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Boletim Eletrônico do Deser Nº 160 - Agosto 2007 Rua Ubaldino do Amaral, 374 – Alto da Glória – Curitiba – Paraná – 80060-190 Tel.: (41) 3262-1842 – Fax: (41) 3362-3679 E-mail: [email protected] http://www.deser.org.br

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Boletim Eletrônico do Deser Nº 160 - Agosto 2007

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DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS RURAIS

DIRETORIA

Executiva:Presidente: Luis Pirin – STR Francisco Beltrão - PRVice-Presidente: Cláudio Risson – Cresol Central/SC e RS1ª Secretária: Sandra Nespolo Bergamin – Fetraf - Sul/CUT2º Secretário: Marcio Luiz Cassel – STR de Sarandi/RS1ºTesoureiro: Genês da Fonseca Rosa - Cresol Chapecó/SC

2ºTesoureiro: Ademir Luiz Dallazen - UNICAFES/PR

Membros Efetivos: Avelino Callegari - ASSESOAR/PRValdir Zembruski - STR de Xanxerê e Região/SCGervásio Plucinski - COORLAC/RSAugusto V. Pinto - STR de Mallet/PRBernardo Vergapolem - Ecoaraucária/PRSeverine Carmem Macedo - Fetraf Brasil/CUT

Membros Suplentes: Rinaldo Segalin - Ascooper/SC Denise Knereck - SINTRAF de Laranjeiras do Sul/PRAdir Fiorese - Cresol-Baser/PR

Conselho Fiscal Efetivo: Celso Prando - STR Sananduva/RSManoel Cardozo - Sintraf Itaperuçu/PRVera Lucia Cecchin Dapont - STR Marmeleiro/PR

EQUIPE INTERNA

Alvori Cristo dos SantosÁrea: Produção Familiar e Mercado, Redes e SistemasAmadeu Antonio BonatoÁrea: Políticas Públicas, Redes e Sistemas, Desenvolvimento Institucional.Denilson PasinÁrea: Desenvolvimento Institucional.Ézio José GomesÁrea: Produção Familiar e MercadoGerson Ferreira LimaÁrea: Desenvolvimento Institucional.Ivone Pereira AtaídeÁrea: Desenvolvimento Institucional.João Carlos Sampaio TorrensÁrea: Políticas Públicas, Redes eSistemas.Marcos Antonio de OliveiraÁrea: Produção Familiar e Mercado.Moema HofstaetterÁrea: Desenvolvimento Institucional.Sidemar Presotto NunesÁrea: Políticas Públicas e Produção Familiar e Mercado Thiago de AngelisÁrea: Produção Familiar e MercadoThiago G. Basilio Área: Desenvolvimento Institucional

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Conjuntura Agrícola

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A agricultura familiar no MercosulSidemar Presotto Nunes

Apresentação

O objetivo desse trabalho é caracterizar a agricultura familiar no Mercosul. O texto foi desenvolvido considerando três assuntos principais: o primeiro se referindo à agricultura dos países membros e associados do Mercosul; o segundo se referindo à agricultura familiar e a inserção dela nesses países e o terceiro tratando das negociações agrícolas comerciais entre os países do Mercosul. Para isso foi necessário contextualizar o Mercosul e a agricultura desses países para, em seguida, analisar a inserção da agricultura familiar nesse contexto.

1. O Brasil tem a maior população e economia do Mercosul, mas a Argentina tem a maior renda per capita.

Os países membros do Mercosul juntos têm uma população de aproximadamente 266 milhões de habitantes e uma economia de U$ 2,23 trilhões. Se aos países membros forem agregados os países associados, que ainda não são membros efetivos, mas que poderão vir a sê-los nos próximos anos, a população chega a 365 milhões e a economia à U$ 2,97 trilhões.

Tabela 1 - Valor estimado do PIB dos países membros do Mercosul utilizando o critério de Paridade do Poder de Compra (PPC).

País PIB (milhões de US$) PIB per capita População em 2007 IDHBrasil 1.507.106 8.049 190.011.861 0,792Argentina 510.266 12.468 40.403.943 0,863Venezuela 157.877 5.571 26.085.281 0,784Uruguai 32.402 9.107 3.447.920 0,851Paraguai 28.960 4.553 6.667.884 0,757Total Mercosul1 2.236.611 8.389* 266.616.849 0,809*

Colômbia 325.915 6.962 44.858.434 0,790Chile 175.324 10.904 16.285.071 0,859Peru 156.511 5.556 28.675.628 0,767Equador 51.681 4.083 13.752.593 0,765Bolívia 24.501 2.710 9.119.372 0,692Total Mercosul2 2.970.543 8.126* 365.555.352 0,792*

1 Somente Estados Membros. 2 Estados Membros e Associados. * Nos cálculos de médias leva-se em conta o número de habitantes de cada país. Fonte: Banco Mundial, apud wikipédia (2007).

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Com uma população de 190 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de U$ 1,5 trilhão, considerando a paridade de compra, o Brasil é o principal país do Mercosul em termos de população e de economia. O Brasil tem 71% da população e 67% da economia dos países membros do Mercosul e 52% e 50%, respectivamente, quando aí se incluem os países associados. O Brasil exerce, portanto, uma influência importante sobre os demais países membros. No entanto, a entrada de outros países no Mercosul faz com que se reduza essa importância relativa do País.

Quando nos referimos à indicadores de desenvolvimento humano (IDH), verifica-se que a Argentina e o Uruguai possuem as duas melhores posições. São também os países que possuem os melhores níveis de renda per capita. Uma análise da tabela acima demonstra que há uma relação quase que direta entre IDH e PIB per capita, denotando a importância da atividade econômica a outros indicadores de qualidade de vida (escolaridade e expectativa de vida) utilizados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que é quem calcula o IDH.

2. O novo contexto da agricultura mundial

A agricultura mundial pode ser caracterizada por dois momentos históricos principais. O primeiro foi a Revolução Verde, que consistiu na utilização de máquinas e insumos industriais que incrementou a produção e a produtividade. O segundo, mais recente, é a constituição de algumas grandes empresas que controlam o setor. Apresentam-se, a seguir, alguns tópicos que ajudam a entender o desenvolvimento histórico da agricultura, bem como o estágio atual:

Anos 50 em diante: modernização da agricultura mundial (máquinas, insumos, pesquisa, crédito agrícola).

Conseqüências da modernização da agricultura: aumento da produtividade do trabalho e da terra; liberação de mão-de-obra; pequeno aumento da oferta per capita de alimentos; queda relativa da população rural, mas que ainda se mantém alta; barateamento do custo de grande parte dos alimentos; contaminação ambiental e dos alimentos; desequilíbrio ecológico.

Redução da importância da agricultura na composição do PIB dos países, principalmente dos mais desenvolvidos. Apesar disso não abrem mão dos subsídios e da manutenção da política agrícola (PAC na Europa, Farm Bill nos EUA), devido a pressão do setor, por questões de segurança alimentar e pela dinamização promovida pela atividade agrícola em outros setores da economia.

O milho, o trigo e o arroz continuam sendo os principais produtos agrícolas mundiais, com produções acima de 600 milhões de toneladas cada um. Em virtude do crescimento do consumo de

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carne produzida em sistema de confinamento, a soja foi o cultivo agrícola que mais cresceu, quase 700% entre 1961 e 2005.

O processo de modernização da agricultura foi estimulado pelo Estado brasileiro a partir dos anos 60, época em que o crescimento econômico e industrial mantinha-se alto. Os problemas sociais resultantes do “desemprego tecnológico” da agricultura se intensificaram com a redução do crescimento e com a queda do nível de emprego urbano.

A produção agrícola brasileira dobrou a partir dos anos 90 puxada pelas exportações ante a produção ao mercado interno.

Concentração do poder de controle do setor em mãos de um pequeno número de grandes indústrias nacionais e transnacionais. Inseridas no mercado mundial e dotadas de grandes logísticas, essas empresas realocam suas unidades produtivas com vistas a obter os menores custos de produção possíveis. Visando atingir suas metas, estabelecem contratos de produção com agricultores familiares, o que tem contribuído para garantir uma maior competitividade das mesmas no mercado mundial.

Ao lado da concentração do controle por parte das grandes agroindústrias, as grandes redes varejistas vêm ampliando o poder de controle da distribuição. Essas grandes redes vêm ampliando a fatia do mercado que controlam. No Brasil respondem atualmente por aproximadamente 50%.

As políticas públicas desenvolvidas pelo Estado (agrária, agrícolas e sociais), a integração/ terceirização agroindustrial e a redução do nível de crescimento industrial e do emprego urbano têm garantido a competitividade da agricultura familiar, especialmente nas atividades em que a produtividade do trabalho é baixa, como na fumicultura.

A produção de biocombustíveis colocará uma nova dinâmica à agricultura, “renovando o discurso do agronegócio”. Pouco tem se levado em conta os problemas sociais e ambientais que daí poderão decorrer.

3. O setor primário sempre foi importante na pauta de exportações dos países latino-americanos

O setor primário (agropecuário e extrativista) sempre foi importante aos países latino-americanos, gerando os conhecidos ciclos econômicos que pautaram as exportações desses países. Devido ao fato da economia desses países ser subordinada à economia dos países do capitalismo central, atualmente o setor primário continua sendo importante à economia, apesar de um certo aumento da produção e da exportação de bens industrializados.

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No Brasil, por exemplo, o estabelecimento da agricultura como âncora do processo de estabilização dos preços e como fonte para obtenção de divisas (via exportações) causou uma série de problemas para o setor, especialmente para a agricultura familiar. Entre os principais problemas, pode-se citar: a elevação forçada das escalas de produção, a elevação dos custos acima das receitas, a redução dos preços recebidos, a compressão da renda agrícola, a concentração dos agentes compradores da produção agropecuária e a queda da renda da população consumidora.

O aumento da produção agrícola brasileira, superior a 100% entre 1990 e 2005, período em que se intensificou a abertura comercial, foi estimulado principalmente pelas exportações em detrimento da produção ao mercado interno. Entretanto, o crescimento da produção não significou o aumento da população ocupada na agricultura, já que a introdução de novas máquinas, equipamentos e também de insumos agrícolas contribuiu para continuar a ampliação da produtividade do trabalho e da terra na maioria dos cultivos agrícolas. A produção agrícola da Argentina e do Paraguai cresceu ao mesmo nível da produção brasileira, também puxada pelo aumento das exportações.

