento, planejamento e manejo das diversas trilhas existentes em cada UC, buscando soluções para a infraestrutura, sinalização, manutenção, etc; 6. Ações de interpretação ambiental – compreende as atividades relacionadas às visitas escolares e acadêmicas, como reuniões com diretores de escolas e professores, planejamento de atividades escolares, guiagem em trilhas e no centro de visitantes, elaboração de palestras dentro das UC e nas escolas, aplicação de questionários de Percepção Ambiental aos alunos, etc; 7. Ações de comunicação social – envolve a participação em eventos, organizados pela UC ou comunidade no geral, a participação em matérias jornalísticas, a elaboração de folders, informativos, banners e apresentações, entre outros; 8. Ações de relacionamento com o trade turístico – envolve a divulgação da UC e reunião com organizações que executam atividades vinculadas à UC ou que possuem potencial para tal, como secretarias de turismo, rede hoteleira, empresas, associações de guias, vendedores ambulantes, entre outros, a fim de estreitar as relações, buscar apoio e mostrar as áreas naturais como um importante destino turístico na região; 9. Ações das câmaras técnicas de turismo do conselho consultivo das UC – compreende na participação da equipe de uso público na reunião dos conselhos e fomento à criação de câmaras técnicas de ecoturismo, montanhismo e afins, para propiciar um ambiente participativo e orientado às demandas de uso público da UC; 10. Alimentação do banco de dados: ação diretamente vinculada ao eixo de Gestão e Produção de Conhecimentos, com o preenchimento de formulários para subsidiar o diagnóstico e demais ações de uso público de cada UC, e também com o preenchimento do Relatório Gerencial Mensal.

O Relatório Gerencial é uma ferramenta desenhada no programa Excel, configurada em uma planilha divida por abas, e cada aba corresponde a uma ação de uso público (descrita acima). Cada aba possui calendários mensais vinculados à

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gr|ficos “pizza” mensais e anuais da aç~o e um quadro para a descriç~o, de forma sucinta, das atividades nos seguintes campos: “O quê” (descriç~o da atividade), “Quem” (atores da equipe envolvidos), “Como” (descriç~o da realizaç~o da atividade), “Resultados e Indicadores”, “ Fotos” e “Observações”. Nos calend|rios, a equipe de uso público assinala os períodos em que executa alguma atividade de determinada ação, e automaticamente, os gráficos são formados (Figura 1). Em uma última aba do Relatório Gerencial, um gr|fico “pizza” mostra a execuç~o de todas as ações em conjunto, e a partir daí, pode ser observado o tempo dedicado em determinada ação em relação às outras, mostrando as potencialidades e necessidades de desenvolvimento de atividades de uso público em cada UC (Figura 2).

Resultados e discussão

Ferramentas de gerenciamento auxiliam nas decisões sobre a melhor utilização dos recursos, muitas vezes escassos nas UC, o que facilita o monitoramento das ações anteriormente direcionadas em planos de manejo ou outros instrumentos de planejamento.

Com 06 meses de execução em campo do Projeto de Fortalecimento do Uso Público, os cenários das ações desenvolvidas em cada UC podem ser facilmente observados, e destacamos, no presente trabalho, as três unidades de conservação do Projeto “Parques da Copa”, gerenciadas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e contempladas no Projeto de Fortalecimento do Uso Público (Figura 2) (PE da Serra da Tiririca, PE dos Três Picos, PE da Pedra Branca).

Figura 1. Detalhe de parte do Relatório Gerencial preechido pelas equipes de uso público de cada UC, com a formação de gráficos na medida em que a execução de atividades são marcadas no calendário.

Observando a Figura 2, é possível notar as particularidades e tendências do uso público em cada parque, como algumas descritas a seguir. O Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) atualmente está envolvido em um grande projeto para a implantaç~o da “Trilha Transcarioca”, trilha de longa dist}ncia com aproximadamente 140 km, que está sendo implantada em conjunto com o Parque

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Nacional da Tijuca, o Parque Natural Municipal de Grumari e o Parque Natural Municipal Prainhas. Dessa forma, no seu gráfico nota-se um grande investimento de tempo para o manejo e sinalização dessa trilha. Por outro lado, nota-se que poucas ações tem sido desenvolvidas juntas ao Trade Turístico e ao Conselho Consultivo, e essas terão que receber maior atenção em um momento posterior à primeira fase da implantação da Transcarioca no PEPB.

Parque Estadual Serra da

Tiririca Parque Estadual de Três

Picos Parque Estadual da Pedra

Branca

Figura 2. Gráficos que representam a dedicação de tempo relativa para a execução das atividades de cada ação de uso público nas unidades de conservação “Parques da Copa” e contempladas no Projeto de Fortalecimento do Uso Público.

Tanto no Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) quanto no Parque Estadual dos Três Picos (PETP), que já possuem uma visitação bem consolidada, nota-se que são realizadas diversas atividades juntos aos visitantes, tanto no geral (usuários), como ressaltando PETP nas atividades de interpretação ambiental, pois esse parque possui um centro de visitantes bem estruturado e com trilhas de interpretação ambiental próximas ao centro de visitantes, propiciando a visita de muitos grupos escolares semanalmente.

No PETP, devido à sua extensão e quantidade de informações relacionadas ao uso público, nota-se um grande investimento para a coleta e sistematização dessas informações para o banco de dados.

O PESET possui site, página no Facebook e diversos parceiros para a execução de atividades no entorno, além de ser uma UC que tem sido frequentemente vinculada em jornais do município e estaduais, o que está diretamente refletido na parte de comunicação no gráfico da Figura 2, pois a equipe de uso público está executando diretamente essas ações.

O Relatório Gerencial, como um meio de ordenamento e gerenciamento, permite acompanhar e avaliar as atividades da equipe mês a mês, de forma acumulativa, propiciando a observação e análise de resultados parciais e atuais e permitindo a compreensão do tempo investido para se cumprir as metas

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estabelecidas ou onde têm surgido mais demandas sem planejamento, possibilitando adaptação das ações, como também o direcionamento para metas e ações futuras

A ferramenta de gestão de atividades de uso público desenvolvida, aliada ao momento de grande desenvolvimento que a visitação em UC está passando no estado do Rio de Janeiro, forma a base para se iniciar o estabelecimento de indicadores de uso público que propiciarão a verificação do alcance da visitação segura e de qualidade.

Ressalta-se ainda, que a ferramenta utilizada no Projeto e aqui apresentada, embora focada em ações de uso público, pode ser considerada como uma metodologia para a análise da efetividade da gestão da UC (LEDERMAN; ARAUJO, 2012) ou monitoramento, porém como está baseada nas ações executadas mensalmente, possibilita uma reavaliação em períodos mais curtos, para o manejo efetivo da UC e possibilitando o desenvolvimento de uma nova cultura, na qual estejam profundamente arraigados os fundamentos da excelência em gestão (ARAUJO, 2007).

Agradecimentos

Aos gestores de UC do Inea, às equipes de campo de uso público (do Projeto e guarda-parques), ao Inea e ITPA, que trabalham para que a sociedade fluminense tenha mais simpatia pela conservação da natureza.

Referências bibliográficas

Araújo, M. A. R. Unidades de Conservação no Brasil: da República a Gestão de Classe Mundial. SEGRAC & R.A. Consultoria e Treinamento. Belo Horizonte, 2007.

LEDERMAN, M.R.; ARAUJO, M.A.R. Avaliação da efetividade do manejo de unidades de conservação. In: Gestão de unidades de conservação: compartilhando uma experiência de capacitação. Cases, M.O (Org.). WWF-Brasil e IPÊ. Brasilia, 2012.

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FORTALECIMENTO DO USO PÚBLICO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: CONCEPÇÃO E AÇÃO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS18

ALEXANDRE LORENZETTO19, 20 GALIANA DA SILVEIRA LINDOSO2, 21

CLAUDIA RODRIGUES ROSA2 MANUELA TORRES TAMBELLINI22,

LORENA DE ANDRADE PINTO2 EMILENA MUZOLON MARQUES2,

DANIELLE BRASIL FANZERES MARTINS2, ALEXANDER COPELLO MORAES2

Abstract Currently public policies for conservation at the state of Rio de Janeiro have strengthened protected areas and have increasingly consolidated the public use in these areas. Seeking for a friendly society to nature conservation, the Project “Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público para o Incremento da Visitação nas Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro” has been providing the foundation for the establishment of a visitation with safety and quality in 12 state protected areas, each one with different realities and degree of implementation. By the execution of various activities on the axes of Planning, Operations and Knowledge Management, the Project seeks the standardization of public use procedures and the development of tools to improve the management of public use. Many results have been achieved such as the prioritization of public use in the management of some protected areas, lots of actions to a better comprehension of the public use dynamics and to provide better services to visitors, training courses to actors who work directly with visitation, the development of manuals and subsidies to strategic areas of the environmental agency. Palavras-chave: Planejamento, operacionalização, produção de conhecimento, visitação. Key words: Planning, operationalization, production of knowledge, visitation.

18

Projeto “Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público parao Incremento da Visitação nas

Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro”, idealizado pelo Inea – Instituto Estadual do

Ambiente e executado pelo ITPA – Instituto Terra de Preservação Ambiental;

19

Instituto Terra de Preservação Ambiental - Avenida Rio Branco, 251, sala 1505, Rio de Janeiro – RJ;

20

[email protected] 21

[email protected] 22

INEA – Instituto Estadual do Ambiente- Av. Venezuela, 110, 3° andar, Rio de Janeiro– RJ

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Introdução

A histórica falta de conhecimento sobre as vantagens do uso público nas unidades de conservação (UC) no Brasil talvez seja um dos motivos da visitação nas mesmas ainda não ser uma atividade muito divulgada, consolidada, efetiva ou habitual. Essa falta de conhecimento, muitas vezes camuflada de “princípio da precauç~o”, tem ajudado a manter os parques com as “portas fechadas”, deixando as pessoas (potenciais visitantes) do lado de fora. A consequência disso é certamente o enfraquecimento, com a perda de potenciais aliados para a conservação, perante a sociedade.

O turismo de natureza é um dos segmentos mais promissores do mercado de turismo, com cresecimento estimado de 10% a 30% ao ano (BRASIL, 2006). Talvez por isso, de alguns anos para cá, percebe-se que há uma intenção de mudança em relação às unidades de conservação brasileiras, seja estimulada pelas tendências mundiais, pelos financiamentos ou pela pressão nacional para que essas áreas saiam do ostracismo e passem a ser polos de desenvolvimento regional (KINKER, 2002).

Políticas públicas adequadas, garantindo certa estabilidade de pessoal e recursos, s~o fatores que podem ampliar as perspectivas de “abertura” de unidades de conservação à visitação, se enquadrando nas tendências atuais do turismo de natureza e tentando modificar o negativo paradigma que tem acompanhado as UC brasileiras. No Estado do Rio de Janeiro, o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) tem investido muito em ações relacionadas à criação, implantação e manejo de suas unidades de conservação, onde há investimentos consideráveis em planos de manejo, regularização fundiária, infraestruturas, contratação de guarda- parques23, implantação de Unidades de Polícia Ambiental (UPAm), ordenamento e capacidade de carga turística e especificamente, ações que visam fortalecer o uso público.

Com unidades de conservação mais estruturadas, cria-se o “Projeto de Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público para o Incremento da Visitaç~o nas Unidades de Conservaç~o Estaduais do Rio de Janeiro”, doravante denominado Projeto de Fortalecimento do Uso Público, implantado simultaneamente em 12 unidades de conservação de proteção integral do estado. O Projeto tem como objetivo principal proporcionar o incremento da visitação segura e de qualidade nas UC contempladas, a partir da implantação de metas estratégicas de gestão do uso público em nível institucional, que promovam essas áreas naturais como destino turístico, propiciando o aumento de cidadãos simpatizantes à conservação da natureza e induzindo o desenvolvimento local.

O presente trabalho objetiva apresentar o Projeto de Fortalecimento do Uso Público, que vem sendo implementado no estado do Rio de Janeiro e que é pioneiro em termos de escala e quantidade de ações orientadas ao uso público no Brasil. Serão destacados os principais eixos e ações que estão sendo executadas nestas 12 UC estaduais e serão apresentados ainda, como resultados preliminares, alguns

23 Em novembro de 2012, 220 guarda-parques foram contratados para atuação nas UC estaduais através de concurso

público.

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avanços e conquistas referentes ao fortalecimento do uso público e incremento da visitação.

Métodos

O Projeto de Fortalecimento do Uso Público possui diretrizes e metas definidas em um detalhado plano de trabalho, tendo como premissa norteadora, o fortalecimento de ações relacionadas ao uso público já em andamento nas UC mais consolidadas do estado e o estabelecimento do uso público nas UC menos conhecidas, com menor estrutura, recém criadas ou com menor quantidade de visitantes.

Com distintos graus de implantação das UC, o Projeto também contempla distintas categorias de manejo, sendo: oito Parques Estaduais, duas Reservas Biológicas, uma Estação Ecológica e uma Reserva Ecológica24. Dessa forma, o planejamento das ações do Projeto se adapta às especificidades e objetivos de cada UC. As UC que fazem parte deste Projeto são: Parque Estadual da Serra da Tiririca, Parque Estadual da Pedra Branca, Parque Estadual dos Três Picos, Parque Estadual da Ilha Grande, Parque Estadual Cunhambebe, Parque Estadual do Desengano, Parque Estadual da Serra da Concórdia, Parque Estadual da Costa do Sol, Reserva Ecológica da Juatinga, Reserva Biológica de Araras, Reserva Biológica de Guaratiba e Estação Ecológica de Guaxindiba.

Para a execução das ações previstas no plano de trabalho conta-se uma equipe de coordenadores de campo, auxiliares de coordenação de campo, monitores ambientais e equipe de coordenação sediada no Rio de Janeiro, além de guarda-parques e outros funcionários do Inea. O Projeto possui duração de um ano e foi iniciado em outubro de 2012.

Fundamentado nas diretrizes institucionais do Inea e orientado por um instrumento legal específico, que regula as atividades de uso público dentro dos parques estaduais (Decreto Estadual nº 42.483/2010), o Projeto de Fortalecimento do Uso Público atua em três principais eixos, a saber:

(i) Planejamento – abordando o planejamento estratégico de uso público, a integração com planos de manejo e planos emergenciais, a construção de novos projetos, a regulamentação de artigos do Decreto nº 42.483/10, a padronização de procedimentos de uso público, a realização de oficinas de planejamento estratégico e de cursos de capacitação;

(ii) Operacional – orientado ao atendimento de visitantes, o treinamento e a capacitação de guarda-parques, a manutenção de trilhas, o mapeamento de trilhas e atrativos, o manejo de trilhas, o desenvolvimento de atividades de educação ambiental e de observação de aves, estabelecimento do perfil de visitantes, entre outras ações;

(iii) Gestão e produção de conhecimento – com a sistematização e padronização contínua de dados sobre uso público nas unidades de conservação contempladas e a produção de manuais de procedimentos de uso público.

24

A Reserva Ecológica da Juatinga é localizada no município de Paraty, e está em processo de recategorização, em

cumprimento e regulamentação ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

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Resultados e discussões

i. Planejamento

Dentro do eixo Planejamento, um dos logros alcançados pelo Projeto de Fortalecimento do Uso Público é o direcionamento à consolidação da gestão do uso público nas UC contempladas. Esse direcionamento tem sido refletido nas oportunidades propiciadas para a elaboração de planejamento estratégico, com discussões sobre a “vis~o de futuro” de cada UC em oficinas decorrentes ao longo do Projeto, onde cada vez mais o uso público encontra alicerces para a sua consolidação. E assim, visões de futuro como a do Parque Estadual da Ilha Grande: “Ter condições ideais para realizaç~o de atividades de uso público em espaços conservados onde a educação ambiental seja crítica e transformadora, e que a visitaç~o ordenada gere renda e valorizaç~o da história e cultura local” ou como a do Parque Estadual do Desengano: “Alcançar a eficiência na gest~o oferecendo condições de acesso e opções de uso para diferentes públicos, promovendo a conservaç~o e integraç~o socioambiental”, ganham espaço e se consolidam como pilares na gestão dessas UC. Nesse sentido é importante salientar que um dos resultados esperados pelo Projeto é apresentar um planejamento estratégico do uso público para aplicação até 2016, com metas, ações e meios de verificação bem definidos para execução nas UC.

ii. Operacional

No eixo Operacional, considerando todas as unidades de conservação contempladas no Projeto de Fortalecimento do Uso Público, já foram realizados o diagnóstico, mapeamento e manejo de diversas trilhas, a aplicação de cerca de 950 questionários de perfil e satisfação de visitantes, de cerca de 100 questionários de demanda de visitação e 200 de percepção ambiental, a visitação de diversas escolas, o fomento à criação de câmaras técnicas dentro dos Conselhos Consultivos, a participação em eventos organizados pelas comunidades, a capacitação de guarda-parques para atuarem diretamente com o uso público, entre outras atividades.

Dentro deste eixo, para visualização das atividades realizadas em cada UC, foi elaborada uma ferramenta de gerenciamento e acompanhamento mensal das atividades desenvolvidas nas seguintes ações de uso público: (i) elaboração de planos estratégicos emergenciais de uso público; (ii) orientação e capacitação de guarda-parques sobre os procedimentos de uso público; (iii) ações do programa de voluntariado; (iv) ações junto aos visitantes; (v) ações de planejamento e manejo de trilhas; (vi) ações de interpretação ambiental; (vii) ações de comunicação; (viii) ações de relacionamento com o trade turístico; (ix) ações dos Conselhos Consultivos -câmaras técnicas de turismo ou similares; e (x) alimentação do banco de dados.

iii. Gestão e produção de conhecimentos

Para a sistematização contínua dos dados, foram elaborados formulários para organizar as informações relacionadas ao uso público, que irão compor a base de dados sobre o uso público das UC contempladas no Projeto de Fortalecimento do Uso Público e subsidiarão ações de diversas linhas do manejo das UC, uma vez

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que a visitação está ligada diretamente à implantação de infraestrutura, necessidades de pesquisa, segurança e proteção, desenvolvimento local, processos participativos, etc.

Estão sendo produzidos manuais de procedimentos de uso público relacionados à documentação fotográfica nas UC, à estimativa de visitantes, ao monitoramento e manejo de trilhas, à utilização de banco de dados, ao cadastramento de guias e condutores, além do diagnóstico do uso público do sistema de unidades de conservação estaduais.

Com objetivo de fortalecer o uso público com responsabilidade, sempre considerando a missão e as potencialidades de cada UC, bem como seus instrumentos normativos e objetivos de criação, as equipes que compõe o Projeto de Fortalecimento do Uso Público estão protagonizando todas as ações de uso público (gerando, reaproveitando, adaptando e organizando toda a informação relacionada direta ou indiretamente ao uso público nas mesmas).

O resultado disso, além das ações imediatas, está sendo não somente a organização e padronização de uma quantidade de informações considerável, contendo desde todas as estruturas para visitação e pesquisa, passando pelos recursos humanos, trilhas e atrativos, levantamento de demandas, análise de oportunidades e lacunas, perfil de visitantes, metodologia padronizada para estimativa de visitantes, entre outras, mas também, com a produção de manuais e treinamentos, a garantia de continuidade de todas essas ações que serão realizadas pelas equipes fixas das UC, representadas hoje pelos guarda-parques e demais técnicos do órgão.

Além disso, essas informações proporcionam o direcionamento para aprimoramento da gestão do uso público nas UC, respaldando tecnicamente o relacionamento e interação com outros setores concernentes à gestão da UC como um todo, promovendo uma relação de troca e acessibilidade entre a UC e o escritório central do Inea, otimizando assim a realização de análises, planejamentos e direcionamento de recursos.

Assim, os dados saem dos relatórios e das gavetas, são transformados em conhecimento e subsidiam todas as ações, orientadas diretamente ao alcance das metas propostas, contribuindo assim, para a estruturação das UC e a consequente consolidação das atividades de uso público nas áreas naturais no estado, propiciando que cada vez mais, a sociedade seja uma aliada na conservação da natureza.

Agradecimentos

Aos gestores de unidades de conservação do Inea, principalmente aos que estão acreditando nesta estrutura para fortalecer as áreas que administram. Ao Inea e ITPA que estão apostando e financiando tão diferente e ousada iniciativa. Por fim, às equipes de campo de uso público, que têm feito toda a diferença no estabelecimento de uma cultura de visitação às UC estaduais.

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Referências Bibliográficas BRASIL. Diretrizes para Visitação em Unidade de Conservação. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Diretoria de Áreas Protegidas. Brasília, 2006. INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE - INEA. Decreto N° 42.483 de 27 de maio de 2012. Estabelece diretrizes para o Uso Público nos Parques Estaduais administrados pelo INEA. INEA. Rio de Janeiro, 2010. KINKER, S. Ecoturismo e conservação da natureza em parques nacionais. Editora Papirus. Campinas, 2002.

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NORMALIZAÇÃO EM TURISMO DE NATUREZA: A EXPERIÊNCIA DO PROGRAMA AVENTURA SEGURA.25.

FÁBIO ORLANDO EICHENBERG26

CHARLEI APARECIDO DA SILVA27

Abstract: The standardization process in tourism can be considered one of the greatest advances in industry policies. Arrange the adventure segment is of fundamental importance for a country that has claimed to be bastion of this economic activity. The expected results are being achieved and in a few years the thread is already one of the fastest growing in Brazil. This text is a summary of the actions of the sector for the implementation of the standardization process. Analyzes in particular the norm 15: 331 adventure tourism: safety management system, requirements and does not have the pretension to scrimp, but to disclose this important achievement.

Palavras chave: Segmentação turística; normas técnicas; gestão de risco.

Key words: tourist segmentation; technical standards; risk management.

Introdução

É de fundamental importância à gestão da segurança no turismo de aventura, para garantir a prática segura das atividades que compõem o segmento, para investidores e também poder público. Considera-se neste trabalho, a perspectiva sistêmica de analise fundamental para avaliação de todos os aspectos envolvidos. Segundo (NBR: 15: 331 p. 5) “As organizações envolvidas com as atividades de turismo de aventura vêm procurando sistematizar e controlar assuas atividades, inclusive incorporando práticas de gestão de riscos, de maneira a proverem atividades de turismo de aventura de forma respons|vel e segura”. Os procedimentos iniciados com a implementação de um sistema de gestão da segurança é um grande passo, porém deve estar atrelado a outros elementos de igual importância. Deve respeitar aspectos de integração junto ao sistema como um todo. Assim, uma norma de sistema de gestão da segurança pode ser uma referência para toda organização envolvida com a prestação de serviços que incluam atividades de turismo de aventura, ou seja, pode ser utilizada por operadoras e por aqueles que recebem os turistas nos destinos, que devem também estar envolvidos no esforço da segurança nas atividades de turismo de aventura.O SGS deve estar sintonizado com as necessidades da gestão dos atrativos e as implicações dos riscos principalmente, que são inerentes a prática do turismo de aventura. Cabe ressaltar que um conjunto de técnicas de minimização de riscos é de extrema importância para um atrativo de Turismo de aventura, entretanto,

25

Trabalho elaborado no Laboratório de Geografia Física da Faculdade de Ciências Humanas da UFGD 26

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS: [email protected] 27

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS: [email protected]

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será insuficiente se não estiver vinculado a gestão do todo, sistêmica e integrada. É necessário ainda entender um pouco mais do segmento de Turismo de Aventura e suas particularidades, o que tentaremos detalhar no decorrer desse texto.

Características naturais da aventura, nossa natureza

O Turismo de Natureza brasileiro nos últimos anos tem sido estrategicamente, pensado para atingir níveis de qualidade internacionais espelhado em países com reconhecida atuação e tradição no segmento de turismo na natureza. A Associação Brasileira de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA) sistematicamente tem incentivado os proprietários de atrativos turísticos que atuam no segmento de natureza a se capacitarem e a seus colaboradores, através do Programa Aventura Segura (PAS) em parceria com o Ministério do Turismo (MTUR) e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT28) e os resultados apontam para avanços significativos no segmento de natureza, em especial, nas atividades e tipologias ligadas a aventura.

Em relação ao turismo de aventura, podemos inicialmente destacar a origem do mesmo, o ecoturismo. No entanto por ocasião da segmentação do turismo, decidiu-se que para atenção ao mercado, alguns elementos caracterizariam e diferenciariam essas duas categorias de turismo na natureza. Ou seja, o turismo de aventura pode ser definido como: “Uma atividade de lazer realizada em um local não usual, remoto, exótico, ou de vida selvagem, envolve algum meio de transporte não convencional, e tende a ser associado a níveis de risco elevados da atividade”.

Segundo Ramos (2005.p.470) “o turismo de aventura implica em atividades de lazer e viagens que são contratadas na esperança de produzirem uma experiência de aventura recompensadora”, que poderá ser de natureza intensiva e envolverá as emoções do turista que a pratica a atividade... Resultará em riscos e desafios físicos... E ajunta que esses desafios vão alem da natureza física, pois, durante uma situação de risco, o participante enfrentará e terá que decidir partir de suas habilidades técnicas, intelectuais e sensitivas.

Já o estudioso em Turismo John Swarbrooke comenta em seus trabalhos sobre ecoturismo e turismo de aventura, e com maior cuidado para o último que: “incerteza é um dos fatores determinantes de um desafio, ela pode ser criada de inúmeras formas. A presença do perigo que por sua vez gera o risco assegura a imprevisibilidade do resultado”. (SWARBROOKE, 2003). Os turistas que buscam essa categoria de turismo buscam entre outros fatores exclusividade, pois quase sempre são pequenos grupos, às vezes amigos, buscam também pouco conforto, pois entendem que o contato com o meio físico, as instabilidades climáticas, e

28

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o Fórum Nacional de Normalização. As

Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB), dos

Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e das Comissões de Estudo Especiais Temporárias

(ABNT/CEET), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores

envolvidos, delas fazendo parte: produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e

outros).

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outras privações fazem parte do desafio e exigem um alto nível de planejamento das atividades por parte das operadoras.

