trinta anos de perdão

8
Trinta anos de perdão FOTO: DIÁRIO DO NORDESTE No aniversário da Lei da Anistia, o Campus localiza em Fortaleza o ex-delegado da PF José Armando Costa, recordista em acusações de tortura na ditadura militar 04 SEGUNDA-FEIRA - Brasília, 25 de Maio de 2009 WWW.FAC.UNB.BR/CAMPUSONLINE ANO 39, EDIÇÃO Nº336 O perigo da gripe comum Apesar do medo causado pela gripe suína, a comum mata mais. Só no Brasil, foram 753 óbitos no ano passado 07 Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília Os churrascos sem carne da UnB atraem cada vez mais estudantes com espírito empreendedor Incentivados pela quantidade de material descartado no campus Darcy Ribeiro, trabalhadores deixam casas nas satélites para morar em barracas improvisadas na UnB POR AQUI Lixo universitário atrai catadores de recicláveis FOTO: ANA PAULA PAIVA Pesquisas realizadas na UnB usam a nanotecnologia para tratar doenças tropicais e até alguns tipos de câncer 06 08 FOTO: ANA PAULA PAIVA COMPORTAMENTO CIÊNCIA E TECNOLOGIA FOTO: ANA PAULA PAIVA Insatisfação e pressão por política cultural Faltam professores em escola de medicina Movimento de artistas locais cobra do GDF diretrizes mais sólidas. Segmento questiona aplicação de recursos do FAC e quer maior participação no aniversário de Brasília 06 Escola Superior de Ciências da Saúde tem seu método de ensino prejudicado pelo deficit de docentes. Para não parar as atividades, direção coloca mais alunos nas turmas do que o previsto 07 03 CULTURA SAÚDE SEM TRABALHO FORMAL, FAMÍLIAS VIVEM EM CONDIÇÕES PRECÁRIAS À BEIRA DA VIA L3 NORTE

Upload: fac-jornalismo

Post on 02-Mar-2016

230 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

No aniversário da Lei da Anistia, o Campus localiza em Fortaleza o ex-delegado da PF José Armando Costa, recordista em acusações de tortura na ditadura militar

TRANSCRIPT

Page 1: Trinta anos de perdão

Trinta anos de perdãoFOTO: DIÁRIO DO NORDESTE

No aniversário da Lei da Anistia, o Campus localiza em Fortaleza o ex-delegado da PF José Armando Costa, recordista em acusações de tortura na ditadura militar

04

SEGUNDA-FEIRA - Brasília, 25 de Maio de 2009 WWW.FAC.UNB.BR/CAMPUSONLINE ANO 39, EDIÇÃO Nº336

O perigo da gripe comumApesar do medo causado pela gripe suína, a comum mata mais. Só no Brasil, foram 753 óbitos no ano passado 07

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília

Os churrascos sem carne da UnB atraem cada vez mais estudantes com espírito empreendedor

Incentivados pela quantidade de material descartado no campus Darcy Ribeiro, trabalhadores deixam casas nas satélites para morar em barracas improvisadas na UnB

POR AQUI

Lixo universitário atrai catadores de recicláveis

FOTO: ANA PAULA PAIVA

Pesquisas realizadas na UnB usam a nanotecnologia para tratar doenças tropicais e até alguns tipos de câncer

06

08

FOTO: ANA PAULA PAIVA

COMPORTAMENTO

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FOTO: ANA PAULA PAIVA

Insatisfação e pressão por política cultural

Faltam professores em escola de medicina

Movimento de artistas locais cobra do GDF diretrizes mais sólidas. Segmento questiona aplicação de recursos do FAC e quer maior participação no aniversário de Brasília

06

Escola Superior de Ciências da Saúde tem seu método de ensino prejudicado pelo deficit de docentes. Para não parar as atividades, direção coloca mais alunos nas turmas do que o previsto

0703

CULTURA

SAÚDE

SEM TRABALHO FORMAL, FAMÍLIAS VIVEM EM CONDIÇÕES PRECÁRIAS À BEIRA DA VIA L3 NORTE

Page 2: Trinta anos de perdão

2 Opinião ))

EXPEDIENTEEditora-Chefe: Camila GuedesSecretária de Redação: Anna Carolina VilelaDiretor de Arte: Bruno SilvaEditores: Fabiano Bomfim (Opinião), Ana Cláudia Felizola (Especial), Taíssa Dias (Por Aqui), Amanda Gonzaga (Cultura e C&T), Marina Bosio (Esporte e Saúde), Pedro Duprat (Fotografia), Naira Gomes (Comportamento)Repórteres: Camilla Machuy, Filipe Kafino, Juliana Leão, Juliana Nogueira, Leonardo Muniz, Lucas Doca, Marciele Santos, Maria Scodeler, Mayara Reis, Naiara Leão, Sacha Brasil, Tchérena Guimarães, Verônica HonórioFotógrafos: Ana Paula Paiva, Ana Beatriz Lemos, Fernanda NevesDiagramadores: Gláucia Cristina, Izabella Miranda, Luciana AlbuquerqueProjeto Gráfico: Filipe Kafino, Leonardo Muniz, Lucas Doca, Naiara LeãoProfessor Responsável: Solano NascimentoJornalista: José Luiz SilvaProfessor de Fotografia: Lourenço CardosoSuporte Técnico: Pedro França e Mário FilhoMonitores: Janine Moraes e Marina de SáTIRAGEM: 4.500 EXEMPLARES - GRÁFICA GUIAPACK

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília

Campus Darcy Ribeiro, Faculdade de Comunicação, ICC-Ala Norte.Contato: (61) 3307-1925 Ramal 207/241 – [email protected] - Caixa Postal: 04660 CEP: 70910-900

ConjunturaRafael Holanda Barroso é aluno do 7º semestre de Ciência Política e coordenador-geral do DCE da UnB

[email protected]

Desafios da qualidade

Você custa dinheiro

EDITORIAL

Carta do leitor

Gostaria de reclamar sobre algo que me incomoda:

a falta de abordagem dos assuntos da UnB e das elei-ções do DCE pelo Campus. É incoerente que um jornal universitário não enfatize os assuntos que o circundam.

Atento minha crítica para a primeira edição, que men-cionou vagamente as eleições em um pequeno quadro. Na segunda, deixou a desejar numa matéria que, embora escrita coerentemente, mos-tra-se in-completa. Fato é que o movimento estudantil

apresenta uma vasta gama de pensamentos, e que as elei-ções para DCE são impor-tantes.

Ilustrar isso com uma ma-téria quase “rodapé”, em que dados estatísticos se sobres-saem às propostas políticas, é demonstrar o quanto as edi-torias e a influência docente do jornal estão desligadas de sua realidade local.

Isso se mostra evidente quando o jornal resolve co-locar como matéria de capa um assunto que já havia sido tratado na edição de número 279, em 2003. A página 7 já exibia uma foto com um car-ro da FUB estacionado em vaga para deficientes.

JERONIMO CALORIO PINTOEstudante de Jornalismo

OMBUDSKIVINNA

J ornalista, mesmo marcado pela efemeridade e objetivi-dade, constrói narrativa e,

como bom contador de história, não deixa o causo pela metade. Essa, porém, não é a impressão que temos ao ler a matéria sobre as elei-ções do DCE. Ela explica muito bem o processo eleitoral, mas peca

em falar pouco sobre a chapa ven-cedora, no sentido de interrogá-la a respeito das propostas.

