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III

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Sousa

Fevereiro de 2021 a Agosto de 2021

Leandro Mendes Alves

Orientador: Dra. Daniela Casimiro

Tutor FFUP: Prof. Doutor Paulo Alexandre Lourenço Lobão

Agosto de 2021

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IV

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V

Declaração de integridade

Declaro que o presente relatório de estágio é da minha autoria, uso as minhas

palavras para expressar as minhas ideias e referencio bibliograficamente

documentos legais e outros autores segundo as normas de referenciação. Tenho

consciência que o plágio é um ato expressamente ilícito.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 30 de Agosto de 2021

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VI

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VII

Agradecimentos

Queria agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto por me

permitir a oportunidade e os meios de me formar na área que sempre desejei, a

toda a minha família que sempre suportou as minhas decisões mas também me

incentivou a continuar e a progredir nos estudos, ao Professor Paulo Alexandre

Lourenço Lobão pela disponibilidade, simpatia, motivação e rapidez em atender às

minhas necessidades ao longo do período de estágio, à Dra. Daniela Casimiro pela

oportunidade, acessibilidade e boa disposição em me receber como estagiário na

Farmácia Sousa, a todos os profissionais com quem trabalhei por me orientaram e

a todos professores que me lecionaram e educaram tendo tido assim um papel

importante no meu desenvolvimento pessoal e profissional.

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VIII

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IX

Resumo

O estágio marca o final da etapa académica e faz a transição nesta fase

determinante para a futura vida profissional dos estudantes, que em breve se

encontram à demanda de trabalho na sua área.

O objetivo do estágio é de praticar, desenvolver e consolidar competências

técnico-científicas atribuídas ao papel do farmacêutico, no ambiente de farmácia

comunitária. Já o objetivo deste relatório, que está dividido em duas partes, é de

mostrar as atividades e trabalhos realizados durante o período, bem como mostrar

a apreciação da minha evolução ao longo deste percurso, descrevendo as minhas

experiências e dificuldades encontradas na parte 1 e descrever os meus projetos

desenvolvidos na parte 2.

O primeiro projeto trata-se de um folheto sobre a incontinência urinária em que

pretendo chamar a atenção da população para este problema de saúde. Faz

referência aos tipos de incontinências, aos fatores de risco e que medidas podem

ser tomadas para atenuar o problema.

O segundo é uma ficha para preencher no ato do atendimento, com o tipo de

pele do indivíduo em questão, e servir também de esquema de como e quando

devem ser usados os produtos dermocosméticos.

O terceiro foi uma formação interna sobre incontinência e infeções urinárias

apresentada na farmácia e cujo objetivo foi de consolidar o tema, as alternativas

terapêuticas existentes no mercado e que medidas não farmacológicas podemos

indicar para cada situação.

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X

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XI

Índice

Lista de abreviaturas............................................................................................................. XIII

Índice de anexos ................................................................................................................... XIV

Parte 1: Descrição das atividades realizadas ............................................................................. 1

1. Introdução ........................................................................................................................ 1

1.1. Cronograma de atividades e de projetos realizados ....................................................................1

Tabela 1: Cronograma de atividades e projetos .................................................................................2

1.2. Cronograma de formações assistidas ..........................................................................................3

Tabela 2: Cronograma de formações assistidas ..................................................................................3

2. Instalações e equipamentos ............................................................................................................4

2.1. Espaço e instrumentos .................................................................................................................4

2.2. Recursos humanos .......................................................................................................................6

2.3. Fontes de informação ..................................................................................................................6

3. Gestão da farmácia ........................................................................................................................7

3.1. Sistema informático ..................................................................................................................7

3.2. Fornecedores ............................................................................................................................7

3.3. Realização de encomendas .......................................................................................................8

3.4. Receção de encomendas ...........................................................................................................9

3.5. Armazenamento de produtos ................................................................................................ 10

3.6. Gestão de stocks .................................................................................................................... 10

3.7. Gestão de devoluções ............................................................................................................ 11

3.8. Controlo de prazos de validade ............................................................................................. 12

3.9. Programa de recolha de produtos ......................................................................................... 12

4. Dispensa de produtos farmacêuticos ......................................................................................... 12

4.1. Validação de receitas médicas ............................................................................................... 13

4.2. Medicamentos sujeitos a prescrição médica obrigatória ...................................................... 14

4.3. Medicamentos não sujeitos a prescrição médica obrigatória/venda exclusiva em farmácia .. 15

4.4. Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos....................................................................... 16

4.5. Medicamentos manipulados (MM) ........................................................................................... 16

4.6. Medicamentos homeopáticos e produtos farmacêuticos homeopáticos. ............................... 16

4.7. Suplementos alimentares e produtos para alimentação especial. ........................................... 17

4.8. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos. .......................................................................... 18

4.9. Produtos e medicamentos de uso veterinário. ......................................................................... 18

4.10. Dispositivos médicos (DMs) .................................................................................................... 19

4.11. Receituário .............................................................................................................................. 19

5. Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos ............................................................ 20

5. Conclusão .................................................................................................................................... 20

Parte II: Projetos Realizados: ................................................................................................... 21

1. Incontinência urinária (IcU) ......................................................................................................... 21

1.1. Introdução .............................................................................................................................. 21

1.2. Tipos de incontinência ...............................................................................................................22

1.2.2. Incontinência de esforço .........................................................................................................22

1.2.3. Incontinência de urgência .......................................................................................................22

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XII

1.2.4. Incontinência mista .................................................................................................................22

1.2.5. Incontinência de extravasamento ...........................................................................................22

1.3. Fatores de risco .......................................................................................................................23

1.4. Complicações e prevenção .........................................................................................................23

1.5. Tratamento farmacológico ......................................................................................................24

1.6. Tratamento não farmacológico ..................................................................................................25

2. Aconselhamento de cosméticos........................................................................................ 26

2.1 Introdução .................................................................................................................................. 26

2.2 Estado da arte .............................................................................................................................26

2.3 Tipos de pele .............................................................................................................................. 27

2.4. Dificuldades ............................................................................................................................... 27

2.5. Discussão e resultados ........................................................................................................... 28

3. Formação sobre infeções urinárias e do trato geniturinário ...................................................... 29

3.1. Introdução ..................................................................................................................................29

3.2. Infeções Urinárias .......................................................................................................................30

3.2.1. O papel da microbiota .............................................................................................................30

3.2.2. Sintomas e complicações ........................................................................................................30

3.2.3. Fatores de risco .......................................................................................................................31

3.2.4. Prevenção ................................................................................................................................31

3.2.5. Diagnóstico e Tratamento .......................................................................................................31

3.2.6. Probióticos e suplementos ......................................................................................................31

3.3. Infeções do trato geniturinário ................................................................................................. 32

3.3.1. Candidíase vaginal ...................................................................................................................32

3.3.2. Sintomas ..................................................................................................................................33

3.3.3. Fatores de risco e prevenção ..................................................................................................33

3.3.4. Tratamento............................................................................................................................. 33

3.4. Discussão e resultados .............................................................................................................. 33

Referências bibliográficas ....................................................................................................... 35

Anexos ................................................................................................................................... 42

Anexo 1: Mapa da Farmácia Sousa com legenda ...................................................................... 42

Anexo 2: Certificado de participação na formação da Skinceuticals .......................................... 43

Anexo 3: Certificado de participação na formação do Guronsan e GunronEnergy ..................... 44

Anexo 4: Panfleto sobre a Incontinência urinária ..................................................................... 45

Anexo 5: Guião de aconselhamento dermocosmético .............................................................. 46

Anexo 6: Formação Interna de Problemas Urinários em PowerPoint ........................................ 47

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XIII

Lista de abreviaturas

ABs: Antibióticos

BDNP: Base de Dados Nacional de Prescrições

BPF: Boas Práticas Farmacêuticas

CNP: Código Nacional de Produto

DCI: Denominação Comum Internacional

DGV: Direção Geral de Veterinária

DM: Dispositivo Médico

DT: Diretora Técnica

FEFO: First Expire First Out

FIFO: First In First Out

FS: Farmácia Sousa

IcU: Incontinência Urinária

IfU: Infeção Urinária

IMC: Índice Massa Corporal

Infarmed: Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde

IVA: Imposto sobre Valor Acrescentado

MM: Medicamento Manipulado

MNSRM: Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MSRM: Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF: Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de dispensa Exclusiva

em Farmácia

NIF: Número de Identificação Fiscal

OTC: Over-The-Counter

PA: Princípio Ativo

RCM: Resumo das Características dos Medicamentos

SI: Sistema informático

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XIV

Índice de anexos

Anexo 1: Mapa da Farmácia Sousa com legenda………………………..…Página 42

Anexo 2: Certificado de participação na formação da Skinceuticals………Página 43

Anexo 3: Certificado de participação na formação do Guronsan e GunronEnergy

……………………………………………………………………………………Página 44

Anexo 4: Panfleto sobre a Incontinência urinária…………………………….Página 45

Anexo 5: Guia de aconselhamento dermocosmético………………………..Página 46

Anexo 6: Formação Interna sobre Problemas Urinários em PowerPoint….Página 47

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1

Parte 1: Descrição das atividades realizadas

1. Introdução

A meta final dos cinco anos do mestrado em ciências farmacêuticas e o meu

primeiro contato profissional enquanto farmacêutico, foi o estágio curricular na

Farmácia Sousa (FS) de Santa Maria da Feira. Teve duração de 6 meses, desde

dia 20 de Fevereiro até dia 20 de Agosto de 2021. Tive como tutor o Professor

Paulo Alexandre Lourenço Lobão, e como orientadora no local de estágio a Dra.

Daniela Casimiro, também ela a Diretora Técnica da Farmácia Sousa, se bem que

no decurso do estágio, toda a equipa que compõe os recursos humanos da

farmácia me orientou. Comecei com um horário de segunda a sexta-feira das 9 às

17 horas, tendo mais tarde alternado entre esse e um horário das 14 às 21 horas,

perfazendo um mínimo de 35 a um máximo de 40 horas semanais.

A farmácia comunitária oferece uma vasta gama de serviços com elevado

interesse público, entre os quais aquele que é o mais conhecido: o aconselhamento

farmacêutico e a dispensa de medicamentos. Estas funções marcam uma fase

crucial daquele que é o rigorosíssimo ciclo de vida dos medicamentos, em que são

dispensados aos utentes, cabendo aos farmacêuticos a responsabilidade de

verificação da adequação da medicação, de tirar dúvidas e de prestarem

informações relevantes quanto à sua utilização.

Além do atendimento ao público*, há também todo um conjunto de atividades

de gestão e logística que são imprescindíveis, quer para manter uma boa qualidade

na prestação dos serviços na farmácia quer por questões financeiras.

1.1. Cronograma de atividades e de projetos realizados

A seguinte tabela permite dar uma perspetiva temporal das atividades realizadas

e dos projetos desenvolvidos ao longo do período de estágio.

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2

Tabela 1: Cronograma de atividades e projetos

Atividades Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto

Receção de

encomendas

X X X X X X X

Armazenamento

de produtos

X X X X X X X

Determinação de

parâmetros

bioquímicos

X X X X X X X

Atendimento

supervisionado

X X X X X

Atendimento

autónomo

X X X

Preparação de

manipulados

X

Projeto 1 –

Panfleto

Incontinência

urinária

X X X

Projeto 2 –

Aconselhamento

dermocosmético

X X

Projeto 3 –

Formação sobre

incontinência e

infeções urinárias

X X

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3

1.2. Cronograma de formações assistidas

A seguinte tabela permite ter uma perspetiva temporal das formações que tive oportunidade de assistir ao longo do período de estágio.

Tabela 2: Cronograma de formações assistidas

Temas Data Local Duração Certificado

Biocesp 07/04/21 FS 30 mins Não

Tena 14/04/21 FS 30 mins Não

Nurofen 20/04/21 FS 30 mins Não

Isdin 28/04/21 FS 30 mins Não

Tena 04/05/21 FS 30 mins Não

Nutrícia 06/05/21 FS 30 mins Não

Cantabria Labs 07/05/21 FS 30 mins Não

Nicorette + Neutrogena 14/05/21 FS 30 mins Não

Detox Kit, Raul e Vieira 17/05/21 FS 30 mins Não

Skinceuticals 19/05/21 Casa (Via

Teams)

75 mins Sim

Anexo 1

Inaladores 20/05/21 FS 30 mins Não

Guronsan e Guronenergy 22/05/21 FS 30 mins Sim

Anexo 2

Curso Comunicação Clínica

para Farmacêuticos

27/05/21 Casa (Via

Zoom)

90 mins Não

Aloclair, Transact,

Mycoclear

31/05/21 FS 30 mins Não

Boiron 24/06/21 FS 30 mins Não

Durex 18/08/21 FS 15 mins Não

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4

2. Instalações e equipamentos

Para as farmácias cumprirem o seu papel, as instalações têm de ser

acessíveis, os equipamentos adequados, seguros e periodicamente calibrados, os

profissionais são altamente especializados na área do medicamento e as fontes de

informação que nela se encontram têm de se encontrar acessíveis e atualizadas.1

Por outro lado, a farmácia é também um negócio e, para isso, as instalações têm

de ser também apelativas, a exposição de produtos deve ser cuidada e organizada,

para terem maior possibilidade de cativar a atenção do público.

A Farmácia Sousa localiza-se na Avenida Francisco Sá Carneiro 23, em

Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro. É um local privilegiado próximo da A1 e

A47. Está aberta todos os dias, incluindo fins-de-semana e feriados. O horário de

funcionamento é das 9h às 23:00h. Em dias de serviço permanente a farmácia está

aberta durante 24 horas, sendo o atendimento feito pelo postigo a partir das 23h.

2.1. Espaço e instrumentos

O anexo 1: mapa e legenda da FS, foi criado para ajudar a conceber uma

melhor perspetiva do seu espaço. No exterior, a farmácia identifica-se à distância

pela presença da cruz verde. Ocupa um piso 0 de um prédio, tem duas entradas (A

e K) sendo a primeira, a que se encontra aberta aos utentes e distribuidores e que

dispõe ao público informação relevante quanto à direção, ao horário de

funcionamento e às farmácias de serviço.

No espaço dedicado ao atendimento ao público, no interior da farmácia,

estão dispostos perpendicularmente cinco postos de atendimento. Dada a vigente

situação pandémica no nosso país, apenas quatro têm sido utilizados. Estão bem

equipados com computadores, impressoras, leitores de códigos, sacos, terminais

de multibanco e mini prateleiras para acesso facilitado a produtos muito

requisitados. Há também um Cashguard, que é um sistema de gestão de numerário,

o qual permite realizar trocas e facilitar os pagamentos.

As prateleiras no espaço do utente estão predominantemente preenchidas

por diversos produtos cosméticos e de puericultura, alguns dos quais em promoção.

Estão organizados por marcas e por indicações, alguns de acordo com os tipos de

pele. Os medicamentos de venda livre têm a sua exposição limitada às prateleiras

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5

por detrás dos balcões, onde também se encontram diversos produtos para higiene

oral, homeopáticos e outros cuja exposição varia com a sazonalidade. Áreas como

gabinete da direção, área de receção de encomendas e armazéns encontram-se

ocultas à visão dos utentes, dando um ar profissional e que permite o foco no ato

do atendimento do utente.

Na área de receção de encomendas existe um leitor de códigos, telefones,

diversas gavetas e prateleiras com utensílios, prateleiras com livros e capas para

arquivo e consulta; quadros com avisos e informação de diversas campanhas, bem

como, prateleiras com produtos reservados pagos e não pagos, com produtos de

fim de validade, de pouca rotação, de testers, de produtos recentemente

introduzidos no mercado, de amostras, e ainda gavetas onde são armazenados

medicamentos. Nas gavetas ordenam-se os medicamentos por ordem alfabética,

consoante a forma farmacêutica.

A sala de medição de parâmetros bioquímicos está equipada com uma série

de equipamentos que permitem a medição da tensão arterial, de glicemia, de

colesterol, de triglicerídeos e a administração de vacinas não pertencentes ao plano

nacional de vacinação e, caso se pretenda, um espaço que permite uma maior

privacidade num atendimento.

O gabinete da direção técnica, equipado com secretária, computador e uma

pequena biblioteca reúne condições que permitem ações relacionadas com a

gestão da farmácia, como são exemplo encomendas diretas e faturação.

Nos armazéns, existe uma vasta gama de outros produtos como suplementos,

produtos de maior volume, excedentes que não têm espaço nas gavetas,

dispositivos médicos, sacos, rolos, contentores Valormed, documentos arquivados

e um frigorífico para acomodar os produtos termolábeis.

O laboratório está equipado com um computador, uma maca, uma hotte,

secretária, cadeiras e prateleiras com produtos químicos para venda e para uso

interno, com princípios ativos e excipientes para preparação de alguns manipulados.

Esta área serve para acomodar a apresentação de formações, consultas com o

nutricionista e o podologista e para fazer o mapa de quarenta e oito horas de

medição da tensão arterial.

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6

2.2. Recursos humanos

Fazem parte da equipa da FS sete farmacêuticos, entre eles a diretora

técnica e a farmacêutica adjunta, três técnicos de farmácia e uma técnica de

limpeza. A constituição da equipa permite garantir os requisitos estipulados pelo

Decreto-Lei nº 307/2007.2

Também prestam serviço, em subcontratação, um nutricionista e uma

podologista. Ambos fazem consultas por marcação aos utentes.

2.3. Fontes de informação

Para desempenho das suas funções, os farmacêuticos devem ter ao seu

alcance todo um conjunto de fontes de informação, físicas e eletrónicas, que se

encontrem devidamente atualizados, organizados e acessíveis no momento de

dispensa de medicamentos, tal como as (BPF) Boas Práticas Farmacêuticas

descrevem.3 Nelas constam informações essenciais para o aconselhamento e

dispensa de medicamentos, entre eles: indicações, contraindicações, interações,

posologias e precauções com a utilização dos medicamentos.

Para algumas dessas fontes de informação existem estantes com o

Prontuário Terapêutico, as Farmacopeias Portuguesas VII e VIII, o Índice Nacional

Terapêutico, o Manual Merck, o Simpósio Terapêutico e diversas Enciclopédias de

Saúde humana e veterinária, entre muitos outros. Durante atendimentos não fiz uso

de nenhuma destas fontes de informação em formato físico, mas reconheço a

importância de saber que estão acessíveis e qual o tipo de informação que consta

em cada uma delas, para no caso de um dia eu necessitar e poderem vir a ser-me

úteis.

Por conveniência e rapidez na acessibilidade à informação, vi-me a aceder

à informação de que necessitava em cada momento através dos computadores da

farmácia que vêm equipados com o sistema informático 4DigitalCare e com acesso

à internet com especial destaque para o site do Infarmed. As informações que mais

procurava ter acesso foram as que constam nos RCMs, nomeadamente indicações

e posologias.

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7

3. Gestão da farmácia

3.1. Sistema informático

O sistema informático (SI) usado na FS é o 4DigitalCare, e é essencial para o

desempenho de todo o tipo de tarefas, desde efetuar e rececionar encomendas,

gestão de stocks, reservas e fichas de utente, controlo dos prazos de validade,

acesso a informação científica, a histórico de compras e de vendas, a resumo de

documentos, a impressão de códigos de barra e de posologias, a assistir em

atendimentos, fazer devoluções e a faturação, entre tantas outras funcionalidades.

O SI é intuitivo, muito completo e cada trabalhador tem um login próprio com nome

de utilizador e palavra-chave, permitindo assim identificar o que está a fazer no

sistema a cada momento. O meu login estava interdito a certas áreas do sistema,

sendo a maior parte com pouco interesse para um estagiário, mas uma delas eram

as devoluções.

Os menus onde passei mais tempo a trabalhar foram na receção de

encomendas e no atendimento. Tenho consciência que a maioria das farmácias

trabalha e valoriza a experiência com o sistema Sifarma2000. De qualquer modo,

tendo em conta que ambos os sistemas são especializados para o fim a que se

destinam, não faltam semelhanças de funcionamento entre os dois o que tornou útil

a sua aprendizagem.

3.2. Fornecedores

Imprescindíveis ao funcionamento da farmácia, os vários fornecedores

transportam encomendas de grandes ou pequenos volumes, duas vezes por dia

todos os dias. O fato de haver vários fornecedores e com horas ligeiramente

diferentes de funcionamento entre eles permite alguma flexibilidade na aquisição

de produtos o que ajuda a farmácia a evitar situações de rutura de stocks. Os

principais fornecedores que entregam produtos diariamente na FS são a OCP,

Cooprofar, Botelho & Rodrigues e a Empifarma.

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3.3. Realização de encomendas

Há várias formas diferentes de se realizar encomendas: podem ser diárias,

instantâneas, diretas ou por via verde. São realizadas a distribuidores grossistas ou

diretamente a produtores com indústrias e laboratórios.

As encomendas diárias são automáticas. Usam a informação do sistema que

concerne o stock mínimo, o qual quando atingido despoleta a necessidade de um

produto ser pedido numa encomenda, e o stock máximo - que define o número

máximo do produto que se pretende atingir após uma encomenda. O resultado é

uma proposta de encomenda que tem de ser aprovada por um profissional.

As encomendas instantâneas são normalmente feitas no ato da dispensa de

medicamentos. Estas ocorrem quando é solicitado pelo utente um produto que

esteja esgotado ou que não exista na farmácia. Recorre-se à ficha do produto,

consulta-se a disponibilidade do produto pelos fornecedores e liga-se a estes por

via telefónica a solicitar os produtos, identificando-os pelo código nacional

português do medicamento (CNP).

Existem ainda as encomendas diretas a laboratórios ou detentores das

marcas vendidas na farmácia. Estas são normalmente feitas por e-mail pela DT ou

de forma presencial com a visita de um delegado. Este método é o que, de forma

geral, possibilita melhores benefícios como descontos, bonificações, promoção de

campanhas e apresentação de formações.

Por fim, as encomendas por via verde têm origem num protocolo com nome

Projeto “Via Verde do Medicamento” e que conta com a colaboração voluntária de

entidades profissionais relacionadas com o setor do medicamento. Têm como seu

objetivo melhorar o acesso aos medicamentos.4

Não efetuei nenhuma encomenda que não fosse do género das encomendas

instantâneas, mas tive imensas oportunidades de observar o ato em que os

profissionais editavam a sugestão da encomenda automática. Os horários e os

contatos de cada um dos fornecedores encontram-se convenientemente tabelados

e sempre acessíveis.

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3.4. Receção de encomendas

Os produtos dão entrada na farmácia em contentores, ou em caixas, que

vêm identificadas pelo grossista e são acompanhadas das respetivas fatura e guia

de transporte. Na eventual ausência de um dos documentos é necessário contactar

o fornecedor por telefone e, pedir-lhes o envio por correio eletrónico. A receção de

uma encomenda começa pela verificação do destinatário e identificação do número

de contentores. Segue-se a identificação e abertura da encomenda no SI e caso

não exista informação relativa à encomenda no sistema, então é feita a receção

direta que se inicia com a seleção do fornecedor. A receção passa pela leitura ótica

do código de barras ou, na impossibilidade, pela introdução do CNP. Há que

priorizar a receção e arrumação dos produtos termolábeis no frigorífico e, ao longo

da encomenda, ter atenção ao número, ao estado e à integridade dos produtos, ir

verificando os preços de venda ao público e à farmácia, atualizar validades no

sistema, ter atenção às margens de lucro de acordo com os códigos de IVA, colocar

de parte os produtos reservados e os que necessitem de ser etiquetados. Há

produtos que chegam em maior quantidade que o esperado, como bônus, e outros

que vêm substituir um produto que deixou de existir no mercado e que requerem a

criação de uma nova ficha de produto no SI, com inativação da ficha anterior.

No ato final da receção é conferido o número de produtos recebidos e o valor

final, digitado o número da fatura no sistema, impressa a guia de receção que é

assinada pelo operador, agrafada a uma fotocópia da fatura e arquivada. Ao fim da

receção segue-se a arrumação dos produtos com prioridade à arrumação dos

reservados. No caso de inconformidades deverão ser feitas reclamações ou

devoluções justificadas.

Foi na receção e no armazenamento de produtos onde passei a maior parte do

tempo do estágio. Reconheci que seriam, e provaram ser, tarefas muito importantes

para quem, como eu, inicia um estágio numa farmácia, uma vez que pelas mãos

de quem receciona passam todos os produtos aí vendidos. Isto permitiu-me

familiarizar com os produtos eram vendidos, conhecer produtos que eram novos e

também reconhecer e associar nomes de marcas aos respetivos princípios ativos

dos medicamentos (PAs).

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3.5. Armazenamento de produtos

Para o correto armazenamento e garantia da qualidade dos produtos

farmacêuticos as farmácia têm que respeitar as Boas Práticas de Farmácia, que

estipulam que a iluminação, temperatura, humidade e ventilação devem respeitar

as exigências específicas dos medicamentos, produtos farmacêuticos, químicos,

matérias-primas e materiais de embalagem.3

As regras FIFO (First In First Out) e FEFO (First Expire First Out) devem ser

cumpridas de forma a se garantir o escoamento dos produtos em stock com o

menor prazo de validade, em detrimento do mesmo produto que tenha sido

recentemente adquirido ou que tenha um prazo superior. Quer-se, assim, diminuir

o prejuízo relativo ao cumprimento de prazos de validade e evitar ruturas de stock.

Os medicamentos, cujas menores dimensões o permitam, são armazenados

por ordem alfabética em gavetas, que estão mais acessíveis ao local de

atendimento, sendo os excedentes colocados em prateleiras nos armazéns. A

separação é feita quanto às formas farmacêuticas, locais de aplicação, se são de

uso humano ou veterinário, por serem genéricos ou de marca e, ainda, pela

necessidade ou não do uso do frigorífico.

Nas gavetas são armazenados comprimidos e cápsulas, ampolas, colírios,

injetáveis, supositórios, pomadas, xaropes, gotas, inaladores, sprays, loções e

carteiras.

Em exposição estão os OTC’s, produtos de dermocosmética e de

puericultura e, os excedentes destes, encontram-se nos armazéns em conjunto

com os pós, adesivos transdérmicos, suplementos alimentares e dispositivos

médicos.

3.6. Gestão de stocks

Uma boa gestão de stocks é muito importante, não só para que se consiga

evitar ruturas, mas também, para que não haja produtos sem rotação em stock que

poderão resultar em prejuízo ou inconveniência por falta de espaço. O

conhecimento das necessidades da população, a atenção à época do ano e aos

movimentos do mercado são importantes e a ter em conta para uma boa gestão

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dos produtos. Aqueles que têm uma menor procura terão um stock inferior, em

oposição aos de maior rotação.

O SI dispõe de informação sobre o histórico de encomendas, de validades, de

movimentos mensais e dos stocks correntes, máximos e mínimos, de todos os

produtos da farmácia. Contudo, o fator erro humano leva ocasionalmente à

necessidade de se verificarem os stocks físicos, por contagem, com um eventual

acerto dos valores do sistema de forma a que o stock digital corresponda ao stock

real.

3.7. Gestão de devoluções

As devoluções pressupõem a recolha de produtos farmacêuticos pelos

mesmos armazenistas, que originalmente efetuaram a entrega, mediante a

apresentação de uma justificação apropriada e consoante a presença de

inconformidades. Uma devolução com sucesso implica ora uma troca de produto

ora uma emissão de nota de crédito. De entre as inconformidades mais comuns,

realce para caixas danificadas e prazos muito curtos.

São processadas digitalmente, com recurso ao menu das devoluções do SI,

e o procedimento é o seguinte: seleciona-se o armazenista em questão, identificado

o produto e o número da fatura e selecionado o motivo da devolução, após o qual

estará pronta a emissão da nota de devolução, em triplicado, que deverá ser

assinada e carimbada. O original e o duplicado acompanham o produto a devolver

num dos contentores do armazenista, enquanto o triplicado fica arquivado na

farmácia.

Durante o estágio fui capaz de identificar inconformidades e de observar o

ato da devolução, não tendo eu feito propriamente uma devolução por, como já

referi, o acesso a essa função ter estado limitado no meu login de utilizador no SI.

Não obstante, não fiquei com sensação de ter perdido muito, pois afinal o

procedimento é bem simples.

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12

3.8. Controlo de prazos de validade

O controlo dos prazos é conseguido com recurso aos dados do SI. Todos os

meses é gerada pelo SI uma lista, que é impressa, com todos os produtos na

farmácia cujo fim de validade é nos meses seguintes. São conferidos os stocks, as

validades e as prateleiras com produtos em fim de validade são atualizadas, por

ordem dos meses em que expiram.

O controlo, embora ocorra mensalmente, é complementado pelo ato de receção

de encomendas, em que os prazos são introduzidos no sistema e atualizados para

o que for o mais curto em stock. No momento da venda, deve chamar-se a atenção

do cliente para o prazo de validade curto.

3.9. Programa de recolha de produtos

A FS tem um acordo com vários programas de recolha de produtos. Um

deles é a Valormed, que se responsabiliza pela recolha e tratamento de resíduos

de medicamentos sem utilidade ou fora de validade,5 um outro recolhe seringas e

ainda há a recolha de radiografias. Os contentores da Valormed, quando cheios,

são identificados pelos distribuidores grossistas que estão identificados no sistema

como sendo responsáveis pela recolha e transporte.

4. Dispensa de produtos farmacêuticos

Trata-se do ato pelo qual os farmacêuticos cedem produtos farmacêuticos aos

utentes segundo uma avaliação risco/benefício e se prestam os conselhos

farmacêuticos necessários sobre a forma em como os utilizar de forma racional,

segura e eficaz. Esta cedência pode ocorrer mediante a apresentação ou não de

uma receita médica ou por indicação do próprio farmacêutico. É importante que,

com o ato farmacêutico, o utente fique a saber para o que é que o medicamento

está indicado, como e quando o tomar, qual a duração do tratamento, mas também,

mediante o caso, que receba um aconselhamento não farmacológico que faça a

diferença em atingir uma melhoria na sua qualidade de vida.

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13

O ato farmacêutico é de caráter multidisciplinar, e compreende não só

conhecimento da área do medicamento, como também critérios legislativos e éticos.

As capacidades informáticas e de comunicação são também imprescindíveis, com

destaque para a capacidade de interpretar e adequar o diálogo de caráter técnico

a cada utente. Isto enquanto é também requerido aos profissionais boas

capacidades sociais, boa disposição, boa aparência, adaptabilidade, rapidez,

manifestação de interesse no utente, sigilo, qualidade e confiança. Tudo isto se

reflete não só na adesão do utente à terapêutica, mas também na vontade dos

utentes em regressarem às farmácias e, até manifestarem interesse em serem

atendidos por profissionais específicos. Mais que a capacidade de vender produtos,

quer-se que estes sejam adequados e que tenham a promoção da saúde como

prioridade, pois utentes satisfeitos com o serviço, serão utentes fiéis à farmácia.

Inicialmente, comecei por assistir a atendimentos e por priorizar a minha

atenção àqueles que requeriam indicação farmacêutica, tirava apontamentos e

anotava quaisquer nomes que não me fossem ainda familiares para consulta

posterior. O simples ato de escrever ajudava-me a criar uma memória.

Com todos os cuidados e responsabilidades, a terem de ser tidos em consideração,

os meus primeiros atendimentos nem sempre foram rápidos. Ao longo do estágio

fui praticando, imaginando cenários e aprendendo formas de o melhorar e agilizar.

Tornei-me menos ansioso, fui ganhando confiança e a refleti-lo no atendimento. Fui

ganhando o hábito de fazer perguntas pertinentes, de escrever posologias nas

caixas, de tirar apontamentos nas receitas para ajudar o utente e futuros

atendimentos, de copiar o nome das receitas digitais para emitir a fatura já no nome

da receita, se desejado. Fui também perdendo alguns hábitos que me atrapalhavam,

como é o caso de querer prestar esclarecimentos desnecessários (por vezes,

menos é mais!)

4.1. Validação de receitas médicas

A Portaria nº 224/2015, de julho de 2015 estabelece as regras e condições

a que devem obedecer quer a prescrição de receitas quer a dispensa de

medicamentos e produtos de saúde. As receitas podem apresentar-se de duas

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formas: eletrónica ou em papel. Esta última está a cair em desuso, pelo que deverá

vir assinalada a justificação pela qual é tomada esta opção em detrimento da opção

eletrónica.6 As receitas eletrónicas podem ainda ser pré-impressos ou

materializadas sob a forma de folhas brancas em A4 do formato digital.

Para validação da receita manual há que verificar a apresentação do número

da receita, data, assinatura do médico prescritor, vinheta, especialidade do médico,

o local de prescrição, a referência ao regime de comparticipação se for o caso, e

identificações do médico prescritor e da entidade financeira responsável. Nas

eletrónicas consta ainda o código matriz, código de acesso e dispensa, e ainda o

código de direito a opção.7

De entre a informação que consta na receita têm-se ainda a forma farmacêutica,

a dosagem, a posologia, a quantidade e a DCI (Denominação Comum

Internacional) da substância ativa. 7

É obrigatório, sempre que aplicável, mencionar a possibilidade de se optar por

um medicamento genérico mais barato em detrimento dos de referência.7 Nestas

situações, muitos dos utentes se confundiam e pediam apenas aquilo que estivesse

na receita, outros questionam se a diferença de preço era ou não muito grande,

enquanto outros questionam da possibilidade de diferenças de eficácia entre eles.

Tudo indica que há ainda um longo caminho a percorrer no que toca à educação e

no alerta da população para os medicamentos genéricos.

Face à situação pandémica havia utentes que decidiam ser eles a lerem os

códigos oralmente aos profissionais evitando o contato. Penso que o

distanciamento social facilita a perspetiva de um atendimento individualizado.

4.2. Medicamentos sujeitos a prescrição médica obrigatória

Os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM), como o nome sugere,

estão sujeitos à apresentação de uma receita para serem dispensados e só se

encontram à venda em farmácias, o que diminui a sua acessibilidade. Pelas mais

diversas razões, há imensos casos de utentes que pedem estes medicamentos

sem uma receita, sendo que muitos desses são doentes crónicos. É da

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15

responsabilidade do farmacêutico de esclarecer quaisquer dúvidas na cedência

destes medicamentos aos utentes e de promover a adesão à terapêutica.

4.3. Medicamentos não sujeitos a prescrição médica obrigatória/venda

exclusiva em farmácia

Estes medicamentos, como o nome MNSRM indica, não necessitam de

prescrição para serem dispensados, e visam tratar problemas de saúde menores.

Há, no entanto, um grupo destes medicamentos, que constam numa lista de DCI ’s

do Infarmed, e que lhes implica uma restrição no acesso em que são apenas

encontrados à venda em farmácias e são denominados MNSRM-EF. Com esta

restrição, pretende-se que haja sempre um aconselhamento farmacêutico

associado às dispensas assegurando uma melhor segurança dos utentes e

enaltecendo as competências dos profissionais.8

A cedência destes medicamentos ocorre por interesse do utente ou por

indicação farmacêutica. Em ambos os casos, é crucial para a qualidade do

atendimento ser-se cordial enquanto se tenta juntar o máximo de informação

possível, num curto período de tempo, para se considerarem as opções e se chegar

a uma decisão.

Quer no ato das encomendas, quer nas arrumações, tentei manter um

ouvido atento aos desafios que iam surgindo nos balcões. No fim dos atendimentos

fui fazendo, sempre que tinha dúvidas, questões aos profissionais. Isto permitia-me

consolidar conhecimentos, receber dicas, conhecer e aprender os raciocínios,

idealizar novos casos e ficar a conhecer alternativas aos produtos que haviam sido

dispensados. Fui também apontando nomes comerciais, PAs, indicações e

posologias dos medicamentos que iam tendo maior procura. Tudo isto me ajudou

a agilizar e melhorar a qualidade de atendimento: os nomes comerciais pedidos e

usados pelos utentes começavam a ser associados a PAs e já não havia

necessidade de verificar as posologias de todos os medicamentos que cedia.

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16

4.4. Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos

Estes medicamentos sujeitos a receita são alvo de um controlo ainda mais

rigoroso que os medicamentos habituais. Isto deve-se à capacidade de habituação

e de dependência inerentes aos efeitos estimulantes e depressores que estes

medicamentos exercem no sistema nervoso. Para tal, é registada a identificação

do adquirente e os nomes e as moradas do utente e adquirente para impressão da

documentação. Esta terá de ficar agrafada a uma reprodução em papel ou digital

das receitas manuais ou eletrónicas, que serão então arquivadas na farmácia, por

ordem de dispensa, por um período de três anos.

4.5. Medicamentos manipulados (MM)

Ao contrário dos outros medicamentos que na farmácia se encontram

prontos a serem dispensados, estes não estão preparados cabendo aos

profissionais assegurar a qualidade e segurança da sua preparação. Para o garantir

utilizam-se princípios ativos e excipientes como matéria-prima que vêm

acompanhados com certificados de qualidade. Todo o processo de manipulação

tem de ser validado, incluindo o cálculo do preço final que deverá ter em conta o

preço dos constituintes, recipientes, honorários e respetivo IVA. Os MM podem

ser classificados como fórmulas magistrais, quando segundo prescrição médica, ou

preparados oficinais, quando segundo compêndios como as farmacopeias.9 Na FS

eram ocasionalmente recebidos, para dispensar posteriormente, MM vindos de

outras farmácias que estão mais focadas neste tipo de serviço.

Durante o período de estágio tive a oportunidade de preparar um

manipulado: a vaselina salicilada. Porque o preenchimento da ficha técnica é

moroso, esta encontra-se prévia e parcialmente preenchida para agilizar o processo.

4.6. Medicamentos homeopáticos e produtos farmacêuticos homeopáticos.

Os medicamentos homeopáticos apresentam-se como uma alternativa aos

medicamentos convencionais. Na FS é possível encontrar alguns, contudo não têm

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grande representação e estão expostos por detrás de um dos balcões de

atendimento junto de outros OTC’s.

Os princípios da homeopatia não só sugerem que o semelhante cura

semelhante, como também quanto mais diluído um PA mais potente será a fórmula,

o que de certa forma vai contra algumas das noções básicas do conhecimento

farmacológico de fármacos convencionais. Tendo estes princípios em conta, eu

sentia alguma dificuldade na recomendação dos medicamentos homeopáticos em

comparação com os convencionais.10 Há no entanto que relembrar a vantagem dos

medicamentos homeopáticos serem seguros, tornando-se assim uma grande mais-

valia no arsenal dos medicamentos com que o farmacêutico se pode munir para

indicar no tratamento de problemas de saúde menores, especialmente em utentes

que exijam uma alternativa mais cautelosa.

4.7. Suplementos alimentares e produtos para alimentação especial.

Os suplementos apresentam uma gama de produtos muito variada que

apesar de terem formas doseadas não se tratam de medicamentos. Compreendem

concentrados de minerais, multivitamínicos e/ou extratos de plantas entre outros,

possibilitando misturas entre estes. As finalidades são igualmente variadas,

contudo permitem preencher lacunas num estilo de vida saudável não tendo o

propósito de o substituir.

Os produtos para alimentação especial têm um papel algo semelhante à dos

suplementos. São empregues em casos excecionais em que o objetivo seja atingir

um limiar no aporte de calorias e nutrientes em pessoas com necessidades

alimentares especiais como doentes oncológicos, queimados, pessoas com

anomalias metabólicas entre outros. A grande variedade existente deste tipo de

produto no mercado reflete as diferentes particularidades que possibilitam desde o

preenchimento de nichos no mercado, como substituir por completo a alimentação

de um indivíduo.

A variedade de suplementos compreende a existência de variações nas

substâncias, nas associações, nas quantidades e nas indicações. O número de

opções no mercado chega a ser intimidante, numa primeira vista, e os utentes

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18

perdem a confiança num profissional que vacile nas decisões. Não havendo tempo

suficiente num atendimento, para considerar no momento todas as possibilidades

para melhor adequar a oferta com as necessidades dos utentes, vi-me a tirar

apontamentos de todos os suplementos existentes na farmácia e daqueles que

considerei seremos seus principais constituintes e indicações. A lista resultante

deste esforço veio ajudar-me a destacar, rapidamente, quais opções numa situação

de atendimento naquela que era a ordem alfabética em que todos estes produtos

estavam armazenados.

4.8. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos.

Estes produtos são destinados ao uso externo e têm como finalidade limpar,

modificar o aspeto, proteger, perfumar ou corrigir odores.11 Tanto a oferta como a

procura deste tipo produtos tem vindo a aumentar, pelo que há uma constante

atualização no mercado de produtos já existentes e introdução de novos, e com

estes, existem campanhas, descontos e promoções. A grande variedade de

produtos, que na FS se encontram, procura adequar-se a todos os tipos de pele e

situações. A exposição destes produtos na farmácia faz-se por marcas que ficam

subsequentemente divididos em produtos específicos para determinados tipos de

pele ou finalidades.

4.9. Produtos e medicamentos de uso veterinário.

Os produtos de uso veterinário têm como finalidade a promoção da higiene e

saúde animal, e distinguem-se dos medicamentos por coadjuvar sem ter, no

entanto, indicações terapêuticas ou profiláticas. A FS oferece uma modesta seleção

destes produtos e medicamentos que são regulados pela Direção-Geral de

Veterinária (DGV).13,14

Os produtos com maior procura são pílulas e desparasitantes internos e

externos. Não me sentia completamente à vontade neste tipo de aconselhamento,

especialmente no início, e fui pedindo ajuda e apontamentos sempre que pude.

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19

Em algumas ocasiões deparei-me com receitas veterinárias de medicamentos

de uso humano destinadas a animais, nomeadamente cães. Num atendimento,

estava a ser pedido um desparasitante externo para tratamento de piolhos de

iguana adulta. Colocou-se a possibilidade de adequar um produto para cães, com

fipronil a 0,25%, e se este seria seguro tendo em consideração as diferenças

anatómicas e fisiológicas dos mamíferos e repteis. Pesquisei e encontrei artigos

online em inglês que documentavam o uso deste produto em répteis, com a

descrição de como o usar de forma segura para desparasitar, tanto o animal como

o terrário onde habita, com sucesso.

4.10. Dispositivos médicos (DMs)

Os DM’s englobam uma variadíssima quantidade de produtos que têm a

prevenção, diagnóstico ou tratamento de doenças humanas como finalidade, só

que, ao contrário dos medicamentos, são isentos de ações farmacológicas,

metabólicas ou imunológicas.

Entre eles temos material ortopédico, ótico, acústico, pediátrico e higiénico,

artigos de penso, sutura e drenagem. A formação que me foi permitida nesta área,

por opção e pela faculdade, foi uma grande mais-valia porque, afinal nas farmácias,

não encontramos apenas medicamentos, suplementos e cosméticos. Não faltaram

ocasiões em que foram pedidos aos profissionais de farmácia informações e

recomendações no uso de DM’s, solidificando a vantagem e necessidade de

formação na área para melhor servir as necessidades dos utentes.

4.11. Receituário

De forma a se registar os dados de dispensas por receitas é necessário

compilar e enviar as receitas manuais à Base de Dados Nacional de Prescrições

(BDNP).7 Este processo é automático no caso das receitas eletrónicas. As manuais,

no entanto, necessitam de ser as originais, impressas e agrafadas à respetiva fatura,

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20

carimbadas, datadas, assinadas, confirmadas e corrigidas, se necessário, antes de

serem organizadas em lotes de trinta e, finalmente, enviadas.

Tive oportunidade de ver e fazer a confirmação do receituário com

supervisão. São muitos detalhes, de início, que exigem sempre um olhar atento,

mas que cedo também se tornam repetitivos ao ponto de se tornarem familiares.

5. Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos

De entre os serviços prestados na FS, é possível fazer e medição da tensão

arterial, da glucose, dos triglicerídeos, do colesterol total, do ácido úrico e a

determinação de peso, altura e IMC através de uma balança. É possível fazer-se

ainda a determinação da tensão arterial de um utente ao longo de quarenta e oito

horas, para uma melhor determinação dos picos de tensão arterial ao longo do dia

e eliminação da síndrome da bata branca.

Consoante a avaliação, há que ter em atenção se estão a serem cumpridos

requisitos como jejum, o estado de saúde do indivíduo, se fazem ou não medicação

e se já têm ou não o hábito de apontar os valores para ficarem com um histórico.

Durante o estágio tive a oportunidade de fazer medições a tensões arteriais

não tendo surgido muitas oportunidades de fazer medições a outros parâmetros.

5. Conclusão

O estágio comprovou ser aquilo que já vinha a antecipar: é uma experiência

única, imprescindível à formação, para o qual não me sentia preparado, e que de

início, chega a ser mesmo intimidante o quanto ainda há por aprender, apesar de

eu já estar na parte terminal do curso. Penso que a falta de confiança, o duvidar e

o sentir-me inadequado são ritos de passagem para todos os que iniciam uma nova

etapa. Por tão amargo que pareça ser o início, eu sei que este caminho não se faz

sem esforço, sem motivação nem sem melhoria.

Sendo as farmácias locais, aquelas em que mais se associam os

farmacêuticos à sua profissão, e sendo o atendimento aos utentes o ato que

apresenta uma maior visibilidade, tenho perfeita consciência de que haveria muito

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trabalho na farmácia, nomeadamente ao nível de gestão, que ficaria por merecer a

devida apreciação.

Porém, nem era a apreciação que me motivava, mas sim a minha evolução,

bem como a perspetiva de que com mais prática ultrapassasse as minhas

dificuldades, nomeadamente a ansiedade inicial. Sei que um dia irei eventualmente

atingir um patamar em que me sinta mais realizado pessoal e profissionalmente.

Tornar-me num bom profissional, para cada vez melhor servir os utentes e tentar,

sempre que possível, ter neles um impacto positivo, sempre foi e continuará a ser

o meu objetivo principal. A minha vontade, a minha boa disposição para superar o

que for necessário e, o que advém com a concretização do meu objetivo deixa-me

muito feliz, expectante e com o pensamento de que estou na área certa.

Parte II: Projetos Realizados:

1. Incontinência urinária (IcU)

1.1. Introdução

Durante o estágio, foi-me possível interagir com muitos utentes que

procuravam os serviços da farmácia por diversos motivos. A minha perspetiva é

que a maior parte dos utentes são de meia-idade e que há uma maior prevalência

de mulheres do que de homens. Com isso em conta e, eu querendo falar numa

problemática prevalente mas que também fosse pouca falada, optei por me focar

no tema da incontinência urinária.

A incontinência urinária é caraterizada pela perda involuntária de urina. É

um problema de saúde muito prevalente na população Europeia que afeta mais as

mulheres do que os homens e a sua prevalência é de 5 a 70% da população

consoante o país e intervalo de idades. É, no entanto, muito pouco falada.16 As

causas para este silêncio poderão dever-se a vários fatores: o fato de que não se

tratar de um problema de saúde grave nem resultar em complicações

imediatamente graves, de se aceitar erradamente que se trata do processo natural

de envelhecimento e também por se tratar de um problema que causa embaraço e

vergonha de se falar, o que dificulta o tratamento.

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Apesar de parecer um problema deveras simples, a IcU tem um grande

impacto físico, social e mental no indivíduo. Algumas complicações da IcU são o

aumento do risco de infeções urinárias, feridas e infeções dérmicas, a perda de

líbido, depressão, ansiedade e isolamento social. 17

Tendo o farmacêutico um papel privilegiado na interação com o utente e

sendo as farmácias um local onde se promove a saúde e bem-estar, deduzi que

seria interessante fazer um panfleto para melhor informar os utentes sobre o tema,

desde tipo de incontinências, fatores de risco e de medidas preventivas.

1.2. Tipos de incontinência

Estão definidos vários tipos de IcU, têm diferentes causas e afetam pessoas

de perfis diferentes.17

1.2.2. Incontinência de esforço

Trata-se de uma perda de urina que é causada por um esforço. Esse esforço

pode ser algo mínimo como uma tosse, um riso, um espirro ou algo mais intenso,

como a prática de desporto. É uma incontinência comum em mulheres jovens.17

1.2.3. Incontinência de urgência

É caraterizada por uma súbita perda de urina que é difícil de evitar e que é

precedida ou acompanhada de uma urgência em urinar.17

1.2.4. Incontinência mista

É uma incontinência que junta as caraterísticas da IcU de esforço com a IcU

de urgência.17

1.2.5. Incontinência de extravasamento

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É causada pelo comprometimento da capacidade contrátil do músculo

detrusor da bexiga e/ou uma obstrução das vias urinárias. Resulta em pequenas e

constantes perdas de urina. É comum em homens de meia-idade com hiperplasia

benigna da próstata.17

1.2.6. Incontinência funcional

Ocorre quando há uma deficiente transmissão de mensagens entre o

cérebro e a bexiga o que leva a uma perceção errada do quão cheia a bexiga se

encontra. Resulta numa dificuldade na interpretação da necessidade em urinar e

de quando urinar o que leva a um atraso da urgência em urinar.17

1.3. Fatores de risco

São muito variados, de um modo geral afeta mais as mulheres do que os

homens e também afeta mais aqueles com uma idade mais avançada por estarem

predispostos a sofrer de uma série de outros problemas de saúde que contribuem

para a IcU.

Algo em comum em vários fatores de risco é o aumento da pressão exercida

sobre a bexiga como se observa no caso da obesidade, obstipação crónica e a

prática de desporto, cuja pressão dificulta a contenção de urina.

A hiperplasia benigna da próstata pode obstruir as vias urinárias sendo

responsável pela IcU de extravasamento. Outros fatores incluem cirurgias, como a

histerectomia e prostatectomia, ter mais do que um parto (não há recuperação

completa do “esticão” dos músculos pélvicos depois da nascimento do bebé), a

menopausa cujas alterações hormonais podem agravar sintomas de ICU, a

diabetes, fumar, demência, entre outros.18

1.4. Complicações e prevenção

A IcU tem um grande impacto não só socioeconómico, impossibilitando o

indivíduo de trabalhar, mas também psicossocial. Os danos e complicações que

advém da IcU são tanto físicas: como feridas, irritação e infeções da pele húmida e

maior predisposição a infeções urinárias; como psicológicas. É para os indivíduos

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que dela sofrem uma fonte de constrangimento, vergonha e medo; uma razão para

se isolarem e fazerem menos atividades de grupo, um obstáculo ao dia de trabalho

normal, ao estar em público e também afeta a qualidade de sono.15

As medidas preventivas não são garantia, mas tem por objetivo diminuir a

possibilidade de se vir sofrer de IcU. Algumas destas são a perda de peso, a prática

de uma uma dieta equilibrada com fibras suficientes para prevenir obstipação,

manter os níveis de glucose no sangue, em diabéticos, sobre controlo para prevenir

neuropatia, moderar o consumo de irritantes da bexiga como bebidas ácidas,

cafeinadas e alcoólicas, a prática de exercícios pélvicos Kegel para ajudar a

tonificar os músculos pélvicos e cessar o consumo de tabaco.16

1.5. Tratamento farmacológico

O tratamento farmacológico para o tratamento da IcU é variado e tem que ter

em conta o tipo de IcU que se pretende tratar.

1.5.1. Anticolinérgicos

São fármacos com atividade inibitória da ligação da acetilcolina aos recetores

colinérgicos muscarínicos, e que têm uma atividade miorrelaxante nos músculos

lisos da bexiga. Esta atividade traduz-se numa diminuição das contrações o que

diminui a vontade de urinar e reduz as idas frequentes à casa de banho. Tem

utilidade no tratamento da IcU de urgência. Um exemplo é a oxibutinina.19,20

1.5.2. Agonista beta adrenérgico

O único fármaco, o mirabegron, exerce uma atividade miorrelaxante no

músculo detrusor da bexiga o que permite aumentar a capacidade de retenção

urinária.19,21

1.5.3 Antagonista alfa-adrenérgico

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25

Estes fármacos inibem os recetores alfa-adrenérgicos que têm atividade

miorrelaxante da bexiga e uretra, permitindo uma maior facilidade de esvaziamento.

São usados em tratamentos na IcU de extravasamento em homens. São exemplos

a alfuzosina, a tansulosina e a doxazosina.19,22

1.5.4. Estrogénios

A aplicação de fórmulas tópicas enriquecidas com baixas quantidades de

estrogénio ajudam a tonificar a uretra e vagina. Tem aplicação em IcU de stress e

de urgência.19,23

1.6. Tratamento não farmacológico

As opções são muito variadas, vão desde intervenções cirúrgicas à mudança

de comportamentos e prática de hábitos saudáveis, como são exemplos os

cuidados com a alimentação e prática de exercício físico.

Para a ajuda a combater a IcU há que limitar a ingestão de líquidos, gradual e

lentamente aumentar os intervalos de tempo entre as idas à casa de banho, evitar

bebidas açucaradas, alcoólicas e irritantes da bexiga como o café, chá e

refrigerantes; a perda de peso para diminuição da pressão exercida sobre a bexiga

e também a prática de exercícios kegel, que ao exercitarem e tonificarem os

músculos pélvicos resultam num melhor controlo urinário.19,24

1.7.Discussão e resultados

Não é todos os dias que chega um utente à farmácia a queixar-se de problemas

de incontinência, não tendo eu abordado ou sequer testemunhado um caso. Pode

parecer um projeto desnecessário e de pouco impacto, até porque trata de um

problema menor, não necessariamente grave. Mas, atendendo à prevalência, ao

teor e estigma a que está associado, torna-se evidente que é um problema ignorado,

o que torna pertinente a minha tentativa de chamar a atenção, educar e esclarecer

o tema.

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Deixei os meus panfletos numa zona acessível aos utentes, entre muitos outros

panfletos e magazines, onde verifiquei algum decréscimo dos números ao longo do

tempo. Repus ocasionalmente o número de panfletos até dez. Não tiveram a

procura que eu desejava que tivessem, mas já era de se esperar que assim fosse.

2. Aconselhamento de cosméticos

2.1 Introdução

A farmácia não é apenas reconhecida como o local onde se prestam

conselhos relacionados com o medicamento. Efetivamente, a grande maioria dos

produtos expostos na farmácia diante do público não são os medicamentos, são os

cosméticos. Há uma multiplicidade de produtos cosméticos de diferentes marcas,

com diferentes formas galénicas, diferentes composições, com indicações

diferentes e também para diferentes tipos de pele. Dada a complexidade e tendo

em consideração o interesse público na área, procuro estar melhor informado

acerca destes produtos e dos tipos de pele.

Era meu objetivo prestar um serviço de aconselhamento dermatológico

personalizado com base no tipo de pele do utente, seus interesses e rotina. Isto

começaria por um questionário para averiguar as caraterísticas da pele dos utentes,

tendo por base os dezasseis tipos de Baumann. Faria também a medição do teor

de hidratação da pele dos mesmos, com recurso de um aparelho medidor de

hidratação da pele que encontrei na farmácia.

Face às dificuldades, mais adiante mencionadas, e querendo conservar

alguns dos meus objetivos, tive de readaptar a ideia e de me contentar com a

distribuição de guias de aconselhamento dermocosmético. O preenchimento

implica uma breve interpretação da pele do utente que vem acompanhada de uma

tabela onde se tomam notas dos cosméticos usados, de como e quando os usar e

por que ordem devem ser aplicados.

2.2 Estado da arte

A dermocosmética é uma área em crescimento e que oferece uma enorme

gama de produtos para consumo humano com diversos objetivo como: embelezar,

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27

hidratar, mascarar, perfumar, proteger, tratar, limpar e corrigir imperfeições da

pele.11 São geralmente mais procurados pelas mulheres, embora a procura

crescente por parte dos homens seja evidente. A grande oferta no mercado pode

dificultar a escolha para alguns dos utentes, levar à indecisão, atrasar o

aconselhamento e levar ao uso de cosméticos menos adequados. Felizmente na

farmácia os produtos encontram-se bem organizados por marcas e indicações.

Os farmacêuticos são profissionais de saúde que estão numa posição

privilegiada de interação com os utentes, sendo os seus conselhos e opiniões

valorizados e muito acessíveis. A exposição de produtos cosméticos nas farmácias

e o facto de também serem cada vez mais rentáveis às farmácias, em comparação

com a venda de medicamentos, tem levado a que haja cada vez mais interesse em

que os farmacêuticos não tenham os seus conhecimentos centrados apenas nos

medicamentos e, se aventurem nesta área, na qual poderão ter um papel

determinante na adequação de produtos aos utentes.

2.3 Tipos de pele

De forma a aconselhar e adequar produtos aos utentes há que conhecer as

necessidades de cada um. Há vários métodos de classificação da pele. A escala

de Fitzpatrick, por exemplo, distingue a pele em seis fotótipos. Baseia-se na cor, na

capacidade de bronzear, sensibilidade solar e vermelhidão.25 Um outro método de

classificação são os dezasseis tipos de pele de Baumann que se classificam com

base em quatro parâmetros: se a pele é seca ou oleosa, se pigmenta ou não, se é

sensível ou resistente e se tem tendência ou não para enrugar. É a combinação

destes parâmetros que dá origem aos dezasseis tipos. O questionário que permite

esta classificação é extenso e o resultado funciona como que um diagnóstico da

pele, para o qual se pode então adequar um regime de cuidados dérmicos.

2.4. Dificuldades

As principais dificuldades a este projeto deveram-se à corrente situação

pandémica que tem como interesse a minimização de contactos, ao tempo

necessário para esta abordagem de aconselhamento cosmético que está aquém

Page 42: III - repositorio-aberto.up.pt

28

de um serviço, ao facto do atendimento ao balcão das farmácias ser rápido e

gratuito e por o questionário ser extenso.

A medição do grau de hidratação da pele teria de ter em conta a desinfeção

do aparelho e do espaço onde seriam feitas as medições o que deveria ser evitado

numa situação pandémica. Os resultados poderiam ser enviesados pela própria

desinfeção, pelo uso de cosméticos e de máscaras. Por último, sem haver uma

complementaridade com a entrevista, a simples medição da hidratação da pele

perde relevância. As ideias tiveram que ser abandonadas, mas sem querer desistir

do potencial para desenvolver algo que viesse a cumprir alguns dos objetivos em

volta do tema da dermocosmética, readaptei a ideia.

Como a maioria dos utentes que consomem cosméticos já tem uma ideia do

seu tipo de pele, surgiu a ideia de criar um guia de aconselhamento

dermocosmético que tem como base a perceção do tipo de pele do próprio

indivíduo, na anamnese e na recomendação de produtos com base no seu tipo de

pele, nos seus hábitos de higiene, no tempo que dispõe aos cuidados e nos seus

interesses.

2.5. Discussão e resultados

O projeto inicialmente seria sobre a implementação de seguimento

fármacoterapêutico, transformou-se numa tentativa de entrevista sobre a pele e de

aconselhamento dermocosmético personalizado, e acabou como um guia de

aconselhamento cosmético ao utente.

Durante o estágio efetuei o preenchimento e entrega do guia de

aconselhamento apenas a um utente. Apesar de querer que o projeto fosse mais

ambicioso e refletisse o meu interesse em abordar o tema, acabo grato pelo fato de

o ter usado/testado. Mostrou ser muito simples, de fácil preenchimento, permite

consciencializar o utente do seu tipo de pele e, um meio apropriado para serem

escritas recomendações, ordem e modo de utilização dos cosméticos (que nem

sempre dispõe de embalagem adequada à escrita), e são um meio de se

promoverem vendas cruzadas de cosméticos e, por último, tem como foco de

atenção a pele do utente.

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29

3. Formação sobre infeções urinárias e do trato geniturinário

3.1. Introdução

As infeções urinárias (IfU) são um termo que abrange as uretrites e cistites,

que são as IfU mais frequentes, e as pielonefrites que estão associadas a situações

mais graves. Podem englobar ainda orquites, epididimites e prostatites26 e podem

ser classificadas como recorrentes quando ocorrem com uma frequência de mais

de três vezes por ano, ou mais de duas vezes nos últimos seis meses.27

O principal agente responsável pelas infeções urinárias são as bactérias. Por

norma não são graves, mas originam com frequência infeções recorrentes. As

mulheres são mais afetadas devido à anatomia da uretra que é mais curta que a

dos homens e por as vias urinárias também estarem mais próxima do ânus, o que

facilita a contaminação por migração da flora do trato gastrointestinal.

Aproximadamente 50% das mulheres tem um caso de infeção urinária na

vida. A prevalência destas infeções leva a uma procura e uso frequente de

tratamentos com antibióticos (ABs). O uso de ABs pode nem sempre resolver as

infeções e acabar por recidivar levando os utentes a terem de repetir os tratamentos

com ABs de espetro mais alargado. O uso frequente de AB tem implícito um

desenvolvimento de resistências, a possibilidade de reações alérgicas e a

destabilização da microbiota, o que pode levar a infeções oportunistas como a

candidíase.

Com o objetivo de promover a prevenção e o tratamento de infeções

urinárias, de prestar informações relevantes nos atendimentos e, sempre que

possível, de diminuir o uso de antibióticos que poderão levar a resistências e a

casos de alergias, procuro consolidar o tema com uma formação interna em

apresentação PowerPoint.

Dado o fato do primeiro projeto ter estado relacionado com o sistema urinário,

pretendo aproveitar a formação para falar também da incontinência urinária de uma

forma sucinta. A formação foi apresentada num tablet, durante 2 semanas e em

cinco sessões para que conseguisse ter a adesão total de toda a equipa de

profissionais da FS.

Page 44: III - repositorio-aberto.up.pt

30

3.2. Infeções Urinárias

3.2.1. O papel da microbiota

Contrariamente ao que se conhecia há anos atrás, os mais recentes estudos

de uro-análise permitiram a identificação de espécies que colonizam o trato urinário

e geniturinário. Há mais de cem espécies, em mais de cinquenta géneros de micro-

organismos, que se estima fazerem parte desta microbiota. A totalidade da

constituição e o papel que estes micro-organismos têm na saúde do hospedeiro, e

por consequência nas infeções urinárias, não está ainda totalmente bem

estabelecido.27

A microbiota varia consoante múltiplos fatores como a etnia, hábitos e produtos

de higiene, hábitos sexuais, alterações hormonais como gravidez, menopausa,

toma de medicamentos nomeadamente antibióticos, entre outros. Os Lactobacillus

crispatus têm um papel importante na proteção e manutenção da homeostasia do

sistema, devido à capacidade de acidificarem o microambiente. O pH ácido

desencoraja a colonização por outras espécies que se estima serem responsáveis

pelas infeções, como é o caso da Escherichia coli, Klebsiella

pneumoniae, Enterococcus faecalis e Proteus mirabilis.

Dada a pressão que é exercida para haver excreção da urina, a capacidade de

adesão dos micro-organismos ao epitélio urinário e de formação de biofilmes são

importantes, assim como a integridade do epitélio urinário que é também um fator

determinante para a ocorrência de infeções.27, 28

3.2.2. Sintomas e complicações

São sintomas das IfU o desconforto, ardor, disúria, piúria, hematúria, tenesmo

urinário e polaquiúria. Se não forem bem tratadas podem levar a infeções

recorrentes, danos no sistema urinário, a partos prematuros e a situações muito

graves como a sepse.30

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31

3.2.3. Fatores de risco

São fatores de risco o género feminino, o uso de cateteres, cirurgias, o

elevado número de parceiros sexuais, maus hábitos de higiene, alterações na

homeostasia do microambiente, alterações do pH provocados pelo uso de produtos

inadequados nomeadamente de espermicidas, alterações do estado do sistema

imunitário e destabilização do epitélio urinário - que está relacionado com

alterações hormonais na mulher como a menopausa.28, 30

3.2.4. Prevenção

Para ajudar a prevenir a ocorrência das IfU há que ser cuidadoso na escolha

de produtos com pH ácido apropriado para a higiene íntima. Alguns produtos até

vêm enriquecidos de probióticos. São recomendados a bebida de muitos líquidos e

o esvaziamento da bexiga após as relações sexuais, isto para que quaisquer novos

micro-organismos estranhos sejam levados com o fluxo e antes de se multiplicarem.

A limpeza de frente para trás é também relevante por não incentivar a migração da

microbiota intestinal para o trato urinário.30, 31

3.2.5. Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico consiste num exame físico, no historial de infeções do indivíduo,

na uro-análise microscópica e em tiras de teste que dão informação relevante

quanto à presença de hemácias, leucócitos e reação com nitratos da urina.32

O tratamento com antibióticos é, em muitos casos, usado para fins profiláticos

nos quais esteja em causa uma suspeita de IfU. O mais usado é a fosfomicina e as

razões que suportam o seu uso são um tratamento curto de um a dois dias e que é

tão eficaz quanto o tratamento com a nitrofurantoína que dura cinco a sete dias com

várias administrações ao dia.32

3.2.6. Probióticos e suplementos

O uso de probióticos orais, tópicos e o uso de produtos de higiene íntima com

pH ácido visam manter e restabelecer o microbioma, evitar a colonização por

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32

espécies patogénicas e, ainda, reforçar o sistema imunitário.28 Há também no

mercado um vasto número de suplementos que alegam reforçar o sistema

imunitário e ajudar na prevenção de infeções urinárias.

A vasta maioria tem na sua composição arando-vermelho em associação com

outros extratos e vitaminas. O arando-vermelho é um ingrediente natural rico em

compostos polifenólicos e proantocianidinas, tem propriedades anti-inflamatórias

que ajudam a reduzir os sintomas das IfU e a diminuir as capacidades de adesão

das bactérias ao tecido uroepitelial. A diminuição da adesão bacteriana interessa

para impedir a proliferação e a formação de biofilmes que estão associados à

recorrência das IfU.33,34 Há estudos que mostram que suplementos com arando

vermelho são eficazes na diminuição do risco de IfU em cerca de 1/3. Não tem

eficácia em infeções já estabelecidas, mas pode ser usado como tratamento

complementar.35

A uva-ursina é outro composto comumente presente em suplementos, tem

propriedades antisséticas, diuréticas e anti-inflamatórias. Tem como compostos:

terpenos, iridóides, flavonoides, taninos e hidroquinonas como a arbutina que lhe

confere atividade antimicrobiana.36

As vitaminas, como a A também se encontram nestes suplementos e têm

interesse na melhoria dos sintomas das infeções por promoção da re-epitelização

do trato urinário.37

3.3. Infeções do trato geniturinário

3.3.1. Candidíase vaginal

A candidíase é uma infeção fúngica, que é geralmente causada por uma

levedura oportunista, que faz parte da flora normal vaginal e que está presente em

90% dos casos: a Candida albicans. Atinge cerca de 70% das mulheres pelo menos

uma vez na vida, sendo que cerca de 10% dos casos são assintomáticos.38

Pode ser classificada como complicada, se ocorrer mais de quatro vezes por

ano ou em grávidas, diabéticos não controlados e imunocomprometidos ou não

complicada se esporádica em mulheres saudáveis39

Page 47: III - repositorio-aberto.up.pt

33

3.3.2. Sintomas

A infeção carateriza-se por inflamação, disúria, desconforto, corrimento

esbranquiçado, comichão e dor genital durante o coito.38,39

3.3.3. Fatores de risco e prevenção

São populações de risco as grávidas, diabéticos não controlados, doentes

oncológicos e imunodeprimidos. Os fatores de risco incluem alterações hormonais,

nomeadamente a elevação dos níveis hormonais como toma de anticoncetivos

orais e a menopausa, e a desregulações da flora provocados pela toma de

antibióticos e uso de produtos de higiene inadequados.38,39

A prevenção passa por evitar a predisposição à criação de um ambiente que

seja favorável ao crescimento de fungos, e por medidas que visam a manutenção

da flora. Há que evitar o uso de roupas sintéticas a favor das de algodão, usar a

mesma roupa durante longos períodos de tempo, o uso de tampões e banhos muito

quentes, prolongados e de imersão.40

3.3.4. Tratamento

A candidíase é normalmente tratada com antifúngicos orais como o fluconazol

em toma única e também vaginais como géis, cremes e óvulos de clotrimazol,

miconazol e tioconazol. Os tratamentos estão limitados a fórmulas tópicas nas

grávidas e por norma são mais prolongados em indivíduos de risco e em

candidíases recorrentes.41

A toma de probióticos apresenta-se como uma medida complementar e

preventiva ao desenvolvimento das candidíases.42

3.4. Discussão e resultados

A formação foi apresentada cinco vezes de forma a poder conciliar com o

horário dos profissionais, e para não colocar em causa o normal funcionamento da

farmácia. A cada nova apresentação, ia-me sentindo mais confiante, com o meu

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34

discurso cada vez mais fluido e fui adicionando à formação os conhecimentos que

fui adquirindo com as discussões e comentários de apresentações anteriores.

As apresentações e discussões permitiram-me consolidar os conhecimentos

referentes ao tema das infeções urinárias, nomeadamente os sintomas, conselhos

e tratamentos disponíveis à venda na farmácia e também rever o tema da

incontinência urinária do qual tinha feito o panfleto. Teve boa receção por parte de

toda a equipa, o que me satisfez pelo entusiasmo percecionado.

Page 49: III - repositorio-aberto.up.pt

35

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42

Anexos

Anexo 1: Mapa da Farmácia Sousa com legenda

Legenda:

A: Entrada / Saída

B: Balcões

C: Sala de medição de parâmetros bioquímicos e administração de injetáveis

D: Gavetas

E: Gabinete da direção

F: Computador de receção de encomendas

G: Armazéns

H: Casa de banho

I: Laboratório

J: Sala de repouso/Refeições

K: Entrada / Saída

Verde: Prateleiras

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43

Anexo 2: Certificado de participação na formação da Skinceuticals

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44

Anexo 3: Certificado de participação na formação do Guronsan e

GunronEnergy

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45

Anexo 4: Panfleto sobre a Incontinência urinária

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Anexo 5: Guião de aconselhamento dermocosmético

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Anexo 6: Formação Interna de Problemas Urinários em PowerPoint

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