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ano XV | nº 63 | julho de 2013 - distribuição gratuita Extensão Programa leva estudantes para vivências práticas em municípios do interior do RN Páginas 6 e 7 Seminário A educação é reconhecida como o motor do desenvolvimento nas esferas pública e privada Página 9 PROFLETRAS Coordenadora do programa defende atenção no ensino da Língua Portuguesa Página 11 Uma irmã gêmea para o SOL Cientistas da UFRN localizaram a estrela CoRoT Sol 1 na Constelação de Unicórnio Página 12

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DISTRIBUIÇÃO

GRATUITA

ano XV | nº 63 | julho de 2013 - distribuição gratuita

ExtensãoPrograma leva estudantes para

vivências práticas em municípios

do interior do RN

Páginas 6 e 7

SeminárioA educação é reconhecida como

o motor do desenvolvimento nas

esferas pública e privada

Página 9

PROFLETRASCoordenadora do programa

defende atenção no ensino da

Língua Portuguesa

Página 11

Uma irmã gêmeapara o

SOLCientistas da UFRN localizaram a estrela CoRoT Sol 1 na Constelação de Unicórnio

Página 12

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Jornal da UFRN

EXPEDIENTEReitora Ângela Maria Paiva CruzVice-reitora Maria de Fátima Freire de Melo XimenesSuperintendente de Comunicação José Zilmar Alves da CostaDiretor da Agência de Comunicação Francisco de Assis Duarte GuimarãesJornalistas Antônio Farache, Cledna Bezerra, Enoleide Farias, HellenAlmeida, Juliana Holanda, Luciano Galvão, Marcos Neves Jr., Regina Célia CostaFotógrafos Anastácia Vaz e Wallacy MedeirosRevisão Regina Célia Costa e Karla JisannyFoto de capa Wallacy MedeirosDiagramação Setor de Artes/Comunica

Bolsistas de Jornalismo Auristela Oliveira, Catarina Freitas, Gaston Poupard, Ingrid Dantas, João Paulo de Lima, Kalianny Bezerra, Natália Lucas, Rozana Ferreira, Silvia Paulo, Thalita Sigler, Thyara DiasBolsista de Letras Karla JisannyArquivo Fotográfico Saulo Macedo (bolsista)Endereço Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal/RN - CEP 59072-970Telefones (84) 3215-3116/3132 - Fax: (84) 3215-3115E-mail [email protected] – Home-page www.ufrn.brImpressão EDUFRN Tiragem 3.000 exemplares

ano XV | nº 63 | julho de 20132

Por Juliana Holanda

Ter um robô. Um sonho que está próximo de se tornar realidade para alunos de todo o Brasil. De baixís-

simo custo, a estrutura será montada pelos próprios estudantes, que poderão usar o dispositivo para auxiliá-los no estudo de outras disciplinas curriculares.

A iniciativa é dos pesquisadores do La-boratório NatalNet da Universidade Fe-deral do Rio Grande do Norte (UFRN), que têm o objetivo de utilizar a robótica educa-cional para difundir o interesse por tecno-logia em todos os níveis de ensino no País.

Coordenador do NatalNet, Luiz Marcos Garcia Gonçalves explica que o grupo pre-tende levar o projeto um Robô por Aluno para todas as escolas brasileiras. “A facili-dade de construção dos robôs é grande. Os professores passarão por um treinamento e poderão trabalhar com as turmas, adap-tando as dificuldades do sistema para cada nível de ensino”, afirma.

Além disso, o baixo custo do material que será utilizado para a construção dos robôs permite que a técnica seja popula-rizada. Atualmente, kits de robótica che-gam a ser comercializados por valores acima de R$ 1 mil, inviabilizando a difusão da tecnologia. “A ação do NatalNet vai pro-mover a inclusão social e tecnológica dos jovens brasileiros”, analisa Luiz Gonçalves.

Alunos de Natal, Mossoró e Caicó já começaram a criar seus robôs. “É muito gratificante trabalhar com crianças e jovens e saber que a gente pode mudar a realidade de um estudante ao incentivar o interesse pela robótica”, destaca o professor da Es-cola de Ciências e Tecnologia da UFRN Aquiles Medeiros Filgueira Burlamaqui.

Ao criar robôs de baixíssimo custo para serem utilizados na educação, o grupo bus-

ca minimizar a carência de profissionais na área tecnológica no Brasil. “A gente tem que incentivar, mostrar, levar a tecnologia para a base da educação”, enfatiza Burlamaqui.

O aluno do curso de Bacharelado em Ciências e Tecnologia da UFRN Diogo Felipe Silva Costa participa dos testes para confecção de robôs de baixo custo. O es-tudante explica que as réplicas podem ser feitas em até duas horas. “É só aprender o passo a passo”, conta.

Diogo Costa ressalta que o grupo de-seja promover a preservação do meio ambiente e busca conscientizar os jovens por meio da prática. “Nossos próximos projetos envolvem a ecorrobótica. Vamos utilizar material reciclável, como papelão, para montar produtos ecologicamente corretos”, diz.

Estudante do Bacharelado em Ciên-cias e Tecnologia da UFRN, Gabriel Tojal Gadelha de Freitas é o responsável pela fabricação das placas eletrônicas. O produ-to é a única parte do robô que deve ser enviada pronta para as instituições. “É um processo manual, que utiliza solda, talvez até um pouco complexo para uma criança conseguir fazer”, explica.

Gabriel relembra que não tinha ne-nhum conhecimento sobre produção de placas e foi o primeiro da equipe a se aventurar. “Cada grau de ensino tem um potencial que pode ser desenvolvido com a robótica. Para os universitários, a cons-trução das placas agrega muitos conheci-mentos”, analisa.

O professor do Instituto Metrópole Digital da UFRN Rafael Vidal Aroca fez o seu doutorado na área de robótica edu-cacional e enfatiza que é possível utili-zar as estruturas para incrementar aulas. “Podemos direcionar o uso dos robôs em atividades do cotidiano escolar dos jovens, aumentando o interesse dos alunos pelos estudos e principalmente pela área tecno-

lógica”, descreve.O professor Aquiles Burlamaqui expli-

ca que o laboratório NatalNet está desen-volvendo uma ferramenta para trabalhar a robótica educacional de forma remota e a custo zero. A ideia é criar um ambiente

virtual em três dimensões para ser utiliza-do pelas pessoas que não tenham acesso a robôs. “O robô virtual pode ser controlado pela internet de maneira colaborativa, com várias pessoas controlando o sistema ao mesmo tempo”, afirma.

Projeto Um Robô por Aluno quer estimular interesse pela tecnologia entre estudantes brasileiros

INOVAÇÃO

anastácia Vaz

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Por kalianny bezerra

Foi só com 21 anos, quando en-trou na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no

curso de Psicologia, que Emily Mel se descobriu transexual. “Posso ter nascido XY, mas sou mulher”, afirma. Sobre seu nome de registro, responde: “Eu não falo meu nome de registro para ninguém!”.

O nome Emilly Mel Fernandes Sou-za, é exibido nos documentos de uso interno da Instituição, como no Siste-ma Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA), graças à Reso-lução nº 232/2012-Consepe, da UFRN, norma que assegura ao aluno cujo nome oficial não reflita sua identidade de gênero a possibilidade do uso de outro nome nos registros acadêmicos.

Mas, segundo a estudante, mesmo com a mudança de seu nome social dentro da UFRN, é difícil conviver com o preconceito da sociedade. “É cons-trangedor estar numa fila, ouvir chamar o nome de um homem e eu ter que me levantar. As pessoas que estão ao meu redor ficam curiosas e confusas. No fim, eu viro alvo de olhares”, conta.

Por isso, no início de 2013, a estu-dante procurou o Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) da UFRN, espaço que oferece assistência jurídica gratuita para pessoas com baixa renda, auxiliando e prestando atendimento à população ca-rente. Ela pleiteia com a ajuda do Núcleo a mudança de seu prenome e sexo nos

documentos oficiais.O coordenador do Núcleo de Prática

Jurídica da UFRN e professor do Depar-tamento de Direito Privado, João Paulo dos Santos Melo, explica que casos como o de Emilly Mel chegam ao NPJ com me-nos frequência. As ações mais recorrentes são aquelas que envolvem família. “São mais usuais petições do tipo pensão ali-mentícia, separação e guarda de menor”.

O Núcleo exerce um papel duplo

dentro da Universidade. Além de co-locar o aluno dentro de atividades de extensão, presta um serviço social para a comunidade. Participam do NPJ estu-dantes que estejam cursando o 9º e o 10º período do Curso de Direito. “O Núcleo ajuda a colocar em prática tudo aquilo que foi aprendido durante a graduação”, explica o professor.

Essa prática do “exercício simulado com casos reais” acaba fazendo muitos estudantes desenvolverem aptidões ne-cessárias e voltadas para o mercado de trabalho, muitas vezes colaborando para que os estudantes descubram sua vocação.

É o caso de Bárbara Patriota. Segun-do ela, atuar num caso de verdade fez ela se aproximar da advocacia. “Nunca tinha cogitado advogar, mas o caso da Emilly Mel me fez gostar muito de tra-balhar nesse ramo do Direito. Foi e está sendo um aprendizado imenso”, destaca.

Até o momento, a ação de Emilly Mel Fernandes Souza não foi concluída. Atendendo solicitação judicial, a tran-sexual está fazendo uma série de exames para compor um laudo técnico. “Não vou desistir de lutar pelos meus direitos. E sei que vou poder contar com mui-tas pessoas para realizar meus sonhos, como o pessoal do NPJ”, diz.

Em 2013, até o momento, o NPJ atendeu 200 pessoas. Em 2012, foram 545 atendimentos. Segundo o profes-sor João Paulo, do total, 67 processos foram finalizados em 111 audiências realizadas de janeiro a dezembro. “É importante ressaltar que essas pessoas que nos procuram passam por uma en-

trevista na qual avaliamos se ela está dentro dos requisitos estabelecidos para atendimento. Por exemplo, se ela recebe menos de dois salários míni-mos”, acrescenta.

HistóriaO Núcleo de Prática Jurídica (NPJ)

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), surgiu com o objetivo de aproximar os estudantes de Direito e a comunidade carente da cidade de Natal, por meio da assistência jurídica gratuita. Criado em 1º de julho de 1963, por Otto de Brito Guerra, então diretor e profes-sor da antiga Faculdade de Direito, o Núcleo se espelhava na prática judiciária da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

O espaço ocupado pelo NPJ, logo quando criado, foi o antigo prédio da Faculdade de Direito de Natal, loca-lizado no Bairro da Ribeira, e um dos primeiros coordenadores foi o advogado Diógenes da Cunha Lima.

Com a transferência do Curso de Di-reito para o Campus Universitário, em 1974, ele foi reestruturado, passando a se chamar Setor de Prática Jurídica, vin-culado ao Centro de Ciências Sociais Aplicadas. No dia 7 de abril de 1998, por intermédio da Resolução Nº 017/98 – CONSEPE foi reformulado para Núcleo de Prática Jurídica do Curso de Direito.

Hoje, o Núcleo tem sua sede localiza-da no Setor I do Campus Universitário. O prédio conta com quatro pavimentos, divididos em 17 salas, auditório e sala para a Pós-Graduação de Direito.

Núcleo de Prática Jurídica da UFRN presta serviçoà comunidade e promove aprendizado aos estudantes

DIREITO

ano XV | nº 63 | julho de 20133Jornal da UFRN

Professor João Paulo Melo: pensão alimentícia, separação e guarda de menor são petições comuns

Wallacy Medeiros

núcleo de Prática Jurídica: objetivo é aproximar estudantes de direito da comunidade

anas

tácia

Vaz

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Jornal da UFRN ano XV | nº 63 | julho de 2013

NOTASCienteco professor Maurício Fontinele, do Curso de design da uFrn, foi o vencedor do concurso de cartaz da 19ª edição da Semana de Ciência,

Tecnologia e Cultura da universidade Federal do rio Grande do norte – CienTeC 2013. o concurso contou com 15 candidatos e o vencedor recebeu um notebook HP Core i3. InspiraçãoSobre a criação do cartaz o vencedor comentou: “eu utilizei na imagem as cores verde e amarelo, que representam o momento vivido no país, e realizei uma fusão entre a temática da CienTeC (educação e esporte) com os ideais de Paulo Freire. este ano o educador está sendo festejado pelos 50 anos de sua estada no rio Grande do norte. Educação a dislexia fonológica, a interpretação da leitura e o problema do analfabetismo no brasil são questões da educação que serão abordadas no programa Café Filosófico, da TV universitária, a ser exibido no dia 1º de agosto. o programa terá a participação da professora ngela naschold, do CereS/Caicó, pós-doutoranda do instituto do Cérebro (iCe) com pesquisas nas áreas: leitura, literatura Ficcional - aprendizagem enativa - Metáfora - Teoria do espaço de Trabalho Consciente. Conferênciaa uFrn está à frente da organização da Conferência estadual do rio Grande do norte, marcada para os dias 27 e 28 de agosto, com a participação de 600 delegados, tendo como tema “o Plano nacional de educação (Pne) na articulação do Sistema nacional de educação: Participação popular, cooperação federativa e regime de colaboração”. o documento Final servirá de subsídio para a Conferência nacional de educação (Conae/2014). interessados no assunto podem saber mais em: http://conae2014.mec.gov.br. AniversárioCom o apoio da unimed, por meio da lei djalma Maranhão de incentivo à Cultura, a Superintendência de Comunicação (CoMuniCa) organiza show gratuito com a Velha Guarda da Portela, no dia 31 de Julho, dentro das Comemorações dos 40 anos da TVu. o show acontecerá no Teatro riachuelo.

Por auriSTela oliVeira

Pensando na melhoria da qualidade de vida da população e obedecendo as diretrizes da Política Nacional de

Promoção da Saúde e de Práticas Integrati-vas e Complementares em Saúde (PNPIC), instituídas pelo Ministério da Saúde, foi criado em 2009, na Escola de Enfermagem de Natal (EEN) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) o Curso Técnico em Práticas Integrativas e Comple-mentares em Saúde (TPICS).

O curso tem dois anos de duração, com aulas de terça a sexta-feira, das 7h ao meio dia, e oferece uma grade curricular voltada ao ensino de práticas de caráter não inva-sivo, que permitem o gerenciamento dos sintomas do estresse com a utilização de téc-nicas das medicinas tradicional e chinesa, como escalda pés, yoga e Lian Gong.

De acordo com a professora Andréa Viana, da Escola de Enfermagem, muitas doenças presentes no corpo humano advêm da mente. Por isso, as técnicas aprendidas no curso podem ser utilizadas em integra-ção com tratamentos prescritos por médi-cos. Por exemplo, em pacientes submetidos a tratamentos de quimioterapia podem ser aplicadas técnicas de massagem como Lian Gong – massagem relaxante chinesa, que ajuda o paciente a ficar mais calmo, au-mentando a chance de êxito do tratamento.

Atualmente, o TPICS possui cerca de 60 alunos matriculados. A primeira turma concluiu a formação no segundo semestre de 2012 com 42 novos profissionais. No mês de agosto deste ano, acontece a formatura da segunda e a entrada de mais 40 estu-dantes nas salas de aula do curso.

Segundo Andréa Viana, o curso vem registrando grande procura por parte de profissionais já formados na área de saúde, como enfermeiras, dentistas e terapeutas ocupacionais, visando ampliar os seus cam-pos de atuação. Mas, também, podem se inscrever pessoas que tenham concluído o ensino médio, mesmo sem serem portado-ras de diplomas de cursos técnicos.

Na opinião de Andréa, o diferencial do curso é que o campo de atuação profis-sional é bem vasto, incluindo hotéis, clubes, academias, ambientes de saúde auxiliando médicos e enfermeiros (hospitais, clínicas), spas, centro-dia (asilos, apoio psicossoci-ais), além de empresas públicas e privadas, em projetos de qualidade de vida. Também é possível abrir seu próprio centro de tera-pias, só não podendo prescrever tratamen-tos medicamentosos, prerrogativa exclusiva do médico graduado.

Com uma mistura de teoria e prática, o curso proporciona um aprendizado profí-cuo e está abrindo portas para os estudantes. Hotéis da cidade sempre estão contratando massagistas especializados em técnicas como bambuterapia. “Isso é ótimo. De-monstra que o nosso trabalho está surtindo efeito”, afirma a professora.

EXTENSÃOA coordenação e os professores do

TPICS também incentivam os estudantes a participarem de projetos que visem a melhoria de qualidade de vida tanto na Universidade como em hospitais da ci-dade. No Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) e no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), há alunas que

aplicam técnicas de massagens relaxantes em pacientes e em funcionários para aju-dar a aliviar os sintomas do estresse.

Também há alunas que utilizam os con-hecimentos adquiridos em sala de aula para proporcionar melhoria de vida a comu-nidades mais carentes da cidade. Assim faz Naldete Nogueira, aluna do último período do curso. Às quartas-feiras, ela atende no Centro de Lazer para Idosos (CAUME) da Cidade da Esperança com Lian Gong, téc-nica integrativa que pode ser aplicada em grupo de 40 idosos. Já nas quintas-feiras, à tarde, ela atende com auricoloterapia (al-finete na orelha) e com massagem de acu-pressão uma faixa de 10 idosos.

“Você ouve de uma idosa que antes não se agachava para amarrar um saco de lixo, e depois do Lian Gong consegue fazer. Outro vem e diz que não conseguia dormir com dores resultante da bursite, mas depois das massagens dorme melhor. Essas declarações são gratificantes”, afirmou Naldete.

Para Naldete, o curso lhe ensinou a arte de cuidar primeiro de si para depois cui-dar dos outros. E não só a qualificou como profissional, mas a tornou um ser humano melhor. Ainda segundo ela, as práticas não cuidam das doenças instaladas, mas trabal-ham para que elas não gerem crises.

Curso Técnico da Escola de Enfermagem de Natal capacita profissionais para gerenciar sintomas do estresse

DIREITO

4

andréa Viana: curso registra grande procura por profissionais já formados na área de saúde

Wallacy Medeiros

Cícero oliveira

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Por MarCoS neVeS Jr.

Julho de 2013 ficará marcado de for-ma especial na memória acadêmi-ca da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN). Isso porque, ao início do segundo semestre letivo deste ano, começa a história da habili-tação em Língua Brasileira de Sinais/Língua Portuguesa na graduação de Letras da UFRN.

Com o objetivo de formar docentes para o ensino de LIBRAS nos anos fi-nais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior, o curso tem duração de quatro anos e meio, sendo ministrado completamente na linguagem de sinais, exigindo dos estu-dantes proficiência tanto nesta quanto em língua portuguesa.

Segundo dados da Federação Na-cional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS), aproximadamente 25 milhões de brasileiros apresentam surdez adquirida ou congênita. Desse total, apenas 15% se declararam en-tendedores da língua portuguesa. No Rio Grande do Norte, dentro desse contexto, 70% das pessoas com defi-ciência auditiva e surdez não conhe-cem Libras.

“Estimativas como essas apontam para a necessidade de um resgate das pessoas com deficiência auditiva e surdez da marginalização linguísti-co-educacional”, afirma Claudianny Amorim Noronha, diretora de desen-volvimento pedagógico da Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) da UFRN.

Com isso, apresenta-se um desafio: preparar uma estrutura que garanta a essa população as condições de ter os direitos básicos à comunicação, à in-formação e à educação atendidos de maneira integral.

Nesse sentido, o Ministério da Edu-cação (MEC) propõe abrir, até 2014, por meio do Plano Nacional dos Direi-tos da Pessoa com Deficiência (Viver sem Limites), 27 cursos de Letras-Li-bras para professores e mais 27 para tradutores e intérpretes, além de 13 cursos de Pedagogia, com ênfase na educação bilíngue (Libras- Português).

Em consonância com esta proposta, a UFRN encaminhou anteprojeto de criação do curso Letras – Licenciatura em Língua Brasileira de Sinais/Língua Portuguesa em agosto de 2012. Após a análise desse documento, a Secretaria de

Educação Superior do MEC emitiu pa-recer favorável à abertura da graduação.

De acordo com o projeto aprovado, serão oferecidas 40 vagas anuais. Em seu primeiro processo seletivo, rea-lizado entre maio e julho, o curso teve uma procura que o posiciona como a 20ª opção mais concorrida entre as 86 possíveis em 2013. Inscreveram-se 463 candidatos, dos quais 40 se declararam surdos, resultando numa demanda de 11,58 por vaga.

Tal procura é avaliada de maneira positiva pela Diretoria de Desenvolvi-mento Pedagógico da PROGRAD, que considera esses números uma mostra do quão grande é a demanda existente nessa área, fato que já justificaria a criação do curso. Porém, esta não foi a única moti-vação para a abertura da habilitação.

Mesmo trabalhando para contri-

buir com as metas do governo federal, a preocupação com as questões que dizem respeito à inclusão aparecem, antes disso, no Plano de Desenvolvi-mento Institucional (PDI) 2010-2019 da UFRN.

Estão propostas no documento a “formação de instrutores de Libras e treinamento de professores bilíngues (Libras/Língua Portuguesa)”, “aprova-ção de professores surdos para compor o seu quadro docente permanente” e “disponibilização de equipamentos e acesso às novas tecnologias de infor-mação e comunicação, bem como re-cursos didáticos para apoiar a educa-ção de deficientes auditivos”.

Diante desse cenário, segundo Claudianny, a criação da habilitação em Libras se justifica pela predis-posição da UFRN em ampliar sua ação

inclusiva, por meio do estabelecimento de um conjunto de medidas focadas na participação de pessoas surdas na so-ciedade e pela carência de profissionais para um ensino qualificado e diferen-ciado para a grande demanda dessa população no Estado do Rio Grande do Norte.

“O curso de Letras com habilitação em Libras/Língua Portuguesa, pelas próprias características do seu público, amplia o desafio da UFRN de inten-sificar e incorporar em suas rotinas acadêmicas e administrativas práticas voltadas para atender às necessidades das pessoas com deficiência auditiva e surdez”, explica a diretora.

Para o professor Ricardo Lins, da Comissão Permanente de Apoio a Es-tudantes com Necessidades Educacio-nais Especiais (CAENE) da UFRN, o curso reflete o conjunto de ações afir-mativas da Instituição e é um marco na academia. “Este momento é de uma relevância social histórica, pois se cria uma perspectiva não só de educação, mas de cidadania para a população surda do estado”, afirma.

Educação dE surdosEmbora a questão seja alvo recor-

rente de debates, preconceitos e carên-cias atualmente, a inclusão da popu-lação surda na escola teve seu início no século XIX no Brasil. Em 1857, é fundada a primeira escola para surdos no país, o Colégio Nacional para Sur-dos-Mudos. Após algumas mudanças de nome, em 1957, é batizado defini-tivamente como Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).

Foi lá que nasceu a Língua Brasilei-ra de Sinais, do encontro entre as lín-guas de sinais brasileira e francesa. No entanto, em 1880, um congresso re-alizado na cidade de Milão, na Itália, obteve como resolução a aplicação da linguagem oral como método mais a-dequado e eficaz na aquisição do idio-ma, gerando a discordância de surdos e diversos pesquisadores da área.

Contudo, depois de pouco mais de um século de lutas, mais precisamente em 1993, a comunidade surda brasilei-ra conseguiu apresentar projeto de lei que oficializasse e regulamentasse a Libras como meio de comunicação de surdos e mudos. Finalmente, em 24 de abril de 2002, a lei 10.436 torna a Libras a segunda língua oficial em território brasileiro, garantindo o reconhecimen-to à comunicação dessa população.

ano XV | nº 63 | julho de 20135Jornal da UFRN

ENSINO

Graduação em Libras realiza seu primeiro vestibular e abre caminho para maior inclusão no Rio Grande do Norte

Wallacy Medeiros

Claudianny amorim: libraS é a vigésima opção mais concorrida entre 86 oferecidas em 2013

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o aluno do Curso de Nutrição, que sobre a importância das caminhadas e cuidados com a alimentação. João Virgílio de Pa-lhares foi econômico nas palavras: “achei decente”, e Judeci Pereira da Cruz, 70 anos, que mora em Natal e se encontrava na ci-dade, afirmou que estava participando ativamente das atividades propostas pelo Trilhas. “Tô gostando muito e tenho vindo todos os dias com minhas amigas”, afirmou. Maria de Lourdes Rocha, 68, fazia parte de uma plateia atenta que assistia a apresenta-ção da quadrilha e foi só elogios para os or-ganizadores: “ é a primeira vez que a gente tem essa oportunidade aqui”, falou.

O curso de Dança e Teatro, que con-tou com a maior participação, conseguiu o entusiasmo dos jovens da cidade. Luan Fernandes Anselmo, 17 anos, 1º ano do ensino médio na Escola Aristófanes Fer-nandes, considerou o curso “excelente” e fez elogios aos universitários que minis-traram o curso e à participação da comu-nidade local.

Fernanda Naiara da Silva, 14 anos, cur-sando o 7º ano na Escola Municipal Os-vágrio Rodrigues também achou “muito interessante”, porque ensinou como a pes-soa se comportar no palco, as várias for-mas de dança e a “ter alegria na interação com o público”. Francisco Weider da Silva, 17 anos, cursando o 1º ano do Ensino Mé-dio na Aristófanes Fernandes, espera que “venham outras oficinas e que divulguem a cidade da gente”.

A Escola Municipal Osvágrio Ro-drigues de Carvalho ofereceu espaço para a realização de várias atividades. A diretora Inaíra Leilane Ferreira Garcia, considerou importante trazer esse tipo de atividade para os alunos e afirmou que, em princípio, achou que a proposta da UFRN não ia dar certo, mas surpreendeu-se com os resul-tados. ”Superou as expectativas”, reconhe-ceu. Ela ainda arriscou uma sugestão para

a próxima edição do Trilhas na cidade: um espaço maior para atender todo público de-mandado. “As escolas são pequenas e não suportam a quantidade de alunos interes-sados nas atividades”, justificou

aprEndEndo na práticaSe os municípios do interior do Estado

ganham com a ida do Trilhas, ganham mais ainda os alunos da UFRN que participam do programa. Segundo Ceiça Fraga, que tam-bém é coordenadora do Trilhas Potiguares, o programa contribui para uma formação multidisciplinar do nosso aluno de gradu-ação. O Trilhas permite a experiência e o aluno tem “a possibilidade de, a partir do conhecimento adquirido em sala de aula e ter a oportunidade de vivenciar na prática esses conhecimentos”, afirmou.

Outro aspecto destacada pela coorde-nadora é que os jovens têm a oportunidade de conhecer a realidade do interior, sobre-tudo daqueles mais carentes, diferente da realidade da capital, onde eles estudam. “Além da oportunidade de conviver com outros grupos, trocando não somente vivências acadêmicas, mas também suas vivências pessoais”, disse Ceiça.

Os estudantes também reconhecem a importância dessa vivência prática como a maior contribuição do Trilhas na for-mação acadêmica de cada um. Raphael Serquiz, aluno de Biomedicina,disse já ter participado do Projeto Rondon e que essa foi a primeira experiência no trilha potiguares. Para o oficineiro de Dança e Teatro “o Trilhas permite não somente levar informação, mas atender as neces-sidades de algumas pessoas, conseguindo despertá-las para coisas as quais elas não tinham acesso”. Além de ministrar a ofi-cina, Rapahel e outros colegas montaram com os jovens da cidade um espetáculo chamado “A Senhora da Luz – o auto de Santana”, e apresentaram no último dia do

Trilhas, na praça da cidade.Também aluna de Biomedicina, Raíza

Nara Cunha Moizéis, ministrou oficinas sobe Medicina Tradicional Chinesa e Sexo, Sexualidade e Doenças sexualmente Trans-missíveis (DST). Ela considerou o projeto Trilhas “uma das coisas mais importantes para qualquer aluno de graduação”. Segun-do afirmou, a vivência é deferente da sala de aula, onde o aluno se depara com situação inusitadas, além do que, “é muito gratifi-cante ajudar as pessoas”.

Roberto Carlos Batista Filho, do Curso de Enfermagem, participa do Trilhas pela segunda vez e confessa que sempre está atrelado a projetos de extensão. “O Trilhas acrescenta e quebra alguns tabus, casos que a gente vê na literatura e não se aplica na prática”, afirmou. “O enfrentamento das situações faz com que a gente busque estra-tégias nas adversidades”, relatou Roberto.

Aluna co Curso de Turismo, Iasna de Oliveira Batista destaca o fato de nunca ter trabalhado em sua área e a participação no Trilhas lhe permitiu essa vivência. Em Santana do Matos ela fez um levantamento

da infraestrutura turística do município e apresentou à Prefeitura. Ela pretende, pos-teriormente, dar continuidade ao trabalho, fazendo um planejamento.

Participando pela primeira vez, Sarah Amorim Terra, aluna do Curso de En-genharia Civil, junto com a aluna de Ar-quitetura, Mariana Soares, trabalhou na elaboração de um projeto de recuperação e reforma de uma construção que serve de base de apoio para projeto científico num sítio arqueológico próximo à cidade. Sa-rah considerou a tarefa um desafio muito grande, totalmente diferente das atividades de estágios ao qual estava acostumada.

Thalita Santana de Freitas, do Curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, se responsabilizou pela ali-mentação do blog do programa naquela cidade, fazendo fotografias e elaborando textos. Ela também aponta a experiência prática como de grande importância na sua formação acadêmica, além do que, “a intervenção numa comunidade é muito enriquecedora para a gente. O aluno entra na realidade deles”, explicou.

Por Cione Cruz

Recesso acadêmico não significa, necessariamente, estímulo ao ócio. Nesse mês de julho, mais de 500

alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) deixaram os li-vros em casa, seus bancos em suas salas de aula e foram em busca do conhecimento prático, da troca de experiência, da con-vivência harmoniosa entre os diferentes saberes no Trilhas Potiguares, programa de extensão da Universidade, que este ano realiza sua sua décima segunda edição, no entender da professora Maria da Con-ceição Fraga, pró-reitora adjunta de Exten-são, “a maior edição de todos os tempos”.

Executado pela UFRN desde 1996, o programa Trilhas Potiguares tem como meta realizar uma efetiva interação entre a Universidade e comunidades de peque-nos municípios do Rio Grande do Norte, com até 15.000 habitantes. O objetivo é “propor novas formas de aplicação do conhecimento gerado na universidade, partindo do contato com as demandas da comunidade externa, buscando a constru-ção solidária do saber voltado para o de-senvolvimento sustentável”.

Com o Trilhas, a Universidade cumpre uma de suas principais finalidades, que é formar pessoas para a vida cidadã. Além disso, também atende “um de seus papéis mais nobres: a relação da Universidade com a sociedade”, conforme prevê o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e o Plano de Gestão, disse Ceiça Fraga.

Em 2013 foram 26 municípios do interior do Rio Grande do Norte que se increveram no Programa Trilhas Po-tiguares. Um dos quais (Florânia) desis-tiu devido ao problema de estiagem. O primeiro município visitado foi Santana

do Matos, a 291 quilômetros de Natal, que recebeu uma equipe de 20 estudantes, de diversos cursos.

Essa foi a primeira vez que o município recebeu o Trilhas Potiguares e segundo Dannyelly Costa, responsável pela Casa da Cultura Monsenhor Edson Monteiro, a visita promoveu na cidade um verdadeiro “choque cultural, abriu as portas, resgatou o que temos de melhor em termos de arte”.

Dannyelly Costa, mostrou-se entusi-asmada com a presença dos estudantes e os desdobramento na área cultural em Santana do Matos. Segundo ela, a cidade não oferecia nenhuma atividade cultural, exceto no período das festa da padroeira local,no mês de julho. “O Trilhas propôs o resgate cultural da cidade, trazendo o

pessoal do campo bordadeiras, repentis-tas, escritores, músicos e poetas para fazer apresentações aqui”, comentou.

A prefeita Lardjane Ciríaco de Araújo Macedo, faz coro a Dannyelly quando afirma que o programa causou um grande impacto na cidade e cita como exemplo da boa receptividade a grande participação e o entusiasmo da população nas oficinas oferecidas pelos trilheiros.

Para Lardjane Ciríaco, o que foi rea-lizado durante uma semana em Santana do Motas vai repercutir lá na frente entre os jovens. Ela também defendeu a continui-dade de projetos como o Trilhas, acres-centando que “Nós temos infraestrutura. Agora é saber resgatar isso. Precisamos dar oportunidade para que o jovem preencha

a sua ociosodade”.A programação do Trilhas Potiguares

em Santana do Matos, realizada de 23 a 30 de junho, constou de ações em sítios arqueológicos, oficinas de dança e teatro, de serigrafia, de máscaras, sobre sexuali-dade e de mural. Também foram realiza-dos campeonatos esportivos e palestras di-rigidas aos jovens e idosos, sobre Nutrição para a terceira idade, Qualidade de Vida na Terceira Idade, Pós-parto, Gestação, Diabetes, entre outras.

Todas as atividades foram demanda-das pela própria comunidade, em reuniões realizadas antes do programa chegar à ci-dade. A coordenadora da equipe, profes-sora Lúcia de Fátima Amorim, explicou que foram feitas visitas vivenciais, chegan-do-se a um diagnóstico das necessidades locais. Constatou-se, então, que havia no município um grande consumo de drogas e gravidez precoce entre a juventude de-vido à falta de ocupação. “Daí pensou-se em trabalhar com mais concentração nas áreas de cultura, de esporte e educação, in-cluindo a educação sexual”, afirmou.

GrandE participaçãoA professora Lúcia de Fátima também

entusiasmou-se com a participação da população. Segundo explicou, teve curso que chegou a inscrever mais de 800 pes-soas, como o de Dança e Teatro, princi-palmente jovens. Por sua vez, os cursos dirigidos especificamente aos idosos tam-bém contaram com uma excelente partici-pação, acrescentou.

No caso da terceira idade, os cursos e palestras com orientações sobre qualidade de vida e alimentação saudável, e a quadri-lha organizada pelos estudantes, lotaram os ambientes reservados para essas atividades.

Sobre os cursos e palestras, Maria do Livramento Marques, 60 anos, considerou “fundamental” a explicação do “professor”,

lúcia amorim: Visitas ajudam a definir programação atendendo necessidades locais

ano XV | nº 63 | julho de 20136Jornal da UFRN

EXTENSÃO

Estudantes deixam as salas de aula e vão em busca do conhecimento prático no Trilhas PotiguaresFotos: Cícero oliveira

“nós temos infraestrutura. agora é

saber resgatar isso. Precisamos dar

oportunidade para que o jovem

preencha a sua ociosodade”

Lardjane Ciríaco

Prefeita de Santana do Matos

Municípios visitados em 2013

estudantes reconhecem vivência prática como a maior contribuição do Trilhas na formação acadêmica

Cion

e Cr

uz

7Jornal da UFRN ano XV | nº 63 | julho de 2013

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Por luCiano GalVão

“Isso é parte de um projeto de so-ciedade. Queremos formar um novo homem”, observa a profes-

sora enquanto gesticula de maneira tran-quila. Rosa Aparecida Pinheiro se refere aos objetivos da Educação Integral, pro-posta de mudança do Ensino Básico que pretende ampliar o tempo, o espaço e os tipos de atores envolvidos no processo educativo dos alunos brasileiros.

Rosa explica que o intento tem em vista mais do que estender a jornada es-colar. “Ficar o dia inteiro na escola não é Educação Integral. É preciso dar uma formação global”, distingue a docente do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Nazineide Brito – do Departamento de Educação do Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES), unidade acadêmica da UFRN em Caicó – conceitua a Educação Integral como um entendimento mais am-plo da formação básica. “Compreende-se o aluno em suas diferentes dimensões. Não apenas em sua dimensão intelectual mas também ética, cultural e linguística”, define.

Rosa Pinheiro e Nazineide Brito diri-gem na UFRN a “Capacitação em Educação Integral numa Perspectiva de Ampliação do Tempo, dos Territórios e das Oportuni-dades Educacionais”. O curso é destinado a coordenadores pedagógicos do Programa Mais Educação, ação de incentivo à im-plantação do modelo no Ensino Público promovida pelo Governo Federal.

Com carga horária de 250 horas, a ca-pacitação acontece na modalidade semi-presencial, o que significa dizer que divide-se entre encontros presenciais e momentos a distância. O objetivo é habilitar os coor-denadores pedagógicos do programa para que possam pôr em prática, em seus locais de trabalho, as estratégias definidas para a promoção do formato.

“É uma nova escola”, assevera Nazi-neide Brito. “A proposta vai além do au-mento do tempo, por isso precisamos am-pliar a visão dos educadores e mostrar o que é Educação Integral”, afirma.

“Às vezes dizemos que os próprios pro-fessores não entendem o que é Educação Integral, mas somos nós que os forma-mos”, comenta Rosa Pinheiro. “Nosso de-safio é formar os formadores: para vermos mudanças nas escolas, temos que mudar

primeiro aqui”, defende.

Mais EducaçãoAtualmente, o modelo integral tem

sido posto em prática no Brasil por meio do Programa Mais Educação. A ação do Governo Federal consiste no apoio finan-ceiro e técnico às escolas das redes públi-cas estadual e municipal para a realização de oficinas educativas, artísticas, culturais e esportivas no turno inverso ao que os alunos assistem aula. A intenção é mobili-zar tanto as instituições de ensino quanto a comunidade local para a melhoria do desempenho educacional, a promoção da cidadania e a proteção social.

Entre as metas do Programa, estão a

ampliação do espaço escolar, a redução da evasão, a adequação do atendimento a alunos com necessidades especiais, o combate ao trabalho infantil, a formação da sensibilidade artística das crianças, a aproximação entre famílias e escolas além da assitência técnica aos estados para o cumprimento dessas finalidades.

Na prática, como esclarece Nazineide Brito, o Mais Educação é uma ação de “in-dução” da Educação Integral. “O modelo tradicional centra mais no aspecto con-teudístico. Com o currículo integrado, com mais tempo para trabalhar e com di-nheiro nas escolas há novas oportunidades educacionais”, afirma.

Nazineide explica ainda que a partici-

pação das universidades federais no Pro-grama está na instrução dos educadores, de forma a torná-los aptos a realizarem as práticas propostas pela ação.

Rosa Pinheiro diz que o curso de ca-pacitação ofertado atualmente pela UFRN tem como fim preparar os coordenadores pedagógicos para que assumam a função de articulação entre os setores da sociedade.

A docente enxerga desafios no papel assumido pela Instituição: “para a Univer-sidade isso também é novo. É uma outra ideia, envolve muitas coisas e ainda esta-mos experimentando. Temos que ensinar como planejar uma nova perspectiva de educação, mas enfrentamos 200 anos de tradição do modelo anterior”.

capacitaçãoFabiana Duarte, coordenadora do Mais

Educação na Escola Municipal Chico San-teiro, participou do curso na UFRN em junho e considerou positivos os resulta-dos alcançados. “Os professores são muito qualificados e trocamos experiências du-rante todo o curso. Foi muito interessante e nos trouxe novidades e crescimento pro-fissional”, avaliou.

A pedagoga acredita que a Educação Integral deveria existir em toda a forma-ção básica, independentemente da exis-tência de um programa que a incentive. “Seria um fator primordial para a melho-ria de nosso ensino”, aponta.

Coordenadora do Programa na Escola Municipal Monsenhor José Alves Lan-dim, Kárita Moura também reconheceu o proveito obtido com a capacitação. “Foi riquíssimo. Conseguimos conhecimentos novos e novidades para levarmos para a escola”, contou.

Kárita acrescenta que é preciso pensar o estudante enquanto ser global e, como prova da necessidade de se ampliar o atendimento, diz que a procura pelo Mais Educação tem superado a capacidade das escolas em receber alunos. “Muitas vezes descobrimos até talentos nas oficinas, ape-sar dos problemas que temos com o espa-ço para a realização das atividades”, relata.

Rosa Pinheiro e Nazineide Brito con-cordam que o modelo global deve deixar de ser praticado somente dentro de uma ação governamental. Segundo as professo-ras, é necessário que o conceito perpetue-se na forma de políticas educacionais. “Nas escolas dos países desenvolvidos já é assim. Ou a Educação Integral deixa de ser programa e vira política ou acabará”, adverte Rosa.

Centro de Educação e CERES-Caicó capacitam educadores da Rede Pública para ampliarem oportunidades no Ensino Básico

EDUCAÇÃO

ano XV | nº 63 | julho de 20138Jornal da UFRN

Fabiana duarte e kárita Moura, da rede municipal, acreditam na educação integralcomo fator primordial para a melhoria do nosso ensino

“Compreende-se o aluno em

suas diferentes dimensões.

não apenas em sua dimensão

intelectual mas também ética,

cultural e linguística”

Nazineide Brito

Professora do

CERES/Caicó

Wallacy Medeiros

Wallacy Medeiros

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da redaÇão

O Seminário Motores do Desenvolvi-mento, evento realizado pelo Jornal Tribuna do Norte e pela Univer-

sidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), reuniu representantes de vários segmentos dos setores público e privado na discussão do tema Educação Básica e Pro-fissional para o Desenvolvimento do RN. O evento aconteceu no dia 8 de julho, no auditório do Praia Mar Hotel.

A reitora Ângela Paiva Cruz, da UFRN, abriu a solenidade de instalação do Semi-nário destacando a importância da educa-ção de qualidade. Ela afirmou que “a Uni-versidade tem criado, ao longo dos seus 55 anos, alternativas de formação a partir do ensino infantil, abrindo um leque de pos-sibilidades afirmativas”.

Só em 2013, segundo a reitora, foram matriculados no ensino básico e profis-sionalizante na UFRN 4.407 alunos, além das quase 20 mil vagas disponibilizadas por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), oferecidas pela Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), Escola de Enfermagem de Natal (EEN), Escola de Música (EMUFRN) e Ins-tituto Metrópole Digital (IMD).

A diretora do Departamento de Ações Regionais (DEARE) do Ministério da Ciên-cia, Tecnologia e Inovação (MCTI), Sônia da Costa, proferiu a última palestra do Seminário, sobre “Inclusão Social e Novas Tecnologias Educacionais na Era Digital, destacando como as novas ferramentas po-dem colaborar para o desenvolvimento da educação no País.

O Centro Vocacional Tecnológico (CVT) foi citado como uma ação do go-verno para promover desenvolvimento na formação e pesquisa científica, mas segun-do a diretora do DEARE, “ainda há muito que evoluir.” Ela explicou que o projeto, que começou no Ceará e em 2003 passou a ser financiado pelo MCTI, deve ser será forta-lecido, e que deve contar com a participa-

ção das três esferas do governo, municipal, estadual e federal.

Segundo a diretora, o CVT deve ser um espaço tecnológico disponível para a comunidade com ações de extensão, pes-quisa e formação tecnológica. Ela citou como exemplo o Centro Vocacional Tec-nológico da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), da UFRN. “O CVT de Jundiaí está dentro de uma instituição de ensino, mas pertence ao município e à sua população”. O Seminário Motores do Desenvolvi-mento do Rio Grande do Norte contou com a participação de autoridades políti-cas e empresariais, além de professores, gestores da educação e políticos locais.

Educação intEGralO presidente da Comissão de Educa-

ção e Cultura da Câmara Federal, depu-tado federal Gabriel Chalita, foi o primeiro palestrante do seminário e fez uma defesa veemente da escola em tempo integral para melhorar a educação básica no Brasil, em sua palestra sobre “Gestão e Qualidade da Educação Básica”.

Para o secretário, o Brasil é a sexta potência mundial e deveria ter um mo-

delo de educação diferente. “Nós temos uma posição vergonhosa em termos de educação”, disse, comparando os índices do Brasil com os de países como Paraguai e Uruguai. Ele relembrou o educador Anísio Teixeira, que em 1940 criou a primeira es-cola em tempo integral do Brasil, para de-fender esse modelo para a educação no país. O parlamentar disse concordar com a destinação de mais recursos para o setor e concluiu afirmando que o Brasil precisa de um pacto para educação, fazendo com que o aluno fique mais tempo na escola.

A secretária de Educação do RN, pro-fessora Betânia Leite Ramalho, também participou do Seminário, proferindo pa-lestra sobre O perfil da Educação Básica no RN - Avanços e Desafios.

Ela apresentou, ainda, o projeto da SEEC para a Educação Básica no RN. Para ela, apresentar um modelo de educação para uma população extensa e diversa, como é a brasileira, é difícil. No caso espe-cífico do Rio Grande do Norte, a educação básica tem pontos negativos e pontos posi-tivos e traz como grande desafio saber o ideal da educação brasileira.

Segundo a secretária Betânia Leite, “

é necessário um foco”. O perfil da educa-ção básica tem que estar atrelado ao per-fil do estudante e o grande desafio é cons-truir a escola do século XXI para formar esse jovem apto ao exercício crítico da cidadania, trazer as tecnologias para a sala de aula e promover o acesso à vida social. O Projeto da SEEC, disse, prioriza o ensino, a aprendizagem e o acompa-nhamento do estudante.

Ensino técnicoQualificação Tecnológica e Profissional

e Desenvolvimento Social foi o tema abor-dado por Marco Antônio de Oliveira, se-cretário de Educação Profissional e Tecno-lógica (SETEC) do Ministério da Educação (MEC) Depois de falar sobre os vários pro-gramas já consolidados pelo Governo Fe-deral o secretário ressaltou a necessidade e a intenção de expansão do ensino técnico.

Apresentando dados estatísticos da situação brasileira, Marco Antônio infor-mou que temos hoje no País, na faixa entre 18 e 30 anos, cerca de 15 milhões de pessoas que saíram do ensino médio e não estão cursando uma faculdade. Desse universo, 6,7 milhões estão entre 18 e 24 anos.

Segundo o secretário, existe um com-promisso do governo federal de reverter a situação, com a expansão das redes físicas e de educação a distância e a implantação de outras formas de acesso. Há, segundo o titular da SETEC, um acordo de gratuidade com os serviços nacionais de aprendizagem (SESI/SENAI), assim como a expansão do crédito estudantil para o ensino técnico.

Sobre o PRONATEC, o secretario de-fendeu uma articulação com programas preexistentes e novas iniciativas como Bol-sa Formação e o FIES Técnico. Para ele, é preciso “reaplicar na área do ensino profis-sional e tecnológico o que se mostrou bem sucedido em outras áreas sociais”.

O Secretário citou como modelo o trabalho desenvolvido no Rio Grande do Norte pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) e a Escola Agrícola de Jun-diaí (EAJ) da UFRN.

Seminário reúne representantes dos setores público e privado em debate sobre o ensino no RN

DESENVOLVIMENTO

ano XV | nº 63 | julho de 20139Jornal da UFRN

Gabriel Chalita: o brasil precisa de um pacto pela educação

Fotos: anastácia Vaz

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Por GaSTon PouPard

Os alunos do curso de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) realizam

na prática todos os passos da produção de um produto voltado a atender às necessi-dades do cotidiano.

Projeto de extensão, “Vision Limp” é uma empresa júnior apoiada pela ONG internacional Junior Achievement. No programa, os estudantes passam por fun-ções práticas de fabricação, simulando tudo aquilo que se passa nas grandes in-dústrias químicas.

O material que está sendo produzido e comercializado pelos alunos é o spray “Vi-sion Limp”. Trata-se de um limpador de lentes de equipamentos que exigem cuidado como óculos, telas de celulares, telas de monitores e notebooks. Diferente dos demais produtos de limpeza, o PH do spray é neutro, sendo ideal para limpar esses aparelhos.

De acordo com o aluno de licenciatura em Química da UFRN Álef Bruno Dos Santos, que é presidente da empresa júnior, os profissionais da área não ficam apenas restritos ao laboratório, como é o imagi-nário comum. Nesta iniciativa, os alunos aprendem e desenvolvem outras habili-dades como a comunicação no comércio, o gerenciamento da empresa e o processo de elaboração do produto. É neste cenário que os próprios alunos acabam descobrin-do novas vertentes do funcionamento de uma empresa.

Álef dos Santos destaca que a empresa também trabalha com questões voltadas à

responsabilidade social, já que 25% dos lu-cros são destinados a instituições filantrópi-cas. A Universidade, assim como os demais centros de pesquisa, incentiva os alunos a se relacionarem desde cedo com o funcio-namento do mercado. Antes de ser comer-cializado, o material passa por uma série de requisitos que vão desde a ideia do produto até chegar ao preço.

O presidente da empresa júnior disse que o spray surgiu primeiro com uma con-sulta de objetos que são necessários no mer-cado. “O produto deve ser prático e aces-sível a todos. Uma vez verificada a função do material, os alunos começam a estudar toda a formulação, composição e reagentes,

sempre acompanhados de perto por três professores especialistas da área”, revela.

A embalagem do spray, por exemplo, também foi planejada para ser reaprovei-tada, seguindo a tendência de produtos não degradantes ao meio ambiente. O produto foi exposto na Semana do Meio Ambiente da UFRN, que aconteceu no mês de junho.

O spray é produzido no Laboratório de Química Analítica da UFRN aos sábados. No primeiro momento, foram fabricadas 600 unidades para comercialização. Con-tudo, antes de ser produzido em massa, o produto passa por um rigoroso processo de qualidade no laboratório com a supervisão de professores especialistas, que verificam a

rentabilidade do material.De acordo com o professor Daniel de

Lima Pontes, do Instituto de Química da UFRN, que coordena a parte de produção da empresa júnior, a iniciativa começou há sete anos com outros produtos fabricados também pelos próprios alunos.

Ele menciona o apoio fundamental da empresa Junior Achievement, que auxilia na escolha do material e orienta as diver-sas fases da produção. Daniel Pontes disse que os próprios alunos são responsáveis por todos os setores da empresa júnior “Vision Limp”, com a proposta de demons-trar o funcionamento de uma empresa na área de Química.

Os alunos aprendem que o especialista em Química pode ocupar outras áreas de gestão de uma empresa e que o mercado de trabalho exige que os profissionais sai-bam se responsabilizar por etapas que não sejam apenas a da fabricação de produtos. “Neste ano já foram produzidos cerca de 2 mil frascos com uma equipe de 30 alu-nos encarregados da produção do Spray”, informa Daniel Pontes.

Com relação ao capital inicial, que é o princípio básico de toda empresa, o profes-sor menciona que os alunos são os acionistas e que cada um entra com uma parte e incen-tiva o desenvolvimento do negócio, seguin-do, desta forma, o mesmo procedimento que acontece em grandes corporações.

Porém, como não há tributos e impos-tos na empresa júnior, ele explica que parte dos lucros obtidos é doado para instituições de caridade. A “Vision Limp” tem validade de três meses. Ao termino, é feito o relatório final informando todo o andamento que ela teve ao longo desse período.

Alunos de Química da UFRN fabricam produto comercializável em empresa júnior

EMPREENDEDORISMO

ano XV | nº 63 | julho de 201310Jornal da UFRN

o produto surgiu a partir de pesquisa de mercado

Fotos: Wallacy Medeiros

Em anos anteriores, outras empresas juniores na área de Química também foram criadas:

2007 – Phyttos do brasil: óleo pós-banho e sabonetes feitos com produtos naturais 100% orgânicos.2008 – botanics: sabonete líquido2009 – eCo Feeling: sabonetes líquidos e hidratantes com fragrâncias de frutas.2010 – eCo limp: Sabão 100% ecológico2011 – branquim: Sabão líquido2012 – ecoaroma Sensações da natureza: produto de higiene2013 – Vision limp: limpador de telas e lentes

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Por luCiano GalVão

Qual a importân-cia do proFlE-tras para a forma-ção do professor?

Para o professor de língua portuguesa esse mestrado é de extrema relevância porque é voltado para trabalhar com o cotidiano da sala de aula. Os professores vão ter acesso às teo-rias, porém, poderão

trabalhar essas teorias voltadas para a solução dos problemas do cotidiano. A expectativa é que isso impacte no dia-a-dia da sala de aula, que o professor se torne protagonista, capaz de solucionar problemas surgidos no plano da sala de aula. Para isso ele vai estar aparelhado teoricamente, com conteúdos de relevância para o ensino da língua materna, nossa língua portuguesa, não só no que diz respeito ao en-sino da gramática. O professor vai trabalhar a leitura, a produção de texto numa nova pers-pectiva e fazendo uso das novas tecnologias.

Qual a diferença desse modelo em rela-

ção aos mestrados tradicionais?Os mestrados tradicionais são os acadêmi-

cos, tendo o foco maior na pesquisa. É lógico que nesse mestrado profissional também haverá pesquisa, mas será uma pesquisa voltada para a solução de questões pontuais e estudos de caso. O grande alvo será a sala de aula. Um não apa-ga o valor do outro, os dois tem seus méritos. Como nós temos o problema da falta de deter-minados conteúdos na formação do professor, o mestrado profissional tem esse foco.

como serão as aulas e as avaliações do Mestrado?

As aulas serão presenciais. Sobre a ava-liação, cada disciplina que for oferecida terá uma comissão coordenadora. Uma comissão temática que tem dois coordenadores, que foram escolhidos pelo conselho gestor, quan-do realizamos o I Fórum Nacional com as comissões temáticas do PROFLETRAS. O en-contro aconteceu aqui em Natal. Neste fórum estavam reunidos os quarenta professores de cada disciplina. Serão quatro as disciplinas

oferecidas em 2013.2. Nós traçamos todos os rumos das disciplinas, isso envolve não só con-teúdo, como metodologia e avaliação. Os alu-nos poderão fazer provas, desenvolver artigos, capítulo de livro ou uma sequência didática. É tudo construído, todos que participam do pro-cesso opinam.

as vagas (mais de 1.000 em 2013) ofer-

ecidas pelo programa são destinadas prefer-entemente à rede pública. por que?

Nesse edital só foram oferecidas às insti-tuições públicas. Por definição da CAPES, as vagas se destinam a professores do ensino fundamental das escolas públicas. Sejam elas estaduais, municipais ou até federais. Na es-cola pública é onde se encontram os maiores problemas. Então, creio que a preocupação do Governo foi justamente melhorar a qualidade do ensino na rede pública.

Há possibilidade do proFlEtras ex-

pandir a oferta de vagas para a rede privada?Acredito que a partir do próximo ano a

CAPES venha a abrir este espaço como fez no PROFMAT (Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional). O PROF-MAT na primeira edição foi só para professo-res da escola pública, mas a partir da segunda edição passou a oferecer 5% das vagas para a rede particular. Por analogia, acredito que a partir da segunda edição serão abertas vagas para a rede privada.

como o programa pode ser ampliado?Iremos abrir um novo edital de adesão. Nós

temos 32 universidades, todas públicas, que se transformam em 39 unidades. Por exemplo, pela UFRN nós temos um curso em Natal e outro em Currais Novos. São duas unidades. A ex-pectativa é que em 2014 ampliemos a quantidade de instituições. Constan-temente recebemos pe-didos de novas universi-dades solicitando espaço.

Quais as maiores dificuldades para implantação do pro-grama, que é nacional, considerando a di-versidade brasileira?

Nós precisamos que as universidades que aderiram à rede, ao Mestrado Profissional em Letras, ofereçam as condições mínimas de infraestrutura para o funcionamento do curso. Se preciso, juntamos esforços e vamos contatar formalmente a professora Carmem (Carmen Moreira de Castro Neves), que é a diretora de formação continuada do ensino básico da CAPES. Cada disciplina vai receber um kit com dez títulos, cada título com quinze volumes, para melhorar as bibliotecas das uni-dades. A CAPES prometeu um tablet a cada professor e um equipamento interativo que envolve internet e data-show, materiais para realizar conferências e videoconferências. Te-mos uma expectativa de que os alunos ganhem bolsa, desde que comprovem que estão afasta-dos pelo menos vinte horas de suas atividades.

o Brasil vive um momento em que me-

lhores condições para a educação está no topo das reivindicações populares. o pro-FlEtras pode contribuir para isso?

Na hora que a gente diz que vai formar professores protagonistas, significa que ele vai trazer para a discussão da sala de aula os pro-

blemas da sociedade e vai, conscientemente, trabalhar em busca de soluções. O professor deve ser protagonista da sua prática.

como educadora, o que a senhora apontaria como prioritário na formulação de um novo modelo para a educação básica no Brasil?

O redimensionamento da carga horária do professor de língua portuguesa. É inadmissível que o professor de língua portuguesa cumpra uma carga horária de dez a quinze turmas por semana. Como é que ele vai poder dar o feed-back das atividades que passa a seus alunos na

sala de aula? A primeira coisa a fazer é valorizar o trabalho do professor da língua materna.

a senhora acha que o

governo destina poucos recursos à educação?

Acho que destina muito pouco. Tão pouco, que o salário do profes-sor não é valorizado. Ele

trabalha muito para sobreviver dignamente. Acho maravilhoso esse momento de se valori-zar a formação continuada do professor, mas nós precisamos que os secretários estaduais e municipais se associem a essa crença de que para fazer um bom trabalho o professor pre-cisa de tempo para trabalhar, para estudar, para se instruir.

como a uFrn chegou à coordenação do programa e o que pode ser visto como retor-no para a instituição?

Através de uma eleição feita em todo o nordeste. Eu fui indicada por todos os coor-denadores da região, e quando eu cheguei lá o coordenador de área disse que a sede seria escolhida entre aquelas universidades que ofe-recessem as condições fundamentais. Quando eu vi que havia este espaço procurei a nossa reitora Ângela Paiva e a pró-reitora de pós-graduação Edna Silva e elas apoiaram. Toda es-trutura burocrática foi desenvolvida em tempo hábil para que pudéssemos chegar a ser a sede. O maior retorno é a contribuição que a UFRN dá a um programa que se propõe a melhorar a formação continuada do professor de língua portuguesa do ensino básico. A expectativa é muito grande em relação ao êxito, acreditamos muito nesse projeto.

“Como nós temos o problema da falta de determinados conteúdos na formação do professor, o mestrado profissional tem esse foco”

entrevista

ano XV | nº 63 | julho de 201311Jornal da UFRN

Maria das Graças, coordenadora do ProFleTraS

anastácia Vaz

Maria da Graça Soares Rodrigues, coordenadora nacional do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras (PROFLETRAS), é profes-sora da UFRN e atualmente ocupa o cargo de vice-diretora do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA). Entre os dias 8 e 10 de julho ela coordenou o I Fórum Nacional de Comissões Temáticas do PROFLETRAS, evento realizado no Imirá Praia Hotel, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-perior (CAPES) em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), com a participação de professores de várias universidades brasileiras e de Carmen Moreira de Castro Neves, diretora de Formação de Professores da Educa-ção Básica (DEB/CAPES). Para falar sobre o PROFLETRAS, sua importância na formação do professor de Língua de Portuguesa e como a UFRN foi escolhida para sediar as ações, a coordenadora Maria da Graça concedeu entrevista ao Jornal da UFRN. Para ela os investimentos em educação no Brasil são poucos e, além de recursos, é necessário valorizar o professor e o ensino da língua materna.

[ ]a primeira coisa a fazer é valorizar o trabalho do professor da língua materna

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ano XV | nº 63 | julho de 201312Jornal da UFRN

Por Juliana Holanda

CoRoT Sol 1. Esse é o nome da es-trela gêmea do Sol identificada por pesquisadores do Departamento de

Física Teórica e Experimental (DFTE) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A descoberta, que ganhou projeção internacional, permite analisar a evolução do Sol e da vida no planeta Terra. A estrela possui massa e composição química semel-hantes ao Sol e é cerca de 2 bilhões de anos mais velha.

“Como as estrelas evoluem em uma es-cala de tempo muito grande, a única ma-neira de estudar seu desenvolvimento é por meio da análise de astros iguais com idades diferentes”, explica o coordenador da pes-quisa e professor da UFRN, José Dias do Nascimento Júnior.

Gêmea solar mais distante conhecida na Via Láctea, a CoRoT Sol 1 está localiza-da na Constelação de Unicórnio e foi ini-cialmente observada pelo satélite CoRoT. Desenvolvido pela Agência Espacial Fran-cesa em colaboração com outros países da Europa e do Brasil, o satélite foi lançado em 2006, e observou cerca de 300 mil estrelas da Via Láctea.

Dados enviados pelo satélite permitiram aos cientistas identificar possíveis gêmeas solares. Mil estrelas selecionadas foram analisadas mais detalhadamente e cem foram observadas no telescópio japonês Subaru, no Havaí, até chegar à confirmação da semelhança entre a CoRoT Sol 1 e o Sol.

Estudos preliminares já possibilitaram aos cientistas identificar que, quando o Sol atingir a idade da CoRoT Sol 1, haverá um aumento na luminosidade capaz de secar toda a água do planeta Terra. José Dias revela que “Em dois bilhões de anos, a ra-diação emitida pelo Sol deve aumentar e tornar a superfície da Terra tão quente que a água líquida não poderá mais existir em seu estado natural”.

A descoberta de uma boa gêmea solar fecha um ciclo. “Nós vamos agora contin-uar observando com telescópios em terra para estudarmos outras propriedades da estrela”, explica o pesquisador da UFRN Matthieu Sébastien Castro.

planEtasAlém de continuarem a estudar as ca-

racterísticas da CoRoT Sol 1, os pesquisa-dores procuram identificar possíveis pla-netas que possam orbitar a gêmea solar. “Já

sabemos que a estrela não possui planetas gigantes, como Júpiter”, assegura o coorde-nador José Dias.

Para o pós-doutorando Jefferson Soares da Costa que participa do projeto e estuda gêmeas solares desde 2007, quan-do iniciou o seu mestrado na UFRN e fez doutorado neste tema, o interesse por es-trelas semelhantes ao Sol está em evidên-cia no mundo científico.

A exoplanetologia, que é o estudo de planetas fora do sistema solar, fornece um raciocínio óbvio: um planeta do tipo Terra provavelmente vai estar na órbita de uma estrela do tipo Sol. “Achar uma nova Terra

seria a glória”, comenta Jefferson Costa.

nova GêMEa solarA equipe da UFRN trabalha, atual-

mente, em mais uma recente descoberta que apenas será plenamente divulgada em 2014. Desta vez, foi identificada uma es-trela gêmea do Sol mais nova. Ainda sem nome, a gêmea tem cerca de um bilhão de anos: a mesma idade que o Sol tinha quan-do surgiu a vida na Terra.

Estudando essa estrela, pode-se saber características da radiação que favoreceu o desenvolvimento da vida na Terra, explica o astrônomo. “Vamos identificar condições físicas que a estrela impõe aos planetas através do vento estelar e do campo mag-nético”, conta José Dias do Nascimento.

A localização do “Sol jovem” ainda é um segredo. “Está no céu do norte”, afirma Dias. O tema de pesquisa do coordenador e o objetivo da equipe é fazer o histórico da vida do Sol. “Saber o passado, o presente e o futuro”, complementa Matthieu Castro.

EQuipEA busca por gêmeas solares começou

em 2006, na UFRN. “Não tínhamos ne-nhuma pretensão”, afirma o professor José

Dias. De início, a equipe era formada pelo coordenador e por alunos da pós-gradua-ção da Universidade.

Hoje, além da equipe formada por pro-fessores e estudantes da UFRN, a pesquisa é complementada pelo professor Yoichi Takeda, do Observatório Astronômico Nacional do Japão, por Pascal Petit, As-tronômico Nacional do Japão, Pascal Petit, do Institut de Recherche en Astrophysique et Planétologie, de Toulouse na França, por Jorge Meléndez, da Universidade de São Paulo (USP), e por Gustavo Frederico Porto de Mello, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Na UFRN, a pesquisa conta ainda com apoio do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE), do Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET), do Programa de Pós-Graduação em Física (PPGF), da Pró-Reitoria de Pesquisa (PROPESQ), da Pró-Reitoria de Pós-Gra-duação (PPG) e da Secretaria de Relações Internacionais e Interinstitucionais (SRI), além de auxílios e bolsas do Conselho Na-cional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-perior (CAPES).

Cientistas da UFRN descobrem estrela gêmea do Sol e estudam futuro do sistema solar

PESQUISA

Jeferson Soares da Costa, José dias do nascimento, Mathiew Sebastien Castro: observações continuam

anastácia Vaz

estrela gêmea solar está localizada na Constelação de unicórnio

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