o gênero pseudobombax dugand (malvaceae s.l., … · não sei o que fazer nesta situação meu pé...

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JEFFERSON GUEDES DE CARVALHO SOBRINHO O gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) no Estado da Bahia, Brasil Feira de Santana, Bahia 2006

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Page 1: O gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., … · Não sei o que fazer Nesta situação Meu pé ... P. campestre e P. ... Desenho esquemático de um tricoma tufoso encontrado

JEFFERSON GUEDES DE CARVALHO SOBRINHO

O gênero Pseudobombax Dugand

(Malvaceae s.l., Bombacoideae) no Estado

da Bahia, Brasil

Feira de Santana, Bahia 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

O gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae

s.l., Bombacoideae) no Estado da Bahia, Brasil

JEFFERSON GUEDES DE CARVALHO SOBRINHO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Botânica da Universidade

Estadual de Feira de Santana, como parte dos

requisitos para obtenção do grau de Mestre em

Botânica.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Paganucci de Queiroz

Feira de Santana, Bahia

2006

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Às minhas duas coisas lindas, minhas mães Amélia e vó Adyl,

com todo meu amor, dedico.

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Nos antigos rincões da mata virgem Foi um sêmen plantado com meu nomeA raiz de tão dura ninguém come Porque nela plantei a minha origem Quem tentar chegar perto tem vertigem Ensinar o caminho, eu não sei Das mil vezes que por lá eu passei Nunca pude guardar o seu desenho Como posso saber de onde venho Se a semente profunda eu não toquei? Esse longo caminho que eu traço Muda constantemente de feição E eu não posso saber q direção Tem o rumo q firmo no espaço Tem momentos q sinto que desfaço O castelo que eu mesmo levantei O importante é que nunca esquecerei Que encontrar o caminho é meu empenho Como posso saber de onde venho Se a semente profunda eu não toquei? Como posso saber a minha idade Se meu tempo passado eu não conheço Como posso me ver desde o começo Se a lembrança não tem capacidade Se não olho pra trás com claridade Um futuro obscuro aguardarei Mas aquela semente que sonhei É a chave do tesouro que eu tenho Como posso saber de onde venho Se a semente profunda eu não toquei?

Tantos povos se cruzam nessa terra Que o mais puro padrão é o mestiço Deixe o mundo rodar que dá é nisso A roleta dos genes nunca erra Nasce tanto galego em pé-de-serra E por isso eu jamais estranharei Sertanejo com olhos de nissei Cantador com suingue caribenho Como posso saber de onde venho Se a semente profunda eu não toquei? Como posso pensar ser brasileiro Enxergar minha própria diferença Se olhando ao redor vejo a imensa Semelhança ligando o mundo inteiro Como posso saber quem vem primeiro Se o começo eu jamais alcançarei Tantos povos no mundo e eu não sei Qual a força que move o meu engenho Como posso saber de onde venho Se a semente profunda eu não toquei? E eu Não sei o que fazer Nesta situação Meu pé... Meu pé não pisa o chão. Mestre Ambrósio – Sêmen Esta letra foi retirada do site Letras.mus.br <www.letras.mus.br>

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SUMÁRIO

Lista de figuras .......................................................................................................................... ii

Lista de tabelas ......................................................................................................................... iv

Agradecimentos ......................................................................................................................... v

Resumo ...................................................................................................................................... 1

Abstract...................................................................................................................................... 2

Introdução.................................................................................................................................. 3

Referências bibliográficas ....................................................................................................... 10

Capítulo I. Levantamento e estudo taxonômico das espécies de Pseudobombax

Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) no Estado da Bahia, Brasil................... 14

Capítulo II. New species of Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae)

from Brazil............................................................................................................. 92

Capítulo III. Novas espécies de Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l.,

Bombacoideae) do nordeste do Brasil ................................................................... 99

Capítulo IV. Morfologia dos tricomas das pétalas de espécies de Pseudobombax

Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) e seu significado taxonômico ........... 113

Capítulo V. Análise cladística do gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l.,

Bombacoideae) baseada em caracteres morfológicos ......................................... 130

Considerações gerais ............................................................................................................. 154

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Gêneros nativos de Bombacoideae (Malvaceae s.l.) encontrados no Estado da Bahia: A-C. Ceiba spp. D. Spirotheca sp. E-G. Bombacopsis retusa. H-I. Eriotheca sp. J-N. Pseudobombax spp. O-Q. Cavanillesia arborea..........................5

Figura 2. Aspectos morfológicos e ecológicos do gênero Pseudobombax na Bahia. A. Indivíduo de P. calcareum em afloramento calcário na Serra do Ramalho. B. Tronco com estrias longitudinais verdes em P. simplicifolium. C. Indivíduo de P. parvifolium em caatinga. D. Folhas palmadas, agrupadas no ápice dos ramos de P. longiflorum. E. Ápice do pecíolo dilatado (marcado por cicatrizes) em P. tomentosum. F. Folhas unifolioladas agrupadas nos braquiblastos em P. simplicifolium. G. Estípula caduca em ramo jovem de P. longiflorum. H. P. parvifolium em flor. I-J. Ovário cônico-oblongóide de P. grandiflorum var. grandiflorum (I) e detalhe do ovário com microtricomas peltados (J). K. Cálice truncado e glândulas no receptáculo em P. parvifolium. L. Cápsula cilíndrica e apiculada, com cálice persistente de P. marginatum..................................................7

Figura 3. Morfologia da semente em espécies de Pseudobombax Dugand da Bahia. A. P. calcareum. B. P. campestre. C. P. longiflorum. D. P. grandiflorum. E. P. marginatum. F. P. minimum. G. P. parvifolium. H. P. simplicifolium. I. P. tomentosum. Escala: 2 mm .......................................................................................30

Figura 4. Pseudobombax calcareum sp. nov. inéd. A. Ramo com folhas. B-C. Inflorescência, com botões (B) e flor aberta (C). D. Androceu. E. Ovário. F-G. Ovário, em corte longitudinal (F) e transversal (G). H. Fruto.............................42

Figura 5. Distribuição geográfica de Pseudobombax calcareum, P. campestre e P. simplicifolium no Estado da Bahia ...........................................................................43

Figura 6. Pseudobombax campestre (Mart. & Zucc.) A. Robyns. A. Ramo com folhas. B. Flor. C. Ovário. D. Glândulas no pedicelo. E. Fruto ................................................47

Figura 7. Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns var. grandiflorum. A. Folhas. B. Folíolo. C. Inflorescência. D. Pétala. E. Androceu. F. Ovário. G. Fruto .................52

Figura 8. Distribuição geográfica de Pseudobombax grandiflorum var. grandiflorum, P. grandiflorum var. majus e P. longiflorum no Estado da Bahia ................................53

Figura 9. Pseudobombax longiflorum (Mart. & Zucc.) A. Robyns. A. Folha. B. Folíolo. C. Inflorescência. D. Androceu. E. Ovário. F. Fruto ....................................................58

Figura 10. Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil., Juss. & Cambess.) A.Robyns. A. Ramo com folhas, botão e fruto passado, com cálice e replo persistentes. B. Inflorescência. C. Base do androceu. D. Antera. E. Ovário. F. Fruto ......................63

Figura 11. Distribuição geográfica de Pseudobombax marginatum, P. minimum e P. tomentosum no Estado da Bahia...............................................................................64

Figura 12. Pseudobombax minimum sp. nov. inéd. A. Folha. B. Inflorescência. C. Flor. D. Base do androceu. E. Ovário. F. Fruto .....................................................................68

Figura 13. Pseudobombax parvifolium sp. nov. inéd. A. Ramo com folhas. B. Folíolo. C. Flor. D. Androceu. E. Ovário. F. Fruto ....................................................................72

Figura 14. Distribuição geográfica de Pseudobombax parvifolium no Estado da Bahia ........73

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Figura 15. Pseudobombax simplicifolium A. Robyns. A. Ramo com folhas agrupadas em braquiblastos. B. Ramo com folha e fruto. C. Inflorescência. D. Pétala. E. Androceu. F. Ovário. G. Fruto com replo persistente e sementes............................78

Figura 16. Pseudobombax tomentosum (Mart. & Zucc.) A. Robyns. A. Folha. B. Inflorescência. C. Pétala. D. Androceu. E. Gineceu. F. Fruto..................................83

Figure 17. Pseudobombax minimum Carvalho-Sobr. & L.P. Queiroz. --A. flower. --B. ovary. --C. androecium. --D. inflorescence. --E. fruit. --F. leaf ...............................98

Figura 18. Pseudobombax calcareum Carvalho-Sobr. & L.P. Queiroz. A. Ramo com folhas. B-C. Inflorescência, com botões (B) e flores abertas (C). D. Androceu. E. Ovário. F. Ovário em corte transversal. G. Fruto. Escala: A-E, G = 2 cm; F =2 mm..........................................................................................................................106

Figura 19. Pseudobombax parvifolium Carvalho-Sobr. & L.P. Queiroz. A. Ramo com folhas. B. Folíolo. C. Flor. D. Androceu. E. Ovário. F. Fruto................................110

Figuras 20-28. Tipos de tricomas em Pseudobombax Dugand. Figuras 20-21. Tricomas 2-4-armados da face adaxial das pétalas de P. campestre (20) e P. grandiflorum. (21). Figuras 22-28. Tricomas tufosos. 22-24. P. longiflorum: tricomas com mais de 20 ramos (23), parede celular espessa e lúmen reduzido (24). 25. P. grandiflorum. 26. P. minimum: ramos curtos em relação à base. 27. P. marginatum: ramos relativamente mais curtos que P. tomentosum. 28. P. tomentosum, com ramos mais longos, orientados verticalmente...................126

Figuras 29-34. Tipos de indumento em Pseudobombax Dugand. 29. Padrão de distribuição dos tricomas 2-4-armados e tricomas tufosos nas faces adaxial e abaxial, respectivamente (P. grandiflorum). 30. Faixas longitudinais diferenciadas de tricomas 2-4-armados na face adaxial (P. marginatum). 31-34. Indumento de tricomas tufosos. 31. P. grandiflorum: tricomas mais densos que em P. longiflorum. 32. P. longiflorum: menor densidade relativa. 33. P. marginatum: indumento semelhante ao de P. tomentosum. 34. P. tomentosum: tricomas muito longos ..............................................................127

Figura 35. Desenho esquemático de um tricoma tufoso encontrado na face abaxial das pétalas de Pseudobombax parvifolium. As células que constituem os ramos apresentam parede celular espessa e inserem-se diretamente na epiderme, conferindo a condição séssil desses tricomas. Neste exemplo, o corpo (porção fusionada dos ramos) apresenta-se maior que a base, sendo este um caráter importante na distinção de algumas espécies analisada ....................128

Figura 36. Árvore de consenso estrito das nove árvores mais parcimoniosas (144 passos, ci 0.40, ri 0.67). Números acima dos ramos indicam o suporte de bootstrap (para ramos com suporte maior do que 50%). A seta indica o gênero Pseudobombax 151

Figura 37. Uma das árvores mais parcimoniosas (144 passos, ci 0.40, ri 0.67) com os caracteres otimizados de acordo com o algoritmo acctran. Números acima e abaixo das caixas indicam os códigos dos caracteres e seus estados, respectivamente ...................................................................................................152

Figura 38. Uma das árvores mais parcimoniosas (144 passos, ci 0.40, ri 0.67) com os caracteres otimizados de acordo com o algoritmo acctran. Números acima e abaixo das caixas indicam os códigos dos caracteres e seus estados, respectivamente (complemento da figura 2) .......................................................153

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Listagem das excursões realizadas e municípios visitados para coleta do material botânico no Estado da Bahia, organizados por ordem cronológica.......................20

Tabela 2. Caracteres morfológicos diferenciais entre P. calcareum, P. grandiflorum var. grandiflorum e P. parvifolium...............................................................................41

Tabela 3. Caracteres morfológicos diferenciais entre P. longiflorum e P. grandiflorum var. grandiflorum..........................................................................................................56

Tabela 4. Sinopse dos dados qualitativos e quantitativos dos tricomas das faces adaxial e abaxial de pétalas de Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) e material utilizado para análise em microscopia óptica e eletrônica de varredura .....

.............................................................................................................................129

Tabela 5. Lista de táxons e material examinado para obtenção dos caracteres da análise cladística do gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae)..148

Tabela 6. Caracteres morfológicos, e os seus estados, utilizados na análise cladística do gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae).......................149

Tabela 7. Matriz de caracteres utilizada na análise cladística do gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) ............................................................150

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AGRADECIMENTOS

• Às minhas mães Maria Amélia e vó Adyl, pelo amor, pela enorme paciência,

aceitação e, muitas vezes abdicação, orientação constante, pelas lições, pela minha

educação, pelo incentivo e apoio emocional, incondicionais e constantes, pelo

suporte material e tudo mais; vocês são as responsáveis pelo que sou e tenho,

minhas razões para continuar em frente, perseverando, com humildade, respeito e

cabeça erguida.

• Aos meus familiares, especialmente tios Jefão e Rose e meu tio-padrinho

Washington, que sempre me acompanharam de perto, dando atenção, apoio,

conselhos e incentivo, propiciando sempre muito conforto e momentos de

descontração.

• A todos os meus amigos, especialmente Alan, Conce, Dary, Fábio Bandeira,

Fabrício, Felipe Bucheni, Franzé, Igor, Lylia, Miguel, Neto, Ricardo, Rodrigo

Stolze, Samuel, que acompanham e participam dessa trajetória há anos.

• À minha companheira, namorada e amiga Ada Carolina pela amizade, paciência,

carinho, incentivo, apoio, idéias e sugestões, pelas viagens, pelas farras e por todos

os momentos maravilhosos que compartilhamos juntos.

• Ao meu orientador Prof. Dr. Luciano Paganucci pelos ensinamentos, pela

paciência, pelos bons momentos vividos nas viagens de campo, por todo o apoio

dispensado ao longo desses anos de convivência e, acima de tudo, por acreditar em

meu trabalho.

• A Robério, Rafael e Marco Barzano pela amizade, incentivo e ótimos momentos de

descontração.

• A Marco e Taís Sapiranga pela amizade, oportunidades e compreensão de alguns

atrasos necessários.

• Aos colegas da pós: Ricardo Castro, Téo, Janaína, Jomar, Jorge, Cris, Luiza, Chico

Haroldo, Erick, Viviane, Lia, Maria, Andrea Karla, Élvia, Ana Carina, Sabrina,

Patrícia, Edlaine, Miguel, Márcia, Elizângela, Marlon, Paula Dib...

• Aos amigos Jomar Jardim (“Jomartius”) e Ricardo “plantarum" Castro pela

amizade, incentivo, apoio, conversas, idéias e viagens de campo.

• Aos colegas e amigos do herbário HUEFS, Elaine, Kelly, Iuri, Leilton, Renata,

Silvia, Teo, Zezé pelo apoio, carinho e amizade construída aos longos desses anos.

• À amiga Teo pela amizade, apoio e incontáveis favores!

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• À Melissa pela amizade, simpatia, presteza e apoio desde sempre, especialmente

durante a passagem pelo Rio de Janeiro.

• À Brigitte Marazzi pela amizade e muitos momentos de descontração durante as

viagens de campo.

• Ao amigo Domingos Cardoso e família, Sr. Timóteo, Sr. João pela amizade e apoio

durante as coletas na região de Tucano.

• A Petri Oinonen e Mari Jönsonn pelas conversas multiculturais no sertão baiano!

• Ao Sr. Otávio Farias pela concessão das coletas botânicas em suas fazendas no

Raso da Catarina, pelo apoio logístico e pela cuidado com aquelas áreas singulares

e tão importantes para a conservação ambiental na Bahia.

• À D. Maura, Verena, Thiago, Sr. Zé de Dida, Sr. Moacir pela amizade, apoio e

carinho com que nos acolheram em Jeremabo durante as coletas no Raso da

Catarina.

• Aos funcionários do IBAMA em Paulo Afonso, Sr. Abel e Sr. Sérgio pelo apoio

durante as outras coletas no Raso.

• A Sr. Antônio Gama, Sr. Givaldo, D. Josefa e família pelo apoio durante essas

coletas.

• À Marília, Beatriz, Lívia, Denílson, Eduardo do Instituto de Botânica de São Paulo

pela amizade e apoio.

• À Profa. Dra. Gerleni Esteves pela co-orientação, apoio logístico, pelas conversas

“malvaleanas” e pelo incentivo.

• À Dra. Rafaela Forzza e à Dr. Massimu Bovini pela presteza e apoio durante a

passagem pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

• Ao Prof. Dr. Francisco de Assis dos Santos, sempre prestativo, pela orientação e

apoio nos estudos anatômicos.

• Às professoras Dra. Nádia Roque pela revisão das versões iniciais do capítulo sobre

os tricomas e Dra. Berta Lange pela presteza e auxílio com a interpretação

anatômica dessas estruturas intrigantes!

• Às colegas Kelly Leite e Reyjane Patrícia pela revisão e sugestões nos textos de

anatomia e cladística, respectivamente; valeu!!

• À Carla de Lima pela confecção dos desenhos e Ricardo Villas-Boas pela edição de

imagens e montagem de pranchas.

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• Ao Dr. Gert Hatschbach, Osmar Ribas, Clarissa pelas conversas e pelo apoio

durante a visita ao herbário MBM.

• Aos professores Dr. Flávio França, Dr. Cássio van den Berg, Dra. Ana Maria

Giulietti, Dr. Raymond Harley, Dr. Eduardo Leite Borba, Dr. Carlos Wallace e Dr.

Alessandro Rapini pelos momentos de aprendizado e discussão que nos

entusiasmam e incitam a busca do conhecimento.

• A Seu Bené e Seu Clementino pelos bons momentos vividos durante as viagens de

campo pelo interior da Bahia.

• Ao pessoal do Lamiv e do Lapem, Milton, Ari e Gisele pelo apoio e amizade.

• À Maria Vanilda e Reinaldo do Laboratório de Taxonomia Vegetal pelo apoio.

• Ao pessoal do serviço de comutação bibliográfica (Comut-Uefs), a Fernanda

Teixeira e ao pessoal da Revista Brasileira de Biologia pelo auxílio na obtenção de

bibliografias.

• À Adriana e Gardênia da secretaria do PPGBot pelo apoio.

• Aos que gentilmente concederam fotos que ajudaram a compor as pranchas:

Elnaton Souza (fig. 1-N), Kelly Leite e Cosme Farias (figs. 1-O, P) e Luciano

Paganucci (figs. 1-A, B, E, F, L; 2-B, F, G); as demais, exceto as figuras 1-D

(Código 21896© Robin Foster, Field Museum), 1-Q (W.P. Armstrong, 2000), e, é

claro, a figura 2-C (obrigado Domingos Cardoso!), são de minha autoria.

• Aos curadores dos herbários ALCB, CEN, CEPEC, HRB, HUEFS, IPA, K, MBM,

PEUFR, R, RB, SP, SPF, UEC pelo acesso à coleção e pelo empréstimo do

material botânico, em especial, à Vera Lúcia Martins e técnicos do Museu Nacional

pela presteza, compreensão e apoio, que possibilitaram o acesso às coleções do

herbário R, tão importantes para o desenvolvimento dessa pesquisa.

• À CAPES pela bolsa concedida e à FAPESB pelo apoio financeiro ao projeto.

• Às pessoas cuja memória não permite listar aqui nesse momento mas que com

certeza também foram essenciais durante o trilhamento dos meus caminhos, muitas

vezes distantes, e para a realização deste estudo; a todos muito obrigado!!!

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1

RESUMO

O gênero Pseudobombax Dugand pertence à subfamília Bombacoideae, de Malvaceae

sensu lato. As Bombacoideae incluem cerca de 14 gêneros tradicionalmente incluídos na

família “Bombacaceae”, com ocorrência na África e Ásia tropical e, principalmente, no

continente americano. Pseudobombax compreende cerca de 22 espécies com distribuição

em várias formações vegetacionais da região Neotropical. É representado por árvores

inermes, com estrias longitudinais verdes no tronco, folhas compostas, palmadas, ápice do

pecíolo dilatado, receptáculo freqüentemente glanduloso, androceu monadelfo, anteras

monotecas e cápsulas com paina abundante. Nas coleções de herbário, é peculiarmente mal

representado, em grande parte, devido ao comportamento decíduo de suas folhas durante a

floração, que faz com que as coleções sejam freqüentemente incompletas. Durante dois

anos, foi realizado um levantamento das espécies de Pseudobombax no Estado da Bahia,

dando início aos estudos taxonômicos de Bombacoideae no Estado. A amostragem

consistiu na sistematização dos dados existentes na literatura e na coleta de dados no

campo, em vários tipos vegetacionais, sobretudo, na região do semi-árido. Foram

realizadas dez excursões para coleta de material botânico, através das quais foram

estabelecidas coleções completas (com folhas, flores e frutos) das nove espécies

encontradas na Bahia, incluindo três novas espécies: Pseudobombax calcareum sp. nov.

inéd., P. campestre (Mart. & Zucc.) A. Robyns, P. grandiflorum (Cav.) A. Robyns, P.

longiflorum (Mart.& Zucc.) A.Robyns, P. marginatum (A.St.-Hil., Juss. & Cambess.)

A.Robyns, P. minimum sp. nov. inéd., P. parvifolium sp. nov. inéd., P. simplicifolium

A.Robyns e P. tomentosum (Mart.& Zucc.) A.Robyns. Investigou-se a morfologia dos

tricomas presentes na face abaxial (externa) das pétalas de Pseudobombax que permitiu

descrever de forma mais detalhada a morfologia do gênero e detectar caracteres que podem

ser utilizados na sua taxonomia. Realizou-se, também, uma análise cladística com base em

caracteres morfológicos que apóia o monofiletismo do gênero e permitiu propor hipóteses

de evolução morfológica e de biogeografia.

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2

ABSTRACT

The genus Pseudobombax Dugand belongs to the subfamily Bombacoideae of the

Malvaceae sensu lato. The Bombacoideae includes about 14 genera traditionally classified

in the family “Bombacaceae” distributed in tropical Africa and Asia and, mostly, in the

Americas. Pseudobombax embraces about 22 species which occur in different vegetation

types of the Neotropics. The species of Pseudobombax are unarmed trees presenting trunk

with green vertical stripes in the bark, digitately compound leaves, apex of petiole widened

at the apex, receptacle often glandular, monadelphous stamens, monothecal anthers and

capsules with abundant kapok. The herbarium specimens of this genus are usually

incomplete mostly due to the deciduous foliage of the plants during the flowering period;

as a consequence, the herbarium sheets usually lack leaves or fruits. In the last two years, it

was carried out a survey of the species of Pseudobombax in the State of the Bahia, starting

the taxonomic studies of Bombacoideae in the State. It consisted of the systematization of

the existing data in the literature and the collection of data in the field in selected areas,

mostly in the semi-arid region. It was carried out ten field trips which allows to get

complete collections (with leaves, flowers and fruits) of the nine species found in the State,

three of which are new to the science: Pseudobombax calcareum sp. nov. ined., P.

campestre (Mart. & Zucc.) A. Robyns, P. grandiflorum (Cav.) A. Robyns, P. longiflorum

(Mart.& Zucc.) A.Robyns, P. marginatum (A.St.-Hil., Juss. & Cambess.) A.Robyns, P.

minimum sp. nov. ined., P. parvifolium sp. nov. ined., P. simplicifolium A.Robyns, and P.

tomentosum (Mart.& Zucc.) A.Robyns. It was investigated the morphology of the

trichomes of the petals of Pseudobombax which allowed to detect characters useful for the

taxonomy of the genus. A cladistic analysis was carried out based on morphological

characters which supports the monophyly of Pseudobombax and allows to propose

hypotheses of morphological evolution and biogeography.