Como o DCE representa os estudantes nas instâncias políti-cas da Universidade, seria tam-bém interessante saber o que pensam a Adunb, a reitoria e mesmo a FUB sobre o resulta-do da eleição. Já a reportagem Gi-násio de esporte está sem esporte não deixa claro porque ainda não exis-

tem políticas públicas de incentivo ao esporte no Nilson Nelson.

Outra coisa que se deve saber é qual deve ser o tamanho de uma história. Como jornalista não é pescador, a história deve ter o tamanho exato do peixe. Cometer excessos como em Uma nova vida ao velho Chico é descuido. O assunto da matéria é interessante, mas a repórter re-pete informações, enche o texto de floreios e acaba perdendo o foco. Vale a intenção de se aven-turar pelas ferramentas literá-

rias, só que não bastam palavras bonitas, é preciso conteúdo.

Por falar em literário, há duas seções no jornal que flertam com a crônica: a coluna Chute do Campus e a editoria Com-portamento. Ambas, no entan-to, ainda não se encontraram e confundem a leveza com su-perficialidade. As duas abordam assuntos bastante falados sem acrescentar novidade ao leitor.

A história que embrulha peixe

Ana Rita Cunha, estudante do 7° semestre de Jornalismo

* Ombudskvinna, feminino de ombuds-man. Na imprensa, é a pessoa que anali-sa o jornal do ponto de vista do leitor

OBrasil tem uma das menores taxas de jovens incluídos no ensino superior da América Latina. Observando os dados

do Plano Nacional de Educação, o país tem menos de 12% dos jovens de 18 a 24 anos na universidade. Comparando com nos-sos vizinhos, a situação fica vergonhosa: Argentina tem 40%, Venezuela tem 26%, Chile e Bolívia têm 20,6%. Para nós, que entendemos a educação como meio de vencer nossa imensa desigualdade social, incluir mais jovens na universidade é uma coisa urgente, além de um direito garantido na Constituição.

Mudanças na Universidade“Para onde vai a universidade brasileira?”. Não é de hoje que essa per-gunta é feita. Em julho de 1972, ela abria a reportagem do Campus sobre a reforma universitária iniciada anos antes. O governo federal pretendia ampliar o número de laboratórios e bibliotecas, além de ga-rantir dedicação exclusiva dos professores às universidades. O repórter José Humberto Netto mostrou que até aquele momento o projeto não tinha saído do papel em vários estados brasileiros.

EDIÇÃO 336 – JORNAL CAMPUS

HÁ QUASE 40 ANOS

Leia o Campus Online www.fac.unb.br/campusonline!

ILUSTRAÇÃO:

Q uando se é aprovado no vestibular de uma universidade pública,

um peso é tirado das costas. “Meus pais não terão mais que gastar tanto dinheiro co-migo”, é o que passa na cabeça da maioria dos felizardos. E a universidade acaba se tornan-do, para muitos, um paraíso em que money não tem tanta importância quanto no resto do mundo.

Infelizmente, a realidade é outra. Só porque seus pais não lembram a você todos os dias que investem tantos mil pagando sua faculdade, não significa que as coisas venham de graça. Assim que alguém passa no vestibular de uma instituição pública, essa pessoa começa a fazer parte de um seleto grupo que tem os estudos custeados por toda a sociedade. É, todo mundo sabe disso. O que a maioria

das pessoas não sabe é quan-to exatamente elas custam para o país. De acordo com a Lei Orçamentária Anual de 2009, os cofres públicos de-vem gastar este ano cerca de R$ 519.568.408 apenas para que os cursos de graduação da Universidade de Brasí-lia continuem funcionando. Considerando que existem 25.775 graduandos, isso sig-nifica que o país vai gastar aproximadamente R$ 20.000 por ano para que você consiga um diploma. Pensando nisso, o Campus decidiu abordar o assunto apenas para convidar os alunos da UnB a refletirem melhor na hora em que deci-direm matar uma aula, atrasar o curso ou tratar as instala-ções da Universidade diferen-temente de como tratam sua própria casa. Afinal, pode não parecer, mas você está custan-do muito para o Brasil.

Participe também do Campus, escreva a sua cartaEnvie críticas e sugestões para [email protected]!

ILUSTRAÇÃO: IÚRI LOPES

R E U N I

Q U A L É A R E C E I T A ?

ILUSTRAÇÃO: IÚRI LOPES

O último projeto de expansão apresentado pelo MEC, o Reuni, já está em curso em todas as universidades federais do Brasil e, assim, cursos já foram criados, vagas estão sendo ex-pandidas e o processo está acontecendo. Falando disso, o que mais escutamos pelos corredores é o jargão “expansão só com qualidade!”. Essa é uma resposta óbvia. Que estudante defen-deria a falta de qualidade? O problema real é: como garantir isso?

A maior contribuição que podemos dar para a solução dos problemas da universidade e da expansão é o envolvimento em uma mobilização constante. O movimento estudantil precisa estar no dia-a-dia, por meio dos CAs e do DCE, garantin-do as condições para o pleno desenvolvimento das atividades acadêmicas. É nossa obrigação mobilizar uma avaliação dos docentes, acompanhar os concursos dos novos professores, co-brar uma formulação participativa e antecipada das listas de oferta, entre outras coisas. A qualidade na universidade não cai do céu, ela é – e deve ser – fruto de uma construção coletiva entre professores, estudantes e técnicos-administrativos.

A importância dessa mobilização é mais perceptível quando os problemas da expansão aparecem: campi sem RU, aulas sem sala, concursos de cartas marcadas selecionando professores ru-ins, criação de cursos sem projeto político pedagógico, etc. Essa é uma realidade em todos os campi, que têm problemas que são fruto, principalmente, da falta de planejamento e de orga-nização. O Reuni não resolve nossos problemas, mas é só com envolvimento e mobilização que vamos trabalhar para que ele expanda nossas qualidades e não nossos problemas.

Page 3: Trinta anos de perdão

ILUSTRAÇÃO: IÚRI LOPES 3Por Aqui((

Educação superior Inc.

Abundância de lixo reciclável atrai catadores para as redondezas da UnB. Sem informação, eles vivem sob insegurança, medo e preconceito

Esperança de uma vida reciclada

A compra das faculda-des Juscelino Ku-bitscheck, do Dis-

trito Federal, pelo grupo Anhanguera, de São Paulo, não foi só mais uma transação comercial no ensino superior do Brasil. A venda representa uma tendência nesse mercado e marca a participação finan-

ceira estrangeira, já que a A-nhanguera é uma empresa de capital aberto. Apesar dos sig-nificativos investimentos es-trangeiros no ensino superior brasileiro nos últimos anos, não há qualquer regulamen-tação no país para o ingresso de capital externo em escolas e universidades.

A abertura de capital do grupo Anhanguera, que tam-

O campus Darcy Ri-beiro não é povoado apenas por alunos e

servidores. Outras pessoas vi-vem por aqui e muitas vezes passam despercebidas. Vemos e não temos ideia de quem são. Chamados de catadores de lixo por alguns e catadores de materiais recicláveis por outros, eles são algumas deze-nas de pessoas que sobrevivem do que achamos que não serve mais.

