tricoma do cordoma

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rev assoc med bras. 2013; 59(4) :326–334 Revista da ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA www.ramb.org.br Artigo original Doenc ¸as crônicas, cognic ¸ão, declínio funcional e Índice de Charlson em idosos com demência Fausto Aloísio Pedrosa Pimenta a,, Maria Aparecida Camargos Bicalho b , Marco Aurélio Romano-Silva c , Edgar Nunes de Moraes c e Nilton Alves de Rezende c a Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG, Brasil b Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil c Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil informações sobre o artigo Histórico do artigo: Recebido em 25 de abril de 2012 Aceito em 11 de fevereiro de 2013 On-line em 12 de julho de 2013 Palavras chave: Demência Comorbidade Idoso Deficiência Doenc ¸ a crônica resumo Objetivo: Este estudo avaliou a associac ¸ ão entre as doenc ¸as crônico-degenerativas e o declí- nio funcional, a cognic ¸ão e a predic ¸ão da mortalidade. Métodos: Um estudo transversal foi realizado em um Servic ¸ o de Geriatria em Belo Horizonte, Brasil, envolvendo 424 pacientes subdivididos em dois grupos: controle e com demência. Foram analisados dados sociodemográficos e ambientais, doenc ¸as crônicas degenerativas, o Índice de Charlson, dados sobre a demência, funcionais e de cognic ¸ ão. Resultados: Após análise univariada, houve maior frequência de acidente vascular encefálico (AVE), incontinência urinária, constipac ¸ ão intestinal e distúrbio do sono no grupo demência, enquanto na análise multivariada houve maior número de fatores ambientais e distúrbio do sono. Quanto ao Mini Exame do Estado Mental (MEEM), pacientes com doenc ¸ a pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), AVE e insuficiência cardíaca apresentaram escores mais baixos. Em relac ¸ão ao Índice de Charlson, houve maior pontuac ¸ão no grupo com demência. Conclusão: As comorbidades foram associadas ao declínio funcional nos idosos com demên- cia. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. Chronic diseases, cognition, functional decline, and the Charlson index in elderly people with dementia Keywords: Dementia Comorbidity Elderly person Deficiency Chronic disease abstract Objective: To assess the association between chronic degenerative diseases and functional decline, cognition, and mortality prediction. Methods: A cross-sectional study was conducted in a geriatrics service in Belo Horizonte, Brazil, involving 424 patients subdivided into two groups: control and dementia. The study analyzed socio-demographic and environmental data, chronic degenerative diseases, the Charlson index, and data on functional and cognitive dementia. Results: After a univariate analysis, there was a greater frequency of cerebrovascular acci- dent (CVA), urinary incontinence, constipation, and sleep disorder in the dementia group, Trabalho realizado na Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil. Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (F.A. Pedrosa Pimenta). 0104-4230/$ – see front matter © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. http://dx.doi.org/10.1016/j.ramb.2013.02.002

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Breve artigo falando do tricoma

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  • rev assoc med bras . 2013;59(4):326334

    Revista da

    ASSOCIAO MDICA BRASILEIRA

    www.ramb.org .br

    Artigo original

    Doencas crnicas, cognico, declnio funcional e ndicede Charlson em idosos com demncia

    Fausto Alosio Pedrosa Pimentaa,, Maria Aparecida Camargos Bicalhob,Marco Aurlio Romano-Silvac, Edgar Nunes de Moraesc e Nilton Alves de Rezendec

    a Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG, Brasilb Departamento de Clnica Mdica, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasilc Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil

    informaes sobre o artigo

    Histrico do artigo:

    Recebido em 25 de abril de 2012

    Aceito em 11 de fevereiro de 2013

    On-line em 12 de julho de 2013

    Palavras chave:

    Demncia

    Comorbidade

    Idoso

    Decincia

    Doenca crnica

    r e s u m o

    Objetivo: Este estudo avaliou a associaco entre as doencas crnico-degenerativas e o decl-

    nio funcional, a cognico e a predico da mortalidade.

    Mtodos: Um estudo transversal foi realizado em um Servico de Geriatria em Belo Horizonte,

    Brasil, envolvendo 424 pacientes subdivididos em dois grupos: controle e com demncia.

    Foram analisados dados sociodemogrcos e ambientais, doencas crnicas degenerativas,

    o ndice de Charlson, dados sobre a demncia, funcionais e de cognico.

    Resultados: Aps anlise univariada, houvemaior frequncia de acidente vascular enceflico

    (AVE), incontinncia urinria, constipaco intestinal e distrbio do sono no grupo demncia,

    enquanto na anlise multivariada houve maior nmero de fatores ambientais e distrbio

    do sono. Quanto ao Mini Exame do Estado Mental (MEEM), pacientes com doenca pulmonar

    obstrutiva crnica (DPOC), AVE e insucincia cardaca apresentaram escores mais baixos.

    Em relaco ao ndice de Charlson, houve maior pontuaco no grupo com demncia.

    Concluso: As comorbidades foram associadas ao declnio funcional nos idosos com demn-

    cia.

    2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.

    Chronic diseases, cognition, functional decline, and the Charlson indexin elderly people with dementia

    Keywords:

    Dementia

    Comorbidity

    Elderly person

    Deciency

    Chronic disease

    a b s t r a c t

    Objective: To assess the association between chronic degenerative diseases and functional

    decline, cognition, and mortality prediction.

    Methods: A cross-sectional study was conducted in a geriatrics service in Belo Horizonte,

    Brazil, involving 424 patients subdivided into two groups: control and dementia. The study

    analyzed socio-demographic and environmental data, chronic degenerative diseases, the

    Charlson index, and data on functional and cognitive dementia.

    Results: After a univariate analysis, there was a greater frequency of cerebrovascular acci-

    dent (CVA), urinary incontinence, constipation, and sleep disorder in the dementia group,

    Trabalho realizado na Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil. Autor para correspondncia.

    E-mail: [email protected] (F.A. Pedrosa Pimenta).0104-4230/$ see front matter 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.http://dx.doi.org/10.1016/j.ramb.2013.02.002

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    while the multivariate analysis showed a greater number of environmental factors and

    sleep disorder. Regarding the Mini Mental State Examination (MMSE), patients with chronic

    obstructive pulmonary disease (COPD), CVA, and heart failure presented lower scores. There

    was a greater score in the dementia group with regarding the Charlson index.

    Conclusion: These comorbidities were associated with the functional decline in elderly peo-

    ple with dementia.

    2013 Elsevier Editora Ltda. All rights reserved.

    Introduco

    O processo de envelhecimento gera mudanca signicativa nospadres de morbimortalidade. Os idosos passam a enfrentar oimpactodasdoencas crnicasdegenerativas, sua consequentefragilidade e a temida dependncia, ocasionada especial-mente pelas sndromes demenciais1.

    Dentre as principais causas de demncia destaca-se aDoenca de Alzheimer (DA), que responsvel por 50 a 60%dos casos. Atualmente, estima-se que supere 35 milhes deindivduos acometidos em todo o mundo, e sua prevalnciavem aumentando de forma signicativa nas diversas faixasetrias. Nos EUA, tornou-se a quarta causa de bito na faixaetria compreendida entre 75 e 84 anos, e a terceira maiorcausa isolada de incapacidade e mortalidade2,3. No Brasil,estima-se que cerca de 700mil pessoas sejam acometidas peladoenca. Nesse contexto, a DA tornou-se um importante pro-blema de sade pblica em todo o mundo, juntamente coma demncia vascular (DV), na maior parte dos estudos epi-demiolgicos. Entretanto, ainda no h consenso sobre seumecanismo siopatolgico46. A demncia mista manifesta-se na ocorrncia simultnea da DA e da demncia vascular,respectivamente, com alteraces neurodegenerativas e cere-brovasculares determinando maior dano funcional, quandoassociadas6,7.

    Os idosos com demncias apresentam alta prevalncia decomorbidades812, as quais podem comprometer a cognico eaumentar o declnio funcional, necessitando de intervencesprecoces visando melhora da qualidade de vida dessapopulaco e de seus familiares, considerando amelhora funci-onal e a manutenco da sua independncia para as atividadesde vida dirias (AVDs)1315.

    Objetivo

    O objetivo deste trabalho foi avaliar as doencas crnicasdegenerativas, tais como as cardiovasculares, dos sistemasrespiratrio, urolgico, digestrio e endcrino, e as doe-ncas metablicas, e associ-las cognico, aos fatores funci-onais e ao ndice de comorbidade de Charlson em pacientesidosos com demncia.

    Mtodos

    Trata-se de um estudo do tipo transversal com grupo compa-rativo (ou controle), utilizando-se frequncias, porcentagens,medidas de tendncia central e de disperso, realizado em umcentro especializado em atendimento a idosos pelo Sistema

    nico de Sade (SUS), recebendo pacientes procedentes daAtenco Primria. O estudo foi realizado entre 2007 e 2010,envolvendo 814 idosos com queixas de alteraces cognitivasou alteraces observadas por seu cuidador. Destes, 22 pacien-tesnegaramaassinaturadoTermodeConsentimento, 56 esta-vam com dados insucientes, 16 apresentaram outros tiposde demncia, e foram excludos 296 pacientes com depresso.Foram observados todos os critrios de depresso e demn-cia, segundo o DSM-IV. Quanto demncia, o diagnstico dadoenca de Alzheimer (provvel ou possvel) foi feito segundocritrios estabelecidos pelo NINCDS-ADRDA ou por apresen-tar sinais sugestivos de demncia vascular pela anlise daescala isqumica de Hachinski, verso original ou modi-cada por Loeb1618. Foram considerados controles os idososque no apresentavam a sndrome demncia, transtorno dohumor ou comprometimento cognitivo leve. Portanto, foramselecionados 312 idosos com demncia (vascular, mista edoenca de Alzheimer) e 112 idosos para o grupo comparativo.Informaces sobre este servico tambm so encontradas emoutros trabalhos19,20. O paciente idoso foi avaliado de acordocom o Protocolo de Avaliaco Multidimensional do Idoso. Esseuxo est descrito na Linha Guia de Atenco Sade do Idosoda Secretaria Estadual de Sade deMinas Gerais21. Este estudofoi aprovado pelo comit de tica local.

    As variveis estudadas foram os dados demogrcos, asescalas de avaliaco funcional validadas22,23, o Mini Examedo Estado Mental (MEEM), os dados sobre a demncia (CDR Clinical Dementia Rating24 e SPCD Sintomas Psicolgicos eComportamentais da Demncia) e o ndice de Comorbidadede Charlson (ICC)25.

    Destaca-se que os instrumentos includos foram sele-cionados para abordar as principais dimenses clnicaspossivelmente associadas existncia de comorbidades,sendo avaliadas: osteoartrite, osteoporose, neoplasia maligna,hipertenso arterial sistmica (HAS), insucincia cardacacongestiva (IC), brilaco arterial, doenca arterial corona-riana crnica, anemia, diabetes mellitus, doenca pulmonarobstrutiva crnica (DPOC), acidente vascular enceflico(AVE), dispepsia, decincia de vitamina B12, decincia decido flico, incontinncia urinria, constipaco intestinal,hipotireoidismo, hepatopatia, dislipidemia, hiperuricemia,insucincia renal crnica, insucincia arterial e venosaperifrica, sndrome de imobilidade, instabilidade postural,queda, fratura e distrbios do sono.

    Os seguintes exames complementares zeram parte dapropedutica bsica dos pacientes atendidos no Centro deReferncia: hemograma completo, TSH, vitamina B12, cidoflico, glicemia de jejum, ureia, creatinina, colesterol totale fraces, triglicrides, cido rico, sdio, potssio, cloro,clcio, fsforo, fosfatase alcalina, albumina, globulinas, rotina

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    Tabela 1 Comparaco entre as caractersticas sociodemogrcas e uso de medicamentos entre os pacientescom demncia e grupo comparativo em uma populaco de idosos, Belo Horizonte, 2007 a 2009

    Caractersticas Grupo Valor -p OR IC95%

    Demncia Controle

    n % n %

    GneroFeminino 209 71,8 82 28,2 0,271a 0,7 0,4 a 1,2Masculino 103 77,4 30 22,6 1,0

    EscolaridadeEntre 0 e 4 anos 265 75,5 86 24,5 0,039b 6,2 0,9 a 49,3Entre 5 e 8 anos 24 61,5 15 38,5 3,2 0,4 a 29,3Entre 9 e 11 anos 18 72,0 7 28,0 5,1 0,6 a 54,1Acima de 12 anos 2 33,3 4 66,7 1,0

    IdadeAt 64 anos 7 87,5 1 12,5 0,456b 2,8 0,1 a 107,3Entre 65 e 74 anos 76 67,3 37 32,7 0,8 0,1 a 5,1Entre 75 e 84 anos 150 75,4 49 24,6 1,2 0,2 a 7,4Entre 85 e 94 anos 74 76,3 23 23,7 1,3 0,2 a 8,3Acima de 95 anos 5 71,4 2 28,6 1,0

    Estado conjugalCasado (a) 165 74,7 56 25,3 0,287b 1,0 0,6 a 1,7Separado (a) 16 84,2 3 15,8 1,8 0,5 a 8,3Solteiro (a) 21 61,8 13 38,2 0,5 0,2 a 1,3Vivo (a) 95 74,8 32 25,2 1,0

    Medicamentos (mais de cinco classes)Sim 126 92,0 11 8,0 < 0,001a 6,2 3,1 a 12,7No 186 65,0 100 35,0 1,0

    a Teste com correco de Yates.b Teste Exato de Fisher.

    de urina, pesquisa de sangue oculto nas fezes, radio-graa de trax e eletrocardiograma. O ritmo de ltracoglomerular foi calculado pela frmula Crockoft-Gault. Outrosexames complementares foram solicitados de acordo com aindicaco clnica. A tomograa computadorizada, ou resso-nncia nuclear magntica, foi realizada em todos os pacientescom demncia vascular ou mista.

    O ICC foi originalmente concebido como uma medida dorisco de mortalidade em um ano atribuvel comorbidade emum estudo longitudinal, tendo sido validado em uma coortede pacientes femininos com cncer de mama. Seu contedoe sistema de ponderaco foram criados com base no modelode riscos proporcionais de Cox.25

    As informaces coletadas foram inseridas em um banco dedados desenvolvido utilizando-se o software Access, verso2007. Posteriormente, os dados foram analisados no softwareR verso 2.7.1, de domnio pblico.

    Os resultados descritivos apresentados foram obtidosutilizando-se frequncias e porcentagens para as caracters-ticas das covariveis categricas e obtenco de medidas detendncia central (mdia e mediana) e de disperso (desvio-padro) para as variveis quantitativas. As comparaces entreas variveis (comparativo e demncia) e covariveis na formacategrica foram feitas a partir de tabelas de contingn-cia, sendo aplicado o teste Qui-quadrado com correco deYates para comparaco de proporces quando existiam duascategorias em cada varivel. Quando o nmero de catego-rias foi superior a dois, utilizou-se o teste Qui-quadrado de

    Pearson. Na presenca de pelo menos uma frequncia espe-rada menor que cinco, utilizou-se o teste exato de Fisher. Nacomparaco entre as variveis e co-variveis quantitativas foiutilizado o teste t de Student quando as suposices usuais domodelo foram atendidas. Caso contrrio, foi utilizado o testede Mann-Whitney. As suposices do teste t de Student foramvericadas utilizando-se o teste de Shapiro-Wilk e Levene.

    Resultados

    Os familiares ou cuidadores relataram que o tempo entreas alteraces observadas nos indivduos e o diagnstico dedemncia apresentou mediana de 27,6 meses e, para o inciodo tratamento especco com anticolinestersicos para DA, amediana foi de 33,9 meses.

    Os dados demogrcos esto demonstrados na tabela 1 eapontam similaridade entre os grupos. Foi constatado maiornmero de medicamentos no grupo demncia, reetindomaior nmero de comorbidades.

    O resultado da anlise univariada est representado nastabelas 1 e 2, e demonstra que ambos os grupos apresen-tam alta prevalncia de doencas crnicas. Houve diferencacom signicncia estatstica para distrbios do sono, AVE,constipaco intestinal e incontinncia urinria, estas maisprevalentes no grupo demncia.

    Utilizando a regresso logstica na anlise multivarivel,os distrbios do sono apresentaram-se superiores no grupodemncia (OR: 4,4; IC: 1,4 a 13,4).

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    Tabela 2 Comparaco das caractersticas relacionadas s principais comorbidades entre os pacientes com diagnsticode demncia e grupo comparativo em uma populaco de idosos, Belo Horizonte, 2007 a 2009

    Caractersticas Grupo Valor -p OR IC95%

    Demncia Controle

    n % n %

    Distrbios do sonoSim 187 91,7 17 80,3 < 0,001a 8,4 4,6 a 15,3No 125 56,8 95 43,2 1,0

    Constipaco intestinalSim 68 86,1 11 13,9 0,009a 2,5 1,2 a 5,3No 244 70,9 100 29,1 1,0

    AVESim 48 85,7 8 14,3 0,041a 2,4 1,03 a 5,6No 264 71,7 104 28,3 1,0

    Incontinncia urinriaSim 68 90,7 7 90,3 < 0,001a 4,2 1,8 a 10,3No 243 70 104 30,0 1,0

    HASSim 225 74,3 78 25,7 < 0,708a 1,1 0,7 a 1,9No 87 71,9 34 28,1 1,0

    HiperlipidemiaSim 87 74,4 30 24,4 0,920a 1,1 0,6 a 1,8No 225 73,3 82 26,7 1,0

    Decincia de vitamina B12Sim 80 78,4 22 21,6 0,252a 1,4 0,8 a 2,5No 232 72,1 90 27,9 1,0

    OsteoporoseSim 74 71,8 29 28,2 0,797a 0,9 0,5 a 1,4No 228 73,8 81 26,2 1,0

    Instabilidade posturalSim 104 79,4 27 20,6 0,100a 1,6 0,9 a 2,6No 208 71,2 84 28,7 1,0

    AVE, acidente vascular enceflico; HAS, hipertenso arterial sistmica.a Teste com correco de Yates.

    Em relaco ao ICC, houve diferenca com maior pontuacono grupo demncia, com mediana de 5,5 (p

  • 330 rev assoc med bras . 2013;59(4):326334

    Tabela 4 Modelo nal de regresso linear para a varivel Minimental em uma populaco de idosos, Belo Horizonte,2007 a 2009

    Modelo Coeciente IC95% Erro-padro Valor -p

    Inferior Superior

    Constante 29,1 1,5 < 0,001

    EscolaridadeAcima de 12 anosEntre 9 e 11 anos 1,1 4,2 2,0 1,6 0,491Entre 5 e 8 anos 0,8 3,7 2,1 1,5 0,612Entre 0 e 4 anos

    DPOCSim 3,2 6,1 0,3 1,5 0,031No 1,1 2,1 0,1 0,5 0,049

    AVESim 1,9 2,9 0,9 0,5 < 0,001No

    Insucincia cardacaSim 1,7 2,9 0,5 0,6 0,003No

    AVD bsicaDependente 1,1 2,1 0,1 0,5 0,045Dependente parcial 9,2 11,0 7,4 0,9 < 0,001Independente

    AVD instrumentalDependente 1,7 2,7 0,7 0,5 < 0,001Dependente parcial 3,0 4,4 1,6 0,7 < 0,001Independente

    DPOC, doenca pulmonar obstrutiva crnica; AVE, acidente vascular enceflico; AVD, atividade de vida diria.

    populaco estudada, houve uma prevalncia mais elevadade comorbidades no grupo demncia, quando comparado aogrupo controle.

    A incontinncia urinria mostrou-se mais frequente entreos pacientes com demncia mais idosos, o que consistentecom os dados encontrados em outras pesquisas. Ko et al.28, aoestudarem uma amostra aleatria de idosos, observaram que25% dos indivduos tinham diculdade no controle urinrio.Destes, 30% apresentaram idade superior a 75 anos. Destaca-se que a incontinncia urinria causa de estigmatizaco eisolamento social, estando associada sintomatologia depres-siva. Na literatura, frequentemente negligenciada28.

    A instabilidade postural, tambm frequente neste estudo,associada disfunco do equilbrio, acarreta o risco de queda,mas as sequelas fsicas e psicossociais da reduco excessivados movimentos podem ser mais deletrias que a queda pro-priamente dita29. Este fato, provavelmente, est relacionado incluso de indivduos com demncia avancada, ao com-prometimento funcional, maior uso de medicamentos e altaprevalncia de quedas3032.

    A constipaco intestinal associou-se ao grupo com demn-cia, maior dependncia para AVDs instrumentais, aoacidente vascular enceflico, incontinncia urinria e ins-tabilidade postural. Este dado, possivelmente, consequnciada restrico da mobilidade, do uso de antidepressivos e daausncia da prtica de atividade fsica. A constipaco intes-tinal tambm parte da cascata iatrognica que poder

    culminar em maior declnio funcional e piora da qualidadede vida dos idosos, pois haver necessidade de mais medi-camentos e de maior cuidado dirio, aumentando o fardo docuidador33.

    A decincia de folato (3,5%), de vitamina B12 (23,6%)e a anemia (6,2%) foram semelhantes a outros estudosbrasileiros34,35, podendo estar associados a fatores nutricio-nais e/ou ao uso de medicamentos que possam interferir naabsorco dos nutrientes.

    Quanto funco renal, sabe-se que o melhor mtodo,mesmo com todas as limitaces para sua avaliaco, adeterminaco da taxa de ltraco glomerular. Este mtodo inuenciado por diversos fatores, tais como a idade ea massa muscular36. Chamamos atenco para este dadono pela prevalncia das alteraces renais (8,6%), mas peloseu potencial iatrognico, principalmente na populaco comdemncia, uma vez que este grupo fazia uso de maiornmero de medicamentos e de classes de medicamentos,quando comparado ao grupo controle (mediana=5 medica-mentos; chance 6,2 vezes maior de usar mais de cinco classesdiferentes de medicamentos em relaco ao grupo controle,com p

  • rev assoc med bras . 2013;59(4):326334 331

    No foram encontradas, na literatura, diferencas emrelaco s comorbidades entre os pacientes com ou semdemncia. No entanto, diferencas metodolgicas dicul-tam comparaces11. Zhu et al.38 em estudo realizado com180 pacientes com demncia, observaram que metade destesno apresentava comorbidades.

    Poucos estudos foram realizados com populaces de ido-sos com alteraces cognitivas no Brasil. Os estudos existentesso baseados em estudos populacionais, com anlise dedoencas autorreferidas, ou em estudos observacionais trans-versais. No entanto, mesmo nas maiores coortes, h umvis do diagnstico de vrias condices especcas do idoso,e a avaliaco funcional frequentemente negligenciada39.Uma das diculdades para se realizar estes estudos otempo necessrio para o diagnstico correto, com propedu-tica adequada, que pode levar semanas ou meses. Duartee Rego34, em estudo realizado no servico de Geriatria, ondea depresso e a demncia foram avaliadas como comorbi-dades, encontraram 95% dos indivduos com pelo menosuma doenca crnica, sendo as principais: HAS (62,2%),osteoartrose (40%) e incontinncia urinria (35%). Estesdados foram similares s comorbidades encontradas nesteestudo.

    provvel que as comorbidades empacientes comprejuzocognitivo geralmente sejam subdiagnosticadas emal tratadas,possivelmente porque pacientes com demncia apresentammaior diculdade de se queixarem objetivamente4042. For-miga et al.27 observaram prevalncia de HAS de 51% em umacoorte de pacientes com DA. Artza et al.42, em seus estudos,observaram prevalncia de 45% para esta populaco. Schubertet al.11 encontraram prevalncia de 39% em estudo realizadoem pacientes com mdia de idade de 75,6 anos e com diabetesmellitus.

    Para muitas das doencas crnicas predominantes emidosos comdemncia suas percentagensmostraram-se seme-lhantes s descritas na literatura, como insucincia cardaca(14%), DPOC (12,2%), osteoartrite (41,1%), AVE (10,3%) e cncer(12%)11. Provavelmente esses percentuais variam de acordocom os diagnsticos clnicos e a disposico de autpsia. Fuet al.,9 em estudo realizado com 52 pacientes com diagns-tico de demncia de todos os tipos, comautpsias disponveis,constataram evidncia de 20% de doenca arterial coronarianae 73% de doenca cardiovascular aterosclertica.

    Uma maneira indireta de vericar a presenca de comorbi-dades crnicas a quanticaco de medicamentos. Formigaet al.,27 em estudo realizado com 311 pacientes com demnciacom idade acimade 64 anos, encontrarammdia de seismedi-camentos, semelhante ao encontrado por Lyketsos et al.,40 emestudo realizado com 149 pacientes com demncia. Schubertet al.,11 em seus estudos, encontraram mdia de 5,1 medica-mentos. Ainda no que diz respeito aos estudos realizados porFormiga et al.,27 enfatiza-se o percentual de 70% de pacien-tes que tinham uma doenca crnica e faziam uso de cincoou mais medicamentos. Corroborando estes dados, o estudorealizado apresentou, para o grupo controle, mediana de qua-tro medicamentos, e para os grupos demncia e depresso,mediana de cinco medicamentos, no sendo estes diferen-ciados por classe. Ao se realizar a diferenciaco por classe,houve diferenca entre os grupos demncia e controle (OR: 6,2;IC: 3,1-12,7).

