uepa · web viewpois, de acordo com grymuza e rêgo (2014), para leontiev, o desenvolvimento do...

17
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES PARA O ENSINO DE ANÁLISE COMMBINATÓRIA ACYLENA COELHO COSTA 1 JORGE FELIPE GONÇALVES DA SILVA 2 TATIANA LEÃO VALDARES CARDOSO 3 RESUMO A Análise Combinatória visa desenvolver métodos que permitam contar o número de elementos de um conjunto, sendo estes agrupamentos formados sob certas condições, a mesma permite também que se realize contagem de elementos de um conjunto, sem a necessidade de enumerá-los, e também contribui para o desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos. Porém, as pesquisas realizadas revelam que os alunos enfrentam muitas dificuldades na aprendizagem desse conteúdo, um dos motivos é que os mesmos apenas memorizam fórmulas, que não possuem significados para eles. Assim o objetivo desse minicurso é apresentar uma sequência de atividades voltadas para o ensino de tópicos de análise combinatória, a saber princípio fundamental da contagem (PFC), permutação, arranjo e combinação simples. Este minicurso apresentará, para discentes e docentes interessados no ensino e aprendizagem desse 1 Universidade do Estado do Pará, Doutora em Educação Matemática, [email protected] 2 Universidade do Estado do Pará, discente do curso de Licenciatura em Matemática, [email protected] 3 Universidade do Estado do Pará, discente do curso de Licenciatura em Matemática, [email protected] XXII Semana Acadêmica do CCSE/UEPA. “O que será o amanhã: escola, universidade e cidadania”. Belém, v.xx, n.xx, p. xxx xxx, mês/mês. 2017 http://ccse.uepa.br/ccse /anais e-ISSN: 2237-9320

Upload: others

Post on 31-Dec-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Uepa · Web viewPois, de acordo com Grymuza e Rêgo (2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e, portanto, a aprendizagem acontece por

SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES PARA O ENSINO DE ANÁLISE

COMMBINATÓRIA

ACYLENA COELHO COSTA1

JORGE FELIPE GONÇALVES DA SILVA2

TATIANA LEÃO VALDARES CARDOSO3

RESUMO

A Análise Combinatória visa desenvolver métodos que permitam contar o número de elementos de um conjunto, sendo estes agrupamentos formados sob certas condições, a mesma permite também que se realize contagem de elementos de um conjunto, sem a necessidade de enumerá-los, e também contribui para o desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos. Porém, as pesquisas realizadas revelam que os alunos enfrentam muitas dificuldades na aprendizagem desse conteúdo, um dos motivos é que os mesmos apenas memorizam fórmulas, que não possuem significados para eles. Assim o objetivo desse minicurso é apresentar uma sequência de atividades voltadas para o ensino de tópicos de análise combinatória, a saber princípio fundamental da contagem (PFC), permutação, arranjo e combinação simples. Este minicurso apresentará, para discentes e docentes interessados no ensino e aprendizagem desse conteúdo, cinco atividades que poderão ser desenvolvidas com alunos do segundo ano do ensino médio, e para alunos do ensino fundamental se forem feitas adaptações para a série destinada. O minicurso acontecerá em três encontros, sendo cada um com duas horas de duração. Para o desenvolvimento das atividades serão necessários materiais como: Mapa, folha de papel, caneta, cadeiras numeradas, Camisas não-numeradas, Papel cartão, canetas coloridas e tesoura. Entendemos que apresentar o conteúdo através de situações-problema torna o ensino mais fácil e agradável. A demonstração de fórmulas através da manipulação de situações também é um fator positivo, uma vez que o aluno conhece a origem dos algoritmos necessários para a resolução de problemas. Portanto esperamos com esse minicurso contribuir para o ensino aprendizagem do conteúdo de Análise Combinatória.

1Universidade do Estado do Pará, Doutora em Educação Matemática, [email protected] 2Universidade do Estado do Pará, discente do curso de Licenciatura em Matemática,

[email protected] do Estado do Pará, discente do curso de Licenciatura em Matemática,

[email protected]

XXII Semana Acadêmica do CCSE/UEPA. “O que será o amanhã: escola, universidade e cidadania”. Belém, v.xx, n.xx, p. xxx – xxx, mês/mês. 2017http://ccse.uepa.br/ccse /anais

e-ISSN: 2237-9320

Page 2: Uepa · Web viewPois, de acordo com Grymuza e Rêgo (2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e, portanto, a aprendizagem acontece por

Palavras-chave: Educação Matemática; Sequência de Atividades; Análise Combinatória.

INTRODUÇÃO

A Análise Combinatória visa desenvolver métodos que permitam contar o número de

elementos de um conjunto, sendo estes agrupamentos formados sob certas condições. De

acordo com Hazzan, “tais métodos podem parecer desnecessários quando trabalhamos com

problemas que envolvem número de elementos pequenos” (2010, p. 1). Porém, se o número

de elementos envolvidos for elevado, faz-se necessária a utilização de métodos especiais.

Em pesquisa realizada anteriormente, verificamos que os alunos possuem

dificuldades em questões de permutação, arranjo e combinação. Por meio de um teste

aplicado, percebemos que parte das resoluções estava incorreta por apresentar troca de técnica

para resolução das questões. Outro encontrado foi o de distorção em fórmulas. Autores como

Contessa et al. (2014), Pessoa (2009) e Teixeira et al. (2011), em seus trabalhos, observaram

dificuldades dos alunos em princípio multiplicativo e raciocínio combinatório.

A partir de estudos feitos por Vygotsky na década de 1930 em Moscou,

Leontiev desenvolveu a Teoria das Atividades, para buscar um caminho para a internalização

de conceitos através de atividades, pois acredita que o desenvolvimento do homem decorre

das atividades que ele realiza. O autor entende que o homem é um ser social e que, fora da

interação, nunca poderá desenvolver aquelas qualidades que surgirão como resultado de seu

desenvolvimento histórico e da humanidade. (GRYMUZA e RÊGO, 2014)

Em suma, o objetivo desse minicurso é apresentar uma sequência de atividades

voltadas para o ensino de tópicos de análise combinatória, a saber, Princípio Fundamental da

Contagem, permutação, arranjo e combinação simples. Pois, de acordo com Grymuza e Rêgo

(2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e,

portanto, a aprendizagem acontece por meio de atividades realizadas entre os indivíduos num

meio e entre o indivíduo e o objeto a ser aprendido. Cada atividade possui um objetivo, e é

este que impulsiona a ação do aluno, de forma que ele seja o responsável por sua

aprendizagem.

1. Metodologia

Neste minicurso nos propomos a apresentar uma sequência de atividades tomando

como base os estudos de Farias (2013) e Malagutti e Vazquez (2009), sobre tópicos de

Page 3: Uepa · Web viewPois, de acordo com Grymuza e Rêgo (2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e, portanto, a aprendizagem acontece por

Análise Combinatória. Afim de, contribuir para o ensino- aprendizagem dos alunos.

Produzimos uma sequência com cinco atividades, com uso de materiais concretos tais como

cartolina, papel A4, lápis, canetas coloridas e tesoura e objetos da própria sala de aula como

cadeiras e camisas.

As atividades abordam os conteúdos de Princípio Fundamental da Contagem (PFC),

Arranjo, Combinação e Permutação, partindo do conceito de PFC para ensinar os conceitos

dos demais conteúdos. As atividades são destinadas para alunos do 2° ano do Ensino Médio,

porém podem ser aplicadas com alunos do ensino fundamental, se for adaptada a série. O

minicurso acontecerá em três encontros, sendo cada um com duas horas de duração. As

atividades serão divididas da seguinte maneira:

1º dia: atividade 1- Analisando caminhos, Atividade 2- contando Caminhos;

2º dia: atividade 3- Quantos anagramas tem meu nome?, atividade 4- Formando

Equipes;

3º dia: atividade 5- Criando Jogos.

