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ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MODELOS ANALÍTICOS
DE DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS EM TABULEIROS DE PONTES
COM LONGARINAS RETAS DE ENGESSER-COURBON E
GUYON-MASSONET COM O MODELO DAS REAÇÕES DE
APOIO PROPOSTO.
ULANA DE ANDRADE MEDINO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
(MODALIDADE - MONOGRAFIA)
NATAL-RN
2016
U F R N
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ULANA DE ANDRADE MEDINO
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MODELOS ANALÍTICOS
DE DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS EM TABULEIROS DE PONTES
COM LONGARINAS RETAS DE ENGESSER-COURBON E
GUYON-MASSONET COM O MODELO DAS REAÇÕES DE
APOIO PROPOSTO.
Trabalho de Conclusão de Curso na
modalidade Monografia, submetido ao
Departamento de Engenharia Civil da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. José Neres da Silva Filho.
Co-orientador: Arthur da Silva Rebouças
NATAL/RN, 30 DE MAIO DE 2016
Dedico este trabalho à
CLENILDE TOMAZ DE ANDRADE e
YULA KARLA ANDRADE MEDINO.
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, Clenilde Andrade por toda dedicação, coragem e sabedoria para lidar
com as adversidades da vida e por todo sacrifício feito para que eu chegasse até aqui.
À minha irmã, Yula Karla por acreditar sempre no meu potencial e me inspirar a ser
uma pessoa melhor.
Ao meu orientador, José Neres pela seriedade e dedicação no exercício de sua profissão.
Pela disponibilidade e paciência para me orientar, além de toda ajuda para que eu
concluísse este trabalho e principalmente por ser um exemplo de professor, com quem
adquiri não apenas conhecimentos relacionados à engenharia estrutural, mas também o
significado do compromisso de um professor com os seus alunos e com a universidade.
Ao meu Co-Orientador, Arthur Rebouças pelo tempo cedido para me ajudar a elaborar
este trabalho, sempre que precisei, e pelo apoio e incentivo para alcaçar meus objetivos
profissionais.
Á professora Fernanda Mittelbach pelo seu desempenho exemplar como professora,
sempre competente e dedicada e por ser, para mim, uma verdadeira inspiração
profissional.
A todos aqueles que contribuíram de maneira direta ou indireta para a realização deste
trabalho.
RESUMO
Análise comparativa entre modelos analíticos de distribuição de cargas em tabuleiro de pontes com longarinas retas de Engesser-Courbon e Guyon-Massonet com o modelo das reações de apoio proposto. Autor: Ulana de Andrade Medino Orientador: Dr. José Neres da Silva Filho Departamento de Engenharia Civil - UFRN Natal, Maio de 2016 Pontes com tabuleiros de vigas múltiplas são aquelas cuja superestrutura é formada por
mais de duas vigas principais, mais conhecidas como longarinas. A utilização desse tipo
de sistema estrutural tem sido comumente implantada quando comparado aos diversos
tipos estruturais utilizados na atualidade. Desta forma, o estudo da distribuição
transversal de cargas em tabuleiros deste tipo de ponte é de extrema importância para
dimensionar os elementos da superestrutura. No entanto, este estudo não é uma tarefa
fácil para o engenheiro projetista, uma vez que o problema apresenta elevado grau de
hiperestaticidade. A obtenção dos esforços solicitantes e reações de apoio em tabuleiros
de vigas múltiplas ainda são realizadas através de soluções simplificadas de cálculo. As
atuais normas vigentes brasileiras não especificam nenhum método de cálculo para o
caso em questão, este fato motiva o estudo e aprimoramento dos modelos existentes. O
presente trabalho visa descrever e comparar alguns modelos analíticos com o objetivo
de quantificar as parcelas de cargas atribuídas efetivamente a cada uma das longarinas,
possibilitando assim o dimensionamento desses elementos estruturais. São eles o
método de Engesser-Courbon e Guyon-Massonet. O método de Engesser-Courbon é
classificado como descontínuo, onde o problema é resolvido por meio da analogia de
grelha, o método de Guyon-Massonnet, por sua vez, é classificado como contínuo,
sendo a análise feita como laje ortotrópica. Após a descrição dos métodos, serão
apresentados dois modelos estruturais de ponte com tabuleiro composto por três e sete
longarinas. A esses modelos serão aplicados os métodos de repartição de carga
estudados, a fim de analisar os esforços de momento fletor e cortante máximos. Os
resultados alcançados serão comparados com os resultados de um modelo proposto pelo
autor que consiste na determinação das reações de apoio correspondentes a cada
longarina quando o veículo tipo é posicionado da maneira mais desfavorável.
Palavras Chave: Pontes. Concreto Armado. Distribuição de cargas. Tabuleiros de vigas
múltiplas.
ABSTRACT Comparative analysis among analitic models of load distribution in bridge decks with straight stringers of Engesser-Courbon and Guyon-Massonet with the support reactions model proposed. Author: Ulana de andrade Medino Supervisor: Dr. José Neres da Silva Filho Department of Civil Engineering, Federal University of Rio Grande do Norte, Brazil, Natal, May 2015
Bridge decks with multiple girders are those whose superstructure is composed by more
than two main beams, better known as stringers. The use of this type of structural
system has been commonly implanted when compared to many strructural types used
currently. Thus, the study of cross load distribution on decks of this kind of bridges is
extremely impportant to design the elements of the superestructure. However, this study
is not an easy task to the design engineer, since the problem is highly hyperstatic. The
obtaining of internal forces and support reactions to bridge decks with multiple beams
still being realized using simplified solutions. The current brazilian regulations do not
specify any calculation method to this case, this fact induce the study and enhancement
of existente models. This work aims describe and compare some analytical models to
quantify the load portion apportioned to each stringer, enabling the design of this
structural elements. They are the mothod of Engesser-Courbon and Guyon-Massonet.
The mothod of Engesser-Courbon is classified as discontinuos, using the grillage
analogy to solve the problem, the method of Guyon-Massonet, on the other hand, it is
classified as continuos, being the analysis made as orthotropic plates. After the
description of the methods will be presented two structural models of bridges with
decks composed by three and seven stringers. To this models will be applied the
methods of load partition aiming to analyse the maximum bending moment and shear
force. The results achieved will be compared with the results of a model proposed by
the author that consists of determining the support reactions corresponding to each
stringer when the vehicle type is positioned in the most unfavorable way.
Keywords: Bridges. Reinforced Concrete. Load Distribution. Decks with Multiple
Girders.
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Modelo esquemático de uma ponte. ................................................................ 1
Figura 2 Linha de aplicação da carga senoidal em um tabuleiro de comprimento L e
largura 2b. ............................................................................................................... 22
Figura 3 Esquema geral da ponte. ............................................................................... 25
Figura 4 Detalhes da barreira lateral, pingadeira, aba lateral e cortina ....................... 26
Figura 5 Detalhes da cortina e laje de aproximação. ................................................... 26
Figura 6 Dimensões da seção transversal da ponte com três longarinas para o meio do
vão. ......................................................................................................................... 27
Figura 7 Dimensões da seção transversal da ponte com três longarinas para os apoios.
................................................................................................................................ 27
. Figura 8 Dimensões da seção transversal da ponte com sete longarinas para o meio
do vão. .................................................................................................................... 28
Figura 9 Dimensões da seção transversal da ponte com sete longarinas para os apoios.
................................................................................................................................ 28
Figura 10 Seção transversal da ponte composta por três longarinas. .......................... 30
Figura 11 Áreas de concreto e pavimentação para as vigas extremas do meio do vão.
................................................................................................................................ 31
.... 31
.... 32
............ 32
Figura 15 Dimensões da transversina intermediária.................................................... 33
Figura 16 Esquema estrutural das cargas permanentes que atuam nas longarinas
externas. .................................................................................................................. 35
................................................................................................................................ 35
Figura 18 Diagrama de esforço cortante para as vigas externas da ponte com
superestrutura composta por três longarinas (KN). ................................................ 36
Figura 19 Diagrama de momento fletor para as vigas externas da ponte com
superestrutura composta por três longarinas (KN.m). ............................................ 36
superestrutura composta por três longarinas (KN). ................................................ 37
superestrutura composta por três longarinas (KN.m). ............................................ 37
Figura 22 Veículo tipo padrão segundo a NBR-7188/2013 ........................................ 38
Figura 23 Representação dos cortes A-A e B-B no tabuleiro da ponte. ...................... 39
Figura 24 Veículo tipo simplificado ............................................................................ 42
Figura 25 Excentricidade das longarinas. .................................................................... 43
Figura 26 Distribuição de carga de Engesser-Courbon para vigas extremas .............. 44
-Courbon para vigas extremas
(Corte B-B). ............................................................................................................ 45
Figura 28 Composição do veículo tipo simplificado para as vigas extremas. ............. 46
-Courbon para a viga interna
(Corte A-A). ........................................................................................................... 46
-Courbon para vigas extremas
(Corte B-B). ............................................................................................................ 47
................... 47
Figura 32 Seções de cálculo adotadas para o traçado das linhas de influência das vigas
extremas. ................................................................................................................. 48
Figura 33 Linha de influência do esforço cortante na seção 4. ................................... 49
Figura 34 Linha de influência de momento fletor na seção 4. .................................... 49
Figura 37 Envoltória de esforço cortante para as vigas mais solicitadas V1 e V3
(KN). ....................................................................................................................... 50
Figura 38 Envoltória de momento fletor para as vigas mais solicitadas V1 e V3
(KN.m). ................................................................................................................... 50
Figura 39 Esquematização do tabuleiro da ponte composto por três longarinas e três
transversinas. .......................................................................................................... 51
Figura 40 Determinação da largura colaborante b f de acordo com a NBR 6118 ...... 51
Figura 41 Dimensões de cálculo da seção transversal das longarinas. ........................ 52
x Posição da carga, para a viga localizada em y=0. ................. 55
x Posição da carga, para a viga localizada em y = 3b/4. ......... 56
-A para a viga V2 ( intermediária). .............................. 57
-B para a viga V2 ( intermediária). .............................. 57
Figura 46 - Veículo tipo longitudinal simplificado para a viga V2. ............................... 58
-A para as vigas V1 e V2 ( extremas). .......................... 58
-B para as vigas V1 e V2 ( extremas). .......................... 59
Veículo tipo longitudinal simplificado para as vigas V1 e V7. .................. 59
licitadas V1 e V3 ..... 60
(KN.m). ................................................................................................................... 60
-A para a viga V1. ......................................................... 61
-B para a viga V1. ......................................................... 62
............................................ 62
.................. 63
corte A-A para a viga V2. ......................................................... 63
-B para a viga V2. ......................................................... 63
............................................ 64
............................. 64
forço cortante para as vigas mais solicitadas (KN). .......... 65
vigas mais solicitadas (KN.m). ...... 65
Figura 66 Seção transversal da ponte composta por sete longarinas. .......................... 66
Figura 67 Áreas de concreto e pavimentação para as vigas extremas. ........................ 66
Figura 68 Áreas de concreto e pavimentação para as vigas extremas dos apoios. ...... 67
Figura 69 Áreas de concreto e pavimentação para as vigas internas do meio do vão. 67
Figura 70 Áreas de concreto e pavimentação para as vigas internas dos apoios......... 68
Figura 71 Esquema estrutural das cargas permanentes que atuam nas longarinas
extremas. ................................................................................................................. 70
internas. .................................................................................................................. 70
Figura 73 Diagrama de esforço cortante para as vigas extremas da ponte com
superestrutura composta por sete longarinas (KN)................................................. 71
superestrutura composta por sete longarinas (KN.m). ........................................... 71
superestrutura composta por sete longarinas (KN)................................................. 72
superestrutura composta por sete longarinas (KN.m). ........................................... 72
Figura 77 Excentricidade das longarinas. .................................................................... 73
Figura 78 Posicionamento do veículo tipo na seção transversal das vigas V1 e V7 para
a determinação do veículo tipo longitudinal........................................................... 75
.................. 76
a determinação do veículo tipo longitudinal........................................................... 77
.................. 78
a determinação do veículo tipo longitudinal........................................................... 79
.................. 80
determinação do veículo tipo longitudinal. ............................................................ 81
.............................. 82
Figura 88 Envoltória de força cortante para as vigas mais solicitadas (V1 e V7)
(KN). ....................................................................................................................... 82
(KN.m). ................................................................................................................... 83
transversinas. .......................................................................................................... 83
Figura 91 Dimensões de cálculo da seção transversal das longarinas. ........................ 84
Figura 92 Gráfico K x Posição da carga, para a viga localizada em y=0. ................. 87
x Posição da carga, para a viga localizada em y = b/4. ........... 87
x Posição da carga, para a viga localizada em y = b/2. ........... 88
x Posição da carga, para a viga localizada em y = 3b/4. ......... 88
-A para a vigas V4. ...................................................... 89
-B para a viga V4. ......................................................... 89
.............................. 90
-A para as vigas V3 e V5. ............................................. 90
-B para as viga V3 e V5. ............................................. 91
................ 91
do corte A-A para as vigas V2 e V6. ........................................... 92
-B para as vigas V2 e V6. ........................................... 92
................ 93
-A para as vigas V1 e V7. ........................................... 93
-B para as vigas V1 e V7. ........................................... 94
................ 94
ria de força cortante para as vigas mais solicitadas ..................... 95
vigas mais solicitadas (KN.m). ... 95
Figura 112 Analise do corte A-A para a viga V1. ....................................................... 96
-B para a viga V1. ....................................................... 97
Figura 114 Linha de influência de reação para a viga V1. .......................................... 97
simplificado para as vigas V1 e V7. ................ 98
-A para a viga V2. ....................................................... 98
-B para a viga V2. ....................................................... 98
.......................................... 99
................ 99
do corte A-A para a viga V3. ..................................................... 100
-B para a viga V3. ..................................................... 100
........................................ 100
.............. 101
se do corte A-A para a viga V4. ..................................................... 101
-B para a viga V4. ..................................................... 102
........................................ 102
.......................... 103
força cortante para as vigas mais solicitadas (V1 e V7) .. 103
solicitadas (V1 e V7) 104
Figura 132 Curvas de distribuição transversal para as vigas de extremidade (V1=V3).
