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FADEUP Faculdade de Desporto Uma pequena grande viagem Relatório de Estágio Profissional Orientadora: Prof.ª Paula Batista Lara Sofia Amorim Pires Porto, Setembro de 2013 Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro).

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FADEUP Faculdade de Desporto

Uma pequena grande viagem

Relatório de Estágio Profissional

Orientadora: Prof.ª Paula Batista

Lara Sofia Amorim Pires

Porto, Setembro de 2013

Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista

à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau

de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário (Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de

março e o Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro).

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Ficha de Catalogação

Pires, L. (2013). Uma pequena grande viagem: Relatório de Estágio

Profissional. Porto: L. Pires. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção

do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e

Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-Chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, BOM

PROFESSOR, ENSINO, REFLEXÃO

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Dedicatória:

À minha família e amigos.

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V

Agradecimentos

À minha orientadora, Professora Paula Batista, pela atenção e

disponibilidade que teve comigo, pelos sensatos conselhos e sobretudo pela

serenidade e confiança que sempre manifestou.

À minha Professora Cooperante, Mestre Teresa Leandro, por tudo o que foi

para mim. Um exemplo de profissionalismo, vigor, garra, saber, entrega e

preocupação. Uma verdadeira amiga.

Aos meus Pais, as duas pessoas mais essenciais da minha vida, por serem os

meus anjos-da-guarda, o meu brilho, a minha energia, a minha inspiração.

Aos meus dois irmãos, por estarem sempre comigo de mãos dadas em todos

os momentos, pela profunda e sincera amizade que me deram, por acreditarem

em mim, por me darem força e por me mostrarem o verdadeiro sentido de

união de família.

Ao Gustavo, por me apoiar inteiramente em todos os momentos, por ser único

e especial, por ser o meu porto seguro.

Aos meus amigos, que ao longo da minha vida fui conquistando, a todos

aqueles que fizeram parte da minha viagem ao longo do estágio.

Aos meus alunos, por me ensinarem, por me ajudarem a crescer e a ser o que

sou hoje.

E a Deus, por me iluminar e me amparar e fazer o mesmo às pessoas que

mais amo

A todos um sincero obrigado por fazerem parte da minha vida!

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VII

Índice

Agradecimentos ............................................................................................. V

Abreviaturas .............................................................................................. XVII

Abstract ...................................................................................................... XXI

Introdução ...................................................................................................... 2

Estrutura e processo de elaboração do Relatório de Estágio ......................... 3

1. Enquadramento Biográfico .................................................................... 8

1.1. Reflexão Autobiográfica ........................................................................ 8

1.1. Marcas de um passado ......................................................................... 9

1.2. A minha escolha .................................................................................. 10

1.3. As experiências mais marcantes durante o percurso académico ....... 11

1.4. Os receios de ser Professora .............................................................. 12

1.5. Os objetivos traçados no início do ano letivo ...................................... 13

2. Enquadramento da prática – caraterização do contexto de Estágio

Profissional................................................................................................... 18

2.1. A Escola .............................................................................................. 18

2.1.1. Instalações Desportivas da ESMGA ............................................. 20

2.2. O grupo de Educação Física ............................................................... 22

2.2.1. Núcleo de estágio ......................................................................... 22

2.3. A minha turma ..................................................................................... 23

3. Realização da prática profissional, experiências e significados .......... 28

3.1. Uma viagem de comboio - O embarque .............................................. 28

3.2. Primeira Estação – Organização e Gestão do Ensino e da

aprendizagem ............................................................................................... 29

3.2.1. Conceção ..................................................................................... 30

3.2.2. Planeamento................................................................................. 34

3.2.3. Realização “ As minhas estratégias ” ........................................... 37

3.2.4. A Avaliação: “Um verdadeiro problema” ....................................... 41

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VIII

3.3. Segunda e Terceira Estação – Participação na Escola e Relação com a

comunidade .................................................................................................. 44

3.3.1. Atividades organizadas pelo Núcleo de Estágio ........................... 44

3.3.2. Desporto Escolar .......................................................................... 54

3.3.3. Direção de turma .......................................................................... 55

3.3.4. Uma paragem inesperada – Escola Básica Espinho 2 ................. 57

3.4. Quarta Estação – Desenvolvimento Profissional ................................ 62

3.5. Representações de “bom professor” de Educação Física em alunos

dos ensinos básico e secundário da Escola Secundária Dr. Manuel Gomes

de Almeida .................................................................................................... 64

3.5.1. Resumo ........................................................................................ 64

3.5.2. Introdução ..................................................................................... 64

3.5.3. Metodologia .................................................................................. 67

3.5.4. Objetivo geral................................................................................ 67

3.5.5. Objetivos específicos .................................................................... 68

3.5.6. Caraterização da Amostra ............................................................ 68

3.6. Instrumentos ....................................................................................... 73

3.6.1. Procedimentos de Aplicação ........................................................ 74

3.6.2. Procedimentos Estatísticos .......................................................... 74

3.7. Resultados - Representações do “Bom Professor de EF” ............... 75

3.8. Discussão ............................................................................................ 80

3.9. Conclusões ......................................................................................... 82

O Desembarque – Conclusão e Perspetivas Futuras .................................. 86

Desembarque ............................................................................................... 87

Referencias Bibliográficas ............................................................................ 90

Anexos ......................................................................................................... 96

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Índice de Figuras

Figura 1. Turma 11º ano ................................................................................... 23

Figura 2. Turma AEC’s ..................................................................................... 58

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XI

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Organização da atividade “Jogos para Todos” ................................ 50

Tabela 2 - Alunos do Ensino Básico vs alunos do Ensino Secundário ............. 75

Tabela 3 - Análise por sexo – Alunos do Ensino Básico .................................. 76

Tabela 4 - Análise por prática desportiva - Alunos do Ensino Básico .............. 77

Tabela 5 - Análise por sexo - Alunos do Ensino Secundário ............................ 78

Tabela 6 - Análise por prática desportiva - Alunos do Ensino Secundário ....... 79

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XIII

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Idade dos alunos ............................................................................ 69

Gráfico 2 - Ano de escolaridade dos participantes ........................................... 70

Gráfico 3 - Participantes que praticam desporto .............................................. 71

Gráfico 4 - Participantes Desporto Escolar ...................................................... 72

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0.1.1.

0.1.2.

0.1.3.

0.1.4.

0.1.5.

0.1.6.

0.1.7.

0.1.8.

0.1.9.

0.1.10.

0.1.11.

0.1.12.

0.1.13.

0.1.14.

0.1.15.

0.1.16.

0.1.17.

0.1.18.

0.1.19.

0.1.20.

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XV

0.1.21. Índice de Anexos

Anexo I. Questionário do “Bom Professor de EF” ........................................... 98

0.1.22.

0.1.23.

0.1.24.

0.1.25.

0.1.26.

0.1.27.

0.1.28.

0.1.29.

0.1.30.

0.1.31.

0.1.32.

0.1.33.

0.1.34.

0.1.35.

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XVII

Abreviaturas

0.2.

AEC’S - Atividades de enriquecimento curricular

AF – Aptidão Física

AF – Avaliação Final

AI – Avaliação Inicial

DT - Diretora de Turma

EF - Educação Física

EP - Estágio Profissional

ESMGA - Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida

FADEUP - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

IMC – Índice de Massa Corporal

MEC - Modelo de Estrutura do Conhecimento

MED – Modelo de Educação Desportiva

NE - Núcleo de Estágio

NEE - Necessidades Educativas Especiais

OMS - Organização Mundial de Saúde

PC - Professora Cooperante

PCE - Projeto Curricular de Relatório de Estágio

PCT - Projeto Curricular de Turma

PE - Professora Estagiária

PEE - Projeto Educativo de Escola

RE - Relatório de Estágio

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RI - Regulamento Interno

UT - Unidade Temática

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Resumo

A elaboração deste documento teve como objetivo realizar uma análise

reflexiva das experiências proporcionadas pelo Estágio Profissional, tendo em

consideração as 3 áreas de desempenho previstas no Regulamento de Estágio

Profissional (Matos, 2010): 1- “Organização e Gestão do Ensino e da

Aprendizagem”; 2- “Participação na Escola” e “Relações com a Comunidade” e

3- “Desenvolvimento Profissional”. O estágio decorreu na Escola Secundária

Dr. Manuel Gomes de Almeida, em Espinho. Foi orientado por uma professora

da faculdade e por uma professora cooperante. No presente documento,

encontra-se uma reflexão sobre a prática profissional desenvolvida durante

este ano letivo, estruturada em três capítulos. O primeiro faz referência aos

dados biográficos e descreve, de uma forma geral, o meu percurso até à

atualidade. O segundo capítulo, para além de contemplar o contexto legal,

institucional do Estágio Profissional engloba o enquadramento que diz respeito

à minha prática profissional, caraterizando a Escola Secundária Dr. Manuel

Gomes de Almeida, o meio envolvente, o Subdepartamento de Educação

Física e Núcleo de Estágio e a turma à qual lecionei. Já no terceiro capítulo, é

elencado o trabalho desenvolvido dentro das três áreas de desempenho, sendo

salientadas as principais experiências e dificuldades vivenciadas. É ainda neste

ponto que o estudo resultante do meu projeto de estudo, que teve como

objetivo principal captar a opinião dos alunos acerca do seu entendimento do

que é um “Bom-Professor de Educação Física”, é apresentado.

Palavras-Chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, BOM

PROFESSOR, ENSINO, REFLEXÃO

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Abstract

The preparation of this document aims to conduct a reflective analysis of the

experiences provided by the Practicum, taking into account the three areas of

performance provided in the rules of student training (Matos, 2010): 1 -

"Organization and Management of Teaching and Learning" , 2 - "School

Participation", "Relations with the Community" and 3 - "Professional

Development". The practicum took place in the Dr. Manuel Gomes de Almeida

school, in Espinho, with tree colleagues. This was supervised by a faculty

teacher and a cooperating teacher. This document is a reflection of professional

practice developed during an entire academic year, divided into three chapters.

The first refers to biographical information and describes, in general, my journey

to the present day. In the second chapter, in addition to contemplate the legal,

institutional practicum rules encompasses the framework with respect to my

practice, featuring the Dr. Manuel Gomes de Almeida school, the surroundings,

the Sub Department of Physical Education and stage group and the class i

taught. In the third chapter, is made a work developed within the three areas of

performance, and highlighted the main experiences and difficulties experienced.

It is also at this point that the study result of my study project, which aimed to

capture the views of students about their understanding of what is a "Good

Teacher of Physical Education,”

Keywords: PROFESSIONAL TRAINING, PHYSICAL EDUCATION, GOOD

TEACHER, TEACHING, REFLECTION

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Introdução

O Presente relatório de estágio foi realizado no âmbito do Estágio

Profissional, do 2ºano de Mestrado em Ensino da Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade

do Porto, sendo um elemento que integra o processo de formação para

Professor de Educação Física.

De acordo com o Artigo 2º do regulamento da unidade curricular do

presente ciclo de estudos, “O Estágio Profissional visa a integração no

exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto

real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos

futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder

aos desafios e exigências da profissão.” (Matos, 2012,p.3)

Face a este entendimento, procuro neste documento retratar a minha

evolução como profissional de Educação Física, como educadora e também

como pessoa.

O estágio decorreu na Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida,

em Espinho, tendo-se afirmado como uma viagem longa, repleta de

aprendizagens: como profissional, por todas as práticas vivenciadas e

dificuldades superadas nos vários domínios que compõem o processo

ensino-aprendizagem; como educadora, pelo entendimento de que é

essencial incutir nos alunos valores que os orientem na sua vida em

sociedade, contribuindo, assim, de forma determinante, para a sua

formação enquanto pessoas; e, por fim, como pessoa, pois cresci, ganhei

responsabilidades e amadureci graças às dificuldades, superações e

relações estabelecidas.

1O EP oferece a inclusão no exercício da vida profissional de forma gradual

e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto

autêntico. Tem também como o objetivo principal fortalecer as aptidões

profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e

1 Matos,Z (2012). Normas Orientadoras de Estágio do ciclo de estudos conducente ao grau de mestre

em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário do Porto: Faculdade de Desporto – Universidade do Porto

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reflexivo, tornando-os aptos a responder aos desafios e exigências da

profissão. Estas competências profissionais, nas normas orientadoras,

organizam-se nas seguintes áreas de desempenho:

1. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem;

2. Participação na Escola e Relação com a comunidade;

3. Desenvolvimento profissional.

Assim, o EP assume-se como um período essencial na nossa formação,

oferecendo um vasto leque de experiências e contexto prático, de modo a

formar um profissional de Ensino de Educação Física e Desporto habilitado

e apto. Um professor competente é capaz de protagonizar um ensino de

qualidade, onde a reflexão acerca do processo de ensino-aprendizagem é

insubstituível. Segundo Brubacher et al. (1994,p.25), a autorreflexão é

fundamental para o docente se soltar de realidades absolutas, crenças e

rotinas, de forma a poder renovar, aperfeiçoar e progredir como professor.

O mesmo autor delimita três particularidades do ensino reflexivo, que o

distinguem como um objetivo de formação válido: “a prática reflexiva ajuda

os professores a libertarem-se de comportamentos impulsivos e rotineiros; a

prática reflexiva permite que os professores ajam de um modo deliberado e

intencional; a prática reflexiva distingue os professores enquanto seres

humanos instruídos, pois é um marco da ação inteligente.”

Assim, a reflexão constitui-se como um recurso essencial ao progresso

profissional, pelo que, no estágio, procurei colocar em prática o processo de

investigação/ação/reflexão em toda a minha intervenção, para que

conseguisse, assim, alcançar as metas de aprendizagem.

Estrutura e processo de elaboração do Relatório de Estágio

A elaboração deste documento resultou da reflexão sobre o meu

desenvolvimento enquanto pessoa; enquanto professora de Educação

Física e também enquanto educadora. O estágio decorreu na Escola

Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida, em Espinho, tendo- se revelado

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um percurso longo mas muito rico nas três vertentes enunciadas (pessoal,

profissional e educativa).

Em termos de estrutura, optei por ilustrar o vivenciado recorrendo a uma

metáfora: “Uma viagem de comboio”. Assim, o embarque representa o

momento de entrada na Escola, as estações, os momentos mais

marcantes, e as pessoas que viajaram comigo na carruagem, representam

os colegas de estágio que me acompanharam no percurso de inserção na

vida profissional. Já os imprevistos são representados pelas “paragens

bruscas e inesperadas”.

Antes de entrar realmente neste “comboio” não tinha uma ideia muito

precisa e segura de como seria realmente a viagem, contudo, no presente,

considero que esta viagem foi um meio de aquisição de conhecimentos

imprescindíveis para o exercício da profissão futura de professora. Com

efeito, só no estágio se consegue aceder a situações reais de ensino e da

profissão, impossíveis de vivenciar em qualquer outra disciplina do curso.

Esta viagem ficou marcada por várias pessoas que trabalharam comigo,

que me permitiram aceder a novos e renovados entendimentos, dando-me

oportunidade de me tornar uma professora melhor. Estes agentes

formadores foram as minhas orientadoras, que sempre me estimularam,

motivaram e me transmitiram conhecimentos. Também os meus colegas de

estágio foram elementos essenciais, pela compreensão, pelo bom ambiente

e sobretudo pela amizade que resultou deste ano de trabalho árduo.

Gostava ainda de referir uma das principais dificuldades que encontrei

durante o estágio: adequar o tom de voz às situações da aula. Quando

intervinha não conseguia adequar o tom de voz à situação e ao momento

de aula, ou falava muito alto, ou falava muito baixo, prejudicando não só as

minhas cordas vocais, como também os alunos. Foi através da gravação de

uma aula que consegui perceber os meus erros ao nível da perceção de

voz, bem como o tipo de feedbacks que utilizava mais.

Os Feedbacks, muitas vezes referidos nas aulas de Didática I e II, foram

também uma inquietação. Desde os de natureza avaliativa, prescritiva,

descritiva, interrogativa, e até afetiva, foram utilizados. Estaria a mentir se

não dissesse que a maioria das vezes a emissão dos mesmos foi por

instinto e intuição. Penso que, no início, isso é habitual acontecer. Entender

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os alunos exige muito tempo e, numa primeira fase, admito que o instinto foi

um verdadeiro cúmplice. Talvez por isso me tenha equivocado algumas

vezes, considerando, assim, importante referir aqui o quão pertinente foi

para mim gravar uma aula.

Por fim, quanto à estrutura do presente relatório, este encontra-se dividido

em cinco partes. A primeira diz respeito à caraterização geral do Estágio

Profissional, onde destaco os principais objetivos e a forma como está

organizado. Na segunda parte, relato os meus dados biográficos e as

razões que me levaram a seguir este percurso. Relativamente ao ponto

três, para além de caraterizar o contexto legal e institucional em que o EP

se insere, descrevo o contexto em que o mesmo decorre. Realizo também

uma breve descrição da Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida,

do meio em que esta está inserida, do Subdepartamento de Educação

Física, Núcleo de Estágio (NE) e da turma que lecionei – 11º ano. O ponto

quatro diz respeito à realização da prática profissional. Aqui pretendi

comparar e examinar todo o trabalho desenvolvido dentro das três áreas de

desempenho, recorrendo a uma viagem de comboio, salientando as

principais práticas e dificuldades passadas durante as várias estações e

paragens (três áreas). É, também, neste ponto que apresento o estudo

realizado, decorrente de um problema surgido no processo de ensino-

aprendizagem (O que é um bom professor?). No ponto cinco, realizo um

balanço geral do meu ano de estágio, destacando igualmente as

perspetivas para o futuro.

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CAPÍTULO 1

ENQUADRAMENTO

BIOGRÁFICO

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1. Enquadramento Biográfico

Hoje sou alguém diferente…passei por muitos momentos maravilhosos e

únicos, que perfazem o meu percurso, permitindo-me hoje estar aqui e não em

qualquer outro lugar. Não obstante a dificuldade de espelhar nestes “escritos” o

vivido, vou procurar fazê-lo”.

