“um sr. talento”: trajetória, engajamento e esquecimento

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“Um Sr. Talento”: trajetória, engajamento e esquecimento na obra de Sérgio Ricardo DANIEL LOPES SARAIVA (UDESC) 1 Resumo: Nascido em 1932, na cidade de Marília, interior de São Paulo, Sérgio Ricardo é um dos artistas que fazem parte do imaginário popular da cultura brasileira, sendo, geralmente, lembrado por quebrar o violão durante o Segundo Festival de Record em 1967. Mas essa imagem que até hoje é relembrada é apenas um dos momentos da extensa carreira do artista. Inicialmente vinculado ao movimento bossanovista, o cantor foi aos poucos se aproximando do Centro Popular de Cultura, suas canções ficaram mais engajadas e seus discos também. Além disso, foi diretor de diversos filmes, sempre ligados à temática social, preocupação que perpassa grande parte de sua carreira. Assim, o presente artigo tem por objetivo traçar um panorama da carreira artística do cantor, fazendo uma pequena análise da sua obra discográfica e fílmica, relacionando o contexto vivido à época. Ao trabalhar com sua trajetória, usamos como fonte os seus relatos. Esses depoimentos, coletados em diferentes momentos da vida do cantor, nos possibilitará observar as permanências e rupturas da memória, atentos aos silêncios e às ênfases, de maneira a possibilitar a reconstrução de uma trajetória, considerando a subjetividade das fontes. Estudos biográficos, memória e história oral Entre as décadas de 1970 e 1980 ocorreram diversas transformações nos campos da pesquisa histórica. Incorporou-se o uso de temáticas contemporâneas. Houve também o retorno ao estudo biográfico, esse novo estudo biográfico não apenas focado nos “grandes atores da história”. Portanto, surgiram biografias de cidadãos ou grupos que até então não haviam tido a possibilidade de ter suas histórias abordadas. Com o retorno do estudo biográfico e as temáticas contemporâneas, a memória dos indivíduos volta a ganhar destaque na história, antes descartada por ser considerada uma fonte tendenciosa e não fidedigna, agora ganha um destaque nos estudos históricos. A História Oral também ganha destaque nessas mesmas décadas. Para Bauman, os relatos biográficos só são escritos com os olhos mirados para o presente (BAUMAN apud AVELAR, 2012:65). Alexandre Sá Avelar destaca que nas últimas décadas houve um retorno aos estudos biográficos e uma preocupação com a narrativa, a nova 1 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina. Bolsista PROMOP.

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“Um Sr. Talento”: trajetória, engajamento e esquecimento na obra de Sérgio Ricardo

DANIEL LOPES SARAIVA (UDESC)1

Resumo:

Nascido em 1932, na cidade de Marília, interior de São Paulo, Sérgio Ricardo é um dos artistas que

fazem parte do imaginário popular da cultura brasileira, sendo, geralmente, lembrado por quebrar o

violão durante o Segundo Festival de Record em 1967. Mas essa imagem que até hoje é relembrada é

apenas um dos momentos da extensa carreira do artista. Inicialmente vinculado ao movimento

bossanovista, o cantor foi aos poucos se aproximando do Centro Popular de Cultura, suas canções

ficaram mais engajadas e seus discos também. Além disso, foi diretor de diversos filmes, sempre

ligados à temática social, preocupação que perpassa grande parte de sua carreira. Assim, o presente

artigo tem por objetivo traçar um panorama da carreira artística do cantor, fazendo uma pequena

análise da sua obra discográfica e fílmica, relacionando o contexto vivido à época. Ao trabalhar com

sua trajetória, usamos como fonte os seus relatos. Esses depoimentos, coletados em diferentes

momentos da vida do cantor, nos possibilitará observar as permanências e rupturas da memória,

atentos aos silêncios e às ênfases, de maneira a possibilitar a reconstrução de uma trajetória,

considerando a subjetividade das fontes.

Estudos biográficos, memória e história oral

Entre as décadas de 1970 e 1980 ocorreram diversas transformações nos campos da

pesquisa histórica. Incorporou-se o uso de temáticas contemporâneas. Houve também o

retorno ao estudo biográfico, esse novo estudo biográfico não apenas focado nos “grandes

atores da história”. Portanto, surgiram biografias de cidadãos ou grupos que até então não

haviam tido a possibilidade de ter suas histórias abordadas.

Com o retorno do estudo biográfico e as temáticas contemporâneas, a memória dos

indivíduos volta a ganhar destaque na história, antes descartada por ser considerada uma fonte

tendenciosa e não fidedigna, agora ganha um destaque nos estudos históricos. A História Oral

também ganha destaque nessas mesmas décadas.