.............................................................................................................................. 106
........ 106
.............................................................................................................................. 107
....... 108
aplicados. .............................................................................................................. 111
aplicados. .............................................................................................................. 111
Figura 139 Gráfico do resumo dos valores das armaduras de flexão para os métodos
aplicados. .............................................................................................................. 115
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Valores dos coeficientes de distribuição transversal (K 0 e K 1
............................................................................... 54
Tabela 2
0,6. .......................................................................................................................... 55
Tabela 3 Coeficientes de repartição de carga de Engesser-Courbon para as longarinas
do caso de estudo II ................................................................................................ 74
0 e K 1
............................................................................... 86
0,5. .......................................................................................................................... 86
Tabela 6 Valores dos coeficientes de repartição em função da posição da carga. .... 105
.... 107
Tabela 8 Resumo dos esforços solicitantes máximos positivos e negativos para os
diferentes modelos nas vigas V1 e V3.................................................................. 110
dos esforços solicitantes máximos positivos e negativos para os
diferentes modelos nas vigas V1 e V7.................................................................. 110
Tabela 10 Valores da profundidade da linha neutra para os diversos modelos. ........ 113
Tabela 11 Valores das áreas de aço na seção do meio do vão das vigas V1 e V3 para
os modelos aplicados. ........................................................................................... 114
........ 114
os modelos aplicados. ........................................................................................... 115
SIMBOLOGIA SÍMBOLO SIGNIFICADO
e excentricidade da carga
E Módulo de elasticidade longitudinal do material
G Módulo de elasticidade transversal
I Momento de inércia à flexão de uma longarina
I 0 momento de inércia de torção de uma longarina
J Momento de inércia à flexão de uma transversina
J 0 Momento de inércia de torção de uma transversina
n Número de longarinas
K Coeficiente de repartição de carga
l Largura do tabuleiro
L Comprimento do tabuleiro
P Carga total sobre o tabuleiro
Pi Parcela de carga atribuída para cada longarina
t Número de transversinas
W Deslocamento transversal
X i Abscissa do ponto de aplicação da parcela do carregamento atribuído a
longarina i
X Centro elástico da seção transversal do tabuleiro
Parâmetro adimensional de entrada para as tabelas dos coeficientes de
repartição de carga
Flecha da viga
Parâmetro adimensional de entrada para as tabelas dos coeficientes de
repartição de carga
x e y Coeficientes que caracterizam o efeito de Poisson
L Rigidez à flexão por unidade de largura
T Rigidez à flexão por unidade de comprimento
L Rigidez à torção por unidade de largura
T Rigidez à flexão por unidade de comprimento
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
1.1 Considerações Iniciais ........................................................................................... 1
1.2 Objetivo Geral ........................................................................................................ 3
1.3 Objetivos Específicos ............................................................................................ 3
1.4 Justificativa ........................................................................................................... 4
1.5 Estrutura da Pesquisa ............................................................................................. 5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 6
2.1 Generalidades ......................................................................................................... 6
2.2 Evolução dos Métodos de Cálculo aproximados ................................................... 6
2.3 Métodos de Repartição de carga para tabuleiros de pontes em vigas múltiplas .... 8 2.3.1 Método de Engesser-Courbon ....................................................................... 11 2.3.2 Método de Guyon-Massonet ......................................................................... 18 2.3.3 Método das reações de apoio ........................................................................ 24
3 ESTUDO DE CASO DE UMA PONTE ................................................................. 25
3.1 Considerações Iniciais ......................................................................................... 25
3.2 Características Gerais da Ponte ............................................................................ 25
3.3 Seção Transversal da Ponte ................................................................................. 27 3.3.1 Caso de estudo I ............................................................................................ 27 3.3.2 Caso de estudo II ........................................................................................... 28
4 ANÁLISE DOS ESFORÇOS SOLICITANTES NAS VIGAS PRINCIPAIS...... 29
4.1 Análise dos esforços solicitantes para o caso de estudo I: Superestrutura composta por três longarinas ...................................................................................... 30
4.1.1 Solicitações decorrentes das cargas permanentes ......................................... 30 4.1.1.1 Carregamentos distribuídos ................................................................... 30 4.1.1.2 Cargas concentradas ............................................................................... 33 4.1.1.3 Esquema estrutural das cargas permanentes nas longarinas ................... 35 4.1.1.4 Diagrama dos esforços solicitantes devido às cargas permanentes ........ 35
4.1.2 Solicitações decorrentes das cargas móveis .................................................. 38 4.1.2.1 Método de Repartição de Carga de Engesser-Courbon .......................... 43 4.1.2.2 Método de Guyon-Massonet .................................................................. 51 4.1.2.3 Método das reações de apoio .................................................................. 61
4.2 Análise dos esforços solicitantes para o caso de estudo II: Superestrutura composta por sete longarinas ...................................................................................... 66
4.2.1 Solicitações decorrentes das cargas permanentes ......................................... 66 4.2.1.1 Carregamentos distribuídos ..................................................................... 66 4.2.1.2 Cargas concentradas ............................................................................... 68 4.2.1.3 Esquema estrutural das cargas permanentes nas longarinas ................... 70 4.2.1.4 Diagrama dos esforços solicitantes devido às cargas permanentes ........ 71
4.2.2 Solicitações decorrentes das cargas móveis .................................................. 73 4.2.2.1 Método de Repartição de Carga de Engesser-Courbon .......................... 73 4.2.2.2 Método de Guyon-Massonet .................................................................. 83 4.2.2.3 Método das reações de apoio .................................................................. 96
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 105
5.1 Comparação entre as curvas de distribuição transversal ................................... 105 5.1.1 Curvas de distribuição transversal para o caso de estudo I ......................... 105 5.1.2 Curvas de distribuição transversal para o caso de estudo II ........................ 107 5.1.3 Análise dos resultados ................................................................................. 108
5.2 Comparação entre os esforços solicitantes ........................................................ 109 5.2.1 Comparação entre os esforços solicitantes para o caso de estudo I ............ 109 5.2.2 Comparação entre os esforços solicitantes para o caso de estudo II ........... 110 5.2.3 Análise dos resultados ................................................................................ 110
5.3 Comparação entre as armaduras de flexão ........................................................ 112 5.3.1 Armaduras de flexão no meio do vão para as longarinas V1 e V3 do caso de estudo I .................................................................................................................. 113 5.3.2 Armaduras de flexão no meio do vão para as longarinas V1 e V7 do caso de estudo II ................................................................................................................. 114 5.3.3 Análise dos resultados ................................................................................. 115
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................ 116
6.1 Conclusões ......................................................................................................... 117
6.2 Sugestões para trabalhos futuros ........................................................................ 118
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações Iniciais
função é ligar dois pontos separados por obstáculos naturais ou por aqueles construídos
pelo homem. A NBR 7188/2013 define pontes como sendo estruturas sujeitas a ação de
carga em movimento, com posicionamento variável, utilizada para transpor um
obstáculo natural. Quando o obstáculo a ser vencido não é constituído por água, a ponte
é chamada de viaduto e quando a estrutura permite somente a passagem de pedestres,
ela é chamada de passarela. O projeto de uma obra tão grandiosa é resultado de um
processo sequencial de alternativas cujo objetivo é atender, além da funcionalidade, a
segurança, a economia e a estética.
Os elementos que constituem a estrutura de uma ponte são a superestrutura, a
mesoestrutura e a infraestrutura. A superestrutura é a parte destinada a, além de vencer o
obstáculo, receber diretamente as cargas provenientes do tráfego. A mesoestrutura é
encarregada de receber os esforços da superestrutura e transmití-los para a
infraestrutura, é o caso dos aparelhos de apoio e pilares. A infraestrutura, por sua vez, é
a parte com a função de transmitir ao terreno os esforços provenientes da mesoestrutura,
essa transmissão de esforços é feita pelas fundações.
Figura 1 Modelo esquemático de uma ponte.
Fonte: Pfeil (1979)
A escolha do sistema estrutural adotado para o projeto de pontes envolve uma
série de fatores como local de execução da obra, materiais disponíveis, economia,
tempo, etc. Devido às vantagens econômicas e construtivas da utilização de tabuleiros
2
de vigas múltiplas de concreto, esta solução é bastante difundida no Brasil em obras
ferroviárias, rodoviárias, metrôs de superfície e passarelas. Este tipo de seção
transversal é adotada quando a obra exige um maior número de faixas de tráfego,
podendo as longarinas serem de concreto armado ou protendido.
Em pontes com tabuleiro de vigas múltiplas são utilizados elementos pré-
moldados ou pré- fabricados. Os elementos pré-moldados são produzidos no próprio
canteiro de obras, já para os pré-fabricados a produção é feita em usinas e os elementos
são transportados até o local da obra. Este tipo de solução apresenta várias vantagens
dispensado, gerando assim economia, além da rapidez de execução (Figura 2).
Figura 2 Pontes com longarinas retas
Fonte: http://rotesma.com.br/site/obras/ (2016)
3
A análise estrutural para a obtenção dos esforços solicitantes e reações de apoio
neste tipo de obra é realizado por meio de modelos simplificados, onde a análise da
superestrutura é realizada separadamente dos demais elementos constituintes da ponte, a
meso e a infraestrutura. Além disso, o modelo estrutural de grelha da superestrutura
formada pelas vigas principais e pelas transversinas é assimilado a um modelo menos
rigoroso através da aplicação de modelos analíticos que serão descritos e analisados no
decorrer do presente trabalho. Serão apresentados os fundamentos teóricos dos métodos
de Engesser-Courbon e Guyon-Massonet e do modelo simplificado proposto.
1.2 Objetivo Geral
Esse trabalho tem como objetivo geral analisar a distribuição de carregamentos
em tabuleiros de pontes em vigas múltiplas de concreto armado, a fim de comparar os
resultados dos esforços obtidos pela aplicação dos métodos analíticos de distribuição de
carga de Engesser-Courbon e Guyon-Massonet com o método proposto pela autora que
assume de maneira simplificada que o quinhão de carga atribuído a cada longarina
corresponde à reação de apoio referente aquela longarina, quando o veículo tipo é
posicionado de maneira a gerar os maiores esforços na mesma.
1.3 Objetivos Específicos
O estudo ainda tem como objetivos específicos:
Descrever os métodos analíticos tradicionais empregados para análise de
tabuleiros de vigas múltiplas de concreto armado: método sem consideração da
torção nas vigas (Engesser-Courbon) e método que considera a rigidez à torção
nas vigas (Guyon-Massonnet), bem como o modelo das reações de apoio
proposto pelo autora;
Aplicar os Métodos de Repartição de Carga a fim de analisar os esforços de
momento fletor e cortante máximos para os casos em que a superestrutura da
ponte é composta por três e sete longarinas;
Aplicar o método simplificado proposto, determinando as reações de apoio
para o posicionamento mais desfavorável do veículo tipo por meio das linhas de
4
influência de reação para as longarinas em estudo, a fim de analisar os esforços
de momento fletor e cortante máximos;
Comparar as curvas de distribuição de transversal de carga, os esforços
solicitantes máximos e as armaduras de flexão nas longarinas mais solicitadas de
cada caso de estudo obtidas pela aplicação dos Métodos de Repartição de Carga,
com o método da determinação das reações de apoio, a fim de verificar o grau de
segurança do cálculo.
1.4 Justificativa
A justificativa deste trabalho se baseia na quantidade relativamente pequena de
estudos de distribuição de cargas em tabuleiros de pontes com vigas longarinas
múltiplas. Vale salientar que na obtenção de solicitações e reações de apoio em
tabuleiros de vigas múltiplas, em função da elevada hiperestaticidade do problema,
ainda são utilizadas soluções simplificadas de cálculo.
Essa complexidade motivou o desenvolvimento de diversos métodos
simplificados, a fim de tentar quantificar as parcelas de cargas que efetivamente seriam
atribuídas a cada longarina da ponte, com objetivo de possibilitar o seu
dimensionamento. Nesse contexto, a análise do comportamento estrutural de grelhas
ainda constituiu numa tarefa bastante trabalhosa para os engenheiros projetistas de
pontes.
Com a evolução dos processos numéricos, observa-se uma tendência de se
trabalhar na busca de resultados mais refinados e próximos dos obtidos
experimentalmente. Isso, por si só, justifica a investigação proposta no sentido de
entender melhor esses modelos analíticos clássicos, a fim de verificar os seus graus de
confiabilidade e, possibilitar a posteriori implementações computacionais em modelos
numéricos utilizando, por exemplo, o Método dos Elementos Finitos.
5
1.5 Estrutura da Pesquisa
A pesquisa está desenvolvida em seis capítulos, incluindo este primeiro.
O segundo capítulo trata da revisão da literatura sobre os Métodos de Analíticos
de Engesser-Courbon e Guyon Massonet, onde, inicialmente, é descrito um breve
histórico da evolução destes métodos e, nos demais tópicos, é feita a descrição
detalhada das considerações e desenvolvimento de cada método. Por fim, são mostradas
as considerações de cálculo do modelo proposto pela autora que será comparado com os
demais supracitados.
O capítulo 3 traz o estudo de caso de uma ponte que será utilizada para a
aplicação dos métodos descritos no capítulo 2. Neste capítulo, são mostradas as
dimensões e características da ponte. Serão utilizados dois casos de estudo com
diferentes números de longarinas para a obtenção de melhores resultados.
No capítulo quarto são aplicados os Métodos de Repartição de Carga para a
obtenção do quinhão de carga absorvido por cada longarina e, posteriormente, são
determinados os esforços máximos de momento fletor e cortante na viga mais solicitada
para a ponte com três e sete longarinas. Ainda neste capítulo são determinados os
esforços solicitantes nas longarinas para estes dois casos de estudo através do cálculo
das reações de apoio proposto pela autora.
No capítulo 5 é realizada a análise e comparação das curvas de distribuição
transversal de carga, dos esforços solicitantes máximos e das armaduras de flexão para o
meio do vão das vigas mais solicitadas de cada caso de estudo.
Finalmente, no sexto e último capítulo são feitas as considerações finais,
conclusões do estudo realizado e sugestões para trabalhos futuros nesta linha de
pesquisa.
6
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Generalidades
No presente capítulo, serão discutidos os aspectos relevantes aos métodos
aproximados de cálculo para a obtenção dos esforços solicitantes e reações de apoio em
tabuleiros de vigas múltiplas. Para este estudo foram escolhidos os métodos analíticos
tradicionalmente utilizados devido à sua simplicidade e aplicação imediata. Inicialmente
será descrito um breve histórico da evolução de tais métodos. Nos demais tópicos, a
descrição dos métodos foi realizada de maneira separada de acordo com a análise da
estrutura como grelha sem considerar os efeitos provenientes da torção e a análise como
placa ortotrópica.
2.2 Evolução dos Métodos de Cálculo aproximados
Uma grelha nada mais é do que um sistema plano formado por dois grupos de
vigas cruzadas em direções ortogonais ou inclinadas, onde cada viga apresenta sua
rigidez e condições de apoio. A complexidade da análise da estrutura como uma grelha
se deve ao elevado grau de hiperestaticidade do problema. Esta complexidade motivou
o desenvolvimento dos métodos simplificados de cálculo de repartição de cargas em
tabuleiros de pontes com múltiplas longarinas
A seguir será apresentada a contribuição de alguns trabalhos para a evolução do
estudo da distribuição de carga entre os elementos de uma grelha.
