um estudo sobre a prÁtica de coaching no …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria...

219
VALÉRIA BASTOS BLANCO UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL E A POSSIBILIDADE DE SUA APLICAÇÃO COMO PRÁTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO Dissertação submetida ao Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília para obtenção do Grau de Mestre Orientador: Prof. Dr. Gentil José de Lucena Filho Brasília 2006

Upload: duongnga

Post on 25-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

VALÉRIA BASTOS BLANCO

UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL E A POSSIBILIDADE DE SUA APLICAÇÃO

COMO PRÁTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília para obtenção do Grau de Mestre Orientador: Prof. Dr. Gentil José de Lucena Filho

Brasília 2006

Page 2: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

iii

TERMO DE APROVAÇÃO

Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para obtenção do Título de

Mestre em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação, defendida e aprovada em 04 de agosto de 2006, pela banca examinadora constituída por:

____________________________________________________________ Profa. Dra. Terezinha Fróes Burnham (Examinadora Externa)

____________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Júlia Pantoja de Britto (Examinadora Externa)

____________________________________________________________ Prof. Dr. Ivan Rocha Neto (Examinador Interno)

____________________________________________________________ Prof. Dr. Gentil José de Lucena Filho (Orientador)

Brasília

UCB

Page 4: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

iv

A meu pai que desde cedo me estimulou a aprender e a aprender a aprender; que fez do

diálogo a base de nosso relacionamento, mesmo que muito barulhento; por saber ouvir

e por conduzir-me à reflexão com suas perguntas sempre tão bem colocadas; por tratar-me como filha, mas principalmente

como amiga; por apoiar-me; por tornar-me responsável pelas minhas ações; e por sempre afirmar que o melhor presente que podia dar-

me era o acesso ao conhecimento.

Page 5: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

v

AGRADECIMENTOS

A Deus, meu companheiro de todas as horas, minha fonte de inspiração e minha

energia vital.

A minha família, o meu mais profundo agradecimento e todo o meu amor.

A minha mãe, por sua preocupação e carinho constante, sempre me dando apoio e

mimando-me com seus agrados.

A meu pai, por confiar e admirar-me sempre.

A meu irmão, por ser exemplo de tranqüilidade e de transformação, por sua

inteligência, por sua dedicação à família e pelo grande irmão que é.

À Patrícia, mais que minha cunhada, minha amiga e irmã, que está sempre disponível

para me ouvir e apoiar minhas decisões.

A meus sobrinhos, Felipe e Bernardo, por estimularem minha imaginação e pelas

horas de diversão que compartilhamos nesse último ano, poucas, entretanto, recheadas de

bichos, amor e alegria.

A meu lindinho, André, por sua dedicação, compreensão, amizade e, principalmente,

por seu amor. Sua presença constante, sua paciência em ouvir-me, seu interesse sincero em

meu trabalho e por todas as vezes que pedi sua opinião e recebi seu pronto retorno. A você,

meu amor e admiração.

A meu orientador, Professor Gentil Lucena, por seu apoio. Sua admiração por meu

trabalho foi uma grande fonte de estímulo e inspiração. Nossos longos bate-papos auxiliaram-

me a permanecer na trilha. Sua confiança em mim e a forma como me deu autonomia para

realizar meu trabalho foram essenciais para que eu chegasse ao fim. Mais que isso, preciso lhe

agradecer por colocar o Coaching em minha vida.

Aos Professores Eduardo Moresi e Ivan Rocha Neto, meu muito obrigada pelos

Page 6: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

vi

conselhos e pelas dicas de melhoria do meu instrumento de pesquisa e do meu trabalho.

A todos os professores do programa; àqueles que tive o prazer de conhecer em sala de

aula e àqueles que conheci apenas pelas conversas informais em reuniões de colegiado ou em

confraternizações.

Em especial, à professora Eunice Alencar, por me fazer perceber meu potencial

criativo e iniciar-me na pesquisa acadêmica, e ao professor Marcial Losada, por modificar

minha forma de enxergar o mundo e de relacionar-me com os outros.

Às queridas Georgiane e Janina, pela atenção, presteza e preocupação com o sucesso

de cada um dos estudantes do MGCTI.

A meus ex-colegas de trabalho e colaboradores da Montana pela torcida e

preocupação.

Em especial, agradeço aos diretores da Montana, Carlos e Gustavo Almeida, por

reconhecerem meu trabalho e sempre me tratarem como uma profissional do conhecimento.

As palavras no papel não são suficientes para agradecer às diversas oportunidades e ao apoio

concedido na realização deste trabalho de pesquisa e na finalização de meu Mestrado. Foi

uma honra ter feito parte da empresa de vocês e tê-los como amigos.

À equipe de TI, ao Wilson, ao João Cláudio e, especialmente, ao Diego pela

construção do questionário eletrônico. A Elaine e sua equipe de atendimento e telesserviços;

sem o apoio de vocês não conseguiria atingir os resultados que alcancei e minha pesquisa não

seria significativa.

À Dani Bananinha, por sua torcida e admiração e por ser um exemplo de determinação

e organização.

Aos amigos Aloísio, Luciana, Alessandra e Saboya, por estarem sempre presentes em

minha vida e alegrarem-se com minhas conquistas.

Page 7: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

vii

A meus colegas de curso, por compartilharem suas idéias, suas experiências e seu

conhecimento. A minha satisfação só torna-se completa ao saber que todos estão comigo

nessa caminhada. Muitos foram os amigos ganhos nesses últimos anos, mas com alguns pude

compartilhar mais tempo, mais conquistas e mais noites de estudo. Fica aqui o meu muito

obrigada ao Marcos Borges, companheiro em vários artigos, à Marina Solano, guerreira e

companheira, e ao Marcelo Oliveira. Nunca chegamos a publicar nosso último artigo, mas

juntos tenho certeza que aprendemos muito.

Ao meu querido amigo Luiz Henrique, que a vida nos permitiu novamente

compartilhar interesses comuns, seu apoio e experiência auxiliaram-me em boa parte da

viagem. Sua dissertação foi modelo de inspiração e muito me ajudou, sem falar em suas dicas.

A todos que responderam minha pesquisa, não posso deixar de agradecer àqueles que

dedicaram seu tempo e atenção em responder a meu questionário, com isso viabilizando meu

projeto. A vocês, meu muito obrigado.

À Kátia Araújo, estatística, por me auxiliar e orientar no tratamento dos dados

estatísticos.

E, finalmente, à Cacilda Leal do Nascimento, revisora, pela agilidade em revisar meu

trabalho.

Page 8: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

viii

"Quando procuramos descobrir o melhor nos outros, de algum modo mostramos o melhor

de nós mesmos.”

William Arthur Ward, escritor americano, nascido em 1921.

Page 9: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

ix

RESUMO

Este estudo aborda a prática de Coaching no ambiente organizacional, tendo como objetivo verificar sua utilização como uma prática de Gestão do Conhecimento. Para tanto, tomou-se como base a abordagem da Nova Gestão do Conhecimento, que se fundamenta na teoria dos Sistemas Adaptativos Complexos e na Aprendizagem Organizacional, apontando critérios específicos para a avaliação de práticas que se intitulam adequadas à promoção da Gestão do Conhecimento. O presente trabalho apresenta-se como uma pesquisa de natureza aplicada de abordagem quantitativa e finalidade descritiva. A pesquisa foi aplicada a dois grupos distintos, um formado por representantes de algumas das melhores empresas brasileiras para se trabalhar e outro composto por profissionais das áreas de Gestão do Conhecimento, Gestão Organizacional e de Pessoas e por Coaches. Utilizou-se como instrumento de investigação um questionário eletrônico auto-aplicável, considerando a percepção e a opinião dos respondentes sobre o tema, sobre os resultados propiciados pela adoção da prática de Coaching e sobre sua associação com a Gestão do Conhecimento. A análise exploratória dos dados foi realizada com apoio de técnicas de análise estatística e de análise fatorial. Os resultados obtidos neste estudo confirmaram a possibilidade de aplicação da prática de Coaching como uma prática de Gestão do Conhecimento e indicaram a aceitação dos respondentes sobre a capacidade do Coaching propiciar resultados organizacionais e de promoção do processamento do conhecimento.

Palavras-chave: Coaching. Gestão do Conhecimento. Complexidade. Aprendizagem Organizacional.

Page 10: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

x

ABSTRACT

This study deals with the Coaching practice in the organizational context and its objective is to verify the Coaching application as a Knowledge Management proceeding. Therefore, The New Knowledge Management approach that is grounded in the theory of Complex Adaptive Systems and in Organizational Learning served as a base for this work, pointing specific criteria to evaluate interventions that entitle themselves as appropriate to Knowledge Management promotion. The present work presents itself as a research of an applied nature, based on a quantitative approach and a descriptive intention. The research was applied to two different groups, one formed by representatives of some of the best Brazilian companies to work for; and the other one composed of professionals from Knowledge Management, Organizational Management and People Management areas and Coaches. A self-applicable electronic questionnaire was used as the investigation tool, considering the respondents’ perception and opinion about the subject, about the results propitiated by the adoption of the Coaching practice and about its association with Knowledge Management. The exploratory data analysis was supported by statistics and factor analytical techniques. The results from this study confirmed the possibility of applying the Coaching practice as a Knowledge Management practice and it indicated the respondents’ acceptance of the Coaching capacity for propitiating organizational results and knowledge processing promotion. Keywords: Coaching. Knowledge Management. Complexity. Organizational Learning.

Page 11: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama de complexidade do conhecimento ...................................................... 35

Figura 2 - Ciclo de Vida do Conhecimento........................................................................... 53

Figura 3 - Estrutura de processos organizacionais em três camadas ...................................... 58

Figura 4 - Coaching: elementos de sucesso .......................................................................... 73

Figura 5 - Modelo de Coaching, CCL .................................................................................. 89

Figura 6 - Organização seqüencial do questionário da pesquisa.......................................... 107

Figura 7 - Comparação entre gráficos: conhecimento de práticas de liderança e de

aprendizagem organizacional ............................................................................................. 134

Figura 8 - Comparação entre gráficos: estágio de implantação das práticas de Coaching .... 145

Figura 9 - Escala de valores ............................................................................................... 149

Figura 10 - Diagramas de dispersão ................................................................................... 151

Figura 11 – Comparação entre gráficos: a prática de Coaching como uma iniciativa de Gestão

do Conhecimento ............................................................................................................... 160

Page 12: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Estrutura de complexidade do conhecimento ...................................................... 37

Quadro 2 - Os diversos papéis de um coach ......................................................................... 83

Quadro 3 - Modelo de desenvolvimento de relacionamento de Coaching ............................. 89

Quadro 4 - Distribuição das empresas por setor econômico................................................ 100

Quadro 5 - Roteiro de validação e teste .............................................................................. 108

Quadro 6 - Alta correlação entre alguns itens da pergunta 8 ............................................... 115

Quadro 7 - Abordagens relativas à prática de Coaching...................................................... 139

Quadro 8 – Conhecimento de práticas de desenvolvimento de liderança, de desenvolvimento

de competências e/ou de aprendizagem organizacional ...................................................... 170

Quadro 9 - Conhecimento de práticas de Gestão Organizacional e de Gestão do Conhecimento

.......................................................................................................................................... 170

Quadro 10 - Conhecimento da prática de Coaching............................................................ 171

Quadro 11 - Forma como o conhecimento sobre a prática de Coaching foi adquirido ......... 171

Quadro 12 - Forma como o conhecimento sobre a prática de Coaching foi adquirido ......... 171

Quadro 13 - Estágio de implantação da utilização da prática de Coaching dentro das empresas

.......................................................................................................................................... 171

Quadro 14 - Abrangência da utilização da prática de Coaching dentro da empresa em que

trabalha.............................................................................................................................. 172

Quadro 15 - Quantidade de profissionais envolvidos com a prática de Coaching, seja no papel

de coach ou de coachee ...................................................................................................... 172

Quadro 16 - Fator 1: resultados de negócio ....................................................................... 172

Page 13: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xiii

Quadro 17 - Influência do Coaching nos resultados do negócio, com base no entendimento ou

na experiência dos respondentes......................................................................................... 174

Quadro 18 – Fator II: resultados do processamento do conhecimento................................ 174

Quadro 19 - Influência do Coaching nos resultados do processamento do conhecimento, com

base no entendimento ou na experiência dos respondentes ................................................. 175

Quadro 20 - Opinião dos respondentes sobre a conduta organizacional das empresas em que

atuam em relação à Gestão do Conhecimento..................................................................... 176

Quadro 21 - Coaching como uma iniciativa de Gestão do Conhecimento ........................... 176

Page 14: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xiv

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição das 150 melhores empresas para se trabalhar por números de

funcionários ......................................................................................................................... 99

Gráfico 2 - Distribuição das empresas por região Brasileira ................................................. 99

Gráfico 3 – Conhecimento de práticas de liderança e de aprendizagem organizacional

(abordagem comparativa)................................................................................................... 134

Gráfico 4 - Conhecimento de práticas de Gestão Organizacional e de Gestão do

Conhecimento (abordagem comparativa) ........................................................................... 135

Gráfico 5 – Conhecimento da prática de Coaching (abordagem comparativa) .................... 136

Gráfico 6 - Bases de construção do conhecimento sobre a prática de Coaching .................. 137

Gráfico 7 - Abordagem I .................................................................................................... 140

Gráfico 8 - Abordagem II................................................................................................... 141

Gráfico 9 - Abordagem III ................................................................................................. 141

Gráfico 10 - Abordagem IV ............................................................................................... 142

Gráfico 11 - Abordagem V................................................................................................. 143

Gráfico 12 - Abrangência das iniciativas de Coaching........................................................ 147

Gráfico 13 - Porte das iniciativas de Coaching ................................................................... 147

Gráfico 14 - Porte das iniciativas de Coaching (freqüência) ............................................... 148

Gráfico 15 - Visão do grupo Empresas, relacionada aos efeitos de negócio ........................ 152

Gráfico 16 - Visão do grupo Profissionais, relacionada aos efeitos de negócio ................... 153

Gráfico 17 - Visão do grupo Empresas, relacionada aos efeitos de processamento de

conhecimento..................................................................................................................... 154

Gráfico 18 - Visão do grupo Profissionais, relacionada aos efeitos de processamento de

conhecimento..................................................................................................................... 154

Page 15: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xv

Gráfico 19 - Conduta organizacional relatada pelo grupo Empresas ................................... 158

Gráfico 20 - Conduta organizacional relatada pelo grupo Profissionais .............................. 158

Gráfico 21 - A prática de Coaching como uma iniciativa de Gestão do Conhecimento

(abordagem comparativa)................................................................................................... 161

Page 16: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xvi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Variância Total (análise fatorial comum)........................................................... 118

Tabela 2 - Variância Total (análise de componentes principais) ......................................... 118

Tabela 3 - Extração com 2 fatores (VARIMAX) ................................................................ 121

Tabela 4 - Extração com 2 fatores (OBLIMIN) .................................................................. 122

Tabela 5 - Teste de diferenciação entre os grupos............................................................... 133

Tabela 6 – Teste de verificação de diferença de opinião entre os grupos............................. 144

Tabela 7 – Fatores I e II ..................................................................................................... 150

Page 17: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xvii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRH: Associação Brasileira de Recursos Humanos

ADA: Avaliação, Desafio e Apoio.

AF: Análise Fatorial

BDCO: Base Distribuída de Conhecimento Organizacional

BI: Business Intelligence (Inteligência de Negócios)

CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CCL: Center for Creative Leadership (Centro para a Liderança Criativa)

CO: Conhecimento Organizacional

CRM: Custom Relationship Management (Gestão de Relacionamento com o Cliente)

DCC: Declaração de Conhecimento Codificada

DCF: Declaração de Conhecimento Falseada

DCI: Declaração de Conhecimento Indeterminado

DCS: Declaração de Conhecimento Sobrevivente

DEC: Decision Execution Cycle (Ciclo de Execução de Decisão)

DSS: Decision Support Systems (Sistemas de Suporte à Decisão)

ECI: European Coaching Institute (Instituto Europeu de Coaching)

ERP: Enterprise Resource Planning (Planejamento de Recursos Empresariais)

GC: Gestão do Conhecimento

GED: Gestão Eletrônica de Documentos

ICCO: The International Consortium for Coaching in Organizations (Consórcio Internacional para Coaching nas Organizações)

Page 18: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xviii

ICF: International Coach Federation.

ICI: Instituto de Coaching Integrado

KLC: Knowledge Life Cycle (Ciclo de Vida do Conhecimento)

MGCTI: Mestrado em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação

Modelo SECI: Socialização, Externalização, Combinação e Internalização

PC: Processamento do Conhecimento

PIB: Produto Interno Bruto

SAC: Sistema de Atendimento ao Clientes

SAC: Sistemas Adaptativos Complexos

SBGC: Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento

TECF: The Executive Coaching Forum (Fórum de Coaching Executivo)

TI: Tecnologia da Informação

TNKM: The New Knowledge Management (A Nova Gestão do Conhecimento)

WABC: The Worldwide Associação of Business Coaches (Associação Mundial de Coaches de Negócio)

Page 19: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xix

SUMÁRIO

TERMO DE APROVAÇÃO................................................................................................................................. III

AGRADECIMENTOS........................................................................................................................................... V

RESUMO .............................................................................................................................................................. IX

ABSTRACT ........................................................................................................................................................... X

LISTA DE FIGURAS ...........................................................................................................................................XI

LISTA DE QUADROS ........................................................................................................................................XII

LISTA DE GRÁFICOS...................................................................................................................................... XIV

LISTA DE TABELAS ....................................................................................................................................... XVI

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................................................XVII

SUMÁRIO ......................................................................................................................................................... XIX

INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................... 23

I. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................................... 27

CAPÍTULO 1 – O PROBLEMA DE PESQUISA................................................................................................. 29

1.1 TEMA.............................................................................................................................................................. 29

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA................................................................................................................ 29

1.3 OBJETIVOS.................................................................................................................................................... 30

1.3.1 GERAL.................................................................................................................................................. 30

1.3.2 ESPECÍFICOS ...................................................................................................................................... 30

1.4 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO....................................................................................... 31

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................................... 32

2.1 GESTÃO DO CONHECIMENTO.................................................................................................................. 32

Page 20: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xx

2.1.1 O QUE É CONHECIMENTO AFINAL? .............................................................................................. 32

2.1.2 O TRABALHADOR DO CONHECIMENTO ...................................................................................... 38

2.1.3 O TERMO GESTÃO DO CONHECIMENTO E A POLÊMICA EXISTENTE.................................... 40

2.1.4 PERSPECTIVA EVOLUTIVA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO............................................... 43

2.1.5 A NOVA GESTÃO DO CONHECIMENTO POR MCELROY............................................................ 47

2.1.5.1 OS PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DA TNKM....................................................................... 49

2.1.5.2 O CICLO DE VIDA DO CONHECIMENTO ............................................................................ 52

2.1.5.3 DIFERENCIANDO OS NÍVES DE GESTÃO DO CONHECIMENTO, PROCESSAMENTO

DO CONHECIMENTO E DO NEGÓCIO................................................................................... 57

2.1.5.4 PRINCÍPIOS-CHAVE DA TNKM............................................................................................. 60

2.1.6 O AMBIENTE ORGANIZACIONAL FAVORÁVEL ......................................................................... 62

2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO NA PRÁTICA ......................................................................................... 64

2.3 A PRÁTICA DE COACHING........................................................................................................................ 69

2.3.1 COACHING.......................................................................................................................................... 69

2.3.2 O QUE NÃO É COACHING................................................................................................................. 78

2.3.3 O PAPEL DO COACH.......................................................................................................................... 81

2.3.4 A QUEM SE APLICA E COMO SE APLICA DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES ............................. 85

2.3.5 O PROCESSO DE COACHING ........................................................................................................... 88

2.3.6 BUSCANDO MUDANÇAS.................................................................................................................. 91

2.3.7 A PRÁTICA DE COACHING COMO PRÁTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO .................. 93

2.3.8 COMO MEDIR RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA PRÁTICA DE COACHING......................... 94

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA DE PESQUISA ............................................................................................. 96

3.1 O MÉTODO................................................................................................................................................... 97

3.1.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA...................................................................................................... 97

3.1.2 HIPÓTESES.......................................................................................................................................... 97

3.1.2.1 HIPÓTESE PRINCIPAL............................................................................................................. 97

3.1.2.2 HIPÓTESES SECUNDÁRIAS ................................................................................................... 97

3.1.3 UNIVERSO DA PESQUISA................................................................................................................. 98

3.1.3.1 O GRUPO EMPRESAS............................................................................................................... 98

Page 21: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xxi

3.1.3.2 GRUPO PROFISSIONAIS........................................................................................................ 101

3.1.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA....................................................................................................... 102

3.1.5 PRÉ-TESTE E VALIDAÇÕES ........................................................................................................... 108

3.1.6 COLETA DE DADOS E PROCEDIMENTOS ................................................................................... 109

3.1.6.1 ABORDAGEM EMPRESAS .................................................................................................... 110

3.1.6.2 ABORDAGEM PROFISSIONAIS............................................................................................ 112

3.1.7 ANÁLISE EXPLORATÓRIA DOS DADOS ..................................................................................... 112

3.1.8 A DISSERTAÇÃO.............................................................................................................................. 123

3.1.8.1 ELABORAÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................... 124

3.1.9 LIMITAÇÕES DA PESQUISA........................................................................................................... 125

3.1.10 UMA VISÃO DA AUTORA............................................................................................................. 126

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS ........................................................................................................................ 132

4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS........................................................................................... 132

4.2 AMPLIANDO A DISCUSSÃO .................................................................................................................... 162

4.2.1 HIPÓTESES SECUNDÁRIAS ........................................................................................................... 162

4.2.1.1 COACHING É UMA PRÁTICA POUCO CONHECIDA NO AMBIENTE

ORGANIZACIONAL BRASILEIRO........................................................................................ 162

4.2.1.2 COACHING É UMA PRÁTICA POUCO UTILIZADA NO AMBIENTE

ORGANIZACIONAL BRASILEIRO........................................................................................ 163

4.2.1.3 A PRÁTICA DE COACHING NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL PODE PRODUZIR

RESULTADOS PROFISSIONAIS E ORGANIZACIONAIS POSITIVOS.............................. 164

4.2.2 HIPÓTESE PRINCIPAL..................................................................................................................... 165

4.2.2.1 COACHING PODE SER APLICADO COMO UMA PRÁTICA DE GESTÃO DO

CONHECIMENTO .................................................................................................................... 165

4.2.3 OUTRAS DESCOBERTAS E POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES ............................................................. 169

4.2.4 RESUMO CONSOLIDADO DOS RESULTADOS............................................................................ 170

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 177

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................ 177

5.2 SUGESTÃO DE PESQUISAS FUTURAS................................................................................................... 182

Page 22: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

xxii

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 185

APÊNDICE A – MENSAGENS ENVIADAS AOS RESPONDENTES ........................................................... 193

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO.................................................................................................................... 195

APÊNDICE C – CONVITE PRÉ-TESTE........................................................................................................... 204

APÊNDICE D – ROTEIRO DE ALTERAÇÕES PÓS-TESTE.......................................................................... 205

APÊNDICE E – ROTEIRO BÁSICO EQUIPE DE TELESSERVIÇOS............................................................ 209

APÊNDICE F – SUMÁRIO RESUMIDO (VERSÃO INICIAL)....................................................................... 210

APÊNDICE G – MODELO DE FICHA DE LEITURA..................................................................................... 213

ANEXO A – LISTAGEM 150 MELHORES EMPRESAS PARA SE TRABALHAR (2005) .......................... 215

ANEXO B – MATRIZ FATORIAL ROTACIONADA, 5 FATORES............................................................... 216

ANEXO C – MATRIZ FATORIAL ROTACIONADA, 7 FATORES............................................................... 217

Page 23: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

23

INTRODUÇÃO

Quantidade excessiva de informação, mudanças constantes, surgimento de novas

tecnologias, competitividade interna e externa ao ambiente de trabalho, falta de tempo para se

fazer tudo o que é desejado e necessidade de se aprender sempre são desafios cotidianos

vividos e enfrentados pela maioria dos trabalhadores na atualidade.

Com isso, para acompanhar a celeridade contemporânea que afeta as organizações e

respectivas exigências de qualificação profissional, o trabalhador precisa estar aberto ao novo,

aprender a aprender, ser flexível e adaptar-se.

Esse panorama atinge e influencia as dinâmicas de conduta e comportamentais de

organizações, líderes e trabalhadores e, para dar conta dessa realidade, as organizações têm

enfatizado a importância do conhecimento e da aprendizagem como foco principal do

pensamento estratégico direcionado para o alcance de vantagens competitivas e resultados de

sucesso (ALLEE, 2000).

Peter Drucker acreditava na importância do conhecimento e do trabalhador do

conhecimento para o desenvolvimento da economia mundial, segundo ele:

A produtividade do conhecimento e de seus trabalhadores não será o único elemento competitivo na economia mundial. Entretanto, é provável que se torne o fator decisivo, pelo menos para a maior parte dos setores dos países desenvolvidos. (DRUCKER, 1997, p. 21 apud DAVENPORT, 2006, p. 8).

Ante o exposto, a Gestão do Conhecimento passa a ser considerada como uma fonte

de vantagem competitiva, e o foco volta-se para as necessidades dos trabalhadores do

conhecimento e da construção de um ambiente propício à aprendizagem, à criação do

conhecimento e à interação social (KROGH et. al., 2001).

Segundo McElroy (2003a), a Gestão do Conhecimento expande a capacidade de uma

organização de adaptar-se por meio da detecção e solução de problemas e pelo

Page 24: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

24

aperfeiçoamento das habilidades de aprendizagem e de inovação. Ao melhorar-se as

capacidades individuais do trabalhador do conhecimento de criar, adquirir, processar e fazer

uso do conhecimento, torna-se possível, também, acelerar a melhoria na esfera organizacional

(DAVENPORT, 2006).

O comportamento organizacional passa a ser tratado pela ótica do pensamento

sistêmico, e as organizações são referenciadas como comunidades vivas (SENGE, 2002),

sistemas complexos (MCELROY, 1999a; 1999b; 2000; 2003a; 2003b) que aprendem,

adaptam-se e auto-organizam-se em função das condições do ambiente e da forma como as

pessoas interagem umas com as outras.

Um dos grandes desafios da Gestão do Conhecimento passa a ser a construção de um

ambiente favorável à interação, que promova o processamento do conhecimento e a inovação

de forma sustentável e não apenas pontual. Um ambiente baseado no respeito mútuo e na

confiança, que estimule a aprendizagem e a busca constante por novas ações e soluções.

Para McElroy (2003a), uma das respostas a esse desafio encontra-se no

reconhecimento da produção de conhecimento como um processo social em que o

conhecimento é formulado por indivíduos, validado por comunidades e efetivamente colocado

em prática pelas organizações. Assim, os comportamentos individuais e coletivos de todos os

membros de uma organização influenciam e são influenciados em função do conhecimento

aprendido, e o grau e a qualidade das inovações encontram-se relacionados ao valor da

interação entre indivíduos e grupos, ou seja, ao valor da colaboração.

A criação de conhecimento depende da vontade de se compartilhar conhecimento. Não

basta desejar aprender com o outro, é preciso que o outro esteja disposto a compartilhar seu

conhecimento. Aprender com os outros é um privilégio atingido e mantido em função da

existência de confiança. Quando uma organização perde a confiança, perde, também, o

privilégio de aprender e a capacidade de gerar novos conhecimentos de forma produtiva

Page 25: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

25

(SANDON; ALLEN, 2006).

Então, é diante dessa abordagem que novas práticas voltadas à facilitação da

aprendizagem e da produção de conhecimento passam a ser associadas à Gestão do

Conhecimento. Várias são as práticas que estão sendo aplicadas com esse propósito:

comunidades de prática, mapeamento de competências, gestão por competência, mapeamento

do conhecimento, coaching, mentoring, educação corporativa, entre tantas outras. Dentre

essas, destaca-se a prática de Coaching, que será analisada neste trabalho de pesquisa.

Como saber, entretanto, se uma determinada intervenção caracteriza-se como uma

prática de Gestão do Conhecimento? Para isso, é preciso seguir critérios que, ao serem

validados, apontem para a adequação da prática em relação aos objetivos da Gestão do

Conhecimento.

Com esse propósito os trabalhos de McElroy (1999a; 1999b; 2000; 2003a; 2003b) e de

Firestone e McElroy (2002; 2003; 2005), que abordam a Gestão do Conhecimento à luz da

teoria da complexidade e da aprendizagem organizacional e apontam critérios específicos para

a avaliação de práticas que se intitulam adequadas à promoção da Gestão do Conhecimento,

serão utilizados como fundamentação para este estudo, o que tornará possível estudar a

prática de Coaching e sua aplicabilidade como prática de Gestão do Conhecimento.

A prática de Coaching, de forma geral, caracteriza-se como uma interação de

facilitação de aprendizagem e será detalhada neste trabalho de pesquisa, permitindo sua

compreensão e buscando de que forma se associa ou não à promoção do conhecimento e à

Gestão do Conhecimento.

O tema Coaching é relativamente novo no Brasil e poucos são os trabalhos

acadêmicos que fazem alusão à prática, tanto que, até a data de depósito desta dissertação, não

foi encontrado nenhum trabalho acadêmico, no Brasil, dedicado especificamente a esse

estudo. Em contrapartida, as buscas em bases estrangeiras trazem resultados bem mais

Page 26: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

26

significativos, apresentando trabalhos acadêmicos e artigos científicos retratando a prática e

sua utilização, sendo que a maior parte desse material encontra-se em bases de pesquisas

associadas à Psicologia e/ou à Administração. Ressalta-se, assim, o fato de que a literatura

sobre o tema é escassa na língua portuguesa, porém encontra-se disponível em outros idiomas,

principalmente no inglês.

Da mesma forma, poucas são as referências em âmbito acadêmico ou organizacional

que associem a prática de Coaching à Gestão do Conhecimento, não sendo encontrado, até o

presente momento, nenhum estudo específico que tratasse exclusivamente da associação dos

dois, em âmbito nacional ou internacional. Não obstante, dois estudos sobre Gestão do

Conhecimento na Administração Pública Brasileira apontaram para a utilização da prática de

Coaching, mesmo que em pequena escala.

Por outro lado, é crescente no país, especialmente nos grandes centros, a divulgação

do Coaching nos meios organizacionais e de comunicação, promovendo palestras, congressos

e cursos de formação da prática com diversas finalidades: pessoal, profissional e

organizacional.

Diante da perspectiva apresentada, percebe-se a relevância deste trabalho de pesquisa,

que tem como propósito principal avaliar a possibilidade de aplicação de Coaching como uma

prática de Gestão do Conhecimento. Além de buscar entender se a mesma é realmente

conhecida no ambiente organizacional brasileiro e se está sendo utilizada pelas organizações,

independente de sua finalidade de aplicação.

Com o objetivo de buscar tais respostas, dois grupos de estudo foram selecionados

para a realização da pesquisa. O primeiro grupo é formado por representantes das 150 (cento e

cinqüenta) melhores empresas para se trabalhar, eleitas como referência em gestão de pessoas

pelo anuário Guia EXAME / VOCÊ S/A, edição 2005; o segundo, é composto por

profissionais das áreas de Gestão do Conhecimento, Gestão Organizacional e de Pessoas e por

Page 27: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

27

Coaches1. O modo de condução da investigação foi perguntar a essas pessoas o que fazem e

como pensam em relação ao objeto da pesquisa por meio da aplicação de um questionário

eletrônico.

Sendo assim, o presente trabalho apresenta-se como uma pesquisa de natureza

aplicada, fazendo uso da abordagem quantitativa. Quanto aos fins, classifica-se como uma

pesquisa descritiva e, quanto aos meios de investigação, como uma pesquisa bibliográfica e de

campo.

Como resultado esperado, buscou-se promover o entendimento sobre a aplicação de

Coaching; apresentar descritivo sobre a utilização do Coaching nas organizações brasileiras e

verificar o alinhamento da prática com a Gestão do Conhecimento.

I. ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho encontra-se estruturado em cinco capítulos, que serão descritos a

seguir, além da introdução anteriormente apresentada.

O capítulo 1 aborda o problema da pesquisa em questão e tem como objetivo

esclarecer o leitor sobre o tema, sua delimitação, o objeto do estudo, respectiva justificativa e

sua questão de pesquisa.

O capítulo 2 dedica-se à fundamentação teórica que dá sustentação ao projeto de

pesquisa. Este capítulo encontra-se subdividido em várias seções, conforme a seguinte ordem:

Gestão do Conhecimento, Gestão do Conhecimento na prática e o Coaching.

Na primeira parte do capítulo 2, que aborda a Gestão do Conhecimento, são

apresentados alguns conceitos sobre conhecimento e sobre o trabalhador do conhecimento.

1Profissional capacitado a promover e aplicar a prática de Coaching.

Page 28: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

28

Em seguida mostra-se uma perspectiva evolutiva sobre a Gestão do Conhecimento e, por fim,

apresenta-se a abordagem de McElroy (1999a; 1999b; 2000; 2003a; 2003b), designada A

Nova Gestão do Conhecimento. Na segunda parte desse capítulo, contextualiza-se a Gestão do

Conhecimento na prática e apresentam-se os critérios de validação de uma intervenção como

adequada à promoção de conhecimento e à Gestão do Conhecimento, conforme os parâmetros

propostos por Firestone e McElroy (2005), tornando viável tratar a possível associação da

prática de Coaching com a Gestão do Conhecimento. A última parte do capítulo 2 dedica-se à

descrição do que é, e do que não é, Coaching, do papel do coach, a quem se aplica e como

pode ser aplicado nas organizações.

O capítulo 3, por sua vez, descreve o universo da pesquisa, as hipóteses levantadas, a

classificação da pesquisa, o método e respectivas técnicas aplicadas nas diversas etapas de

elaboração, desenvolvimento e apresentação deste trabalho.

No capítulo 4 são apresentados e discutidos os resultados obtidos, que servirão de base

para a realização do teste das hipóteses quanto à aceitação ou não das mesmas.

Por último, no capítulo 5 são apresentadas as conclusões e considerações finais do

trabalho, assim como apresentadas algumas sugestões de possíveis trabalhos futuros.

Page 29: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

29

CAPÍTULO 1 – O PROBLEMA DE PESQUISA

Este capítulo descreve a situação problema estabelecida para o estudo, a questão a ser

respondida, os objetivos que se desejam atingir e a justificativa para a realização deste

trabalho de pesquisa.

1.1 TEMA

O tema dessa dissertação é o estudo da prática de Coaching e respectiva adoção nas

organizações, assim como sua aplicabilidade como uma prática de Gestão do Conhecimento.

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

A prática de Coaching tem sido utilizada no ambiente organizacional em países da

América do Norte, da Europa e da Ásia.

A utilização dessa prática, de forma geral, caracteriza-se como uma interação voltada à

facilitação de aprendizagem, ao desenvolvimento de habilidades e à disseminação de

conhecimento com diversas finalidades de aplicação, desde o apoio ao desenvolvimento da

carreira até o desenvolvimento de liderança.

Apesar de não existirem estudos acadêmicos no Brasil sobre Coaching e sua aplicação

e de, aparentemente, ser pouco disseminado, o Coaching já é citado como uma prática de

Gestão do Conhecimento.

Page 30: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

30

Por isso, torna-se fundamental buscar um maior entendimento sobre o que vem a ser a

prática de Coaching e verificar a real possibilidade de aplicá-la como uma prática de Gestão

do Conhecimento.

Ante o exposto, surge a pergunta que remete ao problema deste trabalho de pesquisa: a

prática de Coaching pode ser utilizada como uma prática de Gestão do Conhecimento?

O propósito principal deste trabalho de pesquisa é buscar resposta para essa pergunta,

como o descrito a seguir na seção Objetivos.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 GERAL

O objetivo geral deste trabalho é verificar a possibilidade de aplicação de Coaching,

no ambiente organizacional, como uma prática de Gestão do Conhecimento.

1.3.2 ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos da pesquisa são o de:

� promover o entendimento sobre a aplicação da prática de Coaching no contexto

organizacional;

� investigar a utilização da prática de Coaching no contexto organizacional

brasileiro junto a empresas reconhecidas como melhores empresas para se

trabalhar e a profissionais das áreas de Gestão do Conhecimento, Gestão de

Page 31: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

31

Pessoas e por Coaches ou praticantes da prática de Coaching.

1.4 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Este problema de pesquisa foi selecionado em função de buscar validar a utilização da

prática de Coaching como uma prática de Gestão do Conhecimento, que tem como propósito

promover a criação, a validação, a disseminação e a utilização do conhecimento. A utilização

de uma determinada intervenção com o propósito de promover o conhecimento e a Gestão do

Conhecimento deve ser uma escolha clara e intencional, não apenas um caso de modismo

organizacional.

Além disso, a pesquisa também se justifica porque permite investigar a utilização e a

influência da prática de Coaching no ambiente organizacional brasileiro, independente de sua

finalidade de aplicação, visto que o tema é importante não apenas para a área da Gestão do

Conhecimento, como também para as áreas de Gestão Organizacional, Gestão de Pessoas e de

Liderança.

Para que o objetivo fosse atingido e os resultados encontrados, significativos, escolheu

se trabalhar com um universo composto por empresas reconhecidas como melhores empresas

para se trabalhar e por profissionais das áreas de Gestão do Conhecimento, Gestão de Pessoas

e por Coaches ou praticantes da prática de Coaching.

Por fim, é relevante mencionar que esta pesquisa é considerada inédita e original, pois

não foi encontrado na literatura nenhum estudo que associe e explique a adoção da prática de

Coaching como uma prática de Gestão do Conhecimento.

Page 32: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

32

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.1.1 O QUE É CONHECIMENTO AFINAL?

Para se elucidar o significado do termo Gestão do Conhecimento, primeiro é

necessário buscar entendimento sobre o que vem a ser conhecimento. O estudo do

conhecimento não é um tema novo. É discutido por diversas áreas das ciências há muito

tempo. E mesmo assim, “parece não haver consenso sobre a natureza do conhecimento. E

nenhum consenso sobre o conhecimento na história do pensamento humano”. (JONES, 1952

apud FIRESTONE; MCELROY, 2003, p. 3), como será visto de forma sucinta a seguir com

base em pesquisadores e estudiosos do tema Gestão do Conhecimento.

Nonaka e Takeuchi (1997, p. 63) consideram o conhecimento como “um processo

humano dinâmico de justificar a crença pessoal com relação à ‘verdade’ ”. Nesse contexto, a

palavra verdade faz alusão à resposta pessoal encontrada para justificar aquilo que se acredita

como sendo verdadeiro. Por sua vez, McElroy (2003b) concorda com o lado humanístico do

conceito de conhecimento apresentado por Nonaka e Takeuchi, entretanto discorda,

fortemente, da concepção de conhecimento como uma crença verdadeira justificável.

Para ele, o conhecimento precisa ser entendido por meio de uma visão filosófica que

permita a aceitação do conhecimento como não-acabado e em constante evolução. McElroy

(2003a, 2003b) baseia-se na doutrina do falibilismo do filósofo Karl Popper, que prega a

falibilidade dos seres humanos – por serem falíveis, os seres humanos não podem conhecer a

verdade com certeza total. Não pode haver verdade completa, existe apenas a proximidade da

Page 33: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

33

verdade, qualquer parte de um determinado conhecimento pode estar errado. Por isso, todo

tipo de conhecimento deve ser continuamente submetido a testes, a avaliações e à crítica

racional. Para Popper (1972 apud MCELROY, 2003b) apenas ao se seguir um processo de

contínua verificação e validação, os erros de pensamento podem ser eliminados e, dessa

forma, torna-se possível maior aproximação de uma representação autêntica Entretanto,

assumir que a verdade absoluta foi atingida é assumir demais. Não importa quão certo se

acredita estar da verdade, existe sempre a possibilidade de erro, já que crenças, observações,

teorias e conclusões situam-se dentro e entre as mentes humanas.

Allee (2002a) conceitua conhecimento como sendo um processo social que emerge e

navega pelas redes, comunidades e teias de conversação; e Davenport (1998, p. 6), por sua

vez, declara que “o conhecimento existe dentro das pessoas, faz parte da complexidade e

imprevisibilidade humanas”, sendo uma faculdade humana ou um processo social, então, é

pessoal e “manifesta-se originalmente dentro da cabeça das pessoas” (BARQUIN, 2001, p.

128), podendo ou não ser transmitido em linguagem formal e sistemática. Quando

transmissível é denominado conhecimento explícito e quando não, devido à dificuldade de

compartilhamento, conhecimento tácito (POLANYI, 1966 apud NONAKA; TAKEUCHI,

1997).

Para ilustrar, de forma simplista, essa distinção de conhecimento tácito e

conhecimento explícito, dois exemplos são, respectivamente, apresentados: a) pergunte a um

arquiteto como obter uma idéia para decorar determinado ambiente de forma inovadora e

criativa, e este provavelmente lhe responderá que não sabe como explicar, pois se trata de um

momento de inspiração, um insight. A idéia simplesmente surge em sua cabeça; b) pergunte a

um engenheiro como levantar as paredes de uma casa, e este, se desejar, lhe explicará passo a

passo o que fazer e que materiais utilizar. Com certeza, neste caso, seria muito mais simples

repetir os passos comunicados e realizar a tarefa; naquele, não se saberia por onde começar

Page 34: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

34

para se obter um insight. Nos dois casos, o conhecimento existe e encontra-se na cabeça de

ambos, arquiteto e engenheiro. Já pelo ponto de vista de quem faz as perguntas, as respostas

dadas são, a princípio, informações recebidas que podem vir a transformar-se em

conhecimento quando, e se, assimiladas e validadas.

Segundo Sveiby (2001), alguns executivos interpretam o termo conhecimento como

um objeto; outros, como um processo. No primeiro caso, conhecimento é visto como uma

"coisa material que pode ser percebida pelos sentidos" (HOUAISS,[?]), algo que pode ser

manipulado, armazenado, mensurado e, até, controlado. No segundo caso, conhecimento é

visto como uma ação, como a "capacidade de agir" (SVEIBY, op. cit, p. 2), um ato ou efeito

de apreender, de conhecer. É o entendimento adquirido por meio da observação, do estudo ou

da experiência, entre outros.

“Da mesma forma que uma partícula atômica pode parecer ser uma onda ou uma

partícula, dependendo de como os cientistas a observam, o conhecimento pode ser visto tanto

como um processo quanto um ativo” (DAVENPORT, 1998, p. 6). A interpretação de

conhecimento como objeto ou ativo muito se assemelha à acepção do termo informação.

Talvez, por isso, sejam usados com freqüência como termos intercambiáveis.

A comunicação contínua que ocorre através das atividades cotidianas de trabalho gera

tanto conhecimento tácito como explícito. O conhecimento tácito é a riqueza do saber como

que reside na cabeça das pessoas, profundamente enraizado em suas experiências de vida e

em sua maneira de aprender. Conhecimento explícito, por sua vez, é o que é liberado,

compartilhado, documentado e comunicado.

A discussão sobre a utilização de termos correlatos, tais como sabedoria, significado,

informação, dados, entre outros, é extensa. Um exemplo interessante pode ser visto na

estrutura de complexidade do conhecimento, Figura 1, proposta por Allee (1997):

Page 35: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

35

Figura 1 - Diagrama de complexidade do conhecimento

Fonte: Adaptado de Allee (1997)

Conforme a visão de Allee (1997), sucintamente descrita nos próximos parágrafos,

pode-se pensar no conhecimento pessoal como uma teia onde muitos pensamentos,

sentimentos, conceitos, idéias e crenças se entrelaçam. O conhecimento individual é

organizado com base nos modelos mentais2 de cada pessoa que explicam como o mundo

funciona.

Enquanto o conhecimento pessoal desenvolve-se, uma diversidade de atividades de

aprendizagem é constituída. Para se aprender algo, conta-se com o entendimento individual

profundo e abrangente sobre como todas as coisas funcionam, auxiliando o processo de

resposta apropriado para lidar com algo novo. É preciso encontrar lugar para o novo e

encaixá-lo na visão de mundo existente, bem como verificar a informação por meio dos

processos individuais de combinação e associação. Algumas informações são facilmente

compreendidas, outras não se encaixam diretamente no contexto – são as informações

desconexas – entretanto, não são descartadas, são armazenadas no cérebro para posterior

utilização.

2Os modelos mentais são conjuntos de idéias e crenças, profundamente arraigadas em todo ser humano, que organizam a forma de cada pessoa compreender o mundo e a si mesma, permitindo que se dê sentido às circunstâncias e que se aja sobre elas (KOFMAN,2002).

Page 36: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

36

O conhecimento surge quando as informações sobre determinado assunto relacionam-

se entre si e a discussão torna-se possível e inteligente. Se algo é realmente compreendido,

então, o seu significado pode ser discutido, e a forma como isso se encaixa em um esquema

maior de coisas e de como isso pode ser útil em outros contextos torna-se clara.

Pela auto-reflexão e pela exploração profunda do significado de algo, alguns podem

até chegar a contemplar a filosofia subjacente do assunto em questão e, se forem bem

sucedidos, alcançar a sabedoria, momento em que se entendem os valores, intenções ou

propósitos de fundamentação em operação.

