um olhar sobre a coleta e destino dos residuos...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO UM OLHAR SOBRE A COLETA E DESTINO DOS RESIDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DA LAGOA TAPADA PB JOSÉ VIEIRA DA SILVA Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB PROFª LUCIMEIRY BATISTA DA SILVA, MSc Profª. do Centro de Ciências Jurídicas e Sociais da UFCG Colaboradora do CEGPM RESUMO A coleta e destino do lixo residencial e hospitalar recolhido no município de São José da Lagoa Tapada - PB demonstra ser o problema de maior relevância para sociedade local. O presente estudo visa de forma geral avaliar o manejo realizado pelo poder público municipal no que tange a questão da coleta e destino dos resíduos sólidos produzidos no referido município, alem de investigar os impactos provocados pelo acúmulo de lixo ao meio ambiente e a saúde pública. Para tanto se utilizou métodos de pesquisa quantitativa, com base em dados e indicadores presentes em órgãos como o IBGE e o Sistema de Monitoramento de Índices de Sustentabilidade. Ademais foram realizadas pesquisas de campo e registro por meio de fotografias de áreas atingidas pelo descarte dos resíduos sólidos que provocam contaminação de grandes áreas, além de poluir mananciais e reservatórios de água potável, como açudes e rios perenes. Observou-se que uma pequena parcela da população possui rede de coleta de lixo e de saneamento básico e que os detritos são descartados inadvertidamente no meio ambiente, sem qualquer tratamento especifico. A presente pesquisa pode incentivar a implementação de políticas publicas especificas voltadas para a questão do saneamento básico bem como da coleta e destino dos resíduos sólidos, tais como: a construção de fossas sépticas; criação de mecanismos de coleta seletiva do lixo, etc. Palavras- chave: Coleta, Resíduos Sólidos, Lixo.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

UM OLHAR SOBRE A COLETA E DESTINO DOS RESIDUOS SÓLIDOS NO

MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DA LAGOA TAPADA – PB

JOSÉ VIEIRA DA SILVA

Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB

PROFª LUCIMEIRY BATISTA DA SILVA, MSc

Profª. do Centro de Ciências Jurídicas e Sociais da UFCG

Colaboradora do CEGPM

RESUMO

A coleta e destino do lixo residencial e hospitalar recolhido no município de São José da

Lagoa Tapada - PB demonstra ser o problema de maior relevância para sociedade local. O

presente estudo visa de forma geral avaliar o manejo realizado pelo poder público municipal

no que tange a questão da coleta e destino dos resíduos sólidos produzidos no referido

município, alem de investigar os impactos provocados pelo acúmulo de lixo ao meio ambiente

e a saúde pública. Para tanto se utilizou métodos de pesquisa quantitativa, com base em dados

e indicadores presentes em órgãos como o IBGE e o Sistema de Monitoramento de Índices de

Sustentabilidade. Ademais foram realizadas pesquisas de campo e registro por meio de

fotografias de áreas atingidas pelo descarte dos resíduos sólidos que provocam contaminação

de grandes áreas, além de poluir mananciais e reservatórios de água potável, como açudes e

rios perenes. Observou-se que uma pequena parcela da população possui rede de coleta de

lixo e de saneamento básico e que os detritos são descartados inadvertidamente no meio

ambiente, sem qualquer tratamento especifico. A presente pesquisa pode incentivar a

implementação de políticas publicas especificas voltadas para a questão do saneamento básico

bem como da coleta e destino dos resíduos sólidos, tais como: a construção de fossas sépticas;

criação de mecanismos de coleta seletiva do lixo, etc.

Palavras- chave: Coleta, Resíduos Sólidos, Lixo.

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1 INTRODUÇÃO

Em principio entende-se que o município de São José da Lagoa Tapada – PB possui

programas voltados para a área de saúde como o Programa Saúde da Família – PSF, que por

meio de suas s equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação,

reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde desta

comunidade. No setor social o município é assistido pelo Centro de Referência de Assistência

Social (CRAS), que tem função protetiva das famílias, prevenindo a ruptura de vínculos,

promovendo o acesso e usufruto de direitos e contribuindo para a melhoria da qualidade de

vida. Já no setor de educação o município recebe incentivos do Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação

(FUNDEB) atende toda a educação básica, da creche ao ensino médio. Verifica-se, pois, que a

coleta e destino do lixo residencial e hospitalar recolhido no município de São José da Lagoa

Tapada – PB demonstra ser o problema de maior relevância para sociedade local.

De acordo com Neri (2007, p.6) em sua pesquisa, informa, a falta de saneamento

básico atinge 47% da população brasileira, sendo as crianças de 1 a 6 anos as principais

vítimas. A pesquisa ressalta que apenas em 2122 o Brasil deve ter acesso total a esgoto. Isso

porque o desenvolvimento do saneamento básico ocorre em marcha lenta e poucas são as

alternativas para a prestação de serviço desse segmento.

Segundo dados do Sistema de Monitoramento de Índices de Sustentabilidade

vislumbram- se que é também na área de infraestrutura, mais precisamente na questão do

saneamento básico, que se declina os problemas mais pertinentes, tendo em vista que apenas

metade da população urbana do município de São José da Lagoa Tapada, possui coleta regular

de lixo, e que 2/3 da população da zona urbana não possui rede de esgotamento sanitário.

Ademais a destinação correta dos resíduos sólidos deve ser entendida e praticada por

toda a sociedade, considerando a responsabilidade do serviço público com a coleta do lixo, e

sem menos importância a participação das pessoas em estar cientes da sua contribuição para o

aumento do volume de resíduos e que para um bom trabalho de coleta a população deve estar

comprometida com a dispensa em locais adequados tendo como recompensa a qualidade de

vida.

O escopo básico deste estudo é verificar a forma e os procedimentos adotados para

lidar com este problema sanitário que aflige toda a sociedade e que prejudica todo um

ecossistema, tendo como objetivo geral, avaliar o manejo realizado pelo poder público

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municipal no que tange a questão da coleta e destino dos resíduos sólidos produzidos no

município alvo deste estudo.

Foram delimitados como objetivos específicos diagnosticar os métodos aplicados na

coleta e no descarte dos resíduos sólidos; investigar os impactos provocados pelo acúmulo de

lixo ao meio ambiente e a saúde pública; e pesquisar o conhecimento da população sobre a

importância da coleta seletiva de lixo, no município de São José da Lagoa Tapada - PB.

Este estudo denota uma analise singular do tema, tendo em vista não existir

contextualização semelhante no município de São José da Lagoa Tapada e nem na região

próxima ao mesmo.

A presente pesquisa poderá propiciar ao gestor público, bem como a outros membros

da sociedade, um diagnóstico preliminar acerca da forma que dejetos e resíduos sólidos são

descartados no meio ambiente, e qual o seu impacto para a natureza bem como as

consequências para a sociedade.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O município de São José da Lagoa Tapada,assim como a maioria dos pequenos

municípios paraibanos, não possui uma política de saneamento básico adequada, que possa

assegurar um destino eficaz para a questão da coleta e do destino dos resíduos sólidos. Desta

forma, a base teórica foi construída com o intuito de apresentar os principais pontos que

fundamentam a análise deste estudo, organizada na seguinte ordem: (i) sobre resíduos sólidos

urbanos (RSU); (ii) da coleta de lixo e do descarte e (iii) do tratamento e destinação final dos

resíduos sólidos urbanos.

2.1 Sobre Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)

Segundo Naime (2010, p.1) a palavra resíduo ―deriva do latim residuu, que significa

o que sobra de determinada substância. A palavra sólida é incorporada para diferenciar de

líquidos e gases. A palavra lixo, provêm do latim lix, que significa lixívia ou resto‖.

De acordo com a Norma Brasileira NBR -10.004, resíduos sólidos são aqueles:

[...] nos estados sólidos e semi-sólidos que resultam da atividade da comunidade de

origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de

varrição. Considera-se, também, resíduo sólido os lodos provenientes de sistemas de

tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de

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poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornam inviável o

seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam, para isso,

soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia

disponível (ABNT, 1987, p.1.).

Ademais, ainda segundo Naime (2010, p.1) incluem-se os lodos de Estações de

Tratamento de Água (ETAs) e Estações de Esgotos (ETEs), resíduos gerados em

equipamentos e instalações de controle da poluição e líquidos que não possam ser lançados na

rede pública de esgotos, em função de suas particularidades.

Sobre o termo lixo Gonçalves (2005), assevera um conceito semelhante ao de resíduo

solido:

lixo é designado como todo material inútil, descartável que se ―joga fora‖,

geralmente,posto em lugar público, por isso pode-se dizer que é um material ―mal-

amado‖,dispensável.O lixo pode ser composto por: material orgânico (sobras de

comidas), o que representa cerca de 65% a 70% do total do lixo produzido nos

países chamados de Terceiro Mundo; rejeitos (lixo de banheiro, pilhas, lâmpadas)

que perfazem apenas cerca de 5%da massa total dos resíduos, isto é, o lixo

propriamente dito que não é passível de reciclagem, reuso ou compostagem; e

materiais recicláveis (plásticos, papéis, metais e vidros),que compõem

aproximadamente 25% a 30% do peso total do lixo, mas que representa a maior

parcela em volume (GONÇALVES, 2005, p.19).

No mesmo sentido, para Naime (2010) antes não existia diferença entre resíduos

sólidos e lixo, sendo todos denominados de lixo, ―atualmente há uma compreensão que os

materiais separados, passíveis de reciclagem ou reaproveitamento recebem tratamento de

resíduos sólidos, enquanto os materiais misturados e acumulados têm mais uma conotação de

lixo‖ (NAIME, 2010, p.1).

A composição do lixo varia de população para população, dependendo da situação

sócio-econômica e das condições e hábitos de vida de cada um. Segundo Barbosa (2000, p.1)

esses resíduos podem ser classificados conforme a origem e a produção em: doméstico:

gerado basicamente em residências; comercial: gerado pelo setor comercial e de serviços;

industrial: gerado por indústrias; hospitalares: gerado por hospitais, farmácias, clínicas, etc.;

especial: podas de jardins, entulhos de construções e animais mortos. E de acordo com a

composição química, o lixo pode ser classificado em duas categorias: orgânico e inorgânico.

Conforme se depreende da legislação ambiental em vigor no Brasil, a Lei nº

11.445/2007 estabelece, em seu artigo 1º, as diretrizes nacionais para o saneamento básico e

para a política federal de saneamento básico. Em seu artigo 2º, inciso III, a referida lei

determina que serviços públicos de saneamento básico serão prestados, entre eles tem-se o

abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos

realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente.

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2.2 Da Coleta de Lixo e do Descarte

A forma com que os resíduos sólidos são tratados no município de São José da Lagoa

Tapada não se diferencia dos demais municípios brasileiros, é o que afirma Junkes (2002):

[...] na maioria dos municípios brasileiros de pequeno porte a administração se

limita a varrer os logradouros e recolher o lixo domiciliar deforma nem sempre

regular depositando-o em locais afastados da vista da população sem maiores

cuidados sanitários. Essa situação é provocada ou pela falta de consciência das

autoridades municipais com a problemática do lixo urbano ou pelas dificuldades

financeiras que impedem a aquisição de equipamentos necessários e disponíveis no

mercado para coleta,compactação, transporte e destinação dos resíduos sólidos

(JUNKES, 2002, p. 16).

Ainda segundo Junkes (2002), inúmeras são as consequências advindas destes

métodos entre elas o assoreamento de rios e canais. O lançamento de detritos em rios provoca

a contaminação de lençóis de água e, com isso compromete o uso domiciliar. Além disso, esta

contaminação provoca mau cheiro devido ao desprendimento de gases que, consequentemente

também poluem atmosfera e a proliferação de insetos, e outros animais transmissores de

doenças.

2.3 Do Tratamento e Destinação Final dos Resíduos Sólidos Urbanos

Segundo Reichert (1999, p.53), ―o correto manejo dos resíduos sólidos é certamente

um dos principais desafios dos centros urbanos neste início de milênio‖. Soluções isoladas e

estanques que não contemplam a questão dos resíduos, desde o momento de sua geração até a

destinação final, passando pelo tratamento, que apesar de inicialmente parecerem boas, não

conseguem resolver o problema como um todo.

A importância do aproveitamento dos resíduos sólidos urbanos para reciclagem e

fabricação de composto orgânico, está relacionada à sua viabilização econômica e social. De

acordo com Serôa da Motta e Chermont (1996) deve ser realizado um Sistema Integrado de

Gerenciamento de Resíduos Sólidos- SIGRS.

Um SIGRS nas palavras de Zanta, Baldochi, e Ferreira (2003, p.1) significa que:

O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos deve ser integrado, ou seja, deve

englobar etapas articuladas entre si, desde a não geração até a disposição final, com

atividades compatíveis com as dos demais sistemas do saneamento ambiental, sendo

essencial a participação ativa e cooperativa do primeiro, segundo e terceiro

setor,respectivamente, governo, iniciativa privada e sociedade civil organizada.

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De acordo com Serôa da Motta e Chermont (1996, p.12) as alternativas de destinação

são basicamente quatro:

Reciclagem: aproveitamento dos restos de papéis, vidros, plásticos e metais que não

estejam, contaminados para servir de insumo na fabricação de novos materiais;

Compostagem: aproveitamento dos restos alimentares e outros componentes

orgânicos (papéis, madeiras, poda de árvores e jardins) para produção de adubo

natural; Recuperação energética: aproveitamento energético dos resíduos; Aterro

sanitário: disposição final dos resíduos imprestáveis em local apropriado, com

garantias sanitárias.

Conforme ainda o entendimento dos autores, essas rotas devem ser priorizadas como

enunciadas acima, contando que haja precedência para procedimentos que resultem na

redução da geração de lixo na fonte e na reutilização do material produzido.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A questão abordada na presente pesquisa, refere-se a necessidade de discutir e expor

o problema do lixo, que assola o município de São José da Lagoa Tapada, objeto deste estudo,

expor a forma de coleta e seu destino, além de delinear os atores envolvidos. Para viabilizar

este estudo foi feito uso de diferentes tipos de pesquisas, que se conjugam em um mesmo

sentido, coadunando na efetivação do presente artigo.

A presente pesquisa se caracteriza como sendo exploratória, que, como explicam

Lakatos e Marconi (1991, p.188),esta metodologia visa proporcionar maior familiaridade com

o problema, com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.

A pesquisa é ainda classificada como descritiva, tendo em vista que tal modalidade

de pesquisa visa descrever as características de determinado evento, população ou problema

além de perfazer o estabelecimento de relações entre os elementos, tais como: diagnosticar o

problema e elencar os mecanismos adotados para realizar a coleta do lixo, equipamentos

utilizados, veículos, funcionários, trajeto, etc.

Do ponto de vista dos procedimentos adotados na coleta de dados a pesquisa

apresenta características inerentes ao estudo de caso, que, como argumenta Vergara (2005,

p.49) ―é circunscrito, a uma ou poucas unidades, entendidas essas como [...], empresa, órgão

público, comunidade ou mesmo país. Tem caráter de profundidade e detalhamento. Pode ou

não ser realizado no campo‖.

O estudo caracteriza-se ainda como de abordagem quali-quantitativa, uma vez

que, além do estudo de caso, foram analisados dados estatísticos levantados pelos institutos de

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Sistema de Monitoramento de Índices de Sustentabilidade e do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE, 2011). A utilização desta abordagem quantitativa, embora seja

feita com dados secundários,se justifica pelo fato destes dados considerarem aspectos

relevantes para o estudo, tais como: o tipo de esgotamento utilizado (fossa individual – rede

de esgoto) se há tratamento de esgoto, de que tipo, qual a destinação dos efluentes, se existe

esgoto a céu aberto, suas consequências; em relação aos resíduos sólidos, se há existência de

áreas/bairro da cidade sem coleta – qual a destinação final do lixo – tipo de transporte, se

público ou privado, existência de consórcio intermunicipal.

Por fim, foi escolhida ainda como instrumento de coleta de dados a pesquisa de

campo implicando no contato direto com o campo de estudo envolvendo o reconhecimento

visual do local, por se tratar de uma investigação que necessita de contato direto com o

ambiente, o que Vergara (2005, p. 48) define como ―a investigação empírica realizada no

local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode

incluir entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação‖.Esta escolha levou em

consideração também outros instrumentos utilizados, como a observação direta participante

para coleta de dados preliminares, permitindo a obtenção das informações e a identificação

dos problemas comprovando-os com fotografias.

A observação direta participante mostrou-se extremamente importante para

detectar in loco a realidade vivida pela sociedade são joseenses. Este instrumento facilitou a

coleta dos dados primários pela observação, inclusive tendo o pesquisador acompanhando, em

veículo próprio, a rotina dos responsáveis pela coleta do lixo do seu destino até o descarte.

Nesta etapa foi avaliada a situação ambiental do local onde os resíduos sólidos são

descartados realizando, para tanto, um registro por meio de imagens fotográficas no local.

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1 Caracterização do Município

O município objeto deste estudo é o de São José da Lagoa Tapada, localizado no

auto sertão da Paraíba, situado entre as cidades de médio porte: Sousa, Pombal e Cajazeiras,

encontra-se encravado entre duas cadeias de serras. Possui uma área de aproximadamente 340

km2, com população de 7.564 habitantes, conforme dados do censo do IBGE (IBGE, 2011).

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Caracteriza-se por ter uma economia voltada para o cultivo de culturas agrícolas de

subsistência e pecuária extensiva. Contudo, devido ao avanço sistemático dos pequenos

empreendimentos, a cidade tem demonstrado um singelo, mas progressivo, aumento no

desenvolvimento financeiro, abrindo portas para a implementação de outros recursos

econômicos, diversos do serviço público ou de benefícios assistenciais ou previdenciários.

A educação apresenta ensinos, básico e médio, com relativa qualidade, além de

projetos de Educação de Jovens e Adultos – EJA e de programas de inclusão digital. A sede é

pequena, com habitações pouco expressivas em arquitetura, possui rede de abastecimento de

água potável, mas apenas algumas residências possuem rede de coleta de esgoto, sendo que os

dejetos são expelidos em fossas sépticas ou enviados direto ao rio local.

A observação direta possibilitou verificar que na parte periférica o município

apresenta construções de forma desordenadas e ocupações irregulares. Assim como em

grandes centros os são joseenses enfrentam problemas com o desemprego, com a violência,

com o tráfico de drogas, com a corrupção de políticos, etc.

Com fundamentos nestes dados, pode-se evidenciar que o município de São José da

Lagoa Tapada – PB apresenta uma população predominantemente rural, mas que em números

quase se equivale a zona urbana, que demonstra um significativo aumento.

O Índice de Desenvolvimento Humano do município (IBGE, 2011) demonstra um

pequeno avanço nas condições sociais, contudo o que se evidência é que quase metade da

população recebe uma renda inferior a um quarto de um salário mínimo, confrontando-se com

os índices que se referem a renda per capita, que sugerem uma renda acima de cinco salários

mínimos para cada munícipe.

Destacam-se, ainda os altos níveis de analfabetismo e de mortalidade infantil, o que

predispõe a intensificação de políticas públicas voltadas para a resolução destes dois

problemas (IBGE, 2011).

Por fim, o relatório do IBGE (2010) ainda aponta problemas na questão do

saneamento básico, tendo em vista que metade da população urbana possui coleta regular de

lixo, e que uma grande parcela da população da zona urbana não possui rede de esgotamento

sanitário (IBGE, 2011).

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4.2 Análise do Problema Urbano

O município de São José da Lagoa Tapada - PB apresenta diversos problemas de

ordem social assim como a grande maioria dos municípios do país, como precariedade no

abastecimento de água, falta de calçamento e pavimentação de ruas, alto índice de violência,

elevado índice de pobreza, etc.

Mas entre tantas adversidades, entende-se que a coleta e destino do lixo residencial e

hospitalar recolhido na cidade, pelo município, seja uma das mais aflitivas preocupações que

assola a sociedade local.

Foto 1: Lixo residencial jogado a céu aberto próximo às residências na zona urbana

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

A coleta de resíduos sólidos produzidos no município de São José da Lagoa Tapada

provoca uma intensa indagação acerca da eficácia de seus métodos tanto do ponto de vista

social quanto do ambiental.

O órgão municipal por meio da sua Secretaria de Urbanismo é o responsável pela

contratação dos agentes públicos para a coleta, bem como pela disponibilização do veiculo e

de equipamentos necessários.

A sequência a seguir, verificada no local, denota todos os procedimentos adotados

durante a coleta e descarte do lixo:

I. A população expõe o lixo (plástico, papel, metal, orgânicos) — tudo junto — em

sacolas na frente de suas residências e não em pontos de coletas como latões

próprios;

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II. A coleta é feita com um caminhão, velho, do tipo F-1000, que passa pelas

residências e os funcionários, sem nenhuma proteção específica, recolhem o lixo

deixado em sacolas, que muitas vezes encontram-se rasgadas e deterioradas

devido a ação de animais;

III. O mesmo acontece com o lixo produzido pelo centro médico do município que

não destina um local próprio para descarte do material hospitalar;

IV. Depois de ter sido recolhido todo o material descartado pela sociedade, ocorre o

evento mais grave e danoso, o caminhão se dirige até um terreno que fica fora da

sede do município, distante aproximadamente 3 km, e descarrega, a céu aberto,

todo o lixo recolhido;

V. Este material, por meio da ação dos ventos e da chuva, se espalha com facilidade

para outras localidades, atingindo outros terrenos e até mesmo reservatórios de

água.

Não existe dados que determine a quantidade de detritos coletados, cuja coleta se faz

a cada dois dias, entretanto, segundo observação direta realizada pelo pesquisador, o lixo é

recolhido e transportado em um caminhão antigo e mal conservado. Nele é colocada cerca de

uma a duas vezes a capacidade máxima do veículo que pode transportar até 3.860 kg,

incluindo carroceria (informação coletada no próprio caminhão), entretanto como se trata de

um veículo antigo e desgastado esta capacidade pode se reduzir para 1.500 kg,

aproximadamente, de material. Diante disso, depreende-se que neste intervalo de tempo são

produzidos uma média de quase 2 toneladas de lixo pela população da sede do município de

São José da Lagoa Tapada.Sabendo que a população da zona urbana é de aproximadamente

3.300 habitantes, e é apenas na sede que o lixo é coletado, presume-se que cada pessoa produz

cerca de 340g.hab1.dia

1.

Em relação a quantidade de resíduos sólidos produzidos no Brasil diariamente

Oliveira et al. (2004), expõem informações pertinentes que descrevem quantitativamente

estes valores promovendo um comparativo com outros municípios brasileiros.

Segundo informações da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2002),

são coletadas 228.413 toneladas diárias de resíduos sólidos urbanos (RSU) no

Brasil. Por conseguinte, como a população do país é de aproximadamente 170

milhões de habitantes (IBGE, 2000), a estimativa de geração per capita de RSU no

Brasil estaria em torno de 1.345 g.hab1.dia

1.De acordo com os dados apresentados

pela PNSB (IBGE, 2002), ao levar em consideração apenas os resíduos sólidos

domiciliares (RSD), observa-se que, em todos os municípios brasileiros, eram

coletados diariamente, no ano de 2000, 125.281 toneladas de RSD.Em outras

palavras, 55% do total de RSU coletados no Brasil são de origem domiciliar, e a

estimativa da geração per capita de RSD seria de 738 g.hab1.dia

1(OLIVEIRA et al.,

2004, p. 38-39).

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Oliveira et al.(2004) abordam ainda a geração de resíduos sólidos urbanos no

âmbito dos estados brasileiros e apresentam um quadro com as quantidades diárias de

resíduos sólidos urbanos coletados nas 27 capitais e a estimativa de sua geração per capita de

RSU. Este levantamento é apresentado no Quadro 1.

Quadro 1 – Quantidade diária de RSU coletada e estimativa da geração de RSU por habitante nas capitais

brasileiras, por região – 2000

Fonte: Adaptado do IBGE (2000) e da PNSB (IBGE, 2002)

O Quadro 1 permite comparar a produção de lixo no município de São José da Lagoa

Tapada – PB com a de outras cidades brasileiras. Chama a atenção, pelos cálculos

apresentados acerca da quantidade de lixo recolhida no município (340g.hab1.dia

1), se

aproximar, relativamente a dos números de capitais como Palmas/TO (590 g.hab1.dia

1);Porto

Velho/RO (578 g.hab1.dia

1); Boa Vista/RR (524 g.hab

1.dia

1), ainda mais em função da sua

população ser muitas vezes menor do que a destas capitais, como pode ser observado no

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Quadro 1 entende-se que este é um problema preocupante e que necessita de uma abordagem

minuciosa capaz de solucioná-lo reduzindo os impactos ambientais e sociais.

4.3 Quem são os Atores Envolvidos?

Observa-se que diversos são os atores envolvidos nesta temática e que se aglomeram

em duas vertentes básicas, distintas entre si, mas que ao final se encontram no mesmo lado.

Portanto, pode-se indicar os seguintes atores que influenciam nesta temática:

Os atores responsáveis pelo o problema são de um lado a sociedade, que expõe

seus detritos de forma aleatória, pois não possui um local próprio para a coleta, quer seja

fornecido pelo órgão público quer seja provido por particulares. E, do outro lado, o poder

municipal, representado por seu gestor e agentes públicos, que deveria providenciar a devida

coleta e determinar seu destino de forma mais apropriada.

Os atores prejudicados direta e indiretamente pelo o problema estão inseridos

em toda a sociedade são-joseense, uma vez que, se é realizado um serviço público, este deve

ser necessária e metodicamente planejado e estudado, para que as suas etapas de realização

sejam apreciadas, buscando maior eficácia e, consequentemente, melhor execução na

prestação do serviço.

Quando o serviço público é prestado de forma inadequada ou quando suas etapas de

consecução não foram amplamente observadas, pode resultar em prejuízo aos indivíduos a

que este serviço fora destinado, gerando um enorme problema.

O caso apresentado neste estudo, onde o lixo é recolhido de forma imprópria,

passando por uma sequência de erros graves, como já foi exposto, em sua coleta e destino,

contaminando grandes áreas.

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Foto 2: Terreno localizado na comunidade rural Sanhauá.

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

No caso do terreno exposto na Foto 2, localizado na comunidade rural Sanhauá, é

visível a área ocupada pelo despejo dos dejetos e que, devido a sua extensão poderia ser

usufruídas por pequenos produtores rurais. Além disso, em períodos de chuvas pode poluir

manancial e reservatórios de água potável, como açudes e rios perenes que se situam

próximos a esta localidade.

Várias campanhas foram realizadas, principalmente por alguns grupos representantes

de classes como Associações Comunitárias e Sindicato Rural, além de educadores locais, que

se mobilizaram em diversos momentos para conscientizar os gestores públicos e os demais

membros da sociedade. Entre as diversas atividades pode-se citar a realização, no início de

2011, de passeatas e exposição de fotos e cartazes, indicando os pontos onde o problema do

lixo é mais evidente e grave.

Foi observado também que alguns membros da comunidade tentam junto às escolas

educar as crianças, com o intuito de que estas influenciem os pais e juntos pressionem os

órgãos públicos e a sociedade em geral no sentido de providenciar meios para equacionar este

problema.

Entretanto, o que se verifica é um comodismo por parte da sociedade em achar que

não é culpada pelo surgimento e agravamento do problema, e que não tem relação com ele.

Assim, o individuo que joga no terreno baldio uma simples sacolinha de lixo entende que não

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faz muita diferença, pois a quantidade é pequena e não vai prejudicar o meio ambiente.

Entretanto, esta atitude é copiada por outras pessoas que pensam e agem da mesma forma.

Neste sentido verifica-se que a sociedade apresenta muita resistência em querer

mudar seu comportamento, além de reivindicar dos gestores públicos a aplicação de

mecanismos capazes de solucionar o problema, aplicando medidas sanitárias pertinentes e

eficazes que podem minimizar os efeitos nocivos e danosos ao meio ambiente.

Em contrapartida, o órgão público não realiza um programa de coleta responsável,

diferenciando o tipo de lixo a ser recolhido conforme suas características. Deixando de

cumprir o dever do município de providenciar uma área para construção de aterro sanitário,

longe de zona habitada e de mananciais e reservatórios naturais de água.

Diante do que fora exposto, evidencia-se que uma parte da população são-joseense,

já está se mobilizando, no sentido de tentar solucionar este assunto de cunho socioambiental,

influenciando os outros membros da sociedade, sensibilizando os gestores públicos e os

demais atores políticos envolvidos, direta e indiretamente, neste pleito.

Como a economia do município de São José da Lagoa Tapada é predominantemente

baseada na agricultura e na pecuária de subsistência de caráter familiar. Este estudo permite

sugerir algumas soluções para o aproveitamento do lixo produzido no município, como por

exemplo, que seja incentivado o uso de adubos naturais, produzidos a partir do lixo orgânico.

Estes adubos seriam misturados ao solo antes do plantio, deixando-o mais rico em nutrientes e

sais minerais, essenciais para o desenvolvimento de lavouras e de pastagens, com maior

qualidade e mais resistentes as intempéries climáticas e ao ataque de pragas, diminuindo até o

uso, de defensivos agrícolas.

Atualmente existem diversas técnicas de realizar a compostagem de materiais

orgânicos em decomposição para a utilização na agricultura, diante disso o município poderia

dispor uma área para o recebimento deste material para realizar este manejo. Assim o produto

ali confeccionado poderia ser distribuído para os produtores agropecuaristas da região para

que fossem utilizados em suas lavouras, quer seja de produtos agrícolas quer seja na produção

de pastagens.

Uma das contribuições visíveis desta sugestão é a possibilidade de crescimento da

economia do município, pois além dos postos de trabalho criados, seria produzida maior

quantidade de alimentos agrícolas com maior qualidade e a baixo custo. Além disso, com a

implantação destas medidas sanitárias, ter-se-ia uma significativa redução da poluição

provocada pelo lixo e seus detritos, reduzindo a quantidade de lixo lançado no meio ambiente.

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4.4 Saneamento Ambiental

Sobre o saneamento básico se analisou o percentual estimado no núcleo urbano, tipo

de esgotamento utilizado (fossa individual – rede de esgoto), se há tratamento de esgoto, de

que tipo, qual a destinação dos efluentes, se existe esgoto a céu aberto, e suas consequências.

Quadro 2 – Dados Estatísticos sobre a rede de esgoto e fossa individual

Acesso a esgotamento sanitário (%)

Rede geral de esgoto (urbana): 21.88

- Fossa séptica (urbana): 2.80

- Outro tipo (urbana):43.64

- Não possui esgotamento sanitário (urbana): 31.68

- Rede geral de esgoto (rural): 0.00

- Fossa séptica (rural) : 0.00

- Outro tipo (rural): 11.63

- Não possui esgotamento sanitário (rural): 88.37

Fonte: adaptado do Sistema de Monitoramento de Índices de Sustentabilidade (2011).

Os dados expostos no Quadro 2 denotam que praticamente não há rede geral de

esgoto rural e que a rede urbana atingindo apenas 21,88%,o esgoto coletado é direcionado, em

grande parte, para o Rio Trapiá que é o maior rio do município, mas que tem vazão apenas

durante o período das chuvas.

Foi verificado in loco que outra parte do esgoto é lançada em um pequeno açude que

fica localizado às margens da cidade. Já o restante das residências, que não possuem rede de

esgoto, usufrui de fossas sépticas ou lançam seus detritos diretamente no meio ambiente.

Foto 3 - Esgoto residencial sendo lançado no Rio Trapiá principal rio do Município

Fonte: dados da pesquisa, 2011

A Foto 3 explicita o lançamento do esgoto residencial lançado no Rio Trapiá, que,

além de poluir as águas e o ar, no período das chuvas volta às residências, pois é no Rio

Trapiá que estão instaladas as bombas d’água que distribuem água para as caixas d’água dos

cidadãos. Como pode ser visto na Foto 4.

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Foto 4: Reservatório municipal, abastecido pelas águas do Rio Trapiá.

Fonte: dados da pesquisa, 2011

Como pode ser constatado na Foto 4, o mesmo rio que recebe o esgoto (Foto 3)

abastece o reservatório municipal que posteriormente distribui a água para toda a cidade. A

presença de esgoto a céu aberto é a degradação ambiental mais pertinente do município de

São José da Lagoa Tapada, à frente até mesmo do desmatamento e das queimadas, comuns na

região.

Os dejetos lançados inadvertidamente em fossas abertas, rios, açudes ou mesmo na

sarjeta tornam-se a causa de inúmeras doenças. Ademais tal problema ainda impede o

desenvolvimento econômico do município, que, devido à falta de saneamento têm atividades

como a pesca e agricultura prejudicadas.

4.5 Qual a Destinação Final do Lixo?

Existe o problema da coleta e destino do lixo residencial e hospitalar, que entre tantas

adversidades, entende-se que seja uma das mais aflitivas preocupações que assola a sociedade

local.

Quadro 3 – Dados Estatísticos sobre a coleta do lixo

Acesso a serviço de coleta de lixo doméstico (%)

- Lixo coletado (urbano): 50.00

- Lixo queimado ou enterrado (urbano): 1.15

- Outro destino (urbano): 48.85

- Lixo coletado (rural): 2.37

- Lixo queimado ou enterrado (rural): 13.27

- Outro destino (rural):84.36

Fonte: adaptado do Sistema de Monitoramento de Índices de Sustentabilidade (2011).

Bomba que

retira a água do

Rio Trapiá

para

distribuição.

Reservatório

municipal,

abastecido

pelas águas

do Rio

Trapiá.

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O Quadro 3 evidencia que o lixo, é recolhido de forma imprópria, caracterizando um

comprometimento na questão de saúde pública pois, como já foi exposto, o descarte

inadequado de tais materiais, é considerado a maior fonte de contaminação de grandes áreas

que poderiam ser usufruídas por pequenos produtores rurais, como pode ser visto nas Fotos 5

e 6.

Foto 5: Lixo jogado a céu aberto

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

A Foto 5 apresenta além da exposição a céu aberto do lixo misturado em todos os

tipos (plástico, material orgânico, fios, metais etc.), a contaminação do solo na comunidade

rural Mocó (distante aproximadamente 3Km do centro do município). Apesar da foto não

apresentar toda a extensão ocupada pelo despejo do lixo, é possível verificar ao fundo que a

área de descarte continua. Desta forma, contrariando o que indicam Zanta, Baldochi, e

Ferreira (2003) em relação ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, que devem ser

integrados e suas etapas articuladas entre si e com as dos demais sistemas do saneamento

ambiental.

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Foto 6: Lixo jogado a céu aberto

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

A Foto 6 permite visualizar o descarte do lixo por outro ângulo, evidenciando o

espaço que este descarte ocupa comunidade rural Mocó. Assim como a Foto 5 é possível

evidenciar a presença de diversos tipos de resíduos sólidos, tais como: garrafas, papéis, latas,

sacolas, utensílios domésticos, restos de alimentos, material de construção, galhos de arvores,

rejeitos de banheiros, etc.

Segundo dados apresentados no Quadro 4 estes materiais demoram meses até anos

para se degradarem na natureza.

Quadro 4 – Tempo de decomposição de alguns resíduos

MATERIAL TEMPO MÉDIO DE

DECOMPOSIÇÃO

Vidro Indeterminado

Isopor Indeterminado

Esponjas Indeterminado

Cerâmicas Indeterminado

Pneus Indeterminado

Alumínio Até 500 anos

Plásticos Até 450 anos

Metais 450 anos

Sacolas Plásticas Cerca 100 anos

Aço Mais de 100 anos

Embalagens PET Mais de 100 anos

Nylon 30 anos

Gomas de

Mascar 5 anos

Filtro de

Cigarros 5 anos

Papel e Papelão 6 meses

Fonte: Dionysio e Dionysio (2011)

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Não existem residências próximas, e nem se verifica a presença de pessoas no local,

porém, a presença de animais como cães, urubus, roedores, moscas e outros insetos é

constante. O lixão apresenta um mau cheiro desagradável, em determinados locais verifica-se

já a formação de chorume, que é proveniente da decomposição bacteriana da matéria

orgânica, que se infiltra no subsolo, contaminado o lençol freático.

Este fato atrelado ao problema do esgoto, que além de tornar a água imprópria para o

consumo, o lançamento de resíduos líquidos domésticos e industriais no meio ambiente

provoca o assoreamento de rios, lençóis freáticos, córregos e açudes, além de contaminar o

solo impedindo o uso para atividades agropecuárias.

De acordo com a Lei Federal 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 (conhecida como Lei

dos Crimes Ambientais), no art. 54 estabelece como crime causar poluição de qualquer

natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que

provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º Se o crime:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos

habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento

público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos,

óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis

ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de

adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em

caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

De acordo com a resolução 308 do Conselho Nacional do Meio Ambiente -

CONAMA, de 2002, a disposição inadequada de resíduos sólidos constitui ameaça a saúde, e

no art. 2º determina que ―para fins desta resolução consideram-se como resíduos sólidos

urbanos, os provenientes de residências ou qualquer outra atividade que gere resíduos com

características domiciliares, bem como os resíduos de limpeza pública urbana‖. O órgão

ambiental competente poderá dispensar o Estudo de Impacto Ambiental - EIA e respectivo

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA na hipótese de ficar constatada por estudos técnicos

que o empreendimento não causará significativa degradação ao meio ambiente.

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Com a devida adequação dos mecanismos de coleta, seria implantada a coleta

seletiva do lixo, onde ocorre a separação do mesmo levando em consideração as suas

características e diferenças.

Neste sentido é o que apresenta o artigo 7º da Lei nº 11445/2007.

Para os efeitos desta Lei, o serviço público de limpeza urbana e de manejo de

resíduos sólidos urbanos é composto pelas seguintes atividades [...];

II - de triagem para fins de reuso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por

compostagem, e de disposição final dos resíduos relacionados na alínea c do inciso

I do caput do art. 3o desta Lei [...].grifou-se.

Concomitantemente a construção do local de destino final para o lixo, pode se

realizar a construção de um ambiente para realizar a triagem do material descartado,

selecionando-o e destinando-o, se for o caso, para usinas ou cooperativas de reciclagem e

reaproveitamento de lixo inorgânico existentes próximas ao município.

5 CONCLUSÕES

Diante da contextualização suscitada ao longo de toda pesquisa, depreende-se que a

questão sanitária inerente a coleta e destino do lixo residencial e hospitalar do município de

São José da Lagoa Tapada, apresenta a necessidade da intervenção do Estado, por meio de

uma política pública especifica para equacionar este problema de ordem pública e que afligi a

sociedade como um todo além de destruir e degradar o meio ambiente.

Observou-se que o município de São José da Lagoa Tapada, demonstra graves e

sérias dificuldades em encontrar soluções plausíveis para esta demanda social.

Neste sentido, evidencia-se uma proeminente conjugação de esforços por parte de

um determinado setor da sociedade civil em tentar sufragar esta prática nociva a todos os

membros da sociedade são-joseense indistintamente.

Porém, foi somente após estas premissas, é que se tem tentado dar início a um

processo de elaboração de um projeto que tem como fulcro precípuo viabilizar a confecção de

um programa capaz de dirimir os impactos maléficos desta agressão social e ambiental.

Assim busca-se uma formulação de como se poderia aplicar uma política pública,

coerente e que seja condizente com a realidade do município, realizando um pacto de auxilio

mútuo, celebrado entre os três níveis administrativos – União, Estados e Municípios, além do

Distrito Federal -, no sentido de se organizarem e implantarem programas sócio-ambientais

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capazes de reduzir o avanço da degradação ambiental por meio do descarte inconsequente do

lixo, que sem passar por um processo de reciclagem é jogado diretamente no ecossistema de

dada região.

Ademais, deve ser posta em prática a legislação ambiental que denota a possibilidade

de implantação imediata de mecanismos aptos a diminuir os impactos ambientais advindos da

exposição indiscriminada de poluentes no meio, que vai atingir diretamente a biodiversidade,

e consequentemente a sociedade como um todo.

Ademais tal pesquisa poderá suscitar a aplicação de políticas públicas voltadas para a

resolução de tão funesto problema tais como: construção de fossas sépticas em comunidades

rurais; restauração da rede coletora de esgoto; criação de mecanismos de coleta seletiva do

lixo, onde ocorre a separação do mesmo levando em consideração as suas características e

diferenças; construção de um ambiente no qual seria realizado uma triagem do material

descartado, selecionando-o e destinando-o, se for o caso, para usinas ou cooperativas de

reciclagem e reaproveitamento de lixo inorgânico existentes próximas ao município; bem

como construção de aterro.

MINI CURRICULO

José Vieira da Silva

Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade

Federal de Campina Grande (2007). Atualmente é professor

lotado na Secretaria de Educação e Cultura do estado da Paraíba

e advogado do Instituto de Previdência Própria Servidor Publico

do Município de São José da Lagoa Tapada-PB e da Câmara

Legislativa do mesmo município. Tem experiência na área de

Direito, com ênfase em Direito Previdenciário, Civil e

Cosumerista.

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