unidade 01 - Índices físicos

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Mecânica dos Solos I Unidade 1 Wilber Feliciano Chambi Tapahuasco MECÂNICA DE SOLOS I Unidade 1: índices físicos 1. PROPRIEDADES FÍSICAS DOS SOLOS Índices físicos são valores que tentam representar as condições físicas de um solo no estado em que ele se encontra. São de fácil determinação em laboratórios de geotecnia e podem servir como dados valiosos para identificação e previsão do comportamento mecânico do solo. Embora existam em número considerável - alguns já em desuso - todos os índices físicos podem ser obtidos a partir do conhecimento de quaisquer três deles. Em um solo ocorrem, geralmente, três fases:a sólida, a líquida e a gasosa. Os índices físicos são, direta ou indiretamente, as diversas relações de peso, massa ou volume destas três fases. 1.1. ÍNDICES FÍSICOS DOS SOLOS Num solo, só parte do volume total é ocupado pelas partículas sólidas, que se acomodam formando uma estrutura. O volume restante costuma ser chamado de vazios, embora esteja ocupado por água ou ar. V t = volume total da amostra; V s = volume da fase sólida da amostra; V w = volume da fase líquida; V a = volume da fase gasosa; V v = volume de vazios da amostra; W t = peso total da amostra; W a = peso da fase gasosa da amostra; W s = peso da fase sólida da amostra; W w = peso da fase líquida da amostra. Figura 1 Pesos e volumes do elemento solo (condição idealizada) Onde: w s t W W W a w v V V V a w s t V V V V s v t V V V

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Aula de índices físicos do Prof.Dr Wilber

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  • Mecnica dos Solos I Unidade 1

    Wilber Feliciano Chambi Tapahuasco

    MECNICA DE SOLOS I

    Unidade 1: ndices fsicos 1. PROPRIEDADES FSICAS DOS SOLOS

    ndices fsicos so valores que tentam representar as condies fsicas de um

    solo no estado em que ele se encontra. So de fcil determinao em laboratrios

    de geotecnia e podem servir como dados valiosos para identificao e previso

    do comportamento mecnico do solo.

    Embora existam em nmero considervel - alguns j em desuso - todos os

    ndices fsicos podem ser obtidos a partir do conhecimento de quaisquer trs

    deles.

    Em um solo ocorrem, geralmente, trs fases:a slida, a lquida e a gasosa. Os

    ndices fsicos so, direta ou indiretamente, as diversas relaes de peso, massa

    ou volume destas trs fases.

    1.1. NDICES FSICOS DOS SOLOS

    Num solo, s parte do volume total ocupado pelas partculas slidas, que

    se acomodam formando uma estrutura. O volume restante costuma ser chamado

    de vazios, embora esteja ocupado por gua ou ar.

    Vt = volume total da amostra;

    Vs = volume da fase slida da amostra;

    Vw = volume da fase lquida;

    Va = volume da fase gasosa;

    Vv = volume de vazios da amostra;

    Wt = peso total da amostra;

    Wa = peso da fase gasosa da amostra;

    Ws = peso da fase slida da amostra;

    Ww = peso da fase lquida da amostra.

    Figura 1 Pesos e volumes do elemento solo (condio idealizada)

    Onde:

    wst WWW awv VVV

    awst VVVV svt VVV

  • Mecnica dos Solos I Unidade 1

    Wilber Feliciano Chambi Tapahuasco

    Alguns ndices fsicos so obtidos com a massa e no com o peso do

    material. Neste caso, pode-se pensar na Figura 2.1 com a coluna da direita sendo

    uma coluna de massa, onde Mt seria a massa total da amostra, Mw a massa da

    fase lquida da amostra e Ms a massa da fase slida. Desta maneira: W = Mg

    (M= massa do elemento, g = acelerao da gravidade).

    1.1.1 - Peso especfico dos slidos (ou gros) - g

    1.1.2 - Massa especfica dos slidos (ou gros) - g

    A tonelada (t) muito usada no Brasil como unidade de massa, valendo 106

    gramas.

    Exemplo 1: Explique a relao existente entre os valores numricos do peso

    especfico e a massa especfica das partculas de um solo.

    A relao entre valores numricos da g e g constante. Se um solo tem uma massa especfica de 1,8 t/m, seu peso especfico o produto deste valor pela

    acelerao da gravidade (g), que varia conforme a posio no globo terrestre e que vale em torno de 9,81 m/s (em problemas de engenharia prtica, adota-se,

    simplificadamente, 10m/s). O peso especfico , portanto, de 18 kN/m.

