uma abordagem para identificacao e representacao dos interesses transversais na arquitetura...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA UMA ABORDAGEM PARA IDENTIFICAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DOS INTERESSES TRANSVERSAIS NA ARQUITETURA EMPRESARIAL Fabiana Jack Nogueira Santos Orientadora Flávia Maria Santoro Co-orientadora Claudia Cappelli RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL JUNHO DE 2012

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tese ciência da informação - Uma Abordagem Para Identificacao e Representacao Dos Interesses Transversais Na Arquitetura Empresarial

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM INFORMTICA

    UMA ABORDAGEM PARA IDENTIFICAO E REPRESENTAO DOS

    INTERESSES TRANSVERSAIS NA ARQUITETURA EMPRESARIAL

    Fabiana Jack Nogueira Santos

    Orientadora

    Flvia Maria Santoro

    Co-orientadora

    Claudia Cappelli

    RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL

    JUNHO DE 2012

  • RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL

    JUNHO DE 2012

    JUNHO DE 2012

  • Santos, Fabiana Jack Nogueira.

    S237 Uma abordagem para identificao e representao dos interesses transver-

    sais na arquitetura empresarial / Fabiana Jack Nogueira Santos, 2012.

    190f. ; 30 cm

    Orientador: Flvia Maria Santoro.

    Coorientador: Claudia Cappelli.

    Dissertao (Mestrado em Informtica) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

    1. Arquitetura empresarial. 2. Modularidade. 3. Interesses transversais.

    4. Metodologia DEMO. 5. Abordagem orientada a aspecto. I. Santoro, Fl-

    via Maria. II. Cappelli, Claudia. III. Universidade Federal do Estado do Rio

    de Janeiro. Centro de Cincias Exatas e Tecnologia Curso de Mestrado em

    Informtica. IV. Ttulo.

    CDD 005.32

  • minha me Maria Aparecida e ao meu marido Alexandre

    por todo amor e apoio incondicionais.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo Deus por guiar todos os passos de minha vida, ench-la de oportunidades e

    pessoas espetaculares e permitir que mais essa etapa fosse concluda. Agradeo ao pai que

    tive e ME maravilhosa que tenho, a quem devo os mais sinceros agradecimentos por tudo

    que sempre fez e faz por mim. O grande incentivador de toda essa jornada, meu marido e

    companheiro que muito admiro Alexandre, no s incentivou, mas participou ativamente do

    curso sempre que precisei. Alm disso, me ajuda a ver que a vida no perfeita, mas que

    ainda assim podemos ser muito felizes. Obrigada por tudo!

    Aventurar-me pelo mestrado s foi se tornando uma possibilidade para mim graas

    muitas conversas com o Professor Sean Siqueira, a quem devo muita gratido por ter me

    apresentado esse mundo, at ento, desconhecido. Ningum disse que seria fcil, mas cada

    instante valeu muito a pena.

    Agradeo imensamente minhas queridas orientadora e co-orientadora Flvia e Cludia,

    pessoas pelas quais tenho muito carinho e admirao. Vocs foram minhas grandes guias,

    foram mestras e muito pacientes nessa longa jornada, no tenho palavras para agradecer tudo

    que vivi, aprendi e por ter conseguido, com a ajuda de vocs, concluir essa empreitada.

    Agradeo ao NP2Tec por ter me aceitado como membro e me acolhido de braos

    abertos. Aprendi muito com todos e tenho muito carinho por vocs. O mestrado e o NP2Tec

    me trouxeram a oportunidade mpar de trabalhar com pesquisa e conhecer os professores Tas

    Batista e Jlio Leite que me ensinam muito a cada contato. Agradeo imensamente a vocs

    por tudo que aprendi.

    Durando o curso estive com grandes pessoas que me acompanharam, algumas desde a

    graduao, e sero eternamente amigas: Dbora, Priscila, Luiza, Mnica, Talita e Juliana

    Frana. Agradeo tambm a todos os meus amigos e familiares que direta ou indiretamente

    estiveram presentes nessa jornada ao meu lado.

    Agradeo a todos os meus professores da graduao que me ensinaram muito e esto

    sempre com uma palavra amiga quando os encontro pelos corredores, alguns estiveram

    presentes no mestrado, outros no, mas todos vocs so especiais para mim: Fernanda,

    Renata, Leila, Lo, Luiz Monte, Amncio, Mrcio e Tanaka. Obrigada a todos os meus

    professores do mestrado que enriqueceram essa experincia. Agradeo tambm Erclia,

    Alessandra, Douglas e todos da secretaria que muito me ajudam sempre quando necessrio.

  • SANTOS, Fabiana Jack Nogueira. Uma abordagem para identificao e representao dos

    interesses transversais na Arquitetura Empresarial. UNIRIO, 2012. 180 pginas.

    Dissertao de Mestrado. Departamento de Informtica Aplicada, UNIRIO.

    RESUMO

    O cenrio atual, no qual as organizaes esto inseridas, requer que mudanas sejam

    realizadas rapidamente com baixo custo. Frente a este desafio, as organizaes precisam

    conhecer a si mesmas, como John Zachman j observava em 1987 (ZACHMAN, 1987).

    Conhecer a si mesma significa entender por que e como as atividades so realizadas, quais

    informaes esto relacionadas a elas, quais sistemas as apoiam e qual tecnologia a suporta. A

    literatura prope o estabelecimento do conceito de Arquitetura Empresarial para auxiliar as

    organizaes a conhecerem a si mesmas. Atualmente existem diversos frameworks que

    sugerem artefatos e prticas para o desenvolvimento e a manuteno das diversas

    representaes que compem a Arquitetura Empresarial.

    Porm ao se analisar as representaes sugeridas e suas formas de desenvolvimento e

    manuteno na modelagem convencional da Arquitetura Empresarial propostas por estes

    Frameworks, percebe-se a existncia de diversos interesses espalhados e entrelaados aos

    interesses essenciais da organizao. Essa questo de baixa modularizao compromete o

    reuso e dificulta tanto a manuteno quanto o entendimento das representaes da Arquitetura

    Empresarial.

    Para auxiliar na soluo de tal questo proposto um mtodo para identificar e representar os

    interesses transversais na Arquitetura Empresarial. A soluo baseada na metodologia

    DEMO e na abordagem orientada a aspectos. Para analisar o mtodo proposto foi realizado

    um estudo de caso em uma empresa real.

    Palavras-chave: Arquitetura Empresarial; Modularidade; Interesses Transversais; Aspectos

  • ABSTRACT

    The current scenario where organizations are embedded requires changes to be performed

    quickly with low costs. In order to face this challenge, the organizations must know

    themselves as John Zachman already observed in 1987 (ZACHMAN, 1987). Knowing itself

    means understanding why and how the activities are performed, which information is related

    to them, which systems endorses them and which technology support them. The literature

    proposes the establishment of Enterprise Architecture concept to help organizations know

    themselves. Currently there are many frameworks that suggest artifacts and practices to the

    development and maintenance of the several representations that compose the Enterprise

    Architecture.

    However when analyzing the representations suggested and their development forms in

    conventional modeling of the Enterprise Architecture proposed by these Frameworks, it is

    possible to perceive the existence of several concerns scattered and tangled to the organization

    essential concerns. This low modularity issue compromises reuse and makes it difficult both

    to maintain and understand the Enterprise Architecture representations.

    In order to solve this issue, we present a method to identify and represent the crosscutting

    concerns at Enterprise Architecture level. The solution is based in the DEMO methodology

    and in the aspect-oriented approach. To analyze the proposed method we have performed one

    case study in a real world organization.

    Keywords: Enterprise Architecture; Modularity; Crosscutting concerns; Aspects

  • NDICE

    1. Introduo .......................................................................................................................... 1

    1.1. Motivao .................................................................................................................... 1

    1.2. Problema ...................................................................................................................... 2

    1.3. Enfoque de soluo ...................................................................................................... 3

    1.4. Escopo .......................................................................................................................... 4

    1.5. Estrutura do trabalho .................................................................................................... 5

    2. Arquitetura Empresarial .................................................................................................. 6

    2.1. Frameworks de Arquitetura Empresarial ..................................................................... 6

    2.1.1. Framework de Zachman ....................................................................................... 7

    2.1.2. FEAF .................................................................................................................... 8

    2.1.3. TEAF .................................................................................................................... 9

    2.1.4. DoDAF ............................................................................................................... 10

    2.1.5. TOGAF ............................................................................................................... 11

    2.1.6. FEA ..................................................................................................................... 12

    2.1.7. IEEE 1471-2000 ................................................................................................. 14

    2.1.8. Comparao entre os frameworks ...................................................................... 15

    2.2. Problemas encontrados na Arquitetura Empresarial .................................................. 18

    2.2.1. Linguagens para modelagem da Arquitetura Empresarial ................................. 20

    2.3. Ontologia Empresarial ............................................................................................... 28

    2.3.1. Gerao das representaes da Ontologia Empresarial ...................................... 34

    2.3.2. Exemplo .............................................................................................................. 37

    2.4. Resumo ...................................................................................................................... 40

    3. Orientao a Aspectos em Sistemas de Informao ..................................................... 41

    3.1. Conceitos gerais ......................................................................................................... 41

    3.2. Programao orientada a aspectos ............................................................................. 42

    3.3. Anlise de requisitos orientada a aspectos ................................................................. 43

    3.4. Modelagem de processos de negcios orientada a aspectos ...................................... 46

    3.5. Interesses transversais na Arquitetura Empresarial ................................................... 50

    3.6. Resumo ...................................................................................................................... 51

    4. Mtodo para identificao e representao dos interesses transversais na

    Arquitetura Empresarial ....................................................................................................... 53