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3

INTRODUÇÃO

O gênero Pseudobombax Dugand pertence à família Malvaceae s.l., subfamília

Bombacoideae (Alverson et al., 1999; Bayer et al.,1999; Baum et al., 2004; Nyffeler et al.

2005). Atualmente, as Malvaceae incluem gêneros que, em sistemas de classificação mais

antigos (Dahlgreen, 1980; Takhtajan, 1980; Cronquist, 1981), eram classificados em

Sterculiaceae (p.e., Sterculia, Helicteres, Theobroma), Tiliaceae (p.e., Apeiba, Luehea,

Triumfetta), Bombacaceae (p.e., Bombax, Ceiba, Pachira), além das próprias Malvaceae

s.s. (p.e., Pavonia, Sida).

Estudos recentes de filogenia baseados em dados morfológicos, polínicos, químicos

e anatômicos (Judd & Manchester, 1997) associados com dados moleculares (Baum et al.,

1998; Alverson et al., 1999; Bayer et al., 1999; Nyffeler & Baum, 2000; Baum et al.,

2004; Nyffeler et al. 2005) evidenciam que as Bombacaceae sensu Cronquist (1981) não

formam um grupo monofilético. Gêneros tradicionalmente incluídos nessa família, como

Durio, são mais relacionados filogeneticamente a Helicteres e Neesia (Sterculiaceae),

enquanto Camptostemon, Matisia e Quararibea aparecem posicionadas entre as

Malvoideae, que correspondem às Malvaceae s.s. mais vários táxons de famílias diferentes.

No entanto, Adansonia, Bombax, Ceiba, Eriotheca, Pachira e Scleronema formam,

juntamente com outros gêneros, um grupo monofilético (Bombacoideae), irmão das

Malvoideae (Bayer et al., 1999; Baum et al., 2004; Nyffeler et al., 2005). As

Bombacoideae mais as Malvoideae formam o clado Malvatheca, sustentado por seqüências

de ITS (nrDNA) e ndhF (cpDNA) e cuja sinapomorfia morfológica é a presença de anteras

monotecas (Hinsley, 2004). Compartilham ainda, as folhas espiraladas, o cálice

gamossépalo, oblongóide ou campanulado, adnado à base do androceu e tubo estaminal

com filetes parcial ou totalmente fundidos (Alverson et al.,1999).

Estão incluídos nas Bombacoideae 14 gêneros com distribuição essencialmente

Neotropical, exceto Adansonia L. e Bombax L. que possuem distribuição Paleotropical

(Robyns, 1963; Willis, 1985; Baum et al., 2004), sendo que a maioria ocorre no Brasil.

Seus representantes caracterizam-se por apresentar o tronco freqüentemente robusto, com

água armazenada, casca fina, acúleos robustos, filetes geralmente fasciculados, endocarpo

pubescente, pólen triangular, mais ou menos achatado, embrião curvo, número

cromossômico (n) igual a 36 e geralmente não apresentam estaminódios (Stevens, 2005).

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Uma provável sinapomorfia do grupo é a presença de folhas compostas e palmadas

(Alverson et al., 1999; Baum et al., 2004).

Na Bahia, as Bombacoideae encontram-se representadas por seis gêneros nativos:

Bombacopsis Pittier, Cavanillesia Ruiz & Pav., Ceiba Mill. (incl. Chorisia Kunth),

Eriotheca Schott & Endl., Pseudobombax Dugand e Spirotheca Ulbr. (Robyns, 1963).

Aspectos da morfologia destes gêneros podem ser observados na figura 1. Eles podem ser

identificados com base na chave apresentada a seguir:

1. Folhas simples, com nervação palminérvia; fruto sâmara 5-alada ................Cavanillesia

1’. Folhas digitadas ou unifolioladas, com nervação peninérvia; fruto cápsula 5-valvar

2. Flores com cinco estames; anteras 2-4-tecas

3. Árvores inermes; folíolos inteiros, não serreados; pétalas oblongas, vermelhas;

filetes unidos parcialmente em tubo; apêndices estaminais ausentes; anteras 4-

tecas, torcidas .........................................................................................Spirotheca

3’ Árvores armadas (raramente inermes); folíolos serreados pelo menos na

metade apical; pétalas obovais, brancas a róseas; filetes unidos parcial ou

totalmente em tubo; apêndices estaminais presentes ou ausentes; anteras 2-

tecas, não torcidas, às vezes sésseis, e então formando uma coroa................Ceiba

2’. Flores com mais de cinco estames; anteras monotecas

4. Flores 2-5 cm compr.; pétalas obovais, até 3x mais longas que largas, tubo

estaminal geralmente com ápice dilatado, de onde partem até 140 filetes livres

(falanges ausentes)........................................................................................ Eriotheca

4’. Flores (5-)10-25 cm compr.; pétalas lineares a linear-lanceoladas, 5-23x mais

longas que largas, tubo estaminal não dilatado no ápice, de onde partem 170-1500

estames livres ou agrupados em 5, 10 ou 15 falanges

5. Tronco geralmente com estrias longitudinais verdes; folíolos 1-9, não

articulados; ápice do pecíolo dilatado, disciforme; cálice persistente no fruto,

acrescente; paina abundante; sementes piriformes, subglobosas ou reniformes,

4-6 mm compr. ............................................................................... Pseudobombax

5’. Tronco sem estrias verdes; folíolos 3-11, articulados, ápice do pecíolo não

dilatado; cálice não persistente no fruto; paina escassa; sementes angulosas,

20-30 mm compr. ...............................................................................Bombacopsis

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Figura 1. Gêneros nativos de Bombacoideae (Malvaceae s.l.) encontrados no Estado da Bahia: A-C. Ceiba spp. D. Spirotheca sp. E-G. Bombacopsis retusa. H-I. Eriotheca sp. J-N. Pseudobombax spp. O-Q. Cavanillesia arborea.

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Pseudobombax caracteriza-se por incluir representantes, em sua maioria, arbóreos,

com troncos inermes, folhas compostas, palmadas, receptáculo freqüentemente glanduloso,

androceu monadelfo, anteras monotecas e cápsulas com paina abundante (fig. 2). O gênero

compreende 22 espécies com distribuição neotropical (Robyns, 1963, 1967; Fernández-

Alonso, 2001), das quais 16 ocorrem no Brasil. Diferencia-se das demais Bombacoideae

pela presença de estrias longitudinais verdes no tronco, pecíolo com ápice dilatado, folíolos

não articulados e tricomas tufosos na face abaxial das pétalas.

Importância econômica

A utilidade das Bombacoideae está, em geral, relacionada às suas sementes e, em

grande parte, à paina originada da parede interna do endocarpo dos seus frutos, da qual

deve ter-se originado o nome vernacular “paineira”, como são chamadas em diversas

regiões do Brasil (Braga, 1960; Lorenzi, 2002a, 2002b).

Há muito tempo que os primeiros registros sobre a importância econômica das

Bombacoideae brasileiras apareceram na literatura nacional. De acordo com Hoehne

(1927), a paina das Bombacoideae apresenta propriedades anti-hídrica (refração à umidade,

resistência à imersão) e anti-condutora de calor, que as torna economicamente interessantes

para a indústria já que são apropriadas para o enchimento de almofadas, colchões,

travesseiros, agasalhos, estofados e, sobretudo, confecção de coletes salva-vidas, devido à

sua resistência à ação da água do mar. Além disso, apresenta a propriedade de abafar sons,

podendo ser utilizada, sob a forma de feltro leve, para revestir paredes onde se pretenda

evitar a transmissão de sons para outros ambientes.

As sementes das Bombacoideae são oleaginosas, apresentam cerca de 20 a 30% de

teor de óleo, podendo ser consumidas torradas, como na Índia, e usadas como condimento,

como em Java (Hoehne, 1927).

Com relação à Pseudobombax, as propriedades da paina e das sementes não são

profundamente conhecidas nem exploradas industrialmente no Brasil, o que torna

interessante o estudo de seus caracteres morfológicos, no que diz respeito às variações na

paina (abundância, cor, textura) e nas sementes (forma, tamanho, textura).

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Figura 2. Aspectos morfológicos e ecológicos do gênero Pseudobombax na Bahia. A. Indivíduo de P. calcareum em afloramento calcário na Serra do Ramalho. B. Tronco com estrias longitudinais verdes em P. simplicifolium. C. Indivíduo de P. parvifolium em caatinga. D. Folhas palmadas, agrupadas no ápice dos ramos de P. longiflorum. E. Ápice do pecíolo dilatado (marcado por cicatrizes) em P. tomentosum. F. Folhas unifolioladas agrupadas nos braquiblastos em P. simplicifolium. G. Estípula caduca em ramo jovem de P. longiflorum. H. P. parvifolium em flor. I-J. Ovário cônico-oblongóide de P. grandiflorum var. grandiflorum (I) e detalhe do ovário com microtricomas peltados (J). K. Cálice truncado e glândulas no receptáculo em P. parvifolium. L. Cápsula cilíndrica e apiculada, com cálice persistente de P. marginatum.

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Além da paina e das sementes, as espécies de Pseudobombax apresentam grande

potencial ornamental devido às suas flores vistosas e às suas copas que, muitas vezes,

fornecem boa sombra. Popularmente conhecidas como “mungubas”, “embiruçus” ou

“embiratanhas” no Brasil, algumas espécies são utilizadas na arborização de praças

públicas, parques e avenidas. Além disso, outras espécies são usadas no reflorestamento de

áreas de preservação permanente devido ao seu rápido crescimento, geralmente estando

presente nos estádios iniciais da regeneração florestal (Lorenzi, 2002a, 2002b).

O lenho de algumas espécies, como de Pseudobombax marginatum e P.

tomentosum, é utilizado para confecção de caixas de madeira, calçados e aeromodelos,

sendo a casca (denominada “embira”, da qual parece ter originado o nome vernacular

dessas espécies em algumas regiões) empregada na cordoaria rústica (Pio- Corrêa, 1926;

Lorenzi, 2002b).

Contextualização do estudo

Até o início deste estudo, eram registradas quatro espécies de Pseudobombax para a

Bahia: Pseudobombax campestre (Mart. & Zucc.) A. Robyns, P. longiflorum (Mart. &

Zucc.) A. Robyns, P. simplicifolium A. Robyns e P. tomentosum (Mart. & Zucc.) A.

Robyns (Robyns, 1963; Bocage, 2002). No entanto, durante algumas tentativas de

identificar coleções de Pseudobombax em herbário, verificou-se a existência de vários

materiais que não se enquadravam na delimitação morfológica de nenhuma espécie

descrita na literatura consultada para a flora do Estado.

Notava-se também que, freqüentemente, as coleções eram incompletas, apresentando

apenas flores, havendo poucas coleções com folhas ou frutos, devido ao comportamento

fenológico das espécies, em geral decíduo, caracterizado pela queda das folhas durante o

período de floração (geralmente o inverno).

Juntamente com o problema referente à caducifolia, constatou-se que as espécies,

estavam representadas por poucos espécimes, provavelmente pela dificuldade de coletar as

plantas desse grupo, devido à altura que elas atingem, muitas vezes, necessitando a

presença de um escalador.

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Essas características dificultavam a identificação dos materiais de Pseudobombax e

chamavam a atenção para a necessidade de um intenso trabalho de campo para obtenção de

espécimes adequados, visto que, a taxonomia no nível específico é feita tradicionalmente

com base, sobretudo, em caracteres vegetativos, essencialmente no número e forma dos

folíolos, tipo de nervação e comprimento do pecíolo e peciólulo (Robyns, 1963).

Segundo G.L. Esteves (com. pess.), a busca de novos caracteres florais e do fruto é

extremamente importante para a delimitação das espécies de Pseudobombax, resultando

em uma contribuição significativa para o conhecimento taxonômico. A morfologia dos

tricomas das pétalas, sob microscopia eletrônica de varredura, forneceu caracteres valiosos

para a separação das espécies da Flora de São Paulo (G. L. Esteves, com. pess.).

Estudos sobre a morfologia de tricomas têm demonstrado a sua importância

taxonômica na delimitação de subgêneros e espécies em Labiatae (Demissew & Harley,

1992), Melastomataceae (Guimarães et al., 1999) e Campanulaceae (Batterman &

Lammmers, 2004). Salma (1999) utilizou caracteres de tricomas para a delimitação de

espécies de Durio (Malvaceae s.l., Helicteroideae), tendo descrito variações na estrutura

dos tricomas. No entanto, apesar dos tricomas estrelados serem considerados um dos

caracteres morfológicos diagnósticos das Malvales (APG II, 2003), não há na literatura,

descrições detalhadas sobre a morfologia desses tricomas em Bombacoideae, que têm sido

referidos apenas como indumento, sendo a variação micromorfológica desconhecida.

Assim sendo, o presente trabalho teve como objetivos:

• Realizar um levantamento e o estudo taxonômico das espécies de Pseudobombax

Dugand da Bahia;

• Contribuir para o estabelecimento de coleções completas em herbário (com folhas,

flores e frutos) de Pseudobombax da Bahia;

• Identificar as espécies de Pseudobombax ocorrentes no Estado;

• Elaborar descrições e ilustrações das espécies;

• Elaborar chaves de identificação para a identificação das espécies, inclusive chaves

com base apenas em flores ou com base apenas em frutos e sementes;

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• Elaborar mapas e detectar os possíveis padrões de distribuição geográfica das espécies

na Bahia;

• Realizar estudos anatômicos investigando a micromorfologia dos tricomas das pétalas

das espécies de Pseudobombax da Bahia, a fim de detectar caracteres que subsidiem o

seu estudo taxonômico;

• Detectar novos caracteres diagnósticos a fim de resolver problemas de delimitação das

espécies;

• Testar o monofiletismo do gênero com base em caracteres morfológicos.

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Capítulo I

Levantamento e estudo taxonômico das espécies de

Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l.,

Bombacoideae) no Estado da Bahia, Brasil

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Levantamento e estudo taxonômico das espécies de Pseudobombax Dugand

(Malvaceae s.l., Bombacoideae) no Estado da Bahia, Brasil

Jefferson Guedes de Carvalho-Sobrinho1, 2

Luciano Paganucci de Queiroz2, 3

1. Programa de Pós-Graduação em Botânica, UEFS. Bolsista CAPES. ([email protected]). 2. Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Departamento de Ciências Biológicas, Km 03, BR 116, Campus Universitário. 44031-460, Feira de Santana, BA, Brazil 3. Bolsista de produtividade em Pesquisa, CNPq. Resumo – Levantamento e estudo taxonômico das espécies de Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) no Estado da Bahia. Realizou-se um levantamento do gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) no estado da Bahia. Através de coletas sistematizadas e monitoramento de populações em campo, obteve-se coleções completas de nove espécies, com distribuição principalmente na região do semi-árido do Estado. Destas, três são novas para a ciência, sendo duas delas provavelmente endêmicas à caatinga no nordeste do Brasil e uma ao cerrado de Bahia e Goiás. São apresentadas descrições, ilustrações e chave de identificação para as espécies assim como chaves de identificação a partir de material apenas com flores e de material apenas com frutos. A Bahia apresentou uma grande riqueza de espécies comparada a outros estados no Brasil e, até mesmo, na Colômbia, onde se considerava existir a maior riqueza de espécies do gênero.

Palavras-chave: Pseudobombax, Bombacoideae, Malvaceae, Bahia, novas espécies

Abstract – Survey and taxonomic study of genus Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) in the State of Bahia, Brazil. A survey of the species of Pseudobombax in the State of the Bahia was carried out. It was recognized nine species from which it was stablished complete. Three new species were found, two of them being probably endemic to the caatinga vegetation in the northeastern region of Brazil and one to the cerrado vegetation of Bahia and Goiás. Descriptions, illustrations and key for identification of the species as well as keys for identification based on material only with flowers or fruits are presented. The State of Bahia presented a great richness of species compared to other states in Brazil and, even though Colombia, where it had been considered to exist the greatest richness of species of the genus.

Key words: Pseudobombax, Bombacoideae, Malvaceae, Bahia, new species

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1. INTRODUÇÃO

Pseudobombax Dugand está incluído na subfamília Bombacoideae, clado

Malvatheca, das Malvaceae s.l. (Judd & Manchester, 1997; Baum et al., 1998; Alverson et

al., 1999; Bayer et al., 1999; Baum et al., 2004). As Bombacoideae apresentam tronco

freqüentemente robusto, com água armazenada, casca fina, acúleos robustos, filetes

geralmente fasciculados, endocarpo pubescente, pólen triangular, mais ou menos achatado,

embrião curvo, número cromossômico (n) igual a 36 e geralmente não apresentam

estaminódios (Stevens, 2005). Uma provável sinapomorfia do grupo é a presença de folhas

compostas e palmadas (Alverson et al., 1999; Baum et al., 2004).

Estão incluídos nas Bombacoideae 14 gêneros com distribuição essencialmente

Neotropical, exceto por Adansonia L. e Bombax L. que possuem distribuição Paleotropical,

sendo que a maioria possui representantes no Brasil. Na Bahia, ocorrem representantes

nativos de Bombacopsis Pittier, Cavanillesia Ruiz & Pav., Ceiba Mill., Eriotheca Schott &

Endl., Pseudobombax Dugand e Spirotheca Ulbr. (Robyns, 1963).

Pseudobombax caracteriza-se por incluir representantes, em sua maioria, arbóreos,

com troncos inermes, folhas palmadamente compostas, receptáculo freqüentemente

glanduloso, androceu monadelfo, anteras monotecas e cápsulas com paina abundante. O

gênero compreende 22 espécies com distribuição neotropical (Robyns, 1963, 1967;

Fernández-Alonso, 2001), das quais 16 ocorrem no Brasil. Diferencia-se das demais

Bombacoideae pela presença de estrias longitudinais verdes no tronco, pecíolo com ápice

dilatado, folíolos não articulados e tricomas tufosos na face abaxial das pétalas.

Dugand (1943) propôs Pseudobombax incluindo três espécies: P. septenatum (Jacq.)

Dugand (a espécie tipo), P. ellipticum (H.B. & K.) Dugand e P. palmeri (Wats) Dugand,

assinalando que outras espécies de Bombacaceae deveriam ser transferidas para

Pseudobombax após uma revisão taxonômica da família.

A história taxonômica de Pseudobombax remonta ao século XVIII quando da

descrição do gênero pré-lineano Xylon (Bombax e Ceiba), por Tournefort (1719), e do

gênero Bombax L. (com as espécies Bombax ceiba, B. pentandrum e B. religiosum) por

Lineu (1753) na obra Species Plantarum.

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No século seguinte, as Bombacaceae foram descritas por Humboldt, Bonpland &

Kunth (1821), De Candolle (1824), Saint-Hilaire, Jussieu & Cambessedes (1827),

Endlicher (1840) e Bentham & Hooker (1862). Schumann (1886) descreveu a família na

obra clássica organizada por Martius, a Flora Brasiliensis, onde constam quatro gêneros e

36 espécies descritas, sendo que sete dessas atualmente são sinônimos de espécies de

Pseudobombax. Schumann (1895) voltou a tratar das Bombacaceae na obra “Die

natürlichen Pflanzenfamilien” de Engler & Prantl.

Bakhuizen van den Brink (1924) publicou uma revisão das Bombacaceae seguindo

em grande parte a classificação adotada por Schumann (1895) e não reconheceu o gênero

Bombacopsis proposto por Pittier (1916). Além destes, outros trabalhos importantes para o

grupo foram publicados por Croizat (1964), Dugand (1952), Cuatrecasas (1954), Ducke

(1959), Baum & Oginuma (1994), Bocage (2000), Fernández-Alonso (1999; 2001) e

Esteves (2005).

Dugand (1943) criou o gênero Pseudobombax para acomodar espécies de Bombax L.

da América Central, que não se enquadravam no seu conceito desse gênero nem deveriam

pertencer a Bombacopsis Pittier ou a Pachira Aubl. As espécies desses gêneros foram, ao

longo de sua história, reunidas ou segregadas de Bombax por diferentes autores,

dependendo da circunscrição adotada para este gênero. A principal divergência no conceito

de Bombax residia na consideração da espécie tipo para o gênero. Lineu (1753), ao propor

o gênero Bombax, citou três espécies das quais apenas Bombax ceiba L. permaneceria nos

limites desse gênero, as demais correspondendo a espécies de Ceiba Mill. e

Cochlospermum Kunth (Dugand, 1943; Robyns, 1963; Nicolson, 1979).

Havia, então, acordo entre os diferentes autores em considerar Bombax ceiba como a

espécie tipo de Bombax. No entanto, não havia espécime preservado desse táxon, o que

ocasionou os problemas a seguir. Dugand (1943) propôs conservar Bombax ceiba no

conceito de Bombax quinatum Jacq., uma espécie americana, enquanto Robyns (1961)

propôs conservar o tipo de Bombax ceiba no conceito de Bombax malabaricum DC., uma

espécie asiática. Ao aceitar a primeira proposta, Bombax seria um gênero americano com

circunscrição idêntica à proposta por Pittier (1916) para o gênero Bombacopsis. De acordo

com essa proposta, Dugand (1943) considerou esses dois gêneros como sinônimos e criou

o gênero Pseudobombax para as espécies americanas que não se incluíam em seus limites.

No caso da segunda proposta, Bombax seria um gênero asiático e as espécies americanas

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corresponderiam aos gêneros Bombacopsis e Pseudobombax. Nicolson (1979) propôs,

formalmente, a conservação de Bombax ceiba com a prancha de Bombax malabaricum do

‘Hortus Malabaricus’ de Rheede (1682 apud Robyns, 1963), proposição que hoje consta da

relação de nomes conservados do Código Internacional de Nomenclatura Botânica

(Greuter et al., 2000). Atualmente, o gênero Bombax representa apenas espécies asiáticas e

africanas e as espécies americanas estão classificadas em Bombacopsis ou Pseudobombax.

A principal obra de referência para Pseudobombax é o ensaio monográfico de

Robyns (1963), que realizou um estudo taxonômico do gênero Bombax s.l., considerando,

inclusive, as espécies americanas de Bombax em Bombacopsis. Robyns ampliou o número

de espécies de Pseudobombax para 20 e propôs uma classificação infra-genérica baseada,

principalmente, em dados polínicos, incluindo dois subgêneros, Pseudobombax e

Monopseudobombax, sendo o primeiro subdividido em duas seções: Pseudobombax e

Heterosexinium. No mesmo trabalho, Robyns descreveu seis espécies novas e fez 10

combinações novas, sendo nove de espécies descritas anteriormente no gênero Bombax s.s.

e uma de Pachira Aubl.

Algumas listagens florísticas contendo espécies de Pseudobombax foram

publicadas para o Panamá (Robyns, 1964), Moçambique (Wild & Gonçalves, 1979), Costa

Rica (Cascante-Marin, 1997), Guiana Venezuelana (Alverson & Steyermark, 1997),

Colômbia (Fernández-Alonso, 2001), Guiana Francesa (Alverson & Mori, 2002). No

Brasil, destacam-se os levantamentos realizados no Rio de Janeiro (Santos, 1966; Rocha et

al., 1997), Santa Catarina (Santos, 1967), nas restingas do Sudeste (Santos, 1969), em São

Paulo (Barros, 1981; Esteves, 1996), Minas Gerais (Esteves, 1992) e na Reserva Ducke

(Esteves, 2005). Para a região nordeste, o único levantamento conhecido é o de Bocage &

Sales (2002), que realizaram um estudo da família Bombacaceae sensu Cronquist (1981)

para o Estado de Pernambuco.