Se você já passou pela L3 Norte para chegar à UnB, já os viu. Moram em barracas de lona e de papelão. Alimentam-se do que acham nos lixos das ruas e de doações. Fazem co-

mida a céu aberto e as necessi-dades fisiológicas igualmente. Vivem às margens não só da rodovia, mas do sistema.

A pesquisadora do Centro de Desenvolvimento Susten-tável da UnB (CDS) Valéria Gentil explica que a Asa Nor-te e as redondezas da Univer-sidade são atrativas para os catadores porque possuem o lixo “rico”. Esse é o lixo que as indústrias recicladoras com-pram em maior quantidade. No caso das proximidades da Universidade, há abundância de papel, plástico, papelão e garrafas pet.

Juscileine Maria, 40, recolhe lixo perto do Posto Policial da L3 Norte e da Faculdade de Tecnologia. Vaidosa, ela con-ta que gosta de trabalhar na

escuridão da noite, pois tem vergonha de ser vista mal-ar-rumada e catando lixo. “Todo mundo fica me olhando es-tranho, como se eu fosse gente ruim”, queixa-se.

Juscileine tem cinco filhos, entre eles um com apenas dez meses. Apenas o filho de sete anos vive com ela, mas fica a maior parte do tempo distan-te, em uma casa que a família aluga em Brasilinha (Planalti-na de Goiás). É nessa cidade que mora grande parte dos ca-tadores de material reciclável que se fixam temporariamente no campus. Eles ficam de 15 dias a um mês recolhendo e vendendo materiais recicláveis em Brasília e depois voltam para as cidades-satélites, onde permanecem por no máximo

uma semana. Ednalva Oliveira, 39, tem

dois filhos e explica que aluga uma casa por R$ 120 em Bra-silinha. “Meus filhos precisam ficar lá estudando”, conta. E acrescenta: “Não sobra di-nheiro nenhum do meu traba-lho. Pago aluguel e tenho que comprar comida para deixar para os meus filhos”. Os cata-dores autônomos conseguem tirar, em média, R$ 400 por mês. O quilo do papelão é vendido a R$ 0,06. O da gar-rafa pet custa R$ 0,05 e um palmo de papel (na vertical) é vendido por R$ 0,08.

Ednalva veio da Bahia para tentar sobreviver na capital. Ela foi um dos muitos imi-grantes que transferiu o título de eleitor para Brasília porque ouviu de candidatos promes-sas de um futuro melhor. “Sei que esse lugar aqui não é nos-so”, diz referindo-se ao terreno que ocupam junto ao campus. “Mas o que eu faço se eu pre-ciso trabalhar?”.

InclusãoPara a pesquisadora Valéria

Gentil, esses trabalhadores são excluídos socialmente e mal-incluídos economicamente. “O governo não vê a realida-de dessas pessoas e se omite”, afirma a estudiosa. Marcel Bursztyn, professor do CDS, acredita que uma forma de incluí-los socialmente é atra-vés da formalização de seus trabalhos, inserindo-os em cooperativas. “Essas pessoas vivem à margem de benefícios da legislação trabalhista”, afir-ma Bursztyn.

De acordo com os dados

lhes explicar os benefícios de formarem cooperativas. José Alves, 34, é uma prova de que muitos catadores continuam na informalidade porque ain-da não possuem informação suficiente. “Nunca me explica-ram o que é cooperativa, nem sei como funciona”, comenta Alves.

A doutoranda Valéria Gen-til explica que a UnB tem muitos projetos de extensão relacionados com a coleta se-letiva de lixo, mas esclarece que é muito complicado para a Universidade ajudar os au-tônomos que vivem da coleta de materiais recicláveis: “A Universidade de Brasília não vai apoiar um sistema ilegal e informal”.

NO DF, CAPITAL EXTERNO É REPRESENTADO PELO GRUPO ANHANGUERA

FILIPE KAFINO

ENSINO

bém é dono das faculdades Santa Teresinha e Facnet, ambas em Taguatinga, é um dos casos mais expressivos. A oferta inicial de suas ações rendeu R$ 300 milhões à em-presa, que hoje, com cerca de 250 mil alunos, nove mil só no DF e entorno, é a maior do Brasil no ramo. Com mais de 40% de suas ações negociadas na Bolsa, o grupo tem entre seus investidores internacio-nais fundos de investimento com sede nas ilhas Cayman e no Reino Unido.

Empresas estrangeiras tam-bém expandiram seus negócios visando os estudantes brasi-leiros. A Laureate, segundo maior grupo educacional dos Estados Unidos, adquiriu a universidade Anhembi – Mo-rumbi. A Whitney, também americana, comprou parte do centro universitário Jorge

Amado, da Bahia.A presidente da União Na-

cional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, defende a ur-gente regulamentação do setor pelo Congresso Nacio-nal. “A educação não pode ser considerada uma mercadoria, um serviço, e sim um assunto estratégico para o desenvolvi-mento nacional”, afirma. Se-gundo ela, a UNE defende o percentual de 30% de ingresso de capital externo na educa-ção. “Se for permitido mais do que isso, as corporações pas-sam a definir as diretrizes do que será ensinado, quais cursos serão abertos, segundo a lógica do lucro e não de acordo com o projeto educacional nacio-nal”, argumenta a presidente.

O diretor técnico da As-sociação Brasileira de Man-tenedoras do Ensino Superior (Abmes) e também reitor da

Anhangüera, Antônio Car-bonari Netto, defende o mo-delo que ajudou a implantar. “Hoje as faculdades precisam desse capital. A crise está afe-tando as matrículas”, explica. Para ele, há uma discussão ideológica por trás do capital. “Na década em que eu estudei em livros americanos e russos, ninguém questionava a ideo-logia que vinha nos livros e agora vão questionar a ideolo-gia que vem do financiamen-to?”, indaga.

Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), algu-mas perguntas precisam ser respondidas quanto à entrada indiscriminada de capital es-trangeiro no ensino superior. “Qual a finalidade desse di-nheiro? Existe a possibilidade de ser um capital volátil? O Brasil precisa se tornar uma economia do conhecimento,

eu não tenho preconceito com a origem do capital, mas tenho princípios”, afirma o político.

O Plano Nacional de Edu-cação prevê que, até o fim da década, 30% dos jovens entre 18 e 24 anos estarão matricu-lados em instituições de ensino superior. Hoje, esse percentual não chega a 15%. No mês pas-sado, a Câmara dos Deputa-dos instalou uma comissão es-pecial para discutir os projetos que alteram as regras gerais para educação superior, a Re-forma Universitária.

A regulamentação do inves-timento estrangeiro na educa-ção está incluída em alguns dos projetos de lei em discussão no Congresso que tratam da questão. As proposições vari-am entre o estabelecimento de teto para o capital externo (PL 7.200/2006) até a proibição total (PL 2.138/2003).

JUSCILEINE MARIA SENTE VERGONHA DE SER UMA DAS CATADORAS DE LIXO QUE VIVEM PRÓXIMO À UNIVERSIDADE

da Central de Cooperativas de Catadores de Materiais Reci-cláveis (Centcoop) de Brasília, dos cerca de 20.000 catadores existentes na cidade, apenas 2.718 fazem parte de organi-zações cooperativas, dentre os quais não estão incluidas Jus-cileine e Ednalva.