4. Produção agrícola e mercado interno na Argentina e no Brasil

O Brasil e a Argentina, os dois principais países do Mercosul, têm como característica em comum a grande participação da agricultura na economia nacional e na dinamização de outros setores da economia. Entretanto, em virtude de um menor desenvolvimento industrial e de um mercado interno menor (a Argentina possui cerca de 40 milhões de habitantes, enquanto o Brasil possui 190 milhões), os produtos agrícolas destinados à exportação adquirem importância ainda maior na Argentina. Por isso, em virtude do tamanho do mercado interno, as agroindústrias tendem a se interessar mais pelo mercado interno no Brasil do que na Argentina.

Em virtude da importância da agricultura nesses dois países, os reflexos do desenvolvimento agrícola em um país (devido à políticas públicas, negociações comerciais, o desempenho da economia, etc) são facilmente sentidos no outro, implicando diretamente nos volumes de importação e exportação entre os dois países. No entanto, a produção agrícola no Paraguai também vem aumentando, ampliando a importância do País no que se refere a esse assunto.

5. A produção agrícola e a agricultura nos países do Mercosul

Um pequeno número de produtos agrícolas responde pela maior parte da produção agrícola dos países que compõem o Mercosul. Com 513 milhões de toneladas, a cana-de-açúcar é o produto agrícola com o maior volume de produção, embora em termos de área ocupada, aproximadamente 8 milhões de hectares, e de valor bruto da produção tem um nível de importância menor do que a soja, o trigo e o milho. Em termos de grãos, a soja, o milho, o arroz e o trigo são os produtos

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agrícolas mais importantes. Verifica-se, através da tabela a seguir, que a produção de alguns produtos (como a cana-de-açúcar, por exemplo) é bastante concentrada em alguns países.

Tabela 2 – Principais produtos do Mercosul em 2005 segundo o volume de produção (mil toneladas).Produto Argenti

na Brasil Paraguai

Uruguai

Venezuela Total 1* Total 2**

Cana-de-açúcar 19.300,0

422.926,4 3.820,0 177,3 9.654,4

455.878,1

513.977,7

Soja 38.300,0 51.182,1 3.988,0 478,0 4,0 93.952,1 95.765,6Milho 20.482,6 35.134,3 830,0 251,0 2.193,5 58.891,4 65.145,7Leite 8.100,0 23.455,0 372,4 1.770,0 1.347,7 35.045,0 48.361,2Mandioca 170,0 25.725,2 4.785,0   531,3 31.211,5 34.736,8Arroz 1.027,0 13.191,9 102,0 1.214,5 1.004,5 16.539,9 23.544,2Trigo 12.579,2 4.658,8 630,0 387,5 0,2 18.255,6 20.469,6Laranja 770,0 17.864,1 188,3 176,5 374,4 19.373,4 20.112,7Banana 180,0 6.803,0 48,4   529,7 7.561,1 15.625,0Carne bovina 2.980,5 7.796,4 215,0 520,3 424,7 11.936,8 13.505,7Batata 2.021,0 3.128,5 1,1 157,6 443,1 5.751,3 13.012,0Carne frango 785,0 8.692,1 37,0 45,0 739,4 10.298,5 12.596,6Pescados 35,6 135,1   2,0 292,3 465,0 9.777,9Fonte: FAO (Março de 2007). *Países membros. ** Inclui países associados (Chile, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia). A classificação do nível de importância dos produtos agrícolas levou em consideração o Total 2. Elaboração: DESER.

No que se refere à produção de proteína animal, as carnes de bovinos e de frangos são as mais importantes, com 13,5 milhões e 12,6 milhões de toneladas, respectivamente. A produção de pescados, que chegou à 9,77 milhões de toneladas em 2005, é muito mais expressiva nos países associados do que nos países membros, o que revela a importância da pesca para esses países.

No Brasil, atualmente, a agricultura responde por aproximadamente 9% do PIB, emprega aproximadamente 14% da população economicamente ativa e o meio rural possui em torno de 21% da população total. Verifica-se, através desses dados, que no meio rural brasileiro os rendimentos são menores do que em relação ao meio urbano, já que a proporção do PIB é inferior à população ocupada e bem inferior que a população total. Se, de um lado, a economia no meio rural é menos mercantilizada e o custo de vida é inferior ao meio urbano, de outro lado, ganham importância as rendas não-agrícolas, sejam elas derivadas da venda de trabalho, seja através de transferências sociais e da previdência social rural.

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O Brasil ainda possui fronteiras agrícolas em que o preço da terra é baixo, sendo comercializada a menos de R$ 100,00/ha, enquanto que em alguns lugares da região Sul esse valor pode chegar a mais de R$ 20.000,00/ha. Isso possibilita que empresas ou até mesmo agricultores médios do Sul adquiram grandes extensões de área, que se valorizam a partir do momento em que passam a ser dotada de infra-estrutura pública e comercial. Na região de Santarém, no estado do Pará, por exemplo, a terra que era comercializada por R$ 200,00/hectare no ano de 2000, atualmente possui valor de mercado que pode chegar a R$ 5.000,00 (25 vezes maior). Esse mesmo processo de valorização do preço da terra aconteceu no estado do Mato Grosso, a partir do início dos anos 80. Com a diversificação das fontes energéticas alternativas ao petróleo e a ampliação da produção de biocombustíveis, a tendência é de que a propriedade fundiária passe por um novo ciclo de valorização, já que a demanda por ela se ampliará. A pressão pelo uso dos recursos naturais e pela propriedade fundiária também deverá provocar uma nova onda de conflitos sociais no campo, principalmente nas regiões consideradas ainda como fronteiras agrícolas.

Na Argentina, a produção de cereais concentra-se na região da Pampa Úmida, localizada ao Norte de Buenos Aires e no entorno de Rosário. É uma região que apresenta solos férteis, clima temperado e chuvoso e, como conseqüência, alta produtividade na produção de grãos e cereais (soja, trigo). Em Rosário está o principal porto, localizado no Rio do Prata, por onde mais de 70% da produção agrícola é escoada e exportada. O País possui regiões muito frias, a exemplo da Patagônia, pouco adequadas à produção de cereais, predominando a produção de frutas (maçã, pêra). Há também regiões desérticas e semi-desérticas. Em Mendoza, que se situa na divisa com o Chile, por exemplo, a precipitação média é de 200 mm anuais, abaixo dos 400 ou 600 mm anuais do sertão nordestino brasileiro. A produção agrícola da província se concentra na produção de frutas e hortaliças, irrigada através do degelo da neve da Cordilheira dos Andes.

Toda a produção de soja argentina é transgênica, obtidas através da multiplicação de sementes da tecnologia desenvolvida pela Monsanto e sem o controle desta sobre a produção. A legislação nacional não permite a cobrança de royalties sobre a patente de sementes. Isso tem feito com que a Monsanto busque outras formas de cobrar royalties dos produtos e a estratégia está sendo cobrar na entrada da soja no comércio europeu. Essa questão tem promovido amplos embates entre o governo argentino, que é contrário à cobrança, e a empresa.

Em algumas regiões há grande concentração fundiária, principalmente na região produtora de grãos (Pampa Úmida), nas regiões produtoras de bovinos para corte (ao Sul da província de Buenos Aires) e em algumas regiões em que a agricultura é menos importante e onde os interesses se voltam ou ao turismo ou à própria especulação imobiliária. Atualmente, cerca de 3 mil proprietários possuem o domínio de 15 milhões de hectares. Outro processo em curso é a compra de terras

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por estrangeiros que atualmente controlam 14 milhões de hectares, como artistas, grandes empresas e bancos estrangeiros.

O clima quente e seco de Mendoza é adequado à produção de uva para vinho. Na província se produz os melhores vinhos da Argentina, que são exportados para diversas partes do mundo. Além do vinho, o Brasil importa hortaliças e frutas dessa região, principalmente os que são menos perecíveis ao transporte (pêssego, maçã, pêra, etc). Em Mendoza, a gestão do uso da água é algo muito importante, já que é dela que se garante a vida (consumo humano e animal, produção agrícola, irrigação de árvores urbanas e parques). Ao contrário da região de Rosário e Buenos Aires, onde os estabelecimentos agrícolas são maiores e onde há cultivos extensivos, na região de Mendoza a grande maioria dos estabelecimentos produtores de frutas e hortaliças é pequeno e possui menos de 5 hectares.

Na Venezuela,El gobierno venezolano aprobó una Ley de Reforma Agraria en 1960, encaminada a expandir y diversificar la producción agrícola, que además se estimuló con el aumento de la superficie regable. En 2003 las actividades agropecuarias ocupaban al 11% de la población activa del país y contribuyeron con el 5% del PIB anual. La superficie cultivada ascendió en 2003 a 3.400.000 hectáreas. Los variados recursos agrarios venezolanos se expresan en diversos sistemas productivos que cubren desde la agricultura de subsistencia y semicomercial, desarrollada en tradicionales conucos (huertas) y en pequeñas fincas donde se cultivan productos para el consumo doméstico (caraotas, frijoles, yuca y raíces tropicales), hasta plantaciones de diversos tipos, como las antiguas (hoy modernizadas en su mayor parte) dedicadas al cultivo de café, cacao, caña de azúcar y otros productos comerciales. En estas últimas décadas se han multiplicado los sistemas de cultivos anuales mecanizados y modernos, como los especializados en maíz, arroz, sorgo, ajonjolí, maní (cacahuete), girasol y algodón, gracias a la irrigación, la fertilización y el control de plagas, que han transformado los paisajes geográficos agrarios de la mesa de Guanipa (estado de Anzoátegui) e importantes extensiones de Los Llanos centrales y occidentales. Destaca la introducción reciente de los sistemas innovadores de fruticultura, viticultura, horticultura y floricultura comercial en los estados andinos y de Zulia, Falcón, Lara, Guárico y Aragua, entre otros (Wikipédia, 2007).