Para Bauman, os relatos biográficos só são escritos com os olhos mirados para o

presente (BAUMAN apud AVELAR, 2012:65). Alexandre Sá Avelar destaca que nas últimas

décadas houve um retorno aos estudos biográficos e uma preocupação com a narrativa, a nova

1 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina. Bolsista

PROMOP.

2

história política. Mesmo que essas temáticas não tivessem desaparecido elas foram relegadas

a segundo plano durante as primeiras gerações dos Annales, em detrimento à história das

estruturas que passavam a explicar as ações humanas. Nesta modulação cientificista do

discurso histórico, a biografia até então ocupava lugar marginal, considerado superficial

(AVELAR,2012:67). Delimitada pelas perspectivas totalizantes dos Annales, a biografia

parecia encontrar-se numa encruzilhada teórica, mesmo reconhecida sua legitimidade como

objeto de estudos dos historiadores, limitavam-se a dois modelos: a biografia representativa e

o estudo de caso:

No primeiro, o indivíduo enfocado não é digno de reconstrução biográfica pelo que

tem de singular, de excepcional, mas por sintetizar várias outras vidas; enfim, por

servir de passado para a apreensão de marcos mais amplos. (AVELAR,2012:69).

Mas na terceira geração dos Annales, a biografia volta a ganhar destaque, e passa a ser

vista como um trabalho histórico tão relevante como em outras áreas. O desenvolvimento da

história narrativa nas últimas décadas tem grande relação com o movimento de retomada da

função narrativa do discurso histórico (AVELAR,2012:70). Para Jaqques Le Goff, “a

biografia histórica deve se fazer, ao menos em certo grau, relato de narração de uma vida, ela

se articula em torno de certos acontecimentos individuais e coletivos – uma biografia não

événementielle não tem sentido”. (LE GOFF apud AVELAR,2012:71).

O redimensionamento dos estudos biográficos traz novas abordagens, a

individualidade fixa, coerente e unitária do espaço, a pluralidade de identidades, referenciais,

locais. Os indivíduos deixam de ser enquadrados em esquemas conceituais definidos e em

marcos teóricos pré-estabelecidos. A narração deixa de ser linear, a multiplicidade dos

indivíduos ganha destaque. Cada “personagem” biografado carrega uma gama enorme de

identidades, influências que não se esgotam com uma única representação. Portanto, é

necessário todo cuidado do historiador, para não construir uma narrativa que coloque seu

personagem em esquemas pré-definidos, construindo uma trajetória de regularidades e

permanências para seu biografado (AVELAR,2012:71).

É nesse mesmo período que a memória volta a ser valorizada na historiografia

contemporânea. Muito valorizada na Grécia antiga, a memória vai perdendo sua importância

3

com a profissionalização da ciência histórica. Considerada muito subjetiva, a memória é

deixada de lado em prol de fontes “mais confiáveis” como os documentos oficiais.

Para Luisa Passerine, a memória nas histórias de vida, que incluem relatos de vida

pessoal e experiência histórica, é que são particularmente úteis para documentar

continuidades de vários tipos entre o período precedente e as escolhas feitas pelas narradoras

de sua vida(PASSERINE,2011:56).

Já para Daphne Patai, ao se trabalhar com memória e entrevistas, o passado é

inevitavelmente levado ao presente. E a história de vida de determinado individuo pode

tornar-se um componente essencial de identidade em dado momento. A memória, em seu

imenso depósito, evoca diferentes fatos, episódios e lembranças para diferentes entrevistas,

indagado por outro interlocutor, ou pelo mesmo, em momentos distintos, o entrevistado pode

evocar outras lembranças, fazendo com que cada entrevista seja única(PATAI,2011:30).

Sobre as dificuldades para realizar uma entrevista a autora diz:

Sempre existe o perigo de recriarmos o mundo que estamos tentando refazer, e é

exatamente difícil enfrentar esse desafio, precisamente porque as práticas rotineiras

nos cercam por todos os lados e a tendências de embuti-las em nossos projetos que

passam pela realidade comum, é quase irresistível. (PATAI,2011:28).

Portanto, as pesquisas biográficas contemporâneas e o as pesquisas relacionadas à

memória são fatores que ajudam na emergência da História Oral. Na medida em que seu

biografado e pessoas contemporâneas a ele estão vivos, o historiador tem a possibilidade de

realizar entrevistas com esses personagens, possibilitando assim que produza suas próprias

fontes.

Segundo Lucilia de Almeida Neves Delgado, a História Oral é um procedimento, um

meio, um caminho para a produção do conhecimento histórico. Traz duplo ensinamento, sobre

a época abordada no depoimento (passado) e sobre a época de produção do depoimento

(presente). É, então, uma produção de documentos e fontes, que é realizada com interferência

do historiador, onde se cruzam intersubjetividades e temporalidades (DELGADO, 2010:16).