Danilo Miura, Gerente da Centcoop, acredita que a inserção de um trabalhador autônomo na cooperativa mo-difica a realidade. “Trabalhar em conjunto traz confiança e facilita a aquisição de material (como carrinhos) e terrenos”, evidencia Miura.

No entanto, ele entende que a Centcoop não possui recursos suficientes para levar informações aos catadores e

FOTO: ANA BEATRIZ LEMOS

FOTO: ANA PAULA PAIVA

CATADORES TÊM ESPERANÇA DE MUDANÇAS E TRABALHO FORMAL

TCHÉRENA GUIMARÃES

FOTO: ANA BEATRIZ LEMOS

Page 4: Trinta anos de perdão

04Especial

Olhos vendados

para o PASSADO

Mesmo aposentado da função de de-legado da Polícia

Federal (PF), José Armando Costa, 63 anos, tem uma ro-tina agitada. É corregedor-geral dos Órgãos de Segu-rança Pública e Defesa Social do Ceará, ministra palestras e cursos pelo Brasil, escreveu seis livros de Direito e é dono de um escritório de advoca-cia em Aldeota, bairro nobre de Fortaleza. É uma figura conhecida na cidade, com grande prestígio profissional. Porém, há partes de sua vida sobre as quais ele prefere não falar: “Já pensou se eu estives-se atrás de você por uma coisa

que você fez há trinta anos?”.Em 1985 foi divulgado o

relatório do projeto Brasil Nunca Mais (BNM). É fru-to de pesquisas, que duraram mais de cinco anos, realiza-das por um grupo coordena-do pela Arquidiocese de São Paulo. Foram examinadas mais de 1 milhão de páginas de 707 processos contra pre-sos políticos que tramitaram

Em meados da década de 70, quando presos políticos sofreram torturas físicas e psicológicas em Fortaleza, José Armando Costa era de-legado da Polícia Federal na cidade. Em depoimentos da-dos à Justiça Militar à época, presos relataram que, apesar de não operar de forma dire-ta os instrumentos de tortura, Costa os interrogava logo de-pois das sessões de maus tra-tos e ameaçava repetilas para obter confissões. O engenhei-ro Lavoisier Alves Cavalcan-te, ao depor em 1973 sobre as torturas que sofreu, relatou uma frase de Costa: “Olha, rapaz, se você não concordar com isso que eu mandei colo-car (na confissão), você pode entrar numa faixa pesada”. De

MARIA SCODELERVERÔNICA HONÓRIO

acordo com Elizabeth Silvei-ra, presidente do Grupo Tor-tura Nunca Mais do Rio de Janeiro, tanto o agente quanto o que permite a tortura têm a mesma responsabilidade. “Ele (Costa) não é inocente nessa história”, afirma.

Localizado pelo Cam-pus em Fortaleza, Armando Costa primeiro se mostrou receptivo, mas desconfiado.

“Você quer escrever sobre o quê?”, perguntou. Ao ouvir a menção à anistia, mudou de tom. “Sou uma pessoa com a vida muito limpa, não sei onde você está querendo che-gar com isso”, disse. “Acho isso uma supersacanagem.” Ele contou que na PF “era considerado a mãe da polícia, porque era humano” e sugeriu que se pare de revirar o pas-sado. “Eu acho que este país, em termos de jornalista, está muito atrás. Vamos olhar para frente”, propôs, encerrando a conversa em seguida.

Carreira e famíliaArmando Costa cursou

Direito na Universidade Fe-deral do Ceará e, assim que se formou, ingressou na Po-lícia Federal como delegado. Além do Ceará, onde chegou a ser superintendente da PF, atuou em Brasília, Bahia, Rio de Janeiro, Piauí, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Foi casado durante 35 anos com Lenilza Costa, com quem teve quatro filhos: Arman-do Júnior, Adriano, Janaína e Andrea. Separou-se em 2004 e tem duas netas de oito anos. Incentivou os filhos a segui-rem a carreira jurídica. “Os presentes para quem passasse em Direito sempre eram me-lhores do que se passássemos em outro curso”, conta Jana-ína. Assim que se aposentou da polícia, em 1993, Costa abriu um escritório de advo-cacia para trabalhar com os

Delegado aposentado da PF do Ceará prefere esquecer seu envolvimento em torturas durante a ditadura

Sou uma pessoa com a vida muito

limpa, não sei onde você (repórter)

está querendo chegar com isso”“

José Armando Costa , 63 anos

na Justiça Militar entre abril de 1964, logo após o golpe de Estado que deu início à ditadura, e março de 1979. O relatório inclui depoimentos de réus e de testemunhas de torturas. A partir disso, o pro-jeto BNM elaborou uma lista com 1.026 referências a civis e militares acusados de ligação direta com a tortura, tanto por meio da utilização de instru-mentos quanto em interroga-tório de presos durante e após as sessões de maus tratos.

Nessas referências há casos de acusados citados por mais de um réu e nomes que não permitem a identificação por estarem incompletos. Retira-dos esses casos, sobram na lis-ta 249 nomes. Desses, 25 são de agentes e delegados da PF.

A maioria morreu ou deixou a Polícia Federal, mas seis se aposentaram na corporação e seguem até hoje na folha de pagamento do governo. De-les, o recordista em acusações de tortura é José Armando Costa, citado por seis depo-entes. Como os demais acu-sados, ele foi perdoado pela Lei de Anistia, que completa 30 anos em agosto.

filhos, que seguiram os con-selhos do pai e se formaram em Direito.

Entre as funções do cargo atual de Armando Costa, de corregedor-geral de Órgãos de Segurança, está a fiscali-zação da conduta de policiais. De acordo com a legislação, cabe a ele “receber reclama-ções e denúncias contra inte-grantes da Polícia Civil e das Corporações Militares Esta-duais e apurar o fundamento das denúncias”. Para a filha Janaína, o fato de Costa ser corregedor mostra sua iden-tificação com a área. “É prova de que (ele) gosta de traba-lhar na polícia”, disse.

O delegado aposentado participa de seminários em várias partes do país e escre-veu livros como Estrutura Ju-rídica de Liberdade Provisória e Manual de Polícia Judici-

ária. O passado de José Ar-mando Costa não é segredo para muita gente em Forta-leza. Márcio Albuquerque, presidente da Associação Cearense 64-68-Anistia, que presta apoio a ex-presos polí-ticos do regime militar, é um dos que sabem das acusações contra o ex-delegado da Po-lícia Federal. Albuquerque tenta compreender por que o assunto não é discutido de forma pública.

Para ele, a sociedade tem dificuldade para fugir do ma-niqueísmo e entender que uma pessoa “normal” pode ter sido um torturador. “As pessoas pensam que os tortu-radores são diferentes, são uns monstros”, explica. “Às vezes eles são bons pais de família, bons vizinhos, mas são torturadores.”