No Uruguai,A economía de Uruguay está basada en la producción ganadera. Los ganados ovino y bovino son los más importantes; carne, lana, cuero y otros subproductos constituyen las principales exportaciones. De menor relevancia para la economía son los cultivos agrícolas, entre

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ellos, el trigo, el arroz y la soja. Los recursos minerales son escasos, pero la industria ha crecido gracias a las importaciones de combustibles y materias primas. La principal industria es la alimenticia, seguida por la textil y la química. Una industria que ha crecido a finales del siglo XX y principios del XXI es la del software, la que está efectuando exitosas exportaciones no tradicionales. La red caminera es buena y el turismo crece rápidamente. El turismo y los servicios financieros constituyen importantes recursos económicos. Al igual que en otros países de la región, en los '90 se hicieron políticas de apertura económica (Mercosur) y reforma del Estado, aunque no se han realizado tantos cambios como en los países vecinos (Wikipédia, 2007).

6. As exportações como estímulo ao aumento da produção agrícola

Verificou-se, nesses últimos anos, uma tendência de ampliação da área produtiva dos produtos destinados à exportação, em especial da soja, e uma redução da área destinada aos produtos de mercado interno. Em parte, a queda na área de cultivo dos produtos de mercado interno foi compensada em parte pelo aumento da produtividade. No Brasil, por exemplo, houve uma queda de 16,5% na área cultivada com feijão, mas um aumento de 34% na produção total.

Atualmente, a soja é o produto agrícola que mais ocupa área no Brasil, na Argentina e no Paraguai e o que exerce maior pressão sobre os recursos naturais através do desmatamento, da drenagem de áreas alagadas, da redução da biodiversidade e das diversas formas de contaminação ambiental e da saúde, devido à utilização de insumos agrícolas. Entretanto, não se trata de uma particularidade da soja, nem é a soja a grande vilã. Deve-se às próprias mudanças nas relações de produção em nível mundial, em decorrência do mercado (oferta, demanda, preços) e da ação do Estado (políticas públicas, subsídios), que alteram as formas de produzir e as relações sociais no campo. Ou seja, a soja atualmente ocupa um lugar de destacada importância na pauta de exportações, mas, no médio prazo, poderá ser um outro produto agrícola qualquer que ocupe espaço na mesma lógica da acumulação. Em virtude do estímulo à produção de agrocombustíveis, a cana-de-açúcar ampliará bastante a área de cultivo nos próximos anos.

Na agricultura, as máquinas, os insumos e as novas técnicas de produção elevam a produtividade do trabalho, permitindo que um número cada vez menor de pessoas produzam a mesma (ou maior) quantidade de mercadorias, como acontece no caso da suinocultura. Nos últimos anos, embora a produção tenha se elevado, houve redução no número de

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produtores de suínos no Brasil. Isso não significa que em outros setores do “agronegócio da suinocultura” o número de empregos não tenha se mantido (ou aumentado), mas na agricultura diminuiu, mesmo em um sistema em que predomina a produção familiar.

Tabela 3 – Valor Bruto da Produção de 20 produtos agrícolas vegetais produzidos no Brasil entre 1989 e 2005 (R$ milhões)

Ano Valor Bruto da Produção (VBP)1989 89.9211994 90.5131996 75.8841998 87.2321999 86.7692002 87.2512003 114.8542004 109.8782005 96.256

Fonte: Mello, 2006.

A tabela demonstra que, apesar do expressivo aumento da produção agrícola dos produtos exportáveis, o valor bruto da produção de 20 produtos agrícolas se manteve quase estável entre 1989 e 2005, embora tivesse oscilado um pouco entre os anos analisados. Isso reflete a tendência de queda de preço das commodities agrícolas.

7. A concentração do controle do setor pelas agroindústrias multinacionais e pelas grandes redes varejistas

Ocorreu, no Brasil, a partir dos anos 90, um processo de concentração do setor exportador nas mãos de um pequeno número de grandes agroindústrias inseridas no mercado mundial. Essas empresas passaram a interferir fortemente nas estratégias de desenvolvimento da agricultura brasileira, já que possuem capacidade de investimento e podem definir os preços dos produtos agrícolas (em virtude da redução dos estoques públicos e do aumento dos estoques privados e também em função de sua importância no controle do mercado interno e externo).

Essas empresas possuem unidades ou subsidiárias em diversos países, permitindo-lhes facilidades para a inserção de seus produtos no mercado mundial, bem como para a redefinição dos locais de produção economicamente mais vantajosos. Em virtude do poder econômico que possuem, conseguem influenciar a política agrícola de muitos países, como o que vem acontecendo em relação à soja transgênica, em que a Monsanto jogou muitos esforços para garantir a liberação do uso da tecnologia por ela produzida.

No Brasil, a partir dos anos 90, ocorreu uma série de fusões e aquisições entre as empresas do setor agropecuário. Atualmente, as norte-americanas Cargill e Bunge são as principais empresas do setor. Além de serem as maiores exportadoras de produtos agrícolas, essas

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empresas possuem investimentos diversificados, atuando na produção de fertilizantes, alimentação animal, industrialização de produtos alimentícios e no setor financeiro.

O controle do setor nem sempre se dá mediante o controle de todas as fases da produção, já que algumas fases podem ser economicamente mais interessantes. Assim, algumas grandes empresas formam parcerias com outras, no sentido de garantir o controle do setor. Esse é o caso dos citros no Brasil, setor que sempre foi controlado por três ou quatro empresas, em que a Cargill abriu mão de controlar a produção para controlar o consumo, atuando como uma espécie de agenciadora do suco de laranja na Europa e na produção de outros alimentos derivados do suco de laranja. A inserção mundial tem permitido também que essas empresas driblem o fisco, exportando para unidades próprias ou de subsidiárias, a um preço baixo. No caso do fumo, a maior exportação é de fumo em folha em relação à de cigarros, já que a tributação sobre o primeiro é bem inferior do que sobre o segundo, sendo o produto transformado nos países em que o cigarro é consumido.

Se de um lado tem aumentado a concentração e o controle do setor por um pequeno número de grandes agroindústrias, de outro lado, tem aumentado a concentração do setor varejista através de grandes redes mundiais de supermercados (Wal-Mart, Carrefour, etc). Essa concentração do setor varejista acontece também em outros setores, não somente nos alimentos. Atualmente, no Brasil, aproximadamente 50% dos alimentos consumidos no país são comercializados através dessas grandes redes de supermercados, cuja participação vem crescendo ano a ano. Em diversos países esse percentual é ainda maior e nos Estados Unidos chega à 90%.

Devido à importância econômica dessas grandes redes varejistas em termos de participação no volume global de alimentos comercializados diretamente aos consumidores, elas tem ampliado seus lucros em relação aos lucros totais da cadeia (agricultores, indústria) e obrigam os setores à jusante se ajustarem às suas demandas, tanto no que se refere à escala quanto ao tipo e aos processos utilizados na produção e na industrialização. Está clara a capacidade de controle por parte das grandes agroindústrias e, cada vez mais, por parte das grandes redes varejistas. No entanto, mesmo considerando o discurso atual de que tudo teria que se ajustar às necessidades e os desejos dos consumidores, o que isso pode significar para modificar o padrão de consumo é uma questão complexa.

A tendência é que a indústria e as grandes redes varejistas segmentem os consumidores de acordo com o nível de renda que possuem. Alguns, particularmente aqueles que possuem níveis de renda altos, poderiam pagar um preço mais elevado pelos alimentos em virtude de incorporar alguns atributos relacionados ao tipo de produção (origem, cuidado com o meio ambiente). Para outros, no entanto, aqueles que possuem níveis de renda baixos, o padrão de consumo seria definido pelo próprio varejo e pelas grandes agroindústrias, pois o atributo que possui maior peso é o preço baixo em detrimento de outros, em virtude da alta participação dos alimentos na composição dos custos de manutenção

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familiar. A questão de fundo que aqui se coloca é da capacidade das campanhas que fazem apelo à consciência ambiental e social em modificar o próprio consumo.

8. A agricultura familiar nos países do Mercosul

A agricultura familiar brasileira, de acordo com o convênio FAO/INCRA (2000), com base nos dados do Censo Agropecuário 1995/96 do IBGE, representa 85% dos 4,6 milhões estabelecimentos agropecuários, ocupa 79% da mão-de-obra, responde por 38% do valor bruto da produção e possui maior capacidade de gerar renda por unidade de área, em relação à agricultura empresarial. O estudo identificou também que a agricultura familiar no Brasil respondia por grande parte da produção de alguns produtos agrícolas, principalmente aqueles destinados ao mercado interno.

Sendo assim, um grupo de autores, políticos e sindicalistas passaram a defender a agricultura familiar como alternativa às questões sociais do campo e brasileiras, tendo em vista sua capacidade em promover um novo modelo de desenvolvimento. Isso seria possível em virtude de uma maior capacidade de geração de trabalho e renda em relação à agricultura de tipo patronal; não existir a categoria lucro (ou mais-valia), uma vez que o trabalho é predominantemente desenvolvido pelos membros da família; produzir alimentos predominantemente para o consumo interno; dinamização da economia dos pequenos municípios, favorecendo o “desenvolvimento local e territorial”; um maior cuidado com a preservação do meio ambiente, em virtude da maior diversificação das atividades econômicas e maior preocupação com a reprodução dos meios de vida ante o lucro; maior possibilidade de se desenvolver a agroecologia enquanto alternativa aos problemas sociais (trabalho, renda, saúde) e ecológicos.

A noção de agricultura familiar, embora não seja precisa e unânime, e de temas em prol do desenvolvimento rural com base nesta forma social de produção agrícola, têm sido amplamente adotados, a partir de meados dos anos 90, nos discursos e nos projetos de organizações sociais do campo, organizações multilaterais e por praticamente todos os níveis dos governos brasileiros em suas políticas. A utilização da noção de agricultura familiar provocou uma substituição, mesmo que parcial, das definições de trabalhador rural, pequeno agricultor, camponês e outras adotadas até então. Atualmente, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) é a principal política pública específica destinada à categoria, tendo sido criado pelo governo federal em 1995.

