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Órgão oficial de divulgação da Assembléia Nacional Constituinte
Volume350
:UIIIL~Brasília, de 3 a 9 de agosto de 1987 - N° 10
o pOVO é a tripulaçãoe negociar é preciso!
ADIRP - Castro Júmor
A Igreja demonstra força: 4 emendas com quase 2 milhões de assinaturas (página 7) Uma mina vital
Seis meses contados de trabalhos constituintese chega-se à conclusão de que negociar é mesmopreciso. O presidente do PMDB, Ulysses Guimarães e o presidente do PFL, Marco Maciel, tentamselar um acordo de não-agressão, para assegurara Aliança Democrática; em mesa-redonda promovida pelo Jornal da Constituinte, lideranças dos maisvariados partidos proclamam a necessidade imperiosa de negociar os temas mais polêmicos da Constituinte, na busca de um consenso mínimo que garanta o entendimento ao invés do confronto. O relator da Comissão de Sistematização, Bernardo Cabral, busca instrumentos que remetam o supérfluopara a lei ordinária, a fim de reduzir as áreas detensão. Mais do que nunca, percebe-se que é a horada afirmação da competência do poder civil. (Páginas 3 a 6).
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Novas sessões .para os temas' ,
mais polêmicos(Página 13)
Taquígrafo, aforça oculta
do Congresso(Página 15)
Constituintequer o fim do
decreto.lei(Página 10)
A questão mineral, num país de mais de oito milhõesde quilômetros quadrados é, obviamente, estratégica. O paísprecisa explorar racionalmente os recursos do solo e subsolopara promover o seu desenvolvimento, mas essa exploraçãonão pode ser indiscriminada, sem critérios, lesando o meioambiente de um lado e a soberania nacional de outro. Nestaedição, fazemos um amplo inventário da questão mineral,um dos grandes temas da Constituinte. (páginas 8 e 9)
•para a cnseUma saída
Os constituintes, que vêmagindo sob a pressão de pequenos grupos, ~e m~ltinacionaisou de orgamzaçoes como aCUT, a CGT e outras quaisquer, nos apresentam um trabalho que não honra nem reflete o anunciado durante longostempos pelo relator BernardoCabral ou o pensamento de 130milhões de brasileiros.
Os constituintes, ao invés decontinuare:n a desperdiçar otrabalho dos debates constitucionais, vivem procurando anotoriedade com apresentaçãode projetos de resolução paraserem votados na Comissão deSistematização, quando tais assuntos, 'pela nossa própria orgamzaçao, deveriam ser votados pelo Congresso Nacional,ou em última análise debatidosno seio da Comissão de Sistematização. Nós, apesar dapreocupaçãç que temos com odestino do PaIS, ainda esperamos que os constituintes se esqueçam de usar a balela de quea Constituinte "pode tudo e vale tudo", passem a debater osassuntos de interesse nacionale façam uma Constituição queatenda às nossas tradições, aoprogresso e estágio de desenvolvimento em que se encontrao país e não uma Constituiçãoanarquista, que venha nos criarproblemas a curtoprazo.
Terminando, lembramosMaquiavel, quando diz:
"Quem quiser reformar a antigaorganizaçãode um Estado livre, conserve, pelo menos, asombra das antigas instituições."
Constituinte João MenezesVice-líder do PFL
Falou-se muito no projetoque foi estudado por um grupode juristas sob a batuta do mestre Afonso Arinos, que foi tidocomo detalhista pela sua extensão, e agora, dizendo-se que seia enxugar o texto, o que seviu foi um trabalho sem formae sem consistência jurídica, ultrapassando a barreira dos quinhentos.
Constituição queatenda tradições
Os trabalhos da' Constituintevão nos deixando com enormepreocupação, porque foraminiciados com um Regimento,apesar de elaborado a longoprazo, que não conseguiu atender aos interesses gerais de umtrabalho constitucional, umavez que se preocupo~ muito emamarrar nos seus dISpOSItIVOSpensamentos e interesses degrupos. Por outro lado, a organização das comissões temáticas em número de oito, subdivididas cada uma em grupo detrês, pecou pela base, nao sóporque em várias subscomissões os assuntos não foram debatidos ou porque muitas delasse preocuparam em fazer viagens para outros estados, comos melhores intuitos de colherdados, junto ao p~vo, como seos constituintes nao representassem, na verdade, o pensamento da população brasileira.Pior foi ainda, porque os trabalhos dessas subcomissões foram entregues ao relator-geralde cada comissão temática,qu~> por sua vez, na grandemaioria, abandaram o trabalhodas subcomissões e defendidos pela impropriedade regimental, lavraram o parecer deacordo com seu pensamento,com suas idéias ou ideologias,abandonando, quase na totali-dade, o pensamento dos componentes das subcomissões. Eagora? Estamos chagando aopropalado parecer do relatorda Comissão de Sistematização, que passou durante todoesse tempo, ou melhor, desdea instalação das comíssões,a declarar que ia fazer um trabalho"nem progressista" e nem"conservador", tendo comoobjetivo .pr~ncipal apresentarum trabalho despido das incongruências e das matérias inconstitucionais constantes nosprojetos das comissões temáticas. Usava o termo "enxugar" o projeto, mas, ao invésde "enxugar" , o que fez foi jogar mais água e sair com umprojeto c..Qn~itucional,contendo 501 artigos, o 'Lue, na verdade, é um absurdo, porque sófalta se colocar no projeto a hora de tomar café, a hora de irpara cama ou acordar. Enquanto a Constituição americana, que dura tantos anos,tem cerca de 7 artigos, a portuguesa tem 300, a espanhola tem169, a alemã tem 141, a francesa tem 92, a nossa, "enxugada", do eminente relator,tem 501 artigos.
Negociarnavegando
Ronaldo PaixãoSecretârto de Redação
Houve um tempo em que o entãoMDB tinha como lema "Navegaré preciso, viver não é preciso". Overso do poeta português FernandoPessoa dava a dimensão da resistência, ou seja, sobreviver é mais importante que viver, quando se luta,exatamente, pela vida. Os tempospassaram e o MDB virou PMDB,aliou-se a dissidências da extintaArena, formando com o PFL aAliança Democrática que garantiriaa transição.
Após mais de dois anos de governo da Nova República e 180 diasde Constituinte, o PMDB chega àconclusão de que "Negociar é preciso, viver não é preciso". Transformando-se em poder, assumindo ogoverno, o PMDB percebeu que oavanço da transição não será possível apenas com o partido da resistência. Resistir a quê? A si mesmo?O grande mar que é o Brasil exigeleme firme para o barco frágil dademocracia e ela se sustenta, nessemomento, na convicção de que opoder civil é viável e pode ser competente, política, econômica e socialmente. Se assim não for, voltaremos todos ao tempo em que maisque viver, navegar era preciso.
No caso do PMDB, entretanto,a consciência de que negociar é preciso, viver não é preciso, tem sentidos vários. O chamamento sem preconceitos a todos os partidos paraque assegurem a vitalidade do poder civil (na demonstração de queentendimento não é conchavo) nãoprecisa, necessariamente, implicara morte dos ideários do partido daresistência. O entendimento deveocorrer onde é possível e onde nãofere a le.gitimidade das idéias programáticas de cada agremiação. Isso é negociação. Ceder em tudo,menos na essência das idéias e nocompromisso com o povo.
Essa, com certeza, é a Constituinte da consolidação democrãtrca,não a Constituinte da ruptura. Negociar é preciso, navegar também.A meta de um país com menos desigualdades ainda é uma ilha muitodistante.
~~nia;. privanzação das empresasestatais com exceçao para as queoperam nas áreas energéticase detelecomunicações; apoio aos pequenos e médiosmunicípios, objetivandofavorecer a imigraçãoe dificultar a emigração.
Vivemosum período críticoqueestá a exigir do governo medidasde caráter emergencial. A execução do programa proposto peloPartido Democrata Crístão é perfeitamente factí~ell.pois ~ã? pressupoe recursos moispomveis nemocasiona mudanças quixotescas:não se trata de animar utopias; trata-se de, frente ao impasse, aproveitar a chance patrocinada pelasprementes necessidades do momento conjuntural.
Trata-se de proporcionar àsclasses de baixa renda a base materialmínimapara organizaçãofamiliar:o teto de uma moradia simples edigna.
Trata-se de reverter o sentido dofluxo migratório interno - docampo e da pequena cidade paraa cidade grande -I com a fixaçãodo homem no intenor e o estímulopara que lá permaneça. Trata-sede desafogaras perifenas numa reforma urbana que começano campo.
Trata-se de mtegrar e preservara Amazônia, região de enorme importância geopolítica, que representa quase 60% de nosso território e onde se localizamdois terços de nossas fronteiras.
Trata-se de emancipareconômica e financeiramente o país pelosúnicos caminhos possíveis: a descentralizaçãodo poder econômicoe o fortalecimento do mercado interno, isto é, a desestatização daeconomia e o robustecirnento dasestruturas de produçãoe da capacidade de consumo.-Em síntese: oengrandecimentoda micro, pequena, media e grande empresas nacionais {Jara que elas, ao cumprirsuafunçãosocial,tornem consumidores todos os brasileiros.
Trata-se de efetivar uma justadistribuição de renda da formamaisrealista e funcionalque se conhece: o saláno condigno.
Enquanto a quase totalidade dosgovernistas se entrega ao jogo dopoder para conquisfá-lo ou paranele se manter, o Brasilafunda numa cnse sem precedentes, que coloca em risco a frágil paz social eas nossas combahdâs instituições.
O pacto político é urgente e necessãno. No entanto, e indispensávelque ele se fundamente na ética própria de um sistemaque quer,de fato, se tornar uma autênticademocracia representativa.
E imprescindível e essencialquea classepolítica, ao repelir os pnvilégios- a causamaior da injustiçasocial- se agregue, coesae plural,na defesa e consecuçãode atitudeslegítimas, as únicas que o eleitorado referendaria.
Constituinte Siqueira CamposLíder do PDC
A crescentedeterioração da vidanacional em seus aspectos econômico,sociale políticose manifesta,presentemente, numa peri~osa demonstração das conséquências aque conduz o tratamanto epidérmico dos problemas nacionais.
As atitudes oficiais, acumpliciadas com o descaso pelo interessenacional, asfixiam 'a já desgastadaesperança em dias melhores. Aavalancha de providênciascontraditórias, a ineficáciadas ações noscampos econômico e político ferem, comprometedoramente, aprimeira e maisóbvia vítimada incongruência:o povo brasileiro,vaIe dizer, a própria nação.
Esta Casa, cenário privilegiadodos trabalhos de condução do paísa uma cernocracia representativade fato e à plenitude do Estadode direito, deve redobrar sua atenção para tais problemas. Trata-sede evitar que se debilite ainda maisa enfraquecida confiança que depositamos nas instituições nacionais; trata-se de Impedirque se somem maisdanos à abalada credibilidade popular na classe política.
A descrença, sentimento notório e praticamente unânime nosdias atuais, é experimentada portodos os extratos da populaçãoque, por via disso, elabora fortíssimo ceticismo quanto à possibilidadede remédiopelo cammhodanegociação.
A opinião pública, mesmo sabendo não serem novas as dificuldades que engendram a crise, clama, desnorteada, por providênciasimediatas,e, enquanto o povo, nãoconsultado, geme sob o guante dodesemprego,da fome e da inflaçãomal disfarçada, uma profunda revoltacomeçaa eclodirnas maiorescidades do país, colocando em séno nsco nosso mcrpienteprocessode redemocratização.
Diante disso, o Partido DemocráticoCristão.l:xige do presidenteSarney e da Aliança DémocráticaÍI\.1ed,iatas, segurase eficazesprovidências que favoreçam e estimuleum clima onde a ordem e a pazsocial possam florescer com todaa beleza de sua acalentada plenitude.
Em nota recentemente divulgada, o Partido Democrata Crisfãopropôs um programa mímmo paraa açao governamental: efetivasmedidas de combate à corrupção;fixaçãode baixaremuneração paraos papéisdo Tesouro concomitantemente à drásticaredução da dívida pública; a indexação dos salários (salário mínimo: 15 OTN),bem como a concessão de abonopara repor as recentes perdas salariais da classe trabalhadora; construção de 1,5 milhão de moradiaspopulares com prioridade para asfamílias faveladas e as invasorasdeterrenos urbanos; destinação derecursospara as Frentes de Trabalho do Nordeste, aplicados naconstrução de sistemas de múltiplas represas, irrigação e moradiapO"p~lar; criação de infra-estruturamnuma para acesso e assentamento de 1 milhãode famíliasna Ama-
Jornal da Constituinte- Veículo semanal editado sob a responsabilidadeda Mesa Diretora da AssembléiaNacionalCons-
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2 Jornal da Constituinte
se suas limitações, especialmente em questõesprogramáticas.
Nenhum dos debatedores aceita críticas aorelator Bernardo Cabral. Ao contrário, ele teriasido extremamente fiel ao Regimento e o quese produziu foi fruto da própria mecânica defeitura constitucional.
Uma questão específicaexaminada no debate provocou críticas unânimes: pouco se alterouno sistema tributário. A União continua centralizadora, enquanto se nega aos estados a prerrogativa de legislar sobre tributos. Influência dostecnocratas, foi a causa.
A coordenação da mesa-redonda foi feitapelo Primeiro-Secretário da ANC, Marcelo Cordeiro (PMDB - BA). Participaram: o líder doPMDB na Câmara dos Deputados, Luiz Henrique da Silveira (Se), o líder do PFL no Senado,Carlos Chiarelli (RS), o Líder do PDT na Câmara e na Constituinte, Brandão Monteiro (RJ)e os constituintes Bonifácio de Andrada (PDS- MG), Irma Passoni (PT - SP) e José CarlosCoutinho (PL - RJ).
sFaltam poucos dias para a decisão final em
plenário. Por enquanto há um clima de impasse,mas, ao mesmo, uma forte disposição para oentendimento. O que se busca é consagrar notexto da Constituição a média do pensamentonacional. Daí a imposição de se negociar já.
Também, o envolvimento da sociedade foianalisado pela mesa-redonda organizada peloJornal da Constituinte, reunindo parlamentaresde tendências e partidos distintos para uma avaliação geral dos resultados de mais de seis mesesde trabalho e do próprio projeto de Constituição.
Na opinião gene ·alizada dos debatedores,quando se aproxima a fase decisiva de plenárioé fundamental a atua ção dos partidos políticosno processo de entendimento. Mas, alertam quese as negociaçõesnão se iniciarem já, as posiçõesideológicas podem prevalecer, o que levaria inexoravelmente ao impasse.
Os grupos pluripartidários que surgiramem busca do entendimento foram qualificadoscomo nm dado positivo, embora reconhecendo-
A cada reunião -confirma-se a tend€izcia de se trocar o confronto pelo entendimento
A.
TENDENCIA8 ::: mn
Em nome do povo, negociação jáMarcelo Cordeiro - Aqui estão
representantes de correntes políticas diversas, dispostasa discutiremprincípios básicos que vão organizar a vida do país. Por outro lado, há também a preocupação dediscutirmos o nosso próprio trabalho - e criarmos uma transparência para que a opinião pública oacompanhe e, conseqüentemente,podermos avançar em pontos que,muitas vezes não transparecempor falta de oportunidade de umdiálogo como este. Temos vistoque nos debates já realizados, osresultados têm sido muito positivos para o aprofundamento dasidéias, permitindo que até a própria imprensa formal, empresarialpossa se valer dessa contribuição.Além do fato de que este jornalestá alcançando quase cem milexemplares semanais, com a distribuição, por mala direta, para diversas entidades, sindicatos, empresas, igrejas, universidades, enfim, setores formadores de opinião pública. É importante que cada um faça uma rápida avaliaçãosobre o que até agora tem sidoo trabalho dos constituintes. E, deum modo livre, cada qual poderáabordar os aspectos que lhe parecerem mais convenientes no momento.
Bonifáciode Andrada - É interessante verificar, de início, quea metodologia que se seguiu, dese criar várias comissões, parecia,
à primeira vista, uma metodologiamuito negativa. Hoje, entretanto,estou convencido que essa metodologia foi frutífera, porque elapermitiu que se colocasse em debate uma série de contribuiçõesque, dificilmente, viriamse seguíssemos a tradicional metolodogiade se criar uma comissão só, paraelaborar o rrojeto da Constituição. O atua projeto a nosso ver,tem aspectos positivos. Por exempio, acho que nessa parte do regime de governo - sou parlamentarista -, ele não avançou muito,mas realizou alguma coisa. Todavia, notamos gue a aspiração geralda Assembléia Nacional Constituinte é a democratização do poder no país. O poder, no Brasil,está muito concentrado em Brasília. É um poder indiscutivelmenteeivado de autoritarismo e precisaser desconcentrado. Nesse aspecto é que o projeto não nos pareceestar, assim, respondendo, a essaexpectativa. Em diversas áreas, émuito centralista. No caso da Federação, o projeto fortaleceu muito a União e os estados praticamente não têm competência legislativa.
Quanto ao sistema tributáriopropõe um sistema com muita influência tecnocrática. E casuísticoe dá muita força aos técnicos doMinistério da Fazenda. Na parteda saúde, previdência social e seguridade social, ele também é pro-
Irma Passoni:Ignorar a
questão daconcentração
urbana é negarum fatopolítico
essencial daHistória domomento. Acidade temde ser vista
como o lugar queimplica o bem
comum.
fundamente centralizador. E umtal de sistema único de saúde, sistema de seguridade única. Essapalavra "única" está muito presente nesse texto do projeto, também fortalece muito o poder central, enfraquece os estados, enfraquece os municípios e enfraquece,enfim, a democracia, que tem como uma das suas essências o pluralismo.
No que se refere à ordem econômica e também à ordem socialo projeto apresenta algumas ambigüidades. Na ordem econômicaele pende mais para um liberalismo que às vezes é excessivo, e naparte da ordem social ele tendepara soluções estatizantes e mesmo para soluções, assim, socialistas, que chegam, digamos assim,a um conteúdo de um populismoum pouco inconseqüente.
No problema, por exemplo, daliberdade sindical o projeto procura uma solução de meio-termo entre a unidade e a pluraridade sindical. Já é um passo, porque vivemos hoje sob uma estatização sindicalista.
Irma Passoni - A primeira pergunta que eu faria seria a seguinte:nós estamos construindo umaConstituição transitória, para atransição, ou nós estamos construindo uma Constituição para ademocracia? Para mim, esta questãoé muito importante, porquese for para instaurar a democracia,
quando pensamos a questão degoverno, de mandato, de tempo,é preciso que nos centralizemosmuito mais num sistema de governo do que num mandato. Isso ainda não fizemos. Temos, ainda,uma mistura de parlamentarismo,de presidencialismo. Não. chegamos a nenhum acordo. E a issoque se precisa chegar. Quanto aoprocesso da Constituinte, creioque está correto. Jamais as idéias,as posições, se teriam colocado senão tivéssemos vindo de uma sub-comissão. .
Na subcomissão foi possível ouvir propostas, posições de parlamentares, foi a etapa riquíssimade receber proposta da populaçãode ouvir as audiências públicas, oque considero essencial. Recebemos nessa etapa cerca de 60 milpropostas da população, 4 mil etantas propostas de entidades. Todo mundo pôde ter acesso à Casae trazer as suas propostas. Também prevaleceram os interessespessoais de entidades, de categorias empresariais etc. E perdeu-sea visão do conjunto. Acho que foinormal esse processo. O duro échegarmos num calhamaço e depois voltar para trás. Não poderíamos esperar um projeto melhordo que esse que saiu. Agora seabre a etapa das emendas e se volta outra vez às emendas individuais e às emendas populares.Nessas emendas de iniciativa po-
Jornal da Constituinte 3
à elaboração da nova Carta.Lembro-me da grande discus
são que tivemos para a elaboraçãodo Regimento Interno. A sociedade civil certamente não entendeu porque nos engalfinhávamosaqui pela manutenção de um artigo, de um parágrafo, de um conceito. No entanto, aquela discussão do Regimento Interno foi fundamental para que nós embasássemos o processo de elaboraçãoconstitucional em direção a umaampla abertura à participação popular. Acho que nunca houve, emtempo algum, um processo de elaboração constitucional com tantaparticipação da sociedade organizada - as audiências públicas, asemendas populares, a possibilidade de uma associação de bairronão registrada apresentar suas sugestões à Constituinte. Uma possibilidade que se assentou na elaboração do Regimento Interno' - ade se fazer, ao final, uma consultaplebiscitária sobre a Carta a seraprovada - representa, inequivocamente, a característica democrática desse processo de elaboração constitucional.
Estamos na fase que eu chamaria de decantação, a fase de enxugamento, de separação entre oque é conjuntural e O que é permanente. Um dos grandes perigosque sofre o processo de elaboração constitucional, hoje é a elevação à categoria de texto constituo.cional de matérias absolutamenteconjunturais. Aí ganha importância o processo do entendimento.
Não podemos fazer a Constituição do PMDB nem a do PFL nema do PT nem a do PDT. Temosde fazer a Constituição que a sociedade brasileira quer, rumo àsmudanças na ordem econômica esocial, rumo à construção de umasociedade moderna, eficiente, capaz de eliminar a dicotomia entreum Brasil oitava economia ocidental e sexagésima oitava nação domundo em distribuição de rendaa nível de bem-estar social. AConstituição tem de ser um instrumento para essas transformações.Ela tem de ser uma síntese do quea sociedade brasileira deseja. Porisso é fundamental o entendimento.
Minha perspectiva para os pró.ximos meses é essa: vamos nos entender sobre um texto que representa a vontade nacional e vamoster oportunidade de garimpar,nesse rico material que foi trazidopara o processo de elaboraçãoconstitucional. Material necessário à elaboração de uma Constituição que não seja tão enxuta,que represente uma generalizaçãosobre as coisas, nem tão extensa,que tenha que ser modificada dentro de seis meses a um ano.
Carlos Chiarelli - Gostaria deme somar à manifestação de apreço pelas gestões feitas, permanentemente, pela Primeira-Secretariano sentido de oferecer a maior ea mais equilibrada e generalizadadivulgação sobre a atividade daConstituinte, que talvez seja o primeiro dos deveres da própriaConstituinte. Acho que a Constituinte não apenas precisa saber fazer uma Constituição, mas precisasaber como se faz uma Constitui.ção e o que se está fazendo. AConstituinte não teve no decursoda sua fase de gestação, que é nahora da escolha de seus integrantes, o destaque que merecia, pelacoincidência do pleito. Destaquecomo o evento histórico politicamente mais valioso da nossa geração. Acabou um pouco oprimida,
tentação a esse Governo e que têmuma influência fundamental e vãodecisivos na votação da nova Carta, vão responder historicamentepor isso. Eles têm uma maioriamuito folgada, demais para o nosso gosto, em função das eleiçõesde 1986. Temos visto ai, diuturnamente, as declarações e as açõesdo governo federal e dos líderesdesses dois partidos, contrariandotodos os interesses do país. Nãopodemos amanhã, na votação daConstituição, termos esse mesmoquadro. Tem que prevalecer umsentimento patriótico, de brasilidade, aqui dentro. E o único meiode o país vir realmente a se tornarindependente dos interesses maiores desses pequenos grupos alicerçados no governo e nesses doispartidos é termos uma Constituição que atenda realmente aos anseios do nosso povo. Constituiçãoque, contrariamente ao que diz orelator Bernardo Cabral, entendemos deve ser a mais prolixa possível. Não podemos ter uma Constituição pequena, sintética. Ao contrário, devemos ter na nova Carta,e alicerçado nos tribunais constitucionais, a maior quantidade possível de garantias do direito individual, do direito coletivo e o ordenamento social e econômico.
Luiz Henrique - Poderíamos
Bonifácio deAndrada:
Em diversasáreas, oprojeto é
centralista.No caso daFederação,fortaleceu
muito a Uniãoe os Estadospraticamente
não têmcompetêncialegislativa.
caracterizar a metodologia utilizada para a elaboração da futuraCarta como a metodologia daabertura. Diferentemente de umaprática tradicional, nas assembléias constituintes de todo o mundo, não partimos de um projeto.Lembro-me de que em Portugal,recentemente, a Constituição foifeita a partir de um anteprojetoelaborado por sete parlamentares,revisto por trinta parlamentares e,a partir daí, foi decidido pelo conjunto das integrantes da Assémbléia Nacional Portuguesa.
No Brasil, fez-se a abertura atodos os parlamentares. O processo de divisão em subcomissões ecomissões temáticas, que se apresentava como um grande desafio,teve como resultado a participação de todos e, assim, a garimpagem de um material muito densoe muito rico, que servirá de base
vemos com profunda tristeza eporque não dizer até - não voudizer com revolta - com profunda interrogação a posição que têmassumido os ministros militares nopaís. Não temos tido a capacidadede discutir abertamente nesta Casa, não s6no Congresso ordinário,como neste momento, na Constituinte, qual o papel dos militaresna vida política do Brasil. Temosnos recusado a isto por força detodo um processo autoritário quese estabelece no país há muitosanos. E aí vemos que os militaresestão, também, interferindo naConstituinte, inclusive em problemas que não são específicos dosmilitares. A questão da anistia nãoé uma questão de quartel, é umaquestão da sociedade brasileira.Estamos num período de transiçãodo regime autoritário para' o regime democrãtico. E necessário queneste processo constituinte se façao grande pacto social. Não adiantapensar-se em pactos, em partidos,em organizações empresariais eorganizações de trabalhadores. Opacto dar-se-á na Constituinte.Este é o grande pacto que é possível fazer no país.
José Carlos Coutinho - Entendemos que o processo que deu início à feitura da nova Constituiçãocomeçou distorcido. Nas eleiçõesde 1986, o que menos foi levadoa debate foi a importância das eleições, considerando g,ue os deputados federais, que ali seriam eleitos, viriam a fazer a nova Constituição. Foi dada importância exagerada e absurda aos governos estaduais dentro daquele momentopolítico em que o país J?assava,que posteriormente foi Julgado,inclusive, pelo ministro AurelianoChaves como um "estelionatoeleitoral". Isso veio a se confirmar, não digo na fase de formaçãodas subcomissões, das próprias comissões, mas na Comissão de Sistematização. A sociedade brasileira teve praticamente como umprêmio o trabalho de algumas dessas comissões.
Eu destacaria a Comissão dosDireitos Individuais. Entendemosque a sociedade brasileira, muitojovem, cresceu nos últimos 20anos como uma Inglaterra, umaFrança, uma Alemanha. Então, éum país que não tem a sua sociedade organizada ainda, e, tambémpor conseqüência dos anos de autoritarismo que passamos, essa sociedade tem que resguardar osseus direitos a nível constitucional. Um dos avanços fundamentais: a criação dos tribunais constitucionais. Fundamental a criaçãodesses tribunais em função de conseguirmos resguardar aquele direito do nosso povo, o direito decidadania, o direito individual docidadão, aquele direito até natural.
O governo federal não está aliado ao povo brasileiro e sim aliadoa esses grandes grupos que fazemdo Brasil o que bem entendem.Vendo algumas decisões do Conselho Monetário Nacional, a genteobserva que é um pequeno grupode pessoas que gerem as normasda economia. Muitas vezes geremao sabor dos interesses do governoe de grupos particulares. Absurdos são cometidos. Daí a importância do fortalecimento do PoderLegislativo neste país, de representantes do povo descendo da Federação para os estados e até anível de municípios. Gostaria deressaltar bastante um fato que éa aliança do PMt>B com o PFL.Esses dois partidos, que dão sus-
BrandãoMonteiro: Pensoque ruptura nãose dá só quando
há golpe deEstado, sangueou revolução. Eevidente que o
modelo anteriorse esgotou.
Houve ruptura.Tanto é que
estamos numaAssembléia
Constituinte.
jeto. Todos os constituintes trabalharam objetivamente em, relaçãoao processo constitucional. E inovador, é rico. Dizer-se que o projeto é um monstrengo, que é oanteprojeto Bernardo Cabral, representa duas injustiças. Primeiro, foram debates que se deramdurante esses 4 ou 5 meses, ondeos partidos e os parlamentaresparticiparam objetivamente dessadiscussão. Também não é um anteprojeto do relator Bernardo Cabral. E, na verdade, uma sínteseque ele fez, não chegou nem a sistematizar, se fôssemos buscar apalavra ao eé da letra, praticamente compilando o que as comissões produziram. Ele tem é claro,um conjunto de defeitos, contradições e emendas de comissões diversas. Se tivemos 8 comissões, tivemos visões diferenciadas em cada uma delas. No capítulo referente aos direitos coletivos, consideramos que há um avanço muito'grande em relação à democratização no país.
Por outro lado, se examinarmosa Ordem Econômica, eu diria CJ.ueestá olhando para' o lado direitoe a Ordem Social olhando parao lado esquerdo. Na questão daorganização dos estados, acho quetambém avançamos.
Buscamos democratizar esse
problema grave, que é a questãoterritorial no Brasil. Temos nopaís algumas visões preconcebidase sobretudo posições em que osinteresses eleitorais, os interessesdos estados e dos governadores secontrapõem à democratização.Existe uma tradição autoritária navida brasileira, que é preciso quefaçamos uma correção neste período constituinte. Na questão tributária, continuamos com a perspectiva de um fortalecimento muito grande da União, em detrimento dos estados e dos municípios,e não avançamos nada em relação.ao sistema financeiro.
Na organização dos poderes, háuma grande pressão do Executivo sobre a Constituinte nuncavista na História brasileira. E nãoé só o presidente da República emrelação ao seu mandato, em relação ao sistema de governo, mas
pular, a meu ver, há uma questãomuito importante, saber como éque essa Constituição instaura ounão a democracia, como é que ficao poder no Brasil. Ele é um podercentralizador ou ele é um poderque se dirige a uma visão de realmente constituir o poder tambémdemocraticamente na populaçãodiretamente na participação dopoder, no Executivo, no Legislativo, no Judiciário?
Na ordem econômica, tratamosde problemas essenciais, como aquestão do poder econômico, enão ficou equilibrada a questão dainiciativa privada e o bem social.Como é que ficam as posições do'capital? Até foi dito que isso seriaum avanço, de salto do capitalismo para o socialismo. Não é isso.Sei das limitações que enfrentamos. Mas, ao mesmo tempo, como é que ficam o capital concentrado, a democracia, o bem comum e a questão social? Pareceme que quando se definiram osprincípios gerais econômicos - aquestão .do nacionalismo, da reserva de .mercado e da aberturado caprtal estrangeiro - resultoualgo muito perigoso.
A outra questão em que me detenho mais é a urbana, que desapareceu no projeto final do relatorBernardo Cabral. Ninguém negaque a concentração foi violentanos últimos anos e não há nenhuma perspectiva da desconcentração. Ignorar a questão da concentração urbana é realmente ignorarum fato político essencial da História do momento. Essa questãotem que ser tratada como um conjunto dé serviços sociais, não sóuma casa para morar, mas um serviço em torno disso como de saúde, de educação, de transporte ede saneamento básico. A questãoda concentração imobiliária é muito séria. Não podemos viver numacidade para enriquecer apenas asempresas imobiliárias. A cidadeimplica o bem comum. Devemosintroduzir na Constituição um capítulo específico sobre a questãourbana, pela importância e seriedade da situação em que nos encontramos. E a última questão refere-se à Reforma Agrária. Sintoque já há um consenso de entendimento nessa questão. Alguns pontos essenciais são quanto à funçãosocial da propriedade, desapropriação, emissão imediata por parte do Estado e o limite mínimo,que não poderia ser desapropriado. Acho que são questões quepodemos entrar num acordo enum processo de entendimento.
Brandão Monteiro - Penso diferente. Este processo constitucional foi extremamente, proveitoso,inovador, porque, sobretudo, elenão acompanhou a tradição do direito constitucional brasileiro, noque se refere à formulação do processo constituinte. Estávamosacostumados em uma grande comissão, em que praticamente seextraía da Assembléia NacionalConstituinte o número de constituintes que preparavam o antepro-
~~~.~PAR.TID08&! TEIIDÊNCIAS ::: PARTIDOS 8e TENDÊNCIAS :::Pi\~TIDOS & TENDÊNCIAS ::: f~,"•
4 Jornal da Constituinte
~NCIAS :::PAR:J1IDOS &:. TENDÊNCÍtW ::: PAo presidencialismo e a Constituição estabelecer o parlamentarismo, haverá uma ruptura em relação ao regime de governo, porexemplo. No momento em que essas rupturas necessárias se estabelecem o entendimento se impõe,que método de entendimento devemos utilizar? O Carlos Chiarelliacaba de falar que os partidos começam a ter um peso específicomaior. Hoje, estamos vendo grupos interpartidários reunindo-se,para definir uma série de iniciativas, com vistas a atar diferençase a encontrar pontos de identificação que possam resolver os proplemas postos até o presente momento.
Luiz Henrique - Penso que oentendimento não tem parâmetros metodológicos fixos. Achoque tem de haver a vontade depactuar inerente a todos os partidos. Concordo com o Chiarelli emque o partido não pode ser um"regra três" do processo de elaboração constitucional, mas que,agora, terá de afirmar, mais intensamente, a sua presença, não nosentido de impor suas decisõesprogramáticas, mas no sentido detrazê-las ao debate. Na Espanha,a metodologia adotada foi esta: separou-se a parte consensual, oumenos polêmica, da parte mais polêmica, e a esta foram reservadaslongas, demoradas rodadas de negociação, chegando-se, em cadacaso, a um texto.
Irma Passoni - Esse posicionamento oferece a seguinte dificul-:dade: faríamos uma Constituiçãosegundo os pontos programáticosou haveria necessidade de cadapartido haver apresentado umaproposta de Constituição? O PT,por exemplo, tem a sua propostade Constituição, que foi apresentada, mas não foi discutida. Simplesmente não foi abordada. Umacoisa é o programa, outra é adaptá-lo à realidade de uma Constituição. O equilíbrio entre o programa e as suas propostas parece-me ser essencial.
