tutoria em ead com a palavra tutores e estudantes

8/18/2019 Tutoria Em Ead Com a Palavra Tutores e Estudantes

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GONÇALVES, Lina Maria.Tutoria em EaD: com a palavra tutores e estudantes. Artigo originalmente apresentado noVIII ENCONTRO INT ERNACIONAL VIRTUAL EDUCA BRASIL. São José dos Campos- SP, 2007.

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TUTORIA EM EAD: COM A PALAVRA TUTORES E ESTUDANTES

Lina Maria Gonçalves Professora do Sistema EaD da Fundação Universidade d o Tocantins – UNITINS,

Pedagoga; Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital – TIDD, pela PUC SP.e-mail: [email protected]

RESUMO: O presente estudo apresenta a avaliação do trabalho desenvolvido pela tutoriapresencial em Educação a Distância no E stado do Tocantins, sob o ponto de vista dosestudantes e dos próprios tutores do Curso Normal Superior Telepresencial - CNST daFundação Universidade do Tocantins - UNITINS. Apresenta e analisa dados coletados pormeio de questionários aplicados aos estudantes, sendo a primeira amostra dequatrocentos e trinta e três (433) estudantes de diversas telessalas e posteriormente, noúltimo período do curso, novo questionário a cento e oito (108) estudantes e respectivostutores. Focaliza a aceitação da modalidade de educação a distância no estado, ainfluência das concepções de EaD e de tutoria adotadas pelos próprios tutores e aavaliação da mediação exercida por estes profissionais, no decorrer do curso. A pesquisademonstrou a relevância dos serviços de tutoria e a necessidade de uma atuação efetivado tutor, não somente nos aspectos organizacionais do curso, como também umaatuação pedagógica consistente na orientação direta a os estudantes. Concluiu-se,portanto, que a capacitação dos tutores deve focalizar as competências tecnológicas,didáticas e tutoriais para que este profissional seja capaz de, efetivamente, ter a sua açãodirigida para o sucesso das práticas em Educação a Distância.

ABSTRACT: The present study presents the evaluation of the work developed for thetutor in Distance Education of the Tocantins, under the point of view of the students andthe proper tutors of the Course Normal Superior Telepresencial - CNST of the FoundationUniversity of the Tocantins - UNITINS. It presents the analysis later the data collected inresearch carried through initially with four hundred and thirty and three (433) academics ofdiverse telessalas and, in the last period of the course, with more one hundred and eight(108) academics and respective tutors. It in the distance focuses the acceptance of themodality of education in the state, the influence of the conceptions of EaD andguardianship adopted by the proper tutors and the evaluation of the mediation exerted forthese professionals, in elapsing of the course. The research demonstrated the relevanceof the guardianship services and the necessity of an performance accomplishes of thetutor in the direct orientation of the academics. It concludes on the importance of ifthinking the mediating paper of the tutor, so that this professional is capable effectively tohave its action directed for the construction of one better Education in the distance .

PALAVRAS-CHAVE: Educação a Distância, Tutor , Mediação

KEY WORDS: Distance Education, Tutor, Mediation

mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]


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INTRODUÇÃO

Pensar a formação de educadores no sentido mais amplo do termo implicaconside rar a importância dos diferentes atores e autores que, de alguma forma,participam do processo educativo em ambientes institucionalizados (VIEIRA,

2003, p.11)

No âmbito da Educação a Distância - EaD, pode-se definir tutoria como o conjuntode ações educa tivas que contribuem para desenvolver e potencializar as capacidadesbásicas dos estudantes, orientando-os, dirigindo-os, motivando-os, avaliando-os para queobtenham crescimento intelectual e autonomia, ajudando- os a tomar decisões em vista deseus desemp enhos e participações como estudantes. A atividade de Tutoria, portanto, dizrespeito ao acompanhamento próximo e a orientação sistemática de grupos deestudantes realizada por pessoas experientes na área de formação. Tem como objetivosgerais ampliar as p erspectivas na formação, integrando as dimensões biológicas,psicológicas e sociais, elaborando coletivamente e criticamente a experiência deaprendizagem.

Nos diferentes modelos de cursos a distância sempre existe, de uma forma ou deoutra, a presença do tutor. Esta não se apresenta de forma uniforme e recebe váriasnomenclaturas ou classificações. Para análise, no presente trabalho, adotou -se aclass ificação da tutoria nas modalidades presencial, virtual e semipresencial.

