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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE COLETIVA Um Termômetro do Sistema Único de Saúde O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192): Análise do Modelo em uma Cidade do Nordeste Brasileiro RECIFE 2007 AMANDA PRISCILA DE SANTANA CABRAL

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE COLETIVA

Um Termômetro do Sistema Único de Saúde – O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

(SAMU-192): Análise do Modelo em uma Cidade do Nordeste Brasileiro

RECIFE 2007

AMANDA PRISCILA DE SANTANA CABRAL

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AMANDA PRISCILA DE SANTANA CABRAL

Um Termômetro do Sistema Único de Saúde – O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

(SAMU-192): Análise do Modelo em uma Cidade do Nordeste Brasileiro

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Saúde Pública pelo Curso de Pós-Graduação latu sensu de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva do CPqAM/FIOCRUZ/MS. Orientação do Professor Wayner Vieira de Souza.

Recife 2007

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AMANDA PRISCILA DE SANTANA CABRAL

Um Termômetro do Sistema Único de Saúde – O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192): Análise do

Modelo em uma Cidade do Nordeste Brasileiro.

Monografia aprovada como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Saúde Pública pelo Curso de Pós-Graduação latu

sensu de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva do CPqAM / FIOCRUZ /MS.

Aprovada em ___/___/________

BANCA EXAMINADORA

Orientador: _________________________________________ Prof. Dr. Wayner Vieira de Souza Docente / Pesquisador do CPqAM / FIOCRUZ / MS Debatedor: _________________________________________

Prof. Drª. Maria Rejane Ferreira da Silva - Docente / Pesquisadora do CPqAM / FIOCRUZ / MS

Recife 2007

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AGRADECIMENTOS

Para mim, este é um momento não só de agradecimento pela finalização deste trabalho, mas

também pela conclusão do Curso de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva.

Portanto, são muitos os agradecimentos...

Ao Professor Wayner Souza pelo acolhimento e orientação na elaboração deste trabalho; Ao Walter Ramalho e Constantino Silveira pela introdução ao mundo do Geoprocessamento; Ao Luiz Cláudio Oliveira pelas preciosas sugestões durante a elaboração do projeto e caminhada durante a Residência; A Ângela Marcondes e Tatiane Portal, companheiras de sala de aula e do período prático na Secretaria de Saúde de Olinda – Sem dúvida, somos muito diferentes e muito iguais! O Otimismo de Ângela e a Fé de Tati foram e são muito importantes para mim! Muito obrigada meninas!!! Ao Eduardo Bezerra, colega e amigo de sala de aula, de profissão e de muitas risadas, o que tornou a caminhada mais leve... A Secretaria de Saúde de Olinda, em especial: Márcia Marcondes, pela preceptoria presente, apoio e confiança depositados; Gláucio Vergueiro e Maria Freitas do Núcleo de Geoprocessamento de Olinda, que ajudaram a tornar os desafios mais fáceis de encarar, pela troca de experiências, pelos ouvidos cedidos nos momentos de desabafo, pelos olhares que já dizem tudo... A toda a equipe do Núcleo de Prevenção a Acidentes e Violência (NUPAV), pelo convívio harmonioso, em especial à estagiária Daniele de Melo Bentinho, que contribuiu na conferência dos formulários do SAMU 192-Olinda. A todos que fazem o SAMU 192- Olinda, em especial a Enfermeira Viviane Gusmão pelo apoio neste trabalho. Aos Docentes, em especial ao Professor Petrônio Martelli, orientador em uma pesquisa a parte deste trabalho, mas que serviu de apredizado para futuros projetos... Aos funcionários do NESC e da biblioteca do CPqAM

Finalmente, aos meus pais, Vitor e Josete e a minha irmã Carol, que me dão asas para eu voar mais e mais...

A Wildson, que mesmo a 800 km de distância, ao seu jeito, me mostra diariamente que “...a vida é assim...”.

E ao Senhor Jesus, que mais uma vez me carregou nos braços e permitiu que eu encontrasse

todas essas preciosidades no meu caminho!

5

Frases que escutei de dezembro de 2004 a janeiro de 2007

e que foram decisivas durante minha caminhada na Residência Multiprofissional

em Saúde Coletiva:

“...Calma bichinha, o mundo dá voltas...” Mônica Osório, mestre do curso de Nutrição e amiga, ao me consolar na não classificação na

seleção do Mestrado de Nutrição em Saúde Pública e às vésperas da divulgação do resultado

da seleção da Residência em Saúde Coletiva – novembro/2004.

“...Esqueça que você é nutricionista...” Fábio Lessa (in memoriam), na época professor do CPqAM/FIOCRUZ, ao ver meu interesse

em trabalhar com nutrição no início da Residência em Saúde Coletiva. – Fevereiro/2005.

“... Seja mais Proativa neste Núcleo...” Walter Ramalho, Consultor do Ministério da Saúde, um dos idealizadores do Núcleo de

Geoprocessamento de Olinda. A frase já diz tudo! - Outubro/2005

“...Não permita que apaguem seus sonhos e destruam seus objetivos...” Luiz Cláudio Oliveira, Sanitarista e amigo de caminhada, me estimulando a perseverar nos

caminhos da Saúde Pública. – Julho/2006.

“...Deus está no Controle...” Tatiane Portal, companheira de residência, que sempre tem uma frase num momento bom ou

ruim; mas essa é que eu mais gosto! – Desde Fevereiro/2005

“... Eu te amo...” Wildson Silva, a pessoa que me fez entender o valor desta frase tão comum, de aceitar a vida

como ela é e de espalhar este sentimento em tudo que faço.

De forma alguma, não tem como “esquecer” a minha formação! Entretanto, a oportunidade de

vivenciar o SUS que a Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva proporciona é única!

Sinto-me desafiada diariamente! Não é brincadeira trabalhar num sistema tão dinâmico e em

constante construção como o SUS... Mas se não fosse assim, que graça teria???

Obrigada a todos os autores destas citações; algumas podem ter chegado num momento em

que eu não estava preparada para escutá-las, mas que o tempo revelou o sentido e a

importância de cada uma delas!

6

RESUMO

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192) tem como finalidade

prestar socorro à população em casos de urgência e emergência. Considera-se

como nível pré-hospitalar móvel na área de urgência e emergência, o atendimento

que procura chegar precocemente à vítima, após ter ocorrido um agravo à sua

saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumática, inclusive as psiquiátricas), que

possa levar ao sofrimento, seqüelas ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto,

prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde

devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde. O SAMU-192-

Olinda foi implantado no município em fevereiro de 2006, integrando o SAMU-192

Metropolitano do estado de Pernambuco. O presente estudo teve como objetivo

analisar o padrão das ocorrências atendidas pelo SAMU-192–Olinda, no período de

fevereiro a junho de 2006, é de natureza ecológica, utilizou como fonte de dados o

banco de dados de atendimentos do SAMU-192–Olinda que é alimentado pelo

formulário de atendimento e o banco de dados de coordenadas das ocorrências

georreferenciadas pelo serviço. Os resultados do levantamento epidemiológico e da

análise espacial revelam o perfil das solicitações de atendimentos de urgências e

emergências com análises que poderão subsidiar futuras reorganizações não só do

SAMU-192–Olinda como também no que diz respeito à promoção, prevenção,

recuperação e reabilitação aos agravos a saúde no município.

Palavras – Chave: Urgências, Emergências, Atendimento Pré-Hospitalar Móvel,

Perfil Epidemiológico, Análise Espacial.

7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12 1.1 Considerações gerais .......................................................................................12

1.1.1 Urgência e emergência – conceito e situação ................................................ 12 1.1.2 Acidentes e violência, urgências e emergências............................................ 13 1.1.3 Urgências e emergências clínicas ................................................................... 15

1.2 Modelos de sistema pré-hospitalar móvel...................................................15 1.2.1 Modelo Americano ............................................................................................ 16 1.2.2 Modelo Francês................................................................................................. 16 1.2.3 Modelo Brasileiro .............................................................................................. 17 1.2.4 Legislação Brasileira ........................................................................................ 19

1.3 O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192) ......................20 1.4 Central de Regulação ....................................................................................26 1.5 SAMU-192 no Município de Olinda - PE.......................................................27 1.6 Sistema de Informação Geográfica (SIG) e Métodos Utilizados para Abordagem Espacial dos Eventos em Saúde ...................................................28 1.7 O Município de Olinda - Pernambuco ..........................................................30

2 OBJETIVOS...........................................................................................................35 2.1 Objetivo Geral ................................................................................................35 2.2 Objetivos Específicos....................................................................................35

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................36 3.1 Área de estudo ..............................................................................................36 3.2 Tipo de estudo ...............................................................................................36 3.3 Período do estudo .........................................................................................36 3.4 População do estudo.....................................................................................37 3.5 Natureza dos dados.......................................................................................37 3.6 Processamento e análise dos dados ...........................................................37

3.6.1 Perfil epidemiológico das ocorrências atendidas pelo SAMU-192–Olinda ... 37 3.6.2 Análise espacial das ocorrências atendidas pelo SAMU-192–Olinda ........... 38

4 RESULTADOS.......................................................................................................42 4.1 Perfil epidemiológico das ocorrências do SAMU-192 – Olinda .................42

4.1.1 Caracterização das ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda............ 42 4.1.2 Caracterização das ocorrências atendidas pelo SAMU-192– Olinda segundo causas clínicas........................................................................................................... 49 4.1.3 Caracterização das ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda segundo causas externas ......................................................................................................... 55

4.2 Distribuição espacial das ocorrências atendidas pelo SAMU-192-Olinda.....................................................................................................................62

5 DISCUSSÃO..........................................................................................................65 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................73 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURAS

Figura 1 – Divisão político-administrativa do município de Olinda – PE – 2006 ...... 30

Figura 2 – Distribuição percentual de internamentos segundo Capitulo da CID 10, Brasil, Pernambuco e Olinda, 2005............................................................................32 Figura 3 – Distribuição percentual de óbitos segundo Capitulo da CID 10. Brasil,

Pernambuco e Olinda, 2004...................................................................................... 33

Figura 4 – Distribuição percentual de óbitos segundo causas determinantes. Olinda,

2000 a 2005............................................................................................................... 33

Figura 5 - Representação esquemática do método de Kernel para avaliação da

intensidade de uma distribuição de pontos em uma região (Bailey e

Gatrell,1995)...............................................................................................................40

GRÁFICOS

Gráfico 1 - Ocorrências atendidas pelo SAMU-192-Olinda segundo grupo de

causas. Olinda, PE -fevereiro a junho de 2006.........................................................42

Gráfico 2 - estabelecimentos de saúde que originaram remoções atendidas pelo

SAMU-192 – Olinda Olinda, PE -fevereiro a junho de 2006.....................................43

Gráfico 3 - ocorrências atendidas pelo SAMU-192–Olinda segundo dia da semana.

Olinda, PE – fevereiro a junho de 2006....................................................................46

Gráfico 4 - comparação do percentual dos grupos de ocorrências atendidas pelo

SAMU-192–Olinda segundo dia da semana. Olinda, PE fevereiro a junho de

2006..........................................................................................................................46

9

Gráfico 5 - motivos das ocorrências por causas clínicas, agrupados segundo

capítulos da CID 10, atendidos pelo SAMU-192-Olinda – fevereiro a junho de

2006..........................................................................................................................50

Gráfico 6 - ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda segundo causas

externas. Olinda, PE – fevereiro a junho de 2006.....................................................55

Gráfico 7- comportamento dos principais tipos de causas externas atendidas pelo

SAMU-192 – Olinda segundo faixa etária. Olinda, PE – fevereiro a junho de

2006..........................................................................................................................58

Gráfico 8 - ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda segundo tipos de

acidente de trânsito. Olinda, PE fevereiro a junho de 2006......................................61

MAPAS

Mapa 1 - distribuição espacial das ocorrências por acidentes de transporte

atendidas pelo SAMU-192-Olinda – Olinda, PE – fevereiro a junho de

2006..........................................................................................................................63

Mapa 2 - distribuição espacial da incidência de atendimentos por doenças do

aparelho circulatório realizadas pelo SAMU-192-Olinda – Olinda, PE – fevereiro a

junho de 2006............................................................................................................64

QUADROS

Quadro 1 – Variáveis utilizadas no levantamento do perfil epidemiológico do SAMU

192 Olinda..................................................................................................................38

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Motivos das ocorrências agrupados por capítulos da CID 10 atendidos

pelo SAMU-192-Olinda – fevereiro a junho de 2006.................................................44

Tabela 2 - Ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda segundo idade. Olinda,

PE – fevereiro a junho de 2006.................................................................................45

Tabela 3 - Ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda segundo sexo. Olinda,

PE – fevereiro a junho de 2006.................................................................................45

Tabela 4 - Atendimentos realizados pelo SAMU-192–Olinda segundo bairros de

ocorrência. Olinda, PE – fevereiro a junho de 2006..................................................47

Tabela 5 - Distribuição das ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda segundo

destino dos pacientes. Olinda, PE - fevereiro a junho de 2006................................48

Tabela 6 - Principais motivos de ocorrências por causas clínicas agrupadas

segundo capitulos e subcapitulos da CID 10 – SAMU-192 Olinda – fevereiro a junho

de 2006.....................................................................................................................51

Tabela 7 - Ocorrências atendidas pelo SAMU-192– Olinda segundo causas clínicas

por faixa etária. Olinda, PE – fevereiro a junho de 2006...........................................52

Tabela 8 - Ocorrências atendidas pelo SAMU-192– Olinda segundo causas clínicas

por sexo. Olinda, PE – fevereiro a junho de 2006.....................................................52

Tabela 9 - Atendimentos realizados pelo SAMU-192 – Olinda segundo causas

clínicas por bairro de ocorrência. Olinda, PE – fevereiro a junho de 2006..............53

Tabela 10 - Distribuição das ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda

segundo destino dos pacientes. Olinda, PE - fevereiro a junho de 2006..................54

11

Tabela 11 - Motivos de ocorrências por causas externas agrupadas segundo

capitulos e subcapitulos da CID 10 – SAMU-192 Olinda – fevereiro a junho de

2006..........................................................................................................................56

Tabela 12 - Ocorrências atendidas pelo SAMU-192– Olinda segundo causas

externas por sexo. Olinda, PE – fevereiro a junho de 2006......................................57

Tabela 13 - Ocorrências atendidas pelo SAMU-192– Olinda por faixa etária segundo

causas externas. Olinda, PE – fevereiro a junho de 2006........................................57

Tabela 14 - Distribuição das ocorrências por causas externas atendidas pelo SAMU-

192 – Olinda segundo destino dos pacientes. Olinda, PE - fevereiro a junho de

2006..........................................................................................................................59

Tabela 15 - Atendimentos realizados pelo SAMU-192 – Olinda segundo causas

externas por bairro de ocorrência. Olinda, PE – fevereiro a junho de 2006............60

Tabela 16 - Distribuição dos meios de transporte envolvidos em acidentes de

transporte com vítimas atendidas pelo SAMU-192-Olinda. Olinda, PE - fevereiro a

junho de 2006............................................................................................................61

12

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações gerais

1.1.1 Urgência e emergência – conceito e situação

A maioria dos profissionais de saúde parece não conhecer as definições

dos termos urgência e emergência, o que acaba tornando indiscriminado o uso

destes conceitos (FERNANDES, 2004). Segundo Goldim (2003) a assistência em

situações de emergência e urgência se caracteriza pela necessidade do paciente ser

atendido em um espaço de tempo limitado; a emergência, é caracterizada com

sendo a situação onde não pode haver uma protelação no atendimento, o mesmo

deve ser imediato, num curtíssimo espaço de tempo. Martinez - Almoyna e Nitschke

(1999) referem que para que um evento seja qualificado de urgente é necessário

que seu tempo de resolução seja tão curto que não permita a marcação de uma

consulta ou a espera em uma fila, sendo que a intervenção e tentativa de resolução

devem ser feitas em um tempo curto, considerado normalmente de até 24 horas

após seu início, excetuando-se o parto.

Para Fernandes (2004) os conceitos de urgência e emergência são

amplos e definí-los com rigor nem sempre é uma tarefa fácil. Os profissionais de

saúde que atuam diretamente com estas situações norteiam-se em experiências

adquiridas e no bom senso para classificá-las, definindo-as de acordo com o grau de

comprometimento e complexidade presente em cada evento, para então deflagrar

medidas de tratamento, essenciais à assistência adequada, evitando agravos

adicionais aos já instalados em decorrência da própria patologia.

O panorama da atenção às urgências e emergências no Brasil apresenta-

se ainda, com marcada freqüência, de feição dramática: atendimento centralizado

em pronto – socorros hospitalares, filas e longas horas na sala de espera, onde

pacientes com dores crônicas, adultos com pressão alta, crianças com febre ou

bronquite, pacientes vítimas de violência e acidentados, misturam-se e aglutinam-se

na expectativa do atendimento, sem qualquer acolhimento ou triagem de risco. Isso

faz com que as urgências “ruidosas e sangrantes” sejam prioritariamente atendidas,

embora nem sempre sejam as mais graves. Depois do atendimento médico inicial,

13

uma outra maratona se inicia: realizar e esperar pelos resultados dos exames

necessários para a elucidação diagnóstica (BRASIL, 2005a). Essa realidade

contribui para que hospitais e pronto-socorros não consigam oferecer um

atendimento de qualidade e mais humanizado (BRASIL, 2005b).

Dallari e colaboradores (2001) lembram que com a modificação do perfil

epidemiológico da morbi-mortalidade nas áreas metropolitanas, devido ao

crescimento das causas externas, o atendimento de urgência e emergência ganha

maior relevância. Por não prevê e não ter controle através de estimativas ou

conhecimento da história natural da doença, o setor saúde sofre forte impacto das

causas externas e sua resposta a tal demanda é fundamental para minimizar as

seqüelas decorrentes desse quadro.

Segundo Neves (2006), as emergências e urgências funcionam como um

termômetro do funcionamento do sistema de saúde e suas falhas. Nas portas das

emergências e urgências aparecem a falência e o sucateamento da atenção primária

em saúde, a não acessibilidade universal, a não eqüidade, a miséria e a agudização

da desassistência da população, ou seja, o sucateamento da saúde pública pelas

diferentes instâncias de governo e o descaso com a vida da população usuária do

SUS.

1.1.2 Acidentes e violência, urgências e emergências

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), os acidentes e as

violências configuram, um conjunto de agravos à saúde, que pode ou não levar ao

óbito, no qual se incluem as causas ditas acidentais - devidas ao trânsito, trabalho,

quedas, envenenamentos, afogamentos e outros tipos de acidentes - e as causas

intencionais (agressões e lesões autoprovocadas). Esse conjunto de eventos consta

na Classificação Internacional de Doenças (CID) sob a denominação de causas

externas. Quanto à natureza da lesão, tais eventos e ou agravos englobam todos os

tipos de lesões e envenenamentos, como ferimentos, fraturas, queimaduras,

intoxicações, afogamentos, entre outros (BRASIL, 2001).

As agressões por arma de fogo, arma branca e os acidentes de transporte

constituem formas de violência que vêm assumindo um vulto cada vez maior e se

mostrando como um grande problema de saúde pública (FEIJÓ, PORTELA, 2001),

14

devido sua magnitude e transcendência, pelo forte impacto na morbimortalidade e

na qualidade de vida da população (SOARES, BARROS, 2006).

Dentre as causas externas, os acidentes de transporte têm especial

relevância tanto pelo sofrimento de suas vítimas e familiares, como pelo elevado

custo econômico que geram (BELO HORIZONTE, 2005). Soares e Barreto (2006)

ressaltam que o Brasil apresenta uma das maiores taxas de acidentes de transporte

do mundo (18,9/100000 habitantes), tendo sido responsáveis por 33620 mortes e

114189 internações em 2003.

O contexto do Brasil contribui para as elevadas taxas de acidentes de

transporte; o Departamento Nacional de Trânsito (BRASIL, 1998) aponta alguns

fatores críticos, como a falta de planejamento urbano, o desenho inapropriado das

vias de tráfego, o comportamento imprudente dos motoristas, o grande movimento

de pedestres sob condições inseguras e a precariedade da educação e da

fiscalização do trânsito.

Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (2003),

medidas como a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança, controle eletrônico

da velocidade nas vias públicas bem como a entrada em vigor do Código de Trânsito

Brasileiro no final dos anos 90, ajudaram na diminuição do número de mortes e na

melhoria dos indicadores de segurança.

O impacto econômico dos acidentes e das violências no Brasil pode ser

medido diretamente por meio dos gastos hospitalares com internação, inclusive em

unidades de terapia intensiva, e dias de permanência geral. Em 1997, o total desses

gastos correspondeu a R$ 232.376.612,16, valor que representou,

aproximadamente, 8% dos dispêndios com internações por todas as causas

(BRASIL, 2001).

A Portaria Nº 737 / GM 2001 afirma ser consenso mundial que a questão

dos agravos externos tem vários e diversificados aspectos, que precedem a porta do

hospital ou, até mesmo, o acionamento dos serviços de atendimento pré-hospitalar.

A partir da ocorrência do evento, no entanto, o adequado atendimento pré-hospitalar

pode favorecer de maneira importante na minimização da morbimortalidade por tais

eventos bem como nos gastos hospitalares (BRASIL, 2001).

15

1.1.3 Urgências e emergências clínicas

Assim como os agravos traumáticos, os agravos clínicos merecem ser

estudados do ponto de vista das urgências e emergências, pois estão entre as

primeiras causas de morbimortalidade no mundo e no Brasil, com destaque para as

doenças cardiovasculares (FERNANDES, 2004). No ano de 2004 as doenças

cerebrovasculares e as doenças isquêmicas do coração foram a 1ª e 2ª causa de

mortes tanto no Brasil como em Pernambuco. No município de Olinda essas causas

de óbito ocuparam respectivamente o 3º e 2º lugares, sendo superadas somente

pelas mortes violentas – as agressões (BRASIL, 2007).

Doenças do aparelho respiratório e doenças do aparelho circulatório foram

as principais causas de internação no ano de 2005 no Brasil, com 13,7% e 10,3%

respectivamente. O Estado de Pernambuco e o município de Olinda também tiveram

as doenças do aparelho respiratório como principal causa de internação – 11,5 % e

8,9% respectivamente (BRASIL, 2007).

Na visão do Ministério da Saúde, o desenvolvimento de tecnologia, o

avanço da ciência, as medidas de prevenção às doenças cardiovasculares, às

neoplasias e às causas externas, ainda não foram suficientes para modificar o perfil

epidemiológico dessas doenças, estimulando novas estratégias de planejamento

das ações de saúde (BRASIL, 2001).

1.2 Modelos de sistema pré-hospitalar móvel

O atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência é um desafio para

todos os países modernos; quase sempre cabe ao serviço público assumir a maioria

das urgências e emergências, pois raramente elas são rentáveis para um serviço

privado. Este é um dos motivos que fazem o atendimento das urgências e

emergências torna-se a imagem mais visível da Saúde Pública (CARLI, 1995).

Para Goldim (2001) o atendimento pré-hospitalar é um tipo de assistência

que merece destaque pelas suas peculiaridades. Os profissionais se deslocam para

o local onde o paciente necessita de cuidados considerados urgentes e emergentes,

após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumática,

inclusive as psiquiátricas), que possa levar ao sofrimento, seqüelas ou mesmo à

morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte

16

adequado a um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema

Único de Saúde (BRASIL, 2002).

1.2.1 Modelo Americano

A pesquisa “Morte e deficiência por acidentes: uma doença negligenciada

pela sociedade moderna”, alertou os Estados Unidos quanto às inadequações do

seu atendimento pré-hospitalar em meados da década de 60, fortalecendo o

desenvolvimento dos Sistemas de Emergência Médicas ao mostrar índices

estatísticos da qualidade de vida daqueles que sofreram traumas e choques

(FERREIRA, 1999 apud FERNANDES, 2004). O mesmo autor refere que a partir de

então, o governo americano determinou que as entidades governamentais de

Segurança Rodoviária desenvolvessem um sistema de atendimento em

emergências que fosse realmente eficiente, caso contrário o governo reduziria um

percentual dos fundos para manutenção das rodovias federais.

O modelo americano trabalha com para-médicos, que têm um programa

de formação extenso (três anos após o término do 2º grau). A guerra do Vietnã

resultou em uma grande experiência para os EUA na formação de para-médicos, por

ser uma guerra de guerrilha e ser, portanto, impossível contar com profissionais em

todas as frentes de combates. Soldados foram treinados no primeiro atendimento,

foram delegadas ações até então exclusivamente médicas, e equipamentos de fácil

transporte também foram desenvolvidos (MARÍLIA, SP, 2003).

1.2.2 Modelo Francês

Há relatos de que há mais de 40 anos, a França optava pelo atendimento

médico precoce das urgências. De certa forma chegou-se a esta opção quase que

espontaneamente, sob o impulso de um pequeno grupo de médicos, na maioria

anestesistas-reanimadores, que no fim dos anos 50 se lançaram na aventura do

socorro médico de urgência (MARTINEZ – ALMOYNA, REZENDE,1995).

Naquela época, os médicos franceses começaram a constatar a

desproporção entre os meios modernos, colocados à disposição de feridos no

hospital e os meios arcaicos utilizados na fase pré-hospitalar. Foi proposto então,

que a equipe médica se deslocasse ao local da ocorrência para iniciar a assistência

17

o mais rápido possível (FONTANELA; CARLI; LARENG, 1992 apud FERNANDES,

2004). Somente 30 anos depois, em 1986, essa iniciativa foi legalizada pela lei de 06

de janeiro de 1986 que institucionalizava o sistema, fazendo do SAMU o serviço

pré–hospitalar oficial francês (MARTINEZ –ALMOYNA, REZENDE,1995).

O modelo francês é centralizado numa rede de comunicações e baseado

na regulação médica. Todas as chamadas são analisadas por médico, que define a

resposta mais eficiente, maximizando os recursos disponíveis. Esta experiência vem

sendo validada há anos, pois permite o conhecimento das necessidades reais do

paciente, e dos recursos disponíveis à prestação da assistência, dentre outras

informações, possibilitando o gerenciamento da demanda. Em função destas

características, o sistema francês tem servido de modelo para a construção dos

serviços brasileiros (FERNANDES, 2004).

1.2.3 Modelo Brasileiro

Martinez -Almoyna e Rezende (1995) relatam que por volta da década de

50 foi implantado em São Paulo o Serviço de Assistência Médica Domiciliar de

Urgência (SAMDU), órgão da então Secretaria Municipal de Higiene, que se

propunha a prestar uma assistência médica à distância, com o médico indo à

residência do doente a fim de lhe prestar cuidados. Este modelo foi disseminado por

alguns estados brasileiros, entretanto, por uma série de motivos esta atividade foi

sendo desativada, mas historicamente é considerada como um embrião da atenção

pré-hospitalar no Brasil.

A atenção pré-hospitalar, nos moldes como ela é concebida atualmente,

teve início em nosso país, mais especificamente no estado de São Paulo, há

aproximadamente 10 anos. Começou por uma iniciativa da Secretaria de Estado da

Saúde que, numa ação conjunta com a Secretaria de Estado da Segurança Publica,

propuseram-se a atender todas as solicitações de socorro urgente que entrassem

pelo número telefônico 193 (MARÍLIA, 2003).

Lopes e Fernandes (1999) relatam que o atendimento pré-hospitalar,

inicialmente chamado de “resgate”, da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo,

foi criado nos moldes do SAMU francês devido a um convênio existente entre os

governos francês e brasileiro. Este modelo de atenção às urgências e emergências

diferia de outros, especialmente os norte americanos, pelo fato de propor um

18

sistema com participação efetiva do médico – sistema medicalizado – tanto no

atendimento direto aos doentes no local da ocorrência como, e é este o ponto

fundamental do sistema, na central de operações promovendo a assim chamada

regulação médica do sistema, ou seja, o início efetivo do exercício da telemedicina

(MARÍLIA, 2003).

Entre as décadas de 80 e 90, outras cidades também implantaram o

SAMU, como Porto Alegre, Fortaleza, Recife e Curitiba, cada uma com seu próprio

sistema de funcionamento (ABDALA, 2005). Todavia, a criação deste serviço

dissociado de uma linha mestra e de uma normalização típica de planejamento,

instalação e operacionalização fizeram surgir um verdadeiro mosaico de modelos, a

maioria deles com deficiências técnicas importantes, tanto no setor público, quanto

privado (BRASIL, 2001).

Segundo o Ministério da Saúde, dentre os problemas identificados no

período, destacam-se (BRASIL, 2001):

� Ausência de normas para a transformação veicular em ambulância,

favorecendo a adoção de viaturas não condizentes ao resgate e ao

tratamento intensivo, como, por exemplo, o uso de veículos de passeio;

� A inexistência dessa padronização era verificada, também, nos insumos

tecnológicos do suporte avançado de vida. Era comum encontrar veículos

designados como Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e de resgate que

não dispunham de respiradores artificiais, bombas de infusão, monitores

cardíacos, marca-passo, estojos para pequenos procedimentos cirúrgicos,

materiais de imobilização e maletas de medicamentos;

� Ausência de um sistema de informação comum a todos os atendimentos pré-

hospitalares, com um processo sistematizado de alimentação e retro

alimentação entre os diferentes setores envolvidos no atendimento às

urgências;

� A falta de orientação da população sobre como proceder diante de uma

situação de emergência, contribuindo para o agravamento do estado das

vítimas.

Porém, algumas publicações ressaltam que naquelas cidades que

“importaram” o modelo SAMU francês nas décadas de 80 e 90, foi observada uma

sensível redução do tempo de permanência hospitalar, de seqüelas e da

19

mortalidade, em conseqüência da realização de atendimentos com profissionais

treinados adequadamente e específicos para realizar o serviço de atendimento pré-

hospitalar, diminuindo o tempo resposta e melhorando as condições de vida da

população (BRASIL, 2001; ARACAJÚ, 2006).

Um grande passo é dado no ano de 2002, quando é publicada a Portaria

Nº 2048/GM, normatizando o atendimento pré-hospitalar móvel. Ela estabelece

regras que vão desde as especializações da equipe médica até as características

dos veículos e os equipamentos a serem utilizados nas ambulâncias, padronizando-

as.

1.2.4 Legislação Brasileira

� Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e

Violências (Portaria MS/GM nº 737 de 16 de maio de 2001): determina a

necessidade de organizar e qualificar a atenção às urgências e emergências

relacionadas ao trauma e à violência (BRASIL, 2001);

� Portaria Nº 2048/GM de 05 de novembro de 2002: estabelece os princípios

e diretrizes, as normas e os critérios de funcionamento, a classificação e o

cadastramento dos serviços de urgências e emergências reforçando em

partes a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e

Violências. Estabelece normas para a elaboração dos planos estaduais de

atendimento e de regulação médica das urgências e emergências, normaliza

o atendimento pré–hospitalar fixo, pré-hospitalar móvel e hospitalar, o

transporte inter-hospitalar e a criação de núcleos de educação de emergência

e urgência. Para atender estas diretrizes, a portaria apresenta ainda a

proposta de grades curriculares mínimas para a capacitação de recursos

humanos dessa área (BRASIL, 2002);

� Política Nacional de Atenção às Urgências (Portaria GM 1863 de 29 de

Setembro de 2003): Para garantia dos princípios do SUS no que diz respeito

à atenção às urgências e emergências, esta política tem como objetivo

adequar a distribuição dos recursos assistenciais através da organização do

atendimento de urgência e emergência nos pronto-atendimentos, unidades

20

básicas de saúde e nas equipes do Programa de Saúde da Família; estruturar

o atendimento pré-hospitalar móvel (SAMU-192); reorganizar as grandes

urgências e os pronto-socorros em hospitais; criar a retaguarda hospitalar

para os atendidos nas urgências; Estruturar o atendimento pós-hospitalar.