JOSÉ ARMANDO COSTA PUBLICOU SEIS LIVROS SOBRE DIREITO E FAZ PALESTRAS PELO BRASIL

Page 5: Trinta anos de perdão

“Ele ficava rindoda situação da gente”

05Especial

G eraldo Majela Gue-des, comerciante preso em 1973, afir-

mou em depoimento à Jus-tiça Militar que não via di-ferença, do ponto de vista do “sadismo”, entre os policiais que operavam os instrumen-tos de tortura e o delegado José Armando Costa, que o ameaçava e interrogava no gabinete da Polícia Fede-ral. Costa, conforme relatos de seis presos políticos, era responsável por obter as con-fissões de detentos em Forta-leza. Na maioria dos depoi-mentos, ele aparece exigindo que os presos assinem papéis confirmando tudo o que dis-

seram durante os maus tratos e advertindo-os

A frase é do ex-preso político Vicente Walmick Vieira ao falar sobre a postura de Costa em interrogatórios

Minhas preocupações

eram preservar o máximo

de informação possível

e sobreviver”

“José Auri Pinheiro, 58 anos

de que as torturas recomeça-riam caso não obedecessem.

O professor de Física Vi-cente Walmick Vieira, preso aos 31 anos em 1973, também foi interrogado por Armando Costa após sessões de maus tratos. As torturas renderam a Vieira cinco dentes quebra-dos e muitos traumas. “Uma pessoa que vai para uma tem-porada dessas daí fica com mil sequelas”, afirma. “Passei muitos anos em que eu não podia ver o carro deles (poli-ciais federais e militares)”. O professor lembra-se de Costa. “Ele ficava rindo da situação da gente, ameaçava devol-ver a gente (para a tortura)”, conta Vieira ao Campus.

O relato do universitário Ricardo Esmeraldo, detido aos 24 anos em 1973, descre-ve a suposta naturalidade com que Costa tratava a violência praticada pelos policiais. O delegado teria dito que, “em matéria de surra”, até ele ha-via apanhado de seus pais, motivo pelo qual Esmeraldo não deveria dar tanta atenção àquele tratamento. Hoje, Es-meraldo prefere não comentar as torturas. “Não quero nem tocar nesse assunto”, afirma.

O engenheiro Lavoisier Cavalcante, aos 26 anos, chegou vendado e algema-do à Superintendência Re-gional da Polícia Federal do Ceará para dar um de-poimento a Armando Cos-ta logo após ser torturado. Cavalcante não gosta de fa-lar sobre o passado. “Nem pra mim ele colocou o que sofreu, ele sofreu muito”, justifica Clara Cavalcante,

mulher do engenheiro. Ca-sada há 36 anos, Clara conta que o marido foi preso logo após o casamento e ficou desaparecido por um mês. Fiscal da prefeitura de For-taleza, Cavalcante tem dia-betes e problemas cardíacos.

O então estudante de Química José Auri Pinheiro foi preso no dia 24 de janei-ro de 1973, em João Pessoa, na Paraíba. À noite, foi enca-minhado à Polícia Federal do Ceará e, na manhã seguinte, em um lugar ignorado, as torturas começaram e se es-tenderam por três dias. Os torturadores, segundo ele, eram policiais subordinados ao delegado José Armando Costa. “Minhas preocupa-ções eram preservar o máxi-mo de informação possível e

sobreviver”, revela Pinheiro, hoje professor da Universi-dade Federal do Ceará.

Ele enfrentou dificuldades para conseguir falar pouco e continuar vivo. Em depoi-mento à Justiça Militar, re-latou que, ao negar conhecer os nomes de pessoas e orga-nizações citadas por um dos torturadores, teve suas mãos e pés amarrados, levou cho-

MARCIELE SANTOSMARIA SCODELER

Lei nº 6.683/79

que elétrico, teve um holofote projetando luz diretamente sobre seu rosto e ficou pendurado na posição “pau-de-arara” (veja o info-gráfico) por duas vezes, re-cebendo ameaças e pancadas. “Achava que eu, provavel-mente, nem sairia vivo”, relata.

Pinheiro ficou com queima-duras e hematomas. O ex-pre-so político diz que os policiais e militares eram “especialistas em tortura”, pois sabiam machucar sem colocar a vida dos interro-gados em risco. “Quando eles quebravam a pessoa, é porque eles iam matar mesmo”. O torturado ouviu de um poli-cial que quatro presos tinham sido exterminados. A notícia veio seguida da ameaça de que, caso o detento não fizesse aquilo que os policiais deseja-

vam, teria o mesmo destino. Transferido para diferen-

tes quartéis, Pinheiro só teve contato direto com seus fa-miliares depois de 40 dias, já em um presídio. “Recebi a visita da minha mãe, foi um momento de alívio”, lembra, com a voz embargada. Lá, começou a receber assistên-cia de advogados e ficou pre-so por dez meses. Doutor em

Bioquímica, diz não ter se-quelas graves dos tempos de tortura. Há seis anos, porém, passou por uma experiência que lhe trouxe lembranças dos sofrimentos de 1973. Foi a uma imobiliária assinar os

papéis da ven-da de um de seus

apartamentos e, quando chegou ao escritório do cor-retor, encontrou o comprador do imóvel: o ex-delegado da polícia fede-ral José Arman-do Costa, identificado como o chefe dos torturadores. “Pa-rece que ele me reconheceu.”

C ontestada até hoje, a Lei de Anistia foi aprovada

no dia 28 de agosto de 1979, gerando na prática um perdão a acusados por crimes políti-cos. Brasileiros considerados subversivos e exilados pelo regime militar conseguiram voltar a viver com tranquili-dade no país, enquanto mili-tares e policiais civis acusados de torturar presos políticos não puderam ser processados pelos crimes. A aprovação da lei foi a primeira medida significa-tiva do governo de João Baptista Figueiredo (1979-1985) para a reabertura política do país.

No ano passado, a Secre-taria Especial dos Direitos Humanos, órgão do governo federal, pleiteou sem sucesso no Supremo Tribunal Federal (STF) a possibilidade de pro-cessar torturadores. Também ligada ao Executivo, a Advo-cacia Geral da União (AGU) defendeu a manutenção da

CAMILLA MACHUYanistia de forma irrestrita. Por sua vez, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protocolou nova ação no STF questionando o perdão a poli-ciais civis e militares acusados de tortura. Professores do Instituto de Ciência Política (IPOL) da UnB também se dividem em relação à revoga-ção ou não da lei. “Em países como Argentina e Uruguai, onde o sistema de repressão foi ainda pior do que no Bra-sil, a questão da condenação dos torturadores gerou uma instabilidade política que se estende até os dias de hoje”, diz Ricardo Caldas. “Incrimi-nar os torturadores agora vai ser uma medida inútil e frustrante.” Leonardo Bar-reto tem uma tendência pró-revisão da Lei da Anistia, mas é cauteloso. “Foi uma medida muito importante para o país, mas hoje sofre severas críti-cas”, afirma. “Muitas pessoas acreditam que os torturadores deveriam ser condenados pe-los crimes que cometeram.”

FOTO:DIÁRIO DO NORDESTE

Page 6: Trinta anos de perdão

6 Cultura

Indique!Por Pedro Duprat

Idiocracy(EUA, 2005) O futuro da hu-manidade é um péssimo destino nesse filme. Uma

experiência do exército que não dá certo leva o homem mais medíocre possível a encontrar um mundo onde a violência gratuita, o consu-mo desenfreado e a burrice cultural são regra. Uma boa crítica não só ao emburreci-mento da era Bush, mas ao nosso mundo também.

Filme

Desonra (J. M. Coetzee, 1999)Um professor universitário é acusado de as-sédio sexual e

vai viver na fazenda da filha. Nesse mundo rural, o protagonista encontra não só as contradições da África do Sul, mas de sua própria mente.

