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UM ORGANISMO DE CERTIFICAÇÃO ACREDITADO CONTRIBUINDO PARA GARANTIR A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE. Margareth Martins Gonçalves (LATEC / UFF) Resumo: Este artigo apresenta uma contribuição à ideia de difusão de conhecimento sobre a atividade de Avaliação da Conformidade, destacando sua importância para os diferentes segmentos da sociedade, em particular para o setor produtivo, para as autoridades regulamentadoras e para os consumidores. A Avaliação da Conformidade quando realizada por um organismo acreditado segue um processo sistemático, documentado e independente, para obter evidências na auditoria, avaliá-la objetivamente, e determinar a extensão na qual os critérios são atendidos. Além disso, a avalição da conformidade estabelece os requisitos cuja observância se destina a assegurar que os organismos de certificação operem esquemas de certificação de forma competente, consistente e imparcial, facilitando assim o reconhecimento de quem procura a certificação de produtos. O objetivo deste artigo é analisar criticamente o processo de certificação dos produtos realizado pelo Instituto de Nacional de Tecnologia e Inovação (INT) e os resultados obtidos, na certificação dos produtos ao longo de 12 anos de acreditação. Como conclusão, pode-se dizer que a certificação de produtos pode prover confiança para todas as partes interessadas ao certificar um produto. Orientando seus clientes quanto ao atendimento aos requisitos especificados, contribuindo para garantir a segurança de seus produtos e a redução do número das não conformidades nos processos produtivos. Palavras-chaves: Certificação, Importância da Avaliação da Conformidade, Produto Segurança. ISSN 1984-9354

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UM ORGANISMO DE CERTIFICAÇÃO

ACREDITADO CONTRIBUINDO PARA

GARANTIR A IMPORTÂNCIA DA

AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE.

Margareth Martins Gonçalves

(LATEC / UFF)

Resumo: Este artigo apresenta uma contribuição à ideia de difusão de conhecimento sobre a

atividade de Avaliação da Conformidade, destacando sua importância para os diferentes

segmentos da sociedade, em particular para o setor produtivo, para as autoridades

regulamentadoras e para os consumidores.

A Avaliação da Conformidade quando realizada por um organismo acreditado segue um processo

sistemático, documentado e independente, para obter evidências na auditoria, avaliá-la

objetivamente, e determinar a extensão na qual os critérios são atendidos. Além disso, a avalição

da conformidade estabelece os requisitos cuja observância se destina a assegurar que os

organismos de certificação operem esquemas de certificação de forma competente, consistente e

imparcial, facilitando assim o reconhecimento de quem procura a certificação de produtos.

O objetivo deste artigo é analisar criticamente o processo de certificação dos produtos realizado

pelo Instituto de Nacional de Tecnologia e Inovação (INT) e os resultados obtidos, na certificação

dos produtos ao longo de 12 anos de acreditação.

Como conclusão, pode-se dizer que a certificação de produtos pode prover confiança para todas as

partes interessadas ao certificar um produto. Orientando seus clientes quanto ao atendimento aos

requisitos especificados, contribuindo para garantir a segurança de seus produtos e a redução do

número das não conformidades nos processos produtivos.

Palavras-chaves: Certificação, Importância da Avaliação da Conformidade,

Produto Segurança.

ISSN 1984-9354

X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014

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Introdução

Com o importante crescimento da Avaliação da Conformidade como instrumento regulador do mercado

interno e do mercado globalizado, observa-se, entretanto, que ainda é grande o desconhecimento do seu

significado, até mesmo no ambiente empresarial e mais ainda junto ao cidadão.

Com os esforços constantes das organizações, estimulando-as a desenvolver estratégias mais

sofisticadas para obter melhoria contínua e, assim, sobreviver à incessante sede de mudança dos clientes

e/ou a presença dos concorrentes, as organizações buscam a certificação de seus produtos para enfrentar

os desafios futuros.

Além disso, a presença mais efetiva dos órgãos reguladores tem tornado a implantação de sistema de

gestão da qualidade, peça fundamental para garantir o atendimento a todos os requisitos existentes e aos

novos que surgem a todo o momento (Adaptado de ABNT/CB – 25:2008).

Por este motivo neste cenário, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) acreditado junto à

Coordenadoria Geral de Acreditação (Cgcre) do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e

Tecnologia (Inmetro), é responsável pelas certificações em conformidade com a ABNT NBR ISO/IEC

17065:2013, substituta da ABNT NBR ISO GUIA 65:1997 que estabelece os critérios que os

Organismos de Certificação que operam esquemas de certificação de produtos, processos ou serviços

devem atender.

Este artigo é estruturado em cinco seções. A Seção 1 destaca a importância da atividade de Avaliação da

Conformidade como uma estratégia competitiva para o país. A Seção 2 apresenta a Acreditação de

Organismos de Certificação de Produtos. A seção 3 apresenta a Avaliação da Conformidade e a

Certificação de Produtos. A seção 4 apresenta a Análise Crítica do Processo de certificação realizado

pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT). Finalmente, na Seção 5 são apresentadas as considerações

finais.

1. A Avaliação da Conformidade como estratégia competitiva para o país

O processo acelerado de globalização atual, embora necessário e imprescindível para as relações de

comércio internacionais, traz aspectos estratégicos que devem ser permanentemente avaliados.

Em termos industriais, o processo de globalização é tangido pelos grandes conglomerados, sediados,

quase sempre, nas maiores potências econômicas do planeta que, vendo se esgotar os seus mercados

tradicionais, voltem-se para outros, desenvolvendo estratégias que objetivem fundamentalmente o

aumento das escalas de produção e o acesso a recursos, particularmente matérias primas e mão de obra,

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a baixo custo, procurando assim, garantir uma constante melhoria da competitividade e a presença

crescente no mercado.