Luiz Henrique - Com relaçãoa esse aspecto, quanto à metodologia gue adotamos no PMDB,identificamos os pontos críticosque nos dividiam internamente,na primeira fase das comissõessubtemáticas e temáticas, e fizemos uma votação, em convenção,onde definimos a diretriz do partido sobre aqueles pontos. OPMDB tem, hoje, uma propostade convenção, que será levada pelas lideranças à negociação. O PTtem o seu projeto, não sei se o~DT tam?ém tem. Os outros partidos, aSSIm como o PMDB, nãotêm um projeto. Mas o PMDB,embora não se tenha reunido eelaborado um projeto, tem propostas e vai procurar negociar emCIma dessas propostas. O que éfundamental é que ninguém sesente à mesa com idéias pré-concebidas de que a sua proposta éa verdadeira e tem de ser o resultado da negociação.
Bonifácio de Andrada - Mashá um detalhe, acho que os nossospartidos políticos não estão assimtão fortes para apresentarem umapostura capaz de influir, enquantopartidos, na Assembléia NacionalConstituinte. As tendências ideológicas é que vão predominar, eas lideranças dos diversos partidos, com autoridade institucional,na medida em que souberam lidarcom essas tendências, é que poderão fazer presentes os partidos políticos. O partido, como partido,dificilmente consegue se impor.
José CarlosCoutinho:
Por não serainda
organizada e,também em
conseqüênciados anos de
autoritarismo,a sociedade temque resguardar
os seusdireitosa nível
constitucional.nham, cada qual dand~ tambéma sua ênfase, para a necessidadedo entendimento, que seja produto de um diálogo aberto, transparente, claro e expressivo dos interesses da sociedade como um todo. Em face do que ouvimos aquipoderíamos então colocar a seguinte questão. O nosso processo detransição - em relação ao quala Constituinte é um momento culminante, central, fundamental eindispensável - não se deu poruma ruptura no processo políticoinstitucional. Tanto isso é verdadeque está em vigor uma Constituição vinda do regime anterior epassamos para a fase de transiçãoinclusive através de instrumentosinstitucionais daquele regime, como o Colégio Eleitoral. Todavia,há a questão de que a Constituição, finalmente promulgada, gerará rupturas. Se abandonarmos
realmente um processo de transação, de transigência, afinal não vimos aqui para declarar guerra,mas para celebrar um armistício.Se for, como já se disse aqui, oresultado transitório de maioriasescassas, sejam elas do meu partido ou de outros, teremos também, junto com essas vit6rias transit6rias de maiorias escassas, umaescassa duração dessa Constituição. As maiorias escassas são migrat6rias e conjunturais. Logo vamos ter as emendas, os remendos.A minha posição é que ela deveser genérica, abrangente, que eladeve ser produto dessa negociaçãoe que essa negociação deve ser já.Essa negociação, sobretudo, temde ter - volto a dizer - não adisciplina férrea de imposição dopartido, mas jamais aceitar a figura do partido como um coadjuvante, praticamente despercebidodesse processo, sob pena de queele, se demitindo da sua tarefafundamental e precípua, que é asua ação na Constitumte, de certaforma se está demitindo do seupróprio projeto de sobrevida noperíodo pós-constituinte, no período democrático sedimentandoque haveremos de ter.
Marcelo Cordeiro - Depois deouvi-los, observo que todos cami-
pectiva de duração e longevidade- ela deve nascer para durar omáximo possível- na medida emque ela for conceitual, especificamente detentora de princípios eque fizer os balizamentos e os alicerces da organização da nova sociedade brasileira, sem descer àminudência e ao detalhe, ela realmente responderá muito melhorà sua finalidade histórica. Do contrário corre o risco de começar aconfundir-se - o que é um defeitode certas Constituições brasileiras- com a lei ordinária, com decretos e até, como acontece com algumas normas na Constituição vigente, com portarias, circulares eordem de serviços. Isso acontecede tal maneira que a Constituiçãovai tentando regrar situação queestão bem abaixo de sua hierarquia.
Um outro aspecto é o problemado processo de agora em diante.Foi valioso o trabalho? Foi. Secontinuar essa mecânica, se a tomarmos como diretriz, caminharemos no sentido até mesmo deuma aberração. Se recolhermostudo o que fizemos como quemlevou um material indispensável,e até todo o material além do indispensável para o canteiro deobras e agora se dispõe a fazero prédio dentro de um novo projeto, é excelente. Tudo o que se fe~
é indispensável e até saudável. Enesse momento que as presençasdos partidos políticos tem de sercobradas de maneira mais ampla.Não me estou referindo a esse ouàquele partido. Chegamos aquicom as marcas de siglas e pelo canal partidário. Isso é indiscutível.Por isso mesmo os partidos possuem uma responsabilidade histórica nesta Constituinte. Neste momento eles precisam ter uma açãomuito mais expressiva e efetiva doque tiveram até aqui, quando elesficaram um pouco à margem doprocesso.
Irma Passoni - No caso, seriacada partido apresentar um substitutivo global? Gostaria de entender isso.
Carlos Chiarelli - Não. A minha idéia não é essa. Eu defendeira, antes disso, a conveniênciae a necessidade de os partidoscoordenarem, organizareme definirem o seu posicionamento,até porque, no meu modo de entender, terminada a Constituintee sedimentado o processo democrático, só haverão de se firmare sobreviver os partidos que, naverdade, definirem uma posiçãoprográmatica e doutrinária. Ospartidos tenderão a ser, crescentemente, num novo modelo de sociedade p6s-constituinte com atransição democrática finda e a democracia consolidada, aquelesque, figorosamente, possuem umcompromisso, uma linha programãtica e doutrinária. Não achoque seja nenhuma invasão do direito de o constituinte se posicionar o fato de o partido tratar deorganizar-se, de estabelecer umadiretriz básica; que não será umaimposição, mas que deve ser umacomposição à luz do programapartidário. Do contrário, nega-seo próprio sentido da origem de escolha via partido, os partidos nãodirão para que vieram. Agora, seisso vai levar ao direito de se formular um substitutivo ou não,acho que até pode. As vezes, vemos certas críticas à idéia de negociar, mas política sem negociaçãonão existe, democracia sem negociação não existe.
A nova Constituição só pode ser
emendar, aprovar, reprovar, rejeitar. Preferimos essa forma centrípeta e não centrífuga, das subcomissões para a Sistematização e,ao final, para o plenário. Creioque isso, menos por causa das pessoas e mais por causa do método,menos por causa das idéias e maispor causa do processo, nos levouao atual anteprojeto. Não podemos fazer nenhum tipo de críticaao relator Bernardo Cabral. Seriauma hedionada hipocnsia e umaacusação de uma injustiça flagrante. Na verdade, o que ele fez foiuma colagem do que recebeu, atéporque era s6 o que podia fazere nada mais do que isso. Foi virtuoso na sua obediência ao Regimento. Essa mecânica valeu comouma perspectiva e uma possibilidade de prospecção, como umaprofundamento que não haveriano outro sistema. Cada subcomissão teve chance de descer ao subsolo do assunto e fazer um debateaberto. E ela valeu também porser uma questão imediata, quer dizer, os constituintes estavam chegando aqui do palanque, tinhamfeito todo o seu discurso pré-eleitoral.
No meu modo de ver, o trabalho das subcomissões foi muitomais individual, muito mais discursivo, e isso marcou um texto
Luiz Henrique:Nunca houve um
processo defeitura
constitucionalcom tanta
participação dasociedade.
Das audiênciaspúblicas até as
emendas deiniciativa
popular, todospuderam
participar.de uma amplitude quase inexcedível, enciclopédica. Aquele primeiro texto, que seria o somatóriodo trabalho das subcomissões, nãochega a ser um anteprojeto deConstituição; ele é, praticamente,uma coletânea generalizada de legislação ou de comandos normativos sobre toda a problemática dasociedade brasileira, dispõe sobretudo de maneira muito minuciosa.Aí entra uma questão de pontode vista, pois o José Carlos Coutinho defende o princípio da conveniência da prolixidade do texto,da generosidade vocabular do texto. Penso diferente. Não devemospreestabelecer um limite, ou seja,fazer a moldura para, depois, pintar o quadro. A Constituição novanão tem de ter um número fixode artigos. Ela tem de ter tantosartigos quantos forem necessários.Como recomendação de sua pers-
sufocada, por uma eleição simultânea de cargos executivos, em umpaís com a tradicional prevalênciado Executivo.
Também criou-se ao lado dessaminimização do processo de escolha uma idéia que é muito peculíarà nossa sociedade, a n6s todos,como brasileiros, uma característica de expectativa de milagre.Sempre esperamos coisas milagrosas, sempre estamos na expectativa de uma panacéia, sempre estamos desejosos e, talvez, contribuindo com as nossas opiniões para que, de repente possa surgiraquilo que, magicamente, nos vairesolver as questões e os problemas que nos perturbam, que nospreocupam ou que nos imobilizam.
Mesmo que tivéssemos essa celeridade, essa capacidade de entendimento e mesmo esse dom divino de justiça, ainda assim a aplicação disso tudo não seria umacoisa de tal maneira pronta, e arealidade não estaria tão {lredisposta para que tudo isso VIesse aredundar em êxito imediato ouquase imediato.
Isso contribuiu um pouco paraaquele sentimento de frustraçãoque começou a se disseminar napopulação, na época do debate sobre o Regimento e que começamos a ouvir aquele ruído de desagrado, desencanto, cobrança. Esperava-se que, como em um passede mágicas, dez dias depois tudoestaria resolvido, decidido, aprovado, posto em vigência, e asquestões e os problemas iriam encontrando a sua solução. A Constituinte tem tido e ainda haveráde ter um trabalho continuado, difícil, quase penoso, para chegar adeterminadas definições, em prazo hábil. Tomara que cheguemosdentro do cronograma. Não soudaqueles que têm o cronogramacomo dogma, acho que se pudermos concluir até o dia previsto,6timo, talvez se mostre com issoeficácia operacional. Fazer Constituição não é linha de montagemde produção de bem material. Oimportante é que ela saia comoresultado consciente de um trabalho coletivo e que exprima, o maisaproximadamente possível, a vontade da sociedade brasileira.
Com relação ao processo, achoque todos somos responsáveis pelamecânica adotada. Foi adotadacomo resultado de um Regimentoaprovado quase por unanimidade.A responsabilidade é solidária ecomum. Acho que ela teria sidomais produtiva se tivéssemos adotado a sistemática usual, a sistemática comum, a sistemática não apenas da tradição histórica, não sódos antecedentes brasileiros, masdos antecedentes contemporâneosem outros países, como Portuguale Espanha. Seria mais produtiva,já que não se excluiria o direitode participação, apenas inverteriao momento de ação de todos. Ofato de termos um pré-projeto eabrir sobre ele debates não excluininguém de debater, alterar,
Jornal daConstituinte 5
tras questões da listinha que vãoapaixonar, como o problema dareforma agrária. Podemos correro risco de ver aprovadas disposições absolutamente contraditóriascom os tempos que estamos vivendo, com os desejos de ruptura dopovo brasileiro. Discordo doBrandão. A ruptura não se fez,ela está em processo. Se a rupturativesse sido feita, não teríamos aío estado de emergência na Constituição e uma série de entulhos doautoritarismo.
Marcelo Cordeiro - O queocorreu foi uma descontinuidade,não uma ruptura.
Luiz Henrique - Não há umprocesso de ruptura; o que há éum processo de transição. A ruptura só ocorrerá, efetivamente,quando limparmos da geografiajurídico-política deste país todosesses dispositivos que são uma herança dos 21 anos de autoritarismo.
José Carlos Coutinho - Foi colocado aqui hoje que as forças dogoverno central e dos militares estão influindo em demasia no processo de feitura da Constituição.Foi dito também que a Constituição seria o coroamento do processo de transição, Então, ocorreo seguinte: cria-se uma crise institucional em função simplesmentedo desejo do presidente e daqueles que o cercam de verem definido o seu mandato. Quando oPMDB e o PFL, se chegassem a
, um consenso - falo pelo número,são 440-, teríamos imediatamente numa resolução de plenário adefinição do parlamentarismo oudo presidencialismo. Vamos supor, passa o parlamentarismo,conforme é o seu desejo e o desejode muitos dentro desta Casá, omandato do Presidente deixa deser tão importante quanto é hoje.O relator Bernardo Cabral temque "colocar na rua" um substitutivo dentro de 60 dias. Que substitutivo ele vai colocar, o parlamentarismo misto por quê? Como?
Digo isso porque aqui o Senador Chiarelli e o Deputado LuizHenrique, q,ue, pela responsabilidade que tem, devem, realmente, colocar isso em discussão agora. Esse é o ponto fundamentalpara chegarmos a discutir a questão da Federação, a questão dosolo urbano, da reforma agrária.Não há mais tempo para postergara questão do sistema de governo.
Bonifácio de Andrada - Essasdiscussões têm suas imprecisões.São discussões de bastidores.
Luiz Henrique - Não houveuma postergação da parte doPMDB sobre a definição desse assunto. Tem que ser uma decisãosábia, porque a decisão convencional sobre a matéria não programada - e havia uma série de outras moções, como a pena de mort~, sobre matéria ~ão progra.m_ánca - tena o carater de decisãoinócua. Os defensores de uma ede outra posição não se sentiriamobrigados à decisão convencionale que seria desmoralizados. Masisso não representa que não queremos definir. Vamos negociar nadefinição, não apenas dessas matérias, mas de todas as outras quesão polêmicas. Evidentemente,temos aí um prazo de 90 a 120dias para definir isso tudo e paranos dedicarmos à construção, noano que vem, de todo o arcabouçoconjuntural damatéria de lei ordinária e de lei complementar.
. l; "~ "~~""--
CarlosChiarelli: O
problemapolítico
decisivo ésaber se nossas
assembléiasestaduais serão
tambémlegislativas.Hoje essa
capacidade delegislar é
apenas retóricae formal.
de administração política externa,é o chefe supremo das Forças Armadas, tem o poder de iniciativalegal, tem o poder de veto, temo poder de sanção, tem o poderde nomeação, ad referendum doCongresso, do primeiro-ministro,mas onde temos também uma outra chefia do governo, e a administração passa ao gabinete chefiadopor esse primeiro-ministro.
Irma Passoni - Essas questõesapaixonam. Ainda mais quandotemos uma intervenção do Executivo, que quer ter seu mandato definido acima de uma definição desistema de governo. Misturam-seas coisas atuais com a perspectivade uma Constituição.
Luiz Henrique .....:.. Eu não melimitaria ao mandato. Acho quemandato é uma das paixões, talveza maior, mas há uma série de ou-
lativas também.
Carlos Chiarelli - O PMDB fezuma reunião da bancada, lembrome bem disso, e a tese parlamentarista foi vitoriosa e de uma maneira ampla.
Luiz Henrique - Não tenho dúvida de que, depois de décadas deregime presidencialista e de crisesinstrtucionaís seguidas, é até lembrado o fato de que o único presidente civil, eleito pelo povo, naeleição por características absolutamente civis, foi Juscelino Kubitschek, que conseguiu concluiro seu mandato. Para mim estámuito claro que esse modelo presidencialista, que não existe nemnos Estados Unidos mais - o modelo que adotamos não existe nemnos Estados Unidos, está historicamente esgotado. Não podemosperder a oportunidade histórica deimplantar no país o regime parlamentarista, aproveitando inclusive os avanços desse modelo. NoBrasil não podemos ter um regimeparlamentarista puro, ortodoxo,porque o brasileiro quer votar nopresidente da República. Então,deveremos ter um sistema parlamentarista onde o _presidente daRepública é uma figura forte, éo chefe do Estado, tem poderes
o risco de um acordo meramenteformal. Acerta-se entre os partidos e os mesmos internamente estão dissociados e não representam, na sua expressão real, aquiloque foi o ajuste formal. Claro queessa idéia da presença dos partidospara compor e não para impor éjustamente uma conseqüência direta do ajuste interno dos partidos. Cada um tem a sua formade ação ou na convenção ou noprojeto prévio. O PFL tem um trabalho que é o anteprojeto deConstituição do Instituto Tancredo Neves, que também deve sertornado como elemento referencial. E um ponto de partida daagremiação para a discussão. Setodos sentarem à mesa com a idéiade que o seu programa deve sertransformado em Constituição,então não precisamos nem devemos tentar discutir.
Bonifácio de Andrada - Ospontos polêmicos estão aflorandode tal maneira e a preocupaçãocom os mesmos são de tal ordemque outros pontos fundamentaisestão sendo esquecidos. Cito umcaso concreto. Se se verificar noprojeto que aí está a questão dafederação, veremos que estamoscriando uma ordem federativamuito mais centralizada do que aanterior dos governos militares.Pelo projeto, o que se dá de competência aos estados em matérialegislativa é zero. Aumentou-se acompetência legislativa da Uniãopara a letra "Z", antigamente eraletra "V", pela Constituição de1967/1969. Aos estados não se fixou nada. Caberá a eles legislarapenas sobre assuntos de seu interesse. Só isso.