    4.1. Objetivos .................................................................................................................... 53

    4.2. Premissas ................................................................................................................... 53

  • 4.3. Introduo ao mtodo ................................................................................................ 54

    4.4. Fase Identificar .......................................................................................................... 56

    4.4.1. EIA Obter representaes organizacionais ...................................................... 57

    4.4.2. EIA - Definir os tipos de elementos bsicos de cada representao

    organizacional ................................................................................................................... 57

    4.4.3. EIA - Listar trechos que compem os elementos bsicos .................................. 58

    4.4.4. EIA - Identificar transaes ontolgicas ............................................................ 64

    4.4.5. EIA - Representar as transaes ontolgicas ...................................................... 64

    4.4.6. EIA - Identificar os trechos que operacionalizam as transaes ontolgicas ..... 66

    4.4.7. EIA - Descartar os trechos que no operacionalizam as transaes ontolgicas 68

    4.4.8. EIA - Identificar os verbos utilizados ................................................................. 72

    4.4.9. EIA - Identificar os verbos com significado semelhante .................................... 75

    4.4.10. EIA - Calcular ocorrncia dos verbos................................................................. 76

    4.4.11. EIA - Descartar verbos com apenas 1 ocorrncia............................................... 77

    4.4.12. EIA - Identificar os trechos que compartilham mais de um verbo ..................... 81

    4.4.13. EIA - Revisar lista de interesses transversais ..................................................... 81

    4.4.14. EIA - Descartar trechos com verbos repetidos apenas na mesma representao

    organizacional ................................................................................................................... 82

    4.4.15. EIA - Nomear os interesses transversais identificados ....................................... 86

    4.5. Fase Representar ........................................................................................................ 87

    4.5.1. Passo a passo ...................................................................................................... 87

    4.5.2. A Linguagem para especificao de interesses transversais na Arquitetura

    Empresarial........................................................................................................................ 90

    4.6. Resumo ...................................................................................................................... 96

    5. Avaliao da proposta estudo de caso ........................................................................ 97

    5.1. Metodologia de pesquisa ........................................................................................... 97

    5.2. Caracterizao da Empresa ABCD ............................................................................ 98

    5.3. Realizao do estudo de caso ..................................................................................... 98

    5.3.1. Obter representaes organizacionais e identificar os tipos de elementos bsicos

    de cada uma ....................................................................................................................... 99

    5.3.2. Listar os trechos que compem os tipos de elementos bsicos ........................ 100

    5.3.3. Identificar as transaes ontolgicas ................................................................ 104

    5.3.4. Representar a essncia da organizao ............................................................. 105

    5.3.5. Identificar os trechos que operacionalizam as transaes ontolgicas ............. 106

    5.3.6. Descartar os trechos que operacionalizam as transaes ontolgicas .............. 107

    5.3.7. Identificar os verbos utilizados ......................................................................... 111

    5.3.8. Identificar os verbos semelhantes ..................................................................... 115

    5.3.9. Calcular ocorrncia dos verbos ........................................................................ 115

    5.3.10. Remover da lista os verbos com apenas 1 ocorrncia ...................................... 117

    5.3.11. Identificar os trechos que compartilham mais de um verbo ............................. 121

    5.3.12. Revisar lista ...................................................................................................... 123

  • 5.3.13. Identificar verbos repetidos somente na mesma representao organizacional 127

    5.3.14. Nomear os interesses transversais identificados ............................................... 143

    5.3.15. Criar o diagrama de interesses transversais ...................................................... 144

    5.3.16. Especificar o relacionamento transversal para cada interesse transversal

    identificado ...................................................................................................................... 144

    5.3.17. Anlise dos resultados da aplicao do mtodo ............................................... 150

    5.3.18. Respostas dos participantes .............................................................................. 151

    5.4. Resumo .................................................................................................................... 157

    6. Concluses ...................................................................................................................... 158

    6.1. Contribuies do trabalho ........................................................................................ 159

    6.2. Limitaes ................................................................................................................ 160

    6.3. Trabalhos futuros ..................................................................................................... 161

    REFERNCIAS ................................................................................................................... 163

    ANEXOS ............................................................................................................................... 170

    I. Convite para participar da pesquisa ............................................................................. 170

    II. Apresentao do mtodo ............................................................................................. 171

    III. Artefatos utilizados ...................................................................................................... 172

    IV. Resultado ..................................................................................................................... 174

    V. Roteiro da entrevista .................................................................................................... 174

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 O Framework de Zachman 3.0 (ZACHMAN, 2011) ................................................................ 8

    Figura 2 Componentes do planejamento da Arquitetura Empresarial traduzido de (FEAF, 1999) ........ 9

    Figura 3 Recursos e produtos de trabalho do TEAF para direcionar, descrever e realizar a Arquitetura

    Empresarial traduzido de (TEAF, 2000) ............................................................................................... 10

    Figura 4 Pontos de vista arquiteturais do DoDAF v2.0 traduzido de (DoDAF, 2009) ......................... 11

    Figura 5 Architecture Development Method TOGAF traduzido de (TOGAF, 2009) ........................ 12

    Figura 6 Modelos de referncia do FEA traduzido de (FEA Reference Models) ................................. 13

    Figura 7 Modelo Conceitual do Framework IEEE 1471-2000 traduzido de (Hilliard, 2000) ............... 14

    Figura 8 Camada de negcio da situao atual da UME (University of Middle England) .................... 21

    Figura 9 Objetivo da camada de negcio .............................................................................................. 21

    Figura 10 Como o aluno registrado .................................................................................................... 21

    Figura 11 Camada de aplicao ............................................................................................................ 22

    Figura 12 Refinamento da camada de negcio ..................................................................................... 22

    Figura 13 TO-BE da UME .................................................................................................................... 23

    Figura 14 Operaes includas no To-Be da Camada de Negcio ........................................................ 23

    Figura 15 To-Be da Camada de Aplicao ........................................................................................... 23

    Figura 16 Refinamento Camada de Aplicao ...................................................................................... 24

    Figura 17 Definio dos fundos da instituio ...................................................................................... 24

    Figura 18 Definio dos fundos da instituio ...................................................................................... 24

    Figura 19 Diagrama de Contexto de Negcio do USCP ....................................................................... 26

    Figura 20 Diagrama do Processo Pagamento por Perodo .................................................................... 27

    Figura 21 Diagrama de caso de uso do BAP pessoal ............................................................................ 28

    Figura 22 Transao .............................................................................................................................. 31

    Figura 23 Padro Transao Bsico ...................................................................................................... 32

    Figura 24 Bloco molecular .................................................................................................................... 33

    Figura 25 Bloco atmico ....................................................................................................................... 33

    Figura 26 Diagrama de Transao de Ator da DAE ............................................................................. 39

  • Figura 27 Meta-modelo para Integrao de Caractersticas Transversais durante a Definio de

    Requisitos (SILVA, 2006)..................................................................................................................... 45

    Figura 28 Processo de Gesto de Mudana (CAPPELLI, 2009)........................................................... 49

    Figura 29 Processo de Gesto de Mudana com a composio de caractersticas transversais

    (CAPPELLI, 2009) ............................................................................................................................... 49

    Figura 30 Passo a passo do mtodo para Identificao e Representao dos Interesses Transversais na

    Arquitetura Empresarial ........................................................................................................................ 56

    Figura 31 Atividades da fase Identificar ............................................................................................... 59

    Figura 32 Construction Model da EIA .................................................................................................. 65

    Figura 33 Passo a passo da fase Representar ........................................................................................ 87

    Figura 34 Exemplo de um diagrama para representar os Interesses Transversais ................................ 88

    Figura 35 Interesses transversais na EIA .............................................................................................. 88

    Figura 36 Definio do relacionamento transversal Elaborao ........................................................ 89

    Figura 37 Componentes usados para representar interesses transversais em modelos da Arquitetura

    Empresarial (adaptado de Cappelli (CAPPELLI, 2009) ....................................................................... 90

    Figura 38 Sintaxe de LMAEOA (adaptado de Cappelli (Cappelli, 2009)) ........................................... 91

    Figura 39 Modelo conceitual da linguagem de modelagem da Arquitetura Empresarial orientada a

    aspectos (adaptado de Cappelli (CAPPELLI, 2009)) ............................................................................ 92

    Figura 40 Instanciao da sintaxe de LMAEOA para Diagrama de processos de negcio .................. 93

    Figura 41 Sintaxe do Relacionamento Transversal (adaptado de Cappelli (CAPPELLI, 2009)) ......... 94

    Figura 42 Exemplo do Relacionamento Transversal do aspecto Log ................................................... 95

    Figura 43 Construction Model da EIA ................................................................................................ 106

    Figura 44 Interesses transversais da rea de informtica da empresa ABCD ..................................... 144

    Figura 45 Definio do relacionamento transversal Elaborao ...................................................... 145

    Figura 46 Definio do relacionamento transversal Realizao ...................................................... 145

    Figura 47 Definio do relacionamento transversal Existncia ....................................................... 146

    Figura 48 Definio do relacionamento transversal Definio ........................................................ 146

    Figura 49 Definio do relacionamento transversal Mudana ......................................................... 146

    Figura 50 Definio do relacionamento transversal Acesso ............................................................ 147

    Figura 51 Definio do relacionamento transversal Gerenciamento ............................................... 147

  • Figura 52 Definio do relacionamento transversal Utilizao ....................................................... 148

    Figura 53 Definio do relacionamento transversal Preparao ...................................................... 148

    Figura 54 Definio do relacionamento transversal Permisso ....................................................... 149

    Figura 55 Definio do relacionamento transversal Detalhamento ................................................. 149

    Figura 56 Definio do relacionamento transversal Recuperao ................................................... 149

    Figura 57 Definio do relacionamento transversal Contedo ........................................................ 150

    Figura 58 Definio do relacionamento transversal Conselho ......................................................... 150

    Figura 59 Definio do relacionamento transversal Parametrizao ............................................... 150

    Figura 60 Passo a passo do mtodo para Identificar e Representar Interesses Transversais ............... 173

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Comparao entre os frameworks traduzido de (TANG et al., 2004) .................................... 17

    Tabela 2 Tipos de elementos bsicos das representaes organizacionais ............................................ 58

    Tabela 3 Trechos das representaes organizacionais a serem analisados ............................................ 60

    Tabela 4 Transaes ontolgicas da EIA .............................................................................................. 64

    Tabela 5 Trechos das representaes organizacionais que operacionalizam as transaes ontolgicas

    da EIA .................................................................................................................................................... 67

    Tabela 6 Trechos Modelo de Processos de Negcio da EIA que no operacionalizam as transaes

    ontolgicas ............................................................................................................................................. 68

    Tabela 7 Trechos PDI que no apoiam as transaes ontolgicas ........................................................ 69

    Tabela 8 Trechos Manual do SIE que no apoiam as transaes ontolgicas ....................................... 70

    Tabela 9 Verbos presentes nos trechos das representaes organizacionais ......................................... 73

    Tabela 10 Nmero de ocorrncias dos verbos nos trechos das representaes organizacionais ........... 76

    Tabela 11 Candidatos a interesse transversal presente nas representaes organizacionais ................. 77

    Tabela 12 Candidatos a interesse transversal agrupados ....................................................................... 82

    Tabela 13 Representaes organizacionais e seus respectivos tipos de elemento bsico ...................... 99

    Tabela 14 Todos os Trechos das representaes organizacionais ....................................................... 100

    Tabela 15 Transaes ontolgicas de parte da empresa ABCD .......................................................... 104

    Tabela 16 Trechos das representaes organizacionais que apoiam as transaes ontolgicas .......... 106

    Tabela 17 Candidatos a interesse transversal ...................................................................................... 108

    Tabela 18 Verbos dos candidatos a interesse transversal .................................................................... 111

    Tabela 19 Nmero de ocorrncias dos verbos presentes nos trechos das representaes organizacionais

    ............................................................................................................................................................. 115

    Tabela 20 Candidatos a interesse transversal presente nas representaes organizacionais ............... 117

    Tabela 21 Anlise da predominncia dos verbos ................................................................................ 121

    Tabela 22 Anlise da predominncia dos verbos ................................................................................ 123

    Tabela 23 Candidatos a interesse transversal com verbos separados .................................................. 127

    Tabela 24 Candidatos a interesse transversal agrupados por verbo..................................................... 133

  • Tabela 25 Interesses transversais agrupados por verbo foram removidos os verbos com ocorrncia

    em apenas 1 tipo de seo ................................................................................................................... 139

    Tabela 26 Definies ........................................................................................................................... 171

  • 1

    1. Introduo

    Esta dissertao apresenta uma proposta para identificao e representao dos

    interesses transversais na Arquitetura Empresarial (AE). Este captulo apresenta a motivao,

    o problema, o enfoque de soluo, o escopo e a forma como o trabalho est organizado.

    1.1. Motivao

    O cenrio atual no qual as organizaes esto inseridas exige que as mudanas sejam

    administradas de forma rpida e com o menor custo possvel. So consideradas mudanas

    tanto alteraes para atingir novos objetivos quanto aquelas impostas por regulamentaes e

    leis. Para isso, necessrio que as organizaes conheam a si mesmas como j previa John

    Zachman em 1987 (ZACHMAN, 1987).

    Conhecer a si mesma significa entender porque e como as atividades so realizadas,

    quais so as informaes relacionadas a essas atividades, quais sistemas as apoiam e a

    tecnologia que permite a operao da organizao. As atividades so realizadas pelas

    organizaes e descrevem o seu funcionamento. Os sistemas e tecnologia apoiam a execuo

    destas atividades. Todos estes elementos fazem parte das abordagens de Arquitetura

    Empresarial propostas por diversos autores (ZACHMAN, 1997, LANKHORST et al., 2005,

    TOGAF, 2009, BOTTO, 2004 ).

    Segundo Lankhorst (2005) a Arquitetura Empresarial um conjunto coerente de

    princpios, mtodos e modelos que so usados na concepo e na operao da estrutura

    organizacional, dos processos de negcio, dos sistemas de informao e da infraestrutura de

    uma organizao. Consideramos como Arquitetura Empresarial o conjunto de artefatos que

    descrevem e representam as diversas perspectivas organizacionais de acordo com o

    Framework de Zachman (ZACHMAN, 2008), que doravante chamaremos de Representaes

    Organizacionais. Existem diversos frameworks propostos para apoiar a construo e a

    manuteno das representaes que compem a Arquitetura Empresarial. A organizao da

    Arquitetura Empresarial utiliza abstraes de alto nvel chamadas vises. Os frameworks

    utilizam pontos de vista (viewpoints) para criar vises que representam diferentes perspectivas

  • 2

    da arquitetura (TANG et al., 2004). Pontos de vista comumente utilizados pelos frameworks

    so: arquitetura de negcio, arquitetura de informao, arquitetura de sistema e arquitetura de

    tecnologia.

    Ao analisar as representaes da Arquitetura Empresarial de uma organizao,

    percebe-se que existem interesses espalhados e entrelaados com outros interesses nas

    diversas representaes. Essa baixa modularizao faz com que seja mais difcil incorporar

    mudanas nas representaes e tambm denotam a ausncia de uma viso integrada de onde e

    como esto operacionalizados os interesses que representam um mesmo conceito. Isso

    compromete o reuso, a manuteno e o entendimento dos elementos da Arquitetura

    Empresarial.

    1.2. Problema

    Existem diversas abordagens e frameworks que apoiam as iniciativas de estruturao

    da Arquitetura Empresarial nas organizaes. Ao analisar algumas dessas abordagens,

    percebe-se que o foco na representao do contedo de cada viso que compe a

    Arquitetura Empresarial e no relacionamento entre as representaes. Nada se comenta sobre

    partes que estejam espalhadas ou entrelaadas em diversas representaes, o que permite a

    existncia de representaes contendo os mesmos elementos ou partes destes dentro de si.

    Isso dificulta a anlise dos impactos causados por necessidade de atualizao ou remoo

    destes elementos ou partes espalhadas ou entrelaadas em diversas representaes. Por

    exemplo, se uma organizao precisa diminuir o tempo de realizao de seus processos pode

    decidir automatizar todos os pontos dos processos onde h atividades de verificao. Mesmo

    considerando que essa organizao j tenha uma abordagem estruturada da representao da

    Arquitetura Empresarial, ainda assim ser demorado e custoso identificar todos os trechos de

    todas as representaes da Arquitetura Empresarial onde existam elementos de verificao.

    Neste caso, todos os processos devero ser analisados, pois possvel que as atividades de

    verificao tenham nomes diferentes como analisar, examinar e averiguar, aumentando o

    tempo gasto na anlise. Alm disso, ainda poder ser necessrio um levantamento de quais

    das atividades de verificao j esto automatizadas para escolher a melhor forma de

    implementao, o que far com que seja necessrio obter o cdigo de todas as

    implementaes deste conceito e ento analis-los.

  • 3

    Os elementos espalhados e entrelaados com outros elementos presentes nas

    representaes convencionais da Arquitetura Empresarial sero aqui denominados Interesses

    Transversais (KICZALES et al., 1997). Neste trabalho a definio deste conceito, que ser

    detalhada no Captulo 3, assume o interesse transversal como um elemento que se encontra

    espalhado nas representaes da Arquitetura Empresarial e entrelaado com as representaes

    da essncia da organizao.

    Dessa forma, o problema a ser endereado nessa dissertao :

    1.3. Enfoque de soluo

    Este trabalho considera a hiptese de que possvel identificar e representar os

    interesses transversais entrelaados e espalhados nas diversas representaes da Arquitetura

    Empresarial. Para isso, ser desenvolvido um mtodo que permitir identificar e representar

    os interesses transversais no nvel da Arquitetura Empresarial.

    O mtodo para identificao e representao dos interesses transversais utiliza os

    conceitos da orientao a aspectos (KICZALES et al., 1997). Nessa abordagem, um elemento

    dito transversal quando afeta diversos outros elementos que implementam as

    funcionalidades bsicas do sistema. Trazendo essa definio para a Arquitetura Empresarial,

    teremos interesses transversais que afetam os elementos que representam a essncia da

    organizao.

    A essncia da organizao, segundo a Ontologia Empresarial (DIETZ, 2006), so os

    atos realizados pelos papis de ator e os fatos resultantes de tais atos onde h produo de

    algo novo ou tomada de deciso relacionada aos objetivos de negcio da organizao. Esses

    atos so apoiados por outros atos e fatos onde h computao de informao ou manipulao

    de dados que indicam como a realizao e implementao da essncia da organizao.

    No mtodo proposto nessa dissertao, uma vez descoberta a essncia da organizao,

    atravs da metodologia DEMO, possvel diferenci-la dos demais elementos que fazem

    parte da organizao. Tais elementos podem ser interesses transversais ou simplesmente

  • 4

    outros elementos. Essas informaes so utilizadas na fase Identificao, onde so elencados

    os interesses transversais.

    Uma vez identificados, os interesses transversais sero representados utilizando as

    ideias da orientao a aspectos na fase Representao do mtodo proposto. Nessa abordagem,

    os elementos transversais so encapsulados no componente denominado Aspecto. Nesse

    componente representado o cdigo do elemento transversal e em quais locais do cdigo ele

    deve ser inserido e quando. No caso da Arquitetura Empresarial, as mesmas informaes

    sero representadas.

    A maioria dos trabalhos que lida com interesses transversais apresenta abordagens

    para solucionar esse problema focadas um nico tipo de representao. Em Silva (2006)

    proposta a orientao a aspectos no documento de requisitos de software, em Cappelli (2009)

    proposta a orientao a aspectos no modelo de processos de negcio. Nesta dissertao, o

    conceito de orientao a aspectos utilizado simultaneamente em diversos tipos de

    representaes que compem a Arquitetura Empresarial, como modelos de processos de

    negcio, casos de uso de um software, padro de desenvolvimento de um software, diagrama

    de classes, modelo de objetivos, arquitetura de aplicaes etc.

    Para avaliar a viabilidade do mtodo foram realizados dois estudos de caso. Um deles

    na Escola de Informtica Aplicada da UNIRIO e o outro em uma empresa real. No estudo de

    caso realizado em uma empresa real foi aplicado um questionrio para analisar o

    entendimento de outras pessoas sobre a representao proposta. Todos os participantes atuam

    na rea de informtica dessa empresa.

    O mtodo para identificao e representao dos interesses transversais permitir aos

    arquitetos aprimorar as representaes da organizao de forma modular, permitindo a

    visualizao do que transversal essncia da organizao. Alm disso, ser possvel

    visualizar de forma consolidada, atravs da representao proposta, os interesses transversais

    que previamente apresentavam-se dispersos. Isso possibilita a anlise de impactos causados

    por alteraes nos interesses transversais necessria aos gestores organizacionais e a

    facilidade de manuteno e reuso dos interesses transversais.

    1.4. Escopo

  • 5

    Nas abordagens de Arquitetura Empresarial existem a Arquitetura Atual, que indica a

    situao atual da organizao, e a Arquitetura Futura, que indica como organizao deseja ser.

    O escopo do mtodo a Arquitetura Atual que contm as representaes da organizao

    como esto atualmente.

    1.5. Estrutura do trabalho

    No Captulo 2 apresentada a Arquitetura Empresarial, com a indicao e detalhes de

    alguns de seus frameworks que auxiliam sua implantao, bem como as intenes das

    organizaes com sua adoo e benefcios trazidos por ela. Ainda nesse captulo

    apresentado o conceito de Ontologia Empresarial e a metodologia DEMO.

    No Captulo 3 definido o conceito de interesses transversais acompanhado de uma

    reviso da literatura com foco nas diversas fases do desenvolvimento de software e

    componentes da Arquitetura Empresarial, como modelos de processos, que j incorporam a

    orientao a aspectos como meio de contribuir para a melhoria da modularizao de suas

    representaes. Tambm relatado o problema da modularizao dos interesses transversais

    presentes na Arquitetura Empresarial e alguns trabalhos relacionados. O problema da

    modularizao na Arquitetura Empresarial ilustrado atravs de exemplos para facilitar o

    entendimento.

    O Captulo 4 tem o intuito de detalhar o mtodo proposto para identificao e

    representao dos interesses transversais na Arquitetura Empresarial, partindo de seu objetivo

    geral at a descrio detalhada de suas fases com um exemplo.

    No Captulo 5 apresentado um estudo de caso resultante da aplicao do mtodo

    proposto. O estudo de caso foi realizado em uma empresa real, onde o mtodo foi aplicado

    pela prpria autora a alguns artefatos da rea de informtica. Para analisar o resultado do

    mtodo foram realizadas 2 entrevistas com funcionrios da rea de informtica dessa empresa.

    A concluso deste trabalho, suas contribuies e trabalhos futuros so apresentados no

    Captulo 6.

  • 6

    2. Arquitetura Empresarial

    A Arquitetura Empresarial um conjunto coerente de princpios, mtodos e modelos

    que so usados no projeto e realizao da estrutura, dos processos de negcio, dos sistemas de

    informao e da infraestrutura de uma empresa (LANKHORST, 2009). De acordo com essa

    definio, a Arquitetura Empresarial relaciona os elementos que compem os processos de

    negcio, informaes, sistemas e infraestrutura que permitem o funcionamento das

    organizaes.

    Na literatura existem diversos frameworks que apoiam o desenvolvimento e a

    manuteno das iniciativas de Arquitetura Empresarial nas organizaes, alguns deles so

    apresentados na seo 2.1.

    Na seo 2.2 so apresentados alguns problemas encontrados nos frameworks de

    Arquitetura Empresarial, mas especificamente nas representaes geradas, onde h

    espalhamento e entrelaamento dos interesses transversais que fazem parte das representaes

    da Arquitetura Empresarial.

    Na seo 2.3 apresentada a Ontologia Empresarial e a metodologia DEMO (DIETZ,

    2006) que complementam a noo de Arquitetura Empresarial (DIETZ e HOOGERVORST,

    2008). A metodologia DEMO define conceitualmente a Ontologia Empresarial como a

    essncia de uma empresa independente de implementao (DIETZ e HOOGERVORST,

    2008) possibilitando identificar e representar a essncia de uma organizao. A identificao

    da essncia auxilia o mtodo proposto nessa dissertao ao explicitar o conceitos que no so

    interesses transversais.

    2.1. Frameworks de Arquitetura Empresarial

    Os frameworks da Arquitetura Empresarial auxiliam na tarefa de descobrir quais

    elementos devem ser utilizados para representar a organizao, mas no so suficientes para

    garantir a qualidade destas representaes durante seu ciclo de vida. Para tal, devem ser

    adotados mtodos que indiquem as relaes entre os diversos domnios, vises e camadas da

  • 7

    arquitetura e as modificaes que devem ocorrer de forma metdica entre elas

    (LANKHORST et al., 2005).

    Abaixo sero apresentados alguns frameworks de Arquitetura Empresarial, de forma

    resumida. Alguns destes possuem tambm um mtodo associado. Nestes casos, sero

    apresentados os frameworks com seus componentes e seus mtodos.

    2.1.1. Framework de Zachman

    O Framework de Zachman, proposto por John Zachman em 1987, influenciou diversos

    modelos de arquitetura e a rea de Arquitetura Corporativa (BOTTO, 2004). Este framework,

    representado na Figura 1, uma estrutura lgica para classificar e organizar as representaes

    descritivas de uma organizao que so relevantes para os stakeholders, desde o nvel

    gerencial at os desenvolvedores de software. Ele prov uma forma concisa de estruturar e

    modelar a organizao e a arquitetura de sistemas, de informao e de tecnologia (TANG et

    al., 2004).

    As colunas da matriz indicam as perspectivas (O que? Como? Onde? Quem? Quando?

    Por qu?) que devem ser respondidas considerando o nvel de abstrao (contextual,

    conceitual, lgico, fsico, implementao e funcionamento) ou de forma semelhante,

    considerando o papel de quem faz as perguntas (planejador, proprietrio, projetista, quem vai

    construir, quem vai implementar e sub-contratados). As linhas e colunas da matriz se

    interceptam para definir um elemento de projeto (design) da arquitetura em uma clula, que

    um resultado de uma atividade arquitetural baseada em um aspecto de um sistema para um

    grupo particular de pessoas (TANG et al., 2004).

    As clulas da matriz relacionam-se da seguinte forma: as clulas das colunas

    respondem s interrogativas do nvel mais abstrato at a representao detalhada e as linhas

    compem as diversas perspectivas que determinada pessoa precisa saber sobre a organizao,

    representam os tipos de vises da corporao (BOTTO, 2004). Este framework no possui um

    mtodo associado publicado e as relaes entre as diferentes clulas tambm no so

    especificadas formalmente (LANKHORST et al., 2005), nem as primitivas que aparecem na

    matriz. Este framework principalmente direcionado pelos requisitos de negcio e possui

    prescrio de documentao padronizada no contedo de suas clulas (MCCARTHY, 2006).

    Alm disso, este framework tambm no prov suporte para os requisitos no funcionais, nem

    para a evoluo da arquitetura (TANG et al., 2004).

  • 8

    Figura 1 O Framework de Zachman 3.0 (ZACHMAN, 2011)

    2.1.2. FEAF

    O FEAF (Federal Enterprise Architecture Framework) foi criado pelo Chief

    Information Officer Council e descrito no documento A Practical Guide to Federal

    Enterprise Architecture que aponta aspectos de governana e construo de frameworks de

    arquitetura. Este documento define os termos importantes para a arquitetura, indica os

    benefcios de seu uso, indica quais princpios governam a arquitetura e descreve o processo de

    criao da arquitetura, composto pelas seguintes atividades: aprovao e suporte da rea

    executiva, estabelecimento de estrutura de gerncia e controle, definio um processo de

    abordagem da arquitetura, desenvolvimento da AE corrente, desenvolvimento da AE futura,

    desenvolvimento de plano de prioridades, utilizao da AE e manuteno da AE.

    Este framework tambm organiza a arquitetura em tipos, so eles: arquitetura de

    negcios, arquitetura de dados, arquitetura de aplicaes e arquitetura de tecnologia. Ele

    utiliza parte do Framework de Zachman, gerando uma matriz perspectivas x arquiteturas

  • 9

    (BOTTO, 2004) e composto pelas 3 primeiras colunas do Framework de Zachman,

    orientada organizao como um todo, ao invs de ser orientado TI apenas

    (URBACZEWSKI e MRDALJ, 2006).

    Segundo Tang et al. (2004), este framework organizado em 4 nveis: nvel I o mais

    alto e lida com architecture drivers ou estmulo externo e direcionamento estratgico da

    arquitetura, ele facilita a transformao da arquitetura atual em futura atravs dos padres e

    gesto do processo arquitetural; o nvel II prov maiores detalhes ao analisar os business

    drivers e design drivers da arquitetura e resulta em na arquitetura de negcio e na arquitetura

    de design futuras; o nvel III detalha ainda mais a arquitetura ao utilizar as vises de negcios,

    dados, aplicaes e tecnologia para modelar a arquitetura futura; j o nvel IV utiliza uma

    combinao do Framework de Zachman e do Spewaks Enterprise Architecture Planning

    (EAP) para representar a arquitetura de dados, arquitetura de aplicao e arquitetura de

    tecnologia. FEAF principalmente um framework de planejamento e no prov suporte para

    requisitos no funcionais, exceto segurana (TANG et al., 2004). Os componentes de

    planejamento do FEAF so apresentados na Figura 2.

    Figura 2 Componentes do planejamento da Arquitetura Empresarial traduzido de

    (FEAF, 1999)

    2.1.3. TEAF

    O TEAF (Treasury Enterprise Architecture Framework) um framework proposto

    pelo Tesouro Federal Americano, influenciado pelo Framework de Zachman e pelo FEAF. Os

    recursos e produtos de trabalho do TEAF so representados na Figura 3. Neste framework

    temos as seguintes perspectivas: planejador, dono, designer e construtor. Para cada uma

    dessas perspectivas temos as seguintes vises: viso funcional, viso da informao, viso

    organizacional e viso de infra-estrutura. Neste framework, uma perspectiva um ponto de

    vista de toda a arquitetura representado em uma entidade organizacional (BOTTO, 2004).

    Este framework tambm possui uma matriz onde so indicados os principais produtos gerados

    no desenvolvimento da arquitetura (documentao e modelagem). O TEAF permite a

  • 10

    flexibilidade de definir vises e perspectivas adicionais com foco nico em reas importantes

    para determinados stakeholders (URBACZEWSKI e MRDALJ, 2006).

    Figura 3 Recursos e produtos de trabalho do TEAF para direcionar, descrever e

    realizar a Arquitetura Empresarial traduzido de (TEAF, 2000)

    2.1.4. DoDAF

    O DoDAF (Department of Defense Architecture Framework) um framework do

    Departamento de Defesa para rgos militares e agncias relacionadas. Este framework foi

    criado em 2003 para combinar o framework C4ISR (comando, controle, comunicao,

    computadores e inteligncia) com os componentes do modelo FEAF (McCarthy, 2006). Este

    framework utiliza o CADM (Core Architecture Data Model) para documentar a arquitetura.

    Este modelo uma taxonomia padronizada que define vises e seus elementos em uma base

    de dados. Este esquema dependente do domnio para o qual foi criado (operaes de defesa)

    (TANG et al., 2004).

    O framework possui os seguintes pontos de vista representadas na Figura 4: todas as

    vises prov uma viso geral da arquitetura; operacional identifica quais necessidades

    precisam ser cumpridas e quem as far; de sistemas relaciona sistemas e caractersticas com

    necessidades operacionais; e de padres tcnicos prescreve padres e convenes. Para cada

    um desses pontos de vista so listados os artefatos a serem gerados (BOTTO, 2004). A

    documentao padronizada, com grande parte dos elementos utilizando UML para alcanar

  • 11

    esta padronizao (MCCARTHY, 2006). Este framework no prov capacidade de

    modelagem para configurao de sistemas e apoia limitadamente a modelagem de requisitos

    no funcionais (TANG et al., 2004).

    Figura 4 Pontos de vista arquiteturais do DoDAF v2.0 traduzido de (DoDAF, 2009)

    2.1.5. TOGAF

    O The Open Group Architecture Framework (TOGAF, 2009) possui um mtodo

    detalhado e um conjunto de ferramentas para apoi-lo no desenvolvimento da Arquitetura

    Empresarial. Seu objetivo prover um framework para projeto (design), avaliao e

    construo das arquiteturas (TANG et al., 2004). A primeira verso do TOGAF foi baseada

    em outro framework para Arquitetura Empresarial chamado TAFIM (Technical Architecture

    Framework for Information Management), este framework foi desenvolvido pelo

    Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) para auxiliar o desenvolvimento de seus

    sistemas.

    O TOGAF formado por vrios componentes: Mtodo de Desenvolvimento

    Arquitetural (Architecture Development Method) utilizado para desenvolvimento da

  • 12

    arquitetura empresarial; Universo da Arquitetura Empresarial (Enterprise Continuum) um

    repositrio de ativos arquiteturais; Framework de Contedo Arquitetural (Architecture

    Content Framework) modelo estrutural do contedo gerado pela arquitetura e Framework

    de Funcionamento Arquitetural (Architecture Capability Framework) material de referncia

    para o funcionamento da arquitetura.

    O ciclo do desenvolvimento arquitetural apoiado pelo ADM apresentado na Figura

    5. O TOGAF explica as regras para desenvolver bons princpios, ao invs de prover um

    conjunto de princpios arquiteturais (URBACZEWSKI e MRDALJ, 2006). O ADM uma

    metodologia para enderear a arquitetura tanto no nvel organizacional quanto ao nvel de

    sistemas individuais e o Enterprise Continuum, com sua base de conhecimento, auxilia a

    evoluo arquitetural (TANG et al., 2004).

    Figura 5 Architecture Development Method TOGAF traduzido de (TOGAF, 2009)

    2.1.6. FEA

    Segundo Urbaczewski e Mrdalj (2006), O FEA (Federal Enterprise Architecture)

    pode ser associado ao FEAF, pois ele fornece orientao s agncias federais em relao aos

    frameworks e permite flexibilidade no uso de ferramentas, mtodos e produtos a serem

    utilizados pelas agncias individualmente. Ele foi desenvolvido pelo OMB (Office of

    Management and Budget) com o apoio do GSA (General Services Administration) e do CIO

  • 13

    (Federal Chief Information Officers) e construiu um modelo (blueprint) abrangente e voltado

    para o negcio do governo federal norte americano (FEA Consolidated Reference Model,

    2007).

    O FEA composto por modelos de referncia inter-relacionados que facilitam anlises

    atravs das agncias e permite a identificao de investimentos duplicados, gaps e

    oportunidades de colaborao. Em conjunto, os modelos de referncia compem um

    framework que descreve elementos importantes do FEA de forma comum e consistente. Desta

    forma, os portflios de TI podem ser melhor gerenciados e alavancados atravs do governo

    federal norte americano. Os modelos de referncia, representados na Figura 6, so: PRM

    (Performance Reference Model), BRM (Business Reference Model), SRM (Service Reference

    Model), TRM (Technical Reference Model) e DRM (Data Reference Model). O PRM um

    framework para medio de performance que prov sadas comuns de medies atravs do

    governo federal. O BRM prov um framework para facilitar a viso funcional das linhas de

    negcio do governo federal, incluindo suas operaes internas e servios prestados aos

    cidados de forma integrada, ou seja, independente das agncias ou escritrios que os

    disponibilizam. O SRM um framework funcional, orientado a negcio que classifica os

    componentes de servios de acordo com a forma com que apoiam o negcio e os objetivos de

    performance. O DRM um framework flexvel e baseado em padres que permite o

    compartilhamento de informaes e o reuso atravs do governo federal usando descrio

    padro e descoberta de dados comuns e a promoo de prticas para gesto uniforme de

    dados.

    Figura 6 Modelos de referncia do FEA traduzido de (FEA Reference Models)

  • 14

    2.1.7. IEEE 1471-2000

    Segundo Lankhorst et al. (2005), o padro IEEE 1471-2000 constri uma base terica

    para definio, anlise e descrio das arquiteturas de sistemas, com foco em sistemas

    apoiados por software. Este framework utiliza a metfora da arquitetura de construo civil

    para descrever a arquitetura dos sistemas de software. Ele tambm no padroniza o processo

    de desenvolvimento, nem recomenda linguagens de modelagem ou metodologias ou padro a

    serem adotados. O framework IEEE 1471-2000 prov um conjunto de definies de termos

    chave e um framework conceitual que explica a forma como os termos chave se relacionam

    uns com os outros conforme representado na Figura 7, explica o papel dos stakeholders na

    criao e uso da descrio arquitetural e prov diversos cenrios nos quais as atividades

    arquiteturais podem ocorrer durante seu ciclo de vida. Este padro tambm disponibiliza seis

    prticas de descrio arquitetural. Alm disso, ainda lista pontos de vista arquiteturais

    relevantes e sua especificao (conceitos, linguagem, modelagem e mtodo de anlise).

    Figura 7 Modelo Conceitual do Framework IEEE 1471-2000 traduzido de (Hilliard, 2000)

  • 15

    2.1.8. Comparao entre os frameworks

    Na literatura existem diversos trabalhos de comparaes entre os frameworks

    (URBACZEWSKI e MRDALJ, 2006; TANG et al., 2004; MCCARTHY, 2006). A seguir

    alguns destes trabalhos sero apresentados.

    Urbaczewski e Mrdalj (2006) apresentam uma comparao entre diversos frameworks

    de Arquitetura Empresarial (Framework de Zachman, DoDAF, TEAF, FEAF e TOGAF) com

    intuito de fornecer um guia para seleo de um framework que atenda determinados critrios.

    Este artigo realiza uma comparao entre os frameworks com base em suas vises e aspectos,

    pois eles se diferenciam com relao s necessidades dos stakeholders que endeream e s

    questes que preocupam seu mundo (URBACZEWSKI e MRDALJ, 2006). Os autores

    estudaram os frameworks e criaram um mtodo para compar-los com base nas perspectivas

    dos stakeholders e abstraes. Com base nesta comparao foi feita uma anlise de qual

    framework mais adequado s necessidades de um stakeholder em um determinado projeto.

    Por haver muitos focos diferentes entre os frameworks listados, os autores optaram por

    comparar os frameworks com base em suas vises, abstraes e cobertura do ciclo de vida do

    desenvolvimento de sistemas.

    Com relao s vises, o Framework de Zachman foi considerado o mais abrangente,

    permitindo que as vises dos demais frameworks fossem mapeadas para sua terminologia.

    Com base na comparao que realizaram entre diversos frameworks, os autores identificaram

    determinadas vises e depois elaboraram uma tabela onde indicado qual framework

    enderea qual viso, alguns endeream todas, como o caso do Framework de Zachman e

    outros endeream apenas algumas. As seguintes vises foram identificadas pelos autores:

    planner (representa os conceitos do produto), owner (representaes do que o proprietrio tem

    em mente), designer (produto final do arquiteto com detalhes do plano), builder (define como

    ser a construo), sub-contractor (partes das sub-sees do plano de construo) e user

    (resultado fsico do produto final). Cada uma destas vises possui determinado nome nos

    frameworks analisados e em alguns casos, a viso est representada em mais de um

    componente do framework.

    Com relao s abstraes tambm foi utilizado o Framework de Zachman e suas

    interrogativas, para cada uma delas (O que? Como? Quem? Onde? Quando? Por qu?) foi

    identificado nos frameworks o contedo correspondente, por exemplo, O que? no TEAF

    representado pela Information View, j no FEAF representado pela Data Architecture,

  • 16

    no DoDAF representado pelo Data (mission) Logical Data Model, no Framework de

    Zachman representado por Data e no TOGAF no foi identificada uma representao

    adequada.

    A anlise de cobertura do ciclo de desenvolvimento de software, composto pelas fases

    planejamento, anlise, projeto (design), implementao e manuteno resultou na seguinte

    concluso: a maioria dos frameworks no enderea a manuteno de sistemas; os frameworks

    fornecem orientaes que posteriormente sero incorporadas s fases do desenvolvimento de

    software e o forte dos frameworks o planejamento com foco em prover guias com intuito de

    evitar que sistemas se tornem obsoletos antes mesmo de serem desenvolvidos.

    Em (TANG et al., 2004) tambm realizada uma anlise dos frameworks de AE. Para

    os autores, frameworks de arquitetura so mtodos usados na modelagem da arquitetura que

    proveem uma abordagem sistemtica e estruturada para projeto de sistemas.

    Tang et al. (2004) apresentam um modelo para entendimento dos frameworks de AE

    atravs da anlise de objetivos (goals objetivos a serem alcanados com a construo da

    arquitetura), entradas (inputs informaes que a modelagem da arquitetura considera) e

    resultados (outcomes representa resultados e entregas da arquitetura). Alm disso, os autores

    ainda caracterizaram e identificam as deficincias de 2 classes de frameworks: Software

    Architecture Frameworks e Enterprise Architecture Frameworks. Os seguintes frameworks

    foram analisados: Framework de Zachman, 4+1 View Model Architecture, FEAF, RM-ODP

    (Reference Model for Open Distributed Computing), TOGAF e DoDAF. Os frameworks 4+ 1

    View e RM-ODP possuem foco no desenvolvimento de arquiteturas de sistemas (TANG et

    al., 2004). A inteno dos autores analisar e comparar as semelhanas e diferenas entre

    estes frameworks.

    Tang et al. (2004) prov maiores detalhes do que considera serem objetivos, entradas e

    resultados dos frameworks e com base na definio destes conceitos, os autores apresentam a

    anlise dos frameworks. Por exemplo, um dos objetivos considerados pelos autores

    architecture definition and understanding. Cada um dos frameworks analisado para

    verificar se atende este objetivo, representado pela letra Y na Tabela 1, sendo atendido

    parcialmente pelo Framework de Zachman, representado pela letra P na Tabela 1 e pelo 1+4

    View Model Architecture. Quando o framework analisado no atende a um dos requisitos, a

    letra N indicada na clula correspondente. Este objetivo atendido por todos os demais

    frameworks analisados. Em alguns casos, o objetivo, entrada e resultado no so atendidos

  • 17

    por nenhum dos frameworks (representado pela letra N na Tabela 1), conforme apresentado

    na Tabela 1.

    Tabela 1 Comparao entre os frameworks traduzido de (TANG et al., 2004)

    A modelagem da arquitetura utiliza abstraes de alto nvel chamadas vises. Os

    frameworks utilizam pontos de vista (viewpoints) para criar vises que representam diferentes

    perspectivas do modelo de um sistema (TANG et al., 2004). Pontos de vista comumente

    utilizados pelos frameworks so: arquitetura de negcio, arquitetura de informao,

    arquitetura de software e arquitetura tcnica. O uso de diferentes frameworks para projetar

    (design) um sistema pode gerar resultados semelhantes, porm diferentes, pois cada

    framework possui diferentes pontos de vista (viewpoints) para a arquitetura. Por outro lado,

    utilizar o mesmo framework para projetar sistemas com complexidade variada pode necessitar

    diferentes tipos de entradas e produzir resultados diferentes (TANG et al., 2004).

    Tang et al. (2004) apontam duas deficincias dos frameworks de Arquitetura

    Empresarial: o nvel de detalhe dos modelos geralmente no especificado e a anlise

    racional (rationale) da arquitetura no parte obrigatria dos modelos. A anlise racional da

    arquitetura est relacionada a como e porque determinada decises foram tomadas, essa

    informao proveniente do design rationale da arquitetura que documenta as razes de

    projeto (design) com base em anlise e conflitos de escolha (tradeoffs) que envolvem

    mltiplas dimenses de entradas (TANG et al., 2004).

  • 18

    O resultado destas deficincias que os modelos no podem ser verificados ou

    rastreados. Os autores tambm indicam que no h uma fronteira clara entre atividades

    arquiteturais e atividades de projeto (design). Para sanar este problema, os autores propem

    que sejam analisados os riscos associados ao software a ser desenvolvido, se o risco for alto,

    ento deve-se utilizar mais tempo na atividade arquitetural para definio do projeto (design)

    do software, seno pode-se dar mais ateno na fase de projeto (design).

    McCarthy (2006) discute a importncia da AE, descreve 3 dos frameworks mais

    utilizados no mercado e apresenta as implicaes de se ter um nico framework integrado. Os

    frameworks citados so FEAF, DoDAF, TOGAF, Framework de Zachman e E2AF (Extended

    Enterprise Architecture Framework). O autor aponta os seguintes componentes essenciais a

    AE, endereados diretamente ou indiretamente pelos frameworks: alinhamento, integrao,

    criao de valor, gesto de mudana e complacncia (compliance). A anlise do autor

    reconhece que existem mais semelhanas do que diferenas entre os frameworks. Cada

    framework indica a necessidade de mapear os fluxos de informao, aplicaes e infra-

    estrutura tcnica. Alm disso, prescrevem uma metodologia especfica para enderear os

    requisitos de negcio, fluxos de informao e infraestrutura tcnica.

    2.2. Problemas encontrados na Arquitetura Empresarial

    Segundo Zachman (1997), o grande desafio das organizaes modernas a mudana.

    Segundo o autor, no possvel mudar sem ter a representao do que se deseja mudar. Desta

    forma, se faz necessria a criao das representaes da organizao que faro parte da

    Arquitetura Empresarial. A Arquitetura Empresarial pode ser vista como um sistema de

    sistemas (ARMOUR et al., 1999).

    Kaisler et al. (2005) apontam os desafios enfrentados pelas organizaes que esto

    desenvolvendo suas Arquiteturas Empresariais. Para tal, os autores basearam-se em sua

    experincia na implantao de AEs e em discusses com outros arquitetos de sistemas. Para

    os autores, tais desafios esto muito mais relacionados com questes polticas, de gesto de

    projetos e problemas e fraquezas organizacionais do que com questes tcnicas, devido ao

    fato da criao da Arquitetura Empresarial ser conceitual, assim mais difcil, tanto

    qualitativamente quanto quantitativamente, medir e descrever os benefcios de sua criao.

    Trs reas onde os problemas crticos no processo de gerar a AE ocorrem so: modelagem,

    gesto e manuteno das arquiteturas (KAISLER et al., 2005).

  • 19

    A modelagem cria as representaes da Arquitetura Empresarial. Segundo Kaisler et

    al. (2005), a modelagem deve ser feita em dois nveis, um onde so criadas as representao

    de como a arquitetura e como deveria ser e um outro que permita aos stakeholders entender

    os problemas e o impacto das decises. Vale ressaltar que diferentes stakeholders necessitam

    diferentes perspectivas atravs das vises da Arquitetura Empresarial (Kaisler et al., 2005),

    portanto no adianta gerar um modelo perfeito se no trar vantagem para os times envolvidos

    no projeto (KAISLER et al., 2005). O problema a ser solucionado nessa dissertao encontra-

    se nas representaes da Arquitetura Empresarial. A soluo proposta nessa dissertao

    auxilia no entendimento do impacto das decises, mais especificamente das modificaes,

    porque os interesses transversais sero explicitados e representados separadamente das demais

    representaes da organizao, qualquer modificao naquele conceito que representa o

    interesse transversal dever ser refletida em todos os lugares onde ele ocorre, isso

    representado pelo relacionamento transversal.