Para Allee (1997), se forem considerados relatos de tradições esotéricas e espirituais,

mais uma esfera de conhecimento ainda pode ser descrita, o nível de união. Seria uma

experiência da razão fundamental que não é possível expressar em palavras e que desafia a

descrição. Essa experiência direta de unidade poderia ser acompanhada de um sentimento de

felicidade completa e de um estado de paz, caracterizando um sentimento de profundo senso

de sinergia ou comunhão, ressaltando, entretanto, que essas experiências de união são mais

comumente associadas a bênçãos divinas do que ao resultado de um processo de

aprendizagem.

Na estrutura proposta, cada aspecto do conhecimento é interdependente dos outros. O

Quadro 1 apresenta as diferentes formas de conhecimento e de aprendizagem apresentadas no

diagrama de complexidade do conhecimento, associando-as a um foco de ação e/ou de

desempenho, a uma perspectiva temporal e a um estado de consciência.

Segundo Allee (2000), conhecimento, assim como aprendizagem, é em sua essência

um processo social. O conhecimento percorre a linguagem e, assim, cada conversa torna-se

uma experimentação de criação e de teste de conhecimento e idéias, de experimentação de

vocabulário por meio da seleção de palavras e conceitos que melhor se encaixem no contexto.

Page 37: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

37

Formas de Conhecimento e de Aprendizagem

Foco de Ação e Desempenho

Perspectiva Temporal Consciência

DADO (Aprendizagem instintiva) DADO (Reação) Percepção – Nesse modo encontra-se no nível de sentido ou de entrada. A aprendizagem é mínima.

Acúmulo de informação – Recebimento de dados, registro de dados sem reflexão.

Momento imediato

Consciente

INFORMAÇÃO (Aprendizagem de laço simples) PROCEDURAL (eficiência)

Ação sem reflexão – Aprendizagem procedural conduzindo ao redirecionamento do curso da ação para o seguimento de uma direção pré-determinada. A aprendizagem ocorre basicamente por tentativa e erro.

Agindo da forma mais eficiente possível – Seguindo padrões na íntegra ou realizando pequenos ajustes e modificações simples ao padrão pré-estabelecido. O foco encontra-se no acompanhamento ou desenvolvimento de procedimentos.

Muito Curto (no presente

– agora)

Sensação física

(sentidos)

CONHECIMENTO (Aprendizagem de laço duplo) FUNCIONAL (efetividade) Reflexão autoconsciente – Perspectiva mais ampla que envolve a avaliação e modificação da meta ou do objetivo, assim como o planejamento do caminho ou dos procedimentos a serem utilizados para alcançá-lo. A aprendizagem se dá por meio da reflexão autoconsciente.

Fazendo da melhor forma – Avaliando e escolhendo entre dois ou mais caminhos alternativos. As metas são as ações efetivas e a solução de inconsistências. O foco está no planejamento do trabalho efetivo e em aspectos de planejamento tais como a redefinição de processos. Preocupa-se também com funções de trabalho, relacionamentos e cultura.

Curto (passado

imediato ou presente)

Auto-reflexão

SIGNIFICADO (Aprendizagem comunal*) GERENCIAL (Produtividade)

Entendimento do contexto, relacionamentos e tendências – A aprendizagem se dá por meio da construção de significado (ato de significar) que inclui a compreensão do contexto, o entendimento das tendências e respectivas alternativas criadas. A partir desta perspectiva é possível determinar a existência de relações entre comportamentos e, também, detectar modelos de entendimento e relacionamentos entre pessoas.

Entendendo o que promove ou impede a efetividade – Gerenciamento efetivo e distribuição de recursos e tarefas por meio da utilização de estruturas conceituais para análise e acompanhamento de múltiplas variáveis. Abrange planejamento e mensuração de resultados.

Médio em longo prazo

(passado histórico, presente,

futuro muito próximo)

Comunal

FILOSOFIA (Aprendizagem de laço triplo**) INTEGRATIVO (Otimização) Auto-organização – Aprendizagem integrativa ou sistêmica busca compreender relacionamentos dinâmicos e processos não-lineares, discernindo os padrões associados, entre eles arquétipos e metáforas. A aprendizagem requer o reconhecimento do encapsulamento e da interdependência dos sistemas.

Visualizando como uma atividade está inserida no contexto como um todo – Entendendo e gerenciando sistemas sócio-culturais dinâmicos. O foco encontra-se no planejamento em longo prazo e na habilidade de se adaptar a um ambiente de mudança. Engloba previsões de longo prazo, desenvolvimento de estratégias em múltiplos níveis e a avaliação de investimentos e políticas em relação ao sucesso de longo prazo.

Longo prazo (passado, presente e

futuro)

Padrão

SABEDORIA (Aprendizagem gerativa) RENOVADOR (Integridade) Direcionada a valor – Aprender pelo prazer de aprender, pela livre interação com o ambiente. Envolve processos criativos, heurística, explorações abertas (não limitadas) e um profundo autoquestionamento. Permite que as competências e talentos, assim como os propósitos e intenções individuais sejam descobertos.

Encontrando ou se conectando com o propósito individual – Definindo ou se reconectando com valores, visão e missão. Compreendendo o propósito. Estrutura temporal de longo prazo conduzindo à profunda consciência de ecologia, comunidade e ação ética.

Muito em longo prazo

(passado muito

distante e futuro muito

distante)

Ética

UNIÃO (Aprendizagem sinergética) UNIDADE (Sustentabilidade) Conexão – A aprendizagem integra experiências diretas e apreciação da unidade ou conexão profunda com o cosmos. A aprendizagem requer processos associando propósito ao bem-estar e a saúde do grande público e do meio-ambiente.

Compreendendo valores no contexto maior – Perspectiva de tempo entre gerações evoca comprometimento com o bem maior da sociedade, com o meio-ambiente e com o planeta. O desempenho é demonstrado por ações consistentes com estes valores profundos.

Entre gerações,

eterna Universal

* “Pertencente a dois ou a mais de dois, à maioria ou a todos; comum. Dicionário” (HOUAISS). ** No original, o termo empregado é duetero. Por não ser um vocábulo encontrado na língua portuguesa ou mesmo na inglesa, optou-se por utilizar terminologia comumente aplicada ao conceito que se deseja explicar.

Quadro 1 - Estrutura de complexidade do conhecimento Fonte: Adaptado e traduzido de Allee (1997)

Diante dessa diversidade de interpretações, Firestone e McElroy (2002, 2003) chamam

atenção para a utilização dos termos ‘produtos do conhecimento’ e ‘processos do

Page 38: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

38

conhecimento’. Para eles, o conhecimento não é um processo, mas sim uma resultante

advinda da produção do conhecimento e dos processos de integração, “conhecimento pode ser

um efeito ou um produto (coisa) resultante dos processos sociais humanos” (FIRESTONE;

MCELROY, 2002, p. 22).

Tomando-se por base essa linha de interpretação, no decorrer deste trabalho, dados e

informações, entre outros, serão tratados como produtos do conhecimento, que, por sua vez,

podem servir de base para a geração de novos produtos, e as ações físicas ou mentais que

viabilizam o ato de aprender, de conhecer, serão tratados como efeitos resultantes dos

processos que promovem o conhecimento.

2.1.2 O TRABALHADOR DO CONHECIMENTO

Agora que conhecimento e algumas de suas diversas interpretações foram descritos,

antes de discutir-se a Gestão do Conhecimento, torna-se relevante entender quem é o

trabalhador do conhecimento e qual o seu papel na produção do conhecimento.

Com esse propósito, selecionou-se a abordagem de Davenport (2006), que será

brevemente retratada nesta seção E que afirma que "Trabalhadores do conhecimento têm

níveis elevados de expertise, escolaridade ou experiência e seu objetivo principal no trabalho

envolve a criação, a distribuição ou a aplicação do conhecimento.” (DAVENPORT, 2006,

p.10). Então, para ele, o segredo do uso do conhecimento encontra-se incorporado nas

atividades dos trabalhadores do conhecimento, que devem conduzi-los a um interesse genuíno

e mais amplo sobre como o trabalho do conhecimento pode gerar desempenho e resultados

melhores. Não obstante, desvelar esse segredo e encontrar o que leva a essa forma de agir não

se caracteriza como uma tarefa simples, pois "Quanto mais criativo o trabalho do

Page 39: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

39

conhecimento, menos estruturado ele deve ser [...] os seres humanos são mais inovadores e

cheios de insights quando têm tempo para pensar e refletir." (ibid. p.10).

Davenport chama atenção para grupos de alto desempenho e para o trabalho que

produzem, ressaltando a facilidade de percepção da qualidade e da distinção dos resultados

atingidos. Complexa, entretanto, é a determinação da ação que provoca esse resultado. O

autor apresenta, de acordo com sua percepção, as características e princípios básicos

relacionados aos trabalhadores do conhecimento, resumidos a seguir:

� gostam de autonomia;

� a definição das ações necessárias à realização de alguma atividade deve ficar sob a

responsabilidade deles, visto que não é um processo linear, estruturado ou pré-

definido;

� para entendimento da dinâmica de trabalho deles, é preciso observá-los em ação;

� precisam de um bom motivo para agir, por isso, quando se comprometem com

algo, querem que confiem neles (a preocupação está na tarefa – no desafio – em si e

não em sua estruturação);

� precisam estar e sentir-se realmente comprometidos, mental e emocionalmente

comprometidos. E por isso, precisam receber feedback e não ordens. O sentimento

de confiança precisa estar presente no contexto;

� consideram o conhecimento seu bem mais precioso.

Segundo Bennis (1999 apud DAVENPORT, 2006, p.21), o trabalhador do

conhecimento precisa ser orientado, invés de “gerenciado, por líderes inspiradores e

visionários, que desenvolvam confiança e respeito mútuo nas organizações.”.

Depois de estudado o que vem a ser conhecimento e percebido um pouco do que

desejam os profissionais que trabalham com sua produção e integração, pode-se iniciar a

Page 40: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

40

discussão sobre o tema Gestão do Conhecimento.

2.1.3 O TERMO GESTÃO DO CONHECIMENTO E A POLÊMICA EXISTENTE

Como visto até o momento, apresentar o conceito de conhecimento é uma tarefa

intrincada, dada à diversidade de interpretações existentes. Da mesma forma, apesar de ser um

campo de estudo com poucas décadas de existência, esclarecer o significado do termo Gestão

do Conhecimento também se mostra uma tarefa complicada em face à multiplicidade de

conceitos e interpretações em vigor.

Por isso, antes de serem apresentados conceitos que buscam elucidar o que é ou do que

se trata a Gestão do Conhecimento, será exposto parte do contexto de divergência que a

envolve e a entremeia.

Um dos pontos que dificulta a explicação do termo Gestão do Conhecimento encontra-

se vinculado ao próprio termo utilizado para designar este campo de estudo, uma vez que

existe dificuldade em se compreender conhecimento e suas variantes como um processo ou

um produto, imagine a hesitação sobre a forma de gerenciá-lo.

Nessa mesma linha de raciocínio, Allee (2002b apud FIRESTONE; MCELROY,

2003) afirma que a forma como o conhecimento é compreendido determina como o mesmo

será gerenciado. Além disso, vários são os questionamentos sobre a possibilidade ou não de

se gerenciar conhecimento, independente da forma como é compreendido.

Um bom exemplo para ilustrar essa colocação é dado por Snowden (2003) ao afirmar

não ser possível garantir que um indivíduo faça uso efetivo de seu conhecimento, mas que é

possível, sim, medir e avaliar os resultados advindos do esforço desempenhado por um

profissional ou por uma equipe, embora não se possa saber se o potencial máximo de

Page 41: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

41

utilização do conhecimento foi atingido. Tomando por base essa interpretação, é possível

inferir não ser viável gerenciar os processos humanos e sociais de produção e de utilização de

conhecimento, apenas os resultados produzidos por meio destes processos. Por ora, esta

premissa não será aprofundada, sendo posteriormente analisada e discutida no decorrer do

texto.

O próprio Karl Wiig, primeiro autor a fazer uso do termo Gestão do Conhecimento,

como citado mais adiante, ressente-se por não ter encontrado, na época, uma descrição mais

adequada (SVEIBY, 2001). E “Nonaka contrasta seu conceito de ‘criação do conhecimento’

com o de ‘gestão do conhecimento’, que o mesmo descreve como um termo ‘muito pobre’,

bastante influenciado pela TI3” (SVEIBY, 2001). Desse modo, vários pesquisadores (ALLEE,

2002a, NONAKA; TAKEUCHI; 1997, 2001) preferem não fazer uso direto dessa

nomenclatura.

Mesmo sendo esse um ponto polêmico, pode ser contornado se estudiosos e

pesquisadores encontrarem consenso e clareza em relação ao objeto de estudo pesquisado e

tratado pelo campo da Gestão do Conhecimento.

Ainda com o propósito de contextualizar o leitor nesta celeuma, é importante ressaltar

que a Gestão do Conhecimento é reivindicada por várias áreas de estudo e que não há

convencimento sobre qual, ou melhor, quais ramos de estudo são ou devem ser responsáveis

por sua busca. Por outro lado, uma pergunta relevante a ser feita é se há necessidade de

manter-se essa distinção. Seria mais interessante buscar consenso do que separação e, com

isso, congregar maior robustez aos trabalhos de pesquisa. Por meio da troca, interação e

integração entre as áreas interessadas, a possibilidade de se alcançar resultados menos

contraditórios e ao mesmo tempo mais instigantes é expandida.

De acordo com Barquin (2001), a aceitação da Gestão do Conhecimento como um

3TI – Tecnologia da Informação.

Page 42: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

42

requisito obrigatório para o desenvolvimento e o sucesso das organizações é crescente.

Entretanto, há pouca concordância sobre qual comunidade detém a responsabilidade pela

busca da Gestão do Conhecimento. Em resposta a essa discordância, ele afirma tornar-se

óbvio que esse deva ser um esforço multidisciplinar, já que diversas linhas de pesquisas

encontram-se inseridas no contexto da Gestão do Conhecimento.

Barquin (ibid.) faz esta exposição lembrando que, no caso de uma disputa, seria difícil

entrar em controvérsia com filósofos, já que o conhecimento representa sua principal busca;

ou com educadores, tidos como responsáveis pela criação de conhecimento desde os

primórdios; ou com cientistas da informação (bibliotecários e arquivistas), que vêm

realizando a classificação e organização do conhecimento por vários séculos; ou com

psicólogos cognitivistas, que buscam entender como o conhecimento é adquirido, armazenado

e manipulado pelo cérebro humano; ou com pesquisadores de gestão organizacional, que se

ocupam em entender como a organização trata de um de seus ativos mais importante, o

conhecimento; ou com os cientistas da computação, que se preocupam com o

desenvolvimento e implementação de sistemas reais que produzam e transfiram conhecimento

a partir de bits e bytes armazenados em repositórios. Isso reforça a necessidade de busca por

consenso e não por embate e cria espaço para a discussão da Gestão do Conhecimento por

meio de uma visão multidisciplinar.

O depoimento pessoal de Sveiby (2001, p. 4), apresentado a seguir, mostra que esse

esforço, de certa forma, já vem ocorrendo, mesmo que ainda em estágio embrionário:

O conceito de gestão do conhecimento não é usual na sua ambigüidade, extraordinário na sua profundidade, ainda distante do seu esgotamento e – o melhor de tudo – não tem um dono com direitos, como TM, © e ®. De umas poucas sementes plantadas em pouco mais de uma década atrás, as ferramentas e práticas têm se multiplicado exponencialmente através dos esforços de centenas de milhares de praticantes e pensadores no mundo inteiro, os quais se baseiam nos estudos e práticas dos trabalhos pioneiros. O compartilhamento de informações e experiências sobre gestão do conhecimento não possuem precedentes na história da humanidade. Um ‘movimento’ de pessoas em torno do globo, todas se relacionando e discutindo o tema pela Internet (SVEIBY, 2001).

Agora que o contexto que envolve e entremeia o desenvolvimento do campo da

Page 43: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

43

Gestão do Conhecimento já foi exibido, é hora de se buscar esclarecimento sobre a Gestão do

Conhecimento.

2.1.4 PERSPECTIVA EVOLUTIVA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO

Segundo Sveiby (ibid.), a partir dos anos 80, pesquisadores e executivos começaram a

levar em consideração os aspectos do conhecimento para os negócios. Por volta de 1986, nos

Estados Unidos, o termo ‘gerenciando o conhecimento’ foi utilizado pela primeira vez no

âmbito da Inteligência Artificial por dois grupos distintos de pesquisadores. Um grupo

liderado por Karl Wiig, avaliava o contexto do conhecimento na condução dos negócios;

outro, liderado por Debra Amidon, buscava entender como a tecnologia poderia contribuir

para a melhoria do processo de aprendizagem. Wiig foi o primeiro autor a fazer uso do termo

Gestão do Conhecimento. Segundo Firestone e McElroy (2002), o trabalho de Wiig,

publicado em 1989, estabelece a Gestão do Conhecimento como um campo de estudo.

Na fase inicial dos estudos sobre a Gestão do Conhecimento, a condução dos trabalhos

foi fortemente influenciada pela Tecnologia da Informação (DAVENPORT; MARCHAND,

2000; KOENIG, 2002 apud FIRESTONE; MCELROY, 2002; MCELROY, 2003a). O

enfoque era a aplicação de tecnologia para promover a distribuição e a coordenação do

conhecimento existente dentro das organizações. Naquela época, não havia forte

diferenciação entre a Gestão do Conhecimento e a Gestão da Informação.

Nenhuma ênfase era dada à produção do conhecimento (MCELROY, 2003a). Com

isso, as tentativas de promoção da Gestão do Conhecimento com foco apenas em Tecnologia

da Informação não se mostraram eficazes (ALBRECHT, 2004).

Por volta desse mesmo período, um grupo de pesquisadores japoneses, conduzidos por

Page 44: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

44

Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi, iniciava seus estudos sobre o sucesso de

desenvolvimento de novos produtos nas empresas japonesas. Anos depois, esses estudos

resultaram na publicação do livro Criação de Conhecimento da Empresa em 1995

(NONAKA; TAKEUCHI, 1997), traduzido para o português em 1997, tomando como base o

conceito de conhecimento tácito de Michael Polanyi. Segundo Sveiby (2001, p. 3), Nonaka

“lembrou-se da epistemologia e voltou-se para o trabalho de Michael Polanyi e o seu conceito

de ‘conhecimento tácito’ ”. Sveiby aponta o livro como referência fundamental e afirma,

ainda, ter, esse, redefinido o ramo da Gestão do Conhecimento. Outros pesquisadores da área

também apontam esse trabalho e a popularização do modelo SECI (Socialização,

Externalização, Combinação e Internalização), ambos de Nonaka e Takeuchi, como um marco

para o campo de estudo da Gestão do Conhecimento (SNOWDEN, 2002, KOEING, 2002,

FIRESTONE; MCELROY, 2002).

Por ser considerado uma referência, o modelo SECI será resumidamente apresentado

nos parágrafos seguintes.

O modelo de Nonaka e Takeuchi (1997) sugere que o processo de criação e

compartilhamento do conhecimento move-se em uma espiral que envolve a socialização,

externalização, combinação e internalização, sendo o conhecimento, dessa maneira,

transferido, difundido e reutilizado dentro de uma organização.

A promoção da espiral do conhecimento, interação contínua e dinâmica entre o

conhecimento tácito e o explícito, dá-se por meio de um trabalho de interação e de

relacionamento entre as pessoas envolvidas, dinamizando as relações interpessoais e

melhorando o desempenho.

O modelo é construído com base em cinco condições capacitadoras: intenção,

autonomia, flutuação/caos criativo, redundância e variedade de requisitos. Essas condições

capacitadoras estão diretamente relacionadas às atitudes das pessoas, tanto como indivíduos

Page 45: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

45

quanto como uma equipe. Além disso, o modelo compreende cinco fases, que caracterizam o

processo que promove a criação do conhecimento organizacional: i) compartilhamento do

conhecimento tácito; ii) criação de conceitos; iii) justificação dos conceitos; iv) construção de

um arquétipo4; v) difusão interativa do conhecimento.

A criação do conhecimento dentro das organizações surge como resultado da interação

dos conhecimentos individuais de cada empregado, formando, assim, um amplo

conhecimento organizacional. Esta conjunção de conhecimentos ocorre por meio das relações

interpessoais – “diálogo, discussões, compartilhamento de experiências ou da observação”

(NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 280).

Retornando à perspectiva evolutiva da Gestão do Conhecimento, ressalta-se que Karl-

Erik Sveiby, pesquisador Sueco, foi um dos primeiros a publicar um livro com o termo Gestão

do Conhecimento em seu título, apresentando uma abordagem estratégica para a gestão dos

recursos do conhecimento e para os trabalhadores do conhecimento, sem fazer menção à

Tecnologia da Informação (SVEIBY, 2001).

Do mesmo modo que o enfoque exclusivo em tecnologia da informação levou a

Gestão do Conhecimento a ser vista com reserva, o enfoque exclusivamente humanístico

também pode conduzir ao descrédito. Não obstante, é inegável a necessidade de maior

atenção aos aspectos humanísticos, principalmente no processo de criação do conhecimento.

Segundo Loureiro (2003), o componente humano tem prioridade sobre o componente

tecnológico – hardware e software – de tal maneira que se pode ter Gestão do Conhecimento

sem tecnologia, mas não sem pessoas.

Dessa forma, sem deixar de fazer uso de alta tecnologia, adequada às necessidades, as

organizações estão à procura do componente humano e de competências pessoais necessários

à criação e à utilização do conhecimento, ou seja, na essência, a Gestão do Conhecimento

4“modelo ou exemplar originário, de natureza transcendente, que funciona como essência e princípio explicativo para todos os objetos da realidade material” (HOUAISS)

Page 46: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

46

caracteriza-se como um processo que visa potencializar o que as pessoas sabem, aprendem e

como aprendem para criar valor e diferencial dentro das organizações.

Como observado no início deste trabalho, a Gestão do Conhecimento tem passado por

várias críticas e questionamentos, devido às distintas definições e abordagens associadas ao

tema. É interessante notar que, apesar das marcantes divergências conceituais, há consonância

sobre a ocorrência de transformações na concepção da Gestão do Conhecimento que

caracterizam um período de transição, independente de ser este período intitulado de segunda

ou terceira geração (MCELROY, 1999; SNOWDEN, 2002; SVEIBY, 2001).

A percepção do campo por uma perspectiva social e a preocupação com o tema

criação/produção do conhecimento destacando-se dos processos de integração do

conhecimento, como retenção, compartilhamento e reutilização, instigaram uma nova

abordagem de estudo, tanto no âmbito acadêmico, quanto no das organizações.

Firestone e McElroy (2002), em uma detalhada investigação sobre as gerações da

Gestão do Conhecimento, distinguem e analisam o trabalho de três autores com visões

distintas sobre as transformações e os estágios de evolução da Gestão do Conhecimento: Mark

Koenig, David Snowden e Mark McElroy. Nesse estudo, Firestone e McElroy buscavam

evidências que justificassem os cortes entre gerações.

A conclusão do estudo sobre as três visões analisadas ressaltou que a principal

diferença entre as proposições encontra-se na metodologia selecionada por cada autor para

justificar as divisões propostas. Como resultado, sugeria ser a visão5 de McElroy a mais

adequada6, visto ser a única das três a considerar a forma como se dá o processamento do

conhecimento, compreendido nas distinções de produção do conhecimento e de integração do

conhecimento. E, por conseguinte, tomando essa abordagem por base, pode-se dizer que a

Gestão do Conhecimento encontra-se atualmente em sua segunda geração.

5relativa à mudança de gerações 6a assertiva do autor em relação à adequação dessa visão não será objeto de estudo neste trabalho.

Page 47: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

47

A abordagem feita pela primeira geração da Gestão do Conhecimento manifestava-se

basicamente pela preocupação em garantir que o conhecimento existente dentro das

organizações fosse distribuído, compartilhado e utilizado. O conhecimento existente precisava

ser colocado em prática e, para isso, valia-se quase que exclusivamente das ferramentas de TI.

Não havia preocupação com a produção do conhecimento, apenas com a manutenção e

emprego do conhecimento existente. Nota-se que a aplicação dessa abordagem ainda é

comum nos dias de hoje.

A abordagem tratada pela segunda geração da Gestão do Conhecimento, por sua vez,

não contradiz a primeira geração, pelo contrário, adiciona ao contexto a preocupação em

constantemente promover a produção de conhecimento novo e em estudar como isso pode ser

feito. A principal preocupação é a produção do conhecimento e, dada a sua criação, surge,

então, o interesse pela sua distribuição, seu compartilhamento e seu uso. Vale-se não apenas

da TI como ferramenta poderosa, mas principalmente das pessoas, dos processos e das

iniciativas sociais. O conhecimento é visto como resultante de um processo sistêmico de

interação social.

Ante o exposto, selecionou-se a abordagem de McElroy (1999a; 1999b; 2000; 2003a;

2003b) referente à Gestão do Conhecimento, primeiramente designada de Segunda Geração

da Gestão do Conhecimento’ e, hoje, denominada A Nova Gestão do Conhecimento (TNKM

– The New Knowledge Management) – após, segundo os criadores, passar por alguns ajustes

conceituais para servir como referencial teórico para o desdobramento deste trabalho de

pesquisa.

2.1.5 A NOVA GESTÃO DO CONHECIMENTO POR MCELROY

A Nova Geração de Gestão do Conhecimento (TNKM – The New Knowledge

Page 48: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

48

Management) é uma variante da primeira abordagem desenvolvida por McElroy (2003a,

2003b, MCELROY; FIRESTONE, 2003). A diferença entre elas encontra-se basicamente no

questionamento da validade do conhecimento, produzido ou já existente. A TNKM apóia-se

na visão não-justificacionista do conhecimento, conforme já visto anteriormente, em que o

conhecimento não é reconhecido como um produto acabado ou uma verdade exata a ser

utilizada e reutilizada sem questionamentos. Não importa o quanto se está convencido da

autenticidade, há sempre a possibilidade de erro. Segundo McElroy (2003b, p. 6), “todo

conhecimento é passível de falha, pois todos os seres humanos são falíveis em relação a seus

conhecimentos” e, justamente por isso, faz-se necessário que todo conhecimento seja

constantemente submetido à crítica racional para mitigação e eliminação de erros e para

garantia de maior proximidade com a verdade, entendida neste trabalho, como qualquer idéia,

proposição, princípio ou julgamento que se aceita como autêntico e enquanto assim

permanecer.

Esta é uma premissa muitas vezes difícil de ser incorporada ao ambiente

organizacional, já que muitos profissionais não gostam de ter seu trabalho, suas ações e suas

ordens questionadas, gestores principalmente. Para muitos, qualquer tentativa de

questionamento é percebida como um desafio ou uma provocação, sendo caracterizada como

uma ação contraproducente e suspeita e, como conseqüência, a validação do conhecimento

pode vir a ser atrelada ao nível hierárquico, prejudicando o processamento do conhecimento

dentro da organização.

McElroy (2003b) ressalta que a busca por separar a validação do conhecimento dos

níveis hierárquicos não deve ser compreendida como rejeição à autoridade. Qualquer pessoa

pode questionar ou criticar as políticas em vigor para que sejam melhoradas, o que não se

pode fazer é deixar de segui-las enquanto a alteração não for aceita por quem possui a

autoridade para tal. Uma organização pode ser flexível em seu processamento do

Page 49: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

49

conhecimento e rígida em seu gerenciamento organizacional.

O que se precisa e deseja são ambientes de negócio onde todo conhecimento seja

continuamente submetido a testes e a avaliações, ambientes que auxiliem no controle da

qualidade do conteúdo das idéias produzidas, assim a responsabilidade intelectual pode ser

repassada a todos, e não ser apenas um privilégio dos gestores.

3.1.5.1. OS PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DA TNKM

Ainda explanando sobre os fundamentos da TNKM, é importante ressaltar que

McElroy (ibid.) destaca que a contextualização conceitual da TNKM complementa-se ao

integrar conceitos advindos da teoria da complexidade, mais especificamente a teoria dos

sistemas adaptativos complexos, SAC (Complex Adaptive Systems - CAS), e da aprendizagem

organizacional. Pode-se dizer que a aprendizagem organizacional e a teoria SAC apresentam-

se como pilares de sustentação da TNKM.

A teoria da complexidade e a de SAC têm recebido atenção especial no ambiente

corporativo por oferecerem uma possibilidade de análise do comportamento organizacional a

partir de uma abordagem não-linear, em oposição à abordagem linear de causa e efeito.

A complexidade das relações humanas não pode ser completamente entendida a partir do conceito matemático de linearidade – causa e efeito diretamente relacionados – e que pressupõe a independência das partes envolvidas. Para que esta compreensão seja possível, faz-se necessária a utilização de uma abordagem não-linear, a partir de uma visão sistêmica – em que o todo é constituído de partes distintas que se conectam por meio de relacionamentos e de interações que organizam o sistema (MCGARRY, 2002 apud BLANCO et. al., 2004a).

As partes de um sistema são denominadas agentes e um sistema adaptativo complexo

é constituído por vários agentes que mudam seu comportamento, no decorrer do tempo, em

conseqüência daquilo que aprendem com a experiência. Os sistemas adaptativos complexos

estão sempre evoluindo, ou seja, as adaptações e o aprendizado ocorrem o tempo todo, não

existe um estado de equilíbrio. Quando um sistema atinge a estabilidade, significa que o

Page 50: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

50

mesmo parou de evoluir e encontra-se morto (HOLLAND, 1999).

As organizações são comunidades compostas por pessoas e por grupos de pessoas

convivendo dentro de uma determinada estrutura. Senge (1998), sob a ótica do pensamento

sistêmico, conceitua as organizações não como máquinas, mas como comunidades vivas e

considera que o resultado proveniente da convivência e da interação não pode ser visto apenas

como o somatório das partes envolvidas. Da interação constrói-se um novo ser, um organismo

vivo que possui características próprias. Da mesma forma, Nonaka (2000) defende que as

organizações de trabalho são organismos vivos, com senso de identidade e um propósito

fundamental coletivo.

Também, Alencar (1996) considera a interação entre a organização e as características

individuais de seus colaboradores como um fator de expansão ou limitação do potencial

criativo: “As atitudes e comportamentos do indivíduo influenciam e são influenciados pelo

sistema organizacional” (ALENCAR, 1996, p.22).

Ver a organização como um ser vivo é aceitar que esta evolui e é dotada de senso de

identidade e de personalidade. Possui capacidade de regeneração, de manter-se como uma

entidade identificável e de transcender a unidade de seus membros e de suas comunidades de

trabalho humano. (GEUS, 1998).

Assim, olhar uma organização como um SAC significa ver suas propriedades

emergindo das interações entre as pessoas no ambiente de trabalho. O comportamento do

sistema como um todo não pode ser explicado a partir de seus componentes, mas sim pelo

comportamento que surge da interação entre eles. Esta é uma característica comum nos

sistemas complexos, denominada emergência.

Para McElroy (2003a), as empresas são sistemas vivos, compostas por pessoas,

agentes independentes e vivos, que se auto-organizam e se adaptam, individualmente e

coletivamente em relação às mudanças de condições do ambiente. Sendo assim, McElroy

Page 51: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

51

(ibid.) declara que o entendimento de como o conhecimento forma-se no nível de agentes

individuais e como, então, influencia o processamento do conhecimento no nível coletivo para

produzir conhecimento organizacional compartilhado é uma lição tirada diretamente da teoria

da complexidade.

Seguindo essa linha de raciocínio, McElroy (2003a, p. 19) afirma que “o foco da

aprendizagem organizacional encontra-se em como criar e estimular ambientes de

processamento do conhecimento efetivos em sistemas sociais humanos”. Então, a Gestão do

Conhecimento pode ser vista como uma estratégia de implementação para a aprendizagem

organizacional.

Aprendizagem é definida por Losada (1999) como a habilidade de dissolver as

dinâmicas que impedem as ações efetivas e o desenvolvimento de novas dinâmicas que

possibilitam a geração de ações efetivas, seja em relação a indivíduos, equipes ou

organizações.

De acordo com Stacey (1992), a forma como as pessoas aprendem neste mundo de

complexidade crescente depende da forma como interagem umas com as outras em grupos.

Por isso, as opções estratégicas tomadas por uma equipe de trabalho dependem muito mais da

dinâmica de interação do grupo do que de qualquer outra consideração racional.

O termo aprendizagem organizacional é usado freqüentemente para descrever o

processo em que grupos e indivíduos dentro de uma organização desafiam os padrões

correntes de comportamento e aprendem rapidamente e criativamente a adaptar-se às

mudanças no ambiente (ibid.).

Para contextualizar a aprendizagem organizacional na abordagem da TNKM, McElroy

tomou emprestada a concepção de Chris Argyris referente à aprendizagem de laço simples e

de laço duplo e assim ressaltar os níveis de aprendizagem passíveis de ocorrência.

Várias são as pesquisas em torno dos níveis de aprendizagem classificando-os de

Page 52: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

52

formas distintas desde o nível zero até o nível três, conforme a abordagem escolhida

(ARGYRIS; SCHON, 1978; BATESON, 1973; SNELL; CHAK, 1998 apud LUCAS, 2003;

KOFMAN, 2002; SENGE, 2002). Assim como no trabalho de McElroy, a abordagem

selecionada para este trabalho será a de Argyris, conforme resumida a seguir.

A aprendizagem de laço simples ocorre no nível primário da ação, quando esta é

mantida ou alterada sem qualquer questionamento de sua razão de ser. Segundo Argyris

(1999), caracteriza-se pela detecção e correção de um erro sem que o modelo seja alterado.

A aprendizagem de laço duplo, por sua vez, pressupõe o questionamento dos

princípios que levam à determinada ação, analisando sua veracidade e aplicabilidade em

relação à situação solicitadora da resposta. Segundo Argyris (ibid.), nesse caso o erro só é

corrigido após a revisão dos valores que conduzem à resposta, o que caracteriza essa

aprendizagem, então, como a mais adequada para transformações.

Delineados os pilares de sustentação da TNKM, em seguida o modelo do ciclo de vida

do conhecimento, idéia predominante dessa abordagem, será apresentado.

3.1.5.2. O CICLO DE VIDA DO CONHECIMENTO

O ponto de partida para o entendimento da TNKM dá-se pela compreensão da

estrutura do ciclo de vida do conhecimento (KLC - Knowledge Life Cycle). Segundo McElroy

(2003b, p. 5), o KLC exprime a visão do padrão de auto-organização formado pelos

indivíduos em uma organização enquanto engajados em atividades que promovem a

aprendizagem e a solução de problemas. Para o autor, esse ciclo encontra-se profundamente

enraizado na teoria de SAC, nas ciências políticas, na epistemologia e na psicologia.

O ciclo de vida do conhecimento, KLC descreve o modo como o conhecimento é

Page 53: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

53

produzido e validado por meio da aprendizagem, para, então, ser convertido em formas úteis

de utilização. O KLC abrange vários níveis de conhecimento: individual, coletivo e

organizacional.

Uma breve descrição sobre o KLC será fornecida a seguir visando auxiliar na

compreensão do modelo, como se pode ver Figura 2.

Figura 2 - Ciclo de Vida do Conhecimento Fonte: Adaptado de McElroy(2003) e Firestone e McElroy (2005).

O conhecimento organizacional é representado pela nuvem maior, intitulada BDCO e

seus repositórios, e este será o ponto de partida dessa descrição.

A BDCO, Base Distribuída de Conhecimento Organizacional, e seus repositórios

ok

Avaliação de declaração de

conhecimento

Formulação de declaração de

conhecimento

Formulação de declaração de problema

Crenças e declarações sobre produtos do processamento do

trabalho

BDCO e seus repositórios � Conhecimento subjetivo (Agentes: indivíduos e grupos)

� Conhecimento objetivo

(artefatos: documentos, TI)

satisfaz

não satisfaz

Comportamentos de processamento do

negócio resultantes da interação com agentes (uso do conhecimento)

BDCO Detecção de Problema

Aquisição de

informação

Aprendizagem individual e em grupo

Transmissão

Busca

Ensino

Colaboração

Aprendizagem de laço simples

= Processos do conhecimento

= Grupos de

conhecimento

CO = Conhecimento Organizacional DCS = Declaração de Conhecimento Sobrevivente DCI = Declaração de Conhecimento

Indeterminado

DCS

Info sobre DCF

DCF

Info sobre DCI

DCI

DCC

Produção de Conhecimento Integração de Conhecimento

Ambiente de Processamento do Negócio

DCC = Declaração de Conhecimento Codificada BDCO = Base Distribuída de Conhecimento Organizacional DCF = Declaração de

Conhecimento Falseado

Aprend

izag

em de laço dup

lo

OU

Crenças e Declarações

Crenças e Declarações

Crenças e Declarações

Crenças e Declarações

Ambiente de Processamento do Conhecimento

Info sobre DCS

Page 54: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

54

englobam tanto o conhecimento subjetivo, existente dentro da mente das pessoas e dos grupos

(agentes); quanto o conhecimento objetivo, que pode ser comunicado pela codificação oral ou

escrita (artefatos). Ressalta-se que esses dois tipos de conhecimento, subjetivo e objetivo,

podem ser ordenados e expressos de diversas formas, sejam elas, tácitas, implícitas ou

explícitas. Desse modo, a BDCO extrapola o conceito comum de armazenamento físico. A

alimentação da BDCO é feita a partir dos resultados obtidos no ambiente de processamento

do conhecimento e no ambiente de processamento do negócio.

Visualizando-se, em seguida, o item ‘ambiente de processamento do negócio’,

percebe-se que, por meio do uso do conhecimento disponível, obtêm-se resultados/saídas que

podem vir a satisfazer ou não às expectativas existentes nesse contexto. Com a satisfação da

expectativa, o conhecimento existente utilizado é reforçado, validando a possibilidade de sua

reutilização. Por outro lado, a não satisfação dos resultados esperados, a princípio, conduz à

realização de ajustes do comportamento do processamento do negócio, tomando-se como base

para esses ajustes as opções de conhecimento disponíveis na BDCO. E em conseguinte, por

não estimular a reflexão e a busca por novo conhecimento, esta ação pode ser caracterizada

como aprendizagem de laço simples.

Falhas sucessivas, que não levem à satisfação das expectativas, geram dúvidas sobre o

conhecimento selecionado, que pode vir, inclusive, a ser rejeitado. Com isso, ocorre a

detecção, por parte dos agentes, da existência de um problema (detecção de problema),

colocando em ação os esforços de processamento do conhecimento que derivarão na produção

ou na integração do novo conhecimento. Nesse caso, pode-se dizer haver ocorrência de

aprendizagem de laço duplo devido à decisão de buscar-se uma solução para um dado

problema.

A formulação de declaração do problema é uma tentativa de aprender-se e de

determinar-se a natureza específica da lacuna de conhecimento detectada (problema), e esta

Page 55: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

55

antecede a produção de conhecimento.

Fazendo-se uso dos resultados advindos da aquisição de informação e da

aprendizagem individual ou de grupo, a nova formulação de declaração do conhecimento

surge em resposta à formulação da declaração do problema, validando, assim, a existência de

um problema. É importante esclarecer que tudo isso ocorre sobre a influência do conteúdo

existente na BDCO vigente.

Na seqüência, as novas declarações de conhecimento são testadas e avaliadas

(avaliação de declaração de conhecimento) conduzindo, como pode se visto na porção

superior central da Figura 2, a seis (6) tipos de saída possíveis:

� as declarações de conhecimento sobrevivente - DCS (ex.: novo conhecimento

organizacional);

� as declarações de conhecimento falseado - DCF;

� as declarações de conhecimento indeterminado - DCI;

� as informações sobre cada um dos tipos de declaração listados, meta-declarações

sobre DCS, sobre DCF ou sobre DCI.

Segundo McElroy (2003a, p. 7), “as declarações de conhecimento são conjecturas,

asserções, argumentos ou teorias sobre quais potenciais ações podem levar aos resultados

esperados”.

O registro de todas essas saídas, tanto declarações quanto respectivas meta-

declarações, são incorporados à BDCO por vários meios de integração do conhecimento,

transmissão, busca, ensino e colaboração a partir da resposta ativa dos agentes à comunicação

e às ações de integração do conhecimento.

Uma vez integradas à BDCO, declarações e meta-declarações tornam-se passíveis de

serem utilizadas no ambiente de processamento do negócio.

Toda experiência adquirida a partir do uso do conhecimento contido na BDCO e seus

Page 56: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

56

repositórios dá origem a novas declarações e meta-declarações, que remetem ao valor e à

validade do conhecimento. As crenças e declarações sobre os resultados, por sua vez,

modificam o conteúdo da BDCO e determinam seu crescimento.

Para finalizar essa descrição do KLC, declara-se que o ciclo se repete

interminavelmente, tanto em nível individual quanto coletivo e organizacional.

De acordo com Kuscu (2001), o ponto chave desse ciclo é a adoção da visão da teoria

de SAC para interpretar o modo como o conhecimento se forma no nível da aprendizagem

individual e como se torna coletivamente compartilhado no nível organizacional. Surge como

uma das primeiras abordagens a destacar a produção e a disseminação do conhecimento

organizacional como um processo dinâmico e em constante mudança.

O ciclo de vida do conhecimento encontra-se diretamente associado aos processos de

reconhecimento e solução de problemas percebidos; ao ciclo de execução de decisão (DEC –

Decision Execution Cycle) que abordam o planejamento, a ação, o acompanhamento e a

avaliação de comportamentos7 dos agentes envolvidos; e aos níveis de aprendizagem. Visto

que, para Firestone e McElroy (2005), decisões conduzem a ações, é por meio das ações que

os processos sociais, as redes sociais e os sistemas organizacionais são constituídos.

Prusak (2006) afirma que a aprendizagem profunda surge da experiência, da interação

e da observação do que os outros estão fazendo. Segundo ele, o conhecimento precisa ser

constantemente renovado e reconstruído. As pessoas aprendem principalmente em ação e

umas com as outras pelo compartilhamento de experiências e de histórias.

McElroy (2003a) afirma que as pessoas dentro da organização devem buscar a solução

de problemas quando de sua ocorrência, e que uns devem colaborar com os outros nessa

busca.

O conhecimento em nível individual viabiliza a tomada de decisões e a execução de

7Tudo que um organismo, ou parte dele, faz que envolva ação e resposta à estimulação.

Page 57: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

57

ações, ou seja, o conhecimento pessoal é o precursor imediato da ação (ibid.), desencadeando

o comportamento sistêmico e a continuidade de ações coletivas e organizacionais.

Quando a ação tomada destaca-se como uma mera repetição ou reutilização de

conhecimento disponível, essa caracteriza-se como uma ocorrência de aprendizagem de laço

simples. Não obstante, quando a ação é resultante da produção de novos conhecimentos,

caracteriza-se como um efeito de aprendizagem de laço duplo.

Tendo sido explicado e contextualizado o KLC e de que forma adapta-se e se associa

aos níveis individuais, coletivos e organizacionais, a seguir apresenta-se um modelo de

distinção dos processos de Gestão do Conhecimento, do Conhecimento e do negócio,

simplificando o entendimento da influência de cada camada dentro do ambiente

organizacional.

3.1.5.3. DIFERENCIANDO OS NÍVES DE GESTÃO DO CONHECIMENTO,

PROCESSAMENTO DO CONHECIMENTO E DO NEGÓCIO

Como visto na explicação sobre o KLC, o processamento do conhecimento trata dos

subprocessos de produção, de validação e também de integração do conhecimento, que de

certa forma podem ser facilmente relacionados aos processos de aprendizagem individual e de

grupo, sem, entretanto excluir a dimensão organizacional. Além disso, contextualiza a forma

como esses podem influenciar os processos empregados na execução das rotinas de negócio.

Por sua vez, a Gestão do Conhecimento é um campo de estudo de gestão que busca

influenciar positivamente o processamento do conhecimento e, visto que a distinção entre

Gestão do Conhecimento e o processamento do conhecimento são questões críticas, ambas

são facilmente confundidas entre si.

Page 58: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

58

Com o propósito de diferenciá-las e de facilitar a compreensão sobre como

influenciam os processos organizacionais, Firestone e McElroy (2003; 2005) criaram uma

estrutura dividida em três camadas dispondo processos e respectivos resultados (produtos e

efeitos) em diferentes níveis de atuação. Dessa forma, torna-se mais simples a distinção entre

os processos do negócio, os processos do conhecimento e os processos de Gestão do

Conhecimento e respectivos resultados, conforme apresentado na Figura 3.

Figura 3 - Estrutura de processos organizacionais em três camadas Fonte: adaptado de McElroy (2003a) e Firestone e McElroy (2003, 2005)

O modelo descreve três camadas de atuação: a que retrata o ambiente de

processamento do negócio; a relativa ao ambiente de processamento do conhecimento e a do

ambiente de Gestão do Conhecimento.

A camada ambiente de processamento do negócio reflete o contexto diário de negócio

em que as decisões e ações precisam ser realizadas para que o trabalho aconteça e gere os

resultados que se espera dentro de uma organização, conforme as metas e objetivos

estratégicos definidos. Envolve as atividades e atribuições individuais e coletivas de cada

Gestão do Conhecimento (GC)

Produtos da GC {

Processamento do Conhecimento (PC)

Produtos do Proc. do Conhecimento {

Exemplos:

• Estratégias de negócio

• Modelos organizacionais

• Processos de trabalho

Processamento do Negócio

Produtos do Negócio Exemplos:

• Lucratividade

• Parcela do mercado

• Crescimento

• Ética

{

Ambiente de

Gestão do Conhecimento

(Comportamentos Meta-Epistemológicos)

Ambiente de Processamento do Conhecimento

(Comportamentos Epistemológicos)

Ambiente de Processamento do Negócio

(Comportamentos

Operacionais)

Exemplos:

• Estratégias de PC

• Políticas e normas de PC

• Infra-estrutura de PC

Page 59: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

59

área da organização. Na maior parte das vezes, o que se percebe é a repetição de

comportamentos e reutilização de conhecimento prévio. Os efeitos dessas ações são visíveis

e são descritos como resultados operacionais de negócio e estão relacionados a desempenho.

