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260 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002 Panorama mundial Quase metade da população mundial (47%) vive em áreas urbanas, e espera-se que esse número cres- ça 2% ao ano entre 2000 e 2015 (United Nations Po- pulation Division, 2001a). A aglomeração popula- cional, os padrões de consumo, os padrões de des- locamento e as atividades econômicas urbanas exer- cem intensos impactos sobre o meio ambiente em termos de consumo de recursos e eliminação de re- síduos. No entanto, as cidades também oferecem oportunidades de se gerir o crescimento populacio- nal de forma sustentável. Urbanização Os crescentes níveis de urbanização são causados pelo crescimento natural da população e pela migra- ção da população rural para as cidades. Durante os últimos cinqüenta anos, ocorreu um grande êxodo de populações rurais para áreas urbanas, e esse proces- so de urbanização (a concentração de pessoas e ati- vidades em áreas classificadas como urbanas) deve Áreas urbanas UNEP, Hartmut Schwarzbach, Philippines, Still Pictures prolongar-se no século XXI. As forças propulsoras desse fenômeno incluem as oportunidades e os ser- viços oferecidos nas áreas urbanas, principalmente empregos e educação, embora em algumas partes do mundo, notadamente na África, os conflitos, a degra- dação da terra e o esgotamento dos recursos naturais também sejam fatores importantes (UNEP, 2000). As cidades desempenham um importante pa- pel, tanto como provedoras de emprego, moradia e serviços, quanto como centros de desenvolvimento cultural, educacional e tecnológico, porta de acesso para o resto do mundo, centros industriais de proces- samento de produtos agrícolas e manufaturados e lu- gares onde se gera renda. Há um forte e positivo vín- culo entre os níveis nacionais de desenvolvimento humano e os níveis de urbanização (UNCHS, 2001b). Entretanto, um crescimento urbano acelerado implica desemprego crescente, degradação ambiental, escas- sez de serviços urbanos, sobrecarga da infra-estrutu- ra existente e falta de acesso a terra, a renda e a mora- dia adequada (UNCHS, 2001b). Portanto, a gestão sustentável do ambiente urbano desponta como um dos maiores desafios do futuro.

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260 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Panorama mundial

Quase metade da população mundial (47%) viveem áreas urbanas, e espera-se que esse número cres-ça 2% ao ano entre 2000 e 2015 (United Nations Po-pulation Division, 2001a). A aglomeração popula-cional, os padrões de consumo, os padrões de des-locamento e as atividades econômicas urbanas exer-cem intensos impactos sobre o meio ambiente emtermos de consumo de recursos e eliminação de re-síduos. No entanto, as cidades também oferecemoportunidades de se gerir o crescimento populacio-nal de forma sustentável.

UrbanizaçãoOs crescentes níveis de urbanização são causadospelo crescimento natural da população e pela migra-ção da população rural para as cidades. Durante osúltimos cinqüenta anos, ocorreu um grande êxodo depopulações rurais para áreas urbanas, e esse proces-so de urbanização (a concentração de pessoas e ati-vidades em áreas classificadas como urbanas) deve

Áreas urbanas

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prolongar-se no século XXI. As forças propulsorasdesse fenômeno incluem as oportunidades e os ser-viços oferecidos nas áreas urbanas, principalmenteempregos e educação, embora em algumas partes domundo, notadamente na África, os conflitos, a degra-dação da terra e o esgotamento dos recursos naturaistambém sejam fatores importantes (UNEP, 2000).

As cidades desempenham um importante pa-pel, tanto como provedoras de emprego, moradia eserviços, quanto como centros de desenvolvimentocultural, educacional e tecnológico, porta de acessopara o resto do mundo, centros industriais de proces-samento de produtos agrícolas e manufaturados e lu-gares onde se gera renda. Há um forte e positivo vín-culo entre os níveis nacionais de desenvolvimentohumano e os níveis de urbanização (UNCHS, 2001b).Entretanto, um crescimento urbano acelerado implicadesemprego crescente, degradação ambiental, escas-sez de serviços urbanos, sobrecarga da infra-estrutu-ra existente e falta de acesso a terra, a renda e a mora-dia adequada (UNCHS, 2001b). Portanto, a gestãosustentável do ambiente urbano desponta como umdos maiores desafios do futuro.

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África Ásia e Pacífico Europa América Latina e Caribe América do Norte Ásia Ocidental Mundo

Os níveis de urbanização estão intimamenterelacionados à renda nacional – a maioria dos paísesmais desenvolvidos já se encontra urbanizada –, e emquase todos os países as áreas urbanas são respon-sáveis por uma parte desproporcional do Produto In-terno Bruto (PIB). Bangkok, por exemplo, gera 40%da produção da Tailândia, apesar de somente 12% desua população viver nessa cidade (UNCHS, 2001b).Em escala mundial, as cidades produzem, em média,60% do PIB nacional.

O rápido aumento da população urbana mun-dial, associado ao lento crescimento da população ru-ral, levou a uma significativa redistribuição demográficaao longo dos últimos trinta anos. Em 2007, metade dapopulação mundial estará vivendo em áreas urbanas,em contraste com pouco mais de um terço registradoem 1972; dessa forma, o período de 1950 a 2050 presen-ciará uma mudança de padrão, passando dos anterio-res 65% de população rural para 65% de populaçãourbana (United Nations Population Division, 2001a).Estima-se que em 2002 aproximadamente 70% da po-pulação urbana mundial estaria vivendo na África, Ásiaou América Latina (UNCHS, 2001a).

As mudanças mais marcantes em curso sãoos níveis de urbanização registrados nas nações me-nos desenvolvidas, que saltaram de 27% em 1972 para40% em 2000, um crescimento de mais de 1,2 bilhão depessoas (United Nations Population Division, 2001b).Além disso, são fortes os indícios de que essa ten-dência continue pelos próximos trinta anos, com a a-gregação de 2 bilhões de pessoas à população urba-na dos países atualmente menos desenvolvidos. Nouniverso dessas médias mundiais, há diferenças regi-

onais complexas em relação ao crescimento e a mu-danças no panorama urbano. A mudança percentualanual verificada na população urbana por região mos-tra um decréscimo geral nos índices de urbanizaçãoem todas as regiões, à exceção da América do Norte –ver gráfico abaixo, à direita (United Nations Popu-lation Division, 2001b).

Houve um aumento dramático no número e notamanho das megalópoles (cidades com mais de 10milhões de habitantes) e das aglomerações urbanasna segunda metade do século XX, assim como umamudança na distribuição geográfica dessas cidades:em 1900, nove das dez maiores cidades do mundolocalizavam-se na América do Norte e na Europa, aopasso que atualmente apenas três (Los Angeles, NovaYork e Tóquio) estão localizadas em países desenvol-vidos. No entanto, a maioria da população urbanamundial ainda vive em cidades de pequeno e médioportes (ver tabela), as quais, na maioria dos países,apresentam um crescimento maior que o das grandescidades (United Nations Population Division, 2001b).

População urbana (% dos totais regionais)por região

Porcentagem de crescimento anual dapopulação urbana

Atualmente, quase metade da população mundial vive em áreas urbanas. A África e aÁsia e Pacífico são as regiões menos urbanizadas do mundo, ao passo que América doNorte, Europa e América Latina e Caribe são as mais urbanizadas.

Fonte: compilado de United Nations Population Division, 2001b

Embora todas as regiões ainda estejam se urbanizando, o ritmo desse processo, deforma geral, está decrescendo, apesar de na África as taxas estarem mudando poucoe na América do Norte, por outro lado, estarem aumentando.

Fonte: compilado de United Nations Population Division, 2001b

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262 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Vínculos com a economia mundialA globalização vem avançando há décadas, mas oimpacto das novas tecnologias de informação fezcom que a sua velocidade e alcance aumentassemsignificativamente. Essas tecnologias reforçam a im-portância do conhecimento e da informação na trans-formação econômica, ao mesmo tempo em que redu-zem a importância relativa da indústria de transfor-mação e do desenvolvimento industrial baseadosem matérias-primas. Nas áreas urbanas, esse fenô-meno tem se manifestado no crescimento do setorde serviços, em termos tanto absolutos quanto rela-tivos. A tecnologia aumentou a importância e o pa-pel econômico das áreas urbanas, não só nas eco-nomias mais desenvolvidas, mas em todo o mundo(Economist, 2000; World Bank, 2000). Na Índia, odesenvolvimento de softwares e de serviços afinsde informação e comunicação constitui o setor pre-ponderante para o crescimento econômico. Essenovo setor de crescimento – que apresentou um cres-cimento mais acelerado e se tornou mais competiti-vo no mercado internacional que qualquer um dosoutros setores industriais tradicionais – está concen-trado em grandes áreas urbanas devido à melhor in-fra-estrutura e ao melhor nível de educação dos re-cursos humanos oferecidos pelas cidades.

Teve início na década de 1970 uma nova faseda globalização, com a desregulamentação dos mer-cados de trabalho, a liberalização dos mercados fi-nanceiros e a privatização das funções do Estado.

Como resultado desse fenômeno, houve uma cres-cente competição por investimentos externos dire-tos e a possibilidade dos empregadores de mudaremcom mais facilidade os locais de produção, o quetornou piores as condições de segurança de empre-go e de renda em algumas áreas urbanas, mas bene-ficiou outras.

Entre a década de 1970 e meados da de 1990,alguns países asiáticos se beneficiaram claramentedesse desenvolvimento e registraram um espetacularcrescimento nos campos econômico e social. No en-tanto, a crise econômica asiática de 1997 e 1998 afe-tou não somente essas economias, como também asde outras regiões. Os impactos humanos da crise fo-ram contundentes: a pobreza na Ásia cresceu, e hou-ve demissões em massa, particularmente entre mu-lheres, jovens e os sem qualificação profissional.

A crise asiática mostrou que as áreas urbanassão extremamente vulneráveis aos impactos da eco-nomia mundial. Ao mesmo tempo em que a globa-lização aumentou com freqüência as oportunidadesde empregos e de acesso ao conhecimento, fez cres-cerem também as desigualdades sociais e os índicesde pobreza. Os benefícios advindos da globalizaçãonão são compartilhados eqüitativamente, o que re-sulta em um grande número de pessoas que vivem emfavelas, sem acesso a serviços de saneamento e aágua encanada, além de gerar desemprego, proble-mas de saúde e exclusão social nos países desenvol-vidos (UNCHS, 2001b).

Imagem de satéli-te das luzes das

cidades do mundocomposta a partir

de uma série deimagens noturnasda Terra tomadasdurante um longo

tempo. O lestedos Estados Uni-

dos, a Europa e oJapão brilham,iluminados por

suas cidades, en-quanto os interio-

res da África, daÁsia, da Austráliae da América doSul permanecem

na escuridão,sendo áreas pre-dominantemente

rurais.

Fonte: Mayhew eSimmon, 2000

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263ÁREAS URBANAS

A pobreza no meio urbanoA pobreza é um dos principais agentes da degrada-ção ambiental. Os pobres das cidades, impedidos deter acesso aos escassos recursos naturais do meiourbano ou de se proteger das condições ambientaisadversas, são mais afetados pelos impactos negati-vos da urbanização. O crescimento das grandes cida-des, particularmente nos países em desenvolvimen-to, é acompanhado pelo aumento da pobreza urbana,que tende a se concentrar em grupos sociais especí-ficos, bem como em locais determinados. Entre as cau-sas estão a crescente distância entre o nível de rendadessas populações e o preço das terras e o insucessodos mercados imobiliários em suprir as necessidadesdessas populações de baixa renda (UNCHS, 2001a).

Os processos de urbanização da terra ten-dem a atender as classes médias e altas, forçando,dessa forma, a população carente a se fixar (ilegal-mente) em terras marginais com alta densidade popu-lacional dentro das cidades ou em suas periferias,algumas vezes em áreas sujeitas a riscos como inun-dações e deslizamentos e sem acesso a serviços bá-sicos como água e esgoto.

A pobreza no meio urbano continua a crescer.Estima-se que um quarto da população urbana vivaabaixo da linha de pobreza e que as famílias chefiadaspor mulheres sejam desproporcionalmente afetadas(UNCHS, 2001a). Há, em todo o mundo, uma claracorrelação entre a pobreza, a falta de controle sobreos recursos naturais e a inexistência de acesso a umacidadania plena (UNCHS, 2001b).

O meio ambiente urbanoAs áreas urbanas não causam somente impactosambientais locais como também causam, em grandeescala, impactos nas chamadas “pegadas ecológicas”(WWF, 2000). Nas suas proximidades, as cidades cau-sam uma variedade de impactos como: conversão deáreas agrícolas ou florestais para infra-estrutura ouuso urbanos; aterro de áreas úmidas; exploração depedreiras e escavações para obtenção de brita, areiae materiais de construção em larga escala; e, em algu-mas regiões, desflorestamento para atender à deman-da de combustível. A utilização de biomassa comocombustível também causa a poluição atmosférica emambientes fechados e abertos. Outros efeitos, comoa poluição de cursos d’água, lagos e águas costeirascausada por efluentes não tratados, também podemser sentidos além dos limites das cidades. A poluiçãoatmosférica das cidades afeta a saúde da populaçãourbana, bem como causa impactos na vegetação e nosolo a uma distância considerável. O transporte urba-

Nas cidades dos países em desenvolvimento, uma em cada quatrofamílias vive em estado de pobreza; 40% das famílias urbanas daÁfrica e 25% das famílias urbanas da América Latina vivem abaixoda linha de pobreza definida em cada país;Pouco menos que 35% das cidades dos países em desen-volvimento possuem tratamento de esgoto;Na maioria das cidades dos países classificados como derenda baixa a média, entre 30% e 50% dos resíduos sólidosgerados não são coletados;49% das cidades do mundo possuem planejamento ambientalurbano;Em 60% das cidades do mundo, a sociedade civil está envolvidaem processos participativos formais que atuam previamente àimplementação de importantes projetos públicos;Ônibus e microônibus são os meios de transporte mais utilizadosnas cidades; os carros ocupam o segundo lugar, e os deslocamentosa pé ficam em terceiro;5,8% das crianças que vivem nas cidades dos países em de-senvolvimento morrem antes de completar 5 anos de idade;Aproximadamente 75% dos países do mundo possuemconstituições ou leis nacionais que promovem o direito integrale progressivo à moradia adequada;Um em cada quatro países em desenvolvimento possui constituiçãoou lei nacional que proíbe às mulheres o direito de possuir terras e/ou fazer hipotecas em seu próprio nome;29% das cidades dos países em desenvolvimento possuem áreasconsideradas como inacessíveis ou perigosas para a polícia.

Fonte: GUO, 2001 e Panos, 2001

Dados sobre as cidades

Pegada ecológica é a área de terra produtiva e de ecossistemasaquáticos necessários para produzir os recursos utilizados e absorveros resíduos produzidos por uma determinada população com umpadrão de vida específico, onde quer que essa área esteja localizada.

O co-fundador do London Trust, Herbert Girardet, calculouque a pegada ecológica de Londres – com 12% da populaçãodo Reino Unido e uma área de apenas 170 mil hectares – chegaa cerca de 21 milhões de hectares, o equivalente à totalidadede terras produtivas do Reino Unido, ou 25 vezes mais que asuperfície da cidade.

William Rees – professor de Planejamento Comunitárioe Regional da Universidade da Colúmbia Britânica – fez umaanálise da pegada ecológica de sua cidade natal, Vancouver,no Canadá. A análise indicou que, para a manutenção de seupadrão de vida, Vancouver se apropria da produção de umaárea cuja extensão é aproximadamente 174 vezes maior queàquela referente à área política da cidade. Outros pesquisadoresverificaram que o consumo agregado de madeira, papel, fibrae alimento dos habitantes de 29 cidades localizadas na baciade drenagem do Mar Báltico se apropria de uma área 200 vezesmaior que a daquelas cidades.

Cientistas calcularam que uma típica cidade da Américado Norte, com uma população de 650 mil habitantes, precisariade 30 mil quilômetros quadrados de terra, área equivalente aotamanho da Ilha de Vancouver, no Canadá, para atender àssuas necessidades domésticas, sem levar em consideração asdemandas ambientais da indústria. Uma cidade equivalente naÍndia demandaria somente 2,9 quilômetros quadrados.

Fonte: Global Vision, 2001 e Rees, 1996

As pegadas ecológicas das cidades

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Seul

Tóquio

no contribui para a poluição atmosférica, e a grandeconcentração de carros e indústrias nas cidades cau-sa a maior parte das emissões urbanas de gases deefeito estufa em todo o mundo.

As cidades freqüentemente estão localizadasem solos de alta aptidão agrícola. Se essa terra é des-tinada a usos urbanos, é exercida uma pressão adici-onal nas áreas adjacentes, que podem ser menos

adequadas à agricultura. A urbanização em zonascosteiras muitas vezes causa a destruição deecossistemas sensíveis, podendo, também, alterar ahidrologia costeira e as suas características natu-rais, como manguezais, recifes e praias que servemcomo barreiras contra a erosão e formam importan-tes habitats para diversas espécies.

Áreas residenciais com densidade de baixa amédia ao redor de centros urbanos (espraiamentourbano) são comuns no mundo desenvolvido. Umainfra-estrutura bem desenvolvida e o crescente usodo automóvel facilitaram essa tendência. Associa-do ao crescimento no uso do transporte motorizadoparticular, o espraiamento urbano produz um efeitoespecialmente destrutivo sobre o meio ambiente.Além disso, o desenvolvimento de baixa densidadeocupa, proporcionalmente, áreas mais extensas deterra per capita.

A água é uma questão essencial no meio urba-no. A intensidade da demanda nas cidades pode rapi-damente exceder a capacidade de abastecimento lo-cal. O preço da água é normalmente inferior ao custoreal de obtenção, tratamento e distribuição, em partedevido aos subsídios governamentais. Como resul-tado, os domicílios consumidores e a indústria têmpouco incentivo para preservar os recursos hídricos(UNEP, 2000). A poluição decorrente do escoamentoe infiltração de contaminantes urbanos, de esgotos edescargas não tratadas de indústrias causou efeitos

adversos em corpos d’água, o que deixou muitas ci-dades sem um abastecimento seguro.

Embora alguns problemas ambientais locaistendam a diminuir com o crescimento dos níveis derenda, outros problemas ambientais tendem a piorar(McGranahan e outros, 2001). Os mais evidentes sãoos altos níveis de uso de energia e os crescentesíndices de consumo e de produção de resíduos. Os

habitantes das áreas urbanas são extremamente de-pendentes dos combustíveis fósseis e da eletricida-de, e as cidades mais abastadas tendem a utilizar maisenergia e a produzir mais resíduos.

Particularmente nas cidades dos países em de-senvolvimento, a coleta inadequada de resíduos eseus ineficientes sistemas de manejo são as causasda séria poluição urbana e dos riscos para a saúdepública. Atualmente, as cidades dos países industria-lizados deparam-se com as conseqüências das técni-cas de produção ambientalmente nocivas do passa-do, bem como com a disposição inadequada de resí-duos. Isso resultou em diferentes formas de poluiçãoe, em particular, no surgimento de terrenos contami-nados em antigas áreas industriais, atualmente aban-donadas, vazias ou subutilizadas, onde a retomadado desenvolvimento é impedida devido a problemasde ordem ambiental e à falta de informação adequadasobre o manejo de terras contaminadas (Butler, 1996).Outro problema que surge nos países desenvolvi-dos é a falta de aterros sanitários para satisfazer àcrescente demanda por áreas para disposição de re-síduos sólidos.

O agravamento das condições ambientaispode ter sérios efeitos sobre a saúde e o bem-estarhumanos, especialmente na população carente(Hardoy, Mitlin e Satterthwaite, 1992). Serviços desaneamento deficientes acarretam riscos ao meio am-biente e à saúde, principalmente devido à exposição

População de algumas das principais cidades do mundo, por região (em milhões)

Dez dasmegalópoles domundo estão naÁsia e Pacífico –

Tóquio, com maisde 26 milhões de

habitantes, é,atualmente, a

maior a cidade domundo.

Fonte: UnitedNations Population

Division, 2001

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265ÁREAS URBANAS

direta a fezes e à contaminação da água potável. Apoluição do ar e da água causa doenças respiratóriascrônicas e infecciosas, doenças transmitidas pela á-gua, como a diarréia e as infecções por parasitas in-testinais, taxas de mortalidade mais elevadas, princi-palmente entre crianças, e mortes prematuras, especi-almente na população carente (OECD-DAC, 2000;Listorti, 1999; Satterthwaite, 1997; McGranahan, 1993;Hardoy, Cairncross e Satterthwaite, 1990). Contudo,a informação epidemiológica e demográfica mundialsugere que as taxas de sobrevivência são melhoresnas cidades do que nas áreas rurais, em função de ummelhor acesso aos serviços de saúde (UNCHS, 2001b).A população carente urbana está particularmente ex-posta devido a sua localização e à limitação de recur-sos para comprar água potável, para ter acesso a aten-dimento médico ou para se proteger de inundações,de forma a compensar tais problemas.

Há muitos outros efeitos ambientais que, em-bora sejam menos quantificáveis, são igualmente im-portantes, como a perda de área verde em áreas urba-nas, a destruição de ecossistemas locais especiais, apoluição sonora e outros elementos desagradáveispara a visão e o olfato. Isso constitui não apenas umaautêntica perda de qualidade de vida, como tambémpodem afetar o orgulho cívico e baixar o moral, geran-do, localmente, indiferença e cinismo e, externamen-te, uma imagem negativa.

A pegada ambiental urbana relativamente des-proporcional é aceitável até certo grau porque, emalgumas questões, o impacto ambiental per capitadas cidades é menor do que o de um número similarde pessoas em uma localidade rural. A concentraçãode populações nas cidades reduz a pressão sobre aterra, gera economias de escala e facilita a proximida-de da infra-estrutura e dos serviços (Hardoy, Mitlin eSatterthwaite, 2001). Dessa forma, as áreas urbanasmantêm o compromisso de um desenvolvimento sus-tentável em virtude de sua capacidade de suportepara um grande número de pessoas, ao tempo quelimitam seu impacto per capita sobre o meio ambien-te (UNCHS, 2001b).

Os problemas ambientais decorrem da concen-tração de impactos negativos para o meio ambiente.O planejamento urbano pode reduzir esses impactos.Os assentamentos urbanos bem planejados e densa-mente povoados podem reduzir a necessidade de con-versão do uso da terra, proporcionar a economia deenergia e tornar a reciclagem mais eficiente em rela-ção ao custo. Se as cidades forem adequadamenteadministradas, com a devida atenção dada ao desen-volvimento social e ao meio ambiente, podem se evi-

Crianças separam resíduos em um aterro sanitário nos arredores de uma cidade do Vietnã.

Fonte: UNEP, Thiyen Nguyen, Viet Nam, Still Pictures

O lixo de Nairóbi

O aterro de lixo de Dandora, em Nairóbi, fornece um meio de subsistência amuitos catadores de lixo. Em 1992, o padre Alex Zanoteteli fundou o Centrode Reciclagem Mukuru, que ajuda os catadores a trabalharem juntos na coletade diferentes tipos de lixo com maior eficiência e a vender a intermediáriospor melhores preços. O projeto atualmente conta com 140 membros e, coma ajuda do Programa Habitat de Assentamentos, Infra-estrutura e MeioAmbiente de Habitats, organizou-se em cooperativa, com vários tipos deprojetos. Um desses projetos compra o lixo dos catadores, classifica-o e vendeàs indústrias de reciclagem, além de ter em andamento um projeto de laticínios.Outro coleta resíduos em edifícios comerciais da cidade; ganham-se pequenascomissões pela limpeza dos edifícios e uma renda pela venda do papel e deoutros resíduos às indústrias de reciclagem. Um terceiro projeto fabricabriquetes a partir de papel e outros resíduos, como serragem e casca de café.Em um quarto projeto, produz-se composto a partir de resíduos orgânicos. OCentro está prestes a estabelecer uma instalação para reciclagem de plástico.

Fonte: Panos, 2001

tar os problemas decorrentes de uma urbanização rá-pida, particularmente nas regiões em desenvolvimen-to. Um primeiro passo para se avançar nesse sentidoseria que os governos incorporassem um componen-te expressamente urbano a suas políticas, tanto eco-nômicas como de outra natureza.

O sucesso na administração do meio urbanoinclui maior eficiência dos recursos, redução na gera-ção de resíduos, melhoria da infra-estrutura urbana

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266 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

de abastecimento de água, gerenciamento e conser-vação de recursos hídricos em áreas urbanas por meiode um melhor tratamento de águas residuais e de umalegislação específica que estabeleça programas dereciclagem, desenvolvimento de sistemas mais efeti-vos de coleta de resíduos, uma legislação mais rigo-

rosa para o tratamento de resíduos perigosos, coletade resíduos por meio de parcerias entre o setor públi-co e o privado, adoção de tecnologias energéticas,no âmbito industrial e no doméstico, e restauração deantigos terrenos industriais contaminados.

Gestão pública urbanaMuitos dos problemas ambientais urbanos surgemcomo resultado da administração ineficaz, de planeja-mento deficiente e da ausência de políticas urbanascoerentes, mais do que do processo de urbanizaçãoem si. A experiência tem demonstrado que não há re-cursos financeiros, tecnologia ou conhecimentosespecializados que possam garantir o desenvolvimen-to ambientalmente sustentável – ou proteger o meioambiente –, se o governo não fundamentar sua ges-tão em bases participativas, democráticas e pluralis-tas. Por exemplo, muitos países em desenvolvimentocontam com amplas regulamentações sobre poluição,mas a maioria delas raramente ou nunca é aplicada,por causa inexistência de instituições e sistemas jurí-dicos apropriados, de vontade política e de adminis-tração competente (Hardoy, Mitlin e Satterthwaite,2001). Infelizmente, as instituições políticas e admi-nistrativas têm-se mostrado altamente intransigentesà mudança, particularmente quando a mudança eco-nômica e social é rápida.

As três últimas décadas presenciaram impor-tantes mudanças políticas, com profundas implica-ções para as áreas urbanas e para o meio ambienteurbano e mundial, dentre as quais se destacam asseguintes:

o colapso do planejamento central;a difusão da democracia;a descentralização e demandas por participaçãoativa e autodeterminação;crescente pluralismo na política e na sociedade; epressões por participação, responsabilidade etransparência do governo.

Essas tendências parecem se tornar mais for-tes com a globalização e, especialmente, com os im-pactos de fluxos de informação e conhecimento maislivres e rápidos.

Os esforços para melhorar a administração go-vernamental nas cidades envolvem atividades taiscomo a promoção de processos de participação, oestabelecimento de parcerias eficazes com e entre to-dos os atores da sociedade civil, principalmente ossetores privado e comunitário, a garantia de uma par-ticipação ativa mais eficaz por parte dos governos

A cultura de alimentos nas cidades e em seu entorno tornou-seuma atividade produtiva importante, vital para o bem-estar demilhões de residentes urbanos pobres e outros nem tão pobres.Estima-se que 15% de todos os alimentos consumidos nas áreasurbanas sejam cultivados por agricultores urbanos e que essaporcentagem duplique em vinte anos. Cerca de 800 milhões depessoas estão envolvidas na produção agrícola urbana no mundo(ver “Terras”). Os seguintes exemplos de diferentes regiõesilustram o potencial da agricultura urbana.

ÁfricaA cultura de alimentos é economicamente significativa em muitasáreas urbanas da África, cujos habitantes pagam de 10% a 30%a mais por seus alimentos que os habitantes de áreas rurais. NoQuênia e na Tanzânia, duas de cada três famílias urbanastrabalham com agricultura, e quase todos os espaços abertos,espaços reservados de utilidade pública, estradas, vales ou jardinsnas cidades são cultivados. No Cairo, a quarta parte de todas asfamílias cria pequenos animais, o que representa 60% da rendafamiliar.

As mulheres têm um papel fundamental na agricultura urbana,e para muitas delas essa atividade é uma estratégia desobrevivência. Esse processo de “ruralização” das cidades africanasnão é uma conseqüência da migração em massa do campo paraa cidade, mas uma resposta às flutuações nas economias dascidades dos países em desenvolvimento. A agricultura urbananão é uma atividade exclusiva nem mesmo principal entre osmigrantes recentes. A maioria dos fazendeiros provém de famíliaspobres totalmente estabelecidas na economia urbana.

América Latina e CaribeTodo espaço disponível – incluindo telhados e varandas – destinou-se à produção de alimentos na capital de Cuba, Havana. Métodosintensivos de produção agrícola urbana, incluindo a hidroponia,abastecem com alimentos frescos os moradores urbanos. APrefeitura facilita a gestão integrada de água residual para aprodução de alimentos.

O Centro Pan-americano de Engenharia Sanitária e CiênciasAmbientais, em Lima, Peru, desenvolve normas regionais para otratamento de águas residuais. Vários países promovem e utilizamos sistemas de manejo e reutilização de águas residuais, adiferentes níveis de pureza, tanto na produção florestal como naaqüicultura.

EuropaAproximadamente 72% de todas as famílias urbanas na FederaçãoRussa cultivam alimentos. Berlim, por sua vez, tem mais de 80mil agricultores urbanos. O Clube de Horticultura Urbana de SãoPetesburgo ficou famoso por promover essa atividade nos telhadosdas casas. Suas pesquisas indicam que em um único distrito (acidade tem 12) é possível produzir mais de 2 mil toneladas devegetais por estação, em 500 telhados. Cultivam-se vários tiposde hortaliças: rabanete, alface, cebola, pepino, tomate, couve,ervilha, beterraba, feijão e flores. A cultura de chicória para saladasé encorajada por tratar-se de uma importante fonte de vitaminaC durante o inverno. A horticultura em telhados tornou-se popularporque as hortas ficam a salvo de atos de vandalismo. O Clubede Horticultura Urbana de São Petesburgo publica livros e temseu próprio web site.

Fonte: UNCHS, 2001a e 2001b

O crescimento da produção agrícola urbana

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267ÁREAS URBANAS

locais, com maior autonomia financeira e legislativa,e a reorganização de instituições com pouca capaci-dade de resposta e de estruturas burocráticas.

Também envolvem a cooperação entre cida-des e o intercâmbio de experiências e conhecimentosadquiridos. O Conselho Internacional para Iniciati-vas Ambientais Locais trabalha com 286 governoslocais em 43 países para melhorar a gestão local deenergia e reduzir as emissões de gases de efeito estu-fa (Skinner, 2000). Entre outras iniciativas, foi desen-volvida a Pareceria de Estocolmo para Cidades Sus-tentáveis, cujo objetivo é introduzir o conceito desustentabilidade no planejamento de cidades, pormeio de parcerias entre cidades e empresas. As inici-ativas da Agenda 21 Local para o Habitat demonstra-ram ser eficazes na implementação de políticas dedesenvolvimento sustentável que contam com a par-ticipação de membros da comunidade e do governo(Tuts e Cody, 2000).

Em vista da importância das circunstâncias es-pecíficas de cada lugar e das diferentes realidades po-líticas, não há uma abordagem viável para solucionarproblemas ambientais urbanos que possa ser aplicadaa todas as cidades. Um primeiro passo é desenvolveruma agenda ambiental local para avaliar a situaçãoparticular do lugar no tocante a assuntos ambientais,de forma que essa informação possa ser utilizada noplanejamento de cidades. Embora em 1970 a ênfasefosse dada principalmente a políticas públicas e regu-lamentação, no início da década de 1990 o foco era nosmercados e nas soluções técnicas. Na virada do sécu-

lo, a gestão ambiental urbana parece concentrar-se maisna mudança de culturas, tanto empresarial como eco-nômica e política (Elkington, 1999).

ConclusãoDada a esperada dimensão do crescimento da popu-lação urbana nas décadas futuras, um crescimentocontínuo da população urbana carente irá se apre-sentar como um desafio fundamental para a sustenta-bilidade mundial (Environment and Urbanization,1995a e 1995b; Pearce e Warford, 1993). A principalpreocupação se refere ao desenvolvimento de megaló-poles e de extensas áreas urbanas no mundo em de-senvolvimento, devido à rapidez e à escala da urbani-zação e à incapacidade dessas cidades de prover ha-bitação suficiente e serviços urbanos básicos.

Uma melhor gestão ambiental urbana poderáajudar a evitar efeitos negativos para o meio ambien-te, particularmente se os governos instituem políti-cas urbanas claras como parte integral de suas políti-cas econômicas. No entanto, o crescimento urbanoainda não é bem administrado na maioria das áreascom rápida urbanização, o que causa severos proble-mas ambientais e de saúde, associados principalmen-te à pobreza.

A urbanização continuará a desempenhar umpapel importante na economia, no meio ambiente evida das pessoas. O desafio é aprender como convi-ver com ela e, paralelamente, aproveitar suas vanta-gens e conduzir os seus impactos indesejáveis e ne-gativos em uma direção possível de administrar.

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268268268268268 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

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Oceano Índico Ocidental

África Ocidental

África Meridional

Norte da África

África Oriental

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Ilhas Comores, 40% da população vive na pobreza(RFIC, 1997), e, na África Meridional, mais de 45%dos domicílios urbanos realizam cultivos ou criamgado na área urbana, para complementar sua subsis-tência (UNDP, 1996). Os desastres ambientais e osconflitos também fizeram com que muitas pessoasfugissem das áreas rurais para buscar refúgio noscentros urbanos. Em Moçambique, cerca de 4,5 mi-lhões de habitantes rurais foram deslocados para áre-as urbanas devido à guerra civil da década de 1980(Chenje, 2000), enquanto o terceiro maior assenta-mento de Serra Leoa é um campo de refugiados(UNCHS, 2001b).

Devido ao lento crescimento econômico demuitos países africanos, à falta de políticas de desen-volvimento concretas e a um número cada vez maiorde pequenos domicílios, o desenvolvimento da infra-estrutura não pôde alcançar o ritmo da premente ne-cessidade de abrigo e serviços para as crescentespopulações urbanas. Como conseqüência, muitas ci-dades africanas têm um número cada vez maior deassentamentos irregulares superpovoados ou “fave-las”, caracterizados por habitações inadequadas eprovisão deficiente de infra-estrutura como vias, ilu-minação pública, abastecimento de água e serviçosde saneamento e de manejo de resíduos. Esses as-sentamentos freqüentemente se desenvolvem emambientes frágeis, tais como encostas íngremes, li-nhas de drenagem natural e áreas vulneráveis à inun-dação. O planejamento inadequado das habitações edos assentamentos também pode contribuir para re-duzir a segurança e aumentar a criminalidade nas ci-dades africanas (Shaw e Louw, 1998).

Os governos e as autoridades tentaram satis-fazer a demanda por habitação e serviços aumentan-do a construção. A África do Sul, por exemplo, cons-truiu mais de um milhão de habitações populares nosúltimos seis anos (DoH South Africa, 2000). Entretan-

Áreas urbanas: África

População urbana (em milhões) por sub-região: África Nível de urbanização (%): África

O gráfico abai-xo mostra o

crescimento daspopulações

urbanas nas sub-regiões da África,

desde 1972; omapa mostra osatuais níveis de

urbanização,expressos em

porcentagem dapopulação total.

Fonte:compilado de United

Nations PopulationDivision, 2001

0% - 20%

21% - 40%

41% - 60%

61% - 80%

81% - 100%

Embora a maioria (62,1%) da população da África ain-da seja rural, as taxas de crescimento urbano, a quase4% ao ano, são as mais rápidas do mundo e quaseduplicam a média mundial (United Nations PopulationDivision, 2001). Prevê-se que as taxas de crescimentoatingirão uma média de 3,5% anual nos próximos quin-ze anos, o que significa que a proporção da popula-ção urbana da África no mundo aumentará de 10% a17% entre 2000 e 2015 (United Nations PopulationDivision, 2001).

A África do Norte é a sub-região mais urbanizada,com uma média de população urbana de 54%, seguidada África Ocidental (40%), África Meridional (39%),África Central (36%) e das ilhas do Oceano Índico Oci-dental (32%). A sub-região menos urbanizada é ÁfricaOriental, onde apenas 23% da população vive em áreasurbanas (United Nations Population Division, 2001).Malawi tem a taxa de crescimento urbano mais alta detodos os países da África, que, a 6,3%, é três vezes maiselevada que a taxa mundial.

Além de haver mais pessoas vivendo nas ci-dades, as próprias cidades estão se tornando maio-res e mais numerosas. Há, atualmente, 43 cidades naÁfrica com população de mais de um milhão de habi-tantes, quantia que deve chegar a 70 em 2015 (UnitedNations Population Division, 2001).

A elevada taxa de crescimento urbano na Áfri-ca é resultado da migração de áreas rurais para urba-nas, do crescimento da população e, em algumas áre-as, de conflitos. As pessoas abandonam as áreas ru-rais devido ao declínio da produtividade agrícola e àfalta de oportunidades de emprego e de acesso à infra-estrutura física e social básica. Contudo, a expectati-va de obter renda e nível de vida mais elevados nasáreas urbanas poucas vezes se torna realidade, e apobreza urbana se estende e aumenta. Em Moroni,

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269269269269269ÁREAS URBANAS

to, a falta de consciência sobre práticas de constru-ção com uso eficiente dos recursos levou à utilizaçãoexcessiva de recursos naturais e gerou o desperdíciode grandes quantidades de materiais que raramentesão reciclados (Macozoma, 2000). Além disso, os no-vos assentamentos, em vez de ocuparem terrassubaproveitadas dentro das cidades, foram estabele-cidos principalmente em terras desocupadas na peri-feria urbana, o que exige a expansão da infra-estrutu-ra, em lugar de um uso mais intensivo das redes exis-tentes. Atualmente, a atenção concentra-se no plane-jamento integrado do desenvolvimento, e em algunspaíses estão sendo elaboradas políticas habitacionaisde apoio à construção ecologicamente sustentável.Os principais temas ambientais nas áreas urbanas daÁfrica relacionam-se ao fornecimento de serviços demanejo de resíduos, abastecimento de água e sanea-mento e à poluição atmosférica urbana.

Manejo de resíduos, abastecimento deágua, e saneamento básicoO volume de resíduos sólidos gerado nas áreas urba-nas está aumentando com o crescimento da popula-ção, com os níveis de consumo mais altos e com omaior uso de embalagens pela indústria. As taxas de

geração de resíduos estão ultrapassando a capacida-de de coleta, tratamento e eliminação das autoridadeslocais. Na África, apenas 31% dos resíduos sólidosdas áreas urbanas são coletados (UNCHS, 2001b).Devido a uma infra-estrutura urbana inadequada, mui-tos resíduos não são tratados, coletados ou elimina-dos de forma adequada. Em Accra, por exemplo, em-bora exista um sistema de coleta de resíduos em lu-gares predeterminados na maioria das áreas resi-denciais, a coleta é feita irregularmente, o que fazcom que os aterros sanitários legais intermediáriostransbordem (McGranahan e outros, 2001). Em mui-tos países, a queima de resíduos sólidos é uma práti-ca comum, mas o gás tóxico emanado contribui para apoluição atmosférica. Apenas 2% dos resíduos afri-canos são recuperados e reciclados (UNCHS, 2001b),devido à falta de incentivos econômicos e de merca-do para o material reciclado. Os materiais mais reci-clados são papel, têxteis, vidro, plástico e metal. NoEgito, no Marrocos e na Tunísia, se faz, em certa me-dida, a compostagem.

A proliferação de assentamentos não planeja-dos em áreas urbanas da África é acompanhada daprovisão inadequada de água potável e serviços desaneamento. No ano 2000, em média 85% das popula-ções urbanas africanas tinham acesso a água tratada,embora a proporção fosse de 100% em Botswana,Djibouti, Ilhas Maurício, Marrocos e Namíbia, de atésomente 29% em Guiné-Bissau e de 31% no Chad(WHO e UNICEF, 2000). A média de população urba-na com acesso a saneamento básico era de 84%, comuma variação entre 100%, nas Ilhas Maurício e noMarrocos, a 12% na Ruanda e 14% no Congo (WHOe UNICEF, 2000). O número de pessoas atendidas poresses serviços veio aumentando durante os últimosdez anos (ver gráfico abaixo), mas os percentuais so-freram poucas alterações.

Vários projetos de melhoria urbana têm sidorealizados em Gana, desde 1985, em umdos esforços de maior alcance na África.Até o ano 2000, esses projetos haviammelhorado a infra-estrutura e os serviçosde quase meio milhão de pessoas em cincocidades (United Nations Population Division,2001).O programa Cidades Mais Seguras de Dar esSalaam foi criado em 1998 por ONGs e porEscritórios de Orçamento do Congressopara conscientizar e capacitar as pessoascomo forma de prevenir o crime. Dentresuas atividades, destacam-se a criação deempregos, a organização de gruposcomunitários de segurança e a anál iseestatíst ica cr iminal. Desde então, oprograma tem sido reproduzido emAbidjan, Antananarivo, Dacar, Durban,Johannesburgo e Yaoundé (UNCHS, 2001b).Em 1997, a África do Sul construiu mais de200 unidades habitacionais de baixo custocom característ icas favoráveis ao meioambiente, tais como vasos sanitários dedescarga dupla e um projeto de utilizaçãopassiva de energia solar com o objetivo deminimizar a energia necessária aofuncionamento dos sistemas deaquecimento e refrigeração. As unidadesinicialmente acomodavam os atletas quecompetiram nos All Afr ica Games;posteriormente, foram destinadas aosresidentes de Alexandria, uma das pioresfavelas de Johanesburgo (Everatt, 1999).

Iniciativas de melhoria urbana

População urbana (em milhões) come sem abastecimento de água tratadae saneamento básico: África

Atualmente, cer-ca de 85% dapopulação urbanada África temacesso a abaste-cimento de águatratada esaneamentobásico.

Fonte: WHO eUNICEF, 2000

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270270270270270 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Com o objetivo de melhorar o desempenho dosgovernos municipais e dos serviços públicos, cadavez mais se promovem parcerias entre o setor públicoe o privado para oferecer serviços de abastecimentod’água e saneamento básico.

Essas parcerias têm obtido êxito parcial. A par-ticipação privada no abastecimento d’água e no sa-neamento básico agregou novos investimentos decapital, habilidades administrativas e de organizaçãoe conhecimentos técnicos, mas percebe-se a tendên-cia de atender às demandas apenas dos grupos derendas média e alta.

Poluição atmosféricaUma preocupação crescente em muitos centros urba-nos, em particular nas grandes cidades, é o nível depoluição atmosférica, originada principalmente dasdescargas dos veículos, das emissões industriais edo uso doméstico de lenha, carvão, parafina e refugopara aquecer e cozinhar. No Cairo, as emissões de 1,2milhão de veículos, combinadas com materialparticulado em suspensão e com a areia proveniente

do deserto próximo que chega, pelo vento, às áreasurbanas, cobrem a cidade com uma neblina quasepermanente. Os níveis de material particulado em sus-pensão e de poluição por chumbo encontram-se en-tre os mais altos do mundo, expondo a população de10,6 milhões de habitantes a um elevado risco de do-enças respiratórias (UNCHS, 1996; SEI, 1999). Comoprova de reconhecimento desse risco, no Cairo só évendido combustível sem chumbo e está previsto queesta medida seja adotada pelo resto do país até ofinal de 2002.