    Uma viso arquitetural um ponto de vista bem definido que descreve um conjunto

    especfico de representaes. A maioria dos frameworks de AE reconhece a necessidade de

    vises, porm tendem a discordar do que so essas vises e de quantas devem existir

    (ARMOUR et al., 2003). Vises arquiteturais diversas auxiliam a gerir a complexidade, a

    separao de interesses ou preocupaes e a enderear as diferentes existncias que

    atravessam os elementos da arquitetura (ARMOUR et al., 1999). Cada viso composta por

    elementos, relacionamentos e restries. As vises fornecem uma imagem de como sistemas

    de informao individuais enquadram-se na estrutura maior que suporta as operaes

    organizacionais (ARMOUR et al., 2003). Para Armour et al. (2003), as vises arquiteturais

    dos frameworks focam em dados ou informao, funes ou processos, estruturas de trabalho

    ou organizacional, infra-estrutura tcnica, segurana e aplicaes (ARMOUR et al., 2003).

    Segundo Armour et al. (2003), os usurios possuem requisitos funcionais e no

    funcionais que so transversais Arquitetura Empresarial, tornando necessria uma

    coordenao e gesto mais prxima dos times e localidades. Desta forma, as vises devem

    tambm representar os requisitos transversais de forma a auxiliar gesto dos mesmos. Com a

    soluo do problema apresentado nessa dissertao, os requisitos podero ser mais facilmente

    entendidos no nvel organizacional.

    Nessa dissertao, tratado um problema de modelagem na Arquitetura Empresarial,

    j que os interesses transversais so repetidos nos diversos artefatos utilizados para

  • 20

    representar a Arquitetura Empresarial de uma empresa. Alm de repetidos, esto espalhados e

    entrelaados com outros interesses (CAPPELLI et al., 2010a).

    2.2.1. Linguagens para modelagem da Arquitetura Empresarial

    Clark et al. (2011) propem um framework de AE simples, que v a organizao como

    um mecanismo que executado em termos de componentes de comunicao

    hierarquicamente decompostos, chamado LEAP. Esta uma linguagem de modelagem da AE

    precisa, pois suporta restries escritas em OCL (Object Constraint Language), possui

    semntica de domnio e requer a modelagem dos relacionamentos entre diferentes vises. Esta

    linguagem pode ser mapeada diretamente para outras tecnologias da AE. O LEAP baseado

    em modelos e todos os seus componentes so modelados a partir da camada de negcio que

    captura os conceitos de negcio e as restries relativas aos business drivers, diretivas e

    processos. A camada de aplicao um refinamento da camada de negcio, ou seja, um

    ponto de vista mais detalhado da mesma organizao, nesta camada so adicionados estrutura

    organizacional e os processos de negcio associados s informaes presentes na camada de

    negcio. A camada de tecnologia um refinamento da camada de aplicao, introduzindo

    mais detalhes do mapeamento de componentes lgicos de negcio para sua realizao fsica

    na forma de sistemas de TI. Os mapeamentos entre camadas so modelados de forma a

    garantir que nenhuma informao ser perdida. O LEAP tambm permite que mudanas na

    rea de negcio sejam modeladas, descrevendo em um modelo o estado atual e em outro o

    estado futuro. O diferencial desta abordagem, segundo os autores, o requisito de modelar os

    relacionamentos entre diferentes camadas e estados da organizao. Alm disso, de acordo

    com os autores, esta abordagem tambm possui semntica associada e isso permite que os

    modelos sejam verificados.

    No ArchiMate, uma outra linguagem para modelagem da Arquitetura Empresarial,

    existe um limite de camadas: negcio, aplicao e tecnologia, porm no LEAP os modelos

    podem ser refinados inmeras vezes, aumentado cada vez mais o detalhamento dos

    elementos. O mapeamento entre LEAP e ArchiMate simples, com base em um UML profile.

    Em termos de mtodos da Arquitetura Empresarial, o LEAP pode ser usado para adicionar

    preciso aos modelos do ArchiMate ou o ArchiMate pode ser usado para documentar os

    modelos baseados no LEAP.

    Clark et al. (2011) apresentam um estudo de caso para prover uma viso geral do

    framework LEAP. Segundo os autores, este framework no requer uma notao especfica, no

  • 21

    estudo de caso a UML foi utilizada. O estudo de caso refere-se a uma instituio de ensino na

    Inglaterra, nesta instituio os recursos utilizados para ensino e aprendizagem no esto

    alinhados e alguns mdulos de cursos assumem que todos os alunos possuem notebooks, mas

    este no o caso. Diante desta situao, a instituio decide adotar um esquema para

    emprstimo de notebooks utilizando a AE com objetivo de determinar se a adoo deste novo

    esquema est de acordo com suas metas e entender como esta nova arquitetura funcionar.

    O primeiro passo na anlise da Arquitetura Empresarial entender o estado atual da

    organizao, que neste estudo de caso refere-se descrio das estruturas de informao

    relacionadas a aluno, ensino e aprendizagem. O resultado desta fase inicial apresentado na

    Figura 8, onde o componente university o nico componente que define as estruturas de

    informao e as operaes que sero afetadas pelo esquema de emprstimo de notebooks.

    Este modelo descreve a camada de negcio conforme definido pelo ArchiMate.

    Figura 8 Camada de negcio da situao atual da UME (University of Middle England)

    Os objetivos da camada de negcio e as operaes so especificados utilizando-se

    OCL, Os objetivos representados atravs de invariantes so apresentados na Figura 9 e uma

    das operaes (como o aluno registrado) apresentada na Figura 10.

    Figura 9 Objetivo da camada de negcio

    Figura 10 Como o aluno registrado

  • 22

    O refinamento da Figura 8 gera a Figura 11, onde est representada a camada de

    aplicao da UME. Neste refinamento, dois componentes so identificados: registry e

    resource. O primeiro responsvel pela manuteno da base de dados dos alunos e seus

    mdulos, j o segundo mantm a base de dados dos agendamentos das salas.

    Figura 11 Camada de aplicao

    No refinamento tem-se definido como cada operao da camada de negcio

    implementada na camada de aplicao. Na Figura 12 apresentado o refinamento das

    operaes da camada de negcio implementado por um nmero de operaes de coordenao

    da camada de aplicao.

    Figura 12 Refinamento da camada de negcio

    Para realizar a verificao do refinamento deve haver a satisfao da condio de que

    todos os modelos semnticos que satisfazem a camada de aplicao tambm satisfazem a

    camada de negcio e vice-versa. O mesmo tambm deve ser vlido para as operaes.

    Aps a criao da representao da situao atual so criadas as representaes de

    como dever ser a organizao. Na Figura 13 apresentado o modelo To-Be da camada de

    negcio, foram includos dois conceitos: Laptop e LaptopBooking. Novas operaes tambm

    foram includas e esto representadas na Figura 14.

  • 23

    Figura 13 TO-BE da UME

    Figura 14 Operaes includas no To-Be da Camada de Negcio

    Com o refinamento da camada de negcio, obtm-se a camada de aplicao,

    representada na Figura 15. Conforme realizado na camada de negcio, as novas operaes

    tambm precisam ser definidas na camada de aplicao (Figura 16).

    Figura 15 To-Be da Camada de Aplicao

  • 24

    Figura 16 Refinamento Camada de Aplicao

    Depois da elaborao dos modelos possvel definir os objetivos de negcio. O LEAP

    permite definir os objetivos de forma precisa e verificar se eles so satisfeitos pelos modelos

    da arquitetura. Alm disso, por ser um modelo baseado em semntica possvel verificar se

    os objetivos so inconsistentes.

    A UME precisa garantir que todos os alunos possuam acesso aos laptops. Os laptops

    so comprados no incio do ano letivo. Considerando que a renda da instituio proveniente

    dos pagamentos dos alunos, os fundos da instituio podem ser expressos pela restrio

    apresentada na Figura 17.

    Figura 17 Definio dos fundos da instituio

    As demais invariantes especificam o clculo do nmero mximo de salas e do nmero

    mximo de alunos matriculados e as restries de que o fundo da instituio deve ser maior

    que zero e o nmero de laptops deve ser igual ao nmero mximo de alunos matriculados em

    determinado mdulo. Estas invariantes esto representadas na Figura 18.

    Figura 18 Definio dos fundos da instituio

  • 25

    A UME possui os seguintes business drivers: seus fundos devem sempre ser positivos

    e sua reputao deve melhorar ao disponibilizar laptops para aluguel para todos os alunos. Se

    no houver um modelo preciso que expresse a relao entre ganhos e perdas, no ser

    possvel verificar se as metas so atingveis. Deve-se verificar se existe algum caso em que o

    resultado da relao entre as variveis envolvidas nos objetivos no satisfaz as condies, se

    este caso for identificado a relao deve ser aprimorada de forma a garantir que o objetivo

    ser atingido em todos os casos.

    Armour et al. (2003) descrevem como utilizar modelos padro da UML para descrever

    a viso arquitetural da informao e algumas extenses para enderear limitaes da UML.

    Arquitetura define um conjunto de componentes e os relacionamentos entre eles, no caso da

    Arquitetura Empresarial de Tecnologia da Informao, um dos componentes so os sistemas.

    A criao de uma AE muito complexa, pois envolve mltiplas vises organizacionais, como

    processos de negcio, estrutura organizacional, processos funcionais, requisitos de

    informao e infra-estrutura tecnolgica. tambm importante manter atualizadas as

    representaes e as vises geradas pela AE. Neste trabalho foram apresentadas extenses

    desenvolvidas atravs do uso de stereotypes e tagged fields para permitir a representao das

    diversas vises da Arquitetura Empresarial.

    Os autores descrevem o estudo de caso baseado em seu trabalho desenvolvido no

    USCP (United States Capitol Police). O USCP responsvel por diversos sistemas

    administrativos que formam uma coleo heterognea de sistemas legados. A manuteno e

    operao de tais sistemas difcil e cara. Estes sistemas legados no conseguem acompanhar

    o ritmo dos processos de negcio do USCP. Devido a estes problemas, o USCP iniciou um

    processo de modernizao dos sistemas de negcio. Esta modernizao far com que os

    sistemas se tornem web, algumas aplicaes que possuem interface com sistemas externos

    tambm tero seus links modernizados. Por ser um projeto grande e atingir toda a

    organizao, o USCP determinou a criao de uma AE.

    A viso de negcio da AE permite o entendimento de como a organizao funciona e

    como alinhar sistemas de informao para dar suporte s operaes de negcio, os autores

    selecionaram as seguintes tcnicas para modelar a viso de negcio: Enterprise Business

    Context Diagrams (Figura 19) e Business Activity Diagrams (Figura 20).

  • 26

    Figura 19 Diagrama de Contexto de Negcio do USCP

    Na Figura 20 so representadas as atividades do processo de pagamento por perodo e

    quase todas as atividades possuem a indicao do caso de uso que prov detalhes funcionais

    das atividades, esta informao, segundo os autores, relevante e maiores detalhes sero

    disponibilizados na viso funcional.

    A viso funcional descreve os sistemas de informao do negcio ou atividades que

    capturam, manipulam ou gerenciam as informaes de negcio que apoiam as operaes da

    organizao. nesta viso tambm que so representadas as dependncias lgicas e os

    relacionamentos entre aplicaes e suas funes. A abordagem escolhida pelos autores para

    representar esta viso a modelagem de casos de uso. Para cada uma dos BPA (Business

    Application Packages) apresentado na viso de negcio ser gerado um modelo de caso de

    uso. Na Figura 21 apresentado o diagrama de caso de uso do BAP Pessoal.

  • 27

    Figura 20 Diagrama do Processo Pagamento por Perodo

  • 28

    Outras vises arquiteturais so apresentadas de forma breve pelos autores, sendo elas:

    viso da informao, viso de trabalho e viso de infra-estrutura tecnolgica.

    Figura 21 Diagrama de caso de uso do BAP pessoal

    2.3. Ontologia Empresarial

    Segundo Dietz e Hoogervorst (2008), as cincias organizacionais tradicionais

    conseguem ajudar muito pouco as organizaes a implementar suas estratgias de forma

    efetiva e controlada, ou seja, as organizaes dificilmente conseguem obter sucesso a partir de

    sua estratgia. Ainda segundo Dietz e Hoogervorst (2008), diversas fontes indicam que as

    principais razes para esta falha a falta de coerncia e consistncia entre os diversos

    componentes de uma empresa. Alm disso, operar de forma integrada tem se tornado cada vez

    mais importante com a globalizao e evoluo das tecnologias de informao e

    comunicao. Assim as empresas precisam cada vez mais ser geis, adaptativas e

    transparentes (DIETZ e HOOGERVORST, 2008).

    Os problemas citados acima so endereados tradicionalmente com a forma de pensar

    denominada caixa-preta. Essa forma de pensar trata do conhecimento sobre funo e

    comportamento das organizaes. De acordo com Dietz e Hoogervorst (2008), esse

  • 29

    conhecimento suficiente para gerir uma organizao, mas inadequado para alcanar as

    metas estratgicas e para realizar modificaes na organizao. Para que as mudanas sejam

    realizadas de forma controlada e sistemtica, o conhecimento caixa-branca se faz necessrio.

    Esse conhecimento sobre a construo e operao das organizaes. O novo ponto de vista

    para esse conhecimento que as organizaes so sistemas propositalmente projetados,

    passam pelo processo de engenharia (engineered) e implementados. Segundo os autores, as

    organizaes so artefatos projetados, como carros, sistemas de informao, entre outros. A

    propriedade que distingue as organizaes dos demais que os elementos ativos so os seres

    humanos, mais especificamente os seres humanos no seu papel de indivduos sociais ou

    sujeitos (DIETZ e HOOGERVORST, 2008).

    Dietz e Hoogervorst (2008) afirmam que de um lado existem as tecnologias que

    habilitam as organizaes forma futura e de outro lado existe uma crescente introspeco

    das cincias da computao que a noo central para entender o relacionamento entre

    organizao e TI fazer parte e cumprir os compromissos. Esses compromissos ocorrem

    atravs da inteno dos atos comunicativos. Aqui a inteno da comunicao colocada

    acima de seu contedo. Exemplos de inteno so solicitar, prometer, afirmar e aceitar. Essa

    mudana de ponto de vista explica e clarifica as noes de colaborao e cooperao,

    autoridade e responsabilidade. Assim, segundo Dietz e Hoogervorst (2008), essa mudana de

    ponto de vista marca a transio da engenharia de sistemas de informao para a era da

    engenharia da organizao.

    Segundo Dietz e Hoogervorst (2008), a premissa bsica para engenharia da

    organizao que a organizao um sistema projetado e no algo que vai acontecendo de

    qualquer forma. Para garantir que esse projeto seja realizado consistentemente e

    coerentemente, de tal forma que o resultado seja um todo integrado, 2 noes so

    indispensveis: arquitetura e ontologia .

    Segundo Dietz (2006), um artefato algo projetado e construdo, diferentemente de

    coisas que existem naturalmente. Arquitetura de um artefato, segundo ele, um conjunto de

    princpios de design que guiam ou que guiaro seu projeto.

    Ontologia de um sistema teoricamente definida como o entendimento de sua

    construo e operao de forma independente de implementao. Praticamente o modelo de

    construo de mais alto nvel de um sistema. O modelo de implementao o modelo de mais

    baixo nvel. Comparado ao modelo de implementao, o modelo ontolgico oferece uma

  • 30

    reduo de complexidade de mais de 90%. Por exemplo, o modelo de implementao de um

    sistema de informao o cdigo fonte em alguma linguagem de programao. O modelo de

    implementao de uma organizao consiste das funes ou pacotes de tarefas que podem ser

    atribudos a seres humanos com base em sua competncia. O modelo mais alto chamado

    modelo ontolgico ou ontologia de um sistema, esse modelo completamente independente

    de implementao, ele apenas mostra as caractersticas essenciais do sistema.

    Essa noo de Ontologia Empresarial, segundo DIETZ e HOOGERVORST (2008),

    difere das demais (GMEZ-PREZ, FERNNDEZ-LPEZ e CORCHO, 2004; GRUBER,

    1995; GUARINO, 1998) em 2 aspectos: a noo de ontologia de sistema onde o foco

    entender a essncia da construo e operao de sistemas complexos, mais especificamente de

    organizaes, diferentemente das demais que adotam a noo de ontologia do mundo onde o

    foco definir as entidades centrais do mundo em questo e seus relacionamentos de forma

    mais clara e extensiva. Vale destacar que a noo de ontologia de sistema engloba a noo de

    ontologia do mundo. A noo de ontologia de sistema baseada na teoria da operao de um

    sistema, no caso dos autores, a base a teoria PSI (Performance in Social Interaction). Essa

    teoria fornece uma modelagem ontolgica para organizaes que cobre questes estruturais,

    de processos e de aes de forma que os modelos resultantes podem ser executados ou

    simulados, essa a teoria de fundamentao apresentada por Dietz (2006) para construo da

    ontologia empresarial. O segundo aspecto diz respeito incapacidade da noo comum de

    ontologia empresarial em distinguir de forma precisa e clara entre os nveis de abstrao

    ontolgico, infolgico e datalgico. Esses nveis de abstrao esto relacionados com 3

    habilidades humanas que so exercidas tanto em atos de coordenao quanto em atos de

    produo (DIETZ, 2006). Nos atos de coordenao, a habilidade forma refere-se a aspectos de

    forma, a habilidade informa refere-se a aspectos de contedo e a habilidade performa refere-

    se a estar engajado em compromissos. Nos atos de produo, a habilidade forma refere-se

    produo documental ou datalgica, a habilidade informa refere-se produo informacional

    ou infolgica e a habilidade performa refere-se produo essencial de uma organizao

    como, por exemplo, realizar novos fatos originais, esse tipo de produo chamada

    ontolgica.

    O objetivo da ontologia empresarial oferecer um novo entendimento das

    organizaes de tal forma que uma pessoa possa ser capaz de olhar atravs de sua aparncia

    confusa diretamente para sua essncia profunda (DIETZ e HOOGERVORST, 2008). DEMO

    uma abordagem de ontologia empresarial baseada na teoria PSI. De acordo com a distino

  • 31

    dessa teoria entre funo e construo de um sistema, os servios coletivos que a empresa

    prov ao seu ambiente so denominados como o negcio da organizao, eles representam a

    perspectiva da funo. As atividades da empresa nas quais o negcio da organizao

    realizado e entregue, incluindo os atores que realizam essas atividades so denominados

    coletivamente a organizao da empresa, eles representam a perspectiva da construo.

    De acordo com a teoria PSI, os sujeitos realizam atos de produo e atos de

    coordenao (DIETZ, 2006). Ao realizar atos de produo, os sujeitos contribuem para

    realizar os bens e servios que so entregues ao ambiente da organizao. Um ato de

    produo pode ser material, como transporte ou fabricao ou imaterial como deciso,

    julgamento e venda de bens. Ao realizar atos de coordenao os sujeitos estabelecem e

    respeitam seus compromissos um para com o outro considerando a realizao dos atos de

    produo.