uhe baixo iguaÇu estudo de impestudo de impacto...

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VOLUME I - TEXTOS Capítulo X - Análise integrada Capítulo XI - Identificação e avaliação de impactos ambientais Capítulo XII - Programas Ambientais Capítulo XIII - Prognóstico ambiental Capítulo XIV - Glossário UHE BAIXO IGUAÇU ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL UHE BAIXO IGUAÇU ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL NOVEMBRO 2004

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VOLUME I - TEXTOS

Capítulo X - Análise integradaCapítulo XI - Identificação e avaliação de impactos ambientais

Capítulo XII - Programas AmbientaisCapítulo XIII - Prognóstico ambiental

Capítulo XIV - Glossário

UHE BAIXO IGUAÇU

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL

UHE BAIXO IGUAÇU

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL

NOVEMBRO 2004

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Desenvix S/AUHE Baixo Iguaçu

Meio AmbienteEstudo de Impacto Ambiental

Sumário Geral

8812/00-6B-RL-0001-0

09 novembro de 2004

Elab.:TLCC/FAR/CGM

Verif.:CGM

Aprov.:JBCF

Final.

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 2

Sumário p.

Apresentação

Capítulo I – Introdução

1 - Introdução .......................................................................................................................... I - 3

Capítulo II – Identificação do empreendedor

1 - Identificação do empreendedor ........................................................................................ II - 3

Capitulo III – Caracterização do empreendimento

1 - Localização e acesso........................................................................................................ III - 3

2 - Objetivo.............................................................................................................................. III - 3

3 - Dados técnicos.................................................................................................................. III - 3

3.1 - Descrição geral do empreendimento....................................................................... III - 4

3.2 - Ficha resumo............................................................................................................. III - 5

3.3 - Reservatório .............................................................................................................. III - 8

3.4 - Sequência construtiva .............................................................................................. III - 9

3.4.1 - Primeira fase de construção ......................................................................... III - 9

3.4.2 - Segunda fase de construção........................................................................III - 10

3.4.3 - Marcos principais..........................................................................................III - 114 - Infra-estrutura de apoio à obra........................................................................................III - 135 - Empreendimentos associados e decorrentes................................................................III - 146 - Justificativas para o empreendimento ...........................................................................III - 14

6.1 - Considerações iniciais ............................................................................................III - 14

6.2 - O mercado de energia elétrica - evolução do consumo........................................III - 16

6.3 - Necessidade de energia elétrica e características do parque gerador ................III - 24

6.4 - Principais Opções para a Expansão da Oferta ......................................................III - 25

6.4.1 - Potencial Hidrelétrico Regionalizado e por Estágio de Desenvolvimento dosEstudos.........................................................................................................III - 25

6.4.2 - Bases para a Expansão da Oferta................................................................III - 27

6.5 - Justificativa técnico-econômicas ...........................................................................III - 32

6.6 - Justificativas sócio-ambientais ..............................................................................III - 32

Capítulo – IV – Alternativas tecnológicas e locacionais

1 - Considerações iniciais ..................................................................................................... IV - 32 - Histórico dos Estudos ...................................................................................................... IV - 63 - Alternativas de localização............................................................................................... IV - 8

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 3

3.1.1 - Alternativas de locallização na fase de inventário....................................... IV - 8

3.2 - Alternativas de localização e de arranjo na fase de viabilidade .......................... IV - 11

3.2.1 - Estudo de alternativas de eixos.................................................................. IV - 11

3.2.2 - Alternativas de arranjo para o eixo selecionado ....................................... IV - 134 - Alternativas tecnológicas............................................................................................... IV - 15

4.1 - Características gerais das fontes de energia e seu consumo no Brasil ............. IV - 15

4.2 - Geração hidrelétrica ............................................................................................... IV - 18

4.3 - Geração termelétrica a carvão ............................................................................... IV - 19

4.4 - Geração termonuclear ............................................................................................ IV - 19

4.5 - Geração térmica a gás natural ............................................................................... IV - 19

4.6 - Fontes alternativas ................................................................................................. IV - 205 - Referências bibliográficas.............................................................................................. IV - 21

Capítulo V – Metodologia geral

1 - Metodologia geral .............................................................................................................. V - 31.1 - Diretrizes e etapas do estudo.................................................................................... V - 3

1.2 - Definição das áreas de influência............................................................................. V - 6

1.2.1 - Considerações iniciais ................................................................................... V - 6

1.2.2 - Definição das áreas de influência .................................................................. V - 8

1.3 - Oficinas participativas............................................................................................. V - 13

1.3.1 - Apresentação ................................................................................................ V - 13

1.3.2 - Desenvolvimento do diagnóstico ambiental participativo ......................... V - 13

1.3.3 - Estratégias de mobilização social ............................................................... V - 15

1.3.4 - Reuniões de apresentação do projeto......................................................... V - 15

1.3.5 - Reuniões preparatórias para as oficinas participativas............................. V - 16

1.3.6 - Realização das oficinas participativas ........................................................ V - 18

1.3.7 - Considerações finais .................................................................................... V - 222 - Referências bibliográficas............................................................................................... V - 23

Capítulo VI – Planos e programas co-localizados e legislação ambiental

1 - Planos e programas co-localizados................................................................................. VI - 31.1 - Introdução ................................................................................................................. VI - 3

1.2 - Programas na esfera federal .................................................................................... VI - 4

1.2.1 - O Plano Purianual (PPA) 2004-2007 do Governo Federal............................ VI - 4

1.2.2 - Programa de fortalecimento da agricultura familiar .................................... VI - 5

1.3 - Programas na esfera estadual ................................................................................. VI - 5

1.3.1 - O Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 do Governo Estadual ........................ VI - 5

1.3.2 - Programa Paraná 12 meses........................................................................... VI - 7

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 4

1.4 - Outros programas..................................................................................................... VI - 7

1.5 - Considerações finais .............................................................................................. VI - 102 - Legislação ambiental ...................................................................................................... VI - 10

2.1 - Principais diplomas legais ..................................................................................... VI - 10

2.2 - Algumas considerações sobre o licenciamento ambiental ................................. VI - 13

2.2.1 - A política nacional de meio ambiente......................................................... VI - 13

2.2.2 - Processo de licenciamento ambiental........................................................ VI - 143 - Referências bibliograficas.............................................................................................. VI - 17

Capítulo VII – Diagnóstico do Meio Físico

1 - Metodologia...................................................................................................................... VII - 41.1 - Clima......................................................................................................................... VII - 4

1.2 - Geologia / geomorfologia ........................................................................................ VII - 5

1.3 - Solos......................................................................................................................... VII - 6

1.4 - Recursos hídricos e qualidade da água ................................................................. VII - 72 - Contexto macroregional .................................................................................................. VII - 7

2.1 - Clima e condições metereológicas......................................................................... VII - 7

2.1.1 - Circulação atmosférica................................................................................. VII - 9

2.1.2 - Temperatura ................................................................................................ VII - 13

2.1.3 - Precipitação................................................................................................. VII - 20

2.1.4 - Evapotranspiração...................................................................................... VII - 25

2.1.5 - Umidade relativa do ar................................................................................ VII - 30

2.1.6 - Ventos.......................................................................................................... VII - 32

2.1.7 - Insolação ..................................................................................................... VII - 33

2.2 - Geologia, recursos minerais, geomorfologia e solos.......................................... VII - 33

2.2.1 - Geologia ...................................................................................................... VII - 33

2.2.2 - Geomorfologia............................................................................................. VII - 40

2.2.3 - Solos ............................................................................................................ VII - 41

2.3 - Recursos hídricos qualidade e usos da água...................................................... VII - 44

2.3.1 - Sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos ...................... VII - 44

2.3.2 - Usos da água na bacia do Iguaçu.............................................................. VII - 46

2.3.3 - Qualidade das águas .................................................................................. VII - 48

2.3.4 - Qualidade da água nos reservatórios........................................................ VII - 62

2.3.5 - Hidrogeologia.............................................................................................. VII - 683 - Área de influência direta e indireta ............................................................................... VII - 76

3.1 - Clima e condições meteorológicas....................................................................... VII - 76

3.1.1 - Cascavel ...................................................................................................... VII - 76

3.1.2 - Foz do Iguaçu.............................................................................................. VII - 85

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 5

3.1.3 - Nova Prata do Iguaçu.................................................................................. VII - 94

3.1.4 - Salto Caxias............................................................................................... VII - 103

3.2 - Geologia/recursos minerais ................................................................................ VII - 112

3.2.1 - Características gerais ............................................................................... VII - 112

3.2.2 - Evolução geológica................................................................................... VII - 112

3.2.3 - Unidades litoestratigráficas ..................................................................... VII - 113

3.2.4 - Aspectos estruturais................................................................................. VII - 116

3.2.5 - Estanqueidade do maciço rochoso ......................................................... VII - 117

3.2.6 - Erodibilidade dos solos............................................................................ VII - 118

3.2.7 - Recursos minerais .................................................................................... VII - 119

3.2.8 - Risco sísmico............................................................................................ VII - 122

3.3 - Geomorfologia ..................................................................................................... VII - 124

3.3.1 - Aspectos gerais ........................................................................................ VII - 124

3.3.2 - Estabilidade de encostas ......................................................................... VII - 126

3.3.3 - Erodibilidade e declividade ...................................................................... VII - 126

3.3.4 - Unidades de mapeamento na área de estudo......................................... VII - 128

3.3.5 - Processos de origem fluvial..................................................................... VII - 129

3.4 - Solos..................................................................................................................... VII - 130

3.4.1 - Metodologia............................................................................................... VII - 130

3.4.2 - Solos da área de influência direta e indireta........................................... VII - 130

3.4.3 - Legenda de solos e aptidão agrícola das terras ..................................... VII - 135

3.5 - Recursos hídricos qualidade e usos das águas ................................................ VII - 138

3.5.1 - Qualidade das águas ................................................................................ VII - 138

3.5.2 - Serviços de saneamento .......................................................................... VII - 157

3.5.3 - Hidrologia .................................................................................................. VII - 157

3.5.4 - Usos das águas......................................................................................... VII - 1574 - Referências bibliográficas........................................................................................... VII - 157

Capítulo –VIII-Diagnóstico do meio biótico

Apresentação ....................................................................................................................... VIII - 71 - Metodologia..................................................................................................................... VIII - 8

1.1 - Metodologia geral ................................................................................................... VIII - 8

1.2 - Limnologia............................................................................................................. VIII - 11

1.2.1 - Abordagem e planejamento amostral dos dados limnológicos ............. VIII - 11

1.2.2 - Qualidade físico-química da água............................................................. VIII - 18

1.2.3 - Comunidades planctônicas....................................................................... VIII - 19

1.2.4 - Comunidades bentônicas.......................................................................... VIII - 21

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 6

1.3 - Peixes .................................................................................................................... VIII - 24

1.3.1 - Locais de amostragem .............................................................................. VIII - 25

1.3.2 - Aparelhos e esforço de captura................................................................ VIII - 26

1.3.3 - Análise dos dados ..................................................................................... VIII - 28

1.4 - Vegetação e flora .................................................................................................. VIII - 29

1.4.1 - Geoprocessamento e mapeamento da vegetação................................... VIII - 29

1.4.2 - Análise florística e caracterização dos estágios sucessionais .............. VIII - 33

1.4.3 - Levantamento fitossociológico................................................................. VIII - 34

1.4.4 - Estimativa da biomassa............................................................................. VIII - 35

1.4.5 - Diversidade e similaridade ........................................................................ VIII - 36

1.5 - Fauna terrestre e semiaquática............................................................................ VIII - 36

1.5.1 - Invertebrados terrestres ............................................................................ VIII - 36

1.5.2 - Insetos vetores........................................................................................... VIII - 37

1.5.3 - Anfíbios ...................................................................................................... VIII - 38

1.5.4 - Répteis........................................................................................................ VIII - 38

1.5.5 - Aves ............................................................................................................ VIII - 40

1.5.6 - Mamíferos................................................................................................... VIII - 432 - Contexto macrorregional.............................................................................................. VIII - 45

2.1 - Os ambientes aquáticos....................................................................................... VIII - 45

2.2 - Ictiofauna............................................................................................................... VIII - 48

2.3 - Fitogeografia ......................................................................................................... VIII - 49

2.4 - Contextualização zoogeográfica.......................................................................... VIII - 52

2.5 - Conservação da biodiversidade .......................................................................... VIII - 55

2.6 - Cobertura vegetal e uso do solo.......................................................................... VIII - 57

2.7 - Ecologia da paisagem .......................................................................................... VIII - 583 - Contexto local: ecossistemas aquáticos..................................................................... VIII - 62

3.1 - Qualidade físico-química da água ....................................................................... VIII - 62

3.1.1 - Considerações iniciais .............................................................................. VIII - 62

3.1.2 - Medidas em campo .................................................................................... VIII - 65

3.1.3 - Análises em laboratório (nutrientes, clorofila e material em suspensão)............................................................................................................................... VIII - 69

3.1.4 - Integração dos resultados e comparação das sub-bacias estudadas ... VIII - 77

3.1.5 - Potencial de eutrofização .......................................................................... VIII - 80

3.1.6 - Contaminação por agrotóxicos................................................................. VIII - 81

3.1.7 - Considerações finais ................................................................................. VIII - 82

3.2 - Organismos planctônicos .................................................................................... VIII - 82

3.2.1 - Atributos da comunidade fitoplanctônica ................................................ VIII - 83

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 7

3.2.2 - Atributos da comunidade zooplanctônica ............................................... VIII - 86

3.2.3 - Padrão de distribuição espaço-temporal ................................................. VIII - 95

3.3 - Macroinvertebrados bentônicos ........................................................................ VIII - 100

3.3.1 - Composição ............................................................................................. VIII - 100

3.3.2 - Riqueza de espécies ................................................................................ VIII - 101

3.3.3 - Padrão de distribuição espaço-temporal ............................................... VIII - 104

3.3.4 - Análise dos grupos de alimentação funcional....................................... VIII - 106

3.4 - Peixes .................................................................................................................. VIII - 109

3.4.1 - Composição e riqueza ............................................................................. VIII - 109

3.4.2 - Caracterização dos grupos amostrados ................................................ VIII - 110

3.4.3 - A ictiofauna e os ambientes amostrados ............................................... VIII - 112

3.4.4 - Padrões de dominância, diversidade e abundância .............................. VIII - 115

3.4.5 - Hábitos alimentares ................................................................................. VIII - 118

3.4.6 - Reprodução .............................................................................................. VIII - 119

3.4.7 - Espécies raras e ameaçadas de extinção .............................................. VIII - 121

3.4.8 - Espécies migratórias ............................................................................... VIII - 121

3.4.9 - Espécies de interesse comercial ............................................................ VIII - 122

3.4.10 - Espécies invasoras e exóticas.............................................................. VIII - 123

3.4.11 - Interpretação dos resultados ................................................................ VIII - 123

4 - Contexto local: vegetação e flora ................................................................. VIII - 125

4.1 - Vegetação............................................................................................................ VIII - 125

4.1.1 - Área de influência indireta....................................................................... VIII - 125

4.1.2 - Área de influência direta.......................................................................... VIII - 126

4.2 - Ecologia da paisagem ........................................................................................ VIII - 128

4.3 - Análise florística ................................................................................................. VIII - 132

4.3.1 - Composição e riqueza de espécies ........................................................ VIII - 132

4.3.2 - Espécies ameaçadas de extinção........................................................... VIII - 133

4.3.3 - Espécies de interesse comercial ............................................................ VIII - 135

4.3.4 - Extrativismo vegetal ................................................................................ VIII - 138

4.4 - Vegetação a ser afetada ..................................................................................... VIII - 138

4.4.1 - Vegetação Aquática ................................................................................. VIII - 138

4.4.2 - Florestas ripárias e insulares.................................................................. VIII - 140

4.4.3 - Floresta primária alterada........................................................................ VIII - 144

4.4.4 - Floresta em estágio avançado de regeneração ..................................... VIII - 146

4.4.5 - Floresta em estágio médio de regeneração ........................................... VIII - 148

4.5 - Análises de diversidade ..................................................................................... VIII - 150

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 8

4.5.1 - Similaridade entre as unidades amostrais ............................................. VIII - 150

4.5.2 - Diversidade alfa........................................................................................ VIII - 152

4.5.3 - Diversidade beta ...................................................................................... VIII - 1535 - Contexto local: fauna terrestre e semi-aquática ....................................................... VIII - 154

5.1 - Invertebrados terrestres: aracnídeos e miriápodes ......................................... VIII - 154

5.1.1 - Riqueza de espécies ................................................................................ VIII - 154

5.1.2 - Espécies de interesse médico ................................................................ VIII - 155

5.2 - Insetos vetores.................................................................................................... VIII - 156

5.2.1 - Espécies registradas ............................................................................... VIII - 156

5.2.2 - Insetos vetores de interesse médico...................................................... VIII - 158

5.3 - Anfíbios ............................................................................................................... VIII - 158

5.3.1 - Riqueza de espécies ................................................................................ VIII - 158

5.3.2 - Espécies raras e ameaçadas de extinção .............................................. VIII - 161

5.3.3 - Espécie exótica ........................................................................................ VIII - 162

5.3.4 - Bioindicadores ......................................................................................... VIII - 162

5.4 - Répteis................................................................................................................. VIII - 163

5.4.1 - Riqueza de espécies ................................................................................ VIII - 163

5.4.2 - Espécies raras e ameaçadas de extinção .............................................. VIII - 166

5.4.3 - Espécies de interesse médico ................................................................ VIII - 167

5.4.4 - Espécies de interesse para o comércio ilegal........................................ VIII - 167

5.4.5 - Espécies invasoras e exóticas................................................................ VIII - 167

5.4.6 - Bioindicadores ......................................................................................... VIII - 168

5.5 - Aves ..................................................................................................................... VIII - 170

5.5.1 - Riqueza de espécies e caracterização ornitogeográfica....................... VIII - 170

5.5.2 - Caracterização sinecológica: expressividade de tipos ecológicos...... VIII - 171

5.5.3 - A expressividade na ocupação das paisagens...................................... VIII - 171

5.5.4 - Consolidação de tipos ecológicos e paisagens ocupadas ................... VIII - 172

5.5.5 - Espécies raras e ameaçadas de extinção .............................................. VIII - 174

5.5.6 - Espécies migratórias ............................................................................... VIII - 176

5.5.7 - Espécies de interesse comercial ............................................................ VIII - 176

5.5.8 - Espécies de interesse para o comércio ilegal........................................ VIII - 177

5.6 - Mamíferos............................................................................................................ VIII - 177

5.6.1 - Riqueza de espécies ................................................................................ VIII - 177

5.6.2 - Perfil ecológico da mastofauna quanto a dieta e locomoção ............... VIII - 178

5.6.3 - Espécies raras e ameaçadas de extinção .............................................. VIII - 181

5.6.4 - Espécies migratórias ............................................................................... VIII - 184

5.6.5 - Espécies de interesse médico ................................................................ VIII - 184

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 9

5.6.6 - Espécies de interesse cinegético ........................................................... VIII - 185

5.6.7 - Espécies invasoras e exóticas................................................................ VIII - 186

5.6.8 - Bioindicadores ......................................................................................... VIII - 1876 - Contexto local: conservação da biodiversidade....................................................... VIII - 188

6.1 - O Parque Nacional do Iguaçu............................................................................. VIII - 188

6.1.1 - Caracterização ......................................................................................... VIII - 188

6.1.2 - Pressões................................................................................................... VIII - 190

6.1.3 - Plano de Manejo....................................................................................... VIII - 191

6.2 - Outras unidades de conservação ...................................................................... VIII - 193

6.3 - Políticas para conservação da biodiversidade ................................................. VIII - 1947 - Referências Bibliográficas ......................................................................................... VIII - 196Anexo VIII-I – Pontos de coleta ....................................................................................... VIII - 216Anexo VIII-II – Unidades de conservação da bacia do rio Iguaçu................................. VIII - 226Anexo VIII-III – Organismos planctônicos ...................................................................... VIII - 231Anexo VIII-IV – Organismos bentônicos......................................................................... VIII - 248Anexo VIII-V – Peixes ....................................................................................................... VIII - 253Anexo VIII-VI – Flora......................................................................................................... VIII - 257Anexo VIII-VII – Parâmetros fitossociológicos............................................................... VIII - 277Anexo VIII-VIII – Artrópodos terrestres........................................................................... VIII - 287Anexo VIII-IX – Anfíbios ................................................................................................... VIII - 294Anexo VIII-X – Répteis...................................................................................................... VIII - 297Anexo VIII-XI – Aves......................................................................................................... VIII - 302Anexo VIII-XII – Mamíferos............................................................................................... VIII - 320

Capítulo IX – Diagnóstico socioeconômico

1 - Metodologia....................................................................................................................... IX - 51.1 - Contexto macrorregional.......................................................................................... IX - 5

1.1.1 - Levantamento de dados secundários........................................................... IX - 5

1.1.2 - Representatividade dos dados consultados................................................ IX - 5

1.1.3 - Organização do espaço regional .................................................................. IX - 6

1.1.4 - Especificidades metodológicas dos estudos arqueológicos ..................... IX - 7

1.2 - Área de influência indireta (AII)................................................................................ IX - 8

1.2.1 - Metodologia geral .......................................................................................... IX - 8

1.2.2 - Especificidades metodológicas dos estudos arqueológicos ..................... IX - 9

1.3 - Área de influência direta......................................................................................... IX - 102 - Contexto macrorregional................................................................................................ IX - 11

2.1 - Aspectos populacionais ......................................................................................... IX - 11

2.1.1 - Histórico da ocupação................................................................................. IX - 11

2.1.2 - Distribuição da população atual da bacia do Iguaçu pelos municípios... IX - 14

2.2 - Uso e ocupação do solo ......................................................................................... IX - 20

2.2.1 - Objetivo e aspectos metodológicos ........................................................... IX - 20

2.2.2 - Situação atual da cobertura vegetal e uso do solo.................................... IX - 21

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 10

2.2.3 - Caracterização dos principais usos ........................................................... IX - 22

2.2.4 - Ambientes protegidos ................................................................................. IX - 36

2.2.5 - UHE – Usinas Hidrelétricas ......................................................................... IX - 39

2.3 - Estrutura produtiva................................................................................................. IX - 39

2.3.1 - O estado do Paraná...................................................................................... IX - 39

2.3.2 - O estado de Santa Catarina......................................................................... IX - 42

2.3.3 - Indicadores Macroregionais........................................................................ IX - 42

2.4 - Infra-estrutura de serviços ..................................................................................... IX - 44

2.4.1 - Saneamento básico...................................................................................... IX - 44

2.4.2 - Sistema de transportes................................................................................ IX - 54

2.4.3 - Sistema elétrico............................................................................................ IX - 63

2.5 - Turismo e lazer........................................................................................................ IX - 66

2.5.1 - O Turismo no Paraná................................................................................... IX - 66

2.5.2 - O Turismo em Santa Catarina ..................................................................... IX - 76

2.6 - Patrimônio histórico, cultural e arqueológico....................................................... IX - 78

2.6.1 - Patrimônio histórico e cultural.................................................................... IX - 78

2.6.2 - Patrimônio arqueológico ............................................................................. IX - 81

2.7 - Comunidades indígenas e quilombolas ................................................................ IX - 963 - Área de influência direta e indireta ................................................................................ IX - 97

3.1 - Dinâmica populacional ........................................................................................... IX - 97

3.1.1 - Aspectos demográficos do processo de ocupação .................................. IX - 97

3.1.2 - A dinâmica populacional atual e estimativas............................................. IX - 99

3.2 - Infra-estrutura ....................................................................................................... IX - 104

3.2.1 - Saneamento básico.................................................................................... IX - 104

3.2.2 - Energia elétrica .......................................................................................... IX - 108

3.2.3 - Telefonia, Internet, estações repetidoras de TV e outros meios decomunicação ............................................................................................. IX - 109

3.2.4 - Estrutura viária........................................................................................... IX - 110

3.2.5 - Habitação.................................................................................................... IX - 111

3.2.6 - Segurança pública ..................................................................................... IX - 112

3.2.7 - Serviços de saúde...................................................................................... IX - 113

3.2.8 - Serviços educacionais............................................................................... IX - 115

3.3 - Uso e ocupação do solo ....................................................................................... IX - 117

3.3.1 - Objetivo e aspectos metodológicos ......................................................... IX - 117

3.3.2 - Situação atual da área de influência indireta ........................................... IX - 118

3.4 - Caracterização socioeconômica das comunidades afetadas............................ IX - 127

3.4.1 - Analise quantitativa ................................................................................... IX - 127

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 11

3.4.2 - Analise qualitativa...................................................................................... IX - 154

3.5 - Estrutura produtiva e de serviços ....................................................................... IX - 161

3.5.1 - Elementos determinantes da organização territorial da AII .................... IX - 162

3.5.2 - A ocupação do território e a estrutura produtiva..................................... IX - 162

3.5.3 - Indústria, comércio e serviços em geral .................................................. IX - 167

3.6 - Turismo e lazer...................................................................................................... IX - 170

3.6.1 - Capanema................................................................................................... IX - 170

3.6.2 - Capitão Leônidas Marques........................................................................ IX - 175

3.6.3 - Nova Prata do Iguaçu................................................................................. IX - 180

3.6.4 - Realeza ....................................................................................................... IX - 184

3.6.5 - Planalto....................................................................................................... IX - 188

3.7 - Patrimônio histórico, cultural e arqueológico..................................................... IX - 188

3.7.1 - Patrimônio arqueológico da área de influência indireta.......................... IX - 188

3.7.2 - Patrimônio arqueológico - AID.................................................................. IX - 191

3.7.3 - O potencial arqueológico da AID .............................................................. IX - 213

3.7.4 - Patrimônio histórico e cultural.................................................................. IX - 214

3.8 - Organização social e política ............................................................................... IX - 227

3.9 - Planos e programas co-localizados..................................................................... IX - 230

4 - Referências bibliográficas............................................................................................ IX - 233

Anexo I – Oficinas Participativas .............................................................................................238

Capítulo X – Análise integrada1 - Área de influência macroregional ..................................................................................... X - 3

1.1 - Aspectos metodológicos........................................................................................... X - 3

1.1.1 - Concepção geral ............................................................................................. X - 3

1.1.2 - Seleção de indicadores .................................................................................. X - 4

1.1.3 - Integração dos dados ..................................................................................... X - 8

1.2 - Análise de sensibilidade ambiental ........................................................................ X - 112 - Área de influência indireta e direta ................................................................................. X - 15

2.1 - Aspectos metodológicos......................................................................................... X - 15

2.2 - Análise integrada ..................................................................................................... X - 15

2.2.1 - Determinantes físicos da paisagem............................................................. X - 15

2.2.2 - O processo de ocupação e uso dos recursos naturais.............................. X - 17

2.2.3 - Características atuais ................................................................................... X - 203 - Referências bibliográficas............................................................................................... X - 24

Capítulo XI – Identificação e avaliação de impactos

1 - Aspectos metodológicos.................................................................................................. XI - 31.1 - Considerações gerais............................................................................................... XI - 3

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 12

1.2 - As fichas de avaliação de impactos ........................................................................ XI - 32 - Resultados da avaliação de impactos ambientais.......................................................... XI - 5

2.1 - Identificação e avaliação dos impactos ambientais – fichas de avaliação ........... XI - 5

2.2 - Considerações gerais........................................................................................... XI - 106

2.3 - Efeitos Sinérgicos da UHE Baixo Iguçau ............................................................ XI - 111

2.3.1 - Considerações iniciais .............................................................................. XI - 111

2.3.2 - Identificação das questões socioambientais relevantes......................... XI - 111

2.3.3 - Identificação das políticas, planos e programas – PPPs ........................ XI - 112

2.3.4 - Recorte espacial e temporal de análise.................................................... XI - 113

2.3.5 - Avaliação dos impactos sinérgicos.......................................................... XI - 1143 - Referências bibliográficas............................................................................................ XI - 119

Capítulo XII – Programas ambientais

1 - Considerações gerais ...................................................................................................... XII - 72 - Programas ambientais..................................................................................................... XII - 7

2.1 - Programa de comunicação social .......................................................................... XII - 7

2.1.1 - Objetivos........................................................................................................ XII - 7

2.1.2 - .Justificativas ................................................................................................ XII - 8

2.1.3 - Procedimentos .............................................................................................. XII - 8

2.1.4 - Prazo de execução........................................................................................ XII - 9

2.1.5 - Agente executor ............................................................................................ XII - 9

2.2 - Programa de educação ambiental .......................................................................... XII - 9

2.2.1 - Objetivos........................................................................................................ XII - 9

2.2.2 - Justificativas ................................................................................................. XII - 9

2.2.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 10

2.2.4 - Prazo de execução...................................................................................... XII - 10

2.2.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 11

2.3 - Programa de controle ambiental da construção.................................................. XII - 11

2.3.1 - Objetivos...................................................................................................... XII - 11

2.3.2 - Justificativa ................................................................................................. XII - 11

2.3.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 11

2.3.4 - Prazo de execução...................................................................................... XII - 14

2.3.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 14

2.4 - Programa de recuperação de áreas degradadas ................................................. XII - 14

2.4.1 - Objetivos...................................................................................................... XII - 14

2.4.2 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 15

2.4.3 - Prazo de execução...................................................................................... XII - 16

2.4.4 - Agente executor .......................................................................................... XII - 16

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 13

2.5 - Programa de acompanhamento das interferências com direitos minerários.... XII - 16

2.5.1 - Objetivos...................................................................................................... XII - 16

2.5.2 - Justificativas ............................................................................................... XII - 16

2.5.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 17

2.5.4 - Prazo de execução...................................................................................... XII - 17

2.5.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 17

2.6 - Programa de monitoramento do lençol freático e qualidade das águas subterrâneas................................................................................................................................ XII - 17

2.6.1 - Objetivos...................................................................................................... XII - 17

2.6.2 - Justificativas ............................................................................................... XII - 18

2.6.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 18

2.6.4 - Prazo de execução...................................................................................... XII - 18

2.6.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 18

2.7 - Programa de monitoramento sismológico........................................................... XII - 19

2.7.1 - Objetivos...................................................................................................... XII - 19

2.7.2 - Justificativa ................................................................................................. XII - 19

2.7.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 19

2.7.4 - Prazo de Execução ..................................................................................... XII - 20

2.7.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 20

2.8 - Programa de monitoramento hidrossedimentológico......................................... XII - 20

2.8.1 - Objetivos...................................................................................................... XII - 20

2.8.2 - Justificativas ............................................................................................... XII - 20

2.8.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 20

2.8.4 - Prazo de execução...................................................................................... XII - 22

2.8.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 22

2.9 - Programa de monitoramento climatológico......................................................... XII - 22

2.9.1 - Objetivos...................................................................................................... XII - 22

2.9.2 - Justificativas ............................................................................................... XII - 22

2.9.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 22

2.9.4 - Prazo de execução...................................................................................... XII - 23

2.9.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 23

2.10 - Programa de Limpeza da Bacia de Acumulação ............................................... XII - 23

2.10.1 - Justificativa ............................................................................................... XII - 23

2.10.2 - Objetivos.................................................................................................... XII - 23

2.10.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 24

2.10.4 - Prazo de Execução.................................................................................... XII - 24

2.10.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 24

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 14

2.11 - Programa de fiscalização dos recursos naturais .............................................. XII - 24

2.11.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 24

2.11.2 - Justificativas ............................................................................................. XII - 25

2.11.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 25

2.11.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 26

2.11.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 26

2.12 - Programa de aproveitamento científico da flora................................................ XII - 26

2.12.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 26

2.12.2 - Justificativa ............................................................................................... XII - 26

2.12.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 26

2.12.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 27

2.12.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 27

2.13 - Programa de aproveitamento científico da fauna.............................................. XII - 27

2.13.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 27

2.13.2 - Justificativa ............................................................................................... XII - 27

2.13.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 28

2.13.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 28

2.13.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 28

2.14 - Programa de conservação da flora..................................................................... XII - 28

2.14.1 - Considerações iniciais ............................................................................. XII - 28

2.14.2 - Subprograma de estudos da flora ........................................................... XII - 29

2.14.3 - Subprograma de recuperação da vegetação ciliar ................................. XII - 30

2.15 - Programa de monitoramento do meio aquático ................................................ XII - 31

2.15.1 - Considerações iniciais ............................................................................. XII - 31

2.15.2 - Subprograma monitoramento limnológico e da qualidade da água...... XII - 31

2.15.3 - Subprograma de monitoramento da ictiofauna ...................................... XII - 33

2.16 - Programa de conservação e monitoramento da fauna terrestre e semiaquática........................................................................................................................................ XII - 34

2.16.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 34

2.16.2 - Justificativa ............................................................................................... XII - 34

2.16.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 34

2.16.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 35

2.16.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 35

2.17 - Programa de monitoramento da paisagem ........................................................ XII - 35

2.17.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 35

2.17.2 - Justificativa ............................................................................................... XII - 35

2.17.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 35

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 15

2.17.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 36

2.17.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 36

2.18 - Programa de Consolidação de Unidade de Conservação................................. XII - 36

2.18.1 - Justificativa ............................................................................................... XII - 36

2.18.2 - Objetivos.................................................................................................... XII - 36

2.18.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 37

2.18.4 - Prazo .......................................................................................................... XII - 37

2.18.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 37

2.19 - Programa de remanejamento .............................................................................. XII - 37

2.19.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 37

2.19.2 - Justificativas ............................................................................................. XII - 38

2.19.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 38

2.19.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 40

2.19.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 40

2.20 - Programa de apoio aos municípios e as comunidades locais ......................... XII - 41

2.20.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 41

2.20.2 - Justificativas ............................................................................................. XII - 41

2.20.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 42

2.20.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 43

2.20.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 43

2.21 - Programa de saúde.............................................................................................. XII - 43

2.21.1 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 43

2.21.2 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 44

2.21.3 - Agente executor ........................................................................................ XII - 44

2.22 - Programa de seleção e treinamento de mão de obra local ............................... XII - 45

2.22.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 45

2.22.2 - Justificativas ............................................................................................. XII - 45

2.22.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 45

2.22.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 45

2.22.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 45

2.23 - Programa de relocação da infra-estrutura ......................................................... XII - 46

2.23.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 46

2.23.2 - Justificativa ............................................................................................... XII - 46

2.23.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 46

2.23.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 47

2.23.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 47

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 16

2.24 - Programa de desenvolvimento turístico ............................................................ XII - 47

2.24.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 47

2.24.2 - Justificativa ............................................................................................... XII - 47

2.24.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 48

2.24.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 48

2.24.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 48

2.25 - Programa de prospecção arqueológica intensiva ............................................. XII - 49

2.25.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 49

2.25.2 - Justificativa ............................................................................................... XII - 49

2.25.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 49

2.25.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 50

2.25.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 50

2.26 - Programa de resgate arqueológico .................................................................... XII - 50

2.26.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 50

2.26.2 - Justificativa ............................................................................................... XII - 51

2.26.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 51

2.26.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 52

2.26.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 52

2.27 - Programa de valorização do patrimônio arqueológico e histórico-cultural..... XII - 52

2.27.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 52

2.27.2 - Justificativa ............................................................................................... XII - 53

2.27.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 53

2.27.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 54

2.27.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 54

2.28 - Plano ambiental de conservação e uso do entorno do reservatório................ XII - 54

2.28.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 54

2.28.2 - Justificativas ............................................................................................. XII - 54

2.28.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 54

2.28.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 57

2.28.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 57

2.29 - Programa de gerenciamento ambiental.............................................................. XII - 58

2.29.1 - Objetivos.................................................................................................... XII - 58

2.29.2 - Justificativas ............................................................................................. XII - 58

2.29.3 - Procedimentos .......................................................................................... XII - 58

2.29.4 - Prazo de execução.................................................................................... XII - 59

2.29.5 - Agente executor ........................................................................................ XII - 59

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8812/00-6B-RL-0001-0 Sumário geral - 17

Capítulo XIII- Prognóstico Ambiental

1 - A região sem o empreendimento ................................................................................... XIII - 32 - A região com o empreendimento................................................................................... XIII - 4

Capítulo XIV - Glossário

1 - Glossário .........................................................................................................................XIV - 32 - Referências bibliográficas............................................................................................XIV - 12

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Desenvix S/AUHE Baixo Iguaçu

Meio AmbienteEstudo de Impacto Ambiental

Capítulo X – Análise integrada

8812/00-6B-RL-0001-0

9 de novembro de 2004

Elab.:TLCC/FAR/CGM

Verif.:CGM

Aprov.:JBCF

Final.

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8812/00-6B-RL-0001-0 X - 2

Sumário p.

1 - Área de influência macroregional ..................................................................................... X - 3

1.1 - Aspectos metodológicos .............................................................................................. X - 3

1.1.1 - Concepção geral ............................................................................................... X - 3

1.1.2 - Seleção de indicadores ..................................................................................... X - 4

1.1.3 - Integração dos dados........................................................................................ X - 8

1.2 - Análise de sensibilidade ambiental ............................................................................ X - 11

2 - Área de influência indireta e direta ................................................................................. X - 15

2.1 - Aspectos metodológicos ............................................................................................ X - 15

2.2 - Análise integrada ....................................................................................................... X - 15

2.2.1 - Determinantes físicos da paisagem................................................................. X - 15

2.2.2 - O processo de ocupação e uso dos recursos naturais .................................... X - 17

2.2.3 - Características atuais...................................................................................... X - 20

3 - Referências bibliográficas............................................................................................... X - 24

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8812/00-6B-RL-0001-0 X - 3

Capítulo - X – Análise Integrada

1 - Área de influência macroregional

1.1 - Aspectos metodológicos

1.1.1 - Concepção geral

Para a análise integrada da área de influência macroregional, a proposição metodológicafundamentou-se no apoio de ferramentas de geoprocessamento. Dada a grande extensãoda área, mostrou-se fundamental, neste caso, o desenvolvimento e uso de processosobjetivos de integração de dados, que pudessem ser analisados separadamente bemcomo em conjunto com outros fatores ambientais diagnosticados.

Dessa forma, efetuou-se uma vasta revisão bibliográfica sobre a bacia do rio Iguaçu,sendo elaborados textos de diagnósticos apresentados nos capítulos VII, VIII e IX.Paralelamente, foram estuadas as metodologias mais recentes para análise de baciasque pudessem ter aplicações em avaliação de impactos de hidrelétricas, de forma amelhor compor a metodologia utilizada.

Ressaltam-se os procedimentos metodológicos constantes no Manual de Inventário daELETROBRÁS (1997) e nos documentos do CEPEL (2003) e PIRES (2003, 2002), queproporcionaram o estabelecimento de um contraponto importante nas discussões entreparte dos integrantes da equipe multidiscilpinar.

A partir do estudo dessas metodologias, foram estabelecidos indicadores que melhorpermitissem a análise da área, considerando ainda a disponibilidade de dados, aamplitude geográfica dos mesmos e sua temporalidade. Os indicadores foramcontrapostos aos estudos bibliográficos, permitindo uma melhor descrição da área aanálise quando a sua dinâmica e inter-relações ambientais.

Esses indicadores são apresentados no item 1.1.2 a seguir. Os mesmos geraram diversasplanilhas de classificação e hierarquização de dados, que por sua vez gerarammapeamentos temáticos, utilizando-se o arcview. Tais mapeamentos foram dispostosseparadamente em painéis temáticos, mostrados nos desenhos 8812/00-6B-A1-5003 a5005.

Adotou-se então, uma abordagem de avaliação por critérios múltiplos dos fatores quedeterminam a sensibilidade ambiental da bacia, tomando-se dois temas convergentes:fragilidade natural (determinada por indicadores físicos e bióticos) e pressão antrópica(indicadores socioeconômicos).

A fragilidade natural é definida como o grau de fragilidade determinada pelo estado daárea de trabalho, ou seja, a cobertura do solo, a suscetibilidade à erosão, a presença defocos de calor (queimadas), a fragmentação florestal, etc., bem como pelos processosnaturais atuantes (pluviosidade, por exemplo).

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Pressão antrópica é aquela derivada dos processos atuantes na bacia, em função daatividade humana exclusivamente (incremento populacional, agropecuária, densidadedemográfica, etc.).

Os índices gerados a partir da fragilidade natural e da pressão antrópica foram integradosem um único índice, de sensibilidade ambiental.

1.1.2 - Seleção de indicadores

a) Definição dos indicadores

A seleção de indicadores para avaliar a fragilidade natural e a pressão antrópica da baciado Rio Iguaçu levou em consideração duas condições imprescindíveis: disponibilidade dedados espacializáveis para toda a área de trabalho e relevância do indicador como fatorefetivo de fragilidade ou de pressão.

A fragilidade natural considerou 12 indicadores:

- Aquicultores e pescadores – soma de aquicultores e pescadores registrados pormunicípio (http://www.presidencia.gov.br/seap);

- Áreas prioritárias para conservação – áreas definidas como prioritárias paraconservação da biodiversidade (MMA, 2004);

- Áreas protegidas – áreas legalmente instituídas como unidades de conservaçãofederais ou estaduais ou como terras indígenas;

- Circularidade – índice de circularidade dos remanescentes florestais;

- Cobertura do Solo – categorias de cobertura do solo, conforme seu grau defragilidade;

- Conectividade florestal – grau de conectividade entre os remanescentes florestais;

- Efeito de borda – intensidade de efeitos de ecótono nas bordas dos remanescentesflorestais;

- Focos de calor – distância de focos de calor constantes no banco de dados do InstitutoNacional de Pesquisas Espaciais (http://www.cptec.inpe.br/products/queimadas/);

- Municípios com unidades de conservação – número de unidades de conservação deadministração municipal espacializadas por município (indicador complementar àsunidades de conservação federais e estaduais, em virtude da não disponibilidade deuma fonte atualizada para os polígonos dessas áreas);

- Qualidade da água – qualidade da água por trecho da bacia do Rio Iguaçu(SUDERHSA, 2004);

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- Suscetibilidade à erosão laminar – índice de suscetibilidade à erosão laminar geradomediante avaliação por critérios múltiplos, ponderando os fatores erodibilidade do solo,pluviosidade, densidade de vegetação e declividade;

- Tamanho do remanescente – tamanho de cada remanescente florestal

Para gerar o índice de pressão antrópica, ponderou-se nove indicadores:

- Densidade da população total – densidade demográfica humana por município(habitantes/km², dados do IBGE, Censo demográfico de 2000);

- Densidade de aves – densidade do efetivo avícola por município (número decabeças/km², dados do IBGE da pesquisa pecuária municipal, 2002);

- Densidade de suínos – densidade do efetivo suíno por município (número decabeças/km², dados do IBGE da pesquisa pecuária municipal, 2002);

- Nível de centralidade municipal – relação entre os municípios pólos e os outrosmunicípios em seu raio de influência, considerando que a pressão antrópica é maiornos pólos, diminuindo conforme a distância aumenta (dados do IBGE – Região deInfluência das Cidades, 1993);

- Faixas de população total - tamanho da população municipal por intervalo de classe(até 10 mil, de 10 a 50 mil, de 50 a 100 mil, de 100 a 200 mil, de 200 a 500 mil e acimade 500 habitantes, dados do IBGE, Censo Demográfico, 2000);

- IDH – Índice de Desenvolvimento Humano municipal (IPEA – Atlas dodesenvolvimento himano no Brasil, 2002);

- Intensidade da malha rodoviária – peso atribuído a cada município em função de seratravessado por uma rodovia estadual, mais de uma rodovia estadual ou pela BR-277;

- Intensidade de cultura de soja – toneladas produzidas por município (dados do IBGE,Pesquisa Agrícola Municipal, 2002);

- Intensidade do crescimento populacional – incremento populacional entre os censosde 1991 e 2000 (taxa geométrica de crescimento, calculada a partir dos dados doIBGE, Censo Demográfico 2000 e 1991.

b) Principais aspectos dos indicadores selecionados

Conforme apresentado, os indicadores buscaram a composição de dois temasconvergentes, a fragilidade natural e a pressão antrópica.

Para a determinação da fragilidade natural, foram utilizados indicadores que relacionaramcoaracteísticas físicas e bióticas. Considerou-se a suscetibilidade a erosão dos solos porrepresentar uma expressão contundente de processos de fragilização ambiental. Esteindicador integrou a pluviosidade, as tipologias dos solos e declividade. Quanto maisacentuadas essas características, mais suscetíveis a erosão laminar.

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Os aspectos bióticos foram analisados, principalmente a partir do mapeamento dacobertura do solo na bacia do rio Iguaçu. Este foi feito utilizando-se a cena H13V11 doinstrumento MODIS do satélite TERRA, bandas azul, vermelho, infravermelho próximo einfravermelho médio, datada de 08/05/2004, com resolução de 250 metros.

As quatro bandas passaram por classificação não supervisionada por análise deagrupamentos (clusters), e posterior associação dos agrupamentos às classes decobertura, mediante comparação com pontos de campo em percurso ao longo do eixolongitudinal da bacia, avaliação visual das características analógicas da imagem emcomposição RGB (cores verdadeiras), e comparação com cenas CBERS-2 e Landsat empoder da empresa.

Como categorias de cobertura do solo, adotou-se sete classes:

- Floresta Estacional Semidecidual – remanescentes florestais no baixo Rio Iguaçu etributários, em altitudes inferiores a 500 metros, com predominância fisionômica delatifoliadas (angiospermas);

- Floresta Ombrófila Mista – remanescentes florestais em altitudes superiores a 500metros, com predominância fisionômica de Araucaria angustifolia;

- Silvicultura – cultivos florestais em talhões, independentemente da espécie plantada;

- Agropecuária – áreas desmatadas e cobertas com cultivos comerciais ou pastagens;

- Solo Exposto – áreas com solo exposto ou recém lavrado;

- Área Urbana - áreas urbanizadas;

- Água – corpos d’água detectáveis considerando a resolução do satélite.

Em virtude da resolução do sensor MODIS, não se pode observar nitidamente os talhõesde silvicultura como em imagens de média resolução (CBERS, LANDSAT). Portantooptou-se por utilizar as imagens de melhor resolução para digitalizar os contornos deextensos empreendimentos madeireiros, e a partir desses polígonos, corrigir os pixelsclassificados como floresta nativa para floresta plantada.

A discriminação entre os tipos florestais utilizou o critério de altitude, considerando asáreas florestadas acima de 500m como Floresta Ombrófila Mista (Castella & Britez, 2004),e abaixo, Floresta Estacional Semidecidual. Um modelo digital de elevação derivado doSRTM (Shuttle Radar Topography Mission, ftp://edcsgs9.cr.usgs.gov/pub/data/srtm), comresolução original de 90m, foi reamostrado para 250m e utilizado com essa finalidade.

O mapa final de cobertura do solo foi generalizado para exclusão de manchas com menosde 25 hectares, o que serviu para remoção de ruído e compatibilização com a escala de1:1.000.000, definida como escala de trabalho para o contexto macrorregional.

A partir do mapeamento a análise da paisagem compreendeu o cálculo de quatroindicadores: conectividade florestal, efeito de borda, tamanho dos remanescentesflorestais e circularidade dos fragmentos.

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- Conectividade florestal – expressa como a distância até a floresta mais próxima,gerada mediante um mapa de distâncias a partir da imagem booleana dosremanescentes florestais;

- Tamanho dos remanescentes – cálculo da área de cada remanescente florestal(lembrando que para o contexto macrorregional a área mínima considerada foi de25ha);

- Efeito de borda – distância, dentro dos remanescentes florestais, até a borda maispróxima;

- Circularidade – índice de circularidade (Christofoleti, 1999) ou de compactibilidade(Forman, 1999) de cada remanescente florestal, expresso pela fórmula

cc A

AI = =

pA�2

onde A é a área do fragmento considerado, Ac é a área do círculo com perímetro idênticoao mesmo fragmento e p o perímetro.

O índice de circularidade varia de 0 a 1, e quanto mais próximo de 1, melhor a condiçãodos fragmentos (1 equivale a um círculo perfeito). Utilizou-se a média dos índices decircularidade calculados para cada um dos fragmentos.

Alguns dos indicadores selecionados trazem informações indiretas sobre a pressãosofrida pelos recursos naturais. Os focos de calor indicam aquelas área mais impactadaspela ação de queimadas, mas deve-se deixar claro que nem todo foco de calor representanecessariamente uma queimada. A presença de pescadores cadastrados em ummunicípio indica a existência de espécies de peixes comerciais na região em quantidadesignificativa e, ao mesmo tempo, uma pressão sobre o recurso pesqueiro.

Foram considerados ainda, a existência de áreas especiais, com unidades deconservação, terras indígenas e áreas prioritárias para conservação, como regiões onde afragilidade natural assume importância devido ao status de conservação que algumasdessas áreas possua, influenciando na qualidade ambiental da região.

Para a determinação da pressão antrópica, foram, inicialmente, processados dados parao conjunto dos municípios, o que permitiu o cálculo do Fator de Pressão AntrópicaMunicipal – FPM (desenho 8812/00-6B-A1-5006). Esse fator expressa a pressão quecada município exerce sobre os recursos naturais, sendo construído a partir doselementos relacionados à demografia, às condições sociais, às atividades econômicas e àorganização do território.

Os dados relativos à demografia consistiram no tamanho da população total, naintensidade do crescimento populacional e na densidade demográfica. Sobre a dimensãoda população, foram evidenciadas as faixas de população, em que, quanto maior apopulação do município, maior a pressão exercida sobre os recursos naturais. Da mesmaforma, analisou-se a intensidade do crescimento populacional, calculada a partir das taxasgeométricas de crescimento e que incorpora em seus cálculos, a evolução da populaçãototal, urbana e rural. Assim, quanto maior a intensidade do crescimento, também maior a

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pressão sobre o meio ambiente.

A densidade populacional foi outro fator analisado, relativizando o tamanho da populaçãoao espaço por ela ocupado. Igualmente, quanto maior a densidade, maior seriam aspressões sobre o ambiente.

Para as condições sociais, utilizou-se o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, comorepresentativo de diversos elementos sociais da população, como condições de saúde, deeducação e renda.

Embora a leitura mais comum deste indicador aponte para a interpretação do baixodesenvolvimento humano como fonte de sobrecarga aos recursos naturais, é importantedestacar que altos níveis de desenvolvimento humano também estão associados apressão sobre esses recursos, talvez em maior escala. Isto porque melhores condiçõesde renda, um dos principais indicadores do IDH, geralmente estão associadas ao maiorconsumo de recursos, direta e indiretamente, como forma de manutenção dos padrõesusualmente definidos de qualidade de vida, em geral associados a bens de consumo e aprodução dos mesmos.

Considerando a área em estudo, optou-se pela leitura onde quanto maiores os níveissociais da população, maior a pressão sobre os recursos naturais e sua disponibilidade,aqui considerando que as melhores condições sociais estão associados, entre outrosaspectos ao acesso a crédito e a implementos agrícolas, como fertilizantes e agrotóxicos.

Os fatores econômicos considerados voltaram-se para os aspectos relacionados aatividades agropecuárias, por sua relação direta com o uso dos recursos naturais e pelamaior disponibilidade de informações desagregadas para municípios. Foram entãoanalisados os efetivos de aves - seu número absoluto e a densidade - por ser a atividadepredominante na região e cuja intensidade pressiona os recursos naturais. Foramcalculadas, ainda, a presença e a intensidade de culturas comerciais, como a soja, pornecessitar, em seu desenvolvimento, de insumos e recursos que geralmente pressionamo meio ambiente.

Em relação ao território, foi avaliada a densidade do sistema viário, em que a presença deestradas foi considerada como um facilitador à ocupação do espaço e de sua utilização,sendo portanto, um elemento de pressão sobre o ambiente. Incluiu-se ainda as redes depolarização de cidades, dado que esse aspecto também expressa atividades urbanas eindustriais de porte, completando o rol de indicadores econômicos.

1.1.3 - Integração dos dados

A integração dos fatores determinantes de cada fase da análise macrorregional da foirealizada por combinação linear ponderada. Para gerar os respectivos índices, os 12indicadores de fragilidade natural e os 9 de pressão antrópica foram padronizados, ouseja, modificados de sua escala de valores original para um intervalo entre 0 e 1, sendo 0a menor contribuição para a fragilidade ou pressão, e 1 a maior contribuição.

Essa padronização reduz todos os indicadores à mesma escala, produzindo novos mapasdiretamente comparáveis (outrossim a integração estaria ponderando habitantes/km² com

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toneladas de soja/ano, por exemplo). Sendo uma ponderação, fez-se necessárioestabelecer pesos diferenciados para cada fator, estabelecidos por avaliação dosespecialistas sobre quais contribuiriam mais para o índice a ser gerado (tabela 1.1). Asoma de todos os pesos acompanha a escala de cada fator, ou seja, equivale a 1.

Tabela 1.1Pesos relativos atribuídos aos fatores de fragilidade natural e pressão antrópica

Fragilidade Natural Pressão Antrópica

Fator Peso Fator Peso

Aquicultores e pescadores 0,0128 Centralidade 0.3077

Efeito de borda 0,1282 Densidade da População Total 0.0962

Circularidade 0,1154 Densidade de Aves 0.0577

Cobertura do Solo 0,1538 Densidade de Suínos 0.0385

Conectividade florestal 0,1410 Faixas de População Total 0.1538

Suscetibilidade à erosão laminar 0,0385 IDH 0.1346

Focos de calor 0,0513 Intensidade da Malha Rodoviária 0.0769

Municípios c/ Ucs 0,0769 Intensidade de cultura de soja 0.0192

Áreas prioritárias para conservação 0,0641 Intensidade do Crescimento Populacional 0.1154

Qualidade da água 0,0256Tamanho do remanescente 0,1026Áreas protegidas 0,0897

Para gerar o mapa de sensibilidade ambiental procedeu-se a nova integração, dessa vezentre os mapas de fragilidade natural e de pressão antrópica. A figura a seguir ilustra ospassos dessa integração.

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Figura 1-1Integração dos indicadores

Aquicultores e pescadores

Efeito de borda

Circularidade

Cobertura do solo

Conectividade florestal

Suscetibilidade à erosão:

• erodibilidade do solo

• pluviosidade;

• densidade da vegetação

Focos de calor

Municípios com UCs

Áreas prioritárias para

Qualidade da água

Tamanho do remanescente

Áreas protegidas

Densidade da população total

Centralidade

Densidade de aves

Densidade de bovinos

Densidade de suínos

Faixa de população total

IDH

Intensidade da malha viária

Intensidade da cultura de soja

Intensidade do crescimentopopulacional

Fragilidade natural

Pressão antrópica

Sensibilidade ambiental

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1.2 - Análise de sensibilidade ambiental

Os resultados das integrações relativas à fragilidade natural e à pressão antrópica podemser observados no desenho 8812/00-6B-A1-5006-0. A maior parcela da bacia encontra-seem condição de fragilidade baixa ou média (até aproximadamente 0,405), correspondenteàs células até a primeira moda da figura 1.2.

Essas áreas são os interstícios entre grandes centros urbanos, unidades de conservação,terras indígenas e a Serra da Boa Esperança, com suscetibilidade à erosão laminar via deregra baixa ou média e menor densidade de focos de calor (queimadas).

A segunda moda do gráfico de fragilidade natural compreende principalmente a porçãomédia da bacia, do entorno da APA da Serra da Boa Esperança para o sul, bem comoentre a mesma e a encosta da Serra do Mar. Nessas áreas, há baixa conectividadeflorestal, associada à constatação de muitos focos de calor e suscetibilidade à erosãolaminar de média a alta.

Figura 1.2Histograma e estatística descritiva do mapa de fragilidade natural (abcissa = valor

do índice de fragilidade, ordenada = número de células da imagem)

Entre 0,450 e 0,850 predominam as bordas de áreas protegidas (unidades deconservação e terras indígenas, bem como remanescentes florestais de maioresdimensões na Serra da Boa Esperança e ao sul da mesma. Considerou-se as mesmascomo áreas de fragilidade elevada.

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Acima de 0,850, com fragilidade muito elevada, há o Parque Nacional de Iguaçu, porçõesmelhor conservadas da APA da Serra da Boa Esperança e alguns outros remanescentesflorestais significativos, fora de áreas protegidas, nos quais a conectividade é alta e oefeito de borda, baixo. Do ponto de vista de fragilidade natural, essas são as áreas maiscríticas à fragilidade na bacia do Rio Iguaçu.

A avaliação em escala municipal indica, conforme esperado, alguns centros populacionaiscomo principais focos de pressão antrópica. Curitiba é o município que exerce maiorpressão na bacia hidrográfica. Seguem-se a Curitiba Cascavel, Foz do Iguaçu, Pinhais,São Bento do Sul, Pato Branco, Araucária e Medianeira.

A grande maioria dos municípios apresenta valores próximos à média (0,293 ± 1 desviopadrão – figura 1.3). Com valores inferiores a um desvio padrão abaixo da média destaca-se a porção central da bacia, no eixo entre Rebouças e Boa Esperança do Iguaçu, emunicípios nas regiões sudoeste e sudeste.

Figura 1.3Histograma e estatística descritiva do mapa de pressão antrópica (abcissa = valor

do índice de pressão, ordenada = número de células da imagem)

O mapa de sensibilidade ambiental (desenho 8812/00-6B-A1-5007-0) destacapreponderância de áreas com baixa e média sensibilidades.

Pode-se agrupar a área de trabalho em cinco categorias de sensibilidade, utilizando-secomo critério os valores de média e desvio padrão do mapa (figura 1.4):

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1. Sensibilidade muito reduzida – valores entre 0 e 0,118 (máximo do intervalo de classe= média - 2 desvios padrão);

2. Sensibilidade reduzida – valores entre 0, 118 e 0,261 (máximo do intervalo de classe =média -1 desvio padrão);

3. Sensibilidade média – valores entre 0, 261 e 0,547 (máximo do intervalo de classe =média + 1 desvio padrão);

4. Sensibilidade elevada – valores entre 0, 547 e 0,690 (máximo do intervalo de classe =média + 2 desvios padrão);

5. Sensibilidade muito elevada – valores entre 0,690 e 1.

Figura 1.4Histograma e estatística descritiva do mapa de sensibilidade ambiental (abcissa =

valor do índice de sensibilidade, ordenada = número de células da imagem)

O desenho 8812/00-6B-A1-5007-0 pode ser simplificado com essa classificação,conforme mostram as figuras 1.5 e 1.6. Na maior parte da bacia a sensibilidade ambientalpode ser considerada entre reduzida e média (somando 84% da área).

A região metropolitana de Curitiba, assim como outros municípios cujos indicadores deintensidade do crescimento populacional, maior centralidade urbana, figuram comoregiões de elevada sensibilidade ambiental, face a pressão exercida sobre os recursosnaturais desses fatores.

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Destacam-se quatro áreas com valores muito elevados, o Parque Nacional de Iguaçu, omunicípio de Cascavel, alguns trechos da Serra da Boa Esperança (tanto dentro quantofora da APA) e pequenas manchas no extremo leste da bacia.

Figura 1.5Mapa de sensibilidade ambiental - valores distribuídos em 5 classes nominais

Figura 1.6Detalhe do mapa de sensibilidade ambiental

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Dentro desse contexto a UHE Baixo Iguaçu situa-se no trecho de reduzida fragilidadenatural, afetando pequenas parcelas das áreas de produção agrícola, jádescaracterizadas pelos processos produtivos.

Por outro lado, localiza-se em área de a sua proximidade do Parque Nacional é um fatorde importância expressiva, e, mesmo estando localizado em área de reduzidasensibilidade ambiental, uma análise associando a implantação da UHE Baixo Iguaçu àpresença do parque impõem a necessidade da consideração de medidas de controle,monitoramento e compensações capazes de reduzir as pressões sobre aquela unidadede conservação.

Os maiores impactos nas áreas mais frágeis estão associados a outras atividades jáexistentes na área dos estudos, tais como, a agricultura e a ocupação desordenada , comconsequências negativas, já apresentadas, nos ecossistemas e na qualidade da água.

2 - Área de influência indireta e direta

2.1 - Aspectos metodológicos

Para a análise integrada das áreas de influência no contexto local (área de influênciaindireta e direta) adotou-se procedimentos metodológicos calcados nas integrações adhoc, considerando as reuniões de temáticas, a exposição dos dados de cada disciplina ea inter-relação entre desenhos e conclusões de cada diagnóstico.

Dada a escala de análise e as diferenças entre as definições da área de influência dosmeios físico e biótico e socioeconômico, optou-se por análises qualitativas einterpretativas, a partir dos dados obtidos nos estudos ambientais bem como durante aetapa anterior, de inventário.

Assim, buscou-se uma compreensão dos aspectos relevantes da área de influência,considerando-se as possíveis inter-relações entre os diversos fatores que a compõem, ouseja, os fatores físicos, bióticos e socioeconômicos.

2.2 - Análise integrada

2.2.1 - Determinantes físicos da paisagem

Na região da bacia do rio Iguaçu o clima se apresenta como subtropical úmidomesotérmico, com verões quentes, geadas menos freqüentes e chuvas concentradas nosmeses de verão, mas sem uma estação seca definida. Tal regime de chuvas, semperíodos de secas definido, favoreceu a formação de uma bacia hidrográfica cujadisponibilidade dos recursos hídricos superficiais é muito expressiva ao longo de todo umano.

A configuração geológica da região foi dada após período de intensos movimentostectônicos e de vulcanismo, após o qual a bacia sofreu rápido ciclo erosivo. Os traçosmorfológicos marcantes são resultantes das especifidades típicas dos basaltos

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(derramamentos) em termos de intemperismo e erosão, e dos mecanismosmorfoclimáticos.

Esses mecanismos de formação teriam agido de forma alternada com fases semi-árida,de aplanamento e pediplanação, e de fases úmidas de entalhamento fluvial linear.

Nesse quadro os divisores hidrográficos da região, formadas por cristas elevadas erelativamente planas, suavemente inclinadas no sentido do rio Paraná e do rio Iguaçu,constituem remanescentes de uma externa superfície aplanada.

Os episódios morfológicos subseqüentes (paleoclimáticos) dissecaram essa superfície,reduzindo-a a um mosaico de mesetas e platôs de extensões variáveis, cujas altitudesdiminuem gradativamente no sentido do rio Iguaçu, separados pelos vales onde sedesenvolve a rede hidrográfica atual.

Abaixo do nível das mesetas, as encostas apresentam topografia em degraus, típica dageologia basáltica. Nela se observam zonas mais íngremes, em geral coincidentes comas camadas de basaltos maciços e terraços suavemente inclinados, esculpidos nastransições entre derrames.

Essa conformação geomorfológica muito acidentada, associada a disponibilidade dosrecursos hídricos, já mencionada, deram a essa bacia grande relevância no aspecto degeração de energia hidráulica com exploração dos trechos mais íngremes dos vales,associados a construção de barragens nessas zonas de maciços basálticos.

O estágio atual da evolução da drenagem é predominantemente erosiva, sendo que no rioIguaçu, a maior energia do escoamento arredondou as curvas. Nos seus menoresafluentes ainda se pode notar a conformação angulosa dos vales, bastante associada aopadrão de fraturas.

Como fatores recentes que tem atuado em processos erosivos nas margens dos rios,destaca-se o trecho a jusante da UHE Salto Caxias, onde é observado o impacto deerosão de margens quando a usina opera em regime de ponta, pois a mesma gera umaumento instantâneo na vazão. A atenuação desse fenômeno pela UHE Baixo Iguaçu éimprovável, mas teoricamente, regras operativas especiais poderiam atenuar essesefeitos. No entanto, tal possibilidade depende da avaliação de diversos agentesinteressados, não cabendo a um deles, isoladamente, estabelecer quaisquer condiçõespara tanto.

Os saltos e corredeiras, comuns na região, também resultam dessas fases erosivas. Ascachoeiras esculpidas no basalto, em geral, mostram quedas verticais devido às camadasde basalto colunar. Essas características também reforçam a grande aptidão paraexploração da energia hidráulica, já muito aproveitada na bacia.

O material de origem predominante dos solos na região é o das rochas basálticas daformação Serra Geral. Essas rochas deram origem a solos com textura argiloza a muitoargiloza (com mais de 40% de argila). É freqüente na região passagem com mesetas,estrutura típica de topos de derrames basálticos, o que deram origem a relevo suaveondulado a ondulado, o que favorecem as atividades agrícolas nestas áreas.

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Os solos mais adequados para atividade agrícola identificadas na bacia, situam-se na suaporção oeste, em áreas que se estendem desde Pato Branco (PR) até Laranjeiras do Sul(PR), em sentido norte-sul, e de Foz do Iguaçu (PR) até as subacias dos rios Cavernoso ePinhão.

A área de influência do empreendimento está situada nesta região da bacia, com a maiorparte dos solos constituída por Latossolo Roxo e Terra Roxa Estruturada (66%), isto é,solos de boa aptidão agrícola (classes 1 e 2).

A boa formação dos solos permitiu a exploração das terras para a agricultura, que sóvieram a ocorrer em datas relativamente recentes, em parte, por questõessocioeconômicas e também devido a existência das Serras da Esperança, do Jacu e doItatim, que dificultaram a interligação desta região com o Alto Rio Iguaçu. A penetraçãoagrícola se deu pela porção sul da área de influência oriunda dos estados do Rio Grandedo Sul e Santa Catarina, tal qual o processo de colonização da região.

2.2.2 - O processo de ocupação e uso dos recursos naturais

O processo de ocupação da área de estudo foi marcado pela colonização direcionadapelo poder público, com o assentamento de famílias vindas do Rio Grande do Sul, emlotes pequenos, em campanhas orientadas pelo Estado e executadas por companhias decolonização. Tais companhias traziam, principalmente, alemães, italianos e eslavos, emum contingente expressivo de famílias rurais, para serem assentadas em áreas dedimensões pequenas, entre 20 a 30 hectares em média, nas chamadas linhas (originadaspelos desenhos lineares dos primeiros povoados instalados pelo governo imperial) oucolônias.

Como afirma BALHAMA (IPARDES, 1996, p. 40-41), “(...) a palavra colonização, nomesmo período (após a Independência do Brasil), foi usada para caracterizar a imigraçãodestinada à formação de núcleos de povoamento e de produção agrícola, razão porque,os três estados do sul do Brasil colono significa pequeno proprietário, ou seja, um lavradorindependente, ao passo que colônia constitui o agrupamento dessas propriedadesagrícolas”.

O oeste e o sudoeste do Paraná estiveram relativamente à margem desse processo, até,pelo menos os anos de 1940. Até então, no Oeste, a grande fronteira com a Argentinaestava demarcada pelo rio Paraná e, durante o Império (1822-1889), a região manteve-secomo um vazio demográfico. Nessa época, dominavam a paisagem as florestas comaraucária e as florestas estacionais semideciduais. Não havia interesse em sua ocupação,conforme WACHOWICZ (2001).

Segundo esse autor, acordos de navegação no rio Paraná, entre Argentina, Brasil eParaguai, no século XIX, tornaram a região oeste paranaense atrativa aos argentinos eparaguaios, que estabeleceram as chamadas obrages, um tipo de exploração extrativistada erva-mate. Ao final do século XIX, a população do oeste era mínima, sendo descritopor WACHOWICZ (ibid.), uma expedição de Guarapuava até Foz do Iguaçu, onde foiregistrado, em 1889, 324 habitantes, em sua maioria, argentinos e paraguaios, sendoapenas nove brasileiros.

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As obrages prosperaram até 1930, quando a população em Foz do Iguaçu chegou acerca de 10.000 pessoas. No entanto, a auto-suficiência Argentina na obtenção de erva-mate consolidou-se nesse período, e as terras brasileiras foram gradualmente sendoabandonadas. As obrages restantes passaram a se dedicar da exploração da madeira.

De acordo com Peris (2004), “com a crise da erva-mate os “obrageiros” começaram aextração da madeira. Nos mesmos moldes da extração da erva-mate. Em um sistema deextrativismo seletivo. Eles conseguem extrair da floresta as madeiras de valor comercial equando chegaram os colonos agricultores na Região, por volta de 1950, só encontraramos troncos das árvores de madeiras de lei. As toras já tinham sido extraídas pelos“obrageiros”.

A intensidade da extração madeireira, em especial das reservas nativas de araucária, esuas implicações ambientais, suscitou o surgimento de medidas de controle e fiscalizaçãodessa atividade. O Código Florestal Brasileiro, instituído pela Lei 4.771, de 1965, já incluíaas matas de araucária enquanto recursos a serem explorados racionalmente, de modo ase evitar sua eliminação. Mais recentemente, políticas de fiscalização buscam impedir asupressão da vegetação de araucárias, ou repô-las como formas de compensação.

Neste contexto, foi criado o Parque Nacional do Iguaçu, como elemento estratégico nafronteira nacional e como forma de conservar um dos últimos remanescentes de florestas,já que a indústria madeireira não deixava dúvidas sobre a intensidade e sua vontade deexplorar os recursos existentes.

Entre as características da região, a presença da Cataratas do rio Iguaçu impressionoufortemente as personalidades que por lá passaram. Foi Santos Dumont, que, em 1916recomendou diretamente ao presidente da província do Paraná que dispensasse maioresatenções e cuidados com as cataratas e as áreas de seu entorno, salientando que asmesmas deveriam ser de domínio público, face a sua importância e beleza cênica. Essasáreas correspondiam a 1.008 hectares, e no mesmo ano foi promulgado um decretodeclarando-as de utilidade pública.

A área do parque foi ampliada em dois momentos fundamentais, em 1930, quando a áreadesapropriada passa a 3.300 hectares, já com o indicativo para a formação de um parquenacional, e em 1944, quando foi promovida uma grande expansão de seus territórios,atingido praticamente seus limites atuais. Observa-se que a decretação da área comoParque Nacional ocorreu em 1939.

A ampliação mais representativa do parque foi motivada pela recomendação de seincluírem zonas de maior altitude, onde se localizavam pinheirais. A inclusão formaldessas áreas se deu em 1944, mas sua incorporação efetiva, com os levantamentosfundiários e as desapropriações necessárias foi concretizada ao longo dos anos de 1970.Em 1981 foi decretado seus limites atuais, que incluem o leito do rio Iguaçu e as ilhas alilocalizadas

Paralelamente a consolidação do Parque Nacional do Iguaçu, a região, bem como todo oestado do Paraná passaria por grandes mudanças em suas bases tecnológicas e deexploração dos recursos naturais.

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A base técnica do sistema camponês então vigente, estava calcada fundamentalmenteem processos lentos, que acompanhavam o ritmo de recuperação do solo, através deciclos de cultivo-pousio longos. O uso dos recursos naturais, em especial a fertilidadenatural dos solos, a disponibilidade hídrica e a estabilidade proporcionada pelamanutenção de áreas de vegetação e pousio, contava com pouca interferência dosprodutores rurais, e em baixa intensidade.

A mudança ocorrida em todo o Paraná, a partir dos anos de 1960, com a introdução doscultivos temporários de caráter comercial, as commodities, especialmente a soja,repercutiu intensamente em todas as esferas da vida social e econômica da região.

De acordo com ABRAMOVAY (1984), verificou-se, no início dos anos de 1970, umamudança rápida e intensa na paisagem rural do sudoeste paranaense, com a derrubada dasmatas de araucária e a incorporação das áreas de pousio ao sistema de produção anual.

A forma de utilização das terras estava mudando para o novo sistema produtivo, resultado deuma política governamental que tornou acessível o crédito e os meios necessários para aincorporação da ciência na agricultura, através de bases mecânicas, químicas e biológicas.

ABRAMOVAY destaca, ainda, que a supressão das florestas favoreceu o aparecimentode muitas ervas daninhas, cuja retirada também demandava ainda mais a introdução dedefensivos químicos, uma vez que “a limpeza do terreno contra estas pragas é uma dastarefas agrícolas mais penosas e demoradas” (opt. cit., p. 112). Do mesmo modo, aintensa utilização das terras, juntamente com o desmatamento, deixaram os solosexpostos a processos erosivos de grandes dimensões, fomentando processos de perdade fertilidade e desertificação em algumas áreas do Paraná.

Ressalta-se que as alterações verificadas não atingiram a todos os pequenos agricultorescom a mesma intensidade, mas forçou uma adaptação em menor ou maior grau a umanova base técnica, menos dependente da natureza e mais engajada em processosinduzidos química e biologicamente.

As novas tecnologias eram, então, poupadoras de mão-de-obra. Nos estudos deABRAMOVAY (1984), há uma referência que indica que, a colheita manual do milhoutiliza-se de oito pessoas por hectare, ao passo que a mecanizada apenas uma, e, emrelação ao trigo, esta proporção situa-se em onze para um.

De acordo com estudos do INCRA (2000, p. 2), “Neste processo de desenvolvimento, nãofoi previsto um espaço para a incorporação da pequena e da média propriedade que, semqualquer diretriz de política econômica a seu favor, sofreram um processo de espoliaçãomaior do que o normal, pois, excluídos de crédito e de comercialização, se fragilizaram,dando origem ao grande êxodo rural ocorrido nas décadas de 70 e 80, após aconsolidação deste modelo”.

Destaca-se que este processo, conforme relatado nos estudos do INCRA, de fato ocorreupara a região Sul do país como um todo, mas traços diferenciados entre os estados e dentrode cada estado puderam ser verificados, e no caso do Paraná e a região oeste e sudoeste,onde os municípios da área de estudo estão inseridos, há diferenças importantes.

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Apesar dos inegáveis efeitos que a modernização trouxe para a sociedade rural,ABRAMOVAY (1984) afirma que no sudoeste do Paraná, uma grande parte das pequenaspropriedades se adequou ao novo sistema, e incorporou as técnicas de quimificação,mecanização e os métodos biológicos. Foi um desdobramento diferente ao ocorrido nonorte do Estado, onde a desmobilização socioeconômica foi muito mais intensa devido àredução extrema do número de empregos no campo e à reordenação fundiária a favor depropriedades maiores.

A população das pequenas propriedades reordenou seus sistemas produtivos em novasbases. Como afirma ABRAMOVAY (ibid., p.125-126) “o fenômeno importante aqui doponto de vista microrregional (que se contrapõem as tendências opostas manifestadas emoutras regiões do Estado e do País) reside na base camponesa em que se fundamentouem grande parte o progresso técnico na agricultura do Sudoeste Paranaense.” Esseprocesso também pode ser sentido na porção oeste da área de estudo.

A importante constatação desse autor diz respeito à manutenção da pequena propriedadefamiliar na porção sudoeste do Estado onde se insere a área de estudo, tendência quepode ser verificada por dados demográficos onde, embora tenha ocorrido a redução dapopulação rural, ela permaneceu importante em boa parte dos municípios, bem como suasustentação econômica voltada a agropecuária em pequenas propriedades.

2.2.3 - Características atuais

O resultado desse processo de ocupação foi que a vegetação original da região, de umamaneira geral, encontra-se bastante fragmentada, estando as formações florestaisrepresentadas, em sua maioria, por áreas de reserva legal ou áreas de preservaçãopermanente. Não obstante, encontram-se ainda alguns fragmentos em estágiosavançados de regeneração, ou até mesmo áreas de florestas primárias, onde foi realizadocorte seletivo de alguns indivíduos arbóreos, ainda reunindo condições para que váriasespécies clímax encontrem condições favoráveis ao seu estabelecimento e reprodução.Dentre essas áreas destacam-se um fragmento adjacente ao futuro eixo da barragem, napropriedade do sr. Eurico Uady Gomes, e outro, de tamanho considerável, localizado àsmargens do rio Capanema próximo à sua foz no rio Iguaçu, na propriedade do sr. FlorindoPenso.

Muito embora as florestas ripárias sejam consideradas áreas de preservação permanente,observa-se que em vários trechos do rio Iguaçu esta floresta foi completamente suprimidaou encontra-se com área muito inferior ao exigido por lei, sendo substituída por pastagensou até mesmo por agriculturas, comprometendo a qualidade do solo e da água da região(Figura 2-1).

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Figura 2-1Paisagem da área de influência

A vegetação aquática encontra-se em bom estado de preservação com várias espéciesde Podostemaceae ocorrendo em abundância nas corredeiras do rio Iguaçu e seusafluentes, muita das quais apresentam distribuição restrita a esta porção da bacia do rioIguaçu.

Apesar da grande fragmentação observada, cabe destacar que os dados de riqueza deespécies da flora são significativos. Em parte isso pode ser explicado pela grandevariação de ambientes às margens do rio Iguaçu, propiciando uma variada gama denichos ecológicos, além da proximidade dos fragmentos florestais para com o ParqueNacional do Iguaçu, o qual atuaria como fonte de sementes e propágulos para diversasespécies de plantas.

Ainda que não tenha sido realizado nenhum estudo dentro da área do Parque Nacional doIguaçu para o presente estudo, cabe ressaltar que seus limites não têm sido respeitados,sendo áreas do Parque utilizadas tanto para fins de lazer quanto para fins ilegais deextrativismo, principalmente de espécies comercialmente importantes como o palmito.

É nesta paisagem fragmentada que a fauna terrestre se distribui atualmente. Os dadoslevantados permitem concluir a clara a influência que a proximidade do Parque Nacionaldo Iguaçu tem sobre a distribuição da biota local. A grande riqueza da fauna estárelacionada ao interessante arranjo da paisagem local, com elementos do Brasil Central,da região amazônica, do chaco paraguaio, das florestas atlântica e de araucária e doscampos naturais que configuram um cenário biogeográfico único. E neste caso, o rioIguaçu é o corredor natural de dispersão e intercâmbio de faunas.

O diagnóstico da área de influência revelou uma riqueza de 131 espécies de mamíferos,das quais 13% endêmicas e 27% são de interesse conservacionista, com garantias legaisde proteção. A comunidade avifaunística revelou uma riqueza de 351 espécies,mostrando que cerca de 19% são de interesse conservacionista e ¾ ocorrem emambientes florestais. Quanto a composição dos répteis, a riqueza estimada de 42espécies revelou uma fauna profundamente alterada, com apenas 39% das espéciesdependentes de ambientes florestais. Apenas um réptil da AI é considerado ameaçado de

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extinção, o cágado-rajado (Phrynops williamsi). A riqueza de anfíbios estimada para aregião foi de 37 espécies, com cerca de 30% das espécies exclusivas ou dependentes deambientes florestados. A área apresentou uma riqueza de 240 espécies de aracnídeos e11 de miriápodos, com apenas duas espécies de escorpião endêmicos. Já entre osinsetos vetores, foram registrados 22 espécies de mosquitos culicídeos passíveis detransmissão de doenças, inclusive vetores da dengue. A área em questão possui vetorese reservatórios capazes de manter o ciclo de transmissão de determinadas doenças comodengue, febre amarela e malária.

Ressalte-se que muitas espécies, principalmente de mamíferos (p.e. felinos, porcos-do-mato, cervídeos, anta, capivara e cutia) e aves (p.e. macuco, nanbus, jacutinga,papagaios e pássaros canoros) são caçadas e coletadas dentro do Parque ou nas suasredondezas. Ocorrem também situações de onças que saem do Parque e adentram naspropriedades vizinhas, podendo abater criações para se alimentar.

Com relação aos ambientes aquáticos, as características rio Iguaçu, no trecho estudado,são influenciadas pelas propriedades da água que provém do reservatório da UsinaHidrelétrica de Salto Caxias. Ao longo do percurso, vão sendo notados os efeitos dostributários. Fato marcante é apresentado no ponto onde o rio Iguaçu recebe as águas dorio Andrada, sendo observado o fenômeno de “Bloom” de algas, juntamente com o picode clorofila. Os demais tributários também produzem diferenças na qualidade da água doIguaçu, em diversos níveis, conforme o grau de alteração antrópica da bacia. Destacam-se os altos níveis de nutrientes nitrogenados provenientes do rio Capanema e,principalmente, do rio Monteiro.

A atividade agrícola favorecida pelos solos e clima da região (sem estação seca)geralmente implicam no uso intenso de defensivos agrícolas e fertilizantes que provocama contaminação das águas superficiais e sub-superficias, e problemas na saúde dapopulação.

No diagnóstico participativo foram feitos relatos que correlacionam o uso intenso deagrotóxicos com a saúde da população rural, notadamente no município de Capanema,gerando inclusive os recentes incentivos ao emprego da agricultura orgânica.

Relativamente a qualidade dos recursos hídricos superficiais, apesar da falta de sistemasde coleta e tratamento de esgotos e de efluentes, de uma forma geral apresentam índicesde boa qualidade da água (IQA entre 70 e 80), desde São Mateus do Sul (posto IG-03) eDivisa (posto IG-04) até o posto do Parque Nacional do Iguaçu, que mostram portanto, ogrande poder de depuração do rio Iguaçu.

A simulação da qualidade da água no reservatório da UHE Baixo Iguaçu realizada nessesestudos mostrou que o reservatório manterá bons níveis de qualidade da água, e quemuito provavelmente não haverá eutrofização no futuro lago.

A fauna de invertebrados no rio Iguaçu é bastante diversa nos costões submersos ecolonizados por macrófitas aquáticas. Vários organismos foram observados vivendoassociados as raízes da vegetação. As macrófitas fornecem um ambiente de maiorestabilidade ambiental, reduzindo o efeito das correntes d’água, proporcionando áreas deacúmulo de partículas orgânicas e fornecendo abrigo contra a dessecação e predação.

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De maneira geral, cada tributário apresentou padrões específicos de comportamento dasvariáveis limnológicas, tanto para parâmetros físicos e químicos quanto para ascomunidades bênticas e planctônicas. Nos rios Capanema e Andrade, as principaisalterações antrópicas são relacionadas ao uso de técnicas agrícolas nãoconservacionistas, destacando-se o grande aporte de material particulado e de fontesdifusas de nutrientes fosfatados, produzindo sensíveis alterações na qualidade de suaságuas. No rio Monteiro, as alterações são características das influências da poluiçãopontual e difusa das áreas urbanas e industriais do Município de Capitão LeônidasMarques, produzindo importantes alterações na qualidade das águas. Para o rioGonçalves Dias, cuja qualidade das águas pode ser considerada a melhor entre os riosestudados, são evidenciados os problemas ligados também à atividade agrícola.

A riqueza de peixes observada para a área de influência foi de 67 espécies. Desta fauna,62% é endêmica do rio Iguaçu e 3% são considerados ameaçados. Os mandis Pimelodusortmanni e Pimelodus sp., os lambaris Astyanax spp., o perna-de-moça Apareiodonvittatus e o saicanga Oligosarcus longirostris podem ser enquadrados na categoria deespécies migradoras propostas por Agostinho et al. (1992), entretanto, até o momento,não há descrições ou constatações que permitam assegurar a ocorrência de fenômenosmigratórios dessas espécies de peixes na bacia do rio Iguaçu. Ressalte-se que algumasdas espécies levantadas, principalmente aquelas de maior porte e as que ocorrem emgrandes aglomerações (p.e. lambaris, saicanga, traíras saguiru, bocudo, sorubim,cascudos e carpa) são comumente pescadas na região.

Segundo a fisiografia do rio Iguaçu na área estudada, seria esperado que sua ictiofaunasofresse variações dentro do trecho estudado, mas sua descaracterização bionômica éevidente, a qual leva a supor que sua ictiofauna esteja sofrendo algum grau deimpactação relacionada ao estado de alteração ambiental da região, como perdasignificativa das áreas florestais e alteração da dinâmica de suas águas.

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3 - Referências bibliográficas

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Desenvix S/A UHE Baixo Iguaçu

Meio Ambiente Estudo de Impacto Ambiental

Capítulo XI – Identificação e avaliação de impactos

ambientais

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9 de novembro de 2004

Elab.: TLCC/FAR/CGM

Verif.: CGM

Aprov.: JBCF

Final.

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Sumário p.

1 - Aspectos metodológicos.........................................................................................................3

1.1 - Considerações gerais ........................................................................................................3

1.2 - As fichas de avaliação de impactos ...................................................................................3

2 - Resultados da avaliação de impactos ambientais.................................................................5

2.1 - Identificação e avaliação dos impactos ambientais – fichas de avaliação ..........................5

2.2 - Considerações gerais ....................................................................................................106

2.3 - Efeitos Sinérgicos da UHE Baixo Iguçau........................................................................111

2.3.1 - Considerações iniciais.........................................................................................111

2.3.2 - Identificação das questões socioambientais relevantes ......................................111

2.3.3 - Identificação das políticas, planos e programas – PPPs .....................................112

2.3.4 - Recorte espacial e temporal de análise...............................................................113

2.3.5 - Avaliação dos impactos sinérgicos......................................................................114

3 - Referências bibliográficas...................................................................................................119

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Capítulo - XI – Identificação e avaliação de impactos ambientais

1 - Aspectos metodológicos

1.1 - Considerações gerais

Neste capítulo, apresenta-se a avaliação dos impactos ambientais da UHE Baixo Iguaçu, considerando-se as fases de planejamento, construção e operação da usina. Para tanto, foram conjugados métodos já consagrados de avaliação ambiental bem como as recomendações constantes na legislação, em especial a resolução Conama 1/86 que estabelece critérios para classificação e avaliação dos impactos ambientais.

A partir das primeiras informações sobre o empreendimentos, constantes nos estudos de inventário, concluídos no final de 2003, foram estabelecidas as primeiras aproximações sobre os impactos ambientais mais prováveis de ocorrência. Tais aproximações subsidiaram, entre outras atividades, o estabelecimento das áreas de influência do empreendimento, que foram, ao longo dos estudos, avaliadas até a sua proposição final, no contexto do estudo ora apresentado.

Em seguida, foi desenvolvido o diagnóstico ambiental das áreas de influência, compondo um conhecimento substantivo dessas áreas, elucidando características gerais e particulares passíveis de sofrerem interferências com a implantação e operação da UHE Baixo Iguaçu. A conclusão do diagnóstico subsidiou as avaliações e considerações sobre o prognóstico ambiental da região considerando a não-implantação do empreendimento, ou seja, foi possível, a partir da compreensão da realidade local, vislumbrar as tendências de evolução desta realidade, sem a implantação da usina.

Do mesmo modo, o diagnóstico ambiental proporcionou o conhecimento necessário para a elaboração das listas de impactos, através de reuniões da equipe multidisciplinar, seguindo-se técnicas ad hoc. As reuniões ocorreram, primeiramente, entre os componentes de cada uma das disciplinas, e em seqüência, entre os coordenadores das equipes dessas disciplinas.

Importante destacar a realização das oficinas participativas, onde, além de serem trabalhados os dados e informações que caracterizaram a região, a partir da visão das próprias lideranças e comunidades municipais, foram efetuadas dinâmicas de avaliação de impactos da UHE Baixo Iguaçu. Desta forma, as municipalidades puderam manifestar e exercitar a avaliação dos efeitos possíveis do empreendimento e também propor sugestões de medidas para fazer frente a esses efeitos, conforme apresentado no anexo I do capítulo IX.

1.2 - As fichas de avaliação de impactos

Considerando os conhecimentos adquiridos durante a etapa de diagnóstico, a realização das reuniões de avaliação e o desenvolvimento das oficinas participativas, foram elaboradas e preenchidas as fichas de avaliação ambiental, apresentadas neste capítulo. Essas fichas sistematizaram a forma de identificação, descrição e classificação dos

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impactos, bem como a indicação das recomendações para a mitigação, compensação e monitoramento de cada impacto.

Os impactos foram identificados a partir de cada fator ambiental e cada etapa do empreendimento. O fator ambiental consiste em cada um dos aspectos diagnosticados nos estudos e as etapas do empreendimento foram descritas no capítulo III – Caracterização do empreendimento.

Para a descrição de cada impacto, buscou-se a apresentação de avaliações quantitativas, quando cabível, e qualitativas, visando a explicação dos impactos e sua contextualização em relação ao empreendimento.

A classificação dos impactos ambientais, foi orientada pelos critérios estabelecidos na resolução Conama supracitada, que estabelece os seguintes parâmetros:

- Natureza do Impacto - Correspondendo à classificação da natureza dos impactos, isto é, positivo ou negativo em relação ao(s) componente(s) ambiental(is) atingido(s);

- Forma Como se Manifesta o Impacto - Diferenciando impactos diretos, decorrentes de ações do empreendimento, dos impactos indiretos, decorrentes do somatório de interferências geradas por outro ou outros impactos, estabelecidos direta ou indiretamente pelo empreendimento;

- Duração do Impacto - Nesta categoria de qualificação, o impacto será classificado de acordo com suas características de persistência, tendo como momento inicial o instante em que ele se manifesta. Assim sendo, ele pode ser: permanente, mantendo-se indeterminadamente; temporário, desaparecendo por si próprio, após algum tempo; ou cíclico, reaparecendo de tempos em tempos;

- Época de ocorrência Impacto - Refere-se ao prazo de manifestação do impacto, ou seja, se ele se manifesta imediatamente após a sua causa (curto prazo), ou se é necessário que decorra um certo lapso de tempo para que ele venha a se manifestar (longo prazo);

- Reversibilidade, ou seja, se ele é reversível, se o fator alterado pode restabelecer-se como antes, ou irreversível, podendo ser compensado, mas não mitigado ou evitado;

- Abrangência, ou seja, se seus efeitos serão sentidos local ou regionalmente. Considera-se, como efeito local, aquele que atinge, no máximo, a área diretamente afetada pelo empreendimento e, como regional, aquele que afeta áreas mais amplas e estratégico, quando o componente ambiental afetado tem relevante interesse coletivo ou nacional;

- Magnitude - Expressa a variação de um fenômeno em relação à sua situação prévia, ou seja, se o impacto vai transformar intensamente uma situação preexistente (alta); se ele tem pouca significação em relação ao universo daquele fenômeno ambiental (baixa) e média, se ocupa situação - intermediária. A magnitude de um impacto é, portanto, tratada exclusivamente em relação ao componente ambiental em questão, independentemente de sua importância por afetar outros componentes ambientais;

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- Importância - Ao contrário da magnitude, expressa a interferência do impacto ambiental em um componente e sobre os demais componentes ambientais. Para efeito dessa classificação, tal categoria será subdividida em Pequena Importância, quando o impacto só atinge um componente ambiental sem afetar, em decorrência, outros componentes; Média Importância, quando o efeito de um impacto atinge outros, mas não chega a afetar o conjunto do fator ambiental em que ele se insere ou a qualidade de vida da população local; Grande Importância, quando o impacto sobre o componente põe em risco a sobrevivência do fator ambiental em que se insere ou atinge de forma marcante a qualidade de vida da população.

Ao final das fichas, são apontadas as recomendações ambientais, classificando-as quanto ao seu caráter (se preventivo ou corretivo ), a fase do empreendimento em que deve ser implementada e sua eficácia (a capacidade de eliminar o impacto, minimiza-lo ou maximizar seus efeitos).

Com as fichas preenchidas iniciou-se uma nova fase da avaliação dos impactos, onde as informações entre as disciplinas foram cruzadas e reavaliadas, à luz das características e dimensões do empreendimento e da própria interação multidisciplinar, resultando em revisões e reavaliações dos impactos identificados.

Após a revisão das fichas foi elaborada uma avaliação geral dos impactos, cujas conclusões são apresentadas ao final deste capítulo e subsidiaram a elaboração do prognóstico ambiental considerando a implantação do empreendimento. Foram desenvolvidos também, os programas ambientais indicados para a compensação, mitigação e monitoramento dos impactos identificados, apresentados no capítulo XII – Programas ambientais.

2 - Resultados da avaliação de impactos ambientais

2.1 - Identificação e avaliação dos impactos ambientais – fichas de avaliação

A seguir, são apresentadas as fichas de avaliação de impactos ambientais, para cada um dos 50 impactos identificados.

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Qualidade do Ar, Água, Solos e Acústica

Identificação do Impacto: 01 - Comprometimento dos Ambientes Físicos

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

a) Descrição:

Esse impacto está associado as ações das obras, tais como, escavações e cortes para construção de vias de acesso, movimentação de equipamentos (tratores, escavadeiras) e veículos de carga (caminhões, veículos fora de estrada) que acarretarão:

− disposição de partículas, poeira no ar;

− disposição de sedimentos para carreamento (transporte de sedimentos);

− possibilidade de alteração da qualidade da água (aumento de turbidez) superficial; e

− retirada da camada de solo fértil nas áreas escavadas.

Para que pudesse avaliar as conseqüências, da dispersão desse material carreado quando da movimentação de terra (escavações) nas margens do leito do rio Iguaçu e sua possível interferência na região do Parque Nacional do Iguaçu, foi feita uma modelagem de dispersão de uma eventual pluma de sedimentos.

Durante a construção da barragem, pode ocorrer, ocasionalmente, o transporte de materiais utilizados na construção para o interior do Rio Iguaçu, ocasionando uma pluma de sedimentos que causa o aumento da turbidez, dificultando a penetração de luz na coluna d´água, além de causar uma perda na qualidade visual desta. Essa diminuição da zona eufótica ocasionada pela pluma de sedimentos diminui a produtividade de organismos fotossintetizantes. A dimensão do impacto ambiental ocasionado por essa pluma pode ser quantificada a partir de modelos matemáticos.

Para simulações da pluma de sedimentos é necessário um modelo de transporte Lagrangeano advectivo-difusivo, que simula o transporte de partículas em função da circulação hidrodinâmica do corpo d´água. No transporte de partículas podem ser incluídos decaimentos, que para o caso de sedimentos são função da velocidade de sedimentação das partículas transportadas.

Tendo em vista as situações a serem modeladas, foi utilizado o modelo SisBAHIA (Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental), desenvolvido pela COPPE – UFRJ, uma vez que este possui módulos capazes de resolver a circulação hidrodinâmica bidimensional (2DH) e tridimensional (3D), assim como o transporte lagrangeano de partículas.

Visão geral dos modelos incluídos no Sisbahia

Este mogdelo é resultado de vários anos de pesquisa, e já foi utilizado em vários projetos, tais como:

− Aplicação do módulo hidrodinâmico 2DH do FIST3D para o estudo de possíveis ações a fim de diminuir as inundações na cidade de Joinville causadas por marés e tempestades na Baia da Babitonga - SC. Contratada pelo Município de Joinville no Estado de Santa Catarina. Relatório ET-150693, 03/97, Fundação Coppetec - COPPE/UFRJ.

− Aplicação do modelo FIST3D completo e dos modelos de transporte para o estudo do impacto ambiental associado à construção de um poliduto para o transporte de álcool, diesel e gasolina, na Baía da Guanabara. Contratada pela HABTEC, companhia responsável pela elaboração do EIA/RIMA para a construção do poliduto. Relatório ET-170305, 05/97, Fundação Coppetec - COPPE/UFRJ.

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− Aplicação do modelo FIST3D completo e dos modelos de transporte para avaliar a eficiência do emissário submarino e as condições de balneabilidade da praia de Ipanema. Contratada pela CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos). O Prof. Phillip Roberts do Georgia Tech trabalhou como revisor para a CEDAE, aceitando o trabalho desenvolvido pela COPPE. Relatório ET150663, 08/97 e 02/98. Fundação Coppetec - COPPE/UFRJ.

− Aplicação do módulo 2DH do FIST3D e dos modelos de transporte para um estudo da hidrodinâmica geral e dos padrões de transporte na baía de Sepetiba - RJ, com objetivo de auxiliar na definição do Plano Diretor Econômico e Ecológico da bacia da baía de Sepetiba. Contratada pela ETEP, companhia responsável pelo desenvolvimento do Plano Diretor para o governo do Estado do Rio de Janeiro. Relatório ET-170334, 03/98. Fundação Coppetec - COPPE/UFRJ.

− Aplicação do módulo 2DH do FIST3D para estudar possíveis ações para restabelecer a circulação em torno da Ilha do Fundão, obstruída pelo assoreamento do canal do Fundão na Baía da Guanabara - RJ. Contratada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. Relatório ET-150786, 05/98. Fundação Coppetec - COPPE/UFRJ.

− Aplicação do módulo 2DH do FIST3D para estudar a dragagem e disposição de sedimentos no sistema Lagunar da Tijuca. Contratada pela Prefeitura pela da Cidade do Rio de Janeiro. Relatório ET-150849, 11/98. Fundação Coppetec - COPPE/UFRJ.

− Em março de 1999 a Marinha do Brasil assinou um convênio de cooperação técnica e científica com Fundação Coppetec – COPPE/UFRJ, com o objetivo de usar o sistema de modelagem FIST3D para a geração de cartas náuticas de correntes de maré para os portos brasileiros.

− Aplicações de todos os módulos do SisBAHIA à Baia de Todos os Santos, no âmbito do projeto Baia Azul, sob contrato do consórcio Hydros-CH2Mhill, de Novembro-1998 a Dezembro-2000.

Tais resultados demonstram a alta qualidade apresentada pelo modelo SisBAHIA em diversos estudos onde foi necessário um amplo conhecimento da dinâmica física do meio ambiente, sendo utilizado como uma ferramenta imprescindível para diagnósticos e prognósticos qualitativos e quantitativos de fenômenos naturais e ações antrópicas potencialmente impactantes.

Uma série de atributos estão inseridos nos modelos do SisBAHIA. Isso inclui características necessárias à modelagem adequada do corpo de água de interesse, características que aumentem a confiabilidade e aceitação dos modelos, e que permitam que tais modelos sejam aperfeiçoados para estudos futuros. Dessa forma, as seguintes características estão incluídas no SisBAHIA:

− Tensões e difusividades turbulentas são modeladas de uma maneira que torne a calibragem do modelo o mais baseado em variáveis naturais possível. O emprego de esquemas auto-ajustáveis para a turbulência na escala sub-malha minimiza a necessidade de calibragem.

− campo de vento e as condições de atrito no fundo podem ser variáveis no espaço e no tempo.

− modelo hidrodinâmico é capaz de calcular perfis de velocidade ao longo da profundidade (ao longo do eixo vertical). Isso pode ser obtido de duas maneiras: através de uma rotina com solução analítico-numérica ou de uma rotina com solução para uma formulação completa de modelo numérico 3D. A primeira maneira é mais rápida e gera resultados acurados, se o interesse estiver voltado para regiões onde o campo de escoamento varia suavemente no espaço e tempo. A segunda alternativa requer um maior esforço computacional, mas pode fornecer resultados precisos para uma grande variedade de situações, respeitando a validade das equações governantes.

− Os modelos são baseados em esquemas numéricos bem estabelecidos, para aumentar a validade e aceitação dos mesmos. Os modelos selecionados encontram-se em contínuo desenvolvimento na Área de Engenharia Costeira e Oceanográfica (AECO) da COPPE/UFRJ, e têm sido utilizados em várias aplicações práticas e projetos de pesquisa.

Visão geral do modelo hidrodinâmico

O SisBAHIA contém os modelos hidrodinâmicos FIST (“Filtered In Space and Time” ou Filtrado no Espaço e no Tempo). O sistema de modelagem de corpos d’água com superfície livre FIST é uma série de modelos hidrodinâmicos, nos quais a modelagem da turbulência é baseada em técnicas semelhantes àquelas empregadas na Simulação de Grandes Vórtices. A versão 3D do FIST, com densidade constante, resolve as equações de Navier-Stokes com aproximações de águas rasas, i.e., considerando a aproximação de pressão hidrostática. O FIST3D utiliza uma técnica numérica em dois módulos, calculando, primeiramente,

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os valores da elevação da superfície livre e, em seguida, o campo de velocidades. Dependendo do arquivo de entrada, os resultados podem ser 3D, 2DH, ou ambos. O sistema de modelagem FIST3D permite que os dados de vento sejam variáveis no tempo e no espaço. Para o módulo 2DH, o coeficiente de atrito no fundo é variável no tempo e espaço e depende da amplitude da rugosidade equivalente de fundo. Para o módulo 3D, geralmente especifica-se velocidade nula no fundo como condição de contorno. O sistema FIST3D tem sido testado em várias situações práticas e gerado resultados bastante acurados. Geralmente, é necessária apenas uma calibragem mínima, devido ao fato do modelo ter uma modelagem auto-ajustável para a turbulência na escala sub-malha, e coeficientes dinamicamente variáveis para as tensões de vento e de atrito no fundo.

No sistema FIST3D, a discretização espacial no plano horizontal x-y é feita através de elementos finitos Lagrangeanos subparamétricos, utilizando triângulos com 6 nós ou quadriláteros com 9 nós. Uma malha pode possuir os dois tipos de elementos. Dessa forma, pode-se gerar malhas extremamente flexíveis e otimizadas. Em um elemento subparamétrico, a geometria do elemento é linear, sendo definida somente pelos vértices. Entretanto, as variáveis são quadráticas, e, além dos valores do vértice, são necessários valores no meio de cada lado. Além disso, no caso de quadriláteros, torna-se necessário e existência de um nó no centro do elemento. Na versão atual do programa, a discretização espacial vertical é feita através de diferenças finitas, utilizando coordenadas com transformação sigma padrão.

As quatro equações necessárias para calcular as quatro incógnitas da circulação hidrodinâmica, velocidade na direção x, velocidade na direção y, velocidade na direção z e elevação da superfície livre (u,v,w,ζ , respectivamente), no módulo 3D, estão escritas abaixo:

Equação da quantidade de movimento, com aproximação hidrostática, na direção x:

vzyxx

gzu

wyu

vxu

utu xzxyxx θ

τττρ

ζsen2

1

0

Φ+���

����

∂∂

+∂

∂+

∂∂

+∂∂−=

∂∂+

∂∂+

∂∂+

∂∂

(1)

Equação da quantidade de movimento, com aproximação hidrostática, na direção y:

usenzyxy

gzv

wyv

vxv

utv yzyyyx θ

τττρ

ζ Φ−���

����

∂∂

+∂

∂+

∂∂

+∂∂−=

∂∂+

∂∂+

∂∂+

∂∂

21

0

(2)

Equação da continuidade (do volume):

0=∂∂+

∂∂+

∂∂

zw

yv

xu

(3)

Equação da continuidade (do volume) integrada ao longo da vertical:

0=∂∂+

∂∂+

∂∂

��−−

ζζζ

hh

vdzy

udzxt

(4)

Onde u, v e w são, respectivamente, as velocidades nas direções x, y e z, 0ρ é uma densidade constante

de referência, Φ é a velocidade angular de rotação da terra no sistema de coordenadas local e os termos com Φ são as forças de Coriolis, no qual θ é o ângulo de Latitude. ζ é a elevação da superfície livre,

ijτ são as tensões de cisalhamento e h é a profundidade.

O módulo 2DH determina as componentes das velocidades médias na vertical, na direção x e y, respectivamente, U(x,y,t) e V(x,y,t) e as elevações da superfície livre z=ζ (x,y,t), conforme as seguintes equações:

Equação da quantidade de movimento 2DH, para escoamento integrado na vertical, na direção x:

( ) ( ) ( ) VsenHy

H

xH

Hxg

yU

VxU

Ut

U Bx

Sy

xyxx θττρ

ττρ

ζ Φ+−+���

����

∂∂

+∂

∂+

∂∂−=

∂∂+

∂∂+

∂∂

211

00

(5)

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Equação da quantidade de movimento2DH, para escoamento integrado na vertical, na direção y:

( ) ( ) ( ) UsenHy

H

x

H

Hyg

yV

VxV

UtV B

xSy

yyxy θττρ

ττρ

ζ Φ−−+���

����

∂∂

+∂

∂+

∂∂−=

∂∂+

∂∂+

∂∂

211

00

(6)

onde H é a profundidade, Siτ e B

iτ são as tensões de atrito na superfície (devido ao vento) e no fundo, respectivamente. O índice i representa a direção, por exemplo: i=1 componente x, i=2 componente y e i=3 componente z.

A tensão de atrito devido ao vento é formulado como:

iDarSi WC φρτ cos2

10= [i=1,2] (7)

onde ρar é a densidade do ar, CD é o coeficiente de arrasto do vento, W10 é o valor local da velocidade do vento medida a 10 metros acima da superfície livre, e φi é o ângulo entre o vetor de velocidade do vento local e a direção xi. O coeficiente de arraste do vento pode ser determinado a partir de fórmulas empíricas. A fórmula adotada no modelo FIST3D é:

( ) 310 10065.08.0 −×+= WCD ; [W10 em m/s] (8)

A tensão de atrito no fundo pode ser calculada como:

iBi Uβρτ 0= [i=1,2] (9)

onde o parâmetro β depende da maneira em que o módulo 2DH seja empregado, conforme descrito abaixo:

• Módulo 2DH desacoplado do módulo 3D:

222 VU

Cg

h

+=β (10)

• Módulo 2DH acoplado com o módulo 3D:

*uC

g

h

=β (11)

Ch é o coeficiente de Chézy, definido como:

��

���

�=εH

Ch

6log18 10 (12)

onde ε é a rugosidade do fundo.

Figura 2.1

Sistema de coordenada da modelagem (3D & 2DH), onde NR é o nível de referência.

Na modelagem da circulação hidrodinâmica, é necessário o estabelecimento de condições de contorno para o campo de velocidade e elevação da superfície livre da água.

Nos contornos abertos, é utilizado como condição de contorno a elevação da superfície.

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Nos contornos de terra, são prescritas condições de contorno para o campo de velocidade, que podem ser a determinação da componente de velocidade (UN) ou de fluxo (QN) normal ao contorno.

As condições iniciais necessárias são os valores da elevação da superfície livre (ζ ) e as componentes da velocidade 2DH, U e V, para todos os nós do domínio. O FIST3D gera as condições iniciais para o módulo 3D, a partir do módulo de solução analítica.

Visão Geral do Modelo Lagrangeano de Transporte Advectivo-Difusivo

O modelo Lagrangeano de transporte de partículas, desenvolvido na AECO COPPE/UFRJ, está sendo adaptado e aperfeiçoado para o SisBAHIA. As bases matemáticas e físicas desses tipos de modelos são mais fáceis de serem validadas.

Esse tipo de modelo tem a vantagem de ser facilmente aplicável a fontes de pequena escala e fortes gradientes. Para isso, um dado número de partículas é lançado na região fonte, em intervalos de tempos regulares. As partículas são dispostas na região fonte aleatoriamente e são advectadas pelas correntes dominantes. A posição de qualquer partícula no instante seguinte, Pn+1, é determinada através da expansão em série de Taylor a partir da posição anterior conhecida, Pn:

...!2 2

221 DAT

dtPdt

dtdP

tPPnn

nn +∆+∆+=+ (13)

onde T.A.D. são termos de alta ordem desprezados. A s derivadas de P são obtidas a partir do campo de velocidades hidrodinâmico resolvível, ou de larga escala, conforme descrito a seguir:

),,( wvuVdtdP �

= (14)

yV

wyV

vxV

utV

dtVd

dtPd

∂∂+

∂∂+

∂∂+

∂∂==

�����

2

2

Onde admite-se que as escalas resolvíveis ou velocidades advectivas das partículas, ),,( wvuV�

, e as velocidades hidrodinâmicas obtidas no FIST3D são as mesmas. A inclusão dos termos de aceleração na determinação da posição é opcional, mas permite o uso de intervalos de tempo significativamente maiores, com boa acurácia. Após a determinação da nova posição de cada partícula, um desvio aleatório, causado pelos movimentos em escala não resolvível que geram “velocidades difusivas”, pode ser incluído. A magnitude do desvio aleatório é função das derivadas espaciais das difusividades de quantidade de movimento.

A função que determina a quantidade de massa de uma partícula a no domínio modelado é definida como:

NtCQ

M aiia

∆= (15)

onde, Qi é a descarga proveniente da fonte, Cai a concentração da substância a presente na descarga da fonte, e N o número de partículas que entra no domínio por passo de tempo ∆t.

A quantidade de massa de uma dada partícula que pode estar em uma determinada célula i da malha de concentração, cujo centro encontra-se na posição (x, y, z)i, será determinada através da seguinte expressão:

�=

= NP

nn

vaa

zyxf

zyxftKMm

1

),,(

),,()( (16)

onde f(x,y,z) é a função de distribuição espacial, e K(tv) uma função de reação cinética, sendo tv o tempo de vida da partícula. NP é o número de partículas que contribui para a quantidade de massa em uma dada célula da malha de concentrações.

Também como exemplo, para muitas substâncias, uma função de decaimento de primeira ordem poderia ser utilizada:

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)exp()( vv kttK −= ; 90

)1,0ln(T

k −= (17)

este decaimento, no estudo da dispersão da pluma de sedimentos, foi considerado como relativo à velocidade de sedimentação destes.

Simulação Hidrodinâmica

O modelo SisBAHIA utiliza uma malha de elementos finitos do domínio da modelagem (Figura 2.2). Para cada nó da grade é necessário informar o valor da batimetria.

A batimetria utilizada na modelagem foi a de uma seção tipo de réguas limnimétricas utilizadas para a determinação da curva chave do rio no trecho onde será implantada a UHE Baixo Iguaçu.

A simulação hidrodinâmica considerou como forçante uma vazão de 1.100 m3/s em um ponto do rio Iguaçu no início do futuro reservatório da UHE Baixo Iguaçu (Figura 2.2). Esta vazão é o valor médio obtido em medições neste local.

A figura 2.3 apresenta o resultado do modelo hidrodinâmico, com as isolinhas do módulo da velocidade verticalmente integrada (2DH).

Figura 2.2

Malha de elementos finitos utilizada, vazão utilizada como forçante e fronteira aberta do modelo.

Figura 2.3

Isolinhas dos módulos de velocidade verticalmente integrada (m/s) No trecho do rio modelado, as velocidades variam entre 0,07 e 1,88 m/s. No local onde ocorrerá o lançamento da pluma a velocidade é de 0,5 m/s. O modelo representa bem as variações de velocidade em função da área da seção transversal do rio, fato que pode ser observado no aumento da velocidade nos “estrangulamentos”. Este campo de velocidade será o responsável pelo transporte da pluma de sedimentos, assim como a velocidade de sedimentação do material transportado, que será detalhada no item 3.

Simulações da Dispersão da Pluma de Sedimentos

Para a simulação da dispersão da pluma de sedimentos foi utilizado o modelo lagrangeano de transporte advectivo e difusivo. O decaimento das partículas foi determinado a partir de uma velocidade de sedimentação do material. A taxa de decaimento pode ser definida como:

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Hv

K sd = (18)

onde vs é a velocidade de sedimentação e H é a profundidade da coluna d’água.

Primeiramente foi realizada uma simulação considerando uma pluma de sedimentos composta por areia fina, com uma velocidade de sedimentação de 0,007 m/s. Sendo de 2 metros a profundidade do rio, a taxa de decaimento obtida pela equação 18 é de 0,0035 s-1. Substituindo este resultado na equação 17, obtemos um valor de T90 de aproximadamente 658 segundos. A figura 2.4 e 2.5 apresentam as dimensões da pluma de sedimentos apresentada pelo modelo para este tipo de sedimento (areia fina). A figura 2.6 mostra o campo de velocidades a jusante resultados no modelo.

Figura 2.4 Pluma de areia fina

Figura 2.5 Detalhe da pluma de areia fina

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Figura 2.6 Campo de velocidade no local de lançamento da pluma

Uma eventual pluma de sedimentos ocasionada pelo carreamento de materiais arenosos finos para o rio Iguaçu não apresentaria um impacto de grandes dimensões, uma vez que a pluma atingiria apenas aproximadamente 900 metros do ponto de lançamento. Esta pequena magnitude é ocasionada pela alta velocidade de sedimentação de material, que rapidamente se deposita, evitando eventuais alterações na turbidez e na zona eufótica do corpo hídrico.

Também foi realizada uma simulação considerando uma pluma de sedimentos composta por um material siltoso, portanto mais fino, com uma menor velocidade de sedimentação (1,4 x 10-4 m/s), resultando em um T90 de 16.447 segundos. A figura 2.7apresenta as dimensões da pluma de sedimentos apresentada pelo modelo para este tipo de material.

Figura 2.7 – Dimensões da pluma de silte

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A pluma de sedimentos de material siltoso atinge uma distância de até 19 km do ponto de lançamento, porém após 4,5 km a concentração de sedimentos já é muito baixa. Uma vez que o material siltoso é mais fino, este possui uma menor velocidade de sedimentação, portanto a pluma de sedimentos abrange uma maior área do rio em relação a pluma de sedimentos de um material mais de maior diâmetro como no caso de areia fina, sendo ainda um impacto de pequena magnitude.

b) Recomendação:

1. Medidas para atenuar o aumento das emissões de partículas poluentes no ar

− Planejamento dos trajetos e dos horários mais adequados para o trânsito dos veículos de obras;

− Controle da qualidade dos veículos;

− Utilização de lona cobrindo a carga dos caminhões transportadores;

− Manutenção do teor de umidade ideal do solo, durante sua movimentação, para minimizar a geração de poeira;

− Utilização de equipamento de proteção individual - EPI, pelo pessoal envolvido nas atividades de maior geração de poeira (óculos, máscaras, etc.).

2. Medidas para a atenuação do aumento da poluição sonora

− Utilização de equipamentos mais silenciosos;

− Divulgação prévia dos horários de circulação mais intensa de veículos e das explosões à fogo;

− Programação de operações mais ruidosas durante o período diurno (durante o qual o ruído ambiente é maior);

− Fornecimento, aos trabalhadores que executarem atividades ruidosas, de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

3. Medidas para neutralizar os efeitos do aumento da geração de resíduos sólidos

− No âmbito do Programa de Controle Ambiental da Construção, prever os seguintes procedimentos:

− Os resíduos sólidos deverão ser armazenados temporariamente dentro da unidade de forma seletiva e adequada (caçambas, bombonas e outras), conforme previsto em norma específica, até o seu envio para disposição final em unidades devidamente licenciadas;

− Resíduos contendo metais deverão ser encaminhados a aterro classe 1. Embalagens de produtos químicos deverão ser devolvidas aos próprios fornecedores;

− Gestão dos resíduos gerados, indicando procedimentos adequados de transporte e deposição final para todos eles.

4. Programa de Educação Ambiental voltado para os trabalhadores.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Solos

Identificação do Impacto : 02 – Início ou aceleração de processos erosivos

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

a) Descrição:

Este impacto ocorre em dois momentos :

− primeiro está associado as intervenções das obras, tais como melhoria de vias de acesso , construção do canteiro de obras, obras de desvio, escavações dos túneis e relocação das rodovias. Os grandes movimentos de terras e escavações possibilitam o aparecimento de processos erosivos nestes locais;

− Num segundo momento está relacionado à ação de ondas nos reservatórios pela ação dos ventos, e pelo escorregamento das margens devido à oscilação do nível d’água na operação do sistema de geração. No entanto, não se esperam solapamentos das margens devido à ação dos ventos pelas reduzidas dimensões dos reservatórios. Deve-se ressaltar, no entanto que, a operação dos reservatórios a fio d’água, com pequenas oscilações nos níveis d’água deverá trazer menos riscos de escorregamentos de suas margens. Um problema já existente na região é a erosão das margens do Iguaçu a jusante da Barragem de Salto Caxias. Neste caso, o empreendimento do Baixo Iguaçu terá inclusive um efeito positivo no local do novo reservatório, pois as áreas que sofrem erosão ficarão submersas. No caso da erosão que ocorre a jusante da seção do eixo da Usina Baixo Iguaçu, o processo deverá continuar, sem interferência da Usina Baixo Iguaçu, que será uma Usina a fio d´água. Uma análise deste problema é apresentada no texto Erosão das Margens do prognóstico.

Nos ecossistemas terrestres, os processos erosivos, contribuem para a redução da biodiversidade, ao destruir e modificar parte ou a totalidade dos remanescentes de hábitats. Quando as erosões criam novos habitats (brejos, lagoas), esses permitem a colonização de espécies exóticas, principalmente as que estavam presentes na região, em baixas densidades. Nessa situação também favorece certas espécies nativas, em detrimento de outras, modificando a estrutura das comunidades.

Já nos ecossistemas aquáticos, poderá ocorrer um carreamento de material sólido (sedimentos) devido ao movimento de terras, provocando um aumento na turbidez da água.

b) Recomendação:

Elaboração de projetos adequados de drenagem superficial em vias de acesso e nos taludes de corte e aterros que devem estar contemplados no Programa de Controle Ambiental da Construção;

Revegetação dos taludes de cortes e aterros, e das áreas degradadas pela exploração das jazidas, através do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas;

Implementação do Programa de Monitoramento do Lençol Freático.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu

Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Solos

Identificação do Impacto : 03 – Possibilidade de Interferência com Direitos Minerários

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

a) Descrição:

Nos estudos de diagnóstico foram identificadas 4 (quatro) áreas requeridas para extração de areia e 1 (uma) área requerida para extração de basalto/argila na área diretamente afetada pelo empreendimento.

Essas áreas foram descritas no diagnóstico do meio físico, e são as seguintes:

Direitos minerários na região da UHE Baixo Iguaçu Nº DO

PROCESSO ANO SITUAÇÃO TITULAR W S SUBSTÂNCIA ÁREA (HECTARES)

826955 1994 Licenciamento Materiais de Construção Civil Costamoro Ltda 53°39’ 25°30’ areia 49,47

826956 1994 Licenciamento Materiais de Construção Civil Costamoro Ltda 53°39’ 25°30’ areia 49

826002 2003 Licenciamento Extração de Areia Zucchi Ltda 53°33’ 25°30’ areia 30,57 826003 2003 Licenciamento Extração de Areia Zucchi Ltda 53°32’ 25°30’ areia 35,08 826556 2003 Requerimento de Pesquisa Sérgio Vicente Antunes 53°34’ 25°30’ Argila/basalto 50

Fonte DNPM / agosto 2004

Os levantamentos do pré-cadastro indicaram ainda, a existência de uma jazida de argila, explorada por uma olaria em Realeza, que poderá ser atingida.

b) Recomendação:

Elaboração do Programa de Acompanhamento das Interferência com Direitos Minerários, que estabelecerá as negociações e articulações necessárias para obter o termo de renúncia com os proprietários desses direitos.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo (x) Não se aplica (x) Planejamento ( ) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza (x) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Recursos Hídricos

Identificação do Impacto : 04 - Alteração do Regime Hídrico

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

a) Descrição:

A implantação da barragem provocará alteração no regime dos recursos hídricos trazendo diversos tipos de interferências no meio ambiente, que se manifestarão de formas variadas:

− O escoamento a montante da barragem será alterado do regime fluvial atual para regime gradualmente variado (no caso dos ecossistemas aquáticos de regime lótico para lêntico). Esta alteração poderá trazer conseqüências negativas para a saúde, usos e qualidade da água, ecossistemas aquáticos e terrestres, que estão abordadas com mais detalhes em impactos específicos.

− Alteração no regime hidrossedimentológico a montante devido a retenção de sedimentos (areias), proporcionada pela diminuição da velocidade de escoamento (regime gradualmente variado).

− Interrupção do transporte de sedimentos para as áreas de jusante do rio Iguaçu, muito embora em uma pequena intensidade, pois grande parte desses sedimentos já estão sendo retidos pelas barragens de montante.

b) Recomendação:

Desenvolvimento de ações de monitoramento da qualidade da água, para monitorá-la no lago antes e depois da formação do reservatório;

Implantação do Programa de Monitoramento Hidrossedimentológico;

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Geologia/Hidrogeologia

Identificação do Impacto: 05 – Alteração do Nível do Lençol Freático

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

a) Descrição:

A formação do reservatório representará a elevação do nível das águas do rio Iguaçu, na região que será inundada, bem como nos rios Andrada, Monteiro e Capanema.

A elevação das águas na calha fluvial acarreta uma proporcional elevação do nível do lençol freático nas margens do futuro lago.

Este fato poderá levar ao solapamento da base destas vertentes e seu conseqüente desabamento, por perda da sustentação. Além disto a elevação do lençol poderá acarretar no surgimento de banhados, nas cabeceiras dos reservatórios a serem implantados.

Alguns voçorocamentos e desbarrancamentos poderão ocorrer, também, nos cortes de estradas e áreas de concentração de terracetes de pisoteio com sulcos erosivos situados próximos ao nível d’água, quando da formação do reservatório.

b) Recomendação:

− Estabelecimento de um Programa de Monitoramento do Lençol Freático que deverá:

- Definir as áreas potenciais de interferência do enchimento do reservatório sobre o sistema aquífero livre subjacente;

- Monitorar as condições hidrogeológicas locais, a montante e a jusante da barragem, antes e durante o enchimento do reservatório;

- Identificar as áreas críticas, com maior suscetibilidade à erosão.

− Implantação do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas que deverá contemplar também a proteção das margens, através da recuperação da mata ciliar.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Clima

Identificação do Impacto : 06 - Possibilidade de alteração do clima nas proximidades do reservatórios

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

a) Descrição:

Com a formação do reservatório, poderão ocorrer mudanças do microclima local imediatamente ao redor da superfície do lago. Tais mudanças poderão ser:

− Aumento da umidade específica;

− Diminuição da amplitude térmica, com o aumento das temperaturas mínimas e a diminuição das temperaturas máximas;

− Provável aumento da velocidade do vento quando este soprar longitudinalmente ao eixo do lago, na direção aproximada norte-sul, devido à menor rugosidade da água;

Esses efeitos são estritamente locais, e se circunscrevem ao espelho d’água. A questão realmente importante é até que ponto estes efeitos se fazem sentir e repercutir nos ambientes e comunidades ao seu redor.

Esses efeitos podem ser analisados após o enchimento do reservatório com algumas ferramentas relacionadas a seguir:

• Análise dos registros históricos de dados: neste tipo de estudo procura-se detectar mudanças no comportamento estatístico das séries observadas de dados meteorológicos antes e depois da formação do lago. Também se procura comparar dados de estações próximas ao lago com outras afastadas dele até distâncias em que seja sensato supor que não há influência do lago sobre elas. É importante enfatizar dois pontos relacionados à análise das séries históricas “antes” e “depois” da construção do reservatório:

− Estudos estatísticos podem identificar mudanças estatisticamente significativas ou estabelecer correlações. Mas este tipo de estudo não permite identificar relações dinâmicas causais, i.e.: que fator produziu as mudanças detectadas.

− As séries de dados utilizadas devem conter vários anos de dados, para aumentar as certezas sobre as conclusões.

• Simulações da atmosfera em computador: estudos através de cenários (região com/sem o lago, e com/sem a mata nativa), em simulações tridimensionais e bidimensionais.

• Monitoramento meteorológico e micrometeorológico: instalação de estações climáticas modernas e automatizadas.

Alguns dos aspectos que devem ser considerados para avaliar a influência de um reservatório no clima: topografia da região ao redor do lago, umidade do ar antes da instalação do lago, quantidade de evapotranspiração com/sem a instalação do lago, profundidade e largura do lago que define o efeito da radiação líquida absorvida sobre os fluxos superficiais de calor sensível e latente sobre o lago.

Mais recentemente, a discussão sobre a contribuição de reservatórios para o efeito estufa, através da liberação de gases metano (CH4), gás carbônico (CO2) e óxido nitroso (N2O), este último em menor quantidade dissolvido na água provocando emissões de metano por difusão, tem ganhado espaço. Salienta-se que, as características do reservatório de Baixo Iguaçu, volume reduzido, baixo tempo de residência, entre outros, indicam ser estes efeitos, provavelmente de baixa intensidade e de pequena probabilidade de ocorrência.

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Fatores que influenciam a mudança do clima

A superfície da Terra (aí inclusos rios e lagos) recebe energia sob a forma, principalmente, de radiação solar. Ela também recebe da atmosfera, e emite, radiação de onde longa, sendo que o saldo de radiação de onda longa é aproximandamente zero. A radiação líquida é o saldo geral.

radiação solar - radiação solar + radiação - radiação - radiação

incidente refletida atmosférica atmosférica emitida

incidente refletida

Uma parte da radiação líquida é conduzida para o solo ou para as camadas mais profundas da água, no caso do lago; o restante é a energia disponível na superfície para interagir com a atmosfera. A atmosfera por sua vez não “sabe” se o que está sob ela é lago, plantação, floresta, etc. O que ela “sente” é a intensidade dos fluxos de energia que emanam da superfície e a quantidade de movimento. Os fluxos de energia não-radioativos que emanam da superfície são:

- fluxo de calor latente (LE): é a energia (por unidade de tempo) consumida na superfície para evaporar a água para a atmosfera;

- fluxo de calor sensível (H): é a energia (por unidade de tempo) transferida por condução da superfície para a atmosfera

Assim, esses são os parâmetros fundamentais de modificação climática local: maior fluxo de calor sensível significa uma atmosfera mais seca e provavelmente uma amplitude térmica maior (temperaturas máximas maiores e temperaturas mínimas menores); maior fluxo de calor latente significa uma atmosfera mais úmida e uma amplitude térmica menor.

Maiores valores de fluxo de calor sensível também significam mais convecção e uma camada-limite atmosférica mais espessa: Nobre et al. (1996) constataram que os fluxos de calor sensível e a espessura da camada-limite atmosférica são bem maiores sobre uma região de pastagem desmatada do que sobre a floresta nativa na Amazônia.

Estes fatos são ilustrados, para o caso de um lago ou reservatório de larga extensão, na figura 2.8: W é a metade da largura do lago (estamos supondo que as circulações induzidas pelo lago são simétricas: a metade esquerda não é mostrada), e L é a distância até onde a brisa do lago penetra em terra; sobre a terra, quando a umidade do solo é menor e não há água no solo ou nas plantas para evaporar toda a energia radiante para a atmosfera, o fluxo de calor sensível Ht é intenso, o que produz correntes ascendentes de ar. Sobre a água mais fria do lago, praticamente toda a energia radiante disponível se converte em evaporação, e o fluxo de calor sensível sobre a água, Ht é muito pequeno ou até mesmo (como mostra a figura 2.8) negativo. Sobre o lago se formam correntes descendentes. As linhas tracejadas verdes dão uma idéia do perfil de temperatura potencial sobre a água e sobre a terra; a região abaixo da linha tracejada em preto é a região da atmosfera sobre a terra influenciada pela brisa de lago.

É importante enfatizar que a figura 2.8 representa uma situação idealizada, que não ocorre o tempo todo. Por exemplo, à noite a situação mostrada se inverte, com a brisa sobrando da terra para o lago; este tipo de situação também pode ocorrer no outono ou inverno, quando muitas vezes a água está mais quente que o ar. Na verdade, do ponto de vista do comportamento médio de longo prazo, as medições existentes de temperatura da superfície da água em três pontos do lago indicam que esta está em geral mais quente que o ar. Neste caso, a inversão térmica (temperatura potencial do ar crescente com a altura) indicada na figura 2.8 não se forma.

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Figura 2.8 Circulação de lago e contrastes terra-água

Se o fluxo de calor sensível sobre o lago Ht é nulo, então, Ht é a variável importante na caracterização dos contrastes terra-lago, formação de brisa de lago e influência do lago sobre o clima regional.

A formação de lagos influencia o microclima, por gerar fluxos de calor latente (evaporação) maiores, o que pode aumentar a umidade média do ar, e fluxos de calor sensível menores. A temperatura menos variável da superfície da água, devido à “inércia térmica” de um corpo d’água profundo, contribui por sua vez para a redução da amplitude térmica (temperatura máxima – temperatura mínima) do ar.

Alguns estudos já realizados mostram alguma influência do reservatório no clima em regiões até 5-10km da margem de um reservatório. Como exemplo podemos citar o caso do reservatório de Itaipu: Segundo Dias et al. (1999), o lago de Itaipu influencia a atmosfera sobre a água num cinturão de cerca de 5km ao redor do lago. Porém, é fundamental relativizar essas conclusões, considerando a grande extensão do lago de Itaipu.

Efeito da construção de um reservatório sobre o clima global

O principal efeito de um lago sobre o efeito estufa é a emissão de gás metano CH4 dissolvido na água, produzido por processos de decomposição da matéria orgânica do fundo do lago. A quantidade de gás metano produzido depende da quantidade e do tipo de matéria orgânica consumida. A biomassa submersa no reservatório se decompõe em um curto período de tempo com decaimento exponencial ao longo dos anos, sendo que os troncos e galhos sofrem uma decomposição mais lenta. . As temperaturas baixas podem inibir o processo de liberação do gás metano.

Segundo Rosa (1994), em alguns reservatórios pode acontecer seqüestro de carbono (e.g. UHE Segredo). Em estudos apresentados no Workshop Internacional sobre Reservatórios Hidrelétricos, Lagos e Emissões de Gases de Efeito Estufa, foram observados a importância dos estudos da dinâmica do carbono e o equilíbrio nos reservatórios, incluindo medições recentes das taxas dos principais processos biogeoquímicos: produtividade primária de material orgânico, decomposição aeróbica e anaeróbica via desnitrificação, redução de Fe3+ e Mn4+ e geração de metano. Além disso, atenção especial foi dada à necessidade de estudo da oxidação do metano em águas e sedimentos. Esse processo será muito importante no controle das emissões de metano provenientes de reservatório.

No entanto, dada a reduzida área inundada pela UHE Baixo Iguaçu, suas características de operação – a fio d´água – seu reduzido volume, tempo de residência da água e a reduzida cobertura vegetal na área a ser inundada, espera-se que este efeito seja ínfimo.

Devido à indisponibilidade de material sobre a emissão de gases de reservatórios, muitos estudos e muitas medições devem ser realizados antes de afirmar o verdadeiro efeito causado pela emissão dos gases metano e gás carbônico.

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b) Recomendação:

Adoção do monitoramento climatológico na região, antes da formação do reservatório, prevendo-se instalação de uma estação climatológica classe A (padrão –WMO-World Meteorological Organization).

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Geologia/ Geotecnia

Identificação do Impacto : 07 - Possibilidade de Ocorrência de Sismos Induzidos

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

a) Descrição:

Este impacto está associado a formação do reservatório e a possibilidade de induzir movimentos sísmicos na região.

Devido as reduzidas dimensões do reservatório, a baixa sismicidade natural e formação geológica da região, não são esperados sismos induzidos pelo enchimento. Mas, devido a relativa falta de registros no Brasil, é importante a implementação de um monitoramento sistemático, antes e após a formação do reservatório.

b) Recomendação:

Implementação do Programa de Monitoramento Sismológico que deverá prever a instalação de sismógrafo em área pré-escolhida nas proximidades da Área de Influência Direta da UHE Baixo Iguaçu, para o monitoramento sismológico local antes durante e após o enchimento do lago.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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8812/00-6B-RL-0001-0 XI - 24

EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Recursos Hídricos

Identificação do Impacto : 08 – Alterações no uso das águas

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

a) Descrição:

Dentre os diversos usos da água, identificados pelas pesquisas e levantamentos apresentados no diagnóstico, destacam-se o abastecimento humano (através de poços, e em pequenas sangas) e de animais e a agricultura. A formação do reservatório poderá prejudicar a qualidade das águas, comprometendo o abastecimento humano e reduzindo as opções e locais propícios para atividades de lazer.

As interferências nos usos da água, ocasionadas pela construção da barragem e formação do respectivo reservatório, se manifestarão das seguintes formas, a montante da barragem:

− Redução na diversidade e abundância das populações de peixes, em decorrência da interrupção do fluxo migratório causada pela criação de uma barreira e pela mudança do regime fluvial;

− Possibilidade de comprometimento da qualidade da água para consumo, nas estiagens mais severas do rio Iguaçu, nas suas características físico-químicas e biológicas, ocasionada pela mudança do regime fluvial;

− Diminuição do potencial turístico em função do comprometimento da qualidade da água, e da proliferação no reservatório, de espécies flutuantes-livre que turvam a água, impossibilitam esportes náuticos e pesca esportiva.

− Os usos da água dos poços livres poderão ser comprometidos na área a ser inundada e nas suas proximidades.

− Como o consumo humano é afetado, seja pela disponibilidade ou qualidade, considerou-se a avaliação das interferências neste uso como o parâmetro para classificação deste impacto.

b) Recomendação:

Deverão ser implementadas as seguintes ações:

− Redimensionamento e Relocação da Infra-estrutura que deverá propor medidas para melhoria do saneamento básico;

− Relocação de poços;

− Monitoramento Limnológico e da Qualidade da Água, na região, antes e depois da formação do reservatório;

− Monitoramento de Macrófitas Aquáticas no reservatório de forma a evitar seu crescimento descontrolado;

− Apoio técnico para que as prefeituras da área de influência direta, planejem as ações e instrumentos que potencializem as atividades turísticas e pesqueiras, a partir da melhoria da infra-estrutura;

− Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório .

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c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia de recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos

Identificação do Impacto: 09 - Alteração da Qualidade da Água nos Ambientes do lago a ser Formado

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( ) Construção; ( ) Enchimento do reservatório; ( x) Operação

a) Descrição:

As causas da eutrofização é o enriquecimentos das águas por nutrientes provenientes da bacia de contribuição. Essa situação se agrava em um reservatório, na medida em que suas águas circulam mais lentamente, retendo por mais tempo os nutrientes.

O fenômeno de eutrofização dos corpos d´água é um dos principais fatores a se considerar no gerenciamento e manejo de ecossistemas aquáticos, pelas alterações ecológicas que produz e, principalmente, pelos riscos apresentados à saúde humana. A avaliação ou a previsão deste fenômeno é altamente complexa, em virtude da grande quantidade de variáveis que podem contribuir a sua ocorrência. Normalmente se utilizam índices de estado trófico (IET), que tem por finalidade classificar corpos d'água em diferentes graus de trofia, ou seja, avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo das algas, ou o potencial para o crescimento de macrófitas aquáticas.

Na área de influência foi possível detectar que os rios Andrade e Monteiro apresentam alta produtividade em relação às condições naturais, são de baixa transparência e, afetados por atividades antrópicas. Estes dois rios são caracterizados por alterações indesejáveis na qualidade da água, sendo considerados eutróficos. Assim, terão poderão contribuir para a eutrofização do reservatório da UHE Baixo Iguaçu.

Condições de alta produtividade foram observadas nos pontos localizados no rio Andrada e Monteirinho. Nos dois rios foram registradas grandes densidades de cianobactérias no período de estiagem, fato este que deve ser considerado para aplicar medidas mitigadoras que eliminem as fontes poluentes, sejam elas oriundas de esgotos domésticos ou agroindustriais.

Após a formação de um reservatório, geralmente é observada uma dominância numérica de rotíferos, sendo esta, uma característica típica dos estágios iniciais do processo de colonização de um reservatório. Estudos desenvolvidos no reservatório de Segredo mostraram que esses organismos foram dominantes durante dois ciclos anuais após a formação do reservatório (Lopes et al., 1997; Serafim-Jr., 2002).

A eutrofização simplifica as comunidades aquáticas, levando a perdas na biodiversidade, de forma que o impacto é negativo. Uma vez que depende do aporte de nutrientes, que não são gerados pelo empreendimento, é considerado indireto. É um impacto temporário, pois cessando o aporte de nutrientes, processo de eutrofização também cessa. Pode ser considerado de longo prazo, pois há um lapso de tempo entre o aporte dos nutrientes e a eutrofização das águas. É um impacto reversível, pois as águas podem voltar à qualidade de antes, desde que sejam combatidas as causas. Tem uma abrangência local, pois a eutrofização ocorrerá na área de influência direta. Como o processo de eutrofização induz mudanças significativas na qualidade da água e nas comunidades fitoplanctônicas do reservatório, o impacto é de alta magnitude.

Avaliar melhor esses efeitos negativos que por ventura possam vir ocorrer no reservatório da UHE Baixo Iguaçu, foi feita uma modelagem hidrodinâmica e da qualidade da água do futuro reservatório.

O excessivo crescimento de plantas, ocasionado pela eutrofização, ocorrido em rios, lagos, estuários e represas é decorrente da super-fertilização, e pode levar a sérios problemas de qualidade d’água. Esse fenômeno pode ocorrer naturalmente em escalas de meses a até milhares de anos, mas pode ser rapidamente acelerado pelo excesso de nutrientes lançados nos cursos d’água decorrentes das atividades

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humanas como lançamento de esgotos, atividades agrícolas, mudança no uso do solo, criação de reservatórios, entre outros. Geralmente, a eutrofização pode acarretar sérios problemas para um curso de água, podendo-se citar: (i) a grande quantidade de plantas suspensas diminui a transparência da água e algumas espécies geram espumas, dando um aspecto ruim à água. (ii) O crescimento de plantas e a respiração alteram todo o sistema químico d’água. Os níveis de oxigênio e dióxido de carbono são diretamente afetados pela atividade das plantas. O oxigênio por sua vez, tem implicações na sobrevivência de outros organismos, como os peixes. O dióxido de carbono tem impacto direto no pH; (iii) a eutrofização pode alterar todo o ecossistema aquático. Algumas espécies de algas provocam sabor e odor nas águas. As algas conhecidas por cianobactérias são tóxicas para o consumo humano.

Entre os principais macro-nutrientes necessários para o desenvolvimento celular estão o carbono, o nitrogênio e o fósforo.

O carbono desempenha três importantes funções na análise de qualidade d’água: nutriente, biomassa e poluente. Assim como o fósforo e o nitrogênio, o carbono serve como nutriente para o crescimento de plantas, apesar de não se apresentar como o nutriente limitante para o desenvolvimento das plantas e por isso não precisar ser modelado. Pelo fato do carbono constituir muitos componentes de compostos orgânicos, ele é utilizado para quantificar a biomassa. Finalmente, a decomposição do carbono orgânico pode ter grandes efeitos sobre a concentração de oxigênio e muitas toxinas preferencialmente são associadas à matéria orgânica.

Em conjunto com os nutrientes, a outra chave no processo de eutrofização é o ciclo de alimentação. A produção (conversão de nutrientes inorgânicos em matéria orgânica) e a decomposição (processo reverso) representam este ciclo.

Assim, a composição da matéria orgânica desidratada pode ser idealizada pela seguinte representação detalhada do processo de fotossíntese/respiração (Stumm e Morgan, 1981):

+−+ ++↔+++ HOPNOHCOHHPONHCO 1410710816106 211611026310622442

Esta fórmula pode ser utilizada para determinar a razão de massa de carbono entre o nitrogênio e o fósforo:

C : N : P

106x12 : 16x14 : 1x31

1272 : 224 : 31

40% : 7,2% : 1%

Assim, um grama de matéria orgânica sêca contém aproximadamente 10 mg de fósforo, 72 mg de nitrogênio e 400 mg de carbono.

Para o processo de eutrofização, faz-se necessário identificar o nutriente que está controlando o crescimento das plantas. A análise deste nutriente limitante é geralmente feita para o nitrogênio e para o fósforo.

Geralmente o fitoplâncton é mensurado através da clorofila a. O modelo aqui apresentado não faz qualquer consideração com respeito à distribuição de clorofila entre diferentes espécies de fitoplâncton. Sendo assim a concentração de clorofila a deve ser vista como um indicativo de presença das algas (cianobactérias).

1. Estratificação

Toda a modelagem apresentada aqui se restringirá a modelagem de reservatórios não estratificados. Obviamente, para reservatórios com forte estratificação, o problema deve ser estudado com mais cuidado, mas esssencialmente as idéias aqui apresentadas podem ser adaptadas para problemas com estratificação onde se aplica modelagem por camadas: por exemplo, modelar o epilímnio e o hipolímnio cada qual como camadas não-estratificadas acopladas. Em geral os reservatórios mais profundos têm tendência maior de estratificação e essa é mais intensa em períodos de inverno. Locais com ventos e rajadas de vento intensas têm menor tendência a estratificação devido à mistura causada pelo vento. Há formas de se estimar o potencial de estratificação do reservatório quanto às várias variáveis possivelmente importantes na estratificação.

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Em casos onde a vazão (afluente) de reservatórios é bastante baixa com relação ao seus volumes, o processo de mistura vertical se dá primordialmente devido à ação do vento. A profundidade D até à qual há mistura vertical devido à ação do vento pode ser estimada por Ford e Johnson (1986):

gGk

uCD p

αρ 3

*= (1)

onde u* é a velocidade de atrito (aproximadamente 1,2 x 10-3 Uvento), k é a constante de Von Karman (aproximadamente 0,4), � é o coeficiente de expansão da água (1,8 x 10-4 oC-1), g é a aceleração gravitacional, � é a massa específica da água (aproximadamente 1000 kgm-3), Cp é o calor específico da água (4186 Jkg-1oC-1), G é o fluxo de energia por unidade de área para dentro do lago. Se a profundidade média do reservatório não exceder ao valor de D, pode-se considerar que o reservatório é pouco estratificado.

2. Forçantes Meteorológicos

Em reservatórios com pouca estratificação, o principal forçante meteorológico para a circulação da água é a tensão do vento junto à superfície. Quando há estratificação, o fluxo de calor na superfície e portanto a temperatura do ar próximo à superfície se tornam importante. Estas variáveis são, portanto, necessárias como dados para a modelagem hidrodinâmica.

Para a modelagem da eutrofização, há necessidade de conhecimento de parâmetros meteorológicos como velocidade do vento (influencia a oxigenação do corpo d’água), a radiação solar, e a própria temperatura da água.

3. Forçantes Hidrológicos e Cargas

Normalmente os reservatórios estão sujeitos a contribuições de vazões e cargas advindas das suas bacias hidrográficas de contribuição. Assim, é importante que se conheça as vazões de entrada e saída do reservatório, para o conhecimento e modelagem da hidrodinâmica.

Além disso, é primordial que se conheça as concentrações (cargas) dos componentes físicos/químicos/biológicos que compõem as contribuições para o reservatório através dos tributários.

4. O Balanço OD-DBO

O consumo de oxigênio pela DBO presente no reservatório pode ser implementado por um termo de reação de primeira ordem nas equações para OD e DBO. Assim, para a equação da concentração L de DBO, temos a contribuição negativa -kd L no lado direito da equação para DBO. Um termo idêntico aparece no lado direito da equação do OD, já que o processo de decomposição envolve um consumo de oxigênio proporcional. A taxa de sedimentação de matéria orgânica é proporcional à concentração e à velocidade de sedimentação e inversamente proporcional à profundidade na seção, o termo fica –(vs/H)L. A equação do oxigênio dissolvido possui ainda um termo positivo devido à reaeração +ka(os-o), onde (os-o) é déficit de oxigênio em relação à concentração de saturação os e ka é um coeficiente de reaeração dependente de características hidrodinâmicas e do vento Há ainda um termo de consumo de oxigênio devido ao processo de nitrificação e uma fonte de oxigênio devido à respiração das algas no processo de eutrofização.

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5. Nitrificação

A figura 2.10 ilustra esquematicamente o ciclo do nitrogênio.

Ar

Água

N orgânico NH4+ NO2

- NO3-

N2

NH3 O2

O2,s N2,s

Volatização Volatização

AltopH

BaixopH Nitrificação

Desnitrificação

Desnitrificação

NitrificaçãoAmonificação

Produção Líquida

Fixação do Nitrogênio

Figura 2.10 - esquema do ciclo do nitrogênio e do processo de nitrificação.

O processo de nitrificação pode ser representado por uma série de reações. As bactérias Nitrosomonas convertem amônia (NH4

+) em nitrito:

−++ ++→+ ���� ������������

As bactérias Nitrobacter convertem nitrito em nitrato:

−− →+ �� �������

A quantidade de oxigênio consumida nestas duas etapas é dada por:

���

�� �

�����������

������

����������

�������

==

==

onde roam e roi representam a quantidade de oxigênio consumida devido ao processo de nitrificação da amônia e nitrito, respectivamente. O consumo total de oxigênio no processo de nitrificação – ron – é dado por:

���� ��� ������������ −=+=

O termo de consumo de oxigênio na equação para o OD (variável o) devido ao processo de nitrificação é -ronknn, onde n é a concentração de nitrogênio. O decaimento na equação da nitrogênio por sua vez é dado por -knn.

6. Crescimento das Algas

A equação para a concentração a de alga recebe um termo proporcional à própria concentração e à diferença entre um coeficiente de crescimento kg e um coeficiente de perdas por respiração e excreção kra. O termo na equação fica: +(kg-kra)a. Termos análogos aparecem com o sinal trocado nas equações para os nutrientes necessários para o crescimento das algas. Na equação para a concentração n de nitrogênio o termo aparece multiplicado pela razão ana entre a massa de nitrogênio necessária e a de clorofila obtida; no caso da concentração p de fósforo, pela razão apa entre massa de fósforo e clorofila; e no caso da concentração o do oxigênio dissolvido, pela razão roa entre massa de OD e clorofila.

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Os fatores que contribuem para o crescimento de fitoplâncton são: temperatura, nutrientes e luz. Cada um destes fatores será analisado separadamente e seus efeitos possam formulados matematicamente.

Temperatura. Uma grande variedade de formulações tem sido desenvolvida para representar os efeitos da temperatura no crescimento de plantas. A forma mais utilizada é a do theta (Chapra, 1997), dada por:

2020,,

−= TgTg kk θ , (2)

onde: kg,T = taxa de crescimento devido à temperatura (d-1); kg,20 = taxa de crescimento à 20ºC (d-1); T = temperatura (ºC). Eppley (1972) propôs o valor de θ = 1,066 baseado em um grande número de estudos envolvendo várias espécies de fitoplâncton.

Nutrientes. A equação geralmente utilizada para se determinar a limitação de um nutriente é a de de Michaelis-Menten dada por:

Nk

N

sNN +

=φ , (3)

onde: N = concentração do nutriente limitante; ksN = constante de meia saturação. Geralmente o fósforo e o nitrogênio são os nutrientes limitantes; as equações para estes nutrientes são:

pk

p

spp +

=φ e nk

n

snn +

=φ , (4)

onde p e n são as concentrações de fósforo e nitrogênio, respectivamente.

Luz. A determinação dos efeitos da luz no crescimento de fitoplâncton é muito complicado pelo fato que diversos fatores precisam ser integrados para se obter o efeito total. Estes fatores são: variação da incidência de luz durante o dia, a atenuação da luz com a profundidade e a dependência da taxa de crescimento com a luz.

Steele (1965) propôs a seguinte equação para modelar a inibição do crescimento de acordo com a incidência de luz:

( )1+−

= sII

s

eII

IF , (5)

onde: I = intensidade da luz (ly.d-1); Is = intensidade ótima de luz (100 à 400 ly.d-1); A média de luz diária (Ia) pode ser computada como:

��

���

�=π2

ma II , (6)

onde Im é máxima intensidade de luz. A variação espacial de luz através da coluna de água pode ser modelada pela Lei de Beer-Lambert:

( ) zkeeIzI −= 0 , (7)

onde: I0 = radiação solar na superfície; ke = coeficiente de extinção. O coeficiente de extinção é quantificado por (Ripley 1956):

32' 054,00088,0 aakk ee ++= , (8)

onde: ke' = coeficiente de extinção da luz devido a fatores diferentes aos fitoplâncton; a = concentração de

algas (mg Chla.m-3). O coeficiente ke' pode ser medido diretamente ou calculado via Di Toro (1956):

DNkk ewe 174,0052,0' ++= , (9)

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onde: kew = coeficiente de extinção da luz devido a partículas livres na água e à cor (m-1); N = sólidos suspensos não voláteis (mg.L-1); D = detritos (mg.L-1). Substituindo a equação 32 na equação 30 e integrando na profundidade e no tempo, obteremos como resultado:

( )01718,2 ααφ −− −= eeHk

f

e

pL , (10)

onde: fp = fotoperíodo (≈0,5), e

21

Hk

s

a eeII −=α e 1

0Hk

s

a eeII −=α , (11)

O modelo completo para a taxa de crescimento de fitoplânctons pode ser agora descrito como:

( )��

��

++

��

�= −−−

pkp

nkn

eeHk

fkk

spsne

pTgg ,min..

.

.718,2.066,1. 0120

20,αα . (12)

A inclusão dos termos de crescimento de fitoplâncton, que está diretamente relacionado ao problema da eutrofização é feita a seguir, onde o modelo completo é apresentado.

7. O Modelo de Qualidade de Água

7.1. Equações Governantes

O modelo consiste em uma equação de advecção-difusão para os parâmetros fitoplâncton (clorofila-a), demanda bioquímica de oxigênio, oxigênio dissolvido, fósforo, e nitrogênio. A equação geral para a modelagem bidimensional dos parâmetros é apresentada abaixo.

)t,y,x,c(fyC

VxC

Uy

C

x

CE

tC

j=∂∂+

∂∂+�

��

∂∂+

∂∂−

∂∂

(13)

Onde C é a concentração da substância de interesse, U e V são as componentes da velocidade nas direções x e y integradas na direção vertical, E é o coeficiente de difusão turbulenta e f(cj,x,y,t) é o somatório de fontes, sumidouros, sedimentações e reações cinéticas entre as várias componentes presentes no modelo.

As equações utilizadas para os seis parâmetros modelados são apresentadas abaixo:

( ) a

Havarakgk

ya

xaU

2a2

2x

a2E

ta −−+

∂∂−

∂∂−

∂+∂

∂=∂∂

���

���

�V

y (14)

L

HsvLdk

yL

xLU

2y

L2

2x

L2E

tL −−

∂∂−

∂∂−

∂+∂

∂=∂∂

���

���

�V

(15)

( ) ppvppk-arakgkpaayp

Vxp

U2y

p2

2x

p2E

tp −−−

∂∂−

∂∂−

��

��

∂+∂

∂=∂∂

(16)

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( ) nnv-nnkarakgknaa

yn

Vxn

U2y

n2

2x

n2E

tn −−−

∂∂−

∂∂−

��

��

∂+∂

∂=∂∂

(17)

( ) ( )ooakarakgkoarnnkonrLdkyo

Vxo

U2y

o2

2x

o2E

to

s −+−+−−∂∂−

∂∂−

��

��

∂+∂

∂=∂∂

(18)

Quadro 2-2 - Parâmetros a serem modelados

Sigla Significado A Concentração de Clorofila a do Fitoplâncton (mg/L) L Concentração de DBO (mg/L) P Concentração de Fósforo (mg/L) N Concentração de Nitrogênio (mg/L) O Concentração de Oxigênio Dissolvido (mg/L)

Quadro 2-3 - Coeficientes das equações e seus valores utilizados nas simulações

Sigla Significado Valores utilizados

Uw Velocidade do vento 10cm acima do nível da água 2m/s

E Coeficiente de difusão turbulenta (m2/s) Função da velocidade H Profundidade Variável U Velocidade da água (modelo hidrodinâmico) Variável kg Taxa de crescimento de fitoplânctons Variável

Kg,20 Taxa de crescimento de fitoplânctons à 20ºC 2d-1

f Fotoperíodo 0,5 Ia Luz média diária 500 ly Is Intensidade ótima de luz 300 ly T Temperatura 20 oC ke Coeficiente de extinção Variável ke’ Coeficiente de extinção devido a fatores

diferentes aos fitoplânctons 0,3

kra Perdas Devido à Respiração e Excreção 0,1 d-1 va Velocidade de Sedimentação de

Fitoplâncton 0,2 m/d

ksp Meia saturação do fósforo 0,01 ksn Meia saturação do nitrogênio 0,1 kd Taxa de decomposição de DBO 0,08d-1

vs Velocidade de sedimentação de DBO 0,2m/d apa Razão Fósforo:Clorofila a 2,0 ana Razão Nitrogênio:Clorofila a 8,0 kn Fator de oxidação de NDBO (DBO devido à

nitrificação) 0,3d-1

ron Razão Oxigênio:Nitrogênio 4,57 rao Razão Oxigênio:Clorofila a 180 os Concentração de saturação de oxigênio

dissolvido a 20oC 9,093 mg/L

ka Taxa de reaeração Depende de Uw

vn Taxa de sedimentação de Nitrogênio 0,05 d-1

vp Taxa de sedimentação de Fósforo 0,05 d-1

kp Taxa de decaimento do Fósforo 0,3 d-1

O modelo de qualidade de água considera a circulação bidimensional do reservatório, ou seja, com o campo de velocidade horizontal verticalmente integrada.

As equações foram resolvidas utilizando o método numérico das diferenças finitas e implementado em um programa de computador utilizando a linguagem Fortran. Esse método consiste na discretização espacial e temporal das equações por valores finitos de ∆t, ∆x e ∆y, conforme apresentado a seguir.

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2�y

t1,-ycty,2ct1,yc

2y

c2

�xt1,-ycty,c

yc

2�x

t1,-xctx,2ct1,xc

2x

c2�x

t1,-xctx,c

xc

�ttx,c1tx,c

tc

+−+≅

∂∂

−≅∂

+−+≅∂∂

−≅∂

−+≅∂∂

O valor de ∆t utilizado nas simulações foi de 40 segundos, e a discretização espacial considerou uma grade homogênea com ∆x=∆y=100m.

7.2. Simulações de Qualidade de Água

Para a obtenção do campo de velocidade do reservatório, foi realizada uma modelagem da hidrodinâmica utilizando o modelo SisBAHIA, cujos detalhes já foram descritos anteriormente.

O modelo hidrodinâmico foi forçado com as vazões médias dos tributários do reservatório (figura 2.11 e quadro 2.4). Também foi realizada uma simulação considerando um vento leste de 3m/s, que é o vento predominante na região, porém a circulação hidrodinâmica não apresentou diferenças significativas. O resultado da hidrodinâmica é apresentado na figura 2.11.

Figura 2.11 – Módulo e direção da velocidade verticalmente integrada (2DH)

Quadro 2.4.Vazões utilizadas como forçantes do modelo

Rio Vazão (m3/s) Capanema 40 Monteiro 3,5 Andrada 32 Iguaçu 1400

Cotegipe 15

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a – Cenário 1 – Situação Atual

Esta simulação considerou o aporte de nutrientes e carga orgânica a partir de medições realizadas nos tributários, portanto simulando a situação atual.

As condições de contorno utilizadas nos rios estão descritas no quadro 2.5, que apresenta a média dos valores medidos nos rios correspondentes.

Quadro 2.5 - Concentrações utilizadas como condição de contorno

Rio DBO (mg/L) OD (mg/L) Clorofila-a (mg/L)

Fósforo (mg/L) Nitrogênio (mg/L)

Iguaçu 1,50 6,9 0,002 0,01 1,8 Monteiro 1,60 7,55 0,002 0,017 0,7 Andrada 1,61 6,85 0,022 0,01 1,3 Capanema 1,83 7,25 0,002 0,016 1,0

As condições iniciais do modelo foram consideradas como sendo 50% do valor médio nos quatro rios, exceto para o oxigênio dissolvido, onde foi considerado como condição inicial a média dos quatro rios.

Após uma simulação de 3 meses com carga contínua e constante, o modelo entrou em estado estacionário. Os resultados são apresentados nas figuras 2.12 a 2.16.

Figura 2.12 – Concentração de clorofila a

Figura 2.13 – Concentração de Nitrogênio

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Figura 2.14 – Concentração de Fósforo

Figura 2.15 – Concentração de DBO

Figura 2.16 – Concentração de OD

Os resultados do modelo de qualidade de água foram classificados em relação ao nível trófico do reservatório segundo as metodologias de Carlson (quadro 2.6) e Wetzel (quadro 2.7).

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Quadro 2.6 - Classificação do Estado Trófico segundo o Índice de Carlson Modificado

Estado Trófico P total (�g/L) Clorofila-a (�g/L) Oligotrófico P < 26,5 Cl < 3,8 Mesotrófico 26,5 < P < 53,0 3,8 < C < 10,3 Eutrófico 53,0 < P < 211,9 10,3 < CL < 76,1 Hipereutrófico 211,90 < P 76,1 < CL

Quadro 2.7 – Classificação dos lagos (Wetzel, 1981).

Tipo de Lagos Concentração de Fósforo (mg/l) ultra-oligotrófico < 0,005 Oligomesotrófico 0,005 - 0,01 meso-eutrófico 0,01 - 0,03 Eutrófico 0,03 - 0,050 Hipereutrófico > 0,050

Segundo a metodologia de Carlson, as regiões próximas ao rio Capanema apresentam características eutróficas em relação ao parâmetro clorofila a. Este comportamento é devido a um alto valor de clorofila a medida neste local, que foi utilizado como condição de contorno do modelo neste ponto. As outras regiões do reservatório, que não são influenciadas pelo rio Capanema apresentam características oligotróficas em relação ao parâmetro clorofila a.

As concentrações de fósforo apresentadas pelo modelo classificam todo o lago como oligotrófico, segundo classificação de Carlson. Segundo a classificação de Wetzel, as regiões próximas ás regiões influenciadas pelos rios são classificadas como meso-eutróficas e olifgomesotróficas. As demais regiões do reservatório são classificadas como oligotróficas.

As concentrações médias de OD e DBO apresentadas nos quatro rios os classificariam como aqueles enquadrados na Classe 1 da resolução CONAMA 20/86. Ao chegar no reservatório, essas concentrações são diluídas, como ocorre com todos os parâmetros modelados, melhorando a qualidade da água.

Com os resultados do modelo é possível verificar a auto depuração do corpo hídrico ocasionada pelo reservatório, promovendo um melhoria da qualidade da água. Porém deve existir um efetivo controle de fontes poluidoras nos tributários e no entorno do reservatório, a fim de evitar aportes excessivos de nutrientes e o fenômeno da eutrofização.

b – Cenário 2 – Aumento de 50% nas Concentrações

Esta simulação aumentou em 50% o valor das concentrações de DBO, Fósforo, Nitrogênio e Clorofila a. a concentração de oxigênio dissolvido foi mantida.

Figura 2.17 – Concentração de clorofila a

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Figura 2.18 – Concentração de Nitrogênio

Figura 2.19 – Concentração de Fósforo

Figura 2.20 – Concentração de DBO

Com o aumento de 50% na concentração de clorofila a, o comportamento geral dos níveis de trofia do reservatório, segundo a metodologia de Carlson, não apresentou muitas alterações. Obviamente as concentrações em todo o reservatório aumentaram, porém novamente as regiões próximas ao rio Capanema apresentaram características eutróficas em relação ao parâmetro clorofila a. As outras regiões

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do reservatório, que não são influenciadas pelo rio Capanema, apresentam características oligotróficas em relação ao parâmetro clorofila a.

Nesta simulação com aumento de 50% no aporte de nutrientes, as concentrações de fósforo apresentadas pelo modelo novamente classificam todo o lago como oligotrófico, segundo classificação de Carlson. Segundo a classificação de Wetzel, as regiões próximas ás regiões influenciadas pelos rios são novamente classificadas como meso-eutróficas e olifgomesotróficas. As demais regiões do reservatório são classificadas como oligotróficas.

Mesmo com o aumento de 50% nas concentrações de OD e DBO, os quatro rios se classificariam como Classe 1, conforme resolução CONAMA 20/86.

b) Recomendações:

Implantação de um programa de monitoramento da água na bacia de contribuição da UHE Baixo Iguaçu, bem como da água a jusante da barragem.

Implementação de monitoramento e controle e das macrófitas aquáticas.

Desenvolvimento de ações de educação ambiental no entorno do reservatório, visando, entre outros aspectos o controle de efluentes e o esclarecimento dos agricultores da região quanto à utilização adequada dos agrotóxicos e fertilizantes, a fim de evitar o aporte de nutrientes e poluentes para a água, provenientes do escoamento superficial das áreas agrícolas.

Promover medidas de controle dos efluentes gerados na bacia de contribuição ao reservatório, estudando alternativas de controle e redução dos efluentes nas áreas próximas aos reservatório.

Reflorestamento das margens e de tributários do reservatório, contribuindo para a manutenção da qualidade da água, à medida que reduz o aporte de nutrientes nos corpos de água e reduz a incidência de luz necessária para a fotossíntese das algas que podem promover o processo de eutrofização.

Quando da supressão da vegetação que será atingida para a formação do reservatório, deverá ser feita a máxima limpeza de galhadas e vegetação rasteira, evitando-se que fiquem restos de vegetação dentro do reservatório após o corte, cuja decomposição poderá contribuir para o processo de eutrofização.

Desinfecção de fossas, currais, pocilgas e aviários existentes na área de inundação.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Ecossistemas terrestres e aquáticos

Identificação do Impacto : 10 - Aumento da exploração da fauna

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta: ( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Esse impacto decorre de três ações principais:

− aumento do contingente populacional humano no sítio das obras, muito próximo do Parque Nacional do Iguaçu (PNI), durante a época de construção da usina;

− aumento efetivo das populações dos municípios mais diretamente relacionados com a obra, como Capanema e Capitão Leônidas Marques, durante a época de construção da usina;

− a ação oportunista de caçadores, durante o enchimento do reservatório.

Para todos os grupos de fauna avaliados, este impacto é evidente, dada a proximidade do empreendimento com os limites do Parque Nacional do Iguaçu (PNI). As atividades de exploração da fauna aqui apresentadas dizem respeito principalmente a caça e a apanha de animais silvestres dentro dos limites do PNI, a pesca predatória e a ação oportunista de caçadores em decorrência do enchimento do reservatório da barragem. Estas atividades já são praticadas localmente (ver os autos de infração existentes no PNI) e com o aumento do contingente populacional circulando na AII e AID, a situação tende a agravar-se.

As atividades cinegéticas consistem em um dos principais problemas enfrentados pela administração do PNI (Marcelo Oliveira e Ana Rafaela Damico, com. pess.). Essa unidade de conservação, uma da mais importantes do Estado e do Brasil, abriga populações remanescentes, em certas ocasiões únicas, de aves para a região oeste/sudoeste paranaense, dentre as quais figuram muitas de especial interesse cinegético, como: macuco (Tinamus solitarius), nambus (gênero Crypturellus), jacutinga (Pipile jacutinga), urus (Odontophorus capueira), dentre outros. Não menos relevante são as espécies alvo para o comércio como animais de estimação, donde se destacam os Psittacidae (baitaca Pionus maximiliani, papagaio-do-peito-roxo Amazona vinacea, papagaio-verdadeiro Amazona aestiva), Passeriformes canoros (sabiás do gênero Turdus, sanhaços Thraupis sayaca, gaturamos do gênero Euphonia, curiós Oryzoborus angolensis), dentre outros.

Além das espécies de aves citadas, várias outras espécies cinegéticas e de interesse comercial são procuradas na área de influência, entre as quais merecem destaque todos os felinos que ocorrem no Parque (Panthera onca, Puma concolor, Leopardus pardalis, Leopardus tigrinus, Leopardus wiedii e Herpailurus yaguarondi), os porcos-do-mato (Pecari tajacu e Tayassu pecari), os cervídeos (Mazama americana, Mazama gouazoubira e Mazama nana), a anta (Tapirus terrestris), a paca (Agouti paca), a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) e a cutia (Dasyprocta azarae).

Há ainda citações de exploração sobre anfíbios. Em entrevistas com moradores levantou-se a ocorrência de captura de rãs para o consumo, sendo a principal Leptodactylus ocellatus.

A pesca registrada na área de influência tende a ser intensificada com o aumento da presença humana durante a construção do reservatório, causando prejuízos às populações de peixes. A ausência de um monitoramento eficiente da explotação e do recurso pesqueiro, associado à carência de informações biológicas da maioria das espécies não permite o estabelecimento de um controle da atividade pesqueira local.

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O aumento da exploração da fauna deverá intensificar-se durante o enchimento do reservatório, à exemplo do ocorrido na área de influência da UHE Salto Caxias, quando foram detidos muitos caçadores na região (L. M. Tiepolo, com. pess.).

É importante ressaltar que, devido à proximidade, qualquer que seja a localização de canteiro de obras e da casa de forças esse impacto sobre a fauna do PNI será alto. Entretanto, como no caso do arranjo por ora proposto, a localização do canteiro principal na margem esquerda do rio Iguaçu dificulta o acesso das pessoas ao Parque, esse impacto pode ser considerado relativamente menor do que no caso do canteiro se localizar na margem direita. Nesse último caso apenas o rio Gonçalves Dias limitaria o acesso ao Parque.

Uma vez que esse impacto leva a perdas na biodiversidade, é considerado negativo. Por não ser decorrente de uma ação do projeto, o impacto sob análise foi considerado indireto. Considerando que o aumento da exploração da fauna ocorrerá apenas nas fases de construção e enchimento do reservatório, o impacto pode ser considerado temporário. Espera-se que a manifestação do impacto ocorra imediatamente após a sua causa, ou seja, logo após o aumento do contingente populacional, por isso foi classificado como de curto prazo. Uma vez que as populações-alvo poderão se recuperar após a manifestação do impacto, foi considerado reversível. O aumento da exploração da fauna será um impacto localizado na área de influência direta. Com relação à magnitude desse impacto, o aumento da exploração da fauna, em relação à situação pré-existente, é de difícil quantificação. Assim, preferiu-se adotar uma postura conservadora e considerar o impacto de alta magnitude. Por interferir diretamente sobre populações naturais de uma unidade de conservação de proteção integral e por envolver aspectos legais de proteção à fauna, o impacto foi considerado de grande importância.

b) Recomendações:

Tendo em vista que as ações antrópicas de exploração da fauna estão entre as principais ameaças a conservação da biodiversidade do PNI é altamente necessário que as medidas a seguir sejam adotadas e respeitadas.

É imprescindível que já durante a fase do Projeto Básico Ambiental (PBA) sejam discutidas alternativas que ampliem o sistema de fiscalização do PNI. Recomenda-se que estas medidas sejam tomadas em comum acordo com a administração da unidade, uma vez que este possui no seu Plano de Manejo um Programa de Integração com a Área de Influência, o qual contempla diversos projetos para controlar, monitorar e fiscalizar a área de influência do Parque. A administração do Parque poderá indicar medidas prioritárias e os melhores pontos para se ampliar o sistema de fiscalização da unidade. Mesmo considerando que o aumento da exploração da fauna irá ocorrer na época da construção, recomenda-se que essa medida seja implantada também na fase de operação da UHE Baixo Iguaçu, dada a proximidade do empreendimento com o Parque.

Deverá ser levado a cabo um programa de educação ambiental para os funcionários da obra e para as comunidades da área de influência. O Plano de Manejo do PNI possui projetos que contemplam Educação Ambiental através da interação com o entorno. Estes projetos deverão ser detalhados em conjunto com a administração do Parque, quando da elaboração do PBA. Nessa oportunidade deverão ser reforçadas quaisquer atividades já desenvolvidas e propostas idealizadas pela administração e/ou previstas no plano de manejo da unidade de conservação em apreço.

Os funcionários contratados deverão ter uma norma de conduta e estar conscientes da legislação ambiental vigente no Brasil e, em caso de incidência de comportamentos ilícitos e lesivos contra o meio ambiente, deverão ser adotadas severas medidas de punição. Recomenda-se que exista uma cláusula especial no contrato dos funcionários alertando para a demissão por justa causa no caso de constatação da incidência de comportamentos lesivos sobre a fauna e flora do PNI e seu entorno.

É responsabilidade do empreendedor propiciar o esclarecimento da população local da área de influência e dos funcionários da obra sobre os crimes ambientais que lesam o meio ambiente na região.

No que se refere a localização do canteiro de obras, sugere-se que, na fase de PBA, as propostas existentes sejam debatidas com uma comissão especial formada entre o empreendedor e a administração do PNI.

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c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( x) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas terrestres

Identificação do Impacto: 11 - Aumento da exploração da flora

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x ) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Esse impacto decorre de duas ações principais:

• aumento do contingente populacional humano no sítio das obras, muito próximo do Parque Nacional do Iguaçu (PNI), durante a época de construção da usina semelhante às causas do impacto de aumento de exploração da fauna; e

• a ação de alguns proprietários que, verificando que poderão ter menos terras para produzir, poderão pressionar e desmatar os remanescentes florestais.

Tendo em vista a presença de várias espécies da flora de interesse comercial, representando tanto produtos comerciais madeiráveis quanto não-madeiráveis, a presença de um contingente maior de pessoas circulando na região, principalmente por ocasião das obras de implantação, diversas espécies poderão sofrer processos de exploração predatória.

Estas atividades predatórias poderão estar relacionadas às atividades de extração de mudas de essências com potencial paisagístico, material lenhoso, extração de palmito para comércio ilegal, além da extração de espécies com alto potencial madeireiro.

Dentre as espécies que devem ter sua exploração acentuada destacam-se as espécies arbóreas de interesse comercial, como Aspidosperma polyneuron, Balfourodendron riedellianum, Tabebuia heptaphylla, Araucaria angustifolia, Machaerium muehlenbergianus, Euterpe edulis, Jacaratia spinosa, Gleditsia amorphoides, Astronium graveolens, Esenbeckia grandiflora, Machaerium paraguariensis e Myrocarpus frondosus, as quais poderão sofrer danos não somente pela perda de hábitat em decorrência das obras e formação do reservatório, como também pelo extrativismo seletivo, além das diversas espécies de orquídeas e bromélias presentes na região.

Ressalta-se também que os proprietários poderão se sentir estimulados ao extrativismo destas essências, pela possibilidade de aproveitamento da flora para fins comerciais e/ou para substituição das áreas florestais por áreas de cultivo ou pastagem, “compensando” a perda de áreas agrícolas decorrente da formação do reservatório.

Atenção especial merece o Parque Nacional do Iguaçu, uma vez que seus limites encontram-se imediatamente abaixo do eixo da barragem, estimulando atividades predatórias em seu interior.

As justificativas para a qualificação adotada para esse impacto são análogas àquelas do impacto de aumento da exploração da fauna.

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b) Recomendação:

Todas as medidas explícitas na ficha anterior (impacto 10 - Aumento da exploração da fauna) se aplicam igualmente neste caso.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( x) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas terrestres

Identificação do Impacto: 12 - Supressão da vegetação terrestre

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x ) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

A supressão da vegetação deverá ocorrer nas áreas próximas ao eixo da barragem, pelas obras, canteiros, construção de estradas e vias de acesso ao empreendimento, locais de armazenamento de caliça (bota-fora) e estabelecimento de jazidas para extração de minerais, além das áreas que serão posteriormente afetadas pelo enchimento do reservatório.

O quadro abaixo apresenta os quantitativos da vegetação da área de influência

Quadro 2.8 Vegetação na área de influência

Cobertura do solo Área de inundação

Área de preservação permanente

Local das obras

Porção do PNI

Faixa a jusante Total

Floresta primária 1,5 31,4 7,9 106,9 453,1 600,8

Floresta secundária avançada 2,1 225,5 28,5 256,1

Floresta secundária média 211,9 340,8 32,7 29,8 615,2

Floresta ripária 278,1 123,4 9,9 28,6 440,0

Capoeira 64,6 55,4 8,3 203,0 331,3

Total de vegetação nativa 558,2 776,5 87,3 106,9 714,5 2243,4

Outros usos 800,8 1.781,8 367,3 318,3 3.268,2

Total Geral 1.359,0 2.558,3 454,6 106,9 1.032,8 5.511,6

Deverá ser suprimida a vegetação localizada na área de inundação e no local das obras. Assim serão perdidos cerca de 650 ha de vegetação nativa, o que corresponde a cerca de 28 % das áreas naturais da área de influência direta. Da vegetação suprimida, e 75 ha de capoeiras (22%). Esses números mostram que as florestas ripárias serão, proporcionalmente a fisionomia mais afetada, o que não poderia ser diferente, pois estão localizadas às margens dos rios.

Quanto às florestas primárias, onde se observam ainda condições ambientais favoráveis ao estabelecimento de espécies clímax como o palmito (Euterpe edulis), a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron), o jaracatiá (Jaracatia spinosa), o pau-marfim (Balphourodendron riedellianum), entre outras, um importante fragmento deverá ser totalmente suprimido por estar localizado no local onde será feito o desvio do rio. Estima-se que o volume madeireiro a ser suprimido seja na ordem de 844,5 m3/ha e a biomassa do componente arbóreo de 513,06 Ton./ha. Cerca de 10 ha dessa fisionomia será suprimida, representando apenas 2 % das florestas primárias da AID.

As florestas em estágio médio e avançado de regeneração deverão ser suprimidas em menor ou maior grau, conforme sua posição em relação ao nível máximo a ser atingido pelo reservatório. Para as florestas em estádio médio de regeneração o volume madeireiro a ser suprimido deverá ser na ordem de 142,72 m3/ha e a biomassa das arbóreas de 14,6 Ton./ha. Serão suprimidos cerca de 30 ha dessa floresta. Para as

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florestas em estádio avançado de regeneração estes valores serão respectivamente de 303,96 m3/ha e de 3,6 Ton/ha. Serão suprimidos cerca de 245 de floresta secundária média.

No que se refere às florestas ripárias, estas serão em grande parte suprimidas e serão as florestas mais afetadas pela formação do reservatório, uma vez que estão localizadas imediatamente às margens do rio Iguaçu e seus afluentes. São cerca de 290 ha, representando 65 % das florestas ripárias da AID. O volume madeireiro e a biomassa das florestas ripárias a serem suprimidos será na ordem de 240,17 m3/ha e de 423,4 Ton./ha, respectivamente. Cabe ressaltar que o índice de diversidade das florestas ripárias foi o mais alto obtido para a região, sugerindo que a maior parte das espécies arbóreas da região podem ser encontradas nestas formações florestais.

Além da importância das espécies presentes nessas florestas e do potencial madeireiro que representam, a supressão da vegetação estará fragmentando ainda mais a paisagem da área de influência e eliminando habitats da fauna. Embora os levantamentos não tenham identificado a araucária na área de influência direta, não pode-se descartar a presença de indivíduos dessa espécie nas áreas que terão a vegetação suprimida.

Uma vez que esse impacto leva a perdas na biodiversidade, é considerado negativo. É um impacto direto, visto que decorre de ações do projeto: instalação das obras e enchimento do reservatório. Considerando que a supressão da vegetação se manifesta apenas no momento da instalação das obras e do enchimento do reservatório, o impacto pode ser considerado temporário. Espera-se que a manifestação do impacto ocorra imediatamente após a sua causa, por isso foi classificado como de curto prazo. Apesar de ser um impacto que possa ser compensado, revegetando outras áreas, o ecossistema não se restabelece como antes, portanto, o impacto é irreversível. A supressão da vegetação será um impacto localizado na área de influência direta. Mesmo considerando que o processo de desmatamento já vem ocorrendo na área e que as florestas a serem suprimidas representam corredores naturais ao longo do rio Iguaçu e constituem ecossistemas únicos em toda a bacia, com espécies algo em torno de 30% da área inundada e menos de 10% da área de influência direta, o impacto foi considerado de alta magnitude, uma vez que algumas das espécies existentes nos ambientes ripários e rochosos são endêmicas do rio Iguaçu. É também um impacto de grande importância, pois essa vegetação funciona como um corredor de biodiversidade para o Parque Nacional do Iguaçu e grande parte está localizada em áreas de preservação permenente, protegidas por lei.

b) Recomendações:

Para a fase de PBA e para a solicitação de autorização de supressão da vegetação, levantamentos mais detalhados da vegetação deverão ser empreendidos, com o objetivo não só de refinar os quantitativos, mas também de se identificar a presença de espécies ameaçadas de extinção, como a araucária.

É recomendável que seja feito um aproveitamento da flora a ser suprimida pelo empreendimento, tanto no aspecto econômico quanto científico. O aproveitamento econômico deverá ser realizado antes do enchimento do reservatório, podendo os recursos obtidos serem destinados às medidas mitigadoras do empreendimento.

Para o aproveitamento científico, deverá ser dada ênfase tanto aos aspectos ecológicos quanto genéticos, os quais poderão ser abordados através de estudos de ecologia de comunidades e aproveitamento das espécies ameaçadas de extinção para criação de um banco genético ex situ, com a participação de Instituições de pesquisa competentes.

Para compensar a supressão da vegetação, as margens do futuro reservatório deverão ser revegetadas com espécies nativas da região. Os aspectos legais, que determinam as áreas de preservação permanente também justificam essa recomendação.

Para o aproveitamento científico deverá ser dada ênfase tanto aos aspectos ecológicos quanto genéticos, os quais poderão ser abordados através de estudos de ecologia de comunidades e aproveitamento das espécies ameaçadas de extinção para criação de um banco genético in vivo e in vitro, com a participação de Instituições de pesquisa competentes.

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c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas terrestres

Identificação do Impacto: 13 - Interferências com a fauna em função da supressão da vegetação terrestre

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta: ( x ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

A maior ameaça à diversidade biológica é a perda de habitat (Primack & Rodrigues, 2001). A construção da usina afetará os hábitats florestais terrestres em duas etapas: durante a remoção da vegetação para a instalação das obras e do canteiro e durante a retirada da vegetação (bão será só da margem) para o enchimento do reservatório. Em ambos os casos, hábitats florestais serão descaracterizados ou suprimidos, forçando a fauna que os utiliza como abrigo ou sítio de forrageio e reprodução, a ocuparem áreas vizinhas que nem sempre oferecem as mesmas condições dos hábitats anteriormente existentes. Há que considerar que inúmeras espécies não conseguem se adaptar as novas condições devido a rapidez com que o impacto ocorre. Mesmo aquelas com maior plasticidade ecológica enfrentam novas condições completamente distintas, com comunidades já estabelecidas e sem garantias de que conseguirão se re-estabelecer.

As florestas de galeria, além de desempenhar o papel de corredor para deslocamentos das espécies de mamíferos, também exercem função de proteção, filtragem e amortecimento dos impactos provenientes dos ambientes que circundam o ecossistema aquático, atuando como zona tampão (Primack & Rodrigues, 2001). A mata ciliar tem a propriedade de conter processos erosivos, reter sedimentos, nutrientes e substâncias tóxicas que alcançariam a água, influenciando a sua qualidade. Estima-se que 0,2 a 5 % dos agrotóxicos utilizados são perdidos por escoamento para os rios (Jorgensen & Löffler, 1995). Chaves et al. (1997) estudando a eficiência da vegetação ripária na apreensão de sedimentos em uma área de cerrado brasileiro encontraram maior eficiência quando a zona ripária era ocupada por florestas de galeria, diminuindo quando havia pastagens e áreas agrícolas, sendo estas últimas as maiores exportadoras de sedimentos dentre os tipos de vegetação analisados. Os autores também verificaram que a largura mínima da vegetação necessária para a proteção da água variava em relação ao uso do solo na porção superior do relevo. As lontras e ariranhas são predadoras visuais, ou seja, localizam e capturam as presas utilizando principalmente a visão. O aumento de sedimento em suspensão, turva a água e dificulta a localização e a captura das presas. Da mesma forma, a poluição da água por agrotóxicos, metais pesados e acidificantes comprovadamente influência na ocorrência e distribuição das lontras (Macdonald & Mason, 1990). (muito genérico, sem nenhuma particularização da área de influência)

Além das funções já citadas, a vegetação ripária contém o fluxo das chuvas e atenua as inundações. Solos sem cobertura vegetal apresentam menor capacidade de infiltração da água que acaba fluindo pela superfície, reduzindo a quantidade de água estocada em lençóis freáticos (Barbosa, 1997). A redução do volume de água subterrânea prejudica a alimentação da bacia hidrográfica e diminui seu volume de água, prejudicando a geração de energia hidrelétrica e o abastecimento de populações.

Os impactos sobre a fauna de invertebrados terrestres será maior sobre as populações de espécies com distribuição restrita, como é o caso do escorpião Botriurus moojeni, da aranha Mesobolivar iguazu e da centopéia Thereuoquima admirabilis, todos endêmicos desta porção da bacia do rio Iguaçu.

Para a fauna de vertebrados, as populações de espécies estenóicas serão as mais atingidas por este impacto. No caso dos anfíbios, populações de Hyalinobatrachium uranoscopum, Aplastodiscus perviridis, Hyla cf. semiguttata, Osteocephalus langsdorffii, Scinax gr. catharinae, Crossodactylus sp., Eleutherodactylus binotatus, Eleutherodactylus guentheri, Limnomedusa macroglossa e Procerathophrys avelinoi serão as mais atingidas.

