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UM BREVE OLHAR SOBRE O PARÂMETRO CURRICULAR NACIONAL - PCN PLURALIDADE CULTURAL: APROXIMAÇÃO COM O DEBATE SOBRE RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS. Márcia Macêdo Costa¹-PIBID/UFU Dulcinéia Gabriela de M. Santos²-PIBID/UFU Luciane Ribeiro Dias Gonçalves³ - UNICAMP Agência Financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Resumo: O presente artigo tem como objetivo apresentar apontamentos feitos, por meio de análise documental, do documento Pluralidade Cultural, que compõe o acervo dos Parâmetros Curriculares Nacionais-PCNs. Esta foi uma atividade que compôs tarefas reflexivas do PIBID, subprojeto Interdisciplinar, que proporcionou aos estudantes bolsistas ponderarem, no âmbito escolar, sobre os documentos da instituição. Partindo das análises do PCN Pluralidade cultural percebemos avanços conceituais com relação à diversidade cultural. Contudo, isso, nos leva a reflexão referente à postura do professor e a instituição escolar. Entendemos que os docentes têm a dificuldade de trabalhar esse tema em uma sala de aula. Constatamos que a maioria dos professores, em sua prática docente, apenas reproduz o que lhe é imposto por um currículo eurocêntrico. Palavras-Chaves: Pluralidade Escolar-PCN, Professor, PIBID-Interdisciplinar. O presente trabalho traz resultados de atividades de análise documental que compõe as tarefas do Pibid/Interdisciplinar. Participamos, desde março de 2014, do subprojeto Interdisciplinar, que compõe o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência- PIBID. Atualmente as atividades vêm sendo desenvolvidas, em uma escola municipal da cidade de Ituiutaba-Mg. Este programa é financiado pela CAPES- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, no qual oferece bolsas para os discentes do curso de licenciatura, para professores supervisores do ensino básico e aos coordenadores do subprojeto que são professores do ensino superior. O subprojeto tem como caráter interdisciplinar, devido os bolsistas serem estudantes do curso de Pedagogia e História, tendo como objetivo em trabalharem juntos para um 551 III EHECO – CatalãoGO, Agosto de 2015

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UM BREVE OLHAR SOBRE O PARÂMETRO CURRICULAR NACIONAL - PCN

PLURALIDADE CULTURAL: APROXIMAÇÃO COM O DEBATE SOBRE

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS.

Márcia Macêdo Costa¹-PIBID/UFUDulcinéia Gabriela de M. Santos²-PIBID/UFULuciane Ribeiro Dias Gonçalves³ - UNICAMP

Agência Financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Resumo: O presente artigo tem como objetivo apresentar apontamentos feitos, por meio de análisedocumental, do documento Pluralidade Cultural, que compõe o acervo dos Parâmetros CurricularesNacionais-PCNs. Esta foi uma atividade que compôs tarefas reflexivas do PIBID, subprojetoInterdisciplinar, que proporcionou aos estudantes bolsistas ponderarem, no âmbito escolar, sobre osdocumentos da instituição. Partindo das análises do PCN Pluralidade cultural percebemos avançosconceituais com relação à diversidade cultural. Contudo, isso, nos leva a reflexão referente à posturado professor e a instituição escolar. Entendemos que os docentes têm a dificuldade de trabalhar essetema em uma sala de aula. Constatamos que a maioria dos professores, em sua prática docente, apenasreproduz o que lhe é imposto por um currículo eurocêntrico.

Palavras-Chaves: Pluralidade Escolar-PCN, Professor, PIBID-Interdisciplinar.

O presente trabalho traz resultados de atividades de análise documental que

compõe as tarefas do Pibid/Interdisciplinar. Participamos, desde março de 2014, do subprojeto

Interdisciplinar, que compõe o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência-

PIBID. Atualmente as atividades vêm sendo desenvolvidas, em uma escola municipal da

cidade de Ituiutaba-Mg. Este programa é financiado pela CAPES- Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, no qual oferece bolsas para os discentes do

curso de licenciatura, para professores supervisores do ensino básico e aos coordenadores do

subprojeto que são professores do ensino superior.

O subprojeto tem como caráter interdisciplinar, devido os bolsistas serem estudantes

do curso de Pedagogia e História, tendo como objetivo em trabalharem juntos para um

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aperfeiçoamento profissional, e também no que se diz respeito nas questões temáticas pouco

exploradas como classe, discriminação, desigualdade social, raça, gênero entre outros.