Para a instituição desta política, as atividades devem estar orientadas

segundo os princípios de humanização da atenção e a capacitação e

educação continuada das equipes de saúde de todos os âmbitos de atenção,

bem como a Adoção de Estratégias Promocionais de Qualidade de Vida

(BRASIL, 2003a);

� Portaria Nº 1864/GM de 29 de Setembro de 2003: institucionalizou o Serviço

de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU-192 - como o componente pré-

hospitalar móvel da Política Nacional de Atenção às Urgências, ganhando a

adesão daqueles municípios que já o utilizavam e ampliando os serviços de

atendimento móvel de urgência para outras localidades. É uma portaria

ampla, que estabelece o financiamento para investimento e custeio do

componente pré-hospitalar, normas para o custeio com recursos humanos,

físicos e materiais, bem como critério e avaliação das ações. Determina a

elaboração de diagnósticos de saúde dentro do planejamento da operação

dos sistemas de atenção às urgências e emergências e padroniza os

veículos, equipamentos, bem como uniformiza as equipes (BRASIL, 2003b);

� Portaria Nº 2657 de 16 de dezembro de 2004: Estabelece as atribuições das

centrais de regulação médica de urgências e o dimensionamento técnico para

a estruturação e operacionalização das Centrais SAMU-192 (BRASIL, 2004a).

1.3 O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192)

Historicamente o nível de resposta à urgência e emergência tem sido

insuficiente, provocando a superlotação das portas dos hospitais e pronto-socorros,

mesmo quando a doença ou quadro clínico não é característica de um atendimento

de emergência ou urgência. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU -

192) é uma estratégia que tem como finalidade prestar o socorro à população em

casos de urgência e emergência (BRASIL, 2005b).

21

Podemos chamar de atendimento pré-hospitalar móvel primário quando o

pedido de socorro for oriundo de um cidadão. O atendimento pré-hospitalar móvel

secundário, também conhecido como remoção, se dá quando a solicitação parte de

um serviço de saúde, no qual o paciente já tenha recebido o primeiro atendimento

necessário à estabilização do quadro de urgência ou emergência apresentado, mas

necessite ser conduzido a outro serviço de maior complexidade para a continuidade

do tratamento (BRASIL, 2002).

O SAMU-192 realiza o atendimento de urgência e emergência nas

residências, locais de trabalho e vias públicas. O socorro é feito após chamada

gratuita, feita para o telefone 192. A ligação é atendida por técnicos na Central de

Regulação que identificam a emergência ou urgência e imediatamente transferem o

telefonema para o médico regulador. Esse profissional faz o diagnóstico da situação

e inicia o atendimento no mesmo instante, orientando o paciente, ou a pessoa que

fez a chamada, sobre as primeiras ações (BRASIL, 2005b).

Ao mesmo tempo, o médico regulador avalia qual o melhor procedimento

para o paciente: orienta a pessoa a procurar um posto de saúde; designa uma

ambulância de suporte básico à vida, com auxiliar de enfermagem e socorrista para

o atendimento no local; ou, de acordo com a gravidade do caso, envia uma UTI

móvel, com médico e enfermeiro. Com poder de autoridade sanitária, o médico

regulador comunica a urgência ou emergência aos hospitais públicos e, dessa

maneira, reserva leitos para que o atendimento de urgência tenha continuidade

(BRASIL, 2002).

O Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e

Emergência, anexo à Portaria Nº 2048 de 05 de Novembro de 2002 norteia quais

profissionais, tipos de veículos e equipamentos devem compor o sistema de

atendimento pré-hospitalar móvel. A seguir são apresentadas as definições dos

profissionais, dos veículos e de sua tripulação, segundo o documento supracitado

(BRASIL, 2002):

� Equipe de Profissionais Oriundos da Saúde: A equipe de profissionais oriundos

da área da saúde deve ser composta por:

22

o Coordenador do Serviço: profissional oriundo da área da saúde, com

experiência e conhecimento comprovados na atividade de atendimento pré-

hospitalar às urgências e de gerenciamento de serviços e sistemas;

o Responsável Técnico: Médico responsável pelas atividades médicas do

serviço;

o Responsável de Enfermagem: Enfermeiro responsável pelas atividades de

enfermagem ;

o Médicos Reguladores: médicos que, com base nas informações colhidas dos

usuários, quando estes acionam a central de regulação, são os responsáveis

pelo gerenciamento, definição e operacionalização dos meios disponíveis e

necessários para responder a tais solicitações, utilizando-se de protocolos

técnicos e da faculdade de arbitrar sobre os equipamentos de saúde do sistema

necessários ao adequado atendimento do paciente;

o Médicos Intervencionistas: médicos responsáveis pelo atendimento

necessário para a reanimação e estabilização do paciente, no local do evento e

durante o transporte;

o Enfermeiros Assistenciais: enfermeiros responsáveis pelo atendimento de

enfermagem necessário para a reanimação e estabilização do paciente, no

local do evento e durante o transporte;

o Auxiliares e Técnicos de Enfermagem: atuação sob supervisão imediata do

profissional enfermeiro.

Além desta equipe de saúde, em situações de atendimento às urgências

relacionadas às causas externas ou de pacientes em locais de difícil acesso, deverá

haver uma ação pactuada, complementar e integrada de outros profissionais não

oriundos da saúde – bombeiros militares, policiais militares e rodoviários e outros,

23

formalmente reconhecidos pelo gestor público para o desempenho das ações de

segurança, socorro público e salvamento, tais como: sinalização do local,

estabilização de veículos acidentados, reconhecimento e gerenciamento de riscos

potenciais (incêndio, materiais energizados, produtos perigosos) obtenção de

acesso ao paciente e suporte básico de vida.

� Definição dos veículos de atendimento pré-hospitalar móvel:

o Ambulâncias: Define-se ambulância como um veículo (terrestre, aéreo ou

aquaviário) que se destine exclusivamente ao transporte de enfermos e podem

ser classificadas como:

TIPO A – Ambulância de Transporte: veículo destinado ao transporte em

decúbito horizontal de pacientes que não apresentam risco de vida, para

remoções simples e de caráter eletivo;

TIPO B – Ambulância de Suporte Básico: veículo destinado ao transporte inter-

hospitalar de pacientes com risco de vida conhecido e ao atendimento pré-

hospitalar de pacientes com risco de vida desconhecido, não classificado com

potencial de necessitar de intervenção médica no local e/ou durante transporte

até o serviço de destino;

TIPO C - Ambulância de Resgate: veículo de atendimento de urgências pré-

hospitalares de pacientes vítimas de acidentes ou pacientes em locais de difícil

acesso, com equipamentos de salvamento (terrestre, aquático e em alturas);

TIPO D – Ambulância de Suporte Avançado: veículo destinado ao

atendimento e transporte de pacientes de alto risco em emergências pré-

hospitalares e/ou de transporte inter-hospitalar que necessitam de

cuidados médicos intensivos. Deve contar com os equipamentos

médicos necessários para esta função;

TIPO E – Aeronave de Transporte Médico: aeronave de asa fixa ou

rotativa utilizada para transporte inter-hospitalar de pacientes e aeronave

24

de asa rotativa para ações de resgate, dotada de equipamentos médicos

homologados pelo Departamento de Aviação Civil – DAC;

TIPO F – Embarcação de Transporte Médico: veículo motorizado

aquaviário, destinado ao transporte por via marítima ou fluvial. Deve

possuir os equipamentos médicos necessários ao atendimento de

pacientes conforme sua gravidade.

o Veículos de intervenção rápida

Este veículos, também chamados de veículos leves, veículos rápidos ou

veículos de ligação médica são utilizados para transporte de médicos com

equipamentos que possibilitam oferecer suporte avançado de vida nas

ambulâncias do Tipo A, B, C e F.

o Outros veículos:

Veículos habituais adaptados para transporte de pacientes de baixo

risco, sentados (ex. pacientes crônicos) que não se caracterizem como

veículos tipo lotação (ônibus, peruas, etc.). Este transporte só pode ser

realizado com anuência médica.

A Portaria Nº 1864 de 29 de setembro de 2003 aponta o parâmetro

para o número de veículos a serem adquiridos pelo programa: as

ambulâncias serão na proporção de um veículo de suporte básico à vida para

cada grupo de 100.000 a 150.000 habitantes, e de um veículo de suporte

avançado à vida para cada 400.000 a 450.000 por habitantes (BRASIL,

2003b).

25

� Tripulação:

o Ambulância do Tipo A: 2 profissionais, sendo um o motorista e o outro um

Técnico ou Auxiliar de enfermagem;

o Ambulância do Tipo B: 2 profissionais, sendo um o motorista e um técnico

ou auxiliar de enfermagem;

o Ambulância do Tipo C: 3 profissionais militares, policiais rodoviários,

bombeiros militares, e/ou outros profissionais reconhecidos pelo gestor

público, sendo um motorista e os outros dois profissionais com capacitação e

certificação em salvamento e suporte básico de vida;

o Ambulância do tipo D: 3 profissionais, sendo um motorista, um enfermeiro e

um médico;

o Aeronaves: o atendimento feito por aeronaves deve ser sempre considerado

como de suporte avançado de vida e para os casos de atendimento pré-

hospitalar móvel primário não traumático e secundário, deve contar com o

piloto, um médico, e um enfermeiro; para o atendimento a urgências

traumáticas em que sejam necessários procedimentos de salvamento, é

indispensável a presença de profissional capacitado para tal;

o Embarcações: a equipe deve ser composta 2 ou 3 profissionais, de acordo

com o tipo de atendimento a ser realizado, contando com o condutor da

embarcação e um auxiliar/técnico de enfermagem em casos de suporte

básico de vida, e um médico e um enfermeiro, em casos de suporte avançado

de vida.

A partir dessa atuação, o SAMU-192 tem um forte potencial para corrigir uma

das maiores queixas dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), que é a

lentidão no momento do atendimento às urgências e emergências.

26

1.4 Central de Regulação

Segundo o Ministério da Saúde, o serviço de atendimento pré-hospitalar

móvel deve ser entendido como uma atribuição da área da saúde, sendo vinculado a

uma Central de Regulação, com equipe e frota de veículos compatíveis com as

necessidades de saúde da população de um município ou uma região, podendo,

portanto, extrapolar os limites municipais. Esta região de cobertura deve ser

previamente definida, considerando-se aspectos demográficos, populacionais,

territoriais, indicadores de saúde, oferta de serviços e fluxos habitualmente utilizados

pela clientela. O serviço deve contar com a retaguarda da rede de serviços de

saúde, devidamente regulada, disponibilizada conforme critérios de hierarquização e

regionalização formalmente pactuados entre os gestores do sistema loco-regional

(BRASIL, 2002).

A regulação médica atende aos chamados telefônicos 24 horas sem

interrupção, feitos através do número 192, tendo sempre presente um médico

regulador; este ouve a solicitação, analisa e dá a melhor resposta possível, seja

garantindo o acesso do paciente à unidade de saúde (Pronto Atendimento, Pronto

Socorro, Hospital Geral ou Especializado) ou ao suporte básico à vida,

acompanhado de auxiliar de enfermagem, ou ainda ao suporte avançado à vida,

com médico e enfermeiro, de acordo com o quadro clínico do paciente,

acompanhando e monitorizando o atendimento até a recepção no serviço de saúde

para o qual encaminhou o paciente (BRASIL, 2004a).

Com a regulação médica é possível evitar hospitalizações inúteis e falsos

alarmes, melhorar as condições dos pacientes que correm riscos, orientar cuidados

até que chegue a ambulância, informar à equipe que vai fazer o atendimento tudo

que conhecer da situação, entrar em contato com o serviço que vai receber o

paciente e informar ao medico do serviço sobre as condições do paciente e o que foi

feito no atendimento pré-hospitalar (BRASIL, 2002).

Espera-se que o médico regulador obtenha as melhores informações

possíveis de quem fez a ligação pedindo ajuda; decida qual a melhor providência a

ser tomada; coordene todo o atendimento; solicite apoio do corpo de bombeiros para

os casos que necessitem de resgate; solicite apoio/auxilio da Policia Militar/ Policia

Civil em intercorrências em que é necessário isolar a área de ocorrência para evitar

novas vítimas e proteger a equipe e/ou paciente (BRASIL, 2006).

27

1.5 SAMU-192 no Município de Olinda - PE

O SAMU-192-Olinda foi implantado no município em fevereiro de 2006,

integrando o SAMU-192 Metropolitano do estado de Pernambuco. No momento em

que o indivíduo disca 192, para determinada ocorrência no município de Olinda, esta

ligação é atendida por um médico regulador do SAMU-192 Recife (que é a central do

SAMU-192 Metropolitano). Este profissional avalia a gravidade da ocorrência e, se

for necessário, repassa a informação para o médico intervencionista do SAMU-192 -

Olinda para mobilização de suas equipes avançada ou básica (Informação verbal1).

Atualmente o SAMU-192-Olinda conta com enfermeiros, médicos, técnicos

de enfermagem e motoristas, que se distribuem em 04 ambulâncias de suporte

básico e 01 ambulância de suporte avançado. O serviço funciona 24 horas por dia

atendendo às urgências e emergências de natureza traumática, clínica, pediátrica,

cirúrgica, gineco-obstétrica e de saúde mental da população.

Desde a sua implantação, o SAMU-192-Olinda tem suas ocorrências

acompanhadas pelo Núcleo de Geoprocessamento (NGP) da Secretaria de Saúde

de Olinda. Inicialmente foram realizados treinamentos com os técnicos de

enfermagem e motoristas, quanto ao manuseio do aparelho Global Positioning

System (GPS) presente em cada ambulância, permitindo que as ocorrências

atendidas sejam georreferenciadas. Os formulários das ocorrências são digitados

num banco de dados construído no software EPI-Info 2000. Posteriormente, os

dados são repassados ao NGP para criação de relatórios periódicos.

No período de 24 de fevereiro a 31 de março de 2006 foram registradas

cerca de 500 ocorrências; foi observado que o serviço contemplou usuários de todo

o município, inclusive com eventuais ocorrências de outras cidades, devido à

regulação metropolitana. Também foi constatado um maior número de ocorrências

por causas clínicas (OLINDA, 2006).

A potencialização deste banco de dados se faz necessária, pois as

informações dele extraídas contribuirão no monitoramento das urgências e

emergências, além proporcionar a integração intersetorial no município.

1 Informação concedida pela Enfermeira Viviane Gusmão, Coordenadora de Enfermagem do SAMU 192 –

Olinda em agosto de 2006.

28

1.6 Sistema de Informação Geográfica (SIG) e Métodos Utilizados para Abordagem Espacial dos Eventos em Saúde

O geoprocessamento é um conjunto de tecnologias que integram

processamento e uso de informações relacionadas ao espaço geográfico, seus

cruzamentos, análises e produtos. Para isto é necessário um indexador que permita

associar informações dos arquivos de atributos com os arquivos geográficos,

denominado geocodificador. A variável geocodificadora tem que estar presente nos

bancos de dados geográficos e nos bancos de dados não geográficos,

estabelecendo uma "ponte" entre eles (BARCELLOS, BASTOS, 1996).

As análises espaciais necessitam de softwares de geoprocessamento que

podem ser especificamente estatísticos ou estarem integrados em ambientes de

SIGs. Os SIGs permitem, através do geoprocessamento, a integração de dados de

saúde e do ambiente em diversas unidades de análise, além de possibilitar a criação

de indicadores compostos. O recente desenvolvimento tecnológico facilitou o acesso

a estes sistemas (por diminuição do custo e compatibilidade de uso em

computadores pessoais), e promoveu o crescimento do uso do SIG em

epidemiologia nos países da América Latina (CASTILLO-SALGADO, 1996).

As técnicas específicas da análise espacial utilizadas para produção de

mapas, segundo Bailey e Gatrell (1995), podem ser sistematizadas a partir do objeto

e do tipo de dado disponível em:

� Distribuição de pontos (point patterns) - quando o objeto da análise é a

posição relativa de objetos ou eventos precisamente localizados, sejam estes

casos de doenças ou espécies vegetais em estudos de ecologia ambiental;

� Geoestatística - conjunto de técnicas aplicadas que pressupõem a

continuidade espacial do objeto, utilizada na estimativa e interpolação, por

exemplo, de fatores cuja distribuição é contínua no espaço (temperatura,

poluição);

� Dados de áreas (areal data) - quando a ocorrência do fenômeno em estudo é

mensurada a partir de dados agregados por área, como é o caso de taxas de

morbimortalidade por município;

� Deslocamento - quando o objeto de estudo é o acesso e o fluxo entre regiões,

inclusive otimizando trajetórias e estudando a localização de equipamentos

urbanos.

29

A forma de mapa mais utilizada nos estudos epidemiológicos é a

visualização de variáveis através de padrão de áreas. Geralmente são mapeadas

taxas de prevalência ou incidência de eventos em cada área utilizando cores ou

hachuras para diferenciar risco (NOBRE E CARVALHO, 1995 apud SANTOS, 1999).

Os mapas de pontos são muito utilizados em vigilância à saúde para o estudo de

localização de casos de doenças, equipamentos urbanos, indústrias e outras fontes

de poluentes, ou focos de contaminação/transmissão de doenças (SANTOS, 1999).

A análise dos padrões das distribuições de pontos, de dados de área e, as múltiplas

combinações entre diferentes camadas construídas em ambiente de SIG,

constituem-se os principais métodos utilizados.

30

1.7 O Município de Olinda - Pernambuco

O município pernambucano de Olinda localiza-se na mesorregião

metropolitana, microrregião do Recife (FIGURA 1). Apresenta uma população de

387.496 segundo projeção do DATASUS para 2006, distribuída em 32 bairros

(incluindo a Área Rural) e dividida em 02 Distritos Sanitários. Distante 6,0 km da

capital, conta com um território de 40,83 Km² e densidade demográfica de 9.490,45

Hab./Km², uma das maiores do país. Tem como limites os municípios de Paulista

(Norte) e Recife (Sul e Oeste) além do Oceano Atlântico (Leste).

FIGURA 1 – DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO

DE OLINDA – PE – 2006.

Fonte: Secretaria de Saúde de Olinda /Núcleo de Geoprocessamento

Segundo Silva Jr. (1995), o território do município pode ser dividido em

grandes áreas relativamente homogêneas quanto aos padrões habitacionais

preponderantes, podendo ser agrupados em:

� Área do Litoral: Onde se concentram as populações de renda média e alta,

com presença de boa infra-estrutura urbana e onde começa a haver um

adensamento vertical, compreendendo os bairros litorâneos e parte do sítio

PAULISTA

RECIFE

31

histórico, composta por construções de boa qualidade em alvenaria, em

média com mais de 6 cômodos, abastecimento regular de água e

majoritariamente ligada na rede de esgoto;

� Área Central do município: onde existe uma forte concentração de conjuntos

habitacionais, em que há variável infra-estrutura urbana. Esses conjuntos

foram construídos como solução habitacional para populações de renda entre

2 e 3 salários mínimos, com abastecimento de água irregular e ausência ou

cobertura mínima de saneamento básico, baixa qualidade técnica das

habitações sendo unifamiliares de um pavimento, em pequenos lotes, ou

multifamiliares em edifícios.

� Área Oeste do município: Onde se concentram os padrões habitacionais

médio e inferior, incluindo as semi-favelas – os acentamentos resultantes da

ocoupação legalizada de áreas de pouco valor imobiliário, como encostas e

altos morros, geralmente loteamentos cujas glebas foram divididas em

pequenos lotes, aproximadamente entre 100 m² e 200 m², cuja distribuição é

ordenada, existindo precária infra-estrutura urbana, apresentando-se com

fornecimento de água irregular, em grande parte por ligações clandestinas à

rede de abastecimento, tipologia habitacional variada predominantemente de

casas em alvenaria, geralmente erguidas por auto-construção.

A maioria dos chefes de família (44,96%) possui renda de até dois salários

mínimos e a totalidade da população uma renda média mensal de 3,8 salários

mínimos. Cada família possui em média 4,41 membros e que atividades econômicas

ligadas à área de serviços são desenvolvidas por 26% da população. (Censo/IBGE

2000 apud OLINDA, 2007).

32

13.7

10.38.7

6.9 6.65.3

11.5

7.8

10.3

8.1

5.37.0

3.8

8.97.8 7.3

8.2

4.3

6.8

5.1

8.5

0.00

4.00

8.00

12.00

16.00

Doenças doaparelho

respiratório

Doenças doaparelho

circulatório

Algumasdoenças

infecciosas eparasitárias

Doenças doaparelhodigestivo

Lesões enven ealg out conseq

causasexternas

Doenças doaparelho

geniturinário

Neoplasias(tumores)

Capítulos CID 10

% I

nter

nam

ento

s

BRASIL PERNAMBUCO OLINDA

A taxa de analfabetismo na faixa etária de 11 a 14 anos caiu de 13,6%, em

1991, para 6,46%, em 2000. Na faixa acima dos 15 anos, a queda foi de 14,8%, em

1991, para 9,93%, em 2000 (OLINDA, 2007).

Os dados epidemiológicos do município guardam algumas

particularidades. A figura 2 compara o percentual de internamentos segundo CID 10

entre Brasil, Pernambuco e Olinda no ano de 2005. Semelhantemente ao país e ao

estado, Olinda apresenta como primeira causa de internamentos o grupo das

doenças do aparelho respiratório. Entretanto, tem como segundo lugar os

internamentos por doenças do aparelho digestivo. A proporção de internamentos por

neoplasias no município também ganham destaque, quando comparadas ao perfil

de Pernambuco.

FIGURA 2 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE INTERNAMENTOS SEGUNDO CAPITULO DA CID 10. BRASIL, PERNAMBUCO E OLINDA, 2005.

Fonte: DATASUS, 2007.

33

27.9

13.712.4 12.4

10.0

5.2

27.3

10.4

13.816.2

6.8 6.8

32.4

14.3

17.7

1.1

7.6 7.5

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

30.00

35.00

Doenças doaparelho

circulatório

Neoplasias(tumores)

Causas externasde morbidade e

mortalidade

Sint sinais eachad anorm ex

clín e laborat

Doenças doaparelho

respiratório

Doençasendócrinas

nutricionais emetabólicas

Capítulo CID 10

% Ó

BIT

OS

BRASIL PERNAMBUCO OLINDA

0.00

2.00

4.00

6.00

8.00

10.00

12.00

14.00

16.00

18.00

2000 2001 2002 2003 2004 2005

ANO

% O

bit

os

Homicidios Doenças cerebrovasculares Infarto agudo do miocardio

Diabetes mellitus Miocardiopatias

Ao observarmos a distribuição de óbitos por Capítulo da CID 10 entre país,

estado e município no ano de 2004 (FIGURA 3), observa-se comportamento

semelhante no 1º lugar, com as doenças do aparelho circulatório. O destaque fica

para as causas externas, grupo de causa em 2ª colocação no município. Ao se

analisar a distribuição de óbitos por causa determinante (FIGURA 4), chama atenção

o fato dos homicídios serem a primeira causa de óbitos durante os 6 anos

apresentados.

FIGURA 3 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE ÓBITOS SEGUNDO CAPITULO DA CID-10. BRASIL,

PERNAMBUCO E OLINDA, 2004.

Fonte: DATASUS, 2007.

FIGURA 4 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE ÓBITOS SEGUNDO CAUSAS DETERMINANTES. OLINDA,

2000 A 2005.

Fonte: DATASUS, 2007.

34

A Secretaria de Saúde de Olinda seguindo propostas do Ministério da

Saúde através da Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por Acidentes

e Violências, da estruturação/implementação da Rede Nacional de Prevenção da

Violência e Promoção da Saúde e a Política Nacional de Promoção da Saúde,

implantou em fevereiro de 2006 o Núcleo de Prevenção de Acidentes e Violência

(NUPAV) onde desde então, estudos, pesquisas e projetos vêm sendo

desenvolvidos contribuindo para a elaboração de diagnósticos, planos de ação e

estratégias de fortalecimento e elaboração de projetos para prevenção a acidentes e

violência e a articulação com segmentos sociais, permitindo que a Intersetorialidade

seja o eixo condutor no desafio de combater e prevenir a violência.

A partir da inauguração do núcleo, Olinda passou a ser integrante da Rede

Nacional de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde, instituída em 2004 e

que conta, atualmente, com 47 unidades, entre Núcleos de Prevenção da Violência

Estaduais e Municipais, instituições acadêmicas e organizações sociais, além do

próprio ministério, que trabalham com a temática da violência.

A Secretaria de Saúde do município também conta com o Núcleo de

Geoprocessamento em Saúde, implantado em 2005. Este setor está subsidiando

importantes ações de intervenção em saúde pelo fato de identificar focos de

doenças e agravos de interesse; o citado Núcleo usa como fontes de informação os

principais sistemas de informação nacionais e outros alternativos, como o caso das

ocorrências georreferenciadas pelo SAMU 192 – Olinda. Esta é uma das mais

consistentes fontes de informação sobre acidentes de transporte no município pelo

fato da identificação do acidente pouco tempo depois de ocorrido.

Por si só, o Núcleo de Geoprocessamento acaba gerando parceiros intra e

extra secretaria de saúde, o que é de fundamental importância, uma vez que muitos

dos problemas que o setor saúde precisa solicionar não depende somente de suas

intervenções para serem evitados.

35

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar o padrão das ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda, no período

de fevereiro a junho de 2006.

2.2 Objetivos Específicos

� Descrever o perfil epidemiológico das ocorrências atendidas pelo SAMU-192

– Olinda no período de fevereiro a junho de 2006, segundo as variáveis: sexo,

idade, tipo de ocorrência, dia da semana da ocorrência, bairro de ocorrência e

destino do paciente.

� Descrever o perfil epidemiológico das ocorrências por causas clínicas

atendidas pelo SAMU-192 – Olinda no período de fevereiro a junho de 2006,

segundo as variáveis: sexo, idade, tipo de causa clínica, bairro de ocorrência

e destino do paciente.

� Descrever o perfil epidemiológico das ocorrências por causas externas

atendidas pelo SAMU-192 – Olinda no período de fevereiro a junho de 2006,

segundo as variáveis: sexo, idade, tipo de causas externas, bairro de

ocorrência, tipo de acidente de trânsito, tipo de veículo e destino do paciente.

� Analisar a distribuição espacial das ocorrências para verificar a existência de

aglomerados, segundo causas das ocorrências e usuários atendidos pelo

SAMU-192 – Olinda no período de fevereiro a junho de 2006.

36

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Área de estudo : O município de Olinda, Pernambuco. 3.2 Tipo de estudo

O desenho de estudo escolhido foi o ecológico. Como todo estudo

epidemiológico, o estudo ecológico tem suas limitações, pois a unidade de

observação é um grupo de pessoas que pode representar um bairro, uma cidade ou

mesmo um país, não existindo a observação individual (MARTINS et al, 2002).

Entretanto, este se tem mostrado de grande valia na abordagem daqueles eventos

sobre a saúde que não podem ser realizados estudos experimentais em humanos

(PEREIRA, 1996).

Freqüentemente este tipo de desenho combina arquivos de dados já

existentes em grandes populações, o que torna o estudo mais barato e mais rápido.

Também, as medidas coletadas no nível individual muitas vezes são incapazes de

refletir adequadamente os processos que ocorrem no nível coletivo → nível de

desorganização social → doenças e agravos mais intensos (UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, 2005).

Schwartz (1994), reforça o conceito afirmando que não há lugar para o

isolamento de variáveis componentes de modelos causais com base em processos

individuais, geralmente de inspiração biológica; entretanto, trata-se do único

desenho habilitado ao teste de hipóteses referentes aos processos contextuais ou

macrossociais da saúde.

3.3 Período do estudo

O período de estudo foi de 24 de Fevereiro a 30 de junho de 2006,

justificado pelo período de utilização do primeiro banco de dados instalado para

alimentação das informações das ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda.

37

3.4 População do estudo

Usuários atendidos pelo SAMU-192 – Olinda durante o período de 24 de

Fevereiro a 30 de junho de 2006;

3.5 Natureza dos dados

Secundários, sendo obtidos pelos seguintes bancos de dados:

� Banco de dados de atendimentos do SAMU-192– Olinda: No momento do

atendimento, o formulário contendo informações acerca do usuário e da

ocorrência (ANEXO 01) é preenchido e posteriormente alimenta este primeiro

banco de dados.

� Banco de dados de coordenadas das ocorrências georreferenciadas

pelo SAMU-192– Olinda: No momento da ocorrência, o motorista da

ambulância realiza a captação das coordenadas (X e Y) daquele local através

da pontuação com aparelho Global Positioning System (GPS). Este aparelho,

ao ser entregue aos técnicos do Núcleo de Geoprocessamento, é

descarregado, fornecendo o código da ocorrência e suas respectivas

coordenadas, alimentando este banco.

3.6 Processamento e análise dos dados

3.6.1 Perfil epidemiológico das ocorrências atendidas pelo SAMU-192–Olinda

Na análise do perfil epidemiológico geral, os dados referentes às

remoções foram considerados, exceto na variável bairro de ocorrência, pois a

concentração de solicitações em determinados estabelecimentos de origem

poderiam superestimar as ocorrências da localidade. Já nas análises por causas

clínicas e causas externas as remoções foram desconsideradas.

Para o levantamento deste perfil, foram utilizadas planilhas eletrônicas

para análise da freqüência das variáveis descritas no Quadro 01:

38

VARIÁVEL DEFINIÇÃO / CATEGORIZAÇÃO

Sexo Masculino ou feminino.

Idade 0 a 9 anos; de 10 a 19 anos; de 20 a 39 anos; de 40

a 59 anos; de 60 anos e mais.

Bairro de ocorrência De acordo com a classificação da Lei de Bairros do

Município de Olinda de 1999.

Tipo de Ocorrência Se o motivo da ocorrência foi por causas clínicas,

causas externas ou remoções.

Tipo de Causas Clínicas Segundo Capítulo CID - 10

Tipo de Causas Externas Se o motivo da ocorrência foi por acidentes de

transporte, violências ou outros agravos

Tipo de Acidente de Trânsito Categorizado por: Atropelamento / Colisão /

Capotamento / Queda

Tipo de Veículo Categorizado por: Ônibus / Motocicleta / Caminhão /

Carro de passeio / Bicicleta

Destino do Paciente Estabelecimento de saúde para o qual o usuário foi

removido / Não remoção

QUADRO 1 – VARIÁVEIS UTILIZADAS NO LEVANTAMENTO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO SAMU 192

OLINDA.

3.6.2 Análise espacial das ocorrências atendidas pelo SAMU-192–Olinda

Os eventos em saúde são ocorrências de interesse especial para a

vigilância em saúde e que em geral, têm uma dimensão espacial, isto é, podem ser

representados em mapas como pontos como por exemplo os acidentes de

transporte, casos de sarampo e internações por algum agravo que pode ser usado

como evento sentinela. Se estes eventos estiverem concentrados no espaço, é bem

provável que exista uma determinação espacial deste evento e que encontrando os

locais com maior concentração, temos uma pista para identificar fatores ambientais,

sociais ou ligados à própria assistência à saúde que podem ser objeto de ação da

vigilância em saúde (BRASIL, 2006).

Foi realizado um linkage entre o Banco de dados de coordenadas das

ocorrências georreferenciadas e o Banco de dados de atendimentos do SAMU-192–

Olinda. Formando uma única fonte de dados, estes foram lançados no aplicativo

39

TerraView 3.1.3 (desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

construído sobre a biblioteca de geoprocessamento TerraLib , que

apresenta um fácil visualizador de dados geográficos com recursos de consulta a

análise destes dados) para o mapeamento das ocorrências mais relevantes e

identificação dos aglomerados espaciais, com o emprego de estimador de

intensidade.

O estimador de intensidade de Kernel único utilizado na produção de

mapas de superfícies contínuas, a partir das localizações pontuais das ocorrências,

fornece estimativas da “intensidade das ocorrências” em toda a superfície analisada

(BAILEY, 1995 apud PINHEIRO et al, 2001). Estas estimativas são independentes

de limites administrativos (setores, bairros, etc.) e levam em consideração a

quantidade de ocorrências dentro de raios de abrangência definidos, atribuindo

maior peso aos pontos mais próximos e reduzindo importância dos pontos mais

afastados (PINHEIRO et al, 2001).

Através do estimador de intensidade de Kernel único é possível estimar a

probabilidade de ocorrência de um evento em cada célula de uma grade regular,

sendo cada célula desta grade a média ponderada de todos os valores da

vizinhança, cujos pesos são atribuídos utilizando uma função de distribuição de

probabilidades. O grau de alisamento é controlado mediante a escolha de um

parâmetro conhecido como largura de banda, que indica a área que será

considerada no cálculo, e deve refletir a escala geográfica da hipótese de interesse

e o conhecimento prévio sobre o problema estudado (SANTOS, 1999).

40

FIGURA 5 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO MÉTODO DE KERNEL PARA AVALIAÇÃO DA

INTENSIDADE DE UMA DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS EM UMA REGIÃO (BAILEY E

GATRELL,1995).

A Figura 5 ilustra a idéia do estimador de intensidade. A função k() é

aplicada a cada ponto da região considerada e a largura de faixa controla a

quantidade de eventos que irão contribuir para a estimativa. Do ponto de vista visual,

quando se aplica o estimador de intensidade sobre uma grade de localizações na

região de estudo, pode-se pensar numa função tri-dimensional que visita cada ponto

(evento) na grade. A distância para cada evento observado, que cai na área de

influência, é medida e contribui para a estimativa de intensidade na localização de

acordo com a sua distribuição naquele espaço (BRASIL, 2006b).

O estimador de Kernel único apresenta como desvantagem o fato de não

levar em conta a distribuição populacional onde os eventos estão inseridos. Se a

população se distribuísse uniformemente na região, então um Kernel único seria

suficiente. Contudo, uma vez que isto nem sempre ocorre, e a população tende,

normalmente, a se concentrar em algumas áreas, métodos que levem em conta esta

população devem, também, ser considerados (SABEL et al, 2000 apud BRASIL,

2006), pois neste cenário, assume-se que a intensidade dos eventos vai variar com

a densidade populacional (BALLEY, GATRELL, 1995 apud BRASIL, 2006b).

Um dos métodos capazes de reverter esta desvantagem é a Razão de

Kernel que considera a densidade de eventos pela densidade da população em

determinada área. Um outro método é a utilização do estimador de kernel num dado

de incidência de doença ou evento, já que a incidência por si só considera a

população de risco ou exposta a tal agravo.

Evento

Região de estudo

Localização

41

Desta forma, para os acidentes de transporte, agravo onde é de interesse

identificar a concentração dos eventos, foi criado o mapa de kernel único, baseado

nos pontos de ocorrência dos atendimentos. Para as Doenças do Aparelho

Circulatório, o estimador de Kernel também foi aplicado, entretanto usou como fonte

de dados a incidência de atendimentos (kernel de incidência); o objetivo foi

identificar onde se concentrou a população com maiores taxas de demanda por este

agrupamento de doenças.

42

58%

34%

8%

CAUSAS CLÍNICAS CAUSAS EXTERNAS REMOÇÕES

4 RESULTADOS

4.1 Perfil epidemiológico das ocorrências do SAMU-192 – Olinda

4.1.1 Caracterização das ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda

O SAMU-192-Olinda atendeu 1956 ocorrências no período, com

predomínio das causas clínicas, conforme apresentado no Gráfico 1.

GRÁFICO 1 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-192-

OLINDA SEGUNDO GRUPO DE CAUSAS.

OLINDA, PE -FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

43

49.65

10.49

9.09

9.09

5.59

4.90

4.20

6.99

0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00

SPA ADULTO

SPA INFANTIL

MATERNIDADE BRITES DE ALBUQUERQUE

HOSPITAL PRONTOLINDA

UNIDADE DE TRAUMA-ORTOPEDIA DE OLINDA

USFs DISTRITO SANITARIO II

IGNORADO

OUTROS ESTABELECIMENTOS

% CHAMADOS

Do total de solicitações, 143 foram oriundas de estabelecimentos de

saúde, o que caracteriza o grupo de remoções. O Gráfico 2 apresenta os principais

estabelecimentos que originaram estes pedidos. Apesar do grande volume de

chamados partir de estabelecimentos da rede de saúde municipal, chama atenção o

fato de 9% das ocorrências partirem do Hospital Prontolinda, pertencente a rede

particular. Também foi observado que não surgiu um único pedido de remoção de

Unidades de Saúde da Família (USF) do Distrito Sanitário I no período analisado.

GRÁFICO 2 - ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE QUE ORIGINARAM

REMOÇÕES ATENDIDAS PELO SAMU-192 – OLINDA

OLINDA, PE -FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

44

Os motivos que geraram ocorrências foram agrupados segundo os

Capítulos da CID-10; apesar do predomínio das causas clínicas, em geral são as

ocorrências por causas externas de morbidade e mortalidade o capítulo da CID 10

que lidera as solicitações atendidas pelo SAMU-192-Olinda (Tabela 1).

TABELA 1 - MOTIVOS DAS OCORRÊNCIAS AGRUPADOS POR CAPÍTULOS DA CID 10 ATENDIDOS

PELO SAMU-192-OLINDA – FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

CAPÍTULOS CID 10 N % Causas externas de morbidade e de mortalidade 531 38.04 Doenças do aparelho circulatório 200 14.33 Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte 189 13.54 Gravidez, parto e puerpério 119 8.52 Transtornos mentais e comportamentais 104 7.45 Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 70 5.01 Doenças do aparelho respiratório 53 3.80 Algumas doenças infecciosas e parasitárias 32 2.29 Doenças do aparelho geniturináriio 26 1.86 Doenças do aparelho digestivo 23 1.65 Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo 17 1.22 Neoplasias [tumores] 15 1.07 Doenças do sistema nervoso 9 0.64 Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários 4 0.29 Doenças do ouvido e da apófise mastóide 2 0.14 Doenças da pele e do tecido subcutâneo 2 0.14

TOTAL 1396 100.00 Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

OBS: 143 Remoções / Formulários sem diagnóstico:417 ocorrências.

45

Os pacientes atendidos tinham idades que variaram de 0 a 105 anos, com

média de 42,8 anos e mediana de 39 anos. De acordo com a Tabela 2, a faixa etária

que gerou maior volume de ocorrências foi a de 20 – 39 anos. Entretanto, a mesma

tabela revela, através do coeficiente de incidência, que os idosos do município foram

os mais acometidos por necessidades que levaram à utilização do SAMU-192 no

período estudado:

TABELA 2 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-192 – OLINDA

SEGUNDO IDADE. OLINDA, PE – FEVEREIRO A JUNHO

DE 2006.

Fonte:SAMU-192-Olinda (2006) OBS: Dado ignorado = 317 formulários

O sexo masculino foi responsável por um maior volume de ocorrências

bem como foram os mais acometidos por situações de urgência e emergência com

necessidade da assistência do SAMU-192-Olinda (Tabela 3):

TABELA 3 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-192

– OLINDA SEGUNDO SEXO. OLINDA, PE –

FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

SEXO N % COEF. INCIDENCIA /

10000 HAB

MASCULINO 1023 54 49.64

FEMININO 871 46 42.27

TOTAL 1894 100 48.89

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006) OBS: Dado ignorado = 62 formulários

IDADE N % COEF. INCIDENCIA /

10000 HAB

< 09 ANOS 102 6.22 15.32

10 A 19 ANOS 172 10.49 22.52

20 A 39 ANOS 552 33.68 40.98

40 A 59 ANOS 377 23.00 50.10

60 ANOS E MAIS 436 26.60 126.05

TOTAL 1639 100.00 42.30

46

59.5 60.963.9

68.3

55.9 54.550.0

29.525.0

27.4

21.6

37.3 38.441.8

6.811.3

6.52.1

7.5 6.5 8.2

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SÁBADO DOMINGO

DIAS DA SEMANA

%

CAUSA CLÍNICA CAUSA EXTERNA REMOÇÕES

Segundo o gráfico 3, o período de final de semana é aquele que apresenta

o maior volume de ocorrências atendidas pelo SAMU-192-Olinda. O Gráfico 4

apresenta a distribuição dos tipos de ocorrências atendidas segundo dia da semana.

É interessante que apesar do predomínio das causas clínicas em todos os dias da

semana, no final de semana é observado um comportamento inversamente

proporcional das ocorrências por causas clínicas e externas (Gráfico 4).

GRÁFICO 3 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-192–OLINDA

SEGUNDO DIA DA SEMANA. OLINDA, PE – FEVEREIRO A

JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006).

GRÁFICO 4 - COMPARAÇÃO DO PERCENTUAL DOS GRUPOS DE OCORRÊNCIAS

ATENDIDAS PELO SAMU-192–OLINDA SEGUNDO DIA DA SEMANA.

OLINDA, PE FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006).

273 270

282

238

302 299292

200

240

280

320

SEGUNDA-FEIRA

TERÇA-FEIRA

QUARTA-FEIRA

QUINTA-FEIRA

SEXTA-FEIRA

SÁBADO DOMINGO

DIA DA SEMANA

47

Para o levantamento e análise dos bairros de ocorrência das urgências e

emergências atendidas, foi necessária a retirada das solicitações por remoções –

que correspondem a 8,2% do total - pois a presença do estabelecimento de saúde

em determinado bairro é capaz de superestimar a demanda para a região (Tabela

4). Apesar do Distrito Sanitário II apresentar um maior volume de ocorrências, é o

Distrito Sanitário I que apresentou uma maior incidência de atendimentos do SAMU-

192-Olinda, destacando o bairro de Águas Compridas (Tabela 4).

TABELA 4 - ATENDIMENTOS REALIZADOS PELO SAMU-192–OLINDA SEGUNDO BAIRROS DE

OCORRÊNCIA. OLINDA, PE – FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

DISTRITO SANITÁRIO BAIRRO DE OCORRENCIA N % COEF. INCIDÊNCIA (10000 HAB)

DISTRITO SANITÁRIO 1 AGUAS COMPRIDAS 167 11.20 77.57 AGUAZINHA 57 3.82 57.06 PEIXINHOS 183 12.27 47.98 JARDIM BRASIL 72 4.83 43.28 VILA POPULAR 22 1.48 40.05 ALTO DA BONDADE 34 2.28 38.99 ALTO DA CONQUISTA 21 1.41 38.01 SALGADINHO 37 2.48 34.60 CAIXA DAGUA 49 3.29 32.95 SITIO NOVO 19 1.27 32.72 SAO BENEDITO 7 0.47 25.51 PASSARINHO 9 0.60 19.42 ALTO DO SOL NASCENTE 4 0.27 11.47 SAPUCAIA 12 0.80 7.58 SUBTOTAL 693 46.48 42.23 DISTRITO SANITÁRIO 2 CARMO 22 1.48 96.57 TABAJARA 87 5.84 73.38 VARADOURO 48 3.22 72.22 BULTRINS 31 2.08 70.50 OURO PRETO 163 10.93 53.86 BAIRRO NOVO 49 3.29 51.55 BONSUCESSO 13 0.87 41.91 RIO DOCE 176 11.80 37.83 AMPARO 7 0.47 35.11 AMARO BRANCO 14 0.94 33.65 SANTA TERESA 15 1.01 32.16 FRAGOSO 52 3.49 25.00 CASA CAIADA 34 2.28 23.49 GUADALUPE 13 0.87 22.71 JARDIM ATLANTICO 73 4.90 19.59 MONTE 1 0.07 1.30 SUBTOTAL 798 53.52 35.72

TOTAL 1491 100.00 38.48 Fonte: SAMU-192-Olinda (2006) - OBS: Atendimentos em outros municípios: 51ocorrências / Dado ignorado: 274 ocorrências / Remoções: 143 ocorrências.

48

A tabela 5 apresenta o destino dos pacientes atendidos pelo SAMU-192-

Olinda, revelando que o município resolveu, com ações de menor complexidade, as

situações de urgência e emergência de 62% de todas as ocorrências atendidas.

Esse percentual foi atingido a partir da união das ocorrências que não tiveram

necessidade de remoção àquelas que necessitaram de deslocamentos para o SPA

Adulto e SPA Infantil.

TABELA 5 - DISTRIBUIÇÃO DAS OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-192 –

OLINDA SEGUNDO DESTINO DOS PACIENTES. OLINDA, PE -

FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

DESTINO DO PACIENTE N % RESOLVIDO PELO SAMU-192 NO LOCAL DA OCORRÊNCIA 686 35.07 SPA ADULTO 475 24.28 HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO 238 12.17 HOSPITAL GETULIO VARGAS 68 3.48 SPA INFANTIL 56 2.86 HOSPITAL AGAMENON MAGALHÃES 46 2.35 HOSPITAL OSCAR COUTINHO 46 2.35 HOSPITAL DO TRICENTENARIO 45 2.30 HOSPITAL UNIVERSITARIO OSWALDO CRUZ 33 1.69 RECUSA DA REMOÇÃO / TROTE 31 1.58 POLICLINICA CAMPINA DO BARRETO 27 1.38 CISAM 19 0.97 HOSPITAL DO IPSEP 17 0.87 MATERNIDADE BRITES DE ALBUQUERQUE 16 0.82 HOSPITAL PRONTOLINDA 14 0.72 HOSPITAL GERAL OTAVIO DE FREITAS 12 0.61 IMIP 11 0.56 OUTROS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE 116 5.93

TOTAL 1956 100.00

49

4.1.2 Caracterização das ocorrências atendidas pelo SAMU-192– Olinda segundo causas clínicas

Pouco mais da metade das ocorrências atendidas no período foram por

causas clínicas (N=1114). Sua distribuição segundo Capítulo CID 10 é apresentada

no Gráfico 5; Nele é observado o predomínio das ocorrências por doenças do

aparelho circulatório, seguidas pelas causas por sinais, sintomas e achados

anormais e aquelas relacionadas à Gestação, Parto e Puerpério; os 3 capítulos

representam juntos, 54% das ocorrências por causas clínicas.

50

23.12

13.76

12.02

8.09

6.13

3.703.01 2.66

5.66

21.85

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

Doenças doaparelho

circulatório

Sintomas, sinais eachados anormais

de examesclínicos e de

laboratório, nãoclassif icados em

outra parte

Gravidez, parto epuerpério

Transtornosmentais e

comportamentais

Doençasendócrinas,

nutricionais emetabólicas

Doenças doaparelho

respiratório

Algumas doençasinfecciosas eparasitárias

Doenças doaparelho

geniturinário

Doenças doaparelho digestivo

Outros

causa cap - CID 10

GRÁFICO 5 - MOTIVOS DAS OCORRÊNCIAS POR CAUSAS CLÍNICAS, AGRUPADOS SEGUNDO CAPÍTULOS DA CID 10, ATENDIDOS PELO SAMU-192-OLINDA –

FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

%

51

Os motivos que compõe o primeiro, segundo e quarto capítulos foram

agrupados como mostra a tabela 6. O preenchimento dos formulários referentes à

gestação, parto e puerpério não permitiu o agrupamento dos motivos deste capítulo.

Neste recorte, observa-se que as doenças hipertensivas, os sinais e sintomas

relativos ao aparelho digestivo e ao abdome e os transtornos mentais e

comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa representam um terço das

ocorrências por causas clínicas.

TABELA 6 - PRINCIPAIS MOTIVOS DE OCORRÊNCIAS POR CAUSAS CLÍNICAS AGRUPADAS

SEGUNDO CAPITULOS E SUBCAPITULOS DA CID 10 – SAMU - 192 OLINDA –

FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

CAUSAS - CAPÍTULO CID 10 N % DOENÇAS DO APARELHO CIRCULATÓRIO 200 23.12

.Doenças hipertensivas 143 16.53

.Doenças isquêmicas do coração 4 0.46

.Outras formas de doença do coração 14 1.62

.Doenças cerebrovasculares 34 3.93

.Doenças das artérias, das arteríolas e dos capilares 1 0.12

.Outros transtornos, e os não especificados do aparelho circulatório 4 0.46 SINTOMAS, SINAIS E ACHADOS ANORMAIS DE EXAMES CLÍNICOS E DE LABORATÓRIO, NÃO CLASSIFICADOS EM OUTRA PARTE 189 21.85

.Sintomas e sinais relativos ao aparelho circulatório e respiratório 65 7.51

.Sintomas e sinais relativos ao aparelho digestivo e ao abdome 72 8.32

.Sintomas e sinais relativos ao aparelho urinário 1 0.12

.Sintomas e sinais relativos à cognição, à percepção, ao estado emocional e ao comportamento 2 0.23

.Sintomas e sinais gerais 49 5.66 GRAVIDEZ, PARTO E PUERPÉRIO 119 13.76 TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS 104 12.02

.Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa 69 7.98

.Transtornos do humor [afetivos] 2 0.23

.Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o "stress" e transtornos somatoformes 11 1.27

.Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a fatores físicos 2 0.23

.Transtorno mental não especificado 20 2.31 DEMAIS CAUSAS / CAPITULOS CID-10 253 29.25

TOTAL 865 100.00 Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

Dado ignorado: 249 ocorrências

52

A idade dos pacientes atendidos por causas clínicas variou de 0 a 105

anos, com média de 47,1 anos e mediana de 46 anos.. Houve um maior volume de

ocorrências em idosos, seguida pela faixa etária de 20-39 anos (Tabela 7),

representando juntas 53% dos atendimentos desta natureza. Além do maior volume

de ocorrências, os idosos se destacam pelo risco 3 vezes maior de usar o SAMU-

192-Olinda por causas clínicas em relação a toda a população.

TABELA 7 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-192–

OLINDA SEGUNDO CAUSAS CLÍNICAS POR

FAIXA ETÁRIA. OLINDA, PE – FEVEREIRO A

JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

OBS: Dado ignorado: 155 ocorrências

As ocorrências por causas clínicas foram na sua maioria de usuários do

sexo feminino (Tabela 8).

TABELA 8 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-192–

OLINDA SEGUNDO CAUSAS CLÍNICAS POR SEXO.

OLINDA, PE – FEVEREIRO A JUNHO DE 2006

SEXO N % COEF. INCIDENCIA /

(10000 HAB)

MASCULINO 491 44.9 27.06

FEMININO 603 55.1 29.26

TOTAL 1094 100 28.23

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006) OBS: Dado ignorado: 20 ocorrências

Como consta na Tabela 9, Águas Compridas e Rio Doce foram aqueles

bairros que apresentaram o maior número de solicitações de atendimento do SAMU-

192-Olinda de fevereiro a junho de 2006; entretanto foi o bairro do Carmo que se

IDADE N % COEF. INCIDÊNCIA

(10000 hab)

<10 ANOS 58 5.21 8.71

10 - 19 ANOS 85 7.63 11.13

20 - 39 ANOS 258 23.16 19.15

40 - 59 ANOS 228 20.47 30.30

60 ANOS E MAIS 330 29.62 95.41

Total 959 100.00 28.75

53

destacou na relação nº de ocorrências no bairro/ nº de habitantes no mesmo

bairro.

TABELA 9 - ATENDIMENTOS REALIZADOS PELO SAMU-192 – OLINDA SEGUNDO CAUSAS

CLÍNICAS POR BAIRRO DE OCORRÊNCIA. OLINDA, PE – FEVEREIRO A JUNHO DE

2006.

DISTRITO SANITÁRIO BAIRRO DE OCORRENCIA N % COEF. INCIDENCIA

(10000 HAB)

DISTRITO SANITÁRIO 1 AGUAS COMPRIDAS 121 13.17 56.20 JARDIM BRASIL 50 5.44 30.05 PEIXINHOS 109 11.86 28.58 AGUAZINHA 27 2.94 27.03 ALTO DA BONDADE 20 2.18 22.93 CAIXA DAGUA 34 3.70 22.86 SAO BENEDITO 6 0.65 21.87 VILA POPULAR 12 1.31 21.84 ALTO DA CONQUISTA 12 1.31 21.72 SITIO NOVO 12 1.31 20.66 PASSARINHO 6 0.65 12.95 SALGADINHO 17 1.85 15.90 ALTO DO SOL NASCENTE 2 0.22 5.74 SAPUCAIA 7 0.76 4.42 SUBTOTAL 435 47.33 26.51 DISTRITO SANITÁRIO 2 CARMO 15 1.63 65.84 TABAJARA 66 7.18 55.67 VARADOURO 32 3.48 48.15 BULTRINS 16 1.74 36.39 BONSUCESSO 11 1.20 35.46 OURO PRETO 92 10.01 30.40 AMARO BRANCO 12 1.31 28.84 SANTA TERESA 12 1.31 25.72 RIO DOCE 113 12.30 24.29 AMPARO 4 0.44 20.06 BAIRRO NOVO 17 1.85 17.89 FRAGOSO 30 3.26 14.42 JARDIM ATLANTICO 45 4.90 12.08 GUADALUPE 6 0.65 10.48 CASA CAIADA 12 1.31 8.29 MONTE 1 0.11 1.30 SUBTOTAL 484 52.67 21.67

TOTAL 919 100.00 23.72 Fonte: SAMU-192-Olinda (2006) OBS: Atendimentos em outros municípios: 20 ocorrências / Dado

ignorado: 168 ocorrências - Remoções: 07 ocorrências

54

A Tabela 10 revela que 70% das ocorrências atendidas pelo SAMU-192-

Olinda foram sanadas com ações de menor complexidade, no próprio município,

quando considerados os pacientes que não precisaram de deslocamento, bem como

os removidos para os SPAs Adulto e Infantil.

TABELA 10 - DISTRIBUIÇÃO DAS OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-

192 – OLINDA SEGUNDO DESTINO DOS PACIENTES. OLINDA,

PE - FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

DESTINO DOS PACIENTES N % SPA ADULTO 378 33.93 RESOLVIDO PELO SAMU-192 NO LOCAL DA OCORRÊNCIA 358 32.14 SPA INFANTIL 47 4.22 HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO 44 3.95 HOSPITAL DO TRICENTENARIO 44 3.95 HOSPITAL AGAMENON MAGALHÃES 30 2.69 HOSPITAL GETULIO VARGAS 25 2.24 HOSPITAL UNIVERSITARIO OSWALDO CRUZ 21 1.89 CISAM 17 1.53 MATERNIDADE BRITES DE ALBUQUERQUE 16 1.44 HOSPITAL DO IPSEP 14 1.26 POLICLINICA CAMPINA DO BARRETO 13 1.17 RECUSA DA REMOÇÃO / TROTE 12 1.08 HOSPITAL CENTRAL DE PAULISTA 10 0.90 HOSPITAL OSCAR COUTINHO 7 0.63 HOSPITAL PRONTOLINDA 7 0.63 HOSPITAL DO CANCER 5 0.45 OUTROS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE 66 5.92

TOTAL 1114 100.00

55

87%

9% 3% 1%

Acidentes

Agressões

Eventos (fatos) cuja intenção é indeterminada

Exposição à fumaça, ao fogo e às chamas

4.1.3 Caracterização das ocorrências atendidas pelo SAMU-192 – Olinda segundo causas externas

Foram atendidos 645 usuários por causas externas pelo SAMU-192 -

Olinda. O Gráfico 06 mostra a distribuição das vítimas segundo este tipo de causa

segundo Capítulo CID 10:

GRÁFICO 6 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-192 – OLINDA

SEGUNDO CAUSAS EXTERNAS. OLINDA, PE –

FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

56

A tabela 11 apresenta a distribuição das ocorrências por causas externas

agrupadas por subcapítulos da CID-10. O destaque está para os acidentes de

transporte, que sozinho são responsáveis por mais de 50% das ocorrências por

causas externas.

TABELA 11 - MOTIVOS DE OCORRÊNCIAS POR CAUSAS EXTERNAS AGRUPADAS SEGUNDO

CAPITULOS E SUBCAPITULOS DA CID 10 – SAMU-192 OLINDA – FEVEREIRO A

JUNHO DE 2006.

MOTIVOS DAS OCORRÊNCIAS N % Acidentes 460 86.63

Acidentes de transporte 280 52.73 Quedas 176 33.15 Afogamento e submersão acidentais 2 0.38 Outros riscos acidentais à respiração 2 0.38

Agressões 49 9.23 Agressão por meio de força corporal 10 1.88 Agressão sexual por meio de força física 2 0.38 Outras síndromes de maus tratos 6 1.13 Agressão por meio de disparo de arma de fogo de mão 17 3.20 Agressão por meio de objeto cortante ou penetrante 14 2.64

Eventos (fatos) cuja intenção é indeterminada 15 2.82 Envenenamento [intoxicação] por e exposição a outros produtos químicos e

substâncias nocivas e aos não especificados, intenção não determinada 15 2.82 Exposição à fumaça, ao fogo e às chamas 7 1.32

Exposição a tipo não especificado de fumaças, fogo ou chamas 7 1.32

TOTAL 531 100.00 Fonte: SAMU-192-Olinda (2006) OBS: Dado ignorado: 94 ocorrências

57

O Sexo masculino foi o que mais utilizou o serviço por este tipo de

ocorrência; Também, apresentou um risco três vezes maior de gerar ocorrências por

causas externas que o sexo oposto (Tabela 12):

TABELA 12 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-192–

OLINDA SEGUNDO CAUSAS EXTERNAS POR

SEXO. OLINDA, PE – FEVEREIRO A JUNHO DE

2006

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006) OBS: Dado ignorado: 23 ocorrências

Foram atendidos pacientes de 0 a 97 anos por causas externas, com uma

média de 34 anos e mediana de 31 anos. A faixa etária de 20 a 39 anos acumulou

aproximadamente 50% das vítimas atendidas por causas externas (Tabela 13).

Entretanto, também se observa que os idosos apresentam incidência de

atendimentos semelhante à faixa etária citada anteriormente por este tipo de causa.

TABELA 13 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-192–

OLINDA POR FAIXA ETÁRIA SEGUNDO

CAUSAS EXTERNAS. OLINDA, PE –

FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

FAIXA ETÁRIA N % COEF. INCIDENCIA

/ 10000 HAB

< 09 ANOS 28 5.20 4.21

10 A 19 ANOS 69 12.83 9.03

20 A 39 ANOS 259 48.14 19.23

40 A 59 ANOS 122 22.68 16.21

60 ANOS E MAIS 60 11.15 17.35

TOTAL 538 100.00 13.88

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

Dado ignorado: 107 ocorrências

SEXO N % COEF. INCIDENCIA /

10000 HAB

MASCULINO 449 72.19 24.75

FEMININO 173 27.81 8.40

SUBTOTAL 622 100.00 16.05

58

43.5

50.8

70.4

43.4

15.7

34.837.3

19.4

48.5

68.6

21.7

11.9 10.2 8.1

15.7

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

80.0

<10 10 - 19 20 - 39 40 - 59 60 e mais

Faixa Etária

%

ACIDENTE DE TRANSITO QUEDA OUTRAS

Os Acidentes de transporte constituíram a primeira causa de ocorrências

por causas externas nos grupos de <10 anos, 10 a 19 anos e 20 a 39 anos e as

quedas constituíram a primeira causa ocorrências por causas externas nos grupos

de 40 a 59 anos e 60 e mais anos; No grupo de <10 anos, as quedas constituíram a

segunda principal causa de lesão, bem como nos adolescentes e adultos jovens,

enquanto no grupo de 40 a 59 anos e idosos o percentual de vítimas de acidentes

de transporte diminuiu, passando a ocupar o segundo lugar nas Causas Externas

(Gráfico 7).

GRÁFICO 7- COMPORTAMENTO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE CAUSAS

EXTERNAS ATENDIDAS PELO SAMU-192 – OLINDA SEGUNDO

FAIXA ETÁRIA. OLINDA, PE – FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

59

Enquanto 1/4 das ocorrências por causas externas são deslocadas para o

Hospital da Restauração, mais de 50% das ocorrências por acidentes e/ou violências

encontraram solução na própria rede municipal de saúde através do próprio SAMU-

192- Olinda e dos SPAs Adulto e Infantil (Tabela 14).

TABELA 14-DISTRIBUIÇÃO DAS OCORRÊNCIAS POR CAUSAS EXTERNAS

ATENDIDAS PELO SAMU-192 – OLINDA SEGUNDO DESTINO

DOS PACIENTES. OLINDA, PE - FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

DESTINO DO PACIENTE N % RESOLVIDO PELO SAMU-192 NO LOCAL DA OCORRÊNCIA 245 37.98 HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO 164 25.43 SPA ADULTO 86 13.33 HOSPITAL OSCAR COUTINHO 40 6.20 HOSPITAL GETULIO VARGAS 32 4.96 RECUSA DA REMOÇÃO / FALSO ALARME 16 2.48 POLICLINICA CAMPINA DO BARRETO 12 1.86 HOSPITAL PRONTOLINDA 8 1.24 SPA INFANTIL 7 1.09 POLICLINICA AMAURY COUTINHO 5 0.78 HOSPITAL GERAL OTAVIO DE FREITAS 3 0.47 OUTROS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE 27 4.19

TOTAL 645 100.00

60

A Tabela 15 mostra que o maior volume das ocorrências por causas

externas está Distrito Sanitário II, embora o Distrito I apresente maior incidência de

ocorrências.

TABELA 15 - ATENDIMENTOS REALIZADOS PELO SAMU-192 – OLINDA SEGUNDO CAUSAS

EXTERNAS POR BAIRRO DE OCORRÊNCIA. OLINDA, PE – FEVEREIRO A

JUNHO DE 2006.

DISTRITO SANITÁRIO BAIRRO DE OCORRENCIA N %

COEF. DE INCIDENCIA (10000 HAB)

DISTRITO SANITÁRIO 1 AGUAZINHA 24 4.76 24.02 AGUAS COMPRIDAS 42 8.33 19.51 PEIXINHOS 69 13.69 18.09 SALGADINHO 18 3.57 16.83 VILA POPULAR 8 1.59 14.56 ALTO DA CONQUISTA 8 1.59 14.48 ALTO DA BONDADE 10 1.98 11.47 JARDIM BRASIL 19 3.77 11.42 SITIO NOVO 6 1.19 10.33 CAIXA DAGUA 15 2.98 10.09 PASSARINHO 3 0.60 6.47 SAO BENEDITO 1 0.20 3.64 ALTO DO SOL NASCENTE 1 0.20 2.87 SAPUCAIA 2 0.40 1.26 SUBTOTAL 226 44.84 13.77 DISTRITO SANITÁRIO 2 CARMO 8 1.59 35.12 BULTRINS 15 2.98 34.11 BAIRRO NOVO 29 5.75 30.51 VARADOURO 14 2.78 21.07 OURO PRETO 61 12.10 20.15 AMPARO 3 0.60 15.05 CASA CAIADA 21 4.17 14.51 TABAJARA 17 3.37 14.34 RIO DOCE 56 11.11 12.04 GUADALUPE 6 1.19 10.48 FRAGOSO 18 3.57 8.65 AMARO BRANCO 3 0.60 7.21 SANTA TERESA 3 0.60 6.43 JARDIM ATLANTICO 23 4.56 6.17 BONSUCESSO 1 0.20 3.22 SUBTOTAL 278 55.16 12.44

TOTAL 504 100.00 13.01 Fonte: SAMU-192-Olinda (2006)

OBS: Atendimentos em outros municípios: 24 ocorrências

Dado ignorado: 94 ocorrências Remoções: 23 ocorrências

61

61%26%

4%9%

ATROPELAMENTO COLISÃO CAPOTAMENTO QUEDA NO TRÂNSITO

O principal motivo das ocorrências por causas externas, os acidentes de

transporte, são desdobrados no Gráfico 8. Chama atenção o alto percentual de

atropelamentos. As quedas aqui apresentadas se referem às quedas de condutores

de moto e bicicleta. A tabela 16 apresenta distribuição dos principais veículos

envolvidos nos acidentes de transporte assistidos pelo SAMU-192-Olinda. As

motocicletas aparecem em destaque, envolvidas em um terço das ocorrências.

GRÁFICO 08 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO SAMU-192 – OLINDA

SEGUNDO TIPOS DE ACIDENTE DE TRÂNSITO. OLINDA,

PE FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192-Olinda, 2006

TABELA 16 - DISTRIBUIÇÃO DOS MEIOS DE TRANSPORTE

ENVOLVIDOS EM ACIDENTES DE TRANSPORTE COM

VÍTIMAS ATENDIDAS PELO SAMU-192-OLINDA.

OLINDA, PE - FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

MEIO DE TRANSPORTE N %

CARRO DE PASSEIO 118 42.60

MOTOCICLETA 93 33.57

ONIBUS 45 16.25

BICICLETA 17 6.14

CAMINHAO 4 1.44

TOTAL 277 100.00

Fonte: SAMU-192-Olinda, 2006 Dado ignorado: 03 ocorrências

62

4.2 Distribuição espacial das ocorrências atendidas pelo SAMU-192-Olinda

Com base no perfil epidemiológico apresentado anteriormente, foram

selecionados dois motivos de ocorrência que se destacaram neste estudo: as

ocorrências por doenças do aparelho circulatório e os acidentes de transporte. Em

comum, se enquadram no grupo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis

(DANTs).

Segundo Silva Junior (2003), as abordagens metodológicas para

estruturar as ações de vigilância epidemiológica em DANTs estão centradas no

monitoramento da morbidade e da mortalidade produzida em sua função, assim

como da prevalência da exposição da população aos seus principais fatores de

risco.

63

A distribuição espacial dos acidentes de transporte é apresentada no

Mapa 1. Observa-se um foco bem expressivo no litoral, mais precisamente na

região do Bairro Novo, onde se concentram dois importantes corredores viários.

Não menos importantes são os focos identificados ao longo da Rodovia PE-15

(ao sul e ao norte do município); também ao sudoeste, ao longo da Av.

Presidente Kennedy, no bairro de Peixinhos, bem como ao noroeste, na Estrada

de Águas Compridas, no bairro de Águas Compridas.

MAPA 1 - DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS OCORRÊNCIAS POR ACIDENTES DE

TRANSPORTE ATENDIDAS PELO SAMU-192-OLINDA – OLINDA, PE –

FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192 Olinda – 2006/ Núcleo de Geoprocessamento de Olinda

64

A incidência dos atendimentos por doenças do aparelho circulatório

realizadas pelo SAMU-192-Olinda é apresentada no Mapa 2. Foi mapeada a

razão entre o número de ocorrências do setor censitário e a população do

respectivo setor. Podem ser observados dois focos bem delimitados nos

distintos distritos sanitários: Ao Oeste, no bairro de Peixinhos e ao norte, entre

os bairros de Fragoso e Ouro Preto. Também são observados outros dois focos,

o primeiro em parte de Águas Compridas e Sapucaia e o segundo, onde se

concentra uma população mais idosa, que perpassa o Sitio Histórico (Varadouro,

Amparo e Carmo) até o Bairro Novo.

MAPA 2 - DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA INCIDÊNCIA DE ATENDIMENTOS POR DOENÇAS DO

APARELHO CIRCULATÓRIO REALIZADAS PELO SAMU-192-OLINDA – OLINDA, PE –

FEVEREIRO A JUNHO DE 2006.

Fonte: SAMU-192 Olinda – 2006/ Núcleo de Geoprocessamento de Olinda

65

5 DISCUSSÃO

O aumento dos casos de acidentes e violência tem forte impacto sobre o

SUS e o conjunto da sociedade. Segundo o Ministério da Saúde, na assistência,

este impacto pode ser medido diretamente pelo aumento dos gastos realizados com

internação hospitalar, assistência em UTI e a alta taxa de permanência hospitalar

deste perfil de pacientes. Na questão social, pode ser verificado pelo aumento de

30% no índice APVP (Anos Potenciais de Vida Perdidos) em relação a acidentes e

violências nos últimos anos, enquanto que por causas naturais este dado encontra-

se em queda (BRASIL, 2002).

A distribuição dos acidentes de transporte com vítimas, apresentado no

Mapa 01, apresenta focos próximos e ou localizados em importantes vias de acesso

do município, o que reforça a necessidade do trabalho conjunto entre a Secretaria

de Saúde de Olinda e Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente (SEPLAMA) que

é responsável pelo trânsito do município. No momento que a SEPLAMA identifica

áreas prioritárias para execução de ações estruturais, a saúde poderá contribuir em

atividades educativas, juntamente com seu Núcleo de Prevenção de Acidentes e

Violência (NUPAV), subordinado a Diretoria de Vigilância em Saúde.

A Portaria nº 2048/GM refere a necessidade da implementação de ações

baseadas na Promoção da Qualidade de Vida, na educação para a saúde e na

prevenção de agravos e doenças, além de se dar novo significado à assistência e à

reabilitação. As urgências por causas externas são as mais sensíveis a este

enfoque, mas não exclusivamente. As urgências clínicas de todas as ordens também

se beneficiam desta estratégia promocional (BRASIL, 2002).

As doenças do aparelho circulatório representam importante problema de

saúde pública em nosso país, sendo no ano de 2004, a principal causa de morte no

Brasil (BRASIL, 2007). Entre estas, encontra-se a doença hipertensiva, cuja

prevalência é estimada em 20 a 30% da população adulta>18 anos de idade

(LESSA apud MARTIN et al, 2004).

Segundo Praxedes (2001), a crise hipertensiva pode se manifestar como

uma emergência ou urgência. A sua forma emergente caracteriza-se pela

deterioração rápida de órgãos-alvo e risco imediato de morte bem como aquela

condição que requer redução rápida da pressão arterial, com o tempo medido em

66

minutos, enquanto na urgência a pressão pode ser reduzida mais lentamente, com o

tempo medido em horas.

No entanto, a população idosa apresenta um crescimento vertiginoso, de

tal forma que nas próximas duas a três décadas haverá um aumento de 200% no

número de indivíduos > 60 anos, fazendo com que a prevalência da hipertensão na

população também seja aumentada proporcionalmente (MARTIN, 2004).

No presente estudo, as doenças hipertensivas ocuparam o 1º lugar nas

ocorrências por grupos de causas clínicas. Como a população idosa foi a que mais

utilizou o serviço segundo causas clínicas, pode existir a relação citada por Lessa

anteriormente, elevando as ocorrências por esta causa.

Os dois grandes focos de ocorrências de urgências e emergências por

doenças do aparelho circulatório, apresentados no Mapa 02, podem ser um

indicativo de melhor acessibilidade da região aos serviços do SAMU-192-Olinda,

pois no período de estudo, a Central do SAMU-192-Olinda estava localizada

geograficamente próximo ao foco Fragoso / Ouro Preto. Além disso, pode estar

ocorrendo uma boa articulação entre o SAMU-192-Olinda e algumas Unidades de

Saúde da Família favorecendo a população da sua área de abrangência. Entretanto,

estes focos podem apresentar em comum uma deficiência de ações de combate aos

fatores de risco e do controle deste grupo de doenças, gerando esta demanda.

Sabe-se que a incidência de doenças do aparelho circulatório é maior a

partir dos 40 anos; o que torna preocupante o foco identificado ao sudoeste do

município, na região do bairro de Peixinhos, uma vez que este bairro é

predominantemente jovem.

As causas obstétricas, de parto e puerpério tiveram posição de destaque

no número de ocorrências, ocupando o 3º lugar nas ocorrências segundo capítulos

da CID 10 por causas clínicas. Vale ressaltar que o SAMU-192 é um dos

instrumentos da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher, com

ênfase no transporte e assistência a gestante de alto risco (BRASIL, 2004b).

TANAKA (1995) refere que, em sua pesquisa realizada na Região Sul do

Município de São Paulo, das 52 morte maternas que tiveram como causas de

falecimento complicações próprias associadas à gestação, ao parto e ao puerpério,

55,1% tiveram de peregrinar até a morte. De 10,2% das demais mulheres não se

tem informação suficiente para saber se passaram ou não pela peregrinação, e

apenas 34,7% foram internadas prontamente.

67

Esses dados reforçam a importância de um atendimento ágil, diligente

como deve ser o SAMU-192 e como a ocasião exige. De todas as gestantes

atendidas pelo SAMU-192 - Olinda no período estudado, nenhum óbito foi

registrado.

O grupo etário < 9 anos, foi o que menos utilizou o SAMU-192-Olinda, com

um total de 102 ocorrências. Esta menor adesão ao serviço pré-hospitalar móvel

pode ser justificada pela melhor acessibilidade da faixa etária a uma unidade básica

de saúde ou até mesmo a um hospital de urgência.

Entretanto, autores alertam que crianças utilizando freqüentemente

serviços de urgência e emergência por causas clínicas, podem estar sinalizando o

uso de um serviço de urgência em detrimento do consultório de pediatria ou a falta

de outros locais para atendimentos pediátricos nas proximidades da residência

(CARVALHO, 1994; CHATKIN, 2000; JACOBS, MATOS, 2005).

Chatkin e colaboradores (2000) citam que o fato da criança usualmente

recorrer aos serviços de emergência, necessitando freqüentemente de internações,

reforça a idéia de que os serviços de emergência vêm sendo utilizados como local

regular de consultas, o que não é adequado, levando a falhas no tratamento e no

controle de inúmeras doenças.

A idade dos pacientes atendidos variou e 0 a 105 anos, com média de 42,

8 anos; entrentanto esta média diminuiu para 34 anos quando avaliados aqueles

atendidos por causas externas.

Santos (2001) citado por Fernandes (2004) refere que a idade e o sexo

dos pacientes merecem destaque quando enfatizam os agravos traumáticos. Estes

representam a primeira causa de morte, quando consideramos a faixa etária de 1 a

40 anos, sendo predominante na faixa etária compreendida entre 20 a 29 anos de

idade, representada em grande parte pelos homens.

Neste levantamento, o sexo masculino apresentou um risco três vezes

maior de gerar ocorrências por causas externas que o sexo oposto. A faixa etária de

20 a 39 anos acumulou aproximadamente 50% das vítimas atendidas por causas

externas, e um risco de 19,23 / 10000 habitantes da faixa etária, com o predomínio

dos acidentes de transporte; os idosos apresentaram risco semelhante à faixa etária

citada anteriormente por este tipo de causa (17,35 / 10000 habitantes da faixa

etária); contudo as quedas são o principal motivo das ocorrências, por este grupo de

causa, em maiores de 60 anos.

68

Guimarães e colaboradores (1995) relatam que nos países desenvolvidos,

apesar de serem os acidentes de transporte - sobretudo colisões - a primeira das

causas de morte entre os jovens, a tendência tem sido decrescente. Essa redução

vem sendo explicada pelos investimentos em medidas como obrigatoriedade do uso

de cinto de segurança e diminuição do limite de velocidade.

Portanto, os acidentes não podem ser entendidos como obras do acaso, e

assim não passíveis de prevenção, mas compreendidos como eventos resultantes

de diferentes fatores, no caso dos acidentes de transporte, ligados ao veículo, ao

meio-ambiente e ao homem, previsíveis e sobre os quais se pode intervir (Barros et

al 2001).

No âmbito da atenção pública, existe um descompasso entre a rapidez

com que se está vivendo a transição demográfica e epidemiológica e as ações de

atenção à saúde, cuja prerrogativa hoje é simplesmente a de arcar com o ônus de

situações que poderiam ser prevenidas. No âmbito privado, o atraso quanto à

implementação de serviços para idosos é praticamente o mesmo.

Perracine e Ramos (2002) ao estudarem os fatores associados a quedas

de idosos numa coorte de 1.667 idosos de 65 anos ou mais, residentes no município

de São Paulo,SP, identificaram os principais fatores de risco: o sexo feminino que

pode estar relacionado a uma maior prevalência de doenças crônicas e pelas

atividades domésticas que acabam expondo o grupo a situações de risco; ter história

prévia de fraturas; referir visão ruim ou péssima além do maior risco de fragilidade

pelo fato da força muscular ser menor do que nos homens da mesma idade.

Outro aspecto a ser discutido diz respeito às remoções, que

corresponderam a 8,0% do total de solicitações no período estudado. Segundo o

documento que norteia os tipos de veículos e equipamentos que devem compor o

sistema de atendimento pré-hospitalar móvel, a Portaria Nº 2048 de 05 de Novembro

de 2002, o veículo “Tipo A”, conhecido como Ambulância de Transporte, se destina

ao transporte em decúbito horizontal de pacientes que não apresentam risco de

morte, para remoções simples e de caráter eletivo.

O SAMU-192-Olinda conta com 04 ambulâncias de suporte básico e 01

ambulância de suporte avançado, não dispondo de veículo Tipo A; o que sugere que

as ambulâncias que poderiam estar disponíveis para atendimentos primários, estão

sendo deslocadas para o transporte inter-unidades como para realização de exames

69

laboratoriais de seus pacientes, por exemplo. Sabe-se que algumas situações

exigem uma assistência durante o translado, entretanto quais critérios estão sendo

utilizados para selecionar aquelas ocorrências que realmente precisam deste tipo de

suporte?

Além disso, 10% dos chamados de remoções foram originados de um

hospital privado. Fernandes (2004) cita que a utilização dos serviços de ambulância

parte dos hospitais privados porque muitas vezes o plano de saúde não cobre o

transporte intra – hospitalar. Concorda-se que esta deve ser uma temática de análise

por parte dos gestores municipais.

Assim como o SAMU-192, o Programa de Saúde da Família também é um

instrumento da Política Nacional de Urgências e Emergências. Foi identificado que

10% das remoções foram originadas nas Unidades de Saúde da Família (USFs) do

Distrito Sanitário II. Esse comportamento mostra que a população pode estar

identificando as USFs como porta de entrada para urgências e emergências, como

deveria ser. No momento em que os profissionais daquela USF não conseguem

sanar tal situação pedem reforço ao SAMU-192, seja para deslocamento para outro

estabelecimento de saúde, seja para o atendimento na própria USF.

Com o presente estudo não é possível identificar a não adesão das USFs

do Distrito Sanitário I, no que diz respeito às remoções; será que situações de

urgência e emergência estão chegando à estes estabelecimentos? Ou ainda, se

estas situações estão chegando, elas têm capacidade resolutiva? Sem dúvida, são

questões que merecem ser aprofundadas.

A identificação de picos de atendimento também é outro ponto

considerado, porque ela pode contribuir para o melhor planejamento das ações de

saúde, incluindo a alocação de recursos. Em relação aos dias da semana foi

registrado um maior número de solicitações na sexta-feira, sábado e domingo; vale

ressaltar que apesar do predomínio de ocorrências por causas clínicas em todos os

dias da semana, no final de semana é observado um comportamento inversamente

proporcional entre os grupos de solicitações, com destaque para o aumento da

proporção de causas externas sobre as causas clínicas.

Dantas e Seixas (1998), sugerem que o setor poderá desencadear

medidas que proporcionem um equilíbrio entre a oferta de serviço e a demanda de

atendimento. Porém esta análise deve ser contínua uma vez que diversos fatores

podem alterar este perfil.

70

Há um crescente interesse no conhecimento do perfil epidemiológico para

adequação das práticas de saúde. Portanto, conhecer a demanda da rede pública

tornou-se tarefa necessária tanto para a avaliação de serviços como para a

orientação dos que trabalham com gerência, programação e planejamento em saúde

(RADAELLI et al, 1990).

Carvalho e colaboradores (1994) sugerem que as análises de mortalidade,

já bastante difundidas e que tradicionalmente subsidiam o planejamento em saúde,

devem ser complementadas pela análise da morbidade, pois há um grande número

de doenças e agravos à saúde que não causam óbito, mas levam a graus variados

de espoliação.

Segundo Fernandes (2004), no Brasil, nas últimas décadas, houve um

aumento significativo do número de mortes devido às causas externas; por outro

lado as doenças cardiovasculares e as neoplasias constituem as primeiras causas

de óbito em nosso país. A autora afirma que este quadro epidemiológico, configura

uma nova demanda para os serviços de assistência médica, que deverão não só

organizar uma assistência à saúde adequada, mas também equacionar os

problemas identificados, para que os pacientes possam ter acesso aos recursos,

obedecendo aos princípios do SUS.