No se puede ignorar el efecto que tuvieron sobre el campesinado políticas como la desregulación, la privatización y la apertura económica implementadas desde los ochenta. El nuevo énfasis de la economía de mercado está limitando las condiciones de sobrevivencia de los pequeños productores. Junto con el aumento de los índices

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de pobreza en el campo, se incrementaron las estrategias hacia el pluriempleo o la multiactividad, a la vez que muchos productores se vieron obligados a abandonar sus actividades productivas en búsqueda de un trabajo temporario. Sólo algunos pequeños productores más capitalizados han podido enfrentar las exigencias del nuevo régimen agroalimentario, accediendo a tecnologías e insumos que les permitió mantener sus niveles de ingreso (Tapella, 2003, pg. 689).

As organizações argentinas, “inspiradas” no Brasil, estão passando a adotar a idéia de Agricultura Familiar para reunir diversas categorias ligadas ao meio rural e marginalizadas pelas políticas públicas, como os pequenos produtores e indígenas. Em maio de 2006 foi criado o Fórum Nacional da Agricultura Familiar, um espaço de articulação para a construção de políticas agrícolas e reforma agrária. A própria Secretaria Nacional de Agricultura está criando um espaço institucional para tratar desse tema. Outro espaço institucional do Mercosul para tratar desse tema é a Reunião Especializada em Agricultura Familiar (REAF), que reúne organizações sociais e governos dos cinco países (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela).

9. A agricultura familiar brasileira e a competitividade das grandes agroindústrias

A agricultura familiar brasileira tem garantido uma maior competitividade nas exportações brasileiras de fumo, aves, suínos e outros produtos. No entanto, isso tem contribuído para gerar uma maior competitividade às grandes indústrias desses setores, que tem aumentado a produção no país com vistas a atender, em grande parte, as exportações. O Brasil ampliou bastante a produção e a exportação dos três produtos acima citados a partir do início dos anos 90. No entanto, em virtude de diferentes evoluções da produtividade do trabalho, o número de produtores de fumo praticamente dobrou e de suinocultores e de avicultores caiu praticamente à metade.

Onde o Estado de Direito garante a propriedade privada da terra, ou seja, onde as terras estão regularizadas e possuem um valor de mercado mais elevado, o capital industrial procura redesenhar sua ação mediante a integração com os agricultores. Outro fator é o custo dos encargos sociais do trabalho, já que o trabalho escravo passa ser denunciado pela sociedade, além de monitorado e punido pelo Estado. Isso se verifica de forma explícita, por exemplo, na entrevista de um empresário paraense quando questionado sobre a parceria de sua empresa com agricultores familiares da região na produção de dendê. O entrevistado disse que a empresa não faz benemerência social, pois esse é papel do Estado. Só o fazem porque é interessante para a empresa e para os agricultores. Afirmou também que, assim, a empresa não precisa imobilizar capital com a aquisição de terras e não necessita contratar funcionários, uma vez que,

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além dos salários, os encargos sociais implicariam num aumento de até 102% na folha de pagamento dos funcionários1.

No Brasil, as políticas públicas (agrárias, agrícolas e sociais) desenvolvidas pelo Estado, a integração/ terceirização agroindustrial e a redução do nível de crescimento industrial e do emprego urbano têm garantido a competitividade da agricultura familiar, especialmente nas atividades em que a produtividade do trabalho é baixa, como na fumicultura. A propriedade da terra é outro fator que contribui com a permanência e a reprodução da agricultura familiar, principalmente aonde ela tem um valor de mercado mais elevado, por dois motivos: ela pode ser transmitida por herança a membros de uma mesma família e ao fato de que a aquisição de terras por grandes agricultores ou empresas significa uma alta imobilização de capital, que não poderá ser reavido em um curto prazo, salvo quando se presta apenas à especulação imobiliária.

10. A importância da política agrícola no desenvolvimento do setorOs instrumentos de política econômica que influenciam a agropecuária são diversos2: Política fiscal: tributação, gastos do governo, mecanismos de isenção

fiscal e de incentivos fiscais. Política monetária: taxa de juros de captação versus taxa de juros de

empréstimos, taxas de juros nominal versus taxas de juros real. Política cambial: câmbio valorizado versus câmbio desvalorizado. Política de rendas: legislação trabalhista e política de zoneamento do

uso da terra. Política comercial: acordos comerciais entre países. Política agrícola: crédito rural, política de garantia de preços mínimos,

seguro rural, pesquisa, extensão rural, sanidade vegetal e animal, políticas específicas para certos produtos e insumos, política de uso florestal e de incentivo ao reflorestamento. Além desses instrumentos de política agrícola mais gerais, outros podem ser desenvolvidos visando atender um público específico, como os de apoio à agricultura familiar.

Como toda política pública, as políticas agrícolas podem induzir mudanças desejadas pelos governos no setor, através do arranjo de instrumentos que estimulem a produção (preços, crédito, juros, seguro, formação de estoques, exportações, compras internas) e promovam a distribuição social da riqueza da agricultura3. Sendo assim, a orientação 1 PLANETA ORGÂNICO. Diretor da Agropalma fala sobre Biodiesel ao Planeta Orgânico. Disponível em http://www.planetaorganico.com.br/entrev-marcellobrito05.htm. Acesso em 10 de novembro de 2006.2 BACHA, Carlos José Caetano. Economia e política agrícola no Brasil. Editora Atlas, São Paulo, 2004.3 Como exemplo, entre meados da década de 60 e meados da década de 80, o governo federal planejou as políticas agrícolas nas áreas de pesquisa, de assistência técnica e de crédito, principalmente, visando liberar mão-de-obra da agricultura para a indústria.

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dessas políticas é dada pelo papel que se espera que a agricultura cumpra em um dado momento histórico (liberar mão-de-obra, baratear o custo da cesta básica, promover as exportações de determinados produtos, garantir a segurança alimentar, fortalecer a agricultura familiar ou patronal, etc).

11. Política agrícola para a agricultura familiar

O Brasil é o país que melhor desenvolveu um conjunto de políticas agrícolas específicas para a agricultura familiar. Em termos de política agrícola para esse setor, alguns avanços foram conquistados a partir da criação do Pronaf: a) o aumento do volume de recursos repassados aos agricultores familiares, que passou de R$ 89 milhões4 em 1995 para R$ 7,5 bilhões em 2005/06; b) o número de contratos que no mesmo período passou de 33.227 para mais de 1,9 milhão, c) a diminuição progressiva dos encargos e elevação dos níveis de subsídios, inclusive sobre o capital (os juros passaram de 16% ao ano para 4%, rebate nos grupos de baixa renda – A, B e C); d) a criação do grupo B, que visa financiar o investimento a agricultores de baixa renda e a criação de mecanismos para efetivamente atendê-los; e) a nacionalização do Pronaf, ampliando a atuação ao Nordeste e Norte; f) a criação do seguro agrícola (Garantia-Safra e Proagro Mais); g) a criação do seguro de preços da agricultura familiar. Outros importantes avanços do programa podem ser considerados: a articulação do crédito a outras políticas (garantias de compra, aquisição da agricultura familiar, Programa Fome Zero, etc.); a estruturação de uma política de assistência técnica e extensão rural; a criação de linhas específicas de financiamento (jovens, mulheres, agroecologia, etc.), apesar das dificuldades de operacionalização; a identificação da estrutura das cadeias produtivas da agricultura familiar em nível nacional, no sentido de desenvolver ações específicas para apoiá-las na inserção no mercado.

As políticas públicas e agrícolas brasileiras servem de referência às organizações argentinas que trabalham com a agricultura familiar, bem como do Uruguai e do Paraguai. Embora ambos os países tenham passado por um processo de intensificação da abertura comercial a partir do início dos anos 90, na Argentina a “Era Menen” e a crise econômica deflagrada em 2002 promoveram um aumento da pobreza, que chegou à 50% da população e a perda de direitos sociais dos trabalhadores. Houve também nesse período a privatização e desnacionalização de alguns setores da economia, considerados estratégicos ao desenvolvimento da economia nacional, como a energia elétrica e os combustíveis.

Em termos de organização institucional, apesar da grande importância econômica da agricultura, há apenas uma Secretaria dentro do Ministério da Economia. De acordo com a FAA, os agricultores familiares não possuem nenhum amparo do Estado em termos de política agrícola, apenas os grandes agricultores têm acesso ao crédito bancário.

4 Referente ao ano fiscal.

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O governo criou também no início desse ano uma Secretaria de Terras, ligada ao Ministério do Planejamento, que trata da questão fundiária urbana e rural. O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) também está buscando estruturar algumas políticas. A principais políticas são as transferências sociais como o Bolsa Família no Brasil e a política de micro-crédito à organizações sociais do meio rural e urbano.

A Federação Agrária Argentina (FAA) é a principal entidade de representação dos pequenos agricultores. Foi criada há mais de 90 anos enquanto entidade de representação dos pequenos e médios agricultores do país. No ano 2000 fez a opção pelos pequenos agricultores argentinos. Participam da FAA agricultores, diretórios de juventude, organização das mulheres e organizações sociais, mas apenas as duas primeiras possuem direito à participar da direção. Há também no país três organizações que representam os grandes produtores: a Sociedade Rural Argentina, a Federação das Cooperativas Agrícolas e Confederação Rural Argentina (que representa os bovinocultores).

12. A Reforma Agrária: pouco investimento

Nos anos 60, quando a reforma agrária era colocada como necessidade ao desenvolvimento nacional, via criação de um mercado interno de massas, colocou-se a Revolução Verde como a grande promessa à resolução dos problemas sociais do campo. O Estado estimulou, através de políticas de crédito, assistência técnica e pesquisa, a utilização de máquinas, insumos e técnicas produtivas que permitiram aumentar a produtividade do capital, do trabalho e da terra. Pela ausência de uma reforma agrária concreta e pela redução do crescimento econômico e do nível de emprego, isso resultou em grandes problemas sociais, empurrando milhões de pessoas para as grandes cidades, com grande parte se concentrando nas favelas. A esse processo costuma-se chamar de modernização conservadora, pois não provocou grandes alterações nas estruturas sociais do campo.

O Brasil é o país que mais investiu na reforma agrária nos últimos anos. Apesar de se ter ampliado o número de famílias assentadas nos anos 90 em diante em relação ao período anterior, a reforma agrária é um tema que passou a dividir opiniões no que se refere a sua importância ao mercado interno. Apesar da pressão dos movimentos de luta pela reforma agrária, particularmente o MST, a maior parte das famílias foram assentadas em terras públicas ou de regularização (quilombolas, indígenas) e uma menor parte mediante desapropriação. Apesar de se utilizar a idéia de reforma agrária, o que predomina hoje são os assentamentos rurais. Outra política adotada no Brasil no que se refere às questões agrárias é o financiamento público para aquisições de terras por agricultores que possuem pouca ou não possuem terras.