A modalidade de tutoria presencia l, segundo Garcia Aretio (2001), visa elucidarquestões referentes às dificuldades de conteúdo e dúvidas na metodologia do curso. Nosencontros presenciais dos tutores com os estudantes, individualmente ou em grupos, sãoresolvidas tanto as dúvidas relativas ao conteúdo e à metodologia do curso, quanto aosaspectos estruturais do curso, tais como provas, trabalhos e demais atividades

acadêmicas a realizar etc.Já a modalidade de tutoria virtual , que tem as mesmas funções da presencial, refere-se a todo o s istema de tutoria realizado a distância, por meio de ambientes virtuais,portanto, as mediações tecnológicas interferem e agregam valor às interaçõescomunicativas. Esta modalidade tem grande aceitação quando o uso do computador estáintrojetado na cultura local e a grande maioria dos estudantes já está habituada ao usodessa ferramenta.

Por outro lado, a modalidade semipresencial pode ser entendida de acordo com oDecreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, Art. 1º, § 1º, como “a dinâmica de ensinoque s e organiza segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares, para as quaisdeverá estar prevista a obrigatoriedade de momentos presenciais”. Nesta linha, a tutoriasemipresencial seria aquela que comporta momentos a distância e momentos de encontros pres enciais, para orientação dos estudantes , em grupos ou individualmente.Os encontros presenciais, oferecidos além das orientações mediatizadas pelo ambientevirtual, por telefone ou por outra tecnologia disponível, podem ser obrigatórios ou não,conforme o projeto pedagógico do curso.


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- Mas, o que a experiência tem demonstrado sobre esta mediação tutorial? - O que estudantes e tutores do Curso Normal Superior pensam sobre a mediação

exercida por este profissional?- Que avaliação eles fazem da tutoria no Curso que estavam concluindo?

Para tentar responder a algumas destas questões, a presente pesquisa, realizadacom tutores e estudantes do CNST pautou- se nos princípios metodológicos, descritos aseguir.

ABORDAGEM METODOLÓGICA

Este trabalho resulta de pesquisas exploratóri as, documentais e qualitativasrealizadas a partir do emprego das seguintes técnicas e procedimentos:

- Análise do projeto do CNST, dos manuais para tutoria e outros documentos,além de informações sobre o rendimento dos estudantes na disciplina Estágio,as médias das telessalas e dados sobre os tutores.

- Aplicação de um primeiro questionário, durante o quarto semestre do curso, aquat rocentos e trinta e três (433) estudantes espalhados por todo o estado.

- Aplicação de um segundo questionário, durante o sexto e último semestre docurso, aos tutores e estudantes de uma amostra de dez por cento (10%) dastelessalas dos turnos matutino e vespertino, perfazendo um total de cento eoito (108) estudantes e respectivos tutores.

- Entrevistas aos tutores, ao final do curso, buscando compreender a suaconcepção inicial e atual de EaD, de tutoria e mediação e a avaliação quefaziam da função do tutor .

Os resultados obtidos sobre a percepção dos estudantes e dos próprios tutoressobre a mediação tutorial exercida , durante o CNST foram bastante significativos e suaanálise poderá contribuir para a compreensão da tutoria no estado do Tocantins e indicar parâmetros para novos cursos a distância. Neste sentido, nos itens dois (2) e três ( 3)deste trabalho apresenta-se e analisa-se estes resultados, obtidos durante a pesquisarealizada e analisa o papel mediador do tutor, sob o ponto de vista dos estudantes e dospróprios tutores.

2. ANÁLISE DOS RESULTADOS:COM A PALAVRA OS AUTORES E ATORES

Os tutores presenciais , em sua capacitação inicial receberam o Manual de Tutoriacontendo todos os procedimentos logísticos de comunicação, de controle estudante,didáticos e pedagógicos. Segundo tais normas, eles deveriam estar efetivamentepresentes em todos os momentos das teleaulas, nos trabalhos de tutoria individual,coletiva ou em pequenos grupos, orientando e coordenando os trabalhos.


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sentia que estava com dificuldade, procurava logo ajuda e, se eu percebia que podia ajudar, já orientava individualmente ou, com mais freqüência, reunia og rupo e orientava, mas se não conseguia, partia para o 0800 e trazia asrespostas e sugestões apresentadas pelos professores”.

Ainda para compreender as dificuldades enfrentadas inicialmente pelos tutores,

também é importante ressaltar a avaliação dos próp rios estudantes a respeito de seuinteress e ao começar e concluir o curso, como mostra a tabela 2.