Não obstante, com freqüência surgem situações que exigem a busca por soluções e

ações não conhecidas, parcial ou totalmente, e é nesse momento que a camada de

processamento do conhecimento é acessada. Essa camada retrata os processos e

subprocessos do conhecimento, conforme ilustrado na parte superior do KLC. De forma

macro subdividem-se em dois processos: produção do conhecimento e a integração do

conhecimento, aquele envolve também a validação do conhecimento produzido. Os novos

conhecimentos são, então, incorporados à base do conhecimento da organização (BDCO).

Os resultados obtidos nessa etapa não se limitam aos novos conhecimentos gerados, refletem

os processos que levaram ao novo conhecimento e aos comportamentos epistêmicos. É nessa

camada que os modelos organizacionais, os processos de negócio, as estratégias de produto

e de negócios, ou seja, os padrões de comportamento organizacional ordenam-se. Os efeitos

dessa camada têm influencia direta na camada de processamento do negócio.

A terceira camada trata da própria Gestão do Conhecimento organizacional, seu

objetivo é garantir a contínua evolução dos padrões de comportamento organizacional por

meio do processamento do conhecimento. Nessa camada são definidas as estratégias, as

políticas, a infra-estrutura, os programas de aprendizagem e desenvolvimento e ações que

promovam o processamento do conhecimento. Os resultados gerados nessa camada

influenciam diretamente o processamento e os resultados da camada de processamento do

conhecimento e, por conseguinte, influenciam indiretamente os resultados de negócio.

Segundo esse modelo, não há relação direta entre os resultados de Gestão do Conhecimento e

os resultados de Processamento do Negócio, há apenas relação indireta.

De acordo com Firestone e McElroy (2003, 2005), a camada de Gestão do

Page 60: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

60

Conhecimento é o objeto principal de estudo do campo da Gestão do Conhecimento, e, com

isso, afirmam, também, que os processos de Gestão do Conhecimento apenas indiretamente

influenciam os resultados de negócio.

3.1.5.4. PRINCÍPIOS-CHAVE DA TNKM

Para melhor descrever a abordagem de Gestão do Conhecimento selecionada como

base para este trabalho de pesquisa, apresenta-se a seguir uma lista de princípios-chave

elencados por McElroy (2002) que a contextualizam e fundamentam-na:

� aprendizagem e inovação fazem parte de um processo social, e não de um processo

administrativo (forte relacionamento com a teoria de aprendizagem

organizacional);

� aprendizagem organizacional e inovação são postas em ação a partir da detecção

de problemas;

� conhecimento organizacional de valor não simplesmente existe, é criado por

pessoas;

� a estrutura social da aprendizagem organizacional e da inovação é auto-organizada

e possui padrões regulares;

� a Gestão do Conhecimento é um campo de estudo de gestão com foco na melhoria

da produção e da integração do conhecimento dentro das organizações;

� a Gestão do Conhecimento não se refere a aplicação de TI, pode, entretanto, fazer

uso de soluções de TI como meio de apoio para atingir as dinâmicas sociais de

processamento do conhecimento;

� intervenções de Gestão do Conhecimento só apresentam impacto direto em

Page 61: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

61

resultados de processamento do conhecimento, o impacto nos resultados de

negócios é indireto;

� a Gestão do Conhecimento eleva a capacidade de uma organização adaptar-se pelo

aperfeiçoamento das habilidades de aprendizagem e de inovação e de detecção e

solução de problemas;

� a Gestão do Conhecimento deve tratar valor, veracidade e contexto;

� estratégias de negócios são resultantes das estratégias de Gestão do Conhecimento,

pois uma estratégia de negócio é um produto resultante do processamento do

conhecimento.

Ante o exposto, pode-se dizer que um dos principais desafios da Gestão do

Conhecimento é a construção de um ambiente favorável à interação que promova o

processamento do conhecimento e, por meio desse, a inovação. Além de conduzir ao alcance

dos objetivos predefinidos pela equipe.

Nessa mesma linha, vários pesquisadores (KROGH, 2001; BEVEREN, 2002;

DAVENPORT, 2006) reforçam a importância dos aspectos da interação social e da criação de

um ambiente organizacional favorável à aprendizagem, ao processamento do conhecimento, à

criatividade e à inovação.

Prusak (2006) afirma que a interação social cria laços, e esses, por conseguinte, geram

confiança. E nada pode ser realizado sem que haja confiança.

Segundo Echeverria (1999, p. 100), “a confiança nos lança para frente, põe-nos em

movimento.”

Page 62: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

62

2.1.6 O AMBIENTE ORGANIZACIONAL FAVORÁVEL

Com base na importância ressaltada em relação aos aspectos da interação social e da

criação de um ambiente organizacional favorável à aprendizagem, ao processamento do

conhecimento, à criatividade e à inovação, é importante que esse tema seja explorado.

Segundo Csikszentmihalyi (2004), a plena realização das potencialidades de um

indivíduo depende da confluência de dois processos: diferenciação, que é a consciência de

que cada ser humano é único e diferente dos demais; e integração, apesar das diferenças, os

seres humanos existem envolvidos em redes de relacionamento com outros seres humanos.

Para Alencar (1996 apud BLANCO, 2004b), as qualidades de um ambiente favorável

incluem práticas interpessoais de valorização do potencial humano e de promoção de

condições que estimulem os indivíduos a liberar suas habilidades por meio do

desenvolvimento da confiança e da segurança. A construção desse ambiente propicia a

geração de idéias criativas e produtivas, alinhadas com as demandas da empresa e com as

necessidades de realização profissional dos indivíduos.

Já Echeverria (1999) afirma que a confiança serve como meio condutor para a

realização de ações transformadoras, capazes de gerar e conquistar novas possibilidades e

oportunidades.

a confiança sustenta todas as ações criativas e é um ingrediente fundamental da criação artística, dos descobrimentos científicos, das invenções tecnológicas, das grandes transformações políticas e culturais. [...] A confiança, portanto, é o elemento básico que alimenta o espírito empreendedor. (ECHEVERRIA, 1999).

Em consonância com os trabalhos anteriores, pode-se mencionar também o trabalho de

Losada (1999), que explica o conceito de espaço emocional, um espaço de influência nas

emoções e nas ações dos indivíduos. Se movidos por emoções positivas, como estímulo e

entusiasmo, têm seu horizonte de ação expandido, e novas possibilidades e formas de atuação

tornam-se disponíveis; se influenciados por emoções negativas, tais como medo e raiva, o

Page 63: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

63

horizonte de ação torna-se restritivo e bloqueios são criados.

Da mesma forma, Fredrickson (1998 apud SELIGMAN, 2004) afirma que as emoções

positivas fortalecem nossos recursos intelectuais, físicos e sociais, tornando-nos mais

tolerantes e criativos.

E o próprio Seligman (2004, p. 54), declara que “um estado de espírito positivo nos

induz a um modo de pensar completamente diferente de um estado de espírito negativo”.

Diante do exposto, torna-se impossível imaginar um ambiente favorável de interação

social e de criação e produção do conhecimento sem considerar os sentimentos e as emoções

humanas, pois “todas as emoções têm um componente de sentimento, um componente

sensorial, um componente de raciocínio e um componente de ação” (SELIGMAN, 2004, p.

58).

Berger (2002, p. 76) cita a formação e significado da palavra emoção, originária do

latim, como “mover-se e afastar-se”, indicando que em toda emoção existe uma tendência

implícita à ação. É preciso entender melhor o papel das emoções e de que forma influenciam

as formas de agir e de pensar dos indivíduos, em especial no ambiente de trabalho, para

permitir a construção de espaços emocionais criativos, produtivos e efetivos.

E, por sua vez, Echeverria (1999) chama atenção para este fato e alega não existir

prática profissional sem envolvimento de conteúdo emocional, afinal, os seres humanos são

organismos emocionais e vivem em um habitat repleto de emoções. Tudo o que se faz é feito

a partir de um conteúdo emocional e, por sua vez, gera novo conteúdo emocional. Para o

autor, o valor emocional de cada prática de negócio é fator primordial para sua efetividade e

sucesso ou para seu fracasso. Alguns exemplos abordados por Echeverria (ibid.) são

contextualizados a seguir:

� liderança e gestão: a diferença entre líderes de sucesso ou não se encontra na

capacidade de gerar emoções efetivas em outras pessoas, como a motivação. Fazer

Page 64: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

64

com que as pessoas percebam novas oportunidades e formas de agir. O que para

uns pode ser problema, para outros será oportunidade;

� trabalho em equipe: só ocorre de forma efetiva baseado-se em emoções como

confiança, lealdade e respeito;

� inovação e criatividade: são estimuladas dentro de um contexto de emoções

propícias e positivas. Medo, apatia e ressentimento são barreiras à criatividade.

E, por fim, pode-se dizer que todo e qualquer relacionamento baseia-se em um

processo de comunicação. Em um ambiente de trabalho, o respeito e o tratamento das

diferenças determinam a eficácia na comunicação. Se as diferenças são respeitadas e a

comunicação é aberta, então, esta fluirá em duas direções. As pessoas ouvem umas às outras e

dizem o que sentem e pensam, emergindo a possibilidade de retro-alimentação: dar e receber

retornos, conforme Matos (2004, p.47) afirma:

Nós, seres humanos – classificados pela biologia como sapiens sapiens, ou seja, o ser que sabe que sabe –, temos uma vida interior ativa. Somos capazes de refletir sobre o ontem, avaliar o presente e projetar o futuro. Porém, não funcionamos apenas movidos pela razão. Muito pelo contrário, em nosso mundo interior, as emoções pressionam para se manifestarem, interferindo efetivamente no processo de comunicação.

2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO NA PRÁTICA

Como visto até aqui, o conhecimento organizacional emerge da aprendizagem e do

entendimento ganho por meio do trabalho e da interação social. E por propiciar respostas

efetivas às mudanças, ao ambiente organizacional e aos requisitos de negócio, caracteriza-se

como dinâmico e mutante (Kuscu, 2001).

Para Allee (2000), conhecimento e aprendizagem transformaram-se na nova estratégia

imperativa das organizações, tornaram-se o foco primordial do pensamento estratégico

voltado para o sucesso das organizações na nova economia.

Page 65: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

65

No contexto atual das organizações, a Gestão do Conhecimento representa um

processo que visa à obtenção de diferencial competitivo e garantia de longevidade

organizacional por meio da inovação constante. Sua aplicação dentro das organizações tem

sido caracterizada pela adoção e utilização de práticas organizacionais provenientes de várias

disciplinas e ramos das ciências, destacando-se, mesmo que superficialmente, como um

processo multidisciplinar. Algumas dessas práticas são enumeradas por Bergeron (2003):

documentação, colaboração, comunidades de prática, auditoria do conhecimento,

mapeamento do conhecimento, mentoring, coaching, análise da rede social, storytelling,

treinamento e desenvolvimento profissional.

De acordo com Bergeron (ibid.), a Gestão do Conhecimento deve ser incorporada à

estrutura social da empresa e ser tratada como um processo inerente ao desenvolvimento de

confiança, de cooperação e de colaboração.

No Brasil, a pesquisa Gestão do Conhecimento na Administração Pública (BATISTA

et al, 2005) analisou a situação de várias práticas organizacionais designadas como práticas de

Gestão do Conhecimento. Essa práticas foram classificadas em categorias: i) práticas

relacionadas aos aspectos de gestão de recursos humanos, que, segundo os pesquisadores,

facilitam a transferência, a disseminação e o compartilhamento de informações e

conhecimento; ii) práticas ligadas primariamente à estruturação dos processos

organizacionais, que para os pesquisadores funcionam como facilitadores de geração,

retenção, organização e disseminação do conhecimento organizacional; e iii) práticas cujo

foco central é a base tecnológica e funcional e, de acordo com a opinião dos pesquisadores,

também servem de suporte à Gestão do Conhecimento organizacional, incluindo automação

da gestão da informação, aplicativos e ferramentas de Tecnologia da Informação (TI) para

captura, difusão e colaboração. Dentre essas práticas, pode-se destacar:: portais/ intranets e

extranets; comunidades de prática; fóruns e listas de discussão; gestão eletrônica de

Page 66: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

66

documentos (GED); sistemas de workflow; memória organizacional; mapeamento do

conhecimento; melhores práticas; educação corporativa; gestão de conteúdo; gestão por

competência; data warehouse e data mining; mentoring e coaching; sistemas de suporte à

decisão (DSS); e universidade corporativa.

A utilização de várias dessas práticas, sozinhas ou agrupadas, com o objetivo de

promover a Gestão do Conhecimento nas organizações tem sido comum. Porém,

independente dos resultados organizacionais que possam promover, para serem selecionadas

como prática ou parte da estratégia de promoção da Gestão do Conhecimento, precisam ser

aplicadas com o propósito específico de promoção do processamento do conhecimento.

Segundo Firestone e McElroy (2005), apenas fazer uso do título Gestão do

Conhecimento ao se empregar uma determinada prática organizacional não a transforma em

prática de Gestão do Conhecimento. Os autores afirmam que, para dar conta dessa questão, é

preciso se ter idéias claras e não contraditórias sobre a natureza do conhecimento, do

processamento do conhecimento e da Gestão do Conhecimento e alegam que, para isso, faz-se

necessário transcender à noção que se pode fazer Gestão do Conhecimento apenas por meio

de qualquer intervenção que influencie positivamente a produtividade dos trabalhadores, o

desempenho da organização e/ou que se intitule Gestão do Conhecimento (FIRESTONE e

MCELROY, 2005).

Os mesmos autores ressaltam acreditar, ainda, que a Gestão do Conhecimento dá-se

por meio do empenho formal e intencional e, justamente por isso, acreditam que muitas das

iniciativas intituladas não são realmente Gestão do Conhecimento.

Um exemplo que pode ser dado para elucidar essa afirmação, seria o simples uso de

ferramentas de BI, ERP ou de CRM, entre tantas outras, sem qualquer propósito específico de

associação à Gestão do Conhecimento e, com isso, afirmar serem soluções de Gestão do

Conhecimento por que outros as estão utilizando com esse propósito. É importante ressaltar

Page 67: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

67

que tais ferramentas podem, sim, ser utilizadas em projetos de Gestão do Conhecimento. O

que não parece correto é a afirmação de que a simples utilização de uma ferramenta ou

técnica, ou um conjunto de ferramentas e técnicas, caracterize uma solução como Gestão do

Conhecimento. É preciso que haja o propósito.

Para responder se uma determinada intervenção é uma prática de Gestão do

Conhecimento e não apenas uma prática de outra natureza aplicada sobre o título Gestão do

Conhecimento, algumas premissas precisam ser respeitadas.

Primeiro, que os conceitos adotados para a compreensão de Gestão do Conhecimento,

processamento do conhecimento, conhecimento e respectivos resultados sejam claros e

distintos. Segundo, faz-se necessário estabelecer critérios de classificação que permitam a

distinção da prática entre Gestão do Conhecimento e outras áreas de especialidade.

Firestone e McElroy (2005), movidos pelo questionamento sobre a natureza das ações

de Gestão do Conhecimento e com o propósito de compreender se essas iniciativas

evidenciam uma autêntica realização de Gestão do Conhecimento, propõem alguns critérios

para a avaliação de práticas, projetos e programas organizacionais quanto à possibilidade de

aplicação como iniciativa de Gestão do Conhecimento.

A partir do modelo de referência de McElroy (1999a; 1999b; 2000; 2003a; 2003b),

sete critérios de avaliação são destacados, conforme apresentados a seguir (FIRESTONE e

MCELROY, 2005):

1) A intervenção em análise visa influenciar o reconhecimento de problemas no ciclo

de execução de decisões (DEC) e nos processos do negócio, no ciclo de vida do

conhecimento (KLC) ou em qualquer aspecto da Gestão do Conhecimento?

2) Se a intervenção está vinculada a aspectos do subprocesso de integração do

conhecimento contido no KLC ou à própria base distribuída de conhecimento

(BDCO), a mesma apresenta algum mecanismo de diferenciação entre

Page 68: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

68

conhecimento e informação, garantindo que o impacto ocorra sobre a integração

do conhecimento e não apenas sobre integração de informação?

3) Se a intervenção visa à melhoria de captura de informação relevante a um

problema em questão, a mesma apresenta alguma estrutura que permita reconhecer

se há necessidade, ou não, de obtenção de informação externa para a solução do

problema?

4) Se a intervenção visa aprimorar as formulações de declaração do conhecimento, a

mesma apresenta ferramentas ou técnicas que viabilizem a criação de declarações

do conhecimento alternativas?

5) Se a intervenção visa à avaliação de declaração de conhecimento, a mesma

apresenta ferramentas ou técnicas que possibilitem o teste ou a avaliação das

declarações de conhecimento?

6) Se a intervenção visa à aprendizagem individual e de grupo, a mesma atende a

qualquer um dos critérios anteriores sobre reconhecimento de problemas,

integração do conhecimento ou a qualquer um dos subprocessos de produção do

conhecimento?

7) Se a intervenção visa à própria Gestão do Conhecimento, a mesma apresenta

ferramentas ou técnicas que facilitem qualquer um dos seguintes itens, no que se

refere à camada de Gestão do Conhecimento: (a) qualquer aspecto de produção ou

integração do conhecimento; (b) reconhecimento de problemas nos DECs ou

processos de negócios; (c) liderança; (d) construção de relações externas com

outros profissionais de Gestão do Conhecimento; (e) representação simbólica; (f)

mudança nas normas de processamento do conhecimento; (g) gerenciamento de

conflitos relativos a Gestão do Conhecimento; (h) negociação de recursos; e (i)

alocação de recursos?

Page 69: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

69

A abordagem TNKM e os critérios de análise de conformidade para práticas de Gestão

do Conhecimento propostos por Firestone e McElroy (2005) foram selecionados para compor

a fundamentação e a parametrização deste trabalho de pesquisa e, com isso, viabilizar a

investigação da possibilidade de aplicação de Coaching como uma prática de Gestão do

Conhecimento.

Antes de se buscar resposta sobre a aplicabilidade da prática de Coaching como uma

prática de Gestão do Conhecimento, faz-se necessário, primeiro, seu estudo e detalhamento.

2.3 A PRÁTICA DE COACHING

O termo Coaching já foi mencionado várias vezes nesse trabalho sem a devida

explicação sobre do que se trata, como se aplica ou para o que serve exatamente. Finalmente,

é chegado o momento de descrevê-lo e, para isso, primeiro, serão abordados alguns conceitos

sobre a prática de Coaching, esclarecimentos sobre o que não se considera Coaching, formas

de aplicação da prática e a quem se aplicam.

Na seqüência, serão dados a conhecer os fundamentos da prática e o contexto que a

viabiliza e potencializa.

O objetivo desse capítulo é proporcionar entendimento sobre o que vem a ser

Coaching e como essa prática encaixa-se no ambiente organizacional.

2.3.1 COACHING

Várias são as abordagens e as interpretações vinculadas ao tema Coaching e, como o

Page 70: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

70

objetivo definido para este capítulo é prover entendimento sobre a prática, algumas

conceituações e abordagens foram selecionadas para serem apresentadas a seguir, todavia,

apenas serão apresentadas as que associam a prática ao ambiente organizacional.

O Coaching é uma área de estudo em desenvolvimento, por isso, sua conceituação

ainda é objeto de discussão e debate entre profissionais, pesquisadores e consumidores. E

muitas são as denominações e modalidades diretamente associadas à prática de Coaching no

ambiente corporativo: executivo, de negócios, de liderança, de mudança, de adversidade,

estratégico, de desenvolvimento de carreira, entre outros. Para mitigar problemas de

entendimento, o termo será empregado sozinho sem a preocupação em caracterizar sua

finalidade.

Além disso, não será objeto de estudo deste trabalho analisar ou comparar as

abordagens apresentadas.

Para uma melhor compreensão, é preciso conceituar, primeiro, os termos Coaching,

Coach e Coachee. Esses são vocábulos da língua Inglesa, apesar de não serem originários

dessa língua, e não há, ainda, tradução específica para a língua portuguesa dentro do contexto

de estudo aqui tratado, por isso é comum a utilização dos mesmos nessa forma.

Apenas por curiosidade, a palavra Coach, ao contrário do que vários autores declaram,

não é de origem francesa. Segundo MERRIAM-WEBSTER ([?]), o vocábulo foi

primeiramente mencionado por volta do século XV para denominar um tipo de transporte

utilizado na cidade de Kocs na Hungria, tornando-se conhecido como Kocsi em húngaro,

Kutsche em alemão e coche em francês antigo. Esse tipo de transporte assemelhava-se com o

que hoje se chama de carruagem. O veículo passou a ser utilizado na Inglaterra por volta da

metade do século XVI e servia para transportar pessoas ou correspondências, e, por volta do

século XVIII, tornou-se amplamente utilizado nas cidades da Europa, e talvez por isso a

confusão em relação à origem francesa.

Page 71: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

71

Em analogia ao exposto, essa acepção foi, posteriormente, relacionada aos termos

guia, tutor, instrutor ou treinador. Descrevendo, assim, alguém que instrui, guia, ensina ou

treina outros. E no contexto desportivo, alguém que instrui, treina atletas nos fundamentos de

um determinado esporte de competição e direciona as estratégias da equipe, ou seja, o

profissional encarregado de treinar e orientar taticamente um conjunto esportivo.

A segunda significação encontra-se bem mais próxima da noção associada à prática de

Coaching. Entretanto é ainda muito genérica. Conforme, é possível perceber ao compará-la ao

enfoque dado por Fitzgerald e Berger (2002), para eles, um coach é um profissional treinado e

dedicado a guiar outros no desenvolvimento progressivo de competências, de

comprometimento e de autoconfiança. Por meio da interação humana, a aprendizagem de

habilidades, de cultura e de valores torna-se mais viável.

Enquanto isso, e de volta aos termos que se buscava explicar, sempre que a palavra

Coaching for mencionada, será para referenciar as ações e os processos que constituem a

prática de Coaching; o termo coach, para referenciar o indivíduo que conduz a prática; e

coachee, o indivíduo que se submete à prática. Este último termo é pouco adotado aqui no

Brasil, sendo mais comum a utilização do termo cliente.

Ressalta-se, entretanto, que no ambiente organizacional, o uso do termo cliente pode

causar confusão, já que é associado também ao contratante formal, à empresa que paga pelo

serviço prestado. Surge uma terceira figura nesse contexto, a da organização. Essa trindade

compreende uma relação de confiança mútua e de clareza de objetivos e atribuições,

envolvendo o coachee, executivo ou funcionário qualificado de uma empresa que se submete

ou é submetido à prática de Coaching; o coach, profissional especialista fornecedor do

serviço; e a empresa contratante representada por seus dirigentes que definem as expectativas

e os objetivos organizacionais para a promoção da prática dentro da organização.

A integração dos interesses e objetivos da empresa com os objetivos e interesses do

Page 72: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

72

executivo ou do funcionário precisa ser respeitada para que se alcance o alinhamento de

intenções, de valores e de ações.

Os principais construtos que constituem a prática de Coaching, segundo Grant (2003),

são: relacionamento colaborativo e de igualdade8 entre coach e coachee; orientação à busca

por soluções; clientes funcionais; ênfase na definição colaborativa de metas; e,

reconhecimento da capacidade do coach como o estimulador e facilitador do processo de

aprendizagem, sem que este se apresente como especialista ou perito em outras áreas

específicas. Para a garantia de alcance do objetivo pré-definido, o processo deve ser

sistematicamente orientado à perseguição de metas e, por último, para viabilizar a

sustentabilidade da mudança, deve ser direcionado a fomentar contínua auto-aprendizagem e

crescimento pessoal.

Feitas as distinções entre os termos, pode-se, agora, abordar os conceitos associados à

prática de Coaching, já que por meio do entendimento da prática será possível ao leitor

construir sua própria significação para os termos.

A primeira abordagem a ser apresentada retrata uma visão comportamental

conceituando a prática de Coaching como uma atividade interativa que visa promover o

desenvolvimento de habilidades, disseminar conhecimento e apontar valores e

comportamentos que levam ao alcance das metas da organização. Trata-se de uma abordagem

personalizada para viabilizar mudanças comportamentais que aperfeiçoem o desempenho

profissional, promovam o desenvolvimento por meio do crescimento pessoal ou alterem

condutas prejudiciais à efetividade e ao desempenho da organização. Nesse caso, o foco

encontra-se principalmente nos resultados observáveis e mensuráveis, não necessariamente no

processo.

Uma recente publicação da série Harvard Business Essentials (HBSP, 2004) apresenta

8Igualdade no sentido de não existir, entre os dois, um com mais conhecimento específico e que, de antemão, conheça as respostas “corretas” para aquilo que se busca. Em oposição ao conceito de relacionamento entre mestre e discípulo.

Page 73: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

73

o conceito de Coaching como um processo interativo utilizado por gerentes e supervisores

com o objetivo de solucionar problemas de desempenho ou desenvolver competências

profissionais. Trata-se de um processo construído por meio da colaboração e baseado em três

componentes, como pode se ver na Figura 4: ajuda técnica, apoio pessoal e desafio individual.

Esses componentes se entrelaçam e sustentam-se pela existência da conexão emocional entre

líder e liderado ou gerente e subordinado (coach e coachee).

Figura 4 - Coaching: elementos de sucesso Fonte: adaptado de Alvey ([?], p. 3 apud HBSP, 2004)

E por ser a prática de Coaching uma experiência que se dá de pessoa para pessoa, a

conexão emocional, além de estar presente, precisa ser positiva para ser bem sucedida.

Considerando a atuação profissional e os trabalhos de consultoria, sem deixar de lado

conceitos teóricos ou empíricos, Killburg (2002) define Coaching dentro do ambiente

corporativo como um relacionamento de auxílio formado entre um cliente, com autoridade e

responsabilidades gerenciais dentro de uma organização, e um consultor. Este faz uso de uma

ampla variedade de técnicas e métodos comportamentais para auxiliar o cliente a atingir metas

identificadas e acordadas mutuamente, com base em um acordo formal. Metas que conduzem

à melhoria de desempenho profissional e à satisfação pessoal e, consequentemente,

aprimoram a efetividade da organização em que o profissional trabalha.

De forma mais ampla e com base nas teorias psicológicas de desenvolvimento adulto e

nas teorias sociais de desenvolvimento adulto, Hudson (1999) contextualiza o Coaching como

uma ferramenta de auxílio para ensinar a pessoa a conviver com novas regras – a mudar

expectativas, a libertar-se e a aproveitar sua própria força e energia. Afirma que, boa parte da

Ajuda Técnica

Apoio Pessoal

Desafio Individual

Conexão Emocional

Page 74: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

74

prática de Coaching, senão a maior parte, encontra-se relacionada com o ato de facilitar a

elucidação de pensamentos do cliente, auxiliar o cliente a ser congruente com a forma como

deseja evoluir e conduzir suas ações no futuro. E segundo o autor, ser um coach é abraçar uma

nova profissão ainda a ser reconhecida.

Em consonância com a linha anterior, não se pode deixar de apresentar a abordagem

do CCL, Center for Creative Leadership9 (Centro para a Liderança Criativa), um renomado

centro de ensino e pesquisa sobre Liderança, que promove e estuda a prática de Coaching há

mais de 30 anos.

Para o CCL, Coaching não é apenas um componente do processo de aprendizagem,

mas também uma competência essencial de liderança e de bons líderes. É considerado um

meio de facilitação da aprendizagem, apesar de não ser o único. A abordagem de Coaching

para o CCL, fundamenta-se em uma estrutura que considera três pontos principais: i) o

contexto em que a prática ocorre, tratando especificamente da relação entre coach e coachee;

ii) os elementos centrais da prática, resumidos em avaliação, desafio e apoio; e iii) os

resultados e os efeitos diretos e indiretos resultantes do processo. Em outras palavras,

Coaching é um relacionamento de colaboração entre coach e coachee com o objetivo de

avaliar e entender a atividade de desenvolvimento, desafiar as restrições existentes enquanto

se explora novas possibilidades e garantir apoio e responsabilidade para o alcance de metas e

a sustentabilidade do desenvolvimento (TING; HART, 2004 apud TING; SCISCO, 2006).

Além disso, baseia-se em seis princípios: criar ambiente seguro e desafiador; trabalhar com a

pauta do coachee; facilitar e colaborar; advogar a autoconsciência; promover a

sustentabilidade da aprendizagem a partir da experiência; e ser modelo daquilo que se coach

(prega) (TING; SCISCO, 2006).

A abordagem do CCL é ancorada nas ciências comportamentais e definida pelas

9Disponível em < http://www.ccl.org/leadership/index.aspx >.

Page 75: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

75

práticas psicológicas e de aconselhamento, e as estratégias de aplicação, extraídas dos

conceitos de aprendizagem adulta. Segundo Ting e Scisco (2006), a abordagem do CCL

reforça a perspectiva de Hudson (1999) sobre a natureza de disseminação do Coaching estar

vinculada a uma diversidade de práticas e teorias sociais e psicológicas, incluindo o trabalho

de vários teóricos renomados como Jung, Adler, Erikson, Levinson e Kegan. Ainda, Ting e

Scisco (2006) enfatizam que a fundamentação em metodologias da Psicologia de forma

alguma caracteriza ou assemelha a prática de Coaching à terapia, já que o contexto e os

conteúdos tratados são completamente distintos.

Na seqüência, mais uma visão relevante a ser referenciada é a abordagem advinda da

psicologia integral com base nos trabalhos de Ken Wilber, Robert Kegan, David Kolb e Carl

Rogers, entre outros, relacionados ao aprendizado e desenvolvimento pessoal. Segundo

Shervington (2005, p. 2), a abordagem integral apresenta-se “[...] como uma forma

especializada de Coaching, reunindo vários temas que contribuem para o desenvolvimento do

ser humano”, e o termo integral reflete o significado de “[...] abrangente, equilibrado,

inclusivo”.

De acordo com Mancilha (2005), a abordagem integral diferencia-se das outras por ir

além da lida com obstáculos e da conquista das metas estabelecidas dando ênfase à

transformação pessoal e à tomada e elevação do nível de consciência, e, em função disso, é

capaz de despertar todo o potencial humano do ser e conduzi-lo à tomada de conhecimento

intrapessoal, promovendo o despertar da consciência enquanto indivíduo.

Outra menção importante refere-se ao conceito descrito por Olalla (2004), que

caracteriza Coaching como uma resposta intuitiva a uma necessidade de aprendizagem, que

transpõe as formas tradicionais de aprender orientadas para habilidades específicas,

estimulando a integração total do indivíduo com o processo de aprender. Alinha-se, assim,

com Echeverria, que trata o tema a partir de uma abordagem ontológica sustentada pelos

Page 76: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

76

fundamentos da ontologia da linguagem (ECHEVERRIA, 1998).

Por meio da abordagem ontológica, Coaching é explicado como um processo de

aprendizagem, orientado por profissional capacitado, que faz uso de princípios filosóficos e

competências conversacionais com o objetivo de: promover o desenvolvimento da autonomia,

da capacidade de aprender e de agir; produzir mudanças de percepção e comportamento;

expandir possibilidades; aumentar a qualidade e a efetividade de condutas profissionais e

pessoais; e transformar a maneira como se entende e se interpreta a si próprio, o outro e o

universo que os rodeia. Então, desempenho e efetividade moldam-se conforme a maneira de

ser de cada indivíduo: suas emoções, sua linguagem e sua corporalidade.

Visando encontrar uma conceituação representativa e que englobasse de alguma

forma, parcialmente ou completamente, as diversas abordagens já apresentadas, buscou-se

compreender como os profissionais que trabalham nessa área têm se organizado como grupo.

Várias foram as associações encontradas ao redor do mundo com boa representatividade,

entre elas associações profissionais, fóruns e consórcios (ICF, WABC, ECI, ICCO, TECF).

E segundo o TECF (2004), The Executive Coaching Forum (O Fórum de Coaching

Executivo):

O coaching executivo é um processo empírico e individualizado de desenvolvimento de líderes que constrói a capacidade de um líder atingir metas organizacionais de curto e longo-prazo. É realizado por meio de interações um para um (1:1); conduzido com dados advindos de múltiplas perspectivas; e, baseado em respeito e confiança mútua. A organização, o executivo e o coach trabalham em parceria para alcançar impacto máximo.

Por último, a abordagem da ICF, The International Coach Federation (Federação

Internacional de Coach), que se destaca como a associação de maior representatividade no

momento, visto que conta com mais de 10.500 membros espalhados por 80 países e encontra-

se organizada em 144 capítulos distribuídos por 39 países.

Para a ICF, o Coaching é conceituado como um relacionamento gradativo de

facilitação, orientado por profissional capacitado que auxilia e estimula indivíduos e/ou

Page 77: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

77

organizações a desenvolver atitudes e ações conscientes e responsáveis que levem à

realização de seus desejos, metas e visões – sejam pessoais ou profissionais. Além disso, essa

prática faz uso de processos de indagação e de descoberta pessoal e provê o coachee com

estrutura, apoio e realimentação com o objetivo de aprofundar sua aprendizagem, aperfeiçoar

seu desempenho e melhorar sua qualidade de vida, ou seja, por meio do processo de

Coaching, o cliente tem a oportunidade de aprofundar seu modo de aprender, aperfeiçoar seu

desempenho e melhorar sua qualidade de vida. O Coaching também acelera o progresso de

desenvolvimento do cliente por enfatizar a importância da essência e da consciência das

escolhas feitas e evidencia o contexto atual e o futuro, aquilo que se deseja vivenciar no

futuro. Os resultados são vinculados às intenções, escolhas, atitudes e ações do cliente, e o

papel do coach é de provedor de apoio e de condutor do processo que leva à reflexão e à

posterior ação.

Diante do exposto, torna-se possível traçar os pontos de semelhança entre as distintas

abordagens e perceber que a prática de Coaching caracteriza-se como um processo de

interação colaborativa voltado à promoção e ao estímulo da aprendizagem, sendo que o

objetivo não é ensinar, mas sim auxiliar o outro a aprender. Os efeitos resultantes

mencionados com maior freqüência estão relacionados à mudança de desempenho e de

comportamento e, na maior parte das abordagens mencionadas, a mudança se associa a outros

resultados mais profundos: o crescimento e a transformação pessoal. E quando isso ocorre, a

sustentabilidade da mudança torna-se possível. Desta forma:

Coaching, no final das contas, diz respeito à facilitação da aprendizagem, da mudança e do crescimento. Quando coaches capacitados colocam em prática suas habilidades e competências com o objetivo de promover aprendizagem, mudança e crescimento, seja para a organização ou para as pessoas dessa organização, tornam-se catalisadores de mudança organizacional autêntica e sustentável. (TING e SCISCO, 2006, p. 43).

Page 78: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

78

2.3.2 O QUE NÃO É COACHING

Na seção anterior, a conceituação de Coaching foi amplamente retratada, mas, para

que não existam dúvidas, é importante esclarecer, também, o que não se reconhece como

sendo Coaching e chamar a atenção para algumas confusões comuns.

Conforme já mencionado, a prática de Coaching não se assemelha à terapia,

intervenção que visa tratar problemas somáticos, psíquicos ou psicossomáticos, suas causas

e seus sintomas, com o fim de obter um restabelecimento da saúde (HOUAISS,[?]).

Inclusive, ressalta-se que esta não é uma prática organizacional. A terapia está ligada aos

serviços de saúde mental e só pode ser aplicada por profissionais da área de saúde,

psiquiatras, psicólogos e terapeutas. A terapia é indicada ao tratamento de sofrimentos e

problemas existentes que caracterizam o paciente como disfuncional.

Não se trata de aconselhamento nem de consultoria, já que não é papel do Coach dar

respostas e/ou ensinar ninguém a como fazer algo.

E tão pouco caracteriza-se como Mentoria, mais conhecido como Mentoring, na língua

inglesa, e, desse modo, muitas vezes referenciado. Esta última prática é comumente

confundida com a prática de Coaching.

O termo mentor remonta à mitologia grega. Conforme Homero, à época que Ulisses

decide realizar a sua viagem, ele pede a um sábio grego chamado Mentor que se ocupe dos

cuidados e desenvolvimento de seu filho durante a sua ausência. Vários anos passaram-se e

o jovem príncipe, filho de Ulisses, tornou-se um homem íntegro e um grande líder devido a

Mentor. Por isso, segundo Hudson (1999), o termo mentor é utilizado para descrever alguém

com competência para transferir conhecimento e habilidades por meio do exemplo, da

autoridade intrínseca e do diálogo.

Para Bell (2005, p. xix), “Mentoring diz respeito a ‘Ceder’ (ceder ao processo, e não

Page 79: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

79

controlá-lo), ‘Aceitar’ (usar ações que criam um porto seguro para experimentar e correr

riscos), ‘Doar’ (doar conselhos, feedback, relato de histórias, apoio e foco) e ‘Expandir’

(ajudar o aprendiz a se tornar um autodidata)”. Bell (ibid., p.3) conceitua a prática como o

“ato de ajudar o outro a aprender”. De acordo com essas explicações, é fácil compreender o

motivo das possíveis confusões. Entretanto, a diferença encontra-se na forma e nos objetivos

de aplicação da prática.

Bell (2005.) também afirma que a prática é considerada uma relação “entre um tutor e

o subordinado de outrem”. Surge uma distinção clara de diferenciação entre as práticas, já

que o Coaching não pressupõe a existência de relacionamento de subordinação, conforme

visto anteriormente.

Segundo Megginson et al (2006 apud MEGGINSON; CLUTTERBUCK, 1995, p. 13),

Mentoring refere-se à ajuda off-line dada, de uma pessoa para outra, com o propósito de

gerar transferências significativas de conhecimento, de trabalho ou de pensamento; passar

para outra pessoa o que já se sabe, como se pensa ou como se faz algo, do mentor para o

aprendiz; pressupõe que o mentor seja mais experiente que o aprendiz. Além disso, o termo

off-line retrata a não obrigatoriedade da ação como parte das atribuições profissionais do

cargo ocupado pelo mentor. A diferença básica que se pode notar em relação ao Coaching

encontra-se na transferência de conhecimento já existente e não na construção de novo

conhecimento.

A prática de Mentoring dentro das organizações é muito utilizada para agilizar a

aprendizagem sobre o trabalho que precisa ser feito e já é conhecido. Retrata um processo de

treinamento e capacitação específicos aos processos do trabalho já conhecidos por aqueles

com mais experiência. O foco do processo de aprendizagem encontra-se completamente

direcionado a aquisição de competências já conhecidas e requeridas para área de atuação em

o profissional será enquadrado. Caracteriza-se como uma transferência de conhecimento de

Page 80: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

80

mentor para mentorado. Aquele ensina aquilo que sabe, e este, por sua vez, recebe os

ensinamentos necessários à sua formação como profissional da empresa para a qual

trabalham. Percebe-se claramente um vínculo de subordinação entre mentor e mentorado.

Outra distinção entre as duas práticas encontra-se relacionada ao escopo e ao prazo de

duração das mesmas. Coaching normalmente acontece em um curto espaço de tempo em

comparação com a prática de Mentoring, que só é efetiva a médio ou longo prazo. Este

envolve um escopo de ação bastante amplo e genérico vinculado a todas as competências,

direta ou indiretamente, associadas à função do profissional submetido à prática. Aquele

trata de um escopo específico e bem definido vinculado a algumas competências

selecionadas.

Ensher e Murphy (2005) atestam que um dos motivos que leva uma organização a

implantar a prática de Mentoring é tornar a sucessão de postos uma tarefa fácil. Para elas, a

distinção entre Mentoring e Coaching é clara, entretanto, afirmam perceber que em

determinados círculos a confusão entre as práticas já é percebida. Afirmam, também, que

coaches não são mentores. Por outro lado, um mentor pode fazer uso da prática de Coaching

para potencializar seu trabalho de Mentoring, confirmando a idéia de que o Coaching pode

ser aplicado em conjunto com as práticas organizacionais supracitadas e em especial com

Mentoring. O importante é que cada uma seja aplicada de acordo como os objetivos que se

deseja alcançar, tendo em mente o que cada uma pode proporcionar e sabendo quando

aplicá-las.

Fazendo-se uma analogia com as gerações de Gestão do Conhecimento, Mentoring

está para a primeira geração, assim como Coaching, para a segunda geração de Gestão do

Conhecimento – o que não impede que as duas sejam integradas conforme visto na

abordagem de McElroy descrita anteriormente, a primeira preocupando-se com a

transferência e disseminação do conhecimento já existente, e a segunda buscando a criação

Page 81: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

81

de novos conhecimentos.

Como exemplo, Paula (2005) recentemente publicou um livro no Brasil apresentando

uma metodologia para o desenvolvimento de desempenho em liderança em que faz uso de

diversas práticas, inclusive algumas citadas acima. O modelo mostra-se bastante interessante

e destaca-se pela integração de diversos conceitos e práticas, entretanto, o autor escolheu

denominar seu modelo de Coaching Executivo. Ressalta-se que a crítica não se encontra no

modelo, mas sim na utilização inadequada do termo, já que o mesmo faz menção à área de

estudo específica, distinta do conteúdo apresentado naquele trabalho.

Agora que Coaching já foi conceituado e o que não se reconhece como Coaching foi

esclarecido, o papel do Coach será detalhado e, em seguida, será retratado a quem se aplica e

como se aplica a prática dentro das organizações.

2.3.3 O PAPEL DO COACH

Ao entender-se o papel que um coach deve exercer, torna-se mais fácil compreender a

própria prática. Com esse intuito são apresentadas algumas vertentes descrevendo as

possíveis ações e funções exercidas por um coach.

A primeira vertente é resumida na lista de atitudes e ações apresentada a seguir.

Segundo Thorne (2004), é papel do coach:

� construir um ambiente positivo de interação;

� fazer perguntas que conduza à análise das necessidades do coachee;

� utilizar perguntas abertas para investigação;

� dar enfoque às necessidades do coachee;

� oferecer sugestões que ampliem as visões expressas pelo coachee;

� escutar ativamente;

Page 82: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

82

� procurar, estimular o surgimento de idéias e potencializá-las;

� dar feedback;

� acordar planos de ação para desenvolvimento do coachee;

� monitorar o desempenho das ações planejadas;

� dar apoio e suporte contínuo;

� enfatizar a melhoria de desempenho na função atualmente exercida pelo coachee;

� auxiliar o coachee a aumentar seu desempenho para alcance dos padrões

requeridos;

� enfatizar o presente.

A segunda abordagem relata a percepção e experiência do CCL, conforme apresentada

no Quadro 2, e trata de papéis específicos que um coach pode desempenhar em função de

diferentes situações que podem ocorrer em momentos distintos no processo de Coaching.

PAPEL DESCRIÇÃO

Especialista

A especialidade do coach é normalmente distinta da do coachee, o que não impede que se assemelhe ou esteja de alguma forma relacionada à do coachee. É apropriado que o coach compartilhe sua própria experiência com o coachee se este puder se beneficiar da perspectiva de quem já passou ou viveu determinada situação parecida com a que se encontra.

Parceiro de pensamento

reflexivo

O coach conduz o coachee ao pensamento reflexivo pela investigação de premissas, pela criação de hipóteses relativas a possíveis resultados, pelo desafio, servindo de anteparo sonoro e pelo compartilhamento de diferentes perspectivas. Esse é um papel de grande auxílio para o coachee, visto que permite a revisão de seus modelos mentais e de compreensão do mundo.

Fornecedor de feedback

Nesse papel o coach dá retorno honesto em relação às ações do coachee. Por meio da exemplificação e da conscientização de forma focada e tangível. O coach ajuda o coachee a lutar contra as deficiências de competências não solucionadas ou a potencializar forças que o coachee não estava fazendo uso.

Interpretador de feedback

O coach auxilia o coachee a enfrentar desafios de sua própria rotina de trabalho. Auxilia o coachee a detectar e lidar com questões interpessoais e bloqueios de aprendizagem. Também auxilia o coachee a planejar estratégias para remover ou confrontar os bloqueios existentes.

Parceiro de diálogo

Existem momentos em que o coachee espera que o coach tenha as respostas para suas perguntas, que lhe diga o que fazer, especialmente se estiver lidando com uma situação particularmente difícil e desafiadora. Como parceiro de diálogo, o coach posiciona o peso da ação, da aprendizagem e da mudança sobre os ombros do coachee.

Parceiro de prática Nesse papel, o coach desempenha a função de personagem em uma encenação de cenários, permitindo a simulação de diferentes situações.

Page 83: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

83

PAPEL (CONT.) DESCRIÇÃO (CONT.)

Contador ou Controlador

Nesse papel o coach precisa garantir que o coachee se responsabilize pela condução de seus planos e de suas ações. O coach acompanha e registra a evolução das atividades, levando em consideração a natureza complexa do ambiente organizacional. Dessa forma sendo flexível quando necessário e auxiliando o coachee a responder ao ritmo de mudança inerente às organizações contemporâneas.

Fornecedor de reforço positivo

O coach prove reforço, reconhecimento e encorajamento à medida que o coachee tenta realizar mudanças. O coach faz uso desse papel para expressar sua confiança no coachee, modelando as mudanças de comportamento solicitadas.

Conselheiro

Auxilia o coachee a lidar com e confrontar as questões emocionais envolvidas no processo de mudança e desenvolvimento. Especialmente, se a pessoa estiver experimentando grandes mudanças de função ou de responsabilidade dentro da organização. O coach prove apoio e suporte, mas não como um fornecedor de conselho, sim como um ouvinte que pode ajudar o coachee a desenvolver estratégias apropriadas para lidar de forma rápida e substancial com as mudanças em ação.

Historiador

Embora, esse não seja um papel muito empregado, é extremamente importante. O papel de historiador contribui significativamente com o desenvolvimento do coachee permitindo que ele se lembre como o mesmo pensava e agia a alguns meses passados, retratando o caminho e as mudanças ocorridas nesse período.

Modelo

O papel de modelo é muito importante, O coachee aprende por meio da observação da postura constante do coach que se apresenta como bom ouvinte, de pessoa aberta e disposta a se engajar no processo de aprendizagem. Com isso, o coachee passa a fazer o mesmo com outras pessoas. O modelo e o estilo de interação do coach durante todo o relacionamento são muito importantes para estimular o coachee a interagir de forma mais efetiva com outros.

Quadro 2 - Os diversos papéis de um coach Fonte: Adaptado de McCauley e Douglas (2004 apud TING; SCISCO, 2006, p. 41-42)

Essa diferenciação de papéis mostra-se particularmente interessante, visto que permite

a compreensão do tipo de relacionamento que precisa ser construído durante a interação

entre coach e coachee.

Depois de listadas algumas ações e atribuições de um coach, feita a contextualização

dessas atribuições em relação às expectativas do coachee e as obrigações de um coach, serão

apresentadas as competências que um coach deve dominar e colocar à disposição do

coachee, de acordo com os padrões profissionais estabelecidos pela ICF.

Segundo a ICF, um coach deve possuir 11 competências específicas para atuar como

tal. Essas 11 competências são agrupadas em 4 seções, apenas como o objetivo de

organização lógica e de facilitar a compreensão. Nenhuma competência é mais relevante que

outra. Todas são igualmente importantes e precisam ser bem desenvolvidas.

Essas competências encontram-se diretamente vinculadas aos fundamentos da prática

Page 84: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

84

de Coaching que serão mais bem detalhados nas próximas seções. Não obstante, são listadas

e resumidas a seguir:

A. Estabelecimento dos alicerces de sustentação

1) Respeitar orientação ética e padrões profissionais – entendimento da ética e dos

padrões de Coaching; habilidade para aplicá-los, adequadamente, em todas as

situações de Coaching;

2) Estabelecer o acordo sobre o Coaching – habilidade de entender o que é

necessário na interação específica de Coaching e de chegar-se a um acordo com

o possível coachee sobre o processo e o relacionamento de Coaching;

B. Co-criação do relacionamento

3) Estabelecer confiança e intimidade com o coachee – habilidade de criar um

ambiente seguro e de apóio que promova continuamente a confiança e respeito

mútuo;

4) Ser presente em relação ao Coaching – habilidade em estar totalmente cônscio e

de criar relacionamento espontâneo com o coachee, empregando um estilo

aberto, flexível e confiante;

C. Comunicação efetiva

5) Escutar ativamente – habilidade de focar-se completamente no que o coachee

está falando e no que não está, entender o significado do que é dito no contexto

dos anseios do cliente e apoiar a expressão pessoal do coachee;

6) Fazer perguntas poderosas – habilidade de fazer perguntas que revelem a

informação necessária ao benefício máximo da interação e do coachee;

7) Comunicação direta – habilidade de se comunicar efetivamente durante as

Page 85: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

85

sessões de Coaching e de utilizar linguagem que exerça o maior impacto positivo

junto ao coachee;

D. Facilitando a aprendizagem e seus resultados

8) Criar consciência – habilidade de integrar e corretamente avaliar fontes múltiplas

de informação; habilidade de fazer interpretações que auxiliem o coachee a

ganhar consciência e, assim, alcançar os resultados previamente acordados;

9) Planejar ações – habilidade de criar com o cliente oportunidades de

conhecimento contínuo, no decorrer do processo de Coaching e nas situações

pessoais/trabalho; habilidade de criar novas formas de ação que conduzam de

forma mais efetiva aos resultados previamente acordados;

10) Planejar e estabelecer metas – habilidade para desenvolver e sustentar um plano

efetivo de Coaching junto com o coachee;

11) Gerenciar progresso e responsabilidade – habilidade de manter a atenção no que

é importante para o coachee; habilidade de deixar que o coachee se

responsabilize pela tomada de ação.

2.3.4 A QUEM SE APLICA E COMO SE APLICA DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES

Muitas das abordagens trazidas no início da apresentação sobre o tema Coaching

tratam a prática como uma atividade realizada entre um coach e um coachee, ou seja, uma

relação um para um (1:1). Como percebido, alguns autores inclusive, chegam a considerá-la

como a única possibilidade, por alegar ser a mais efetiva.

Não obstante, vários são os utilizadores que também a aplicam em equipes

Page 86: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

86

(HUDSON, 1999; HARGROVE, 2002; WHITMORE, 2006).

Nos casos de aplicação da prática a indivíduos ou a equipes, o processo se dá através

de encontros, sessões, conforme a agenda dos envolvidos e o plano de trabalho

implementado.

Outra possibilidade que vem sendo amplamente estimulada é a aplicação da prática

pelos líderes organizacionais, em diversos níveis de liderança (TING e SCISCO, 2006;

HBSP, 2004; THORNE, 2004; MORGAN et al, 2004). O Coaching passa a ser visto como

uma competência de liderança, já que o desenvolvimento individual de seus liderados é visto

como uma de suas responsabilidades. Ting e Scisco (2006) acreditam que o

desenvolvimento pode ocorrer durante as experiências diárias de trabalho e, à medida que o

Coaching é incorporado às atividades diárias e rotineiras de desenvolvimento de uma

equipe, esse torna-se uma poderosa ferramenta que auxilia pessoas a acessar e a fazer uso

das lições e experiências.

A idéia não é a de transformar o líder em um coach, mas sim de levar a prática para

dentro do ambiente organizacional. Ao desenvolver essa competência, o líder pode aplicá-la

com outros colegas com quem interage rotineiramente.

Para Thorne (2004), uma das grandes mudanças de paradigma relacionadas à

aprendizagem e ao desenvolvimento refere-se ao novo papel do líder como promotor de

aprendizagem dentro do ambiente de trabalho.

Nessa linha, destaca-se o trabalho de Peter Senge, o qual propõe um modelo de

aprendizagem organizacional em que expressa os conceitos fundamentais de uma

organização que aprende, e coloca a mudança na forma de interagir como uma das

condições-chave para o desenvolvimento da capacidade de aprendizado (SENGE, 2002).

Neste mesmo contexto Blank (1995) ressalta que a liderança tem suas raízes no

relacionamento dos líderes e seguidores. Portanto, uma das principais tarefas de todos os

Page 87: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

87

líderes é desenvolver e manter um sólido relacionamento com as outras pessoas.

Diante do exposto, o Coaching pode ser utilizado em uma variedade de processos de

desenvolvimento, formal ou informalmente, seja em uma interação um para um, aplicado à

equipe ou incorporado às atividades de liderança.

Como resultado, a prática torna-se mais abrangente, passando pelos indivíduos, pelas

equipes e atingindo toda a organização, propiciando uma visão sistêmica. Ela permite, ainda,

a criação de um processo de aprendizagem que apóia a capacidade de crescimento de cada

indivíduo e, em conseqüência, conduz ao crescimento organizacional. O efeito corporativo

da transformação individual – crescimento e desempenho – pode elevar o desempenho

organizacional, entretanto, esse efeito só será possível se o indivíduo identificar-se com os

objetivos da organização. (THORNE, 2004)

Conforme citado anteriormente, o Coaching é um componente essencial do processo

de aprendizagem e também uma competência essencial a bons líderes. Para líderes e gerentes

em todos os níveis e em todos os tipos de organização, as mais importantes lições surgem com

a experiência. Por isso, as pessoas precisam encontrar um caminho para processar essa

experiência: para refletir sobre ela, contextualizá-la e criar planos que as conduzam a colocar

em ação aquilo que foi aprendido.

Coaching é uma ferramenta efetiva que pode ser utilizada para auxiliar as pessoas a

aprender a partir das próprias experiências. Líderes em nível médio e alto ocupam uma

posição especial de onde podem empregar essa ferramenta com efetividade e precisão

incomuns. Além disso, possuem a vantagem de entender bem o contexto organizacional em

que trabalham e possuem um amplo repertório de lições aprendidas para se embasarem,

enquanto auxiliam outros a encontrar e colher suas próprias lições (TING e SCISCO, 2006).

Com o propósito de ilustrar a utilização da prática de Coaching, cita-se Michelman

(2005), que apresenta uma pesquisa realizada em 2004, pela Right Management Consultant,

Page 88: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

88

localizada na Filadélfia, EUA, em que é relatado que 86% das empresas alegam fazer uso de

Coaching com o objetivo de aprimorar habilidades de futuros líderes organizacionais. O artigo

também indica que a empresa IBM possuía, na época, mais de 60 coaches certificados em seu

quadro de colaboradores.

2.3.5 O PROCESSO DE COACHING

Os detalhes de aplicação e condução da prática de Coaching não serão apresentados

neste trabalho por serem muito específicos. Entretanto, com o propósito de tornar a

explanação clara e ilustrativa, selecionaram-se dois modelos para serem sucintamente

exibidos.

Vários são os modelos e métodos de aplicação de Coaching disponíveis. O método ou

modelo de aplicação da prática é escolhido conforme a abordagem selecionada. A partir dessa

escolha, o coach pode, então, definir os procedimentos e técnicas mais adequados à

abordagem selecionada.

O modelo descrito por Hudson (1999) é composto por 8 passos, conforme exibido no

Quadro 3, e retrata as etapas de desenvolvimento da interação de Coaching. Caracteriza-se

como um processo de ação seqüencial e metódico.

ESTÁGIO FOCO 1. Estabeleça a relação coach

- coachee Construção de confiança. Para isso, escute, crie empatia e espelhe de volta para o coachee o que está percebendo. Busque entender o cliente e suas necessidades.

2. Formule um acordo de Coaching

Definição do que faz e do que não faz parte do acordo. Estabeleça e formalize as expectativas mútuas em relação ao processo.

3. Foque a orientação em uma visão de futuro e não no problema

No futuro que o coachee almeja. Descubra o propósito e as qualidades do cenário que o coachee deseja construir. Não dê ênfase ao que não está funcionando, construa a visão futura.

Page 89: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

89

ESTÁGIO (CONT.) FOCO (CONT.)

4. Construa um cenário de mudança

Desenvolvimento de plano ou planos estratégicos voltados para o futuro. Crie metas centradas no cliente e os passos a serem seguidos de acordo com a escala de tempo definida pelo cliente.

5. Resista à resistência Diminuição de resistência. Quando as metas tornam-se mais próximas de ser alcançadas é comum que o coachee tenha dificuldades de continuar e encontre vários obstáculos. Não é papel do coach remover os obstáculos, mas estimular o coachee a fazer isto e a tornar-se responsável pelas ações que conduzem ao alcance da meta. A palavra chave aqui é cooperação.

6. Desafie, investigue e confronte

Associação de senso de propósito com a visão do resultado esperado. Explore possibilidades e oportunidades. Desafie as zonas de conforto.

7. Detalhe o novo cenário enquanto o relacionamento é aprofundado

Detalhes, tempo, prioridades, integração e revisão. Valide, reveja, revise e amplie o plano estratégico.

8. Conclua o relacionamento formal e inicie a fase de acompanhamento

Celebre os resultados atingidos pela interação. Valide e fortaleça o cliente pelo resultado atingido.

Quadro 3 - Modelo de desenvolvimento de relacionamento de Coaching Fonte: Adaptado e traduzido de Hudson (1999, p. 26-32,)

O segundo modelo selecionado refere-se ao modelo utilizado pelo CCL (TING;

SCISCO, 2006) e adota uma abordagem que enfatiza os elementos de Coaching e de

desenvolvimento que consideram efetivos. Ressalta-se que a estrutura assemelha-se mais a

uma bússola que a um mapa, com isso, desviando-se de uma abordagem prescritiva e

seqüencial. O Modelo será resumidamente relatado e sua representação visual pode ser

apreciada na Figura 5.

Figura 5 - Modelo de Coaching, CCL Fonte: Adaptado de Ting e Scisco (2006, p. 35)

Page 90: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

90

O modelo utilizado pelo CCL é constituído de três aspectos principais:

� relacionamento: descreve o contexto em que a prática de Coaching se dá e

encontra-se diretamente relacionado à construção de confiança;

� elementos de desenvolvimento (ADA): Avaliação, Desafio e Apoio. Por meio

da avaliação constante torna-se possível visualizar todo o contexto de forma

mais ampla, por isso, as avaliações ocorrem a todo o momento em um processo

de Coaching. O elemento desafio relaciona-se à criação de um estado de

desequilíbrio entre as necessidades e habilidades instauradas no momento e a

expansão de possibilidades e oportunidades futuras. Objetiva tirar o coachee de

sua zona de conforto e estimulá-lo a buscar e a perceber novas oportunidades e

incorporar novas ações em seu repertório. O terceiro elemento é tido como um

dos pilares de sustentação, visto que sem o apoio torna-se impossível a

sustentação da estrutura de desenvolvimento. De forma geral, podem-se

resumir as atividades de apoio em quatro ações: manutenção da motivação;

acesso a recursos e estratégias; comemoração de pequenos sucessos e vitórias,

assim como o gerenciamento das dificuldades e empecilhos que venham a

surgir; e, por fim, a criação de uma pauta de aprendizagem sustentável;

� Resultados: efeitos visíveis, tangíveis ou intangíveis, diretos e indiretos. Esses

surgem a partir do equilíbrio dos três elementos de desenvolvimento (ADA).

Apesar de ser um componente resultante e ser discutido ao final da

apresentação do modelo, na prática, segundo Ting e Scisco (2006), o processo

de obtenção de resultados já mostra efeitos a partir dos estágios iniciais do

relacionamento de Coaching. Os resultados, normalmente, concentram-se em

três áreas: mudança de comportamento, melhoria de desempenho profissional e

em crescimento pessoal e profissional.

Page 91: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

91

Por fim, é importante ressaltar que os três aspectos são sinergéticos. As fases de

construção do relacionamento, de desenvolvimento do coachee e de ocorrência dos

resultados acontecem concomitantemente. Cada um dos aspectos informa e dispara novas

atividades e perspectivas junto aos outros.

Após o estudo e a discussão das diversas abordagens sobre Coaching, o papel que um

Coach deve assumir e depois de ter-se exemplificado como esta prática pode ser aplicada,

considerando-se que seres humanos são agentes adaptativos em constante mudança e

adaptação ao sistema, na próxima seção será discutida a busca por novas atitudes,

comportamentos e ações e o que a estimula.

2.3.6 BUSCANDO MUDANÇAS

Gardner (2005), conhecido por sua teoria das inteligências múltiplas, postula que

algumas pessoas mudam sua forma de pensar porque querem, outras porque precisam. Os

seres humanos são os únicos seres especialistas em mudanças voluntárias. Segundo ele, é

possível mudar a forma de pensar de pessoas próximas e, igualmente, ter a própria forma de

pensar alterada por elas. Ele acredita que a mente humana é uma criação humana e, sendo

assim, como toda criação humana, pode ser alterada. Porém, seja qual for a razão ou opção

que leve à mudança, a responsabilidade por mudar cabe ao próprio indivíduo. “Em momentos

de mudanças mentais tão grandes, a capacidade de uma pessoa estar ciente do que passa na

própria mente é crucial” (GARDNER, 2005, p. 178). Da mesma forma, segundo Kofman

(2002), o ser humano possui a característica da plasticidade, o que lhe permite redesenhar

padrões de pensamento, sentimento e comportamento.

Na caracterização do período atual, competitividade, diversidade, complexidade e

Page 92: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

92

inovação são palavras freqüentemente empregadas. Para lidar com mudanças é preciso mudar;

criando, assim, um ciclo infinito de novas condutas.

Nesse contexto de constante evolução, presume-se que profissionais enfrentem

desafios ainda não experimentados por si ou pela própria organização que integram. A postura

de observador externo finalmente dá lugar à postura de participante ativo responsável pela co-

construção e co-criação de novas possibilidades.

Valerio e Lee (2005) afirmam que muitos executivos têm buscado apoio no Coaching

com o objetivo de alcançar crescimento e desenvolvimento profissional e expansão de

potencial.

Hargrove (1999) afirma que, por meio do Coaching, é possível romper limites e

solucionar problemas complexos em face às mudanças e à complexidade. É possível despertar

pessoas para aprenderem e para construírem competências necessárias ao sucesso. Hargrove

(2002) reforça sua visão sobre Coaching como um método que se baseia na expansão das

capacidades humanas com o intuito de criar um futuro extraordinário, envolvendo a

reinvenção pessoal e organizacional, e que se dá no domínio da realização, não da terapia.

Para instigar pessoas e organizações a aceitarem e desejarem mudanças é preciso

torná-las parte efetiva do processo e não apenas parte atingida. É preciso cuidar e refletir

sobre cada componente e cada parte do processo, sem perder o foco sistêmico e sem

desconsiderar questões éticas e morais, mas, sobretudo, com transparência e clareza de

intenções e de objetivos.

Com base no exposto e com o propósito de melhor contextualizar o papel da prática de

Coaching junto ao campo de estudo da Gestão do Conhecimento, na próxima seção serão

apresentadas algumas situações em que já se percebe a utilização do Coaching como prática

de Gestão do Conhecimento.

Page 93: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

93

2.3.7 A PRÁTICA DE COACHING COMO PRÁTICA DE GESTÃO DO

CONHECIMENTO

Poucas são as menções de utilização da prática de Coaching como prática de Gestão

do Conhecimento.

O primeiro caso percebido na literatura brasileira, refere-se à utilização da prática pela

empresa estatal brasileira Petrobras, Petróleo Brasileiro S.A. (BATISTA, 2004). Segundo

Batista (ibid.), os motivos que levaram a empresa a essa escolha foram: a importância de

estimular o compartilhamento de conhecimento em área estratégica para a empresa e o país

(exploração de petróleo); assim como a faixa etária alta dos empregados e a aproximação da

aposentadoria para muitos técnicos de alto nível, motivou a Petrobras a estimular práticas de

Coaching, Mentoring e Comunidades de Práticas virtuais.

A Petrobras entende Coaching como uma “prática que retém competências e preserva

práticas; acelera a formação gerencial e o compartilhamento de conhecimento; fixa os valores

e os comportamentos desejados para a cultura corporativa; dá suporte aos programas de

transformação e crescimento da empresa; identifica e aprimora talentos; e desenvolve o

potencial das pessoas” (ibid., p. 41 ).

Em outra pesquisa, Governo que aprende: gestão do conhecimento no setor público

BATISTA et al (2005) analisou as ações de mudança na gestão pública brasileira em relação à

implementação de práticas de Gestão do Conhecimento. Nesse trabalho, a prática de

Coaching é apresentada como uma prática de Gestão do Conhecimento.

Os resultados apresentados mostraram a ocorrência da prática de Coaching em 28,3%

dos órgãos da administração direta e das empresas estatais brasileiras participantes da

pesquisa, em níveis distintos de aplicação, mas apenas em 4,2% das organizações essa prática

é amplamente disseminada (BATISTA et al, 2005).

Page 94: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

94

Diante da certeza de existência de casos de aplicação de Coaching como uma prática

de Gestão do Conhecimento, desponta à necessidade de investigação mais profunda sobre

essa assertiva, enriquecendo assim a discussão sobre o tema deste trabalho de pesquisa.

2.3.8 COMO MEDIR RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA PRÁTICA DE COACHING

Por fim, antes de ser apresentada a pesquisa realizada, faz-se importante discutir como

é possível medir os efeitos resultantes da prática de Coaching.

Por ser uma área de estudo recente, as pesquisas nessa área ainda não são conclusivas

e não há uma forma própria definida para essa mensuração.

A falta de uma forma objetiva, sistemática e adequada para se medir os resultados

individuais e organizacionais atrelados à prática de Coaching nas organizações, assim como

os processos que conduzem a esses resultados, gera a possibilidade de se imputar notoriedade

negativa à prática. (ARGYRIS 2000 apud TCEF, 2004)

Segundo Douglas e Morley (2000), o futuro do Coaching como um serviço

profissional efetivo e legitimado depende de dados empíricos confiáveis que suportem sua

efetividade como ferramenta de desenvolvimento focada no talento executivo. Os autores

acreditam que parte desse trabalho já se encontra em realização e profissionais competentes,

advindos de várias áreas (psicologia, ciência comportamental, assistência social,

administração, educação e desenvolvimento organizacional) estão buscando formas de

coletar, estudar e interpretar as informações.

O CCL que, como visto, já faz uso da prática há mais de três décadas, afirma que o

mesmo pode ser medido de várias formas, qualitativas e quantitativamente, formal ou

informalmente. As medidas qualitativas informais envolvem a auto-avaliação do coachee com

Page 95: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

95

base em suas próprias medidas e percepções pessoais, envolvendo, também, a solicitação de

feedback a pessoas de seu círculo de confiança (TING; SCISCO, 2006).

Medidas qualitativas mais formais envolvem a utilização de técnicas de entrevista

direcionadas às áreas específicas trabalhadas no processo de Coaching com base nos planos

estratégicos definidos.

Medidas quantitativas envolvem a aplicação de questionários e de instrumentos de

avaliação por escrito, e têm utilizado vários tipos de avaliações de desempenho profissional,

dentre eles a avaliação 360 graus. Esta avaliação, segundo Reis (2000) caracteriza-se como

uma técnica de avaliação de desempenho que se utiliza de múltiplas fontes simultâneas de

realimentação na qual os participantes recebem feedback estruturado de seus pares,

superiores, subordinados e outros possíveis envolvidos no contexto organizacional.

A preocupação com esse tema é crescente, por isso, profissionais e empresas vêm

estudando a aplicação de técnicas e abordagens já utilizadas em outras áreas com o propósito

de validar formalmente as vantagens de utilização da prática (PHILLIPS; MITSCH, 2002).

Alguns trabalhos nessa área também se encontram em fase de planejamento no

programa de pós-graduação da Universidade Católica de Brasília, com base na teoria da

complexidade e da dinâmica de sistemas não-lineares por meio do estudo da utilização do

modelo Meta Learning (LOSADA, 1999). Esse modelo destaca-se por abordar o espaço

emocional favorável ao alto desempenho à luz da teoria da complexidade, tratando a

complexidade das relações humanas a partir de uma abordagem não-linear e sistêmica,

baseando-se no sistema matemático de Lorenz.

Nos próximos capítulos serão apresentados a pesquisa realizada e os resultados

obtidos.

Page 96: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

96

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA DE PESQUISA

Nesta seção introdutória serão apresentados conceitos relativos à metodologia, método

e técnica de pesquisa com o intuito de melhor contextualizar o conteúdo a ser apresentado no

decorrer do capítulo.

Em seguida serão descritos o universo da pesquisa, o método e respectivas técnicas

aplicados nas diversas etapas de elaboração, desenvolvimento e apresentação desse trabalho

investigativo.

Como se vê adiante, Figueiredo e Souza (2005, p. 61) apresentam distinção entre

metodologia e método: “A metodologia cuida dos caminhos, dos procedimentos e das formas

de fazer ciência. É uma preocupação instrumental na construção do saber. Enquanto o método

refere-se ao conjunto de regras que se elege em um determinado contexto de estudo [...]”. E

ressaltam ainda que “Adotar um método é adotar uma determinada forma de tratar o objeto

em estudo.” (ibid., p. 65).

Tomando por base vários conceitos de método, Moresi (2004, p. 16) resume método

como: “[...] conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e

economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros –, traçando o

caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.”.

Por último, nesse mesmo contexto, apresenta-se o significado do termo técnica em

relação ao método. De forma simplista, o método pode ser interpretado por o quê precisa ser

feito com base em regras pré-definidas dentro de um determinado contexto, enquanto a

técnica, pelo como fazer. Uma ou mais técnicas de pesquisa podem ser utilizadas para dar

suporte à opção metodológica selecionada, contudo é indispensável que sejam as formas mais

adequadas ao alcance dos objetivos da pesquisa.

Page 97: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

97

Ressalta-se que a partir deste ponto o emprego dos termos apresentados acima

ocorrerá sem uma preocupação formal em distingui-los.

3.1. O MÉTODO

3.1.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

O presente trabalho apresenta-se como uma pesquisa de natureza aplicada, fazendo

uso da abordagem quantitativa. Quanto aos fins é classificada como pesquisa descritiva e,

quanto aos meios de investigação, como pesquisa bibliográfica e de campo, fazendo uso de

técnicas de pesquisa quantitativo-descritiva e de medida de atitude/opiniões.

3.1.2 HIPÓTESES

3.1.2.1 HIPÓTESE PRINCIPAL

� Coaching pode ser aplicado, no ambiente organizacional, como uma prática de

Gestão do Conhecimento.

3.1.2.2 HIPÓTESES SECUNDÁRIAS

� Coaching é uma prática pouco conhecida no ambiente organizacional brasileiro;

� Coaching é uma prática pouco utilizada no ambiente organizacional brasileiro;

Page 98: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

98

� A prática de Coaching no ambiente organizacional pode produzir resultados

profissionais e organizacionais positivos.

3.1.3 UNIVERSO DA PESQUISA

Com o objetivo de buscar respostas às hipóteses levantadas, dois grupos de estudo

foram selecionados para a realização da pesquisa.

Um grupo formado por representantes das 150 (cento e cinqüenta) melhores empresas

para se trabalhar, eleitas como referência em gestão de pessoas pelo anuário Guia EXAME /

VOCÊ S/A, edição 2005, e que será referenciado no decorrer do documento como grupo

Empresas.

E o segundo grupo, composto por profissionais das áreas de Gestão do Conhecimento,

Gestão Organizacional e de Pessoas e por Coaches. Este grupo será denominado grupo

Profissionais.

3.1.3.1 O GRUPO EMPRESAS

Para a composição deste grupo de estudo, optou-se por trabalhar com uma população

finita e conhecida, as 150 (cento e cinqüenta) melhores empresas para se trabalhar10 eleitas

pelo anuário Guia EXAME / VOCÊ S/A, edição 2005.

Segundo o Guia (2005), as 150 (cento e cinqüenta) empresas, eleitas em 2005, foram

categorizadas em três grupos de acordo com o número de funcionários (Gráfico 1).

10Ver Anexo 1 – listagem das empresas.

Page 99: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

99

Gráfico 1 - Distribuição das 150 melhores empresas para se trabalhar por números de funcionários Fonte: Adaptado do Guia (2005, p. 39). Entre as classificadas, encontravam-se empresas representantes das cinco regiões

brasileiras. Destacando-se a região Sudeste pela maior concentração, 96 empresas estando 83

delas localizadas no estado de São Paulo. Pode-se observar a distribuição das empresas por

região no Gráfico 2.

36

98

6

5

5

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Empresas

Sul

Sudeste

Centro-oeste

Nordeste

Norte

Reg

iões

Gráfico 2 - Distribuição das empresas por região Brasileira Fonte: Guia (2005) No período, todas as empresas juntas representavam 20 (vinte) setores da economia

brasileira, distribuídos conforme detalhado no Quadro 4, seguindo a ordem quantitativa

decrescente. Dessa forma, é importante ressaltar que, se todas as empresas juntas fossem uma

única empresa, em âmbito nacional apresentaria o seguinte perfil: a) faturamento bruto de 260

bilhões de reais, equivalente a 14,4% do PIB11 Brasileiro; b) somatório de funcionários,

11PIB – Produto Interno Bruto

42% 28%

30%

menos de 500 de 501 a 1500 acima de 1500

Page 100: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

100

trainees e estagiários de 314.582 indivíduos, dentre eles, 66% homens e 34% mulheres; c)

total de executivos igual a 14.191 profissionais, sendo 80% homens e 20% mulheres.

Sobre o Guia, é importante salientar que ele

é um retrato do que há de mais efetivo nas práticas de gestão de pessoas no país justamente porque tem como base a opinião de quem mais se interessa pelo assunto: os funcionários das 150 empresas classificadas. Trata-se de um universo de 314.500 pessoas que trabalham para organizações que, juntas, faturaram no ano passado12 260 bilhões de reais, o equivalente a 14,4% do PIB nacional. (GUIA, 2005, p. 39).

Tomando-se o quantitativo empresarial do quadro acima como base para a obtenção da

amostra, todas as empresas foram convidadas a participar do estudo, com exceção de seis

delas por não ter sido possível a obtenção dos respectivos dados de contato.

Setor da Economia Empresas por Setor Química e Petroquímica 19 Farmacêutico 14 Bancos 13 Tecnologia e Computação 11 Automotivo 10 Serviços Diversos 9 Serviços Financeiros 9 Metalurgia e Siderúrgica 8 Serviços de Saúde 8 Eletroeletrônico e Mecânica 8 Comércio Varejista 7 Indústrias Diversas 7 Plásticos e Borracha 6 Grupos 5 Serviços de Transporte 5 Serviços Públicos 3 Higiene, Beleza e Limpeza 3 Indústria Moveleira 3 Telecomunicações 2

Quadro 4 - Distribuição das empresas por setor econômico. Fonte: Guia (2005) O instrumento de pesquisa foi apresentado aos representantes da área de Gestão de

Pessoas de cada empresa que, então, indicaram o participante mais adequado para o envio e

posterior preenchimento do questionário eletrônico da pesquisa.

No total, 61 empresas se manifestaram oficialmente, por meio de seus representantes,

em relação à participação nesta pesquisa. Destas, 14 declararam não ter interesse ou não ser 12Dados referentes ao ano de 2004.

Page 101: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

101

viável participar deste estudo naquele momento, enquanto 47 responderam ao questionário da

pesquisa. Definido o nível de confiança em 95%, o erro amostral obtido foi de 0,094.

Diante disso, a amostra pôde ser caracterizada como parte significativa e

representativa dessa população.

3.1.3.2 O GRUPO PROFISSIONAIS

O Segundo grupo de estudo foi formado por profissionais advindos das áreas de

Gestão do Conhecimento, Gestão de Pessoas e por Coaches ou praticantes da prática de

Coaching. Esta população foi tratada como população infinita por não ter sido possível

definir com exatidão o número de profissionais que a compõe e, conseqüentemente, o

tamanho apropriado para uma amostra fidedigna.

Desse modo, para fins estatísticos, o grupo Profissionais não pôde ser formalmente

denominado amostra. Na prática, isso significa que os resultados obtidos junto a esse grupo

não podem ser considerados como uma representação fiel da opinião de todos os profissionais

com perfil similar. Os resultados são significativos, mas representam apenas a percepção do

próprio grupo.

Por meio do envio de mensagem eletrônica13 a grupos de discussão e associações

vinculadas às áreas competentes, os integrantes dessas comunidades foram convidados a

responder à pesquisa e também a reenviar o convite a outros profissionais que considerassem

estar dentro do perfil preestabelecido, descrito no convite. Dessa forma, foram contatados:

� SBGC – Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (Nacional e Pólo

Distrito Federal);

13Ver Anexo 2 – mensagem encaminhada ao grupo Profissionais.

Page 102: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

102

� MGCTI - Mestrado em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da

Universidade Católica de Brasília;

� ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos (Âmbito Nacional e

Distrital);

� ICF – Federação Internacional de Coach, capítulos Brasil e São Paulo (os dois

únicos estabelecidos até aquele momento);

� ICI – Instituto de Coaching Integrado (Instituto de Formação de Coaches);

� Grupo Coaching-Brasil14.

Ao todo, 108 questionários foram preenchidos. Dos respondentes, 58 profissionais

forneceram dados de identificação completos ou parciais e 50 não se identificaram.

Considerando apenas dados de identificação válidos, o perfil do grupo é apresentado a seguir:

a. 58% eram homens e 42%, mulheres;

b. 44% possuíam menos de 5 anos de experiência profissional; 16%, entre 5 e 10

anos não completos; 30%, entre 10 e 20 anos não completos; e 10% possuíam mais

de 20 anos de experiência profissional;

c. em relação à área de atuação, os dados de identificação permitiam que mais de

uma área fosse definida. Sendo assim, 30 profissionais identificaram-se como

gestores (esfera gerencial ou diretiva); 23 como profissionais da área de Gestão do

Conhecimento; 22 como profissionais de TI; 12 como profissionais das áreas de

Desenvolvimento de Pessoas e de RH; e 12 como coaches.

3.1.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA

Para a elaboração do instrumento de pesquisa, tomando-se como base os objetivos e as

14Disponível em < http://br.groups.yahoo.com/group/coachingbr/>

Page 103: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

103

hipóteses firmadas, escolheu-se o caminho que conduziria a sua montagem: o de perguntar às

pessoas o que fazem e como pensam em relação ao objeto da pesquisa. A forma definida para

a realização desse questionamento foi a aplicação de um questionário eletrônico: o

instrumento15 principal para o levantamento e coleta dos dados desta pesquisa.

Segundo Yaremko et. al. (1986, p. 186 apud GUNTHER, 1999, p. 231-232), um

questionário pode ser definido como: “[...] um conjunto de perguntas sobre um determinado

tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses,

aspectos de personalidade e informação biográfica”.

Definido o instrumento a ser utilizado, conhecidas as características da população e

tendo em mente o objetivo do estudo foi possível realizar a etapa de determinação das

perguntas, relacionando os respectivos itens aos conceitos advindos da fundamentação

teórica. Mormente, foi possível também definir o grau de complexidade dos itens a serem

apresentados e a forma de aplicação do instrumento.

Antes da apresentação da estrutura lógica do questionário e respectivos pontos de

atenção dados a cada item, cabe ressaltar que a forma de aplicação selecionada foi a

observação direta com a auto-aplicação do questionário por mídia eletrônica, via Internet.

Segundo Gunther (1999), essa técnica apresenta elevado nível de minimização da

variabilidade indesejada e de maximização da variabilidade desejada, sendo que esta se refere

às próprias respostas e aquela, aos comportamentos de quem responde, de quem ou como se

administra o instrumento e da forma de transcrição das respostas.

Assim, o questionário de pesquisa foi desenvolvido e codificado por linguagem de

programação, PHP, e de ferramenta de gerenciamento de dados, Mysql, para disponibilização

via Internet, permitindo acesso direto aos respondentes em local e horário desejados.

Por ser importante garantir que a estrutura e a forma de apresentação de um

15Os termos instrumento e questionário serão empregados sem distinção.

Page 104: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

104

questionário sejam respeitadas quando submetidas ao meio escolhido, a forma de aplicação de

um instrumento encontra-se diretamente relacionada à forma como é elaborado.

Com isso claro, pode-se, então, explicar a maneira como o questionário foi estruturado

para disponibilização eletrônica. Para essa tarefa, tomou-se como premissa que a simples

solicitação de participação não seria suficiente, era preciso que o respondente fosse

convencido e atraído a contribuir com a pesquisa.

Diante desse desafio, seguiram-se as sugestões de Dillman (1978 apud GUNTHER,

1999), resumidas em três etapas: estabelecer confiança, reduzir o custo da resposta e

recompensar o respondente.

O estabelecimento de confiança foi traduzido pelo oferecimento prévio de apreciação

da participação do respondente; pela identificação do solicitante com instituições conhecidas e

legitimadas – e para isso foi estabelecido o vínculo da autora da pesquisa não só com a

Universidade Católica de Brasília, mas também com a SBGC; e, por fim, pelo aproveitamento

de outros relacionamentos de troca, como o compartilhamento dos resultados com os

respondentes, a disponibilidade para o esclarecimento de dúvidas e a troca de opiniões e de

experiência sobre o tema.

Para aumentar as possibilidades de resposta, buscou-se que o questionário não

somente parecesse breve, mas realmente o fosse, bem como não exigisse esforços físicos e

mentais desnecessários, não apresentasse aos respondentes motivos de embaraço ou de

subordinação e não representasse qualquer possibilidade de custo financeiro, mesmo não

existente.

Por fim, com o propósito de recompensar o respondente por sua participação, buscou-

se que o instrumento demonstrasse consideração pelo participante, através da utilização de

linguagem adequada e apreciativa; apoiasse os valores dos respondentes; oferecesse

recompensa concreta; e, principalmente, fosse interessante. É relevante ressaltar que foi

Page 105: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

105

estabelecido o compromisso de posterior envio dos resultados consolidados àqueles que

manifestassem esse desejo.

Na mesma linha de Dillman (1978 apud GUNTHER, 1999), Gunther (1999) ressalta

que um instrumento de pesquisa deve seguir as fases comuns de qualquer interação social, que

consistem em um cumprimento, em uma interação e em uma despedida, sendo que:

No cumprimento (a introdução) reconhece-se o outro e estabelece-se o nível de confiança apropriado e necessário. Segue-se a transação social em si, a interação pergunta – resposta. Na despedida reforça-se qualquer sinalização de benefícios (futuros) já demonstrada. (ibid., p. 236-237).

Tomando-se os cuidados apresentados anteriormente, elaborou-se uma mensagem

eletrônica introdutória para ser encaminhada como convite à participação e o questionário

eletrônico da pesquisa16, dividido em duas seções: a de perguntas e a de identificação do perfil

do respondente, nessa mesma ordem de apresentação.

O questionário foi construído com 9 perguntas fechadas, 1 semi-aberta e 1

(secundária) aberta. Para a maior parte das perguntas fechadas, utilizaram-se escalas de

intervalos que permitissem a classificação das respostas como positivas, negativas ou neutras.

Algumas perguntas eram de preenchimento obrigatório e outras, opcional.

A seqüência das perguntas foi ordenada por assunto e seguiu uma abordagem temática

de partir-se do geral para o específico. As três primeiras perguntas buscavam avaliar o

conhecimento do respondente sobre os temas tratados no questionário, com o objetivo de

servir como filtro para as próximas perguntas, evitando possíveis constrangimentos ao tratar

assuntos que o respondente desconhecesse.

As perguntas 4 e 5 buscavam contextualizar os meios como o conhecimento da prática

de Coaching foi construído e, também, avaliar a opinião dos respondentes sobre algumas

abordagens referentes ao tema.

A pergunta 6, composta por 4 partes (1 principal e 3 secundárias), buscava descrever a

16Ver Anexo 3 – questionário eletrônico

Page 106: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

106

utilização da prática de Coaching dentro das organizações.

A pergunta 7 buscava compreender a percepção e a experiência dos respondentes em

relação aos possíveis resultados de negócio propiciados por meio da aplicação da prática de

Coaching. A composição dos itens selecionados para essa pergunta foi elaborada com base

em ocorrências encontradas na literatura estudada, considerando as expectativas

organizacionais de alcance de resultados de negócio específicos, independente da prática

utilizada.

A pergunta 8 buscava compreender a percepção dos respondentes em relação aos

possíveis resultados propiciados pela prática de Coaching quando comparada aos resultados

esperados de uma prática utilizada para promover a Gestão do Conhecimento.

Para a elaboração das perguntas 7 e 8, utilizaram-se, como base de fundamentação

teórica, as abordagens de McElroy (1999a, 1999b, 2000, 2003a, 2003b) e de Firestone e

McElroy (2002, 2003, 2005) relativas à Gestão do Conhecimento e aos critérios que

caracterizam uma prática de Gestão do Conhecimento, conforme descrito no capítulo 2.

A pergunta 9 buscava descrever a percepção dos respondentes em relação à conduta

organizacional adotada para a promoção da Gestão do Conhecimento dentro das próprias

organizações.

Por último, a pergunta 10 buscava uma resposta para a hipótese principal deste

trabalho de pesquisa: compreender a opinião dos respondentes sobre a aplicabilidade da

prática de Coaching como uma prática de Gestão do Conhecimento.

Outro ponto importante a ser lembrado refere-se à ordem de preenchimento das dez

perguntas, que não era única para todos os respondentes. De acordo com a opção de resposta

selecionada, caminhos posteriores de preenchimento eram automaticamente designados. A

Figura 6 detalha as possíveis seqüências de preenchimento em conformidade com as regras

pré-definidas.

Page 107: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

107

Na seqüência, é relevante ressaltar que se optou pela apresentação da seção de

identificação do respondente apenas ao final do instrumento. Essa escolha foi feita com o

propósito de evitar possíveis desistências na fase inicial, antes mesmo que se tentasse

estabelecer um vínculo de confiança com o respondente, buscando, assim, mitigar a possível

associação de não participação ao desejo de não identificação. No início desta seção,

ressaltou-se a confidencialidade dos dados e a importância da identificação dos participantes

para fins estatísticos.

Definido e elaborado o instrumento de pesquisa, era imprescindível testá-lo antes do

envio aos grupos de estudo. A apresentação das atividades de realização do teste piloto, de

verificação da qualidade do esforço empregado até aquele momento e de realização de ajustes

e melhorias apoiados em outras opiniões que não apenas as da autora serão descritas a seguir.

Figura 6 - Organização seqüencial do questionário da pesquisa

Page 108: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

108

3.1.5 PRÉ-TESTE E VALIDAÇÕES

Para a aplicação do pré-teste, selecionou-se uma população com características

semelhantes às dos grupos de estudo investigados, com o objetivo de identificar a totalidade

da pesquisa, os efeitos dos erros das respostas e das faltas de respostas, a estimativa de tempo

de preenchimento, a clareza, adequação e exatidão da linguagem empregada, entre outros.

O convite17 para a participação da fase de pré-teste e a descrição das orientações

voltadas às atividades de validação do questionário seguiram as mesmas diretrizes de

elaboração e de aplicação utilizadas na montagem do próprio questionário.

Foram selecionadas e convidadas 50 pessoas para a realização da validação e do teste

piloto do instrumento. Em resposta, foram obtidos 34 questionários preenchidos e 13

mensagens de retorno contendo as informações solicitadas conforme o roteiro destacado no

Quadro 5.

Quanto tempo levou para finalizar o preenchimento da pesquisa? Teve dificuldade em responder alguma pergunta, pois as opções fornecidas não eram suficientes, ou adequadas?

NÃO

SIM

Qual? O que sugere como solução?

Encontrou algum erro de português? NÃO

SIM

Qual? O que sugere como solução?

Encontrou algum erro de programação? NÃO

SIM

Qual?

Se fosse um dos selecionados para participar da pesquisa, acha que preencheria o instrumento?

NÃO

SIM

Por favor, se a resposta for negativa, justifique:

Qual sua opinião sobre o formulário eletrônico? Sugestões de melhoria: Deseja receber o resultado do trabalho de pesquisa?

SIM NÃO

Quadro 5 - Roteiro de validação e teste

17Ver Anexo 3 – Convite teste de instrumento de pesquisa

Page 109: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

109

As sugestões de melhoria e de correção foram analisadas e tomadas em consideração.

O processo de maximização da construção do questionário por meio da interação social

mostrou-se de grande valia, permitindo a revisão18 e o melhoramento do instrumento de

medição e, conseqüentemente, viabilizando a validação prática e semântica do questionário.

O questionário teve o seu desenvolvimento eletrônico finalizado e, em seguida, foi

disponibilizado via Web em dois endereços distintos: um específico para uso com os

representantes do grupo Empresas e outro para o grupo Profissionais. A única diferença entre

as duas opções consistia na seleção obrigatória de uma empresa entre as ofertadas na lista.

Opção, esta, localizada na tela inicial e disponível apenas na versão apresentada ao grupo

Empresas.

Posteriormente, na fase de tratamento dos dados, parte do questionário foi submetida,

também, a uma minuciosa validação estatística. Entretanto, a descrição detalhada dessa

validação será apresentada na seção 3.1.7 que descreve a abordagem estatística utilizada para

análise dos resultados coletados.

3.1.6 COLETA DE DADOS E PROCEDIMENTOS

Como visto anteriormente, o questionário de pesquisa seria auto-aplicado. Contudo,

não era esperado que as respostas fossem facilmente obtidas. Ante o exposto, para garantir

uma maior participação dos respondentes, foram definidas estratégias distintas de abordagem

aos grupos de estudo.

A abordagem utilizada junto ao grupo Empresas será apresentada primeiro, por ser

mais extensa e complexa.

18Ver Anexo 5 – Roteiro de alterações, após fase de testes.

Page 110: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

110

3.1.6.1 ABORDAGEM EMPRESAS

Para a abordagem junto a esse grupo, definiu-se buscar apoio de uma equipe de

profissionais de telesserviços. O grupo era composto por uma supervisora e três atendentes.

A primeira atividade realizada consistiu na qualificação dos dados de contato dos

representantes de cada uma das 150 empresas. Buscou-se em cada empresa, com o apoio de

um roteiro19 para a interação, o contato do representante da área de Recursos Humanos.

Acreditava-se que se a área não fosse a mais adequada para o preenchimento do questionário,

com certeza, poderia indicar quem seria. Para isso, utilizaram-se as informações fornecidas no

Guia (2005) e quando essas não conferiam, buscou-se também apoio em sites de pesquisas e

listas telefônicas. Durante essa etapa, foi possível contatar 127 empresas via telefone, 17

através dos Sistemas de Atendimento aos Clientes (SAC) disponíveis no site institucional das

mesmas e 6 não foram contatadas por não ser possível obter dados de contato corretos. Essa

atividade levou aproximadamente quatro semanas.