Vários são os documentos que compõem o arcabouço jurídico-normativo das

instituições de ensino brasileiro. Tais documentos além de regulamentarem, apontam para

perspectivas teórico-metodológicas que orientam a prática docente. Diante de análise dos

documentos escolares como PPP (Projeto Politico Pedagógico), CBC (Currículo Básico

Comum), Matriz curricular, PDE e outros sugeridos pelo PIBID/ Interdisciplinar sentimos a

necessidade de fazermos análises especificamente do documento PCN- Pluralidade cultural.

Este documento governamental norteia o trabalho pedagógico na perspectiva da

diversidade cultural, tendo como pano de fundo a desigualdade social e a discriminação.

Sendo assim a partir de estudos surgidos no subprojeto PIBID Interdisciplinar, buscou-se

compreender a contribuição deste documento para a compreensão da diversidade existente no

âmbito escolar.

Na perspectiva histórica, o Brasil sofreu diversas influências culturais. A

colonização portuguesa, teve num primeiro momento objetivo explorar as riquezas naturais do

país. Esta postura foi mais exploratória, e isso, teve em decorrência algumas as

transformações na sociedade e ao mesmo tempo este processo provocou diversos problemas

sociais, como classe, etnia e gênero.

Entre estas problemáticas históricas, temos a desigualdade racial e a visão de

superioridade da cultura europeia como entraves que impactam especialmente a Educação. No

ambiente escolar podemos perceber atitudes discriminatórias e preconceituosas de pessoas

que agem de maneira comparativa e hierarquizante das diversas culturas estabelecidas.

Desta forma, os documentos que regem a Educação devem levar em consideração

aspectos relacionados a superar a visão com relação à diferentes grupos raciais, o preconceito

que ainda permanece e que busque incentivar a que todos vivam plenamente a sua cidadania,

cumprindo com seus deveres e conscientes de seus direitos, vivendo de forma digna em toda a

sua totalidade.

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As desigualdades sociais econômicas fazem do Brasil, um país complexo, que

apresenta uma pluralidade cultural diversificada. O tema Pluralidade Cultural sugere a

construção de uma identidade nacional, onde se entende que cultura é aquela que nasce com o

povo, sofre influência da ideologia, sendo necessário que a ética venha definir as relações

sociais e pessoais aqui e além dos limites do Brasil. As desigualdades sociais e a

discriminação pressupõem exclusão social, onde percebe-se que os privilégios sobrepõem os

direitos, originando vários tipos de exclusão na sociedade. Portanto atuar sobre os

mecanismos de exclusão é reconhecer e valorizar a diversidade cultural.

O documento mostra que apesar de todo esse aparato o Brasil esta em busca de

convívio entre as etnias, o enriquecimento de conhecimentos proporcionado pela diversidade,

onde as transformações formem uma sociedade mais justa e reconheça a diversa etnia

brasileira, tendo em vista que o Brasil é formado originalmente por três raças que é o negro,

índio e o branco. A diversidade étnica, lingüística, religiosa nos oferece uma pluralidade de

alternativas, e através dela que se amplia a possibilidade de conhecer a outra cultura, isto é,

não elevar o sujeito a desacreditar de sua própria cultura/tradição, mas sim visionar o respeito

pela diversidade e as diferenças existentes.

Durante muito tempo o Brasil viveu de aparências, camuflando os temas que

desvelam que o país é homogêneo, sem diferenças que nos levava a crer em uma democracia

racial, que venha favorecer a classe dominante que tem interesses que seja assim a fim de

perpetuar o seu domínio. Embora saibam que existem leis que protegem as identidades

étnicas.

A proposta aponta que também existem movimentos de lutas que valorizam as

questões raciais. Propõe que se faça uma ligação da escola com a vida do povo brasileiro, a

fim de que se mudem as mentes em busca de superar e combater o preconceito valorizando o

reconhecimento e o respeito mútuo. Mostra o processo histórico do desenvolvimento da

educação brasileira que passa por vários momentos e começa com a vinda dos Padres Jesuítas

para o Brasil a fim de catequizarem os índios, para que os mesmos se tornassem dóceis à

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exploração dos portugueses. Uma educação destinada aos filhos das elites com intuito de

dominação.

Cabe então à escola cumprir com seu papel de mostrar esse processo aos seus

alunos. Por ser um local de convivências diferenciadas e apresentar um conhecimento

sistematizado, a escola oferece condições para debates e discussões em torno de questões

sociais. Não é somente a escola que ira resolver os problemas de discriminação e preconceito,

mas poderá promover condições de conhecimentos e atitudes que levam a mudança da atual

situação. Para isso a escola precisa organizar para oferecer informações e formação ao

docente, para que o mesmo encontra-se em condições de provocar esta demanda.

