modelo trabalho de iniciação científica (tic) · suframa – superintendência da zona franca de...

62
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ GIOVANA FLACH Trabalho de Iniciação Científica A SISTEMÁTICA DA IMPORTAÇÃO DE VINHO FINO DE MESA PROVENIENTE DO CHILE: UM ESTUDO DE CASO EM UM DESPACHANTE ADUANEIRO ITAJAÍ 2015

Upload: others

Post on 14-Dec-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

GIOVANA FLACH

Trabalho de Iniciação Científica A SISTEMÁTICA DA IMPORTAÇÃO DE

VINHO FINO DE MESA PROVENIENTE DO CHILE: UM ESTUDO DE CASO EM UM

DESPACHANTE ADUANEIRO

ITAJAÍ 2015

Page 2: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

GIOVANA FLACH

Trabalho de Iniciação Científica A SISTEMÁTICA DA IMPORTAÇÃO DE

VINHO FINO DE MESA PROVENIENTE DO CHILE: UM ESTUDO DE CASO EM UM

DESPACHANTE ADUANEIRO

Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: Prof. MSc. Júlio César Schmitt Neto

ITAJAÍ 2015

Page 3: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

Agradeço a Deus que é de verdade e de todo coração, o meu tudo.

À minha família, e principalmente a minha amada e incansável mãe, aos

amigos que torcem por mim e ao meu orientador Prof. MSc. Júlio

César Schmitt Neto por toda compreensão, paciência e apoio que

sem dúvida, fazem parte dos principais motivos que me fizeram

chegar até o final desta etapa.

Page 4: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

“Só se pode alcançar um grande

êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmo” (Friedrich Nietzsche)

Page 5: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário Giovana Flach b) Área de estágio Sistemática de Comércio Exterior (Importação) c) Orientador de conteúdo Prof. MSc. Julio Cesar Schmitt Neto d) Responsável pelo Estágio Profª. MSc. Natalí Nascimento

Page 6: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

RESUMO

Em um mundo em que os países necessitam aliançarem-se cada vez mais para competirem frente ao ambiente que se formou no comércio internacional, fortalecer as relações comerciais se torna demasiadamente relevante. O Brasil e Chile buscam estreitar essa relação se unindo cada vez mais através da diminuição das barreiras entre eles, principalmente em relação aos acordos firmados a fim de se beneficiarem. A importação, pode ser compreendida em todo este contexto como fator essencial no campo do comércio internacional e dos relacionamentos bilaterais, diversificando amplamente os mercados. Este Trabalho de Iniciação Científica tem como objetivo principal apresentar a sistemática de importação de vinho proveniente do Chile, através de um estudo de caso em um despachante aduaneiro, e para tanto foi demonstrado o mercado chileno e sua relação comercial com o Brasil observando o movimento econômico e os benefícios firmados entre eles, o tratamento administrativo o qual o vinho fino de mesa vindo do Chile está sujeito e um roteiro do processo de importação de vinhos do Chile, marítimo, por meio de um estudo de caso em um despachante aduaneiro, realizado através de etapas identificando suas particularidades. Foi utilizado como metodologia para alcançar o resultado deste trabalho o método qualitativo, apresentando e interpretando os dados coletados. Quanto ao meio foi adotada a forma bibliográfica, utilizando-se de diversas contribuições para compor o trabalho. E quanto aos fins utilizados, a pesquisa enquadrou-se como descritiva trazendo as características mais significativas a fim de estabelecer relações entre elas, classificando-se também como um estudo de caso. Contudo, a pesquisa pôde demonstrar com gráficos e tabelas a relação comercial dos países em questão, conhecer através de leis, instruções normativas e decretos, o tratamento administrativo envolvido, e com etapas inteirar-se do roteiro desta importação. A partir dos resultados obtidos, foram aprofundados os conhecimentos acerca das relações comerciais e econômicas que envolvem essas nações e possibilitou, principalmente, adquirir maior domínio sobre esta operação. Palavras-chave: Sistemática da Importação de Vinho. Relações Comerciais. Brasil. Chile.

Page 7: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

LISTAS DE TABELAS

Figura 1 – Comércio Bilateral Total Brasil – Chile 30

Figura 2 – Direção das Exportações Chilenas – 2013 31

Figura 3 – Direção das Exportações Chilenas – 2014 31

Figura 4 – Origem das Importações Chilenas – 2013 32

Figura 5 – Origem das Importações Chilenas – 2014 33

Figura 6 – Composição das Importações Brasileiras 33

Figura 7 – Principais grupos de produtos importados pelo Brasil em 2015 34

Figura 8 – Principais produtos agrícolas importados pelo Brasil do Chile 34

Figura 9 – Nomenclatura Tarifária Nacional NCM 2204 36

Figura 10 – Relação dos bens sujeitos a Licença/proibição na Importação 37

Figura 11 – Classificação Fiscal do Vinho 37

Figura 12 – Classificação IPI - classes por capacidade (ml) do recipiente 38

Tabela 1 – Classificação IPI – classes em R$ 39

Page 8: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

7

LISTA DE SIGLAS

ABBA – Associação Brasileira dos Importadores e Exportadores de Bebidas e

Alimentos

ACE – Acordo de Complementação Econômica

ALADI – Associação Latino-Americana de Integração

ALF – Alfândegas

BACEN – Banco Central do Brasil

B/L – Bill of Lading

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CI – Comprovante de Importação

CMN – Conselho Monetário Nacional

CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CPF – Cadastro de Pessoa Física

DARE – Documento de Arrecadação de Receitas Estaduais

DEAEX – Departamento de Estatística e apoio à Exportação

DECEX – Departamento de Operações de Comércio Exterior

DECOM – Departamento de Defesa Comercial

DECOE – Departamento de Competitividade no Comércio Exterior

DEINT – Departamento de Negociações Internacionais

DI – Declaração de Importação

DTA – Declaração de Trânsito Aduaneiro

DTC – Declaração de Trânsito de Conteiner

DRF – Delegacias da Receita Federal

ICMS – Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias

II – Imposto de Importação

IN – Instrução Normativa

IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados

IRF – Inspetorias da Receita Federal

LI – Licenciamento de Importação

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Page 9: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

8

MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

MF – Ministério da Fazenda

MRE – Ministério das Relações Exteriores

NBM – Nomenclatura Brasileira de Mercadorias

NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul

OMC – Organização Mundial do Comércio

PIB – Produto Interno Bruto

PIS – Programa de Integração Social

PLMI – Protocolo de Liberação de Mercadoria Importada

Recon – Registro e Controle Cambial

RFB – Receita Federal do Brasil

SECEX – Secretaria de Comércio Exterior

SH – Sistema Harmonizado

SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior

SRFB – Secretaria da Receita Federal do Brasil

Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus

TEC – Tarifa Externa Comum

TIPI – Tabela do IPI

UF – Unidades da Federação

Page 10: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................10 1.1 Objetivo geral.......................................................................................12 1.2 Objetivos específicos...........................................................................12 1.3 Justificativa da realização do estudo...................................................12 1.4 Aspectos metodológicos......................................................................13 1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados..............................................14 2 COMÉRCIO INTERNACIONAL...............................................................15 2.1 Importação............................................................................................20 2.2 Documentos na Importação.................................................................22 2.3 Órgãos Intervenientes na Importação..................................................25 3 A SISTEMÁTICA DA IMPORTAÇÃO DE VINHOS DO CHILE................29 3.1 O mercado Chileno e sua relação comercial com o Brasil..................29 3.2 O tratamento administrativo para a importação de vinhos do Chile....35 3.3 Roteiro do processo de importação de vinhos do Chile.......................42 3.3.1 Recebimento do e-mail pré alerta........................................................42 3.3.2 Análise dos documentos......................................................................42 3.3.3 Documentos originais...........................................................................43 3.3.4 Abertura do processo...........................................................................43 3.3.5 Emissão do Licenciamento..................................................................43 3.3.6 Acompanhamento da mercadoria e solicitação de remoção...............44 3.3.7 Emissão do Conhecimento de Embarque............................................44 3.3.8 Termo de Avarias.................................................................................45 3.3.9 Lançamento CE Mercante...................................................................45 3.4 Chegada da carga................................................................................45 3.4.1 Requerimento da madeira....................................................................46 3.4.2 Vistoria do MAPA.................................................................................46 3.4.3 Pagamento do B/L...............................................................................47 3.4.4 Conferência da Declaração e autorização para registro......................48 3.4.5 Envio das amostras para o laboratório................................................48 3.4.6 Pagamento de tributos.........................................................................48 3.4.7 Parametrização....................................................................................49 3.4.8 Desembaraço.......................................................................................49 3.4.9 Emissão do Comprovante de Importação............................................50 3.5 AFRMM................................................................................................50 3.5.1 Selagem...............................................................................................50 3.5.2 Programação e carregamento.............................................................51 3.5.3 Faturamento.........................................................................................51 3.5.4 Arquivamento.......................................................................................51 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................53 REFERÊNCIAS..................................................................................................55 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS...............................................................61

Page 11: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

10

1 INTRODUÇÃO

Vive-se em um mundo altamente competitivo em todas as áreas, onde muitas

organizações e segmentos buscam por alternativas e estratégias que lhes

favoreçam diante de seus concorrentes, garantindo desta forma sua participação, e

muitas vezes, sua sobrevivência no mercado em que atuam a fim de serem

fortalecidos frente à concorrência.

A importação nos dias de hoje é de grande importância para que o comércio

internacional continue se desenvolvendo, como também é imprescindível para o

país, pois compõe a sua balança comercial ainda que se trate de saída de capital.

Porém, no entanto, também é evidente que esta prática proporciona benefícios se

tratando das relações comerciais com os países.

O Chile é visto muitas vezes como um vizinho distante do Brasil. Mas a

presença brasileira no país está crescendo, principalmente em relação ao número de

turistas brasileiros. O Chile é o segundo principal parceiro econômico do Brasil na

América do Sul por meio de negócios, ficando apenas atrás da Argentina. O país

tem adotado um desenvolvimento diferente do Brasil isso justifica ter uma das

economias mais abertas do continente. As relações entre os dois países podem vir a

aumentar à medida que investimentos brasileiros no país aumentem.

A troca de produtos, serviços e tecnologia com o exterior requer

conhecimento e, por consequência, um planejamento minucioso das ações a serem

tomadas em curto e em longo prazo e isso tem sido feito através do despacho

aduaneiro que tem o intuito de verificar a exatidão dos dados declarados pelo

exportador ou importador à mercadoria tanto exportada quanto importada, aos

documentos apresentados e à legislação vigente, tendo vista ao desembaraço. Com

base no desembaraço é autorizada a saída da mercadoria para o exterior, no caso

de exportação, ou a entrega da mercadoria ao importador, no caso de importação,

sendo uma forte base para os importadores.

Mesmo a importação sendo bem mais burocrática que a exportação, ela vem

crescendo muito, e para que possa suprir essa demanda, os despachantes

aduaneiros têm o objetivo de assessorar empresas que desejam adquirir produtos

em outros países.

Page 12: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

11

Com intuito de aumentar a variedade de produtos oferecida no ramo

alimentício e devido a isso atingir um público maior, as empresas brasileiras

buscaram em outros países produtos de qualidade diferenciada. Um desses

produtos é o vinho, sendo que os vinhos argentinos, chilenos e uruguaios são

apreciados em vários países, inclusive no Brasil.

Com isso, este trabalho tem como objetivo apresentar a sistemática da

importação de vinho finos de mesa, proveniente do Chile através do despachante

aduaneiro.

Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte maneira: o primeiro capítulo

aborda a introdução, compreendendo os objetivos, a justificativa e explica a

metodologia utilizada para elaboração do trabalho. Já o segundo capítulo abrange a

importação e seus devidos aspectos. No capítulo três, foi apresentado o mercado

chileno e sua relação comercial com o Brasil, foram relatadas também todas as

etapas, com as particularidades do produto em questão, pertinentes ao despachante

para elaboração, desenvolvimento e conclusão do processo. No capítulo quatro são

apresentadas as considerações finais do trabalho.

