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FACULDADE DE E NGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO P ORTO Ultra-Wide-Band sobre fibra ótica Nuno Franclim Sousa PARA APRECIAÇÃO POR J ÚRI Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores Orientador: Henrique Manuel de Castro Faria Salgado (Professor) Co-orientador: Luís Manuel de Sousa Pessoa (Doutor) 26 de Junho de 2012

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FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Ultra-Wide-Band sobre fibra ótica

Nuno Franclim Sousa

PARA APRECIAÇÃO POR JÚRI

Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Orientador: Henrique Manuel de Castro Faria Salgado (Professor)

Co-orientador: Luís Manuel de Sousa Pessoa (Doutor)

26 de Junho de 2012

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c© Nuno Franclim Sousa, 2012

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Resumo

Os trabalhos realizados e descritos neste documento têm como objetivo a realização de umaTese de Metrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores na Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto no ano letivo de 2011/2012. O tema dos trabalhos é a transmissão desinais Ultra-Wide-Band prontos a serem radiados pela antena (portanto sinais de rádio-frequência)através de um link de fibra ótica, permitindo desta forma cobrir um grande espaço com uma tecno-logia que oferece nas suas especificações um alcance muito limitado (UWB tem alcance de umadezena de metros). A análise da qualidade de sinal recebido é feita com recurso ao Error VectorMagnitude (EVM) calculado na receção, este indicador dá-nos o erro que os vetores recebidos têmem relação ao vetor (ou ponto da constelação) ideal.

Com esta junção obtém-se uma simplicidade na arquitetura da rede, podendo ter-se uma es-tação central a produzir os sinais UWB e estes a serem espalhados por uma grande área, estandoas antenas emissoras separadas fisicamente. Estas antenas são constituídas essencialmente por umrecetor ótico seguido de um ou mais amplificadores elétricos (amplificadores RF) que alimentamdiretamente a antena com o sinal tal como é transportado pela fibra.

Para estudar esta possibilidade de aplicação é estudado nesta tese o comportamento de um laserVCSEL (Vertical-Cavity Surface-Emitting Laser) quando submetido a um sinal na banda 2 (3.960Ghz) do espetro UWB. A escolha deste tipo de laser é feita não pelo seu comportamento mas pelofacto de ser o laser mais barato que atualmente se pode adquirir no mercado, com diferenças depreços muito significativas para os laser longitudinais.

Durante o documento encontra-se uma introdução aos sistemas rádio sobre fibra, uma descri-ção da implementação do sistema para simulação e os métodos utilizados seguido da simulação eresultados. Por forma a tentar comprovar as simulações é ainda realizado um pequeno teste expe-rimental pouco desenvolvido devido à escassez de equipamentos que consigam analisar este tipode sinais.

Não estando nos objetivos do trabalho proposto, será interessante num trabalho futuro a intro-dução de todos os constituintes do link de transmissão, tais como bi-direcionalidade, fibra ótica,link wireless e antenas.

Este trabalho tenta responder a algumas questões relativas ao UWB sobre fibra tais como:

• Provar que os laser VCSEL são capazes de transmitir sinais UWB (na 2a banda a 3.960Ghz);

• Caracterizar o comportamento deste para várias potências do sinal UWB e para várias cor-rentes de polarização através do EVM do sinal recebido;

• Encontrar o melhor ponto de polarização do laser que obtenha os melhores resultados.

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Abstract

The work carried out and described in this document are intended to hold a Metrado Thesis inElectrical and Computer Engineering at the Faculty of Engineering of Porto University in acade-mic year 2011/2012. The theme of the works is the signal transmission Ultra-Wide-Band ready tobe radiated by the antenna (so-frequency radio signals) through a fiber optic link, thus enabling itto cover a large space with a technology that delivers on its specifications rather limited (UWB hasa range of ten meters). The analysis of the quality of the received signal is done using the ErrorVector Magnitude (EVM) calculated in reception, this indicator gives us the error that the vectorshave received in relation to vector (or point of the constellation) ideal.

With this combination is obtained in a simple network architecture, which may have beena central station to produce UWB signals and these to be spread over a large area, the antennasbeing physically separate stations. These antennas are constituted essentially by an optical receptorfollowed by one or more electric amplifiers (RF amplifiers) which directly feed the antenna withthe signal as it is transported by the fiber.

To study this possibility of application is studied in this thesis the behavior of a VCSEL(Vertical-Cavity Surface-Emitting Laser) when subjected to a second signal in the band (3960GHz) of UWB spectrum. The choice of this type of laser is made not by their behavior but be-cause it is cheaper than the laser current can be bought in the market, with very significant pricedifferences for the longitudinal laser.

During the document is an introduction to radio over fiber systems, a description of the imple-mentation of the system for simulation and the methods used and the simulation results followed.In order to try to prove the simulations is still a small experimental test performed poorly develo-ped due to lack of equipment they can analyze these signals.

Not being in the objectives of the proposed work will be interesting in future work the intro-duction of all constituents of the transmission link, such as bi-directionality, fiber optics, wirelessand satellite links.

This paper attempts to answer some questions regarding the UWB over fiber such as:

• Prove that the VCSEL laser is capable of transmitting UWB signals (in the 2nd band at 3960GHz);

• To characterize the behavior of various powers of the UWB signal and for various biascurrents through the EVM received signal;

• Find the best bias point of the laser to obtain the best results.

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Conteúdo

1 Introdução 11.1 Motivação e Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11.2 Estrutura da Tese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31.3 Contribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 Rádio sobre Fibra 52.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52.2 Tecnologia Rádio sobre Fibra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52.3 UWB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62.4 Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3 Simulação 113.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113.2 VCSEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113.3 Software . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143.4 Métodos utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.4.1 Implementação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163.4.2 Dificuldades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.5 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223.6 Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

4 Resultados experimentais 294.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294.2 Método e equipamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294.3 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304.4 Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

5 Conclusão 335.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335.2 Trabalho Futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Referências 35

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vi CONTEÚDO

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Lista de Figuras

2.1 Diagrama da distribuição das bandas pelos grupos [1] . . . . . . . . . . . . . . . 7

3.1 Parâmetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143.2 Esquema da implementação do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153.3 Diagrama de blocos do esquema de simulação em ADS . . . . . . . . . . . . . . 153.4 Diagrama de blocos do esquema de simulação em matlab . . . . . . . . . . . . . 163.5 Diagrama de blocos do esquema de medição do EVM do sinal em ADS . . . . . 163.6 Emissor UWB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173.7 Denisdade espetral de potência do sinal UWB à saída do emissor (RBW = 1MHz) 183.8 Circuito de polarização e parasíticos do VCSEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183.9 Bloco DEE do Simulink . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203.10 Resposta em magnitude do filtro aplicado a saída do fotodíodo . . . . . . . . . . 213.11 Resposta em magnitude do filtro aplicado ao sinal em banda base . . . . . . . . . 223.12 Esquema do recetor do sinal UWB e análise do EVM (RCE) . . . . . . . . . . . 233.13 Resposta normalizada do VCSEL a um degrau de corrente com amplitude de 8.8

mA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243.14 Espetro para potência do sinal de -44.07 dBm, Ibias = 8.8mA . . . . . . . . . . . 253.15 Espetro para potência do sinal de 11.93 dBm, Ibias = 8.8mA . . . . . . . . . . . . 263.16 Espetro do sinal depois do laser com potência de emissão de -44.07 dBm e corrente

de polarização de 3 mA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273.17 Espetro à saída do laser para uma potência de -44.07 dBm com RIN . . . . . . . 273.18 Intreferência do RIN no EVM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273.19 EVM para todas as combinações de potências e correntes de polarização . . . . . 28

4.1 Resultados de EVM nos testes experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

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viii LISTA DE FIGURAS

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Lista de Tabelas

2.1 Parâmetros PSDU dependendo da taxa de transferência [1] . . . . . . . . . . . . 82.2 Parâmetros temporais do UWB [1] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

3.1 Parâmetros do VCSEL HFE-4192-582 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

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x LISTA DE TABELAS

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Abreviaturas e Símbolos

a Ganho diferencialAPI Application Programming Interfaceβ Fator de emissão espontâneac Velocidade da luz no vazioDEE Differential equation editorDEEC Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadoresε Fator de compressão de ganhoη i Rendimento de injeção de portadoresEVM Error Vector Magnitude or Relative Constellation ErrorFEUP Faculdade de Engenharia da Universidade do PortoΓ Fator de confinamento óticoI Corrente de injeção de portadoresIbias Corrente contínua de alimentação do LaserLED Light emitting diodeN Densidade de eletrões na banda de conduçãoN0 Densidade de eletrões na banda de condução com corrente IbiasN0m Densidade de eletrões para o dispositivo ser transparente (ganho compensa as

perdas)P Densidade de fotões na cavidadeP0 Densidade de fotões na cavidade com corrente Ibiasq Carga do eletrãoRIN Ruído de Intensidade do Laserτp Tempo de vida dos fotõesτs Tempo de vida dos eletrõesTFC Time frequency codeUWB Ultra-Wide-BandV Volume da região ativaVCSEL Vertical-cavity surface-emitting laservg Velocidade de grupo

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Capítulo 1

Introdução

1.1 Motivação e Objetivos

Os trabalhos realizados e descritos neste documento têm como objetivo a realização de uma

Tese de Mestrado em Engenhararia Electrotecnica e de Computadores na Faculdade de Engenharia

de Universidade do Porto no ano letivo de 2011/2012. O tema da tese é o estudo de transmissão de

sinais UWB (sinais de Rádio-Frequência) sobre Fibra Ótica. O trabalho proposto incide sobre o

estudo e simulação do comportamento de um laser VCSEL quando estimulado com sinais RF, mais

especificamente sinais Ultra-Wide-Band. Também foi proposto um pequeno teste experimental,

condicionado pela disponibilidade de equipamento no laboratório onde decorreram os trabalhos

(Laboratório de ótica do INESC-Porto). O setup de simulação foi uma simples ligação ponto a

ponto com um emissor de UWB, um laser VCSEL e um recetor que analisa o EVM (RCE) do

sinal, sendo este o valor qualitativo do sinal recebido.

Com o crescimento das redes wireless com cada vez maiores taxas de transferência de dados a

que se assiste atualmente, aparece a necessidade de migrar para outras tecnologias com melhores

características que as utilizadas hoje em dia, mas uma das limitações é a utilização eficiente do

espetro de frequências. Umas das tecnologias mais promissoras que permite grandes taxas de

transferência, baixo consumo de potência e uma elevada largura de banda é o Ultra-Wide-Band

(UWB) [2].

A principal área de aplicação destas tecnologias é em redes pessoais Personal Area Networks),

no entanto, alguns investigadores têm também proposto o seu uso na rede de acesso [3].

Esta tecnologia possui várias vantagens em relação a outra de banda estreita, como utiliza

OFDM possui robustez contra interferências de multi-percurso, maior capacidade e maior desem-

penho. O standard proporciona ainda baixo custo, baixo consumo de potência, pouca complexi-

dade, alta segurança e grande taxa de transferência de dados para aplicações de curto alcance.

As frequências de operações utilizadas no UWB vão desde 3.1 a 10.6 GHz que permitem

taxas de transferência até 1024 Mbps, com potências de emissão baixas e um EIRP máximo de

-41.3 dBm/MHz, que lhe confere baixa interferência com outros sinais que utilizem as mesmas

frequências [4].

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2 Introdução

Como o alcance destas redes é muito limitado (na ordem dos 10 metros) e em alguns cená-

rios de aplicação isso poderá implicar um grande número de estações emissoras, pontos de acesso

ou antenas, a tecnologia de rádio-fibra vem permitir aumentar o alcance das redes UWB. Efeti-

vamente, o transporte de sinais RF sobre os tradicionais cabos coaxiais é limitado pela elevada

atenuação, por exemplo um cabo da DataLink - DLC 213 - Premium - 5 GHz tem uma atenuação

de 375 dB/Km. Em comparação na fibra ótica obtém-se atenuações normais na ordem dos 0.2 -

0.5 dB/Km, que é incomparavelmente inferior.

Ao utilizar fibra para transportar os sinais RF prontos a serem radiados pelas antenas, a única

desvantagem desta configuração é a necessidade das antenas emissores terem incorporado um

recetor ótico e um ou mais amplificadores elétricos, e com isso a necessidade de possuírem ali-

mentação elétrica separada, o que em muitos casos de aplicação não será realmente um problema.

Esta necessidade deve-se a pequena potência transportada pela fibra que é transformada de ótica

para elétrica pelo fotodíodo e este necessita de alimentação também. Este dispositivo transforma

então o sinal ótico em corrente elétrica mas de muito baixa potência, o que implica a utilização

de um amplificador. O sinal para ser radiado pela antena tem de ter uma potência bem maior do

que a fornecida pelo primeiro amplificador, que para não introduzir muita distorção no sinal tem

de ter uma amplificação não muito elevada, por essa razão será necessáio a utilização de um novo

amplificador RF para fornecer a antena a potência necessária para a radiação de sinal (até ao EIRP

máximo de -41.3 dBm/MHz).

A arquitetura de rede ficará assim com uma estação central que pode criar vários sinais UWB

de rádio frequência que serão diretamente aplicados às antenas (com exceção da necessidade de

amplificação do sinal), e a ligação entre as antenas e a estação central a ser suportada por fibra

ótica. Desta forma, as estações remotas são muito simples e baratas, permitindo cobrir uma área

bastante superior.

Com esta nova possibilidade de uso da fibra ótica impõe-se estudos sobre o comportamento

dos vários intervenientes óticos presentes na configuração, e é com esse objetivo que se desenvolve

esta tese de mestrado que tenta responder a algumas destas questões sendo um contributo para o

desenvolvimento desta tecnologia.

Sendo o baixo custo uma das características do UWB, não faria sentido a utilização de dis-

positivos dispendiosos na parte ótica. Essa é a razão para a escolha do VCSEL para laser ótico

utilizado nas simulações. Este laser tem um custo de produção muito inferior aos restantes laser

longitudinais, uma vez que pode ser produzido e testado em grandes quantidades por ter emissão

vertical pode ser produzido em wafers com as tecnologias de sobreposição de camadas. Na mai-

oria dos casos de utilização a fibra ótica terá um comprimento relativamente pequeno e por essa

razão não terá uma interferência dominante na transmissão dos sinais pelo que será tomada como

ideal no decorrer deste trabalho.

As 3 questões fundamentais a que este documento se propõe a responder são:

• Provar que os laser VCSEL são capazes de transmitir sinais UWB (na 2a banda a 3.960

GHz);

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1.2 Estrutura da Tese 3

• Caracterizar o comportamento deste para várias potências do sinal UWB e para várias cor-

rentes de polarização através do EVM do sinal recebido;

• Encontrar o melhor ponto de polarização do laser para o qual se obtem os melhores resulta-

dos.

1.2 Estrutura da Tese

Este documento está dividido em 5 capítulos. Depois da introdução no capítulo 1 temos uma

pequena explicação dos sistemas rádio sobre fibra em jeito de introdução ao tema principal. Ainda

no segundo capítulo descreve-se com algum detalhe a tecnologia UWB completando o estado de

arte.

Mais à frente no capítulo 3 descreve-se todo o trabalho de simulação efetuado. No início do

capítulo existe uma introdução ao VCSEL, uma vez que é sobre este dispositivo que o trabalho

é desenvolvido, no seguimento descreve-se todo o trabalho de simulação, desde os métodos e

software utilizado até aos resultados finais bem como as conclusões daí resultantes.

No capítulo 4 é relatado o pequeno trabalho experimental realizado e comparação de resulta-

dos com as simulações.

Por último como não poderia deixar de ser são apresentadas as conclusões gerais de todo o

trabalho desenvolvido e algumas indicações sobre trabalho que não foi abordado nesta tese mas

que será pertinente de desenvolver mais tarde.

1.3 Contribuições

Este trabalho contribui para a evolução dos sistemas RoF, fornecendo uma base de simulação

através de dois softwares muito poderosos e bem conhecidos na área da eletrónica e telecomunica-

ções como são o ADS (Advanced Design System 2009) e o Matlab. Se por um lado o ADS permite

criar todo o tipo de sistemas de emissão com muitas livrarias de componentes e de tecnologias

disponíveis, no Matlab pode-se realizar cálculos muito complexos, como é o caso do sistema de

equações diferencias que modelam o comportamento do laser ou um filtro.

Como resultado deste trabalho foi submetido um artigo à conferência DCIS 2012 em parceria

com R. S. Maciel, H. M. Salgado, J.M.B. Oliveira e J. A. M. da Silva. Este paper descreve o com-

portamento de um amplificador RF para UWB com a fonte de alimentação do VCSEL incorporada

no mesmo chip, tendo sido efetuadas simulações com um setup muito similar ao utilizado neste

trabalho, incluindo o VCSEL para frequências entre 3.168 e 3.696 GHz [5].

