uma análise da aplicação do programa bolsa família ... · 2 1 introdução problemas como a...

16
1 Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família (PBF) no Município de São Bentinho – PB Autoria: Maria Odete Leandro de Sá, Lucimeiry Batista da Silva RESUMO O objetivo deste artigo é analisar as condições socioeconômicas e demográficas das famílias beneficiadas pelo PBF. Em nível metodológico, caracteriza-se como estudo quanti- qualitativo, realizado por questionário aplicado com famílias beneficiárias e entrevista semiestruturada com o Gestor municipal. O tratamento se constituiu em análise de categorias temáticas. Os resultados apontam aumento na renda familiar e o acesso à escola facilitado, o que poderá auxiliar no combate ao analfabetismo. O estudo pode contribuir para ampliar a percepção dos gestores sobre os benefícios sociais. Os resultados obtidos podem servir de parâmetro comparativo com pesquisas realizadas sobre o mesmo tema, em outros municípios brasileiros.

Upload: lykhanh

Post on 22-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

1

Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família (PBF) no Município de São Bentinho – PB

Autoria: Maria Odete Leandro de Sá, Lucimeiry Batista da Silva

RESUMO O objetivo deste artigo é analisar as condições socioeconômicas e demográficas das famílias beneficiadas pelo PBF. Em nível metodológico, caracteriza-se como estudo quanti-qualitativo, realizado por questionário aplicado com famílias beneficiárias e entrevista semiestruturada com o Gestor municipal. O tratamento se constituiu em análise de categorias temáticas. Os resultados apontam aumento na renda familiar e o acesso à escola facilitado, o que poderá auxiliar no combate ao analfabetismo. O estudo pode contribuir para ampliar a percepção dos gestores sobre os benefícios sociais. Os resultados obtidos podem servir de parâmetro comparativo com pesquisas realizadas sobre o mesmo tema, em outros municípios brasileiros.

Page 2: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

2

1 Introdução

Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história do Brasil, porém, se agravaram a partir do processo de industrialização, e posteriormente pelo surgimento do capitalismo.

No início do Século XXI, o Brasil registrava um número de aproximadamente cinquenta e três milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), o que significava que em torno de 31,8% da população brasileira, não tinha renda para conseguir sequer se alimentar diariamente (RODRIGUES, 2011). É nesse contexto que surgem as preocupações, por parte do governo, com a questão social, a qual só foi mais delineada a partir da Constituição Federal de 1988, quando surgiram novas formas de financiamento das políticas públicas.

Nessa perspectiva, o Governo Federal instituiu, em janeiro de 2004, o Programa Bolsa Família, que é um programa de transferência direta de renda com condicionalidades, que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza, e que tem como objetivos promover acesso aos serviços públicos, possuindo três eixos: transferência de renda, acesso a educação, saúde e assistência social, e desenvolvimento dos beneficiários.

Diante dos fatos mencionados, percebe-se que é de grande importância a atuação do Estado na criação de programas de transferências de renda, que permitam diminuir as desigualdades sociais existentes no Brasil. Observa-se isto mais especificamente nos pequenos municípios que, sob um ponto de vista mais isolado, não têm condições econômicas, técnicas e políticas de solucionar os diversos tipos de problemas que os atingem, principalmente os que estão relacionados à pobreza. Um desses é o município de São Bentinho, que está localizado no semiárido paraibano e classificado como um município de pequeno porte, que oferece poucas alternativas de emprego e de desenvolvimento e por isso, apresenta uma grande concentração de pobreza (IBGE, 2010).

A partir do exposto, surgiu a necessidade de buscar respostas para o seguinte questionamento: ocorreram mudanças socioeconômicas e demográficas com as famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, no município de São Bentinho - PB?

Esta indagação motivou a realização desta pesquisa, partindo da constatação da importância de apresentar uma avaliação dos resultados do PBF com relação aos dados de saúde, educação, alimentação, trabalho, natalidade e realidade atual, enfim, a dados que revelam se realmente houve melhoria da qualidade de vida para os beneficiários do programa no município de São Bentinho – PB. Além disso, a pesquisa pode contribuir para uma nova percepção por parte dos gestores municipais, para a implantação de outros benefícios, voltados para a população menos assistida que podem ser implementados para dar suporte ao PBF em nível municipal e com isso, promover uma maior cobertura do programa. 2 Referencial Teórico 2.1 Políticas Públicas Sociais no Brasil

O surgimento das políticas públicas no Brasil ocorreu de maneira acanhada na década de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas (RODRIGUES, 2011), mas de acordo com Santos (2009), até a promulgação da Constituição Federal de 1988, a questão social no Brasil era prestada por meio da filantropia ou de programas governamentais, focalizados no assistencialismo clientelista, pois os recursos públicos chegavam aos pobres segundo critérios político-eleitorais.

A partir da Constituição Federal de 1988, surgiram novos formatos de financiamento das políticas públicas, que passaram a reunir elementos crescentes de recursos para o financiamento da seguridade social e das políticas sociais direcionadas para o combate à

Page 3: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

3

pobreza e à fome, como por exemplo, os programas de transferência de renda. De maneira conceitual, pode-se dizer que políticas públicas sociais são ações do Estado

em resposta às demandas da sociedade, para compensar as distorções decorrentes do processo de desenvolvimento capitalista que discrimina e faz com que a distância entre ricos e pobres seja cada vez maior.

As políticas sociais se referem a ações que definem o padrão de proteção social, voltadas, em princípio, para o remanejamento dos benefícios sociais visando à redução das desigualdades estruturais causadas pelo desenvolvimento socioeconômico, de acordo com a visão do Estado.

No Brasil, depois da estabilização da moeda, destacam-se dois períodos que marcaram o início do trabalho de uma política pública social, voltada não somente para o crescimento, mas também para a melhoria na qualidade de vida da população: o primeiro de 1995 a 2000, e o segundo de 2001 a 2008.

Pode-se dizer que o primeiro período foi marcado pelo uso de políticas públicas sociais que estavam pautadas na desregulamentação, descentralização, autonomia e privatização. Entre 1994 e 2000, no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), a prioridade da política social foi à universalização do acesso aos serviços de saúde, educação fundamental, previdência e saneamento básico. O governo considerava estes setores como imprescindíveis para a melhoria da qualidade de vida, bem como para o acesso à renda, voltada para as camadas mais pobres da população.

A maioria destes programas tinha seu orçamento pautado na política macroeconômica restritiva, onde a maior parte das receitas públicas era destinada ao pagamento de juros, restringindo assim as políticas públicas de desenvolvimento.

No segundo período, de 2001 a 2008, o governo alterou sua política, voltando-se para a criação de programas focalizados na transferência direta de renda às famílias carentes. Esse período foi marcado pela criação do Programa Nacional de Renda Mínima, iniciado ainda no Governo FHC, era uma política que objetivava atender as demandas sociais, focalizando os gastos por meio de políticas de transferência direta de renda.