1.1 Objetivo geral

Apresentar a sistemática da importação de vinhos finos de mesa,

provenientes do Chile, por meio de um estudo de caso em um despachante

aduaneiro.

1.2 Objetivos específicos

Apresentar o mercado Chileno e sua balança comercial com o Brasil.

Demonstrar o tratamento administrativo aplicado na importação brasileira

de vinhos finos de mesa.

Page 13: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

12

Elaborar um roteiro do processo de importação de vinhos finos de mesa,

marítimo, provenientes do Chile através do despachante aduaneiro.

1.3 Justificativa da realização do estudo

Em virtude da burocracia existente em um processo de importação, esta

pesquisa aprofunda o conhecimento sobre as particularidades dos procedimentos

necessários ao realizar uma importação de vinhos finos de mesa, provenientes do

Chile, por meio do despachante aduaneiro.

O presente trabalho tem como propósito, para a acadêmica, ampliar a visão

sobre o mercado chileno e suas relações comerciais com o Brasil como também

atribuir mais conhecimento técnico do produto e ter o conhecimento da prática de um

despachante aduaneiro.

Para a sociedade o trabalho é relevante pois demonstra de forma clara toda a

sistemática de importação do produto, servindo assim, de material para todas as

pessoas do ramo ou não.

O mesmo proporcionará à Universidade uma fonte de pesquisa em que os

acadêmicos poderão desenvolver trabalhos baseados no tema em questão, pois há

poucos trabalhos sobre o assunto e ajudará os acadêmicos a aprofundar seus

conhecimentos na área da Importação.

O trabalho mostrou-se viável, devido ao material disponível em sites

governamentais, Trabalhos de Iniciação Científicos já concluídos nesta mesma

universidade, legislação acerca do tema e livros.

1.4 Aspectos metodológicos

São apresentados neste item, os aspectos que definem e estruturam este

trabalho, levando em conta a tipologia de pesquisa, área de abrangência, os

Page 14: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

13

procedimentos para coleta e tratamento dos dados, como também sua apresentação

e análise.

Segundo Oliveira Netto (2008, p. 38) “[...] o método é “uma maneira de como

se fazer algo”. Dessa forma em se tratando da prática científica, é necessária a

existência e a aplicação de um método.”.

A abordagem metodológica desta pesquisa classifica-se como qualitativa,

que de acordo com Barros (2004) é a apresentação na forma verbal, oral ou em

forma de discurso, dos dados estudados, que pode ter sua análise composta por

etapas como a organização e descrição, redução e interpretação dos dados pelas

categorias teóricas de análise e análise de conteúdo.

A abordagem qualitativa nos leva, entretanto, a uma série de leituras sobre o assunto da pesquisa, para efeito da apresentação de resenhas, ou seja, descrever pormenorizada ou relatar minuciosamente o que os diferentes autores ou especialistas escrevem sobre o assunto e, a partir daí, estabelecer uma série de correlações para, ao final, darmos nosso ponto de vista conclusivo. (OLIVEIRA,1999, p. 117).

Quanto à obtenção dos materiais, foi adotado o meio bibliográfico, que

conforme apresenta Cervo e Bervian (2007, p. 60) “[...] busca-se conhecer e analisar

as contribuições culturais ou científicas do passado sobre determinado assunto,

tema ou problema.”. O autor Oliveira Netto (2008) cita como fundamental, o fato de

se utilizar de diversos meios de contribuições científicas, como por exemplo, livros,

dissertações, artigos científicos, periódicos e acervo virtual, possibilitando assim

levantar todo o material e informação necessária, a fim de que se possa alcançar o

resultado esperado para o projeto em questão.

Em relação aos fins utilizados, a pesquisa enquadra-se na forma descritiva,

devidamente retratada abaixo.

As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. (GIL, 1991, p. 46).

Page 15: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

14

Sendo conceituado também por Cervo e Bervian (2007) como uma forma de

descobrir de maneira exata a frequência que ocorre certo fenômeno e sua conexão

e correlação com outros fenômenos e fatos, assim como também sua natureza e

características, observando, registrando e analisando de forma correta, ou seja, sem

induzir a algo.

O estudo de caso, conforme Barros (2004) é uma metodologia de estudo que

está relacionada à análise aprofundada das informações reunidas sobre um

determinado caso ou diversos. Sendo visto por Oliveira Netto (2008, p.30) como “[...]

um procedimento de pesquisa que investiga um fenômeno dentro do contexto local,

real e especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão

claramente definidos.”.

1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados

O conteúdo deste trabalho e todos os dados e informações nele presente

foram obtidos através de pesquisa bibliográfica, artigos científicos e meio

eletrônicos, sendo que estão dispostos de uma forma descritiva, contando também

com tabelas e quadros para uma melhor visualização e compreensão do tema

abordado.

Page 16: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

15

2 COMÉRCIO INTERNACIONAL

Foi na antiguidade clássica que foram instituídas as bases do comércio

internacional, porém esse comércio era um tanto quanto “inexpressivo” na época,

pois a importação e exportação eram somente feitas com artigos de luxo pela

civilização egípcia, da qual se tem relato, o que o tornava de certa forma

insignificante (CARVALHO, 2004).

Contudo, na pré história, como relatado por Campos (1990) os chefes tribais

já realizavam as primeiras tentativas de permuta, as quais eram feitas com a

intenção de satisfazer as vontades e necessidades de suas tribos, trocando sua

produção originária pelos excedentes de produção de outras tribos. Sendo que

essas simples trocas, com o desenvolvimento social e econômico, passaram de

meras manifestações para uma forma de comércio consolidado.

O comércio internacional, com o surgimento da civilização mesopotâmia,

segundo Campos (1990), ficou mais intenso do que o que existia no Egito, e a sua

atividade era predominante na cidade da Babilônia, onde diversas cidades da região

e diversas caravanas se reuniam, pois era ponto obrigatório de tráfego, sendo

considerado este o local de origem das faces do comércio internacional. No entanto,

a cidade em certo momento entrou em decadência dando fim as rotas terrestres, o

que abriu caminho para o comércio internacional marítimo, o qual teve seu início

através dos atenienses pelo mar mediterrâneo e expansão com a intensa atividade e

dedicação dos fenícios que conforme complementado por Guidolin (1991)

dominavam o comércio marítimo com seu conhecimento e habilidades e em

consequência disso se tornaram grandes comerciantes com os postos de vendas

que foram sendo instalados pela Europa.

A queda do império romano dificultou o desenvolvimento do comércio

internacional fazendo-o declinar, pois de acordo com Carvalho (2004) o Império

Romano foi o que mais contribuiu para o desenvolvimento do comércio exterior visto

que Roma dominava o mundo naquela época.

[…] a predominância dos grandes impérios caracterizou a civilização mundial. O Império Romano foi responsável no mundo ocidental pela

Page 17: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

16

existência de um sistema “unipolar”, onde Roma controlava as relações econômicas e comerciais entre os povos. (TORRES, 2000, p.18).

Apenas na Idade média com o surgimento de cidades livres e repúblicas

italianas que se conseguiu superar e assentar as normas do comércio marítimo, pois

o comércio estava restringido entre as cidades de um país, devido à existência de

barreiras aduaneiras, mas que foram se extinguindo gradativamente bem como visto

em Campos (1990).

O que se sucedeu ao império foi a economia feudal, conforme descrito por

Torres (2000), que era o sistema que predominava na idade média tendo como

característica mais marcante, o fato de não ter um governo centralizado e também

por existirem classes sociais diversas, disposição essa que contribuiu na criação de

empecilhos para todo comércio que não fosse local, eram cobrados impostos e

tarifas e repassados a um senhor feudal. A burguesia, entretanto, entrou em

ascenção e o sistema feudal estava sendo comedido a profundas crises e

simultaneamente a estes fatos o capitalismo foi nascendo.

Segundo Dias (2002) no período mercantilista, idade moderna, com os novos

Estados estruturados, foi necessária a participação de burocratas e comerciantes

para que se pudesse administrar e financiar as novas práticas. A partir desses

grupos e com o fortalecimento do Estado controlados por estes, no final do século

XV, acontecia um enorme avanço para o futuro do comércio mundial, com a

descoberta e exploração de novas rotas e alianças que acabou por abençoar o

comércio internacional com grande diversidade.

Neste período, com as novas descobertas, o crescimento econômico foi

notável, principalmente com a nova classe social, denominada capitalista, que com

seu alto poder aquisitivo direcionava seu consumo para os produtos internacionais

segundo Guidolin (1991).

No final do século XVIII, com o marco que foi a Revolução Industrial, que deu

início a mais uma série de mudanças aplicadas no método de produção, surgindo

novas técnicas e invenções. Sendo que estas inovações resultaram no que

podemos chamar de Primeira Guerra Mundial, uma disputa por matéria prima e

poder econômico, o que aumentou a interdependência econômica entre os países.

De acordo com Jakobsen (2005), o período entreguerras ficou condicionado a

recuperação dos prejuízos causados pela Primeira Guerra e por todas as

Page 18: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

17

consequências de uma forte retração do comércio mundial decorrente desses

fatores e somados a crise de 1929, retração essa que perdurou por quase 40 anos.

Tanto à Primeira quanto a Segunda Guerra, é atribuído certo destaque ao que

se refere a avanço tecnológico, até mesmo pelo fato da reconstrução das nações

que foram devastadas, sendo ocasionado um impulso na economia internacional

contribuindo para o progresso e desenvolvimento das mesmas, conforme Campos

(1990). Antes os principais atores do comércio internacional eram os Estados, porém

atualmente temos outras organizações à frente.

O enfraquecimento do Estado está relacionado com a soberania que regula o

comércio exterior. Os governos nacionais já não conseguem ter o pleno controle de

suas moedas e suas taxas cambiais, pois as relações agora são interdependentes

segundo descrito em Torres (2000).

Com o término da Segunda Guerra, de acordo com Jakobsen (2005), as

potências que saíram vitoriosas sentiram a necessidade de estabelecer, ao que se

tratava do sistema monetário, dos investimentos e do comércio mundial em si,

instituições que pudessem criar regras e supervizionar as mesmas em um nível

mundial.

Em vista disso, temos a criação do Fundo Monetário Internacional (FMI), com a consequente reforma monetária internacional, do Acordo Geral sobre as Tarifas Aduaneiras e o Comércio (GATT), e de sistemas de integração regional em todas as partes do mundo, muito contribuiu para o desenvolvimento do comércio internacional. (CAMPOS, 1990, p. 56).

O comércio internacional muda constantemente, e nas décadas anteriores a

de 90 já tinham ocorrido grandes transformações, no entanto, após a Guerra Fria e a

queda do muro de Berlim em 1989 houve uma revolução a qual afetou

completamente o comércio internacional devido à importância desses

acontecimentos, colocando em perspectiva a globalização conforme visto em Maia

(2000).

A expansão do comércio internacional, segundo Campos (1990) está ligada a

acontecimentos históricos como a Revolução Industrial com a criação e ampliação

de indústrias gerando empregos, as grandes guerras com os novos recursos

tecnológicos bem como outros acontecimentos citados anteriormente, sendo assim

Page 19: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

18

alcançando praticamente todas as regiões do mundo e suas nações,

compreendendo, portanto, o fenômeno de globalização.

Conceituado por Torres (2000), o fenômeno da globalização gera um

ambiente multipolar onde o poder se distribui de uma forma mais ampla, reduzindo a

capacidade do Estado Nacional interferir e regular a economia.

Na atualidade, o comércio entre as nações é algo essencial, pois estas estão

de alguma forma interligada em algum ou variados aspectos, seja na produtividade,

na mão de obra, matéria prima, se complementando dessa forma e colaborando

para existência e crescimento do comércio internacional.

O comércio internacional em Ratti (2006) pode ser visto em primeira mão, por

algumas pessoas, como uma extensão do comércio interno, pois se assemelham em

diversas questões, uma delas está no seu fundamento, ou seja, na necessidade ou

nos desejos do ser humano, sendo que ambos têm como fator crucial suprir tais

fatores.

Quanto a sua origem também pode-se observar essa ligação, pois não há

possibilidades de todos os bens e serviços dos quais se necessita ou se deseja

estarem reunidos e disponíveis em um mesmo lugar, pelo simples fato das regiões

não terem os mesmos climas, recursos e assim por diante, umas são mais

afortunadas em suas áreas geográficas e determinados bens, e outras são mais

prósperas em seus recursos financeiros e tem maior domínio de certas técnicas e

serviços, ou seja, a distribuição é desigual, sendo, portanto, desse modo que o

comércio acontece, cresce e se desenvolve.

Segundo Werneck (2007) afirma que devido a distribuição desigual dos

recursos naturais e também do serviço especializado faz com que no geral as

sociedades se tornem dependentes umas das outras.

[...] as diferenças entre o comércio interno e o comércio internacional são devidas principalmente a: variações no grau de mobilidade dos fatores de produção, natureza do mercado, existência de barreiras aduaneiras e outras restrições, longas distâncias, variações de ordem monetária e variações de ordem legal. (RATTI, 2006, p. 307).

Como visto, apesar das semelhanças entre esses dois tipos de comércio, há

também certas divergências que fazem com que seja necessário serem explorados

de maneiras individuais.

Page 20: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

19

O comércio internacional como se pode observar, é um assunto de grande

amplitude, o qual envolve diversas teorias e questões, mas um tema que também é

discutido com certa frequência é o que estuda a relação do comércio internacional

com o crescimento econômico.

Assim como dispõe Stancheva-gigov (2014) nos dias atuais, não tem país que

não desenvolva relações comerciais com os demais ao redor do mundo. E para

todos os países, ao que se alude as suas economias, não se pode negar os

benefícios e a importância do papel do comércio internacional em seu notável

desenvolvimento.

Os países da comunidade capitalista universal, estão de tal forma interligados no sistema econômico vigente que a grande maioria não pode se afastar da linha econômica traçada pelos acordos, tratados e convenções de âmbito internacional, em vigor na economia mundial qualquer afastamento pode lhes acarretar imprevisíveis consequências de ordem econômica ou, até mesmo, política. (CAMPOS, 1990, p.34).

Além disso, Stancheva-gigov (2014) ressalta que a taxa de crescimento das

economias que abriram as portas para o comércio é maior do que a das economias

fechadas e que isso acaba afetando positivamente o crescimento econômico: a

abertura comercial influencia os governos nacionais a implementação virtuosa de

políticas macroeconômicas dentro do quadro de acordos do comércio internacional.

Para que torne mais acessível para as empresas comprarem, venderem e

trocarem seus produtos, seus serviços e suas tecnologias, é necessário que o

governo dos países incentive o comércio facilitando o desenvolvimento dos negócios

para que tenham melhores benefícios (CASTRO, 2000).

Sendo assim, pode-se dizer que abrir o comércio para as nações é uma das

chaves determinantes ao crescimento econômico e que os países os quais são

sucedidos no comércio internacional são abertos para investimentos diretos

estrangeiros, atraindo trabalhadores estrangeiros e alcançando maior crescimento

econômico do que países que deixaram de se integrar na economia global, sendo

assim relatado por Stancheva-Gigov (2014). Isso demonstra que há uma ligação

positiva dessas partes, que permite trazer crescimento e desenvolvimento para os

países e suas economias.

Page 21: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

20

Por fim, acaba-se por retratar o comércio internacional em sua origem e

expansão, consolidação, globalização econômica e integração regional, podendo

observar o papel importante de cada etapa para chegar ao que foi formado até os

dias de hoje.

2.1 Importação

A importação é o processo comercial e fiscal de ingresso de mercadoria

estrangeira ou serviço no país, porém pode-se acrescentar através do autor Ratti

(2006), que há também a importação interna, isto é, aquisições feitas entre regiões

de um mesmo país.

Conceituada por Campos (1990), a importação é basicamente o inverso da

exportação, é um procedimento que tendo sanadas as exigências comerciais e

legais acaba por conceder o ingresso de uma mercadoria no território aduaneiro

resultando assim na saída de divisas do país que podendo complementar com Vieira

(2012, p.33) “[...] tal aquisição oportuniza o intercâmbio entre os países, denominado

na atualidade como mercado globalizado.”.

O processo de importação pode ser visto como um processo de abertura

comercial, que de acordo com Vieira (2012) para esse propósito é necessário

algumas alterações retirando da política de comércio exterior do país aquilo que

acaba por impedir as importações ou dificulta-lás, como as restrições das barreiras

não-tarifárias, como a maioria dos regimes especiais, e também como as

implementações a fim de reduzir as alíquotas de Imposto de Importação.

De fato, essas transformações fazem com que, de certa forma, a indústria

nacional sinta-se um tanto quanto desprotegida, porém, acaba por fomentar o

desenvolvimento e atribuir maior competitividade no âmbito internacional. Faz com

que as indústrias se renovem e se atualizem, tendo a oportunidade de buscar fora

ferramentas para se desenvolver e então avançar, dando passos mais largos do que

antes podiam prever.

Conforme Peria (1990) podem-se destacar alguns objetivos dentre os muitos

que fazem um país permanecer importando, por exemplo, adquirir mercadorias que

Page 22: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

21

não produz e suprir as necessidades internas, assim como proporcionar um

relacionamento com os demais países. Sendo que em Campos (1990) pode-se

observar que as principais razões para um país exercer esse processo é ter em vista

que importação gera exportação, ter a necessidade de adquirir o que não possui

tanto matéria-prima como material secundário e também como fator de incentivo a

qualidade e preço, impulsionando a economia oferecendo produtos estrangeiros em

seu mercado.

Ainda que um país seja muito bem estruturado financeiramente, as

importações continuam sendo essenciais para a sua economia, isso demonstra que

independente de sua abundância, isso não o torna autossuficiente, tendo em vista

que quanto mais desenvolvido e mais industrializado seja um país mais ele

necessitará intensificar seu relacionamento com os demais assim como retratado em

Peria (1990).

A importância da importação está na diversificação de mercados, deixando de atuar apenas no mercado interno nas suas compras, aumentando o seu leque de fornecedores e reduzindo seus riscos de crise de mercado, como aumento de preços e política govenamental [...]. (KEEDI, 2011, p.26).

Segundo o autor Peria (1990) pode-se contar com pelo menos três fases ao

que se refere as importações, a administrativa, a fiscal e a cambial. Na fase

administratriva temos procedimentos a serem feitos exigidos pelos órgãos

competentes em questão, como por exemplo o licenciamento de importação. Na

parte fiscal, temos a conferência de toda documentação, de tudo aquilo que foi

declarado conforme as legislações específicas, passando também pelos recintos

necessários para fiscalização e sendo recolhidos os tributos concernentes a esta

mercadoria. Por fim, a fase cambial é aquela em que se conclui o pagamento da

importação.

Pelo fato de as importações envolverem diversas nações que são compostas

por variadas moedas com também valores diferentes, o que diz respeito a cobertura

de uma importação, é assim declarado por Ratti (2006, p.314) “[...] a importação

poderá ser com cobertura cambial ou sem cobertura cambial, conforme implique ou

não um pagamento a ser efetuado pelo importador nacional.”.

Page 23: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

22

A importação também pode ser feita de duas formas, a definitiva ou não-

definitiva. A diferença entre elas é que a primeira, de acordo com Bizelli (1997),

ocorre quando a mercadoria é nacionalizada mesmo que sem cobertura cambial, a

outra é o oposto obviamente como o próprio nome já nos esclarece, não sendo,

portanto, nacionalizada. As importações não definitivas são realizadas através do

regime especial de Admissão Temporária, onde a mercadoria permanece por um

determinado tempo no país e posterior a isso a mercadoria é reexportada, tendo em

vista que esta mercadoria pode acabar sendo nacionalizada, de acordo com a

vontade do importador, cumprindo é claro primeiramente com as exigências

documentais e fiscais que este processo requer.

O movimento econômico dos países pode ser demonstrado através da sua

balança comercial. Quando um país vende mais do que compra, ou pode-se dizer,

exporta mais do que importa, sua balança comercial tem o saldo positivo, é,

portanto, favorável e considera-se o superávit comercial, do contrário ela fica com

saldo negativo e se torna desfavorável resultando em um déficit comercial, sendo

que também há o equilíbrio comercial, que é o saldo resultante das importações

igual ao saldo resultante nas exportações.

Contudo, pode-se afirmar que independente do significado que a importação

representa neste quesito, ela tem grande influência sobre o comportamento

econômico e comercial de cada país e que pode-se notar que não há como uma

nação hoje em dia sobreviver sem essa atividade.

2.2 Documentos na Importação

Os documentos que amparam um processo de comércio exterior são

essenciais para que se tenha garantia de que tudo ocorra, para todas as partes

envolvidas, de uma forma em que todas as etapas se realizem exatamente conforme

aquilo que foi acordado.

É a parte burocrática internacional do comércio exterior, pois este não é feito apenas dos procedimentos legais que permitem a exportação ou a

Page 24: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

23

importação, bem como dos procedimentos operacionais de embarque e desembarque de mercadorias ou a entrega de um serviço, mas também de todo um processamento documental internacional, de modo que estas operações sejam levadas a efeito e as mercadorías possam transitar entre os países. (KEEDI, 2011, p.127).

A documentação que é exigida em uma importação é a princípio a mesma,

porém, cada mercadoria tem suas especificações e tratamento adequado, dessa

forma é imprescindível estar atento a todas as exigências.

O primeiro documento a ser confeccionado nesta operação é a Fatura

Proforma (Proforma Invoice), documento este enviado pelo exportador ao

importador, sendo como um pré-contrato que descreve todas as mercadorias que o

importador tem interesse de comprar.

Este pré-contrato esta presente na fase de negociações entre exportador e

importador, que fazem os ajustes devidos até chegarem à um acordo final, o que

acaba servindo de base para a Fatura Comercial, porém, o que diferencia um

documento do outro é o fato de que a Proforma não torna obrigatório o pagamento

por parte do comprador.

No entanto, conforme cita Vieira (2012), é extremamente importante a

assinatura do importador nesse documento pois isso permite demonstrar que as

condições negociadas com o exportador foram atendidas e todos os dados

pertinentes a operação foram considerados.

A Fatura Comercial (Comercial Invoice) é um dos documentos instrutivos do

despacho aduaneiro e essencial para o registro da DI, caso algumas das

informações estiverem em desacordo, pode-se desencadear em alguma multa se,

após o registro da DI parametrizar em algum canal que exija conferência documental

por parte da RFB.

[...] representa o faturamento de uma exportação. Emitida pelo exportador, contra o importador, descreve a mercadoria embarcada com todos os seus detalhes de quantidade e espécie dos volumes, pesos líquido e bruto, marcas, numeração, preço unitário, condições de venda, condições e moeda de pagamento, portos de embarque e desembarque, veículo transportador, países de origem, aquisição e procedência. (KEEDI, 2011, p.130).

Page 25: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

24

É o documento que serve para concretizar a passagem da posse da

mercadoria antes do exportador, para o importador, conforme Vazquez (2009),

sendo que, o exportador deve carimbar de fato este documento sobre a sua

assinatura.

Outro documento que faz parte deste processo é o Romaneio de Carga ou

Packing List, documento emitido normalmente pelo embarcador que relaciona toda a

mercadoria em questão, conforme sua disposição nos volumes, facilitando a

identificação e localização de qualquer mercadoria dentro de um lote e que acaba

por auxiliar na conferência da mercadoria por parte da fiscalização.