Em 1893, Zschetzsche, desenvolveu um trabalho baseado no método das forças,
cujas incógnitas eram as reações nos pontos de cruzamento, no qual não obteve êxitos
maiores em aplicações prática, devido as dificuldades e complexidades numéricas de
cálculo [5].
Em 1912, Kögler efetuou o estudo de uma ponte de concreto com cinco
longarinas e uma transversina, obtendo entre outras, a conclusão de que o momento de
inércia da viga transversal pouco influencia na distribuição transversal da carga. No
7
mesmo ano, Lossier, baseando-se na teoria de vigas contínuas sobre apoios elásticos,
apresentou também um trabalho [6].
Em 1922, Thullie analisou o problema das grelhas, considerando infinita a
rigidez das transversinas [7].
Em 1925, Petermann adotou como incógnitas do problema geral das grelhas os
momentos nos nós, no entanto ele se deparou como dificuldades numéricas [8].
Em 1926, Faltus alcançou resultados significativos para a distribuição de cargas
no meio do vão, simulando pela primeira vez, o efeito de todas as transversinas do
tabuleiro, representando-as por uma única transversina fictícia [9].
Em 1927, Bleich e Melan desprezando os efeitos proveniente da torção dos
elementos da grelha, chegaram a solução de um sistema de equações diferenciais
parciais, a partir da equação de Clapeyron [10].
Em 1928, Gennter considerou em seu estudo a rigidez torsional dos elementos
da grelha, no entanto ele não obteve bons resultados na resolução das equações
diferenciais parciais [11].
Em 1930, Ostenfeld, partindo da hipótese da existência em cada nó da grelha de
um apoio irrecalcável e baseando-se no método das deformações, chegou a um sistema
de equações cujo número de incógnitas era igual ao número de nós [12].
Em 1938, Um trabalho muito importante a respeito de grelhas apoiadas em dois
bordos foi apresentado por Leonhardt. Neste trabalho, foram estudados os coeficientes
de distribuição transversal, desprezando-se os efeitos da torção e considerando a laje
apenas como uma parcela colaborante da inércia das vigas [13].
Em 1940, Courbon desenvolveu o método dos coeficientes de distribuição
transversal para grelhas constituídas por uma viga com rigidez infinita. Tal método
- devido a contribuição de
Engesser para o estudo [14].
De 1946 a 1949, Guyon desenvolveu o método inicialmente proposto por Huber
para uma grelha composta por elementos sem rigidez torsional. Baseando-se na hipótese
8
da alta densidade dos feixes de vigas longitudinais e transversais, de modo a ser
possível assimilar tal estrutura a um sistema contínuo [15].
Em 1950, Massonet deu continuidade ao estudo de Guyon e passou a considerar
a torção nas vigas, aprimorando assim o método que passou a ser chamado de
dos Coeficientes de Distribuição Transversal de Guyon- em
1965, o método foi ampliado por Barés [15].
Em 1951, o professor brasileiro Figueiredo Ferraz, apresentou um trabalho que
se baseiava na utilização de funções ortogonais para a resolução das equações
diferenciais do problema de uma placa ortotrópica equivalente a uma grelha [16].
Em 1956, Homberg e Weinmeister abordaram o problema das grelhas sem
considerar os efeitos de torção, empregando como hiperestáticos grupos de cargas que
obedecem a certos princípios de ortogonalização [17].
Em 1962, Homberg e Trenks, apresentaram um trabalho no qual os efeitos de
torção foram incluídos [17].
Mais recentemente vários pesquisadores vêem se dedicado tanto no estudo da
influência da utilização de transversinas internas na distribuição de cargas (Júdice et.al.
e Araújo et.al.) quanto na discretização da superestrutura utilizando elementos finitos de
barra e casca através do programa computacionais para modelar o comportamento plano
e tridimensional dos tabuleiros de pontes hiperestáticas (Júdice et.al., Jovem et.al.).
2.3 Métodos de Repartição de carga para tabuleiros de pontes em vigas múltiplas
Segundo Stanton Apud Gavioli (1998) os métodos de análise de tabuleiros
podem ser didaticamente agrupados em quatro categorias: método de placa equivalente,
método de grelha, método dos elementos finitos e métodos das faixas finitas. Neste
trabalho serão abordadas somente as duas primeiras categorias.
O primeiro método baseia-se na teoria geral das placas ortotrópicas, onde o
tabuleiro como um todo, constituído por laje, longarinas e transversinas é substituído
por uma placa ortotrópica equivalente, na qual as propriedades longitudinais e
9
transversais representam a média das propriedades do modelo. Desde que os
espaçamentos entre as longarinas e transversinas sejam suficientemente pequenos.
Desprezando o efeito da torção e utilizando o efeito dos coeficientes de
repartição na consideração das cargas, em 1946, Guyon propôs o método da placa
equivalente, que foi posteriormente aprimorado por Massonnet através da consideração
do efeito de torção nas vigas. Segundo Gavioli (1998), o método é conveniente porque
permite a análise de vários tipos de tabuleiro, considerando-se apenas a geometria e
parâmetros de rigidez, que podemos representar por um pequeno número de tabelas
dimensionais. A utilização do método é ainda mais eficaz quando o tabuleiro é
composto por elementos justapostos, onde as rigidezes tornam-se uniformes.
No método de grelha, o tabuleiro composto pela laje apoiada nas longarinas
(vigas longitudinais) e transversinas (vigas transversais) forma uma grelha de vigas
equivalentes. Tal sistema passou a ser bastante utilizado devido a fácil assimilação por
parte dos engenheiros principalmente após o advento dos microcomputadores. De
acordo com Gavioli (1998) a vantagem deste método é que a esconsidade, chaves de
cisalhamento entre os elementos pré-moldados, diafragmas e rigidez da viga de borda
podem ser facilmente modelados. Por outro lado, o método apresenta desvantagens, tais
como a necessidade do cálculo das características geométricas das barras equivalentes e
a necessidade de aumentar o número de barras em regiões onde se deseja a análise local
do tabuleiro sob efeito de um carregamento.
Dentre os modelos analíticos de distribuição de carga em tabuleiros com vigas
múltiplas que utilizam o método de grelha, destacam-se os métodos de Engesser-
Courbon e o de Leonhart. Tais métodos consideram as hipóteses básicas da Teoria das
Estruturas:
Comportamento Linear Elástico: as deformações são linearmente
proporcionais aos carregamentos aplicados (Lei de Hooke);
Pequenas Deformações: As deformações são muito pequenas quando
comparadas com as dimensões da estrutura, de modo que o equilíbrio pode ser
tomado na configuração indeformada;
Seções Planas: Seções retas e planas, normais ao plano médio do elemento
estrutural antes da deformação, permanecem retas, planas, inalteradas em seu
comprimento e normais ao plano médio após a deformação;
10
Princípio de Saint-Venant: O efeito de forças ou tensões aplicadas sobre
uma pequena área podeser tratado atravésde um sistema estaticamente
equivalente, causando efeitos idênticos em pontos suficientemente afastados da
região de aplicação das cargas.
Segundo Albuquerque (2014), o método de Engesser-Courbon considera o
tabuleiro monolítico, transformando numa malha de vigas longitudinais e transversais;
despreza o efeito da torção nas vigas e a transversina é suposta como tendo rigidez à
flexão infinita. Como complemento, as deformações das transversinas em relação às
deformações das longarinas são desprezadas, o que significa que o comportamento
mecânico do conjunto à flexão transversal, na região das transversinas, é o de uma viga
deslocando como corpo rígido sob apoios elásticos. De acordo com Courbon apud San
Martin (1981), essa simplificação foi feita porque as deformações elásticas das
transversinas, devido à limitação da largura do tabuleiro, seriam muito pequenas quando
comparadas às das longarinas. Já o método de Leonhardt considera as mesmas
hipóteses, no entanto a transversina é considerada flexível.
Figura 3 .
Fonte: Jovem et.al. (2016)
11
2.3.1 Método de Engesser-Courbon
O processo de cálculo de Engesser-Courbon baseia-se no método de grelha para
a análise da distribuição de carga em pontes de tabuleiro de vigas múltiplas. Os
resultados obtidos pelo uso deste método são satisfatórios quando o tabuleiro analisado
possui a dimensão longitudinal predominante em relação à dimensão transversal (vão da
obra maior do que o dobro da largura da mesma L/b >2), a altura das transversinas é da
mesma ordem de grandeza das longarinas e as espessuras das longarinas e das lajes são
pequenas. Isso se deve às hipóteses simplificadoras adotadas para o presente método em
estudo.
Segundo Alves (1994), além das hipóteses básicas relativas à Teoria das
Estruturas (comportamento linear elástico, pequenas deformações, seções planas e
princípio de Saint-Venant) foram ainda assumidas as abaixo descritas:
As longarinas são paralelas, ligadas entre si perpendicularmente por
transversinas e possuem inércia constante;
As transversinas estão simplesmente apoiadas nas longarinas e admite-se que
estas possuem rigidez infinita a flexão, desprezando-se suas deformações em
relação às deformações das longarinas;
Desprezam-se os efeitos de torção: a reação mútua nos cruzamentos das vigas
longitudinais com as transversais é unicamente uma força vertical.
Figura 4 Representação do tabuleiro de vigas múltiplas para aplicação do método de Engesser-Courbon.
Fonte: Autora (2016)
12
Devido às hipóteses simplificadoras assumidas, podemos concluir que as
transversinas comportam-se como barras rígidas, onde seu eixo se mantém reto após a
deformação, segundo uma equação do tipo:
(2.1)
Figura 5 Esquematização gráfica do modelo analítico de Engesser-Courbon.
Fonte: Autora (2016)
O cálculo das parcelas de carga para cada longarina (Pi) pode ser feito com base
na compatibilização das flechas das vigas. A flecha da viga i é expressa pela seguinte
equação:
i = .
i
i
IEp.
(2.2)
13
Onde:
é uma constante que depende do vão da viga e do esquema estático da mesma;
E é o módulo de elasticidade do material que constitui a viga;
I i é o momento de inércia da seção transversal da viga.
O centro elástico da seção transversal do tabuleiro pode ser definido como o
ponto onde se P for a ele aplicado teremos uma rotação nula e constante. Este ponto
pode ser facilmente determinado pela seguinte expressão:
X =
i
ii
IXI .
(2.3)
Onde:
X i é a abscissa do ponto de aplicação da parcela do carregamento atribuído a
longarina i.
Figura 6 Representação gráfica do Centro Elástico.
Fonte: Autora (2016)
Tal expressão pode ser facilmente deduzida Considerando que é constante,
podemos escrever:
14
11
IP =
22
IP =
33
IP = ... =
i
i
IP = ... =
n
n
IP
Logo: i
i
IP =
i
i
IP
= iI
P :
P i = P.
i
i
II
(2.4)
O cálculo do centro elástico pode então ser determinado conforme a seguinte
expressão:
P 1 . X1 + P 2 . X 2 + ... + P n . X n = ii XP . = P. X
Assim:
X =
PXP ii .
(2.5)
Substituindo a equação (2.4) em (2.5) obtemos:
X = i
ii
I
XI .
De acordo com as simplificações acima descritas para o presente método em
estudo, pode-se utilizar o método da superposição de efeitos para o caso em que a carga
P for aplicada em um ponto diferente do centro elástico, uma vez que a estrutura
apresenta um comportamento linear elástico. Para este caso, serão determinadas duas
parcelas para cada longarina, sendo elas:
P 'i : parcela da carga P para o caso em que P é aplicada no centro elástico;
P ''i : parcela da carga P para o caso em que existe uma excentricidade e entre o
ponto de aplicação da carga P e o centro elástico;
Sendo:
P i = P 'i + P ''
i (2.6)
15
De acordo com a equação (2.4), temos:
P '
i = P. i
i
II
(2.7)
Figura 7 Distribuição de carga para aplicação da carga P fora do Centro Elástico.
Fonte: Autora (2016)
Conforme o esquema a seguir:
i
1 = iX
X1
(2.8)
16
Figura 8 Representação gráfica das deformações das longarinas.
Fonte: Autora (2016)
Onde as deformações 1 e i são dadas pelas seguintes expressões:
1 =
1
''1
EIP
(2.9)
i =
i
i
EIP ''
(2.10)
Subistituindo as equações (2.9) e (2.10) em (2.8), obtemos:
iXX1 = (
1
''1
EIP ) / (
i
i
EIP ''
) = 1
''1
IP
/ i
i
IP ''
Desta forma podemos determinar a expressão para P ''i :
P ''
i = P ''1
11 XIXI ii
(2.11)
De acordo com os princípios da estática CEM = 0 . Assim:
P. e - ii XP '' = 0
(2.12)
17
A substituição da equação (2.11) em (2.12) resulta em:
P.e = P ''1
11
2
XIXI ii ''
1 = P.e 211
ii XIXI
Para uma parcela de carga P ''i genérica:
P ''
i = P.e 2ii
ii
XIXI
(2.13)
Finalmente podemos determinar a parcela da carga P correspondente a cada
longarina:
P i = P 'i + P ''
i i = P. i
i
II
+ P.e 2ii
ii
XIXI
P i = P 2
ii
ii
i
i
XIXIe
II
(2.14)
Para o caso em que as longarinas apresentam a mesma inércia, a expressão
acima pode ser escrita como:
P i = P 21
i
i
XeX
n
Onde:
P i é a parcela de carga da viga longitudinal i;
P é a carga total;
e é a excentricidade da carga total;
n é o número de longarinas;
X i é a distância da viga i em relação ao eixo de simetria da seção transversal.
18
Segundo Alves (1994), os resultados obtidos por este método serão mais
satisfatórios, na medida em que o parâmetro for menor, sendo:
= 4
....
2 T
L
tlnL
Ll
(2.15)
Onde:
L é o comprimento do tabuleiro;
l é a largura do tabuleiro;
n é o número de longarinas;
t é o número de transversinas;
L é a rigidez média das longarinas;
T é a rigidez média das transversinas.
2.3.2 Método de Guyon-Massonet
O Método de Guyon-Massonet consiste na assimilação da estrutura do tabuleiro
de ponte como um todo, composto por laje, vigas principais e transversinas, a uma placa
ortotrópica equivalente, atribuindo-lhe diferentes rigidezes nos sentidos longitudinal e
transversal, para a determinação dos esforços e deslocamentos. A resolução da placa
ortotrópica é feita por meio da interpolação entre os casos extremos: grelha ortotrópica
sem resistência à torção e laje maciça isotrópica.
Para que a assimilação do tabuleiro a uma laje homogênea ortotrópica seja
utilizada com maior exatidão, é necessário que o tabuleiro seja composto por um
número suficiente de longarinas, ou seja, os espaçamentos entre longarinas e
transversinas devem ser suficientemente pequenos.
