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Geografia

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SUMÁRIO DO VOLUMEGEOGRAFIA

UNIDADE: REALIDADES RURAIS E URBANAS NO BRASIL E NO MUNDO 51. O espaço agropecuário brasileiro 5

1.1 Área total no Brasil e relação com a disponibilidade de terras agricultáveis 61.2 Concentração fundiária no Brasil em geral e por regiões 91.3 Atividades agropecuárias modernas e tradicionais no País 121.4 Relações de trabalho no Campo brasileiro 131.5 As novas ruralidades 16

2. O espaço agrário mundial 182.1 Evolução da agropecuária em função do uso de novas tecnologias 192.2 A organização do espaço agrário mundial — sistemas intensivo e extensivo 212.3 Principais espaços da agropecuária empresarial no mundo 222.4 Principais espaços da agropecuária tradicional no mundo 242.5 A concentração da produção de novas tecnologias agropecuárias no mundo 28

UNIDADE: UM MUNDO URBANO 323. Urbanização Mundial e Brasileira 32

3.1 Os nós da Rede Urbana Mundial 503.2 Urbanização brasileira 563.3 A rede urbana brasileira 643.4 Os problemas urbanos e as possíveis soluções 67

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SUMÁRIO COMPLETOVOLUME 1

UNIDADE: OS CENÁRIOS DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA NO BRASIL E NO MUNDO1. Espaço agropecuário brasileiro2. O espaço agrário mundial

UNIDADE: UM MUNDO URBANO3. A urbanização mundial e brasileira

VOLUME 2

UNIDADE: ENERGIA NO MUNDO E NO BRASIL4. Energia e desenvolvimento5. A matriz energética mundial e brasileira6. Fontes de energia do passado e do presente

VOLUME 3

UNIDADE: A APROPRIAÇÃO DESIGUAL DOS RECURSOS NATURAIS E A CRISE AMBIENTAL7. A apropriação desigual dos recursos naturais8. Questões socioambientais globais9. As negociações multilaterais na tentativa de reverter a crise socioambiental

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Geografia

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GeografiaO espaço agropecuário brasileiro

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UNIDADE: REALIDADES RURAIS E URBANAS NO BRASIL E NO MUNDO

1. O ESPAÇO AGROPECUÁRIO BRASILEIRO

Texto e contextoTexto e contextoNo lugar que havia mata,

hoje há perseguiçãoGrileiro mata posseiro

só pra lhe roubar seu chãoCastanheiro, seringueiro já viraram até peão

afora os que já morreram como aves de arribaçãoZé de Nana tá de provanaquele lugar tem cova,gente enterrada no chão

Pois mataram o índio, que matou grileiroque matou posseiro

disse o castanheiro para o seringueiroque o estrangeiro roubou seu lugar...

Vital Farias Saga da Amazônia. CD CantoriaFARIAS, Vital. Saga da Amazônia. CD. Cantoria

1975 1989

2008Fonte: Google Earth

A área das imagens anteriores � ca próxima à cidade de Ariquemes, em Rondônia, e são de três momentos distintos, consecutivamente: 1975, 1989 e 2008.

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Baseado-se na leitura da cantoria, nas imagens e em seus conhecimentos, responda às questões a seguir.

1 Qual a mata representada nas imagens anteriores? Caracterize-a

2 Para a Geografi a, a paisagem é uma das mais importantes categorias de análise. Explique o que é paisagem.

3 Quais as transformações perceptíveis na paisagem representada? Quais as consequências dessas transformações?

4 Relacione os problemas relatados no trecho da música anterior às transformações ocorridas nas imagens.

5 Dê a sua opinião crítica a respeito dos problemas relatados na música e apresente sugestões de como minimizá-los.

1.1 Área total no Brasil e relação com a disponibilidade de terras agricultáveis

Uma das razões que explicam a violência na mata, como o revelado na letra da música Saga da Amazônia, é a expansão de projetos agropecuários. Todavia, o Brasil é o país com maior disponibilidade de terras agricultáveis no mundo e não necessariamente terras � orestadas. A razão é o subaproveitamento de terras já desmatadas, como, por exemplo, na prática da pecuária, com a criação extensiva de gado.