Devem mencionar dados do embarque, como exportador, importador, locais ou portos de embarque e desembarque, veículo transportador, mercadoria, quantidade e espécie dos volumes, pesos líquido e bruto, embalagem, especificações, etc. (KEEDI, 2011, p.131).

O Conhecimento de Embarque, conforme Keedi (2011), é um documento de

transporte, o qual representa o embarque e também o transporte de carga realizado

por algum veículo como um contrato de transporte, recibo de carga, título de crédito

ou propriedade, denominado como Bill of Lading para modal marítimo.

Neste documento é necessário conter, de acordo com Vieira (2012), o nome

do exportador e importador, porto de embarque e destino, descrição das

mercadorias, quantidade, marca e espécie dos volumes, valor em moeda

estrangeira, tipo de embalagem, peso bruto e líquido, dimensões e cubagem dos

volumes. É um documento indispensável para a retirada da mercadoria,

correspondendo a um certificado de propriedade da mesma.

É um título de crédito que representa as mercadorias nele descritas, conferindo ao seu consignatário o direito à posse da mercadoria. É um Contrato Internacional de ampla aceitação, onde o emitente/transportador ou armador declara ter recebido a mercadoria entregue pelo embarcador e se compromete a transportá-lo no destino que lhe foi indicado. (MALUF, 2000, p.146).

O Certificado de Origem é o documento que atesta a origem da mercadoria

(para fins de fabricação), indispensável para a obtenção de vantagens sobre

acordos de preferência bilaterais ou multilaterais, nos quais o País seja parceiro.

Page 26: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

25

Tendo dessa maneira a redução ou isenção no imposto de importação cobrado no

País do importador.

É confeccionado pelos órgãos competentes e tem a função de garantir a

preferência em questões de acesso a certos países, cumprindo dessa forma aquilo

que foi estabelecido no acordo comercial, segundo Vieira (2012).

Para que a importação de produtos compreendidos em qualquer instrumento de negociação possa beneficiar-se das reduções de gravames e restrições outorgadas entre os países signatários, na documentação correspondente às exportações dos produtos deverá constar uma declaração que certifique o cumprimento dos requisitos de origem estabelecidos pelo respectivo acordo. (BIZELLI, 1997, p.178).

Cada documento tem sua importância e essencialidade para cada etapa do

processo estar de acordo com a legislação, cada qual com suas exigências, porém

atendendo todos os requisitos a fim de tornar legal toda a operação.

2.3 Órgãos Intervenientes na Importação

Neste item estão descritos os órgãos que amparam o processo de importação

a fim de ter um controle maior dessas operações no comércio exterior. Segundo

Maluf (2000, p.41) os órgãos intervenientes “são os órgãos que irão efetuar os

controles e garantir a operatividade do comércio exterior com base nas definições

normativas”.

O MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é

visto como principal órgão atuante no comércio exterior, sendo vinculado ao BNDES

e a Suframa. Seu foco está em desenvolver a relação comercial do Brasil com os

outros países, através de políticas e afins, fazendo com que o Brasil se torne mais

atraente e cheio de oportunidades para que resulte em melhor qualidade de vida

para população. Faz também o intercâmbio entre empresários brasileiros e

estrangeiros, viajando a outros países em busca de venda ou trazendo-os para

conhecer os produtos e outros itens que os interessem. (KEEDI, 2011).

Page 27: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

26

A SRFB - Secretaria da Receita Federal do Brasil faz parte da estrutura do

Ministério da Fazenda, tendo plena atuação no território nacional, contando com

diversas unidades em cada estado, estando à frente do controle aduaneiro e da

arrecadação de tributos federais.

Tem poder para inspecionar mercadorias e desembaraçar para embarque por

meio de suas aduanas, sendo que estas tem a função de arrecadar tributos internos

vinculados ao comércio exterior e tributos aduaneiros, sendo também responsável

pelo controle e saída das mercadorias em todo território nacional, nacionalizando ou

desnacionalizando as mercadorias ao final dos despachos de importação ou

exportação. (WERNECK, 2007).

A Câmara de Comércio Exterior – CAMEX é o órgão governamental de maior

nível relacionado ao comércio exterior, sendo responsável de acordo com Ratti

(2006, p. 218) “[...] tem como objetivo a formulação, adoção, implementação e a

coordenação de políticas e atividades relativas ao comércio exterior de bens e

serviços, incluindo o turismo.”. Sendo que os atos expedidos por este órgão não

devem deixar de ter sua base nos compromissos que o país firma

internacionalmente, principalmente ao que se está ligado tanto à OMC, quanto ao

Mercosul e Aladi, conforme descrito em Keedi (2011).

Segundo Vazquez (2009, p.20), as estatísticas de comércio exterior são

divulgadas pela Camex, diretamente ou em colaboração com outros órgãos públicos.

A Secretaria de Comércio Exterior – SECEX, órgão do MDIC, é responsável

pelo controle comercial, expedindo instruções, sugerindo, interferindo na área

governamental no dia-a-dia do comércio exterior, tendo vários departamentos que o

sustentam, sendo os despachantes ou bancos que mantém o contato com este

órgão segundo Vazquez (2009), no entanto, encontra-se dividida em cinco

departamentos auxiliadores conforme o MDIC sendo, DECEX (Departamento de

Operações de Comércio Exterior), DEINT (Departamento de Negociações

Internacionais), DECOM (Departamento de Defesa Comercial), DECOE

(Departamento de Competitividade no Comércio Exterior) e o DEAEX (Departamento

de Estatística e apoio à Exportação).

O Conselho Monetário Nacional – CMN, de acordo com Bizelli (1997), integra

o Sistema Financeiro Nacional e tem suas deliberações executadas pelo Banco

Central do Brasil, com o objetivo de criação da política da moeda e do crédito,

visando o progresso econômico e social do País. Sua composição conforme descrita

Page 28: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

27

por Ratti (2006, p.216) envolve o Ministro da Fazenda, Ministro do Planejamento,

Orçamento e Gestão e Presidente do Banco Central do Brasil.

O MRE, ou, Ministério das Relações Exteriores, é responsável pela

diplomacia do Brasil com outros países, principalmente no que concerne ao

comércio exterior, pois essa atividade é fundamental no relacionamento entre as

nações. Portanto, este órgão estabelece embaixadas, consulados e outras

representações oficiais brasileiras em outros países, como também, autoriza a

abertura destas, estrangeiras, no Brasil. (KEEDI, 2011).

Para tanto, mantém cadastro de exportadores brasileiros e importadores estrangeiros e encarrega-se de estudo e pesquisas sobre mercados externos e intercâmbio comercial brasileiro. Divulga as oportunidades comerciais para o Brasil, organiza feiras e promove a vinda ao nosso País de importadores estrangeiros. (RATTI, 2006, p.228).

A Receita Federal do Brasil – RFB está subordinada ao Ministério da

Fazenda, de acordo com Werneck (2009) é atuante em todo território nacional frente

à arrecadação de tributos federais e controle aduaneiro e complementada em Ratti

(2006, p.228) “cabe-lhe, também, fiscalizar a correta utilização dos incentivos fiscais

concedidos pela legislação em vigor às exportações e importações.”.

As DRF (Delegacias da Receita Federal), IRF (Inspetorias da Receita Federal)

e ALF (Alfândegas) são as unidades que atuam diretamente no controle aduaneiro

de importação, nos portos, aeroportos, pontos de fronteira e locais alfandegados.

(BIZELLI, 1997, p.37).

O Banco Central do Brasil – BACEN faz parte do Ministério da Fazenda,

conforme Vazquez (2009, p.26) é o órgão executivo central do sistema financeiro

nacional, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições

que regulam o funcionamento dos sistemas as normas expedidas pelo Conselho

Monetário Nacional que segundo Werneck (2007) é a função de assegurar a

estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro

nacional, o que abrange formulação e gestão da política do cambial, na qual se inclui

fiscalização da movimentação de valores.

Page 29: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

28

No que diz respeito as “praças onde não houver dependência do Banco

Central, essas funções são executadas, por delegação, pelo Banco do Brasil SA,

através dos setores Recon – Registro e Controle Cambial.” (RATTI, 2006, p.217).

Um dos principais órgãos que atuam no âmbito internacional das relações

comerciais é a Organização Mundial do Comércio – OMC, criada pelas negociações

da Rodada Uruguai (1986-1994), sendo conduzida por um diretor-geral e,

estabelecida em Genebra, na Suiça.

Composta por 153 países, ou seja, a maioria dos países do mundo estão

conectados a esta organização, e na maioria das vezes são eles mesmos que

tomam as decisões. A OMC tem como objetivo, organizar o comércio entre as

nações para que este seja justo para os envolvidos, auxiliando e direcionando

exportadores e importadores, produtores de mercadorias e serviços no que for

necessário para que melhor realizem seus negócios. (KEEDI, 2011).

Vem a ser a instituição responsável pela aplicação, administração e funcionamento dos diversos acordos comerciais. É o foro para as negociações entre os Países-Membros no tocante às suas relações comerciais multilaterais. Trata das normas e procedimentos que regem a solução de controvérsias e administra o mecanismo de exame das políticas comerciais nacionais. (RATTI, 2006, p. 415).

Para uma melhor organização e funcionamento das operações de comércio

exterior, os órgãos intervenientes se tornaram de fato os principais agentes que dão

estrutura e acabam por amparar, possibilitar e fomentar o movimento do comércio

exterior brasileiro.

Page 30: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

29

3 A SISTEMÁTICA DA IMPORTAÇÃO DE VINHOS DO CHILE

Neste capítulo pode-se compreender a sistemática da importação de vinhos

do Chile, abordando o mercado deste país e sua relação comercial com o Brasil, o

tratamento administrativo que envolve o produto em questão e todas as etapas que

são pertinentes ao processo dessa importação.

3.1 O mercado Chileno e a sua relação comercial com o Brasil

No que se refere aos países latino americanos, foi por volta da década de 90

que as relações entre os países se intensificaram de uma forma mais acelerada

devido ao novo ambiente que se formava, principalmente o Chile, e por conta disso,

os países utilizaram-se das integrações econômicas para encarar os novos desafios,

contudo nem todos seguiram a mesma direção ou adotaram as mesmas estratégias.

(PAIVA 2006, apud. SAÉZ e VALDÉS, 1999).

Analisando os mercados, Brasil e Chile, pode-se notar as características que

os diferem principalmente no grau de abertura de suas economias. O Chile é um dos

países que tem uma das economias mais abertas do mundo, sua estratégia é

voltada para os acordos bilaterais de caráter diferenciados firmados entre os países

de sua região e também no âmbito internacional. Outra característica marcante

desse mercado segundo Pontes (2007), é que as suas exportações desempenham

papel relevante na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do país, ou seja, o

modelo chileno está baseado na abertura ao exterior e é essencialmente

dependente do comércio internacional. O Brasil, por sua vez, encontra sua base

firmada com foco em união aduaneira e formação de mercado comum, acordos

multilaterais e bilaterais.

Quanto às relações entre essas duas economias, vale a pena assinalar que o

Chile é o terceiro investidor estrangeiro direto no Brasil, depois de Estados Unidos e

França. E bem como assinalado pelo Diplomacia Pública (2014), o Chile representa

para o Brasil o terceiro maior volume de comércio da América Latina e do Caribe,

Page 31: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

30

sendo que o Brasil é também o principal destino de investimentos chilenos no

exterior tendo uma pauta diversificada, com empresas brasileiras atuando também

no país em diversos setores.

Analisando através da figura 1 o comércio bilateral total entre Brasil e Chile,

no período de 1997 a 2011, pode-se observar que esse comércio apesar da baixa

relevância apresentou certo crescimento, com exceção do período entre os anos

2008 e 2009 que devido a crise mundial fez com que as exportações brasileiras para

esse país recuassem e as suas importações também baixassem.