A autora, tomando emprestado a interpretação de Benjamin(1994) sobre a memória:

[...] é contribuir para que as lembranças continuem vivas e atualizadas, não se

transformando em exaltação ou crítica pura e simples do que passou, mas, sim, em

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meio de vida, em procura permanente de escombros, que possam contribuir para

estimular a reativar o diálogo do presente com o passado. (DELGADO,2010:31).

Lucilia ainda destaca a mutabilidade da memória, e que ela sofre diversas influências

com o tempo. Elementos culturais, hábitos, crenças, experiências atuam nessa construção da

memória e na remodelação constante (DELGADO,2010). Mesmo com essas mudanças a

memória e as fontes orais possibilitam analisar as mudanças de fala durante a passagem de

tempo, entender o dito e o não dito, entender o porquê dos destaques e omissões durante o

depoimento.

Seguindo essa mesma linha, Ricardo Santhiago afirma que a História Oral se funda no

registro e na análise de documentação quase sempre original. É um processo interdisciplinar,

utilizado em diferentes áreas. Para ele, o olhar da História Oral é aquele que não exclui o

encantamento, o envolvimento, mas que incorpora rigor, dever, independência crítica

(SANTHIAGO,2009:28-29).

Partindo dessas três balizas aqui apresentadas – memória, biografia e História Oral –,

pretendo narrar a trajetória de Sérgio Ricardo, sua fase bossanovista, engajada e sua atuação

no cinema. Tentando, então, focar em outras imagens do artista, e não apenas à do Festival da

Record de 1967, no qual o cantor quebra o violão e lança sobre a platéia.

A bossa e o início da carreira

Na década de 1950, um novo gênero musical começa a surgir no Brasil. Essa música

moderna seria a Bossa Nova, que em 1958 estoura com o lançamento do LP de João Gilberto,

Chega de Saudade, considerado um marco na música brasileira. Marcos Napolitano atribui ao

trabalho de João Gilberto o papel de um possível sintetizador das principais influências

musicais no cenário cultural da época no Brasil. Dessa forma, figuraria como o difusor da

linha que passou a balizar aquilo que vinha sendo feito pela maioria dos integrantes da Bossa

Nova:

Dialogando com a tradição da música brasileira, João Gilberto incorporou a

bateria das escolas de samba de maneira inusitada: seu polegar reproduzia a

marcação do surdo – tangendo a primeira corda do violão –, enquanto os três

dedos médios “batucavam” as cordas inferiores como se fossem um tamborim. A

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orquestra do samba, produto de uma ancestralidade que vinha das senzalas,

passara pelo morro e chegara ao disco, transformando-se em um material de uma

performance minimalista que, a princípio, era sua negação, mas ao mesmo tempo

sua continuidade. (NAPOLITANO,2007:69).

A Bossa Nova traz para a classe média a intensificação do costume de comprar música

brasileira. Em 1959, apenas 35% dos discos vendidos eram de música brasileira; 10 anos

depois as cifras mudaram e 65% dos discos vendidos eram pertencentes à música brasileira

(NAPOLITANO,2007:68). Esse movimento de difusão engloba ainda os universitários

pertencentes à classe média, que logo assumiram grande importância, tanto no cenário

político quanto no musical. Não foram poucos os shows da Bossa Nova apresentados em

universidades, provocando cada vez mais a adesão de jovens interessados pela música

brasileira.

Segundo seus criadores, a Bossa Nova seria uma mistura de tradição e modernidade, a

junção de elementos do bolero, jazz e samba, uma mistura de gêneros com uma interpretação

mais contida, condizente com os lugares de início da bossa, apartamentos e barzinhos. A

Bossa Nova se torna, então, um movimento com todas essas características.

(NAPOLITANO,2007:67-70).

Nascido em Marília, estado de São Paulo, em 18 de junho de 1932, Sérgio Ricardo é

um dos participantes desse, então embrionário, movimento musical. Já morando no Rio de

Janeiro, o cantor foi pianista dos 18 aos 24 anos em casas noturnas. E participou assiduamente

das reuniões do movimento bossanovista na casa de Bené Nunes e no apartamento de Nara

Leão. (PACE,2010:27,53,63).

Pianista na noite, o cantor, já na RGE2, viu sua canção Bouquet de Isabel ser gravada

pala cantora Maysa, o que possibilitou uma ascensão ao artista, uma vez que Maysa era uma

das estrelas da gravadora. Para Ruy Castro, essa gravação que aproxima o cantor do

movimento bossanovista, entretanto, o autor destaca que Sérgio Ricardo já compunha de

forma moderna(CASTRO,1990:204).