No ano de 2003, já no Governo de Luís Inácio Lula da Silva (Lula) todos os programas de transferência de renda foram unificados em um novo programa, o Programa Bolsa Família. A partir daí, os recursos do governo, gastos com Assistência Social, foram valorizados no decorrer dos anos, significando melhoria em alguns indicadores sociais, redução da desigualdade e melhora na renda dos mais pobres. 2.2 Programas de Transferência de Renda

Pode-se dizer que desde a década de 1990, os programas de transferência direta de renda vêm ganhando crescente importância como instrumento de distribuição de renda e de redução da pobreza no Brasil.

De acordo com Silva, Yazbek e Giovanni (2007), os programas de transferência de renda, são todos aqueles destinados a realizar uma transferência monetária, independentemente de prévia contribuição às famílias consideradas pobres que vivem com uma renda per capita de meio salário mínimo.

Nesse sentido, entende-se que os programas de transferência de renda são considerados todos aqueles que se destinam às famílias pobres, estabelecidos a partir de uma determinada renda, um valor monetário, independentemente de contribuição.

Esses programas passaram a contemplar a agenda pública brasileira, a partir da aprovação do Projeto de Lei nº 80/1991, o qual instituiu o Programa de Garantia de Renda Mínima (PGRM), de abrangência nacional, destinado a todos os brasileiros residentes no país, maiores de 25 anos, que auferissem rendimentos brutos mensais inferiores a Cr$ 45.000,00 (estipulado em Cruzeiros, moeda da época).

Page 4: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

4

A partir de 1995, os programas de transferência direta de renda começaram a ser implantados, inicialmente, no Distrito Federal e nos municípios de Campinas, Ribeirão Preto e gradativamente foram de se estendendo para os vários municípios e estados brasileiros (SILVA, 2010).

No ano de 2001, com Fernando Henrique Cardoso no governo, as políticas de transferência direta de renda se ampliaram, com a implantação nos anos seguintes, de uma série de programas não contributivos, entre os quais se lançaram os Programas Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Auxílio-Gás e o Cartão-Alimentação. Por se apresentar de maneira descentralizada, a implementação desses programas alcançou as populações mais carentes da maioria dos municípios brasileiros, resultando em uma abrangência geográfica significativa, o que contribuiu para a construção da Política Nacional de Transferência de Renda.

Logo adiante, no ano de 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assume como meta principal do seu governo, o enfrentamento da fome e da pobreza no país, colocando as políticas sociais como mecanismos de ação aos seus objetivos político e social, articulando-as a uma política econômica. Desta forma, o Governo Lula lançou a proposta de unificação dos Programas de Transferência de Renda.

Ao apoiar a unificação se buscou estabelecer um novo marco para a política social do país que se diferenciasse da tradição assistencialista e fragmentada. A intenção era unificar as políticas e aprimorar os mecanismos de gestão, para que o uso dos recursos fosse mais racional, coerente e que houvesse uma articulação de ações de diferentes órgãos, bem como uma incitação para que a comunidade participasse da gestão.

Assim foi criado, no ano de 2003, o Programa Bolsa Família, sendo um dos programas de transferência de renda de importante destaque na atualidade, que atende a um total de 13 (treze) milhões de famílias, em todo o território nacional (IBGE, 2010). 2.3 O Programa Bolsa Família (PBF)

O Governo Federal instituiu no final de 2003, com a Medida Provisória nº 132, de 20 de dezembro de 2003, em seguida transformada na Lei nº 10.836, de 09 de janeiro de 2004, que foi regulamentada pelo Decreto nº 5.209 de 17 de setembro de 2004 o Programa Bolsa Família, que integra o Programa Fome Zero e a unificação dos quatro programas federais (Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Auxílio-Gás e o Cartão-Alimentação), que fornece um benefício destinado a ações de transferência de renda às famílias carentes e tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal.

Inicialmente, a operacionalização do Programa Bolsa Família ficou atrelada a uma Secretaria Executiva ligada diretamente à Presidência da República. Mas, após a criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em 2004, o programa passou a ser gerido pela Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (SENARC).

Os objetivos do Programa Bolsa Família são: combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional; combater a pobreza e outras formas de privação das famílias; promover o acesso à rede de serviços públicos e criar possibilidades de emancipação sustentada dos grupos familiares e desenvolvimento local dos municípios.

Para auferir o benefício, as famílias devem apresentar situação de extrema pobreza, quando tiver uma renda per capita mensal de até R$ 70,00, tendo filhos ou não. Famílias com renda per capita mensal entre R$ 70,01 e R$ 140,00, que sejam compostas por gestantes, nutrizes e crianças e adolescentes com idade entre 0 e 17 anos, são consideradas pobres. Também podem ser beneficiadas as famílias com renda per capita mensal entre R$ 00,00 e R$ 140,00, que apresentem em sua composição adolescentes de 16 e 17 anos e devidamente cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CADÚNICO).

Page 5: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

5

O PBF, a partir de novembro de 2011, passou a beneficiar também gestantes e mulheres em fase de amamentação com o direito a um acréscimo de R$ 32,00 mensais. Além do pagamento dos benefícios adicionais do Programa Bolsa Família para filhos de até 15 anos - antes pagos para no máximo 03 (três) filhos, que foi ampliado para até 05 (cinco) filhos.

A realização do cálculo para o recebimento do benefício adota como critério seletivo a renda familiar mensal per capita, a qual é calculada a partir da soma das rendas que todos os membros da família ganham por mês. O referido valor é dividido pelo total de membros da casa, obtendo assim a renda per capita da família.

Conforme o reajuste anunciado em 1º de março de 2011, pelo Ministério do Desenvolvimento Social, o qual ampliou o valor do benefício a partir de abril de 2011, os benefícios variam, dependendo da renda da família e do número de filhos, de R$ 32,00 a R$ 242,00, independente da região do país.

O Programa ainda trabalha com quatro tipos de benefícios: o Benefício Básico R$ 70,00 que é pago às famílias consideradas extremamente pobres, com renda mensal de até R$70,00 por pessoa, mesmo que elas não tenham crianças, adolescentes ou jovens; Benefício Variável de R$ 32,00 que é pago às famílias pobres, com renda mensal de até R$140,00 por pessoa, desde que tenham crianças e adolescentes de até 15 anos; o Benefício Variável Vinculado ao Adolescente (BVJ) de R$ 38,00 que é pago a todas as famílias do Programa que tenham adolescentes de 16 e 17 anos frequentando a escola e o Beneficio Variável de Caráter Extraordinário que é pago às famílias nos casos em que a migração dos Programas Auxílio-Gás, Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e Cartão Alimentação para o Programa Bolsa Família tenha causado perdas financeiras.