Link do vídeo Subaproveitamento da pecuária brasileira.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uaifh-CJakE>.

Exercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamento

6 Explique o que é pecuária extensiva.

7 Apresente soluções para o aproveitamento mais racional do espaço já desmatado no País.

8 No Brasil, o que vem impedindo o desenvolvimento destas tecnologias voltadas ao melhor aproveitamento do espaço destinado à pecuária?

A agropecuária compreende as atividades do setor primário da economia e sempre ocupou lugar de destaque nas atividades humanas, visto que é a responsável pela produção de recursos essenciais para os seres humanos, como alimentos e matérias-primas. Com o grande crescimento populacional vivenciado após a chamada revolução médico-sanitária, fez-se necessário aumentar a produção agropecuária. Isso foi possível graças aos avanços tecnológicos empregados no campo, proporcionando um substancial aumento na produção mundial, bem como possibilitando a produção agrária em áreas de solos ácidos, como, por exemplo, o do Cerrado brasileiro. No entanto, ainda hoje se discute a necessidade de se aumentarem as áreas agricultáveis no mundo. Segundo o IBGE — Instituto Brasileiro de Geogra� a e Estatística —, o Brasil possui uma área de, aproximadamente, 8 515 767,049 km2. Dessa área, 394 milhões de hectares são considerados terras agricultáveis, estando em uso, na atualidade, 66 milhões de hectares.

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Observe o grá� co a seguir.

66

328

Brasil

Área total disponível para agricultura Área já ocupada pela agricultura

EUA FederaçãoRussa

UniãoEuropeia

Índia China Canadá Argentina

188

132

88

11696

4245 27

44 3160810

50

100

150

200

250

300

350

400394

269

220176 169

138

76 71

Fonte: FAO/IBGE

FUNDAMENTOS ECONÔMICOSÁreas Agricultáveis no Mundo

Disponível em: <http://slideplayer.com.br>. Acesso em: 10 dez. 2014.

Pelas informações do grá� co, é possível notar que o Brasil possui ainda uma grande área para o avanço da agricultura, o que pode garantir ao País o título de maior produtor de alimentos do mundo. Considerando que, segundo a FAO, na próxima década, teremos um aumento substancial de renda nos países em desenvolvimento e que essas pessoas estarão comendo mais e melhor em países como China e Índia, com baixas possibilidades de expansão das áreas já ocupadas (como podemos notar no grá� co) pela agropecuária, o Brasil pode se tornar o “celeiro do mundo”. O grande desa� o é atingir esse título sem que, para isso, seja necessário desmatar mais � orestas. Em tempos de aquecimento global, o desa� o é buscar uma produção agropecuária mais e� ciente e produtiva.

Interpretando dadosinfográficosInterpretando dadosinfográficos

9 Observe o gráfi co Uso das terra no Brasil ao lado, relacione as informações do texto presente em texto e contexto e explique como é possível aumentar a produtividade agropecuária no Brasil sem avançar rumo às áreas de vegetação nativa.

10 Observe o gráfi co Áreas Agricultáveis no Mundo no inicio dessa página e informe, a partir dos dados e de seus conhecimentos prévios em relação as características físicas do Brasil, por que o Brasil é o país com o maior potencial de crescimento agrícola no mundo.