2. Sequência de atividades

A seguir apresentamos as atividades que serão desenvolvidas no minicurso.

Atividade 1- Analisando os caminhos

Objetivo: Verificar o raciocínio lógico-indutivo do aluno.

Material: Mapa, folha de papel e caneta.

Conceitos envolvidos: Princípio Fundamental da Contagem.

Procedimentos: O professor fornecerá ao aluno um mapa, em que haverá um rato e

um queijo. O aluno terá que analisar, individualmente, quantos trajetos diferentes existem

para o rato chegar onde está o queijo. Ele poderá, por exemplo, escolher uma via entre duas,

depois uma entre três, e assim por diante. Uma condição que deve ser respeitada é a de que o

rato nunca caminhe na direção oeste. Mapas distintos serão distribuídos aos alunos. Os alunos

deverão responder a seguinte questão: Quantos trajetos distintos o rato pode percorrer para

chegar onde está o queijo?Figura 1 – exemplo de mapa

Page 4: Uepa · Web viewPois, de acordo com Grymuza e Rêgo (2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e, portanto, a aprendizagem acontece por

Fonte: material do autor

Os alunos terão 20 minutos para resolverem atividade, em seguida apresentarão suas

respostas explicando como procederam para resolver a questão. Ao final o professor

formalizara o conceito de Princípio fundamental da contagem (PFC).

Formalizando: Princípio Fundamental da Contagem

Considere a seguinte situação: Arthur possui 3 camisas (vermelha, verde e amarela) e

2 calças (preta e marrom). De quantas formas distintas Arthur poderá se vestir?

Podemos definir com A e B o conjunto disponível de camisas e calças,

respectivamente. Em cada conjunto, Arthur fará uma escolha:

Camisa vermelha, verde ou amarela com calça preta: 3 possibilidades.

Camisa vermelha, verde ou amarela com calça marrom: 3 possibilidades.

3 + 3 = 3 . 2 = 6 possibilidades

2 linhas

Definição: sejam A e B dois conjuntos com elementos de naturezas distintas.

Se A tem m elementos e B possui n elementos, então o número de pares distintos que

podemos formar com um elemento de cada conjunto é o produto mn.

Sejam A, B e C são três conjuntos com elementos de naturezas distintas. Se A

tem m elementos, B possui n elementos e há p elementos em C, então o números de triplas

distintas que podemos formar com um elemento de cada conjunto é o produto mnp. E assim

por diante.

Atividade 2- Contando as possibilidades de grupos

Objetivo: calcular o número de possibilidades intuitivamente.

Material: Cadeiras numeradas, folha de papel e caneta.

Conceitos envolvidos: Permutação e Arranjo.

Page 5: Uepa · Web viewPois, de acordo com Grymuza e Rêgo (2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e, portanto, a aprendizagem acontece por

Procedimentos: Os alunos serão divididos em grupos de 4, 5 e 6 pessoas.

Inicialmente, cada grupo terá à disposição 2 cadeiras a mais em relação ao número de

integrantes. O professor selecionará um aluno de cada grupo e perguntará a ele quantas

cadeiras tem à disposição para se sentar. Depois, fará o mesmo com os outros até que todos

estejam sentados. Será solicitado aos alunos que realizem trabalho em grupo e calculem o

número de maneiras distintas de posicionamento dos alunos em sala.

Em seguida, será retirada uma cadeira de cada grupo e o procedimento será repetido.

Mais uma vez, os alunos terão que calcular o número de possibilidades. Depois, mais uma

cadeira será retirada e não haverá sobra. Os alunos deverão calcular novamente o número de

possibilidades. Então, poderemos estabelecer os conceitos de arranjo e permutação,

mostrando aos alunos as definições e fórmulas referentes a esses tópicos

Formalizando: Arranjo

Imaginemos a seguinte situação: 8 alunos concorrem a duas vagas para intercâmbio,

sendo uma para o Japão e outra para Canadá. Cada aluno só pode ficar com uma vaga. De

quantas formas dois alunos podem ser selecionados para as viagens?

Vamos chamar de F o conjunto de alunos. Para uma das viagens, há 8 candidatos. O

escolhido para a primeira viagem não poderá concorrer à segunda, que é disputada pelos

outros 7 postulantes. Portanto, o total de possibilidades é de 8 . 7 = 56. Esse é um caso de

cálculo do número de arranjos de 8 elementos tomados 2 a 2

Definição: seja M um conjunto de n elementos. Chamamos de arranjo de n elementos

tomados p a p a qualquer sequência de p elementos (n ≥ p) formada por elementos de M,

todos distintos. Calculamos o número de arranjos de n elementos selecionando p elementos

através da seguinte fórmula:

An,p = n . (n – 1) . ... . 3 . 2 . 1

p elementos

Com o auxílio de fatorial, podemos simplificar a fórmula de arranjo:

An,p = n!

(n−p )!

Permutação: é um caso particular de arranjo, onde calculamos o número de

sequências com todos os elementos do conjunto, ou seja, n = p.

Exemplo: 5 pilotos disputam uma corrida. De quantas maneiras distintas pode ficar a

classificação ao final da corrida?

Page 6: Uepa · Web viewPois, de acordo com Grymuza e Rêgo (2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e, portanto, a aprendizagem acontece por

Existem 5 candidatos ao primeiro lugar, 4 candidatos ao segundo, 3 ao terceiro, 2 ao

quarto e o último ficará em quinto. Logo, são 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 possibilidades diferentes.

O cálculo do número de permutações, pode ser feito através da fórmula:

An,n = Pn = n!

Atividade 3- Quantos Anagramas tem meu nome?

Objetivo: diferenciar permutações com elementos repetidos e sem elementos

repetidos.

Material: Folha de papel e caneta.

Conceitos envolvidos: Permutação e Permutação com elementos repetidos.

Procedimentos: a turma será dividida em dois grupos, o primeiro grupo será composto

por alunos que não possuem letras repetidas no primeiro nome, e o segundo com alunos que

possuem letras repetidas no primeiro nome. Será apresentado, o conceito de anagrama, e os

alunos deverão calcular o número de anagramas existentes para seu nome.

Os alunos sem letras repetidas no primeiro nome apresentarão suas resoluções. Em

seguida, verificaremos as respostas dos alunos com letras repetidas. Ao notarmos que existem

algumas diferenças, será perguntado a todos os alunos por qual motivo isso ocorre, exemplo:

“Se os nomes JORGE e JOANA possuem 5 letras, por que o número de anagramas de cada

nome não é o mesmo? ”.

A resolução: JORGE possui 5 letras distintas, enquanto JOANA tem 5 letras, sendo

que a letra A repete duas vezes. O número de anagramas para JORGE é P5 = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 =

120. Contudo, JOANA possui menos possibilidades. Vamos calcular P5 e representar uma das

letras A com a notação A*. Contudo, vemos que JOANA* = JOA*NA, JONAA* = JONA*A,

A*JONA = AJONA*, etc. Para cada duas possibilidades, existe apenas uma. Logo, dividimos

P5 por 2!. “Joana” tem 60 anagramas.

Outra situação: Quantos números distintos podemos formar com os algarismos de

1.234 e com os algarismos de 1.444? Os alunos deverão calcular e depois o professor

apresentará a resposta. O número de números formados a partir de 1.234 é P4 = 24, pois todos

os números são diferentes. Mas 1.444 possui três vezes o algarismo 4. Vamos representar os

algarismos de 4 com a notação 4* e 4**. Temos, então, que:

1.44*4** (1) = 1.44**4* (2) = 1.4*44** (3) = 1.4*4**4 (4) = 1.4**4*4 (5) = 1.4**44* (6)

Logo, 6 possibilidades tornam-se uma só. Então, temos P4 = 24 /6= 4.

Page 7: Uepa · Web viewPois, de acordo com Grymuza e Rêgo (2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e, portanto, a aprendizagem acontece por

Ao final apresenta-se a definição e a fórmula de permutação com repetição. Devido à

complexidade do conteúdo, iremos aplicar uma atividade e reforçar a ideia com resoluções de

questões.

Formalizando: Permutação com repetição

Calcularemos o número de anagramas para a palavra “ana”. Será utilizada a notação

A*.

ANA* (1), A*NA (2), NAA* (3), NA*A (4), AA*N (5), A*NA (6)

Sem letras repetidas, o número de anagramas seria P3 = 6, porém (1) = (2), (3) = (4) e

(5) = (6). Logo, não temos 6, mas sim 3 anagramas.

Se temos um conjunto M com n elementos onde duas letras são iguais entre si

(“ANA”, por exemplo), então o número de permutações é Pn2 = n!2! .

Se temos um conjunto M com n elementos onde três letras são iguais entre si

(“CABANA”, por exemplo), então o número de permutações é Pn3 = n !3! .

Se temos um conjunto M com n elementos onde duas letras são iguais entre si e

outras três letras são iguais entre si (“BANANA”, por exemplo), então o número de

permutações é Pn2 ,3 =

n!2!3 ! .

Termo geral: se temos um conjunto M com n elementos, onde q elementos são iguais

entre si, outros r elementos são iguais entre si, outros t elementos são iguais entre si, etc.,

então, o número de permutações é dado pela fórmula:

Pnq , r ,…, t =

n !q !r !…t !

Atividade 4- Formando equipes.

Objetivo: Apresentar ao aluno o conceito de combinação e diferencia-lo de arranjo

Material: Camisas não-numeradas; folha de papel e caneta.

Conceitos envolvidos: Combinação e conjuntos.

Procedimentos: Os alunos serão divididos em grupos de 8. O professor ordenará,

então, que sejam formadas equipes de futebol a partir desses grupos. Inicialmente, cada grupo

receberá 8 camisas não-numeradas. O professor perguntará quantas equipes podem ser

Page 8: Uepa · Web viewPois, de acordo com Grymuza e Rêgo (2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e, portanto, a aprendizagem acontece por

formadas utilizando as camisas recebidas? Em seguida, o professor recolherá uma camisa de

cada grupo. Os alunos, que continuarão em grupos de 8 pessoas, terão que calcular quantas

possibilidades há de se formar um time com 7 jogadores a partir do grupo. Cada grupo deverá

anotas suas respostas.

A cada contagem, o professor recolherá uma camisa e o processo será repetido até

que os alunos tenham que calcular quantos times de 3 atletas podem ser formados em cada

grupo de 8. Ao final da atividade, o professor informará aos alunos que as camisas não são

numeradas para induzir o aluno à ideia de que a ordem não importa, mas sim o fato de o aluno

estar ou não na equipe. Em seguida, cada grupo apresentará as respostas que encontrou para

cada caso e as mesmas serão comparadas.

Formalizando: Combinação

Imaginemos a seguinte situação: Alex vai a um supermercado para comprar

refrigerantes. No supermercado há refrigerantes de 5 sabores diferentes: laranja, uva, guaraná,

limão e cola. Dos quais irá levar apenas 3 refrigerantes e que devem ser de sabores distintos,

de quantas formas ele pode escolher quais refrigerantes levar?

Consideremos A o conjunto dos sabores de refrigerantes disponíveis. Vamos

verificar os conjuntos de 3 elementos que podemos formar. Como se trata de, a ordem dos

elementos não importa.

Inicialmente, calculemos o número de possibilidades como se trabalhássemos

com arranjo. Há 5 possibilidades para o primeiro elemento, 4 para o segundo e outras 3 para o

terceiro. Logo, podemos formar 3! = 6 sequências diferentes com os três elementos

escolhidos. Entretanto, cada 6 sequências formadas a partir de cada trio de elementos será só

uma, pois, como já foi destacado, a ordem não importa. Logo, cada arranjo será dividido pelo

fatorial do número de elementos escolhidos.

Definição: seja M um conjunto de n elementos. Chamamos de combinação de

n elementos tomados p a p a qualquer conjunto de p elementos (n ≥ p) formado por elementos

de M, todos distintos. Calculamos o número de combinação de n elementos selecionando p

elementos através da seguinte fórmula:

Cn,p = n !

p ! (n−p ) !

Atividade 5- Criando Jogos

Page 9: Uepa · Web viewPois, de acordo com Grymuza e Rêgo (2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e, portanto, a aprendizagem acontece por

Objetivo: identificar a base de formação das peças de jogos.

Material: Papel cartão, canetas coloridas e tesoura.

Conceitos envolvidos: Princípio Fundamental da Contagem, Arranjo e Combinação.

Procedimentos: Os alunos serão divididos em 3 grupos. O primeiro deverá

desenvolver um baralho, o segundo irá criar um dominó com pedras de apenas uma cor e o

terceiro ficará responsável por um dominó com duas cores diferentes. As peças dos jogos

serão feitas de papel cartão. As canetas coloridas servirão para pintar pedras de dominós de

duas cores.

A equipe responsável pelo baralho deverá elaborar um baralho diferente do

tradicional, porém utilizando o mesmo princípio de formação. Nele, vamos considerar as

letras A, B, C, D, E e F, os números 1, 2, 3, 4, 5 e 6 e os naipes alfa, delta, ômega, pi e gama.

Assim como no baralho tradicional, as cartas terão número ou letra e naipe. As cartas devem

ser desenhadas em uma folha de papel e os alunos deverão informar quantas cartas distintas

foram produzidas e o conceito matemático utilizado para o cálculo.

Outas duas equipes formarão dominós nos moldes do tradicional, porém a equipe do

dominó de pedras de cor única irá considerar os números de 0 a 4 e a equipe do dominó de

pedras de duas cores formará peças com os números de 5 a 8. As pedras devem ser

desenhadas em uma folha de papel e, deverão informar quantas cartas distintas foram

produzidas e o conceito matemático utilizado para o cálculo. As equipes terão uma hora para

produzir os jogos. Cada uma deverá apresentar seus resultados. Após as apresentações, o

professor mostrará as leis de formação das peças dos jogos tradicionais e apontará diferenças

para os genéricos.

Sejam A o conjunto das letras e números das cartas de um baralho e B o conjunto dos

naipes. A possui 13 elementos e B tem 4. Cada carta possui um elemento de cada conjunto, o

que caracteriza PFC. São 13 elementos em A e 4 em B; portanto, um baralho possui 52 cartas

distintas (13 opções de elementos em A e 4 em B: 13 . 4 = 52). No caso do baralho genérico

produzido, são 12 opções de letras e números e 5 de naipes. Portanto, o baralho genérico

criado possui 60 cartas diferentes.

Seja M o conjunto de números representados em uma pedra de dominó. Como M tem

7 elementos e devemos selecionar 2 diferentes, exceto nos “carrões”, e a ordem na qual os

elementos estão dispostos não importa, as pedras com duas representações de números

distintos do dominó são criadas a partir de combinações de 7 elementos, tomados 2 a 2. Os

Page 10: Uepa · Web viewPois, de acordo com Grymuza e Rêgo (2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e, portanto, a aprendizagem acontece por

“carrões” fogem à regra, pois neles há repetição de números. Um dominó comum tem,

portanto, 28 pedras (C7,2, igual a 21, somada aos 7 “carrões”).

O dominó de pedras de cor única tem representações de 5 números distintos (0, 1, 2,

3 e 4). Como a pedra tem uma cor só, a ordem não importa. Logo, temos os carrões dos 5

números mais pedras com dois números diferentes (C5,2 = 10). São, portanto, 15 peças.

O dominó de pedras de duas cores tem representações de 4 números distintos (5, 6, 7

e 8). Como a pedra tem duas cores, a ordem importa. Logo, temos os 4 carrões somados às

pedras de dois números distintos (A4,2 = 12). Logo, temos 16 peças.

3. Considerações finais

Entendemos que apresentar o conteúdo através de situações-problema torna o

ensino mais fácil e agradável. Devido a isso, muitos alunos podem enxergar de uma forma

diferente a Matemática e, ao invés de tanto detestá-la, gostar de aprender. A demonstração de

fórmulas através da manipulação de situações também é um fator positivo, uma vez que o

aluno conhece a origem dos algoritmos necessários para a resolução de problemas.

Outro lado positivo de trabalhar com sequência de atividades é a ação do aluno.

Pois, ele participa ativamente e constrói a sua própria forma de pensar, tornando-se um ser

mais crítico e sendo capaz de avaliar eventuais erros nas resoluções de questões. A

diversidade de atividades é altamente recomendável tanto ao aluno quanto ao professor.

Portanto esperamos com esse minicurso contribuir para o ensino aprendizagem do conteúdo

de Análise Combinatória.

REFERENCIAS

CONTESSA, Nitiele Medeiros et al. Análise das dificuldades dos alunos do Ensino Médio em análise combinatória: anais da IV Escola de Inverno de Educação Matemática. Santa Maria, 2014. Disponível em: http://w3.ufsm.br/ceem/eiemat/Anais/arquivos/ed_4/RE/RE_CONTESSA_NITIELE_MEDEIROS.pdf. Acesso em 24 ago. 2016.

FARIAS, Fernando Ramos de. Uma sequência didática alternativa para o ensino de Análise Combinatória para o ensino de Análise Combinatória na Educação Básica . Belém, 2013. Disponível em: <http://bit.profmat-sbm.org.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/473/2011_00365_FERNANDO_RAMOS_DE_FARIAS.pdf?sequence=1>. Acesso em 13 dez. 2016.

GRYMUZA, Alissá Mariane Garcia. RÊGO, Rogéria Gaudêncio do. Teoria da Atividade: Uma possibilidade no ensino de Matemática. Revista Temas em Educação. João Pessoa, v.23, n.2, p.117-138, 2014.

Page 11: Uepa · Web viewPois, de acordo com Grymuza e Rêgo (2014), para Leontiev, o desenvolvimento do homem se dá pela realização de atividades e, portanto, a aprendizagem acontece por

HAZZAN, Samuel. Fundamentos de Matemática Elementar, 5: Combinatória, Probabilidade. 7. Ed. São Paulo: Atual, 2010,

MALAGUTTI, Pedro Luiz Aparecido; VAZQUEZ, Cristiane Maria Roque. Atividades experimentais de Análise Combinatória no Ensino Médio em uma escola estadual. São Carlos, 2009. Disponível em: <http://www.enrede.ufscar.br/participantes_arquivos/E5_Vazquez_TA.pdf>. Acesso em 12 dez. 2016.

PESSOA, Cristiane Azevêdo dos Santos. Quem dança com quem: o desenvolvimento do raciocínio combinatório do 2º do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009, 267 p.

TEIXEIRA, Leny Rodrigues Martins et al. Problemas multiplicativos envolvendo combinatória: estratégias de resolução empregadas por alunos do Ensino Fundamental público: Educar em Revista. Curitiba, n. Especial, p. 245-270, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/er/nse1/16.pdf>. Acesso em 31 ago. 2016.