O uso de fontes combustíveis tradicionais emassentamentos irregulares de alta densidade contri-bui para aumentar os níveis de dióxidos de enxofre,óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono, ozônio ematerial particulado em suspensão. A exposição a es-ses poluentes está associada ao aumento do risco decontrair infecções respiratórias agudas, particular-mente entre crianças. Com vistas a reduzir os riscospara a saúde, adotaram-se algumas medidas, como aeletrificação doméstica, a promoção de combustí-veis de baixa emissão e a melhor ventilação das casas.

O uso decombustíveis

tradicionais emdensos assenta-

mentos irre-gulares está

causando níveisde poluiçãoatmosféricaprejudiciais,

especialmentepara as crianças.

Fonte: UNEP, DilmarCavalher, Topham

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sentam mais da metade de todo o trânsito de veículosautomotivos e são responsáveis por altos índices depoluição, o que é agravado ainda mais pela manuten-ção deficiente dos veículos, pela baixa qualidade doscombustíveis e pelas más condições das estradas. Aqueima de biomassa, como lenha e resíduos agríco-las, constitui uma fonte adicional de poluição em mui-tas áreas carentes (World Bank, 2000).

Os veículos automotivos também causam sé-rios problemas ambientais em países desenvolvidos.Na Austrália e na Nova Zelândia, existe uma grandedependência de veículos automotivos particulares, oque resulta não só na necessidade de ocupar terraspara construir estradas, como também em crescentesemissões de dióxido de carbono, zinco e cobre (Hughese Pugsley, 1998; MoE New Zealand, 1997).

No intuito de melhorar a qualidade do ar urba-no, uma série de medidas política e tecnológica estásendo implementada, entre as quais o uso de catali-sadores, combustível sem chumbo e combustíveis al-ternativos, como o gás natural veicular. Em muitos pa-íses asiáticos, as novas usinas de energia movidas acarvão estão usando precipitadores eletrostáticos, ca-pazes de reduzir as emissões de matérias particuladasem mais de 99%. Igualmente, destinam-se subsídiospara o uso de tecnologias renováveis, como a foto-voltaica solar e as turbinas eólicas. Na China, a cidadede Pequim introduziu 68 medidas para a prevenção dapoluição atmosférica, que deram como resultado im-portantes reduções nos níveis de SO

2, NO

2 e material

particulado em suspensão (SEPA, 1999).

Manejo de resíduosBoa parte dos resíduos sólidos gerados nos centrosurbanos não é coletada, mas sim depositada em águassuperficiais e terrenos baldios ou queimada na rua.Esse problema agravou-se nos últimos trinta anos.

Prevê-se que a urbanização na Ásia e no Pacífico cres-ça a uma taxa média anual de 2,4% entre 2001 e 2015.O atual nível de urbanização varia de apenas 7,1% noButão a 100% em Cingapura e Nauru. A sub-regiãoAustrália-Nova Zelândia é a mais urbanizada (85%), ea sub-região do Pacífico Sul é a de menores índices deurbanização (26,4%). O nível de urbanização ultrapas-sa 75% em sete países da região (Austrália, Japão,Nauru, Nova Caledônia, Nova Zelândia, República daCoréia e Cingapura), ao passo que 12 megalópoles daregião – Pequim, Calcutá, Nova Délhi, Jacarta, Karachi,Manila, Mumbai, Osaka, Seul, Xangai e Tóquio – abri-gam 12% da população urbana (United NationsPopulation Division, 2001; UNESCAP e ADB, 2000).

Em algumas das maiores cidades, à exceçãodas localizadas na Austrália e na Nova Zelândia, maisde 60% dos habitantes vivem em assentamentos irre-gulares com uma densidade populacional de 2.500pessoas por hectare (Ansari, 1997). Esses assenta-mentos padecem com a falta de infra-estrutura e ser-viços, tais como abastecimento d’água, rede de es-gotos, drenagem, estradas, saúde e educação.

Os problemas ambientais urbanos mais impor-tantes na região são a poluição atmosférica e servi-ços inadequados.

Poluição atmosférica urbanaA poluição atmosférica é um problema comum, parti-cularmente nas cidades de países em desenvolvimen-to, devido ao crescente número de veículos auto-motivos e ao aumento da capacidade industrial. Empaíses como Índia, Indonésia, Nepal, Malásia e Tai-lândia, os veículos com motor de dois tempos, taiscomo as motocicletas e os táxis de três rodas, repre-

Áreas urbanas: Ásia e Pacífico

Nível de urbanização (%): Ásia e Pacífico População urbana (em milhões) por sub-região: Ásia e Pacífico

O gráfico e omapa abaixomostram um altonível de urba-nização naAustália e NovaZelândia, emcomparação comoutras regiões. Aurbanização estáse desenvolven-do rapidamenteem todas asoutras sub-regiões, àexceção da ÁsiaCentral.

Fonte: compilado deUnited NationsPopulation Division,2001

0% - 20%

>20 - 40%

>40 - 60%

>60 - 80%

>80%

dados não disponíveis

600

800

1.000

1.400

0

400

1972

1974

1976

1978

1980

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1986

1988

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1992

1994

1996

2000

1998

20

1.200

Pacífico Sul

Sudeste Asiático

Sul da Ásia

Noroeste do Pacífico e Leste Asiático

Ásia Central

Austrália e Nova Zelândia

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272 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Em geral, os resíduos coletados são despejados ematerros sanitários a céu aberto, muitos dos quais nãosão operados adequadamente nem mantidos conve-nientemente, representando uma séria ameaça à saú-de pública. Apenas algumas cidades asiáticas comoHong Kong e Cingapura, e as da Austrália, do Japãoe da Nova Zelândia têm instalações adequadas para aeliminação de resíduos sólidos. Contudo, essas cida-des também enfrentam problemas para lidar com ovolume cada vez maior de resíduos (ADB, 2001).

Em meados da década de 1990, Manila gerava6.300 toneladas de resíduos sólidos diariamente, mas acapacidade de seus aterros sanitários era de poucomais da metade dessa quantidade (ADB, 1996). A Ilhade Kiribati tem sérios problemas devido à densidadepopulacional causada pela emigração interna, além deter pouca área disponível para eliminação de resíduos.Da mesma forma que em muitas ilhas de atol, os resídu-os sólidos são despejados nas águas costeiras.

Sérios problemas ambientais e de saúde po-dem ser causados pela eliminação deficiente de resí-duos. Nas ilhas do Pacífico, a água doce é escassa, eos métodos para eliminação de resíduos sólidos quecontaminam a água são uma fonte freqüente de doen-ças intestinais e de infecções de ouvidos e olhos. NaÍndia, um surto de peste bubônica em 1994 foi atribu-ído à eliminação inadequada de resíduos sólidos(Tysmans, 1996).

A eliminação e o tratamento de resíduos in-dustriais, tóxicos e perigosos também causa sériosproblemas. O despejo de resíduos perigosos é umaprática comum no Sul da Ásia e no Sudeste da Ásia.Países como Bangladesh, Índia e Paquistão torna-ram-se espaços de despejo para quantidades signifi-

cativas de resíduos perigosos oriundos de países in-dustrializados e agora enfrentam cada vez mais pro-testos pela poluição decorrente de tais resíduos.

Muitos grupos de interesse estão envolvidoscom as políticas e estratégias nacionais para o mane-jo de resíduos. Os serviços de manejo de resíduosforam privatizados em países como o Japão, a Repúbli-ca da Coréia, a Malásia e a Tailândia. Tal medida pare-ce ser um meio efetivo de melhorar os serviços e, aomesmo tempo, gerar mais emprego. No entanto, boaparte desse resíduo provém de pequenos produtores,a quem é difícil atender com os métodos tradicionais.

Água e saneamentoNa maioria das cidades, o abastecimento d’água ade-quado e seguro para os setores doméstico e industri-al constitui um sério problema. Apesar dos investi-mentos significativos, os sistemas de esgotos demuitas cidades importantes ainda não satisfazem asnecessidades de um meio ambiente urbano com altadensidade populacional, razão pela qual os esgotossão geralmente despejados diretamente nos sistemasde captação de águas pluviais ou nos cursos d’água,ou depositados em fossas sépticas individuais demanutenção deficiente.

A porcentagem da população urbana doAfeganistão com acesso a água tratada (19%) e sane-amento básico (25%) é a mais baixa da região. No

População urbana (em milhões) com esem abastecimento de água tratada esaneamento básico: Ásia e Pacífico

Até o ano 2000,o abastecimentode água tratadahavia chegado a95% da popula-

ção urbana,proporção maior

que a beneficiadacom saneamento

básico (65%).

Nota: Os dadosestão disponíveis

para um maiornúmero de paísesem 2000 que em

1990, motivo peloqual o progresso

parece exagerado.

Fonte: compilado deWHO e UNICEF, 2000

Com uma superfície total de 650 quilômetrosquadrados e uma população de 4,1 milhões dehabitantes, Cingapura, ao projetar seu sistemade trânsito, enfrentou sérios desafiosrelacionados à limitação de espaço e à altadensidade populacional. Uma combinação deônibus, linhas de Transporte Coletivo Rápido(MRT), linhas de transporte semicoletivo rápidoe táxis, o sistema de transporte coletivo deCingapura atualmente atende 5 milhões das 7milhões de viagens feitas diariamente, sendo 3milhões por ônibus, 1 milhão por linhas MRT e 1milhão por táxi.

Cingapura implementou um estrito sistemade cotas de veículos, pelo qual se deve adquirirum certificado para poder registrar o veículo. Issopermite ao governo frear o aumento do númerode veículos. Um sistema eletrônico de pedágiocobra uma taxa durante as horas de pico,incentivando os motoristas a usarem os meiosde transporte coletivo ou vias menos transitadas.Os centros de vistoria de veículos realizaminspeções obrigatórias nos carros com mais detrês anos e testes de emissões para garantirque estas atendam aos limites estabelecidospelo Ministério do Meio Ambiente. O governotambém criou incentivos fiscais para estimular ouso de veículos elétricos e híbridos.

Fonte: Swee Say, 2001

Transporte sustentável em Cingapura

100

600

800

1.100

01990

200

1.000

02000 1990 2000

729

1.050

867

497

3777

269 260

300

400

500

700

900

300

200

100

400

com abastecimentode água tratada

com saneamentobásico

sem abastecimentode água tratada

sem saneamentobásico

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273ÁREAS URBANAS

entanto, em termos absolutos, a China e a Índia pos-suem o maior número de habitantes urbanos (mais de20 milhões de em cada país) sem acesso a abasteci-mento d’água seguro (WHO e UNICEF, 2000).

Os serviços de saneamento são menos desen-volvidos que o abastecimento d’água: 23% dos habi-tantes urbanos ainda carecem de saneamento ade-quado (em contraste com apenas 7% daqueles quenão têm acesso a água tratada). Esses dados foramcompilados a partir de uma amostragem de 38 paísesda Ásia e do Pacífico para os quais há estatísticasdisponíveis referentes ao ano 2000 (OMS e UNICEF,2000). Mais de 50% da população urbana do Afega-nistão e da Mongólia ainda não tem acesso a servi-ços de saneamento básico.

As inundações e a subsidência do solo cons-tituem outro grande problema do meio ambiente ur-bano. Em Bangkok, por exemplo, as enxurradasprovocadas pelas monções freqüentemente ultrapas-sam a capacidade de escoamento do Rio Chao Phraya,problema exacerbado pelo progressivo assoreamentodos “khlongs” (canais) à medida que as áreas urba-nas se expandem. Ademais, a extração excessiva deáguas subterrâneas foi causa de notáveis casos desubsidência do solo em Bangkok, fenômeno que au-menta a probabilidade de inundações e agrava seusefeitos. Condições similares foram relatadas em ou-tras bacias hidrográficas (ADB, 2001).

Iniciativas dirigidas aos problemas ambientaisurbanosVários governos estão promovendo um desenvolvi-mento descentralizado e participativo com a finalida-de de ajudar a mobilizar recursos para melhorar a infra-estrutura urbana. Contudo, o processo de descen-

tralização é limitado pela falta de capacidade insti-tucional dos governos locais, pela mobilização limita-da dos recursos em âmbito local e pelo acesso restri-to ao financiamento de longo prazo para os progra-mas de investimento (World Bank, 1998). Embora adescentralização e a autonomia local estejam ganhan-do mais força, os níveis mais altos de governo exer-cem um controle excessivo, o que causa uma dispa-ridade entre as responsabilidades dos governos lo-cais e seus recursos (UNCHS, 2001).

Além das ações nacionais, desenvolveram-se programas internacionais e regionais para apoiara gestão ambiental urbana na região, entre os quaisse destacam o Plano de Ação Regional para Urba-nização, a Iniciativa Ásia-Pacífico 2000, o Progra-ma de Gestão Territorial, o Programa Local de Li-derança e Capacitação em Gestão e o Plano de Açãopara o Desenvolvimento Urbano Sustentável (Agen-da 21 Local).

A urbanização é um dos problemas mais signi-ficativos que a região da Ásia e Pacífico enfrenta. Ocrescimento desordenado, as práticas inadequadasde disposição de resíduos, a falta de abastecimentoadequado de água potável e de infra-estrutura de sa-neamento, as inundações e a subsidência do solosão questões cruciais enfrentadas atualmente pelasáreas urbanas. Como resposta, o investimento em sis-temas domésticos de águas residuais e em esquemasde manejo de resíduos sólidos e de abastecimentod’água acelerou-se em muitos países. As áreas urba-nas oferecem oportunidades de emprego, melhor edu-cação e infra-estrutura de atendimento médico, po-rém é cada vez mais difícil fornecer a infra-estruturamaterial requerida pelos serviços que promovem asaúde e o bem-estar humanos.

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274 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Na Europa, a população urbana cresceu a um ritmoconstante durante as décadas de 1960 e 1970, além deter havido uma emigração em massa das cidades dointerior para os subúrbios. Desde a década de 1970, atendência tem sido de um espraiamento urbano devi-do à expansão da infra-estrutura, ao maior nível derenda doméstico, à redução no tamanho e ao aumen-to na quantidade de habitações, bem como ao enve-lhecimento da população. Entre 1980 e 1995, a popu-lação urbana da Europa Ocidental aumentou 9%(United Nations Population Division, 2001), ao passoque o crescimento do número de habitações na áreafoi de 19% (EEA, 2000).

O nível de urbanização atual na Europa é de74,6%, com a expectativa de crescimento anual em0,3%, entre 2000 e 2015 (UNCHS, 2001a). Espera-se

que a região se estabilize em um nível de urbanizaçãode aproximadamente 82%. Atualmente, metade de suapopulação vive em pequenas cidades com mil a 50 milhabitantes, 25% em cidades médias com 50 mil a 250mil habitantes e os outros 25% em cidades com maisde 250 mil habitantes (UNCHS, 2001b). Uma futuraurbanização da Europa não deverá alterar esse pa-drão de forma significativa.

Os problemas referentes ao desenvolvimentourbano e seu impacto sobre o meio ambiente têm sidoum grande desafio para os formuladores de política eu-ropeus. O problema tem se agravado nos países da Eu-ropa Central e do Leste Europeu, bem como nos Esta-dos recém-independentes, pelo fato de que na últimadécada os governos nacionais delegaram uma amplagama de responsabilidades urbanas (ambientais) às au-toridades locais ou regionais, mas não forneceram os

recursos adequados para fazer cumprir essas responsa-bilidades. As autoridades locais de toda a Europa come-çaram a aplicar Agendas 21 locais e Agendas Habitatlocais; um número significativo adotou a Carta das Ci-dades Européias Sustentáveis, que enfatiza a importân-cia das abordagens integradas no que diz respeito àsustentabilidade e a uma melhor colaboração entre ascidades. Uma revisão da implementação da AgendaHabitat revelou que houve progresso na Europa em re-lação à melhoria da eficiência do uso da água, medianteprocessos tecnológicos avançados e o estabelecimen-to de planos e políticas de gestão de recursos hídricos(UNCHS, 2001c). Também foram empreendidos esfor-ços para reduzir a poluição do ar e da água, por meio daprevenção e da redução de descargas das principaissubstâncias poluentes e perigosas e mediante incenti-vos à reutilização e à reciclagem. Contudo, a crescentepoluição atmosférica gerada pelos veículos automotivoscontinua sendo motivo de grande preocupação. No LesteEuropeu, o uso de sistemas de aquecimento comunitári-os obsoletos e a queima de carvão são algumas dasprincipais causas dos problemas de poluição. Outrasduas questões cruciais na Europa são a poluição sono-ra e os resíduos sólidos.

Qualidade do ar urbanoEm toda a Europa, os meios de transporte e a mobilida-de estão se tornando questões importantes para amaioria das cidades. Nas áreas urbanas da EuropaOcidental, 50% de todas as viagens de automóvel sãode menos de seis quilômetros, enquanto 10% são demenos de um quilômetro. O fator mais importante queprovoca o aumento do trânsito é que as distâncias aoslugares de trabalho, centros comerciais, escolas e áre-as de lazer se tornaram maiores. Essas distâncias vêmaumentando porque as origens e os destinos (áreasresidenciais, industriais, comerciais e outras) estão seestabelecendo em lugares cada vez mais separados ecom freqüência interligados principalmente por estra-das. Além disso, como resultado da globalização, umamaior concorrência obriga as pessoas trabalharem emdiferentes lugares, empregos e horários. De modo ge-ral, as alternativas ao automóvel, tais como transportecoletivo ou pistas específicas para bicicletas ou pe-destres, foram deficientemente desenvolvidas ou poucoadaptadas aos padrões urbanos recentes (EEA, 2001).As principais exceções são a Dinamarca e os PaísesBaixos, onde a infra-estrutura para as alternativas aoautomóvel se encontra bem desenvolvida.

O aumento no trânsito de veículos tem implica-ções significativas para a qualidade do ar urbano, em-bora isso tenha sido parcialmente compensado por umaredução nas emissões dos poluentes atmosféricos mais

Áreas urbanas: Europa

População urbana (porcentagem do total): Europa

Atualmente,76% da

população daEuropa é

urbana, o que seespera que seestabilize em

82%.

Fonte: UnitedNations Population

Division, 2001

60

70

100

40

50

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

2000

1998

80

90

Europa Central Leste Europeu Europa Ocidental região

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275ÁREAS URBANAS

Indicadores

Superfícies artificiais

Áreas agrícolas

Florestas e zonas semi-áridas

Areas úmidas

Tecido urbano contínuo

Tecido urbano descontínuo

Unidades comerciais ou industriais

Outras superfícies artificiais

importantes provenientes do transporte nos países daEuropa Ocidental. No entanto, um considerável núme-ro de habitantes de áreas urbanas ainda está exposto aelevados níveis de poluição, o que acarreta problemasde saúde. As projeções para 2010 mostram que 70% dapopulação urbana provavelmente estará exposta a ní-veis de matéria particulada que ultrapassem o limiardessas substâncias, que é de 20% de excesso de NO

2

e 15% de excesso de benzeno (EEA, 2001).O número de dias de exposição excessiva a NO

2

nas cidades da Europa Central e do Leste Europeu émuito inferior ao das cidades da União Européia e tam-bém muito abaixo do permitido pelas diretrizes da UE.No entanto, com o crescimento dos níveis de afluênciae do número de veículos, surgiu, recentemente, o pro-blema da neblina fotoquímica associada ao aumentode NO

X, hidrocarbonos e monóxido de carbono. A

mudança para o uso da gasolina sem chumbo ecatalisadores obrigatórios nos veículos particularesestá ajudando a melhorar a qualidade do ar urbanonesses países.

Poluição sonoraDe 75% dos cidadãos europeus que vivem em comu-nidades urbanas, mais de 30% residem em habitaçõescom uma significativa exposição ao ruído relaciona-do ao transporte. Isso acontece apesar das importan-tes reduções nos limites de ruído originados de fon-tes individuais, como carros e caminhões. No entan-

to, os novos padrões veiculares terão um efeito notá-vel nos níveis de ruído somente quando a renovaçãoda frota de veículos estiver bastante avançada, o quepode demorar até quinze anos (EEA, 1999).

O crescimento dramático nas viagens aéreasdesde 1970 provocou um significativo aumento deruído nas proximidades dos aeroportos. No entanto,desde meados da década de 1990, a poluição sonorapelo ruído dos aviões reduziu-se nove vezes em rela-ção à década de 1970. A poluição sonora nas áreaspróximas a alguns aeroportos europeus é limitada pelalegislação que proíbe tráfego noturno, enquanto nospaíses da Europa Central e do Leste Europeu umamedida restritiva efetiva foi a aplicação de instrumen-tos econômicos na forma de multas por poluição so-nora gerada pelos aviões (REC, 1999). Antecipa-seque o crescimento projetado para o tráfego aéreo para2010 poderá ser repartido entre os aeroportos maisimportantes sem aumentos significativos na exposi-ção ao ruído (EEA, 1999).

Até hoje, a política contra a poluição sonoraconcentrou-se principalmente em estabelecer os ní-veis máximos de ruído para veículos, aeronaves, má-quinas e fábricas (por exemplo EC, 1996). Uma novadiretriz relativa ao ruído ambiental harmonizará asmedições e o controle de ruído na União Européia eexigirá que os países elaborem mapas de ruídos pu-blicamente acessíveis como uma base para a elabora-ção de planos de ação. Nas principais cidades da Eu-

Crescimento da expansão urbana ao longo da Riviera Francesa, 1975-1990

Os mapasmostram aexpansão urbanaao longo da faixade 10 quilômetrosda costamediterrâneafrancesa, entre1975 e 1990. Osdois mapas àesquerdaidentificam áreasagrícolas eflorestais queforam urbanizadasentre 1975 e1990. O mapadetalhado mostrao resultado dessaexpansão – cercade 35% da faixaestá construída.

Fonte: Blue Plan,2001

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276 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

ropa Central e do Leste Europeu, as medidas paracombater o ruído estão se tornando parte integral dosnovos planos de desenvolvimento urbano.

Resíduos sólidosHá uma forte correlação entre o desenvolvimento eco-nômico e a geração de resíduos, especialmente osderivados do consumo urbano. Na União Européia,a geração de resíduos per capita originada pelasatividades domésticas e comerciais, que apenasconstituem apenas uma parte da quantidade totalde resíduos municipais, já ultrapassa em 100 quilosa meta de 300 quilos per capita anuais estabeleci-dos no quinto plano de ação ambiental da UniãoEuropéia (EEA, 2001). A maioria dos países euro-peus tem programas de reciclagem, especialmentepara papel e vidro, embora o êxito desse avanço sejaparcial, porque a geração de resíduos de tais materi-ais também aumentou.

Estima-se que a lama das usinas de tratamen-to de águas residuais tenha aumentado, na União Eu-ropéia, de 5,2 milhões para 7,2 milhões de toneladasde sólidos secos no período de 1992 a 1998, o queainda deve aumentar (EEA, 2001). Tais volumes sãodifíceis de absorver por meio de incineração, disposi-ção em aterros sanitários e reciclagem na agricultura.O problema agrava-se pelo fato de que a lama residu-al freqüentemente está contaminada por metais pesa-dos e outros produtos químicos tóxicos que até emconcentrações mínimas podem afetar a saúde huma-na (Hall e Dalimier, 1994).

Na maioria dos países europeus, a disposiçãoem aterros sanitários continua sendo a rota mais co-mum para o tratamento de resíduos, apesar de quecada vez há menos lugares disponíveis. Isso ocorreporque, tanto na Europa Ocidental como no LesteEuropeu, a reciclagem raramente é viável do ponto devista econômico. Contudo, está tendo cada vez mais

aceitação a “responsabilidade do produtor” pela eli-minação ambientalmente saudável dos produtos e em-balagens (UNEP, 1996).

Cada país adotou uma abordagem diferentenesse sentido. A Alemanha está passando a respon-sabilidade pelo manejo de resíduos de embalagens àindústria, com caráter obrigatório, ao passo que naFrança os acordos são quase sempre voluntários,embora a elaboração de relatórios seja exigida de for-ma rigorosa (UNEP, 1996). Na França, os municípioscontinuam sendo responsáveis pela coleta de resídu-os, e à indústria coube a responsabilidade de reciclarapenas certos materiais. No Reino Unido, todas ascompanhias que fazem parte da cadeia de embalagemdevem dividir responsabilidades: 47% para o setor devarejo, 36% para o de empacotadores e engarrafa-dores, 11% para o industrial e 6% para o de fabrican-tes de matérias-primas (PPIC, 1998).

A qualidade do ar, a poluição sonora e a produ-ção de resíduos não são os únicos problemas ambi-entais da Europa. Outras questões incluem o conges-tionamento do trânsito, a utilização de áreas verdes,a gestão de recursos hídricos e, particularmente naEuropa Central e no Leste Europeu, a obsolescênciada infra-estrutura urbana, que se traduz na deteriora-ção dos edifícios residenciais e em redes de distribui-ção de água com manutenção inadequada. Para solu-cionar essas dificuldades freqüentemente inter-rela-cionadas, as abordagens utilizadas estão sendo am-pliadas, tornando-se modelos mais integrados de de-senvolvimento urbano sustentável. A legislação ain-da é um dos principais instrumentos de implementaçãopara melhorar o meio ambiente urbano. No entanto,para tratar os problemas ambientais também estãosendo utilizados outros instrumentos, tais como me-canismos de incentivos econômicos, conscientizaçãopor meio de campanhas informativas e investimentosestratégicos (UNCHS, 2001c).

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Referências: Capítulo 2, áreas urbanas, Europa

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277ÁREAS URBANAS

A região da América Latina e Caribe é a mais urba-nizada do mundo em desenvolvimento. Entre 1972 e2000, a população urbana cresceu de 176,4 milhõespara 390,8 milhões, fenômeno induzido pelos melho-res serviços e oportunidades de emprego, em compa-ração com os das áreas rurais. Durante esse período,a porcentagem da população que vive nas áreas ur-banas aumentou de 58,9% para 75,3% e responde por79,8% da população na América do Sul, 67,3% naAmérica Central e 63% no Caribe (compilado de UnitedNations Population Division, 2001). Essa proporçãoentre a população urbana e rural é similar à dos paísesaltamente industrializados.

À exceção do Brasil, os padrões de urbaniza-ção típicos consistem na existência de uma única ci-dade muito grande por país. Além de uma expansãodas áreas urbanas existentes, a urbanização tambémchegou a alguns distritos rurais – 61% dos habitan-tes da região amazônica agora vivem em áreas urba-nas. Na maioria dos países da região, prevalece umaprofunda desigualdade, e uma parcela considerávelda pobreza concentra-se nas áreas urbanas. Por exem-plo, um terço da população de São Paulo e 40% dapopulação da Cidade do México vivem na linha dapobreza ou abaixo desta. Entre 1970 e 2000, o númerode habitantes pobres nas cidades da região cresceude 44 milhões para 220 milhões (UNCHS, 2001a).

Embora os problemas ambientais não se limi-tem às grandes cidades, é nelas onde seus efeitos setornam mais evidentes. Esses problemas incluem a con-centração de resíduos sólidos domésticos e industriais,a falta de saneamento básico e poluição atmosférica.

Resíduos sólidosHá três décadas, a produção de resíduos sólidos erade 0,2-0,5 kg/dia per capita, ao passo que atualmenteé de aproximadamente 0,92 kg/dia per capita. Em 1995,a população urbana da região gerou 330 mil tonela-das de resíduos sólidos por dia (CELADE, 1999;Acurio e outros, 1997). Buenos Aires, Cidade doMéxico e São Paulo, sozinhas, geraram aproximada-mente 51 mil toneladas de lixo por dia (ver gráfico àdireita). Embora a coleta de resíduos sólidos tenhauma cobertura de quase 90%, não há um mecanismode eliminação adequado para 43% desses resíduos(PAHO, 1998).

O aumento do volume de resíduos sólidos nãopode ser justificado apenas pelo crescimento urba-no. As mudanças nos padrões de estilo de vida têm

um papel importante, e a geração de resíduos é signi-ficativamente mais alta nas áreas mais ricas das cida-des. O problema com os resíduos urbanos não é ape-nas a quantidade, mas também a composição: o lixopassou de denso e quase completamente orgânico avolumoso e cada vez menos biodegradável. Os domi-cílios e as indústrias descartam quantidades cada vezmaiores de plástico, alumínio, papel e papelão. Osresíduos perigosos, como o lixo hospitalar, medica-mentos fora do prazo de validade, produtos quími-cos, baterias e lodos residuais contaminados, repre-sentam um risco potencial à saúde humana e ao meioambiente quando são manuseados de maneira inade-quada. Embora alguns países contem com uma estru-tura legal para o controle de resíduos, quase todos

Áreas urbanas: América Latina e Caribe População urbana (porcentagem do total): AméricaLatina e Caribe

O gráfico mostraos altos níveis deurbanização naregião,particularmentena América do Sul.

Fonte: compilado deUnited NationsPopulation Division,2001

Eliminação de resíduos em cidades selecionadas(toneladas/ano/pessoa)

Resíduos coletados e não coletados em cidades selecionadas da América Latina e Caribe. Noentanto, grande parte do resíduo coletado é eliminada de forma inadequada. O ano do estudoaparece entre parênteses.

Fonte: PAHO e IADB, 1997

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Lim

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996)

Buenos

Aires

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São

Paulo

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Santiago

(1995)

Quito

(1994)

Cid

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994)

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(1992)

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(1994)

coletado

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278 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

carecem de infra-estrutura física e recursos humanosnecessários para aplicá-la (UNEP, 2000).

Abastecimento de água e saneamentoEmbora nos últimos trinta anos a proporção da popu-lação urbana com acesso a água potável e sistema deredes de esgoto tenha aumentado, muitos ainda sãoafetados pela falta de serviços básicos. No ano 2000,93% dos domicílios urbanos tinham acesso a águatratada e 87% a saneamento básico, porcentagem quevaria de 50% no Haiti a 100% nas Ilhas Virgens Britâ-nicas, Montserrat e Suriname (WHO e UNICEF, 2000).A poluição das águas subterrâneas, decorrente dotratamento inadequado dos esgotos, põe em risco àsaúde pública (PAHO 1998) e representa um grandedesafio para os responsáveis pela formulação de po-líticas da região. Atualmente, menos de 5% das águasresiduais municipais da região são tratadas (UNEP,2000). Há uma clara demanda por sistemas de trata-mento de águas residuais para reduzir a poluição daágua. A contaminação das águas superficiais e sub-terrâneas faz com que a água das áreas urbanas sejauma questão cada vez mais polêmica (Dourejeanni eJouravlev, 1999; PAHO, 1998; CEPAL, 1994).

O setor público não tem capacidade para ope-rar e manter os sistemas de água e esgoto existentese muito menos tem como investir na construção denovos – especialmente nas áreas mais pobres onde aurbanização ocorreu recentemente. Essa situação le-

vou a uma maior participação do setor privado desdea década de 1980 e à descentralização da responsabi-lidade dos governos locais com relação ao forneci-mento de serviços (Pirez, 2000; CEPAL, 1998). No en-tanto, a América Latina ainda carece de um modeloadministrativo que assegure eqüidade e sustentabili-dade ambiental no fornecimento desses serviços (Pirez,2000; Idelovitch e Ringskog, 1995).

Qualidade do ar urbanoDurante os últimos trinta anos, a qualidade do ar sedeteriorou seriamente em muitos centros urbanos eexpõe milhões de pessoas a níveis de poluição acimados limites recomendados pela Organização Mundialde Saúde (CEPAL, 2000). A poluição atmosférica afe-ta a saúde de mais de 80 milhões de habitantes naregião e tem como resultado uma perda anual de 65milhões de dias trabalhados. É a principal causa dequase 2,3 milhões de casos anuais de doenças respi-ratórias em crianças e de mais de 100 mil casos debronquite crônica em adultos (CEPAL, 2000).

Dois fatores contribuíram para o aumento dapoluição atmosférica urbana: o crescimento no nú-mero de veículos e o tempo dos percursos devido aocongestionamento viário (CEPAL, 2000). Os veículosproduzem entre 80% e 90% do chumbo existente nomeio ambiente, embora a gasolina sem chumbo já es-teja disponível em muitos países da região há algumtempo (World Bank, 2001). O transporte coletivo defi-ciente e a distância entre domicílios e locais de traba-lho nas cidades, que resulta em percursos mais fre-qüentes e longos, também contribuíram para o au-mento das emissões (CEPAL, 2000). A longa distân-cia entre domicílio e local de trabalho deriva da au-sência de políticas urbanas nacionais que combinemobjetivos econômicos, ambientais e sociais. No en-tanto, a região também tem alguns bons exemplos deplanejamento urbano desde a década de 1970 (verbox). O índice de poluição também é influenciado poruma combinação de fatores físicos e meteorológicosassociados à localização das grandes cidades (CEPAL,2000). Por exemplo, a área metropolitana da Cidade doMéxico localiza-se em um vale que capta poluentesque geram a neblina urbana.

Nos últimos dez anos houve um importanteprogresso na gestão da qualidade do ar em várias ci-dades. A poluição atmosférica em grandes cidadescomo Buenos Aires, Cidade do México, Rio de Janei-ro, São Paulo e Santiago foi reduzida por meio deestratégias que incluem controle de emissões, melho-rias nos combustíveis e controle da frota de veículos.Contudo, esses programas ainda não se expandiram

O prefeito de Curitiba, Brasil, descreve sua cidade como um“modelo tanto para países desenvolvidos como para os emdesenvolvimento”. Seu sistema de transporte urbano, elaboradona década de 1970, estimulou o desenvolvimento residenciale comercial e ao mesmo tempo o harmonizou com oplanejamento da cidade. Em 1973, o Instituto de Pesquisa ePlanejamento Urbano de Curitiba desenvolveu ônibusespecialmente projetados para o trânsito coletivo. O sistema,adaptado e ampliado posteriormente para responder àsnecessidades da crescente população nas décadas de 1980 e1990, transporta atualmente 2 milhões de pessoas por dia. Arede de trânsito integrada oferece quatro alternativas detransporte, interligando os 12 municípios da regiãometropolitana. O uso em massa do sistema de transportecoletivo de Curitiba diminuiu o número de veículos nas vias, oque reduziu a poluição atmosférica, baixou a incidência defumaça e minimizou a ameaça de doenças respiratórias.

Curitiba tornou-se a primeira cidade no Brasil a usar umtipo especial de combustível composto de diesel (89,4%), álcoolanidro (8%) e aditivo de óleo de soja (2,6%). Esse combustívelé menos poluente e reduz a emissão de partículas em 43%.Ademais, a combinação de álcool com aditivo de óleo de sojatem vantagens sociais e econômicas, ao manter o empregonas áreas rurais: cada bilhão de litros de álcool utilizados geramaproximadamente 50 mil novos postos de trabalho.

Fonte: Taniguchi, 2001

Um modelo para os sistemas de transporte coletivo

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279ÁREAS URBANAS

às cidades de porte médio, cuja maioria ainda não dis-põe de informação necessária para implementar taismedidas (ECLAC e UNEP, 2001).

Efeitos das políticasAs políticas econômicas que predominaram na re-gião durante a década de 1980 dificultaram a intro-dução de medidas ambientais, já que impuseram umlimite ao gasto social em serviços básicos e de sane-amento. Embora a década de 1990 estivesse marcadapela continuidade ou persistência dos problemasambientais típicos da pobreza e da formação de gran-des cidades, ela também presenciou a introdução de

várias mudanças positivas, entre as quais uma maiorparticipação dos cidadãos e o estabelecimento de re-des de cooperação pública e privada que defendem omeio ambiente e promovem a educação ambiental.Essas mudanças contrariam as catastróficas previ-sões sobre o estado do meio ambiente da década de1970 (CEPAL, 1995; Villa e Rodríguez, 1994; CEPAL,2000). Contudo, é premente uma evolução substanci-al que, partindo de uma gestão setorial e fragmentadadas cidades, chegue a um esquema de políticas e es-tratégias urbanas abrangentes e multissetoriais (na-cionais), na qual as questões ambientais se integremem todas as dimensões da gestão urbana.

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280 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

A América do Norte é uma região altamente urbani-zada. Entre 1972 e 2000, a porcentagem da populaçãourbana aumentou de 73,8% para 77,2% (UnitedNations Population Division, 2001). A urbanizaçãorelaciona-se a muitos dos temas ambientais destaca-dos neste relatório, tais como a conversão do uso deterras agrícolas, a degradação do habitat e perda dabiodiversidade, a poluição atmosférica regional, amudança climática mundial, a degradação dos lito-rais, uma maior interação entre a vida urbana e a faunae flora silvestres e a poluição da água.

Na década de 1970, o êxodo pós-guerra dascidades mais importantes originou um modelo de as-sentamento caracterizado por subúrbios de baixa den-sidade em torno dos centros urbanos, fenômenocomumente referido como “espraiamento urbano”.Muitas municipalidades na América do Norte têmcomo prioridade a solução dos múltiplos problemasdecorrentes desse espraiamento. A população urba-na utiliza níveis altos de energia e outros recursos,além de produzir grandes quantidades de resíduos.Em vista de sua significativa contribuição para a po-luição regional e mundial e para a diminuição dos re-cursos naturais da Terra, as cidades da América doNorte têm “pegadas ecológicas” desproporcional-mente grandes.

Espraiamento urbanoO espraiamento urbano é definido como um desen-volvimento residencial de baixa densidade que de-pende do uso do automóvel (Dowling, 2000). Equiva-le ao avanço de terras rurais ou subdesenvolvidasna periferia de uma cidade, além das zonas de servi-ços e emprego (Chen, 2000). As subdivisões do es-praiamento urbano na América do Norte do pós-guerraforam promovidas pelo crescimento econômico e en-corajadas pelos incentivos para a obtenção da casaprópria, zoneamento para fim específico, subsídiosgovernamentais e investimentos em estradas e infra-estrutura suburbana (ULI, 1999; Sierra Club, 2000a).À medida que grande número de famílias contribuin-tes fiscais de classe média partia dos centros urba-nos, muitas cidades se tornaram núcleos empobreci-dos, rodeados de subúrbios dependentes de carros eatendidos por centros comerciais.

Durante a década de 1970 e 1980, verificou-se,nos Estados Unidos, um ciclo de redução do uso detransporte coletivo e aumento no uso do automóvel edos percursos entre o trabalho e o lar; o mesmo fenô-meno observou-se no Canadá durante a década de1990. Entre 1981 e 1991, o número de quilômetros-automóvel percorridos por canadenses e estadu-nidenses cresceu 23% e 33,7%, respectivamente. (EC,1998; Raad e Kenworthy, 1998). No gráfico abaixo àesquerda, ilustra-se a tendência de aumento no usodo automóvel nas cidades e da estagnação ou redu-ção no uso do transporte coletivo.

Encorajada, na década de 1990, pela constru-ção de novas estradas e pela redução dos preços doscombustíveis, a população suburbana dos EstadosUnidos aumentou 11,9% entre 1990 e 1998, em con-traste com o crescimento de 4,7% das cidades cen-trais (Pope, 1999; Baker, 2000; HUD, 2000). Atualmen-te, metade do espraiamento urbano da expansão ur-bana parece estar relacionada com o aumento da po-pulação e a outra metade pode-se atribuir a escolhasde uso da terra e de consumo que aumentam a quantida-de de terra urbana ocupada por residente (Kolankiewicze Beck, 2001).

Os complexos habitacionais suburbanos daAmérica do Norte foram construídos sobre vastas áre-as de florestas e áreas úmidas, áreas naturais de lazer eterras agrícolas. À medida que se perdem as caracterís-ticas dessas paisagens, também se perdem os servi-ços que elas fornecem, como habitat para a vida silves-tre, controle de inundações e escoamento, bem como aprodutividade do solo (Parfrey, 1999). Entre 1982 e 1992,5.670 quilômetros quadrados anuais, em média, de ter-ra de cultivo de primeira qualidade nos Estados Uni-dos foram destinados a usos urbanos (NRCS, 2000).

Uso do transporte coletivo e particular (passageiros-km/ano per capita): Canadá e Estados Unidos

O uso per capita de veículos particulares em áreas urbanas cresceu nos Estados Unidos e noCanadá, enquanto o uso do transporte coletivo estagnou ou decresceu.

Fonte: compilado de EC, 1998; Wendell Cox, 2000 e United Nations Population Division, 2001

Áreas urbanas: América do Norte

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Transporte particular nos EUA

Transporte coletivo nos EUA

Transporte particular no Canadá

Transporte coletivo no Canadá

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281ÁREAS URBANAS

Atualmente, converte-se uma média de 9.320 quilôme-tros quadrados de terra a cada ano, dos quais umaparcela significativa é usada para a construção de ha-bitações suburbanas em lotes de 0,5 hectare (HUD,2000). No Canadá, as áreas urbanas que ocupam terrasque poderiam ser aproveitadas para a produção agrí-cola aumentaram de aproximadamente 9 mil quilôme-tros quadrados em 1971 a 14 mil quilômetros quadra-dos em 1996 (Statistics Canada, 2000).

O espraiamento urbano tem repercussões am-bientais, sociais e econômicas, dentre as quais sedestacam o congestionamento do trânsito, a dete-rioração dos centros das cidades, que freqüentementese dividem por classes sociais e raciais, e os proble-mas suburbanos de isolamento e falta de sentido decomunidade (Raad e Kenworthy, 1998; Dowling,2000). As cidades canadenses foram muito menosafetadas pelo espraiamento urbano que suas con-trapartes estadunidenses (Parfrey, 1999; Baker, 2000;Sierra Club, 2000b).

Os governos estaduais e locais estão imple-mentando cada vez mais planos de desenvolvimentopara um crescimento ordenado e sustentável (ver box).Estudos mostram que, quando a densidade urbana émais alta, o uso do automóvel per capita é mais baixo(Raad e Kenworthy, 1998). Projetos de reocupaçãobem-sucedidos, nos quais propriedades em decadên-cia ou lotes desocupados passam por um desenvol-vimento para ajudar as cidades a se recuperarem, hojesão mais comuns. Por outro lado, em muitos lugaresainda é menos oneroso para os desenvolvedores imo-biliários, a curto prazo, comprar e construir em terrasfora da área das cidades (Chen, 2000).

