um argumento a favor do livre-arbítrio · strawson, o nosso compromisso com a responsabilidade...

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P4. S inclui pelo menos tantas proposições quantos são os elementos em .f.J(S) (P2, P3). P5. S é um subconjunto de S (teoria-padrão dos conjuntos). P6. S tem um subconjunto que é pelo menos tão grande quanto p(S) (P4, P5). P7. S não tem um subconjunto tão grande quanto p(S) [TC]. Cl. Não há um conjunto S maximal consistente de proposições (reductio, Pl-P7). 30 Um Argumento a favor do livre-Arbítrio Gerald Harrison I lnrke, Randolph. "Toward a Credible Agent-Causal Account of Free Will." Naus 27 (1993): 191-203. \,111 Inwagen, Peter. An Essay on Free Will. Oxford: Oxford University Press, 1983. . "How to Think about the Problem of Free Will." Jaurnal af Ethics 12 (2008): 327-41. 11I ul, Thomas. Essays on the Active Pawers af the Human Mind. Cambridge, MA: The MIT Press, 1969. u.iwson, Peter F. "Freedorn and Resentment." Praceedings af the British Âwdemy 48 (1962): 1-25. I ,dguns filósofos, nossas decisões são livres apenas se forem sem 1 11 11. Para outros, a causação é necessária para impedir que nossas deci- IJllm descontroladas. Para alguns, a causação precisa ser indeterrni- 1.1111 Para outros, ela precisa ser determinista. Para outros ainda, nem I I lisa e nem a outra importa. II cnranto, há uma concordância quase unânime de que o livre- Ililllll l' necessário para estabelecer responsabilidade moral. Ou seja, o \I hfl rio é necessário para nos fazer merecedores de louvor, censura, Illjll'11Sí\ ou punição por nossos atos, e para que sejam válidas as cha- III~ "iu ltudcs reativas", como ressentimento, culpa e perdão. ;I ;lIl'a comum entre contestantes fornece a base para um argumen- (avor do livre-arbítrio. Versões desse argumento (que não 11111 nome específico) foram apresentadas por Thomas Reid, Randol- hllkf', Percr van Inwagcn (Essay) e Peter Strawson, entre outros. illl como l' amplamente aceito que a responsabilidade moral exige ti di 1111, l' I nmhém nmplnmcnt« nrvito que somos moralmente res- ______ L~I

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Page 1: Um Argumento a favor do livre-Arbítrio · Strawson, o nosso compromisso com a responsabilidade moral é tão pro fundamente enraizado que é simplesmente inconcebível que possamos

P4. S inclui pelo menos tantas proposições quantos são os elementos em .f.J(S)

(P2, P3).P5. S é um subconjunto de S (teoria-padrão dos conjuntos).P6. S tem um subconjunto que é pelo menos tão grande quanto p(S) (P4,

P5).P7. S não tem um subconjunto tão grande quanto p(S) [TC].

Cl. Não há um conjunto S maximal consistente de proposições (reductio,

Pl-P7).

30Um Argumento a favor

do livre-ArbítrioGerald Harrison

I lnrke, Randolph. "Toward a Credible Agent-Causal Account of FreeWill." Naus 27 (1993): 191-203.

\,111 Inwagen, Peter. An Essay on Free Will. Oxford: Oxford University Press,1983.

. "How to Think about the Problem of Free Will." Jaurnal af Ethics 12(2008): 327-41.

11I ul, Thomas. Essays on the Active Pawers af the Human Mind. Cambridge,MA: The MIT Press, 1969.

u.iwson, Peter F. "Freedorn and Resentment." Praceedings af the BritishÂwdemy 48 (1962): 1-25.

I ,dguns filósofos, nossas decisões são livres apenas se forem sem11111. Para outros, a causação é necessária para impedir que nossas deci-

IJllm descontroladas. Para alguns, a causação precisa ser indeterrni-1.1111 Para outros, ela precisa ser determinista. Para outros ainda, nem

I I lisa e nem a outra importa.II cnranto, há uma concordância quase unânime de que o livre-

Ililllll l' necessário para estabelecer responsabilidade moral. Ou seja, o\I hfl rio é necessário para nos fazer merecedores de louvor, censura,

Illjll'11Sí\ ou punição por nossos atos, e para que sejam válidas as cha-III~ "iu ltudcs reativas", como ressentimento, culpa e perdão.

;I ;lIl'a comum entre contestantes fornece a base para um argumen-(avor do livre-arbítrio. Versões desse argumento (que não

11111 nome específico) foram apresentadas por Thomas Reid, Randol-hllkf', Percr van Inwagcn (Essay) e Peter Strawson, entre outros.

illl como l' amplamente aceito que a responsabilidade moral exigeti di 1111,l' Inmhém nmplnmcnt« nrvito que somos moralmente res-

______ L~I

Page 2: Um Argumento a favor do livre-Arbítrio · Strawson, o nosso compromisso com a responsabilidade moral é tão pro fundamente enraizado que é simplesmente inconcebível que possamos

ponsáveis por pelo menos parte do que fazemos durante parte do tempo.Para Reíd, foi fundamental o princípio de que "alguns aspectos da conduta humana mereçam louvor e outros censura" (361). Segundo PetctStrawson, o nosso compromisso com a responsabilidade moral é tão profundamente enraizado que é simplesmente inconcebível que possamosabrir mão dele, e assim a realidade da responsabilidade moral estabeleceuma condição-limite para onde pode levar um argumento racional.