De posse dos dados de contato, em 15 de março de 2006, a mensagem eletrônica

inicial que contextualizava o trabalho de pesquisa e convidava o representante a participar foi

enviada. Alguns dias passados, a equipe de telesserviços voltou à cena e iniciou a fase de

confirmação de recebimento do convite e de reforço da relevância da participação das

empresas.

Uma segunda mensagem de lembrança foi enviada na segunda semana de aplicação do

instrumento.

Faltando duas semanas para o término da coleta, previsto para 09 de abril de 2006, a

equipe de telesserviços voltou a contatar os representantes que, anteriormente, demonstraram

interesse na pesquisa ou se comprometeram verbalmente a respondê-la.

19Ver Anexo 6 – Roteiro para equipe de telesserviços.

Page 111: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

111

Algumas dificuldades foram percebidas durante essa fase de coleta de dados.

Percebeu-se que algumas empresas possuem políticas formais de comunicação externa, por

isso seus representantes não poderiam responder a nenhuma pesquisa sem antes consultar as

áreas de marketing e/ou de comunicações. Em uma das empresas, foram trocadas mais de 8

mensagens, iniciadas pelo próprio representante, para se alcançar a autorização interna

necessária à participação na pesquisa. Outra constatação relevante ocorreu na fase de

tratamento dos dados, quando se notou a existência de um registro de participação de um

representante do grupo Empresas na base do grupo Profissionais. Como não havia

impedimento a sua participação, as informações não foram descartadas. De qualquer forma,

ressalta-se que não houve resposta dessa empresa na pesquisa endereçada ao grupo Empresas.

Outra dificuldade percebida, mas contornada pelos profissionais de telesserviços,

refere-se à falta de disposição ou tempo de algumas poucas secretárias e recepcionistas em

compreender o propósito da pesquisa para então repassar a questão às áreas competentes. Por

outro lado, foi possível notar que sempre que a mensagem era adequadamente finalizada ou

transmitida, as áreas que poderiam decidir sobre a participação ou não na pesquisa foram

contatadas e mostraram-se extremamente gentis e prestativas para encontrar uma resposta à

solicitação. E, assim, indicar o representante adequado para responder ao questionário.

Outro ponto importante que pode ser ressaltado refere-se à percepção de falta de

tempo de alguns desses representantes. Já que muitos confirmavam a participação para datas

posteriores e buscavam conhecer o prazo limite para a realização da tarefa; a maior parte

desses casos não resultou em preenchimento do questionário.

Em 10 de abril de 2006, o questionário foi retirado do endereço eletrônico disponível

na Internet.

Page 112: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

112

3.1.6.2 ABORDAGEM PROFISSIONAIS

A abordagem para a coleta dos dados dos Profissionais apresentou-se bem menos

trabalhosa e detalhada do que a descrita anteriormente.

Depois de realizada a seleção das comunidades que receberiam o convite20 de

participação na pesquisa, de acordo com o processo descrito no subitem 3.1.3.2, contatou-se

as comunidades via mensagem eletrônica, tendo-se enviado, posteriormente, apenas mais uma

mensagem de lembrança. A coleta dos dados foi realizada entre os dias 29 de março e 09 de

abril de 2006.

E de forma semelhante, em 10 de abril de 2006, o questionário foi retirado do

endereço eletrônico disponível na Internet.

3.1.7 ANÁLISE EXPLORATÓRIA DOS DADOS

O processo de estudo dos elementos coletados foi iniciado logo após a finalização da

etapa de coleta de dados dos dois grupos com o propósito de gerar informações úteis ao

processo de inferência estatística. Para isso, fez-se uso de aplicativos especialistas: SAS,

versão 8.2; e SPSS, versão 13.

Os dados estatísticos foram organizados para serem apresentados de forma visual, por

meio do uso de gráficos e de quadros descritivos.

As ferramentas para análise estatística escolhidas foram os cálculos de freqüência e

freqüência acumulada; os cálculos de porcentagem; e os testes de hipótese, quiquadrado,

utilizados para testar a hipótese de diferenciação entre o comportamento dos dois grupos.

20 Ver Anexo 2

Page 113: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

113

Segundo Lopes (1999), os dois principais procedimentos da estatística inferencial são a

estimação e os testes de hipóteses.

Para as perguntas 7 e 8, compostas respectivamente por 22 e 17 itens cada, aplicaram-

se testes de análise fatorial, de acordo com o descrito em detalhe mais abaixo. Antes, porém,

desse detalhamento técnico em si, faz-se necessário apresentar uma breve conceituação

teórica.

Análise fatorial, AF, é um nome genérico dado a uma classe de métodos estatísticos

avançados e multivariados aplicada com o propósito principal de definir a estrutura subjacente

em uma matriz de dados. Caracteriza-se como um método multivariado de análise das

interdependências, operando sobre todas as variáveis mensuradas ou avaliadas de um

experimento ou de um levantamento amostral, que permite a criação de fatores que agrupam

as variáveis interdependentes.

De forma geral, a análise fatorial aborda o problema da análise da estrutura das inter-

relações (correlações) existentes entre um grande número de variáveis (itens), permitindo,

assim, a definição de um conjunto de dimensões latentes comuns. Dimensões, estas, mais

conhecidas como fatores, mas também referidas como construtos.

Os fatores podem ser entendidos como entidades hipotéticas não diretamente

observáveis, criados a partir do agrupamento das variáveis. Cada grupo de variáveis

representa um construto básico responsável pelas correlações observadas nas respostas. No

caso desta pesquisa têm-se os fatores resultados do negócio e resultados do processamento do

conhecimento.

Segundo Hair, (1995) um dos principais propósitos de utilização da AF é a redução de

dados e a sumarização com objetivo de se condensar a informação, contida num número de

variáveis originais, em um conjunto menor de fatores com um mínimo de perda da

informação.

Page 114: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

114

Quando instrumentos de medição são analisados, uma pergunta freqüente é se a

estrutura fatorial é replicável quando aplicada em outras amostras. Para responder a essa

pergunta é necessário o uso da análise fatorial.

Na aplicação da análise fatorial, todas as variáveis são simultaneamente consideradas e

cada uma é relacionada com todas as outras, empregando-se, ainda, o conceito da variável

estatística, a composição linear de variáveis.

Na análise fatorial, os fatores são formados para maximizar o poder de explicação do

conjunto inteiro de variáveis e não para prever a existência de uma variável dependente. Com

isso, torna-se possível examinar se a estrutura identificada se repete quando investigada em

uma segunda amostra. A utilização da análise fatorial é importante tanto para soluções

fatoriais exploratórias como para soluções fatoriais confirmatórias.

Pela análise fatorial exploratória busca-se compreender o que é mais importante ou

mais significativo a partir de um conjunto de variáveis, e pela confirmatória, indicar uma

estrutura de fatores para posteriormente permitir sua confirmação por meio do estudo das

variáveis observadas. Esta última é utilizada, por exemplo, em modelagem de

comportamento.

Cabe ressaltar que dois princípios básicos precisam ser considerados, já que não existe

uma solução única para um conjunto de dados, quando se busca uma solução com a AF: a

parcimônia que busca explicar as correlações entre as variáveis observadas utilizando o menor

número de fatores possível; e a interpretabilidade que busca um significado no contexto

estudado - uma coerência lógica.

Com base no exposto, serão descritos os passos desempenhados para a validação da

estabilidade da solução fatorial para aplicação em grupos distintos e, também, da adequação

matemática do conteúdo abordado em cada fator.

Para facilitar o entendimento, faz-se necessário lembrar que a análise em questão

Page 115: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

115

tratava apenas das perguntas 7 e 8 do questionário, compostas inicialmente por 39 itens,

respectivamente 22 e 17 itens cada, e foi aplicada com o objetivo de validar a estrutura

apresentada no questionário, e permitir, ainda, a criação de uma escala de mensuração dos

resultados obtidos.

O primeiro passo para a realização da análise fatorial foi a investigação da consistência

interna do conjunto de itens da matriz. Se um item não apresentasse pelo menos uma

correlação moderada com os outros itens da matriz, o seu desempenho na análise fatorial

provavelmente seria pobre, por isso deveria ser excluído. Além disso, no caso de alta

correlação entre os itens, apenas um deveria ser escolhido para permanecer no teste.

Para essa investigação, calculou-se o coeficiente de Spearmam e, por conseguinte,

observou-se que todos os itens das questões 7 e 8 apresentavam pelo menos uma correlação

significativa com 95% de confiança. Detectou-se também que os itens 14, 15 e 16 da pergunta

8 possuíam correlação muito alta, conforme descrito no Quadro 6. Em ordem de ocorrência,

esses itens são apresentados no questionário como: reflexão e reavaliação dos processos

organizacionais; reflexão e reavaliação do conhecimento existente; e reflexão e reavaliação

do conhecimento produzido.

Alta Correlação entre Itens Valor da Correlação

Q8_14 com Q8_15 0,815

Q8_14 com Q8_16 0,815

Q8_15 com Q8_16 0,900

Quadro 6 - Alta correlação entre alguns itens da pergunta 8

Foi escolhido o item Q8_16, reflexão e reavaliação do conhecimento produzido, para

permanecer na análise fatorial, e os outros itens foram excluídos não sendo considerados nos

demais cálculos matemáticos.

Na seqüência, a fatorabilidade da matriz de correlação foi verificada e o determinante

da matriz encontrado (2,00E-021), justificando a pertinência da fatorização da matriz.

Page 116: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

116

Outra medida de qualificação do grau de intercorrelação entre as variáveis e a

adequação da análise fatorial foi empregada, conhecida como medida de adequação da

amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO). Esse índice pode variar de 0 a 1, alcançando o valor

1 quando cada variável é perfeitamente prevista sem erro pelas outras variáveis. Essa medida

pode ser interpretada tomando-se como base as seguintes orientações: 0,80 ou acima,

admirável; de 0,70 até 0,80, mediano; de 0,60 até 0,70, medíocre; de 0,50 até 0,60, ruim; e

abaixo de 0,50 é inaceitável. Os dados analisados constituíram um índice de 0,855 revelando

uma fatorabilidade muito boa para a amostra.

Uma vez que as variáveis encontravam-se especificadas e a matriz de correlação

estava preparada, podia-se aplicar a análise fatorial para a identificação da estrutura latente de

relações.

Para a aplicação da análise fatorial, há vários métodos de rotação. Os ortogonais, tais

como: Varimax que minimiza o número de variáveis em cada fator; Quartimax que minimiza

o número de fatores; e o Equamax: que pode ser utilizado para ambas as situações

mencionadas anteriormente, conforme a solução que melhor se ajustar. Além de métodos de

rotação oblíqua: Oblimin e Promax. A rotação oblíqua permite que os fatores possam mostrar

mais corretamente grupos de variáveis inter-correlacionadas, embora implique em operações

matemáticas bem mais complexas.

De acordo com Hair (1995), a rotação de fatores é uma técnica para girar os eixos de

referência dos fatores em torno da origem, até alcançar uma posição ideal. Ela pode ser

ortogonal ou oblíqua, conforme a disposição dos os eixos durante o giro. O objetivo é facilitar

a leitura dos fatores, visto que a rotação revela pesos fatoriais altos em um fator e baixos em

outros, definindo mais claramente os grupos de variáveis que fazem parte de cada fator

estudado.

Para Hair (1995), a rotação oblíqua é mais realista, porém mais controversa. No

Page 117: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

117

mundo real as dimensões estão correlacionadas umas com as outras e, assim, a rotação

oblíqua estaria mais próxima da realidade. Por outro lado, sugere que o método de rotação

mais utilizado é o VARIMAX por simplificar as colunas da matriz de fatores. Cabe lembrar,

conforme já mencionado, que o objetivo da pesquisa é a parcimônia, a identificação de

agrupamentos distintos e separados de variáveis, e neste sentido Zeller e Carmines (1980)

afirmam ser a utilização de métodos de rotação ortogonal mais adequada.

De forma contrária, Pasquali (1998) afirma haver necessidade de se justificar a

utilização da rotação ortogonal, particularmente quando aplicada em ciências psicossociais,

haja visto que a oblíqua mostra-se sempre adequada por permitir o aparecimento de fatores

ortogonais, quando existentes. “ ...a rotação oblíqua não força dependência entre os fatores,

ela apenas a permite, ao passo que a rotação ortogonal é imperialista, ela só permite fatores

independentes” (PASQUALI, 1998, p.57).

No entanto, Rummel (1970) chama atenção para o fato de não ser necessária a escolha

entre um ou outro tipo de rotação. Pode-se tentar ambos os métodos e escolher um deles. Já

que não é freqüente a ocorrência de diferença substancial entre os resultados obtidos caso se

use uma rotação oblíqua ou uma ortogonal.

Valendo-se da sugestão de Rummel (1970), optou-se por fazer uso tanto do método

ortogonal, VARIMAX, quanto do método oblíquo, OBLIMIN, para a rotação da matriz

fatorial.

Para extração dos fatores utilizou-se a técnica de análise fatorial comum e a de análise

de componentes principais. A primeira busca o conhecimento de dimensões subjacentes e a

segunda busca a redução de variáveis às principais.

Com base nos resultados obtidos pela técnica de análise fatorial comum, conforme

descrito na Tabela 1, definiu-se o número de fatores a extrair em 5 para o método de rotação

VARIMAX, e com base na estrutura do questionário, em 2, ou seja, optou-se por realizar a

Page 118: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

118

extração com 5 e com 2 fatores.

Tabela 1 - Variância Total (análise fatorial comum)

Eigenvalues Soma do Quadrado da Extração Soma do Quadrado da Rotação

Fator Total % Variância % Cumulativo Total % Variância % Cumulativo Total % Variância % Cumulativo 1 15,231 41,166 41,166 14,942 40,384 40,384 13,257 35,830 35,830 2 8,223 22,224 63,390 7,936 21,448 61,832 9,079 24,537 60,368 3 1,596 4,314 67,704 1,338 3,615 65,447 1,508 4,075 64,442 4 1,344 3,632 71,336 1,097 2,964 68,412 1,278 3,455 67,897 5 1,142 3,085 74,421 0,861 2,327 70,739 1,052 2,842 70,739 6 0,953 2,576 76,997 7 0,913 2,468 79,465 8 0,782 2,114 81,579 9 0,667 1,803 83,381

10 0,583 1,577 84,958 11 0,561 1,517 86,476 12 0,504 1,362 87,837 13 0,446 1,207 89,044 14 0,426 1,151 90,195 15 0,400 1,080 91,274 16 0,387 1,047 92,321 17 0,308 0,832 93,153 18 0,275 0,743 93,896 19 0,265 0,716 94,612 20 0,237 0,641 95,253 21 0,232 0,628 95,881 22 0,202 0,545 96,426 23 0,186 0,502 96,928 24 0,161 0,435 97,363 25 0,146 0,394 97,757 26 0,131 0,355 98,112 27 0,107 0,290 98,401 28 0,103 0,277 98,678 29 0,094 0,255 98,933 30 0,085 0,229 99,162 31 0,061 0,165 99,327 32 0,057 0,154 99,481 33 0,052 0,141 99,622 34 0,046 0,125 99,747 35 0,040 0,109 99,856 36 0,030 0,081 99,937 37 0,023 0,063 100,000

Da mesma forma, com base nos resultados obtidos pela técnica de análise de

componentes principais para o método de rotação OBLIMIN, conforme descrito na Tabela 2,

definiu-se o número de fatores a extrair em 7, e com base na estrutura do questionário, em 2:

extração com 7 e com 2 fatores.

Page 119: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

119

Tabela 2 - Variância Total (análise de componentes principais)

Eigenvalues Soma do Quadrado da Extração Rotação

Fator Total % Variância % Cumulativo Total % Variância % Cumulativo Total 1 14,556 39,341 39,341 14,556 39,341 39,341 8,859 2 6,893 18,631 57,972 6,893 18,631 57,972 8,555 3 1,696 4,585 62,557 1,696 4,585 62,557 6,708 4 1,390 3,758 66,315 1,390 3,758 66,315 6,703 5 1,315 3,555 69,870 1,315 3,555 69,870 8,414 6 1,138 3,077 72,946 1,138 3,077 72,946 5,864 7 1,038 2,805 75,751 1,038 2,805 75,751 1,315 8 0,900 2,432 78,182 9 0,746 2,017 80,200

10 0,662 1,789 81,988 11 0,632 1,707 83,696 12 0,620 1,674 85,370 13 0,551 1,490 86,861 14 0,513 1,387 88,248 15 0,465 1,258 89,506 16 0,432 1,168 90,674 17 0,375 1,013 91,687 18 0,333 0,900 92,587 19 0,308 0,832 93,418 20 0,298 0,806 94,225 21 0,281 0,758 94,983 22 0,247 0,668 95,651 23 0,221 0,597 96,248 24 0,202 0,546 96,795 25 0,182 0,491 97,285 26 0,156 0,422 97,708 27 0,131 0,354 98,061 28 0,122 0,328 98,390 29 0,116 0,313 98,703 30 0,100 0,271 98,973 31 0,74 0,201 99,174 32 0,71 0,193 99,368 33 0,68 0,183 99,551 34 0,056 0,151 99,702 35 0,049 0,133 99,835 36 0,033 0,090 99,926 37 0,028 0,074 100,000

Na prática, o objetivo de todos os métodos de rotação é simplificar as linhas e colunas

da matriz fatorial para facilitar a interpretação. Em uma matriz fatorial, as colunas

representam os fatores, e cada linha corresponde às cargas de uma variável ao longo dos

fatores. Por simplificação das linhas entende-se tornar o máximo de valores em cada linha tão

próximos de zero quanto o possível, e, com isso, maximizar a carga de uma variável em um

único fator. A simplificação das colunas significa tornar o máximo de valores em cada coluna

tão próximos de zero quanto possível e, com isso, tornar o número de cargas elevadas o

menor possível.

A carga fatorial é o meio de interpretar o papel que cada variável tem na definição de

Page 120: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

120

cada fator, além de indicar a correlação de cada variável com o próprio fator.

Uma forma prática e freqüentemente usada no exame preliminar da matriz fatorial é a

análise das cargas obtidas. Em síntese, considera-se que as cargas fatoriais absolutas maiores

que (±) 0,30, atingem o nível mínimo; cargas de (±) 0,40 são consideradas mais importantes;

e se as cargas são de (±) 0,50 ou maiores, elas são consideradas com significância prática.

Logo, quanto maior o valor absoluto da carga fatorial, mais importante é a carga na

interpretação da matriz fatorial.

Como a carga fatorial é a correlação da variável e do fator, a carga ao quadrado é a

quantia de variância total da variável explicada pelo fator. Assim, uma carga de 0,30 reflete

aproximadamente 10% de explicação e uma carga de 0,50 denota que 25% da variância é

explicada pelo fator. A carga deve exceder 0,70 para que o fator explique 50% da variância.

A partir dessas normas, foi possível observar em cada matriz fatorial rotacionada que

as formações iniciais de 521 e 722 fatores não apresentaram uma boa disposição das variáveis e

que a distribuição das cargas de maior valor encontrava-se, principalmente, relacionada a dois

fatores. Foram considerados todos os itens referentes às perguntas 7 e 8, com exceção dos

Q8_14 e Q8_15, conforme explicado anteriormente.

Após a análise das cargas fatoriais, optou-se por realizar nova extração com 2 fatores,

para os métodos VARIMAX e OBLIMIN.

O resultado proporcionado pelo método VARIMAX não apresentou nenhuma

divergência em relação à composição dos fatores existentes, fielmente retratando as perguntas

7 e 8, conforme apresentado na Tabela 3. Sendo importante ressaltar que todas as cargas

eram maiores que (±) 0,60, ou seja com significância prática.

21 - ver anexo 2 22 - ver anexo 3

Page 121: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

121

Tabela 3 - Extração com 2 fatores (VARIMAX)

Fatores 1 2 Q7_1 0,854 0,004 Q7_18 0,848 0,085 Q7_16 0,844 0,146 Q7_19 0,839 0,140 Q7_22 0,807 0,081 Q7_15 0,803 0,121 Q7_13 0,780 0,108 Q7_17 0,778 0,162 Q7_12 0,778 0,217 Q7_8 0,775 0,079 Q7_5 0,769 0,036 Q7_11 0,764 0,184 Q7_14 0,760 0,101 Q7_2 0,753 -0,007 Q7_6 0,750 0,179 Q7_3 0,749 0,048 Q7_20 0,746 0,168 Q7_7 0,740 0,129 Q7_4 0,724 0,010 Q7_9 0,719 0,039 Q7_10 0,707 0,073 Q7_21 0,694 0,137 Q8_12 0,115 0,821 Q8_10 0,126 0,820 Q8_8 0,031 0,816 Q8_4 0,059 0,812 Q8_6 0,128 0,810 Q8_5 0,125 0,806 Q8_1 0,088 0,798 Q8_13 0,188 0,791 Q8_7 0,079 0,790 Q8_9 0,026 0,778 Q8_11 0,093 0,777 Q8_3 -0,030 0,766 Q8_17 0,181 0,714 Q8_16 0,169 0,671 Q8_2 0,112 0,647

O resultado obtido com o método OBLIMIN, apresentado na Tabela 4, conduziu à

necessidade de análise individual de alguns dos itens, sendo eles: Q8_13, Melhoria do

conhecimento existente e do processo de tomada de decisão; Q8_17, Validação do

conhecimento produzido; Q8_16, Reflexão e reavaliação do conhecimento produzido; e

Q8_2, Espaço de aprendizagem individual.

Page 122: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

122

Tabela 4 - Extração com 2 fatores (OBLIMIN)

Fatores 1 2 Q7_19 0,789 -0,289 Q7_16 0,781 -0,261 Q7_20 0,761 -0,256 Q7_12 0,757 -0,138 Q7_17 0,746 -0,233 Q7_11 0,746 -0,202 Q7_18 0,740 -0,348 Q7_8 0,724 -0,328 Q7_15 0,718 -0,264 Q7_21 0,716 -0,259 Q7_22 0,709 -0,332 Q7_6 0,706 -0,169 Q7_13 0,689 -0,265 Q7_1 0,683 -0,433 Q7_7 0,681 -0,244 Q7_14 0,672 -0,274 Q7_10 0,645 -0,293 Q7_9 0,636 -0,333 Q7_5 0,622 -0,345 Q7_3 0,608 -0,305 Q8_13 0,603 0,511 Q8_17 0,578 0,485 Q7_2 0,564 -0,375 Q7_4 0,561 -0,353 Q8_16 0,539 0,446 Q8_2 0,421 0,387 Q8_9 0,435 0,663 Q8_8 0,447 0,657 Q8_4 0,471 0,636 Q9_12 0,560 0,625 Q8_3 0,384 0,620 Q8_6 0,569 0,606 Q8_7 0,489 0,603 Q8_1 0,502 0,597 Q8_10 0,548 0,589 Q8_11 0,497 0,580 Q8_5 0,540 0,566

Conforme descrito anteriormente, o critério para escolha das cargas fatoriais indica

que as cargas fatoriais absolutas acima de ± 0,30 devem ser consideradas, as acima de ± 0,40

são mais importantes e acima de ± 0,50 são muito significantes quando tratando com amostras

de 50 ou mais observações.

Para interpretar a matriz de fatores, deve-se assinalar as cargas fatoriais mais altas de

cada variável, variáveis abaixo ou fora do critério apresentado podem ser estudadas para

eliminação. No caso em estudo, não houve indicação para eliminação. Em seguida, feita a

Page 123: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

123

identificação de quais variáveis encontram-se mais carregadas em um fator, deve-se analisar

as cargas mais altas e decidir em que fator posicionar a variável.

Segundo Pasquali (1998, p.48), “reter um fator que tenha apenas ‘sentido matemático’

não faz sentido em ciência. Um fator deve representar algo relevante no contexto da teoria

científica e não apenas se posicionar como um parâmetro matemático”.

Valendo-se disso e tendo em mente o princípio da interpretabilidade, apesar do

‘sentido matemático’ indicar a possibilidade, a partir do método OBLIMIN, dos itens

destacados comporem o fator I, referente ao construto processo do negócio, e também

considerando o resultado proporcionado pelo método VARIMAX, chegou-se à conclusão de

que a melhor solução foi a composta pela extração de dois fatores, sem alteração dos itens de

cada fator, validando, assim, a estrutura apresentada no questionário de pesquisa e permitindo

que cada pergunta pudesse ser avaliada de forma única através da aplicação de uma escala de

valores.

Com isso, comprovou-se que a estrutura utilizada para as perguntas 7 e 8, depois de

retirados os itens Q8_14 e Q8_15, pode ser fielmente replicada e reutilizada junto a outras

amostras.

O impacto dessa descoberta será aprofundado no capítulo 4, que apresenta e analisa os

resultados obtidos com o presente trabalho de pesquisa.

3.1.8 A DISSERTAÇÃO

A elaboração desse documento foi realizada com base nas diretrizes da Universidade

Católica de Brasília (OLIVEIRA, 2004) e em normas técnicas da ABNT (2002a; 2002b;

2002c; 2003).

A estruturação das idéias e dos conteúdos abordados e apresentados neste documento

Page 124: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

124

foi organizada por meio da elaboração de um esquema, conforme sugerido pelo professor

orientador deste trabalho de pesquisa, apelidado de sumário resumido23.

Essa alusão pode parecer irrelevante para os mais experientes, mas foi uma das

técnicas mais úteis e efetivas para facilitar a elaboração e a organização deste documento,

tanto em relação à estruturação e priorização do conteúdo, quanto ao controle do tempo a ser

dedicado a cada parte. Por isso foi mencionada, visando compartilhar com os outros essa

descoberta.

Nessa mesma linha, outra prática precisa ser registrada: a constante busca por palavras

melhor adequadas ao contexto foi potencializada pelo uso de dicionários eletrônicos

renomados disponíveis na Internet. Os aplicativos eram acessados ao mesmo tempo em que o

texto era confeccionado, ampliando as possibilidades de uso e diminuindo, na medida do

possível, a repetição de vocábulos.

3.1.8.1 ELABORAÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Após a formulação do problema e a definição dos objetivos da pesquisa, o trabalho de

elaboração da fundamentação teórica foi iniciado por meio de pesquisa bibliográfica, tomando

como base livros, artigos e publicações científicas selecionados após a realização inicial da

revisão de literatura. A maior parte das pesquisas às fontes de informação foi feita via Internet

por acesso público e também restrito, através do site da própria universidade, que

disponibiliza aos alunos as bases de dados da CAPES e outras bases conveniadas24. Ressalta-

se que a grande maioria do material disponível encontrava-se grafado em idioma estrangeiro,

o inglês.

23Ver Anexo 7 – Sumário resumido. 24Acesso disponível em <http://www.biblioteca.ucb.br/>

Page 125: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

125

Para a sistematização da leitura realizada, em um primeiro momento, fez-se uso de um

modelo de ficha de leitura25 detalhado. A qualidade do detalhamento e a facilidade de

consulta ao modelo gerado mostravam evidências que justificavam o uso do instrumento,

entretanto, o esforço de elaboração exigido terminou por influenciar a descontinuidade de sua

utilização. O registro resultante das leituras realizadas posteriormente passou a ser efetuado de

três formas: a) em folhas de papel, sem sistematização específica, armazenadas dentro de cada

livro; b) em documentos armazenados em mídia eletrônica, ordenados em diretórios

categorizados por assunto; c) em ferramenta específica indicada para essa finalidade26.

A busca e recuperação do material armazenado em mídia eletrônica foram

potencializadas pelo uso da ferramenta de busca Google Desktop e, por sua vez, a prática de

armazenar os resumos e considerações relevantes dentro dos respectivos livros lidos e, ainda,

de destacar citações importantes pela colagem de etiquetas coloridas nas páginas de origem,

por mais rudimentar que possam parecer, mostraram-se úteis e de fácil aplicação.

A partir disso, tornou-se possível dar conta da tarefa de expressar por escrito os

conceitos pesquisados e estudados.

3.1.9 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Não faz parte dos objetivos desta pesquisa avaliar o desempenho dos grupos de estudo

em relação à aplicação de Coaching.

Desse modo, ressalta-se que os resultados obtidos não descrevem o desempenho dos

grupos, mas, sim, as características de comportamento de cada grupo em relação à prática de

Coaching e respectiva adoção; refletem o grau de concordância dos grupos sobre os resultados

25Ver Anexo 8 – Ficha de leitura 26OneNote2003 da Microsoft

Page 126: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

126

propiciados, em nível de negócio e em nível de aprendizagem e de conhecimento, por meio de

sua aplicação; e, sobretudo, refletem o grau de concordância dos grupos em relação à

aplicação de Coaching como uma prática de Gestão do Conhecimento.

Outro ponto importante a ser apresentado nesta seção de limitações, refere-se a uma

preocupação comum na mensuração de alguns construtos: a desejabilidade social. Caso em

que os “participantes tenderiam a apresentar respostas consideradas mais aceitáveis ou

aprovadas socialmente e tenderiam ainda a negar sua associação pessoal com opiniões e

comportamentos que seriam desaprovados socialmente” (RIBAS JR et al, 2004).

Para Ribas Jr. et al (ibid.), tais distorções nas respostas fornecidas podem estar

associadas a diferentes processos e ter diferentes origens, como características pessoais, auto-

engano, ou, até mesmo, respostas distorcidas propositalmente com o objetivo de manipular a

imagem pessoal que é oferecida.

Valendo-se disso, é importante mencionar, mesmo que não se possa afirmar com

certeza ser este o motivo do acontecido, ter sido percebida algumas ocorrências de abandono

do questionário eletrônico após a leitura das três primeiras perguntas que diretamente

questionavam o respondente sobre seu grau de conhecimento em determinado assunto.

3.1.10 UMA VISÃO DA AUTORA

Para a descrição do trabalho realizado tornar-se completa é preciso também apresentar

a visão de seu processo de elaboração pela ótica da autora, como relatado na seqüência.

A escolha de um tema de pesquisa não se caracterizou com uma tarefa difícil. A

delimitação do tema e a definição do problema de pesquisa, por sua vez, apresentaram-se

como as tarefas mais complexas e delicadas de todo o trabalho.

Page 127: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

127

As outras etapas da pesquisa exigiram muita disciplina e esforço, mas só foram

definidas após a pergunta que representava o problema ter ganhado forma e ter sido

expressada verbalmente.

Encontrar um problema de pesquisa revelou-se um desafio em função da diversidade

de possibilidades e alternativas que emergiam durante o processo de busca, cada uma mais

interessante e sedutora que a outra. Cada disciplina cursada adicionava mais variáveis para a

tomada de decisão, aumentando o intervalo de abrangência e o desafio de delimitação do

tema. As possibilidades de relacionar os novos conceitos adquiridos à área de interesse

definida sempre se mostravam extremamente atrativas, mas a pergunta não se materializava.

Os trabalhos em grupo realizados em cada uma das disciplinas do curso foram

enriquecedores, pois a discussão construtiva era parte integrante do processo. Cada integrante,

de certa forma, mesmo que inconscientemente, guiava a discussão para sua área de interesse.

As defesas de ponto de vista indicavam rumos e possibilidades, mas o problema ainda se

encontrava escondido, visto que a profusão de idéias dificultava a concentração em um único

tema de pesquisa.

Era preciso encontrar uma lacuna ainda não explorada, ou pelo menos não

completamente explorada, que apresentasse originalidade e fosse relevante, sem esquecer de

questões práticas como a viabilidade da pesquisa e o conhecimento do assunto.

A única forma efetiva de encontrar-se algo é por meio da procura. Poucos são aqueles

que têm a sorte de encontrar algo valioso sem estar procurando. Sendo assim, como esperar

pela sorte não se apresentava uma estratégia possível, o período de muita leitura foi iniciado

sem a existência de um prazo de término. Provavelmente essa fase não se finalizará junto com

a defesa da dissertação.

Várias reuniões de orientação foram conduzidas, e o tão sonhado problema tornava-se

realmente um problema. O prazo para a realização do exame de qualificação da proposta já

Page 128: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

128

estava encerrado, e a data de apresentação do projeto de pesquisa já definida. Os sentimentos

de angústia e frustração começavam a querer dominar o momento, mas, de repente, o

problema deixava de ser um problema e surgia como a solução tão ansiada, sem qualquer

explicação ou notificação prévia.

O problema da pesquisa, por sua vez, só foi efetivamente entendido e assimilado

como tal depois de algum tempo após o exame de qualificação do projeto. Os comentários e

sugestões dos integrantes da banca de qualificação somente começaram a se tornar claros e

realmente significativos depois de algumas semanas sem que qualquer ação relacionada ao

projeto de pesquisa fosse realizada. Era preciso deixar as idéias assentarem-se e recarregar os

ânimos para que as próximas etapas fossem enfrentadas.

O trabalho de revisão de literatura, iniciado meses antes da qualificação, não podia ser

considerado terminado. Muito pelo contrário, com a definição do tão esperado problema, o

trabalho de revisão da literatura precisava ser, a partir daquele momento, refinado e orientado

para viabilizar a comprovação ou não das hipóteses definidas em resposta à pergunta

formulada.

A fase da incerteza dava lugar à de organização das idéias e de sistematização do

trabalho para garantir a qualidade da fundamentação teórica e o alcance dos objetivos

definidos por meio da investigação do problema e do plano de pesquisa.

Com a redução do contato com os outros colegas do curso, percebia-se a existência de

outro fator de dificuldade: o isolamento. Sem disciplinas para cursar sobrava mais tempo para

a elaboração da dissertação, por outro lado, a falta de espaço de interação para troca de idéias

e compartilhamento das experiências tornava-se um fator de bloqueio motivacional. A

motivação intrínseca estava lá, mas a extrínseca fazia falta. Com isso, o processo tornava-se

mais desgastante e menos prazeroso. A jornada, a partir desse ponto, era solitária, com a

possibilidade de alguns momentos esporádicos de compartilhamento.

Page 129: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

129

O trabalho a ser feito era de fácil percepção, porém não de fácil execução, pois era

preciso elaborar o plano do trabalho, a definição e delimitação da população, o plano de coleta

e análise dos dados, o instrumento de pesquisa, o teste-piloto e as instruções de aplicação do

instrumento de pesquisa para, então, realizar a pesquisa. Depois de os dados estarem

coletados, era preciso organizar os resultados para tratá-los por intermédio dos testes

estatísticos e interpretá-los. A tarefa apresentava-se ao mesmo tempo prazerosa e árdua. O

tempo parecia voar e o prazo, encurtar.

Novos entraves surgiam, dentre eles, problemas pessoais, demandas profissionais e as

dificuldades de realização do próprio trabalho. Sobre este último, cita-se um exemplo, entre

muitos: a definição do melhor período de aplicação do instrumento não se adequava ao prazo

inicial estipulado para a defesa da pesquisa. Dessa forma, era preciso tomar a decisão entre ter

menor participação por parte dos respondentes ou menor prazo para a elaboração da

dissertação. O segundo foi escolhido por parecer o mais acertado, acarretando em solicitação

de extensão de prazo para a realização da defesa. Mesmo dentro do limite de tempo oficial

para a defesa, a decisão não era simples, precisava ser justificada e aprovada – além disso,

impactava questões pessoais e profissionais, ou seja, mais entraves.

Nem tudo era dificuldade, todo o processo de preparo para a realização da pesquisa foi

instigante. A fase de pré-teste mostrou-se essencial e enriquecedora e, com isso, o sentimento

de isolamento reportado anteriormente também foi sendo abrandado. Surgia um novo espaço

de interação e troca.

A coleta de dados também se caracterizou como uma fase estimulante. Naquele

instante, eram percebidos os primeiros resultados do esforço realizado. Essa percepção refere-

se ao problema em estudo e, principalmente, à validade do esforço e do tempo dedicados a

sua realização, contradizendo as fortuitas dúvidas sobre finalizar ou não o bendito trabalho de

pesquisa (dúvidas resultantes do cansaço físico e mental; das reclamações de familiares e

Page 130: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

130

amigos, mesmo que esporádicas e em sua maioria veladas, e das obrigações profissionais).

Com a consolidação da fase de coletas e de posse dos dados, o fôlego foi renovado.

Os resultados obtidos superaram todas as expectativas iniciais e a motivação para se chegar

até o final do percurso foi readquirida.

Entretanto, com os dados coletados e analisados parecia simples pensar que o trabalho

estava concluído. Grande engano, pois o momento era, então, o de expressar verbalmente e

por escrito todo o trabalho já realizado desde a fase de pesquisa exploratória para a

fundamentação teórica. Era preciso conciliar as idéias contidas nas fichas de leitura, nos

trechos selecionados e marcados com papéis dentro dos livros, dos resumos armazenados no

computador, enfim, materiais elaborados ao longo de vários meses e alguns até já esquecidos;

selecionar as melhores citações; apresentar os resultados obtidos; concatenar o conhecimento

sobrevivente com tudo isso e expressá-lo claramente para que os leitores pudessem

compreender, pelo menos, parte daquilo que se havia descoberto e se desejava expressar. Se

não bastasse, era preciso executar um exaustivo trabalho de formatação, seguindo regras

formais de apresentação. As semanas que antecederam o depósito da dissertação foram longas

e desgastantes.

Quanto mais próximo da finalização do documento, maior a certeza de que, somente

naquela fase, as competências necessárias a um pesquisador eram adquiridas, mesmo que

precisassem ser potencializadas.

O pensamento se houvesse mais tempo, o trabalho seria muito melhor e expressaria

mais conteúdo do que o que se encontrava pronto parecia não querer ser dissipado, mesmo

com o sentimento pessoal de dever cumprido surgindo em cena. A preocupação com a

contagem dos dias e com a quantidade de trabalho ainda a ser realizado consumia todas as

vinte e quatro horas de cada dia restante. A cada noite, o enredo dos sonhos podia ser

resumido em clamores por objetividade, boa redação e aproveitamento do tempo.

Page 131: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

131

Como todo esforço merece uma compensação, com a chegada do dia do depósito da

dissertação, a sensação de dever cumprido e a satisfação substituíram os sentimentos

angustiantes presentes até então. Era hora de pensar na apresentação e na defesa do trabalho,

mas não havia espaço para pensamentos negativos, o momento já era de celebração, mesmo

que viesse a ser apenas uma vitória pessoal.

Page 132: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

132

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

É chegado o momento de se conhecer os resultados obtidos e validar ou refutar as

hipóteses apresentadas no capítulo anterior. No entanto, antes de chegar-se a essa conclusão,

os resultados precisam ser analisados e discutidos.

Para melhor explorar o potencial analítico dos dados obtidos, os resultados serão

abordados em seções, respeitando a mesma ordem dos segmentos apresentada no questionário

eletrônico, conforme detalhado anteriormente. Para facilitar o entendimento, tornar agradável

a apresentação e otimizar a análise comparativa dos resultados, as informações reveladas

pelos dois grupos de estudo serão expostas e comentadas concomitantemente, tomando-se

como base apenas os dados válidos.

4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Inicialmente, foram tratadas as perguntas 1, 2, e 3 apresentadas no instrumento de

pesquisa, que versa sobre o grau de conhecimento dos respondentes em relação às áreas de

Gestão de Pessoas, Gestão Organizacional, Liderança, Gestão do Conhecimento e ao

conhecimento específico da prática de Coaching.

O trabalho de análise de dados foi iniciado pela verificação estatística da diferenciação

da distribuição das respostas fornecidas pelos dois grupos.

Para uma melhor compreensão dos resultados, para o entendimento do comportamento

e da opinião de cada grupo e para a verificação da existência de diferença significativa entre a

distribuição das respostas dos dois grupos, foram realizados testes, quiquadrado, com 95% de

Page 133: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

133

confiança, considerando as hipóteses:

� H0 - não existe diferença entre os dois grupos estudados, sendo esta a hipótese

considerada nula, ou seja, a que se desejava rejeitar. E para isso os resultados dos

P–valores calculados precisavam ser superiores a 0,05;

� H1 – existe diferença entre os grupos, ou seja, esta é a hipótese que se desejava

confirmar.

Os resultados obtidos para as perguntas 1, 2 e 3 encontram-se descritos na Tabela 4.

Ressalta-se que testes semelhantes foram realizados para outras perguntas do instrumento.

Entretanto, os P-valores obtidos serão apresentados no decorrer da discussão conforme as

perguntas forem sendo examinadas.

Tabela 5 - Teste de diferenciação entre os grupos

Perguntas P – Valor

1 0,3324

2 0,5383

3 0,1121

Ante o exposto, como todos os valores obtidos foram superiores a 0,05, pôde-se

afirmar a existência de diferença significativa entre o comportamento e a opinião dos grupos

no que tange às perguntas 1, 2 e 3.

A primeira pergunta abordou o conhecimento de práticas de desenvolvimento de

liderança, de desenvolvimento de competências e/ou de aprendizagem organizacional. E os

resultados indicaram ser essas práticas bem conhecidas pelos dois grupos.

Conforme apresentado na Figura 7, 83,33% do grupo Empresas e 65,74% do grupo

Profissionais declararam possuir conhecimento amplo ou satisfatório sobre o tema abordado.

Notou-se, ainda, um baixo percentual de desconhecimento. Apenas 2,78%, em ambos os

grupos, afirmaram desconhecimento dessas práticas.

Page 134: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

134

Empresas Profissionais

Figura 7 - Comparação entre gráficos: conhecimento de práticas de liderança e de aprendizagem organizacional

O Gráfico 3 resume os resultados obtidos junto aos dois grupos.

Gráfico 3 – Conhecimento de práticas de liderança e de aprendizagem organizacional (abordagem comparativa)

Em seguida, abordou-se o conhecimento de práticas de Gestão Organizacional e de

Gestão do Conhecimento e, de forma semelhante, foi observada, também nos dois grupos, a

existência de um bom conhecimento das práticas de Gestão Organizacional e de Gestão do

Conhecimento, conforme detalhado na Figura 8.

Considerando ainda a segunda pergunta, 82,35% do grupo Empresas e 73,59% do

grupo Profissionais declararam possuir conhecimento amplo ou satisfatório das práticas

tratadas. Menos de 10% dos dois grupos revelaram possuir pouco conhecimento e apenas

Amplo Satisfatório Moderado Pouco

31,48%

34,26%

22,22%

9,26% 2,78%

36,11%

47,22%

11,11%

2,78%2,78%

47,22%

9,26%

2,78% 2,78%

11,11%

36,11%

2,78%

22,22%

34,26% 31,48%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

45,00%

50,00%

Amplo Satisfatório Moderado Pouco Nenhum

Empresas Profissionais

Page 135: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

135

2,94% do grupo Empresas e menos de 1% do grupo profissionais afirmou não conhecê-las.

Empresas Profissionais

Figura 8 – Comparação entre gráficos: conhecimento de práticas de Gestão Organizacional e de Gestão do Conhecimento

Dessa forma, a diferença observada na distribuição das respostas fornecidas pelos dois

grupos é apresentada no Gráfico 4.

Gráfico 4 - Conhecimento de práticas de Gestão Organizacional e de Gestão do Conhecimento (abordagem comparativa)

Após a verificação do perfil de conhecimento dos respondentes em relação a práticas,

sem especificá-las, nas áreas de Gestão de Pessoas, Gestão Organizacional e Gestão do

Conhecimento, a pergunta 3 mostrou-se mais específica e buscou a compreensão do estado de

conhecimento da prática de Coaching. O resultado relatado pelos dois grupos mostrou-se

significativo.

Amplo Satisfatório Moderado Pouco Nenhum

29,25%

44,34%

6,60% 0,94%

26,47%

55,88%

5,88% 2,94%

55,88%

8,82%

2,94%

29,25%

18,87%

5,88%

26,47%

44,34%

6,60%

0,94% 0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

Amplo Satisfatório Moderado Pouco Nenhum

Empresas Profissionais

8,82%18,87%

Page 136: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

136

Apenas 3,03% do grupo Empresas manifestaram não possuir qualquer conhecimento

sobre a Prática e 9,09% declararam pouco conhecimento. Em compensação, 57,57%, mais da

metade do grupo, declararam a existência de conhecimento amplo ou satisfatório sobre a

prática de Coaching (Figura 9).

Empresas Profissionais

Figura 9 – Comparação entre gráficos: conhecimento da prática de Coaching

No grupo Profissionais, o desconhecimento da prática foi atestado por um percentual

maior: 9,71% declararam não possuir qualquer conhecimento; 24,27% declararam possuir

conhecimento satisfatório; e, por outro lado, 31,07% relataram possuir amplo conhecimento

sobre o assunto abordado nessa pergunta. Esse valor mostrou-se quase duas vezes superior ao

percentual apresentado pelo grupo Empresas.

Gráfico 5 – Conhecimento da prática de Coaching (abordagem comparativa)

Amplo Satisfatório Moderado Pouco Nenhum

31,07%

24,27%

16,50%

9,71%18,18%

39,39%30,30%

9,09% 3,03%

39,39%

30,30%

9,09%

31,07%

16,50%

9,71%

3,03%

18,18% 18,45%

24,27%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

45,00%

Amplo Satisfatório Moderado Pouco Nenhum

Empresas Profissionais

18,45%

Page 137: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

137

O Gráfico 5, acima, resume os resultados obtidos para a pergunta 3 e permite a

comparação entre os dois grupos. A diferença entre os dois, antes ressaltada, será analisada

junto com a pergunta 4, que trata a forma como o conhecimento da prática de Coaching foi

adquirido.

Descrito o nível de conhecimento dos participantes, era necessário compreender como

o mesmo fora ganho. Em função disso, a quarta pergunta do questionário investigava a forma

como o conhecimento sobre a prática de Coaching foi adquirido. É importante ressaltar que,

diferente das anteriores, essa era uma pergunta de múltiplas respostas, não obrigatória e semi-

aberta, já que para cada opção, o respondente tinha espaço para detalhar por escrito a forma

como tomou conhecimento sobre o assunto. Outro ponto importante a ser lembrado:

respondentes que na pergunta 3 declararam não possuir conhecimento sobre Coaching não

responderam à pergunta 4, sendo conduzidos automaticamente à pergunta 6. Deste modo, os

resultados obtidos são apresentados conforme a quantidade de ocorrências registradas e não

pela porcentagem representativa. O Gráfico 6 detalha sucintamente a base de construção do

conhecimento da prática de Coaching.

Gráfico 6 - Bases de construção do conhecimento sobre a prática de Coaching

Além dos quantitativos detalhados acima, as seguintes informações foram descritas

pelos respondentes (semi-aberta). Para a opção leitura especializada, o grupo Empresas

Frequência

21

7 3 12 8

47

35

43

16

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Leitura especializada

Mídia Cursos acadêmicos

Treinamento específico

Outros

Qu

anti

dad

e d

e co

rrên

cias

Empresas Profissionais

20

Page 138: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

138

descreveu poucas ocorrências, todas relativas à leitura de revistas. O grupo Profissionais, por

sua vez, foi mais descritivo e fez várias menções à leitura de livros e revistas especializadas,

artigos e sites específicos na Internet.

A opção mídia não foi detalhada por nenhum dos grupos, exceto uma menção em cada

grupo a artigo em revista, e apenas uma delas com a fonte identificada: Exame – Você / S.A.

A opção cursos acadêmicos foi detalhada 2 vezes pelo grupo Empresas e 19 vezes

pelo grupo Profissionais, descrevendo cursos de pós-graduação Lato Sensu e Stricto Sensu.

Para a opção treinamento específico, dois tipos diferentes de treinamento foram

descritos: i) treinamento de formação na prática de Coaching e ii) treinamento ministrado

dentro das organizações. Sendo apenas um caso de treinamento de formação descrito no

grupo Empresas, à medida que 14 ocorrências foram reveladas no grupo Profissionais. Os

treinamentos organizacionais foram citados 3 vezes no grupo Empresas e 7 vezes no grupo

Profissionais.

Por fim, a opção outros não relatou descobertas importantes.

O fato de o grupo Profissionais ter apresentado em sua composição vários especialistas

sobre o tema Coaching não se caracterizou como uma surpresa, visto que a descrição do perfil

dos grupos, apresentada no capítulo 3, já ressaltava essa característica. Entretanto, esse fato

pode caracterizar-se como uma das possíveis explicações para o grupo Profissionais

apresentar uma porcentagem maior de respondentes com amplo conhecimento da prática de

Coaching.

As informações descritivas evidenciadas na pergunta 4 não podem ser tratadas como

conclusivas, entretanto, auxiliam na compreensão da distribuição dos resultados apresentada

para a pergunta 3.

Na quinta pergunta do instrumento foram apresentadas cinco abordagens relativas à

prática de Coaching. Não era objetivo deste trabalho discutir ou comparar as orientações das

Page 139: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

139

abordagens apresentadas, apenas buscar entendimento sobre as opiniões e o posicionamento

dos respondentes em relação à prática de Coaching como um todo. Para facilitar a observação

dos resultados, o Quadro 7 mostra as cinco abordagens contidas no questionário da pesquisa.

ABORDAGEM I

"Sessões de acompanhamento feitas por um consultor de carreira que acompanha e se envolve no desenvolvimento contínuo do profissional. Serve para promover mudanças de comportamento no funcionário, para que ele atinja novos objetivos."

(GUIA, 2005, p.16) ABORDAGEM II

Relacionamento gradativo de facilitação, orientado por profissional capacitado, que auxilia e estimula indivíduos e/ou organizações a desenvolver atitudes e ações conscientes e responsáveis que levem à realização de seus desejos, metas e visões - sejam pessoais ou profissionais. Faz uso de processos de indagação e de descoberta pessoal. Provê o cliente com estrutura, apoio e realimentação com o objetivo de aprofundar sua aprendizagem, aperfeiçoar seu desempenho e melhorar sua qualidade de vida.

(Abordagem da Federação Internacional de Coach - ICF) ABORDAGEM III

Processo de aprendizagem, orientado por profissional capacitado, que faz uso de princípios filosóficos e competências conversacionais com o objetivo de: promover o desenvolvimento da autonomia e da capacidade de aprender e de agir; produzir mudanças de percepção e comportamento; expandir possibilidades; aumentar a qualidade e a efetividade de condutas profissionais e pessoais; e transformar a maneira como se entende e se interpreta a si próprio, o outro e o universo que nos rodeia. Desempenho e efetividade moldam-se conforme a forma de ser de cada indivíduo: suas emoções, sua linguagem e sua corporalidade.

(Abordagem ontológica) ABORDAGEM IV

Atividade interativa que visa promover o desenvolvimento de habilidades, disseminar conhecimento e apontar valores e comportamento que levam ao alcance das metas da organização. Abordagem personalizada para viabilizar mudanças comportamentais que aperfeiçoem o desempenho profissional, promovam o desenvolvimento por meio do crescimento pessoal ou alterem condutas prejudiciais à efetividade e ao desempenho da organização.

(Abordagem comportamental) ABORDAGEM V

O Coaching executivo é um processo empírico e individualizado de desenvolvimento de líderes, que constrói a capacidade de um líder atingir metas organizacionais de curto e longo-prazo. É realizado por meio de interações um para um (1:1); conduzido com dados advindos de múltiplas perspectivas; e, baseado em respeito e confiança mútua. A organização, o executivo e o coach trabalham em parceria para alcançar impacto máximo.

(TECF, 2004) Quadro 7 - Abordagens relativas à prática de Coaching

O Gráfico 7 resume os resultados obtidos em relação à primeira abordagem. Para o

grupo Empresas, 100% concordaram com a abordagem I. Entretanto, 45,83% do grupo

revelaram concordar apenas parcialmente com essa conceituação. Sendo a única abordagem,

dentre as cinco, a não revelar discordância por parte do grupo Empresas. Para o grupo

Profissionais, 11,29% discordaram da abordagem. Dentre esses, 3,23% alegaram forte

discordância. 40,32% concordaram parcialmente e pouco menos da metade do grupo revelou

Page 140: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

140

concordar com a abordagem apresentada pelo anuário (GUIA, 2005). Pode-se dizer que não

houve consenso entre os grupos em relação a essa abordagem.

Gráfico 7 - Abordagem I

A segunda se referia à abordagem do ICF sobre a prática de Coaching. Como visto no

capítulo 2, a ICF é a Federação Internacional de Coach. Em relação a essa abordagem,

observou-se a discordância de 9,09% do grupo Empresas e 1,61% do grupo Profissionais –

revelando-se, neste último grupo, como o menor nível de discordância dentre as abordagens

tratadas. Além disso, o nível de concordância revelou-se superior a 90% para os dois grupos,

conforme descrito no Gráfico 8.

O nível de concordância parcial declarado por ambos os grupos mostrou-se entre os

mais baixos revelados, assim como a diferença entre eles. O grupo Empresas revelou 22,73%

de concordância parcial, à medida que o grupo Profissionais declarou 14,52%.

A terceira abordagem apresentada foi a ontológica, baseada nos princípios da

ontologia da linguagem (ECHEVERRIA, 1998), que se apresenta como um método de

aplicação de Coaching e, também, segue os fundamentos básicos definidos pelo ICF. O

Gráfico 9 detalha o nível de concordância revelado pelos dois grupos em relação à abordagem

ontológica.

41,67%

45,83%

16,13%

12,50%

0,00% 0,00% 0,00%

40,32%

32,26%

8,06%

0,00% 3,23%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

45,00%

50,00%

Concordo fortemente

Concordo Concordo parcialmente

Discordo Discordo fortemente

Sem opinião

Empresas Profissionais

Page 141: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

141

Gráfico 8 - Abordagem II

Gráfico 9 - Abordagem III

Para o grupo Empresas, essa abordagem revelou-se a menos aceita. Menos da metade

do grupo atestou concordar com a abordagem e 40,91% alegaram concordar apenas

parcialmente. O percentual de discordância apresentado foi de 13,64%, o segundo mais alto

dentre as abordagens em questão, apenas inferior à abordagem V, como será tratado adiante.

40,91%

31,15%

42,62%

0,00% 0,00%0,00% 0,00%

13,64%

31,82%

13,64%

3,28%

22,95%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

45,00%

Concordo fortemente

Concordo Concordo parcialmente

Discordo Discordo fortemente

Sem opinião

54,55%

22,73%

9,09%

46,77%

1,61% 0,00% 1,61% 0,00% 0,00%

13,64%

35,48%

14,52%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

Concordo Discordo

Empresas Profissionais

Concordo parcialmente

Concordo fortemente

Discordo fortemente

Sem opinião

Empresas Profissionais

Page 142: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

142

Para o grupo Profissionais, essa se mostrou bem aceita expondo mais de 70% de

aceitação e apenas 22,95% de concordância parcial. Apenas 3,28% desse grupo alegaram não

concordar com essa abordagem. Percebeu-se que a opinião dos dois grupos mostrou-se bem

distinta.

A quarta abordagem, Gráfico 10, referia-se à comportamental, que revelou-se a

segunda de maior aceitação por parte do grupo Empresas com 78,26% de concordância,

dentre este valor, 30,43% destacaram forte concordância e, apenas 13,04% demonstraram

concordância parcial. Ainda assim, 8,70% afirmaram não concordar. Os resultados indicaram

uma preferência do grupo Empresas por este tipo de abordagem, pois, embora a abordagem I

tenha apresentado 100% de aceitação, 45,83% do grupo concordava com o conceito somente

em parte, enquanto na quarta abordagem o nível de concordância parcial é de apenas 13,04%

contra 78,26% de concordância. Para confirmar os motivos dessas preferências seria

necessária uma nova investigação, entretanto, cabe ressaltar, que das abordagens

apresentadas, essa foi a única a colocar a organização claramente em primeiro plano,

destacando o papel do profissional como coadjuvante dentro da organização.

Gráfico 10 - Abordagem IV Para o grupo Profissionais, 59,01% declararam concordar com a abordagem

30,43%

13,04%

8,70%

0,00%

47,83%

0,00% 0,00%1,64%

4,92%

34,43%

42,62%

16,39%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

Concordo fortemente

Concordo Concordo parcialmente

Discordo Discordo fortemente

Sem opinião

Empresas Profissionais

Page 143: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

143

comportamental e 34,43%, concordar apenas parcialmente. O nível de discordância foi bem

próximo ao declarado pelo grupo Empresas, entretanto, dentre os 6,56%, 1,64% do grupo

Profissionais alegaram discordar fortemente dessa abordagem. Novamente, a opinião dos

dois grupos mostrou-se bem diferenciada.

A última abordagem apresentada referia-se à apresentada pelo TECF, The Executive

Coaching Forum, um fórum de discussão e desenvolvimento da prática de Coaching

Executivo.

Para essa abordagem, os dois grupos demonstraram alto grau de discordância. O grupo

Empresas apresentou 18,18% de discordância, o mais alto declarado dentre todas as

abordagens e dentre os dois grupos, à medida que o grupo Profissionais apresentou 10%.

Tratando-se ainda daquele grupo, 81,81% concordaram com a abordagem, embora, desses,

27,27%, concordaram parcialmente, conforme exposto no Gráfico 11.

Gráfico 11 - Abordagem V

O grupo Profissionais, por sua vez, declarou apenas 48,33% de concordância e 38,33%

de concordância parcial. Novamente, para a confirmação das causas dos resultados recém

relatados seria necessária uma nova investigação. Contudo, ressalta-se que a abordagem em

discussão descrevia a prática de Coaching como uma interação um para um (1:1) apenas e a

27,27%

18,18%

0,00%

27,27%

0,00%0,00%

27,27%

3,33%

10,00%

38,33%

33,33%

15,00%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

45,00%

Concordo fortemente

Concordo Concordo parcialmente

Discordo Discordo fortemente

Sem opinião

Empresas Profissionais

Page 144: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

144

declarava um processo empírico. No primeiro caso, inviabilizando a aplicação da prática para

grupos e equipes de trabalho e, no segundo, desconsiderando, mesmo que não

intencionalmente, os estudos científicos e a existência de fundamentação teórica para a

prática.

Novamente, com o propósito de melhor entender a opinião relatada por cada grupo e a

forma como suas respostas se relacionam, foram realizados testes de hipótese para verificação

da existência de diferença significativa entre a distribuição das respostas dos dois grupos, com

95% de confiança. Os resultados encontrados estão exibidos na Tabela 5.

Tabela 6 – Teste de verificação de diferença de opinião entre os grupos

Pergunta 5 P – Valor

Abordagem I 0,4894

Abordagem II 0,0459

Abordagem III 0,0686

Abordagem IV 0,2693

Abordagem V 0,4502

Considerando-se que os valores deveriam ser inferiores a 0,05 para a confirmação de

existência de diferença significativa entre a opinião dos grupos em estudo, percebeu-se, por

meio dos resultados, não existir semelhança entre a opinião dos grupos. Exceto no que se

refere à abordagem II, visto que o P-valor encontrado apresentou-se um pouco abaixo do

limite pré-definido. Para este caso, foi possível afirmar não existir diferença significativa

entre as opiniões expressas no instrumento da pesquisa.

Caracterizado o conhecimento e as preferências dos respondentes em relação à prática

e às abordagens de Coaching, era possível, então, buscar subsídios para conhecer as

iniciativas vigentes dentro das organizações.

Na seqüência, a pergunta 6 buscava conhecer o estágio, a abrangência e o porte dos

casos de utilização da prática de Coaching e encontrava-se subdividida em 4 partes, uma

Page 145: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

145

principal e três partes secundárias. A terceira pergunta secundária não foi apresentada e

analisada neste contexto, pois tratava de dados de identificação pessoal de profissionais

responsáveis pela aplicação da prática dentro das organizações. Caso a resposta fornecida na

pergunta 6 fosse Sem planos de implantação ou Não sei, o respondente era automaticamente

conduzido à pergunta 7 ou à pergunta 9, conforme a opção selecionada ao responder à

pergunta 3.

O grupo Profissionais foi orientado a seguir a premissa de declaração da situação da

empresa a que se encontravam, direta ou indiretamente, vinculados. Caso não houvesse

qualquer vínculo que pudesse ser retratado, os respondentes foram aconselhados a selecionar

a opção Não sei. O propósito de manter essa pergunta para o grupo Profissionais foi buscar

maior conhecimento sobre a adoção da prática de Coaching e respectivas características em

qualquer circunstância possível.

A Figura 10 resume os resultados revelados junto aos dois grupos.

Empresas Profissionais

Figura 8 - Comparação entre gráficos: estágio de implantação das práticas de Coaching

De acordo com o grupo Empresas, 37,50% não possuíam planos de implantar a prática

de Coaching; 18,06% afirmaram existirem planos para o futuro; 29,23% revelaram a

utilização da prática, sendo que, dentre estes, 11,11% elegaram estar ainda em processo de

implantação e 12,50% confirmaram a percepção de resultados relativos à adoção da prática.

30,43%

21,74% 17,39%

8,70%

13,04%

8,70%

37,50%

18,06% 11,11%

5,56%

12,50%

15,28%

Sem planos de implantação

Planejada para o futuro Implantada

Implantada e já apresentando resultados

Não sei

Em processo de implantação

Page 146: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

146

Para o grupo Profissionais, 30,43% declararam não existirem planos de implantação

da Prática de Coaching e 8,70% afirmaram não possuir conhecimento sobre uma possível

implantação. 39,49% confirmaram a utilização da prática mesmo que ainda em processo de

implantação. Dentre o percentual de implantação, 13,04% revelavam a percepção de

resultados relativos à adoção da prática.

A observação da distribuição das opções relativas à pergunta 6 não mostrava diferença

visual significativa entre os dois grupos (hipótese aceita pelo cálculo do P – Valor, igual a

0,0143), confirmando não existir uma diferença significativa entre os grupos, com 95% de

confiança.

Considerando o somatório dos dois grupos, foram reveladas 12 iniciativas em processo

de implantação, 18 já implantadas e 18 planejadas para o futuro.

A pergunta 6.1 abordava a abrangência dos casos de utilização de Coaching

planejados ou já implantados. Essa pergunta permitia aos respondentes selecionar quantas

alternativas desejassem, ampliando, assim, a caracterização descritiva dos casos revelados.

Com base nos resultados fornecidos pelo grupo Empresas, foi possível notar que boa

parte das iniciativas encontrava-se voltada à esfera gerencial ou diretiva e com ênfase no

alinhamento dos objetivos estratégicos das organizações, sem que as mesmas fossem

amplamente disseminadas na empresa.

Os resultados revelados pelo grupo Profissionais, por sua vez, indicavam a mesma

orientação, entretanto, apontavam para uma maior disseminação da prática dentro das

organizações.

O resumo dos resultados obtidos por meio da pergunta 6.1 pode ser visto no Gráfico

12.

Page 147: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

147

Gráfico 12 - Abrangência das iniciativas de Coaching

Outro ponto interessante percebido, mesmo que em menor escala, foi a aplicação da

prática também para profissionais das áreas técnicas de algumas organizações.

A pergunta conseguinte, 6.2 (Gráfico 13), buscava entender o porte das iniciativas já

implantadas, assim como o das já planejadas para o futuro, e, para isso, verificava a

quantidade de profissionais envolvidos com a prática de Coaching, no papel de coach ou de

coachee.

Gráfico 13 - Porte das iniciativas de Coaching

31

9

1 0

6

13

11

8

3

9

11

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Iniciativas isoladas

Restrita a alguns

departamentos

Esfera gerencial

e/ou diretiva

Profissionais da area técnica

Amplamente disseminada na empresa

Qu

anti

dad

e d

e O

corr

ênci

as

Alinhada aos objetivos e estratégias

organizacionais

Coaches + Coachees

71,43%

7,14%

0,00%

48,28%

6,90%

14,29%

7,14% 6,90%

17,24%20,69%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

1 a 10 11 a 30 31 a 50 Mais de 50 Não sei

Empresas Profissionais

Freqüência

Empresas Profissionais

Page 148: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

148

A maior parte das iniciativas revelou-se, para os dois grupos, como de pequeno porte

com até 10 envolvidos. No entanto, já se percebia a ocorrência de iniciativas com mais de 50

indivíduos envolvidos.

O Gráfico 14 exibe sucintamente o porte das iniciativas implantadas e planejadas

conforme a freqüência revelada para cada opção, desconsideradas as opções Nenhum e Não

Sei.

Gráfico 14 - Porte das iniciativas de Coaching (freqüência)

Assim, foi possível entender e caracterizar o perfil dos grupos Empresas e

Profissionais de acordo com o perfil e a opinião dos respondentes e, também, em relação à

adoção, à utilização, à abrangência e ao porte das iniciativas da prática de Coaching

relatadas no contexto organizacional, bem como, analisar com mais detalhes a percepção dos

respondentes que, mesmo que indiretamente, tiveram oportunidade de vivenciar a aplicação

da prática de Coaching dentro das organizações em que trabalham.

Diante disso, a análise da próxima etapa mostrava-se viável e compatível. Era possível

buscar o entendimento da percepção e da opinião dos respondentes sobre os resultados

propiciados pela adoção da prática de Coaching. A pergunta 7 abordava um conjunto de

resultados vinculados ao comportamento operacional de negócio e a pergunta 8, um

conjunto de resultados diretamente relacionados ao comportamento epistêmico, ou seja, ao

10

1 1 2

14

6 5 2

0

5

10

15

20

25

30

1 a 10 11 a 30 31 a 50 Mais de 50

Qu

anti

dad

e d

e o

corr

ênci

as

Empresas Profissionais

Coaches + Coachees

Page 149: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

149

processamento do conhecimento como visto anteriormente.

Para a interpretação das perguntas 7 e 8 aplicou-se a técnica de análise fatorial com o

propósito de permitir a análise do conjunto de itens que compunham cada uma das perguntas

em vez de analisá-los um a um. A análise por conjunto de itens só foi possível devido à

confirmação da composição das perguntas em dois fatores como descrito no capítulo 3.

Na prática, a composição das respostas fornecidas por cada respondente, para cada um

dos itens contidos respectivamente nas perguntas 7 e 8, foram transformados em valores

globais, compreendidos dentro da escala de valores utilizada. Assim, em vez de analisar-se

os resultados individuais de 39 itens, como proposto inicialmente, podia-se analisar apenas

os resultados de dois fatores que representavam todos os itens pesquisados. O valor obtido

para cada uma das perguntas foi calculado com base na média dos valores individuais (por

respondente) revelados.

A escala de valores utilizada variava entre o intervalo de 0 e 3, conforme representado

na Figura 11. Diante do explicado, foi possível interpretar os resultados obtidos conforme

apresentado adiante.

Figura 9 - Escala de valores

A pergunta 7, denominada Fator I, apresentava uma lista de resultados operacionais de

negócio a serem validados pelos respondentes como efeito da prática de Coaching, tomando

por base o entendimento ou a experiência de cada indivíduo e seguindo a escala de

concordância apresentada.

Da mesma forma, a pergunta 8, denominada Fator II, apresentava uma lista de

resultados de processamento do conhecimento a serem validados como possíveis efeitos da

0 = Sem opinião

1 = Discordo 3 = Concordo

2 = Concordo parcialmente

Page 150: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

150

prática de Coaching.

Os resultados obtidos no cálculo dos Fatores I e II foram bastante satisfatórios e

revelaram a concordância dos respondentes em relação aos resultados propiciados pela

utilização da prática de Coaching, tanto de negócio quanto de processamento do

conhecimento, conforme valores descritos na Tabela 6.

Tabela 7 – Fatores I e II

Empresas Profissionais Empresas e

Profissionais

Pergunta 7 (Fator I) 2,725 2,587 2,624

Pergunta 8 (Fator II) 2,540 2,561 2,556

Para facilitar a compreensão, foram elaborados diagramas de dispersão permitindo

melhor visualização e interpretação dos resultados obtidos por meio da observação do

padrão de respostas revelado por cada grupo para cada um dos fatores, conforme pode ser

visto na Figura 12.

Com o apoio da apresentação gráfica, tornou-se fácil perceber, nos 4 casos, a

distribuição das ocorrências em sua grande maioria próximas ou acima da linha do intervalo

2,5.

Já sendo conhecida a posição dos grupos em relação aos resultados que a prática de

Coaching pode proporcionar, os itens constituintes de cada fator foram analisados apenas

com o objetivo de destacar aqueles com maior concordância e os com menor concordância

entre os grupos.

Para a pergunta 7, observou-se que itens como desenvolvimento pessoal,

desenvolvimento profissional, aprendizagem individual, desenvolvimento organizacional,

qualidade de liderança e melhorias de desempenho profissional foram considerados os mais

passíveis de exibir resultados em decorrência da prática de Coaching.

Page 151: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

151

FATOR I 2,725 2,587

FATOR II 2,540 2,561

Figura 10 - Diagramas de dispersão

Por outro lado, os itens melhoria de processos organizacionais, qualidade de serviços,

resultados financeiros / produtividade e lucratividade, resultados operacionais / efetividade,

pensamento estratégico e tomada de decisão, melhor gestão de tempo dos profissionais e

satisfação do cliente foram considerados os menos suscetíveis.

As opiniões dos grupos em relação aos itens mostraram-se distintas. Contudo, houve

mais de 80% de concordância parcial e/ou total para todos os itens.

Empresas

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

0 5 10 15 20 25Freqüência

Profissionais

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

0 10 20 30 40 50 60

Freqüência

Profissionais

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

0 10 20 30 40 50 60

Empresas

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Freqüência Freqüência

Page 152: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

152

100,00%

100,00%

100,00%

77,27%

81,82%

68,18%

81,82%

95,45%

80,95%

72,73%

63,64%

81,82%

86,36%

68,18%

63,64%

77,27%

59,09%

90,91%

50,00%

40,91%

45,45%

68,18%

18,18%

18,18%

31,82%

18,18%

4,55%

14,29%

27,27%

31,82%

18,18%

13,64%

27,27%

36,36%

22,73%

36,36%

9,09%

50,00%

50,00%

40,91%

31,82%

4,55%

4,54%

4,55%

4,55%

4,55%

4,76%

4,55%

4,55%

9,09%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Desenvolvimento pessoal

Desenvolvimento profissional

Desenvolvimento organizacional

Mudança de atitudes

Aprendizagem individual

Aprendizagem organizacional

Pensamento estratégico e tomada de decisão

Melhorias de desempenho profissional

Melhorias de desempenho organizacional

Melhor gestão de tempo dos profissionais

Melhoria de processos organizacionais

Trabalho em equipe / colaboração

Melhor comunicação

Motivação

Confiança

Melhor clima organizacional

Qualidade de serviços

Qualidade de liderança

Resultados operacionais / efetividade

Resultados financeiros / produtividade e lucratividade

Satisfação do cliente

Retenção de Talentos

Concordo Concordo Parcialmente Discordo Sem Opinião

Gráfico 15 - Visão do grupo Empresas, relacionada aos efeitos de negócio

O grupo Profissionais mostrou-se mais hesitante em relação aos possíveis efeitos da

prática de Coaching que o grupo Empresas. Este não apresentou discordância superior a 5%

para qualquer dos itens, revelando discordância com apenas 7 itens, como pode ser

observado no Gráfico 15, acima. Aquele, por sua vez, indicou discordar de 17 itens, 9 destes

apresentando mais de 5% de discordância. Os percentuais mais elevados de discordância

foram atribuídos aos itens: melhoria de processos organizacionais, 16,96%; qualidade de

serviços, 13,79%; resultados financeiros / produtividade e lucratividade, 12,07%; e

resultados operacionais / efetividade, 11,86%, conforme descrito no Gráfico 16.

Page 153: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

153

84,75%

88,14%

76,27%

81,36%

83,05%

72,88%

59,32%

77,97%

66,10%

55,93%

49,15%

74,58%

69,49%

75,86%

83,06%

69,49%

50,00%

72,88%

47,46%

43,10%

49,15%

56,90%

13,56%

10,17%

22,03%

16,95%

15,25%

22,04%

30,51%

16,95%

27,12%

32,20%

32,20%

20,34%

27,13%

17,24%

27,13%

34,49%

23,74%

38,99%

41,38%

40,68%

36,21%

8,48%

3,39%

8,48%

16,96%

13,79%

11,86%

12,07%

6,78%

5,17%

13,56%

1,69%

1,69%

1,69%

5,18%

1,69%

3,39%

1,69%

3,39%

1,72%

3,45%

1,69%

1,69%

1,72%

1,69%

1,69%

1,72%

1,69%

1,69%

1,69%

3,39%

3,39%

1,69%

1,69%

1,69%

1,69%

1,69%

1,69%

3,39%

1,69%

3,39%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Desenvolvimento pessoal

Desenvolvimento profissional

Desenvolvimento organizacional

Mudança de atitudes

Aprendizagem individual

Aprendizagem organizacional

Pensamento estratégico e tomada de decisão

Melhorias de desempenho profissional

Melhorias de desempenho organizacional

Melhor gestão de tempo dos profissionais

Melhoria de processos organizacionais

Trabalho em equipe / colaboração

Melhor comunicação

Motivação

Confiança

Melhor clima organizacional

Qualidade de serviços

Qualidade de liderança

Resultados operacionais / efetividade

Resultados financeiros / produtividade e lucratividade

Satisfação do cliente

Retenção de Talentos

Concordo Concordo Parcialmente Discordo Sem Opinião

Gráfico 16 - Visão do grupo Profissionais, relacionada aos efeitos de negócio

A pergunta 8 abordava resultados relacionados ao processamento de conhecimento,

efeitos desejados quando da aplicação de práticas de Gestão do Conhecimento conforme os

critérios apresentados no capítulo 2.

Para o grupo Empresas, os itens que apresentaram maior percentual de concordância

(Gráfico 17) foram: produção de novos conhecimentos individuais e transmissão de

informação / conhecimento, ambos indicando 84,21% e, na seqüência, integração de novos

conhecimentos à estrutura organizacional e transmissão de informação / conhecimento,

ambos exibindo 78,95%.

O grupo Profissionais (Gráfico 18) indicou maior aceitação dos itens ‘espaço de

aprendizagem individual’, 82,46%; ‘troca de experiências, informações e conhecimentos’; e

produção de novos conhecimentos individuais, os dois últimos com 70,18%. O item ‘espaço

de aprendizagem individual’ teve destaque como o item de grande aceitação pelos dois

grupos.

Page 154: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

154

63,16%

78,95%

57,89%

57,89%

84,21%

63,16%

78,95%

84,21%

73,68%

68,42%

68,42%

63,16%

63,16%

57,89%

63,16%

31,58%

15,79%

36,85%

36,85%

10,53%

26,31%

15,79%

10,53%

15,79%

21,06%

26,32%

26,31%

31,58%

31,58%

26,31%

5,26%

5,26%

5,26%

5,26%

5,26%

10,53%

5,26%

10,53%

5,26%

10,53%

5,26%

10,53%

10,53%

5,26%

5,26%

5,26%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Busca por novas informações

Espaço de aprendizagem individual

Espaço de aprendizagem coletiva / organizacional

Troca de experiências, informações e conhecimentos

Produção de novos conhecimentos individuais

Produção de novos conhecimentos de grupo

Integração de novos conhecimentos à estrutura organizacional

Transmissão de informação / conhecimento

Pesquisa / recuperação de informação / conhecimento

Compartilhamento de informação / conhecimento

Re-uso da informação / conhecimento

Reformulação da informação / conhecimento

Melhoria do conhecimento existente e do processo de tomada de decisão

Reflexão e reavaliação do conhecimento produzido

Validação do conhecimento produzido

Concordo Concordo parcialmente Discordo Sem opinião

Gráfico 17 - Visão do grupo Empresas, relacionada aos efeitos de processamento de conhecimento

48,21%

82,46%

66,67%

70,18%

70,18%

61,40%

57,89%

62,50%

40,35%

64,91%

45,61%

52,63%

66,67%

68,42%

60,71%

44,65%

15,79%

31,58%

26,31%

28,07%

33,34%

38,60%

32,14%

45,61%

29,83%

43,86%

40,35%

29,82%

28,07%

35,71%

7,14%

1,75%

1,75%

3,51%

1,75%

5,26%

3,51%

5,36%

5,26%

10,53%

7,02%

3,51%

3,51%

3,57%

14,04%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Busca por novas informações

Espaço de aprendizagem individual

Espaço de aprendizagem coletiva / organizacional

Troca de experiências, informações e conhecimentos

Produção de novos conhecimentos individuais

Produção de novos conhecimentos de grupo

Integração de novos conhecimentos à estrutura organizacional

Transmissão de informação / conhecimento

Pesquisa / recuperação de informação / conhecimento

Compartilhamento de informação / conhecimento

Re-uso da informação / conhecimento

Reformulação da informação / conhecimento

Melhoria do conhecimento existente e do processo de tomada de decisão

Reflexão e reavaliação do conhecimento produzido

Validação do conhecimento produzido

Concordo Concordo parcialmente Discordo

Gráfico 18 - Visão do grupo Profissionais, relacionada aos efeitos de processamento de conhecimento

Page 155: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

155

Novamente, a percepção e a opinião dos grupos em relação aos itens mostraram-se

distintas. E nesse caso, houve mais de 85% de concordância parcial e/ou total para todos os

itens. Destacando o item pesquisa / recuperação de informação / conhecimento como o

menos aceito pelos dois grupos e o item produção de novos conhecimentos individuais como

o melhor aceito, total ou parcialmente.

Do mesmo modo como o descrito para a pergunta 7, o grupo Profissionais mostrou-se

mais receoso em relação aos possíveis efeitos da prática de Coaching que o grupo Empresas.

Por parte do grupo Profissionais, foram relatados percentuais de discordância para

todos os itens contidos na pergunta. Ao passo que para o grupo Empresas, apenas um item

apresentou percentual de discordância, o item ‘compartilhamento de informação /

conhecimento’, 5,26%.

Os itens que apresentaram maior percentual de discordância, segundo o grupo

Profissionais, foram: pesquisa / recuperação de informação / conhecimento, 14,04%; reuso

da informação / conhecimento, 10,53%; busca por novas informações, 7,14%; reformulação

da informação / conhecimento, 7,02%; e compartilhamento de informação / conhecimento,

5,26%.

A análise descritiva das perguntas 7 e 8 ampliou a compreensão da correlação dos

itens contidos em cada uma das perguntas, conforme apurado e validado por meio da análise

fatorial. Pela observação do nível de concordância superior a 80% para todos os itens

analisados, tornou-se mais fácil compreender o que já fora comprovado com a análise

fatorial. A análise dos resultados podia ser calculada de forma global para os dois fatores.

Ante o exposto, comprovou-se a aceitação da possibilidade de se obter efeitos de

negócio e de processamento do conhecimento por meio da aplicação da prática de Coaching.

Mais do que isso, segundo a percepção dos dois grupos, evidenciou-se, também, a

prática de Coaching como uma prática aplicável à Gestão do Conhecimento – constatação

Page 156: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

156

também confirmada com a análise da pergunta 10, apresentada mais adiante.

Antes da discussão dessas importantes validações, porém, buscou-se expandir um

pouco mais as possibilidades apresentadas com as descobertas feitas em função dos

resultados das perguntas 7 e 8. Com base nisso, decidiu-se analisar apenas os resultados

relacionados aos respondentes que afirmaram que a prática de Coaching já se encontrava

implantada na empresa em que trabalhavam. O propósito dessa verificação era investigar a

percepção da existência de resultados em função da real aplicação da prática dentro do

ambiente organizacional.

Pelo enunciado da pergunta 7, previa-se que, além da opinião pessoal do respondente,

aqueles que a tivessem vivenciado direta ou indiretamente já estariam, ao responder à

pergunta, embasando-se nessa experiência. Entretanto, quando da elaboração do

instrumento, não se previa essa mesma possibilidade para a pergunta 8, que só pôde ser

estendida após a validação das perguntas 7 e 8 como fatores de composição de um

instrumento de mensuração.

Sendo assim os resultados encontrados são apresentados na Figura 13.

Os resultados revelados mostraram-se muito positivos. Apesar do tamanho das

amostras retratadas, pôde-se notar que as experiências vividas conduzem a uma boa

avaliação dos efeitos promovidos pela aplicação da prática de Coaching. Os resultados de

desempenho são sugestivos, mas não conclusivos, visto que para retratar o desempenho

efetivo da prática seria necessário ampliar a abrangência da medição para cada um dos casos

de utilização.

Page 157: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

157

RESULTADOS DE NEGÓCIO (FATOR I) 2,733 2,836

RESULTADOS DE PROCESSAMENTO DO CONHECIMENTO (FATOR II) 2,720 2,667

Figura 13- Percepção de efeitos de negócio e de processamento do conhecimento resultantes da prática de Coaching

Dando continuidade à discussão, na pergunta 9 analisaram-se as características

relacionadas ao estágio e à abrangência de iniciativas de Gestão do Conhecimento dentro

das organizações representadas (grupo Empresas) ou referenciadas (grupo Profissionais).

O objetivo almejado nessa abordagem era retratar o contexto organizacional vigente

em relação à Gestão do Conhecimento, independente das práticas adotadas para sua

promoção.

Os resultados relatados foram resumidos nos gráficos 19 e 20.

Profissionais

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

0 2 4 6 8 10 12 14

Profissionais

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

0 2 4 6 8 10 12 14 Freqüência

Empresas

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

0 1 2 3 4 5 6Freqüência

Empresas

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

0 1 2 3 4 5 6Freqüência

Freqüência

Page 158: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

158

73,68%

63,16%

73,68%

73,68%

63,16%

57,89%

57,89%

21,05%

36,84%

26,32%

21,05%

31,58%

15,79%

31,58%

5,26%

5,26%

5,26%

26,32%

5,26%5,26%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Em sua empresa, dados e informações necessários ao desempenho dasresponsabilidades de cada colaborador encontram-se à disposição

Informação e conhecimento são facilmente compartilhados em sua empresa

O compartilhamento de conhecimento é uma iniciativa apoiada por suaempresa

A produção de conhecimento é uma iniciativa estimulada por sua empresa

Gestão do Conhecimento é um tema relevante e discutido em sua empresa.

Existem práticas de Gestão do Conhecimento já implementadas e/ou emfase de implementação em sua empresa

A adoção de práticas de Gestão do Conhecimento encontra-se alinhada àsestratégias e ao modelo de gestão de sua empresa

Concordo Concordo parcialmente Discordo Sem opinião

Gráfico 19 - Conduta organizacional relatada pelo grupo Empresas

20,63%

19,05%

23,81%

31,75%

23,81%

28,57%

19,05%

39,68%

26,98%

36,51%

36,51%

28,57%

25,40%

30,16%

31,75%

46,03%

31,75%

22,22%

39,68%

31,75%

36,51%

7,94%

7,94%

7,94%

9,52%

7,94%

14,29%

14,29%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Em sua empresa, dados e informações necessários ao desempenho dasresponsabilidades de cada colaborador encontram-se à disposição

Informação e conhecimento são facilmente compartilhados em sua empresa

O compartilhamento de conhecimento é uma iniciativa apoiada por suaempresa

A produção de conhecimento é uma iniciativa estimulada por sua empresa

Gestão do Conhecimento é um tema relevante e discutido em sua empresa.

Existem práticas de Gestão do Conhecimento já implementadas e/ou emfase de implementação em sua empresa

A adoção de práticas de Gestão do Conhecimento encontra-se alinhada àsestratégias e ao modelo de gestão de sua empresa

Concordo Concordo parcialmente Discordo Sem opinião

Gráfico 20 - Conduta organizacional relatada pelo grupo Profissionais

Page 159: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

159

O perfil de conduta organizacional revelado pelos dois grupos mostrou-se

completamente distinto. Faz-se relevante lembrar que os dois grupos possuíam perfis

organizacionais diferenciados. O grupo Empresas era composto, em sua grande maioria, por

profissionais da área de Gestão de Pessoas e representava uma amostra bem específica das

organizações brasileiras. Ao passo que o grupo Profissionais era composto por profissionais

especialistas de várias áreas relevantes para este projeto de pesquisa, entretanto, originários

de empresas de diferentes perfis organizacionais não conhecidos. Possivelmente, este último

é um dos motivos para as repostas fornecidas pelo grupo Profissionais ter apresentado menor

homogeneidade em relação às repostas fornecidas pelo grupo Empresas, impossibilitando a

comparação entre os contextos organizacionais revelados. Diante disso, os resultados foram

abordados apenas de forma descritiva e não comparativa.

A pergunta seguinte, de número 9, abordava sete itens. O primeiro tratava sobre a

disponibilidade de dados e informações relevantes ao desempenho das atividades de

trabalho, item que recebeu 94,73% de aceitação por parte do grupo Empresas e 60,31% pelo

grupo Profissionais.

Para o item informação e conhecimento são facilmente compartilhados em sua

empresa, o grupo Empresas revelou 100,00% de concordância para apenas 46,03% de

concordância do grupo Profissionais.

No grupo Empresas destacou-se a concordância total com o item 3, que tratava do

compartilhamento de conhecimento como uma iniciativa apoiada pela organização. Apenas

60,32% do grupo Profissionais concordaram com esse item.

O item 4, a produção de conhecimento é uma iniciativa estimulada por sua empresa,

encontrou 94,73% e 68,26% de concordância junto aos grupos Empresas e Profissionais

respectivamente.

A Gestão do Conhecimento foi considerada um tema relevante e discutido dentro da

Page 160: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

160

empresa para 94,74% do grupo Empresas e 52,38% do grupo Profissionais, conforme

abordado no item 5.

O penúltimo item referia-se à existência de práticas de Gestão do Conhecimento já

implementadas e/ou em fase de implementação dentro da empresa. 73,68% do grupo

Empresas aceitaram essa afirmação como verdadeira para 53,97% do grupo Profissionais.

E por fim, 89,47% do grupo Empresas para 49,21% do grupo Profissionais

concordaram que as práticas de Gestão do Conhecimento adotadas na empresa encontravam-

se alinhadas às estratégias e ao modelo de gestão organizacional.

Depois de conhecido o perfil dos respondentes em relação ao conhecimento da prática

de Coaching e de práticas de Gestão de Pessoas, de Gestão Organizacional, de Liderança e

de Gestão do Conhecimento e de confirmado o potencial da prática de Coaching para

propiciar resultados de negócio e de processamento de conhecimento, assim como após ter-

se retratado o contexto organizacional de Gestão do Conhecimento vivenciado pelos

respondentes, foi possível, então, analisar o resultado revelado pela pergunta 10. Essa

pergunta abordava diretamente a opinião dos respondentes sobre a prática de Coaching ser

considerada como uma iniciativa de Gestão do Conhecimento.

A Figura 14 e o Gráfico 21 retratam os resultados alcançados.

Empresas Profissionais

Figura 11 – Comparação entre gráficos: a prática de Coaching como uma iniciativa de Gestão do Conhecimento

36,92%

40,00%

10,77%

3,08%

3,08% 6,15%

14,29%

57,14%

19,05%

4,76% 0,00%

4,76%

Concordo FortementeConcordo

Concordo ParcialmenteDiscordo

Discordo Fortemente Sem opinião

Page 161: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

161

Gráfico 21 - A prática de Coaching como uma iniciativa de Gestão do Conhecimento (abordagem comparativa)

Os resultados apresentados mostraram-se acima do esperado, revelando a

concordância, sem ressalvas, de mais de 70% dos respondentes dos dois grupos, além do

que, se considerada a participação daqueles que declararam concordar parcialmente, os

percentuais atingiam 90,48% do grupo Empresas e 87,69% do grupo Profissionais.

O nível de discordância apresentado mostrou-se consideravelmente baixo, 4,76% do

grupo Empresas para 6,16% do grupo Profissionais, sendo que, deste último, metade

(3,03%) declarou forte discordância.

Com isso, é possível perceber a concordância, entre ambos grupos, sobre a

possibilidade da aplicação da prática de Coaching como uma iniciativa de Gestão do

Conhecimento.

14,29%

36,92%

57,14%

40,00%

19,05%

10,77%

4,76% 3,08%

0,00%

3,08% 4,76% 6,15%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

Concordo fortemente

Concordo Concordo parcialmente

Discordo Discordo fortemente

Sem opinião

Empresas Profissionais

Page 162: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

162

4.2 AMPLIANDO A DISCUSSÃO

Com os resultados já conhecidos, chegou o momento da verificação das hipóteses

levantadas para a solução do problema definido para este trabalho de pesquisa e, com base nas

descobertas apresentadas na seção anterior, será possível, então, aceitá-las ou rejeitá-las.

A verificação inicia-se pelas hipóteses secundárias:

� Coaching é uma prática pouco conhecida no ambiente organizacional brasileiro;

� Coaching é uma prática pouco utilizada no ambiente organizacional brasileiro;

� A aplicação de Coaching no ambiente organizacional pode produzir resultados

profissionais e organizacionais positivos.

Em seguida, parte-se para a hipótese principal: a prática de Coaching pode ser

aplicada, no ambiente organizacional, como uma prática de Gestão do Conhecimento.

Por último, são relatadas outras descobertas e suas implicações no contexto estudado.

4.2.1 HIPÓTESES SECUNDÁRIAS

4.2.1.1 COACHING É UMA PRÁTICA POUCO CONHECIDA NO AMBIENTE

ORGANIZACIONAL BRASILEIRO

Com base nos resultados levantados a partir das perguntas 3 e 4, é possível rejeitar a

primeira hipótese levantada no início deste trabalho, que declarava ser a prática de Coaching

pouco conhecida no ambiente organizacional brasileiro.

Para tanto, ressalta-se principalmente a representatividade do grupo Empresas e suas

características. A lista de empresas representadas por este grupo engloba as 150 melhores

empresas para se trabalhar no Brasil, eleitas em 2005 (GUIA, 2005). Considerando que mais

Page 163: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

163

de 80% do grupo Empresas revelaram possuir conhecimento amplo ou satisfatório sobre a

prática de Coaching, não é possível classificar a prática como pouco conhecida, ainda que não

se possa classificá-la, também, como amplamente disseminada.

Essa constatação foi corroborada pelos resultados apresentados pelo grupo

Profissionais. Apesar desse grupo não poder ser tratado como uma amostra de representação

nacional significativa, conforme explicado no capítulo 3, o mesmo foi composto por

profissionais de várias partes do Brasil trabalhando para empresas de abrangência estadual,

distrital e nacional, e mais de 70% do grupo declararam possuir conhecimento amplo ou

satisfatório sobre a prática de Coaching.

Os meios descritos por esse grupo para a construção do conhecimento sobre a prática

também precisam ser considerados. Pôde-se perceber a busca pela leitura especializada, a

citação do tema ensinado em cursos acadêmicos, em sua grande maioria cursos de pós-

graduação, a realização de cursos de capacitação dentro das empresas e a busca por formação

específica para os profissionais da área.

Sendo assim a primeira hipótese em discussão foi rejeitada e, apesar de contrária às

expectativas iniciais, essa não se apresenta, de forma alguma, como uma descoberta negativa.

4.2.1.2 COACHING É UMA PRÁTICA POUCO UTILIZADA NO AMBIENTE

ORGANIZACIONAL BRASILEIRO

Seguindo-se a mesma linha da seção anterior, a pergunta 6 foi utilizada como base de

fundamentação para a aceitação ou a rejeição da hipótese que declara a prática de Coaching

como sendo pouco utilizada no ambiente organizacional brasileiro.

Percebeu-se que a utilização da prática ainda se encontra pouco difundida. A

Page 164: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

164

ocorrência de utilização não chega a 20% no grupo Empresas e a 30% no grupo Profissionais

e, ainda assim, em sua grande maioria, apresentam-se como iniciativas isoladas, restritas a

poucos setores e com menos de 10 profissionais envolvidos.

Diante do exposto, a segunda hipótese foi aceita, podendo-se afirmar que a prática de

Coaching ainda é pouco utilizada no ambiente organizacional brasileiro.

4.2.1.3 A PRÁTICA DE COACHING NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL PODE

PRODUZIR RESULTADOS PROFISSIONAIS E ORGANIZACIONAIS

POSITIVOS

Tomando-se por base as investigações realizadas, a aceitação da terceira hipótese

secundária tornou-se viável. As investigações realizadas foram, a princípio, planejadas para

ocorrerem no nível da percepção dos indivíduos e não em nível de ação, ou seja, de aplicação

e verificação direta da prática. Visto que não era objeto da pesquisa avaliar específica e

diretamente casos de utilização da prática para a confirmação da existência de resultados

tangíveis ou intangíveis.

Por outro lado, as investigações conduziram a esta possibilidade e mostraram, não

apenas a concordância dos grupos em relação à produção de resultados positivos, mas

também um caminho para a realização dessa medição, seja no nível da percepção ou no da

ação.

Ressalta-se, assim, que a opinião fundamentada na percepção dos respondentes foi

clara em apontar para a aceitação da prática como geradora de resultados profissionais e

organizacionais em nível de negócio e de processamento do conhecimento e, quando

fundamentada na experiência, também indicou a aceitação da existência de resultados em

Page 165: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

165

ambos os níveis investigados.

Diante do exposto, considera-se a hipótese como aceita.

4.2.2 HIPÓTESE PRINCIPAL

4.2.2.1 COACHING PODE SER APLICADO COMO UMA PRÁTICA DE GESTÃO DO

CONHECIMENTO

A hipótese principal desta pesquisa aborda a aplicação de Coaching dentro das

organizações com o objetivo de promover a Gestão do Conhecimento, dessa forma,

classificando-a como uma prática de Gestão do Conhecimento.

Mais do que buscar a concordância dos respondentes para o aceite dessa hipótese, era

preciso que a prática fosse avaliada considerando-se a promoção de resultados análogos aos

produzidos quando da aplicação de práticas reconhecidas de Gestão do Conhecimento.

Entretanto, conforme visto no capítulo 2, não existe, até este momento, um padrão único que

indique quais são especificamente esses resultados ou que, pelo menos, permita a distinção

entre resultados organizacionais e resultados específicos da Gestão do Conhecimento.

Em função disso, a abordagem de McElroy (1999a; 1999b; 2000; 2003a; 2003b) e de

Firestone e McElroy (2002; 2003; 2005), que sugere uma forma de diferenciação em três

camadas entre os processos da Gestão do Conhecimento, do Conhecimento e do Negócio e

respectivos resultados, foi selecionada para embasar a construção de parte do instrumento de

pesquisa, dando origem às perguntas 7 e 8 do questionário.

De acordo com essa abordagem, a escolha de uma prática ou a definição de uma

estratégia que promova os processos do conhecimento pode ser considerada como um produto

Page 166: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

166

resultante da camada da Gestão do Conhecimento.

A camada de Processamento do Conhecimento, por sua vez, trata dos processos

envolvidos na criação, integração e validação de todo e qualquer conhecimento. Os resultados

são os produtos e os efeitos resultantes desses processos, conforme descrito no capítulo 2, e,

de forma geral, dão origem aos modelos, às estratégias, aos processos organizacionais e à base

do conhecimento da organização. Pode-se dizer que esses resultados embasam e estruturam os

padrões complexos e dinâmicos de realização e aprendizagem do negócio, seja no âmbito

individual, coletivo ou organizacional.

Já a camada de Processos do Negócio é suportada pela base dinâmica do

conhecimento, disponível dentro de uma organização, viabilizando e renovando a execução

das atividades de trabalho. Os resultados promovidos nessa camada do modelo são os

resultados do negócio.

Sendo possível determinar ou comprovar que a prática escolhida influencia

positivamente os resultados desejados, de acordo com os critérios de promoção do

processamento do conhecimento, ou seja, promovendo a criação, integração e a validação do

conhecimento, e que também influencia os resultados de negócio, torna-se viável classificá-la

como uma prática de Gestão do Conhecimento.

Para isso, as perguntas 7 e 8 foram elaboradas com a intenção de evidenciar resultados

advindos da camada de processamento do conhecimento (8) e, também, da camada de

processamento do negócio (7) e associá-los à prática de Coaching.

Os resultados revelados pelos dois grupos de estudo foram elucidativos. Por meio da

pergunta 7 foi possível verificar a aceitação dos respondentes sobre a capacidade da prática de

Coaching em promover resultados de negócio. Se considerados os resultado atribuídos ao

fator I, percebe-se a aceitação por ambos os grupos da possibilidade de influência da prática

de Coaching nos indicadores de negócio. Por sua vez, ao analisar os itens em separado é

Page 167: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

167

curioso notar que o item resultado financeiro/produtividade e lucrativade, que retrata

indicadores de desempenho, foi o que apresentou menor aceitação, mesmo quando itens como

melhoria de desempenho profissional; melhor gestão de tempo dos profissionais; resultados

operacionais/efetividade não apresentaram nenhuma discordância. Mas como este não era o

foco direto de estudo deste trabalho, para que seja possível conhecer melhor o impacto da

prática de Coaching em indicadores de negócio faz-se necessária a realização de estudos de

impacto mais específicos e detalhados buscando compreender a influencia dos itens de cada

fator e de que forma se comportam.

Pela pergunta 8 foi possível verificar a concordância dos grupos sobre os efeitos de

processamento do conhecimento que podem ser propiciados com a prática de Coaching. Neste

caso se considerados os resultados atribuídos ao fator II, percebe-se a aceitação por ambos os

grupos do papel de influência da prática de Coaching no processamento do conhecimento. Ao

analisar os itens em separado é relevante destacar que todos os itens apresentaram mais de

85% de concordância parcial e/ou total. Sendo importante ressaltar também que estes são

resultados que se destacam como critérios para a validação da prática de Coaching em

consonância com a abordagem de Firestone e McElroy.

Considerando os sete critérios de avaliação destacados por Firestone e Mcelroy (2005)

a partir do modelo de referência de McElroy (1999a; 1999b; 2000; 2003a; 2003b) é possível,

com base nos resultados apresentados para as perguntas 7 e 8 e na fundamentação teórica

estudada, concluir que a prática de Coaching, quando empregada com essa finalidade:

8) pode sim influenciar o reconhecimento de problemas no ciclo de execução de

decisões (DEC) e nos processos do negócio, no ciclo de vida do conhecimento

(KLC) ou em qualquer aspecto da Gestão do Conhecimento;

9) pode sim ser vinculada a aspectos do subprocesso de integração do conhecimento

contido no KLC ou na própria base distribuída do conhecimento (BDCO), apesar

Page 168: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

168

de não apresentar mecanismo explícito de diferenciação entre conhecimento e

informação, colabora, por meio do estímulo a análise e a reflexão, para que ocorra

impacto sobre a integração de conhecimento e não apenas sobre a integração de

informação;

10) visa sim à melhoria de captura de informação relevante a um problema em questão

e se apresenta direcionada ao reconhecimento da necessidade, ou não, de obtenção

de informação externa para a solução do problema;

11) visa sim aprimorar as formulações de declaração do conhecimento e viabiliza a

criação de declarações do conhecimento alternativas;

12) visa sim à avaliação de declaração de conhecimento e possibilita a avalição e/ou

teste das declarações de conhecimento;

13) visa sim à aprendizagem individual e/ou de grupo e atende a qualquer um dos

critérios anteriores sobre reconhecimento de problemas, integração do

conhecimento ou a qualquer um dos subprocessos de produção do conhecimento.

14) quando aplicada à própria Gestão do Conhecimento e com este fim, no que se

refere à camada de Gestão do Conhecimento, pode sim facilitar e estimular os

seguintes itens: (a) qualquer aspecto de produção ou integração do conhecimento;

(b) reconhecimento de problemas nos DECs ou processos de negócios; (c)

liderança; (d) a construção de relações externas com outros profissionais de Gestão

do Conhecimento; (e) representação simbólica; (f) mudança nas normas de

processamento do conhecimento; (g) gerenciamento de conflitos relativos a Gestão

do Conhecimento; (h) negociação de recursos; e (i) alocação de recursos.

Indo além, se as perguntas 7 e 8 forem tratadas isoladas do restante do questionário, é

possível notar que constituem um instrumento de avaliação de resultados, devidamente

validado, para duas das camadas conceituadas por Firestone e McElroy, a camada de

Page 169: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

169

processos do negócio e a camada de processamento do conhecimento, bastando, para tanto,

alterar a escala de valores e definir os procedimentos de mensuração. Mesmo que em pequena

escala e apenas validando o nível de satisfação e concordância dos respondentes, pôde-se

verificar a indicação de resultados positivos para os casos em que a prática já se encontrava

implantada.

Finalmente, para que se possa validar por completo a aceitação da hipótese principal

do trabalho de pesquisa é importante mencionar também os resultados apresentados na

pergunta 10, à medida que 90,48% do grupo Empresas para 87,69% do grupo Profissionais

concordaram com a hipótese da aplicação de Coaching como uma prática de Gestão do

Conhecimento.

Sendo assim, com base nos resultados apresentados, considera-se a hipótese aceita e

pode-se declarar a prática de Coaching como uma prática de Gestão do Conhecimento.

4.2.3 OUTRAS DESCOBERTAS E POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES

A execução do plano de pesquisa mostrou ser possível encontrar respostas para o

problema estudado e para as hipóteses levantadas.

Entretanto, mais do que isso, duas novas descobertas emergiram do processo. A

primeira descoberta foi o instrumento de avaliação validado durante o trabalho; e a segunda,

seu potencial de utilização não apenas para avaliação de resultados vinculados à prática de

Coaching, mas também para qualquer prática declarada como prática de Gestão do

Conhecimento.

Por meio da validação estatística, foi possível comprovar a possibilidade de

reutilização do instrumento para outras amostras de estudo e, pela aplicação do instrumento

Page 170: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

170

junto aos grupos estudados, foi possível verificar sua capacidade de medição de resultados de

negócio e de processamento do conhecimento. Apesar de ter sido utilizado no nível da

avaliação da percepção e da opinião, ficou clara a possibilidade de utilização em níveis de

avaliação da aplicação e de avaliação do impacto da aplicação. Com a utilização de escalas de

valores mais amplas e indicadas à medição de desempenho, o instrumento pode vir a ser

utilizado dentro das organizações para relatar os efeitos de adoção de práticas que influenciam

os processos de negócio e do conhecimento.

Contudo, por não ter sido objeto direto, mas resultante, deste trabalho de pesquisa,

percebe-se a necessidade de ampliar os estudos relativos à melhor forma de aplicação do

instrumento junto aos respondentes e quando e como utilizá-lo.

Com isso, inicia-se novamente o ciclo de vida do conhecimento.

4.2.4 RESUMO CONSOLIDADO DOS RESULTADOS

A seguir são apresentados os resultados da pesquisa de forma consolidada com o

propósito de facilitar a visualização e a análise para o leitor.

Pergunta 1: conhecimento de práticas de desenvolvimento de liderança, de desenvolvimento de competências e/ou de aprendizagem organizacional % GRUPOS Amplo Satisfatório Moderado Pouco Nenhum Empresas 36,11% 47,22% 11,11% 2,78% 2,78% Profissionais 31,48% 34,26% 22,22% 9,26% 2,78%

Quadro 8 – Conhecimento de práticas de desenvolvimento de liderança, de desenvolvimento de competências e/ou de aprendizagem organizacional

Pergunta 2: conhecimento de práticas de Gestão Organizacional e de Gestão do Conhecimento % GRUPOS Amplo Satisfatório Moderado Pouco Nenhum Empresas 26,47% 55,88% 8,82% 5,88% 2,94% Profissionais 29,25% 44,34% 18,87% 6,60% 0,94%

Quadro 9 - Conhecimento de práticas de Gestão Organizacional e de Gestão do Conhecimento

Page 171: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

171

Pergunta 3: conhecimento da prática de Coaching % GRUPOS Amplo Satisfatório Moderado Pouco Nenhum Empresas 18,18% 39,39% 30,30% 9,09% 3,03% Profissionais 31,07% 24,27% 18,45% 16,50% 9,71%

Quadro 10 - Conhecimento da prática de Coaching

Pergunta 4: forma como o conhecimento sobre a prática de Coaching foi adquirido

Freqüência

GRUPOS Leitura

especializada Mídia Curso acadêmico Treinamento

específico Outros Empresas 21 7 3 12 8 Profissionais 47 20 35 43 16

Total Acumulado 68 27 38 55 24 Quadro 11 - Forma (quanto ao meio) como o conhecimento sobre a prática de Coaching foi adquirido

Pergunta 5: forma como o conhecimento sobre a prática de Coaching foi adquirido

%

ABORDAGEM GRUPOS

Concordo Fortemente Concordo

Concordo Parcialmente Discordo

Discordo Fortemente

Sem opinião

Empresas 12,50% 41,67% 45,83% 0,00% 0,00% 0,00% Abordagem I - (EXAME| VOCÊ S/A, 2005) Profissionais 16,13% 32,26% 40,32% 8,06% 3,23% 0,00%

Empresas 13,64% 54,55% 22,73% 9,09% 0,00% 0,00% Abordagem II - ICF, 2006 Profissionais 46,77% 35,48% 14,52% 1,61% 0,00% 1,61%

Empresas 13,64% 31,82% 40,91% 13,64% 0,00% 0,00% Abordagem III - abordagem ontológica Profissionais 31,15% 42,62% 22,95% 3,28% 0,00% 0,00%

Empresas 30,43% 47,83% 13,04% 8,70% 0,00% 0,00% Abordagem IV - abordagem comportamental Profissionais 16,39% 42,62% 34,43% 4,92% 1,64% 0,00%

Empresas 27,27% 27,27% 27,27% 18,18% 0,00% 0,00% Abordagem V - TECF, 2004 Profissionais 15,00% 33,33% 38,33% 10,00% 0,00% 3,33%

Quadro 12 - Forma (quanto à abordagem) como o conhecimento sobre a prática de Coaching foi adquirido

Pergunta 6: estágio de implantação da utilização da prática de Coaching dentro da empresa em que trabalha

%

GRUPOS

Sem planos de

implantação Planejada

para o futuro Em processo de

implantação Implantada

Implantada e já apresentando

resultados Não sei

Empresas 37,50% 18,06% 11,11% 5,56% 12,50% 15,28%

Profissionais 30,43% 21,74% 17,39% 8,70% 13,04% 8,70% Quadro 13 - Estágio de implantação da utilização da prática de Coaching dentro das empresas

Page 172: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

172

Pergunta 6.1: abrangência da utilização da prática de Coaching dentro da empresa em que trabalha

Freqüência

GRUPOS Iniciativas

isoladas

Restrita a alguns

departamentos

Esfera gerencial

e/ou diretiva

Profissionais da área técnica

Amplamente disseminada na

empresa

Alinhada aos objetivos e estratégias

organizacionais

Empresas 3 1 9 1 0 6 Profissionais 13 11 8 3 9 11

Total Acumulado 16 12 17 4 9 17 Quadro 14 - Abrangência da utilização da prática de Coaching dentro da empresa em que trabalha

Pergunta 6.2: quantidade de profissionais envolvidos com a prática de Coaching, seja no papel de coach ou de coachee

% GRUPOS 1 a 10 11 a 30 31 a 50 Mais de 50 Não sei

Empresas 71,43% 7,14% 7,14% 14,29% 0,00%

Profissionais 48,28% 20,69% 17,24% 6,90% 6,90%

Freqüência Empresas 10 1 1 2 0 Profissionais 14 6 5 2 2

Total Acumulado 24 7 6 4 2 Quadro 15 - Quantidade de profissionais envolvidos com a prática de Coaching, seja no papel de coach ou de coachee

Pergunta 7: influência do Coaching nos resultados de negócio, com base no entendimento ou na experiência dos respondentes

Fator I - (0 a 3) Empresas 2,725

Profissionais 2,587

Empresas + Profissionais 2,624 Quadro 16 - Fator 1: resultados de negócio

Page 173: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

173

Pergunta 7: influência do Coaching nos resultados do negócio, com base no entendimento ou na experiência dos respondentes

%

ITENS DO FATOR GRUPOS Concordo

Concordo Parcialmente Discordo

Sem Opinião

Empresas 100,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Desenvolvimento pessoal Profissionais 84,75% 13,56% 0,00% 1,69%

Empresas 100,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Desenvolvimento profissional Profissionais 88,14% 10,17% 0,00% 1,69%

Empresas 100,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Desenvolvimento organizacional Profissionais 76,27% 22,03% 0,00% 1,69%

Empresas 77,27% 18,18% 4,55% 0,00%

Mudança de atitudes Profissionais 81,36% 16,95% 0,00% 1,69%

Empresas 81,82% 18,18% 0,00% 0,00%

Aprendizagem individual Profissionais 83,05% 15,25% 0,00% 1,69%

Empresas 68,18% 31,82% 0,00% 0,00%

Aprendizagem organizacional Profissionais 72,88% 22,04% 3,39% 1,69%

Empresas 81,82% 18,18% 0,00% 0,00% Pensamento estratégico e tomada de decisão Profissionais 59,32% 30,51% 8,48% 1,69%

Empresas 95,45% 4,55% 0,00% 0,00% Melhorias de desempenho profissional Profissionais 77,97% 16,95% 1,69% 3,39%

Empresas 80,95% 14,29% 4,76% 0,00% Melhorias de desempenho organizacional Profissionais 66,10% 27,12% 3,39% 3,39%

Empresas 72,73% 27,27% 0,00% 0,00% Melhor gestão de tempo dos profissionais Profissionais 55,93% 32,20% 8,48% 3,39%

Empresas 63,64% 31,82% 4,55% 0,00% Melhoria de processos organizacionais Profissionais 49,15% 32,20% 16,96% 1,69%

Empresas 81,82% 18,18% 0,00% 0,00%

Trabalho em equipe / colaboração Profissionais 74,58% 20,34% 3,39% 1,69%

Empresas 86,36% 13,64% 0,00% 0,00%

Melhor comunicação Profissionais 69,49% 27,13% 1,69% 1,69%

Empresas 68,18% 27,27% 4,55% 0,00%

Motivação Profissionais 75,86% 17,24% 5,18% 1,72%

Empresas 63,64% 36,36% 0,00% 0,00%

Confiança Profissionais 83,06% 13,56% 1,69% 1,69%

Empresas 77,27% 22,73% 0,00% 0,00%

Melhor clima organizacional Profissionais 69,49% 27,13% 1,69% 1,69%

Empresas 59,09% 36,36% 4,55% 0,00%

Qualidade de serviços Profissionais 50,00% 34,49% 13,79% 1,72%

Page 174: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

174

Pergunta 7: influência do Coaching nos resultados do negócio, com base no entendimento ou na experiência dos respondentes

% (CONT.)

Empresas 90,91% 9,09% 0,00% 0,00%

Qualidade de liderança Profissionais 72,88% 23,74% 1,69% 1,69%

Empresas 50,00% 50,00% 0,00% 0,00%

Resultados operacionais / efetividade Profissionais 47,46% 38,99% 11,86% 1,69%

Empresas 40,91% 50,00% 4,54% 4,55%

Resultados financeiros / produtividade e lucratividade Profissionais 43,10% 41,38% 12,07% 3,45%

Empresas 45,45% 40,91% 4,55% 9,09%

Satisfação do cliente Profissionais 49,15% 40,68% 6,78% 3,39%

Empresas 68,18% 31,82% 0,00% 0,00%

Retenção de Talentos Profissionais 56,90% 36,21% 5,17% 1,72% Quadro 17 - Influência do Coaching nos resultados do negócio, com base no entendimento ou na experiência dos respondentes

Pergunta 8: influência do Coaching nos resultados do processamento do conhecimento, com base no entendimento ou na experiência dos respondentes

Fator II - (0 a 3) Empresas 2,540 Profissionais 2,561

Empresas + Profissionais 2,556 Quadro 18 – Fator II: resultados do processamento do conhecimento

Pergunta 8: influência do Coaching nos resultados do processamento do conhecimento, com base no entendimento ou na experiência dos respondentes

%

ITENS DO FATOR GRUPOS Concordo

Concordo Parcialmente Discordo

Sem Opinião

Empresas 63,16% 31,58% 0,00% 5,26%

Busca por novas informações Profissionais 48,21% 44,65% 7,14% 0,00%

Empresas 78,95% 15,79% 0,00% 5,26% Espaço de aprendizagem individual Profissionais 82,46% 15,79% 1,75% 0,00%

Empresas 57,89% 36,85% 0,00% 5,26% Espaço de aprendizagem coletiva / organizacional Profissionais 66,67% 31,58% 1,75% 0,00%

Empresas 57,89% 36,85% 0,00% 5,26% Troca de experiências, informações e conhecimentos Profissionais 70,18% 26,31% 3,51% 0,00%

Empresas 84,21% 10,53% 0,00% 5,26% Produção de novos conhecimentos individuais Profissionais 70,18% 28,07% 1,75% 0,00%

Page 175: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

175

Pergunta 8: influência do Coaching nos resultados do processamento do conhecimento, com base no entendimento ou na experiência dos respondentes

% (CONT.)

Empresas 63,16% 26,31% 0,00% 10,53% Produção de novos conhecimentos de grupo Profissionais 61,40% 33,34% 5,26% 0,00%

Empresas 78,95% 15,79% 0,00% 5,26% Integração de novos conhecimentos à estrutura organizacional Profissionais 57,89% 38,60% 3,51% 0,00%

Empresas 84,21% 10,53% 0,00% 5,26% Transmissão de informação / conhecimento Profissionais 62,50% 32,14% 5,36% 0,00%

Empresas 73,68% 15,79% 0,00% 10,53% Pesquisa / recuperação de informação / conhecimento Profissionais 40,35% 45,61% 14,04% 0,00%

Empresas 68,42% 21,06% 5,26% 5,26% Compartilhamento de informação / conhecimento Profissionais 64,91% 29,83% 5,26% 0,00%

Empresas 68,42% 26,32% 0,00% 5,26% Re-uso da informação / conhecimento Profissionais 45,61% 43,86% 10,53% 0,00%

Empresas 63,16% 26,31% 0,00% 10,53% Reformulação da informação / conhecimento Profissionais 52,63% 40,35% 7,02% 0,00%

Empresas 63,16% 31,58% 0,00% 5,26% Melhoria do conhecimento existente e do processo de tomada de decisão Profissionais 66,67% 29,82% 3,51% 0,00%

Empresas 57,89% 31,58% 0,00% 10,53% Reflexão e reavaliação do conhecimento produzido Profissionais 68,42% 28,07% 3,51% 0,00%

Empresas 63,16% 26,31% 0,00% 10,53% Validação do conhecimento produzido Profissionais 60,71% 35,71% 3,57% 0,00%

Quadro 19 - Influência do Coaching nos resultados do processamento do conhecimento, com base no entendimento ou na experiência dos respondentes

Page 176: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

176

Pergunta 9: opinião dos respondentes sobre a conduta organizacional das empresas em que atuam em relação à Gestão do Conhecimento

%

ITENS DA QUESTÃO GRUPOS Concordo

Concordo Parcialmente Discordo

Sem Opinião

Empresas 73,68% 21,05% 5,26% 0,00% Em sua empresa, dados e informações necessários ao desempenho das responsabilidades de cada colaborador encontram-se à disposição Profissionais 20,63% 39,68% 31,75% 7,94%

Empresas 63,16% 36,84% 0,00% 0,00% Informação e conhecimento são facilmente compartilhados em sua empresa Profissionais 19,05% 26,98% 46,03% 7,94%

Empresas 73,68% 26,32% 0,00% 0,00% O compartilhamento de conhecimento é uma iniciativa apoiada por sua empresa Profissionais 23,81% 36,51% 31,75% 7,94%

Empresas 73,68% 21,05% 5,26% 0,00% A produção de conhecimento é uma iniciativa estimulada por sua empresa Profissionais 31,75% 36,51% 22,22% 9,52%

Empresas 63,16% 31,58% 5,26% 0,00% Gestão do Conhecimento é um tema relevante e discutido em sua empresa Profissionais 23,81% 28,57% 39,68% 7,94%

Empresas 57,89% 15,79% 26,32% 0,00% Existem práticas de Gestão do Conhecimento já implementadas e/ou em fase de implementação em sua empresa Profissionais 28,57% 25,40% 31,75% 14,29%

Empresas 57,89% 31,58% 5,26% 5,26% A adoção de práticas de Gestão do Conhecimento encontra-se alinhada às estratégias e ao modelo de gestão de sua empresa Profissionais 19,05% 30,16% 36,51% 14,29%

Quadro 20 - Opinião dos respondentes sobre a conduta organizacional das empresas em que atuam em relação à Gestão do Conhecimento

Pergunta 10: Coaching como uma iniciativa de Gestão do Conhecimento

%

Concordo

Fortemente Concordo Concordo

Parcialmente Discordo Discordo

Fortemente Sem

opinião Empresas 14,29% 57,14% 19,05% 4,76% 0,00% 4,76%

Profissionais 36,92% 40,00% 10,77% 3,08% 3,08% 6,15%

Quadro 21 - Coaching como uma iniciativa de Gestão do Conhecimento

Page 177: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

177

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES

Neste capítulo final serão abordadas as conclusões referentes ao trabalho, às

descobertas realizadas no decorrer do processo e algumas sugestões de pesquisas futuras que

podem ampliar o escopo de visão relativo à prática de Coaching, ao que tange sua utilização

como prática de Gestão do Conhecimento e aos critérios de validação de práticas e iniciativas

aplicadas com o propósito de promover a Gestão do Conhecimento.

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o teste de hipóteses tratado no capítulo anterior, o objetivo deste

trabalho foi atingido e pode-se dizer que até superou as expectativas ao rejeitar a hipótese de

que o tema é, ainda, pouco conhecido, bem como por permitir a clara visualização da prática

de Coaching como prática de Gestão do Conhecimento.

Apesar do que se esperava, a não aceitação da hipótese que afirmava ser a prática de

Coaching pouco conhecida mostrou-se uma descoberta gratificante. Foi possível perceber que

o assunto desperta interesse em vários profissionais e empresas brasileiras e que a

comunidade de interesse pelo tema encontra-se em crescimento.

Durante o projeto de pesquisas, devido ao espaço de interação criado entre

entrevistador e entrevistados, percebeu-se uma significativa quantidade de respondentes

interessados em ter maior conhecimento sobre o tema e ter acesso aos resultados desta

pesquisa.

Vale ressaltar também os resultados do trabalho de Batista et. al.(2005) junto à

Page 178: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

178

Administração Pública e destacar a proximidade dos percentuais relatados em relação à

adoção do Coaching. Segundo apresentado anteriormente, 28,3% dos órgãos da

Administração Pública Direta e das empresas estatais brasileiras já estavam fazendo uso da

prática. Entretanto, desses, apenas 4,2% declararam estar a prática amplamente disseminada.

Os percentuais de adoção do Coaching e de projetos de implantação planejados para o

futuro apontam para o crescimento gradual da prática. Acredita-se, também, que com um

maior conhecimento da prática, a mesma será mais utilizada e mais pesquisas sobre sua

aplicação e resultados poderão ser realizados.

Espera-se que este trabalho possa ser fonte de referência para os que já manifestaram

interesse e para muito outros que busquem conhecer a prática de Coaching, e que possa

também ser um marco de referência para a aplicação de Coaching com o propósito de

promover e estimular a Gestão do Conhecimento. Mais ainda, espera-se que estimule a

reflexão sobre o propósito de utilização de diversas iniciativas e práticas como práticas de

Gestão do Conhecimento, permitindo a análise e a validação destas em alinhamento com os

propósitos de promoção e realização da Gestão do Conhecimento.

Mesmo não tendo sido objeto deste projeto de pesquisa analisar as abordagens de

Coaching apresentadas e discutir sobre elas, foi possível notar que a visão dos respondentes

encontra-se orientada a obtenção de resultados tangíveis, principalmente, quando se tratam de

resultados organizacionais, possivelmente por preferirem não opinar em situações que não

podem ser facilmente comprovadas. Entretanto, para compreender as causas que conduzem a

essa percepção, seriam necessárias novas pesquisas, assim como estudos de impacto que

permitam o isolamento dos efeitos da prática de Coaching no que tange tanto os resultados de

negócio quanto os resultados de processamento do conhecimento.

Foi possível perceber que os poucos casos de adoção da prática conduzem a uma visão

positiva sobre os resultados que o Coaching pode promover em nível profissional e

Page 179: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

179

organizacional, assim como também foi possível notar que a prática é tida pelos respondentes

como uma prática com alto potencial de promoção de bons resultados, seja no contexto de

negócio ou de processamento do conhecimento.

Ao analisar-se a prática de Coaching como uma prática de Gestão do Conhecimento,

pôde-se avaliar a opinião dos respondentes que, em sua grande maioria, concordou

plenamente com essa possibilidade. Foi possível também verificá-la a partir dos critérios

sugeridos por Firestone e McElroy (2005) representados na pergunta 8 que abordava

especificamente o construto resultado de processamento do conhecimento. Esta pergunta foi

composta por itens que representavam o KLD, o DEC, os processos de reconhecimento e a

solução de problemas percebidos e respondiam aos critérios propostos segundo a abordagem

escolhida. Esses itens deram origem ao construto de avaliação dos resultados de

processamento do conhecimento e por isso são listados a seguir:

� busca por novas informações;

� espaço de aprendizagem individual;

� espaço de aprendizagem coletiva / organizacional;

� troca de experiências, informações e conhecimentos;

� produção de novos conhecimentos individuais;

� produção de novos conhecimentos de grupo;

� integração de novos conhecimentos à estrutura organizacional;

� transmissão de informação / conhecimento;

� pesquisa / recuperação de informação / conhecimento;

� compartilhamento de informação / conhecimento;

� re-uso da informação / conhecimento;

� reformulação da informação / conhecimento;

� melhoria do conhecimento existente e do processo de tomada de decisão;

Page 180: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

180

� reflexão e reavaliação do conhecimento produzido;

� validação do conhecimento produzido.

Por meio deste construto e com base na reação dos respondentes, foi possível também

comprovar a possibilidade de utilização do Coaching como uma prática capaz de auxiliar e

promover a Gestão do Conhecimento dentro das organizações, mesmo que se faça necessário

o estudo de mais casos específicos, longitudinais ou não, aplicados de forma a evidenciar a

influência específica do Coaching dentro do ambiente organizacional, seja no âmbito da

Gestão do Conhecimento ou do próprio desenvolvimento organizacional.

Os resultados obtidos neste trabalho reforçaram a percepção e a opinião formalmente

atestadas pelos respondentes, corroborando e confirmando a prática de Coaching como uma

prática de Gestão do Conhecimento.

Expandindo a discussão, pode-se dizer que a descoberta desse construto como um

instrumento de avaliação do impacto de iniciativas e práticas voltadas à Gestão do

Conhecimento gera novas oportunidades de pesquisa e de utilização podendo ser aplicado na

validação do propósito de aplicação e dos resultados de qualquer prática que se intitule como

uma prática de Gestão do Conhecimento.

Com base na fundamentação teórica apresentada, foi possível também traçar pontos de

confluência entre as duas práticas: ambas dependem da existência de um ambiente favorável

caracterizado pela confiança e respeito mútuo, encontram-se diretamente relacionadas ao

processo de aprendizagem organizacional e estão voltadas à promoção de aprendizagem, com

ênfase no nível de aprendizagem de laço duplo.

Pelo estudo realizado foi possível perceber que tanto o Coaching quanto a Gestão do

Conhecimento podem estimular e promover a capacidade de detecção e solução de problemas,

por meio do aprender a aprender e pelo estímulo à análise e à reflexão.

Na essência, a Gestão do Conhecimento caracteriza-se como um processo que visa

Page 181: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

181

potencializar o que as pessoas sabem, aprendem e como aprendem para criar valor e

diferencial dentro das organizações. O conhecimento, por sua vez, é visto como resultante de

um processo sistêmico de interação social.

Fazer Gestão do Conhecimento não se trata de dominar ou controlar o conhecimento

disponível, mas sim de fazer uso de práticas que: promovam a criação, a validação, a

disseminação e a utilização do conhecimento; e que auxiliem na construção de um ambiente

propício para tal fim. Ambiente esse, em que o conhecimento é submetido a testes e a

avaliação, e que propicia a geração de idéias criativas e produtivas, alinhadas com as

demandas da empresa e com as necessidades de realização profissional dos indivíduos.

Quanto mais apto estiver o indivíduo a participar do processo de construção,

integração e validação do conhecimento, maior a possibilidade deste influenciar e gerar

melhorias auto-sustentáveis na esfera organizacional, além de se tornar agente de construção

de um ambiente propício à aprendizagem, à criação do conhecimento e à interação social.

Como apresentado neste trabalho, o Coaching é uma prática de interação de facilitação

de aprendizagem que pode ser utilizada também com o propósito de auxiliar na construção de

um ambiente propício e de mitigar barreiras existentes em um ambiente de interação social

não propício. Pode ser visto como uma prática colaborativa que auxilia na desmitificação de

respostas e atitudes preestabelecidas, e que conduz à ação e à experimentação consciente, para

que os resultados emergentes sejam constantemente avaliados, repensados e validados.

Caracteriza-se como mais do que um processo de tentativa e erro, já que pressupõe

planejamento, ação e validação. Por meio desta interação, promove-se a experimentação de

criação, o teste de conhecimento; e expande-se a capacidade de auto-reflexão, de adaptação e

de organização em relação às mudanças que ocorrem no ambiente.

Valendo-se disso, pode se dizer que a prática de Coaching caracteriza-se como um

processo de interação colaborativa voltado à promoção e ao estímulo da aprendizagem, em

Page 182: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

182

que o objetivo não é ensinar, mas sim auxiliar o outro a aprender.

A Gestão do Conhecimento é um processo social, assim como o Coaching. Por isso,

ambos devem ser pautados na confiança, para que influenciem de forma positiva o processo

de aprender.

As possibilidades retratadas em razão da prática de Coaching mostraram-se muito

abrangentes não sendo possível aprofundá-las neste trabalho. Entretanto, tornou-se evidente a

possibilidade de utilizá-la para promover e potencializar os diversos processos do KLC, do

processamento do negócio, do processamento do conhecimento e da Gestão do

Conhecimento, por ser esta, sim, uma prática de Gestão do Conhecimento.

Assim, chega-se ao final deste ciclo de conhecimento. Contudo, como o fim de um

ciclo normalmente caracteriza-se pelo o início de um novo, surgem novas declarações de

problemas que precisam ser exploradas, conforme apresentadas no tópico a seguir como

algumas sugestões de pesquisas futuras.

5.2 SUGESTÃO DE PESQUISAS FUTURAS

Por ser este um dos primeiros trabalhos acadêmicos, senão o primeiro, a tratar

diretamente da prática de Coaching no Brasil e o primeiro trabalho a associar a prática de

Coaching à Gestão do Conhecimento dentro do ambiente das organizações, torna-se claro que

muito ainda precisa ser pesquisado e aprofundado a respeito.

A primeira sugestão seria aprofundar as pesquisas relacionadas à mensuração de

resultados advindos da prática de Coaching, a partir de casos de aplicação voltados aos

resultados do processamento de negócio, do processamento do conhecimento e da própria

Gestão do Conhecimento com o intuito de buscar evidências tangíveis e intangíveis sobre a

Page 183: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

183

influência do Coaching no ambiente organizacional.

Acredita-se que o construto aqui validado pode abrir espaço para outros estudos

voltados ao desenvolvimento de metodologia de avaliação dos resultados obtidos com a

prática de Coaching, e, principalmente, de avaliação de práticas de Gestão do Conhecimento,

podendo servir como base de validação para iniciativas que se intitulam práticas de Gestão do

Conhecimento. Dessa forma, garantir a aplicabilidade, a adequação e a validação de qualquer

intervenção dita de Gestão do Conhecimento.

Mas como este não foi o foco direto de estudo deste trabalho, para que seja possível

conhecer melhor o impacto da prática de Coaching ou de qualquer outra prática de Gestão do

Conhecimento em processos e indicadores de negócio e do processamento do conhecimento

faz-se necessária a realização de estudos de impacto, mais específicos e detalhados voltados à

compreensão dos fatores de influência e como estes se inter-relacionam.

Nesse último caso, além de acompanhar a prática em áreas de negócio e de liderança,

seria bastante interessante também acompanhar o processo de Coaching voltado a

profissionais, direta ou indiretamente, responsáveis pela implantação de projetos de Gestão do

Conhecimento e, com isso, verificar os resultados obtidos em relação a cada uma das camadas

da estrutura de processos organizacionais: a de Gestão do Conhecimento, a de Processamento

do Conhecimento e a de Processamento do Negócio.

Indo além, acredita-se que a realização de pesquisas longitudinais e principalmente de

pesquisas multidisciplinares seria muito importante para a consolidação do Coaching no

ambiente organizacional e principalmente como ferramenta de promoção da Gestão do

Conhecimento.

Surge aqui também o desafio de realização de pesquisas multidisciplinares para

avaliação das práticas que se intitulam práticas de Gestão do Conhecimento, permitindo

ampliar a compreensão dos respectivos resultados e influências. E quem sabe fazer uso do

Page 184: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

184

Coaching no apoio à interação dos profissionais das diversas disciplinas que estudam a Gestão

do Conhecimento.

Como já foi dito anteriormente, é preciso buscar consenso e não separação das áreas

que se interessam pelo tema e, com isso, congregar maior robustez aos trabalhos de pesquisa.

Por meio da troca, interação e integração entre as áreas interessadas, a possibilidade de se

alcançar resultados menos contraditórios e ao mesmo tempo mais instigantes se expande.

Page 185: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

185

REFERÊNCIAS

ALBRECHT, K. Um modelo de inteligência organizacional. HSM Management. São Paulo: HSM do Brasil, maio-jun 2004. Disponível em: < http://www.hsmmanagement.com.br/>. Acesso em: ago 2004.

ALENCAR, E. M. L S. A gerência da criatividade. São Paulo: Makron Books, 1996.

ALLEE, V. 12 principles of knowledge management. American society for training and development. Alexandria: [s.n.], 2002a.

______. The Future of Knowledge: Increasing Prosperity through Value Networks. [S.l.]: Butterworth-Heinemann, 2002b.

______. Knowledge networks and communities of practice. OD practitioner, Vol. 32, No. 4, 2000. Disponível em: <http://www.odnetwork.org/odponline/vol32n4/knowledgenets.html >. Acesso em: 15 jan 2006.

______. The knowlege evolution: expanding organizational intelligence. [S.l.]: Butterworth-Heinemann, 1997. Disponível em: < http://www.vernaallee.com/VA/Library.htm >. Acesso em: jan 2006.

ALVEY, S. In: HARVARD BUSINESS SCHOOL PRESS – HBSP. Harvard Business Essentials: coaching and mentoring. Boston, 2004. p. 3.

ARGYRIS, C. Flawed Advice and the Management Trap. New York: Oxford Press, 2000.

______. Entrevista: aprendizado de 2 voltas. HSM Management. São Paulo: HSM do Brasil, nov-dez 1999. Disponível em: < http://www.hsmmanagement.com.br/>. Acesso em: set 2004.

ARGYRIS, C.; SCHON , D. Organizational learning: A theory of action perspective. Massachusetts: Addison-Wesley Publishing, 1978.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6023: informação e documentação / referências / elaboração. Rio de Janeiro, 2002a.

______. NBR 10520: informação e documentação / citações em documentos / apresentação. Rio de Janeiro, 2002b.

______. NBR 14724: informação e documentação / trabalhos acadêmicos / apresentação. Rio de Janeiro, 2002c.

______. NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro, 2003.

BARQUIN, R.C. What is knowledge management? Knowledge and Innovation, Vol. 1, no. 2. [S.l.]: Jan, 2001. p. 127-143. Disponível em: <http://www.kmci.org/media/BarquinKIV1n2.pdf> Acesso em: maio, 2006.

Page 186: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

186

BATESON, G. Steps to an Ecology of Mind. London: Palladin, 1973.

BATISTA et al. Gestão do Conhecimento na Administração Pública. Brasília: Ipea, 2005.

BATISTA. F. F. O governo que aprende: gestão do conhecimento em organizações do executivo. Brasília: Ipea, 2004.

BELL, C. R. Mentor e aprendiz. São Paulo: M. Books do Brasil, 2005

BENNIS, W.; BIEDERMAN, P. Os gênios da organização: as forças que impulsionam a criatividade. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

BERGER, L. As emoções na comunicação professor–aluno: um caminho para o resgate do prazer no ensino superior. Florianópolis, jul. 2002. 315 f. Dissertação (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2002.

BERGERON, B. Essentials of knowledge management. New Jersey, John Wiley & Sons, Inc. Hoboken, 2003.

BEVEREN, J. A Model of Knowledge Acquisition that Refocuses Knowledge Management. Journal of Knowledge Management. Australia: [s.n.] Vol 6 – No. 1, 2002 p. 18-22.

BLANCO, V. et al. Análise comparativa do potencial do modelo Meta Learning como ferramenta de apoio a processos de gestão do conhecimento. In: Workshop Brasileiro de Inteligência Competitiva e Gestão Do Conhecimento, 5., 2004a, Brasília. Anais... Brasília: ABRAIC, 2004a.

BLANCO, V. et al. Criatividade nas Organizações. In: Workshop Brasileiro de Inteligência Competitiva e Gestão Do Conhecimento, 5., 2004, Brasília. Anais… Brasília:, ABRAIC, 2004b.

BLANK, W. The Nine Natural Laws of Leadership. New York: AMACOM, 1995.

CSIKSZENTMIHALYI, M. Gestão qualificada: a conexão entre felicidade e negócio. Porto Alegre: Artmed, 2004.

DAVENPORT, T. H. Pense fora do quadrado: descubra e invista em seus talentos para maximizar resultados da sua empresa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

______. Conhecimento Empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital. São Paulo: Campus, 1998.

DAVENPORT, T. H.; MARCHAND, D. A. A GC é apenas uma boa gestão da informação? In: DAVENPORT, T.H. et al. Dominando a gestão da Informação. São Paulo: Bookman, 2000.

DILLMAN, D. A. Mail and telephone surveys: the total design method. New York: Wiley, 1978.

Page 187: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

187

DOUGLAS, C; MORLEY, W. Executive Coaching: an annotated Bibliography. [S.l.]: Center for Creative Leadership, 2000.

DRUCKER. P. The future that has already happened. Harvard Business Review. [S.l.]: sept-oct, 1997. p. 21

ECHEVERRIA, R. A empresa emergente: a confiança e os desafios da transformação. 1ª. Ed. Brasília: Universa, 1999.

______. Ontologia del lenguaje. 5 ed. Santiago: Dólmen Ediciones, 1998.

ENSHER, E.; MURPHY, S. Power mentoring: how successful mentors and protégés get the most out of their relationships. San Francisco: Jossey-Bass, 2005.

EUROPEAN COACHING INSTITUTE – ECI. Disponível em: < www.europeancoachinginstitute.org/>

FIGUEIREDO, A. M.; SOUZA, S. R. G. Como elaborar projetos, monografias, dissertações e teses: da redação científica à apresentação do texto final. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2005.

FIRESTONE, J; MCELROY, M. Doing Knowledge Management. The Learning Organization, 12, no. 2. [S.l]: Apr 2005. p. 189-212, Pre-publication version. Disponível em: http://www.dkms.com/papers/Doing_KM.pdf >. Acesso em: 15 jul 2005.

______. Key Issues in the New Knowledge Management. KMCI Press / Butterworth-Heinemann, 2003.

______. Generations of Knowledge Management. [S.l.: s.n.]: 2002< Disponível em: <http://www.macroinnovation.com/images/GenerationsKM.pdf > Acesso em: maio 2005.

FITZGERALD, C; BERGER, J. G. Executive coaching: practices & perspectives. 1st Ed. Palo Alto: Davies-Black, 2002.

FREDRICKSON, B. What good are positive emotions? Review of General Psychology, 2. [S.l.]: 1998.

GARDNER, H. Mentes que mudam: a arte e a ciência de mudar as nossas idéias e a dos outros. Porto Alegre: Artmed/Bookman, 2005.

GEUS, A. A Empresa Viva. São Paulo: Campus, 1998.

GRANT, A. Keeping up with the cheese! Research as a foundation for professional coaching of the future. In: Proceedings of the International Coach Federation Conference Symposium on Research and Coaching. Denver, Colorado USA, 2003. Disponível em: <http://www.psych.usyd.edu.au/coach/ICF-USA-Research_Keynote_AMGrant_NOV_2003.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2005.

GUIA Exame-Você S/A: as Melhores empresas para você trabalhar. Ed. Especial. São Paulo: Abril, 2005.

Page 188: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

188

GUNTHER, H. Como elaborar um questionário. In: PASQUALI, L. Instrumentos psicológicos: manual prático de elaboração. Brasília: LabPAM, 1999.

HAIR, J. F. Multivariate Data Analysis: with readings. 4.ed. New Jersey: Prentice-Hall, 1995.

HARGROVE, R. Masterful Coaching: Inspire an “impossible future” while producing extraordinary leaders and extraordinary results. Revised Edition. San Francisco: Jossey-Bass / Pfeiffer, 2002.

______. Masterful coaching fieldbook: grow your business, multiply your profits, win the talent war. San Francisco: Jossey-Bass / Pfeiffer, 1999.

HARVARD BUSINESS SCHOOL PRESS – HBSP. Harvard Business Essentials: coaching and mentoring. Boston, 2004.

HOLLAND, J. H. Sistemas complexos adaptativos e algoritmos genéticos. In: NUSSENZVEIG, H. Complexidade e caos. Rio de Janeiro: UFRJ/COPEA, 1999.

HOUAISS, A. Dicionário houaiss da língua portuguesa. Disponível em: <http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm>.

HUDSON, F. M. The Handbook of Coaching: a comprehensive resource guide for managers, executives, consultants, and human resource Professionals. San Francisco: Jossey-Bass, 1999.

INTERNATIONAL COACH FEDERATION – ICF. Disponível em: < http://www.coachfederation.org/ICF/ >

JONES, W.T. A History of Western Philosophy. New York: Harcourt, Brace and World, 1952.

KILLBURG, R. Executive coaching: developing managerial wisdom in a Word of chaos. 3rd ed. Washington: American Psychological Association, 2002.

KOENIG, M. The third stage of KM emergees. KM World 11, no. 3. [S.l.]: Mar 2002.

KOFMAN, F. Metamanagement: como fazer de sua vida professional uma obra de arte: a nova consciência dos negócios. São Paulo: Antakarana Cultura Arte Ciência, 2002. 3v.

KROGH, G. et al. Facilitando a criação de conhecimento: reinventando a empresa com o poder da inovação contínua. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

KUSKU, I. An adaptative approach to organisational knowledge management. Knowledge and Innovation. Vol. 1, N. 2. [S.l.: s.n]: Jan, 2001.

LOPES, P. Probabilidades e estatística. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 1999.

Page 189: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

189

LOSADA, M. The complex dynamics of high performance teams. Mathematical and Computer Modeling, 30. [S.l.]: 1999, p. 179-192.

LOUREIRO, J. Gestão do conhecimento. Portugal: Centro Atlântico, 2003.

LUCAS, C. M. Organizational Learning: Towards a model for the Canadian Forces. Calgary: University of Calgary, 2003.

MANCILHA, J. Prefácio. In: SHERVINGTON, M. Coaching integral: além do desenvolvimento pessoal. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.

MATOS, G. G. Comunicação sem complicação: como simplificar a prática da comunicação nas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004

MCCAULEY, C. D.; DOUGLAS, C. A. Developmental relationships. In: MCCAULEY, C. D.; VAN VELSOR, E. The center for creative leadership handbook of leadership development. San Francisco: Jossey-Bass, 2004.

MCELROY, M. W. The New Knowledge Management: Complexity, Learning, and Sustainable Innovation. Burlington: KMCI Press/Butterworth-Heinemann, 2003a.

______. Understanding the new knowledge management. [S.l.: s.n]: 2003b. Disponível em: < http://www.macroinnovation.com/images/Understanding_New_KM.pdf > Acesso em: 17 jul 2005.

______. The New Knowledge Management. Knowledge and Innovation: Journal of the KMCI, Vol. 1, no. 1. [S. l.]: Oct, 2000, pp. 43-67.

______. Double-loop knowledge management. [S.l.: s.n]: Aug 1999. Disponível em: < http://www.macroinnovation.com>. Acesso em: set 2005.

______. The Second Generation of KM. Knowledge Management. [S. l.]: Oct. 1999, pp. 86-88.

MCGARRY, D. D. Perceiving the Pattern of Organization in a Family System. Systems Research and Behavioral Science. Syst. Res. 19. [S. l.]: 2002, p. 499-506. Disponível em < http://www.interscience.wiley.com – DOI. 10.1002/sres.504 >

MEGGINSON, D. et al. Mentoring in action. Rev. ed. London: Kogan Page, 2006.

MEGGINSON, D.; CLUTTERBUCK, D. Mentoring in action. 1ST ed. London: Kogan Page, 1995.

MERRIAM-WEBSTER Collegiate. Disponível em: < http://www.merriam-webstercollegiate.com>

MICHELMAN, P. What an Executive Coach Can Do for You. Harvard Business School Working Knowledge. [S. l.]: Jun 2005.

MORESI, E. Metodologia de Pesquisa. Brasília: UCB, 2004.

Page 190: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

190

MORGAN, H. J. et al. The art and practice of leadership coaching: 50 top executive coaches reveal their secrets. New Jersey: Linkage, 2004.

NONAKA, I; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997.

OLALLA, J. Aprendendo a ser. HSM Management. São Paulo: HSM do Brasil, maio-jun 2001. Disponível em: < http://www.hsmmanagement.com.br/>. Acesso em: set 2004.

OLIVEIRA, L. B. C. Manual para apresentação de monografias, dissertações e teses da Universidade Católica de Brasília. 2ª. Ed. Brasília: Universa, 2004.

PASQUALI, L. Análise Fatorial: um manual teórico-prático. Brasília: Laboratório de Pesquisa em Avaliação e Medida – UnB, 1998.

PAULA, M. O sucesso é inevitável: Coaching e carreira. São Paulo: Futura, 2005.

PHILLIPS, J.; MITSCH, D. Coaching for extraordinary results. Alexandria: ASTD, 2003.

POLANYI, M. The tacit dimension. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1966.

POPPER, K. Objective Knowledge: an evolutionary approach. New York: Oxford University Press, 1972.

PRUSAK. L. Gestão do Conhecimento. In: Palestra sobre Gestão do Conhecimento. Brasília: Câmara dos Deputados, 28 mar 2006.

REIS, G. G. Avaliação 360 graus: um instrumento de desenvolvimento gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.

RIBAS JR. C. R. Adaptação brasileira da escala de desejabilidade social de Marlowe-Crowne. Avaliação Psicológica. Vol 3, N. 2. [S. l.]: 2004, pp. 83-92.

RUMMEL, R. J. Applied Factor Analysis. Evanston: Northwestern University Press, 1970.

SANDON, D.; ALLEN, M. The nature of social collaboration: how work really gets done. Reflections, the SoL Journal on knowledge, learning and change. Vol 6, N. 2/3. Cambridge, MA: The Society for Organizational Learning, 2005.

SELIGMAN, M. E. P. Felicidade autêntica: usando a nova psicologia positiva para a realização permanente. Rio de Janeiro, Objetiva, 2004.

SENGE, P. M. A quinta disciplina: a arte e prática da organização que aprende. 11 ed. São Paulo: Ed. Nova Cultura, 2002.

______. As cinco disciplinas. HSM Management. São Paulo: HSM do Brasil, jul-ago 1998. Disponível em: < http://www.hsmmanagement.com.br/>. Acesso em: set 2004.

SHERVINGTON, M. Coaching integral: além do desenvolvimento pessoal. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.

Page 191: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

191

SNELL, R.; CHAK, A. M. The learning organization: Learning and empowerment for whom? Management Learning, 29(3). [S.l.]: 1998. p. 337-364.

SNOWDEN, D. A nova forma de ser simples. HSM Management. São Paulo: HSM do Brasil, jul-ago 2003. Disponível em: < http://www.hsmmanagement.com.br/>. Acesso em: set 2004.

______. Complex acts of knowing: paradox and descriptive self-awareness. Special Edition. Journal of Knowledge Management, 2002.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO – SBGC. Disponível em: < http://www.portalsbgc.org.br/sbgc/portal/ >

STACEY, R. Managing the unknowable: strategic boundaries between order and chaos. San Francisco: Jossey-Bass, 1992

SVEIBY, Karl-Erik. Gestão do conhecimento: as lições dos pioneiros. GlobalBrands – Sveiby Associados. Dez, 2001. Disponível em: <http://www.intangiveis.com.br/artigos.htm>. Acesso em: 18 nov 2005.

THE EXECUTIVE COACHING FORUM - TECF. Disponível em: <www.executivecoachingforum.com >.

THE EXECUTIVE COACHING FORUM - TECF. The Executive Coaching Handbook: Principles and Guidelines for a Successful Coaching Partnership. 3rd Ed. [S.L.]: 2004. Disponível em: <www.executivecoachingforum.com >. Acesso em: 18 mai 2004.

THE INTERNATIONAL CONSORTIUM FOR COACHING IN ORGANIZATIONS – ICCO. Disponível em: < http://www.coachingconsortium.org/ >

THE WORLDWIDE ASSOCIATION OF BUSINESS COACHES – WABC. Disponível em: < http://www.wabccoaches.com/ >

THORNE, K. Coaching for change: practical strategies for transforming performance. London: Kogan Page, 2004.

TING, S. SCISCO, P. The center for creative leadership handbook of coaching. San Francisco: Jossey-Bass, 2006.

TING, S.; HART, E.W. Formal coaching. In: MCCAULEY, C. D.; VAN VELSOR, E. The center for creative leadership handbook of leadership development. San Francisco: Jossey-Bass, 2004.

VALERIO, A. M; LEE, R. J. Executive Coaching: a guide for the HR Professional. USA: Pfeiffer, 2005.

WALKER, S. The Evolution of Coaching; patterns, icons and freedom. International Journal of Evidence Based Coaching and Mentoring Vol. 2, No. 2, Autumn 2004 Page 16-28 Disponível em: <http://www.brookes.ac.uk/schools/education/ijebcm/ijebcm-docs/vol-2-2-walker.pdf!> Acesso em 07 jun 2005.

Page 192: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

192

WHITMORE, J. Coaching para performance: aprimorando pessoas, desempenhos e resultados. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006.

YAREMKO, R. K. et al. Handbook of research and quantitative methods in psychology. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum, 1986.

ZELLER, R. A; CARMINES, E. G. Measurement in the social sciences. London: Cambridge University Press, 1980.

Page 193: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

193

APÊNDICE A – MENSAGENS ENVIADAS AOS RESPONDENTES

GRUPO EMPRESAS Prezado(a) Sr.(a) NOME, Por ser um dos representantes da EMPRESA, que se encontra entre as 150 melhores empresas para se trabalhar, eleita como referência em gestão de pessoas pelo anuário Guia EXAME / VOCÊ S/A, edição 2005, convidamos V.Sa. a participar de uma pesquisa sobre práticas de gestão organizacional. Este trabalho visa reunir informações sobre a prática de Coaching nas organizações com o objetivo de avaliar sua adoção como ferramenta de apoio à gestão organizacional, bem como analisar sua aplicabilidade como uma iniciativa de Gestão do Conhecimento. O universo desta pesquisa foi selecionado com o apoio da Universidade Católica de Brasília e da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento - SBGC. O instrumento de pesquisa encontra-se disponível no site http://www.pesquisas-gc.com.br/coaching e seu preenchimento leva em média 15 minutos. Ao acessar o link o nome de sua empresa já estará disponível, bastando selecioná-lo para iniciar a pesquisa. Após a consolidação dos dados, caso seja seu interesse, enviaremos os resultados da pesquisa. Desde já agradecemos sua contribuição para tornar este estudo significativo e nos colocamos à sua inteira disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas ou questionamentos através do endereço eletrônico [email protected] . Atenciosamente, Valéria BlancoValéria BlancoValéria BlancoValéria Blanco

Obs.: Caso deseje não responder a esta pesquisa, envie mensagem para [email protected] com a frase “Não quero participar” no campo assunto. GRUPO PROFISSIONAIS Prezados, Gostaria de convidar-lhes a participar de minha pesquisa de mestrado que visa reunir informações sobre a prática de Coaching nas organizações, avaliar sua adoção como ferramenta de apoio à gestão organizacional, bem como analisar sua aplicabilidade como uma iniciativa de Gestão do Conhecimento. Sua participação como representante da prática de Coaching é muito importante. Por isso, conto com sua colaboração na discussão deste tema. A pesquisa foi inicialmente encaminhada aos representantes das empresas que se encontram entre as 150 melhores empresas para se trabalhar, eleita como referência em gestão de pessoas pelo anuário Guia EXAME / VOCÊ S/A, edição 2005. Neste momento, busca-se comparar a visão das organizações com a visão de conhecedores, profissionais e/ou especialistas em Gestão do Conhecimento ou em Coaching. Há duas formas de colaboração: responder à pesquisa; e encaminhá-la a outras listas de Coaching ou a indivíduos de

Page 194: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

194

sua rede de relacionamento, envolvidos com a Gestão do Conhecimento ou com a prática de Coaching. Acredito na transferência de conhecimento e no poder das redes de relacionamento, e, justamente, por isso preciso do auxílio dos integrantes de nossa lista para expandir o alcance deste estudo e garantir sua representatividade. O instrumento de pesquisa encontra-se disponível no site http://www.pesquisas-gc.com.br/aplicacao/ e seu preenchimento leva em média 15 minutos. Após a consolidação dos dados, caso seja seu interesse, terei o maior prazer em enviar-lhe os resultados da pesquisa (selecione a opção deseja receber os resultados no instrumento de pesquisa) Desde já agradeço sua contribuição para tornar este estudo significativo e coloco-me à inteira disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas ou questionamentos através do endereço eletrônico [email protected] . Atenciosamente, Valéria BlancoValéria BlancoValéria BlancoValéria Blanco

Coach e Mestranda do MGCTI

Page 195: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

195

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO

Page 196: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

196

Page 197: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

197

Page 198: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

198

Page 199: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

199

Page 200: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

200

Page 201: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

201

Page 202: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

202

Page 203: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

203

Page 204: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

204

APÊNDICE C – CONVITE PRÉ-TESTE

Caro ___________, Gostaria de contar com sua colaboração em meu projeto de pesquisa de mestrado. Antes de enviar a pesquisa ao universo selecionado preciso testar o instrumento, por isso, selecionei algumas pessoas que considero poder me auxiliar nesta tarefa, e você é uma delas!!! Meu trabalho visa reunir informações sobre a utilização da prática de Coaching com o objetivo de descrever sua adoção como ferramenta de gestão organizacional, bem como analisar sua aplicabilidade como uma iniciativa de Gestão do Conhecimento. A pesquisa será encaminhada a representantes das áreas de RH das 150 melhores empresas para se trabalhar, eleitas como referência em gestão de pessoas pelo anuário Guia EXAME / VOCÊ S/A, edição 2005. Não se preocupe se achar que não entende nada sobre o tema, pois um dos objetivos deste teste é perceber se a linguagem está adequada a qualquer pessoa, independente do grau de conhecimento sobre o tema. Além disto, gostaria de medir o tempo necessário para o preenchimento do formulário eletrônico (estimado em 15 minutos) e receber suas sugestões e crítica para que possa melhorar o instrumento. O instrumento de pesquisa estará disponível para teste até dia 24/02, www.pesquisas-gc.com.br, mas não deixe para responder depois, pois com a vida agitada que temos, pode acabar no fim da sua lista de prioridades ou acabar no esquecimento. Isto acontece com mais freqüência do que gostaríamos, não é mesmo? Na página inicial selecione qualquer uma das opções da lista (empresa A, B....) e siga as instruções contidas na página. Aguardo sua opinião sobre o instrumento e para facilitar a resposta segue um breve roteiro. Quanto tempo levou para finalizar o preenchimento da pesquisa? Teve dificuldade em responder alguma pergunta, pois as opções fornecidas não eram suficientes? Ou mesmo adequadas?

NÃO

SIM

Qual? O que sugere como solução?

Encontrou algum erro de português? NÃO

SIM

Qual? O que sugere como solução?

Encontrou algum erro de programação? NÃO

SIM

Qual?

Se fosse um dos selecionados para participar da pesquisa, acha que preencheria o instrumento?

NÃO

SIM

Por favor, se a resposta for negativa, justifique:

Qual sua opinião sobre o formulário eletrônico? Sugestões de melhoria: Deseja receber o resultado do trabalho de pesquisa?

SIM NÃO Após a consolidação dos dados, caso seja seu interesse, enviarei os resultados da pesquisa. Desde já agradeço seu carinho e sua contribuição. Atenciosamente, Valéria BlancoValéria BlancoValéria BlancoValéria Blanco

Page 205: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

205

APÊNDICE D – ROTEIRO DE ALTERAÇÕES PÓS-TESTE

ROTEIRO DE ALTERAÇÃO DE QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO Considerações Gerais

� A numeração das perguntas deve ser omitida em todas as perguntas para evitar problemas com a lógica de navegação vinculada a algumas respostas.

� Para os botões voltar – inserir a lógica de programação de inclusão no banco para perguntas 3, 4, 6 e 7.

� A fonte dos campos para preenchimento está muito pequena, favor aumentar. Página Inicial

� Sem alterações Página 01 – frm1.php

� Retirar numeração da pergunta; � Substituir enunciado para (as alterações estão em negrito ou sobrescritas):

Possui conhecimento de práticas de desenvolvimento de liderança, de desenvolvimento de competências e/ou de aprendizagem organizacional? Amplo Satisfatório Moderado Pouco Nenhuma

Inserir nova página entre frm1 e frm2.

� Pergunta: Possui conhecimento de práticas de Gestão Organizacional e de Gestão do Conhecimento? Amplo Satisfatório Moderado Pouco Nenhum

Página 02 – frm2.php

� Retirar numeração da pergunta; � Substituir enunciado para:

Dentre estas práticas, tem conhecimento da prática de Coaching? Amplo Satisfatório Moderado Pouco Nenhuma

� Programação: Ver quadro de navegação

Page 206: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

206

Página 03

� Retirar numeração da pergunta; � Incluir pontuação final .

Página 04

� Retirar numeração da pergunta; � Correção: não tem crase no enunciando, deve ficar: “... descrevendo a prática...”; � Inserir a opção Concordo parcialmente (no meio, entre o concordo e o discordo) � Apresentar as opções em botões ao invés de listagem, pode ser ao lado do enunciado

como testado para opção 6 e 7, ou abaixo. Talvez abaixo fique melhor e permita aumentar a fonte... O que der menos trabalho, ok?

� Inserir mais uma definição: O Coaching executivo é um processo empírico e individualizado de

desenvolvimento de líderes que constrói a capacidade de um líder atingir

metas organizacionais de curto e longo-prazo. É realizado por meio de

interações um para um (1:1); conduzido com dados advindos de múltiplas

perspectivas; e, baseado em respeito e confiança mútua. A organização, o

executivo e o coach trabalham em parceria para alcançar impacto máximo

(TECF, 2004).

� Inserir referência a seguir no rodapé: TECF. The Executive Coaching Handbook Principles and Guidelines for a Successful Coaching Partnership. The Executive Coaching Forum, Third Edition. Jan 2004. Disponível em: <www.executivecoachingforum.com >. Acesso em: 18 mai 2004.

� Para o botão voltar – inserir a lógica de programação de inclusão de resposta no banco.

Página 05 - frm5.php

� Retirar numeração da pergunta; � Incluir, por último, a opção: Não sei � Programação:

Ver quadro de navegação

Página 5.1 - frm5_1.php

� Retirar numeração da pergunta;

Página 5.2 - frm5_2.php

� Retirar numeração da pergunta; Página 5.3 - frm5_3.php

� Retirar numeração da pergunta; � Incluir, por último, a opção: Não sei � Programação:

Ver quadro de navegação

Page 207: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

207

Página 06 – frm6.php

� Retirar numeração da pergunta; � Substituir no enunciado o termo propicia resultados, por: pode propiciar resultados � Verificar no enunciado se a palavra como (última palavra) encontra-se com

espaçamento entre as letras. � Inserir a opção Concordo parcialmente (no meio, entre o concordo e o discordo) � Apresentar as opções em botões ao invés de listagem � Para o botão voltar – inserir a lógica de programação de inclusão de resposta no

banco. Página 07

� Retirar numeração da pergunta; � Substituir a introdução à pergunta pelo texto abaixo

A Gestão do Conhecimento apresenta-se como um novo campo de estudo em progresso e desenvolvimento. No contexto atual das organizações, representa um processo que visa à obtenção de diferencial competitivo e garantia de longevidade organizacional por meio da inovação constante. E sua aplicação dentro das organizações tem sido caracterizada pela adoção e utilização de práticas provenientes de várias disciplinas e ramos das ciências, destacando-se, mesmo que superficialmente, como um processo multidisciplinar. Algumas dessas práticas, são enumeradas por Bergeron (2003): documentação, colaboração, comunidades de prática, auditoria do conhecimento, mapeamento do conhecimento, mentoring, coaching, análise da rede social, storytelling, treinamento e desenvolvimento profissional.

� Substituir a pergunta, pelo texto abaixo: A seguir são listadas possíveis resultantes da adoção de práticas de Gestão do Conhecimento. Assinale seu grau de concordância sobre a possibilidade destes resultados serem propiciados por meio da aplicação da prática de Coaching:

� Inserir a opção Concordo parcialmente (no meio, entre o concordo e o discordo) � Apresentar as opções em botões ao invés de listagem � Para o botão voltar – inserir a lógica de programação de inclusão de resposta no

banco. � Substituir as referências de rodapé anteriores, pela seguinte referência:

BERGERON, B. Essentials of knowledge management. New Jersey, John Wiley & Sons, Inc. Hoboken, 2003.

Inserir nova página entre frm7 e frm8. Com relação à Gestão do Conhecimento, selecione, para cada uma das assertivas abaixo, a opção que melhor esboce a conduta organizacional de sua empresa: Concordo Concordo

Parcialmente Discordo Sem

Opinião Em sua empresa, dados e informações necessários ao desempenho das responsabilidades de cada colaborador encontram-se à disposição

Informação e conhecimento são facilmente compartilhados em sua empresa

O compartilhamento de conhecimento é uma iniciativa apoiada por sua empresa

A produção de conhecimento é uma iniciativa estimulada por sua empresa

Gestão do Conhecimento é um tema relevante e discutido em sua empresa.

Existem práticas de Gestão do Conhecimento já implementadas e/ou em fase de implementação em sua empresa

A adoção de práticas de Gestão do Conhecimento

Page 208: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

208

encontra-se alinhada às estratégias e ao modelo de gestão de sua empresa

� Para o botão voltar – inserir a lógica de programação de inclusão de resposta no banco.

Página 08 – frm8.php

� Retirar numeração da pergunta; � Inserir a opção Concordo parcialmente (no meio, entre o concordo e o discordo)

Página de identificação – frm9.php

� Substituir a última pergunta da direita, Tempo de experiência na área, para: Tempo de trabalho na área:

Page 209: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

209

APÊNDICE E – ROTEIRO BÁSICO EQUIPE DE TELESSERVIÇOS

ROTEIRO PARA EQUIPE DE TELESSERVIÇOS.

Tema: práticas de gestão organizacional. Delimitação e objetivos: reunir informações sobre a prática de Coaching nas organizações com o objetivo de avaliar sua adoção como ferramenta de apoio à gestão organizacional, bem como analisar sua aplicabilidade como uma iniciativa de Gestão do Conhecimento.

Observação: caso o respondente ateste não conhecer a prática de coaching, favor salientar a importância de responder a pesquisa da mesma forma, pois se apenas os que conhecerem responderem haverá desvio do resultado.

PÚBLICO ALVO

- Representantes das 150 melhores empresas para se trabalhar, eleita como referência em gestão de pessoas pelo anuário Guia EXAME / VOCÊ S/A, edição 2005.

Observação: a pesquisa foi enviada a responsáveis pela área de RH. Entretanto qualquer representante da empresa pode preencher a pesquisa.

O INSTRUMENTO DE PESQUISA

- Formulário eletrônico disponível em http://www.pesquisas-gc.com.br/coaching/ - Tempo médio de preenchimento – 15 minutos

REALIZAÇÃO Apoio com foco acadêmico entre:

- Universidade Católica de Brasília http://www.ucb.br - Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento – SBGC, Pólo DF,

http://www.portalsbgc.org.br/sbgc/portal/ - ASSOCIAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS QUE VISA PROMOVER E DISSEMINAR A GESTÃO DO CONHECIMENTO.

DISPONIBILIZAÇÃO DOS RESULTADOS Após a consolidação dos dados, caso seja interesse do participante, os resultados da pesquisa serão enviados sem qualquer custo. ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS

Endereço eletrônico [email protected] .

Page 210: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

210

APÊNDICE F – SUMÁRIO RESUMIDO (VERSÃO INICIAL)

ESTRUTURA DOCUMENTAL -

ELEMENTOS TEXTUAIS OBJETIVOS ITENS A ABORDAR OBSERVAÇÕES DE

CONSTRUÇÃO

INTRODUÇÃO

Aonde se quer ir? E o que se deseja encontrar?

Buscando algumas respostas pelo caminho.

� Apresentar a temática de forma contextualizada

(“situar o leitor no estado da questão,

colocá-lo a par da relevância do problema

e do método de abordagem”)

� O contexto corporativo contemporâneo

� As exigências impostas (direta ou indiretamente) pelas organizações e pelo próprio profissional do conhecimento

� O esforço e a as dificuldades que precisam ser enfrentadas para se manter na “trilha”

� Mas do que permanecer no caminho, garantir o bom desempenho (individual e organizacional), o “equilíbrio físico e emocional" do profissional do conhecimento e a motivação. Além de promover a criação e o compartilhamento do conhecimento produzido durante o processo

� A utilização da prática de coaching neste contexto buscando resultados pessoais, profissionais e organizacionais.

� Possibilidade de aplicação nos contextos da gestão organizacional e da gestão do conhecimento.

Como percorrer esta trilha?

� Apresentar a organização e estruturação do

trabalho

� Ponto de partida – a largada � Como percorrer a trilha � A chegada: destino final ou apenas

a primeira de muitas caminhadas.

� Apresentação clara, exata e sintética;

� Garantir que a idéia geral do trabalho seja imediatamente repassada aos leitores

Tempo dos Verbos � Presente do Indicativo

CAPÍTULO 1 - O PROBLEMA DE PESQUISA

1.1 Tema -

1.2 Descrição do problema

1.3 Objetivos (Geral e Específicos)

1.4 Justificativa

� Esclarecer o leitor sobre o tema, sua delimitação, o objeto do estudo e suas questões de pesquisa, hipóteses e justificativa.

� Destacar a relevância do problema e como o assunto será tratado.

� Apresentar os objetivos e a contribuição deste trabalho para a área acadêmica.

� Ligação entre o contexto apresentado na introdução

� Apresentação do tema � Formulando o problema (apresentar

/ esclarecer os itens que caracterizam a existência do problema)

� Questão da pesquisa: o problema � Objetivos ( e não-objetivos) � justificativa

Tempo do Verbos � Presente do Indicativo � Futuro Obs.: incluir neste capítulo resultados resumidos da revisão de literatura (ver FIGUEIREDO e SOUZA, 2005, p. 109-121) � Originalidade,

importância, viabilidade e conhecimento do assunto

ESTRUTURA

DOCUMENTAL - ELEMENTOS TEXTUAIS

OBJETIVOS ITENS A ABORDAR OBSERVAÇÕES DE CONSTRUÇÃO

DESENVOLVIMENTO 3ª pessoa ou forma impessoal (se)

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Do geral para o específico

2.1 Gestão do Conhecimento

� Apresentar a Gestão do

Conhecimento no nível conceitual

� Contextualizar a GC e o

trabalhador do Conhecimento

� Apresentar definições sobre GC � O termo GC e a polêmica existente � Apresentar sucintamente o histórico

evolutivo, dando maior ênfase à fase atual (notificar o leitor sobre a abordagem escolhida que será detalhada mais adiante)

� Apresentar o trabalhador do conhecimento (Verificar se antes ou depois do próximo item)

Page 211: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

211

� Descrever a Abordagem

do McElroy, selecionada como base para a construção deste trabalho de pesquisa.

� Apresentar o ambiente que promove a GC (“contexto capacitante” ). o Confiança, comunicação, etc... o Fazer a ligação entre o campo

de estudo e o trabalhador do conhecimento, além de introduzir conceitos como aprendizagem e complexidade que são a base da abordagem do McElroy

� Apresentar abordagem de McElroy

e Firestone

2.2 Gestão do Conhecimento na prática

� Contextualizar a prática

de GC � Analisar o que

caracteriza a prática de gestão do conhecimento

� Apresentar o Coaching

como uma possível prática de GC e contextualizar o objetivo de verificação deste trabalho

� Como fazer GC – apresentar algumas perspectivas de como se fazer GC (visão de alguns autores e se aplicável de situações reais)

� Apresentar a visão do McElroy e

Firestone sobre como identificar uma prática de GC

� Apresentar a prática de coaching

como prática de GC, exemplificando com os estudos apresentados pelo IPEA e OCDE (caso Petrobrás – TD 1022 e 1095)

� Apresentar os critérios de validação da aplicação da prática de GC – McElroy e Firestone - que serão utilizados nesta pesquisa para verificação a aplicação da prática de coaching como prática de GC

ESTRUTURA

DOCUMENTAL - ELEMENTOS TEXTUAIS

OBJETIVOS ITENS A ABORDAR OBSERVAÇÕES DE CONSTRUÇÃO

DESENVOLVIMENTO 3ª pessoa ou forma impessoal (se)

2.3 A prática de Coaching

� Apresentar a prática de Coaching

� Apresentar definições sobre a prática de Coaching

� O que não é coaching – apresentar resumidamente práticas que se confundem com coaching: mentoring e aconselhamento de carreira.

� Apresentar sucintamente o histórico evolutivo de aplicação da prática de coaching e caracterizar o momento atual de busca por reconhecimento como atividade profissional

� A quem se aplica e como se aplica dentro das organizações. Ênfase nas lideranças e no trabalhador do conhecimento (ativista do conhecimento). Barreiras de utilização da prática.

� Apresentar os fundamentos do

Coaching e o ambiente (contexto) de aplicação: o Buscando Mudanças o Reflexão, Consciência e

responsabilidade o Aprender a aprender o Comunicação - Escuta ativa - Propor x Indagar

o Feedback (vínculo com Propor

CITAR: � escala do conhecimento � Aprendizagem (single,

double e triple loop). Obs.: alinhar com o apresentado no item 2.1

Inquiry – conversas públicas e privadas podem ser inseridas no contexto. Ver entrevista Senge com a Saj-nicole Joni Obs.: estou utilizando termos que podem ser associados a determinados

Page 212: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

212

x Indagar) o Desempenho (objetivos e

metas) o Resultados

� Como medir resultados da

aplicação da prática. � Ligação com o próximo tópico

autores, mas não farei uso de conceitos específicos, sim à apresentação de várias abordagens que caracterizam os itens listados. Posteriormente definirei se os termos serão estes mesmos.

2.4 Coaching como prática de GC

� Apontar os pontos de convergência entre as duas áreas de estudo: GC e Coaching

� Apresentar alguns casos (?), iniciativas de aplicação e possibilidades de uso já percebidas na literatura (poucos casos, maior parte se caracteriza como GC sem ter recebido este título pelo autor)

� Comparar as semelhanças percebidas nos fundamentos da GC e do Coaching

� Apresentar possibilidade de utilização da prática e as iniciativas que já têm sido realizadas nesse sentido, mesmo que não comprovadas... (Integração com treinamento e desenvolvimento de liderança – ativistas do conhecimento)

� Aprendizagem deve ser o ponto de ligação entre as duas áreas.

“Coaching is ultimately about facilitating learning, change, and growth. When leader coaches apply their coaching skills to effect learning, change, and growth for the organization as well as individuals, they become catalysts for authentic and sustainable organizational change” (TING e SCISCO, 2006, p. 432)

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1 Universo da pesquisa

3.2 O método

Tempo dos Verbos � Passado

3.2.1 Classificação da pesquisa

3.2.2 Hipóteses

3.2.3 Delimitação da pesquisa

3.3 Procedimentos utilizados

Tempo dos Verbos Passado

CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO E ANÃLISE DOS RESULTADOS

� Apresentar e analisar os resultados obtidos junto às duas amostras, mostrando semelhanças e divergências, sempre que possível.

Tempo dos Verbos � Passado � Presente do Indicativo

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES

3ª pessoa ou forma impessoal (se)

5.1 O que foi descoberto e o que se aprendeu durante a jornada?

Apresentar e comentar os resultados da pesquisa

5.2 Como foi a caminhada?

� Apresentar as Lições aprendidas durante o processo (dificuldades e desafios enfrentados)

� Analisar se os objetivos e as expectativas foram atingidos

5.3 Aonde se chegou? E Aonde se pode ir?

� Apontar possibilidades de trabalhos futuros

5.4 Considerações finais

Page 213: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

213

APÊNDICE G – MODELO DE FICHA DE LEITURA

Page 214: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

214

[1] Título: Why Coaching? Tipo: artigo acadêmico em Periódico Palavras Chave: coaching, leadership, management, self-development, organizational learning, communication, stress management

Autores Tema Problema Solução Observações WALES, 2003 Pesquisa acadêmica de

exploração das experiências de um grupo de gerentes participantes de um programa externo de coaching

Entre tantas ferramentas de desenvolvimento gerencial, por que e quando escolher Coaching? A quais áreas de desenvolvimento melhor se aplica? E quais resultados atinge?

� Pesquisa Qualitativa (estudo de caso) � Sessões quinzenais de coaching (individual) � Uso de questionários semi-estruturados aos

coachees (mínimo 1 ano de coaching) � Apresentação de um modelo: “Inner and Outer

Model of Development”

Realizada em um banco no Reino Unido (UK) durante reestruturação organizacional. Sales & Marketing Department: responsável + 15 de seus gerentes

Referencial Teórico (contextualização): As perguntas do questionário foram baseadas nos seis (06) níveis fundamentais de aprendizagem e mudança que influenciam o indivíduo ou o sistema (Dilts 1196), considerando o ambiente ou contexto onde o trabalho ocorre: oportunidades e restrições; o comportamento dos indivíduos; suas crenças e valores; suas capacidades; seu papel; e suas visão e propósito. Limitações: Os benefícios encontrados partem apenas da visão fenomenológica dos entrevistados. Não houve validação por parte da organização, quantitativa ou qualitativa dos resultados encontrados. As conclusões propostas não parecem representar o resultado da pesquisa e não respondem as perguntas apresentadas no início do trabalho. Conclusões: Das conclusões apontadas a que pareceu coerente com o estudo foi: “Coaching provides a space for profound personal development; it enables managers to understand how to translate personal insights into improved effectiveness and ultimately organizational development” mesmo que não tenha sido validada pela organização, apenas pelos entrevistados. Considerações pessoais:

� A idéia da pesquisa é boa, mas não mostrou embasamento que comprovasse os resultados obtidos e as conclusões propostas. � O modelo proposto de interação de processos de desenvolvimento internos com processos externos por meio da comunicação é interessante, mas precisa ser melhor validado.

Citações Relevantes: 1. “It is vital for leaders and managers to develop an understanding of their internal processes. It is only through knowing one's own internal psychological processes that a person comes to understand and

interact effectively with the external social processes that surround them”���� relação entre processos de desenvolvimento de competencies: internos x externos. 2. “Communication therefore, provides both the channel and the language for describing internal and external experiences, and the means of translating human experiences into learning and development.”

���� Comunicação REFERÊNCIA: WALES, Suzy. Why Coaching? Journal of Change Management. London:Feb 2003. Vol. 3, Iss. 3, p. 275-282 (8 pp.) Document URL: http://proquest.umi.com/pqdweb?did=295610961&Fmt=4&clientId=44606&RQT=309&VName=PQD Dilts, R. (1996) Visionary Leadership Skills, Meta, California.

Detalhamento: 14/04/2005 – note (Outlook) Base: Proquest ProQuest ID: 295610961

Fonte: adaptado de modelo cedido por Ricardo Ájax, aluno egresso do curso de Mestrado em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação da UCB.

Auto-consciência

Auto-confiança

Habilidades de Comunicação

Liderança e Gestão

Assertividade

Entendimento de Diferenças

Gerenciamento de Estresse

Equilíbrio Trabalho / Vida

Desenvolvimento Interno

Desenvolvimento Externo

Page 215: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

215

ANEXO A – LISTAGEM 150 MELHORES EMPRESAS PARA SE TRABALHAR

(2005)

150 MELHORES EMPRESAS PARA SE TRABALHAR - 2005

1 3M 51 Dow 101 Nokia 2 Abn Amro Real 52 Dpaschoal 102 Novartis 3 Accor 53 Eaton (Divisão de Produtos

Automotivos) 103 Novo Nordisk

4 Acsp 54 Eaton (Divisão de Transmissões) 104 Odontoprev 5 Agro Amazônia 55 Elektro 105 Orbitall 6 Albras 56 Eurofarma 106 Organon 7 Alcoa 57 Expresso Medianeira 107 Ouro Fino 8 Alcon 58 Fersol 108 Owens Corning 9 Algar 59 Florestal 109 Patrus Transportes 10 Alphaville Urbanismo 60 Federal Express 110 Pepsico 11 Amanco 61 Fm Pneus 111 Phoenix Passive Components 12 Amazônia Celular 62 Fmc Foodtech 112 Pellegrino 13 American Express Brasil 63 Fmc Química 113 Petroflex 14 Amil 64 Fras-Le 114 Petroquímica União 15 Aspen 65 Fremax 115 Pomarde 16 Aracruz Celulose 66 Gazin 116 Porto Seguro 17 Arvinmeritor (Divisão de

Veículos Comerciais) 67 Givaudan 117 Procter & Gamble

18 Astra 68 Grupo Zema 118 Promon 19 Astrazeneca 69 Herbarium 119 Redecard 20 Belgo-Mineira 70 Hoken International 120 Randon 21 Boehringer Ingelheim 71 Hydronorth 121 Rohm And Hass 22 Bradesco 72 Ihara 122 Sab Company 23 Brascabos 73 Intelbras 123 Sama 24 Brasil Salomão E Matthes 74 International Engines 124 Sankyo Pharma

25 Braskem 75 Ipiranga Química 125 São Bernardo Saúde 26 Bristrol-Myers Squibb 76 Jaguaré 126 Sat 27 Bunge Alimentos 77 Janssen-Cilag 127 Schering-Plough 28 Bv Financeira 78 Laboratório Sabin 128 Senai/Sc 29 Carbocloro 79 Landis+Gyr 129 Serasa 30 Cargill 80 Lilly 130 Sicredi Região dos Vales 31 Caterpillar 81 Lojas Quero-Quero 131 Softway 32 Centroflora 82 Lojas Salfer 132 Spress Informática 33 Certel 83 Magazine Luiza 133 Synteko 34 Chemtech 84 Mann+Hummel 134 Softtek 35 Chubb-Seguros 85 Marbel 135 Stihl 36 Citigroup 86 Marcopolo 136 Telefônica 37 Coats-Unidade Borborema 87 Marelli 137 Thyssenkrupp Divisão de

Produtos Leves 38 Coats-Unidade Extremoz 88 Master 138 Tigre 39 Computer Associates 89 Mb Engenharia 139 Twr Automotive (Lavras) 40 Coca-Cola Brasil 90 Mcr 140 Todeschini 41 Coca-Cola Pe/Pb 91 Microsiga 141 Tokio Marine 42 Copagaz 92 Microsoft 142 Unimed de Blumenau 43 Copesul 93 Milenia 143 Unimed São José do Rio Preto 44 Cpfl Energia 94 Monsanto 144 Unimed Vales do Taquari E Rio

Pardo 45 Credicard 95 Mosaic 145 Veirano Advogados 46 Danisco 96 Mtu Medianeira Transportes 146 Visanet

47 Datasul 97 Multibrás Da Amazônia 147 Volvo 48 Dell 98 Multibrás Eletrodomésticos 148 Weg

49 Diageo 99 Natura 149 Xerox 50 Dixamico 100 Nestlé 150 Zanzini

Page 216: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

216

ANEXO B – MATRIZ FATORIAL ROTACIONADA, 5 FATORES27

Técnica de análise fatorial comum Factor

1 2 3 4 5 q6_16 ,859 ,151 -,007 ,012 -,183 q6_19 ,854 ,100 ,145 -,128 ,165 q6_1 ,829 ,018 -,077 ,337 -,020 q6_18 ,829 ,087 -,035 ,230 ,107 q6_15 ,797 ,102 ,128 ,081 -,138 q6_22 ,797 ,057 ,096 ,072 ,116 q6_13 ,795 ,117 -,022 ,026 -,226 q6_12 ,792 ,220 -,049 -,024 ,059 q6_11 ,787 ,153 ,100 -,171 ,170 q6_8 ,786 ,067 ,087 -,005 -,226 q6_17 ,785 ,145 -,002 -,005 ,357 q6_14 ,759 ,095 ,054 ,075 -,147 q6_9 ,758 ,024 ,070 -,201 -,227 q6_20 ,756 ,103 ,260 -,134 ,323 q6_6 ,754 ,162 ,086 -,009 -,024 q6_3 ,744 ,074 -,139 ,196 -,079 q6_5 ,716 ,014 ,150 ,528 -,018 q6_7 ,714 ,106 ,100 ,199 ,171 q6_2 ,713 ,009 -,069 ,520 -,046 q6_10 ,711 ,065 -,026 ,006 ,194 q6_21 ,699 ,053 ,392 -,139 ,192 q6_4 ,685 ,019 -,044 ,442 ,041 q7_10 ,158 ,846 -,097 -,120 ,087 q7_8 ,027 ,840 -,028 ,162 -,013 q7_4 ,086 ,833 -,050 -,075 -,041 q7_12 ,114 ,809 ,102 -,015 ,406 q7_7 ,095 ,806 ,001 -,001 -,116 q7_6 ,127 ,803 ,067 ,044 ,267 q7_5 ,124 ,801 ,174 ,081 -,218 q7_9 ,047 ,801 -,091 -,075 ,220 q7_11 ,107 ,778 ,061 -,012 -,066 q7_1 ,083 ,777 ,163 ,064 ,053 q7_3 -,009 ,766 ,049 -,087 -,028 q7_13 ,190 ,747 ,318 -,039 -,061 q7_2 ,082 ,633 ,233 ,260 -,157 q7_16 ,132 ,585 ,683 ,066 ,016 q7_17 ,159 ,631 ,645 -,023 -,015

27 - É importante notar que a sigla q6, refere-se à Pergunta 7, enquanto q7, à Pergunta 8.

Page 217: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

217

ANEXO C – MATRIZ FATORIAL ROTACIONADA, 7 FATORES28

Técnica de análise de componentes principais

28 - É importante notar que a sigla P6, refere-se à Pergunta 7, enquanto P7, à Pergunta 8.

Component Matrixa

,789 -,289 -,302 -,024 ,070 ,071 -,071

,781 -,261 ,052 ,157 -,269 -,112 ,021

,761 -,256 -,359 -,170 ,083 -,146 ,071

,757 -,138 -,129 ,249 -,026 ,086 ,258

,746 -,233 -,214 -,002 ,357 -,174 -,081

,746 -,202 -,341 ,072 ,097 ,254 -,042

,740 -,348 ,132 -,012 ,244 -,120 -,162

,724 -,328 ,108 ,036 -,185 ,007 -,416

,718 -,264 ,022 -,029 -,364 -,330 ,179

,716 -,259 -,353 -,260 -,016 -,049 ,030

,709 -,332 -,075 -,051 ,097 -,029 -,011

,706 -,169 -,131 ,140 -,248 ,197 ,321

,689 -,265 ,081 ,208 -,296 -,065 -,053

,683 -,433 ,279 ,066 ,129 ,025 ,023

,681 -,244 ,016 -,135 ,202 ,007 -,001

,672 -,274 ,081 ,052 -,311 -,408 ,022

,645 -,293 -,136 ,037 ,326 -,022 -,109

,636 -,333 -,144 ,210 -,263 ,295 -,305

,622 -,345 ,399 -,307 ,045 ,040 ,220

,608 -,305 ,213 ,287 ,112 ,487 -,033

,603 ,511 -,075 -,192 -,134 ,074 -,073

,578 ,485 -,172 -,413 -,178 ,193 -,059

,564 -,375 ,503 -,069 ,182 ,021 -,057

,561 -,353 ,391 -,118 ,138 ,004 ,363

,539 ,446 -,130 -,512 -,169 ,105 ,027

,421 ,387 ,403 -,327 -,075 ,199 -,189

,435 ,663 -,036 ,225 ,211 -,048 -,090

,447 ,657 ,255 ,083 ,141 -,069 -,074

,471 ,636 ,029 ,266 -,068 -,135 ,163

,560 ,625 -,148 -,046 ,278 -,106 ,032

,384 ,620 -,043 ,163 -,033 ,313 ,203

,569 ,606 -,010 -,027 ,135 -,065 ,277

,489 ,603 ,089 ,206 -,062 ,118 ,103

,502 ,597 ,057 -,079 ,084 ,012 -,009

,548 ,589 -,046 ,282 ,095 -,181 -,051

,497 ,580 ,106 ,070 -,032 -,235 -,303

,540 ,566 ,215 -,039 -,205 -,014 -,118

P6_19

P6_16

P6_20

P6_12

P6_17

P6_11

P6_18

P6_8

P6_15

P6_21

P6_22

P6_6

P6_13

P6_1

P6_7

P6_14

P6_10

P6_9

P6_5

P6_3

P7_13

P7_17

P6_2

P6_4

P7_16

P7_2

P7_9

P7_8

P7_4

P7_12

P7_3

P7_6

P7_7

P7_1

P7_10

P7_11

P7_5

1 2 3 4 5 6 7

Component

Extraction Method: Principal Component Analysis.

7 components extracted.a.

Page 218: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 219: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DE COACHING NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp014586.pdf · valÉria bastos blanco um estudo sobre a prÁtica de coaching no ambiente organizacional

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo