uma graÇa que poucos desejam2

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    O texto que segue foi fruto de uma angustia em meu corao.

    Desde 1981 que eu sofria por ver a falta de viso de cooperao no Evangelho por parte doscristos brasileiros.

    O que eu via ento j era o que hoje se tornou uma realidade esmagadora. Ou seja:

    Os que do muito (ou tudo o que tm), em geral so os que no podem dar, mas que do, mesmono tendo. Posto que assim procedem em razo do medo que lhes imposto pelos cobradores deimpostos-dzimos ou de impostos-taxa-de-segurana-espiritual: os oficiais do medo.

    Tambm via que os que podem nada do, ou do menos do que seus serviais domsticos doamnos cultos que freqentam.

    Entre todos, os ricos e a classe mdia estvel so os que menos do, especialmente se tais pessoasfreqentam ou trazem a cultura das chamadas igrejas histricas.

    Assim, em 1986, durante o Congresso Mundial de Evangelizao promovido pela AssociaoBilly Graham, em cujo evento eu estava tambm falando, aproveitei o que naquele tempo era paramim uma raridade, tempo, e escrevi de duas sentadas o texto que segue.

    Escrevi a mo no hotel onde estava hospedado. Os cerca de 500 brasileiros que estavam lhavero de lembrar tal fato.

    Hoje, vendo o mundo se acabar bem diante de nossos olhos, sendo testemunha de tudo o queantes fora predito pelos profetas, pelos apstolos e pelo Senhor, assusto-me com a indiferena dochamado povo de Deus em relao ao que est acontecendo.

    Indiferena hora dramtica de nossa presena na Histria. Indiferena ante a calamidade queest s portas. Indiferena ante o Juzo que se aproxima. Indiferena para com a carncia humanado Evangelho.

    Indiferena, cinismo, mornido, deboche, escrnio, irreverncia, morte da esperana o quevejo.

    Ora, em meio a tudo isso chocante ver a morte de todos os compromissos, sonhos, e vises doEvangelho no corao de quase todos.

    Escndalo aps escndalo relacionado a dinheiro e sua gesto no ambiente da chamada f,aumenta o buraco de indiferena, cinismo, mornido, deboche, escrnio, irreverncia, morte daesperana. Assim, quem j estava morrendo na exultao da esperana, aproveita o embalo echuta o balde de vez. Desse modo se torna um ser impermevel.

    Mas eu creio que o poder da conscincia e do entendimento convertido ao Evangelho, ho degerar seus prprios filhos.

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    Desse modo, disponho o texto aqui no site, e que fala acerca do tema do significado do dinheirona espiritualidade comunitria do N.T. E fao isto mesmo sabendo que o texto foi produzido notempo em que eu tinha apenas 31 anos, e escrevia sem ajuda na escrivaninha de um hotel.

    Leia o texto com todo carinho, pois com muito amor e esperana que eu o posto aqui.

    Nele, que sendo rico se fez pobre para que Nele nos tornssemos ricos de toda Graa,

    Caio

    Em 2007

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    UMA GRAA QUE POUCOS DESEJAM

    Caio Fbio

    Escrito na Holanda, em 1986, durante o Congresso de Evangelizao Mundial, patrocinado porBilly Graham.

    DEDICATRIAAos que no deixaram o abuso matar a generosidade e a capacidade de dar com amor e alegria!

    UMA GRAA QUE POUCOS DESEJAMNs aprendemos desde cedo que a graa favor imerecido. algo que est para alm das possesde nossas virtudes. Justamente por essa razo a graa de graa.

    No entanto, na nossa idia do que seja graa, enquadram-se apenas as felizes, fceis saborosas ecarismticas manifestaes das bnos de Deus sobre ns (Ef. 1:3). Nunca pensamos em graacomo privilgio de sofrer.

    Todavia, tambm esta dimenso est presente na teologia do conceito de graa:

    Por que vos foi concedida a graa de padecerdes por Cristo, e no somente crerdes nele...(Fp. 1:29).

    Sem dvida tal conceito no tem nada de convidativo e empolgante em si mesmo. Nosso mundo

    , a cada dia mais, patrocinador da idia do no-sofrimento. Somos a sociedade do analgsico. Aanestesia psicolgica, existencial e social a nossa maior medicina. Especialmente para aquelesque apesar de viverem no terceiro mundo, mantm o status e o padro do primeiro.

    Alm da graa de sofrer, h ainda uma outra graa indesejvelalis, bem poucos a vm comograa, como privilgio, como favor imerecido. Trata-se da graa de contribuir.

    Percebe-se a contribuio como graa, mais do que qualquer outra ocasio, quando Paulo fazconhecer a igreja de Corinto a atitude generosa e prdiga de amor que permeara o gesto da igrejada Macednia, quando se solidarizou com a comunidade crist da Judiaque passava umgravssimo perodo de pobreza e fomeenviando-lhe ainda que sem condies ideais para taloferta de amor.

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    Os irmos da Macednia no se sentiam dignos de contribuir, de participar da obra de Deus. Porisso, pediam que essa possibilidade lhes fosse criada, ainda que numa expresso de graa, de favorimerecido.

    Paulo diz aos corntios:

    Tambm irmos, vos fazemos conhecer agraa de Deus, concedida as igrejas da Macednia;por que no meio de muita prova e tribulao manifestaram abundncia de alegria, e a profundapobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade (II Cor. 8:1 e 2).

    O apstolo prossegue dizendo que era to grande a conscincia que tomava os irmosmacednios de que contribuir era um favor imerecido, que eles suplicaram com muitos rogosa graa de participarem da assistncia aos santos (II Cor. 8:4).

    O gesto macednio inspirou Paulo a enviar Tito a Corinto a fim de promover a mesma

    compreenso, desencadeadora da mesma atitude: O que nos levou a recomendar a Tito que, como comeou, assim tambm completeesta graa entre vs (II Cor. 8:6).

    Alis, nada se podia esperar de uma igreja que se julgava madura como a de Corinto crendo que estava superabundando em f, teologia, sabedoria e servio social seno algo, nomnimo, semelhante conscincia dos irmos macednios. Por essa razo Paulo lhes diz: Assimtambm abundeis nestagraa (II Cor. 8:7). De fato, o que se define de modo irrefutvel nesteintrito do apstolo questo da contribuio, que ofertar para a obra do Senhor um favorque nenhum de ns merece. graa.

    Eu no mereo contribuir. Voc tambm no. Nenhum dinheiro ganho com ambguasmotivaes santo. Nosso dinheiro no em si mesmo puro, to somente pelo fato de que noestamos na lista dos sonegadores (ou estamos?), ou por termos nossos compromissos pagos emdia. Os tesouros desse mundo so metafsica e motivacionalmente tesouros da injustia (Lc. 16:9).E as motivaes que na grande maioria das vezes determinam nossa relao com o lucro no sode todo santas (I Tim. 6:10a).

    Por isso, nossa contribuio uma concesso de Deus. A santidade absoluta de Deus, sepraticada sobre ns, no nos permitiria nem contribuir; mas na sua graa, Ele santifica nossodinheiro, quando a grande motivao que nos leva a adquiri-lo poder viver com dignidade epromover a causa do reino de Deus. Se no for essa a propulso secreta de nossos coraes, anossa contribuio no passar de uma abominao. De uma atitude semelhante a aquela quenorteou a oferta de Caim (Gn. 4:1-7; Jd. 11).

    Nossa oferta ao Senhor no de fato uma oferta de Deus. , antes de tudo, uma oferta deDeus a ns. Quem oferta a Deus, oferta a si mesmo, na medida em que dar, antes de ser umagraa de ns a outros, uma graa de Deus a ns. Se algum se comove a dar, humilde ealegremente, porque j foi tocado pela graa de Deus (Rm. 7:18; Fp. 2:13).

    Mas quantos querem essa graa? Voc a quer? Voc deseja a bno de contribuir? Dedevolver o que de Deus na direo da causa de Deus?

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    A maioria das pessoas que eu conheo contribui ainda com medo de Deus. Ou ento o fazna estreita medida do dzimo. Por que Malaquias chama de ladro aquele que no contribui, entoresolve quitar seu carn do Reino (Ml. 3: 8 e 9). Todavia, essas pessoas fazem isso com o mesmosentido de obrigatoriedade com o qual pagam a conta de luz, a gua ou aluguel do apartamento.No lhes move o corao o temor do Senhor. No se sentem comovidos pela graa. No

    percebem que no teriam direito a meter a mo no bolso para dar a to santa causa. Voc deseja a graa de contribuir?

    Quem apenas d o dzimo ou se deixa motivar a contribuir pelos mesmos sentimentosdaqueles que liquidam uma conta para no terem o nome no S.P.C., ainda no passou da VelhaAliana para a Nova, ainda no pensa como cristo, mas raciocina com legalista judeu.

    O Novo Testamento vai alm do Velho Testamento tambm na questo do dar. Em Cristo,o dzimo no a mensalidade dos crentes na sociedade religiosa da igreja ou no filantropo clube

    da f. No novo testamento, o dzimo uma quantia de referncia mnima para estabelecer o pisode nossas contribuies, entendidas no como cobrana, mas como graa, como privilgio.

    Depois que eu entendi isso, resolvi s agradecer as ofertas que alguns amigos endeream amim como pessoa. Mesmo assim, eu sei que antes de estarem dando a mim e para meu sustentopessoal, eles esto dando ao Senhor. Fao isso somente nesse caso, e por questo de estritaeducao. Quanto ao mais, se algum deseja contribuir com a misso que presido com qualqueroutra causa crist, no posso agradecer. Tenho apenas que estimul-lo a continuar a crescer nacausa de Deus. Minha gratido tem que se dirigir a Deus. Minha alegria, no entanto, se direciona

    aos irmos que entenderam a graa de contribuir.

    Neste ponto creio que pode ser imensamente til continuarmos a estudar os princpios decontribuio que aparecem em II Corntios 8 e 9. Aprenda-os, e certamente sua dimenso deespiritualidade incluir uma rea at agora mais compreendida como profana do que como zonada graa. Mas quem que conhece qualquer coisa que a ns nos venha que no seja pura esimplesmente graa?

    PRIMEIRO PRINCPIOA boa situao financeira no deve ser pr-requisito para algum contribuir.

    A igreja da Macednia resolveu comear a contribuir numa hora em que qualquer economistachamaria de momento de loucura ou de euforia irresponsvel.

    Na realidade, se havia uma igreja necessitando pedir oferta era a Macednia. Eles eram quase topobres quanto aqueles aos quais resolveram ajudar:

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    Porque em meio de muita tribulao, manifestaram abundncia de alegria, e a profunda pobrezadeles superabundou em grande riqueza da sua generosidade (II Cor. 8:2).

    H pessoas e igrejas que esto esperando ficar ricas para ento comearem a investir em misses,interna e externamente. H outros que desculpam sua falta de interesse na graa de contribuir

    alegando a situao financeira do pas. H tambm alguns que s se movem na direo dacontribuio se ouvirem a mais espetacular de todas as histrias de necessidade e carncia. Eis atentao da maioria das misses: exagerar no espetculo da misria a fim de obter ajuda.

    A ns que estamos envolvidos em trabalhos e projetos que sobrevivem pela f na provisode Deus atravs da conscincia dos irmos quebrantados, fica cada vez mais claro quequanto mais rica uma pessoa se torna, menos ela d, proporcionalmente ao que possui eao que poderia.

    A contra partida tambm verdadeira: em geral, quanto mais pobre a pessoa , mais

    desproporcionalmente superior a sua pobreza a sua oferta.

    Isso acontece porque na maioria das vezes a riqueza material inversamente proporcional riqueza da graa no corao. Os que menos tm mais dependem dos favores divinos:

    A profunda pobreza superabundou em grande riqueza de generosidade (II Cor. 8:2b).

    A alguns tal afirmao pode parecer excessivamente forte, ainda que eu no tenha ditoque sempre assim que acontece, mas que na maioria das vezes dessa forma que as coisas sedesenvolvem no corao humano. Mas para aqueles que possam ter alguma dvida, vale reler oque Jesus disse ao comparar ricos e pobres no ato de ofertar:

    Assentado diante do gazofilcio, observava Jesus como o povo lanava ali o dinheiro. Ora,muitos ricos depositavam grandes quantias.

    Vindo, porm uma viva pobre depositou ali duas pequenas moedas correspondentes a umquadrante.

    E, Jesus, chamando seus discpulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viva pobre

    depositou no gazofilcio mais do que o fizeram todos os ofertantes. Porque todos elesofertaram do que lhe sobrava; ela, porm, da sua pobreza deu tudo quanto possua, todo oseu sustento. (Marcos 12:41-44).

    Note como as grandes quantias dos ricos s eram consideradas grandes em relao spequenas quantias dos pobres. Todavia, os ricos davam de sua sobra, os pobres de seu sustento.

    No entanto, entre ns, a situao ainda pior do que a daquele dia quando Jesus se assentoudiante do gazofilcio para avaliar essas despropores. No meio deles, os ricos pelo menos davamgrandes quantias, ao passo que, entre ns, pouqussimos so os que do alguma coisa, e h

    daqueles que quando fazem ainda tentam administrar seu prprio investimento. As ddivas do tempo da riqueza so bvias e ordinrias, mas as ddivas do tempo da

    pobreza so extraordinrias expresses de f e amor.

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    O passo seguinte desencadeado pela germinao da alegria e da generosidade. Ambas fazemsurgir a voluntariedade. Vem luz assim a raiz mais profunda do desejo automtico e espontneode dirigir a vontade na direo da vida do semelhante. Isso porque s existe voluntariedade se osentimento de dirige a outros, por que a auto-voluntariedade nada mais que educado egosmo. Avoluntariedade tem de ser, portanto, canalizada para fora do mbito pessoal daquele que a sente.

    E mais ainda, a voluntariedade um exerccio da vontade para alm das possibilidades ordinrias,cmodas e imediatas:

    Porque eles... na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntrios... (3).

    A voluntariedade a atitude primitiva e inicial da vontade em concepo. Por isso o prximopasso a transformao da tendncia em comportamento:

    Porque, se h boa vontade, ser aceita conforme o que o homem tem, e no segundo o que eleno tem (12).

    A boa vontade j a voluntariedade transformada em ao concreta. Nesse ponto a pessoa jpassou da compaixo, da inclinao e do desejo abstrato e j meteu a mo no bolso e deu; j tirouo talo de cheque e o assinou; j disps seus bens na direo de outros de maneira concreta,historivel e tangvel.

    TERCEIRO PRINCPIOA contribuio deve ser extra-ordinria e no ordinria.

    Dar o que se tm sobrando, ou o que no nos faz falta, ou o que no nos cria limitaes no ainda odar conforme se requer no Novo Testamento.

    Paulo diz: A profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza (2b).

    Tamanha foi a grandeza humana do gesto dos macednios que eles deram na medida de suasposses e mesmo acima delas se mostraram voluntrios (3b).

    Dar na medida das posses um bom comeo. Mas ainda melhor dar acima delas. Quem d odzimo d apenas na medida de suas possibilidades. Mas o Novo Testamento nos convida asuplantarmos a velha medida decimal. Somos exortados a deixarmos o ordinrio e a penetrarmosna porta dimensional da generosidade extra-ordinria. Afinal, o ordinrio at os pagosconseguem realizar, mas o extra-ordinrio, somente os filhos do Pai de extra-ordinrio amor esto

    aptos a realizar (Mt. 5:43-48). Por isso que eu digo sempre que o dzimo apenas um bomponto de partida, mas um limitadssimo ponto de chegada.

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    A advertncia de Paulo no sentido de que cresamos em generosidade, para que no nostransformemos em avaros escondidos nas limitadas fronteiras do dzimo que jamais se transformaem grandeza acima do bvio.

    Conheo pessoas que at seu dizimo dado regularmente sistematicamente dado com fiel

    avareza. No obstante haver esses casos h tambm queridos irmos que esto se preparandopara dia a dia aumentarem o tamanho do seu corao, na expresso de uma generosidade cada vezmaior. A ddiva desses irmos expresso de generosidade, e no de avareza (9:5).

    QUARTO PRINCPIO

    A contribuio deve ser uma extenso do compromisso que se tem com o louvor a Deus,com a maturidade espiritual e com a propagao do Reino de Deus.

    Inicialmente nossas ofertas devem ser extenso de nosso culto racional. Ora, o culto racional aentrega das mltiplas dimenses da vida no altar de Deus como resposta humana s muitasmisericrdias divinas que nos alcanaram (Rm. 12:1-3). Por isso, corpo, mente e esprito devem seentregar a Deus na integrao do culto-uno, na liturgia no esquizofrenizada da vida. Nessesacerdcio onde o homem o oficiante e a oferta ao mesmo tempo, todas as dimenses da vidadevem se subordinar a Deus num ato de racional e consciente desejo.

    As contribuies devem vir a reboque dessas aes. Devem vir no rebojo desses movimentos,como conseqncia de to grandes decises e percepes.

    Foi assim que os macednios fizeram:

    No somente fizeram como ns espervamos, mas deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor,depois a ns, pela vontade de Deus (8:5).

    Alis, tambm nesta mesma perspectiva litrgica que Paulo alude s contribuies que receberapara sua manuteno pessoal:

    Recebi tudo, e tenho abundncia, estou suprido, desde que Epafrodito me passou s mos o queme veio de vossa parte, como aroma suave, como sacrifcio aceitvel e aprazvel a Deus (Fp.4:18).

    Quem no considera a ddiva devolvida como privilgio e como liturgia semelhante gratidomanifestada nos muitos altares do Velho Testamento, ainda no compreende significao do dar.

    exatamente quando essa percepo teolgica j nos impregnou que comeamos a penetrar numnvel de maior maturidade espiritual. At esse momento a vida estava dividida em sacro e profano,religioso ou secular, espiritual ou material, litrgico ou mundano. Mas quando se consegue olharpara o dinheiro e consagra-lo a Deus com gratido, dando-o aos homens ou s causas de Deus

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    realizadas por homens de Deus e pela igreja, ento a vida passa a ser uma s, e as dicotomiasdepartamentalizadoras da existncia acabam. Compreender isso em si mesmo um sinal dematuridade espiritual.

    Veja como na mente de Paulo a contribuio uma graa espiritual:

    Como, porm, em tudo manifestais superabundncia, tanto na f e na palavra, como no saber eem todo cuidado e em nosso amor para convosco assim tambm abundeis nesta graa (8:7).

    Quem sabe que pode e deve contribuir com a mesma alegria com o qual confessa sua f,estuda sua Bblia, exerce discernimento, providencia socorros e manifesta amor, j atingiu aquelenvel que se pode chamar de espiritualmente maduro.

    A verdadeira maturidade desenvolve uma atitude santificadora e liturgizadora de todas ascoisas que lhe vm s mos.

    Essa maturidade mantm vontade e ao andando juntas, de modo que uma alimenta aoutra. E quando a vontade alimenta a ao e a ao estimula a vontade, nasce algo que se podechamar decompromisso.

    Veja como na mente de Paulo esse era o fenmeno promotor do compromisso e daresponsabilidade de levar as coisas a seu termo, a sua cabal realizao:

    E nisto dou a minha opinio; pois a vs outros que desde o ano passado principiastes, no sa prtica, mas tambm o querer, convm isto:

    Completai agora a obra comeada, para que, assim como revelastes prontido no querer,assim as leveis a termo, segundo as vossas posses. (8:10 e 11).

    Paulo diz que a prtica sem o querer ao sem compulso. Mas diz tambm queo querer semao emocionalismo volitivo e sem eficcia. A combinao que Paulo acha sadia epromotora de compromisso, anda em crculo:

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    Este o ciclo do compromisso contnuo com a manuteno financeira do Reino de Deus: quantomais eu quero dar, mais eu posso e devo dar, pois quanto mais eu dou, mais desejo dar e,sobretudo, mais me mantenho comprometido e bem motivado a dar.

    No posso ter certeza, mas me parece que tal princpio se enraza no somente no psiquismoindividual, mas tambm no inconsciente coletivo da comunidade crist que comea a pratic-lo.Talvez seja tambm por essa razo que a maioria dos irmos e das igrejas dos Estados Unidos

    quando tomam um compromisso de suporte financeiro o mantm at o fim.

    QUINTO PRINCPIOA contribuio tem que ter fins, meios e motivos.

    Traduzindo este princpio, ele fica assim: quando contribuo, necessitoter fins dignos, meios justos erazes corretas, pois as razes determinam os fins e os fins pr-existem nos meios; ou seja, eu nunca tenho objetivos (fins) melhores queminhas razes (motivos); e meus objetivos, se so bons, sempre determinam osmelhores meios de eu poder realiz-los.

    Assim que Paulo inicia determinando o objetivo ou o fim da contribuio: a assistncia aossantos (4c). Os literalistas, cujo costume engessar a Palavra de Deus, determinam logo que a

    nica finalidade digna de contribuio a assistncia aos santos. Todavia, no NovoTestamento, o princpio que deve nortear a prtica da contribuio, bem como seu endereo, tudo aquilo que promove a justia, a misericrdia e a f (Mt. 23:23). Tudo aquilo que feito aos santos, pelos santos e com os santos finalidade que certamente promover a justia, amisericrdia e a f. Enderece a sua contribuio para onde voc encontrar essa finalidade (Fp 4:

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    15 e 16). claro que h coisas intermedirias e que merecem o nosso investimento, pois sem elasno se alcanam os objetivos desejados. A partir desse ponto deve ficar claro que todomandamento bblico que depender de apoio material e financeiro deve ser objeto de nossa ajudaconcreta e monetria (Mt. 28:18 a 20; I Cor.9:14).

    H ocasies quando para se fazer misses necessrio que se tenha coisas, mquinas,equipamentos e sistemas.* Todas essas necessidades conquanto materiais e frias, so parte do fimem si mesmo. claro que o melhor investimento aquele que se faz de imediato em pessoas, sejaajudando a alcan-las, seja sustentando aqueles que mais especificamente as alcanam (IICor.11:13 e 20). Esse era o caso da irm Febe, que era diaconisa de uma igreja, em Cencria, a15Km de Corinto. Paulo diz que aquela irm fora durante muito tempo patrocinadora do seuministrio e de muitos outros irmos (Rm.16:1 e 2 onde se l protetora, no grego patrocinadora).

    Mas como nossos fins so determinados pelas nossas motivaes e razes, ento o apstolo outravez enfatiza a questo motivacional j mencionada no princpio n 2. Nunca demais falar sobrea pureza das intenes secretas que nos fazem agir. Paulo, alis, concentrava toda a sua noo daprofundidade do juzo de Deus no tanto em fatos, mas nas sigilosas e encobertas motivaeshumanas, escondidas nas dobras profundas dos enganosos coraes de todos ns (I Cor. 4:5; Rm.2:15 e 16; Jr. 17:9). Isso porque o apstolo sabia que fatos bons podem ser produzidos pormotivaes ms e egostas, mas tambm sabia que, s vezes, fatos que se tornaram maus foramgerados por motivaes boas que foram conduzidas por outros para fins indesejados (Joo 12:5 e6).

    Se voc tem dificuldade em aceitar isso, pense no seguinte: os fundadores de algumas igrejashistricas, que foram homens de lmpidas e cristalinas motivaes, possivelmente secontorcessem de agonia ao observar aquilo no que suas misses se converteram mais adiante. Oumelhor: no se pode condenar um homem pela morte de um outro ao meter-lhe uma faca nabarriga, na expectativa de improvisar-lhe uma operao de apendicite no deserto, onde no haviarecursos ou socorro. Nesse caso o fato foi a morte, mas a motivao era a vida.

    Alguns, rebatendo o que eu disse acima, afirmam que o inferno est cheio de boas intenes.Todavia, eu penso que a escritura nos d margem para afirmar que o inferno est mais cheio pelasmotivaes ruins e omisses frias do que pelos fatos (Motivaes: Mt. 5: 21 e 22; 23: 27Omisses: Mt. 25: 31-46). Paulo prossegue essa considerao ao afirmar que a melhor realizaoda vida pode ser gerada pela pior motivao:

    Alguns proclamam a Cristo por inveja e porfia, outros porm o fazem de boa vontade... (Fp.1:15).

    claro que aqueles que produzem fatos bons, mas sem motivaes boas recebero apenas osaplausos dos superficiais observadores humanos, que julgam somente a aparncia e no o corao(Mt. 6: 2, 5, 16; 7: 15-23; Jo. 2: 23-25; I Sm. 16:7).

    Compreendendo a importncia fundamental das motivaes em todos os campos da vida, Pauloreafirma:

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    No vos falo na forma de mandamento, mas para provar pela diligncia de outros,a sinceridade do vosso amor (II Cor. 8:8).

    A motivao tem que ser o amor sincero. O apstolo assim fala porque sabe que o amor pode serapenas uma representao de fraternalismo de palavra, mas sem conseqncia prticas (Rm. 12:9).

    No importa o quanto voc beija as pessoas ou lhes diz que as ama em nome do Senhor, ou oschama de meu amado. O que realmente importa o que o amor motiva a ser feitoconcretamente pelas pessoas (I Jo. 3: 17 e 18). A genuna motivao de amor torna ossentimentos em aes. Todavia, o mesmo no se d com as aes. A bblia ensina que a toda boamotivao corresponde a uma boa ao (correndo-se o risco de que outros a manejam para omal), mas que a nem todas as boas aes corresponde o amor como motivao (I Cor. 13:3).

    por essa razo que afirmamos que os fins nunca so essencialmente melhores do que asmotivaes claro que olhando com os olhos de Deus. Nesse caso, os fins alm de no

    justificarem os meios, tambm no justificam as motivaes. Mas por falar em meios passemos aeles. Lembre-se que ns anunciamos no incio deste 5 princpio que os fins pr-existem nosmeios. claro. Alis, os fins pr-existem tanto nos meios como nas motivaes. Somente na vidados hipcritas que os fins inexistem nas motivaes e mascaram os meios.

    Na questo das contribuies dos cristos os meios so igualmente importantes. Nos dias dePaulo os meios no eram a tesouraria oficial da igreja, nem uma Misso especializada emEvangelizao ou Ao Social, mas homens honestos e respeitados. Era atravs deles que osrecursos eram manejados dos ofertantes aos necessitados.

    No caso especfico de nossas consideraes o apstolo diz:

    O que nos levou a recomendar Tito que, como comeou, assim tambm complete essa graa emvs (II Cor. 8:6).

    Outra vez ele diz:

    Deus () ps no corao de Tito () solicitude por amor de vs; porque atendeu ao nosso apelo e mostrando-se cuidadoso, partiu voluntariamente para vs outros

    E no somente isto, mas foi () eleito pelas igrejas para ser nosso companheiro no desempenhodesta graa desta generosa ddiva administrada por ns, pois o que nos preocupa procedermos honestamente (II Cor. 8:16-21).

    Hoje em dia os mediadores das contribuies so em geral as igrejas e as misses. No entanto, oque nos preocupa no so os mecanismos de administrao dos recursos, desde que sejameficientes e econmicos. O que nos preocupacomo a Paulo preocupava a questo dahonestidade naaplicao. Os fins pr-existem nos meios, logo, se os meios no forem totalmentehonestos por que os fins no so to honestos assim.

    Sabemos de uma entidade religiosa estrangeira cuja administrao dos recursos contabilmenteimpecvel, mas filosfica e teologicamente corrompida, pois aplica o dinheiro do povo de Deusem aes da indstria armamentista, a fim de ter mais recursos para pregar o evangelho.

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    No importa se h honestidade contbil nos meios, mas, sobretudo se h honestidade filosfica eteolgica nos meios. nesse ponto que reside o cerne da questo.

    * Note nos evangelhos como sem o barquinho no se teria feito oministrio em volta do mar da Galilia com a mesma objetividade comque se fez. O barco encurtou o caminho e economizou tempo. Obarco foi, portanto, umequipamento fundamental na evangelizao naGalilia.

    SEXTO PRINCPIOA contribuio s efetiva mediante diligncia, presteza e zelo.

    justamente neste ponto que ns, latino-americanos, mais falhamos. Isso porque em geral somoso oposto: relaxados, descansados e negligentes. Quando digo isso falo de mim mesmo. Incluo-meentre aqueles que se esquecem de compromissos, demoram a responder ou a tomar decisesfundamentais e so remissos e negligentes em assuntos que de ns requerem zelo.

    Talvez seja por estas razes, mais do que por nossa pobreza, que a igreja brasileira e seus crentesainda no entraram no rol das comunidades evanglicas verdadeiramente missionrias. tambmpor essa razo que h pastores passando fome, igrejas sem recursos financeiros e misses nativas(quando digo nativas, no me refiro as que trabalham com ndios que em geral so estrangeirasmas s misses brasileiras) indo mngua em seus malogrados projetos, boicotados peloesquecimento, pela falta de perseverana e pelo descaso da maioria dos contribuintes.

    Por isso Paulo cobra dos corntios inicialmente uma atitude de diligncia, a fim de tornarem sua

    contribuio efetiva. Ele diz que fala nas contribuies a fim de provar pela diligncia de outrosos outros aos quais ele se refere eram os macednios a sinceridade dos objetivos e motivaesdos irmos de Corinto (II Cor.8:8).

    Sem diligncia por parte dos contribuintes as igrejas e misses brasileiras jamais tero recursossuficientes para fazerem misses interna e externamente. Diligncia diz respeito a fazer o que temque ser feito e no tempo certo. andar na direo prtica da execuo das coisas necessrias. no ser romntico e sonhador, falante e estimulador, mas efetivo, prtico e concreto em suasaes.

    Nesse ponto entra a segunda palavra chave do 6 princpio: presteza.Agora Paulo inverte as perspectivas e diz aos corntios que os elogiara junto aos macednios pelapresteza com a qual eles certamente cooperariam com a Misso Judia 57:*

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    Por que bem conheo a vossa presteza, da qual me glorio junto aos macednios, dizendo que aAcaia est preparada desde o ano passado (II Cor.9:2a).

    A est outra palavra que precisa se transformar em disciplina na minha vida e nas aes de todosns: presteza.

    Presteza a capacidade de fazer rpido, mas, antes disso, a virtude de ter as coisas j preparadasantes.

    No caso dos irmos da Acaia, Paulo diz que um ano antes eles j tinham comeado a ajuntar oprojeto Misso Judia 57. A lio que nos deve alcanar no sentido de darmos prioridade asnossas contribuies, a fim de as termos preparadas e separadas para os devidos fins. No entanto,s se consegue isso com uma terceira atitude: zelo.

    As duas palavras anteriores (diligncia e presteza) no so necessariamente religiosas e

    devocionais. Os empresrios bem sucedidos tm diligncia e presteza, mas no tem que sercrentes para desenvolverem essas virtudes. Elas esto mais associadas responsabilidade edisciplina do que religiosidade.

    No entanto, a palavra zelo quase que exclusivamente usada no ambiente da f. Ela tem um certotoque de devocionalidade, de culto a Deus.

    Nos dias de Jesus e de Paulo a palavra zelo era melhor entendida do que hoje. At o ano 74D.C., com a queda da Massada, havia um grupo judeu chamado os zelotes. Foram assimchamados porque eram religiosos ultra-radicais e que no suportavam a dominao Romana sobreos judeus. Tamanha era a ofensa que aquela sujeio lhes causava que eles resolveram, apesar depoucos e fracos, que enfrentariam a superpotncia romana at que lograssem a vitria e alibertao de Israel.

    Seu zelo era tamanho que vendo que no poderiam vencer os romanos e percebendo-se semopes seno a rendio, resolveram suicidar-se no alto da fortaleza de Massada, ao sul da Judia,antes que os opressores pudessem sequer estender as mos sobre eles.

    Por isso a palavra zelo, para Paulo estava intimamente associada ao movimento radical dos

    zelotes dos seus dias.* Nesse caso zelo levar at as ltimas conseqncias um compromisso,um princpio, uma convico. Especialmente uma convico de f e que implica em obedincia aoSenhor.

    A comparao com os zelotes pode ser demasiadamente forte, mas de fato o que nos falta zelo na vida e tambm nos nossos compromissos de contribuio.

    Paulo assim diz dos irmos da Acaia:

    o vosso zelo (nas contribuies) tem estimulado a muitssimos (II Cor. 9:2b).

    sempre assim: zelo gera zelo em progresso geomtrica, at que muitssimos so influenciadospor esse santo vrus da coerncia.

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    * apenas um ttulo criado para contextualizar a misso aos irmos daJudia.

    STIMO PRINCPIOA contribuio tem que ser feita ainda que ela signifique um auto-empobrecimento.

    Uma das freqentes afirmaes que ouvimos de homens abastados (como j dissemos,proporcionalmente ao que possuem eles, so em geral os que menos do) a de que no devem

    ser to generosos a fim de no empobrecerem pelas muitas doaes. claro que numa sociedade classista e de grandes disparidades sociais, no mximo se podeesperar que haja uma reviravolta econmica de modo a produzir um novo perfil social, onde nohaja hiatos econmicos, marcados pela indignidade da intransponibilidade social de uma classepara a outra.

    Nesse casoconsiderando-se uma sociedade como a nossa: semi-funcionalista, classista, injusta ede riquezas polarizadaso menos ruim que pode haver para os pobres a presena de ricosgenerosos. Assim sendo no se tem uma cura substancial da sociedade, mas se tem uma

    assistncia menos ruim que a fome total e a misria absoluta. Nesse caso a afirmao dos ricosgenerosos de que no podem empobrecer para poderem continuar doando tem uma certafundamentao lgica.

    Todos ns sabemos que o ideal de Deus para a sociedade a igualdade (igualdade, noigualitarismo). Todavia, nossa sociedade ocidental, empobrecida para milhes e afortunada paraapenas alguns milhares a realidade concreta e inolvidvel que se nos depara. Da os ricosgenerosos afirmarem como no intrito desse princpio n 7 que mencionei. Nesse caso elesfuncionariam, socialmente falando, como uns reservatrios de gua do deserto, minando gotas

    dgua em meio a centenas de outros reservatrios que no deixaram vazar nada aos peregrinossedentos no deserto.

    No entanto, apesar do realismo desses irmos o Novo Testamento segue seu caminho de anncioda vontade boa, perfeita e agradvel de Deus. Justamente por essa razo os custos do Reino deDeus no so abaixados diante do realismo social dos ricos.

    Paulo introduz seu novo princpio afirmando que a base teolgica para sua convico de que acontribuio pode significar at mesmo um auto-empobrecimento vinha da sua f e compreensode que o mais bsico e fundamental gesto de Deus na direo do homem cado manifestando

    seu interesse de redimi-lo de sua misria e de ala-lo a um novo piso de dignidade e restauraoespiritualera a encarnao, com sua conseqente implicao de auto-empobrecimento:

    pois conheceis a graa de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor devs, para que pela sua pobreza vos tornsseis ricos (II Cor.8:9).

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    E bvio que Paulo est apelando para trs implicaes fundamentais, decorrentes dacompreenso do fato da encarnao:

    1. A encarnao, com o conseqente despojamento divino, foi pura obra de graa. Com issoPaulo tenta nos dizer que quem recebeu a graa deve agir com graa. Esse o princpio que

    subjaz em todo o Novo Testamento. (Mt. 5:44 e 45; 18:23-35, com nfase especial para oassim tambm vosso Pai Celeste vos far...; Lc. 7:47; Cl. 3:13b; Ef. 5:1 e 2; I Jo. 3: 16).

    2.A graa significou no apenas um favor imerecido mas um auto-empobrecimento porparte DAQUELE que praticou a bondade. Afinal foi e le quem teve o prejuzo inicial comto grande gesto, pois sendo rico, ficou pobre.

    3. A riqueza que a ns nos foi outorgada pela graa, no foi material, porm espiritual. Deusse fez gente para que nos tornssemos ricos, mas ricos da sua graa (Tg. 2:5-7).

    Esse ltimo ponto elimina a idia de que a riqueza material sinal de bno. Como algum jdisse, se assim fosse seria sinal de que Deus estava abenoando muito a Mfia. Ao contrrio, ariqueza antes de ser bno, uma enorme e perigosa responsabilidade. Se voc tem dvida dissoleia os seguintes textos:

    Melhor o pouco havendo o temor do Senhor, do que grande tesouro, onde hinquietao (Pv. 15:16).

    Melhor o pouco havendo justia, do que grandes rendimentos com injustia (Pv. 16:8).

    Trabalhar por adquirir tesouro com lngua falsa vaidade e lao mortal (Pv. 21:6).

    Duas cousas te peo; no mas negues antes que eu morra:

    Afasta de mim a falsidade e a mentira; no me ds nem a pobreza nem a riqueza: d-me opo que me for necessrio, para no suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem o Senhor? Ou que, empobrecido, no venha a furtar, e profane o nome de Deus (Pv. 30:7 -9).

    No acumuleis para vs outros tesouros sobre a terra, onde a traa e a ferrugem corroem eonde ladres escavam e roubam, mas ajuntai para vs outros tesouros no cu onde traa

    nem ferrugem corroem e onde ladres no escavam nem roubam, porque, porque onde esto teu tesouro, a esta tambm o teu corao (Mt. 6:19-21).

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    Ento Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discpulos: Quo dificilmente entraro noreino de Deus os que tm riquezas! (Mc. 10:23).

    Ai de vs, os ricos! Porque tendes a vossa consolao (Lc. 6:24).

    Ora, os que querem ficar ricos caem em tentao e cilada, e em muitas concupiscnciasinsensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na runa e perdio (I Tim. 6:9).

    A riqueza pode vir a ser uma bno. Note, eu disse pode, no disse uma bno. Alis,

    ela uma grande ameaa que pode vir a ser uma grande bno. Todavia, a riqueza s bnoquando ela decorre de algumas motivaes e aes especficas e quando ela se dirige a algumassituaes concretas:

    Vejamos ento quando que a riqueza pode ser uma bno:

    - Quando o recurso foi adquirido sem engano e malogro:Balana enganosa abominao para o Senhor, mas o peso justo o seu prazer (Pv. 11:1).

    - Quando no se ps a confiana no poder do dinheiro: Quem confia nas suasriquezas cair, mas os justos reverdecero como a folhagem (Pv. 11:28).

    - Quando a riqueza foi um fruto da humildade e da singeleza: Melhor o que seestimula em pouco, e faz o seu trabalho, do que o vanglorioso que tem falta de po (Pv.12:9).

    - Quando a marca do progresso foi o trabalho diligente e motivado pelasobrevivncia:O que lavra a sua terra ser farto de po, mas o que corre atrs de cousasvs falto de senso (Pv. 12:11). Os planos do diligente tendem abundncia, mas a pressaexcessiva, pobreza (Pv. 21:5).

    - Quando os lbios pronunciaram palavras construtivas e as mos se moveram compresteza:Cada um se farta de bem pelo fruto da sua boca, e o que as mos do homemfizerem ser-lhe- retribudo (Pv. 12:14).

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    - Quando a riqueza no foi o fruto da esperteza e da boa vida:Os bens quefacilmente se ganham, esses diminuem, mas o que ajunta fora do trabalho ter aumento(Pv.13:11).

    - Quando a arrogncia no dominou o corao:O pobre fala com splicas, porm orico responde com durezas (Pv. 18:23).

    - Quando a mentira no foi o instrumento da riqueza:Trabalhar por adquirir tesourocom lngua falsa vaidade e lao mortal (Pv. 21:6).

    - Quando no se ficou rico por se fazer vista grossa ao roubo: O que tem partecom o ladro aborrece a sua prpria alma, ouve as maldies, e nada denuncia (Pv. 29:24).

    - Quando a riqueza e a prosperidade no advierem de conluios polticos malignos epromotores de dependncias:... Muitos buscam o favor do que governa, mas para ohomem a justia vem do Senhor (PV. 29:26).

    - Quando a riqueza no vem da opresso e da sonegao dos direitos doprximo:Eis que o salrio dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vsfoi retido com fraude est clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram at os ouvidosdo Senhor dos exrcitos (Tg. 5:4).

    Situaes concretas: Vejamos agora em que direo deve andar o homem rico para que suariqueza se converta de ameaa em beno:

    - Sua riqueza deve ser descartvel:Ouvindo-o Jesus, disse-lhe: Uma coisa ainda te falta:Vende tudo o que tens, d-o aos pobres, e ters um tesouro nos cus, depois vem e segue-me (Lc. 18:22).

    - Sua riqueza deve se converter juntamente com seu corao: Entrementes, Zaqueuse levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar as pobres a metade dos meus bens; e, senalguma coisa tenho defraudado algum, restituo quatro vezes mais. Ento Jesus lhe disse:Hoje houve salvao nessa casa, pois que tambm este filho de Abrao (Lc. 19:8 e 9).

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    - A riqueza deve se tornar uma ferramenta de expanso do Reino de Deus:E eu vosrecomendo: das riquezas de origem inqua fazei amigos, para que, quando estas vos faltares,esses amigos lhes recebam nos tabernculos eternos. Quem fiel no pouco, tambm fiel

    no muito, e quem injusto no pouco, tambm injusto no muito.Se pois, no vos tornastes fiis na aplicao das riquezas de origem injusta, quem vosconfiar a verdadeira riqueza? (Lc. 16:9-11).

    - A riqueza deve ser vivenciada com um corao quebrantado e sumamentegeneroso:Exorta os ricos do presente sculo que no sejam orgulhosos, nem depositem asua esperana na instabilidade da riqueza, mas em Deus que tudo nos proporciona ricamentepara nosso aprazimento, que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar

    e prontos a repartir... (I Tm. 6:17 e 18).

    - O homem rico deve estar disposto a repartir o que possui, sabendo que a nicariqueza que d segurana aquela que est reservada no cu: ... que acumulem para simesmos tesouros, slido fundamento para o futuro fim de se apoderarem da verdadeiravida (I Tm. 6:19).

    - A atitude de auto-empobrecimento de Jesus deve se converter no exemplo e noreferencial da generosidade dos ricos:Pois conheceis a graa de nosso Senhor JesusCristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vs, para que pela sua pobreza vostornsseis ricos (II Cor. 8:9).

    Neste ponto, vem-me mente o exemplo de Barnab. Possivelmente aquele irmo tivesse boa

    condio financeira. Todavia, quando o Reino de Deus o tocou, seu corao assumiu uma atitudede extremo auto-despojamento em favor da misso da igreja. Vendeu seu campo e levou seudinheiro aos lderes da comunidade (Atos 4:36 e 37).

    Vale lembrar que quando Paulo escreveu que a contribuio pode significar at mesmo um auto-empobrecimento, a situao scio-econmica de seus dias era muito semelhante quela que hojenos rodeia no terceiro mundo. As discrepncias sociais estavam mais que presentes: elas saltavamaos olhos. Os escravos eram considerados sub-homens em submisso total aos seus donos. Ariqueza tambm era rara e se constitua em privilgio de poucos. Aqueles que a alcanavammantinham-na com unhas e dentes para no perde-la. Diante disso voc pode imaginar que

    impacto negativo e radical essa palavra do apstolo poderia ter entre os eventuais ricos que lessema sua carta.

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    No entanto, todos ns sabemos que no contexto da carta fala-se muito que todos eram pobres.Porque ento Paulo estaria falando de auto-empobrecimento?

    Por trs possveis razes:

    1. Para mostrar que mesmo os pobres podem agir com graa de um dadivoso e despreendidoamor que os mova a contribuir.

    2. Para que os possveis ricos encubados no disfarce de sua piedade fossem conduzidos auma concreta confrontao com a vontade de Deus. Isso por que Paulo sabia que uns sedizem ricos sem ter nada, outros se dizem pobres sendo mui ricos (Pv. 13:7).

    3. Alm do mais, a carta escrita aos corntios, e entre eles a pobreza no era a granderealidade. Sendo Corinto uma cidade situada no istmo do Poliponeso, separando o mar Egeudo Adritico, numa pequena faixa de terra, tornou-se um dos maiores pontos de comrcio

    do mundo.Por isso, conquanto em cornto houvesse pobres (I Cor. 11:21), o nvel geral da igreja eraeconomicamente elevado: o tesoureiro da cidade era membro da igreja (Rm. 16:23 II Tim. 4:20),o padro de vida de certos irmos humilhava os mais pobres (I Cor. 11:22) e havia membros dasigrejas que eram scios em comrcios e indstrias locais (I Cor. 6:1 e 4). A prosperidade era umadas marcas daqueles crentes (I Cor. 16:2), a ponto de que alguns deles corriam o risco de pensarque Paulo s se aproximava deles no intuito de obter alguma oferta (II Cor. 12:14). Sim, a igrejade Cornto era uma igreja rica, e como tal, desenvolveu todos os psiquimos dos abastados:

    - Idia de que toda aproximao visa explorao (II Cor. 12:17 e 28).

    - Falta de viso das necessidades do Reino de Deus e de seus obreiros (I Cor. 9:6-12).

    - Uma economia, em relao ao Reino, incompatvel com suas aes e gastos pessoais (ICor. 9:7-10).

    - Uma falta de noo de que o trabalho e a ministrao espiritual valem incomparavelmentemais do que o bem material (I Cor. 9:11).

    Paulo fala de auto-empobrecimento para que os ricos ocultos se revelassem; porque ele j noestava falando da pobre igreja da Macednia, porm j voltara sua mira para a prspera igreja deCornto, seus particulares destinatrios.

    Portanto, o que deve ficar em nossa mente que o princpio da contribuio o princpio daopo de Deus pelo auto-despojamento, assumindo uma cidadania empobrecida, a fim de tornaroutros ricos.

    No toa que Paulo pensa na encarnao, vida, morte e ressurreio do Senhor Jesus como

    sendo o paradigma absoluto para os sentimentos do cristo: Tende em vs o mesmosentimento que houve tambm em Cristo Jesus, pois Ele,subsistindo em forma de Deus, no julgou como usurpao o ser igual a Deus, antes a simesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhana dos homens;

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    e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente at amorte, e morte de cruz (Fp. 2:5-9).

    A vida de Jesus o centro de tudo na f crist. Por isso, qualquer perspectiva de cristianismo queno projete seu foco de projeto e de processo de vida na direo de Jesus e sua maneira humana

    de ser Deus, no cristo, outro evangelho, manipulao do nome de Cristo, adaptando-o aosaspectos legalistas ou pecaminosos de certas culturas e ideologias (Gl. 2:14).

    H lugares do planeta Terra onde esse meu livreto seria considerado mrbido e hertico. Nesseslugares quem rico estimulado pela f crist a ficar mais rico ainda. Por causa disso, essaafirmao de que o princpio da contribuio pode desembocarin extremis - no auto-empobrecimento, pode parecer mrbida e exagerada.

    Mas se voc um dos que se encontram chocados com essa possibilidade, deixe-me dizer-lhe trscoisas:

    1. No pode haver dvida de que o que Paulo tentava nos comunicar era exatamente isso,pelo fato que ele usa o exemplo da encarnao de Jesus para justificar os seus apelos doscontextos antecedentes e imediatos da narrativa, ambos falando em dinheiro e contribuio.

    2. claro que esse princpio no a regra geral para a vida, mas uma predisposio queprecisa ser implantada no fundo do nosso corao, como faceta da Cruz do discipulado danossa vida.

    3. Esse princpio deve ser exercido somente em amor e com profundo bom senso, afim deque os inescrupulosos no tirem proveito da nossa predisposio. Trata-se, portantodo ltimo gesto de quem contribui.

    OITAVO PRINCPIO

    A contribuio deve ser o resultado da compreenso de que no ciclo da solidariedadetoda abundncia dada para suprir a pobreza.

    Eu disse, encerrando o princpio antecedente, que a atitude de auto-empobrecimento s seriaadmissvel se voluntria, exercida em amor e bom senso, para a mais justa das causas, semconstrangimento e como o ltimo gesto do contribuinte, ou seja, uma ao in extremis.

    A prova disso est nesse novo estgio paulino acerca dos princpios de contribuio.

    Diz o apstolo:

    Por que no para que os outros tenham alvio, e vs, sobrecarga, mas para que haja igualdade,suprindo a vossa abundncia no presente a falta daqueles, de modo que a abundncia daqueles

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    venha suprir a vossa falta, e assim haja igualdade, como est escrito: o que muito colheu, no tevedemais, e o que pouco, no teve falta (II Cor. 8:13-15).

    O apstolo inicia dizendo que a poltica de Deus no dar alvio para uns e sobrecarga paraoutros. Sobre-carga peso para alm do suportvel. A poltica de Deus a poltica da igualdade

    proporcional. No do igualitarismo utpico e fardado. Ah! Nesse momento alguns respiram fundo e aliviados. J estavam ficando preocupados

    com o que fariam aps ler este livreto. Mas se voc chegou at aqui, saiba que houve alguns que ofecharam e o puseram de lado na introduo, antes que se complicassem ainda mais na presenade Deus pelo que passariam a saber. Mas de fato, no h razo para o alvio e para que se diga um:ainda bem que no era como pensei no princpio n7.

    Note quando Paulo diz que no para que alguns tenham alvio, e vs, sobrecarga, eleprossegue dizendo: mas para que haja igualdade.

    Pense bem: Deus no suporta as disparidades, as injustias e as sobrecargas. Deus ama aigualdade proporcional. Mas se assim, ento raciocine que Deus no quer ver a balana pesarmais para nenhum dos lados. No entanto, como as coisas esto agora, pode no estar pesando pravoc, mas talvez esteja pesando imensamente para outros.

    Assim como Deus no quer que voc d sua contribuio desajuizadamente a ponto de ficarpadecendo necessidade ao menos que ele lhe fale ao corao conforme demonstramos noprincpio anterior , Ele tambm no deseja que voc permanea aliviado enquanto irmos seus

    vivem em tremenda sobrecarga.

    O plano de Deus que a igreja ensine aos principados e potestades nos lugares celestiais noapenas as coisas convencionalmente associadas espiritualidade vertical, mas que ela tambmensine ao mundo e aos principados espirituais a sabedoria da justia social, manifestada dentro daprpria igreja.

    Diante disso, pense nas seguintes realidades:

    - Como fica diante de Deus o fato de que na igreja uns tem demais e outros tm de menos?

    - Como fica a realidade de que os que tm de-mais, tm muito mais do que precisam; e osque tm de-menos, tm muito menos do que necessitam?

    - Como fica a constatao de que sempre sobra dinheiro para os crentes da classe mdia ealta usufrurem maravilhosos privilgios, ainda que com elevados gastos, enquanto, namesma poca, a freqente queixa deles que no lhes sobra recursos para investir no Reinode Deus?

    - Como fica diante de Deus o fato de que os negcios de certos irmos prosperam cada vez

    mais, ao passo que a obra missionria dentro do Brasil vai a mingua ao lado desses irmosto abastados?

    Ningum pode obrigar ningum a contribuir. A poltica do Reino de Deus a igualdadeproporcional promotora da justia, no do igualitarismo.

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    Somente o Esprito Santo pode constranger uma pessoa a investir no Reino. Mas tambmsomente a pessoa humana pode se fechar para esse constrangimento do Esprito.

    Meu irmo, voc pode fazer o que voc quiser com os seus bens. No entanto, saiba que oplano de Deus que se voc tem o dom de aumentar seus bens, o Senhor lhe concedeu essa

    possibilidade para que voc possa praticar a poltica do Reino de Deus: a justia da igualdadeproporcional.

    H irmos pobres e misses pobres lutando para sobreviver com menos do que aquilo quevoc aplica no suprfluo total.

    Se voc que ainda me l algum que hoje tem bens, ento oua o Esprito de Cristo lhedizer:

    A vossa abundncia no presente (deve suprir) a falta daqueles, de modo que a abundncia

    daqueles (que hoje nada tem), um dia venha a suprir a vossa (eventual) falta, e assim hajaigualdade.

    No faz muito tempo que um dos nossos mais fortes mantenedores teve alguns problemasfinanceiros, de modo que foi a obra de Deus que veio a socorr-lo. Essa a melhor forma defazer poupana: investindo no Reino de Deus.

    Voc deve ter percebido que desde o incio venho afirmando que Deus no o Deus doigualitarismo fardado e absolutista. O igualitarismo no deu certo em nenhum lugar do mundo.Em Cuba, no tempo do Che, o projeto gerou ociosidade, improdutividade e injustia: poisalguns trabalhavam muito e outros recebiam a mesma medida. O prprio Fidel Castro estreconhecendo isso agora.

    Na Unio Sovitica o mesmo se deu. O lder Mikhail Gorbachev disse no seu discurso de 6horas seguidas no incio de 86, que o igualitarismo est obsoleto, e que ele s gerou burocracia,funcionalismo, parasitismo, corrupo (porque os ambiciosos arranjaram maneiras de ganhar maisdo que o nvel institudo, atravs dos mercados negros de quase tudo na Unio Sovitica) eesclerosamento funcional.

    No era preciso esperar tanto para saber que isso era inevitvel e no daria certo. Bastavaque se tivesse crido na poltica econmica do Reino de Deus: igualdade proporcional, praticadacom a conscincia de que a fronteira da liberdade de ter vai at onde o ter no implicano empobrecer do meu prximo.

    Liberdade e justia tm que andar juntas! Liberdade sem justia se converte imediatamenteem libertinagem do ego e orgia econmica da sociedade. E justia sem liberdade injustiamascarada pelo igualitarismo que ora premia os ociosos, ora suprime os direitos do homem.

    A justia a fronteira da liberdade e liberdade o mago da justia.

    Diante disso fica claro que o cristo no pode nortear sua filosofia de administrao dosrecursos por nenhum dos dois esquemas econmicos que dividem este mundo.Ambos so corrompidos.

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    No capitalismo que apregoa a liberdade, falta a viso de que a liberdade no pode acontecers custas dos outros, especialmente dos pobres a da matria-prima do 3 mundo. J o comunismoque apregoa a justia, peca por suprimir as liberdades e no recompensar de modo justo logicamente para ser justo no pode ser exacerbado o trabalho e o esforo dos que mais seafadigam. Alm disso, peca tambm por no dar ao homem direito voz. estranho: no primeiro

    sistema os lderes fecham os ouvidos para no ouvirem os clamores. No segundo, eles fecham asbocas das pessoas para que elas no falem. Em ambos o silncio a lei.

    A bblia foge desse maniquesmo das ideologias econmicas contemporneas e ensina umcaminho diverso, solitrio, justo e santo: o caminho da poltica econmica do Reino de Deus.

    O que muito colheu,

    no teve de-mais,

    o que pouco colheu,no teve falta! (II Cor. 8:15; Ex. 16:19)

    Ante to sublime conceito de administrao dos bens e perante to elevado conceito de justiascio econmica, o nosso corao s poderia dizer o mais alto de todos os brados de aleluia:

    ALELUIA!

    Paulo diz que o tratamento que Deus deu a Israel no deserto, quando o po era o mesmo e

    para todos, sem que a ningum sobejasse e ningum dele ficasse privado, era o critrio ltimopara nortear a viso econmica dos crentes, da igreja e da sociedade como um todo:

    Quem precisa de mais pode ter mais,

    Mas no de-mais;

    Quem necessita de menos pode ter menos,

    Mas no de-menos.

    Se assim pensssemos, outra seria a fisionomia social da igreja, outra seria nossa influncia nasociedade, e outra seria a situao das misses no Brasil e no mundo.

    No adianta que essas verdades estejam escritas na bblia. Elas precisam ser encarnadas numprojeto histrico concreto o mais rapidamente possvel. E o lugar onde isso precisa comear a servivenciado na igreja. Desse modo a igreja ser a sociedade alternativa e no a sociedade paralelaquela maior e circundante, e a qual Deus s se refere como injustia.

    NONO PRINCPIO

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    As contribuies para a obra de Deus devem ser criteriosamente administradas eabertas a auditorias crists.

    Voc deve ter notado que no oitavo princpio nossa reflexo saiu do mbito estritamenteeclesistico e aambarcou o que ns poderamos chamar rpidas consideraes sobre a filosofiada poltica econmica do Reino de Deus. Talvez apesar de termos sido exguos eexcessivamente simplesalguns tenham achado que samos muito de nossa proposio inicial. possvel que sim. No entanto, creio que s estaremos aptos para entender certas realidadesespecficas, com seus mecanismos peculiares e aparentemente no necessitados de explicaes, setivermos compreendido alguns aspectos gerais e mais amplos de uma realidade maior, que tantointrojeta pequenas maquetes suas nas pequenas sociedades (no nosso caso, a igreja a pequenasociedade), quanto realimenta sua prpria mega-estrutura da micro-instrutura sobre a qual elainflui.

    Trocando em midos: vale estudar a sociedade secular e seus fenmenos (sociologia), por que elamuitas vezes (infelizmente) tem delineado o perfil sociolgico da igreja. Isso parte do que oNovo Testamento chama de mundanismo. Alm disso, a igreja quando se torna um pequenomodelo interno, tanto econmica, quanto social e administrativamente falando do mundo queacerca, passa a alimentarjuntamente com dezenas de outras pequenas sociedadeso monstroda injustia que cruelmente tira sua energia dessas milhares de clulas sociais diminutas.

    Isto posto e explicado, voltemos s consideraes especficas a respeito do nosso tema

    propriamente dito:

    As contribuies para a obra de Deus devem ser criteriosamente administradas, e abertas aauditorias crists.

    A preocupao de Paulo com este aspecto do processo da contribuio simplesmenteextraordinria. Ele diz que Tito estava incumbido de levar a oferta dos macednios Judia (IICor. 8:16-18), como tambm de apanhar a oferta dos corntios (II Cor. 9:2-5) e dar a ela o mesmojusto destino. Todavia, ao afirmar isso, nos faz uma das mais belas lies sobre a cautela de umhomem de Deus na administrao dos recursos da obra do Senhor:

    E com ele (Tito) enviamos o irmo cujo louvor no evangelho est espalhado por todas asigrejas. E no s isso, mas foi tambm eleito pelas igrejas pra ser nosso companheiro nodesempenho desta graa ministrada por ns, para a glria do prprio Senhor, e paramostrar a nossa boa vontade;

    evitando assim que algum nos acuse em face desta generosa ddiva administrada por ns,pois o que nos preocupa procedermos honestamente, no somente perante o Senhor,como tambm diante dos homens (II Cor. 8:18-21).

    Esse o padro para o ministrio cristo, seja ele de que tamanho for. Do servio individual grande organizao missionria, assim que se deve proceder.

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    Paulo diz que no basta que o obreiro, o pastor, o conselho da igreja ou a misso tenhamconscincia de que a ddiva foi honestamente administrada. Sua preocupao no era somentecom a sua conscincia diante de Deus. Ele temia tambm a calnia ou a suspeita dos homens(8:21).

    Creio que a observncia deste princpio no pode mais ser adiada no Brasil. Desde osministrios pessoais, passando pelas igrejas e indo s misses, esse deve ser o esprito e apreocupao.

    Quando escrevo estas pginas (durante o congresso Amsterdam 86), incluo-me entre osfaltosos. No tanto diante de Deus pois Ele sabe que apesar que nossas inerentes e essenciaisimperfeies, temos tentado andar com a conscincia limpa diante dEle tambm nesta rea mas,sobretudo, diante doshomens.

    Isso porque, como disse Paulo, no basta haver honestidade, tem que haver transparncia,

    ou seja, a administrao da igreja ou da misso tem que estar aberta verificao dos cristos. Eno somente aberta, mas exposta e preocupada em expor-se.

    Meu compromisso pessoal com Deus, comigo mesmo, e com meus irmos que dehoje em diante no somente continuarei a ser honesto na administrao das ddivasrecebidas, como tambm manterei as contas de nossa misso abertas e publicadasanualmente para todos os interessados.

    Assim diz uma das afirmaes do Congresso Amsterdam 86, assumida publicamente por mim e

    por dez mil outros evangelistas:

    Ns seremos fiis despenseiros de tudo o que Deus nos der, prestaremos contas das finanas donosso ministrio outros, e seremos honestos na divulgao das nossas estatsticas (10afirmao).

    Quantas vezes j li o princpio de II Corntios 8: 16:21 sem sentir nenhuma comoo! Talvez poringenuidade, por excesso de latinidade ou por extremo individualismo prprio de nsprotestantespreocupados apenas com nossa conscincia individual diante de Deus. No entanto,nesses dias aqui em Amsterdam senti-me perturbado com as palavras de Paulo:

    Pois o que nos preocupa procedermos honestamente, no s perante o Senhor, co motambm diante dos homens (II Cor. 8:21).

    Minha perturbao no foi causada apenas em funo do meu reconhecimento de que precisoser mais transparente nessa rea. Preocupo-me tambm com o fato de que alm de tudo estamosdebaixo de outra ameaa no Brasil: a de termos nos acostumado aos sculos de governoscolonialistas auto-centrados e monrquicos e, posteriormente, com os muitos perodos ditatoriaisde nossa histria, quando o povo nunca tem ou teve acesso aos exames srios das contas do pas,atravs de seus representantes. Se existe a possibilidade de se ver a questo com as lentes dasociologia, ento talvez se explique a quantidade enorme de pastores e denominaes queparecem repetir em nvel estrutural e econmico a mesma poltica caudilhesca de fora da igreja.Trata-se de um eclesiasticismo militarizado. Nestes regimes eclesiais o povo tambm no temacesso s contas da igreja.

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    Isso nos preocupa imensamente, inclusive pelo fato de que h hoje no pas uma enormequantidade de novas e independentes igrejas, quase todas elas estruturadas a partir do modelocoronelista, de imensa autonomia para o pastor e grande isolamento para o povo. opinochesamento da estrutura eclesial (I Pd. 5:1-3).

    Se quisermos ser uma santa e forte igreja de Cristo no Brasil, se quisermos ser respeitadosintocveis lderes nacionais nesta gerao, se quisermos nos tornar uma das maiores agncias demisses e missionrios do mundo, ento necessitamos reverter o processo de administraoautnoma, para um processo participativo, afim de que o diabo no alcance vantagem sobre ns.

    Para que isso no acontea mister que observemos as instituies que o apstolo d nestes noveversculos de II Cor. 8:16 a 24:

    1. preciso que o lder espiritual seja o ministrador dos recursos, mas no o nicoadministrador deles.

    Paulo diz que o manuseio daquele fundo missionrio era um desempenho de ministrao de graa(19). Nesse sentido, o lder espiritual deve participar do processo de motivao do povo, etambm do direcionamento ministerial do recurso para a viso da necessidade.

    2. preciso que o lder espiritual passe a outros a administrao imediata dosrecursos, mas necessrio que ele seja o ad-ministrador dos administradores.

    O apstolo diz que ele queria ministrar a graa daquele fundo missionrio (10), incumbindooutros de administrarem de modo direto os recursos (16, 18, 22, 24). No entanto, ele mesmo estde olho, ainda que no to diretamente, no destino do dinheiro. Por isso, ele se chama tambmadministrador, mas no sentido de um ad-ministrador, ou seja, de algum que ministra de fora,delegativamente, porm de modo responsvel.

    Ah! Como me custou aprender isso!

    3. preciso que os homens incumbidos da administrao estejam acima de todasuspeita.

    interessante observar os termos de expresses que Paulo usa para descrever essesadministradores. Eles so descritos como homens (24no sentido da dignidade, no do sexo),companheiros e cooperadores (23), pessoas zelosas e experimentadas (22), de imensa solicitude(16), de corao voluntrio (17b), e de mente cuidadosa (17a). Alm disso, eram pessoas de vida econdutas j louvadas pelas igrejas (18).

    Que Deus nos ajude a achar tais homens para que os tenhamos ao nosso lado na Igreja ouna Misso.

    4. preciso que a escolha seja democrtica.

    Isso no sentido de que o povo da igreja ou a assemblia da misso devem eleger osincumbidos pela administrao dos recursos. Paulo diz que no apenas bastou que o seuadministrador fosse louvado pelas igrejas, mas foi necessrio que ele tivesse sido eleito pelascomunidades ou assemblias para o desempenho daquela funo (19).

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    Tenho certeza de que este foi o princpio mais difcil para eu escrever, pelo simples fato de queesta foi rea menos organizada de meu ministrio. Deus nos guardou, mas no nos poupou dedissabores. Por isso, enquanto exponho esses princpios estou assinando meu compromissopblico de manter as contas da misso que presido sob peridicas auditorias feitas por firmas deauditoria escolhidas pela nossa assemblia anual.

    Nas igrejas histricas isso acontece normalmente, mas nas igrejas independentes ou nas nossasmisses ainda tupiniquins, tais critrios nem sempre vem sendo usados.

    Que o Senhor nos ajude a continuarmos levando a bom termo nossa inteno.

    DCIMO PRINCPIOO esprito de contribuio deve estar alerta em todos os crentes afim de que no haja

    necessitados despercebido.

    Nesse ponto de nossa exposio, nos confrontamos com os o lhos, a sensibilidade eas mos do Corpo de Cristo: os olhos vem (I Cor. 12:21a), o corao sente misericrdia (Rom.12:8c) e as mos agem em socorro do necessitado (I Cor. 12:21b, 28c socorros). Tudo isso na

    perspectiva geral da contribuio como um ministrio de todos os crentes. verdade que hpessoas dotadas de especial capacidade dever, sentir e agir na direo do socorro ao necessitado(Rm 12:8b). A essa capacitao o Novo Testamento chama dom de contribuio. Trata -sedaquela pessoa em cujas mos os dons se multiplicam justamente a fim de que sejam liberalmentedistribudos por esse cristo ungido com o carisma da contribuio especial.

    No nosso contexto histrico de II Cor. 8 e 9, Paulo tenta desenvolver na comunidade deCorinto, como um todo, essa hipersensibilidade contributiva. Por isso ele outra vez evoca aoscorntios que ficassem de sobreaviso, e assim no se vissem surpreendidos com a sbita chegada

    de Paulo, possivelmente acompanhado por irmos da Macednia. Essa precauo do apstolotem por fim poupar constrangimento ou vergonha aos seus destinatrios, caso a comitivaapostlica chegasse e no encontrasse a contribuio da igreja j separada aps generosaparticipao de todos:

    Enviei os irmos (Tito e Silvano), para que nosso louvor a vosso respeito, neste particular, nose desminta, afim de que, como venho dizendo, estivsseis preparados, para que, caso osmacednios vo comigo e vos encontrem desapercebidos no fiquemos ns envergonhados (parano dizer vs) quanto a essa confiana. Portanto julguei conveniente recomendar aos irmos queme precedessem entre vs, e preparassem de antemo a vossa ddiva j anunciada, para que esteja

    pronta como expresso de generosidade, no de avareza (II Cor. 9:3 -5).Neste trecho trs realidades bsicas saltam aos olhos:

    1. O elogio:

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    Paulo vinha elogiando a comunidade de Corinto em alguns aspectos. E certamente criou-seuma superexpectativa por parte dos macednios com respeito resposta positiva dos irmoscorntios tambm na rea financeira (9:3).

    2. O temor:

    Apesar de falar bem, e esperar melhor dos irmos de Cornto, o apstolo temia asconseqncias que poderiam advir de uma possvel negligncia deles naquele particular (3b-4). Alm disso, Paulo antev os efeitos negativos que poderiam surgir caso essa sua suspeitase efetivasse negativamente:

    -Vergonha para o apstolo: para que... no fiquemos envergonhados (4a,b).

    -Vergonha para a igreja: para no dizer vs (4c).

    - Decepo para os macednios:Tal preocupao no se declara, se l somente nasentrelinhas e no esprito da precauo assumido pelo apstolo-pastor. Isso porque ele sabiacomo o mau exemplo corntio poderia repercutir mal entre os macednios, a ponto dearrefecer-lhes os nimos de contribuio e generosidade futuras.

    3.A imaturidade:

    De fato a cautela do apstolo seria completamente dispensvel se os irmos de Cornto jestivessem no nvel do que ns poderamos chamar de igreja amadurecida. Na realidade, elesainda eram meninos em Cristo (I Cor. 3:1 e 2). Por essa mesma razo a preocupao dePaulo era pertinente.

    Sendo essas razes histricas pelas quais possivelmente o apstolo antecipou sua prpriacaravana de recolhimento de ofertas uma outra, fica claro que o interesse dele era ensinar aosirmos o fato de que no deve ser necessrio que as contribuies aconteam apenas comoresultados de constantes avisos, lembretes e comitivas de constrangimento. Na realidade, oapstolo julgava desnecessrio que assim se fizesse (9:1). Mas como a igreja ainda no estavacapacitada e amadurecida, ento fazia-se necessrio por precauo, que houvesse a carta delembrana (9:3). E II Corntios entre outras coisas uma carta-lembrete, to comum entre ns

    hoje em dia quando da inteno de acorda os irmos esquecidos da graa de contribuir. Sempre que crentes s contribuem aps vrios lembretes pastorais, insistentes e

    perturbadoras correspondncias, sinal de sua imaturidade espiritual. O alvo bblico que ascontribuies estejam sempre preparadas (9:3c). No entanto, para que isso acontea, mister quea mente de cada cristo se converta da mentalidade de recepo para a atitude de doao.

    Especialmente entre ns do 3 mundo ainda predomina esse complexo de carncia, essesentimento de receptores no de promotores. Mas hora de convertermos nossa mentalidade. hora de nos curarmos da doena da sanguessuga, do parasitismo missionrio, da verminose que

    nos incha e nos impede de crescer.

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    Sim! Chegou a hora de aliarmos a mais atenta viso das necessidades humanas e da obra deDeus, o mais misericordioso corao e mais ampla e generosa mo. Alis, este o princpiobblico:

    Ora, aquele quepossuir recursos deste mundo evir a seu irmo padecer necessidade e

    fechar-lheo seu corao, como pode permanecer nele o amor de Deus? (I Jo. 3:17). Trs so as palavras chaves desse processo da contribuio que se afirma como sinal

    concreto da presena do amor de Deus no corao do Cristo e que tem sua desembocadura navida prtica e horizontal:

    1. Possuir: uma aluso aos bens materiais, ao dinheiro ou ao poder que qualquer cristotenha de influir materialmente sobre a realidade.

    2.Vir: Esta a palavra que caracteriza a percepo imediata da necessidade ou a informao

    de que a necessidade existe de maneira concreta na vida dos irmos ou da obra de Deus. 3. Fechar: o termo definidor de culpa dos crentes que tm recursos, sabem denecessidades tanto na vida de irmos, como no cotidiano da obra de Deus e tornam-sealheios, indiferentes, ausentes e apticos. O oposto positivo dessa atitude o abrir docorao.

    Quem fecha o corao para o amor de Deus, fecha tambm o bolso ; quem abre ocorao para o amor de Deus abre tambm o bolso. E ainda: quem ama a Deus tem umaresposta devocional ao amor de Deus na forma de um dadivoso amor aos irmos. E esseamor atento (v), solidrio (percebe as necessidades) e prtico (socorre de modoconcreto).

    O resto logorria fanfarrista e de um falso e abominvel fraternalismo esotrico e abstrato:

    Filhinhos, no amemos de palavra, nem de lngua, mas de fato e de verdade (I Jo. 3:18).

    esse o percurso da misericrdia que se transforma em histria real de bondade perceptvel etangvel:

    Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalm para Jeric, e veio a cair emmos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitosferimentos, retiraram-se deixando-o semi-morto. Casualmente descia um sacerdote poraquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. Semelhantemente um levita descia poraquele lugar e, vendo-o, tambm passou de largo.

    Certo samaritano, que seguia seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele.E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes leo e vinho, e, colocando-o sobreseu prprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte tirou dois

    denrios e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem e, se alguma coisagastares a mais, eu te indenizarei quando voltar. (Lucas 10:30-35).

    Veja como a seqncia proposta em I Joo 3:17, seja para ou bem, est presente no texto deLucas 10:30-35, acima transcrito:

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    I. A seqncia do mal:

    1. O sacerdote e o levita possuam algum recurso: no se fazia aquela viagem de mosvazias ou sem um po e um cantil de gua fria (Lc 10:31-32). Especialmente em se tratandode to eminentes pessoas, social e religiosamente falando, como os implicados nesta parte da

    histria.2. O sacerdote e o levita viram o homem cado:Vendo-o (Lc. 10:31b,32b).

    3. O sacerdote e o levita fecharam o corao:passaram de largo (Lc 10:31 e 32c).

    II. A seqncia do bem.

    1. O samaritano possua recursos: leo, vinho, um animal, e dinheiro (34 e 35a).

    2. O samaritano viu o homem cado:passou perto e, vendo-o... (Lc.10:33).3. O samaritano abriu o seu corao:se compadeceu dele (Lc. 10:33b). S que estacompaixo se transformou numa ao de enfrentamento direto, concreto e especfico dasituao (34-36).

    O que deve ficar em ns desde o dcimo princpio de Cor. 8 e 9 que tanto os indivduoscidados do Reino de Deuscomo a igreja, devem ter seus olhos abertos, seus recursosdisponveis e seu corao escancarado em misericrdia, a fim de antecipar-se sempre aos clamoresmais agudos dos necessitados: sejam homens, sejam igrejas menores, sejam misses moribundas.

    Minha orao neste momento no sentido de que daqui em diante Deus nos amadurea comoaos macednios a fim de que, menos tendo pouco, socorramos os que tm menos.

    Ainda somos distrados com os corntios, mas tempo de nos sensibilizarmos para asnecessidades do Reino de Deus.

    Esta mais uma graa de contribuir!

    DCIMO PRIMEIRO PRINCPIOA contribuio alegre e voluntria desencadeadora de um ciclo de bnos.

    Talvez seja este o princpio que mais alegria gera naquele que l o seu enunciado. Noentanto, ele no funciona isolado. Tudo o que expusemos at aqui na forma de princpios,acontece na estrutura de funcionamento semelhante de uma engrenagem.

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    Pleitear o cumprimento deste enunciado sem ter em mente um compromisso firmado comtudo o que antes j se disse um grande engano e que redundar num terrvel malogro.

    Isso por que no necessrio que se seja crente para que os nossos recursos sociais eeconmicos aumentem. Jesus bem sabia disso (Lc 12:16-21).

    Quando o Novo Testamento faz promessas ao homem generoso, no faz um negcio coma generosidade.

    No podemos nos esquecer de que contribuir uma concesso de Deus a ns, uma graa favor imerecidoe no uma ddiva nossa a Deus.

    Outra coisa que necessitamos ter em mente que a promessa que Deus faz de prosperidade aosgenerosos, no porque Seu divino corao tenha sofrido uma forte comoo ante to grandesgestos de bondade humana. As promessas de Deus a ns so pura e simplesmente graa.

    Alm disso, tal realidade fica mais do que clara, pois o que Deus promete fazerabenoando etrazendo prosperidade aos dadivososacontece numa perspectiva de total contraposio aosprincpios e regras econmicas de multiplicao de recursos. A ideologia econmica capitalistafunciona a partir da idia de que quem tem, mais ter, ou seja, dinheiro faz dinheiro, numinterminvel ciclo. Mas a promessa de prosperidade que Deus faz em sua palavra aos dadivososcontraria em muito o princpio capitalista. No enunciado divino, a coisa fica mais ou menosassim: quem muito d, muito ter, pois quem d aos homens com a alegria de quemdevolve Deus, receber de Deus muito mais do que aquilo que aos homens deu .

    Veja o texto de Paulo como traduz inigualavelmente esse princpio:

    E isto afirmo: Aquele que semeiapouco, pouco tambm ceifar, e o que semeia com fartura,com abundncia tambm ceifar. Cada um contribua segundo tiver proposto no corao, nocom tristeza ou por necessidade; porque Deus ama quem d com alegria. Deus pode faz-losabundar em toda graa, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficincia, superabundeisem toda boa obra, como est escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justia permanece parasempre.Ora, aquele que d semente ao que semeia, e po para alimento, tambm suprir e aumentar a

    vossa sementeira, e multiplicar os frutos da vossa justia; enriquecendo-vos em tudo para toda agenerosidade, a qual faz que por nosso intermdio sejam tributadas graas a Deus (II Cor. 9: 6 a11).

    Vale arrumar um pouco mais homileticamente esta passagem transcrita.

    Seno vejamos:

    I. Os exemplos ilustrativos da bno da prosperidade:

    1.A criao:Ora aquele que d semente ao que semeia... tambm suprir e aumentar a vossasementeira... (9:10a).

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    Nesse primeiro exemplo Paulo pensa no fato de que a prosperidade material algo toestranho e sobrenatural como a criao da vida. o princpio da criao da semente, projeto doCriador no qual a maquete da rvore est reduzida ao nvel microscpico.

    Que lindo!

    Assim a Palavra de Deus nos ensina que a maneira como Deus pode abenoar-nos, a partirde nossas contribuies, to estranha e sobrenatural como a exploso da semente que se tornafrondosa e frutfera rvore.

    um milagre semelhante. o mesmo Deus que est agindo. No se deve esperar dEleseno alguma coisa do mesmo tipo.

    2.A semeadura:

    No primeiro exemplo, alude-se ao milagre da vida. Deus quem d semente ao semeador. obra de Deus.

    Mas j no segundo exemplo, a referncia especfica ao trabalho penoso, perseverante,resoluto e, por vezes, sacrificial, do agricultor:

    Aquele que semeia pouco, pouco tambm ceifar, e o que semeia com fartura, comabundncia tambm ceifar (9:6).

    Nesse caso vincula-se a bno que advm da contribuio proporcionalidade do

    investimento feito com alegria:

    Cada um contribua segundo tiver proposto no corao, no com tristeza ou pornecessidade; porque Deus ama quem d com alegria (9:7).

    O tamanho da contribuio no metido em nmero, mas em proporo ao que se ganhaem alegria. um investimento. uma ao resolvida e assumida, consciente e planejada. Isso to claro que Paulo usa as palavras pouco e fartura para caracterizar o investimentoconsciente de cada um.

    O contribuinte precisa se ver como um agricultor fazendo uma semeadura, tenha ela otamanho que tiver.

    A fronteira da semeadura sempre do tamanho da alegria de quem d. Quem d porobrigao ou por necessidade, d pouco, quem d com alegria e sentimento de privilgio, esse dmuito.

    II. A graa de dar gera uma graa em resposta:

    S se percebe esse fato quando se faz acoplagem de duas frases separadas nos versos 8 e 11:

    tendo sempre, em tudo, ampla suficincia, superabundeis em toda boa obra...enriquecendo-vos em tudo para toda generosidade.

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    Trata-se de um ciclo:

    E assim comea tudo de novo, sem fim, sem parar jamais, com ampla suficincia,

    superabundando em boas obras, sendo de novo enriquecidos e assim praticando inimitvelgenerosidade, tendo sempre... No o dzimo, mas a dzima peridica da graa que gera graa,deixando a medida do dzimo pequena demais.

    Deus nos d, por sua graa, meios concretos de contribuir. Em seguida Ele nos faza concessopara contribuir. O s sentirmos tal desejo j tambm graa. O desejo se transformaem ao. A ao identifica necessidades. As necessidades so supridas por nossas ofertas.Nossas ofertas santificadas geram aes de graas naqueles que as receberam. Essas aes degraa transformam-se em intenes de misericrdia no corao de Deus que, reverte, ento, oprocesso sobre ns.

    III. Os sub-princpios que desencadeiam o grande princpio do ciclo de bnos.

    1.Alegria:

    Por que Deus ama quem d com alegria (9:7).

    A alegria de dar aquilo que transforma um custoso e constrangido sacrifcio em liturgiacelebrativa da graa divina.

    Sem alegria a oferenda sacrificiosa estpida tentativa de agradar a Deus com aquilo que elemais abomina: o mecanismo religioso.

    2. Boas obras:

    Superabundeis em toda boa obra (9:8b).

    No adianta apenas dar. preciso investir responsavelmente e em coisas que gerem obrasboas e no obras ms. Com isso no estamos ensinando ningum administrar a sua contribuio,mas a dar de maneira consciente, inteligente e responsvel, a fim de que suas ofertas no estejamconstruindo o mal e sim o bem.

    3. Distribuio:Distribuiu, deu aos pobres... (9:9).

    Esta citao do Salmo 112:9 nos transmite a idia de que a justia de quem d aos pobres arealidade de que, quem deu, sabia que dar aos pobres uma questo de justia e no de esmola.

    Quem d com esta conscincia acionou um dos sub-princpios que desencadeiam o

    enunciado maior deste captulo. Por isso que se d iz: A sua justia permanece para sempre(9:9b). Quem distribui com justia, justificado pela graa que faz justo o homem que, apesar deinjusto diante do referencial absoluto da santidade divina, pratica a justia relativa a sua condiode pessoa cada.

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    IV. As grandes promessas e bnos aos que se moveram pela graa da contribuio:

    As promessas de que o homem generoso seria bem sucedido permeiam a escritura desde o VelhoTestamento. Alis, o Velho testamento at mais enftico nesta proposio do que o NovoTestamento.

    Dentre os muitos textos que asseveram que a atitude dadivosa redunda em prosperidade, eis osseguintes:

    A quem d liberalmente ainda se lhe acrescenta mais e mais; ao que lhe retm mais doque justo, ser-lhe- em pura perda (Pv. 11:24).

    A alma generosa prosperar, e quem d a beber ser dessedentado (Pv. 11:25).

    Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga seu benefcio (Pv.

    19:17).O profeta Isaas talvez seja o mais rico na afirmao potica daquilo que advm ao ser humanoque solta as ligaduras da impiedade, desfaz as ataduras da servido, deixa livres os oprimidos,despedaa todo jugo, reparte o po com o faminto, recolhe em casa os pobres desabrigados e quequando v algum nu o veste e no se esconde do seu semelhante:

    Ento romper a tua luz como a alva, a tua cura brotar sem detena, a tua justia ir adiante deti e a glria do Senhor ser a tua retaguarda;ento clamars, e o Senhor te responder, gritars por socorro, e Ele dir: Eis-me aqui. Se tiraresdo meio de ti o jugo, o dedo que ameaa, o falar injurioso; se abrires a tua alma ao faminto efartares a alma aflita, ento a tua luz nascer nas trevas, e a tua escurido ser como o meio-dia.O Senhor te guiar continuamente, fartar tua alma at em lugares ridos, e fortificar os teusossos; sers como um jardim regado, e como um manancial, cujas guas jamais faltam.

    Os teus filhos edificaram as antigas runas; levantars os fundamentos de muitas geraes, esers chamado reparador de brechas, e restaurador de veredas para que o pas se tornehabitvel. (Isaas 58: 8-12).

    No entanto, nossa ateno prioritria no se volta para o que a bblia como um todo diz arespeito das bnos da contribuio e da entrega abnegada e dadivosa. Nossa ateno especficaest focada no texto de II Cor. 8 e 9. Pois bem, ento prossigamos estudando nosso texto, a fimde descobrirmos quais so as promessas de bnos aos que se deixarem tocar pela graa decontribuir. Essas promessas bem se evidenciam mediante cinco expresses que aparecem nonosso texto:

    1. Tendo sempre (9:8). Essa expresso denota a prosperidade na perspectiva dacontinuidade e da ininterruptibilidade do processo das bnos.

    2. Ampla suficincia (9:8). Trata-se de uma referncia a satisfatoriedade da bno. Ela plena.

    3. Suprir (9:10). Alude ao reabastecimento daquele que deu, e que diminuiu seu recurso,porm suprindo o de outro.

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    4. Aumentar (9:10). Neste caso, Deus no somente d sempre, com ampla suficincia,suprindo o necessrio, mas Ele aumenta o recurso.

    5. Multiplicar(9:10). A promessa que Deus multiplicar o fruto da justia. Nocontexto antecedente dar aos pobres (9:9). Neste caso, o fruto da justia a bno da

    graa divina na forma de prosperidade material. No se trata apenas de ter sempre, comsuficincia, realimentadamente e com adio, mas, sobretudo, com multiplicao dos frutosda justia na forma de prosperidade. A prova disso a continuao do texto:Enriquecendo-vos em tudo para toda generosidade... (9:11).

    Concluindo, devemos deixar claro, outra vez, que a bno de Deus no uma recompensa, umprmio aos dadivosos. Pelo menos, no no sentido de dbito.

    Mesmo que o nosso dar desembocasse em pobreza real e irreversvel, ainda assimdeveramos ser movidos a faz-lo.

    Jamais devemos nos esquecer da pergunta de Paulo aos romanos:

    Ou quem primeiro lhe deu a ele para que lhe venha ser restitudo? (Rm. 11:35a).

    No somos donos de nada. Tudo de Deus. E quem se sente dono dos bens daqui jamaisreceber os bens dalm. Por isso contribuir mera devoluo ao legtimo dono de tudo. com -tribuir: ou seja, juntamente com os outros (com), pagar tributo (tribuir).

    Bendita seja a graa de Deus, nosso Pai, que nos encontra em nossa pobreza e misria e nosenriquece com amor, afim de que mesmo na pobreza sejamos generosos, e na prosperidadesejamos a encarnao da bondade divina na direo dos desfavorecidos e tambm das grandescausas missionrias, no projeto da propagao do evangelho a todas as naes.

    Quem se moveu tocado pela graa de dar, pela mesma graa ser tocado outra vez e assimsempre ter. E assim sempre dar. E assim... ser. Amm!

    DCIMO SEGUNDO PRINCPIO

    A contribuio gera um processo de um louvor que se retro-alimentaindefinidamente.

    Todos os movimentos da graa divina so movimentos de retro-alimentao:

    Bem-aventurados os misericordiosos, por que alcanaro a misericrdia (Mt.5:7).

    Pois ao que tem, se lhe dar, e ter em abundncia (Mt. 25:29a).

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    Talvez a afirmao mais forte de que graa gera graa esteja no texto de Efsios 1:6. Literalmente,o apstolo diz que recebemos graa gratuita. Com isso ele est querendo ensinar que antes derecebermos a graa, j a prpria graa nos preparava para isso. Nesse caso, diramos que h umagraa de preparaoque nos habilita para a graa de recepo:

    nos predestinou para ele, para a adoo de filhos... para o louvor da glria de sua graa, queele nos concedeu gratuitamenteno amado.

    E a bendita redundncia de uma graa gratuita.

    Paulo entendia esse princpio de que a virtude gera virtude, num efeito cascata, tambmem relao ao louvor e as aes de graa:

    Por que o servio desta assistncia no s supre a necessidade dos santos, mas tambm redundaem muitas graas a Deus, visto como, na prova desta ministrao, glorificam a Deus pela

    obedincia da vossa confisso quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade com quecontribus para eles e para todos enquanto oram eles a vosso favor, com grande afeto, em virtudeda superabundante da graa de Deus que h em vs (II Cor. 9:12-14).

    Para o meu sabor pessoal este um dos trechos mais belos de todo o Novo Testamento. Notanto pela sua confeco literria, ou pela profundidade teolgica, mas, sobretudo, pela suasingeleza e simplicidade prtica.

    Paulo diz que a graa de dar desencadeia um processo de virtudes incomparveis. Dar umadas mais profundas formas de edificar no somente o aspecto social e econmico do outro, mas,antes disso, de edificar-lhe a alma.

    Quem recebe com gratido e reage ddiva recebida conforme ensina a palavra de Deus,transformar-se- numa bno incomparvel para aquele irmo que o socorreu.

    Inicialmente Paulo diz que a ddiva promove um bem que est para alm da assistnciaimediata aos santos: redunda em muitas aes de graas (9:12). Essas aes de graas significamuma excepcional manifestao de glria ao nome de Deus pelos filhos que Ele tem, e cujoscoraes so parecidos com o do Pai-generoso: Visto como, na prova desta ministrao,

    glorificam Deus... (9:13a). A glorificao do nome de Deus, feita por aqueles que foram oobjeto da contribuio, se baseia fundamentalmente em duas atitudes que os crentes dadivososrevelaram e historificaram enquanto contribuam:

    1. Demonstrao prtica de seu compromisso real com as demandas do evangelho:

    Glorificavam a Deus pela obedincia da vossa confisso quanto ao evangelho de Cristo (9 -13b).Para os receptores agradecidos, o gesto dos irmos contribuintes era a suprema manifestao daorto-praxia. A confisso deles ortodoxiatransformara-se em fato.

    Que bela e tremenda lio! No importa quanto minha doutrina e confisso estejam corretas, massim, o quanto eu as encarno.

    A ortodoxia s tem valor nos compndios doutrinrios.

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