13. Os problemas sociais e ambientais e a idéia de Desenvolvimento Rural

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O processo de modernização da agricultura foi estimulado pelo Estado brasileiro a partir dos anos 60, época em que o crescimento econômico e industrial mantinha-se alto. Os problemas sociais resultantes do “desemprego tecnológico” da agricultura se intensificaram com a redução do crescimento econômico e com a queda do nível de emprego urbano.

Os problemas decorrentes do aumento da produtividade do trabalho e do êxodo rural tendem a não ser tão nefastos quando o ritmo de desenvolvimento industrial e a evolução do emprego urbano são elevados, mas problemáticos quando são baixos. Nos anos 70, no Brasil, quando houve a intensificação da revolução verde e o aumento da produtividade do trabalho e da terra, ocorreu, ao mesmo tempo, a redução do crescimento industrial devido ao tipo de política interna, à crise do petróleo e à redução do nível de crescimento da economia mundial. Nesse momento, os problemas sociais se agravaram e os movimentos sociais (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, sindicalismo rural, movimento de mulheres agricultoras etc.) e as ONGs surgiram com força renovada em questionamento ao “modelo de desenvolvimento”.

Uma série de mudanças na interpretação sobre o meio rural ocorreu no período em que a noção de agricultura familiar passou a ser adotada, particularmente a partir de meados dos anos 90. A mais importante delas é que, para um grande número de estudiosos e políticos (governantes, sindicalistas), o meio rural passou a ser considerado como espaço estratégico ao desenvolvimento, em oposição ao que predominantemente se considerava ser um espaço em vias de decomposição, que perdia cada vez mais em importância social e econômica. Pode-se considerar que isso ocorreu devido a alguns motivos: a difusão da “positividade da noção de agricultura familiar5”; a emergência das questões ambientais; os problemas sociais decorrentes do desemprego e das dificuldades econômicas do Estado em desenvolver políticas de grande impacto social e econômico (reforma agrária, política industrial, etc.).

Em que pese o fato de que a idéia de desenvolvimento rural carregue um componente de busca, do meio político e dos pesquisadores, em defender seus próprios objetos (de luta política e de pesquisa, respectivamente), cabe considerar que se trata de uma mudança profunda, entretanto, fundada em matrizes teóricas distintas. De um lado, trata-se de considerar a busca de novos projetos de desenvolvimento com a pretensão de “gerar justiça social” e, de outro lado, trata-se de considerar o meio rural e a agricultura familiar pelo seu caráter funcional, como colchão ou menisco dos problemas sociais decorrentes da redução do crescimento industrial, do desemprego e da crise ambiental. São perspectivas que por ora se colocam lado a lado, sob um nível maior ou menor de conflito, mas sob um discurso aparentemente consensual.

5 Quem defende essa idéia tende a afirmar que a agricultura familiar seria dotada de características sociais e econômicas que, impulsionada politicamente, poderia apontar para um desenvolvimento diferente daquele que se colocava até o momento e que gerava crises econômicas, sociais e ambientais.

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14. Agrocombustíveis: uma nova Revolução Verde?

Atualmente, é surpreendente a velocidade de implantação de novos projetos para a produção de biocombustíveis no Brasil. Vários investimentos nacionais e estrangeiros já foram anunciados e outros já estão em fase de implantação. Diante da possibilidade de esgotamento do petróleo enquanto matriz energética, a produção de biocombustíveis tem sido colocada como alternativa ao Brasil, mobilizando muito rapidamente os interesses econômicos de grandes empresas.

No que se refere à cana-de-açúcar, a previsão de que a área de cultivo passasse de 5 milhões para 10 milhões de hectares em 10 anos já foi reduzida para 5 anos. George Soros, um dos maiores investidores mundiais, anunciou recentemente que investirá 900 milhões de dólares em usinas de álcool no Brasil. Bill Gates investirá 250 milhões de dólares e os criadores do Google, uma das maiores empresas da Internet, também manifestaram interesses em investir na produção de álcool no Brasil.

Além da possível ampliação da importância do álcool como combustível, uma energia limpa de acordo com o Protocolo de Kioto, a divulgação de que a cana-de-açúcar consegue reter altos níveis de gás carbônico da atmosfera tende a estimular os investimentos no cultivo. Aí se verifica um grande contra-senso, que parece não ter muita importância nos acordos mundiais, já que a remuneração poderá ser garantida mesmo que a paisagem seja coberta por grandes monocultivos com reduzida biodiversidade, uma vez que se pressupõe que bastaria produzir “energias limpas”.

Sem levar em consideração os impactos sociais e ambientais que poderão decorrer com o desenvolvimento da produção de biocombustíveis, fala-se, normalmente, que o Brasil está diante de uma grande oportunidade de desenvolvimento econômico. No âmbito internacional, está se criando condições que facilitem os investimentos na produção de biocombustíveis, pois se daria em “benefício de toda humanidade”. Em nome da produção de energias limpas e sem considerar o aumento da pressão sobre os recursos naturais, o discurso do grande agronegócio está se renovando. Assim, os problemas fundiários e sociais do campo tendem a ficar ofuscados. Com o apoio internacional e concessões do Estado brasileiro, veremos, nos próximos anos, uma reedição da Revolução Verde e da modernização conservadora, semelhante àquela dos anos 60 e 70.

Embora ainda não tenha sido desenvolvido uma política de estímulo específica, como a brasileira, a tendência é de que a diversificação da matriz energética através da produção de biocombustíveis promova novas alterações na importância da agricultura à economia dos diversos países do Mercosul. Atualmente, o principal produto agrícola para a produção de agrocombustíveis é a cana-de-açúcar, mas o que é importante é considerar o efeito que o aumento do cultivo provoca ao meio ambiente, à disputa entre os produtos por área agrícola e aos preços finais dos alimentos aos consumidores.

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Bibliografia

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Agrocombustíveis: seminário promovido pela Rebrip dá continuidade ao debate

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Nos dias 12 e 13 de julho último, no Rio de Janeiro, a Rebrip (Rede Brasileira para a Integração dos Povos) realizou o Seminário Agrocombustíveis e a Agricultura Familiar e Camponesa. A proposta do seminário era a discussão da relação entre o avanço da produção de agrocombustíveis como nova matriz energética e sua relação com a agricultura familiar e camponesa. Especificamente, preocupam as condições de desenvolvimento da produção deste produto na agricultura brasileira e as efetivas condições de inserção dos agricultores familiares e camponeses nesta cadeia, além dos problemas ambientais. Outro tema de interesse e preocupação foi a ação do governo federal neste tema, interferência esta ainda não totalmente clara para os participantes e, no mínimo, controversa em relação às condições de consolidação da agricultura familiar na opinião de vários movimentos e pesquisadores presentes no seminário.

O evento, contando com a presença de movimentos sociais, ONGs e pesquisadores de universidades brasileiras, debruçou-se sobre essas questões, podendo ser dividido em três grandes momentos. Um primeiro foi a apresentação de trabalhos científicos de pesquisadores do CPDA (Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) e do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP – Universidade de São Paulo. Um segundo momento da discussão constou das apresentações das visões, objetivos e experiências dos movimentos e ONGs sobre o tema dos agrocombustíveis e, num terceiro momento, a discussão sobre as estratégias de atuação frente ao atual momento de produção deste tipo de combustível no Brasil.

Os estudos apresentados pelos pesquisadores deixaram claro que:

1. Há um novo momento de articulação do capital mundial que, a partir do aumento da liquidez oriunda da reintensificação da atividade e do comércio mundial puxados pela economia asiática, principalmente, busca novas formas de acumulação em investimentos produtivos pelo mundo. Como o Brasil é lugar de oferta de produtos da terra para o capitalismo mundial, há acertos entre fundos de pensão, de investimentos, etc, buscando financiar a produção no Brasil de álcool e óleo diesel a partir de matéria-prima vegetal (soja, mamona, girassol, dendê, cana-de-açúcar, etc).

Neste sentido, os pesquisadores alertaram para a necessidade de estudos sobre o significado para a agricultura familiar e camponesa da associação entre a indústria e o grande capital financeiro. Na realidade, argumentam que esta associação pode estar trazendo uma nova etapa na lógica de reprodução do capital na agricultura que fatalmente trará mais dificuldades para processos autônomos de inserção dos agricultores dentro das cadeias produtivas.

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2. Nesta associação entre a indústria e o capital rentista mundial, há a iminência da hegemonia deste capital sobre a pesquisa que se faz no setor. Os estudos deixaram claro que o que interessa para o capital mundial não é a produção de álcool a partir da cana-de-açúcar, caso da matriz energética brasileira, mas a investigação para o desenvolvimento de uma alcoolquímica, entendida como a cadeia produtiva de subprodutos do álcool que se pode formar à jusante e montante da produção do combustível.

Como o capital que hegemoniza trabalha em escala mundial, o desenvolvimento da pesquisa para a produção de álcool a partir de outras matrizes (milho, celulose, etc) pode trazer, no futuro, problemas para a vantagem comparativa que hoje possui o álcool com base na cana-de-açúcar produzido no Brasil. A biotecnologia, desenvolvendo bactérias específicas para a decomposição dos açúcares presentes em outras matérias-primas, dentre as quais a celulose, principalmente, segundo estes estudos, parecem ser os mais promissores.

3. A matriz energética do futuro, pelo menos com o nível de tecnologia atualmente disponível, não será de matriz agrícola. Para chegar a esta constatação basta verificar que para que os norte-americanos substituam 10% de sua utilização de gasolina por álcool, há necessidade de uma área correspondente a toda área agrícola do Brasil. No caso de uma hipotética substituição de toda a matriz energética por agrocombustíveis, o cálculo é de que seria necessária a existência de um planeta três vezes maior.

4. Está havendo a entrada cada vez maior no Brasil de empresas mundiais com o objetivo de explorar a produção de agrocombustíveis. Tal entrada ocorre com a formação de empresas com capital aberto e ou fechado, que não adquirem diretamente a terra, mas ao adquirirem as empresas, donas de terras, se tornam donas de parte importante do território brasileiro.