Livro

Mingus Ah Um (Charles Mingus, 1959, Columbia) Nas palavras do au-

tor, esse álbum é um “tribu-to estendido aos ancestrais.” As músicas têm influências que vão do gospel ao twelve bar blues, além de com-posições direcionadas aos amigos e, um dos clássicos do jazz, Fables of Faubus.

Álbum

Confira a agenda cultural diariamente no site: fac.unb.br/campus2009@Artistas locais questionam aplicação de recursos do FAC e propõem ao GDF a consolidação de diretrizes

))

Pequenos ímãs que podem curar

Imagine a distância de um milímetro numa régua.

Agora divida esse milímetro em mil partes. O resultado é o tamanho de um nanômetro. Partículas magnéticas dessa dimensão estão sendo pesqui-sadas na UnB. Uma das apli-cações estudadas é o depósito de remédios em células para a cura de doenças tropicais. Ou-tra utilização é a despoluição ambiental.

Desde 1998, professores da Universidade, de institutos como os de Física, Biologia, Química, trabalham com as possibilidades dessas partícu-las. “Nanotecnologia envolve, necessariamente, um conhe-cimento multidisciplinar”, diz Ricardo Bentes, professor do Instituto de Biologia. Hoje, o grupo que trabalha com na-notecnologia conta com mais de 50 professores, 250 alunos

e parcerias com outras nove universidades brasileiras.

Entre as pesquisas realizadas com nanotecnologia na UnB está a do ‘carreamento de dro-gas’. Ela consiste no uso dos materiais nano para a ‘entrega’ de medicamentos em locais específicos do corpo. O estudo coordenado por Bentes usa a técnica para o tratamento da Paracoccidioidomicosse, mais conhecida como PB Micose. Essa doença é endêmica da América Latina, costuma ata-car os pulmões e atinge princi-palmente trabalhadores rurais.

O tratamento convencional da PB Micose tem muitos efeitos colaterais. A vantagem da terapia com nanotecnolo-gia é que, como a exposição é localizada, o tempo que a droga leva para agir é menor e, portanto, os efeitos colaterais também. “Se serve para tratar a PB Micose, pode servir para tratar o câncer”, explica Ben-tes. A pesquisa se encontra na

fase de teste em animais, e o grupo de pesquisadores já co-meçou a estudar a possibilida-de de usar o procedimento em outras doenças tropicais, como a leishmaniose.

Outra técnica em estudo na UnB é a magnetohipertermia, que consiste em associar nano-partículas às células cancerosas. Quando as partículas entram em contato com a célula do-ente, são expostas a um campo magnético. Isso faz a partícula vibrar e esquentar a célula, que ao atingir uma temperatura de 4°C a 5°C, acima da tempera-tura do corpo, morre. Os estu-dos também estão na fase de teste com animais. “Já conse-guimos uma redução de 30% a 40% de um tumor grande em um camundongo. Esse é um resultado muito positivo”, ex-plica a professora de Biologia Zumira Lacava, que coordena a pesquisa. “Baseados nos re-sultados em animais, podemos levar o tratamento para huma-

nos”, completa Zumira.As nanopartículas magné-

ticas podem ser usadas para melhorar a eficiência energé-tica e ajudar na despoluição. Uma tecnologia desenvolvida e patenteada pela equipe da UnB foi a da limpeza de pe-tróleo através das partículas magnéticas. Uma “farinha” com os peque-nos imãs é preparada de forma a se ligar com o óleo derra-mado. Assim, o óleo pode ser facilmente separado da água utilizando-se outros imãs que atraiam as partículas.

Apesar de ser patenteado, o pó magnético não é produzido em escala por falta de finan-ciamento. “Fazer pesquisa é muito caro”, afirma Ricardo Bentes. “Todos os projetos que temos custam mais de R$ 1 milhão. O mais barato é de R$ 1,3 milhão”, conta Paulo César Morais, do Instituto de Física, que coordena projetos de nanotecnologia.

JULIANA NOGUEIRA

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

cou nove horas enjaulado em frente ao Setor de Diversões Sul, dias antes do aniversário de 49 anos de Brasília. “Junto com deputados da Frente Pró-Cultura, conseguimos uma au-diência pública para questionar a falta de políticas sólidas para a cultura no DF”, expõe.

O secretário-adjunto de Cul-tura, Beto Sales, diz que políti-cas públicas devem ser debati-das com a sociedade e já no ano que vem o governo apresentará uma proposta consolidada. “A posição da Secretaria de Cul-tura hoje é ampliar o diálogo. Nossos pressupostos são de que o Estado deve fomentar a pro-dução, estimular a circulação, promover o acesso e preservar a

Às vésperas dos 50 anos de Brasília, um mo-vimento de artistas e

produtores locais propõe a discussão de políticas para a cultura no DF. A insatisfação com atrasos na aplicação de recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) no ano pas-sado ganhou força quando, no último aniversário da cidade, os artistas locais ficaram de fora da festa do dia 21.

“Precisamos de projetos a longo prazo”, defende o ator Adeilton Lima que, em uma adaptação da obra Um Artista da Fome, de Franz Kafka, fi-

ficou acordado que esses pro-jetos seriam financiados com recursos de 2009.”

O acordo estabelecia que o FAC de 2009 seria de R$ 24,8 milhões, mas o edital publicado no último dia 14 estabelece R$ 19,5 milhões, dos quais R$ 2 milhões são destinados a proje-tos específicos coordenados pela Secretaria de Cultura. “Pergunto por que o acordo não foi cum-prido e onde estão os outros R$ 7 milhões da área fim do FAC”, indaga o maestro e representan-te do Fórum de Cultura, Rênio Quintas. O secretário-adjunto de Cultura explica que já está certo que o recurso será pago e que o problema hoje é me-ramente burocrático “A saída dos R$ 7 milhões depende ba-

cultura local”, expõe. “Para isso estamos aprimorando o FAC.”

Aplicação do FACNo último dia 29, o novo

FAC, que destina 0,3% da Receita do DF a projetos de incentivo à cultura, completou um ano de aprovação. Embora a receita para a cultura tenha aumentado, o segmento ques-tiona que, dos R$ 15 milhões disponíveis para financiamen-to de projetos no ano passado, apenas R$ 3 milhões foram aplicados pela Secretaria de Cultura até o fechamento do ano. Outros R$ 9 milhões em projetos aprovados naquele ano serão financiados com re-cursos do FAC de 2009.

O economista Luiz Fenelon, membro do Fórum de Cultura do DF, explica que os recursos de um fundo que não são em-penhados (comprometidos) até o final de um ano passam a in-tegrar o caixa único do governo. Com isso, não são necessaria-mente utilizados na área que seria beneficiada com o fundo.

“Nós levamos muito tem-po discutindo para que o FAC atendesse a todos e só pudemos publicar o segundo edital em outubro. É pouco tempo para avaliar os projetos e liberar os recursos”, pondera o secretário. “Para não provocar a perda de bons projetos do ano passado,

MAYARA REIS

sicamente de uma assinatura do governador”, revela Sales.

