uma historia da industria grafica

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PROF. HUMBERTO ARAÚJO Uma história da Indústria Gráfica Produção Gráfica ORIGENS DA ESCRITA PRIMEIROS SISTEMAS DE ESCRITA ESCRITAS NACIONAIS E A PRODUçãO DE LIVROS NA IDADE MéDIA OS LIVROS DO RENASCIMENTO E O SURGIMENTO DA IMPRENSA A REVOLUçãO INDUSTRIAL, A EVOLUçãO DA TIPOGRAFIA E O SURGIMENTO DE NOVAS TéCNICAS SéCULOS XX E XXI

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  • Prof. Humberto ArAjo

    Uma histria da Indstria Grfica

    Produo Grfica

    OrIGens da escrItaprImeIrOs sIstemas de escrItaescrItas nacIOnaIs e a prOdUO de lIvrOs na Idade mdIaOs lIvrOs dO renascImentO e O sUrGImentO da Imprensaa revOlUO IndUstrIal, a evOlUO da tIpOGraFIa e O sUrGImentO de nOvas tcnIcasscUlOs xx e xxI

  • Origens da escrita

  • o que A escritA?

    um cdigo de comunicao secundrio em relao linguagem articulada, cdigo primario que ela pretende representar. Por isso, sua formao e desenvolvimento no pode ser independente da lngua que pretende representar nem arbitrrio, mas do mesmo modo que existem diversas lnguas, tambm existem distintos tipos de escrita, as vezes to diferentes entre si quanto as lnguas que representam. Contudo, h um elemento em comum a todos os sistemas de escrita: seu nascimento tem lugar no seio de um povo e de uma cultura quando este sente a necessidade de gravar em um suporte espacial duradouro que permita a conservao de uma mensagem ou informao.

  • HiPteses sobre o nAscimento dA escritA

    necessidades religiosasNasceu para conservar cantos e hinos rituais que ressoavam nos templos e procisses, entoados pelo povo durante as festividades; redigir maldies e conjuros mgicos; transmitir aos homens a origem, as aes e as qualidades dos deuses, assim como as normas morais e sociais decretadas por eles, alm de ditar os comportamentos dos homenspara conseguir sua ajuda e evitar sua irritao (ritos, conjuros, votos, preces, etc.)

    necessidades polticasMonumentos comemorativos das faanhas guerreiras ou da piedade e boas medidas administrativas de muitos governantes que desejaram deixar uma lembrana para as geraes posteriores de seus mritos em um gesto de vaidade, cultivado e favorecido por sditos e cortesos complacentes, mas no podemos deixar de ver a convenincia de consolidar os valores sociais

  • HiPteses sobre o nAscimento dA escritA

    necessidades literriasOs cantos e poemas literrios, j no mais religiosos, bem como os relatos dos contadores de histria, surgem com as primeiras sociedades e muito antes da escrita. Seu carter popular e annimo faz com que no se transcrevam quase nunca ou apenas de maneira tardia, como podemos observar nas sociedades histricas.

    necessidades administrativasCom a evoluo das sociedades humanas de meros coletores para comunidades agropastoris, os homens passam a acumular consigo mais comida do que o necessrio para consumo imediato. Surge ento a necessidade dos registros contbeis, contratos de venda e troca, etc.

  • primeiros sistemas de escrita

  • cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    O surgimento da linguagem escrita

    Durante muito tempo, o homem somente pode se comunicar atravs dos sons. A transmisso direta de suas experincias e conhecimentos no ia alm do tempo de sua vida. Depois o homem comeou a registrar a histria do que o rodeava atravs de desenhos nas paredes das cavernas. Esse tipo primitivo de escrita se desenvolveu entre os anos 32000 e 11000 a.C., durante o ltimo perodo glacial.

    Austrlia Meridional, 18000 a.C.

    Lascaux, Frana, 13000 a.C.

    Altamira, Espanha, 13000 a.C.

  • as pinturas rupestres

    Os maiores achados se encontraram na Europa ocidental, mas existem em todo o mundo. A maneira mais rudimentar de aplicar a pintura nos muros das cavernas era com os dedos, mas tambm foram utilizados diversos tipos de instrumentos que no se conservaram at os nossos dias. As investigaes apontam para pincis feitos de cerdas de animais ou pequenos galhos flexveis. Restos de pigmento encontrados no solo podem ter sido parte de lpis ou de bastes de giz.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    Toca do Boqueiro da Pedra Furada, Serra da Capivara, PI

    Parque das Araras, RN

    Serranpolis, GO

  • a linguagem pictogrfica

    As pinturas dos objetos se converteram em smbolos ou pictogramas. A linguagem pictogrfica era eminentemente composta de substantivos, isto , os desenhos representavam as coisas (gente, vaca,

    animais, etc.). Isso fez com que essa linguagem fosse muito fcil de ser aprendida.

    Mas como a sociedade se desenvolveu e se tornou mais complexa, fizeram-se necessrios smbolos para representar ideias mais complexas.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • Os ideogramas

    Assim as linguagens baseadas em pictogramas evoluram para representar pensamentos abstratos em vez de simplesmente representar objetos. Com isso eles se tornaram um meio um pouco mais complicado de escrever, conhecido como ideogramas. Um ideograma a combinao de dois ou mais pictogramas com a inteno de representar um conceito. Assim os ideogramas exigem um maior grau de abstrao do leitor, e requerem traduo e interpretao.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    BOICADEIA DE

    MONTANHAS

    BOI SELVAGEM

    homem

    + =

    mo amigo

    mulher

    + =

    vassoura esposa

    homem

    + =

    arco & echa inimigo

  • a escrita cuneiforme dos sumrios

    Com origem provavelmente sumria, foi empregada pelos antigos povos da Mesopotmia e da Anatlia. So signos em forma de cunha, desenhados com um estilete sobre tbuas de argila que depois eram secadas ao sol ou cosidas em fornos. Na sua origem, os caracteres cuneiformes eram pictogramas, mas aos poucos se converteram em um conjunto de mais de 600 caracteres que representavam slabas (fonogramas) ou palavras (logogramas). Essa escrita se converteu no meio bsico de comunicao do oriente.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    Mesopotmia (Ir, Iraque, Sria), 3500 a.C.

  • A pedra foi o suporte mais antigo da escrita. Posteriormente tbuas de argila foram utilizadas na Mesopotmia no terceiro milnio antes de Cristo. O clamo, pedao de cana ou canio com ponta triangular, servia para escrever os caracteres na argila antes de ela ser cosida para solidificar-se. Com esse instrumento os assrios e os sumrios imprimiam nas tbuas de argila seus caracteres em forma de cunha (da o nome cuneiforme dado a essa escrita).

    primeiros suportes e materiais

    Mesopotmia (Ir, Iraque, Sria), 3500 a.C.

  • No sculo XIX arquelogos encontraram em Kuyunjik, onde ficava Nnive, capital da Assria, prximo da atual cidade de Mossul no Iraque, as runas de uma antiga biblioteca. Neste stio arqueolgico se encontraram 22000 tbuas de argila do sculo VII a.C.: era a biblioteca dos reis da Assria, que dispunham de oficinas de copistas e

    lugares prprios para a conservao dos escritos. Isto indica que havia toda uma organizao em torno do livro, estudo sobre sua conservao, classificao, etc.

    primeiros suportes e materiais

    Fragmento de uma das sete tbuas do Enuma Elish, poema pico babilnico que conta a histria da criao

  • Em chins, o ideograma para livro so imagens em pedaos de bambu. Na China a seda tambm foi usada como suporte para a escrita, com a ajuda de pincis. Outros diferentes suportes tambm foram usados no decorrer dos anos: osso, bronze, cermica, escamas, etc. Na ndia, por exemplo, usou-se tambm

    folhas secas de palmeira. Todos os materiais que permitem conservar e transmitir so, portanto, adequados para coverter-se em livros. Mas a madeira e seus derivados seria realmente o principal suporte do livro. As palavras biblos e liber significam originalmente entrecasca de uma rvore.

    Inscries em carapaa de tartaruga, provenientes da China, sculos XIV-XI a.C.

    primeiros suportes e materiais

  • a escrita hieroglfica

    Hieroglifos so caracteres de quaisquer sistemas de escritura no qual os signos so figuras que apresentam objetos reconhecveis. Costuma-se associar o termo hieroglifo com a escrita com que se representou a lngua do antigo Egito.

    Tambm foi empregado para os sistemas de escrita figurativa dos hititas, cretenses e maias, mas estes sistemas no esto relacionados com o egpcio, j que o nico elemento que tm em comum sua condio de figurativos.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    Egito (frica), 2000 a.C.

  • Hieroglifos maias

  • a escrita hiertica egpcia

    Os hieroglifos no eram prticos para grafar registros ou para o uso cotidiano, j que eram muito complexos e no podiam ser escritos rapidamente com estiletes ou pincis. Esta escrita, de estilo mais funcional, foi uma verso simplificada dos hieroglifos e foi a escrita dominante para usos comerciais, legislativos e cientficos. Se escrevia com uma espcie de lpis de ponta rombuda que se mergulhava em tinta e era escrita sobre papiro. Os gregos a chamaram de hiertica (em grego, sacerdotal) por que no sculo VII a.C. esteve limitada aos textos sagrados.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    Egito (frica), 2000 a.C.

  • a escrita demtica, ou popular egpcia

    Simplificao da escrita hiertica que permitiu unir caracteres, o que originou uma escrita mais rpida e a democratizao da escrita. ltimo estgio em cursiva da escritura hieroglfica egpcia, que se empregou para escrever textos administrativos e literrios do sculo VII ao V a.C.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    Egito (frica), 900 a.C.

  • evoluo da escrita egpcia

    Hieroglifo Hiertico Hieroglifo Hiertico Hieroglifo Hiertico

  • evoluo da escrita egpcia

    2700-2600 1500 1500 1900 200 400-100 a.C. a.C. a.C. a.C. a.C. a.C.

    Hieroglifo Hieroglifo Hiertico Demtico Cursivo

  • pedra de roseta, 196 a.c.

    A compreenso que hoje temos dos hierglifos e de seu significado possvel devido a descoberta da pedra de roseta. Essa pedra de basalto negro foi gravada at 196 a.C. com trs inscries de mesmo contedo em homenagem ao rei Ptolomeu v, mas com trs alfabetos diferentes: o hieroglfico (14 linhas), o demtico (32 linhas) e o grego (54 linhas).

  • pedra de roseta, 196 a.c.

    Em 1799, prximo de Roseta, cidade egpcia, o exrcito napolenico encontrou a pedra de Roseta, que foi a chave para decifrar os hieroglifos do antigo Egito. Ao comparar as trs verses de escrita da pedra, os investigadores em especial Jean Franois Champollion, arquelogo francs decifraram a escrita egpcia e desentranharam o significado dos hieroglifos em 1822 e, assim, assentaram as bases da egiptologia.

    Hieroglifo

    Demtico

    Grego

  • O papiro

    Com o tempo as tbuas foram substitudas pelos volumina (plural de volumen), rolos de papiros, mais fceis e rpidos de transportar, que foram os principais suportes de escrita da antiguidade no Egito, Grcia e Roma.

    Diversas partes do papiro foram utilizadas com fins, tanto ornamentais quanto prticos, como a confeco de toucados, sandlias, cestos, barcos e cordearia. As razes secas serviam como combustvel. A medula do talo fervida servia de alimento, mas a sua aplicao mais importante era a elaborao de um suporte para a escrita com consistncia parecida com a do papel.

    Planta do papiro

  • O papiro

    Depois de retirada, a medula dos talos era disposta no sentido longitudinal; sobre elas se colocavam outras no sentido transversal e se fazia uma srie de operaes (umidificao, prensagem, secagem, colagem, corte) esfregando-as com marfim ou com uma concha lisa. Os suportes obtidos tinham qualidade varivel; os melhores eram utilizados para textos sagrados.

  • Papiro egpcio

    Papiro do Livro dos mortos egpcio

    O papiro

    O livro em papiro media normalmente uns 10 metros, resultado da colagem de vrias folhas. Alguns, entretanto, chegavam a superar os 40 metros, como a Crnica do rei Ranss III. O livro em pariro tinha o formato de um rolo que se desenrolava no sentido horizontal, com o texto disposto em colunas escritas em apenas um dos lados do papiro. O ttulo da obra era indicado por uma etiqueta atada ao rolo. Os livros em papiros que se conhecem so provenientes das tumbas,

    nas quais se depositavam as oraes fnebres, ou de textos sagrados, como o Livro dos mortos, do incio do 2. milnio antes de Cristo.

  • a escrita semtica

    A origem deste sistema de escrita ainda gera discusses, no se sabe se foi uma inveno independente ou a adaptao de algum tipo de escrita anterior.

    Esta chegou a ser um dos instrumentos de expanso da cultura e do conhecimento, j que a partir deste sistema se desenvolveram outros na Europa e na sia. Ela classificada em duas vertentes principais: a do norte e a do sul, sendo a do norte a mais importante. Esta se subdivide em vrias, sendo a aramaica e a fencia as mais importantes.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • a escrita aramaica

    A origem dos povos que falavam aramaico desconhecida, mas se acredita que chegaram a Sria e a Mesopotmia do norte da Arbia, entre os sculos XII e XI a.C. Durante o sculo VIII a.C. foram conquistados pelos assrios, mais ainda assim a sua cultura sobreviveu decadncia de suas cidades e por volta do sculo VII a.C. chegou a ser a lngua e a escrita utilizada no imprio assrio.

    Gradualmente foi se tornando uma escrita de tipo cursivo, com caracteres mais redondos e mais ligados entre si. At o sculo II a.C. manteve a sua forma e foi desenvolvendo escritas diferentes que evoluiram independentemente uma das outras, como a escrita hebraica, a sria e a rabe.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    Sculo v a.C.

  • O nome de deus em hebraico

  • a escrita fencia

    A lngua fencia pertence subdiviso da linguagem semtica, que tambm inclui o hebraico. Sendo grandes comerciantes, foram os fencios que difundiram a escrita semtica pelo Mediterrneo. Por volta de 1800 a.C., desenvolveram um sistema revolucionrio que ligava os sons falados escrita. Identificaram 22 sons chaves em sua lngua e criaram 22 smbolos correspondentes. o primeiro registro de uma escrita fontica. O alfabeto fencio, assim como o alfabeto hebraico antigo, no continha vogais.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • a escrita fencia

    Do alfabeto fencio derivaram seis ramos diferentes:escrita hebraico-samaritanaescrita aramaica primitiva

    Da qual surgem outras que originam a rabe, a armnio, a georgianoramo central

    Do qual surge o etrusco, o grego, o latim. O russo derivou do grego.Ibrico, turdetano e bstulo-fencioramo setentrional

    Alfabetos rnicosramo indoariano

    Do qual derivou o snscrito, o magahi, o devanagari.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • a escrita grega

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    Entre os anos 1000 e 900 a.C. os gregos adotaram a variante fencia do alfabeto semtico e acrescentaram

    outros signos para a sua necessidade, alm de incluir signos para as vogais e dar nome s letras. A princpio

    adotaram a forma fencia de escrever, da direita para a esquerda, mas depois experimentaram alternar

    sentido da escrita, isto , da direita para a esquerda na primeira linha, da esquerda para a direita na

    seguinte, e assim por diante. Esse modo de escrever conhecido como bustrofdon, que em grego quer

    dizer como o boi ara o campo. Depois do ano 500 a.C. o grego j se escrevia da esquerda para a direita.

  • a escrita grega

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    Entre os anos 1000 e 900 a.C. os gregos adotaram a variante fencia do alfabeto semtico e acrescentaram outros signos para a sua necessidade, alm de incluir signos para as vogais e dar nome s letras. A princpio adotaram a forma fencia de escrever, da direita para a esquerda, mas depois experimentaram alternar sentido da escrita, isto , da direita para a esquerda na primeira linha, da esquerda para a direita na seguinte, e assim por diante. Esse modo de escrever conhecido como bustrofdon, que em grego quer dizer como o boi ara o campo. Depois do ano 500 a.C. o grego j se escrevia da esquerda para a direita.

  • a escrita grega

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    Sua escrita se difundiu por todo o mundo mediterrneo e dela surgiram outros alfabetos, como o etrusco, o osco, o mbrio e o romano. Como consequncia das conquistas do Imprio Romano, seu alfabeto se converteu na base de todas as escritas europias ocidentais. Por volta do ano 400 a.C. se adotou a sua verso jnica, em Atenas, formando assim o alfabeto clssico grego de 24 letras.

  • O pergaminho

    Progressivamente o pergaminho foi substituindo o papiro. Uma lenda atribui sua inveno a Eumenes III, rei de Prgamo, da a origem do nome pergamineum. Sua produo e consumo foi amplamente expandida por volta do sculo III a.C. Mas sua existncia remonta a 1.500 anos a.C. , quer dizer, muito antes que a cidade de Prgamo existisse.

    Fabricado a partir da pele dos animais (cordeiro, vaca, jumento, antlope, etc.), o pergaminho podia ser conservado por mais tempo e em melhores condies do que o papiro. Mais slido, permitia que se raspasse o texto e se escrevesse outro por cima (o que se chamava palimpsesto).

    Pergaminho alemo do sculo XVI

  • O pergaminho

    A pele sofria um processo de eliminao dos pelos, curtio e estiramento, ao fim do qual se conseguiam as lminas com as que se elaborava um livro, um filactrio, ou os rolos conhecidos na antiguidade.

    Evidentemente esses eram suportes muito caros, devido a sua matria prima e ao tempo de sua preparao: a pele era inicialmente lavada, depois submergida em uma soluo de cal para retirar os pelos, raspada e igualada em ambos os lados, e afinal esfregada por um longo tempo com p de pedra-pomes.

    Preparao do pergaminho

  • a escrita latina

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

    A introduo do alfabeto grego na Itlia ocorreu por volta do sculo VIII a.C. Os etruscos, dos quais se acredita que os romanos tomaram o alfabeto, alm da arquitetura, leis e estradas, se estabeleceram na costa oeste da pennsula antes da fundao de Roma. A paleografia latina comea com os caracteres em maisculas, como se comprovam nos manuscritos mais antigos que existem. Seus caracteres tambm sofreram modificaes de acordo com o instrumento, o suporte ou a poca em que foram escritos.

  • capitalis monumentalis

    Em finais do sculo III a.C. apareceram nas letras traos terminais, chamados de seriphae, atualmente conhecidos como serifas. A partir do sculo II a.C. os romanos conquistaram toda a regio do Mediterrneo e suas vitrias foram imortalizadas em arcos triunfais, monumentos e inscries dedicatrias. As formas das letras e suas propores correspondiam ao sentimento da poca. Assim surgiu o estilo de escrita romano clssico, as Capitalis Monumentalis. O exemplo mais conhecido o da Coluna de Trajano, em Roma, que data do ano 114.

  • capitalis monumentalis

    A sua geometria simples resulta da combinao harmoniosa de linhas adaptadas de formas quadrangulares, circulares e triangulares que eram, de resto, as formas elementares da arquitectura romana. Seu estilo era muito simples para facilitar a inciso nas pedras. Seus traos so bastante econmicos, a letra mais simples tm s um trao, a mais complexa, quatro.

    Inciso Grega Inciso Romana

  • I II III IV1 2 3 4

    V VI VII5 6 7

    VIII IX8 9

    X10

    ABEHIKMNOTXYZ I-JCDGLPRS V-UFQV VV-W

    ALFABETO ETRUSCO

    MODIFICAES PARA O ALFABETO

    ROMANO

    LETRAS FENCIAS RECUPERADAS

    SIGNOS INTRUDUZIDOS NA IDADE MDIA

  • capitalis rustica

    A Capitalis Rustica foi utilizada como um meio rpido para difundir notcias oficiais, temas polticos e formas primitivas de publicidade. Era traada com pincel ou pena chata. Este tipo de escritura surgiu em 100 a.C. e foi

    muito popular at o sculo V d.C. quando perde prestgio como letra manuscrita, mas seu uso nos ttulos permaneceu ainda por muitos sculos.

    Acima e ao lado detalhes de uma edio da Eneida, de Virglio, do sculo iv d.C

  • cursiva romana

    Por volta do ano 300 d.C. surge a Cursiva Romana, foi o estilo de escrita que se utilizou para cartas, notas e trabalhos informais. Seu nome provm da palavra latina cursus, que significa corrida. Seus caracteres so mais condensados e alongados, e tm um certo exagero na proporo das hastes para compensar a perda de legibilidade causada pela velocidade de escrita.

  • capitalis Quadrata

    A Capitalis Quadrata uma verso tardia da Capitalis Monumentalis (surgiu tambm em 300 a.C.), chamada assim porque suas propores so mais largas. Foi usada principalmente para textos literrios e religiosos, pois no era fcil escrev-las rapidamente.

  • Hieroglifosegpcios

    Escrita Sinai

    Antigo Semtico

    Semtico doNorte

    Semtico doSul

    Algumas escritasda frica

    Algumas escritasda sia Central

    FencioAramaico

    Arbico Escrita Indiana

    Escrita das IlhasSonda

    Coreano Visigtico Etrusco

    MaisculasRomanas

    Escritas Alpinas

    Rnico

    Blgaro Croata Cirlico

    Glagoltico

    Persa GregoEscrita

    QuadradaHebrica

    orgAnogrAmA dA origem do AlfAbeto

    Extrado da SnteseHistrica do Livro, de BarbosaMelo

  • escritas nacionais e a produo de livros na Idade mdia

  • a escrita Uncial

    Aos poucos os antigos rolos de papiro so substituidos pelos cdices de pergaminho (feitos com folhas dobradas e encadernadas), alm disso a pena de ave, mais leve, substitui os instrumentos de escrita feitos de junco. A partir do sculo III d.C. comea a desenvolver-se um novo estilo de escrita maiscula, denominada uncial, que foi usada nos cdices tanto pelos romanos, quanto (e principalmente) pelos cristos primitivos.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • a escrita Uncial

    Sua difuso se deu pelas mos de monges cristos, e seu nome vem do latim, uncialis, isto , polegada, que era a altura com que essas letras eram grafadas. Este estilo foi rapidamente

    adoptado para a escrita e cpia de livros durante toda a Idade Mdia, tornando-se a escrita prpria dos textos cristos, em oposio aos caracteres romanos dos textos pagos.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • a escrita Uncial

    uma escritura em maisculas, mas j se pode antever o surgimento das minsculas. um alfabeto de uma s altura, mas alguns traos ascendentes e descendentes comeam a sobressair. Caracterstica marcante deste alfabeto so suas letras largas e redondas. A partir dela, especialmente na Gr-Bretanha e Irlanda, se desenvolveram belssimos estilos de escrita conhecidos como meias-unciais.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • do volumen ao cdice

    Finalizando a Antiguidade, entre os sculos II e III os volumina foram substitudos pelos cdices. O livro j no era um rolo contnuo, mas um conjunto de folhas costuradas entre si que deram ao livro o aspecto retangular que conhecemos hoje.

    O cdice era muito mais manusevel, podia ser colocado sobre uma mesa facilitando, desta forma, que o leitor pudesse tomar notas ou escrever enquanto lia.

  • do volumen ao cdice

    Com o cdice apareceu uma nova tcnica ligada arte do livro: a encadernao, reunio de vrios cadernos, mediante costura, para formar um volume dotado de capas protetoras, geralmente de um material mais forte.

    O cdice no trouxe uma mudana nas letras, mas impulsionou o uso de colunas mais largas, com mais letras, at chegar ao uso de uma s coluna. As pginas eram numeradas previamente. O cdice de pergaminho ou vitela durou um longo milnio, uma vez que se adaptava muito bem s caractersticas da cultura medieval, escassamente criadora.

  • do volumen ao cdice

    O formato dos cdices foi melhorando, com a separao das palavras, as maisculas e a pontuao, coisas que permitiam uma leitura silenciosa. Depois se acrescentaram os sumrios e ndices, que facilitaram o acesso direto informao buscada. Esse foi um formato to eficaz que usado ainda hoje, depois de mais de 1500 anos de seu aparecimento.

  • a escrita carolngia

    Durante vrios sculos, toda a Europa viu surgir um sem nmero de estilos unciais manuscritos, at que por volta do ano 800 d. C., o imperador Carlos Magno (742-814) instituiu um extenso programa de educao e cultura no intuito de unificar a Europa Central e recuperar a aura e a grandeza do Imprio Romano. O mestre Alcuin de York foi ento encarregue de orientar a criao e implementao de um novo estilo de escrita.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • a escrita carolngia

    As letras foram modeladas para formar um alfabeto uniforme e ordenado, hoje conhecido como minscula carolngia. Mas, alm da reformulao das letras, tambm foram reformulados os sinais de pontuao, a estrutura de frases e pargrafos com a utilizao de maisculas (que no eram mais do que as mesmas letras desenhadas em tamanho maior) e capitulares, alm do espaamento e separao das palavras. Isto tornou essa escrita mais consistente para a leitura.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • Os livros dos copistas

    O scriptorium era o lugar do trabalho dos monges copistas: os livros eram copiados, decorados, encadernados e conservados. O trabalho do copista tinha muitas conseqncias. Por exemplo, graas ao

    seu trabalho as obras circulavam de um monastrio a outro; as cpias permitiam que os monges entendessem as obras e aperfeioassem seu aprendizado religioso. Era um trabalho laborioso: ao mesmo tempo em que se lia um livro, se fazia uma escrita apropriada para o servio de Deus. Alm de fazer cpias de seus prprios livros, os monges tambm faziam cpias por encomenda.

  • Os livros dos copistas

    Uma cpia tinha diferentes fases: preparao do manuscrito em forma de cadernos que eram unidos quando o trabalho estava terminado, cpia, reviso e correo de erros, decorao e encadernao. A confeco de um livro requeria, portanto, diferentes artesos que convertiam um manuscrito, por esse mtodo, em uma obra coletiva.

  • a escrita Gtica ou letra negra

    A escrita carolngia permaneceu como a forma de escrita dominante na Europa at cerca do sculo XII a.C. Por essa poca iniciou-se uma vaga de estilos nacionalistas. Na regio onde hoje a Alemanha, na Frana e na Inglaterra comea a aparecer um tipo de escrita mais condensada e quebrada, que produzia pginas de texto bastante densas. A esse tipo de escritura , com ascendentes e descendentes curtos, se denominou Textura.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • a escrita Gtica ou letra negra

    Nela se eliminaram as curvas, poupando espao e tempo, mas dificultava a leitura, pos isso a maioria dos livros desse perodo era diagramado em duas colunas, j que por serem mais estreitas ajudavam a legibilidade. Na Itlia, Espanha e no sul da Frana, preferiram utilizar uma verso menos condensada, e no to densa, a que chamaram de Rotunda.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • Um novo suporte: o papel

    Durante o decorrer do sculo XII, o papel foi introduzido pelos rabes na Europa. Por ser muito mais fcil de produzir que o pergaminho, sua introduo gerou um grande desenvolvimento das atividades ligadas produo de textos, tambm proporcionando maior facilidade para a difuso da escrita manual.

  • a escrita humanstica

    Desenvolveu-se na Itlia, no sculo XV d.C., durante o perodo renascentista. Baseado no antigo alfabeto romano, com certas caractersticas da minscula carolngia. Foi o tipo de escrita precursora da imprensa, substituindo os tipos de imprensa das letras gticas. A princpio se utilizavam iniciais romanas (retas) para iniciar as frases e para o resto utilizavam letras inclinadas.

    cronologiA e evoluo dos sistemAs de escritA

  • La Operina da Imparare di scrivere littera Cancellarescha, 1522, de Ludovico Vicentino degli Arrigh

  • Os livros do renascimento e o surgimento da Imprensa

  • produo seriada de livros

    O incio da produo seriada de textos no Ocidente foi totalmente manuscrita, geralmente executada nos mosteiros, nos quais monges copistas reproduziam os textos quando solicitados por outros mosteiros, por prncipes ou imperadores. Alm disso trabalhavam nas iluminuras

    dos manuscritos. Posteriormente foram desenvolvidas tcnicas de gravao artstica que permitiram a reproduo de um maior de exemplares, mas nada muito grande.

    Primeiros sistemAs de imPresso

  • primeiros tcnicas de gravura

    Antes da inveno dos sistemas de impresso, as tcnicas de gravura conhecidas na Europa eram basicamente a Xilogravura (com matrizes de madeira) e a calcografia (com matrizes metlicas).

    Ao lado, xilogravuras do sculo XVI ilustrando a produo da xilogravura. No primeiro: ele esboa a gravura. Segundo: ele usa um buril para cavar o bloco de madeira que receber a tinta.

    Primeiros sistemAs de imPresso

  • a Biblia Pauperum, Holanda, 1465

  • a grande inveno de Guttenberg

    Por volta de 1450, um xilogravador e ourives chamado Johanes Gensfleisch von Guttenberg, ao gravar uma matriz para xilogravura, se equivoca e troca uma letra por outra. Para consertar o erro, abre um pequeno buraco na matriz e o preenche com um pedao de madeira para preparar uma nova base para gravar corretamente a letra desejada.

    Observando um dos seus trabalhos com esse tipo de correo, lhe vem a ideia de separar cada letra em um pequeno bloco de madeira e tambm pequenos blocos, um pouco mais baixos, para colocar entre as palavras. A essa sua inveno chamou de tipos mveis.

    o surgimento dA imPrensA

  • a grande inveno de Guttenberg

    Posteriormente ele aperfeioa a tcnica fundindo os tipos em uma liga de chumbo e outros metais, o que aumentou a durabilidade e a qualidade grfica. Mas no a inveno dos tipos mveis que caracteriza Guttemberg

    como o pai da imprensa. Mais de 700 anos antes os chineses j utilizavam tipos mveis de cermica e ao mesmo tempo em que Guttemberg, outros impressores europeus tambm tiveram a mesma ideia. O grande mrito de Guttemberg foi a criao de todo um sistema funcional de produo de impressos.

    o surgimento dA imPrensA

  • A grAnde inveno de guttenberg

  • A grAnde inveno de guttenberg

    A mquina que se utiliza para transferir a tinta da matriz de impresso ao papel denominada prensa. As primeiras prensas para impresso eram de torno, projetadas para transmitir presso da matriz, colocada sobre uma superfcie plana, sobre o papel.

  • A grAnde inveno de guttenberg

  • a Bblia de 42 linhas

  • expanso da tipografia

    No perodo compreendido entre 1450 e 1500 se imprimiram mais de 6000 obras diferentes. O nmero de impressores aumentou rapidamente nestes anos. Na Itlia, por exemplo, a primeira impressora foi fundada em 1469, em Veneza, e em 1500 a cidade contava j com 417 impressoras; em 1476 se imprimiu uma gramtica grega, com tipografia totalmente grega, em Milo; em 1488, na cidade de Soncino se imprimiu uma bblia hebraica. Em 1476, Willian Caxton levou a imprensa para a Inglaterra.

    A grAnde inveno de guttenberg

  • expanso da tipografia

    Os impressores do norte da Europa fabricavam, sobretudo, livros religiosos, como Bblias, saltrios e missais. Os italianos, por outro lado, imprimiam sobretudo livros profanos, como os clssicos gregos e romanos, as histrias dos escritores leigos italianos e obras cientficas de eruditos renascentistas. Uma das primeiras aplicaes importantes da imprensa foi a publicao de panfletos: com as lutas polticas e religiosas dos sc. XVI e XVII, os panfletos circularam profusamente.

    A grAnde inveno de guttenberg

  • O legado dos impressores renascentistas

    Os impressores renascentistas italianos do estabeleceram algumas tradies que sobreviveram at hoje. Entre elas se encontram, por exemplo, a tradio do uso de caracteres romanos e itlicos, regras de composio, e as capas de carto fino, amide forradas de couro. Estabeleceram tambm os distintos tamanhos dos livros: in-folio, in-quarto, in-oitavo, etc., denominaes que se referem quantidade de pginas obtidas dobrando a folha de papel impressa.

    o livro no renAscimento

    Pintura representando uma oficina de impresso de livros

  • O legado dos impressores renascentistas

    Os livros renascentistas estabeleceram tambm a tradio da pgina de ttulo (folha de rosto) e do prlogo ou introduo. Gradualmente se acrescentaram a essas pginas as do ndice de contedos (sumrio), lista de ilustraes, notas, bibliografias e ndice de nomes citados (ndice onomstico).

    o livro no renAscimento

    Quatro folhas de rosto nas quais aparece o nome de Claude Garamond

  • Os incunbulos

    So chamados de incunbulos os primeiros livros impressos com tipos mveis. O termo faz referncia ao tempo em que os livros estavam no bero (cuna, em latim) da nova tcnica. Assim, so incunbulos os livros impressos entre 1453 e 1500. Estes, a princpio, no tinham capas, seus caracteres eram inicialmente gticos e as palavras apresentavam muitas abreviaturas imitando os cdices. Mas no mesmo sculo comeou-se a adotar outros tipos de letras, especialmente a redonda ou romana e a veneciana ou itlica.el sinodal de aquilafuente, primeiro livro impresso na Espanha em 1452.

  • espelho da vida humana, 1491

    Impresso por Pablo Urus em Saragoa, foi composto em letras gticas e contm numerosas ilustraes, capitulares e orlas. Nessa poca ainda no se havia sido inventado o conceito de capa como conhecemos hoje (com ttulo, nome do autor, etc), nem o de folha de rosto. Em conjunto, trata-se de um livro de grande beleza, no qual as letras gticas conferem peso s colunas, que tem, assim, uma aparncia quase arquitetnica.

  • espelho da vida humana, 1491

    Comparando-o com os manuscritos do perodo, percebemos que os critrios editoriais prprios dos livros impresssos ainda lutam por aflorar diante dos velhos usos dos manuscritos.

  • Hypnerotomachia poliphili

    Em 1499, Aldo Manunzio edita a Hypnerotomachia Poliphili, ou O combate de sonhos de Polifilio, um dos marcos renascentistas do design de livros. O inteligente uso de reas de textos que adotam formas geomtricas no retangulares se inscreve dentro do clima experimental do novo invento, numa tentativa radical de separar definitivamente a esttica do livro impresso da do manuscrito, cuja hierarquia formal ainda predominava na maioria das edies.

  • Hypnerotomachia poliphili

  • a revoluo Industrial, a evoluo da tipografia e o surgimento de novas tcnicas

  • a evoluo da tipografia

    A evoluo das tcnicas de impresso deram entrada ao livro na Era Industrial. Ele j no era mais um objeto nico, escrito e reproduzido de acordo com a encomenda. A edio de um livro requer, agora, toda uma empresa, capital para sua realizao e um mercado para sua difuso. Por conseguinte, o custo de cada exemplar diminui consideravelmente, o que, por sua vez, aumenta consideravelmente sua expanso.Por volta de 1800 apareceram as prensas de ferro, e comeou-se a substituir os tornos por alavancas para descer a platina.

    Na prensa de ferro de Stanhope, de 1800, um sistema de alavancas aumentava consideravelmente a fora. Imprimiam-se, portanto, mais folhas e a qualidade de reproduo foi enriquecida pela uniformidade da presso na tiragem .

    A revoluo industriAl

  • a evoluo da tipografia

    Durante o sc. XIX, as melhorias incluem o desenvolvimento da prensa de cilindro, que utiliza um rolo giratrio para prensar o papel sobre uma superfcie plana; a rotativa, na qual tanto o papel quanto a matriz so colocados em cilindros e a prensa dupla, que imprime em ambos os lados do papel simultaneamente.

    A revoluo industriAl

  • a evoluo da tipografia

    A introduo da prensa a vapor, pouco depois de 1820, assim como os novos moinhos de papel tambm funcionando a vapor, constituiram as inovaes mais

    importantes depois do sculo XV. Ambas fizeram baixar consideravelmente o preo dos livros ao mesmo tempo em que aumentavam a sua tiragem. Muitos elementos bibliogrficos, como a posio e formulao dos ttulos e dos subttulos tambm foram afetados pela nova produo em srie.

    A revoluo industriAl

  • O surgimento da litografia

    Por volta de 1830 comea a se popularizar outro processo de impresso, a Litografia, criada quarenta anos antes. Esse processo se baseava na repulso entre gua e gordura e permitia produzir peas coloridas de alta qualidade artstica. A litografia foi inventada em 1798 por Aloysius Senefelder, quando ele procurava uma maneira de fazer a impresso deseus textos e partituras e se deparava com o desinteresse dos editores.

    A revoluo industriAl

  • O surgimento da litografia

    As pessoas usavam essa tcnica para criar artes coloridas para livros, bem como para coisas mais corriqueiras como etiquetas, panfletos e psteres. A popularidade da litografia surgiu entre os artistas porque foi o primeiro meio de impresso a permitir que o artista pintasse ou desenhasse naturalmente em uma pedra plana para criar uma imagem.

    rverie 1897 Litografia ALPHONSE MUCHA

    A revoluo industriAl

  • El famoso americano Mariano Ceballos, litografia da srie Los toros de Burdeos, Francisco de Goya, 18241825.

  • Bravo Toro, litografia da srie Los toros de Burdeos, Francisco de Goya, 18241825.

  • Diversin en Espaa, litografia da srie Los toros de Burdeos, Francisco de Goya, 18241825.

  • Plaza partida, litografia da srie Los toros de Burdeos, Francisco de Goya, 18241825.

  • O mquina de linotipo

    Mas a tipografia permaneceria ainda at meados do sculo XX como a principal tecnologia industrial para a edio de livros e outros materiais impressos. Um grande incremento para a velocidade e qualidade da tipografia foi a inveno da mquina de linotipo, um equipamento que produzia linhas inteiras de textos com tipos de metal reaproveitveis.

    Mquina de linotipo.A primeira mquina de linotipo foi utilizada industrialmente pela Tribuna de Nova York em 1886.

    A revoluo industriAl

  • O mquina de linotipo

    medida que o operador digitava o texto, as matrizes de bronze (entre 6 a 12 pontos) eram reunidas no componedor, no qual formavam uma linha menor do que a que seria impressa. A seguir o operador ajustava o espao entre as palavras para justificar as linhas, produzindo assim a matriz que seria pressionada um lingote de chumbo fundido que era ento depositado no magazine, para depois ser levado prensa tipogrfica.

    A revoluo industriAl

  • O surgimento da impresso off-set

    Na segunda metade do XIX os impressores de litogravuras comeam a substituir as pesadas pedras por chapas de zinco. Isso abre espao para a possibilidade e a matriz ser moldada em um rolo que pressionado por outro rolo transfere a imagem para o papel. No comeo do sculo XX, Rubel, um impressor de Nova Jersey, descobriu acidentalmente que quando a matriz imprimia a imagem sobre uma superfcie de borracha (caucho) e o papel entrava em contato com esta, a imagem que o caucho reproduzia no papel era muito melhor do que a que a matriz produzia diretamente. A razo desta melhora que o caucho, por ser elstico, se adapta melhor ao papel que as matrizes de outros tipos, e transmite a tinta de forma mais homognea. Esse processo tambm tinha a vantagem de transferir menos umidade para o papel. Esta foi a origem da impresso off-set.

    A revoluo industriAl

  • a impressora off-set de Ira W. rubel

  • sculos xx e xxI

  • Com a ajuda da fotolitogravura descoberta em meados do sculo XIX e a produo industrial de mquinas de retcula cristal a partir

    de 1890, aliada evoluo das tcnicas fotogrficas, o acidente de Rubel comeou a se tornar um processo cada vez mais utilizado a partir da dcada de 20.

    Acima uma mquina fotomecnica de 1910, medindo entre 3 e 4 metros. Abaixo uma mquina fotomecnica de 1970

    sculos XX e XXi

  • O avano da impresso off-set

    As pginas j no eram montadas com tipos de metal e clichs de chumbo, os originais passaram a ser montados em papel, no qual eram coladas as colunas de texto, os ttulos eram desenhados e as imagens, j reticuladas eram posicionadas. Esta matriz era ento transferida para uma pelcula fotossensvel por meio de uma grande mquina fotogrfica, as conhecidas fotomecnicas. A imagem desta pelcula era gravada na chapa de impresso. A maior dificuldade para o uso desse processo ainda era conseguir que os textos tivessem grande nitidez e qualidade.

    sculos XX e XXi

  • a fotocomposio

    No final dos anos 60 comearam a surgir as fotocompositoras. Os tipos vasados eram dispostos em rodas metlicas de 12 polegadas. Cada roda possua uma fonte, um corpo e um determinado peso. A roda com o tipo desejado era montada na

    mquina e girada at que o caractere se alinhasse com a lente do aparelho. Acionava-se uma chave e a luz atravessava o caractere incidindo sobre um papel fotossensvel.

    sculos XX e XXi

  • sculos XX e XXi

    a revoluo da composer

    A mquina de escrever IBM Selectric, depois conhecida como Composer, lanada nos finais da dcada anterior, revoluciona a indstria grfica.

  • a revoluo da composer

    A Selectric podia trabalhar com vrios tipos, cambiveis por intermdio da substituio das esferas de tipos. A velocidade da composio dos textos na composer, aliada s cmeras fotomecnicas revolucionaram a indstria grfica e, consequentemente, os jornais. A sua limitao era o tamanho das fontes, geralmente entre 10 e 14 pontos. Os ttulos ainda deviam ser desenhados ou produzidos utilizando as pelculas de Letraset ou o pantgrafo.

    sculos XX e XXi

  • anos 1980

    a dcada do computador pessoal. Em 1981 lanada a fotocompositora Varityper, que funcionava por meio de gravao em disquetes magnticos. O que mais tarde seria conhecido como DtP, surgiu por volta de 1983, quando as empresas Xyvision, EPICS e Texet lanaram dois computadores dedicados, e introduziram o conceito de

    automatic page composition. Esse sistemas possuam a capacidade de compor textos de forma digital e o operador via na tela o resultado do seu trabalho. E tudo isso pela bagatela de 300 mil dlares ou mais!

    sculos XX e XXi

  • O surgimento do desktop publishing

    Em 1983, a Canon japonesa desenvolve a tecnologia a laser que permite a construo de impressoras que utilizam o mesmo p das fotocopiadoras Xerox. Com essa tecnologia a HP lana, em 1984, a primeira impressora laser desktop do mundo.

    sculos XX e XXi

  • O surgimento do desktop publishing

    Quase ao mesmo tempo em que a HP lanava a sua Laserjet ao formidvel preo de cerca de 8 mil dlares, a, quase desconhecida na poca, Adobe Systems anunciava ter desenvolvido uma linguagem de programao que permitia reproduzir no papel imagens quase sem serrilhas, o PostScript. Com essa linguagem de programao a qualidade da impresso passa a depender muito mais da impressora do que da capacidade do computador. A HP aposta na inveno da Adobe e lana a HP LaserJet II, o que ofereceu ao mercado uma maquina que poderia fazer fotocomposio a seco e de alta qualidade de impresso.

    sculos XX e XXi

  • O surgimento do desktop publishing

    Em 1984 a Apple lana o seu Macintosh LE que tinha algo que nenhuma empresa de microinformtica possua, uma interface grfica. Jobs e Wozniak adicionaram ao Macintosh um mouse, um monitor grfico, uma caixa de design cool e um bom sistema operacional que, aliados interface grfica causaram sensao no mundo da

    informtica. Mas faltava uma coisa: bons softwares.

    sculos XX e XXi

  • O surgimento do desktop publishing

    Tambm em 1984, Paul Brainerd, um jornalista de profisso que trabalhava na EPICS, juntou algum dinheiro e quatro amigos e fundou a Aldus Corporation, com o objetivo de criar um programa de composio digital que rodasse em PCs. No entanto, na COMDEX daquele ano ele

    conheceu o Mac e se apaixonou. Percebeu que a interface grfica do Apple seria ideal para o programa que a sua Aldus estava desenvolvendo: o Aldus Pagemaker, lanado em 1985.

    sculos XX e XXi

  • bibliogrAfiA

    ARAJO, Emanuel. a construo do livro: princpios da tcnica de editorao. Prefcio de Antnio Houaiss. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Braslia: INL Instituto Nacional do Livro, 1986.BRINGHURST, Robert. elementos do estilo tipogrfico (verso 3.0). Traduo de Andr Stolarski. So Paulo: Cosac Naify, 2005. 432p.;685 ils. ISBN: 9788575033937. 16.jul.2010.CLAIR, Kate; BUSIC-SNYDER, Cntia. manual de tipografia: a histria, a tcnica e a arte. Traduo de Joaquim da Fonseca. 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. FONSECA, Joaquim da. tipografia e design Grfico: design e produo grfica de impressos e livros. Porto Alegre: Bookman, 2008.HARRIS, David. a arte da caligrafia. So Paulo: Ambientes & Costumes, 2009.MCCALLUM, Graham Leslie. alfabetos y letras: 4000 modelos. Traduccin de Mnica Broto. Barcelona: Parramn, 2009. NYEMEYER, Lucy. tipografia: uma apresentao. 4. ed. revista e ampliada. Rio de Janeiro: 2AB, 2006.ROCHA, Claudio. tipografia comparada. So Paulo: Rosari, 2004.SAMARA, Timothy. elementos do design: guia de estilo grfico. Traduo de Edson Furmankiewicz. Porto Alegre: Bookman, 2010.www.tipografos.netwww.unostiposduros.com