Vale acrescentar que além da transferência monetária, o Programa Bolsa Família considera necessário desenvolver outros programas, como alfabetização, capacitação profissional, apoio à agricultura familiar, geração de ocupação e renda, microcrédito, acesso à educação e a serviços de saúde para os filhos. Portanto, o objetivo é agregar esforços para permitir a autonomia das famílias beneficiárias.

A gestão do programa é descentralizada e compartilhada pela União, estados, Distrito Federal e municípios, com o intuito de aperfeiçoar, ampliar e fiscalizar a execução do Programa, de modo que cada ente tenha suas competências específicas. Assim, o ingresso das famílias no PBF ocorre por meio de um cadastro (CADÚNICO), feito pelas Prefeituras Municipais que são responsáveis por cadastrar, digitar, transmitir, manter e atualizar a base de dados, acompanhar as condições do benefício e articular e promover as ações complementares, destinadas ao desenvolvimento autônomo das famílias pobres do município.

O PBF associa o pagamento do benefício ao cumprimento de algumas condições em contrapartida, ou seja, condicionalidades nas áreas de saúde, educação e assistência social.

Na área de saúde, as famílias beneficiárias assumem o compromisso de vacinar os filhos menores de 7 anos, bem como acompanhar seu crescimento e desenvolvimento. Mulheres com idade entre 14 e 44 anos também devem fazer o acompanhamento e, se gestantes ou lactantes, devem realizar o pré-natal e o acompanhamento da sua saúde e da saúde do bebê.

Na educação, todas as crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos devem estar devidamente matriculados e com frequência escolar mensal mínima de 85% da carga horária. Já os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter frequência de, no mínimo, 75%.

Na área de assistência social, crianças e adolescentes com até 15 anos, que apresentam situação de risco, ou que foram retiradas do trabalho infantil pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), devem participar dos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do PETI e obter frequência mínima de 85% da carga horária mensal.

Sobre a ótica do Governo Federal, o cumprimento dessas condicionalidades é uma forma de permitir a inserção da população mais carente nos serviços sociais básicos, colaborando para a cessação do ciclo de reprodução da pobreza. Portanto, o não cumprimento

Page 6: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

6

dessas condicionalidades pode causar o bloqueio, que se não for solucionado pode ser suspenso, e até mesmo cancelado (MDS, 2010).

2.4 O Programa Bolsa Família no município de São Bentinho – PB

O município de São Bentinho-PB, foi criado pela Lei nº 5.933, de 29 de abril de 1994 e emancipado em 01 de Janeiro de 1997. A cidade está inserida na 13ª Região Geoadministrativa do estado da Paraíba e na Unidade Geoambiental da Depressão Sertaneja, que representa a paisagem típica do semiárido nordestino. Encontra-se localizado no oeste do estado da Paraíba, distante a 340 km da capital do estado, João Pessoa, contornando uma área de 195,9 Km2 e uma população de 4.138 habitantes (IGBE, 2010).

De acordo com o Plano Municipal Plurianual de Assistência Social 2010/2013, na economia municipal, destaca-se a produção de atividades artesanais, como também, a produção e venda de alimentos típicos da região. Por se tratar de um município de pequeno porte, o comércio local á bastante restrito, e por isso, existe uma limitação da oferta de atividade econômica, que não é capaz de absorver a parcela de trabalhadores ativos, em função da falta de um comércio mais amplo e inexistência de fábricas, indústrias, entre outros instrumentos de desenvolvimento. Diante disso, a agropecuária torna-se a sua principal base econômica, seguida da pecuária (SÃO BENTINHO, 2009).

O Programa Bolsa Família (PBF) foi implementado na Secretaria da Assistência Social do município a partir do ano de 2005. Antes desse período, existia o Programa Bolsa Escola, que tinha como responsável a Secretaria Municipal de Educação (SÃO BENTINHO, 2009).

O Relatório de Informações Sociais do Programa Bolsa Família e do Cadastro Único relativo ao mês de setembro de 2011 mostra que no município de São Bentinho existem 830 famílias cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CADÚNICO), destas, 595 famílias são cadastradas com perfil pertinente, mas desse total, apenas 551 famílias são beneficiárias do Programa Bolsa Família no município.

De acordo com o mesmo relatório existem cinco famílias que estão em situação de descumprimento das condicionalidades. Destas famílias, três foram advertidas, uma foi bloqueada e uma cancelada. No entanto, as famílias que estão cadastradas, mas que ainda não recebem o benefício esperam que sejam criadas novas vagas ou que famílias beneficiadas sejam excluídas por algum descumprimento das condicionalidades, ou por terem melhorado sua condição financeira e com isso, deixem voluntariamente o Programa.

A Secretaria Municipal de Assistência Social é o órgão responsável pela gestão do Programa Bolsa Família no município. É também o local onde se encontra as instalações físicas do Programa, o qual conta com um Gestor e um cadastrador/digitador.

No mês de abril de 2011, a gestão do município aderiu ao Sistema de Gestão do Programa Bolsa Família (SIGPBF), com o intuito de integrar as Secretarias Municipais de Saúde, Educação e Assistência Social no gerenciamento do programa. Além disso, no mês de junho de 2011, o município começou a utilizar uma versão mais moderna do Cadastro Único, a versão 7, cujo funcionamento é integralmente online, não necessitando de aplicativo distinto para a transmissão dos dados à base nacional. Esta versão permite o registro dos dados coletados nos formulários principal, avulsos e suplementares (MDS, 2011).

Como um dos principais eixos do PBF são os programas complementares, o município, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, também realiza visitas domiciliares, promove palestras educativas às famílias atendidas, como também cursos de capacitação e geração de renda, com aulas teóricas e práticas.

Com isso, o PBF permite que as famílias tenham sua cidadania fortalecida e possam estruturar suas rendas a partir de seu próprio trabalho, de modo que as crianças e jovens tenham oportunidade de um futuro melhor, e consigam superar a situação de vulnerabilidade.

Page 7: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

7

3 Procedimentos Metodológicos Para a realização do estudo, foi utilizada a pesquisa aplicada, que tem como intuito a

busca de respostas e resoluções para um determinado questionamento ou problema. A pesquisa aplicada tem o objetivo de contribuir com a prática e visa solucionar de forma mais rápida o problema encontrado na realidade.

Quanto aos seus objetivos, a pesquisa classifica-se como descritiva, uma vez que está voltada para estudos que produz opiniões ou projeções futuras nas respostas alcançadas, e que tem por objetivo básico descrever as características de determinada população ou fenômeno e estabelecer possíveis relações entre variáveis (VERGARA, 2008).

Com relação aos procedimentos técnicos adotados na coleta de dados, foi utilizado um Estudo de Caso como forma de abordar, com profundidade, os objetivos da pesquisa, no intuito de conhecer a realidade de um ou mais indivíduos. O estudo de caso fornece subsídios para descobrir situações da vida real, além de elucidar as variáveis causais de determinados fenômenos em que a utilização de levantamentos e experimentos não é possível (RICHARDSON, 1999).

Sobre a forma de abordagem do problema, foram empregadas abordagens quanti-qualitativa. A abordagem quantitativa foi aplicada por meio de questionários, para medir tanto os efeitos, opiniões, atitudes, preferências, como os comportamentos da população beneficiária do Programa Bolsa Família no município de São Bentinho - PB. Sobre esta abordagem é possível afirmar que o método quantitativo tem no questionário uma grande ferramenta. Já a abordagem qualitativa foi realizada por meio de um Estudo de Campo, com o desígnio de levantar dados reais, fornecidos pelos indivíduos sujeitos da pesquisa. Para Richardson (1999, p. 80), “os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais.”

Sobre o universo e a amostra, a pesquisa foi realizada com famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF), além de entrevista com o Gestor do Programa no município de São Bentinho – PB. Demarcou-se como universo da pesquisa, o número total de famílias beneficiadas pelo PBF, que segundo os dados do Relatório de Informações Sociais do programa e do Cadastro Único do município de São Bentinho/PB, até o mês de setembro de 2011, esse número era de 551 famílias (MDS, 2011).

A amostra da pesquisa foi constituída de 80 beneficiários do PBF, tendo como local de coleta de dados a sede do Programa no município, bem com uma parcela desses beneficiários, que participam de cursos de geração de renda, promovidos pelo próprio programa, durante os meses de outubro e novembro de 2011. Portanto, optou-se pela amostragem por acessibilidade, tendo em vista que se constitui, entre os tipos de amostras, a menos rígida de todas, e por isto é destituída de qualquer rigor estatístico, além de ser considerada a de maior facilidade na sua coleta (VERGARA, 2008).

Na coleta de dados, etapa da pesquisa que dá início a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, o método utilizado foi um questionário, adaptado de Rodrigues (2011), formado por 34 (trinta e quatro) questões do tipo fechadas e de múltipla escolha, as quais contemplaram aspectos gerais dessa população, como: dados gerais, características dos moradores, educação, saúde, trabalho, alimentação, realidade atual e natalidade; e que de maneira objetiva, buscando respostas para situações concretas e tangíveis.

A pesquisa documental foi realizada por meio de relatórios internos, publicações, dados estatísticos, jornal, revistas e resultados de pesquisas já desenvolvidas, com o intuito de conhecer melhor os aspectos históricos dos programas de transferência de renda, como o Programa Bolsa Família. A utilização da pesquisa documental pode, totalmente ou

Page 8: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

8

parcialmente, suprimir a casualidade de alguma influência, ou seja, a interferência do pesquisador.

Também foi realizada uma entrevista com o Gestor do Programa Bolsa Família, adaptada de Rodrigues (2011), constituída de um diálogo frente a frente, de maneira metódica. A entrevista foi posteriormente analisada, onde se buscou obter informações do entrevistado sobre o assunto em questão, conforme indicam Lakatos e Marconi (2002).

Quanto à análise e interpretação dos dados, a planilha eletrônica foi utilizada como principal meio para interpretar os dados quantitativos coletados, bem como para registrar e manter em arquivos as informações e os dados da pesquisa. Além disso, a entrevista com o Gestor do Programa Bolsa Família foi gravada em gravador digital e transcrita na íntegra, o que possibilitou não só a análise destas informações como também o armazenamento destes dados. 4 Análise de Resultados

Nesta fase da pesquisa, foram avaliados os dados, com a análise as informações obtidas permitiram a elaboração de uma série de conclusões que serão relatadas a posteriori. 4.1 Dados Gerais

Na primeira etapa, analisou-se como os beneficiários do PBF tiveram conhecimento do Programa, e o que constatou-se, foi que 38,75% dos entrevistados souberam pela Prefeitura, seguido de 20% que souberam por vizinhos, 15% nos meios de comunicação televisão/jornal/ rádio, 10% no Posto de Saúde da cidade, 7,5% souberam na escola/creche e somando o restante dos percentuais, obteve-se 8,75% distribuídos entre parentes e amigos.

Ou seja, o maior responsável pela divulgação do Programa no município, foi a Prefeitura, que utiliza os serviços dos seus técnicos para informar a população sobre a existência do Programa e sua implantação no município.

Com relação ao tempo decorrido entre o preenchimento do formulário e o inicio do recebimento do beneficio, 36,25% dos entrevistados responderam que esse tempo demorou de 1 a 6 meses, ou seja, uma parcela significativa dos beneficiários não espera muito tempo para auferir o benefício. Porém, outros 30% tiveram que aguardar de 7 a 12 meses, o que significa um tempo maior para aqueles que vivem uma vida de carências, principalmente com relação à alimentação.

Vale ressaltar que durante a pesquisa, essa questão foi bastante debatida entre os entrevistados, pois em geral, o tempo de espera entre o cadastramento e o recebimento do benefício tem sido um pouco demorado, alguns deles acham até que não irão mais receber o benefício.

Esse fato mostra que não é possível definir o tempo de espera para o recebimento do benefício, pois 16,25% dos entrevistados tiveram que esperar acima de 02 (dois) anos, enquanto que outras aguardaram menos de 06 (seis) meses. Pode-se dizer que o elemento mais analisado para o recebimento do beneficio é a renda per capita, pois quanto menor ela for, maior a probabilidade de tornar-se um beneficiário, e consequentemente, menor o tempo de espera.

Segundo Silva e Souza-Lima (2010 apud RODRIGUES, 2010), nas últimas décadas a população brasileira sofreu um movimento migratório do campo para as cidades, porém as cidades não suportavam um aumento tão intenso em sua população. Sem o investimento necessário das autoridades, e em função disso, começaram a surgir as primeiras áreas de ocupação nas cidades e junto vieram as favelas, os loteamentos clandestinos e irregulares, bem como os conjuntos habitacionais, que se espalharam pelo país, acelerando a periferização das cidades. Nesse contexto, ao serem questionados sobre o tipo de moradia, bem como a sua

Page 9: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

9

localização, 97,5% dos entrevistados responderem que moram em casas, sendo estas, 91,25% localizadas na zona urbana.

Os resultados demonstram que o Programa atende, em sua grande maioria, moradores do perímetro urbano da cidade, fato este que pode ser atribuído a questão de que a população urbana dos municípios brasileiros vem aumentando gradualmente, em função da migração da população rural para as cidades. Outro fator é a questão da condição de ocupação do domicílio, onde, de acordo com a pesquisa, 53,75% destas casas são próprias, conforme mostra a Tabela 1. Tabela 1 – Condição de ocupação do Domicilio

Item Porcentagem (%)Alugado 27,5 Próprio 53,75 Cedido 18,75 Outra condição 0 Total 100

Fonte: dados da pesquisa, 2011

A Tabela 1 revela que uma pequena parcela da população entrevistada possui gastos com moradia, o que se torna um bom indicador, já que grande parte dos beneficiados pode direcionar sua renda mensal para outros gastos. 4.2 Características dos Moradores

No que se refere à composição familiar, os dados da pesquisa mostram que em 53,75% das famílias entrevistadas são formadas por quatro a seis pessoas, seguido de 37,5% que são formadas de uma a três pessoas. Com relação ao número de famílias existente em cada domicílio, verificou-se que 96,25% são compostas de apenas uma família, seguido de 2,5% que são formados por duas ou três famílias, e apenas 1,25% por quatro a cinco famílias. Neste ponto, conclui-se que pouco mais da metade da amostra é constituída por famílias não numerosas, rompendo o preconceito de que a pobreza se revela em famílias extensas.

Quanto ao número de menores (0 a 17 anos) residentes no domicílio, constatou-se que 58,75% das famílias possuem entre um e dois menores, seguido de 28,75% que possuem entre três e quatro. Percebe-se, que estas famílias estão se precavendo mais com relação ao número de filhos, e com isso, estão exercendo um maior controle sobre a natalidade do município.

Constatou-se também que, nesses lares, o número de menores inscritos no Programa Bolsa Família está entre um e dois (62,5% das famílias), enquanto que 26,25% representam entre três a quatro menores.

Indagados sobre o tempo que recebem o benefício, 88,75% dos entrevistados responderam que recebem a bolsa há mais de um ano e 11,25% há menos de um ano.

Entende-se que o Programa Bolsa Família é um programa federal que auxilia provisoriamente o estado de pobreza em que as famílias vivem, até que ela consiga meios próprios para se sustentar. No entanto, é fato que a maioria dessas famílias não consegue superar a situação de pobreza em que vivem, e mesmo quando suas rendas aumentam a maioria não quer perder o beneficio. Com isso, não cancelam voluntariamente o benefício, e em função disso, prolonga a sua permanência no Programa. Esse fato requer atenção, pois quando isso acontece, é a vaga de outra família que está sendo ocupada.

No município de São Bentinho - PB, “280 famílias cadastradas no Cadastro Único, estão na lista de espera, aguardando para ser contempladas”, afirma o Gestor do Programa Bolsa Família em entrevista.

Page 10: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

depeassis

beneAcreGráfi Gráfic

Fonte

famílassisbeneProgbenefamíl

entrerespocumpfamilprefeEstescanc

condmerecient 4.3 E

oferesocioescol

famílpartiProg

Prog

21,2

Acredita-sndência e dtência aos mSobre o v

ficiárias quescenta-se afico 1.

co 1 - Valor d

e: dados da p

Para que lias benefitência sociafícios bloq

grama Bolsafício bloqulias, ou seja

Entretantoevistados jáonderam quprimento daliar (per ceitura ter cas outros moelamento do

Sobre essadicionalidadece melhor tes do funci

Educação Apesar de

ecendo apooeconômicolar dos filho

Desse molia ser benecipantes (6

grama, e queVale ress

grama no mu

57,5

5%3,75%

se que essde estabilizamais vulnervalor do últue auferemainda que 2

do último bene

pesquisa, 201

as condicioiciárias deval, e quand

queados, sua Família, inueado em a, um perceno, desde o iná tiveram seue não sabas condicioncapita); o fancelado o otivos somao benefício.a questão, v

de do Progresclarecimonamento d

e ser propooio às fa

o, as famíliaos. odo, analisoeficiária do6,25%) não

e em 28,75%altar que, unicípio, o

5%12,5%

5%

e é um faação da cidáveis, entretimo benefí

m um valor21,25% rec

eficio recebido

11.

onalidades vem assumdo isso não uspensos ounformou dufunção do ntual de 2%nício do Proeus benefícbem o motnalidades. Ofato das crbenefício eados repres. vale destacaama, isto, aento, tendo

do Programa

sta do Progamílias comas devem se

ou-se o númo programa.o tinha nen% destas, tincom relaçãGestor do P

Até R

De R$

De R$

De R$

De R$

ator preocudadania assietanto, não sfício recebidr entre R$cebem entre

o

do Programmir contrap

acontece, u até mesmurante a ent

descumpri% delas estáograma no mios bloqueativo e 33%Os demais mrianças/adolem função sentam 20,5

ar que existealiás, é um

o em vista qa Bolsa Fam

grama Bolsm a tran comprome

mero de me. O resultadnhum filho nha entre 1 ão aos dadPBF afirmo

$ 50,00

$ 51,00 a R$ 1

$ 101,00 a R$

$ 151,00 a R$

$ 201,00 a R$

upante, umistida, na quse pode prefdo, o quest$ 101,00 ae R$ 151,0

ma Bolsa Fpartidas naos benefici

mo cancelatrevista, queimento dasá com o benemunicípio, aados ou can

% informoumotivos relalescentes cde a famíli

5% dos mo

e uma desinponto críti

que nem tomília.

a Família, nsferência eter com as c

enores que do detectadfora da esca 3 filhos ndos de freqou em entrev

100,00

150,00

200,00

300,00

a vez que ual o Estadferir a mesmtionário deta R$ 150,000 a R$ 20

Família sejas áreas deiários corre

ados. Nessee o percent

condicionefício bloqua pesquisa cncelados, se

u que isso atados foram

completaremia receber motivos de bl

nformação qico, pois esodos os ben

atuar na exde renda contrapartid

estavam fodo foi que acola antes desta situaçãquência escvista que an

fortalece do garante oma à emancitectou que 00 represen00,00, com

am desempee saúde, eem o risco e ponto, o tual de famalidades, “

ueado”. constatou quendo que docorreu po

m o aumenm a idade mais de umloqueio, su

quanto aos ssa é uma qneficiários m

xternalidadee acomp

das, como a

ora da escoa maioria dde ser bene

ão. colar/evasãontes de o Pr

10

o grau deo direito daipação. as famíliasntam 46%.

mo revela o

enhadas, aseducação ede ter seusGestor do

ílias com o“apenas 11

ue 30% dosdestes, 46%or falta deto da rendalimite e a

m benefício.spensão ou

critérios dequestão quemostram-se

e da escola,panhamentoa frequência

la antes dadas famíliaseficiário do

o antes dorograma ser

0

e a

s .

o

s e s o o 1

s % e a a . u

e e e

, o a

a s o

o r

Page 11: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

11

implantado no município, a Secretaria Municipal de Assistência Social não tinha essas informações, a partir da integração entre esta Secretaria com as Secretarias de saúde e educação, foi possível acompanhar tanto a frequência, como a evasão escolar de cada aluno inscrito no Programa. Além disso, o Gestor ainda informa que “esses dados são atualizados no sistema a cada 90 dias”.

A partir da Tabela 2 é possível analisar a evolução do número de matrículas do município entre os anos de 2006 a 2009, nas redes estadual e municipal de ensino. Tabela 2 - Número de matriculas nas escolas de São Bentinho de 2006 a 2009

Tipo/ Ano 2006 2007 2008 2009 Total Municipal 945 943 957 880 Total Estadual 293 330 276 250

Fonte: adaptado de INEP/MEC, 2011

Diante desses dados, percebe-se que na rede estadual de ensino, com exceção do período de 2006/2007, não houve acréscimo considerável durante os anos analisados. Em relação à rede municipal, observa-se que houve um pequeno acréscimo no período 2007/2008 e em seguida uma queda no número de matrículas no município. Desse modo, não se pode atribuir diretamente ao Programa Bolsa Família a contribuição para o combate ao analfabetismo. Porém, a manutenção das condicionalidades em longo prazo, pode criar uma importante condição estrutural para que as crianças das famílias beneficiadas consigam superar a condição de pobreza em que nasceram e vivem. Desta forma, o estímulo a permanência das crianças e adolescentes na escola poderá contribuir para o quebra do ciclo de reprodução da pobreza.

Outra questão levantada pelo questionário foi o quanto se gasta com educação, do valor que é recebido pelo Programa. A pesquisa revelou que 53,75% dos participantes disseram que gastam até R$ 50,00 enquanto que 30% não gastam nada. Apenas 12,5% responderam gastar de R$ 51,00 a R$ 100,00, e 3,75% gastam de R$ 101,00 a R$ 150,00. Os dados são de grande relevância, porque demonstra que o benefício recebido do Programa Bolsa Família facilitou o acesso e permanência das crianças na escola, o que de fato é um elemento que pode oferecer a esta criança, no futuro, condições para que seja uma pessoa instruída e a partir disto, consiga inserir-se com maior facilidade no mercado de trabalho, tornando-se um cidadão mais consciente da realidade em que vive.

4.4 Saúde

Com objetivo de investigar sobre a saúde dos beneficiários do Programa Bolsa Família no município, a pesquisa buscou analisar qual a frequência que estes recebem a visita de um agente de saúde em suas residências. Os resultados apontaram que 63,75% destas famílias recebem pelo menos uma visita por mês. Outros 8,75% afirmaram que a visita só acontece uma vez a cada três meses, bem como uma vez no ano e 15% afirmaram que nunca receberam visita de agente de saúde, ou seja, esta parcela de beneficiários não recebe o acompanhamento da saúde em seu domicílio.

Este fato é de grande importância, pois os profissionais da rede de saúde têm a função de realizar visitas e manter o acompanhamento das famílias, como cumprimento a condicionalidade da saúde do Programa Bolsa Família. No entanto, essa é uma questão que demanda apoio desses atores para induzir a organização dos serviços de saúde, bem como o estabelecimento de novas rotinas e fluxos de atendimento para receber as famílias beneficiárias. Quando a visita não acontece, essas famílias deixam de ter o acompanhamento da saúde, e ficam sujeitas a terem seus benefícios bloqueados/cancelados.

Page 12: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

12

Com relação às gestantes, o questionário identificou quantas mulheres grávidas existiam no domicílio e se estas estavam tendo acompanhamento médico, ou seja, se estavam realizando o pré-natal. O que se observou, foi que nas famílias pesquisadas apenas 12,5% tinham entre uma a duas gestantes, e que todas estavam tendo acompanhamento médico. Este fato revela que estas mulheres estão se mostrando conscientes sobre a importância de fazer um acompanhamento médico em sua gestação, além de ser um requisito para o recebimento do benefício do Programa.

Quando perguntados se o cartão de vacinação das crianças estava em dia, 98,65% dos participantes que tinham filhos, responderam que a vacinação estava atualizada, o que é um fator bastante positivo, evidenciando o quanto estas famílias se preocupam em manter seus filhos protegidos de doenças e o quanto elas estão tendo acesso aos serviços públicos de saúde.

A partir desses dados, observa-se que a condicionalidade referente à saúde do Programa Bolsa Família vem sendo cumprida com êxito pela maioria dos beneficiários do município. No entanto, é preciso que o acompanhamento por parte dos profissionais da saúde seja mais intenso e que as famílias beneficiárias colaborem para manterem-se atualizados com estes serviços. 4.5 Trabalho

A oferta de trabalho, principalmente de maneira formal, é um fator bastante restrito no município de São Bentinho, tendo em vista a tímida economia local que não é capaz de absorver os trabalhadores ativos da cidade, bem como a existência de mão-de-obra desqualificada que dificulta o crescimento econômico da cidade.

Sobre esse assunto, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), informa que no município de São Bentinho, o número de empregos formais no mês de setembro de 2011 foi de apenas seis (MTE, 2011).

Desse modo, o questionário tentou averiguar quantas pessoas maiores de 18 anos, moradores da família, estão trabalhando. O que se constatou foi que 73,75% das famílias possuem entre um ou dois adultos trabalhando e que 23,75% destas, não tem nenhum adulto no mercado de trabalho. Com relação aos desempregados, verificou-se que em 60% dos lares analisados existem entre uma e duas pessoas que estão desempregadas. Ou seja, mais da metade dos adultos destas famílias não consegue inserir-se no mercado de trabalho.

Pode-se dizer que este fato ocorre ou por falta de capacitação e de estímulo, ou em função da baixa escolaridade e formação, que faz com que estas pessoas não consigam competir com indivíduos mais capacitados, na busca por empregos de maior remuneração e que requerem escolaridade ou formação acadêmica. Com isso, estas pessoas se tornaram vítimas do desemprego estrutural, o qual provoca degradação dos salários e aumento do número de trabalhadores no emprego temporário, bem como nas atividades autônomas, onde, muitas vezes, a renda auferida por essas atividades não consegue suprir as necessidades mínimas e básicas de uma família.

A pesquisa também verificou quantos menores de 18 anos, moradores da família, estão trabalhando, e constatou-se um dado bastante positivo, em 96,25% destas famílias não existe nenhum menor de idade desempenhando atividade remunerada, ou seja, a questão da erradicação do trabalho infantil tem sido praticada e levada a sério no município.

Outro dado analisado foi com relação ao número de aposentados que reside nos domicílios, e observou-se que em apenas 11,25% dos lares existiam de um a dois aposentados, que podem colaborar com seus rendimentos para a renda total da família.

Sobre a oferta de cursos de geração de renda, a pesquisa revelou que 43,75% dos membros da família já participaram de algum curso promovido pelo Programa Bolsa Família, e destes, 37,14% afirmaram tem tido alguma oportunidade no mercado de trabalho.