Alves (1994) explica que a teoria geral das lajes ortotrópicas admite as seguintes
hipóteses básicas:
A espessura da placa é constante e pequena em relação às outras dimensões;
19
As deformações são puramente elásticas, obedecendo assim a lei de Hooke;
Os deslocamentos são pequenos em relação à espessura da laje;
Pontos alinhados segundo uma normal à superfície média da laje indeformada
encontram-se também linearmente dispostos em uma normal à superfície média
na configuração deformada;
Pontos situados na superfície média da laje deslocam-se somente normalmente
à mesma;
As propriedades elásticas em relação ao material são constantes, podendo ser
diferentes nas duas direções ortogonais.
Seja um tabuleiro de ponte de largura 2b a e vão L simplesmente apoiado com
eixos coordenados de referência x e y indicados na figura 2.7
Figura 10 Tabuleiro de pontes em grelha.
Fonte: Autora (2016)
20
O comportamento estático do tabuleiro assimilado a uma placa ortotrópica é
representado pela seguinte equação diferencial:
L 4
4
xw + 2H 22
4
yxw + T 4
4
yw = p ( x,y)
(2.16)
Onde:
W = deslocamento transversal;
L = t
EI = rigidez à flexão por unidade de largura;
T = q
EJ = rigidez à flexão por unidade de comprimento;
E = módulo de elasticidade;
I = momento de inércia de uma longarina;
J = momento de inércia de uma transversina.
2H é o coeficiente que caracteriza a contribuição da torção, calculado pela
seguinte expressão:
2H = x L + y T + L + T
(2.17)
Onde:
x e y = coeficientes que caracterizam o efeito de Poisson;
L = t
GIO = rigidez à torção por unidade de largura;
T = q
GJO = rigidez à flexão por unidade de comprimento;
I 0 = momento de inércia de torção de uma longarina;
J 0 = Momento de inércia de torção de uma transversina;
G = módulo de elasticidade transversal.
21
comportamento à torção, sendo:
TL
(2.18)
Desta forma, a equação diferencial da placa ortotrópica pode ser escrita da
seguinte maneira:
L 4
4
xw TL 22
4
yxw + T 4
4
yw = p( x,y)
(2.19)
Desse modo, com base num tabuleiro de largura infinita e comprimento finito L
e em outro de dimensões finitas (Figura 10) procurou-se obter uma solução exata para a
equação supracitada.
Figura 11 Tabuleiro de largura e dimensões finitas
Fonte: San Martin (1981)
Com o objetivo de possibilitar a resolução desta equação, Guyon & Massonet
apud San Martin (1981) levaram em consideração a composição de um trem tipo de
pontes rodoviárias usuais acrescidas do peso próprio e concluíram que a melhor
aproximação seria a de um carregamento senoidal.
p(x) = p senLx
(2.20)
22
Esta expressão define um carregamento senoidal aplicado a uma faixa genérica
Figura 2 Linha de aplicação da carga senoidal em um tabuleiro de comprimento L e largura 2b.
Fonte: Autora (2016)
Com isso, os autores conduziram a solução do problema baseando-se em duas
premissas: tabuleiro com poucas longarinas e com muitas longarinas. Para o primeiro
caso, a solução encontrada é idêntica à do método de Leonhardt. Já no segundo caso,
considera-se uma transversina elementar de largura dx como uma viga apoiada sobre
uma base elástica (Figura 10).
Figura 10 Transversina sobre base elástica
Fonte: Jovem et.al. (2016)
Para a aplicação do processo de cálculo, são determinados, por meio da
expressão seguinte, os valores dos índices de repartição transversal (K).
K = ),(),(
0 yxWyxW (2.21)
23
Onde:
W (x,y) = deslocamento da placa ortotrópica devido à aplicação da carga
senoidal segundo uma linha;
W 0 (x,y) = deslocamento da placa ortotrópica, com a mesma carga distribuída
sobre o tabuleiro de largura 2b.
Diante da complexidade da expressão, resultante da solução da equação
diferencial da placa ortotrópica, que permite calculá-lo, Guyon e Massonet
simplificaram o problema conduzindo a utilização de uma série de tabelas e gráficos,
nos quais são encontrados os valores dos índices de repartição transversal K que
dependem dos seguintes parâmetros adimensionais:
TL
TL
2 com 0 1
(2.22)
Onde:
torção;
Lb 4
T
L
(2.23)
Além dos parâmetros adimensionais acima descritos, a determinação dos índices
de repartição transversal depende da posição da carga, que é definida pela sua
excentricidade, e da posição da viga em que se quer obter o índice.
Os valores de K obtidos pelas tabelas são utilizados como se fossem as parcelas
de carga nas vigas, uma vez que os dois valores são diretamente proporcionais.
24
2.3.3 Método das reações de apoio
O método proposto pela autora consiste na determinação do quinhão de carga
correspondente a cada longarina da seção transversal por meio das linhas de influência
de reação. Para isso, o veículo tipo transversal é posicionado de maneira mais
desfavorável, ou seja, gerando os maiores esforços e as reações de apoio são
determinadas para a longarina em estudo.
De acordo com esse método, as longarinas são consideras como apoios rígidos e,
portanto, não há compatibilização dos deslocamentos dos elementos que constituem a
superestrutura da ponte, diferentemente das considerações dos modelos analíticos de
repartição de carga estudados. O modelo de Engesser-Courbon analisa o tabuleiro da
ponte como uma grelha e seu desenvolvimento é baseado na compatibilização dos
deslocamentos nos encontros das longarinas e transversinas, já o modelo de Guyon-
Massonet considera que a estrutura do tabuleiro comporta-se como uma placa
ortotrópica considerando inclusive os efeitos gerados pela torção dos elelemtos.
Sabe-se que o método das reações de apoio apresenta resultados satisfatórios
para o caso em que a seção transversal da ponte é constituída de um sistema isostático
formado por duas longarinas, onde o dimensionamento é feito para uma das vigas e por
simetria, é repetido para a outra. Pretende-se, portanto, com este trabalho analisar o
comportamento deste método para o caso em que a ponte é formada por mais de duas
longarinas por meio da comparação com os métodos analíticos clássicos estudados. Para
isso, o método das reações de apoio será aplicado para a seção transversal da ponte
composta por três e sete vigas principais.
25
3 ESTUDO DE CASO DE UMA PONTE
3.1 Considerações Iniciais
No presente capítulo serão apresentadas as características e detalhes da ponte
que será utilizada como caso de estudo para a aplicação dos métodos analíticos de
repartição de carga descritos no capítulo anterior. Serão estudados dois casos:
Caso I: Ponte cuja superestrutura é composta por três longarinas, duas
transversinas de apoio e uma transversina intermediária;
Caso II: Ponte cuja superestrutura é composta por sete longarinas, duas
transversinas de apoio e uma transversina intermediária.
3.2 Características Gerais da Ponte
Figura 3 Esquema geral da ponte.
Fonte: Autora 2016.
A ponte do presente caso de estudo apresenta as seguintes características gerais:
Ponte com longarinas reta;
Extensão total de 34 m sendo um vão de 25 m e balanços nas extremidades de 4.5 m;
Lajes de transição de 3,0 m de comprimento em ambas as extremidades;
Pilares de seção circular;
Armadura adotada: aço CA-50;
26
Resistência característica do concreto de 30 MPa ( f ck = 30 MPa);
Cobrimento nominal de 4 cm e classe de agressividade ambiental III;
O capeamento asfáltico tem espessura constante de 5 cm e a inclinação da pista é de
2% , na laje do tabuleiro, em declive a partir do centro do tabuleiro.
Os detalhes da barreira lateral, da pingadeira, aba lateral, cortina e laje de
transição estão indicados nas figuras a seguir:
Figura 4 Detalhes da barreira lateral, pingadeira, aba lateral e cortina com dimensões em cm.
Fonte: Silva Filho & Nagato (2012)
Figura 5 Detalhes da cortina e laje de aproximação.
Fonte : Marchetti (2008)
27
3.3 Seção Transversal da Ponte
3.3.1 Caso de estudo I
O caso de estudo I refere-se à superestrutura da ponte composta por três
longarinas e três transversinas, sendo uma intermediária e duas de apoio. A extensão
total da seção transversal do presente caso é de 16 m, sendo 6 m a distância entre eixos
das vigas longitudinais na seção do meio do vão e nos apoios.
Para as mísulas da seção transversal foram adotadas as seguintes medidas: 20 cm na
direção vertical e 80 cm na direção horizontal, a partir da face das longarinas.
As seções transversais obtidas para os apoios e para o meio do vão respectivamente,
estão indicadas nas figuras a seguir:
Figura 6 Dimensões da seção transversal da ponte com três longarinas para o meio do vão.
Fonte: Autora (2016)
Figura 7 Dimensões da seção transversal da ponte com três longarinas para os apoios.
Fonte: Autora (2016)
28
3.3.2 Caso de estudo II
Para o caso de estudo II, a superestrutura da ponte será considerada composta
por sete longarinas, duas transversinas de apoio e uma transversina intermediária. A
extensão total da seção transversal para este caso é de 16 m, sendo 2,0 m a distância
entre eixos das vigas longitudinais na seção do meio do vão e nos apoios.
Também foram adotados para o caso de estudo II, mísulas da seção transversal
com as seguintes medidas: 20 cm na direção vertical e 80 cm na direção horizontal, a
partir da face das longarinas.
As figuras a seguir indicam as dimensões das seções transversais da ponte para
os apoios e para o meio do vão:
Figura 8 Dimensões da seção transversal da ponte com sete longarinas para o meio do vão.
Fonte: Autora (2016)
Figura 9 Dimensões da seção transversal da ponte com sete longarinas para os apoios.
Fonte: Autora (2016)
29
4 ANÁLISE DOS ESFORÇOS SOLICITANTES NAS VIGAS PRINCIPAIS
Este capítulo tem como objetivo apresentar o cálculo dos esforços solicitantes
na superestrutura para os casos de estudos apresentados no capítulo anterior. Tais
esforços são gerados pelos carregamentos móveis e permanentes.
As ações permanentes compreendem o peso próprio dos elementos estruturais
(vigas, lajes, transversinas e cortinas), além da sobrecarga fixa proveniente da
pavimentação, guarda-rodas e reação da laje de transição. Para o caso de seção
transversal com duas vigas, cada uma recebe metade do peso próprio da superestrutura.
Para os casos de estudo apresentados neste trabalho, a superestrutura é composta por
três longarinas no caso I, e por sete longarinas no caso II. Devido ao fato de o
comprimento do balanço da laje ser diferente da metade da distância entre vigas, as
ações permanentes atribuídas às vigas internas serão diferentes das atribuídas às vigas
extremas.
A análise das cargas móveis que cada viga recebe é feita posicionando as cargas
móveis numa seção próxima ao meio do vão, na posição mais desfavorável para a viga
em questão e obtendo-se o seu trem-tipo, cuja determinação depende do número de
vigas principais, presença ou não de laje inferior e, sobretudo, das dimensões
transversais do tabuleiro. Para a determinação das parcelas de cargas móveis atribuídas
a cada longarina, serão utilizados os métodos de repartição de cargas anteriormente
apresentados, bem como o método das reações de apoio proposto pela autora.
30
4.1 Análise dos esforços solicitantes para o caso de estudo I: Superestrutura
composta por três longarinas
Figura 10 Seção transversal da ponte composta por três longarinas.
Fonte: Autora (2016)
4.1.1 Solicitações decorrentes das cargas permanentes
Neste item serão determinados os carregamentos decorrentes do peso próprio sobre cada longarina. Estas cargas podem ser de dois tipos: distribuídas e concentradas.
4.1.1.1 Carregamentos distribuídos
De posse da área
determina-se a carga permanente distribuída através da seguinte expressão:
q = Ac x c + Ap x p
(4.1)
Onde:
Ac = Área de concreto da seção transversal atribuída a viga;
Ap = Área da pavimentação da seção transversal atribuída a viga;
c c = 25KN/m³);
p p = 24KN/m³).
As áreas de concreto e da pavimentação, representadas respectivamente por Ac e
Ap, foram obtidas como auxílio do software AutoCAD.
31
a) Vigas extremas
q 1 : Carga referente ao peso próprio atribuído as vigas externas na seção do meio do vão. Figura 11 Áreas de concreto e pavimentação para as vigas extremas do meio do vão.
Fonte: Autora (2016)
Ac = 2,21 m² e Ap = 0,25 m²
q 1 = 2,21 x 25+ 0,25 x 24 = 61,25
q1 = 61,25 KN/m
q 2 : Carga referente ao peso próprio atribuído as vigas externas na seção dos apoios.
Figura 12 de concreto e pavimentação para as vigas extremas dos apoios.
Fonte: Autora (2016)
Ac = 2,61 m² e Ap = 0,25 m²
q 2 = 2,61 x 25+ 0,25 x 24 = 71,25
q 2 = 71,25 KN/m
32
b) Viga interna
q 1 Carga referente ao peso próprio atribuído à viga interna na seção do meio do vão.
Figura 13 ão para a viga interna do meio do vão.
Fonte: Autora (2016)
Ac = 1,83 m² e Ap = 0,25 m²
q 1 = 1,83 x 25+ 0,25 x 24 = 51,75
q 1 51,75 KN/m
q 2 Carga referente ao peso próprio atribuído a viga interna na seção dos
apoios.
Figura 14 s apoios.
Fonte: Autora (2016)
Ac = 2,23 m² e Ap = 0,25 m²
q 2 = 2,23 x 25+ 0,25 x 24 = 61,75
q 2 61,75 KN/m
33
4.1.1.2 Cargas concentradas
Após a determinação do volume dos elementos, calculam-se as cargas concentradas através da seguinte expressão:
(4.2)
Onde:
= Peso específico do material constituinte do elemento;
V = Volume do elemento.
a) Vigas extremas
g 1 : carga concentrada referente ao pesos das transversinas e suas mísulas no meio do vão.
Figura 15 Dimensões da transversina intermediária.
Fonte: Autora (2016)
Peso da transversina intermediária = 0,3 x 1,8 x 2,85 x 25 = 38,48 KN
Mísula da laje = 0,20 x 0,6 x 2,85 x 25 = 8,55 KN
g 1 = 38,48 + 8,55 = 47,03 KN
g 2 : carga concentrada referente ao pesos das transversinas e suas mísulas nos apoios.
Peso da transversina intermediária = 0,3 x 1,8 x 2,75 x 25 = 37,13 KN
Mísula da laje = 0,20 x 0,6 x 2,75 x 25 = 8,25 KN
g 2 = 37,13 + 8,25 = 45,38 KN
34
g 3 : carga concentrada referente ao peso da cortina
Cortina = 0,2 x (2,1 + 0,3) x 5,65 = 2,71 m³
Mísula da laje = 21 x 0,20 x 0,6 x 5,65 = 0,34 m³
Consolo de apoio da laje de aproximação =21 x (0,30 + 0,5) x 0,2 x 5,65 =
0,45 m³
Laje de aproximação = 0,2 x 25,2 x 5,65 = 1,41 m³
Cortina lateral = 0,2 )26,25,01,2(1,24,0 xx = 0,85 m³
Total = 5,76 m³
g 3 = 5,76 x 25 = 144 KN
b) Viga interna
g 1 carga concentrada referente ao pesos das transversinas e suas mísulas no meio do vão.
Peso da transversina intermediária = 0,3 x 1,8 x (6-0,3) x 25 = 76.95 KN
Mísula da laje = 0,20 x 0,6 x 5,7 x 25 = 17,1 KN
g 1 KN
g 2 carga concentrada referente aos pesos das transversinas e suas mísulas nos apoios.
Peso da transversina intermediária = 0,3 x 1,8 x (6-0,5) x 25 = 74,25 KN
Mísula da laje = 0,20 x 0,6 x 5,5 x 25 = 16,5 KN
g 2 KN
g 3 carga concentrada referente ao peso da cortina
Cortina = 0,2 x (2,1 + 0,3) x 5 = 2,4 m³
Mísula da laje = 21 x 0,20 x 0,6 x 5 = 0,3 m³
35
Consolo de apoio da laje de aproximação =21 x (0,30 + 0,5) x 0,2 x 5 =
0,4 m³
Laje de aproximação = 0,2 x 25,2 x 5 = 1,25 m³
Total = 4,35 m³
g 3 = 4,35 x 25 = 108,75 KN
4.1.1.3 Esquema estrutural das cargas permanentes nas longarinas
Figura 16 Esquema estrutural das cargas permanentes que atuam nas longarinas externas.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 17
interna.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
36
4.1.1.4 Diagrama dos esforços solicitantes provenientes das cargas permanentes
a) Vigas extremas
a.1) Diagrama de Esforço Cortante
Figura 18 Diagrama de esforço cortante para as vigas externas da ponte com superestrutura composta por três longarinas (KN).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
a.2) Diagrama de Momento Fletor
Figura 19 Diagrama de momento fletor para as vigas externas da ponte com superestrutura composta por três longarinas (KN.m).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
37
b) Viga interna
b.1) Diagrama de Esforço Cortante
Figura 20 Diagrama de esforço cortante para a viga interna da ponte com superestrutura composta por três longarinas (KN).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
b.2) Diagrama de Momento Fletor
Figura 21 superestrutura composta por três longarinas (KN.m).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
38
4.1.2 Solicitações decorrentes das cargas móveis
Segundo a NBR-7188/2013, o carregamento móvel atuante na estrutura,
proveniente da ação de veículos e pedestres, é simulado por um veículo tipo hipotético,
de peso e geometria estabelecidos pela mesma.
A carga móvel rodoviária padrão TB-450 é definida por um veículo tipo de
450KN, com 6 rodas, P = 75KN, 3 eixos de carga afastados entre si de 1,5m, com área
de ocupação de 18,0m², circundado por uma carga uniformemente distribuída constante
p = 5KN/m², conforme a figura 22:
Figura 22 Veículo tipo padrão segundo a NBR-7188/2013
Fonte: NBR 7188/2013
A carga móvel assume posição qualquer em toda a pista rodoviária, com as
rodas na posição mais desfavorável, inclusive acostamento e faixas de segurança. A
carga distribuída deve ser aplicada na posição mais desfavorável, independentemente
das faixas rodoviárias.
39
Para a determinação do veículo tipo, serão utilizados os Métodos de Repartição
de Carga. Para a aplicação destes métodos, foram escolhidos os modelos analíticos de
Engesser-Courbon entre os métodos que desconsideram o efeito da torção nas vigas e o
modelo de Guyon-Massonet representando os métodos que levam em consideração os
efeitos torcionais. Posteriormente, será aplicado o método das reações de apoio,
proposto pela autora.
Para obter a configuração do veículo tipo longitudinal, são analisados dois cortes
transversais sobre o tabuleiro, onde um corta a faixa do veículo tipo (corte A-A) e o
outro passa por fora da faixa do veículo tipo (corte B-B) de acordo com a figura 23.
Figura 23 Representação dos cortes A-A e B-B no tabuleiro da ponte.
Fonte: Autora (2016)
40
As cargas P (KN) e p (KN/m²) são definidas respectivamente como a carga
vertical estática concentrada e carga vertical estática uniformemente distribuída,
aplicadas no nível do pavimento, com valor característico e sem qualquer majoração.
Para obter os valores das cargas verticais móveis, Q (KN) e q (KN/m²), aplicadas no
nível do pavimento, devem-se majorar os valores das cargas estáticas de acordo com as
seguintes expressões:
Q=P*CIV*CNF*CIA
(4.3)
q = p* CIV*CNF*CIA (4.4)
Onde:
CIV = Coeficiente de Impacto Vertical;
CNF = Coeficiente de Número de Faixas;
CIA = Coeficiente de Impacto Adicional.
Coeficiente de Impacto Vertical
As cargas móveis verticais características devem ser majoradas para o
dimensionamento de todos os elementos estruturais pelo Coeficiente de Impacto
-
estruturais. Sendo:
CIV = 1,35 para estruturas com vão menor do que 10,0 m;
CIV = 1 + 1,06 *50)20(
Liv para 10,0 200,0 m.
(4.5)
Onde:
Liv = L para estruturas de vão isostático;
Liv: media aritmética dos vãos nos casos de vãos contínuos;
Liv: comprimento do próprio balanço para estruturas em balanço;
L: vão em metros.
41
Para o caso de estudo temos:
L = 25 m
CIV = 1 + 1,06 *5025)20( = 1,28
Coeficiente de Número de Faixas
As cargas móveis verticais características devem ser ajustadas pelo Coeficiente
CNF = 1-0,05*(n-2) >0,9 (4.6)
Onde:
n: número (inteiro) de faixas de tráfego rodoviário a serem carregadas sobre um
tabuleiro transversalmente contínuo.
Para o caso de estudo serão adotadas duas faixas de tráfego (n=2), portanto:
CNF = 1-0,05*(2-2) = 1
Coeficiente de Impacto Adicional
Os esforços das cargas móveis verticais devem ser majorados na região das
juntas estruturais e extremidades da obra. Todas as seções dos elementos estruturais a
uma distância horizontal, normal à junta, inferior a 5,0m para cada lado da junta ou
descontinuidade estrutural, devem ser dimensionadas com os esforços das cargas
móveis majorados pelo Coeficiente de Impacto Adicional, abaixo definido.
CIA = 1,25 para obras em concreto ou mistas;
CIA = 1,15 para obras em aço.
Para o caso em estudo serão utilizadas na estrutura lajes de continuidade e,
portanto, CIA = 1,0.
42
Determinação das cargas móveis
As cargas concentradas e distribuídas majoradas pelo coeficiente de impacto são
dadas por:
Q = 75 x 1,28 x 1,0 x 1,0 = 96 KN
q = 5 x 1,28 x 1,0 x 1,0 = 6,4 KN/m²
Veículo tipo simplificado
Conforme permitido pela antiga norma NB6/1982, a composição do veículo tipo
obtida, pode ser simplificada resultando na seguinte composição:
Figura 24 Veículo tipo simplificado
Fonte: Autor (2016)
Onde:
RP = esforço na longarina em estudo referentes às cargas concentradas;
Rp1 = esforço na longarina em estudo referentes à uniformemente distribuída
(Corte A-A);
Rp 2 = esforço na longarina em estudo referente à carga uniformemente
distribuída que ocupa a posição do veículo tipo (Corte B-B);
-
RP = Rp 2 x 36 .
43
4.1.2.1 Método de Repartição de Carga de Engesser-Courbon
a) Determinação do veículo tipo
A distribuição de cargas para as vigas é dada pela seguinte equação:
r i = 2
1
i
i
XeX
n
(4.7)
Onde :
r i é a parcela de carga da viga longitudinal i;
e é a excentricidade da carga;
n é o número de longarinas;
X i é a distância da viga i em relação ao eixo de simetria da seção transversal.
a.1) Vigas extremas (V1 e V3)
Figura 25 Excentricidade das longarinas.
Fonte: Autor (2016)
2ix = 6² + (-6)² = 72
44
r 1 = 31 +
7266x = 0,833
r 2 = 31 -
7206x = 0,333
r 3 = 31 -
7266x = - 0,167
As figuras 29 e 30 representam de maneira gráfica, os resultados dos
coeficientes de repartição de cargas encontrados. Para obter a configuração do veículo
tipo longitudinal, são analisados dois cortes transversais sobre o tabuleiro, onde um
corta a faixa do veículo tipo (corte A-A) e o outro passa por fora da faixa do veículo
tipo (corte B-B). A carga móvel é disposta na posição mais desfavorável, ou seja, no
local onde gera maiores reações na viga extrema.
Corte A-A
Figura 26 Distribuição de carga de Engesser-Courbon para vigas extremas
(Corte A-A).
Fonte: Autor (2016)
RP = (96 x 0,925) + (96 x 0,758) = 161,6 KN
Rp 1 = 6,4 x 3,08 = 19,7 KN/m
45
Figura 27 Distribuição de carga de Engesser-Courbon para vigas extremas (Corte B-B).
Fonte: Autor (2016)
Rp 2 = 6,4 x 2,52 = 16,1 KN/m
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 19,7 + 16,1 = 35,8 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 16,1 x 2 = 32,2 KN
32,2 = 129,4 KN
46
Figura 28 Composição do veículo tipo simplificado para as vigas extremas.
Fonte: Autor (2016)
a.2) Viga interna (V2)
A viga interna (V2) Encontra-se no centro elástico da seção transversal, assim:
r1 = r 2 = r 3 = 31 = 0,33
Corte A-A
Figura 29 Distribuição de carga de Engesser-Courbon para a viga interna (Corte A-A).
Fonte: Autor (2016)
RP = (96 x 0,33) x 2 = 63,4 KN, Rp 1 = 6,4 x 4,03 = 25,8 KN/m
47
Corte B-B
Figura 30 Distribuição de carga de Engesser-Courbon para vigas extremas (Corte B-B).
Fonte: Autor (2016)
Rp 2 = 6,4 x 0,99 = 6,3 KN/m
A composição do veículo tipo obtida, pode ser simplificada resultando na
seguinte composição:
Rp 1 + Rp 2 = 25,8 + 6,3 = 32,1 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 6,3 x 2 = 12,6 KN
12,6 = 50,8 KN
Figura 31 Composição do veículo tipo simplificado para a viga interna.
Fonte: Autor (2016)
48
b) Traçado das Linhas de Influência
A linha de influência de um efeito elástico (momento fletor, esforço cortante,
reação de apoio e deformação), em uma determinada seção, pode ser definida como a
representação gráfica ou analítica dos valores deste efeito naquela seção, gerado por
uma carga concentrada unitária, de cima para baixo, que percorre a estrutura
(Sussekind,1997).
Para cada seção de cálculo da longarina, são traçadas as linhas de influência de
momento fletor e força cortante, para em seguida posicionar o veículo tipo e determinar
as envoltórias dos esforços solicitantes. Para a determinação das linhas de influência das
longarinas, foi utilizado o programa de análise estrutural ftool (MARTHA, 2012).
O traçado das linhas de influência será realizado para as vigas mais solicitadas.
De acordo com a determinação dos veículos tipo para as vigas extremas e interna,
realizada no tópico anterior, podemos concluir que as vigas extremas são as vigas mais
solicitadas. Portanto, serão traçadas as linhas de influencia de momento fletor e força
cortante para as vigas V1 e V3.
As seções de cálculo adotadas e as linhas de influencia de momento fletor e
força cortante para a seção 4 estão representadas nas figuras a seguir:
Figura 32 Seções de cálculo adotadas para o traçado das linhas de influência das vigas extremas.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
49
Figura 33 Linha de influência do esforço cortante na seção 4.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 34 Linha de influência de momento fletor na seção 4.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
c) Envoltória de solicitações
As envoltórias de solicitações são obtidas através da soma das solicitações
decorrentes do peso próprio com as decorrentes da carga móvel, levando em
consideração o efeito dinâmico por meio da multiplicação pelo coeficiente de impacto.
As solicitações resultantes das envoltórias são denominadas em serviço, uma vez que
não foram majoradas pelos coeficientes adequados.
As vigas principais são dimensionadas para os valores extremos dessas
envoltórias, sendo assim, para qualquer posição da carga móvel sobre o tabuleiro, a
resistência estará garantida.
50
Figura 35 Envoltória de esforço cortante para as vigas mais solicitadas V1 e V3 (KN).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 36 Envoltória de momento fletor para as vigas mais solicitadas V1 e V3 (KN.m).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
51
4.1.2.2 Método de Guyon-Massonet
Figura 37 Esquematização do tabuleiro da ponte composto por três longarinas e três transversinas.
Fonte: Autora (2016)
a) Características geométricas das longarinas e transversinas
No caso do tabuleiro da ponte em estudo, as vigas são ligadas à laje, devendo-se,
portanto, incluir a contribuição da mesma nas rigidezes à flexão e a torção das vigas.
Desta forma, é necessária a determinação da largura colaborante, definida pela NBR
6118 de acordo com a figura abaixo:
Figura 38 Determinação da largura colaborante b f de acordo com a NBR 6118
Fonte: NBR 6118/2014
52
viga em que houver laje colaborante. Para o caso de vãos com momento fletor negativo
nos dois apoios, o valor desse termo é igual a três quintos do comprimento do vão.
Assim:
a = 53 x 25 = 15 m
b 1 mxa
mxb5,1151,01,0
9,2)2,00,6(5,05,0 2 b1 = 1,5m
b 3 mxamb
5,1151,01,06,14,00,24 b 3 = 1,5m
b f = b 1 + b w + b 3 = 1,5 + 0,3 + 1,5 = 3,3
b f = 3,3 m
a.1) Momentos de inércia
I = 2,72 m 4
J = 0,15 m 4
I 0 = 0,029 m 4
Figura 39 Dimensões de cálculo da seção transversal das longarinas
Fonte: Autora (2016)
53
J 0 = 0,0017 m 4
a.2) Rigidezes à flexão e à torção
L = t
EI = 6
72,26,26071 x
largura;
T = q
EJ = 5,12
15,06,26071 x
comprimento;
Onde:
E = 4760 ckf (4.8)
E = 4760 30 = 26071,6 MPa
L = t
GIO = 6
029,010863x = 52,5
largura;
T = q
GJO = 5,120017,010863x = 1,48
comprimento.
Onde:
G =
)1(2E
(4.9)
G = )2,01(2
6,26071 = 10863 Mpa
Para aplicações em concreto armado, a NBR 6118 fixa o valor do coeficiente de
poison em 0,2.
54
b) Determinação dos coeficientes de distribuição transversal
Inicialmente, determinam-se os valores dos parâmetros adimensionais
TL
TL
2 =
86,31211819248,15,52
x = 0,014
4
T
L
Lb = 4
86,31211819 x
340,8 0,6
minam-se a os coeficientes de distribuição
transversal para a viga em estudo, por meio da utilização de tabelas de cálculo retiradas
do livro: Cálculo de Tabuleiro de Pontes (San Martin,1981). Os valores dos coeficientes
Tabela 1 Valores dos coeficientes de distribuição transversal (K 0 e K 1 )
Para obter os valores dos coeficientes de distribuição transversal referentes a
0,015, realiza-se a interpolação por meio da seguinte expressão:
K = K 0 + (K 1 - K 0 )
(4.10)
Onde:
55
K
K 0
K 1
Os resultados obtidos estão indicados na tabela 2.
Tabela 2 e
As figuras a seguir representam de maneira gráfica, os resultados dos coeficientes de repartição de cargas encontrados para cada longarina.
Figura 40 K x Posição da carga, para a viga localizada em y=0.
Fonte: Autora (2016)
56
Figura 41 K x Posição da carga, para a viga localizada em y = 3b/4.
Fonte: Autora (2016)
c) Determinação do veículo tipo
Os coeficientes acima tabelados dizem respeito a grandezas definidas para
placas. Devemos, portanto, dividir os coeficientes K pela largura do tabuleiro (2b =
16m) e multiplica-los pela largura de influência abrangida por cada viga longitudinal.
Para as vigas extremas, a largura de influência é igual a 5m e para a intermediária, igual
a 6m. Os valores encontrados estão representados nas figuras a seguir.
57
c.1) Veículo tipo para a viga V2 ( y = 0)
Figura 42 Análise do corte A-A para a viga V2 ( intermediária).
Fonte: Autora (2016)
RP = 96 x 0,201 + 96 x 0,326 = 50,6 KN
Rp1 = 6,4 x 5,04 = 32,3 KN/m
Figura 43 -B para a viga V2 ( intermediária).
Fonte: Autora (2016)
Rp 2 = 6,4 x 0,79 = 5,1 KN/m
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 32,3 + 5,1 = 37,4 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 5,1 x 2 = 10,2 KN
58
10,2 = 40,4 KN
Figura 44 - Veículo tipo longitudinal simplificado para a viga V2.
Fonte: Autora (2016)
c.2) Veículo tipo para as vigas V1 e V3 ( y = 3b/4)
Figura 45 do corte A-A para as vigas V1 e V3 ( extremas).
Fonte: Autora (2016)
RP = 96 x 0,76 + 96 x 0,99 = 168 KN
Rp1 = 6,4 x 5,85 = 37,4 KN/m
59
Figura 46 Análise do corte B-B para as vigas V1 e V3 ( extremas).
Fonte: Autora (2016)
Rp 2 = 6,4 x 2,63 = 16,8 KN/m
Veículo tipo simplificado
Rp 1 + Rp 2 = 37,4 + 16,8 = 54,2 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 16,8 x 2 = 33,6 KN
168 33,6 = 134,4 KN
Figura 47 Veículo tipo longitudinal simplificado para as vigas V1 e V3.
Fonte: Autora (2016)
60
d) Envoltória de solicitações
Figura 48 de esforço cortante para as vigas mais solicitadas V1 e V3
(KN).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 49 Envoltória de momento fletor para as vigas mais solicitadas V1 e V3 (KN.m).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
61
4.1.2.3 Método das reações de apoio
A fim de comparar com os resultados obtidos pelos métodos de distribuição de
carga de Engesser-Courbon e Guyon Massonet, a autora propõe a aplicação do método
das reações de apoio da viga em estudo para a determinação das parcelas de carga
atribuídas para cada longarina. De acordo com este método, considera-se a seção
transversal constituída de um sistema hiperestático, onde o quinhão de carga atribuído
às longarinas é determinado por meio do cálculo das reações quando o veículo tipo é
posicionado de maneira a gerar os maiores esforços nas vigas. Para a determinação das
reações do sistema hiperestático, foi utilizado o programa de análise estrutural ftool
(MARTHA, 2012).
a) Determinação do Veículo Tipo
Para obter a configuração do veículo tipo longitudinal, inicialmente serão
traçadas as linhas de influência de reação para cada viga em estudo, posteriormente
serão analisados dois cortes transversais sobre o tabuleiro, onde um corta a faixa do
veículo tipo (corte A-A) e o outro passa por fora da faixa do veículo tipo (corte B-B),
onde o veículo tipo transversal será posicionado de maneira a gerar os maiores valores
de reação para as longarinas. Os alívios gerados pelo posicionamento do veículo tipo
em determinadas regiões, serão desconsiderados.
a.1) Vigas extremas (V1 e V3)
Figura 50 Análise do corte A-A para a viga V1.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
62
Figura 51 Análise do corte B-B para a viga V1.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 52 Linha de influência de reação para a viga V1.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
RP = 212 KN, Rp1 = 11,6 KN/m Rp 2 = 21,2 KN/m
Veículo tipo simplificado
Rp 1 + Rp 2 = 11,6 + 21,2 = 32,8 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 21,2 x 2 = 42,4 KN
42,4 = 169,6 KN
63
Figura 53 Veículo tipo longitudinal simplificado para as vigas V1 e V3.
Fonte: Autora (2016)
a.2) Viga intermediária (V2)
Figura 54 Análise do corte A-A para a viga V2.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 55 lise do corte B-B para a viga V2.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
64
Figura 56 Linha de influência de reação para a viga V2.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
RP = 184,4 KN, Rp1 = 29,36 KN/m Rp 2 = 18,64 KN/m
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 29,36 + 18,64 = 48 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 18,64 x 2 = 37,3 KN
37,3 = 147,1 KN
Figura 57 Veículo tipo longitudinal simplificado para a viga V2.
Fonte: Autora (2016)
65
b) Envoltória de solicitações
Figura 58 de esforço cortante para as vigas mais solicitadas (V1 e V3) (KN).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 59 de momento fletor para as vigas mais solicitadas (V1 e V3) (KN.m).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
66
4.2 Análise dos esforços solicitantes para o caso de estudo II: Superestrutura
composta por sete longarinas
Figura 60 Seção transversal da ponte composta por sete longarinas.
Fonte: Autora (2016)
4.2.1 Solicitações decorrentes das cargas permanentes
Neste item serão determinados os carregamentos decorrentes do peso próprio
sobre cada longarina. Estas cargas podem ser de dois tipos: distribuídas e concentradas.
4.2.1.1 Carregamentos distribuídos a) Vigas extremas
q 1 : Carga referente ao peso próprio atribuído as vigas externas na seção do meio do vão.
Figura 61 Áreas de concreto e pavimentação para as vigas extremas.
Fonte: Autora (2016)
Ac = 1,69 m², Ap = 0,15 m²
q 1 = 1,69 x 25+ 0,15 x 24 = 45,85
67
q1 = 45,85 KN/m
q 2 : Carga referente ao peso próprio atribuído as vigas externas na seção dos
apoios.
Figura 62 Áreas de concreto e pavimentação para as vigas extremas dos apoios.
Fonte: Autora (2016)
Ac = 2,05 m², Ap = 0,15 m²
q 2 = 2,05 x 25+ 0,15 x 24 = 54,85
q 2 = 54,85 KN/m
b) Vigas internas
q 1 Carga referente ao peso próprio atribuído à viga interna na seção do meio do vão.
Figura 63 Áreas de concreto e pavimentação para as vigas internas do meio do vão.
Fonte: Autora (2016)
Ac = 1,16 m², Ap = 0,10 m²
q 1 = 1,16 x 25+ 0,1 x 24 = 31,4
q 1 31,4 KN/m
68
q 2 Carga referente ao peso próprio atribuído a viga interna na seção dos apoios.
Figura 64 Áreas de concreto e pavimentação para as vigas internas dos apoios.
Fonte: Autora (2016)
Ac = 1,52 m² e Ap = 0,10 m²
q 2 = 1,52 x 25+ 0,10 x 24 = 40,4
q 2 40,4 KN/m
4.2.1.2 Cargas concentradas
a) Vigas extremas
g 1 : carga concentrada referente ao pesos das transversinas e suas mísulas no meio do vão.
Peso da transversina intermediária = 0,3 x 1,8 x 0,85 x 25 = 11,48 KN
Mísula da laje = 0,20 x 0,6 x 0,85 x 25 = 2,55 KN
g 1 = 11,48 + 2,55 = 14,03 KN
g 2 : carga concentrada referente ao pesos das transversinas e suas mísulas nos apoios.
Peso da transversina intermediária = 0,3 x 1,8 x 0,75 x 25 = 10,13 KN
Mísula da laje = 0,20 x 0,6 x 0,75 x 25 = 2,25 KN
g 2 = 10,13 + 2,25 = 12,38 KN
g 3 : carga concentrada referente ao peso da cortina
Cortina = 0,2 x (2,1 + 0,3) x 3,0 = 1,44 m³
69
Mísula da laje = 21 x 0,20 x 0,6 x 3,0 = 0,18 m³
Consolo de apoio da laje de aproximação =21 x (0,30 + 0,5) x 0,2 x 3,0 =
0,24 m³
Laje de aproximação = 0,2 x 25,2 x 3,0 = 075 m³
Cortina lateral = 0,2 )26,25,01,2(1,24,0 xx = 0,85 m³
Total = 3,46 m³
g 3 = 3,46 x 25 = 85,5 KN
b) Vigas internas
g 1 carga concentrada referente aos pesos das transversinas e suas mísulas no meio do vão.
Peso da transversina intermediária = 0,3 x 1,8 x 1,7 x 25 = 22,95 KN
Mísula da laje = 0,20 x 0,6 x 1,7 x 25 = 5,1 KN
g 1 KN
g 2 carga concentrada referente ao pesos das transversinas e suas mísulas nos apoios.
Peso da transversina intermediária = 0,3 x 1,8 x 1,5 x 25 = 20,25 KN
Mísula da laje = 0,20 x 0,6 x 1,5 x 25 = 4,5 KN
g 2 KN
g 3 carga concentrada referente ao peso da cortina
Cortina = 0,2 x (2,1 + 0,3) x 2,0 = 0,96 m³
Mísula da laje = 21 x 0,20 x 0,6 x 2,0 = 0,12 m³
Consolo de apoio da laje de aproximação =21 x (0,30 + 0,5) x 0,2 x 2,0 =
0,16 m³
70
Laje de aproximação = 0,2 x 25,2 x 2,0 = 0,5 m³
Cortina lateral = 0,2 )26,25,01,2(1,24,0 xx = 0,85 m³
Total = 2,59 m³
g 3 2,59 x 25 = 64,75 KN
4.2.1.3 Esquema estrutural das cargas permanentes nas longarinas
a) Vigas extremas
Figura 65 Esquema estrutural das cargas permanentes que atuam nas longarinas extremas.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
b) Vigas internas
Figura 66 Esquema estrutural das cargas permanentes que atuam nas longarinas internas.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
71
4.2.1.4 Diagrama dos esforços solicitantes provenientes das cargas permanentes
a) Viga extremas
a.1) Diagrama de Esforço Cortante
Figura 67 Diagrama de esforço cortante para as vigas extremas da ponte com superestrutura composta por sete longarinas (KN)
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
a.2) Diagrama de Momento Fletor
Figura 68 Diagrama de momento fletor para as vigas extremas da ponte com superestrutura composta por sete longarinas (KN.m)
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
72
b) Vigas internas
b.1) Diagrama de Esforço Cortante
Figura 69
superestrutura composta por sete longarinas (KN).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
b.2) Diagrama de Momento Fletor
Figura 70 Diagrama de momento fletor para as vigas internas da ponte com superestrutura composta por sete longarinas (KN.m)
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
73
4.2.2 Solicitações decorrentes das cargas móveis
Para o caso de estudo II, as solicitações decorrentes das cargas móveis serão
determinadas da mesma maneira que para o caso de estudo I, por meio da aplicação dos
métodos de repartição de carga de Engesser-Courbon e Guyon-Massonet. Por fim, será
ainda aplicado o método da determinação das reações de apoio.
4.2.2.1 Método de Repartição de Carga de Engesser-Courbon
a) Determinação do veículo tipo
A distribuição de cargas para as vigas é dada pela seguinte equação (4.3):
r i = 21
i
i
XeX
n
Onde :
r i é a parcela de carga da viga longitudinal i;
e é a excentricidade da carga;
n é o número de longarinas;
X i é a distância da viga i em relação ao eixo de simetria da seção transversal.
Figura 71 Excentricidade das longarinas.
Fonte: Autora (2016)
74
2ix = 6² + 4² + 2² + (-2)² + (-4)² + (-6)² = 112
Os resultados obtidos pela aplicação do método de repartição de carga de Engesser-Courbon para as vigas principais do caso em estudo encontram-se na tabela a seguir:
Tabela 3 Coeficientes de repartição de carga de Engesser-Courbon para as longarinas do caso de estudo II
As figuras a seguir representam de maneira gráfica, os resultados dos
coeficientes de repartição de cargas encontrados. Para obter a configuração do veículo
tipo longitudinal, são analisados dois cortes transversais sobre o tabuleiro, onde um
corta a faixa do veículo tipo (corte A-A) e o outro passa por fora da faixa do veículo
tipo (corte B-B). A carga móvel é disposta na posição mais desfavorável, ou seja, no
local onde gera maiores reações nas vigas.
75
a.1) Veículo tipo para as vigas V1 e V7
Figura 72 Posicionamento do veículo tipo na seção transversal das vigas V1 e V7 para a determinação do veículo tipo longitudinal.
Fonte: Autora (2016)
RP = 96x (0,523 + 0,416) = 90,1 KN, Rp 1 = 6,4 x 1,415 = 9,1 KN/m
Rp 2 = 6,4 x 1,408 = 9,0 KN/m
76
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 9,1 + 9,0 = 18,1 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 9,0 x 2 = 18,0 KN
18,0 = 72,1 KN
Figura 73 tipo longitudinal simplificado para as vigas V1 e V7.
Fonte: Autora (2016)
77
a.2) Veículo tipo para as vigas V2 e V6
Figura 74 Posicionamento do veículo tipo na seção transversal das vigas V2 e V6 para a determinação do veículo tipo longitudinal.
Fonte: Autora (2016)
RP = 96 x (0,396 + 0,325) = 69,2 KN, Rp 1 = 6,4 x 1,322 = 8,5 KN/m
Rp 2 = 6,4 x 1,082 = 6,9 KN/m
78
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 8,5 + 6,9 = 15,4 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 6,9 x 2 = 13,8 KN
13,8 = 55,4 KN
Figura 75 Veículo tipo longitudinal simplificado para as vigas V2 e V6.