O que tem se observado é que algumas operadoras, assim como no ecoturismo anteriormente citado, acabam comercializando roteiros que deixam de lado as características citadas no parágrafo anterior e que identificam a categoria de turismo na natureza proposta. Ou seja, acaba oferecendo conforto exagerado aos praticantes, o que se entende não ser o que se busca. Entende-se que tanto turismo de aventura como ecoturismo quer em seu bojo conceitual aproximar os praticantes do meio visitado, e n~o o inverso. “Os turistas devem experimentar novas sensações, quebrar paradigmas, romper barreiras psicológicas, sociais, interpessoais, entre outras”. (RAMOS, 2005.p.475)

Como proposta fundamental dessa conceituação prévia do que estamos chamando de ecoturismo e turismo de aventura cabe ressaltar o que Ramos (2005.p.475) afirma ser essencial: “a motivaç~o e o enfoque da atividade”, quanto menos intensa e não exigir muito esforço e mais educativa no sentido de interpretação do ambiente visitado, mais próxima à atividade estará do ecoturismo. Por outro lado, quanto mais intensa, imersiva, incerta, de risco e composta de adrenalina, mais próximo do arcabouço conceitual que se refere à aventura. Contudo esse exercício conceitual é muito primário e exige a reflexão de que, não estamos, com essa classificação, querendo excluir as demais.

O programa aventura segura (PAS)

O PAS tem como principal finalidade “enquadrar” os atrativos em processos de formação que vai desde o atrativo como um todo com a norma técnica NBR: 15331 do Sistema de Gestão da Segurança (SGS), até os condutores em atrativos de turismo de natureza. O aceite por parte dos atrativos se da de maneira voluntária, e a partir daí a ABETA inicia os processos de implementação das normas junto ao atrativo.

Existem normas diversas que visam aperfeiçoar desde: condutores de rafting, de espeleoturismo (turismo em cavernas) rapel, tirolesa, mergulho, entre outras tipologias que são definidas, concebidas e implementadas em parcerias firmadas entre a ABETA e o atrativo, de acordo com seu perfil de atuação. Existem diversas normas em fase de estudo, outras já estão em operação. Segundo a ABETA, dos mais de 130 atrativos cadastrados no sistema CADASTUR (cadastro de empreendimentos turísticos) do MTUR, mais de 90 implantaram alguma norma em seus domínios e tipologia de atuação, elevando o compromisso desses atrativos com seus clientes, os turistas.

Assim, uma norma de sistema de gestão da segurança pode ser uma referência para toda organização envolvida com a prestação de serviços que incluam atividades de turismo de aventura, ou seja, pode ser utilizada por operadoras e por aqueles que recebem os turistas nos destinos, que devem também estar envolvidos no esforço da segurança nas atividades de turismo de aventura. (ABETA, 2005.p.V).

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Basicamente, o processo de normalização em turismo de aventura e ecoturismo, segue os padrões internacionais de normas técnicas implantado originalmente na Nova Zelândia. Em 2003, uma missão brasileira visitou o país e trouxe as boas práticas para o Brasil iniciando em 2006 com o PAS, um novo momento para esse segmento do Turismo que mais cresce no mundo.

Inicialmente foram priorizados 17 destinos brasileiros sendo realizado um trabalho em 13 unidades de federação. Existem atualmente dois produtos que reforçam a necessidade de tornar cada vez mais segura essa prática turística no Brasil, o PAS: concepção, metodologia e resultados, e o Relatório de Impactos da Aventura Segura (RIAS), ambos os documentos servem como um referencial para o Turismo na Natureza do Brasil.

Com 28 normas técnicas publicadas e um processo de certificação em Ecoturismo e Turismo de Aventura com acreditação pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), o Brasil tem sido apontado como referência mundial nestes segmentos. As empresas são certificadas conforme a ABNT NBR 15331:2005 - Sistemas de Gestão da Segurança29 – Requisitos.

O objetivo do programa é qualificar empresas e profissionais do “ecoturismo e turismo de aventura e auxili|-los na implementação do sistema de gestão da segurança (SGS), tendo como referência normas brasileiras publicadas pela ABNT. Ao todo, o programa mobilizou mais de 100 municípios e mais de 600 empresas”. (ABETA, 2011)

As organizações envolvidas com as atividades de turismo de aventura vêm procurando sistematizar e controlar as suas atividades, inclusive incorporando práticas de gestão de riscos, de maneira a proverem atividades de turismo de aventura de forma responsável e segura. Por si só essas iniciativas de sistematização e controle podem não ser suficientes para proporcionar a uma organização a garantia de que seu desempenho em termos de segurança não apenas atenda, mas continue a atender, aos requisitos legais e aos de sua política. Para que sejam eficazes, é necessário que estes procedimentos sejam realizados dentro de um sistema de gestão estruturado e integrado às atividades gerais de gestão. (SISTEMA DE GESTÃO DA SEGURANÇA, 2005.p.v).

A gestão de riscos, especificamente, é notadamente reconhecida como parte integrante e fundamental de um sistema de gestão da segurança. Nesse sentido, a adoção e implementação, de forma sistemática, de um conjunto de técnicas da gestão de riscos podem contribuir para a obtenção de resultados ótimos para todas as partes interessadas. Contudo, somente a adoção deste conjunto de técnicas de gestão de riscos por si só não garantirá resultados de segurança ótimos.

29

A ABNT NBR 15331 foi elaborada no Comitê Brasileiro de Turismo (ABNT/CB-54), pela

Comissão de Estudo de Gestão da Segurança (CE-54:003.02). O Projeto circulou em Consulta

Nacional conforme Edital nº 09, de 30.09.2005, com o número de Projeto 54:003.02-001.

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Sendo assim, a norma NBR 15331 - SGS (Sistema de Gestão da Segurança) especifica os requisitos de tal SGS do turismo de aventura. Foi redigida de forma a aplicar-se a todos os tipos e portes de organizações turísticas que trabalham com sítios de turismo de aventura, de natureza e ecoturismo e para adequar-se a diferentes condições geográficas, culturais e sociais desses espaços.

O sucesso do SGS a priori depende do comprometimento de todos os níveis e funções na organização, em especial da direção. Um sistema deste tipo permite que uma organização estabeleça e avalie a eficácia dos procedimentos, desenvolva uma política e objetivos do nível de segurança desejado, e ainda atinja a conformidade em relação aos demais destinos e atrativos demonstrando o resultado das ações ao público alvo, ao Estado e a terceiros. A finalidade geral desta Norma é assegurar, de maneira sistemática e consistente, a prática segura e responsável de atividades turísticas nos destinos de aventura, natureza e ecoturismo.

Como se baseia em um processo de planejamento dos atrativos é recomendável que vários destes requisitos sejam abordados simultaneamente ou reapreciados a qualquer momento, tendo em vista os processos de planejar, implementar, agir, corrigir e sucessivamente, numa tentativa de prever as variáveis recorrentes dessa atividade turística.

Métodos

A análise do Turismo exige cada vez mais um olhar complexo, do todo e de cada parte. O pensamento sistêmico tem colaborado no entendimento das capilaridades dessa que é uma importante atividade econômica, e necessita de uma atenção especial principalmente se dirigida a ambientes naturais. O Turismo faz parte da natureza humana, e dessa forma, os desafios que a natureza, o natural impõem ao visitante, turista, são igualmente naturais. Esta pesquisa busca a partir de relatos documentais, bibliográficos e de empirismo abordar pela perspectiva sistêmica o calcanhar de Aquiles do Turismo brasileiro, as políticas de organização de seus diversos segmentos. A aventura na natureza aponta para um crescimento que vale a pena incentivar, com planejamento ambiental, elaboração de plano de manejo e capacidade de carga entre outras providências, para que se desenvolva em harmonia e apenas com o risco inerente a atividade.

Resultados e discussões

Os principais avanços na atividade turística no Brasil têm ocorrido nos segmentos que tem na natureza seu recurso principal. O processo de normalização tem estimulado esse crescimento dentro do segmento de Turismo de Aventura. O PAS e principalmente a norma de Gestão da Segurança com sua filosofia voltada à melhoria contínua tem dado ao Brasil um alento e a segurança necessária para que deixemos de ser o país do futuro e avancemos para o topo do segmento de natureza no mundo.

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Agradecimentos

Agradecimento especial ao laboratório de Geografia Física (LGF) dauniversidade federal da grande dourados e também a CAPES pela bolsa de pesquisa tão valorosa e essencial para o trabalho de mestrado ao qual esse artigo representa.

Referências bibliográficas

ABETA. Relatório de Impactos do Programa Aventura Segura / ABETA e Ministério do Turismo. – Belo Horizonte: Ed. dos autores, 2011.

ABNT - NBR: 15331. Turismo de Aventura: sistema de gestão da segurança - requisitos. Rio de Janeiro, 2005.

EICHENBERG, F.O; SILVA, C. A Da. Turismo de Natureza: a relação homem/natureza e seus desdobramentos a partir dessa categoria de turismo. Foz do Iguaçu – VI Festival Internacional de turismo das Cataratas, 2012.

RAMOS, M.V. Aventura e Turismo de Aventura: Faces Mutantes. In: Análises regionais e globais do turismo brasileiro. Trigo, Luis Gonzaga Godói. (Org.), 2005

SWARBROOKE, John. Turismo Sustentável: setor público e cenário geográfico. São Paulo: ALEPH, 2000; série turismo; vol. 3.

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O DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO NO MUNICÍPIO DE VARGEM-SP/BRASIL

CRISTIANE FERRAZ E SILVA SUAREZ30

NAYRA DE MORAES GONÇALVES31

JOÃO LUIZ DE MORAES HOEFFEL32

Abstract

Considering the difficultyof developingtourism innatural areasin a sustainable manner, as well as the impactsthat this activitymay resultin protected areas, this paper aims toanalyze the process oftourism developmentthathas been occurring in the municipality ofVargem-SP (Brazil) andidentifyopportunitiesfor it tooccurin a sustainable manner. This municipalityis part of theCantareira System Environmental Protected Area(Cantareira System EPA), andhas been undergoing aprocess of urbanization andintensesocial and environmental transformations, which have resulted in thedevelopment of a disordered tourism. Amongthe methods usedcan be highlighted thetechnicalassessmentoftourism potential, proposed byCerro (1993) and environmental diagnosisandstudy oftourism demand, conducted through semi-structured interviewsbasedon the works ofLavilleandDionne(1999), Whyte(1978) andBardin(1983).The results indicatethat rural tourismand ecotourismare suitedto local conditionsand can providebenefitsand assistin the management ofnegative impactsarising from thedevelopment of tourism. For this, this activityin the municipalityshouldbe accompanied byproper environmental andtourism planning, and involve the participationof the local population, seeking effective resultsin the long term.

Palavras-chave: Turismo, Áreas naturais, APA do Sistema Cantareira, Ecoturismo, Turismo Rural.

Key-Words: Tourism, Natural areas, Cantareira System EPA, Ecotourism, Rural Tourism.

Introdução

O presente artigo é resultado da tese de doutorado intitulada “Turismo Sustentável, Qualidade de Vida e Políticas Públicas em Unidades de conservação: Um estudo de caso em Vargem–SP (APA do Sistema Cantareira)” desenvolvida no

30

Universidade São Francisco. AV. São Francisco de Assis, 218. Jardim São José.

12914-500. Braganca Paulista, SP – Brasil. [email protected] 31

Moinho d’Água Treinamentos. Estrada Mauro de Próspero, 500, bloco 16 apto 22.

Residencial das Ilhas. 12913-045. Bragança Paulista, SP - Brasil.

[email protected] 32

Núcleo de Estudos em Sustentabilidade - Faculdades Atibaia (NES/FAAT). Estrada

do Ribeirão Acima 777. Moinho I. 12960-970 - Nazaré Paulista, SP - Brasil - Caixa-

postal: 20. [email protected]

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Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade do Núcleo de Pesquisas e Estudos Ambientais, da Universidade Estadual de Campinas. O projeto originou-se da constatação de que a região vem apresentando vários problemas socioambientais gerados a partir das alterações decorrentes, principalmente, de dois eventos: a construção do Sistema Cantareira - um empreendimento de captação de recursos hídricos para abastecer a Região Metropolitana de São Paulo, e a duplicação da Rodovia Fernão Dias. O fato de o município estar inserido em uma Unidade de Conservação (a APA do Sistema Cantareira) enfatiza a necessidade de estudos que contribuam para a elaboração de políticas públicas que possam embasar planos turísticos sustentáveis aliados à conservação dos recursos naturais.

Esta necessidade justifica-se pelo fato do turismo desenvolvido em áreas naturais utilizar-se de recursos naturais como sua “matéria-prima”, consumindo-os enquanto bens de mercado, o que pode gerar inúmeros impactos socioambientais, econômicos e culturais negativos, decorrentes do desenvolvimento desordenado da atividade turística.

Para Boullón (2002), uma vez que se permite visitar as áreas naturais, a existência de impactos do turismo é evidente, exigindo estudos que balizem o desenvolvimento da atividade. Fadini; Hoeffel e Suarez (2009; 2010) compartilham esta preocupação considerando que o turismo pode ser um dos principais responsáveis por processos de transformação do espaço e reconfiguração paisagística.

Um dos aspectos mais relevantes desta questão é o aumento significativo de turistas que visitam áreas naturais sem planejamento e administração adequados dos locais visitados, e um dos desafios do turismo sustentável é justamente acomodar e ajustar este crescente número de visitantes em áreas naturais sem sacrificar sua integridade ecológica (SABINO; ANDRADE, 2003).

Assim, sem negar a importância econômica da atividade e seu potencial como difusora de culturas, é importante promover pesquisas sobre os reflexos efetivos do turismo na sociedade, tornando-se necessárias propostas de turismo sustentável, o qual é caracterizado como uma alternativa ao turismo de massa, que estimula um grande fluxo de turistas a um destino ao mesmo tempo, e que durante anos vem agredindo as paisagens e destruindo os ecossistemas (SUAREZ, 2005).

Para Ruschmann (2008, p.109), os conceitos de “desenvolvimento sustentável e de turismo estão intimamente ligados à sustentabilidade do meio ambiente, o que se deve ao fato de que encontrar o equilíbrio entre os interesses econômicos que o turismo estimula e um desenvolvimento da atividade que preserve o meio ambiente n~o é tarefa f|cil”.

Desta forma, o objetivo deste trabalho é analisar o processo de desenvolvimento turístico que já vem ocorrendo município de Vargem- SP e identificar possibilidades para que o mesmo ocorra de forma sustentável.

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Métodos

Esta pesquisa possui caráter documental e exploratório, cujo objetivo é o aprimoramento de idéias e maior familiarização com o objeto de estudo. Para a identificação das potencialidades turísticas locais foram utilizadas as técnicas de avaliação do potencial turístico, propostas por Cerro (1993), com posterior realização de diagnóstico ambiental e estudo da demanda turística, realizada por meio de entrevistas semi-estruturaras elaboradas com base nos trabalhos de Laville e Dionne (1999), Whyte (1978) e Bardin (1983), objetivando caracterizar o perfil socioeconômico do turista entrevistado, sua relação, interesses e ações referentes à área de estudo.

Em uma breve caracterização destaca-se que o município de Vargem está situado na Região Bragantina, no interior do estado de São Paulo a 97 km da capital, às margens da Rodovia Fernão Dias, fazendo divisa com o estado de Minas Gerais ao confrontar-se com o município de Extrema. Vargem possui uma área de 142,9 Km2, cerca de 7.098 habitantes (IBGE, 2009) e densidade demográfica de 49,45 hab./km², a maioria concentrada na área rural.

É importante considerar que a localidade vem passando por um processo de urbanização e intensas transformações socioambientais, contudo ainda apresenta uma estrutura rural com características socioeconômicas preservadas, com atividades de agropecuária desenvolvidas em pequena escala, como a criação de gado leiteiro, cultivo de milho e silvicultura de eucalipto. É possível observar também que algumas festas tradicionais se mantêm, principalmente, as religiosas nas capelas e igrejas dos bairros. Cabe salientar que a presença do reservatório, associado a outros fatores, como a facilidade de acesso proporcionado pela duplicação da Rodovia Fernão Dias, vem estimulando o desenvolvimento turístico desordenado, principalmente no entorno do reservatório.

Vargem

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Resultados e discussão

Os dados coletados e as características socioambientais de Vargem demonstram que o município apresenta diversas potencialidades para o desenvolvimento do turismo, relacionadas, principalmente, aos recursos naturais, destacando sua localização privilegiada dentro de uma Unidade de Conservação – a APA do Sistema Cantareira - e no entorno do reservatório Jaguary/Jacareí, além de sua proximidade com grandes centros como São Paulo e Campinas, grande potencial agrícola nos bairros rurais, e a existência de atrativos histórico-culturais, como as grandes fazendas antigas e a estação ferroviária do ano de 1913, embora ainda não haja a formatação de um produto turístico.

A maioria das áreas naturais em Vargem é considerada um atrativo turístico real ou potencial, destacando-se as cachoeiras, as corredeiras do rio Jaguary, a Serra do Lopo, que possibilitam a prática de esportes como montanhismo, escalada, rapel, trilhas e a contemplação da natureza e o Reservatório dos rios Jaguary-Jacareí.

Os usos mais frequentes do reservatório estão relacionados aos esportes náuticos (passeios de barco e Jet-sky) e de pesca (pesca esportiva e predatória), provocando grande preocupação por parte de diversos atores sociais, já que o uso do solo em seu entorno ocorre para diversos fins e de forma não planejada, impulsionando a especulação imobiliária, prejudicando a sustentabilidade ecológica e turística local e a qualidade de vida dos moradores.

A atividade turística no município também apresenta potencial de desenvolvimento pelo fato de Vargem fazer parte do Circuito Turístico Entre Serras e Águas, estruturado através da Agência de Desenvolvimento Regional – UNICIDADES - que tem como objetivo apresentar potencialidades e produtos turísticos de cada município, contribuindo para a formação de um calendário regional de destinos turísticos, para o desenvolvimento urbano e para a conservação da paisagem e da biodiversidade regional.

Considerando estas potencialidades, o turismo rural e o ecoturismo apresentam-se como alternativas para o desenvolvimento do turismo em Vargem.

Justifica-se esta indicação pelo fato do turismo rural ter como proposta melhorar os rendimentos de proprietários rurais e valorizar os modos de vida tradicionais, a ruralidade e o contato harmonioso com o ambiente natural, podendo ser um meio de diversificação da economia local (SCHNEIDER, 2006).

O ecoturismo, por sua vez, também é um segmento turístico potencial a ser desenvolvido em áreas naturais. De acordo com Serrano (2001), trata-se de um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações.

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No entanto, deve-se reconhecer que tanto o ecoturismo, como o turismo rural podem produzir impactos de características diversas e em sentidos muitas vezes antagônicos. O primeiro aspecto a ser levado em consideração quando se pretende desenvolver o turismo, principalmente em áreas naturais, é ter consciência que se está propondo uma intervenção sobre as relações socioambientais e produtivas previamente existentes que precisam ser respeitadas em sua essência, compreendidas em sua especificidade e atendidas em suas preocupações e demandas (SCHNEIDER, 2006). É fundamental, portanto, indagar quais os possíveis impactos que podem ser gerados pela intensificação de empreendimentos turísticos.

Para se consolidar como atividade responsável e ambientalmente adequada, faz-se necessário o planejamento e o monitoramento das atividades turísticas em espaços naturais e rurais, os quais significam verdadeiros desafios de pesquisadores e outros atores sociais envolvidos com a relaç~o “turismo e meio ambiente”, j| que o turismo se apoia sobre o espaço rural e sobre os recursos ambientais (naturais, sociais, econômicos e culturais), e o seu planejamento deve ser integrado ao desenvolvimento local (HANAI, 2006).

Neste sentido, para se alcançar a sustentabilidade turística no município de Vargem, é preciso que a atividade seja desenvolvida com o suporte de um adequado planejamento participativo, o qual deverá ser realizado com base em informações provenientes de estudos e análises referentes ao cenário da localidade, bem como das potencialidades de desenvolvimento futuro e envolvimento da comunidade local, reconhecendo a importância da realização de projetos em longo prazo, que tenham como objetivo proporcionar à comunidade e aos participantes envolvidos um reencontro com a natureza, uma mudança de conduta durante o lazer, bem como a busca da conciliação entre o desenvolvimento de atividades turísticas e a proteção das áreas naturais.

Agradecimentos

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP que financiou a I e II fases do Projeto de Pesquisa no 2007/59833 denominado de “Qualidade de Vida, Turismo e Sustentabilidade na APA do Sistema Cantareira: um estudo de caso em Vargem, SP – BR” que se desenvolveu concomitantemente com a tese de doutorado intitulada “Turismo Sustentável, Qualidade de Vida e Políticas Públicas em Unidades de conservação: Um estudo de caso em Vargem–SP (APA do Sistema Cantareira)” desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade do Núcleo de Pesquisas e Estudos Ambientais - NEPAM, da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.

Referências

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1983.

BOULLÓN, R.C. Planejamento do Espaço Turístico. Bauru, SP: EDUSC, 2002.

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CERRO, F. L. Técnicas de evalución del potencial turístico. Madrid: Centro de Publicaciones del Ministério de Industria Comercio y Turismo, 1993.

FADINI, A.B, HOEFFEL, J; SUAREZ, C. Parcerias Ambientais: Diagnóstico turístico e propostas de educação ambiental em Vargem – SP. Projeto de Pesquisa de Políticas Públicas 06/51790-8, FAPESP, Relatórios Técnicos – fase II – v.1 e 2, 2009 e 2010.

HANAI, F. Y. Análise do processo de inserção do turismo sustentável em espaços naturais e rurais: o caso da região da bacia hidrográfica de montante do rio Mogi-Guaçu. 2006. 191f. Exame de Qualificação (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental).

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Acesso em de 29 abr. de 2013.

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Page 131: Unidades da Federação

131

III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

O papel do turismo de conservação na construção de novos valores ambientais em projetos de pesquisa

CARVALHO-JUNIOR, OLDEMAR33; SOUZA, P. ANDERSON2; BEZ-BIROLO,

ALESANDRA1; GALASTRI, GABRIELA1

Abstract

This paper discusses the importance of conservation tourism in the conservation

of biodiversity with social mobilization and environmental education through self-

sustainability research projects. Although there is no a still a clear definition of

conservation tourism, or a public policy for the subject, this may represent an

important economic force with social and environmental responsibility. The

Instituto Ekko Brazil (IEB), through the Otter Project, have been developing

research with the participation of Brazilian and international ecovolunteers since

2002. This is done through partnerships with international agencies that promote

the participation of ecovolunteers in similar projects in several countries.

Unfortunately, in Brazil, the tourism sector has not noticed this movement. Despite

the difficulties, IEB received 43 ecovolunteers in 2012, grossing approximately R$

24.000.00. The average stay ranges from 7 to 14 days, a period that ecovolunteers

participate in all project activities. Financial resources and available workforce are

an important aid for sustainability research and for social mobilization with

biodiversity conservation. The growth potential in Brazil, for this sector is

promising.

Palavras Chave: ecovoluntarios, biodiversidade, educação ambiental,

mobilização social

Keywords: ecovolunteers, biodiversity, environmental education, social

mobilization

Introdução

O turismo de conservação implica na participação ativa do turista em ações

voltadas para a conservação da biodiversidade. Dentro de um projeto de pesquisa,

33

Instituto Ekko Brasil, R. Henrique Veras do Nascimento, 82/Cx Postal 10121, Lagoa da Conceição,

Florianópolis/SC, 88062-970. [email protected] 2 Instituto Ekko Brasil, R. Augusto Mascarenhas, 309, Centro, Aquidauana/MS,

79200-000 [email protected]

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

o turismo de conservação pode ser visto como um tema transversal, podendo,

inclusive, representar uma ferramenta de mobilização social. No mês de setembro

de 2012, em diferentes datas, buscas no site Google Brasil com a expressão turismo

de conservação, resultaram em 0 (zero) de retorno, tanto para páginas como para

títulos da internet. A exceção foi para os trabalhos publicados pelo próprio

Instituto Ekko Brasil e/ou pesquisadores deste. A maior parte dos resultados

associaram o turismo em Unidades de Conservação, mas não exatamente o turismo

de conservação.

O conceito de turismo de conservação ainda não é bem definido, sendo

pouco conhecido no Brasil, podendo muitas vezes ser confundido como ecoturismo

ou turismo de aventura. No caso do turismo de conservação, o turista tem

participação ativa em um projeto de pesquisa e/ou conservacionista voltado para a

conservação da biodiversidade. Em função disso, o termo turismo científico

também pode ser aplicado.

Entretanto, como o termo turismo científico pode ser muito restritivo

quanto ao público alvo, o turismo de conservação pode representar a escolha mais

apropriada do ponto de vista econômico e social, além do ambiental, voltado para a

sustentabilidade do projeto (CARVALHO JUNIOR; SCHMIDT, 2004).

A preocupação com a definição do conceito procede a partir do momento que

o turismo de conservação pode representar uma alternativa econômica importante

em Unidades de Conservação, em especial Áreas de Proteção Ambiental (APAs)

(HOEFFEL et al., 2008). Contudo, o enfoque meramente econômico trás consigo o

risco de que o discurso do turismo de conservação caia no mesmo sentido

reducionista do “sustent|vel”. O potencial do turismo como estimulador de rede

social, aproximando diferentes culturas e povos, não deve ser negligenciado,

principalmente se pode ser aplicado para modificar realidades adversas ou

impeditivas à melhoria de qualidade de vida.

Desde 2004, o Instituto Ekko Brasil/Projeto Lontra vem desenvolvendo

pesquisas com turismo de conservação e espécies ameaçadas no Estado de Santa

Catarina. O envolvimento das comunidades, como forma de mobilização social, é

visto como de fundamental importância. Um processo de mobilização representa

convocação de vontades que, por sua vez, é feita através de ações de comunicação

(TORO; WERNECK, 2004). O projeto de comunicação para mobilização social inclui

a coletivização dos objetivos, ou seja, a causa pela conservação passará a ser

coletiva. As ações sociais são baseadas principalmente no processo educativo e

informativo, objetivando implementar alternativas exequíveis para a conservação

local. Vários projetos fazem parte desse processo como o Projeto Lontra, o Projeto

Tucano, o Refúgio Animal, Pró-Lontrinha e o Sea Horse do Brasil. O Projeto Lontra,

que desenvolve pesquisas desde 1986, foi incorporado ao Instituto em 2004. Desde

então vêm sendo desenvolvido metodologias próprias que incorporam à pesquisa

as ações de mobilização social, com o envolvimento das comunidades do entorno

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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

através das ações de educação ambiental que são apresentadas aos visitantes no

projeto e ações externas chamadas caravana da lontra; quando a equipe leva a

informação em forma de palestras, apresentações artísticas, teatro de fantoches e

jogos educativos às escolas da região. O turismo de conservação vem sendo a

ferramenta utilizada para tal, associado à auto sustentabilidade do projeto.