Page 13: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

13

Conforme o Gestor do Programa Bolsa Família declarou em entrevista: a Secretaria Municipal de Assistência Social tem disponibilizado diversos cursos profissionalizantes e de capacitação para os beneficiários do Programa, como por exemplo, corte e costura, artesanato, arte culinária, entre outros, e tem contado com grande participação dos beneficiários do Programa Bolsa Família.

O Gestor ainda acrescenta que com base nos relatórios do Centro de Referência de Assistência Social - CRAS, a Secretaria possui alguns dados sobre os beneficiários, que por meio de cursos de capacitação e geração de renda, ofertados pelo Programa, tiveram uma oportunidade no mercado de trabalho.

Diante disso, percebe-se que seria de grande importância, a criação de empregos e de ferramentas que permitam o acesso dos trabalhadores mais necessitados a um trabalho remunerado. Certamente, o Programa Bolsa Família não foi delineado para preencher esta lacuna, porém, o Programa parece ser desprovido de um mecanismo que ofereça um suporte mais eficaz, voltado à preparação dos membros familiares ao mercado de trabalho, mas para isso, é preciso que os próprios beneficiados compreendam que o Programa foi criado para beneficiar apenas provisoriamente as famílias carentes, e que, portanto, eles deviam buscar alternativas para se desvincular. 4.6 Alimentação

Sabe-se que educação, saúde, trabalho, alimentação, entre outros, são direitos universais garantidos pela Constituição Federal de 1988. No tocante ao acesso à alimentação, esse fator coloca o Estado na posição de provedor de um direito constitucional ao cidadão: garantir a segurança alimentar de sua população. Assim, pode-se dizer que políticas sociais voltadas à diminuição da pobreza e da fome são instrumentos ativos na ação de amortizar as desigualdades sociais e de promover um país mais equitativo, além de garantir o direito à alimentação.

Para apurar esse fato, o questionário investigou com que frequência na semana as pessoas moradoras do domicílio, faziam três ou mais refeições por dia, antes e depois de entrar no PBF. Como respostas, foram obtidos os seguintes dados, conforme mostra as Tabelas 3 e 4. Tabela 3 - Três refeições por dia (antes do PBF)

Três ou mais refeições por dia Porcentagem (%)7 dias 50 5 ou 6 dias 12,5 3 ou 4 dias 30 2 dias ou menos 7,5 Total 100

Fonte: dados da pesquisa, 2011

Sobre esses dados, a Tabela 3 mostra que metade dos moradores dos domicílios pesquisados, independentemente de receber o benefício do Programa Bolsa Família, já tinha acesso as principais refeições todos os dias da semana. No entanto, depois da inclusão no PBF, 15% dessas famílias puderam se alimentar melhor, pois a partir deste momento, tiveram acesso as três refeições diárias, durante os sete dias da semana, conforme mostra a Tabela 4. Tabela 4 - Três refeições por dia (depois do PBF)

Três ou mais refeições por dia Porcentagem (%)7 dias 65 5 ou 6 dias 7,5 3 ou 4 dias 26,25 2 dias ou menos 1,25

Page 14: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

14

Total 100 Fonte: dados da pesquisa, 2011

Analisando as tabelas, percebe-se que para a maioria destes domicílios, o Programa Bolsa Família contribuiu para o aumento do número de refeições destas famílias, pois os recursos do Programa permitiram um maior o acesso a compra de alimentos.

Quanto ao gasto com alimentação, a pesquisa demonstrou que do valor recebido, 46,25% dos informantes gastam entre R$ 51,00 a R$ 100,00 na compra de gêneros alimentícios, seguidos de 20% que utilizam até R$ 50,00, como também de R$ 101,00 a 150,00 e de 5% que gastam entre R$ 151,00 a R$ 200,00 do dinheiro com alimentos. Atentou-se para o fato de 8,75% das pessoas questionadas declararem que não gastam nada com alimentação, o que pode ser cruzado com os dados de educação, quando 3,75% declararam gastar na faixa de R$ 101,00 a R$ 150,00 com os estudos, o que aponta, provavelmente, que estes estão inseridos entre os que não gastam nada com alimentação.

A partir destes dados, é perceptível que além da aquisição de alimentos, parte do benefício também se destina a outras necessidades, pois conforme abordado pelo questionário, o valor recebido em média por estes beneficiário é de R$ 101,00 a R$ 150,00.

Mesmo com o recebimento do benefício, a pesquisa também analisou que outras formas essas famílias utilizam para se alimentar. Nesse sentido, o estudo revelou que 35% precisavam de alguma ajuda, um auxilio extra, que geralmente é doado pela Secretaria Municipal de Assistência Social, como também pela Igreja, vizinhos, parentes, entre outros para complementar sua alimentação.

Com esses dados, percebe-se que mesmo recebendo o benefício, uma parcela dessas famílias ainda não consegue satisfazer as necessidades básicas, como por exemplo, o acesso a uma alimentação diária.

4.7 Realidade Atual

Sobre a realidade atual, a pesquisa questionou como esses beneficiários avaliam a situação financeira do seu domicílio quando comparada com a situação antes de receberem o benefício do Programa Bolsa Família. Constatou-se que para 71,25% dos beneficiários, a situação financeira ficou melhor, enquanto que 26,25% atribuíram que a partir da inserção no Programa, sua situação financeira se tornou muito melhor. Apenas 2,5% considera que sua situação permaneceu igual. Esses dados revelam que de fato o benefício do Programa passou a fazer parte da renda familiar, permitindo o acesso a itens antes não disponíveis para essas famílias, como o acesso diário à alimentação, material escolar para os filhos, entre outros.

Quando questionados sobre a utilização de crédito/caderneta/fiado/prestação para comprar alimentos e roupa, a pesquisa revelou que 70% dos domicílios utilizam esta forma de pagamento nos locais onde geralmente compram, para adquirir alimentos, e 63,75% utilizam-se deste mesmo meio para comprar roupa. Isso demonstra que o programa permitiu melhores condições de acesso ao crédito local em decorrência do recebimento do benefício, resultando no aumento de movimentação do comércio local. 4.8 Natalidade

Principalmente após novembro de 2011, quando o governo decidiu que as famílias cadastradas no Programa Bolsa Família passariam a receber benefícios até o limite de cinco filhos, com idade de até 15 anos (antes, o limite era de três filhos), as críticas em relação ao Programa aumentaram acerca do incentivo ao crescimento da natalidade. No entanto, economistas e estudiosos do Programa dizem não ver risco de estímulo ao aumento da natalidade nesse caso, em função do baixo valor do benefício.