Fonte: Autora (2016)
79
a.3) Veículo tipo para as vigas V3 e V5
Figura 76 do veículo tipo na seção transversal das vigas V3 e V5 para a determinação do veículo tipo longitudinal.
Fonte: Autora (2016)
RP = 96 x (0,269 + 0,234) = 48,3 KN, Rp 1 = 6,4 x 1,418 = 9,1 KN/m
Rp 2 = 6,4 x 0,755 = 4,8 KN/m
80
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 9,1 + 4,8 = 13,9 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 4,8 x 2 = 9,6 KN
RP 9,6 = 38,7KN
Figura 77 tipo longitudinal simplificado para as vigas V3 e V5.
Fonte: Autora (2016)
81
a.4) Veículo tipo para a viga V4
Figura 78 ão transversal da viga V4 para a determinação do veículo tipo longitudinal.
Fonte: Autora (2016)
RP = 96 x 0,143 x 2 = 27,5 KN, Rp1 = 6,4 x 1,859 = 11,9 KN/m
Rp 2 = 6,4 x 0,429 = 2,7 KN/m
82
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 11,9 + 2,7 = 14,6 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 2,7 x 2 = 5,4 KN
5,4 = 22,1 KN
Figura 79 Veículo tipo longitudinal simplificado para a viga V4.
Fonte: Autora (2016)
b) Envoltória de solicitações
Figura 80 Envoltória de força cortante para as vigas mais solicitadas (V1 e V7) (KN).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
83
Figura 81 Envoltória de momento fletor para as vigas mais solicitadas (V1 e V7) (KN.m).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
4.2.2.2 Método de Guyon-Massonet .
Figura 82 do tabuleiro da ponte composto por sete longarinas e três transversinas.
Fonte: Autora (2016)
a) Características geométricas das longarinas e transversinas
a.1) Largura colaborante
a = 53 x 25 = 15 m
b 1 mxa
mxb5,1151,01,0
75,0)2,07,1(5,05,0 2 b 1 = 0,75 m
84
b 3 mxamb
5,1151,01,06,14,00,24 b 3 = 1,5m
b f = b 1 + b w + b 3 = 0,75 + 0,3 + 1,5 = 2,55
b f = 2,5 m
Segundo Mason (1977), a contribuição da laje a ser considerada será igual a t, se
t for menor do que a largura útil da mesa. Como para o caso em estudo t < b f , então
b= 2,0 m.
Figura 83 Dimensões de cálculo da seção transversal das longarinas.
Fonte: Autora (2016)
a.2) Momentos de inércia
I = 0,49 m 4
J = 0,15 m 4
I 0 = 0,023 m 4
J 0 = 0,0017 m 4 rcia de torção da transversina.
a.3) Rigidezes à flexão e à torção
L = t
EI = 2
49,06,26071 x
largura;
85
T = q
EJ = 5,12
15,06,26071 x
comprimento;
Onde:
E = 4760 ckf = 4760 30 = 26071,6 MPa
L = t
GIO = 2
023,010863x = 124,92 unidade de
largura;
T = q
GJO = 5,120017,010863x = 1,48
comprimento.
Onde:
G = )1(2
E = )2,01(2
6,26071 = 10863 Mpa
Para aplicações em concreto armado, a NBR 6118 fixa o valor do coeficiente de
poison em 0,2.
b) Determinação dos coeficientes de distribuição transversal
Inicialmente, determinam-se os valores dos parâmetros adimensionais
TL
TL
2 =
86,31254,6387248,192,124
x = 0,045
4
T
L
Lb = 4
86,31254,6387 x
340,8 0,5
mina-se a os coeficientes de distribuição
transversal para a viga em estudo, por meio da utilização de tabelas de cálculo retiradas
do livro: Cálculo de Tabuleiro de Pontes (San Martin,1981). Os valores dos coeficientes
de distribuição transversal são tabelados para
86
0,045, realiza-se a interpolação por meio da equação (4.6):
K = K 0 + (K 1 - K 0 )
Os resultados obtidos estão indicados na tabela 5.
Tabela 4 Valores dos coeficientes de distribuição transversal (K 0 e K 1 )
= 0,045 e
As figuras a seguir representam de maneira gráfica, os resultados dos coeficientes de repartição de cargas encontrados para cada longarina.
87
Figura 84 Gráfico K x Posição da carga, para a viga localizada em y=0.
Fonte: Autora (2016)
Figura 85 Gráfico K x Posição da carga, para a viga localizada em y = b/4.
Fonte: Autora (2016)
88
Figura 86 Gráfico K x Posição da carga, para a viga localizada em y = b/2.
Fonte: Autora (2016)
Figura 87 Gráfico K x Posição da carga, para a viga localizada em y = 3b/4.
Fonte: Autora (2016)
89
c) Determinação do veículo tipo
Os coeficientes tabelados no item anterior dizem respeito a grandezas definidas
para placas. Devemos, portanto, dividir os coeficientes K pela largura do tabuleiro (2b
= 16m) e multiplica-los pela largura de influência abrangida por cada viga longitudinal.
Para as vigas extremas V1 e V7, a largura de influência é de 3m e para as demais vigas
é de 2m. Os resultados obtidos estão representados nas figuras a seguir:
c.1) Veículo tipo para as vigas V4 ( y = 0)
Figura 88 lise do corte A-A para a vigas V4.
Fonte: Autora (2016)
RP = 96 x 0,094 + 96 x 0,116 = 20,2 KN
Rp 1 = 6,4 x 1,6 = 10,2 KN/m
Figura 89 Análise do corte B-B para a viga V4.
Fonte: Autora (2016)
Rp 2 = 6,4 x 0,315 = 2,0 KN/m
90
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 10,2 + 2,0 = 12,2 KN/m
= RP -
RP = Rp 2 x 36 = 2,0 x 2 = 4,0 KN
4,0 = 16,2 KN
Figura 90 Veículo tipo longitudinal simplificado para a viga V4.
Fonte: Autora (2016)
c.2) Veículo tipo para as vigas V3 e V5 ( y = b/4)
Figura 91 Análise do corte A-A para as vigas V3 e V5.
Fonte: Autora (2016)
RP = 96 x 0,168 + 96 x 0,172 = 32,6 KN, Rp 1 = 6,4 x 1,41 = 9,0 KN/m
91
Figura 92 lise do corte B-B para as viga V3 e V5.
Fonte: Autora (2016)
Rp 2 = 6,4 x 0,51 = 3,3 KN/m
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 9,0 + 3,3 = 12,3 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 3,3 x 2 = 6,6 KN
6,6 = 26 KN
Figura 93 Veículo tipo longitudinal simplificado para as vigas V3 e V5.
Fonte: Autora (2016)
92
c.3) Veículo tipo para as vigas V2 e V6 ( y = b/2)
Figura 94 -A para as vigas V2 e V6.
Fonte: Autora (2016)
RP = 96 x 0,25 + 96 x 0,23 = 46,1 KN
Rp1 = 6,4 x 1,196 = 7,6 KN/m
Figura 95 do corte B-B para as vigas V2 e V6.
Fonte: Autora (2016)
Rp 2 = 6,4 x 0,73 = 4,7 KN/m
93
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 7,6 + 4,7 = 12,3 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 4,7 x 2 = 9,4 KN
9,4 = 36,7 KN
Figura 96 Veículo tipo longitudinal simplificado para as vigas V2 e V6.
Fonte: Autora (2016)
c.4) Veículo tipo para as vigas V1 e V7 ( y = 3b/4)
Figura 97 do corte A-A para as vigas V1 e V7.
Fonte: Autora (2016)
94
RP = 96 x 0,54 + 96 x 0,43 = 93,1 KN
Rp1 = 6,4 x 1,58 = 10,1 KN/m
Figura 98 -B para as vigas V1 e V7.
Fonte: Autora (2016)
Rp 2 = 6,4 x 1,44 = 9,2 KN/m
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 10,1 + 9,2 = 19,3 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 9,2 x 2 = 18,4 KN
18,4 = 74,7 KN
Figura 99 Veículo tipo longitudinal simplificado para as vigas V1 e V7.
Fonte: Autora (2016)
95
e) Envoltória de solicitações
Figura 100 de força cortante para as vigas mais solicitadas (V1 e V7)
(KN).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 101 de momento fletor para as vigas mais solicitadas (V1 e V7) (KN.m).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
96
4.2.2.3 Método das reações de apoio
A fim de comparar com os resultados obtidos pelos métodos de distribuição de
carga de Engesser-Courbon e Guyon Massonet, a autora propõe a aplicação do método
das reações de apoio da viga em estudo para a determinação das parcelas de carga
atribuídas para cada longarina. De acordo com este método, considera-se a seção
transversal constituída de um sistema hiperestático, onde o quinhão de carga atribuído
às longarinas é determinado por meio do cálculo das reações quando o veículo tipo é
posicionado de maneira a gerar os maiores esforços nas vigas. Para a determinação das
reações do sistema hiperestático, foi utilizado o programa de análise estrutural ftool
(MARTHA, 2012).
a) Determinação do Veículo Tipo
Para obter a configuração do veículo tipo longitudinal, inicialmente serão
traçadas as linhas de influência de reação para cada viga em estudo, posteriormente
serão analisados dois cortes transversais sobre o tabuleiro, onde um corta a faixa do
veículo tipo (corte A-A) e o outro passa por fora da faixa do veículo tipo (corte B-B),
onde o veículo tipo transversal será posicionado de maneira a gerar os maiores valores
de reação para as longarinas. Os alívios gerados pelo posicionamento do veículo tipo
em determinadas regiões serão desconsiderados.
Figura 102 Analise do corte A-A para a viga V1.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
97
Figura 103 -B para a viga V1.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 104 Linha de influência de reação para a viga V1.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
RP = 253,3 KN, Rp1 = 1,12 KN/m e Rp 2 = 25,3 KN/m
Veículo tipo simplificado
Rp 1 + Rp 2 = 1,12 + 25,3 = 26,4 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 25,3 x 2 = 50,6 KN
253,3 50,6 = 202,7 KN
98
Figura 105 Veículo tipo longitudinal simplificado para as vigas V1 e V7.
Fonte: Autor (2016)
Figura 106 -A para a viga V2.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 107 -B para a viga V2.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
99
Figura 108 uência de reação para a viga V2.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
RP = 124,25 KN, Rp1 = 1,0 KN/m Rp 2 = 14,3 KN/m
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 1,0 + 14,3 = 15,3 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 14,3 x 2 = 28,6 KN
28,6 = 95,65 KN
Figura 109 Veículo tipo longitudinal simplificado para as vigas V2 e V6.
Fonte: Autor (2016)
100
Figura 110 do corte A-A para a viga V3.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 111 do corte B-B para a viga V3.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 112 de influência de reação para a viga V3.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
RP = 115,9 KN, Rp1 = 3,6 KN/m Rp 2 = 13,8 KN/m
101
Veículo tipo simplificado
Rp1 + Rp 2 = 3,6 + 13,8 = 17,4 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 13,8 x 2 = 27,6 KN
27,6 = 88,3 KN
Figura 113 Veículo tipo longitudinal simplificado para as vigas V3 e V5.
Fonte: Autor (2016)
Figura 114 lise do corte A-A para a viga V4.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
102
Figura 115 Análise do corte B-B para a viga V4.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
Figura 116 Linha de influência de reação para a viga V4.
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
RP = 115,4 KN, Rp1 = 1,54 KN/m Rp 2 = 13,7 KN/m
Veículo tipo simplificado
Rp 1 + Rp 2 = 1,54 + 13,7 = 15,2 KN/m
-
RP = Rp 2 x 36 = 13,7 x 2 = 27,4 KN
27,4 = 88,0 KN
103
Figura 117 Veículo tipo longitudinal simplificado para a viga V4.
Fonte: Autor (2016)
b) Envoltória de solicitações
Figura 118 Envoltória de força cortante para as vigas mais solicitadas (V1 e V7)
(KN).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
104
Figura 119 de momento fletor para as vigas mais solicitadas (V1 e V7)
(KN.m).
Fonte: Ftool (MARTHA, 2012)
105
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo busca-se apresentar e comparar os resultados obitidos pela
aplicação dos modelos analíticos estudados. Inicialmente é feita a comparação entre os
coeficientes de repartição de carga, para os modelos de Engesser-Courbon e Guyon-
Massonet e a linha de influência elástica para o método das reações de apoio, para os
casos em que a superestrutura da ponte em estudo é composta por três e sete longarinas.
Posteriormente, com intuito de quantificar como um modelo varia em relação ao outro,
serão comparados os valores dos esforços solicitantes máximos, bem como os valores
das armaduras de flexão para o meio do vão das vigas mais solicitadas de cada caso de
estudo.
5.1 Comparação entre as curvas de distribuição transversal
Neste item são apresentadas as sobreposições dos gráficos dos coeficientes de
distribuição transversal de carga, obtidas pela aplicação dos diferentes modelos
estudados, com o objetivo de analisar a variação desses modelos para o caso de estudo I
e II.
5.1.1 Curvas de distribuição transversal para o caso de estudo I
A tabela 6 mostra os valores dos coeficientes de distribuição de carga para as
vigas V1, V2 e V3 do caso de estudo I, obtidos pela aplicação dos métodos analíticos de
Engesser-Courbon, Guyon-Massonet e pelo método das reações de apoio utilizando as
linhas de influência elásticas.
Tabela 6 Valores dos coeficientes de repartição em função da posição da
carga.
106
As figuras 120 e 121 representam de maneira gráfica a sobreposição das curvas de
distribuição transversal obtidas pela aplicação dos métodos estudados para as longarinas
do o tabuleiro da ponte em estudo formado por três longarinas.
Figura 120 Curvas de distribuição transversal para as vigas de extremidade (V1=V3).
Fonte: Autora (2016)
Figura 121 de distribuição transversal para a viga intermediária (V2).
Fonte: Autora (2016)
107
5.1.2 Curvas de distribuição transversal para o caso de estudo II
A tabela 7 mostra os valores dos coeficientes de distribuição de carga para as
vigas extremas V1 = V7 e para a viga intemediária V4 do caso de estudo II obtidos pela
aplicação dos métodos analíticos de Engesser-Courbon, Guyon-Massonet e pelo método
das reações de apoio utilizando as linhas de influência elásticas.
Valores dos coeficientes de repartição em função da posição da carga.
Os valores mostrados na tabela estão representados de maneira gráfica nas
figuras abaixo.
Figura 122 de distribuição transversal para as vigas de extremidade (V1=V7).
Fonte: Autora (2016)
108
Figura 123 a viga Intermediária (V4).
