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Page 1: Uma Trova de Curitiba/PR · abriga os raios da lua. Trovadores que deixaram Saudades Anis Murad Lamar Rio de Janeiro (1904 – 1962) A minha alma não se cansa, - embora desiludida,
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Florilégio de Trovas – n.1 – 1ª. quinzena de abril de 2017 2

Uma Trova de Curitiba/PR

Nei Garcez

Sinto Deus em toda escala... Na vida, nos pensamentos, no cheiro que a terra exala

entre a chuva e o próprio vento!

Uma Trova Hispânica da Venezuela

Carlos Rodriguez Sanchez

Una sonrisa sincera siembra en tu bello vergel y estará, por donde quiera,

multiplicándose en él.

Uma Trova do Rio de Janeiro/RJ

Sônia Sobreira

De estrelas toda bordada, porta aberta para a rua, a tapera abandonada

abriga os raios da lua.

Trovadores que deixaram Saudades

Anis Murad Lamar Rio de Janeiro (1904 – 1962)

A minha alma não se cansa,

- embora desiludida, de acalentar a esperança, que é o acalanto da vida.

Maria Calil Zambon Novo Horizonte/SP (1935 – 2012) Bandeirantes/PR

Em toda Mulher se vê: o charme, o encanto, a alegria

e em todas elas há um quê

da doçura de Maria!

Uma Trova Humorística de Maringá/PR

A. A. de Assis

Melhor idade?… Bobagem…

lorota antiga… falácia…

– Velhice só traz vantagem

para o dono da farmácia!

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Florilégio de Trovas – n.1 – 1ª. quinzena de abril de 2017 3

Uma Trova de São José dos Campos/SP

Amilton Maciel Monteiro

A noiva diz que "ele aceita" e vai se casar feliz,

porque está bem satisfeita: achou o noivo que quis!

Uma Trova de Porto Alegre/RS

Delcy Canalles

Sobre um fio, numa rua, brincavam gato e criança, sob a luz do Sol ou Lua, fantasiados de esperança!

Uma Trova de Fortaleza/CE

Francisco José Pessoa

Quem faz da vida um disfarce e finge viver a esmo,

de tudo pode safar-se, mas não engana a si mesmo.

Uma Trova Saudosa de Natal/RN

José Lucas de Barros

Buscar a verdade, perto, olho a olho, frente a frente,

parece o jeito mais certo de se falar com quem mente.

Uma Trova de Caicó/RN

Prof. Garcia

Aos ritos do amor se entrega um casal apaixonado,

que até nos olhos carrega o silêncio do pecado!

Uma Trova de Bandeirantes/PR

Lucília A. Trindade Decarli

Não sei se todos ponderam

a troca que o livro traz…

Grandes homens o fizeram, grandes homens ele faz!

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Uma Trova de São Paulo/SP

Therezinha Dieguez Brisolla

Felicidade?… É a que eu tenho

quando na vida ajo assim: – Quero alguém feliz… me empenho…

e esqueço um pouco de mim.

Uma Trova Hispânica da Argentina

Maria Cristina Fervier

Palabras aún en distancia

son vida para quien ama, pueden saciarnos el ansia

amándonos con su llama.

Uma Trova de Magé/RJ

Maria Madalena Ferreira

Felicidade! – Eu te estudo

e não decifro a “charada”: – Uns – infelizes com tudo…

– Outros – felizes sem nada!!!

Uma Trova de Pitangui/MG

José Antonio de Freitas

Para ter felicidade

e ser, de fato, feliz, aprenda a simplicidade

de São Francisco de Assis!

Uma Trova Estudantil, de Bandeirantes/PR

Jennifer Caroline Correia

Em busca do meu futuro, descobri o seu coração.

Este amor, tão prematuro, tirou-me da solidão.

Uma Trova de Santa Juliana/MG

Dáguima Verônica de Oliveira

Não se compra, tendo em vista

que não se vende alegria; felicidade é conquista

que se faz no dia a dia.

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Cascata de Trovas de Mogi-Guaçu/SP

Olivaldo Junior

TROVAS PARA OS "ANTIGOS"

Nas "histórias da vovó", o netinho embala os sonhos,

embalando, sem ter dó, seus enredos mais risonhos.

Cada estrela na calçada, logo após a noite fria, se disfarça de alvorada no clarão do novo dia.

As meninas contam flores no jardim de nunca mais;

cada flor tem muitas cores, mas a roxa tinge os "ais".

Solidão ficou velhinha,

nunca mais saiu de casa; certa noite, na cozinha,

pôs-se em pé e criou asa.

Entre as faces que já tive, uma delas me entristece: a que finge que inda vive

neste rosto que envelhece.

.

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Que pena que a vida passa sem que a gente, na corrida, desfrute, com tempo, a graça

do tempo melhor da vida!

A. A. de Assis (Maringá/PR)

Só meu coração escuto

quando, na volta, demoras: cada segundo é um minuto e os minutos viram horas.

Adacy de O. Netto Valadão (Barra do Piraí/RJ)

Os ponteiros marcham lento, mais um ano que se acaba

- pede PAZ meu pensamento, para um mundo que desaba!

Carolina Ramos (Santos/SP)

Um sábio, um dia me disse: “Não passes a vida à toa;

semeia para a velhice, que o tempo não corre, voa!”...

Darly O. Barros (São Paulo/SP)

Passa o tempo, sem piedade, mas o casal sonhador

celebra, em meio à saudade, a eternidade do amor.

Dorothy Jansson Moretti (Sorocaba/SP)

Senti que a perda dói fundo

quando teu “NÃO” derradeiro, numa fração de segundo, matou meu amor inteiro...

Edmar Japiassú Maia (Rio de Janeiro/RJ)

Vamos esquecer, querida,

os minutos que passaram... Por que mexer na ferida

que os anos cicatrizaram?

Eliete Pimenta Ramos (Barra do Piraí/RJ)

Do topo daquela torre,

o nosso olhar se alongou... Se der saudade, ali morre,

porque o tempo, ali... parou...

Elisabete Aguiar (Mangualde/Portugal)

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Vão-se os minutos... te rogo pelo amanhã de nós dois: o que possas fazer logo, não deixes para depois!

Fábio Henrique O. Cabral (Barra do Piraí/RJ)

Alguns minutos na vida são como bons talismãs, mudam a hora sofrida em radiosas manhãs!

Graciema Penna Miguel (Barra do Piraí/RJ)

Para meu grande desgosto

relógio não se acalma... - Enche de rugas meu rosto

e, de saudades, minha´alma!!!

Héron Patrício (São Paulo/SP)

O relógio dos meus dias vem batendo devagar. Só recordo as alegrias,

vou dormir quando parar.

Janske Niemann (Curitiba/PR)

Sigo os segundos tristonhos com passo lento, indeciso,

pois os cacos dos meus sonhos estão no chão em que piso...

Josane de Almeida Taveira (Barra do Piraí/RJ)

Nos minutos percorridos durante a longa jornada, deixei soluços sofridos,

mas em silêncio... calada...

Jussara de Almeida Taveira (Barra do Piraí/RJ)

Na estrada sem estações, onde jamais há demoras, minutos são os vagões

do “Trem-sem-volta” das horas!

Lavínio Gomes de Almeida (Barra do Piraí/RJ)

A vida, é certo, só quis

ver-me chorar. Por pirraça vou fingindo ser feliz

cada minuto que passa.

Léa de Paula (Barra do Piraí/RJ)

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Segue o tempo os seus caminhos, e, neles, sempre homogêneos,

segundos são tijolinhos na construção dos milênios!

Leila Fernandes (Barra do Piraí/RJ)

Cupido faz sua ronda

e, mostrando ser astuto, manda que a lua se esconda ao menos por um minuto.

Lucimar da Silva Pacheco (Barra do Piraí/RJ)

- Um minuto de atenção... Eu tinha tempo de sobra... Não quis ouvir, disse NÃO! Hoje a solidão me cobra!

Luís Cláudio Costa de Freitas (Barra do Piraí/RJ)

Olhando o tempo passar, no relógio da memória, eu senti coisa invulgar,

pois revivi nossa história!

Luiz Carlos Abritta (Belo Horizonte/MG)

Quando o relógio da sala arrasta os débeis minutos, que a saudade até fala,

rendendo à dor seus tributos...

Maria Beatriz Damato Guedes (Barra do Piraí/RJ)

Na Paz, se o mundo pensasse,

um só minuto na vida, quem sabe a guerra cessasse

e a terra estaria unida?!

Maria Ester de F. Alves (Barra do Piraí/RJ)

Juntemos nossos outroras: os segundos de saudade

são formiguinhas das horas carregando a eternidade...

Mário Peixoto (Rio de Janeiro/RJ)

Eu vejo o tempo passar,

recordo os anos dourados, mil bailes para dançar, e os sonhos realizados!

Nadir N. Giovanelli (São José dos Campos/SP)

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Do teu relógio os ponteiros, marcam com exatidão,

tantos momentos fagueiros vividos com emoção.

Olga Maria Dias Ferreira (Pelotas/RS)

Nem que a hora desta vida,

venha a nos inquietar... pois ao seu lado querida

nem vejo a mesma passar!...

Paulo Roberto da Silva (Caicó/RN)

Para o tempo de repente,

se nós, juntos, de mãos dadas, olhando o futuro à frente,

sonhamos novas jornadas...

Renato Alves (Rio de Janeiro/RJ)

Choro ao lembrar do passado,

nossos minutos felizes! Mas esqueceste ao meu lado,

lembranças e cicatrizes...

Sueli da Silva Raposo (Barra do Piraí/RJ)

Restam horas já passadas, da história de uma paixão: lembranças esfumaçadas, nas sombras do carrilhão.

Vanda Alves da Silva (Curitiba/PR)

Num momento de magia, nós dois ali, face a face... e o meu coração pedia

para que o tempo parasse!

Vanda Fagundes Queiroz (Curitiba/PR)

Todo o tempo duma vida

que passamos neste mundo, é nos dado p’la medida

de horas, minutos, segundos.

Victor Batista (Barreiro/Portugal)

Há um relógio em cada esquina

Marcando o tempo atual; Mas não marca quem destina,

Nosso destino final.

Wellington Freitas (Caicó/RN)

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As distâncias infinitas

são retalhos de lembranças

de palavras lindas... ditas,

no curso das esperanças!

2

As tristezas recolhidas

de um amor pobre, distante,

são próprias de certas vidas

querendo viver o instante!

3

Ás vezes sorrio a esmo

quando tenho uma desdita.

Se tristezas tenho mesmo,

ninguém nelas... acredita!...

4

A vida e as contradições

às vezes nos surpreendem...

São tantas as emoções

que nem bem elas se entendem!

5

Encontrei uma saudade

quietinha... bem atrevida

no meu peito... que maldade...

Tirei-a da minha vida!...

6

Foi ideia inconsequente

do pobre coração meu,

dar entrada em minha mente

de um amor que se perdeu!

7

Más notícias vêm depressa,

essa verdade é concreta.

Caminha... não tenhas pressa,

crê em Deus... Segue essa meta!

8

Minhas lágrimas caindo

tiraram do livro a cor.

Saudades foram abrindo

caminhos pra minha dor!

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9

Na vida, tenho certeza,

sigo um lema. Penso assim:

- Carrego a maior riqueza

nesse Deus... que habita em mim!

10

O bom da vida é esperar

pelo certo ou duvidoso...

O mundo... sempre a girar...

O destino é... misterioso!…

11

O coração nos prepara

tão incertas brincadeiras..,

Que às vezes... nem bem repara,

mas deixam, marcas inteiras!

12

O mal que em vida consumo

é trazer na minha mente

a saudade... como rumo…

De um amor que a gente sente!

13

O mal que em vida fazemos

reverte cedo, ou mais tarde.

Nas leis... não há mais ou menos,

a justiça é cega...! Arde…!

14

O segredo do progresso

de um País em ascensão,

tem como base o sucesso

de uma boa educação…

15

Palavras elaboradas

num pensamento eloquente

convencem... pois são bem dadas…

– Mas enganam... tanta gente!

16

Pedaços lindos de sonhos!

Tentei juntá-los... em vão.

Esfacelados, tristonhos,

permanecem... pelo chão!

17

Pelos olhos, vi na hora

que entre as jovens, a do centro

era a mais feia por fora.

mas... com beleza... por dentro!

18

Penduradas vão as vidas

nas rotas certas do tempo,

mas são incertas as idas

da vida... num contratempo!...

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Pra frente, o rio, à vontade.

segue o curso... contumaz...

Igual à felicidade,

não volta nunca pra traz!…

20

Pranteio o tempo insolente

que por mim, tão lisonjeiro,

passou... deixando na mente

um amor tão passageiro!..

21

Sonho mais quando acordado

que às vezes... me ponho a rir...

Se sonhar quero, ao teu lado,

basta apenas... não dormir!

22

Velho... jovem... toda a idade

tem a vida mais nuances...

Cursando a Universidade

maiores serão as chances!...

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Vou desfrutando a paisagem

que me dá a própria vida!

Ela sempre tem mensagem

apontando uma saída!…

O Bom Trovar

A rima é essencial na trova, e consiste na

conformidade de sons de duas ou mais palavras, a partir da última vogal tônica. Assim, Maria rima

com tardia - vogal tônica i; temerária rima com primária - vogal tônica a.

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Na trova, em sua forma mais simples, é regra que as rimas do 2° e do 4° verso, pelo menos, sejam consoantes, aquelas que conservam a conformidade total de fonemas a partir da última vogal tônica: destino - sino; planta - encanta. Mas

podem haver bons efeitos sonoros também quando o 1° e o 3° verso trazem apenas rimas toantes, aquelas que apresentam identidade de sons somente nas vogais tônicas: dilema - pena; pedra - terra; lavra - escrava. As rimas podem ser perfeitas: mão - pão; sereno - pequeno. Ou imperfeitas: traz - mais; luz -azuis. No 2° e no 4° verso, devem ser evitadas

as imperfeitas, mas acreditamos que, no 1° e no 3°, estas podem trazer sonoridade à trova. Algumas imperfeitas, por serem quase perfeitas, são, no entanto, admissíveis: boca - louca; beijo - desejo.

Como na trova seguinte:

Essa que afasta os abrolhos de minha existência louca, carrega a noite nos olhos e a madrugada na boca.

ALCEU WAMOSY No exemplo seguinte, todas as rimas são perfeitas:

Quem ama parece louco, leva uma vida enganosa,

é como eu, que inda há pouco, disse - Bom dia! a uma rosa.

MARTINS FONTES São consideradas pobres as rimas de palavras da mesma classe gramatical e de verbos no mesmo tempo. Para nós, o que deve ser evitado é o emprego de rimas de advérbios em mente (finalmente - ternamente), de gerúndios (chovendo - sofrendo), de particípios (sofrido - colhido), e, o quanto possível, de verbos no infinitivo (amar - chorar; colher - sofrer, sorrir - partir, por - compor).

Mesmo assim, pode haver uma boa trova com esses tipos de rimas, quando valorizada pela ideia, pelo achado. Vejamos as seguintes:

Para matar as saudades, fui ver-te em ânsias, correndo... - E eu, que fui matar saudades,

vim de saudades morrendo! ADELMAR TAVARES

A noiva passa levada

pelas asas do seu véu: é como Estrela enfeitada para uma festa no céu.

ABGUAR BASTOS E a seguinte, com todas as rimas em verbo:

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Saudade é tudo o que fica

daquilo que não ficou; lembrança, que mortifica,

daquilo que se acabou. JOARYVAR MACÊDO

É bom evitar, quanto possível, rimas de palavras derivadas, consideradas pobres: encanto - desencanto; tempo - contratempo; caminho - descaminho; crença - descrença; caldo - rescaldo.

Vêm sendo comumente chamadas pobres as rimas fáceis, como as que se fazem em ar, or, ão.

No entanto, podem ser obtidos bons resultados com esse tipo de rimas. Veja-se a trova seguinte, aliás, com rimas imperfeitas no 1° e no 3° verso:

Por esses campos azuis, ó lua do meu sertão, tu és um pente de luz

nas tranças da escuridão! FÉLIX AIRES

E esta, de rimas perfeitas, também cheia de simbolismo:

Velhinha, de vida breve, já misturando estação,

a paineira chora neve num vendaval de verão!

CARMEN OTTAIANO A trova seguinte, com rimas em or no 2° e no

4° verso, é uma das mais bonitas da nossa língua:

Saudade, palavra doce, que traduz tanto amargor! Saudade é como se fosse espinho cheirando a flor.

BASTOS TIGRE São consideradas ricas as rimas de classes gramaticais diferentes: medo (substantivo) - cedo (advérbio); chuva (substantivo) - desluva (verbo).

Também as que se destacam pela originalidade: strip-tease - deslize; labirinto - retinto; cofre - sofre.

São ainda consideradas ricas as rimas de palavras iguais mas com sentido diferente: muda (adjetivo) - muda (verbo).

Rimas preciosas são rimas exóticas, obtidas com palavras combinadas: se abre - sabre; silêncio - pense-o; foice - foi-se; vê-la - estrela.

Eis uma trova com rimas preciosas no 2° e no 4o verso:

A vida que vivo agora, só me encoraja vivê-la,

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porque a saudade, lá fora, me vigia de uma estrela!

C. A. BEIRAL Rimas raras são aquelas pouco encontradas para determinadas palavras: cisne - tisne; noite - açoite; olhos - abrolhos - escolhos. Essas rimas,

porém, se tornaram muito desgastadas. Rimas completas (também chamadas ricas) são aquelas em que há concordância inclusive nas consoantes que precedem as vogais tônicas: lavra - palavra; candelabro - descalabro.

Rimas auditivas, diz-se daquelas em que há conformidade de sons, mas não de grafia: messe -prece; lasso - laço.

As rimas de palavras agudas (oxítonas) são também chamadas masculinas; as graves (paroxítonas), femininas. Alguns são de opinião que a trova deve sempre ter início com verso grave. Outros condenam a trova só de versos agudos, que consideram "duros". Achamos exagero nessas opiniões, mas, no geral, preferimos começar a trova com verso grave, sem que isto seja uma regra. Vejamos uma trova com rimas agudas no 1° e no 3° verso, com bons efeitos sonoros:

Não tenhas tanto temor do veneno da serpente.

Causa muito mais pavor

a lingua do maldizente! ALICE DE PAULA MORAES

Devem ser evitadas as rimas homófonas, isto é, as que tenham a mesma vogal tônica e o mesmo som (ou só aberto, ou só fechado). Mas as rimas homófonas podem ser compensadas com um bom jogo de vogais no interior da trova, que, assim, não ficará prejudicada, como na quadra seguinte, com a vogal tônica i:

Quando ri, um passarinho sai cantando de teu riso,

para mostrar-me o caminho que conduz ao paraíso.

MURILLO ARAÚJO Quando é a mesma vogal tônica, mas alternando sons abertos e fechados, não há homofonia:

Jamais se rende o penedo ao delírio das marés.

O mar agride o rochedo, mas sempre morre aos seus pés.