Page 15: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

15

Sobre esse assunto, a pesquisa analisou o número de filhos que os participantes tinham antes e depois de serem beneficiários do Programa. Na análise percebe-se que a maioria (61,25%) das famílias, antes de serem beneficiárias do Programa, tinha entre um e dois filhos, enquanto que 17,5% possuíam três filhos. Após a inserção no Programa, esses dados mudaram, pois os que tinham entre um e dois filhos, passaram a ser 56,25%, e os que tinham três filhos, aumentaram para 22,5%. Ou seja, houve uma pequena evolução na taxa de natalidade, mesmo com a existência de várias campanhas de mobilização no município sobre os meios contraceptivos. Porém, não se pode atribuir exclusivamente este acréscimo ao fato das famílias incluírem no orçamento o benefício, uma vez que esta variação foi de apenas 5%. Para comprovar realmente esta influência, seria necessário verificar a taxa de natalidade das famílias que não fazem parte dos beneficiários do PBF no município.

Por fim, o estudo buscou averiguar sobre a confiança destas famílias, para ter filhos depois de fazer parte do Programa. Sobre esse quesito, 87,5% afirmaram que não se sentiam confiante para ter mais filhos.

Enfim, a pesquisa aponta que, na prática, o Programa Bolsa Família não incentivou a ampliação do número de filhos entre as famílias beneficiárias no município de São Bentinho, tendo em vista que estas famílias perceberam que o valor do benefício é insuficiente para arcar com as despesas de mais filhos. 5 Considerações Finais

Com base nos resultados da pesquisa, foi possível identificar algumas mudanças que o Programa Bolsa Família proporcionou às famílias beneficiárias do município de São Bentinho, com relação à situação socioeconômica e demográfica.

Analisou-se que o benefício auferido pelo Programa proporcionou um aumento na renda familiar dos beneficiários, melhorando a situação financeira dessas famílias, na medida em que passou a servir de incremento na renda, possibilitando o acesso a itens antes não disponíveis. Com isso, observou-se melhorias significativas nas condições de vida dessas famílias, principalmente no atendimento de suas necessidades e de demandas prementes do grupo familiar. Uma delas foi o acesso à alimentação, visto que 50% das famílias pesquisadas, independentemente de receber o benefício do Programa Bolsa Família, já tinham acesso às principais refeições, todos os dias da semana. No entanto, depois da inclusão no PBF, esse dado passou para 65%, demonstrando um aumento de 15% dessas famílias no acesso as três refeições diárias, durante os sete dias da semana.

Além disso, ao vincular condicionalidades na área de educação para o recebimento do benefício, constatou-se que o Programa pode contribuir, em longo prazo, para o combate ao analfabetismo e a evasão escolar no município, bem como para a permanência de crianças e adolescentes na escola, permitindo assim, estimular a aprendizagem e desenvolver suas capacidades.

No tocante a condicionalidade da saúde, os dados revelaram-se bastante positivos, pois a maioria das famílias analisadas demonstrou uma preocupação em realizar o acompanhamento de saúde do Programa, visto que todas as gestantes detectadas na pesquisa estavam realizando as consultas de pré-natal, e que 98,65% das famílias entrevistadas mantinham o cartão de vacinação das crianças atualizado. Com isso nota-se uma maior conscientização das famílias, no que diz respeito ao acompanhamento médico gestacional, bem como em manter os filhos vacinados e protegidos contra possíveis doenças e epidemias que venham a ocorrer.

Apesar destes resultados, faz-se necessário que o município intensifique a divulgação dos critérios de condicionalidade do Programa, tendo em vista a existência de uma parcela significativa de beneficiários que não tem conhecimento do funcionamento do Programa. Portanto, essa é uma questão que merece maior atenção, pois contribuirá para uma diminuição

Page 16: Uma Análise da Aplicação do Programa Bolsa Família ... · 2 1 Introdução Problemas como a desigualdade social e consequentemente a pobreza, sempre estiveram presentes na história

16

do bloqueio/cancelamento dos benefícios das famílias, além de contribuir para minimizar as deficiências e limitações dos beneficiados.

Com relação à natalidade, verificou-se que houve uma pequena evolução na taxa de natalidade do município, todavia, este acréscimo não pode ser atribuído exclusivamente ao fato das famílias terem passado a contar com o benefício, uma vez que esta variação foi de apenas 5%. Por outro lado, identificou-se também, que a grande maioria das famílias entrevistadas (87,5%), está se precavendo com relação ao número de filhos.

Outro dado importante detectado ao longo da pesquisa foi com relação ao trabalho, o qual mostrou a inexistência de filhos menores de idade desempenhando atividade remunerada em 96,25% das famílias participantes. Isso demonstra que a questão da erradicação do trabalho infantil tem sido praticada e levada a sério no município. Além disso, o Programa permitiu que uma parcela significativa de beneficiários (37,14%), tivesse acesso a alguma oportunidade no mercado de trabalho, a partir da participação em cursos de geração e capacitação de renda, promovidos pela Prefeitura para os beneficiários do Programa.

De modo geral, pode-se afirmar que essas famílias tiveram mudanças expressivas nas suas condições de vida, após a inserção no Programa Bolsa Família. No entanto, para que essas mudanças sejam efetivas, faz-se necessário que essas famílias busquem melhores formas de capacitação profissional para acompanhar a evolução tecnológica da sociedade, e consequentemente, desvinculem-se do Programa.

Além disso, o Programa Bolsa Família apresenta limitações no combate efetivo da pobreza e da desigualdade social no município, visto que, apesar das famílias conseguirem uma melhoria no acesso ao consumo de gêneros de primeira necessidade, as mesmas permanecem em um quadro de pobreza apenas atenuado.

Diante disso, a pesquisa incita questionamentos, tais como: será que os beneficiários tendem a procurar emprego ou se acomodam com a renda recebida? Quais os impactos do Programa nas finanças do município? Essas são algumas das questões que não foram possíveis de serem analisadas com este estudo, mas que podem servir de indicação para novas pesquisas, além de complementar os resultados apontados nesta pesquisa. Referências RODRIGUES, Bruno Sávio Pereira. Bolsa Família: análise da aplicação desta política pública na cidade de Santa Rita/PB. 2011. 63f. TCC (Bacharelado em Administração). CCSA. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2011.

SANTANA, Candida M.Pereira. (Org.). Plano Municipal Plurianual da Assistência Social de São Bentinho 2010/2013. São Bentinho - PB. 2009.

SANTOS, Maria Paula Gomes dos. O Estado e os problemas contemporâneos. Florianópolis: Departamento de Ciência da Administração/UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2009.

SILVA, M. O. S.; YAZBEK, M. C.; GIOVANNI, G. A política social brasileira no século XXI: a prevalência dos programas de transferência de renda. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

SILVA, Wesley Helker Felício. Política de renda mínima no Brasil: análise dos postulados do Programa Bolsa Família. 2010. 162 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social)–Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010.