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FUNDAMENTOS DE COMUNICAÇÃO SÉRIE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

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  • Fundamentos de ComuniCao

    srie AUTOMAO iNDUsTriAL

  • srie AUTOMAO iNDUsTriAL

    Fundamentos de ComuniCao

  • CONFEDERAO NACIONAL DA INDSTRIA CNIRobson Braga de AndradePresidente

    DIRETORIA DE EDuCAO E TECNOLOgIARafael Esmeraldo Lucchesi RamacciottiDiretor de Educao e Tecnologia

    SENAI-DN SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAgEM INDuSTRIAL

    Conselho Nacional

    Robson Braga de AndradePresidente

    SENAI DEPARTAMENTO NACIONALRafael Esmeraldo Lucchesi RamacciottiDiretor-Geral

    Gustavo Leal Sales FilhoDiretor de Operaes

  • Srie AUTOMAO iNDUSTriAL

    Fundamentos de ComuniCao

  • SENAIServio Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional

    SedeSetor Bancrio Norte . Quadra 1 . Bloco C . Edifcio Roberto Simonsen . 70040-903 . Braslia DF . Tel.: (0xx61)3317-9190 http://www.senai.br

    2012. SENAI Departamento Nacional

    2012. SENAI Departamento Regional do Rio Grande do Sul

    A reproduo total ou parcial desta publicao por quaisquer meios, seja eletrnico, mecnico, fotocpia, de gravao ou outros, somente ser permitida com prvia autorizao, por escrito, do SENAI Departamento Regional do Rio Grande do Sul.

    Esta publicao foi elaborada pela equipe da Unidade Estratgica de Desenvolvimento Educacional UEDE/Ncleo de Educao a Distncia NEAD, do SENAI do Rio Grande do Sul, com a coordenao do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distncia.

    SENAI Departamento NacionalUnidade de Educao Profissional e Tecnolgica UNIEP

    SENAI Departamento Regional do Rio Grande do SulUnidade Estratgica de Desenvolvimento Educacional UEDE/Ncleo de Educao a Distncia NEAD

    FICHA CATALOGRFICA

    S491f

    Servio Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional

    Fundamentos da comunicao / Servio Nacional de Aprendizagem

    Industrial Departamento Nacional, Servio Nacional de Aprendizagem Industrial.

    Departamento Regional do Rio Grande do Sul. Braslia : SENAI/DN, 2012.

    169 p. : il. ( Srie Automao Industrial)

    ISBN 978-85-7519-503-1

    1. Linguagem 2. Comunicao 3. Tecnologia da Informao I. Servio

    Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional do Rio Grande

    do Sul II. Ttulo III. Srie.

    CDU 811.134.3(81)36

    Bibliotecrio Responsvel: Enilda Hack- CRB 599/10

  • Lista de ilustraesFigura 1 - Linguagem culta e linguagem coloquial .............................................................................................17Figura 2 - Pases que falam a lngua portuguesa .................................................................................................18Figura 3 - Exemplos de grias .......................................................................................................................................20Figura 4 - Regionalismos ...............................................................................................................................................20Figura 5 - Etapas do pargrafo ....................................................................................................................................33Figura 6 - Perguntas para um relatrio.....................................................................................................................42Figura 7 - Capa ..................................................................................................................................................................84Figura 8 - Folha de rosto ................................................................................................................................................85Figura 9 - Barras e menus do Word ......................................................................................................................... 110Figura 10 - Localizao da rgua ............................................................................................................................. 111Figura 11 - Ferramentas de tabela .......................................................................................................................... 111Figura 12 - Guia dinmica design ............................................................................................................................ 111Figura 13 - Guia layout (tabela) ................................................................................................................................ 112Figura 14 - Guia formatar ........................................................................................................................................... 112Figura 15 - Guia cabealho e rodap ..................................................................................................................... 113Figura 16 - Adicionar legenda .................................................................................................................................. 114Figura 17 - ndice de ilustraes .............................................................................................................................. 115Figura 18 - Caixa do pargrafo ................................................................................................................................. 116Figura 19 - Barra de status com a opo seo ativa ....................................................................................... 117Figura 20 - Grupo fonte ............................................................................................................................................... 118Figura 21 - Grupo pginas ......................................................................................................................................... 119Figura 22 - Grupo estilos ............................................................................................................................................ 120Figura 23 - Modificar estilo. ....................................................................................................................................... 120Figura 24 - Zoom da janela ........................................................................................................................................ 120Figura 25 - Boto Office, opo imprimir ............................................................................................................. 121Figura 26 - Tela principal do MS Power Point ...................................................................................................... 123Figura 27 - Definindo layout da apresentao .................................................................................................. 124Figura 28 - Escolhendo um design apropriado ................................................................................................. 124Figura 29 - Salvando um design apropriado ...................................................................................................... 124Figura 30 - Inserindo caixas de texto na apresentao .................................................................................. 125Figura 31 - Inserindo imagens na apresentao ................................................................................................ 125Figura 32 - Inserindo imagens na apresentao ................................................................................................ 126Figura 33 - Inserir som como elemento de apresentao .............................................................................. 126Figura 34 - Definindo sequncia e configurao dos itens ............................................................................ 127Figura 35 - Configurando propriedades do som na apresentao ............................................................. 127Figura 36 - Trabalhando com filmes na apresentao ..................................................................................... 128Figura 37 - Alterando plano de fundo .................................................................................................................. 128Figura 38 - Alterando estilo de plano de fundo ................................................................................................ 129Figura 39 - Configurando transio de slides .................................................................................................... 132Figura 40 - Escolhendo opes de animao de slides ................................................................................... 132Figura 41 - Ampliando opes de animao de slides .................................................................................... 132Figura 42 - Personalizando uma animao .......................................................................................................... 134Figura 43 - Opes de animao ............................................................................................................................. 135Figura 44 - Inserindo sons nas animaes ........................................................................................................... 135Figura 45 - Exemplo de efeitos de animao ..................................................................................................... 135

  • Quadro 1 - Vocbulos aportuguesados .....................................................................................................................19Quadro 2 - Mecanismos de coeso gramatical.......................................................................................................26Quadro 3 - Mecanismos de coeso semntica .......................................................................................................26Quadro 4 - Caractersticas de um texto .....................................................................................................................32Quadro 5 - Recursos lingusticos..................................................................................................................................33Quadro 6 - Caractersticas dos textos.........................................................................................................................38

    Tabela 1: Tcnico em Automao Industrial ............................................................................................................14

    Figura 46 - Interface do Programa Microsoft Excel ........................................................................................... 136Figura 47 - Interface do programa OpenOffice.org Calc................................................................................. 137Figura 48 - Abrindo planilha existente .................................................................................................................. 138Figura 49 - Abrindo planilha pelo programa iniciar ......................................................................................... 138Figura 50 - Cabealho de planilha Excel ............................................................................................................... 138Figura 51 - Inserido planilhas de Excel .................................................................................................................. 139Figura 52 - Renomeando a planilha ....................................................................................................................... 139Figura 53 - Selecionando clulas ............................................................................................................................. 140Figura 54 - Seleo de intervalo de clulas ......................................................................................................... 140Figura 55 - Mesclando clulas .................................................................................................................................. 140Figura 56 - Alterao do tamanho da clula ....................................................................................................... 141Figura 57 - Visualizando linhas da planilha .......................................................................................................... 141Figura 58 - Formatando linhas de grade .............................................................................................................. 142Figura 59 - Visualizando linhas da tabela pela funo Imprimir .................................................................. 142Figura 60 - Formatando clulas ............................................................................................................................... 143Figura 61 - Usando sequenciais ou textuais na planilha ................................................................................. 143Figura 62 - Inserido frmulas na planilha ............................................................................................................. 144Figura 63 - Funo Fx para inserir frmula de clculo ..................................................................................... 144Figura 64 - Selecionando Funo Soma ............................................................................................................... 145Figura 65 - Selecionando intervalo de Soma ...................................................................................................... 145Figura 66 - Clculo da soma de clulas ................................................................................................................. 145Figura 67 - Inserindo grfico ..................................................................................................................................... 146Figura 68 - Editando ttulos do Grfico ................................................................................................................. 146Figura 69 - Passo a passo do clculo com referncia fixa ............................................................................... 147Figura 70 - Construindo a frmula de clculo .................................................................................................... 147Figura 71 - Clculo do custo do material eltrico .............................................................................................. 148Figura 72 - Preenchimento das clulas com clculo sem colocarmos a Referncia Fixa .................... 148Figura 73 - Frmula com referncia fixa para travar a clula e utilizao da ala para o preenchi-mento das clulas seguintes ...................................................................................................................................... 149Figura 74 - Uso da ala de preenchimento aps a aplicao da Referncia Fixa ................................... 149Figura 75 - Utilizando a frmula Excel e a ala de preenchimento para clculo de valor por parcela ... 150Figura 76 - Clculo do custo dos materiais eltricos em 10x ........................................................................ 150Figura 77 - Uso da ala de preenchimento para o clculo dos demais materiais eltricos ................ 151Figura 78 - Uso da frmula Excel para o clculo do valor da parcela em 10x ......................................... 151Figura 79 - Uso da ala de preenchimento para completar os valores das parcelas em 10x ........... 151Figura 80 - Protegendo as clulas da planilha .................................................................................................... 152Figura 81 - Proteo de planilhas ............................................................................................................................ 152Figura 82 - Selecionando as permisses ............................................................................................................... 153Figura 83 - Adicionando senha para a proteo da planilha e confirmando a senha .......................... 153

  • Quadro 7 - Uso do hfen ..................................................................................................................................................62Quadro 8 - Regras de acentuao ...............................................................................................................................64Quadro 9 - Palavras homnimas e parnimas ........................................................................................................69Quadro 10 - Palavras usuais ...........................................................................................................................................74Quadro 11 - Natureza da pesquisa ..............................................................................................................................78Quadro 12 - Forma de apresentar um cronograma ..............................................................................................81

  • 1 Introduo ......................................................................................................................................................................13

    2 A Lngua Portuguesa e as Variedades Lingusticas ..........................................................................................172.1 Estrangeirismos ...........................................................................................................................................182.2 Neologismos .................................................................................................................................................192.3 Grias ................................................................................................................................................................192.4 Regionalismo ................................................................................................................................................202.5 Jargo ..............................................................................................................................................................212.6 Vocabulrio tcnico ....................................................................................................................................21

    3 Tcnicas de Leitura ......................................................................................................................................................233.1 Interpretao ................................................................................................................................................233.2 Anlise Textual .............................................................................................................................................243.3 Coeso textual .............................................................................................................................................243.4 Coerncia textual ........................................................................................................................................273.5 Ambiguidade e redundncia ..................................................................................................................273.6 Anlise temtica ..........................................................................................................................................283.7 Anlise interpretativa ................................................................................................................................28

    4 Tipologia, Estrutura e Produo Textual ...............................................................................................................314.1 Pargrafo ........................................................................................................................................................31

    4.1.1 Estrutura interna e tipos de pargrafos ............................................................................314.1.2 Unidade interna .........................................................................................................................33

    4.2 Texto dissertativo .......................................................................................................................................354.3 Esquema e Resumo ....................................................................................................................................36

    4.3.1 As etapas de um resumo .......................................................................................................404.4 Relatrio Tcnico .........................................................................................................................................40

    4.4.1 Estrutura do Relatrio Tcnico .............................................................................................404.4.2 Tipos de relatrios.....................................................................................................................43

    4.5 Currculo profissional .................................................................................................................................454.6 Memorial .......................................................................................................................................................474.7 Ata ....................................................................................................................................................................48

    4.7.1 Modelo de ata ............................................................................................................................504.8 Memorando ..................................................................................................................................................50

    5 Gramtica Aplicada da Lngua Portuguesa .........................................................................................................555.1 O Acordo Ortogrfico ...............................................................................................................................55

    5.1.1 Uso do Hfen ...............................................................................................................................575.2 Crase ................................................................................................................................................................61

    Sumrio

  • 5.3 Ortografia.......................................................................................................................................................625.4 Formas variantes .........................................................................................................................................635.5 Palavras Homnimas e Palavras Parnimas ......................................................................................635.6 Pontuao ......................................................................................................................................................655.7 Regncia Verbal e Nominal .....................................................................................................................68

    5.7.1 Regncia nominal ....................................................................................................................685.7.2 Regncia verbal ........................................................................................................................69

    5.8 Palavras Usuais .............................................................................................................................................72

    6 Projetos e Trabalhos de Pesquisa: Metodologia ................................................................................................756.1 Trabalho cientfico ......................................................................................................................................75

    6.1.1 Finalidades ..................................................................................................................................766.1.2 Etapas ............................................................................................................................................76

    6.2 Elaborao do Projeto de Pesquisa ......................................................................................................78

    7 Metodologia Cientfica ABNT ...............................................................................................................................837.1 Elementos pr-textuais ............................................................................................................................83

    7.1.1 Capa ..............................................................................................................................................837.1.2 Folha de Rosto ...........................................................................................................................847.1.3 Sumrio .......................................................................................................................................85

    7.2 Elementos textuais ....................................................................................................................................867.2.1 Introduo ..................................................................................................................................867.2.2 Desenvolvimento ......................................................................................................................867.2.3 Concluso ...................................................................................................................................86

    7.3 Elementos ps-textuais ...........................................................................................................................867.3.1 Referncias .................................................................................................................................877.3.2 Anexos .........................................................................................................................................87

    7.4 Regras gerais de Apresentao ..............................................................................................................88

    8 Comunicao em Pblico ..........................................................................................................................................918.1 Tcnicas de Comunicao em Pblico ................................................................................................91

    8.1.1 Ferramentas de multimdia ...................................................................................................938.1.2 Gerenciamento de tempo .....................................................................................................94

    8.2 Das Tcnicas de Apresentao ...............................................................................................................948.2.1 Para uma Apresentao ..........................................................................................................958.2.2 Outros recursos tambm exigem sua ateno ..............................................................96

    8.3 Tcnicas de Argumentao .....................................................................................................................978.3.1 Comunicao Oral: Exposio e Argumentao ...........................................................978.3.2 Texto argumentativo oral .......................................................................................................99

    8.4 Seminrio .......................................................................................................................................................998.4.1 Preparao de seminrio ........................................................................................................998.4.2 Organizao e apresentao de seminrio .................................................................. 100

  • 8.5 Debate ........................................................................................................................................................ 1028.5.1 Organizao e apresentao do debate ....................................................................... 1028.5.2 Roteiro para o debate .......................................................................................................... 102

    8.6 Argumentao oral ................................................................................................................................ 1038.7 Depoimento Pessoal ............................................................................................................................... 103

    9 Tecnologia da Informao ...................................................................................................................................... 1099.1 Editor de Textos ........................................................................................................................................ 1099.2 Digitao de Textos ................................................................................................................................. 1099.3 Inseres ..................................................................................................................................................... 1139.4 Pargrafos ................................................................................................................................................... 1159.5 Formatao ................................................................................................................................................ 1189.6 Impresso de Arquivo ............................................................................................................................ 1209.7 Elaborao de Apresentao Multimdia ........................................................................................ 122

    9.7.1 Regras de Estruturao ........................................................................................................ 1239.7.2 Insero de Figuras e Arquivos ......................................................................................... 1259.7.3 Formatao .............................................................................................................................. 130

    9.8 Planilha Eletrnica ................................................................................................................................... 1369.8.1 Interface .................................................................................................................................... 1379.8.2 Estrutura de uma Planilha ................................................................................................... 1399.8.3 Mesclagem de clulas .......................................................................................................... 1409.8.4 Tamanho das clulas ............................................................................................................. 1419.8.5 Bordas e Visualizao de Impresso ................................................................................ 1419.8.6 Formato de Clulas ................................................................................................................ 1429.8.7 Sequncias Numricas e Textuais .................................................................................... 1439.8.8 Frmulas, Clculos e Funes ............................................................................................ 1449.8.9 Grficos ...................................................................................................................................... 1459.8.10 Referncia Fixa ...................................................................................................................... 1469.8.11 Proteo de Clulas e Planilha ........................................................................................ 152

    Referncias ........................................................................................................................................................................ 157

    Anexo .................................................................................................................................................................................. 159

    Minicurrculo dos autores ........................................................................................................................................... 170

    ndice .................................................................................................................................................................................. 171

  • Nesta unidade curricular conheceremos os principais assuntos que contribuem para o desenvolvimento das competncias de um tcnico em automao industrial, que pro-porcionar a aquisio de fundamentos tcnicos e cientficos necessrios automao industrial, bem como capacidades sociais, organizativas e metodolgicas adequadas a diferentes situaes profissionais.

    Fundamentos da comunicao a unidade curricular em que os alunos ampliam suas capacidades comunicativas em suas diferentes formas. Seu carter transversal re-fora a ideia de que a comunicao necessria e cada vez mais importante na atividade profissional do Tcnico em Automao. Desenvolve conhecimentos relacionados apli-cao das normas e da linguagem culta na estruturao de textos tcnicos, metodologia de pesquisa, comunicao oral e tecnologia da informao.(DCN-DN)

    Ainda, nesta unidade curricular iremos reconhecer fundamentos de comunicao aplicveis aos fundamentos tcnicos e cientficos, que so: interpretao de textos tcnicos em lngua portuguesa e lngua estrangeira, aplicao dos princpios da reda-o tcnica, comunicao oral e escrita, inclusive em meio eletrnico, interpretao de cronogramas, aplicao das etapas bsicas de planejamento, alm de utilizao de recursos de informtica, pesquisa de informaes tcnicas em literatura especfica, inclusive em meio eletrnico, bem como a organizao de dados em formulrios ou documentos especficos.

    A seguir so descritos na matriz curricular os mdulos e as unidades curriculares pre-vistos e as respectivas cargas horrias.

    Introduo

    1

  • AUTOMAO INDUSTRIAL14

    Tabela 1: Tcnico em Automao Industrial

    Mdulos denoMInAo unIdAdes CurrICulAres CArgAHorrIA

    CArgA HorrIAMdulo

    Mdulo Bsico Fundamentos tcnicos e

    cientficos

    Fundamentos da Comunicao 100h

    140h

    100h

    340h

    Fundamentos da Eletrotcnica

    Fundamentos da Mecnica

    Mdulo

    Introdutrio

    Fundamentos tcnicos e

    cientficos

    Acionamento de Dispositivos

    Atuadores

    Processamento de Sinais

    160 h

    180 h

    340h

    Especfico I Manuteno e Implemen-

    tao de equipamentos e

    dispositivos

    Gesto da Manuteno

    Implementao de Equipamentos

    e Dispositivos

    Instrumentao e Controle

    Manuteno de Equipamentos e

    Dispositivos

    34h

    136h

    102h

    68h

    340 h

    Especfico II Desenvolvimento de

    sistemas de controle e

    automao

    Desenvolvimento de Sistemas de

    Controle

    Sistemas Lgicos Programveis

    Tcnicas de Controle

    100h

    160h

    80h

    340h

    Fonte: SENAI Desenho Curricular Nacional de Tcnico de Nvel Mdio em Automao Industrial

  • 2A Lngua Portuguesa e as Variedades Lingusticas

    A comunicao inerente ao convvio social. No trabalho e na sociedade, voc convive com pessoas e grupos diferentes que exercem papis e funes distintas e, para cada situao de fala, voc precisa se comunicar de forma adequada para se fazer entendido.

    H momentos em que voc pode utilizar um vocabulrio mais simples, informal, porm, em determinados momentos, h a necessidade de elaborar melhor o seu discurso, sua fala. Por exemplo, em uma entrevista de emprego, fundamental que voc faa uso da linguagem formal para causar melhor impresso a quem estiver lhe entrevistando. J nas conversas de botequim, voc poder falar de forma mais simples, coloquial.

    Abaixo voc encontra algumas informaes sobre a histria de nossa lngua.

    Ao conquistar novas regies, o latim era a lngua imposta aos povos conquistados - que aca-baram por modificar bastante a pronncia e incorporaram ao vocabulrio latino palavras de sua lngua materna, transformando assim, ao longo de anos de ocupao, a lngua imposta. Deram, ento, origem s lnguas neolatinas: portugus, espanhol, catalo, francs, italiano e romeno.

    Sendo assim, a lngua portuguesa tem sua origem no latim, que era a lngua falada no esta-do Lcio, regio onde atualmente fica a cidade de Roma na Itlia.

    Durante o Imprio Romano, havia dois nveis de expresso do latim:

    - Latim clssico - que era falado e escrito pela elite dominante e escritores;

    - Latim vulgar - que s era falado pelo povo e que deu origem s lnguas neolatinas

    VOC SABIA?

    No Brasil, hoje, h variaes da linguagem. Entre as principais, temos a linguagem culta e a linguagem coloquial. Conhea as particularidades dessas variaes.

    Figura 1 - Linguagem culta e linguagem coloquialFonte: Autor

  • AUTOMAO INDUSTRIAL18

    O Brasil no o nico pas que fala a lngua portuguesa. Segundo o site Mun-do Educao a lngua portuguesa, a quinta mais falada e a terceira do mun-do ocidental, superada apenas pelo ingls e o espanhol. Atualmente, aproxi-madamente 250 milhes de pessoas no mundo falam portugus, e o Brasil responde por cerca de 80% desse total.

    Figura 2 - Pases que falam a lngua portuguesa Fonte: Map of Lusophone World (2006)

    No site http://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/paises-que-falam-portugues.htm h mais informaes sobre o portugus falado no mundo.

    SAIBA MAIS

    Uma cultura influencia a outra, o que pode ser percebido na maneira de ves-tir, na culinria, na msica, no comportamento e, claro, na lngua. Novas pala-vras, emprstimo de palavras de outras lnguas, acabam sendo aportuguesadas. A seguir, damos alguns exemplos destas influncias na Lngua Portuguesa.

    2.1 EStrAngEIrISmoS

    Estrangeirismos so palavras de outros idiomas que foram introduzidas na Lngua Portuguesa. Algumas palavras foram aportuguesadas e outras no.

    No Quadro 1, voc encontra exemplos de palavras com aportuguesamento:

  • 2 A LnguA PortuguesA e As VAriedAdes LingusticAs 19

    orIgeM PAlAvrA

    Francs Omelete, vitrine, toalete.

    Africano Acaraj, jiboia, paj.

    Ingls Recorde, hambrguer, usque.

    Espanhol Pepita, cavalheiro.

    rabe lgebra, arroz, alecrim.

    Japons Quimono, samurai, gueixa.

    Italiano Lasanha, piano, maestro.

    Russo Czar, vodca.

    Quadro 1 - Vocbulos aportuguesadosFonte: Autor

    Outras palavras continuam sendo usadas com a mesma grafia da lngua de origem: mouse, raio laser, software.

    2.2 nEoLogISmoS

    Os neologismos so usados quando aquele que emite a mensagem no encontra uma palavra com significado similar na lngua ou quando esse usa uma palavra com sentido novo, diferente do original e, aps algum tempo, incorporada ao dicionrio. Como por exemplo, quando usamos tambm uma palavra j existente em nossa lngua, mas com um sentido totalmente dife-rente. A palavra gato, por exemplo, normalmente designa um animal felino. Atualmente, tambm designa uma ligao clandestina. J a palavra laranja, que a denominao de uma fruta ctrica, tambm o nome que se d para um falso proprietrio.

    So tambm neologismos as palavras que adaptamos de outras lnguas para de-signar algo que no existia antes. Bons exemplos so termos da informtica como:

    deletar - eliminar, apagar;

    lincar - acessar documento de hipertexto por meio de link; e

    logar - fornecer nome do usurio e senha, permitindo acesso ao computador.

    2.3 grIAS

    Grias so palavras e expresses criadas, geralmente, por um determinado gru-po social ou profissional, para substituir termos oficiais. Normalmente so substi-tudas de tempos em tempos pelas novas geraes.

    Veja alguns exemplos de grias usadas nos anos 50 e atualmente (2012):

  • AUTOMAO INDUSTRIAL20

    Anos 50

    cafona

    careta

    joia

    prafrentexAtualmente

    parada sinistra

    responsa

    t ligado

    da horaFigura 3 - Exemplos de grias

    Fonte: Autor

    2.4 rEgIonALISmo

    A influncia de vrias culturas deixou muitas marcas que acentuaram a riqueza do vocabulrio brasileiro. O regionalismo lingustico tambm apresenta diferenas no so-taque e na pronncia das palavras, sem necessariamente constituir-se num erro.

    Um objeto pode receber um nome numa regio e, em outra, um completa-mente diferente.

    Para compreender melhor o assunto, veja os exemplos:

    Pipa

    Papagaio

    Pandorga

    Semforo Farol Sinaleiro Sinal Sinaleira

    Mandioca

    Aipim

    Macaxeira

    Figura 4 - RegionalismosFonte: Autor

  • 2 A LnguA PortuguesA e As VAriedAdes LingusticAs 21

    2.5 JArgo

    Diferentes grupos profissionais fazem uso de vocabulrio e expresses que so tpicos de sua rea de atuao. O jargo linguagem tcnica empregado por um grupo restrito de profissionais e, na maioria das vezes, o significado ina-cessvel para as pessoas que no pertencem ao mesmo grupo. Exemplos:

    Jargo mdico: A alopecia andrognica causa sentimento de inferioridade.(alopecia andrognica significa calvcie)

    Jargo jurdico: A materialidade do delito imputado aos acusados est com-provada estreme de dvidas, o que pode ser inferido dos documentos juntados aos autos, mormente: laudo de exame tanatoscpico.

    FIQUE ALERTA

    importante que voc preste ateno ao contexto em que voc est inserido, para adaptar a sua linguagem situao de fala (culta ou informal). Considere tambm que, nem sempre, as pessoas reconhecem o vocabulrio de determinadas reas.

    A comunicao se d por diversas formas de linguagem. A cultura de um povo um fator que contribui muito para as transformaes da lngua.

    2.6 VocAbuLrIo tcnIco

    O ingresso na sociedade da informao exige mudanas profundas em todos os perfis profissionais, especialmente naqueles diretamente envolvidos na produ-o, coleta, disseminao e uso da informao.

    O vocabulrio tcnico deste material est nos anexos 1 e 2.

    rEcAPItuLAndo

    Voc percebeu que a origem da lngua portuguesa foi o latim, lngua falada na Itlia antiga, e que a quinta lngua mais falada no mundo. Identificou-se que h variaes de linguagem, como a linguagem culta e a coloquial. A ln-gua dinmica e est sempre se modificando, porque sofre influncia de outras culturas, de outras lnguas, de grupos sociais, de regionalismos, da criao de novas palavras (neologismos).

    Na prxima etapa, voc ter a oportunidade de conhecer o vocabulrio tc-nico, especfico da rea em estudo.

  • 3tcnicas de Leitura

    Quando voc l, especialmente textos mais extensos ou de difcil compreenso, importan-te que, alm de ler com muita ateno e com um bom dicionrio ao lado, voc crie uma manei-ra para extrair o mximo de informaes do texto. Veremos algumas orientaes e tcnicas que podem melhorar sua leitura e compreenso de textos.

    3.1 IntErPrEtAo

    A leitura de um texto exige muito mais do que o simples conhecimento da lngua. O texto, para ser entendido e interpretado, exige que o leitor mobilize uma srie de estratgias, tanto lingusticas como de aplicao de seus conhecimentos de mundo, para poder levantar hipte-ses, validar ou no as hipteses pensadas e preencher as lacunas que o texto apresenta. O leitor exerce o papel de construtor de sentido, utilizando-se de estratgias como seleo, antecipa-o, inferncia e verificao.

    O documento conhecido como Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) orienta a educa-o, para os Ensinos Fundamental e Mdio, no Brasil. Neste documento, encontramos o signi-ficado da leitura:

    A leitura o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de com-preenso e interpretao do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem, etc. No se trata de extrair informao, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratgias de seleo, antecipao, inferncia e verificao, sem as quais no possvel proficincia. o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decises diante de dificuldades de com-preenso, avanar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposies feitas. (In: Parmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos de en-sino fundamental: lngua portuguesa/secretaria de Educao Fundamental - Brasilia: mec/sef, 1998,pp.69-70.)

  • AUTOMAO INDUSTRIAL24

    Um leitor perspicaz, ento, questiona o que l, pensa sobre o que o autor est apresentando e decide se os pontos de vista expostos no texto tm o suporte de evidncias. Para a interpretao de um texto, o leitor vai buscar subsdios em sua prpria experincia, no seu conhecimento de outras leitu-ras feitas. Novamente, enfatiza-se a importncia de ler e ler muito e sem-pre. O foco de sua interpretao, porm, deve estar enraizado no texto em si. Transforme a leitura em um prazer, no em uma obrigao sem sentido.

    3.2 AnLISE tExtuAL

    A anlise textual tem por objetivo fazer a primeira aproximao do leitor com o texto a fim de conhecer o pensamento do autor, visando anlise temtica posterior.

    A seguir, lembramos alguns passos para realizar essa tarefa:

    1. Leia o texto do princpio ao fim, buscando ter uma noo geral sobre o assunto abordado.

    2. Leia o texto novamente, assinalando dvidas quanto ao vocabulrio que possam prejudicar a compreenso do texto. Voc tambm vai assinalar pon-tos de dvida quanto ao posicionamento do autor.

    3. Busque o significado dos vocbulos assinalados. Lembre-se de ver o significado no contexto da leitura.

    4. Faa um esquema provisrio daquilo que voc leu.

    3.3 coESo tExtuAL

    Vejamos, a seguir, duas definies de texto. Essas definies nos ajudaro a entender melhor o que so coerncia e coeso, que veremos posteriormente.

    A palavra texto provm do latim textum, que significa tecido, entrelaamento (...). O texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaar vrias partes menores a fim de se obter um todo inter-relacionado. Da poder falar em textura ou tessitura de um texto: a rede de relaes que garantem sua coeso, sua unidade. (INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. Curso prtico de leitura e redao. Editora Scipione. So Paulo. 1991)

  • 3 Tcnicas de LeiTura 25

    Temos tambm, outra definio de texto. De acordo com Koch, Um texto no simplesmente uma sequncia de frases isoladas, mas uma unidade lingustica com propriedades estruturais especficas. (KOCH, Ingedore G. Villaa. A Coeso Textual. So Paulo: Contexto, 1989. p. 11.) Um texto construdo, ou tecido, pelo encadea-mento de palavras: uma palavra ligada outra, uma orao outra, uma ideia outra, de maneira que nada fica solto e um segmento d continuidade a outro. O que dito em um ponto se liga ao que foi dito noutro ponto, anteriormente e subsequentemen-te (ANTUNES, Irand. Lutar com Palavras. So Paulo: Parbola Editoria, 2005.)

    Fazendo uma analogia do texto com uma mquina, podemos dizer que a coeso a maneira como as peas esto interligadas para que a mquina funcione. Se a ligao entre cada parte que compe a mquina no estiver bem feita, ela no servir ao propsito para o qual foi criada. Se um conjunto de componentes estiver bem soldado, aparafusado, mas no estiver conectado ao conjunto maior de um mecanismo, prejudicar ou impossibilitar o funcionamento do mesmo.

    SAIBA MAIS

    Podemos entender a coeso textual como a propriedade de criar e sinalizar toda espcie de ligao que d ao texto unidade de sentido ou unidade temtica a continuidade do texto, a sequncia interligada de suas partes. Vejamos alguns mecanismos de coeso gramatical, no Quadro 2 a seguir:

    MeCAnIsMos de Coeso grAMATICAl

    Pronomes pessoais so importantssimos na amarrao de um texto, j que sempre se

    referem a um substantivo j citado anteriormente ou que est por ser

    citado. (tu, ele, ns, vocs, etc.). Exemplo: vocs, meus amigos, estaro

    sempre em meu corao.

    Pronomes possessivos relacionam a ideia de posse a pessoas do discurso (seu, sua, nosso, etc.).

    Exemplo: A escola era antiga, mas sua estrutura resistia bravamente ao

    do tempo e ao descaso do poder pblico.

    Pronomes relativos alm de se referirem a um termo antecedente, introduzem uma orao

    subordinada e desempenham funo sinttica nessa orao. Exemplo:

    O equipamento cuja liberao j foi providenciada estar funcionando

    em uma semana. Os despachantes que atuaram junto alfndega foram

    bem sucedidos.

    Pronomes

    demonstrativos

    relacionam-se a uma pessoa do discurso, fazendo referncia ao substan-

    tivo que preenche seu significado. Exemplo: A maior vantagem foi do

    time visitante. este marcou o nico gol da partida.

    Conectivos conjunes e preposies podem carregar ou no significado

    para as relaes que fazem, o que ressalta seu papel de elementos

    conectores. Exemplo: A indstria brasileira vem crescendo. Con-

    tudo, devido crise mundial, esse crescimento desacelerou no

    ltimo ano e tem causado preocupao.

  • AUTOMAO INDUSTRIAL26

    Advrbios indicam a localizao no espao e no tempo dos elementos a que se

    referem. Exemplo: A entrada do centro tecnolgico localiza-se no final da

    rua e h um ponto de nibus a poucos metros dali.

    Ordenadores encarregam-se da organizao das informaes no texto (por um lado...

    por outro lado, em resumo, ento, assim sendo, etc). Exemplo: Se por um

    lado o curso universitrio est mais focado na teoria, por outro lado o

    curso tcnico lhe d a parte prtica em menor espao de tempo.

    Omisso um termo da orao facilmente identificvel poder ser omitido; a essa

    omisso se d o nome de elipse. Exemplo: Meu pai insiste em fumar; eu, em

    convenc-lo a desistir. (elipse do verbo: eu insisto em convenc-lo a desistir).

    Quadro 2 - Mecanismos de coeso gramaticalFonte: Autor

    No quadro 2, foram apresentados os mecanismos de coeso gramatical. Vere-mos agora, no quadro 3, mecanismos de coeso semntica:

    MeCAnIsMos de Coeso seMnTICA

    Sinonmia baseia-se na substituio de um termo por outro ou por uma expresso

    que possua equivalncia de significado. Exemplo: O avio presidencial

    sofreu uma pane. A aeronave havia sido vistoriada dois dias antes.

    Repetio lexical a reiterao de um termo ou termos de uma mesma famlia lexical.

    Exemplo: A ecologia deve fazer parte de nosso dia a dia, pois, se no a

    respeitarmos, ecologia poder ser s mais uma palavra em um mundo

    semidestrudo.

    Hiponmia e hiperonmia Hipernimo uma palavra que apresenta um significado mais abran-

    gente do que o do seu hipnimo (vocabulrio de sentido mais es-

    pecfico). Exemplo: Os jovens foram convidados a entrar no auditrio.

    Eram pessoas com os mais diferentes interesses fora da escola, mas

    ali eram todos alunos buscando a profissionalizao para um futuro

    mais promissor. No exemplo dado, a palavra pessoas, por ter um

    significado mais abrangente, um hipernimo porque contm o

    significado de jovens e de alunos. As palavras jovens e alunos, por sua

    vez, so hipnimos da palavra pessoas.

    Campo semntico Emprego de termos que pertencem a um repertrio associado

    a uma realidade, uma cincia, um estudo. So termos afins. Se

    pensarmos na palavra vestibular, podemos associar os seguintes

    vocbulos do mesmo campo semntico: vestibulando, vaga, teste,

    candidato, curso, estudante, carreira, universidade, faculdade e

    outras mais. Exemplo: Se voc vestibulando buscando uma vaga

    para um dos cursos mais concorridos nas universidades federais,

    prepare-se para estudar muito.

    Quadro 3 - Mecanismos de coeso semnticaFonte: Autor

  • 3 Tcnicas de LeiTura 27

    3.4 coErncIA tExtuAL

    Um bom texto sustenta-se no s na coeso, mas tambm no campo das rela-es de encadeamento lgico das ideias. A coeso articula estruturas e relaes gramaticais e semnticas (plano mais material); a coerncia articula as relaes lgicas das ideias (plano mais abstrato). A presena tanto da coeso como da co-erncia garante um texto bem estruturado, bem amarrado, ou, num contexto de tcnicos, bem soldado e aparafusado!

    Se h contradio entre as ideias, entre os argumentos apresentados em um texto, fica destruda qualquer tentativa de apresentar um desenvolvimento lgi-co, assim como a alterao da ordem de sequncias temporais num texto narrati-vo far com que fique incoerente.

    Para termos um texto coerente, segundo Charolles, preciso que:

    1. O texto comporte em seu desenvolvimento linear elementos de estrita recorrncia;

    2. Seu desenvolvimento contenha elementos semnticos constantemente renovados;

    3. Seu desenvolvimento no introduza nenhum elemento semntico que con-tradiga um contedo posto ou pressuposto anteriormente;

    4. Os fatos que ele expressa estejam relacionados entre si no mundo representado. (CHAROLLES, M. Introduo aos problemas da coerncia dos textos. In: GALVES, C., ORLANDI, E.P., OTONI, P. (orgs.). O texto: leitura e escrita. 2 ed., Campinas: SP, 2002.)

    3.5 AmbIguIdAdE E rEdundncIA

    A ambiguidade e a redundncia prejudicam um texto. Por isso, importante que voc saiba identificar esses dois vcios de linguagem.

    Ambiguidade: ocorre quando podemos entender de duas maneiras a mesma frase. Observe o exemplo: O cachorro do irmo foi visto perambulando pelo centro da cidade. Neste caso, cachorro pode ser entendido como o animal que pertence ao irmo, ou como o prprio irmo, com a palavra cachorro sendo usada com sentido pejorativo, significando vagabundo, assanhado. Agora veja outro exemplo: Estivemos na escola da cidade que foi destruda pelo incn-dio. Fica a dvida: foi a cidade ou foi a escola destruda pelo incndio?

    Redundncia: a repetio de ideias na mesma frase. Veja o exemplo: Subiu as escadas para cima. Neste caso, bastaria dizer: Subiu as escadas. Outro exemplo: Terminou o curso h trs anos atrs. Ora, quando digo h trs anos, j estou indicando passado. Ento posso dizer: Terminou o curso h trs anos. Ou de outra forma: Terminou o curso trs anos atrs.

  • AUTOMAO INDUSTRIAL28

    3.6 AnLISE tEmtIcA

    O objetivo de se fazer a anlise temtica compreender a mensagem veicu-lada pelo autor na unidade de leitura. Nessa anlise, primeiramente buscamos responder as seguintes questes:

    De que trata o texto?

    Como est problematizado? Qual a dificuldade a ser resolvida?

    Qual a posio do autor frente ao problema? Que ideia ele defende?

    Como o autor argumenta, raciocina para demonstrar a tese?

    Existem ideias secundrias que apoiam a ideia central?

    A anlise temtica tem por objetivo a apreenso da ideia principal, sem inter-pretar ainda. Desse modo, a anlise temtica a base para a obteno de resumos que sintetizam as ideias do autor.

    3.7 AnLISE IntErPrEtAtIVA

    Depois de feita a anlise temtica, hora de tomar uma posio prpria a respeito das ideias, ir alm da estrita mensagem do texto, fazer a leitura nas entrelinhas, explo-rar toda a riqueza das ideias expostas, relacion-las com a experincia de mundo do leitor, construir um dilogo com o autor. Assim a anlise interpretativa acontece.

    Nesta fase, muito importante no se deixar levar pelo subjetivismo, permitin-do que nossas crenas e preconceitos interfiram na interpretao do texto espe-cificamente. hora de formular um juzo crtico, avaliando o texto em funo de sua coerncia interna, da originalidade e contribuio discusso do problema, fazendo crtica pessoal s posies defendidas no texto.

    FIQUE ALERTA

    A crtica pessoal a fase mais delicada da interpretao e exige maturidade intelectual do leitor, cuja vivncia pessoal do problema dever ter alcanado nvel que possibilite o debate da questo e permita que faa novas proposies. Poder agora elaborar uma sntese pessoal, levando em conta os dados coletados nas etapas anteriores e incluindo

    tambm sua contribuio pessoal para o tema.

  • 3 Tcnicas de LeiTura 29

    rEcAPItuLAndo

    Neste captulo, vimos que o texto composto de unidades menores, entre-laadas e interdependentes. O leitor tem de mobilizar estratgias variadas para fazer uma leitura e interpretao eficientes: questionando o que l, fazendo su-posies, buscando esclarecimentos, validando no texto as suposies feitas. O primeiro passo a anlise textual, quando se faz a primeira leitura, buscando a ideia geral do texto, relendo para tirar dvidas e esclarecer pontos que ficaram obscuros, pesquisando o significado das palavras no contexto e fazendo um esquema. A seguir feita a anlise temtica para a apreenso da ideia principal com a sntese da inteno do autor ao escrever o texto. Por fim, a anlise inter-pretativa com a crtica pessoal; a atividade mais complexa que permite ao leitor ser tambm participante do processo.

  • 4tipologia, Estrutura e Produo textual

    Ao ler um texto, importante que voc identifique, entre outras, a tipologia textual (tipos de texto), estrutura, finalidade de linguagem. E para facilitar a leitura, produo e interpretao, existem orientaes que auxiliam no sentido de extrair todas as informaes importantes que o texto oferece. Veja a seguir.

    4.1 PArgrAfo

    O pargrafo7 composto por vrios perodos que apresentam uma nica ideia. Ele uma unidade de discurso autossuficiente, composto por uma sequncia de frases organizadas em um ou mais perodos, que apresentam um ponto de vista ou uma ideia bsica.

    Os pargrafos podem ser narrativos, descritivos ou dissertativos, pois acompanham o tipo de texto que se est elaborando. Os pargrafos apresentam uma introduo ou tpico frasal, um desenvolvimento e uma concluso com unidade, coerncia, conciso e clareza. Nem todos os pa-rgrafos tm concluso, especialmente nos pargrafos mais curtos e simples. A concluso retoma a ideia central, levando em considerao os aspectos selecionados no desenvolvimento.

    4.1.1 Estrutura intErna E tipos dE pargrafos

    Antes de iniciar o estudo do pargrafo, necessrio que voc compreenda alguns termos que costumam causar confuso. Todo o pargrafo composto por vrios perodos que apre-sentam uma nica ideia.

    O perodo composto por uma ou mais oraes com sentido completo e termina com um sinal de pontuao - ponto final, exclamao ou outro equivalente.

    Voc sabe qual a diferena entre frase e orao?

    A orao a frase que contm um ou mais verbos. A frase um enunciado com sentido completo que pode ou no conter um verbo.

  • 32 AUTOMAO INDUSTRIAL

    O pargrafo pode ser considerado como um pequeno texto e que deve ter um tema delimitado (o qu?) e um objetivo claro (para qu?). Como todo o texto, o pargrafo pode ser curto ou longo e deve apresentar introduo, desenvolvimen-to e, muitas vezes, concluso.

    No se aconselha usar pargrafos demasiadamente longos, pois dificultam a transmisso de uma ideia de forma clara e objetiva. Os pargrafos longos podem confundir ou dispersar a ateno do leitor.

    VOC SABIA?

    Os pargrafos so microtextos e podem ser narrativos, descritivos ou dissertativos, pois acompanham o tipo de texto que se est elaborando. Confira no quadro a seguir caractersticas que podem auxiliar voc na identificao de cada tipo de texto.

    nArrAo - Relato de fatos.

    - Presena de narrador, personagens, enredo, cenrio, tempo.

    - Apresentao de um conflito.

    - Uso de verbos de ao.

    - Geralmente, mesclada de descries.

    - O dilogo direto e o indireto so frequentes.

    desCrIo - Relato de pessoas, ambientes, objetos.

    - Predomnio de atributos.

    - Uso de verbos de ligao.

    - Emprego frequente de metforas, comparaes e outras figuras de linguagem.

    - Resulta em uma imagem fsica ou psicolgica.

    dIsserTAo - Defesa de um argumento.

    - Apresentao de uma tese que ser defendida.

    - Desenvolvimento ou argumentao.

    - Fechamento.

    - Predomnio da linguagem objetiva.

    - Prevalece a denotao.

    Quadro 4 - Caractersticas dos textosFonte: Campelli e Souza (2000)

    Na narrao, o narrador conta uma histria vivida por algum personagem, or-ganizada numa determinada sequncia de tempo e lugar. Na narrao o principal elemento a histria, que deve ter comeo, meio e fim.

    Na descrio, so expostas caractersticas de pessoas, objetos, situaes, luga-res, etc. A descrio normalmente ocorre dentro de um texto narrativo ou disser-tativo, pois auxilia o leitor a imaginar a cena ou o local.

    Observe que o texto descritivo no tem um narrador, somente um observador. A descrio utilizada, principalmente, em relatrios de experimentos que voc realiza nos laboratrios.

    7PARGRAFO

    unidade de discurso autossuficiente, composto por uma sequncia de frases organizadas em um ou mais perodos, que apresentam um ponto de vista ou uma ideia bsica.

  • 4 Tipologia, EsTruTura E produo TExTual 33

    Na dissertao, o autor expe uma ideia sobre um determinado assunto, que ele defende ou questiona, apresentando argumentos que embasam seu ponto de vista.

    Observe que na dissertao, o autor tenta convencer o leitor sobre o seu ponto de vista.

    Seja qual for o tipo de texto, voc precisa saber usar o pargrafo corretamente, para deixar sua ideia clara e objetiva.

    4.1.2 unidadE intErna

    Ao elaborar um texto, o autor precisa ter claro qual o tema a ser desenvolvido. Como o tema do texto no muda, quando se faz um novo pargrafo, no se muda de assunto. O que muda a abordagem e os argumentos apresentados em cada pargrafo para explicar, esclarecer ou transmitir as ideias do autor, de tal forma que o leitor compreenda o texto.

    Os pargrafos devem ter unidade, coerncia, conciso e clareza. Normalmente, os pargrafos apresentam uma introduo ou tpico frasal, um desenvolvimento e uma concluso.

    Conhea um pouco mais sobre cada uma dessas etapas.

    Figura 5 - Etapas do pargrafoFonte: Autor

    Veja abaixo um exemplo de pargrafo:

    Introduo: tambm designada como tpico frasal em pargrafos, consiste, geralmente, na frase inicial que expressa de maneira geral e sucinta a ideia central do pargrafo.

    Muitos termos novos relacionados automao apareceram nas ltimas dcadas.

  • 34 AUTOMAO INDUSTRIAL

    desenvolvimento: so as frases que esclarecem essa ideia central, discutindo--a em detalhes.

    Palavras usadas anteriormente, como mecanizao, que indica a utilizao da mquina ao invs do trabalho humano ou de animais, foram substitudas por automao e robtica. Enquanto a automao pode ser definida como a tcnica de tornar um processo ou sistema automtico, e refere-se tanto a servios exe-cutados como a produtos fabricados automaticamente, a robtica um ramo da tecnologia que engloba mecnica, eletrnica e computao em mquinas controladas por circuitos integrados, tornando sistemas mecnicos motorizados, controlados manualmente ou por computador.

    Concluso: nem todo pargrafo apresenta concluso, como j mencionado anteriormente. A concluso deve retomar a ideia abordada no tpico frasal.

    O fato de surgirem palavras novas, como automao e robtica, indica que h evoluo nos processos industriais, o que sempre bem-vindo.

    Retomando, o pargrafo se apresentaria assim:

    Muitos termos novos relacionados automao apareceram nas ltimas d-cadas. Palavras usadas anteriormente, como mecanizao, que indica a utilizao da mquina ao invs do trabalho humano ou de animais, foram substitudas por automao e robtica. Enquanto a automao pode ser definida como a tcnica de tornar um processo ou sistema automtico, e refere-se tanto a servios exe-cutados como a produtos fabricados automaticamente, a robtica um ramo da tecnologia que engloba mecnica, eletrnica e computao em mquinas controladas por circuitos integrados, tornando sistemas mecnicos motorizados, controlados manualmente ou por computador. O fato de surgirem palavras no-vas, como automao e robtica, indica que h evoluo nos processos indus-triais, o que sempre bem-vindo.

    FIQUE ALERTA

    Nos pargrafos mais curtos, a concluso nem sempre est presente.

    Ao passar de um pargrafo para outro necessrio que se tenha ateno espe-cial. No se deve fazer essa passagem de maneira abrupta, pois necessrio fazer um encadeamento lgico e natural dos mesmos. Em alguns casos, necessrio acrescentar um pargrafo de transio, para que a sucesso de ideias seja apre-sentada de maneira harmoniosa.

  • 4 Tipologia, EsTruTura E produo TExTual 35

    O texto deve conter pargrafos que apresentem ideias sobre o tema, para que no se torne repetitivo, redundante e cansativo. Outro aspecto que precisa ser observado na elaborao de um texto, e principalmente dentro do pargrafo, evitar-se a repetio desnecessria de palavras, o uso de termos chulos ou rebus-cados demais para o tipo de texto.

    4.2 tExto dISSErtAtIVo

    Em nosso cotidiano, somos sempre chamados a dar opinies, tomar decises e ex-por pontos de vista. Para isso, utilizamos nosso poder de persuaso e argumentao.

    a atitude lingustica da dissertao que nos permite fazer uso da linguagem a fim de expor ideias, desenvolver raciocnios, encadear argumentos, formar con-cluses. Os textos dissertativos so produtos dessa atitude e participam ativa-mente do nosso cotidiano falado e escrito.

    No texto dissertativo, raro encontrar os elementos tempo e espao como na narrao, assim como tambm no encontramos o detalhamento rico em adjeti-vos valorizado na descrio.

    O texto dissertativo tem como base a argumentao, j que seu objetivo , por meio da exposio de fatos, ideias e conceitos, exprimir uma ou vrias opinies e/ou chegar a concluses.

    Ao redigir um texto dissertativo, importante seguir os seguintes passos:

    traar um roteiro (planejamento do que ser escrito) com algumas ideias a serem apresentadas em uma sequncia organizada;

    relacionar palavras e frases importantes, que tenham vnculo com o tema, as quais vo se transformar em pargrafos no desenvolvimento do texto;

    definir a tese e fundament-Ia com argumentos que a sustentaro;

    apresentar pontos de vista e opinies diversas que se contrapem e enfati-zar seu ponto de vista ou posicionamento crtico;

    verificar se o texto tem as partes principais - introduo, desenvolvi-mento, concluso;

    concluir, retomando o que foi falado no incio;

    inserir um ttulo sugestivo.

    Compreenda melhor cada parte do texto dissertativo.

  • 36 AUTOMAO INDUSTRIAL

    Introduo

    Segundo Infante, a introduo encaminha o leitor, colocando a orientao adotada para o desenvolvimento do texto. Atua, assim, como uma espcie de ro-teiro. A introduo precisa ser clara e ao mesmo tempo breve, trazendo de forma resumida as informaes que sero desenvolvidas no texto. No texto dissertativo, ela deve servir como convite ao leitor, pois traz as informaes iniciais e chama o leitor reflexo. A introduo pode apresentar uma tese, que ser discutida e pro-vada no decorrer do texto, ou pode trazer tambm um questionamento, que far com que o leitor reflita sobre o assunto ou at reveja seus conceitos, buscando no texto algumas respostas e/ou justificativas para seu ponto de vista.

    desenvolvimento

    Este o momento da exposio de ideias, apresentao de fatos e argumen-tos. importante que voc apresente mais de um ponto de vista, considerando sempre as diversas opinies, porm sem perder a convico na sua prpria. pre-ciso desenvolver suas ideias e opinies com organizao e obedecendo a critrios que foram estabelecidos na introduo. Enquanto na introduo foram apresen-tados os tpicos de maneira sucinta, no desenvolvimento, as ideias devem ser de-senvolvidas de forma a dar ao leitor informaes suficientes a ponto de auxiliarem na tomada de opinio.

    Ainda segundo Infante, A introduo j anuncia o desenvolvimento, que retoma, ampliando e desdobrando, o que l foi colocado de forma sucinta. (2000, p. 160).

    O objetivo maior convencer o leitor do seu ponto de vista, e, para assegurar maior chance de xito nessa tarefa, importante que as informaes estejam cor-retas e bem organizadas para que faam o leitor refletir sobre o tema.

    Concluso

    o fechamento do texto, retoma as ideias principais e traz uma avaliao, de preferncia pessoal, do assunto tratado. possvel, tambm, que voc possa fa-zer sugestes de melhorias e/ou planos de ao para a soluo de um problema discutido no texto.

    4.3 ESquEmA E rESumo

    O esquema pode ser o ponto de partida para a produo de um texto, ou au-xiliar o mtodo de estudo para algum assunto, ou traar uma diretriz sobre um ponto de vista a ser defendido. um recurso de planejamento e organizao de conceitos/opinies, que facilita a compreenso da ideia principal do texto lido. (Veja Tcnicas de Leitura acima).

  • 4 Tipologia, EsTruTura E produo TExTual 37

    Atravs desse recurso, possvel identificar com mais facilidade a ideia central do texto, organizar e relacionar as informaes com clareza e coerncia.

    H vrias maneiras de elaborar um esquema, mas importante ressaltar que este deve ser breve e conter o que mais significativo no texto. Voc no precisa elaborar frases inteiras e pode eliminar artigos e adjetivos usando expresses mais curtas, em tpicos. Se quiser, use setas ou outros recursos visuais para facilitar.

    Observe este exemplo de como fazer um esquema a partir de um texto:

    texto proposto

    Como enfrentar a globalizao?

    Qual o lugar do ser humano?

    O jornalista senegals Alcinou Louis da Costa, representante daquele pas jun-to Unesco, arrancou entusiasmados aplausos da plateia quando afirmou que ser contra ou a favor da globalizao no o problema. A questo enfrentar a re-alidade do fenmeno com uma atitude ativa, recolocando o ser humano no seu verdadeiro lugar e, assim, reordenando o debate, buscando privilegiar a dimenso humana da globalizao. O jornalista africano enfatizou que o fenmeno planet-rio possui uma dinmica que se assenta sobre um sistema tcnico e econmico fun-dado unicamente no lucro. O ser humano est relegado ao papel de consumidor.

    Esta categoria atribuda ao ser humano diante do mundo globalizado foi tam-bm defendida pelo economista brasileiro Plnio de Arruda Sampaio, conferen-cista que abriu o congresso em Friburgo. Plnio afirmou que o capitalismo reduz o ser humano a mero consumidor de mercadorias. Mesmo valores intelectuais, es-tticos, ticos e espirituais podem ser mercadorias a serem comercializadas. Isso tambm acaba ocorrendo com a informao.

    Para Plnio, que diretor do Correio da Cidadania, jornal publicado semanal-mente em So Paulo, a informao, transformada em mercadoria, apresenta-da como entretenimento a fim de satisfazer curiosidades e despertar sensaes, como denunciada por Chomsky em seu livro Fabricando consensos. Sentidos, no o intelecto, so o alvo do jornalismo. A frvola curiosidade do pblico, sua morbidez, intolerncia racial, violncia, sexualidade depravada so continuamen-te excitadas a fim de se vender jornais e revistas, como uma espcie de morfina. Tudo isso gera lucro e protege o status quo da crtica. Plnio contundente em sua viso do jornalismo atual e acredita que ele tenha se tornado mais e mais um apndice do negcio da publicidade. O real propsito no informar, mas persu-adir e induzir ao consumismo.

    Fonte: CRUZ, Graziela, ln: jornal de Opinio. 1521 out. 2002.

  • 38 AUTOMAO INDUSTRIAL

    esquema do texto proposto

    O jornalista senegals Alcinau L. da Costa

    arrancou: aplausos

    quando

    falou: sobre globalizao

    e afirmou: o ser humano reduzido a consumidor de mercadorias

    conforme

    defendeu: o economista brasileiro Plnio A. Sampaio que

    considera: a informao como uma mercadoria

    para

    tornar: o jornalismo atual mais lucrativo com o propsito de persuadir e no de informar

    O Resumo, conforme Pereira e Pelachin, um texto feito a partir de outro. Sua elaborao resulta, de um lado, da seleo e organizao das informaes que se supe so as mais importantes de um texto e, de outro lado, do abandono de informaes consideradas menos significativas.

    Ou ainda, segundo o Dicionrio Aurlio, resumo significa [...] Apresentao, em poucas palavras, do contedo de artigo, livro, etc. [...].

    FIQUE ALERTA

    Um resumo reproduz as informaes do texto lido, porm de forma sintetizada, extraindo somente o essencial.

    Em sntese, preciso primeiramente ler o texto selecionado com ateno a fim de compreender sua mensagem. Em seguida, numa segunda leitura, deve-se destacar as ideias principais e as palavras do texto. importante, ento, transcre-ver o que foi selecionado para que seja possvel organizar o resumo. Mas preste ateno: resumo no cpia. preciso reescrever o texto de forma sintetizada, a partir das ideias destacadas no texto original. Cuidado para no acrescentar co-mentrios, pois eles exprimem opinio, e esse no o objetivo do resumo.

    De acordo com Amaral et aI. [...] resumir interpretar e condensar, ou seja, reproduzir o contedo do texto, de modo sinttico, em poucas palavras. Um resu-mo deve ter, no mximo, um quarto ou um quinto do texto original, sendo escrito de preferncia com a nossa prpria linguagem.

    Segundo Serafini, deve-se utilizar quatro regras para se elaborar bons resumos:

    cancelamento - possvel cancelar as palavras que se referem a detalhes desnecessrios compreenso do texto;

  • 4 Tipologia, EsTruTura E produo TExTual 39

    generalizao - possvel substituir alguns elementos por outros mais gerais que os incluem;

    seleo - possvel eliminar elementos que exprimem detalhes bvios e nor-mais no contexto;

    construo - possvel substituir um conjunto de oraes por uma nova que inclua todas as demais informaes.

    Para elaborar esse resumo, como no exemplo do texto do jornalista senega-ls Alcinau L. da Costa, voc precisa:

    ler vrias vezes o texto original para identificar a ideia central;

    identificar suas partes essenciais, grifando ou sublinhando o que conside-rado importante;

    eliminar palavras e frases inteiras, que no interferem na compreenso geral, mas manter as ideias fundamentais do original;

    usar termos e expresses mais curtos no resumo, verificando se esse texto forma uma unidade de sentido e se est claro e construdo com coeso e coerncia.

    Para resumir preciso saber diferenciar a ideia principal das secundrias. No h uma definio da dimenso do texto, mas fundamental que ele contenha as informaes necessrias para que o leitor compreenda o que est sendo tratado.

    Como o resumo a apresentao concisa dos pontos mais importantes de um texto, necessrio fazer atentamente vrias leituras de todo o original que ser resumido, para identificar sua ideia central e para assimilar as ideias do autor, ou seja, perceber qual o encadeamento do pensamento do autor, o fio condutor usado no texto.

    Para construir, elaborar o resumo aconselhvel: prestar ateno coeso; elaborar os pargrafos bem encadeados e coerentes entre si, na ordem direta e na voz ativa; usar a 3 pessoa do singular; eliminar detalhes que no sejam fun-damentais para a compreenso do texto; evitar o uso abusivo de adjetivos; subs-tituir formas mais extensas por outras mais curtas; manter o encadeamento do texto atravs de conectores, para que haja articulaes lgicas entre as partes.

  • 40 AUTOMAO INDUSTRIAL

    Em geral, o resumo objetivo, no apresenta uma introduo e no tem car-ter opinativo. Indica os pontos principais do texto sem apresentar dados qualitati-vos ou quantitativos, informa suficientemente o leitor para que ele possa ter uma ideia sobre o texto original de forma global, sem expor exemplos, resultados ou concluses que no estejam nesse texto.

    4.3.1 as Etapas dE um rEsumo

    As quatro etapas para uma elaborao adequada de um resumo so:

    a) Leitura atenta do texto original para identificar o tema e a finalidade.

    b) Seleo de fatos ou informaes mais importantes para a compreenso do original.

    c) Redao do resumo, com expresses menores e simplificadas que remetam ao original.

    d) Reviso do trabalho a fim de fazer alteraes e correes necessrias para que o resumo tenha uma unidade de sentido.

    4.4 rELAtrIo tcnIco

    O relatrio um tipo de descrio tcnica que tem por objetivo apresentar os passos de um procedimento, funcionamento de um aparelho, experimento, etc. Nas reas administrativas, o relatrio se tornou uma ferramenta por meio da qual o administrador ou tcnico consegue acompanhar as atividades de-senvolvidas pelos diversos setores, j que seria quase impossvel estar presente durante todos os processos. Um relatrio deve, obrigatoriamente, levar o leitor a chegar a uma concluso, caso contrrio, no atingiu seu propsito.

    Os relatrios podem ser simples, complexos, individuais ou coletivos, parciais ou completos, peridicos ou eventuais, tcnicos, cientficos, econmicos, administrati-vos, etc. Entre os tipos de relatrios, destacam-se os de pesquisa cientfica, relatrio de atividades escolares, relatrio comercial, administrativo e de prestao de contas.

    4.4.1 Estrutura do rElatrio tcnico

    O relatrio, como o prprio nome j diz, tem por objetivo relatar uma se-quncia de fatos ou acontecimentos relacionados a um evento especfico, por exemplo: uma viagem de estudos, uma palestra, um evento, etc. Para Martins e Zilberknop o Relatrio o documento atravs do qual se expem resultados de atividades variadas.

  • 4 Tipologia, EsTruTura E produo TExTual 41

    Segundo Cestari, o relatrio normalmente apresenta as seguintes caractersticas:

    objetividade;

    ausncia de suspense ou expectativa;

    impessoalidade na exposio;

    exposio em ordem cronolgica;

    indicao clara das diferentes fases do processo;

    detalhamento das atividades realizadas;

    predominncia de oraes coordenadas.

    Normalmente, a dificuldade na elaborao de um relatrio proporcional complexidade e abrangncia do assunto abordado.

    Nas reas administrativas, o relatrio se tornou uma ferramenta por meio da qual o administrador ou tcnico consegue acompanhar as atividades desenvolvi-das pelos diversos setores, j que seria quase impossvel estar presente durante todos os processos.

    Para Martins e Zilberknop, O relatrio constitui um reflexo de quem o redige, pois espelha sua capacidade. Ainda segundo esses autores, necessrio que o redator aprimore ao mximo na sua execuo e obedea a algumas normas para que ele seja realmente um reflexo da sua competncia, com clareza, contedo e facilidade na consulta.

    Um relatrio precisa apresentar os fatos obedecendo sua ordem cronolgica, ser claro, objetivo, informativo e apresentvel.

    Sempre que possvel, o relatrio deve ser breve, pois se pressupe que ele foi escrito para otimizar o tempo de quem o l. A linguagem deve ser objetiva, exata, precisa, clara e concisa sem, omitir nenhum dado importante.

    Tambm necessrio observar a pontuao, o emprego adequado das pala-vras e a ortografia das mesmas. Evite qualquer tipo de rodeio, pois a linguagem deve ser simples, clara e os termos devem ser precisos e exatos.

    FIQUE ALERTA

    Um relatrio deve obrigatoriamente levar o leitor a chegar a uma concluso; caso contrrio, esse no atingiu seu propsito.

    Para que um relatrio sirva aos objetivos aos quais se prope, ele deve respon-der s perguntas seguintes.

  • 42 AUTOMAO INDUSTRIAL

    Figura 6 - Perguntas para um relatrioFonte: Autor

    Antes de redigir um relatrio tcnico, preciso que essas perguntas estejam res-pondidas, para ento iniciar a organizao do mesmo.

    Os relatrios podem ser classificados, segundo as suas caractersticas, como:

    - Crtico: descreve como uma atividade foi realizada, h a opinio do autor.

    - sntese: resume brevemente um fato, experincia, situao, etc. Geralmente, este tipo de relatrio elaborado a partir de outros relatrios.

    - Formao: so elaborados durante ou aps a realizao de um curso ou estgio.

    Dependendo da complexidade e extenso da informao, o relatrio pode va-riar sua forma. Quando for curto, podem-se enumerar os pargrafos, exceto o pri-meiro. Se o relatrio for mais extenso, ele deve conter os seguintes elementos:

    capa;

    folha de rosto;

    sumrio;

    sinopse (ou resumo);

    introduo;

    contexto (ou desenvolvimento);

    concluses;

    anexos (se houver).

    Para redigir esses elementos, necessrio obedecer s normas vigentes estabe-lecidas pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT). So elas:

    Apresentao de trabalhos acadmicos (NBR 14724).

    Citaes (NBR 10520).

  • 4 Tipologia, EsTruTura E produo TExTual 43

    Referncias (NBR 6023).

    Numerao progressiva (NBR 6024).

    Sumrios (NBR 6027).

    Resumos (NBR 6028).

    ndice (NBR 6034).

    Informao e documentao relatrio tcnico ou cientfico: apresentao (NBR 10719).

    Voc percebeu como o relatrio uma ferramenta muito importante em vrias reas. Identificando sua classificao e tendo a resposta para cada pergunta apre-sentada anteriormente, voc ter propriedade suficiente para elaborar um relatrio.

    4.4.2 tipos dE rElatrios

    Os principais tipos de relatrios so os de pesquisa cientfica, de atividades escolares, comerciais, administrativos e de prestao de contas.

    Prepare-se para conhecer cada um deles.

    Relatrio de pesquisas cientficas

    Um documento que apresenta um relatrio sobre pesquisa cientfica deve re-ceber ateno especial quanto apresentao grfica e a metodologia. Como nos outros relatrios, a linguagem cientfica deve ser especfica, clara e sem ambigui-dades. Esse tipo de relatrio deve obedecer s normas estabelecidas pela Associa-o Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) e conter capa, folha de rosto, sumrio, resumo, introduo, desenvolvimento, concluso/consideraes finais.

    Destaca-se que, na introduo, apresenta-se um resumo do desenvolvimento bem como o motivo da elaborao do trabalho apresentado.

    No desenvolvimento, descreve-se, passo a passo, o que foi pesquisado ou rea-lizado, correlacionando-se com outras pesquisas j realizadas e fundamentando--o. J a concluso descreve os motivos de, eventualmente, a pesquisa ainda no estar concluda e aponta para os caminhos que ainda precisam ser percorridos at chegar-se ao termo desejado.

    As referncias bibliogrficas devem constar em seu relatrio, sendo um dos itens importantes que dar credibilidade ao mesmo.

  • 44 AUTOMAO INDUSTRIAL

    relatrio de atividades escolares

    Durante sua vivncia escolar, j fez algum relatrio?

    Os relatrios de atividades escolares so textos produzidos por estudantes, e englobam atividades como viagens de estudo, visita tcnica, experimento, etc. Nesse tipo de relatrio, observa-se que a linguagem empregada compatvel com o tema e com o grau de escolaridade do grupo.

    Os termos tcnicos no carecem de explicaes, pois j foram discutidos am-plamente em sala e so do conhecimento tanto do autor, quanto do leitor.

    Um relatrio escolar deve ter capa, folha de rosto, sumrio, resumo, introdu-o, desenvolvimento e concluso. Nesse tipo de relatrio, normalmente, no so inseridos anexos8, mas, apndices9 e emprega-se a descrio como forma de construo do texto para poder englobar desde as anotaes iniciais at as finais.

    Nesse tipo de relatrio, emprega-se a descrio como forma de construo do texto para poder englobar desde as anotaes iniciais at as finais.

    relatrio comercial

    O relatrio comercial, normalmente, elaborado pelos funcionrios que desenvolveram uma atividade fora da empresa e destinam-se ao su-perior imediato, como forma de relatar o que foi realizado, bem como a prestao de contas dos gastos. (notas fiscais, bilhetes de passagens e outros documentos so apresentados como apndice).

    Geralmente so apresentados em forma de carta ou memorando, acrescidos de fotografias, filmagens, kit tecnolgico, portflio, etc. Em alguns casos, podem ser apresentados em reunies ou conferncias.

    Os relatrios comerciais podem ser elaborados tanto pelos setores in-dustriais, de prestao de servio quanto pelo comercial.

    A linguagem de um relatrio comercial deve ser simples e, se houver termos tcnicos, devem ser esclarecidos.

    relatrio administrativo

    Os relatrios administrativos so desenvolvidos em administraes pblicas e contm todos os itens de um relatrio comercial.

    Ento, o que os diferencia?

    8ANExOS

    So textos ou outros materiais escritos por outrem, mas que foram usados no trabalho.

    9APNDICE

    um tipo de documento produzido pelo autor do tra-balho e que, por sua extenso ou complexidade, no cabe dentro do desenvolvimento.

  • 4 Tipologia, EsTruTura E produo TExTual 45

    O que os diferencia a forma de apresentao que deve ser elaborada em forma de ofcio, jamais em memorando ou carta. Esse tipo de relatrio tem o objetivo de comprovar para a posteridade, pois envolve dinheiro pblico e a legalidade deve ser observada com rigor.

    Esse tipo de relatrio tambm objetiva conferir a produtividade de um servidor ou setor pblico visando identificar a sua eficincia.

    relatrio de prestao de contas

    Um relatrio de prestao de contas ocorre quando h a necessida-de de retirar do relatrio comercial os documentos fiscais para envi-los para a contabilidade.

    4.5 currcuLo ProfISSIonAL

    O currculo, podendo-se tambm usar a forma em latim curriculum vi-tae (percurso de vida), seu passaporte para um emprego, j que agrupa informaes pessoais, formao acadmica e sua trajetria no mercado de trabalho, visando demonstrar suas qualificaes, competncias e habilida-des.. A linguagem deve ser objetiva e clara evitando dvidas ou mal-en-tendidos. Deve-se dar prioridade aos fatos mais relevantes evitando assim currculos muito extensos.

    Que tal aproveitar as informaes sobre o currculo e elaborar o seu? Ele ser de grande ajuda na hora de conseguir um emprego. Observe o modelo a seguir.

    modElo dE currculo

    A seguir voc pode observar um exemplo de currculo simplificado. Existem outros modelos que voc poder conferir no site fornecido abaixo.

  • 46 AUTOMAO INDUSTRIAL

    Neste site voc encontrar alguns modelos de currculo:

    http://www.efetividade.net/2007/09/07/como-fazer-seu-curriculo-modelos-originais-de-curriculum-vitae-e-dicas-de-preenchimento/

    SAIBA MAIS

  • 4 Tipologia, EsTruTura E produo TExTual 47

    4.6 mEmorIAL

    Segundo Martins e Zilberknop, a caracterstica especfica do memorial que o mesmo parte do funcionrio, atravs dos canais competentes, para seus supe-riores. O funcionrio, pois, serve de porta-voz de um grupo. Quanto ao assunto, o memorial o instrumento que se destina a solicitar algo autoridade competente. O memorial distingue-se do ofcio, porque traz o destinatrio antes do vocativo.

    A seguir um exemplo de memorial.

    ASSOCIAO DO BAIRRO x

    N 15/98 Porto Alegre, 10 de novembro de 1998

    Ao

    Sr. Fulano de Tal

    Prefeito Municipal

    Porto Alegre RS

    Senhor Prefeito:

    A Associao do Bairro x vem expor a V. Ex. a as dificuldades que este bairro vem enfrentando.

    2. Em primeiro lugar, h o problema da falta de calamento das Ruas L, P e V.

    3. Em segundo lugar, as Ruas A, D e F esto s escuras.

    4. Por ltimo, tendo em vista a morosidade dos nibus que servem o bairro, so-licitamos a V. Ex.a que coloque nossa disposio mais uma linha de transporte coletivo.

    Sendo o que se nos apresenta no momento, e certos da compreenso de V. Ex.a, externamos aqui os agradecimentos.

    Atenciosamente,

    Fulano de Tal

    PRESIDENTE

    PT/FV

    memorial descritivo

    Um memorial descritivo um tipo de texto tcnico que serve para explicar todo o desenvolvimento de um determinado projeto, que pode ser uma obra ou um produto. Nesse documento, so apresentadas as normas que o autor utilizou para fundamentar sua exposio e a descrio pormenorizada do pro-jeto, com todos os elementos tcnicos e tericos que foram utilizados pelo autor do memorial descritivo.

  • 48 AUTOMAO INDUSTRIAL

    Os memoriais descritivos so utilizados entre a fase de trmino do projeto e o incio da execuo do projeto, propriamente dito. Desse modo, o memorial des-critivo serve para orientar a compreenso da produo, da obra ou de determina-do equipamento, pea, produto. Os interessados em conhecer o projeto tero, no memorial descritivo, todas as informaes necessrias.

    Com um documento tcnico, o memorial descritivo expe as informaes mais relevantes de um projeto de forma detalha