Métodos

A metodologia é dividida em duas partes principais. A parte de pesquisa técnica, relativa à execução do projeto na área de estudo e a parte acadêmica relacionada com o gerenciamento do projeto. O gerenciamento do projeto segue as boas práticas do PMBOK⎝, organizado em processos de iniciação, planejamento, execução e finalização. O monitoramento e controle, como mais um grupo de processos, é feito durante todas as etapas do projeto. Para tanto, o projeto é dividido em nove áreas de conhecimento (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2008), gerenciamento da integração, gerenciamento do escopo, gerenciamento do tempo, gerenciamento de custo, gerenciamento da qualidade, gerenciamento de risco, gerenciamento da comunicação, gerenciamento da aquisição, gerenciamento dos recursos humanos e gerenciamento dos stakeholders.

A sustentabilidade do projeto é garantida com a participação de ecovoluntarios, visitas de turistas, visitas de escolas e universidades. Para tanto o projeto conta com um alojamento para ecovoluntarios, um centro de visitação para receber os visitantes e um criadouro científico com fins de pesquisa. A participação dos ecovoluntarios ocorre durante todo o ano, mas as visitas de grupos escolares e universitários acompanhados dos professores são restritas a apenas dois dias da semana de forma a não causar stress aos animais em cativeiro.

O projeto definido é apresentado a um parceiro internacional que trabalha com a organização da participação de ecovoluntarios em projetos de pesquisa. No presente caso o parceiro é a Cybelle Planète, com sede em Paris (http://www.cybelle-planete.org/cybelle2/) e o projeto é o Projeto Lontra. O ecovoluntario participa de todas as atividades de pesquisa de campo e coleta de dados sempre acompanhados de um pesquisador do projeto. Todas as atividades são organizadas em um cronograma e também incluem caminhadas em trilhas para conhecer os habitats naturais da espécie (Figura 1).

Tabela 1. Exemplo de cronograma semanal para a participação de ecovoluntarios no Projeto Lontra.

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Resultados e Discussão

Durante o biênio 2010/2011 o Projeto recebeu 1920 pessoas entre

capacitados (oficinas, cursos e visitas) e mobilizados (ecovoluntarios e

estagiários). Dentre os multiplicadores cabe destacar a presença de professores

(99), gestores ambientais (99), crianças/jovens (353), jornalistas (19),

ecovoluntarios e pesquisadores (288) (Figura 1).

Figura 1. Público visitante no Projeto Lontra durante o ano de 2011.

No ano de 2012 o Projeto recebeu 43 ecovoluntarios, sendo 28 brasileiros e

15 estrangeiros (Figura 2). O total de recursos arrecadados com ecovoluntarios foi

R$23.687,00, sendo que, a maior parte, veio de ecovoluntarios brasileiros (Figura

3). A média de estadia para ecovoluntarios brasileiros e estrangeiros é de 7 dias,

sendo de 14 dias para estrangeiros que fecham o pacote com a Cybelle Planète

(Figura 4).

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Figura 2. Ecovoluntarios que participaram no Projeto Lontra em 2012.

Figura 3. Captação de recursos provenientes de ecovoluntarios no ano de 2012.

Figura 4. Média de estadia para ecovoluntarios brasileiros e estrangeiros.

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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

O Turismo de Conservação no Brasil ainda é um modo diferente de fazer

turismo para os brasileiros quando comparados aos europeus por exemplo.

Segundo Carvalho Junior, (2011) o próprio conceito ainda não é bem definido,

sendo pouco conhecido no Brasil e sua preocupação com a definição, procede a

partir do momento que o turismo de conservação pode representar uma

alternativa econômica importante na gestão de projetos de biodiversidade em

unidades de conservação, em especial Áreas de Proteção Ambiental (APA).

Quando abordamos este tema de Turismos de Conservação, estamos falando em

iniciativas de projetos de pesquisa, voltados a conservação da biodiversidade

envolvendo a comunidade de entorno. Fechando o ciclo com trabalhos de

mobilização social dentro dela.

Apesar de tímidos, os números acima, sugerem um aumento na procura

deste segmento de turismo no estado de Santa Catariana, quando comparados com

o início dos trabalhos pela instituição em 2004. O maior público do Projeto Lontra

sempre foi europeus (CARVALHO JUNIOR et al, 2006) e com a expansão e extensão

da crise europeia o numero decresceu. Iniciativas e investidas no mercado

brasileiro foram realizadas, principalmente para o público universitário. Contudo

a participação é livre, não há um público definido, a pessoa que deseja participar

pode participar, sem problemas.

Um aspecto importante a ser colocado é a falta de agências divulgando este

tipo de segmento de turismo. Existe toda uma ação muito voltada ao Turismo de

Aventura e válida por sinal, pois representa outro segmento muito procurado. Mas

para as causas sociais e ambientais as ações ficam muito isoladas, o que dificulta a

busca pelos interessados e sugere um trabalho mais focado pelas próprias agências

e Ministério de Turismo.

A demanda por iniciativas que visem sustentabilidade seja no primeiro,

segundo e terceiro setor, estão mudando nossa cultura com relação às causas

ambientais e sociais. Sejam visitantes ou ecovoluntarios, assim chamados, de

alguma forma estão sendo mobilizados em prol de uma causa coletiva. Seja a

conservação das espécies ou de educação ambiental.

Cabe ressaltar também a importância cultural do conhecimento adquirido

pelos envolvidos. Pessoas de outras nacionalidades, países e regiões trabalhando

juntas e trocando importantes informações.

Agradecimentos

À Petrobrás através do Programa Petrobrás Ambiental, pelo patrocínio

durante o biênio 2010/2011 e renovação 2013/2104, proporcionando a instalação

de uma nova base de pesquisas e educação ambiental na cidade de Aquidauana-Ms.

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A toda equipe do Instituto Ekko Brasil, voluntários, estagiários e

ecovoluntarios que fizeram e fazem parte deste processo, movidos pela

preservação e conservação da lontra e seus ecossitemas

Referências

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Anaisdo VIII Congresso Nacional de Ecoturismo e do IV Encontro Interdisciplinar

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Coastal Research, Coconut Creek, p. 959-961, 2004.

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TORO, Jose Bernardo; WERNECK, Nisia Maria Duarte. Mobilização Social: Um

modo de construir a cidadania e a participação. Belo Horizonte: Autentica,

2004.

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138

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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

O PROGRAMA TURISMO SOLIDÁRIO NA COMUNIDADE DE MENDANHA, MG

KAMILA BRANT DE ARAÚJO MAURÍCIO34

Abstract

This study presents a reflection on the implementation of the Solidary Tourism Program in the Mendanha community, Minas Gerais. We investigated the development of the program and the results demonstrated the necessity of a structuration in an emergency character and it proposes a reevaluation of the program itself.

Palavras-chave: Corresponsabilidade, Estudo de Caso, Turismo.

Key words: Co-responsibility, Case Study, Tourism.

Introdução

O Programa Turismo Solidário é uma proposta inovadora para a prática da atividade turística.Surgiu por intermédio do Ministério do Turismo - MTur, da parceria do Governo de Minas Gerais por meio da Secretaria Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas – SEDVAN, juntamente com o Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais - IDENE, a Fundação Banco do Brasil e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais – SEBRAE.

Este segmento da atividade turística torna-se diferenciado, por possibilitar aos turistas uma hospedagem em residências familiares, vivenciar a cultura, estabelecer relações diretas com os moradores locais e conhecer o destino.

Programa de segmento diferenciado de atividade turística, onde esta clientela pode se hospedar em residências familiares explicitamente definido por menor custo, passeios turísticos, vivência com diferentes culturas, estabelecimento de relações diretas com os moradores locais. Na sua implantação no inicio em Julho de 2004, foram definidos 04 (quatro) destinos-pilotos; Serro (distritos de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras e localidade de Capivari) e São Gonçalo do Rio Preto (Alecrim). O programa prevê sensibilização, mobilização e capacitação dos atores e desenvolvimento e promoção dos produtos turísticos locais.

34

Acadêmica do Programa de Pós Graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável,

MACPS - Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG. Faculdade de Arquitetura da UFMG - Av.

Antônio Carlos, 6627 - Pampulha – Belo Horizonte- MG. CEP: 31270-901 / Fone: (31)3499-5000 / Fax:

(31) 3499-4188 - E-mail: [email protected]

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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

Na segunda etapa outros seis das regiões do norte, nordeste e sudeste de Minas Gerais como: Mendanha, distrito de Diamantina, os municípios de Couto de Magalhães de Minas, Grão Mogol, Turmalina, Chapada do Norte e Minas Novas foram inclusos no projeto.

Dentre as propostas do Programa está a de possibilitar a participação de turistas em ações solidárias, na valorização da identidade e cultura local, na preservação dos atrativos culturais e naturais nas regiões, contribuindo para a geração de novas oportunidades de trabalho, negócios e melhoria da renda nas comunidades locais. De acordo com Ulhoâ35:

O Programa Turismo Solidário surgiu a partir do pressuposto que existe um turista solidário apto a permutar habilidades, conhecimentos ou interesses com a população visitada. Acredita-se que ele possa vir a participar como protagonista no processo de transformação dessa realidade (...), pois envolve valores éticos contidos na solidariedade.

A comunidade Mendanha é distrito de Diamantina e se localiza no Vale do Jequitinhonha, MG, encontra-se inserida no entorno de Unidade de Conservação36 e faz parte do Circuito Turístico dos Diamantes37.

O programa ao ser implantado gerou na comunidade mendanhense, expectativas em relação à chegada de turistas, porém essa demanda não vem sendo correspondida. Sobreposto a este problema existe uma lacuna de estudos a acerca da efetividade do Programa.

Desta forma, o presente estudo analisou o desenvolvimento do Programa Turismo Solidário nesta comunidade e investigou as expectativas geradas através do estudo da escala de níveis de vinculação proposta por Márcio Simeone Henriques (2007). De posse desses dados foi propostas ações relacionadas ao fortalecimento e continuidade do Programa.

MENDANHA

O distrito de Mendanha pertence ao município de Diamantina e situa-se às margens do Rio Jequitinhonha, possui 2.550 habitantes e se localiza a 27 km da sede38. Sua localização torna-se estratégica tendo em vista que Diamantina é

35

REVISTA TURISMO SOLIDÁRIO. Na bagagem a Cidadania. Ed. ABC Propaganda Integrada

LTDA, s/d. 36

Unidade de conservação é um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas

jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com

objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam

garantias adequadas de proteção. Disponível em:

<http://www.rbma.org.br/rbma/pdf/Caderno_18_2ed.pdf>. Acesso em 30 de março de 2011. 37

Circuito Turístico é um conjunto de municípios de uma mesma região, com afinidades culturais, sócias

e econômicas que se unem para organizar e desenvolver a atividade turística regional de forma

sustentável, através da integração contínua dos municípios, consolidando uma atividade regional.

Disponível em: <http://www.revistaturismo.com.br/artigos/minasgerais.html>. Acesso em 30 de março de

2011. 38

Dados retirados do Banco de Informações do Turismo Solidário.

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140

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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

Patrimônio Cultural da Humanidade, preserva em sua cultura local fornos de quitanda, alambiques, moinhos d’|gua e plantas típicas de quintais.

Está no entorno do Parque Estadual do Biribiri que possui vários atrativos históricos e culturais, dentre os destaques, podemos citar o Caminho dos Escravos que se constitui de um trecho de pedras construído por escravos no período colonial que liga o distrito à cidade de Diamantina, cachoeiras e sítios arqueológicos. O Programa Turismo Solidário na localidade foi implantado na primeira etapa do Programa e tinha durante a realização deste estudo hoje três receptivos familiares a disposição dos turistas. Um diferencial é a Associação dos Moradores e Amigos de Mendanha- AMA-ME, que também recebe turistas, se constituindo como um dos receptivos.

Métodos

Para análise do processo de implantação e desenvolvimento do Programa Turismo Solidário foram realizadas pesquisas com os atores locais, com aplicação de questionários com os agentes envolvidos no processo de implantação do Programa39. Em abril de 2011 foram aplicados vinte e dois questionários na comunidade de Mendanha.

Para que pudesse ser possível levantar dados, que fundamentassem as questões e problemas que esta pesquisa visava observar foram realizadas entrevistas semi-estruturadas que anteriormente foram enviadas por meio eletrônico para representantes de cada instituição parceira do Programa, envolvidas direta ou indiretamente na idealização e/ ou participação, são elas: SEBRAE-MG, SEDVAN, IDENE, TRANSFORMAR-SISTEMA DE HUMANIZAÇÃO ORGANIZACIONAL.

As questões que foram respondidas, através desta entrevista se referem as seguintes instituições: SEBRAE- Belo Horizonte, SEBRAE- Diamantina, IDENE- Belo Horizonte e TRANSFORMAR SISTEMA DE HUMANIZAÇÃO ORGANIZACIONAL. Não se obteve resposta das entrevistas enviadas ao IDENE- Diamantina e SEDVAN- Belo Horizonte.

O instrumento de pesquisa utilizado para a análise do Programa Turismo Solidário na comunidade de Mendanha foi a Escala de Níveis de Vinculação proposta por Henriques (2007). O autor estabelece oito níveis de vinculação dos públicos com determinado projeto: a localização das pessoas no projeto, a quantidade de informação que possuem ao seu respeito, o julgamento (posicionamento) que tem diante dele, as contribuições para o desenvolvimento do projeto e a continuidade das ações, se estas pessoas se sentem responsáveis pelo sucesso do projeto e por fim se o vinculo destas é tão forte a ponto de se concretizar em contratos, convênios com a participação de técnicos e financiadores.

39

Pessoas constatadas na 2º Edição da pesquisa do ano de 2005, denominada “Turismo Solidário

Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus e do Norte de Minas (2006)”, neste

documento constava uma relação dos indivíduos que auxiliaram na formulação do mesmo, independente

de terem ou não receptivo domiciliar.

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Resultados e discussão

Os resultados dos dados obtidos foram analisados e discutidos, através da construção de gráficos, dos relatos das entrevistas com as Instituições e pela aplicação da análise escala de níveis de vinculação, onde foi possível identificar o estágio em que se encontra o desenvolvimento do Programa nas comunidades, bem como o vínculo das pessoas com ele.

ANÁLISE DOS FORMULÁRIOS: MENDANHA

Como você avaliou o Programa neste primeiro contato? (Julgamento)

Agora como você avalia o Programa? (Julgamento)

Você participou de cursos, ações e/ou outras atividades oferecidas pelo Programa? (Ação)

Obteve retornos financeiros com o Programa? (Coesão)

Com que frequência recebe/tem contato com turistas pelo Programa Turismo Solidário?(Continuidade)

Você se sente responsável pelo desenvolvimento do Programa em sua comunidade? (Co-responsabilidade)

Você acredita no turismo como desenvolvimento local?

Existe algum grupo/instituição que dê suporte aos receptivos da comunidade? (Participação Institucional)

17%

29%17%

35%

2%0% Reuniões de

Planejamento

Visitas

Técnicas

Grupo Gestor

9%

14%

41%4%

14%

0% 18%

Nunca

01 vez ao ano

2 a 4 vezes ao ano

5 a 7 vezes ao ano

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Grupos citados: AMA-ME, Grupo Gestor, SEBRAE e IDENE

Como apresentado na metodologia a Escala de Níveis de Vinculação proposta por Henriques (2007) foi utilizada neste estudo para analise da comunidade, a partir as respostas obtidas e analises dos gráficos obteve os seguintes resultados:

As comunidades são os espaços do estudo de caso apresentado, onde se desenvolve o Programa, que na escala de níveis de vinculação proposta por Henriques (2007) é o primeiro nível, chamado de “Localizaç~o Espacial”.

A “Informaç~o” é entendida no instante em que as pessoas souberam do Programa, segundo nível na escala do autor. Com as informações obtidas e consolidadas a comunidade pôde realizar a avaliação do Programa, o que se constituiu no terceiro nível, determinado “Julgamento”. Este item foi avaliado tanto na apresentação do programa (implantação) como no julgamento pós implantação que ocorreu durante a realização das entrevistas.

A “Aç~o” foi avaliada através dos cursos, ações e/ou outras atividades oferecidas pelo Programa como as visitas técnicas.

A “Coes~o” foi avaliada atraves da das alternativas de renda e os recusrso financeiris não tem se apresentado com exito nas comunidades, ou seja, a coesão não tem se apresentado.

A “Continuidade”, foi avaliada através do contato dos autóctones com os turistas, da frequência e o tempo de permanência destes nas comunidades e demostrou que não esta havendo frequencia.

Em relaç~o a “Corresponsabilidade” 40, a comunidade possui uma porcentagem significante que não se sente corresponsável com o Programa, o que dificulta o apego da populaç~o com o Programa e a geraç~o de vínculos para a “Corresponsabilidade”.

O último nível da escala é a “Participaç~o Institucional”, nas entrevista foi citado a Associação de Moradores e Amigos de Mendanha, AMA-ME, o Instituto de

40

Quando o público se sente também responsável pelo sucesso do projeto, entendendo a sua participação

como uma parte essencial no todo. Esta é gerada, basicamente, através dos sentimentos de solidariedade e

compaixão. Henriques (2007, p.44 apud Franco, 1995)

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Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais, IDENE. Porém vale ser resaltado que a “Participaç~o Institucional” neste caso ocorreu deste a implantaç~o do Programa através das Intituições prepussoras do Programa

De acordo com a pesquisa de campo e os questionários realizados foi constatado que a comunidade de Mendanha se localiza estagnadas no nível “Aç~o” em relação ao nível da Escala de Níveis de Vinculação (como apresentado na fígura I). Isso porque as pessoas foram mobilizadas, capacitadas e atualmente estão aptas a receberem visitantes, porém estes não são frequente, necessitano de mais apoio das instituições locais, mais coesão entre si, de forma que o fluxo de turistas nas comunidades seja mais frequente, gerando assim mais beneficios para a população.

Figura 1 – Escala de Níveis de Vinculação (Adaptada para demonstração)

Considerações finais

Pode-se perceber a aceitação e a validação do Programa Turismo Solidário quando da sua implantação, porém vale ressaltar que este se encontra em uma fase de estagnação.

É necessária articulação maior entre todos os agentes. Também são de suma importância as parcerias com as agências de Turismo, para uma maior divulgação desses destinos, além da necessidade de maior apoio dos órgãos locais aos receptivos familiares, principalmente do poder público. Constatou-se também uma carência de estruturação na comunidade para receber os visitantes.

Foi detectado durante a realização deste estudo carência de informação e falta de monitoramento do site oficial do Programa, o que sugere umaadequação para melhoria do mesmo.

Uma alternativa para que o Programa seja contínuo e atinja a corresponsabilidade por parte dos moradores é o emponderamento da necessidade de mobilização social. Vale ressaltar que mobilizar as pessoas não é uma tarefa simples, nem existe um conjunto específico de ações que se aplicam a todos os casos. Uma vez

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detectadas as falhas as soluções podem ser pensadas com a participação da comunidade, pois cada local possui uma realidade diferente.

Como a comunidade se encontra “estagnada” no nível “Aç~o”, propõe-se que seja realizada uma reavaliação do Programa, para obter um monitoramento e avaliação do andamento do mesmo possibilitando que haja comunicação planejada que auxilie as ações de Coesão e Continuidade do Programa.

A reavaliação deve acontecer de forma conjunta entre o saber técnico e o saber local, ou seja, o institucional e a comunidade, servindo como ferramenta de amadurecimento e aprendizado entre os envolvidos para melhorias e aperfeiçoamentos do Programa, podendo neste instante propor mudanças a fim de melhorá-lo ainda durante seu andamento.

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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

O TURISMO COMO PROMOTOR DA CONSERVAÇÃO AMBIENTAL

JULIA ANDRADE RODRIGUEZ DE LA IGLESIAS41

EUNICE MANCEBO RODRIGUES FERNANDES42

Abstract

The 90'srepresentsan important milestonewhere the term"sustainable" is nowwidelydiscussedtobe directlylinkedto development.Changesoccurringin the economic, social, cultural directly reflectedin tourism. Theobjective of this researchwas toidentify howtourism activityhas been adapting tothis new realitywhere societymakes use oflabelsto alignthe concept ofsustainable development. The methodological approachof the research,in turn, fallsin the category ofexploratoryand descriptive study. In a waythe outcomeof this matterand thedirect relationshipbetween the developmentof this activityand environmental conservationis still a topicvery ambiguousanddiscussed, and no further, in fact, aproof, butthe trendthat certainmeasuresshould betaken to mitigate,effectively, the evils thatcan be generatedto the environmentand communitiesof the tourist sites. However, this unionbetweenthe developmentof tourismand environmental conservationbecomesfeasible in thetourism sectorwhere natureis respected andrecognized as anexhaustible resource, aimed at the care andconservation,as the conceptof ecotourism.

Palavras-chave: Patrimônio; Desenvolvimento Sustentável; Ecoturismo.

Key Words: Heritage; Sustainable Development;Ecotourism.

Introdução

O ato de viajar está presente na sociedade desde a antiguidade, porém, com as mais diversas finalidades ao longo da história. Inicialmente somente os comerciantes tinham o costume de se deslocar entre vilarejos e feudos, motivados pela necessidade de se comercializar suas mercadorias possibilitando a sua própria sobrevivência. Posteriormente, na Idade Média, tem-se início as peregrinações religiosas, seguidas pela evolução do conceito de tempo livre na Idade Moderna, através do qual, jovens de famílias ricas realizavam o Grand Tour, tipo de viagem para se adquirir experiência e crescer espiritualmente, enobrecendo-se a partir da aquisição de conhecimento.

41

Graduanda do Curso de Turismo da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Bolsista PET/UNIRIO. Rua Pardal Malet, 14/303; CEP 20270-280; Tijuca; Rio de Janeiro. [email protected] 42

Docente Adjunta e Chefe do Departamento de Turismo e Patrimônio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Líder do Grupo de Pesquisa GETDS – Gestão Empresarial, Turismo e Desenvolvimento Sustentável. Coordenadora PET/UNIRIO linha Turismo e Desenvolvimento Sustentável. Av. Pasteur, 458; Centro de Ciências Humanas e Sociais - CCH; Departamento de Turismo e Patrimônio; CEP 22290-240; Urca; Rio de Janeiro. [email protected]

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Com o advento das grandes navegações, da divisão social em classes, do capitalismo e da revolução industrial, a classe trabalhadora reivindicaria jornadas menores de trabalho e a existência de tempo livre para descanso, logo, com o passar do tempo, surge o conceito de lazer. A grande diferença entre tempo livre e lazer (que permanece até os dias atuais) é que o primeiro visa somente o tempo de ociosidade, enquanto o segundo busca aperfeiçoar este tempo através da execução de atividade que lhe deem prazer.

Thomas Cook foi o responsável por organizar a primeira viagem da história com fim comercial em um trem à vapor e, a partir de então, com a constatação de que esta atividade era muito lucrativa, há o desenvolvimento da forma de como se realizar viagens, sistematizando os processos e otimizando os serviços, logo, são criadas agências de viagens e há a introdução de vouchers.

Segundo a definição da Organização Mundial do Turismo (OMT) de 1994: "[...] o turismo engloba as atividades da pessoas que viajam e permanecem em lugares fora de seu ambiente usual durante não mais do que um ano consecutivo, por prazer, negócios ou outros fins." Através do deslocamento de massas populacionais para locais fora de seu convívio habitual, é necessário que haja uma estrutura para que estes possam se abrigar/hospedar durante sua estadia, com isso, Cesar Ritz deu um passo à frente de muitas gerações, até mesmo futuras, tendo a ideia inovadora de construir um enorme hotel de luxo no centro de Paris, o Hotel Ritz Paris, que até os dias atuais é tido como referência para a hotelaria de alto luxo internacional.

Porém, juntamente ao desenvolvimento da atividade turística em nível internacional desenfreado ao passar dos anos, inicia-se a degradação de prédios públicos antigos maltratados pelo tempo e pelo descuido. Logo, na França (uma das principais potências do mundo moderno devido à sua influência econômica, artística e cultural), percebe-se a necessidade da preservação/conservação de prédios públicos e monumentos que fossem importantes para a história e identidade daquele povo/local, surgindo a necessidade de tombá-los. Com isso, surge o conceito de patrimônio.

Inicialmente, patrimônio era considerado tudo aquilo que fosse bem material, posteriormente nasce a ramificação deste conceito expandindo-se. Para tal, iremos considerar os patrimônios natural/ambiental, imaterial e cultural. Estes se diferenciam no ponto em que o primeiro considera tudo aquilo que provém da natureza, o segundo tudo o que caracteriza e singulariza algo presente na memória e que por sua vez é intocável, enquanto o terceiro considera todos os fatores que representem ou identifiquem certa cultura/povo.

"Um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista, através da interpretação do meio ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas" (BRASIL, 1994, p. 19).

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Procedimento metodológico

A abordagem metodológica da pesquisa, por sua vez, se inscreve na modalidade de estudo descritivo (Martins, 2009). Pois, descreve a realidade acerca da produção de conhecimentos. Trata-se de uma investigação de natureza exploratória, visto que são poucos os estudos que alinhem o tema desenvolvimento da atividade turística sob o viés da conservação do meio ambiente considerando o segmento do ecoturismo. A questão norteadora do método de investigação incidiu em averiguar o impacto da prática turística e sua incidência no meio ambiente.

Assim, pretendeu-se identificar através do referencial teórico os impactos advindos da prática do turismo para com as comunidades receptoras dos turistas bem como perceber aspectos a serem adotados de forma a mitigar quaisquer agressões que possam emergir.

O percurso metodológico seguiu a busca por informações em fontes primárias, secundárias e terciárias onde foram consultados livros, periódicos, fontes online, sites da Base Capes nos últimos três anos com o termo turismo, desenvolvimento sustentável e ecoturismo. Assim, o procedimento seguinte permeou a harmonização das informações buscando a análise de conceitos existentes relacionando-os com a transformação do modo “de se fazer turismo” ao longo da história, sua transformação até o surgimento do ecoturismo.

Resultados e discussão

Desenvolvimento, turismo e meio ambiente encontram-se em uma relação recíproca: atividades econômicas transformam o meio ambiente e o ambiente alterado constitui restrição externa para o desenvolvimento econômico e social. Contudo essa relação pode ser feita de forma controlada, mitigando impactos e agressões (CORIOLANO, 2003, p. 19).

A imagem do Brasil comercializada no exterior que retratava o exótico, tropical e sensual, em belas paisagens e de natureza sempre presente, desperta no turista estrangeiro a curiosidade de vivenciar esta realidade muitas vezes tão distante da sua. Com isso, desde a realização da Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente na cidade do Rio de Janeiro em 1992, conhecida como ECO 92, há uma enorme preocupação em se mudar esta imagem para algo voltado à cultura e à natureza, disseminando essa nova tendência ecológica através do discurso do desenvolvimento sustentável.

Este, por sua vez, desempenha um papel mútuo juntamente à atividade turística de apropriação e transformação, pois a atividade turística em certa localidade (principalmente nas pequenas) não sendo desenvolvida de maneira correta, pode acabar gerando um processo de desculturação do povo local, levando a perda de seus valores e produção em massa daquilo que seria exclusiva, como o artesanato passado de geração em geração, com matérias primas e meios de produção diferentes, retirando sua especificidade visando somente o lucro.

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De maneira a evitar o enunciado acima, desde que a atividade turística se segmentou de maneira incalculável e com demandas específicas para cada tipo de destino ou atividade a ser desenvolvidas em certas localidades, a solução encontrada foi a introdução do conceito de educação ambiental não só nas comunidades como em cada turista, no subconsciente de cada pessoa que visita locais naturais, estimulando a conservação e o respeito pelo mesmo.

"[...] há muitas formas de turismo na natureza: de sol e praia, de aventura, rural entre outro. Contudo cada segmento é realizado em ambientes especiais, com focos diferenciados, tendo como ponto em comum o contato com a natureza. No ecoturismo a contemplação da paisagem, a interação com as comunidades locais têm foco especial" (CORIOLANO; LIMA, 2008, p. 338).

Os estudos e as pesquisas que envolveram a prática do turismo, seus impactos positivos e/ou negativos para com o meio ambiente social e natural, trouxeram importantes contribuições para compreensão das diversas variáveis que perpassam pela atividade turística. No tangente ao ambiente natural a atividade turística deve estar alinhada aos novos ensejos do homem que deseja um turismo menos predatório ao meio ambiente. Aspectos que visam mitigar os impactos negativos podem ser percebidos na esfera social, pois ao inserir os stakeholders na atividade desde seu planejamento até execução final a participação dos envolvidos será relevante no produto a ser oferecido. Por exemplo: um hotel que busque atender as expectativas de um turismo sustentável deverá usar madeira certificada em seus aposentos, painéis de energia fotovoltaica, proceder ao reuso da água.

Diante do cenário internacional, face às oportunidades de crescimento da indústria do turismo decorrente dos grandes eventos, colaboradores estarão dialogando com novos consumidores de produtos e serviços turísticos.

Propiciar um diálogo entre fornecedores, consumidores e cliente/turista de forma a atender à expectativa mundial acerca da conservação dos recursos naturais corroborá para uma mudança paradigmática da prática do turismo. Mudança que refletirá para a sociedade um novo turismo que busca harmonizar sua prática ao que todos almejam: perenidade dos recursos naturais do Planeta.

O ecoturismo surge com a responsabilidade de valorizar as comunidades locais, seus valores culturais, históricos e suas especificidades de maneira que se torne possível a promoção do ideário do desenvolvimento da atividade turística respeitando-se as singularidades, podendo gerar a manutenção da atividade sem a destruição dos recursos naturais e de suas paisagens, culminando em novas formas de ocupação e emprego aos moradores locais. Esta segmentação da atividade tem a capacidade de gerar recursos financeiros que estimulem a

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perpetuação da mesma valorizando-a. Esta evolução da maneira de se pensar o turismo só se torna possível quando se forma o tripé entre educação ambiental, ecoturismo e o desenvolvimento sustentável da atividade, em si.

Consideramos de vital a importância de novas pesquisas que alinhem a perspectiva do turismo ao desenvolvimento sustentável, de forma a produzir material para consulta tanto para pesquisadores, quanto para os profissionais e colaboradores que se preocupem com a atividade turística.

Agradecimentos

Agradeço a professora Eunice Mancebo que além de ser a coordenadora do grupo de pesquisas do qual faço parte (PET/UNIRIO), será a orientadora em minha monografia. Muito obrigada por todo o suporte.

Referências bibliográficas

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OBSERVATÓRIO DE INOVAÇÃO DO TURISMO, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, 2009. Seção online. Disponível em:

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<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/oit/article/viewFile/5734/4445>. Acesso em 28 abr. 2013.

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PROJETO AVES URBANAS – ARARAS NA CIDADE E O TURISMO DE OBSERVAÇÃO

EDSON LINO DINIZ PEREIRA1,KALYENNY DA COSTA RABENHORST2, LARISSA TINOCO BARBOSA3, NEIVA MARIA ROBALDO GUEDES4

1 Biólogo; 2 Ac. Biologia da Universidade Anhanguera Uniderp e Bolsista do PIBIC/CNPq, 3 Bióloga, mestranda do MDR da Universidade Anhanguera Uniderp;

4 Profa. Dra. MDR Universidade Anhanguera Uniderp e Presidente do Instituto Arara Azul.

Email: [email protected]

Abstract

The bird watching is an activity performed poorly in the city of Campo Grande, as there are many impediments to its expansion, such as the major deficiency of available infrastructure and qualified guides and especially the lack of initiative in the educational field. However, this activity has a high potential for tourist attraction, and may present a significant economic return. The Project Urban Birds - Macaws in the City, focused on biodiversity conservation and environmental education in urban areas since 2010 have been studying the behavior, feeding and breeding Macaw (Ara ararauna) in Campo Grande-MS in the interest of knowing and conserving this species the city and to encourage and support for tourism birdwatching in Campo Grande.

Palavras-chave: Ara ararauna, biologia reprodutiva, turismo de natureza

Key words: Ara ararauna, reproductive biology, nature tourism

Introdução

Entre os muitos segmentos do ecoturismo, a observação de aves ou birdwatching se destaca por ser uma atividade de recreação ao ar livre economicamente viável, educacional e compatível com a preservação ambiental e com o uso sustentável dos recursos. Consiste basicamente em colecionar registros visuais ou auditivos das aves na natureza, utilizando- se binóculos e gravadores. (FARIAS, 2007).

Entre as muitas vantagens de se fomentar a observação de aves, destaca-se a de ser uma atividade de baixo impacto ambiental. Geralmente, quem observa aves se desloca nos ambientes naturais em pequenos grupos, caminhando de forma discreta e silenciosa, anotando as espécies vistas, gerando o menor impacto possível no local.

A grande deficiência de guias especializados, da infra-estrutura disponível e a falta de uma iniciativa que venha promover o turismo de observação por meio da educação ambiental tornam o Brasil um país despreparado para atender a demanda nacional e internacional (Lopes e Santos, 2004). A observação de aves

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pode, sem dúvida, se constituir numa ferramenta de atração turística, não apenas em áreas com grande extensão de matas, mas também em áreas rurais e urbanas onde existam fragmentos de florestas nativas, como Campo Grande, a capital de Mato Grosso do Sul que por ser bastante arborizada possui uma diversidade de espécies da avifauna.

As araras-canindés (Ara ararauna) e araras-vermelhas (Ara chloropterus) são duas espécies exemplo de adaptação em áreas urbanas, e que começaram a migrar para Campo Grande em 1991. Nesta cidade encontraram alimento com facilidade e também cavidades para se reproduzir em trocos de palmeiras mortas.

Estudos sobre comportamento e biologia reprodutiva destas espécies começaram em 2010 e 2011, respectivamente. Em 2012, foi criado o Projeto Aves Urbanas – Araras na Cidade, com o objetivo de estudar a biologia da arara-canindé e as interações desta espécie na cidade (pessoas, trânsito, prédios), bem como utilizá-la como instrumento para educação, ecoturismo e promover a conservação da biodiversidade.

O Projeto Aves Urbanas – Araras na Cidade além de realizar estudos sobre a biologia reprodutiva principalmente da arara-canindé (Ara ararauna), incentiva e dá suporte para o turismo de observação em Campo Grande.

Este trabalho é importante, pois promove bem estar para quem observa além da educação ambiental levando informação para as pessoas que visitam a nossa cidade.

O objetivo deste trabalho é mostrar como a reprodução da espécie (A. ararauna) pode incentivar o turismo de observação e ser utilizado para a conservação da fauna e flora local através da educação ambiental.

Material e Métodos

O Projeto Aves Urbanas – Araras na Cidade é um projeto realizado em área urbana no Município de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, com as seguintes coordenadas geogr|ficas 20º26’34” S e 54º38’47” W.

A equipe do projeto durante a estação reprodutiva das araras-canindés (A. ararauna), monitora semanalmente cerca de 28 ninhos. Fazem a biometria de filhotes e acompanhamentos fotográficos do desenvolvimento destes filhotes.

Além do trabalho sobre a biologia reprodutiva e o incentivo a novos trabalhos, o Projeto pretende receber pequenos grupos de turistas, montar visitas a ninhos naturais, a locais que possam observar as diversas espécies de aves que habitam a cidade intensificando o turismo de observação em Campo Grande.

Resultados e discussão

Em 2009 foram listadas 14 espécies frutíferas que serviram como alimento para as araras-canindé na área urbana, sendo consumidas principalmente os frutos

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de Acrocomia aculeata, Mauritia flexuosa, Mangifera indica e Terminalia catappa. Em 2010, o resultado da observação do comportamento reprodutivo dos dois casais de arara-canindé demonstrou que ambos estavam adaptados a cidade, criando seus filhotes com sucesso. Voaram três filhotes dos dois ninhos observados. Em 2011, com um total de 16 ninhos cadastrados e monitorados, 12 ninhos foram ativos na área urbana de Campo Grande. Foi encontrado um total de 30 ovos, dos quais 66% eclodiram. Dos filhotes que nasceram 80% voaram.

Estes dados diferiram dos resultados encontrados no Parque Nacional de Emas, em que dos 51 ovos depositados 52% eclodiram e destes apenas 63% dos filhotes voaram. No ano de 2012, foram monitorados 30 ninhos, com 22 ninhos ativos e 69 ovos postos até outubro, dentro do perímetro urbano da cidade de Campo Grande. Os ninhos foram encontrados em quatro espécies de palmeira mortas: buriti (Mauritia flexuosa), bocaiúva (Acrocomia aculeata) palmeira Imperial (Roystonia oleraceae) e a palmeira-rabo-de-peixe (Caryota sp). Os ninhos estavam localizados em passeios de avenidas, calçada da rua, jardim dentro e fora das residências, igrejas, borda de parques e reservas. A maior mortalidade dos filhotes foi provocada por mudança brusca da temperatura e chuva forte. Foi realizado o manejo de ninhos para salvar filhotes soterrados e/ou inundados e instalado ninho artificial.

O Projeto recebeu no ano de 2012 um pequeno grupo de norte-americanos o grupo era composto por um guia de São Paulo e 13 turistas de diferentes profissões que trabalham voluntariamente na ONG Phoenix Landing. Eles visitaram dois ninhos de A. ararauna na área urbana, onde acompanharam o trabalho da equipe do projeto tendo acesso a informações sobre a espécie em questão, a sua importância na natureza e da sua preservação e, como muitas espécies da fauna conseguiram se adaptar ao ambiente urbano.

Pode-se dizer que apesar de todas as implicações de uma cidade, com cerca de 800 mil habitantes como Campo Grande, que envolve barulho, movimentação de pessoas, trânsito intenso, proximidades com prédios e igrejas, não houve impedimento para o estabelecimento das araras-canindé em área urbana do Município. Por ser uma das capitais mais arborizadas do Brasil, onde é possível encontrar árvores frutíferas em abundância, várias manchas com resquícios de cerrado, buritizais, parques e reservas, Campo Grande está se destacando por possibilitar a reprodução das araras com sucesso e assim, agregar biodiversidade a qualidade de vida da população humana. Pretende-se ampliar estes estudos para aumentar o conhecimento sobre a espécie, envolver as pessoas para conservação e propor novas alternativas de ecoturismo na região.

Agradecimentos

Agradecimento a Instituto Arara Azul pelos materiais e veiculo cedidos durante a pesquisa. Agradeço a Professora Doutora Neiva Maria Robaldo Guedes pela orientação desse trabalho e pelo auxilio dado durante o todo o período de pesquisa, agradeço também a acadêmica Kalyenny da Costa Rabenhorste a bióloga Larissa Tinoco Barbosa pelo tempo e dedicação prestados na pesquisa e montagem deste resumo.

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Referências bibliográficas

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FARIAS, G.B. A Observação de Aves como Possibilidade Ecoturística. Estado de São Paulo, 2007.

GUEDES, N.M.R.. Araras da Cidade. In: Thiago Lopes Quevedo. Araras da cidade – Músicas do Mato. Editora Alvorada. ISBN 978-85-8178-032-2. Campo Grande-MS, 2012. Pp.45-140.

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SELEÇÃO DE INDICADORES PARA MEDIR O GRAU DE SUSTENTABILIDADE EM MATÉRIA DE QUALIDADE DO MEIO FÍSICO E DOS RECURSOS NATURAIS PARA DESTINOS DE PRAIA

MARIA DANIELLE PASSOS RIBEIRO CAMPOS BARBOSA43

MAGDA QUEIROZ44

CELSO GUIMARÃES BARBOSA45

Abstract

The need for summary information related to the state and trends of tourism, based on data collection and statistics, led to the development of indicators as specific tools of information. This work was developed with the goal of obtaining an inventory of indicators widely validated by experts as to their ability to cope with the guarantee of sustainability, in terms of quality of the physical environment and natural resources for beach destinations. Coastal area urbanization, urban solid waste management related to tourism, water consumption of drinking water related to tourism, the percentage of land surface protection, sea water quality and investment in the preservation of coastal areas, evaluated with grades 4 or 5 for at least 80% of the interviewees were classified as suitable indicators to assess the degree of sustainability of tourism development over the quality of the physical environment and natural resources.

Keywords: experts, Likert scale, environment indicators

Palavras-chave: especialistas, escala Likert, indicadores ambientais

Introdução

O turismo tem se revelado, em muitos países e regiões, como um motor importante de desenvolvimento econômico e de transformações sociais. O desenvolvimento apresentado por muitos países se caracteriza, infelizmente, pela destruição ou a degradação dos recursos naturais, pondo o desenvolvimento econômico e a conservação da natureza como atividades completamente contraditórias e incompatíveis.

A necessidade de dispor de informação sintética sobre o estado e a evolução do turismo, além do levantamento de dados e elaboração de estatísticas, tem

43

Colégio Técnico da Universidade Rural – UFRRJ – BR 465 km 8 – Seropédica – RJ: e-mail: [email protected] 44

Colégio Técnico da Universidade Rural – UFRRJ – BR 465 km 8 – Seropédica – RJ: e-mail: [email protected] 45

Departamento de Matemática – UFRRJ – BR 465 km 7 – Seropédica – RJ: e-mail: [email protected]

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propiciado o desenvolvimento de indicadores como ferramentas específicas de informação. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de obter um inventário de indicadores amplamente validado por especialistas quanto à sua capacidade em fazer frente à garantia de sustentabilidade, em matéria de qualidade do meio físico e dos recursos naturais, para destinos de praia.

Os indicadores propostos têm como principais antecedentes os trabalhos referentes ao Sistema de Indicadores da Organização Mundial do Turismo (OMT), do Sistema de Indicadores Estatísticos de Sustentabilidade do Turismo da Macaronésia (SIET-MAC), do Sistema Espanhol de Indicadores Ambientais de Turismo e o Core Set da Eurostat. Além destes integram a proposta outros indicadores presentes como os do Programa de Execução - Indicadores de Monitoramento (CCDRC, 2010), o Conjunto Básico de Indicadores da AEMA - Guia (EC, 2006) e o Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável de Portugal (SIDS - Portugal) (DGA, 2000).

Métodos

Após a análise dos trabalhos referente aos indicadores de sustentabilidade foram selecionados 22 indicadores que passaram a compor o questionário enviado por e-mail a especialistas nacionais e internacionais, aos quais era solicitado que avaliassem em uma escala tipo Likert, de 1 a 5, a capacidade de cada indicador na avaliação da sustentabilidade das atividades turísticas em um destino de sol e praia. Nesta escala o grau 1 correspondia ao grau muito baixo para avaliar a sustentabilidade, 2 pequeno, 3 médio, 4 grande e 5 com grande capacidade para avaliar a sustentabilidade do turismo. A escala de Likert foi aplicada satisfatoriamente em diversos estudos (FILIPPIM et al, 2006; AGUADO et al, 2008 e BACHA et al, 2009) entre outros.

Aos consultados foi distribuído um questionário auto-administrado onde eram explicitados os objetivos do estudo e a garantia do anonimato das respostas. A análise e as conclusões da primeira consulta foram enviadas aos especialistas juntamente com o segundo questionário, agora individualizado, onde além do grau atribuído ao indicador pelo especialista, apresentava-se o grau médio atribuído pelos demais especialistas. Neste momento foi solicitada ao consultados a confirmação do grau por ele atribuído ao indicador ou uma nova avaliação.

Na tabulação dos resultados foram utilizados recursos do programa Microsoft Excel. Os indicadores avaliados com grau acima de 3 por pelo menos 80% dos especialistas, na segunda rodada de consulta, foram selecionados como indicadores aptos a avaliarem o grau de sustentabilidade na categoria qualidade do meio físico e dos recursos naturais, para destinos de praia.

Resultados e discussão

Tínhamos um grande interesse em conhecer a opinião dos especialistas a respeito da importância do uso de indicadores, como uma ferramenta segura, para o controle do desenvolvimento dos espaços turísticos. Na tabela 1 apresentamos os dados coletados, nas duas consultas, sobre o grau de importância atribuído a cada

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indicador quanto a sua capacidade para avaliar a sustentabilidade do turismo na categoria qualidade do meio físico e dos recursos naturais, para destinos de praia.

Os indicadores apresentaram alterações, ainda que pequenas entre os graus atribuídos pelos especialistas entre as duas consultas. Na segunda consulta um maior número de indicadores passaram a ser avaliados com graus 4 ou 5. Uma mudança expressiva foi observado na avaliação feita ao indicador acesso a portadores de necessidades especiais que apresentou grau 5 na escala de Likert por 7,7% dos consultados, e na segunda consulta nenhum consultado o avaliou com esse grau. Para os demais indicadores percebem-se mudanças em relação à frequência, ainda que, os graus mantiveram os mesmos da primeira consulta.

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Tabela 1. Resultados da avaliação dos indicadores relacionados com a qualidade do meio físico e dos recursos naturais

Indicadores

Primeira consulta Segunda consulta Escala ordinal Escala ordinal

1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Frequência (%) Frequência (%)

Área da costa urbanizada 0,0 0,0 7,7 61,5 30,8 0,0 0,0 0,0 83,3 16,7

Produção de resíduos sólidos urbanos atribuídos ao turismo

0,0 0,0 7,7 30,8 61,5 0,0 0,0 0,0 16,7 83,3

Consumo de água de abastecimento humano atribuído ao turismo

0,0 0,0 7,7 38,5 53,8 0,0 0,0 0,0 83,3 16,7

Valor médio do consumo de água (m3/hab./dia) em épocas de baixa temporada

0,0 23,1 23,1 38,5 15,4 0,0 8,3 25,0 66,7 0,0

Valor médio do consumo de água (m3/hab./dia) em épocas de alta temporada

0,0 0,0 30,8 30,8 38,5 0,0 0,0 33,3 50,0 16,7

Porcentagem de água economizada ou reciclada

0,0 0,0 7,7 61,5 30,8 0,0 0,0 8,3 66,7 25,0

Grau de naturalidade do meio 7,7 7,7 15,4 53,8 15,4 0,0 16,7 8,3 66,7 8,3 Incorporação de critérios ambientais na legislação e planejamento turístico e territorial

0,0 7,7 7,7 46,2 38,5 0,0 0,0 8,3 58,3 33,3

Porcentagem da superfície de terra protegida 0,0 0,0 0,0 46,2 53,8 0,0 0,0 0,0 16,7 83,3

Porcentagem de turistas conscientes da importância da conservação do destino

7,7 7,7 15,4 46,2 23,1 0,0 0,0 8,3 75,0 16,7

Qualidade do ar 0,0 7,7 7,7 53,8 30,8 0,0 8,3 8,3 50,0 33,3

Temperatura média do ar 23,1 15,4 46,2 15,4 0,0 16,7 8,3 66,7 8,3 0,0 Investimentos na redução da poluição 0,0 0,0 30,8 46,2 23,1 0,0 0,0 25,0 58,3 16,

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atmosférica 7

Limpeza da areia 7,7 7,7 15,4 30,8 38,5 0,0 16,7 0,0 50,0 33,3

Qualidade da água do mar 0,0 0,0 7,7 30,8 61,5 0,0 0,0 0,0 16,7 83,3

Existência ou não de lixeiras 23,1 0,0 15,4 30,8 30,8 16,7 0,0 8,3 58,3 16,7

Acessos para portadores de necessidades especiais

0,0 15,4 30,8 46,2 7,7 0,0 8,3 25,0 66,7 0,0

Serviços de alimentação 7,7 23,1 23,1 46,2 0,0 0,0 25,0 16,7 58,3 0,0

Existência de zonas verdes e árvores 0,0 0,0 38,5 46,2 15,4 0,0 0,0 8,3 66,7 25,0

Número de turistas por metro quadrado - máxima de afluência

0,0 0,0 7,7 30,8 61,5 0,0 0,0 0,0 25,0 75,0

Percepção da qualidade da água do mar pelos turistas

0,0 23,1 0,0 53,8 23,1 0,0 16,7 0,0 66,7 16,7

Investimentos na preservação de zonas costeiras

0,0 0,0 25,0 50,0 25,0 0,0 0,0 0,0 83,3 16,7

Fonte: Elaboração própria.

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De acordo com a valorização por parte dos especialistas estabeleceu-se os indicadores mais adequados para o controle do desenvolvimento do turismo para destinos de praia. A proposta de indicadores apresentados tem por objetivo principal configurar um marco de referencia adaptável aos processos de planejamento e gestão do turismo, e portanto, caracteriza-se como uma proposta aberta que se pode a todo momento incorporar, modificar ou eliminar indicadores dependendo da realidade e necessidade vigente.

Entre os 20 indicadores apresentados inicialmente, 6 indicadores foram selecionados (tabela 2), por terem sido avaliados com graus 4 ou 5 por no mínimo 80% dos consultados, ou seja, por serem indicadores, na opinião dos especialistas, como indicadores com grande ou com máxima capacidade para avaliar a sustentabilidade do turismo em destinos de praia.

Tabela 2. Indicadores relacionados com a qualidade do meio físico e dos recursos naturais

Indicadores relacionados com a qualidade do meio físico e dos recursos naturais

ÁREA: Meio ambiente

INDICADOR

Área da costa urbanizada

Produção de resíduos sólidos urbanos atribuídos ao turismo

Consumo de água de abastecimento humano atribuído ao turismo

Porcentagem da superfície de terra protegida

Qualidade da água do mar

Investimentos na preservação de zonas costeiras

Fonte: Elaboração própria.

Os indicadores aqui apresentados referem-se ao âmbito ambiental e se prestam ao controle de áreas importantes, como solo, água, atmosfera e praia. A avaliação de tais aspectos, além de sua importância para a continuidade da atividade turística local, serve para garantir a segurança dos residentes. Nesta categoria de indicadores pretende-se caracterizar de forma clara e objetiva o impacto do turismo sobre o meio ambiente.

As praias são tidas como fontes indiscutíveis de ingresso para o setor turístico em muitos destinos. Os indicadores relativos à gestão de praias são de grande importância uma vez que as praias constituem desde um primeiro momento o principal fator de atração em muitos lugares. Estamos diante de um recurso de grande fragilidade, que necessita de um controle constante da qualidade de suas águas e uma adequada gestão do seu desenvolvimento.

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A avaliação e comunicação regular do desempenho local são essenciais na busca pela sustentabilidade e neste sentido é fundamental garantir e incentivar o processo de registro, processamento, avaliação e comunicação de como se desenvolvem as atividades nos destinos.

A necessidade de conciliar o desenvolvimento turístico com a conservação e gestão responsável do território e de seus recursos humanos e materiais não podem ser vista como uma obrigação e sim como uma oportunidade de prosperidade econômica desenvolvida dentro dos princípios de coesão e equilíbrio social, não esquecendo a proteção ambiental e cultural.

Os indicadores turísticos podem avaliar os impactos ambientais, socioculturais, econômicos e institucionais do turismo em um destino concreto e informar, de forma sintética e simples para a sociedade e para os gestores turísticos e territoriais, se as práticas turísticas caminham para a sustentabilidade.

Um sistema de indicadores coerentes, consistentes e estruturados por áreas temáticas permite decidir com base técnica que pontos devem estar presentes nas políticas aplicadas. Com eles é possível refletir os problemas e quantificar o impacto turístico.

Referências bibliográficas

AGUADO, I. et al. Métricas para el desarrollo sostenible. In: JORNADAS DE ECONOMÍA CRÍTICA, ECOCRI, 11., 2008, Bilbao. Disponível em: <http: www.ucm.es/info/ec/ecocri/cas/aguado_xxx.pdf>. Acesso em 25 maio 2012.