Se a nossa responsabilidade moral está além de qualquer dúvidarazoável, então tem que estar além de qualquer dúvida razoável que (('mos livre-arbítrio, já que o primeiro pressupõe o último. Assim, temos (,nosso argumento positivo a favor do livre-arbítrio.

Nem todo mundo aceita esse argumento. Uma minoria significativade filósofos nega que sejamos moralmente responsáveis. Há, afinal, forll'"argumentos a favor do livre-arbítrio ser incompatível com o determinisrnue a favor de ele ser incompatível com o indeterminismo. Tais argumentopodem ser usados para levantar dúvidas sobre se temos livre-arbítrio, (assim para levantar dúvidas sobre responsabilidade moral.

Para a maioria, no entanto, a crença de que somos moralmente rcponsáveis tem maior plausibilidade inicial do que qualquer uma das pwmissas de um argumento que leve à negação do livre-arbítrio. Assim, 11

responsabilidade moral fornece o melhor argumento positivo para IX'II

sar que temos livre-arbítrio.

Há, além do mais, argumentos aparentemente irrefutáveis que, seforem corretos, demonstram que a existência de responsabilidade moralacarreta a existência de livre-arbítrio e, portanto, se o livre-arbítrio nãoexiste, a responsabilidade moral também não existe. Mas é evidente quea responsabilidade moral existe: se não houvesse tal coisa como a rcsponsabilidade moral, nada seria culpa de ninguém e é evidente que h:\estados de coisas para os quais podemos apontar e dizer corretamentepara certas pessoas: é culpa sua. (van lnwagen, "How to Think")

Pl. Se somos moralmente responsáveis, então temos livre-arbítrio.P2. Somos moralmente responsáveis.

C 1. Temos livre-arbítrio (modus /)on('m, P I, P2).

11

31A Refutação de Frankfurt doPrincípio das Possibilidades

AlternativasGerald Hamson

l'rankfurt, Harry. "Alternare Possibilities and Moral Responsibility," Jour-nal of Philosophy 45 (1969): 829-39.

ltscher, John M. "Frankfurt-Style Compatibilism", in Free Will, organizadopor Gary Watson, 190-211.Oxford: Oxford University Press, 2003.

Widcrker, David e McKenna, Michael (orgs.), Moral Responsibility and Alter-native Possibilities. Farnharn, RU: Ashgate, 2006.

I u.lossado por Aristóteles, Hume, Kant e muitos outros, o "Princípio

I,!~Possibilidades Alternativas" (PPA para abreviar) afirma:

JlPA: Uma pessoa é moralmente responsável pelo que fez só se pudes-

11.'1 agido diferentemente.

1I istoricamente, O PPA tem sido um dos caminhos mais usados para

111I.ompatibilismo" a respeito de responsabilidade moral (incompatibi-

II~I'H" t' a visão de que responsabilidade moral e determinismo causal- a

111' que há apenas um futuro compatível com o passado e com as leis

u.u (I reza - são incompatíveis). Afinal, se o determinismo for verdade,

11111 sentido em que ninguém poderia ter agido diferentemente. OsIillIJlillibilistas" (os que acreditam que o determinismo e a responsabi-

1," It moral são compatíveis) contestam esse argumento alegando que o

'A. "I'VC ser objeto de u ma controversa interpretação" condicional", se-

llid" iI qunl urn agente poderia ter agido de outro modo se o desejasse.

1'i1

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Mas em 1969, () filósofo Hurry lruukfurt criou 11111 illglll11l'I)tO P,II,I

refutar o PPA. Frankfurt argumentou ser possível que as circunstâru ill:-

fossem tais que a pessoa não poderia ter agido de outro modo, SClHk,

mesmo assim moralmente responsável por seu ato. A característica 1111"

cipal do que é agora conhecido como "caso no estilo Frankfurt" é qUI

um dispositivo de intervenção não intervém num processo que leva 11

uma ação, mas o teria feito se o agente estivesse prestes a decidir dífercn-temente. A presença do mecanismo de intervenção exclui a possíbilidad,de o agente decidir diferentemente mas, como o mecanismo de interveução não desempenha papel algum nas deliberações do agente e na SII.I

ação subsequente, parece claro que o agente é responsável rnoralmcnu.por sua ação: portanto, o PPA está refutado.

Mas ao refutar o PPA, o argumento de Frankfurt fecha um dos principais caminhos para o incornpatibilismo e permite que os cornpatibilistusignorem o debate sobre a correta interpretação do PPA.

O argumento de Frankfurt continua sendo o foco de um debate COI1

siderável, com os detratores argumentando que é impossível construi:um caso no estilo Frankfurt em que todas as possibilidades alternativasrelevantes tenham sido riscadas.

Suponha que alguém, Black digamos, queira que Jones realize umacerta ação. Black está determinado a fazer tudo o que for preciso paraconseguir o que deseja, mas prefere não mostrar suas cartas desneces-sariamente. Então, espera até que Jones esteja prestes a decidir o quefazer e nada faz a menos que fique claro para ele (Black é um excelentejuiz dessas coisas) que [ones vai decidir fazer alguma coisa que não é oque ele quer que ele faça. Se ficar claro que [ones vai decidir fazer outracoisa, Black toma medidas efetivas para garantir que [ones decida fazer,e que efetivamente faça, o que deseja que ele faça. Seja quais forem asinclinações e preferências iniciais de [ones, Black vai conseguir o quedeseja [...].

Agora, suponha que Black nunca precise mostrar suas cartas por-que [ones, por suas próprias razões, decide realizar, e efetivamente reali-za, a ação que Black quer que ele realize. Nesse caso, parece claro, [onesarcará com a mesma responsabilidade moral com que arcaria se Blacknão estivesse pronto para tomar medidas para garantir que ele o fizesse.(Frankfurt, 835-36)

154

rJllI agl'llll' t' I1HlliI11111111( ((':-,polls:'Iwl pl'lo que Icz só Sl' pudesse It'l agItllI di(cn.!I"IICIHl'I\t\,(I'I'Â).

I',.' "il' o PPA é vcrdndeiro, então um caso do estilo Frankfurt absolverá seuvujcito de responsabilidade moral.

I' \ l)s casos no estilo Frankfurt não absolvem seus sujeitos de responsabi-

lidade moralC; 1. PPA é falso (modus toLlens, P2, P3).

155

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Titulo original: Just the Arguments - 100 of the Most lmportant Arguments in Western Philosophy.Copyright © 2011 Blackwell Publíshing Ltd.Publicado mediante acordo com Blackwell Publishing Lirnired.Copyright da edição brasileira © 2013 Editora Pensamento-Cultrix Ltda.Texto de acordo com as novas regras ortográficas da língua portuguesa.t- edição 2013.Todos os direitos reservados. Tradução autorizada do inglês para o português pela Blackwell PublishingLimited. A responsabilidade pela precisão da tradução para a língua portuguesa é reservada apenas à EditoraPensamento-Culrrix Ltda. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma oupor qualquer meio, eletrõnico ou mecânico, inclusive fotocópias, gravações ou sistema de armazenamento embanco de dados, sem permissão por escrito da Bl.ackwell Publishing, exceto nos casos de trechos curtos citadosem resenhas criticas ou artigos de revistas.A Editora Cultrix não se responsabiliza por eventuais mudanças ocorridas nos endereços convencionais oueletrônicos citados neste livro.As designações utilizadas pelas empresas para distinguir seus produtos muitas vezes são reivindicadas cornomarcas registradas. Todas as marcas e nomes de produtos usados neste livro são nomes comerciais, de serviçosde marcas, marcas comerciais ou marcas registradas de seus respectivos proprietários. O editor não é associadoa qualquer produto ou fornecedor mencionado neste livro. Esta publicação destina-se a fornecer informaçõesprecisas e autorizadas em relação ao assunto abordado. A Editora não se responsabiliza pela prestação deserviços profissionais. Se necessário um parecer profissional ou outra assistência especializada, deve-seconsultar um profissional competente.Editor: Adilson Silva RamachandraEditora de texto: Denise de C. Rocha DelelaCoordenação editorial: Roseli de S. FerrazProdução editorial: lndiara Faria KayoAssistente de produção editorial: Estela A. MinasEdiroração eletrõnica: Fama EditoraRevisão: Claudete Agua de Melo e Nilza Agua

CIP-BRASIL CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃOSINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

C388Os 100 argumentos mais importantes da filosofia ocidental: uma introdução

concisa sobre lógica, ética, meta física, filosofia da religião, ciência, linguagem, episte-mologia e muito mais / organização Michael Bruce , Steven Barbone ; tradução AnaLucia da Rocha Franco. - 1. ed. - São Paulo: Culrrix, 2013.

Tradução de: Just the arguments : 100 of the most importantarguments in wes-tem philosophv

Inclui apêndiceISBN 978-85-316-1255-81. Filosofia - História. I. Bruce, Michael. lI. Barbone, Steven. I. Título. lI. Títu-

lo: Os cem argumentos mais importantes da Filosofia Ocidental: uma introduçãoconcisa sobre lógica, ética, rnetafísica, filosofia da religião, ciência, linguagem, epis-temologia e muito mais.

13'{)6334 COO: 109COU: 1(09)

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Em memória de Mark Bruce (1961~2001).Nunca Esqueça.