Mha = milhões de hectares198 Mha - Pastagens

200 Mha Cerradoe outrasvegetações não-florestais 38 Mha - Urbanização e

outros usos

60 Mha - Agricultura

135 Mha APPs

554 Mha de vegetação nativa354 Mha Florestas

Rede de Conhecimento do Agro Brasileiro

Uso da Terra no Brasil

Terras nãocultivadas

502,2 mi Ha(59%)

Não Agricultáveis:- Cidades, rios e lagos- Áreas não apropriadas para cultivo- Áreas preservadas (florestas e áreas indígenas)

Pastagens172,3 mi Ha

(20,2%)

Disponível paraExpansão99,8 mi Ha

(11,7%)

Culturas Anuaise Permanentes

70,3 mi Ha(8,3%)

Cana-de-Açucarpara Etanol

4,2 mi Ha (0,5%)

Oleaginosas p/Biodisel B3

2,2 mi Ha (0,3%)

USO DAS TERRAS NO BRASILÁrea Total = 851 milhões de hectares

Disponível em: <bufpoint.com.br>. Acesso em: 10 dez. 2014.

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Texto e contextoTexto e contexto

ESTUDO MOSTRA QUE BRASIL PODE TER MAIOR EXPANSÃO AGROPECUÁRIA DO MUNDO COM DESMATAMENTO ZERO

Programa ABC é destaque como exemplo de política pública de estímulo ao crescimento sustentável Um estudo coordenado pelo Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS), em parceria com a Embrapa e o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), e publicado no periódico Global Environmental Change, mostrou que uma melhor utilização de áreas já dedicadas à pecuária pode conciliar uma expansão expressiva da agropecuária nacional com desmatamento zero. “Aanálises mostram que o Brasil já possui áreas agrícolas e pecuárias sufi cientes para absorver a maior expansão de produção agrícola do mundo nas próximas três décadas, sem precisar desmatar um hectare adicional de áreas naturais – afi rmou o coordenador do estudo, Bernardo Strassburg, professor da PUC-Rio e diretor executivo do Instituto Internacional para a Sustentabilidade. A chave é o aumento de produtividade das áreas de pastagem. Hoje é utilizado apenas um terço do potencial das pastagens disponíveis no País, se a pecuária passasse a utilizar metade deste potencial, em 30 anos conseguiria aumentar em 50% a produção de carne e liberar 32 milhões de hectares para outros cultivos, como a soja e as fl orestas plantadas. Os dados são resultado de pesquisa e apontam que, se fossem atingidos 70% do potencial, ainda seriam liberados outros 36 milhões de hectares para recompor áreas nativas. “O aumento da produtividade da pecuária no Brasil exigirá esforços signifi cativos, incluindo um planejamento territorial integrado, oferta de linhas de crédito compatíveis com a pecuária, de preferência com assistência técnica integrada. Esses esforços podem ser caracterizados como um grande desafi o” – diz Agnieszka Latawiec, diretora de pesquisas do IIS. Com base no estudo, esse aumento é possível e poderia contribuir para resolver uma variedade de problemas socioambientais, aumentar a renda do produtor, diminuir a pobreza rural e fi xar o homem no campo, resultando em um setor agrícola mais sustentável no Brasil. Por outro lado, a iniciativa também apresenta riscos. “É imprescindível que uma política de aumento de produtividade – e portanto de lucro – na pecuária seja acompanhada de esforços complementares para evitar um impulso por mais desmatamento” – completa Strassburg. Segundo Judson Valentim, pesquisador da Embrapa Acre, tecnologias desenvolvidas pela Embrapa na forma de sistemas intensivos de produção bovina a pasto, associados a sistemas de integração lavoura--pecuária e lavoura-pecuária-fl oresta estão promovendo uma revolução na agropecuária brasileira. As cultivares de gramíneas e leguminosas forrageiras, desenvolvidas pela Embrapa, já são adotadas em mais de 42 milhões de hectares de pastagens cultivadas em todo o Brasil. “Por serem bem adaptadas às diferentes condições de clima e solo, além de mais produtivas e de melhor qualidade, estas pastagens proporcionaram renda adicional de R$ 8,9 bilhões aos produtores em 2013. Esses sistemas de produção sustentáveis conciliam o aumento da produção e a melhoria da renda e do bem-estar dos produtores com a conservação dos recursos naturais” – destaca Valentin.