Na verdade, o processo de globalização é, por natureza, ao mesmo tempo includente e excludente.

Includente, porque traz para o contexto mundial, países até então não participantes da produção de

inúmeros itens. Excludente, porque a distribuição das oportunidades e encargos de produção cabe,

preferencialmente, àqueles países que reúnem as melhores condições de infraestrutura para a obtenção

de maiores níveis de competitividade.

Portanto, cada vez mais países procuram alcançar auto-suficiencia tecnológica e industrial que torne

possível desenvolver os níveis de qualidade e competitividade, garantindo a permanência e/ou inserção

das nações que estão inseridas no processo de globalização.

Neste contexto de qualidade e competitividade, onde a questão técnica torna-se, uma questão

estratégica, situa-se o tema denominado Avaliação da Conformidade.

A expressão avaliação da conformidade está definida como o “exame sistemático do grau de

atendimento por parte de um produto, processo ou serviço a requisitos especificados”.

Portanto, a estratégia competitiva para a participação de um país no comércio internacional tem que,

obrigatoriamente, considerar a infraestrutura tecnológica disponível na área de avaliação da

conformidade, fator decisivo na aceleração ou redução da velocidade do desenvolvimento econômico,

facilitando ou impedindo a participação destes países em mercados internacionais.

Para as empresas, a avaliação da conformidade induz à busca contínua da melhoria da qualidade.

Aquelas que se engajam neste movimento, orientam-se para assegurar a qualidade dos seus produtos,

processos ou serviços, beneficiando-se com a melhoria da produtividade e o aumento da

competitividade, tornando a concorrência mais justa, na medida em que indica, claramente, os produtos,

processos ou serviços que atendem aos requisitos especificados.

Para o estado regulador, a adoção da avaliação da conformidade, no âmbito compulsório, é uma

ferramenta que fortalece o poder regulatório das instituições públicas, sendo um instrumento eficiente

de proteção à saúde e segurança do consumidor e ao meio ambiente. A avaliação da conformidade

instrumentaliza as atividades regulamentadoras pelos órgãos reguladores.

Logo, internamente aos países, a cultura em avaliação da conformidade deve ser disseminada pelos

setores nacionais, governamental e privado, incentivando a percepção da sociedade para a importância

do tema e para as oportunidades a serem conquistadas.

No Brasil, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), agência executiva do

Governo Federal, é o gestor do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC, obedecendo

às políticas públicas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

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Industrial – Conmetro que, por sua vez, é tecnicamente assessorado pelo Comitê Brasileiro de Avaliação

da Conformidade – CBAC.

Na área de Avaliação da Conformidade, o Inmetro é o único acreditador oficial do Estado Brasileiro,

seguindo a tendência internacional como o organismo de acreditação brasileiro pelo Instituto

Accreditation Forum (IAF) e foi o primeiro a possuir este reconhecimento na América Latina. Fonte:

(Livro Avaliação da Conformidade Diretoria da Qualidade - pág: 6 – 5ª Edição, Maio de 2007).

2. Acreditação de Organismos de Certificação de Produtos

A acreditação de Organismos de Certificação de Produtos – OCP representa o reconhecimento da

competência técnica de organismos que conduzem e concedem a certificação de conformidade de

produtos, nas áreas voluntária e compulsória, com base em normas nacionais, regionais e internacionais

ou regulamentos técnicos.

Um sistema concebido para acreditar serviços de avaliação da conformidade dos OACs deve transmitir

confiança para o comprador e para a autoridade regulamentadora. Tal sistema deve facilitar o comércio

através das fronteiras, como buscam as organizações e autoridades em comércio.

A acreditação realizada pela Coordenação Geral de Acreditação (Cgcre) é de caráter voluntário e

representa o reconhecimento formal da competência de um laboratório ou organismo para desenvolver

as tarefas de avaliação da conformidade, segundo requisitos estabelecidos.

A acreditação é realizada junto a:

Laboratórios de calibração e ensaio

Organismos de Certificação

Organismos de Inspeção

As organizações são acreditadas para realizar a certificação em conformidade com seus escopos. Esses escopos

são definidos com base em atividades econômicas (agricultura, mineração, alimentos, têxteis, couro, polpa,

editoras, empresas de impressão, produtos químicos, produtos farmacêuticos, borrachas, concreto, máquinas e

equipamentos, aeroespacial, construção civil, combustível nuclear, educação, metais básicos e produtos

metálicos fabricados, etc.). (Inmetro:2014)

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A Figura 1 apresenta uma visão simplificada do processo de acreditação/certificação de sistemas de

gestão da qualidade.

Executa avaliação segundo uma norma específica Ex.: NBR ISO/IEC 17021

Executa avaliação segundo uma norma específica Ex.: Sistema de Gestão da Qualidade NBR 15100/AS 9100

Fonte: (Adaptado de Inmetro:2014)

Figura 1 – Processo de acreditação/certificação de sistemas de gestão da qualidade

2.1 A Acreditação segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17065: 2013 que substitui a

ABNT NBR ISO GUIA 65:1997

A ABNT NBR ISO/GUIA 65:1997 foi utilizada durante anos pelas organizações de vários setores,

porém a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sentindo a necessidade de se adequar as

novas tendências internacionais criou Comissão de Estudo de Avaliação da Conformidade (CE-

25:000.04) no Comitê Brasileiro de Qualidade (ABNT/CB, 25) sendo elaborado o Projeto de norma

25:000.04-017. Este projeto circulou em Consulta Nacional conforme Edital nº 06, de 17/06/2013 a

16/07/2013, dando origem a norma ABNT NBR ISO/IEC 17065:2013.

Esta norma é uma adoção idêntica, em estrutura e redação a que foi elaborada pelo Committee on

Conformiry Assessment (ISO/CASCO), conforme ISO/IEC Guide 21-1-2005. Esta Norma cancela e

substitui a ABNT NBR ISO/IEC GUIA 65:1997.

A Norma ABNT NBR ISO/IEC 17065:2013 contém os requisitos para a competência, operação

consistente e imparcialidade para os organismos de certificação de produtos, processos e serviços. Os

organismos de certificação que operam com esta Norma não precisam oferecer certificação de todos os

tipos de produtos, processos e serviços.

A certificação de produtos, processos e serviços é uma atividade de avaliação da conformidade de

terceira parte (ABNT NBR ISO/IEC 17000:2001, item 5.5).

Organismo Acreditador (CGCRE/INMETRO) Reconhecer a competência da certificadora

Certificadora (IFI) Certifica que a organização (empresa) cumpre uma norma específica

Organização (empresa)

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2.1.1 Principais diferenças da NBR ISO/IEC 17065:2013 com a NBR ISO/IEC Guia

65:1997

Conteúdo da ISO/IEC 17065:2013 alinhado aos novos requisitos de estrutura decididos pela ISO

CASCO (8 capítulos ao invés de 15 como no Guia 65), tais como:

1. Escopo

2. Referências normativas

3. Termos e definições

4. Requisitos gerais

5. Requisitos de estrutura

6. Requisitos de recursos

7. Requisitos de processo

8. Requisitos de sistema de gestão

Modificações baseadas no ISO/PAS – Publicly Avaiable Specification;

Revisão de Termos e Definições (Item 3);

Introdução da abordagem funcional da ISO/IEC 17000 nos requisitos de processo (Item 7);

Informações sobre a aplicação da nova norma para processos e serviços (Anexo B);

Melhoria dos requisitos de imparcialidade;

Consolidação dos requisitos de sistema de gestão no item 8;

Introdução de princípios para organismos de certificação de produtos e suas atividades no Anexo

A;

Melhoria por levar em conta o IAF GD 5;

Inclusão de uma referência a esquemas de certificação, para os quais informações adicionais são

fornecidas no NBR ISO/IEC 17067.

2.2 INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

Objetivando integrar uma estrutura sistêmica foi criado pela Lei 5.966, de 11 de dezembro de 1973, o

Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, constituído pelo Conmetro e

Inmetro, cabendo a este último substituir o então Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM) e

ampliar significativamente o seu raio de atuação a serviço da sociedade brasileira.

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No âmbito de sua missão institucional o Inmetro objetiva fortalecer as empresas nacionais, aumentando

sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de produtos e

serviços. Sua missão é prover confiança à sociedade brasileira nas medições e nos produtos, através da

metrologia e da avaliação da conformidade, promovendo a harmonização das relações de consumo, a

inovação e a competitividade do País. (Inmetro: 2013).

No Brasil, o Inmetro, por meio da Cgcre – Coordenação Geral de Acreditação é o responsável pela

acreditação de laboratórios, organismos de certificação, organismos de inspeção e organismos de

verificação de desempenho.

A acreditação representa o reconhecimento formal da competência de um organismo para desenvolver

tarefas específicas de certificação, segundo requisitos estabelecidos pelo Inmetro.

Ao longo dos anos, as atividades do Inmetro foram evoluindo e, em 1992, foi criado o Comitê Brasileiro

de Certificação (atualmente Comitê de Avaliação da Conformidade), com a função de aprovar

procedimentos, critérios e regulamentos para a acreditação de organismos de certificação. A partir deste

momento, o Inmetro passou a acreditar e auditar os organismos de certificação públicos e privados

segundo algumas normas, entre elas a ABNT NBR ISO 9001:2008 e ABNT NBR ISO 14001:2003.

Dentre as competências e atribuições do Inmetro destacam-se:

Prestar suporte técnico e administrativo ao Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial - Conmetro, bem assim aos seus comitês de assessoramento, atuando como

sua Secretaria-Executiva;

Fomentar a utilização da técnica de gestão da qualidade nas empresas brasileiras;

Manter e conservar os padrões das unidades de medida, assim como implantar e manter a cadeia

de rastreabilidade dos padrões das unidades de medida no País, de forma a torná-las harmônicas

internamente e compatíveis no plano internacional, visando, em nível primário, à sua aceitação

universal e, em nível secundário, à sua utilização como suporte ao setor produtivo, com vistas à

qualidade de bens e serviços;

Fortalecer a participação do País nas atividades internacionais relacionadas com metrologia e

qualidade, além de promover o intercâmbio com entidades e organismos estrangeiros e

internacionais;

Planejar e executar as atividades de acreditação de laboratórios de calibração e de ensaios, de

provedores de ensaios de proficiência, de organismos de certificação, de inspeção, de

treinamento e de outros, necessários ao desenvolvimento da infraestrutura de serviços

tecnológicos no País;

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Desenvolvimento, no âmbito do Sinmetro, de programas de avaliação da conformidade, nas áreas

de produtos, processos, serviços e pessoal, compulsórios ou voluntários, que envolvem a

aprovação de regulamentos.

Executar as políticas nacionais de metrologia e da qualidade;

Verificar a observância das normas técnicas e legais, no que se refere às unidades de medida,

métodos de medição, medidas materializadas, instrumentos de medição e produtos pré-medidos.

(Inmetro:2014).

2.3 O Processo de Acreditação

A acreditação no Brasil é formalizada e regida por um contrato assinado entre a organização e a

Coordenadoria Geral de Acreditação do Inmetro, com validade de 4 anos. Atualmente, adota-se o TCA

– Termo de Compromisso de Acreditação, em substituição ao contrato (Inmetro:2014).

A Figura 2 apresenta o Fluxograma básico do processo de acreditação.

De posse destas informações básicas, a organização encaminha a solicitação pertinente junto com os documentos necessários. O

Inmetro verifica a viabilidade de atender à solicitação e, se

necessário, solicita documentação adicional ou, no caso dos laboratórios, realiza uma visita de pré-avaliação.

A documentação é analisada por uma equipe formada por avaliadores/auditores qualificados e especializados nas

atividades que serão avaliadas/auditadas.

No sentido de verificar a implementação do sistema da

qualidade, a equipe realiza a avaliação/auditoria e, dependendo

do tipo de acreditação, haverá uma auditoria-testemunha.

Com as informações resultantes das etapas anteriores, a

Comissão de Acreditação analisa todo o processo e emite parecer ao coordenador da área de acreditação, que tomará a

decisão sobre a concessão ou não da acreditação.

Em caso favorável, a organização terá status de acreditado

somente após a assinatura do contrato (TCA).

Fonte: (Inmetro:2014)

Figura 2 – Fluxograma básico do processo de acreditação

Solicitação de acreditação

Visita preliminar (se

pertinente)

Análise da solicitação

Entrega de documentos e pagamento pela

análise da documentação, pelo organismo

solicitante.

Análise da documentação, e ações

corretivas (se pertinente).

Auditoria no organismo, e ações

corretivas (se pertinente).

Auditoria – Testemunha (quando organismo

realiza auditoria nas instalações do cliente), e

ações corretivas (se pertinente).

Acreditação / Contrato

Certificação

Anexo do Certificação (escopos de acreditação)

Manutenção da acreditação (atividades de supervisão)

Reacreditação de 4 em 4 anos

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Acreditação é o reconhecimento formal, concedido por um organismo autorizado, de que a entidade foi

avaliada, segundo guias e normas nacionais e internacionais e tem competência técnica e gerencial para

realizar tarefas específicas da conformidade de terceira parte.

O processo inicia-se com a obtenção, no site do Inmetro, das informações necessárias para a acreditação

do organismo. (Inmetro:2014).

2.4 INT – Instituto Nacional de Tecnologia

O Instituto Nacional de Tecnologia – INT é um órgão da Administração Federal Direta, unidade de

pesquisa integrante da estrutura básica do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação – MCTI, na

condição de Organismo de Certificação de Produtos – OCP, acreditado pela Coordenadoria Geral de

Acreditação do Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia em 04/07/2001,

detentor do Certificado de Acreditação nº OCP-0023, válido até 04/07/2017. O INT é acreditado

segundo os requisitos estabelecidos na ABNT ISO/IEC Guia 65:1007 e encontra-se atualmente em

processo de adequação aos requisitos da ABNT NBR/ISO/IEC 17065:2013 – Avaliação da

Conformidade – Requisitos para organismos de certificação de produtos, processos e serviços. Essa

acreditação constitui a expressão formal do reconhecimento de sua competência para realizar

certificação de produtos.

O organismo de certificação é a pessoa jurídica legalmente responsável por todas as atividades de

certificação.

Os princípios dos organismos de certificação são imparcialidade, competência, confiabilidade,

transparência, acesso a informação, capacidade de respostas a reclamações e apelações, e

responsabilidade.

De acordo com a ABNT NBR ISO/IEC 17065:2013 o objetivo maior da certificação de produtos é dar

confiança a todas as partes interessadas em que um produto atenda aos requisitos especificados nas

normas e nos documentos normativos. O valor da certificação é o grau de segurança e confiança que é

estabelecido por uma demonstração imparcial e competente do atendimento de requisitos especificados

por uma terceira parte.

Quem operacionaliza as certificações no INT é a Divisão de Certificação de Produtos – DCER.

Os escopos acreditados, isto é, os produtos aos quais à certificação é concedida pelo INT são:

1. Preservativos masculinos de látex de borracha natural;

2. Capacetes para condutores e passageiros de motocicletas e similares;

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3. Fósforos de segurança;

4. Embalagens destinadas ao envasilhamento de álcool etílico;

5. Luvas cirúrgicas e de procedimentos não cirúrgicos de borracha natural, borracha sintética e de

mistura de borracha sintéticas;

6. Cachaça;

7. Produtos Orgânicos;

8. Implantes Mamários;

O INT como certificador de produtos orgânicos é fruto não só da acreditação do Inmetro, requisito

essencial para ser um Organismo de Certificação de Produtos, mas resultado do credenciamento pelo

MAPA em 23/11/2011 sob n° 010 como Organismo de Avaliação da Conformidade Orgânica

(certificadora) nos seguintes escopos:

1. Produção Primária Vegetal;

2. Produção Primária Animal, incluindo agricultura;

3. Processamento de Produtos de Origem Vegetal;

4. Extrativismo Sustentável Orgânico

Como exigência, a ABNT NBR ISO/IEC 17065/2013 solicita que cada escopo tenha sua relação de

documentos e registros formais para a certificação. Os procedimentos que estabelecem os critérios

gerais utilizados pelo INT para a certificação de produtos são os Procedimentos Operacionais da

Qualidade – POQ’s.

3. A Avaliação da Conformidade e a certificação de produtos

A Avaliação da Conformidade de um objeto qualquer, quando tratado sistematicamente, lança mão de

um conjunto de técnicas de gestão da qualidade, com vistas a proporcionar confiança de que o objetivo

submetido à avaliação atende a requisitos estabelecidos em uma norma ou regulamento técnico.

O grande desafio ao se criar um programa de avaliação da conformidade é selecionar um conjunto

mínimo destas técnicas de gestão da qualidade, suficientes para proporcionar confiança na

conformidade, mas com o melhor custo/benefício para as partes interessadas.

Esse processo sistematizado de avaliação da conformidade normalmente envolve, entre outras ações:

Selecionar norma ou regulamento;

Coletar amostras;

Efetuar análise de tipo;

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Selecionar o laboratório responsável pelos ensaios;

Realizar os ensaios;

Realizar as inspeções;

Interpretar os resultados dos ensaios ou inspeções;

Realizar auditorias no sistema de gestão da qualidade do fornecedor;

Realizar auditorias de acompanhamento;

Definir sistemática de tratamento das não conformidades eventualmente identificadas;

Avaliar e acompanhar o produto no mercado.(INT/2014)

Pelo exposto, cabe destacar que um programa de Avaliação da Conformidade tem um momento de

avaliação inicial da conformidade do objeto, que é continuado por um conjunto de ações de

acompanhamento e controle para que o gestor do programa possa se certificar de que o produto está

efetivamente sendo posto no mercado em conformidade com as regras para ele estabelecidas.

Esta fase de acompanhamento e controle é certamente mais complexa do que a da avaliação inicial e,

portanto, exige maior grau de sistematização.

O sistema de certificação de produtos é um conjunto de recursos e regras mínimas com o objetivo de

orientar a organização e executar de maneira adequada e no tempo devido o processo de certificação.

Fonte: (Livro Avaliação da Conformidade – 5ª Edição, 2007).

A certificação é uma modalidade de avaliação da conformidade realizada por uma organização

independente das partes diretamente envolvidas na relação comercial. Certificar um produto, serviço ou

sistema significa comprovar junto ao mercado e aos clientes que a organização possui um sistema de

fabricação controlado, investe em treinamento de pessoal ou possui sistema de gestão ativo, garantindo

que as atividades especificadas estão de acordo com as normas. (ABNT/2014).

A certificação de produtos deve estar em conformidade com o modelo de gestão de fabricação e de

prestadores de serviço em relação a requisitos normativos, como, por exemplo, sistema de gestão da

qualidade estabelecido por critérios da ABNT NBR/ISO 9001:2009.

O objetivo maior da certificação de produtos, processos ou serviços é dar confiança a todas as partes

interessadas em que um produto, processo ou serviço atendam a requisitos especificados. O valor da

certificação é o grau de segurança e confiança que é estabelecido por uma demonstração imparcial e

competente do atendimento de requisitos especificados por uma terceira parte. As partes que têm

interesse em certificação incluem, mas não estão limitadas a:

a) Clientes dos organismos de certificação;

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b) Clientes das organizações cujos produtos, processos ou serviços estão certificados;

c) Autoridades governamentais;

d) Organizações não governamentais;

e) Consumidores e outros membros do público;

Para garantir o êxito no processo de certificação, é fundamental a escolha correta dos serviços de

treinamento, consultoria e certificação. Essa escolha pode ser realizada, por exemplo, com base em

informações de outras organizações certificadas.

Cabe ainda ressaltar que, em hipótese alguma, o organismo de certificação a ser contratado deverá ser

do mesmo grupo da consultoria, pois isso colabora para a redução da credibilidade da certificação do

sistema.

Os organismos acreditados pelo Inmetro realizam as certificações baseadas em diversas normas

técnicas, que estabelecem um modelo para as organizações em geral. (ABNT/CB:2013).

3.1 Certificação de produtos

Entende-se por certificação a atividade desenvolvida por um organismo para avaliar a conformidade de

produtos, serviços e fornecedores quanto a especificações e/ou requisitos. Os critérios adotados pela

Cgcre para a acreditação desses organismos são baseados na ABNT NBR ISO/IEC 17065:2013 (que

substituiu a ABNT NBR ISO/IEC Guia 65:1997) e suas interpretações pelo IAF e IAAC.

A certificação de produtos, processos, serviços, sistemas de gestão e pessoal é, por definição, realizada

por uma terceira parte, por organização independente, acreditada pelo Inmetro, para executar a avaliação

da conformidade de um ou mais objetos.

Certificação de Produtos, Processo ou Serviços.

Dependendo do produto, do processo produtivo, das características da matéria prima, de aspectos

econômicos e do nível de confiança necessário, entre outros fatores, determina-se o modelo de

certificação a ser utilizado.

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Os modelos mais utilizados são:

Modelo 1 – Ensaio de Tipo: é o mais simples dos modelos de certificação.

Fornece uma comprovação de conformidade de um item, em um dado momento. É uma operação de

ensaio, única no gênero, efetuada de uma única vez, limitando aí os seus efeitos. É a forma mais simples

e mais restrita de certificação. Os custos são mínimos, mas não se tem o acompanhamento da

conformidade do restante da produção do mesmo modelo. Não é portanto uma avaliação da

conformidade tratada sistematicamente.

Modelo 2 – Ensaio de tipo seguindo de verificação através de Ensaio em Amostras retiradas no

comércio: e um modelo baseado no ensaio de tipo, mas combinado com ações posteriores para verificar

se a produção continua sendo conforme. Essas ações compreendem ensaios em amostras retiradas no

comércio.

Neste modelo, a avaliação cobre também a influência exercida pelo comércio de distribuição e as

condições em que o comprador final recebe o produto, mas não tem caráter preventivo, já que não leva

em consideração o controle da qualidade da fábrica.

Modelo 3 – Ensaio de tipo seguido de verificação através de Ensaio em Amostras retiradas no

fabricante: também baseado no ensaio de tipo, mas combinado com intervenções posteriores para

verificar se a produção continua sendo conforme. Compreende ensaios em amostras coletadas na própria

fábrica.

Esse modelo proporciona a supervisão permanente da produção do fabricante e pode desencadear ações

corretivas quando são identificadas não conformidades.

Modelo 4 - Ensaio de tipo seguido de verificação através de Ensaio em Amostras retiradas no comércio

e no fabricante. Combina os modelos 2 e 3, tomando amostras para ensaios tanto no comércio, como na

própria fábrica.

Dependendo do número de amostras ensaiadas, este modelo pode combinar as vantagens dos modelos 2

e 3, entretanto, torna-se mais oneroso.

Modelo 5 – Ensaio de tipo, Avaliação e Aprovação do Sistema de Gestão da Qualidade do fabricante,

acompanhamento: É um modelo baseado, como os anteriores, no ensaio de tipo, mas acompanhado de

avaliação das medidas tomadas pelo fabricante para o Sistema de Gestão da Qualidade de sua produção,

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seguido de um acompanhamento regular, por meio de auditorias, do controle da qualidade da fábrica e

de ensaios de verificação em amostras coletadas no comércio e na fábrica.

Este é o modelo mais utilizado no Sistema de Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC) e

proporciona um sistema confiável e completo de avaliação da conformidade de uma produção em série e

em grande escala.

Modelo 6 – Avaliação e aprovação do Sistema de Gestão da Qualidade do fabricante: é o modelo no

qual se avalia a capacidade de uma indústria para fabricar um produto conforme uma especificação

determinada. Este modelo não é adequado para a certificação de produto, já que não avalia a

conformidade do produto final, e sim, a capacidade da empresa em produzir determinado produto em

conformidade com uma especificação pré-estabelecida.

Modelo 7 – Ensaio de Lote: nesse modelo, submete-se a ensaios amostras retiradas de um lote de

fabricação do produto, emitindo-se, a partir dos resultados, uma avaliação sobre sua conformidade a

uma dada especificação.

Esse modelo baseia-se no método “passa, não passa” para a aceitação de um lote e é muito utilizado na

importação de produtos com exigência de certificação compulsória. Aprova-se cada um dos lotes

importados.

Modelo 8 – Ensaio 100%: é o modelo no qual todo o universo de produtos é atestado quanto ao

cumprimento dos requisitos estabelecidos na norma ou no regulamento técnico referente àquele produto.

Este modelo é utilizado quando envolve muitos riscos. Os ensaios, obviamente, não podem ser

destrutivos e seus custos são elevados. Fonte: (Livro Avaliação da Conformidade – Diretoria da

Qualidade - pág: 21 – 5ª Edição, Maio de 2007).

3.2 A Norma ABNT NBR ISO 9001:2008 como parte do Processo de Certificação de

produtos

A denominação "International Organization for Standardization" permite diferentes acrônimos em

diferentes idiomas (IOS em inglês, OIN em francês, OIP em português) e, por isso, seus fundadores

decidiram usar a abreviatura ISO, que significa "igual". Qualquer que seja o país ou a linguagem, a

abreviatura é sempre ISO, que vem do grego "isos" que significa igual, igualdade, pois o sistema prevê

que os produtos detenham o mesmo processo produtivo para todas as peças.

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A expressão ISO 9000 designa um grupo de normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão da

qualidade para organizações em geral, qualquer que seja o seu tipo ou dimensão.

ISO é uma organização não governamental fundada em 1947, em Genebra, e hoje presente em cerca de

160 países. A sua função é a de promover a normatização de produtos e serviços, para que a qualidade

dos mesmos seja permanentemente melhorada.

Esta família de normas estabelece requisitos que auxiliam a melhoria dos processos internos, a maior

capacitação dos colaboradores, o monitoramento do ambiente de trabalho, a verificação da satisfação

dos clientes, colaboradores e fornecedores, num processo contínuo de melhoria do sistema de gestão da

qualidade. Aplicam-se a campos tão distintos quanto: materiais, produtos, processos e serviços.

A adoção das normas ISO é vantajosa para as organizações uma vez que lhes confere maior

organização, produtividade e credibilidade - elementos facilmente identificáveis pelos clientes -,

aumentando a sua competitividade nos mercados nacional e internacional. Os processos organizacionais

necessitam ser verificados através de auditorias externas independentes.

As organizações que pretendem obter ou manter a certificação de sistemas de gestão da qualidade

devem cumprir todos os requisitos da norma apresentados na tabela abaixo, salvo os requisitos da seção

7 que podem ser excluídos, desde que justificados. (Fonte: NBR ISO 9001:2009).

O Brasil está no grupo dos países que mais crescem em número de certificações em 2010, com aumento

de 4.009 certificações, logo atrás da Itália (8.826), Rússia (9.113) e China (39.961) que lidera o grupo.

Fonte: (Pesquisa ISO9001:2010).

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A Figura 3 apresenta os requisitos da ABNT NBR ISO 9001:2009 (Versão corrigida).

Fonte: (Adaptado da NBR ISO 9001/2009)

Seções e requisitos da NBR ISO 9001/2009

4. Análise Crítica do processo de Certificação realizado pelo INT (Instituto Nacional

de Tecnologia)

Há 12 anos, em 04/07/2001, o INT recebeu a acreditação e iniciou os processos de certificação de

produtos. Tornou-se o primeiro órgão público federal acreditado pelo Inmetro para certificar produtos,

conferindo sua marca de conformidade a produtos certificados. A escolha dos escopos de certificação

foi baseada na disponibilidade de laboratórios da própria instituição que já trabalhavam no tema,

atendendo a outros OCP e auxiliando na elaboração de normas e regulamentos. Os laboratórios do INT,

de Ensaios Mecânicos (atual Laboratório de Ensaios em Produtos) e de Polímeros (atual Laboratório de

Avaliação de Artigos Médico-Hospitalares) já eram acreditados pelo Inmetro e, naturalmente, as

escolhas dos escopos de certificação estavam de acordo com os escopos que estes laboratórios detinham

– preservativos masculinos, embalagens plásticas para envasilhamento de álcool, capacetes de

motociclistas, fósforos de segurança e cadeiras plásticas.

No início de suas atividades, até 2005, basicamente a certificação era operada através do modelo 7,

certificação lote-a-lote e majoritariamente com a certificação de preservativos masculinos. Este modelo,

apesar da forte demanda por ensaios e da exigência de especialização da equipe para uma adequada

SEÇÃO

4. Sistema de Gestão da Qualidade

5. Responsabilidade de direção

6. Gestão de Recursos

7.Realização do produto

8.Medição, análise e melhoria

REQUISITOS

4.1 Requisitos gerais 4.2 Requisitos de documentação

5.1 Comprometimento da direção 5.2 Foco no cliente

5.3 Política da qualidade

5.4 Planejamento 5.4 Responsabilidade, autoridade e comunicação

5.6 Análise crítica pela direção

6.1 Provisão de recursos

6.2 Recursos Humanos 6.3 Infraestrutura

6.4 Ambiente de trabalho

7.1 Planejamento da realização do produto

7.2 Processos relacionados a clientes

7.3 Projeto e desenvolvimento

7.4 Aquisição

7.5 Produção e fornecimento de serviço

7.6 Controle de dispositivos de medição e monitoramento

8.1 Generalidades

8.2 Medição e monitoramento

8.3 Controle de produto não conforme

8.4 Análise de dados

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análise crítica e decisão a respeito de resultados obtidos em laboratório, não exige auditoria nos

fabricantes e nem acompanhamentos da qualidade no mercado. Os clientes do OCP eram basicamente

importadores que forneciam aos programas DST/AIDS do Ministério da Saúde e a regulamentação

limitava a eles a certificação apenas a este modelo de certificação. O trabalho do OCP assumiu um

caráter rotineiro nestes primeiros anos, o que positivamente, permitiu a sedimentação dos

conhecimentos e a consolidação de uma boa vivência no tema de produtos da saúde e da regulamentação

na área.

Notadamente, os regulamentos técnicos estabelecidos pelo Inmetro, isoladamente ou em conjunto com

outras agências regulamentadoras, atendendo demandas das empresas nacionais e estrangeiras, passaram

a estender as possibilidades de modelos de certificação a serem escolhidos para a certificação dos

produtos. Equilibrando o nível de confiança exigido e os riscos associados a cada produto com o

impacto que a regulamentação poderia vir a ter sobre o consumo e a comercialização do produto, o

Inmetro passou a adotar, para a maior parte dos produtos regulamentados, o modelo 5 de certificação - a

certificação com auditoria no SGQ do fabricante e ensaios no produto, em amostras coletadas

periodicamente no comércio e na fábrica.

Além disso, através dos Planos de Ação Quadrienal do Inmetro, o número de produtos regulamentados

através de certificação compulsória cresceu enormemente. Vários produtos que, em um estágio inicial,

eram de certificação voluntária assumiram caráter compulsório. Em 2002, eram cerca de 40 famílias de

produtos. O atual panorama está em cerca de 110 famílias de produtos e novos produtos estão em estudo

e discussão para que sejam incluídos nesse rol.

Acompanhando estes movimentos, o INT buscou ampliar seu escopo, principalmente em temas

relacionados aos que inicialmente passou a trabalhar. Em 2009, a extensão para a certificação de luvas

cirúrgicas e de procedimento, utilizando competências similares as da certificação de preservativos

masculinos e a extensão para a certificação voluntária de cachaça, aproveitando uma tradicional

competência do INT na área do álcool, deu novo impulso a certificação. A regulamentação destes

produtos já vinha adotando novos padrões de exigência e sistematização, o que impeliu o OCP a ampliar

seu banco de auditores e especialistas, investir em capacitação e a lançar-se em incursões para auditorias

internacionais.

Entre 2011 e 2012, duas novas extensões de escopo trouxeram um novo panorama de complexidade ao

trabalho do OCP – implantes mamários, novamente aproveitando a competência consolidada na área da

saúde e a infraestrutura laboratorial existente, e produtos orgânicos, uma certificação regulamentada

diretamente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, aproveitando a bagagem

adquirida pela certificação da cachaça e um trabalho prospectivo junto a outras divisões do INT. Novas

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competências precisaram ser criadas e outras aprimoradas, para a construção de um sistema da

qualidade interno que pudesse abrigar esta variedade de famílias de produtos.

Em um movimento contínuo de busca pela qualidade e impulsionado pela estruturação de um projeto

institucional de gestão pela estratégia, o INT passou a adotar uma postura mais pró-ativa com relação ao

mercado, buscando fidelizar os atuais clientes e atrair novos. Também há um desafio posto de

modernização dos instrumentos da gestão, um olhar mais ampliado em relação ao desempenho da

divisão técnico e financeiro. Trata-se de uma grande janela de oportunidades, especialmente dentro do

serviço público federal, que possui no Brasil um caráter basicamente reativo. Ainda que preservada a

isenção de pretensões financeiras, a imparcialidade e a transparência de suas atividades, o INT depara-se

diariamente em como equilibrar o engessamento da burocracia estatal com um atendimento condizente

com as necessidades do mercado e da sociedade em relação a produtos certificados.

A ampliação da complexidade dos processos de certificação e o aumento do nível de exigência de

qualidade dos produtos pela sociedade e governo e o olhar apurado do Inmetro sob os organismos que

estão acreditados vem induzindo todo um ciclo de inovação gerencial em empresas e organismos de

certificação, como no caso citado do INT.

Sua demanda e expectativas tornam-se progressivamente maiores. As necessidades de melhoria foram,

dentre outros fatores, atribuídos aos escopos de certificação que foram sendo estendidos e, com a

própria evolução da regulamentação nacional, se tornando mais complexos e exigentes.

Em outras palavras, a qualidade passou a fazer parte da gestão do OCP fazendo com que ele se tronasse

mais competitivo. Contudo, tudo o que foi desenvolvido até o momento não é suficiente para garantir

uma situação satisfatória. É como se, sistematicamente, estivéssemos subindo uma escala rolante.

Devemos lembrar que esse movimento ocorreu em todo mundo e, se hoje as empresas brasileiras são

mais competitivas do que no passado, o mesmo ocorre com o OCP.

Além disso, os clientes estão cada vez mais exigentes, e as demandas e expectativas vão ficando cada

vez maiores. Essa necessidade de melhorar continuamente se faz necessário, e é o único caminho para a

sobrevivência a médio e longo prazo. Há vários setores que acreditamos ser importantes para que as

empresas caminhem nesse sentido.

Em primeiro lugar, é muito importante destacar que o OCP tornou-se peça fundamental para as

empresas que buscam a certificação junto ao INT, exercendo objetivamente seu papel de liderança nesse

processo de certificação.

O segundo lugar, está associado com a gestão empresarial. É essencial que a empresa esteja voltada para

a busca da melhoria contínua e que a alta administração do INT tenha essa visão e consiga desdobrá-la

para toda a organização, exercendo efetivamente o seu papel de liderança. As pessoas que trabalham no

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OCP tem um papel essencial nesse processo e os aspectos comportamentais precisam ser tratados

adequadamente. É inaceitável ouvir que “graças a uns e apesar de outros conseguimos obter resultados

esperados”.

Nossos trabalhos envolvem comprometimento, confiabilidade, pesquisa e desenvolvimento, apoio aos

clientes que buscam a certificação, e ao sistema tecnológico, capacitação e prestação serviços técnicos

especializados nas diversas áreas de atuação da certificação.

5. Considerações finais

A implantação de um sistema de gestão da qualidade deve ser uma decisão estratégica da organização

para atender às exigências dos clientes e obter vantagens competitivas. Portanto, para obter êxito neste

processo, é importante o comprometimento, principalmente da direção e a escolha correta dos serviços

de treinamento, consultoria e certificação.

A certificação de produtos, apesar de ser muitas vezes um desejo do cliente, deve agregar valor à

organização, caso contrário serão gastos recursos e não serão alcançados os objetivos.

Com o controle e redução do número de não conformidades encontradas nas auditorias e a melhoria da

qualidade do produto, resultará na redução de custos e no aumento da segurança para a empresa

solicitante da certificação ao Instituto Nacional de Tecnologia – INT.

Finalmente, fica claro que, se aumentarmos o uso das ferramentas típicas da qualidade, como por

exemplo, a frequência das autorias, a amostragem dos ensaios a serem realizados ou a frequência com

que se realizam ensaios em amostras colhidas na expedição das fábricas ou no mercado, maior será a

confiança de que o produto avaliado está em conformidade com a norma ou regulamento técnico

aplicável.

Com base nos conceitos expostos, fica claro que ao nos referirmos a um produto com conformidade

avaliada significa dizer que ele está conforme a norma ou ao regulamento técnico aplicável ao mesmo

tempo.

Desta forma, a Avaliação da Conformidade é duplamente bem sucedida, na medida em que proporciona

confiança ao consumidor e, ao mesmo tempo, requer a menor quantidade possível de recursos para

atender às necessidades das partes interessadas.

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Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9000:2008 Sistema de

gestão da qualidade: fundamentos e vocabulário. Acesso em março/2013

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9001:2008 Sistema de

gestão da qualidade: requisitos. Versão corrigida 11.09.2009. Acesso em março/2013

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO/IEC GUIA 65:1997

Requisitos gerais para organismos de certificação de produtos. Rio de Janeiro, 1997. Acesso janeiro/

2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISSO/IEC 17065:2013

Avaliação da conformidade – Requisitos para organismos de certificação de produtos, processos e

serviços. Acesso em outubro/2013

INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE. Disponível

em <http//inmetro.gov.br.> Acesso em abril/2014

INSTITUTO NACIAONAL DE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO. Disponível em http//int.gov.br.

Acesso em março/2014.

LIVRO – AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE – DIRETORIA DA QUALIDADE – 5ª Edição/Maio

2007. Acesso em março 2014. Disponível em www.portaldoconsumidor.gov.br