5. Há riscos ambientais muito grandes em relação à produção de agrocombustíveis, caindo por terra a falsa idéia até então dominante de que seria uma matriz energética limpa, não geradora de poluição. Pelo contrário, a utilização de água somente na fase industrial da produção de álcool demonstra que para cada litro de álcool é necessário o consumo de até 100 litros de água. Além disso, o desenvolvimento de bactérias capazes de transformar em álcool a celulose, por exemplo, pesquisada no mundo por empresas também de capital mundial, fatalmente trará, sempre segundo os estudos, pressão sobre florestas cultivadas e ou os remanescentes de florestas nativas na América Latina e Ásia.

6. Nestas condições, e como resultado dos estudos apresentados no seminário, não dá para dizer que a produção de agrocombustíveis vá

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necessariamente melhorar as condições de vida da agricultura familiar e camponesa. Pelo contrário, o alerta é de que há uma relação grande entre a ação das empresas com o domínio da tecnologia, que trará dificuldades para os agricultores. Em relação a possíveis ganhos de tecnologia para as empresas brasileiras, podendo significar então uma nova inserção do país na divisão internacional no trabalho, com este deixando de ser ofertante de produtos da terra, verifica-se que na realidade não passam de ilusões. Para chegar a esta conclusão, basta verificar o que está ocorrendo com a atual organização do setor, onde há a entrada de capital mundial na exploração direta no processamento, na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia.

Neste sentido, sabendo que houve no Brasil até os anos 1980 o desenvolvimento do Proálcool, com base numa matriz desenvolvida por empresas estatais, que poderiam desenvolver uma alcoolquímica, mas que foi abortada, e como agora esta cada vez mais fica nas mãos de empresas não brasileiras, se pode então julgar melhor as razões do retorno deste tipo de tecnologia: como o império não admite experiências científicas e tecnológicas que não estejam sob seu controle, aquela experiência foi abortada, com sua retomada somente quando esta passa para seu controle.

7. Com estas características, a situação atual do setor está levando para um aumento considerável da produção de automóveis com a tecnologia do álcool ou do carro bicombustível, também denominado por parte de alguns de flex fuell. Assim, os estudos demonstram que 62% da frota de carros produzidos no país já têm esta tecnologia. A tendência é deste tipo de automóvel atingir em pouco mais de 5 anos uma participação superior a 80% da produção total de automóveis no Brasil.

8. Com isto, há uma tendência de crescimento da área ocupada e produção de cana-de-açúcar no país. Segundo o IBGE, a produção de cana no país já ocupou, em 2006, 7,04 milhões de hectares, 46% acima da área do início da década, enquanto a produção atingiu 457,98 milhões de toneladas, quase 41% acima da produção de 2000. Segundo o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) a produção na safra 2007/08 passará dos 20 bilhões de litros, 90% acima da produção de 2000 enquanto o consumo chegará a pelo menos 16 bilhões de litros, 30% acima do consumo daquele mesmo ano.

9. Conseqüentemente, verifica-se a continuidade do papel do Brasil na divisão internacional do trabalho, que é o de exportador de produtos da terra. Isto porque, nas condições acima descritas, as exportações devem chegar em 2007 a mais de 4 bilhões de litros de álcool, o que significa um aumento de mais de 1660% desde o início dos anos 2000.

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Fica, assim, clara a razão do incremento da produção no território brasileiro que é o atendimento dos mercados forâneos.

10. Isto ocorre sem um aumento mais significativo no número de ocupações e emprego no campo, seja na produção de cana-de-açúcar, seja na produção de álcool. Segundo o IBGE/PNAD, o número empregos gerados pela produção de cana-de-açúcar em 2005 foi de 519,197 mil, apenas 25% acima daquele criado em 2000, mas bem abaixo do número de empregos gerado pela cana em 1992, de 674,63 mil empregos diretos.

As discussões posteriores do seminário foram no sentido de entender as visões e objetivos dos movimentos ali presentes (Fetraf/Brasil, Contag e MST) no que diz respeito a seus projetos para o setor de agrocombustíveis no Brasil. Esta fase, contudo, pautou-se muito mais pela discussão da relação de cada movimento com a política nacional de agrocombustível, oficialmente denominada de Programa Nacional de Biodiesel. No geral, pelo menos no discurso, não há grandes diferenças de projeto entre os três movimentos, todos interessados com a “inserção” dos agricultores familiares e ou camponeses na cadeia, sem uma discussão de fundo das relações que produzem o atual estágio de organização da mesma, nem com projetos que modifiquem a fundo sua estrutura atual. Neste sentido, nenhuma organização apresentou uma alternativa radical ao projeto oficial de “biocombustível” atualmente operada pelo governo. As diferenças, a nosso ver, são apenas pontuais e conjunturais, na forma de operação do referido Programa.

A Contag demonstrou claramente sua estratégia colaboracionista ao governo ao divulgar suas atividades de busca de inserção dos agricultores a projetos de empresas, buscando organizar os mesmos com o intuito de oportunizar a estes mais uma alternativa de renda nos estabelecimentos agrícolas. Esta estratégia, apenas facilita a vida das empresas, que utilizam uma estrutura supostamente sindical para reduzir seus custos de implantação de projetos. A linha de um sindicato que defenda os interesses dos trabalhadores, na tentativa de controlar os meios de produção para a construção de um outro regime sócio-metabólico entre sociedade/natureza é totalmente deixada de lado por esta estratégia. Esquece-se, a Contag, que na realidade as empresas necessitam de um número de agricultores na atualidade, mas que este número no futuro será menor, dada a necessidade da competição intercapitalista. Parece que a Contag não sabe como funciona o capitalismo.

Do lado da Fetraf/Brasil e MST, por outro lado, houve críticas maiores ao programa oficial de “biodiesel”, pautando-se pela necessidade do governo gestar ações que garantam a existência de estruturas produtivas (agroindústrias processadoras) sob o controle de associações/cooperativas ligadas a estas duas organizações.

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Como pode-se perceber, no geral, estes movimentos não conseguem propor uma ação mais estratégica em relação ao tema, uma vez que acreditam que podem gerir um pequeno negócio dentro de uma cadeia que é atualmente mundializada, opção esta que passa, para ter sucesso, pelo domínio de conhecimentos de processos e de gestão, conhecimentos estes ainda totalmente à margem do que as organizações fazem e ou imaginam. Por um lado parecem desconsiderar as enormes dificuldades que as próprias organizações dos agricultores na atualidade encontram para sobreviver na competição intercapitalista, com pouco capital e pouco, quando nenhum, know how (experiência) de gestão, que os impelem, mais cedo ou mais tarde, à bancarrota ou a se restringir a nichos específicos de mercado, nichos estes específicos inclusive geograficamente, não sendo capazes de alterar a dinâmica hegemônica do sistema. Por outro parecem não entender a fase atual do capitalismo, fase onde os Estados mesmo do centro, quanto mais da periferia e semi-periferia do sistema do capital têm ínfimas condições de interferir nas estruturas dos mercados, regulando a acumulação, como bem demonstra a atuação do Estado brasileiro, o impedindo de tomar outras medidas a não ser arrumar agricultores supridores de matéria-prima para as indústrias de óleo diesel. Na realidade, faz a ação de reduzir, via fundo público, o custo das empresas, pagando técnicos e organizações para procurar e organizar a produção da matéria-prima, além de subsidiá-las diretamente com isenção fiscal.

Neste sentido, um dos grandes problemas do seminário foi de não ter discutido a questão da gestão que exige o negócio do agrocombustível. No caso do álcool, há a necessidade de gestão sobre uma base territorial relativamente grande (dado que é viável a coleta de cana num raio de até 100 km da usina), transporte, armazenamento, logística industrial, além de todo o aparato de pesquisa, que pode dar conta, possivelmente em breve, da produção de álcool a partir de outros derivados vegetais, como visto acima, sem falar de suas relações com a indústria automobilística. No caso do diesel a partir de óleo vegetal, a questão é ainda mais complexa, pois para além da relação com a indústria de veículos, todos sabem que a maior resultante do esmagamento de algumas matrizes vegetais (a soja, por exemplo) não é o óleo, mas outros subprodutos, geralmente o farelo e a glicerina. Assim, na realidade verifica-se que o agronegócio do agrocombustível é um sub-negócio da indústria automobilística (álcool e biodiesel) ou da indústria de alimentos (biodiesel), especificamente do grande negócio mundial do farelo e do óleo.

Este, no mundo, é dominado por quatro grandes empresas: as norte-americanas Cargill, Bunge e ADM e a francesa Louis Dreyfus. Os agricultores têm que ter em mente que entrar neste negócio é competir com estas empresas, o que exige capacidade gerencial, conhecimento de logística e capacidade de negociação que suas organizações não possuem

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e estão longe de possuir. Em pouco tempo, estas unidades até poderiam estar negociando o óleo, mas estariam totalmente nas mãos das grandes empresas do farelo, aquelas que dominam o mercado mundial, possivelmente entregando a elas próprias sua produção. Assim, fica patente que a proposta de pequenas unidades de produção de “biocombustíveis” ou álcool, na realidade não passa de “cavalo de tróia” para a continuidade da hegemonia do grande agronegócio sobre o pequeno. Esta opinião é derivada, inclusive, da opinião de um dos pesquisadores presentes ao seminário, que disse claramente não acreditar que pequenas unidades isoladas de produção destes produtos resolvam a questão da matriz energética do futuro.

Desta forma, as grandes deliberações por parte das organizações presentes ao seminário foram, positivamente, reconhecendo que conhecem muito pouco da realidade, buscar conversas e diálogo com outros setores do governo que efetivamente definem a política governamental para o setor, além de conversas com organizações empresariais que definem a estratégia do agronegócio combustível no Brasil. Além disso, aprovou-se a continuidade das ações nesta área para a realização de uma “crítica contundente” ao modelo adotado no Brasil.