Na esfera federal, entre as iniciativas para aju-dar a solucionar os problemas decorrentes do espraia-mento urbano nos Estados Unidos, figuram a Lei deEqüidade no Transporte (Transportation Equity Act –TEA-21), de 1998, e o Programa de Comunidades Habi-táveis (Livable Communities Programme). No entan-to, a maior parte das atividades voltadas para o esprai-amento urbano realiza-se nas esferas de planejamentodo governo. Muitas regiões urbanas importantes doCanadá estão instituindo planos de transporte de lon-go alcance e adotando estratégias de sustentabilidadepara um desenvolvimento urbano de maior densidadee uso misto (Raad e Kenworthy, 1998).

Ainda restam muitos obstáculos no caminhoem direção às cidades sustentáveis: as competênci-as para controlar o espraiamento urbano dividem-segeralmente entre os governos federal, estadual/pro-vincial e local, e seus papéis específicos ainda estãoindefinidos (Stoel Jr, 1999; Dowling, 2000); não háregimes eficientes que garantam sua implementação

(Raad e Kenworthy, 1998); para alguns, o crescimentoordenado envolve a perda de liberdade individual ede direitos de propriedade, o que desencadeou umlobby contra o crescimento ordenado (Stoel Jr, 1999);o capital investido pela indústria automobilística éexpressivo, e o espraiamento suburbano já está tãoarraigado na paisagem e na mente da América doNorte que reverter essa tendência é um desafio degrandes proporções.

Pegada ecológicaÀ medida que os subúrbios cresceram, muitas dascidades compactas e centralizadas que havia na Amé-rica do Norte foram substituídas por uma combina-ção de centros comerciais, complexos habitacionais e

Durante os últimos dez anos, surgiu na América do Norte ummovimento chamado “crescimento ordenado”, cujo propósito eracombater o espraiamento urbano. O crescimento ordenadocaracteriza-se por uma combinação de usos do solo para finsresidenciais, comerciais e de escritórios junto aos prédios cívicosagrupados no centro da cidade. A idéia é dar ênfase aocrescimento “ordenado” e não ao crescimento “nulo”, e busca-sereformar códigos e regulamentos de modo a propiciar ascaracterísticas do crescimento ordenado e estabelecer limites aocrescimento urbano (ULI 1999). O conceito de crescimentoordenado é promovido por uma ampla coligação que inclui ONGsambientais, ativistas de justiça social, funcionários dos governoslocais, planejadores urbanos e defensores das habitações debaixo custo. O movimento desenvolve unidades de vizinhançade alta densidade que reduzem o uso de carros.

As técnicas de desenvolvimento compacto propostas pelocrescimento ordenado e as iniciativas para uma cidade sustentávelincluem a construção em áreas já urbanizadas, recuperação elimpeza de antigos terrenos industriais contaminados e odesenvolvimento por agrupamentos em lotes de tamanhoreduzido. Esse tipo de desenvolvimento usa menos área de terra,ajuda a reduzir as distâncias percorridas, incentiva a caminhadae o ciclismo, estimula o transporte coletivo, preserva áreas verdesa céu aberto, o habitat da fauna e flora silvestres e as terrasagrícolas, e reduz as superfícies de solo impermeabilizado,melhorando a drenagem e a qualidade da água (US EPA, 2001).

Desenvolvimento urbano compacto e crescimento ordenado

Disposição de resíduos sólidos nos Estados Unidos(milhões de toneladas/ano)

A disposição total deresíduos sólidos nosEstados Unidos estácrescendo a um ritmomenor que nopassado; a disposiçãoem aterros sanitáriosestá decrescendo e areciclagem estáaumentando.

Fonte: Franklin

Associates, 1999

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1994

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recuperação para compostagem

recuperação para reciclagem

combustão

aterros sanitários e outras formas de disposição

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282 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

estradas amplamente dispersos (Miller, 1985). Essepadrão de urbanização é uma das principais forças queimpulsionam o aumento global da demanda energética(UNDP, UNEP, World Bank e WRI, 1996). As cidadesda América do Norte consomem grandes quantidadesde energia e matéria-prima e geram grandes quantida-des de resíduos e poluição. E, com apenas 5% da po-pulação mundial, a América do Norte é um importanteconsumidor dos recursos naturais do mundo e um dosprincipais produtores de resíduos. Como conseqüên-cia, seus impactos sobre o meio ambiente mundial sãomaiores que os de qualquer outra região.

A América do Norte também produz mais resí-duos sólidos por município que qualquer outra re-gião. Os resíduos sólidos municipais gerados nosEstados Unidos continuam crescendo, embora a umritmo muito menor que o de antes de 1970; ao mesmotempo, a recuperação de resíduos está aumentando,enquanto a disposição em aterros sanitários diminui(ver gráfico na página anterior). Os materiais leves,porém volumosos, como o papel e o plástico, estãosubstituindo os materiais pesados na cadeia de resí-duos, o que faz aumentar o volume de resíduos (PCSD,1996a). O fato de que as tecnologias antigas continu-am sendo usadas, somado a um estilo de vida doconsumidor baseado no interesse por mobilidade,conveniência e descartabilidade dos produtos, têmlimitado ainda mais um progresso na eficiência de re-cursos e na redução de resíduos (UN, 2001).

A Agenda 21 identificou o consumo e a pro-dução insustentáveis, principalmente entre os paí-ses industrializados, como a principal causa da de-terioração ambiental mundial (UN, 2001). Desde 1993,a questão de padrões sustentáveis de consumo eprodução vem se tornando parte do debate de polí-ticas. Ambos os governos federais promovem a eco-eficiência por meio de vários programas. O Conse-lho Presidencial de Desenvolvimento Sustentáveldos Estados Unidos recomendou metas nacionaispara a gestão de recursos renováveis, planejamentopopulacional e consumo sustentável (PCSD, 1996a, b).A indústria está cada vez mais reestruturando seusprocessos e reutilizando a matéria-prima com o in-tuito de reduzir os efeitos ambientais; há tambémum aumento perceptível do número de consumido-res “verdes”, social e ambientalmente conscientes(Co-op America, 2000).

A sociedade industrial urbana da América doNorte é ao mesmo tempo a detentora da qualidade devida cobiçada por muitos nos países em desenvolvi-mento do todo o mundo e, dada sua expressiva pega-da ecológica, uma região com desproporcionais im-pactos ambientais para o planeta. As cidades plane-jadas para serem compactas são mais eficientes e sus-tentáveis. O crescimento ordenado da América doNorte e os programas das cidades sustentáveis po-deriam reduzir a pegada ecológica da região, mas es-tão apenas no início, e o progresso é lento.

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283ÁREAS URBANAS

A maioria da população da Ásia Ocidental vive emáreas urbanas, com a notável exceção do Iêmen, ondese espera que a população predominantemente ruralcresça a uma taxa de 2,7% entre 2000 e 2015 (UNCHS,2001). As mudanças econômicas, políticas etecnológicas dos últimos trinta anos influenciaram aestruturação e o funcionamento das áreas urbanasna Ásia Ocidental. Três são os fatores que modela-ram a paisagem urbana da região (UNESCWA, 1999):

o boom do petróleo da década de 1970 e as acen-tuadas flutuações de seus rendimentos nas duasdécadas seguintes;os deslocamentos de pessoas em grande escalana região devido a conflitos armados e civis; eas forças da globalização, que desempenharam econtinuam a desempenhar um papel vital desde oprincípio da década de 1990, integrando as na-ções da Ásia Ocidental à economia mundial edando destaque à tecnologia da informação.

O rápido crescimento econômico vivido pelamaioria dos países da região durante as três últimasdécadas foi acompanhado pelo incremento da popu-lação e da urbanização. Houve uma migração em mas-sa da população, de áreas rurais para urbanas, emquase todos os países, bem como de mão-de-obraestrangeira para as áreas urbanas, especialmente nospaíses do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).Entre 1972 e 1980, a população urbana total cresceude 17,8 milhões (44,7% da população total) para 27milhões (55,8% da população total). A taxa média anualde crescimento da população urbana durante esseperíodo foi de 5,6%, significativamente maior que a

da população geral, que foi de 3,6%. A urbanizaçãocontinuou a crescer a uma taxa superior à da popula-ção total (United Nations Population Division, 2001a)apesar de haver notáveis diferenças nos níveis e rit-mos de urbanização entre as sub-regiões e entre ospaíses da região.

Foram registrados um crescimento e uma tran-sição urbana espetaculares em Omã, onde a popula-ção urbana aumentou de 11,4% da população total,em 1970, para 84% em 2000. Todos os países da Pe-nínsula Arábica têm atualmente um nível de urbaniza-ção acima de 84%, com exceção do Iêmen, com 24,7%(ver mapa). Até o ano 2000, quase toda a populaçãode Bahrein (92,2%), do Kuwait (97,6%) e do Catar(92,5%) vivia em áreas urbanas (United NationsPopulation Division, 2001a).

A taxa média de crescimento anual das popu-lações urbanas na Ásia Ocidental desacelerou nastrês últimas décadas, de 6,1%, em 1972, para 3,7%, em2000. O impacto causado pela Segunda Guerra doGolfo sobre as taxas de urbanização foi particular-mente significativo, tendo como resultado a repatria-ção de milhões de trabalhadores estrangeiros.

Embora as áreas urbanas acolham cada vezmais a população da Ásia Ocidental, a proporção depessoas que vivem em cidades com mais de 1 milhãode habitantes ainda é pequena. Em 1975, somente duascidades (Bagdá e Damasco) tinham população totalde mais de 1 milhão, o que representava a quarta par-te da população urbana total na região. O número decidades grandes duplicou a cada dez anos, chegandoa doze no ano 2000, apesar de suas populações aindarepresentarem entre 25% e 37% da população urbanatotal. Entretanto, o número de pessoas que vivemnessas cidades cresceu, em termos absolutos, de 3,88milhões para 23,8 milhões entre 1975 e 2000.

Áreas urbanas: Ásia Ocidental

••

Nível de urbanização (%): Ásia Ocidental População urbana (em milhões) por sub-região: Ásia Ocidental

O mapa e ográfico mostramo alto grau deurbanização naÁsia Ocidental, àexceção doIêmen, quecontinua sendoprincipalmenterural.

Fonte: compilado deUnited NationsPopulation Division,2001a

30

60

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0

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1972

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1992

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1996

2000

1998

50

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10

Mashreq

Península Arábica

0 - 50%

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>80 - 90%

>90%

dados não disponíveis

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284 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Existe um intrincado vínculo entre a urbaniza-ção e a transição econômica que está acontecendona região, de sociedades agrárias e nômades para outrabaseada em manufatura e serviços. O desenvolvimen-to econômico acarretou uma notável melhoria no bem-estar dos povos da Ásia Ocidental, incluindo umamaior expectativa de vida, níveis de renda maiores euma queda nos índices de mortalidade infantil (UnitedNations Population Division, 2001b). No entanto, ape-sar desses impactos positivos, muitas cidades estãopassando por um processo de transição pautado poralgumas influências negativas. Em algumas partes daregião (Mashreq), o ritmo e a escala de mudança nãoraras vezes restringem as capacidades dos governoslocais e nacional para oferecer serviços adequadospara a população urbana pobre. Em tais situações, asaúde e o bem-estar humanos estão sob risco (UNDP,UNEP, World Bank e WRI, 1998). O crescimento daspopulações urbanas também é sinônimo de aumentona pobreza urbana. A maioria das cidades grandesestá superpovoada e tem altos níveis de poluição at-mosférica devido ao trânsito, ao consumo energéticoe à produção industrial cada vez maiores.

Conversão da terraÀ medida que as áreas urbanas se expandem, as terrasde alta aptidão agrícola, os habitats costeiros e as flo-restas são convertidos em terra para habitação, estra-das e indústria. Os ecossistemas costeiros, incluindoas áreas úmidas, planícies oceânicas, marismas emanguezais, são particularmente ameaçados pela con-versão da terra em áreas urbanas. As atividades deconversão da terra vão desde a drenagem e o aterro demarismas e áreas úmidas até projetos de recuperaçãode grande escala, que estendem as linhas costeirasmar adentro. No Líbano e na maioria dos países doCCG, essas atividades foram realizadas durante déca-das. Entre 1970 e 1985, a Cidade de Dubai aumentouem tamanho de 18 quilômetros quadrados para 110quilômetros quadrados (Doxiadis Associates, 1985),em grande parte mediante a recuperação costeira. Acontínua recuperação ao longo das áreas costeiras deBahrein para o desenvolvimento urbano resultou emuma mudança contínua no formato da ilha. A área deBahrein aumentou de 661,9 quilômetros quadrados em1975 para 709,2 quilômetros quadrados em 1998 (umcrescimento de 7,15%); a terra foi destinada principal-

A rápidaurbanização naÁsia Ocidental

está ocorrendo àcusta do estilo de

vida tanto ruralquanto dos

assentamentosem vilas de

menor escala,como essa no

Irã.

Fonte: UNEP,Mohammad R. L.

Mofrad, TophamPicturepoint

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285ÁREAS URBANAS

mente a habitações e para fins industriais e de lazer(CSO, 1999). O impasse entre preservar as marismas,as zonas úmidas e os litorais existentes, de um lado, econverter essas áreas em terras adequadas para finsurbanos, por outro lado, é freqüentemente decididomediante considerações baseadas nos impactos posi-tivos da urbanização para o desenvolvimento humanoe a necessidade de satisfazer as crescentes demandasde crescimento urbano.

Resíduos sólidosEstima-se que a geração de resíduos nos municípiosda região aumentou de 4,5 milhões de toneladas anu-ais, em 1970, para 25 milhões, em 1995 (Kanbour, 1997).Os índices de geração de resíduos per capita porpaís foram de 430, 750, 511, 551 e 510 quilos por anoem Bahrein, Dubai, Kuwait, Omã e Catar, respectiva-mente (Kanbour, 1997) – mais do dobro dos índicesanuais de geração de resíduos no Iraque e na Síria,países do Mashreq cujas taxas respectivas são de285 e 185 quilos. O manejo de resíduos municipaisvaria entre países, mas nos países do CCG os siste-mas de coleta e eliminação de resíduos são muito maiseficientes em comparação com os do Mashreq. Emvários países se estabeleceram usinas para produzircompostos a partir dos resíduos sólidos e lamas resi-duais dos municípios, e o número desse tipo de usi-nas está crescendo (Kanbour, 1997).