Carlos Chiarelli - Acho que naalistagem dos assuntos cruciais eprioritários a questão da Federação ficou absolutamente minimizada, porque, talvez, o verbo sejaum pouco forte, mas se comprou,de certa maneira, com uma mecânica indutora de benefícios aparentes, de distribuição de alíquotas, o sentido muito maior da afirmação federativa, porque o princípio federativo não é rigorosamente apenas uma melhor repartição de recursos públicos. Essa éuma parcela decorrente, o pontofundamental é a capacidade criativa da autonomia legislativa. Oproblema central político, decisivo, é saber até que ponto as nossasassembléias estaduais vão ser legislativas, ou não, porque comoestão não são assembléias legislativas, são assembléias apenas, asua capacidade de legislar é meramente formal, retórica... Na horade fazer Constituição, não somosmuitos brasis, somos menos brasisdo que éramos e o que somos naConstituição atual, o que é umacoisa realmente fantástica, porque, se fizermos uma votação, todos diremos a mesma coisa: somosrealidades diversas. Quer dizer, seacertar o aspecto tributário, transitório, quase que o varejo, estátudo bem, mas não é isso. A grande essência é saber se o estadotem direito ou não de legislar sobre matéria civil, sobre matériaprocessual.
José Carlos Coutinho - Temosaqui a liderança dos dois maiorespartidos e o fundamental no momento é saber qual o regime quevamos ter, por que essa é a primeira questão, presidencialismo ouparlamentarismo. Porque, se tivermos uma Constituição parlamentarista, teremos, aí sim, o fortalecimento das assembléias legis-
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MarceloCordeiro:
Nosso processode transição
do qual aConstituinteé o momento
fundamental eindispensável
não se deupor uma
ruptura doprocesso
político-ins-titucional.
debate aberto com os partidos minoritários, realmente ficamos engolidos. O grave erro seria, a meuver, a força e o poder que hojese concretizam no País, tanto opoder político, como o poder econômico, eles se sobreporiam aosinteresses de uma proposta deConstituição democrática. Quando se diz democrática é porqueela tem que ressalvar o processoda participação dos trabalhadores,porque se não garantir o direitodos trabalhadores e a participaçãoda sociedade civil, ela não vai chegar a nada.
Carlos Chiarelli - Enfatizariaum detalhe que o Luiz Henriquesalientou, no sentido de que nãoé possível fazer negociação interpartidária se não for antecedidade uma negociação intrapartidãria, sob pena de que haja uma desconexão absoluta. Isto é, corre-se
Esta é uma posição programática.Defendemos, o monopólio dos setores estratégicos da economiabrasileira.
Achamos que é fundamentalpara o próprio desenvolvimentoda democracia a questão da democratização das comunicações. Sãopontos extremamentes polêmicos,além da questão do sistema de governo. Neste caso, o Planalto coma sua posição de pressão, os partidos majoritários com posições, alguns parlamentaristas, outros defensores de 5 anos, outros de 4e outros presidencialistas, acho quedeveríamos devolver ao povo emplebiscito a possibilidade de decidir o sistema de governo e o mandato do presidente da República.
Irma Passoni - Vou repetir algumas questões já colocadas. Oua Constituinte tem uma autonomia ou nós declaramos liberdadee autonomia no nosso processo denegociação final, porque a tutelado Executivo e a tutela militar precisam ser amenizadas ou até separadas, efetivamente. Se mantivermos essas duas questões acima denossas cabeças não conseguiremosrealmente decidir. E também seos partidos majoritários, em número de votos, não souberemtambém respeitar as minorias e o
Mostra a experiência que todos ospartidos têm tendências diferenciadas, mesmo os menores, e dissodá exemplo o PT. A medida queo partido vai crescendo, os conflitos internos vão aumentando. Opapel das lideranças é fundamental no sentido operacional.
Luiz Henrique - Penso que oentendimento tem duas direções:intrapartidária e interpartidária.Nós, do PMDB, por exemplo, estamos tentando promover um processo de negociação interna, para,a partir daí, termos condições delevar a cabo umgrocesso de negociação externa. papel dos partidos, como condutores ou disciplinadores desse debate e desse entendimento, é fundamental.
Brandão Monteiro - Sobre essa questão conceitual que colocouo Marcelo Cordeiro, o que é Constituinte, que não houve rupturadas instituições, penso que ruptu-,ra não se dá sempre quando háum golpe de Estado, sangue ourevolução. E evidente que o modelo anterior se esgotou e houveuma ruptura, tanto é que estamosnuma Constituinte. Quanto ospartidos, penso que sofrem como processo de transição, vão sofreruma transição. Aqueles que têmuma proposta constitucional estãonuma situação de mais confortodo que os partidos que não a têm.Parece-me que poucos aqui queconheço têm, o PDT, o PC do Be o PT, uma situação de confortono que diz respeito ao seu entendimento intrapartidário. Todos sãoe~ressos ainda no regime autoritario, essa que é a realidade. Elesconstituem, muito menos do quepartidos, frentes de agrupamentospolíticos e, na verdade, isso criadificuldades para os partidos porque as divergências aí culminam.
Vários partidos em reuniões diversas buscam uma tentativa deencontrar formas de entendimento. Penso que o método melhorseria, na verdade, começarmos adiscutir nossas divergências ondeé possível se conceituar um acordoque represente não o pensamentodo PDT, do PMDB, do PFL, doPC do B, mas que possa representar o atual estágio do avançodemocrático do país e, necessariamente, não será uma Constituiçãosocialista. Não estamos fazendo atransição do regime capitalista para um regime socialista, mas também não será obviamente, umaConstituição atrasada e que consagre, por exemplo, o capitalismocorno regime definitivo do País.E preciso muita clareza e não abrimos mão sobre conceitos de empresa nacional, relação com o capital estrangeiro. Este país não vaicrescer se não se modificar essarealidade fundiária. Como fazêlo? Temos que tentar estabelecernormas que sejam possíveis dentro da pluralidade que existe naCasa. Defendemos - e já estamosem divergência com o PT - alémda liberdade sindical e da autonomia sindical, a unicidade sindical.
~~~PARTIDOS &: TENDÊ1JCIAS ::: PARTIDOS &TENDÊNCIAS :::PARTIDOS & TENDÊJ!JCIAS ::: PA•
6 Jornal da Constituinte
Quase 2 milhões apóiam Igrejagratuitamente, a educação escolarfundamental.
§ 1° Tanto nas escolas do Estadocomo nas das instituições da sociedadeexige-se o atendimento aos padrões dequalidade no serviço da educação descritos no art (inicial).
§ 2° O Estado garantirá a realização desses direitos através de outrosprogramas tais como, transporte, alimentação, material escolar e assistência à saúde, cujos recursos não provenham da porcentagem destinada àeducação em geral.
Art. 4°. Todas as escolas, sejamda rede estatal ou outras, devem oferecer uma educação democrática:
a) - pelo seu conteúdo, nos termos do art. (inicial).
b) - pela participação responsável, cada um no seu nível de funções,na realização das atividades escolares.
Parágrafo Umco. E livre às instituições educacionais a opção por umaorientação religiosa da educação oferecida, dentro da característica democrática acima indicada.
Art 5°. Respeitadas a opção e aconfissão dos pais ou alunos, o ensinoreligioso constituirá componente curricular na educação escolar de 10 e 2°graus das escolas estatais.
LIBERDADE RELIGIOSA
Art. A Constituição da Repú-blica Federativa do Brasil é promulgada sob a invocação do nome deDeus.
Art. A todos é garantido o di-reito à livre opção de concepções religiosas, filosóficas ou políticas, podendo difundi-Ias publicamente, desdeque respeitem o direito e a liberdadedos demais.
Art O Estado manterá assis-tência religiosa às Forças Armadas enos estabelecimentos de mtemaçãocoletiva, garantida a liberdade de opção de cada um.
ORDEM ECONÔMICAArt. Toda a organização da Or-
dem Econômica deve fundamentar-seno reconhecimento da primazia do trabalho sobre o capital. A lei asseguraráa prioridade da remuneração do trabalho sobre a remuneração do capital,especificada aquela pelo atendimentodas necessidades básicas do trabalhador e dos seus encargos familiares.
Art. Ao direito de propriedadede imóvel rural corresponde uma obrigação social. ,
Parágrafo Umco. O imóvel ruralque não corresponder à obrigação social será arrecadado mediante a aplicação dos institutos da perda sumáriae da desapropnação por interesse social para fms de reforma agrána.
FAMÍLIAArt. A lei deve garantir a pre-
servação da vida de cada pessoa, desdea concepção e em todas as fases dasua existência, não se admitindo a prática do aborto deliberado, da eutanásia e da tortura.
Art. A família, constituída pelomatnmônio indissolúvel, tem o direitoàs garantias do Estado para a sua estabilidade e condições para o desempenho de suas funções, especialmente noque se refere à gestação, nascimento,saúde, alimentação, habitação e educação dos filhos.
Art. O Estado deve ofereceramparo SOCial e previdenciário aos casais mesmo que vivam em união estável não regularizada legalmente, bemcomo proteção aos seus filhos.
Art. A criança gozará de prote-ção especial e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidades e facilidades, porlei, a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e em condições de liberdade e dignidade.
Art. A todos os menores se re-conhece o direito a uma educação fundamentai e a uma iniciação profissional, para auferirem os benefícios daatividade econômica, fundada no trabalho digno e livre.
a serviço da sociedade, apta a criaruma convivência solidária comprometida com a realização da justiça e dapaz.
Parágrafo Único. Todos têm igualdireito, sem discriminação de qualquer ordem, a uma educação escolarfundamental que preencha a qualidade indicada neste artigo.
Art. 2°. Ê livre a criação de escolas de qualquer nível, uma vez satisfeitas as exigências legais quanto àqualidade do ensino, à habilitaçãoprofissional dos educadores e administradores e garantida a idoneidade eregularidade da administração escolar.
Parágrafo Unico. O amparo técnico e financeiro dos Poderes Públicossomente poderá ser concedido a entidades educacionais de natureza nãolucrativa, desde que estas comprovema reaplicação dos excedentes do rendimento na melhoria da qualidade doensino e prestem contas da gestão contábil à comunidade e aos órgãos públicos competentes.
Art. 3°. O Estado, em suas escolas, tem obrigação de oferecer gratuitamente a todos as condições necessárias de acesso e permanência na educação escolar fundamental, e de garantir os recursos necessários àq.uelesgrupos que se dispuserem a ministrar,
sobre a remuneração do capital,especificada aquela pelo atendimento das necessidades básicas dotrabalhador e de seus encargos familiares. Fixa ainda que ao direitode propriedade de imóvel ruralcorresponde uma obrigação social.
Finalmente, a CNBB dispõe, naquarta emenda, que a Constituição da República Federativa doBrasil é promulgada sob a inovação do nome de Deus. Estabelecetambém que a todos é garantidoo direito à livre opção de concepções religiosas, filosóficas ou políticas, podendo difundi-las publicamente, desde que respeitem o direito e a liberdade dos demais.
A seguir, a íntegra das quatroemendas apresentadas pelaCNBB:
EDUCAÇÃ('Art. 1°. A educação nacional, ba
seada nos ideais de uma democraciaparticipativa, tem por finalidade o pleno e permanente desenvolvimento individual e social da pessoa humana,para o exercício consciente e livre dacidadania, mediante uma reflexão crítica da realidade, para a capacitaçãoao trabalho e para a ação responsável
LFoiprecisomuita gentepara conduzir as emendasaté a Sistematização
Na questão da família, a CNBBfixa em sua proposta que a lei devegarantir a preservação da vida decada pessoa, desde a concepçãoe em todas as fases da sua existência, não se admitindo a prática doaborto deliberado, da eutanásia eda tortura. A família, constituídapelo matrimônio indissolúvel, temo direito às garantias do Estadopara sua estabilidade e condiçõespara o desempenho de suas funções, especialmente no que se refere à gestação, nascimento, saúde, alimentação, habitação e educação dos filhos. A criança gozaráde proteção especial e ser-lhe-ãoproporcionadas oportunidades efacilidades, por lei, a fim de lhefacultar o desenvolvimento físico,mental, moral, espiritual e social,de forma sadia e em condições deliberdade e dignidade.
A proposta que regulamenta aOrdem Econômica está baseadano princípio de que toda a organização da Ordem Econômica devefundamentar-se no reconhecimento da primazia do trabalho sobreo capital. A lei assegurará a prioridade de remuneração do trabalho
Com o respaldo de 1.761.519 assinaturas, o secretário-geral daConferência Nacional dos Bisposdo Brasil, Dom Luciano Mendesde Almeida, entregou ao J?residente da Assembléia NacionalConstituinte, Deputado UlyssesGuimarães, quatro propostas deemendas populares à Constituição, tratando respectivamente daEducação, da Ordem Econômica,da Liberdade Religiosa e da Família.
Dom Luciano disse que as propostas de emenda à Constituiçãopatrocinadas pela CNBB têm umaimportância que transcende ao aspecto puramente constitucional.Elas implicam na parncípação deum número muito expressivo depessoas que as assinaram e, maisque isso, significam uma disposição de participar que não se encerra com sua entrega à Constituinte.Pelo contrário, iniciam um processo que deverá permanecer apóspromulgada a Constituição, comuma participação popular constante na administração do futurodo País.
O deputado Ulysses Guimarãesagradeceu a visita do secretáriogeral da CNBB e disse que entendia a entrega das emendas comouma forma efetiva de participação. Lembrou ainda que, paraconsagrar no texto do regimentointerno da Constituinte a participação popular direta, através daapresentação de emendas própriasde cada segmento da sociedade,foram contornadas muitas dificuldades e resistências. Todavia, prevaleceu a decisão de se garantiruma efetiva democracia, que nãoexiste sem a participação do povo.
As 1.761.519 assinaturas se distribuíram da seguinte forma, entrequatro emendas. A emenda quetrata da educação recebeu um total de 749.856 apOIos; em segundolugar posicionou-se a questão dafamília, com um total de 515.820assinaturas; em terceiro, a questãoda Ordem Econômica, assinadapor um total de 283.381 eleitorese, finalmente, a questão da liberdade religiosa, com um total de212.462 assmaturas.
A emenda patrocinada pelaCNBB que trata da educação estabelece liberdade de criação de escolas de qualquer nível, uma vezsatisfeitas as exigências legaisquanto à qualidade do ensino eà habilitação profissional dos educadores e administradores. Ressalva, porém, que o amparo técnico e financeiro dos Poderes Públicos somente poderá ser concedidoa entidades educacionais de natureza não-lucrativa. Garante aindaque, respeitadas a opção e a confissão de pais e alunos, o ensinoreligioso constituirá componentecurricular na educação escolar de10 e 20graus das escolas estatais.
A proposta da CNBB entendeque a educação nacional, baseadanos ideais de uma democracia participativa, tem por finalidade opleno e permanente desenvolvimento individual e social da pessoa humana, para o exercícioconsciente e livre da cidadania,mediante uma reflexão crítica darealidade, para a capacitação aotrabalho e para a ação responsávela serviço da sociedade, apta a criar
\uma convivência solidária comprometida com a realização da justiça e da paz.
Jornal da Constituinte 7
Ademir Andrade, doPMDB do Pará, édefensor dasatividades dosgarimpeiros eaponta váriasaberrações nalegislação atualque trata dasatividadesmineradoras noPaís. Defendemaior incentivoao garimpeiro.
A revista "Brasil Mineral", em sua edição de abril último,publicou pesquisa realizada no setor sobre a origem do capitaldas empresas produtoras, de autoria do pesquisador do CNJ?q,Francisco Rego Chaves Fernandes. Pelos dados publicados na revista, o capital de origem estrangeira participa com 37% da produçãomineral brasileira, ficando o capital nacional estatal com 27% eo capital nacional privado com 36%.
O capital estrangeiro é preponderante em vários segmentosdo setor mineral, destacando-se sua participação amplamente majo- .ritária nos minerais metálicos e nos minerais industriais não metálicos.
Bauxita - o capital estrangeiro detém 67%, e 25% dos empreendimentos são controlados integralmente pelo grupo norte-americano Aleoa e pela empresa canadense Alcan. Além disso,.80% das concessões de lavra pertencem a estrangeiros.
Amianto - o capital estrangeiro domina 94% do setor. As~I -
Jornal
Quem domina
O deputado Gabriel Guerreirodefende a exploração do subsolobrasileiro apenas por empresas nacionais. Por esse motivo o parlamentar considera da maior importância uma definição clara da empresa nacional na nova Carta, onde se ressaltem que o controle docapital e o poder de decisão dentrode uma empresa nacional têm queestar nas mãos de brasileiros. Apartir desta retirada do capital estrangeiro via Constituição, GabrielGuerreiro acredita que a novarealidade de mmeração deve, mclusive, se refletir no atual quadroda divisão de jazidas, hoje sob domínio de grandes conglomeradosestrangeiros.
Por outro lado, o parlamentarnão defende uma monopolização"estatal no setor mineral. Pelo contrário, Gabriel Guerreiro acredita
.que o monopólio deve ser estabele~o em todos os níveis de produção e comercialização apenasno caso do petr61eo e dos mineraisradioativos. Ele, inclusive, defende uma proposta nova através daqual não seria propriedade daUnião o subsolo brasileiro. Essapropriedade estaria, sim, nasmãos da nação. Ele prega, portanto, um modelo nacionalizante enão um modelo estatizante.