O fato da maioria das ocorrências atendidas pelo SAMU-192 - Olinda

estarem nos grupos que representam as causas clínicas, se assemelha aos achados

de Fernandes (2004) quando, ao levantar os motivos das solicitações do

atendimento pré-hospitalar móvel em Ribeirão Preto em abril de 2003, constatou que

85% das ocorrências foram por causas clínicas. Entretanto, são as causas externas

de morbidade e mortalidade que lideram as solicitações de atendimentos, sendo

este único capítulo responsável por mais de um terço dos atendimento do SAMU-

192-Olinda no período estudado.

Para Gonçalves e Rodrigues (2001), no âmbito hospitalar deve-se

trabalhar com a lógica da regionalização e hierarquização da rede. É fundamental

que o pessoal do Atendimento Pré – Hospitalar conheça muito bem os recursos da

área hospitalar para que os encaminhamentos sejam feitos da melhor maneira

possível. Segundo os autores, no modelo atual, o acesso do paciente ao SUS deve

se dar através da rede básica de saúde, de encaminhamentos aos níveis

subseqüentes de complexidade.

71

Este modelo parece estar sendo seguido pelo município. O fato de 35% do

total de ocorrências atendidas pelo SAMU-192-Olinda não precisarem de

deslocamento para estabelecimentos de saúde somados a 27% de ocorrências

encaminhadas aos SPAs Adulto e Infantil, retratam que o município conseguiu, em

62% das solicitações, atender demandas de urgência e emergência através de

ações de menor complexidade, evitando o uso de serviços de saúde de alta

complexidade tradicionalmente procurados pela população para este fim.

Nas ocorrências por causas clínicas esta resolutividade chegou a 70%,

enquanto nas ocorrências por causas violentas ou acidentais atinge 52%. Esta

queda chega a ser compreensível, pois a resolutividade depende da gravidade da

lesão. A maior emergência do Norte – Nordeste, o Hospital da Restauração, recebeu

do SAMU-192-Olinda 25% dos pacientes vítimas de causas externas.

Essas análises revelam a importância de se estruturar um sistema de

atenção às urgências que envolva toda a rede assistencial, incluindo as unidades

básicas de saúde, Programa de Saúde da Família (PSF), Programa de Agentes

Comunitários de Saúde (PACS),unidades de pronto atendimento, pronto-socorros

bem como o serviço de atendimento pré-hospitalar móvel (SAMU-192).

Os bairros que apresentaram maiores volumes de solicitações para o

SAMU-192-Olinda foram Águas Compridas e Peixinhos no Distrito Sanitário I e Ouro

Preto e Rio Doce no Distrito Sanitário II. Vale salientar que estes são os 4 bairros

mais populosos do município.

Também foi visto que apesar do Distrito Sanitário II apresentar o maior

volume de ocorrências é o Distrito Sanitário I que apresentou uma maior incidência

de atendimentos do SAMU-192-Olinda. Dificuldades de acessibilidade a serviços

tradicionais de saúde podem ser considerados. Porém, estas áreas têm grande parte

do seu território cobertos pelo Programa de Saúde da Família, o que pode estar

sinalizando a não incorporação de medidas de urgência e emergência neste modelo

de atenção.

Não poderia deixar de ser discutido o grande número de formulários com

variáveis ignoradas ou em branco. Segundo a literatura consultada, é comum perdas

de informações valiosas devido a dados ignorados (SOARES E BARROS, 2006;

BARROS et al, 2001; JACOBS E MATOS, 2005;CHATKIN et al, 2000). É

questionado se por exemplo o solicitante não sabia informar a idade ou se a idade é

um dado pouco importante para quem recebeu a solicitação. A falta de dados

72

certamente prejudica o trabalho da equipe de atendimento, sendo esta uma

informação necessária para a adequação dos recursos humanos e materiais para o

atendimento.

73

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

� Foi verificado que o serviço apresenta o número de ambulâncias adequado

para a população adscrita, baseada na portaria ministerial específica. Porém

a ausência do veículo “Tipo A”, destinado àqueles pacientes que não

apresentam risco de vida, para remoções simples e de caráter eletivo, pode

em alguns momentos comprometer a disponibilidade das Ambulâncias de

Suporte Básico e Avançado, já que estas acabam se destinando também às

remoções.

� O levantamento dos bairros de ocorrência apontou algumas localidades que

apresentaram maior demanda para o SAMU-192-Olinda. Porém, estas áreas

têm grande parte do seu território cobertos pelo Programa de Saúde da

Família, além de estarem dentro da área de abrangência das policlínicas do

município, o que pode estar sinalizando a não incorporação de medidas de

urgência e emergência nestes estabelecimentos, bem como a falta de

orientação da população quanto a utilização adequada do Atendimento Pré-

Hospitalar Móvel.

� É essencial que periodicamente sejam elaborados boletins epidemiológicos a

partir dos dados coletados em cada atendimento e sejam realizadas análises

sobre a incidência dos diferentes tipos de ocorrência, tanto clínicas como de

acidentes: doméstico, de trabalho, trânsito, violência interpessoal, lazer e

outros.

� Se o SAMU-192-Olinda não gerar informações que permitam a intervenção

sobre a realidade, tenderá somente a atender chamadas e não cumprirá a

função de alertar sobre eventos e acontecimentos evitáveis por ações do

próprio sistema de saúde e outras, de toda a sociedade, de suas

organizações e do próprio poder público.

� Os dados devem ser divulgados e ser objeto de discussão no Núcleo Gestor

Ampliado da Secretaria de Saúde de Olinda, do Comitê Municipal do Sistema

de Atenção às Urgências, bem como do Conselho Municipal de Saúde.

74

� A discussão das informações no Núcleo Gestor Ampliado da Secretaria de

Saúde é fundamental para que as demais coordenações temáticas possam

tomar conhecimento destas informações e usá-las como instrumento de

planejamento de suas ações.

� É sugerida a realização de estudos que possam identificar o tempo de

regulação do atendimento, ou seja, desde o momento que o usuário acionou

a central de regulação até a finalização dos procedimentos; bem como a

identificação dos horários de pico destes atendimentos, para melhoria da

alocação de recursos.

� A identificação das áreas críticas de acidentes de transporte com vítimas e

das ocorrências de urgências por doenças do aparelho circulatório, além do

conhecimento da realidade distinta de cada unidade espacial constituem

ferramentas importantes que o setor de saúde deve adotar e que poderão

subsidiar no planejamento das ações de promoção da saúde, prevenção de

doenças e agravos a saúde, na alocação de recursos, na execução e

avaliação das ações. Nesse sentido, este trabalho revela a importância de se

conhecer os eventos distribuídos espacialmente.

� Os acidentes de transporte têm especial relevância tanto pelo sofrimento de

suas vítimas e familiares, como pelo elevado custo econômico que geram

para o setor saúde. Alguns fatores críticos, como a falta de planejamento

urbano, o desenho inapropriado das vias de tráfego, o comportamento

imprudente dos motoristas, o grande movimento de pedestres sob condições

inseguras e a precariedade da educação e da fiscalização do trânsito

contribuem para que os acidentes ocorram. Desta forma, é fundamental a

integração entre a Secretaria de Saúde de Olinda e a Secretaria de

Planejamento e Meio Ambiente, a primeira tendo em mãos a análise espacial

a partir dos dados do SAMU-192-Olinda e do Núcleo de Geoprocessamento e

a segunda intervindo com ações preventivas e corretivas.

75

� Apesar do número significativo de ocorrências atendidas por causas externas,

são as causas clínicas responsáveis pelo maior volume de solicitações. Este

quadro sugere a necessidade não só da organização de uma assistência a

saúde adequada, como também o equacionamento dos problemas

identificados, obedecendo os princípios do SUS.

76

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82

ANEXOS

83

Secretaria de Saúde SAMU Olinda - Ficha de Atendimento

Data da Solicitação: ___/ ___/ _____. Hora: _______h Número da ocorrência: ____________

Tipo da ocorrência ( ) Causa externa (Acidente/ violência ( )Causa Clínica: ( )DM ( )HAS ( )Hepatites ( )HIV ( )Etilismo agudo ( ) Obstétrico ( ) Remoções:________________________________________________________________ ( ) Psiquiátricas ( ) Sedação _____________________________________ ( ) Gravidez DUM: _____________ Líquidos e alimentos ingeridos: _________________________________________________ História: ___________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ Alergias: _______________________________________ Medicamentos: ___________________________________________________________ Passada médico-cirúrgico: ________________________________________________________________________________________________

Local da ocorrência ( ) Via pública ( ) Domicílio ( ) Local de trabalho ( ) Empresa: __________________________________________________________ ( ) Evento: ____________________________________________ ( ) Laser: ______________________________________________________

Identificação Chegada ao local de atendimento:_____ :_____ h

Nome do paciente:______________________________________________________________________________ Idade: _______________ Sexo: ( ) M ( ) F Profissão: ______________________________________________ Fone: ______________________________ Endereço residencial: ________________________________________________________________________ Bairro: ________________________ Nome do Solicitante: _______________________________________________________________ Fone:__ ________________________________ Endereço da ocorrência: ___________________________________________________________________________________________________ Bairro: ______________________ Ponto de referência: ___________________________________________________________________________

Cenário do acidênte ( ) Urbano ( ) Rural ( ) Rodovia ( ) Óbitos ( ) N° de feridos______ Estado do veículo: ________________________________________

Ambiente /Eventos (mecanismo) do trauma Acidente de trânsito: ( ) Ônibus ( ) Caminhão ( ) Carro de passeio ( ) Motocicleta - Placa: ____________ ( ) Atropelamento: ( ) Pedestre ( ) Ciclista – ( ) Trauma fechado Automóvel: ( ) Capotamento ( ) Colisão – ( ) Frontal ( ) Traseira ( ) Lateral - ( ) Condutor ( ) Passageiro Banco: ( ) Dianteiro ( ) Traseiro D / E ( ) Carroceria Veloc: _____ Km/h – ( ) Uso de cinto ( ) Motocicleta: ( ) Condutor ( ) Passageiro ( ) Uso de cinto ( ) Queda: Altura _______m - ( ) Própria altura ( ) Espancamento: _____________________________________________________ ( )Afogamento / Submersão ( ) Soterramento ( ) Hipotermia ( )Intoxicações: Agente causador __________________________________________________________________________________________ ( ) Exposição ao fogo/ fumaça Queimaduras: ____ Graus ( ) Inalação Percentagem: ____________% Agressões: ( ) PAF - N° de disparos _________ ( ) PAB - N° de perfurações _____________ ( ) Agressões sexuais ( ) maus tratos ( ) Outros Citar: ______________________________________________________________________

Situação da Vítima ( ) Consciente ( ) Inconsciente ( ) Com capacete ( ) Roupa de proteção ( ) Fora do veículo ( ) Ejetado________ Metros ( ) Deambulando ( ) Retirado com auxílio ( ) Dentro do veículo ( ) Cinto ( ) Air Bag inflado ( ) Preso nas ferragens ______h

Causas Clínicas História Clínica: _____________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________ Hipótese Diagnóstica: _________________________________________________________________________________ CID: ________________

Exame primário ( A ) Vias aéreas: ( ) Pérveas ( ) Rouquidão ( ) Obstruídas ( )Lesões de face ( ) Agitação psicomotora ( ) Respiração ruidosa ( ) Corpo estranho ( ) Secreção __________________________ FR: ( ) 10-29 ( ) > 29 ( ) 6-9 ( ) 1-5 ( ) 0

(B) Respiração: SatO2:______ % Traquéia: ( ) Centrada ( ) Com desvio - Crepitação: ( ) H.T.D. ( ) H.T.E. - Timpanismo: ( ) H.T.D. ( ) H.T.E Sudmaciez: ( ) H.T.D. ( ) H.T.E. - MV: D: ( ) Normal ( ) Ausente ( ) Diminuído - E: ( ) Normal ( ) Ausente ( ) Diminuído Estertores: ( ) H.T.D. ( ) H.T.E

84

( C ) circulação: PA: _________________ mmHg - FC: _______ bpm - Ritmo: ___________________________ Pele/ Mucosas: ( ) Pálidas ( ) Cianóticas ( ) Coradas ( ) Turgência Jugular Perfusão periférica ____________________________ Pulsos: ___________________________________________________________________________Temperatura: _________°C Coloração da pele: ( ) Normal ( ) Palidez ( ) Cianose ( ) Ictérico ( ) Sudorese ( ) Desidratada Presença de sangramentos externos: _______________________________________________________________________________________

( D) NEUROLÓGICO: Nível de consciência – AVPU - ( ) Alerta ( ) Resposta verbal ( ) Resposta à dor ( ) Sem resposta ( )Glasgow: ______ ( ) ingestão de drogas/ álcool ( ) Ingestão de entorpecentes ( ) Déficit Motor – ( ) MSD ( ) MSE ( ) MID ( ) MIE

Pupilas: RFM ( - ) ( + ) ( ) Isocóricas ( ) Anisocóricas: ________________________ Natureza da lesão

Cabeça: ( ) Normal ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Face: ( ) Normal ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Pescoço: ( ) Normal ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Coluna Vertebral ( ) Normal ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Tórax: ( ) Normal ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Abdome: ( ) Normal ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Extremidades: ( ) Normal MMSS: _____________________________________________________ MMII:_______________________________________________________ Pulsos: ( N ) Normal ( D ) Diminuído ( A ) Ausente Radial: _______________ Ulnar: ______________ Pedioso: __________________ Tibial posterior: __________ _____

Procedimentos no atendimento ( ) Proteção coluna ( ) Colar ( ) Prancha longa ( ) KED ( ) Aspiração de secreções ( ) Ventilação por máscara não reinalante ( ) Venturi _____ % ( ) NBZ _____________________ ( ) Via aérea orofaríngea ( ) Nasofaríngea ( ) Cricotireoidostomia O2 ______ l/m ( ) AVM : Modo: ______ FiO2: _____% ( ) Sonda Orotraqueal ( ) Sonda Nasotraqueal ( ) Sonda Gástrica ( ) SVD ( ) RCP ( ) Cardioversão ( ) Desfibrilação ( ) Drenos tórax (ml) D:________ E: _________ Acessos venosos: ( ) Periféricos ( ) Dissecções venosas ( ) Intra-ósseo Fluidos EV: __________________________ml Sangue: ____________ml Medicamentos: _____________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________ Drogas Vasoativas: ____________________________________________________ ml/h _____________ ( ) Talas Tipo :__________________ Membros: _____________ Outras condutas: ___________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________ Uso Epidemiológico: Uso de Álcool e Drogas

( ) Usou Álcool: Informante: ( )Vítima ( ) Outros Especificar:_______________________________________________________________ ( ) Hálito alcoólico ( ) Alteração da marcha ( ) Sonolência/ agitação ( ) Alteração do humor ( rir, chora, irritado, agressivo) ( ) Usou outras drogas – Informante: ( ) Vítima ( ) Outros Especificar: _______________________________________________________ ( ) Lolo ( ) Maconha ( ) Cola ( ) Cocaína ( ) Crack ( ) Lança-perfume ( ) Anfetaminas ( ) Êxtase

Conclusão do Atendimento Horário de conclusão do atendimento: _____/ _____/ _____.

Hospital para onde foi encaminhado o paciente: ____________________________________________________________________________ Médico que recebeu: __________________________________________________ Assinatura: _________________________________________ Orientação para ambulatório: ______________________________________________________________________________________________

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( ) Óbito antes do atendimento: ______________________________ ( ) Óbito durante o atendimento ____________________________

Maca retida na Unidade hospitalar: _________________________________ Período: ______________________________

Equipe de plantão Médico Regulador: ________________________________________ Médico assistente: ______________________________________________ Enfermeira: ________________________________________________ Socorrista: ______________________________________________________ Motorista: __________________________________________________ Assinatura pelo responsável pelo preenchimento as ficha: ____________________________________________________________________

Exoneração de responsabilidade O Subscrito certifica que a vítima recusa atendimento contra a orientação médica Olinda, ________ de ________________________ de 2006. Assinatura: ___________________________________________.