Percebe-se então que é muito difícil categorizar o povo brasileiro, devido à mesma ser

composta por diversos sujeitos. Muitas vezes a escola ignora tal fato, silencia, omite a relação

com essa pluralidade cultural. Até mesmo no ensino de história, nos livros didáticos

representa uma pseudo homogeneização, inculcando os alunos que foram os portugueses que

descobriu o Brasil, sendo que já existia os índios no país, desde já o conhecimento nos leva

uma marginalização, e não dando crédito aos que já estavam no território, nesse caso os

índios, e isto infelizmente perpetua nos dias atuais.

Os livros didáticos junto com as escolas se encarregavam de mostrar que a raça

brasileira era composta de três raças: o índio, o branco e o negro. O encobertamento é uma

das práticas que discrimina, excluiu, esconde os sofrimentos, o modo de vida das pessoas. A

escola acaba por consolidar essa prática e nada faz para que elas não ocorram, entre alunos,

funcionários, administração etc. Atitudes de discriminação existem até quando o professor

rotula o aluno de incapaz por pertencer à camada menos favorecida, ou serem pertencentes a

grupos étnicos socialmente discriminados. A desigualdade, a pobreza, o migrante são sempre

alvos também de discriminação e houve momentos nas teorias educacionais que se dizia que a

falta de condições dos alunos era o que se explicava o fracasso escolar, o que originava uma

baixa expectativa na escola com certa camada da população.

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A escola esta marcada por essas práticas discriminatórias que estão enraizadas no

seu interior, precisando que medidas sejam tomadas a fim de reverter esse processo, aonde os

professores venham ter uma melhor formação, conseqüentemente tornando o currículo escolar

mais suficiente.

O documento fala que uma das contribuições para o estudo da pluralidade na escola

esta ligado ao caráter interdisciplinar que o tema Pluralidade Cultural nos oferece, por se

tratar de um campo amplo, muitas áreas do conhecimento faz esta articulação com a mesma.

(FAZENDA, 1997, p. 34) nos fala que:

A interdisciplinaridade perpassa todos os elementos do conhecimento, pressupondoa integração entre eles. Porém, é errado concluir que ela é só isso. Ainterdisciplinaridade está marcada por um movimento ininterrupto, criando ourecriando outros pontos para a discussão.

Vimos então que falar em interdisciplinaridade não é somente conectar uma

disciplina na outra. É preciso ir além, pois a mesma exige um movimento que não requer

ruptura. A autora ainda nos fala que:A apreensão da atitude interdisciplinar garante para aqueles que a praticam, um grauelevado de maturidade. Isso ocorre devido ao exercício de certa forma de encarar epensar os acontecimentos. Aprende-se com a interdisciplinaridade que um fato ousolução nunca é isolado, mas sim conseqüência da relação entre muitos outros.(FAZENDA, 1997, p. 35)

Para trabalhar os temas transversais de acordo com os problemas que envolvem o

ambiente, é preciso ver que o preconceito tem profundas raízes, onde a ignorância leva a

prática da discriminação. Sabe-se que é grande a dificuldade de abordar esse tema pelos seus

muitos aspectos como à localidade, classe, religião, escola etc., sem contar que muitos

docentes encontram-se marginalizados também. Para que haja transformação é preciso que se

mude primeiramente o interior e as atitudes daqueles que o querem, para depois vir a

colaborar com essa possibilidade de transformação. Que seja dado a oportunidade aos

docentes de sair da visão tradicional onde o professor

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[...] apresenta o conteúdo para seus alunos, como pronto e acabado. Busca repassar etransmitir as informações de maneira que os alunos possam repetir e reproduzir omodelo proposto. Como dono da verdade, apresenta-se autoritário, severo, rigorosoe objetivo. Distante dos alunos, procura discipliná-los na sala de aula em nome daobediência, da organização e do silencio. Apresenta os conteúdos de maneirafragmentada, com uma organização em partes, enfocando o conhecimento comoabsoluto e inquestionável. (BEHRENS, 2005, p. 41).

Nessa, visão tradicional de ensino a contribuição com a diversidade não acontece,

já que se fazem necessários as discussões, que vão nortear o trabalho pedagógico. A

Organização das Nações Unidas (ONU) como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),

reconhece que a proposta esta inserida num campo novo, e que os educadores tem dificuldade

com esses temas, dessa forma apresenta a proposta de forma aberta, mostrando um caminho

que vão cooperar com os educadores, estudiosos e sociedade num todo.

A sociedade muda e as mudanças exigem que novas formas de lidar com os problemas

surjam. A LDB nos mostra no artigo 26 que:

Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacionalcomum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimentoescolar, por uma parte diversificada exigida pelas características regionais elocais da sociedade, cultura, da economia e da clientela. (LDB, p.22)

O Documento pressupõe que tem que haver uma ligação dos temas escolares com

os movimentos sociais, universidades e imprensa etc, pois a característica do mesmo é

apresentada como uma construção cultural complexa, onde cada região, cada local tem a suas

características próprias, mas que se entrelaçam formando a identidade nacional.

Embora o PCN- Pluralidade Cultural tenha um objetivo pertinente relacionado à

sociedade como um todo, percebe-se que muito pouco mudou referente a discrepância de

ensino para os dominantes e dominados:

O desafio que se impõe é a transposição de um paradigma conservador quecaracterizou as organizações familiares, religiosas e educativas nos últimos séculos,

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em busca de um novo paradigma, que venha proporcionar a renovação das atitudes,valores e crenças exigidas no final do século XX. (BEHRENS, 2005, p. 39)

Em suma, mesmo que os PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais, tenham

promovido contribuição para que a educação avançasse com relação ao reconhecimento da

diversidade, este documento ainda não tem todos pressupostos epistemológicos para tratar a

temática. Além disso, ainda não é suficiente para a concretização de práticas pedagógicas que

sigam , é preciso que os professores tenham uma formação que os levem a acreditar também

que é possível haver mudanças.

O PCN, “Pluralidade Cultural” vem tratar desse assunto, informando e formando

novos conhecimentos, a fim de que haja superação nessas atitudes de preconceito e

discriminação que está velado e não é apresentado somente em relação à cor de pele, mas

também no que se refere classe social e gênero.

Na análise documental percebemos que o PCN- Pluralidade cultural é dividido em

duas partes. A primeira mostra os aspectos que justificam e envolvem o tema. Trata do

entendimento sobre a necessidade de se viver e ensinar essa pluralidade. Na segunda parte,

são pontuados os objetivos do tratamento sobre a diversidade e elenca eixos temáticos para

orientarem o desenvolvimento de práticas educativas do professor como metodologia e

critérios de avaliação. Já que o Brasil é um país de diversidade, o documento esclarece a

necessidade de se adaptar e acrescentar conteúdos, segundo os interesses e a realidade de cada

comunidade.

Segundo o PCN-Pluralidade Cultural, atualmente vivem no Brasil cerca de 210 etnias

indígenas, cada qual com sua identidade própria, mostrando uma rica diversidade

sociocultural. O referido documento não problematiza questões relacionadas a disseminação

de várias etnias indígenas, as dificuldades que as poucas aldeias sobreviventes passam, a falta

de estrutura, saúde e educação nas mesmas.

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Mostra também que existe uma imensa população que descende dos povos africanos, e

muitos imigrantes que são oriundos de diferentes continentes. Como também a valorização e a

contribuição cultural de diversos grupos nativos e afrodescendentes. Os movimentos contra a

escravidão dos negros no Brasil, revoltas, rebeliões, fugas, quilombos, enfim a trajetória de

várias outras etnias e a situação atual das mesmas.

Então o PCN, Pluralidade Cultural propõe uma escola fundamentada nos

princípios éticos de liberdade, dignidade e equidade, que tem uma proposta curricular voltada

para cidadania que se encontre meios para superar os preconceitos e discriminação na escola e

trabalhar essa interdisciplinaridade.

Na constituição de 1988 encontram-se as leis que combate a discriminação, que dá

direito a religião, a língua materna, e de ter acesso à educação. A geografia e a história do

Brasil nos revelam muitas regiões marcadas pela desigualdade, e o acesso de poucos na

dominação de uma nação. Por muito tempo, acreditava-se que o Brasil não era um país

racista, pois a tendência de tapar os problemas existentes sempre foi uma das suas

características.

O documento pontua a trajetória das etnias, da presença do indígena e dos seus

direitos como povos nativos. A inclusão dos mesmos nos currículos de conteúdos escolares.

Da forma das sociedades européias e da contribuição deles na história brasileira. O Estudo da

história da África e a valorização do seu povo aqui no Brasil, onde nos mostrar o porquê das

tendências, idéias, crenças, cultura, etc., do povo brasileiro. A sociologia também é uma das

áreas que contribuem para essa temática, levando-nos a reflexão e análise principalmente

dentro das salas de aula. Então a sociologia é capaz de trazer

(...) o aspecto humano sociológico na construção do seu conceito deinterdisciplinaridade, nos dizendo que a integração entre pessoas “enfrenta barreirasde diferentes ordens culturais, sociais, temporais, espaciais e materiais. Perpassandotodas elas, uma outra se coloca: a barreira do olhar” ( FAZENDA, 2001, p.143).

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O professor precisa saber que a barreira do olhar às vezes impede de se fazer um

bom trabalho na sala de aula, porque têm olhar que procura a interação, outros podem ser

superficial que não avança, e tem aquele que mostra cumplicidade e no caso da pluralidade

cultural é preciso ter cumplicidade e interação.

Já a Antropologia reconhece o valor de cada cultura e nela que encontraremos

subsidio para entender algumas questões difíceis de ser entendidas como as etnias. Conceitua

raça como um conteúdo biológico que foi usado para inferiorizar uns dos outros, e a etnia

seria um grupo se diferenciando pela especificidade cultural, a etnicidade é a condição que o

individuo tem de pertencer a um grupo étnico, já o etnocentrismo é a tendência que se tem de

tomar a cultura como centro de tudo, e quando penso nas pessoas pelos seus valores e

categorias. É errôneo afirmar que as raças ou etnia são responsáveis pelas desigualdades

sociais e econômicas, pois, durante muito tempo a história do Brasil justificou a

discriminação e exclusão que a nação sofreu e sofre até hoje por ser um país plural-étnico.

Os PCNS mostram que os usos de outras linguagens nos permitiram usar da

transversalidade a fim de crianças e adolescentes conhecer essa diversidade brasileira. Para

serem estudados os aspectos populacionais a escolha dos conteúdos e suas abordagens podem

ser mostrados através da relação de renda, cultura, posição, composição populacional e o

papel da educação. Fazendo uma ligação da população e a sua qualidade de vida.

O tema pluralidade cultural oferece muitas oportunidades de conhecimento amplia a

compreensão e a valorização das culturas que estão presentes no nosso dia a dia. Apura o

nosso senso de justiça, faz de nós pessoas contrárias à discriminação e ao preconceito nos leva

a entender que somos sujeitos de direitos mais também de deveres.

A escola que tem sua concepção de educação que quer fazer dos seus alunos

sujeitos críticos, que tenha compromisso com a cidadania, necessita dos temas voltados à

pluralidade cultural no exercício da democracia, pois a escola não pode omitir ser cúmplice da

discriminação. Preciso que se criem espaços de relação social através do trabalho educativo se

posicionando de modo crítico e responsável perante este problema. Cada pessoa é único, e em

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sua totalidade forma-se a diversidade de culturas, que através do relacionamento num clima

de paz e respeito vão se interagindo. Sabe-se que no Brasil existe o “mito da democracia

racial” o que mostra que o acobertamento é muito comum e faz-se de conta que o problema

não existe. É preciso que o professor assuma a prática de desvelar, o que exige dele

informação, discernimento, sensibilidade e intencionalidade. E isso se pode buscar de maneira

intencional nas lendas, contos, dança: informações de certo grupo que estão à sombra das

diferenças preconceituosas trazendo a tona as questões da discriminação, sendo assim vão

aprendendo e crescendo juntos como um todo. Pluralidade cultural se vive, aprende, ensina,

vai se construindo no coletivo, aonde uns vão ensinando para os outros.

ANÁLISE DO DOCUMENTO

Neste campo, serão apresentados de forma sintética, partes do documento PCN-

Pluralidade Cultural que foi estudado objetivando apreender do documento aspectos como o

objetivo, as etapas e os ciclos de aprendizagens.

De acordo com o documento, o objetivo geral do tema pluralidade cultural é buscar

contribuir para o conhecimento da

diversidade do patrimônio etno-cultural brasileiro, tendo atitude de respeito paracom pessoas e grupos que a compõem, reconhecendo a diversidade cultural comoum direito dos povos e dos indivíduos e elemento de fortalecimento da democracia;valorizar as diversas culturas presentes na constituição do Brasil como nação,reconhecendo sua contribuição no processo de constituição da identidade brasileira;reconhecer as qualidades da própria cultura, valorando-as criticamente,enriquecendo a vivência de cidadania; desenvolver uma atitude de empatia esolidariedade para com aqueles que sofrem discriminação; repudiar todadiscriminação baseada em diferenças de raça/etnia, classe social, crença religiosa,sexo e outras características individuais ou sociais; exigir respeito para si,denunciando qualquer atitude de discriminação que sofra, ou qualquer violação dosdireitos de criança e cidadão; valorizar o convívio pacífico e criativo dos diferentescomponentes da diversidade cultural; compreender a desigualdade social como umproblema de todos e como uma realidade passível de mudanças. (PCN - PluralidadeCultural, 1997, p. 43)

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Os conteúdos da pluralidade cultural para o primeiro e segundo ciclo adotaram os

seguintes critérios; relevância sócia cultural e política, a possibilidade de desenvolvimento de

valores básicos para o exercício da cidadania, a possibilidade de capacitar o aluno a

compreender respeitar e valorizar a diversidade, sociocultural. Sendo que os blocos de

conteúdos devem ser priorizados pelo professor, á partir das características locais do Brasil.

[...] os Parâmetros Curriculares Nacionais representam um primeiro nível deconcretização curricular, é importante salientar que cabe às equipes técnicas e aoseducadores, ao elaborarem seus currículos e projetos educativos, adaptar, priorizar eacrescentar conteúdos, segundo sua realidade particular tanto no que se refere àsconjunturas sociais especificas quanto ao nível de desenvolvimento dos alunos.(PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1997, Vol. 10, p.95).

A organização dos conteúdos é refletida, conforme o Estado, mais é preciso se

adequar á realidade da escola. A Pluralidade cultural vivida pela criança no Brasil apresenta

uma população de origem diversificada valorizando aquilo que é próprio de cada um. Os

temas recomendados são destinados ás necessidades da criança, e o cuidado com idosos, esses

ao nosso ponto de vista deveriam ser priorizados principalmente pelas políticas públicas.

Este bloco enfatiza também como os diferentes grupos humanos se relaciona em

diferentes espaços, exploração da riqueza dos povos indígenas com o meio ambiente

possibilitando transversalizar esses conteúdos com a geografia. Aponta as culturas que

marcam fatos e festas, transversalizando com a história e geografia facilitando a compreensão

da abordagem histórica. Ainda enfoca a educação em diferentes grupos humanos e apresentam

sugestões de conteúdos a serem trabalhados como: Espaço e Pluralidade; Tempo e

Pluralidade, vida sócio-familiar e comunitária; Pluralidade e Educação. Segundo (GALLO,

2001, p. 176) transversalidade “seria cortes transversais, que articulem vários campos, várias

aéreas. Nenhuma relação, portanto, com a noção de temas transversais dos PCN, que são

apenas cortes temáticos por entre as disciplinas”. Os cortes transversais se articulam num

movimento em espiral onde não existe começo e nem fim e não são lineares, já os cortes

temáticos apresentam um começo e um fim. 561

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A situação atual da constituição da pluralidade cultural no Brasil, menciona que para

conhecer a situação dos diferentes povos que vivem aqui é necessária trabalhar aspectos

ligados á suas origens continentais dos conquistadores e imigrantes. Todos os grupos sociais e

étnicos têm histórias é preciso rever como foi em outros momentos da história da

humanidade. A pluralidade cultural propõe uma visão ampla sobre a trajetória dessas culturas

e etnias no Brasil, acreditando ser uma forma de resgatar a dignidade desses povos.

Os conteúdos a serem trabalhados são: Continentes e terras de origem dos povos do

Brasil, trajetórias das etnias, e situação atual da população. Também propõe trabalhar o ser

humano como agente social e produtor de cultura, trabalhar o respeito, a linguagem,

oferecendo a transversalidade com artes: cerâmica artesanal, músicas e danças de certos

grupos étnicos. Deverá estabelecer relações do ser humano como produtor de determinado

utensílio ou objeto de grande valor cultural.

Ainda abordar os regionalismos, os acentos da língua oral, perceber diferentes

sotaques, podendo esse tema transversalizar com a língua portuguesa e geografia e assim

trabalhar expressões típicas regionais, abordagem lingüística com expressões típicas de

grupos étnicos. Assim desenvolverá o respeito e evitará o deboche. Tratar de bilingüismos e

multilínguismos como fator de identidade de diferentes grupos étnicos e criação oral literária

de diferentes culturas tradicionais. Os conteúdos a serem trabalhados por estes temas são

linguagens da pluralidade, nos diferentes grupos étnicos e culturais do Brasil, línguas,

produção do conhecimento de diferentes culturas, valorização do patrimônio lingüístico.