Casou Maria,

2 Grava um Compacto Simples na gravadora RGE, no ano de 1957. De um lado a canção Vai Jangada(Geraldo

Serafim/Newton Castro), do outro lado Sou Igual a Você (Nazareno de Brito e Alcyr Pires Vermelho).

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Com Zé casou

Jogou o bouquet

Solteirona Isabel pegou

Isabel…

No seu quarto, sozinha e distante da gente,

Chorando,

Desfolha um bouquet.

Isabel ...

Toda vez que uma amiga casava,

Comprava um vestido se empoava pra ver

Se arranjava também casamento

Porque era um tormento viver sem ninguém

Mas o tempo passando esquecia

De dar-lhe algum dia

Um noivo também

E ela agora já sabe que a vida

Tornou-a esquecida

Por tudo e por “quem”

Isabel, diz num olhar esquisito

Num sorriso aflito :

- Pra que o bouquet

Pra que ?

E nervosa ela desce o decote

E ajusta um saiote pra forma se ver

E ajeita o cabelo pra frente

Que a faz de repente

Rejuvenescer

E ao sair olha o quarto calado

Onde fica um passado

E pelo chão

Um bouquet

Acabou Solidão De Isabel3

Essa canção, com moderna melodia, não traz a temática usual da Bossa Nova. A

canção faz uma crítica à sociedade machista, na qual a mulher só seria feliz se conseguisse um

casamento. Talvez esse seja o motivo que a canção clamou tanta atenção da cantora Maysa.

Casada com empresário de família rica paulista, a cantora deixou o casamento para seguir a

vida artística, carreira que seu então marido era contrário. O cantor afirma ainda que essa

canção é anterior à sua relação com o movimento bossanovista, e que essa música não

agradava a juventude Zona Sul, que fazia parte do movimento:

Olha, a importância é que eu passei a ser um sujeito conhecido, porque a música fez

sucesso, tocava muito no rádio e também era outra coisa... coisa social. Quer dizer,

diferenciava da bossa nova, mas surgiu antes da bossa nova. E então o pessoal não

3 Composição de Sérgio Ricardo. Gravado a primeira vez pela cantora Maysa, no disco Convite para ouvir

Maysa Nº2. RGE,1958.

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dava muita bola...O pessoal da bossa nova não dava muita bola para Bouquet de

Isabel não. Eles queriam eram Pernas, O Nosso Olhar, as minhas músicas mais

românticas, mais zona sul do Rio de Janeiro.(SÉRGIO RICARDO,2014).

Essa música possibilitou que Sérgio Ricardo ficasse mais conhecido, um ano mais

tarde é contratado pela gravadora Todamérica, onde lança seu primeiro Long Play Dançante

Nº1(1959) – disco apenas instrumental. Nos dois anos seguintes, contratado pela Odeon, lança

mais dois discos, esses já com música e letra. A Bossa Romântica de Sérgio Ricardo(1960) e

Depois do Amor(1961). O repertório dos discos deixa claro que a gravadora queria evidenciar

um artista vinculado ao movimento bossanovista, o disco de 1960 é autoral e inclui a já

sucesso na voz de Maysa, Bouquet de Isabel, e indica uma vertente engajada do artista com

destaque para a canção Zelão4, mas com modo de cantar e instrumental que marcam as obras

bossanovistas, já o LP de 1961 traz canção de outras artistas, muitos vinculados à Bossa

Nova, são eles: Roberto Menescal,Carlos Lyra, Johnny Alf, Vinicius de Moraes, Tom Jobim,

entre outros.

A Bossa Nova galgava cada vez mais espaço, mas em 1960 houve um racha no

movimento, uma briga entre Ronaldo Bôscoli e Carlos Lyra dividiu o movimento. Com Lyra

ficaram os irmãos Castro Neves, Alaíde Costa e Silvinha Telles, já com Bôscoli ficaram Nara

Leão, Roberto Menescal e Sérgio Ricardo, entre outros(CASTRO,1990:257).

Mesmo com o racha, artistas dos dois grupos participam do emblemático show no

Carnegie Hall, ocorrido em 21 de novembro de 1962, show que projetou a Bossa Nova para o

mundo, no qual Sérgio Ricardo cantou Zelão e Nosso Olhar. O cantor havia sido convidado

pela cônsul em Nova York, Dora Vasconcellos. Além de apresentar no Carnegie Hall, Sérgio

Ricardo exibiu seu curta Menino da Calça Branca no Festival de Cinema de São Francisco

(PACE,2010:64).

Sérgio Ricardo estava cada vez mais engajado em suas letras e trabalhos no cinema. O

artista frequentava reuniões no CPC(Centro Popular de Cultura), era próximo dos cineastas do

Cinema Novo, do teatro engajado, e foi um dos primeiros artistas da música a gravar canções

que tinham relação com o ideal do CPC. Esse engajamento do artista é o próximo tema

abordado.