Tabela 2: Auto avaliação dos estudantes , realizada durante o último semestre docursoQual era seu grau interesse ao iniciar o Curso NormalSuperior em rel ação aos itens abaixo:

timo Bom Regular Fraco

Atualização de conhecimentos. 71,6% 28,4% - -Melhoria da prática docente. 63% 34,6% 2,4% -

Aquisição de novos conhecimentos. 71,6% 28,4% - -Conquista de um diploma de graduação. 64,1% 24,6% 11,3% -

Ace itação da modalidade 22,5% 15,3% 34,3% 27,9% Aceitação da orientação de um (a) tutor (a) 36,1% 19,6% 24,5% 19,8%

Qual é seu grau interesse ao concluir o Curso NormalSuperior em relação aos itens abaixo:


Atualização de conhecimentos. 71,6% 28,4% - -Melhoria da prática docente. 63% 34,6% 2,4% -

Aquisição de novos conhecimentos. 71,6% 28,4% - -Conquista de um diploma de graduação. 64,1% 24,6% 11,3% -

Aceitação da modalidade 49,3% 33,3% 17,3% - Aceitação da orientação de um (a) tutor (a) 58,1% 29,6% 4,9% 7,4%

Observa- se que em relação aos quatro primeiros itens da auto -avaliação osestudantes demonstram não terem mudado a opinião que tinham ao iniciar o curso e noúltimo período, ou seja, avaliaram com a mesma intensidade seus interesses em relaçãoao curso para atualização de conhecimentos, melhoria da prática docente, aquisição denovos conhecimentos e conquista de um diploma de graduação.

O mesmo não ocorre em relação à aceitação da modalidade e da orientação de umtutor, sendo que estas evoluíram para melhor com o decorrer do curso, o que pode serconstatado ao verificar, por exemplo, que juntando as expectativas ótimas e boas emrelação à aceitação do CNST no início do curso de 37,8% passam para 82,6% por

ocasião de realização da pesquisa, no último período e, em relação ao tutor no início docurso havia uma aceitação de 55,7% que passa para 87,7% ao final.

2.1.1. COM A PALAVRA OS TUTORES DO CNST

Ao buscar dados para a identificação dos tutores tomou -se por base o total detutores constantes dos registros da coordenação do curso e não somente a amostra de


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tutores entrevistados, acrescendo a estes apenas as informações referentes à experiênciano magistério, uma vez que não constavam dos registros existentes.

Tabela 3: Id entificação dos tutores Sexo

Feminino 78,06%Masculino 21,94%

Idade Até 25 anos. 8,6%De 26 a 35 anos. 32,4%De 36 a 45 anos. 38,3%De 46 a 55 anos. 20,7%

Formação Acadêmica Pedagogia 38,4%Licenciaturas 38,3%Normal Superior 7,3%Outros 16,2%

Experiência Profissional Já exercia o magistério 72,7%Não exercia o magistério 27,3%

Fonte: Registros da coordenação do curso

Em relação a esta identificação dos tutores do CNST, três aspectos básicos devemser analisados, a saber:

Primeiro: Assim c omo ocorre no magistério, de modo geral, no país, a maioria dostutores, ou seja, 78,06% são do sexo feminino.

Segundo: 70,7% encontram-se na faixa etária adulta de 26 a 45 anos, ou seja, nafase em que a maioria das mulheres brasileiras, de classe média, está casada e comfilhos. Isto significa que elas conciliam seu tempo entre os cuidados dos filhos e tarefasdomésticas com os encargos profissionais. Considerando, ainda, que 84% possuemhabilitações para o magistério, pode -se analisar que, atuar na tutoria presencial (em seupróprio município) representa uma possibilidade de trabalho compatível, em muitosaspectos, com suas necessidades.

Terceiro: Considerando que o magistério é a área de formação de 84% e quedeste total, 72,7% já possu em experiência profissional na área, a tutoria passa arepresentar não apenas mais uma experiência como professor ( a), mas uma experiênciadiferente, cheia de desafios e de expectativas.

Confrontando esses dados com as informações coletadas pela entrevista, na qual ninguém afirmou ter experiência anterior na Educação a Distância, estamos diante doquadro característico desse grupo: Pessoas com formação em magistério, comexperiência no ensino presencial, mas “novatas” no que se refere ao ensino a distância.Mais uma vez analisa- se que a concepção que estas têm de EaD, assim como de tutoria,pode ser o diferencial em relação a mediação exercida junto aos estudantes.