Fonte: Autora (2016)
5.1.3 Análise dos resultados
De acordo com as sobreposições das curvas de distribuição transversal
apresentadas nos itens anteriores, pode-se observar que para o caso de estudo I, os
coeficientes de repartição de carga obtidos pela aplicação dos modelos analíticos de
Engesser-Courbon e Guyon-Massonet apresentam uma variação um pouco maior
quando comparados com o caso de estudo II. A aproximação das curvas com o aumento
do número de vigas principais é devido ao fato de que para o caso de estudo I onde a
superestrutura da ponte é composta por apenas três longarinas e três transversinas, duas
nos apoios e uma central, o modelo se afasta do comportamento de placa ortotrópica e
aproxima-se do comportamento de grelha. A introdução de mais quatro longarinas
aproxima sensivelmente o comportamento da estrutura para o de uma placa ortotrópica
fazendo com que as curvas dos dois modelos se aproximem.
Quanto ao método de comparação proposto pelo autor, onde a determinação da
distribuição transversal de carga é realizada por meio das linhas de influência elástica de
reação, observa-se que as curvas de distribuição para o caso de estudo I apresentam um
aspecto semelhante ao das curvas obitidas pela aplicação dos modelos convencionais de
Engesser-Courbon e Guyon-Massonet. No entanto, para o caso de estudo II, há uma
109
considerável discrepância no comportamento das curvas. Tal discrepância reflete a
diferença das considerações de cada modelo.
O método da determinação das reações de apoio por meio das linhas de
influência não considera a compatibilização entre os deslocamentos dos elementos
estruturais que compõem o tabuleiro da ponte, uma vez que para este modelo, as
longarinas são consideradas como apoios rígidos. Desta forma, a análise do
comportamento da estrutura é feita por meio de uma única seção que representa as
demais. O modelo de Engesser-Courbon, por sua vez, analisa a estrutura como uma
grelha, onde as transversinas com rigidez infinita apoiam-se sobre apoios elásticos,
considerando, portanto, a compatibilização entre os deslocamentos das longarinas e
transversinas. Finalmente, o modelo de Guyon-Massonet considera o tabuleiro da ponte
como uma placa ortotrópica onde além da compatibilização dos deslocamentos, são
considerados os efeitos da torção dos elementos.
As diferenças nas considerações de cada modelo ficam mais evidentes à medida
que aumentamos o número de vigas principais, pois para o método da linha de
influência, devido à rigidez dos apoios, quando a carga se aproxima da viga em estudo
até ser aplicada sobre a mesma, esta recebe 100% da carga aplicada e por consequência
as demais vigas recebem 0%. Desta forma, quanto maior for o número de vigas menos
uniforme será a distribuição transversal de carga, o que não ocorre com os demais
métodos aplicados.
5.2 Comparação entre os esforços solicitantes
Neste item, são comparados os valores de esforço cortante e momento fletor
máximos para as vigas mais carregadas de cada caso de estudo, a fim de quantificar a
variação dos modelos aplicados.
5.2.1 Comparação entre os esforços solicitantes para o caso de estudo I
A tabela 8 apresenta os valores máximos positivos e negativos de esforço
cortante e momento fletor nas vigas mais solicitadas do caso de estudo I, sendo estas as
vigas de extremidade V1 e V3, obtidos das envoltórias de solicitações para os métodos
110
de repartição de carga de Engesser-Courbon e Guyon-Massonet, além do método das
reações de apoio utilizando linhas de influência elásticas.
Tabela 8 Resumo dos esforços solicitantes máximos positivos e negativos para os diferentes modelos nas vigas V1 e V3.
5.2.2 Comparação entre os esforços solicitantes para o caso de estudo II
A tabela 9 apresenta os valores máximos positivos e negativos de esforço
cortante e momento fletor nas vigas mais solicitadas do caso de estudo II, sendo estas as
vigas de extremidade V1 e V7.
Tabela 9 Resumo dos esforços solicitantes máximos positivos e negativos para os diferentes modelos nas vigas V1 e V7.
5.2.3 Análise dos resultados
As figuas a seguir representam, de maneira gráfica, os valores de esforço
cortante e momento fletor máximos nas vigas mais solicitadas dos casos de estudo I e II
para os diferentes modelos de distribuição de carga estudados, com o intuito de
quantificar as análises feitas para as curvas de distribuição de carga no item 5.1.3.
111
Figura 124 Gráfico do resumo dos valores de esforço cortante para os métodos aplicados.
Fonte: Autora (2016)
Figura 125 Gráfico do resumo dos valores de momento fletor para os métodos aplicados.
Fonte: Autora (2016)
De acordo com os gráficos acima, podemos quantificar a aproximação dos
valores obtidos para os modelos de Engesser-Courbon e Guyon-Massonet com o
aumento do número de vigas do caso de estudo I para o caso de estudo II. Para o caso I,
há uma diferença de aproximadamente 13% entre os valores de esforço cortante e 15%
entre os valores de momento fletor para cada método, já para o caso II esses valores são
reduzidos para 2% e 2,5 %, respectivamente.
112
Podemos ainda quantificar as diferenças dos valores dos esforços solicitantes obtidos
pela aplicação do método proposto pela autora em relação aos modelos analíticos
estudados para os casos I e II. Para o caso em que a superestrutura da ponte é composta
por três longarinas, a diferença de esforço cortante em relação a modelo de Engesser-
Courbon é de 4,37% e em relação ao de Guyon-Massonet 9,38%, já para o momento
fletor esses valores são de respectivamente 4,96% e 10,32%. Quando o numero de vigas
é aumentado para sete, estes valores sobem para 31,28%e 29,78% para o esforço
cortante em relação aos modelos de Engesser-Courbon e Guyon-Massonet,
respectivamente, e para o momento fletor, esses valores correspondem respectivamente
a 34,26% e 32,63%.
5.3 Comparação entre as armaduras de flexão
Neste item busca-se determinar e comparar as áreas de aço para a seção do meio
do vão nas longarinas mais solicitadas de cada caso de estudo, com o intuito de analisar
a economia de armadura para os diferentes métodos de repartição de carga aplicados.
Para a o cálculo da armadura, utiliza-se a seguinte expressão:
A s =
yd
d
fdKZM
.).(
(5.1)
Onde:
M d M máxk , momento fletor solicitante de cálculo);
d = distância entre o centro de gravidade da armadura longitudinal tracionada até
a fibra mais comprimida de concreto;
yd 15,1ykf
yk 500 MPa para o aço CA50;
dx sendo x a profundidade da linha neutra.
113
5.3.1 Armaduras de flexão no meio do vão para as longarinas V1 e V3 do caso de estudo I
Para a seção em questão, o momento fletor máximo característico é positivo e,
portanto deve-se verificar se a linha neutra passa pela mesa ou pela alma da seção para
assim admitir a seção da viga retangular ou Para a determinação da posição da
linha neutra utiliza -se a equação do momento reduzido de cálculo (KMD) :
KMD = cdw
d
fdbM
²..
(5.2)
Onde:
b w = largura da seção transversal das vigas de seção retangular ou da alma das
f cd = resistência de cálculo à compressão do concreto.
Considera-se inicialmente a seção retangular de 330 x 220 cm e d = 2,0 m. Os
valores obtidos encontram-se na tabela 10.
Tabela 10 Valores da profundidade da linha neutra para os diversos modelos.
Para os três métodos, temos x < hf, logo a seção da viga será considerada como
retangular.
114
Tabela 11 Valores das áreas de aço na seção do meio do vão das vigas V1 e V3 para os modelos aplicados.
5.3.2 Armaduras de flexão no meio do vão para as longarinas V1 e V7 do caso de estudo II
Deve-se verificar se a linha neutra passa pela mesa ou pela alma da seção para
assim admitir a seção da viga retangular ou Considera-se inicialmente a seção
retangular de 200 x 220 cm e d = 2,0 m.
Tabela 12 da profundidade da linha neutra para os diversos modelos
De acordo com os valores obtidos na tabela 12, para os métodos de Engesser-
Courbon e Guyon-Massonet, temos x < hf, portanto a seção será considerada retangular.
Para o métdo da linha de Influência, por sua vez, temos x > hf, implicando que a seção
será admitida como T.
Para o cálculo da área de aço para uma seção T, utiliza-se a seguinte expressão:
A s =
sf f
hd
M
.2
1 + sfdKZ
M..
2 (5.3)
Onde:
M1 = 0,85.f cd .h f .( b f - b w ).( d -
2fh
) (5.4)
M 2 = M d - M 1 (5.5)
115
Tabela 13 das áreas de aço na seção do meio do vão das vigas V1 e V7 para os modelos aplicados.
5.3.3 Análise dos resultados A figura abaixo representa de maneira gráfica o resumo dos valores encontrados
para as armaduras de flexão na seção do meio do vão das vigas mais solicitadas de cada
caso de estudo.
Figura 126 Gráfico do resumo dos valores das armaduras de flexão para os métodos aplicados.
Fonte: Autor (2016)
Como já esperado, o aumento do número de vigas principais reduz a área de aço
requerida para cada longarina, uma vez que para o caso de estudo I as cargas são
distribuídas para apenas três longarinas e para o caso de estudo II, o mesmo
carregamento é distribuído para sete vigas. No entanto, não se pode afirmar que adotar a
solução com um maior número de longarinas é sempre mais econômico, pois o aumento
do número de longarinas gera um maior consumo de concreto, além de maior tempo de
execução. Assim, deve-se analisar cautelosamente, levando em conta os diversos
116
fatores, até que ponto aumentar o número de longarinas para reduzir a área de aço é
vantajoso do ponto de vista econômico.
Segundo os dados obitdos pelo gráfico, houve uma redução de 36,6% na área de
aço na seção do meio do vão para a aplicação do modelo de Engesser-Courbon, 44,8%
para o modelo de Guyon-Massonet e de apenas 6,27% para o método que utiliza a linha
de influência de reação. Esses valores quantificam a analise de que para o método
proposto pela autora, há uma distribuição concentrada dos esforços e, portanto quanto
maior o número de vigas principais mais superdimensionadas serão as longarinas da
ponte.
117
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
6.1 Conclusões
O trabalho aqui desenvolvido teve como objetivo apresentar as considerações e o
desenvolvimento dos modelos analíticos tradicionais de distribuição de carga de
Engesser-Courbon e Guyon-Massonet para tabuleiro de pontes com múltiplas
longarinas. Bem como, aplicar estes métodos para a determinação dos esforços
provenientes das cargas móveis e posterior determinação das envoltórias de esforço
cortante e momento fletor, das quais são retirados os valores máximos dos esforços para
o dimensionamento das vigas principais. Além de comparar os resultados obtidos com o
método de determinação das reações nas longarinas por meio das linhas de influência de
reação, proposto pelo autor. Essas comparações foram feitas através das curvas de
distribuição transversal de carga, valores dos esforços solicitantes máximos e armadura
de flexão na seção do meio do vão das vigas mais solicitadas para cada caso de estudo.
Para a plicação e comparação dos métodos estudados foram utilizados dois casos
de estudo. Para o caso de estudo I, a superestrutura da ponte é composta por três vigas
principais e três transversinas, duas nos apoios e uma no meio do vão. Já para o caso de
estudo II, foram mantidos o número de transversinas e o número de vigas principais
aumentou para sete. Desta forma, pôde-se analisar a variação do comportamento dos
modelos com o aumento do número de longarinas.
As curvas de distribuição transversal de cargas, obtidas pela aplicação dos
métodos estudados, foram sobrepostas e comparadas para os dois casos de estudo. A
análise mostrou que os coeficientes de repartição de carga obtidos pela aplicação dos
modelos analíticos de Engesser-Courbon e Guyon-Massonet apresentam uma variação
um pouco maior para o caso de estudo I quando comparados com o caso de estudo II,
devido à aproximação do comportamento do tabuleiro da ponte para uma laje
ortotrópica com a dimuição do espaçamento entre os elementos constituintes da
superestrutura da ponte. Em termos de esforços solicitantes, a variação entre os métodos
para o caso de estudo I é de aproximadamente 13% entre os valores de esforço cortante
e 15% entre os valores de momento fletor para cada método e para o caso II esses
valores são reduzidos para 2% e 2,5 %, respectivamente.
118
Ainda em relação à comparação entre as cuvas de distribuição transversal foi
observado que o comportamento do método de repartição de carga proposto pela autora
se afasta do comportamento dos demais modelos aplicados com o aumento do número
de longarinas por causa da concentração dos esforços na longarina em estudo, à medida
que a carga se aproxima da mesma. Essa análise foi quantificada em relação aos
esforços solicitantes, sendo obtida uma diferença máxima de 9,38% para o esforço
cortante e de 10,32% para o momento fletor, entre os modelos, para o caso de estudo I e
de 31,28% e 34,26%%, respectivamente, parao caso de estudo II.
Em termos de armadura de flexão para o meio do vão das vigas mais solicitadas
de cada caso de estudo, concluiu-se que há uma considerável diminuição para os
modelos de Engesser-Courbon e Guyon-Massonet de respectivamente 36,6% e 44,8%
quando o número de vigas é aumentado de três para sete. No entanto, para o método de
comparação proposto pelo autor, esta redução foi de apenas 6,27%. De acordo com
esses dados pôde-se concluir que à medida que o número de vigas principais é
aumentado, o método de distribuição de carga por meio das linhas de influência de
reação se afasta do comportamento real do tabuleiro de vigas múltiplas, devido à
desconsideração da compatibilidade entre os elementos constituintes do mesmo. A
utilização desse método é inviável para a superestrutura de pontes com múltiplas
longarinas, uma vez que este gera um superdimensionamento dos elementos estruturais.
6.2 Sugestões para trabalhos futuros
Para a complementação das análises realizadas neste trabalho sobre a
distribuição transversal de carga em tabuleiros de vigas múltiplas, sugere-se:
Aumentar o número de longarinas e transversinas de modo que os
espaçamentos entre os elementos sejam suficientemente pequenos para que
o comportamento do tabuleiro se aproxime ao de uma placa ortotrópica com
o objetivo de melhor analisar as variações de esforços para a aplicação dos
métodos de Engesser-Courbon e Guyon-Massonet;
Aplicar outros métodos de distribuição de carga como o método de
Leonhardt e o método de Homberg-Trenks tendo assim, parâmetros a mais
para uma melhor comparação entre os molelos analíticos tradicionais;
119
Analisar, de maneira criteriosa, até que ponto é vantajoso
economicamente a utilização de um número maior de longarinas levando
em conta os diversos fatores que influenciam esta análise;
Analisar o comportamento do tabuleiro de pontes em vigas múltiplas por
meio de programas computacionais, a fim de comparar com os modelos
analíticos tradicionais e verificar o grau de segurança da utilização desses
modelos;
Comparar os resultados obtidos pela aplicação dos modelos analíticos
clássicos e pela utilização de programas computacionais com modelos
experimentais.
120
REFERÊNCIAS
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