unidade 1 - a construção da categoria gênero.pdf
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Universidade Federal de Santa Catarina
Pró-Reitoria de Pós-Graduação
Coordenadoria de Educação Continuada
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Instituto de Estudos de Gênero
Especialização em Gênero e Diversidade na Escola
Gênero: um conceito importante para o
conhecimento do mundo social
2015
1
Copyright@2015. Universidade Federal de Santa Catarina / Instituto de Estudos de Gênero. Nenhuma
parte desse material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, fotocópia
e outros, sem a prévia autorização, por escrito, das/os autoras/es.
2
WOLFF, Cristina Scheibe; SILVA, Janine Gomes da; PEDRO, Joana Maria. Gênero:
um conceito importante para o conhecimento do mundo social. Florianópolis:
Instituto de Estudos de Gênero / Departamento de Antropologia / Centro de Filosofia
e Ciências Humanas / UFSC, 2015. Livro didático.
Inclui bibliografia
Curso de Especialização em Gênero e Diversidade na Escola, modalidade a
Distância.
1. Gênero. 2 Feminismos. 3. Categoria gênero. 4. História e feminismo.
3
Gênero: um conceito importante para o
conhecimento do mundo social
Especialização em Gênero e Diversidade na
Escola
4
Dilma Vana Roussef
PRESIDENTA DA REPÚBLICA
Eleonora Menicucci
MINISTRA DA SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES DA PRESIDÊNCIA
DA REPÚBLICA – SPM/PR
Cid Gomes
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Adriano Almeida Dani (Substituto)
SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO, DIVERSIDADE E INCLUSÃO
– SECADI / MEC
Nilma Lino Gomes
SECRETÁRIA DE DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL – SEPPIR/MEC
Roselane Neckel
REITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC
Joana Maria Pedro
PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇAO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA –
PROPG/UFSC
Mara Coelho de Sousa Lago
Miriam Pillar Grossi
Zahidé Muzart
COORDENADORAS DO INSTITUTO DE ESTUDOS DE GÊNERO – IEG/UFSC
5
Equipe do Curso de Especialização Gênero e Diversidade na Escola – IEG/UFSC – Edição 2015
Coordenação Geral
Miriam Pillar Grossi – Coordenadora Geral
Olga Regina Zigelli Garcia – Vice-Coordenadora
Coordenação do Projeto GDE Especialização
Miriam Pillar Grossi e Olga Regina Zigelli Garcia – Coordenação Geral
Marivete Gesser – Coordenação de Tutoria
Maise Zucco – Coordenação de Assuntos Institucionais
Marie-Anne Stival Pereira e Leal Lozano – Coordenação Editorial e de Ambiente de Ensino Virtual
(AVEA)
Professoras/es
Adriano Henrique Nuernberg, Amurabi Pereira de Oliveira, Antonela Maria Imperatriz Tassinari, Carmem
Silvia Rial, Cristina Scheibe Wolff, Edviges Marta Ioris, Fernando Cândido da Silva, Janine Gomes da
Silva, Jair Zandoná, Leandro Casto Oltramari, Luciana Patricia Zucco, Mara Coelho de Souza Lago, Mareli
Eliane Graupe, Marivete Gesser, Miriam Pillar Grossi, Olga Regina Zigelli Garcia, Regina Ingrid
Bragagnolo, Simone Pereira Schmidt, Tânia Welter, Teresa Kleba Lisboa e Tito Sena.
Revisão de Conteúdo
Olga Regina Zigelli Garcia
Revisão Técnica
Marie-Anne Stival Pereira e Leal Lozano
6
NOTA / GÊNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA - GDEGênero e Diversidade na Escola é um projeto destinado à formação de profissionais da área de educação que
também permite a participação de representantes de Organizações Não-Governamentais (ONGs) e de
movimentos populares, buscando a transversalidade nas temáticas de gênero, sexualidade e orientação
sexual e relações étnico-raciais. A concepção do projeto é da Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres (SPM/PR) e do British Council, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade e Inclusão (SECADI/PR), Secretaria de Ensino à Distância (SEED-MEC),
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR/PR) e o Centro-Latino Americano em
Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM/IMS/UERJ).
PÓLOS PRESENCIAIS – GDE ESPECIALIZAÇÃO 2015
CONCÓRDIA PREFEITO – João GirardiCOORDENADORA DO PÓLO – Leonita CousseauENDEREÇO – Travessa Irmã Leopoldina. Nº: 136. Centro. Concórdia – SC. CEP: 89700-000Tel: (49) 3482-6029.
FLORIANÓPOLISPREFEITO – Cesar Souza JúniorCOORDENADORA DO PÓLO – Fabiana GonçalvesENDEREÇO – Rua Ferreira Lima, nº82. Centro. Florianópolis – SC. CEP: 88015-420Tel: (48) 2106-5910 / 2106-5900
ITAPEMAPREFEITO – Rodrigo CostaCOORDENADORA DO PÓLO – Soeli Uga PachecoENDEREÇO – Rua 402-B. Morretes. Prédio Escola Bento Elóis Garcia. Itapema – SC. CEP: 88220-000.Tel: (47) 3368-2267 / 3267-1450
LAGUNAPREFEITO – Everaldo dos SantosCOORDENADORA DO PÓLO – Maria de Lourdes CorreiaENDEREÇO – Rua Vereador Rui Medeiros. Portinho. Laguna – SC.CEP: 88790-000. Tel: (48) 3647-2808
PRAIA GRANDEPREFEITO – Valcir DarosCOORDENADORA DO PÓLO – Sílvia Regina Teixeira ChristovãoENDEREÇO – Rua Alberto Santos. Nº: 652. Centro. Praia Grande – SC. CEP: 88990-970Tel: (48) 3532-1011
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Apresentação
Olá, Estudante do Curso de Especialização EaD Gênero e Diversidade na Escola!
Este é o material didático básico da disciplina “Gênero: um conceito importante
para o conhecimento do mundo social”. Outras atividades e textos serão
disponibilizados para vocês através do Moodle.
Dividimos essa disciplina em três tópicos principais: o primeiro procura trazer
alguns elementos históricos para a compreensão da construção da categoria gênero, que
podem ajudar a compreendê-la, especialmente relacionando-a à trajetória dos
movimentos feministas. Na segunda parte, trazemos extratos de outros textos, teses e
dissertações, que aplicam a categoria gênero em áreas temáticas importantes para os
estudos feministas, tais como violência, trabalho e produção cultural. A terceira parte
constitui-se do texto da Professora Joana Maria Pedro, a quem agradecemos a
colaboração, intitulado “Traduzindo o Debate: o uso da categoria gênero na pesquisa
histórica”. Nesse escrito, a autora aponta também a trajetória das categorias mulher,
mulheres e gênero, nas ciências sociais e na história, e explicando-as e mostrando como
têm sido utilizadas.
Esperamos ter com você um diálogo muito rico e intenso nas semanas em que
estaremos todas juntas e juntos.
Um abraço,
Cristina Scheibe Wolff e Janine Gomes da Silva
Professoras do Departamento de História da UFSC
Laboratório de Estudos de Gênero e História
Instituto de Estudos de Gênero.
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Gênero: um conceito importante para o conhecimento do mundosocial
A categoria gênero está cada vez mais presente nas discussões acadêmicas, nos
movimentos sociais, nas organizações não governamentais e nas esferas do poder
público, especialmente quando se discutem políticas públicas. Como explica Joan Scott
(1994), a categoria gênero é entendida como “um elemento constitutivo de relações
sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, sendo um primeiro modo
de dar significado às relações de poder”. Essa categoria de análise vem sendo
historicizada e debatida por diferentes autoras/es em vários campos de estudos e, para
este texto, salientamos as reflexões apresentadas por Joana Pedro (2005) em artigo que
pretende “narrar como, através de um diálogo com movimentos sociais de mulheres,
feministas, gays e lésbicas, foram se constituindo algumas categorias de análise que hoje
estão presentes em vários campos de conhecimento, sendo, portanto, interdisciplinar”.
De maneira geral, quando olhamos para a história dessa categoria, retomamos a
história do feminismo e da trajetória dos diferentes movimentos feministas e de
mulheres. Estes, enquanto movimentos sociais, costumam ser “divididos” em “ondas” e,
nessa perspectiva, a “primeira onda” corresponde ao final do século XIX e início do XX
e tem como principais bandeiras os direitos políticos (como votar e ser eleita) e direitos
sociais (direito a trabalho remunerado e educação). Já o de “segunda onda”, “surgiu
depois da Segunda Guerra Mundial, e deu prioridade às lutas pelo direito ao corpo, ao
prazer, e contra o patriarcado – entendido como o poder dos homens na subordinação das
mulheres. Naquele momento, uma das palavras de ordem era: ´o privado é político
(PEDRO, 2005).