    Neste estudo, houve diferenca no ICC, com signicnciaestatstica entre os grupos, sendo este ndice mais elevadono grupo demncia. A demncia um item do ICC, por-tanto, a pontuaco no foi considerada na anlise dos grupos.Dessa forma, pode-se concluir que a demncia um fator deimpacto importante namorbimortalidade da populaco idosa,o que est de acordo com outros estudos11,25,39. Neste estudo,utilizou-se o ICC corrigido pela idade. Assim, este foi maior nogrupo demncia, indicando no s maior nmero de comorbi-dades como tambmmaior gravidade destas nesta populaco,mesmo retirando o item demncia do ndice.

    Amdia doMEEMna populaco avaliada comdemncia foi13, e o ICC igual a 5,8, superior ao apresentado pelo grupo con-trole (4,3). Reforca-se que o alto nmero de comorbidades napopulaco estudada, juntamente com sua gravidade, podemter inuenciado estes dados.

    Artza et al.,42 em estudo realizado na Franca com 579 paci-entes com DA, com mdia de idade de 77,4 anos e valoresmdios do MEEM de 20,1, quanticaram a comorbidade com oICC no corrigido pela idade, que foi, em mdia, de 1,5.

    Formiga et al.27 encontraram, em pacientes com demnciavascular, mdia de idade de 80,6 anos, MEEM com mdia de13,7 e comorbidades quanticadas pelo ICC com mdia de 2,1.

    Doraiswamy et al.,39 ao avaliarem 679 pacientes com DAcom idade e gravidade semelhantes s do presente estudo,encontraram MEEM mdio de 11,8, no tendo sido utilizado,no entanto, o ICC, o que no permite comparaces entre ascomorbidades.

    A comparaco entre os grupos demncia e controle

    O diagnstico das demncias no deve ser realizado to tar-diamente, como acontece em vrias partes do mundo3841.Um melhor conhecimento das manifestaces clnicas, dasbases genticas e da biologia molecular da doenca, assimcomo uma denico aprimorada de sua patogenia, pode-ro contribuir para a conduco adequada dos casos6.O presente estudo observou, para a demncia, um tempoextenso entre as alteraces observadas pelos indivduos e seusfamiliares e o diagnstico (mediana de 46 meses) e o tra-tamento especco com anticolinestersicos (mediana de 48meses). Possivelmente, este fato esteja associado dicul-dade de acesso dos pacientes a prossionais capacitados parao diagnstico correto da doenca. Mesmo com o vis da mem-ria, o incio do tratamento tambm foi tardio, considerando ouso de medicamentos especcos para a doenca.

    Dentre os fatores sociodemogrcos associados sdoencas, aps anlise multivariada, a baixa escolari-dade associou-se ao diagnstico de demncia. Apesardas controvrsias existentes entre os diferentes estudos,Caamano-Isorna et al.43 demonstraram, em meta-anlise,que o baixo nvel de escolaridade pode ser um fator de riscopara a demncia, especialmente para a DA. Indivduos queapresentam reserva cognitiva alta, reexo de elevada escola-ridade, tm maior capacidade de manterem suas habilidadescognitivas, independentemente de apresentarem alteracesneuropatolgicas44. A educaco determina maior reservacognitiva por meio de atividades educacionais e laborais maiscomplexas, desencadeando mudancas no estilo de vida queproporcionam reduco do risco de leso cerebral reduco

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    do consumo de lcool e do tabagismo, melhor alimentacoe prtica de atividade fsica45. Dessa forma, o baixo nvel deescolaridade pode reetir em fator de risco para demncia,principalmente nos pases em desenvolvimento, onde a baixaescolaridade se constitui um problema frequente.

    Este estudo no mostrou associaco entre o tabagismoe a demncia (p=0,907), em discordncia com a literaturamundial. Cataldo, Prochaska e Glantz46, por meio de meta-anlise, realizaram estudos que investigaram a relaco entretabagismo e demncia. Os resultados demonstraram que, nosestudos de coorte sem patrocnio da indstria do tabaco, orisco mdio para DA, determinado pelo tabagismo, foi esti-mado em 1,72. Esses dados indicam que o tabagismo umimportante fator de risco para a doenca.

    As alteraces encontradas, relacionadas ao declnio funci-onal e ao MEEM, foram signicativas no grupo de indivduoscom demncia. O CDR foi analisado descritivamente paraa populaco com demncia. A maioria dos pacientes comdemncia apresentou CDR 1 ou 2 (87,3%), ou seja, demncialeve oumoderada. Isso favorece a conabilidade dos dados cl-nicos a seremcomparados comoutros grupos, umavezque, nademncia, em sua fase avancada, h diculdade na obtencode informaco para diagnsticos precisos, tendo em vista aincapacidade comunicativa8.

    Ao se analisar a amostra de pacientes somente com DA,observou-se que a ocorrncia de SPCD de (43,7%) est emconcordncia com a literatura47. Observou-se, ainda, que onmero de mulheres foi superior ao nmero de homensneste grupo, resultado da maior prevalncia da doenca entreas mulheres, maior taxa de sobrevida em relaco aos homense maior procura pelos servicos de sade, com aumento dastaxas de diagnstico48. Este fator est relacionado ao nmeroelevado de antipsicticos e antidepressivos nesta populaco.

    Gill et al.49 demonstraram maior mortalidade em idososcom demncia em uso de antipsicticos, sendo observadomaior risco para os convencionais, quando comparado aosatpicos. Portanto, devem ser usados com critrios.

    No estudo realizado, tanto o SPCD quanto a prpria sin-tomatologia depressiva podem explicar a associaco entredistrbios do sono e demncia (OR=8,4, IC=4,6-15,3), quandocomparado o grupo demncia ao grupo controle.

    Comparados os grupos demncia ao grupo controle,observou-se pior pontuaco no MEEM quando presentes asseguintes caractersticas: DPOC, AVE, IC, e piora nas funcesdas AVDs.

    Quando separados os grupos demncia associada depres-so do grupo demncia, observou-se menor pontuaco noMEEM para o grupo demncia, quando comparado ao grupodemncia associada depresso, mesmo com as demaisvariveis controladas. Este apontamento contraria dados daliteratura, que sugerem que a depresso associada demn-cia piora a cognico50,51. Dessa forma, o MEEM pode no tersido suciente para detectar esta alteraco.

    Para a incontinncia urinria, o MEEM apresentou menorpontuaco na anlise multivariada, com tendncia signi-cncia estatstica (p=0,056), provavelmente relacionada aosquadros de demncia e depresso mais graves associadasa alteraces da mobilidade. Reforca-se a possibilidade daassociaco entre o MEEM e a depresso ocorrer devido causae efeito da piora cognitiva.

    Concluso

    Este trabalho reforca a necessidade de abordagem integral doidoso, especialmente aqueles com demncia, que se mostra-ram frgeis, com alta prevalncia de comorbidades e uso degrande nmero de medicamentos. Uma avaliaco cuidadosapoder detectar condices clnicas de grande relevncia quepodem alterar a cognico, o grau de dependncia e inuenciarnamortalidade do indivduo, independentemente da evolucoda prpria demncia.

    Pacientes idosos podem apresentar demncia e esta podeestar associada adoencas crnicas, comoeste estudodemons-trou, particularmente a DPOC, o AVE e a insucincia cardaca.Uma abordagem correta dessas doencas poderia contribuirpara uma melhora cognitiva e funcional nesses idosos. Outrosestudos poderiam conrmar esta hiptese.

    O uso do medicamento especco para a demncia deverestar associado a uma indicaco que considere as comorbi-dades. Dessa forma, o rigor na prescrico de medicamentospoder ajudar a melhorar e adequar a indicaco dos anticoli-nestersicos e glutamatrgicos, prevendo efeitos colaterais einteraces com outros medicamentos.

    Os resultados encontrados podero ser teis aos mdicosque atendem ao idoso, pois podero nortear a abordagemde mltiplas doencas, a solicitaco de exames complemen-tares e da polifarmcia nesses pacientes, contribuindo parauma melhor qualidade de vida destes indivduos e de seusfamiliares.

    Suporte nanceiro

    Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientco e Tecnol-gico (CNPq).

    Conitos de interesse

    Os autores declaram no haver conitos de interesse.

    r e f e r n c i a s

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