Próximas discussões“A UnB será o agente arti-

culador nesta discussão”, expõe Beatriz Salles, coordenadora do Grupo de Produção Cultural da UnB. Na próxima terça (26), no auditório da reitoria, uma audi-ência pública com representan-tes do governo, parlamentares e segmento cultural irá debater propostas para a promoção de políticas públicas para o setor. Entre as discussões, os passos para a 2ª Conferência Distrital de Cultura, as comemorações dos 50 anos da capital, a des-centralização do acesso à cul-tura e a promoção da diversi-dade no DF.

PAULO OCTÁVIO PROMETE VIR À AUDIÊNCIA NA UNB NO DIA 26

FOTO: FERNANDA NEVES

MOVIMENTO CULTURAL FOI AO BURITINGA COM REIVINDICAÇÕES

FOTO: FERNANDA NEVES

Pressão por

política cultural

Page 7: Trinta anos de perdão

7Esporte e Saúde((

No ano passado, foram registradas 753 mortes no Brasil, apesar da subnotificação. As principais vítimas são os idosos, que respondem por 75% do total de óbitos

Gripe comum mata mais

Um momento de alerta é o que vive a Escola Superior de Ciências

da Saúde do Distrito Federal (Escs). Por conta de um défi-cit de 24 professores, a direção da instituição foi obrigada a ultrapassar o número máximo de alunos por turma para não paralisar atividades. As apo-sentadorias são o principal mo-tivo da evasão de professores, e a Secretaria de Saúde não está cedendo profissionais na velo-

LUCAS DOCA

Chute do Campus

Por Lucas Doca

Esporte, palpites e filosofias de boteco

O jacaré do Brasiliense e o periquito do Gama, todo mundo já sabe, são os sím-bolos dos nossos peladeiros profissionais

(Salve o eterno Iranildo). A novidade agora é o surgimento do bicho fofinho e simpático para o time de basquete Universo/BRB, que levanta mais torcida que muito time de futebol da nossa terra do quadradinho. E o escolhido é um velho conhe-cido e o mais sem graça do cerrado, o lobo-guará, que venceu a batalha contra o glorioso calango e a charmosa siriema.

Eu proponho ir além, como um visionário que sou. Escolher o mascote de Brasília logo, que aproveito e vendo pro Paulo Octávio no aniver-sário de cinquenta anos da cidade. Paulo Octávio está comprando tudo mesmo. E para vertebrado digno de representar a cidade, ninguém melhor que o bom e velho bicho-preguiça. Ele representa o nosso esporte, é só olhar pra ver.

A campanha do meu adorado Brasília no últi-mo Candangão? Preguiça neles. A organização da Copa do Mundo de Futsal, que deixou todo mun-do de fora? Preguiça neles. A utilização do nosso aclamado ginásio de esportes Nilson Nelson mais para balada gospel que para desporto? PREGUI-ÇA NELES! Eu, como ex-grande atleta do pique-pega, acho que o Universo/BRB é um dos poucos que carregam a glória esportiva do Distrito Fede-ral. Que seja então o lobo-guará, para abençoar ou perdoar a preguiça do resto.

Preguiça neles!O novo mascote do Universo/BRB levantaa questão: que membro da fauna melhorrepresenta o esporte no DF?

!

ALUNOS SE PREOCUPAM COM DÉFICIT DE PROFESSORES NA FACULDADE

Formação de médicos do GDF em risco

cidade da demanda.O enxugamento do quadro

de professores começou há dois anos. O grupo foi aos poucos sendo reduzido e agora está no limite do possível, segundo o diretor-geral Mourad Ibrahim. “O caso do segundo ano é o mais crítico, no qual fomos for-çados a colocar mais alunos em uma turma do que permite o nosso método de ensino”, relata. “Existe mesmo um sério risco de paralisação das atividades, que estamos controlando na ponta da faca.” No segundo ano, o ideal seria haver no máximo dez alunos por turma. Há 12.

A grande preocupação da di-reção é em relação à manuten-ção do método pedagógico que consagrou a Escs. Com turmas reduzidas e inserção da prática e humanização no atendimento, os resultados da escola são visí-veis. A maioria das residências do DF são conseguidas pelos alunos da faculdade. Além disso, ela obteve nota cinco, a máxima, no Exame Nacional de Desem-penho de Estudantes (Enade), enquanto a UnB marcou quatro e a Universidade Católica, ape-nas três, a nota mínima.

“Os números atuais nos pre-ocupam, mas não conseguimos fazer a secretaria entender. Te-mos 136 professores no quadro, quando deveríamos ter 160 para atender aos 484 estudantes. A aposentadoria não é nossa única fonte de evasão, temos também os professores que saem para se dedicar à carreira. Não os culpo, mas precisamos de uma solução da secretaria”, expõe o diretor Mourad.

É o caso da médica e pro-fessora Ana Maria Pedreira. “Apareceu uma oportunidade na área que eu gosto, em So-bradinho, e estou considerando sair da Escs. Existe uma con-traproposta por parte da escola,

mas ainda estou indecisa”, pon-dera. Apesar dos motivos pes-soais para a saída, a professora não acredita que a função que desempenha atualmente seja ruim. “É possivel conciliar sem problemas a atividade de pro-fessora e a de médica. Há van-tagens para exercer essa função singular”, revela.

Segundo o coordenador do curso de Medicina da Escs, Pau-lo Silva, a secretaria não repassa funcionários alegando que não pode retirar médicos de hospi-tais, que deixariam de atender a pacientes, e que a escola preci-sa definir um plano de carreira. “Esses argumentos não corres-pondem à realidade”, diz Silva, lembrando que muitos professo-res atendem a pacientes enquan-to orientam os estudantes.

Alunos se mostram angus-tiados com a situação. “Isso é terrível para nossa formação. Quando vamos aprender na prática, fica mais complicado ainda”, reclama Ieda Rabelo, estudante do segundo ano. A Secretaria de Saúde e a Fun-dação de Ensino e Pesquisa de Ciências da Saúde (Fe-pecs), mantenedora da Escs, não quiseram se manifestar sobre o assunto.

FOTO: FERNANDA NEVES

JULIANA LEÃO

A influenza A (H1N1), conhecida como gri-pe suína, que matou

em abril e maio deste ano 84 pessoas em todo o mundo, deixou em alerta autoridades da área de saúde. Comparados aos dados da gripe comum, os números da nova gripe não as-sustam tanto. Em abril e maio de 2008, a gripe comum ma-tou 115 pessoas somente no Brasil.

“A gripe é percebida, mas é uma doença comum, então não é valorizada”, diz a sub-secretária de Vigilância de Saúde do Distrito Federal, Disney Antezana. “Esta do-ença pode complicar se não houver nenhum tipo de pro-cura aos centros de saúde.” No ano passado, foram regis-tradas no Datasus – banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) – 753 mortes e 27.395 internações por gripe comum no Brasil. Até agora,

houve 10587 casos de gripe suína em 41 países.

Segundo Pedro Tauil, pro-fessor da Faculdade de Me-dicina da UnB e pesquisador do Núcleo de Medicina Tro-pical, os dados do Datasus estão subestimados. “As esti-mativas no Brasil é que ocor-ram cerca de 30 mil óbitos por ano devido às complica-ções por gripe”, afirma Tauil.

Os dados oficiais do SUS mostram que os óbitos por gripe são baixos no Distrito Federal. Constam no Datasus apenas duas mortes em todo o ano passado. No entanto, o chefe da Clínica Médica do Hospital Regional do Gama, Bruno de Paula Coutinho, afirma que só na instituição houve oito óbitos. “Os pa-cientes chegaram com gripe e o quadro evoluiu, levando à morte”, conta.