Porém, o resultado em quase todos os anos foi positivo para o Brasil em

relação a balança comercial, e ao longo desse período pode-se afirmar que as

exportações cresceram ao ano em média de 11,4% e as importações 11,7%,

resultando no aumento anual da corrente de comércio em cerca de 11,5%.

Figura 1 – Comércio Bilateral Total Brasil – Chile , no período de 97-11

Fonte: Agricultura, 2013

Como pode-se ver também, segundo o Diplomacia Pública (2014), Ministério

das Relações Exteriores, o Brasil é o principal destino de investimentos chilenos no

mundo, com estoque de US$ 24,6 bilhões. O Brasil também tem investido mais

fortemente no Chile, voltando-se mais para os setores de energia, serviços

financeiros, alimentos, mineração, siderurgia e construção civil. A corrente de

comércio com o Chile, que alcançou US$ 8,8 bilhões em 2013, é a terceira em maior

volume de comércio do Brasil entre os países da América Latina.

Page 32: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

31

Conforme a direção das exportações e origem das importações chilenas nos

períodos tanto de 2013, demonstrados nas figuras 2 e 3, quanto de 2014 visíveis

nas figuras 4 e 5, pode-se notar que está sempre em destaque a presença do Brasil

dentre os principais destinos de forma geral como também regionalmente.

Figura 2 – Direção das Exportações Chilenas, US$ bilhões, 10 principais países - 2013.

Fonte: BrasilExport, 2014

Apesar da participação do Brasil na pauta das exportações chilenas ter

diminuído, o que fez com que o país fosse da 4ª para a 5ª posição, a sua

participação permanece dentre os principais destinos.

Page 33: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

32

Figura 3 – Direção das Exportações Chilenas, US$ bilhões, 10 principais países - 2013.

Fonte: BrasilExport, 2015

Ainda que o comércio do Chile tenha sido mais intenso com o país asiático,

bem como com Estados Unidos e Japão, o Brasil possui significativa e notável

posição nessa balança comercial estando posicionado no 3ª lugar.

Figura 4 – Origem das Importações Chilenas, US$ bilhões - 2013

Fonte: BrasilExport, 2014

Ao contrário do que ocorreu com as exportações chilenas nesse mesmo

período, de 2013 à 2014, as suas importações com o Brasil, cresceram

significativamente em relação a participação percentual no total e em valores,

mantendo a posição, em contrapartida as duas principais origens das importações

chilenas diminuiram significativamente em valores e tiveram aumento insignificante

na participação percentual, conforme figura 5.

Page 34: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

33

Figura 5 – Origem das Importações Chilenas, US$ bilhões - 2014

Fonte: BrasilExport, 2015

Em relação a composição das importações brasileiras no período de 2011 a

2013, pode-se encontrar na figura 6, os principais grupos de produtos importados

pelo Brasil, dentre eles o grupo das bebidas, foco este do nosso objeto em estudo.

Figura 6 – Composição das importações brasileiras em US$ milhões – FOB, de 11-13

Fonte: BrasilExport, 2014

O grupo das bebidas permanece ainda no 8º lugar, dos principais grupos de

produtos importados pelo Brasil em 2015, conforme podemos observar na figura 7.

Page 35: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

34

Figura 7 – Principais grupos de produtos importados pelo Brasil em 2015.

Fonte: BrasilExport, 2015

E de forma mais específica, conforme figura 8, na pauta dos principais

produtos agrícolas importados pelo Brasil provenientes do Chile, está em foco o

vinho ocupando o segundo lugar, nos períodos de 2009 a 2011.

Figura 8 – Principais Produtos Agrícolas Importados pelo Brasil do Chile, períodos 2009-2011

Fonte: Agricultura, 2012

O relacionamento entre Brasil e Chile se estreita também com parcerias em

diversos acordos porém, o mais notório é o acordo ALADI de implementação

Page 36: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

35

econômica, conhecido como ACE-35 que está em vigência desde 1996, o qual é

estabelecido entre os governos pertencentes ao MERCOSUL com o governo chileno

a fim de ampliar o programa de liberalização do acordo conforme artigo 1, mediante

a incorporação das preferências pactuadas bilateralmente entre a República

Federativa do Brasil e a República do Chile, esse acordo proporciona

atualmente tarifa zero para todos os produtos brasileiros.

De acordo com Brasil America Economia (2015), atualmente o Chile é o 11º

parceiro comercial brasileiro, com participação de 1,8% no comércio exterior. Com

essa e outras informações e com o histórico pertinente a estes dois países e suas

relações comerciais e econômicas, se pode ter uma noção da importância no

desenvolvimento um do outro e que cada vez mais esse estreitamento em seu

relacionamento, quebrando gradualmente as barreiras, tende a ser promissor.

3.2 O tratamento administrativo para a Importação de vinhos do Chile

Para que se tenha conhecimento sobre o tratamento administrativo de um

produto em uma importação, é necessário que haja uma classificação fiscal. A partir

dela poderão se tornar conhecidos todos os tributos que envolvem esse processo,

como também o devido tratamento de que o produto em questão necessita para que

seja nacionalizado.

Para a classificação correta da mercadoria tem-se a Nomenclatura Brasileira

de Mercadorias (NBM) porém, baseada nesta, com o tratado de assunção e a

formação do MERCOSUL obtemos então a Nomenclatura comum do MERCOSUL

(NCM) e a Tarifa Externa Comum (TEC) meio este que torna por facilitar as

negociações entre os países membros e aqueles que são associados.

Por ser uma união aduaneira, o Mercosul trata os seus parceiros comuns de fora do bloco de maneira igual quanto aos direitos alfandegários, isto é, toda mercadoria vinda de países externos ao bloco recebe o mesmo tratamento tarifário em quaisquer dos Países-Membros. (KEEDI, 2011, p. 58).

Page 37: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

36

A NCM possui 8 dígitos em sua formação sendo que, o sétimo são os itens e

o oitavo representa os subitens, no entanto, quando não houver classificação no

subitem este será representado pelo número zero. (BIZELLI, 1997).

De acordo com o Decreto nº 8.198, de fevereiro de 2014, capítulo 1, art. 2

“considera-se vinho a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto simples, da

uva sã, fresca e madura”.

Os vinhos na nomenclatura brasileira são classificados conforme

demonstrado na figura 9, na posição 2204. Os vinhos aos quais a pesquisa se refere

estão classificados sob o código 2204.21.10, isto é, vinhos finos de mesa, o qual se

classifica dentro também da descrição de vinhos de uvas frescas, enriquecidos com

álcool, em recipiente de capacidade inferior a dois litros. A unidade de medida

estatística para este item, é o litro.

Figura 9 - Nomenclatura Tarifária Nacional: Brasil (Base Sistema Harmonizado 2012) –

Nomenclatura NALADISA 20

Fonte: ConsultaWeb, 2015.

Um dos principais pontos do tratamento administrativo é a verificação de

licenciamento de importação, podendo ser a NCM dispensada de licenciamento,

classificada em licenciamento automático, ou não-automático.

No caso do tratamento administrativo do vinho em estudo, conforme

disponibilizado no SISCOMEX, a importação se enquadrará naquela que está sujeita

ao Licenciamento não-automático, tendo como órgão anuente o MAPA assim como

pode ser visualizado na figura 10.

Page 38: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

37

Figura 10 – Relação dos bens sujeitos a licença ou proibição na importação –

conforme atualizações até 30/01/2015

Fonte: Portal SISCOMEX, 2015

Conforme figura 11 pode-se observar as alíquotas e impostos incidentes da

NCM em estudo.

Figura 11 – Classificação Fiscal do Vinho.

Fonte: TEC Win 2015

Pode-se perceber que o Imposto de Importação aplicado no Brasil sobre os

vinhos é de 27% para a NCM 2204.21.00, que seriam os vinhos em recipientes de

capacidade não superior a 2 litros, porém este produto enquadra-se na lista de

exceção da TEC. No entanto, quando o produto for proveniente de algum país com o

qual o Brasil tiver acordo comercial, como o MERCOSUL e a Aladi, o recolhimento

do II poderá ser reduzido a 0%, sendo o caso devido ao ACE 35 entre Brasil e Chile.

Page 39: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

38

Nesta classificação fiscal para o vinho o PIS representa 2,1% e o COFINS

9,65%, aplicados sobre o valor aduaneiro. E o ICMS sendo cobrado de acordo com

a alíquota aplicada sobre o produto no estado importador, salvo as particularidades

do uso dos benefícios fiscais estaduais, se tratando de Santa Catarina a alíquota é

de 25%.

O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), apesar de apresentar 10% na

tabela também se enquadrada em uma exceção na TIPI (Tabela de Imposto sobre

Produtos Industrializados), pois de acordo com o art. 209 do Decreto nº 7.212 de 15

de junho de 2010, “o Imposto sobre Produtos Industrializados na classificação do

vinho será aplicado de maneira específica e de acordo com a classe em que o vinho

se enquadra”, ou seja, pela metodologia de tributação fixa, em que o imposto

recolhido é fixo por garrafa, baseado na classe em que este se enquadrar.

Para cálculo do IPI, deve-se primeiramente classificar de acordo com a

descrição e logo relacionar com a capacidade (ml) do recipiente definindo portanto a

classe que este irá se classificar, conforme figura 12.

Figura 12 – Classificação IPI – Descrição/Classe por Capacidade (ml) do Recipiente.

Fonte: Comexblog, 2012

Page 40: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

39

Para realizar o pagamento do valor específico do IPI, o importador deverá

observar ainda o que diz o art. 211, do Decreto nº 7.212 de 15 de junho de 2010 que

estabelece:

a) Para importações sujeitas ao pagamento integral do Imposto de Importação, o enquadramento se dará na segunda Classe posterior à maior Classe prevista; b) para importações sujeitas ao pagamento parcial do Imposto de Importação, o enquadramento se dará na Classe posterior à maior Classe prevista; c) para importações não sujeitas ao pagamento do Imposto de Importação, o enquadramento se dará na maior Classe prevista.

Para ficar claro, utilizada a descrição de vinhos de mesa finos ou nobres e

especiais produzidos com uvas viníferas, incluídos ou frisantes com a capacidade

750ml, a classe em que se enquadrará o IPI será a de H a J, como nesta importação

temos a redução do II para 0%, conforme artigo acima a classe específica será a

classe J, ou seja, a maior classe prevista com o valor para fins de cálculo de IPI, de

R$ 0,73 por garrafa, como pode ser visto na tabela 1.

Tabela 1 – Classificação IPI – Classes em R$

Classes IPI em R$ Classes IPI em R$ Classes IPI em R$

A 0,14 I 0,61 Q 2,90 B 0,16 J 0,73 R 3,56 C 0,18 K 0,88 S 4,34 D 0,23 L 1,08 T 5,29 E 0,30 M 1,31 U 6,46 F 0,34 N 1,64 V 7,88 G 0,39 O 1,95 X 9,59 H 0,49 P 2,39 Y 11,70 Z 17,39

Fonte: Comexblog, 2012

Para a importação de vinho, a Instrução Normativa do MAPA nº 51, de 07 de

novembro de 2011, mostra no procedimento I, que a fiscalização e a inspeção serão

executadas na chegada da mercadoria e antes do desembaraço aduaneiro para os

produtos dispensados de autorização prévia de importação, antes do embarque ou

transposição de fronteira e sujeitos ao deferimento da licença de importação (LI) no

Page 41: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

40

SISCOMEX após a conferência documental, fiscalização e inspeção sanitária,

fitossanitária e de qualidade.

No art. 2º da Lei nº 7.678 de 8 de novembro de 1988 remete-se a

comercialização e ao consumo dentro do território nacional, dos vinhos e derivados

da uva e do vinho, nacionais e estrangeiros somente após prévio exame de

laboratório oficial, com o órgão credenciado e indicado no regulamento.