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4 Introdução

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Capítulo 2

Rádio sobre Fibra

Neste capítulo descreve-se um pouco a tecnologia Rádio sobre Fibra em geral e em particular

UWB sobre fibra. Também é apresentado o estado de arte destas tecnologias.

2.1 Introdução

Tal como já foi referido na secção de motivação, a necessidade de comunicações com altos

débitos já é uma realidade nos dias de hoje, o próximo passo será certamente tornar as comunica-

ções sem fios adaptadas a essa velocidade e disponibilidade. O maior problema atualmente nesse

campo é o sobrecarregamento do espetro de frequências disponível, assim surgem tecnologias

como o UWB com baixa interferência sobre as outras comunicações wireless e com muito pouco

alcance, que em muitos casos é um problema, mas neste caso é um beneficio, uma vez que reduz

ainda mais a interferência.

Devido a esta característica e como dito anteriormente surge a necessidade de colocação de

muitas antenas emissoras, e muitas vezes em locais sem condições propicias para instalação de

estações emissoras muito elaboradas. Com o rádio-sobre-fibra temos então a possibilidade de co-

locar a estação emissora num bom local, podendo mesmo ter várias interfaces para várias antenas,

sendo o sinal UWB (RF pronto a ser radiado pela antena) criado nesse local e transportado por

fibra ótica para as antenas que podem estar colocadas e muitos metros, ou até quilómetros, de dis-

tância. Nas antenas não há qualquer processamento de sinal pelo que podem ser simples, baratas

e robustas.

2.2 Tecnologia Rádio sobre Fibra

A denominação RoF significa o transporte de sinais de rádio através de fibra ótica, sem ne-

nhuma modulação adicional do feixe de luz, de forma a que a recuperação do sinal possa ser feita

com recurso a um simples fotodíodo e um amplificador elétrico. Como já foi descrito na secção de

motivação, um dos grandes problemas do transporte de sinais RF por cabos é os grandes valores

de atenuação que os sinais sofrem ao viajarem por exemplo num cabo coaxial.

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6 Rádio sobre Fibra

Assim surge o RoF que permite o transporte de sinais RF por distâncias muito superiores ás

conseguidas em cabos de cobre, com a única desvantagem da potência que não é transportada pelo

cabo de fibra ótica tal como acontecia nos cabos coaxiais, pelo que tem de ser necessáriamente

aumentada na recepção através de amplificadores RF, por isso existe a necessidade de ter uma

infraestrutura de alimentação elétrica na receção. Esta não será uma desvantagem significativa

quando se implementa estes sistemas em ambiente domestico, mas pode ser problemático em

ambiente empresarial.

Um sistema RoF completo engloba todo o hardware necessário para introdução do sinal RF

na fibra e posterior recuperação do mesmo sinal no local de receção.

A transmissão de sinais de alta frequência através de fibra ótica já é utilizada em sistemas em

comercialização como é o caso das FTTH que oferecem conteúdos multimédia e canais de tele-

visão que chegam a casa do cliente já em formato RF tal como seriam enviados pela transmissão

de TV analógica terrestre. Este é um caso claro de RoF e permite uma grande simplicidade na

estação recetora (ONT) sem qualquer tipo de processamento de sinal e sem interferência com os

outros serviços suportados pela mesma fibra.

É espectável que esta tecnologia seja bastante utilizada num futuro próximo com a migração

de muitos sistemas de comunicação para fibra, havendo já estudos para a possível implementação

de redes particulares (residenciais e empresariais) para fibra, seja esta de vidro ou plástico. Com

estas infraestruturas será possível oferecer muitos novos serviços, incluindo mesmo a utilização

de UWB para serviços de multimédia sem fios e sem necessidade de equipamentos dispendiosos

nas instalações do cliente final.

2.3 UWB

UWB é a abreviatura de Ultra-Wide-Band, esta tecnologia tem como caracteristicas principais

as grandes taxas de transferência de dados (até 1024 Mbps), baixo consumo de potência, robustez

contra intreferência de multi-percurso, baixo custo, baixa complexidade e ainda elevada segurança.

O alcance das ligações wireless desta tecnologia é pequeno, sendo isto nalguns casos uma van-

tagem, como por exemlo servindo de meio de transmissão (sobre fibra) de conteúdos multimédia

em aeronaves e até para localização de objetos em ambiente fechado. O standard inclui a possibi-

lidade de medição de distâncias na transmissão que podem ir até uma resolução de 7 cm quando

o clock do relógio for de 4 224 Mhz sendo o mínimo de resolução de 60 cm, é ainda possível a

medição da velocidade relativa entre duas estações que comuniquem entre si [1], na prática esta

característica não se utiliza (pelo menos por agora) mas fica a ideia do poder desta tecnologia de

comunicação.

As frequências utilizadas pelo UWB vão desde 3.1 Ghz até 10.6 Ghz, estas são divididas em

14 bandas, tal como descrito no standard [1], com 528 Mhz de largura de banda. As 14 bandas são

agrupadas em 6 grupos como mostra a figura 2.1, também podem ser calculadas as frequências

centrais através da fórmula 3.1.

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2.3 UWB 7

f c(nb) = 2904+528∗nb (MHz) nb = 1,2,3, ...,14 (2.1)

Figura 2.1: Diagrama da distribuição das bandas pelos grupos [1]

O esquema de transmissão especificado é o MultiBand Orthogonal Frequency Division Modu-

lation (MB-OFDM). São usados um total de 122 subportadoras por cada banda, 100 de informa-

ção, 10 de guarda e 12 piloto que auxiliam a deteção coerente. Para melhorar a performance da

rede são usadas ainda espalhamento nos tempos, espalhamento nas frequências e Forward Error

Correction (FEC). Como dito anteriormente estas ligações possuem um baixa potência de emissão,

estando também no standard especificada a densidade espetral de potência na emissão máximo de

-41.3 dBm/Mhz.

Para cada um dos 6 grupos existem 10 TFC (Time Frequency codes), excepto o grupo 5 que só

tem 3 TFC porque so engloba 2 bandas. A informação do TFC utilizado na transmissão é enviada

no preâmbolo da frame e diz-nos qual o conjunto de frequências utilizadas e a sua sequência. Nas

simulações realizadas neste trabalho utiliza-se o TFC6 da banda 1, isto diz-nos que a frequência

utilizada é sempre a banda 2, se por exemplo se utiliza-se o TFC1 a sequência de bandas seria

1,2,3,1,2,3, o recetor tem um tempo máximo de 9.47 ns entre a receção do ultimo símbolo valido

até estar pronto a receber um novo símbolo numa frequência diferente [1].

Nas tabelas 2.1 e 2.2 são apresentados os parâmetros de PSDU dependendo da taxa de trans-

missão utilizada e os parâmetros temporais do sinal UWB conforme o standard.

Para se obter um valor para a qualidade de sinal recebido utiliza-se o Error Vector Magnitude

(EVM) também chamado Receive Constellation Error (RCE). O EVM é uma figura de mérito que

caracteriza a qualidade de sinais com modulação digital. Este compara a voltagem complexa do

símbolo recebido com a voltagem do símbolo ideal. O analisador de sinal faz a desmodolação

do sinal tal como um recetor, e constrói a constelação do mesmo, que no caso simulado neste

documento é QPSK. Este valor é normalmente expresso em dB, quanto mais negativo melhor.

considerando-se para este tipo de sinais um valor máximo para uma receção aceitável de -10 dB,

acima disso considera-se que o sinal é de fraca qualidade. Segundo [6] o EVM é proporcional ao

SNR e pode ser calculado pela equação 2.2.

EV M =

(1

SNR

)1/2

(2.2)

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8 Rádio sobre Fibra

Datarate(Mbps)

Modulação CodingRate

FDS TDS Bits codificados / 6símbolos OFDM

Bits de informação/ 6 símbolos OFDM

53.3 QPSK 1/3 Sim Sim 300 10080 QPSK 1/2 Sim Sim 300 150106.7 QPSK 1/3 Não Sim 600 200160 QPSK 1/2 Não Sim 300 300200 QPSK 5/8 Não Sim 600 375320 DCM 1/2 Não Não 1200 600400 DCM 5/8 Não Não 1200 750480 DCM 3/4 Não Não 1200 900640 MDCM 1/2 Não Não 2400 1200800 MDCM 1/2 Não Não 2400 1500960 MDCM 3/4 Não Não 2400 18001024 MDCM 4/5 Não Não 2400 1920

Tabela 2.1: Parâmetros PSDU dependendo da taxa de transferência [1]

2.4 Sumário

Em resumo as tecnologias rádio sobre fibra já são utilizadas em muitas aplicações hoje em

dia, mas com a crescente migração das redes tradicionais de cobre para a fibra abrem-se novas

possibilidade do seu uso, como o UWB sobre fibra que tem as vantagens de grande largura de

banda e pouca interferência sobre os outros sinais wireless existentes.

Acredito que este seja a evolução natural para muitas das comunicações existentes nos mais

diversos ambientes empresariais e residenciais.

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2.4 Sumário 9

Parêmetro Descrição Valorfs Frequência de Amostragem 528 MHz

NFFT Número de subportadoras (Tamanho da FFT) 128ND Número de subportadoras de dados 100NP Número de subportadoras piloto 12NG Número de subportadoras de guarda 10NT Número Total de subportadoras 122D f Espaçamento entre subportadoras 4.125 MHz (= fs/NFFT )

TFFT Periodo do FFT e do IFFT 242.42 ns (∆−1f )

NZPS Número de amostras no sufixo zero-padded 37TZPS Duração do sufixo zero-padded 70.08 ns (= NZPS/ fs)

TSY M Intervalo entre símbolos 312.5 ns (= TFFT +TZPS)

FSY M Taxa de símbolos 3.2 MHz (= T−1SY M)

NSY M Número total de amostras por símbolo 165 (= NFFT +NZPS)

Tabela 2.2: Parâmetros temporais do UWB [1]

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10 Rádio sobre Fibra

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Capítulo 3

Simulação

3.1 Introdução

Nos dias que correm todos os sistemas ao serem projetados passam por diversas simulações

que ajudam em muito a posterior implementação e diminuem bastante o tempo de conceção, em

grande parte devido à capacidade que dispomos atualmente em termos de software informático,

poder de processamento do hardware e até facilidades de interface entre simulações e teste físicos.

Neste capítulo descreve-se todos os passos e técnicas utilizadas para a execução das simulações

que caracterizam o sistema UWB sobre fibra ótica.

O componentes analisado neste trabalho é o laser VCSEL, sendo este o principal elemento

limitador do desempenho do link ótico. Como tal analisa-se este dispositivo antes de passar às

simulações.

Os softwares utilizado nas simulações é outro ponto fundamental, e temos uma sucinta descri-

ção destes na secção seguinte.

Em seguida podem ser vistos os métodos utilizados nas simulações bem como os pormenores

da implementação. Também são descritas algumas das dificuldades mais importantes na simulação

deste tipo de sistemas.

Por último apresentam-se os resultados obtidos nas várias simulações, seguido da discussão

de resultados e conclusões do capítulo.

3.2 VCSEL

A siglas VCSEL correspondem a Vertical-cavity surface-emitting laser, isto é um díodo emis-

sor de luz, mais especificamente um emissor de luz laser, que normalmente têm comprimentos de

onda de emissão que caem fora da luz visível.

Os LED´s são semicondutores com uma junção P-N que ao serem polarizados emitem luz,

esta emissão é conseguida pela recombinação de eletrões e lacunas na região ativa. Estas re-

combinações podem ser radiativas (luz) ou não radiativas (calor). A frequência de emissão (ou

11

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12 Simulação

comprimento de onda) é proporcional à diferença de energia entre a banda de valência e a banda

de condução, calculada através da formula 3.1.

A principal diferença entre um díodo LED e um laser prende-se no facto do primeiro emitir luz

devido a transições espontâneas de eletrões entre as bandas de energia e no segundo existe uma

emissão estimulada que funciona como um filtro na frequência de emissão e ao mesmo tempo

fornece ganho ao sistema de emissão,

E = Ec−Ev = h∗ v (3.1)

onde E é a energia do fotão emitido, Ec é a energia da banda de condução, Ev é a energia da

banda de valência, h corresponde à contante de Planck e v é a frequência do fotão.

Assim o controlo da frequência (ou comprimento de onda) de emissão é obtido pela alteração

do material constituinte do semicondutor, que por sua vez possui uma banda proibida especifica,

com consequentes diferentes comprimentos de onda emitidos. Como as recombinações não são

controladas, os LED´s têm um espetro de frequências de emissão largo quando comparado com o

lasers, devido à existência de várias bandas de energia contiguas ás banda de valência e condução.

Isto provoca a emissão de fotões com comprimentos de onda ligeiramente diferentes. A eficiência

também não será tão boa como nos lasers por causa das emissões não-radiativas e da emissão em

direções arbitrárias.

Por sua vez os lasers usam uma cavidade onde através reflexões nos extremos da cavidade do

laser (até 99% de refletividade no caso do VCSEL) conseguem ter sempre grandes quantidade de

fotões a atravessar a cavidade dando origem a realimentação ótica. Este fotões interagem com

os eletrões na banda de condução, fazendo com que estes transitem para a banda de valência e

emitam um fotão exatamente com as mesmas características do anterior (comprimento de onda,

direção e fase) e isso fornece ganho ao laser. Os VCSEL são de emissão vertical e possuem

uma cavidade muito mais pequena que os lasers de cavidade longitudinal, por isso a refletividade

tem de ser muito maior, na ordem dos 99% conseguidos por uma estrutura de vários materiais

sobrepostos com índices de refracção diferentes.. Uma das vantagens dos VCSEL em relação aos

laser longitudinais é a utilização de menos energia no seu funcionamento, mas a principalmente

vantagem que os coloca como primeira escolha é o seu custo de produção muitíssimo inferior aos

outros lasers.

O VCSEL utilizado nos testes experimentais e nas simulações foi o HFE-4192-582 da Finisar

com comprimento de onda de emissão de 850 nm. Os parâmetros deste laser estão expressos na

tabela 3.1.

O comportamento intrínseco e dinâmico do VCSEL é descrito por um sistema de 2 equações

diferenciais apresentadas de seguida. Destas equações obtém-se a densidade de portadores e a

densidade de fotões na cavidade, com as equações 3.2 e 3.3 respetivamente, este último permite

calcular a potência ótica emitida pelo laser através da fórmula 3.4.

dNdt

= η i∗ Iq∗V

−g0∗ (N −N0m)∗ (1− ε ∗P)∗P− Nτs

(3.2)

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3.2 VCSEL 13

Parâmetro Valor Unidade Parâmetro Valor UnidadeV 2.4∗10−18 m3 Rs 39.61 Ω

g0 4.2∗10−12 m3s−1 Cs 0.7 pFε 2.0∗10−23 m3 Cp1 1.3 pF

N0m 1.9∗1024 m−3 Lp1 5.0 nHβ 1.7∗10−4 - Rp1 0.2 Ω

Γ 4.5∗10−2 - Cp2 0.6 pFτp 1.8 ps Lp2 1.6 nHτs 2.6 ns Rp2 4.5 Ω

Tabela 3.1: Parâmetros do VCSEL HFE-4192-582

dPdt

= Γ∗g0 ∗ (N −N0m)∗ (1− ε ∗P)∗P− 1τp

∗P+β ∗Γ∗ Nτs

(3.3)

Onde N é a densidade de portadores de carga, η i é o rendimento de injeção de portadores, I

é a corrente de injeção de portadores, q é a carga do eletrão, V é o volume da região ativa, g0 é

declive do ganho material, N0m é a densidade de portadores que permite ao dispositivo igualar o

ganho e as perdas (ficando transparente), ε é o fator de compressão de ganho, P é a densidade de

fotões na cavidade, τs é o tempo de vida dos portadores, τ p é o tempo de vida dos fotões, Γ é o

fator de confinamento ótico e β é o fator de emissão espontânea.

Pout =P∗ηd ∗h∗ f2∗Γ∗ τp ∗ηi

(3.4)

Onde ηd é a differential quantum efficiency com um valor comum de 0.3, h é a constante de

Planck = 6.626068∗10−34 e f é a frequência dos fotões = 3.4286∗1014.

Um dos parâmetros relevantes do laser é a corrente de limiar (threshold) Ith, este valor diz-nos

a corrente a partir da qual ocorre a emissão estimulada (laser), deixando de se comportar como

um díodo LED e começando a ter um elevado ganho e uma rápida resposta a variações no sinal de

entrada. O ponto de funcionamento do laser deve ser tal que o permita operar sempre acima deste

limiar. Para encontrar este valor calcula-se a densidade de portadores de carga de threshold−Nth,

isto é N tal que o ganho seja igual as perdas

Nth = N0m+1

(Γ∗g0∗ τp)(3.5)

A corrente de threshold pode então ser calculada como

Ith =q∗V ∗Nth

(ηi ∗ τs)(3.6)

No caso do laser utilizado estes valores são de Nth = 4.839447∗1024 e Ith = 8.945532∗10−4.

O índice de modulação tem muita relevância quando se fala de modulações, e pode ser cal-

culado pela equação 3.7. Considerando que o sinal é uma sinusoide, este indicador é igual a um

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14 Simulação

quando a amplitude da sinusoide é igual à diferença entre o valor DC e a corrente de limiar, estando

a sinusoide centrada no valor DC igual a Ibias, tal como é ilustrado na figura 3.1.

m =A

Ibias − Ith(3.7)

Onde m é o índice de modulação, A amplitude do sinal e Ibias é a corrente continua de polarização

do laser.

Como o sinal UWB é um sinal aleatório não é correto a utilização integral desta definição,

definindo-se então a amplitude do sinal A como sendo três vezes o desvio padrão.

Figura 3.1: Parâmetrosdo laser

Todo o encapsolamento do laser cria um circuito de parasíticos, o qual é necessário considerar

que pode ser visto na figura 3.8.

3.3 Software

Para a simulação do sistema RoF utilizou-se 2 software independentes, Matlab 7.11.0 e Ad-

vanced Design System 2009 (ADS).

Inicialmente estava previsto a implementação de todo o sistema em ambiente ADS, uma vez

que este software já tem incluído nas suas livrarias vários componentes para sinais UWB tais

como emissores, recetores e medidores de EVM. Durante a construção do sistema para simulação

apareceram vários problemas na implementação das equações diferenciais que modelam o com-

portamento ótico do VCSEL, pelo que se optou por utilizar o Matlab para esse efeito, permitindo

desta forma uma grande flexibilidade para fazer outros cálculos e otimizações através do matlab.

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3.4 Métodos utilizado 15

Quanto ao software ADS temos 2 possibilidades de simulação, analog/RF e DSP, a primeira

possibilita a simulação de circuitos analógicos ou de radiofrequência com análises DC, AC, pa-

râmetros S, transitórios, etc. já a segunda é onde se encontram as simulações em Data Flow de

sistemas de comunicações com mais de 500 blocos disponíveis. Estes podem ser interligados

através de co-simulação com os circuitos analog/RF e desta forma otimizar os circuitos RF, com

a certeza que estes estão a ser submetidos aos sinais de comunicação que obedecem a todos os

standards.

O Matlab sendo um dos softwares mais utilizados nas áreas cientificas e não só, já é bem

conhecido o seu poder de computação matemática elevadíssimo. A implementação do emissor

e recetor de UWB poderia ter sido também implementados em Matlab, mas devido à sua com-

plexidade e para garantir que o sinal produzido seguia todas as especificações do standard seria

necessário a ocupação de muito tempo de trabalho, e não é esse o objetivo da tese, pelo que se

optou por continuar a utilizar o ADS para criação e análise do sinal UWB.

3.4 Métodos utilizado

Figura 3.2: Esquema da implementação do sistema

A simulação do sistema inicia-se no ADS com a criação do sinal UWB em ambiente de simu-

lação DSP. O sinal UWB é do tipo MB-OFDM com frequency hopping, embora o TFC utilizado

(TFC6) repita sempre a frequência central número 2 centrada em 3.96 Ghz. O sinal produzido

por este bloco é do tipo timed, isto é um barramento de dados utilizado pelo ADS que transporta

5 tipos de dados, estes são a fase e quadratura do sinal, uma flag que indica se o sinal está em

banda base ou RF (o ADS define como banda base o sinal centrado na frequência da portadora,

ao contrario do que se admite neste documento) , a frequência central que pode ser utilizada para

converter ou desmodular o sinal e por fim o tempo presente a que se refere a amostra.

Figura 3.3: Diagrama de blocos do esquema de simulação em ADS

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16 Simulação

Em seguida com recurso à co-simulação implementou-se o circuito de parasíticos do laser,

acompanhado do circuito de polarização tal como se pode ver na figura 3.3 Como o comporta-

mento da parte intrínseca do laser é implementada no matlab é necessário que os dados sejam

transferidos entre os programas. Para esse efeito utiliza-se o bloco TimedDataWrite, este cria um

ficheiro .tim com um vetor de tempos e outro com o valor da tensão do sinal que nos dá informação

da corrente que atravessa o laser.

A figura 3.4 mostra o diagrama de blocos da simulação em matlab.

Figura 3.4: Diagrama de blocos do esquema de simulação em matlab

Os dados depois de carregados para o matlab são aplicados às equações diferenciais do VCSEL

que nos dá a densidade de fotões na cavidade, proporcional à potência ótica emitida pelo mesmo. A

corrente gerada pelo fotodíodo. A este sinal é aplicado um filtro para retirar os espúrios resultantes

das linearidades do laser que caem fora da banda do sinal. Por último no matlab é adicionado ruído

AWGN equivalente ao ruído de RIN. A passagem do sinal de novo para o ADS não pode ser feita

através de um ficheiro .tim, com um sinal de tensão. Este tem de ser desmodulado para sinal em

fase e quadratura. Por este razão teve de ser implementado mais um filtro para aproveitar a parte

de banda base, que pode então ser lida pelo ADS.

Para obter uma medição da qualidade do sinal faz-se a receção e análise do mesmo no ADS

com um medidor de EVM com o bloco UWB_MBOFDM_EVM. Esta é a técnica utilizada para

analisar a qualidade de sinais OFDM tal como descrito no final na secção 2.3. A figura 3.5 mostra

o simples diagrama para a medição do EVM quando o sinal volta ao ADS.

Figura 3.5: Diagrama de blocos do esquema de medição do EVM do sinal em ADS

3.4.1 Implementação

Os três passos fundamentais da simulação são a criação do sinal UWB conforme o standard,

seguido da passagem deste pelo laser e a deteção e análise para obter um valor de qualidade do

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3.4 Métodos utilizado 17

mesmo na receção. Por forma a simplificar a leitura do documento divide-se estes passos nas

subsecções seguintes.

3.4.1.1 Criação do sinal

A criação do sinal UWB é realizada com recurso ao bloco UWB_Source_FH_RF presente na

simulação DSP do ADS. A simulação de data flow foi realizada durante um período de 55 µs

com o máximo de oversample possível Ratio32, dando origem a um sinal com passo de tempo

de 5.91856 ∗ 10−11s, frequência de amostragem de 16.896 Ghz e 929281 amostras. Desta forma

temos um sinal sobreamostrado para obter o máximo de realismo possível nas simulações.

Figura 3.6: Emissor UWB

Na figura 3.6 pode-se ver o emissor UWB utilizado e as respetivas configurações. Este foi

definido para gerar um sinal UWB-frequency hopping, com taxa de transmissão de dados de 200

Mbps, a operar no grupo 1 e TFC6, isto é, a banda utilizada é sempre a 2 do espetro UWB já

apresentado na figura 2.1.

O sinal à saída do emissor tem um espetro com largura de banda de 528 MHz tal como se pode

ver na figura 3.7 com uma potência de emissão total de -14.07 dBm correspondentes ao máximo

de -41.3 dBm/MHz na densidade espetral de potência e largura de banda de 528 MHz.

−41.3dBm/MHz+10∗ log10(528) =−14.07dBm (3.8)

Este sinal é aplicado ao circuito de polarização e ao laser representado pelo seu circuito elétrico

equivalente (parasíticos), ainda no ADS mas em ambiente de simulação analógica/RF. O circuito

é apresentado na figura 3.8, onde na parte verde temos o circuito de polarização que neste caso

está calculado para uma fonte de 5V e aplicação de 1 mA ao laser, o cálculo da resistência em

série com a fonte é feito na equação 3.9. O condensador C2 e a bobine L2 utilizam-se para isolar

o sinal da polarização, tal como acontece no trabalho experimental através do bias-T.

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18 Simulação

Figura 3.7: Denisdade espetral de potência do sinal UWB à saída do emissor (RBW = 1MHz)

R f onte = (5− Ibias∗Req)/Ibias ; Req = Rs+Rp1+Rp2 (3.9)

Na parte vermelha está o circuito equivalente de parasíticos do VCSEL na sua forma mais

completa para obter os resultados mais aproximados da realidade. Antes de adotar a forma com-

pleta fez-se a simulação com a forma simplificada mas os resultados foram bastante diferentes,

pelo que se adotou esta forma mais precisa. Os valores utilizados nos componentes parasíticos

foram retirados experimentalmente pelo método de subtração de frequências [7] e estão descritos

na tabela 3.1.

Por último na parte amarela está a resistência série do semicondutor. Ao retirar informação

da tensão aos seus terminais consegue-se, com uma simples divisão pelos valor de Rs, obter a

corrente que atravessa o laser a cada momento, sendo essa a informação necessária ao calculo das

equações diferenciais.

Figura 3.8: Circuito de polarização e parasíticos do VCSEL

A interface deste circuito com a simulação DSP do ADS é feita através do bloco EnvOutSe-

lector definido para não filtrar o sinal e deixar passar todas as frequências, o que aumenta o tempo

de simulação mas sem isso não era possível obter, simultaneamente, a corrente de polarização e

só passaria o sinal. Existem dois tipos de interface para a cosimulação entre DSP e RF, utilizou-se

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3.4 Métodos utilizado 19

a que não carrega o circuito RF nenhuma carga, uma vez que se pretende obter o valor de tensão

na resistência série do semicondutor.

Para fazer a interface com o matlab utilizou-se a gravação dos dados num ficheiro através do

bloco TimedDataWrite configurado para salvar ficheiros com extensão .tim. Nesta configuração

são criados ficheiros com 2 colunas de dados, a primeira contem informação do tempo presente

de cada amostra (com o espaçamento de 5.91856∗10−11s ) e a segunda coluna contem o valor da

tensão aos terminais da resistência série do díodo.

3.4.1.2 Laser e Filtros

O ficheiro gravado anteriormente no ADS é então carregado no Matlab e é feito o calculo da

corrente que atravessa o díodo com uma simples divisão da tensão pelo valor de Rs.

Esse sinal, já em corrente, é aplicado ao sistema de equações diferenciais. Para melhorar a

resposta do laser é cálculado o valor inicial dos portadores e dos fotões na cavidade para o ponto

de funcionamento pretendido, que é ditado pela corrente de polarização. O calculo é efetuado no

simulink através de uma curta simulação com um sinal DC de valor igual à corrente de polarização

(Ibias), esperando o tempo suficiente para todos os efeitos transitórios cessarem. Assim o laser parte

já do ponto de funcionamento quando o sinal é aplicado, eliminando a subida de valores iniciais

desde zero até ao valor no ponto de funcionamento (que se situa na ordem dos 1024), seguido de

oscilações devidas à diferença entre o tempo de vida dos fotões e dos portadores de carga.

A implementação do sistema de equações diferenciais é feito no Simulink com recurso ao

bloco DEE, tal como se pode ver na figura 3.9.

O passo de tempo do Simulink teve de ser reduzido em 10 vezes do valor inicial, caso contrário

os integradores do DEE tinham pontos indefinidos. Para reduzir o Time Step é necessário fazer

um Resample do sinal antes de passar ao Simulink, este é feito através da função resample. PAra

correntes inferiores a zero o díodo laser não conduz, efeito que não está descrito nas equações de

taxa do laser. Para simular este efeito o sinal é truncado para valores negativos de corrente.

Depois de calcular as equações diferenciais descritas em 3.2 e 3.3 é necessário encontrar a

potência ótica emitida pelo laser, como não se consideram os efeitos da fibra neste trablho, o foto-

díodo recebe a mesma potência ótica emitida pelo laser. Também se admite que a responsividade

do fotodíodo é igual a 1 A/W, podendo-se então calcular a corrente gerada através da equação 3.4.

Considerou-se que o ruído introduzido pelo link ótico pode ser aproximado como sendo só

o ruído de intensidade do laser (RIN), e este aproximado por ruído AWGN com corrente média

quadrática calculada pela expressão 3.10 [8] [9].

< I2RIN >= 10

RIN10 ∗R2∗< P0 >

2 ∗B (3.10)

onde < I2RIN > é a corrente média quadrática do ruído, RIN é a potência espetral do ruído em

dB/MHz, R é a responsividade do fotodíodo em A/W que se considera ser igual a 1 A/W, P0 é a

potência continua do sinal ótico em Watt e B é a largura de banda do ruído em Hz (assume-se igual

a metade da frequência de amostragem, ou seja, toda a banda do sinal).

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20 Simulação

Figura 3.9: Bloco DEE do Simulink

Adicionou-se então ao sinal de saída do DEE a raíz quadrada do < I2RIN > multiplicada por

um vetor de números aleatórios (entre 0 e 1), obtendo assim ruído AWGN com a potência preten-

dida. Em seguida é feita uma filtragem do sinal para retirar alguns espúrios criados pelo laser que

caem fora da banda do sinal original. Essa filtragem é feita com recurso a um filtro passa-banda

equiripple de ordem 10 com banda passante entre 3.5 e 4.5 GHz e frequências de corte de 1 e 7.9

GHz, cuja resposta em magnitude do filtro é apresentada na figura 3.10.

Com isto temos o sinal pronto a ser analisada no medidor de EVM do ADS, mas para realizar a

passagem de informação de novo para este software é necessário obter o sinal em banda base (fase

e quadratura), para isso é então multiplicado o sinal pelo cos(2∗π ∗ fc ∗ t) e sin(2∗π ∗ fc ∗ t) para

se obter o sinal em fase e quadratura respetivamente. Porque esta multiplicação cria um sinal à

frequência zero e outro ao dobro da frequência da portadora ( fc), é necessário uma nova filtragem,

esta realizada também com um filtro equiripple de ordem 10 mas neste caso passa-baixo com

frequência de corte de 3 GHz. A resposta em magnitude do filtro é apresentada na figura 3.11.

Por último procede-se à gravação dos dados para 2 ficheiros com a fase e quadratura do sinal

que serão depois lidos pelo ADS para a análise final do EVM.

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3.4 Métodos utilizado 21

Figura 3.10: Resposta em magnitude do filtro aplicado a saída do fotodíodo

3.4.1.3 Análise do sinal

Os 2 ficheiros gravados pelo Matlab são então lidos pelo ADS através do bloco ReadFile.

O modelo de análise utilizado pode ser visto na figura 3.12. Para obter o sinal em modo Ti-

med necessário ao recetor é ainda necessário utilizar os blocos RectToCx e CxToTimed tal como

se mostra no esquema. Por fim para obter uma análise qualitativa do sinal utiliza-se o bloco

_UWB_MBOFDM_EVM, este faz a receção do sinal UWB e analisa-o, fornecendo como saída o

valor do EVM e outros dados, entre eles a constelação.

Na secção 3.5 temos a análise dos resultados obtidos nas diversas simulações efetuadas.

3.4.2 Dificuldades

A primeira dificuldade encontrada com a configuração pensada inicialmente foi a implemen-

tação das equações diferenciais no ADS através do verilog-A, a documentação fornecida pelo

software sobre esse assunto é pouca e pouco precisa e como a facilidade de controlar as variáveis

de simulação nesse software são poucas, optou-se por utilizar o matlab para implementar essas

equações, os filtros e outros cálculos necessários.

A dificuldade seguinte é a alta frequência do sinal, que obriga a uma amostragem muito ele-

vada. O emissor utilizado tem várias opções de oversampling, mas para uma simulação mais

realista na resposta do laser como temos um sinal em tensão ao longo do tempo, é necessário

um sinal UWB o mais perfeito possível para que os resultados sejam realista. Assim a esco-

lha no emissor foi a taxa máxima de oversampling correspondente a opção Ratio32 que os dá

uma frequência de amostragem de 16.896 GHz, bem acima do dobro da frequência da portadora

(2 ∗ 3.960GHz = 7.920Ghz). Esta sobreamostragem é boa para os resultados mas dá origem fi-

cheiros grandes e necessita de grande poder de computação com simulações bastante demoradas,

mesmo para um tempo de simulação bastante pequeno (55µs).

Outro problema que surgiu foi a integração numérica das equações de taxa, de que resultou

uma necessidade de aumentar a amostragem do sinal para 160 GHz. Esta necessidade surgiu dos

consecutivos erros gerados pelos integradores do dee com sinais indefinidos na sua entrada. Ainda

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22 Simulação

Figura 3.11: Resposta em magnitude do filtro aplicado ao sinal em banda base

referente ao simulink surgiu um pequeno warning devido ao sinal vindo do ADS não ter um passo

de tempo constante, mas com diferenças na quarta ou quinta casa decimal pelo que não interferiu

no resultado final, mas que necessitou da devida atenção.

Na passagem do sinal de saída do laser para o ADS encontramos outra dificuldade na leitura

dos dados, uma vez que esta não pode ser feita com recurso a um ficheiro que contenha sim-

plesmente os dados do sinal em tensão e os tempos. É necessário o sinal em fase e quadratura

para que o software o leia apropriadamente e o analise. Assim foi preciso fazer uma espécie de

desmodulação, tal como foi explicada na subsecção 3.4.1.2.

3.5 Resultados

Efetuaram-se simulações para valores de potência do emissor entre -44.07 dBm e 11.93 dBm

com incrementos de 2 dB e correntes de polarização do VCSEL entre 1 mA e 8.8 mA com in-

crementos de 1 mA, exceto 8 mA que passa para 8.8 mA sendo este o máximo aconselhado para

o VCSEL utilizado. Com estas simulações pretende-se obter o comportamento do sistema para

vários valores de potência de entrada, simulando assim as diversas situações em que este pode ser

utilizado. Foram também realizadas simulações com e sem ruído de RIN no laser para análise do

efeito do ruído no desempenho do sistema.

Em todas as figuras apresentadas nesta secção admite-se a potência do emissor UWB nor-

malizada com o valor máximo permitido pelo standard, que para esta banda com TFC6 (uma só

frequência com largura de banda de 528 Mhz) é de -14.07 dBm.

Comecemos por analisar a resposta do VCSEL a um degrau de corrente com amplitude de

8.8 mA mostrado na figura 3.13, por forma a podermos avaliar a resposta do laser. Para melhor

compreensão normalizaram-se os dois gráficos (densidade de portadores e de fotões) para um valor

final igual a 1.

Vê-se aqui claramente as oscilações em torno do valor final, característica do comportamento

oscilatório de um sistema de segunda ordem.Este comportamento é explicado pela diferença nos

tempos de vida dos fotões e de portadores, sendo este último de uma ordem de magnitude superior.

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3.5 Resultados 23

Figura 3.12: Esquema do recetor do sinal UWB e análise do EVM (RCE)

Como se pode observar quando N chega ao valor de limiar, os fotões crescem rapidamente até um

valor muito superior ao valor final (4.5 vezes), quando os portadores começam a ser consumidos

mais rapidamente do que conseguem crescer e por consequência os fotões começam a reduzir

também, segue-se uma recuperação dos portadores e novo aumento de fotões repetindo-se o ciclo

mais algumas vezes dependendo dos parâmetros do laser em questão.

Analisemos agora o comportamento do VCSEL quando submetido a um sinal UWB com uma

corrente de polarização de 8.8 mA, para isso compara-se o espetro do sinal à entrada do laser e à

saída do fotodíodo, para os extremos de potência analisados (-44.07 dBm e 11.93 dBm), através

das figuras 3.14 e 3.15.

Com esta potência baixa na entrada (menos 30 dB do valor máximo permitido) do VCSEL

obtemos um índice de modulação de 0.006, não sendo criada nenhuma dirtorção no sinal devido

às não linearidades do laser. Por outro lado neste caso o ruído é bastante elevado (devido a corrente

de polarização elevada) e o sinal à saída do laser esta exibe bastante ruído. Quando se aumenta

a potência para 11.93 dBm (mais 26 dB do valor máximo permitido) obtém-se um índice de

modulação de 3.5 e vemos claramente a distorção devido às não linearidades do laser a caírem ao

dobro da frequência central. Como a potência do sinal neste caso é bastante elevada o ruído não

se faz sentir pois situa-se em -200 dBm/MHz.

O RIN do laser limita o envio de sinais pelo link ótico a baixa potência, como se pode ver

na figura 3.16 onde temos a comparação entre o espetro à saída do laser para uma corrente de

polarização de 3 mA e uma potência do sinal UWB de -44.07 dBm.

Vê-se na figura 3.16b que mesmo com potência baixa do sinal já se observa o efeito da dis-

torção não-linear, quando se aplica ruído nota-se claramente este sobre toda a banda analisada,

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24 Simulação

Figura 3.13: Resposta normalizada do VCSEL a um degrau de corrente com amplitude de 8.8 mA

mesmo que não pareça por estes gráficos muito significativo, quando se analisar o EVM do sinal

mais a frente nota-se claramente uma grande degradação do sinal recebido.

Já foi dito anteriormente que o RIN é proporcional à corrente de polarização. Para demonstrar

isso graficamente apresenta-se em seguida na figura 3.17 uma comparação entre os espetros à saída

do laser para a mesma potência de sinal UWB de -44.07 dBm mas com correntes de polarização

de 3 mA e 8.8 mA.

Quando a corrente é de 3 mA, mesmo com potência muito baixa, obtém-se um SNR de apro-

ximadamente 10 dB, já com 8.8 mA o sinal não se destaca do ruído, e isso reflete-se no EVM com

um valor de -1 dB (sendo o mínimo aceitável de -10 dB), enquanto que com 3 mA ainda se obtém

um EVM de -20.31 dB.

A análise do espetro do sinal dá-nos uma imagem clara do nível de ruído e distorção não-linear

imposta pela resposta do laser, mas não nos diz qual o efeito real dessas interferências no resultado

final. Para sabermos a qualidade do sinal recebido passa-se agora à análise dos EVM dos vários

sinais analisados.

Como continuação da análise anterior, na figura 3.18 pode-se ver os EVM do mesmo sinal

com correntes de 3 mA e 8.8 mA com e sem ruído.

Verifica-se que para baixas potência do sinal o ruído é dominante, como seria de esperar.

Para níveis de sinal crescentes o EVM melhora (SNR aumenta) até que se atinge um mínimo. A

partir deste ponto distorção de intermodulação do laser e efeito de clipping passam a limitar o

desempenho do sistema.

Outra particularidade destes resultados são a confirmação do que se encontra na literatura,

onde se indica que com o aumento do índice de modulação do sinal para alem de 1, mesmo com

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3.6 Sumário 25

(a) Antes do VCSEL (b) Depois do VCSEL com RIN

Figura 3.14: Espetro para potência do sinal de -44.07 dBm, Ibias=8.8 mA

a existência de clipping, o EVM não se degrada significativamente, podendo até melhorar. Isto

confirma-se para todas as correntes de polarização como se pode ver nas figuras anteriores bem

como na figura 3.19.

Passamos agora a analisar o EVM para as várias potências de emissão do sinal UWB e para as

várias correntes de polarização. Com esta análise pretende-se dar resposta a algumas das questões

principais deste trabalho que são “É viável a utilização de links óticos para o transporte de sinais

RF (UWB)?” e “Qual a o ponto de funcionamento ideal para este laser nestas circunstâncias?”.

Na figura 3.19 compara-se o EVM para todas as combinações possíveis de corrente de alimen-

tação e potência do sinal UWB.

Este é o resultado final de todas as simulações efetuadas durante o trabalho. Responde as 2

questões principais, confirmando a boa possibilidade de transporte de sinais UWB sobre fibra, e

dando um ponto de partida para a escolha de uma polarização adequada. Podemos verificar que

para uma corrente de polarização de 3 mA se obtém resultados de EVM bastante piores que nos

restantes casos representados.

Ao analisar este gráfico pode-se concluir que entre 15 dB da potência máximo do sinal UWB

se obtém sempre bons resultados de EVM para correntes de alimentação maiores que 4 mA. Conti-

nuando a aumentar a corrente vemos que o laser se comporta bem para potências de sinal maiores,

mas o ruído passa a fazer-se notar nas potências menores. Conclui-se com este trabalho que existe

um ponto óptimo de funcionamento do díodo laser que não corresponde, como se verificou, ao

valor máximo da corrente permitida. Para valores baixos de sinal o ruído é dominante e para ele-

vados a distorção do laser passa a ser o factor limitativo. Pode ainda inferir-se que para um dado

ponto de operação do laser existe um valor de potência de sinal ideal de modo a atingir a máximo

SNR. Isso implica na prática a necessidade de controle de ganho para manter o sinal à entrada do

laser no nível desejado.

3.6 Sumário

Neste capitulo foi descrita a parte fundamental do trabalho, desde a descrição dos métodos

de simulação e implementação do sistema, algumas dificuldades que podem surgir na simulação

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26 Simulação

(a) Antes do VCSEL (b) Depois do VCSEL com RIN

Figura 3.15: Espetro para potência do sinal de 11.93 dBm, Ibias=8.8 mA

deste tipo de sinais e com estes componentes até à análise de resultados. Conclui-se com este

capítulo que é viável a transmissão de sinais de Ultra-Wide-Band através de links de fibra ótica

sem uma interferência significativa, desde que a potência do sinal seja controlado, coisa que se

consegue facilmente na ligação da estação central com a antena, uma vez que esta tem de ter

forçosamente um amplificador, embora para um funcionamento adequado haja a necessidade de

controlo de ganho.

Quando a informação viajar em sentido contrario é necessário e aconselhado o uso de um pré-

amplificador na antena antes de modular o laser, e se a potência espectável ainda for baixa demais

através da figura 3.19 pode-se escolher uma corrente de modulação de 3 mA por exemplo que

obtém bons valores de EVM mesmo para potências baixas. Tentou-se de seguida a execução de

um pequeno trabalho experimental para comprovar os resultados de simulação.

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3.6 Sumário 27

(a) Com RIN (b) Sem RIN

Figura 3.16: Espetro do sinal depois do laser com potência de emissão de -44.07 dBm e correntede polarização de 3 mA

(a) Ibias = 3 mA (b) Ibias = 8.8 mA

Figura 3.17: Espetro à saída do laser para uma potência de -44.07 dBm com RIN

(a) Ibias = 3 mA (b) Ibias = 8.8 mA

Figura 3.18: Intreferência do RIN no EVM

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28 Simulação

Figura 3.19: EVM para todas as combinações de potências e correntes de polarização

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Capítulo 4

Resultados experimentais

Nas secções seguintes descreve-se o trabalho realizado experimentalmente. Pela escassez de

equipamentos capazes de analisar este tipo de sinais os testes experimentais não foram muito

longos nem muito pormenorizados.

4.1 Introdução

O setup utilizado nos testes experimentais foi muito similar ao utilizado nas simulações, isto

é, um emissor standard UWB com controlo de potência de emissão seguido do link ótico e para

analisar os dados um osciloscópio digital da Agilant com os algoritmos de análise do sinal muito

parecidos com o software ADS.

Os testes foram realizados com várias potências de emissão e várias correntes de polarização

do VCSEL, tal como nas simulações. Sendo que neste caso as potências de emissão estão entre o

máximo permitido pelo standard e até menos 15 dB desse valor.

4.2 Método e equipamentos

O sinal é então criado através de um emissor UWB com as mesmas configurações da simulação

(TFC 2, 200 Mbps, etc), este equipamento possui controlo em potência através de um software

fornecido pelo fabricante. A saída de sinal é feita através de RF, este é aplicado ao laser através de

um bias-T.

A polarização do VCSEL é realizada com recurso a uma fonte de corrente de alta qualidade

(Lightwave LDC-3714B) aplicada através de um bias-T (Picosecond Pulse Labs, Model 5550B).

A fonte fornece uma corrente constante controlada computacionalmente, enquanto o bias-T isola a

entrada DC do sinal de alta frequência com perdas de inserção inferiores a 1.5 dB para frequências

inferiores a 10 Ghz.

O sinal UWB e a corrente de polarização são então juntos no biasT sendo a modulação reali-

zada com recurso a resistência série do VCSEL que transforma a tensão do sinal RF em corrente,

tal como simulado anteriormente.

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30 Resultados experimentais

Tal como descrito ne secção VCSEL 3.2 o dispositivo utilizado é um HFE-4192-582 da Fi-

nisar. A sua saída ótica é então acoplada a uma fibra multimodo com alguns quilómetros de

comprimento, terminando num fotodíodo PIN seguido de um amplificador elétrico. Este amplifi-

cador foi um dos limitadores de performance do sistema devido ao seu baixo valor de saturação

(cerca de −35dBVpk).

A saída do amplificador é ligado através de um cabo de RF ao osciloscópio digital da Agilant,

sendo este o responsável por processar o sinal e nos dar o valor de EVM em dB.

4.3 Resultados

Os resultados obtidos experimentalmente não são muito precisos devido principalmente ao

amplificador elétrico que amplifica o sinal vindo do fotodíodo. Assim temos um erro muito grande

nos resultados. Os testes experimentais não foram mais aprofundados ou melhorados devido ao

pouco tempo disponível do equipamento de analise da Agilant. Com isto em mente apresentam-se

então os resultados obtidos.

Foram realizadas medições para potências entre o máximo do standard de EVM e até menos

15 dB desse valor com decrementos de 1 dB, as correntes de polarização testadas foram 8.8 mA,

6 mA, 4.5 mA e 3 mA.

Na figura 4.1 pode ser visto o gráfico dos EVM obtidos para cada corrente de polarização.

Figura 4.1: Resultados de EVM nos testes experimentais

Embora os resultados não sejam perfeitos nota-se a mesma tendência das simulações, com um

fosso a meio da potência analisada, bem como pior rendimento nas correntes de polarização mais

altas para mais potência, e melhor para potências baixas e polarizações baixas. Como tempo dis-

ponível para testes experimentais não foi muito não deu para comprovar qual a potência realmente

injetada no laser, pelo que não se pode comparar com os resultados de simulação. Mesmo com

todos os problemas os resultados experimentais aproximam-se bastante dos simulados, pelo que

se pode dizer que as simulações foram conformadas na prática.

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4.4 Sumário 31

4.4 Sumário

Mesmo com tempo muito limitado foi possível obter resultados experimentalmente que com-

provam os resultados obtidos em simulação, com um bom funcionamento do laser para sinais

UWB.

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32 Resultados experimentais

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Capítulo 5

Conclusão

Neste último capítulo encontra-se as apreciações finais sobre o trabalho realizado bem como

algumas tarefas que não foram possíveis de realizar durante o tempo disponível e que seriam

deveras interessantes e enriquecedoras se forem feitas mais tarde, ficando assim como trabalhos

futuros.

5.1 Conclusões

Durante os trabalhos realizados no âmbito desta tese de mestrado foi possível verificar que a

transmissão de sinais RF (UWB) através de fibra ótica é completamente viável e produz resultados

muito satisfatorios, embora se tenha notado alguma dificuldades para suportar simulações com

frequências de amostragem muito elevadas que produzem muitas amostras. O núcleo de trabalho

foi o estudo do comportamente do VCSEL, notando-se que este comporta-se satisfatoriamente

para as frequências estudadas em torno dos 4 Ghz, não sendo de esperar que continue a funcionar

para frequências mais altas devido à sua resposta em frequência.

Um dos principais objetivos do trabalho, que foi a criação de uma ferramenta de simulação

para sistemas UWB sobre fibra ótica também foi conseguida, podendo-se seguir com a inclusão de

mais componentes até se chegar a simulação do sistema completo, com a possibilidade de inclusão

do link wireless através do software ADS.

Por forma a caracterizar a resposta do laser para sinais UWB foram realizadas simulações

para vários valores de corrente de polarização (entre 1 mA e 8.8 mA), para simular alguns dos

ambientes em que o laser poderá operar realizaram-se simulações com diversas potências de sinal

de entrada (entre -44.07 dBm e 11.93 dBm). Ficou assim caracterizado o comportamente do laser

para as várias polarizações possíveis. Não se pode dizer que seja melhor um ou outro ponto de

polarização porque isso depende da potência de sinal que se utiliza para modular o laser, mas

notou-se que para 3 mA existe mais atenuação e distorção do sinal devido as não linearidades.

Claro que estes dados são validos para este laser com a utilização da frequência 2 da banda de

UWB (TFC6), mas com as ferramentas produzidas neste trabalho com muita facilidade de realiza

novas simulações com outros lasers bastando para isso alterar os parâmetros do mesmo.

33

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34 Conclusão

Infelizmente por falta de disponibilidade de equipamentos não houve possibilidade de confir-

mação dos dados de simulação através de testes experimentais, sendo que os únicos testes reali-

zados foram feitos no início do desenvolvimento do trabalho sem possibilidade de repetição com

os parâmetros simulados em seguida. Assim sendo não se pode dizer que houve confirmação por

medição real. Todos estes detalhes ficam para Trabalho Futuro.

5.2 Trabalho Futuro

Para concluir a simulação do setup para o qual este trabalho foi pensado falta a inclusão do link

wireless, a fibra ótica e os conectores e cabos que nesta simulação não foi tido em conta. Depois

de todos os componentes estarem incluídos na simulação, o passo seguinte seria a implementação

da comunicação bidirecional e também neste campo há muito para estudar na parte ótica do link

uma vez que esta poderá ser suportada noutro comprimento de onda, noutra fibra ou simplesmente

noutra frequência.

Também seria de grande interesse estudar as outras frequências utilizadas em UWB (até 10

Ghz), nesse caso com outros laser uma vez que o VCSEL utilizado não suporta sinais de tão

elevada frequência.

Durante a realização deste trabalho houve alguma interação com outro trabalho que insidia

sobre a construção de um amplificador elétrico para amplificar sinais UWB. Estes dois trabalhos

podem ser juntos numa só simulação para se obter melhor rendimento do sistema, ficando este

mais completo ainda e mais próximo da realidade e de uma possível implementação experimental.

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