4 O engajamento do artista será tratado posteriormente nesse artigo.

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CPC, engajamento

Em depoimento para sua biografa, Sergio Ricardo conta que foi a música Zelão que o

aproximou do CPC, o cantor, que na época trabalhava na TV Tupi como ator, foi levado pelo

colega Chico de Assis em reuniões do movimento cultural que vinha surgindo

(PACE,2010:67).

Todo morro entendeu quando o Zelão chorou

Ninguém riu, ninguém brincou, e era Carnaval

No fogo de um barracão

Só se cozinha ilusão

Restos que a feira deixou

E ainda é pouco só

Mas assim mesmo o Zelão

Dizia sempre a sorrir

Que um pobre ajuda outro pobre até melhorar

Choveu, choveu

A chuva jogou seu barraco no chão

Nem foi possível salvar violão

Que acompanhou morro abaixo a canção

Das coisas todas que a chuva levou

Pedaços tristes do seu coração.

Todo morro entendeu quando o Zelão chorou

Ninguém riu, ninguém brincou, e era Carnaval5

A música evoca explicitamente uma mazela social, a vida no morro, o barracão, o

drama do morador do morro que perde a casa durante uma chuva. Segundo o compositor,

Chico de Assis achava que Zelão tinha os mesmos ingredientes das propostas do CPC –

moderno com o social, e estimulou o artista a seguir outros rumos nas composições (até então

não tão vinculadas ao social) (PACE,2010:67).

Em A Canção no Tempo, Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello elegem as canções

que tiveram grande importância na música brasileira. Zelão é uma das sete músicas

destacadas por eles no ano de 1960. A canção foi feita inspirada em dois momentos, Zelão era

um negro forte de uns dois metros de altura, que trabalhava para seu tio como chofer de

5 Composição de Sérgio Ricardo. Gravada pela primeira vez no disco Não gosto mais de mim: a bossa romântica

de Sérgio Ricardo. Odeon, 1960.

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caminhão em Marília(SP). O segundo momento é, já no Rio de Janeiro, Sérgio Ricardo

impressionado com uma forte chuva que deixou muitos desabrigados, então resolve compor a

música. O cantor então transporta seu herói do interior para a favela carioca. Zelão, mesmo

sendo uma música de cunho social, foi inicialmente vinculada à Bossa Nova. O sucesso do

cantor na Bossa Nova possibilitou que ele financiasse seu primeiro Curta, Menino da Calça

Branca, que também tinha forte temática social (MELLO;SEVERIANO,2006:42). Cabe,

então, fazer uma explicação sobre o que seria o Centro Popular de Cultura (CPC).

Fomentando essa efervescência cultural do final da década de 1950, a UNE (União

Nacional dos Estudantes) criou o CPC (Centro Popular de Cultura). O grupo contava com

dezenas de artistas engajados (músicos, atores, poetas, cineastas, dentre outros), que optavam

pelo caminho de “ser povo”, o conceito usado por eles era de “arte popular revolucionária”.

Baseando-se nesse conceito, o artista e o intelectual deveriam assumir um compromisso de

“clareza” com o público, ou seja, falar do “povo” para o “povo”. Segundo Heloísa Buarque de

Hollanda, esse esforço poderia ser visto como uma forma de “adestramento”, a linguagem

intelectual travestida de povo teria aspecto ficcional. (HOLLANDA,1980:19).

Os CPCs rapidamente se espalharam pelo Brasil nos diretórios das universidades.

Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, entre outras cidades tinham seus grupos,

o que facilitava uma interação entre os estados e a difusão da cultura. Além disso, havia

unidades móveis do CPC, que viajavam pelo país, o que facilitava a divulgação dos trabalhos

realizados pelo grupo (RIDENTI,2000:108-110).

O artista popular revolucionário podia ser o indivíduo que morava na Zona Sul,

trabalhava, ganhava dinheiro, tinha família; mas, que via as mazelas sociais, como a vida na

favela. Sua ação política seria doutrinária por questão de honra. A ideia seria comover e

culpar: comover pela denúncia de miséria, narrando a vida do trabalhador; e culpar o sistema

desigual em que se vivia (HOLLANDA,1980:25-26). Mesmo considerado contraditório por

alguns setores, o CPC conseguiu um alto nível de mobilização nas camadas jovens artísticas e

intelectuais. Foram produzidos pelo grupo cadernos poéticos chamados violão de rua, nos

quais eram publicados poemas engajados, assim como o filme Cinco vezes favela que também

é uma produção do grupo, em que foram revelados os diretores Cacá Diegues, Joaquim Pedro

de Andrade, entre outros(NAPOLITANO,2014:22).

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Em o “Novo é o Povo”, um dos manifestos do CPC, ao afirmar que os artistas optaram

por ser “povo”, propõe eliminar barreiras entre artista e público. A arte cepecista partia, então,

da cultura popular a qual daria novos contornos e teria maior apropriação do público.

(COSTA,2014:35).

Sérgio Ricardo, que antes era ligado à Bossa Nova, fala da sua aproximação com o

grupo cepecista:

No CPC eu era sempre só convidado, eu era sempre convidado para show para cá e

show para lá. Eu nunca participei de discussões, não participei de nada. Na

verdade, eu participava mesmo era das discussões com o Cinema Novo. Tinha

uma certa diferença com o CPC porque o CPC era muito radical. E por exemplo, o

meu filme o Menino da Calça Branca que é uma temática social só porque tem um

lirismo de um garoto que ganha uma calça e não sei o que ele foi considerado

romântico, e o CPC não colocou o meu filme no Cinco Vezes Favela que eram

filmes “radicais”.

[...] É mas eu entendo que o CPC teve muita importância, porque ele pode espalhar

pelo Brasil através das universidades uma preocupação com a cultura brasileira

pelo lado social e tal que eu acho uma coisa muito importante o papel que ele

desempenhava. Só não gosto daquela radicalização. (SÉRGIO RICARDO,2014).

Nos dois trechos apresentados, podemos observar que os artistas eram convidados a

participar das discussões pelo CPC, entretanto, concordavam em maior ou menor grau com as

ideias do movimento. Exemplo disso é que Sérgio Ricardo, mesmo não concordando com o

radicalismo do movimento, participa de diversas ações promovidas pelo grupo. Há também de

destacar o processo da memória, o depoimento do cantor, gravado mais de cinco décadas

depois, passa por um processo de reedificação. O passado é espelhado no presente, e a

reconstrução dessa memória inclui ênfases, lapsos, omissões, esquecimento,contribuído pelo

que passou sob olhar do depoente (DELGADO,2010:16). Ao mesmo tempo, o artista destaca

o papel central do CPC, ao difundir pelo país a preocupação com a cultura brasileira, a

preocupação com falar para o povo e do povo. E essa preocupação com a cultura nacional

fazia com que os artistas, mesmo não pertencendo ao ambiente acadêmico, participassem dos

eventos promovidos em favor da difusão da cultura. Essa memória reconstruída passa por

diversos pontos, o artista teve seu curta-metragem excluído da produção do Cinco Vezes

Favela o que pode ter contribuído para um afastamento do movimento, entretanto, o nome do

artista está, por diversas vezes, citado em obras sobre o CPC.

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Como já ressaltado anteriormente, no início da década de 1960, Sérgio Ricardo

começa a frequentar as reuniões do CPC, o que colabora em um maior engajamento do seu

trabalho. Entre 1963 e 1964 ele compõe a trilha sonora do filme Deus e o Diabo na Terra do

Sol, de Glauber Rocha. As letras feitas por Glauber, baseado em um cordel, foram todas

musicadas por Sérgio Ricardo. Glauber Rocha ainda trouxe umas fitas do Nordeste para que

Sérgio Ricardo pudesse inspirar na hora das composições. Sérgio, ainda muito associado ao

gênero bossanovista, tinha uma interpretação contida, mesmo nas músicas de temática social,

o modo de cantar do gênero musical predominava.

Sobre a interpretação de Sérgio Ricardo na trilha do filma Glauber Rocha

diz:“Transformei o Sérgio em ator – gritei, ele ficou nervoso, deixou os preconceitos e soltou

a voz e os dedos no violão” (RICARDO;ROCHA,1963). O cantor ressalta a importância da

trilha do filme em sua carreira “A partir do filme de Glauber Rocha, Deus e o Diabo na Terra

do Sol, de uma pesquisa com uma série de discos que ele mandava e fitas que ele gravava no

sertão, fui tomando conhecimento dessa música Nordestina” (TERRA; CALIL,2013:179).

Ainda em 1964, Sérgio Ricardo recebe convite de Aloysio de Oliveira para gravar na

recém-lançada Elenco. A gravadora teve quase todos os nomes vinculados ao gênero

bossanovista, Vinícius de Moraes, Nara Leão, João Donato, Tom Jobim, Dick Farney, entre

outros passaram pelo quadro de artistas ligados ao selo Elenco (CASTRO,1990:337).

Mesmo estando dentro de uma gravadora predominantemente constituída de Bossa

Nova, o LP Sérgio Ricardo Um Senhor de Talento tem grande engajamento em suas letras, é

explicita a relação com temáticas populares, como pregava os manuais cepecistas. O disco,

então, aumenta a distância entre Sérgio Ricardo e a Bossa Nova.

Em entrevista ao jornal O Globo, o cantor renega a Bossa Nova, mesmo caminho feito

por Nara Leão quando rompe com o movimento. O cantor que havia feito pesquisas pelo

Nordeste brasileiro, fala de sua nova fase. O subtítulo desse trecho da reportagem é Negação,

e vem acompanhado do seguinte texto:

Sérgio Ricardo é, cada vez mais intensivo. Trabalha mais da metade do seu dia nas

músicas que apresenta, tendo viajado muito por esse Brasil afora, recolhendo

material com gravador de fita a tira-colo[sic] – Iniciei com uma fase romântica,

que alcançou algum sucesso artístico. Hoje nego essa fase como meio de

comunicação com o público. Mas, não nego: foi uma fase preparatória para a fase

na qual eu me encontro agora. E é negando essa minha fase romântica que eu nego,

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também, todo o movimento da Bossa Nova e seus símbolos mais representativos,

mesmo respeitando relativamente seus valores estéticos. Faço uma exceção: João

Gilberto. E só.(O GLOBO, 1966).

Fica evidente que, para o engajamento do cantor, o rompimento com a Bossa Nova

teria de ser explicito. Nascido na Zona Sul carioca, o movimento era tudo que o CPC

rechaçava, elitista, com melodias elaboradas e letras que falavam de sol, amor, céu, que não

trariam nenhuma mensagem política, nem identificação com as camadas populares. Portanto,

romper com o movimento pela imprensa é deixar claro de que lado estava, é uma atitude

política, em um momento que a ditadura cerceava as liberdades no país.

O engajamento de Sérgio Ricardo não ocorreu apenas na área musical, o artista

produziu filmes com temáticas e estéticas bem similares às pregadas pelo CPC. Suas películas

cinematográficas são bem próximas com as produzidas por cineastas ligados ao Cinema

Novo, mesmo produzindo no mesmo período que esses cineastas, tendo ideal estético e

engajamento semelhante, e ainda produzindo trilhas para outros cineastas. O cantor, por

muitas vezes, não é citado em obras que falam sobre o Cinema Novo.

Sérgio Ricardo e o Cinema

Durante sua carreira Sérgio Ricardo transitou por várias áreas da cultura, o cinema é

uma delas. Como destacado anteriormente, sua primeira incursão no cinema, como diretor, foi

dirigindo e produzindo o curta Menino da Calça Branca(1961). O filme fala de um menino

morador da favela, que tem como sonho ganhar uma calça branca. Além da pureza infantil em

um ambiente hostil, o filme aborda a vida na favela, com o realismo do cinema novo, focando

nas construções de barracões da favela, e nas mazelas na vida do menino e de outros

moradores da favela.

Já em 1964, Sérgio Ricardo lança a película Esse Mundo é Meu. O longa-metragem

aborda a vida de dois trabalhadores moradores do morro carioca. De um lado um engraxate

que sonha em comprar uma bicicleta, do outro um operário que luta por melhores condições

de trabalho, enquanto tenta dissuadir a mulher de abortar, pois não tem dinheiro para dar boa

vida ao filho.

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Juliana do Amor Perdido foi lançado no ano de 1970, o filme aborda a vida dos

pescadores do litoral, explorados por um estrangeiro que paga pouco pelo produto obtido por

eles. Aborda ainda o trem como forma de circulação de informação (consciência). E ainda a

santificação da filha do chefe dos pescadores, que serviria para afastar os homens do assedio à

sua filha.

O filme de 1974 é A Noite do Espantalho, um cordel que mistura o realismo fantástico

com elementos do cotidiano do camponês. Um dragão quer comprar as terras do coronel, mas

sem os camponeses, esses, por não ter para onde ir, organizam uma resistência e são atacados

pelos jagunços6.

A discussão sobre esses filmes não será aprofundada nesse artigo, as sinopses

apresentadas têm como objetivo explicitar que o engajamento de Sérgio Ricardo se deu em

outras frentes, não apenas nas músicas, mas no cinema, em trilhas de filmes de outros

diretores, trilhas de teatro e atuação em teatro.

Como observado no pequeno resumo sobre os filmes, todos tratam de temáticas

sociais, mesmo após a extinção do CPC (pela ditadura militar), em 1964, os seus ex-

integrantes, ou simpatizantes, continuaram levando adiante seus ideais.

Em todos os filmes os protagonistas fazem parte da camada popular brasileira, são

trabalhadores explorados, vivem em condições simples, muitas vezes de forma desumana. As

locações das filmagens são também em locais onde habitam pessoas simples. O filme A Noite

do Espantalho foi gravado em Nova Jerusalém, interior de Pernambuco. Sérgio Ricardo fez

questão de trabalhar com atores oriundos da região nordeste, que muitas vezes não tinham

destaque nas produções do eixo Rio-São Paulo. Ainda contou com a população do lugar como

figurante (O GLOBO, 1973). Fica evidente então que seu trabalho, em diferentes vertentes

das artes é permeado pelo engajamento e crítica social.