• Agricultura de Baixo Carbono fomenta produção sustentável no campo

O Plano ABC (Plano Setorial de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura), desenvolvido pelo governo federal, é um exemplo de política pública que estimula a adoção dessas práticas. Produtores rurais podem requerer crédito para adoção de técnicas de baixa emissão de carbono, como recuperação de pastagens degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agrofl orestais (SAFs), sistema Plantio Direto (SPD), Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN) e fl orestas plantadas; além de tratamento de dejetos animais. A meta é incorporar oito milhões de hectares até 2020. Ao evitar o desmatamento e diminuir a emissão de metano por quilo de carne produzida, a iniciativa também seria uma poderosa ferramenta de conservação da biodiversidade e de mitigação das mudanças climáticas, evitando a emissão de até 14,3 GtCO2.

Disponível em: <http://agricultura.ruralbr.com.br>. Acesso em: 07 out. 2014.

Foto: Reprodução Acrissul

Sistemas de integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária--fl oresta estão promovendo uma revolução na agropecuária brasileira

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GeografiaO espaço agropecuário brasileiro

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Exercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamento

11 Apresente argumentos para as seguintes questões:a) Explique como é possível a maior produtividade da agropecuária na atualidade e como, mesmo com o substancial aumento na produção de alimentos, ainda haja famintos no mundo.

b) Relacione a necessidade de expansão da produção de alimentos no mundo ao desmatamento zero e explique como isso é possível.

1.2 Concentração fundiária no Brasil em geral e por regiões

Leitura cartográficaLeitura cartográfica

GPS

Leitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográfica

GPS

Acervo Sistemade Ensino

ÁREA DOS IMÓVEIS RURAIS PEQUENOS, MÉDIOS E GRANDES - 2003

Tipo(s)* de imóvel predominante(s) naárea total dos imóveis

Pequeno

Médio

Grande

Pequeno e médio

Pequeno e grande

Médio e grande

Sem informação

*Pequeno: menos de 200 haMédio: de 200 a 2 000 haGrande: mais de 2 000 haDados: DATALUTA-Estrutua Fundiária -Cadastro INCRA

Histograma3.094

10

10 9080

7060

5040

3020

10 20 30 40 50

médio

pequ

eno grande

60 70 80 90

2030

4050

6070

8090

Diagrama triangular

Legenda

Observe esse mapa e, com base em seus conhecimentos prévios, responda: No Brasil há uma boa distribuição fundiária?

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O Brasil apresenta uma profunda desigualdade fundiária, a alta concentração de terras no nosso País tem origens históricas e intensifi cou-se em função das diversas políticas públicas fundiárias que sempre privilegiou os grandes proprietários de terras em detrimento dos pequenos. A origem do latifúndio está atrelada à história da ocupação do território. Em 1536, a Coroa portuguesa dividiu o território brasileiro em Capitanias Hereditárias, faixas latitudinais que foram confi adas a membros da nobreza e militares, os donatários, que tinham o poder de doar lotes (sesmarias), desde que fossem explorados economicamente. A Lei de Sesmaria foi revogada no ano da independência (1822) e trinta anos depois surge a Lei de Terras.

Saiba maisSaiba maisO QUE FOI A LEI DE TERRAS?