A Instrução Normativa de nº 54, de 18 de novembro de 2009, instrui que deve

ser coletada uma amostra do produto em questão para fins de análise e controle de

importados, sendo relatado através do art. 15 que “será coletada apenas uma

unidade de amostra, constituída de, no mínimo, dois recipientes do produto coletado,

contendo volume total não inferior a um mil mililitros”.

É devidamente importante ressaltar sobre a coleta das amostras que é

realizada por cada rótulo, uva, safra e lote no art. 36 desta mesma instrução, que

estão dispensados desse procedimento aqueles vinhos importados com

comercialização já aprovada pelo MAPA nos últimos doze meses, porém não

apresentando quaisquer discordância nesse período, e possuindo a mesma

denominação, marca comercial e produtor.

De acordo com o inciso 6 do art. 9 da lei 7.678 de 8 de novembro de 1988, no

rótulo do vinho fino será facultado o uso simultâneo da expressão ‘de mesa’.

Em relação ao selo do vinho, este pode ser aplicado pelo estabelecimneto

industrial antes da saída dos produtos ou pelo importador ou adquirente ou ainda

pelo fabricante de bebidas, e sua aplicação poderá ser feita no estabelecimento do

importador ou licitante ou, ainda, em local por eles indicado no prazo de quinze dias

contado da data da saída dos produtos da unidade da RFB que os desembaraçou,

conforme seção VIII da INº 1.432, de 26 de Dezembro de 2013. Ainda sobre as

regras, no anexo II consta:

V - Selo VINHO - Licitação e Importado: a) formato e desenho: formato retangular horizontal, tendo como motivo principal o desenho estilizado de folhas de UVA e taça com textos e figuras impressos em calcografia com os dizeres “VINHO”, “BRASIL”, “IMPORTADO”, “IPI”, logomarca CMB inscritos em retângulo no lado esquerdo do selo mais microtextos “RFB” positivos e negativos, texto “SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL”, do lado direito além de dispositivo opticamente variável, em forma de faixa, metalizada com alumínio ao centro dividindo o selo, tendo, como motivo gráfico principal, a figura da Bandeira Brasileira; b) dimensão: comprimento - 110,0 ± 0,2 mm largura - 15,0 ±0,2 mm; c) cores: vermelha combinado com marrom; d) numeração: Impressão tipográfica composta por conjunto

Page 42: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

41

alfanumérico contendo 8 (oito) algarismos e 2 (duas) letras, representando a numeração e a série, respectivamente, do selo.

Constando também a VI que é o selo para vinho Importado na opção selagem

no exterior, que se diferencia da V em um dos dizeres sendo este, “Selado no

Exterior” ao invés daquele que diz “IMPORTADO”, e na sua cor, sendo essa amarela

combinado com marrom.

E ainda sobre os produtos que se tratam essa IN, no art. 15, é alertado sobre

a proibição da saída desses produtos de qualquer estabelecimento que eles se

encontrem sem antes serem selados.

Deve-se destacar também as devidas regras para o rótulo dos vinhos, que em

cada unidade, de forma clara e legível na sua escrita como também na

compreensão, observando os padrões de identidade e qualidade, segundo o art. 16

do Decreto de nº 8.198 de 20 de fevereiro de 2014, deverá conter:

I - o nome empresarial do produtor ou elaborador, do padronizador, do envasilhador ou engarrafador, ou do importador; II - o endereço do estabelecimento produtor ou elaborador, do padronizador, do envasilhador ou engarrafador, ou do importador; III - a classificação do estabelecimento de industrialização com relação à atividade; IV - o número de registro do produto no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ou o número de registro do estabelecimento importador, quando produto importado; V - a denominação e a classificação do produto; VI - a marca comercial; VII - os ingredientes; VIII - a expressão indústria brasileira, por extenso ou abreviada, quando for o caso; IX - o conteúdo, expresso na unidade correspondente, de acordo com as normas específicas; X - a graduação alcoólica, expressa em porcentagem de volume alcoólico, quando bebida alcoólica; XI - o grau de concentração e a forma de diluição, quando se tratar de produto concentrado; XII - o grau de concentração acética, em porcentagem, quando se tratar de vinagre; XIII - a identificação do lote ou da partida; XIV - o prazo de validade; e XV - frase de advertência, conforme estabelecido em legislação específica.

Estar ciente de todas as regras e de todas as exigências que acabam por

envolver um produto, é sem dúvida um dos principais fatores numa importação pois,

as inconformidades, a falta de documentação como também a desinformação,

podem resultar em multas de grandes valores, podendo assim também, dependendo

do caso, até mesmo impossibilitar a nacionalização da mercadoria.

Page 43: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

42

3.3 Roteiro do processo de Importação de vinhos do Chile

Neste item será apresentado o roteiro do processo de importação de vinhos

finos de mesa provenientes do Chile, desenvolvido a partir de um despachante

aduaneiro, ressaltando que as operações que não cabem ao despachante realizar

não estarão descritas neste estudo.

3.3.1 Recebimento do e-mail pré alerta

O processo tem início para o despachante aduaneiro, a partir do envio do

email de pré-alerta do cliente, ou seja, do importador, constando a instrução de

despacho informando quais produtos serão importados, valores e quantidades, o

nome do navio e porto de origem também são informados para o acompanhamento.

Neste email são enviadas Fatura Proforma, Romaneio de Carga (Packing

List), Conhecimento de Embarque prévio, Certificados de Origem e também os

Certificados de Análise do Produto, o qual descreve suas especificações e a sua

composição, e caso o teor alcoólico for superior a 14% será enviado também este

certificado de tipicidade.

3.3.2 Análise dos documentos

O importador envia esses documentos para que o despachante analise e

informe caso falte alguma informação obrigatória ou se há alguma dado incorreto no

documento. Como no caso em estudo, se há alguma informação divergente entre o

que está nos certificados e na documentação que instrui o despacho, pois é

necessário que as informações sejam as mesmas. Assim, o importador pode solicitar

ao exportador a correção, sendo possível assim também a Fatura Proforma ser

alterada por ambas as partes, tantas vezes quanto for necessário, até que cheguem

em comum acordo. Quando isto ocorre, através da assinatura do exportador no

documento o contrato se dá como estabelecido, e o documento por fim, torna-se

uma Fatura Comercial.

Page 44: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

43

Consulta-se também o tratamento administrativo do produto e sua descrição,

conhecendo os tributos que serão coletados do importador e se o produto possui

licenciamento automático ou não.

No primeiro momento também, assim que definidos quais vinhos serão

importados, verifica-se com o importador se aquele tipo possui certificado válido, se

caso estiverem dentro da validade, não será necessário coletar amostras.

3.3.3 Documentos Originais

O importador solicita os documentos originais ao exportador, Invoice, Packing

List e Certificado de Origem (participa dos documentos de instrução de despacho) e

Análise, e assim que recebidos envia-os para que fiquem em posse do despachante

aduaneiro. E como o Conhecimento de Embarque é emitido pelo exportador junto ao

agente de carga, solicitam ao mesmo uma cópia original para conferência e assim

que possível retira-se 3 vias originais após o embarque da mercadoria.

Antes da chegada da embarcação em território nacional, os documentos

originais do processo já devem estar em posse do despachante para que este possa

tomar as devidas providências, sendo que o exportador emite e envia ao importador,

que encaminha ao despachante.

3.3.4 Abertura do processo

A partir dos documentos enviados no pré-alerta, o despachante abre o

processo com a referência numérica da empresa para um maior controle e

identificação.

3.3.5 Emissão do Licenciamento

Na etapa inicial de abertura do processo e com a documentação correta,

inicia-se a digitação dos dados do processo no sistema, confeccionando

prontamente o Licenciamento não-automático.

Page 45: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

44

As informações lançadas são aquelas contidas nos documentos que instruem

o despacho e após confeccionado aguarda a chegada da mercadoria para fazer a

vistoria e a colheita das amostras tendo em vista o seu deferimento.

No caso do vinho, é informado o nome e tipo do vinho, tipo da uva, safra,

marca, lote e a graduação alcoólica, informações estas que devem estar de acordo

com os certificados de origem e análise, sendo que também nas informações

complementares é informado o número do registro de estabelecimento do

importador no MAPA.

3.3.6 Acompanhamento da mercadoria e solicitação de remoção

O despachante acompanha todas as etapas da operação nos sistemas e

através de e-mail, informando o cliente com frequência sobre a situação da carga,

desde o embarque da mercadoria no país de origem até sua entrada no recinto

alfandegado no país de destino.

O assistente solicita a remoção para zona secundária onde deverá ser feita a

vistoria do MAPA, remoção essa solicitada via DTC – Declaração de Trânsito de

Contêiner, onde o custo é mais barato e o processo mais rápido, enviando para o

recinto que a carga ficará, 48 horas antes da atracação do navio através de

agendamento em site e envio de documentos exigidos pelo recinto, conforme

particularidade. Visto que, perdendo esse prazo, deve ser feita uma DTA –

Declaração de Trânsito Aduaneiro, maior o custo e o processo mais moroso

3.3.7 Emissão do Conhecimento de Embarque

Assim que a mercadoria é embarcada, o Conhecimento de Embarque é

emitido, Bill of Lading (B/L) nesse caso, pois trata-se de modal marítimo, e a

empresa responsável pela emissão faz o envio de um email de pré alerta para

monitoramento até a chegada no porto de destino. Porém, também é realizada a

consulta diariamente no site do porto de destino, assim que atracado dá-se início as

operações e quando finalizadas tem-se a desatracação e logo é gerada a presença

de carga pelo recinto, sendo ele portanto o fiel depositário da carga.

Page 46: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

45

3.3.8 Termo de avarias

No site do recinto, geralmente pode-se tirar o termo de avarias da carga, caso

a mercadoria esteja avariada, ainda no recinto de zona primária a seguradora é

acionada para vistoria e tomada as devidas providências antes do desembaraço

aduaneiro.

3.3.9 Lançamento CE Mercante

O CE Mercante deve ser emitido pelo agente de cargas em no mínimo 48

horas antes da atracação do navio em seu destino final. Após a emissão no sistema

o assistente de DI imprime o extrato destas informações para conferência e inclusão

no processo.

3.4 Chegada da carga

Assim que a carga for presenciada no recinto, confirmando a situação no

MANTRA, é confeccionado o requerimento para fiscalização de embalagens e

suportes de madeira, sendo apresentada ao MAPA através do operacional do

despachante.

De acordo com a Receita Federal (2014, p. 1), “presença de carga consiste

na confirmação da presença e localização da carga destinada à importação.”. Após

a partida do navio, é lançada a presença de carga pelo porto no sistema. Sem a

presença de carga, não ocorre o registro da DI, pois ela serve para certificar que

todos os contêineres listados no Conhecimento de Embarque, estão no porto de

destino e sem avarias. O fiel depositário, ou seja, o responsável pela mercadoria,

anteriormente era o armador e com a presença de carga passa a ser o porto.

Page 47: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

46

3.4.1 Requerimento de madeira

O requerimento de madeira atesta que a mercadoria não possua embalagem

de madeira contaminadas com fungos, vírus ou pragas e é indispensável na etapa

final do despacho que é a liberação do carregamento da carga no recinto

alfandegado. Nem sempre é necessária a vistoria da carga, dependendo o produto o

fiscal pode exigir ou não a vistoria, caso não exija o requerimento então é somente

assinado e liberado pelo fiscal da unidade.

No caso dos vinhos, como a embalagem geralmente é caixa de madeira e

estrado, o fiscal marca a vistoria física do vinho juntamente com a da madeira,

vistorias distintas, visto que o órgão anuente responsável pelo controle e liberação é

o mesmo, data essa que o operacional comunica para que o despachante possa

solicitar o posicionamento do container e envie os documentos necessários para

retirada das amostras e para que o fiscal possa vistoriar e analisar se há alguma

irregularidade nas embalagens, se for o caso de conter algo anormal nas

embalagens, o despachante solicita o expurgo e aciona alguma empresa para

exterminar quaisquer pragas, a fim de que as mesmas não se proliferem.

De posse do extrato da Licença de Importação, da cópia Fatura Comercial,

do Packing list, do Conhecimento de Embarque e do Certificado de Análise e Origem

do produto, via original e conforme o Anexo VIII da IN 54/09 do MAPA, o

representante do importador preenche o formulário eletrônico no sistema do MAPA e

peticiona junto à unidade da VIGIAGRO no local do desembaraço. Dependendo do

recinto em que se encontrar a mercadoria, esse procedimento deverá ser feito em

outra unidade que centraliza o serviço e que depois o distribuirá.

A falta ou a inconformidade de quaisquer documentos pode travar ou até

fazer com que o LI seja indeferido.

.

3.4.2 Vistoria do MAPA

As vistorias são feitas de preferência simultaneamente. Na data agendada, o

despachante credenciado comparece ao local onde a mercadoria se encontra e

coleta as amostras com o acompanhamento do fiscal agropecuário do recinto

Page 48: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

47

alfandegado. Deve ser coletado 1 litro de vinho de cada espécie importada. No caso

de garrafas de 750 mililitros, devem ser coletadas 2 garrafas de cada. Além do

requerimento da madeira são enviados dois jogos que devem ser entregues ao

MAPA sendo: 1 via original e 1 cópia do Requerimento para Fiscalização de

Produtos Agropecuários; Certificado de registro do estabelecimento importador;

Certificado de origem e de análise do produto; Certificado de Tempo de

Envelhecimento, quando for o caso; Certificado de inspeção de importação que

autorizou a comercialização do produto dentro do período que o dispense de coleta

de amostra, quando for o caso; Termo de responsabilidade, quando dispensada a

coleta de amostra; Requerimento para importação sem fins comerciais, homologado

pelo órgão fiscalizador, quando for o caso; Comprovante de tipicidade e

regionalidade do produto, quando for o caso; Comprovante da indicação geográfica

do produto, quando for o caso; Documentação Aduaneira da mercadoria (LI ou LSI);

Cópia da Fatura (Invoice); Cópia do Conhecimento ou Manifesto de carga;

Termo de Depositário.

A IN 54/09 determina que o Certificado de Origem e de Análise deverá ser

emitido por órgão oficial ou oficialmente credenciado do país de origem, e a relação

desses laboratórios estão disponíveis no portal eletrônico do MAPA. Qualquer outro

laboratório que não conste nessa relação não será aceito.

É feita a análise comprovando o teor de álcool e é enviado o resultado para o

responsável no VIGIAGRO, que emite um novo certificado válido para aquele tipo e

marca de vinhos por um ano.

3.4.3 Pagamento do B/L

Em tempo, logo que recebida a confirmação de desatração do navio pelo

agente de cargas, são solicitados os valores das taxas relacionadas à liberação do

B/L para que se possa agilizar o processo, enviando assim para o cliente realizar o

pagamento, sendo que assim que enviarem o recibo este é encaminhado para a

agência via email ou entregue em mãos ao operacional, dependendo das normas de

cada uma, juntamente com o termo particular de retirada de B/L, para que este se

dirija à agência para retirada das vias originais do B/L .

Page 49: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

48

3.4.4 Conferência da Declaração de Importação e autorização para registro

O despacho se inicia através do registro da Declaração de Importação, na

qual são descritas as informações relacionadas à mercadoria, de acordo com o tipo

de declaração e a modalidade de despacho aduaneiro.

Após o assistente digitar a DI completando todas as informações restantes

como o número do CE Mercante, ele passa para a conferência com uma pessoa

designada na empresa somente para isso e quando volta para o assistente, o

mesmo faz as correções se houver algum erro, e após é enviado o extrato dessa DI

para o importador via email e aguarda-se a autorização para registro, assim que

confirmado passa para o coordenador registrar.

3.4.5 Envio das amostras para o laboratório

Após a coleta das amostras, o assistente de LI prepara as garrafas em caixas

de madeiras bem protegidas junto com as cópias dos Certificados de Origens e

outros documentos e envia ao laboratório responsável pela análise e aguarda o

deferimento do LI junto ao MAPA.

Como firmado no art. 38 da IN 54 o laboratório emitirá Certificado de Análise

da amostra em três vias, remetendo duas vias ao órgão fiscalizador de localização

do depósito da mercadoria, sendo complementado pelo art. 39 que relata que o

órgão fiscalizador de posse do resultado da análise da amostra, emitirá o Certificado

de Inspeção de Importação indicando se o produto atende ou não às exigências

previstas na legislação específica.

3.4.6 Pagamento dos tributos

Quando uma mercadoria é importada com o intuito de ser nacionalizada, está

sujeita à tributação, pois o ato de nacionalização da carga é o fato gerador de alguns

dos tributos e contribuições federais pertinentes à importação.

Os tributos são calculados pelo SISCOMEX, que possuem sua base de dados

todas as alíquotas dos mesmos que incidem sobre cada produto e este faz o débito

Page 50: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

49

automático na conta corrente informada pelo importador no momento do registro da

DI, verificando também nesse instante se o ICMS será recolhido ou exonerado.

Havendo pagamento, o despachante deverá consultar através do site da Fazenda

do Estado e gerar a Guia de Recolhimento, uma vez que por ser um imposto

estadual, não é debitado portanto via SISCOMEX. O ICMS sendo exonerado, o

despachante deverá gerar a Guia de Exoneração de ICMS e carimbar na Fazenda

Estadual com os documentos instrutivos do despacho, salvo que em SC não precisa

carimbar pois é feito eletronicamente.

Efetuando o pagamento do tributo, o despachante deverá apresentar, por

meio de vinculação própria no SISCOMEX, confirmação de pagamento de ICMS

devido ao desembaraço da mercadoria. Nos casos de exoneração o importador

também deverá efetuar a vinculação no SISCOMEX, com intuito de comprovar a

exoneração para tal mercadoria importada.

No caso, o ICMS é exonerado, sendo recolhido pelo cliente na saída, pois

utilizava-se de seu benefício com Tratamento Tributário Diferenciado, recolhendo

17% através da DARE - Documento de Arrecadação de Receitas Estaduais.

3.4.7 Parametrização

A Declaração de Importação passa por uma triagem chamada parametrização

que se classifica em quatro diferentes situações, ou melhor dizendo, quatro canais,

sendo eles identificados como vermelho, amarelo, cinza e verde.

Geralmente, no caso estudado, os processos parametrizavam em canal

verde, ou melhor, desembaraçada automaticamente sem qualquer verificação.

3.4.8 Desembaraço

Após os procedimentos realizados em um dos canais de parametrização,

deve-se acompanhar a definição de análise via SISCOMEX, visto que o auditor-fiscal

pode fazer alguma exigência. Em caso de exigências devem ser apresentados os

documentos solicitados e cumprir com aquilo que foi solicitado. Após isto, a

mercadoria deve ser desembaraçada e estará devidamente liberada e assim que

efetuado o pagamento de armazenagem do recinto aduaneiro poderá ser retirada do

local.

Page 51: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

50

3.4.9 Emissão do Comprovante de Importação

Após todos os procedimentos serem realizados e a mercadoria estar liberada,

e o despachante através do SISCOMEX, emite o CI, Comprovante de Importação,

normalmente no dia posterior ao registro da DI, sendo o documento comprovando

que estão liberando a mercadoria em questão para consumo e comercialização.

No caso do vinho, a mercadoria só poderá ser comercializada após a emissão

dos laudos pelo laboratório, o cliente pode solicitar a retirada da carga do recinto

porém, não pode comercializar e todo vinho deve ser selado antes.

Para retirada da mercadoria, é apresentado o CI, B/L original e requerimento

da madeira liberado.

3.5 AFRMM

A AFRMM é composto por vinte e cinco por cento do valor do frete e

despesas lançadas pelo armador e mais algumas taxas acrescidas porém, se

tratando de uma importação realizada entre país do MERCOSUL e um associado, o

AFRMM então será isento, através do ACE nº 35 Mercosul.

Para que ocorra a isenção é necessário apresentar na Marinha Mercante a

devida documentação confeccionada e organizada pelo Assistente de Logística,

sendo uma carta em papel timbrado da empresa, contendo o consignatário da carga,

Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), número do CE mercante, tipo de

isenção, número do acordo, Cadastro de Pessoa Física (CPF) do representante

legal, data, carimbo e assinatura, cópia do B/L liberado pela agência marítima, cópia

da Fatura Comercial, cópia do Certificado de Origem, DI carimbada e assinada, e a

tela extraída do SISCOMEX que mostre o ACE.

3.5.1 Selagem

As embalagens de vinho possuem regras, antes os vinhos tinham que ser

selados e no recinto, porém a ABBA - Associação Brasileira de Importadores de

Bebidas, conseguiu uma liminar para que as empresas filiadas não necessitem mais

colocar selos nas garrafas de vinho importado.

Page 52: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

51

No caso estudado o importador, antes da liminar, solicitava a selagem no

recinto alfandegado, obviamente antes da saída da carga, solicitando à receita

federal através do pagamento de uma DARF pela compra dos selos, entregando a

DARF e cópias da DI, Invoice, Packing e B/L. A receita irá disponibilizar os selos e o

operacional entrega no recinto e solicita o serviço de selagem e o recinto realiza a

selagem, sobrando selos deveria ser devolvido na receita através de uma petição

3.5.2 Programação e Carregamento

O Assistente de Logística entra em contato com o importador para agendar a

entrega da mercadoria, bem como com a transportadora para agendar a coleta no

Porto e entrega na empresa do importador ou no destino requerido por eles.

Assim que emitido o CI, o Assistente de Logística, envia este comprovante

junto com a DI, MAPA e o Conhecimento de Carga, para que então o recinto emita a

PLMI – Protocolo de Liberação de Mercadoria Importada, e pode ser efetuado o

agendamento do carregamento para que possam estar retirando e deliberando a

mercadoria. Após a entrega da mercadoria, a transportadora devolve o container

vazio no terminal do armador.

3.5.3 Faturamento

Para retirar a mercadoria do recinto alfandegado é necessário efetuar o

pagamento da armazenagem, mas para isso, o ICMS deve estar exonerado no

SISCOMEX, o AFRMM isento ou pago, no caso em questão isento, e o

Comprovante de Importação emitido.

3.5.4 Arquivamento

Por fim, o despachante deixa arquivado na empresa os documentos e notas

que envolveram todo o processo por ao menos 5 anos, para que se necessário os

documentos sejam apresentados para análise fiscal complementar solicitada pela

fiscalização.

Page 53: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

52

O cenário descrito nas etapas trata do procedimento necessário para que a

mercadoria possa ser nacionalizada, sendo esse procedimento essencial para que a

Receita Federal do Brasil possa obter controle sobre as mercadorias que entram no

país, visando administrar a proteção da sociedade e o cumprimento das legislações

administrativa, fiscal, aduaneira e cambial, que são aquelas que regem o comércio

exterior brasileiro.

Page 54: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

53

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De certa forma, desde a origem à amplitude do comércio internacional e mais

ainda da intensificação das relações comerciais entre os países, faz com que se

tenha cada vez mais consciência da devida importância de abordar esses assuntos

que sem dúvida são responsáveis pelo desenvolvimento e maior crescimento

comercial e econômico das nações.

Se tratando da movimentação do comércio internacional e de ampliação das

relações comerciais e econômicas, é de tamanha necessidade incluir a importação

como parte de todo esse processo, pois como visto nesta pesquisa é uma forma de

abertura do comércio não somente para adquirir o que se deseja como também para

firmar relações, trazendo avanço, competitividade e qualidade e demonstrando

dessa forma que nem um país é autossuficiente e isto acaba por influenciar o

comportamento do comércio exterior de forma global.

A pesquisa foi estruturada e desenvolvida de forma que apresentasse a

sistemática da importação de vinhos finos de mesa provenientes do Chile, utilizando-

se como meio de estudo de caso o serviço proposto através de um despachante

aduaneiro. Dessa forma, foi apresentado o mercado chileno e sua balança comercial

com o Brasil, o tratamento administrativo ao qual enquadra-se o produto do caso em

estudo como também elaborado um roteiro de todo esse processo de importação

levando em conta as particularidades relacionadas ao produto e país em questão.

A fim de alcançar uma maneira que compreendesse de forma geral essa

sistemática, foi realizado um estudo levantando informações pertinentes a relação

comercial entre Brasil e Chile, demonstrando através de análises estatísticas e dos

benefícios dos acordos comercias, sua forte relação de uma maneira geral porém

enfatizando contudo, o comércio do vinho.

Com o auxílio de tabelas, leis, instruções normativas, decretos, pôde ser

demonstrado o tratamento administrativo aplicado na importação em foco, de vinhos

finos de mesa, colocando em pauta a NCM correta bem como sua descrição, suas

as alíquotas dos impostos incidentes e o comportamento de cada tributo devido ao

acordo de complementação que envolve ambos os países, ACE-35, e as

particularidades técnicas do produto. Também contendo informações sobre o

Page 55: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

54

licenciamento o qual está sujeito o produto, quais as normas e como se deve

proceder frente ao órgão anuente.

Através de etapas detalhadas fornecidas com o estudo de caso em um

despachante, focando sempre que pertinente o diferencial da importação de vinho

para uma importação normal, que se pôde conhecer o roteiro de uma importação

proveniente do Chile, com todas as suas especificações e trâmites desde o primeiro

contato com o cliente, importador, até a última etapa que seria o arquivamento do

processo até segunda ordem.

Como acadêmica, e até mesmo por ter trabalhado com estas operações e

também com este país e produto, confesso que não possuía o devido conhecimento

acerca do posicionamento e da participação de ambos os países na economia e

comércio um do outro, portanto este trabalho me permitiu analisar de maneira mais

intensa e detalhada essa parceria. A parte técnica, burocrática e o roteiro, também

auxiliaram para uma maior organização, fornecendo uma visão mais ampla de um

processo que era visto antes apenas por uma perspectiva de certa forma limitada.

Este trabalho, por sua vez, fornece informações relacionadas à prática, que

com toda certeza tendem a facilitar e auxiliar qualquer interessado a desenvolver

melhor essa operação em questão, com suas especificidades, ou aquele que

busque informações e direção em um sentido mais geral das operações de

importação.

Este estudo proporcionou um maior conhecimento acerca do Chile e seu

comércio com o Brasil, ficando claro essa ampla parceria, sendo interessante

continuar aprofundando o conhecimento sobre esse relacionamento, de uma

maneira mais completa e profunda. Desenvolver, uma pesquisa voltada para

melhorias e simplificação desse processo como também realizar estudos e levantar

dados sobre as operações de importação relacionadas a tantos outros produtos que

fazem parte dessa pauta entre estes países ou que ainda poderiam fazer, visando a

conclusão de que são ou seriam de grande diferença no desenvolvimento dessas

nações.

Page 56: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

55

REFERÊNCIAS

AGRICULTURA. Comércio Bilateral Brasil – Chile, 2012. Disponível em:

<http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Intercambio_book_chile.pdf> Acesso

em 10 de abril de 2015.

ALADI. Intercâmbio Comercial Brasil e Chile, 2011. Disponível em:

<http://www.aladi.org/nsfaladi/estudios.nsf/d61ca4566182909a032574a30051e5ba/6

4dc187743e8d4470325787f00696ebe/$FILE/F_OC_BR_003_11_CL.pdf> Acesso

em 10 de abril de 2015.

BARROS, Aidil Jesus Paes de & SOUZA, Neide Aparecida de. Projeto de

pesquisa: propostas metodológicas. 15ª. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

BIZELLI, João dos Santos; BARBOSA, Ricardo Rodrigues. Noções básicas de

importação. 6ª. Ed. São Paulo, SP: Aduaneiras, 1997.

BRASIL AMERICA ECONOMIA. Acordos comerciais entre Chile e Brasil, 2015.

Disponível em: <http://www.brasilamericaeconomia.com.br/negocios/item/556-

ind%C3%BAstrias-brasileira-e-chilena-defendem-avan%C3%A7o-na-

negocia%C3%A7%C3%A3o-de-acordos-comerciais.html> Acesso em 10 de abril de

2015.

BRASIL EXPORT. Brasil, Comércio Exterior, 2014. Disponível em:

<http://www.brasilexport.gov.br/sites/default/files/publicacoes/indicadoresEconomico

s/INDBrasil.pdf> Acesso em 11 de abril de 2015.

BRASIL EXPORT. Chile, Comércio Exterior, 2015. Disponível em:

<http://www.brasilexport.gov.br/sites/default/files/publicacoes/indicadoresEconomico

s/INDChile.pdf> Acesso em 15 de abril de 2015.

Page 57: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

56

BRASIL EXPORT. O mercado brasileiro para vinhos chilenos, 2006. Disponível

em:<http://www.brasilexport.gov.br/sites/default/files/publicacoes/PSCI/PSCIChileVin

ho.pdf> Acesso em 27 de abril de 2015.

CAMPOS, Antonio. Comércio Internacional e Importação. São Paulo: Edições

Aduaneiras, 1990.

CARVALHO, Maria Auxiliadora Vieira de; SILVA, César Roberto Leite da. Economia

Internacional. 3ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

CASTRO, José Augusto de. Exportação: Aspectos Práticos e Operacionais. 3ª.

Ed. São Paulo: Aduaneiras, 2000.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia

científica. 6ª. Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

COMEXBLOG. Tabelas IPI. Disponível em:

<http://www.comexblog.com.br/importacao/o-selo-fiscal-e-a-tributacao-do-ipi-nos-

vinhos-importados> Acesso em 11 de abril de 2015.

CONSULTA WEB. Sistema de informação de Comércio Exterior - Nomenclatura

e Correlações. Disponível em:

<http://consultawebv2.aladi.org/sicoexV2/jsf/correlacion_itemNal_Nal_resultado.sea

m?itemGlosa=&itemCod=22042110&cid=7367> Acesso em 28 de abril de 2014.

DIAS, Reinaldo; CASSAR, Maurício; RODRIGUES, Waldemar. Comércio Exterior:

História, teorias e práticas. 1ª. Ed. Campinas, SP: Alínea, 2002.

DIPLOMACIA PÚBLICA. Brasil e Chile: parceria tradicional e abertura para o

comércio, 2014. Disponível em: <http://diplomaciapublica.itamaraty.gov.br/31-brasil-

chile> Acesso em: 02 de abril de 2015.

Page 58: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

57

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª. Ed. São Paulo:

Atlas, 1991.

GUIDOLIN, Benedito. Economia e Comércio Internacional ao Alcance de Todos.

São Paulo: Aduaneiras, 1991.

JAKOBSEN, Kjeld. Comércio Internacional e Desenvolvimento do Gatt à OMC:

discurso e prática. 1ª. Ed. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005.

KEEDI, Samir. ABC do comércio exterior: abrindo as primeiras páginas. 4ª. Ed.

rev. e atual. São Paulo, SP: Aduaneiras, 2011.

LEGISWEB. Instrução Normativa MAPA n º 54 de 18 de novembro de 2009.

Disponível em: <http://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=78080> Acesso em 08

de abril de 2015.

MAIA, Jayme de Mariz. Economia internacional e comércio exterior. 5ª. Ed. São

Paulo: Atlas, 2000.

MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior do Brasil. São Paulo:

Aduaneiras, 2000.

MDIC. Departamentos SECEX. Disponível em:

<http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=1&menu=1652> Acesso em

10 de abril de 2015.

NORMAS RECEITA FAZENDA. Instrução Normativa nº 1.432, de 26 de dezembro

de 2013. Disponível em:

<http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto

=48865> Acesso em 27 de abril de 2015.

Page 59: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

58

OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica: projetos de

pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. 2ª. Ed. São Paulo, SP:

Pioneira, 1999.

OLIVEIRA NETTO, Alvim Antônio de; MELO, Carina de. Metodologia da pesquisa

científica: guia prático para a apresentação de trabalhos acadêmicos. 3ª. Ed. rev. e

atual. Florianópolis: Visual Books, 2008.

PAIVA, Donizetti Leônidas. As Estratégias de Integração Econômica do Brasil e

Chile. Núcleo de Estudo e Pesquisa de Política Internacional – NESPI

FEA/PROLAM/USP/CNPQ, 2006. Disponível em: <

http://www.usp.br/prolam/downloads/2006_1_8.pdf> Acesso em 8 de abril de 2015.

PERIA, Milve Antonio. Prática de Importação. 2ª. Ed. São Paulo: Aduaneiras, 1990.

PLANALTO. Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7212.htm>

Acesso em 14 de abril de 2015.

PLANALTO. Lei 7.678, de 8 de novembro de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/L7678.htm> Acesso em 27 de

abril de 2015.

PLANALTO. Decreto nº 8.198, de 20 de fevereiro de 2014. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Decreto/D8198.htm>

Acesso em 27 de abril de 2015.

PONTES. Acordos Bilaterais de livre comércio do Chile: um exemplo a ser

seguido, 2007. Disponível em: <http://www.ictsd.org/bridges-

Page 60: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

59

news/pontes/news/acordos-bilaterais-de-livre-com%C3%A9rcio-do-chile-um-

exemplo-a-ser-seguido> Acesso em 10 de abril de 2015.

PORTAL SISCOMEX. Bens sujeitos a licença ou proibição na importação, 2015.

Disponível em: <http://portal.siscomex.gov.br/informativos/biblioteca-de-

arquivos/bens-sujeitos-a-licenca-ou-proibicao-na-importacao> Acesso em 14 de abril

de 2015.

RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. 11ª. Ed. São Paulo: Aduaneiras,

2006.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Presença de carga. Disponível em:

<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-

exportacao/topicos/confirmacao-da-presenca-de-carga> Acesso em 12 de abril de

2015.

SISTEMAS WEB. Instrução Normativa nº 51, de 7 de novembro de 2011.

Disponível em:

<http://sistemasweb.agricultura.gov.br/sislegis/action/detalhaAto.do?method=visualiz

arAtoPortalMapa&chave=1505617819> Acesso em 14 de abril de 2015.

STANCHEVA-GIGOV, Iskra. The impact of foreign trade on economy growth,

2014. Disponível em: <

http://web.b.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid=e4017ff1-b9b3-43fc-

9398-3ed7a7f0b4f1%40sessionmgr111&vid=5&hid=107 > Acesso em 15 de março

de 2015.

TORRES, Igor Gonçalves. Comércio internacional no século XXI. São Paulo, SP:

Aduaneiras, 2000.

Page 61: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

60

VAZQUEZ, José Lopes. Comércio Exterior Brasileiro. 9ª. Ed. São Paulo, SP:

Atlas, 2009.

VIEIRA, Aquiles. Importação: práticas, rotinas e procedimentos. 5ª. Ed. São

Paulo, SP: Aduaneiras, 2012.

WERNECK, Paulo. Comércio Exterior e Despacho Aduaneiro. 4ª. Ed. Curitiba:

Juruá, 2007.

Page 62: Modelo Trabalho de Iniciação Científica (TIC) · Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC – Tarifa Externa Comum TIPI – Tabela do IPI UF – Unidades da Federação

61

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Nome do estagiário Giovana Flach

Orientador de conteúdo Prof. MSc. Júlio César Schmitt Neto

Responsável pelo Estágio Profª. Natalí Nascimento