Sérgio Ricardo Hoje

6 As sinopses dos filmes citados, têm como referência os DVDs com a obra cinematográfica de Sérgio Ricardo.

Lançados pela Lume Filmes, em 2013.

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A imagem cristalizada do cantor Sérgio Ricardo pela grande mídia, é a do artista

quebrando o violão no palco e arremessando na platéia, no terceiro Festival da Record, em

1967. Entretanto, esse é apenas um aspecto entre tantos dentro da carreira do artista. Mesmo

depois desse episódio o artista continuou participando de outros festivais(MELLO,2003).

Essa imagem cristalizada do cantor pode ter ocorrido, pois o audiovisual altera

também a memória social. Muitas vezes “forçando” a lembrar de determinado

ato/acontecimento(HAGEMEYER,2012:55). A cena dos festivais é uma das poucas que

sobreviveu ao incêndio no arquivo da Record. Ao fazer uma pesquisa no YouTube7, apenas

dois vídeos antigos (entre 1960 e 1980) de apresentações de Sérgio Ricardo na televisão são

encontrados. O primeiro do festival já citado, e o segundo é do Festival da Record de 1968,

cantando a canção Dia da Graça. Dois fatores podem ter colaborado para a ausência de

imagens antigas do artista, a primeira é a falta de conservação dos arquivos das emissoras,

muitos sofreram severas avarias, como o da Record que já sofreu com incêndios algumas

vezes; além disso, esses arquivos são, muitas vezes, inacessíveis ao público e pesquisadores,

ficando nos acervos das emissoras, o que inviabiliza a circulação e difusão. O segundo motivo

foi à censura que o artista sofreu, por ser um cantor engajado, que expunha suas posições

políticas. O artista então acabou em uma “lista negra”, que relacionava o nome de alguns

artistas que deviam ser evitados.

E aí é complicado você conseguir uma gravadora. Porque como é que é? Você não

vai tocar no rádio e se você não vai tocar no rádio você não serve para a gente. E aí

também não procurei muito não, como eu vi que tinha esta proibição eu fiquei na

minha.

Inclusive na televisão. E aí eles com medo não reformularam aquilo e está até hoje.

Você não me vê na televisão, você nunca me vê na televisão, é raro. Você pode me

ver na TV Brasil, Canal Brasil e estas coisas.(SÉRGIO RICARDO, 2014).

Na entrevista, em um primeiro momento fala da dificuldade de conseguir uma

gravadora entre 1967 e 1971, e depois que essa proibição tem resquícios até os dias de hoje,

uma vez que não houve ainda uma abertura para o artista na grande mídia.

Mesmo sem muito espaço na grande mídia, grande parte dos discos do cantor foi

relançada em CD nos últimos anos pela gravadora Discobertas. Os quatro filmes mencionados

7 As pesquisas no YouTube foram realizadas entre os meses de março e abril de 2016.

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saíram em DVD. Possibilitando uma maior circulação dos produtos feitos pelo cantor durante

sua carreira.

Sérgio Ricardo continua na ativa, fazendo shows, produzindo filmes. Sempre

trabalhando de forma engajada, de maneira que exponha as mazelas sociais. O cantor, que há

três décadas mora no morro do Vidigal, fez da sua carreira uma forma de expor para o mundo

o drama dos menos favorecidos.

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HAGEMEYER, Rafael Rosa. História e audiovisual. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

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TERRA, Ricardo; CALIL, Ricardo. Uma noite em 67.São Paulo: Planeta,2013.

Jornais e Revistas

Sérgio Ricardo: Compositor Nega a Bossa Nova. Jornal O Globo. Rio de Janeiro, 19 de agosto de

1966.

Sérgio Ricardo filma um musical trágico em Nova Jerusalém. Jornal O Globo, 03 de agosto de 1973.

Entrevistas

Entrevista concedida pelo cantor e compositor Sérgio Ricardo a Daniel Saraiva, na cidade do Rio de

Janeiro, em 20 de agosto de 2014.

Filmes

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RICARDO, Sérgio. Esse mundo é meu,1964.

RICARDO, Sérgio.Juliana do amor perdido, 1970.

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RICARDO, Sérgio. Não gosto mais de mim- A Bossa romântica de Sérgio Ricardo. Odeon, 1960.

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RICARDO, Sérgio; ROCHA, Glauber. Deus e o Diabo na Terra do Sol. Forma, 1963.

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