    1.1.3 - densidade relativa dos gros - Gs

    uma caracterstica dos slidos. Relao entre o peso

    das partculas slidas e o seu volume. A unidade usada

    no Sistema Internacional (SI) o kN/m3.

    a relao entre a quantidade de matria (massa) da

    fase slida e o seu volume. A unidade mais usada a

    t/m3, que numericamente igual ao g/cm3, preferida

    em laboratrios de geotecnia.

    a razo entre a massa ou o peso especfico da parte slida

    e a massa ou o peso especfico de igual volume de gua pura

    a 4 C. Como uma relao de massas ou de pesos

    especficos, Gs adimensional e portanto de mesmo valor

    numrico em qualquer sistema de unidade.

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    Wilber Feliciano Chambi Tapahuasco

    1.1.4 - Teor de umidade - w

    )

    O teor de umidade (w) determinado no laboratrio de acordo com a expresso:

    onde:

    M = massa total da amostra (solo natural in-situ)

    Ms = massa seca (solo 24 hrs. aps a secagem em estufa )

    Mw = massa da gua (M-Ms) Mc = massa da cpsula

    Em geral os solos brasileiros apresentam umidade natural abaixo de50%. Se

    ocorre matria orgnica, esta umidade pode aumentar muito, podendo chegar at

    a 400% em solos turfosos.

    1.1.5 - Grau de saturao - Sr

    )

    1.1.6 - Peso especfico aparente (ou natural) (ou nat)

    Relao entre o peso total do solo e seu volume total. 7)

    a relao entre a massa ou o peso da gua

    contida no solo e a massa ou o peso de sua

    fase slida, expressa em percentagem.

    a relao entre o volume de gua e o volume de

    vazios de um solo, expressa em percentagem. Varia de

    0% para um solo seco a 100% para um solo saturado.

    .(%)100)(

    )()(x

    Ms

    Mw

    Ms

    MsM

    McMsMc

    MsMcMMcw

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    Wilber Feliciano Chambi Tapahuasco

    A magnitude do peso especfico natural depender da quantidade de gua nos

    vazios e dos gros minerais predominantes.

    1.1.7 - Peso especfico seco d

    Em condio natural no se encontram solos secos (ausncia da fase

    lquida). Em laboratrio isto pode ser conseguido facilmente mas torna-se

    necessrio definir o que solo seco uma vez que as partculas de argilas tm uma

    pelcula de gua que as envolve, chamada gua adsorvida, que faz parte de sua

    estrutura.

    Dependendo da temperatura de secagem, parte ou at toda gua adsorvida pode ser removida junto com a gua livre dos vazios o que daria diferentes pesos secos em funo da temperatura da estufa. Para resolver isto, convenciona-se em Mecnica dos

    Solos que solo seco aquele que apresenta constncia de peso em duas pesagens consecutivas aps secagem em uma estufa de 105 a 110E.

    1.1.8 - Peso especfico saturado - sat

    1.1.9 - Peso especfico submerso - sub

    sub = nat - w

    ou

    sub = sat - w

    Quase sempre o solo submerso considerado saturado - nesta condio, o

    nat. deste solo o sat - muito embora, o solo submerso estar saturado nem sempre a realidade, especialmente em argilas,em que comum a existncia de

    bolhas de gs retidas nos vazios, produzidas pela atividade biolgica dos

    microrganismos presentes.

    1.1.10 Formulaes em termos de massas especficas (aparente, seca,

    saturada e submersa).

    So formulaes comumente usadas em laboratrios de mecnica de solos

    definido como o peso especfico aparente para a

    situao de umidade nula. Obtm-se com a relao

    entre o peso seco e o volume total da amostra.

    a relao entre o peso da amostra saturada ( Wsat)

    e o volume total.

    o peso especfico efetivo do solo quando submerso.

    Serve para clculos de tenses efetivas. igual ao peso

    especfico natural menos o peso especfico da gua (10

    KN/m3).

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    Wilber Feliciano Chambi Tapahuasco

    1.1.11 Determinao da massa especfica aparente (nat)- mtodo frasco de

    areia

    Faz-se um furo na pista ou na camada em que se quer determinar o grau

    de compactao. O furo mede 15 cm por 15 cm de profundidade. Pesa-se o material extrado do furo. Determina-se a umidade % do material.

    Em um outro dispositivo, em forma de garrafa com bocal afunilado, se

    dispe de areia seca e de densidade conhecida (comprovada em laboratrio).

    O dispositivo de areia pesado antes da operao de enchimento do furo ( 15 x 15 cm). Aps encher o furo, pesa-se novamente o dispositivo para

    obter a quantidade de areia transferida ao furo. A diferena do peso do dispositivo o peso de areia despejada no furo e, como a densidade da areia j conhecida, determina-se o volume do furo e do material retirado.

    Figura 2 Frasco de areia

    1.1.12 Determinao da massa especfica real dos gros (s)

    A massa especfica real dos gros, ou slidos, determinada, usualmente,

    empregando um frasco de vidro denominado picnmetro (balo volumtrico), de

    acordo com ABNT/NBR 6508/84 - Gros de solo que passam na peneira de

    4,8mm - Determinao da massa especfica dos slidos.

    O ensaio compara a massa de um picnmetro contendo gua destilada at a

    marca de calibrao (M1) com a massa do mesmo picnmetro contendo solo e

    gua (M2) at a mesma marca, e determina-se a temperatura da suspenso e

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    mediante a curva de calibrao do picnmetro, determinam-se o massa do

    picnmetro e a gua para a temperatura do ensaio.

    Esquema explicativo do ensaio est representado na Figura 3.2

    Figura 3 Resumo do ensaio de massa especfica dos gros.

    A massa de gua correspondente ao volume deslocado pelos gros (slidos) ser:

    M1 = Mw + Mp (gua + picnmetro)

    M2 = Mw + Mp + Ms (gua + picnmetro + solo)

    M1 - M2 = Mw + Mp - (Mw + Mp +Ms)

    M1 - M2 = Mw Mw - Ms

    M1 - M2 = Mw Ms

    Portanto, o volume dos slidos corresponde a volume de gua deslocada, tem-se:

    Mw = Vw . w

    Vs = Vw

    M1 - M2 = Vs . w - Ms

    Vs = (M1 - M2 + Ms) / w

    1.1.12 - ndice de vazios - e

    1.1.13 - Porosidade n

    WS xMsMM

    Ms

    Vs

    Ms

    21

    a relao entre o volume de vazios e o volume de

    slidos. Embora possa variar, teoricamente, de 0 a 4, o

    menor valor encontrado em campo para o ndice de vazios

    de 0.25 (para uma areia muito compacta com finos) e o

    maior de 15 (para uma argila altamente compressvel).

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    A partir das definies bsicas dos ndices fsicos, chegue s seguintes relaes

    importantes:

    1.1.14 Problemas

    1 - Um recipiente de vidro e uma amostra indeformada de um solo saturado tem

    massa de 68,959 g. Depois de seco baixou para 62,011 g. A massa do recipiente

    35,04 g e o peso especfico dos gros 28 kN/m3. Determine o ndice de vazios,

    a porosidade e o teor de umidade da amostra original.

    Soluo:

    Teor de umidade - w

    A partir da eq. 3.5 ou 3.25, pode-se escrever:

    ndice de vazios - e

    Aplicando-se Eq. 3.4 e Eq. 3.25, tem-se:

    Porosidade - n

    a relao entre o volume de vazios e o volume total da

    amostra, expressa em percentagem.

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    Aplicando-se a Eq. 3.23:

    2 - Uma amostra de argila saturada com volume de 560 cm apresentou massa de

    850 g. Aps secagem total durante 24 h em estufa a 105C, a massa resultante foi

    de 403 g. Estimando-se Gs = 2,7, determinar: (a) w, (b) e e (c)

    Soluo:

    Da equao Eq. 3.5

    Da equao Eq. 3.22

    Aplicando a Eq. 3.7

    3 - Uma amostra de solo saturado tem um volume de 0,028 m3 e massa de 57,2

    kg. Considerando que os vazios esto tomados por gua, determinar o ndice de

    vazios, o teor de umidade e o peso especfico seco deste solo. Considerar Gs =

    2,79.

    ndice de vazios - e

    Se o solo est saturado, Sr = 100% e nat = sat. Aplicando-se as Eq. 3.13 e 3.19:

    Teor de Umidade, aplicando Eq. 3.22

    Peso especfico aparente seco - d:

    A partir das Eq. 3.4 e Eq. 3.20, tem-se: