um laboratório das relações de trabalho o abc paulista nos anos 90

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    RODRIGUES, Iram Jcome. Um laboratrio das relaes de trabalho: o ABC paulista nos anos 90.Tempo Social; Rev. Sociol.USP, S. Paulo, 14(1): 137-157, maio de 2002.Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(1): 137-157, maio de 2002. A R T I G O

    Um laboratrio das relaes detrabalho

    o ABC paulista nos anos 90IRAM JCOME RODRIGUES

    RESUMO:O estudo discute as principais questes presentes na ao sindical

    na regio do ABC paulista, confrontando-as com a experincia nacional. O

    trabalho se baseia em amplo levantamento dos acordos firmados entre o sin-

    dicato dos metalrgicos do ABC e as empresas automobilsticas na dcada de

    90. A partir dos dados investigados realizado um balano das relaes de

    trabalho no perodo recente e discutidas as perspectivas para o sindicalismo

    nos prximos anos.

    um processo de mutao do trabalho, da organizao da pro-duo e da classe trabalhadora no mundo contemporneo. Es-

    tas tendncias, por vezes, so contraditrias. De toda forma,esto ocorrendo transformaes significativas relacionadas ao

    trabalho e ao emprego nestes ltimos trinta anos. A evoluo do merca-

    do de trabalho durante o chamado perodo ps-industrial (1970-90) mos-

    tra, ao mesmo tempo, um padro geral de deslocamento do emprego in-

    dustrial e dois caminhos diferentes em relao atividade industrial: o

    primeiro significa uma rpida diminuio do emprego na indstria aliada

    a uma grande expanso do emprego em servios relacionados produo

    (em percentual) e em servios sociais (volumes), enquanto outras ativi-

    dades de servios ainda so mantidas como fontes de emprego (Castells,2000, p. 237). O autor chama a ateno para o fato de que o processo de

    reestruturao produtiva nos pases centrais em decorrncia da tecnologia

    da informao e estimulada pela concorrncia global, est introduzindo

    PALAVRAS-CHAVE:

    relaes de trabalho,sindicalismo,metalrgicos ABC,anos 90,indstria automobils-tica.

    H

    Professor do Departa-mento de Economiada FEA-USP

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    RODRIGUES, Iram Jcome. Um laboratrio das relaes de trabalho: o ABC paulista nos anos 90.Tempo Social; Rev. Sociol.USP, S. Paulo, 14(1): 137-157, maio de 2002.

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    uma transformao fundamental: a individualizao do trabalho no pro-cesso de trabalho. Estamos testemunhando o reverso da tendncia hist-rica [do assalariamento] do trabalho e socializao da produo que foi acaracterstica predominante da era industrial. A nova organizao social eeconmica baseada nas tecnologias da informao visa a administraodescentralizadora, trabalho individualizante e mercados personalizados ecom isso segmenta o trabalho e fragmenta a sociedade (...). O surgimentodos mtodos de produo enxuta segue de mos dadas com as prticasempresariais reinantes de subcontratao, terceirizao, estabelecimentode negcios no exterior, consultoria, reduo do quadro funcional. Esseprocesso de flexibilizao generalizada estaria nas bases das mudanasdo mundo do trabalho. Acompanhando essas tendncias, nos pases docentro do capitalismo, por exemplo, os tipos de trabalho que mais cres-

    cem so temporrios e de meio-expediente (cf. Castells, 2000, p. 285-6).Um dos aspectos que est na raiz dessas transformaes das

    quais , ao mesmo tempo, causa e conseqncia, o chamado processode globalizao ou, se quisermos, de internacionalizao da economia.Um exemplo: as empresas transnacionais que eram, to-somente, 7 milem 1970 passam, em meados dos anos 90, para aproximadamente 37mil, com cerca de 150 mil coligadas em todo o mundo. Empregando poca 70 milhes de trabalhadores diretos que produziam um tero dototal dos bens e servios do mundo. De outra parte, para 2/3 da fora de

    trabalho mundial, emprego ainda significa emprego rural nos campos,geralmente, de suas regies (Castells, 2000, 256-7).

    Atualizando estes dados para os dias de hoje, o autor observaque existe uma globalizao da produo de bens e servios que funcionaem torno de 53 mil empresas multinacionais e suas 415 mil empresasauxiliares. Essas redes empregam apenas cerca de 200 milhes de traba-lhadores (dos quase 3 bilhes de pessoas que trabalham para viver emtodo o planeta), porm tais redes geram 30% do produto bruto global edois teros do comrcio mundial (Castells, 2002). Esse dado, por si s,

    j nos d a dimenso das profundas transformaes na produo, nasrelaes de trabalho e na organizao sindical que estamos vivenciandono mundo contemporneo.

    Na realidade, necessrio levar em conta que a questo maisgeral do processo de globalizao afetou, sobremaneira, o mundo do tra-balho, nos ltimos anos. Em meados dos anos 70, 2/3 dos trabalhadoresviviam em pases onde a ligao com os mercados internacionais era muitofraca; no final da dcada de 90 menos de 10% estavam, em parte,desconectados do mercado mundial (cf. Munck, 1999, p. 8).

    No que tange, ainda, s relaes de trabalho, Beck observa queos pases capitalistas desenvolvidos estariam vivendo um processo debrasilianizao. Isto , as mudanas no mundo do trabalho estariam tra-zendo, para as pessoas, insegurana e precarizao das condies de tra-

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    balho. Na Alemanha, por exemplo, tem havido uma diminuiopreocupante do trabalho em tempo integral que, de resto, expressa umatendncia nas economias ocidentais desenvolvidas. Nos anos 60, opercentual das pessoas em ocupaes consideradas precrias representa-va apenas 10% do total da mo-de-obra; nos anos 70 esse contingentechegou a 25% e no final dos 90 a 30% (cf. Beck, 2000).

    Alm do aumento da precarizao do emprego, est ocorrendouma dualizao do assalariamento e uma fragmentao do mercado detrabalho. De uma parte, o grupo composto por trabalhadores qualifica-dos, com nveis salariais relativamente altos e com estabilidade e, emgeral, sindicalizados, trabalhando nas grandes empresas; de outra, aque-les empregados com pouca qualificao, baixos salrios, fraca proteosocial e contratos instveis nas pequenas empresas prestadoras de servi-

    os. Essas prticas que esto se multiplicando nas empresas fazem comque, em uma mesma companhia, por vezes, em uma mesma seo e atna mesma funo, existam grupos de trabalhadores que seguem ordensde diferentes empregadores com normas diferenciadas no que diz respei-to a salrios, jornada de trabalho, entre outros aspectos. Com relao aoconjunto da sociedade, esse processo de precarizao pode estar levandoao crescimento da excluso social (cf. Boltanski & Chiapelo, 1999, p.308).1

    Esses aspectos tm trazido enormes dificuldades para a ao

    sindical, tanto nos pases centrais quanto nos pases da periferia do capi-talismo.

    Com relao ao tema da crise do sindicalismo nos pases decapitalismo maduro, Lencio M. Rodrigues chama a ateno para o fatode que muitos daqueles elementos que foram fundamentais para o desen-volvimento da ao sindical estariam em declnio na sociedade contem-pornea. Por exemplo, concentrao de trabalhadores, seja em indstriase/ou regies; produo fordista; a questo da homogeneidade das cama-das assalariadas; o peso do trabalho assalariado no interior da sociedade;

    excluso social e poltica dos trabalhadores, etc. De outra parte, os princi-pais aspectos da chamada sociedade ps-industrial abririam pouco es-pao para a organizao sindical, embora a extenso desse espao possaser diferente quando se avaliam sociedades nacionais especficas(Rodrigues, 1999, p. 301-3).

    O autor, no entanto, aponta trs possibilidades que poderiamtrazer de volta, de forma mais contundente, o sindicalismo. A primeira serelacionaria com grupos de profissionais nos setores de atividades emcrescimento no mercado e que sejam sensveis s demandas sindicais; a

    segunda possibilidade se relacionaria com a idia de manuteno emamplos setores da economia das estruturas do passado e, finalmente, seos sindicatos forem capazes de manter posies de fora no interior deempresas reestruturadas.

    1 Os captulos IV e V,respectivamente, Ladconstruction dumonde du travail eLaffaiblissementdes dfenses du mon-de du travail, tratamdas transformaesrecentes do mundo dotrabalho e seus impac-tos na instituio sin-dical.

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    Outros estudiosos vem esse processo de forma diferente. Porexemplo, Ronald Munck pergunta: se o capitalismo, nestes ltimos trintaanos, teve uma capacidade impressionante de se reorganizar, se transfor-mar e/ou mudar, porque o sindicalismo no seria capaz de fazer o mes-mo? Em outras palavras, o que impediria o sindicalismo de se reestruturare, at mesmo, se reinventar para poder continuar desempenhando im-portante papel nas relaes entre capital e trabalho nas sociedades demo-crticas? Esta , sem dvida,aquesto.

    De toda forma, muitos dos aspectos da crise que ronda o mun-do sindical nos pases centrais chegaram tardiamente a nosso pas. A ri-gor, seus principais elementos s aportaram por aqui nos anos 90. Isso sedeve a vrios fatores: naqueles pases de capitalismo maduro as transfor-maes que comearam a ocorrer no mundo do trabalho datam do final

    dos anos 60 e incio dos 70. Nesse perodo, do ponto de vista poltico,vivamos sob um regime militar ditatorial. Foi uma poca em que houveum crescimento importante do parque industrial e, em particular, das em-presas de bens durveis como, por exemplo, as do ramo automobilstico.A regio do ABC e, principalmente, o municpio de So Bernardo doCampo foi o principal territrio desse setor. Junto com o crescimento dasplantas das montadoras ocorreu, em seu entorno, um aumento significati-vo das empresas fornecedoras de autopeas e, por extenso, um desen-volvimento vigoroso do sindicalismo na regio.

    Quando se analisa a prtica sindical dos metalrgicos do ABC,observa-se uma mudana no seu padro de atuao. Ao mesmo tempoem que tem uma ao voltada, primordialmente, para a negociao nointerior da empresa, possui uma atividade que ultrapassa, do ponto devista poltico e do ponto de vista da poltica sindical, os muros da produ-o. Afora outras iniciativas, a participao nas greves de setembro de 99e de novembro de 2000, em escala nacional, estaria indicando esta din-mica. De um lado, os acordos por fbricas, realizados nos anos 90, comoanalisaremos adiante e, de outro, iniciativas como a Cmara Regional do

    ABC com a participao de setores da sociedade civil e do governo, noplano municipal sete municpios e estadual, bem como o processopara eleio da diretoria do sindicato dos metalrgicos do ABC que foiprecedido, em maio de 1999, de uma ampla mobilizao e organizaodos trabalhadores nos locais de trabalho a partir das comisses sindicaisde base. Atualmente, esses organismos esto presentes em cerca de 60empresas na base do sindicato. O que representa um elevado grau deorganizao no interior das fbricas. Esses aspectos estariam indicando,de forma palpvel, as mudanas que estariam ocorrendo nas relaes de

    trabalho na regio.O presente trabalho procura discutir os vrios aspectos desse

    padro de ao sindical acentuando aqueles temas que nos parecerammais relevantes para o entendimento da construo de novas relaes de

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    RODRIGUES, Iram Jcome. Um laboratrio das relaes de trabalho: o ABC paulista nos anos 90.Tempo Social; Rev. Sociol.USP, S. Paulo, 14(1): 137-157, maio de 2002.

    trabalho no ABC paulista durante a dcada de 90.

    Sindicalismo no ABC paulista nas dcadas de 70 e 80

    A regio do ABC paulista e, em particular, o municpio de SoBernardo do Campo possui algumas peculiaridades que a tornam mpar.Ao mesmo tempo em que h um amplo desenvolvimento industrial e, poressa razo, existe uma grande concentrao de trabalhadores nessa re-gio, h, tambm, um tipo de ao sindical que se diferencia, em muito,das prticas sindicais mais comuns em nosso pas. E um dos principaispontos dessa prtica que se desenvolveu no ABC paulista, desde os anos70, se relaciona, de um lado, com a capacidade sindical de dar respostasaos problemas que surgem no cotidiano da produo e, de outro, com sua

    organizao no interior das empresas. Nos quadros do movimento sindi-cal brasileiro, a luta pela elevao de salrios segundo os incrementos deprodutividade, pela negociao coletiva sem a mediao do governo, pelaorganizao sindical no interior das unidades fabris, configura uma pro-blemtica indita, que vem sendo incorporada pelos trabalhadores do se-tor mais moderno do parque industrial brasileiro, a partir dos primeirosanos desta dcada [1970]. Ela envolve trs ordens de questes relaciona-das entre si e em torno das quais possvel que se definam novas pautasde ao sindical (Almeida, 1978, p. 469). Uma primeira questo se rela-

    ciona juno das demandas salariais com reivindicaes que dizem res-peito s condies de trabalho; a segunda, tentativa de buscar negocia-es descentralizadas; e, finalmente, uma preocupao do sindicato maisvoltada para o interior da empresa e mais preocupada em aumentar ocontrole dos assalariados sobre o processo de trabalho (Almeida, 1978,p. 469).

    Com uma prtica amplamente amparada nos temas que surgemno dia-a-dia da produo, esse sindicalismo dava voz quelas demandasdo operariado em seus locais de trabalho. Em uma regio de alta concen-

    trao industrial, onde a grande maioria dos operrios trabalhava nas in-dstrias automobilsticas do municpio, cerca de 60% da mo-de-obraestava concentrada nas montadoras a instaladas, o que ser um fator de-cisivo para a nova forma de atuao trabalhista que est sendo gestada noABC paulista (cf. Rodrigues, 1997, p. 66).

    importante ressaltar, ainda, que a reorganizao do movimentodos trabalhadores e do sindicalismo se deu, no Brasil, concomitantemente luta pela redemocratizao do final dos anos 70 at meados dos 80.Esse fato ajuda a explicar porque, enquanto nos pases centrais estava em

    curso uma crise sem precedentes do mundo do trabalho e da instituiosindical, aqui estivesse ocorrendo um crescimento da ao trabalhista.

    Vale dizer, o pas assistiu a uma movimentao sem preceden-tes na esfera das relaes capital/trabalho, no perodo que vai de 1978 a

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    1989. A sociedade foi tomada de surpresa. De repente, os trabalhadores,que raramente eram mencionados nos jornais da chamada grande im-prensa e que quando se faziam presentes apareciam apenas nos cadernosde economia, passam a ocupar as primeiras pginas de todos os peridi-cos, bem como o noticirio do rdio e da televiso e, com as greves,naquele perodo, conseguem se colocar de um momento para outro nocentro das atenes polticasdo pas inteiro.

    No final da dcada de 70, o Sindicato dos Metalrgicos de SoBernardo se notabilizou na esfera pblica ao defender a liberdade e auto-nomia sindical; a organizao dos empregados nos locais de trabalho; fimdo controle do Ministrio do Trabalho sobre os sindicatos; direito de gre-ve; a negociao direta entre patres e empregados sem a ingerncia doEstado, entre outros aspectos. O conjunto dessas aes resultou, paulati-

    namente, na construo de uma nova forma de atuao no campo dasrelaes trabalhistas que, posteriormente, ficou conhecida como novo sin-dicalismo.2

    A passagem de uma luta extremamente defensiva e localizadapara uma ao mais ampla, no final dos anos 70 e incio dos 80, quandoos conflitos comeam a eclodir por todos os lados, com grandes grevespor categorias, por fbricas, e mesmo greves gerais, significou uma mu-dana na ao sindical no Brasil. O verdadeiro ponto de inflexo foram asgreves por fbrica que, iniciando-se em So Bernardo, em maio de 1978,

    se estenderam, em seguida, praticamente pelo pas inteiro.Nos anos 90, no entanto, ocorreu uma mudana radical no que

    diz respeito s demandas do sindicalismo. Em funo das transformaesna produo, na organizao e gesto do trabalho a chamadareestruturao produtiva , a agenda sindical se voltou para o interior daempresa, discutindo mais diretamente temas relacionados problemticado trabalho, sejam vinculados organizao e gesto do trabalho, sejamaquelas questes relacionadas remunerao varivel, como a participa-o nos lucros e resultados (PLR) ou, ainda, as que dizem respeito

    flexibilizao da jornada de trabalho como o banco de horas, entre outras.Alm disso, durante a dcada de 90, exceo do pequeno pe-

    rodo do Governo Itamar Franco, o movimento sindical passou a convi-ver, de um lado, com uma postura mais intransigente por parte do gover-no federal e, de outro, com um esforo desmesurado por parte dosgovernantes no sentido de levar s ltimas conseqncias o processo deflexibilizao das relaes de trabalho no pas. Estas tm sido, por exem-plo, as duas principais caractersticas do governo FHC o que, em parte,repete o perodo Collor no tratamento dado ao trabalhista. Ao lado

    desses aspectos, seja em decorrncia da poltica econmica que tem sidoimplementada, seja pela reestruturao produtiva em curso no interiordas empresas, estima-se que na dcada de 90 foram perdidos mais de 3milhes de postos de trabalho. Desse total, o perodo 95-98 contribuiu

    2 Muitos autores se de-dicaram ao estudodesse movimento e deseus desdobramentos.Entre outros, pode-mos citar Almeida,1975; Maroni, 1982;Rainho e Bargas,1983; Sader, 1988;Rodrigues, 1990; Boi-to Jnior, 1991; An-tunes, 1991; Manga-beira, 1993; Martins,1994. Para uma crti-ca da noo de novosindicalismo, cf.Santana, 1999.

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    com o desaparecimento de quase 2 milhes de empregos.O processo de desregulamentao da economia, abertura co-

    mercial, privatizaes, etc. trouxe um incremento do mercado informalde trabalho nesta ltima dcada. Em outras palavras, o governo FHC, setrouxe a estabilidade da moeda e o fim da inflao, representou um custosocial muito grande que se expressa, por exemplo, no amplo contingentede desempregados pelo pas afora.

    Nesse sentido, na segunda metade dos anos 90 ocorreu um au-mento sem precedentes do desemprego no pas, agravado por um quadrode aumento das condies de precarizao do mercado de trabalho. Nes-se perodo, o governo se relacionou de uma maneira extremamente tensae, por vezes, difcil com o movimento sindical. O pice dessa tenso foidurante a greve dos petroleiros no incio de 1995.

    No entanto, apesar das dificuldades que pairam sobre o mundodo trabalho, o sistema de relaes de trabalho brasileiro sofreu algumastransformaes. Isso pode ser observado mais claramente onde o sindica-lismo est mais enraizado no interior das empresas. o caso, por exem-plo, do setor metalrgico e em particular das indstrias automobilsticas.E parte dessas mudanas estaria ampliando as possibilidades da negocia-o direta entre patres e empregados. Nesse aspecto, a experincia leva-da a cabo pelos metalrgicos do ABC paulista extremamente significa-tiva das novas condies vividas pelo sindicalismo brasileiro.

    Alguns aspectos do panorama brasileiro das relaesde trabalho no f inal da dcada de 90

    Em setembro de 1999 e em novembro de 2000, o sindicalismometalrgico realizou dois movimentos importantes no cenrio nacional.Na parte inicial deste trabalho chamvamos a ateno para o fato de queo sindicalismo durante grande parte da dcada de 90 esteve voltado, prin-cipalmente, para aes mais localizadas: temas como conseqncias da

    reestruturao produtiva para os trabalhadores, flexibilizao da jornadade trabalho via banco de horas , a questo da participao nos lucros eresultados (PLR), entre outros, estiveram presentes no cotidiano das rela-es capital/trabalho nesse perodo. Afora um ou outro pequeno momen-to, a atuao dos sindicatos no decnio foi extremamente defensiva.

    H um fato, no entanto, que merece ser ressaltado: a tentativada Central nica dos Trabalhadores (CUT) e da Fora Sindical de orga-nizarem, em setembro de 1999, um amplo movimento conjunto tendocomo palco as plantas automobilsticas e tendo como principal demanda

    o Contrato Coletivo Nacional de Trabalho nas montadoras no pas. Foramrealizadas vrias paralisaes e mobilizaes dos trabalhadores que noestado de So Paulo passaram pelo ABC paulista, Vale do Paraba,Indaiatuba, Sumar, assim como por Minas Gerais, Paran e Rio de Ja-

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    neiro. Esse movimento foi denominado de Festival de Greves.Quais foram as principais caractersticas dessa mobilizao?

    Em primeiro lugar, a preocupao com a abrangncia nacional, ainda querestrita ao setor metalrgico e, mais especificamente, indstria automo-bilstica. O segundo aspecto relevante foi a tentativa de ao conjunta dasduas principais centrais sindicais do pas: CUT e Fora Sindical.

    Com essa atividade, comeava a se afigurar um novo padro deao trabalhista bem diferente daquele que foi hegemnico durante toda adcada. De um lado, a idia de unir esforos, no mbito das centrais e, deoutro, a preocupao com a abrangncia das reivindicaes. Em outraspalavras, menos atitudes isoladas e/ou localizadas, aes regionais,setoriais, etc. e mais atividades que tivessem amplitude nacional. Enfim,o sindicalismo brasileiro comeava a sair do casulo?

    Dessa forma, o chamado Festival de Greves do segundo se-mestre de 99 funcionou como uma espcie de ensaio geral para a grevede novembro de 2000. No segundo semestre daquele ano os principaisindicadores econmicos haviam apresentado sensvel melhora: ocorreuum pequeno aumento do emprego formal, uma relativa melhoria na sa-de financeira das empresas, retomada do crescimento industrial e, no casodo setor metalrgico e, em especial, das montadoras de veculos, houveincremento significativo das margens de lucro.

    A Tabela 1, bem como as Figuras 1 e 2, a seguir, mostram

    claramente esse processo com relao indstria automobilstica brasi-leira. Quando analisamos a produo anual em unidades de 1980 a 1999,o nvel de emprego nas plantas automobilsticas e o peso percentual damassa salarial em relao receita lquida, o que se observa, alm dobrutal decrscimo da fora de trabalho, o aumento da produo portrabalhador e, mais do que isso, uma queda acentuada da participaodos salrios na receita lquida das empresas. Esses dados demonstramamplamente, entre outros aspectos, as possibilidades da demanda dos10% de aumento de salrios e algumas das razes pelas quais a greve foi

    vitoriosa.A esse quadro econmico satisfatrio poderamos agregar uma

    componente poltica significativa: as eleies municipais de outubro de2000. Nas grandes cidades e em muitas capitais brasileiras, a oposiovenceu. Esse fato trouxe algum alento a certas reas da sociedadebrasileira e, certamente, deu mais nimo s demandas do movimentosindical.

    No dia 7 de novembro 2000, as duas centrais sindicais orga-nizaram uma greve de advertncia que, segundo seus organizadores,

    teria conseguido a adeso de aproximadamente 100 mil trabalhado-res, perfazendo um total de 312 empresas paralisadas no estado deSo Paulo. Nos dias 13 e 14 de novembro, amplo contingente demetalrgicos, tendo frente parte importante das companhias auto-

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    Indstria automobilstica

    Produo anual Nvel de Massa salarial

    (em unidades) emprego versus receita lquida

    Ano Total Por empreg. Mdio anual (em %)

    1980 1.179.419 8.8 133.641 18.6

    1981 780.883 6.6 118.776 19.6

    1982 859.295 7.8 109.780 18.4

    1983 896.469 8.3 107.493 16.1

    1984 864.654 8.1 106.618 13.0

    1985 966.708 8.1 119.357 13.6

    1986 1.056.332 8.3 127.133 17.3

    1987 920.071 7.7 120.121 12.3

    1988 1.068.756 9.4 114.019 10.1

    1989 1.013.252 8.8 114.955 10.1

    1990 914.466 7.7 118.183 11.0

    1991 960.219 8.7 110.954 12.5

    1992 1.073.861 10.0 107.682 10.4

    1993 1.391.435 13.1 106.227 8.8

    1994 1.581.389 14.8 106.613 12.9

    1995 1.629.008 15.1 107.874 10.2

    1996 1.804.328 17.4 103.545 9.4

    1997 2.069.703 19.6 105.641 8.5

    1998 1.573.106 16.1 97.452 8.7

    1999 1.345.515 15.9 84.632 8.0

    Fonte: Subseo Dieese SMABC Tabela 1

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    -

    5,0

    10,0

    15,0

    20,0

    25,0

    1975 1980 1985 1990 1995 2000

    0,0%

    5,0%

    10,0%

    15,0%

    20,0%

    25,0%

    1975 1980 1985 1990 1995 2000

    Figura 1

    Nmero de veculos por empregado nas montadoras no Brasil

    (1980-1999)

    Figura 2

    Relao da massa salarial versusreceita lquida na indstria automobilstica no Brasil

    (1980-1999)

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    RODRIGUES, Iram Jcome. Um laboratrio das relaes de trabalho: o ABC paulista nos anos 90.Tempo Social; Rev. Sociol.USP, S. Paulo, 14(1): 137-157, maio de 2002.

    mobilsticas, e, em especial, a regio do ABC paulista que teve um nvelmuito alto de adeso ao movimento paralisaram suas atividades no estadode So Paulo. A reivindicao era 10% de aumento. As empresas ofere-ciam 6,5%. Como no houve acordo, estas recorreram ao Tribunal Regi-onal do Trabalho de So Paulo, na expectativa que a Justia do Trabalho,como vinha ocorrendo na dcada de 90, desse ganho de causa ao setorpatronal.

    Na base do Sindicato dos Metalrgicos do ABC, por exemplo,que desenvolveu nos ltimos anos uma ampla prtica de negociao narelao capital/trabalho, desde 1976 no se recorria Justia do Trabalhopara resolver conflitos trabalhistas. Desse ponto de vista, a ao patro-nal, dando as costas para a negociao direta entre as partes e procurandose escudar no guarda-chuva do Estado, a despeito de todo o discurso

    liberal, foi um grande retrocesso.A sentena do TRT que saiu na tarde do dia 16 de novembro,

    depois de tentativas por parte do Tribunal de uma proposta conciliatriano segundo dia da greve, que no foi aceita pelos metalrgicos, foi aseguinte: reajuste de 10% nos salrios dos metalrgicos das montadorascujos sindicatos so filiados tanto CUT quanto Fora Sindical e dostrabalhadores das empresas de autopeas na regio do ABC, filiados CUT. Alm disso, o TRT decidiu que os dias parados no seriam descon-tados e ainda deu 90 dias de estabilidade no emprego para todos os traba-

    lhadores.O resultado desse julgamento foi uma surpresa geral: tanto para

    patres quanto para empregados. As empresas resolveram recorrer aoTribunal Superior do Trabalho. O setor de autopeas conseguiu baixar ondice para 8%, percentual este que havia sido conseguido pelos sindica-tos ligados Fora Sindical na capital e em algumas outras cidades dointerior. As montadoras tambm entraram no TST mas, aparentemente,desistiram do recurso.3Todas as empresas automobilsticas concederamos 10%. Inclusive empresas fora do estado de So de Paulo, como a Fiat

    em Minas Gerais e fbricas do setor metal-mecnico do Paran, entreoutras, concederam aumento de 10%. Em outras palavras esse passou aser um nmero mgico nas negociaes coletivas no final de 2000 eque teve repercusses em todo o pas.

    Entre os metalrgicos do ABC, cerca de um ms aps a greve,alm das negociaes com as empresas automobilsticas, foram realiza-dos, aproximadamente, 200 acordos por empresa no setor de autopeascontemplando os 10% de aumento salarial. As empresas que negociaramo aumento salarial representavam, at aquele momento, aproximadamen-

    te 90% dos trabalhadores metalrgicos da base desse sindicato. Vale di-zer, de fato, independentemente da sentena da Justia do Trabalho comrelao aos setores de autopeas, ou qualquer outro resultado no recursoque as montadoras haviam impetrado, os acordos por fbrica que foram

    3 Esse recurso no foi ajulgamento. Logo, aANFAVEA deve terdesistido de levar adi-ante esta questo. importante dizer queo Sindicato dos Me-talrgicos do ABC,quando da entrada dorecurso no Tribunal,avisou s empresas

    que, se fosse a julga-mento e a deciso fos-se desfavorvel aostrabalhadores, volta-riam greve.

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    realizados na regio sob os auspcios da CUT e do seu principal organis-mo trabalhista, o Sindicato dos Metalrgicos do ABC, no poderiam vol-tar atrs.

    Assim, como havia uma Lei de Greve, extremamente draconiana,do perodo do regime militar, que foi superada na prtica pelas mobiliza-es e greves que se iniciaram em So Bernardo em 1978, a ao sindicalna regio estaria, mais uma vez, apontando o caminho da negociaodireta entre empregados e empregadores como a melhor estratgia paradirimir conflitos trabalhistas.

    Caberia uma nota adicional no que tange postura da ForaSindical durante a greve. Depois da chamada greve de advertncia, acentral comeou a fazer acordos com as empresas de autopeas e outrasaceitando os 8% de aumento. O mnimo que se pode dizer dessa atitude

    que houve um certo aodamento de sua principal liderana, Paulo Pereirada Silva. Desse ponto de vista, a estratgia da CUT, como parte de umaviso de longo prazo, se mostrou mais correta quando jogou todas asforas na defesa dos 10% de aumento. Nesse sentido, a liderana que sesobressaiu neste movimento foi a do presidente do Sindicato dosMetalrgicos do ABC, Luiz Marinho. Mostrou firmeza nos momentosimportantes da paralisao, negociou exausto quando foi necessrio e,mais importante, se manteve durante todo o perodo do movimento sinto-nizado com seus liderados.

    Com as mudanas que ocorreram no mundo do trabalho nosanos 80 e 90, a ao sindical voltou-se em algumas regies do pas, comoj mencionamos anteriormente, para o interior das unidades produtivas.Onde isso aconteceu est emergindo um sindicalismo forte, com os psno interior da empresa e com uma representatividade muito grande juntoaos empregados. Esse o exemplo do padro sindical do Sindicato dosMetalrgicos do ABC que conseguiu, nestes ltimos vinte anos, construiruma base importante nas empresas da regio. As Figuras 3 e 4, abaixo,que mostram a relao entre nmero de trabalhadores na base do sindica-

    to do ABC, os sindicalizados e o percentual de sindicalizao, chamam aateno para dois aspectos: o primeiro se refere diminuio significativado nmero de trabalhadores na base sindical como efeito, entre outrosaspectos, da reestruturao produtiva da dcada de 90 nas empresas daregio. J o segundo aspecto d conta de um importante crescimento donmero de trabalhadores sindicalizados nos anos 90 quando comparadoscom a dcada de 80, tendo chegado prximo de 80% de sindicalizadosem 1998. Esses dados expressam, de forma cabal, a fora que esse pa-dro de ao sindical conseguiu junto aos assalariados em seus locais de

    trabalho. Nos ltimos dois anos ocorreu uma queda no nmero de sindi-calizados. Mesmo assim, quando comparados com a mdia nacional desindicalizao, estes nmeros so extremamente altos. importante no-tar que, mesmo com a diminuio do percentual de sindicalizados no

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    0

    20000

    40000

    60000

    80000

    100000

    120000

    140000

    160000

    1980 1985 1990 1995 2000

    trabalhadores

    sindicalizados

    0,00%

    10,00%

    20,00%

    30,00%

    40,00%

    50,00%

    60,00%

    70,00%

    80,00%

    90,00%

    1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000

    Figura 3*

    Metalrgicos do ABC - Nmero de trabalhadores versussindicalizados 1984-1999

    Fonte: Secretaria geral do sindicato dos metalrgicos do ABC

    Figura 4*

    Metalrgicos do ABC - Percentual de sindicalizados (1984-99)

    Fonte: Secretaria geral do Sindicato dos Metalrgicos do ABC

    * Os anos a que se referem os dados constantes nas Figuras 3 e 4 so: 1984, 1986,

    1989, 1993, 1995, 1998 e 1999. Os nmeros relativos ao ano de 1999 tm como

    base o ms de maio.

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    total dos trabalhadores, nas cinco montadoras que fazem parte da base dosindicato dos metalrgicos do ABC, atualmente, os sindicalizados repre-sentam, aproximadamente, 75% dos empregados destas plantas automo-bilsticas.

    Onde esse processo de organizao no interior das empresasno ocorreu, a atividade sindical, no limite, ficou mais enfraquecida. essa dinmica que explica, por vezes, as tergiversaes da Fora Sindicalquando comparada com a atividade do sindicalismo cutista no ABCpaulista.

    O que estamos tentando demonstrar que tanto as greves emsetembro de 99 quanto as paralisaes ocorridas em novembro de 2000representaram tentativas do movimento sindical de sair do isolamento emque foi colocado durante os anos 90. Esse o quadro mais geral de onde

    emergiram essas mobilizaes sindicais nos dois anos precedentes. Mes-mo que a questo posta no horizonte mais imediato tenha sido o tema dossalrios, essa nova conjuntura sindical estaria expressando, tambm, umcerto cansao que se faz cada vez mais presente no interior da sociedadebrasileira com uma poltica econmica que no tem conseguido diminuiras desigualdades sociais, nem combater de forma mais efetiva o proble-ma do desemprego.

    Assim, possvel que estejamos assistindo a um novo momen-to nas relaes trabalhistas e a um crescimento da ao do sindicalismo

    brasileiro. No representa uma volta ao perodo 70-80 e, aparentemente, algo diferente do defensivismo dos ltimos anos. E esse processo stem conseguido alguma eficcia onde o sindicalismo est realmente en-raizado no interior das empresas. Assim, o exemplo que se sobressai ,novamente, o dos metalrgicos do ABC paulista.

    Os acordos por empresa no ABC paulista nos anos 90

    Nesta parte do trabalho, procuraremos analisar um total de 177

    acordos que foram realizados entre o Sindicato dos Metalrgicos do ABCe as cinco montadoras que esto na sua base de atuao, quais sejam:Volkswagen, Mercedes-Benz, Scania, Toyota e Ford. So, em sua amplamaioria, acordos por empresa. O que mostra, de um lado, um processo dedescentralizao da negociao coletiva e, de outro, uma ao sindicalvisvel, principalmente nessa regio, de negociao direta entre patres eempregados no cho da fbrica.

    Os acordos cobrem uma gama variada de temas, tais como:flexibilizao da jornada de trabalho, banco de horas, terceirizao, horas

    extras, salrios, produtividade, participao nos lucros e resultados (PLR),sade e segurana no trabalho, produtividade, organizao sindical naempresa, condies de trabalho, organizao do trabalho no interior daempresa, enfim, aspectos relacionados reestruturao produtiva e tan-

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    tos outros. O perodo abrangido pelos dados vai de 1993 a 1999.4Foifeita uma primeira classificao em cinco grandes temas: salrios, PLR,jornada de trabalho, condies de trabalho e organizao sindical nasmontadoras.5 Esses so os acordos escritos. H uma prtica bastante de-senvolvida de negociaes que so feitas e que no so passadas para opapel. Essa dinmica ocorre mesmo entre as montadoras no ABC.

    Abaixo, temos a Tabela 2e as Figuras5, 6 e 7 que do conta,respectivamente, dos tipos de acordos realizados por montadora; total deacordos realizados nas montadoras; total de acordos em cada montadorae, finalmente, temas dos acordos por montadora.

    O que essas negociaes entre capital e trabalho no interior dasempresas estudadas nos dizem? No caso da Tabela 2, na parte referente totalizao dos dados e que tambm apresentada na Figura 5, abaixo,

    aparecem os 177 acordos realizados no mbito das empresas estudadas,relativos ao perodo de 93 a 99. Os temas mais freqentes foram:partici-pao nos lucros e resultadoscom 48 acordos feitos, o que equivale a27% do conjunto da amostra. O tema dajornada de trabalhoaparece emseguida, com 46 acordos ou 26% do total. J a questo salarialsurgiu 35vezes, representando 20% dos acordos realizados. Em seguida vieram,respectivamente, condies de trabalho e organizao sindical nasmontadorascom 16 e 11%.

    Os dados estariam demonstrando a ocorrncia, nos anos 90, de

    uma mudana significativa nas demandas trabalhistas quando compara-das, por exemplo, com as duas dcadas anteriores. De um ponto de vistamais geral, observa-se um amplo processo de flexibilizao das relaesde trabalho entre os metalrgicos do ABC que, de certa forma, segueuma tendncia que tem se generalizado nos ltimos anos tanto nacionalquanto internacionalmente. Os dois temas mais recorrentes desse proces-so so a PLR, que representa, nesse setor, um incremento real na rendaanual dos empregados dessas empresas e uma componente varivel deseus salrios, e a questo da jornada de trabalho que, no caso, est asso-

    ciada, principalmente, questo do banco de horas, que significa aflexibilizao da jornada de trabalho e que tem funcionado, na regio,como um contrapeso s demisses, especialmente nas montadoras. Aexplicao mais plausvel para que os temas relacionados s condiesde trabalhoe organizao sindicaltenham sido menos demandados sedeve, em primeiro lugar, possivelmente, s caractersticas da organiza-o do trabalho nesstas plantas, onde as condies so bem melhores quea mdia das companhias no pas. Em segundo lugar, essas empresas tmuma forte tradio de organizao dos trabalhadores em seu interior que

    vem dos anos 80. H comisses de fbricas extremamente atuantes noslocais de trabalho, bem como comisses sindicais de base, o que faz comque o sindicato tenha uma ao bastante presente nas questes do cotidi-ano da produo. Essas so as razes pelas quais temas como condies

    4 Durante os anos de1987 a 1995 as unida-des da Ford e daVolkswagen estive-ram juntas em razoda fuso, no Brasil,das duas montadoraspassando a se chamarAutolatina. Assim,durante um perodo,os acordos das duascompanhias, em So

    Bernardo, eram feitospela Autolatina. Paraefeito de contagem donmero dos acordos,entre 93 e 95, todosaqueles relacionados Autolatina foramcontados tanto para aFord quanto para aVolkswagen, pois, na-quela poca, eramuma mesma empresaque, posteriormente,

    voltam ao padro an-terior, ou seja, duasempresas diferentes.Para uma anlise dafuso e desmembra-mento da Autolatina,ver Blass (2001).

    5Esta uma pesquisaem andamento quetem encontrado algu-mas dificuldades paraa organizao da am-pla gama de dados.Esperamos, no entan-to, que com o desen-volvimento do estu-do, esses problemassejam sanados.

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    de trabalho e organizao sindical no interior da empresa no tenham sesobressado tanto quanto jornada, PLR e mesmo salrios.

    J no espao da Tabela 2referente s cinco montadoras, bemcomo na Figura 6, so apresentados os dados referentes aos acordos quese realizaram nas cinco companhias estudadas. Observa-se que a Fordfoi aquela que realizou mais acordos (53), seguida pela Volkswagen (38)e Mercedes-Benz (33).

    A Figura 7 procura dar conta dos temas dos acordos pormontadora. Se, na Volkswagen, as demandas mais relevantes acordadasse referem jornada, PLR e salrios, na Scania e na Toyota, grande partedas negociaes ocorreu em torno pela ordem da participao doslucros e resultados, salrios e jornada de trabalho. No entanto, o padrode negociao tanto na Ford quanto na Mercedes-Benz se diferencia bas-

    tante do daquelas montadoras. Na Ford os temas da jornada, condiesde trabalho e participao nos lucros e resultados esto, praticamente, nomesmo patamar. Na Mercedes-Benz, a questo que foi objeto de maisnegociao refere-se s condies de trabalho, seguida da PLR. Aqui hum certo equilbrio com relao aos outros temas tratados. No caso des-sas duas empresas, o diferencial representado pela ocorrncia de umafreqncia muito grande de acordos sobre as condies de trabalho. Noque tange Mercedes-Benz isso se deve reestruturao negociada emque pese as idas e vindas desse processo que teve lugar em meados da

    dcada de 90 quando temas como kaizen, trabalho em grupo, manufaturacelular, entre outros, foram exaustivamente negociados. Com relao

    Tabela 2

    Tipos de acordos realizados por montadora no perodo de 1993 a 1999

    Total Ford Mercedes Scania Toyota Volkswagen

    N % N % N % N % N % N %

    PLR 48 27 13 25 7 21 8 33 11 38 9 24

    Jornada 46 26 14 27 6 18 5 21 5 17 16 42

    Salrio 35 20 6 11 6 18 6 25 9 31 8 21

    Cond. Trab. 28 16 14 26 8 25 1 4 2 7 3 8

    Org. Sind. 20 11 6 11 6 18 4 17 2 7 2 5

    TOTAL 177 100 53 100 33 100 24 100 29 100 38 100

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    Figura 5

    Tipos de acordos realizados nas cinco montadoras

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    PLR

    Jornada

    Salrio

    Cond Trab

    Org.Sind

    Figura 6

    Total de acordos em cada montadora

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    Ford Volkswagen Mercedes Toyota Scania

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    Ford

    Volk

    s

    Mercede

    s

    Scania

    Toyota

    jornada

    PLR

    Co nd Trab

    Salrio

    Org.Sind

    Figura 7

    Temas dos acordos por montadora - 1993 a 1999

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    Ford, tambm em meados dos anos 90, a sua fbrica em So Bernardo foicompletamente reorganizada para dar lugar produo do seu modeloFiesta. Esse processo aumentou, em muito, a automao nessa fbrica, aincorporao de um nmero significativo de robs, alm das mudanasorganizacionais na produo. Essas transformaes levaram a um con-junto de acordos que tinham por finalidade a negociao das condiesde trabalho.

    Consideraes finais

    O chamado novo sindicalismo que teve sua origem em SoBernardo do Campo deixou a atuao extremamente conflitiva e mesmoconfrontacionista, do final dos anos 70 e da dcada de 1980, passando a

    adotar uma postura que, do ponto de vista daprxissindical, poderamoschamar de cooperao conflitiva, onde o principal tema a negociao,ou seja, a busca de solues negociadas na relao capital/trabalho. Esseprocesso se deveria, entre outros, aos seguintes aspectos:6a) com a dimi-nuio do nmero de postos de trabalho nas empresas da regio e darotatividade da mo-de-obra, estaria surgindo um novo trabalhador, emparticular nas montadoras que, diferentemente do operrio dos anos 70 e80, nos anos recentes, tem tido uma atitude mais pragmtica, menosideologizada e mais negociadora na relao com a empresa. De certa

    forma, esse setor representado por uma camada de jovens emprega-dos,7majoritariamente com cursos profissionalizantes e com maior graude instruo, se comparados com aqueles trabalhadores que estiveram frente das lutas trabalhistas do final da dcada de 1970 e durante os anos80; b) essa jovem classe trabalhadora, ainda que tenha, tambm, preocu-paes mais gerais, possui uma maior dose de realismo nas relaescotidianas no interior da empresa; c) as transformaes que estariam ocor-rendo na agenda do novo sindicalismo so, em parte, ocasionadas pelasmudanas mais amplas que tm se desenvolvido no plano nacional e in-

    ternacional e, em parte, decorrncia de uma nova atitude no interior daclasse trabalhadora que, hoje, j no rejeitaria os pressupostos da empre-sa; d) assim, os acordos que tm sido levados adiante, nos ltimos anos,no mbito do Sindicato dos Metalrgicos do ABC funcionariam, por par-te do sindicato, como uma tentativa de se adaptar s novas tendncias queesto relacionadas com o chamado processo de internacionalizao eco-nmica e de reestruturao produtiva, bem como com aqueles aspectosmais subjetivos que representariam os interesses mais imediatos dos em-pregados; e) a forma de organizao do trabalho e da produo no interior

    das grandes empresas na regio, onde so comuns as clulas de manufa-tura, trabalho em grupo e mltiplas inovaes organizacionais, situampara a empresa e para o empregado um dilema real: para que haja aumen-to da produtividade, melhoria da qualidade do emprego e, por extenso,

    6 Parte destes argu-

    mentos apareceramem Rodrigues, I. J.,1999a.

    7Robert Boyer, anali-sando a crise do mo-delo fordista, chama aateno para o fato deque a jovem geraode empregados, comum nvel educacionalmaior, havia adquiri-do aspiraes que nopoderiam ser preen-chidas com a concep-o das relaes deemprego do fordismo.(cf. Boyer & Durand,1997).

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    capacidade empresarial competitiva tanto no mercado interno quanto ex-terno, necessrio que a companhia tenha a cooperao dos seus empre-gados para suas metas mais gerais de produo. Isso faz com que, hoje,pelo menos nas grandes empresas e, em especial, nas multinacionais, hajaa necessidade de um certo apoio da mo-de-obra para que a atividadeprodutiva possa fluir sem grandes bices. Em contrapartida, as relaesde trabalho passam a ter mais transparncia e os trabalhadores passam ater condies de uma ao mais efetiva nos locais de produo. Isto , hum processo de cooperao conflitiva entre capital e trabalho; e f) essefenmeno estaria influenciando o sindicalismo cutistae, certamente, se-ria responsvel por mudanas significativas no interior da Central nicados Trabalhadores: a passagem de uma ao sindical mais confrontacionistapara uma atividade que visa a negociao como um objetivo primordial.

    Isso mais visvel na ao sindical das correntes que so majoritrias naCUT.

    Essas seriam algumas variveis responsveis pelas mudanasocorridas no chamado novo sindicalismo, levando-o a uma atividade que,atualmente, estaria mais prxima de um realismo defensivo, que contras-ta com aquele perodo herico nas dcadas de 70 e 80. Vale dizer, frentea um processo sem precedentes de mudanas no mundo do trabalho, pa-rece que a sada que esse padro de ao sindical vislumbra aponta parauma atuao apoiada em uma forte dose de realismo nas negociaes e

    um declnio acentuado da ideologizao e politizao da prtica sindicalanterior.

    Ao mesmo tempo em que teve e continua tendo uma incidnciaimportante nos temas mais gerais da agenda poltica, social e econmicado pas, esse sindicalismo volta-se cada vez mais para aqueles temas quese relacionam mais concretamente com a organizao e a gesto do traba-lho no interior da empresa (cf. Rodrigues, 1999b). Esse , sem dvida, osentido mais geral dos acordos que foram negociados na dcada de 90entre o Sindicato dos Metalrgicos do ABC e as empresas dessa regio,

    em especial as indstrias automobilsticas, situando, dessa forma, essepadro de ao sindical, nos anos 90, como uma espcie de laboratriodas relaes de trabalho no Brasil.

    A pergunta que poderamos fazer se, frente s adversidadesvividas pelo sindicalismo contemporneo, essas prticas podem ter conti-nuidade e at se expandir para o resto do pas. uma questo de difcilresposta. O problema que um padro de ao sindical como esse nopoderia ficar restrito a uma regio. E, de outra parte, as condies em queessa atuao trabalhista se desenvolveu diferem enormemente das de outras

    partes do pas. Aqui seria necessrio acrescentar variveis que so polti-cas, econmicas e tambm sociais. De toda forma, a experincia do sindi-calismo do ABC desde o final dos anos 70 tem sido o de funcionar, comsua prtica, guardadas as propores, como uma referncia para as rela-

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    es entre capital e trabalho no pas. Como observa Ronaldo Munck,citado anteriormente, se o capitalismo teve nestes ltimos trinta anos ca-pacidade de se transformar, se reciclar, enfim, de mudar, ento o sindica-lismo tambm ser capaz de se transformar. Em alguma medida, esseprocesso, com todas as dificuldades que lhe so inerentes, que estamospresenciando, quando analisamos o padro de atuao do Sindicato dosMetalrgicos do ABC.

    Recebido para publicao em maro/2002

    RODRIGUES, Iram Jcome. A laboratory of industrial relations: the Paulista

    ABC area in the 90's. Tempo Social,Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(1): 137-158, May 2002.

    ABSTRACT:This study discusses the main questions present in union action

    in the Paulista ABC area in relation to national experience. Based on a large

    survey of the deals made between the metal workers union and the automobile

    manufacturers in the 90s, this paper makes a balance of the Industrial relations

    in recent years and discusses the perspectives for unionism in the near future.

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