1.1. Reflexão Autobiográfica

“Cada vez que atravesso a linha de chegada, tenho novos pensamentos. Geralmente

não tomo atenção ao tempo, a não ser que eu esteja a tentar bater um recorde. Então,

posso olhar para o cronômetro. Caso contrário eu fico feliz se fiz o meu melhor.” (Usain

Bolt, 2012)

Identifico-me bastante com o pensamento que o Usain Bolt expressou no final

da prova de 100 metros, nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, quando

consigo alcançar os meus objetivos, a sensação que permanece é a de que

preciso de algo mais para me sentir realizada. Ou seja, usualmente quero

sempre mais, pelo que a palavra ambição se enquadra de forma perfeita no

meu “dicionário” de vida. Basicamente, considero que ter objetivos e ser capaz

de tomar decisões são processos fundamentais, que definem as pessoas

determinadas. Assim, posso afirmar que a ambição é o “combustível” que me

permite “correr” atrás dos meus objetivos pessoais e profissionais.

Sou conhecida por ser distraída, em parte porque geralmente não dou atenção

ao tempo que demoro a fazer uma tarefa. Contudo, quando a tarefa tem um

prazo definido, procuro prestar especial atenção ao tempo que dedico à sua

realização. Com efeito, se demorar muito tempo a concretizar qualquer tipo de

projeto, apesar de moroso, fico feliz se o realizar da melhor maneira,

empenhando-me totalmente para alcançar o meu objetivo.

Desde muito nova, mais especificamente aos seis anos, comecei a

percepcionar em mim uma relação profunda com o desporto. De facto, a

atração pelas atividades físicas e desportivas manifestou-se muito cedo em

mim, como se pode verificar no ponto subsequente, em que procurarei ilustrar

o meu percurso de vida até à entrada na faculdade.

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1.1. Marcas de um passado

Vai longe o tempo das brincadeiras, na rua São João, na Zona antiga de

Bragança, de onde sou natural. Contudo, não obstante a distância, estão ainda

bem próximas as lembranças das amigas e das brincadeiras conjuntas,

nomeadamente as corridas, bem como as aprendizagens e vivências que a

“escola da rua” me proporcionou. Foi na rua, em torno das brincadeiras e jogos

com muitas corridas, que as minhas habilidades motoras ganharam expressão

e se desenvolveram. De forma mais vincada, foi com o atletismo que cresci,

aprendendo a conhecer-me e a descobrir o meu próprio corpo.

Na prática, aprendi a “amar” o atletismo e criei uma paixão pela modalidade.

Nesta “escola”, o espírito foi-se moldando, construindo-se ganhador,

persistente e utópico. Já o corpo, que sempre foi roliço, fortaleceu-se e tornou-

se ágil, rápido e ladino, superando-se a cada dificuldade, em busca da

perfeição.

Das simples brincadeiras e jogos de rua passei para a pista, para o clube

organizado, e concretizei o meu sonho de ser atleta federada. Foi o primeiro

passo desta pequena grande conquista. O início da realização de um sonho

latente teve assim início. Foi neste espaço que o sonho de ser atleta federada,

no clube da minha cidade, foi crescendo de dia para dia. Eu acreditava que um

dia poderia chegar ainda mais longe. Durante alguns anos, pratiquei atletismo

federado no clube da minha terra, o Grupo Desportivo de Bragança. Neste

percurso, representei as seleções jovens do Distrito de Bragança e, fruto de um

treino sistemático e empenhado, o sonho tornou-se realidade: aos 15 anos fui

campeã “Norte” de Salto em Comprimento.

No tempo de ligação a este clube muitas foram as descobertas, pois além de

ter aprendido o primado da excelência e a busca incessante do impossível,

aprendi a procurar ser melhor e mais forte. Também foi lá que descobri o ISMAI

e a FADEUP. No meu caminho cruzou-se um professor muito conceituado ao

nível nacional na área do Atletismo, que me fez apaixonar, ainda mais, por esta

modalidade. Nele vi um exemplo a seguir. Esses anos suscitaram em mim um

enorme desejo de poder aprender cada vez mais atletismo, na procura de vir a

ser “igual” aos grandes atletas e treinadores.

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O tempo passou e estava na hora de escolher o meu futuro. No meio de tantas

incertezas, não duvidei de que queria ser professora de educação física e,

como tal, acredito que o contato com o mundo do desporto foi fundamental na

minha opção.

Neste momento estou segura e encantada com a escolha que fiz, como

poderão verificar ao longo deste documento.

1.2. A minha escolha

Terminado o ensino secundário, ingressei no ensino superior, no ISMAI.

Confesso que quando cheguei ao ISMAI só pensava em atletismo, mas hoje os

meus interesses vão muito além desta modalidade. Aprendi que a formação e a

educação têm um valor enorme na construção de uma sociedade culta,

equilibrada e justa, e descobri que o sonho já não se limitava ao desejo de ser

atleta e treinadora, mas também passava por ser professora.

A entrada para o Ensino Superior foi um misto de alegria e nervosismo. A

ansiedade era muita, pois sabia que os próximos três anos da minha vida iam

ter uma forte influência no meu futuro.

No percurso, houve a mudança do ISMAI para o mestrado na Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto. Este novo espaço formativo teve um papel

importantíssimo na minha formação, isto porque a FADEUP incorpora uma

conceção de formação inicial distinta do ISMAI. Na verdade, face aos métodos

de ensino que percecionei nas duas instituições, posso afirmar que existem

duas conceções de formação distintas, em termos de Licenciatura (no ISMAI) e

do Mestrado (na FADEUP). No ISMAI, a orientação que percecionei como

prevalecente foi a Académica2, porquanto o ensino é concebido como um

processo de transmissão de conhecimentos e de desenvolvimento da

compreensão, em que o professor é a figura central.

Os professores tendiam a transmitir o conhecimento de forma expositiva, ou

seja os conteúdos privilegiados eram a matéria de ensino em detrimento da

formação pedagógica para o ensino. Em muitas unidades curriculares

prevaleceu esta orientação, sendo os docentes os únicos a participar na aula,

2 Feiman (1990), orientações conceptuais na formação

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explicando as matérias de forma expositiva, num monólogo pouco interessante

(mostrando apenas conhecimento do conteúdo a ensinar).

Já na FADEUP, a orientação que percecionei no 1º ano de Mestrado, em

especial a partir do segundo semestre quando se iniciaram as didáticas,

prevaleceu a prática3. Nessas unidades curriculares teve primazia a reflexão

sobre a prática, pois além de planearmos e lecionarmos aulas, era necessário

refletirmos acerca da nossa intervenção, desde as opções de planeamento à

sua realização.

Ao longo desta caminhada houve muito esforço, dedicação, persistência, suor,

lágrimas, gargalhas, mas principalmente muita aprendizagem. Aquilo que eu

sou hoje devo-o, em parte, àqueles com quem partilhei todos estes momentos

ímpares. Posso dizer que esta faculdade é a minha casa, a casa do coração,

aquela que me ajudou a realizar o meu sonho.

1.3. As experiências mais marcantes durante o percurso

académico

Durante o curso, o número de desportos que pratiquei, além das várias

experiências, permitiram-me adquirir novos valores que importa preservar

enquanto profissional do desporto. Principalmente no que se reporta ao “saber

estar”, que, provavelmente, não teria alcançado se não tivesse experienciado a

prática destas modalidades.

Em contexto de estágio, estas experiências ajudaram-me a realizar as tarefas

inerentes ao ser professor, porquanto consegui compreender melhor algumas

atitudes e comportamentos dos alunos em relação a determinadas situações.

Com efeito, também eu, enquanto praticante, vivenciei situações semelhantes

durante a minha própria prática. Em retrospetiva, posso afirmar que o meu

percurso desportivo teve um contributo muito importante para o modo como no

presente atuo como professora. Esta vivência tornou-me mais capaz para o

exercício desta função, tornou-me mais completa.

Então, hoje o céu é o limite e Usain Bolt o meu ídolo. Para a minha formação

contribuíram, entre outros professores, o professor Amândio Graça e de uma

3 Feiman (1990), orientações conceptuais na formação

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forma muito especial o Professor Rolim, por me ter ensinado mais

especificamente o atletismo. Na realidade, gostava que mais professores me

tivessem marcado de forma tão positiva como este. Posso mesmo afirmar que

ele é um modelo que tentei seguir durante este ano de estágio. Pois, apesar de

ser bastante acessível e muito comunicativo com os alunos, impunha disciplina

nas suas aulas, conseguindo criar um excelente clima de aprendizagem.

Chegara a hora de colocar todas estas vivências e aprendizagens em prática e

transformar o papel de aluna em professora. Mas será que tudo aconteceu

como eu perspetivei?

1.4. Os receios de ser Professora

“Sinto-me ao mesmo tempo realizada e insegura.

Acho que esta inexperiência me está a deixar com medo, não sei explicar muito bem o

que sinto.”

(Mensagem via telemóvel, 19 De Setembro 2012)

No fim desta longa caminhada cheguei àquela que espero ser a minha primeira

paragem, o Estágio Profissional. É a última etapa de um percurso cheio de

trabalho e dedicação. É o momento no qual poderei utilizar os conhecimentos

que fui adquirindo durante a Licenciatura e o primeiro ano de Mestrado. A

oportunidade de testar as minhas aptidões no contexto real e autêntico de

ensino. Talvez por tudo isso, o Estágio Profissional foi um momento pelo qual

aguardei muito, estando, assim, revestido de um baú de sentimentos muito

diferentes. Por um lado, os meus medos emergiram, mas, por outro, os níveis

da minha força de vontade elevaram-se.

O excerto acima é a transcrição de uma mensagem de texto que enviei no meu

primeiro dia de aulas à minha mãe. Esta é, obviamente, uma forma de

“exprimir” uma maneira de dizer. Ela traduz, no entanto, alguma apreensão da

minha parte, no início do estágio, relativamente ao exercício da função de ser

professor. Algum medo, algum receio, algum pavor, inclusive. Não porque

pensasse que não estava preparada pedagogicamente. Pensar assim seria pôr

em causa a minha formação, as instituições onde estive a estudar, os

professores que me acompanharam ao longo deste percurso de 4 anos. Na

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verdade, sentia até que estava bastante preparada para encarar o desafio que

me aguardava. Então qual a razão de ser deste meu aperto?

Como refere Lima (2006, p.136), “o início da docência é vivido como um

período muito difícil e sofrido, e este é apontado como um dos momentos que

mais causam mal-estar nos professores”. A referida autora ainda menciona que

esta fase não tem recebido o cuidado necessário por parte dos pesquisadores

na área de formação de professores e que, sendo esta uma etapa difícil, ainda

há muito a alterar para que o início da carreira docente não seja tão custoso.

Desde o primeiro contato com aqueles que serão os meus alunos, até ao livrar-

me do medo e das barreiras, decorreu pouco tempo. Na verdade, sempre

soube que iria ser uma viagem longa, delicada, mas prazerosa. Daí o título do

meu relatório, “Uma pequena grande viagem”. Como tal, sabia que estas

barreiras poderiam ser mais ou menos difíceis de transpor, mas sempre estive

consciente que com empenho e determinação as iria superar.

1.5. Os objetivos traçados no início do ano letivo

Segundo Pimenta e Lima (2004,p.46), “O Estágio Profissional é o eixo central

na formação de professores, pois, é através dele que o profissional conhece os

aspetos indispensáveis para a formação da construção da identidade e dos

saberes do dia-a-dia”. É o tempo onde o estagiário consegue realmente ver as

suas principais falhas e lacunas, tornando-se possível, através da reflexão, tirar

benefícios dos próprios erros. O estágio, portanto, é o local ideal para

identificar aquilo que necessitamos de conhecer e de aprender, aprimorar e

aperfeiçoar, para que a viagem se torne viável e, acima de tudo, realizada com

sentido e sucesso.

Já Francisco e Pereira (2004) destacam o papel do estágio como a forma

oficializada de fazer a mudança de aluno para professor, sendo o ano de

estágio o período em que o aluno de tantos anos se descobre no lugar de

professor e, como tal, para mim é uma viagem relevante de aprendizagem e

comprovação de todas as expetativas inicialmente concebidas.

Por reconhecer a importância desta viagem na minha formação e na minha

vida, coloquei nela um número incalculável de expetativas e defini vários

objetivos. Propus-me ser persistente na procura da competência e da

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superioridade, com a intenção de poder progredir, crescer e sobretudo instruir e

ensinar.

Queria saber, mas saber fazer bem! Queria ser capaz de tomar as decisões

indicadas nos momentos certos, para que os alunos progredissem e

adquirissem conhecimentos, habilidades, atitudes e valores e, assim, conseguir

formar jovens dedicados e desportivamente instruídos e competentes.

Esperava impacientemente conseguir incutir nos meus alunos o desejo pela

prática Desportiva, para que eles fizessem desporto, não apenas nas aulas de

Educação Física, mas também nos tempos livres. Desejava que estes

compreendessem o quão importante é ter um estilo de vida saudável e ativo e

qual a importância do exercício físico na vida de cada um. Desde o início que

também defini como propósito estabelecer uma forte ligação com a turma,

esperando que no fim do ano letivo eles guardassem (acima de tudo) boas

lembranças das aulas da professora estagiária e dos momentos que elas

ofereceram.

Mas, no fundo, sabia que tudo isto apenas seria possível se conseguisse

diminuir a distância que há entre a teoria e a prática. Por isso, propus-me

também utilizar o caminho da reflexão, no sentido de ser capaz de encontrar

novos conhecimentos e corrigir falhas.

As minhas expetativas quando entrei neste comboio eram bastante alargadas.

No meu processo de integração nesta viagem (vida profissional), tive várias

pessoas que me acompanharam, pois para além dos meus alunos, tive como

parceiros os meus colegas de estágio (Hugo, José e Luisa)4, a Professora

Orientadora, a Professora Cooperante, os outros professores de Educação

Física, funcionários, os pais, enfim, todos aqueles que constituem a

comunidade educativa. Por isso, desejei que todos eles fossem fontes de

conhecimento e me permitissem aceder a diferentes tipos de aprendizagens.

Naturalmente, esperava dos pais e funcionários aprendizagens completamente

distintas das vivenciadas junto dos professores, também eles importantes para

o meu progresso profissional, resultante da partilha e convívio com cada um

deles.

4 Os nomes Hugo, Zé e Luísa são fictícios.

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No que concerne à Professora Orientadora, almejei que me seguisse durante

toda a viagem e orientasse da melhor maneira para a última estação de

comboio. Tinha a certeza que a Professora Cooperante também seria

primordial, pois assumiria a função de me ajudar a integrar, de forma gradual,

aquela que será a minha vida profissional futura. Dela esperei exigência e

compreensão e, principalmente, que me indicasse as pistas e os desafios para

eu poder encontrar os melhores caminhos. Também acreditei que os meus

colegas de estágio seriam muito relevantes nesta viagem. Com eles queria

aprender, errar e desenvolver-me. Ambicionei, sobretudo, que este Núcleo de

Estágio fosse ligado e rigoroso, pois iríamos passar juntos um ano letivo

essencial para as nossas vidas. Com eles iria dividir muitos momentos, as

alegrias e tristezas desta experiência e, portanto, com eles esperava tornar-me

melhor profissional.

Em suma, desejei, e sobretudo ansiei, que quando acabasse esta viagem fosse

uma professora mais eficiente e mais eficaz, a caminhar a passos largos para o

bom porto da competência e da aptidão. Sabia que era uma viagem longa, mas

tinha uma forte convicção e esperança de a percorrer com sucesso.

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CAPÍTULO 2

ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA -

CARATERIZAÇÃO DO CONTEXTO DE

ESTÁGIO PROFISSIONAL

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2. Enquadramento da prática – caraterização do contexto de

Estágio Profissional

2.1. A Escola

“Educar para a autonomia, o respeito pelos outros e a responsabilidade”

(Projeto Educativo da Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida,2012)

Decorrente da análise, do PEE da ESMGA, é visível que a comunidade

educativa, a Escola assume como função educar os alunos que a

frequentam, numa perspetiva de formação integral, crítica e aberta,

potenciadora do desenvolvimento da personalidade do aluno e da sua

integração bem-sucedida na sociedade, tanto em situação de prosseguimento

de estudos, como em situação de inserção no mercado de trabalho.5

A Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida foi criada a 8 de Agosto de

1956, através da publicação no Diário do Governo do Decreto n.º 40725 do

Ministério da Educação Nacional (Direção-Geral do Ensino Técnico

Profissional), e surge inicialmente com a designação de Escola Industrial e

Comercial de Espinho.

Nesse ano, a localização do estabelecimento em Espinho justificava-se,

segundo a publicação governamental, pelo facto de a vila constituir o natural

centro de convergência de uma região de alta densidade populacional e, por

outro lado, atendendo a que grande parte da sua população se dedicava à

indústria, comércio e serviços. Por isso mesmo, o plano de estudos da escola

assentava basicamente no ensino/aprendizagem de técnicas fundamentais, de

amplo campo de aplicação, cujo domínio facilitou a futura especialização

exigida pelo desenvolvimento industrial, a obter já nos quadros da profissão.

Este plano estava dividido em três partes: o Ciclo Preparatório, os Cursos

Complementares de Aprendizagem de carpinteiro-marceneiro e os Cursos de

Formação de Serralheiro e Geral de Comércio.

Inicialmente, a Escola Industrial e Comercial situava-se numa zona de Espinho

diferente da atual, mais concretamente no ângulo das Ruas 21 e 30.

5 Texto adaptado do Projeto Educativo da ESMGA

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Passados mais ou menos dez anos após a sua criação, e dada a exiguidade e

precariedade das instalações, iniciaram-se as obras de construção do atual

parque escolar, na Rua 35, Avenida 18 de Janeiro de 1966, ocupando uma

área de terreno considerável (21500 m2) e uma área coberta de 6300 m2.

Outros dados revelam bem a dimensão física da Escola, nomeadamente as 40

salas de aula existentes para aproximadamente 1200 alunos, distribuídos por

um número máximo de 49 turmas diurnas.

As novas instalações foram inauguradas em 19 de Junho de 1968 e a Escola

continua a oferecer cursos vincadamente direcionados para o Ensino Técnico,

mas com a novidade de funcionamento dos Cursos Noturnos, embora ainda

em regime de aperfeiçoamento.

A partir de 1974, a Escola procurou sempre acompanhar as alterações

introduzidas no sistema educativo português.

A 21 de Novembro de 1979, por decreto publicado em Diário da República, a

Escola deixa de ser Industrial e Comercial e passa a ter a designação de

Escola Secundária de Espinho.

A designação atual data de 2 de Abril de 1987, altura em que adotou, como

patrono, o Dr. Manuel Gomes de Almeida.

Inicialmente vocacionada para o ensino técnico, a Escola acompanhou as

sucessivas reformas do sistema educativo, oferecendo hoje, aos alunos, uma

variada gama de opções que se enquadram nos Cursos Predominantemente

Orientados para o Prosseguimento de Estudos e para a Vida Ativa.

No ano de 2012, passou a ser um agrupamento de escolas, denominado

Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Gomes de Almeida que engloba a Escola

Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida e a Escola Básica 2, 3 Domingos

Capela.

A escola foi recentemente remodelada pelo projeto “parque escolar”. O projeto

de intervenção reflete as diretrizes definidas pelo Programa de Modernização

das Escolas do Ensino Secundário, bem como as novas exigências

decorrentes do projeto educativo da escola, dos modelos de ensino-

aprendizagem contemporâneos e dos atuais parâmetros de qualidade

ambiental e de eficiência energética.

O edifício existente manteve a sua organização de base, tendo-se procedido à

sua reorganização interna. As áreas administrativas e de gestão foram

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concentradas junto à entrada principal e as áreas sociais junto à zona

desportiva. As restantes áreas foram ocupadas com espaços letivos. O espaço

da antiga biblioteca foi reconvertido em zona de professores e a biblioteca foi

deslocada para o último piso acima da entrada principal. Foi feito o

rebaixamento da cave do corpo do ginásio permitindo a duplicação dos

espaços desportivos. O terraço foi também recuperado para a prática

desportiva.

Os espaços exteriores foram redesenhados, permitindo melhorar as condições

de acessibilidade e aumentar a área permeável e arborizada.

2.1.1. Instalações Desportivas da ESMGA

Como referido anteriormente, a escola foi remodelada pelo projeto “parque

escolar”, em que esteve inserida no grupo de escolas reconstruídas e

renovadas. Existem seis espaços disponíveis para a lecionação das aulas

práticas: Sala de musculação, ginásio, pavilhão, espaço exterior 1, espaço

exterior 2 e espaço exterior 3.

A sala de musculação foi recentemente criada e construída este ano letivo

2012/2013 por um colega de Estágio, e tem como objetivo desenvolver as

várias capacidades condicionais, principalmente a força. No pavilhão leciona-se

o Badminton, Voleibol, Basquetebol e Futsal. Este espaço é relativamente

grande e tem boas condições para a prática destas modalidades. No ginásio

aborda-se a Dança e a Ginástica. Ao contrário do anterior, este é um espaço

muito pequeno e pouco arejado com espaldares e uma aparelhagem. No 1º e

2º Período tivemos de lecionar estas aulas num espaço improvisado ainda com

menores condições, pois para além de ser um espaço pequeno, não tinha

espelho, o que dificultava a nossa lecionação durante as aulas de dança. O

espaço exterior 1 é destinado à prática de Basquetebol e Atletismo, mas

apenas tem definido dois campos reduzidos de Basquetebol com duas tabelas.

Por outro lado, o espaço exterior 2 tem duas balizas e, tal como o espaço

anterior, é grande e com piso regular.

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Para além destes campos ainda existe uma pista para prática do salto em

comprimento, uma pista de velocidade de 40 metros e um campo de voleibol

exterior improvisado.

No que se refere ao material, a escola tem presente uma lista atualizada (Julho

de 2012) do material existente. Importa referir que a escola dispõe de material

novo (isto é, acabado de chegar), material em bom estado de conservação e

material em mau estado, algum mesmo inutilizável.

Com o material existente na escola é possível abordar as seguintes

modalidades: basquetebol, futebol, voleibol, andebol, atletismo, ginástica,

corfebol, Badminton, judo, atividades de ar livre e orientação. Existe também

outro material que não é específico de nenhuma modalidade, mas que serve

para várias modalidades.

O objetivo final da ESMGA, e dos professores de Educação Física, é dar as

melhores condições de ensino aos alunos, de forma a promover um serviço

educativo de qualidade. Penso que esta escola tem todas as condições, bem

como ambição e vontade para o conseguir. A comprovar esta perceção foi o

contributo de todos os professores, ao longo do ano, para oferecer o melhor

“serviço”. Não tive nenhuma dificuldade no que concerne às instalações,

porquanto beneficiei de todas as condições propícias. Contudo, em dias de

chuva, foi necessário encará-las como pequenos contratempos a ultrapassar.

Felizmente consegui adaptar-me facilmente a todas as situações e hoje sinto-

me preparada para encarar qualquer tipo de imprevisto.

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2.2. O grupo de Educação Física

O grupo de EF de ESMGA é um grupo muito ligado onde todas as decisões

são tomadas em consciência. Sempre que precisei de alguma ajuda ou de

troca de espaços, todos os professores se mostraram disponíveis para me

ajudar. O espírito de colaboração e entreajuda é muito evidente neste grupo.

Lembro-me bem das várias palavras de incentivo quando entrei naquela sala

dos professores, todos nos apoiavam de várias maneiras, com maior ou menor

intensidade. Nunca nos deixaram sem uma palavra.

A minha relação com os elementos do grupo foi bastante positiva. Não houve

quaisquer desentendimentos entre nós e, sempre que foi preciso, eu ajudei no

necessário. Participei nas diversas atividades dinamizadas pelo mesmo (corta-

mato, mexe-te, dia mundial da paz), fora e dentro da escola, cooperando com

todos os professores.

Apesar de saber que o estágio é sobretudo um trajeto individual, considero

essencial a existência de um bom ambiente e espírito de união, para alcançar a

aprendizagem e o sucesso almejados enquanto estudantes estagiários.

Desde o primeiro minuto, fui muito bem recebida por toda a comunidade

escolar. A Professora Cooperante foi a principal responsável pela minha fácil

inclusão e integração na Escola. Apresentou-me a todos os professores e

funcionários e hoje posso dizer que me sinto parte integrante da escola.

2.2.1. Núcleo de estágio

Em todos os grupos de trabalho é importante existir ajuda, compreensão e

cooperação, e no meu núcleo de estágio houve lugar a tudo isto.

Todos os elementos estavam comprometidos e dedicados nas variadas

planificações e concentrados de forma ativa nas muitas tarefas. Quando havia

decisões a tomar, ouvíamos cuidadosamente todos os colegas para depois

tomarmos uma resolução.

As várias reuniões semanais foram concretizadas na presença de todos os

estagiários e da professora cooperante, onde eram discutidas algumas ideias

específicas. Existia ainda um tempo e um momento para cada estagiário, de

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forma individual, esclarecer algumas dúvidas que também podiam dizer

respeito ao restante do núcleo. Assim, sublinho a grande convivência entre

nós, bem como disponibilidade para ajudar em qualquer situação.

Tratando-se de uma experiência repleta de trabalho individual e em grupo, a

nossa relação tornou-se indispensável para a elevação qualitativa das tarefas.

O Núcleo de Estágio constitui-se, de facto, como uma mais-valia para o nosso

progresso e desenvolvimento enquanto futuros professores.

2.3. A minha turma

“Já sei de que turma vou estar encarregue durante este ano letivo, admito que estava à

espera de ouvir mais elogios sobre a mesma!” – (Diário de bordo, Mês de Setembro)

A Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida está inserida num

contexto socioeconómico favorável, no qual os problemas disciplinares são

raros. No meu caso específico, não poderia ter encontrado uma turma com

maior maturidade do que esta (Figura 1). Face ao ano de escolaridade que

frequentam, o 11º ano, estes alunos devem ser modelos para os demais, pois

estão numa fase final na escola.

Figura 1 – Turma 11º ano.

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Já definida qual a turma de que iria ficar encarregue de lecionar, foi através da

professora cooperante que obtive as primeiras informações sobre ela.

A minha turma era constituída por 20 alunos, 13 do sexo feminino e 7 do sexo

masculino (Figura 1 – Turma 11º ano). Os alunos desta turma apresentavam

dois grandes grupos distintos de nível de desempenho. Os rapazes, com

exceção de dois, praticam desporto. No que diz respeito às raparigas, apenas

três eram praticantes.

Depois de preenchida a ficha de caraterização do aluno, analisei os resultados.

Focando-me agora sobre os mesmos, concluí que a turma, em geral, não era

muito ativa, porquanto as atividades eleitas pela maioria (Figura 1 – Turma 11º

ano).Referem-se a estar na internet ou a passear com os amigos.

O estudante-estagiário responsável pela turma no ano passado e a professora

cooperante conseguiram passar-me todas as informações da mesma. Estas

foram confirmadas na Reunião de Conselho de Turma pelos outros professores

da turma. Os elogios foram escassos, pois todos os docentes identificaram os

alunos como pouco trabalhadores, existindo mesmo alunos pouco empenhados

e bastante preguiçosos.

Perante estas impressões gerais, admito que não fiquei muito satisfeita, pois

como em todo o lado, quando não se trabalha junto de pessoas esforçadas e

dispostas a aprender, tudo se torna pouco agradável e motivante. Esta

caraterização da turma foi mais aprofundada através da ficha individual do

aluno, que foi preenchida durante a aula de apresentação, e dos testes do

Fitnessgram, que foram realizados na segunda aula. A ficha individual do aluno

foi elaborada pelo Núcleo de Estágio (NE) onde, após uma conversa

demorada, pesquisa e reflexão, escolhemos um grupo de questões que nos

possibilitasse recolher dados pertinentes sobre os alunos para a nossa

intervenção como professores. Relativamente aos resultados do Fitnessgram,

fiquei a conhecer certas caraterísticas e aptidões dos alunos. Após uma

detalhada análise, tal permitiu-me colher dados concretos sobre cada aluno,

determinantes na fase de planeamento.

Na turma, destaco quatro casos que necessitaram de especial atenção ao

longo de todo o ano: uma aluna com excesso de peso, dois alunos com asma e

uma aluna com problemas articulares nos joelhos.

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De uma maneira geral, e na minha opinião, os fatores essenciais à

aprendizagem dizem respeito à dinâmica do trabalho efetuado, e este depende

não só da forma como concebo as minhas aulas, mas também do

comportamento da turma. A minha turma era pouco dinâmica e motivada para

a prática desportiva e o seu empenhamento nas tarefas propostas era

oscilante. Contudo, apesar da fraca aptidão com que cada um se apresentou

inicialmente, consegui, como Professora, sentir-me realizada, pois houve a

conquista de uma evolução gradual.

Os alunos são sempre o alvo final do processo de ensino-aprendizagem. Cada

aluno é único, pela sua personalidade, gostos, interesses, etc. Deste modo, o

professor tem que ser capaz de incluir todos os alunos, cativando-os e

entusiasmando-os para a prática da disciplina.

Em termos gerais pode afirmar-se que o professor três grandes objetivos:

adquirir a confiança e estabelecer o controlo da turma; melhorar a qualidade da

instrução e gerir e rentabilizar a aula.

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CAPÍTULO 3

REALIZAÇÃO DA PRÁTICA

PROFISSIONAL, EXPERIÊNCIAS E

SIGNIFICADOS

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3. Realização da prática profissional, experiências e

significados

Ao longo deste capítulo pretendo fazer referência às experiências do Estágio

Profissional, indicando as minhas principais dificuldades e retratando os

resultados de algumas decisões, assim como o contributo que tiveram quer

para a minha evolução, quer para a evolução daqueles a quem me dediquei

durante 10 meses.

3.1. Uma viagem de comboio - O embarque

Há algum tempo atrás, li um texto num jornal que comparava a vida com uma

viagem de comboio. Uma leitura extremamente interessante, quando bem

interpretada, que me deu um mote para o relato da minha experiência de

estágio. Assim, recorrendo a uma imagem, vou analisar a minha vivência de

estágio como se de uma viagem de comboio se tratasse. Na verdade, esta

experiência ocorrida em contexto real de ensino foi como uma viagem de

comboio, repleta de embarques e desembarques, salpicada por acidentes,

surpresas agradáveis em algumas estações e noutras profundas tristezas.

Ao entrar para a escola, subi para o comboio e encontrei-me com algumas

pessoas que acreditava que estariam sempre comigo nesta viagem: os meus

colegas de Estágio. Felizmente tornou-se verdade! Eles não saíram em

nenhuma estação, pelo que nasceu uma forte amizade. A sua companhia

tornou-se insubstituível.

Durante a viagem nada impediu que entrassem outras pessoas, muito

especiais para mim (os meus alunos).

Além deles outros entraram! Outros professores e outros amigos.

Outra convicção referia-se à tristeza que encontraria na viagem…

Acreditava, no entanto, que outros que circulariam pelo comboio estariam

disponíveis para me ajudar.

A viagem far-se-ia cheia de desafios, sonhos, fantasias, esperas e

despedidas… mas nunca de retornos. Assim, espero que a viagem seja feita

da melhor maneira possível…

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Tentarei relacionar-me bem com todos os passageiros, procurando em cada

um o seu melhor.

Tinha consciência de que, em algum ponto do trajeto, eles poderiam hesitar ou

vacilar e, provavelmente, iria precisar de os entender…

No fim, o grande mistério residia no facto de não sabermos em que estação

íamos sair, nem, sequer, onde iriam sair os nossos companheiros, nem sequer,

aquele que estava sentado ao nosso lado.

Interrogo-me se, ao terminar a viagem e sair do comboio, sentirei nostalgia…

Acredito que sim.

Provavelmente, separar-me das pessoas com quem fiz a viagem será doloroso.

Mas agarro-me à esperança que, em algum momento, chegaria à estação

principal e levaria na bagagem muito mais que aquilo com que tinha quando

embarquei. Esperava ainda que também eu tivesse contribuído para que a

bagagem de outros também tivesse crescido, se tivesse tornado mais valiosa.

Propus-me a que a minha estadia no comboio fosse tranquila e que valesse a

pena.

Esforçar-me-ia para que no momento de desembarque, o lugar vazio deixado

por mim deixasse saudades a todos os que iriam continuar a viagem.

Para ti, que és parte do meu comboio, desejo-te uma…

… Viagem Feliz…

3.2. Primeira Estação – Organização e Gestão do Ensino e da

aprendizagem

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Segundo as normas orientadoras do EP, esta área tem como “principal

objetivo criar estratégias de intervenção no processo de ensino -

aprendizagem que me guiem, com eficiência e eficácia, o processo de

formação do aluno. Em termos organizativos, esta área subdivide-se em

quatro componentes: conceção, planeamento, realização e avaliação”.

(Normas Orientadoras de Estágio Profissional 2012/2013, p.3).

3.2.1. Conceção

“Eram 9h55 e o comboio já estava a minha espera para iniciar a primeira viagem do dia.

Terça-Feira é o dia da reunião do NE na Escola, e hoje esperava-nos a análise do

programa de educação física bem como do projeto curricular. Admito que não foi um

assunto que me tenha despertado muito interesse, contudo as informações obtidas

pareceram-me bastante úteis para o decorrer do estágio “ (Diário de bordo, Setembro de

2012)

Segundo as Normas Orientadoras do EP, a conceção do ensino representa

“projetar a atividade de ensino no quadro de uma conceção pedagógica às

condições gerais e locais da educação, às condições imediatas da relação

educativa, à especificidade da Educação Física no currículo do aluno e às

características dos alunos” (Normas Orientadoras de Estágio Profissional

2012/2013, p.3). Neste sentido, irei realizar uma viagem no tempo e recuar até

ao mês de Setembro do ano de 2012.

Quando cheguei pela primeira vez à Escola, e após entrar naqueles portões a

correr, pois já estava atrasada para a primeira reunião de núcleo de Estágio,

dirigi-me imediatamente à sala dos professores. Lembro-me como se fosse

hoje! Tudo era novo. Todas as palavras que a professora cooperante (PC)

propagava eram novidade. Recordo-me que fomos bombardeados de

informações. Após a reunião, a PC levou-nos a conhecer as instalações da

escola e eis que surgiu a minha primeira situação marcante: funcionária da

Secretaria confundiu-nos com alunos, mas quando a PC a informou da

realidade esta rapidamente nos pediu desculpa, e um sorriso “não sei bem até

que ponto era irónico” surgiu nos nossos lábios.

Os dias passaram e, após conhecer o contexto físico da escola, tive a minha

segunda reunião (12 de Setembro) com o Núcleo de Estágio (NE), na qual

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ficamos a conhecer melhor a nossa PC e onde foram indicados alguns

documentos, que, após uma análise cuidada, me deram ferramentas para me

envolver mais, enquanto Professora Estagiária (PE), na ESMGA, tais como: o

Regulamento Interno da Escola (RI); O Projeto Educativo de Escola (PEE); o

Regimento da Área Disciplinar de EF; o Currículo de EF; o Projeto Curricular de

Escola (PCE). Participei na reunião do Departamento de Expressões e

posteriormente na reunião do grupo de Educação Física. Nela nossa disciplina

em particular, fomos apresentados e, claramente, bem recebidos. Aos poucos

fui-me sentindo parte daquela que seria uma das minhas (novas) “casas”.

Nesse dia, lembro-me que tive a curiosidade em saber mais um pouco mais do

que as informações que a PC nos tinha dado. Assim, para saciar essa

curiosidade e também para me contextualizar enquanto PE na ESMGA,

analisei os documentos mencionados e, dessa forma, percebi a informação que

cada um continha.

O RI da Escola deu-me um conjunto de informações acerca das normas e das

regras específicas, que visam contribuir para o bom funcionamento da Escola e

criar um ambiente de respeito e de educação, no cumprimento dos princípios

de democraticidade, autonomia e responsabilização, por todos os participantes

no processo educativo.

Quando aos PEE, PCE e PCT, segundo Leite (2000,p1.), no princípio dos anos

80 estes termos “não eram praticamente usados nos discursos da educação

escolar e muito menos faziam parte dos normativos legais organizados da

Escola e dos processos de desenvolvimento do currículo. De facto, esta

terminologia está associada ao reconhecimento à Escola e aos professores de

funções que se afastam do mero cumprimento de um currículo prescrito a nível

nacional e que se supõe ter desenvolvido de forma idêntica em todas as

escolas, independentemente dos contextos em que se inserem, dos recursos

de que dispõem e das caraterísticas da população que as frequenta.”Se a ação

educativa deve ter em atenção a conjuntura em que se desenvolve e ser assim

o mais particularizado possível, que sentido faria empregar o mesmo currículo

a nível nacional? Pois, nenhum. Daí a necessidade de se ter que adaptar o

currículo prescrito, entendendo-o como uma “proposta que tem de ganhar

sentido nos processos de ação e de interação que ocorrem nas escolas (…)

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tem como intenção conceber e desenvolver um currículo mais rigoroso, mais

rico, mais reflexivo e relacional” (Leite, 2001)

Já o PEE “é a filosofia subjacente a uma dinâmica de Escola, define princípios

e linhas orientadoras gerais, assentes nas características da comunidade

educativa, de acordo com as orientações nacionais, estabelece metas

prevendo parcerias e tendo em conta os recursos disponíveis (materiais,

humanos…), enuncia uma resposta educativa global da instituição, define as

politicas educativas para aquela comunidade educativa, é a expressão dos

princípios, orientações e metas a atingir pela Escola, clarifica os aspetos de

gestão e administração que permitam cumprir a ideologia politico-educativa da

Escola, define e reflete a visão, a ideologia e as ações da Escola, cria a matriz

de suporte que vai ser concretizada no PCE e no PCT, é o tronco comum de

onde partem os vários projetos existentes na Escola, tais como: formação do

pessoal docente e não docente, orientações administrativas, organização

curricular, ofertas da Escola” (Leite, 2000,p.4)

Assim, Broch & Cros (1992,p.137) referem que o “Projeto Educativo de Escola

constitui o espelho do estabelecimento de ensino, quer no plano interno, quer

na sua relação com o exterior”.

Os termos PCE e PCT são mais recentes que o termo PEE. O PCE é o

“conjunto de decisões articuladas, partilhadas pela equipa docente de uma

Escola, tendentes a dotar de maior coerência a sua atuação, concretizando as

orientações curriculares de âmbito nacional em propostas globais de

intervenção pedagógico-didática adequadas a um contexto específico”

(Carmen, 1996) e “tem como base o currículo nacional e o PEE” (Leite,

2000,p.5)

O PCT tem como inspiração o PCE e é escrito conforme as caraterísticas

específicas de uma turma. “Deverá permitir um nível de articulação (horizontal

e vertical) que só as situações reais tornam possível concretizar” (Leite,

2000,p.7)

Admito que não foram os documentos mais interessantes que li, contudo, após

a sua leitura, cheguei à conclusão de que realmente me ajudaram na minha

intervenção, servindo para perceber a realidade em que a disciplina de EF é

lecionada nos dias de hoje, bem como a carga horária disponível para o seu

ensino. Além de haver a exigência do ensino de várias modalidades

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desportivas num ano só, são inumeráveis os conteúdos em algumas delas,

para o espaço de tempo disponível para o seu leccionamento. O tempo de

prática é aquém do pretendido, contribuindo para um défice na consolidação

das modalidades ano após ano. Além disto, é importante referir a influência que

o compromisso e a dedicação dos docentes de EF têm sobre o processo.

Num mundo que se diz em constante mudança, é indispensável por parte dos

docentes a curiosidade pela informação. É fundamental que estes se

atualizem, desenvolvendo a cada dia que passa, tornando-se professores

eficazes nas tarefas que assumem na Escola. Um Professor que não domine

os vários conteúdos, que não tenha bons hábitos de trabalho e conhecimento

pedagógico dos conteúdos, não será um bom profissional, e pode não

conseguir transmitir a matéria, nem de uma maneira atingível, nem de uma

forma agradável, levando os alunos a “desligar-se” da disciplina. Disciplina esta

que ainda hoje é vista por muita gente como um espaço de recreio na qual o

objetivo principal é ter os alunos ocupados. Sou completamente contra esta

ideia que a maioria das pessoas tem acerca da Educação Física. E não foi

essa a ideia que transmiti aos meus alunos nas minhas aulas.

O EP ajudou-me a encontrar e a produzir a minha imagem como professora, na

Escola. Ajudou-me também a entender o que deve ou não ser realizado, e

também conseguiu dar-me um espaço de ação real. Apesar de ter sido um

caminho bastante agitado, foi realmente intenso e compensador. O facto de

encarar a realidade e ter que saber trabalhar com o estado atual da Escola, e

especialmente da disciplina, levou-me a criar objetivos mais claros. Devido às

minhas experiências anteriores e dos meus alunos, que foram marcadas pelo

facilitismo, e não foram precisamente experiências com aprendizagens

significativas, não dando uma bagagem adequada para poderem enfrentar os

requisitos, demasiado elevados, do currículo nacional.

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3.2.2. Planeamento

Como refere Bento (1998, p.8), “o objetivo da planificação de processos de

ensino e aprendizagem não reside exclusivamente no desenvolvimento de

meios para a racionalização do mesmo, mas também, em medida crescente,

na descoberta de determinados contextos reguláveis deste processo.”

No início do ano letivo, quanto ao planeamento, tive fundamentalmente duas

dificuldades: ao nível da elaboração do planeamento anual; e ao nível da

elaboração dos Modelos de Estrutura de Conhecimentos (Vickers, 1990).

Quanto ao planeamento anual, tivemos como base a análise do material e as

instalações desportivas da escola, bem como os programas de EF,

encontrando-se estas devidamente organizadas em um Roulement.

Este documento realizado pelo Grupo de Educação Física define qual o

período de tempo e local livre para a concretização prática.

Na realização deste Roulement as principais complexidades estiveram na

decisão do período de tempo a destinar a cada modalidade, tendo em conta os

conteúdos a lecionar, e o tempo horário destinado a cada uma, de forma a

tornar viável alcançar os objetivos de aprendizagem.

No entanto, as dificuldades ao nível do planeamento não ficaram por aqui. A

elaboração dos Modelos de Estrutura de Conhecimentos (Vickers, 1990) exigiu

um grande esforço da nossa parte.

No que se refere à segunda dificuldade, a realização dos (MEC), esta foi

originada pela multiplicidade de variantes da planificação de aula baseada no

Modelo da Vickers (1989), que nos foi apresentada ao longo das diversas

didáticas práticas no decorrer dos terceiro e quarto anos da Faculdade e que

nos levaram a alguns equívocos. De facto, tivemos várias dúvidas quanto à

organização da matéria de ensino de acordo com os pressupostos do MEC,

pois apesar de sabermos o que cada módulo exigia, nunca tínhamos procedido

à sua elaboração. No entanto, após pesquisa no apoio bibliográfico da

FADEUP, conversas entre o NE, colegas da faculdade e professora

orientadora, conseguimos concretizar esta tarefa a 100%.

As informações e documentos produzidos revelaram-se um excelente apoio

para todo o planeamento do 1º Período.

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A transição entre a conceção e o planeamento foi um ponto marcante neste

Estágio Profissional, facto que favoreceu diversas reflexões, que passo a

apresentar.

3.2.2.1. As Unidades Didáticas: “ As melhores companheiras ”

“ Acabou a semana, e eu sem saber como me orientar! Nada melhor que realizar uma

boa unidade didática para me ajudar a resolver o meu problema de orientação.” (Diário

de bordo – Outubro 2012)

De acordo com Bento (2003, p. 75), as Unidades Didáticas (UD) “constituem

unidades fundamentais e integrais do processo pedagógico”.

A elaboração das UD das diversas modalidades abordadas trouxe alguns

entraves, que foram sendo eliminadas através da reflexão individual e também

coletiva. Inicialmente, as dificuldades eram ao nível da seleção dos conteúdos,

ao nível da definição dos objetivos a alcançar pelos alunos, ao nível da

definição da sequência e extensão dos conteúdos, bem como na avaliação,

(esta última será examinada com pormenor no parâmetro reservado à

avaliação, (ponto 3.2.4.)

Primeiramente na seleção dos conteúdos a lecionar, mostrei uma elevada

ambição em querer “ensinar tudo e bem”. O observável foi alguma

incapacidade de previsão daquilo que estava ao alcance dos meus alunos.

Lembro-me que na UD de Badminton julguei ser possível a aprendizagem da

maioria dos batimentos executados na modalidade (lob, clear, amortie,

encosto, remate, serviço curto e longo) nas 8 aulas disponíveis. No entanto,

após ser avisada pela PC e após uma reflexão detalhada, apercebi-me de que

as minhas intenções, dadas as capacidades dos alunos, não eram alcançáveis.

Julgo que a base desta exigência se deveu à falta de experiência de lecionação

desta modalidade em contexto escolar, uma vez que julgava que a evolução

dos alunos seria mais facilmente alcançada.

Na elaboração da sequência e extensão dos conteúdos, as dificuldades foram

ainda maiores, uma vez que para a sua concretização foi preciso ter

simultaneamente em consideração, a duração da UD, a gestão do espaço e

dos materiais disponíveis e a seleção das situações de aprendizagem, aspetos

estes que originaram uma pequena confusão inicial.

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A distribuição dos conteúdos em relação às aulas disponíveis também mostrou

ser uma tarefa difícil e nem sempre o planeado foi realizado. Contudo, como já

foi exposto, o planeamento da UD trata-se de um projeto, e como qualquer

projeto, pode ser modificado. Na realidade, foi essencial proceder a

modificações ao planeado na maioria das UD, devido, por exemplo, à

impossibilidade de realização da aula por motivos de greve, à ausência dos

alunos pela participação em visitas de estudo e, com maior frequência, devido

às dificuldades de aprendizagem dos alunos.

No entanto, estes acontecimentos contribuíram para desenvolver a minha

capacidade de tomada de decisões e de modificação ao previamente planeado,

no sentido de procurar favorecer, ao máximo, a aprendizagem dos alunos.

Nesta experiência foi bem notório que o planeamento é algo que deve ser

utilizado com elevada flexibilidade.

3.2.2.2. Planos de aula – “ O maior quebra-cabeças”

“ … não consigo distinguir os objetivos comportamentais das componentes criticas…

penso que tudo se altera se mudarmos o tempo verbal … ” (Diário de bordo, Outubro

2012)

Quanto ao excerto acima transcrito, esta dificuldade foi provocada pela

multiplicidade de variantes da planificação de aulas que nos foram

apresentadas ao longo das várias didáticas práticas no decorrer do 1º e 2º

Semestre do 1º ano de Mestrado. Esta variabilidade levou-me a alguns

equívocos.

As minhas bases vindas do conhecimento académico para a produção de

planos de aula contribuíram para que não se verificassem alterações

estruturais neste nível de planeamento. Após refletir em conjunto com a PC e

debater a necessidade de adaptar o plano de aula ao contexto real de ensino,

rapidamente superei esta dificuldade conceptual progredindo

consequentemente ao nível do planeamento.

De acordo com Bento, (1998), um professor para poder lecionar uma boa aula

tem que se preparar bem, o que não é uma tarefa fácil, aliás é mesmo uma

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tarefa bastante dura. Já a sua realização é ainda mais exigente, porquanto

concentração máxima e um esforço intenso.

Os planos de aula ao longo deste ano letivo funcionaram como um mapa

orientador, no entanto também foram um elemento algo flexível, uma vez que o

decorrer as aulas apontaram algumas alterações.

Esta fase de planeamento é concretizada com apoio da fase anterior (fase de

conceção) e, no fundo, acaba por retratar aquilo que vai acontecer no decorrer

da aula. É essencial que o professor não estruture apenas qual a informação

que irá passar aos alunos, mas sim como a vai criar e durante quanto tempo,

pensando também nas situações inesperadas que podem ocorrer. Julgo que

pensar nos “ses” é um ponto fundamental para o êxito de uma aula, pois só

deste modo é que o professor consegue agir adequadamente se surgir algum

imprevisto. A título de exemplo apresento um momento que me forçou a ser um

pouco flexível de maneira a dar continuidade à aula:

“…a aula iniciou-se dez minutos de atraso devido ao congestionamento nos

balneários, o que impediu que os alunos se equipassem a horas…”

(reflexão, aula nº 30 Natação)

Outro aspeto em que tive algumas dificuldades na fase inicial diz respeito ao

planeamento para três níveis diferenciados de aprendizagem. Isto aconteceu,

por exemplo, na modalidade de Natação, em que os planos de aula exigiram

de mim mais concentração e reflexão, pois tinha de refletir acerca da relação

de vários aspetos, como a gestão do material e espaço, a instrução dedicada a

cada grupo e o tempo de exercitação de cada nível. Este foi um aspeto que fui

aperfeiçoando à medida que a Unidade Didática foi decorrendo.

3.2.3. Realização “ As minhas estratégias ”

A fase da realização é onde se coloca verdadeiramente em prática o que

criámos anteriormente. Esta passagem da teoria para a prática não é um

procedimento simples, pois todas as aulas estão expostas à ocorrência de

imprevistos. De facto, o processo de ensino-aprendizagem é algo muito

complicado e, por isso, acarreta uma grande responsabilidade por parte do

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professor, pelo que este tem de ser capaz de antecipar, prevenir e se adequar

convenientemente e estes momentos.

3.2.3.1. As Rotinas

“Começo a dar razão aos professores das diversas disciplinas. Realmente a minha turma

é bastante agitada, está na hora de criar rotinas para que a aula se torne mais

organizada, tanto para mim como para eles”. (Diário de Bordo, Novembro 2012)

Nas primeiras aulas do EP, mais especificamente quando deparada com a

necessidade de orientar toda a turma, senti algumas dificuldades na definição

de rotinas. Aquando da primeira UD, a criação de rotinas na turma aconteceu

tardiamente, o que originou um esforço redobrado da minha parte para

controlar os comportamentos perturbadores da turma, que originaram alguma

confusão. Refira-se a título de exemplo a chegada dos alunos ao ginásio, que

devido ao entusiasmo que exteriorizavam relativamente à aula, corriam pelo

espaço e tendiam a usar os materiais dispostos para a aula, o que

comprometia o tempo da aula e o reajuste do material, coincidindo com o início

da aula. Dado este acontecimento, defini a regra do local de reunião para o

início da aula, que a partir daí passou a ser rigorosamente cumprida. Ainda

nestas primeiras aulas, a falta de uma sinalética para os alunos se

posicionarem nas situações de ensino retardava o seu início, uma vez que se

sentavam de forma dispersa complicando a instrução, o que acarretava a

reorganização dos alunos. Desde aí, percebi a relevância das rotinas como

elementos equilibradores e preparadores da aula.

No entanto, as dificuldades voltavam a aparecer noutras modalidades, por falta

de rotinas nas primeiras aulas das respetivas modalidades. Menciono, a titulo

de exemplo, o facto de não ter apontado um local para a colocação dos

volantes que não estavam a ser utilizados na modalidade de Badminton, o que

resultou em desarrumação momentânea da aula. A confusão dos materiais por

vezes influenciou a execução das tarefas, nomeadamente pelo facto de os

alunos estarem agitados quando precisavam de os utilizar. Após a

implementação das rotinas as aulas passaram a decorrer a um “ritmo” regular e

coerente, conseguindo uma maximização do tempo. Os alunos juntavam-se

organizadamente no início da aula e quando chamados a reuniões conjuntas,

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com o intuito de dar início à instrução, rapidamente reagiam nesse sentido.

Bastava escutarem um apito:

“ … Consegui implementar a rotina do som do apito, ao som de 1 apito todos

os alunos deviam parar o exercício e aproximarem-se de mim … “ (Diário de

Bordo, Novembro 2012).

De acordo com o mencionado, a implementação de rotinas é decisiva para

alcançar o controlo da turma, simplificando a atuação do professor na gestão

da aula e no controlo da turma. Para que as rotinas sejam cumpridas é também

indispensável que o professor as esclareça à turma, e que estas se realizem na

prática, tal como referem Siedentop e Tannehill (2000, p. 64) “Routines need to

be taught as specifically as one might teach how to dribble or pass. this means

explanations, demonstrations, student practice with feedback, and all other

elements related to learning sport skills.”.

3.2.3.2. Os níveis diferenciados

“Apenas 20 alunos mas com tantas diversidades” (Diário de bordo, Novembro 2012)

Após conseguir o controlo da turma e ter ganho a confiança dos alunos,

procurei investigar mecanismos de diferenciação pedagógica adequados à

diversidade dos alunos.

Segundo Perrenoud (2001, p. 27), uma viável definição para a diferenciação do

ensino é a de “organizar as interações e as atividades, de modo a que cada

aluno seja confrontado constantemente, ou ao menos com bastante frequência,

com situações didáticas mais fomentadas para ele”. Já Bourdieu (cit. por

Perrenoud, 2001, p. 152) refere que a escola é “indiferente às diferenças”, pois

“trata todos os alunos como iguais em direitos e deveres”. Contudo, Perrenoud

(2001, p. 152) cataloga a mesma manifestação como “uma desigualdade

totalmente aleatória”, apontando que o sorteio o ilustra de forma acabada, uma

vez que “nem todos ganham e os ganhos são muito desiguais”, sendo

concedidos acidentalmente. Neste entendimento, para que a escola propague

a igualdade de oportunidades, precisa de orientar a heterogeneidade dos

alunos.

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Como é óbvio, a disciplina de Educação Física não é indiferente à

heterogeneidade e esta rapidamente emerge, basta para isso examinar o

padrão motor dos alunos de uma turma. Deste modo, importa que o professor

examine esta heterogeneidade, fomentando o desenvolvimento dos alunos, por

recurso a situações de aprendizagem adaptadas às suas reais capacidades.

Tendo em atenção o referido, ao longo do EP, procurei sempre, com exceção

da modalidade de Natação, favorecer maioritariamente a ação dos alunos em

grupos com particularidades e capacidades distintas. Concluí que combinar

alunos de níveis de ensino distintos no cumprimento das tarefas pode ser

proveitoso, embora seja bastante difícil de orientar e organizar.

Relativamente à modalidade de Natação, lecionada logo no 1º e depois no 2º

períodos, posso afirmar que senti dificuldades. Nomeadamente no que respeita

à organização da turma, pois além de ter 20 alunos, estes estavam

organizados por 3 níveis para distribuir em apenas duas pistas. Isto causou,

inevitavelmente, vários tempos de espera, pois os alunos tinham de aguardar

que os colegas começassem a tarefa: só quando uns se encontravam a meio

da piscina é que outros podiam sair. Quanto à transmissão de informação, tive

dificuldade numa primeira fase, devido ao ruído que se fazia notar na piscina.

Então, para instruir ou dar algum feedback, tive de reunir os alunos junto à

margem e assim falar com uma maior proximidade. No entanto, nem tudo foi

mau, pois lecionar aulas na piscina ajudou-me a superar o problema da

colocação da voz.

Considero então relevante evidenciar que apesar de algum “caos” inicial, a

opção de combinação de níveis de ensino foi benéfico à aprendizagem dos

alunos com maiores dificuldades. Contudo, a sua contemplação deve ser

delimitada temporalmente sob o risco de estagnar a aprendizagem dos alunos

de nível superior. Foi ainda possível verificar que os alunos de nível avançado

também aprendem com os outros níveis, designadamente ao colaborar com os

restantes colegas, fortalecendo desta maneira os aspetos psicossociais.

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3.2.4. A Avaliação: “Um verdadeiro problema”

“Há tanta coisa para avaliar, irei conseguir ter “tantos olhos” para ser assim tão precisa? “

(Reflexão da aula nº 10, Badminton)

A avaliação é a consciência do próprio sistema educativo (Albuquerque,

Aranha, Gonçalves). É uma forma de podermos averiguar se tudo o que

projetamos e executamos vai de encontro aos objetivos sugeridos. Segundo os

mesmos autores, o sistema avaliativo só é eficiente se executado de uma

forma organizada, consciente e alicerçada.

Inicialmente, a noção que tinha era a de que chegava registar as prestações

iniciais dos alunos e confirmar os progressos, para no final voltar a analisar, no

sentido de atribuir uma nota. No entanto, quando confrontada com a dificuldade

de avaliar os alunos (avaliação diagnóstico, avaliação formativa e avaliação

sumativa), rapidamente reparei que não se tratava de uma tarefa de simples

concretização, sendo importante existir uma profunda interligação entre todos

os momentos de avaliação.

As estratégias que utilizei para ultrapassar esta dificuldade passaram por

assistir às aulas dos meus colegas estagiários e também de outros

professores, bem como a observação das minhas aulas pelos meus colegas,

que focalizavam a sua atenção no meu posicionamento e deslocamento na

sala de aula em relação aos meus alunos.

Esta capacidade de realizar uma tarefa específica e estar atenta ao mesmo

tempo ao resto da turma foi uma capacidade que fui ganhando ao longo dos

períodos. A acumulação de conhecimento levou-me a desenvolver a

capacidade de interpretar expressões e comportamentos sem a necessidade

de observar diretamente algumas situações.

O desenvolvimento da capacidade de recolher dados em todas as aulas

permitiu-me seguir de perto o desenvolvimento dos alunos e possibilitou-me

chegar à avaliação sumativa das diferentes modalidades, cumprindo a tarefa

com mais facilidade comparativamente à avaliação diagnóstica.

Acompanhar diariamente os alunos levou-me facilmente a compreender que o

objetivo da avaliação sumativa não é classificar de forma rígida os alunos, mas

sim antes um processo de verificação e de controlo. Na verdade, o mais

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relevante é a informação do processo. No entanto, a avaliação sumativa é

essencial, pois possibilita tirar algumas dúvidas e constitui-se como o último

momento para os alunos que ainda não conseguiram obter os objetivos

definidos.

Contudo, desde o início do ano que incuti aos alunos a ideia de que a avaliação

era essencialmente contínua, pelo que não deveriam investir somente no

momento formal e no final da avaliação. Assim, adotei uma estratégia que

passei a realizar nas aulas de Ginástica Acrobática, com o objetivo de os

sensibilizar para a questão da avaliação contínua, isto é, no final de todas as

aulas realizar um pequeno concurso que exigia a elaboração de uma

coreografia. Esta coreografia era realizada pelos diversos grupos. Quanto à

avaliação da coreografia final, esta era realizada não só por mim mas também

pelos alunos dos outros grupos. Numa fase inicial, observei que os alunos que

tinham boas capacidades para esta modalidade, mas que não se empenhavam

nas tarefas propostas, mostraram-se “chateados” por não terem as melhores

notas. Posteriormente, e passado pouco tempo, após a introdução desta

estratégia, observou-se um maior empenho da globalidade dos alunos da

turma.

Esta estratégia foi usada com o objetivo de os alunos entenderem que a

avaliação é contínua e que os resultados não são restritos aos momentos

formais de avaliação.

Com isto, quis afastá-los da pressão destes momentos mais formais e

incentivá-los a darem o máximo de si em todas as aulas. Como afirma Ribeiro

e Ribeiro (1990), a avaliação formativa, realizada em todas as aulas, deve ser

dominada pelos professores, pois é esta que deve acompanhar todo o

processo de ensino-aprendizagem.

Na verdade, a avaliação formativa proporciona ao professor dados essenciais

acerca do desenvolvimento, ou não, dos alunos, assim como se os seus

procedimentos de ensino estão a ser bem utilizados.

Outra estratégia com o objetivo de encarregar e consciencializar os alunos

pelas suas aprendizagens diz respeito à a autoavaliação dos conceitos

Psicossociais no final de cada aula. Esta estratégia foi essencial para o

crescimento pessoal de cada aluno e, naturalmente, permitiu cumprir os

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objetivos definidos ao nível dos conceitos Psicossociais a serem promovidos de

forma transversal ao longo de todas as aulas.

Outro aspeto essencial ao processo avaliativo é o domínio do conhecimento do

conteúdo das várias modalidades, algo que o professor deve possuir para

poder avaliar e atuar com confiança.

Confesso que em algumas modalidades, como o Futebol e a Natação, ainda

não me sentia apta para avaliar. Deste modo, o que procurei fazer foi ler vários

livros sobre as modalidades e conversar com a professora cooperante, na

tentativa de retirar dúvidas e dissipar incertezas. Deste modo, a avaliação que

levei a cabo passou a fazer sentido, pois sabia o que precisava de avaliar e

como fazer. Assim, e tendo como objetivo avaliar a cultura desportiva dos

alunos, realizei três testes, um em cada período. A estrutura englobou

questões de escolha múltipla e questões de verdadeiro e falso. Em menor

escala foram também feitas perguntas abertas de resposta curta. Antes de

formular estas questões, juntamente com os meus colegas, procedemos à

elaboração de um documento que incluísse informação importante sobre cada

modalidade. Assim, os testes eram planeados com base nessa documentação

(fornecida aos alunos) e nos conteúdos transmitidos ao longo das aulas. Sendo

esta disciplina prática, não considero que faça sentido realizar testes de

dificuldade acrescida.

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44

3.3. Segunda e Terceira Estação – Participação na Escola e

Relação com a comunidade

3.3.1. Atividades organizadas pelo Núcleo de Estágio

3.3.1.1. Corta – Mato

“O sol já não me aquece mais, o frio agora faz parte das minhas viagens diárias. Saio de

casa bem agasalhada, e num passo ligeiro com medo de perder o comboio das 9h55.

Está na hora de voltar à rotina diária, as férias de Natal já não estão presentes. Hoje é

dia de Corta-mato, na altura em que era aluna era um dos maiores eventos da escola,

hoje não sei!“ (Diário de bordo, Janeiro de 2013)

Decorreu no dia 11 de Janeiro de 2013 a prova de Corta – Mato da Escola

Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida. A organização foi da

responsabilidade dos docentes da Área Disciplinar de Educação Física da

Escola. Todos os professores participaram na atividade como colaboradores.

Esta atividade surge como o culminar do trabalho de um período inteiro ao

longo do qual os alunos exercitaram a corrida aeróbia. Representa também um

momento importante, talvez único, para que os alunos mais resistentes tenham

o seu momento de emulação e de vitória absoluta, pois nas aulas, face ao

reduzido tempo dedicado ao desenvolvimento da resistência aeróbia, as

prioridades e preocupações foram mais de caráter educativo. Revelou-se

extremamente positivo esta atividade integrar o planeamento anual de

atividades extracurriculares, pois permitiu, de certo modo, o envolvimento de

toda a escola.

Esta manhã desportiva revelou-se alegre e entusiasta. Aproveito as palavras

com que termino o último parágrafo para reforçar a ideia de que, sem dúvida,

este evento conseguiu mobilizar de uma forma significativa a grande maioria

dos alunos. Revelou-se, portanto, eficaz a forma como a divulgação do evento

foi feita. Os Docentes da Área Disciplinar de Educação Física escolheram bem

as formas de chegar aos alunos, motivando-os a participar no evento. Contudo,

outras estratégias poderiam ter sido utilizadas pelos professores responsáveis

para a divulgação do evento, algumas mesmo inovadoras, como por exemplo,

a criação de um sítio e envio de e-mails aos alunos. Parece-me ser importante

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que nós, professores, recorramos às novas tecnologias para melhor chegarmos

aos alunos.

Pela manhã, e à hora marcada, os alunos compareceram na escola. Os dorsais

foram distribuídos e todos os participantes sabiam a hora e em que escalão

etário iriam concorrer. Os organizadores distribuíram o número de voltas, com

distâncias e graus de dificuldade diferentes e optaram, e bem, por dividir os

alunos por idades, competindo, assim, todos em igualdade de circunstâncias e

no percurso mais adequado ao seu escalão etário. Esta opção foi adequada

porquanto aumentou a competitividade entre os participantes.

O local da prova foi o recinto escolar, apesar de esta opção ter sida tomada em

conjunto pelo Grupo de EF, penso que não houve uma aproximação à

realidade do Corta-Mato, mas quero aqui citar as palavras do Professor Rolim,

docente da FADEUP, acerca da escolha mais adequada dos locais das

corridas “ Os critérios que devem presidir à escolha e seleção do percurso do

corta-mato escolar, contrariamente ao que normalmente acontece no Atletismo

federado, deverá ser a segurança dos alunos. Assim, trajetos eminentemente

planos, pisos livres de buracos e zonas estreitas, de lama, de pedras e de

obstáculos deverão ser critério de escolha do percurso. Além deste, a

visibilidade completa do percurso, para possibilitar uma rápida intervenção se

necessário, percursos eminentemente planos, sem grandes declives, deverão

ser também critérios adicionais de seleção.”6

Deste modo, considero que a escolha do local da prova foi uma aposta

adequada pois não apresentava piso danificado, zonas escondidas e rampas

com grandes declives.

Por fim, no final da prova, foram distribuídos sandes e águas. Também aqui

tenho algumas reservas a colocar. Penso que organizadores tiveram a atenção

necessária ao pormenor da escolha coerente quanto à refeição pós-exercício.

Depois de um exercício intenso e de grande desgaste, os alimentos fornecidos

eram ricos em Hidratos de Carbono (HC) de absorção rápida, “Os hidratos de

carbono são fundamentais para manter os níveis de glicose sanguínea durante

o exercício e para re-preencher os depósitos de glicogénio”7, como são

exemplo as bebidas açucaradas. Um pão, com fiambre ou queijo, tem os

6 Rolim, R (2010) Sebenta de Atletismo.

7 Augusto, J (2009) Slides de Nutrição e Desporto

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nutrientes mais importantes para o pós exercício, a saber, os HC - no pão e

nas proteínas - no queijo e no fiambre. “Após exercício, os objetivos

nutricionais devem visar fornecer CHO para repor as reservas de glicogénio

muscular e assegurar uma rápida recuperação. Se um atleta está deplecionado

em glicogénio após exercício deve ingerir 1.5 g/kg durante os primeiros 30

minutos e repetir a ingestão cada 2 horas durante 4 a 6 horas para repor os

depósitos de glicogénio. As proteínas a consumir após exercício devem

fornecer aminoácidos para reparar e construir o tecido muscular destruído pelo

esforço. Assim, após um período inicial dirigido ao reforço do aporte de CHO,

os atletas devem consumir uma dieta mista (CHO, PROT e GORD) que forneça

as adequadas quantidades de macronutrientes”8.

No final registaram-se algumas queixas quanto à qualificação de alguns alunos,

pois eles faziam questão de se ultrapassarem já quando a prova tinha

terminado. É difícil controlar de uma forma artesanal a passagem dos alunos

pela linha de meta. Este é um ponto que só teria resolução se houvesse mais

pessoas a controlar as filas, para assim evitar aglomeração dos alunos. De

outra forma, parece-me quase humanamente impossível não haver erros.

Aprendi bastante com esta minha participação como colaboradora na atividade

do corta-mato. Foi fundamental perceber todos os passos que são necessários

percorrer para que tudo corra bem no dia da prova. Saliento a importância da

inscrição dos alunos ter sido feita atempadamente, o que permitiu organizar as

listas dos participantes por idades, que perfizeram um total de 250. Este foi,

sem dúvida, dos pontos fundamentais para o sucesso desta atividade.

8 Augusto, J (2009) Slides de Metabolismo e Nutrição

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3.3.1.2. Jogos para Todos

“No início do ano lançaram-nos um desafio – Organizar uma atividade na Escola. Temos

menos de 2 semanas para pensar no que vamos fazer, é tanta coisa que acabamos por

nos esquecer dessa responsabilidade! Sim, responsabilidade vai ser a palavra que nos

vai seguir durante a realização da mesma. Ao menos já temos um nome, “JOGOS PARA

TODOS” (Diário de Bordo, Março 2013)

No 3º Período, lançaram-nos o desafio de organizarmos um evento com

caraterísticas recreativas, de âmbito escolar, para pessoas que fossem

portadoras de deficiência intelectual e motora, isto porque o grupo concluiu que

eventos desta natureza são muito escassos. Consideramos o tema muito

interessante, pois a organização de atividades é algo que pode estar presente

no futuro do nosso dia-a-dia como docentes, junto dos nossos alunos.

O desporto adaptado caracteriza-se no geral pelo elevado grau de

envolvimento pessoal de todos os intervenientes, distinguindo-se pela

disponibilidade e entrega a uma causa com um significativo valor de âmbito

escolar.

No seguimento da literatura consultada, concluímos que não existe uma ciência

específica no que se refere à organização de eventos desportivos (Poit, 2004).

Sanz (2003) afirma que a estrutura organizativa a adotar pode ser muito

distinta em função do tipo de evento, das instituições envolvidas e dos

objetivos. No entanto, no nosso trabalho, resolvemos, na sequência da

pesquisa da revisão da literatura, adotar a estrutura organizativa sugerida por

Poit (2004). Assim, dividimos a organização do “Jogos para todos” em cinco

fases: a ideia, o projeto, o planeamento, o evento e o pós-evento.

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Organização do evento - A ideia

Na primeira reunião que tivemos com a professora cooperante, efetuada quatro

meses antes da realização do evento, surgiram várias ideias. Em resultado

deste debate, o grupo considerou interessante organizar um evento desportivo

para pessoas com deficiência intelectual e motora, bem como para pessoas

ditas normais.

Num segundo encontro com a nossa professora cooperante, efetuado um mês

e meio antes da realização do evento, demos-lhe a conhecer a nossa decisão,

sendo este o momento em que nasceu a ideia propriamente dita, isto é, onde

começámos a delinear no papel o que pretendíamos fazer. Na altura, várias

questões se colocaram:

- Quais os objetivos a atingir?

- Com quem e para quem é que o evento iria ser realizado?

- Quem seriam os responsáveis?

- Quanto custaria o evento e quais os recursos disponíveis?

- Quando é que se iria realizar?

- Qual o nome do evento?

- Que tipo de instalações seriam necessárias?

- Que atividades especificas?

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O Projeto- Elaboração do “Jogos para todos”

O projeto foi elaborado a partir da procura da resposta as questões. Já os

objetivos definidos foram:

Proporcionar à comunidade do desporto adaptado, ou não, no âmbito da

deficiência intelectual e motora, momentos de sã convivência e de troca

de experiências num ambiente de confraternização.

Contribuir para uma melhor inclusão do deficiente intelectual e motor na

comunidade educativa.

Sensibilizar os alunos em geral para a necessidade da inclusão.

Dar a oportunidade aos alunos portadores de deficiência motora ou

intelectual de praticarem atividades desportivas.

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Com quem e para quem é que o evento vai ser realizado?

Definiu-se que os alunos das nossas turmas (11º anos) seriam os voluntários,

bem como os alunos do curso Tecnológico de Desporto, isto tendo em conta

que este tipo de vivências nos permite manifestar as competências adquiridas

ao longo da sua formação e reproduzir a futura atividade profissional dos

mesmos.

O evento seria realizado, a nível da escola para os alunos do ensino básico

(5º,7º 8º e 9º ano). No entanto, por questões de espaço, orçamento e de

recursos humanos, resolvemos limitar o número de inscrições a 10 alunos por

turma, num total de 27 turmas do ensino básico.

As repostas às restantes questões podem ser consultadas no quadro 1.

Tabela 1 - Organização da atividade “Jogos para Todos”

Quem são os

responsáveis

?

Quando é

que se vai

realizar?

Qual o

nome

do

evento

?

Que tipo de

instalações?

Local/Modalidades

Organização

dos jogos:

Divulgação/Publicidade

:

Núcleo de

estágio da

Faculdade

de Desporto

da

Universidade

do Porto.

Manhã

do dia 15

de Março

de 2013.

“Jogos

para

Todos”

Instalações

de acesso

fácil, quer

para os

transportes,

quer para os

participantes

, ter

sanitários

para alunos

com

deficiência e

ter bancadas

para os

assistentes.

Pavilhão:

Basquetebol

cadeira de rodas

Ginásio: Voleibol

sentado

Campo grande

exterior: Boccia

Campo pequeno

exterior: Futebol

para cegos.

Futebol para

cegos,

basquetebol

em cadeira

rodas e

voleibol

sentado:

Jogos de 10

minutos.

•Ir às salas e falar no

início das aulas;

•Folheto informativo

no livro de ponto para

sensibilizar os

professores e estes

sensibilizarem os

alunos;

•Cartazes distribuídos

em locais estratégicos

na escola: perto das

máquinas

automáticas, entrada

da cantina/bar,

entrada das casas de

banho, entrada do

pavilhão e balneários;

•Vídeo com imagens

de jogos na cantina

durante as manhãs.

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A organização e preparação de um evento como o “Jogos para todos”, que

envolveu quase toda a comunidade escolar, permitiu unir o grupo de Educação

Física. Os tempos extracurriculares que passámos a preparar o espaço e a

definir os moldes para a sua realização também foram, sem dúvida, momentos

marcantes na minha relação com os restantes professores. O facto de

trabalharmos voluntariamente para o bem de toda a comunidade educativa,

com o objetivo de conceber, utilizar e avaliar processos de promoção de estilos

de vida ativos e saudáveis, fez crescer em mim o sentimento de pertença à

comunidade e à profissão, bem como de satisfação pessoal.

O grande investimento na conceção, planificação, realização e avaliação deste

evento de dimensão considerável contribuiu significativamente para a

construção da minha identidade profissional.

“Em primeiro lugar pretendo fazer uma apresentação detalhada da realização da

atividade. Com o intuito de avaliarmos o sucesso do “Jogos por todos”, achamos por

bem pedir a ajuda dos professores de educação física e dos voluntários. (Diário de

Bordo, Março de 2013)

1. Reunião com os voluntários

Reunião (8h) com todos os professores colaboradores, num total de 4

elementos, para explicar as funções de cada um. Voltámos a relembrar os

objetivos do evento e, em resumo, os aspetos abordados na ação de

sensibilização (sala em sala), isto tendo em conta que não puderam estar

presentes na mesma. Foram distribuídos aos alunos os respetivos materiais

(cronómetros, esferográficas, fichas de registo dos jogos).

2. Receção dos participantes e Discurso

Cerca das 9h20 horas, chegaram os alunos do 5º, 7º,8º e 9ºanos. Foram

recebidos e encaminhados para o pavilhão grande (campo de basquetebol

interior). Às 9h30, demos início ao “Jogos para todos” com o discurso de

abertura, em que se deu as boas vindas a todos os presentes.

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3. Os jogos

Iniciaram-se os jogos. Os participantes davam mostras de felicidade, através

dos sorrisos que transpareciam nos rostos, das palavras que pronunciavam e

da vontade demonstrada em efetuar várias vezes os jogos.

Os jogos, para alguns, eram um desafio fácil de concretizar, para outros, eram

um pouco difíceis, mas com ajuda, quer dos acompanhantes, quer dos

voluntários, todos conseguiram executá-los. Foi notório, nos casos em que

alguns apresentavam numa fase inicial receio/dificuldade perante algumas

situações, que depois de as ultrapassarem, ganhavam confiança e queriam

repetir.

As dificuldades foram mais evidentes no voleibol, jogo em que eles estavam

limitados, tendo apenas os braços para se movimentarem.

4. O Encerramento dos “Jogos para Todos”

Por volta das 12h50 horas, achámos por bem terminar os jogos, já que os

participantes os tinham repetido várias vezes, de uma forma entusiasmada e

não queríamos que eles chegassem à exaustão, procurando, desta forma,

evitar que o momento de felicidade se transformasse num momento menos

agradável.

Fez-se então o discurso de encerramento e a entrega de prémios. Este

momento também se revestiu de grande importância para os participantes,

porquanto era visível a alegria com que recebiam o troféu e os aplausos.

No momento da despedida, era bem patente a alegria de todos os

participantes. A prova deste contentamento estava nas questões que alguns

nos colocaram, com o intuito de voltarem, num próximo dia, para fazerem

novamente os jogos.

Penso que foi uma manhã muito importante, em que o objetivo central foi

alcançado, ou seja, o convívio entre todos os intervenientes esteve

permanentemente presente, foi constantemente o nosso fio condutor. É um

conforto muito grande quando organizamos um evento desta natureza e

chegámos ao fim com a certeza de missão cumprida.

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5. Outros aspetos a referir

De salientar que, como não tivemos técnico de som nem fotógrafo, estas

funções foram distribuídas pelos voluntários.

O balanço foi muito positivo, agradecemos toda a colaboração que a instituição

nos deu. Os nossos agradecimentos abrangeram todos os que, de uma forma

mais direta ou indireta, colaboraram connosco na organização do “Jogos para

Todos”, desde os professores aos funcionários, que foram incansáveis.

Para finalizar este balanço, a escola Básica e Secundária Domingos Capela

lançou-nos o repto para voltarmos a organizar o “Jogos para Todos”, no 3º

período na escola deles. Este convite teve uma grande importância para nós

pois, à primeira vista, significou que a instituição estava interessada na nossa

atividade. A nossa resposta foi afirmativa, desde que tivéssemos

disponibilidade.

3.3.1.3. MEXE – TE

“Faltam 5 minutos para o comboio partir rumo a Espinho. Aproveito para escrever o que

sinto neste momento. Não há palavras! Não há palavras para descrever o que sinto

neste momento em relação à emoção vivida durante estes dez meses. Entre tantos

momentos passados, chegou a hora de terminar a minha viagem. Mas para nos

despedirmos em “grande”, hoje é o dia do “MEXE-TE” na Escola. Vou aproveitar este

último momento como se fosse o primeiro de MUITOS.” (Diário de Bordo, Junho de

2013)

Esta atividade foi organizada pelo “Subdepartamento” de Educação Física e

desenrolou-se no 3º período. Esta atividade é uma tradição da ESMGA e

digamos que é o momento alto do ano letivo. É um evento realizado na Escola,

nas piscinas Municipais e na Praia de Espinho, locais ideais para abarcar a

totalidade da comunidade escolar. O principal objetivo desta atividade é

estimular as qualidades e capacidades que os alunos têm, através da

participação no seu Desporto favorito.

Chegado o dia do Mexe-te, ficamos maravilhados e surpreendidos pela positiva

com a prestação dos alunos. Foram realizados variadíssimos desportos desde

o Futebol, o Andebol, o Voleibol de Praia, e diversos tipos de danças Hip Hop,

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Zumba, jogos tradicionais para os mais pequenos, bem como desportos da

natureza e natação. Muitos alunos, incluindo alguns da minha turma, revelaram

qualidades que desconhecia e foi com enorme gosto e orgulho que os vi a

jogar. Para além de termos o papel de orientar os alunos no 1º ciclo nos jogos

tradicionais, também auxiliamos na arrumação e limpeza do espaço e do

material.

Foi, sem dúvida, uma experiência compensadora, cheia de emoções fortes e

que, certamente, irei recordar com saudade.

3.3.2. Desporto Escolar

“Quarta-feira, é um dos meus dias favoritos da semana. Há Desporto Escolar! Acho

incrível a envolvência dos alunos nos treinos, nunca “refilam” por que lhes peço para

correrem 10 minutos, pois o desporto escolar não é de carisma obrigatório, eles estão lá

porque GOSTAM” (Diário de Bordo, Abril de 2013)

Como refere Teixeira (2007), o Desporto Escolar tem grande relevância no

processo educativo dos jovens, a qual é evidenciada pelas características

inclusivas e pelo elevado poder de socialização que o carateriza, através de

novas experiências, prática e realidades.

Durante o 1º, 2º e 3º períodos, segui o grupo de Badminton da ESMGA,

orientado por uma Professora do quadro.

Este acompanhamento foi uma iniciativa notável pois fiquei a entender, de uma

forma mais clara, a dinâmica do Desporto Escolar (DE). Em situação de treino,

foi observável um alto empenho e entrega dos alunos, dominando um ambiente

amigável e cooperativo entre eles. Ainda bem que este ano não puseram

término ao desporto escolar, pois de facto este tem mais-valias educativas

essenciais e marcantes para a formação dos alunos. O espírito de grupo, o

convívio, a filiação e autoestima são exemplo de valores veiculados nas

práticas de DE, essenciais para a formação pessoal dos alunos. Nem todos os

jovens têm a hipótese de pertencer a um clube ou a uma organização

desportiva de maneira a terem uma convivência com o desporto de uma forma

mais verdadeira. Neste sentido, defendo que o desporto escolar deve

beneficiar a inclusão de alunos não federados nas suas equipas. Este espaço

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formativo constitui-se também como um bom meio para a deteção de talentos

de maneira a serem reencaminhados para os clubes. Defendo também que

apesar da competição ser fulcral no desporto escolar, o professor responsável

deve deixar este aspeto para segundo plano, fazendo uma gestão justa e

equilibrada de todos os elementos da equipa.

Em tom de conclusão, acho relevante exaltar a motivação e dedicação dos

alunos que participam no DE. Estes envolveram-se numa atividade que não é

de caráter obrigatório, o que prova o seu gosto pela prática desportiva. Perfeito

seria que em todas as escolas o DE agrupasse um vasto leque de

modalidades, de maneira a satisfazer os gostos e carências de um maior

número de alunos, ampliando os níveis de participação em atividades

desportivas e a colaboração para a formação de mais e melhores cidadãos.

Para finalizar, refiro que esta foi uma experiência extremamente positiva, visto

que me possibilitou entender o funcionamento e a organização do DE e o

conhecimento de possíveis maneiras de dinamização desta atividade dentro e

fora da Escola.

3.3.3. Direção de turma

“Se não fossem as informações da Diretora de Turma sobre o perfil da turma, teria

cometido alguns erros no início do 1º Período” (Reflexão Final 1º Período, Dezembro

2012)

Desde muito cedo que a nossa PC, pelos vários diálogos, nos transmitiu as

funções do Diretor de Turma (DT). De facto, este é um cargo de grande

responsabilidade, pois o DT tem o papel de informar os Encarregados de

Educação sobre todo o processo de ensino-aprendizagem dos seus

educandos. É ainda papel do Diretor de Turma conhecer os seus alunos de

forma aprofundada, de maneira a perceber quais as suas carências e

problemas e comunica-los aos restantes professores da turma. Por outro lado,

também tem o papel de acompanhar o aproveitamento escolar de cada aluno

nas várias disciplinas para informar os Encarregados de Educação.

Estive presente em várias reuniões de Conselho de Turma e de Encarregados

de Educação e pude compreender que é importante o Diretor de Turma ter

uma ideia bem clara e definida da turma. Muitas vezes, um aluno não alcança o

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rendimento aguardado na sala de aula ou modifica o seu comportamento.

Nestas situações, o Diretor de Turma tem de ter capacidade para

compreender, junto do aluno, a origem do problema.

Apesar de não ter estado tão ligada à direção de turma percebi que a principal

função do Diretor de Turma é servir de intermediário entre os professores e os

encarregados de educação, sendo que esta tarefa, tal como compreendi no

decorrer do ano letivo, nem sempre é fácil. A sobrecarga administrativa

dificilmente é possível de ser realizada nos dois tempos semanais previstos no

horário, sendo que um deles é entregue à receção dos encarregados de

educação. Nos casos mais alarmantes, especialmente quando os

encarregados de educação não têm uma participação ativa na educação dos

filhos, a função do DT é muito mais focada e preocupada nos mesmos. Para

este cenário muito contribui a sociedade de facilitismo que impera e para a qual

as nossas crianças e jovens estão a transitar.

Devido à não existência de casos problemáticos na minha turma, não houve

necessidade de acompanhar os alunos de forma muito próxima como o Diretor

de Turma, gerindo rigorosamente o processo tanto no vetor administrativo

como humano. Contudo, em conversa com a DT da minha turma, compreendi,

ao nível administrativo, as ações a adotar no que diz respeito às provas de

recuperação. Já a nível humano, identifiquei prováveis estratégias para poder

intervir nos casos de atrasos dos alunos mais “incertos”. É importante

evidenciar que este tema relativo à responsabilidade dos alunos foi muito

discutido nos conselhos de turma e nas reuniões intercalares. Apesar de ter

terminado o meu ensino secundário apenas há cinco anos, a partilha da

experiência dos vários professores fez-me compreender que hoje os alunos

com comportamentos pouco responsáveis não são apenas casos isolados.

Estamos perante turmas com os mesmos comportamentos, nas quais, mesmo

os alunos mais responsáveis, acabam por ser influenciados pelos colegas,

acabando por ter comportamentos irresponsáveis.

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3.3.4. Uma paragem inesperada – Escola Básica Espinho 2

“A prática pedagógica na sala de aula não é a concretização de uma teoria, nem mesmo

de regras de ação ou de receitas. Ela é mais do que isso, e a sua própria concretização

está subordinada ao funcionamento do sistema de esquemas geradores de decisões”

(Perrenoud, 1997, p. 40)

Aqui estão presentes alguns pensamentos que tive durante as reflexões

diárias:

“Esta experiência é muito confusa, tem havido tantas desventuras: mudança de turmas,

aulas esquecidas, turnos confundidos, etc.... Penso que vou ter algumas dificuldades,

pois não me sinto muito à vontade com turmas de crianças... Os alunos não estão

acostumados a novas caras, ainda por cima tão jovens como as nossas. A faculdade

não me preparou para este tipo de situações e aquela ideia sobre o professor de

educação física e as aulas idealizadas não condizem com a realidade... As aulas de

educação física podem até ser obrigatórias, mas ainda não são valorizadas. Os pais e a

escola vêm a disciplina como um entretenimento.“

“Senti a necessidade de procurar exercícios para este escalão etário e como é que estes

podem ser trabalhados, mas no momento de utilizar o que nos propomos no papel,

confirmamos que nem tudo é apropriado para aquele momento ou turma (...)

Inicialmente, percebemos que houve medo e um sentimento de insegurança quanto a

como seria o nosso trabalho e a forma como os trataríamos (mal sabiam eles que eu

também estava incerta e receosa da forma como seria aceite pela turma).”

Estes excertos retratam alguns dos momentos que vivenciei na Educação Pré-

Escolar. No início, uma das grandes complicações foi a articulação da teoria

com a prática. No princípio, revelou-se mais difícil fazer essa articulação, uma

vez que nunca tinha tido experiência de ensino com crianças, o que levou a

que a problematização das questões da didática, como por exemplo a

organização dos alunos e a tipologia de tarefas, fosse um constrangimento que

tive que superar. Este ponto foi progressivamente melhorando ao longo das

aulas. No início, as aulas eram planeadas apenas no sentido de criar com as

crianças uma boa relação pedagógica. Só depois, e após um conhecimento

mais aprofundado do grupo de crianças e do contexto em que decorreu a

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intervenção, é que as atividades se foram tornando mais adequadas aos seus

interesses e necessidades. Neste sentido, este foi um ponto essencial na

minha evolução enquanto futura profissional de educação.

Ao longo deste caminho, senti várias pressões e dificuldades, que são

habituais numa fase de iniciação à prática profissional. Estas passaram

principalmente pela gestão e domínio do grupo, uma vez que este era um

grupo de crianças muito pequenas (4 a 7 anos) (Figura 2) que precisavam de

uma atenção bastante individualizada, sendo ainda bastante dependentes do

adulto. Acresce que algumas crianças estavam pela primeira vez no jardim-de-

infância. Para além disso, este escalão etário tem um menor nível de

concentração, sendo necessário um maior cuidado relativamente aos aspetos

motivacionais para a execução continuada das atividades.

Assim, ao longo do tempo, e após conhecer melhor cada criança, foi mais fácil

planear atividades motivadoras e adaptadas à sua faixa etária, isto é, tendo em

conta as suas necessidades.

Figura 2 – Turma AEC’S

Em relação à gestão dos recursos, também houve algum progresso. No início,

as rotinas eram uma barreira à execução de algumas atividades, enquanto as

planeava sem ter em conta esses tempos, assim como os períodos de

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divertimento, que percebi serem fundamentais para o desenvolvimento das

capacidades motoras da criança.

Podemos porém considerar estas barreiras mencionadas como sucessos

alcançados, uma vez que foram ultrapassados da melhor maneira. Contudo,

também houve nesta experiência aspetos que correram menos bem, que

podemos considerar como fracassos.

Existiram, por exemplo, atividades, que no início não motivaram as crianças,

nomeadamente a realização de certos circuitos de exercícios e jogos, que se

revelaram difíceis de realizar, levando ao fracasso na sua concretização.

Também ao nível da interação com a comunidade educativa, houve, de certa

forma, um falhanço, porquanto houve alguma falta de comunicação entre as

professoras das turmas. Desta forma, tornou-se mais árdua a tarefa de agir em

cooperação com as respetivas professoras.

Outro objetivo que defini para este estágio foi o de conseguir criar uma relação

pedagógica com as crianças que se fundamentasse na afetividade, mas que

simultaneamente fosse assertiva. Este aspeto foi também sendo alcançado ao

longo do tempo, uma vez que a relação estabelecida com as crianças se tornou

cada vez mais íntima. No início de estágio, era difícil assumir uma postura mais

assertiva, até porque não conhecemos suficientemente bem as crianças, para

percebermos quais os seus limites, por exemplo, quando as crianças pedem

para ir à casa de banho ou para ir beber água. Assim, ao longo do tempo, esse

conhecimento vai sendo adquirido, permitindo perceber e saber melhor o que

cada criança necessitava, passando a ponderar mais corretamente o modo de

agir, para o bem e para o mal. Outro objetivo que defini, para esta experiência

em Educação Pré-Escolar, foi o de realizar uma maior diferenciação

pedagógica, no sentido de entender ainda melhor cada criança como um ser

único e individual, e quem sabe oferecer atividades de forma ainda mais

individualizadas.

Sem dúvida que houve um progresso dentro dos possíveis, tendo em conta o

curto espaço de tempo despendido para esta experiência.

Assim, notou-se um desenvolvimento não só em termos de aprendizagens,

como também nos materiais e estratégias utilizados, e planificações

elaboradas.

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No que diz respeito aos materiais utilizados, tentou-se que estes fossem os

mais variados possíveis, obviamente, dentro dos limites que foram

estabelecidos. A partir do momento em que começamos a conhecer melhor o

grupo, apesar de seguirmos a mesma linha orientadora da professora

cooperante, tivemos em atenção os interesses manifestados e as

necessidades observadas dos alunos.

Por último, mas tão ou mais relevante do que os pontos anteriormente

referidos, foi a melhoria da minha intervenção, isto é, a própria ação. No início,

os maiores impedimentos passavam pelo domínio da turma, pela falta de

assertividade perante esta: a tendência era dar demasiada “liberdade” aos

alunos para se expressarem, o que ocupava muito tempo da aula, tempo que

estava reservado às tarefas e a que se associava a incapacidade de “resolver”

situações inesperadas. Tudo isto acontecia, talvez, pela falta de confiança.

Com o tempo e prática, fui superando algumas destas falhas, nomeadamente

em termos da assertividade para com a turma, como é visível no excerto a

seguir apresentado:

“… ao fim do 3º mês de lecionação de aulas ao 1º ciclo conquistei mais à vontade

perante as turmas. Consigo agora adaptar-me bem a certos imprevistos, ainda hoje

tivemos 3 turmas no pavilhão pequeno e conseguimos contornar o problema com a

realização de um circuito…“ (reflexão da aula nº 33, Novembro 2012).

Esse fator ajudou, em grande parte, para que conseguisse cumprir o plano e

não atrasasse as tarefas ou deixasse de as executar, como ocorria no início do

estágio. Pelo contrário, começaram a surgir algumas aulas em que o tempo

traçado era demasiado, acabando por “restar” tempo de aula, aí entrava em

ação o chamado “Plano B”. Este foi também um fator que contribuiu para

melhorar a minha capacidade de “improviso”. Assim, começamos a planificar o

“Plano B”, para que, no caso de alguma má antecipação do tempo acontecer,

termos alguma estratégia/atividade planeada adequada à turma.

Também o domínio da turma foi sendo cada vez melhor, talvez pelo conjunto

de fatores referidos anteriormente.

Porém, no término, considero que ainda havia necessidade de “limar” algumas

“arestas”, de modo a ter mais eficácia na minha intervenção com este escalão

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etário. Não foi viável, em tão curto espaço de tempo, superar por completo

todas as dificuldades sentidas, mas considero que ambos os espaços de

intervenção se assumiram como um tempo de aprendizagem imprescindível

para fortalecer a construção da minha profissionalização. Porém, um

professor/educador tem que investir na formação todos os dias ao longo da sua

vida, uma vez que cada turma/grupo e cada criança/aluno são singulares e

sempre dissemelhantes. Deste modo, o professor deve ser alguém que

“reflete sobre as suas práticas, apoiando-se na experiência, na investigação e em outros

recursos importantes para a avaliação do seu desenvolvimento profissional,

nomeadamente no seu próprio projeto de formação” (Decreto-Lei n.º240/2001 de 30 de

Agosto).

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3.4. Quarta Estação – Desenvolvimento Profissional

“É essencial que na formação inicial se lancem as bases para que se crie o hábito de se

utilizar a reflexão como uma ferramenta essencial, fundamental e central do processo de

desenvolvimento e melhoria das práticas profissionais.”

(Rodrigues, 2009,p14.)

Segundo Rodrigues (2009,p. 14), “É fundamental que a prática da reflexão seja

entendida como a melhor e mais eficaz forma de dar resposta a uma atividade

profissional que se carateriza pela complexidade dos saberes e a incerteza das

situações”. Deste modo, esta viagem foi orientada pela reflexão. Hoje não sou

apenas uma professora que entende a relevância da reflexão, mas sim uma

aliada do ato reflexivo, pois tenho noção de que não basta procurar resoluções,

é necessário dar razão à nossa ação. Tenho consciência de que este processo

é imprescindível para a evolução de um professor, pois só assim este poderá

iniciar um método de reconfiguração de crenças, fundamental ao processo de

ensino.

Assim, nesta última “estação” pretendo retratar a minha ação como docente. O

processo de formação de um professor é algo que nunca está concluído, pois é

indispensável que este se adeque ao surgimento de novas conjeturas e que

atualize constantemente o seu saber. Ao longo destes dez meses, foram

diversas as tarefas e as atividades que concretizei com o propósito de

fortalecer as minhas aptidões e competências como profissional.

O Projeto de Formação Inicial (PFI), realizado ao longo do 1º período, foi uma

tarefa que me possibilitou esclarecer e estruturar bem os objetivos que

desejava alcançar ao longo destes dez meses de estágio. Este foi um

documento que me influenciou a refletir sobre o processo de ensino-

aprendizagem, no que concerne às minhas dificuldades e apreensões, assim

como às estratégias e meios a que poderia recorrer para as ultrapassar.

Acresce que as ações que o núcleo de estágio ponderou desenvolver ao longo

deste ano também foram aqui expostas e refletidas, no sentido de procurar

esclarecer cada estrutura base que nos possibilitasse orientar o resto do ano.

Este foi, com certeza, um documento muito relevante, que me ajudou durante o

ano letivo e que concluiu com a concretização deste RE. Agora que estou no

último apeadeiro da minha viagem de comboio, importa efetuar uma

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retrospetiva da atividade que desenvolvi como professora, procurando verificar

se o que tinha determinado no PFI foi ou não alcançado.

A execução do meu Projeto de Estudo, que será exposto neste relatório, foi

uma tarefa muito relevante para a minha evolução profissional. Investiguei

muito e esforcei-me para alcançar os objetivos a que me tinha proposto. Foi

uma tarefa difícil, pois a minha não experiência neste tipo de trabalhos

constitui-se como um obstáculo a ultrapassar, principalmente ao nível do

tratamento dos dados.

Este documento foi a derradeira tarefa que tive que concretizar neste ano de

estágio. Foi um documento árduo de compor mas, ao mesmo tempo, aquele

que me deu mais satisfação. Este constitui-se como um lugar onde pude refletir

sobre a atividade que desenvolvi ao longo destes dez meses.

Ao nível da formação inicial, este ano de estágio foi o que me ofereceu mais

experiências e práticas e o que me possibilitou crescer mais ao nível

profissional. Digo isto sem desvalorizar a formação que tive antes, que

seguramente foi muito importante. No entanto, este ano tive a oportunidade de

abordar a “verdade” do ensino. Considero que a minha flexibilidade para

aprender e o saber ouvir também foram elementos determinantes para que

pudesse progredir enquanto professora de Educação Física. Com todos os

diálogos e conversas que tive no dia-a-dia com a professora cooperante e

colegas de estágio, com as aulas lecionadas e respetivas reflexões, pouco a

pouco, fui melhorando o meu desempenho, e agora, no final, sinto-me muito

mais competente e apta para encarar qualquer desafio.

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3.5. Representações de “bom professor” de Educação Física em

alunos dos ensinos básico e secundário da Escola Secundária

Dr. Manuel Gomes de Almeida

3.5.1. Resumo

O presente estudo teve como objetivo, saber a opinião dos alunos do Ensino

Básico e do Ensino Secundário que para eles é “O Bom-Professor de

Educação Física. A amostra foi constituída por 23% dos alunos que frequentam

o ensino básico e secundário da Escola Secundária Dr. Manuel Gomes

Almeida, num total de 212 alunos. O instrumento utilizado para a recolha de

dados foi um questionário, “Questionário Representação dos alunos sobre o

que pensam ser um Bom professor de Educação Física” escrito por Resende,

Povoas, Moreira & Albuquerque (2011). Constituído por 28 afirmações,

avaliado numa escala de 1 a 5 (1=Nunca; 2=Raramente; 3=Algumas Vezes;

4=Muitas Vezes; 5=Sempre). Os resultados registaram diferenças significativas

em algumas dimensões: Aspetos negativos do Professor”; “Conhecimento do

Professor”,; “Clima de aula” e “Interação com o aluno”. Os alunos do Ensino

Secundário atribuíram maior valor às questões do “Conhecimento do

Professor”, ”Clima de Aula” e “Interação com o Aluno”. Já os alunos do Ensino

Básico deram às questões ligadas aos “Aspetos negativos do Professor”.

Palavras-chave: Bom Professor, Educação Física, Alunos do Ensino Básico e

Secundário.

3.5.2. Introdução

O ensino foca cada vez menos a atenção numa só tarefa ou preocupação.

Muitos são os passos a seguir até podermos alcançar, o momento em que

realmente ensinamos. como defende Formosinho (1992, p. ) “o professor deve

ser um novo professor, uma pessoa psicologicamente madura e

pedagogicamente formada, capaz de ser o instrutor e o facilitador da

aprendizagem, o expositor do ensino, o dinamizador de grupos e o avaliador de

performances, o controlador, o catalisador empático de relações humanas e o

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investigador, o que domina os conteúdos e o modo de os transmitir, o que

ensina para se aprender e ensina a aprender”.

O professor não só tem de ter sabedoria técnica, mas, cada vez mais, tem de

saber a lidar com multiplicidade de fatores que podem influenciar, positiva ou

negativamente as suas aulas. Esses fatores podem ser: a personalidade dos

alunos, as suas experiências de vida, o ambiente social fora e dentro da

escola, entre outros, “obrigando”, assim, a uma moldagem por parte do

professor.

Nas últimas décadas, o professor tem exercido um papel importante dentro da

escola. Ele é o elemento de ligação entre o contexto interno, a escola, e o

contexto externo, bem como a sociedade, o conhecimento dinâmico e o aluno.

Como defende Formosinho (1992), todo o professor é, por natureza, um ator,

um educador cívico, social, moral, um modelo.

A importância do papel do professor na aula de educação física, enquanto

agente didático, nunca esteve tão patente como nos dias de hoje favorecendo

assim a compreensão mútua e a tolerância. São enormes as responsabilidades

dos professores de EF. Cabe a eles formar o caráter e o espírito das novas

gerações. Como refere Pereira (2000), “A excelência profissional em Educação

Física e Desporto depende das características de mestria, nomeadamente as

capacidades de resposta rápida e apurada, capacidade de adaptação às

circunstâncias da realidade e autoanálise crítica da sua própria competência e

ainda a capacidade de análise e da avaliação das situações mais finas e

precisas”.

O professor deve ter capacidade de desafiar o aluno, criando-lhe a vontade de

querer saber. Uma forma de criar interesse é procurar desenvolver nos alunos

uma atitude de investigação, uma atitude que garanta o desejo mais duradouro

de procura pelo saber. Desejar saber deve passar a ser um modo de vida.

Essa atitude pode ser desenvolvida com atividades muito simples, que

começam pelo incentivo à observação da realidade próxima ao aluno, à sua

vida quotidiana e aos objetos que fazem parte do seu mundo físico e social.

O aluno deve ser estimulado para conseguir ir além do conteúdo abordado na

aula, participando ativamente no processo ensino-aprendizagem, pesquisando,

questionando e relatando as suas experiências. Tal prática visa o

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desenvolvimento das capacidades de socialização e de aprendizagem

colaborativa, indispensáveis nos dias de hoje (Pereira, 2002).

Caraterísticas do “Bom Professor de EF”

Cunha (2007) advoga que o professor de EF tem que possuir bases científicas

que permitam um desenvolvimento motor adequado do aluno, proporcionando

o gosto pela aprendizagem das atividades físicas, tendo em conta a saúde e as

suas limitações. Já Sanmartín e López (2011) Num estudo com 2189 alunos

espanhóis, com idades entre os 13 e os 18 anos, chegaram a um conjunto de

caraterísticas que os alunos apontam como sendo as principais de um bom

professor de EF: O controlo da aula e da disciplina, a motivação dos alunos e a

sua preocupação com estes. Por outro lado, as características mais

importantes que enunciaram para a indisciplina foram: a indiferença do

professor e a falta de razões para que os alunos fossem disciplinados.

Noutro estudo Krug e Krug (2008) investigaram as características pessoais do

bom professor de EF. Segundo o estudo, o bom professor de EF é aquele que

na prática pedagógica tem como principais caraterísticas pessoais: boa

didática, domínio do conteúdo, respeitador, criativo e gostar do que faz.

Já de acordo com Pitta (1999) são 4 as dimensões fundamentais do bom

professor: i) A dimensão motivadora, que capacita o professor a motivar os

alunos, possibilitando-lhes uma adequada aprendizagem e os meios

necessários para evoluir e enfrentar os desafios da vida; ii) A dimensão

relacional, que se relaciona com o bom clima de aula; iii) A dimensão ética do

bom professor, que contribui para a formação do caráter e dos valores dos

alunos, indispensáveis ao desenvolvimento da sua maturidade e inserção na

vida social: iv) A dimensão construtiva, aquela que se reflete na admiração que

os alunos têm pelo professor, pela sua habilidade para os ensinar, a sua

clareza e a forma como os orienta nas suas tarefas. Reflete também a sua

forma de ser imparcial, como controla a turma, o afeto que transmite aos

alunos, a paciência, o bom humor e o tratamento justo.

Neste estudo específico o que se procurei foi é a partir das representações dos

alunos, designadamente dos aspetos que eles mais valorizaram no bom

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professor, melhorar o meu desempenho como professora, pela definição e

implementação de novas e (re)novadas estratégias.

3.5.3. Metodologia

3.5.3.1. Natureza do estudo

O estudo é de natureza quantitativa, isto porque a natureza do instrumento

utilizado para a recolha de dados é um questionário com respostas numa escal

de Likert, que foi submetido a procedimentos estatísticos de análise. O que

interessa não é o caso, mas sim os dados como um todo, ou explorados em

função de variáveis.

3.5.3.2. Justificação do Tema

Esta temática surgiu em resultados das reflexões efetuadas no decurso do

primeiro período que colocaram em evidência alguns dilemas:

Como deve intervir um bom professor?

Qual deve ser a postura de um bom professor?

Como reage um bom professor aos imprevistos ocorridos na aula?

No entendimento que defendo, um “professor ideal” tem que possuir

capacidade de intervenção aliada a um espírito criativo que o ajude a

ultrapassar as dificuldades impostas pelo exercício desta profissão. Deste

modo, considerei que a partir das representações dos alunos, podia obter

dados que me permitissem melhorar o meu desempenho como professora,

proporcionando, assim, aos meus alunos mais e melhores aprendizagens.

3.5.4. Objetivo geral

Captar a opinião dos alunos acerca do seu entendimento do que é um “Bom-

Professor de Educação Física”, de modo a melhorar o meu desempenho

enquanto professora.

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3.5.5. Objetivos específicos

Definir o perfil de um bom professor de Educação Física a partir das

representações dos alunos em 5 dimensões: Conhecimentos didáticos

específicos; Comportamentos inapropriados; Clima da aula; Controlo e

gestão da aula e Interação com o aluno.

Detetar os aspetos que os alunos mais valorizam no bom professor de

Educação Física.

Analisar as representações do “Bom” Professor de EF nas cinco

dimensões em função do sexo, da prática desportiva (praticantes e não

praticantes) e do nível de ensino (Básico e Secundário).

3.5.6. Caraterização da Amostra

A amostra foi constituída por 23% dos alunos que frequentam o ensino básico

e secundário da Escola Secundária Dr. Manuel Gomes Almeida, num total de

212 alunos. A proporcionalidade dos dois ciclos de ensino foi mantida na

seleção da amostra da população do ensino básico e secundário.

A seleção dos participantes foi efetuada aleatoriamente de entre os alunos que

frequentavam o ensino Básico e Secundário.

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Escalão Etário

O gráfico 1 ilustra que a idade dos participantes está compreendida etária entre

os 10 e os 20 anos. É possível ainda observar que a maioria tem 16 anos

(18,4%), logo seguida dos 13 anos (17,9%) e depois dos 17 anos (15,1%). As

idades menos frequentes são os 20 anos (0,4%), os 19 anos (2,3%) e os 18

anos (3,7%).

Quanto ao género, verificou-se que o número de alunos do sexo feminino

(55%) e do sexo masculino (45%) é muito aproximado.

Gráfico 1 - Idade dos alunos

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Idade

Idade

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Ano de Escolaridade

Relativamente ao ano de escolaridade dos participantes, 23 dos discentes

encontravam-se no 5º ano de escolaridade (10,8%), 21 no 7º (9,9%), 50 no 8º

(23,6 %), 25 no 9º (11,8%), 27 no 10º (12,8%) 45 no 11º (21,2) e 21 no 12º ano

(9,9%).

No que diz respeito ao ano de escolaridade, constata-se que a amostra é

composta por mais alunos do ensino básico (56,1%), em comparação com o

ensino secundário (43,9%), sendo o ano de escolaridade mais representado o

oitavo ano (8º) (Gráfico 2).

Gráfico 2 - Ano de escolaridade dos participantes

0

10

20

30

40

50

60

5º 7º 8º 9º 10º 11º 12º

Ano de Escolaridade

Ano de Escolaridade

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Prática Desportiva

No que concerne á prática desportiva a amostra revelou mais alunos

Praticantes de Desporto (54,2%) em comparação com os alunos que não

realizam qualquer prática desportiva (45,8%).

No que concerne à tipologia de prática desportiva, ela é maioritariamente

federada (71,3%), os não federados são em muito menor número (28,7%)

(Gráfico 3).

Gráfico 3 - Participantes que praticam desporto

0

20

40

60

80

100

120

140

Pratica DesportoNão Pratica DesportoFederado Não Federado

Prática Desportiva e Desporto Federado

Pratica Desporto

Não Pratica Desporto

Federado

Não Federado

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Desporto Escolar

Relativamente ao Desporto Escolar, verifica-se que apenas 8 alunos (3,8%)

praticam desporto escolar na Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de

Almeida e que 204 alunos (96,2%) não praticam desporto na escola (Gráfico4).

Gráfico 4 - Participantes Desporto Escolar

0

50

100

150

200

250

Pratica Desporto Escolar Não pratica DesportoEscolar

Desporto Escolar

Desporto Escolar

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3.6. Instrumentos

O instrumento utilizado foi: o questionário pelos seus diversos benefícios,

designadamente:

Rapidez em termos de tempo;

Segurança da angariação de uma maior quantidade e fiabilidade de

respostas;

Baixo custo;

Capacidade de atingir uma grande população dispersa;

Maior grau de liberdade e tempo para o respondente;

Possibilidade de acontecerem distorções reduzido;

Facultam a obtenção de dados muitas vezes superficiais e os dados

mais detalhados podem ser obtidos com as questões abertas.

(Cunha, 1982, Cunha & Batista, 2008).

O questionário utilizado foi o, “Questionário Representação dos alunos sobre o

que pensam ser um Bom professor de Educação Física” de Resende, Povoas,

Moreira & Albuquerque (2011). O questionário está estruturado em duas partes.

A primeira parte contém seis questões com elementos caracterizadores. A

segunda parte tem 28 itens, que indagam sobre as representações acerca dos

comportamentos que um bom professor de EF deve ter, divididas em cinco

dimensões: Conhecimentos didáticos específicos; Comportamentos

inapropriados; Clima da aula; Controlo e gestão da aula e Interação com o

aluno.