Com o domínio da nação sobreo subsolo e a atividade mineradorarestrita ao Estado e a empresasdefinidas como nacionais, estariafechado um esquema protetor sobre as riquezas do País nesse setor.Gabriel Guerreiro lembra quemuito se tem dito que o setor minerador não tem que ser objetode uma preocupação maior, pois,afinal, representa apenas 1,5% doProduto Interno Bruto. GabrielGuerreiro contra-argumenta queessa participação real no PIB émuito maior e é escamoteada apartir da contagem apenas do valor do produto em seu estado bruto. No cálculo do PIB, os economistas ignoram o efeito multiplicador do minério que vai penetrarigualmente em outros setores econômicos como a metalurgia e a siderugia, sendo essencial para o suprimento de matérias-pnmas. Levando-se em conta esse efeito multiplicador , Gabriel Guerreiroacredita que o percentual real dosetor mineral no PIB brasileiro seja de 20%.
E sobre a participação dos garimpeiros na economia? SegundoGabriel Guerreiro, a ~arimpagemnão permite fazer projeções sobreo suprimento de um produto. Ogarimpo, lembra o parlamentar,flutua muito tendo alterações emseu contingente populacional e estando sempre sujeito a intempéries. Essa desordem não permiteum controle efetivo da produçãoe ele acredita que, juntamentecom o contrabando registradoatravés das empresas mineradorasque atuam no País, apenas um terço da produção aurífera brasileiraé registrada. _
Outro fato importante de serlembrado, afirma Gabriel Guerreiro, é que, ao contrário do quemuitos dizem, o garimpo não éuma forma democrática de enriquecimento. Ele cita uma pesquisa realizada por ele em cinco anosde atividade em Serra Pelada.Nesse período, apenas mil pessoasdividiram 22 toneladas de ouro,enquanto, do outro lado, 49 mil
Nacionalização dobásicos como "a revisão de todosos alvarás de concessões de lavrae pesquisa; descentralização da capacidade de fiscalizar e legislar sobre bens minerais; a substituiçãoda figura da concessão pela docontrato mineral, mais modernae já adotada em vários Países."
BENEDITA DA SILVA
Dos pontos propostos por Raquel Candido alguns têm o apoiointegral da deputada Benedita daSilva. Segundo esta, deve haveruma substituição da concessão administrativa de hoje pelo contratocom prazo determinado, "à semelhança do que faz a maioria dos países desenvolvidos, de sorteque, através da negociação casoa caso, possam ser fixadas as obrigações e definidos os deveres dominerador, e estabelecida, de forma clara, a contrapartida para aUnião em termos econômicos, financeiros e sociais".
Mas a própria Constituinte reconhece que a definição de umaempresa nacional ou estrangeirapassa por muitas dificuldades."Embora organizadas no Brasil,a maioria dessas empresas não sãode fato nacionais. Pelo sistema"holding", qualquer grupo estrangeiro pode controlar um númeroilimitado de "empresas brasileiras" por intermédio de mecanismode comando acionário que apenasconfere a fachada de "brasileiras"a tais empresas, extremamenteatuantes e operativas."
Essa definição de empresa nacional ainda é mais vulnerávelquando observada a atual Constituição brasileira. Segundo Benedita da Silva, "a Carta Magna emvigor, quando se trata de pessoafísica, exige nacionalidade brasileira para a exploração e o aproveitamento do patrimônio mineralnacional; quando se trata, ao contrário, de pessoa jurídica, não háqualquer restrição à presença deempresas estrangeiras como s6cios ou acionistas, majoritários ouminoritários nessas sociedades".
Espaços como esses abertos nalegislação brasileira permitem, deacordo com dados do CNPq, citados por Benedita da Silva, que ocapital estrangeiro participe daprodução mineral brasileira em42%, excluído o petróleo.
"O Brasil comete o sério errode permitir a desnacionalização deseu incomensurável patrimôniomineral, que, em última análise,pertence a coletividade nacional.A Assembléia Nacional Constituinte terá a oportunidade excepcional para promover mudançasde fundo nas regras constitucionais sobre a mineração", concluia deputada Benedita da Silva.
EMPRESA NACIONALAntes de ingressar, em 1982, na
carreira política, o atual deputadoGabriel Guerreiro viveu de perto,durante doze anos, a profissão degeólogo, na área de pesquisa decampo. Com esta ampla experiência, ele discute hoje, na Assembléia Nacional Constituinte, a participação do capital estrangeiro namineração brasileira, o problemagerado a partir de descobertas deJazidas em reservas indígenas,bem como faz uma análise maisprofunda da real participação daatividade garimpeira dentro daeconomia nacional.
D uas mulheres estão na linhade frente na luta pela nacio
nalização das reservas minerais doPaís: a deputada Raquel Cândido,do Partido da Frente Liberal deRondônia, e a deputada Beneditada Silva, do Partido dos Trabalhadores do Rio de Janeiro. As duastêm-se destacado apontando nãoapenas o volume da participaçãoestrangeira nos recursos mineraisbrasileiros, mas também apresentando sugestões para que a atualpolítica de minerais seja modificada através da nova Constituição.
Segundo Raquel Cândido, "cabe nacionalizar todo o setor de minerais estratégicos, pois, a continuar como está, permaneceremossendo presa fácil do capital e dosinteresses estrangeiros". A deputada tem sua preocupação voltadapara o caso do ouro, que, segundodados do geólogo Moisés Bentes,em 1990, "75% dos investimentospara a extração do ouro estarãosob o domínio das mineradorasestrangeiras. Isso acontecerá apenas com o ouro, cujas reservas sãoestimadas em 50 mil toneladas".
Para o representante pefelistas,dois organismos federais estão comandando o "descaso e a desatenção com o setor mineral". "Assistimos, estarrecidos, a entréga denossas nquezas para as empresastransnacionais, através de uma política nociva e antipátria de concessões, alvarás de pesquisa, sobo comando impune do Departamento Nacional de Produção Mineral que, juntamente com o Instituto Brasileiro de Mineração, fazo jogo das multinacionais."
"As multinacionais, lembra aparlamentar, dominam uma áreade 917.305 quilômetros quadrados, o que equivale a cerca de 12%do nosso Território. Elas estão emcima das nossas jazidas, mas exploram apenas 5%, quardando como reserva o restante. Enquantoisso, nosso povo empobrece e sesubmete a uma verdadeira escravidão; enquanto isso aviltam-se ospreços dos nossos produtos e dasnossas matérias-pnmas."
A ação das empresas estrangeiras, na opinião de Raquel Cândido, recebe ainda a cooperaçãodas missões religiosas para agiremem reservas indígenas. "Estranhacoincidência: exatamente onde seencontram as reservas indígenas eas missões religiosas é que estãoas maiores reservas de minérios."
Para a deputada, a exploraçãomineral do País pelas empresas estrangeiras estaria também articulada com interesse dos própriosPaíses desenvolvidos no sentidode manterem intactas as jazidasnos países credores.
Raquel Cândido denuncia, inclusive, que as empresas estrangeiras além de não utilizarem asriquezas do subsolo em suas áreas,não permitem o aproveitamentodo solo para a produção agropecuária. "No meu estado, Rondônia, onde as empresas alienígenaspossuem alvarás de pesquisas nosubsolo, elas agem arbitrariamente até para impedir a produção nosolo. E muito comum os agricultores receberem os títulos de terrado Incra e não poderem plantar,por causa das milícias paralelasdas multinacionais que infestam aregião e o estado."
Como sugestão, aponta pontos
8
subsolo em debate
-
RaquelCândido, do PFL
de Rondônia, mostraos prejuízos aos
interesses nacionaisprovocados pela
ação das empresasde mineraçãoestrangeiras.
Defendemedidas, como a
revisão dos alvarásde concessão de
lavra.
~ setor mineral?jazidas estão sob o controle da empresa Sarna, uma multinacionalcom capital francês e belga. As reservas brasileiras são de 80 milhõesde toneladas. A expectativa de exaustão das reservas é de 25 anos.I Diamantes - capital estrangeiro detém 63% do mineral extraí-
do por mecanização.I Estanho - 30% das jazidas brasileiras estão sob o domínio
da Brascan e 24% sob o da British Petroleum.Nióbio, chumbo e tungstênio - os três minerais têm o capital
estrangeiro participando em 100% do empreendimento.lOuro - Do ouro mecanizado, o capital estrangeiro detém
80%. A Mineração Morro Velho, responsável por grande partedesse percentual, pertence à empresa Anglo American, de origemsul-africana., Além desses, o capital estrangeiro participa ainda em 86% do
alumínio, 58% do níquel, 65% da prata, 34% do ferro, 58% dosal-gema, 36% dos fertilizantes e 44% do titânio. Ao todo, 21países estão representados na mineração nacional.
, ..onstltulnte
dividiram oito toneladas, ou cercade 160 gramas do mineral.
Gabriel Guerreiro, entretanto,não é contra as áreas de garimpagem. Ele apenas denuncia umarealidade. Para o parlamentar, omelhor modelo para os garimposseriam garimpos cooperativadoscom um menor número de pessoas, em que houvesse organização e legislação, além de mecanismos de controle.
Quanto à questão indígena, Gabriel Guerreiro alerta que um conflito se avizinha, pois a calha central da Bacia Amazônica, que éde solos dos períodos Terciário eQuaternário, eram os habitats primitivos dos índios. Com a entradado homem branco na região, osíndios foram expulsos para asáreas das eras pré-cambrianas, onde estão as jazidas.
Por defender uma política nacionalista para o setor mineral,Gabriel Guerreiro não escondeque "as multinacionais queremver a minha caveira e tenho sofrido pressões de alguns setores, masnão abandono a luta pelos pontosde vista em que acredito".
O GARIMPEIROO constituinte Ademir Andra
de mostrou um outro ângulo daproblemática mineral no País. Oparlamentar tem uma longa vivência das dificuldades dos garimpeiros na Região Amazônica, principalmente na exploração do ouro,cassisterita e pedras preciosas. Ogarimpeiro, segundo o constituinte, é um agente econômico extremamente Importante para a região, onde 90% das descobertasde novas jazidas são feitas poreles. A atividade, aliás, é responsável pelo desenvolvimento de várias CIdades no sul do Pará, comoItaituba e Marabá. Nessa últimaatividade econômica propiciou umaumento de três vezes na população da cidade em poucos anos.
A trajetória da maioria dos garimpeiros pode ser reduzida a umesquema bem conhecido na região. De acordo com Ademir Andrade, o garimpeiro após a descoberta não tem nenhum instrumento legal que lhe assegure a possedefinitiva da jazida. Entra entãoem cena, a empresa mineradora,que faz um mapeamento da áreae apresenta um projeto ao Departamento Nacional de ProduçãoMineral, que então concede o alvará de pesquisa. De posse dessealvará, a empresa entra na justiçae, através da ação da polícia, expulsa os garimpeiros da jazida.
Esse processo, para o parlamentar paraense, encontra doispontos de apoio. O primeiro é oCódigo de Mineração que foi editado em 1967e que protege as empresas mineradoras. O segundoponto, de acordo com o constituinte, é o fato da maioria dos dirigentes do DNPM ser contra a atividade do garimpeiro. Esses doisfatores produzem também aberrações como a concessão de 1.300alvarás de pesquisa para a AngloAmerican, empresa de origem sulafricana, enquanto o próprio Código permite apenas cinco áreaspara uma mesma empresa.
As aberrações, na opinião deAdemir Andrade, não param poraí. O garimpeiro, lembra o parlamentar, não recebe qualquer forma de ajuda do governo. "A ativi-
dade do garimpeiro não onera oscofres públicos, pois o que o governo arrecada em imposto coma exploração mineral não reverteem benefício do trabalhador nemmesmo da região. Enquanto isso,a empresa que paga o mesmo umpor cento pelo metal extraído imposto que considero muito reduzido - além disso recebe todaa forma de incentivos, como aisenção do ISS, que é uma importante fonte de receita local, istosem contar os subsídios dadosatravés da redução ou isenção nopagamento do consumo de eletricidade".
Esse estímulo à grande empresamineradora, para Ademir Andrade, por parte do governo, é exatamente o estímulo ao contrabando,pois somente a grande empresatem condições financeiras de arcarcom a criação de pequenos campos de pouso, aquisição de aviõese sua manutenção. O parlamentarcita as cifras oficiais, que afirmamque o Brasil produz atualmentecerca de 50 toneladas de ouro. Segundo Ademir Andrade, o Paísproduz pelo menos três vezes essevalor.
O conflito entre os garimpeirose as grandes empresas de mineração tem provocado muitas mortes na região amazônica. O pior,acredita o deputado, é que o garimpeiro é muito mais importanteem termos econômicos para a região, pois a riqueza que ele geraele introduz no sistema produtivolocal. "Enquanto a empresa mineradora extrai o minério da regiãoe desloca o lucro dessa operaçãopara o sul do País, ou mesmo parafora dele, o garimpeiro gasta o queganha na sua sobrevivência, ou adquirindo bens nas indústrias locaise se fixa na região". A prova dessaafirmação Ademir Andrade recebeu recentemente. O prefeito deAltamira, no Pará, pediu providências urgentes dos parlamentares do Estado na Assembléia Nacional Constituinte, com o objetivo de impedir que se concretizeo fechamento do garimpo de Volta Grande, no Xingu, cuja concessão foi dada à empresa Oca. Oprefeito afirma em seu pedido quea manutenção do padrão de vidana cidade depende fundamentalmente dos garimpeiros e da circulação do ouro, como gerador deriqueza.
CONTROLE DO SUBSOLO
A questão dos recursos minerais brasileiros e a sua forma deexploração por empresas, sejamnacionais ou estrangeiras, prome-.te ser um dos temas polêmicos doanteprojeto apresentado pela Comissão de Sistematização. Pelomenos é este o pensamento doconstituinte Percival Muniz, queapresentou uma série de emendasque, segundo ele, têm como objetívo principal assegurar o controledo subsolo do País pelo Estado.
"Ao estudarmos os dados referente à questão do controle dasjazidas minerais do País, excetono caso do petróleo, verificamosuma triste realidade: há uma grande entrega das riquezas do Paísao grande capital estrangeiro."Por esse motivo, o parlamentarpretende apresentar um pedido dedestaque para as suas iniciativasdurante as discussões em plenário.
"O País precisa ter um maior
controle sobre as jazidas de qualquer tipo de mineral." Um passoimportante neste sentido, para
-Percival Muniz é uma modificaçãoradical no regime de concessõesprevisto no Código de MineraçãoBrasileiro. As concessões, segundo as propostas do parlamentarmato-grossense, seriam transformadas em contrato de exploração.Essa mudança de sistema permitiriam, primeiramente, que no contrato ficasse estipulado o períodode tempo em que a empresa mineradora poderia explorar a jazida.Atualmente, pelo regime de concessões esse prazo não é fixado.
Um segundo ponto que justifica, no entender de Percival Muniz, a introdução do sistema decontrato de exploração é permitiruma maior ingerência do Estado,no sentido de disciplinar a própriaexploração, não apenas permitindo um maior controle acionáriodas empresas exploradoras, masobrigando o Governo a analisar,caso a caso, as obrigações impostas à empresa exploradora da Jazida. Essa avaliação individual sejustificaria pela variedade de minerais e permitiria, inclusive, umaprevisão sobre o impacto ambiental da exploração, determinandoobrigações da empresa com respeito ao equilíbrio do meio ambiente. Atualmente, de acordocom Percival Muniz, o Estado nãotem controle nenhum após a concessão.
A fixação do prazo para que aempresa comece a explorar a jazida, bem como a forma como ofará, segundo o constituinte, teriacomo mérito também a agilizaçãodo processo minerador, evitandouma prática que se tem tomadocomum na mineração brasileira,que é o fato de uma empresa receber o direito de exploração, masmanter a jazida intocada, não permitindo muitas vezes o aproveitamento do próprio solo.
Outra preocupação de PercivalMuniz, é o impacto econômico daexploração na região onde ela seefetua. Pela sua proposta, partedos lucros das empresas mineradoras seria retida na região e seriaaplicada em outras atividades locais, tais como a agricultura ou apecuária, por exemplo. Essa preocupação, reconhece o parlamentar ,_é para evi~a~que após a exp!oraçao o mumcipio, ou a regtao,fique repentinamente sem meiosde assegurar a sua sobrevivênciae ocorra um rápido processo deempobrecimento.
Um ponto polêmico que o parlamentar vai defender é o que estabelece o monopólio não apenassobre o petróleo, mas igualmentesobre mínerais radioativos, e principalmente sobre o nióbio, do qualo Brasil é o País que detém cercade 95% das reservas mundiais. "Omonopólio sobre esses minériosnão é apenas importante do pontode vista estratégico, mas tambémpara aumentar o poder de barganha do governo brasileiro na própria negociação da dívida externa.A União Soviética e os EstadosUnidos, por exemplo, mantêmsuas jazidas como reservas estratégicas se beneficiando da exploração dos recursos minerais de países como o Brasil.
Humberto Martins
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Elite vacila:modernidadeou privilégio
A nova Constituição estásendo produzida pela elite epara beneficiar a elite, afirmoua constituinte Irma Passoni, doPartido dos Trabalhadores,acrescentando que essas elitesvacilam entre admitir um certonível de modernidade e a manutenção dos privilégios. Elaacredita, porém, que a pressãopopular, através das emendasde iniciativa da sociedade, aoProjeto de Constituição, consiga reverter em parte esse processo.
Irma Passoni entende que asmais de 60 mil sugestões e asquatro mil propostas de emendas oferecidas por entidades detodo o país sejam capazes deindicar aos constituintes o caminho que o povo deseja verconsolidado na futura Constituição. Conhecemos os limitese contradições de um processoConstituinte - acrescentou e esse processo é regido por umpacto de elites que pretendemanter os privilégios.
Existem questões sociais,porém, às quais a Constituintenão poderá se furtar, segundoa parlamentar, e uma dessasquestões é a da moradia, dentro do quadro maior do processo de urbanização do País.No entendimento de Irma Passoni, a moradia não é apenasuma casa; deve incluir direitosbásicos.
Embora muitos parlamentares argumentem que essa nãoé uma matéria constitucional- explicou - nós lutaremospara que ela seja inserida nanova Carta, como um direitofundamental do cidadão. Nãose pode esquecer o fato de que70% da população vivem nomeio urbano e padecem decondições de moradia e transportes insuportáveis, e quealém disso convive com a ganância ensandecida dos especuladores imobiliários.
DEFESA DA ECOLOGIATemos que ,pela primeira
vez em nossa Históna, fazerconstar na Constituição um capítulo de defesa da fauna e daflora nacional, afirmou o constituinte Wilson Martins(PMDB - MS), ao criticar adestruição de praticamente toda a mata da Região Sul de seuEstado, inclusiveas matas ciliares, que protegem os rios. Oproblema é nacional e a Constituição não pode omitir a questão, acrescentou. O constituinte ressalva que não é possívelviabilizar a produção. agropecuária sem derrubar uma partedas matas. Isto não justifica,porém a destruição de reservasque deveriam ser obrigatoriamente preservadas, até paraevitar o assoreamento dos riose o desaparecimento da fauna.Infelizmente, porém - disse-, isso não foi feito e temosregiões inteiras ameaçadas dedesertificação pelo desmatamento predatóno.
O constituinte Paulo Macarini (PMDB - Se) acentuouque é dever do Poder Públicoe de todo cidadão zelar pelapreservação do meio ambientee que esta preservação se iniciacom a obngatoriedade de convênios entre União, Estados eMunicípios.
Paulo Macarini
l- Nilson Gibson
do consciência com a distribuiçãode cargos."
Para Airton Cordeiro, há umagrande frustração nacional quepode levar todos os constituintesao calvário do julgamento popular, por não poderem decidir livremente.
- A Constituinte vive hoje entre a impotência e a inutilidade,devido às pressões do Poder Executivo.
Conforme o representante paranaense, legítima é apenas a pressão popular, por representar a manifestação de um povo que sempreteve seus direitos negados por todos os Poderes, inclusive o Judiciário, que lhe tem faltado em seusanseios de justiça.
PARLAMENTARISMO
Regime parlamentarista de governo, mas depois da eleição dopróximo Presidente da República-:- é o que preconiza o constituinteAureo Mello, do PMDB do Amazonas.
Tal regime - diz Áureo Mello- poderá servir como um extintorde incêndio: apagará as chamasque seguramente advírão com arealização do novo pleito, além deatender anseios democráticos dopovo brasileiro.
DILEMA
Quanto ao sistema de Governo,o constituinte Oswaldo Almeida,do PL do Rio de Janeiro, declaraque se sente embaraçado dianteda escolha entre o presidencialismo e o parlamentarismo. "Mas,para qualquer um, é necessárioque tenhamos partidos fortes."
Pedindo grandeza e humildadeaos constituintes, Oswaldo Almeida prega uma alteração profundano atual Projeto de Constituição,mesmo que, para isso, tenha deser alterado o Regimento.
Chegou a hora de enfrentarmosa realidade - diz Almeida -, pedindo bom senso aos constituintespara que se possa compatibilizartodos os temas de natureza consti-tucional, E é hora de maior atenção para o trabalhador rural. Évital para este País estimular a atividade rural, concluiu o constituinte.
Feres Nader
Oswaldo Almeida
Adylson Mottaé contra a
figura do decretolei na futuraConstituição,
Defende tambémo decurso deprazo comalterações.
lo, dá o quadro de seu Partido:a maioria dos deputados do PTBestá com as diretas já-88. E SólonBorges dos Reis, também PTB,explica não ser verdade que o partido em causa esteja numa frentepelo Governo. Entende-se comqualquer um a nível de Constituinte.
INEGOCIÁVEL
- A duração do atual mandatopresidencial é inegociável.
Esta afirmação é do constituinteparanaense Airton Cordeiro, doPDT, que a declarou ao participardo debate sobre o Projeto daConstituição, quando pregou umaampla negociação partidária emtorno das questões polêmicas, efez a ressalva: "apenas a duraçãodo atual mandato presidencial éinegociável." E explica:
- O Presidente Sarney não sóasfixia o povo, mas o próprio poder soberano da Constituinte. "Ignorando este poder soberano, opresidente invade o plenário, através dos seus prepostos, compran-
votar neste plenário. Votei deacordo com o líder do meu partidonaquela ocasião, o deputado Nelson Marchezan, para mostrar aopovo brasileiro que eu não tinhanenhum compromisso com a candidatura do meu partido. Assim,examinando este documento, podemos afirmar tranqüilamenteque o Presidente Sarney não faltou ao compromisso assumidocom o seu partido.
Também a língua ganhou defensores. Como é o caso do constituinte Feres Nader, do PDT doRio de Janeiro.
Os constituintes precisam seunir em defesa dos valores de nossa língua e de nossa gramática, antes que o modismo a polua ou aextermine - diz Feres Nader.
MUDANÇAS- A Assembléia Nacional
Constituinte está confusa - declara o constituinte Juarez Antunes,do PDT do Rio de Janeiro, o qualcritica o PMDB de não estar preocupado com o estabelecimento demudanças no País.
Para Juarez Antunes, essas mudanças só poderão acontecer sehouver pressão do povo sobre osseus representantes na Constituinte. Para o representante do PDT,está havendo a prevalência de interesses particulares na elaboração da nova Constituição.
O constituinte criticou declarações dos ministros do Exército, sobre a Constituinte e do Ministroda Justiça, que aplicou a Lei deSegurança Nacional para punir osque vaiaram o Presidente da República.
SERIEDADEJá o constituinte Valter Pereira,
do PMDB do Mato Grosso do Sul,exigiu dos seus companheiros dopartido "maior seriedade" nos trabalhos a serem desenvolvidos deagora em diante.
Valter Pereira reiterou a necessidade de um esforço concentradodestinado a propiciar uma Constituição capaz de devolver ao povoa confiança nos destinos do País.
DIRETAS
Farabulini Júnior, de São Pau-
Um apelo foi dirigido da tribunado plenário, pelo constituinteAdylson Motta, do PDS do RioGrande do Sul - ao relator Bernardo Cabral (PMDB - AM), nosentido de que não deixe constardo texto da nova Constituição afigura do decreto-lei.
E anunciou que nesse sentidovem de apresentar duas emendas,abolindo o decreto-lei.
Também peço ao eminente relator - disse ainda Adylson Motta- que considere - parece quefoi acolhida no anteprojeto - afigura do decurso de prazo. Queseja seguido o modelo italiano: oinverso do que se adota hoje noBrasil: decorrido determinadoprazo, a matéria que não for apreciada será dada como rejeitada,e não aprovada, conforme a legislação atual.
O constituinte gaúcho adverteque estão se criando cargos através de decretos-leis, em vez deconcurso público. "Isto enquantoa Previdência Social compra apartamentos sem licitação."
Carta nãodeve conterDecreto-lei
DESCALABRO
O fato foi objeto de respostapor parte do vice-líder do PMDB,Paulo Macarini, de Santa Catarina.
- Lembraria ao nobre deputado Adylson Motta que a Previdência Social entrou em fase de descalabro na administração de seu conterrâneo e companheiro de partido, o ex-ministro Jair Soares.
- Ex-companheiro - aparteiaAdylson.
- Em segundo lugar, querolembrar que o PDS, durante 20anos, apoiou o regime totalitário,que expediu neste País cerca dedois mil decretos-leis. E ressalvo:sou partidário da realização de licitação para qualquer aquisiçãofeita pelo Governo Federal. Também advogo a tese de que o ingresso no serviço público deve ser feito, única e exclusivamente, através de concurso, para que todosos brasileiros tenham as mesmasoportunidades.
COMPROMISSO
Já o constituinte Nilson Gibson,do PMDB de Pernambuco, evocao pacto firmado para a eleição deTancredo Neves: convocação daConstituinte livre e soberana em1986, medida adotada e cumpridapelo Presidente José Sarney. Ediz:
- O Presidente Sarney não falou ao PMDB, S. Ex' assumiu ecumpriu todos os itens do compromisso firmado entre o meu partido, o PMDB, e a Frente Liberal.Por isso, tenho autoridade paraocupar a tribuna e debater o assunto, pois não pertencia eu,àquela época, ao agregamento dasforças políticas comandado peloex-governador de Minas Gerais,Tancredo Neves. Não votei emTancredo Neves, abstive-me de
10 Jornal da Constituinte
f
Daso Coimbra
Arnaldo renova as"diretas já"
Por querer as diretas,o constituintepaulistaArnaldoFariade Sá, do PTB,foi aos fatos: com200assinaturas, entregou ao presidenteda Constituinteprojeto de decisão propondo eleiçõesdirétas para novembro do próximoano. "Poder legitimado pelo voto popular", disse Arnaldo.
Por sua vez,o constituinte RonaldoCarvalho, do PMDB- MG, disse estar interessado na participação popular em defesa de seus interesses naConstituição.
Apenas os segmentos mais atrasados e oselitistas, dizRonaldo,podemquestionar a validade deste tipo departicipação, fundamental para o encaminl:lamento da proposta democrática no País.
Ronaldo expressa confiança no poder político do Brasile, principalmente, na sua capacidade de erigir umalei maior para atender aos interessesdo povo.
segundo a qual quanto mais pertoestiver o poder, mais possibilidadetem esse poder de ser democrático.
Mansueto lembra a existênciados diversos governadores biônicos durante a ditadura militar, queforam uma mostra da falta de consideração do poder central paracom as unidades federativas.
- Não se deve questionar apenas o sistema presidencialista degoverno do País na AssembléiaNacional Constituinte, mas igualmente o federalismo, pois este representa a escassez de recursos para que o Estado e o municípiopossam atin~ir seus objetivos. Essereconhecimento do poder políticodas regiões representa a vontadereal dos governos locais de atender e defender os interesses doshabitantes da região. Além disso,é uma forma de os Estados negligenciados se fortalecerem diantedos Estados mais poderosos, quedividem o País e enfraquecem ofederalismo, em nome de seus interesses.
povo eleger os seus governantes,desde os municípios, passando pelos Estados e chegando à Presidência da República. O gigantismo social, territorial, político eeconômico que nos envolve, desaconselha o parlamentarismo e recomenda o presidencialismo.
FEDERALISMO
Já o constituinte pernambucanosenador Mansueto de Lavor, doPMDB, defende o estabelecimento de bases, através da nova Cartaconstitucional, do poder políticoregional, pois para ele o Governofederal parece pouco se importarcom a definição da autonomia deEstados e municípios, que continuam, ainda segundo o orador,mais no domínio da ficção jurídica.
- O federalismo - diz Mansueto - é o suporte do Estadodemocrático, sendo a descentralização fundamental para o exercício da democracia. Essa descentralização é responsável por umanova concepção de federalismo,
~_di.
Àdylson Motta
nardo Cabral fez o que lhe competia fazer: sem poderes paraomitir ou acrescentar, ele apenascosturou tudo quanto recebeu.Rebatendo críticas de que o texto é prolixo, extenso, Sólon Borges dos Reis disse que, na realidade, o trabalho é um inventáriodas reivindicações e de sugestõesrecolhidas no Brasil inteiro e depropostas oferecidas pelos 559parlamentares, numa metodologia inédita, pois é a primeira vez,na História brasileira, que seprocura fazer um projeto partindo-se das bases. Ao mesmo tempo em que se condena esse trabalho, que as Constituintes de1891, 1934 e 1946 não tiveram,porque trabalharam em cima deum texto pronto, aponta-se aconstituição estrangeira como figurino a ser copiado pelo Brasil."Nós não temos que seguir aConstituição de nenhum outropaís", observou, acrescentandoque a Constituição americana foifeita para um povo de origemcompletamente diferente e nãochega a três dezenas de artigos.Mas é bom lembrar que só o artigo 10 da Constituição dos Estados Unidos possui 2.101 palavras, o que corresponde a 15 ou16 artigos do nosso projeto cons.titucíonal, arrematou.
qual o meio?I
tico.Já para José Moura, a prática
do presidencialismo constitui, naRepública brasileira, uma posturanatural. Esse sistema representao quadro institucional abrangentee adequado não só para o aprimoramento do diálogo político, comotambém para a transformação dinâmica e prudente, como garantiade tranqüilidade necessária parao enfrentamento de sérios problemas como os atuais.
- O plebiscito de 1963 - lembra Moura-, tanto quanto a campanha pelas diretas já, demonstrou a predileção do povo pelopresidencialismo, forma sUl?eriore racional de política, instituídacom o regime federalista em finsdo século passado.
Pelo presidencialismo, também, se manifestou o constituinteDaso Coimbra, do PMDB do Riode Janeiro. E diz como:
- Pelo sistema presidencialistade governo, com o fortalecimentodo Poder Legislativo e do PoderJudiciário. Afinal, é da índole do
Mansueto de Lavor
MAL COMPREENDIDONa opinião do constituinte Só
lon Borges dos Reis (PTB SP), o projeto de Constituiçãoencaminhado pela Comissão deSistematização tem sido malcompreendido em áreas da opinião pública, e "por desinformação e, muitas vezes, por deliberação, acusa-se esse trabalhoe o relator que o preparou".
Observou que o Relator Ber-
te, e sim por força de leis autontárias.
IDEOLOGIAO constituinte José Maria Ey
mael (SP) reafirmou a disposiçãodo Partido Democrata Cristãode desenvolver o máximo de esforços, visando dar ao País umaConstituição que proporcione aopovo as condições mínimas deuma vida digna, seja no setor dasáude, da educação ou da justiça.
Nesse sentido, o PDC propôsuma emenda de caráter ideológico, enquadrando o tipo de sociedade desejado por toda a sociedade nacional, que se baseiaem princípios de justiça, capazesde assegurar ao cidadão comumcondições de auto-realização social.
Governar:
Maçonaria quer totalrenovação de mandatos
A extinção dos mandatos eletivos em todos os níveis, convocando-se eleições gerais no Paíspara o surgimento de uma verdadeira Nova República, representativa dos ideais democráticos dopovo brasileiro, logo após a promulgação da Constituição, éuma das teses defendidas pelaMaçonaria Simbólica do Brasil.O documento, intitulado "Cartade São Paulo", foi transmitidoà Assembléia Constituinte porAdhemar de Barros Filho (PDT- SP) e traduz a posição da Assembléia da Confederação daMaçonaria, abrangendo 23 Estados brasileiros e congregando1.800 lojas, reunida há dias emSão Paulo.
Propõe a Maçonaria à Constituinte que se adote a preservaçãodos recursos naturais do País ese estabeleça a subordinação dolucro à idéia do bem comum; quese subordine o uso do solo e suaocupação ao sentido social dapropriedade, visando a torná-loprodutivo e a propiciar ao homem do campo vida condigna;e que sejam extintos os atuaispartidos políticos, propiciando osurgimento de agremiações legítimas de representação popular,tendo em vista que os existentesnão foram instituídas livremen-
O presidencialismo é a essênciado regime republicano, assim como o parlamentarismo é a essênciados regimes monárquicos - sustenta, perante o Plenário da Constituinte, o representante pernambucano José Moura, do PFL -,enquanto o constituinte AdylsonMotta, do PDS do Rio Grande doSul, defende o ('arlamentarismoclássico e autêntico, e não "essadescaracterização", que seria oparlamentarismo proposto pelaComissão de Sistema de Governo.
Adylson Motta se manifestacontrário à proposta de se estabelecer no País um regime de governo que seja uma superposição depresidencialismo e parlamentarismo, afirmando que, dentro desseprincípio, perdeu completamentea convicção de que alguma coisade sério seja feita no País pelaConstituinte.
- A vigorar tal idéia, o Brasilviveria em permanente conflito deatribuições, descaracterizando oque talvez fosse a experiência maisoportuna e válida para o País: oparlamentarismo clássico e autên-
José Moura
JUSTIÇA
o constituinte Victor Fontana (PFL - Se) advertiu queé necessário que as normas inscritas na' futura Constituiçãovenham a ser cumpndas tantona letra como no espírito, a fimde que não sejam frustradas asesperanças do povo brasileiro.