BACHA, M.L. et al. Baixa renda: validação de escala de atitudes frente ao lazer. In: SEMEAD - SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA FEA-USP, 12., 2009, São Paulo. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/semead/12semead/resultado/trabalhosPDF/668.pdf>. Acesso em 16 dez. 2012.

CCDRC (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro). Programa de execução - Indicadores de monitorização. Coimbra: CCDRC, 2010. Disponível em: <https://www.google.com.br/url? sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source= web&cd=1&cad=rja&ved=0CCwQFjAA&url=https%3A%2F%2Fwww.ccdrc.pt%2Findex.php%3Foption%3Dcom_docman%26task%3Ddoc_download%26gid%3D1690%26Itemid%3D91%26lang%3Dpt&ei=1cWrUMv9FZCc9QTkmIBA&usg=AFQjCNGiryNO8O-pKkVcpVrXmzAsyuk8SA>. Acesso em 20 mar. 2012.

DGA (Direcção Geral do Ambiente). Proposta para um sistema de indicadores de desenvolvimento sustentável. Amadora: DGA e Direcção de Serviços de Informação e Acreditação, 2000. Disponível em: <http://www2.apambiente.pt/sids/sids.pdf>. Acesso em 8 abr. 2007.

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DREM (Direcção Regional de Estatística da Madeira). Sistema de indicadores de sustentabilidade do turismo da Macaronésia 2001-2005. Funchal: DREM, 2006. Disponível em: <http://estatistica.azores.gov.pt/upl/%7B8df7d71c-9e0e-496d-a4e5-b73cf2aab561%7D.pdf>. Acesso em 20 maio 2010.

EC (European Communities). Methodological work on measuring the sustainable development of tourism. Part 2: Manual on sustainable of tourism development indicators. Luxemburgo: Eurostat, 2006. Disponível em: <http://epp.eurostat.ec.europa.eu/cache/ITY_OFFPUB/KS-DE-06-002/EN/KS-DE-06-002-EN.PDF>. Acesso em 10 out. 2008.

FILIPPIM, M.L. et al. Turismo rural no Meio-Oeste de Santa Catarina: características de gestão da atividade. In: SEMINTUR - SEMINÁRIO DE PESQUISA EM TURISMO DO MERCOSUL, 4., 2006, Caxias do Sul. Anais... Caxias do Sul: UCS, 2006.

MINISTERIO DE MEDIO AMBIENTE. Sistema español de indicadores ambientales de turismo. Madrid: Ministerio de Medio Ambiente, 2003.

OMT (Organização Mundial do Turismo). Indicadores de desarrollo sostenible para los destinos turísticos. Guía práctica. Madrid: OMT, 2005.

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Trilha Transcarioca

CAMILA LINHARES DE REZENDE¹; PEDRO DE CASTRO DA CUNHA E MENEZES²; CELSO JUNIUS SANTOS³; ALEXANDRE MARAU PEDROSO¹;

ERNESTO VIVEIROS DE CASTRO4; CLAUDIA MAGNANINI³

¹Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro - [email protected]

²Ministério das Relações Exteriores - [email protected]

³Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro - [email protected]

4Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - [email protected]

Abstract

The Transcarioca Trail will cross the city of Rio de Janeiro for a journey of approximately 180 km, leaving Barra de Guaratiba to the Sugar Loaf. During their journey, visitors will have the opportunity to enjoy natural attractions and uncover the Wonderful City from unusual angles. Symbol of the union between the three spheres of government, this initiative also aims integrating and strengthening protected areas in Rio. Its implementation is an initiative of the Mosaico Carioca of Protected Areas, and has been intensively planned and implemented by the managers of protected areas involved through meetings, workshops and management actions. The Transcarioca Trail was initially conceived by Pedro da Cunha e Menezes, backed by many successful examples of long-distance trails. It is thus intended that the establishment of the Transcarioca Trail will provide environmental improvements to the city, as the ecological corridor between the massifs of Pedra Branca and Tijuca. Currently the Transcarioca Trail has about 60 km managed and signaled. The trail has also been subject of reports in TV, more than 300 articles and quotes on websites and two movies on YouTube.

Keywords: long-distance trail, Rio de Janeiro, protected area

Introdução

A Trilha Transcarioca cruzará o Rio de Janeiro por um percurso de aproximadamente 180 km, saindo da Barra de Guaratiba até o Morro da Urca, aos pés do Pão de Açúcar (figura 1). Durante o seu trajeto, o visitante terá a oportunidade de apreciar atrativos naturais pouco conhecidos da cidade e descortinar a Cidade Maravilhosa de ângulos inusitados. A trilha poderá ser percorrida na sua integralidade ou em seções, de acordo com o interesse, a aptidão e a disponibilidade de tempo de seus usuários.

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Símbolo da união entre as três esferas do poder público, esta iniciativa visa também à integração e o fortalecimento das áreas protegidas cariocas, no contexto da realização dos grandes eventos de abrangência internacional sediados pela cidade. Sua implantação é uma iniciativa do Mosaico Carioca de Áreas Protegidas, criado oficialmente pelo MMA em julho de 2011, e vem sendo intensamente planejada e implementada pelos gestores das unidades de conservação envolvidas, por meio de reuniões, oficinas e ações de manejo.

A Trilha Transcarioca foi inicialmente idealizada por Pedro da Cunha e Menezes, em seu livro Transcarioca: todos os passos de um sonho (2000), respaldada em diversos exemplos bem sucedidos de trilhas de longo curso, tais como a Appalachian Trail (EUA), Huella Andina (Argentina), Hoerikwaggo Trail (África do Sul) e Te Araroa Trail (Nova Zelândia). Ademais da geração de emprego e renda dentro dos princípios norteadores do desenvolvimento sustentável, é propósito do Mosaico Carioca que a Trilha Transcarioca siga o exemplo dessas trilhas, que geraram um incremento na visitação e diversas melhorias na gestão das áreas protegidas que cruzam. Pretende-se assim que o estabelecimento da Trilha Transcarioca proporcione melhorias ambientais para a cidade, como o tão sonhado corredor ecológico entre os maciços da Tijuca e da Pedra Branca e a racionalização das unidades de conservação do Mosaico Carioca. Dessa forma, o Projeto atenderá seu objetivo de utilizar um equipamento de uso público como uma ferramenta de conservação.

Metodologia

A trilha integrará 5 unidades de conservação de proteção integral: o Parque Natural Municipal de Grumari, o Parque Estadual da Pedra Branca, o Parque Nacional da Tijuca, o Parque Natural Municipal da Catacumba, a APA dos Morros do Leme, Babilônia e São João e o Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca, permitindo ainda o acesso a áreas protegidas como o Sítio Burle Max, Parque Natural Municipal da Cidade e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Em um segundo momento, a Trilha deverá também abranger a Restinga da Marambaia e o Morro Cara de Cão. Dessa forma deverá assegurar a manutenção de um corredor natural contínuo que permitirá a migração de fauna e o fluxo gênico de flora. Também servirá de modelo de conservação de todos os ecossistemas da Mata Atlântica, servindo assim como uma ferramenta viva de educação ambiental (a Trilha cruzará Restinga, Mangue, Praias, Vegetação de Costões Rochosos, Mata de Baixada e Mata Montana). Seu traçado inicial foi elaborado por um grupo de trabalho constituído pelos gestores das unidades de conservação e técnicos do ICMBio, INEA e SMAC, bem como por voluntários conhecedores da malha de caminhos das unidades abrangidas, com base no percurso descrito por CUNHA e MENEZES (2000). O planejamento iniciou-se pelo diagnóstico dos atrativos e trilhas existentes nas unidades de conservação e seu entorno imediato, com base nas cartas topográficas do Instituto Pereira Passos de planejamento urbano (IPP, 1999) e nos bancos de dados das unidades. O traçado foi então proposto de maneira a permitir a passagem pelos principais atrativos ecoturísticos da cidade, aproveitando as trilhas preexistentes.

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A fim de ampliar a discussão para outros setores da sociedade, em maio de 2013, o Mosaico Carioca organizou o evento “Trilha Transcarioca: Semin|rio Internacional de Trilhas de Longo Curso”, que apresentou um panorama geral sobre as trilhas de longo curso no Brasil e no mundo, reunindo cerca de duzentos convidados. Além de conferencistas norte-americanos e da África do Sul, especialistas em trilhas como montanhistas, excursionistas, pesquisadores e gestores de unidades de conservação participaram de oficinas técnicas para debater temas como segurança, comunicação, sinalização, manejo, divulgação, geração de emprego e renda, assim como o traçado da Trilha em seus diferentes trechos. Os resultados das discussões foram sumarizados pelos coordenadores de cada oficina na forma de relatórios com recomendações.

A divulgação da trilha vem sendo feita por meio de redes sociais e em diversos veículos de mídia impressa, televisão, rádio e websites. Na ocasião do seminário internacional, também foi produzido material de divulgação como folhetos, mapas, camisetas e banners informativos (figura 2).

Resultados

Atualmente a Trilha Transcarioca possui cerca de 60 km manejados e sinalizados por meio de sinalização rústica (figura 3), que utiliza tabuletas de madeira indicando nominalmente o próximo destino, intermediadas por pinturas em árvores e rochas de um logotipo cuja representação é uma pegada de bota com uma figura do Cristo Redentor carregando uma mochila desenhada em sua sola. Essa logomarca, também usada na folhetaria e demais materiais atinentes à Trilha, foi desenvolvida pelo INEA para o Mosaico Carioca e é aplicada ao longo do traçado, segundo um Manual de Sinalização, desenvolvido pelo Mosaico.

A metodologia utilizada na sinalização segue o padrão em vigor em caminhos de longo curso europeus, norte-americanos, argentinos e sul-africanos entre outros. No Brasil a sinalização rústica, tal como adotada na Trilha Transcarioca, tem sido testada com êxito no Parque Nacional da Tijuca desde 1999 (após o início de sua utilização o número de pessoas perdidas no PNT caiu em média de 100 por ano para menos de 5 ao ano).

A p|gina do “Facebook” da Trilha Transcarioca (https://www.facebook.com/TrilhaTranscarioca) possui cerca de 900 seguidores. Já foram publicadas diversas matérias em meios de divulgação impressos, como jornais de grande circulação, revistas de circulação nacional, revistas de bairro e veículos oficiais. A trilha também já foi tema de reportagens na TV aberta, e mais de 300 reportagens e citações em websites especializados em meio ambiente, com 2 filmes no YouTube.

A implementação da trilha, deverá continuar sendo feita em etapas seguindo cronograma e padrão uniformizados decididos em comum acordo por todas as partes envolvidas, no contexto do Mosaico Carioca. Nesse sentido, acordou-se que a Trilha terá três estágios básicos de implementação:

(1) poda, sinalização direcional e obras de arte absolutamente imprescindíveis.

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(2) sinalização interpretativa e educativa, mapas, website completo, inventário de serviços associados (acomodação, alimentação, guiagem, transportes etc) e obras de arte principais (pontes, drenos, escadas, corrimãos etc).

(3) demais obras de arte (abrigos, banheiros, bancos, mirantes etc) e implementação de uma malha de trilhas secundária devidamente manejada (trilhas de acesso, rotas de fuga, caminhos opcionais a atrativos que não estão no roteiro principal como picos, cachoeiras e atrativos histórico-culturais).

De acordo com o cronograma acordado o primeiro estágio da Trilha deverá estar completo para os seguintes eventos:

Copa das Confederações (2013): Floresta da Tijuca ao Parque Lage, passando pelo Corcovado.

Copa do Mundo (2014): Parque Nacional da Tijuca até o Pão de Açúcar e trechos do Parque Estadual da Pedra Branca, Parque Natural Municipal da Catacumba e APA dos Morros do Leme, Babilônia e S. João

Jogos Olímpicos (2016): Toda a Trilha.

Figura 1 – Traçado preliminar da Trilha Transcarioca.

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Figura 2 - Material de divulgação.

Figura 3 - Sinalização rústica.

Conclusão

A Trilha Transcarioca é um equipamento de uso público que serve como ferramenta de conservação. Sua implementação e manutenção servem para criar uma cultura profissional de manejo coordenado entre as diversas unidades de conservação por ela atravessada. Também assegura, pelo uso, a consolidação de um corredor ecológico entre o Parque Nacional da Tijuca e o Parque Estadual da Pedra Branca. Do ponto de vista da educação ambiental, ao servir de espinha dorsal de um mosaico, chama a atenção da população em geral para a necessidade imperiosa da gestão ecossistêmica. Por fim, ao estimular o uso mais espaçado da visitação pelas diversas Unidades de Conservação do Mosaico, gerando emprego e renda ao longo do processo, a Trilha tem o potencial de aumentar o apoio da população ao Mosaico como um todo, mudando assim a percepção de que apenas pontos de maior afluxo como o Cristo Redentor ou o Pão de Açúcar têm algum valor para a cidade. A Trilha representará ainda um marco para o verdadeiro turismo ecológico na cidade.

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O conceito de Trilhas de Longo Curso existe há cerca de 100 anos e já foi amplamente testado com sucesso em quase todos os países do mundo. Nesse tocante o Brasil é ainda uma exceção. Segundo a Professora Jaqueline Muniz a Trilha Transcarioca tem o potencial de ser “a costura que vai emendar a cidade partida”. Mais do que isso, o Mosaico Carioca acredita que ela pode servir também de exemplo para o resto do Brasil ao demonstrar que visitação bem manejada e conservação são não somente compatíveis, mas sobretudo são um objetivo desejável e que merece ser perseguido.

Referências Bibliográficas

CUNHA e MENEZES, P. Transcarioca, todos os passos de um sonho. Sextante Artes, 2000.

IPP. Cartas Topográficas da Cidade do Rio de Janeiro. Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, 1999.

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TURISMO EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL: Um estudo, sobre a RESEX Marinha Caeté-Taperaçu/Bragança

CARLA MARINETE GEMAQUE46

KASSIA SUELEN DA S. FARIAS47

THILIANE REGINA BARBOSA MEGUIS48

Abstract

This paper has as main subject in the tourism area of environmental protection, taking as a case study to RESEX Navy Caeté-Taperaçu/Bragança that aims strategize reciprocal protection of biodiversity. The proposed study identifies the feasibility of the development of tourism in this conservation area. This is mainly a process of scientific research which used a broad literature review of the relevant issues of the relationship: nature and society, as well as visiting the communities that are directly and indirectly affected by RESEX Navy Caeté Taperaçu and interviews residents.

Palavras-chave: Turismo, Área de proteção ambiental, Planejamento, Gestão.

Keywords: Tourism, Environmental Protection Area, Planning, Management.

Introdução

Verifica-se que desde o final do século XIX, a preocupação ambiental começou a se direcionar para uma visão interdisciplinar e aos poucos conseguiu mobilizar fortemente uma grande parte da sociedade industrial. Tal mobilização afetou não somente os ambientalistas, biólogos e outros, como também diversas atividades econômicas, dentre elas o turismo.

Para chegar à formulação do conhecimento ambiental, inicialmente buscou-se repensar os conceitos sobre a relação entre o meio ambiente e sociedade. A visão de natureza passou por diversas transformações, passando pelo conceito de forte ameaça para a civilização, conhecida como- natureza selvagem-, predominando no fim do século XIX; até o reconhecimento da sua importância

46

Graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Pará, Rua Augusto Corrêa- 01- Guamá. CEP 66075-110. Caixa Postal 479.PABX +55 91 32017000. Belém-Pará-Brasil. E-mail: [email protected] 47

Graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Pará, RuaAugusto Corrêa- 01- Guamá. CEP 66075-110. Caixa Postal 479.PABX +55 91 32017000. Belém-Pará-Brasil. E-mail: [email protected] 48

Graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Pará, RuaAugusto Corrêa- 01- Guamá. CEP 66075-110. Caixa Postal 479.PABX +55 91 32017000. Belém-Pará-Brasil. E-mail: [email protected]

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para a sociedade, conceituada como natureza intocada, que marcou o início das teorias mais amplas relativas aos estudos das relações entre a sociedade e natureza, no inicio do século XX.

Entre os conceitos formulados ao longo dos anos, ressalta-se a importância do meio ambiente para a atividade turística, uma vez que há uma grande relação entre o meio ambiente e a mesma. E conforme Gunha (1997 apud DIEGUES, 2000. p. 4) “s~o cinco os maiores grupos sociais que alimentam a conservaç~o da vida selvagem no Terceiro Mundo: em primeiro lugar, estão os moradores das cidades e turistas estrangeiros que tomam algum tempo de férias para visitar o mundo selvagem [..]”, esta idéia comprova o quanto a atividade turística usufrui desses “espaços naturais” (BÓULLÓN, 2002. p. 73) para o seu desenvolvimento.

Contudo, observa-se que esta relação pode ocasionar sérios impactos ambientais e sociais, o que requer o dobro de atenção para o seu desenvolvimento em Unidade de Conservação. A solução encontrada por diversos pesquisadores da área seria a utilização de um planejamento adequado, que possam controlar os possíveis impactos gerados pelo desenvolvimento do turismo.

A preocupação em torno do meio ambiente propôs, com o passar dos anos, novas formas de pensar e agir dentro de um local, modifica a ideia de que a produção turística é somente uma das produções econômicas que o mercado induz, despreocupadas com a sociedade, com as condições de vida da população local bem como as problemáticas produzidas em tais localidades. Atualmente, os impactos sobre a cultura e as paisagens dos locais visitados passaram a ser estudados em nível cientifico (KRIPPENDORF, 1975), o que tem causado a grande sensibilização do poder público para as questões ambientais nas viagens turísticas (RUSHMANN, 2010).

Tendo como base todo o referencial teórico acerca da sustentabilidade e o turismo em Unidades de Conservação, o proposto artigo propõe uma análise acerca da viabilidade de desenvolvimento da atividade turística, pautada na sustentabilidade, na Reserva Extrativista (RESEX) Caeté Taperaçú, localizada no município de Bragança no Estado do Pará. Este município situa-se no Pólo Amazônia Atlântica do Estado do Pará, mais precisamente na região Nordeste do Pará, possui um legado histórico e cultural vasto e valoroso para oferecer ao turista, devido suas tradições que atravessam os séculos e encantam aos visitantes que por ali passam. A RESEX Marinha de Caeté-Taperaçu, foi criada em 20 de maio de 2005, e está localizada no município de Bragança a 210 quilômetros de Belém-PA. Conforme o decreto de criação desta RESEX, a área abrange aproximadamente quarenta e dois mil, sessenta e oito hectares e oitenta e seis centiare e objetiva proteger os meios de vida e garantir a utilização e a conservação dos recursos naturais renováveis, tradicionalmente utilizados pela população extrativista residente na área de sua abrangência.

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Figura 01: Mapa mostrando mosaico de unidade de conservação no litoral bragantino

Fonte: Ministério do Meio Ambiente/MMA, 2013.

Métodos

Resultado do “car|ter construtivo e interligado do olhar, ouvir e do escrever” (OLIVEIRA, 1996, p 15), este artigo tratar|, em especial, da possibilidade de utilização da Reserva Extrativista Marinha de Caeté Taperaçu pelo Ecoturismo. Neste caso, trata-se, sobretudo, de um processo de investigação científica, cujo intuito é evidenciar os problemas existentes nas comunidades inseridas na RESEX, e as possibilidades de utilização do ecoturismo pelos seus moradores. Utilizou-se de um amplo levantamento bibliográfico dos assuntos pertinentes a relação: sociedade e natureza, bem como a visitação (o olhar) na comunidade Tamatateua, que esta dentro dos limites da RESEX e as comunidades da Vila Bonifacio e Vila Que era que direta e indiretamente são atingidas pela RESEX Caeté. As entrevistas dos moradores (o ouvir) que foram realizadas ao longo de cada visitação e a produção científica de todos os fatos observados – vistos e ouvidos-.

Resultados e discussão

Na atividade de campo à RESEX Marinha de Caeté-Taperaçu, visitaram-se três comunidades, sendo que duas estão no entorno da RESEX – Vila Bonifacio e Vila Que era, e uma está dentro da mesma - Tamatateua. Ao logo da pesquisa, diversos problemas foram identificados, dentre elas, a má distribuição de recursos, o que influencia diretamente em cada comunidades fazendo na configuração do espaço e infraestrutura física. Essa problemática fortalece as relações desiguais de

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poder e influenciam o uso e acesso aos recursos naturais e fazem da noção de território categoria fundamental na discussão da questão ambiental.

Segundo Cunha e Coelho (2009), até meados da década de 1980, o Estado ditou, de forma centralizada, a política ambiental a ser seguida no Brasil, porém, percebe-se que na RESEX visitada, o processo de formulação e implementação da política ambiental ocorre de forma interativa entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e a comunidade, onde os mesmos traçam estratégias de ações, para que todos os interesses sejam levados em consideração e a proteção do meio ambiente aconteça de forma articulada entre esses atores sociais.

Conforme a Dona Socorro (2013), moradora e presidente da associação de moradores da Vila Bonif|cio a relaç~o entre a comunidade e o ICMBIO é “muito boa eles dão muito apoio pra gente, graças a Deus deles terem vindo aqui pra ajudar em muitas coisas que estavam acontecendo”. Essa relaç~o trouxe uma significativa diminuição do desmatamento e outros fatores que ocasionavam os problemas ambientais. Conforme Fernando Repinaldo (2013), administrador da RESEX, os principais objetivo do ICMBIO é, sobretudo, garantira educação ambiental, divulgação e mobilização que consiga sensibilizar a comunidade para a importância da conservação da biodiversidade local.

Uma das formas de subsistência dessas comunidades é a pesca, sendo a principal fonte de renda das comunidades. Conforme diversos estudos (Glaser, 2005; Oliveira & Fernandes; Barboza, 2006) são retiradas da região litorânea de Bragança aproximadamente dezessete (17)produtos do manguezal: Caranguejo, peixe, sururu, siri, turu, lenha, varas, remédios naturais, saracura (ave – graça), mel, tinta, cutuca (peixe), crustáceo, sapequara (molusco), ostra, sarnanbi (molusco), caramujo, além dos peixes do mar, rio e igarapés.

Essa atividade refere-se aos mais variados tipos de captura (rede puçá, matapi, curral, espinhel, tarrafa, coleta de mariscos e caranguejo); confecção/ conserto de equipamentos; preparo do produto. Não se restringe somente à pesca de fora, ou no mar, mas também às feitas nos mangues, nos rios nos igarapés, nas quais é possível uma presença mais constante de mulheres, além das tarefas pré e pós-captura. (ALMEIDA, 2002 p. 95)

Fonte de renda de subsistência e/ou monetária para a maioria (83%) dos habitantes da zona rural costeira do Caeté (GLASER, et. al., 2005). A renda familiar mensal varia de R$ 50,00 a R$ 400,00, sendo em media de R$ 100,00 para os coletores de caranguejo e menos de R$ 300,00 para os pescadores (GLASER, 1997 apud OLIVEIRA, 2004). Os sistemas de produção pesqueira são artesanais.A importância dessas atividades é revelada também, para sobrevivência da cultura local. Modos de vida que oscilam entre a sobrevivência e a criação de símbolos com o meio ambiente e refletem em um dos objetivos da criação da Reserva

Algumas problemáticas são encontradas dentro das três comunidades que foram visitadas, como por exemplo: o processo de formulação e execução de políticas públicas, com o propósito de dar qualidade de vida para essas

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comunidades. O lixo é uma das problemáticas aparentemente causadas pelas enchentes do rio e por falta da coleta seletiva, causando assim muitos problemas ambientais e sociais.

A comunidade Vila do Bonifácio apresentou uma séria problemática de saúde pública - a falta de água potável. Conforme entrevistas com a Dona Socorro (Representante da comunidade) houve uma verba de mais de R$170.000 destinados a perfuração de poço, porém ao perfurar 60 metros de profundidade encontrou uma área rochosa, o que impossibilitou a continuação do serviço. Cerca de quatro anos o poço continua incompleto e enquanto não há a solução para esse grave problema, as famílias quando tem condições, compram a sua água, porém a grande parte depende de poços improvisados em sua casa cuja qualidade é completamente insalubre.

Conforme Dourojeanni&Padua (apud MAGRO, 2003), as atividades turísticas são vistas como uma grande oportunidade para a sustentabilidade econômica das UC brasileiras, mas reconhece também que, tanto o turismo tradicional como essa nova proposta de ecoturismo, pode representar uma ameaça para a preservação do meio ambiente caso não seja devidamente planejado (RUSCHANN 2010; QUARESMA, 2008; BOO, 1995). Nesse prisma, é de extrema importância ter-se um planejamento voltado para o desenvolvimento sustentável do turismo nessas Unidades de Conservações.

As estratégias de planejamentos e gestão do ecoturismo nas Unidades de Conservação deverá:

Guiar o desenvolvimento e gestão do ecoturismo a fim de assegurar que a área protegida não seja excessivamente ocupada nem destruída por turistas, de criar mecanismos capazes de gerar empregos e renda para a área protegida e para as comunidades próximas, e de oferecer educação ambiental aos visitantes. (BOO, 1995 p. 37)

Uma série de estratégias deve ser bem definida para que de fato o turismo seja sustentável e ofereçam benefícios para o meio ambiente, visitante, e comunidades receptoras.No entanto observou-se que há a tentativa de uma gestão participativa, porém, alguns problemas sérios como: a falta de água potável, educação, infraestrutura e o capital social dificultam fortemente o desenvolvimento da atividade turística sustentável.

A conclusão do plano de manejo é esperada com ansiedade, por todos envolvidos (direta ou indiretamente) da RESEX, na esperança de resoluções dos problemas. Além disso, este documento poderá, de fato, definir se o turismo pode ser uma das atividades econômicas ligada a RESEX Marinha Caeté-Taperaçú, podendo assim, servir futuramente, como exemplo de práticas sustentáveis de turismo, objetivando não apenas a geração de renda a partir desta atividade, como também valorização e preservação cultural, ambiental eo capital social.

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Agradecimentos

À Faculdade de Turismo da Universidade Federal do Pará, que através do seu projeto pedagógico possibilitou aos alunos do 6º semestre uma experiência enriquecedora com a realização da viagem campo. Aos professore Msc Diana Alberto e Dr Raul Raiol que incentivaram a realização da pesquisa de campo.

Referências bibilográficas

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BOULLÓN, Roberto C. Planejamento do espaço turístico. Tradução Josely Vianna Baptista. Bauru, SP: EDUSC, 2002.

BRASIL. Planalto. Lei nº 9.985, de 18 de Jul. de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm> Acesso em 20 de fev. 2012.

BRASIL. Planalto. Lei nº 98.897, de 30 de Jan. de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D98897.htm> Acesso em 20 de fev. 2012

CUNHA, L. H.; COELHO, M. C. N. Política e Gestão Ambiental. In: CUNHA, S. B. da.; GUERRA, A. J. T. (Orgs.). A questão ambiental: diferentes abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. (p. 43-79).

DIEGUES, Antônio Carlos. 2000. “Etnoconservação da natureza: enfoques alternativos”. Etnoconservaç~o: novos rumos para a proteç~o da natureza nos trópicos. Antônio Carlos Diegues (Org.). São Paulo, Hucitec. p. 1-46.

OLIVEIRA, Roberto Cardoso. O trabalho do antropólogo. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: Editora Unesp, 2006.

RUSCHMANN, Doris. Turismo e planejamento sustentável: A proteção do meio ambiente. Campinas, SP: Papirus, 2010. (Coleção Turismo)

RUSCHMANN, Doris, e, TOLEDO, Karina (Org). Planejamento Turístico. Barueri SP: Manole, 2006. p.26.

Site das Unidades de Conservação no Brasil, disposto em:

http://uc.socioambiental.org/uc/4342 acesso em: 30/jan/2013 às 15:30 h.

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TURISMO DE BASE COMUNITARIA: UMA ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO PARÁ. O CASO DA ASSOCIAÇÃO DE MULHERES DAS ILHAS DE BELÉM,LOCALIZADO NA ILHA DE COTIJUBA.

KASSIA FARIAS49

Abstract:

The sustainable discourse that has been developed since the late nineteenth century offers new interpretations and (re) adjustments of relations established by man and nature. And while speaking about the development of tourism in the country, there is the importance of democracy as tools for community participation in generating and obtaining benefits from tourism. It is a new approach to tourism, known as community-based tourism which adds to its foundations the understanding of the distribution of this activity results in a fair and organized, but known as social capital. This work will study if the Women's Movement of the island of Bethlehem MMIB, community association located in Island cotijuba that some years been developing this alternative tourism. A process of scientific research that used a broad literature of pertinent issues that have been tested and analyzed through field research, where researchers could from the "constructive character and interconnected look, listen and write" (OLIVEIRA 1996, p 15) to detect the level of social partition.

Palavras-chave: Turismo. Capital Social. Marketing.

Keywords: Tourism. Social Capital.Marketing.

Introdução

A busca pelo equilíbrio ambiental nos últimos séculos vem despertando cada vez mais o interesse do turismo em criar viagens alternativas/sustentáveis, que estimule um diferencial na sua estrutura como: na geração de lucros, na relação com o meio ambiente e a sociedade e na inspiração de políticas públicas de turismo mais comprometidas e eficazes.

O turismo consciente com o meio ambiente e com as pessoas, ao longo dos anos “tem se configurado com base nos paradigmas da sustentabilidade e do ecoturismo” (QUARESMA 2003, p 105), o que recentemente tem-se mostrado um forte aliado no desafio da sustentabilidade. Em junho de 2012 a Organização Mundial de Turismo participou de uns dos eventos paralelos ao Rio+20, com o título: “Turismo para um futuro sustentável» e no decorrer da reunião afirmaram que “o turismo pode contribuir para os três pilares da sustentabilidade, seja econômico, social e ambiental” (OMT, 2012).

49Graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Pará, RuaAugusto Corrêa- 01- Guamá. CEP 66075-110. Caixa Postal 479.PABX +55 91 32017000. Belém-Pará-Brasil. E-mail: [email protected]

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Neste aspecto firma-se o Turismo de Base Comunitária, que se atrela ao conceito de Turismo Sustentável, que, ao contrario da visão acumulativa e concentrada procura gerar lucro a partir da criação de uma rede solidária, do qual todos tenham a garantia que irão se beneficiar. Deste modo, quando se fala em planejar o desenvolvimento do “TBC” nessas comunidades, a comunidade deve ter noção do produto turístico que ela oferecerá para esse segmento, que consiga estabelecer estratégias de divulgação específica para o TBC. Sabe-se que quando se trata de um desenvolvimento local, baseado em recursos endógenos (IRVING, 2010) implica na valorização da cultura, modo de vida, das tradições e das cosmologias locais que compõe o produto principal do Tursimo de base comunitária.

Ressalta-se a grande importância do marketing para a divulgação dos seus produtos e para o conhecimento que cada ator social deverá ter ao lidar com as especificidades do TBC. Deverá estar ciente que o produto principal a ser oferecido é a própria comunidade bem como o seu modo de vida- o “saber endógeno” e a sua relação harmoniosa com o meio ambiente e social.

Nesse sentido, o artigo objetiva analisar as várias interfaces sustentáveis que o turismo pode proporcionar para o meio ambiente e para sociedade local, em especial, o turismo de base comunitária que por sua característica principal é marcada pelo envolvimento endógeno da comunidade local e pela valorização do “saber endógeno” (valorizaç~o cultural). Portanto, buscar| um entendimento da importância da participação social na construção de alternativa sustentável a partir dos recursos endógenos. Os dados puderam ser analisados por meio “car|ter construtivo e interligado do olhar, ouvir e do escrever” (OLIVEIRA, 1996, p 15) observados na pesquisa de campo à Ilha de Coijuba.

Figura 01: Entrada de acesso a Ilha de Cotijuba-Pa.

Fonte: COSTA, Marcos. A. 2012

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Metodologia

Buscou-se a partir dos referenciais bibliográficos, primeiramente compreender as várias interfaces que a participação social pode proporcionar a uma comunidade, além de entender os desafios do turismo alternativo/sustentável. Utilizou-se do “car|ter construtivo e interligado do olhar, ouvir e do escrever” (OLIVEIRA, 1996, p 15) para verificar a existência, de fato, do Turismo de base comunitária na Ilha de Cotijuba em Belém do Pará, tendo como estudo de caso o Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém.

Resultados e discussão

Localizado na Ilha de Cotijuba, confluência da Baia de Marajó com a Baia do Guajará, no Estado do Pará, o Movimento de Mulheres da Ilha de Belém- MMIB foi fundado em 1998 inicialmente com o nome GMAPIC, na ilha de Cotijuba, por mulheres que já faziam parte da Associação de Produtores da Ilha de cotijuba- APIC. Ao longo de sua criação foram desenvolvidos projetos como: “Sons da Ilha” com o apoio da “Comunidade Solid|ria”, que oferecem trabalhos com os jovens da Ilha de Cotijuba. Somente quatro anos depois criaram a denominação atual- Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém (MMIB). A partir de então, diversos projetos foram criados pela associação articulados com empresas privadas. Dentre esses projetos está a produção da Pripioca (Cyperusarticulatus), uma erva aromática e medicinal da Amazônia que a partir da manipulação de sua raiz produz-se uma das fragrâncias naturais da linha Ekos da Empresa Natura.

A geração do capital social é evidenciada na forma como é distribuído os lucros obtidos na venda dos produtos produzidos pela comunidade, como a priprioca, artesanatos, bijuterias e outros. Um processo que não só almeja a arrecadação individual, mas principalmente o investimento na sede da associação das Mulheres das Ilhas de Belém, como a Infraestrutura, tecnologia, além de investimentos em projetos da comunidade.

Ressalta-se que uma das importantes conquistas foi à reforma da sede da Associação, que hoje abriga uma biblioteca, capaz de atender os associados e mais seis escolas da ilha. Cursos de capacitação e a certificação orgânica criaram possibilidade de melhorar e diversificar sua produção.Atualmente, segundo o blog do MMIB, são várias as parcerias que ajudam a dar continuidade do movimento, como: o Instituto Peabiru, a Mapinguari Design, o FMAP, o GMB, as empresas Natura e Beraca e Bradesco.

Cerca de dois anos, o movimento vêm desenvolvendo com o apoio da faculdade de turismo da UFPA o projeto “Trilhas do MMIB” oferecendo aos seus visitantes a paisagem natural da Ilha de Cotijuba, como as praias de água doce que estão em sua volta, além de roteiros que permitem conhecer a vivência da comunidade, os seus projetos e ações e os seus produtos criados pela associação. Uma das atrações é a “rota priprioca” que mostra ao visitante os est|gios da plantação da priprioca em uma das propriedades dos associados. Vale ressalta que de forma direta e indireta todos os associados ao MMIB participam do projeto “Trilhas do MMIB”. H| associados que tem plantações de priprioca, outros que

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possuem restaurantes, hotéis e aqueles que produzem artesanatos e bijuterias. A participam dos mesmos se da através de um sistema de rotatividade de modo que todos participem desse processo. A organização do roteiro é realizada em conjunto com todos os associados de forma que todos sejam beneficiados

Figura 01: Thilha da priprioca, Ilha de Cotijuba-Pa.

Fonte: COSTA, Marcos. A. 2012 Sabe-se que, a principal estratégia do Turismo de Base Comunitária,

segundo o Ministério de Turismo (2010, p.16) “é associar-se a instituições locais para apoiar a criação de roteiros turísticos que beneficiam prioritariamente as comunidades visitadas, por meio da geração de renda e da participação direta da populaç~o local”. Deste modo, s~o comunidades que se organizam em um trabalho mútuo para a geração do desenvolvimento social e econômico, e que por consequente o turismo se põe como um dos mecanismos de viabilização desse processo.

O sistema de capital social remete ao nível de cooperação existente na comunidade, o qual permite o exercício de um conjunto de responsabilidades que cada um deverá ter e o estabelecimento de igualdades, fatores que estão inter-relacionados a confiança e a reciprocidade na comunidade. Sistemas que na fala de Araújo (2003, p.19) “permitem {s pessoas cooperar, ajudar-se mutualmente, zelar pelo bem publico, promover a prosperidade” o que na vis~o de Putnam (1993), está associado a valores partilhados, cultura, tradições, saber, redes de interação, em uma perspectiva de horizontalidade de poder.

Eduardo Gomes, professor Mrs da faculdade de turismo da Universidade Federal do Pará e um dos associados do movimento, vêm debatendo há 10 anos com a comunidade, assuntos que reforcem o conhecimento acerca do capital social e incentive os associados a manter-se unidos em todos os processos de sua organização. Essas conquistas vêm provocando intensas mudanças na forma como os associados veem a união da comunidade.

Para o desenvolvimento do “TBC” sabe-se que não basta somente discutir esses aspectos, mas sobretudo vivencia-las diariamente. Depende da forma como a comunidade se relaciona, se há o desenvolvimento dessa rede solidária/ Endógeno/capital social ou não, respostas que implicarão diretamente no seu desenvolvimento. A comunidade precisa ter uma relação de confiança entre os

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atores locais, para que consequentemente desenvolva estratégias para o desenvolvimento do turismo.

A pesquisa pôde observa que além de ter belas praias de água doce e uma paisagem cênica típica da Amazônia, a Ilha de Cotijuba possui também pessoas interessadas em desenvolver um turismo justo para a comunidade, que preserve a meio ambiente e as tradições do local. Motivações estas, que instigam a criação de produtos turísticos, sem que com isso altere o modo de vida da comunidade.

Figura 02:Ruínas do Educandário Nogueira de Faria , Ilha de Cotijuba-Pa. Fonte: COSTA, Marcos. A. 2012

Agradecimentos

À Faculdade de Turismo da Universidade Federal do Pará, que através do seu projeto pedagógico possibilitou aos alunos do 5º semestre uma experiência enriquecedora com a realização da viagem de campo à Ilha de Cotijuba. Ao professor Msc. Eduardo Gomes por ter contribuído com o enriquecimento do conhecimento teórico e por ter transmitido o seu entusiasmos pela pesquisa.

Referências bibliográficas

ARAÚJO, Maria Celina Soares. Capital Social. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2003.

CORIOLANO, L. N. T. Os limites do Desenvolvimento e do Turismo. In: CORIOLANO, L. N. T. O turismo de inclusão e o desenvolvimento local. Fortaleza: FUNECE, 2003. p. 13 – 28.

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CRUZ, Silva Helena R. Turismo Sustentável na Amazônia: O contexto do desenvolvimento endógeno. In: FIGUEIREDO, Silvio Lima (Org). Turismo, lazer e planejamento urbano e regional. Belém: UFPA/NAEA, 2008. p. 133-146.

IRVING, M. A. Reinventando a reflexão sobre turismo de base comunitária: inovar é possível? In: BARTHOLO, R.; SANSOLO, D. G.; BURSZTYN, I. (Orgs.). Turismo de Base Comunitária: diversidades de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem, COPPE / UFRJ, 2010. p. 108 – 121.

OLIVEIRA, Roberto Cardoso. O trabalho do antropólogo. Brasília: Paralelo 15;

São Paulo: Editora Unesp, 2006.

OMT- ORGANIÇÃO MUNIDAL DE TURISMO. El turismo puede contribuir a lostres

pilares de lasostenibilidad. Disponível em <http://media.unwto.org/es/press-

release/2012-06-25/el-turismo-puede-contribuir-los-tres-pilares-de-la-

sostenibilidad> Acesso em: 24 Jun. 2012. PR No: PR12041

QUARESMA, H.D.DE A. O desencanto da princesa: Pescadores tradicionais e turismo na área de proteção ambientais de Algodoal/ Maiandeua. Belém: NAEA, 2003. p. 105.

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TURISMO INDÍGENA: UMA ALTERNATIVA PARA A REVITALIZAÇÃO DA CULTURA KADIWÉU

MARTA REGINA DA SILVA MELO50

DJANIRES LAGEANO NETO DE JESUS51

Abstract

The striking feature that differentiates the Kadiwéu population of other ethnic groups is its cultural identity. However it is necessary safeguards to prevent the extinction of the traditions and customs over time. We believe that ecotourism is a mechanism for maintaining the natural and cultural heritage of these people. The documentary survey and fieldwork were based on qualitative research through semi-structured interview with the representative of the culture involved. The focus on Indigenous Tourism addressed in this study has as starting point, the understanding of the traditions and cultural heritage of the Kadiwéu people, through its heritage elements, material and immaterial, targeting a practice of sustainable actions.

Palavras-chave: cultura indígena, ecoturismo, sustentabilidade.

Key-words: indigenous culture, ecotourism, sustainability.

Introdução

Desde o descobrimento do Brasil, seguindo os principais ciclos: do pau-brasil, da cana-de-açúcar e do café, às inovações dos dias atuais, a população indígena vem sofrendo com a influência dos exploradores, tendo como consequência a perda da territorialidade, que culminou com a extinção de etnias, tradições e culturas que representaram e representam as raízes da nossa nação. Desta forma, o imagin|rio brasileiro sobre os índios, ainda preso { “história da descoberta” é de coloc|-los numa redoma puros - imaculados (BORGES, 2011).

O conceito de turismo indígena busca o ecoturismo como ponto de convergência e vai além de ser uma atividade que possa proporcionar prazer, satisfação e encontro com a natureza por parte de quem visita as aldeias. Muitos aspectos relacionados à sustentabilidade, principalmente quanto ao legado histórico e cultural indígena, devem ser levados em consideração. Certamente, a proposta da inserção do turismo não é apenas experimentar, mas sim de inovar por meio de um planejamento em que toda a comunidade possa participar na evolução desse processo. Destaca-se a interculturalidade dos Kadiwéu, difundida

50

MELO, M.R.S. Acadêmica do Curso de Turismo com Ênfase em Empreendedorismo e Políticas Públicas – UEMS, Unidade

Universitária de Campo Grande, MS, Bolsista de PIBIC/UEMS/FUNDECT, e-mail: [email protected]. Rua Dos Dentistas,

500, Bairro Arnaldo Estevão de Figueiredo, CEP 79043-250. 51

NETO DE JESUS, D. L. Doutor em Geografia. Orientador do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

(PIBIC/UEMS), Unidade Universitária de Campo Grande, MS, e-mail: [email protected] Dos Dentistas, 500, Bairro Arnaldo

Estevão de Figueiredo, CEP 79043-250.

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através da produção artístico-cultural, que revela e reafirma a sua identidade. A cultura não é algo que flui numa única direção (GRÜNEWALD, 2001). Sendo assim, ainda que a influência do global sobre o local seja abrangente, a composição dessa cultura é intrínseca.

O estar presente em uma aldeia indígena, ou até mesmo transformada exclusivamente para a comercialização do artesanato, das danças e do modo de vida indígena, possibilita a experiência turística, seja ela satisfatória ou não, dependendo do olhar de cada visitante. Faria (2008) elucida a importância do ecoturismo nos territórios indígenas, classificando-o em uma nova segmentação turística: [...] o ecoturismo promovido dentro dos limites das terras indígenas através do planejamento - gestão participativa e comunitária, respeitando os valores sociais, culturais e ambientais dos diferentes povos envolvidos em que a comunidade é a principal beneficiada.

A autora ainda defende o ecoturismo indígena, como uma modalidade turística que melhor atende às necessidades das comunidades indígenas, levando em conta a possibilidade da organização e gestão participativa entre os atores envolvidos na composição do produto, respeitando-se a identidade, territorialidade e alteridade cultural. Ademais, pode estabelecer critérios para o seu desenvolvimento, divulgação e comercialização de suas produções. Para Faria (2008), tanto o turismo indígena como o ecoturismo indígena convergem na essência, aos objetivos de promoverem a cultura e no melhoramento da qualidade de vida das comunidades envolvidas. Ao passo que os diferenciam dos demais tipos de segmentos turísticos, ultrapassam formas específicas de planejamento e correspondem aos limites que cada uma das modalidades possa abranger, ou seja, o primeiro segmento limita-se ao contorno dos territórios e fora deles, já o segundo, o ecoturismo indígena, está compreendido dentro dos territórios demarcados ou tradicionalmente ocupados.

Desenvolver o turismo em Terras Indígenas é um dos grandes desafios para todos aqueles envolvidos e preocupados com os destinos dos povos indígenas e de seus ambientes (GUIMARÃES, 2006). No entanto, os verdadeiros protagonistas devem gerir os recursos existentes em suas terras. Leal (2009) corrobora com a ideia de que esses povos têm pensado na atividade turística como uma alternativa sustentável de desenvolvimento local, empreendida a partir de critérios estabelecidos pelos próprios grupos étnicos.

A comunidade Kadiwéu está inserida em um local propício para expandir o turismo de base comunitária. Este, por sua vez, abrange um segmento que possibilita benefícios sociais, econômicos e culturais, podendo contribuir para a conservação do espaço onde vivem esses povos. No tocante, é essencial uma ação conjunta das lideranças, pela qual a promoção da comunidade Kadiwéu deverá ser conduzida em bases sólidas, visando a sua sobrevivência, pela mediação de práticas sustentáveis, a fim de possibilitar a manutenção das tradições e costumes que permeiam os Saberes e Fazeres. Vale destacar que esses elementos são intensos e se consagram como um patrimônio valioso.

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É por meio do setor turístico que os povos indígenas têm extraído condições de garantir sua existência nesse cenário capitalista desigual, utilizando-se também da atividade turística como possibilidade de revitalização cultural (LEAL, 2009). Ainda que haja entrave nas políticas que fomentem o turismo indígena, é possível idealizar e executar ações que possam contribuir para o próprio desenvolvimento socioeconômico.

O espectro de conhecimento envolvido nesta pesquisa pode servir como um instrumento valioso para a explanação de marcos teóricos sobre o assunto, dada a sua complexidade e importância aos futuros estudos relacionados à temática indígena. O presente estudo tem como objetivo avaliar os aspectos culturais dos Kadiwéu, por meioda análise dos elementos patrimoniais, legado cultural e suas finalidades turísticas e sustentáveis.

Métodos

Os estudos foram fundamentados na pesquisa qualitativa, inicialmente por levantamentos bibliográficos e fichamentos, seguidos de um levantamento documental para a identificação de elementos etnográficos; do estudo de oralidade; e da identificação dos principais pontos de propagação da cultura Kadiwéu em Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul.

A pesquisa qualitativa é adequada para obter conhecimento mais profundo de casos específicos, sendo um processo de coleta e interpretação de dados, de modo interativo durante a investigação (DENCKER, 2007).

O estudo da oralidade baseou-se na metodologia de entrevista semi-estruturada, a fim de abordar os elementos relativos à identidade cultural Kadiwéu, que somente foi possível com a utilização de um Termo de Consentimento do Entrevistado, abordado e preenchido durante a pesquisa.

As entrevistas semi-estruturadas combinam perguntas abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. O pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal (BONI E QUARESMA, 2005).

O levantamento bibliográfico e de campo foram selecionados a partir de fontes fidedignas que aproximassem o mais possível da realidade dos povos indígenas, de forma interdisciplinar, direta e objetiva.

O diagnóstico dos pontos de propagação da cultura Kadiwéu em Campo Grande, MS, foi utilizado para dimensionar o nível de representatividade dessa etnia e a sua importância para o desenvolvimento do turismo regional.

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Resultados e Discussão

O setor turístico caracteriza-se pelo crescimento de forma acelerada em todo o mundo e utiliza-se de elementos, como a história e a cultura de um povo para o seu desenvolvimento. Os elementos que constituem as tradições indígenas existem, mas sofrem influências nos aspectos culturais, econômicos e sociais. Entretanto, as análises de Grünewald (2001) apontam que, apesar das mudanças culturais experimentadas, eles continuam a se identificar como população indígena, permanecendo unidos, inclusive politicamente para se impor como grupo étnico. As modificações de um mundo globalizado impostas a esse povo ainda não foram suficientes para extinguir sua cultura, uma vez que ela não pode ser descartável e que o processo de aculturação vai além da fusão das culturas. Essa totalidade de características nos distingue ou nos individualiza como nação.

As pesquisas etnográficas e documentais possibilitaram a potencialização da importância para uma melhor compreensão da dinâmica sociocultural das populações tradicionais indígenas e em especial a Kadiwéu. Dentre os pontos destacados, induz que não se pode prever se a atividade turística será uma assertiva positiva para essa comunidade. É necessária a busca de uma forma de conciliar ações planejadas que possam agregar valores àquela comunidade, sem que inviabilize o seu potencial cultural e legado histórico. Contudo, a produção artesanal é essencial para a manutenção das tradições culturais indígenas. Destarte, não se deve visualizá-la apenas como uma fonte de renda, pois deve ser valorizada como parte do dinamismo que uma cultura é capaz de produzir. Desse modo, a exposição desses signos e acervos tende a fortalecer cada vez mais a identidade da etnia Kadiwéu, uma das mais influentes do país.

O estudo da oralidade foi conduzido com a entrevistada Benilda Vergílio, 24 anos – índia Kadiwéu, graduada em Design pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) em Campo Grande, MS. Professora Indígena formada no Curso Normal Médio Indígena Povos do Pantanal, pela Secretária Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul – a qual destacou, de forma expressiva, aspectos relevantes relacionados à temática indígena, possibilitando uma melhor compreensão quanto à inserção da atividade turística na comunidade Kadiwéu. A entrevistada é líder atuante na inserção da comunidade Kadiwéu nas ações de inclusão social e de desenvolvimento cultural da sua etnia. Tem suas origens na Aldeia Alves de Barros e atualmente reside na Aldeia Tomázia, próxima ao município de Bonito, MS.

Considerando as ponderações da entrevistada sobre qual a sua visão quanto ao turismo indígena Kadiwéu, refletiu e destacou positivamente os aspectos relacionados ao fortalecimento e incentivo na promoção cultural; melhoria de renda para as famílias, valorização ambiental e na revitalização da cultura. Acredita que a cultura do seu povo não está perdida, mas está guardada e que um trabalho responsável poderá favorecer a por em prática essa ação.

Quanto ao quesito sobre o que seria melhorado com o turismo na comunidade, revelou que resultaria na melhoria da qualidade de vida; numa renda extra para as famílias; na revitalização cultural e no apoio aos jovens. Mencionou que as atividades turísticas podem contribuir para estimular o resgate da cultura,

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intrínseca nos índios mais antigos. Reforçou que as mulheres mais idosas poderiam repassar os seus conhecimentos para as mais jovens da aldeia.

Os principais pontos de propagação da cultura indígena no município de Campo Grande evidenciaram a dimensão da representatividade Kadiwéu na capital, considerada o portal de entrada do pantanal, cenário geográfico que marca historicamente a representação dessa etnia. A cidade representa uma das principais fontes de dispersão da cultura Kadiwéu e demais etnias do estado de Mato Grosso do Sul. Destacaram-se: o Museu das Culturas Dom Bosco, o Parque das Nações Indígenas, a Feira Central e Turística de Campo Grande, a Casa do Artesão, o Memorial da Cultura Apolônio de Carvalho (Fundação de Cultura), a Praça dos Imigrantes (Feira Permanente de Artesanatos) e o Aeroporto Internacional de Campo Grande. A influência indígena Sul-mato-grossense é latente, por isso, o grafismo da etnia Kadiwéu está presente em diversos locais da Capital, fazendo parte da ornamentação de residências, no comércio e em centros que evidenciam a cultura.

É oportuno destacar que a sustentabilidade possa estar presente no universo do turismo indígena e divulgação da cultura, inter-relacionando o material e o imaterial, na compreensão de que essas práticas possam proporcionar a prevenção e o sustento da comunidade local, bem como a conservação da cultura e de todos os recursos que favoreçam a vida. Embora a realidade vivenciada no turismo indígena ainda sofra com os percalços e entrave das políticas públicas, é fundamental transpor os obstáculos e minimizar as deficiências impostas pela falta de incentivo que aflige a comunidade Kadiwéu.

Analisando os diferentes conceitos apresentados e levando em conta o espaço de produção e reprodução tradicional, tem-se como definição, segundo Neto de Jesus (2012):

O turismo indígena pode ser compreendido como um segmento da atividade turística que é desenvolvido dentro ou fora dos territórios tradicionais, segmento este que fomenta ações de base comunitária envolvendo em sua essência a conservação e sustentabilidade sociocultural e ambiental das comunidades, bem como, a revitalização de modos de vida tradicional coesos com a realidade de vida atual, além da geração de renda para a própria comunidade local. Para sua composição, a comunidade indígena decidirá as ações a serem desenvolvidas e posteriormente articuladas com os agentes de fomento do turismo.

Considerando a dinâmica evolutiva na tradição dos povos, a prática do turismo indígena não se restringe à cultura, materializada e estanque no tempo, uma vez que os povos indígenas acompanham as tendências mundiais de desenvolvimento, não desmerecendo seus valores tradicionais de identidade e alteridade étnica. Isto não se trata, portanto, de questionar sua autenticidade tradicional, pois a própria experiência turística promove, de fato, a prova de intercâmbio intercultural entre o indígena e o visitante do atrativo.

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Limitar a abrangência de desenvolvimento da atividade (se acontece dentro ou fora do território indígena), para definir uma modalidade da outra não contribui para o próprio conceito de território e territorialidade, que os compreende como um sistema em que os atores usufruem cotidianamente do território, deixando suas marcas culturais, independente de sua autoctonia, ou seja, tanto faz o indígena estar dentro ou fora do território tradicional, ele levará consigo sua manifestação de identidade e alteridade cultural, inclusive na produção turística em que estiver inserido.

Agradecimentos

Agradecimentos à Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), pelo incentivo e apoio à pesquisa; à Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT); e um agradecimento especial à índia Kadiwéu Benilda Vergilio, que contribuiu de forma significativa para a realização deste trabalho.

Referências bibliográficas

BONI, V.; QUARESMA, S. J. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. 2005. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC. Vol. 2 nº 1.Disponível em: <http://www.journal.ufsc.br/index.php/emtese/article>. Acesso em 29 abr. 2013.

BORGES, A. A. C. Efeitos de Sentido da Temporalidade: determinação do lugar Indígena. Anais do Seta, v. 5, pp. 18-27, UNICAMP – 2011.

DENCKER, A. F. M. Pesquisa em Turismo: planejamento, métodos e técnicas. 9. ed. São Paulo: Futura, 2007.

FARIA, I. F. Ecoturismo Indígena Território, Sustentabilidade e Multiculturalismo: princípios para a autonomia. São Paulo, 204 p. Tese (Doutorado em Geografia Física) - Programa de Pós Graduação em Geografia Física, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2008.

GRÜNEWALD, R. A. Os Índios do Descobrimento: tradição e turismo. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2001.

GUIMARÃES, R. G. Turismo em Terras Indígenas já é fato: quem se arrisca? Dialogando no Turismo. Rosana, v. 1 n. 1, pp. 15 – 42. Junho de 2006.

LEAL, R. E. S. O Turismo Desenvolvido em Territórios Indígenas sob o Ponto de Vista Antropológico. In. BARTHOLO, R.; SANSOLO, D. G.; BURSZTYN, I. (orgs). Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social COPPE/UFRJ, 2009.

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NETO DE JESUS, D. L. A (re)tradicionalização dos territórios indígenas pelo turismo: um estudo comparativo entre os Kadiwéu (Mato Grosso do Sul- BR) e Māori (Ilha Norte - NZ). Tese (doutorado) – Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Terra, Curso de Pós-Graduação em Geografia, 2012.

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TURISMO RURAL COMUNITÁRIO: UMA NOVA ALTERNATIVA NO SALAR DE UYUNI

VAGNER RANGEL MOREIRA52, HÉCTOR ALBERTO ALIMONDA53; RENATA GOMES DE SOUZA54.

Abstract

This study aims to discuss the rural community-based tourism in Salar de Uyuni, in particular, in the community of Coqueza, as an alternative for family agriculturists and indigenous - who have in this activity an opportunity to increase their income by offering typical products, handicrafts and tourism services under the context of sustainability - as well as for tourists who, much more than take photographs, may experience a greater interaction with the host community, live their routine and learn their customs, traditions and wisdoms. This discussion is quite appropriate, since in Bolivia the public policies of rural community-based tourism are seen as a new strategy for protection, conservation and preservation of natural and cultural places, a mean of generation of employment, resources and reduction of poverty and social inequality. Qualitative Descriptive Research Method is being used, through bibliographical researching and analysis of official documents such as law No. 292/2012 and the national Community Tourism Program. The result that can be observed is that community-based tourism in Coqueza is quite feasible for the locals and fits the interests of a new type of tourist, concerned with the socio-environmental and cultural issues.

Key words: rural community-based tourism, tourism policy, Salar de Uyuni.

Palavra-chaves: turismo rural comunitário, políticas públicas de turismo, Salar de Uyuni.

Introdução

O setor de turismo apresenta-se como uma das mais importantes atividades na atual economia mundial, responsável, em 2012, por 2.9% do PIB global e pela geração de aproximadamente 101,2 milhões de empregos diretos, segundo dados do World Travel and Tourism Council (WTTC).

52

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação Agropecuária

(PPGCTIA), área de concentração em Políticas Públicas Comparadas, da UFRRJ, pós-graduado em

Direito da Administração Pública (UFF) e Gestão Pública (UCAM), e Professor de Direito e Legislação

da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro. Endereço: BR 465, Km 7, Seropédica – RJ, CEP:

23890-000. E-mail: [email protected] 53

Doutor em Ciência Política pela USP, Professor Associado III da Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro (UFRRJ), Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2. Endereço: BR 465, Km 7,

Seropédica – RJ, CEP: 23890-000. E-mail: [email protected] 54

Graduanda em Administração Pública da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Endereço: BR 465, Km 7, Seropédica – RJ, CEP: 23890-000. E-mail: [email protected]

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Nesse cenário, a participação do turismo boliviano é pouco relevante no contexto mundial, uma vez que a Bolívia encontra-se na 117ª posição de 139 países e em penúltimo lugar no âmbito da América Latina de acordo com o Índice de Competitividade de Turismo e Viagens do Foro Econômico Mundial de 2012.

Preocupado com essa conjuntura e consciente da grande potencialidade turística nacional, já que a Bolívia é detentora de singulares recursos naturais de importância reconhecida mundialmente (Cordilheira Real, Altiplano Andino, Salar de Uyuni e Lago Titicaca), de sítios arqueológicos declarados pela UNESCO como patrimônio da humanidade (centros cerimoniais de Tiwanaku, Amaipata, Misiones de Chiquitos etc.), além da riqueza cultural oriunda das mais de 36 etnias e de povos originários, o atual governo de Evo Morales, presidente boliviano, aposta no turismo comunitário como uma nova estratégia de proteção, conservação e preservação dos lugares naturais e culturais, geração de emprego e divisas, e redução da pobreza e desigualdade social.

Ações públicas, então, têm sido implementadas, embasadas pela recente Lei Geral de Turismo “Bolivia te espera” (Lei nº 292/2012) e pelo Programa Nacional de Turismo Comunitário, com US$ 20 milhões em financiamento pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a promoção de 12 destinos turísticos nacionais, nos quais o Salar de Uyuni está inserido.

É nesse contexto que o referido trabalho objetiva apresentar o turismo rural comunitário no Salar de Uyuni como uma alternativa tanto para os campesinos e indígenas, que têm nessa atividade uma oportunidade de incrementar a sua renda familiar com a oferta de produtos típicos, artesanatos e serviços turísticos sob o viés da sustentabilidade, quanto para os turistas, que muito mais que apenas fotografias, poderão experimentar uma maior interação com a comunidade receptora, vivenciar o seu cotidiano e conhecer os seus costumes, tradições e sabedorias.

Métodos

Localizado no sudoeste boliviano, no Altiplano andino, a 3.650 m de altitude, o Salar de Uyuni, com aproximadamente 12.000 m2 de área e 10 bilhões de toneladas de sal, é o maior deserto de sal do mundo, formado pela evaporação de lagoas de água salgada ao longo de milhares de anos. Além da extração desse mineral, o referido Salar é uma das maiores reservas mundiais de lítio e contém quantidades consideráveis de potássio, boro e magnésio. Por toda essa magnitude e singularidade, a localidade é um dos mais importantes destinos turísticos da Bolívia, com destaque para dois pontos turísticos: o Hotel de sal Playa Blanca, construído em sua totalidade por blocos de sal retirados do próprio Salar, e a Isla del Pescado, um ecossistema fechado onde nascem cactos gigantes e vivem pequenos animais.

As comunidades de Coqueza, Aguaquiza, Mañica, San Pedro de Quelmes, Puerto Chuvica, Jayu Qota, Irpani, Alcaya, todas localizadas às margens do Salar de Uyuni e integrantes da Rede Ayni – formadas, em grande parte, por agricultores familiares que implementam suas rendas por meio do turismo – , desenvolvem o

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turismo comunitário, porém, por questões metodológicas, o presente trabalho ater-se-á à primeira delas.

A comunidade de Coqueza situa-se no departamento de Potosí, município de Tahua a 135 km de Uyuni e encontra-se entre o Salar de Uyuni e o vulcão Thunupa, 5.430 m revestidos de muitos mistérios, lendas e mitos de uma cultura milenar do povo que por ali habita. Esta comunidade conta com mais de 25 famílias compostas em média por 4 ou 5 membros que têm na agricultura (feijão, trigo, milho, batata e quinoa) a base principal da sua economia e a diversifica com o turismo comunitário.

Figuras 1 e 2 – Diversas comunidades no entorno do Salar de Uyuni; Localização da comunidade de Coqueza. Fonte: Google maps.

Ressalta-se que tanto na literatura brasileira quanto estrangeira a definição de turismo comunitário ou turismo de base comunitária não é homogênea, sendo conceituado nas mais diferentes perspectivas, como, por exemplo, mercadológica (MIELKE, 2009), da economia solidária (RAMIRO), do desenvolvimento local (CRUZ, 2009), sítios simbólicos de pertencimento (BARTHOLO, 2009) e como mais um seguimento turístico (MTur). Diante dessa celeuma, optou-se pela definição expressa de turismo comunitário da Lei boliviana nº 292/2012, uma vez que o presente trabalho tem como objeto o turismo em uma área natural boliviana. Assim, a citada lei, em seu art. 14, define turismo comunitário como:

“Un modelo de gestión que deber| desarrollarse de manera armónica y sustentable, a través de emprendimientos turísticos donde las comunidades urbanas y rurales, naciones y pueblos indígena originario campesinos, comunidades interculturales y afrobolivianas, participen en la planificación, organización y gestión de la oferta turistica”.

A metodologia utilizada neste estudo é de caráter qualitativo-descritivo, realizado a partir de pesquisa bibliográfica – livros, revistas, artigos científicos e sites da internet –, análise de documentos oficiais, como, por exemplo, Lei nº 292/2012 e o Programa Nacional de Turismo Comunitário.

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Resultados e discussão

A Comunidade de Coqueza, em torno do Salar de Uyuni, organizou-se sob a ótica dos princípios da solidariedade, democratização dos benefícios, respeito à natureza, equidade de gênero e sustentabilidade para oferecer ao viajante diversas atividades turísticas, tais como, trekking no vulcão Thunupa com acompanhamento de llamas adestradas, visitas ao Salar de Uyuni com sessões fotográficas, cerimônias de oferendas à Pachamana (Mãe Terra), práticas ancestrais, agropecuárias e artesanais, demonstrações de música e danças típicas, gastronomia típica a base de quinoa real e camelídeos (llamas, vicunhas, alpacas e guanacos), visitas a grutas naturais, chullpares e formações eólicas, convivência e intercâmbio cultural com a comunidade receptora e observação astrológica.

O turismo surge nessa região como alternativa às atividades econômicas tradicionais (a agrícola e a granjeira) e a sua alta temporada vai ao encontro da baixa para a atividade agrícola – de junho a agosto. Possibilitando, portanto, a diminuição do êxodo local por parte dos campesinos que necessitavam deixar a sua comunidade em busca de trabalho.

Desta forma, foram desenvolvidos três programas turísticos de 1 a 3 dias, nos quais o trekking pelo vulcão Thunupa é a atividade básica. Ao longo da caminhada, visitas a pontos turísticos (hotel de sal, lagoa salgada, povoado abandonado etc.) são realizadas e explicações acerca dos costumes, da história e a forma de vida daquele povo são feitas para contextualizar a paisagem à sua rica e singular cultura.

Figura 3 – No sentido horário: Placa turística indicativa do Turismo Comunitário de Coqueza; Trekking no volcão Thunupa; Llamas transportando os equipamentos necessários ao trekkking; Colheita da

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quinoa, uma das atividades turísticas oferecidas. Fonte: http://www.travellersbook.net/.

Os valores (de US$ 28 a US$ 495) variam de acordo com o pacote selecionado e pela quantidade de pessoas que participam do tour, mínimo de 1 e máximo de 8.

Apesar de a infraestrutura turística da Comunidade de Coqueza ser mínima, o desenvolvimento do turismo não é prejudicado, já que grande parte do equipamento e serviços necessários são transportados em llamas e oferecidos no “pacote turístico”, como, por exemplo, cozinheiro, guia da comunidade, alimentação, llamas de carga, móveis e utensílios de cozinha (desde mesa, bancos a talheres e pratos), colchonetes etc.

Figura 4 – Infraestrutura turística de Coqueza. Fonte: Tierras Misticas Coqueza – Bolívia.

Pelo exposto, observa-se que o turismo rural comunitário encontra-se em um momento de grande valorização e destaque na Bolívia, uma vez que tem sido tratado como Plano de Estado para a geração de empregos e divisas, redução da pobreza e preservação das culturas locais e do meio ambiente. No mesmo sentido, o referido seguimento turístico no entorno do Salar de Uyuni, mais especificamente, na comunidade de Coqueza é uma prática bastante viável para os locais e que se coaduna aos interesses de um novo tipo de turista, preocupado com as questões sócio-ambientais e culturais.

Agradecimentos

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação Agropecuária (PPGCTIA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro pelo auxilio financeiro. À Ana Paula Pereira Quintana e ao Prof. Gabriel Mamed pelas revisões em inglês e português, respectivamente.

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Referências bibliográficas

BARTHOLO, R.; SANZOLO, D. G.; BURSZTYN, I. (Orgs.). Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem, 2009.

BOLIVIA. Ley General de Turismo Bolivia te espera, nº 292/2012.

________. Programa Nacional de Turismo Comunitario (BO-L1039), 2010.

________. Plan Nacional de Turismo 2006-2011, Hacia la construcción de un turismo sostenible de base comunitaria. Ministerio de Producción y Microempresa (mpm), La Paz-Bolivia, 2006.

CRUZ, R. C. A. Turismo, Produção do Espaço e Desenvolvimento Desigual. In: BARTHOLO, R.; SANZOLO, D. G.; BURSZTYN, I. (Orgs.). Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem, 2009. p. 92-107.

MIELKE, E. J. C. Desenvolvimento Turístico de Base Comunitária. Campinas-SP: Editora Alínea, 2009.

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USO PÚBLICO NAS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL- MS: UM POTENCIAL POUCO EXPLORADO

ANGELA PELLIN55; VICTOR EDUARDO LIMA RANIERI56

Abstract

The establishment of private protected areas has rapidly increased around the world. Brazil has also presenting a great increased, and MatoGrosso do Sul – MS is the second state with the largest area protected by Private Reserves of Natural Heritage (PNHRs). The aim of this study was to analyze the insertion of public use in the PNHRs of the Mato Grosso do Sul, evaluating owners' interest in conducting ecological tourism, recreation and environmental education, as well as the implementation of such activities. To this end, people responsible for 34 PNHRs were interviewed between March/2008 and March/2009. The results show that a great part of these areas has the potential to carry out public use, and several owners have interest, but only a few of them have developed these activities, which is discussed throughout this paper.

Palavras-chave: Reservas Privadas, Turismo, Educação ambiental

Key Words: Private Reserves, Tourism , Environmental Education

Introdução

A criação voluntária de áreas protegidas privadas é, cada vez mais, reconhecida como uma importante estratégia para conservação da biodiversidade (ALDERMAN, 1994; LANGHOLZ, 1996; LANGHOLZ; LASSOIE, 2001). Isso tem ocorrido principalmente pela sua rápida expansão ao redor do mundo (LANGHOLZ; LASSOIE, 2001), pela inexistência de áreas públicas em número e área suficientes para garantir a conservação da biodiversidade (TERBORGH; VAN SCHAIK, 2002) e por diversos países contarem com a maioria do seu território formado por propriedades particulares (ENVIRONMENTAL LAW INSTITUTE, 2003).

As Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs surgiram no Brasil na década de 1990, a partir da promulgação do Decreto 98.914/1990, e com a aprovação da Lei 9985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, foram elevadas ao status de unidades de conservação - UCs. Nessas áreas está prevista a realização de atividades que visem a sua conservação, bem como a pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais (Lei 9.985/2000).

55

Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ e Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade – ESCAS. Rodovia Dom Pedro I, Km 47. Bairro do Moinho. Cx. Postal:47. E-mail: [email protected] 56

Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo (EESC/USP). E-mail: [email protected]

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Atualmente o país possui 1.087 RPPNs, que protegem aproximadamente 703.000 hectares, distribuídos entre todos os estados do país (CNRPPN, 2013). O estado do Mato Grosso do Sul – MS possui uma das maiores áreas protegidas por essa categoria e, no ano de 2010, contava com 36 RPPNs somando um total de 128.000 hectares.

Este trabalho foi realizado junto à proprietários e gestores de RPPNs do MS e faz uma análise sobre a inserção do uso público nessas UCs, avaliando o interesse dos proprietários na realização de turismo ecológico/recreativo e educação ambiental e a implementação de ações para essa finalidade.

Métodos

Ao todo, 38 proprietários ou gestores de RPPNs do estado57 foram convidados a participar de uma entrevista respondendo a questões sobre motivações para criação e gestão da área. Dentre os convidados, dois não tiveram interesse em participar e outros dois foram desconsiderados (um pela área ter sido desafetada posteriormente e outro por falta de informações precisas sobre a localização da RPPN). As entrevistas e visitas às áreas abrangeram um período entre março de 2008 e dezembro de 2009. As entrevistas foram realizadas com os proprietários em 67,6% dos casos e com um gestor ou funcionário da propriedade no restante.

Resultados e discussão

De acordo com as entrevistas realizadas foi possível identificar os objetivos primários e secundários que orientam a gestão das RPPNs do estado atualmente (Figura 01). Nota-se que a conservação de espécies ou ecossistemas é um objetivo primário para todas as áreas. A pesquisa científica também foi citada por todos, porém como objetivo secundário em 10 casos. Já a possibilidade de realização de educação ambiental ou turismo foi citad apor 59%e 56%dos entrevistados, mas em alguns casos aparece como objetivo secundário. Em um estudo similar, junto a 42 RPPNs de Minas Gerais, Paraíso et al. (2007) obtiveram números um pouco menores, com 45% dos proprietários de RPPNs apresentando interesse em turismo.

57

Os convites incluíram a RPPN Fazenda América, que possui uma situação incerta, pois está parcialmente sobreposta ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena e a RPPN Vista Alegre, que foi desconstituída pela Resolução 006/2008.

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Figura 01. Objetivos de manejo primários e secundários das RPPNs do MS

Pellin e Ranieri (2009), buscando entender as motivações que levaram à criação das RPPNs do MS, identificaram que uma das principais foi à conservação de espécies e ecossistemas, sendo citada em 79% dos casos. Apesar disso, as motivações econômicas também tiveram destaque, citadas por 55% dos entrevistados, mesmo que associadas à conservação ou satisfação pessoal. Motivações relacionadas à realização de turismo foram citadas, mas de forma não exclusiva, e por apenas 12% dos entrevistados (PELLIN; RANIERI, 2009). Números maiores do que os observados por Paraíso et al. (2007), onde somente 2,3% das 42 RPPNs citaram o turismo como uma motivação para sua criação.

Comparando-se as motivações e os atuais objetivos de gestão dessas áreas, nota-se que apesar do turismo ser pouco citado como uma motivação para a criação das RPPNs no estado, muitos proprietários tem interesse em realizar atividades de uso público, seja educação ambiental ou o turismo ecológico ou recreativo.

No entanto, apesar do grande número de proprietários com interesse em desenvolver atividades de uso público nas RPPNs do MS, os usos atuais destas áreas refletem uma realidade bem diferente, deixando claro que, em muitos casos, não existe uma relação direta entre os objetivos declarados e as ações concretas de gestão.

A pesquisa científica, objetivo de todas as RPPNs pesquisadas, ocorre em apenas 62% dos casos; o turismo, citado como objetivo por 56%,ocorre em 24 % dos casos; e a educação ambiental, citada como objetivo por 59%, ocorre em apenas 15% das RPPNs. É importante ressaltar que esses números não significam que essas atividades estavam ocorrendo no momento das entrevistas, mas que já ocorreram desde o reconhecimento das UCs. Vale destacar, ainda, que muitas RPPNs (38,23%) só apresentam ações relacionadas à sua proteção.

Das RPPNs que desenvolvem turismo, duas estavam com as atividades suspensas na época das entrevistas: a RPPN Fazenda Rio Negro e a RPPN Fazenda

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34

Proteger recursos culturais

Promover atividades de capacitação

Conservar beleza cênica

Conservar recursos hídricos

Turismo

Educação ambiental

Pesquisa

Conservar espécies ou ecossistemas

Primário Secundário

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da Barra. Das seis restantes, duas concentravam as atividades fora da RPPN, utilizando-a apenas eventualmente: RPPN Caiman (Refúgio Ecológico Caiman) e Santa Sophia. Assim, apenas quatro RPPNs em todo o estado desenvolviam atividades turísticas em seu interior com regularidade, são elas: a RPPN da UFMS, que apresenta parte de sua área aberta para visitação pela comunidade do entorno e alunos, possui trilhas e um lago bastante visitado para passeios e piquenique. As RPPNs Cabeceira do Prata (Rio da Prata Recanto Ecológico) e São Geraldo (Rio Sucuri), que chegam a receber mais de 20.000 visitantes anualmente cada uma, e oferecem atividades de flutuação em rios, caminhadas por trilhas, cavalgadas, entre outras; e a RPPN Buraco das Araras recebe até 7.000 visitantes anualmente que visitam a área, principalmente, para caminhar por trilhas e contemplar o seu principal atrativo, uma dolina que serve de refúgio e dormitório para centenas de araras (Figura 02).As três últimas estão localizadas na região da Serra da Bodoquena, um consolidado destino ecoturístico do país.

Figura 02. A. Vista da RPPN da UFMS, Campo Grande; B. Flutuação na RPPN São Geraldo, Bonito; C. Flutuação na RPPN Cabeceira do Prata, Jardim e; D. Vista da RPPN Buraco das Araras, Jardim.

Nota-se que o número de RPPNs abertas à visitação no MS é extremamente baixo, principalmente considerando o potencial que essas áreas apresentam para uso público, grande parte encontrando-se em muito bom estado de conservação e resguardando belezas cênicas e outros atributos que poderiam ser explorados em atividades de educação ambiental. Um resultado similar foi encontrado em Minas Gerais, onde apenas 4 RPPNs de uma amostra de 42 desenvolviam turismo (PARAÍSO et al., 2007). Já no Paraná, Cegana e Takahashi (2005) encontraram números um pouco maiores com 30% das 66 RPPNs do estado se dedicando a atividade. Os resultados de Rudzewicz (2011) confirmam que realmente o número de RPPNs que desenvolve turismo no país é muito baixo, com apenas 41 áreas dentro de um universo de 700 dedicando-se a atividade no ano de 2006.

A B

D C

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Esses resultados podem ser comparados, ainda, aos encontrados por Alderman (1994) que estudou 48 reservas privadas da América Latina e África; por Langholz (1996) que estudou 22 reservas privadas também na América Latina e África; e por Mesquita (1999), que analisou 118 reservas da América Latina (Tabela 01). Os números apresentados pelos estudos demonstram que o percentual de reservas que contam com visitação na América Latina e África é bem maior do que o apresentado pelos estudos realizados exclusivamente no Brasil.

Tabela 01. Comparação das atividades desenvolvidas nas reservas privadas nos estudos de Alderman (1994), Langholz (1996), Mesquita (1999) e no presente estudo. As porcentagens são referentes ao total de reservas que apresentavam a atividade.

Atividade Alderman Langholz Mesquita MS

N0 % N0 % N0 % N0 %

Visitação 41 85,4 13 59,1 70 59,3 8 24 Agropecuária 13 27,1 3 13,6 51 43,2 - 0 Pesquisa 23 47,9 15 68,2 68 57,6 21 62 Educação ambiental 7 14,6 19 86,4 71 60,2 5 15 Apenas conservação - - - - - - 13 38

Já com relação à educação ambiental, as RPPNs do Mato Grosso do Sul obtiveram um resultado semelhante ao de Alderman (1994), mas ambos estão muito abaixo aos encontrados por Mesquita (1999) e Langholz (1996), e mesmo aos obtidos por Cegana e Takahashi (2005), que identificaram ações de educação ambiental em 50% das RPPNs do Paraná.

O levantamento das infraestruturas no interior das RPPNs revelou que, quando existem, são geralmente simples, e de apoio ao turismo e pesquisa, como trilhas em 21% dos casos e decks, em 12%. Estruturas mais elaboradas como receptivos (21%), pousadas/alojamentos (26%) e centro de educação ambiental (3%) estão localizadas fora dos limites das RPPNs, mas servem de apoio a estas.

Mas, se já existe certo grau de motivação na maioria dos proprietários para o desenvolvimento de turismo e educação ambiental, o que é comprovado pelos objetivos primários ou secundários expostos pelos entrevistados, o que falta para que mais RPPNs desenvolvam essas atividades?

Em parte, isso é respondido pela avaliação geral do manejo dessas áreas, realizado por Pellin (2010), que demonstrou que existem algumas deficiências no planejamento e na implementação destas UCs, que dificultam o alcance dos objetivos dessas áreas. Outro aspecto relevante, e que tem influência sobre o primeiro, é o perfil dos proprietários de RPPNs no estado que, segundo Pellin (2010), é composto predominantemente por pessoas físicas (61%), com muitos deles se dedicando a outras atividades nas propriedades que possuem RPPNs, sendo elas: a pecuária (64%), a agricultura (11%) e o turismo (8%).

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Desta forma, é preciso considerar que os proprietários de RPPNs do estado, em sua maioria, são proprietários rurais, e não possuem vasto conhecimento sobre gestão de áreas protegidas ou de uso público. Apesar do desejo de desenvolver a atividade, apresentado por vários, existem dificuldades na identificação dos reais potenciais de uso público dessas UCs e no delineamento de estratégias claras para implementação de projetos dessa natureza.

Ao analisar 14 RPPNs que desenvolvem turismo no Brasil, Rudzewics (2011) notou que é comum, entre elas, a busca por cooperação com o setor público para planejar e implementar o turismo ou para capacitação. A autora também percebeu que as reservas com maior fluxos de visitantes estão próximas de importantes destinos turísticos, contando com facilidades de acesso e infraestrutura, o que as tornam um complemento à oferta turística regional, aspecto que também foi observado no MS, onde as RPPNs localizadas na região da Serra da Bodoquena apresentam maiores facilidades para implementação do turismo.

Os benefícios associados à existência de bons programas de uso público, sejam em áreas públicas ou privadas, são inúmeros. No caso do MS, a existência de programas de uso público de qualidade em RPPNs traria benefícios ainda maiores, visto que o estado não conta com uma grande rede de UCs públicas preparadas para receber visitantes. Adicionalmente, estes programas poderiam servir como fonte de renda para a UC, auxiliando na sua proteção e manejo, contribuindo, assim, para a sua sustentabilidade financeira. Isso seria bastante relevante, considerando que 91% destas áreas são mantidas com recursos particulares dos seus proprietários (PELLIN, 2010). No entanto, o estabelecimento desses programas exige o reconhecimento, por parte dos proprietários, dos potenciais de uso público dessas áreas e dos benefícios que serão gerados por essas ações, o que necessita de um trabalho de esclarecimento e sensibilização junto a este grupo.

A capacitação de muitos proprietários de RPPNs do estado em temas relacionados à gestão de RPPNs e, especificamente, em questões relacionadas ao uso público também seria bastante desejável, bem como um programa de assistência técnica que os apoiasse em fases iniciais de implantação da atividade. Estes proprietários também precisam estar preparados para realizar investimentos em diagnóstico, planejamento, implantação de infraestrutura, ações de capacitação, etc. voltados para uso público nessas UCs, fundamental para minimizar os riscos, analisar os impactos e potencializar os benefícios esperados pela atividade.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil.

Referências bibliográficas

ALDERMAN, C. L. The economics and the role of privately-owned lands used for nature tourism, education and conservation. In: Munasinghe, M; Mcneely, J. (eds.)

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Protected areas, economic and policy:linking conservation and sustainable development.World Bank/IUCN. 1994. p. 273-317.

CEGANA, A.C.; TAKAHASHI L.Y. Situação atual do planejamento e uso público das Reservas Particulares do Patrimônio Natural no Estado do Paraná. Natureza & Conservação, v. 3, n.1, 2005. p. 83-92.

CNRPPN – Confederação Nacional de RPPNs. Cadastro Nacional de RPPNs.Disponível em: < http://www.reservasparticulares.org.br/> Acesso em: 30/04/2013.

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LANGHOLZ, J. Economics, objectives and success of private nature reserves in Sub-Saharan África and Latin América. Conservation Biology. 10 (1): 1996. p. 271-280.

LANGHOLZ, J.; LASSOIE, J. Perils and promise of privately owned protected areas.BioScience. 51 (12): 2001. p. 1079-1085.

MESQUITA, C. A. B. Caracterización de las Reservas Naturales Privadas em América Latina. Dissertação. 1999. 120 f. (Mestrado em Ensino para o Desenvolvimento e Conservação). Centro Agronômico Tropical de Investigación y Enseñanza. Turrialba. Costa Rica. 1999.

PARAÍSO, LB; MORAES, MT; DOMINGOS, MC.A atividade turística na gestão de RPPN.Ciência&Conhecimento. BH, v. 3, n.10, 2007. p. 191-229.

PELLIN, A. Avaliação dos aspectos relacionados à criação e manejo de Reservas Particulares do Patrimônio Natural no Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. 2010. 243 f. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2010.

PELLIN, A.; RANIERI, V. E. L. Motivações para o estabelecimento de RPPNs e análise dos incentivos para sua criação e gestão no Mato Grosso do Sul. Natureza & Conservação. Vol. 7. N.2. 2009. p. 72-81.

RUDZEWICZ, L. Insercióndel ecoturismo enlasReservas Particulares delPatrimonioNatural de Brasil. Revista Parques. N.3, 2011.

TERBORGH; J.; VAN SCHAIK, C. Por que o mundo necessita de parques. In: Terborgh, J. et al. (org). Tornando os parques eficientes: estratégias para a conservação da natureza nos trópicos. Curitiba: UFPR; Fundação O Boticário, 2002. p. 25-36.

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USO PÚBLICO NA RESERVA BIOLÓGICA Estadual DA Praia do Sul ILHA GRANDE/RJ58

DEISE CRISTINA LEAL CORREA DE SÁ E BENEVIDES1

Abstract

The National System of Conservation Units (SNUG, 2000) is clear when determining the objectives of each category of conservation unit, and biological reserves the more restrictive category, belonging to the group of full protection. The State Biological Reserve of South Beach (BRSB), located on the Big Island, in the municipality of Angra dos Reis, State of Rio de Janeiro was established in 1981 by Executive Order 4.972 of the reservation population inhabits caiçara Adventurer for over 200 years. This population was maintained throughout these years through agriculture, hunting and fishing for subsistence, but in the last 30 years the production scenario has changed and tourism has become the main source of income of this community.

Palavras-chave: unidades de conservação, população tradicional e turismo.

Keywords: protected areas, traditional population and tourism.

Introdução

A praia do Aventureiro se encontra na vertente sul da Ilha Grande - Angra dos Reis / Rio de Janeiro, com 800 m de extensão e abriga 43 casas com 85 moradores. A população lá existente provavelmente é descendente da antiga capitania hereditária que correspondia a aquela faixa de terra, por volta do ano de 1600. Fazendas foram se instalando na Ilha Grande, os escravos abriram caminhos na floresta densa e em seguida construíram enormes fazendas utilizando pedra, areia e gordura de baleia, estruturas muito resistentes que ainda guardam parte da história em ruínas. No local habitavam índios e estudos feitos pelo Museu Nacional comprovaram a presença de tribos indígenas há 3000 anos, devido a presença de sambaquis e amolares feitos nas rochas.

A miscigenação entre índios tupinambás, escravos e colonizadores, deu origem a uma das vilas de pescadores caiçaras mais antigas do estado do Rio de Janeiro, o povo do Aventureiro (VILAÇA, et al 2006).

Esses caiçaras até os anos de 1990 aproximadamente viviam da mesma forma de seus antepassados, praticando agricultura de subsistência, pesca artesanal, caça, criação de animais domésticos. Iam ao continente em canoas de remo e levavam cerca de 9 horas no percurso até Angra dos Reis.

Entre as décadas de 1970 e 1980 foram criadas a maioria das unidades de 58

Bióloga pela UFRJ e especialista em gestão de áreas naturais públicas. Trabalhou na gestão da Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul e do Parque Estadual Marinho do Aventureiro. Atualmente está como consultora para gestão de UC públicas e privadas, com ênfase no uso público. [email protected]

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conservação do País, por consequência da Revolução Industrial, que estimulou muita devastação nas matas brasileiras. Tal justificativa era tão coerente que a comunidade presente na praia do Aventureiro não era motivo suficiente para que uma reserva biológica não fosse criada sobreposta à vila de pescadores. A criação da RBPS instituída pelo Decreto Estadual 4.972 (1981) não teve considerações mínimas ao impor para os caiçaras que as terras utilizadas há 400 anos nos cultivos de subsistência das famílias, extração de madeira para construção de casas e canoas, seriam de tutela do Órgão Estadual e não poderia mais ser tratadas daquela forma e foi determinada a restrição total ao uso da terra.

Em 1994 com a implosão do Instituto Penal Cândido Mendes, o turismo começou a se intensificar na Ilha Grande e se tornou a melhor alternativa para a população da praia do Aventureiro que desde a criação da reserva tiveram suas atividades sustentáveis consideradas ilegais (COSTA, 2004) e sobreviveram graças às atividades pesqueiras (na quais homens embarcam em traineiras durante meses e navegavam pela costa brasileira na busca de pescado).

Os quintais das casas que serviam para a criação de animais e secagem de grãos se tornaram área de camping. Como as pessoas da praia do Aventureiro, em sua maioria, possuem baixo nível de escolaridade, pouco valor em dinheiro era o suficiente para os turistas passarem suas férias, no paraíso ecológico que é a enorme enseada onde se encontra a praia do Aventureiro.

Com o passar dos anos, as atividades agrícolas foram reduzidas e a floresta tomou o lugar das antigas roças, o turismo de camping mesmo considerado de baixa renda, proporcionou aos moradores melhor qualidade de vida, possibilitando a aquisição de embarcações com motor, geradores de luz elétrica, televisões, móveis e aplicações de benfeitorias em suas casas, como a substituição do telhado de sapê por telhas, revestimento de cimento das casas feitas de barro e madeira, construção de banheiros (que não eram utilizados), saúde e inúmeras melhorias que os fizeram sentir cidadãos mais dignos e conscientes.

O turismo na praia do Aventureiro foi crescendo e nos anos de 1998 a 2005, aconteceu o que se pode chamar de explosão demográfica, causada pelo turismo durante os verões, gerando insuficiência no abastecimento rústico de água, extravazamento das fossas, aparecimento de “línguas negras” na areia da praia (esgoto a céu aberto), acúmulo de lixo, acampamentos irregulares (fora dos quintais) e v|rios problemas gerados pelo turismo “insustent|vel”.

Em 2006 essa situação acarretou numa ação governamental de âmbito conservacionista, proibindo o acesso de turistas à praia do Aventureiro. O fato gerou comoção geral da população, que há 30 anos sofria por ser enquadrada dentro da ilegalidade, habitando numa reserva biológica e após a proibição da exploração das atividades turísticas se sentiram altamente lesados e impedidos de gerar o sustento de suas famílias.

O presente artigo tem como proposta central demonstrar como a população caiçara do Aventureiro conseguiu administrar e controlar o fluxo de turistas. Baseado num plano de carga e respaldado judicialmente por um Termo de

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Compromisso.

Métodos

Em vista do histórico da RBPS, que não possui Plano de Manejo, nem Conselho Consultivo, a comunidade do Aventureiro instruída por consultorias, fortaleceu a Associação de Moradores do Aventureiro (AMA), que buscou o apoio do Ministério Público Estadual. Passando a ter um importante papel institucional de negociações com o poder público.

A metodologia para a defesa da continuidade da exploração das atividades turísticas foi desenvolver um plano de carga para o local, computando a quantidade de fossas, banheiros, área dos campings (quintais) e casas de veraneio.

Levantamentos socioambientais da população foram redigidos e apresentados ao MP, demonstrando traços culturais, as fortes interações da comunidade com o meio ambiente e a capacidade de sustentabilidade relacionada ao ecoturismo.

Foram feitos cálculos para descobrir a capacidade de cada um dos 18 campings, levando em conta o número de chuveiros e vasos sanitários (banheiro) disponíveis e a extensão da faixa de areia:

-Calculando o máximo de 15 pessoas por banheiro;

-Dividindo o comprimento de 800m de extensão da praia por 1,8m de área por indivíduo;

-Calculando a média aritmética dos dois valores supracitados;

-Somando ao contingente de moradores;

Posteriormente, baseados nos levantamentos e na capacidade de carga, foi construído um molde turístico com logística adequada, objetivando o controle do fluxo de pessoas ao local e o cadastro de cada turista.

O apoio da infraestrutura da Fundação de Turismo de Angra dos Reis (TURISANGRA) foi e vem sendo fundamental na disponibilização da Central de Informações Turísticas de Angra dos Reis para a realização do pré-cadastro do visitante, na impressão de valchers e informativos e na confecção de pulseiras plásticas.

Os valchers são preenchidos em duas etapas, a primeira em Angra dos Reis, na Central de Informações Turísticas de Angra dos Reis, onde apenas o nome, os números de identificação pessoal (RG, CPF) e data de chegada serão preenchidos.

As pulseiras são entregues no ato do cadastro, pelos funcionários da TURISANGRA e da AMA, desta forma identificando o turista cadastrado no sistema.

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A segunda etapa será feita na Central de Recepção ao Turista na praia do Aventureiro, após a chegada, onde as lacunas sobre qual a hospedagem e o tempo de permanência serão preenchidas por funcionários da AMA, que também realizam a função de receber os turistas, os encaminhar aos campings, realizando a cobrança de diárias com preços tabelados e distribuindo a renda entre os donos dos campings.

Da receita gerada com as diárias de campings, quartos e casas de aluguel, taxas de não menos que 20% de cada diária são transferidas para a AMA, a fim de realizar o pagamento dos agentes envolvidos e patrocinar ações de conservação e de melhorias no local.

Resultados e discussão

Entre os anos de 2000 e 2006, o conflito a respeito do uso do território da praia do Aventureiro passou para o campo jurídico, culminando com a proibição total dos campings no local. A partir daí, a AMA passa a ter um importante papel nas negociações com o poder público. O Ministério Público Estadual instaura um inquérito civil público em 2006 (INQUÉRITO CIVIL nº 581/06) demandando a permanência da população na praia do Aventureiro e a recategorização da RBPS em outra tipologia de unidade de conservação compatível com a presença dos moradores. As identidades atribuídas como “tradicional” e “caiçara”, dessa vez são utilizadas na defesa dos moradores, se observarmos as atas de reunião do Ministério Público Estadual, em que estas identidades são amplamente utilizadas na defesa da permanência dos moradores, retificando, portanto e constituindo um vocabulário comum para as negociações (COSTA, 2004).

A entrada do MP se insere também na dinâmica tutelar, como podemos observar, nos próprios termos de fundamentação do inquérito em que o Ministério Público assume o papel de mediador autorizado e legítimo para tutelar os interesses dos moradores, que s~o definidos como “comunidade caiçara”. Após a instauração do Inquérito Civil, com finalidade de tutelar os direitos da comunidade caiçara da praia do Aventureiro, haja vista a existência de processo de desafetação da praia do Aventureiro dos limites da RBPS, bem como para, ao mesmo tempo, fazer o Poder Público instituir outra unidade de conservação, na mesma área, com a finalidade de garantir a permanência da comunidade no local, que tradicionalmente habitam e dessa forma garantir meios para a subsistência da comunidade através do desenvolvimento sustentável com a preservação do meio ambiente (COSTA, 2004).

Os resultados gerados dos cálculos da capacidade de carga são: de acordo com a quantidade de banheiros o número é de 495 pessoas, de acordo com o cálculo de distribuição no comprimento da praia o número é de 445 pessoas, o cálculo da média aritmética dos valores supracitados, o número é de 470 pessoas, somando com a quantidade de moradores (85), a capacidade de carga é de 560 ao dia. Esses resultados se mostraram ideais ao longo de sete anos de funcionamento, n~o sendo mais observadas as “línguas negras”, nem o transbordamento de fossas.

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Conforme Costa (et al, 2009) três elementos diferenciam o turismo do Aventureiro das demais praias da ilha: a inexistência da intensa especulação imobili|ria; o perfil do turista, os “mochileiros”, o que n~o demanda grandes investimentos nos empreendimentos turísticos; e o turismo, caracterizado como de base comunitária, pois sua gestão se concentra nas mãos da própria população local, se caracterizando por um trabalho de base familiar. O público frequentador mudou muito a partir da organização do turismo no Aventureiro, concentrando mais renda. Conforme Wunder (2006, p. 171) não há dúvidas que a renda com o turismo tenha tido “um impacto revolucion|rio na economia local”.

O controle do fluxo de turistas continua ocorrendo, com atuação preferencial nos feriados e no verão, isso ocorre provavelmente pelo motivo do difícil acesso, uma viagem de aproximadamente 100 km no mar, em que muitas vezes não é possível a navegação, devido a grande instabilidade marinha daquela região.

Atualmente está em tramitação na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro o projeto de lei que propõe a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Aventureiro, englobando 3% da área original da RBPS. Essa possibilidade de um novo modelo de gestão do território com a criação da RDS, categoria que, conforme disposto no SNUC (BRASIL, 2000), deve ser gerida por um conselho deliberativo composto pelo órgão responsável por sua administração, além dos representantes de órgãos públicos, sociedade civil e das populações residentes na área. A partir de então, o turismo passaria a ser considerado como atividade “legal”, com as regras criadas pelo conselho o que representaria novas possibilidades.

As novas possibilidades que surgem com a RDS do Aventureiro podem ser equacionadas com a legalidade do ecoturismo e sua diversidade e qualificação; a possibilidade de novas alternativas produtivas e econômicas; o fortalecimento comunitário motivado pela gestão do território; a manutenção dos moradores e das gerações futuras no local; e apropriação da cadeia produtiva ligada ao turismo ou alternativas econômicas. Ou seja, depois de tantos anos sob a tutela do Estado, vivendo com a impossibilidade de pescar, plantar e explorar o turismo, vivendo muitas vezes na “ilegalidade” e sob severas condições de vida (sem energia elétrica, esgoto, comunicação e transporte), atualmente está sendo descortinada, através da formação do conselho deliberativo, a possibilidade de inserção destes moradores no processo de decisão da comunidade, um sistema de emancipação social onde a própria comunidade tem condições de decidir em conjunto o seu futuro.

A atividade turística no Aventureiro pode ser considerada como um instrumento de viabilização econômica da área protegida, que possibilita a arrecadação de recursos para investimentos em sua conservação, bem como de conscientização ambiental de comunidades locais e de turistas que as visitam. Para que possa, no entanto, cumprir este papel, o turismo precisa ser organizado, demandando um estudo detalhado da área, o estabelecimento de um zoneamento definindo a vocação de cada espaço, delimitando onde devem ser concentrados os impactos e onde devem ser dispersados, proporcionando a instalação de

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infraestruturas adequadas e a capacitação de recursos humanos. Aliás, um aspecto importante das premissas do ecoturismo é o envolvimento destas comunidades nos ganhos da atividade. O planejamento das áreas deve também contar com a sua participação e levar em consideração o respeito pela cultura local.

Referências biblográficas

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WUNDER, S.. Modelos de Turismo, florestas e rendas locais. In: PRADO, R. (org.). Ilha Grande: do sambaqui ao turismo. Rio de Janeiro: Garamond/EDUERJ, 2006. p. 133-190.

RIO DE JANEIRO. Decreto Estadual nº 4.972/81. Cria a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/legislacao/docs/4972.doc >. Acesso em: 21 set. 2010.

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TUTELA COLETIVA - NÚCLEO ANGRA DOS REIS. De 29 de agosto de 2006. Angra dos Reis, Rio de Janeiro, 29 ago. 2006.

BRASIL. 2000. Lei N º. 9.985, de 18 de julho de 2000, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

COSTA, Gustavo Villela Lima. A população do Aventureiro e a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul: conflitos e disputas sob tutela ambiental. Dissertação de mestrado: Rio de Janeiro: UFRRJ/Museu Nacional/Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, 2004.

COSTA, Gustavo V. L. da; CATÃO, Helena.; PRADO, Roane M. Praia do Aventureiro: um caso sui generis de gestão local do turismo In: BARTHOLO, Roberto; SANSOLO, Davis G.; BURSZTYN, Ivan (orgs). Turismo de base comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras– Rio de Janeiro: Letra e Imagem, 2009. p. 177-197.

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COMITÊ TÉCNICO CIENTÍFICO

M. Sc. Alexandre Lorenzetto – Instituto Terra de Preservação Ambiental - RJ

M. Sc. Aline Patrícia Henz - Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de

Apucarana – FECEA/PR

Esp. Ana Carolina Seixas Nascimento – Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso

do Sul - IMASUL

Dr. André Luiz Pinto - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Dr. André Marcondes Andrade Toledo - Universidade Federal de Mato Grosso -

UFMT

Drª Caroline Pauletto Spanhol - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul -

UFMS

Dr. Claudio Alexandre Souza - Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE

Dr. Domingos Sávio Barbosa - Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT

Drª Edima Aranha Silva - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Dr. Edvaldo Cesar Moretti - Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD

M. Sc. Elaine Aparecida C. dos Anjos - Universidade Católica Dom Bosco - UCDB

M. Sc. Fábio Orlando Eichenberg - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul -

UEMS

M. Sc. Fátima A. Sonoda - Secretaria de Estado do Desenvolvimento do Turismo de

Mato Grosso- SEDTUR

M. Sc. Fernando Protti Bueno– Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita

Filho” - UNESP

M. Sc. Flávia Neri de Moura - Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul -

IMASUL

Drª Gislaine de Fátima Filla – Instituto Federal do Paraná

Drª Glaucia Helena Fernandes Seixas – Fundação Neotrópica do Brasil

Dr. José Sabino - Universidade Anhanguera – Uniderp - MS

M. Sc. Kwok Chiu Cheung – Universidade Católica Dom Bosco - UCDB

Drª Kátia Curi - Universidade Estadual Paulista – UNESP

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M. Sc. Marja Zattoni Milano – Fundação Neotrópica do Brasil

Drª Maria Ines Pagani - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”-

UNESP

M. Sc. Maria Silvia Peixoto Gervásio - Verde Ambiental Consultoria e Projetos Ltda

Drª Neiva Maria Robaldo Guedes - Universidade Anhanguera Uniderp e Instituto

Arara Azul

Dr. Normandes Matos da Silva - Universidade Federal de Mato GrossoNoslin de

Paula Almeida – UFMT

Dr. Noslin de Paula Almeida – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

M. Sc. Patricia Cristina Statella Martins - Universidade Estadual de Mato Grosso do

Sul - UEMS

Dr. Paulino Barroso Medina Júnior - Universidade Federal da Grande Dourados -

UFGD

Dr. Paulo dos Santos Pires – Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI

M. Sc. Priscila Varges da Silva - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Dr. Sandro Menezes Silva - Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD

Drª Teresa Cristina Magro - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz -

Universidade de São Paulo

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TRABALHOS PREMIADOS COM MENÇÃO HONROSA

CAMA E CAFÉ MULHERES DE PEDRA: UMA PROPOSTA PARA DESENVOLVIMENTO

DE TURISMO DE BASE LOCAL

LEANDRO DE ARAÚJO DIAS E STELLA MAGALY DE ANDRADE SOUSA

O PAPEL DO TURISMO DE CONSERVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE NOVOS VALORES

AMBIENTAIS EM PROJETOS DE PESQUISA

OLDEMAR CARVALHO JUNIOR, ANDERSON SOUZA, ALESANDRA BEZ-BIROLO E

GABRIELA GALASTRI

TRILHA TRANSCARIOCA

CAMILA LINHARES DE REZENDE, PEDRO DE CASTRO DA CUNHA E MENEZES,

CELSO JUNIUS SANTOS, ALEXANDRE MARAU PEDROSO, ERNESTO VIVEIROS DE

CASTRO E CLAUDIA MAGNANINI

COMISSÃO AVALIADORA DOS TRABALHOS

Dr. Afrânio José Soreano Soares – Univerdidade Estadual de Mato Grosso do Sul -

UEMS

M. Sc. Flávia Neri de Moura - Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul -

IMASUL

Dr. Paulino Barroso Medina Júnior - Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD

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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

6. Moções aprovadas pela plenária

No encerramento do III Congresso seis moções foram aprovadas pela

plenária seis moções, as quais serão encaminhadas aos órgãos competentes. São

elas:

6.1

SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES

COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –

CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE:

Moção contra a resolução CONAMA N °457, DE 25 DE JUNHO DE 2013

que permite a junta doméstica de animais silvestres.

Os participantes do III Conatus repudiam veemente esta resolução por

desobrigar o Estado de uma função sobre a qual tem toda a responsabilidade

civil e ética, e que claramente incentiva o tráfico e aprisionamento de animais

silvestres.

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6.2

SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES

COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –

CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE:

Nós, participantes do III CONATUS, solicitamos ao ICMBio, Governo

Estadual e Municipal, que integrem esforços para urgente destinação de

recursos para reforçar a proteção e implantação de pelo menos quatro circuitos

de uso publico no Parque Nacional da Serra da Bodoquena, contemplando o

transporte publico e a visitação de cavernas, cachoeiras, trilhas e mirantes,

buscando parcerias com as comunidades locais, seja junto ao trade turístico de

Bonito, seja junto às comunidades tradicionais do entorno, buscando sempre a

valorização da historia e integração com a cultura local.

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6.3

SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES

COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –

CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE:

A Estrada Boiadeira é um lugar lindo que possui uma grande

relevância histórica para o município de Bonito-MS. Utilizada para o transporte

de pessoas desde muito tempo, local onde se pode observar uma amostra

significativa da biodiversidade da região. Reivindicamos que a Estrada

Boiadeira seja revitalizada, sinalizada para o uso público e tombada como

patrimônio histórico municipal.

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6.4

SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES

COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –

CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE:

Diante do exposto no III Conatus sobre o avanço da soja no entorno do

Parque Nacional da Serra da Bodoquena e Pantanal, solicitamos que sejam

realizados e apresentados, pela SEMA/MS, os estudos e resultados da avaliação

de impacto ambiental causado pela produção de soja na região de Bonito,

Bodoquena, Miranda e Pantanal, bem como os respectivos licenciamentos

emitidos e condicionantes, em audiência publica.

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6.5

SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES

COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –

CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE.

Reivindicamos a adoção de medidas de prevenção de atropelamentos

de animais silvestres nas rodovias que ligam Bonito, Campo Grande,

Bodoquena e o Pantanal: BR 060, BR 262, MS 383, MS 178 e MS 339.

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6.6

SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES

COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –

CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE:

Solicitamos a abertura do circuito de mergulho em cavernas do

Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Com isso o parque será pioneiro da

atividade no País, vai abrir a visitação solidificando o próprio parque,

promoverá a preservação e estudo, gerando receitas e conhecimento. O

município receberá um incremento de visitação nacional e internacional. E o

mergulhador de cavernas brasileiras poderá finalmente conhecer as cavidades

do País.

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