O Deser alerta que dada a complexidade do tema para o agro no Brasil na atualidade, e cada vez maior no seu futuro, seria interessante que as organizações buscassem fazer análises mais aprofundadas da realidade, tanto do ponto de vista dos efeitos sobre o emprego, renda e meio-ambiente, na produção primária dos agrocombustíveis, quanto no setor industrial/financeiro, buscar entender suas lógicas de controle e gestão, se estas estão efetivamente interessadas em buscar “inserir” os agricultores de forma digna e diferenciada na cadeia.

Da mesma forma, há que lembrar que a verdadeira crítica é feita na história, ou seja, só é feita quando se consegue alterar os rumos da história. Isto exige conhecimento da realidade e ação, ação consistente com uma teoria derivada da consideração dos profundos condicionantes da realidade. Por conta disso, nos parece que os movimentos sociais estão longe tanto da teoria quanto de uma ação efetivamente transformadora.

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Carnes: entressafra, exportações, consumo interno e preços em alta no mercado mundial trazem aumento nas cotações em 2007.

Em 2007, devem ser produzidas no Brasil 23,4 milhões de toneladas de carne (boi, aves e suínos), 3,5% a mais que o produzido no ano passado. A disponibilidade interna aumenta 2,6%, mas as exportações devem atingir 5,74 milhões de toneladas, num aumento superior a 6% em 2007.

O aumento da produção é puxado por aumentos nas produções de carne bovina (aumento de 2%), de aves (5%) e de suínos (3,8%). Já o aumento das exportações está sendo puxado pelas exportações de bovinos, que devem subir 4%, e de aves, que devem atingir neste ano 2,98 milhões de toneladas, volume 10% superior ao exportado em 2006.

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Em relação ao mercado interno, tem havido com isto uma tendência de aumento nos preços aos agricultores desses três tipos de carne. Em relação à carne bovina, à estas variáveis deve ser adicionada a chegada da entressafra na Região Centro-Sul do Brasil, época que coincide com a intensificação do inverno. Este fato, aliado a baixos preços registrados no Centro-Sul desde 2005, quando houve a descoberta de aftosa no Paraná, o que trouxe o abate de matrizes, potencializa a queda no volume de animais para abate, repercutindo em menor oferta.

Com isto, atualmente os preços recebidos pelos agricultores no Paraná estão acima daqueles registrados no ano de 2006. Em julho, a Seab/Deral registrou o preço médio aos agricultores de R$ 57,25/arroba, valor quase 18% acima dos R$ 44,60/arroba recebidos em julho do ano passado. O início de agosto confirma a continuidade de elevados preços, com os agricultores recebendo, na média estadual, valores superiores a R$ 60,30/arroba.

Para o restante do ano, a tendência é da continuidade de preços mais elevados. Num primeiro momento não há muitas perspectivas de recuperação da oferta enquanto durar o inverno. A partir do início da primavera, entretanto, deve-se lembrar que 1) há uma tendência de, com a chegada das festas de final de ano, ao aumento no consumo de carne; 2) o país passa por um bom momento de aumento da atividade industrial, que neste ano deve trazer um número maior de empregos, portanto de maior demanda; 3) há no momento o anúncio de que a Rússia definitivamente deixa de impor barreiras às exportações de carne com origem no Brasil; 4) a ocorrência de febre aftosa na Inglaterra, o que beneficia as exportações com origem no Brasil e 5) as negociações com o México significam a possibilidade da abertura de mais um mercado para a carne produzida no país. Com isto, a tendência é de um segundo semestre do ano com preços ainda mais interessantes aos agricultores.

Carne Suína também apresenta aumento de preços

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O aumento nos preços da carne bovina têm efeitos positivos sobre as cotações de seus substitutos, as carnes de frango e suína. No caso desta última, o mercado interno também vem permitindo a obtenção de preços maiores para os agricultores. Segundo a Seab/Deral, atualmente o agricultor no Paraná recebe até R$ 1,60/kg vivo, valor que é mais de 22% superior ao recebido pelos agricultores há um ano.

Como já demonstrado anteriormente, há uma tendência de aumento da produção neste ano, mas de apenas 3,8%. Da mesma forma, do lado das exportações os problemas ainda pendentes com a Rússia, mesmo que solucionadas, dificilmente o será em tempo hábil para um aumento das exportações deste ano em relação ao ano passado. Com isto, as vendas externas devem ficar em 498 mil toneladas, até 5% inferior ao volume exportado em 2006.

Do lado da demanda, entretanto, há também a tendência de aumento da disponibilidade interna, que é um bom indicador de consumo, uma vez que a produção de carne até pode ser armazenada, mas não convém pelo elevado custo de refrigeração. Assim, se as empresas processadoras produzem um volume maior, mesmo estimando um recuo nas exportações, é porque vislumbram o aumento do consumo no mercado interno. Assim, a disponibilidade interna per capta deve aumentar quase 4%, passando de 12,5 para 13 quilos de carne suína.

Em relação às exportações, contudo, tem havido até meados do ano uma tendência de forte recuperação dos mercados externos. Até julho deste ano, saíram do Brasil para o mercado mundial 328,4 mil toneladas de carne suína, volume quase 31% superior ao volume exportado em igual período de 2006, quando foram exportadas 251,16 mil toneladas. Com o anúncio da retomada das exportações para a Rússia, que agora têm restrições para as exportações com base no Brasil para apenas 2 frigoríficos, e da abertura do mercado mexicano para a carne brasileira, a tendência é de um segundo semestre com grandes possibilidades de intensificação destas exportações, o que podem ajudar em muito a segurar os preços nos níveis que agora se encontram.

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Entretanto, a grande questão para os agricultores produtores de carne suína é a obtenção de renda. Em certa medida sendo definida pelo preço do milho, verifica-se que na realidade o aumento recente nos preços do suíno apenas recuperam o nível dos preços do início de 2005. Como se pode perceber no gráfico abaixo, os preços ao preço atual da carne suína, esta adquire menos de 7 quilos de milho com a venda de um quilo de carne. Além de este preço estar abaixo do nível considerado bom pela Embrapa Aves e Suínos, que é de 7 quilos de milho para cada quilo de suíno, verifica-se que desde o início de 2005 em nenhum momento os preços do suíno pagaram 7 quilos de milho. Ou seja, nestes últimos 2 anos os agricultores estão trabalhando com margens pequenas e ou com prejuízos, havendo ainda a necessidade de novos aumentos nos preços da carne para que se consiga uma reversão mais significativa na situação de rentabilidade.

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Frango: oferta interna ainda elevada segura preços

O mercado do frango vem operando neste ano e, desde abril com níveis de preços superiores aos de 2006. Segundo a Seab/Deral, os agricultores no Paraná recebem atualmente R$ 1,43/kg vivo, valor mais de 27% superior ao recebido por estes agricultores no início de agosto do ano passado.

Frango: Preços mensais aos agricultores em 2005, 2006 e 2007

1,01,21,41,61,82,02,22,42,62,8

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

R$/

kg v

ivo

2005 2006 2007Fonte: Seab/Deral. Elaboração: Deser.

Estes níveis, entretanto, ainda estão bem abaixo daqueles observados no mesmo período de 2005. No caso do mercado de frango, apesar de ocorrer também um aumento no consumo interno, diagnosticado pelo aumento de 3% na disponibilidade interna, há um comportamento mais específico da produção e das exportações. Neste caso, esta última evolui significativamente, mas isto é compensado por uma evolução significativa da produção.

Segundo a Abef/APA, as exportações de frango com origem no Brasil aumentaram significativamente neste ano em relação a 2006. Até julho, as vendas totais chegaram a 2,17 milhões de toneladas, praticamente 60% acima do volume de 1,36 milhão de toneladas de carne de frango vendida entre janeiro e julho de 2006.

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Se de um lado estas vendas significam um considerável enxugamento no mercado interno, por outro lado entre janeiro e junho houve um aumento de 14% na produção de pintos de corte. Com isto, a produção até maio deste ano foi de 4,11milhões de toneladas de carne de frango, que significou um aumento de 7% na oferta do produto no mercado interno em relação ao período de janeiro a maio do ano passado.

Por conta destes números, verifica-se que há necessidade de um maior planejamento da produção e uma recuperação ainda maior das exportações para uma efetiva melhora nos preços, para que atinjam o nível igual ao de agosto de 2005, de mais de R$ 2,00/kg vivo. Há até a perspectiva de aumento das exportações, mas o alojamento de pintos de corte coloca a possibilidade de continuidade dos elevados níveis de

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produção nos próximos meses, o que fatalmente dificultará a obtenção deste nível de preços.

Este aumento nos preços aos agricultores, entretanto, não significam uma recuperação em sua renda, principalmente em virtude do aumento dos preços do milho. Isto porque se no início de 2005 os preços do frango era de R$ 2,51/kg vivo e do milho de R$ 0,21/kg, o que permitia a aquisição de 11,5 kg de milho com a venda de um quilo de frango, atualmente a venda de um quilo de frango permite a aquisição de apenas 5,8 quilos de milho. Ou seja, houve um recuo de 49% no poder de troca do frango com este importante insumo.

Como a evolução do preço do milho deve ser positiva neste segundo semestre do ano, somada a dificuldades para a recuperação dos preços do frango, verifica-se que a rentabilidade da avicultura não tende a se alterar muito, pelo menos no curto prazo.

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Milho: preços dão sinais de melhora no início do segundo semestre Produção mundial deve aumentar em 2007/08

Em meados de julho o Usda divulgou sua nova estimativa para o balanço de oferta e demanda de milho para a temporada 2007/08. Segundo o órgão, na temporada que se iniciou em primeiro de agosto deste ano e termina em julho de 2008 a produção mundial deve chegar a 777,1 milhões de toneladas de milho, quase 11% acima do que foi colhido na temporada 2006/07. O principal motivo para isto é o aumento na produção de milho nos Estados Unidos, cuja produção deve agora aumentar em 21% em relação à temporada passada, atingindo 326,15 milhões de toneladas.

A par de um consumo mundial que agora o Usda estima em 769,7 milhões de toneladas, 6,5% acima da demanda da temporada passada, mas que, em valores absolutos, aumenta apenas 46,8 milhões de toneladas, bem inferior ao aumento absoluto da oferta, de 76 milhões de toneladas, deve haver uma recuperação de 7,3% nos estoques finais. Estes devem atingir 108,3 milhões de toneladas em 2007/08. O principal responsável por este aumento nos estoques finais são os Estados Unidos, onde a par de um aumento na produção e no consumo deve apresentar uma redução nas exportações, o que fará os estoques finais daquele país aumentarem 32%, atingindo 38,15 milhões de toneladas.