O representante catarinensedisse que isso é de importânciadecisiva no processo de elaboração da nova Carta e lembrou,a propósito, as palavras deRaul Pila, quando dizia que noBrasil faltava uma lei que primeiramente obrigasse o cumprimento de todas as outras leise, num segundo dispositivo, revogasse todas as disposiçõesem contrário.
A seu ver, sem a solução dosproblemas econômicos e sociais, é impossível encontrar ocaminho certo para a eficáciada ordem política.
Dentro desta ordem deidéias, Victor Fontana declarou ser necessário rejeitar aspropostas que visam sufocar oPaís por controles governamentais, ('or um intervencionismo sabidamente prejudicialao processo sócio-econômico eà própria estabilidade democrática. Na sua opinião, os discursos que defendem tal teoriasão contraditórios e cultivamretóricas quanto ao livre mercado, mas, na prática e na realidade, buscam reforçar os mecanismos de controle.
O constituinte Nelson Seixas(PDT - SP), ex-presidente nacional das Associações de Paise Amigos dos Excepcionais,defendeu a destinação, pela futura Constituição, de uma parcela dos recursos educacionaispara serem aplicados no desenvolvimento do ensino especialdestinado aos excepcionais.
Justificou a medida, paraque não se repita o que ocorreuem Minas Gerais, quando foram afastados quatrocentosprofessores do Estado queprestavam serviços especializados em uma centena de instituições mantidas pelas APAE.
EXCEPCIONAIS
Fontana querConstituição
respeitada
O constituinte Ivo Mainardi,do PMDB gaúcho, declarouconfiar em que os problemasdo Judiciário, do MinistérioPúblico e da Defensoria Pública terão, afinal, através do novo texto constitucional, a solução desejada: a agilização danossa Justiça, com reflexos positivos nos setores ligados à segurança pública e aos interesses do cidadão comum.
Referiu-se o parlamentar àsituação praticamente inviávelem que se acha a polícia do RioGrande do Sul, onde, somenteno ano passado, foram entregues ao Poder Judiciário nadamenos de vinte mil inquéritosde trânsito. E preciso, a seuver, que a Constituição possadevolver ao Judiciário condições pelo menos razoáveis paraservir à comunidade.
Jornal da Constituinte 11
Louremberg Nunes Rocha,do PMDB, entende que o sistema tributário proposto noanteprojeto de Constituição"é pior do que o atualmenteem vigor e não atende aos interesses dos estados e municípios, como pode parecer".
Para ele, a distribuição darenda aos estados e municípios, baseada no territóriona receita tributária e no fatu:ramento de manufaturados,conforme estabelece o substitutivo da Comissão de Sistematização, aumentará a desigualdade existente entre osestados ricos e pobres.
O representante matogrossense considera que hámuitos pontos conflitantes nosubstitutivo, citando, comoexemplo, a transferência daobrigatoriedade de prestaçãopel<;>s estados e mumcípios doensmo do I e 11 graus, poissegundo afirmou, "esses en:tes administrativos não terãocondições de arcar com asdespesas decorrentes desseônus constitucional".
Já Virgílio Távora (PDS CE) prevê o aumento excessivo nas alíquotas dos impostos do governo federal se aspropostas da Comissão doSistema Tributário foremaprovadas pela Constituinte.Ele observou que se fosseaplicado, hoje, o sistema proposto pela comissão, o déficitp~bl!co seria superior em 158bilhões de cruzados ao registrado na atual administração.
O parlamentar pedessistadefendeu o retorno à competência da União dos impostosreferentes aos transportes, àcomunicação e ao territorialurbano e rural, bem como osimpostos únicos sobre oscombustíveis, energia elétricae mineração, que foramtransferidos aos estados emunicípios no texto do anteprojeto constitucional.
Mendes Thame
Para Thame,a permanênciado empréstimo
compulsóriosobre
combustíveisconstitui
dificuldadeà população
Louremberg Nunes Rocha
Criticadocompulsório de
combustíveis
TRIBUTAÇÃOPor sua vez, o constituinte
Na- futura Constituição opapel e as funções do estadodevem ficar bem definidas,em particular a sua capacidade para impor tributos à população, disse o deputado.Antoniocarlos Mendes Tha~~ .(P~L - SP), ao criticaríniciativas como a criação doempréstimo compulsório sobre os combustíveis. Essa éa maneira, segundo ele, deevitar que no país se instaleum verdadeiro inferno fiscal.
No caso do empréstimocompulsório sobre combustíveis - prosseguiu - talvezse justificasse a sua implantação, em pleno cruzado, emrazão da onda de consumismo. Hoje, porém, não há justiticativa para a sua permanência, que, em verdade, secontitui numa dificuldade intransponível para a população. Não existe excesso dedemanda que exija uma "absorção .tempo~ária" de poderaquisitivo, pOIS o que se comprova é o contrário, uma evidente queda de renda da população.
Juridicamente não existebase para a implantação doempréstimo compulsório,pOIS a Constituição proíbeque dois tributos recatam sobre um mesmo fator de incidência. E a lei disciplina queaos empréstimos compulsórios se aplicarão as disposições constitucionais aos tributos e às normas gerais do Direito Tributário, lembrou odeputado AntoniocarlosMendes Thame. Segundoele, esse fato torna o empréstimo compulsório claramenteinconstitucional.
O constituinte defendeuque a nova Constituição tragaem seu bojo exigência doprincípio da anualidade paracriação de impostos, princípio que não foi respeitadoquando da criação do empréstimo compulsório. UmImposto só poderá vigir noano seguinte à sua aplicação.Se essa norma não for respeitada estará criado um verdadeiro inferno fiscal, com umnível de imprevisibilidade jamais visto na sociedade brasileira e a total incerteza paratodos os cidadãos e agenteseconômicos.
GREVEPreocupados com o grande nú
mero de greves que, a seu vertem ocorrido no país, o constituin:te João Menezes (PFL - PA) observou que ela vem se registrandocom muita freqüência e em todosos setores da economia brasileira.
Para o representante paraensea Constituinte precisa discutir co~muito interesse e ponderação aquestão da liberdade sindical nanova Constituição. Se assim nãoo fizer, o Brasil poderá ter a economia prejudicada ou mesmocomprometida, acentuou.
PT, tem esta colocação:-:- Os maus políti~os, que no
metam parentes e amigos em lugarde candidatos aprovados em concurso, são os artífices de umaconspiração no Brasil contra os interesses populares.
Delgado entende que não háuma "classe política" no Brasilconforme os clichês a partir da di~tadura: há a classe banqueira, aclasse rural, a industrial, a dos professores, a dos comerciários asquais se fazem representar no parlamento. Não classe política.
JORNADA
Edmilson Valentim (PC do B- RJ) defendeu a redução da jornada semanal de trabalho para 40horas, a estabilidade no empregoe o direito de greve. Citou levantament? da SOCIóloga Mônica Magna Vitta mostrando que, dentrode uma lista de 14 países váriosdos quais em processo de' desenvolvimento como o nosso, apenasa Espanha e o Brasil têm jornadade trabalho de 48 horas semanais.
Conforme afirmou o parlamentar, a má distribuição de renda nopaís é gritante, pois mais de 76%da população ganham até 5 salários ~ínimos. E frisou que a Argentína e a Colômbia têm saláriosmínimo superiores ao brasileiroembora a jornada de trabalho sej~de 40 horas semanais.
Também defendendo tais reivindicações na ordem social, o líder do PT, Luiz Inácio Lula daSilva (S"!') disse que o mínimo quea Constituinte pode garantir é alguns avanços como a estabilidadee as 40 horas semanais. O PT acrescentou - está aberto para odiálogo sobre os mais variados temas nacionais.
Favorável àreforma
agrária, DalPrá defende
infra-estruturanecessária
para que seproduza
estradas", o parlamentar sustentou que a reforma agrária deve seguir um modelo realista, que tenha por objetivo valorizar o produtor, incentivar a livre iniciativae propiciar a criação de um sistemaonde os pequenos proprietáriosnão tenham de ficar eternamentedependentes do auxílio governamental.
O constituinte José Carlos Coutinho, do PL do Rio de Janeiroacusa os partidos de sustentaçã~política do governo federal de cometerem crime de prevaricaçãoao trocar apoio às mais discutívei~medidas adotadas pelo Executivopor empregos e outros benefícios.
- O governo Sarney - diz JoséCarlos Coutinho - não conseguere!llizar nenhuma política econônuca capaz de responder às aspirações d? povo brasileiro, por estarescravizado aos. gra!1des.gruposeconômicos naCIOnaIS e Internacionais.
Conforme Coutinho, apesar detodas as pressões dos grupos econômicos e do governo federal aConstituinte conseguirá supe~artais dificuldades e oferecer ao paísuma Constituição ajustada à realidade e às exigências do povo brasileiro.
Já o mineiro Paulo Delgado, do
DISCUSSÃO ESTÉRILLamentou o constituinte Costa
Ferreira (PFL-MA) que a reforma agrária em nosso país tenhase transformado em discussão estéril, esforço inútil, a exemplo doesquecido estatuto da terra.
Lembrando que o Brasil hojeestá em situação lastimável, "commilhões de miseráveis à beira das
Edmilson Valentim "
Pedida atençãopara os colonos~
o constituinte Dionísio Dal Prá(PI:L - PR) quer um tratamentomais acurado da futura Constituição !los pr~ble1p.!ls do campo, emparticular as dificuldades vividaspelos colonos, aqueles homensque muitas vezes filhos ou netosde imigrantes, ajudaram a desbravar o Interior do país. Ele quermelhores condições de trabalhopara os colonos que não têm terrao.u que são pequenos propríetãnos.
Sou inteiramente favorável à reforma agrária - afirmou - desdeque a reforma dê a esses cidadãostrabalhadores da terra a condiçãode infrl;l-estrut~ra necessária paraproduzir. Essa e uma forma de evitar que os colonos venham a engrossar a fileira daqueles que estãoàs mar~ens das grandes cidadesnas penferias marginalizadas. '
O relator da Comissão de Sistematização, Bernardo Cabral, emaparte a Dionísio Dal Prá, afirmouque, embora de forma oblíqua, eleestava tratando de dois importantes temas constitucionais. Ao citaros migrantes - esclareceu - foiabordado o tema da nacionalidade. Quando tratou da reformaagrária discutiu o problema daposse da terra. Embora com simplicidade, concluiu Bernardo Cabral, o constituinte Dionísio DalPrá tratou de temas constitucionais.
A nossa preocupação - disseDionísio Dal Prá - é contribuir,embora de forma modesta, paraa solução desse grave problema dasociedade brasileira, que é o dotrabalhador rural sem terra ou l?equeno proprietário que I?recIsadas condições para produzir e alimentar o país. É preciso impedirque ele seja escorraçado para aperiferia das grandes cidades onde"nem sempre, é bem acolhido.
E também - concluiu - umamodesta homenagem de quem éneto e filho de colonos e que temuma experiência administrativacomo prefeito de uma pequena cidade do Interior do Paraná.
12 Jornal da Constituinte
Os temas mais polêmicos daAssembléia Constituinte serãodebatidos, agora, em sessões extraordinárias previamente marcadas pela Mesa, que fixou umcronograma para sua realização,a partir de um entendimento dapresidência da ANC com as lideranças partidárias e o presidenteda Comissão de Sistematização,senador Afonso Arinos e o seurelator, deputado Bernardo Cabral.
O presidente Ulysses Gúimarães, ouvindo as lideraças partidárias, definiu que as sessões extraordinárias terão a duração decinco horas com 15 oradores porsessão. Cada orador poderá falarpor 20 minutos, sendo que aoPMDB serão concedidos três espaços por sessão, ao PFL doisespaços e aos demais partidospolíticos um espaço, uma vezque, pelo critério da proporcionalidade,. adotado anteriormente pelo Regimento, alguns partidos minoritários não teriamoportunidade de se manifestarem todas as sessões.
A distribuição dos temas a serem discutidos ficou assim definida: dia 4 de agosto, terça-feirapróxima: Regime de Governo-ePresidencialismo ou Parlamentarismo; dia 5 de agosto, quartafeira: Estados, União e Municípios; dia 6 de agosto, quinta-feira: Reforma Agrária; dia 11 deagosto, terça-feira: Economia,Propriedade e Estatuto de Empresa Nacional e Estrangeira;dia 12 de agosto, quarta-feira:Direitos Trabalhistas e Liberdade Sindical; dia 13 de agosto,quinta-feira: Educação: dia 18de agosto, terça-feira: SistemaEleitoral e Voto Distrital; dia 19de agosto, quarta-feira: Reforma Urbana; e dia 20 de agosto,C).uinta-feira: Saúde e Previdênera Social.
Ulysses Guimarães anunciouainda que, em atendimento a pedidos de vários líderes, a Mesaadotou medidas no sentido deque sejam apresentados pela Comissão de Sistematização, semprejuízo aos prazos finais dostrabalhos da Constituinte, doissubstitutivos à apreciação dosparlamentares. O primeiro, a serelaborado em dez dias pelo relator, poderia receber de todos osconstituintes novas emendas,com a prorrogação do prazo deapresentação de dois para seisdias. Após o recebimento dasemendas e a sua apreciação pelaComissão de Sistematização, caberia ao relator apresentar umsegundo substitutivo.
Pelo cronogrameapresentadopelo presidente da ANC para atramitação do projeto de Constituição, termina dia 13 de agostoo prazo para a apresentação deemenda popular; de 14 a 23 deagosto é o prazo para o relatorapresentar o seu primeiro substitutivo; dia 24 de agosto serão publicados e distribuídos os avulsos; de 25 a 30 de agosto é oprazo para emendas ao primeirosubstitutivo; de 31 de agosto a7 de setembro é o prazo parao relator dar parecer ao segundosubstitutivo; de 10a 17 de setembro, prazo para publicação e distribuição do novo substitutivo.Dia 20 de setembro o novo substitutivo chegará a plenário paraa apreciação dos constituintes.
o trabalhador", não tem respaldo para opinar em defesa da classe trabalhadora, e as autoridadesmilitares fogem, com esse tipode pronunciamento, de suas atribuíções específicas e entram noterreno político.
O constituinte Virgílio Guimarães, do PT de Minas Gerais,analisou correspondência recebida da Associação Comercialde Minas Gerais, com críticas àestabilidade no emprego e as 40horas semanais de trabalho. Disse o parlamentar que o texto divulgado pela entidade é equivocado e procura confundir os trabalhadores.
Virgílio Guimarães reafirmou9ue a proposta de estabilidade, visa apenas acabar com a demissão imotivada, que tantosprejuízos tem provocado aos trabalhadores brasileiros".
oferta de emprego por parte dosempresários.
40 HORAS
Após condenar a resistênciade certos grupos empresariais edeclarações de chefes militarescontra a aprovação das propostas que trata da estabilidade após90 dias de trabalho e as 40 horassemanais de trabalho, o constituinte Augusto Carvalho, doPCB do Distrito Federal, protestou contra declarações do Presidente do Tribunal Superior doTrabalho, Marcelo Pimentel,que chamou de irresponsáveis osconstituintes que defendem essas propostas.
Segundo Augusto Carvalho, aJustiça do Trabalho, que foi, nasua opinião, "uma farsa montada pela ditadura de Getúlio Vargas, com a finalidade de enganar
Bender quer normaspara a estabilidade
A Mesa da Constituinte fixou um calendário para debate de temas polêmicos.
- Não somos contra a estabilidade do trabalhador no emprego, mas queremos normas prévias que possam nortear os contratos entre empregadores e trabalhadores - afirmou o constituinte Osvaldo Bender, do PDSdo Rio Grande do Sul, ao analisar críticas feitas pela imprensaao dispositivo que trata da estabilidade no projeto de Constituição.
O parlamentar gaúcho defendeu a instituição da estabilidadeno emprego e a manutenção doFundo de Garantia por Tempode Serviço como pnncípios gerais, cabendo à lei complementardefinir critérios particulares deaplicação. Segundo crê, os dispositivos do projeto de Constituição representariam severa penalidade ao empresário que demitisse trabalhadores, gerandocomo conseqüência pequena
Territóriospodem virar
novos EstadosA elevação dos atuais territórios
federais de Roraima e Amapá àcategoria de estado foi defendidapelo constituinte Chagas Duarte(PFL - RR). Ele ressaltou as amplas condições econômicofinanceiras de que dispõe hoje oterritório de Roraima, através desuas jazidas de ouro, diamante,cassiterita, urânio e outros minerais importantes e raros, para geriro seu próprio destino.
Chagas Duarte lembrou também as enormes reservas de madeiras de lei, matas e campos apropriados para o cultivo agrícola ea pecuária. Tudo isso - disse se soma à força de trabalho disponível hoje no território, que anualmente recebe cerca de 50 mil migrantes.
Na situação de territórios - explicou - os problemas de Roraima e Amapá jamais encontrarãosolução e se tomará muito difícilavançar em direção ao futuro pretendido pelas respectivas populações. O tempo de desacertos e doretrocesso foi longo demais - disse -, e consideramos que está nahora de dar um basta à tutela eao autoritarismo.
MUNICÍPIOSAutonomia é um problema que
se coloca também para os mumcípios. O constituinte Mauro Miranda (PMDB - GO) afirmou queum ponto importante para ser discutido no momento de elaboraçãoda nova Carta Magna do País éa autonomia política, financeira eadministrativa dos municípios.Lembra que a experiência mundial vincula a verdadeira democracia à descentralização e à valorização do município como instituição política autônoma e prestadora de serviços públicos de primeiranecessidade, dos quais depende obem-estar dos cidadãos.
A autonomia política implicaafirmou - o tratamento de prefeitos e vereadores como agentes políticos, estendendo-lhes prerrogativas e tratamento compatíveis.No que diz respeito à definiçãodos serviços públicos Iocais, devem ser incluídos os chamados serviços sociais, como o ensino de primeiro grau, a atenção primária àsaúde, a habitação e o saneamentobásico, entre outros, inclusive amanutenção da guarda municipale justiça de pequenas causas.
Sessões para os temas polêmicos~
Jornal da Constituinte 13
Certo de que serei atendido, SUbscrevo-me,
Pedaça'J do
:~rnal da Constltulnteamara dos O
70160 eputadoS_ADIPP.Brasllfa, DF".
Acompanho~spmDre quecal" a minha cDlab ~osso o conteüdo d
oraçao e- que esse Jorna 1efetivamente f E' OQstarla de Cal _
asse reahzado o1- acabar Com li
dlscrlmlnaçãoe da cor. da mulher, da t de de ,
2- QUe o en s Ino tenhaou COm taxas ba cobertura total
• t xe s Para 1 ~el0 governoSlno seJa com R horas d,- a. c asse medla. (lue e sno nas eScolas anas,mantendo -
.Dcuoando t c d todo a 1,!!estuda, prO f 'lSSl ona l _ o seu temoD,com 1Com 1550 teri lzaçao, etc. aZe!",- am seus pa,s t _
çoes de trabalho,tendo s ' ambem, melhores condlescolar DOr t d eus fllhos sob -
3- limite de _ o o o dla; orlentaçàonumero de filho _
xa , Colocar Uma forma de s, a claSse media e bai-a cue evftarã es s Controlar a natalldadese v- a comerciall -derã:
e::manchetes. Admltlr a:;ç;o de crlanças Queou a perda dos p esmo mu1tas Cons i
4- COm falte cie caSêl,alimen ar s pela cnança q
eVltar a mend _ to,escola etc' ua viver1nqanel a nas "
tados,tenhal1' me10S d ruas.que todos os neperambular IJel e sObrevivêncla sem cesslrestos as ruas.dorm1ndo ao' neceSSltar
5- de comlda pelos l' relento,pegandofaCl1iar a ad _ lXas; ,
oçao de c r rseJarem e d1flCultar ençe s 001" famf11as qUe o de
pais a procura delas' que uma Vez doado,não venham -6- melhor a .... •7- S51Stenc,a ao IDDSO
acabar Com a cobran a .PREVIOENCIA SOCIAL ~ de anestes1a,pelo medldo. A
:lrurQ1aS necessãna:veN:ustear todos os custos de
a PreVldênCla. a vlda' ao se concebe que se pa u
momento de uma emerqê tOda.compulsorlamente, e ~o e
C1rUrgl as, aque les q~e n~,'ea, -desembol Se va lares8- que eXista, sempre rem necOSSHar;
INAMPS ' nas farmãclas d. os med1camentos . os Das tos do
d1cos, receltados pelos seusH 9- melhor crit- m~averia muitas outras erio de remuneração n
rep~esentantes no ple ~ugestões a serem dadas ,d~v a aposentadona.paçao. Tomara nar10 da Constltuint eremos ter nossos- que cessem e que tenha
veem noticlados d. os atrltos e disco d- m essa preocu_1al"1amente d r anelas pe s s
Devemos acredit e nossos COnstltulnte Das que Sed ar que ele s ,
er os d1reitos e na s , os consbtuintes est- _crença, esperamos rantlas do povo e não os ao la para de'fen_
1 que noss C seus próp ,va oroza para todo a onSt1tuição saia i 1"'105. Nessa
o povo brasllelro. lesa e realmente
A~tenc./ente.
e;: . J.....'-.o:::::...~'\-.)...C.::,Nati Pereira ZR anoni
U DrfanatrõflO,920Alto Teresôoo),s ap 202 bJ.SO
90640 POA,RS.
o Jornal da Constituinte está, gradativamente, obtendo a penetraçãodesejada em todo o País, príncípalmente junto a entidades representativas de classe, órgãos públicos e associações diversas. E cada diamaior o volume da correspondência dirigida ao Presidente da Assembléia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães; ao Primeiro-Secretário, Marcelo Cordeiro e à editoria do jornal, o que evidencia o crescente interesse da sociedade em acompanhar, mais de perto, o trabalhoda Constituinte. Algumas dessas cartas são publicadas nesta página,não só para testemunhar a repercussão do Jornal da Constituinte comopara incentivar uma aproximação maior com a opimão pública. Escrevavocê também.
01 de julho de 1.987
"JORNAL DA CONSTITUINTE"
Jornal da Constituinte
Borda da Mata,
EX!'IO. SR.MARCELO CORDEIROD.D. DIRETOR DOBRASILIA -DF -
GAUDAÇOES:
RESPEITOSAMENTE:
~~/OTELO FERREIRA DE FREITAS
(OAB/l1G. 25.377)
Comunico-lhe respei~amente, atr~vés desta 1que por. intermédio da Prefeitura de Borda da Mata -MG:,co~segUl. um exempla~ do "JORNAL DA CONSTITUINTE", ou 1seJa, o de nQ 4. L1 com interesse todos os assuntos feca1izados. Entretanto, o que me dtspertou maior interes_se, foi "PRESIDENCIALISMO OU PARLAMENTARISMO"f . • porque
01 um dos assunto~ solicitados na prova oral do meu "Vertibular de Direito", no de 1.%7.
~ssim, desejo continuar recebendo os demaislnÚmeros e, se posslvel gostaria também de receber 08 1anteA.l(ri-.: 1
: ,2, e 3, a fim de completar minha co-Ileçá••
;,
14
Arte e ciência
+
Leonice Horta Barbosadefine como uma "loucuramaravilhosa" tudo o que ataquigrafia parlamentar jáexecutou na Consutuinte
Yvette Vieira Pinto dIZque o taquígrafo parlamentartem dado o melhor de SI, num
trabalho "digno de respeitoe de deixar saudade"
os mais antigos, os que possuemlonga experiência em taquigrafiaparlamentar. Essa fase é efetuadacom cautela para assegurar a homogeneidade dos discursos e debates. Os textos, depois da revisãofinal, não passam pelo crivo dequalquer chefia, a não ser do autor, quando então pode ser retirado para modificações.
No dizer geral dos taquígrafos,o profissional de taquigrafia é indispensável. Eliane Abranchesafirmou que chega a vibrar como clima das sessões da Constituinte. Mas, apesar disso, o taquígrafodeve manter-se impassível e concentrado no seu trabalho, mesmoque haja algum tumulto. Por isso,talvez, que os problemas mais comuns de saúde sejam relacionadoscom o ouvido e os olhos, além dafagida. Estudos médicos indicamque "o taquígrafo absorve um desfile de imagens e idéias que se associam ou se repetem, no vaivémdos apartes, fixando ou apagandoconceitos, incessantemente sob ofluxo das emoções, quando nãodas paixões que dominam o recinto dos debates". Mas o resultadofinal, dizem os profissionais, recompensa quando se sabe que vaificar registrado para a História.
evidente que um taquígrafo nemsempre consegue traduzir o trabalho ao outro.
A sistemática de trabalho daTaquigrafia do Congresso brasileiro, que chega a surpreender os estrangeiros que visitam o Legislativo, pelo dinamismo e rapidez,é semelhante à confecção de umacolcha de retalhos - a partir depequenos pedaços de pano até aformação do todo. Cada taquígrafo faz o "al?anhamento" no plenário por dOIS minutos, enquanto orevisor acompanha a sessão pordez minutos, também taquigrafando, para depois confrontar suasanotações e fazer a revisão do texto apresentado pelos cinco taquígrafos do seu horário. Os registrossão concatenados dentro do encadeamento das idéias, evitando-se,assim, eventuais incorreções.
Pelo fato de os taquígrafos-revisores não terem contato com odiscurso na sua totalidade, pois sópodem ouvi-lo e registrá-lo em rodízios de dez minutos, o matenalé trabalhado pelos taquígrafos supervisores, Estes de posse da íntegra dos discursos, fazem a redaçãofinal, padronizando a revisão daredação do início ao fim da sessão.Os que trabalham nessa área são
PARLAMENTAR
A diversidade também acompanha a profissão em outro sentido.Na taquigrafia parlamentar sãousados métodos e sistemas diferentes. Segundo a explicação deFernando Marques, professor demúsica e taquigrafia, taquígrafopervisores. Estes, de posse da íntesão uma variante dos métodos,uma espécie de complemento paraas deficiências destes. Isso faz quegrande variedade de sinais seja tão
preparação ainda mais aprimorada. Mas ainda há outra definiçãoinusitada, a da taquígrafa-revisoraEliane Abranches Abelheira:"Um especialista em generalidades". Isso porque, pela sua opinião, o taquígrafo ouve muitos assuntos diferentes, nas mais diversas áreas de conhecimento. E esseecletismo parece ficar claro numaanálise das formações culturaisdesses profissionais. A predominância é de advogados, mas existem aqueles formados nas mais diversas áreas de instrução, comomatemática, história, I?sicologia,arquitetura, artes, música, português, línguas, desenho, biblioteconomia, turismo, entre outras.
registros taquigráficos da Câmara.Talvez a Constituinte de 1987
passe para a História como umadas que mais realizaram debates,que mais se reuniram, justo porque o projeto constitucional foielaborado a partir de discussõese audiências. Essa intensa atividade pode ser avaliada a partir dosdados da Taquigrafia que dizemrespeito às transcrições das reuniões levadas a efeito pelas subcomissões e comissões temáticas noperíodo de 10 de abril até 20 deJunho de 1987. O número total dereuniões foi de 628, o que representou 1.602 horas, ou mais de 66dias de trabalhos taquigráficos.
Taquígrafo - Por definição, taquígrafo é aquele que escreve rápido. Não há um registro históricoclaro e definido sobre origem oudatas, mas existem indícios deabreviaturas, sob o título de "Mile Cem Notas Vulgares", do poetaromano Quintuns Ennius, 200 aC.Estudiosos consideram a taquígrafia mais valiosa como meio de cultura mental do que propriamentecomo profissão. Como culturamental, deve ser considerada ciência; como profissão, deve ser tidapor arte, definem.
Os taquígrafos, especialmenteos que trabalham no Legislativo,são selecionados através de requisitos que envolvem boa visão, memória, audição, pulso ágil e preciso, autoconfiança e resistência física para suportar grandes esforços.O ritmo de assimilação de palavrasé em torno de 150 por minuto.Na Câmara e Senado os profissionais se revezam em turnos dedois minutos e os revisores a cadadez minutos, de tal forma que, finda a sessão, em meia hora todaela estará transcrita, inclusive revisada, à disposição da imprensa,gráfica, secretarias, assessorias legislativas, "A Voz do Brasil" e demais interessados. O jargão maiscaracterístico usado no meio é o"apanhamento", termo que nãoexiste no dicionário, mas significaregistrar e traduzir um período dedois minutos de um discurso, oqual é chamado de "quarto", segundo a tradição legislativa, já queos profissionais trabalhavam emturnos de quinze minutos., Mas o que define o taquígrafo?
E um político em potencial, arriscou Paulo Xavier, argumentandoque o constante contato com a atividade do pensamento dota o profissional de opiniões definidas dotraquejo da oratória parlamentar.Maravilhosamente loucos, tentoua taquígrafa Liége de Souza Salgado, para quem a profissão é docee aumenta o biorritmo da pessoa,tornando-a aguçada em perceberdetalhes. A seu ver, contudo, épreciso que o Legislativo, comoum todo, invista mais ainda noaprimoramento dessa mão-de-obra. Afinal, argumentou, sentamos bem em frente ao Plenário,ouvimos as mais ilustres personalidades nacionais e internacionaise, por isso, precisamos de uma
Os taquígrafos legislativos brasileiros exerceram a profissão pelaprimeira vez na instalação daConstituinte Nacional, em 3 demaio de 1823. Desde então, aolongo desses 164 anos, a Taquigrafia mantém com o Congressoum estreito relacionamento a ponto de ambos se integrarem harmonicamente num conjunto indivísivel. O introdutor dessa atividadeno Legislativo, ex-deputado Bonifácio de Andrada e SIlva, chegavaa classificá-la de "espinha dorsaldo parlamento", naturalmentedevido ao grande volume de trabalho a cargo do setor, à rapidezobrigatória do serviço, à preparação dos profissionais e, principalmente, porque senadores, deputados e taquígrafos trabalham coma mesma matéria-prima: a palavrae o pensamento.
Em decorrência da característica do parlamento brasileiro cujo Iplenário possui uma grande importância e movimento, com discussões de matérias e longas votações polêmicas, o taquígrafo acaba absorvendo um expressivo número de informações, transformando-se numa pessoa de opiniões e posições políticas definidas. O taquígrafo vive o dramado plenário, compreende os problemas da Nação, vibra com osdebates. A profissão é eminentemente nervosa e o taquígrafo sofreum desgaste em decorrência da ginástica mental a que está sujeitocontinuamente, do nervosismodas discussões, do seu esforço renovado a todos os instantes paracontrolar a situação, constante incitamento às reações motoras e daextrema concentração.
Na Assembléia Nacional constituinte, então, o ritmo foi redobrado, exigindo do setor um grande esforço. Somente o registro dassessões das subcomissões e comissões temáticas corresponde ao volume de trabalho que se faria emtrês anos de funcionamento ordinário da Câmara e do Senado juntos. Nesse período, a atividade naTaquigrafia foi ininterrupta, indomadrugada adentro. Segundo orelato de Leonice Oliveira HortaBarbosa, diretora da Taquigrafiado Senado, seu órgão recebeu cerca de quinhentas fitas magnéticaspor dia, acumulando trabalho dassessões ordinárias e plenárias.Eram fitas espalhadas pela sessãointeira, armários abarrotados,pessoal se desdobrando, sem horário, inclusive sábados e domingos. Os revisores foram autorizados a levar material para trabalharem casa. "Tem sido uma loucuramaravilhosa", definiu. No início,tínhamos medo de não ter pessoalsuficiente, revelou Yvette VieiraPinto de Almeida, diretora da Taquigrafia da Câmara. Mas ressaltou que a fibra do pessoal foi fabulosa, digna do maior respeito, porque não poupou o melhor de si."Um trabalho que vai deixar saudades", completou Paulo VolneiBernardi Xavier, coordenador dos
para registraros debates
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Prefeitos querem parentes elegíveisPrefeitos de 36 municípios que integram No documento, os prefeitos pedem que a
a Grande Região Metropolitana de São Pau- alínea "d" do inciso II do art. 28 da Constilo entregaram ao presidente da Assembléia tuição tenha a seguinte redação: "Para conNacional Constituinte, Ulysses Guimarães, correr a cargos eletivos, o presidente e o vicedocumento pedindo mudanças na Constitui- presidente da República, os governadores eção, nos artigos que regulam o direito político vice-governadores e os prefeitos e vice-prede cidadão investido de mandato eletivo, ten- feitos devem renunciar 6 (seis) meses antesdo em vista a inelegibilidade de parentes e do pleito". Dessa forma, afirmam, seus paafins. Os prefeitos, que representam municí- rentes poderão disputar car~os eletivos sempios com 60% do eleitorado do Estado de incorrer em casos de inelegibilidade ou prejuSão Paulo, querem ~ue a nova Carta não dicar outros candidatos. Na foto, Ulyssesprive dos direitos políticos os seus parentes. Guimarães quando recebia os prefeitos.
ADIRPlReynaldoStavak:
UDES entrega sugestões
"A UBES somos nós. Nossa força, nossa voz." Cantando em coroesse refrão, centenas de estudantes secundaristas fizeram manifestação
perante o Congresso, pedindo a atenção dos constituintes para os problemasque afligem a Juventude estudantil do País. A União Brasileira dos
Estudantes Secundários encaminhou à Assembléia Nacional Constituinte. longo manifesto listando as reivindicações dos secundaristas, de acordo
com propostas aprovadas em congressos estudantis. Depois damanifestação, uma comissão de diretores da UBES percorreu os gabinetes
dos líderes de partidos na Constituinte a fim de entregar o documentode sugestões dos estudantes.
ADIRPlRos. Sarlci&
Pleito dos MicroDirigentes da ASSOCiação de Microempresários do
Distrito Federal tiveram um encontro com o presidenteda Assembléia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães, a fim de entregar documento contendo as reivindicações do setor. Os microempresários de Brasília desejam que a futura Constituição permita o surgimentodesse florescente setor e garanta a sobrevivência "dosque acreditam na livre iniciativa". Na foto, a Sr- RosaSarkis, dirigente da Associação, quando passava àsmãos do presidente Ulysses Guimarães o manifesto dosrmcroempresãnos.
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