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Universidade Federal de Santa Catarina

Pró-Reitoria de Pós-Graduação

Coordenadoria de Educação Continuada

Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Instituto de Estudos de Gênero

Especialização em Gênero e Diversidade na Escola

Gênero: um conceito importante para o

conhecimento do mundo social

2015

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Page 3: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

Copyright@2015. Universidade Federal de Santa Catarina / Instituto de Estudos de Gênero. Nenhuma

parte desse material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, fotocópia

e outros, sem a prévia autorização, por escrito, das/os autoras/es.

2

WOLFF, Cristina Scheibe; SILVA, Janine Gomes da; PEDRO, Joana Maria. Gênero:

um conceito importante para o conhecimento do mundo social. Florianópolis:

Instituto de Estudos de Gênero / Departamento de Antropologia / Centro de Filosofia

e Ciências Humanas / UFSC, 2015. Livro didático.

Inclui bibliografia

Curso de Especialização em Gênero e Diversidade na Escola, modalidade a

Distância.

1. Gênero. 2 Feminismos. 3. Categoria gênero. 4. História e feminismo.

Page 4: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

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Gênero: um conceito importante para o

conhecimento do mundo social

Especialização em Gênero e Diversidade na

Escola

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Page 6: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

Dilma Vana Roussef

PRESIDENTA DA REPÚBLICA

Eleonora Menicucci

MINISTRA DA SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES DA PRESIDÊNCIA

DA REPÚBLICA – SPM/PR

Cid Gomes

MINISTRO DA EDUCAÇÃO

Adriano Almeida Dani (Substituto)

SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO, DIVERSIDADE E INCLUSÃO

– SECADI / MEC

Nilma Lino Gomes

SECRETÁRIA DE DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL – SEPPIR/MEC

Roselane Neckel

REITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC

Joana Maria Pedro

PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇAO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA –

PROPG/UFSC

Mara Coelho de Sousa Lago

Miriam Pillar Grossi

Zahidé Muzart

COORDENADORAS DO INSTITUTO DE ESTUDOS DE GÊNERO – IEG/UFSC

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Page 7: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

Equipe do Curso de Especialização Gênero e Diversidade na Escola – IEG/UFSC – Edição 2015

Coordenação Geral

Miriam Pillar Grossi – Coordenadora Geral

Olga Regina Zigelli Garcia – Vice-Coordenadora

Coordenação do Projeto GDE Especialização

Miriam Pillar Grossi e Olga Regina Zigelli Garcia – Coordenação Geral

Marivete Gesser – Coordenação de Tutoria

Maise Zucco – Coordenação de Assuntos Institucionais

Marie-Anne Stival Pereira e Leal Lozano – Coordenação Editorial e de Ambiente de Ensino Virtual

(AVEA)

Professoras/es

Adriano Henrique Nuernberg, Amurabi Pereira de Oliveira, Antonela Maria Imperatriz Tassinari, Carmem

Silvia Rial, Cristina Scheibe Wolff, Edviges Marta Ioris, Fernando Cândido da Silva, Janine Gomes da

Silva, Jair Zandoná, Leandro Casto Oltramari, Luciana Patricia Zucco, Mara Coelho de Souza Lago, Mareli

Eliane Graupe, Marivete Gesser, Miriam Pillar Grossi, Olga Regina Zigelli Garcia, Regina Ingrid

Bragagnolo, Simone Pereira Schmidt, Tânia Welter, Teresa Kleba Lisboa e Tito Sena.

Revisão de Conteúdo

Olga Regina Zigelli Garcia

Revisão Técnica

Marie-Anne Stival Pereira e Leal Lozano

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Page 8: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

NOTA / GÊNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA - GDEGênero e Diversidade na Escola é um projeto destinado à formação de profissionais da área de educação que

também permite a participação de representantes de Organizações Não-Governamentais (ONGs) e de

movimentos populares, buscando a transversalidade nas temáticas de gênero, sexualidade e orientação

sexual e relações étnico-raciais. A concepção do projeto é da Secretaria Especial de Políticas para as

Mulheres (SPM/PR) e do British Council, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada,

Alfabetização e Diversidade e Inclusão (SECADI/PR), Secretaria de Ensino à Distância (SEED-MEC),

Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR/PR) e o Centro-Latino Americano em

Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM/IMS/UERJ).

PÓLOS PRESENCIAIS – GDE ESPECIALIZAÇÃO 2015

CONCÓRDIA PREFEITO – João GirardiCOORDENADORA DO PÓLO – Leonita CousseauENDEREÇO – Travessa Irmã Leopoldina. Nº: 136. Centro. Concórdia – SC. CEP: 89700-000Tel: (49) 3482-6029.

FLORIANÓPOLISPREFEITO – Cesar Souza JúniorCOORDENADORA DO PÓLO – Fabiana GonçalvesENDEREÇO – Rua Ferreira Lima, nº82. Centro. Florianópolis – SC. CEP: 88015-420Tel: (48) 2106-5910 / 2106-5900

ITAPEMAPREFEITO – Rodrigo CostaCOORDENADORA DO PÓLO – Soeli Uga PachecoENDEREÇO – Rua 402-B. Morretes. Prédio Escola Bento Elóis Garcia. Itapema – SC. CEP: 88220-000.Tel: (47) 3368-2267 / 3267-1450

LAGUNAPREFEITO – Everaldo dos SantosCOORDENADORA DO PÓLO – Maria de Lourdes CorreiaENDEREÇO – Rua Vereador Rui Medeiros. Portinho. Laguna – SC.CEP: 88790-000. Tel: (48) 3647-2808

PRAIA GRANDEPREFEITO – Valcir DarosCOORDENADORA DO PÓLO – Sílvia Regina Teixeira ChristovãoENDEREÇO – Rua Alberto Santos. Nº: 652. Centro. Praia Grande – SC. CEP: 88990-970Tel: (48) 3532-1011

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Page 9: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

Apresentação

Olá, Estudante do Curso de Especialização EaD Gênero e Diversidade na Escola!

Este é o material didático básico da disciplina “Gênero: um conceito importante

para o conhecimento do mundo social”. Outras atividades e textos serão

disponibilizados para vocês através do Moodle.

Dividimos essa disciplina em três tópicos principais: o primeiro procura trazer

alguns elementos históricos para a compreensão da construção da categoria gênero, que

podem ajudar a compreendê-la, especialmente relacionando-a à trajetória dos

movimentos feministas. Na segunda parte, trazemos extratos de outros textos, teses e

dissertações, que aplicam a categoria gênero em áreas temáticas importantes para os

estudos feministas, tais como violência, trabalho e produção cultural. A terceira parte

constitui-se do texto da Professora Joana Maria Pedro, a quem agradecemos a

colaboração, intitulado “Traduzindo o Debate: o uso da categoria gênero na pesquisa

histórica”. Nesse escrito, a autora aponta também a trajetória das categorias mulher,

mulheres e gênero, nas ciências sociais e na história, e explicando-as e mostrando como

têm sido utilizadas.

Esperamos ter com você um diálogo muito rico e intenso nas semanas em que

estaremos todas juntas e juntos.

Um abraço,

Cristina Scheibe Wolff e Janine Gomes da Silva

Professoras do Departamento de História da UFSC

Laboratório de Estudos de Gênero e História

Instituto de Estudos de Gênero.

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Page 10: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

Gênero: um conceito importante para o conhecimento do mundosocial

A categoria gênero está cada vez mais presente nas discussões acadêmicas, nos

movimentos sociais, nas organizações não governamentais e nas esferas do poder

público, especialmente quando se discutem políticas públicas. Como explica Joan Scott

(1994), a categoria gênero é entendida como “um elemento constitutivo de relações

sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, sendo um primeiro modo

de dar significado às relações de poder”. Essa categoria de análise vem sendo

historicizada e debatida por diferentes autoras/es em vários campos de estudos e, para

este texto, salientamos as reflexões apresentadas por Joana Pedro (2005) em artigo que

pretende “narrar como, através de um diálogo com movimentos sociais de mulheres,

feministas, gays e lésbicas, foram se constituindo algumas categorias de análise que hoje

estão presentes em vários campos de conhecimento, sendo, portanto, interdisciplinar”.

De maneira geral, quando olhamos para a história dessa categoria, retomamos a

história do feminismo e da trajetória dos diferentes movimentos feministas e de

mulheres. Estes, enquanto movimentos sociais, costumam ser “divididos” em “ondas” e,

nessa perspectiva, a “primeira onda” corresponde ao final do século XIX e início do XX

e tem como principais bandeiras os direitos políticos (como votar e ser eleita) e direitos

sociais (direito a trabalho remunerado e educação). Já o de “segunda onda”, “surgiu

depois da Segunda Guerra Mundial, e deu prioridade às lutas pelo direito ao corpo, ao

prazer, e contra o patriarcado – entendido como o poder dos homens na subordinação das

mulheres. Naquele momento, uma das palavras de ordem era: ´o privado é político

(PEDRO, 2005).