A Lei de Terras contribuiu na formação e ampliação dos latifúndios ao organizar a propriedade privada no Brasil. Até então, não havia nenhum documento que regulamentasse a posse de terras e, com as modifi cações sociais e econômicas pelas quais passava o País, o governo se viu pressionado a organizar essa questão. A Lei de Terras foi aprovada no mesmo ano da lei Eusébio de Queirós, que previa o fi m do tráfi co negreiro e sinalizava a abolição da escravatura no Brasil. Grandes fazendeiros e políticos latifundiários anteciparam-se a fi m de impedir que negros pudessem, também, se tornar donos de terras. Chegavam ao País os primeiros trabalhadores imigrantes. Era a transição da mão de obra escrava para a assalariada. Se não houvesse uma regulamentação e uma fi scalização do governo, de empregados, esses estrangeiros se tornariam proprietários, fazendo concorrência aos grandes latifúndios. Ficou estabelecido, a partir desta data, que só poderiam adquirir terras por compra e venda ou por doação do Estado. Não seria mais permitido obter terras por meio de posse. Promulgada por D. Pedro II, essa Lei contribuiu para preservar a péssima estrutura fundiária no País e privilegiar velhos fazendeiros. As maiores e melhores terras fi caram concentradas nas mãos dos antigos proprietários. De lá para cá, pouca coisa mudou. Na década de 1940, os debates passaram a ligar os sérios problemas sociais brasileiros à concentração de terras, e passaram a surgir as ligas camponesas que lutam pelo acesso à terra para diminuir as desigualdades e os confl itos no campo. Na década de 1960, instala-se a ditadura militar no País e como forma de controlar as reivindicações populares e as tensões sociais, o governo promove a reformulação da Lei de Terras com o Estatuto da Terra . Com a redemocratização, a produção monocultora passa a ser denominada agronegócio. Nas palavras de Bernardo Mançano, professor do Departamento de Geografi a da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a imagem do agronegócio foi construída para renovar a da agricultura capitalista, para ‘modernizá-la’. “É uma tentativa de ocultar o caráter concentrador, predador, expropriatório e excludente para dar relevância somente ao caráter produtivista, destacando o aumento da produção, da riqueza e das novas tecnologias.”

Trabalhando com PesquisaTrabalhando com Pesquisa

Pesquise e explique como a Estatuto da Terra aborda as questões da Reforma Agrária e relacione isso à sua efetivação.

Sugestão de fontes para a pesquisa:

1° - MARANHÃO2° - MARANHÃO

BAHIA DE T. OS SANTOS

SANTANA

Cabo de Sta. Maria

Costa Baixa

P. dos PatosI. de Sta. Catarina

SantosRio Curupacê

S. André

Rio Curupacê

Cabo de S. ToméEspírito Santo

Porto Seguro Porto Seguro

S. Jorge dos IlhéusRio Sto. Antônio

Baía de Todos os Santos

Igaraçu

Rio da Cruz (Camocim)

Mar Dulce

Nazaré

Abra de Diogo LeiteCabo de T. os Santos

Angra da Negros (Mucuripe)

OlindaConceição

Baía da Traição

I. de Sta. BárbaraRio Mucuri

Rio Macaé

S. VicenteI. do Mel

I. de Santana

Terra BaixaRio de S. Pedro

OCEANOATLÂNTICO

OCEANOPACÍFICO

S. VICENTES. AMARO

S. VICENTESÃO TOMÉ

ESPÍRITO SANTO

PORTO SEGURO

ILHÉUS

PERNAMBUCO

ITAMARACÁ

RIO GRANDE

CEARÁ

PovoaçõesTerras pertencentes a Espanha

Terras pertencentes a Portugal

AS PRIMEIRAS CAPITANIAS HEREDITÁRIASAcervo Sistema

de Ensino

0 580 km

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Exercícios de salaExercícios de sala12 Observe o mapa da página 9 (Área dos imoveis rurais pequenos, médios e grandes - 2003) tabela a

seguir para responder aos itens de a a c.

