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FACULDADE CEARENSE – FAC CURSO DE PEDAGOGIA GISELE PEREIRA SERPA UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NUM COLÉGIO PARTICULAR EM FORTALEZA. FORTALEZA – CE 2011

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FACULDADE CEARENSE – FAC

CURSO DE PEDAGOGIA

GISELE PEREIRA SERPA

UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

NUM COLÉGIO PARTICULAR EM FORTALEZA.

FORTALEZA – CE

2011

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GISELE PEREIRA SERPA

UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

NUM COLÉGIO PARTICULAR EM FORTALEZA.

Monografia apresentada à Faculdade Cearense - FAC como pré-requisito para a obtenção de título acadêmico de Pedagoga.

FORTALEZA – CE

2011

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GISELE PEREIRA SERPA

UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NUM COLÉGIO PARTICULAR EM

FORTALEZA

Monografiacomo pré-requisito para a obtenção do título bacharel em Pedagogia pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores.

Aprovada em: _____/_____/______

Conceito obtido:_______________

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Professora Espª. Maria Bernadete A. Adriano - Orientadora

_________________________________________________________

Professora Msª. Luíza LúliaFeitosa Simões- Co-orientadora

_________________________________________________________

Professora Drª. Cristiane Porfífio de Oliveira do Rio - Avaliadora

_________________________________________________________

ProfessorMs. Jefferson Falcão Sales - Avaliador

Fortaleza/CE

2011

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A Deus, o Senhor da minha vida e a razão de minhas conquistas e existência, aos meus pais, que sempre acreditaram em meu potencial e determinação, aos meus irmãos que sempre me apoiaram e se orgulharam de minhas escolhas e, ao meu querido tio Gilvan Serpa, que acreditou em mim.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar ao meu querido e amado Deus por permitir a concretização deste trabalho;

A minha querida mãe que esteve o tempo inteiro ao meu lado dando o apoio que precisei;

A minha amiga Suzetepor ceder o empréstimo de livros;

A minha professora-orientadora Maria Bernadete Almeida Adriano pelas orientações dadas e pelos livros disponibilizados;

A minha co-orientadora, professora Luíza LúliaSimões pela disponibilidade em integrar-se a este trabalho;

À Diretora Ariadna Nogueira Sales que permitiu a realização da pesquisaem sua instituição de ensino, bem como à CoordenadoraArivladinaNogueira Sales Gomes que me acompanhou durante a pesquisa de campo e cedeu atividades e avaliações para análise;

Aos meus prezados professores, Cristiane Porfírio, Jefferson Falcão, Milena Falcão, Nídia Barone, Maria Élia, Nazareno, Regina Young, Vinícius Ferraz, Joice Carneiro e Suzaneteque, sem dúvida, contribuíram com seus ensinamentos e forneceram os estímulos e as orientações necessárias à chegada a esta etapa de minha vida acadêmica.

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“Durante a alfabetização nossa preocupação deve centrar-se em tentar entender qual

processo que segue uma criança quando depara-se com a língua escrita.”

(Ana Teberosky e Beatriz Cardoso)

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RESUMO

O presente trabalho monográfico objetiva investigar como ocorre o processo de

construção da alfabetização num colégio particular em Fortaleza. Para isso, foram

utilizadas as pesquisas de campo e bibliográfica, no sentido de, coletar dados

relevantes à pesquisa e informações sobre a temática da alfabetização. Os

referenciais teóricos analisados compreendem autores como Beatriz Cardoso, Ana

Teberosky e os teóricos Emília Ferreiro e Vygotsky. Os resultados obtidos são

satisfatórios, á medida que, correspondem aos objetivos estabelecidos. Eles

esclarecem quais as competências ou habilidades motoras e cognitivas são

necessárias ao processo de alfabetização, além das deficiências dos alunos na

construção da leitura e da escrita. Também permitem a identificação dos desafios

expostos aos educadores-alfabetizadores e dos recursos utilizados para a superação

das dificuldades das crianças na aprendizagem da lectoescrita.

palavras-chave: Alfabetização, competências, deficiências, desafios, habilidades.

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ABSTRACT

This monograph aims to investigate how the process occurs construction of literacy in a private school in Fortaleza. For this, we used the field research and literature in the sense, collect data relevant to research and information on the theme of literacy. The theoretical analyzed include authors such as Beatriz Cardoso, Ana Teberosky and theoretical Emilia Ferreiro and Vygotsky. The results are satisfactory, as will correspond to the objectives. They clarify what skills or motor and cognitive skills are necessary to the process of literacy beyond the deficiencies of students in the construction of reading and writing. Also allow the identification of challenges exposed to literacy educators and resources used to overcome the difficulties of children in learning lectoescrita. Keywords: Literacy, skills, weaknesses, challenges, skills.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................10

Justificativa ..................................................................................................................11

Problemática.................................................................................................................12

Objetivos.......................................................................................................................14

Metodologia..................................................................................................................14

1. PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO.........................................................................16

1.1Alfabetização como processo.......................................................................16

1.2 Teorias acerca da temática..........................................................................21

2. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NECESSÁRIAS AO PROCESSO..................35

2.1 Habilidades Cognitivas.................................................................................35

2.2 Habilidades Motoras......................................................................................37

2.3 Recursos metodológicos para superação.....................................................39

2.4 Postura pedagógica eficaz............................................................................41

3. ANÁLISE DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO................................................45

3.1 Sujeitos da pesquisa...................................................................................45

3.2 Instrumentos para coleta de dados ............................................................45

3.3 Análises dos dados.....................................................................................46

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................48

5. BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................51

6. APÊNDICES.............................................................................................................53

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INTRODUÇÃO

Na tentativa de reunir um sólido material para fundamentar a pesquisa,

buscou-se um vasto referencial bibliográfico, selecionado ao longo da graduação bem

como fontes cuja seleção e indicação foram frutos de um trabalho conjunto com a

professora-orientadora. A presente pesquisa: “Uma análise do processo de

alfabetização de crianças do primeiro ano do ensino fundamental num colégio

particular em Fortaleza”, concebe a aquisição da leitura e da escrita como resultado

da própria ação do aprendiz, de suas competências cognitivas e de suas relações

com os sujeitos alfabetizados. Entretanto, há um questionamento instigante a esses

fatores, isto é, uma incógnita em torno de como se processa a alfabetização e ainda,

sobre quais os desafios que circundam esse processo bem como as deficiências

comumente identificadas nos aprendizes.

Neste contexto, para garantir o aprendizado da leitura e escrita deve-se

considerar uma diversidade de fatores como, a postura do alfabetizador, suas

ferramentas de trabalho, o embasamento teórico no qual alicerça suas aulas e,

também, as capacidades que os alfabetizandos já possuem ao iniciar formalmente o

processo alfabético. Tomando como referências esses fatores, utilizou-se neste

trabalho uma metodologia com base em uma pesquisa de campo e de modo a dar

maior confiabilidade dados, utilizou-se da pesquisa bibliográfica.

Assim, a referente é apresentada a partir de três capítulos, sobre

abordagens relevantes ao processo de alfabetização. O primeiro, “Análise do

processo de alfabetização” abrange a importância da pesquisa, assim como, as metas

definidas para o desenvolvimento da mesma.

O segundo, “Desafios e competências inerentes ao processo de

alfabetização” que se constitui numa análise sobre o processo da lectoescrita, são

apresentadasas principais teorias a respeito da temática, em seguida fazem-se

comentários acerca das habilidades e saberes necessários aos alfabetizandos, ainda

neste capítulo há uma reflexão os recursos promovedores da solução dos problemas

de apreensão do sistema de língua escrita.

O terceiro capítulo traz as descrições sobre os sujeitos, métodos,

instrumentos e análises realizadas a partir da coleta de dados.

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JUSTIFICATIVA

A linguagem é fator crucial para a humanização dos sujeitos, e esta permite

a contribuição de significados para a sua existência, além disso, a apreensão da

língua escrita é o elemento que define o acesso à produção da cultura e do exercício

da cidadania, conforme afirma Olson (1999, p. 43):“Ao lidar com a língua escrita, seja

lendo ou escrevendo, toma-se consciência de duas coisas simultaneamente: do

mundo e da linguagem. A língua serve exatamente para isso: para o discurso sobre o

mundo”.

Assim, aprender a ler e escrever está para além de um processo cognitivo,

é uma atividade de ordem social e, também, cultural, primordial para a criação de

vínculos entre a própria cultura e o conhecimento, além de possuir caráter interativo

pois, exige meios e recursos necessários e ilimitados para que o aprendiz transforme-

se no principal ator do seu próprio processo de aprendizagem, de compreensão e de

construção de sua própria história.

O desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um

ambiente social. Mas as práticas sociais, assim como as

informações sociais, não são recebidas passivamente pelas

crianças. Quando tentam compreender, elas necessariamente

transformam o conteúdo recebido. (FERREIRO, 2004, p.65)

A aquisição da leitura e escrita, por constituir-se em fator fundamental para

os conhecimentos futuros é também uma ferramenta essencial para o alicerce de

outras aquisições, tais como as relações entre as pessoas, o entendimento dessas

relações e a comunicação do mundo externo e interno dos sujeitos, no entanto, como

afirmam Cardoso e Ednir (2002, p.31):“A finalidade do ensino da língua escrita não é

apenas instrumental: presta-se a ampliar as possibilidades cognitivas do sujeito”.

O que se constitui um desafio para todo educador que se interessa

pesquisar sobre esta temática, porém, tomando como base a relevância do processo

de alfabetização, as experiências que a pesquisadora adquiriu ao alfabetizar crianças

do primeiro ano do ensino fundamental, aliado ainda, a estudos realizados sobre a

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construção da leitura e da escrita durante a academia despertou um grande interesse

pelo assunto.

Sabe-se ainda que a alfabetização constitui-se a base do aprendizado

formal do indivíduo, sendo assim, urge que os educadores busquem aprofundar seus

conhecimentos sobre este processo e a presente pesquisa tem a intenção de

contribuir para este intento.

PROBLEMÁTICA

As novas teorias do conhecimento, assim como, as pesquisas psicogenéticas na

área da alfabetização mostram que a criança começa o aprendizado da língua escrita

bem antes de entrar na escola, nos mais variados espaços nos quais a língua é

utilizada como instrumento de conhecimento social e cultural.

“A alfabetização começa no ventre da mãe, quando os pais nomeiam e

conversam com seu filho ou filha ainda em gestação, colocando palavras e letras

nestes diálogos informais e afetivos.” (EUSTÁQUIO, 2006, p.64).