Este diferencial se deve, principalmente, ao fato de que, somente quem acredita noque faz, o faz de modo a ger ar transformações no seu entorno. Desta forma, os tutoresque acreditaram na modalidade e perceberam sua responsabilidade no processo,puderam adotar o movimento ação -reflexão-ação e contagiaram os estudantes,


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potencializando não somente a aprendizagem des tes, como sua própria formação emserviço, como defende Schon (2000, p. 39)

uma formação profissional com base na reflexão -na- ação contém uma visãoconstrucionista da realidade com a qual ele lida – uma visão que nos leva a vê -loconstruindo situações de sua prática, não apenas no exercício do talento artísticoprofissional, mas também em todos os outros modos de competência profissional.

Este movi mento se apresentava, no contexto do início do CNST , como o caminhoviável para os tutores trilharem na constr ução de seu próprio conhecimento edelineamento da função, que apesar de tão discutida, até os dias atuais, não se encontratotalmente configurada.

Entretanto, nem todos os tutores acreditavam na educação a distância, desde oinício, como demonstram os dados apresentados na tabela 4.

2.1.1.2. CONCEPÇÃO DE EAD E ACEITAÇÃO DA MODALIDADE APRESENTAPELOS TUTORES DO CNST

A análise dos dados indica que não somente os estudantes , mas também ostutores modificaram suas concepções e assumiram novas atividades e responsabilidadesque foram, aos poucos, sendo incorporadas diante das demandas que surgiram. A partirdisto, é possível constatar a necessidade do (a) tutor ( a) ter uma atuação maisabrangente, direcionada tanto para aspectos relacionados a conteúdos como tambémtecnológicos e educacionais, podendo fazer uma integração destes conhecimentos para aconstrução de uma Educação a Distância mais atraente e eficaz.

Tabela 4: Avaliação da modalidade EaD pelos tutores

Observa- se que mesmo tendo experiência no magistério, apenas 32,3% dostutores acreditavam que o curso seria bom e viável desde o início. Entretanto, com odecorrer do curso, passaram a acreditar. Vários depoimentos dos entrevistadosdemonstram a evolução de suas expectativas iniciais:

“Eu pensava que era apenas uma forma de „dar diploma‟, mas hoje vejo que aEaD é algo que funciona e que realmente certifica com qualidade...”

“Antes eu comentava com as colegas: Será que vai dar certo? Será que vamosdar conta de orientar os estudantes? Mas gosto de desafios (...). Agora pensoque este foi um macro projeto. As teleaulas ond e os professores não perdem umminuto, o auto estudo, as tutorias, além do suporte pedagógico (0800) foramcapazes de promover uma educação com excelência”.

”Por não conhecer a estrutura e pensar na amplitude de adesão das pessoas, pensava que seria apena s uma forma de certificação „dar diploma‟ às pessoas,

Aceitação da modalidade

Acreditava desde o i nício 32,3%Passou a acreditar mais com o decorrer do curso 48,2%Depende muito do grupo 16,2%Continua tendo dúvidas 2,3%


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agora vejo que funciona, mas devemos contar que há pessoas que se interessammais que as outras, por isso gerar uma má formação também, dependendo das

pessoas... ” .

“Antes eu não acreditava muito no cur so, pensei, como muitos, que fosse apenasuma forma de ganhar dinheiro, mas com o decorrer do curso esta minhaconcepção mudou. Nas tutorias realmente aconteceram momentos de estudo (...)minha turma foi a segunda colocada (desempenho nas provas), no estad o”.

“Antes de conhecer a Educação a Distância tinha uma concepção errônea, poisimaginava que era uma educação que deixava algo a desejar. Hoje, apósconhecer e participar do curso, vejo que é eficaz e auxilia os educandos aaprender com autonomia”.

“Pensava que seria impossível aprender a distância. O estudante estudarsozinho?! Ia ficar muito aquém nos conhecimentos... Desde o curso decapacitação para tutores, que teve uma boa parte a distância, vi que realmente agente aprende”.

Durante as entrevista s ficaram explícitas, nas falas dos tutores, a presença inicialde duas concepções de Educação a Distância, ou seja, alguns a consideravam inviável eoutros tinham dúvidas se ela poderia ser plenamente concretizada.

Neste sentido, Karsenti (2008, p. 181-199), ao abordar o impacto das tecnologiasde informação e comunicação sobre a atitude, motivação e a mudança nas prá ticaspedagógicas dos futuros professores afirma que são grandes os desafios para o ensinouniversitário no que se refere à motivação dos estudantes, a construção de competênciasvisando a autonomia intelectual, a alfabetização informática dos futuros docentes e odesenvolvimento de ambientes tecnológicos cada vez mais ricos e estimulantes.