Preços em Chicago recuam em julho

Com a melhora nas condições de abastecimento do mercado mundial, como visto acima, houve uma queda nas cotações do milho. Na

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realidade, a melhora no nível de abastecimento tem a ver com a melhora nas condições das lavouras de milho naquele país, ao lado da nova estimativa do Usda para sua produção, que melhorou muito as condições de estoques naquele país em 2007/08. Na realidade aquele órgão, em sua estimativa para o balanço mundial para a próxima temporada realizada em julho, trouxe números mais positivos em relação à estimativa de junho. Segundo órgão, a produção mundial deve aumentar em quase 10 milhões de toneladas e os estoques finais em mais de 16,5 milhões de toneladas. Em relação aos Estados Unidos, a estimativa de julho traz, em relação à estimativa de junho, uma melhora de 10 milhões de toneladas na produção o que, estimado o mesmo consumo, trouxe um adicional de mais de 12,4 milhões de toneladas nos estoques finais para aquele país.

Com isto, os preços do milho no mercado mundial continuam elevados. Atualmente negociados acima dos US$ 128,00/t em Chicago, estes estão em níveis 24% e 33% acima, respectivamente, dos preços de agosto de 2006 e de 2005.

Entretanto, com a divulgação dos números do Usda estes preços recuaram, não repetindo os valores acima dos US$ 154,00/t apresentados naquela Bolsa em meados de junho.

Este boletim já tinha adiantado que os níveis de preços iriam depender cada vez mais das condições de desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos. Não acreditamos que os preços deste ano retornem aos níveis do ano passado, mas a continuar as boas condições das lavouras naquele país, os preços não devem aumentar significativamente de agora em diante. Pelo contrário, há grandes possibilidades de recuo nestes níveis quando iniciar a colheita nos Estados Unidos, no final de outubro.

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Produção abaixo das 51 milhões de toneladas

Enquanto os preços no mercado mundial recuavam, a Conab divulgou em julho a sua 11ª Estimativa para a safra 2006/07. Segundo a Companhia, a safra total de milho no país na safra que está acabando de ser colhida é da ordem das 50,6 milhões de toneladas, portanto abaixo das estimativas iniciais de 51 milhões de toneladas. Desta, serão 36,3 milhões para a safra normal e mais 14,2 milhões na safrinha.

O principal motivo para essa queda de safra foi a seca que ocorreu principalmente no Paraná e Mato Grosso do Sul no final de junho, que se acumularam com as geadas do final de maio ao final de julho, que afetaram principalmente o volume colhido na safrinha. No Paraná, com 64% da safrinha colhida, a estimativa da Seab/Deral é de uma colheita já inferior às 5 milhões de toneladas, já que as lavouras foram atingidas pela geada de maio e a seca de julho. No Mato Grosso do Sul também deve haver perdas em virtude das secas.

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Exportações mais intensas em julho

Outro fator que tem influenciado sobre o mercado de milho nos últimos meses tem sido o volume destinado às exportações. A estimativa inicial da Conab era de exportações neste ano de 2007 de até 6,5 milhões de toneladas, que passaram para 8 milhões em meados do ano.

Entretanto, a queda no volume a ser exportado pelos Estados Unidos e o fim dos volumes disponíveis no mercado para exportação a partir da Argentina, tem feito os volumes embarcados no mercado brasileiro, especialmente em Paranaguá, aumentarem significativamente. Assim, já há operadores do mercado que falam em exportações de até 9 milhões de toneladas neste ano de 2007.

Além da queda nos volumes para exportações nestes países, numa época em que os Estados Unidos estão em plena entressafra, fazem com que o Brasil seja praticamente o único lugar no mundo que possui milho em escala suficiente para atender à demanda mundial. Além disso, deve-se lembrar que o milho exportado a partir do Brasil é um dos únicos que podem não ser transgênico, como é o norte-americano e o argentino. Assim, em Paranaguá a tonelada do milho é cotada atualmente entre US$ 180,00 a US$ 190,00/t, enquanto no mercado em Chicago é de apenas US$ 128,00/t.

Preços voltam a subir no mercado interno

Em decorrência destes fatores, as cotações do milho no mercado interno no Brasil estão subindo há algumas semanas, mesmo em plena época de colheita da safrinha no Centro-Sul do Brasil. Atualmente os agricultores no Paraná estão recebendo até R$ 15,75/sc, contra apenas R$

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14,80/sc do início de julho e R$ 12,70/sc da mesma época de 2005, níveis 5,8% e 30,5% maiores, respectivamente. No Rio Grande do Sul os preços aos agricultores estão em R$ 16,30/sc, contra menos de R$ 16,10/sc de um mês atrás e R$ 12,90/sc do início de agosto do ano passado. Na Região de Chapecó, em Santa Catarina, os preços aos agricultores também aumentaram, estando atualmente em R$ 16,50/sc contra R$ 16,00 do início de julho último e R$ 13,00/sc do início de agosto de 2006.

Para o restante do ano, com a oferta nacional praticamente definida e a demanda (exportação e do setor carnes em crescimento), os preços do milho no mercado interno tendem a se manter em patamares elevados, bem acima daqueles observados até o ano passado.

Trigo: Abastecimento mundial e problemas na safra no Brasil fazem preços aumentarem.Abastecimento mundial para 2007/08 bem ajustado

Na sua mais nova estimativa para a produção, consumo e abastecimento mundial de trigo para a temporada 2007/08, o Usda continua prevendo um ano apertado. A produção mundial é agora estimada em 612,27 milhões de toneladas, 3% acima da observada em 2006/07. A demanda deve ser praticamente a mesma da temporada passada, mas o estoque inicial baixo fará com que o estoque final fique 6% menor, em apenas 116,55 milhões de toneladas.

A situação é praticamente a mesma para os Estados Unidos, o principal produtor individual, onde até haverá aumento na produção, mas que será compensada por um aumento na demanda, fazendo com que o estoque final de 2007/08 de apenas 11,38 milhões de toneladas, 8% inferior ao de 2006/07.

As condições para o maior supridor de trigo ao mercado interno no Brasil, a Argentina, também não alteram as condições de abastecimento.

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Neste país a produção desta temporada é menor que a de 2006/07, de apenas 14 milhões de toneladas. Além disso, a recuperação da economia interna fará com que suas exportações recuem para apenas 9 milhões de toneladas.

Preços se elevam no mercado mundial

Como já adiantado no último boletim, as cotações do trigo no mercado mundial estão se elevando, podendo ainda continuar por mais algum tempo em virtude principalmente do acima descrito recuo nos estoques mundiais do cereal. Nos últimos três anos, desde a safra 2004/05, enquanto o consumo ficou estagnado e ou aumentou pouco, a produção recuo 31%. Com isto, os estoques finais, que eram suficientes em 2005/06 para o consumo de quase três meses (86 dias) agora são suficientes poucos mais de 2 meses (67 dias).

Com isto os preços do trigo no mercado mundial vêm evoluindo positivamente desde o início de 2005. Em janeiro daquele ano o cereal era negociado a US$ 127,67/t e na Bolsa de Chicago e a US$ 134,00/t nos portos argentinos. Na atualidade, os preços estão 102% e 90%, respectivamente, mais elevados. Em Chicago a cotação atual é de US$ 257,90/t e nos portos argentinos é de US$ 255,00/sc.

Com as condições descritas acima, esta situação deve continuar, não havendo muitas perspectivas de preços muito mais reduzidos ainda neste ano.

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Produção no Brasil se recupera, mas há perdas no Paraná

Enquanto isto as lavouras de trigo no Brasil estão todas plantadas, com o início dos trabalhos de colheita previstos para o final de agosto. A Conab estima uma produção total de 3,8 milhões de toneladas, 71% superior à frustrada safra de 2006/07, mas inferior à média de aproximadamente 4,5 a 5 milhões de toneladas colhida em safras anteriores.

Entretanto, houve problemas com a safra no Paraná e que já estão trazendo prejuízos para a safra deste Estado. De acordo com a Seab/Deral inicialmente, em maio, a seca, e no final de julho, a geadas, trouxeram perdas para as lavouras de trigo no Oeste do Estado. Com isto, a safra deste deve ser de apenas 1,71 milhão de toneladas, 17% inferior à estimativa inicial daquela secretaria.

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No Rio Grande do Sul, as lavouras já estão também todas plantadas, com uma área próxima a 730 mil hectares que, a correr tudo normalmente com o clima, deve permitir uma safra de até 1,4 milhão de toneladas. Neste Estado o maior temor está em relação ao clima, pois no período entre a segunda quinzena de agosto e a segunda quinzena de setembro a maior parte das lavouras devem estar no estágio mais suscetível à ocorrência de geadas.

Com isto, verifica-se que na realidade a produção de trigo no Brasil neste ano pode ser ainda menor. Na realidade, somente a diferença entre a estimativa atual da Conab para a produção no Paraná (de 1,91 milhões de toneladas) e a estimativa da Seab /Deral (1,71 milhão de toneladas) de 200 mil toneladas, já é suficiente para verificar-se que a safra total do Brasil será inferior às 3,8 milhões de toneladas.

Preços aos agricultores aumentam no mercado interno

Com isto, os preços do trigo aos agricultores no mercado interno no Brasil vêm aumentando nos últimos meses. De acordo com a Seab/Deral, o trigo negociado no Paraná permite um preço aos agricultores na atualidade de R$ 29,80/sc, contra menos de R$ 27,50/sc de meados de julho e 40% acima dos preços de um ano atrás. No Rio Grande do Sul, de acordo com a Emater/RS, os agricultores recebem atualmente R$ 26,40/sc, contra menos de R$ 25,50/sc do início de julho e 39% acima do preço de um ano atrás.

Nestes níveis de preços os agricultores podem conseguir uma remuneração acima do preço mínimo, de R$ 400,00/t. A entrada da safra no mercado interno, entretanto, tende a repercutir em recuo nos preços. Embora não acreditemos em níveis inferiores ao do ano passado, não está descartada a hipótese de níveis bem inferiores aos atuais principalmente para o trigo no Rio Grande do Sul.

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