As respostas são dadas numa escala de Likert de cinco pontos (1- Nunca; 2-

Raramente; 3- Algumas Vezes; 4- Muitas vezes; 5- Sempre).

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3.6.1. Procedimentos de Aplicação

Os dados deste estudo foram recolhidos na Escola Dr. Manuel Gomes de

Almeida em Espinho. O questionário foi aplicado no presente ano letivo durante

o 2º período.

Em termos de preenchimento este teve uma duração de cerca de 10 minutos.

Os responsáveis pela aplicação foram os professores de EF de cada turma. A

aplicação teve lugar no espaço de aula, sempre no fim de uma aula.

3.6.2. Procedimentos Estatísticos

Após a recolha dos dados estes foram inseridos no SPSS. Em termos de

procedimentos recorreu-se à estatística descritiva (medidas de tendência

central, de dispersão e frequência) e a estatística inferencial o teste t-student.

O nível de significância utilizado foi p ≤ 0,05.

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3.7. Resultados - Representações do “Bom Professor de EF”

Análise por nível de escolaridade - Ensino Básico e Ensino Secundário

A análise da tabela 2 coloca em evidência que nas dimensões “Aspetos

negativos do professor, “Conhecimentos do Professor”, “Clima de aula” e

“Interação com o aluno” existem diferenças significativas em termos de

valorização entre os alunos do Ensino Básico e do Ensino Secundário. De

facto, os alunos do Ensino Básico dão maior relevância aos “aspetos negativos

do professor de Educação Física”. Já os alunos do Ensino Secundário dão

maior importância às questões dos “Conhecimentos do Professor”, “Clima de

aula” e “Interação com o aluno”. (Tabela 2)

Tabela 2 - Alunos do Ensino Básico vs alunos do Ensino Secundário

*Diferença com significado estatístico para P ≤ 0,05

ENSINO BÁSICO VS ENSINO SECUNDÁRIO

Dimensões Ensino N Média Desvio

padrão P

Aspetos negativos do

Professor de Educação

Física

Ensino Básico

118

2,44 1,173 ,000*

Ensino Secundário 94 1,54 ,767

Conhecimentos do

Professor

Ensino Básico

118

4,51 ,490 ,005*

Ensino Secundário 94 4,68 ,349

Gestão da aula Ensino Básico

118

4,33 ,602 ,089

Ensino Secundário 94 4,47 ,513

Clima da aula Ensino Básico

118

4,49 ,530 ,001*

Ensino Secundário 94 4,70 ,375

Interação com o aluno Ensino Básico

118

4,32 ,664 ,008*

Ensino Secundário 94 4,54 ,482

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ENSINO BÁSICO

Análise por sexo

Ao compararmos as respostas dos alunos do sexo feminino com os do sexo

feminino do ensino básico, constatamos que nas dimensões “Aspetos

negativos do professor” e “ Gestão da aula “existem diferenças significativas.

Os rapazes atribuem maior importância aos aspetos negativos do professor de

educação física já as raparigas dão maior importância às questões da gestão

da aula (Tabela 3). Relativamente às outras dimensões não houve diferenças

com significado estatístico.

Tabela 3 - Análise por sexo – Alunos do Ensino Básico

*Diferença com significado estatístico para P ≤ 0,05

ANÁLISE POR SEXO - ENSINO BÁSICO

Dimensões Sexo N Média Desvio

padrão P

Aspetos negativos

do Professor de

Educação Física

Masc 49 2,86 1,232

,001* Fem 70 2,13 1,033

Conhecimentos do

Professor

Masc 49 4,49 ,455 ,775

Fem 70 4,52 ,512

Gestão da aula Masc 49 4,19 ,749

,024* Fem 70 4,44 ,445

Clima da aula Masc 49 4,40 ,528

,151 Fem 70 4,55 ,524

Interação com o

aluno

Masc 49 4,27 ,749 ,425

Fem 70 4,36 ,597

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Análise por Prática Desportiva

A análise das dimensões do bom professor em função da prática desportiva

revela que apenas na dimensão “Conhecimentos do Professor” existem

diferenças com significado estatístico entre os praticantes e não praticante..

Sendo os alunos que praticam Desporto o grupo que dá maior importância aos

conhecimentos do professor de educação física (Tabela 4).

Tabela 4 - Análise por prática desportiva - Alunos do Ensino Básico

*Diferença com significado estatístico para P ≤ 0,05

ANÁLISE POR PRÁTICA DESPORTIVA - ENSINO BÁSICO

Dimensões PDESP N Média Desvio

padrão P

Aspetos negativos do

Professor de Educação

Física

Sim 68 2,29 1,142

,140 Não 51 2,62 1,197

Conhecimentos do

Professor

Sim 68 4,59 ,385

,034* Não 51 4,40 ,584

Gestão da aula

Sim 68 4,35 ,649 ,781

Não 51 4,32 ,533

Clima da aula

Sim 68 4,52 ,458 ,391

Não 51 4,44 ,611

Interação com o aluno Sim 68 4,34 ,659 .781

Não 51 4,30 ,673

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ENSINO SECUNDÁRIO

Análise por sexo

A análise dos dados revela que nas 5 dimensões existem diferenças

significativas. São os alunos do sexo feminino que valorizam mais o

conhecimento do professor, a gestão e clima de aula e a interação com o

aluno. Apenas nos aspetos negativos o valor atribuído pelos alunos do sexo

masculino é superior (Tabela 5).

Tabela 5 - Análise por sexo - Alunos do Ensino Secundário

*Diferença com significado estatístico para P ≤ 0,05

ANÁLISE POR SEXO - ENSINO SECUNDÁRIO

Dimensões Sexo N Média

Desvio

padrão P

Aspetos negativos do

Professor de Educação

Física

Masc 47 1,75 ,888 ,007*

Fem 46 1,33 ,562

Conhecimentos do

Professor

Masc 47 4,60 ,382

,018* Fem 46 4,77 ,292

Gestão da aula

Masc 47 4,35 ,569 ,029*

Fem 46 4,59 ,430

Clima da aula

Masc 47 4,59 ,434 ,003*

Fem 46 4,81 ,268

Interação com o aluno Masc 47 4,43 ,499 ,035*

Fem 46 4,64 ,449

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Análise por Prática Desportiva

Os dados presentes na tabela 6 revelam que não existem diferenças com

significado estatístico em nenhuma das dimensões: “Aspetos negativos do

professor”, “Conhecimentos do Professor”,“ Gestão da aula “, “Clima da aula” e

“ Interação com o aluno”, pelo que os praticantes e não praticantes possuem

representações do “bom professor de Educação Física “ similares (Tabela 6).

Tabela 6 - Análise por prática desportiva - Alunos do Ensino Secundário

*Diferença com significado estatístico para P ≤ 0,05

ANÁLISE POR PRÁTICA DESPORTIVA - ENSINO SECUNDÁRIO

Dimensões PDESP N Média

Desvio

padrão P

Aspetos negativos do

Professor de Educação

Física

Sim 47 1,41 ,532

,098 Não 46 1,67 ,943

Conhecimentos do

Professor

Sim 47 4,70 ,331

,698 Não 46 4,67 ,371

Gestão da aula

Sim 47 4,41 ,603 ,245

Não 46 4,53 ,405

Clima da aula

Sim 47 4,70 ,314 ,978

Não 46 4,70 ,436

Interação com o aluno Sim 47 4,49 ,453 ,421

Não 46 4,58 ,516

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3.8. Discussão

As características do bom professor de EF, enunciadas pelos alunos do

presente estudo vão de encontro ao estudo de Sanmartín e López (2011), que

identificaram as seguintes características: o Controlo da aula e da disciplina, a

motivação dos alunos e a sua preocupação com estes. Já Krug e Krug (2008)

referem que o bom professor de EF é aquele que na prática pedagógica tem

como principais caraterísticas pessoais: boa didática, domínio do conteúdo,

respeitador, criativo e gostar do que faz.

No que concerne à comparação por nível de ensino, verificou-se que os alunos

do Ensino Básico destacam características ligadas aos “Aspetos negativos do

Professor”, sendo aparentemente menos exigentes quanto às restantes

dimensões. Pelo contrário, os alunos do Ensino Secundário destacam as

dimensões do “Conhecimento do Professor”, “Clima de aula” e “Interação com

o aluno”, denunciando uma noção de bom professor mais abrangente.

Na comparação por sexos, constatou-se que os rapazes dão maior importância

aos aspetos negativos do professor e as raparigas sexo às questões da gestão

da aula, conhecimentos do professor e interação com o aluno. Parece assim

que são as raparigas que valorizam mais a estrutura da aula e o modo como o

professor interage com os alunos.

Ao nível da análise em função da prática desportiva os alunos do Ensino

Básico praticantes de Desporto (quer seja modalidade coletiva ou

individual),tendem a demonstrar maiores níveis de preocupação quanto aos

conhecimentos do professor. Neste quadro, parece evidente que os praticantes

desportivos tem uma maior consciência da importância do conhecimento para o

exercício da função de professor de EF.

Os resultados, denunciam ainda que os alunos os alunos do Ensino Básico

conferem à Educação Física relevância a nível social e psicológico. Como

referem Mattos e Neira (2000) “Um dos caminhos para inserir a EF dentro do

currículo escolar e colocá-la no mesmo grau de importância das outras áreas

do conhecimento é através da fundamentação teórica, da vinculação das aulas

com os objetivos do trabalho, da não improvisação e, principalmente, da

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elaboração de um plano que atenda às necessidades, interesses e motivações

dos alunos.”

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3.9. Conclusões

Face aos objetivos definidos, as conclusões a que se chegou neste estudo

relativamente ao entendimento de “bom professor” foram:

Os alunos do Ensino Básico colocam em destaque a dimensão relativa

aos aspetos negativos do professor;

Os alunos do Ensino Secundário destacaram as dimensões do

conhecimento do professor, a importância do clima da aula e a interação

com o aluno, mostrando preocupação relativamente ao conteúdo da

lecionação, às questões de segurança e ao facto de o professor ser ou

não ser imparcial;

Os rapazes dão maior importância aos aspetos negativos do professor

As raparigas dão maior importância às questões da gestão da aula,

conhecimentos do professor e interação com o aluno;

Os alunos do Ensino Básico praticantes de Desporto tendem a

demonstrar maiores níveis de preocupação quanto aos conhecimentos

do professor.

Não obstante ter atingido os objetivos a que me propus, tenho consciência que

o método utilizado acarreta algumas limitações, designadamente pela utilização

do questionário, que como refere Cunha (1982) as principais desvantagens

deste instrumento são a dificuldade do esclarecimento de dúvidas; de nem

sempre refletir os problemas dos respondente; de a terminologia poder ser

inadequada; de o índice de resposta ser quase sempre baixo; e ser difícil saber

se a resposta foi espontânea e se as respostas foram direcionadas.

O facto de a amostra utilizada nesta investigação pertencer somente a uma

escola é também, por si só, uma desvantagem, pois as conclusões não podem

ser extrapoladas para outros contextos.

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O DESEMBARQUE

CONCLUSÃO E EXPETATIVAS

PARA O FUTURO

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O Desembarque – Conclusão e Perspetivas Futuras

Terminou a minha viagem. Não há mais paragens a fazer nem imprevistos para

enfrentar. Agora o caminho será feito a pé.

Mas antes de desembarcar importa fazer uma retrospetiva desta viagem. Ainda

me lembro quando um frio tinha percorrido a minha espinha, antecipando o

medo.

No primeiro dia, a sensação de mal-estar concentrou-se no meu estômago. As

horas foram passando, cheias de nomes e informações novas que entravam e

saiam da minha cabeça. Era tudo tão intenso, tão surreal. A cada momento

havia algo de novo, uma face, um rosto, uma tarefa ou um local diferente da

escola. Parecia não pertencer aquele lugar.

Sentimentos de solidão e de desamparo assaltaram-me, como se de um

abraço se tratasse. Este era o início de uma longa jornada de trabalho.

Chegou o final do primeiro mês. A insegurança ia diminuindo a cada dia que

passava. Aos poucos comecei a fazer parte daquele lugar. A neblina do

desconhecido foi-se desvanecendo. Fui conseguindo ir adiante, apesar dos

tropeções (normais), de quem está a aprender. Comecei a sentir-me parte da

equipa.

Após quatro meses, já me sentia uma peça importante na engrenagem daquele

local. Vários eram os amigos conquistados. O trabalho, que antes me

assustava, tinha-se tornado algo “corriqueiro”. Havia tanto para aprender, mas

era muito prazeroso. Neste altura Já conseguir ser autónoma na realização das

tarefas. Já tinha as “minhas coisas”: o livro de ponto, os dados dos alunos, as

rotinas instituídas. Aquele era já o meu dia-a-dia.

Quanta coisa aprendi! Quantas pessoas conheci! Funcionários, professores,

alunos. Já fazia parte daquele lugar! Tantas alegrias e tristezas vividas.

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Desembarque

Ultimo dia. Nos olhos dos alunos paira a saudade de alguém que vai

partir…Um nó na garganta insiste em me fazer chorar. O dia é tão normal, tão

parecido com os outros, com a exceção que este é o meu último dia como

PROFESSORA nesta escola, como aqueles (MEUS) alunos.

De repente fui invadida por uma imensa nostalgia… as minhas “coisas” iriam

passar para outro (s). Os meus alunos, o meu livro de ponto, as minhas

rotinas… A sensação é que a minha vida iria ser transferida para outra pessoa,

que, tal como eu, começaria do zero. Foi como se me arrancassem uma parte

de mim.

Um dia após o término do estágio. As sensações de vazio, tristeza e

saudosismo mesclaram-se no meu pensamento. Não mais veria aquelas

pessoas, nem passaria mais por aqueles corredores. Após 10 meses tudo

acabou. Já não faço mais parte daquele lugar. Agora o meu caminho é outro.

Diferente daqueles com quem convivi.

A partir deste momento era necessário respirar fundo e planear um novo futuro.

Quem sabe um outro estágio noutro contexto.

Posso afirmar que evolui como pessoa e como profissional, fruto das

experiências, obstáculos ultrapassados e relações estabelecidas. Também

evoluí como educadora, na medida em que é fundamental consciencializarmos

os nossos alunos os valores que são defendidos pela nossa sociedade,

melhorando assim a formação dos mesmos enquanto pessoas.

Afirmo, sem dúvida, que esta escola me satisfez plenamente; pois aqui

encontrei ótimas instalações e um ambiente escolar benéfico ao meu

desenvolvimento como professora e como pessoa.

O ano de estágio é, sem sombra de dúvida, um ano muito trabalhoso que exige

muita dedicação e muitas horas de trabalho diário. A capacidade de

organização e de antecipação também são essenciais.

No término desta viagem de um ano letivo, muito mais que o fim do estágio é o

começo da nossa vida como professores.

Agora sento-me na estação e espero que passe um novo comboio. Que venha

uma nova viagem, um futuro! Aguardo o futuro com muita ansiedade e

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curiosidade. O que está para vir é uma incógnita e será, certamente,

inesperado. Para o enfrentar conto com a pessoa em que me tornei. Quero

fazer a diferença. Marcar a minha presença.

Esta viagem pode ter chegado ao fim mas um novo comboio está prestes a

passar e, como afirmou um dia Fernando Pessoa, “Para viajar basta existir”…

“Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu

corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os

gestos e os rostos…”

(Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol.II. Fernando Pessoa.

(Recolha e transcrição dos textos de Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral

Cunha. Prefácio e Organização de Jacinto do Prado Coelho.)Lisboa: Ática,

1982. - 387.)

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Anexos

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Anexo 1 – Questionário do “Bom Professor”

O BOM PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Este questionário tem como objetivo recolher a opinião dos alunos acerca do que é um “BOM PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA”. Deste modo, o preenchimento cuidadoso e com sinceridade de todos os elementos solicitados são essenciais. O anonimato e confidencialidade estão garantidos. Este questionário não é um teste, razão pela qual não há respostas certas nem erradas.

Utilizando a escala a seguir apresentada, indica com que frequência se DEVEM

observar os comportamentos enumerados num Bom Professor de Educação Física:

1 - Nunca 2 - Raramente 3 - Algumas vezes 4 - Muitas vezes 5 - Sempre

1 2 3 4 5 Transmitir a matéria de uma forma eficaz Ter conhecimentos sobre a avaliação e desenvolvimento da condição física Promover a integração dos jovens com dificuldades na disciplina de EF Revelar conhecimentos técnicos e táticos das modalidades desportivas Mostrar capacidade de identificar os erros e fornecer informação de correção

Revelar conhecimento sobre os efeitos das atividades físicas Explicar e incentivar o espírito desportivo (Fair-Play) Facilitar as relações entre as pessoas Garantir que grande parte do tempo da aula deva ser dedicado à realização dos exercícios

Ser empenhado Criar nos jovens autonomia e criatividade no desenvolvimento das tarefas Incentivar os alunos a refletirem sobre a sua atitude e desempenho nas aulas Promover uma boa ocupação do espaço da aula Fomentar nos jovens um estilo de vida ativa a longo prazo

Ser digno de confiança em relação aos problemas dos alunos Gritar quando está zangado Ignorar a opinião dos alunos Demonstrar favoritismo em relação aos melhores alunos

DADOS CARACTERIZACIONAIS

Idade: _____ Sexo: Masc _____ Fem _____ Ano de escolaridade ____

Já reprovaste de ano alguma vez: Sim ___ Não ___ Quantas vezes?___ Em que anos de escolaridade?_______

Indica as 3 atividades que realizas com mais frequência nos tempos livres:________________________________

Praticas desporto? Sim____ Não____ Modalidade____________Federada: Sim____ Não_____Há quantos anos_____ Nº de treinos semana______

Praticas Desporto escolar Sim_____ Não_____Modalidade_____Há quantos anos?______ Número de vezes semana_____

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Usar o poder de professor para intimidar o aluno Fazer comentários pessoais desagradáveis Gastar mais tempo a exercitar os melhores alunos Deve tratar-me de forma diferente porque sou rapaz ou rapariga Demonstrar irritação quando as coisas não correm como planeado Conseguir que a aula decorra sem interrupções e com ritmo Controlar a aula Iniciar as atividades na hora prevista Terminar as atividades na hora prevista Ser positivo perante a turma