NORTE NORDESTE CENTROOESTE SUDESTE SUL BRASIL

1950196019701975198019851995

0,9440,9440,8310,8630,8410,8120,820

0,8490,8450,8540,8620,8610,8690,859

0,8330,9010,8760,8760,8610,8570,831

0,7630,7720,7600,7610,7690,7720,767

0,7410,7250,7250,7330,7430,7470,742

0,8400,8390,8430,8540,8570,8570,856

EVOLUÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DA PROPRIEDADEFUNDIÁRIA - 1950 - 1995 (ÍNDICE DE GINI)

IBGE - Censo Agropecuário - 1995-1996

O índice de Gini mede o grau de concentração de riqueza (renda, terras etc.) de um paísou região. Quanto mais próximo de 1,0, maior a concentração

a) Explique o que é o índice Gini.b) Analise a tabela do índice Gini referente à propriedade fundiária no Brasil e explique as origens dessa concentração.c) Em que regiões brasileiras há maior desigualdade fundiária?

Exercícios propostosExercícios propostos13 Observe esta imagem para responder à questão proposta.

Relacione a imagem à estrutura fundiária brasileira. 14 Faça uma linha do tempo organizando as políticas públicas brasileiras a respeito do acesso à terra.

15 Explique o avanço social do Estatuto da Terra em relação à Lei de Terras. Por que podemos afi rmar que esse avanço de fato não se concretizou?

16 Caracterize o agronegócio e explique o que favorece a alta produtividade desse setor da agricultura brasileira.

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GeografiaO espaço agropecuário brasileiro

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Disponível em: <http://www.panoramio>.com Acesso em: 04 nov. 2014.

Disponível em: <http://miradasdeencanto.blogspot.com>.

Acesso em: 4 nov. 2014.

1.3 Atividades agropecuárias modernas e tradicionais no País

As atividades agropecuárias são extremamente importantes para a economia brasileira, abrangendo uma signi� cativa participação no PIB (Produto Interno Bruto) e ocupando parte da PEA (População Economicamente Ativa). Na produção agropecuária no Brasil, as atividades modernas, altamente mecanizadas e com uso de insumos químicos, convivem com a produção tradicional que usa técnicas arcaicas na produção. Historicamente, a produção agropecuária brasileira visava, sobretudo, o abastecimento do mercado externo. A produção dos latifúndios monocultores sempre estiveram voltadas para a exportação e a produção das pequenas propriedades, os minifúndios, são destinadas ao abastecimento do mercado interno. Segundo estimativas do Ministério da Agricultura, 70% do consumo interno no Brasil vêm da agricultura, tradicional principalmente os hortifrutigranjeiros. No Brasil, a agricultura tradicional caracteriza-se geralmente, pela prática de pequenos produtores que utilizam sistemas tradicionais, em que o conhecimento das técnicas é repassado através de gerações. Não é utilizada uma orientação técnica especializada para o manejo da área e da cultura. As relações sociais de produção são predominantemente familiares. Essa forma de produção é pouco produtiva e pode trazer problemas ambientais e perdas para o produtor, visto que técnicas arcaicas, como queimadas e a exposição do solo às intempéries, podem levar à erosão dos solos, à formação de voçorocas e a outros problemas ambientais. A Agricultura moderna no Brasil, em geral, é praticada em grandes e médias propriedades e faz uso de tecnologia de ponta, sendo altamente produtiva. Esse tipo de agricultura é voltado para gerar o maior

Disponível em: <http://souagro.com.br>. Acesso em: 4 nov. 2014.

Disponível em: <http://www.panoramio>.com Acesso em: 04 nov. 2014.Disponível em: <http://agroarkafl a.com.br>. Acesso em: 04 nov. 2014.

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GeografiaO espaço agropecuário brasileiro

13

lucro possível para os agricultores, que são mais bem treinados e conhecem diversas técnicas para que esse sucesso seja alcançado. A prática da agricultura moderna é feita totalmente por máquinas e passa por um estudo cienti� co para que possa ser identi� cada a melhor forma de cultivo. Nesse tipo de prática que são utilizados os fertilizantes que aceleram o crescimento dos produtos e até mesmo ajudam a retardar a validade deles. A agricultura moderna é especializada, em determinadas regiões, levando em conta o clima, o relevo, o tipo de solo, quando é ou não favorável a um determinado tipo de semente, entre outros aspectos. Isso para que o cultivo seja feito da melhor forma possível e sem custo elevado, tanto para quem produz como para quem consome.

Leitura cartográficaLeitura cartográfica

GPS

Leitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográficaLeitura cartográfica

GPS

Uso das práticas modernas ForteFraco

OCEANOATLÂNTICO

Equador

OCEANOPACIFÍCO

Trópico de Capricórnio

1 300

1 cm - 111 km

600

MODERNIZAÇÃO NA AGROPECUÁRIA BRASILEIRAAcervo Sistema

de Ensino

Disponível em: <http://www.revista.vestibular.uerj.br>. Acesso em: 10 dez. 2014.

No Brasil, o setor agropecuário caracteriza-se tanto por áreas que ainda adotam práticas tradicionais quanto por aquelas em que há forte presença de modernização, como se observa no mapa. Pesquise e responda o que se pede.

Aponte o complexo regional que concentra o uso mais intenso de práticas agropecuárias modernas e o que concentra o uso menos intenso. Em seguida, cite duas características presentes no processo de modernização agropecuária do País.

1.4 Relações de trabalho no Campo brasileiro

As relações produtivas agrícolas não se baseiam apenas nas técnicas e formas de cultivo, mas, também, nas relações estabelecidas entre produtor/empresa agrícola e trabalhador. As relações mais usuais são as descritas a seguir.

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GeografiaO espaço agropecuário brasileiro

14

• A relação assalariada é baseada na troca entre força de trabalho e remuneração (ou salário), em bases mensais. O trabalhador executa as tarefas designadas e recebe seus salário. No Brasil, devem ser respeitadas as regras trabalhistas rurais, historicamente representadas no Estatuto do Trabalhador Rural (ETR), promulgado na gestão de João Goulart, no ano de 1963. • A relação de parceria apresenta múltiplas faces. Em regra, o trabalhador estabelece uma parceria, na qual a força de trabalho é “trocada” por parte da produção ou do lucro. A relação mais comum é a do “meiero” em que o trabalhador � ca com a metade da produção e o proprietário da terra, com a outra metade. Seria uma relação “meio a meio”, por isso, “meieros”. • A relação de arrendamento é bem simples. O trabalhador paga um valor � xo por um período estipulado. Funciona como um “aluguel” da terra, mas o pagamento apresenta algumas possibilidades, como produção e trabalho. • A relação temporária é uma das mais comuns. O trabalhador é “contratado” apenas por um período para realizar o trabalho, receber um valor acertado e ser dispensado. Não há vínculos trabalhistas. O trabalhador mais conhecido dessa relação temporária é o “boia-fria”, que se desloca, diariamente ou sazoralmente, de sua residência para o local do trabalho, alimenta-se no local (come sua “boia fria” ou comida fria) e retorna para casa, no � nal do dia ou da colheita, sem vínculos. • A relação de “Escravidão por dívida” é extremamente ilegal e abusiva. O trabalhador é enganado com uma proposta de trabalho por um tempo determinado. Porém, ao chegar ao local de trabalho, ele deve passar a noite e pagar por sua alimentação e hospedagem. Normalmente, os trabalhadores dormem e se alimentam em um “barracão” (depósito) e � cam endividados com o proprietário. No � nal do período de trabalho, o trabalhador � ca “endividado” e não pode ir embora, ou seja, o proprietário cobra sua comida e seu abrigo e diz que o valor é superior ao seu “salário” e, assim ele deve trabalhar mais para pagar o que deve. Mas esse trabalhador nunca consegue quitar a sua dívida e torna-se uma espécie de “escravo”. Trabalha, come e dorme até morrer. Esse é um absurdo ainda presente no campo brasileiro. • O posseiro é a pessoa que, no intuito de cultivar e sem ter acesso à posse legal de terras, delas se apossa, sem documentos, e começa a produzir, tentando fazer-se valer de leis, como a do usucapião.

Exercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamento

Escolha uma das relações de trabalho estudadas e, a seguir crie uma história em quadrinhos que exemplifi que a relação de trabalho escolhida. Faça uma legenda para identifi car a relação de trabalho a que se refere o quadrinho.

Page 15: unidade: realidades rurais e urbanas no brasil e no mundo 1. o

GeografiaO espaço agropecuário brasileiro

15

No Brasil do século XXI ainda é possível encontrar trabalhadores em condições análogas a de escravidão, tanto no espaço urbano como no espaço rural. Vamos entender um pouco melhor como essa relação se estabelece no campo?

O QUE É TRABALHO ESCRAVO

De acordo com o artigo 149 do Código Penal brasileiro, são elementos que caracterizam o trabalho análogo ao de escravo: condições degradantes de trabalho (incompatíveis com a dignidade humana, caracterizadas pela violação de direitos fundamentais que coloque em risco a saúde e a vida do trabalhador), jornada exaustiva (em que o trabalhador é submetido a esforço excessivo ou sobrecarga de trabalho que acarrete danos à sua saúde ou risco de vida), trabalho forçado (manter a pessoa no serviço por intermédio de fraudes, isolamento geográfi co, ameaças e violências físicas e psicológicas) e servidão por dívida (fazer o trabalhador contrair ilegalmente um débito e prendê-lo a ele). Os elementos podem vir juntos ou isoladamente. O termo “trabalho análogo ao de escravo” deriva do fato de que o trabalho escravo formal foi abolido pela Lei Áurea em 13 de maio de 1888. Até então o Estado brasileiro tolerava a propriedade de uma pessoa por outra não mais reconhecida pela legislação, o que se tornou ilegal após essa data. Não é apenas a ausência de liberdade que faz um trabalhador escravo, mas sim de dignidade. Todo ser humano nasce igual, com direito à mesma dignidade. E, portanto, nascemos todos com os mesmos direitos fundamentais que, quando violados, nos arrancam dessa condição e nos transformam em coisas, instrumentos descartáveis de trabalho. Quando um trabalhador mantém sua liberdade, mas é excluído de condições mínimas de dignidade, temos também caracterizado o trabalho escravo. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, por intermédio de sua relatora para formas contemporâneas de escravidão, apoiam o conceito utilizado no Brasil.

Disponível em: <http://reporterbrasil.org.br>. Acesso em: 18 nov. 2014.

Para complementar o entendimento desse tema assista ao vídeo:

Disponível em: <http://reporterbrasil.org.br/trabalho-escravos/>.

Com base no texto e no vídeo apresentados, responda às questões propostas.

17 Como se confi gura o trabalho escravo na contamporaneidade?

18 Qual a organização internacional que atua no combate ao trabalho escravo? Como essa organização atua no Brasil?

19 Além de perder a liberdade, o trabalhador, quando colocado na condição de escravo, também perde sua dignidade. Explique como ocorre a perda da dignidade desse trabalhador.

20 Como o governo brasileiro tem atuado para erradicar a exploração do trabalho escravo no Brasil?

21 Pesquise sobre a PEC-57 A, a chamada PEC do trabalho escravo, e dê sua opinião a respeito de como essa Proposta de Emenda Constitucional pode contribuir para o combate ao trabalho escravo no Brasil.

22 Observe o infográfi co da página 16 para responder às questões propostas.a) Trace o perfi l do trabalhador vulnerável à exploração do trabalho escravo no Brasil.

b) Com base na leitura do texto, no vídeo e no infográfi co a seguir informe: O trabalho escravo é uma exclusividade de alguma região brasileira? Explique sua resposta.

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