E estes dados revelam que o mesmo se aplica à formação complementar dosdocentes que atuarão como tutores ou professores a distância. Os depoimentos destestutores não deixam dúvidas de que o professor, formado para o ensino presencial, precisadesenvolver novas competências para atuar, de forma eficaz, na EaD.

É relevante destacar as mudanças de concepção ocorrida, de modo que, a o finaldo curso, após o enfrentamento de tantas situações desafiadoras , de algumascapacitações pontuais e de vivências da Educação a Distância, com seus limites epossibilidades, eles afirmare m que a Educação a Distância é a

“(...) oportunidade de formação com excelência, apenas com a diferença detempo e espaço ocupado pelos professores e estudantes ”. Ou ainda, “Forma deensino que depende mais do grupo de estudantes e de seu interesse pessoal,

portanto pode ser de ótima qualidade para um grupo e péssima para outro”.

Guardadas as devidas proporções em relação à sistematização dos conceitos ealgumas variações nas expressões usadas, observa -se que, ao final do curso os tutoresen trevistados concordam com a definição de Litwin (2001, p. 27) pa ra Educação aDistância, para quem

o traço característico da modalidade consiste na mediatização das relações entreos docentes e os estudantes. Isso significa, de modo essencial, substituir aproposta de assistência regular à aula por uma nova proposta, na qual os docentes


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ensinam e os estudantes aprendem mediante situações não convencionais, ouseja, em espaços e tempos que não compartilham.

Além disso, estes tutores também demonstram ter incorporado a visão deautonomia intelectual do estudante , tão necessária em todo e qualquer processo deensino e aprendizagem, mas indispensável em EaD, como afirmam Palloff e Pratt (2004,p.139) para quem “o estudante (...) de sucesso sabe trabalhar de m odo independente” (...)e que “a capacidade de refletir sobre o material apresentado pelos colegas e peloprofessor é tão importante (...) quanto o pensamento crítico”. Assim, a orientação de umestudante ou grupo de estudantes para melhorar a aprendizagem e tornar-se um aprendizautônomo, será mais eficaz se o tutor os ajudar a mudar seus hábitos de estudo e adesenvolver habilidades metacognitivas. Esta orientação, por sua vez, depende do quantoo tutor acredita na modalidade de ensino e em sua própria função.

2.1.1.3. CONCEPÇÃO DE TUTORIA APRESENTADA PELOS TUTORES DO CNST

Se a concepção de EaD é importante neste contexto, o compromisso de setrabalhar em equipe para estabelecer formas de socialização do conhecimento entre osestudantes que compõem a telessala e até mesmo com demais estudantes, com osprofessores e a gestão do curso pode ser um grande diferencial na atuação dos tutores.Neste sentido, buscou- se também conhecer, durante a entrevista, não somente osconceitos que os tutores tinham de tutori a e mediação, como também a auto avaliação damediação exercida.

Sobre os conceitos de tutoria convém transcrever algumas das falas maissignificativas sobre a visão inicial de tutoria:

“Saí do curso de capacitação inicial de tutores com uma visão muito técnica da

função do tutor. A função pedagógica eu fui descobrindo com a prática, quandosenti que, para as funções técnicas eu nem precisava ser educadora e que minhaturma precisava de orientação...”

“Inicialmente pensei que eu iria ligar a TV na hora c erta, fazer chamada, aplicaras provas, receber trabalhos e documentos e enviar para Palmas... Logo, logodescobri que isso seria muito pouco.”

Mais importante ainda é conhecer as definições dos tutores sobre a tutoria e afunção do tutor no CNST, já no último período do curso. Neste momento, os tutoresentrevistados demonstraram uma boa compreensão da relevância da função por elesexercida durante todo o curso.

“Ser tutor é ser um professor muito dinâmico, que preste muita atenção às aulasde todas as disciplinas. Deve ter conhecimento bem abrangente (saber de tudoum pouco). Tem também que ter muita responsabilidade e gostar de sertutor/professor”. “Ser tutor é saber exercer a função de intermediar, ajudar, auxiliar os estudantesnos aspectos burocráticos e também pedagógicos”. “Ser tutor é orientar e auxiliar os educandos da melhor maneira possível,coordenando os aspectos administrativo e pedagógico”.


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“Eu costumo dizer que é uma profissão árdua, polivalente, pois o tutor é um pouco de professor na tele ssala, um pouco de secretário, coordenador, orientador(...) a tutoria é uma ponte entre estudantes, conhecimento e professores ounúcleo de ensino em EaD”. “O tutor é o maior responsável pela telessala, o estudante só terá interesse pelo

desenvolvimento dos trabalhos se o tutor incentivar e orientar para que façam otrabalho, porque o tutor é o ponto de referência como o professor em sala”.

Ao analisar comparativamente tais depoimentos percebe- se que a visão de tutoriaapresentada, ao final do curso, s e refere mais aos aspectos pedagógicos do que aosburocráticos, ou seja, se forem adotadas como referência as visões de tutoria nas trêscategorias: b urocrática, pedagógica e burocrática com tendência pedagógica, observa -seque prevalece entre o grupo a vi são pedagógica que considera o tutor como aqueleprofissional que cria espaços nos quais os estudantes poderão desenvolver sob suaorientação e colaboração, o processo de construção do conhecimento, de uma formaautônoma e responsável e não somente aquele que coordena o processo administrativo /burocrático como foi a percepção inicial.

Esses depoimentos demonstram uma visão de tutoria semelhante a que édefendida pela UNED (Espanha) 2, onde o tutor:

(...) se ocupa de dar sentido y de llena de contenido l a tutoría mediante el desarrollode las más variadas actuaciones (programa de actividades) en cumplimiento de lasfunciones que tienes asignadas para la mejor atención de los alumnos. Se convierteasí en el punto de encuentro, ámbito de acogida y referente obligado para elalumno que desarrolla sus estudios mediante un sistema de enseñanza a distancia.

La tutoría proporciona la ayuda y la orientación a lo largo del proceso deenseñanza -aprendizaje, para que los alumnos que estudian a distancia puedansuperar las dificultades que se e presentan en sus estudios, a la vez quedesarrollan hábitos de trabajo intelectual autónomo.

Percebe- se que é nesse sentido que os tutores entrevistados avaliaram tanto ocurso e a modalidade de ensino, quanto sua própria atuação como mediadores doprocesso de interação entre estudantes e conhecimentos. Eles manifestaram acompreensão de qu e a tutoria deve estar baseada em um conjunto de atividades deintervenção facilitadora e orientadora visando a ampliação da capacidade do s estudantesem aprender autonomamente.

3. AVALIANDO A TUTORIA: COM A PALAVRA OS ESTUDANTES E TUTORES

A EaD demanda várias funções e a docência é exercida por uma equipe, como

descreve Maia e Mattar (2007, p.90)., para quem

uma das características em geral associadas a educação a distancia é o fato de oprofessor ter deixado de ser uma entidade individual para se tornar uma entidade coletiva.O professor de cursos a distancia pode ser considerado uma equipe, que incluiria o autor,um técnico, um artista gráfico, o tutor, o monitoretc.

2 CASTILLO ARREDONDO, Santiago e GARCIA ARETIO, Lorenzo. El profesor tutor y la tutoria em elmodelo UNED . Madrid: UNED, 1998, p. 276


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Nesta equipe, o tutor é aquele profissional que mais diretamente se relaciona comos estudantes , que se encontram distantes da instituição e de seus professores, portanto,o tutor assume uma grande responsabilidade na medi ação pedagógica.

Mas qual seria a visão que os estudantes têm deste profissional? Dados obtidos a partir do segundo questionário aplicado a cento e oito (108)

estudantes e respectivos tutores, das telessalas de diferentes pontos do estado, durante oúltimo semestre do curso mostram uma avaliação positiva dos serviços de tutoria.

3.1. COM A PALAVRA OS ESTUDANTES

A tabela 5 dá uma visão de como os estudantes avaliam as funções da tutoria e ashabilidades individuais apresentadas por seu (a) tutor (a) no dese mpenho de tais funções.

Tabela 5 : Avaliação do desempenho do tutor

Quanto ao desempenho de seu (ua) tutor (a), qual a suaapreciação em relação à:


1-Capacidade de comunicação. 72,8% 23,5% 3,7% -2-Disponibilidade para orientação. 71,6% 22,2% 6,2% -3-Relacionamento interpessoal. 70,1% 24,7% 6,2% -4-Acompanhamento do progresso dos estudantes. 68% 29,6% 2,4% -5-Realce dos aspectos da disciplina. 67% 30% 3% -6- Clareza nas orientações dos trabalhos marcados pelosprofessores.

72,8% 23,5% 3,7% -

7- Retorno das avaliações dos relatórios de estágio. 70,4% 29,6% - -8- Retorno das avaliações dos trabalhos de portifólio. 77,8% 22,2% - -9- Valorização das atividades realizadas pelos estudantes. 76,5% 22,2% 1,3% -10- Valoriza ção do Curso. 82,7% 17,3% - -11- Valorização da função de tutoria. 84% 16% - -

Ao observar os resultados da avaliação d o desempenho do tutor, ou seja, emrelação às competências pessoais, a satisfação dos estudantes é constatada , o quedemonstra uma va lorização do tutor pelos estudantes e a conseqüente compreensão deimportância deste profissional no curso. Na percepção de 7 4% dos estudantesconsultados pela pesquisa, seus tutores são ótimos em todas as habilidades listadas,enquanto para 17,6% eles são bons e apenas 2,4% os consideram regulares.

Paradoxalmente apenas 43,2% dos tutores se auto- avaliaram como ótimos e45,5% consideram- se bons enquanto 11,3% atribuíram -se o conceito de regular, comopode ser observado na tabela 6, a seguir.

3.2. COM A PALAVRA OS TUTORES

Por meio do questionário respondido pelos tutores foi obtido um modesto resultado,na auto- avaliação de suas habilidades, conforme apresentado na tabela 6.


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Tabela 6: Auto- avaliação dos tutores Quanto ao seu desempenho qual a sua apreciação emrelação à:


1-Capacidade de comunicação. 50% 50% - -2-Disponibilidade para orientação. 100% - -3-Relacionamento interpessoal. 50% 50% - -4-Acompanhamento do progresso dos estudantes. 25% 75% - -5-Realce dos aspectos da disciplina. - 75% 25% -6- Clareza nas orientações dos trabalhos marcados pelosprofessores.

75% 25% - -

7- Retorno das avaliações dos relatórios de estágio. - 100% - -8- Retorno das avaliações dos trabalhos de portifólio. - 75% 25% -9- Valoriza ção das atividades realizadas pelos estudantes. 50% 25% 25% -10- Valorização do Curso. 75% - 25% -11- Valorização da função de tutoria. 50% 25% 25% -

Verificou- se uma avaliação mediana do desempenho tutorial, sob o ponto de vistados próprios tutores. Entretanto, nas entrevistas, realizadas ao final do curso, foi possívelouvir depoimentos que melhor avaliam sua percepção sobre o papel mediador por elesdesempenhado junto aos estudantes.

Ao serem interrogados sobre a avaliação de sua atuação como tut or, ou seja, doquanto sua mediação influenciou positivamente o rendimento dos estudantes, usandocomo parâmetro as médias no projeto de pesquisa desenvolvido como requisito par aavaliação do Estágio I (5º período) os entrevistados manifestaram percepções diferentes,sendo que podem ser classificadas em dois grupos:

1. O sucesso ou fracasso dos estudantes ocorreu devido a características dospróprios estudantes , ou seja, somente não alcançaram média , aqueles que nãose comprometeram em assistir as teleaulas e seguir as orientações dadas, poisestas foram muito claras, explicadas, exemplificadas e repetidas.

2. O sucesso dos estudantes deve-se ao fato deles terem conseguidocompreender e assumir responsabilidades sobre o seu processo deconhecimento. Como eles não tinham maturidade intelectual para compreenderisto desde o início do curso foi fundamental a mediação do tutor.

Enquanto o primeiro grupo não justificou sua conclusão, esse segundo grupoapresentou uma grande confiança de que seu desempenho foi fundament al ao grupo comafirmações com o seguinte teor:

“Desde a organização dos grupos até o envio do projeto para Palmas euacompanhei, incentivei e orientei passo a passo, seja confrontando o trabalho do

grupo com o roteiro dado pelos professores, seja convidando o grupo e assistindonovamente com ele a teleaula referente à dúvida, seja listando as principaisdúvidas e ligando para os professores (0800) e repassando à turma asorientações...”

“A partir do terceiro período, quando os estudantes compreenderam bem adinâmica do curso e viram que não era „brincadeira‟ ou seja, que os professoresexplicavam conteúdos, davam trabalhos, provas e avaliavam a aprendizagem,

perceberam q ue somente quem levasse a sério concluiria o curso, nenhum


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estudante reprovou mais e m nenhuma disciplina. Então, o Projeto, no 5º período,foi fácil de orientar porque eles já estavam no ritmo”.

“Na organização dos grupos sempre orientei para que tivesse pelo menos umcomponente que já atuasse como professor, isto facilitava as discussõe s efavorecia a relação teoria - prática. Considero que isso tenha sido decisivo para osucesso não só do Projeto, mas de todo o estágio e nas disciplinas em geral”.

E ainda:

“Logo, logo, ou seja, a partir do segundo período, os estudantes começaram aacreditar mais no curso e na sua capacidade de estudar/aprender e passaram aassumir com seriedade a responsabilidade pelo auto- estudo (...) também exigisempre uma participação nos momentos/tempo da tutoria e vejo que isto ajudoumuito”.

Tais depoimentos dem onstram a relevância da mediação do tutor em EaD e abreespaço para novas reflexões: os novos recursos tecnológicos conseguirão promover amudança necessária à educação? Qual é o papel da tecnologia e o papel humano na EaD?Brunner citado por BRASLAWKY (2004, p. 77) responde que:

Não se deve cometer o erro de imaginar que a mudança educacional será guiadapelas novas tecnologias da informação e da comunicação, por mais poderosasque estas sejam. A educação é muito mais que seus suportes tecnológicos;enca rna um princípio formativo, é uma tarefa social e cultural que, sejam quaisforem as transformações que experimente, continuará dependendo, antes detudo, de seus componentes humanos, de seus ideais e valores (...) as tecnologiasda palavra são cumulativas e não substitutivas e dependem dos fins sociais e nãoo contrário (...)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Presencia- se um processo de transformação social. No estado do Tocantins aimplantação do CNST (objeto desta pesquisa) e posterior mente dos outros cursos adis tância não poderia ter acontecido sem os recursos tecnológicos para a transmissãodas teleaulas e a interação entre estudantes, professores, tutores ou web-tutores.Entretanto, sem o envolvimento pessoal dos profissionais, nenhuma mudança significativapoderia ocorrer. Destacou-se aqui a mediação exercida pelo tutor inicialmente adotada nomodelo presencial.

A pesquisa demonstrou a importância dos serviços de tutoria e a necessidade deuma atuação efetiva do tutor não somente nos aspectos organizacionais do curso comouma atuação pedagógica consistente na orientação direta dos estudantes. Garantir queos estudantes compreendam as demandas da aprendizagem a distância e assumamcompromisso com este processo, parece ser o primeiro e fundamental passo para osuc esso dos processos de ensino e aprendizagem e, conseqüentemente, das funções detutoria.

Ao concluir esse trabalho e analisando o que propõem as diversas instituições quedesenvolvem pesquisas no sentido de implantar soluções para a oferta de cursos namod alidade EaD é possível concluir que a formação de tutores não pode diferir daformação de professores. Para Alvariño (2004) a seleção e capacitação complementar dosprofessores, para exercer a tutoria, devem centrar nas competências tecnológicas


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(domínio da tecnologia utilizada pelo curso, do interesse em atualizar conhecimentostecnológicos e capacidade para simplificar procedimentos). Competências didáticas (conhecimento de teorias de aprendizagem coerentes com o modelo do curso e um bomdomínio dos conteúdos do curso). É preciso ainda competência tutorial (habilidades decomunicação escrita, capacidade de adaptação à diversidade, ser um planejador realista

e ter capacidade de trabalho e constância). Assim, esse profissional será aquele que irácriar os e spaços onde os estudantes poderão desenvolver sob sua orientação ecolaboração o processo de construção individual do conhecimento. O tutor é:

Profesor , cuando lê enseña y lê explica la materia.Tutor, cuando le ayuda y tutela en las necesidades y carencias durante eldesarrollo de su aprendizaje.

Asesor, cuando le aconseja y le sugiere soluciones ante las dificultades quepueda ir encontrando.Orientador, cuando le guía y le indica lo que más le conviene en cada circunstancia. Facilitador, cuando le aclar a dudas y le hace más asequibles los contenidos de aprendizaje(CASTILLO ARREDONDO e GARCIA ARETIO, 1998, p. 263).

Ao estabelecer o vínculo com o estudante , o tutor é o profissional que identifica einterfere no seu desempenho estudante: no trabalho que ele desenvolve, no interessepelo curso, na aplicação do conhecimento adquirido no dia a dia, no desenvolvimento eaprendizado. O apoio tutorial deve, portanto, realizar-se na intercomunicação, a funçãotríplice: motivação, orientação e avaliação e a formação complementar do professor paraexercer a tutoria deve, portanto, contemplar estas funções.


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