É a partir e no interior dos debates e lutas desse momento que a categoria gênero

foi criada. No Brasil, além dos debates acadêmicos e dos movimentos sociais, a

importância dessa categoria de análise social pode ser verificada, por exemplo, nos

textos e documentos publicizados pela Secretaria Especial de Políticas para as

Mulheres, notadamente a partir de 2004 (BRASIL, 2004a). Destaca-se também que o

ano de 2004 foi instituído como o “Ano da Mulher” (BRASIL, 2003), e várias medidas

foram adotadas pelo governo federal visando, entre outras questões, erradicar a

violência baseada no gênero. Dessas medidas, a convocação da “1ª Conferência

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Page 11: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

Nacional de Políticas para as Mulheres”, objetivando “propor diretrizes para a

fundamentação do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres” e a alteração do

Código Penal, criando o tipo especial denominando “Violência Doméstica” (BRASIL,

2004b), apresentaram-se como importantes iniciativas do poder público relacionadas à

questão de gênero. Dessa maneira, a nova legislação transformou agressões domésticas

em crime. (cf. SAFFIOTI, 1994; SAFFIOTI; ALMEIDA, 1995; TEIXEIRA; GROSSI,

2000).

Posteriormente, destaca-se a chamada Lei Maria da Penha (BRASIL, 2006), que

coíbe a violência doméstica e familiar contra a mulher”, que entre outras questões prevê

punição mais rigorosa, fim das penas alternativas e mecanismos de proteção mais

eficazes.

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Page 12: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

1 A história do feminismo e da categoria gênero

A própria ideia de que se precisa de uma categoria específica para analisar as

questões que envolvem as hierarquias sociais, baseadas nas formas pelas quais cada

sociedade dá significado às diferenças percebidas entre os sexos, tem uma história. E

essa história pode começar pelo momento em que as mulheres saíram às ruas

reivindicando direitos políticos e alguns outros direitos sociais, como o acesso à

educação e a muitas carreiras laborais que estavam fechadas a elas. Houve precursoras, já

no século XVIII, como nos conta Scott (2002), mas a luta pelo voto feminino foi se

fortalecendo a partir da segunda metade do século XIX, principalmente nos Estados

Unidos e na Europa, sendo mais efetiva a partir do início do século XX. As “sufragistas”,

ou “sufragettes”, como eram chamadas essas mulheres que foram às ruas, escreveram

artigos, organizaram campanhas e abaixo-assinados, entre outras formas de luta. Elas

eram, muitas vezes, mulheres das camadas médias e, embora houvessem tido acesso à

educação, foram muito estigmatizadas.

No Brasil, destaca-se o nome de Bertha Lutz, bióloga e segunda mulher brasileira a

ser contratada no serviço público, após ter sido aprovada em primeiro lugar em concurso

no Museu Nacional (RJ). Bertha Lutz começou sua campanha pela emancipação da

mulher a partir de 1918 (cf. SOIHET, 2006). Em 1920, ela fundou, junto com Maria

Lacerda de Moura, outro grande nome do feminismo brasileiro, professora e escritora, a

Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher (cf. LEITE, 1984; 2005). Em 1922, é

fundada a Federação Brasileira para o Progresso Feminino, inspirada, em grande medida,

na NAWSA (National American Woman’s Suffrage Association) dos Estados Unidos.

Mas somente em 1932 é que as mulheres conquistaram a possibilidade de votar, desde

que fossem alfabetizadas e cumprissem com os outros requisitos de idade. É interessante

notar que o Brasil foi o segundo país da América Latina a instituir o voto feminino e foi

pioneiro em relação a países como a França e a Itália, nos quais o sufrágio feminino foi

instituído somente em 1945 (SOIHET, 2012, p. 218-237).

As reivindicações das mulheres no espaço público fazem surgir um novo sujeito

para as ciências sociais e políticas, para história e mesmo para a reflexão filosófica. É o

que acontece, por exemplo, com o lançamento da obra “O segundo sexo”, de Simone de

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Page 13: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

Beauvoir, em 1949 na França. Além disso, as mudanças sociais e econômicas globais, que

acontecem a partir do final da Segunda Guerra Mundial, também impulsionam o

surgimento de novos questionamentos e novas reivindicações ligadas às mulheres e suas

possibilidades de atuação social. Aos poucos elas foram conquistando espaços nas

escolas, nas universidades, nas carreiras liberais, no serviço público. Com a possibilidade

do voto, elas se tornaram eleitoras a quem também se procura agradar. Os espaços

midiáticos se ampliaram com a emergência da imprensa, do rádio, do cinema e, mais

tarde, da televisão. O rádio, especialmente, trouxe para as casas e o cotidiano das

mulheres informações e novidades que antes se restringiam aos jornais, objeto bastante

masculino, de maneira geral. O cinema, muito internacionalizado, com muita influência

dos Estados Unidos, possibilitava visualizar outros modos de vida, valores, culturas. As

revistas ilustradas também alcançavam o mercado das leitoras através de publicações

direcionadas a elas, ou espaços específicos nas publicações já lançadas. Nasce, por meio

desse processo, a categoria mulher. A partir da reivindicação da emancipação da mulher,

aparecem os questionamentos e estudos sobre a condição da mulher, o papel da mulher, a

saúde da mulher, o trabalho feminino, entre outros.

A partir dos anos 1960, os movimentos de mulheres e feministas se fortalecem e

se modificam. Se antes as reivindicações eram a participação política, a educação e

alguns direitos trabalhistas, agora as mulheres querem mais! É claro que a busca de

direitos no campo econômico e do trabalho continuou e continua, mas também passamos

a considerar outras questões, que antes eram vistas como do âmbito do privado, como

questões políticas. Como Joana Maria Pedro (2005) explica no texto “Traduzindo o

Debate: o uso da categoria gênero na pesquisa

histórica”, com o qual finalizaremos na última

unidade dessa disciplina, decorre de vários

fatores. O fato de muitas mulheres, nesse

momento, já ocuparem lugares profissionais

antes reservados aos homens, o surgimento da

pílula anticoncepcional, a crescente inserção

das mulheres nas universidades, tudo isso contribuiu para que essas mulheres

reivindicassem como direitos questões como “salário igual para trabalho igual”, direito ao

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Para saber mais, leia: PEDRO,Joana Maria. Traduzindo oDebate: o uso da categoriagênero na pesquisa histórica.História. São Paulo, v. 24, n.1. 2005. P. 77 – 98. Disponívelem:http://www.scielo.br/pdf/his/v24n1/a04v24n1.pdf

Page 14: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

prazer sexual, direito à contracepção e ao aborto, direito a frequentar todos os lugares, a

vestir-se livremente, entre outros. Quando olhamos as reivindicações da Marcha das

Vadias1, um movimento super contemporâneo e protagonizado por mulheres muito

jovens, vemos que a maioria das reivindicações delas são muito próximas daquelas de

feministas dos anos 1960 e 1970, em outras partes do mundo, como na América do Norte

e na Europa.

O que acontece é que, aqui no Brasil, entre 1964 e 1985, vivemos um regime

autoritário, protagonizado por militares, mas com grande apoio de partes da sociedade

civil, por isso chamado de Ditadura Civil-Militar. Esse período de ditadura não impediu

que, ao longo dos anos 1970 e 1980, principalmente, fossem aqui fundados grupos

feministas, e que muitas das reivindicações desses grupos tenham ganhado a arena

pública, sido discutidas, e até algumas conquistadas. Mas, certamente, a conjuntura de

ditadura configurou de maneira diferenciada o feminismo brasileiro daquele período,

fazendo com que algumas das questões que eram discutidas, e que se assemelhavam às

reivindicadas em outros países, aqui ficassem em segundo plano, pois se considerava que

era necessário colocar todos os esforços no sentido de derrotar a ditadura. Muitas vezes,

no Brasil, e também em outros países do Cone Sul, isso significava, na prática, deixar de

lado discussões que eram consideradas polêmicas pela Igreja Católica (mesmo em seus

setores mais progressistas) e por outros setores das esquerdas, como, por exemplo, o

direito ao aborto, ao prazer sexual e à contracepção (PEDRO, 2009; PEDRO; WOLFF;

VEIGA, 2011). As mulheres que participavam nessa época de movimentos de resistência

à ditadura e de esquerda, recordam constantemente, segundo vimos em nossas pesquisas,

como era difícil inserir questões ligadas ao feminismo nos debates da esquerda, nos

jornais e outros materiais produzidos pelos movimentos. Por isso, foi de grande

importância a produção de jornais como o Brasil Mulher, o Nós Mulheres e,

posteriormente, o Mulherio.

• Brasil Mulher, publicado pela Sociedade Brasil Mulher (foram 16 edições

regulares e mais quatro denominadas “extras”), de 1975 a 1980, conexão

com o Movimento Feminino pela Anistia;

1 A Marcha das vadias surgiu a partir de um protesto realizado por mulheres em 2011, em Toronto,no Canadá, contra a crença de que as mulheres que são "vítimas de estupro" teriam provocado a violênciapor seu comportamento.

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• Nós Mulheres, publicado pela Associação de Mulheres, teve oito edições,

que circularam de 1976 a 1978 (cf. TELES; LEITE, 2013);Mulherio,

publicado pela Fundação Carlos Chagas, com apoio da Fundação Ford,

circulou entre 1981 e 1988.

Figura 1. Capa do Jornal Nós Mulheres.Fonte: Nós Mulheres. São Paulo, nº 5, junho/julho de 1977.

Figura 2. Tirinha do Jornal Nós Mulheres.Fonte: Ciça (1977, p. 15).

Em 1975, mais uma vez um acontecimento de âmbito internacional traz para o

feminismo brasileiro uma importante abertura. Foi o anúncio pela ONU – Organização

das Nações Unidas, do Ano Internacional da Mulher, que precederia a Década da

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Page 16: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

Mulher até 1985. Esse anúncio e o apoio da ONU a várias atividades, incluindo

encontros de mulheres e organização de centros e associações, possibilitaram que o

movimento crescesse muito no Brasil, mesmo sob a ditadura militar.

A partir dos anos 1980, outros movimentos começaram a surgir de forma mais

visível na sociedade brasileira, a exemplo de vários movimentos de mulheres, como o

Movimento das Mulheres Agricultoras, que hoje se tornou o Movimento de Mulheres

Camponesas, os movimentos de mulheres negras e os grupos de homossexuais,

homens e mulheres, que também reivindicavam direitos específicos, além dos

movimentos de cunho ecológico e ambiental. Essas mobilizações tiveram uma grande

importância para o questionamento de várias ideias do feminismo e, de certa forma,

trouxeram uma reflexão que acabou por ajudar na criação da categoria gênero e sua

disseminação.

Os movimentos de mulheres da periferia e rurais, além dos movimentos das

mulheres negras, trouxeram para o feminismo o questionamento da irmandade, ou seja,

será que todas as mulheres são iguais? Têm os mesmos interesses? Suas reivindicações

principais são as mesmas? (FOX-GENOVESE, 1992, p. 31-56). Então, não seria mais

possível usar mais a categoria mulher, no singular. Nasce aí a necessidade de colocar essa

categoria no plural – mulheres: mulheres negras, índias, brancas, da periferia, do campo,

da cidade, jovens, idosas, religiosas, artistas, profissionais, operárias, donas de casa,

empregadas domésticas, políticas, da floresta, vítimas de

violência. Tantas mulheres.

Os grupos organizados de homossexuais, como o grupo

SOMOS (1978) e o Grupo Gay da Bahia (1980), entre muitos

outros que se formaram posteriormente, trouxeram outras

discussões para a cena política.2 Elas não necessariamente seriam

inseridas nas questões feministas, mas o questionamento das

próprias categorias mulher e homem abalou, de certa forma,

muitas das crenças e das discussões que o feminismo propunha.

Claro que isso não aconteceu somente no Brasil, e não somente

nos anos 1980, como o texto abaixo mostra. Mas a chamada

2 Sobre isso, ver o novo livro de GREEN, James e QUINALHA, Renan (orgs). Ditadura ehomossexualidades : repressão, resistência e a busca da verdade. São Carlos (SP), Edufscar, 2014.

15

A fundação do grupo SOMOS,em 1978, é considerada omarco do início da lutapolítica dos homossexuaisem São Paulo e no Brasil.Para saber mais, leia:SANTOS, Gustavo Gomes daCosta. Mobilizaçõeshomossexuais e estado noBrasil: São Paulo (1978-2004).Revista Brasileira deCiências Sociais. Vol. 22. N.63. São Paulo. 2007.

Page 17: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

teoria Queer questionou, de forma muito contundente, a conexão entre sexo - visto como

uma determinação biológica, gênero, visto como uma determinação cultural e histórica - e

orientação sexual, ou seja, as práticas sexuais das pessoas.

A relação entre essas três concepções estava presente quando se

falava em mulher ou homem há alguns anos atrás. Ao falar sobre a mulher,

a pessoa já imaginava que ela teria nascido com uma vagina, útero e

ovários, cabelos compridos, que ela falaria mais baixo, teria um

comportamento dócil, vontade de ser mãe, saberia fazer trabalhos

domésticos, e preferiria ter relações sexuais com homens, especialmente

um homem, que seria o amor de sua vida... Ao falar acerca do homem,

esperava-se um ser que houvesse nascido com um pênis, tivesse pelos no

peito e nas pernas, barba no rosto, fosse assertivo, gostasse de jogar

futebol e tomar cerveja com os amigos e tivesse uma compulsão

irresistível por ter relações sexuais com mulheres, as mais diversas desde

que bonitas.

Os movimentos de LGBTTT – Lésbicas, Gays, Bissexuais,

Transgêneros, Transexuais e Travestis – chamaram a atenção para o fato de que nem

todas as pessoas que nascem com um genital considerado feminino querem ser mães e

donas de casa (opa, isso as feministas também já diziam muito antes...), querem ter

cabelos compridos e usar vestidos, querem ter relações sexuais com homens. Também,

nem todas as pessoas que têm um pênis querem se adequar à masculinidade hegemônica.

Ou seja, em muitos pontos, os feminismos e os movimentos LGBTTT concordam entre

si. Isso trouxe à visibilidade uma dissociação entre sexo/gênero/sexualidade.

16

Teoria Queer é uma

teoria sobre o gênero

que afirma que a

orientação sexual e a

identidade sexual ou de

género dos indivíduos

são o resultado de um

constructo social e que,

portanto, não existem

papéis sexuais essencial

ou biologicamente

inscritos na natureza

humana.

Page 18: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

Figura 3. Independentemente do genital, pessoas são pessoas, e precisamos respeitar. Fonte: Facebook (2014).

A categoria gênero vem sendo usada em várias pesquisas sobre temas diversos, e,

tendo em vista as muitas possibilidades de se pesquisar gênero, decidimos colocar aqui

algumas delas, para tentar exemplificar alguns usos dessa categoria.

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Page 19: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

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Sobre as Autoras

Cristina Scheibe Wolff

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Page 28: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

Graduada em História pela Universidade Federal de

Santa Catarina (1988), Mestre em História pela

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

(1991) e Doutora em História Social pela

Universidade de São Paulo (1998). Em 2004 e 2005

realizou Pós-Doutorado na Université Rennes 2, na

França, e entre 2010 e 2011, no Latin American

Studies Center da University of Maryland, em College Park, Estados Unidos da

América. Atualmente é Professora Associada do Departamento de História da

Universidade Federal de Santa Catarina, Coordenadora do Laboratório de Estudos

de Gênero e História (LEGH/UFSC), participante do Instituto de Estudos de

Gênero (IEG) da UFSC e uma das Coordenadoras Editoriais da Revista Estudos

Feministas (2006-2009 e 2011 – atualmente). Faz parte do conselho da Seção de

Estudos de Gênero e Feministas da Latin American Studies Association, LASA

(2013-2014). Endereço para acessar seu lattes:

http://lattes.cnpq.br/1019212457780700

Janine Gomes da Silva Professora do Departamento de História e do Programa de

Pós-Graduação em História da Universidade Federal de

Santa Catarina - UFSC. Possui graduação em História pela

Universidade da Região de Joinville (1992), mestrado em

História pela Universidade Federal de Santa Catarina

(1997) e doutorado em História pela Universidade Federal

de Santa Catarina (2004). Tem experiência na área de

História, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, mulheres, gênero e

violência, memória, história oral e patrimônio cultural. Endereço para acessar seu

lattes: http://lattes.cnpq.br/9685430651533127

Joana Maria Pedro

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Page 29: Unidade 1  -  A  Construção  da  Categoria  Gênero.pdf

Graduada em História pela Universidade do Vale do Itajaí (1972), Mestre em História pela

Universidade Federal de Santa Catarina (1979) e Doutora em História Social pela

Universidade de São Paulo (1992). Fez pós-doutorado na França, na Université d'Avignon,

entre 2001 e 2002. Atualmente é professora titular do Programa de Pós-Graduação em

História e do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da

Universidade Federal de Santa Catarina e Pró-Reitora de Pós-Graduação da UFSC. É também

pesquisadora do IEG - Instituto de Estudos de Gênero e tem experiência na área de História,

com ênfase em História do Brasil República, atuando principalmente nos seguintes temas:

feminismo, gênero, relações de gênero, história das mulheres, memória, história oral, história

do tempo presente e história comparativa.

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