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Universidade de Brasília EDILENE JOSÉ ESTEVES LIMA ATLETISMO PARAOLÍMPICO: UMA OPÇÃO DE CONTEÚDO PARA INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA E VISUAL NO PROGRAMA ESPORTE ESPERANÇA / SEGUNDO TEMPO Belo Horizonte 2007

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Universidade de Brasília

EDILENE JOSÉ ESTEVES LIMA

ATLETISMO PARAOLÍMPICO:

UMA OPÇÃO DE CONTEÚDO PARA INCLUSÃO DE PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA FÍSICA E VISUAL NO PROGRAMA ESPORTE

ESPERANÇA / SEGUNDO TEMPO

Belo Horizonte

2007

ii

EDILENE JOSÉ ESTEVES LIMA

ATLETISMO PARAOLÍMPICO:

UMA OPÇÃO DE CONTEÚDO PARA INCLUSÃO DE PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA FÍSICA E VISUAL NO PROGRAMA ESPORTE

ESPERANÇA / SEGUNDO TEMPO

Trabalho apresentado ao Curso de

Especialização em Esporte Escolar do

Centro de Educação à Distância da

Universidade de Brasília em parceria com

o Programa de Capacitação Continuada

em Esporte Escolar do Ministério do

Esporte para obtenção do título de

Especialista em Esporte Escolar.

Orientador:

Prof. Dr. Pedro Américo de Souza

Sobrinho

Belo Horizonte

2007

iii

LIMA, Edilene José Esteves

Atletismo Paraolímpico: Uma opção de conteúdo para inclusão de pessoas com deficiência

física e visual no programa Esporte Esperança / Segundo tempo.

Belo Horizonte, 01 de setembro de 2007.

43 p.

Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.

1. Atletismo Paraolímpico 2. Deficiência Física 3. Deficiência Visual 4.Inclusão

iv

EDILENE JOSÉ ESTEVES LIMA

ATLETISMO PARAOLÍMPICO:

UMA OPÇÃO DE CONTEÚDO PARA INCLUSÃO DE PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA FÍSICA E VISUAL NO PROGRAMA ESPORTE

ESPERANÇA / SEGUNDO TEMPO

Trabalho apresentado ao Curso de

Especialização em Esporte Escolar do

Centro de Educação a Distância da

Universidade de Brasília em parceria com

o Programa de Capacitação Continuada

em Esporte Escolar do Ministério do

Esporte para obtenção do título de

Especialista em Esporte Escolar pela

Comissão formada pelos professores:

Presidente: Professor Doutor PEDRO AMÉRICO DE SOUZA

SOBRINHO

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Membro: Professor Mestre VARLEY TEOLDO DA COSTA

Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)

Belo Horizonte (MG), 01 de setembro de 2007.

DEDICATÓRIA

A Jesus que sempre me ilumina e

me guia.

A meus pais, pelo incentivo,

confiança e carinho constantes.

vi

AGRADECIMENTOS

Ao Ministério do Esporte pela oportunidade de participar de um Curso de Especialização a

Distância.

À Secretaria Adjunta de Esporte da Prefeitura de Belo Horizonte pela oportunidade de

trabalhar no Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo.

Aos colegas de núcleo: Jorge e Tininha e às crianças do núcleo Fundo da colina.

Ao Professor Pedro Américo pela orientação neste trabalho final.

Aos tutores (Professores: Efrain e Mário) pela orientação nos módulos anteriores.

À minha irmã Edileusa pela Revisão deste trabalho.

Enfim, agradeço a todos aqueles que, direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração

deste trabalho.

vii

O mais comum é a luta entre

parecidos, a ruptura entre diferentes,

como se fossem antagônicos. Não

Tenho dúvida de que a unidade na

diversidade se impõe às esquerdas

(plural) para vencer a direita (singular)

e, assim, democratizar nossa

sociedade“.

Paulo Freire

viii

RESUMO

O presente trabalho vem trazer uma nova opção de conteúdo para as atividades no

Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo, buscando assim a participação de crianças e

adolescentes com deficiência física e visual nesse programa, dando oportunidade de inclusão

social e esportiva a esse novo público.

O Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo tem como objetivo propiciar a

iniciação à prática esportiva, desenvolvendo capacidades e habilidades motoras, melhora da

auto-estima e da disciplina, cidadania, além de inclusão social dos integrantes do programa.

A prática esportiva é um direito da criança e do adolescente e que deve ser promovido

para todos. No entanto, esta deve ser feita sem excluir as crianças e jovens com necessidades

especiais.

Esse trabalho visa democratizar o acesso à prática esportiva por crianças e jovens com

deficiência física e visual, garantindo o preceito constitucional que define o esporte como

direito de todos.

As atividades esportivas para pessoas com deficiência são recursos facilitadores para o

processo de inclusão, para a superação de limites, melhora da qualidade de vida, além de

poder compensar determinadas limitações condicionadas pelas deficiências física e visual.

Por outro lado, o atletismo é considerado um esporte de base para outros esportes, pois

sua prática reflete os movimentos essenciais do ser humano nas seguintes especialidades:

caminhar, correr, saltar e arremessar.

O atletismo para pessoas com deficiência física e visual inclui em seu programa

basicamente todas as provas do atletismo regular, exceto o salto com vara, lançamento de

martelo e corridas com barreiras e obstáculos.

O Atletismo Paraolímpico é hoje a modalidade esportiva mais praticada nos países

filiados à Federação Internacional de Desportos para Cegos (IBSA). (Fonte: Manual de Orientação

para Professores de Educação Física - Atletismo).

ix

PALAVRAS CHAVES: 1. Atletismo Paraolímpico 2. Deficiência Física 3. Deficiência Visual

4.Inc

0

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO .............................................................................................................1

1.1 – Problema ...........................................................................................................3

1.2 - Justificativa.......................................................................................................4

1.3 - Objetivos ..........................................................................................................5

1.4 -Definição de termos............................................................................................6

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................8

2.1 – Leis que asseguram o direito à prática esportiva para pessoas com

deficiência...................................................................................................................8

2.2–As deficiências: Física e Visual..........................................................................12

2.2.1- Deficiência Física............................................................................................12

2.2.2 – Deficiência Visual.........................................................................................20

2.3 – Atletismo Paraolímpico....................................................................................24

2.3.1 - Atletismo para Pessoa com Deficiência Visual ............................................24

2.3.2- Atividade Física e a Pessoa com Deficiência Visual......................................30

2.3.3 - Atletismo para Pessoas com Deficiência Física.............................................32

2.3.4- Iniciação ao Atletismo Adaptado....................................................................37

3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................39

4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................41

1

INTRODUÇÃO

No tema proposto, encontra-se inserida uma preocupação com o compromisso de

desenvolver reflexões no sentido de colaborar com futuras ações em torno da política

esportiva a partir de uma ótica inclusiva de crianças e adolescentes com deficiência física e

visual em atividades esportivas no Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo.

O Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo tem como objetivo propiciar a

iniciação à prática esportiva, desenvolvendo capacidades e habilidades motoras, melhora da

auto-estima e da disciplina, cidadania, além de promover a inclusão social com base na

dinâmica do programa. Esse programa atua nos locais de maior risco social da cidade de

Belo Horizonte.

Neste programa, existe todo um trabalho de divulgação que é feito por um

funcionário que atua dentro da Secretaria Municipal Adjunta de Esporte juntamente com

um funcionário de cada núcleo, normalmente a pessoa que tem mais contato com a

comunidade local, que são os auxiliares de comunidade. Essa divulgação é feita nas escolas

municipais e estaduais de ensino fundamental e médio que ficam próximas aos núcleos.

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de Belo

Horizonte, Núcleo de Inclusão Escolar da Pessoa com Deficiência (2006), existem 1636

crianças com algum tipo de deficiência matriculadas nas escolas municipais de Belo

Horizonte. Mesmo assim, o número dessas crianças que se interessam ou procuram o

programa é muito pequeno.

Fica então uma questão: Por qual motivo essas crianças não estão participando das

atividades do programa? Um dos motivos poderia ser por que não se adaptaram às

atividades e um outro seria por que talvez achassem que o programa é restrito apenas a

pessoas que não possuam deficiência.

2

Sabe-se do estigma que as pessoas com deficiência carregam consigo, por isso, são

propostas atividades esportivas como recursos facilitadores na superação de limites, de

melhora nas projeções de vida, de melhora da longevidade, da qualidade de vida, além de

amenizar as perdas da capacidade física e de funções metabólicas.

Desta forma, é importante que haja uma sensibilização da importância da inclusão

de pessoas com deficiência nas práticas esportivas, pois além de todos os benefícios físicos,

este é também um instrumento eficaz de inclusão social.

Colocar em discussão o papel do esporte adaptado na inclusão de pessoas com

deficiência consiste na tentativa de superar a falta de oportunidades dada a essas pessoas. É

importante que não se confunda deficiência com incapacidade, pessoas com deficiência só

necessitam de oportunidades. As pessoas com deficiência não são incapazes, são diferentes

e devem ser respeitados e reconhecidos por esta diferença e ter os seus direitos garantidos

como qualquer outro grupo social.

O atletismo é uma modalidade esportiva bastante tradicional que vem sendo pouco

desenvolvida tanto nas escolas quanto nos clubes. Dentre vários esportes, ele foi escolhido

como uma opção de conteúdo por ser mais fácil e prático de ser implantado, tudo isso

levando em consideração os equipamentos esportivos já existentes e também o fato de o

atletismo convencional já fazer parte do conteúdo esportivo deste programa.

Com essa prática seria possível realizar um trabalho que integre crianças e

adolescentes com deficiência física ou visual no atual programa. Para isto basta capacitar os

monitores do programa para que eles possam receber esse público.

O Atletismo Paraolímpico é uma modalidade que faz parte dos Jogos Paraolímpicos

desde 1960 do qual participaram homens e mulheres com diferentes deficiências.O

interesse pelos esportes adaptados às pessoas com deficiência vem aumentando em todo o

mundo. De acordo com VERÍSSIMO (2006), o atletismo é hoje o esporte mais praticado

nos mais de 70 países filiados à Federação Internacional de Desportos para Cegos (IBSA).

3

1.1 – Problema

O Esporte Esperança / Segundo Tempo é um programa social da Prefeitura de Belo

Horizonte que atende mais de 9.000 crianças e adolescentes com idades entre 06 e 17 anos,

da periferia da cidade de Belo Horizonte. O trabalho é desenvolvido em 54 núcleos de

esporte de diversas modalidades formais e não formais, distribuídos nas nove regiões da

cidade. Esses núcleos estão localizados estrategicamente, em sua maioria, em áreas de

grande vulnerabilidade social, onde está concentrada a parcela da população menos

favorecida economicamente e mais susceptível à violência e à ação do tráfico de drogas. As

atividades são realizadas em praças comunitárias que tem quadras e / ou campo de futebol.

De acordo com o IBGE (2000), 25 milhões de brasileiros, 14,5 % da população, têm

algum tipo de deficiência. São homens, mulheres, crianças e jovens que, em muitos casos,

não têm assegurados seus direitos mais básicos: de ir e vir, de estudar, de lazer e de esporte.

Portanto, faz-se necessária a criação de programas, dentre outros, programas esportivos que

atendam essa população.

Foi observada, no programa, uma quantidade muito pequena de crianças com

deficiência. Com base nos dados da SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE

ESPORTES DA PREFEITURA DE BELO HORIZONTE (2006), estima-se que apenas

0,01% dos inscritos nesse programa tem algum tipo de deficiência. Esse número é muito

pequeno se compararmos com o número total de crianças e adolescentes atendidos

atualmente no Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo.

4

1.2 – Justificativa

O esporte e a prática regular de atividade física são instrumentos de

desenvolvimento humano e melhoria da qualidade de vida e, portanto, devem ser

assegurados a todas as pessoas, independente da idade, gênero, raça, condição social ou

física. É um dos principais meios de inclusão de pessoas com deficiência na sociedade.

A prática de atividade física e/ou esportiva por pessoas com algum tipo de

deficiência pode proporcionar, dentre todos os benefícios da prática regular de atividade

física já conhecidos, a oportunidade de testar limites e potencialidades e promover a

inclusão social do indivíduo. Para SOUZA (2006 p.26), “o esporte cumpre os nobres

objetivos de detectar e desenvolver os potenciais das pessoas com deficiência e

proporcionar a elas oportunidades para que sejam reconhecidas como capazes de participar

da vida comunitária em condições de igualdade de direitos com as demais pessoas”. Dentro

desta perspectiva, a pessoa com deficiência passa a ser vista pelo seu potencial, suas

habilidades e aptidões.

Além disso, SENATORE (2006 p.9) afirma que, “ao oportunizar a prática esportiva

para os alunos com deficiência, os professores de Educação Física estarão rompendo e

substituindo muitos paradigmas: da incapacidade pela capacidade, da baixa estima pela

auto-estima, da exclusão pela inclusão”.

A escolha do atletismo como uma opção de conteúdo é devido à sua facilidade e

praticidade em ser implantado no programa, levando em consideração que o atletismo

convencional já faz parte das atividades propostas pelo Programa Esporte Esperança /

Segundo Tempo. Considerando-se, também, a deficiência de equipamentos esportivos no

programa, o atletismo adaptado se apresenta como sendo uma boa opção, pois, mesmo com

a estrutura física atual, seria possível iniciar essa modalidade. Por isso, é sugerido que o

Atletismo Paraolímpico seja mais um elemento de colaboração com o programa,

oportunizando a prática esportiva por pessoas com deficiência física e deficiência visual e,

5

assim, detectar e desenvolver seus potenciais,compensar suas limitações e promover sua

inclusão na sociedade.

1.3 – Objetivos

1.3.1– Objetivo geral

Apresentar uma opção de conteúdo que possa incluir crianças e adolescentes com

deficiências física e visual nas atividades do Programa Esporte Esperança / Segundo

Tempo.

1.3.2– Objetivos específicos

- Proporcionar a prática esportiva de pessoas com deficiência no Programa Esporte

Esperança / Segundo Tempo;

- Apresentar a modalidade Atletismo Paraolímpico no Programa Esporte Esperança /

Segundo Tempo;

- Incluir e integrar as crianças e adolescentes com deficiência física e visual nas atividades

atuais do Programa Esporte Esperança / Segundo tempo.

6

1.4- Definição de Termos

• Esporte Adaptado – Surgiu no início do século XX. São modalidades

esportivas adaptadas para serem praticadas por pessoas com deficiências. São dezenove

modalidades de esporte adaptado, abrangendo os diversos tipos de deficiência;

(www.cpb.org.br ).

- “Esporte Adaptado refere-se ao esporte modificado ou designado especialmente

para suprir as necessidades especiais de indivíduos com deficiência. O esporte adaptado

pode ser conduzido para a integração de pessoas com deficiência com pessoas 'normais'".

WINNICK (1995).

• Jogos Paraolímpicos - São equivalentes aos Jogos Olímpicos, com provas

restritas a atletas com deficiências física ou visual. Em 1960, foram realizados os primeiros

Jogos Paraolímpicos. Esses Jogos tiveram como cidade sede Roma e aconteceram logo

após os Jogos Olímpicos – realizados também na Itália. Desde então já foram realizadas

mais dez Paraolimpíadas; (pt. wikipedia. org ).

• Programa Segundo Tempo – O Segundo Tempo é um programa do

Ministério do Esporte, em parceria com o Ministério da Educação, promovido pela

Secretaria Nacional de Esporte Educacional, destinado a possibilitar o acesso à prática

esportiva aos alunos matriculados no ensino fundamental e médio dos estabelecimentos

públicos de educação do Brasil, principalmente em áreas de vulnerabilidade social;

(www.esporte.gov.br ).

• Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo – O Programa Esporte

Esperança / Segundo Tempo, da Secretaria Municipal Adjunta de Esportes da Prefeitura de

Belo Horizonte, em parceria com a Secretaria Nacional de Esporte Educacional (Ministério

do Esporte) e apoio das Secretarias Municipais de Coordenação das Gestões Regionais,

7

planeja, coordena, executa, supervisiona e avalia políticas públicas de esporte e lazer para

cerca de 9.100 crianças e adolescentes de 06 a 17 anos no município de Belo Horizonte;

(Arquivo da Secretaria Adjunta de Esportes da Prefeitura de Belo Horizonte).

• Deficiência - Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função

psicológica, fisiológica ou anatômica, que gere incapacidade para o desempenho de

atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. (Artigo 3º do Decreto no.

3.298, de 20 de dezembro de 1999 que regulamenta a lei nº 7.853 de 24 de dezembro de 1989).

- A perda ou limitação de oportunidades de participar da vida comunitária em

condições de igualdade com as demais pessoas. (Resolução no. 48 de 1996, da ONU).

• Inclusão – “Processo pela qual a sociedade se adapta para poder incluir, em

seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades educacionais especiais e,

simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade”.

SASSAKI (1997).

8

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Esta revisão foi feita baseada principalmente no Manual de Orientação para

Professores de Educação Física, do projeto paraolímpicos do futuro. Esse é um projeto do

Comitê Paraolímpico Brasileiro. Portanto, a terminologia adotada neste trabalho é a mesma

usada pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro.

2.1– LEIS QUE ASSEGURAM O DIREITO A PRÁTICA ESPORTIVA

PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA:

A prática esportiva é um direito da criança e do adolescente e que deve ser

promovido para todos, sem seletividade.

Existe todo um aparato legal que assegura a prática esportiva para crianças e

adolescentes. Esses direitos constam na lei suprema deste país, que é a Constituição

Federal, no órgão que dispõe da proteção integral da criança e do adolescente, o Estatuto da

Criança e do Adolescente e também nas leis que regem o ensino básico do país, que são as

Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

2.1.1 - A Constituição do Brasil diz:

• Artigo 203: no inciso IV - habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de

deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária.

• Artigo 217: É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais,

como direito de cada um;

9

• Artigo 227: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao

adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à

educação, ao lazer ... à convivência familiar e comunitária ...;

2.1.2 - Estatuto da Criança e do Adolescente:

• O Artigo 2º: define como criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos

de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade;

• Artigo 3º: a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais

inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,

assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a

fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em

condições de liberdade e de dignidade;

• Artigo 4°: é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder

público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à

vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à

cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo Único: c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas.

• Artigo 5º: nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de

negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na

forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais;

• Artigo 11º, Capítulo I § 1º: a criança e o adolescente portadores de deficiência

receberão atendimento especializado;

• Artigo 16º, Capítulo II, Inciso IV: Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade,

que o direito à liberdade compreende o direito a brincar, praticar esportes e divertir-

se;

10

• Artigo 71: a criança e o adolescente têm direito à informação, cultura, lazer,

esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição

peculiar de pessoa em desenvolvimento;

• Artigo 208, Capítulo VII: regem-se pelas disposições desta Lei as ações de

responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente,

referente ao não oferecimento ou oferta irregular...de atendimento educacional

especializado aos portadores de deficiência;

Esse capítulo traz a expressão “portadores de deficiência” o que, neste

trabalho, tratamos como “pessoa com deficiência”. Essa expressão passou a ser usada

algum tempo depois que essas leis formam sancionadas.

2.1.3 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

Lei n° 9.394, de 20/12/1996:

• Artigo 27:

Inciso I – a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e

deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;

Inciso IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-

formais;

Lei n° 10.793, de 1° de dezembro de 2003:

• Artigo 26, Parágrafo 3°: a educação física, integrada à proposta pedagógica da

escola, é componente curricular obrigatório da educação básica.

Apesar de haver todo um aparato legal que dá o direito à prática esportiva para

pessoas com deficiência, na maioria das vezes, esse direito não é usufruído, ou pela falta de

11

informação das pessoas ou pela falta de cumprimento da lei por parte das autoridades

responsáveis. Esse é um problema que precisa ser resolvido, visto que há uma grande

demanda deste público com relação à prática esportiva, mas não houve, ainda, uma

preocupação do Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo em incluir este grupo em

suas atividades.

É necessário que haja um conjunto de ações que caminhem no sentido de

transformação da realidade atual em promover o esporte para pessoas com deficiência,

além da sensibilização de toda a população sobre o direito à prática esportiva dessas

pessoas.

Esse trabalho visa democratizar o acesso à prática esportiva por pessoas com

deficiência física e visual, no Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo, garantindo o

preceito constitucional que define o esporte como direito de todos.

O Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo oferece atividades esportivas e de

lazer realizados no contraturno escolar. Tem finalidade de colaborar com a inclusão social,

bem - estar físico, promoção da saúde e assegurar o exercício da cidadania. Mas tudo isso

vem sendo oferecido para um número muito pequeno de pessoas com deficiência. Portanto,

é necessário que o programa ofereça atividades que sejam compatíveis com esse público.

O atletismo paraolímpico é uma opção de conteúdo que atende tanto pessoas com

deficiência física quanto pessoas com deficiência visual, é fácil de ser implantado, pois

pode ser realizado junto com as outras crianças. Assim, o programa estará cumprindo os

dispositivos legais e exercendo melhor seu papel social.

12

2.2 – AS DEFICIÊNCIAS: FÍSICA E VISUAL

2.2.1- DEFICIÊNCIA FÍSICA

É a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo

humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de

paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia,

triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia

cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as

deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de

funções (Artigo 70, do Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004).

Tipos de Deficiência Física

Paralisia Cerebral

Para BOBATH (1979), A paralisia cerebral “é o resultado de uma lesão ou mau

desenvolvimento do cérebro, de caráter não – progressivo e existindo desde a infância”.

Ela é caracterizada por distúrbios motores e alterações posturais permanentes,

podendo ou não estar associadas a alterações cognitivas. As alterações motoras tornam o

movimento voluntário descoordenado, estereotipado e limitado. GAUZZI e FONSECA

(2004).

Principais Causas da Paralisia Cerebral

A paralisia cerebral tem diversas causas que podem ocorrer ao longo da gravidez,

durante o parto e depois dele e, por isso, suas causas são divididas pela sua época de

ocorrência em pré-natais, perinatais e pós-natais.

13

De acordo com SOUZA (2006), as causas pré-natais podem ser devido a distúrbios

circulatórios que durante a fase da gestação podem provocar deficiências acentuadas de

oxigenação no cérebro da criança, sendo manifestos, entre outros, por deformidades ou

distúrbios funcionais do coração da criança ainda em formação, distúrbio nas trocas

sangüíneas entre a mãe e a criança, incompatibilidade sangüínea entre a mãe e a criança,

enforcamento pelo cordão umbilical, hemorragias sérias da mãe durante a gravidez, etc;

Outras causas pré-natais são freqüentes são a exposição a raios-X, redução no

número de hemácias, ou seja, mãe com anemia, além de infecções tais como, sífilis,

tuberculose, toxoplasmose, rubéola, paratifo, malária, hepatite, meningite, varicela, etc;

Agentes tóxicos, como drogas (craque, cocaína, maconha, etc.), medicamentos,

produtos químicos (material de limpeza, inseticidas, etc., ingeridos acidentalmente pela

gestante), alimentos com validade vencida, nos quais se desenvolveram agentes tóxicos

(fungos e bactérias), poluição ambiental, etc, além de distúrbios metabólicos e

traumatismos diretos na barriga da gestante, podem levar a uma paralisia cerebral.

Das causas perinatais (durante o parto), podem ser citadas: asfixias em partos

prolongados, edema cerebral; alguns medicamentos ,por exemplo, anestesia durante o

parto; rompimento prematuro da placenta; a própria constituição da criança (crianças

prematuras ou subdesenvolvidas); lesões mecânicas. (quedas, uso de fórceps).

Das causas pós-natais, ou seja, depois do parto, podem ser citadas: traumatismo

craniano (comoção, contusão e fratura); anomalias dos vasos sangüíneos (levando a

isquemias ou hemorragias cerebrais); infecções (rubéola, varicela, meningite, gripe, etc.);

processos capazes de destruir áreas do cérebro (tumores cerebrais, isquemia, hidrocefalia,

etc) e distúrbios metabólicos.

14

Classificações da Paralisia Cerebral

A classificação da paralisia cerebral pode ser de acordo com o tipo e a localização

motora, com o grau de acometimento e o nível de independência para as atividades diárias.

Podem ser classificadas em espástica, atáxica, discinética, hipotônica, atetóide

(atetose) e mista.

A forma espástica, também conhecida como espasticidade é o tipo mais comum de

paralisia cerebral. De acordo com GAUZZI e FONSECA (2004) a espasticidade acomete

aproximadamente 70% dos casos de paralisia cerebral. Ela se caracteriza por um aumento

dos reflexos tendíneos e uma resistência ao estiramento rápido muscular.

Para SOUZA (2006), as formas mais graves de comprometimento na espasticidade

são caracterizadas pelo sufixo “plegia” nos diagnósticos, tais como hemiplegia,

monoplegia, diplegia, triplegia, etc., indicando um grau maior de comprometimento. Já as

formas mais brandas de manifestação espástica da paralisia cerebral são especificadas pelo

sufixo “paresia”, tais como: hemiparesia, diparesia, monoparesia, etc.

De acordo com a forma de manifestação, a paralisia cerebral espástica pode ser

dividida em diversas formas, dependendo do número de membros comprometidos.

A monoplegia ou monoparesia que é caracterizada pelo comprometimento de um só

membro do corpo podendo ser um braço ou uma perna.

A diplegia ou diparesia (paraplegia) é caracterizada pelo comprometimento de dois

membros iguais.

A hemiplegia ou hemiparesia é caracterizada pelo comprometimento de um lado do

corpo, em que o braço, a perna e a musculatura do tronco de um mesmo lado são

comprometidos.

15

A triplegia ou triparesia é caracterizada pelo comprometimento de três membros,

sendo dois membros de um mesmo lado e um membro do outro lado do corpo

comprometido.

Por fim, no que se refere à forma espástica, a quadriplegia é caracterizada pelo

comprometimento dos quatro membros do indivíduo.

A forma atáxica (ataxia) acomete aproximadamente 5 a 10% das pessoas com

paralisia cerebral. Ela se caracteriza por distúrbios de coordenação motora, do equilíbrio, da

percepção espaço-temporal, nistagmo (leve tremor dos olhos), baixo tônus muscular,

movimentos oscilatórios do braço e da mão, fala escandida, que se assemelha à fala das

pessoas embriagadas.

A atetose é caracterizada por distúrbios de coordenação motora com movimentos

involuntários, dismétricos, extremos e contralaterais. A pessoa com atetose apresenta

mímica facial acentuada e fala muito comprometida.

Na forma mista a paralisia cerebral pode se apresentar combinando características

espásticas com atetóides, mas sendo possíveis outras formas de combinação. Neste caso se

fala em formas mistas de manifestação.

A forma hipotônica se caracteriza por hipotonia. De acordo com SOUZA (2006), a

hipotonia é caracterizada por flacidez muscular e rápido cansaço da musculatura ipsilateral

(astenia). Devidos às modificações da inervação tônica. Os reflexos tendinosos apresentam-

se lentos.

É importante ressaltar que a paralisia cerebral não tem um quadro progressivo, ela

acontece na infância e não progride na vida adulta.

Não se deve associar a paralisia cerebral com déficit de aprendizagem, pois isso

nem sempre acontece. Portanto, pessoas com paralisia cerebral são capazes de realizar

várias atividades, dentre elas: estudar, trabalhar, praticar atividades físicas e esportivas.

16

“É comum a ocorrência de distúrbios visuais em portadores de paralisia cerebral,

sendo que aproximadamente 60 a 80% dos estudantes com paralisia cerebral apresentam

algum tipo de comprometimento da visão e, deste total, 40 a 50% necessitaram de correção

óptica (lentes ou óculos). Estes distúrbios visuais é que dificultariam o processo de

aprendizagem e não a paralisia cerebral”. SOUZA( 2006).

Além da paralisia cerebral outras formas de manifestação freqüentes entre as

manifestações da deficiência física se referem às lesões e malformações da medula

espinhal, ocasionando paraplegias e tetraplegias. Estas ocorrências estão cada vez mais

freqüentes na sociedade moderna.

Lesões Medulares

O termo lesão medular é utilizado para se referir a qualquer tipo de lesão que ocorra

nos elementos neurais do canal medular.

A medula, que está localizada dentro da coluna vertebral, faz parte do sistema

nervoso central (SNC) que conecta o cérebro com os nervos responsáveis pela condução

das ordens motoras, sensitivas e dos sistemas nervoso simpático e parassimpático. Qualquer

trauma ou doença que acometa a medula espinhal produzirá alterações motoras, sensitivas,

viscerais (bexiga e intestino), sexuais e tróficas (pele).

A lesão medular pode ocorrer em diversas alturas e formas e por diversas causas.

Conforme a altura e gravidade da lesão na medula, haverá mais ou menos

comprometimentos dos movimentos, da sensibilidade e do funcionamento de vários órgãos

vitais, já que os sistemas nervosos central, periférico e autônomo interagem. Para SOUZA

(1994), as pessoas com lesões na medula espinhal apresentam distúrbios, tais como: perda

da sensibilidade no corpo (à dor, frio, calor, tato, propriocepção postural, etc.) à altura da

lesão para baixo, redução da capacidade respiratória (em lesões cervicais e até a 2ª vértebra

17

dorsal), disfunção do sistema de regulação térmica, incontinência urinária e precário

controle de esfíncter retal, predisposição para infecções urinárias e escaras (úlceras) de

decúbito, tendência à osteoporose em determinadas regiões, comprometimento parcial do

controle motor ou a perda total da motilidade voluntária autônoma.

De acordo com SOUZA (2006), quando as vias medulares são totalmente

interrompidas, resulta em uma lesão medular completa. Essa lesão será diagnosticada como

sendo uma tetraplegia, quando comprometer os quatro membros e o tronco, como

conseqüência de lesões cervicais e em nível da primeira vértebra torácica. Quando a lesão

medular completa comprometer “apenas” as pernas, o diagnóstico será de paraplegia. Nas

lesões medulares incompletas, quando elas ocorrerem na região cervical ou até a primeira

vértebra torácica o diagnóstico será de tetraparesia, já que todos os quatro membros e o

tronco ficam parcialmente comprometidos. Abaixo deste nível o diagnóstico será de

paraparesia, já que ambas as pernas ficam parcialmente comprometidas.

Causas da paraplegia e da tetraplegia

Entre as causas mais freqüentes da paraplegia e da tetraplegia podem ser citadas:

traumatismos medulares que são provocados por acidentes com automóveis, no lazer, no

trabalho e por armas, tanto armas branca como armas de fogo.Um outro motivo são os

processos intra-espinhais capazes de destruir áreas medulares como, por exemplo, tumores,

abscessos, hérnias de disco, cistos, hematomas, etc.

Algumas infecções e infestações que acometem muitas regiões brasileiras também

podem levar a lesões na medula e isto pode ser causado devido a grande a infestação por

xistose (Schistossoma mansoni), que pode se alojar junto à medula e provocar paraplegias;

Existem outras causas que podem levar a lesões na medula: Alguns processos

degenerativos, como por exemplo, na esclerose múltipla; Más formações da estrutura

18

neural da medula; Instabilidade cervical (instabilidade atlanto - axial) na síndrome de

Down.

As lesões medulares têm duas formas de manifestação que, de acordo com SOUZA

(1994), são as formas flácidas e as formas espásticas.

As formas flácidas são causadas por lesões nos cornos anteriores da medula, no

âmbito de várias raízes anteriores, no plexo e também nos nervos periféricos. Caracteriza-se

pela paralisia dos membros inferiores, atrofia muscular e hipotonicidade acentuadas.

As formas espásticas resultam de comprometimentos dos fusos piramidais até

comprometimentos dos cornos motores anteriores da medula. Caracteriza-se pela

Paraparesia (semiparalisia = relativamente leve comprometimento) dos membros inferiores,

não possuem atrofia muscular degenerativa e a espasticidade se sobrepõe à paralisia.

Conseqüências motoras da paraplegia e da tetraplegia

Nas lesões medulares completas, o comprometimento mais importante e mais

conhecido da sociedade é a perda da capacidade de locomoção. As lesões completas

implicam o uso de cadeira de rodas por toda a vida.

As lesões medulares incompletas, apesar de mais raras, ocorrem também em nível

expressivo e implicam o uso permanente de cadeira de rodas, tutores e / ou andadores.

As lesões cervicais provocam, também, redução da capacidade respiratória, já que

os músculos intercostais passam a apresentar uma paresia. Da mesma forma, estão

comprometidos a maioria dos músculos do tronco, dos braços e das pernas. A pessoa perde

a preensão dos dedos da mão.

Conseqüências não-motoras da paraplegia e da tetraplegia

19

Nas lesões medulares, juntamente com os comprometimentos das funções motoras,

são acometidos também a sensibilidade, os reflexos, o sistema simpático - parassimpático,

sendo afetados ainda os esfíncteres anal e urinário.

Entre as conseqüências não motoras da paraplegia e da tetraplegia que apresentam

maior importância são: Tendência a ocorrer escaras (úlceras) de decúbito pelo fato da

pessoa ficar muito tempo deitada em uma só posição e ocorrência infecções urinárias, que

podem provocar insuficiências renais;

È comum acontecer contraturas, osteoporose, disfunção do sistema de regulação

térmica que pode levar a perda de sensibilidade (à dor, frio, calor, tato, contato,

propriocepção postural, etc.); disfunção da atividade da bexiga e do intestino, essas pessoas

não possuem controle de esfíncteres e por isso exigem uma atenção especial;

“Deve-se ressaltar que apesar de as paraplegias e tetraplegias serem irreversíveis,

isto não impede a prática desportiva. A seleção das atividades e modalidades desportivas,

bem como a dosagem das cargas, considerará e procurará desenvolver as funções e

qualidades (motoras, fisiológicas, sociais, psicológicas, etc.) remanescentes. Por isso,

dizemos que um dos objetivos primordiais do esporte será desenvolver as potencialidades

do indivíduo”. SOUZA (1994).

2.2.2 - DEFICIÊNCIA VISUAL

A deficiência visual – cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor

que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade

visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a

somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60°; ou a

ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores (Artigo 70 do Decreto 5.296, de

02 de dezembro de 2004).

20

Para SOUZA (2006), a cegueira pode ser subdividida em cegueira total e cegueira

parcial.

A cegueira total é a completa perda da visão. Ela também é denominada amaurose.

Nesse caso, considera-se que a visão é nula, sendo também chamada de “visão zero”. Na

cegueira total, não é possível distinguir nem mesmo a luz.

A “cegueira parcial” (também denominada de cegueira legal ou cegueira

profissional) se refere à situação de acuidade visual corrigida nos dois olhos (com óculos ou

lentes de contato) que é igual ou inferior a 0.1, bem como aos portadores de campo visual

tubular (ou de visão “em túnel”) restrito a 20 graus ou menos. Pessoas que só percebem

vultos, a curta distância, se enquadrariam no que se conceitua como “cegueira parcial”.

As principais causas da cegueira Infantil são as anomalias congênitas, presentes no

nascimento. Elas decorrem de alguma irregularidade nos processos de desenvolvimento

intra-uterino. Entre suas causas podem ser citados fatores genéticos e ambientais, bem

como suas interações. Dentre os agentes causais ambientais, podem ser citados agentes

físicos, químicos ou infecciosos, capazes de provocar alterações no desenvolvimento

durante a vida intra-uterina.

Quanto à idade gestacional em que se iniciam, as anomalias de desenvolvimento

podem ser situadas em três classes: Germinativas ou gametogênicas (nitidamente

hereditárias), organogênicas (da 2ª à 6ª semana) e Fetais (do 3º. ao 6º. mês).

As duas últimas são causadas por influências ambientais, tais como rubéola, sífilis,

toxoplasmose, tuberculose, etc. Quanto mais precoce incidir um desses agentes causais,

mais sério poderá ser o comprometimento.

Das principais causas de cegueira no adulto podemos destacar o diabetes como

sendo uma das principais causas de cegueira na vida adulta. A retinopatia diabética é a

causa de 84% da cegueira em diabéticos.

21

O glaucoma é outra importante causa de cegueira e pode ser definido como uma

condição onde a pressão intra-ocular (PIO) encontra-se em níveis intoleráveis à papila

óptica, acarretando lesões atróficas de suas fibras nervosas e, conseqüentemente, perda de

campo visual.

O glaucoma é causado pelo acúmulo do líquido, chamado humor aquoso, que

circula no interior do olho. Esse acúmulo se produz ou devido ao aumento da formação do

líquido ou pela obstrução do conduto pelo qual normalmente esse líquido sai do olho. Desta

forma, como continua sendo produzido o líquido, a pressão intra-ocular vai aumentando

progressivamente.

A degeneração macular senil é outra importante causa de cegueira em indivíduos a

partir da 7a. década de vida. Usualmente afeta ambos os olhos. É causada pelo

enfraquecimento da membrana de Bruch, fato que permite um extravasamento de líquido

seroso com conseqüente descolamento do epitélio pigmentar. Ocorre em 15% das

cegueiras.

“Deve ser lembrado que uma série de doenças pode se manifestar tardiamente,

como, por exemplo, a retinose pigmentar e a coroideremia ou doenças adquiridas

provocadas por traumatismo, descolamento de retina, infecções, tumores, etc, podem

provocar cegueira no adulto” (SOUZA, 2006).

Outras ocorrências comuns na deficiência visual

Existem outras causas comuns de deficiência visual que são a catarata, a cegueira

congênita, as doenças degenerativas da retina, o descolamento da retina, o nistagmo, a

toxoplasmose e os traumatismos no olho.

A catarata pode ocorrer em crianças e jovens, e não só em idosos, podendo

provocar a cegueira.

22

A catarata nada mais é do que a perda da transparência do cristalino, que

dependendo da sua intensidade pode gerar desde uma discreta diminuição da acuidade

visual, até a visão apenas da projeção da luz. A catarata pode ser uni ou bilateral.

A cegueira congênita é causada por uma má formação do aparelho ocular na fase

fetal.

As doenças degenerativas da retina se constituem num conjunto de patologias que

acometem a retina, provocando a sua degeneração progressiva. Dentre elas, as mais comuns

são a Retinose Pigmentar e a Retinopatia Senil.

O descolamento da retina: ocorre quando a retina se desprende da coróide, camada

responsável pelo envio dos nutrientes àquela. O descolamento da retina tem como causa,

entre outros, má circulação sanguínea e traumatismos no globo ocular. O tratamento é

cirúrgico, e para que obtenha sucesso, deve ser realizado antes que a lesão atinja a mácula,

região central da retina.

O nistagmo: que se refere a movimentos involuntários dos olhos,

dificultando a visualização das imagens;

A toxoplasmose é uma infecção causada pelo Toxoplasma gondiié que é uma

doença que pode ser transmitida através do contato com alguns animais, podendo levar à

perda total ou parcial da visão. Manifesta-se tanto no homem quanto nos animais, e em

certos casos pode ser fatal.

Os traumatismos no olho podem ser causados por acidentes, em geral, em que se

verifique ou não a perfuração do globo ocular ou a exposição da córnea a agentes

corrosivos. Eles podem provocar a perda abrupta e irreversível da visão.

Existem alguns sinais que identificariam uma deficiência visual. Os mais comuns

são, freqüentes dores de cabeça; cansaço rápido durante a leitura; desvio de conversão, de

fixação, dos olhos; olhos freqüentemente remelentos ou avermelhados; impressão de que

existem "estrelinhas" ou “nuvenzinhas” no ar; franzir a testa e/ou "apertar" os olhos na

tentativa de enxergar; aproximar um objeto muito próximo ou muito distante do rosto, bem

23

como em uma posição lateralizada, para facilitar sua visualização; visão embaçada; andar

com passos muito curtos; andar com as mãos à frente do corpo; andar com o tronco

inclinado para trás; se a pessoa freqüentemente protege os olhos da luz; se a pessoa

freqüentemente esbarra em móveis, deixa cair ou derruba objetos ou se a pessoa

freqüentemente reage tardiamente a estímulos visuais (SOUZA, 2006).

Tudo isso tende a deixar a criança mais insegura, dependente, com medo de

situações desconhecidas, dentre outros. Além disso, SOUZA (2006), menciona que esses

comprometimentos visuais normalmente levam a pessoa a adotar uma postura inadequada

do tronco, pescoço e cabeça, que por sua vez podem provocar dores.

2.3.- ATLETISMO PARAOLÍMPICO

O atletismo paraolímpico é uma modalidade esportiva que faz parte dos jogos

paraolímpicos desde as Paraolimpíadas de Roma, em 1960.

De acordo com o CPB - Comitê Paraolímpico Brasileiro, podem participar das

provas dessa modalidade pessoas amputadas, atletas em cadeira de rodas (cadeirantes),

pessoas com deficiência visual e paralisados cerebrais, tanto no masculino como no

feminino.

As provas são agrupadas nos blocos tradicionais de corridas, saltos, arremessos e

lançamentos, pentatlon e maratona.

Essa prática no âmbito escolar deve ser tratada, antes de tudo, como um recurso

para a inclusão social e para a boa saúde física e mental de seus praticantes.

24

2.3.1- ATLETISMO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

De acordo com VERÍSSIMO (2006), o atletismo é hoje o esporte mais praticado

nos mais de 70 países filiados à Federação Internacional de Desportos para Cegos (IBSA),

contribuindo para o desenvolvimento orgânico e funcional da criança por meio de seu

aparelho respiratório e circulatório, melhorando entre outras coisas, a resistência à fadiga.

As situações de múltiplos saltos, lançamentos e corridas permitem às crianças uma melhora

geral de sua motricidade, um aprendizado de diferentes percepções e reconhecimento das

sensações do movimento e do gesto.

O atletismo para pessoas com deficiência visual necessita de adaptações, mas

também de métodos de ensino-aprendizagem que respeitem suas necessidades e

potencialidades. O atletismo para pessoas com deficiência visual é constituído basicamente por todas

as provas do atletismo regular, exceto salto com vara, lançamento de martelo e corridas

com barreiras e obstáculos.

São, portanto, provas de corridas de velocidade (100, 200 e 400 metros), corridas

de meio-fundo (800 e 1500 metros), corridas de fundo (5000 e 10000 metros), corridas de

revezamento (4x100 e 4x400 metros), corridas de pedestrianismo (provas de rua e

maratona), saltos (triplo, distância e altura), arremessos e lançamentos (peso, dardo, disco e

martelo) e provas combinadas (pentatlon - disco, peso, 100m, 1500m e distância).

É necessária uma seleção criteriosa das provas que podem ser trabalhadas no

Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo, levando-se em consideração as

características do desenvolvimento das crianças e as condições das instalações (pistas de

atletismo) e dos demais implementos ou equipamentos.

25

Para RAVACHE (2006), nossos alunos são capazes de praticar atividades voltadas à

especificidade das diversas modalidades, desde que não esqueçamos do nível da sua

capacidade funcional e das adaptações condizentes à atividade a ser realizada.

Classificação visual

Neste trabalho a classificação dos atletas são de acordo com a classificação do

Comitê Paraolímpico Brasileiro que segue a classificação do Comitê Paraolímpico

Internacional.

“Para os parâmetros educacionais, delimita-se como cego aquele que necessita de

instrução em braile e, como portador de visão reduzida, aquele que lê apenas tipos

impressos ampliados ou com auxílio de recursos óticos, por exemplo, a lupa”. VERÍSSIMO

(2006) Para o Comitê Paraolímpico Internacional, os atletas com deficiência visual são

divididos nas seguintes classes: B1, B2 e B3.

Os atletas classificados como B1 possue de nenhuma percepção luminosa em ambos

os olhos até a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma

mão a qualquer distância ou em qualquer direção.

Os atletas classificados como B2 tem a capacidade em reconhecer a forma de uma

mão até a acuidade visual de 2/60 e / ou campo visual inferior a 5 graus.

Os atletas classificados como B3: possue acuidade visual de 2/60 a acuidade visual

de 6/60 e / ou campo visual de mais de 5 graus e menos de 20 graus.

Todas as classificações deverão considerar ambos os olhos, com melhor correção

óptica. Isto é, todos os atletas que usarem lente de contato ou lentes corretivas deverão usá-

las para classificação, mesmo que pretendam ou não usá-las para competir.

Ou seja, B1 é cego e B2 e B3 possue baixa visão.

26

Os atletas das classes B1 e B2, nas provas de corridas, possuem assistência de um

atleta guia, que corre ao lado deles, unidos por uma corda no punho ou na mão, ou correndo

ao lado, passando-lhes instrução. Nas provas de saltos e de lançamentos, são permitidos a

utilização de sinais acústicos e orientações verbais do guia.

Principais adaptações nas regras

As regras para as classes B1 e B2 são adaptadas pela Federação Internacional de

Desportos para Cegos - IBSA e na classe B3 usa-se as mesmas regras da Federação

Internacional das Associações de Atletismo - IAAF.

As regras são basicamente as mesmas do atletismo convencional, mas sofrem

algumas adaptações para que o atletismo possa ser praticado por pessoas com deficiência

visual. A principal diferença é que o atletismo adaptado apresenta um sistema de

classificação de seus participantes.

Classe B1:

Corridas: Os atletas precisam utilizar óculos escuros, vendas ou tamponamento em

todas as provas. A corrida é realizada juntamente com um atleta guia.

Saltos: Nas provas de salto em distância e salto triplo, utiliza-se uma área de

impulsão de 1,22m x 1m, sendo que a distância do salto será aferida a partir do ponto de

impulsão, ou caso esta ocorra antes dessa área, será feita a medida na tábua convencional.

Nessas duas provas, o atleta B1 pode utilizar-se de dois guias, sendo um responsável pelo

seu posicionamento na pista de aceleração e o outro para lhe dar orientação de direção. Na

prova de salto em altura, é permitido que o atleta toque o sarrafo antes de saltar.

Lançamentos: O atleta pode receber orientações sonoras e táteis do guia. O guia

conduz o atleta até a área de arremesso, se afasta do local e depois retorna para retirar o

atleta.

27

Classe B2:

Corridas: Os atletas precisam utilizar óculos opacos, vendas ou tamponamentos em

todas as provas.

Saltos: Assim como na classe B1, nas provas de salto em distância e salto triplo

utiliza-se uma área de impulsão de 1,22m x 1m, sendo que a distância do salto será aferida

a partir do ponto de impulsão ou, caso esta ocorra antes desta área, será feita a medida na

tábua convencional. O atleta B2 só pode utilizar-se de um guia que é responsável pelo

posicionamento e orientação de sua direção para o salto. O atleta B2 pode ainda usar

marcadores coloridos e bandeiras nas áreas de salto. Na prova de salto em altura, é

permitido que o atleta toque o sarrafo antes de saltar.

Lançamentos: O atleta pode receber orientações sonoras e táteis do guia. O guia

conduz o atleta até a área de arremesso, afasta-se do local e depois retorna para retirar o

atleta.

Classe B3

O atleta B3 compete sob as mesmas regras do desporto convencional em todas as

situações. As regras são da IAAF.

Provas

As provas reconhecidas pelo programa de competição da IBSA são as seguintes:

Provas de pista

CLASSE B1 CLASSE B2 CLASSE B3

100 m (M/F)

200 m (M/F)

400 m (M/F)

100 m (M/F)

200 m (M/F)

400 m (M/F)

100 m (M/F)

200 m (M/F)

400 m (M/F)

28

800 m (M/F)

1500 m (M/F)

5000 m (M/F)

10000 m (M)

Maratona (M/F)

800 m (M/F)

1500 m (M/F)

5000 m (M/F)

10000 m (M)

Maratona (M/F)

800 m (M/F)

1500 m (M/F)

5000 m (M/F)

10000 m (M)

Maratona (M/F)

Fonte: site (www.cbdc.org.br ).

Provas de campo

CLASSE B1 CLASSE B2 CLASSE B3

Salto em Distância

(M/F)

Salto Triplo (M/F)

Salto em Altura (M/F)

Lançamento de Disco

(M/F)

Lançamento de Dardo

(M/F)

Arremesso de Peso

(M/F)

Salto em Distância

(M/F)

Salto Triplo (M/F)

Salto em Altura (M/F)

Lançamento de Disco

(M/F)

Lançamento de Dardo

(M/F)

Arremesso de Peso

(M/F)

Salto em Distância

(M/F)

Salto Triplo (M/F)

Salto em Altura (M/F)

Lançamento de Disco

(M/F)

Lançamento de Dardo

(M/F)

Arremesso de Peso

(M/F)

Fonte: site (www.cbdc.org.br ).

Provas de revezamento misto

Revezamento 4 x 100 m (M/F)

Revezamento 4 x 400 m (M/F)

Peso dos implementos

Os pesos dos implementos a serem utilizados nas provas de lançamento são

os seguintes:

29

DISCO DARDO PESO

Feminino 1.0 kg 600 gr 4.0 kg

Masculino 2.0 kg 800 gr 7.26 kg

Fonte: site (www.cbdc.org.br ).

Provas combinadas

CLASSE B1 CLASSE B2 CLASSE B3

Pentatlon (M/F) Pentatlon (M/F) Pentatlon (M/F)

Fonte: site (www.cbdc.org.br).

O Pentatlon para homens é constituído por cinco provas que serão realizadas em um

dia de competição na seguinte ordem: Salto em distância, lançamento de dardo, 100 m

rasos, lançamento de disco e 1500 m rasos.

O Pentatlon para mulheres é constituído por cinco provas que serão realizadas em

um dia de competição na seguinte ordem: Salto em distância, arremesso de peso, 100 m

rasos, lançamento de disco e 800 m rasos.

2.3.2- A ATIVIDADE FÍSICA E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL

A atividade física adaptada compreende técnicas, métodos e formas de organização

que podem ser aplicados aos indivíduos com deficiência. Ela é um recurso de inclusão, de

participação social e de equiparação de oportunidades dessas pessoas.

Quando se pensa em atividade física / esportiva para pessoas com deficiência visual,

é importante que haja uma diferenciação entre os alunos com deficiência congênita e aquela

adquirida precocemente daqueles que adquiriram tardiamente. A pessoa que adquiriu a

30

deficiência tardiamente já tem uma experiência motora e até mesmo esportiva, tendo assim

uma melhor percepção corporal e das modalidades esportivas, já a pessoa com deficiência

visual congênita desconhece todas as possibilidades gestuais, por isso pode apresentar uma

maior dificuldade no aprendizado.

De acordo com VERÍSSIMO (2006), estes são alguns benefícios da atividade física

para pessoas com deficiência visual. Para este autor, a atividade física propicia o

desenvolvimento global e harmônico, oferecendo condições básicas para o seu

desenvolvimento e integração social. Através dos exercícios físicos, o indivíduo cego ou de

visão subnormal irá fortalecer sua autoconfiança, desenvolvendo-se física, psíquica e

mentalmente;

Ainda citando VERÍSSIMO (2006), a prática regular de atividade física favorece

boas condições de saúde, uma boa estrutura física e postural, tornam os movimentos do

corpo mais naturais, facilitando assim a orientação, a locomoção e a mobilidade, com isso a

criança com deficiência visual tem benefícios no desenvolvimento de sua percepção

corporal com a prática de atividades físicas, levando a uma melhoria da independência e da

autonomia.

Para realizar atividades esportivas com pessoas com deficiência visual são

necessários alguns procedimentos básicos que deverão ser utilizados pelo professor de

Educação Física, principalmente na iniciação esportiva: É necessário que seja feito o

reconhecimento das áreas e implementos a serem utilizados nas aulas; uso de pistas

ambientais. Exemplo: o vento, corredor, fonte sonora, um ponto constante, odor

característico, textura do solo e paredes; reconhecimento dos alunos por seus nomes;

formação de turmas para desporto coletivo; evitar locais com muitos estímulos sonoros;

trabalhos em duplas; atividades em grupos como formação de roda com as mãos dadas ou

com utilização de corda, formação de colunas para jogos de estafetas e com teste com

adaptações; enfatizar a higiene pessoal; o professor deve buscar informações relativas ao

histórico médico, social, familiar, psicológico e acadêmico de seu aluno com deficiência

visual;

31

É importante ressaltar que a educação física e o treinamento desportivo devem ser

encorajados, mas administrados em conformidade com o nível de desenvolvimento e de

idade.

2.3.3 - ATLETISMO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA

Para RAVACHE (2006), o avanço da tecnologia, a dedicação dos atletas ao esporte,

o envolvimento de profissionais cada vez mais habilitados e o uso de implementos

adequados como cadeiras de rodas e próteses são fatores que têm proporcionado feitos

esportivos até então inimagináveis para pessoas com necessidades especiais.

O atletismo para pessoas com deficiência física necessita de adaptações, mas

também de métodos de ensino-aprendizagem que respeitem e considerem suas necessidades

e potencialidades.

Os competidores com amputações nas pernas podem utilizar próteses especiais. Nas

provas de arremesso, os atletas com dificuldades motoras nos membros inferiores usam

uma cadeira-base de arremesso. Para os atletas que sem marcha preservada, existem as

corridas em cadeiras de rodas. A cadeira tem o formato de um triciclo e atinge grandes

velocidades. Os atletas em cadeira de rodas competem em provas de rua e de pista.

O atletismo para pessoas com deficiência física inclui em seu programa basicamente

todas as provas do atletismo regular, exceto o salto com vara, lançamento de martelo e

corridas com barreiras e obstáculos.

Os competidores são agrupados em classes e disputam com adversários que tenham

deficiência igual ou semelhante.

32

Classificação Funcional

Esse sistema visa classificar os atletas com diferentes deficiências físicas em um

mesmo perfil funcional. Essa classificação constitui o nivelamento entre os aspectos da

capacidade física e competitiva, colocando as deficiências semelhantes em um grupo

determinado, equiparando assim a competição.

Assim como em outros esportes em que os atletas são categorizados em função do

peso, idade e sexo, no esporte paraolímpico, os atletas são classificados e agrupados em

classes, conforme o grau de resíduos musculares, seqüelas das deficiências que podem ter

sido causadas por doenças, disfunção ou acidente, que resulta na perda substancial ou total

da funcionalidade.

Neste trabalho a classificação dos atletas são de acordo com a classificação do

Comitê Paraolímpico Brasileiro que segue a classificação do Comitê Paraolímpico

Internacional.

De acordo com RAVACHE (2006), estão assim divididas as categorias, na

deficiência física: Lesionado Medular (a classificação leva em consideração a altura da

lesão), os amputados (nível da amputação) e o paralisado Cerebral - PC

A classe de um atleta é expressa através de um número que não é transferível de um

esporte a outro. Caso o atleta queira mudar de esporte terá que passar por uma nova

classificação.

Classes funcionais

F32 a F38 – paralisados cerebrais

F41 a F46 – amputados

F51 a F58 – cadeirantes

33

T32 a T38 – paralisados cerebrais (de 32 a 34 são cadeirantes e de 35 a 38 são

pessoas com condições de andar).

T42 a T46 – amputados

T51 a T54 – cadeirantes

O sistema de classificação funcional utiliza a letra T (“Track” para provas de pista)

precedida do número da classe do atleta para indicar eventos de pista e a letra F (“Field”

para provas de campo), também precedida do número da classe, para indicar os eventos de

campo (Exemplo: T46 e F46). (RAVACHE, 2006).

Principais adaptações nas regras

Deve – se utilizar as regras da IAAF e seguir as orientações abaixo:

Seção I Oficiais – Coordenador da partida e confirmadores.

Regra 129 – Parágrafo 7 (Classes de T 32 a T 34; de T 51 a T 54) Acrescente: Essas tarefas

devem incluir o poder de parar a corrida em caso de colisão dentro dos primeiros 200m, nas

corridas de 800m ou mais. A corrida é reiniciada em seguida. Isso não diminui o poder do

árbitro de tomar as medidas cabíveis em relação aos relatórios recebidos dos juízes.

Eventos de pista

Regra 161 – Parágrafo 1(Classes de T 35 a T 38; de T 42 a T 46). Não é necessária a

posição de agachamento dos atletas em nenhuma classe. Atletas com braço amputado

podem utilizar almofadas para apoiar os cotos durante a largada. As almofadas devem estar

totalmente atrás da linha de largada e não devem interferir em nenhum outro atleta. As

almofadas devem ser de cor semelhante à da pista ou de cor neutra.

Seção IV – Eventos de Campo

34

Regra 180 - Parágrafo 5 (Classes de F 32 a F 34; de F 51 a F 58). Os atletas fazem 3

arremessos consecutivos. Além do tempo permitido, de acordo com esta regra, um tempo

razoável será permitido para que o atleta coloque a estrutura no círculo antes do início da

sua primeira tentativa. Esse tempo, normalmente, não excederá a 2 minutos para as classes

de 32 a 34 e de 54 a 58 e 3 minutos para as classes de 51 a 53.

Nota: Embora a delimitação seja de responsabilidade dos oficiais e voluntários, o

delegado técnico dará interpretações específicas em cada competição, assegurando que os

atletas não se envolvam em táticas nas quais haja desperdício de tempo.

Nota: Não ocorrerá nenhuma inversão na ordem de lançamento nas tentativas finais.

Regra 180 – Parágrafo 7 (Classes F 51 a F 58) Em competições que não façam parte dos

jogos Paraolímpicos ou Campeonatos Mundiais ou Regionais, o delegado técnico poderá,

com a cooperação dos organizadores da competição, decidir realizar seis lançamentos

consecutivos.

Provas

Os amputados de membros inferiores podem participar de todas as provas fazendo

uso de próteses.

Os paraplégicos e tetraplégicos participam das provas de pista: corridas (cadeiras),

e nas provas de campo: arremesso de peso e lançamentos de dardo, disco e club (É o

aparelho maças da Ginástica Rítmica e é o substituto do dardo);

Os paralisados cerebrais podem participar de todas as provas de pista e nas provas

de campo: arremesso de peso, lançamento de dardo, disco e club e nos saltos: salto em

altura e à distância.

35

Massa dos implementos/ arremessos e lançamentos

Eventos para atletas cadeirantes mulheres

Classe Peso Disco Dardo

F 51 1kg

F 52 2kg 1kg 600g

F 53 3kg 1kg 600g

F 54 3kg 1kg 600g

F 55 3kg 1kg 600g

F 56 3kg 1kg 600g

F 57 3kg 1kg 600g

F 58 4kg 1kg 600g Fonte: Comitê Paraolímpico Brasileiro - Manual de orientação para professores de Educação Física:

Atletismo.

Eventos para atletas cadeirantes homens

Classe Peso Disco Dardo

F 51 1kg

F 52 2kg 1kg 600g

F 53 3kg 1kg 600g

F 54 4kg 1kg 600g

F 55 4kg 1kg 600g

F 56 4kg 1kg 600g

F57 4kg 1kg 600g

F 58 5kg 1kg 600g Fonte: Comitê Paraolímpico Brasileiro - Manual de orientação para professores de Educação Física:

Atletismo.

36

2.3.4 -INICIAÇÃO AO ATLETISMO ADAPTADO

As atividades físicas, esportivas ou de lazer propostas às pessoas com deficiência

física, possuem, dentre outros, valores terapêuticos evidenciando benefícios tanto físicos

(por exemplo, melhora da coordenação motora e da força muscular), emocionais

(descobrem-se capazes) e social (inclusão no meio esportivo, amizades).

Para RAVACHE (2006), a iniciação esportiva no atletismo adaptado tem como

objetivo levar a criança ao aprendizado de técnicas motoras básicas pertinentes à

modalidade esportiva, sendo que as atividades são as mesmas desenvolvidas nas aulas

regulares. É um processo que deve ser realizado de forma progressiva, respeitando a

individualidade da criança, considerando os aspectos metodológicos da modalidade e

cuidados que contra – indiquem riscos nas aulas de educação física, permitindo desta

maneira que a inclusão se desenvolva de forma natural.

É evidente que pessoas com deficiência exigem uma atenção especial para a prática

de atividade física / esportiva, buscando assim evitar novos acidentes. Por isso, o professor

deve ter o cuidado de, ao iniciar um trabalho com alunos com deficiência, atentar-se para

alguns procedimentos como, por exemplo:

• Modificar e / ou ajustar equipamentos, locais, materiais, regras;

• Respeitar a individualidade da criança;

• Incluir de forma natural e sem distinção o aluno com deficiência, elaborando

atividades que todos possam participar, estimulando assim a integração e o

respeito às diferenças;

• Se o aluno faz uso de cadeira de rodas, deve–se cuidar da sua transferência

de uma cadeira para a outra ou para o local onde será realizada a atividade.

Esses cuidados são necessários em função da falta de sensibilidade que seu

aluno pode ter em determinadas áreas do corpo;

37

• Permitir que o aluno ofereça orientações necessárias para auxiliá-lo quando

ele estiver ciente de suas inaptidões ou dificuldades;

• Não achar que o aluno é incapaz de realizar as atividades;

• Em aulas, cuja prática seja de corrida em cadeira de rodas, atentar para que,

no momento do impulso ou durante a atividade, o aluno não machuque os dedos nos raios;

• Em provas de arremesso e / ou lançamentos, fixar bem a cadeira de rodas

para não se desloque;

• Se o aluno faz uso de muleta e tem dificuldade de equilíbrio, procure ficar

próximo para oferecer segurança na atividade desenvolvida;

• Conversar previamente com o aluno que faz uso de prótese ou órtese, para

que juntos possam avaliar os itens de segurança e desempenho a fim de descobrirem se é

melhor, durante a atividade, fazer uso ou não do aparelho;

• Ter uma atenção especial com quem teve lesão medular, pois podem ter uma

disfunção no sistema de regulação térmica.

RAVACHE (2006) sugere algumas adaptações para trabalhar o atletismo com

material alternativo: Bola de tênis (substitui a pelota se injetar água); cabo de vassoura

(educativos pra lançamentos de dardo); bambu (educativos para lançamentos de dardo);

garrote elástico (educativo para lançamento de peso, dardo, disco e trabalho de força); bolas

de meia com areia (para técnicas de arremesso de peso); banco sueco (para atividades que o

aluno necessite ficar sentado); e colchões (para atividades de fortalecimento de grupos

musculares preservados).

38

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diversas finalidades podem ser atingidas através de atividades esportivas, dentre

elas a melhoria da qualidade de vida, da aptidão física e da inclusão social.

Dentro do contexto inclusivo, as atividades esportivas desempenham um papel

muito importante, pois propiciam condições para que sejam trabalhadas questões de ordem

física, psíquica e social. Esse tipo de atividade pode proporcionar melhoras na

autoconfiança dos alunos e pode favorecer a predominância de um estado emocional mais

estável. Deve ser ressaltado, que apenas oportunizar a prática esportiva não garantirá

automaticamente a inclusão. Para que esta ocorra será necessário implementar um conjunto

de ações, visando facilitar a prática esportiva por estudantes com necessidades especiais,

descobrindo e desenvolvendo seus potenciais, valorizando-os como pessoa humana, como

estudantes e como praticantes do esporte, ou seja, transformando a realidade atual,

promovendo o esporte para pessoas com deficiência, além de sensibilizar a escola, a família

e toda a população sobre os potenciais das crianças e jovens com deficiência e sobre o

direito à prática esportiva dessas pessoas.

As pessoas com deficiência têm no esporte adaptado uma oportunidade para elevar

sua auto–estima e de melhorar sua qualidade de vida.

O esporte adaptado, nesse caso o atletismo, apresenta-se, portanto, um facilitador de

caminhos para essas pessoas, favorecendo sua inclusão e valorização sociais. Dentro desta

perspectiva, o esporte é uma possibilidade, uma via onde as pessoas com deficiência podem

ampliar sua participação na rede social.

Essa prática esportiva, implementada como um veículo de inclusão social, além de

prevenção e reabilitação física, pode significar para a pessoa com deficiência a

39

oportunidade para desenvolver sua auto-estima, a melhoria da auto-imagem, maior estímulo

à independência e autonomia e experiência intensiva com seu próprio corpo tais como:

cansaço, relaxamento, tensão, preparo físico, capacidade, aprendizagem de habilidades,

vivências motoras, vivências emocionais e sociais, dentre outras.

Esse trabalho se propõe a apresentar uma opção de conteúdo que possa

democratizar o acesso à prática esportiva por pessoas com deficiência física e visual, no

Programa Esporte Esperança / Segundo Tempo, garantindo o preceito constitucional que

define o esporte como direito de todos.

Assim sendo, o atletismo paraolímpico é uma boa opção de conteúdo para incluir

crianças e adolescentes com deficiência física e visual no programa, pois é uma modalidade

esportiva que pode contribuir para a formação de cidadãos, integrando-os ao ambiente

escolar e favorecendo o respeito a seus direitos dentro e fora do âmbito esportivol. Deve–se

considerar também que o atletismo é uma modalidade que pode ser praticada dentro das

possibilidades atuais do programa, levando-se em consideração o potencial da clientela aqui

caracterizada, o material esportivo normalmente disponível ou disponibilizável no ambiente

escolar e a facilidade de adequação ou de improvisação de espaços físicos necessários à sua

prática.

É importante lembrar sempre que a realização de atividades físicas, esportivas e de

lazer com pessoas com deficiência deve respeitar todas as normas de segurança para se

evitar acidentes. Deve-se estar atento a todos os tipos de movimentos a serem realizados e

auxiliar a pessoa com deficiência sempre que necessário, estimulando assim o

desenvolvimento de suas potencialidades e de sua autonomia.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARQUIVO DA SECRETARIA ADJUNTA DE ESPORTES DA PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Belo Horizonte, 2006. Acesso em: 10 dez. 2006 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. ________. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90). Brasília, 1990. ________. Ministério da Educação: Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional (Lei 9394/96). Seesp. Brasília, 1996. BOBATH, K. A deficiência motora em pacientes com paralisia cerebral. São Paulo: Manole, 1979. COMISSÃO DE ESPECIALISTAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA [do Ministério do Esporte]. Esporte e sociedade. 2. ed. - Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distancia, 2004. 120 p. (Esporte Escolar; v.1). COMISSÃO DE ESPECIALISTAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA [do Ministério do Esporte].Dimensões Pedagógicas do Esporte. 1.ed. - Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distancia, 2004. 136 p. (Esporte Escolar; v.2). COMISSÃO DE ESPECIALISTAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA [do Ministério do Esporte].Jogo, corpo e Escola. - Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distancia, 2004. 182 p. (Esporte Escolar; v.3). COMISSÃO DE ESPECIALISTAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA [do Mistério do Esporte]. Manifestações dos jogos. 1.ed. - Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distancia, 2005. 128 p. (Esporte Escolar, Curso de Especialização, 4). COMISSÃO DE ESPECIALISTAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA [do Ministério do Esporte]. Manifestações dos Esportes. - Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distancia, 2005. 171 p. (Esporte Escolar, Curso de Especialização, 5 ).

41

COMISSÃO DE ESPECIALISTAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA [do Ministério do Esporte]. Elementos de Pesquisa Escolar. 1.ed. - Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distancia, 2005. 95 p. (Esporte Escolar, Curso de Especialização, 6). GERÊNCIA DE COORDENAÇÃO DA POLÍTICA PEDAGÓGICA E DE FORMAÇÃO: Núcleo de Inclusão Escolar da Pessoa com Deficiência. Belo Horizonte: PBH, 2006. . Acesso em: 10 set. 2007. GAUZZI, L.D.V.; FONSECA, L.F. Classificação da Paralisia Cerebral. In: LIMA,C.L.A.; FONSECA, L.F. Paralisia Cerebral: neurologia, ortopedia, reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 37-43. RAVACHE, R. Atletismo paraolímpico: Manual de orientação para professores de Educação Física: Brasília: Comitê paraolímpico Brasileiro, 2006. SASSAKI, R.K. Inclusão – construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. SENATORE, V. Introdução ao movimento paraolímpico: Manual de orientação para professores de Educação Física: Brasília: Comitê paraolímpico Brasileiro, 2006. SOUZA, P.A. de.: O Esporte na paraplegia e na tetraplegia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994. _______. Introdução ao movimento paraolímpico: Manual de orientação para professores de Educação Física: Brasília: Comitê paraolímpico Brasileiro, 2006. VERÍSSIMO, A.W. Atletismo paraolímpico: Manual de orientação para professores de Educação Física: Brasília: Comitê paraolímpico Brasileiro, 2006. WINNICK.J.P. Adapted Physical Education and Sport. 2ª ed. State University of New York College at Brock Port. Human Kinetics, 1995.

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SITES CONSULTADOS

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16/01/2007.

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www.cbdc.org.br , acessado dia 01/02/2007.

CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL e ESTATUTO DA

CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Disponível em: www.planalto.gov.br , acesso em:

15/01/2007.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em:

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Disponível em: www.mec.gov.br, acesso em:13/01/2007.

MINISTÉRIO DO ESPORTE. Disponível em: www.esporte.gov.br/ segundo tempo, acesso

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WIKIPEDIA, A ENCICLOPÉDIA LIVRE. Disponível em: pt.wikipedia.org, acesso em:

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