Por causa da disponibilidade de abundanteenergia e investimento de capital, o crescimento in-dustrial ocorreu de forma rápida, especialmente nospaíses do CCG. Nos países do Mashreq, a transição,em boa parte desordenada, de uma sociedade agráriapara uma industrial teve como resultado amplos trans-tornos sociais e econômicos, desemprego, poluiçãoe uma maior exposição a riscos para a saúde. A degra-dação das terras e a poluição dos sistemas fluviais e

zonas costeiras alastraram-se devido a uma industri-alização rápida e fora de controle. Na maioria dos pa-íses da Península Arábica, o crescimento industrialenvolve a transformação de matéria-prima (petróleo)em produtos industriais. Essas indústrias, de gera-ção de energia elétrica, mineração, gráfica, química ede refinamento de petróleo, não somente têm umademanda intensiva de recursos, como também pro-duzem uma grande quantidade de resíduos perigo-sos e tóxicos, que podem ser nocivos à saúde (Hardoy,Mitlin e Satterthwaite, 2001). Alguns países da regiãonão têm instalações adequadas para o manejo de re-síduos perigosos, o que acarreta sua eliminação emterras públicas ou em pousio, rios, águas costeirasou em redes de esgoto projetadas somente para osresíduos municipais.

As demandas das cidadesNas áreas urbanas da região, a conjunção de pessoase atividades econômicas (incluindo manufatura, servi-ços e comércio) requer recursos que excedem em muitoos que a própria área pode proporcionar. As cidadesdevem buscar suas provisões de alimentos, com-bustível e água em lugares distantes. Até 2003, 142,6milhões de pessoas estarão vivendo nas áreas urba-nas da Ásia Ocidental, requerendo terra, energia,água e alimentos. À medida que sua renda aumentar,consumirão quantidades maiores de mercadorias e,no processo, gerarão quantidades maiores de resí-duos. A escala de consumo urbano e geração de resí-duos, bem como os impactos negativos relaci-onados, varia de uma cidade para outra, dependendoem grande medida da riqueza e da dimensão de umacidade (UNDP, UNEP, World Bank e WRI, 1996). Nãoé por acaso que os mais altos níveis de uso de recur-sos e geração de resíduos ocorrem nas cidades ricasdos países do CCG.

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286 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Embora a região antártica não seja habitada, o Árticotem 3,75 milhões de residentes permanentes, de acordocom o Conselho Ártico. A maior parte dos assentamen-tos tem mantido um tamanho modesto, com populaçõesde menos de 5 mil pessoas. A grande maioria dos resi-dentes do Ártico na atualidade é de imigrantes não au-tóctones. Essa mudança na composição demográficaveio acompanhada de um aumento constante da urba-nização, com uma migração a partir de assentamentospequenos para estruturas urbanas maiores, uma ten-dência generalizada em todo o Ártico (ver box).

Por outro lado, a América do Norte tentou evi-tar os assentamentos permanentes nas proximidadesdas minas e campos petrolíferos, contratando traba-lhadores temporários em lugar de levar famílias intei-ras a essas regiões. As instalações foram delibe-radamente localizadas longe dos povoados autócto-nes, e desde a década de 1980 vêm sendo desenvol-vidos acordos e parcerias com organizações autócto-nes com o objetivo de reduzir efeitos ambientais esociais, bem como para gerar emprego local (Osherenkoe Young, 1989).

A Federação Russa tem 11 cidades com maisde 200 mil habitantes a uma latitude superior a 60° N(Weir, 2001). Todas essas cidades cresceram em tor-no da exploração de recursos como a pesca, a minera-ção, o processamento de madeira e a extração de com-bustível (CIA, 1978). A população de Murmansk, oúnico porto livre de gelo no Ártico, cresceu para 440mil habitantes em 1989. Utilizaram-se incentivos eco-

nômicos para atrair pessoas para trabalhar na indús-tria de extração no norte da Rússia, acompanhadosdo desenvolvimento de centros urbanos com edifíci-os residenciais de vários andares, construídos em solopermanentemente congelado (permafrost) e com pou-ca ou nenhuma comunicação por estrada ou trem.

Desde o desaparecimento da União Soviética,a afluência em direção à zona ártica da Rússia come-çou a reverter. As cidades viram-se impossibilitadasde alojar grandes números de habitantes após as re-formas de mercado, a contratação das redes de previ-dência social, o corte nos subsídios governamentais,a desvalorização da moeda e o encolhimento geral daeconomia na Rússia pós-soviética. Na anteriormentepróspera cidade mineradora de Vorkuta, a produçãode carvão caiu recentemente para 2% do que haviasido dez anos antes, o orçamento municipal teve umdéficit de 100% e a população diminuiu em quase 30mil habitantes (Weir, 2001; World Gazetteer, 2001).Entre 1989 e 2001, dezenas de milhares abandonaramcidades como Norilsk e Murmansk, e em alguns luga-res a população decresceu mais de 50%. O governorusso – com a assistência do Banco Mundial – ofere-ceu créditos para habitação e outros subsídios àspessoas provenientes do Ártico que buscavam seestabelecer (Weir, 2001; World Gazetteer, 2001).

O rápido crescimento da população ártica (ver“Aspectos Socioeconômicos”) e sua crescente con-centração nos assentamentos urbanos tiveram impli-cações significativas nos frágeis ecossistemas do nor-te. As pressões da urbanização no Ártico são compa-ráveis às de qualquer outro lugar, mas acentuam-sepelos desafios impostos pelo clima e pela distância.Por exemplo, com temperaturas invernais que chegama -60°C em algumas partes e com meses a fio de escu-ridão, o consumo energético per capita é muito alto,aumentando o problema de poluição da região. À ex-ceção da Islândia, que utiliza energia térmica, os cen-tros urbanos dependem do diesel, da energia hidrelé-trica e da energia nuclear. Com a expansão da rede deestradas, vem crescendo o número de conflitos em re-lação ao uso da terra com a fauna e flora silvestres ecom povos autóctones. A fragmentação do habitat, osaneamento e a disposição de resíduos talvez repre-sentem os principais problemas ambientais urbanos.

Fragmentação do habitatTradicionalmente, dúzias de pequenos grupos deseminômades que se deslocavam em torno de umpequeno assentamento praticavam uma forma de usoextensivo da terra, que alimentavam e sustentavampopulações significativamente maiores. As economi-as nômades autóctones usam diferentes tipos de

Áreas urbanas: as Regiões Polares

Crescimento urbano no Ártico

A Groenlândia vem experimentando um crescimento urbanodesde a década de 1970 (Rasmussen e Hamilton, 2001).Aproximadamente a quarta parte da população da Groenlândiavive na capital, Nuuk. Essa concentração da população urbanaem uma cidade é encontrada em outros países árticos: 40% dacrescente população da Islândia vive em Reykjavik, um terçodas pessoas das Ilhas Faroe vive em Torshavn, e quase 40%da população dos Territórios do Noroeste do Canadá vive emYellowknife.

Anchorage, no Alasca, é a única cidade da região árticada América do Norte com uma população de mais de 100 milhabitantes. O rápido crescimento populacional de Anchoragechegou a 262.200 habitantes em 2001, enquanto a populaçãoda segunda maior cidade da região ártica do Alasca, Fairbanks,decresceu ligeiramente durante a década passada, passando a30.500 habitantes.

A Noruega tem seguido uma política de desencorajar amigração de seus condados do norte por meio de apoiosignificativo para estimular a criação de empregos, indústrias,educação superior e pesquisa no norte. Embora essa políticanão tenha conseguido deter o declínio nos pequenosassentamentos, a maior cidade no Ártico escandinavo, Tromsø,cresceu para 49.600 habitantes em 2001, apesar de sualocalização, a quase 70° N.

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287ÁREAS URBANAS

diações das cidades. Os criadores recomendaram resta-belecer uma rede de locais de comercialização (existiamvários em meados da década de 1930) equipados commatadouros modernos, em localidades da tundra cen-trais (Golovnev e outros, 1998).

Saneamento e resíduosA eliminação segura de resíduos representa um desa-fio no Ártico, já que o clima frio impede a decomposi-ção normal. Muitas comunidades incineram seus re-síduos, o que só vem a contribuir para a poluição ecomprometer a estética do lugar.

Embora as maiores cidades disponham de sis-temas de esgoto, muitas comunidades menores aindatêm de prover todos os seus cidadãos de sistemassépticos ou de tratamento de esgoto. Em 1994, a me-tade dos domicílios rurais no Alasca só contava com“urinóis” para a eliminação de dejetos humanos; jáem 2001, 70% dos domicílios rurais dispunham de águatratada e rede de esgoto. A meta do Estado é mandaros urinóis para o museu até 2005 (Knowles, 2001). Emtodo o norte da Rússia e em pequenas comunidadesdo Alasca, existe um grave problema relacionado adeficiências no setor de habitação, na qualidade daágua e nas instalações de saneamento. Muitos assen-tamentos pequenos e partes de grandes cidades doÁrtico russo não têm encanamento interno. O finan-ciamento proveniente dos governos federal e regio-nal apenas começa a cobrir lentamente as necessida-des de atendimento médico, saneamento e bens eserviços de consumo no norte.

A interação entre as populações urbanas e rurais

No Ártico, há um contato e um intercâmbio constantes entre aspopulações rurais e urbanas. Embora as fronteiras físicas sejam claras,as sociais e econômicas são porosas. Os caçadores e pastoresfreqüentam os povoados (e, no Ártico russo, são até mesmo listadosnos censos dos povoados), e os habitantes destes visitam ou mandamseus filhos à tundra ou a acampamentos de pesca durante as férias.Esse intercâmbio, essa interdependência econômica e esse constantedeslocamento das pessoas são notórios no Ártico da Rússia e daAmérica do Norte, bem como na Groenlândia. A noção de que osgrupos urbanos de minorias autóctones não vivem de forma tradicionalé, sem dúvida, questionável e, em alguns casos, equivocada(Bogoyavlenskiy 2001).

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Referências: Capítulo 2, áreas urbanas, as Regiões Polares

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Por outro lado, o desenvolvimento de algu-mas atividades industriais, como a mineração, requeruma estratégia de uso intensivo da terra, criando anéisde poluentes em expansão, tais como metais pesadose dióxido de enxofre. Esse fenômeno despovoou omeio ambiente de tundra e taiga, anteriormente usa-das por pastores e caçadores, e interrompeu as dinâ-micas de população e as rotas de migração das renasselvagens. O desenvolvimento intensivo de recur-sos também impulsionou a formação de redes de es-tradas e de serviços públicos.

A fragmentação do habitat que surge comoconseqüência de tais empreendimentos tem efeitostanto sociais como ecológicos. Os veados selvagensmigram de forma imprevisível, misturando-se aos re-banhos domésticos e fazendo com que as renas do-mésticas fujam com rebanhos selvagens. Assim, quan-do os pastores perdem a rena de que dependem parase transportar e não podem caçar renas selvagens,têm de recorrer ao seguro social. A privatização daterra exacerba os problemas da região, já que o aces-so dos povos autóctones aos recursos fica restringi-do ou impedido (Anderson, 2000).

Uma única espécie (Rangifer terandus), que in-clui o caribu e a rena, é fonte primária de recursos paramuitos povos autóctones. Nesse sentido, sugeriu-seque as áreas urbanas industriais fossem isoladas dasprincipais áreas de pastagem das renas no Ártico, bemcomo das principais rotas de migração e áreas de pariçãodo caribu na América do Norte. As principais áreas depastagem das renas deveriam ser reservadas para tal epara a proteção do ecossistema (Konstantinov, 1999).Os criadores devem conduzir as renas domésticas porlongas distâncias para alcançar os matadouros localiza-dos nas cidades, o que reduz a qualidade e a quantidadede carne produzida, além de degradar as terras nas ime-

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288 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

NOSSO MEIO AMBIENTE EM TRANSFORMAÇÃO: Everglades, Estados Unidos

O sul da Flóri-da, a ponta aosudeste dosEstados Uni-dos, já foi umpântano vir-gem de 23 mil

quilômetros quadrados, co-berto de ciperáceas e ilhas depequenas árvores. A regiãoKissimmee-Okeechobee-Everglades formava um siste-ma de rios, lagos e zonas úmi-das que controlava o fluxohídrico, mitigava as inunda-ções sazonais, filtrava sedi-mentos e constituía o hábitatde centenas de espécies.

Em 1948, o governo fe-deral começou a drenar osEverglades e a construir barra-gens e canais agrícolas. Issoteve como conseqüência umaimportante perda de biodiver-sidade, como a morte de apro-ximadamente 10 milhões decrocodilos entre 1960 e 1965.Em 1979, as populações de gar-ças, garças-brancas, cegonhase colhereiros tinham decresci-do em 90%. Em 1998, 68 espé-cies estavam em perigo ouameaçadas de extinção.

A intensificação daagricultura produziu cana-de-açúcar, frutas tropicais e vege-tais de inverno. Entretanto,esse benefício vê-se ameaça-do agora pela invasão de áre-as urbanas. Desde 1998 o Cor-po de Engenheiros do Exércitodos Estados Unidos tenta res-taurar a função natural dosEverglades. O custo, calcula-do em US$ 7,8 bilhões, cobriráapenas a primeira etapa da obrade restauração, que deverádurar mais de três décadas.

1973, norte 2000, norte

2000, sul1973, sul

Datos Landsat: USGS/EROS Data CenterCompilação: UNEP GRID Sioux Falls

Page 30: UNEP, Hartmut Schwarzbach, Philippines, Still Picturesvampira.ourinhos.unesp.br:8080/cediap/material/o... · favelas, sem acesso a serviços de saneamento e a água encanada, além

289ÁREAS URBANAS

NOSSO MEIO AMBIENTE EM TRANSFORMAÇÃO: Santa Cruz, Bolívia

A superfície em torno de Santa Cruz dela Sierra, Bolívia, foi rapidamente des-matada a partir de meados de 1980, comoresultado do reassentamento de pesso-as provenientes do Altiplano (o planal-to andino) e de um extenso projeto dedesenvolvimento agrícola chamadoTierras Bajas. Os campos de padrão circular ou irradi-ado (ver fotografia abaixo) fazem parte do esquema dereassentamento. No centro de cada unidade, existe umpequeno centro comunitário composto de igreja, bar/café, escola e campo de futebol. As áreas retilíneas decor clara são lavouras de soja para exportação. As fai-xas escuras que atravessam o campo são quebra-ven-tos (fotografia inferior), usados para prevenir a erosãodos solos de excelente qualidade. As imagens Landsatmostram o desenvolvimento de novos assentamentosagrícolas ao leste de Santa Cruz em uma área de flores-ta tropical seca.

Datos Landsat: USGS/EROS Data CenterTexto e fotografias: Compton Tucker, NASA GSFC

1975

1992

2000