É a partir e no interior dos debates e lutas desse momento que a categoria gênero
foi criada. No Brasil, além dos debates acadêmicos e dos movimentos sociais, a
importância dessa categoria de análise social pode ser verificada, por exemplo, nos
textos e documentos publicizados pela Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres, notadamente a partir de 2004 (BRASIL, 2004a). Destaca-se também que o
ano de 2004 foi instituído como o “Ano da Mulher” (BRASIL, 2003), e várias medidas
foram adotadas pelo governo federal visando, entre outras questões, erradicar a
violência baseada no gênero. Dessas medidas, a convocação da “1ª Conferência
9
Nacional de Políticas para as Mulheres”, objetivando “propor diretrizes para a
fundamentação do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres” e a alteração do
Código Penal, criando o tipo especial denominando “Violência Doméstica” (BRASIL,
2004b), apresentaram-se como importantes iniciativas do poder público relacionadas à
questão de gênero. Dessa maneira, a nova legislação transformou agressões domésticas
em crime. (cf. SAFFIOTI, 1994; SAFFIOTI; ALMEIDA, 1995; TEIXEIRA; GROSSI,
2000).
Posteriormente, destaca-se a chamada Lei Maria da Penha (BRASIL, 2006), que
coíbe a violência doméstica e familiar contra a mulher”, que entre outras questões prevê
punição mais rigorosa, fim das penas alternativas e mecanismos de proteção mais
eficazes.
10
1 A história do feminismo e da categoria gênero
A própria ideia de que se precisa de uma categoria específica para analisar as
questões que envolvem as hierarquias sociais, baseadas nas formas pelas quais cada
sociedade dá significado às diferenças percebidas entre os sexos, tem uma história. E
essa história pode começar pelo momento em que as mulheres saíram às ruas
reivindicando direitos políticos e alguns outros direitos sociais, como o acesso à
educação e a muitas carreiras laborais que estavam fechadas a elas. Houve precursoras, já
no século XVIII, como nos conta Scott (2002), mas a luta pelo voto feminino foi se
fortalecendo a partir da segunda metade do século XIX, principalmente nos Estados
Unidos e na Europa, sendo mais efetiva a partir do início do século XX. As “sufragistas”,
ou “sufragettes”, como eram chamadas essas mulheres que foram às ruas, escreveram
artigos, organizaram campanhas e abaixo-assinados, entre outras formas de luta. Elas
eram, muitas vezes, mulheres das camadas médias e, embora houvessem tido acesso à
educação, foram muito estigmatizadas.
No Brasil, destaca-se o nome de Bertha Lutz, bióloga e segunda mulher brasileira a
ser contratada no serviço público, após ter sido aprovada em primeiro lugar em concurso
no Museu Nacional (RJ). Bertha Lutz começou sua campanha pela emancipação da
mulher a partir de 1918 (cf. SOIHET, 2006). Em 1920, ela fundou, junto com Maria
Lacerda de Moura, outro grande nome do feminismo brasileiro, professora e escritora, a
Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher (cf. LEITE, 1984; 2005). Em 1922, é
fundada a Federação Brasileira para o Progresso Feminino, inspirada, em grande medida,
na NAWSA (National American Woman’s Suffrage Association) dos Estados Unidos.
Mas somente em 1932 é que as mulheres conquistaram a possibilidade de votar, desde
que fossem alfabetizadas e cumprissem com os outros requisitos de idade. É interessante
notar que o Brasil foi o segundo país da América Latina a instituir o voto feminino e foi
pioneiro em relação a países como a França e a Itália, nos quais o sufrágio feminino foi
instituído somente em 1945 (SOIHET, 2012, p. 218-237).
As reivindicações das mulheres no espaço público fazem surgir um novo sujeito
para as ciências sociais e políticas, para história e mesmo para a reflexão filosófica. É o
que acontece, por exemplo, com o lançamento da obra “O segundo sexo”, de Simone de
11
Beauvoir, em 1949 na França. Além disso, as mudanças sociais e econômicas globais, que
acontecem a partir do final da Segunda Guerra Mundial, também impulsionam o
surgimento de novos questionamentos e novas reivindicações ligadas às mulheres e suas
possibilidades de atuação social. Aos poucos elas foram conquistando espaços nas
escolas, nas universidades, nas carreiras liberais, no serviço público. Com a possibilidade
do voto, elas se tornaram eleitoras a quem também se procura agradar. Os espaços
midiáticos se ampliaram com a emergência da imprensa, do rádio, do cinema e, mais
tarde, da televisão. O rádio, especialmente, trouxe para as casas e o cotidiano das
mulheres informações e novidades que antes se restringiam aos jornais, objeto bastante
masculino, de maneira geral. O cinema, muito internacionalizado, com muita influência
dos Estados Unidos, possibilitava visualizar outros modos de vida, valores, culturas. As
revistas ilustradas também alcançavam o mercado das leitoras através de publicações
direcionadas a elas, ou espaços específicos nas publicações já lançadas. Nasce, por meio
desse processo, a categoria mulher. A partir da reivindicação da emancipação da mulher,
aparecem os questionamentos e estudos sobre a condição da mulher, o papel da mulher, a
saúde da mulher, o trabalho feminino, entre outros.
A partir dos anos 1960, os movimentos de mulheres e feministas se fortalecem e
se modificam. Se antes as reivindicações eram a participação política, a educação e
alguns direitos trabalhistas, agora as mulheres querem mais! É claro que a busca de
direitos no campo econômico e do trabalho continuou e continua, mas também passamos
a considerar outras questões, que antes eram vistas como do âmbito do privado, como
questões políticas. Como Joana Maria Pedro (2005) explica no texto “Traduzindo o
Debate: o uso da categoria gênero na pesquisa
histórica”, com o qual finalizaremos na última
unidade dessa disciplina, decorre de vários
fatores. O fato de muitas mulheres, nesse
momento, já ocuparem lugares profissionais
antes reservados aos homens, o surgimento da
pílula anticoncepcional, a crescente inserção
das mulheres nas universidades, tudo isso contribuiu para que essas mulheres
reivindicassem como direitos questões como “salário igual para trabalho igual”, direito ao
12
Para saber mais, leia: PEDRO,Joana Maria. Traduzindo oDebate: o uso da categoriagênero na pesquisa histórica.História. São Paulo, v. 24, n.1. 2005. P. 77 – 98. Disponívelem:http://www.scielo.br/pdf/his/v24n1/a04v24n1.pdf
prazer sexual, direito à contracepção e ao aborto, direito a frequentar todos os lugares, a
vestir-se livremente, entre outros. Quando olhamos as reivindicações da Marcha das
Vadias1, um movimento super contemporâneo e protagonizado por mulheres muito
jovens, vemos que a maioria das reivindicações delas são muito próximas daquelas de
feministas dos anos 1960 e 1970, em outras partes do mundo, como na América do Norte
e na Europa.
O que acontece é que, aqui no Brasil, entre 1964 e 1985, vivemos um regime
autoritário, protagonizado por militares, mas com grande apoio de partes da sociedade
civil, por isso chamado de Ditadura Civil-Militar. Esse período de ditadura não impediu
que, ao longo dos anos 1970 e 1980, principalmente, fossem aqui fundados grupos
feministas, e que muitas das reivindicações desses grupos tenham ganhado a arena
pública, sido discutidas, e até algumas conquistadas. Mas, certamente, a conjuntura de
ditadura configurou de maneira diferenciada o feminismo brasileiro daquele período,
fazendo com que algumas das questões que eram discutidas, e que se assemelhavam às
reivindicadas em outros países, aqui ficassem em segundo plano, pois se considerava que
era necessário colocar todos os esforços no sentido de derrotar a ditadura. Muitas vezes,
no Brasil, e também em outros países do Cone Sul, isso significava, na prática, deixar de
lado discussões que eram consideradas polêmicas pela Igreja Católica (mesmo em seus
setores mais progressistas) e por outros setores das esquerdas, como, por exemplo, o
direito ao aborto, ao prazer sexual e à contracepção (PEDRO, 2009; PEDRO; WOLFF;
VEIGA, 2011). As mulheres que participavam nessa época de movimentos de resistência
à ditadura e de esquerda, recordam constantemente, segundo vimos em nossas pesquisas,
como era difícil inserir questões ligadas ao feminismo nos debates da esquerda, nos
jornais e outros materiais produzidos pelos movimentos. Por isso, foi de grande
importância a produção de jornais como o Brasil Mulher, o Nós Mulheres e,
posteriormente, o Mulherio.
• Brasil Mulher, publicado pela Sociedade Brasil Mulher (foram 16 edições
regulares e mais quatro denominadas “extras”), de 1975 a 1980, conexão
com o Movimento Feminino pela Anistia;
1 A Marcha das vadias surgiu a partir de um protesto realizado por mulheres em 2011, em Toronto,no Canadá, contra a crença de que as mulheres que são "vítimas de estupro" teriam provocado a violênciapor seu comportamento.
13
• Nós Mulheres, publicado pela Associação de Mulheres, teve oito edições,
que circularam de 1976 a 1978 (cf. TELES; LEITE, 2013);Mulherio,
publicado pela Fundação Carlos Chagas, com apoio da Fundação Ford,
circulou entre 1981 e 1988.
Figura 1. Capa do Jornal Nós Mulheres.Fonte: Nós Mulheres. São Paulo, nº 5, junho/julho de 1977.
Figura 2. Tirinha do Jornal Nós Mulheres.Fonte: Ciça (1977, p. 15).
Em 1975, mais uma vez um acontecimento de âmbito internacional traz para o
feminismo brasileiro uma importante abertura. Foi o anúncio pela ONU – Organização
das Nações Unidas, do Ano Internacional da Mulher, que precederia a Década da
14
Mulher até 1985. Esse anúncio e o apoio da ONU a várias atividades, incluindo
encontros de mulheres e organização de centros e associações, possibilitaram que o
movimento crescesse muito no Brasil, mesmo sob a ditadura militar.
A partir dos anos 1980, outros movimentos começaram a surgir de forma mais
visível na sociedade brasileira, a exemplo de vários movimentos de mulheres, como o
Movimento das Mulheres Agricultoras, que hoje se tornou o Movimento de Mulheres
Camponesas, os movimentos de mulheres negras e os grupos de homossexuais,
homens e mulheres, que também reivindicavam direitos específicos, além dos
movimentos de cunho ecológico e ambiental. Essas mobilizações tiveram uma grande
importância para o questionamento de várias ideias do feminismo e, de certa forma,
trouxeram uma reflexão que acabou por ajudar na criação da categoria gênero e sua
disseminação.
Os movimentos de mulheres da periferia e rurais, além dos movimentos das
mulheres negras, trouxeram para o feminismo o questionamento da irmandade, ou seja,
será que todas as mulheres são iguais? Têm os mesmos interesses? Suas reivindicações
principais são as mesmas? (FOX-GENOVESE, 1992, p. 31-56). Então, não seria mais
possível usar mais a categoria mulher, no singular. Nasce aí a necessidade de colocar essa
categoria no plural – mulheres: mulheres negras, índias, brancas, da periferia, do campo,
da cidade, jovens, idosas, religiosas, artistas, profissionais, operárias, donas de casa,
empregadas domésticas, políticas, da floresta, vítimas de
violência. Tantas mulheres.
Os grupos organizados de homossexuais, como o grupo
SOMOS (1978) e o Grupo Gay da Bahia (1980), entre muitos
outros que se formaram posteriormente, trouxeram outras
discussões para a cena política.2 Elas não necessariamente seriam
inseridas nas questões feministas, mas o questionamento das
próprias categorias mulher e homem abalou, de certa forma,
muitas das crenças e das discussões que o feminismo propunha.
Claro que isso não aconteceu somente no Brasil, e não somente
nos anos 1980, como o texto abaixo mostra. Mas a chamada
2 Sobre isso, ver o novo livro de GREEN, James e QUINALHA, Renan (orgs). Ditadura ehomossexualidades : repressão, resistência e a busca da verdade. São Carlos (SP), Edufscar, 2014.
15
A fundação do grupo SOMOS,em 1978, é considerada omarco do início da lutapolítica dos homossexuaisem São Paulo e no Brasil.Para saber mais, leia:SANTOS, Gustavo Gomes daCosta. Mobilizaçõeshomossexuais e estado noBrasil: São Paulo (1978-2004).Revista Brasileira deCiências Sociais. Vol. 22. N.63. São Paulo. 2007.
teoria Queer questionou, de forma muito contundente, a conexão entre sexo - visto como
uma determinação biológica, gênero, visto como uma determinação cultural e histórica - e
orientação sexual, ou seja, as práticas sexuais das pessoas.
A relação entre essas três concepções estava presente quando se
falava em mulher ou homem há alguns anos atrás. Ao falar sobre a mulher,
a pessoa já imaginava que ela teria nascido com uma vagina, útero e
ovários, cabelos compridos, que ela falaria mais baixo, teria um
comportamento dócil, vontade de ser mãe, saberia fazer trabalhos
domésticos, e preferiria ter relações sexuais com homens, especialmente
um homem, que seria o amor de sua vida... Ao falar acerca do homem,
esperava-se um ser que houvesse nascido com um pênis, tivesse pelos no
peito e nas pernas, barba no rosto, fosse assertivo, gostasse de jogar
futebol e tomar cerveja com os amigos e tivesse uma compulsão
irresistível por ter relações sexuais com mulheres, as mais diversas desde
que bonitas.
Os movimentos de LGBTTT – Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Transgêneros, Transexuais e Travestis – chamaram a atenção para o fato de que nem
todas as pessoas que nascem com um genital considerado feminino querem ser mães e
donas de casa (opa, isso as feministas também já diziam muito antes...), querem ter
cabelos compridos e usar vestidos, querem ter relações sexuais com homens. Também,
nem todas as pessoas que têm um pênis querem se adequar à masculinidade hegemônica.
Ou seja, em muitos pontos, os feminismos e os movimentos LGBTTT concordam entre
si. Isso trouxe à visibilidade uma dissociação entre sexo/gênero/sexualidade.
16
Teoria Queer é uma
teoria sobre o gênero
que afirma que a
orientação sexual e a
identidade sexual ou de
género dos indivíduos
são o resultado de um
constructo social e que,
portanto, não existem
papéis sexuais essencial
ou biologicamente
inscritos na natureza
humana.
Figura 3. Independentemente do genital, pessoas são pessoas, e precisamos respeitar. Fonte: Facebook (2014).
A categoria gênero vem sendo usada em várias pesquisas sobre temas diversos, e,
tendo em vista as muitas possibilidades de se pesquisar gênero, decidimos colocar aqui
algumas delas, para tentar exemplificar alguns usos dessa categoria.
17
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Sobre as Autoras
Cristina Scheibe Wolff
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Graduada em História pela Universidade Federal de
Santa Catarina (1988), Mestre em História pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(1991) e Doutora em História Social pela
Universidade de São Paulo (1998). Em 2004 e 2005
realizou Pós-Doutorado na Université Rennes 2, na
França, e entre 2010 e 2011, no Latin American
Studies Center da University of Maryland, em College Park, Estados Unidos da
América. Atualmente é Professora Associada do Departamento de História da
Universidade Federal de Santa Catarina, Coordenadora do Laboratório de Estudos
de Gênero e História (LEGH/UFSC), participante do Instituto de Estudos de
Gênero (IEG) da UFSC e uma das Coordenadoras Editoriais da Revista Estudos
Feministas (2006-2009 e 2011 – atualmente). Faz parte do conselho da Seção de
Estudos de Gênero e Feministas da Latin American Studies Association, LASA
(2013-2014). Endereço para acessar seu lattes:
http://lattes.cnpq.br/1019212457780700
Janine Gomes da Silva Professora do Departamento de História e do Programa de
Pós-Graduação em História da Universidade Federal de
Santa Catarina - UFSC. Possui graduação em História pela
Universidade da Região de Joinville (1992), mestrado em
História pela Universidade Federal de Santa Catarina
(1997) e doutorado em História pela Universidade Federal
de Santa Catarina (2004). Tem experiência na área de
História, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, mulheres, gênero e
violência, memória, história oral e patrimônio cultural. Endereço para acessar seu
lattes: http://lattes.cnpq.br/9685430651533127
Joana Maria Pedro
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Graduada em História pela Universidade do Vale do Itajaí (1972), Mestre em História pela
Universidade Federal de Santa Catarina (1979) e Doutora em História Social pela
Universidade de São Paulo (1992). Fez pós-doutorado na França, na Université d'Avignon,
entre 2001 e 2002. Atualmente é professora titular do Programa de Pós-Graduação em
História e do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da
Universidade Federal de Santa Catarina e Pró-Reitora de Pós-Graduação da UFSC. É também
pesquisadora do IEG - Instituto de Estudos de Gênero e tem experiência na área de História,
com ênfase em História do Brasil República, atuando principalmente nos seguintes temas:
feminismo, gênero, relações de gênero, história das mulheres, memória, história oral, história
do tempo presente e história comparativa.
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