Vimos que então há necessidade da integração do conhecimento humano através das

linguagens e:

O principio de recontextualização que constitui discurso pedagógico seletivamenterefocaliza e relaciona outros discursos, retirando-os de suas práticas reais, por retirá-los da base social de sua prática e das relações de poder associadas a essa basesocial. Tal processo de recontextualização é efetivamente um processo dereposicionamento e refocalização dos textos. Anteriormente produzidos. Ou seja, otexto já não é mais o mesmo: é selecionado de forma diferente, é simplificado,condensado e reelaborado. (LOPES apud BERNSTEIN, 2001, p. 154)

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A autora valoriza as relações e as transformações sociais, principalmente a

recontextualização do conhecimento científico, pois essa linguagem também tem que ser

acessível a todos, de maneira tal que todos tenham acesso ao conhecimento científico de

acordo com sua realidade. O documento fala que “Todas as culturas estão em constante

processo de reelaboração, introduzindo novos símbolos, atualizando valores” (PCN-

Pluralidade Cultural, p.43). Em suma o principio de recontextualização permite a

reelaboração das culturas.

Segundo o PCN, tema pluralidade cultural é uma proposta voltada para a cidadania

porque permite que a criança estabeleça relações entre o equilíbrio democrático, consolida o

cumprimento de direitos. Introduz a noção de que diferentes grupos étnicos e culturais têm

organizações políticas internas próprias. Esse conteúdo poderá ser transversalizado com a

história trabalhando a organização do estado, mostrando as instituições sociopolíticas

constituídas por representantes de diferentes grupos e comunidades. O professor pode

transversalizar com a língua portuguesa através de atividades de correspondência e

entrevistas. Assim poderá exercitar a capacidade de definição coletiva do uso de espaços e

tempos comuns, definição de regras de conduta. Essa vivência oferecerá subsídios para que a

criança compreenda os processos pelos quais se passa em sociedade-local-estadual-regional-

nacional.

Nunca deixar de oferecer meios para a criança compreender que tem direitos de

cidadania e estes englobam diversas dimensões. É preciso dar oportunidade para a criança

conhecer a ECA, Constituição Brasileira, Declaração Universal dos Direitos Humanos, com

isso ela conhecerá não só seus direitos como também seus deveres. Os conteúdos a serem

trabalhados são: Organização Política e pluralidade, Pluralidade de direitos, situações urgentes

no Brasil em relação aos direitos da criança e o fortalecimento a cidadania.

O documento mostra os critérios de avaliação e espera-se que o aluno saiba

conhecer a existência de outros grupos culturais além do seu, reconhecer seu direito a

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existência e respeitar seus modos de vida e suas expressões culturais. Identificar na história do

Brasil, histórias que são vividas de formas diferentes. Os grupos presentes no seu meio seja

no estado, cidade, bairro, na escola ou na classe. Espera-se compreender que a pluralidade é

essencial na garantia da liberdade que o Brasil possui documentos que garante os deveres e o

combate a descriminação.

A avaliação na prática pedagógica tradicional busca respostas prontas e nãopossibilita a formulação de perguntas. Esse fator impede os alunos de seremcriativos, reflexivos e questionadores. A avaliação, de maneira geral, única ebimestral, contempla questões que envolvem a reprodução dos conteúdos propostos,enfatizando e valorizando a memorização, a repetição e a exatidão. (BEHRENS,2005. p. 43).

Vimos que a avaliação segundo o documento não é essa que se pauta na avaliação

tradicional é uma avaliação que vai acontecer no processo, na mudança de comportamento, se

diferenciando da avaliação tradicional que visa respostas exatas. Enfim o documento ressalva

que “[...] pluralidade vive-se, ensina-se e aprende-se. É trabalho de construção, no qual o

envolvimento de todos se dá pelo respeito e pela própria constatação de que, sem o outro,

nada se sabe sobre ele” (PCN – Pluralidade Cultural, p.57), Então entendemos que a avaliação

vai acontecendo durante o processo, no relacionamento uns com o outro, através da

observação.

Ainda são apresentadas no documento orientações didáticas para ajudar no trabalho

do professor, onde o mesmo orienta a escola a criar um ambiente de diálogo cultural,

percebendo a cultura na sua totalidade e o uso de materiais como: fontes vivas, livros,

revistas, jornais, fotos, etc. Embora esses conteúdos das diferentes culturas estejam ligados à

história e a geografia, eles referem-se também a ciências naturais (etnoconhecimentos), língua

portuguesa (expressões regionais), arte e educação física (Expressões culturais).