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Os hábitats estritamente ribeiros, como as lages rochosas no leito do rio, remansos de água com rochas expostas e barrancos cobertos com vegetação ciliar rala, serão localmente suprimidos. Répteis que usam com muita freqüência (ou exclusivamente) esses ambientes, como o calango-preto Tropidurus torquatus, o cágado-pescoçudo Hydromedusa tectifera e a cobra-d'água Helicops infrataeniatus, terão suas populações, a jusante e a montante do reservatório, fragmentadas. Já os hábitats de mata ciliar poderão se recompor naturalmente ou por intervenção humana em longo prazo.

Para avifauna verifica-se que cerca de 27% das espécies possuem distribuição geográfica que se estende por uma área de aproximadamente 50.000 Km2 (Bibby et al., 1992) - comparativamente tal valor corresponde a aproximadamente ¼ do território paranaense. (essa afirmação leva a crer que as aves da AID estão representadas em outras áreas) Essa característica, resultante de uma elevada restrição ao hábitat, confere à avifauna neotropical, sobretudo, maior suscetibilidade a alterações em seus hábitats e hábitos. Nesse sentido, a avifauna da área de estudo, composta essencialmente por espécies terrestres silvícolas (¾ das aves locais), em especial aquelas pertencentes às guildas ecológicas de ocupação ripária e de encosta (esses habitats não serão tão impactados quanto as florestas ripárias), serão as mais impactadas pela perda do hábitat, haja vista que estes locais serão inundados com o enchimento do reservatório.

A supressão e/ou alterações em florestas de platô ocorrerão com especial ênfase em áreas próximas ao canal de desvio do rio, onde se encontra um remanescente florestal bem preservado e próximo ao Parque Nacional do Iguaçu (menos de 1000 m), o qual serve como importante elemento (exagero afirmar que um fragmento deste tamanho funciona como um centro de manutenção da avifauna – esse papel é desempenhado pelo Parque) para a manutenção da avifauna silvícola na matriz fragmentada do entorno, cumprindo, portanto, papel fundamental para a amortização dos efeitos antrópicos sobre a zona intangível da unidade de conservação adjacente.

Quanto aos mamíferos, as espécies de médio e grande porte requerem para sua sobrevivência, áreas de vida mais extensas, ou seja, necessitam de espaço em seu habitat natural para realizar as atividades básicas para a sobrevivência do indivíduo (alimentação e repouso) e da espécie (reprodução e dispersão da prole). À medida que o ambiente natural das espécies foi sendo substituído por pequenos fragmentos de floresta inseridos em uma matriz essencialmente agropecuária, a área de vida destas espécies passou a ser formada por esta matriz e vários fragmentos utilizados como "stepping stones" (trampolins ecológicos), ou seja, áreas utilizadas pelos indivíduos para alimentação e repouso, temporariamente, quando em deslocamento por sua área de vida (Terborgh et al. 1999). Ainda neste sentido, a proximidade do Parque Nacional do Iguaçu leva a crer que os fragmentos do entorno, situados na área de influência do empreendimento, possam ser utilizados como "stepping stones" durante deslocamentos de indivíduos em dispersão, tanto na direção do parque quanto para fora dele. Fatos comprobatórios deste tipo de padrão de utilização de área de vida e da importância do mosaico de fragmentos para a sobrevivência das espécies já foram constatados na área de influência do empreendimento para os felinos, porcos-do-mato, a anta e os veados (M. Oliveira com. pess.) e em outros locais do Estado como, por exemplo, o Parque Estadual Vila Rica do Espírito Santo (Fênix, PR) que com apenas 356 ha apresenta vestígios de onça-parda (F. Rocha Mendes com. pess.). Nesta mesma região foram observadas espécies de morcegos utilizando pequenos fragmentos florestais inseridos numa matriz basicamente agrícola de forma conjunta, especialmente quando na busca por alimento (G. V. Bianconi com.pess.). Além disso, as espécies arborícolas e escansoriais (primatas, vários roedores e marsupiais, entre outros) dependem fundamentalmente dos fragmentos florestais para existirem e as semiaquáticas ou ribeirinhas (lontra, capivara, paca, cuíca-dágua, entre outras) dependem da mata ciliar como abrigo e para deslocamentos.

Para a ictiofauna, a supressão da vegetação pode ter efeito sinérgico com os impactos de “alteração e perda dos habitats aquáticos”, haja visto que a modificação ou destruição da vegetação ripária pode alterar as características do ecossistema aquático afetado, principalmente nos rios e riachos de pequeno porte, causando impacto sobre as populações animais aquáticas que dependem dessa fonte de alimento e abrigo.

Conforme abordado no diagnóstico ambiental, especialmente nos itens sobre organismos bentônicos, planctônicos e ictiofauna, a fauna que habita o rio é altamente dependente da conservação das matas ciliares. Modificações na estrutura destas matas produzem respostas imediatas e mudanças nas comunidades de invertebrados aquáticos.

Uma vez que esse impacto leva a perdas na biodiversidade, é considerado negativo. É um impacto direto, visto que decorre de ações do projeto: instalação das obras e enchimento do reservatório. Considerando que a supressão da vegetação e sua ação sobre a fauna se manifestam apenas no momento da instalação das obras e do enchimento do reservatório, o impacto pode ser considerado temporário. Espera-se que a

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manifestação do impacto ocorra imediatamente após a sua causa, por isso foi classificado como de curto prazo. Apesar de ser um impacto que possa ser compensado, revegetando outras áreas, o ecossistema não se restabelece como antes, portanto, o impacto é irreversível. A supressão da vegetação será um impacto localizado na área de influência direta. Considerando que as florestas a serem suprimidas representam corredores naturais ao longo do rio Iguaçu e constituem ecossistemas únicos em toda a bacia, com espécies de distribuição geográfica restrita e esta área, o impacto foi considerado de alta magnitude. É também um impacto de grande importância, pois essa vegetação funciona como um corredor faunístico para o Parque Nacional do Iguaçu.

b) Recomendação:

O início da restauração das florestas que serão suprimidas na área diretamente afetada pela obra deverá ocorrer junto com o início das obras. Esta recomendação minimizaria muito o impacto que o enchimento do reservatório causaria sobre a fauna ripária silvícola atingida, uma vez que esta teria condições de se refugiar e colonizar as novas áreas já em estádios iniciais de sucessão.

A supressão da vegetação não deverá ocorrer além da cota atingida. Esta recomendação é particularmente importante para a restauração das margens, uma vez que a vegetação não atingida será o banco de sementes para recompor o ambiente.

O empreendedor deverá manter ou apoiar a manutenção de viveiros de espécies vegetais nativas da região em parceria com instituições de pesquisa, como Universidades locais, com o objetivo de recompor a vegetação ciliar da área de influência do reservatório.

Recomenda-se que sejam realizados estudos de monitoramento com espécies da fauna consideradas estenóicas, antes e depois do início da operação da UHE Baixo Iguaçu.

Como compensação pela supressão do fragmento de floresta primária que será atingida pelo desvio do rio, é recomendável a recomposição da margem esquerda do rio Gonçalves Dias. Tal procedimento poderá ser tomado como exemplo para incentivar políticas públicas ambientais, de maneira que os municípios da área de influência recuperem as margens ciliares dos outros rios presentes em seus limites municipais (rio Monteiro, rio Capanema, rio Andrada e rio Cotegipe).

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( x) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos

Identificação do Impacto: 14 - Supressão da vegetação aquática

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( ) Construção; ( x) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

A vegetação aquática está representada basicamente por espécies de macrófitas submersas que permanecem aderidas ao substrato rochoso do rio Iguaçu. As macrófitas da área de estudo ocorrem com maior abundância em áreas de corredeira onde a lâmina d’água não ultrapassa um metro de profundidade, reunindo condições de luminosidade favoráveis ao estabelecimento destas comunidades.

Por apresentar características específicas de microhábitats, além de fornecerem abrigo e alimentação para uma gama de vertebrados e invertebrados aquático e semi-aquáticos, as espécies de Podostemaceae têm sido amplamente utilizadas como bioindicadoras da qualidade ambiental dos rios onde estas ocorrem (Philbrick & Novelo 1995). Dentre os maiores impactos verificados sobre essas comunidades, Tur (1997) destaca a implantação de usinas hidrelétricas como as principais ações antrópicas causadoras do declínio destas populações, uma vez que tais empreendimentos tendem a ser construídos justamente em rios encorredeirados com forte declividade no relevo.

Dentre as espécies de macrófitas aquáticas levantads no diagnóstico destacam-se Apinagia yguazuensis Chodat & Vischer, Mourera aspera (Bong.) Tul., Podostemum aguirense Chodat & Vischer, Podostemum comatum Hicken, Podostemum rutifolium Warm. e Tristicha trifaria (Bory ex Willd.) Spreng. da família Podostemaceae e Echinodorus uruguayensis Arech. da família Alismataceae.

Estas espécies, de ocorrência restrita à bacia do rio Iguaçu, poderão sofrer danos consideráveis em suas populações locais, uma vez que seu ambiente será totalmente afetado pela construção enchimento do reservatório da UHE Baixo Iguaçu. Tal situação poderá ainda interferir diretamente na manutenção da variabilidade genética das demais populações presentes nas corredeiras localizadas abaixo do pretendido empreendimento, dentro dos limites geográficos do Parque Nacional do Iguaçu.

A supressão da vegetação aquática atua também sobre a fauna de invertebrados aquáticos, como bentos e plânctons. No rio Iguaçu esta fauna é bastante diversa nos extensos costões rochosos submersos e colonizados por macrófitas aquáticas. Várias espécies de macrófitas se beneficiam de um ambiente com reduzida carga de sedimentos em suspensão. Vários organismos foram observados vivendo associados às raízes da vegetação. As macrófitas fornecem um ambiente de maior estabilidade ambiental, reduzindo o efeito das correntes d’água, proporcionando áreas de acúmulo de partículas orgânicas e fornecendo abrigo contra a dessecação e predação.

De forma semelhante, a alteração ou a eliminação da vegetação aquática pode afetar algumas espécies de vertebrados aquáticos ou semi-aquáticos como peixes, aves e mamíferos, prejudicando e destruindo hábitats fundamentais, como locais de nidificação, abrigo, sítios de alimentação e de reprodução.

Uma vez que esse impacto contribui para a redução da biodivesidade, é considerado negativo. É um impacto direto, visto que decorre de ações do projeto: o enchimento do reservatório. Considerando que a supressão da vegetação se manifesta apenas no momento do enchimento do reservatório, o impacto pode ser considerado temporário. Espera-se que a manifestação do impacto ocorra imediatamente após a sua causa, por isso foi classificado como de curto prazo. Os bancos de macrófitas não se restabelecerão como antes, portanto, o impacto é irreversível. A supressão da vegetação aquática será um impacto localizado na área de influência direta. Considerando que os bancos de macrófitas existentes serão drasticamente alterados com a formação do reservatório, o impacto foi considerado de alta magnitude. Uma vez que esse impacto não atinge outros elementos de análise, pode ser considerado de pequena importância.

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b) Recomendações:

Recomenda-se que sejam propiciadas condições para estudos científicos da capacidade de manutenção da variabilidade genética das populações de plantas aquáticas, as quais deverão abordar dois aspectos básicos:

Busca de populações representativas destas espécies, em outros trechos do rio Iguaçu e seus afluentes, que não serão afetados pelo empreendimento;

Resgate e manutenção do patrimônio genético das populações que poderão ser extintas pela formação do reservatório.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos

Identificação do Impacto: 15 - Alteração das comunidades do meio aquático à montante da barragem

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( ) Construção; ( x ) Enchimento do reservatório; ( x ) Operação

a) Descrição:

A ação causadora desse impacto é o barramento do rio Iguaçu, transformando os ambientes a montante, outrora lótico em lêntico e criando uma nova margem.

O enchimento do reservatório altera profundamente as comunidades de organismos aquáticos a montante da barragem. Um dos efeitos mais evidentes da construção do reservatório será a alteração da hidrologia do rio e das propriedades físicas e químicas de suas águas, em virtude das modificações do fluxo, velocidade e volume das águas em distintas escalas temporais.

Com a alteração do ambiente lótico para lêntico, além da formação de uma coluna de água com profundidade média de 13,6 metros, as características outrora favoráveis ao estabelecimento da comunidade de macrófitas nas corredeiras desaparecerão, tornando impossível o estabelecimento de populações destas plantas no reservatório.

O desgaste da linha de costa em toda a margem do futuro reservatório, provocado pelo aumento do volume de água a montante do represamento altera a dinâmica natural na relação margem-rio. Muitas espécies de macroinvertebrados aquáticos, características da zona litoral dos rios, são dependentes deste hábitat e das variações sazonais naturais que ocorrem nestes ambientes.

Um exemplo de como este tipo de impacto altera as comunidades de macroinvertebrados é dado por Pagliosa et al. (2001). Eles acompanharam os efeitos do represamento da Usina Hidrelétrica de Santo Caxias, imediatamente a montante do possível reservatório da UHE Baixo Iguaçu. Os estudos mostraram que imediatamente após o represamento das águas ocorreram mudanças na comunidade bentônica. Larvas de quironomídeos e de outros dípteros, larvas de tricópteros, larvas e adultos de coleópteros, ninfas de efemerópteros e de odonatos, além de bivalves e gastrópodes foram dominantes nas amostras antes do represamento das águas e também em áreas controles, que não sofreram os efeitos do represamento após a formação do lago. Por outro lado, os oligoquetos foram os únicos organismos com densidades representativas nas áreas alagadas.

Os novos ambientes formados pelos reservatórios estabelecem mudanças nos padrões espaciais e temporais das comunidades de peixes. Os represamentos produzem, como conseqüências inevitáveis, alterações na composição específica e na estrutura das comunidades de peixes nativos, especialmente de espécies reofílicas. A eliminação de ambientes torrentícolas e a conseqüente ampliação de áreas lênticas devem provocar modificações na abundância e distribuição da fauna aquática como um todo. Certas espécies serão prejudicadas, como Astyanax gymnogenys (espécies ameaçada), Psalidodon gymnodontus (espécie ameaçada), Oligosarcus longirostris, Apareiodon vittatus, Characidium spp., Impartinnis hollandi, Ancistrus sp., Hypostomus spp. E Trichomycterus spp. Enquanto outras serão eventualmente beneficiadas, como por exemplo alguns representantes do gênero Astyanax spp. Estas últimas, inclusive, poderão ter suas populações grandemente aumentadas, como já foi verificado em outros reservatórios nessa mesma bacia (Agostinho & Gomes, 1997; Cordeiro & Corrêa, 1997; Abilhoa et al., 2003). Apesar dos resultados não serm conclusivos, é esperado que a ictiofauna atingida pelo empreendimento desloque-se para áreas localizadas à montante do corpo principal do reservatório, procurando trechos lóticos remanescentes nos tributários como os rios Monteiro, Andrada, Capanema e Cotegipe. Essa afirmação pode ser corroborada por outros estudos conduzidos na bacia do rio Iguaçu (Agostinho & Gomes, 1997), que indicaram que

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muitas espécies de peixes da região puderam ser encontradas em trechos lóticos remanescentes de áreas represadas, com características fluviais.

Para avifauna, as paisagens fluviais serão afetadas de modo diferenciado, permitindo, no caso de aves aquáticas de hábitos eurióicos (e.g. garça-branca Egretta alba, marreca-ananaí Amazonetta brasiliensis, saracura-do-mato Aramides saracura) um fomento populacional por conta de um acréscimo em cerca de 75 % na lâmina de água e, por outro lado, uma redução em espécies com hábitos estenóicos (e.g. Lochmias nematura, Certhiaxis cinnamomeus) devido, à supressão de vegetações que se ramificam sobre o corpo d’água.

Entre os mamíferos, as espécies mais atingidas são as de hábito semi-aquático e ribeirinho estenóicas. É o caso da cuíca d’água Chironectes minimus, da lontra Lontra longicaudis e de alguns pequenos roedores associados a cursos d’água e brejos naturais como Holochilus brasiliensis, Nectomys squamipes e Scapteromys tumidus e dos ribeirinhos, como a paca Agouti paca, o mão-pelada Procyon cancrivorus e a capivara Hydrochaeris hydrochaeris. Esta última poderá se beneficiar com o novo ambiente, mas em condições favoráveis e na ausência de controle natural, pode aumentar consideravelmente sua população, provocando danos na comunidade vegetal e animal. Entretanto, nos outros reservatórios do rio Iguaçu não há menção a este fato, o que pode estar indicando que a espécie sofre pressão de caça nestes locais (L. M. Tiepolo, com. pess.). Algumas destas populações podem ser fragmentadas, ocasionando perda da diversidade genética a curto médio e longo prazo. Destas espécies, a lontra e a cuíca d’água são consideradas ameaçadas de extinção no Paraná (Margarido & Braga, 2004). Fonseca et al. (1994) consideram os represamentos uma das causas de ameaça às populações de lontra no Brasil.

Com o represamento das águas do rio Iguaçu, o lago formado pela barragem da UHE Baixo Iguaçu, em situações em que a água do reservatório exceda seu tempo médio de permanência, pode propiciar o aumento da população de mosquitos (culicídeos), entretanto é difícil prever locais propícios para a ocorrência de criadouros. Situações como esta podem causar incômodos para moradores circunvizinhos da área de influência. Do ponto de vista epidemiológico, o aumento de culicídeos na região do reservatório pode provocar maior risco de transmissão de doenças endêmicas

A perda dos ambientes ripários, a montante, poderá afetar anfíbios estenóicos que se reproduzem nesses ambientes, como a espécie ameaçada de extinção Limnomedusa macroglossa, que possivelmente ocorre nestes ambientes, uma vez que foi registrada para a região de Salto Caxias .

Entre os répteis, o represamento dos rios é um dos principais motivos da vulnerabilidade à extinção do cágado-rajado Phrynops williamsi na bacia do rio Iguaçu (Bérnils et al., 2004).

No caso da avifauna, mesmo considerando que as espécies aquáticas possam ser favorecidas pelo reservatório, para os outros grupos analisados, espera-se que a diversidade das comunidades a montante diminua.

A perda de biodiversidade caracteriza o impacto como negativo. É um impacto direto, visto que decorre de ações do projeto: o barramento do rio Iguaçu. As comunidades, após um impacto dessa natureza, se alteram drasticamente, mas tendem a se estabilizar após alguns anos, podendo levar até décadas. De qualquer forma, as alterações das comunidades é um impacto temporário. Espera-se que a manifestação do impacto ocorra imediatamente após a sua causa, por isso foi classificado como de curto prazo Apesar da tendência à estabilidade, as comunidades terão outra estrutura e composição e não deverão se restabelecer como antes, portanto, o impacto é irreversível. Essas alterações se farão sentir de forma localizada na área de influência direta. Considerando que as alterações esperadas serão significativas, o impacto foi considerado de alta magnitude. Foi considerado de média importância pois as mudanças na composição da ictiofauna do reservatório poderá influenciar na pesca neste trecho do rio Iguaçu, mas sem impossibilitá-la.

b) Recomendações:

Recomendam-se estudos sobre as comunidades de plantas aquáticas antes da formação do reservatório, com o intuito de obter informações ecológicas das populações que serão extintas localmente.

Estudos das comunidades de invertebrados aquáticos antes, durante e depois do enchimento do reservatório, com a finalidade de detectar as tendências de mudanças que ocorrerão nos padrões de distribuição espacial e temporal das comunidades atingidas, tendo o trecho lótico à jusante com área controle.

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Estudos de monitoramento das comunidades faunísticas aquáticas e semiaquáticas deverão ser empenhados antes e depois do represamento, especialmente para a ictiofauna, faunas estenóicas, endêmicas, e ameaçadas de extinção.

Durante o enchimento do reservatório deverão ser intensificadas as ações de fiscalização nos rios tributários, especialmente nos trechos lóticos, para onde possivelmente muitas espécies da ictiofauna atingida terão migrado.

A presença de anofelinos na região, especialmente de Anopheles darlingi e Anopheles albitarsis, sugerem a necessidade de se estabelecer vigilância epidemiológica permanente nas áreas de influência da UHE Baixo Iguaçu.

Sugere-se que o empreendedor, em convênio com os municípios da área de influência, implemente ações de monitoramento de culicídeos em sua área de influência, e controle, se necessário.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos

Identificação do Impacto : 16 - Alteração das comunidades do meio aquático a jusante da barragem

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x ) Enchimento do reservatório; ( x ) Operação

a) Descrição:

As ações causadoras desse impacto decorrem:

− Do aumento de sedimentos carreados para jusante durante as obras, especialmente durante o lançamento das ensecadeiras;

− Da retenção de sedimentos pela barragem; e

− De alterações dos fluxos de água imediatamente a jusante, em decorrência da posição do canal de fuga e do vertedouro.

Com a abertura do canal de desvio e o lançamento das ensecadeiras, uma grande quantidade de terra será lançada diretamente no rio Iguaçu, provocando uma grande pluma de sedimento que poderá se espalhar por até 19 quilômetros, dando um aspecto barrento às águas, influenciando as espécies filtradoras e aquelas orintadas visualmente.

Uma importante conseqüência da construção de uma barragem é a redução do sedimento carreado rio abaixo. Este evento pode desencadear uma série de possíveis impactos sobre o ambiente aquático, como a redução das concentrações de nutrientes depositados durante as enchentes, acelerando a erosão das encostas e do leito do rio. Esta última também é conhecida como erosão de águas claras, uma vez que uma menor quantidade de sedimentos está disponível e sendo depositado no fundo dos rios. Vários elementos químicos são dependentes das partículas de sedimento e de matéria orgânica para serem depositados no fundo dos rios. Tanto a erosão das encostas e do leito do rio, como a própria diminuição de sedimentos no ambiente podem inviabilizar a sobrevivência de muitos organismos bentônicos e plactônicos no ambiente. Esse fenômeno já ocorre na região, uma vez que as várias barragens existentes no rio Iguaçu retêm grande parte dos sedimentos transportados pelo rio. As “águas claras”, aliado às variações de vazão decorrentes da operação da UHE Salto Caxias vêm provocando a erosão das margens do rio Iguaçu, inclusive em trechos onde está sendo recuperada a mata ciliar, conforme informações prestadas pela prefeitura de Capanema.

A UHE Baixo Iguaçu, por ser uma usina projetada para operar a fio d´agua, não irá alterar significativamente o regime hidrológico já existente e condicionado pela UHE Salto Caxias, mas, durante sua operação, irá contribuir para reduzir o sedimento transportado rio abaixo, pois estaria retendo o sedimento trazido pelos tributários (rios Andrada, Monteiro, Cotejipe e Capanema). Tanto a erosão das encostas e do leito do rio, como a própria diminuição de sedimentos no ambiente podem alterar as comunidades de organismos bentônicos e plactônicos no ambiente. Entretanto não se esperam alterações significativas nas comunidades de peixes.

As comunidades aquáticas localizadas nas proximidades da foz do rio Gonçalves Dias serão afetadas pela mudanças nos fluxos de água imediatamente a jusante da barragem. Entretanto, mesmo com as variações de fluxo, é previsto que exista sempre uma lâmina d´água nessa região, evitando-se o aprisionamento de peixes e outros organismos em poças temporárias.

Uma vez as alterações nas comunidades a jusante levem a perdas na biodiversidade, o impacto é considerado negativo. É um impacto indireto, visto que as ações do projeto inicialmente deverão alterar a qualidade e os fluxos da água que, por sua vez, deverão alterar as comundades. Aqui vale o raciocínio aplicado na qualificação do impacto anterior, ou seja, as comunidades se alteram após a alteração no

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ambiente, mas se estabilizam, o que permite qualificar o impacto como temporário. Espera-se que a manifestação do impacto ocorra imediatamente após a sua causa, por isso foi classificado como de curto prazo. Apesar da tendência à estabilidade, as comunidades terão outra estrutura e composição e não deverão se restabelecer como antes, portanto, o impacto é irreversível. Essas alterações se farão sentir a dezenas de quilômetros rio abaixo, o que confere um caráter regional ao impacto. Ainda que, teoricamente, possam haver alterações mais significativas nas comunidades de plâncton e bentos a jusante, o mesmo não se espera para as comunidades de peixes, outros vertebrados aquáticos e semiaquáticos, macrófitas e vegetação ribeirinha. Portanto, o impacto foi considerado de baixa magnitude. Mesmo que não afete outros elementos de análise, a sua influência nos limites do Parque, confere uma importância mediana ao impacto.

b) Recomendações:

Recomenda-se que sejam realizados estudos de monitoramento das alterações das comunidades bióticas à jusante do barramento, antes, durante e após o enchimento do reservatório.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas terrestres

Identificação do Impacto : 17 - Alteração das comunidades do meio terrestre

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( ) Construção; ( x) Enchimento do reservatório; ( x) Operação

a) Descrição:

As ações causadoras desse impacto são:

− Alterações ambientais das novas margens que serão formadas; e

− Fuga da fauna para áreas vizinhas, durante o enchimento do reservatório.

Com o enchimento e formação do reservatório da UHE Baixo Iguaçu deverão ser verificadas alterações no micro-clima da região próxima ao empreendimento. Estas alterações se referem principalmente às mudanças no nível do lençol freático às margens do reservatório, as quais levarão a uma saturação hídrica do solo e influenciarão diretamente na ocorrência ou não de algumas espécies de plantas, como por exemplo Euterpe edulis, Sorocea bonplandii, Patagonula americana, Alchornea triplinervea, Ocotea puberula, Holocalix balansae, Luehea divaricata, Aspidosperma polyneuron, Chrysophyllum gonocarpum, Guarea kunthiana, Cabralea canjerana, Guarea macrophylla, Jacaratia spinosa, Tabebuia heptaphylla, Balfourodendron riedellianum e Alsophila setosa.

Neste caso, espécies mais restritivas quanto a altos graus de umidade poderão ser afetadas em médio prazo, quando poderá ser observada a morte de vários indivíduos. Tais espécies poderão ser naturalmente substituídas por espécies típicas de ambientes ripários, com por exemplo Ficus eximia, Tabernaemontana catharinensis, Endichleria paniculata, Casearia sylvestris, Guarea macrophylla, Guarea kunthiana, Luehea divaricata, Gleditsia amorphoides, Eugenia moraviana, Chrysophyllum gonocarpum, Myrcia laruotteana, Alophyllus edulis, Cordia ecalyculata, Serjania reticulata, conforme as características ambientais se tornem mais estáveis.

Outro aspecto relevante é a alteração das condições de umidade relativa do ar nas áreas imediatamente adjacentes ao reservatório, a qual deverá sofrer um acréscimo em decorrência do grande volume de água a ser mantido pelo reservatório. Esta alteração poderá levar também à substituição da flora original por espécies mais adaptadas ou favorecidas pelo aumento desta umidade relativa, principalmente no que se refere à vegetação herbácea do interior florestal e à vegetação epifítica.

Para a fauna, as mudanças ocorridas a montante da barragem, no ambiente terrestre, terão peso maior à medida que esta fauna não encontre possibilidade de fuga e abrigo em decorrência da brusca mudança do ambiente ripário pela formação do reservatório. Dada a grande alteração em que já se encontra a área de influência, os poucos remanescentes existentes às margens do rio Iguaçu e tributários são os ambientes terrestres mais importantes para a manutenção desta fauna. As silvícolas estenóicas serão as mais afetadas, como exemplo citam-se entre os anfíbios Hyalinobatrachium uranoscopum (perereca-de-vidro), Aplastodiscus perviridis (perereca verde), Hyla cf. semiguttata (perereca-verde), Osteocephalus langsdorffii (perereca grande), Scinax gr. catharinae (perereca), Crossodactylus sp. (rã-de-riacho-de-mata), Eleutherodactylus binotatus (rã-do-chão-da-floresta), Eleutherodactylus guentheri (rã-do-chão-da-floresta), Limnomedusa macroglossa (rã) e Procerathophrys avelinoi (sapo-de-chifre); entre os répteis Urostrophus vautieri e as serpentes Clelia plumbea e Bothrops neuwiedii; muitas espécies de aves como Lochmias nematura, Certhiaxis cinnamomeus, Basileuterus leucoblepharus (pula-pula-assobiador), Phaethornis eurynome (limpa-casa), Trogon surrucura (surucuá), Mackenziaena severa (brujara), Dysithamnus mentalis (choquinha), Pyriglena leucoptera (papa-toca), Synallaxis ruficapilla (joão-teneném), Synallaxis cinerascens (uitupi), Automolus leucophthalmus (barranqueiro), Sittasomus griseicapillus (arapaçu-verde), Leptopogon amaurocephalus (abre-asas), Schiffornis virescens (flautim), Basileuterus culicivorus (bispo), Trichothraupis melanops (tié-de-topete) e Euphonia pectoralis (chixarro), o Spizastur melanoleucus (gavião-pato),

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Harpyhaliaetus coronatus (águia-cinzenta), Pionus maximiliani (baitaca), Baryphthengus ruficapillus (juruva), Pteroglossus castanotis (araçari), Ramphastos dicolorus (tucano), Celeus flavescens (joão-velho) e Dryocopus lineatus (pica-pau-listrado); os mamíferos indicadores Agouti paca (paca), Caluromys lanatus (cuíca lanosa), Gracilinanus agilis (cuíca), Herpailurus yaguarondi (gato-mourisco), Lutreolina crassicaudata (cuíca da cauda grossa), Mazama americana (veado mateiro), Mazama gouazoubira (veado catingueiro), Metachirus nudicaudatus (cuíca), Sylvilagus brasiliensis, entre outros.

Este impacto é mais acentuado em espécies de mamíferos de hábitos arborícolas e escansoriais, como os marsupiais Didelphis albiventris, D. aurita, Caluromys lanatus; Gracilinanus microtarsus, G. agilis; Micoureus demerarae; primatas como Cebus apella; os carnívoros Nasua nasua, Eira barbara, Procyon cancrivorus, o xenartro Tamandua tetradactyla; os roedores Sciurus aestuans; Oecomys spp; Sphiggurus spp.; Oryzomys spp.; e Kannabateomys amblionyx , fossoriais e semi-fossoriais, especialmente os tatus dos gêneros Dasypus, Euphractus e Cabassous e várias espécies de roedores como Bibimys labiosus, Oxymycterus spp.; Brucepattersonius spp., e Thaptomys nigrita;, uma vez que possuem limitadas condições de escape durante o enchimento do reservatório. Como tem sido notado nos aproveitamentos científicos da UHE de Segredo e de Salto Caxias (L. M. Tiepolo obs. pess.), tais grupos têm sido muito afetados por empreendimentos hidrelétricos no rio Iguaçu. Não está descartada a hipótese de extinção de populações devido a este impacto.

O enchimento do reservatório causa o afugentamento da fauna para áreas vizinhas, aumentando assim a competição intra e inter-específica nas comunidades do meio terrestre, principalmente nas áreas imediatamente próximas ao reservatório.

Formas jovens de répteis terrestres e ovos de quaisquer espécies ovíparas se afogam durante esse processo. Não há cuidado parental com ovos e filhotes nas espécies terrestres de répteis e mesmo as aquáticas que apresentam esse comportamento (Caiman latirostris, o jacaré-do-papo-amarelo), não conseguiriam remover ovos e filhotes em uma situação de enchimento do reservatório. Para os répteis e anfíbios este impacto é de elevada magnitude, uma vez que todas as formas jovens e todos os ovos afetados morrerão. Em função do nicho e da guilda que este impacto afeta, ele é mais pernicioso se ocorrer nos meses de primavera e verão, quando a maioria das espécies de répteis e anfíbios estarão em período de acasalamento, reprodução e recrutamento.

Uma vez as alterações nas comunidades levem a perdas na biodiversidade, o impacto é considerado negativo. É um impacto que por um lado pode ser considerado direto, uma vez que o enchimento do reservatório (ação de projeto) alterará as comunidades, e por outro lado indireto, visto que inicialmente deverá haver uma alteração ambiental das margens para que as comunidades se alterem. Aqui também vale o raciocínio aplicado na qualificação do impacto anterior, ou seja, as comunidades se alteram após a alteração no ambiente, mas se estabilizam, o que permite qualificar o impacto como temporário. A manifestação do impacto ocorrerá imediatamente após a sua causa, no caso da fauna, mas poderá demorar um pouco mais, no caso das comunidades vegetais ribeirinhas, por isso foi classificado ao mesmo tempo como de curto e de longo prazos. Apesar da tendência à estabilidade, as comunidades terão outra estrutura e composição e não deverão se restabelecer como antes, portanto, o impacto é irreversível. Essas alterações se farão sentir na área de influência direta, o que confere um caráter local ao impacto. Considerando que as alterações esperadas serão significativas, com mudanças na estrutura e composição das espécies, o impacto foi considerado de alta magnitude. Mesmo que não afete outros elementos de análise, a sua influência nos limites do Parque, confere uma importância mediana ao impacto.

b) Recomendações:

O início da revegetação das margens do reservatório deverá ocorrer imediatamente junto com o início das obras. Esta recomendação minimizaria muito o impacto que o enchimento do reservatório causaria sobre a fauna ripária silvícola atingida, uma vez que esta teria condições de se refugiar e colonizar as novas áreas.

O enchimento do reservatório deverá ser realizado no outono para minimizar o impacto sobre a reprodução das comunidades faunísticas.

As áreas no entorno do reservatório, inclusive aquelas que serão revegetadas, deverão ser monitoradas para que sejam acompanhados os impactos sobre as comunidades terrestres.

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c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( x) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos e terrestres

Identificação do Impacto: 18 - Comprometimento das populações de espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x ) Enchimento do reservatório; ( x ) Operação

a) Descrição:

As causas desse impacto decorrem de ações diretas do projeto, como instalação das obras e enchimento do reservatório, relacionadas principalmente à perda dos habitats. O aumento da pressão de caça e extrativismo, já tratados em fichas anteriores, também contribuem para o declínio das populações de espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção.

As espécies ameaçadas de extinção presentes na área do empreendimento foram assim caracterizadas sobre as bases legais para proteção de espécies ameaçadas em âmbito estadual e federal (MMA, 2004; CITES, 2004; IUCN, 2003; e Mikich & Bérnils, 2004).

Ao todo foram constatadas 24 espécies botânicas ameaçadas de extinção na área do empreendimento, quais sejam Adenocalymma paulistarum Bur. ex K. Schum., Aphaerema spicata Miers., Araucaria angustifolia (Bertol.) O. Kuntze, Aspidosperma polyneuron M.Arg., Astronium graveolens Jacq., Balfourodendron riedellianum (Engl.) Engl., Bauhinia microstachya (Raddi) Macbride, Calycorectes psidiiflorus (O. Berg) Sobral, Centrolobium tomentosum Guill. ex Benth., Croton paulinianus Muell. Arg., Esenbeckia grandiflora Mart., Euterpe edulis Mart., Geissomeria pubescens Nees, Gleditsia amorphoides (Griseb.) Taubert, Jacaratia spinosa (Aublet) A. DC., Justicia laevilinguis (Nees) Lindau, Justicia lythroides (Nees) V. A. W. Graham, Lonchocarpus muehlenbergianus Hassler, Machaerium paraguariense Hassl., Myrocarpus frondosus Fr. All., Picrosia longifolia Don, Polygala klotzschii Chod., Savia dictyocarpa Muell. Arg., Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo. Destas se destacam as espécies arbóreas de interesse comercial, como Aspidosperma polyneuron, Balfourodendron riedellianum, Tabebuia heptaphylla, Araucaria angustifolia, Machaerium muehlenbergianus, Euterpe edulis, Jacaratia spinosa, Gleditsia amorphoides, Astronium graveolens, Esenbeckia grandiflora, Machaerium paraguariensis e Myrocarpus frondosus, as quais poderão sofrer danos não somente pela perda de hábitat em decorrência das obras e formação do reservatório, como também pelo extrativismo seletivo. A supressão dos fragmentos florestais afetará diretamente as espécies ameaçadas de extinção presentes na área de inundação e das obras da UHE Baixo Iguaçu. Cabe ressaltar que tais espécies são legalmente protegidas e tem sua exploração direta ou indireta, por supressão de seus ambientes de ocorrência, regulamentadas por lei.

Quanto à fauna, somam-se:

22 espécies de mamíferos sob ameaça, mais 13 categorizadas como dados insuficientes. Destacam-se notavelmente espécies de médio e grande porte de carnívoros e ungulados;

68 espécies de aves. Dessas, 51 espécies (14,5% do total da avifauna; 75,0 % do total de espécies ameaçadas) merecem discussão por serem mencionadas como: ameaçadas internacionalmente, levando-se em conta a distribuição global; sujeitas potencialmente ao tráfico internacional de animais silvestres; e ambos os quesitos (IUCN, 2003; Birdlife International, 2003; CITES, 2004). Com destaque, figuram Amazona vinacea (papagaio-de-peito-roxo) considerada "em perigo" e também Harpyhaliaetus coronatus (águia-cinzenta), Pipile jacutinga (jacutinga), Primolius maracana (periquito-maracanã), Aratinga auricapilla (jandaia), Dryocopus galeatus (pica-pau-de-cara-acanelada), Biatas nigropectus (chocão-de-bigode), Clibanornis dendrocolaptoides (cisqueiro), Phylloscartes paulista (paulistinha) e Sporophila falcirostris (cigarrinha), considerados "vulneráveis" em sua distribuição global.

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Um réptil de interesse conservacionista imediato, o cágado-rajado (Phrynops williamsi), citado como ameaçado de extinção na categoria VU (vulnerável), seguindo os critérios de IUCN (2001), Gärdenfors et al. (2001), e Mikich & Bérnils (2004).

Um anfíbio, a Limnomedusa macroglossa com provável ocorrência para a área de influência é considerado criticamente em perigo de extinção no Paraná (Segalla & Langone, 2004) e outro, categorizado como dados insuficientes (Hyalinobatrachium uranoscopum).

Duas espécies de peixes são reconhecidamente ameaçadas de extinção segundo a lista nacional (Instrução Normativa no. 5, 21/05/2004) e paranaense (Abilhoa & Duboc, 2004): os lambaris Astyanax gymnogenys e Psalidodon gymnodontus, ambas de status vulnerável e endêmicas do rio Iguaçu.

É difícil prever o impacto sobre as populações destas espécies. Muitas das quais já têm um longo histórico de perda de habitats e de exploração, de forma que esse impacto atua de forma sinérgica com os impactos de outras hidrelétricas do rio Iguaçu. Além disso, essas espécies, por natureza, possuem pouca capacidade de adaptação. Obviamente que grande parte destas foram registradas na área de influência devido a proximidade com o Parque Nacional do Iguaçu, entretanto inúmeros fatores relacionados ao empreendimento poderão afetar o estoque de suas populações, especialmente aqueles já descritos no item “aumento da exploração sobre a fauna e flora”. Também cabe ressaltar a situação de três espécies: o anfíbio L. macroglosa, o cágado-rajado Phrynops williamsi e a lontra Lontra longicaudis – todos diretamente ou indiretamente afetados pela formação do reservatório da UHE Baixo Iguaçu e que têm neste fator, uma das causas de desaparecimento de suas populações em nível global.

O caso do anfíbio L. macroglossa merece atenção, pois as únicas populações conhecidas para o estado são consideradas extintas em decorrência da barragem da UHE Salto Caxias e do enchimento do reservatório da derivação do rio Jordão (Segalla & Langone, 2004). Desta forma, a provável ocorrência desta espécie estaria igualmente comprometida. O impacto está relacionado com a supressão da vegetação, por esta espécie utilizar ambientes florestados e também pela perda de habitats aquáticos. Estes impactos certamente podem reduzir a abundância dos possíveis estoques. O mesmo se aplica para o cágado-rajado, considerado em franco declínio na Bacia do Iguaçu, principalmente em função da formação seqüencial de grandes reservatórios para aproveitamento hidrelétrico. Entre os já existentes e os previstos, esses reservatórios ocupam cerca de 30% da referida bacia, causando impactos diretos e indiretos pela alteração dos ambientes, destruição de hábitats e desequilíbrio ecológico causado pela perda de fontes alimentares (Bérnils et al. 2004).

J. Quadros, estudando o efeito do reservatório da UHE Salto Caxias sobre a população de lontras como parte do Programa Básico Ambiental da referida usina, observou uma sensível diminuição das tocas utilizadas pela espécie após o enchimento do reservatório. A formação do lago da usina alterou a estrutura e o substrato das tocas nas margens, comprometendo os abrigos utilizados pela espécie para repouso, alimentação e proteção.

Vale a ressalva de que algumas espécies de vertebrados, diagnosticadas na área de influência e consideradas sob ameaça, podem não ser afetadas diretamente pelo empreendimento, especialmente as de médio e grande porte e com maiores capacidades de deslocamento, como por exemplo aves de rapina, mamíferos predadores, como canídeos e felinos, e ungulados, como taiassuídeos (porcos-do-mato), cervídeos (veados) e a anta. Sem dúvida há que considerar o efeito que o Parque Nacional do Iguaçu tem sobre a existência local e distribução de muitas espécies ameaçadas, especialmente estas de médio e grande porte. Ao mesmo tempo muitas destas são afetadas por utilizarem os fragmentos da margem do rio Iguaçu e afluentes como corredores naturais, uma vez que estes serão em parte ou inteiramente suprimidos ou alterados, aumentando a exposição destas espécies à pressão antrópica, especialmente em relação a caça. Vale lembrar que felinos não são bem vistos no entorno desta Unidade de Conservação e que os ungulados estão entre os preferidos pelos caçadores. Durante o diagnóstico houveram dois registros de Mazama nana e quatro de M. americana utilizando áreas que serão afetadas (remanescente do Eixo, remanescentes do rio Capanema).

Já as espécies de pequeno porte, tratadas como endêmicas, são afetadas sobremaneira, pois utilizam o habitat que será suprimido e/ou alterado como local de abrigo, alimentação e reprodução, diferindo daquelas que o utilizam como corredor de passagem. Alguns exemplos de mamíferos endêmicos e com limitadas condições de locomoção que foram diagnosticados na área de influência e que também foram afetados pela formação do reservatório de Salto Caxias ilustram bem esta situação: Didelphis aurita (gambá, escansorial), Gracilinanus microtarsus (cuíca, arborícola), Monodelphis scalops (cuíca, terrestre), Blarinomys breviceps (rato, fossorial), Thaptomys nigrita (rato, semi-fossorial), Myocastor coypus (ratão-do-

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banhado, semi-aquático), Sphiggurus villosus (ouriço-caxeiro, arborícola) e Kannabateomys amblyonyx (rato-da-taquara, arborícola), além do lagomorfo tapiti Sylvilagus brasiliensis, considerado ameaçado de extinção, que teve mais de dez indivíduos encontrados mortos durante o resgate da UHE Salto Caxias (L. M. Tiepolo, com. pess, coordenadora do Aproveitamento Científico da fauna afetada pela UHE de Salto Caxias).

O impacto é considerado negativo, uma vez que leva a perdas na biodiversidade, em especial de espécies protegidas por lei. É um impacto direto, pois decorre de ações do projeto, como a instalações das obras e enchimento do reservatório. Também pode ser classificado como indireto, decorrente do aumento da caça e extrativismo e da alteração da paisagem do entorno, que compromete as espécies de médio e grande porte com extensas áreas de vida, e de pequeno porte, cujas áreas de vida são menores, mas que são estenóicas e com capacidade de locomoção menores. O impacto é temporário, pois não se espera que mantenha-se indeterminadamente. A manifestação do impacto poderá ocorrer imediatamente após a sua causa, mas poderá demorar um pouco mais, no caso das espécies que utilizam grandes áreas e que circulam pela região, por isso foi classificado, ao mesmo tempo, como de curto e de longo prazos. Não se espera que as populações das espécies em pauta se restabeleçam como antes, portanto, o impacto é irreversível. Mesmo que sejam perdidos habitats localizados na área de influência direta, algumas populações afetadas podem se deslocar para fora dessa área, o que confere um caráter regional ao impacto. Apesar das dificuldades em se estimar o quanto essas populações serão afetadas exclusivamente pelo empreendimento, tomou-se uma postura conservadora e considerou-se que o impacto é de alta magnitude. Uma vez que envolve espécies protegidas por lei, pode ser considerado de grande importância

b) Recomendações:

Como primeira atividade, deve-se buscar confirmar a presença dessas espécies na área de influência direta, por meio de levantamentos florísticos e faunísticos mais detalhados.

Recomenda-se que sejam propiciadas condições para estudos científicos de populações das plantas aquáticas, da ictiofauna, do anfíbio L. macroglosa, do réptil Phrynops williamsi (cágado rajado) e da lontra Lontra longicaudis, os quais deverão abordar três aspectos básicos:

− busca de populações representativas destas espécies em outras regiões da área de influência indireta;

− resgate e manutenção do patrimônio genético das populações vegetais que poderão ser extintas pelas obras e pela formação do reservatório;

− resgate da fauna ameaçada nas áreas de interferência direta, acompanhado de soltura em locais apropriados e posterior monitoramento.

Intensificar a fiscalização de acordo com as diretrizes propostas no Plano de Manejo do PNI, com a finalidade de restringir ao máximo o acesso ao Parque, minimizando assim a ação sobre as populações ameaçadas da flora, afetadas pelo extrativismo, e de aves e mamíferos, afetadas pela pressão de caça.

Empenhar Programas de Educação Ambiental na área de influência, não apenas para os funcionários da obra, mas também para a comunidade local, de acordo com as diretrizes para o entorno previstas no Palno de Manejo do PNI.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos

Identificação do Impacto: 19 - Perda de habitats aquáticos

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Esse impacto é causado por ações diretas das obras e do enchimento do reservatório. Serão inundados cerca de 32 km do rio Iguaçu, representando cerca de 16% dos ambientes lóticos ainda existentes nesse trecho do rio, restanto apenas pouco mais de 160 km de habitats naturais, nos limites do Parque Nacional do Iguaçu. Esse impacto atua de forma sinérgica com as outras hidrelétricas do rio Iguaçu, que reduziram de forma significativa os trechos correntosos desse rio. Além do rio Iguaçu, serão inundados cerca de 39 km do rio Capanema, 4 km do rio Cotejipe, 12 km do rio Monteiro e 19 km do rio Andrada.

Ressalte-se que os ambientes lóticos que serão perdidos ainda são representados a jusante, em trechos com grande energia hidrodinâmica que não serão diretamente afetados pelo empreendimento, a saber: Salto Sampaio, Salto Faraday, Salto Caninguá, Corredeira Leon, Corredeira Apepu, Corredeira Bonita, Corredeira da Formiga, Salto Irene e Cataratas do Iguaçu.

Com a formação do reservatório alguns habitats aquáticos a montante serão completamente suprimidos, acarretando conseqüências na ocorrência da flora típica e/ou exclusiva destes ambientes. Com o desaparecimento das corredeiras do rio Iguaçu, serão afetadas as comunidades de macrófitas e da fauna a elas associada, da mesma forma que, com o alagamento das ilhas rochosas (21 ha), toda a vegetação insular será suprimida. Observa-se que nestes ambientes vive um grande número de espécies com distribuição restrita, como por exemplo a Bromeliaceae Dyckia microcalix e as várias espécies de Podostemaceae, a quais não apresentam registros para outras bacias hidrográficas e sofrerão prejuízos consideráveis com a perda de habitat aqui mencionada.

A fauna que habita os rios é altamente dependente da diversidade de ambientes que existem nestes. Esta característica é tão marcante que diversos métodos de avaliação da qualidade ambiental de sistemas aquáticos levam em consideração a diversidade de hábitats nos rios. Assim, a perda de habitats aquáticos no rio Iguaçu e tributários estará diminuindo a disponibilidade de nichos a serem ocupados.

É importante considerar que o desvio do rio Iguaçu e o lançamento das ensecadeiras também provocará a perda de habitats aquáticos para a fauna, afetando principalmente aquelas espécies que tem como seus sítios de reprodução corpos d’água lóticos (ex. Limnomedusa macroglossa).

É comum que o conjunto de operações de escavação, transporte, depósito e compactação de terras necessárias à realização de uma obra atinjam cursos de rios e áreas de nascentes. Tais obras normalmente mudam a dinâmica natural e muitas vezes impedem a manutenção de um ambiente ecologicamente viável para populações de organismos aquáticos.

A grande diversidade de fauna aquática nos rios é um reflexo direto da grande diversidade de hábitats destes sistemas. A deposição de sedimentos após o represamento diminui drasticamente a diversidade de hábitats e produz uma grande homogeneidade ambiental, formada a partir dos sedimentos finos (lodo) depositada no fundo, junto à foz dos tributários.

O impacto é considerado negativo, uma vez que leva a perdas na biodiversidade. É um impacto direto, pois decorre de ações do projeto, como a instalações das obras e enchimento do reservatório. O impacto é temporário, pois não se espera uma perda contínua dos habitats. Os habitats serão perdidos imediatamente após a sua causa, portanto o impacto é de curto prazo. Uma vez que não haverá um restabelecimento dos habitats perdidos, o impacto é irreversível. Essas perdas ocorrerão apenas na área de influência direta, o que confere um caráter local ao impacto. Mesmo que a quantidade de habitats aquáticos perdidos seja

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pequena em relação ao total de habitats existentes na área de influência indireta, quaisquer perdas no último trecho livre do baixo rio Iguaçu é significativa, portanto considerou-se que o impacto é de alta magnitude. Embora a perda desses habitats não interfira nos outros elementos de análise, o impacto foi considerado de média importância, dada a proximidade do Parque Nacional do Iguaçu.

b) Recomendações:

Uma vez perdido o ambiente lótico do rio Iguaçu para a formação do reservatório, restará na região apenas o trecho que compreende a área imediatamente à jusante da barragem da UHE do Baixo Iguaçu até as Cataratas. É nesta área que deverão concentrar-se estudos científicos.

A completa proteção e preservação das nascentes de água situadas na área do empreendimento, especialmente aquelas que fazem parte das microbacias que serão mais afetadas, como as do rio Monteiro, Andrada, Capanema e Cotegipe, incluindo sua vegetação circundante, será uma medida necessária para a manutenção da capacidade de recuperação dos cursos d’água e também para a mantenção da qualidade da água do reservatório.

Controle e estabilização das margens nas regiões mais expostas à influência do canteiro de obras. Muitas vezes o que se verifica nas áreas após intervenção direta pelas obras de engenharia é uma erosão, sendo visível o transporte de areia e poeira para dentro dos cursos d´água, proveniente tanto dos desbarrancamentos como da pavimentação das vias durante as chuvas. Nestes locais devem ser realizados enrocamentos das margens e a recuperação das encostas, visando a manutenção de sua estabilidade.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu

Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas terrestres

Identificação do Impacto: 20 - Perda de habitats terrestres

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x ) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

A perda de habitats terrestres refere-se basicamente a supressão da vegetação para dar lugar ao canteiro de obras e casa de forças e ao alagamento da faixa marginal do rio Iguaçu e afluentes, atualmente constituindo a floresta ripária.

Muitas espécies de plantas possuem sua área de ocorrência restrita a estes ambientes, regidos principalmente pelas características pedológicas impetradas pelas variações no nível do lençol freático em decorrência da dinâmica fluvial.

Dentre as espécies mais características destacam-se os sarandis (Sebastiana schottiana, Phyllanthus sellowianus e Calliandra foliolosa), além de várias outras espécies. Cabe ressaltar que as florestas ripárias da região apresentam o maior índice de diversidade, sendo que muitas das espécies presentes na região serão afetadas por esta perda de hábitat.

De maneira semelhante, os habitats perdidos são utilizados pela fauna, e aquelas espécies mais dependentes dos habitats ripários deverão sofrer mais com a inundação.

Ressalte-se que os habitats terrestres perdidos não são exclusivos, e estão representados fora da área de influência direta, embora essa representatividade seja menor para os ambientes ripários que, por natureza, possuem uma abrangência mais restrita e foram os primeiros a serem afetados pelas outras hidrelétricas implantadas no rio Iguaçu.

Este impacto atua em sinergia com a supressão da vegetação, já abordado em ficha própria.

A qualificação desse impacto segue o mesmo raciocínio que a qualificação do impacto anterior. O impacto é considerado negativo, uma vez que leva a perdas na biodiversidade. É um impacto direto, pois decorre de ações do projeto, como a instalações das obras e enchimento do reservatório. O impacto é temporário, pois não se espera uma perda contínua dos habitats. Os habitats serão perdidos imediatamente após a sua causa, portanto o impacto é de curto prazo. Uma vez que não haverá um restablecimento completo dos habitats perdidos, o impacto é irreversível. Essas perdas ocorrerão apenas na área de influência direta, o que confere um caráter local ao impacto. Ao contrário dos habitats aquáticos, os habitats terrestres naturais têm uma representatividade maior fora da área de influência direta e representam algo em torno de 30% da área inundada e menos de 10% da área de influência direta. Entretanto, a perda das fisionomias ripárias, que são de distribuição mais restrita, confere uma magnitude alta ao impacto. Embora a perda desses habitats não interfira nos outros elementos de análise, o impacto foi considerado de média importância, dada a proximidade do Parque Nacional do Iguaçu.

b) Recomendação:

Recomenda-se que seja adquirida, pelo empreendedor, a área de preservação permanente de 100m acima da cota máxima de inundação, para que medidas de recuperação da floresta ripária possam ser efetivamente desenvolvidas. Desta forma a responsabilidade pelo gerenciamento desta faixa ficaria sob total responsabilidade do empreendedor, o qual deverá efetuar a recuperação da vegetação às margens do reservatório. Esta medida torna-se especialmente importante pela proximidade da UHE do Baixo Iguaçu

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para com o Parque Nacional do Iguaçu. As atividades a serem desenvolvidas nessa área deverão estar de acordo com o Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial, de acordo com as disposições da Resolução Conama nº 302/2002 e as diretrizes do Instituto Ambiental do Paraná.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos e terrestres

Identificação do Impacto: 21 - Perda da variabilidade genética das populações

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x) Enchimento do reservatório; ( x) Operação

a) Descrição:

A causa desse impacto é a fragmentação dos habitats aquáticos e terrestres, que diminui, ou mesmo impede o fluxo gênico entre as populações localizadas nos habitats remanescentes.

O rio Iguaçu já se encontra profundamente modificado em seu regime hídrico, comportando cinco grandes reservatórios de usinas hidrelétricas em seu vale (Foz do Areia, Salto Santiago, Segredo, Salto Osório e Salto Caxias) e contando com alterações significativas em diversos de seus afluentes, como o Piraquara, o Negro, o Jordão e o Chopim. Essas modificações, além de impor uma barreira física ao livre movimento dos organismos, trouxeram alterações nos ambientes aquáticos, na composição florística e faunística da biota aquática, bem como na qualidade das suas águas, na forma e na composição de suas margens e nos hábitats oferecidos.

Em função disso, algumas populações de animais aquáticos e semiaquáticos têm ficado isoladas a jusante e a montante de cada reservatório, como por exemplo diversas espécies de peixes, o cágado-rajado Phrynops williamsi, o jacaré-de-papo-amarelo Caiman latirostris, e a lontra Lontra longicaudis, o primeiro e o último considerados ameaçados de extinção no Estado do Paraná. Embora não tenham sido realizados estudos para verificar a variabilidade genética destas populações, é óbvio o isolamento a que estão submetidas. As causas são diretas, pela formação de grandes barreiras aquáticas com características distintas daquelas existentes em um rio normal, ou indiretas, pelas alterações de hábitat e pela indisponibilidade de sítios de reprodução e assoalhamento, de alimento e de abrigo.

Esse isolamento transforma populações em subpopulações que não realizam troca gênica entre si. Embora o fluxo gênico seja interrompido na fase de construção da usina, os efeitos deletérios para as subpopulações serão sentidos apenas a longo prazo com o enfraquecimento genético por endogamia e maior suscetibilidade a fatores determinísticos e estocásticos (Allendorf & Leary; Soulé, 1987).

Dentre as espécies de mamíferos semiaquáticas com ocorrência na área de influência da UHE Baixo Iguaçu, a mais afetada por esta quebra de fluxo gênico é a lontra, Lontra longicaudis, porque as populações são pequenas, sofrem de outras pressões antrópicas, os indivíduos têm grandes áreas de vida e não se deslocam pelo ambiente terrestre antropizado. Estas inferências são feitas com base no programa básico ambiental da UHE Salto Caxias onde a população de lontras foi estudada por J. Quadros antes e depois da formação do lago da usina. A estimativa populacional após a compartimentalização indicou que a área pode estar sendo utilizada por apenas dois a quatro indivíduos (COPEL, relatório técnico não publicado), os quais, em função das barreiras físicas, não podem se reproduzir com indivíduos do lago da UHE Salto Osório, a montante, ou do rio Iguaçu, a jusante.

As hidrelétricas de Segredo e Salto Caxias, que possuem respectivamente 14 e seis anos, demonstraram esse decréscimo e fragmentação das populações de lontras, quelônios e crocodilianos a jusante e a montante de seus reservatórios d'água (ver relatórios do Programa Básico Ambiental da UHE de Caxias). Certamente, o número de indivíduos destas espécies está muito longe de representar populações mínimas viáveis. A construção de mais uma usina no rio Iguaçu estará contribuindo para a extinção de suas populações em um trecho da bacia do rio Iguaçu. O mesmo princípio é válido para a comunidade de plantas aquáticas restritas a trechos de corredeiras, onde a lâmina d’água não passa de um metro de profundidade.

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É possível que algumas espécies da ictiofauna sejam afetadas pela fragmentação, como por exemplo Astyanax gymnogenys, Psalidodon gymnodontus, Oligosarcus longirostris, Apareiodon vittatus, Characidium spp., Impartinnis hollandi, Ancistrus sp., Hypostomus spp. e Trichomycterus spp, entre outras.

Embora os organismos aquáticos e semi-aquáticos tenham maior ênfase quando tratados os impactos, populações terrestres têm sofrido fragmentação relacionada a usinas hidrelétricas. Naturalmente pode-se inferir que a fragmentação imposta pela seqüência de usinas hidrelétricas existentes no rio Iguaçu, está depreciando a variabilidade genética várias populações animais e vegetais, terrestres e aquáticas, mas ainda não foram realizados estudos para comprovar esta suposição.

Espécies de pequenos mamíferos endêmicos, estenóicos, de hábitos mais restritivos quanto a locomoção, destacadamente os arborícolas, fossoriais e semi-fossoriais, sofrem intensamente os efeitos da fragmentação. Isto tem sido evidenciado em diversos estudos com marsupiais, por exemplo. Na área de influência várias espécies podem ser incluídas neste rol, alguns exemplos são Didelphis aurita (gambá, escansorial), Gracilinanus microtarsus (cuíca, arborícola), Monodelphis scalops (cuíca, terrestre), Blarinomys breviceps (rato, fossorial), Thaptomys nigrita (rato, semi-fossorial), Myocastor coypus (ratão-do-banhado, semi-aquático), Sphiggurus villosus (ouriço-caxeiro, arborícola) e Kannabateomys amblyonyx (rato-da-taquara, arborícola).

A perda da variabilidade genética, por si só, significa perda da biodiversidade, de forma que a natureza do impacto é negativo. É indireto, uma vez que a perda da variabilidade genética aqui analisada decorre da fragmentação dos habitats, este último sim, decorrente de uma ação do projeto. Mesmo que os processos de fragmentação cessem, a perda da variabilidade genética é um processo que deverá perdurar indeterminadamente, o que qualifica o impacto como permanente. A perda da variabilidade genética não deverá se manifestar imediatamente após a fragmentação, devendo haver um lapso de tempo de, no mínimo, uma geração para que se manifeste. Dessa forma é considerado de longo prazo. A variabilidade genética original não será restabelecida, portanto é um impacto irreversível. Essas perdas se farão sentir em populações distantes da área de influência direta, o que confere um caráter regional ao impacto. Apesar das dificuldades em se estimar o quanto da variabilidade genética das populações será perdida exclusivamente pela UHE Baixo Iguaçu, tomou-se uma postura conservadora e considerou-se que o impacto é de alta magnitude. Embora a perda desses habitats não interfira nos outros elementos de análise, o impacto foi considerado de média importância, dada a proximidade do Parque Nacional do Iguaçu.

b) Recomendação:

Recomenda-se que sejam realizados estudos aprofundados do efeito da fragmentação provocada pela referida usina. Como já existe o efeito sinérgico de outras usinas agindo na biota da bacia, é altamente recomendável que seja implantado um Comitê da Bacia do Rio Iguaçu, cujos objetivos seriam aplicar recursos e indicar pesquisas prioritárias para a avaliação dos efeitos da fragmentação na bacia. Algunos grupos e espécies são indicadas para o caso da UHE Baixo Iguaçu: ictiofauna de modo geral, dado o elevado endemismo, macrófitas aquáticas, invertebrados endêmicos, pequenos mamíferos endêmicos, cágado-rajado, jacaré-do-papo-amarelo, lontra e o anfíbio L. macroglosa. Tais estudos devem buscar populações remanescentes na bacia, mapear a atual distribuição, obter dados demográficos e analisar a variabilidade genética entre estas populações. Os estudos também deverão propor medidas de conservação adequadas, caso necessário, de maneira a minimizar a perda da variabilidade genética.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos e terrestres

Identificação do Impacto : 22 - Alteração dos habitats

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Para os habitats terrestres, as alterações previstas decorrem do rearranjo das populações humanas e seus equipamentos (estradas, linhas de transmissão etc) no entorno do reservatório e das obras. Para os habitats aquáticos as alterações decorrem da mudança de um ambiente lótico para lêntico. Também são esperadas mudanças nos habitats aquáticos localizados imediatamente a jusante da barragem. Embora os estudos de batimetria não indiquem que se formarão poças d’água na região entre o vertedouro e a casa de força, a água terá uma circulação mais lenta do que ocorre hoje nos momentos em que não houver vertimento (algo em torno de 90% do tempo). Essa situação irá alterar drasticamente, aumentando a vazão e a velocidade da água, nos momentos de vertimento.

Uma vez as alterações nos habitats podem levar a perdas na biodiversidade, o impacto é considerado negativo. No caso dos ambientes terrestres, o impacto é considerado indireto, pois não decorre de uma ação direta do projeto, enquanto que para os ambientes aquáticos é considerado direto, pois decorre da operação da usina. Uma vez alterados, não se espera que os habitats passem por novas alterações, portanto é considerado temporário. Espera-se que a manifestação do impacto ocorra imediatamente após a sua causa, por isso foi classificado como de curto prazo. Esses habitats, com certeza não serão restabelecidos como antes, portanto, o impacto é irreversível. As alterações nos habitats aquático são localizadas na área de influência direta, enquanto que as alterações nos habitats terrestres poderão se fazer perceber em locais mais distantes, o que confere um caráter regional ao impacto. Não são esperadas mudanças significativas nos habitats terrestres, uma vez que eles já se encontram bastante alterados. Entretanto, as mudanças nos habitats aquáticos imediatamente a jusante da barragem serão de grande monta, o que permite qualificar o impacto como de alta magnitude. Embora a alteração dos habitats não interfira nos outros elementos de análise, o impacto foi considerado de média importância, dada a proximidade do Parque Nacional do Iguaçu.

b) Recomendação:

Os habitats deverão ser monitorados de maneira a acompanhar as alterações decorrentes da implantação e operação da usina. As alterações dos habitats terrestres poderão ser realizadas remotamente por satélite.

Mesmo que na fase atual dos estudos não existam indícios que se formarão poças d’água que possam aprisionar peixes e outros organismos a jusante da barragem, recomenda-se que na fase de PBA sejam detalhados os estudos de batimetria nessa região. Caso seja verificada a possibilidade de formação de poças deverão ser programadas medidas mitigadoras adequadas, como derrocamentos. A operação das comportas do vertedouro deverá ser programada de maneira a utilizar preferencialemente as comportas que vertem para o canal mais profundo, próximo da margem esquerda.

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c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos e terrestres

Identificação do Impacto : 23 - Contaminação da biota

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( ) Enchimento do reservatório; ( x) Operação

a) Descrição:

Vários fatores podem causar a contaminação da biota em um empreendimento desta natureza. Obviamente, para que ocorra contaminação é necessário que o agente contaminante esteja disponível no ambiente. Essa disponibilização, ou seja, a poluição pode ter várias fontes.

Nos ambientes terrestres, a origem da poluição pode ser decorrente de:

− acúmulo de lixo, principalmente na região do canteiro de obras, bem como o derrame de combustíveis, tintas e outros resíduos tóxicos;

− emissão de poeiras, partículas e gases, decorrentes da circulação de veículos e funcionamento das máquinas.

− Já nos ambientes aquáticos, a poluição pode ocorrer de diversas formas:

− carreamento do lixo e outros resíduos para os corpos de água;

− inundação de depósitos de embalagens de agrotóxicos e outros produtos químicos porventura existentes na área de influência direta. Embora não tenham sido detectados nas amostragens realizadas pela equipe de socioeconomia, depósitos clandestinos ou antigos, normalmente construídos de forma inadequada, podem ocorrer;

− carreamento e sedimentação no reservatório de produtos tóxicos utilizados na bacia de contribuição da UHE Baixo Iguaçu, cujo uso do solo é predominantemente agrícola, disponibilizando mais facilmente essas substâncias para a biota. Neste caso, a presença do reservatório estará magnificando um impacto já existente.

− tomando-se a UHE Salto Caxias como exemplo, na fase de operação houve uma a ocupação das margens do lago, com a construção de verdadeiros condomínios, inclusive com marinas e bombas de combustível à beira da água, tendo como conseqüência o lançamento de dejetos na água, como derivados de petróleo e resíduos orgânicos de esgoto.

Nos ambientes terrestres, as espécies sinantrópicas são mais susceptíveis de serem contaminadas, uma vez que terão mais chances de entrar em contato com os poluentes encontrados no lixo e no solo das áreas mais poluídas.

Nos ambientes aquáticos, as espécies bentônicas são as mais susceptíveis, uma vez que estarão em contato com o sedimento, onde os poluentes estarão disponíveis em maiores quantidades. É possível inferir que espécies de topo da teia alimentar, como os peixes carnívoros, as aves e mamíferos ictiófagos podem sofrer os efeitos do bioacúmulo de toxinas. Estes efeitos são silenciosos e serão percebidos apenas em longo prazo (p.ex. cirrose hepática por intoxicação crônica).

O aumento da emissão de partículas de poeira e de poluentes é particularmente impactante para anfíbios, Caso ocorra deposição destas partículas sobre esses animais, poderá ocorrer a absorção dessas substâncias, e portanto contaminação, bem como mudanças na fisiologia cutânea e levar muitas espécies à morte (Pough et al., 2001).

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Na etapa de construção, a biota próxima ao eixo da barragem, em particular aquela do Parque Nacional do Iguaçu que está muito próximo desse local estará mais exposta à contaminação dos poluentes oriundos do canteiro e das obras.

A contaminação da biota pode levar à morte de organismos e perdas na biodiversidade, de forma que o impacto é negativo. As ações do projeto podem lançar poluentes no ambiente, que por sua vez, podem contaminar a biota, caracterizando o impacto como indireto. A duração do impacto é permanente, pois mesmo que a poluição cesse, os organismos contaminados continuarão nesse estado. A contaminação da biota poderá ocorrer imediatamente após a emissão de poluentes, mas em alguns casos pode haver um lapso razoável de tempo, como a contaminação da biota aquática via sedimento do reservatório. Por essa razão, a ocorrência do impacto foi considerado ao mesmo tempo de curto e longo prazos. Mesmo que demore um tempo razoável, após cessar a poluição, a biota tende a se descontaminar naturalmente, portanto, o impacto é reversível. Espera-se que a contaminação tenha uma abrangência localizada na área de influência direta. A exemplo do que ocorre em outras hidrelétricas, não haverão mudanças significativas no estado de contaminação da biota com a implantação da UHE Baixo Iguaçu, caracterizando o impacto como de baixa magnitude. A importância do impacto foi considerada mediana, pois a biota contaminada, em especial os peixes, podem também contaminar a população humana.

b) Recomendações:

Deverão ser adotadas medidas específicas para o destino adequado do lixo e de outros resíduos através do Programa de Controle Ambiental da Construção.

Revegetação das margens do reservatório com vegetação nativa.

Deverá ser levado a cabo um programa permanente de monitoramento da qualidade físico-química da água do reservatório e dos tributários da área de influência.

Adoção de programas educativos e medidas preventivas, visando o controle dos efluentes gerados na bacia de contribuição ao reservatório, como a instalação de fossas sépticas eficientes nas propriedades ribeirinhas .

Os programas educativos deverão esclarecer os agricultores da região quanto à utilização adequada dos agrotóxicos e fertilizantes, a fim de evitar o aporte de poluentes para a água, provenientes de escoamento superficial de área de agricultura e pastagem. É importante observar, no Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu, o subprograma de incentivo a alternativas de desenvolvimento, como a agricultura orgânica, para a zona de transição.

Deverão ser coibidas a ocupação e constução de benfeitorias na área de proteção do futuro reservatório que estejam em desacordo com o Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório (Resolução Conama 302/02).

Com a finalidade de garantir a qualidade da água do reservatório, deverá ser fiscalizada a utilização de defensivos agrícolas e fertilizantes na área de influência.

Os veículos e equipamentos necessários à obra deverão ter seus motores periodicamente regulados para minimizar a emissão de gases poluentes.

O empreendedor deverá controlar a emissão de poeira, mantendo úmido o canteiro de obras e demais áreas de retirada de solo.

Deverá haver um monitoramento da qualidade do pescado, com o objetivo de verificar a sua contaminação pelos principais produtos tóxicos utilizados na bacia. Os peixes são os organismos mais adequados para esse tipo de análise, uma vez que podem indicar possível contaminação da cadeia alimentar e possíveis riscos à saúde humana.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( x) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos e terrestres

Identificação do Impacto: 24 - Aumento da mortandade da fauna

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X X

Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta: ( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x) Enchimento do reservatório; ( x) Operação

a) Descrição:

Este impacto está relacionado a vários fatores causados diretamente por ações do projeto, ou delas decorrentes:

− aumento do tráfego de veículos, aumentando, por consequência, a fauna atingida por atropelamentos;

− aumento do contingente populacional, aumento da pressão de caça, apanha e pesca sobre a fauna nativa;

− as atividades relacionadas às obras, como movimentação de terra, explosões, lançamento das ensecadeiras etc causam mortandade em um grande número de pequenos animais que não conseguem fugir;

− supressão da vegetação e enchimento do reservatório, causando mortandade da fauna;

− desvio do rio, causando mortandade de peixes nas ensecadeiras.

Durante a construção, o aumento no tráfego de veículos nas estradas já existentes, e a ampliação da rede viária na região do empreendimento aumentam as chances de atropelamentos da fauna silvestre e doméstica. Também durante o enchimento do reservatório esse impacto também poderá se fazer sentir, pois com a perda de habitats terrestres, a fauna se desloca para fora de seu habitat natural, podendo atravessar as estradas existentes. Esse impacto pode ser ainda maior dada a proximidade da obra com o Parque Nacional do Iguaçu (PNI) e, especialmente, por atingir espécies de interesse conservacionistas. Também há risco de vida dos motoristas no caso de atropelamento de animais de grande porte que, comprovadamente, circulam pela área de influência. Um estudo sobre a fauna atingida por atropelamentos na BR-277, no trecho que circunda o PNI, está sendo desenvolvido na Universidade Estadual de Cascavel, sob a coordenação do Dr. José Flávio Cândido Júnior (Cândido Júnior et al. 2002). Este estudo foi responsável pelo primeiro registro do lobo-guará para a região e pelo primeiro registro de tatu-do-rabo-mole (Cabassous tatouay) para o Estado. Estes resultados mostram que a fauna transpõe paisagens naturais em diferentes estádios de sucessão e pastagens, além de demonstrar que a fauna associada ao PNI, além de pouco conhecida, utiliza-se assiduamente das manchas de vegetação adjacentes como áreas de abrigo e alimentação. Recentemente muitos estudos abordando este assunto têm mostrado que a perda da fauna devido a atropelamentos é um impacto muito maior do que se supunha (Vieira,1996).

O aumento da exploração da fauna já foi abordado em ficha própria, entretanto é estreitamente relacionado com a perda da fauna que será atingida pelo alagamento. Nesta ocasião os indivíduos estarão em fuga para evitar o afogamento e muitas espécies, com capacidades limitadas de deslocamento, serão as mais atingidas, especialmente invertebrados terrestres e vertebrados de pequeno porte, de hábitos arborícolas, fossoriais e semi-fossoriais, como marsupiais e pequenos roedores, anfíbios, serpentes e lagartos, bem como ovos de aves, répteis e animais velhos e juvenis. Este impacto relaciona-se ainda com o aumento do número de casos de acidentes com animais peçonhentos (aranhas, escorpiões, lacraias, serpentes) e com a fauna de maior porte, assunto que será tratado em ficha própria.

A área a montante da barragem sofrerá mudanças bastante expressivas no seu funcionamento a ponto de impossibilitar a ocorrência de espécies que habitam ambientes aquáticos de elevada oxigenação e fluxo da água, causando a montandade de muitos crustáceos, insetos e moluscos.

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A morte de organismos leva a perdas na biodiversidade, de forma que o impacto é negativo. Foi considerado como direto e indireto, pois como descrito acima, pode ser causado por ações do projeto ou decorrentes delas. É um impacto temporário, pois cessando as suas causas, não deverão ocorrer mortes de animais. O aumento da mortalidade da fauna ocorrerá imediatamente após a sua causa, de maneira que é um impacto de curto prazo. A morte, por si só, é um fenômeno irreversível. Uma vez que animais podem morrer fora da área de influência direta, como nos casos de atropelamento, o impacto pode ser considerado regional. Como é praticamente impossível estimar de quanto será o aumento da mortandade da fauna, tomou-se uma postura conservadora e considerou-se o impacto de alta magnitude. Uma vez que os atropelamentos podem trazer riscos aos motoristas, o impacto foi considerado de média importância.

b) Recomendações:

Nas rodovias e vias de acesso ao empreendimento, que margeiam ou cortam áreas naturais, deverão ser instalados redutores de velocidade e sinalização rodoviária alertando sobre o trânsito de animais silvestres. Com esta medida espera-se uma diminuição do índice de atropelamento de animais silvestres e domésticos na região de influência do empreendimento, bem como a prevenção de acidentes rodoviários ocasionados por animais em geral. Adicionalmente, sugere-se um convênio com centros de pesquisas e/ou universidades do Paraná visando o aproveitamento científico dos espécimes encontrados mortos (como exemplo sugere-se a UNIOESTE - Cascavel e o Museu de História Natural Capão da Imbuia, MHNCI, em Curitiba).

Educação ambiental para funcionários e prestadores de serviço, alertando sobre o risco de atropelamento da fauna.

Aproveitamento científico da fauna atingida pela formação do reservatório.

A revegetação das áreas marginais ao futuro reservatório deverá ser feita anteriormente ao enchimento desse, de modo que possam oferecer proteção, mesmo que precária, aos espécimes que serão evadidos das florestas inundadas. Adicionalmente, tal medida permite que a fauna de hábitos silvícolas, tanto terrestres como ripários, possam emigrar para tais ambientes ou então colonizá-los. Deverá buscar-se, quando do enchimento do reservatório, que uma zona de escape seja permitida, sobretudo para áreas naturais protegidas.

Deverá ser dada prioridade ao aproveitamento científico da fauna atingida. Entretanto, para algumas espécies indicadas nos programas ambientais, poderá ser estudada a soltura de indivíduos, desde que sejam levados a cabo estudos de capacidade de suporte dos fragmentos da região para receber estes indivíduos, e acompanhamento destes após o enchimento do reservatório.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( x ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistema terrestre

Identificação do Impacto: 25 - Alteração da paisagem do entorno do Parque Nacional do Iguaçu

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta: ( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x ) Enchimento do reservatório; ( x) Operação

a) Descrição:

A alteração da paisagem no entorno do Parque Nacional do Iguaçu decorre das obras e da formação do reservatório, localizados muito próximos do limite da unidade de conservação.

O aspecto agressivo da obra afeta sobremaneira não somente o contexto biótico mas também na paisagem do entorno do PNI, uma unidade de proteção integral, que possui o título de Patrimônio Natural da Humanidade.

Atualmente, como demonstram os estudos de ecologia da paisagem, a paisagem no enotrno do Parque já se encontra bastante alterada. Os poucos remanescentes florestais existentes são pequenos, possuem baixo índice de circularidade e baixa conectividade. Algumas áreas do entorno se encontram em uma situação ligeiramente melhor, como nos municípios de Matelândia e Céu Azul. O mesmo não pode ser dito na área onde pretende se instalar o empreendimento. De qualquer forma, a UHE Baixo Iguaçu irá piorar a situação existente na porção sudoeste do entorno do Parque, principalmente ao longo do rio Iguaçu.

As atuais discussões sobre o manejo das áreas naturais protegidas do Brasil, especialmente levadas a cabo nos Congressos Brasileiros de Unidades de Conservação, o mais importante evento deste nível na agenda conservacionista da América do Sul, indicam que este impacto é um dos mais importantes no entorno das unidades de conservação.

A alteração da paisagem leva a perdas na biodiversidade, de forma que o impacto é negativo. Essas alterações decorrerm de ações diretas do projeto, desde a mobilização das obras até o enchimento do reservatório, portanto o impacto é direto. É um impacto permanente, uma vez que a usina e seu reservatório permanecerão indefinidamente na área. Pode ser considerado de curto prazo, pois as alterações se establecem imediatamente após a sua causa. É um impacto irreversível, pois a paisagem nunca retornará à condição inicial. Tem uma abrangência local, pois a ocorrerá na área de influência direta. Como a alteração na paisagem será significativa, o impacto foi considerado de alta magnitude. O fato da paisagem ser alterada no entorno de uma área protegida por lei, confere uma grande importância ao impacto.

b) Recomendações:

Considerando os objetivos de criação dos parque nacionais no Brasil (Lei no 9.985/00, de 18/07/00), a construção e operação da UHE Baixo Iguaçu demandam procedimentos construtivos e operativos diferenciados devido à presença do Parque Nacional do Iguaçu.

Para atenuar o impacto visual da obra, é fundamental restaurar a paisagem na área das obras e no entorno do reservatório;

As ações de construção do canteiro de obras, vila de funcionários, encostas, durante e após a construção da obra deverão ser compatíveis com a conservação do entorno do PNI, evitando-seo uso de espécies exóticas.

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c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( x ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

Eficácia da recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas terrestres

Identificação do Impacto: 26 - Possibilidade de endemias

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

x x X X X X X x Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( x ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x ) Enchimento do reservatório; ( x) Operação

a) Descrição:

Esse impacto decorre da possibilidade da pessoas atraída pelo empreendimento serem portadoras de alguma doença que seja transmitida por vetores existentes na área de influência.

Durante os trabalhos de campo foi constatado que na área de influência da UHE Baixo Iguaçu há vetores e reservatórios capazes de manter o ciclo de transmissão de doenças endêmicas. Entre eles, pode-se citar os mosquitos culicídeos das espécies Aedes albopictus, potencial vetor da dengue e da febre-amarela e Anopheles darlingi e A. albitarsis,e transmissor da malária.

Este fato pode ampliar a possibilidade de ocorrência destas endemias devido a chegada de migrantes para trabalhar na obra, provindos de outras regiões do Brasil onde há focos destas doenças. Migrantes portadores de doenças que ignoram suas condições de saúde podem promover a infestação dos vetores locais, dando início ao ciclo parasitário. Há que considerar que o clima da região é favorável ao estabelecimento destas doenças.

Embora não seja um impacto que comprometa a biodiversidade, é aqui considerado negativo, pois tem conseqüência para a saúde pública. É indireto, uma vez que não decorre de ações do projeto. Tem uma duração temporária, pois tende a desaparecer após a estabilização do fluxo migratório. Como é necessário um lapso de tempo entre a chegada de pessoas infectadas e o início de um novo ciclo parasitário, é considerado de longo prazo. Uma vez que a condição anterior pode ser restabelecida, o impacto é reversível. Possui uma abrangência regional, pois as endemias tendem a se espalhar para fora da área de influência direta. Considerando que estas endemias não estão presentes na região, o seu aparecimento confere uma magnitude alta ao impacto. As conseqüências desse impacto em outros elementos de análise, em especial na saúde pública, permitem inferir que será de grande importância

b) Recomendação:

Todos os trabalhadores contratados para as obras da UHE do Baixo Iguaçu deverão realizar exames admissionais que permitam detectar doenças endêmicas.

São necessárias ações de vigilância epidemiológica da população da região diretamente e indiretamente influenciada pelo empreendimento, com a finalidade de detectar possíveis casos de endemias. Cabe a ressalva de que muitas endemias podem levar anos para serem detectadas no caráter epidêmico.

É importante alertar as secretarias de saúde municipais da área de influência para que sejam adotadas medidas preventivas.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( x ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Ecossistemas terrestres e aquáticos

Identificação do Impacto: 27 - Aumento do número e da abundância de espécies exóticas da fauna

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

x X X X X x x x Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x ) Enchimento do reservatório; ( x) Operação

a) Descrição:

Esse impacto é causado pelas mudanças ambientais provocadas pelo empreendimento, que, por sua vez, podem favorecer o aparecimento ou o incremento das populações de algumas espécies exóticas.

A invasão de espécies exóticas têm sido assunto de grande preocupação por atuar de forma agressiva sobre a manutenção de populações de espécies nativas. Espécies exóticas com grande capacidade de adaptação em ambientes naturais estariam se favorecendo pelas transformações das paisagens naturais complexas em mosaicos homogeneizados (Mefee et al., 1997).

Embora não se tenham estudos conclusivos sobre o assunto, o aumento de espécies exóticas no ambiente pode causar a redução ou extinção de populações nativas locais, devido a competição por alimentação, abrigo e a disseminação de parasitos. A extinção das espécies ou a alteração da sua composição nos ecossistemas pode causar perdas irreversíveis aos recursos naturais. Os resultados da redução da biodiversidade são a redução dos recursos genéticos, a perda do potencial de fontes de alimentação e controle de doenças, e a redução da estabilidade dos ecossistemas.

Uma parcela de espécies de peixes registradas durante o levantamento corresponde a peixes exóticos: o peixe-rei Odonthestes bonariensis, a carpa Cyprinus carpio e a tilápia Tilapia rendalli.

Também foi verificado através de entrevistas informais e de registros em trabalhos na região da área de influência do empreendimento a presença de rã touro-gigante Rana catesbeiana. Esta rã é favorecida pela formação de corpos lênticos. Há relatos de que ela é uma agressiva predadora de vertebrados da fauna nativa e tem conseguido se reproduzir em ambiente natural. Pechmann & Wake (1997) relatam diversas causas do declínio e desaparecimento de populações de anfíbios, entre as Quais a predação e competição com espécies introduzidas.

Uma vez que o aumento das espécies exóticas pode levar a alterações das comunidades de espécies nativas e perdas na biodiversidade, o impacto é negativo. É indireto, pois não decorre de uma ação do projeto. Esse aumento não se fará perceber imediatamente após as alterações ambientais causadas pelo empreendimento, conferindo um caráter de longo prazo ao impacto. As comunidades, após um impacto dessa natureza, se alteram drasticamente, mas tendem a se estabilizar após alguns tempo. De qualquer forma o aumento do número e abundância de espécies exótica é um impacto temporário. Considerando que esses parâmetros (número de espécies e abundância) não se restabelecerão com antes, o impacto é irreversível. É esperado que essas alterações ocorram localmente na área de influência direta. Não são esperadas mudanças significativas do número e abundância de espécies exóticas, de forma que o impacto é de baixa magnitude. Também não são esperadas consequências desse impacto sobre outros elementos de análise. Por isto, é considerado de pequena importância.

b) Recomendações:

As espécies de peixe exóticas registradas na área de estudo sugerem a elaboração de um plano de monitoramento para os ambientes aquáticos atingidos pela UHE Baixo Iguaçu. Além da composição específica, devem ser obtidas informações sobre a distribuição das populações, estrutura das comunidades, hábitos alimentares e reprodução. O programa estabelecido deve permitir o acompanhamento dos impactos da fauna exótica sobre a fauna de peixes nativa, gerando informações para o manejo do reservatório.

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A atividade de peixamento com espécies exóticas à bacia do rio Iguaçu não deve ser uma medida a ser tomada, por tratar-se de uma ação impactante, de duvidoso benefício para a população a ser incrementada em detrimento da competição por espaço, locais de reprodução, alimentação e predação. O conhecimento atual da dinâmica das comunidades que compõe a ictiofauna local impossibilitam um peixamento de forma metódica e monitorável.

Embora o diagnóstico socioeconômico das propriedades afetadas não tenha detectado atividades de ranicultura ou piscicultura na área de inundação, antes da fase de enchimento do reservatório deverá ser investigada a presença de tanques e criadouros contendo a rã exótica e peixes exóticos, com o intuito de fazer a retirada dos indivíduos destas espécies, que porventura foram deixados pelo proprietário. Esta ação deverá minimizar a colonização destas espécies em novos sítios de reprodução ocupados por espécies nativas, diminuindo a competição e predação.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas terrestres

Identificação do Impacto: 28 - Aumento dos casos de acidentes com animais

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

x x x x X x x X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x ) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Durante a fase de enchimento do reservatório, muitos animais têm a oportunidade de fugir da água que invade seus esconderijos e sítios de reprodução e forrageio. Uma grande parte dos animais encontrados se dispersando nesse período é composta por formas peçonhentas de aracnídeos, miriápodos, insetos e, principalmente, serpentes, animais de maior periculosidade em relação aos artrópodes e de maior poder de dispersão.

Assim, as serpentes peçonhentas dos gêneros Micrurus (duas espécies), Bothrops (três espécies) e Crotalus (uma espécie), da mesma forma que uma grande gama de serpentes não peçonhentas, devem se deslocar das proximidades do rio Iguaçu e de seus afluentes durante os dias da formação do reservatório, procurando novos abrigos inclusive em áreas habitadas e em construções rurais, plantações e criações. Essa fuga aumenta o risco de acidentes ofídicos, uma vez que os animais estarão fora de seu ambiente normal e poderão ocupar ambientes antrópicos temporariamente.

É importante a ressalta de que acidentes com animais não estão restritos a aranhas, escorpiões, lacraias e serpentes. Durante o alagamento do reservatório, muitas espécies de mamíferos, devido ao estresse provocado pela brusca alteração no ambiente, apresentarão comportamento agonístico de defesa, ocasião em que tornam-se extremamente agressivos e perigosos no caso de manipulação. Há casos de acidentes graves envolvendo pessoas que estavam participando do resgate da fauna atingida pela UHE Porto Primavera.

Este impacto indireto é negativo para os animais e para as populações humanas. Para os animais, na forma de morte certa ao serem encontrados por seres humanos, e para estes na forma de risco de acidente ofídico. É um impacto temporário, pois ocorrerá em momentos específicos e de curto prazo, pois se manifesta imediatamente após a sua causa. É reversível, na medida em os casos de acidentes retornem aos patamares anteriores, e de ocorrência local na área de influência direta. Também é de magnitude baixa, uma vez que nas três últimas experiências de enchimentos de reservatórios na bacia do rio Iguaçu (UHEs Segredo, Jordão e Salto Caxias), não se registrou nenhum acidente ofídico em seres humanos, embora tenha sido significativa a dispersão observada para as serpentes. Contudo, a despeito dessa baixa magnitude, e da região em estudo ser naturalmente de poucos acidentes ofídicos (dados da Secretaria do Estado da Saúde e das secretarias dos municípios diretamente envolvidos), qualquer chance de acidente ofídico deve ser evitada, uma vez que se trata de evento com elevado risco de óbito, o que confere uma importância mediana ao impacto.

b) Recomendações:

Desenvolver um programa de educação ambiental voltado aos operários da obra e a população local, esclarecendo sobre os animais peçonhentos existentes na região. Para a população local, deverão ser realizadas palestras junto ao ensino estatal e particular dos municípios diretamente afetados com o empreendimento, bem como atividades de esclarecimento às populações do entorno do empreendimento de como evitar o contato entre animais peçonhentos e o homem através de medidas profiláticas nas residências, áreas agrícolas, criações etc.

Treinamento e esclarecimento para os profissionais do sistema de saúde das áreas de influência sobre a possibilidade de ocorrência de acidentes e modos de ação.

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Treinamento e esclarecimento para os profissionais que atuarão durante o aproveitamento científico da fauna, a ser realizado durante os desmatamentos e enchimento do reservatório.

Durante o enchimento do reservatório, a população da área de influência deverá ser informada sobre possíveis problemas ocasionados com a fuga dos animais, inclusive com uma linha telefônica para o resgate domiciliar da fauna, além de explicações (folders, cartilhas, palestras) sobre como agir nestas situações.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( x ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas terrestres

Identificação do Impacto : 29 - Atração da fauna associada à presença humana (fauna sinantrópica)

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

x x X x x x x X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

A ocorrência deste impacto está relacionada ao aumento populacional na área direta e indiretamente afetada pelo empreendimento, quer seja pelo deslocamento de pessoas que serão contratadas para trabalhar na obra, quer seja pelo incremento populacional que geralmente ocorre em municípios onde será instalada uma obra deste porte.

Isto aumenta a produção de lixo orgânico e inorgânico na região. O lixo, quando armazenado inadequadamente atrai diversas espécies silvestres e sinantrópicas, desde insetos até mamíferos à procura de restos alimentares. Alguns podem consistir em vetores de doenças ou oferecer risco direto aos operários da obra (e.g. animais peçonhentos).

Esse impacto é negativo, pois altera e simplifica as comunidades faunísticas, levando a perdas na biodiversidade. É indireto, pois não decorre de uma ação do projeto. Como o aumento populacional é temporário, a atração da fauna sinantrópica também é temporária. É de longo prazo, pois existirá um lapso de tempo entre o aumento populacional e a atração desta fauna. Mesmo que cessem as causas do impacto, as comunidades não se restabelecerão como antes, pois já terão incorporadas na sua estrutura a espécies sinantrópicas, o que confere um caráter irreversível ao impacto. Possui uma abrangência localizada na área de infuência direta. Considerando que o ambiente já está bastante antropizado, não haverão alterações significativas na fauna sinantrópica e o impacto pode ser considerado de baixa magnitude. Uma vez que a fauna sinantrópica atraída pode trazer consequências para a saúde humana, o impacto pode ser coniderado de média imprtância.

b) Recomendação:

Implantação de comissão interna de prevenção de acidentes, uma vez que podem ocorrer acidentes com a fauna sinantrópica (por exemplo, animais peçonhentos);

Programa de educação ambiental para os funcionários da obra e para a comunidade da área de influência, esclarecendo sobre a correta destinação do lixo;.

A correta destinação do lixo, deve ser tratada com especial ênfase pelo empreendedor. Este deverá interagir com a administração municipal no sentido de propiciar que o sistema de coleta de lixo suporte a nova demanda gerada.

Utilizar lixeiras especiais que impedem o acesso da fauna.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( x ) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica ( x ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( x ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Ambiente terrestre

Identificação do Impacto: 30 - Alteração comportamental da fauna

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

x x x x x x x x Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( ) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Vários fatores ligados ao empreendimento podem ocasionar alteração comportamental da fauna. O nível de ruídos ocasionados por explosões e trânsito de veículos pesados durante a construção da obra e o nível de ruído ocasionado pela operação da usina, afetam a comunicação da fauna nativa, especialmente no caso das aves e dos anfíbios de hábitos diurnos e com vocalizações de baixa. Ressalte-se que, para a escavação do canal de desvio do rio, ocorrerão explosões a cerca de 200 m do Parque, afetando o comportamento da fauna localizada nessas proximidades. Este impacto pode ocasionar o afugentamento desta fauna para novas áreas, onde enfrentarão a competição pelo nicho já estabelecido. O impacto de ruídos gerados pela movimentação de veículos pesados e pelo funcionamento de equipamentos ruidosos durante a construção é considerado temporário, entretanto o ruído gerado pela operação da usina será permanente.

Durante o enchimento do reservatório, a fauna em fuga normalmente passa por um severo estresse, podendo ter um comportamento errático e agonístico. Essa situação é mais preocupante quando afetam os comportamentos reprodutivos ou de cuidado parental.

Esse impacto é negativo, pois as alterações comportamentais e o estresse, em última instância, diminuem o sucesso reprodutivo dos animais. Decorre de ações diretas do projeto. Espera-se que essas alterações não se mantenham indefinidamente, de forma que o impacto é temporário, mas se manifestam imediatamente após o estabelecimento da causa, portanto é de curto prazo. Após cessarem as causas do impacto, espera-se que a fauna se comporte como antes, de maneira que o impacto é reversível. Possui uma abrangência localizada na área de infuência direta. Considerando que as alterações comportamentais são significativas, o impacto pode ser considerado de alta magnitude. No entanto é de pequena importância pois não influencia os outros elementos de análise

b) Recomendações:

A recuperação da paisagem na área de influência direta é uma recomendação para atenuar os ruídos da operação da usina;

Regulagem periódica dos equipamentos e veículos pesados;

Deverão ser tomadas medidas que minimizem os ruídos causados pelas explosões.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( x ) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( x ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos

Identificação do Impacto: 31 - Entrave artificial à migração e dispersão da ictiofauna

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

x x x x x X x x Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( x ) Construção; ( x ) Enchimento do reservatório; ( x) Operação

a) Descrição:

Os impactos causados pela obstrução do canal de um rio são diretos sobre a maioria dos peixes migradores dos rios brasileiros. Na bacia do rio Iguaçu não existem espécies de peixes tipicamente migradores comparáveis àquelas da bacia do rio Paraná, entretanto, espécies reofílicas que apresentam área de reprodução, crescimento e/ou alimentação na área do empreendimento podem sofrer variação na sua abundância, como por exemplo como por exemplo os caracídeos Astyanax (lambaris), Bryconamericus (pequiras) e Characidium (canivetes), e os siluriformes dos gêneros Ancistrus, Corydoras e da subfamília Hypoptopomatinae, e ainda os bagres dos gêneros Rhamdia e Trichomycterus.

Esse impacto é negativo, pois pode afetar o sucesso reprodutivo dos peixes reofílicos. Decorre de ações diretas do projeto. Com a obstrução do canal do rio Iguaçu, o entrave à migração ocorrerá imediatamente e será permanente. Os movimentos dos peixes existentes no trecho nunca retornarão à situação original, portanto o impacto é irreversível. Possui uma abrangência regional, pois os peixes poderiam estar se deslocando para fora da área de infuência direta. Considerando que a ictiofauna do rio Iguaçu não possui espécies tipicamente migradoras, o impacto pode ser considerado de baixa magnitude. A importância é mediana, pois esse impacto pode afetar a pesca na região.

b) Recomendações:

Manutenção e proteção dos cursos de água e das áreas ribeirinhas a jusante e a montante do reservatório com capacidade de sustentar populações viáveis de peixes, já que essas áreas são importantes para o ciclo de vida de várias espécies, como por exemplo a realização da etapa reprodutiva.

Desenvolvimento de um programa de monitoramento do meio aquático, com ênfase na dinâmica da alteração de fatores como aspectos alimentares, reprodutivos e migratórios das comunidades afetadas.

Os mecanismos para transposição para peixes implantadas na América do Sul não estão ainda devidamente otimizados aos padrões de comportamentos da ictiofauna Neotropical, haja vista sua enorme riqueza de espécies e suas inúmeras particularidades. Como não foram registrados ainda hábitos migratórios das espécies de peixes da área de estudo, esta estrutura não deve ser adotada. Além disso, as outras usinas do rio Iguaçu não possuem tais mecanismos, de maneira que a sua adoção na UHE Baixo Iguaçu não faria sentido, pois eventuais migradores não teriam como se deslocar para montante.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( ) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( x ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Estrutura produtiva e de serviços; Infra-estrutura

Identificação do Impacto : 32 – Formação de expectativas quanto aos efeitos da implantação da UHE Baixo Iguaçu

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

(X) Planejamento; ( ) Construção; ( ) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

A notícia da implantação de um empreendimento de grande porte, como a UHE Baixo Iguaçu, provoca toda sorte de especulações, que, usualmente, têm efeitos sobre o sistema de preços e as decisões de investimento dos agentes econômicos.

No caso da UHE Baixo Iguaçu, o impacto é diminuído pela experiência anterior da implantação da UHE Salto Caxias (ver Anexo I do capítulo IX – Oficinas Participativas, especialmente os itens Avaliação Ambiental e Medidas Propostas).

O impacto é negativo e direto, porque as mudanças que provoca são artificiais, derivadas de especulações, e é conseqüência direta do empreendimento, embora, na realidade, decorra da imprecisão com que se difundem informações a seu respeito. É temporário e reversível, uma vez que se desfaz com a veiculação eficaz de informações corretas sobre o empreendimento, e de longo prazo, porque, embora as expectativas apareçam logo que notícias acerca do empreendimento começam a difundir-se, as ações que elas desencadeiam só são implementadas a médio e longo prazo.

O impacto é regional, pois restringe-se aos municípios da AII; de baixa magnitude, porque beneficia-se da experiência anterior da UHE Salto Caxias, e de média importância, porque afeta mais de um fator ambiental.

b) Recomendação:

O empreendedor deverá incluir informações precisas sobre a realidade do empreendimento, desde logo, em seu programa de comunicação social, cuidando para que as informações veiculadas durante a fase de planejamento do empreendimento, sejam consentâneas com o que serão, de fato, as demandas que a sua implantação apresentará aos municípios da AII.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

(X) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica (X) Planejamento ( x ) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

(X) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Comunidades Afetadas

Identificação do Impacto : 33 – Interferências com propriedades rurais e no distrito de Marmelândia

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta: ( ) Planejamento; ( X ) Construção;(X) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Com a formação do reservatório, serão inundados, 1.359 hectares, ou 562 alqueires. Em função das diretrizes do Conama, deverá ser constituída uma faixa de preservação do entorno do reservatório. Considerando uma faixa de 100 metros, a área correspondente será de 2.558 hectares ou 1.057 alqueires.

Nestas áreas existem, segundo informações do pré-cadastro, 336 propriedades, onde residem 359 famílias, sendo 150 de proprietários e 209 de não-proprietários.

A maior parte das propriedades são minifúndios (menores que 1 módulo fiscal de 20 hectares) e o trabalho e a produção nas mesmas são as principais fonte de renda e sustento das famílias.

Além do vínculo econômico com as propriedades, a comunidade guarda laços afetivos e de vizinhança na região, ainda que processos de saída da população e de membros das famílias para áreas de fronteira agrícola, sejam movimentos existentes e expressivos.

O preço das terras no mercado imobiliário rural poderá ser alterado em função de movimentos especulativos, devendo ser pressionados para elevação.

Destaca-se ainda, as interferências a serem geradas no distrito de Marmelândia, município de Realeza. Nesta localidade, que de acordo com o Censo do IBGE (censo 2000) residiam 193 pessoas em 48 domicílios. Os levantamentos efetuados nesta etapa, indicaram a possibilidade de interferências com 11 propriedades em Marmelândia, em função da formação do reservatório, no córrego do Tamanduá, que deverá registrar uma elevação mínima. Os moradores demonstraram grande preocupação com as interferências relacionadas ao empreendimento, inclusive em relação a formação de uma faixa de preservação do lago no distrito, temendo que as mesmas intensifiquem o esvaziamento local.

b) Recomendação:

Desenvolvimento de um programa de remanejamento da população de forma participativa e transparente, adequadas as características do empreendimento, a realidade local e as necessidades das comunidades atingidas.

Inclusão de critérios socioeconômicos na definição da faixa de preservação do entorno, considerando os usos atuais e as expectativas da comunidade.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo (X) Corretivo ( ) Não se aplica ( X ) Planejamento (X) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza (X) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu

Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Comunidades Afetadas

Identificação do Impacto : 34 – Interferências com as comunidades locais

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta: ( ) Planejamento; ( ) Construção;(X) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

O enchimento do reservatório da UHE Baixo Iguaçu deverá fazer submergir equipamentos das linhas localizadas na AID. Poderão ser afetados os seguintes equipamentos:

− Acesso à linha Zution;

− Acesso à linha Hortelã

− Acesso à linha Alto Caçula;

− Ponte do Rio Andrada;

− Igreja São João e o pavilhão anexo, localizados próximos ao reservatório e na faixa de 100 metros de entorno;

− Campo de futebol da linha Marmelândia;

− Área de lazer, na Ilha Mantovani.

Além destes, destaca-se a proximidade do reservatório ao cemitério da comunidade de Barra do Sarandi, e Realeza. O cemitério encontra-se fora da área inundada, mas sua proximidade a mesma merece atenção, de forma a se verificar eventuais interferências.

Na região do reservatório, existem 4 pontes de maior envergadura: a ponte sobre o rio Iguaçu, a ponte sobre o rio Andrada, a ponte sobre o rio Capanema e uma ponte no rio Cotegipe, nas proximidades a Barra do Sarandi.

A exceção da ponte sobre o rio Andrada, as demais não sofrerão interferências com o reservatório. No entanto, as oscilações naturais no nível das águas poderão ocasionar problemas nas estruturas, o que deverá ser devidamente avaliado e reparado, quando necessário.

Importante destacar ainda as interferências com estradas de acesso as linhas e as propriedades e com as com redes de distribuição local de energia.

Trata-se de impacto direto e de curto prazo, pois decorre do enchimento do reservatório. É negativo, em virtude das perdas de equipamentos necessários para a vida social e econômica das comunidades das linhas.

As perdas tornar-se-ão definitivas, quando o empreendimento entrar na sua fase de operação, razão pela qual o impacto é permanente e irreversível.

O impacto atingirá os municípios que abrigarão o reservatório propriamente dito. Sua magnitude é baixa, pois as perdas deverão ser em pequeno número. A sua importância é grande, em virtude de atingir a qualidade de vida das comunidades das linhas afetadas.

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b) Recomendação:

Reconstrução dos equipamentos perdidos, logo após o enchimento do reservatório, entendendo-se com as comunidades das linhas, acerca de como fazê-lo.

Implantação do Programa de apoio aos Municípios e as Comunidades Locais e o do Programa de Relocação da Infra-estrutura.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo (X) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento (X) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza (X) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Dinâmica Populacional

Identificação do Impacto : 35 - Fluxo de população temporária para os municípios atingidos

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; (X) Construção; ( ) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Durante a fase de construção da UHE Baixo Iguaçu, o empreendedor deverá ocupar, progressivamente, mão de obra em número expressivo, em vista da relativamente pequena população residente nos municípios da AII.

Assim sendo, em um espaço de tempo curto, em face do ritmo em que se desenvolvem os fenômenos relativos à dinâmica populacional, flutuará e aumentará, durante as obras, a densidade populacional da AII, sendo que a estrutura das populações ali residentes, igualmente, flutuará e alterar-se-á, ainda durante as obras, podendo-se antecipar mudanças temporárias nas suas distribuições relativas, população urbana/população rural e população masculina/população feminina, com o aumento das primeiras. Também é de se esperar a flutuação e a alteração temporária da estrutura etária daquelas populações, com o aumento da presença de homens em idade adulta.

O impacto é negativo, temporário e reversível, em virtude das mudanças bruscas e temporárias que deverá acarretar. É direto e de curto prazo, pois decorrerá da própria execução das obras.

O impacto poderá ser sentido pelos municípios que terão parte de suas terras atingidas, com destaque para o(s) que for(em) escolhido(s) pelo empreendedor para abrigar a mão de obra que trouxer de fora. É de magnitude alta, em vista da relativamente pequena população dos municípios atingidos, e de importância média, em virtude de atingir outros fatores ambientais, tais como a infra estrutura, a estrutura produtiva e de serviços de uso diário e os de saúde e educação dos municípios atingidos.

b) Recomendação:

Recomenda-se que o empreendedor selecione, treine e empregue o maior número possível de mão de obra local, e implante o Programa de Seleção e Treinamento de Mão-de-obra Local.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

(X) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica (X) Planejamento ( ) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

(X) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Infra-estrutura

Identificação do Impacto : 36 - Melhoria dos acessos próximos as obras

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

x x x x x x x X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( X ) Construção;( ) Enchimento do reservatório; ( x ) Operação

a) Descrição:

Para a construção do empreendimento, deverão ser melhoradas as condições de acesso, para a passagem de veículos pesados, materiais e circulação dos trabalhadores.

Os acessos serão por ambas as margens: pela margem esquerda a partir da localidade de Marechal Lott, em Capanema, mas desviando da área edificada e de ocupação desta localidade; pela margem direita, no município de Capitão Leonidas Marques. O principal acesso durante as obras e posteriormente definitivo será pela margem esquerda. Serão utilizados as estradas e acessos existentes, sendo realizadas as seguintes melhorias, quando necessário:

− Alargamento da plataforma;

− Implantação de desvios;

− melhoria do sistema de drenagem;

− correção do greide e traçado; e

− reforço de pontes.

Ressalta-se que durante as obras, a intensificação do tráfego poderá acarretar em aumento da poeira, desgaste das vias de acesso e riscos de acidentes, conforme descrito no impacto “Aumento temporário da demanda sobre a infra-estrutura disponível”.

No entanto, apesar desses efeitos temporários, a melhoria dos acessos será contínua durante as obras e a operação do empreendimento, representando um efeito positivo a longo prazo, nas imediações do empreendimento.

b) Recomendação:

Implantar sinalização de tráfego adequada nos locais de acesso as obras.

Informar a população local sobre as melhorias dos acessos e as modificações passíveis de ocorrência e desenvolver o Programa de de Relocação da Infra-Estrutura.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo ( x ) Não se aplica ( ) Planejamento (X) Construção ( x ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( ) Minimiza ( x ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Estrutura Produtiva e de Serviços – Comércio Varejista e Serviços de Uso Diário

Identificação do Impacto : 37 – Aumento da demanda por produtos de consumo e serviços de uso diário

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; (X) Construção; ( ) Enchimento do reservatório; (X) Operação

a) Descrição:

Devido ao aumento da circulação de dinheiro nos municípios da AII, decorrente das necessidades do empreendedor e dos pagamentos que este terá de fazer a seus empregados e colaboradores, durante a execução das obras de construção da UHE Baixo Iguaçu, a demanda por produtos de consumo, oferecidos na rede varejista, e por serviços de uso diário deverá aumentar.

Também, deverá subsistir alguma demanda por aqueles produtos e serviços, oriunda da UHE Baixo Iguaçu e dos seus empregados e colaboradores, quando o empreendimento entrar na sua fase de operação.

Trata-se de impacto positivo, em virtude do aumento da circulação de bens e serviços nos municípios da AII que proporcionará, com os conseqüentes acréscimo dos rendimentos dos estabelecimentos ali localizados e aumento da procura no mercado de trabalho.

O impacto é indireto e de curto prazo, por decorrer, principalmente, das obras de construção da UHE Baixo Iguaçu, diminuindo sensivelmente, quando o empreendimento entrar em operação. É, em sua maior parte, reversível, pelas mesmas razões.

O impacto é regional. Sua magnitude é alta, porque deverá alterar significativamente a situação anterior e sua importância é pequena, porque atingirá apenas o fator ambiental em que se insere.

b) Recomendação:

Recomenda-se que, com a finalidade de potencializar o impacto positivo descrito acima, o empreendedor destine aos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços locais mural ou murais de comunicação interna para a divulgação dos seus produtos.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo (X) Não se aplica ( ) Planejamento (X) Construção (X) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( ) Minimiza (X) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Estrutura Produtiva e de Serviços – renda e arrecadação de impostos

Identificação do Impacto : 38 – Criação de empregos, crescimento da renda e da arrecadação de impostos e geração de royalties

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; (X) Construção; ( ) Enchimento do reservatório; (X) Operação

a) Descrição:

A criação de empregos devido as obras representará um dos mais importante impactos positivos do empreendimento. Deverão ser gerados 1.800 empregos diretos. Com a criação dos novos empregos, a renda regional deverá aumentar, incrementando toda a economia dos municípios da AII

Os investimentos realizados pelo empreendedor deverão estimular diversos setores das economias locais, multiplicando os efeitos do crescimento, como os setores de serviços, alimentação, aluguéis, entre outros, conforme mencionado nos demais impactos sobre a estrutura produtiva e serviços, elevando, consequentemente, a arrecadação de impostos.

Além desses efeitos, com a entrada em operação da usina, serão gerados os royalties de energia elétrica, conforme estabelecido pela constituição de 1988, título III, capítulo II, artigo 20, parágrafo primeiro, que garante a participação de estados, municípios e órgãos da administração direta da União nos resultados da exploração dos recursos hídricos para geração de energia elétrica, ou compensação financeira. Tal determinação foi regulamentada por leis que definiram a destinação de 6% do valor da energia gerada aos estados, municípios e órgãos governamentais. (Lei no 7.990, de 28 de dezembro de 1989 e Lei no 9.993, de 24 de julho de 2000).

Pela geração de renda e de empregos, este impacto é positivo. Parte dos seus efeitos são reversíveis na fase de operação do empreendimento, quando boa parte dos empregos serão suprimidos. No entanto, a geração de royalties será iniciada a partir da operação da usina, representando divisas para os municípios da AII.

b) Recomendação:

Repasse de Informações as prefeituras da AII sobre os valores da compensação financeira. Contratação de mão de obra local e consumo, quando possível, de bens e serviços produzidos e fornecidos pelos municípios da AII.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo (X) Não se aplica ( ) Planejamento (X) Construção (X) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( ) Minimiza (X) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Infra-estrutura

Identificação do Impacto : 39 - Aumento temporário da demanda sobre a infra-estrutura disponível

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta: ( ) Planejamento; (X) Construção; ( ) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Devido ao fluxo de população temporária para os municípios da área de influência decorrente da execução das obras de construção da UHE Baixo Iguaçu, toda a infra-estrutura dos municípios em que aquela população vier a residir, ainda que por tempo determinado, deverá sofrer pressões, em virtude do aumento de solicitação sobre os equipamentos instalados.

Particularmente vulneráveis são os equipamentos de saneamento, com destaque para os destinados ao esgotamento sanitário, à coleta de lixo, à infra estrutura habitacional e à segurança pública (ver Diagnóstico, capítulo IX, itens 3.2.1.2; 3.2.1.3; 3.2.1.7; 3.2.1.8), levando-se em conta que o acréscimo temporário da população presente nos municípios atingidos deverá ocasionar aumentos na geração de resíduos sólidos e efluentes líquidos domiciliares, bem como na poluição dos espaços públicos. O mesmo acréscimo populacional temporário deverá pressionar a oferta de imóveis para locação. Adicionalmente, deverá crescer o número de ocorrências policiais.

Do mesmo modo, com as obras, deverá ser intensificado o tráfego de veículos. Esta maior intensidade acarretará no surgimento de poeira, ruídos e de riscos de acidentes com a população local.

O impacto é negativo, temporário e reversível, em virtude das mudanças bruscas e temporárias que deverá acarretar. É indireto e de curto prazo, pois decorrerá, imediatamente, do fluxo de população temporária para os municípios atingidos.

O impacto atingirá os municípios da área de influência indireta, com destaque para o(s) que for(em) escolhido(s) pelo empreendedor para abrigar a mão de obra que trouxer de fora. É de magnitude alta, em vista das carências dos municípios da AII (ver Diagnóstico, capítulo IX, item 3.2), e de importância alta, em virtude de atingir a qualidade de vida da população daqueles municípios, especialmente o(s) que for(em) escolhido(s) pelo empreendedor para abrigar a mão de obra que trouxer de fora.

b) Recomendação:

Recomenda-se que o empreendedor faça gestões junto aos órgãos cabíveis da Administração Pública, no sentido de alertá-los acerca das necessidades de melhorias na infra-estrutura instalada nos municípios da AII, em decorrência da construção da UHE Baixo Iguaçu, estabelecendo parcerias com aqueles órgãos, quando for o caso.

Recomenda-se a implantação de um Programa de Comunicação Social, com informações sobre as obras, etapas e demais ações relacionadas ao empreendimento.

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Recomenda-se ainda, a implantação dos seguintes programas:

− Programa de Saúde, de forma a prestar assistência aos trabalhadores alocados nas obras e reduzir as pressões sobre a infra-estrutura local

− Programa de apoio aos municípios e as comunidades locais, para, entre outras atividades, verificar, em cooperação com as instituições oficiais, as demandas adicionais por equipamentos públicos nos municípios diretamente atingidos e definir alternativas de atendimento e Desenvolver procedimentos para a recepção da população atraída pelas obras, em ações de apoio aos municípios no encaminhamento e/ou recondução dessa população;

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

(X) Preventivo (X) Corretivo ( ) Não se aplica (X) Planejamento (X) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

(X) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Infra-estrutura – saúde

Identificação do Impacto : 40 - Aumento da demanda por serviços de saúde

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; (X) Construção; ( ) Enchimento do reservatório; (X) Operação

a) Descrição:

Devido ao fluxo de população temporária para os municípios da AII, decorrente da execução das obras de construção da UHE Baixo Iguaçu, a demanda por serviços de saúde, e sobre os equipamentos que lhes dão suporte, deverá aumentar.

Também, deverá subsistir alguma demanda por serviços de saúde, oriunda da UHE Baixo Iguaçu e dos seus empregados e colaboradores, quando o empreendimento entrar na sua fase de operação.

Os municípios da AII dispõem de equipamentos para o uso de serviços de saúde e de pessoal especializado que têm atendido a demanda atual. Para casos mais graves, existem centros regionais próximos, que podem ser alcançados, rapidamente, se necessário, em virtude da boa infra-estrutura viária (e de transportes, em geral) disponível.

No entanto, os serviços de saúde existentes nos municípios da AII dificilmente poderão suportar aumentos de demanda, especialmente, se sobrevierem necessidades de atendimentos a grande número de pacientes.

A formação do reservatório poderá criar áreas alagadiças, favoráveis ao desenvolvimento de vetores de doenças. Essas áreas deverão ser monitoradas.

b) Recomendação:

Desenvolvimento do Programa de Saúde.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

(X) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica (X) Planejamento (X) Construção (X) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza (X) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Serviços de Educação

Identificação do Impacto : 41 - Aumento da demanda por serviços de educação

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; (X) Construção; ( ) Enchimento do reservatório; (X) Operação

a) Descrição:

Devido ao fluxo de população temporária para os municípios da AII, decorrente da execução das obras de construção da UHE Baixo Iguaçu, a demanda por serviços de educação, e sobre os equipamentos que lhes dão suporte, deverá aumentar.

Também, deverá subsistir alguma demanda por serviços de educação, oriunda da UHE Baixo Iguaçu e dos seus empregados e colaboradores, quando o empreendimento entrar na sua fase de operação.

Os municípios da AII oferecem cursos nos três níveis, havendo professores e equipamentos suficientes para a demanda atual (estes últimos até mesmo ociosos, em Capitão Leônidas Marques e em Nova Prata do Iguaçu), embora haja carência de professores, em Nova Prata do Iguaçu, conforme o capítulo IX.

De todo modo, estima-se que a maior parte da mão de obra que se deslocará para os municípios da AII já não esteja em idade escolar, nem se faça, em sua maior parte, acompanhar por familiares, a demanda adicional por serviços educacionais, durante a construção da UHE Baixo Iguaçu, deverá ser pequena.

Durante a fase de operação da Usina, o aumento da procura por educação, decorrente do acréscimo populacional, tonar-se-á permanente, mas tenderá a ser absorvido naturalmente pela estrutura educacional dos municípios da AII, devido à sua permanência. Será, ainda, substancialmente menor do que o da fase de construção.

O impacto é negativo, pois pressionará os serviços de educação dos municípios da AII que, com as restrições acima apontadas, têm capacidade, apenas, para atender a demanda atual. É indireto, pois decorre do fluxo de população temporária para os municípios da AII.

O impacto é de curto prazo, porque ocorrerá concomitantemente com o fluxo de população temporária para os municípios da AII, atingindo-os a todos, com destaque para o(s) que for(em) escolhido(s) pelo empreendedor para abrigar a mão de obra que trouxer de fora. É reversível, pois podem ser tomadas medidas preventivas para adequar a estrutura educacional dos municípios da AII ao aumento de demanda esperado.

Sua baixa magnitude é dada por não alterar demasiadamente a situação precedente à sua ocorrência e sua importância é pequena, pois não afeta outros fatores ambientais.

b) Recomendação:

Recomenda-se que o empreendedor faça gestões junto às autoridades educacionais, no sentido de informá-las acerca do aumento provável da procura por serviços educacionais nos municípios da AII, em decorrência da construção da UHE Baixo Iguaçu, estabelecendo parcerias com aquelas autoridades, quando for o caso, no âmbito do desenvolvimento do programa de apoio aos municípios e comunidades locais.

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c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

(X) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica (X) Planejamento ( ) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

(X) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Uso e Ocupação do Solo; Comunidades Afetadas

Identificação do Impacto : 42 - Mudança de uso do solo

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; (X) Construção; (X) Enchimento do reservatório; (X) Operação

a) Descrição:

Com a formação do reservatório na cota 259 m, serão inundados 1.358,99 hectares assim distribuídos (as casas decimais foram mantidas para permitir a melhor conversão dos valores em alqueires, se desejado):

− Em Capitão Leônidas Marques: 555,84 hectares (2,4% do território total do município)

− Em Capanema: 452,44 hectares (1,1% do território total do município)

− Em Realeza: 340,66 hectares (1% do território total do município)

− Em Nova Prata do Iguaçu: 3,87 hectares (0,01% do território total do município

− Em Planalto: 6,18 hactares (0,8% do território total do município)

Soma-se a essas áreas, a formação do canteiro e as áreas de bota-fora e empréstimo para as obras.

Deverá ser constituída ainda, a faixa de preservação do entorno do reservatório. Considerando-se uma faixa de 100 metros, a área total estimada desta faixa será de 2.558,35 hectares.

O uso dessas áreas será modificado, interferindo diretamente com as formas atuais de ocupação. Pela modificação que provoca e a supressão das áreas de produção, é considerado negativo. Vale ressaltar que a formação da faixa de 100 metros implicará em perdas para as comunidades e famílias residentes e produtoras nessas áreas, mas poderá se constituir em um benefício ambiental para a região.

Como a área do reservatório é pequena, em relação ao total dos municípios as interferências serão mínimas e de baixa magnitude. Considerou-se de média importância por interferir em alguns outros fatores ambientais, como os ecossistemas terrestres, dada a formação da faixa de preservação do entorno.

b) Recomendação:

Desenvolvimento de um Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório, de forma a melhor ordenar e a formação da faixa de preservação, e de remanejamento da população, promovendo a justa relocação e indenização das famílias residentes e produtoras nas áreas atingidas..

Desenvolvimento de um Programa de Comunicação Social com campanhas de esclarecimento junto as comunidades, proprietários de terras, Prefeituras e órgãos governamentais, das etapas da obra, dos planos de desapropriação e das medidas mitigadoras propostas.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo (X Corretivo ( ) Não se aplica (X) Planejamento (X) Construção (X) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( X ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Estrutura Produtiva e de Serviços – Diminuição da produção agropecuária

Identificação do Impacto : 43 - Submersão de áreas de lavoura e pastagem

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( ) Construção; (X) Enchimento do reservatório; (X) Operação

a) Descrição:

Devido ao enchimento do reservatório, áreas hoje ocupadas por lavouras e por pastagens serão permanentemente inundadas, não mais podendo ser utilizadas para a agropecuária.

O reservatório terá 1.358,99 hectares (ou 561,57 alqueires), sendo estes 40,5% ocupados por pastos e 20,2% por lavouras.

Conseqüentemente, a produção agropecuária dos municípios da AII será diminuída, com prejuízos para o abastecimento das cidades, para a circulação local de mercadorias e serviços, com os conseqüentes decréscimos dos rendimentos dos estabelecimentos ali localizados, perda de postos de trabalho e de arrecadação de tributos.

Trata-se de impacto direto e de curto prazo, pois decorre do enchimento do reservatório, e negativo, em virtude das perdas acima mencionadas.

As perdas tornar-se-ão definitivas, quando o empreendimento entrar na sua fase de operação, razão pela qual o impacto é permanente e irreversível.

O impacto atingirá os cinco municípios da AII. Sua magnitude é baixa, pois as perdas deverão ser de pequena monta, e a sua importância é pequena, em virtude de atingir apenas o fator ambiental referente à estrutura produtiva e de serviços.

b) Recomendação:

Implantação do Programa de apoio aos municípios e comunidades locais, buscando, entre outras ações, o desenvolvimento de estudos sobre as potencialidades econômicas e sociais, compensando perdas de áreas;

Desenvolvimento de um Programa de desenvolvimento turístico, também ampliando as alternativas econômicas locais.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo (X) Não se aplica (X) Planejamento (X) Construção (X) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza (X) Não se aplica

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8812/00-6B-RL-0001-0 XI - 100

EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Patrimônio arqueológico

Identificação do Impacto : 44 – Submersão de sítios arqueológicos

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( ) Construção; (X ) Enchimento do reservatório; (X ) Operação

a) Descrição:

Por submersão de sítios arqueológicos, entende-se o afogamento dos sítios pelo reservatório, com consequências de difícil avaliação, podendo ocorrer:

− dispersão e redeposição dos testemunhos arqueológicos, pela ação das correntes de fundo, ao erodir o novo leito;

− deposição e intercalação de novos sedimentos à camada arqueológica, desfigurando a estratigrafia do sítio.

O fator que pode gerar este impacto é o enchimento propriamente dito do reservatório e sua operação.

Trata-se de um impacto disperso pela área do reservatório, negativo, direto, de longa duração, irreversível, de ocorrência certa e imediata, de grande importância e alta magnitude.

Pela perda que acarreta em termos de conhecimento científico e para a história das sociedades indígenas que ocuparam a região em tempos recuados, trata-se de impacto estratégico para a Memória Nacional.

b) Recomendação:

Implantar um Programa de Prospecções Arqueológicas Intensivas, que resulte em registro quantitativo e qualitativo acurado dos sítios arqueológicos em risco, seguido por um Programa de Resgate Arqueológico amostral, que cubra todas as variações qualitativas dos sítios existentes nos diversos compartimentos ambientais da AID e de um Programa de Valorização do Patrimônio Arqueológico e Histórico Cultural, que assegure a extroversão do conhecimento produzido às comunidades locais e à comunidade científica nacional

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( X ) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento (X) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( X ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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8812/00-6B-RL-0001-0 XI - 101

EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Patrimônio arqueológico

Identificação do Impacto : 45 - Destruição, total ou parcial, de sítios arqueológicos

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( X ) Construção; ( X ) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Por destruição total ou parcial de sítios arqueológicos, entende-se a ocorrência de ações que levem à depredação ou à profunda desestruturação espacial e estratigráfica de antigos assentamentos indígenas, de curta duração (acampamentos), de longa duração (aldeias), ou de atividades específicas (oficinas de produção de artefatos líticos, sítios cerimoniais, etc.), subtraindo-os à memória nacional.

Os fatores que podem gerar esse impacto são as ações de desmatamento e terraplenagem; de ampliação e melhoria da infra-estrutura; de implantação do canteiro; de implantação dos alojamentos e da vila residencial; exploração de fontes de material de empréstimo e execução das obras civis em geral, a ocorrerem na área de obras e na área de inundação do reservatório. As fases de ocorrência do impacto são as fases de implantação da infra-estrutura de apoio, de implantação das obras principais e de enchimento do reservatório.

Trata-se de um impacto localizado nas áreas de obras e do reservatório, negativo, direto, permanente, irreversível, de ocorrência certa e imediata, de grande importância e alta magnitude.

b) Recomendação:

Implantar um Programa de Prospecções Arqueológicas Intensivas, que resulte em registro quantitativo e qualitativo acurado dos sítios arqueológicos em risco, seguido por um Programa de Resgate Arqueológico amostral, que cubra todas as variações qualitativas dos sítios existentes nos diversos compartimentos ambientais da AID e de um Programa de Valorização Patrimonial, que assegure a extroversão do conhecimento produzido às comunidades locais e à comunidade científica nacional

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( X ) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica (X) Planejamento (X) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( X ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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8812/00-6B-RL-0001-0 XI - 102

EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Patrimônio arqueológico

Identificação do Impacto : 46 - Risco de soterramento de sítios arqueológicos

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta: ( ) Planejamento; ( X ) Construção; ( ) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Por soterramento de sítios arqueológicos, entende-se a deposição de material estranho sobre a matriz de sustentação de testemunhos materiais de atividades humanas pretéritas.

O fator que pode gerar este impacto é a deposição de material excedente em botas-foras, na fase de implantação das obras principais, em pontos localizados da AID. Pela perda que acarreta em termos de conhecimento científico e para a história das sociedades indígenas que ocuparam a região em tempos recuados, no entanto, trata-se de impacto estratégico para a Memória Nacional.

b) Recomendação:

Implantar um Programa de Prospecções Arqueológica Intensivas, que identifique os sítios em risco e previna o impacto, com mudança da área de bota-fora.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( X ) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento (X) Construção ( ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( ) Minimiza ( ) Maximiza ( X ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos Fator Ambiental: Patrimônio arqueológico

Identificação do Impacto: 47 - Descaracterização do entorno de sítios arqueológicos

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; () Construção; (X ) Enchimento do reservatório; (X ) Operação

a) Descrição:

Por descaracterização do entorno de sítios arqueológicos, entende-se a ocorrência de ações que alterem fisicamente a área de implantação dos sítios, impossibilitando inferências científicas que expliquem os motivos pelos quais determinados ambientes foram escolhidos por seus habitantes para seus assentamentos, em detrimento de outros, bem como a definição e caracterização do território de captação de recursos das populações pré-coloniais que ocuparam a área. Os principais fatores geradores do impacto são as obras de terraplenagem, a execução das obras civis e o enchimento do reservatório.

Trata-se de um impacto localizado nas áreas de obras e do reservatório, negativo, direto, permanente, localizado, irreversível, de ocorrência certa e imediata, de importância e magnitude médias.

b) Recomendação:

Implantar um Programa de de Registro Arqueológico da Paisagem, que possibilite registrar, do ponto de vista da arqueologia, o ambiente que serviu como assentamento e território de captação de recursos das populações indígenas que ocuparam a região antes da penetração do branco. Este programa deve ser implantado concomitantemente ao Programa de Resgate Arqueológico.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

(X) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica ( ) Planejamento (X)Construção ( ) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( X ) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Estrutura Produtiva e de Serviços; Infra-estrutura

Identificação do Impacto : 48 - Desmobilização da mão de obra empregada na UHE Baixo Iguaçu

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X

Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta: ( ) Planejamento; (X) Construção; (X) Enchimento do reservatório; ( ) Operação

a) Descrição:

Após o pico das obras de construção da UHE Baixo Iguaçu, o empreendedor dispensará, paulatinamente, a maior parte da mão de obra que vinha empregando, o que causará ociosidades na estrutura produtiva e de serviços e na infra-estrutura (especialmente de habitação) dos municípios da AII.

Também, no período final das obras, diminuirão, aos poucos, as necessidades de consumo do próprio empreendedor.

Trata-se de impacto negativo, direto e de longo prazo, pois decorre de ação com os efeitos negativos descritos acima, que o empreendedor adotará paulatinamente.

Os efeitos negativos tornar-se-ão, progressivamente, definitivos, razão pela qual o impacto é permanente e irreversível.

O impacto atingirá os cinco municípios da AII, com destaque para o(s) que vier(em) a abrigar a mão de obra empregada pelo empreendedor, razão pela qual a sua abrangência é regional. Sua magnitude é alta, pois deverá alterar significativamente a situação anterior, e a sua importância é média, em virtude de atingir mais de um fator ambiental.

b) Recomendação:

Recomenda-se que o empreendedor selecione, treine e contrate, principalmente, mão de obra local, pois, após a desmobilização, os dispensados tenderão a voltar às atividades anteriores, ou a encontrar novas colocações, nos municípios da AII, continuando, assim, a utilizar a mesma infra-estrutura que já utilizavam e a consumir nos municípios da AII.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

(X) Preventivo ( ) Corretivo ( ) Não se aplica (X) Planejamento (X) Construção (X) Operação

e) Eficácia da recomendação:

(X) Minimiza ( ) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Patrimônio Cultural, Turístico e Paisagístico

Identificação do Impacto: 49 – Aproveitamento do reservatório e do seu entorno para lazer e turismo

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; ( ) Construção; ( ) Enchimento do reservatório;(X) Operação

a) Descrição:

A exemplo do que hoje ocorre nos municípios em cujo território encontra-se o reservatório da UHE Salto Caxias (ver Diagnóstico, capítulo IX, itens 3.6.2 e 3.6.3), os municípios da AII que abrigarão o reservatório da UHE Baixo Iguaçu poderão aproveitá-lo para ali implementar projetos paisagísticos e instalar equipamentos de lazer e turismo, obedecendo-se a legislação vigente e o planejamento proposto para o reservatório e seu entorno

Trata-se de impacto positivo, em virtude do aumento de opções de lazer que proporcionará para as populações de todos os município da AII. Também, em virtude das oportunidades de ampliação da oferta de serviços nos municípios da AII que ensejará, com os conseqüentes acréscimo dos rendimentos dos estabelecimentos prestadores de serviços ali localizados e aumento da procura no mercado de trabalho.

O impacto é direto, pois resulta do próprio empreendimento, e de longo prazo, por depender de investimentos que terão de ser feitos após o enchimento do reservatório da UHE Baixo Iguaçu. É irreversível, em face da permanência do reservatório.

O impacto atingirá todos os municípios da AII, e, por isto, é regional. Sua magnitude é alta, porque deverá alterar significativamente a situação anterior e sua importância é alta, pois alterará a qualidade de vida das populações dos municípios da AII.

b) Recomendação:

Recomenda-se que, com a finalidade de potencializar o impacto positivo descrito acima, o empreendedor, buscando parcerias, implemente um programa de desenvolvimento turístico dos municípios da AII.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo (X) Não se aplica (X) Planejamento (X) Construção (X) Operação

e) Eficácia da recomendação:

( ) Minimiza (X) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

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8812/00-6B-RL-0001-0 XI - 106

EIA UHE Baixo Iguaçu Ficha de Avaliação de Impactos

Fator Ambiental: Uso e Ocupação do Solo; Comunidades Afetadas

Identificação do Impacto : 50 - Mudança de uso do solo e valorização dos imóveis localizados no entorno do reservatório da UHE Baixo Iguaçu

Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

X X X X X X X X Fase do empreendimento em que o impacto se manifesta:

( ) Planejamento; (X) Construção; (X) Enchimento do reservatório; (X) Operação

a) Descrição:

Devido às possibilidades de aproveitamento turístico do reservatório da UHE Baixo Iguaçu, os imóveis localizados em seu entorno tenderão a ser destinados a usos ligados ao turismo e valorizar-se.

O impacto é positivo, porque aumenta o leque de opções para o exercício de atividades econômicas na AID. Para que se mantenha positivo, no entanto, é preciso que as prefeituras dos municípios da AII participem da implantação de um programa de desenvolvimento turístico, implantado pelo empreendedor e parceiros, a fim de que ordenem o novo uso do solo na AID.

O impacto é direto, permanente e irreversível, porque decorre do enchimento do reservatório. É de longo prazo, porque, para produzir-se, necessita da formação de expectativas por parte dos agentes econômicos e da consolidação do novo uso do solo, que depende da realização de investimentos. É de abrangência local, pois desencadear-se-á sobre a AID.

Sua magnitude é baixa, porque afetará apenas parcialmente o uso do solo e o mercado imobiliário dos municípios da AII, e sua importância é média, porque atingirá mais de um fator ambiental.

b) Recomendação:

Recomenda-se que o empreendedor implemente um programa de desenvolvimento turístico nos municípios da AII, com a finalidade de potencializar o impacto positivo descrito acima e garantir que o novo uso do solo na AID seja ordenado.

c) Caráter da recomendação: d) Fase de implementação:

( ) Preventivo ( ) Corretivo (X) Não se aplica (X) Planejamento (X) Construção (X) Operação

e) Eficácia da Recomendação:

( ) Minimiza (X) Maximiza ( ) Neutraliza ( ) Não se aplica

2.2 - Considerações gerais

A identificação dos impactos ambientais pelas fichas permitiu a construção da matriz de classificação dos impactos ambientais apresentada a seguir.

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Quadro 2.9 Matriz de classificação de impactos

Impactos / Classificação Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

1 Comprometimento dos ambientes físicos X X X X X X X X 2 Início ou aceleração de processos erosivos X X X X X X X X 3 Interferência com direitos minerários X X X X X X X X 4 Alteração do regime hídrico X X X X X X X X 5 Alteração do nível do lençol freático X X X X X X X X

6 Possibilidade de alteração do clima nas proximidades do reservatório X X X X X X X X

7 Possibilidade de ocorrência de sismos induzidos X X X X X X X X 8 Alterações no uso das águas X X X X X X X X

9 Alteração da qualidade da água nos ambientes do lago a ser formado X X X X X X X X

10 Aumento da exploração da fauna X X X X X X X X 11 Aumento da exploração da flora X X X X X X X X 12 Supressão da vegetação terrestre X X X X X X X X

13 Interferências com a fauna em função da supressão da vegetação terrestre X X X X X X X X

14 Supressão da vegetação aquática X X X X X X X X

15 Alteração das comunidades do meio aquático à montante da barragem X X X X X X X X

16 Alteração das comunidades do meio aquático a jusante da barragem X X X X X X X X

17 Alteração das comunidades do meio terrestre X X X X X X X X X X X

18 Comprometimento das populações de espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção X X X X X X X X X X

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Impactos / Classificação Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

19 Perda de habitats aquáticos X X X X X X X X 20 Perda de habitats terrestres X X X X X X X X 21 Perda da variabilidade genética das populações X X X X X X X X 22 Alteração dos habitats X X X X X X X X X 23 Contaminação da biota X X X X X X X X X 24 Aumento da mortandade da fauna X X X X X X X X X

25 Alteração da paisagem do entorno do Parque Nacional do Iguaçu X X X X X X X X

26 Possibilidade de endemias X X X X X X X X

27 Aumento do número e da abundância de espécies exóticas da fauna X X X X X X X X

28 Aumento dos casos de acidentes com animais X X X X X X X X

29 Atração da fauna associada à presença humana (sinantrópica) X X X X X X X X

30 Alteração comportamental da fauna X X X X X X X X

31 Entrave artificial à migração e dispersão da ictiofauna X X X X X X X X

32 Formação de expectativas quanto aos efeitos da implantação da UHE Baixo Iguaçu X X X X X X X X

33 Interferências com propriedades rurais X X X X X X X X 34 Interferências com as comunidades locais X X X X X X X X

35 Fluxo de população temporária para os municípios atingidos X X X X X X X X

36 Melhoria dos acessos próximos as obras X X X X X X X X

37 Aumento da demanda por produtos de consumo e serviços de uso diário X X X X X X X X

38 Criação de empregos, crescimento da renda e da arrecadação de impostos e geração de royalties X X X X X X X X X

39 Aumento temporário da demanda sobre a infra-estrutura disponível X X X X X X X X

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Impactos / Classificação Natureza Forma Duração Época de Ocorrência

Reversibili-dade Abrangência Magnitude Importância

POS NEG DIR IND PER TEM CIC CP LP REV IRR LOC REG ESTR BAI ALT PEQ MED GRA

40 Aumento da demanda por serviços de saúde X X X X X X X X 41 Aumento da demanda por serviços de educação X X X X X X X X 42 Mudança de uso do solo X X X X X X X X 43 Submersão de áreas de lavoura e pastagem X X X X X X X X 44 Submersão de sítios arqueológicos X X X X X X X X X 45 Destruição, total ou parcial, de sítios arqueológicos X X X X X X X X 46 Risco de soterramento de sítios arqueológicos X X X X X X X X

47 Descaracterização do entorno de sítios arqueológicos X X X X X X X X

48 Desmobilização da mão de obra empregada na UHE Baixo Iguaçu X X X X X X X X

49 Aproveitamento do reservatório e do seu entorno para lazer e turismo X X X X X X X X

50 Mudança de uso do solo e valorização dos imóveis localizados no entorno do reservatório X X X X X X X X

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A matriz de classificação dos impactos ambientais indica que a maior parte dos impactos é de natureza negativa, ocorrem de forma direta e no curto prazo, são irreversíveis, apresentam uma abrangência local com magnitudes altas e importância média. Uma pequena maioria é de caráter permanente. A matriz aponta também para a existência de 14 dos 50 impactos identificados classificados como de alta magnitude e importância, conferido a esses grande relevância. Esses impactos são:

- 8 - Alterações no uso das águas;

- 9 - Alteração da qualidade da água nos ambientes do lago a ser formado;

- 10 - Aumento da exploração da fauna;

- 11 - Aumento da exploração da flora;

- 13 - Interferências com a fauna em função da supressão da vegetação terrestre;

- 18 - Comprometimento das populações de espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção;

- 25 - Alteração da paisagem do entorno do Parque Nacional do Iguaçu;

- 26 - Possibilidade de endemias;

- 33 - Interferências com propriedades rurais;

- 38 - Criação de empregos, crescimento da renda e da arrecadação de impostos e geração de royalties;

- 49 - Aproveitamento do reservatório e do seu entorno para lazer e turismo;

- 50 - Mudança de uso do solo e valorização dos imóveis localizados no entorno do reservatório;

- 44 - Submersão de sítios arqueológicos;

- 45 - Destruição, total ou parcial, de sítios arqueológicos.

Em contrapartida, nove impactos foram considerados de baixa magnitude e importância, sendo, portanto, menos significativos. São os seguintes:

- 1 - Comprometimento dos ambientes físicos;

- 3 - Interferência com direitos minerários;

- 5 - Alteração do nível do lençol freático;

- 6 - Possibilidade de alteração do clima nas proximidades do reservatório;

- 7 - Possibilidade de ocorrência de sismos induzidos;

- 27 - Aumento do número e da abundância de espécies exóticas da fauna;

- 41 - Aumento da demanda por serviços de educação;

- 43 - Submersão de áreas de lavoura e pastagem.

Uma análise integrada dos efeitos esperados dos impactos identificados e das recomendações propostas é apresentada no capítulo XIII – Prognóstico ambiental, item 2 – A região com o empreendimento.

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2.3 - Efeitos Sinérgicos da UHE Baixo Iguçau

2.3.1 - Considerações iniciais

Para a avaliação dos impactos sinérgicos da UHE Baixo Iguaçu, buscou-se, sempre que possível, seguir as orientações contidas nos “Procedimentos para avaliação de impactos cumulativos e sinérgicos”, integrante do documento “Definição de Instrumentos Auxiliares de Gestão Ambiental para Bacias Hidrográficas”, (CEPEL, 2003). Este manual sugere que sejam cumpridas as etapas listadas abaixo:

- Identificação das questões socioambientais regionais relevantes e dos componentes socioambientais mais significativos para a região;

- Identificação e caracterização dos projetos (ações) previstos para implantação na área de estudo;

- Definição dos recortes espaciais e limites temporais para análise dos impactos;

- Identificação e caracterização dos impactos potenciais mais significativos relacionados a cada projeto;

- Identificação dos efeitos cumulativos e sinérgicos; e

- Avaliação da relevância dos efeitos cumulativos e sinérgicos: identificação dos elementos críticos e dos principais processos impactantes.

2.3.2 - Identificação das questões socioambientais relevantes

Para a verificação das questões ambientais e socioeconômicas regionais relevantes, foi analisado o mapa de sensibilidade ambiental (ver Capítulo X – Análise integrada) que traduz a integração de vários indicadores socioambientais.

Dentre as questões mais relevantes, pode-se citar:

- município de Curitiba e seus vizinhos, que com uma grande densidade populacional causam os impactos típicos de grandes áreas urbanas, particularmente nas nascentes do rio Iguaçu;

- A região da Serra da Boa Esperança, uma região de relevo movimentado que ainda contém remanescentes da Floresta com Araucária e que sofre pressão dos projetos de silvicultura;

- As cinco grandes usinas hidrelétricas já em operação no rio Iguaçu, que alteraram os ambientes fluviais de grande parte dos trechos médio e baixo do rio;

- Os municípios grandes produtores agrícolas, como Cascavel, Francisco Beltrão e outros, que contribuem para a pressão sobre as áreas naturais e poluição por agrotóxicos e fertilizantes químicos;

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- Parque Nacional do Iguaçu, que forma um grande maciço florestal que contribui significativamente para a conservação da biodiversidade regional.

2.3.3 - Identificação das políticas, planos e programas – PPPs

Dentre as políticas, planos e programas (PPPs) para a bacia, foram relacionados aqueles mais importantes ou que tenham alguma relação com a UHE Baixo Iguaçu, e que já foram identificados e comentados nos Capítulo VI e VIII.

Dentre os PPPs que têm como objetivo o desenvolvimento da região, destacam-se os Plano Plurianuais dos governos federal e estadual, o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Programa Paraná 12 meses e outros projetos de infra-estrutura. De uma maneira geral, todos esses programas, ao trazer desenvolvimento para a região, terão como impacto um aumento de pressão sobre os recursos naturais.

Por outro lado, alguns PPPs voltados para a conservação da natureza se destacam, como o Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu e o Programa Viva Iguaçu, de recuperação das matas ciliares. Esses programas trazem um impacto positivo, uma vez que buscam manter e recuperar áreas naturais na região. Outras unidades de conservação existentes na bacia também contribuem para esse impacto.

O Plano Decenal de Expansão do Setor Elétrico 2003-20012 foi utilizado como um balizador para os limites temporais da análise e confirmou a para a inclusão das usinas hidrelétricas do rio Chopim e Jordão (quadro 2.10).

Quadro 2.10 Hidrelétricas da bacia do rio Iguaçu contempladas no Plano Decenal de Expansão

do Setor Elétrico 2003-20012

Usina Rio Área (km2) Potência (MW) Relação área/potência

São João Chopim 5,99 60,0 0,10

Cachoeirinha Chopim 5,49 45 0,12

Salto Grande do Chopim Chopim 15,05 53,4 0,28

Paranhos Chopim 14,62 62,5 0,23

Salto Chopim Chopim 24,75 67,5 0,34

Volta Grande do Chopim Chopim 9,71 84,0 0,12

Fundão Jordão 2,15 120,0 0,02 Fonte: www.mme.gov.br e Sipot (2003)

Também foram consideradas as usinas em operação no rio Iguaçu (Quadro 2.11) , que por estarem em cascata, logo a montante da UHE Baixo Iguaçu, possuem efeitos sinérgicos claros.

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Quadro 2.11 Hidrelétricas em operação no rio Iguaçu

Usina Entrada em operação

Queda bruta (m) Área (km2) Potência

(MW) Relação

área/potência

Salto Caxias 1998 66 141 1.240 0,11

Segredo 1992 114 82 1.260 0,07

Foz do Areia 1980 135 142 2.511 0,06

Salto Osório 1975 70 61 1.092 0,06

Salto Santiago 1980 116 209 1.420 0,15 Fonte: Comitê Brasileiro de Barragens (http://www.cbdb.org.br/barragem.htm)

2.3.4 - Recorte espacial e temporal de análise

Para a presente análise, tomou-se como base a escala macrorregional, pois mostrou-se a mais adequada para estabelecer relações entre as avaliações para o nível de projeto e as avaliações mais abrangentes no nível regional.

Adotou-se a divisão da área da bacia do rio Iguaçu em subáreas de análise, tendo em vista identificar os impactos sinérgicos mais relevantes sobre as dimensões de caracterização e sobre as questões socioambientais mais relevantes, para depois relativizá-los para a bacia como um todo.

A UHE Salto Caxias é o limitador mais claro, um vez que impõe fortes condicionantes físicos, biológicos e socioeconômicos. Por outro lado, como pode ser visto nas fichas de avaliação, vários dos impactos listados e descritos para a UHE Baixo Iguaçu possuem alguma relação sinérgica ou cumulativa com os impactos da UHE Salto Caxias. Por exemplo, os impactos sobre o nível d´água a jusante da UHE Baixo Iguaçu decorrem da operação da UHE Salto Caxias, mesmo porque o projeto da primeira teve de considerar as regras de operação da segunda, uma usina já em operação imediatamente a montante.

Desta forma a bacia foi dividida em dois trechos, o trecho baixo e alto. Admite-se que, em relação a UHE Baixo Iguaçu, quanto mais a montante da mesma, menor será sua capacidade de geração de efeitos sinérgicos. De fato, quanto mais a montante, e mais abrangente a área de análise, gradativamente mais processos impactantes são atuantes e vão assumindo maior peso na determinação das dinâmicas ambientais.

No trecho baixo, então, os impactos sinérgicos se farão perceber mais claramente, e no trecho alto da bacia, os efeitos da UHE Baixo Iguaçu praticamente não se farão sentir, pois já serão “absorvidos” pela UHE Salto Caxias (Figura 2.21).

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Figura 2.21 Subdivisão da bacia do rio Iguaçu

Quanto ao período temporal, a análise considerou o tempo necessário para a implantação do planejamento do setor elétrico para a bacia, ou seja, até o horizonte do ano de 2012, conforme o Plano Decenal de Expansão.

2.3.5 - Avaliação dos impactos sinérgicos

De uma maneira geral, pode-se considerar que os processos impactantes resultantes da implantação dos vários programas e projetos previstos para a área contribuem para um agravamento dos impactos já existentes. A seguir são tratados os sinergismos para cada uma das subáreas definidas.

As intervenções planejadas para a área alta da bacia teriam poucos efeitos sinérgicos com a UHE Baixo Iguaçu. Entretanto, pode-se citar pelo menos um projeto que pode causar reflexos nas áreas mais baixas da bacia. O Projeto ParanáSan, na medida em que busca resolver os problemas de saneamento na região de Curitiba, estaria contribuindo para a melhoria da qualidade das águas nas cabeceiras do rio Iguaçu e que, certamente terá efeitos benéficos em todo o rio Iguaçu e em seus reservatório artificiais.

Os próprios reservatórios existentes funcionam como um “depurador” de sedimentos e poluentes, de maneira que à medida que se dirige rio abaixo, a qualidade das águas tendem a melhorar. Desta forma, a presença dos reservatórios em cascata, contribui para que o reservatório da UHE Baixo Iguaçu tenha uma boa qualidade de água.

Existe uma dependência da usina de jusante em relação à usina de montante, com relação às regras de operação. As modificações no regime hidrológico do rio Iguaçu foram significativas e a geração em horário de pico têm provocado variações diárias bruscas na vazão, levando, por sua vez, a erosão das margens do rio Iguaçu a jusante da UHE Salto

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Caxias. A UHE Baixo Iguaçu, devido ao seu pequeno volume, estará na dependência da UHE Salto Caxias, e não terá como minimizar as variações diárias de vazão.

As ações voltadas para a recuperação das matas ciliares, promovidas pelo estado, têm um impacto regional, conectando os remanescentes florestais e contribuindo para a formação de um corredor ecológico ligando os três grandes tipos vegetacionais presentes na bacia do rio Iguaçu: a Floresta Ombrófila Densa, nos contrafortes da Serra do Mar, a Floresta Ombrófila Mista, ou Floresta com Araucárias, na região central ,e a Floresta Estacional Semidecidual, a leste, nas áreas mais baixas da bacia do rio Iguaçu, onde se localiza o Parque Nacional do Iguaçu, o último grande remanescente dessas florestas no Paraná.

Os projetos de infra-estrutura, em particular as hidrelétricas, que afetam significativamente as matas ciliares, em um primeiro momento, podem ter um efeito subtrativo ao impacto esperado do Programa Mata Ciliar, ou Viva Iguaçu. Entretanto, deve-se observar que caso sejam aplicadas a legislação ambiental vigente e todas as medidas recomendadas durante os respectivos licenciamentos, poderão ser criadas situações de compensação favoráveis ao Programa, pois as medidas mitigatórias e compensatórias, como a recomposição das margens dos reservatórios e a criação de unidades de conservação também poderão contribuir para a formação do corredor ecológico.

Na medida em que as áreas de preservação permanente das demais usinas de montante e daquelas que venham a ser construídas venham a ser implantadas, espera-se que haja uma recuperação da mata de entorno dos reservatório, muitas degradadas em função da intensa atividade agropecuária na região.

Por outro lado, a formação das faixas de preservação tem implicado em parte, em conflitos de uso, dado que muitos produtores rurais apresentam resistência para ceder parte de suas áreas, diminuindo assim, sua produção no curto prazo. Ações de educação ambiental são muito necessárias e podem produzir resultados positivos, despertando a comunidade para a importância da conservação ambiental e dos benefícios a longo prazo de boas práticas ambientais.

A fragmentação dos habitats naturais e o isolamento das populações de animais e plantas, bem como a alteração do canal fluvial é um impacto relativamente pequeno quando se considera isoladamente a UHE Baixo Iguaçu, mas toma uma outra dimensão quando são considerados todos as outras hidrelétricas, que transformaram e fragmentaram um grande trecho do rio Iguaçu. A fauna de peixes, que possui um alto grau de endemismo na bacia do rio Iguaçu, e de outros organismos aquáticos estão sendo afetadas de forma cumulativa pelas várias usinas construídas.

Observa-se que na subárea da parte alta da bacia estão localizados os empreendimentos que entraram em operação a mais tempo, como Salto Osório (início da operação em 1975) à exceção da UHE Salto Caxias, podendo-se considerar que o potencial hidrelétrico dessa área já foi explorado em sua maior parte. Na porção mais baixa, em especial na sub-bacia do rio Chopim, encontram-se a maior parte dos empreendimentos propostos no Plano Decenal de Expansão 2003-20012.

Merece também destaque a programação de seis projetos no rio Chopim, que apesar de individualmente não serem muito impactantes e não estarem sobre áreas de alta

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sensibilidade, poderão ocupar grande parte da bacia em curto espaço de tempo, ocasionando efeitos cumulativos e sinérgicos desde a fase de implantação.

A UHE Salto Caxias, devido à sua proximidade com a UHE Baixo Iguaçu e à entrada recente em operação, possui os efeitos sinérgicos mais claros. A reorganização territorial, decorrente da transferência dos atingidos para áreas vizinhas, demanda um certo tempo para se estabilizar. A instalação de novas usinas, seja a UHE Baixo Iguaçu, sejam as previstas para o rio Chopim, poderão romper com esse processo de estabilização.

É importante o destaque dado nos estudos do IPARDES à construção de barragens como elemento fundamental na motivação para uma nova organização social da população. De acordo com esse Instituto “é no final da década de 70, a partir das construções de barragens – o que levou ao desalojamento dos produtores localizados nas áreas a serem inundadas, que se inicia efetivamente o novo processo de organização dos movimentos sociais no meio rural paranaense” (IPARDES, 1992, p. 21).

A construção das UHEs Salto Santiago e Itaipu foram marcos no processo de organização social dos atingidos, com repercussão sobre os demais movimentos sociais no meio rural. Isto ocorreu devido ao grande número de produtores sem-terra na região oeste do estado, realidade revelada pelos processos de negociação para a implantação da UHE Itaipu. Consequentemente, a postura reivindicatória espalhou-se entre esses produtores que perceberam a importância de lutar pelo acesso à terra, uma vez que o direito à produção sem propriedade estava cada vez mais ameaçado, principalmente pela força das grandes intervenções estatais para a construção dos empreendimentos de infra-estrutura, em especial as hidrelétricas.

A evolução do processo de mobilização deu origem, em 1981, ao MASTRO – Movimento dos Agricultores Sem-Terra do Oeste do Paraná. Observou-se a crescente articulação com as demais regiões do estado, em particular a região sudoeste, tornando o movimento integrado nacionalmente. Tais desdobramentos fundamentaram novas formas de luta, como as estratégias de ocupações e acampamentos, forçando atitudes efetivas de desapropriações e assentamento dos produtores rurais.

Ainda em relação aos movimentos associados à construção de barragens, destaca-se a CRABI - Comissão Regional dos Atingidos por Barragens do rio Iguaçu, fundada essencialmente para a atuação junto aos atingidos pela UHE Salto Caxias. Suas atividades estiveram voltadas desde o período de efetuação do cadastro socioeconômico, o processo de negociação e implantação dos reassentamentos até o monitoramento dos mesmos e apoio institucional para seu desenvolvimento.

De acordo com contatos com representantes da CRABI em Cascavel, o processo de implantação de Salto Caxias foi de grande relevância para o movimento, representando um marco em sua história. Muito foi aprendido com a vivência diária dos processos de negociação, antes muito pulverizados, na tentativa de abarcar a amplitude das famílias, e depois, mais organizados e objetivos, quando as negociações passaram a ser realizadas com representantes dos atingidos.

Os interesses individuais têm recebido um novo tratamento pelo movimento, que busca compatibilizá-los aos benefícios propostos para as comunidades. Muitas tentativas de

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cooperação entre grupos divergentes obtiveram maior sucesso com grupos menos numerosos de famílias.

Novas demandas têm surgido em função de outros empreendimentos, não só no rio Iguaçu, mas também no rio Uruguai. A atuação da CRABI mostra-se associada ao MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens).

As mudanças institucionais e a realidade econômica e social no país têm gerado reflexos na receptividade ao movimento e no engajamento dos produtores rurais. Se antes ocorria uma oposição marcante quanto à instalação dos empreendimentos, atualmente buscam-se os melhores termos de negociação para reparação das perdas dos atingidos, em parceria como os empreendedores.

Assim, as lideranças municipais e a população da região já vivenciaram o problema afeto a hidrelétricas, e não mais se iludem com as expectativas normalmente trazidas por grandes empreendimentos. Dessa forma, poderão aproveitar melhor as oportunidades trazidas pelos novos empreendimentos planejados.

Há, porém, um forte sinergismo entre os projetos hidrelétricos em relação a mobilização social, uma vez que as organizações voltadas a atuação junto às comunidades atingidas unem experiências na construção e no fortalecimento de uma postura reivindicatória cada vez mais articulada.

Os reservatórios formados constituíram-se em fatores de atratividade turística, mas em escala local na maior parte dos mesmos. Os sinergismos decorrentes da presença dos vários reservatórios são diluídos no contexto da bacia, mas na sua porção baixa, a proximidade ao Parque potencializa fortemente este potencial, podendo representar uma alternativa que, juntamente com as demais ações propostas pela Unidade de Conservação, venham a reduzir a pressão na área do entorno por atividades de lazer e turismo que atualmente ocorrem em áreas não permitidas do Parque.

A criação de praias artificiais e estruturas de apoio públicas, junto ao lago da UHE Salto Caxias, trouxe um dinamismo ao turismo que está entre as prioridades dos governos municipais, atraindo a população de Francisco Beltrão e Cascavel. Segundo informações do secretário de administração de Francisco Beltrão, aumentou a procura por equipamentos de lazer e esporte náuticos na cidade, em virtude do incremento do uso do reservatório para esses fins.

A implantação do Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu prevê uma série de ações voltadas para a conservação e para o desenvolvimento sustentável, não só da unidade, mas também do seu entorno. Em princípio, as obras da UHE Baixo Iguaçu representam fatores de pressão não previstos no Plano de Manejo, ainda que o mesmo considere os efeitos das UHEs à montante, em especial, a UHE Salto Caxias. Entretanto, ao longo de todo o diagnóstico desse EIA, bem como na avaliação de impactos e, especialmente na proposição dos programas ambientais, o Parque Nacional e seu planejamento foi considerado como o principal condicionante e norteador das propostas.

Pode-se concluir que a UHE Baixo Iguaçu, quando analisada isoladamente não causará impactos significativos, pois além de ter uma área de inundação relativamente pequena, está localizada em uma área de baixa sensibilidade ambiental. Entretanto, quando são

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analisados os efeitos sinérgicos e cumulativos, os impactos tomam uma dimensão maior, pois a UHE Baixo Iguaçu está localizada ao lado do Parque Nacional do Iguaçu, uma área de alta sensibilidade ambiental, e estará contribuindo para modificar mais um trecho do rio Iguaçu, já bastante alterado pelas outras usinas de montante.

Destaca-se ainda, a presença de movimentos sociais atuantes na região, organizados e fortalecidos por suas atuações em outras usinas implantadas na bacia e fora dela, que poderão representar o amadurecimento das relações entre as comunidades atingidas e o empreendedor, devido a experiência adquirida nos empreendimentos já em operação.

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8812/00-6B-RL-0001-0 XI - 121

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Desnvix S/AUHE Baixo Iguaçu

Meio AmbienteEstudo de Impacto Ambiental

Capítulo XII – Programas ambientais

8812/00-6B-RL-0001-0

9 de novembro de 2004

Elab.:TLCC/FAR/CGM

Verif.:CGM

Aprov.:JBCF

Final.

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8812/00-6B-RL-0001-0 XII - 2

Sumário p.

1 - Considerações gerais ...................................................................................................... XII - 7

2 - Programas ambientais..................................................................................................... XII - 7

2.1 - Programa de comunicação social .............................................................................. XII - 7

2.1.1 - Objetivos ......................................................................................................... XII - 7

2.1.2 - .Justificativas................................................................................................... XII - 8

2.1.3 - Procedimentos ................................................................................................ XII - 8

2.1.4 - Prazo de execução ......................................................................................... XII - 9

2.1.5 - Agente executor .............................................................................................. XII - 9

2.2 - Programa de educação ambiental.............................................................................. XII - 9

2.2.1 - Objetivos ......................................................................................................... XII - 9

2.2.2 - Justificativas.................................................................................................... XII - 9

2.2.3 - Procedimentos .............................................................................................. XII - 10

2.2.4 - Prazo de execução ....................................................................................... XII - 10

2.2.5 - Agente executor ............................................................................................ XII - 11

2.3 - Programa de controle ambiental da construção ....................................................... XII - 11

2.3.1 - Objetivos ....................................................................................................... XII - 11

2.3.2 - Justificativa ................................................................................................... XII - 11

2.3.3 - Procedimentos .............................................................................................. XII - 11

2.3.4 - Prazo de execução ....................................................................................... XII - 14

2.3.5 - Agente executor ............................................................................................ XII - 14

2.4 - Programa de recuperação de áreas degradadas ..................................................... XII - 14

2.4.1 - Objetivos ....................................................................................................... XII - 14

2.4.2 - Procedimentos .............................................................................................. XII - 15

2.4.3 - Prazo de execução ....................................................................................... XII - 16

2.4.4 - Agente executor ............................................................................................ XII - 16

2.5 - Programa de acompanhamento das interferências com direitos minerários............. XII - 16

2.5.1 - Objetivos ....................................................................................................... XII - 16

2.5.2 - Justificativas.................................................................................................. XII - 16

2.5.3 - Procedimentos .............................................................................................. XII - 17

2.5.4 - Prazo de execução ....................................................................................... XII - 17

2.5.5 - Agente executor ............................................................................................ XII - 17

2.6 - Programa de monitoramento do lençol freático e qualidade das águas subterrâneas .......................................................................................................................................... XII - 17

2.6.1 - Objetivos ....................................................................................................... XII - 17

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8812/00-6B-RL-0001-0 XII - 3

2.6.2 - Justificativas.................................................................................................. XII - 18

2.6.3 - Procedimentos .............................................................................................. XII - 18

2.6.4 - Prazo de execução ....................................................................................... XII - 18

2.6.5 - Agente executor ............................................................................................ XII - 18

2.7 - Programa de monitoramento sismológico ................................................................ XII - 19

2.7.1 - Objetivos ....................................................................................................... XII - 19

2.7.2 - Justificativa ................................................................................................... XII - 19

2.7.3 - Procedimentos .............................................................................................. XII - 19

2.7.4 - Prazo de Execução ....................................................................................... XII - 20

2.7.5 - Agente executor ............................................................................................ XII - 20

2.8 - Programa de monitoramento hidrossedimentológico................................................ XII - 20

2.8.1 - Objetivos ....................................................................................................... XII - 20

2.8.2 - Justificativas.................................................................................................. XII - 20

2.8.3 - Procedimentos .............................................................................................. XII - 20

2.8.4 - Prazo de execução ....................................................................................... XII - 22

2.8.5 - Agente executor ............................................................................................ XII - 22

2.9 - Programa de monitoramento climatológico .............................................................. XII - 22

2.9.1 - Objetivos ....................................................................................................... XII - 22

2.9.2 - Justificativas.................................................................................................. XII - 22

2.9.3 - Procedimentos .............................................................................................. XII - 22

2.9.4 - Prazo de execução ....................................................................................... XII - 23

2.9.5 - Agente executor ............................................................................................ XII - 23

2.10 - Programa de Limpeza da Bacia de Acumulação.................................................... XII - 23

2.10.1 - Justificativa ................................................................................................. XII - 23

2.10.2 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 23

2.10.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 24

2.10.4 - Prazo de Execução ..................................................................................... XII - 24

2.10.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 24

2.11 - Programa de fiscalização dos recursos naturais .................................................... XII - 24

2.11.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 24

2.11.2 - Justificativas................................................................................................ XII - 25

2.11.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 25

2.11.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 26

2.11.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 26

2.12 - Programa de aproveitamento científico da flora ..................................................... XII - 26

2.12.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 26

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8812/00-6B-RL-0001-0 XII - 4

2.12.2 - Justificativa ................................................................................................. XII - 26

2.12.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 26

2.12.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 27

2.12.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 27

2.13 - Programa de aproveitamento científico da fauna ................................................... XII - 27

2.13.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 27

2.13.2 - Justificativa ................................................................................................. XII - 27

2.13.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 28

2.13.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 28

2.13.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 28

2.14 - Programa de conservação da flora ........................................................................ XII - 28

2.14.1 - Considerações iniciais................................................................................. XII - 28

2.14.2 - Subprograma de estudos da flora ............................................................... XII - 29

2.14.3 - Subprograma de recuperação da vegetação ciliar ...................................... XII - 30

2.15 - Programa de monitoramento do meio aquático...................................................... XII - 31

2.15.1 - Considerações iniciais................................................................................. XII - 31

2.15.2 - Subprograma monitoramento limnológico e da qualidade da água ............. XII - 31

2.15.3 - Subprograma de monitoramento da ictiofauna............................................ XII - 33

2.16 - Programa de conservação e monitoramento da fauna terrestre e semiaquática .... XII - 34

2.16.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 34

2.16.2 - Justificativa ................................................................................................. XII - 34

2.16.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 34

2.16.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 35

2.16.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 35

2.17 - Programa de monitoramento da paisagem............................................................. XII - 35

2.17.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 35

2.17.2 - Justificativa ................................................................................................. XII - 35

2.17.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 35

2.17.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 36

2.17.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 36

2.18 - Programa de Consolidação de Unidade de Conservação ...................................... XII - 36

2.18.1 - Justificativa ................................................................................................. XII - 36

2.18.2 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 36

2.18.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 37

2.18.4 - Prazo .......................................................................................................... XII - 37

2.18.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 37

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8812/00-6B-RL-0001-0 XII - 5

2.19 - Programa de remanejamento................................................................................. XII - 37

2.19.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 37

2.19.2 - Justificativas................................................................................................ XII - 38

2.19.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 38

2.19.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 40

2.19.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 40

2.20 - Programa de apoio aos municípios e as comunidades locais................................. XII - 41

2.20.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 41

2.20.2 - Justificativas................................................................................................ XII - 41

2.20.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 42

2.20.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 43

2.20.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 43

2.21 - Programa de saúde................................................................................................ XII - 43

2.21.1 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 43

2.21.2 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 44

2.21.3 - Agente executor .......................................................................................... XII - 44

2.22 - Programa de seleção e treinamento de mão de obra local..................................... XII - 45

2.22.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 45

2.22.2 - Justificativas................................................................................................ XII - 45

2.22.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 45

2.22.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 45

2.22.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 45

2.23 - Programa de relocação da infra-estrutura .............................................................. XII - 46

2.23.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 46

2.23.2 - Justificativa ................................................................................................. XII - 46

2.23.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 46

2.23.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 47

2.23.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 47

2.24 - Programa de desenvolvimento turístico ................................................................. XII - 47

2.24.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 47

2.24.2 - Justificativa ................................................................................................. XII - 47

2.24.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 48

2.24.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 48

2.24.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 48

2.25 - Programa de prospecção arqueológica intensiva ................................................... XII - 49

2.25.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 49

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8812/00-6B-RL-0001-0 XII - 6

2.25.2 - Justificativa ................................................................................................. XII - 49

2.25.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 49

2.25.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 50

2.25.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 50

2.26 - Programa de resgate arqueológico ........................................................................ XII - 50

2.26.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 50

2.26.2 - Justificativa ................................................................................................. XII - 51

2.26.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 51

2.26.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 52

2.26.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 52

2.27 - Programa de valorização do patrimônio arqueológico e histórico-cultural .............. XII - 52

2.27.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 52

2.27.2 - Justificativa ................................................................................................. XII - 53

2.27.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 53

2.27.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 54

2.27.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 54

2.28 - Plano ambiental de conservação e uso do entorno do reservatório........................ XII - 54

2.28.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 54

2.28.2 - Justificativas................................................................................................ XII - 54

2.28.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 54

2.28.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 57

2.28.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 57

2.29 - Programa de gerenciamento ambiental.................................................................. XII - 58

2.29.1 - Objetivos ..................................................................................................... XII - 58

2.29.2 - Justificativas................................................................................................ XII - 58

2.29.3 - Procedimentos ............................................................................................ XII - 58

2.29.4 - Prazo de execução ..................................................................................... XII - 59

2.29.5 - Agente executor .......................................................................................... XII - 59

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Capítulo - XII – Programas ambientais

1 - Considerações gerais

A realização dos diagnósticos do meio físico, biótico e socioeconômico permitiu aampliação do conhecimento sobre a área de influência da UHE Baixo Iguaçu. Uma vezidentificados e analisados os impactos ambientais associados, foram efetuadasrecomendações para a mitigação, compensação, monitoramento e, quando cabível,potencialização dos mesmos.

Tais recomendações foram organizadas em programas ambientais que buscaram, nestaetapa dos estudos, estabelecer as diretrizes básicas sob as quais os compromissos eatribuições do empreendedor deverão estar estabelecidos.

A realização das oficinas participativas permitiu ainda a inclusão de algumas questõesmanifestadas pelas lideranças locais. Boa parte da comunidade percebeu as dificuldadese vantagens de ações ambientais propostas no âmbito de empreendimentos hidrelétricos,face a experiência recente com a UHE Salto Caxias. Neste sentido, as açõesparticipativas deverão ser mantidas e ampliadas, para que a comunidade participediretamente, sempre que possível, das ações ambientais recomendadas pelos programasaqui apresentados.

Do mesmo modo, a presença do Parque Nacional do Iguaçu coloca-o como um dosinterlocutores mais expressivos para os programas ambientais propostos. Acompatibilidade com seu plano de manejo e as possibilidades de potencialização dasações já desenvolvidas pelo Parque deverão ser diretrizes norteadoras para odetalhamento e a implantação dos programas ambientais.

Importante destacar que na etapa de Projeto Básico os programas ambientais deverãoser efetivamente detalhados e complementados, incluindo, sempre que necessário ecabível, as recomendações do órgão licenciador a as expectativas das comunidadeslocais.

2 - Programas ambientais

2.1 - Programa de comunicação social

2.1.1 - Objetivos

O objetivo geral desse programa é promover a comunicação institucional na região, sobreo empreendimento, suas etapas previstas, o andamento do processo de licenciamentoambiental e do processo construtivo, as previsões para entrada em operação e asmedidas ambientais e sociais implementadas. Destacam-se ainda:

- Estabelecer e utilizar canais de comunicação confiáveis e eficazes entre oempreendedor e a população e as autoridades dos municípios da AII;

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- Estabelecer padrões a serem seguidos nas mensagens do empreendedor, de modo apropiciar a sua adequada veiculação e entendimento;

- Criar condições para que se estabeleçam diálogos entre o empreendedor e apopulação, as lideranças e as autoridades dos municípios da AII.

2.1.2 - .Justificativas

As ações e intenções do empreendedor que construirá a UHE Baixo Iguaçu terão de sertempestiva e eficientemente comunicadas à população, às organizações e às autoridadesdos municípios da área de influência, de modo que possam ser segura e indubitavelmenteidentificadas, no que diz respeito à fonte e à credibilidade, a fim de que seja evitado ocruzamento de informações e dúvidas acerca da sua autenticidade.

As comunicações do empreendedor, ademais, terão de ser veiculadas em linguagemadequada e através de meios convenientes aos públicos a que se destinam, de maneiraque as suas mensagens sejam eficientemente difundidas e compreendidas.

Assim sendo, o empreendedor terá de definir previamente uma política de comunicaçãosocial, identificando os diversos públicos a que deverá dirigir-se, procurando estabelecerpadrões que identifiquem as suas mensagens e escolhendo as linguagens e os meiosmais eficientes e eficazes de veiculá-las.

O empreendedor deverá, ainda, estabelecer canais de comunicação que possam serutilizados pela população e pelas lideranças e autoridades dos municípios da AII, quandodesejarem dirigir-lhe mensagens ou com ele dialogar.

2.1.3 - Procedimentos

Deverão ser seguidos os seguintes procedimentos:

- Identificar os diversos públicos presentes nos municípios da AII a que o empreendedordeverá dirigir-se;

- Identificar a linguagem e os meios de comunicação adequados para que oempreendedor se dirija aos diversos públicos presentes nos municípios da área deinfluência;

- Estabelecer padrões de comunicação, segundo cada um dos públicos e meios decomunicação identificados;

- Estabelecer os modos pelos quais aqueles públicos poderão dirigir-se aoempreendedor, difundindo essa informação entre eles.

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2.1.4 - Prazo de execução

Durante toda a implantação do empreendimento. Após sua entrada em operação, serãomantidas ações de comunicação institucional sempre que necessário, em função dorelacionamento entre o empreendimento e a região

2.1.5 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor.

2.2 - Programa de educação ambiental

2.2.1 - Objetivos

São objetivos deste programa:

- Orientar as comunidades e proprietários rurais da área de influência sobre o contextoambiental e social da obra e seus impactos;

- Aumentar os conhecimentos sobre o ambiente, favorecer atitudes no sentido daconservação deste último e fortalecer a consciência ambiental entre as populaçõesdos municípios da área de influência;

- Orientar os funcionários contratados quanto a conduta em relação ao meio ambiente,especialmente aquelas lesivas e caracterizadas como crimes ambientais, conforme alegislação ambiental;

- Contextualizar a importância do Parque Nacional do Iguaçu para a região;

- Instruir quanto a legislação ambiental brasileira;

- Evitar acidentes com animais em situações de resgate;

- Prevenir e minimizar acidentes e processos de contaminação;

- Contribuir com a melhora da qualidade ambiental da área de influência.

2.2.2 - Justificativas

A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, instituiu a Política Nacional de EducaçãoAmbiental, e definiu a educação ambiental como “os processos por meio dos quais oindivíduo e a coletividade constróem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudese competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum dopovo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. “ (Artigo 1º)

Cabe as empresas, de acordo com a o artigo 3º “...promover programas destinados àcapacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambientede trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente; “

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Este programa justifica-se pela necessidade de aproximação das diretrizes da PolíticaNacional de Educação Ambiental. Além disso, mostra-se fundamental, dada aproximidade ao Parque Nacional do Iguaçu, que políticas de educação ambiental sejamfomentadas na região, e sejam engajadas com processos já em curso, muitos deles,promovidos pelo próprio parque.

2.2.3 - Procedimentos

O Plano de Manejo do Parque possui projetos que contemplam a educação ambientalatravés da interação com o entorno. Estes projetos deverão ser estudados em conjuntocom a administração da Unidade de Conservação. Essas medidas devem visar, emprimeira instância, o fomento de quaisquer atividades já desenvolvidas e/ou viabilizaçãode propostas idealizadas pela administração e/ou previstas em plano de manejo daunidade de conservação em apreço. É importante a interação com as Secretarias de MeioAmbiente das Prefeituras dos municípios atingidos para a discussão de propostas.

Ressalta-se que desde a elaboração do estudo de impacto ambiental, foram introduzidasmetodologias de educação ambiental através das oficinas participativas.

Desta forma, para a continuidade da implantação de metodologias de educação ambientale para o desenvolvimento deste programa, deverão ser seguidos os seguintesprocedimentos

- Identificar as ações de educação ambiental que já se desenvolvem nos municípios daAII;

- Identificar as necessidades de apoio de que carecem as ações de educação ambientalque já se desenvolvem nos municípios da AII, colocando, em seguida, o apoionecessário e possível em prática;

- Identificar parceiros para criar e desenvolver ações próprias de educação ambientalpara serem implantadas nos municípios atingidos, com apoio do Ibama, através doParque Nacional do Iguaçu e o Instituto Ambiental do Paraná-IAP;

- Formular, em parceria, projetos próprios de educação ambiental que poderão serdesenvolvidos nos municípios atingidos, em especial, para a comunidade do entornodo futuro reservatório, tendo em vista as características específicas das camadassociais que os compõem;

- Implantar, em parcerias, os projetos desenvolvidos.

2.2.4 - Prazo de execução

Durante o planejamento, e ao longo de toda a construção do empreendimento. Na fase deoperação, deverão ser desenvolvidas ações de educação ambiental que promovam omelhor relacionamento da comunidade com o entorno do reservatório, conservando osrecursos naturais ali existentes.

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2.2.5 - Agente executor

O empreendedor em associação com as prefeituras municipais de Capanema, CapitãoLeônidas Marques, Nova Prata do Iguaçu, Planalto e Realeza, o Parque Nacional doIguaçu, procurando envolver a Emater e o IAP.

2.3 - Programa de controle ambiental da construção

2.3.1 - Objetivos

São objetivos deste programa:

- elaboração de diretrizes ambientais para a construção do empreendimento eimplementação das mesmas;

- desenvolvimento de rotinas de supervisão ambiental das obras e execução dasmesmas.

2.3.2 - Justificativa

A construção da UHE Baixo Iguaçu consistirá num conjunto de intervenções sobre oambiente de proporções significativas. Nos últimos anos, a sociedade tem despertadopara a necessidade de adoção de uma série de procedimentos menos agressivos ao meioambiente durante as obras de empreendimentos de maior porte. Paralelamente, astecnologias construtivas também evoluem na busca por processos mais econômicos emenos impactantes.

Ainda assim, algumas práticas e rotinas já arraigadas no modo de desenvolvimento dasobras civis podem e devem ser adequadas as novas realidades sociais e exigências depadrões de qualidade ambiental, entendendo-se neste contexto desde aspectosrelacionados aos cuidados com procedimentos para supressão de vegetação, remoção desolos, disposição de resíduos, entre outros, a questões como a educação ambiental dostrabalhadores e o atendimento as normas de saúde e saneamento no canteiro de obras.

Soma-se a estas considerações, a proximidade do empreendimento ao Parque Nacionaldo Iguaçu, reforçando a necessidade de adoção de medidas de controle ambiental daconstrução, em sua concepção e execução, com medidas de supervisão ambiental,justificando-se assim, a adoção deste programa.

2.3.3 - Procedimentos

Para a elaboração detalhada e o desenvolvimento deste programa, deverão serobservados os procedimentos relacionados a seguir.

- Planejamento: deverão ser estudados as principais especificações técnicas deconstrução de modo a indicar, nas mesmas, critérios ambientais e procedimentos a

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serem adotados. Tais critérios deverão ser incorporados aos editais de licitação para aexecução das obras;

- Desenvolvimento de rotinas de supervisão: deverão ser estudados critérios eprocedimentos para a supervisão ambiental das obras, condicionando, sempre quecabível, o cumprimento das diretrizes ambientais de construção à remuneração dosserviços, observando-se:

• Estabelecimento de diretrizes ambientais para as obras e movimentos de terra: asações de movimento de terra estão associadas a implantação das áreas destinadasàs instalações dos canteiros, das áreas de empréstimo e bota-foras e melhoria dasvias de acesso. Para sua execução deverão ser seguidos os seguintesprocedimentos:

• melhoria dos acessos existentes, restabelecendo condições da rede de drenagemcom emprego de bueiros/galerias e pontilhões; deverão ser instaladas placas deadvertência alertando, quando for o caso, da proibição de atividades de caça epesca

• proteção de taludes de corte e/ou aterros, com plantio de vegetação adaptada àregião e solo, e implantação de drenagem e construção;

• manutenção das pistas das vias até o encerramento das obras;

• deposição adequada do material escavado do horizonte superficial do solo, maisrico em matéria orgânica para posterior utilização na recomposição das áreas deempréstimo;

• evitar o uso de áreas de preservação permanente para jazidas e bota-foras, nessecaso, inclusive evitando a região próxima ao Parque Nacional; e

• minimizar ao máximo possíveis intervenções mesmo temporárias junto à foz do rioGonçalves Dias, ou na vizinhança ao Parque Nacional.

- Estabelecimento de diretrizes ambientais para implantação do canteiro de obras ealojamentos: a implantação do canteiro e do alojamento deverá contar com aprovaçãodas prefeituras e órgãos públicos para propiciar uma integração dessas instalaçõescom a infra-estrutura existente, evitando interferências com as atividades cotidianas dacomunidade local.

Deverá ser priorizada a contratação de mão-de-obra local e os procedimentos demobilização e desmobilização deverão ser informados à comunidade, bem como àsdiversas atividades locais, como comércio, e serviços, inclusive dos eventosprogramados em cada fase de construção. Essas ações deverão estar articuladascom o programa de comunicação social e o programa de seleção e treinamento damão-de-obra.

O pessoal envolvido das obras deverá participar do programa de educação ambiental,recebendo orientações quanto ao respeito ao meio ambiente e a legislação de crimes

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ambientais, evitando caça, fogueiras, disposição inadequada de lixo, retirada devegetação sem ordem expressa, entre outros.

Para o fornecimento de alimentação aos trabalhadores, a montagem da cozinhadeverá permitir total higiene e possuir equipamentos e recursos necessários. Aguarda de víveres deverá ser feita em local permanentemente asseado e no caso dosperecíveis em local refrigerado. Deverão também ser utilizadas telas e cercasprotetoras, garantindo a esses locais, bem como ao refeitório inacessibilidade aanimais e insetos.

Deverão ser adotadas as seguintes diretrizes:

� Água Potável: a água para consumo deverá ser devidamente tratada e seuarmazenamento será objeto de inspeção e limpeza periódica, garantindopotabilidade;

� Efluentes Líquidos: as águas servidas e despejos sanitários deverão atender aosrequisitos das normas NBR 7229/93 e 13969/97 e outras normas pertinentes. Aságuas servidas deverão ser devidamente coletadas e tratadas;

� Drenagem do Canteiro: as estruturas de drenagem dos canteiros deverão prever omovimento de máquinas e equipamentos, sendo que os sistemas de águas pluviaise de esgoto (sanitários ou industriais) deverão estar devidamente separados;

� Resíduos Sólidos: os resíduos sólidos serão recolhidos com freqüência diária,separando-se o lixo orgânico do inorgânico para um destino final adequado,podendo inclusive este último ser reciclado. O lixo hospitalar (enfermarias) deveráser separado visando um adequado destino final atendendo as Normas NBR12807, 12808 (1993) e Resolução nº 5/93 do CONAMA;

� Combustíveis: o armazenamento de combustíveis deverá ser feito em reservatóriosapropriados e isolados da rede de drenagem e com barreiras de detençãoapropriada;

� Ruídos: relativamente aos ruídos deverão ser respeitadas as normas brasileiras erespeitada a lei de silêncio próximo a áreas urbanas;

- Estabelecimento de diretrizes ambientais para saúde e segurança das obras:integração com o Programa de Saúde, que, no caso dos trabalhadores das obras,deverá se concentrar em ações voltadas a dar as devidas condições de preservaçãoda saúde e de segurança dos empregados das obras, atender às situaçõesemergenciais, fornecer o conhecimento adequado sobre prevenção da saúde e deacidentes, aos trabalhadores vinculados às obras, bem como implementar os serviçose programas exigidos pela Legislação Trabalhista (SESMT; PCMSO; PPRA; PCMAT eCIPA);

- Estabelecimento de diretrizes ambientais para disposição de resíduos: deverão sergerados três tipos: sólidos, sanitários e perigosos. A gestão dos resíduos sólidos serábaseado no princípio da redução na geração, na máxima capacidade de reutilização ereciclagem e na disposição adequada.

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A disposição dos resíduos sanitários por infiltração no solo (tanque séptico e filtroanaeróbico); os resíduos sólidos deverão ser depositados em aterros controlados, deacordo com as normas federais, estaduais e municipais em vigor e os resíduosperigosos serão destinados a reciclagem ou disposição em aterros especiais.

Deve-se ter como objetivo o cumprimento das legislações ambientais federal, estaduale municipal vigentes.

2.3.4 - Prazo de execução

Esse programa deverá ser iniciado com as obras e deverá durar pelo período previstopara construção do empreendimento.

2.3.5 - Agente executor

O programa será desenvolvido pelo empreendedor.

2.4 - Programa de recuperação de áreas degradadas

2.4.1 - Objetivos

Este programa tem por objetivo principal a revegetação e implantação de drenagemadequada das áreas atingidas pelas obras de implantação da UHE Baixo Iguaçu –canteiros de obras, alojamentos, vias de serviços, pedreiras, áreas de empréstimo, areaise outras - visando a proteção dos solos e dos mananciais hídricos contra os processoserosivos e o assoreamento, à reintegração paisagística dessas áreas (revegetaçãonatural ou reintegração ao processo produtivo) e, ainda, à integridade do próprioempreendimento, evitando a exposição do futuro reservatório aos processos deassoreamento.

Pretende-se ainda estimular atividades conservacionistas nas áreas lindeiras ao futuroreservatório, utilizando o aparato físico e técnico deste programa para a distribuição demudas e orientação técnica quanto aos seus plantio e manejo, inclusive incorporandomedidas já adotadas por ações locais e regionais como o programa de recomposição damata ciliar do Rio Iguaçu e do Plano de Manejo já elaborado do Parque Nacional doIguaçu.

A partir da manutenção ou recuperação da qualidade dos solos, estará possibilitada areintrodução de espécies vegetais originais ou a retomada de produçõesagrossilvopastoris, nas áreas degradadas durante a implantação do empreendimento,reintegrando-as à paisagem local.

As coberturas vegetais, naturais ou produtivas, dessas áreas desempenharão importantefunção em relação à própria estabilização dos solos, evitando a geração de sedimentoscomprometedores da rede de drenagem, além de contribuir para a conservação da faunae da flora regionais.

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As áreas alvo deste programa terão procedimentos específicos, de acordo com o usoanterior à implantação do empreendimento, e os objetivos de conservação ambiental.

Nas áreas que sofrerão alteração temporária de uso - canteiros de obras, bota-fora, áreasde empréstimo e parte das vias de serviço, a recuperação será pela própria retomada douso original, considerando-se a manutenção da qualidade ambiental local.

As áreas que sofrerão alteração permanente de uso - o reservatório e as vias de serviço -não sofrerão nenhuma ação de recuperação, enquanto que a faixa entorno doreservatório e a parte das áreas de pedreiras e empréstimos poderão ser reintegradaspaisagisticamente, a partir do replantio de espécies da flora original da região e dedrenagem adequada.

2.4.2 - Procedimentos

Para proteção das margens dos reservatórios as etapas propostas, indicadas a seguir,são preliminares, podendo ser modificadas no decorrer do projeto básico ambiental.

− definição de estratégias para minimização de degradação de áreas mais sensíveis doponto de vista natural – tais estratégias devem ser repassadas à construtoraresponsável pela recuperação posterior das áreas;

− levantamento detalhado das áreas críticas indicadas, incluindo estudos topográficos,pedológicos, geomorfológicos/geotécnicos entre outros;

− elaboração do projeto executivo de proteção das margens e das drenagensenvolvendo todos os procedimentos específicos por cada área;

− implantação do projeto e monitoramento.

Depois disso, poderão ser estabelecidos os seguintes procedimentos principais para arevitalização ambiental das áreas em recuperação:

− Delimitação das áreas a serem recuperadas;

− Esta etapa compreenderá o dimensionamento prévio das áreas a serem exploradase/ou utilizadas, assim como, a compartimentação das mesmas, para o planejamentodas intervenções;

− Estabelecimento dos tipos e jornadas de intervenções para cada área específica: Estaetapa compreenderá, dependendo de cada área, a remoção e armazenamento domaterial vegetal e/ou horizonte superficial; adequação da rede de drenagem eproteção dos taludes das cavas de empréstimo, amenização dos taludes,reafeiçoamento e sistematização do terreno, subsolagem e correção do substrato;

− Seleção e implantação da vegetação e tratos culturais: Essa etapa consistirá naescolha de espécies vegetais que atendam ao critério de rusticidade requerido para acolonização de áreas degradadas e os procedimentos de plantio, e todas as práticasagrícolas necessárias à manutenção das áreas em recuperação.

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− Monitoramento: Esta etapa se constituirá no acompanhamento do desenvolvimentodas mudas, dos processos erosivos, controle de drenagem e dos taludes, visando asintervenções e a revisões da proposição metodológica técnica.

2.4.3 - Prazo de execução

Parte do programa deverá estar estabelecida antes do início das obras, que correspondeàs especificações técnicas para minimização de intervenções que possam agredir osrecursos naturais remanescentes, as quais serão repassadas à construtora.

O programa será executado ao longo de toda a fase de implantação da UHE BaixoIguaçu, continuando com a elaboração dos planos de recuperação específicos a seremexecutados conforme o término de uso de cada área.

Assim, será continuado até o término das obras, quando serão liberados os canteiros deobras, cujas áreas deverão ser reintegradas à paisagem, até o enchimento total dosreservatórios, para a decisão dos tratamentos a serem dispensados em alguns locais dafaixa de depleção; e, pelo menos, até o fim do segundo ano de operação doempreendimento, para a avaliação da eficácia das técnicas utilizadas.

2.4.4 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor, por meio das ações dasempreiteiras a serem contratadas para as obras.

2.5 - Programa de acompanhamento das interferências com direitos minerários

2.5.1 - Objetivos

São objetivos deste programa:

− Aprofundar os estudos sobre os processos minerários;

− Proceder as ações necessárias para obtenção dos termos de renúncia;

− identificar alternativas de exploração das jazidas, caso este procedimento se mostrenecessário.

2.5.2 - Justificativas

A Usina Hidrelétrica de Baixo Iguaçu irá afetar algumas áreas onde há ocorrência dejazidas minerais, que são extraídas e beneficiadas na área diretamente afetada ou emáreas próximas. Além disto, deverá ser verificada a situação legal das jazidas junto aoDNPM. As jazidas identificadas referem-se, principalmente, a exploração de areia.

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2.5.3 - Procedimentos

Os procedimentos relativos a este programa estão dispostos em 3 etapas descritas aseguir:

- 1a Etapa - Levantamento dos processos de licenciamento junto ao DNPM das áreasdiretamente atingidas pela formação do reservatório, checando as substânciasminerais visadas nos pedidos de pesquisa e a situação lega dos processos;

- 2a Etapa – desenvolvimento de ações para obtenção dos termos de renúncia dasáreas atingidas, junto ao DNPM;

- 3a Etapa – Identificação de áreas alternativas ou formas alternativas de exploraçãobaseadas em estudos geológicos, morfológicos e econômicos abrangendo a extensãoe potencialidade das jazidas, caso necessário. Deverão ser avaliadas as solicitações ea situação das cerâmicas e areais a serem impactadas e estudadas alternativas desolução.

2.5.4 - Prazo de execução

Estima-se um prazo de cerca de 3 anos, embora os desdobramentos relacionados ainteração com o DNPM e os autores dos processos possam vir a repercutir na duração deexecução do programa.

2.5.5 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor, ouvindo-se os titulares dosdireitos minerários atingidos.

2.6 - Programa de monitoramento do lençol freático e qualidade das águassubterrâneas

2.6.1 - Objetivos

Este programa tem como principal objetivo o monitoramento do lençol freático e daqualidade da água de poços na área de influência direta. O monitoramento do nívelpiezométrico ao longo das margens do reservatório permitirá a análise e a elaboração demedidas mitigadoras necessárias para fazer frente aos efeitos adversos das variações donível do freático. O acompanhamento desse programa deverá ser permanente, comintuito de determinar as condições de suporte e a eficiência dos sistemas e das obrasdurante, pelo menos, um ciclo hidrológico completo, para se ter comprovada a suaestabilização após o enchimento do lago. No caso da erosão das margens existente ajusante, objetiva-se conhecer o perfil do lençol freático durante os eventos de variação denível do rio.

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2.6.2 - Justificativas

Com a elevação dos níveis das águas para a formação do reservatório, ocorrerá aelevação no nível do lençol freático em sua vizinhança, podendo causar desmoronamentode margens e encostas, além de criar áreas alagadiças permanentes.

Além disso, poderá haver mudança nos padrões da qualidade das águas subterrâneas.Existe também um processo erosivo nas margens do rio Iguaçu, a jusante do eixo daUsina Baixo Iguaçu, que necessita ser melhor conhecido, e está relacionado com asoscilações do nível do freático e com as vazões operadas pelas usinas de montante.

2.6.3 - Procedimentos

Apresentam-se, a seguir, os principais procedimentos a serem adotados na execução doPrograma:

− Observação dos fenômenos de instabilidade auxiliado, quando necessário, peloemprego de instrumentação apropriada (inclinômetro, pluviômetro, tensiômetro eoutros), para avaliar o grau de risco e indicar os sistemas de estabilização maiscompatíveis com cada local.

− Instalação de piezômetros e acompanhamento das variações do nível do lençolfreático;

− Observação sistemática do nível d’água dos poços cadastrados, e coleta e análiseda qualidade da água. A análise da água deverá contemplar os seguintesparâmetros:

− alumínio, bário, chumbo, cloretos, cobre, condutividade (a 25º C), cromo,cádmio, cálcio, ferro, fósforo total, magnésio, manganês, nitrato, nitrogênioamoniacal, nitrogênio orgânico, nitrogênio total, níquel, potássio, prata,sódio, temperatura, turbidez, zinco e pH (a 25º C);

− coliformes fecais e totais; e

− organoclorados.

2.6.4 - Prazo de execução

Deverá ser iniciado junto com as obras de implantação da UHE Baixo Iguaçu, mantendo-se durante as obras, e após 1 ano de operação da usina.

2.6.5 - Agente executor

Esse programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor.

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2.7 - Programa de monitoramento sismológico

2.7.1 - Objetivos

Este programa terá como objetivo monitorar a sismicidade natural da região, eacompanhar o enchimento do reservatório da UHE Baixo Iguaçu, verificando apossibilidade de efeitos induzidos durante e após sua formação. Terá como objetivoainda, divulgar as informações monitoradas, esclarecendo para a população do entorno,as condições efetivas de sismicidade na região.

2.7.2 - Justificativa

Os estudos sobre sismicidade induzida foram intensificados a partir dos anos de 1970,com a entrada em operação de grandes reservatórios. Mesmo ocorrendo registos desismicidade no Brasil, a magnitude observada é muito pequena, não oferecendo riscos dedanos.

De acordo com o diagnóstico ambiental do meio físico, apresentado no capítulo VII, aregião estudada apresenta-se pouco suscetível, visto que os instrumentos instalados paramonitoramento nas UHE's Foz do Areia, Segredo e Itaipu não registraram qualquerevento indicativo desses fenômenos. No entanto, para a continuidade do monitoramento econtribuição aos estudos de sismicidade induzida, este programa justifica-se,constituindo-se na ampliação dos estudos nessa área.

2.7.3 - Procedimentos

Deverão ser adotados os seguintes procedimentos básicos:

- Monitoramento da Atividade Sísmica: o monitoramento local deverá ser apoiado pelomonitoramento regional, aliado ao conjunto de dados registrados pela estação derastreamento da Universidade de Brasília. Recomenda-se a instalação de, pelomenos, um sismógrafo nas imediações da barragem a fim de quantificar a atividadesísmica natural antes do enchimento do reservatório. O período de observação deveráser o maior possível, para que se possa ter registros sobre a ocorrência de sismosnaturais em um intervalo de tempo significativo. Caso seja detectado algum sismonatural, dever-se-á completar a rede de estações com mais um ou dois sismógrafos noentorno do reservatório, visando determinar corretamente o epicentro e a magnitudedas vibrações emitidas pelo foco sísmico.

Durante o enchimento e por pelo menos dois anos subseqüentes, deverão ser feitasobservações das possíveis atividades sísmicas naturais e/ou induzidas.

A inspeção de construções típicas existentes na área de influência deverá serrealizada antes do enchimento do reservatório, para o conhecimento e registro daintegridade estrutural dessas edificações. Esse levantamento permitirá estabelecercomparações, caso surjam reclamações quanto a eventuais danos em construções,depois da formação do reservatório.

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- Esclarecimentos à População: o empreendedor deverá informar à população, atravésda instrumentos coordenados pelo Programa de Comunicação Social e de EducaçãoAmbiental, os objetivos deste programa, suas justificativas e procedimentos.

2.7.4 - Prazo de Execução

Prevê-se um acompanhamento da atividade sísmica antes e também após o enchimentodo reservatório, durante cerca de 10 anos, com início a partir da construção da obra, coma possibilidade de prorrogação por mais um período a ser avaliado.

2.7.5 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreededor.

2.8 - Programa de monitoramento hidrossedimentológico

2.8.1 - Objetivos

São objetivos desse programa:

- monitorar os níveis d’água a montante e a jusante da barragem;

- realizar campanhas de medição de descarga líquida e sólida a montante e a jusanteda barragem; e estabelecer uma curva-chave de sedimentos nestes postos;

- avaliar o regime hidrossedimentológico neste trecho do rio Iguaçu.

2.8.2 - Justificativas

Devido à importância regional da avaliação dos recursos hídricos do rio Iguaçu, éessencial a avaliação hidrossedimentológica no reservatório e a jusante da barragem.

Além do aspecto da água, outra questão diz respeito ao transporte de sedimentos do rioIguaçu e como as barragens alteram o seu regime.

2.8.3 - Procedimentos

Os procedimentos desse programa são:

- Instalação de Réguas Linimétricas e da Seção de Medição de Vazões: As seções derégua e de vazão deverão estar posicionadas a montante de um controle hidráulico emtrecho retilíneo, e em regime gradualmente variado. As leituras de régua deverão serfeitas às 7:00 e 17:00 hs, e as campanhas de medição de vazão deverão serrealizadas semanalmente no período de cheias e mensalmente no período deestiagem.

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- Medições de Vazão Sólida: A descarga sólida deverá ser determinada em função deum campo de fluxo de sedimentos (velocidade do escoamento x concentração), porintegração, preferencialmente pelo método de igual incremento de largura, comnúmero de verticais superior a cinco.

Para a coleta da mistura água-sedimento, o deslocamento do amostrador deverá seruniforme na subida e na descida, com velocidades iguais para todas as verticais. Otratamento (mistura) das amostras será feito no laboratório. A concentração dossólidos em suspensão deverá ser determinada pelo método da evaporação epesagem.

Em cada medição de descarga sólida serão colhidas amostras do material de fundo,sendo uma em cada vertical de amostragem de velocidades e de coleta de água. Agranulometria do material de fundo deverá ser determinada por análise mecânica(peneira), para partículas retidas na peneira 200 (maiores que 0,074 mm), ou pordensímetro, para partículas mais finas. Deverão ser também elaboradas curvasgranulométricas, com classificação segundo a American Geophisical Union.

- Avaliação do Transporte de Sedimentos e das Vazões Líquidas: A partir das leiturasde régua dos postos e das medições de velocidade e área nas seções serãocalculadas as vazões líquidas, e estabelecida a curva-chave para cada posto, querelaciona os níveis e vazões através de uma relação bi-unívoca, geralmente de formaexponencial:

Q = a(H - Ho)n

Onde:

Ho = cota de vazão nula;

a e n = parâmetros ajustáveis;

H = leitura de régua em m;

Q = vazão líquida medida (m³/s).

O cálculo das vazões sólidas deverá ser feita com os resultados de análise delaboratório das concentrações de sedimentos e da curva de Odem.

Estes resultados de laboratório permitirão o cálculo de vazão sólida pelos métodos deEinstein Modificado e pelo de Colby.

A análise dos resultados possibilitarão avaliar a curva chave de sedimentos para cadaposto e o transporte de sedimentos antes e após a operação dos reservatórios.

Evidentemente o posto a montante do eixo da barragem só seria operado até o iníciodo enchimento do reservatório.

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2.8.4 - Prazo de execução

O programa deverá se iniciar antes das obras, e se estender a pelo menos 4 anos após aformação do reservatório.

2.8.5 - Agente executor

Este programa deverá ser implementado pelo empreendedor.

2.9 - Programa de monitoramento climatológico

2.9.1 - Objetivos

O objetivo deste programa é acompanhar a evolução dos parâmetros meteorológicoslocais, antes e após a implantação dos reservatórios.

2.9.2 - Justificativas

Apesar do clima da área de influência ser dominado por circulações atmosférica demacro-escala, a formação do reservatório da UHE Baixo Iguaçu pode alterar algumascondições do clima local (micro-clima), isto é, introduzir modificações em algumasvariáveis, climáticas, tais como, umidade relativa do ar, temperatura e evaporação.Considera-se que estas alterações caso ocorram, deverão estar circunscritas na áreaimediatamente ao redor do futuro reservatório. Tais possibilidades podem alterar osecossistemas ou a produção agrícola nas margens dos futuros lagos.

2.9.3 - Procedimentos

Este monitoramento deverá ser feito a partir das seguintes atividades:

− Seleção do local para instalação de uma estação climatológica classe A (referênciaWMO - World Meteorological Organization), automática, com aquisição contínua dedados;

Seleção dos equipamentos de monitoramento. Estes equipamentos devem contemplar,no mínimo:

− Temperatura do ar;

− Umidade relativa;

− Insolação ou Radiação;

− Pluviometria ;

− Velocidade do vento;

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− Evaporação (evaporímetro tanque classe A);

− Monitoramento Sistemático;

− Coleta dos dados inclusive de postos vizinhos se houverem, realização de análises deconsistência dos registros e elaboração de relatórios semestrais e anuais comapresentação dos principais resultados.

2.9.4 - Prazo de execução

Este programa deverá ser iniciado pelo menos um ano antes do enchimento doreservatório e deverá durar pelo menos três anos após o inicio da operação doreservatório.

2.9.5 - Agente executor

Este programa deverá ser executado pelo empreendedor

2.10 - Programa de Limpeza da Bacia de Acumulação

2.10.1 - Justificativa

Com a formação do reservatório da UHE Baixo Iguaçu, as áreas de vegetação a sereminundadas, ainda que reduzidas, podem trazer efeitos ambientais negativos, a curto emédio prazo, aos ambientes aquáticos situados a montante e a jusante da barragem.Além da vegetação, as fossas, pocilgas, currais e galinheiros que forem alagados serãouma significativa fonte de matéria orgânica para as águas do resevatório.

Entre os efeitos negativos, os mais importantes poderão ser as mudanças na qualidadeda água, com o consumo do oxigênio livre na massa liquida, e o excesso de nutrientes,que favorece o crescimento desordenado principalmente de organismos planctônicos emacrófitas podendo, dentro de um caso de retroalimentação positiva, levar à aceleraçãodo processo de eutrofização do ecossistema lacustre. Todas essas mudanças poderãoresultar em impactos negativos para a fauna aquática, para a saúde da população vizinhaao reservatório e para os usuários da água a jusante do barramento.

O programa aqui apresentado busca atender à Lei Federal no 3.824, de 23/11/60, quedispõe sobre a limpeza das bacias hidráulicas de reservatórios.

A fauna que utiliza a vegetação como habitat também sofrerá os impactos da inundação.O desmatamento programado poderá permitir a fuga de espécimes para áreas naturaispróximas, minimizando as taxas de mortalidade por afogamento.

2.10.2 - Objetivos

Evitar a piora da qualidade da água devido à liberação de nutrientes e de gasesdecorrentes da decomposição da vegetação submersa e das fossas, pocilgas e currais;

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Minimizar os impactos sobre a fauna terrestre.

2.10.3 - Procedimentos

A implantação do programa de limpeza na bacia de acumulação dos reservatórios prevêuma fase de planejamento com os seguintes procedimentos:

− análise de alternativas, identificação e localização das porções a serem desmatadas;

− definição de práticas do desmatamento;

A realização do Programa de Limpeza da Bacia de Acumulação implicará na execução decorte, derrubada e limpeza nas áreas indicadas como prioritárias e desmatamento seletivonas demais áreas visando o aproveitamento das espécies de interesse econômico.

Ao mesmo tempo, deverão ser desinfectadas as fossas, currais, pocilgas e galinheirosque poderão ser afetados pelos reservatórios.

Esse programa também deverá coordenar as ações de demolição das benfeitorias,interagindo com os Programas de Remanejamento e com o Programa de Relocação daInfra-estrutura.

2.10.4 - Prazo de Execução

O programa deverá ter início seis meses antes do fechamento da barragem. O términodas atividades deste programa deverá preceder o fim do enchimento do reservatório.

2.10.5 - Agente executor

Empreendedor, em parceria com os proprietários.

2.11 - Programa de fiscalização dos recursos naturais

Sugere-se a criação e apoio à manutenção de postos de fiscalização da Polícia Florestale IBAMA na área de influência do empreendimento, principalmente nas proximidades como Parque Nacional do Iguaçu.

2.11.1 - Objetivos

a) Minimizar os impactos decorrentes da exploração dos recursos naturais da área deinfluência do empreendimento;

b) Intensificar as atividades de fiscalização na área de influência;

c) Minimizar e coibir ações de caça, pesca e extrativismo nos limites do Parque e da áreade transição;

d) Ampliar o sistema de fiscalização no entorno do Parque;

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e) Colaborar com a fiscalização do Parque;

f) Contribuir para o Sistema de Informações Geográficas do Parque, bem como para aeducação ambiental da área sob influência da usina;

g) Providenciar destino adequado para espécies apreendidas.

2.11.2 - Justificativas

Com o acréscimo do número de pessoas circulando na área de influência em virtude dasobras de construção do empreendimento, atividades de exploração dos recursos naturaispoderão ser ampliadas, inclusive dentro dos limites do Parque, dada a facilidade deacesso permitida pela proximidade da obra em relação a este. Ressalte-se as dificuldadesatuais de fiscalização da área próxima à foz do rio Gonçalves Dias, muito distante doposto de fiscalização mais próximo.

É imprescindível que já durante a fase de planejamento sejam discutidas alternativas queampliem o sistema de fiscalização desta Unidade de Conservação. Algumas espécies dafauna que circulam na área de influência, tanto nos limites do Parque quanto no seuentorno são procuradas para a caça e apanha. Como por exemplo a onça-pintada, onça-parda, jaguatirica, porcos do mato, cervídeos, anta, capivara, tatus, cutia e paca e avescomo macacos, nambus, jacutingas, urus e pássaros, na maioria espécies consideradasameaçadas de extinção. Da mesma forma, espécies vegetais são exploradas no Parquecomo o palmito, orquídeas, bromélias e arbóreas.

Como uma obra do porte de uma hidrelétrica representa um impacto de elevadamagnitude, a proximidade da UHE Baixo Iguaçu do Parque demanda um programaespecial para esta área de transição.

2.11.3 - Procedimentos

Em primeiro lugar, deverão ser realizados convênios entre o Batalhão da Polícia Florestal,o Parque Nacional do Iguaçu, Prefeituras Municipais e o empreendedor.

As ações e diretrizes para este programa deverão ser tomadas em comum acordo com aadministração da referida unidade de conservação. O Parque Nacional poderá indicar,juntamente com a Polícia Florestal, as necessidades e os locais estratégicos para que aação de fiscalização seja efetivada.

Deverão ser intensificadas as ações durante a supressão de vegetação e o enchimentodo reservatório.

Para que as ações de fiscalização sejam eficientes, há necessidade de estudos demonitoramento e controle das informações. Isso pode ser feito através da alimentação emanutenção do sistema de informações geográficas do Parque.

Para minimizar as ações na região também é de suma importância o esclarecimento dosoperários e da população da área de influência. Assim, este programa de fiscalização econtrole deverá assumir caráter preventivo e educativo e ter interface com o programa de

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educação ambiental. Tais atividades podem ser associadas com as prefeituras e suasSecretarias de Meio Ambiente e Agricultura. Estas podem ajudar a estabeleceralternativas mais eficazes contra ações ilícitas sobre o Parque, promovendo a valorizaçãodeste junto a população do entorno.

2.11.4 - Prazo de execução

Imediatamente ao início das atividades de construção. A intensidade e duração doprograma podem variar de acordo com os resultados obtidos, uma vez que estes serãomonitorados. A priori, o programa é permanente.

2.11.5 - Agente executor

Polícia Florestal, em convênio com empreendedor, com o Parque Nacional do Iguaçu(IBAMA) e as prefeituras.

2.12 - Programa de aproveitamento científico da flora

2.12.1 - Objetivos

a) Promover o aproveitamento científico e econômico da vegetação a ser suprimida paraa realização do canteiro de obras e para a formação do reservatório;

b) obter amostras do patrimônio genético das espécies endêmicas e ameaçadas deextinção que serão diretamente afetadas pelo empreendimento.

2.12.2 - Justificativa

A flora da área de influência será suprimida da área das obras e do futuro reservatório.Deverão ser mais impactadas a vegetação aquática e ciliar. Como existem espécies degrande interesse científico, endêmicas e ameaçadas de extinção, além de espécies quesão usualmente exploradas, como orquídeas, bromélias e arbóreas, há a necessidade deconduzir um subprograma especialmente dirigido para o aproveitamento desta flora.

2.12.3 - Procedimentos

O aproveitamento da flora que será suprimida deverá ocorrer tanto no aspecto econômicoquanto científico. O aproveitamento econômico deverá ser realizado antes dasintervenções diretas na área das obras e antes do enchimento do reservatório.

Para o aproveitamento científico deverá ser dada ênfase tanto a aspectos ecológicosquanto genéticos das populações, priorizando as espécies ameaçadas de extinção.

Deverão ser dispendidos esforços para resgatar amostras do germoplasma que seráperdido com a supressão da vegetação. Essa atividade deverá permitir a coleta depropágulos ao longo do calendário fenológico das diferentes espécies, priorizando

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aquelas ameaçadas de extinção. O resgate das epífitas, como orquídeas e bromélias,poderá ser realizado concomitantemente com o desmatamento. Os propágulos coletadospoderão ter dois destinos: bancos de germoplasma e viveiros para produção de mudas.

Deverão ser empenhados estudos de busca por populações remanescentes paramapeamento e estudos e criação de um banco de germoplasma.

Há necessidade de haver acompanhamento das atividades de supressão para que sejamadotadas técnicas de mínimo impacto e para que esta não ultrapasse a cota atingida.

2.12.4 - Prazo de execução

Desde o início das obras. O aproveitamento econômico e científico deverá ser realizadoantes e durante a supressão da vegetação e antes e durante o enchimento doreservatório.

2.12.5 - Agente executor

O empreendedor em associação com instituições de pesquisa.

2.13 - Programa de aproveitamento científico da fauna

2.13.1 - Objetivos

a) Promover o aproveitamento científico da fauna afetada pela supressão da vegetaçãodo canteiro de obras e para a formação do reservatório;

b) propiciar condições para o estudo das populações de espécies raras, endêmicas eameaçadas da área de influência;

c) obter amostras do patrimônio genético das espécies endêmicas e ameaçadas deextinção que serão diretamente afetadas pelo empreendimento;

d) dar um destino adequado para os exemplares coligidos durante os eventos desupressão da vegetação e enchimento do reservatório.

2.13.2 - Justificativa

Assim como no caso da vegetação, a fauna da área de influência sofrerá vários impactosdurante a obra, especialmente durante a fase de supressão da vegetação e enchimentodo reservatório. No caso dos peixes, o desvio do rio poderá causar a morte de indivíduosna área ensecada. Como este tipo de empreendimento causa mortandade da fauna,inclusive de espécies ameaçadas, endêmicas e raras, há necessidade de se realizar oaproveitamento científico da fauna para que esta possa ser estudada adequadamente.

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2.13.3 - Procedimentos

Antes e durante a supressão da vegetação do canteiro de obras e da área do reservatóriodeverão ser realizados estudos de inventário da fauna nos remanescentes que serãoatingidos e em áreas controle do Parque através das técnicas usualmente praticadas.

Estes inventários deverão envolver tanto grupos de invertebrados quanto de vertebradosterrestres, e deverão ser bimestrais desde o início das obras até sua conclusão.

Com o enchimento do reservatório deverá ocorrer o aproveitamento científico da fauna,resgate do patrimônio genético e destino adequado para salvaguardar os exemplares emcoleções museológicas.

Poderão ser realizadas solturas nos remanescentes próximos. Entretanto é altamenterecomendável as seguintes medidas: que este procedimento só seja realizado medianteestudos prévios da capacidade de suporte destes ambientes; que as espécies destinadaspossuam projetos de acompanhamento; que as espécies destinadas estejam em perfeitascondições de saúde.

O aproveitamento científico da fauna demandam atividades prévias de prevenção deacidentes com animais, informando e instruindo profissionais de saúde, profissionais deensino, trabalhadores da obra e proprietários do entorno do reservatório.

2.13.4 - Prazo de execução

Desde o planejamento até o final das atividades de construção e enchimento doreservatório.

2.13.5 - Agente executor

Empreendedor, em convênio com instituições de pesquisa.

2.14 - Programa de conservação da flora

2.14.1 - Considerações iniciais

A conservação da flora na área de influência da UHE Baixo Iguaçu é de extremaimportância, seja pela proximidade do Parque Nacional do Iguaçu, seja pela fisionomiaafetada, a Floresta Estacional Semidecidual, hoje bastante afetada pela ocupação dooeste paranaense. Duas linhas de ação são propostas para esse Programa, cada qualcom um conjunto particular de atividades. Os estudos da flora, além de aumentar oconhecimento sobre as espécies e o ambiente onde vivem irão subsidiar a atividade fim,de recuperação da vegetação ciliar.

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2.14.2 - Subprograma de estudos da flora

a) Objetivos:

- propiciar condições para que a flora nativa possa ser estudada;

- subsidiar tecnicamente a recuperação da vegetação ciliar;

- mapear e monitorar espécies endêmicas e ameaçadas de extinção;

- propiciar a conservação do patrimônio genético da flora atingida;

- contribuir para a manutenção de conexões de vegetação viáveis;

- criar interface com educação ambiental.

b) Justificativa

A riqueza da flora da região afetada ainda é insuficientemente conhecida. Devido aosimpactos provocados pelo empreendimento serão suprimidas porções da vegetação ciliarem vários estádios de regeneração, inclusive remanescentes primários e importantespopulações de vegetação aquática, muitas das quais endêmicas e ameaçadas deextinção.

c) Procedimentos

Os estudos a serem desenvolvidos deverão propiciar o conhecimento da riqueza ediversidade da flora do Parque nas proximidades da foz do rio Gonçalves Dias, como áreade fornecimento de mudas/sementes viáveis para os procedimentos de restauração.

Ainda neste subprograma é importante levar a cabo estudos demográficos dascomunidades de macrófitas aquáticas e de plantas ameaçadas de extinção. Deverãohaver buscas de populações remanescentes, para mapeamento, monitoramento e fontede germoplasma. Os estudos deverão ter freqüência trimestral e abordar a sazonalidadeda região.

Também deverão ser realizados estudos voltados para a produção de mudas de espéciesnativas, bem como de métodos de revegetação.

d) Prazo de execução

Desde o início das obras até quatro anos do seu término.

e) Agente executor

Empreendedor, com a participação de pesquisadores da área de botânica.

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2.14.3 - Subprograma de recuperação da vegetação ciliar

a) Objetivos:

- recuperar a vegetação ciliar da área de influência do reservatório;

- recuperar a vegetação ciliar do rio Gonçalves Dias;

- estabelecer conexões entre remanescentes florestais;

- promover a educação ambiental na região.

b) Justificativa

As estimativas obtidas sobre a supressão da vegetação indicam que a vegetação ripária eaquática serão as mais afetadas, inclusive com perda local de populações de váriasespécies. É fundamental o estudo destas populações e o resgate do patrimônio genético.A recuperação da vegetação das margens do reservatório e dos tributários poderá, decerta forma, compensar essa perda e contribuir com a manutenção de conexões devegetação nesta região da bacia, com a criação de habitats para a fauna, com a melhorada qualidade ambiental da região e com a melhora da qualidade da água.

c) Procedimentos

Este subprograma de recuperação da vegetação ciliar deverá iniciar o quanto antes, demaneira que, quando do enchimento do reservatório, já existam áreas marginais emestado inicial de regeneração.

Além do entorno do reservatório, o empreendedor deverá propiciar a recuperação davegetação ciliar da margem esquerda do rio Gonçalves Dias.

Deverão ser estudadas as espécies que serão utilizadas nesta recomposição através dosubprograma de conhecimento da flora, o qual subsidiará a escolha das espécies maisindicadas.

Haverá necessidade de construir um viveiro de mudas e sementes ou propiciar amanutenção de um viveiro pré-existente.

Este programa deverá ter interface com o programa de educação ambiental e comprogramas indicados pelo Plano de Manejo do Parque e contar com o envolvimento deproprietários e da comunidade local.

d) Prazo de execução

Desde o início das obras até o tempo que for necessário para que a vegetação atinja osestágios iniciais de sucessão.

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e) Agente executor

Empreendedor, em parceria com as secretarias de meio ambiente, educação e deagricultura, proprietários, escolas da área de influência, Parque Nacional do Iguaçu,Batalhão da Polícia Florestal.

2.15 - Programa de monitoramento do meio aquático

2.15.1 - Considerações iniciais

A biota aquática é, sem sombras de dúvidas, o componente biológico mais afetado porempreendimentos hidrelétricos. Assim, o monitoramento dos impactos sobre essa biota éum programa obrigatório para a UHE Baixo Iguaçu. Considerando que os organismospresentes nos ambientes aquáticos são diversificados e que o seu estudo eacompanhamento utilizam métodos e técnicas distintas, são propostos doissubprogramas: um para o monitoramento limnológico e outro específico para omonitoramento da ictiofauna.

2.15.2 - Subprograma monitoramento limnológico e da qualidade da água

a) Objetivos

- monitorar parâmetros limnológicos e de qualidade da água na bacia de contribuição daUHE Baixo Iguaçu antes, durante e depois da conclusão das obras;

- possibilitar a adoção de medidas de controle e/ou corretivas no caso de ocorrência desituação não prevista;

- apontar os pontos mais críticos para recuperação da vegetação ciliar;

- detectar focos de contaminação e desequilíbrio das comunidades;

- monitorar a presença de espécies exóticas;

- monitorar a proliferação de macrófitas aquáticas;

- avaliar o efeito da fragmentação imposta pela barragem sobre as comunidadesaquáticas;

- contribuir com o programa de educação ambiental e fiscalização dos recursosnaturais.

b) Justificativa

A alteração da dinâmica de um rio, com a transformação de um trecho em reservatórioartificial, desencadeia processos que promovem alterações nas características físico-químicas e biológicas, podendo levar à deterioração da qualidade da água. A situaçãopode ser agravada quando considera-se que as práticas não conservativas de uso do solo

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praticadas na região podem trazer prejuízos à qualidade ambiental do reservatório. Estesubprograma poderá monitorar e detectar possíveis focos de contaminação edesequilíbrio nos tributários e no reservatório.

c) Procedimentos

Recomenda-se que seja seguido o desenho amostral utilizado para a confecção dodiagnóstico para a execução deste subprograma, uma vez que este contempla a bacia decontribuição da UHE Baixo Iguaçu.

Deverão ser amostrados os diversos componentes das comunidades aquáticas, a saber:fitoplâncton, zooplâncton, macroinvertebrados bentônicos e macrófitas aquáticas.

A implantação do subprograma prevê as fases distintas descritas a seguir.

Fase prévia à construção da UHE: A avaliação das condições de qualidade da água,nesta fase, deverá abranger um período de um ano anterior à data prevista de início daconstrução da UHE Baixo Iguaçu. Poderá ser realizada a partir do cruzamento deinformações geradas pelo atual esforço de caracterização, com os dados domonitoramento realizado pela SUDERSHA na região.

Fase de construção: O período de amostragem, com freqüência trimestral, deveráabranger toda a fase de construção da UHE Baixo Iguaçu. As estações de coleta serão asmesmas da fase dos estudos ambientais para licenciamento prévio (EIA). Os parâmetrosde qualidade da água deverão ser estabelecidos em conjunto com os órgãos ambientaiscompetentes. Preliminarmente, propõem-se os seguintes parâmetros: temperaturas do are da água; pH; condutividade elétrica; oxigênio dissolvido; Demanda Química de Oxigênio- DQO; Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO; nitrogênio Kjeldahl; amônia; fósforototal; ortofosfato total dissolvido; sólidos totais; sólidos em suspensão; coliformes totais efecais; turbidez; óleos e graxas; alcalinidade; nitrato; carbono orgânico dissolvido; cloreto;sulfato; sulfeto; metais: cádmio, chumbo, ferro total, mercúrio, níquel (e, se necessário,outros específicos em função da ocupação industrial da bacia); organoclorados efosforados e clorofila.

Fase de enchimento e operação do reservatório: o monitoramento, nesta fase, deveráabranger um período longo, a partir do enchimento, devendo ser monitorados algunspontos pré-selecionados do futuro reservatório em três profundidades.

d) Prazo de execução

Desde o início das obras. Como este subprograma é de importância crucial para amanutenção da qualidade ambiental da área de influência, bem como para oplanejamento eco-regional, recomenda-se que seja executado por prazo indeterminado.

e) Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor.

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2.15.3 - Subprograma de monitoramento da ictiofauna

a) Objetivos

- avaliar as mudanças que ocorrerão nas comunidades de peixes da área de influência;

- acompanhar o deslocamento da ictiofauna durante o enchimento do reservatório;

- avaliar parâmetros de ecotoxicidade na ictiofauna;

- monitorar espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção;

- monitorar e controlar espécies exóticas;

- avaliar o efeito da fragmentação sobre as populações de peixes.

b) Justificativas

Devido à grande magnitude do impacto sobre as comunidades ictiofaunísticas,especialmente das espécies endêmicas e ameaçadas é necessário o monitoramentocontínuo da ictiofauna, não apenas para a detecção das mudanças nas comunidades,mas para controlar o possível aumento da população de espécies exóticas, além deavaliar processos de contaminação e de fragmentação.

c) Procedimentos

Os estudos deverão ser contínuos para a avaliação das mudanças na estrutura dascomunidades, no caso de detecção de aumento de espécies exóticas, deverão serpropiciadas medidas de controle das populações.

Antes do enchimento do reservatório deverão ser selecionadas espécies que serãomarcadas para se avaliar e monitorar o deslocamento a partir do enchimento doreservatório. Este tipo de estudo poderá orientar programas de fiscalização da pesca emdeterminados locais.

A avaliação dos parâmetros de ecotoxidade deverão considerar os principais agrotóxicose outros poluentes utilizados na bacia hidrográfica de contribuição ao reservatório da UHEBaixo Iguaçu e contemplar espécies de peixes que indiquem o processo debioacumulação e riscos à saúde pública.

Deverão ser priorizadas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção para estudos maisaprofundados envolvendo o efeito da fragmentação sobre a ictiofauna. Estes deverão serconduzidos na área do reservatório da UHE Baixo Iguaçu e a jusante desta.

d) Prazo de execução

os estudos de monitoramento da comunidade deverão ser contínuos até a verificação daestabilidade do ambiente aquático. Para estudos do efeito da fragmentação sobre aspopulações de espécies ameaçadas de extinção e endêmicas deverão ser realizadosestudos de longo prazo (pelo menos dez anos).

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e) Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor.

2.16 - Programa de conservação e monitoramento da fauna terrestre e semiaquática

2.16.1 - Objetivos

- ampliar o conhecimento sobre a fauna local, com ênfase nas espécies raras,endêmicas e ameaçadas de extinção diretamente afetadas pelo empreendimento;

- avaliar a distribuição e a diversidade genética destas populações;

- subsidiar programas prioritários indicados pelo Plano de Manejo do Parque;

- monitorar populações de espécies diretamente afetadas pelo empreendimento;

- monitorar e controlar as populações da fauna exótica;

- contribuir com a educação ambiental de funcionários da obra e da população da áreade influência.

2.16.2 - Justificativa

O diagnóstico do EIA e a descrição dos impactos apontam que o empreendimento afetarádiferentes populações de animais terrestres e semiquáticos em seu modo de vida,comportamento e biologia. Populações de organismos estenóicos serão as mais atingidasnos aspectos demográficos, podendo ocorrer declínio em suas populações. Entre estasfiguram muitas populações de espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção, quepossuem histórico de ameaças relacionados a empreendimentos hidrelétricos. Éprioritário que sejam realizados estudos sobre esta fauna e que estes estudos tenhaminterface com programas de pesquisa e de educação ambiental na área de influência e detransição do Parque Nacional do Iguaçu.

2.16.3 - Procedimentos

As pesquisas deverão priorizar o conhecimento da riqueza da fauna local e das espéciesraras, endêmicas e ameaçadas de extinção, especialmente aquelas que terão suaspopulações mais afetadas pela obra, tais como o anfíbio Limnomedusa macroglossa, ocágado-rajado Phrynops williamsi e a lontra Lontra longicaudis. Estas espécies indicadasdeverão ser estudadas e monitoradas sob o ponto de vista demográfico e genético paraestudos sobre fragmentacão e deverão ter suas populações remanescentes na área deinfluência mapeadas.

No caso de estudos sobre riqueza estes deverão ser conduzidos nas áreas que serãoafetadas pela obra, em remanescentes próximos na área de influência e no ParqueNacional do Iguaçu. Estes estudos deverão ser comparáveis e os resultados deverãoindicar áreas com capacidade ou não para receber animais para soltura durante oenchimento do reservatório. É importante que o desenho amostral utilize índices dediversidade e similaridade

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As áreas que porventura forem utilizadas para soltura de espécimes coligidos durante oresgate deverão ser avaliadas para se verificar se suportam esses animais. Além disso osanimais soltos devem ser marcados e monitorados.

É recomendável que sejam seguidas as diretrizes apontadas pelo Plano de Manejo doParque.

2.16.4 - Prazo de execução

Este programa deverá iniciar dois anos antes do fechamento da barragem e ser contínuoaté dois anos após o represamento para estudos sobre a riqueza da fauna, podendo serrealizado trimestralmente. No caso dos estudos sobre as espécies ameaçadasrelacionadas acima, estes deverão ser de longo prazo, uma vez que envolvem omonitoramento e o estudo do efeito da fragmentação sobre as populações.

2.16.5 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor.

2.17 - Programa de monitoramento da paisagem

2.17.1 - Objetivos

- acompanhar o processo de restauração da vegetação ciliar;

- apontar áreas críticas para a recomposição da vegetação;

- propor conexões viáveis entre remanescentes florestais;

- subsidiar o Plano de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório ;

- monitorar os resultados das medidas mitigadoras e compensatórias sobre a qualidadeambiental da área de influência.

2.17.2 - Justificativa

Conforme a avaliação dos impactos aponta, o empreendimento provocará alterações napaisagem, sejam decorrentes da obra e do reservatório, sejam decorrentes do rearranjoterritorial no entorno do reservatório. Tal fato não seria tão preocupante se as mudançasna paisagem não ocorressem próximos ao limite do Parque Nacional do Iguaçu, umaunidade de conservação de proteção integral.

2.17.3 - Procedimentos

O primeiro passo é a implementação do sistema de informações geográficas (SIG), talcomo previsto no Programa de Gerenciamento Ambiental. O SIG deverá acompanhar os

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processos de recuperação da paisagem e interagir com os demais programas ambientais.Além disso, o SIG deverá ser concebido de modo a:

- subsidiar o zoneamento, a recuperação e o monitoramento da paisagem da área deinfluência do empreendimento;

- indicar áreas críticas, estádios de sucessão da vegetação, pontos de fiscalização,pontos de pressão antrópica e ameaças ao Parque; e

- possibilitar o registro de espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção da faunae da flora.

Recomenda-se encontros anuais para apresentação dos resultados.

2.17.4 - Prazo de execução

A partir do início das obras, sendo desenvolvido, pelo menos, até a primeira renovação daLicença de Operação.

2.17.5 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor.

2.18 - Programa de Consolidação de Unidade de Conservação

2.18.1 - Justificativa

Recentemente a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional deUnidades de Conservação da Natureza (SNUC) além de outras providências, obriga aoempreendedor investir recursos no apoio a implantação e manutenção de unidade deconservação.

A definição do destino dos recursos dessa compensação ambiental, se destinado acriação de nova unidade de conservação ou para o manejo de unidades já existentes,como o Parque Nacional do Iguaçu, é, em última instância, de competência do órgãolicenciador.

2.18.2 - Objetivos

Estabelecer os procedimentos necessários para a correta aplicação dos recursosfinanceiros da compensação ambiental.

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2.18.3 - Procedimentos

Nessa fase dos estudos, os procedimentos passíveis de serem adotados é a discussão ea definição pelo órgão ambiental de qual a melhor alternativa para a aplicação dosrecursos financeiros da compensação ambiental.

Posteriormente, será realizado convênio com o órgão ambiental competente paraadministrar a futura unidade de conservação, com o objetivo de repassar os recursosfinanceiros.

2.18.4 - Prazo

As negociações deverão ter início tão logo seja atestada a viabilidade ambiental da UHEBaixo Iguaçu e o convênio para repasse dos recursos deverá estar assinado pelas partesantes da entrada em operação da usina.

2.18.5 - Agente executor

Empreendedor, em convênio com a instituição gestora da unidade de conservação quereceberá os recursos.

2.19 - Programa de remanejamento

2.19.1 - Objetivos

São objetivos deste programa:

- Discutir previamente e ao longo de todo o processo de planejamento e implantação doempreendimento, os critérios e os procedimentos que deverão ser instituídos para anegociação com as famílias atingidas;

- Executar o cadastramento das propriedades e famílias na área de influência direta;

- Promover os estudos detalhados sobre as interferências causadas peloempreendimento, avaliações socioeconômicas e patrimoniais;

- Promover a indenização das terras e benfeitorias;

- Estabelecer os critérios de remanejamento da população;

- Efetuar o remanejamento da população, com ações de apoio a inserção nas novaspropriedades, quando cabível;

- Monitorar a população remanejada.

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2.19.2 - Justificativas

A implantação da UHE Baixo Iguaçu deverá interferir com 336 propriedades, localizadasnos 1.359 hectares a serem inundados e 2.558 hectares a serem destinados a formaçãoda faixa de preservação permanente do reservatório.

As interferências nas propriedades e com as famílias que residem ou trabalham nessasáreas representará um dos maiores impactos do empreendimento, ainda que as áreasinundadas sejam reduzidas.

A maior parte dessas propriedades está localizada em áreas rurais. Porém, das 336propriedades, 11 estão no distrito de Marmelândia (município de Realeza), consideradopelo IBGE como área urbana. Nesta comunidade, as propriedades serão parcialmenteatingidas em função, principalmente, da elevação, ainda que reduzida do córregoTamanduá.

Durante as oficinas participativas, a comunidade de Marmelândia manifestou suapreocupação com as interferências no distrito, preocupando-se com o seucomprometimento socioeconômico. Para melhor encaminhamento das açõessocioeconômicas e ambientais em Marmelândia, justifica-se o desenvolvimento de umsubprograma com este objetivo de forma a conduzir as indenizações e compensaçõesarticuladamente com esta comunidade.

De forma geral, este programa justifica-se para fazer frente as indenizações ecompensações decorrentes das interferências causadas, promovendo a justa indenizaçãoe tratamento as famílias nas propriedades diretamente atingidas.

2.19.3 - Procedimentos

a) Para o desenvolvimento deste programa, deverão ser observados os seguintesprocedimentos:

- Desenvolvimento de ações de comunicação social e de aproximação junto as famíliasatingidas, de forma a apresentar as propostas e estudos necessários de fora clara,objetiva e transparente;

- Ouvir as famílias atingidas e incorporar suas sugestões e demandas sempre quecabível;

- Realização do cadastro físico e socioeconômia das propriedades;

- Elaboração dos laudos de avaliação e estudos socioeconômicos das interferênciaspara as famílias de proprietários e não-proprietários nas propriedades atingidas

- Definição de critérios de negociação, de remanejamento e de compensações asfamílias atingidas em conjunto com as mesmas;

- Negociação com as famílias para indenização e compensação das interferênciascausadas;

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- Desenvolvimento dos estudos para remanejamento para aquelas famílias que assimdesejarem e que se enquadrarem nos critérios previamente definidos em conjunto comas famílias atingidas;

- Definição de modalidades de reassentamento, considerando as necessidades e asefetivas interferências causadas. As modalidades de reassentamento deverão estarbalizadas nas seguintes:

- Auto-reassentamento, onde a família poderá optar por escolher, por sua livre vontade,o local da nova propriedade, considerando valores e condições pré-estabelecidas enegociadas. As famílias que assim optarem deverão contar com apoio jurídico, técnicoe social para o reassentamento, de forma que a escolha esteja baseada em critériosadequados de qualidade da nova área, respeitando-se sempre, a vontade da família;

- Reassentamento rural, onde um conjunto de famílias opta por um reassentamentocoletivo, com as características previamente negociadas, devendo-se considerar:tamanho do lote compatível com a força de trabalho familiar e o potencial produtivo daárea; condições de habitação e saneamento adequadas; condições de acessosatisfatórias; condições de produção assessoradas durante o primeiro ciclo produtivodo reasssentamento; as opções e escolhas das comunidades, sempre quecompatíveis com os objetivos e propósitos deste programa;

- Efetuação do remanejamento e acompanhamento da inserção das famílias nas novaspropriedades;

- Monitoramento das famílias remanejadas, verificando os padrões de qualidade de vidae adequação a nova realidade.

b) Subprograma de remanejamento e apoio ao distrito de Marmelândia

b.1) Objetivos

Os objetivos deste suprograma são os mesmos daqueles para o programa dereassentamento, incluindo-se:

- Promover as melhores formas de indenização aos moradores atingidos emMarmelândia, considerando seus interesses individuais e coletivos;

- Propor alternativas para o remanejamento, considerando a manutenção do conjuntoda comunidade e a melhoria de suas condições socioeconômicas;

- Integrar outras ações ambientais, prevista nos demais programas as necessidades einteresses da comunidade de Marmelândia, como ações do programa deremanejamento da infra-estrutura, de apoio aos municípios e as comunidades locais,de saúde, entre outros.

b.2) Procedimentos

Os procedimentos a serem observados neste subprograma são também os mesmos parao programa de remanejamento, incluindo:

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- Como procedimento inicial e norteador das demais ações, deverá ser estabelecido umcanal de comunicação e interação social, em prosseguimento as metodologiasparticipativas desenvolvidas na etapa do EIA;

- Deverão ser ouvidas as dúvidas e aspirações da comunidade, e repassadas todas asinformações sobre o empreendimento;

- Cadastramento das famílias nas áreas atingidas;

- Negociação com as famílias atingidas quanto aos critérios para o remanejamento;

- Discussão com a comunidade, das necessidades de remanejamento de equipamentospúblicos, como energia elétrica, vias de acesso, rede de abastecimento de água eproposição de projetos para seu remanejamento efetivo;

- Identificação detalhadas de todas as ações ambientais propostas com interação com odistrito de Marmelândia para melhor condução das mesmas e particularização, quandonecessário dessas ações, em função das características e expectativas locais;

- Elaboração de estudos sobre as potencialidades econômicas do distrito,considerando-se sua proximidade a PR-182 e ao futuro reservatório, bem como asvocações e interesses da comunidade;

- Proposição de projetos para diversificação das atividades econômicas do distrito,derivados dos estudos de potencialidades;

- Elaboração de estudos e projetos para a valorização social e cultural do distrito deMarmelândia, promovendo o enriquecimento de suas tradições e culturas edivulgando-as regionalmente. Tal divulgação poderá, entre outros aspectos, serintegrada a propostas de desenvolvimento econômico através do turismo.

2.19.4 - Prazo de execução

Este programa deverá ser desenvolvido ao longo da implantação do empreendimento,devendo buscar as soluções paras as famílias atingidas antes do início da operação dausina.

2.19.5 - Agente executor

Este programa será executado pelo empreendedor, com a participação direta das famíliasatingidas.

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2.20 - Programa de apoio aos municípios e as comunidades locais

2.20.1 - Objetivos

Os objetivos do programa são:

- Verificar, em cooperação com as instituições oficiais, as demandas adicionais porequipamentos públicos nos municípios diretamente atingidos e definir alternativas deatendimento;

- Atualizar os levantamentos dos equipamentos e redes de serviço públicos existentesna área de influência direta e averiguar, junto aos órgãos competentes, meios pararedimensioná-los;

- Definir uma política habitacional para a população diretamente vinculada à obra erespectivas famílias, evitando impactar as estruturas urbanas existentes;

- Desenvolver procedimentos para a recepção da população atraída pelas obras, emações de apoio aos municípios no encaminhamento e/ou recondução dessapopulação;

- Apoiar as linhas e pequenas comunidades que terão parte de seus moradoresatingidos, considerando as melhores alternativas para manutenção das atividadeseconômicas e sociais que forem afetadas pelo empreendimento;

- Monitorar as alterações socioeconômicas nos municípios atingidos, de forma a melhorplanejar ações de compensação, quando cabíveis.

2.20.2 - Justificativas

A implantação da UHE Baixo Iguaçu representará a concretização de investimentos dealta monta na região. Consequentemente, as notícias dos empregos a serem geradosdeverão promover movimentos especulativos, positivos, por um lado, por promover ocrescimento econômico, mas também poderão gerar efeitos adversos, como a vinda deum contingente populacional mais elevado do que a capacidade de acomodação dosmunicípios da área de influência, e a posterior desmobilização, ao final das obras.

Tendo em vista esta possibilidade, este programa justifica-se pela necessidade deadequação dos equipamentos públicos passíveis de sobrecarga, na época das obras, ede sub-utilização, quando de sua conclusão, e pela necessidade de acompanhamentodas mudanças socioeconômicas causadas pelo empreendimento. Do mesmo modo,serão necessárias ações de informação para apresentar as reais possibilidades deemprego e renda na região, evitando a exacerbação dos movimentos de chegada detrabalhadores.

Nas linhas e pequenos povoados que terão parte de seus moradores atingidos, poderáocorrer a desarticulação das atividades econômicas e sociais então mantidas peloconjunto dessas comunidades. A eventual saída de alguns moradores e produtores rurais

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em função da implantação do empreendimento, poderá, dependendo do porte dessespovoados, promover uma estagnação socioeconômica local, pelo êxodo das famílias epela redução das atividades econômicas. Assim, também para compensar esses efeitosem função do empreendimento, este programa torna-se necessário.

2.20.3 - Procedimentos

Os procedimentos para o desenvolvimento do programa são descritos a seguir:

- Desenvolvimento das rotinas de monitoramento socioeconômico, definindo-se, entreoutros detalhes, a periodicidade de levantamento de dados e as variáveis a seremmonitoradas. Dentre elas, destacam-se a importância do monitoramento demográfico,do mercado de bens e serviços, do mercado de trabalho, dos setores de habitação,saúde e educação, do uso das terras;

- levantamento de dados e formulação de prognósticos sobre a dinâmica populacionalnas diferentes fases do empreendimento, com apoio das atividades de monitoramentosocioeconômico;

- elaboração de um plano de atendimento à demanda adicional por equipamentossociais, considerando as variações relativas às diferentes etapas das obras,;

- cooperação técnica com as prefeituras, através de convênios, indicando meios parafazer frente aos problemas mais emergentes.

- formulação, junto às administrações municipais, de alternativas de atendimento àdemanda por equipamento de saúde, educação, segurança, lazer e seneamento;

- desenvolvimento de estudos sobre as potencialidades econômicas e sociais dosmunicípios diretamente atingidos pelos fluxos migratórios, de forma a proporalternativas de investimentos, diversificação de oportunidades e ampliação dosbenefícios advindos, durante a fase de operação e após a desmobilização da mão-de-obra;

- desenvolvimento de estudos e projetos sobre as potencialidades econômicas e sociaisdas linhas e povoados que terão parte de suas propriedades atingidas, de modo a,quando necessário, adequar a nova realizada dessas comunidades dadas asinterferências causadas pelo empreendimento. Tais estudos e projetos terão comoobjetivo indicar as melhores alternativas de diversificação econômica e valorizaçãocultural, considerando as vocações e tradições locais e os interesses dascomunidades.

- reorganização e relocação da infra-estrutura viária, em consonância com oremanejamento da população atingida, de forma a manter as ligações e atendimentoantes existentes.

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2.20.4 - Prazo de execução

Este programa deverá ser desenvolvido desde as etapas iniciais de implantação doempreendimento até o início da operação da usina.

2.20.5 - Agente executor

Este programa deverá ser executado pelo empreendedor, em parceria com as prefeiturasmunicipais. Todas as ações propostas deverão ser planejadas de forma sustentávelambiental, social e economicamente.

2.21 - Programa de saúde

São objetivos deste Programa:

− acompanhar as mudanças que possam ocorre no quadro sanitário, em virtude dasalterações ambientais decorrentes da implantação da usina;

− desenvolver e manter ações de saúde para os trabalhadores das obras durante aconstrução da usina;

− promover ações e gestões institucionais com o objetivo de prestar assistência desaúde à população afetada pelo empreendimento.

2.21.1 - Procedimentos

Para o desenvolvimento deste Programa, deverão ser observados os procedimentosdescritos a seguir:

- Articulação institucional com os órgãos de saúde atuantes na região: esta atividadecaracteriza-se pela busca do diálogo com as instituições de saúde da região,especialmente as secretarias municipais de saúde, secretarias estaduais e aFundação Nacional de Saúde, para o estabelecimento de estratégias de trabalho queatuem em conformidade as diretrizes governamentais de saúde;

- Elaboração de uma base de dados em saúde: a base de dados em saúde secaracterizará pela formação de um banco de informações organizadas e planejadaspara dar o suporte técnico necessário às ações propostas pelo programa;

- Ações de vigilância e monitoramento das condições de saúde: estes procedimentosconsistem em ações de controle e vigilância de ocorrência de possíveis processosendêmicos, de modo a observar as condições nos locais atingidos peloempreendimento e as modificações advindas das alterações ambientais. Oslevantamentos ocorrerão nas áreas afetadas pelo empreendimento. Serão observadosos fatores biológicos, ambientais e socio-culturais que podem ter influência sobre ospadrões epidemiológicos e sanitários da região.

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- Educação em saúde para os trabalhadores das obras: objetiva-se conscientizar ostrabalhadores sobre as atitudes recomendadas em relação, principalmente, a:

• cuidados com os materiais manipulados;

• disposição dos entulhos, óleos, lixo e outros subprodutos;

• utilização de EPI – equipamentos de proteção individual;

• prática e rotinas de higiene pessoal;

• orientações sobre a utilização de preservativos e conscientização sobre os riscosdas DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis;

• integração social – recomendações sobre as atividades de lazer, os cuidados emrelação ao uso de álcool e outras drogas bem como dos limites de atividades delazer e a necessidade de respeito à comunidade local;

• observância da lei de crimes ambientais - lei no. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998– as restrições em relação a caça, corte de vegetação, dentre outros aspectos,especialmente em função da proximidade ao Parque Nacional do Iguaçu.

- Monitoramento das condições de saúde nos canteiros, alojamentos e nos demaiscomponentes da infra-estrutura associadas as obras: as instalações do canteirodeverão ser devidamente inspecionadas de modo a que sejam mantidas condiçõessanitárias e de higiene adequadas, bem como a capacidade de funcionamento deacordo com seu dimensionamento. Além do serviço de atendimento médico a serdesenvolvido no ambulatório no canteiro de obras, serão desenvolvidas eimplementadas o que determinam as Normas Regulamentadoras da Consolidação dasLeis do Trabalho (CLT) relativas à segurança e medicina do trabalho.

2.21.2 - Prazo de execução

Este programa deverá ser desenvolvido durante as obras e até 1 anos após o início daoperação do empreendimento. Ressalta-se que os aspectos relacionados a qualidade daságuas e outros associados as condições ambientais gerais, que podem repercutir sobre asaúde humana, serão monitorados, nos programas correspondentes.

2.21.3 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor, com parcerias com assecretarias municipais de saúde.

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2.22 - Programa de seleção e treinamento de mão de obra local

2.22.1 - Objetivos

Os objetivos desse programa são:

- Promover o treinamento da mão de obra a ser alocada nas obras;

- Empregar o maior contingente possível de mão de obra local na implementação daUHE Baixo Iguaçu.

2.22.2 - Justificativas

Durante a fase de construção da UHE Baixo Iguaçu, o empreendedor deverá ocupar,progressivamente, mão de obra em número expressivo.

A fim de diminuir o contingente de trabalhadores vindos de fora para os municípios daárea de influência, é conveniente que o empreendedor contrate o maior número possívelde trabalhadores residentes naqueles próprios municípios, o que minimizará os impactosque causa a adição de população temporária numerosa à local.

Do mesmo modo, o treinamento da mão de obra é uma reivindicação dasmunicipalidades, que objetivam poder ocupar a maior parte de seu contingente detrabalhadores nas obras, bem como ver capacitados esse contingente para futuroaproveitamento em outras atividades.

2.22.3 - Procedimentos

- Promover informações sobre o empreendimento suas etapas e épocas de mobilizaçãoda mão de obra;

- Realizar as seleções periódicas e os treinamentos dos selecionados;

- Contratar os que revelarem a aptidão requerida para trabalhar nas obras da UHEBaixo Iguaçu, na medida em forem abertos os respectivos postos de trabalho;

- Promover parcerias com entidades voltadas a capacitação de mão de obra;

2.22.4 - Prazo de execução

Deverá ser iniciado e desenvolvido no período de construção do empreendimento.

2.22.5 - Agente executor

Este programa deverá ser implementado pelo empreendedor, buscando parcerias cominstituições que promovem a capacitação profissional, como o SENAI e o SEBRAE.

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2.23 - Programa de relocação da infra-estrutura

2.23.1 - Objetivos

São objetivos desse programa:

- Repor a infra-estrutura comunitária afetada pela execução da obra e formação doreservatório, garantindo que todos os serviços, atualmente acessíveis, continuemsendo prestados;

- Garantir a segurança da população local com relação ao aumento do tráfego, emfunção das obras;

- Recompor acessos aos remanescentes das propriedades afetadas.

2.23.2 - Justificativa

A implantação da UHE Baixo Iguaçu deverá atingir equipamentos comunitárioslocalizados na área de influência direta, em especial acessos às linhas, a ponte sobre orio Andrada, caminhos e estradas vicinais, locais de lazer (em Marmelândia) e outros damesma espécie que deverão ser precisamente definidos nas etapas posteriores doslevantamentos.

Observa-se que os equipamentos são de uso comum das comunidades e, em sua maiorparte, bens públicos.

Assim sendo, caberá ao empreendedor reconstruir os equipamentos, pondo-se, antes, deacordo com as comunidades acerca do modo como executará a tarefa, bem como dequais serão as melhores alternativas face as interferências com as propriedades, o quepoderá alterar o grau de uso destes equipamentos.

2.23.3 - Procedimentos

- Consolidação da identificação dos equipamentos atingidos realizada na fase do EIA;

- Conduzir negociações com as lideranças das comunidades das linhas, com o objetivode definir o modo pelo qual os equipamentos que serão atingidos serão repostos;

- Após o enchimento do reservatório, verificar que equipamentos comunitários foram,efetivamente, atingidos;

- Proceder à construção de equipamentos comunitários para as linhas localizadas naAID, do modo acordado com aquelas comunidades anteriormente;

- Análise e acompanhamento do projeto das vias de acesso ao empreendimento,provisórias e definitivas, propostas no projeto de engenharia e sua interface com asvias existentes, propondo melhorias para atender ao aumento do volume de tráfegopesado;

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- Identificação dos locais críticos, para a segurança da população em função doaumento de tráfego - como escolas, travessias de pedestres - para fornecer subsídiosà implantação de um sistema de sinalização viária e, também ao Programa deComunicação Social.

2.23.4 - Prazo de execução

Deverá ser iniciado antes do início do enchimento do reservatório, de forma a dimensionare avaliar os equipamentos atingidos e reconstruí-los adequadamente antes da formaçãodo reservatório.

2.23.5 - Agente executor

Este programa deverá ser implementado pelo empreendedor.

2.24 - Programa de desenvolvimento turístico

2.24.1 - Objetivos

São objetivos deste programa:

- Compensar impactos causados pela implantação da UHE Baixo Iguaçu, através doapoio ao desenvolvimento turístico dos municípios da área de influência;

- Aproveitar as atrações turísticas já existentes nos municípios da área de influência eas potencialidades turísticas do reservatório da UHE Baixo Iguaçu para desenvolveratividades turísticas nos municípios da área de influência.

2.24.2 - Justificativa

Devido à implantação da UHE Baixo Iguaçu, a produção agropecuária dos municípios daárea de influência diminuirá, em virtude da submersão de parte da área ali disponível paraaquela atividade.

Também em virtude da implantação da UHE Baixo Iguaçu, membros das comunidadesafetadas terão as suas propriedades diminuídas, com a conseqüente queda na produçãoque proporcionavam, para dar lugar ao reservatório que será formado.

Por outro lado, a exemplo do que já ocorre nos municípios em cujo território encontra-se oreservatório da UHE Salto Caxias, criar-se-ão novas oportunidades para a implementaçãode atividades de lazer e turismo, nas margens do reservatório da UHE Baixo Iguaçu.

Assim sendo, o empreendedor, aproveitando este último efeito positivo da implantação daUHE Baixo Iguaçu e a existência de outros pontos turísticos nos municípios da área deinfluência (ver Diagnóstico, capítulo IX, item 3.6), poderá compensar as conseqüências

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negativas do empreendimento apontadas acima, desenvolvendo, em parceria, umprograma de desenvolvimento turístico para os municípios da área de influência.

2.24.3 - Procedimentos

Os procedimentos a serem observados para o desenvolvimento deste programa são:

- Identificar parceiros para desenvolver e propor projetos de desenvolvimento turísticonos municípios da área de influência (sugerem-se as prefeituras dos municípios daárea de influência, o SEBRAE-PR e o Programa Nacional de Turismo Rural naAgricultura Familiar, que faz parte do Programa Nacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar - PRONAF);

- Estudar as potencialidades turísticas locais, compatibilizando-as com ações deconservação ambiental bem como as diretrizes do plano de manejo do ParqueNacional do Iguaçu, para sua área de entorno;

- Estudar as potencialidades do desenvolvimento do turismo do lado da oferta, ou seja,os empresários potenciais para investimentos na região, incentivando oempreendedorismo dos moradores locais, e do lado da demanda, identificando opúblico de consumidores e usuários dos serviços e atrativos turísticos;

- Formular projetos de desenvolvimento turístico que poderão ser desenvolvidos nosmunicípios da área de influência;

- Divulgar e debater os projetos junto à população dos municípios da área de influência,a fim de eleger os que serão implantados e dar-lhes forma final;

- Identificar interessados em participar da implementação dos projetos dedesenvolvimento turístico escolhidos;

- Implantar, em parceria com os municípios atingidos, os projetos escolhidos.

2.24.4 - Prazo de execução

Durante o planejamento, a construção e a operação da UHE Baixo Iguaçu, de forma aserem propostas medidas de desenvolvimento do turismo na fase de planejamento econstrução, e implantadas quando da formação do reservatório.

2.24.5 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor, sendo recomendável oestabelecimento de parcerias com os municípios atingidos, ouvindo-se os interesses dascomunidades locais bem como da administração do Parque Nacional do Iguaçu.

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2.25 - Programa de prospecção arqueológica intensiva

2.25.1 - Objetivos

São objetivos deste programa:

- levantar, com razoável grau de certeza, a quantidade e diversidade de sítiosarqueológicos existentes na área de influência direta do empreendimento, tantoaflorados em superfície quanto enterrados no subsolo;

- obter informações relativamente aos sítios arqueológicos, que permitam estimar, comrazoável grau de confiabilidade, os seguintes aspectos: limites espaciais de cada sítio;densidade e diversidade da cultura material presente em cada sítio; profundidade eespessura da camada arqueológica de cada sítio; estado de conservação de cadasítio; implantação dos sítios na paisagem;

- a partir dos dados acima, detalhar o programa de resgate arqueológico que, no EIA,apenas pode ser esboçado em linhas gerais.

2.25.2 - Justificativa

O levantamento arqueológico feito para o EIA da UHE Baixo Iguaçu foi realizado de formaextensiva e oportunística, uma vez que sua finalidade era avaliar o potencial arqueológicoda área e identificar os possíveis impactos do empreendimento sobre o patrimônioarqueológico regional. Como os impactos sobre os bens arqueológicos são semprelocalizados, faz-se mister localizar efetivamente os bens em risco, antes daimplementação de qualquer tipo de ação que possa interferir com esses bensarqueológicos. Para isso, é fundamental um levantamento sistemático, que não privilegiedeterminados ambientes, mas busque verificar que tipos de vestígios arqueológicosencontram-se associados aos diversos tipos de ambientes existentes na área de estudo.

O Programa de Prospecções Arqueológicas Intensivas é uma exigência da PortariaIPHAN 230/2002 para a concessão de LI aos empreendimentos potencialmentecausadores de impactos aos bens arqueológicos. Sua correta execução é uma forma deobtenção de parâmetros quantitativos e qualitativos seguros para o detalhamento dofuturo programa de resgate arqueológico a ser implantado.

2.25.3 - Procedimentos

São procedimentos deste programa:

- contratação de um arqueólogo responsável, que terá a seu cargo solicitar a permissãode pesquisa arqueológica ao IPHAN (conforme exige a Lei 3924/61) e montar a equipetécnica que participará da execução do programa;

- elaboração de projeto de pesquisa científica a ser apresentado ao IPHAN, paraobtenção da permissão de pesquisa acima mencionada, nos termos da PortariaIPHAN 07/88;

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- levantamento de campo sistemático e intensivo, com sondagens no subsolo (comoexige a Portaria IPHAN 230/2002), de preferência utilizando como método aamostragem estratificada da área de estudo, de modo a que todos os tipos de sítioscorrelacionados com os diversos estratos paisagísticos tenham igual probabilidade deserem percebidos e registrados pelo arqueólogo (a respeito, ver Hester et al, 1997;Ferdière, 1998 e Orton, 2000);

- coleta sumária de material arqueológico nos sítios, devidamente controlada eregistrada, de caráter comprobatório e com a finalidade de permitir inferênciaspreliminares sobre a diversidade de sítios que ocorre na região;

- coleta de algumas amostras para datação por termoluminescência ou C14, de modo afornecer alguns dados preliminares sobre a cronologia de ocupação da área deestudo;

- curadoria e análise, em laboratório, do material arqueológico coletado em campo;

- envio das amostras coletadas para datação aos laboratórios especializados;

- a partir dos resultados das atividades acima, detalhamento do programa de resgatearqueológico, de preferência já definindo as principais problemáticas arqueológicasque podem ser respondidas pelas pesquisas na área, inclusive quanto à inter-relaçãoentre os sítios indígenas e os sítios históricos estudados pela equipe por elesresponsável.

2.25.4 - Prazo de execução

Seis meses (três para campo e três para laboratório).

2.25.5 - Agente executor

Este programa deverá ser implementado pelo empreendedor.

2.26 - Programa de resgate arqueológico

2.26.1 - Objetivos

São objetivos do programa de resgate arqueológico:

- compensar a destruição física dos sítios arqueológicos através da produção deconhecimento sobre eles e, assim, incorporar o conhecimento produzido à MemóriaNacional;

- Produzir conhecimento sobre os padrões de assentamento específicos de cadapopulação indígena que ocupou a área de estudo;

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- Identificar as especificidades culturais das diversas populações indígenas queocuparam a área de estudo;

- Inserir os sítios arqueológicos identificados numa cronologia regional;

- Analisar os indícios de interação entre as diversas populações indígenas queocuparam a área de estudo no passado;

- Verificar as alterações produzidas nos padrões de assentamento, demografia e traçosculturais das populações indígenas, em virtude do contato com o colonizador europeu.

2.26.2 - Justificativa

Conforme entendimento internacional, os bens arqueológicos constituem legado dasgerações passadas às gerações futuras, não tendo as gerações presentes o direito deinterromper sua trajetória natural, subtraindo a herança aos seus legítimos herdeiros. NoBrasil, para impedir que isto se faça, são os bens arqueológicos considerados bens daUnião, cfe. Art. XX da Constituição Federal do Brasil. Além disso, são protegidos por leiespecífica (Lei 3.924/61), que obriga seu estudo antes de qualquer obra que possa vir adanificá-los.

No caso específico da UHE Baixo Iguaçu, qualquer dano aos bens arqueológicos locais épotencializado pelo fato de que o Rio Iguaçu tem sido alterado por várias barragens, como conseqüente desaparecimento de inúmeros sítios arqueológicos num momento em quea arqueologia começa a reinterpretar os processos do povoamento pré-colonial do Brasilmeridional, buscando compreender a organização sócio-cultural dos antepassados daspopulações de língua Jê e Guarani do Sul e suas interrelações.

2.26.3 - Procedimentos

Os procedimentos a serem seguidos são:

- contratação de um arqueólogo responsável, que terá a seu cargo solicitar a permissãode pesquisa arqueológica ao IPHAN (conforme exige a Lei 3924/61) e montar a equipetécnica que participará da execução do programa;

- elaboração de projeto de pesquisa científica a ser apresentado ao IPHAN, paraobtenção da permissão de pesquisa acima mencionada, nos termos da PortariaIPHAN 07/88;

- seleção dos sítios arqueológicos a serem objeto de escavações sistemáticas,utilizando critérios de significância científica, ou seja, o potencial de cada sítio paraesclarecer os processos sócio-culturais pretéritos dos quais eles restaram comotestemunhos materiais;

- escavação sistemática dos sítios selecionados, em intensidade compatível com o tipoe grau de informação que se pretende obter de cada sítio;

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- coleta de amostras para datação por termoluminescência ou C14 de todos os sítiosselecionados para escavação sistemática;

- envio das amostras coletadas para laboratórios especializados em dataçãoarqueológica;

- curadoria e análise, em laboratório, do material arqueológico coletado;

- sistematização e interpretação dos dados de campo e laboratório;

- divulgação da pesquisa junto às comunidades regionais;

- divulgação das pesquisas junto à comunidade científica nacional, através departicipação da equipe técnica em simpósios especializados e publicação dosresultados das pesquisas, em papel e meio eletrônico.

2.26.4 - Prazo de execução

18 meses, com início antes das intervenções das obras.

2.26.5 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor.

2.27 - Programa de valorização do patrimônio arqueológico e histórico-cultural

2.27.1 - Objetivos

- Extroverter às comunidades lindeiras os conhecimentos produzidos sobre o patrimôniocultural regional, promovendo sua valorização e a adoção de atitudespreservacionistas positivas;

- Esclarecer as comunidades de alguma maneira envolvidas com a UHE Baixo Iguaçusobre o significados dos bens culturais regionais, materiais e imateriais;

- Sensibilizá-las sobre a importância de preservar os bens culturais regionais;

- Fomentar as iniciativas locais e regionais de promoção e defesa dos bens culturaisregionais;

- Incentivar a formação de agentes locais de preservação do patrimônio culturalregional, de modo a que eles possam atuar no sentido de prevenir danos aos bensarqueológicos e históricos que ocorrerão de forma indireta, na fase de operação usina,devido às inevitáveis alterações causadas pelo reservatório no processo de uso eocupação do solo em seu entorno e proximidades;

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- Capacitar os professores da rede escolar regional a explorar e valorizar os bensculturais regionais, inserindo-os em seu planejamento como atividades paradidáticascomplementares ao ensino básico e secundário.

2.27.2 - Justificativa

Os bens culturais são os elementos definidores das identidades sociais. Portanto, suadescaracterização constitui um grande impacto sócio-cultural e a única maneira depreveni-la ou revertê-la consiste em fomentar sua valorização.

2.27.3 - Procedimentos

São procedimentos a serem adotados:

- Identificar, em campo, as fontes históricas orais, as lideranças locais, os formadoreslocais de opinião e os espaços locais propícios a sediar atividades de divulgação e deeducação patrimonial;

- Elaborar um estudo prévio de percepção do patrimônio cultural, cujos resultadosfundamentarão as estratégias a serem adotadas pelo programa;

- Coletar, registrar e organizar as informações históricas orais; criar arquivos impressos,iconográficos, gravados e filmados sobre os bens culturais regionais e montar kitsrepresentativos dos bens arqueológicos regionais;

- Estabelecer estratégias de divulgação e fomento dos bens culturais regionais, usandocomo apoio o material acima relacionado e as possibilidades oferecidas pela mídialocal e regional;

- Elaborar cartilhas sobre a cultura regional, material e imaterial, passada e presente,para uso dos professores e alunos;

- Organizar oficinas com os professores da rede escolar, para prepará-los para o uso domaterial para-didático produzido;

- Elaborar um estudo de percepção do patrimônio cultural final, para avaliar a evoluçãodessa percepção e a alteração das atitudes individuais e sociais relativas aopatrimônio cultural regional após a implantação do programa;

- Promover o intercâmbio entre a equipe responsável pelo Programa de ValorizaçãoPatrimonial e as equipes responsáveis pelos programas de educação ambiental e decomunicação social, de modo a integrar os esforços dos programas responsáveis pelofortalecimento do espírito de cidadania entre as comunidades regionais;

- Divulgar os resultados do programa em simpósios e artigos especializados emeducação ambiental e em patrimônio arqueológico, histórico e cultural.

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2.27.4 - Prazo de execução

18 meses.

2.27.5 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor.

2.28 - Plano ambiental de conservação e uso do entorno do reservatório

2.28.1 - Objetivos

São objetivos deste programa:

- O atendimento da resolução Conama 302/2002;

- A elaboração das diretrizes de disciplinamento do uso e ocupação do entorno doreservatório;

- A contribuição para a manutenção da qualidade ambiental do reservatório e de seuentorno;

- A adequação dos usos do reservatório as diretrizes do Plano de Manejo do ParqueNacional do Iguaçu.

2.28.2 - Justificativas

Em função da formação do reservatório da UHE Baixo Iguaçu, mesmo considerando suapequena área inundada, de 13 km², novos usos para o seu entorno serão favorecidos. Ésabido que a implantação de reservatórios atrai atividades ligadas ao turismo e aocupações ribeirinhas nem sempre condizentes com os objetivos de conservaçãoambiental.

Desta forma, será necessário que sejam planejadas e implementadas diretrizes para aocupação do entorno do reservatório e a implantação de sua faixa de preservaçãopermanente, conforme preconizam as resoluções do Conama.

Este programa justifica-se ainda pela determinação da resolução 302 de 2002 doConama, que indica a necessidade de se propor um plano de uso e ocupação do entorno.

2.28.3 - Procedimentos

A elaboração do plano ambiental de conservação e uso contemplará 4 etapas principais,descritas a seguir.

a) Consolidação do diagnóstico ambiental da área de influência

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Esta atividade consistirá na atualização das informações do diagnóstico ambiental da áreade influência direta, através da reunião dos diversos levantamentos gerados e a seremdesenvolvidos quando das etapas subsequentes do empreendimento.

A atualização das informações deverá voltar-se, inclusive, para os aspectos institucionaise legais pertinentes ao empreendimento e a região, mapeando os agentes interessados einseridos no planejamento dos recursos hídricos da área, bem como as questões legaiseventualmente criadas ou atualizadas.

Considerações a cerca do uso futuro dos recursos e o planejamento existente para aregião deverão ser igualmente abordadas, através de levantamentos específicos deplanos e programas voltados a Área. Incluem-se as propostas e planejamentos dasprefeituras municipais e de instituições como a Emater, o IAP, e o Parque Nacional doIguaçu.

Também serão consideradas as demandas das comunidades localizadas na área deinfluência do empreendimento, manifestadas através de suas lideranças Característicaseconômicas da ocupação do espaço determinadas pelos processos de formação históricada região também serão considerados.

b) Mapeamento da Sensibilidade Ambiental da Área de Influência Direta doempreendimento

Nesta etapa, já com as informações consolidadas, será elaborado um mapa desensibilidade ambiental da área de influência direta, que efetuará o cruzamento, atravésde técnicas de geoprocessamento, das seguintes informações principais, igualmenteanalisadas:

- Erodibilidade dos solos;

- Condições de relevo (declividade);

- Geologia;

- Aptidão agrícola;

- Recursos hídricos e qualidade das águas;

- Cobertura vegetal;

- Distribuição e ocorrência da Fauna

- Usos econômicos;

- Saneamento;

- Densidade populacional;

- Sistema viário

- Fatores de pressão antrópica sobre os recursos naturais;

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- Integração socioeconômica (estradas, acessos, ligação entre propriedades, povoadose estradas de maior porte);

- Áreas protegidas por lei.

O objetivo deste mapeamento será a visibilidade das áreas mais sensíveis do ponto devista ambiental, ou seja, aquelas onde as condições físicas, bióticas e socioeconômicaspressionam o ambiente de forma a reduzir sua qualidade e integridade ambiental. Alémdisso, poderão ser estabelecidas áreas prioritárias para conservação.

Este mapeamento terá como objetivo secundário, um pré-zoneamento da área deinfluência direta, subsidiando as propostas a serem contempladas no código dezoneamento do entorno do reservatório.

Deverão ser observados com maiores detalhes as áreas mais densamente ocupadas,especialmente o distrito de Marmelândia, em Realeza, localizado nas proximidades daponte sobre o rio Iguaçu, na PR-183.

c) Elaboração do código de zoneamento entorno do reservatório

Nesta etapa, será efetuada uma análise integrada do diagnóstico ambiental,considerando-se todos os aspectos do planejamento para a área. Serão definidas então,as categorias de uso dos solos, a partir dos usos atuais, potenciais e planejados. Dentreas categorias de uso passíveis de serem estabelecidas, podem ser citadas, a título deexemplo:

- Uso para conservação da biodiversidade;

- Áreas de recuperação ambiental;

- Uso Agrícola;

- Uso para silvicultura, reflorestamento;

- Usos para aquicultura;

- Uso para a pecuária de animais de pequeno porte (suínos, aves);

- Uso para a pecuária de animais de grande porte (bovinos, bubalinos);

- Uso recomendado para conservação ambiental;

- Usos residencial, comercial, institucional, educacional, religioso;

- Uso recreacional e turístico;

- Uso para veículos e circulação, dentre outros.

Uma vez definidas as categorias de uso, serão estabelecidos critérios de ocupação e dosusos definidos, de forma a se adotarem indicadores de saturação do espaço, no sentidode permitir o gerenciamento do processo de ocupação do mesmo.

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Especial atenção deverá ser dedicada ao distrito de Marmelândia, conciliando aspropostas de conservação do meio ambiente e de desenvolvimento desta comunidade.

Instituições como o Incra, DNER, Ministério da Agricultura, do Meio Ambiente, da Saúde,da Educação, Órgãos Ambientais e todas as legislações específicas que tratam doestabelecimento de padrões de qualidade deverão ser consideradas, de modo acompatibilizar o código de zoneamento do reservatório as demais legislações emetodologias adotadas. Assim sendo, deverão ser estabelecidos limites para ocupaçãodas áreas, como a capacidade de suporte a agropecuária, proximidade e distanciamentode determinadas estruturas a determinados fatores ambientais como rios e matas, “grade”de estradas, de critérios de qualidade para o uso do espaço, medidas a serem adotadaspara controle ambiental, dentre outros aspectos.

Serão estabelecidas ainda, as zonas de ocupação, mediante a sensibilidade ambiental decada zona. De fato, será dado especial enfoque a conservação ambiental, que nortearáos padrões esperados de ocupação, definidos a partir do estabelecimento das zonas.

Assim sendo, uma vez definidas as zonas, serão estabelecidos quais as categorias deusos permitidas em cada zona, considerando a otimização da conservação ambiental emcada uma.

Com o estabelecimento das categorias de uso e das zonas, será elaborado o mapa deZoneamento do Reservatório, onde as zonas e categorias estarão representadas porlegendas e cores específicas, consolidando os critérios estabelecidos no Código deZoneamento.

d) Redação do plano diretor

A partir do zoneamento e dos critérios de ocupação, será redigido o Plano Diretor, quecontemplará toda a descrição dos usos, zonas e dos critérios de ocupação.

O Plano Diretor apresentará ainda, o Diagnóstico Ambiental Consolidado, e estabeleceráos agentes atuantes na área do empreendimento e as principais responsabilidades decada um.

Deverá ser buscado o respaldo do Plano através de interfaces institucionais junto aosagentes mais diretamente envolvidos com o futuro reservatório, através de instrumentosque permitam o estabelecimento de compromissos, para com a implantação e odesenvolvimento do Plano.

2.28.4 - Prazo de execução

Este programa deverá ser iniciado juntamente com as obras e deverá estar concluídoantes da operação da usina.

2.28.5 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor.

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2.29 - Programa de gerenciamento ambiental

2.29.1 - Objetivos

Os objetivos do gerenciamento ambiental são:

- Acompanhar a implantação dos programas ambientais;

- Otimizar recursos humanos, materiais, financeiros e prazos de desenvolvimento dosprogramas;

- Promover a harmonia entre as ações propostas e entre as etapas do empreendimento;

- Promover os meios necessários para o alcance dos objetivos dos programaspropostos;

- Divulgar informações sobre o andamento das ações ambientais;

- Verificar a eficácia e a eficiência dos programas propostos;

- Implementar um sistema de informações geográficas (SIG).

2.29.2 - Justificativas

A implantação de empreendimentos de porte, como a UHE Baixo Iguaçu pressupõe aadoção de uma série de medidas e programas ambientais, que por sua vez, deverão sermelhor implementadas quando devidamente acompanhadas e gerenciadas em seuconjunto.

Ressalta-se que a revisão dos estudos de inventário do trecho do baixo Iguaçu resultaramna proposta de aproveitamento do potencial hidrelétrico, considerando-se diversoscritérios ambientais que resultaram no menor número possível de efeitos adversos.Apenas como ilustração, nos estudos de inventário da década de 1980, oempreendimento proposto, denominado UHE Capanema, atingia diretamente cerca de 17km² de terras dentro do Parque. A UHE Baixo Iguaçu não atinge áreas do Parque, maslocaliza-se próximo ao mesmo.

Tal proximidade reforça a necessidade de atenção e cuidados com as medidas decontrole, mitigação e compensação ambientais a serem implementadas, devendo seracompanhadas e gerenciadas de forma a promover o sucesso dos objetivos das medidaspropostas e torna-las visíveis a toda a comunidade. Assim, propõem-se este programa degerenciamento ambiental.

2.29.3 - Procedimentos

Deverão ser observados os seguintes procedimentos:

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- elaboração da matriz de compromissos, responsabilidades e atores sociais: para odesenvolvimento dos serviços de gerenciamento das ações e programas ambientais,será necessário repassar todas as propostas estabelecidas nos demais programasaqui constantes bem como os compromissos a serem assumidos pelo empreendedor;

- elaboração de metas: serão estabelecidas as metas a serem atingidas e quantificadas,considerando-se os prazos a serem assumidos, os compromissos a seremestabelecidos bem como sua compatibilização com a legislação ambiental, hierarquiainstitucional dos órgãos públicos, e as competências e responsabilidades doempreendedor. Para cada Programa Ambiental será estabelecida um conjunto demetas, passíveis de verificação;

- definição de rotinas de acompanhamento e verificação: esta atividade consistirá nadefinição da operecionalização do gerenciamento, fundamentando-se através dadefinição detalhada das ações a serem acompanhadas e as formas de verificação dasmesmas conforme constante dos programas ambientais, os objetivos alcançados, asdificuldades encontradas e eventuais necessidades de adaptação dos procedimentospropostos. Deverão ser propostas listas de verificação e checklist e indicadores dedesempenho;

- elaboração de sistemáticas de controle e apresentação de resultados: a sistemática decontrole corresponde aos procedimentos de aferição dos resultados em etapasintermediárias, ao longo do desenvolvimento das ações ambientais. Deverá ser capazde gerar informações úteis para as demandas relacionadas ao processo delicenciamento ambiental e de outros relacionamentos institucionais doempreendimento em diversas esferas governamentais e não-governamentais. Estaetapa deverá ser elaborada de acordo com a avaliação de alguns indicadores dedesempenho comparados as metas e prazos estabelecidos. Caberá portanto, umaavaliação mais acurada dos resultados, indicando-se as necessidades de correção ereforçando e valorizando os sucessos obtidos de modo a contribuir com a construçãoda imagem ambientalmente favorável do projeto;Implementação de um SIG com vistasa dar o suporte adequado à execução e acompanhamento de todos os programasambientais. Esse sistema deverá monitorar os resultados das medidas mitigadoras ecompensatórias sobre a qualidade ambiental da área de influência e propiciarinformações relevantes para a tomada de decisões, subsidiando os programasambientais propostos.

2.29.4 - Prazo de execução

Este programa deverá ser iniciado antes do início da construção do empreendimento.Durante a fase de operação deverão ser mantidas as ações de gerenciamento ambientalcomo um todo, com destaque para a articulação de ações de comunicação social,monitoramentos ambientais e atividades relacionadas com a implementação do planoambiental de conservação e uso do entorno de reservatório.

2.29.5 - Agente executor

Este programa deverá ser desenvolvido pelo empreendedor.

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DesenvixUHE Baixo Iguaçu

Meio AmbienteEstudo de Impacto Ambiental

Capítulo XIII- Prognóstico Ambiental

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9 de novembro de 2004

Elab.:CC/FAR/CGM

Verif.:CGM

Aprov.:JBCF

Final.

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Sumário p.

1 - A região sem o empreendimento ................................................................................... XIII - 3

2 - A região com o empreendimento................................................................................... XIII - 4

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Capítulo - XIII – Prognóstico ambiental

1 - A região sem o empreendimento

A qualidade ambiental futura da região, na hipótese de não implantação doempreendimento proposto, pode ser analisada sob dois cenários. O primeiro deles acenapara o uso do solo tal qual a situação presente, ou seja, intensivo. O diagnóstico do meiobiótico caracteriza bem a situação atual da região do baixo rio Iguaçu: a riqueza florísticae faunística só é sustentada pela presença do Parque Nacional do Iguaçu. O grau dedegradação ambiental decorrente de técnicas não conservativas de uso do solo, no qual amecanização da agricultura chega as margens do rio Iguaçu e de seus tributários,compromentendo a qualidade de suas águas e consequentemente a dinâmica dascomunidades aquáticas, ficou evidente nas análises realizadas para caracterização daárea.

Esta tendência é pessimista, com a piora progressiva da qualidade ambiental futuradevido a perda gradativa de ambientes e da riqueza de espécies pela super exploraçãodos recursos naturais, especialmente do Parque Nacional do Iguaçu. Neste cenário aexploração dos recursos naturais do Parque e de seu entorno continuariam acontecendotal qual a situação presente, dado que a referida unidade de conservação carece de umsistema de fiscalização eficiente e sofre com o isolamento provocado pelo efeito de “ilha”.A perda da biodiversidade poderia estar ocorrendo nos níveis genético e populacionais,com impacto direto sobre as comunidades e a paisagem.

Parte deste cenário já é visível e encontra-se em avançado desenvolvimento, jácomprometendo os níveis de organização da biodiversidade local. Basta observar osdiversos casos do não cumprimento da legislação ambiental federal, estadual e municipalem cada município da região. É possível notar que a faixa de vegetação permanente dorio Iguaçu e de seus tributários está muito aquém do determinado pela lei, quando existe.Também é possível verificar a pressão que o Parque Nacional do Iguaçu sofre do entorno,especialmente no que se refere a caça e o extrativismo e em particular, com a recorrenteameaça imposta pela abertura da “estrada do colono”.

Com relação aos recursos hídricos, os problemas já identificados de qualidade da águaem alguns tributários, tais como o rio Andrada e Monteiro, tendem a piorar, devido aosefluentes domésticos e agrícolas que são lançados sem nenhum controle, tratamento oumonitoramento.

Este não é um fenômeno local, e sim global, devido as tendências de crescimento dapopulação e de pressão sobre os recursos naturais. O processo de ocupação da regiãoteve, como um de seus desdobramentos, a utilização intensiva de seus recursos naturais,acarretando na modificação acentuada de suas características originais e resultando,entre outros aspectos, na fragmentação florestal atualmente vigente. As formaçõesflorestais estão hoje restritas na sua maioria, as áreas de reserva legal ou áreas depreservação permanente, além das unidades de conservação, como o Parque Nacionaldo Iguaçu.

Outro cenário possível, na hipótese de não implantação do empreendimento e possível deocorrer caso as políticas públicas de meio ambiente comecem a ser aplicadas na área de

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influência. Grande parte das Prefeituras dos municípios envolvidos possuem seus limitesterritorias dentro do Parque Nacional do Iguaçu. Este fato acarreta no repasse garantidode verbas com recursos do ICMS ecológico (Lei Complementar nº 59/91, conhecida comoLei do ICMS Ecológico) que podem (e devem) ser aplicadas na melhoria da qualidadeambiental futura da região. Assim, a presença do Parque é estratégica para a restauraçãode ambientes críticos, uma vez que este possui um Plano de Manejo, recentementerevisado, com diversos programas, subprogramas e projetos direcionados para o entorno.

Também contribuem para melhorar este cenário programas que o Governo do Estado doParaná está desenvolvendo nas principais bacias hidrográficas do estado. A bacia do rioIguaçu é contemplada no programa “Corredor de Biodiversidade do Rio Iguaçu”. Soma-sea intenção e ações concretas de várias prefeituras em desenvolver projetos derecuperação das microbacias do baixo Iguaçu, como verificado nos municípios deCapanema e Realeza.

Nesse caso dos recursos hídricos poderá haver uma melhoria deste cenário com aimplantação de sistemas de esgotamento sanitário, já planejados, tais como os dosmunicípios de Capanema e Realeza, cujo sistema de fossas sépticas atual, apresenta umquadro de saturação.

A questão da contaminação por defensivos agrícolas e fertilizantes, tem tambémapresentado um quadro de melhoria, com o emprego cada vez maior da agriculturaorgânica e de medidas de controle por parte do estado do Paraná.

Certamente estas políticas públicas deverão surtir efeitos a curto, médio e longo prazos.Assim, este cenário otimista considera a presença do Parque Nacional do Iguaçu comoum importante gestor da biodiversidade da região. Neste caso, o uso do Plano de Manejoda UC seria uma poderosa ferramenta para tomada de decisões de políticas públicas eprivadas, orientando o uso da zona de transição do entorno e assegurando a conservaçãodos recursos naturais da região. Assim, espera-se uma relação mais harmoniosa entre anatureza ainda conservada no Parque e nos remanescentes da região e a população quevive no entorno.

2 - A região com o empreendimento

O rio Iguaçu, desde a sua nascente até a sua foz, flui por um extenso percurso ao longodo qual sofreu e sofre as mais intensas e diferentes pressões.

Na sua bacia hidrográfica se verificam as mais diversas formas de exploração dos seusrecursos naturais, desde a exploração agrícola e processos de urbanização, até aexploração do seu grande potencial hidrelétrico.

A utilização desse potencial, com a implantação de várias usinas hidrelétricas provocouinclusive a fragmentação do rio e dos seus ecossistemas, e trouxe outras conseqüênciasnegativas importantes, como ocupação das margens dos reservatórios, algumas delasirregulares, e perdas de unidades florestais marginais (ripárias).

Da análise de sensibilidade ambiental pode-se perceber áreas sensíveis em dois tipos deregiões principais da bacia. Nas proximidades dos últimas remanescentes florestais, taiscomo o Parque Nacional do rio Iguaçu e a Serra da Boa Esperança (APA), e nas

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proximidades de grandes núcleos urbanos como a região metropolitana de Curitiba e domunicípio de Cascavel.

Os resultados dessa análise de sensibilidade ambiental evidenciaram impactosimportantes tais como, a degradação da qualidade da água, redução dos recursoshídricos superficiais, a alteração da dinâmica das comunidades aquáticas, perda deambientes e da riqueza de espécies.

A implantação de mais um empreendimento hidrelétrico neste cenário, aumentaria aindamais os processos de fragmentação, e alteração dos ecossistemas terrestres e aquáticos,de interferências em propriedades rurais, de ocupação das margens do futuroreservatório, além da possibilidade diversos fatores de pressão sobre as cidadespróximas, em relação aos seus equipamentos urbanos de saúde, segurança, educação,habitação e saneamento.

Deve-se destacar ainda a proximidade do Parque Nacional do rio Iguaçu, uma das áreasidentificadas como mais sensíveis, declarado como Patrimônio da Humanidade pelaUnesco em 1986, e que em 1999 foi incluído na Lista dos Patrimônios Naturais daHumanidade em Perigo.

Entretanto a alternativa de implantação do empreendimento pode ser encarada sob umoutro ponto de vista que poderá ser caracterizado pelo compromisso ético doempreendedor em contribuir com a conservação da natureza da região.

A primeira medida, já assinalada pelo projeto, é a de evitar qualquer intervenção noslimites do Parque Nacional, isto é, no rio Gonçalves Dias e no leito do rio Iguaçu que éparte integrante dessa unidade de conservação. È recomendável que se discuta umaregra de operação para a futura UHE Baixo Iguaçu que poderá incluir as usinas demontante, minimizando os efeitos de erosão de margens no rio Iguaçu a jusante doempreendimento.

Esse último aspecto relevante, diz respeito a alteração do regime hídrico com a operaçãoda usina. O impacto hoje observado se deve as oscilações de vazão, em horário de maiordemanda energética, que podem acarretar em variações de 500 a 1.500 m3/s em poucashoras, acarretando desbarrancamentos de margem, principalmente na estiagem quando orio está em níveis mais baixos, e maior transporte de sedimentos, inclusive na áreamarginal do Parque Nacional e propriedades ribeirinhas

Não se verificaram índices inadequados de qualidade água no reservatório da UHE SaltoCaxias e no trecho do rio Iguaçu à jusante dessa usina. Esta situação deve permanecer,com bons níveis de qualidade, e a exemplo dessa usina já implantada, sem perigo deeutrofização do futuro lago da UHE Baixo Iguaçu.

A tendência a médio e longo prazo é de melhoria da qualidade da água com a instalaçãode sistemas de tratamento de esgoto nas áreas urbanas, como vem ocorrendo na regiãometropolitana de Curitiba com o projeto de saneamento do Governo de Estado, oParanasan, já em fase final de implantação.

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Não são esperadas alterações significativas no microclima local, a exemplo do que jáocorre na região do reservatório da UHE Itaipu. No entanto para validar esta tendênciadeverá ser feito um monitoramento local.

A concretização dos investimentos na região promoverão o crescimento dos municípiosdurante a implantação das obras, mas por outro lado, poderão promover movimentosespeculativos, além da vinda de trabalhadores e contingente populacional superiores acapacidade de suporte e acomodação desses municípios. A experiência recente comaUHE Salto Caxias permitiu as lideranças municipais, uma melhor compreensão dasmudanças passíveis de ocorrência nos municípios, em geral, avaliada como benéfica,face a geração de empregos, a maior movimentação do comércio e serviços nas cidades.

Após a formação do lago e término da obra esses municípios deverão voltar a suaposição econômica antecedente às obras, mas, em função das medidas recomendadas,poderão ocorrer ganhos significativos, com o estímulo de atividades e vocações dosmunicípios, capacitação da mão-de-obra, ampliação de ações de educação ambiental,entre outros.

A implantação do Programa de Apoio aos Municípios, permitirá verificar as condiçõesatuais e futuras, e estabelecer as alternativas para minimizar o impacto junto à infra-estrutura e a economia desses municípios e potencializar os benefícios advindos doempreendimento.

A aquisição de faixa de proteção e implantação de revegetação das margens do futuroreservatório, além da elaboração do Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entornodo Reservatório, deverão garantir a recuperação da paisagem, contribuindo para apromoção de corredores ecológicos, e ordenamento das áreas marginais do futuro lago.

O Programa de Desenvolvimento Turístico, poderá aproveitar as atrações turísticas jápresentes e as potencialidades turísticas do futuro reservatório.

O empreendimento deverá fazer frente, de forma adequada, às indenizações ecompensações decorrentes das interferências causadas em 336 propriedades peloreservatório e faixa de preservação, pelo Programa de Remanejamento, além de projetare executar a recomposição da infra-estrutura comunitária melhorando os serviçosprestados pelas prefeituras.

A execução dos programas ambientais propostos, de monitoramento e compensação, emsintonia com as ações do Parque Nacional, governo do estado e prefeituras, além daimplantação dos Programas de Gerenciamento e Comunicação Ambiental, de formaparticipativa, darão agilidade aos processos de mitigação/ compensação, e deverãogarantir a qualidade ambiental futura à região do empreendimento.

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Desenvix S/AUHE Baixo Iguaçu

Meio AmbienteEstudo de Impacto Ambiental

Capítulo XIV - Glossário

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9 de novembro de 2004

Elab.:TLCC/FAR/CGM

Verif.:CGM

Aprov.:JBCF

Final.

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Sumário p.

1 - Glossário .........................................................................................................................XIV - 3

2 - Referências bibliográficas............................................................................................XIV - 12

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Capítulo - XIV – Glossário

1 - Glossário

Afiador – Sulco alongado existente em blocos rochosos, criados pelo atrito com outrosobjeto.

Alquil - Radical de uma estrutura química principal.

Aluviais. Grupo de solos sazonais, formada à custa de materiais de transporte e dedepósito relativamente recente (aluvião), caracterizado por ligeira modificação (ounenhuma) do material originário, devido aos processos de formação do solo. Também sediz aluvião e alúvio.

Anisotropia - Qualidade de uma substância ou sistema que apresenta em relação àdireção espacial. P.ex., os solos apresentam anisotropia, ou seja, suas propriedadesfísicas, químicas e mineralógicas, bem como suas características morfológicas não sãoidênticas em todas as direções.

Antrópico. Relativo à humanidade, à sociedade humana, à ação do homem. Termo decriação recente, empregado por alguns autores para a qualificar: um dos setores do meioambiente, o meio antrópico, compreendendo os fatores sociais, econômicos e culturais;um dos subsistemas do sistema ambiental, o subsistema antrópico. Refere-se á açãohumana sobre a natureza.

AP: antes de presente, sendo que, por convenção, considera-se o presente o ano de1950 DC.

Área cultural: área onde os dados arqueológicos, etnográficos e históricos sãocoincidentes.

Arquitetura vernácula: Edificação(ões) cujas características são de criação popular.

Artefato lítico: artefato feito de pedra.

Artefato: todo e qualquer objeto produzido pelo homem .

Assoreamento. Ato de encher, com sedimento ou outros materiais detríticos, uma baía,um lago, rio ou mar. Este fenômeno pode ser produzido naturalmente por rios, correntescosteiras e ventos, ou através da influência antrópica por obras de engenharia civil, taiscomo pontos e barragens. Deposição de sedimentos, tornando o local raso. Processo emque lagos, rios, baías e estuários vão sendo aterrados pelos solos e outros sedimentosneles depositados pelas águas das enxurradas.

Avifauna – Totalidade de espécies de aves de uma dada região.

Balanço hídrico. Método criado em 1955, e aperfeiçoado em 1957 por Thorntwaite &Mather, fundamentado na constatação empírica do ciclo hidrológico que, em síntese,pode ser explicado da seguinte maneira: a precipitação atmosférica é a fonte original da

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água que penetra e escoa sobre a superfície terrestre. Parte dessa água é utilizada pelasplantas, outra escoa para o lençol freático para, em seguida, evaporar-se ou ser em partereabsorvida pelo sistema do solo e das plantas. O mais simples dos métodos consiste emcomprar a quantidade de água recebida pelo ambiente através das chuvas com aquantidade perdida pela evapotranspiração.

Bentos - Conjunto de seres vivos associados ao fundo de um corpo d’água.

Bifacial: qualquer artefato trabalhado em ambas as faces .

Biocenose – É um conjunto de populações animais ou vegetais, ou de ambos, que vivemem um determinado local. Constitui a parte de organismos vivos de um ecossistema.

Biogeografia – Parte da Biologia que se ocupa do estudo da distribuição dos animais(zoogeografia) e dos vegetais (fitogeografia) pelas diversas regiões da Terra.

Bioindicadores. São espécies animais ou vegetais que indicam precocemente aexistência de modificações de um ambiente. São organismos que ajudam a detectardiversos tipos de modificações ambientais antes que se agravem e ainda a determinarqual o tipo de poluição que pode afetar um ecossistema.

Biomassa – Peso de matéria viva, normalmente expressa em peso seco, no todo ouparte de um organismo, população ou comunidade. Comumente apresentado em pesopor unidade de área, neste caso uma densidade de biomassa.

Biota - Flora e fauna de uma região.

Biótico. Relativo ao bioma ou biota, ou seja, ao conjunto de seres animais e vegetais deuma região. Referente a organismos vivos ou produzidos por eles. Por exemplo: fatoresambientais criados pelas plantas ou microrganismos.

Caducifólia – Diz-se dos vegetais que não se mantém verdes durante o ano todo,perdendo as folhas na estação seca ou inverno.

Calhaus – Fragmento de rocha dura; pedra solta, seixo.

Carga de fundo. Sedimento de granulação maior do que as cargas de suspensão ousaltação, transportado pela água corrente por mecanismos de arrastamento e derolamento.

Caulinita – Mineral monoclínico, silicato de alumínio hidratado, um dos principais mineraisde certas argilas.

Censo Demográfico: Verificação periódica das características de uma população,especialmente a contagem do seu número.

Cinegético - Relativo à caça.

Cites (Convention on International Trade in Endangered Species). ConvençãoInternacional sobre Comércio de Espécies Ameaçadas de Extinção. Tratado assinado porcerca de 80 países, desde 1973, proibindo o comércio internacional das 600 espécies

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mais raras de plantas e animais, e exigindo uma licença do país de origem para aexportação de 200 outras espécies.

Clímax. Fase final de sucessão de um ecossistema em que as comunidades de animais eplantas permanecem em estado relativo de estabilidade.

Cobertura vegetal. Termo usado no mapeamento de dados ambientais, para designar ostipos ou formas de vegetação natural ou plantada - mata, capoeira, culturas, campos etc,que recobrem uma certa área ou um terreno.

Coivara - Prática agrícola de origem indígena que consiste na queima da vegetação efertilização do solo com as cinzas.

Co-localizado: Relativo à ocorrência em um mesmo ponto de um território.

Coloidal – Da natureza da cola; gelatinoso; colóide.

Colóide – Sistema físico-químico que contém duas fases, uma das quais, a fase dispersa,está extremamente subdividida e imersa na outra, a fase dispersora.

Comunidade biótica, comunidade biológica. Um conjunto de organismos, em umecossistema, cuja composição e aspecto são determinados pelas propriedades doambiente e pelas relações de uns organismos com os outros. O componente biológico deum ecossistema.

Comunidades quilombolas ou quilombos: Espaços territoriais onde se concentravamescravos fugidos, a que se juntavam outros marginalizados pela sociedade colonialbrasileira. Remanescentes dessas aglomerações.

Contaminação. A ação ou efeito de corromper ou infectar.

Conurbação - Aglomerações urbanas contínuas que ultrapassam as fronteirasmunicipais.

Corredores ecológicos. Porções de ecossistemas naturais ou seminaturais que ligamunidades de conservação, possibilitando o fluxo de genes e o movimento da biota entreelas, facilitando a dispersão de espécies, a recolonização de áreas degradadas e amanutenção de populações que precisam, para sua sobrevivência, de áreas maiores doque as disponíveis nas unidades de conservação.

Corredores. Termo genérico para designar a ligação entre dois habitats ou ecossistemasque permite o trânsito de animais e amplia os habitats naturais.

Córtex: camada externa de alteração de uma rocha .

Cumuliforme - Todas as nuvens que possuem a palavra cumulus associada ao seunome (Cirrocumulus. Alto cumulus, Cumulus ou Cumulonimbus). Formam-se em equilíbrioinstável , sendo portanto turbulentas tanto dentro quando fora delas. Indicam InstabilidadeAtmosférica

DC: depois de Cristo.

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Decídua. Planta cujas folhas caem em certa época do ano. O termo também pode seraplicado à uma comunidade vegetal em que possuem espécies decíduas.

Defeso – Época do ano em que é proibido caçar ou pescar, a fim de proteger os ciclos dereprodução.

Deflúvio ou Escoamento Fluvial - Água corrente na calha de um curso d'água;Corresponde à quantidade total de água que alcança os cursos fluviais, incluindo oescoamento pluvial e a quantidade de água infiltrada no solo que se junta ao cursod'água.

Demográfico: Relativo a população.

Dinâmica populacional: Conjunto estruturado de mudanças sofridas por uma população,em determinados território e espaço de tempo.

Dique - Obstáculo artificial constituído de terra, pedra ou concreto, construído pararepresar um rio; estrutura construída a partir das margens de um curso d'água,transversalmente à corrente.

Distrófico – O que é pobre em nutrientes; Solo que apresenta no horizonte B baixasaturação de bases.

Ecótono - Zona de contato ou transição entre duas formações vegetais comcaracterística distintas.

Eluviação – Movimento descendente de soluções várias, ou suspensões coloidais, numsolo.

Endêmico - Táxon nativo e restrito a determinada área geográfica.

Enfiteuse - Aplicável somente a imóveis, consiste em decadência de uso privativo debem público na instituição de um direito real de uso, posse, gozo e relativa disposiçãosobre bem público em favor de um particular. O Estado, denominado senhorio direto ouenfiteutador, mantem o domínio direto enquanto que o particular, denominado foreiro ouenfiteuta, tem o domínio útil. O enfiteuta tem o direito de gozar e fruir do imóvel demaneira mais completa, inclusive transmití-lo por atos intervivos ou testamentários.

Enrocamento - Estrutura de contenção ou proteção, construída com blocos de rocha.

Entrevista semi estruturada: Entrevista que se realiza, seguindo um roteiro flexível.

Epidemiológica: Referente à freqüência estatística da ocorrência de uma enfermidade.

Epifauna - Designativo dos animais que vivem na superfície de um substrato.

Epífita - Termo utilizado para designar as espécies vegetais que utilizam outras espéciescomo suporte, não caracterizando uma relação de parasitismo e sim uma variação docomensalismo (i.e., inquilinismo).

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Espécie exótica. Espécie introduzida fora de uma área de ocorrência original. Espéciepresente em uma determinada área geográfica da qual não é originária

Espécie indicadora. Aquela cuja presença indica a existência de determinadascondições no ambiente em que ocorre

Espécie migratória. Espécie de animal que se desloca de uma região para outra, quasesempre com regularidade e precisão espacial e temporal, devido ao mecanismo instintivo.

Espécie nativa. Espécie que ocorre naturalmente na região.

Estratigrafia: conjunto dos estratos ou camadas que aparecem superpostos num sítioarqueológico

Eutrófico – O que é rico em nutrientes; Que possui concentrações de nutrientes emníveis ótimos ou quase, para crescimento de plantas ou animais.

Eutrofização – Aumento de nutrientes que alimentam o crescimento vegetal (comofosfatos) nos corpos d'água, resultando na proliferação de algas e bactérias podendolevar a um desequilíbrio ambiental pelo consumo excessivo do oxigênio presente na água.

Evapotranspiração - quantidade de água transferida do solo à atmosfera por evaporaçãoe transpiração das plantas.

Fanerófito – Plantas cujas gemas se acham a mais de 25 cm do solo, como, porexemplo, as árvores.

Fitossociologia - a parte da ecologia que trata da composição, estrutura e classificaçãoda vegetação.

Fluxo demográfico: Deslocamento contínuo de populações de um ponto a outro doterritório.

Forrageamento. Ato de se alimentar.

Fronteira agrícola: Território em que existe de disponibilidade de terras para seremocupadas para atividades agropecuárias.

Gônada – Denominação genérica de cada uma das glândulas genitais ou sexuais.

Gradiente – Variação; taxa de variação.

Habitat – Local físico onde vivem os seres de determinada espécie.

Herpetofauna. Totalidade das espécies de répteis e anfíbios de uma região.

Higrófilo – O que vive em lugares abundantes de água.

Horizonte – Grupo de elementos ou técnicas que se distribuem espacialmente, em temporelativamente curto.

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Ictiofauna – Totalidade de espécies de peixes de uma dada região.

Insight: Percepção privilegiada

Intemperismo. Conjunto de processos mecânicos, químicos e biológicos que ocasionama desintegração e a decomposição das rochas.

Isoieta – Linha que une pontos de uma superfície de igual precipitação, para um dadoperíodo.

Isoietal – Referente à isoieta.

Isolamento geográfico. Condição em que duas populações se acham separadasfisicamente por alguma modalidade de barreira. Separação, por qualquer barreirageográfica, de organismos e populações, impossibilitando o cruzamento.

Jusante - Qualitativo de uma área que se localiza rio abaixo em relação à outra.

Lascamento unipolar: técnica em que a retirada de uma lasca de um fragmento derocha se dá através de um golpe num único ponto.

Lascamento: técnica (ou técnicas) de modificação de um fragmento de rocha por umgolpe de força e trajeto pré-determinados, de forma que se destaca um fragmento (lasca)de forma também pré-determinada .

Lêntica – Subdivisão dos ambientes de água doce, que compreende os ecossistemas deáguas paradas.

Limnologia –Estudo dos ambientes de água doce e de seus organismos.

Lótico – Subdivisão dos ambientes de água doce, que compreende os ecossistemas deáguas correntes.

Mastofauna – Totalidade de espécies de mamíferos de uma dada região.

Meroplanctônicos – Organismos que têm parte do ciclo de vida no plancton.

Microclima. Variação local de parâmetros climáticos, considerando-se pequenas áreas.

Migrante: Pessoa que se transfere para algum lugar diverso de onde reside, com ânimode ali permanecer definitivamente.

Montante - Qualitativo de uma área que se localiza rio acima em relação à outra.

Neobrasileira: tradição arqueológica caracterizada pela cerâmica confeccionada porgrupos familiares não indígenas, para uso doméstico, com características técnicas eestilísticas advindas do contato entre índios, europeus e negros.

Nicho ecológico. Conjunto de diversas variáveis ambientais relacionado a umadeterminada espécie.

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Nosologia - Parte da medicina que ocupa dos caracteres distintivos que permitem definircada doença (definição histórica, etiologia, sintomatologia etc).

Nosológico - Relativo à nosologia.

Núcleo: bloco de rocha preparado para que dele se possa retirar uma ou uma série delascas .

Obrajes: Fazendas organizadas para a extração e elaboração de matérias primas

Oligotrófico. Ambiente em que há pouca quantidade de compostos de elementosnutritivos de plantas e animais. Especialmente usado para corpos d´água em que hápequeno suprimento de nutrientes e daí uma pequena produção orgânica.

Parentela: Grupo de pessoas aparentadas entre si.

Patrimônio cultural edificado: Conjunto de edifícios de valor histórico e/ou arquitetônico.

Período pré-colonial: diz-se do período que antecede o contato das populações nativasda América com o colonizador europeu. Todos os sítios arqueológicos do Brasil anterioresa 1.500 AD são, portanto, pré-coloniais.

Pesquisa oportunística: diz-se da pesquisa que aproveita condições favoráveis deacesso e visibilidade do solo para o levantamento arqueológico.

Pesquisa sistemática: diz-se da pesquisa que levanta com igual intensidade e de formaregular toda a área de estudo.

Picaré - pesca artesanal realizada por dois ou mais homens. Com a utilização de umarede vertical de aproximadamente um metro e meio, presa por um bambu em ambas aslaterais, um homem segura um extremo no raso, enquanto o outro entra no mar ou no riopreparando o cerco e, no momento certo, ambos puxam a rede para a praia.

Plâncton – Conjunto de seres vivos, de dimensões microscópicas, que são arrastadospassivamente pelas correntezas dos rios e mares. É composto de algas, o fitoplâncton, ede pequenos animais, o zooplâncton.

Polidor – Marca, geralmente arredondada, existente em blocos rochosos criada peloatrito com outros objeto.

Pré-cerâmico: designação genérica para sítios de período anterior ao surgimento dacerâmica .

Prospecção – Simples localização e cadastramento de sítios arqueológicos. O mesmoque survey.

Raspador: utensílio de pedra com o bordo preparado para a função de raspar (madeira,osso, etc.).

Redução jesuítica: aldeamento onde os jesuítas reuniram diferentes grupos indígenas,para catequese.

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Rejuvenescimento. Recuperação do poder erosivo de um rio, graças ao abaixamento doseu nível de base, originando-se novo ciclo de erosão.

Remanescente ou fragmento florestal. São porções floresta, em qualquer estágio desucessão, que restaram após severo desmatamento ocorrido na região circunvizinha.

Sedimento – Todo tipo de depósito, mineral ou orgânico, que se originou do transporteefetuado pela água, ar ou gelo.

Serapilheira – Camada superficial dos solos, formada por restos vegetais (folhas, galhos,sementes, frutos etc) e restos animais em diferentes estágios de decompoisção..

Sesquióxido – Óxido em que a proporção de átomos de oxigênio para o outro elemento éde três para dois.

Simpatria - ato ou efeito de duas populações, de espécies diferentes, viverem numamesma área geográfica.

Sinergia – Fenômeno que ocorre quando a interação de duas causas provoca um efeitototal maior do que a soma do efeito das duas, agindo separadamente.

Sinúsia – Comunidade estruturalmente definida mediante a consideração das formas devida das espécies nela incluídas.

Sítio arqueológico: local onde se encontram restos de cultura passada .

Sotoposta - Posta por baixo.

Sucessional – Relativo à sucessão ecológica: sucessiva implantação de espécies numadeterminada área, resultando no gradativo aumento do número e da complexidade ouvariedade de indivíduos que compõe a comunidade biótica.

Talude - Superfície inclinada do terreno na base de um morro ou de uma encosta do vale.

Talvegue. Linha que se segue a parte mais baixa do leito de um rio, de um canal ou deum vale.

Táxon - Qualquer unidade taxionômica, sem especificação de categoria. Pode ser família,gênero, espécie, etc.

Taxonomia - Refere-se à descrição, nomeação e classificação dos organismos. É aciência de classificar organismos vivos.

Taxonômico – Relativo à taxionomia (sistemática, ciência das classificações).

Terra indígena: Espaços territoriais ocupados tradicionalmente por grupos indígenas, quelhes são reconhecidos pelo Estado, que demarca esse espaços, para que os ocupemdefinitivamente.

Tortuais - Disco que se adapta ao fuso para o fazer girar.

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Tradição arqueológica: uma seqüência de estilos ou culturas que se desenvolvem notempo, partindo uns dos outros, e formam uma continuidade cronológica .

Tupi-guarani: família lingüística.

Tupiguarani: tradição arqueológica caracterizada principalmente por cerâmica comdecoração pintada policrômica (vermelho e ou preto sobre engobo branco e ou vermelho)ou plástica e por enterramentos secundários em urnas.

Urna funerária: vasilha de grandes dimensões, em cujo interior são depositados restoshumanos.

Vetor – O mesmo que transmissor. Organismo que se presta para o contágio de certasdoenças entre indivíduos.

Voçoroca - Escavação profunda natural ou induzida, podendo atingir centenas de metrosde extensão e dezenas de profundidade. Pode ocorrer de duas formas: através daevolução das erosões em sulco, ao se alargarem e se aprofundarem; e atratravés docolapso do teto, em áreas onde o escoamento subsuperficial provoca a formação dedutos em subsuperfície devido a dissolução dos minerais, criando espaços vazios nointerior do solo.

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2 - Referências bibliográficas

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