VASCO DE CASTRO LIMA Rimas internas são as que se repetem também dentro do verso, em geral aleatoriamente,

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e contribuem para o efeito sonoro. Na trova seguinte, recamada é uma rima interna:

Minha vida é uma almofada

recamada de açucenas; por fora - tão cobiçada,

por dentro - cheia de penas. LOURDES STROZZI

Não se deve aceitar como rima um som aberto com o mesmo som porém fechado: vela - estrela; belo - selo; bode - pôde; céu - seu; menor - alvor; leve - teve; credo - medo; redor - amor; ainda que

haja exemplos de bons poetas nesse sentido. Os melhores efeitos são conseguidos com pares de rimas contrastantes. A rima valoriza a trova, mas a ideia, o achado, a mensagem, vêm em primeiro lugar. Vejamos algumas trovas com boas ideias e rimas bem contrastantes:

Eu sei de uma negra cruz, de tão negra não tem nome:

essa que o pobre conduz pelo calvário da fome. SEBASTIÃO SOARES

Nunca o amor se satisfaz

e sempre se contradiz: Faz e não sabe o que faz, diz e desdiz o que diz...

LUIZ RABELO

Naquele instante do adeus do nosso encontro fortuito, teus olhos e os olhos meus, discretos, disseram muito.

HEITOR STOCKLER

A própria infância, também, é do passado uma voz:

Saudade, às vezes, de alguém, que vive dentro de nós...

HELVÉCIO BARROS

Quem não calcula a descida e faz da droga um suporte,

cai do trapézio da vida na rede fria da morte.

HILDEMAR DE ARAÚJO COSTA

Fonte: CAVALHEIRO, Maria Thereza. Trovas para refletir. SP: Ed. do Autor, 2009

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Prazo: 31 de Julho de 2017

Homenageada: Mara Souza Mara Terezinha de Souza nasceu na cidade de Lages/SC em 1952. Participou ativamente da fundação da Academia de Letras de Balneário Camboriú, na qual ocupou a cadeira nº 4. Eleita presidente por duas vezes consecutivas. Implantou várias atividades culturais, tais como: varal literário, poesias na praia, sessão de panegírico e sessão da saudade. Seu último trabalho foi o livro ANONIMATO “Palavra Poética Sensual”, publicado em 2012, ano em que veio a falecer. REGULAMENTO Trovas líricas ou filosóficas, em português, com o tema único UNIVERSO. (vale plural)

obs.: Trovas enviadas com homenagens à Acadêmica Mara Souza serão consideradas "hors-concours". Os Novos Trovadores (aqueles que não atingiram, até a divulgação deste regulamento, 3 (três) classificações em concursos de trova oficiais da UBT em nível nacional) deverão expressar essa condição no envelope ou e-mail. Obs.: os participantes que fazem jus à categoria "Novos Trovadores" mas que não se identificarem dessa forma, terão seus trabalhos julgados na categoria "Veteranos". Cada participante poderá enviar 2 trovas inéditas. Modos de envio:

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Florilégio de Trovas – n.1 – 1ª. quinzena de abril de 2017 20

Pelo correio (sistema de envelopes) Aos cuidados de: Ari Santos de Campos Avenida Brasil nº 1240, Ap.1501, Torre B, 88330-048 - Balneário Camboriú – SC. Por e-mail (a trova deverá ser escrita no corpo do email, de preferência em fonte Arial 12, sem espaços e logo abaixo identificada com o nome, endereço completo, telefones e e-mail do participante). Não serão abertos arquivos anexos. Aos cuidados de: Eliana Ruiz Jimenez [email protected]

Prazo: Trovas recebidas pelo correio ou e-mail até 31/07/2017. Premiação: Medalhas e certificados para os 5 Vencedores, 5 Menções Honrosas, 5 Menções Especiais e 3 vencedores na categoria Novo Trovador. Ari Santos de Campos Presidente Apoio: UBT – União Brasileira de Trovadores – Seção Estadual de Santa Catarina. Maiores informações pelo e-mail: [email protected]

Prazo: 15 de Setembro de 2017

Art. 1º - DO CONCURSO O concurso 1ª Antologia 200 Trovas Sobre RAPARIGA, idealizado, promovido e organizado pelo escritor Antonio Cabral Filho, tem a palavra RAPARIGA

apenas como tema central, podendo versar sobre quaisquer assuntos correlatos, desde que a palavra conste do texto. Art. 2º - DAS INSCRIÇÕES

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Poderão se inscrever somente autores brasileiros, maiores de 18 anos, residentes no Brasil, com até duas (2) trovas por participante. § 1º - A inscrição é gratuita. Será aceita no período de 15 de março a 15 de setembro de 2017, com o envio das trovas em Time New Romain tamanho 14, espaço simples e resumo biográfico em cinco linhas digitados no corpo do e-mail antologiabrasiliterario @gmail.com, dirigido à 1ª Antologia 200 Trovas Sobre Rapariga, Org. Antonio Cabral Filho. § 2º - As trovas, escritas em língua portuguesa, devem ter: a ) obrigatoriamente, métrica setessilábica; b ) rima, que poderá ser abab, abba ou aabb; c ) os necessários sinais de pontuação; d ) letras maiúscula, somente, no início das frases que compõem os versos. Art. 3º - DA COMISSÃO JULGADORA A Comissão Julgadora é soberana em suas decisões e conferirá notas de 0,1 a 10 cujo resultado será irreversível, selecionando até 100 autores. As trovas classificadas, até o limite de DUZENTAS (200), participarão da 1ª Antologia 200 Trovas Sobre Rapariga,

cabendo aos autores a responsabilidade quanto à autoria e inscrição do texto. Art. 4º - DA 1ª ANTOLOGIA 200 TROVAS SOBRE RAPARIGA A 1ª Antologia 200 Trovas Sobre Rapariga terá 100 páginas destinadas às trovas classificadas, o equivalente a uma (1) página por autor, antecedidas de dez (10) páginas a cargo da Comissão Julgadora, resultando em um livro de 110 páginas, em formato e-book (livro digital) que será entregue, via e-mail, aos participantes. A todos, que se interessarem, estará disponível gratuitamente via internet. Será publicado no blog: ANTOLOGIA BRASIL LITERÁRIO http://antologiabrasilliterario.blogspot.com.br/ Ficará a cargo dos autores a livre divulgação em outros espaços. Art. 5º - DAS RESPONSABILIDADES O promotor do concurso informa que o ato de inscrição significa aceitação das normas, acima expostas, e a consequente liberação da obra para integrar este certame. A divulgação dos resultados será publicada no blog ANTOLOGIA BRASIL LITERARIO, de propriedade do

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promotor do evento, até 15 de setembro de 2017, seguida da publicação e envio do livro aos autores, conforme Art. 4º . Parágrafo 1º - Todos os inscritos terão os trabalhos publicados, um em cada postagem, no blog do concurso. Parágrafo 2º - Em caso de prorrogação da data de inscrições, todo calendário seguirá o devido trâmite.

Parágrafo 3º - As decisões da Comissão Organizadora são soberanas e os casos omissos serão resolvidos pela mesma. COMISSÃO ORGANIZADORA Rio de Janeiro, 15 de março de 2017

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Nota sobre a Revista

As trovas foram obtidas na internet, em jornais, revistas e livros, ou mesmo colaboração do trovador. Este Almanaque tem a intencionalidade de divulgar os valores literários de ontem e de hoje, sejam de renome ou não, respeitando os direitos autorais. Seus textos por normas não são preconceituosos, racistas, que ataquem diretamente os meios religiosos, nações ou mesmo pessoas ou órgãos específicos.

Este almanaque não pode ser comercializado em hipótese alguma, sem a

autorização de todos os seus autores ou representantes legais.