A organização por ciclo nos permite organizar os conteúdos que serão trabalhados

no 1° e no 2° ciclo. No 1° ciclo a criança aprenderá mais pelo convívio e pelo intercâmbio,

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percepção das linguagens, intermédio por meio de programas de televisão, reportagens na

imprensa escrita, etc. Propor atividades apresentando situações vividas por personagens

fictícios.

O 2° ciclo vai trabalhar a constituição da pluralidade cultural no Brasil, o estudo das

regiões, localização de diferentes grupos étnicos, os professores aproveitam as informações a

cerca da cultura do país, valoriza o repertório e a integração entre o vivido e o aprendido, traz

para a sala de aula o repertório lingüístico e cultural e os repertórios construídos nas relações

familiares e comunitárias. Já as expressões culturais precisam ser criadas em classe com os

alunos.

Foi constatado que os materiais didáticos apresentam alguns erros, isso é preciso ser

revisto como, por exemplo: As informações que traziam sobre a existência de uma

organização social única e comum a todos os índios. O intercâmbio com instituições,

organizações governamentais e não governamentais segundo o documento propicia os alunos

contato direto com grupos humanos distintos do seu ou daqueles com os quais convive. A

abordagem didática da pluralidade cultural deve encaminhar-se para facilitar a compreensão

da criança de que normas e regulamentos, leis são estabelecidas pelas pessoas como formas de

organização da vida coletiva. Os documentos jurídicos serão trabalhados adequados á série.

Marilda Aparecida Behrens fala que

A metodologia na abordagem tradicional caracteriza-se enfaticamente pelas aulasexpositivas e pelas demonstrações que o professor realiza perante a classe. Naabordagem tradicional, a ênfase no ensinar não abriga necessariamente a aprender.Referendada por uma visão cartesiana, a metodologia fundamenta-se em quatropilares: escute, leia, decore e repita. A exposição oral dos conteúdos feita peloprofessor visa ao produto da aprendizagem. (BEHRENS, 2005. p. 43).

Percebe-se que então que o PCN – “Pluralidade Cultural” apresenta avanços nas

questões metodológica do ensino, em comparação a metodologia na abordagem tradicional.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que o PCN Pluralidade cultural apresenta-se não como um

procedimento mas como um currículo prescritivo. No qual foram percebidas por meio da

observação, que alguns professores não demonstraram interesse de se trabalhar essas

temáticas plurais na sala de aula, sendo possível constatar que o ensino se restringe as

proficiências do ensino de português e matemática. Embora o PCN Pluralidade cultural

apresente um padrão curricular comum que não vão contribuir para diminuir as diferenças, o

PCN Pluralidade Cultural, foi uma conquista em favor da educação. Entendemos que

parâmetro deva é algo flexível e não obrigatório. No entanto, as reflexões sobre o PCN

Pluralidade cultural apresentam um grau de diretividade, ligados diretamente aos currículos

escolares, onde são especificados objetivos, conteúdos, avaliação e até mesmo metodologia.

Embora o PCN “Pluralidade Cultural” seja apresentado como cortes temáticos e não cortes

transversais apresentam certa relevância diante da transversalidade, porque pelo menos

percebemos uma tentativa de se articular um tema com as demais disciplinas. Quanto o

processo de avaliação o documento não menciona uma direção, mas um processo que se

restringe na observação, o que aparenta ser uma forma democrática de se avaliar. Em suma,

entendemos que na verdade o conceito de transversalidade e disciplinaridade ainda não foram

compreendidos. Vimos também que a implementação de todos os PCNs, foi desde o início

comprometido por terem sido elaborados por especialistas isolados, sem englobar os

principais interessados como: professores, pesquisadores, alunos, pais e todos os setores e

grupos envolvidos na educação. Se os professores não participaram da sua elaboração,

consequentemente não terão interesses em refletir e agir sobre o mesmo. Sabemos que o curso

de formação não proporciona ao mesmo conhecimento suficiente para analisar e criticar se um

documento nacional faz sentido. Para a implantação de uma proposta é preciso que os

professores tenham tempo e um grupo de estudo, e sabemos que esta não é a nossa realidade.

A conclusão final que chegamos é que um currículo nacional não garante a qualidade da

educação, é preciso um currículo local elaborado e implantado no seio de cada

estabelecimento escolar, visando uma articulação entre os demais. Que as políticas públicas

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entendam que se faz necessário a valorização do professor, escolas bem equipadas com

materiais adequados aos temas transversais como a pluralidade cultural.

Referências Bibliográficas

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In: Currículo: políticas e práticas. Campinas: Papirus, 4ª edição, 2001.

LDB- Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 2ª edição, Brasília, 2001

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