No entanto, a aquisição da língua escrita acontece de modo mais

complexo, pois não é produto passivo de um método mecanizado, que ensina o aluno

a decodificar, mas sim, resultado da própria ação do aprendiz, de suas competências

cognitivas, de sua competência linguística e de sua relação com os sujeitos

alfabetizados.

Esses aparatos apontam para uma questão mais abrangente e que perdura

há tempos: Como se processa a alfabetização? A resposta certamente está nas

análises das competências que envolvem a aprendizagem nesta etapa, é preciso,

portanto, pensar sobre os desafios presentes no ato de alfabetizar e, também nas

deficiências mais comuns, apresentadas pelos alunos na construção da leitura e

escrita, habilidades inerentes à alfabetização.

É preciso, no entanto, garantir que o aprendiz tenha um papel ativo e crítico no

estabelecimento da relação entre o que consegue ler e o que sabe verdadeiramente.

Deste modo, realizar a análise do novo conhecimento a partir do que já conhece e na

percepção de seus novos conhecimentos é, na verdade, um grande desafio para

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quem trabalha diretamente com o processo de aquisição da leitura e escrita.

Conforme Lerner (2002, p.77):

É necessário dedicar muito tempo escolar ao ensino da

leitura e da escrita, desta forma, a intervenção do professor é

essencial para que o aluno ganhe autonomia como leitor.Ensinar

a ler e escrever é “lançar mão” de todos os recursos que

favoreçam a compreensão da língua escrita na sua perspectiva

mais ampla durante todo o processo de construção da

alfabetização.

Este entendimento encontra respaldo nas palavras de Cagliari (2001, p.43)

que afirma:

O processo de alfabetização inclui muitos fatores, e,

quanto mais ciente estiver o professor de como se dá o processo

de aquisição de conhecimento, de como a criança se situa em

termos de desenvolvimento, de como vem evoluindo o seu

processo de interação social, da natureza da realidade linguística

envolvida no momento em que está acontecendo a

alfabetização, mais condições terá o professor de encaminhar de

forma agradável e produtiva o processo de aprendizagem sem

os sofrimentos habituais.

Para que a criança desenvolva os estágios superiores da linguagem como

oentendimento da palavra impressa, esta deve ser capaz de compreender a

sonorização da língua, o que ocorre, segundo os teóricos, por volta dos seis anos de

idade. É necessário levar em consideração as distinções do desenvolvimento de cada

uma. “A alfabetização está intimamente ligada à instrução formal e as práticas

escolares, e é muito difícil lidar com essas variáveis separadamente.” (TFOUNI, 2004,

p.82).

Portanto, é necessário adiantar e aumentar o domínio do vocabulário

desenvolvendo também a capacidade de análise dos sons da língua.

O educador deve estar consciente de “Todas as crianças aprendem a ler

da mesma forma, mas algumas vencem as dificuldades dessa aprendizagem com

maior facilidade do que outras.” (BRYANT, NUNES e BUARQUE, 2000, p.127).

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Deste modo, as dificuldades dos aprendizes durante o processo de

construção da leitura e escrita devem ser superadas através de um processo

alfabético que conceba a capacidade de comunicação para que, posteriormente,

estes sejam capazes de construir textos, quer sejam orais ou escritos, eficazes e

coerentes com as diferentes situações do dia-a-dia das crianças.

OBJETIVOS

Entende-se a necessidade de unir o conhecimento construído a partir da

leitura com uma vivência prática, desta forma foi definido o seguinteObjetivo Geral:

Investigar como ocorre o processo de construção da alfabetização

desenvolvido pelos alunos do primeiro ano do ensino fundamental num colégio

particular em Fortaleza.

Foram ainda traçados objetivos específicos sem os quais seria impossível

atingir o objetivo principal, são eles os seguintes:

Identificar as principais competências ou habilidades motoras e cognitivas

necessárias ao processo de alfabetização;

Verificar as deficiências dos alunos na construção da leitura e da escrita e, em

que níveis desse processo os mesmos estão;

Identificar os desafios expostos à professora ao promover a construção da

língua escrita dos alunos do primeiro ano do ensino fundamental;

Observar as aulas ministradas e avaliar quais recursos sãousados pelas

crianças para superação dos desafios inerentes à aprendizagem da

lectoescrita.

METODOLOGIA

Por tratar-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, foram aplicadas duas

tipologias metódicas. A primeira delas, a pesquisa bibliográfica, efetivamente, ligada à

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busca e análise de contribuições culturais e científicas, com o intuito de recolher

informações e conhecimentos acerca da temática deste trabalho.

A segunda, uma pesquisa de campo, realizada num colégio particular em

Fortaleza, com o propósito de promover a análise, visualização, registro e coleta de

dados para o desenvolvimento da pesquisa.

A coleta de dados foi realizada durante três dias da semana, por um

período de dois meses, por meio de observações feitas dentro do contexto da sala de

aula totalizando quatro turmas de primeiro ano e, ainda, através da aplicação de um

questionário, pautado em cinco questões pertinentes ao processo de ensino-

aprendizagem da leitura e escrita, destinadas aos professores das turmas de

alfabetização com o objetivo de identificar fatos e o pensamento destes em relação a

tal processo. A amostragem da pesquisa também envolveu outros professores-

alfabetizadores de diversas turmas de alfabetização.

Cabe salientar ainda que a presença da pesquisadora em sala de aula

contribuiu para acompanhar o desempenho tanto das crianças quanto dos

educadores, no entanto, por se tratar de um colégio particular, a coordenadora da

instituição recomendou que as crianças não fossem abordadas diretamente para fins

de pesquisas,já que os pais têm outro propósito ao conduzi-las àquela instituição.

É importante informar também que a pesquisadora trabalha numa

instituição de ensino infantil da rede particular, no entanto com o intuito de evitar uma

maior subjetividade optou-se por pesquisar em um colégio maior possibilitando assim

o contanto com uma amostragem mais significativa.

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1. PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Progredir na alfabetização adentro não é uma jornada

tranquila. Encontram-se muitos altos e baixos neste caminho,

cujos significados exatos precisam ser compreendidos. Como

qualquer outro conhecimento no domínio cognitivo, é uma

aventura excitante, repleta de incertezas, com muitos momentos

críticos...(FERREIRO, 2004, p.56)

1.1ALFABETIZAÇÃO COMO PROCESSO

Para compreender o processo alfabético devem-se perceber os modos de

organização que antecedem a representação da escrita. Além disso, perceber que as

representações pré-alfabéticas, ocorrem em torno de uma ordemque começa por

meio das representações expostas a quaisquer tipos de integração entre a

sonorização e a escrita.

Sucessivamente a elas, as representações silábicas que têm valor sonoro

e, em seguida, as representações silábico-alfabéticas que constituem o surgimento da

escrita, concebida pelos elementos alfabéticos. O percurso dessas representações

ocorre do mesmo modoem qualquer processamento de assimilação.Desta maneira, o

enfoque a ser feito, deve pautar-se na compreensão das trocas de uma

representação por outra.

Na busca pela construção do conhecimento da linguagem escrita é

inevitável encontrar questões de ordem cognitiva, entre eles,a polêmica da

denominação gráfica que define os símbolos em duas tipologias, constituídas de

riscos e de traços, posteriormente, concebidas como números e letras. Conforme

ressalta Ribeiro (2007, p.77): “A criança não estabelece uma relação necessária entre

a linguagem e as diferentes formas de representação acreditando que não se escreve

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com desenhos, utiliza nas suas escritas rabiscos ou traços ondulados, separados ou

emendados, mecanicamente.”

Outra questão intrigante é o problema de denominação das formas gráficas

cursivas e de imprensa, consideradas similares e, ao mesmo tempo, proibidas de

aparecer em um mesmo contexto gráfico, isto é, as grafias de imprensa e as grafias

cursivas não podem estar incluídas numa mesma escrita, isto é, numa mesma sílaba,

palavra ou, até mesmo num único texto.

O desenvolvimento da leitura e escrita requer, inclusive, cautela à questão

entre o todo e as partes que constituem a escrita já que, os elementos que compõe o

todo não diferem dos que compõem as partes. Por exemplo, a palavra “macaco”

poderá ser lida em cada um dos seus componentes gráficos,mas se qualquer um

desses componentesfor tomado fora do todo, certamente seus elementos perderão o

sentido, ou seja, uma única letra da palavra “macaco” não poderá ser lida já que,

desta maneira, não produzirá sentido algum se estiver separada das outras letras que

a compõe. Como destaca Ribeiro (2007, p.79): “As crianças de modo geral, exigem

um mínimo de três letras para ler ou escrever uma palavra.”

No entanto, esse é um dos problemas mais comuns no processo de

desenvolvimento da linguagem escrita, isto é, ao pedir a uma criança, que acaba de

iniciar formalmente o processo de alfabetização, para ler o seu nome em um

determinado texto, quase sempre, ela acreditará que poderá encontrá-lo em qualquer

parte desse texto, bastando para isto que encontre as mesmas letras com as quais se

grafa o seu nome. Como ressalta Ribeiro (2007, p.79): “A ordem e a qualidade das

letras não são fundamentais para a distinção de uma palavra de outra. Várias

palavras podem ser pensadas como sendo o mesmo, porque possuem certas letras

iguais.”

Outro exemplo a ser observado é quando uma criança com faixa etária

entre cinco e seis anos de idade visualiza um desenho de três bicicletas e, pede-se a

ela que escreva a palavra “bicicleta”, correspondente ao desenho. A criança,

automaticamente conta a quantidade de bicicletas e coloca a quantidade de letras

referente à quantidade de bicicletas contidas na imagem.

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A partir do momento em que as crianças passam a compreender essas

mudanças na quantidade de letras que formam a escrita das palavras que

reconhecem ou quando deixam se associar a imagem de um objeto a quantidade de

letras que o representam graficamente, são capazes de reproduzir estão sendo

direcionadas para outra fase da evolução da escrita. Ribeiro (2007, p.79) esclarece:

“As crianças fazem sempre uma correspondência global quando lêem palavras ou

orações; não percebem ainda as partes. Também não fazem a correspondência,

termo a termo, entre o que é falado e o que está escrito.”

Nesta etapa, a criança consegue distinguir os elementos, das partes e

percebe distintamente que os elementos que compõe o todo não são os mesmos,

apesar de estarem muitas vezes relacionados. Sendo assim, é imprescindível

destacar que há duas formas de representações distintas para a denominação plural.

A primeira é quando essa mesma criança estabelece ruma relação entre

um número de letras e um número de objetos e, a segunda, é quando ela produz a

escrita de um nome a partir da denominação singular e, logo após, escreve o plural

correspondente. Nisto, consiste o fator que compreende a quantidade mínima de

letras para a produção de uma determinada escrita que, posteriormente, define o

início de percepção entre o todo e as partes de uma produção escrita.

As situações que envolvem o todo e as partes mostram que as crianças

passam por diversas dificuldades não somente quando produzem uma escrita, mas

principalmente, ao tentarem compreendê-la, uma vez que produzida por terceiros.

Além de, mostrar com clareza, que essa dificuldade não tem origem unicamente do

nível das grafias de uma palavra, mas também, do nível das distintas ordens das

letras que compõem um texto.

A segunda forma de diferenciação ocorre quando há a assimilação das

duas totalidades distintas, ou seja, a percepção das partes da palavra falada, isto é as

sílabas e, a própria palavra, além da sequência das letras como um todo.

De fato, o processamento que abrange o domínio da leitura e escrita é o

mesmo que engloba a base dos números. Nesta perspectiva, é essencial destacar

que a relação um a um,reflete em um texto escrito, praticamente a mesma forma de

assimilação um a um, em uma numeração de uma sequência de objetos. É nesse

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momento que a criança passa a reproduzir sílabas, separar as grafias e, fazer uso de

mais de uma sílaba por vez, para concluir sua leitura. Destacando-se que isso

também ocorre quando ela conta objetos já que, passa a repetir os nomes dos

números e retirar outros para concluir a sua contagem. Assim como destaca Ribeiro

(2007, p. 93): “A criança deixa de apoiar-se em idéias de vinculação de aspectos

figurativos do referente à palavra que o representa; superou a visão global da palavra

como um todo para considerá-la formada por segmentos.”

Configura-se a essas ocorrências, o período silábico, no qual, aos poucos,

a criança inicia o controle de sua produção da leitura e escrita, considerando-se nesse

desenvolvimento, tanto as dificuldades de assimilação da quantidade de grafias

quanto as dificuldades de ordem qualitativa destas, vinculados à exigência do número

mínimo de letras às diferenças que envolvem a qualidade das mesmas, que dizem

respeito à alteração interna das letras que formam uma determinada escritae, o

número mínimo de grafias necessárias à formação dessa mesma palavra.

Apesar das partes do todoser diferenciada por essa alteração e possibilitar

a distinção das partes entre si, ela não determina a questão da função das partes em

torno da totalidade de uma escrita. O processo que ocorre é, na verdade, a ação da

própria alteração sobre dois níveis distintos, evitando-se a reprodução de uma grafia

mais de duas vezes, em uma determinada produção escrita. Neste momento,

algumas crianças passam a formular qualquer escrita utilizando o mesmo número de

grafias. Segundo Ribeiro (2007, p.93): “Para chegar à estabilidade da escrita das

palavras a criança precisa superar a concepção de que cada ente é representado por

escrito de modo individual.”

Desta forma, fica nítida a perplexidade existente nesse desenvolvimento,

pois condiciona a ação da alteração da estrutura interna a um nível gráfico e, também,

a um nível de escritas que relacionam mutuamente, sendo que, a um nível gráfico,

uma escrita é formulada com domínio e, a um nível de um conjunto de escritas, ocorre

um conflito, que, automaticamente, impede que a criança utilize as mesmas letras de

uma escrita em uma mesma ordem.

Por exemplo, uma criança que domina um repertório de letras praticamente

limitado, isto é, reduzido, sem dúvida, ao utilizar-se dessa quantidade para construir

uma escrita, saberá fazer uso das mesmas para tal produção, porém ao tentar

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produzir um conjunto de escritas relacionadas, praticamente, não conseguirá pelo fato

de seu repertório gráfico ser limitado.

Então, ao entrar em conflito, essa criança iniciará uma busca por

alternativas que solucionem a hesitação, que é específica desta fase. Assim, terá a

percepção de que, ao trocar a posição das grafias que utilizou para produzir uma

escrita, poderá construir uma diversidade de totalidades, ou seja, poderá construir

novos conjuntos de produções escritas. Conforme enfatiza Ribeiro (2007, p. 93): “A

criança encontra uma nova fórmula para entrar no mundo da escrita, descobrindo que

pode escrever uma letra para cada sílaba da palavra e uma letra por palavra na

frase.”

Após a concretização dessa produção, a criança evidencia a necessidade

de utilizar-se de distintas grafias para produzir diferentes escritas e, ainda, para

formular uma única escrita. Ressalta-se, então, a importância da posição destas à

interpretação sonora, totalmente, ligado à assimilação um a um. Nessa etapa, a

criança concebe como, estreitamente relevante, a introdução de uma nova grafia ou

letra para cada sílaba, tendo em vista, a busca de qualquer uma destas para a

formulação de qualquer sílaba. Neste sentido, é inexoravelmente primordial destacar

que, é a questão da posição das letras que deve ser levado em consideração.

Ao compreender tal questão, a criança rompe com as situações

conflituosas do processo de desenvolvimento da leitura e escrita e, supera a

dificuldade da relação entre as partes e o todo. Por sua vez, o sistema de escrita,

assimilado pela criança é processual, inicialmente ela compreende o que produz para

em seguida compreender a escrita de terceiros e, principalmente, as informações que

recebe.

Inicia-se então um “novo conflito”, pois todo conhecimento fornecido pelo

ambiente circundante da criança reflete um nível altíssimo de “perturbação”, fato este,

que raramente ocorria anteriormente. E, em meio a tanto conflito, pode-se ocorrer três

situações para a conduçãoda criança a novas mudanças no desenvolvimento da

assimilação.

A primeira, diz respeito às atitudes que a criança adota para superar os

momentos conflituosos; a segundadestaca os conflitos como uma situação já

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compensada e, a terceira, pela percepção e apreensão dos mesmos. Deste modo, a

criança passa a alcançar uma etapa alicerçada pelo equilíbrio. Nesta nova fase, deixa

para trás a primeira etapa apreendida, isto é, a etapa silábica e, inicia uma escrita

embasada em referências alfabéticas, ainda, com bastante dificuldade em acomodar

o que assimilou e adquiriu com tanto esforço anteriormente.

Neste contexto, torna-se patente que para compreender o desenvolvimento

da língua escrita, deve-se depreender a sistematização dos elementos inerentes a

esse processo. Tendo em vista, que as conclusões concebidas não podem ser

definidas por mera reprodução de um sujeito específico ou de sua realidade social,

por tratar-se de um processo cognitivo. De acordo com Ribeiro (2007, p.104): “O

confronto entre grafia corretas de palavras e o tipo de escrita silábica produzida pela

criança é fonte de reflexão e ajuda na passagem para o nível silábico-alfabético,

porque a criança percebe a necessidade de colocar mais letras do que põe no nível

silábico.”

O desenvolvimento da leitura e da escrita deve, inclusive, compreender os

princípios que definem a sequência ou ordem das partes de uma produção escrita em

relação a sua totalidade, construída tanto no espaço escolar, quanto no espaço extra-

escolar, assim, solucionando as dificuldades inertes a esse processo, conforme

salienta Ribeiro (2007, p.56): “A linguagem é compreendida pela criança quando ela é

capaz de integrar as palavras e frases num contexto de significados.”

A maioria das considerações expostas, até então, resultam da vivência e

da observação da pesquisadora durantes os anos nos quais tem trabalhado como

alfabetizadora, porém objetivando conferir maior credibilidade às informações optou-

se por abordar algumas teorias que por certo fundamentam melhor a questão.

1.2TEORIAS ACERCA DA TEMÁTICA

Ao analisar a construção do sistema de língua escrita é sumariamente

fundamental pensar sobre as teorias do desenvolvimento intelectual que se

constituemdos aspectos que englobam os indivíduos que, por sua vez, situam-se

externa e internamente a eles.

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As concepções que norteiam a compreensão do processo alfabético, no

âmbito desta pesquisa, estão alicerçadas nas teorias de Jean Piaget, Lev

SemionovitchVygotsky, Henry Wallon e, de seus seguidores, Emília Ferreiro e Paulo

Freire. Destacando-se as concepções teóricas: Construtivista e sociointeracionista.

A concepção construtivista e a sociointeracionista revelam que o

conhecimento é construído pelos sujeitos por meio de uma perspectiva que envolve

dinamismo, na relação com o meio no qual vivem e com as pessoas com as quais

convive, ou seja, o sujeito é definido como um indivíduo que possui uma infinidade de

conhecimentos, todos advindos de suas estruturas cognitivas e, também, de suas

aprendizagens e experiências de vida, numa interação mútua com a natureza,

considerando-se suas necessidades e capacidades.

As ideias aqui expressas são fundamentadas pelos teóricos da inteligência

Piaget, Vygotsky e Wallon, os quais são os responsáveis atualmente pelas mudanças

significativas nas classes de alfabetização já que consideram a evoluçãodo

desenvolvimento da cognição dos indivíduos, assim como, entendem a aprendizagem

da escrita e da leitura como um processo.

Partindo-se das ideias destes teóricos foi possível compreender como

ocorre o desenvolvimento psicossocial dos sujeitos e, que ao longo do processo vai

alcançando estágiosmais elevados no que diz respeito à prontidão e à maturidade,

desta forma, o estudante torna-se cada vez mais autônomo. Neste contexto, percebe-

se que o desenvolvimento da autonomia está intimamente ligado à convivência entre

grupos sociais.

JEAN PIAGET (1896 – 1980)

Jean Piaget formulou a teoria do desenvolvimento da inteligência humana

e, atualmente, ele é considerado um dos mais importantes teóricos na área da

aprendizagem. Seus estudos e descobertas oportunizam o aprendizado como um

processo em que os sujeitos vão se aperfeiçoando aos poucos e, depois, começam a

atingir os níveis mais elevados e, mais rigorosos do conhecimento, em meio a uma

logicidade mental, delineada em estágios estáveis psicogenéticos.

A criança parte de uma posição egocêntrica, aquela em que ainda

não distingue a existência de um mundo externo separado de si própria e

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vai formando sua inteligência através de processos de adaptações,

assimilações e acomodações, chegando a uma interação com o mundo

externo e, portanto, reduzindo o egocentrismo. (RIBEIRO, 2007, p. 20).

Ao efeito didático, a classificação destes estágiosse baseia em critérios

etários: O sensório motor corresponde de 0 à 2 anos; o pré-operatório de 2 à 7 anos;

o estágio das operações concretas, de 7 à 12 anos e o estágio lógico-formal a partir

de 12 anos. Entre esses períodos, existe um que promove uma instabilidade entre os

estágios iniciais e finais.

Piaget explica que no estágio sensório motor, inicia-se o desenvolvimento

da inteligência nas crianças a partir do contato com os objetos. No estágio pré-

operatório, as crianças sedeparam com as informações produzidas pelas pessoas

que convivem e, passa a construir representações como o desenho e a linguagem,

nessa fase, surgem os primeiros momentos de ocorrências das operações abstratas

pois, o pensamento passa a ser conduzido pela linguagem interna e, também pelo

sistema de signos, alcançando, assim, o terceiro estágio é definido como operatório

concreto, no qual a criança consegue reconstruir as ações através do que vê e do que

vivencia, mentalmente. Deste modo, alcançando a última fase, o estágio lógico-

formal, onde a criança e também, o pré-adolescente conseguem lidar com as

alterações e reconstruir o que havia anteriormente, pois começa a ter capacidade

mental para alcançar esse procedimento, ou seja, começa a pensar sobre situações

simples.

O desenvolvimento cognitivo é processo sequencial

marcado por etapas caracterizadas por estruturas mentais

diferenciadas. Em cada uma dessas etapas a maneira de

compreender os problemas e resolvê-los é dependente da

estrutura mental que a criança apresenta naquele momento.

(GOULART, 2000)

É possível perceber que há uma relação entre as etapas e capacidade

cognitiva, portanto para Piaget, esse processo em busca do equilíbrio, é inerente a

todos aos seres vivos, por isso, as relações entre os indivíduos evidenciam um papel

crucial no desenvolvimento cognitivo que, por sua vez, constroem conhecimentos em

prol das camadas sociais, neste sentido, comunicando seus pensamentos.

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Corroborando também com Piaget encontra-se Ribeiro (2007, p.22) quando

afirma que: “O equilíbrio das relações sociais somente é possível entre sujeitos que

tenham atingido o estágio do pensamento operatório, que representa o grau máximo

de socialização do pensamento.”

Nota-se que a teoria de Piaget mostra o equilíbrio de uma troca de ideias

mentais supõe uma definição estruturada dos signos, uma reciprocidade dessas

ideias entre os sujeitosde uma mesma ação mental, sistematizadas em duas

tipologias da convivência social, classificadas em coação e cooperação.

A coação é o fator que concebe a relação entre os indivíduos por meio da

intervenção de um elemento que demanda poder. Estaoportuniza a permanência de

crenças e, impede o desenvolvimento da cognição, empobrecendo entre os sujeitos.

Já a cooperação é o fatorque constitui a relação social ao propiciar o

desenvolvimento cognitivo, por meio do diálogo, deste modo, passando a controlar

mutuamente os argumentos. É uma relação entre indivíduos que atuam com maior

socialização, por isso, possibilitam o alcance da “verdade”. Essa cooperação tem seu

início nessas relações mais precisamente nos trabalhos de grupos desenvolvidos na

escola. Entretanto, para Piaget, o cooperativismo, depende somente da decisão de

querer ser cooperativo.

Assim, o desenvolvimento cognitivo, é elemento relevante à plenitude dos

sujeitos cooperativistas, apesar de, não ser suficiente já que, depende unicamente da

ação ética dos mesmos. E, é essa ética que deve ser manifestada nas relações entre

os indivíduos, pois, deduz-se a isso o sentido de regra, destacando-se a equidade

entre estes e, o senso democrático, condições estas, necessáriasao desenvolvimento

cognitivo e à construção do ser humano.

Deste modo, fica explícito que Piaget pensa o social e sua visão de

indivíduos numa abordagem em que há a ética, sendo assim, a teoria de Piaget deve

ser considerada por aqueles que tratam com a alfabetização na medida em que

compreendem a importância de se trabalhar para o desenvolvimento das estruturas

cognitivas de cada indivíduo, oportunizando para que através da interação com os

seus pares possam cooperar para o processo de aprendizagem do outro.

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Através da teoria de Piaget é possível compreender o porquê da

alfabetização formal se efetivar notadamente durante o estágio pré-operatório e

operatório concreto, haja vista que somente estando nesta fase é que o indivíduo tem

condições de, a partir das representações, abstrair e construir representações

concretas, ou seja, é capaz de atribuir significado a um determinado signo e se utilizar

dele para representar idéias palavras e intenções.

LEV SEMIONOVITCH VYGOTSKY (1896 – 1934)

Lev Semionovitch Vygotsky formulou a teoria do pensamento e linguagem

referente ao processo de desenvolvimento da criança e, ao papel da instrução no

desenvolvimento dos sujeitos. O enfoque realizado por ele possui suas bases nos

fatores culturais, ideológicos, religiosos, entre outros.

Vygotsky aborda a ideia do ser humano como parte do contexto histórico.

Para ele, os instrumentos contribuemnas ações reais em prol da promoção de

mudanças significativas nos objetos e, também, na natureza. Os signos, por sua vez,

concebemaos sujeitos situações que exigem memória. Esta, por sua vez, é mediada

por signos e possui bases mais estruturadas do que a não mediada por eles. Neste

sentido, Ribeiro (2007, p.68) afirma: “Os signos são instrumentos da ação psicológica,

orientados para o próprio sujeito, para dentro do indivíduo; dirigem-se ao controle das

ações psicológicas do próprio indivíduo ou de outros”.

Nesta visão, os signos são internalizados e auxiliam na libertaçãodas

crianças da necessidade de interagir com os objetos. Além disso, eles passam a ser

utilizados pelos membros da sociedade, permitindo a comunicação entre os mesmos

e, posteriormente, uma melhor interação social.

Por ser, a linguagem, um sistema simbólico de todos os grupos humanos,

ela permite que a camada social na qual a criança está inserida forneça as formas de

percepção e organização das situações concretas, assim, constituindo os elementos

psicológicos promovedores dessa mediação. Outros autores, inclusive Rego (2003,

p.80) esclarece:

Os sistemas simbólicos, especialmente a linguagem, funcionam como

elementos mediadores que permitem a comunicação entre indivíduos, o

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estabelecimento de significados compartilhados por determinado grupo

cultural, a percepção e interpretação dos objetos, eventos e situações do

mundo.

Para Vygotsky, a influência do meio social atua através de procedimentos

que podem ocorrer em uma variedade de etapas, além dos infinitos fatores que

delineiam o ambiente em que o indivíduo vai se desenvolver. Essa interação entre

indivíduos desempenham um papel primordial na construção do ser humano. Como

explica Rego (2003, p.99): “O desenvolvimento está intimamente relacionado ao

contexto sócio-cultural (sic) em que a pessoa se insere e se processa de forma

dinâmica e dialética através de rupturas e desequilíbrios provocados de contínuas

reorganizações por parte do indivíduo.”

Ao considerar que as funções do desenvolvimento da criança surgem

primeiramente na vida social, entre os sujeitos, logo após, numa relação individual, no

interior da criança. O significado das ações realizadas pelas crianças é primeiramente

estabelecido por questões objetivas, depois, pelos indivíduos que a cercam e, por

conseguinte, pela própria criança a partir de seus entendimentos.Já que, os

elementos mediadores na relação sujeito-ambiente, signos e demais elemento que

compõem esse ambiente, estão, estreitamente, carregados de significado cultural

advindos da linguagem humana.

Para tanto, há duas funções básicas dessa linguagem consideradas por

Vygotsky nesse processo: A primeira, diz respeito ao intercâmbio que ocorre no meio

social, ele trata da comunicação entre as crianças e, tem relação com os gestos e

balbucios utilizados por ela para com o intuito de manifestar suas emoções e desejos.

A segunda, a generalização do pensamento, trata da classificação do

objeto e tem relação com a linguagem que ordena e agrupa todas as situações numa

mesma categoria conceitual. Na perspectiva de Vygotsky, é essa função que

transforma a linguagem num instrumento de pensamento, ou seja, é ela quem produz

as formas de mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento, porém, é

necessário compreender as relações entre pensamento e linguagem para que se

compreenda o funcionamento psicológico dos indivíduos. Assim como, destaca

Ribeiro (2007, p.64): “Os sistemas simbólicos e particularmente a linguagem, exercem

um papel fundamental na comunicação entre os indivíduos e, no estabelecimento de

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significados compartilhados que permitam interpretações dos objetos, eventos e

situações do mundo real.”

Na fase, denominada como “pré-verbal” da linguagem, ainda não há um

sistema de signos estruturados e a criança segue um percurso desvinculando-se o

pensamento da linguagem. A partir do momento em que, a criança une a linguagem

ao pensamento é que se“torna” racional e o pensamento, é claro, verbal.

Segundo Vygotsky(2005, p.64): “Praticamente por volta dos dois anos de

idade, quando a criança utiliza a sua fala de forma intelectual por meio de uma função

simbólica generalizante, o pensamento torna-se verbal, em relação à mediação dos

signos dados pela linguagem.”

É nesse momento, que o desenvolvimento dos indivíduos define a

mudança de um ser biológico para um ser sócio-histórico, propiciando, assim, a

comunicação social e, consequentemente, a existência de um sistema de signos. A

partir desse processo, a criança, automaticamente, insere-se num grupo social

e,dependendo do nível cultural e linguístico deste, há a promoção de grandes

evoluções para o pensamento verbal da mesma. Este, posteriormente, passa a

predominar as ações psicológicas inertes ao ser humano.

A linguagem se constitui primeiramente no plano do

funcionamento comunicativo, envolvendo regulações recíprocas

entre a criança e outros, e desse processo diferencia-se o

funcionamento individual, pelo qual a linguagem passa a ser

orientada para si, servindo à auto-organização e auto-regulação.

(SMOLKA, 1993, p.121)

Ainda na concepção de Vygotsky, o significado da palavra está para além

de um fator essencial a ela, trata-se de um ato de pensamento, pois, é por meio dele

que se define uma maneira de organizar os objetos ou grupo, que pode ocorrer

através de generalizações ou de conceitos.

É nesse sentido que se encontram o significado da linguagem, isto é, do

intercâmbio que inclui os indivíduos num contexto social e do pensamento

generalizante. Já que, é o próprio homem que constrói suas relações com o mundo

físico e social durante a evolução da história dos indivíduos e, também, no

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desenvolvimento da linguagem. Nesta perspectiva, os significados acontecem,

principalmente, no processo de aquisição da linguagem.

A tese Vygotskyana, mostra que o uso da linguagem como instrumento do

pensamento supõe um processo de internalização, pela criança ao percorrer um

caminho que vai da ação social, para a ação individualizada. Além disso, destaca a

“fala egocêntrica” como um fator intrínseco à compreensão entre o diálogo elaborado

pelos sujeitos sociais. Para Vygotsky, essa fala ocorre de fora para dentro.

Nesta perspectiva, o processo de aquisição da leitura e da escrita somente

poderá ser desenvolvido num ambientesociocultural, isto é, que desperte os

processos de desenvolvimento incluindo a internalização por parte do indivíduo,

referente ao processo de alfabetização que, por sua vez, modifica o desenvolvimento

das funções psicológicas mais avançadas. Conforme ressalta Rego (2003, p.184):

“Aprendizado ou aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire

informações, habilidades, atitudes e valores a partir de seu contato com a realidade,

com o meio ambiente e com as pessoas.” E, como explica Ribeiro (2007, p.31): “A

ideia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo,

isto é, a relação entre aquele que aprende e aquele que ensina.”

A teoria de Vygotsky também destaca o conceitode Zona de

Desenvolvimento Proximal ou Zona de Desenvolvimento Potencial, elemento

essencial para a compreensão dessas relações que ocorrem entre o desenvolvimento

e o aprendizado. Além de seu enfoque à Zona de Desenvolvimento Proximal,

Vygotsky também enfatiza a relevância da Zona de Desenvolvimento Real pois, para

compreender com clareza o desenvolvimento do indivíduo, deve-se considerá-los já

que, o primeiro, define a capacidade que os sujeitos possuem para desenvolver

açõescom o auxílio de terceiros e, o segundo, constitui a capacidade que o indivíduo

já possui e, que aprendeu sozinho.

No dia-a-dia das classes de alfabetização é comum a existência de

crianças que não são capazes de realizar, sozinhas, atividades propostas pela

professora. Neste caso, é essencial uma intervenção que lhes forneça orientações de

como realizá-las.

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Na concepção de Vygotsky, essa intervenção é imprescindível, pois,

integra as Zonas de Desenvolvimento Real e Potencial. Deste modo, delineia-se a

Zona de Desenvolvimento Proximal que é direcionada por um percurso que a criança

segue para definir suas ações que, aos poucos, vai amadurecendo, com o auxílio do

mediador, passando, então ao nível de desenvolvimento real.

HENRY WALLON (1879 – 1962)

Henry Wallonformulou sua teoria com base na psicogênese da pessoa

concreta, de seus estudos e análises. Estes, por sua vez, foram estruturadosem torno

das características da criança, nas diversas fases de seu desenvolvimento, o que,

constitui-se numa ferramenta essencial para a aprendizagem já que, possibilita uma

melhor consistência dos objetivos e métodos didáticos às necessidades apresentadas

pelas crianças no que diz respeito à área afetiva, cognitiva e motora.

Nesta perspectiva, é relevante considerar as etapas do desenvolvimento da

criança, partindo, inicialmente, das primeiras semanas de vida da mesma que são

inteiramente dominadas por ações de ordem fisiológica, ou seja, por fatores que têm

ligação com a vontade de comer, de dormir, enfim, às necessidades que a criança

sente, isto é, à sua sensibilidade emocional.

Segundo Wallon, por volta de três meses de idade, a criança passa a

estabelecer ligações entre as sua vontades e as situações que ocorrem à sua volta. A

partir daí, suas emoções manifestam-se notavelmente. Quando a criança completa

seis meses de idade, esse processo de manifestação de suas emoções torna-se

bastante sólido para fornecer-lhes apossibilidade de trocas com o meio humano.

Praticamente, depois dos nove meses de idade, surge uma nova fase, é a

etapa sensório-motora, nesse momento, deixa-se de lado a sensibilidade de

manifestação das emoções. Aproximadamente, aos três anos de idade, a criança

inicia um período de conhecimento de si mesma e, passa a perceber-se como um ser

egocêntrico.

Aos quatro anos de idade, a criança torna-se cautelosaas suas ações, ou

seja, as sua atitudes e, ao seu comportamento. Desenvolvendo ações em torno de si,

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o que determina o significado estético. Já, por volta de seis anos de idade, marca-se a

etapa escolar em que a criança passa a voltar-se não mais para si mesma, mas para

os outros e para os objetos. Esse é um momento importante para a criança pois, é

nesta fase que ela transforma-se e compreende a si mesma.

“Assim como a atmosfera de ternura é natural à escola maternal, assim

também se mostra superada na escola primária.” (GALVÃO, 1995, p.197)

Para Wallon, o período de sete aos doze anos de idade é aquele momento

em que o intelecto envolve a criança, e propicia o encontro da mesma à

sistematização da percepção dos adultos, assim como, do pensamento destes.

A teoria de Wallon vislumbra os diversos elementos que precedem o

desenvolvimento da criança. Além disso, determina as etapas evolutivas destas em

meio a fatores que englobam as características motoras, cognitivas e, principalmente,

as características afetivas, que são indissociáveis do processo alfabético.

A contribuição de Wallon é imprescindível no que diz respeito à função do

educador como mediador do processo de aprendizagem, já que a criança interage

melhor quando há vínculo afetivo, sobretudo porque é nesta fase em que deixa a

primeira escola – a família e passa a aprender em um ambiente mais formal.

O papel do educador é fundamental, pois a partir das suas ações irá

estabelecer noções de limites, de regras e ordem, conceitos presentes tanto no

processo da escrita quanto no da leitura.

Estabelecer ordem é favorecer a harmonia e consequentemente promover

a socialização. Cabe ao alfabetizador introduzir a criança de modo significativo e

lúdico no mundo no qual a lateralidade, o espaçamento, a ordem e o significado dos

signos exercem função determinante para a qualidade da compreensão.

A criança precisa além de conhecer os signos inerentes a lectoescrita

saber empregá-los de modo criativo, porém, respeitando as convenções sociais a eles

impostas.

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EMÍLIA FERREIRO (1936)

Emília Ferreiro formulou sua concepção em torno da psicogênese da

alfabetização, com o objetivo de esclarecer o modo pelo qual a criança aprende a ler

e escrever, mediante uma visão alicerçada na vertente construtivista. Para ela, a

criança compreende a linguagem falada a sua volta, a partir de hipóteses, assim,

formulando seu próprio conhecimento.

Muitos autores também concordam com ela, entre eles, Lemle (2000, p.68),

que afirma, acerca da criança: “Ela reconstrói por si mesma a linguagem, utilizando,

de forma seletiva, as informações que o meio oferece-lhe, em busca de uma

regularidade e de uma coerência lógica, que fariam dela um sistema mais lógico do

que na realidade é.”

Em sua tese, Emília Ferreiro define a psicogênese da língua escrita em um

processo constituído por quatro níveis. Sendo o primeiro, o nível pré-silábico, o

segundo, o nível silábico, o terceiro, o nível silábico-alfabético e, o quarto, o nível

alfabético.

Primeiro Nível – Pré- silábico

Nesse nível, a criança não faz relaçãocom o que escreve, nem tão pouco,

com a sonorização da fala. Ela, simplesmente, compreende os aspectos dos objetos,

assim como, dos seres biológicos. Deste modo, um objeto de maior proporção,

certamente, terá um maior número de símbolos do que um objeto de menor

proporção. A leitura do que escreve não é estável. Além disso, as palavras são

concebidas como um todo, não sendo possível notar suas unidades.

Segundo Nível – Silábico

O nível silábico determina um avanço que ocorre em meio a tentativasde

relacionar o som da fala à produção gráfica já que, tal som percebido oralmente é o

da sílaba e, desta maneira, a criança passa a associá-la à sílaba escrita.

O que leva a criança à estabilidade da escrita é o seu

enfrentamento com um conjunto de problemas referentes à

escrita possíveis de ser por elas trabalhados, que estejam à

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altura de sua capacidade de compreendê-los e sejam

socioafetivamente ricos de sentido e valor para ela. (RIBEIRO,

2007, p.103)

Terceiro Nível – Silábico-alfabético

Esta fase constitui um momento de transição, pois nesse momento, a

criança sai do nível silábico e passa para o nível alfabético. Configura-se, ainda numa

etapa crucial da evolução psicogenética. Apesar de, a hipótese silábica continuar a

existir, agrega-se a ela um registro parcialmente alfabético e nesta fase o papel do

alfabetizador é crucial. Como enfatiza Ribeiro (2007, p.104): “É muito importante para

a criança que avança para o nível conceitual silábico-alfabético conhecer a grafia

adequada de algumas palavras através da autoridade do contexto cultural que a

cerca, a dos alfabetizados.”

Quarto Nível– Alfabético

Essa etapa caracteriza-se pelo reconhecimento do som e da letra, pois a

criança já compreende que as unidades sonoras menores que as sílabas, isto é, as

letras. Além disso, sabem que são as letras que devem ser escritas. A escrita

alfabética é a etapa que finaliza a construção da base alfabética. Como explica Lemle

(2000, p.88): “Quando a criança reconstrói o sistema linguístico e compreende a sua

organização, ela transpõe a porta do mundo e das coisas escritas, conseguindo ler e

expressar graficamente o que pensa ou fala.”

É inegável a contribuição de Emília Ferreiro, sobretudo, nos processos de

alfabetização que priorizam a associação grafofônica, que na realidade,permeia a

maioria dos métodos alfabéticos.

PAULO REGLUS NEVES FREIRE (1921 – 1997)

Paulo Freire formulou sua vertente baseando-se nas determinações que

estruturam e definem o modo de pensar e agir dos sujeitos. Essas estruturas

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determinam os comportamentos perceptivos e conscientes que cada indivíduo ou

grupo têm a respeito das ocorrências sociais.

Para Paulo Freire, a visão dialógica de consciência não se manifestapor

violência. Trata-se de conhecer para transformar. Sua concepção fundamenta-se em

conhecimentos que englobam a crítica dos sujeitos. Portanto, sua noção de diálogo e,

o fato de aprender com o outro são fatores cruciais para a prática libertadora a qual

defende.

Nisto consiste que, são as práticas educativas que deram início ao

desenvolvimento da alfabetização. Os métodos utilizados por Freire contribuem para

segmentação de suas políticas educacionais. Para tanto, Freire também defendia o

diálogo como elemento essencial ao alfabetizador e ao alfabetizando. Para ele, o

diálogo deve ser estabelecido nas relações entre educador e educando. Como explica

Lemle (2000, p.51): “Há uma sabedoria popular, um saber popular que se gera na

prática social de que o povo participa; mas, às vezes, o que está faltando é uma

compreensão mais solidária dos temas que compõem o conjunto do saber.”

Para o teórico, a conscientização está além dos conhecimentos reais

advindos das experiências sociais. Sendo, extremamente necessário interagir,

conscientizando-se através dosenso crítico. Sua metodologia para o processo de

alfabetização define-se em três momentos.

O primeiro diz respeito à investigação de palavras geradoras pelas quais o

educadorfaz relação ao universo vocabular do educando, mas estes, que abrangem a

história de sua vida. O segundo está relacionado com a abordagem pela qual os

educandos codificam e decodificam essas palavras. E, o terceiro trata da

problematização na qual os alfabetizandos tentam superar-se e transformar-se.

Destacando-se ainda, dois aspectos fundamentais na perspectiva de Freire: o diálogo

e a conscientização. O diálogo trata da integração dos sujeitos de maneira sinérgica.

Paulo Freire deixou sua contribuição às turmas de alfabetização por meio

de suas técnicas alfabéticas, utilizadas para ajustar infinitas situações de

aprendizagem em torno da aquisição da leitura e da escrita.

Mesmo considerando que o foco da sua pesquisa foi direcionado aos

adultos, a sua teoria tem muito a contribuir para a alfabetização de crianças a qual

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não pode ser ensinada sem que seja considerado o contexto em que vive. A

aprendizagem para ser significativa teve está para “além dos muros da escola”, é

necessário que o que seja aprendido no ambiente escolar faça parte do cotidiano,

caso contrário não haverá construção de conhecimentos e sim, mero repasse de

informação.

O educador precisa compreender que a aprendizagem deve envolver

elementos de valência positiva de modo que a criança se desenvolva integralmente e

possa atuar como cidadã no meio no qual está inserida.

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2. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NECESSÁRIAS AO PROCESSO

2.1 HABILIDADES COGNITIVAS

Antes de iniciar esta seção, faz-se necessário refletir sobre alguns

conceitos acerca da temática de modo que favoreça a compreensão.

“A competência é uma habilidade de ordem geral, enquanto a habilidade é

uma competência de ordem particular, específica.” (DONALDO, 1999, p.44)

“Competência é uma capacidade de agir eficazmente em um determinado

tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a

eles.”PERRRENOUD (2000, p.176).

A habilidade cognitiva é a capacidade de resolução de problemas, ou seja,

de utilizar-se das diversas formas de pensamento para construir um melhor

conhecimento da própria realidade.

Neste sentido, a competência cognitiva inclui ainda a capacidade para

mobilizar os indivíduos. São as posturas mentais, ou seja, a maneira de unir intuição e

razão. Trata-se de uma habilidade de natureza neurológica que compreende as

capacidades de memória, atenção e percepção.

No processo de aquisição da leitura e escrita, essas capacidades devem

fazer-se presentes, para que o aprendiz compreenda e assimile o processo alfabético

conscientemente e, por conseguinte, aproprie-se do sistema de linguagem escrita.

Desta forma, cabe aos educadores trabalhar com o objetivo de desenvolver tais

competências, deslocando as atenções das disciplinas curriculares para o

ensinamento de competências da leitura e da escrita, para que as crianças

compreendam o processo de desenvolvimento da linguagem e solucionem os

conflitos que surgirem durante esse processo.

Lembrando-se que as competências devem, como ocorre praticamente no

contexto dessas disciplinas, servir de meios para o desenvolvimento de tais

capacidades, pois “O que resta de mais valioso, o que permanece depois que o

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tempo apaga da memória os conteúdos [...] são as competências pessoais.”

(PERRENOUD, 2000, p.177).

Para que as crianças possam aprender a ler e escrever, há alguns saberes

que elas precisam dominar cognitivamente. A primeira é que a criança precisa saber o

que representa os “riscos” visualizados em uma folha de papel; Assim, para

compreender que tais “riscos” se tratam de símbolos de sons da linguagem oral, é

primordial que as crianças entendam o significado dos mesmos. Neste sentido, uma

criança que não possui tal saber, não conseguirá aprender a ler.

O aprendiz precisa compreender que cada um daqueles riscos representa

um símbolo referente a um som da linguagem oral. Sendo assim, ele deve conseguir

discriminar as formas das letras, lembrando que o alfabeto possui formas muito

similares e, por isso, a capacidade de diferenciá-las requer uma percepção refinada.

A percepção auditiva é outra habilidade crucial ao processo de aquisição

da leitura e escrita já que, as letras simbolizam sons da fala e, é sumamente

necessário saber ouvir diferenças entre esses sons. Então, fica nítido que, somente

será capaz de escrever aquele que tiver a capacidade de perceber as unidades

sucessivas de sons da fala utilizada para enunciar as palavras e de diferenciá-las

conscientemente umas das outras, a menos que sejam reproduzidas de modo

intuitivo ou mecânico. Conforme ressalta Ribeiro (2007, p.106): “A criança precisa

assimilar e compreender a correlação entre a escrita e a fala.”

A corrente de sons emitidos através da fala representa um sentido que tem

ligação com o pensamento, ou seja, com a capacidade mental já que, as sequências

das unidades de som estão relacionadas com as unidades de sentido.Desta maneira,

para que a criança aprenda a escrever, ela deve, necessariamente, saber realizar o

isolamento dasunidades, isto é, das palavras, pois, são essas unidades que deverão

ser produzidas graficamente. Se, a criança não possuir essa habilidade de

compreensão do ato de isolar as unidades de sons, ela não se apropriará do sistema

de língua escrita. Como enfatiza Ribeiro (2007, p. 106): “A criança deve perceber os

pedaços de sua fala em seus escritos e de como são representados.”

Neste entendimento, a criança precisa compreender o significado de

palavras, pois o que comumente ocorre durante o processo alfabético é que as

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crianças, ao tentarem produzir uma escrita, não respeitam os intervalos emitidos

durante a fala, muitas vezes, seguem a sequência dos sons, porém,esquecem dos

espaços entre as palavras. Como por exemplo, quando uma criança, deseja escrever

a frase “Maria é uma menina bonita”. Se a criança possuir a habilidade de isolar as

unidades de sons, isto é, de isolar as palavras, certamente escreverá a frase

corretamente. No entanto, se a criança não possuir essa habilidade, sem dúvida,

escreverá a frase seguindo somente sua segmentação, em alguns casos, é bem

provável que a criança não siga nem a sequência das unidades de sons.

No processo de aquisição da leitura e da escrita, é essencial que a criança

saiba reconhecer essas sentenças, ou seja, que há espaços entre as unidades da

fala. Essa habilidade cognitiva é importante para que o alfabetizando seja capaz de

identificar, durante a sonorização da palavra escrita as partes que são sentenças.

Segundo Ribeiro (2007, p.106): “É no âmbito da oralidade que os escritos das

crianças, que enquanto representação dos pedaços de sua fala, que no contexto de

vida para a interpretação, ganham significação por menores e mais fragmentados que

sejam.”

Há também outra habilidade que deve ser estabelecida para que a criança

assimile o sistema de linguagem escrita. É a capacidade de compreender a estrutura

organizacional e espacial de uma página, isto é, a ideia de que a ordem significativa

das letras é da esquerda para a direita nas linhas da mesma, e que a ordem das

linhas é de cima para baixo.

2.2 HABILIDADES MOTORAS

A aquisição da leitura e escrita ocorre num ambiente onde os aprendizes

dominam as habilidades motoras, imprescindíveis para esse processo. Para tanto, é

sumamente necessário que a motricidade das crianças seja bem desenvolvida já que,

é através do movimento que elas irão transmitir suas ideias. Assim explica Oliveira

(1997, p.55): “É pela motricidade e pela visão que a criança descobre o mundo dos

objetos, e é manipulando-os que ela redescobre o mundo.”

Neste sentido, é primordial que as crianças saibam segurar o lápis

adequadamente, porém, para que isso ocorra, a motricidade fina das crianças deverá

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ser desenvolvida de forma eficiente, evitando-se que surjam problemas no processo

de apropriação do sistema de escrita. Assim como, enfatizam Molinari e Sens (2002,

p.199):

A educação psicomotora nas séries iniciais do ensino

fundamental atua como prevenção. Com ela podem ser evitados

vários problemas como a má concentração, confusão no

reconhecimento de palavras, confusão com letras e sílabas e

outras dificuldades relacionadas à alfabetização.

Se a estrutura corporal de uma criança não possuir uma formação sólida e

significativa, esta, certamente, não coordenará bem seus movimentos e, por

conseguinte, atrofiará o desenvolvimento das habilidades manuais, imprescindíveis à

produção da escrita e, consequentemente, à alfabetização. Destacando-se, ainda,

que a educação psicomotora é responsável pelo condicionamentodo processo

alfabético, pois desenvolve a consciência da lateralidade e do corpo, além de permitir

a coordenação dos gestos e movimentos definitivamente relevantes à aquisição do

código escrito.

“A exploração do corpo é uma prepodêutica (sic)das aprendizagens

escolares, especialmente, da Alfabetização.” (FONSECA, 1996), ou seja, para

Fonseca, a alfabetização é precedida de uma ciência preliminar que envolve a

motricidade como fator fundamental para o desenvolvimento do intelecto dos sujeitos

já que ela fornece a integração entre o pensamento e a ação, imanentes aos

mesmos. Nesta perspectiva, fica nítida a relevância das funções motoras quanto ao

domínio da leitura e escrita por estarem intrínsicamente ligadas à memória, à atenção

e, ao raciocínio.

Evidentemente, as habilidades motoras, têm seus alicerces na área

temporal e espacial. Desta forma, a aprendizagem da leitura e da escrita requer do

alfabetizando o domínio de habilidades motoras como: saber discriminar os sons

(percepção auditiva); pronunciar adequadamente as letras, sílabas e palavras; ter a

competência de decomporexpressões em unidades menores (sílabas e letras); ter a

habilidades de movimentar os olhos da esquerda para a direita; ter a noção da

sequência das letras e, das palavras; saber fazer uso da escrita baseando-se na

dimensão espacial do papel,bem como utilizar-seda proporção das grafias (letras); ter

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o domínio manual dos objetos; ter a competência de juntar letras e sílabas para

formar palavras.

Esta percepção encontra fundamento nas palavras de Mata (2003, p.60):

“Deve-se desenvolver várias habilidades: processamento visual das palavras escritas,

motricidade e integração visuomotora.”

2.3 RECURSOS METODOLÓGICOS PARA SUPERAÇÃO

“A mobilização de saberes para solucionar com eficácia uma série de situações.”

(PERRENOUD, 2000, p.33)

Mobilizar saberes significa propiciar o desenvolvimento de habilidades

relevantes à aprendizagem. Sendo assim, as habilidades que permitem as

competências essenciaispara a alfabetização requerem estímulos para que possam

emergir-se. Para tanto, é imprescindível considerar três níveis distintos de ações e

operações mentais responsáveis pelo processo de mobilização da aprendizagem.

Esses níveis, segundo Perrenoud (2000), são definidos em básico, operacional e

global.O nível básico refere-se às atitudes que determinam e, que possibilitam a

apreensão dos objetos oportunizando a construção de conceitos, além de envolver

habilidades como identificar objetos, localizá-los e descrevê-los.

O nível operacional envolve as ações que se ajustamao estabelecimento

de relações entre objetos, o que inclui, habilidades como, a ordenação dos objetos,

assim como, a comparação dos mesmos.

O nível global abrange ações mais avançadas, estas, por sua vez, exigem

o uso dos conhecimentos já existentes e, envolvem habilidades como, análise e

relação dos objetos.

Neste entendimento, é sumamente fundamental apropriar-se dos níveis de

ações e operações mentais para fazer uso dos recursos metodológicos de superação.

Como bem destaca Ribeiro (2007, p.37):“Cabe ao educador-mediador gerar uma

ponte educativa entre os conhecimentos reais que a criança traz ao ingressar na

escola ou turma, e os conhecimentos que pode e precisa alcançar.”

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Neste contexto, para superar o problema da ideia de símbolo: O

alfabetizador deverá levar para a escola exemplos de símbolos, utilizando-se de

recursos concretos de modo que a criança se identifique com recursos adequados a

sua faixa cognitiva.

A questão da discriminação das formas das letras pode ser resolvida

através de exercícios de desenho de pequenas formas. Como destaca Ribeiro (2007,

p.62): “O signo gráfico é resultante de uma ação carregada de uma intencionalidade

ainda não totalmente expressa. O olho, espectador dessa conversa entre a mão, o

gesto e o instrumento, percebe formas.”

Enquanto se trabalha a percepção quer seja visual ou sonora, faz-se

necessário atentar para o uso de recursos que favoreçam também a coordenação

motora e a apropriação dos signos como, por exemplo, ao se deparar com

problemasreferentes à discriminação dos sons da fala, devem-se criar listas de

palavras que começam com o mesmo som, de palavras que rimam. Assim, Ribeiro

(2007, p.60) afirma: “É muito importante valorizar as representações utilizadas pelas

crianças no processo de alfabetização, porque as atividades representativas

contribuem para a estruturação operativa do pensamento.

Em relação à consciência da unidade palavra, deve-se dizer o nome dos

objetos que estão à vista. Aprender palavras novas a partir de termos referentes a

variados temas que tenham significado para as crianças. Além disso, pode-se,

também, contar quantas palavras há numa determinada expressão.

O problema da organização da folha de papel poderá ser superado por

meio de recursos metodológicos como, brincadeiras que envolvam o ato de ler. Deve-

se fazer uso de pequenos textos e realizar a leitura, sempre acompanhando com os

dedos, as palavras que vão sendo lidas. Tudo isto de modo lúdico, pois“Quando

brincam, as crianças operam com significados e significantes como objetos

substitutos. Na brincadeira, uma ação substitui outra ação, um objeto substitui outro

objeto, outro ser.” (RIBEIRO, 2007, p.60)

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2.4 POSTURA PEDAGÓGICA EFICAZ

O ensinar e o aprender exigem um fator inexoravelmente importante, a

reflexão. Para isso, é essencial que se pense sobre aprendizagem constantemente.

Como ressalta Ribeiro (2007, p.138): “Trata-se de compreender o processo que as

crianças estão vivendo, a cada momento, ajudando para que o diálogo entre

professor e aluno não seja destruído.” E, ainda: “A aprendizagem só ocorre quando o

educando interioriza e compreende o objeto de conhecimento, apossando-se dele.”

(CARVALHO, 1999, p.85).

Neste contexto, a postura pedagógica eficaz consiste em uma análise do

próprio ato de ensinar. Entretanto, a competência aqui mencionada, só poderá ser

incorporada por meio de uma prática coerente e, ao mesmo tempo, deliberada.

Destacando-se que o educador-alfabetizador tem a responsabilidade de estimularos

alfabetizandos a pensarem sobre a língua, respeitando-os e orientando-os no

percurso das descobertas.

Diante desses aparatos, a postura e a prática reflexiva solidificarão a

formação profissional do educador-alfabetizador, favorecerá a acumulação de

competências, aumentará a cooperação entre seus colegas de trabalho, desenvolverá

capacidades de inovação, fornecerá meios para trabalhar sobre si mesmo e

estimulará o enfrentamento de mudanças de comportamento dos seus aprendizes,

além de, prepará-lo para assumir uma responsabilidade embasada em uma postura

ética e, ao mesmo tempo, política.

As transformações oportunizadas aos educadores das classes de

alfabetização, mediante ao processo reflexivo, provocará uma mudança no modo de

pensar e no modo de agir dos mesmos, assim, levando-os a adotarem uma postura

pedagógica eficaz. Esta, por sua vez, despertará os alfabetizandos para a aquisição

da leitura e escrita de forma significativa.

A postura pedagógica eficaz deve pautar-se, ainda, em uma mediação,

extremamente importante ao processo alfabético. Essa mediação deve ser

organizada e, principalmente, planejada. O professor-alfabetizador deverá intervir

quando necessário. Estedevecompreender que, no ato de refletir, não apenas o

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cognitivo é colocado em ação, sendo assim, todos os sentidos precisam ser

estimulados para que, finalmente, as descobertas aconteçam.

É essencial que o professor das turmas de alfabetização faça da sala de

aula um ambiente interativo, onde opiniões sejam compartilhadas e propiciem a

geração de conhecimentos. Para isso, ele deve organizar grupos reduzidos, de forma

a favorecer o confronto de pontos de vista e de conhecimentos. O educador ainda

deve aprender a ouvi-los e enxergá-los de modo investigativo. Estando atento ao

pensamento dos mesmos, automaticamenteexpressos nas dúvidas apresentadas por

eles e, até mesmo, nos “erros”. Através dessa postura, sem dúvida, o professor

descobrirá alternativas preciosas para a organização e planejamento de suas

mediações.

É crucial a análise do perfil dos alunos, de modo que se façaum

levantamento das necessidades dos mesmos. A partir daí, será possível medir as

atividades a serem propostas e, criar outras que julgar oportunas. Ainda na

perspectiva da postura pedagógica eficaz, o alfabetizador deve procurar aperfeiçoar-

sena função de leitor-escritor. Envolvendo o sentimento nisso. Ele, sem dúvida, o

ajudará a estimular leitores-escritores. Sobretudo, o educador-alfabetizador deve ser

um eterno aprendiz.

O alfabetizador também precisa saber interpretar as atitudes de seus

alunos, o que importa não é simplesmente o acerto nem tão pouco, erro nas

produções dos alunos em processo de alfabetização. E, sim a representação de suas

concepções do código escrito.

“Quando um professor aprende a respeitar essas

produções, aprende também a respeitar o produtor (aluno).

Aprende a respeitar essa criança que lhe está mostrando,

através de suas produções, os esforços que está fazendo para

compreender o sistema alfabético da escrita. E que, na verdade,

não tem nada de simples nem de evidente. É preciso alterar a

didática para que esta se adapte ao nível psicogenético dos

alunos.” (RIBEIRO, 2007, p.138)

Nesse sentido, as atividades propostas nas classes de alfabetização,

devem estar focadas nos interesses das crianças, sendo planejadas de maneira a

respeitar as condições e capacidades das mesmas. Assim, cada criança deverá ter a

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oportunidade de desenvolver exercíciosque lhe interessem, envolvendo-se

emocionalmente e, realizando-as sem ter medo do fracasso.

Vale ainda lembrar que a existência deste fato, não impõe que as

atividades não devam representar um desafio para as crianças. Muito pelo contrário,

uma postura pedagógica eficaz, incluirá tal desafio, porém, o mesmo será definido em

planos, permitindo assim, que os alfabetizandos se esforcem para superá-los. E, esse

esforço, sem dúvida, partirá do interesse da criança pela atividade desenvolvida.

Além disso, sempre que possível, as atividades em questão deverão ser

trabalhadas de forma interdisciplinar e interativa, atendendo paralelamente aos

objetivos traçados e, abrangendo os diversos conteúdos didáticos. Conforme afirma

Oliveira (1997, p.41): “As atividades em grupo devem ser priorizadas. A interação com

o outro (colega / professor) é um dos maiores suportes para a aprendizagem.”

Sendo assim, cabe ao alfabetizador promover atividades grupais que sejam

atrativas para as crianças, estimulando-as à participação sem que sejam forçadas a

realizarem as mesmas.

É essencial que o educador transmita tranquilidade aos seus alunos, para

que se sintam seguros, mediante uma postura de confiança, além disso, é

fundamental incentivar todo e qualquer diálogo entre os mesmos, de forma sadia,

para que construam um pensamento e, por conseguinte, tentem exprimi-lo.

A auto-expressão (sic) plástica e corporal depende

igualmente do clima afetivo do grupo e das oportunidades que o

educador oferece para que as crianças criem, imaginem e

manifestem seus pensamentos e emoções, sem qualquer crítica

e sem a necessidade de seguir modelos. (RIBEIRO, 2007, p.73)

A postura pedagógica eficaz, ainda, deve estar embasada em alicerces

autônomos; nesta perspectiva, o educador-alfabetizador deve estar imbuído de uma

postura condizente com uma proposta didática de alfabetização que compreenda os

princípios metodológicos e que perpasse os paradigmas de um ensino estagnado e

que, impossibilita o aprendizado significativo.

É imprescindível que a postura do alfabetizador tenha sua

estruturaembasada em uma teoria e uma prática que garantam a sistematização da

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aprendizagem das crianças, aumentando a auto-estima e o impulso cognitivo das

mesmas, dando-lhes a oportunidade de aprender respeitando suas diferenças. Desta

forma, propiciando a saúde mental, física e sócio-emocionaldos aprendizes e

promovendo avanços intelectuais e cognitivos no processo de aquisição da leitura e

escrita. Como explica Cardoso (1993, p.50): “O papel do educador é precisamente

este: conseguir sempre alcançar a máxima capacidade da criança.”

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3. ANÁLISE DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

3.1 SUJEITOS DA PESQUISA

Os sujeitos os quais se destinaram as análises do processo de

alfabetização constituem-se em duas categorias: professor e aluno.

As professoras e auxiliares do colégio particular em Fortaleza, no qual

foram coletados inicialmente os dados, possuem formação em nível superior nos

cursos de graduação e pós-graduação na área educacional, sendo, os cursos de

Pedagogia e Psicopedagogia, alfabetizam crianças há mais de três anos e possuem

diversas experiências de vivências em sala de aula.

Os alunos definem-se como crianças na faixa etária de cinco e seis anos

de idade, oriundos de famílias de classe média. No entanto para fomentar ainda mais

o quantitativo da amostra, e englobar um universo mais significativo, optou-se por

aplicar o mesmo questionário a quinze alfabetizadoras,que embora não trabalhem no

referido colégio,estão inseridas na mesma realidade, ou seja, lecionam em escolas

particulares cujo público assistido é composto de crianças de classe média ou classe

média alta.

3.2INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

O questionário aplicado às professoras constou de cinco questões referentes ao processo de alfabetização buscando identificar as principais dificuldades, desafios e competências necessárias tanto aos alunos quanto aos professores envolvidos no processo de alfabetização.

A última questão refere-se ainda aos meios pelos quais a criança alcança as competências necessárias a um desempenho satisfatório. Ao preencherem o questionário, os alfabetizadores foram informados de que o anonimato das suas identidades seria preservado.

As questões eram abertas, o que possibilitou para que os professores-alfabetizadores se sentissem mais livres e contribuiu também para que não houvesse nenhuma manipulação ou indução dos dados.

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3.3 ANÁLISE DOS DADOS

Após analisar os instrumentos usados para a coleta de dados observou-se

que as maiores dificuldades identificadas nas crianças com faixa etária de cinco e seis

anos de idade, durante o processo de construção da leitura e da escrita têm relação

com a discriminação dos sons da fala e com a discriminação das formas das letras.

Constatou-se ainda, que alguns alfabetizandos possuem dificuldades em isolar, na

corrente da fala, as unidades que são palavras.

No quesito leitura, percebeu-se que algumas crianças apresentam

resistência durante as atividades e propostas que tratam a leitura e que as classes de

alfabetização cujos alunos são estimulados mediante recursos atrativos, significativos

e lúdicos têm maior envolvimento e prazer em participarem das atividades e rodas de

leituras.

Percebe-se ainda que mesmo frequentando uma determinada sala, as

crianças apresentam níveis de aprendizagem bastante distintos, nota-se ainda que o

desnível provoca, de certo modo, a resistência por parte de algumas crianças. A

defasagem na aprendizagem que, de forma direta ou indireta, as afetam e as

intimidam à realização da leitura, deste modo, proporciona o desinteresse pela leitura.

Para minimizar as situações de resistência, as alfabetizadoras sempre propunham

trabalhos com diversas tipologias textuais como, as histórias em quadrinhos, músicas,

parlendas, trava-línguas, poema, receitas, entre outros.

Percebeu-se também, que boa parte dos pais dos alunos não participa

diretamente do processo de alfabetização dos filhos, ou seja, não acompanham o

aprendizado dos mesmos e, geralmente, tratam com descaso a participação na vida

escolar. Já a parcela correspondente aos pais participativos é menor, porém, estes

sempre estão em contato com as atividades desenvolvidas em sala de aula eem

alguns casos, incluem as crianças em reforço-escolar.

Na concepção das educadoras-alfabetizadoras, o maior desafio da

alfabetização é conscientizar os pais dos educandos-alfabetizandos a participarem e

auxiliarem nesse processo, de forma harmônica, sistemática e consciente. Destaca-se

que alfabetizar é uma tarefa árdua e que requer muita dedicação e amor.

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Ainda, na visão das professoras, há algumas competências primordiais

cujo domínio é imprescindível para o processo de alfabetização. Estas estão

intrínsicamente relacionadas ao gosto pela leitura, o que inclui o hábito de ler.

Ressaltam-se ainda as competências de ordem cognitiva, motora, lógico-matemático

as quais são trabalhadas mediante atividades propostas em sala de aula e que

podem ser observadas a partir da análise de alguns modelos de atividades realizadas

pelas crianças durante o período em que se fazia a pesquisa. Algumas destas

atividadesencontram-se em anexo.

“É difícil fazer com que os pais dos alunos colaborem com o processo

alfabético de seus filhos. Eles sequer acompanham as atividades de casa.” (M. O. S)

“Os pais dos alunos não se interessam pelo desenvolvimento da

alfabetização se seus filhos, eles não estimulam à escrita e, tampouco, a leitura.

Assim, as crianças não adquirem o hábito da leitura, o que dificulta o gosto pelos

livros e, consequentemente, pelo seu aprendizado.” (L. B. D)

“Alfabetizar não é uma tarefa fácil. Não é tão simples como parece ser. Se

não houver amor, dedicação e comprometimento com o aprendizado das crianças

nada acontece.” (P. C. R)

“É muito importante que as crianças aprendam a apreciar a leitura e que se

familiarizem com os livros. Assim, o aprendizado fluirá com êxito.” (D. A. G)

“Para que o processo alfabético ocorra com sucesso é necessário que os

educandos tenham a coordenação motora fina bem desenvolvida e o raciocínio lógico

apurado.” (P. C.V)

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise do processo de alfabetização de crianças do primeiro ano do

ensino fundamental num colégio particular em Fortaleza rendeu resultados

significativos à compreensão de como se processa a alfabetização e, oportunizou

diversas alternativas em torno da prática pedagógica envolvendo a alfabetização,

além de, possibilitar esclarecimentos acerca dos desafios e das deficiências mais

comunsdurante a construção da leitura e escrita.

A investigação proporcionou uma série de contatos com atividades e

propostas diversas para que o processo alfabético ocorra de modo mais facilitado,

primeiro por delinear, de forma clara e precisa o percurso seguido pelos

alfabetizandos e, posteriormente, por conceber fundamentações culturais e científicas

que comprovam e solidificam as informações e conhecimentos que abrangem o

processo de alfabetização, confirmando assim, as informações coletadas através da

pesquisa bibliográfica.

As teorias aqui evidenciadas promoveram uma reflexão em torno da

temática deste trabalho e salientaram fatores indissociáveis do processo de ensino-

aprendizagem da língua escrita. O estudo realizado ainda auxiliou na identificação de

outros problemas pertinentes à produção da escrita e da leitura. Por tanto, a hipótese

expressa na pesquisa foi confirmada pelas análises feitas, pois estas mostram como

ocorre o desenvolvimento dos estágios superiores da linguagem, assim como, define

a aceleração, ampliação e domínio do vocabulário das crianças com faixa etária de

cinco e seis anos de idade.

Destacou-se o funcionamento da linguagem escrita partindo das

características específicas deste processo, o que inclui as formas da escrita e as

representações da fala. Proporcionou, inclusive, a descrição das habilidades

necessárias à apropriação do sistema de escrita e, ainda, uma reflexão a respeito dos

saberes pedagógicos que contribuem para um ensino definitivamente eficaz, a partir

da análise realizada com base na amostragem da pesquisa.

O objetivo geral e os específicos foram alcançados com êxito. A

observação doprocesso de construção da alfabetização desenvolvido pelos alunos do

primeiro ano do ensino fundamental num colégio em Fortaleza foi

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investigadoglobalmente, levando-se em consideração os elementos inerentes a esse

processo. Especificamente, foram identificadas as principais habilidades motoras e

cognitivas necessárias à aquisição da leitura e escrita.

Foram verificadas ainda, as deficiências dos alunos nessa construção e

identificados os desafios expostos aos educadores das turmas de alfabetização.

Foram observados os diversificados recursos usados em sala de aula, a forma como

as crianças são avaliadas mostra o intuito dos educadores em fazê-las superar os

desafios inertes à aprendizagem da lectoescrita. Destacando-se ainda, que foram

observadas algumas aulas ministradas por professoras-alfabetizadoras que a

despeito da especificidade das aulas e da turma, há uma significativa coerência

quanto à prática e a percepção que estas têm acerca do processo de alfabetização.

A metodologia de trabalho escolhida e, depois, aplicada foi suficiente para

a consecução dos propósitos da pesquisa e, as bibliografias previamente

selecionadas, corresponderam às expectativas, pois, contribuíram grandemente para

a ampliação dos conhecimentos já apreendidos, desta forma, enriquecendo e

reforçando o ponto de vista a respeito do processo de alfabetização.

A fundamentação bibliográfica foi fundamental para conferir credibilidade

às conclusões advindas da pesquisa, já que a amostra da pesquisa de campo,

embora significativa, por se só não serviria de fundamentação teórica.

O contexto bibliográfico pesquisado possibilitou uma maior compreensão

dos elementos que compõem o processo de aquisição da leitura e escrita e, ainda, o

reconhecimento das dificuldades apresentadas pelos educandos. A utilização de

bibliografias mais antigas deveu-se ao fato de se constituírem referências básicas,

que embora não editadas recentemente, têm informações ainda bastantes

pertinentes.

Diante desses entendimentos, ressalta-se que a alfabetização está para

além de um processo limitado à sala de aula em que professor e aluno relacionam-se

mutuamente em prol do ensino e da aprendizagem. A alfabetização é um processo

que requer um envolvimento afetivo, uma cumplicidade entre alfabetizador e

alfabetizando que, por sua vez, somente será possível se o professor-alfabetizador

comprometer-se com as causas de seus alunos.

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É necessário estudar o desconhecido, inovar sua metodologia, participando

da vida das crianças, acrescentando o que lhes for conveniente, criando novos

recursos, modificando o comportamento com bom-senso, compreendendo as

escolhas dos alunos, percebendo o que impede o progresso das crianças, enfim,

tornando o processo alfabético numa etapa de aprendizagem prazerosa e

harmoniosa, colocando-se como facilitador para que os alfabetizandos superem suas

dificuldades e sintam-se livres para perguntar e esclarecer suas dúvidas, deste modo,

apreendendo de forma significativa os conhecimentos que lhes permitirão apropriar-se

do sistema de linguagem escrita.

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5. BIBLIOGRAFIA

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_______________; EDNIR, Madza. Ler e escrever. São Paulo: Ática, 2002.

CARVALHO, Marlene. Guia prático do alfbetizador. São Paulo: Ática, 1999.

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DONALDO, Macedo. Alfabetização: leitura da palavra. São Paulo: Ática, 1999.

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APÊNDICES

APÊNDICE - A

PREZADO (A) EDUCADOR (A), OS QUESTIONAMENTOS AQUI EXPRESSOS, SERVIRÃO DE SUBSÍDIO PARA A ELABORAÇÃO DE PESQUISA PARA FINS ACADÊMICOS.

QUESTIONÁRIO

INICIAIS DO (A) EDUCADOR (A):________________________________________

FORMAÇÃO:_________________________________________________________

1. QUAIS DIFICULDADES VOCÊ IDENTIFICA NAS CRIANÇAS DURANTE O

PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

2. HÁ ALGUM (A) ALUNO (A) QUE APRESENTA RESISTÊNCIA AO ATO DE

LER? COMO VOCÊCOSTUMA RESOLVER ESSA SITUAÇÃO?-

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

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3. OS PAIS DOS ALUNOS SÃO PARTICIPATIVOS NO PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO DE SEUS FILHOS? DE QUE FORMA ESSA PARTICIPAÇÃO

OCORRE?__________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

4. QUAL O MAIOR DESAFIO DA ALFABETIZAÇÃO NO SEU PONTO DE

VISTA? PORQUÊ?_____________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

5. EM SUA CONCEPÇÃO, QUAIS COMPETÊNCIAS SÃO RELEVANTES PARA

O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E COMO AS CRIANÇAS PODERÃO

ALCANÇÁ-LAS?_______________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________