De acordo com Coutinho, isso pode ser uma falha do Datasus ou até do médico que preencheu o atestado de óbito. No formulário, existem

quatro campos de preenchi-mento. A doença que motiva a entrada no hospital é colo-cada no primeiro campo, e a evolução da enfermidade é colocada nos outros campos, até chegar ao óbito.

A primeira doença regis-trada, ou seja, a causadora, é

a que deve ser considerada responsável pela morte do paciente. Então, por exem-plo, um paciente pode entrar com gripe, depois seu esta-do evoluir para pneumonia, agravando para insuficiên-cia respiratória aguda e, por fim, chegar a uma parada

cardiorrespiratória. Porém, muitos médicos registram como causa da morte a do-ença mais grave, em vez da primeira doença, que é a principal.

VacinaçãoAs mortes por gripe co-

mum atingem mais os ido-sos. A partir dos 60 anos, o número de vítimas aumenta, fazendo da faixa compreen-dida entre 60 e 80 anos a res-ponsável por 75% dos casos fatais. O Ministério da Saú-de repassou este ano para a Secretaria de Saúde do DF vacinas e uma verba de R$ 37 mil para compras de seringas e agulhas para a imunização de idosos.

Tudo para atingir a meta de vacinar 80% das pesso-as acima de 60 anos contra o vírus da influenza. “Em teoria, essas pessoas não de-veriam estar nas estatísticas (de internações e mortes), poderiam se vacinar”, diz a subsecretária de Vigilância,

Disney Antezana.Bruno Coutinho explica

que o ciclo do vírus da gripe é de cerca de sete dias. Ele aconselha um paciente com os sintomas da gripe comum (febre alta, tosse e dores no corpo) a usar medicamen-tos vendidos nas farmácias durante esse período. Se os sintomas persistirem ou se agravarem, o doente deve procurar um profissional de saúde.

A gripe suína causa medo em autoridades mundiais por ser provocada por um vírus contra o qual a humanidade não tem imunidade, enquan-to que para a gripe comum existe a imunidade parcial, ou até mesmo total. O ví-rus da influenza A (H1N1) combina genes de gripes hu-manas, suínas e aviárias. Ao contrário da gripe comum no Brasil, a suína mata prin-cipalmente jovens entre 20 e 49 anos. Os motivos ainda são desconhecidos pela Or-ganização Mundial de Saúde.

SAÚDE

Page 8: Trinta anos de perdão

8 Comportamento ))

Eletroxurras, Eletrofest, Churedes, Biovinil ou Distração. Quem, den-

tre os alunos da UnB, não conhece as festas ou os “chur-rascos sem carne” promovidos pelos estudantes e Centros Acadêmicos da Universida-de? Os eventos regados à cer-veja, tequila, paquera e funk fazem a alegria de calouros e veteranos, mas também são coisa séria para muita gente.

A organização, antes restrita aos CA’s, hoje também é feita por alunos que tiveram visão empreendedora e enxergaram na farra alheia uma boa opor-tunidade de lucrar e ganhar experiência sem sair da Uni-versidade.

O estudante de Engenharia Elétrica Marconi Carvalho é um exemplo desses alunos. Ele trabalhou na organização dos dois últimos Eletroxurras (Engenharia Elétrica) e da Escova Elétrica (Engenharia Elétrica e Odontologia). “As

pessoas perceberam que as festas da UnB são um merca-do fértil a ser explorado. Ago-ra temos tantas festas que esse mercado está até meio incha-do”, conta.

Para driblar os concorrentes, Marconi investiu pesado no primeiro “open bar” noturno de grande porte da UnB, com whisky, vodka Absolut, tequila, espumante e energético libera-dos. Contratou o DJ Marlboro, ícone do funk carioca, e gastou quatro semanas em divulgação e vendas de ingresso. Tudo da

NAIARA LEÃO

melhor qualidade para fazer valer os ingressos que custa-ram entre R$ 30 e R$ 70. O objetivo da festa era arrecadar dinheiro da formatura de um grupo de 15 amigos.

Já o dinheiro do Eletrofest foi todo destinado ao CA da Engenharia Elétrica. O saldo da última edição se transfor-mou em TV de LCD, compu-tador de última geração, armá-rios e sofás novos, microondas, geladeira e câmera de segu-rança. Os investimentos no CA também são feitos pelos alunos de Administração, que promovem o churrasco Dis-tração. “Essa é uma forma de investir na estrutura da UnB sem depender do dinheiro da instituição”, diz Pietro Politi, organizador.

Enquanto muitos estão de olho nos lucros em dinheiro, outros acham que o grande ganho é a experiência que ad-quirem para usar no merca-do de trabalho. Esse é o caso

dos organizadores da Festa da FAU, cuja 22ª edição aconte-ce no próximo sábado, 30, no Centro Comunitário da UnB. “Na produção da festa apren-di a lidar com pessoas, com o público e negociar preços”, conta a estudante Laís Petra, que participa da gestão da fes-ta pela 3ª vez. “Esse é o grande canteiro experimental da FAU (Faculdade de Arquitetura) porque temos um espaço para construir, projetar, trabalhar com cores e iluminação. É aqui que exercitamos Design de Interiores”, completa Luiz Eduardo Sarmento, diretor de cenografia.

A preparação da Festa da FAU mobiliza alunos de todos os semestres e até alguns que já se formaram. Eles organizam um concurso que escolhe o cartaz e passam semanas com objetos de cenografia espa-lhados no meio da faculdade. “Incentivamos todo mundo a pintar e mexer nos obje-

tos. Com isso, os alunos vão aprendendo a lidar com um medo comum na arquitetura, que é o de projetar e errar. As-sim nós já descobrimos muitos talentos”, comenta Laís.

Os alunos também panfle-tam e doam material reciclá-vel para a cenografia. Desde o ano passado, eles arriscam seu lado teatral e encenam uma performance durante a festa. Nas últimas semanas de or-ganização, viram noites pro-jetando e construindo painéis, luminárias e objetos de deco-ração. “Na última semana, tra-balhamos tanto que até mon-tamos uma barraca no Centro Comunitário e dormimos lá mesmo”, afirma Laís.

Todo o esforço visa man-ter a tradição da festa que está em 27º ano e já teve shows até da Legião Urbana e Plebe Rude nos anos 80, quando músicos dessas ban-das também eram alunos da Universidade de Brasília.

Mais do que simples festas, os churrascos universitários servem para futuros profissionais ganharem dinheiro e experiência

JOGOS E HUMOR

FOTO: FERNANDA NEVES

Agora, tente encontrar o Timothy em meio ao frevo de Pernambuco.

Onde está o Timothy? Confira as respostas na próxima edição do Campus!

sudoku

ALUNOS DE ELÉTRICA NO CA: COMPUTADOR, TV, GELADEIRA E SOFÁS COMPRADOS COM O LUCRO DO CHURRASCO

Soluções (referentes à última edição)

Bon$negocio$´

Cerveja, funk, paquera e...

! Novos talentosSe você desenha bem e gosta de contar boas histórias, envie sua tirinha para o jor-nal Campus pelo e-mail: [email protected] Contamos com seu talento!