O presente estudo compreendeu o levantamento de Pseudobombax no Estado da

Bahia, que está localizado na região Nordeste e ocupa uma área de 567.295,3 km², o que

representa 6,64% do território do Brasil e 36,34% do Nordeste. Limita-se ao Norte, pelo

Rio São Francisco, com o Estado de Pernambuco, ao Sul, pela barra do Rio Doce, com o

Estado do Espírito Santo, a Oeste, pelo Espigão Mestre, com os Estados de Tocantins e

Goiás e a Leste com o Oceano Atlântico (Giulietti et al.,1998).

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A Bahia apresenta uma grande diversidade de formações vegetacionais. São

encontradas formações de mata atlântica, restinga, vegetação de dunas e manguezais nas

áreas litorâneas, matas mesófilas na maior parte da área limítrofe à mata atlântica e nas

principais regiões dos planaltos orientais, e caatinga, principalmente, em áreas

interplanálticas. Os cerrados são encontrados, principalmente a oeste do Rio São Francisco,

mas com disjunções na Chapada Diamantina e norte do Estado (Brazão & Araújo, 1981).

Os campos rupestres situam-se nas áreas acima de 900m de altitude na Chapada

Diamantina (Harley, 1995) e em algumas áreas isoladas, como na Serra da Jibóia (Queiroz

et al., 1996), localizada próximo ao vale do Rio Paraguaçu, a cerca de 90 km do litoral

baiano (Carvalho-Sobrinho & Queiroz, 2005). Além destas grandes formações, há ainda

grande número de formações locais, como inselbergs, dunas interioranas, matas de grotão e

matas de encosta.

Há grande diversidade de climas regionais, geralmente associados a diferentes

formas de relevo e ao efeito da continentalidade. De um modo geral, tais climas podem ser

considerados como tropicais megatérmicos, com diferenças marcantes no regime

pluviométrico. Encontra-se clima úmido a superúmido, com mais de 2.000 mm anuais e

elevado excedente hídrico durante a maior parte do ano, clima úmido, com 1.750 a 2.000

mm anuais, clima subúmido, com 800 a 1.500 mm anuais e clima semi-árido com 500 a

800 mm anuais e elevada deficiência hídrica durante a maior parte do ano (SEI, 1998).

Este trabalho teve como objetivos realizar um levantamento do gênero

Pseudobombax na Bahia, estabelecer e identificar coleções completas de herbário (com

folhas, flores e frutos) de suas espécies, elaborar descrições, ilustrações e chaves de

identificação para as espécies, inclusive chaves com base apenas em flores ou com base

apenas em frutos e sementes, detectar novos caracteres diagnósticos a fim de resolver

problemas de delimitação das espécies, elaborar mapas de distribuição geográfica e

detectar os possíveis padrões de distribuição das espécies no Estado.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Amostragem

Foi confeccionado um banco de dados com os registros de coletas de Pseudobombax

na Bahia, de acordo com um levantamento prévio realizado a partir das etiquetas de

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exsicatas depositadas no herbário HUEFS, contendo os dados referentes ao local e data das

coletas e o estado fenológico do material coletado.

Com o objetivo de obter coleções completas das espécies, visto que, a maior parte

das coleções disponíveis apresentava apenas flores, foi elaborado um cronograma de

viagens de coleta às áreas de ocorrência na época em que provavelmente estariam no

estado fenológico desejado.

Devido à grande dimensão da Bahia, foram eleitas áreas prioritárias de coleta de

forma a amostrar as diversas formações vegetacionais do Estado. Priorizaram-se as viagens

às áreas de ocorrência das espécies pouco coletadas e onde haviam sido coletados materiais

que não se enquadravam nas circunscrições das espécies citadas na literatura.

Tentou-se visitar as áreas de ocorrência por, pelo menos, duas vezes cada, adequando

o cronograma de acordo com disponibilidade de tempo para a realização da pesquisa e de

recursos para a realização das viagens.

Utilizando os procedimentos usuais de coleta e herborização (Mori et al., 1985),

foram obtidas cerca de 35 coleções de Pseudobombax através da realização de 10 viagens a

campo, listadas na tabela 1.

Tabela 1. Lista das excursões realizadas e municípios visitados para coleta do material

botânico no Estado da Bahia, organizados por ordem cronológica.

Data Municípios visitados

19-21/03/2004 Rio de Contas, Ilhéus

16-18/04/2004 Casa Nova, Remanso, Campo Alegre de Lourdes

19-20/04/2004 Itiúba

24-26/06/2004 Jeremoabo

19-20/03/2005 Entre Rios

05-14/04/2005

Barreiras, Riachão das Neves, São Desidério, Coribe, São Félix do Coribe,

Cocos, Bom Jesus da Lapa e Caetité

08-12/08/2005 Jeremoabo

12-16/09/2005 São Desidério, São Félix do Coribe, Cocos, Bom Jesus da Lapa

12-13/11/2005 Tucano

16-19/11/2005 Remanso, Campo Alegre de Lourdes

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2.2 Tratamento taxonômico

Foi baseado na análise de espécimes de herbário e em observações de populações in

situ. Foram consultadas as coleções de Pseudobombax, de gêneros próximos

(Bombacopsis, Pachira) e espécimes indeterminados depositados nos seguintes herbários

(acrônimos de acordo com o Index Herbariorum - Holmgreen et al., 1990): ALCB, CEN,

CEPEC, F, HRB, HUEFS, IPA, K, MBM, NY, PEUFR, R, RB, SP, SPF, UB, UEC. Além

desses, foi consultado também o Herbário Sérgio Tavares (Hst).

Os nomes dos autores das espécies foram padronizados de acordo com Brummitt &

Powell (1992). O material examinado foi listado por ordem alfabética de municípios, assim

como por país e unidade de federação, quando for o caso.

Foram analisadas cerca de 400 coleções da Bahia e de outros Estados do Brasil

incluídos na distribuição geográfica das espécies que ocorrem na Bahia, como Distrito

Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná,

Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe.

A identificação do material foi baseada, principalmente, no trabalho de Robyns

(1963) e através de consultas ao material tipo, quando disponível. As descrições foram

baseadas na análise das coleções referidas para a Bahia, utilizando-se, em alguns casos,

coleções de outros Estados para comparação. A terminologia morfológica geral foi baseada

em Radford et al. (1974). A descrição da nervação dos folíolos está de acordo com Hickey

(1979). Para os termos referentes ao indumento, foram consultados os trabalhos de

Theobald et al. (1950), Payne (1978), Metcalf & Chalk (1979), Hewson (1988) e Harris &

Harris (1999).

As ilustrações foram feitas com o auxílio de estereomicroscópio (Zeiss Stemi SV11)

acoplado a câmara-clara, com base em material de exsicatas, material conservado em

etanol 70% e auxiliadas por fotografias, quando disponíveis. As sementes foram

fotografadas através de máquina digital (Nikon Coolpix 4500) acoplada a

estereomicroscópio (Leika MZ 6) e transferidas automaticamente para um

microprocessador (PC Dell, GX240), usando o programa Nikon Photoshare.

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Os mapas de distribuição geográfica das espécies foram elaborados a partir do site

do Projeto Flora da Bahia (http://www.uefs.br/floradabahia/index.html) com base nos

dados coletados em campo e das etiquetas de herbário.

As abreviaturas utilizadas e os seus significados foram os seguintes: alt.: altura; ca.:

cerca; cm: centímetros; compr.: comprimento; diâm.: diâmetro; espess.: espessura; f.:

folha; fl.: flor; fr.: fruto; m: metros; mm: milímetros; p.e.: por exemplo; s.n.: sem número

de série do coletor.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O gênero Pseudobombax Dugand é representado por nove espécies na Bahia, as quais

habitam diversos tipos vegetacionais, sendo a maior riqueza verificada na região semi-

árida do Estado, onde ocorrem seis espécies. Essa riqueza é maior do que a encontrada na

Colômbia, onde ocorrem cinco espécies (Fernández-Alonso, 2001), país no qual se

considerava existir a maior riqueza do gênero. Todas as espécies com ocorrência registrada

para o espaço extra-amazônico brasileiro são encontradas na Bahia exceto P. argentinum

(R.E.Fr.) A. Robyns. Em relação a outros Estados do Brasil, verifica-se na literatura uma

riqueza maior do que em Pernambuco (duas espécies; Bocage & Sales, 2002), Santa

Catarina (duas espécies; Santos, 1967) e Rio de Janeiro (uma espécie; Santos, 1966).

Foram identificadas e descritas três novas espécies de Pseudobombax, das quais, uma

é endêmica da Bahia, ocorrendo exclusivamente nos calcários da formação Bambuí, na

região do vale do Rio São Francisco. Durante o levantamento de Pseudobombax para a

Bahia foram estabelecidas coleções completas de espécies ocorrentes no Estado, sendo

registrados, pela primeira vez, folhas, frutos ou sementes de seis espécies. Os caracteres de

frutos e sementes mostraram-se de grande valor taxonômico para a separação das espécies

da Bahia.

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3.1 Morfologia do gênero Pseudobombax no Estado da Bahia e sua aplicação na

taxonomia

3.1.1. Hábito

A presença de estrias longitudinais verdes na casca do tronco e, às vezes, nos ramos

é um caráter que permite diagnosticar os indivíduos de Pseudobombax no campo. Além

disso, a copa das árvores em Pseudobombax, em geral, é aberta, pouco ramificada, muitas

vezes com aspecto “esgalhado”. Na maioria das espécies, os ramos, sobretudo quando

jovens, apresentam cerosidade glauca, constituindo um caráter adicional para o

reconhecimento do gênero. Em P. calcareum, essa cerosidade é encontrada também no

pecíolo e na face abaxial dos folíolos. Em P. simplicifolium, a presença de ramos

abreviados (braquiblastos) é um caráter diagnóstico, útil também para o seu

reconhecimento em material de herbário.

As espécies de Pseudobombax da Bahia são, na maioria das vezes, árvores de

pequeno a médio porte, entre 5 e 12 m de altura. De acordo com dados de etiquetas de

herbário, P. grandiflorum é a espécie que alcança maior altura podendo atingir 30 m na

Mata Atlântica Sul-Baiana. P. campestre é a única espécie que apresenta hábito arbustivo,

diferenciando-se, assim, das demais espécies. P. calcareum apresenta o hábito mais

diferenciado de todas as espécies, com ramos muito curtos, suberificados, formando uma

copa aberta, muito reduzida em relação ao tronco, diferenciada do padrão comumente

encontrado no gênero.

Apesar de serem freqüentemente perdidos no processo de coleta e herborização, os

caracteres dos ramos podem ajudar a reconhecer espécies em material de herbário. Por

exemplo, P. tomentosum pode ser distinguida de P. marginatum pelos ramos bastantes

suberificados, que geralmente estão presentes nas exsicatas portando as inflorescências

terminais típicas do gênero.

3.1.2. Tricomas

O indumento das espécies de Pseudobombax da Bahia geralmente é constituído por

microtricomas peltados, tricomas simples e tricomas ramificados. O termo microtricoma

peltado foi utilizado para se referir aos anexos da epiderme muito pequenos (ca. 10 µm

diâm.), esparsos, e que não modificam o indumento geral do órgão no qual ocorrem.

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Podem ser encontrados em todas as espécies, principalmente na face abaxial dos folíolos,

face externa do cálice e ovário. Tricomas simples ocorrem principalmente na face interna

do cálice e das pétalas. Tricomas ramificados delgados são encontrados na face adaxial das

pétalas de algumas espécies (P. campestre, P. longiflorum), face externa do cálice em P.

marginatum e lâminas foliares de P. calcareum, P. parvifolium e, em grande quantidade,

em P. tomentosum. Já os tricomas ramificados espessos, denominados aqui de tricomas

tufosos, estão presentes, caracteristicamente, na face abaxial das pétalas de todas as

espécies embora haja variações quanto à orientação em relação ao eixo longitudinal da

pétala e sobretudo quanto à coloração.

3.1.3. Folha

O número de folíolos é um caráter importante para o reconhecimento das espécies de

Pseudobombax da Bahia, embora possa variar em um mesmo táxon, como por exemplo,

em P. marginatum e P. longiflorum. Deve-se observar, porém, que as folhas podem

apresentar folíolos em menor número quando jovens, como verificado em P. tomentosum,

que possui folhas 5-9-folioladas, cujo espécime Carvalho-Sobrinho et al. 483 apresenta

uma folha com apenas quatro folíolos.

Pseudobombax simplicifolium pode ser distinguida das demais pelas folhas

unifolioladas e P. calcareum apresenta folhas caracteristicamente 5-folioladas. P.

campestre, na Bahia, possui folhas 3-folioladas, embora possam ocorrer folhas 5-folioladas

em exemplares de Minas Gerais. Outras espécies como P. grandiflorum, P. marginatum, P.

tomentosum e P. minimum, apresentam folíolos em número nunca inferior a cinco,

podendo chegar a nove em P. marginatum.

Outro caráter foliar importante é a dilatação do ápice do pecíolo. Esse caráter

permite diagnosticar grupos de espécies. Pseudobombax longiflorum, P. tomentosum e P.

minimum apresentam o ápice do pecíolo mais dilatado (5-20 mm diâm.) enquanto que em

P. campestre, P. parvifolium e P. calcareum o pecíolo é pouco dilatado (ca. 3 mm diâm.).

A forma e o indumento dos folíolos fornecem caracteres de grande valor taxonômico

para a separação das espécies de Pseudobombax da Bahia. A maioria das espécies

apresenta ramos e folhas subglabros exceto pelos microtricomas peltados (P. campestre, P.

grandiflorum, P. longiflorum e P. simplicifolium). Pseudobombax marginatum, P.

minimum e P. tomentosum são as únicas espécies que apresentam folhas indumentadas. Em

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P. calcareum e P. parvifolium ocorrem tricomas esparsos sobre as nervuras na face abaxial

dos folíolos. A consistência dos folíolos ajuda a separar P. minimum (folíolos papiráceos)

de P. tomentosum e P. marginatum (folíolos cartáceos a coriáceos), que apresentam forma

e medidas dos folíolos muito semelhantes.

3.1.4. Inflorescência

As espécies de Pseudobombax da Bahia geralmente apresentam flores solitárias.

Cimeiras com duas flores ocorrem em P. minimum, P. longiflorum, P. calcareum e P.

grandiflorum, esta última podendo apresentar também cimas 3-floras. A presença de

inflorescências longas, glabras, com pedúnculo atingindo 3 cm compr. e pedicelos de 1,5 a

5 cm, podem diagnosticar Pseudobombax longiflorum, a qual pode ser reconhecida por

esses caracteres mesmo quando estão presentes apenas os seus frutos.

3.1.5. Flor

3.1.6. Receptáculo

O receptáculo é sempre glanduloso em Pseudobombax, sendo o número de

glândulas muito variável (8-18, em P. longiflorum; 10-20, em P. calcareum) e de pequeno

valor taxonômico na delimitação de espécies. Além disso, a visualização do número de

glândulas em herbário é prejudicada pelo processo de herborização tendo a observação

deste caráter no campo sido muito útil e contribuído para a descrição da variação nas

espécies.

3.1.7. Cálice

O cálice é carnoso, robusto, freqüentemente campanulado (p.e., P. marginatum, P.

tomentosum), cupuliforme (P. longiflorum) ou oblongóide (P. parvifolium, P. calcareum),

com ápice truncado, muitas vezes, inconspicuamente 5-apiculado, raramente 5-lobado (P.

campestre). Observa-se que a forma campanulada do cálice é, algumas vezes, um artefato,

resultante da herborização do material, já que a sua base é relativamente mais carnosa e

não se torna plana como o restante do cálice. Microtricomas peltados geralmente estão

presentes, principalmente na face externa do cálice (p.e., P. grandiflorum, P. campestre),

enquanto glândulas são mais raras (P. campestre). O tipo de indumento do cálice ajuda a

separar P. marginatum, P. parvifolium e P. tomentosum das demais espécies de

Pseudobombax da Bahia por apresentarem tricomas ramificados na face externa, podendo

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este ser considerado um caráter importante taxonomicamente, principalmente devido à

persistência do cálice no fruto.

3.1.8. Corola

A pré-floração em Pseudobombax é imbricativa torcida e a antese, explosiva, com

as pétalas geralmente enrolando-se e caindo após a abertura da flor. As pétalas são

geralmente lineares a linear-lanceoladas, às vezes ligeiramente obovadas (P. tomentosum).

Em geral, são muito mais longas do que largas e essa relação pode alcançar a proporção de

23:1 em P. simplicifolium.

É possível distinguir P. tomentosum de P. marginatum, espécie morfologicamente

muito próxima, pelo ápice da pétala que é unilateralmente apiculado na primeira. No

entanto, as pétalas, freqüentemente, apresentam ápice dobrado nas exsicatas de herbário

provavelmente devido à tensão existente até o momento da antese. Isso dificulta a

utilização do caráter forma do ápice da pétala para a distinção de espécies que, em geral, é

agudo (P. campestre, P. longiflorum, P. simplicifolium).

A face abaxial (externa) das pétalas apresenta um indumento composto por

tricomas tufosos que são tricomas ramificados curtos, rígidos, com textura áspera. Tais

tricomas, em P. longiflorum, dispõe-se em fileiras transversais em relação ao eixo da

pétala. Nesta espécie, a face abaxial comumente apresenta coloração uniforme e

enegrescida em material de herbário, da mesma forma que em P. campestre, que apresenta

tricomas dourados na face adaxial (interna), sendo este um caráter diagnóstico da espécie.

O indumento da face adaxial varia entre as espécies, podendo ser pubescente a

seríceo (p.e., P. simplicifolium, P. parvifolium) ou viloso (P. marginatum e P.

tomentosum). Pseudobombax longiflorum e P. grandiflorum distinguem-se por apresentar

o terço basal da pétala glabro, mas esta espécie apresenta uma dilatação nessa região. De

modo geral, o indumento da face adaxial é constituído por tricomas simples, em uma

metade longitudinal, e por tricomas ramificados delgados na outra metade, o que pode ser

evidenciado, especialmente, em P. longiflorum e P. campestre.

Na maioria das espécies, as pétalas podem apresentar duas cores na face abaxial,

em faixas longitudinais, que parecem estar espacialmente relacionadas às áreas de

sobreposição entre elas no botão floral. O padrão de distribuição dos tricomas nem sempre

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pode ser constatado através da coloração da face abaxial das pétalas em exsicatas de

herbário. Em algumas espécies (p.e., P. simplicifolium), as pétalas podem apresentar uma

coloração marrom uniforme em um determinado espécime e ser metade marrom, metade

creme em outros.

3.1.9. Androceu

O androceu em Pseudobombax é constituído por muitos estames concrescidos

parcialmente em tubo, adnados às pétalas. As anteras são monotecas e hipocrepiformes.

O número de estames varia de 170 a 600, permitindo o reconhecimento de dois

grupos principais de espécies: P.calcareum, P.campestre, P. minimum e P. simplicifolium

apresentam androceu com 170-300 estames; o outro grupo, formado P. grandiflorum,P.

longiflorum, P. marginatum, P. parvifolium e P. tomentosum, apresenta entre 350-600

estames. Nesse segundo grupo, P.marginatum e P. tomentosum apresentam maior

semelhança entre si, com o número de estames variando entre 500 e 600.

O comprimento do tubo estaminal varia de 5 mm (P. minimum) a 50 mm (P.

longiflorum e P. grandiflorum var. majus), constituindo-se em um caráter importante para

a delimitação das espécies. Pode ser glabro (p.e., P. campestre, P. grandiflorum, P.

longiflorum, P. simplicifolium) ou indumentado, variando desde pubescente (P.

parvifolium) a viloso (P. marginatum). Nas espécies da Bahia, apenas em P. calcareum

ocorrem os dois estados deste caráter. Dugand (1943) comentou que o indumento do tubo

estaminal em Bombacopsis quinata (Jacq.) Dugand (como Bombax ceiba) pode variar em

uma mesma localidade como verificado em materiais da Colômbia. Robyns (1963)

descreve essa variação para P. grandiflorum que, no entanto, não foi constatada nas

coleções da Bahia, que sempre apresentam tubo estaminal glabro.

A partir do tubo estaminal, os estames divergem em filetes livres ou agrupam-se em

cinco falanges. Estas podem, ainda, bifurcar-se em 10 falanges antes de originarem filetes

livres. Foi considerada a presença de falanges quando estas são nitidamente visualizadas,

não restando dúvidas sobre a organização dos filetes em grupos (ou feixes). Nesse ponto,

as descrições apresentadas discordam das apresentadas por Robyns (1963) para o gênero,

pois esse autor cita a presença de falanges para espécies nas quais estas não foram

observadas, mesmo nos tipos nomenclaturais.

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A organização do androceu nas Malvales é um caráter complexo (Van Heel, 1966).

Nos táxons da Bahia, a presença de falanges é um caráter útil para a separação de P.

marginatum, P. minimum e P. tomentosum das demais espécies, que apresentam filetes

partindo livres desde o ápice do tubo estaminal. Não foram constatadas variações intra-

específicas deste caráter no material analisado.

3.1.10. Gineceu

A forma e o indumento do ovário são caracteres reprodutivos que auxiliam bastante

na taxonomia das espécies de Pseudobombax da Bahia. O ovário pode ser estreitamente

oblongóide (P. simplicifolium), cônico-oblongóide (p.e., P. calcareum) ou ovóide-

oblongóide (P. parvifolium), com ápice agudo (p.e., P. longiflorum) a arredondado (p.e., P.

tomentosum). Pode ser oblongóide (p.e., P. minimum), 5-angulado (p.e., P. grandiflorum)

ou ligeiramente 5-angulado (p.e., P. parvifolium), subglabro exceto por microtricomas

peltados (p.e., P. grandiflorum), tomentoso (P. tomentosum) ou viloso (P. marginatum).

3.1.11. Fruto

A forma e o indumento do fruto fornecem bons caracteres para a separação das

espécies de Pseudobombax da Bahia. P. marginatum e P. tomentosum são as únicas que

apresentam frutos tomentosos muitas vezes com pequenas protuberâncias na face externa.

Em P. tomentosum os frutos são relativamente mais largos e com ápice obtuso e em P.

marginatum são mais estreitos e apiculados.

Pseudobombax grandiflorum distingue-se pelas cápsulas 5-aladas enquanto P.

minimum pode ser diagnosticada pelas cápsulas com até 6 cm compr. Nas demais espécies,

as cápsulas são oblongóides, sendo que Pseudobombax longiflorum distingue-se pelo

maior comprimento do cálice persistente e P. calcareum pelas cápsulas 5-anguladas,

estreitas, com até 1,5 cm de largura. Pseudobombax campestre e P. simplicifolium

apresentam cápsulas muito semelhantes embora estas alcancem maior comprimento na

última. Além disso, P. simplicifolium pode apresentar uma cápsula ligeiramente angulada,

diferindo de P. calcareum pela maior largura do fruto (1,5-2,5 cm larg.)

É importante notar que o caráter 5-angular das cápsulas pode ser mais ou menos,

conspícuo, a depender da sua maturidade porque, à medida que as cápsulas amadurecem,

as bordas das valvas curvam-se para dentro, o que pode dificultar, ou mesmo impedir, a

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visualização do aspecto 5-angular. Por isso, este caráter é de difícil utilização para a

distinção das espécies em material de herbário.

A paina, derivada do endocarpo, é sempre abundante, apresenta coloração desde

branca até tonalidades marrons ou dourada, não apresentando valor taxonômico na

distinção das espécies da Bahia.

3.1.12. Semente

As sementes são glabras, variam entre 3 e 6 mm de compr. e apresentam testa óssea

(fig. 3). A obtenção de sementes de todas as espécies forneceu caracteres importantes na

taxonomia das espécies de Pseudobombax da Bahia, em especial, para a separação de P.

grandiflorum, que apresenta sementes pintalgadas, de P. longiflorum, que tem sementes

maculadas. Contribuiu também para a distinção de P. marginatum, cujas sementes são

marrons, piriformes e não maculadas, de P. tomentosum que apresenta sementes negras,

subglobosas e maculadas. As sementes podem ainda variar de subpiriformes (P.

campestre) a reniformes (P. parvifolium) e apresentar coloração uniforme (p.e., P.

calcareum). Em P. minimum, a semente é subglobosa, marcada por sulcos e o hilo é

saliente. P. calcareum apresenta as menores sementes dentre as espécies da Bahia (ca. 3

mm compr.) enquanto P. longiflorum, P. marginatum e P. tomentosum apresentam as

maiores sementes, com cerca de 6 mm compr.

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Figura 3. Morfologia da semente em espécies de Pseudobombax Dugand da Bahia. A. P. calcareum. B. P. campestre. C. P. longiflorum. D. P. grandiflorum. E. P. marginatum. F. P. minimum. G. P. parvifolium. H. P. simplicifolium. I. P. tomentosum. Escala: 2 mm.

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3.2. Distribuição geográfica

O gênero Pseudobombax é restrito à região neotropical (Robyns, 1963, 1967;

Fernández-Alonso, 2001). Das 22 espécies, 16 ocorrem no Brasil. Seus representantes

habitam diversos tipos de vegetação, dentre eles floresta ombrófila, floresta semi-decídua,

restinga, caatinga, cerrado e campo rupestre, havendo grande ocorrência de espécies sobre

formações calcárias (Andrade-Lima, 1977; Nascimento et al., 2004; Silva & Scariot,

2004).

A maioria das espécies encontradas na Bahia (seis dentre as nove) tem ocorrência

restrita a um bioma particular, o que ajuda na identificação taxonômica das espécies com

base no tipo de vegetação que ocorrem. Foram detectados os seguintes padrões de

distribuição geográfica para essas espécies:

1. Espécies extra-amazônicas amplamente distribuídas na América do Sul — ocorrem no

Nordeste e Planalto Central do Brasil até Paraguai, Bolívia e Colômbia,

predominantemente em Cerrado: Três espécies da Bahia apresentam esse padrão: P.

longiflorum, P. marginatum e P. tomentosum. Na Bahia, essas espécies estão restritas a

áreas de cerrado a oeste do rio São Francisco exceto P. longiflorum que é conhecida por

três coletas na região da Chapada Diamantina.

2. Espécies endêmicas à Mata Atlântica, de Alagoas a Santa Catarina: apenas P.

grandiflorum (Cav.) A. Robyns apresentou esse padrão.

3. Espécies endêmicas ao Cerrado nos estados da Bahia e Goiás: P. minimum

4. Espécies endêmicas aos Campos Rupestres da Cadeia do Espinhaço, nos estados da

Bahia e Minas Gerais: P. campestre.

5. Espécies endêmicas à Caatinga. Três espécies apresentaram esse padrão, que pode ser

subdividido em:

(a) Restrita à Depressão Sertaneja Meridional na Caatinga, nos estados da Bahia,

Pernambuco e sul do Piauí: P. simplicifolium.

(b) Restrita à Bacia sedimentar de Tucano nos estados da Bahia e Sergipe: P.

parvifolium

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(c) Restrita aos calcários da Formação Bambuí, no vale do Médio Rio São Francisco,

no estado da Bahia: P. calcareum.

3.3. Pseudobombax Dugand, Caldasia, 2: 65. 1943. Árvores caducifólias, raramente arbustos, inermes; tronco em geral estriado

longitudinalmente, estrias verdes; ramos muitas vezes suberificados, às vezes encurtados

longitudinalmente, raramente modificados em braquiblastos, ramos e folhas geralmente

com microtricomas peltados, visíveis apenas em aumento de pelo menos 10x, às vezes com

cerosidade glauca; folhas freqüentemente agrupadas no ápice dos ramos ou de

braquiblastos; estípulas laterais, caducas. Folhas alternas, espiraladas, compostas,

palmadas, pulvinadas ou não, 1-9-folioladas, às vezes folíolos progressivamente menores

para a base; pecíolo muitas vezes glanduloso, principalmente na base, ápice dilatado,

disciforme; peciólulos geralmente curtos, às vezes pulvinulados, ou ausentes; folíolos não

articulados, papiráceos a coriáceos, margem inteira, plana ou revoluta, glabros ou com

tricomas estrelados, peninérvios, nervação secundária broquidódroma, nervuras

secundárias curvas, geralmente ascendentes, formando ângulos agudos em relação à

nervura principal, nervuras intersecundárias geralmente ausentes, nervuras terciárias

percurrentes. Cimas 2-3-floras ou flores isoladas, terminais a subterminais; bractéolas 3,

raramente 5, alternas, espiraladas, caducas; pedicelo ereto ou encurvado, deixando as flores

eretas. Flores 6-14 cm compr., hermafroditas, actinomorfas, pentâmeras, receptáculo

glanduloso, glândulas pateliformes em 1 ou 2 verticilos; epicálice ausente; cálice

gamossépalo, truncado, raramente 5-lobado, carnoso, acrescente, persistente, variadamente

indumentado; pétalas livres entre si, adnadas ao tubo estaminal, caducas após a antese, pré-

floração contorcida, lineares, às vezes ligeiramente dilatadas no ápice ou próximo à base,

carnosas, externamente com indumento denso de tricomas tufosos, curtos, espessos,

rígidos, internamente com tricomas simples, flexíveis, base mais estreita e glabra em

ambas as faces; estames 170-600, conados em tubo, falanges 5, 10 ou ausentes; anteras 1-

tecas, dorsifixas, hipocrepiformes, rimosas; ovário súpero, 5-carpelar, sincárpico, 5-

locular, placentação axilar, óvulos muitos por lóculo; estilete 1, terminal, filiforme,

cilíndrico; estigma 5-lobado. Frutos pendentes, cápsulas loculicidas, deiscência explosiva;

paina abundante. Sementes numerosas, glabras, testa óssea de coloração uniforme ou

maculada; hilo saliente ou não.

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Pseudobombax Dugand é representado por árvores, com tronco inerme,

frequentemente com estrias longitudinais verdes, folhas palmadamente compostas, pecíolo

com ápice dilatado, folíolos não articulados, receptáculo glanduloso, tricomas tufosos na

face abaxial das pétalas, androceu monadelfo, anteras monotecas e cápsulas com paina

abundante.

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3.3.2. CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE PSEUDOBOMBAX

DA BAHIA

1. Cálice pubérulo a tomentoso, com tricomas ramificados na face externa

2. Falanges presentes; ápice dilatado 5-20 mm diâm.; pétalas vilosas na face adaxial;

ovário pubescente a viloso; cápsula tomentosa

3. Pecíolo pubescente a glabrescente; glândulas do receptáculo 8-13 em um só

verticilo; cálice internamente seríceo na base; estilete 9-10 cm compr.; semente

marrom, não maculada ................................................................ 3.2.9. P. marginatum

3’. Pecíolo velutino; glândulas do receptáculo 14-20 em dois verticilos

sobrepostos; cálice internamente glabro na base; estilete 12-13 cm compr.;

semente negra, maculada........................................................... 3.2.13. P. tomentosum

2’. Falanges ausentes; ápice dilatado 2-3 mm diâm.; pétalas pubescentes na face

adaxial; ovário subglabro; cápsula glabra...................................... 3.2.11. P. parvifolium

1’. Cálice glabro ou apenas com microtricomas, sem tricomas ramificados na face

externa

4. Ovário 5-angulado; cápsula 5-angulada a 5-alada

5. Folíolos subglabros exceto por microtricomas peltados, muito esparsos, visíveis

apenas em aumento de pelo menos 10x, ápice arredondado a mucronado;

nervuras intersecundárias presentes; ovário 5-6 mm compr.; cápsula 6-14 x 2,2-

3 cm, 5-alada, aguda, valvas sublenhosas, 16-20 mm larg. (restinga, matas

ombrófilas e semi-decíduas a até 150 km do litoral)

6. Pedicelo 10-45 x 2-3 (-5 em fruto) mm; cálice 8-14 x 12-20 mm,

internamente seríceo no terço distal, microtricomas peltados esparsos nos 2/3

proximais; pétalas 8,5-14 x 0,8-1,5 cm; tubo estaminal 12-16 x 3-6 mm,

filetes (parte livre) 60-115 mm compr........................................................................

..............................................................3.2.7. P. grandiflorum (var. grandiflorum)

6’. Pedicelo 85 x 5-10 mm; cálice 30-40 x 30 mm, internamente velutino;

pétalas 22,5 x 0,8-2,7 cm; tubo estaminal 55 x 8 mm, filetes (parte livre)

120-150 mm compr. ........................................3.2.7. P. grandiflorum (var. majus)

5’. Folíolos com tricomas ramificados esparsos sobre as nervuras da face abaxial,

ápice retuso, nervuras intersecundárias ausentes; ovário ca. 14 mm compr.;

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cápsula ca. 20 x 1,3-1,5 cm, 5-angulada, apiculada, valvas coriáceas, ca. 7 mm

larg. (caatinga, em afloramentos calcários) .................................... .3.2.5 P. calcareum

4’. Ovário e cápsula não angulados nem alados

7. Pecíolo e face abaxial dos folíolos indumentados; cálice 3-5 mm larg.; pétalas

50-55 mm compr.; falanges presentes; ovário ca. 4 x 2 mm; cápsula 35-55 mm

compr.; semente com hilo saliente .................................................3.2.10. P. minimum

7’. Pecíolo e face abaxial dos folíolos subglabros, exceto por microtricomas

peltados, muito esparsos, visíveis apenas em aumento de pelo menos 10x;

cálice 10-25 mm larg.; pétalas maiores do que 70 mm compr.; falanges

ausentes; ovário maior do que 5 mm compr.; cápsula maior do que 60 mm

compr.; semente com hilo não saliente

8. Folíolos 5-9; pecíolo 9,5-25,5 cm compr., peciólulo 16-50 mm compr.;

cálice 13-25 mm compr.; tubo estaminal 35-60 mm compr., 6.8-15x mais

longo do que largo; ovário ca. 10 mm compr.; cápsula 19-30 cm compr. ..............

...............................................................................................3.2.8. P. longiflorum

8’. Folíolos 1-3; pecíolo até 6,5 cm compr., peciólulo até 4 mm compr. ou

ausente; cálice 7-13 mm compr.; tubo estaminal 8-13 mm compr., 1.8-5x mais

longo do que largo; ovário 5-8 mm compr.; cápsula 7,5-17 mm compr.

9. Ramos com braquiblastos; pecíolo até 15 mm compr.; folíolo 1, nervuras

intersecundárias presentes; glândulas do receptáculo 5-11; ovário

estreitamente oblongóide, ápice agudo; semente não maculada, hilo apenas

ligeiramente mais claro (endêmica da caatinga)...........3.2.12. P. simplicifolium

9’. Ramos sem braquiblastos; pecíolo 20-60 mm compr.; folíolos 3, nervuras

intersecundárias ausentes; glândulas do receptáculo 15; ovário oblongóide a

cônico-oblongóide, ápice arredondado; semente inconspicuamente

maculada, máculas marrom-claras, hilo preto (endêmica dos campos

rupestres da Chapada Diamantina) ........................................3.2.6. P. campestre

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3.3.3. CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE PSEUDOBOMBAX

DA BAHIA BASEADA EM CARACTERES FLORAIS

1. Cálice pubérulo a tomentoso, com tricomas ramificados na face externa

2. Falanges presentes; ovário pubescente a viloso, 5-angulado a 5-costado

3. Glândulas do receptáculo 8-13; cálice longamente seríceo na base, na face

interna; estilete 9-10 cm compr. ............................................. 3.2.9. P. marginatum

3’. Glândulas do receptáculo 14-20; cálice internamente glabro na base; estilete

12-13 cm compr.................................................................... 3.2.13. P. tomentosum

2’. Falanges ausentes; ovário glabro.................................................... 3.2.11. P. parvifolium

1’. Cálice glabro ou apenas com microtricomas, sem tricomas ramificados na face

externa

4. Ovário 5-angulado

5. Ovário 11-14 mm compr................................................................. 3.2.5. P. calcareum

5’. Ovário 5-6 mm compr.

6. Pedicelo 10-45 x 2-3 mm; cálice 8-14 x 12-20 mm, internamente seríceo no

terço distal, com microtricomas peltados, esparsos nos 2/3 proximais;

pétalas 8,5-14 cm compr.; tubo estaminal 12-16 x 3-6 mm, filetes (parte

livre) 6-11,5 cm compr.. ......................3.2.7. P. grandiflorum (var. grandiflorum)

6’. Pedicelo 85 x 5-10 mm; cálice 30-40 x 30 mm, internamente velutino;

pétalas ca. 22,5 cm compr.; tubo estaminal 55 x 8 mm, filetes (parte livre)

12-15 cm compr...............................................3.2.7. P. grandiflorum (var. majus)

4’. Ovário não angulado

7. Falanges presentes...........................................................................3.2.10. P. minimum

7’. Falanges ausentes

8. Tubo estaminal 35-60 mm compr. ...........................................3.2.8. P. longiflorum

8’. Tubo estaminal 8-13 mm compr.

9. Flores nascendo em braquiblastos; pétalas externamente marrons quando

secas, internamente com tricomas glaucos; ovário estreitamente

oblongóide, ápice agudo (endêmica da caatinga) .........3.2.12. P. simplicifolium

9’. Flores nascendo diretamente dos ramos; pétalas externamente

nigrescentes, quando secas, internamente com tricomas dourados; ovário

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oblongo a oblongo-cônico, ápice arredondado (endêmica dos campos

rupestres da Chapada Diamantina) ........................................3.2.6. P. campestre

3.3.4. CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE PSEUDOBOMBAX

DA BAHIA BASEADA EM CARACTERES DE FRUTOS E SEMENTES

1. Cápsulas externamente tomentosas

2. Sementes marrons, com coloração uniforme.................................... 3.2.9. P. marginatum

2’. Sementes negras, maculadas ......................................................... 3.2.13. P. tomentosum

1’. Cápsulas externamente glabras

3. Cápsula 5-angulada ou 5-alada

4. Sementes pintalgadas; cápsula 5-alada (restingas, matas ombrófilas e

semidecíduas até 150 km do litoral) ..................................... 3.2.7. P. grandiflorum

4’. Sementes com coloração uniforme ou maculadas; cápsula 5-angulada

(caatinga)

5. Cápsula 3,5-5 cm larg.; sementes reniformes, inconspicuamente

maculadas.......................................................................... 3.2.11. P. parvifolium

5’. Cápsula 1,3-2,5 cm larg.; sementes piriformes, com coloração uniforme

............................................................................................................................. 6

6. Cápsula crescendo diretamente dos ramos, 1,3-1,5 cm larg., valvas

coriáceas (caatinga sobre afloramentos calcários).......... 3.2.5. P. calcareum

6’. Cápsula crescendo em braquiblastos, 1,5-2,5 cm larg., valvas

sublenhosas (caatinga em solos arenosos ou areno-pedregosos)

......................................................................................3.2.12. P. simplicifolium

3’. Cápsula não 5-angulada nem 5-alada

7. Cápsulas crescendo em braquiblastos (caatinga) ...............3.2.12. P. simplicifolium

7’. Cápsulas crescendo diretamente nos ramos (campos rupestres ou cerrado)

8. Cápsulas até 5,5 cm compr.; sementes subglobosas, hilo saliente

(cerrado) ..............................................................................3.2.9. P. minimum

8’. Cápsulas maiores que 6 cm compr.; sementes subpiriformes ou

subreniformes, hilo não saliente

9. Cápsula 6-8,5 x 2 cm; sementes subpiriformes, com coloração

uniforme (campos rupestres na Chapada Diamantina).3.2.6. P. campestre

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9’. Cápsula 19-30 x 3 cm; sementes subreniformes, maculadas

(cerrados na Chapada Diamantina e oeste da Bahia) 3.2.8. P. longiflorum

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3.3.5. Pseudobombax calcareum [nome provisório]1

Fig. 4 Árvore ca. 6 m alt., tronco estriado longitudinalmente, estrias verdes, copa aberta,

irregular; ramos suberificados, geralmente com cerosidade glauca; braquiblastos ausentes.

Estípulas não vistas. Folhas 5-folioladas, agrupadas no ápice dos ramos ou não; pecíolo 45-

120 x 1-2 mm, cilíndrico, glanduloso, glândulas 1 a muitas, principalmente na base, base

achatada, ligeiramente espessada, pubérulo a glabrescente nas extremidades, com

cerosidade glauca, ápice dilatado ca. 3 mm diâm.; peciólulo até 2 mm compr., sulcado

longitudinalmente, pulvinulados ou não; folíolos cartáceos a coriáceos, côncavos ou não,

4,5-12 x 2,5-5,5 cm, 2,1 a 2,9x mais longo do que largo, elípticos, raramente ovais, ápice

agudo a arredondado, retuso, base cuneada a atenuada ou obtusa, curtamente decurrente,

margem revoluta, subglabros na face adaxial exceto por microtricomas peltados, esparsos,

face abaxial geralmente glauca, nervura principal saliente, pubérula a glabrescente, com

tricomas ramificados esparsos, nervuras secundárias 11-17 pares, impressas em ambas as

faces, principalmente na abaxial, inconspícuas distalmente, nervuras intersecundárias

ausentes, nervuras terciárias simples, ramificadas ou retroflexas. Flores terminais, solitárias

ou geminadas, 9-13 cm compr., botões oblongo-lineares até 9,5 cm compr.; pedicelo 6-20

x 2-9 mm, pubérulo, glabrescente ou glabro, glanduloso ou não; bractéolas 3, ao longo do

pedicelo, 2-4 x 4-5 mm, triangulares, revestidas por microtricomas peltados, curtamente

aristadas ou não, ligeiramente côncavas, margem denticulada, tricomas ramificados

esparsos; receptáculo 5-6 mm compr., pubérulo a glabrescente, glândulas 10-20, em um

verticilo; cálice 11-18 x 20-22 mm, campanulado a suboblongóide, truncado, 5-apiculado

ou não, externamente com microtricomas peltados, internamente seríceo, glabro na base;

pétalas 9-14 x 0,9-1,9 cm, oblongo-lineares, ápice arredondado a agudo, externamente

amarronzadas quando secas, internamente seríceas, fileiras longitudinais de tricomas

simples em uma metade, tricomas ramificados, delgados na outra, tomentosas próximo à

base; estames ca. 300, tubo estaminal 10-18 x 4-6 mm, 2,5 a 2,8x mais longo do que largo,

glabro ou pubescente, falanges ausentes, filetes (parte livre) 70-120 mm compr., anteras 3-

4 mm compr.; ovário 11-14 x 4 mm, ca. 2,7x mais longo que largo, cônico-oblongóide, 5-

angulado, glabro; estilete 80-140 mm compr., esparsamente pubérulo a glabro, tricomas

ramificados. Cápsula 10,5-20,5 x 1,3-1,5 cm, oblongóide, 5-angulada, ápice agudo,

1 Espécie nova em processo de publicação.

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apiculado; valvas coriáceas, ca. 7 mm larg., glabras; paina marrom. Semente 3-4 x 2,5 mm,

piriforme, marrom-clara, não maculada; hilo não saliente.

Distribuição geográfica e habitat: Endêmica dos afloramentos calcários do grupo

Bambuí em caatinga, no vale do Rio São Francisco, na região oeste do Estado da Bahia,

nos municípios de Bom Jesus da Lapa e São Félix do Coribe (Fig. 5).

Fenologia: Floresce de julho a setembro e frutifica em setembro.

Material examinado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, Fazenda Serra Solta, 17/VII/1975,

D. Andrade-Lima 75-8152 (IPA 46217, IPA 46217-A); São Félix do Coribe, 13°47’23”S,

43°57’31”W, 10/IV/2005, J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 485 (HUEFS); Serra do

Ramalho, ca. 47 km ao S de São Felix do Coribe, na estrada para Alagoinhas, 13°47’22”S

43°57’32”W, 13/IX/2005, J.G. de Carvalho-Sobrinho & L.P. de Queiroz 573 (HUEFS).

Pseudobombax calcareum é conhecida por apenas três coleções sendo a primeira

realizada, com folhas e flores, por Dárdano de Andrade-Lima no município de Bom Jesus

da Lapa, em 1975 (dados de herbário). Através do presente levantamento foram feitas duas

novas coleções, a partir de uma população em São Félix do Coribe, sendo a primeira com

folhas apenas (no mês de abril) e a segunda com flores e frutos (no mês de setembro), que

confirmaram tratar-se de uma nova espécie.

Essa espécie habita sobre os afloramentos calcários da grupo Bambuí, no vale do Rio

São Francisco, onde foram encontradas populações com grande número de indivíduos

agregados, o que foi ilustrado por Andrade-Lima (1977). Apresenta um hábito muito

diferente das demais espécies de Pseudobombax da Bahia, com indivíduos com ca. 6 m de

altura, com copa aberta, muito reduzida em relação ao tronco, formada por ramos curtos,

suberificados, que conferem à árvore um aspecto candelabriforme.

Caracteriza-se pelas folhas 5-folioladas, ápice do pecíolo pouco dilatado (até 5 mm

diâm.), folíolos coriáceos, elípticos, conduplicados (muitas vezes apresentando-se

dobrados nas exsicatas), nervuras secundárias inconspícuas distalmente, cálice

externamente glabro e frutos oblongóides, 5-angulados, apiculados, valvas coriáceas (não

lenhosas). Além disso, nota-se, nas exsicatas, que os folíolos apresentam coloração mais

clara na região próxima à nervura principal na face adaxial, sendo glaucos na face abaxial,

e que o pecíolo e a nervura principal, às vezes, encontram-se fendidos longitudinalmente.

Outro aspecto característico dessa espécie é a liberação de resina durante a secagem, que

pode ser percebida através das folhas de papel da prensa.

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Pseudobombax calcareum aproxima-se de P. grandiflorum var. grandiflorum e P.

parvifolium pelas folhas 5-folioladas, pelos folíolos elípticos, pelo comprimento das

pétalas e pelo androceu sem falanges. Os caracteres que permitem a separação das três

espécies estão listadas na tabela 2.

Tabela 2. Caracteres morfológicos diferenciais entre P. calcareum, P. grandiflorum var. grandiflorum e P. parvifolium.

Caracteres Ápice dos folíolos

Indumento da face

externa do cálice

Indumento do tubo

estaminal

Compr. do

ovário (mm)

Fruto

Larg. do

fruto (cm)

Forma da

semente

Cor das sementes

P. calcareum Retuso Glabro Pubescente, raramente

glabro 11-14 5-

angulado 1,3-1,5

Piriformes

Coloração uniforme

P. grandiflorum var. grandiflorum

Mucronado Glabro Glabro 5-6 5-alado 2,2-3,0

Subreniformes Pintalgadas

P. parvifolium Agudo a acuminado

Com tricomas

ramificados, curtos

Pubescente 8

ligeiramente 5-

angulado a 5-

angulado

2,8-5,0

Reniforme Maculadas

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Figura 4. Pseudobombax calcareum sp. nov. inéd. A. Ramo com folhas. B-C. Inflorescência, com botões (B) e flor aberta (C). D. Androceu. E. Ovário. F-G. Ovário, em corte longitudinal (F) e transversal (G). H. Fruto. (A-C, D. Andrade-Lima 75-8152; D-H, J.G. de Carvalho-Sobrinho & L.P. Queiroz 573).

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Figura 5. Distribuição geográfica de Pseudobombax calcareum, P. campestre e P. simplicifolium no Estado da Bahia.

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3.3.6. Pseudobombax campestre (Mart. & Zucc.) A. Robyns, Bull. Jard. Bot. État 33 (1): 65. 1963.

Carolinea campestris Mart. & Zucc., Nov. Gen. Sp. Pl. 1:86. 1826. Holótipo: Brasil,

Martius obs. 1190 (M).

Fig. 6 Arbusto, menos freqüentemente árvore, até 5 m alt., tronco tortuoso, suberoso,

braquiblastos ausentes; ramos e folhas subglabros exceto por microtricomas peltados,

muito esparsos. Estípulas ca. 3 mm compr., semi-circulares a ovais, ápice obtuso a

arredondado. Folhas 3-folioladas, agrupadas no ápice dos ramos; pecíolo 40-65 x 2 mm,

subcilíndrico, base achatada, inconspicuamente espessada, com cerosidade glauca pelo

menos nas extremidades, ápice dilatado, ca. 3 mm diâm.; peciólulo até 4 mm compr. ou

ausente; folíolos cartáceos a coriáceos, 6-12,5 x 3,5-8,5 cm, 1,2 a 1,8x mais longos do que

largos, largamente elípticos, oval-elípticos à ligeiramente oboval-elípticos, ápice agudo,

base obtusa, margem revoluta, nervura principal saliente na face abaxial, nervuras

secundárias 9-13 pares, salientes na face abaxial, impressas na face adaxial, nervuras

intersecundárias ausentes, nervuras terciárias simples, ramificadas ou retroflexas. Flores

solitárias, subterminais a terminais, 10-12 cm compr.; pedicelo 8-38 (-45 em fruto) x 2-4

mm, glabrescente a pubérulo, glanduloso, glândulas esparsas ao longo de seu

comprimento; bractéolas 3, na metade distal do pedicelo, ca. 3 x 1 mm, triangulares, às

vezes costadas e curtamente aristadas, margem denticulada, frequentemente com 1-2

glândulas na base; receptáculo 3-4 mm compr., subglabro exceto por microtricomas

peltados, glândulas ca. 15, em 1 verticilo; cálice 9-11 x 17-20 mm, campanulado, truncado

a 5-lobado, lobos ca. 2 mm compr., agudos, mucronados, externamente subglabro exceto

por microtricomas peltados, glanduloso, glândulas esparsas, internamente seríceo pelo

menos no 1/3 distal; pétalas 11-13 x 1-1,5 cm, linear-lanceoladas, agudas, externamente

marrons a nigrescentes quando secas, tomentosas próximo à base, internamente seríceas,

fileiras longitudinais de tricomas simples mais longos em uma metade longitudinal, com

tricomas ramificados, delgados, esparsos, tricomas ramificados curtos, delgados,

ferrugíneos, na outra metade; estames 170-220, tubo estaminal 8-11 x 4 mm, ca. 2x mais

longo que largo, glabro, falanges ausentes, filetes (parte livre) 60-90 mm compr., anteras 1-

2 mm compr.; ovário 5-8 x 3 mm, oblongóide a cônico-oblongóide, não angulado,

subglabro exceto por microtricomas peltados; estilete 100-120 mm compr., glabro. Cápsula

6-8,5 x 2 cm, obovóide-oblongóide, não angulada, cuspidada no ápice por ca. 5 mm

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compr.; valvas lenhosas, ca. 10 mm larg., glabras; paina dourada. Semente ca. 5 mm

compr., subpiriforme, marrom, inconspicuamente maculada, máculas marrom-claras; hilo

não saliente, preto.

Distribuição geográfica e habitat: Brasil, endêmica da Cadeia do Espinhaço nos

Estados de Minas Gerais e Bahia, onde apresenta distribuição restrita à Chapada

Diamantina, em cotas altitudinais superiores a 900 metros, em campos rupestres (Fig. 5).

Fenologia: Floresce nos meses de julho e agosto, frutificando em novembro e

dezembro.

Material examinado: Bahia: Abaíra, 13°13’S 41°54’W, 7/VIII/1992 (fl.), W. Ganev

s.n., (HUEFS); 13°19’S 41°49’W, 9/VII/1994 (fl.), W. Ganev 3489 (HUEFS); Engenho de

Baixo, Morro do Cuscuzeiro, caminho Casa Velha de Arthur para Boa Vista, 13º19`S

41`49”W, 10/VII/1994 (fl., fr.), W. Ganev 3489A (HUEFS, K). Caetité, Brejinho das

Ametistas, ca. 2-3km a sul da sede do distrito, 8/VIII/1996 (fl.), A.M. de Carvalho et al.

6281 (CEPEC). Rio de Contas, na subida para o Campo do Queiroz e Pico das Almas,

3/VIII/1998 (f., fl.), A.M. Giulietti 1389 (HUEFS); na subida para o Campo do Queiroz e

Pico das Almas, 31/12/1998 (f.), R.M. Harley et al. 53401 (HUEFS, SP); na subida para o

Campo do Queiroz e Pico das Almas, 13°33’S 41°23’W, 23/VIII/2000 (fl.), L.P. de

Queiroz 6338 (HUEFS).

Material adicional: Minas Gerais: Conceição do Mato Dentro, 19º5`S 43º33`W,

31/III/2005 (f., fl.), J.G.A. Nascimento et al. 514 (HUEFS). Grão Mongol, Rio Temporário

a leste da cidade, estrada para o Rio Ventania, 25/VII/1986 (fl., fr.), A.M. Giulietti et al.

9950 (SPF, HUEFS). Rio Vermelho, Pedra Menina, Fazenda Vargem do Anjo, Morro

Espigão do Meio, 10/VI/1991 (f., fl.), R. Mello-Silva et al. 424 (SPF, HUEFS); Rio

Vermelho, Pedra Menina, Serra do Ambrósio, Espigão do Meio, 1/VIII/1985 (fl.), R.

Mello-Silva et al. 7898 (SPF, HUEFS).

Na Bahia, P. campestre ocorre apenas sobre afloramentos rochosos em campos

rupestres, entre 1150 e 1500 m de altitude, na porção meridional da Chapada Diamantina.

Essa espécie é encontrada, também, na Serra do Cipó, em Minas Gerais, podendo, então,

ser considerada como endêmica da Cadeia do Espinhaço.

Pseudobombax campestre caracteriza-se pelo tubo estaminal curto e glabro e

principalmente pelas folhas 3-folioladas, folíolos subglabros, geralmente coriáceos, ápice

do pecíolo pouco dilatado, cálice externamente glabro e androceu sem falanges. A espécie

pode apresentar folhas 5-folioladas embora no material da Bahia analisado isso não tenha

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sido constatado. Em alguns materiais, o pecíolo apresenta-se fendido longitudinalmente do

mesmo modo como foi constatado em P. calcareum.

Pseudobombax campestre compartilha com P. simplicifolium o cálice externamente

glabro, tubo estaminal ca. 10 mm compr., glabro, androceu sem falanges, fruto oblongóide,

apiculado e sementes piriformes. No entanto, distingue-se pelo menor porte, ausência de

braquiblastos, folhas 3-folioladas (vs. unifolioladas), cálice freqüentemente 5-lobado (vs.

nunca lobado), pétalas geralmente mais largas (11-15 mm vs. 8-11 mm larg.), com

coloração nigrescente na face abaxial e tons dourados na face adaxial. Além disso, diferem

em seu habitat e distribuição geográfica: P. campestre é endêmica dos campos rupestres da

Cadeia do Espinhaço enquanto P. simplicifolium é endêmica da caatinga.

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Figura 6. Pseudobombax campestre (Mart. & Zucc.) A. Robyns. A. Ramo com folhas. B. Flor. C. Ovário. D. Glândulas no pedicelo. E. Fruto. (R.M. Harley et al. 53401, L.P. de Queiroz 6338, W. Ganev 3489).

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3.3.7. Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns, Bull. Jard. Bot. État 33 (1): 65.

1963.

Árvore até 15 m alt., tronco estriado longitudinalmente ou não, estrias, quando presentes,

verdes, inconspícuas; ramos e folhas subglabros exceto por microtricomas peltados, muito

esparsos; ramos com cerosidade glauca, braquiblastos ausentes. Estípulas não vistas.

Folhas 5-7-folioladas, pulvinadas ou não, freqüentemente agrupadas no ápice dos ramos;

pecíolo (30-)85-225 x 1-5 mm, cilíndrico a subcilíndrico, sulcado longitudinalmente, às

vezes com glândulas esparsas, base achatada dorsiventralmente, espessada até 9 mm diâm.,

ápice dilatado, 3-12 mm diâm.; peciólulo ausente ou até 12 mm compr.; folíolos cartáceos,

4-28,5 x 2,2-10 cm, 1,8 a 3,8x mais longos do que largos, elípticos, oblongo-elípticos a

oblanceolados, ápice agudo a arredondado, freqüentemente mucronado, mucron até 10 mm

compr., base cuneada a atenuada, às vezes curtamente decurrente, margem revoluta,

nervura principal saliente na face abaxial, nervuras secundárias 12-16 pares, impressas

principalmente na face abaxial, nervuras intersecundárias presentes, nervuras terciárias

percurrentes, ramificadas; folíolos progressivamente menores para a base. Flores terminais

a subterminais, solitárias ou em cimas 2-3-floras, 10-12 cm compr.; pedúnculo, quando

presente, até 10 mm, glabro; pedicelo 10-85 x 2-10 mm, sulcado longitudinalmente, às

vezes achatado dorsiventralmente, esparsamente pubérulo a glabro, às vezes com

microtricomas peltados; bractéolas 3, no terço distal, ca. 3 mm, triangulares; receptáculo

ca. 5 mm compr., esparsamente pubérulo a glabro, às vezes com microtricomas peltados,

glândulas ca. 11, em 1 verticilo; cálice 8-40 x 12-30 mm, campanulado, cupuliforme a

subtubuliforme, truncado, às vezes inconspicuamente 5-apiculado, externamente glabro,

densamente recoberto com microtricomas peltados, internamente seríceo no terço distal ou

velutino; pétalas 85-225 x 8-27 mm, linear-lanceoladas, dilatadas no terço basal,

externamente marrom-escuras a nigrescentes, tomentosas próximo à base, internamente

pubescentes, fileiras longitudinais de tricomas simples em uma metade, tricomas

ramificados delgados na outra metade, glabras no terço proximal; estames ca. 350, tubo

estaminal 12-55 x 3-8 mm, 2,6 a 4x mais longo que largo, glabro, falanges ausentes, filetes

(parte livre) 60-150 mm compr.; anteras 1-2 mm compr.; ovário 5-6 x 2-4 mm, cônico-

oblongóide, 5-angulado, glabro, exceto por microtricomas peltados; estilete ca. 95 mm

compr., glabro. Cápsula 6-14 x 2,2-3 cm, oblongóide, cuneiforme nas extremidades,

raramente fusiforme, 5-alada (5-angulada quando jovem), ápice agudo, valvas sublenhosas,

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16-20 mm larg., glabras; paina amarronzada. Semente ca. 5 mm compr., subreniforme,

marrom-clara, pintalgada, pintas marrom-escuras; hilo não saliente, marrom-escuro.

Distribuição geográfica: leste do Brasil, desde os Estados de Alagoas até Santa

Catarina, penetrando para o interior até o estado de Minas Gerais. Ocorre em Mata

Atlântica.

Robyns (1963) reconhece duas variedades para essa espécie, as duas presentes na

Bahia, embora esse autor não tenha referido a ocorrência de P. grandiflorum para o Estado

da Bahia.

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns var. grandiflorum

Bombax grandiflorum Cav., Diss. Bot., 5: 295, tab. 154. 1788. Tipo: Commerson s.n.

(Holótipo: MA; isótipo: P).

Fig. 7

Pedicelo 10-45 x 2-3 (-5 em fruto) mm; cálice 8-14 x 12-20 mm, campanulado a

cupuliforme, internamente seríceo no terço distal; pétalas 85-140 x 8-15 mm; tubo

estaminal 12-16 x 3-6 mm, filetes (parte livre) 60-115 mm compr.

Distribuição geográfica e habitat: leste do Brasil, desde os Estados de Alagoas até

Santa Catarina. Na Bahia, ocorre apenas em uma faixa paralela ao litoral, penetrando até

150 km para o interior, entre 38º e 40º W, desde o município de Santa Cruz Cabrália até

Feira de Santana, não havendo registro de sua presença no litoral norte do Estado. Ocorre

em restinga, matas ombrófilas e mata semi-decíduas (Fig. 8).

Fenologia: Floresce de setembro a dezembro e frutifica de outubro a janeiro.

Material examinado: Bahia: Cachoeira, mata na B. Bananeiras, 12º32`S 39º05`W,

XII/1980 (f., fr.), Grupo Pedra do Cavalo 998 (ALCB, CEPEC, NY); fazenda Paraíso (ex-

favela), 12º34’S 39º59’W, 8/XI/2004 (fl., fr.), L.P. de Queiroz et al. 9711 (HUEFS). Cairú,

ca. 15,5 km da BA-001 em direção a Cairú, 13º42`27”S 39º0`53”W, 21/VI/2005 (f.), J.G.

Jardim et al. 4640 (HUEFS). Camamú, proximidades da Praia de Pratigi, 13º42`47”S

38º59`64”W, 16/XI/2002 (f., fl., fr.), P. Fiaschi et al. 1175 (CEPEC, SPF). Conceição de

Feira, II/1981, Grupo Pedra do Cavalo 1051 (HUEFS). Feira de Santana, Serra de São

José, acesso pelo povoado de São José, ca. 10 km da BR-116, 12º42’S 39º40’W, 4/VI/2005

(f.), J.G. Jardim et al. 4611 (HUEFS). Ilhéus, Fazenda Barra do Manguinho, ramal com

estrada no km 12 da rodovia Pontal/Olivença, lado direito, 25/IX/1980 (f.), L.A. Mattos

Silva et al. 1071 (CEPEC). Itacaré, “Campo Cheiroso”, 14 km north of Serra Grand off

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road to Itacaré, 14°22’S 39°04’W, 15/XI/1992 (f., fl., fr.), W.W. Thomas 9472 (CEPEC,

HUEFS, MBM, MO, NY, RB). Nilo Peçanha, rodovia Nilo Peçanha/Cairú, km 2,

22/XI/1985 (f., fl.), L.A. Mattos Silva 1963 & T.S. dos Santos (CEPEC, R). Porto Seguro,

estação Veracruz, 16°26’S 39°3’W, 1/VIII/1999 (f.), L.A.A. Paraguassú et al. 131

(ALCB). Santa Cruz Cabrália, Reserva Biológica do Pau-Brasil, 18/IX/1971 (f., fl.), T.S.

Santos 1962 (CEPEC); caminho para a Estação Veracruz Florestal, 16º16`S 39º 1`W,

3/IV/1996 (f.), M.L. Guedes et al. 6715 (ALCB, CEPEC); 19/VI/2005 (f.), ca. 13,7 km da

Ponta de Santo Antônio, rodovia para Belmonte, 16º10’S 38º58’W, J.G. Jardim et al. 4630

(HUEFS). Una, Estrada Ilhéus/Una, km 27 do S de Olivença, 2/XII/1981 (f., fr.), A.M. de

Carvalho 871 & G.P. Lewis (CEPEC, NY); Reserva Biológica de Una, picada do

Marimbondo, 15º10`S 39º 4`W, 24/XI/1996 (f., fl.), W.W. Thomas et al. 11397 (NY).

Valença, estrada Valença/Guaibim, km 10 aprox., 8/I/1982 (f., fr.), A.M. Carvalho & G.P.

Lewis 1124 (CEPEC, NY). Município? Estrada Porto Seguro/Eunápolis, km 13, 18/X/1969

(fl., fr.), J.A. de Jesus 18 (CEPEC).

Pseudobombax grandiflorum var. grandiflorum caracteriza-se pelas folhas 5-7-

folioladas, folíolos subglabros, geralmente com nervuras intersecundárias, cálice

externamente subglabro exceto por microtricomas peltados, pétalas ligeiramente dilatadas

na base e glabras internamente no terço basal, androceu sem falanges, tubo estaminal

glabro e frutos 5-alados. Apresenta grande variação no tamanho do pecíolo (3,0-22,5 cm

compr.), do ápice do pecíolo (3-12 mm diâm.) e dos folíolos (4,0-28,5 x 2,2-10 cm),

podendo ser confundida com P. parvifolium, pelos folíolos elípticos a oblanceolados,

subglabros, e pelas dimensões do cálice, mas diferindo pelo cálice externamente glabro,

exceto por microtricomas peltados (vs. com tricomas ramificados curtos, rígidos), pétalas

glabras internamente no terço basal (vs. pubescentes), tubo estaminal glabro, fruto 5-alado

e sementes subreniformes, pintalgadas (vs. reniformes, maculadas).

Pseudobombax grandiflorum var. grandiflorum assemelha-se também a P.

longiflorum pelo cálice e tubo estaminal glabro, pétalas glabras internamente no terço

basal, androceu sem falanges, mas difere pelo peciólulo até 12 mm compr. (vs. 16-50 mm

compr.), folíolos elípticos a oblanceolados (vs. ovais a obovais), até 3,8x mais longo que

largos (vs. 1,2 a 2,1x), nervuras intersecundárias geralmente presentes (vs. ausentes),

ovário 5-angulado (vs. oblongóide), até 6 mm compr. (vs. 10 mm compr.), sementes

pintalgadas (vs. maculadas) e, principalmente, pelos folíolos com base atenuada, nunca

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cordada ou truncada, pétalas dilatadas no terço basal (vs. não dilatadas) e pelos frutos 5-

alados.

Pseudobombax grandiflorum var. majus A. Robyns, Bull. Jard. Bot. État 33 (1): 56. 1963.

Tipo: Y. Mexia 4711 (Holótipo: F; isótipos: A, BM, G, GH, MO, NY!, P, S, U, US).

Pedicelo 85 x 5-10 mm, cálice 30-40 x 30 mm, cupuliforme a subtubuliforme,

internamente velutino, pétalas 225 x 8-27 mm, tubo estaminal 55 x 8 mm, filetes (parte

livre) 120-150 mm compr.

Distribuição geográfica e habitat: Segundo Robyns (1963), P. grandiflorum var.

majus ocorre nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, em remanescentes de

floresta tropical. De acordo com os dados de herbário, ocorre também no vale do Rio

Doce, município de Linhares, Espírito Santo. Na Bahia, é conhecida apenas do município

de Itabuna na Mata Atlântica Sul-Baiana (Fig. 8).

Fenologia: Floresce em setembro, não sendo conhecida a época de frutificação.

Material examinado: Bahia: Itabuna, Jussari, 18/VII/1967 (f. fl.), R.S. Pinheiro 117

(CEPEC, UB).

Material adicional: Espírito Santo: Linhares, vale do Rio Doce, 17/VII/1970 (fl.),

T.S. Santos 960 (CEPEC). Estado? Serra do Mar, 14/VII/1914 (f., fl.), P. Dusén 767a

(MO).

Pseudobombax grandiflorum var. majus caracteriza-se por apresentar flores muito

grandes, com cálice e pétalas muito mais longos do que nas outras espécies de

Pseudobombax da Bahia. Difere da variedade típica pelas flores com cerca de 20 cm

compr. (vs. 10-12 cm compr.), pelo que se aproxima de P. longiflorum, com a qual

compartilha também o tubo estaminal de ca. 5 cm compr. e filetes (parte livre) com 12 a 15

cm compr. (4-18 cm em P. longiflorum). No entanto, diferencia-se dessa última pelos

folíolos com a base atenuada, nunca truncada ou cordada, peciólulos com até 12 cm compr.

e cálice maior (3-4 cm vs. 1,3-2,5 cm compr.). Além disso, na Bahia, apresenta

distribuição geográfica restrita à Mata Atlântica Sul-Baiana, entre 38º e 40º W, enquanto P.

longiflorum ocorre na Chapada Diamantina e na região oeste da Bahia, em cerrado, entre

42º e 46º W.

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Figura 7. Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns var. grandiflorum. A. Folhas. B. Folíolo. C. Inflorescência. D. Pétala. E. Androceu. F. Ovário. G. Fruto. (A.M. Carvalho & G.P. Lewis 1124, Grupo Pedra do Cavalo 998, L.P. de Queiroz et al. 9711).

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Figura 8. Distribuição geográfica de Pseudobombax grandiflorum var. grandiflorum, P. grandiflorum var. majus e P. longiflorum no Estado da Bahia.

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3.3.8. Pseudobombax longiflorum (Mart. & Zucc.) A. Robyns, Bull. Jard. Bot. État 33 (1): 57. 1963.

Carolinea longiflora Mart. & Zucc., Nov. Gen. Sp. Pl. 1: 86. 1826. Holótipo:

Martius obs. 1530 (M).

Fig. 9

Árvore até 12 m alt., tronco estriado longitudinalmente quando jovem, estrias verdes,

ausentes na maturidade, copada, copa esférica; braquiblastos ausentes; ramos e folhas

subglabros exceto por microtricomas peltados, muito esparsos, às vezes com cerosidade

glauca. Estípulas ca. 2 mm compr., triangulares. Folhas (5-)7-9-folioladas, geralmente

pulvinadas, agrupadas no ápice dos ramos; pecíolo (95-)125-255 x 2-3 mm, cilíndrico,

sulcado longitudinalmente, glanduloso, glândulas 2, próximas à base, base achatada

dorsiventralmente, espessada até 6 mm larg., cerosidade glauca na base, ápice dilatado, 5-

15 mm diâm.; peciólulo 16-50 mm compr.; folíolos cartáceos, 7-21,5 x 4,3-10,5 cm, 1,2 a

2,1x mais longo do que largo, oboval, oval, largamente elíptico a oblongo-elíptico, ápice

agudo a obtuso, ligeiramente retuso, base truncada a cordada, curtamente decurrente,

margem revoluta, nervura principal saliente na face abaxial, nervuras secundárias 9-15

pares, impressas a ligeiramente salientes na face abaxial, nervuras intersecundárias

ausentes, nervuras terciárias simples, ramificadas ou retroflexas; folíolo distal 16-18 x 9,5-

10,5 cm, 1,5 a 1,9x mais longo que largo, largamente oblongo a ligeiramente oboval, ápice

arredondado a curtamente mucronado; folíolos progressivamente menores para a base.

Flores subterminais a terminais, solitárias ou geminadas, 11-22 cm compr.; pedúnculo,

quando presente, até 30 x 3-5 mm, glabro; pedicelo 15-50 x 3-4 mm, glabro; bractéolas 3,

geralmente no 1/3 distal, 2-3 mm compr., glabrescentes, triangulares, margem denticulada;

receptáculo 3-5 mm compr., glabro, glândulas 8-18, em 1 verticilo; cálice 13-25 x 17-25

mm, campanulado a cupuliforme, truncado a ligeiramente ondulado, externamente glabro,

internamente seríceo principalmente na porção distal; pétalas 130-210 x 15-20 mm, linear-

lanceoladas, agudas, externamente marrons a nigrescentes quando secas, tomentosas

próximo à base, internamente pubescentes no terço superior, tricomas simples, longos, em

uma metade longitudinal, esparsamente flocosa, tricomas ramificados, delgados, na outra

metade, glabras no terço basal; estames ca. 360, unidos em tubo 35-60 x 4-5 mm, 7-15x

mais longo que largo, glabro, falanges ausentes, filetes (parte livre) 40-180 mm compr.,

anteras ca. 2 mm compr.; ovário 10 x 3 mm, cônico-oblongóide, não angulado, glabro;

estilete 110-190 mm compr., glabro. Cápsula 19-30 x 3 cm, oblongóide, não angulada,

ápice agudo; valvas lenhosas, 7-15 mm larg., glabras; paina creme-amarronzada. Semente

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ca. 6 mm compr., subreniforme, cinza, maculada, máculas marrons; hilo não saliente,

preto.

Distribuição geográfica e habitat: América do Sul, no Paraguai, Bolívia e Brasil,

onde ocorre nos Estados de Tocantins, Piauí, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas

Gerais e São Paulo. Na Bahia, ocorre na região da Chapada Diamantina e na região oeste

do Estado, entre 42º e 46º W, em cerrado (Fig. 8).

Fenologia: Floresce em março e de junho a agosto e frutifica de setembro a outubro.

Material examinado: BRASIL. Bahia: Barreiras, estrada para Brasília, BR 242,

entrada no km 70 a partir da sede do município, ca. 23 km em direção a Cooperativa de

Cotia, Cachoeira do Acaba Vida no Rio de Janeiro, 12/VI/1992 (f., fl.), A.M. Amorim et al.

572 (CEPEC, HUEFS, MBM, NY); Cachoeira do Acaba Vida, 6/IV/2005 (f.), J.G. de

Carvalho-Sobrinho et al. 393 (HUEFS). Caetité, 29/VIII/1999 (fl.), D.S. Carneiro-Torres

103 (HUEFS); estrada de areia em entrada à direita na BA para Maniaçu, a ca. 15 km N de

Caetité, 13º56`21”S 42º27`36”W, 12/IV/2005 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 490

(HUEFS). Cocos, estrada para Riacho do Meio, entrada à direita na ponte indo para

Cajueiro, ca. 20 km SW de Cocos, 14º17`20”S 44º43’46”W, 9/IV/2005 (f.), J.G. de

Carvalho-Sobrinho et al. 480 (HUEFS); estrada para Cajueiro, depois de Tamanduá,

14º17’10”S 44º43`52”W, 14/IX/2005 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho 576 & L.P. de

Queiroz (HUEFS). Riachão das Neves, 26/X/1912 (f., fr.), Zehntner 473 (R). Rio de

Contas, estrada para o Pico das Almas, próximo da Fazenda Brumadinho, 18/III/1998 (fl.),

G. Hatschbach 67902 (MBM); quintal de Elvira, 13º22’S 41º53”W, 16/VIII/1999 (fl.),

F.H.F. Nascimento 240 (HUEFS, SP). São Desidério, ca. 10 km de Inhaúmas para Santa

Maria da Vitória, 13º13`47”S 44º33`9”W, 15/IX/2005 (f., fl., fr.), J.G. de Carvalho-

Sobrinho 577 & L.P. de Queiroz (HUEFS). Município? Na direção de Ibotirama, IX/1974

(fl.), D. Andrade-Lima 74-7863 (IPA).

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56

Material adicional: BRASIL. Amazonas: Humaitá, campo I, 500m ao norte da BR

230, km 2, 7º31`S 63º10`W, 6/III/1980 (f.), A. Janssen 256 (RB). Minas Gerais: Ituiutaba,

cerrados do campo de aviação, 3/IX/1944 (f., fl.), Amaro Macedo 451 (SP); município?,

VII-VII/ano? (fl.), Martius 258? (F, M, NY, fototipo!). Piauí: São Raimundo Nonato, toca

da entrada do Pajeú, 5/I/1985 (f.), Laure Emperaire 2676 ? (RB).

Pseudobombax longiflorum caracteriza-se pelas folhas geralmente pulvinadas,

pecíolos longos (12,5-25,5 cm compr.), folíolos subglabros, com base truncada a cordada,

ápice do pecíolo bem dilatado (5-15 mm diâm.), peciólulos longos (16-50 mm compr.),

cálice externamente glabro, pétalas agudas, glabras internamente no terço basal, fruto

oblongo, estreito (ca. 3 cm larg.) e sementes maculadas. Em alguns materiais coletados em

Minas Gerais, P. longiflorum apresentava ramos suberosos semelhantes a P. tomentosum.

Apresenta flores morfologicamente muito semelhantes a P. grandiflorum var.

grandiflorum, com a qual compartilha o cálice e tubo estaminal glabro, pétalas glabras

internamente no terço basal e androceu sem falanges. No entanto, essas duas espécies

podem ser diferenciadas pelos caracteres listados na tabela 3.

Tabela 3. Caracteres morfológicos diferenciais entre P. longiflorum e P. grandiflorum var. grandiflorum.

Caracteres morfológicos

Espécies Base dos

folíolos

Nervuras

intersecundárias

Compr.

do

peciólulo

(mm)

Compr.

do

ovário

(mm)

Cor das

sementes

Compr.

do tubo

estaminal

(mm)

Compr.

do

fruto

(cm)

Forma do

fruto

P. longiflorum cordada a

truncada ausentes 16-50 até 10 maculadas 35-60 19-30

Não

angulado

P. grandiflorum

var.

grandiflorum

atenuada a

cuneada presentes até 12 5-6 pintalgadas 12-16 6-14 5-alados

De P. grandiflorum var. majus distingue-se também pelos folíolos com a base

atenuada, nunca truncada ou cordada. e pelo cálice maior (3-4 cm vs. 1,3-2,5 cm compr.).

Além disso, na Bahia, P. longiflorum ocorre na Chapada Diamantina e na região

oeste da Bahia, em cerrado, entre 42º e 46º W, enquanto P. grandiflorum apresenta

distribuição geográfica restrita à Mata Atlântica Sul-Baiana, entre 38º e 40º W. A

ocorrência também em vegetação de campo rupestre na Chapada Diamantina (G.

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57

Hatschbach 67902) não foi verificada. Através do presente levantamento, constatou-se a

ocorrência da espécie apenas em vegetação de cerrado.

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58

Figura 9. Pseudobombax longiflorum (Mart. & Zucc.) A. Robyns. A. Folha. B. Folíolo. C. Inflorescência. D. Androceu. E. Ovário. F. Fruto. (A.M. Amorim et al. 572, F.H.F. Nascimento 240, J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 490, J.G. de Carvalho-Sobrinho 577 & L.P. de Queiroz).

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59

3.3.9. Pseudobombax marginatum (A. St.-Hil., Juss. & Cambess.) A. Robyns, Bull. Jard.

Bot. État, 33 (1): 73. 1963.

Pachira marginata St-Hil., Juss. & Camb., Fl. Bras. Mer., 1: 260, tab. 51. 1827. Holótipo: Saint-Hilaire 372 (P). Fig. 10 Árvore até 20 m alt., tronco estriado longitudinalmente, estrias verdes, copada, copa ampla,

fechada; braquiblastos ausentes. Estípulas não vistas. Folhas (5-)7-9-folioladas, pulvinadas

ou não, agrupadas no ápice dos ramos; pecíolo 70-250 x 1-4 mm, subcilíndrico a achatado

dorsiventralmente, pubescente a glabrescente, base achatada, espessada ou não, até 7 mm

diâm., às vezes com cerosidade glauca, ápice dilatado 5-11 mm diâm.; peciólulo até 5 mm

compr., ou ausente; folíolos cartáceos, 7,1-20 x 3,2-11 cm, 1,7 a 2,5x mais longo que largo,

largamente obovais, obovais, largamente elípticos a oblongo-elípticos, ápice agudo a

arredondado, emarginado a mucronado, mucron até 12 mm compr., base cuneada a

atenuada, curtamente decurrente ou não, margem inteira a revoluta, face adaxial glabra,

geralmente com microtricomas peltados, esparsos, face abaxial pubescente, tricomas

ramificados principalmente sobre as nervuras, nervura principal saliente na face abaxial,

nervuras secundárias 10-22 pares, salientes na face abaxial, impressas na face adaxial,

nervuras intersecundárias ausentes, nervuras terciárias simples, ramificadas ou retroflexas.

Flores terminais, solitárias, ca. 10-12 cm compr., botões oblongos a obovais; pedicelo 20-

57 x 3-5 mm, pubescente, ereto ou encurvado, às vezes achatado dorsiventralmente;

bractéolas 3, recurvas, ca. 3 mm, pubérulas, na metade proximal, receptáculo ca. 4 mm,

flocoso, glândulas 8-13, em um verticilo; cálice 12-26 x 19-25 mm, campanulado a

cupuliforme, truncado, às vezes inconspicuamente 5-apiculado, externamente flocoso, com

tricomas ramificados delgados, internamente seríceo distalmente, longamente seríceo na

base; pétalas 100-155 x 12-20 mm, oblongo-oblanceoladas, ápice arredondado ou

apiculado, externamente marrons quando secas, vilosas próximo à base, internamente

seríceas a vilosas, fileiras longitudinais de tricomas simples, mais longos, em uma metade,

pubescente, com tricomas mais curtos na outra metade; estames ca. 500, unidos em tubo

10-20 x 6-10 mm, às vezes mais largo na base, ca. 2,8x mais longo que largo, pubescente a

viloso pelo menos na metade basal, falanges 5, 5-15 x 4-3 mm, depois se bifurcando em

10, filetes (parte livre) 60-80 mm compr., anteras ca. 2 mm compr.; ovário ca. 8-15 x 5-7,

1,8 a 2,5x mais longo que largo, oblongóide, ligeiramente alargado próximo ao ápice,

apiculado, 5-angulado, seríceo a viloso; estilete 90-100 mm compr., glabro; estigma não

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visto. Cápsula 11-21 x 6-8 cm, obovóide, raro ovóide, geralmente apiculada, tomentosa;

paina alvo-amarronzada. Semente 6-7 x 4-6 mm, piriforme, glabra, marrom-clara, não

maculada; hilo não saliente, ligeiramente mais claro.

Distribuição geográfica e habitat: América do Sul, no Paraguai, Bolívia e Brasil,

onde ocorre nos Estados de Rondônia, Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão,

Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Na Bahia, está

restrita à região oeste do Rio São Francisco, desde o município de Campo Alegre de

Lourdes, no extremo noroeste do Estado, até São Félix do Coribe, no este do Estado, em

cerrado, caatinga e matas semi-decíduas sobre afloramentos calcários (Fig. 11).

Fenologia: Floresce de junho a agosto e frutifica em setembro.

Material examinado: Bahia. Barra, 15/VI/1994 (fl.), L.P. de Queiroz 3928 (HUEFS,

NY). Campo Alegre de Lourdes, Morro do Tuiuiu, 9º29`1”S 43º52`21”W, 25/XI/2003 (f.

juv.), L.P. de Queiroz et al. 7958 (HUEFS); mata do Tuiuiu, 9º29’S 43º5’W, 16/IV/2004

(f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 210 (HUEFS); estrada de Tuiuiú e Pitomba, ca. 15

km de Campo Alegre de Lourdes, 9º29’S 43º11’W, 17/IV/2004 (f.), J.G. de Carvalho-

Sobrinho et al. 223 (HUEFS); 17/IV/2004 (f., fr.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 244

(HUEFS). Coribe, 8/IV/2005 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 479 (HUEFS). Riachão

das Neves, estrada (BR-135) sentido Riachão das Neves-Barreiras, lado esquerdo da

estrada, 12º3’S 44º58’W, 6/IV/2005 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 464 (HUEFS).

São Desidério, BR-135, em direção à Inhaúmas, 12º22`44”S 44º57’12”W, 6/IV/2005 (f.),

J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 476 (HUEFS); estrada para São Desidério, ca. 81 km de

Inhaúmas, 12º23`7”S 44º55’37”W, 15/IX/2005 (fl., fr.), J.G. de Carvalho-Sobrinho 580 &

L.P. de Queiroz (HUEFS). São Félix do Coribe, estrada para Alagoinhas, ca. 44 km de São

Félix do Coribe, 13º45`39”S 44º0`17”W, 10/IV/2005 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al.

487 (HUEFS).

Material adicional: BRASIL. Goiás: município?, II/1840 (f., fl.), Gardner 3597

(RB, fototipo!). Mato Grosso: Cuiabá, 15-20/II/1899 (f., fl.), Pilger 194 (NY, fototipo de

Bombax pumilum Pilger!). Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Jardim Botânico do Rio de

Janeiro, cultivado, 9/II/1942 (fl.), J.G. Kuhlmann 6183 (RB). Rio Grande do Norte: Serra

Negra do Norte, Estação Ecológica do Seridó, caminho para a área Experimento de manejo

da caatinga, 27/IV/1999 (f.), R.G.V. Camacho 32 (SP, SPF). PARAGUAI. Hassler 6031

(NY, fototipo de Bombax marginatum ssp. meridionale Hassler f. rupestre).

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Pseudobombax marginatum é caracterizada pelas folhas (5-)7-9-folioladas, folíolos

obovados, pubescentes e com nervuras secundárias salientes na face abaxial, pedicelos 2,0-

5,7 cm compr., tubo estaminal pubescente a viloso, presença de falanges no androceu,

ovário seríceo a viloso e frutos tomentosos.

Vegetativamente, P. marginatum assemelha-se a P. minimum pelas folhas

freqüentemente 7-folioladas, pecíolo até 25 cm compr., folíolos sésseis a subsésseis,

obovais, pubescentes na face abaxial, mas difere pelos folíolos cartáceos (vs. papiráceos) e

subglabros na face adaxial. Quando em flor, pode ser facilmente distinguida dessa espécie

pelas flores maiores (10-12 cm vs. 5-6 cm compr.) e pela presença de tricomas no cálice,

tubo estaminal e ovário, que são glabros em P. minimum. Aproxima-se ainda de P.

parvifolium pelo número de folíolos e fruto ligeiramente oblongóide e apiculado, mas

difere pelo ovário indumentado (vs. subglabro exceto por microtricomas), alargado no

ápice (vs. ovário com ápice agudo), indumento do fruto (tomentoso vs. glabro) e pelas

sementes piriformes (vs. reniformes).

As flores de P. marginatum apresentam caracteres morfológicos muito semelhantes

aos de P. tomentosum, espécie muito próxima da qual pode ser distinguida pelos pedicelos

maiores (20-57 mm vs. 25-35 mm compr.) e receptáculo com 8-13 glândulas (vs. 14-20).

Outros caracteres que a distinguem de P. tomentosum são maior porte, copa ampla e

esférica, estrias longitudinais verdes conspícuas (vs. estrias geralmente ausentes), pecíolo

pubescente a glabrescente, folíolos apenas pubescentes na face adaxial, paina

esbranquiçada, sementes piriformes (vs. subglobosas), ligeiramente maiores, marrons e não

maculadas.

Essa espécie tem uma história taxonômica complexa. Hassler (1910 apud Robyns,

1963) reconheceu as subespécies genuinum (com duas variedades) e meridionale (esta com

três variedades e cinco formas), em Bombax marginatum, baseado, principalmente, em

material do Paraguai. Robyns (1963) não reconheceu esses táxons infraespecíficos e

considerou a variedade típica da subespécie genuinum como sinônimo de P. marginatum, e

a subespécie meridionale (com as três variedades) como sinônimo de Pseudobombax

argentinum (A. Robyns) R.E. Fries. Apenas após uma revisão geral do gênero, é possível

avaliar a pertinência de reconhecer táxons infraespecífico de P. marginatum de modo que,

no presente trabalho, optou-se por tratá-la apenas ao nível de espécie.

Um material coletado em São Desidério (J.G. de Carvalho-Sobrinho & L.P. de

Queiroz 579), em uma floresta semi-decidual com afloramentos calcários, apresenta frutos

com morfologia semelhante à de P. marginatum, mas com sementes inconspicuamente

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maculadas, semelhantes às sementes maculadas de P. tomentosum. Foram coletadas

também, flores passadas, caídas no chão, através das quais não foi possível distinguir a que

táxon o material pertence. A coleta foi realizada na mesma localidade onde foi coletado um

exemplar de P. marginatum com frutos e sementes característicos desta espécie. Embora o

hábito da planta assemelhe-se mais a P. marginatum ainda restam dúvidas sobre a

determinação deste exemplar.

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Figura 10. Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil., Juss. & Cambess.) A. Robyns. A. Ramo com folhas, botão e fruto passado, com cálice e replo persistentes. B. Inflorescência. C. Base do androceu. D. Antera. E. Ovário. F. Fruto. (J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 244, J.G. de Carvalho-Sobrinho 580 & L.P. de Queiroz, L.P. de Queiroz 3928).

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Figura 11. Distribuição geográfica de Pseudobombax marginatum, P. minimum e P. tomentosum no Estado da Bahia.

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3.3.10. Pseudobombax minimum [nome provisório]2

Fig. 12 Árvore ca. 4 m alt., tronco estriado longitudinalmente, estrias verdes; braquiblastos

ausentes; ramos glabros, folhas com tricomas ramificados ferrugíneos, principalmente

sobre as nervuras, microtricomas peltados, muito esparsos. Estípulas não vistas. Folhas 6-

7-folioladas, pulvinadas, agrupadas nas extremidades dos ramos, pecíolo (115-)270-340

mm compr., pubescente, achatado dorsiventralmente, sulcado longitudinalmente, ápice

dilatado, ca. 10 mm diâm.; folíolos sésseis a subsésseis, papiráceos, (9,5-)15-29 x (4-)6,5-

12,5 cm, largamente obovais a oblanceolados, 2-2,5x mais longos do que largos, ápice

obtuso a arredondado mucronado, mucron 4-7 mm, base cuneada, margem ligeiramente

revoluta, nervura principal saliente na face abaxial, nervuras secundárias 14-22 pares,

salientes na face abaxial, ligeiramente impressas na face adaxial, nervuras intersecundárias

ausentes, nervuras terciárias simples, ramificadas ou retroflexas. Flores solitárias ou em

cimas 2-floras, terminais ou subterminais, ca. 6 cm compr.; pedúnculo, quando presente,

até 10 mm compr.; botões ovais, oblongos a levemente obovais, até 5 x 1-1,3 cm; pedicelo

9-12(-20 em fruto) x 2-3 mm, glabro; bractéolas 3, ao longo do pedicelo, 2 x 2,5 mm,

triangulares; receptáculo 2-3 mm, glabro, glândulas 6-12, em 1 verticilo; cálice 3-5 x 8-12

mm, campanulado a cupuliforme, truncado, às vezes inconspicuamente apiculado,

externamente glabro, internamente seríceo nos 2/3 distais, glabro no 1/3 proximal; pétalas

50-55 x 7-10 mm, linear-lanceoladas, externamente marrons, internamente pubescente,

fileiras longitudinais de tricomas simples em uma metade, tricomas ramificados, delgados,

na outra metade; estames ca. 220, tubo estaminal 5-10 x 2-4 mm, 1,5-5x mais longo que

largo, glabro, falanges 5, 3-5 mm compr., bifurcadas em 10, filetes (parte livre) 35-45 mm

compr.; anteras 2-3 mm; ovário oval-oblongo, 4 x 2 mm, não angulado, subglabro, com

microtricomas peltados; estilete 50-70 mm compr., glabro. Cápsula 3,5-5,5 x 2-3 cm,

oblongóide a ligeiramente obovóide, não angulada, valvas sublenhosas a lenhosas, glabras,

9-15 mm larg., ca. 1 mm espess.; paina abundante, dourada, brilhante. Semente ca. 5 mm

diâm., subglobosa, negra, não maculada, sulcada; hilo saliente.

Distribuição geográfica e habitat: Brasil, região leste de Goiás e oeste da Bahia,

onde ocorre nos municípios de Riachão das Neves e São Desidério em matas semi-

decíduas (Fig. 11). Esta espécie apresenta distribuição restrita aos cerrados e matas semi-

decíduas, a ca. 600 m de altitude, entre 11º e 16º de latitude e 44º e 47º de longitude.

2 Espécie nova em processo de publicação.

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Fenologia: Floresce nos meses de maio a agosto e frutifica em julho.

Material examinado: Bahia: Riachão das Neves, estrada Riachão das Neves-

Barreiras, estrada para o aterro sanitário, 11°46'S, 44°54'W, 3/VI/1999, (fl.), E. Melo et al.

2763 (HUEFS); estrada para o aterro sanitário, 11º46’48.8”S, 44º54’39.2”W, 6/IV/2005

(f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 413 (HUEFS); Município? rodovia Brasília-

Fortaleza, entre o Rio Corrente e Sta. Maria, 4/VII/1964 (fl.), J.M. Pires 58152 (NY).

Material adicional: Goiás: Flores de Goiás, beira da estrada, 3/VI/1984 (fl., botões),

A. Negrett s/nº (IBGE, R); Natividade, 23/VII/1955 (fl.), A. Macêdo s/nº (Herbário A.

Macêdo, RB); Nova Roma, estrada Nova Roma – Teresina de Goiás, vilarejo Aboboreira,

13º33´S, 47º04´W (fl., fr.), 31/VII/2000, R.C. Forzza et al. 1591 (SP, SPF, HUEFS);

Teresina de Goiás, próximo ao entroncamento da estrada Teresina de Goiás/Campos Belos

com estrada para Nova Roma, 13º30’S, 47º30’W, 3/VII/1996 (fl.). B.A.S. Pereira 3114&

D. Alvarenga (IBGE, R, RB); Município? Rio Praim (afluente do Rio Paraná), 16º40´S,

47ºW, 16/VIII/1982 (fl.), J.A. Ratter 4736 (UEC).

Pseudobombax minimum era registrada para a Bahia por apenas uma coleta feita por

João Murça Pires, com localidade imprecisa (“Bahia: rodovia Brasília-Fortaleza”),

provavelmente proveniente do município de São Desidério. Mais recentemente, foi

amostrada em Riachão das Neves, tendo sido recoletada durante esse levantamento. Nesse

último município, encontra-se ameaçada devido à forte pressão antrópica causada pelo

estabelecimento de “lixões” na sua área de ocorrência.

Pseudobombax minimum pode ser reconhecida pelas folhas 6-7-folioladas, pecíolo

longo (11,5-34 cm compr.), pubescente, folíolos papiráceos, largamente obovais, com base

cuneada, pubescentes em ambas as faces, nervuras secundárias salientes na face abaxial,

folíolo distal 15-29 cm compr., presença de falanges no androceu, tubo estaminal glabro e,

principalmente, pelas flores e frutos bastante reduzidos. Considerando o tamanho bastante

reduzido das flores e frutos dessa espécie, os menores já observados no gênero, optou-se

pelo epíteto “minimum”, contrastando com Pseudobombax maximum A. Robyns que

apresenta flores com até 24 cm compr. Esses caracteres permitem reconhecê-la, com

segurança, como uma nova espécie de Pseudobombax inclusive ampliando a variação

morfológica descrita para o gênero.

Pseudobombax minimum apresenta folíolos em número e forma semelhantes a P.

marginatum e P. tomentosum, das quais se diferencia pelos folíolos papiráceos, pelo

tamanho reduzido do cálice (3-5 mm compr.), presença de apenas 6 a 12 glândulas no

receptáculo, de pétalas com até 55 mm compr., tubo estaminal glabro, estames com até 45

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mm compr. e frutos glabros com até 55 mm compr.

Assemelha-se ainda, a Pseudobombax croizatii A. Robyns pelo número de estames

(180-250), presença de falanges no androceu e pelo pedicelo, receptáculo e face externa do

cálice glabra, diferindo pelo menor comprimento do cálice (3-5 mm vs. 6-7 mm compr.),

tubo estaminal glabro (vs. indumentado) e cápsula oblongóide a obovóide (vs. fusiforme),

com até 5,5 cm compr. (vs. 7-8 cm).

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Figura 12. Pseudobombax minimum sp. nov. inéd. A. Folha. B. Inflorescência. C. Flor. D. Base do androceu. E. Ovário. F. Fruto. (J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 413, R.C. Forzza et al. 1591).

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3.3.11. Pseudobombax parvifolium [nome provisório]3

Fig. 13 Árvore 5-8 m alt.; tronco estriado longitudinalmente, estrias verdes; braquiblastos

ausentes; ramos e folhas glabrescentes, com tricomas ramificados sobre as nervuras,

microtricomas peltados, muito esparsos. Estípulas não vistas. Folhas (3-)5-7-folioladas,

agrupadas no ápice dos ramos; pecíolo 20-110 x 1 mm, delgado, sulcado

longitudinalmente, pubérulo a glabrescente, com tricomas ramificados esparsos, com

pequenas glândulas ao longo do seu comprimento, base ligeiramente espessada, achatada

dorsiventralmente, geralmente com cerosidade glauca, ápice dilatado, ca. 2-3 mm diâm.;

peciólulo ausente; folíolos cartáceos, 2-7,8 x 0,8-3,2 cm, 2,4-4,3x mais longos do que

largos, oval-lanceolados, subelípticos a elípticos, oblanceolados a estreitamente

oblanceolados, ápice agudo a acuminado, base cuneada a levemente atenuada, margem

revoluta, às vezes inconspícua e irregularmente crenulada, nervura principal saliente na

face abaxial, nervuras secundárias 9-12 pares, impressas em ambas as faces, nervuras

intersecundárias ausentes, nervuras terciárias simples, ramificadas ou retroflexas. Flores

terminais, solitárias, ca. 10 cm compr., botões oblongo-lanceolados; pedicelo 6-24 x 2-7

mm, 2-6,6x mais longo que largo, ereto a encurvado, pubérulo ou não; bractéolas 3-5, ao

longo do pedicelo, ao longo do pedicelo; receptáculo 2-3 mm compr., glândulas ca. 10, em

1 verticilo; cálice 10-11 x 12-19 mm, cupuliforme a campanulado, truncado, às vezes

inconspicuamente 5-apiculado, externamente pubérulo, com tricomas curtos ramificados,

espessos, rígidos, às vezes com microtricomas peltados, internamente seríceo na metade

distal; pétalas 98-130 x 6-15 mm, linear-lanceoladas, ápice agudo, externamente marrons a

cremes, geralmente em listras longitudinais, quando secas, tomentosas próximo à base,

internamente pubescentes, fileiras longitudinais de tricomas simples em uma metade,

tricomas ramificados, delgados, na outra metade; estames ca. 450, tubo estaminal 7-15 x 3-

8 mm, 1,5-5x mais longo que largo, pubescente, falanges ausentes, filetes (parte livre) 80-

110 mm compr.; anteras 1-3 mm; ovário 8 x 3-6 mm, ovóide, ligeiramente 5-angulado,

subglabro exceto por microtricomas peltados; estilete ca. 135 mm, subglabro exceto por

microtricomas peltados principalmente na porção basal. Cápsula 95-135 x 28-50 mm,

oblonga a oblongo-elípitica, ligeiramente 5-angulada a 5-angulada, apiculada até 10 mm

compr., base cuneiforme, ca. 15 mm larg., valvas 20-25 mm larg.; lenhosas, glabras, replo

3 Espécie nova em processo de publicação.

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80 x 6-8 mm, oblongo; paina marrom-clara. Semente 5 x 2-3 mm, reniforme, marrom-

escura, maculada, máculas inconspícuas; hilo não saliente, ligeiramente mais escuro.

Distribuição geográfica e habitat: Endêmica do nordeste do Brasil, nos Estados de

Bahia e Sergipe (Canindé do São Francisco). Na Bahia, ocorre em Bom Jesus da Lapa e na

região nordeste do Estado, aparentemente relacionada à bacia sedimentar de Tucano em

caatinga (Fig. 14).

Fenologia: Floresce de agosto a janeiro e frutifica em novembro a fevereiro.

Material examinado: Bahia: Itiúba, 10°38’59”S 39°52’33”W, 17/VIII/2002 (fl.),

L.P. Queiroz et al. 7343 (HUEFS, SPF); 10°38’59”S 39°59’33”W, 19/IV/2004, T.S. Nunes

et al. 1131 (HUEFS); 10°38’26”S 39°52’50”W, 19/IV/2004, J.G. de Carvalho-Sobrinho et

al. 246 (HUEFS); 19/IV/2004 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 248 (HUEFS).

Tanquinho, 24/XI/1991 (fl.), I. Crepaldi & M.V. Oliveira 06 (HUEFS). Jeremoabo, Serra

Branca (Raso da Catarina), Fazenda Raposa, 10º15’S 38º21’W, 26/VI/2004 (f.), J.G. de

Carvalho-Sobrinho et al. 250 (HUEFS); a 5 km N na estrada para Fazenda Natureza

(Brejinho), 10º3’S 38º21’W, 12/VIII/2005 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 572

(HUEFS). Quijingue, ca. 31,5 km NW de Tucano, Fazenda Juazeiro Novo, 10º55`51”S

39º3`49”W, 12/XI/2005 (fl., fr.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 752 (HUEFS). Tucano,

povoado Bizamum, Serra Grande, 10º51’S 38º2’W, 21/IV/2005 (f.), D. Cardoso et al. 502

(HUEFS); ca. 25 km NW, indo para o povoado de Bizamum, 10º53`29”S 38º58`40”W,

12/XI/2005 (fl., fr.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 751 (HUEFS); subida para a Serra

das Candeias, 10º55`59”S 39º4`40”W, 13/11/2005 (fl.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al.

753 (HUEFS).

Material adicional: Sergipe: Canindé de São Francisco, Curutuba, beira da estrada,

18/X/1999 (f., fl.), R.A. Silva 1163 (HRB); Fazenda Brejo, 26/IX/2000 (f., fl.), L.M.

Cordeiro et al. 190 (HRB).

Pseudobombax parvifolium caracteriza-se pelas folhas 5-7-folioladas, raramente 3-

folioladas, ápice do pecíolo pouco dilatado (2-3 mm diâm.), folíolos glabrescentes, cálice

com tricomas ramificados, curtos, espessos e rígidos na face externa, androceu sem

falanges, ovário subglabro (exceto por microtricomas peltados), tubo estaminal pubescente

e sementes reniformes.

Os folíolos elípticos a oblanceolados, glabrescentes, geralmente em número de 5 a 7,

a ausência de falanges, as dimensões do cálice e das pétalas são caracteres da flor que

aproximam P. parvifolium de P. grandiflorum var. grandiflorum da qual difere pela

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presença de tricomas ramificados na face externa do cálice (vs. cálice glabro) e na face

abaxial dos folíolos (vs. folíolos subglabros) e, principalmente, pelo cálice glabro, pétalas

internamente pubescentes (vs. glabras no terço basal), frutos não alados (vs. 5-alados) e

sementes reniformes, maculadas (vs. subreniformes, pintalgadas). Além disso, P.

parvifolium é conhecida apenas da caatinga enquanto P. grandiflorum ocorre

preferencialmente nas restingas e matas ombrófilas litorâneas no Estado, podendo ser

encontrada também em matas semi-decíduas a até 150 km do litoral.

Dentre as espécies de Pseudobombax da caatinga, P. parvifolium assemelha-se mais a

P. calcareum com a qual compartilha as folhas 5-folioladas, folíolos sésseis a subsésseis, o

androceu sem falanges e o tubo estaminal pubescente, mas diferindo pelos frutos mais

largos (2,8-5 vs. 1,3-1,5 cm larg.) e sementes reniformes (vs. piriformes).

Foi analisada uma coleção (L.P. de Queiroz et al. 6625), proveniente de Campo

Alegre de Lourdes, na região do vale do Rio São Francisco, que apresenta semelhanças

morfológicas com P. parvifolium, pelas folhas 3-5-folioladas, folíolos obovais, cálice com

tricomas tufosos na face externa e androceu sem falanges, diferindo, no entanto, pelo tubo

estaminal totalmente glabro. Em uma excursão a este local, obteve-se material de um

exemplar estéril (J.G. de Carvalho-Sobrinho & R.M. Castro 755), com folhas 5-6-

folioladas, mas que não permitiu reconhecê-lo como P. parvifolium. Devido à escassez de

estruturas reprodutivas, sobretudo de frutos maduros e sementes, não foi possível saber se

realmente esta planta pertence a P. parvifolium.

Algumas coleções provenientes de Bom Jesus da Lapa (França 3518, Carvalho-

Sobrinho et al. 489 e J.G. de Carvalho-Sobrinho & L.P. de Queiroz 581), apresentam

caracteres morfológicos semelhantes a P. parvifolium, como androceu sem falanges e tubo

estaminal indumentado. No entanto, apresentam folíolos papiráceos, maiores do que os

encontrados em P. parvifolium e com maior número de nervuras. Devido à ausência de

frutos e sementes, essas coleções não puderam ser determinadas, necessitando a obtenção

de material adicional para se chegar a uma decisão taxonômica precisa.

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Figura 13. Pseudobombax parvifolium sp. nov. inéd. A. Ramo com folhas. B. Folíolo. C. Flor. D. Androceu. E. Ovário. F. Fruto. (J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 250, J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 752).

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Figura 14. Distribuição geográfica de Pseudobombax parvifolium no Estado da Bahia.

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3.3.12. Pseudobombax simplicifolium A. Robyns, Bull. Jard. Bot. État, 33 (1): 81. 1963.

Holótipo: Moss s.n. (RB 103602!)

Fig. 15

Árvore até 18 m alt., tronco estriado longitudinalmente, estrias verdes; braquiblastos

presentes, folhas agrupadas em braquiblastos; ramos e folhas subglabros exceto por

microtricomas peltados, muito esparsos. Estípulas ca. 2 mm compr., triangulares,

côncavas. Folhas 1-folioladas, pulvinuladas, agrupadas no ápice dos braquiblastos; pecíolo

4-15 x 1 mm, subcilíndrico a achatado, cerosidade glauca geralmente presente, glanduloso

ou não, glândulas 1 a muitas, principalmente na base, base inconspicuamente espessada,

ápice espessado, glabro; peciólulo ausente; folíolo coriáceo, (2,7-)3-8 x (1,7-)3-4 cm, 1-

1,7x mais longo do que largo, largamente elíptico, oval-elíptico, oval-lanceolado,

raramente suborbicular, ápice agudo, obtuso ou retuso, base obtusa a cordada, margem

revoluta, glabro em ambas as faces, nervura principal saliente na face abaxial, nervuras

secundárias 8-13 pares, impressas em ambas as faces, nervuras intersecundárias presentes,

nervuras terciárias percurrentes, ramificadas. Flores subterminais a terminais, solitárias, (8-

)10-12(-13,5) cm compr.; pedicelo 5-25 x 2-4 mm, geralmente estriado longitudinalmente,

glabro ou pubérulo; bractéolas 3-4, ao longo do pedicelo, 2-3 x 1-2 mm, triangulares,

margem denticulada, ligeiramente côncavas, costadas, curtamente aristadas; receptáculo

ca. 2 mm, glabro a lepidoto, glândulas 5-11, em 1 verticilo; cálice 7-13 x 10-21 mm,

campanulado, cupuliforme a tubuliforme, truncado, ocasionalmente 5-apiculado,

externamente subglabro exceto por microtricomas peltados, internamente seríceo,

principalmente nos 2/3 proximais; pétalas 75-130 x 8-11 mm, 8-23x mais longas que

largas, linear-lanceoladas, ápice agudo, externamente marrons quando secas, tricomas

simples, longos, em uma faixa longitudinal, marginal de ca. 2 mm, tomentoso-seríceas

próximo à base, internamente seríceas, tricomas ramificados, delgados, em uma faixa

longitudinal, marginal de ca. 2 mm; estames ca. 200, tubo estaminal 9-13 x 2-5 mm, 1.8-5x

mais longo que largo, glabro, ligeiramente espessado na base, falanges ausentes, filetes

(parte livre) 40-115 mm compr., anteras 2-3 mm; ovário 7 x 2-3 mm, estreitamente

oblongo, não angulado, ápice agudo, glabro; estilete 80-140 mm compr., glabro. Cápsula

7,5-17 x 1,5-2,5 cm, 3-7x mais longa que larga, oblonga, estreitamente oblongóide,

obovóide-oblongóide a obovóide, não angulada, cuspidada por até 15 mm compr., valvas

sublenhosas, 8-13 mm larg., ca. 5 mm espess., glabras; paina abundante, creme-

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amarronzada. Semente ca. 5 mm diâm., piriforme a subglobosa, marrom-clara, não

maculada; hilo não saliente, ligeiramente mais claro.

Distribuição geográfica e habitat: Endêmica da Depressão Sertaneja Meridional,

nos Estados de Pernambuco (em sua região oeste), Piauí (em sua região sul) e Bahia. Na

Bahia, é uma espécie relativamente comum e uma das mais coletadas, distribuindo-se

amplamente desde o limite norte do estado até a região ao sul da Chapada Diamantina,

formando populações numerosas ao norte de Senhor do Bonfim, Morro do Chapéu, Casa

Nova e Remanso. Ocorre em caatinga com solos arenosos, muitas vezes pedregosos, e

areno-argilosos compactos (Fig. 5).

Fenologia: Floresce nos meses maio a setembro e frutifica entre agosto a novembro.

Material examinado: Bahia: Barra, Fazenda Formosa, 26/VII/1973 (fl.), M.T.

Monteiro 23701 (Hst). Brumado, Livramento do Brumado, 18/VI/2002, L.P. de Queiroz

7146 (HUEFS). Casa Nova, 09º31’S 41º23’W, 8/IX/1981 (fl.), J.D.C. Arouck Ferreira 113

(HRB); Fazenda Roça da Palma, Mulungu, 9º16`S 41º10’W, 7/VIII/1984 (fl., fr.), H.P.

Bautista 969 & R.P. Orlandi (CEPEC, HRB); Caraiba dos Bragas, 10/VIII/1988 (fl., fr.),

E. Oliveira 164 (HRB); estrada Casa Nova-Remanso, Br 235, 44 km SW de Casa Nova,

entrada pelo Sul a ca. 14 km, localidade Alagoado, 41º2`S 9º5’W, 17/X/1990 (fl.), A.

Freira-Fierro et al. 1971 (HUEFS, SPF); 25 km da divisa entre Bahia e Pernambuco, 22

km antes da cidade de Casa Nova, na estrada BA 235 para Remanso, 9º11’S 40º53’W,

27/IV/2001 (f.), R.M. Harley et al. 54324 (HUEFS); na estrada para Remanso, 9°16’S

41°22’W, 29/VIII/2002, L.P. de Queiroz 7361 (HUEFS, MBM); 8/II/2004, L.P. de

Queiroz 9080 (HUEFS); ca. 45 km de Casa Nova na estrada para Remanso, 9º16’S

41º22’W, 18/IV/2004 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 245 (HUEFS); estrada Casa

Nova-Remanso, ca. 15 km depois de Casa Nova, 9º14’S 41º20’W, 9/X/2004 (fl.), L.P. de

Queiroz et al. 9594 (HUEFS). Curaçá, Fazenda Angical, 9º48’S 40º3’W, 19/VIII/1983 (f.,

fl., fr.), S.B. da Silva 303 & G.C.P. Pinto (CEPEC, HRB). Iaçú, rodovia Milagres-Iaçú, km

5-10, 26/VI/2003 (fl.), G. Hatschbach et al. 76020 (MBM). Irecê, ca. 9 km W do

entroncamento para Irecê, na BA-052 (estrada do feijão), 18/VI/1994 (fl.), L.P. de Queiroz

3997 & N.S. Nascimento (HUEFS); Xique-Xique, Empreendimento “Brasil 2000” do

Empreendedor – TOC Agrícola SA, 10º40’S 42º41’W, 17/VI/2000 (fl.), M.L. Guedes et al.

7255 (ALCB, CEPEC). Jaguarari, Flamengo, Serra das Umburanas, 10º6`21”S

40º13’’43”S, 30/VII/2005 (fl.), T.S. Nunes et al. 1258 (HUEFS); Matas da Fazenda

Flamengo, 15/V/1973 (f., fl.), D.P. Lima 13146 (Hst). Juazeiro, Carnaíba, ao sul de

Juazeiro, 14/XI/1958 (f., fl., fr.), W. Moss s/nº (RB, holótipo!); km 15, estrada Sento Sé,

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8/XII/1971 (f., fl., fr.), D. Andrade-Lima et al. 1210 (IPA). Jussiape, estrada Jussiape-

Abaíra, 13º22’35”S 41º36’49”W, 5/VII/2003 (fl.), F. França et al. 4796 (HUEFS).

Livramento de Nossa Senhora, 13º59’S 41º45`W, 26/VI/1978 (f., fl.), A.P. de Araújo 40

(HRB, RB). Morro do Chapéu, ca. 2 km da Gruta de Brejões, na estrada para Morro do

Chapéu, 11º0’S 41º24’W, 10/V/2003 (f., fl.), L.P. de Queiroz et al. 7750 (HUEFS). Novo

Remanso, 9º17’S 41º32`W, 22/VI/1983 (f. fl.), L. Coradin et al. 5943 (CEN, HUEFS).

Paramirim, 29/VIII/1999 (fr.), 37 km de Maniaçu na estrada para Paramirim, 13º34’S

42º16’W, D.S. Carneiro-Torres et al. 116 (HUEFS, UEC). Pilão Arcado, entrada para

Goiabeira do Brejo de Zacarias, 10º0’S 42º35`W, 6/IX/2005 (fl. fr.), L.P. de Queiroz et al.

10863 (HUEFS). Remanso, 16/VI/2001, T.S. Nunes 462 (ALCB, HUEFS); estrada

Remanso-Casa Nova, estrada para Serra do Mantasaia em Culumim, 9º29’S 41º54’W,

3/VII/2000 (fl.), M.M. da Silva et al. 416 (HUEFS); 3/VII/2003, L.P. de Queiroz 7872

(HUEFS); 43 km da estrada de chão para Campo Alegre de Lourdes, 9º36’S 42º30’W,

4/X/2003 (fl.), K.R.B. Leite 382 (HUEFS); 1/IX/2002 (fl., fr.), ca. 10 km E de Remanso na

estrada para Casa Nova, 9º33’S 42º2’W, L.P. de Queiroz et al. 7395 (HUEFS). Riachão do

Jacuípe, Serrote Branco, 9º42`S 40º23’W, 26/III/2000 (f., fl.), M.R. Fonseca et al. 1317

(ALCB). Rio de Contas, Boa Sentença, no caminho para Jataí, 13º51’S 41º32’W,

21/IV/2003 (f., fl.), A.M. Giulietti et al. 2432 (HUEFS). Senhor do Bonfim, 13-25/V/1974

(f., fl.), D. Andrade-Lima 74-7605 & J. Cândido (IPA). Sobradinho, 14/V/1999 (fl.), F.

França et al. 2920 (CEN, HUEFS, SPF). Uauá, ca. 51 km N de Monte Santo na estrada

para Uauá, 25/VIII/1996 (fl.), L.P. de Queiroz & N.S. Nascimento 4628 (HUEFS).

Pseudobombax simplicifolium é facilmente diagnosticada pelas folhas unifolioladas

agrupadas no ápice de braquiblastos, o que permite distingui-la das outras espécies da

Bahia, mesmo quando folhas, flores e/ou frutos estão ausentes. Além disso, caracteriza-se

pelos folíolos glabros, flores com cálice externamente glabro, androceu sem falanges, tubo

estaminal 9-13 mm compr., glabro e cápsulas oblongas, apiculadas. No entanto, em alguns

materiais (L.P. Queiroz & N.S. Nascimento 4628; L.P. Queiroz & N.S. Nascimento3997)

os braquiblastos são muito reduzidos e inconspícuos.

Pseudobombax simplicifolium aproxima-se de P. campestre pelo tubo estaminal e

cálice externamente glabros, tubo com até 13 mm compr., mas difere dessa espécie pelas

folhas 1-folioladas (vs. 5-folioladas), pela presença de nervuras intersecundárias, flores

com pétalas mais estreitas (8-11 mm vs. 11-13 mm larg.), ovário estreitamente oblongo

com ápice agudo (vs. oblongóide a cônico-oblongóide), frutos maiores (7,5-17 cm vs. 6-

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8,5 cm compr.), cuspidados por até 15 mm, sementes com coloração uniforme (vs.

maculadas) e hilo com coloração apenas ligeiramente mais clara (vs. hilo preto).

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Figura 15. Pseudobombax simplicifolium A. Robyns. A. Ramo com folhas agrupadas em braquiblastos. B. Ramo com folha e fruto. C. Inflorescência. D. Pétala. E. Androceu. F. Ovário. G. Fruto com replo persistente e sementes. (S.B. da Silva 303 & G.C.P. Pinto, L.P. de Queiroz et al. 9080, 9594).

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3.3.13. Pseudobombax tomentosum (Mart. & Zucc.) A. Robyns, Bull. Jard. Bot. État, 33

(1): 63. 1963.

Carolinea tomentosa Mart. & Zucc., Nov. Gen. Sp. Pl. 1:84. 1826. Holótipo: Martius

s.n. (M).

Fig. 16 Árvore até 8 m alt.; tronco estriado longitudinalmente ou não, estrias, quando presentes,

verdes; braquiblastos ausentes; ramos glabros, suberosos, folhas com indumento denso de

tricomas estrelados. Estípulas não vistas. Folhas 5-9-folioladas, pulvinadas, agrupadas no

ápice dos ramos; pecíolo 210-450 x 2-7 mm, subcilíndrico a achatado dorsiventralmente,

velutino, pulvino até 15 mm diâm., achatado ventralmente, glanduloso, glândulas 1 (-

muitas?), próximas à base, ápice dilatado (7-)15(-20) mm diâm.; folíolos sésseis a

subsésseis, cartáceos a coriáceos, (11-)19-38 x (7,5-)10-22,5 cm, 1,6-2x mais longos do

que largos, largamente obovais, obovais, elípticos a oblanceolados, ápice obtuso,

mucronado ou não, mucron ca. 5 mm, base atenuada a obtusa, margem revoluta, face

adaxial flocosa a esparsamente flocosa, face abaxial velutina, tricomas ramificados

delgados em ambas as faces, nervura principal bastante saliente na face abaxial; nervuras

secundárias 12-22 pares, salientes na face abaxial, impressas na face adaxial, nervuras

intersecundárias ausentes, nervuras terciárias simples, ramificadas ou retroflexas. Flores

terminais, solitárias, ca. 13 cm compr.; pedicelo 25-35(-45 em fruto) x 5(-12 em fruto)

mm, espessado, estriado longitudinalmente, tomentoso; bractéolas 3, no 1/3 proximal, ca. 4

mm compr., largamente obovais, ligeiramente recurvas, ápice arredondado; receptáculo 3-

5 mm, tomentoso, glândulas 14-20, em um ou dois verticilos sobrepostos; cálice 15-18 x

21-37 mm, campanulado a cupuliforme, truncado, às vezes inconspicuamente ondulado,

externamente tomentoso, internamente seríceo no 1/3 distal, glabro nos 2/3 proximais;

pétalas 100-135 x 14-20 mm, ligeiramente obovadas, ápice arredondado ou unilateralmente

apiculado, externamente marrons quando secas, vilosas próximo à base, internamente

vilosas, fileiras longitudinais de tricomas simples, em uma metade, tricomas ramificados,

delgados, esparsos, na outra metade; estames ca. 600, tubo estaminal ca. 15 mm compr.,

pubescente, falanges 5, ca. 10 mm compr., filetes (parte livre) 65-100 mm compr.; anteras

2-3 mm; ovário 11-19 x 6-10 mm, ca. 2x mais longo que largo, cônico-oblongóide, 5-

angulado, tomentoso; estilete 120-130 mm compr., glabro. Cápsula 11-19 x 4-8,5 cm,

obovóide a largamente obovóide, raro largamente ovóide, ligeiramente 5-angular quando

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80

jovem, valvas lenhosas, ca. 35 mm larg., tomentosas, ápice arredondado a obtuso; paina

cinza-amarronzada, brilhante. Semente ca. 6 x 4 mm compr., subglobosa a subpiriforme,

glabra, negra, maculada, máculas cinzas; hilo não saliente.

Distribuição geográfica e habitat: América do Sul, no Paraguai e Brasil, onde

ocorre nos Estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e

São Paulo. Na Bahia, ocorre apenas a oeste do Rio São Francisco, na região oeste do

Estado, em cerrado e matas semi-decíduas (Fig. 11).

De acordo com Robyns (1963) e em dados obtidos em etiquetas de herbário, esta

espécie habita as áreas de cerrado do Brasil Central, sendo o seu limite nordeste de

distribuição geográfica no extremo oeste da Bahia, onde foi encontrada em matas semi-

decíduas, a ca. 600 m de altitude. Nos materiais Carvalho-Sobrinho 481 e 482, a base dos

pecíolos e peciólulos apresenta cicatrizes onde devem ocorrer glândulas semelhantes às

que são encontradas na base do pecíolo no material analisado. Provavelmente isso é devido

à ação de pequenos periquitos que ocorrem na região, que podem suplementar suas dietas

com os nectários extraflorais presentes nessas partes da planta.

Fenologia: Floresce em maio e frutifica em setembro.

Material examinado: Bahia: Cocos, ca. 24 km W de Cocos, Tamanduá, 14º17’54”S

44º44’12”W, 16/V/2001 (fl.), F. França et al. 3629 (HUEFS); estrada para Riacho do

Meio, entrada a direita na ponte indo para Cajueiro, ca. 20 km SW de Cocos, 14º17’9”S

44º43’55”W, 9/IV/2005 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 481 (HUEFS); estrada para

Riacho do Meio, entrada a direita na ponte indo para Cajueiro, ca. 20 km SW de Cocos,

14º17’9”S 44º43’55”W, 9/IV/2005 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 483 (HUEFS);

estrada para Riacho do Meio, entrada a direita na ponte indo para Cajueiro, ca. 20 km SW

de Cocos, 14º17’9”S 44º43’55”W, 9/IV/2005 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 484

(HUEFS); estrada para Riacho do Meio (Rio Itaquari), beira do rio, 14º17’25”S

44º42’56”W, 9/IV/2005 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 482 (HUEFS); estrada para

Tamanduá, margem do rio, 14/IX/2005 (fr.), J.G. de Carvalho-Sobrinho 575 & L.P. de

Queiroz (HUEFS). São Desidério, estrada para Inhaúmas, ca. 52 km de Santa Maria da

Vitória, 13°8’52”S 44°36’54”W, 15/IX/2005 (fr.), J.G. de Carvalho-Sobrinho 578 & L.P.

de Queiroz (HUEFS).

Material adicional: Distrito Federal: Brasília, Reserva Ecológica do IBGE,

15º54`54”S 47º53`46”W, 25/V/1989 (fl.), D. Alvarenga 273 (IBGE, UEC). Goiás:

Niquelândia, Fazenda Serra Negra (Niqueltocantins), base da Serra Negra, próximo ao

portão de acesso à fazenda, 15º06`S 48º22`W, 8/VI/1992 (f., fl.), B.M.T. Walter et al. 1489

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(CEN, UEC); município? Rio Contagem, ca. 35 km N of Brasília, 8/V/1966 (f.), H.S. Irwin

et al. 15705 (RB). Mato Grosso: Aquidauana, distrito de Taunay, 20º18`51”S 56º5`40”W,

26/IV/2005 (f., fl.), E.B. Souza et al. 1324 (HUEFS); município?, ca. 75 km S of

Xavantina, lower slopes of Serra Azul, 17/VI/1966 (f., fl.), H.S. Irwin et al. 17301 (NY,

RB). Minas Gerais: Ituiutaba, São Vicente, 27/VI/1950 (f., fl.), Amaro Macedo 2434

(SP); São Sebastião do Paraíso, Fazenda Cachoeira, 17/VI/1945 (f.), A.C. Brade 17919 &

Altamiro (RB).

Pseudobombax tomentosum têm sido pouco coletada na Bahia, sendo conhecida

apenas de cinco espécimes nos municípios de Cocos e São Desidério, extremo oeste do

Estado. Destas, quatro foram realizadas durante este trabalho, através das quais se obteve

pela primeira vez material vegetativo coletado na Bahia, depositado em um herbário

nacional.

A espécie pode ser reconhecida pelos ramos suberificados, folhas pulvinadas, pecíolo

longo (21-45 cm compr.), espessado (até 7 mm larg.), velutino, folíolos sésseis a

subsésseis, 1,6-2x mais longos que largos, velutinos em ambas as faces, nervuras

secundárias salientes na face abaxial, ápice do pecíolo muito dilatado (ca. 1,5 cm diâm.),

pedicelo geralmente robusto, bractéolas grandes (ca. 4 mm compr.), recurvas, cálice grande

(15-18 x 21-37 mm), velutino, androceu com falanges, tubo estaminal pubescente, frutos

tomentosos e sementes negras, maculadas. O ovário geralmente é tomentoso, podendo ser

glabrescente, com tricomas rudimentares. Esses tricomas podem ser resultantes da

desintegração dos tricomas como advertido por Hewson (1988), o que ocorre também nos

2/3 basais da face interna do cálice.

Apresenta grande variação morfológica nas folhas, podendo apresentar pecíolos entre

21-45 cm compr. e folíolos com 11-38 x 7,5-22,5 cm, sendo essas as maiores dimensões de

folíolos para o gênero. Em folhas de indivíduos jovens, os folíolos podem ser apenas em

número de quatro (Carvalho-Sobrinho et al. 483), o pecíolo mais estreito, 2-3 mm larg.

(Carvalho-Sobrinho et al. 483; 484) e o ápice do pecíolo menor (7 mm diâm.).

Pseudobombax tomentosum apresenta semelhança morfológica com P. marginatum,

o que causa dificuldades para determinação das coleções freqüentemente incompletas

encontradas nos herbários. No entanto, P. tomentosum pode ser distinguida de P.

marginatum pelos folíolos com face adaxial curtamente velutina (vs. glabra), maior

número de glândulas no receptáculo (14-20 vs. 8-13), dispostas em 2 verticilos (vs. em

apenas um verticilo), pétalas unilateralmente apiculadas (vs. não apiculadas), ovário maior

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(11-19 x 6-10 mm vs. 8-15 x 5-7 mm), cônico-oblongóide (vs. oblongóide), estilete maior

(12-13 cm vs. 9-10 cm compr.) e sementes maculadas, negras, subglobosas a subpiriformes

(vs. não maculadas, marrom-claras, piriformes).

Um material coletado em Remanso (J.G. de Carvalho-Sobrinho & R.M. Castro 754),

apresenta sementes negras, maculadas e hábito semelhante a P. tomentosum. É necessário

obter folhas para se confirmar a identificação desse exemplar que, caso pertença a P.

tomentosum, será o primeiro registro desta espécie em vegetação de caatinga.

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Figura 16. Pseudobombax tomentosum (Mart. & Zucc.) A. Robyns. A. Folha. B. Inflorescência. C. Pétala. D. Androceu. E. Gineceu. F. Fruto. (F. França et al. 3629, J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 481, J.G. de Carvalho-Sobrinho 578 & L.P. de Queiroz).

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4. CONCLUSÕES

• Pseudobombax Dugand é representado por nove espécies na Bahia, que habitam

diversas formas de vegetação, sendo a maior riqueza verificada na região semi-árida do

Estado, onde ocorrem seis espécies.

• Essa riqueza é maior do que a encontrada em qualquer outro Estado do Brasil e, até

mesmo, do que na Colômbia, onde se considerava existir a maior riqueza do gênero.

Todas as espécies com ocorrência registrada para o espaço extra-amazônico brasileiro

são encontradas na Bahia exceto P. argentinum.

• A maioria das espécies encontradas na Bahia (seis dentre as nove) têm ocorrência

restrita a um bioma particular no Estado, o que ajuda na identificação taxonômica das

espécies com base no tipo de vegetação que ocorrem.

• Foram identificadas e descritas três novas espécies de Pseudobombax, das quais, P.

calcareum é endêmica da Bahia, dos calcários da formação Bambuí, na região do vale

do Rio São Francisco.

• Durante o levantamento de Pseudobombax para a Bahia foram estabelecidas coleções

completas de espécies ocorrentes no Estado, sendo registrado, pela primeira vez,

folhas, frutos ou sementes de seis espécies. Os caracteres de frutos e sementes

mostraram-se de grande valor taxonômico para a separação das espécies da Bahia.

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Capítulo II

New species of Pseudobombax Dugand (Malvaceae

s.l., Bombacoideae) from Brazil

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New species of Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) from Brazil

Jefferson Guedes de Carvalho-Sobrinho1, 2

Luciano Paganucci de Queiroz2, 3

1. Programa de Pós-Graduação em Botânica, UEFS. Bolsista CAPES. ([email protected]). 2. Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Departamento de Ciências Biológicas, Km 03, BR 116, Campus Universitário. 44031-460, Feira de Santana, BA, Brazil 3. Scientifical researcher of CNPq. Abstract - (New species of Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) from

Brazil). A new species of Pseudobombax Dugand is described and illustrated based on

material from cerrado and seasonally dry forests vegetations in the States of Bahia and

Goiás, Brazil. It seems to be related to P. marginatum and P. tomentosum for the 6-7

vestured leaflets, and to P. campestre and P. croizatii, for the calyx glabrous outside and

number of stamens (c. 220). However, it may be promptly recognized by its extremely

reduced flowers (up to 6 cm long) and fruits (up to 5.5 cm long), the smallest ever recorded

for Pseudobombax to the present, in combination with the glabrous androecium and the

shinning phalanges.

Key words: Pseudobombax, Bombacoideae, Malvaceae, new species

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Pseudobombax is a Neotropical genus belonging to the subfamily Bombacoideae of

the Malvaceae s.l. (Judd & Manchester, 1997; Baum et al., 1998; Alverson et al., 1999;

Bayer et al., 1999; Baum et al., 2004). It embraces about 22 species (Robyns, 1963, 1967;

Fernández-Alonso, 2001), of which 16 occurs in Brazil, distributed mainly at central

plateau and northeastern Brazil, in cerrado and caatinga vegetations (information from

specimen labels).

The genus is characterized by the leaves digitately compound, pulvinate, clustered

on the apex of the branches, petiole widened on the apex, leaflets not joined and trunks

marked with vertical, greenish strips.

Most species of Pseudobombax have deciduous foliage during the flowering period

(usually the winter season of southern hemisphere). A consequence of this fact is that

herbarium collections of the species of Pseudobombax are largely incomplete, which raises

doubt in species circumscriptions since it is difficult to match leaves, flowers and fruit

characters. Thus, one of the priorities for the taxonomic study of this genus is to carry out

intensive field works to gather leaves, flowers and fruits from the same specimen. This

strategy was performed during a survey of this genus in the State of Bahia (eastern Brazil).

As a result of these efforts, complete collections were obtained allowing recognizes a new

species, which is here described and illustrated.

Pseudobombax minimum Carvalho-Sobr. & L.P. Queiroz, sp. nov. TYPE: Brazil. Goiás:

Nova Roma, estrada Nova Roma -- Teresina de Goiás, vilarejo Aboboreira, 13º33´S,

47º04´W (fl, fr), 31 Sep.2000, R.C. Forzza 1591, M. Magenta, J.V. Coffani-Nunes & C.

Kameyama (holotype, HUEFS; isotypes, SP, SPF). Figure 17.

Haec species Pseudobombacis croizatii calyce glabrato, staminibus 180--250 et

androecio fasciculato affinis sed foliolis latissime obovatis, calyce minore usque 5 mm

longo, tubo staminali longiore glabratoque differt. Species insignis floribus (usque 55 mm

longis) fructibusque (usque 60 mm longis) minimissimis, a speciebus nobis notis bene

distincta.

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Tree c. 4 m alt.; trunk stripped with alternating bands of grayish bark and greenish

underbark. Stipules not seen. Leaves palmately compound, 6--7-foliolate, pulvinate,

clustered at the apex of the branches; petiole (11.5--) 27--34 cm long, flattened, furrowed

on the upper side, apex widened c. 10 mm diam.; leaflets (9.5--) 15--29 cm long, (4--) 6.5--

12.5 cm wide, sessile to subsessile, papyrous, obovate, 2--2.5x longer than wide, apex

obtuse, mucronulate, mucron 4--7 mm long, base cuneate, margin slightly revolute, upper

surface glabrescent with branched hairs only on the main veins, lower surface pubescent,

branched and tan hairs scattered, denser on the mains veins, venation brochidodromous,

primary vein raised on lower surface, secondary veins 14--22 pairs, raised on lower

surface, slightly sunken on the upper surface. Flowers solitary or in biflore cymes, terminal

to subterminal, c. 6 cm long; peduncles, when present, to 10 mm long; flower buds ovate,

oblong to obovate, to 50 mm long, 10--13 mm wide; pedicel 9--12 (--20 when in fruit) mm

long, 2--3 mm wide, glabrous; bracteoles 3, alternating along the pedicel, c. 2 mm long, 2.5

mm wide; receptacle 2--3 mm long, provided with one whorl of 6--12-glands, glabrous

except by peltate microtrichomes; calyx 3--5 mm long, 8--12 mm wide, campanulate,

truncate, slightly apiculate, outer surface glabrous except occasionally with sparse, peltate

microtrichomes, inner surface glabrous on the basal third, sericeous on the remainder;

petals 50--55 mm long, 7--10 mm wide, linear-lanceolate, outwardly brownish, covered

with tufted, rigid hairs, covered by a strip of slender, branched hairs and a strip of simple

hairs; stamens c. 220, staminal tube 5--10 mm long, 2--4 mm wide, 1,5--5x longer than

wide, glabrous, continuing in 5 phalanges, 3--5 mm long, forked in 10, filaments free by

35--45 mm long, anthers 2--3 mm long; ovary c. 4 mm long, 2 mm wide, ovate-oblong,

glabrous, minute, peltate microtrichomes occasionally present, style 50--70 mm long,

glabrous. Capsule 35--55 mm long, 20--30 mm wide, oblong to slightly obovate, valves

woody, glabrous, 9--15 mm thick; kapok copious, golden. Seeds c. 5 mm diam.,

subglobose, glabrous, evenly blackish colored; hilum raised.

Etymology. Due to its extremely reduced flowers and fruits, the smallest recorded

for the genus to the present, this new species was named as ‘minimum’, contrasting with

Pseudobombax maximum A. Robyns, which presents flowers with 15--24 cm long, the

largest found in the genus.

Distribution, habitat and ecology. This species has a narrow geographical range,

between 11ºS and 16ºS of latitude and 44ºW and 47ºW of longitude. It occurs only in the

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eastern border of the central Brazilian plateau, ranging from western Bahia to eastern

Goiás, at elevations about 600 m. It is known in cerrado and seasonally dry forests

vegetations. Some of their populations seem to be endangered by the expansion of soybean

plantations and growing urbanization.

Phenology. It was collected in flower from June to August and in fruit in

September.

Pseudobombax minimum seems to be related to P. croizatii A. Robyns, both

presenting similar number of stamens (c. 200 in P. minimum and 180--250 in P. croizatii),

androecium organized in phalanges above the staminal tube, and by the pedicel, the

receptacle, and the calyx glabrous. P. minimum could be differentiated from P. croizatii by

its smaller calyx (3--5 mm long vs. 6-7 mm long, respectively), longer staminal tube (5--10

mm long vs. 3 mm long), staminal tube glabrous (vs. pubescent in the outer surface), fruits

smaller (up to 5.5 cm long vs. 7--8 cm long), oblong to obovate (vs. fusiform in P.

croizatii) and smaller flowers (up to 6 cm long vs. up to 12 cm long). Besides, P. croizatii

is known only from the Venezuela and Colombia (Fernández-Alonso, 2001).

A. Robyns examined two herbarium sheets of this new species and failed to

recognize its distinctiveness, probably due to the absence of leaves in the available

material. One of these sheets (A. Macedo s.n., RB) was annotated by him as “prob.

Pseudobombax sp. sed sp. incompl.”. The second (J.M. Pires 58152, NY), he annotated as

“Pseudobombax aff. campestre”.

Within its range, Pseudobombax minimum is difficult to distinguish from P.

marginatum (A. St.-Hil., Juss. & Cambess.) A. Robyns and P. tomentosum (Mart. & Zucc.)

A. Robyns based only in vegetative characters, since they present similar variation in shape

and number of leaflets. However, it may be distinguished from them by papyrous leaflets

and by its extremely reduced flowers (up to 6 cm long vs. 10--15 cm long) and fruits (up to

5.5 cm long vs. 11--21 cm long). Besides, it presents the staminal tube glabrous and

shinning phalanges while P. marginatum and P. tomentosum have the staminal tube wooly.

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Paratypes. BRAZIL. Bahia: Riachão das Neves, estrada Riachão das Neves-Barreiras,

estrada para o aterro sanitário, 11°46'S, 44°54'W, E. Melo et al. 2763 (HUEFS); estrada

para o aterro sanitário, 11º46’49”S, 44º54’39”W, J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 413

(HUEFS, K, MBM, MO); municipality not recorded, estrada Brasília-Fortaleza, entre o

Rio Corrente e Sta. Maria, J.M. Pires 58152 (NY). Goiás: Flores de Goiás, beira da

estrada, A. Negrett s.n. (IBGE, R); Natividade, A. Macedo s.n. (Herbário A. Macedo, RB);

Teresina de Goiás, próximo ao entroncamento da estrada Teresina de Goiás/Campos Belos

com estrada para Nova Roma, 13º30’S, 47º30’W, B.A.S. Pereira & D. Alvarenga 3114

(IBGE, R, RB), municipality not recorded, Rio Praim (Rio Paraná basin), 16º40´S, 47ºW,

J.A. Ratter 4736 (UEC).

Acknowledgments

The authors wish to thank to the curators of the herbaria HUEFS, IBGE, NY, R, RB, and

SPF, which kindly sent material on loan. This work was supported by a grand from the

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (process n° APR0199/2005), a

fellowship of the CAPES for the first author, and a fellowship of the CNPq (process n°

470221/2001-1) for the second author.

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Baum, D. A.; W. S. Alverson & R. Nyffeler. 1998. A durian by any other name:

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Baum, D. A., S. D. Smith, A. Yen, W. Alverson, R. Nyffeler, B. A. Whitlock & R. L.

Oldham. 2004. Phylogenetic relationships of Malvatheca (Bombacoideae and

Malvoideae; Malvaceae sensu lato) as inferred from plastid DNA sequences. Amer. J.

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Bayer, C., M. Fay, A. de Bruijn, V. Savolainen, C. Morton, K. Kubitzki, W. Alverson &

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recircumscribed order Malvales: a combined analysis of plastid atpb and rbcl DNA

sequences. Bot. J. Linn. Soc. 129: 267-303.

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determined by a preliminary cladistic analysis of morphological, anatomical,

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Robyns, A. 1963. Essai de Monographie du genre Bombax L. s.l. (Bombacaceae). Bull.

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Robyns, A. 1967. Botany of the Guayana Highland. Mem. New York Bot. Gard. 17: 195-

197.

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Figure 17. Pseudobombax minimum Carvalho-Sobr. & L.P. Queiroz. --A. flower. --B. ovary. --C. androecium. --D. inflorescence. --E. fruit. --F. leaf. (J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 413, R.C. Forzza et al. 1591).

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Capítulo III

Novas espécies de Pseudobombax Dugand (Malvaceae

s.l., Bombacoideae) do nordeste do Brasil

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Novas espécies de Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae)

do nordeste do Brasil

Jefferson Guedes de Carvalho-Sobrinho1, 2

Luciano Paganucci de Queiroz2, 3

1. Programa de Pós-Graduação em Botânica, UEFS. Bolsista CAPES. ([email protected]). 2. Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Departamento de Ciências Biológicas, Km 03, BR 116, Campus Universitário. 44031-460, Feira de Santana, BA, Brazil 3. Bolsista de produtividade em Pesquisa, CNPq.

Resumo – [Novas espécies de Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) do

nordeste do Brasil]. Neste trabalho, duas novas espécies de Pseudobombax Dugand são

descritas e ilustradas a partir de material proveniente dos Estados da Bahia e Sergipe, nordeste

do Brasil. Pseudobombax calcareum e Pseudobombax parvifolium são comparadas a P.

grandiflorum var. grandiflorum com a qual se assemelham pelo número de folíolos e ausência

de falanges no androceu, mas diferem pela presença de tricomas ramificados esparsos nos

folíolos, ausência de nervuras intersecundárias e frutos apenas angulados, não alados. P.

parvifolium distingue-se ainda pela presença de tricomas ramificados, curtos na face externa

do cálice e sementes reniformes. As duas novas espécies apresentam distribuição geográfica

restrita à caatinga e P. calcareum provavelmente é endêmica da Bahia.

Palavras-chave: Pseudobombax; espécie nova; Bombacoideae; Malvaceae

Abstract – [New species of Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) from

northeastern region of Brazil]. Two new species of Pseudobombax Dugand are described and

illustrated based on material from the State of Bahia and Sergipe, in the northeastern region of

Brazil. Pseudobombax calcareum and Pseudobombax parvifolium seem to be related to P.

grandiflorum var. grandiflorum for the number of leaflets and absence of phalanges in

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androecium, but differ for the presence of sparses, branched trichomes in the leaflets, absence

of intersecondaries veins and fruits just angulated, not winged. P. parvifolium is still

distinguished for the presence of short, ramified trichomes on the outside of the calyx and the

subreniform seeds. Both new species present geographic distribution restricted to caatinga

vegetation and P. calcareum is probably endemic to State of Bahia.

Key words: Pseudobombax; new species; Bombacoideae; Malvaceae

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Introdução

O gênero Pseudobombax Dugand pertence à subfamília Bombacoideae da família

Malvaceae sensu lato (Judd & Manchester, 1997; Baum et al., 1998; Alverson et al., 1999;

Bayer et al., 1999; Baum et al., 2004). Estão incluídos nas Bombacoideae 14 gêneros com

distribuição essencialmente Neotropical, exceto Adansonia L. e Bombax L. que possuem

distribuição Paleotropical (Baum et al., 2004), sendo que a maioria possui representantes no

Brasil.

No Brasil, as Bombacoideae encontram-se representadas por sete gêneros nativos:

Bombacopsis Pittier, Cavanillesia Ruiz & Pav., Ceiba Mill., Eriotheca Schott & Endl.,

Pachira Aubl., Pseudobombax Dugand e Spirotheca Ulbr. (Robyns, 1963).

Pseudobombax caracteriza-se por incluir representantes, em sua maioria, arbóreos,

com troncos inermes, folhas palmadamente compostas, receptáculo freqüentemente

glanduloso, androceu monadelfo, anteras monotecas e cápsulas com paina abundante.

Diferencia-se das demais Bombacoideae pela presença de estrias longitudinais verdes no

tronco, pecíolo com ápice dilatado, folíolos não articulados e tricomas tufosos na face abaxial

das pétalas. O gênero compreende 22 espécies com distribuição neotropical (Robyns, 1963,

1967; Fernández-Alonso, 2001), das quais 16 ocorrem no Brasil.

Uma característica peculiar das espécies de Pseudobombax é o fato de apresentarem

um comportamento fenológico decíduo, caracterizado pela queda foliar durante o período de

floração (geralmente no inverno). Isso faz com que o material de herbário fique,

freqüentemente, incompleto, apresentando apenas flores ou frutos, o que dificulta a

identificação taxonômica das espécies. Esse aspecto demanda um intenso trabalho de campo

para obtenção de espécimes adequados e um monitoramento de populações para obtenção de

coleções completas (coleções com folhas, flores e frutos).

A partir de estudos do gênero Pseudobombax envolvendo coletas sistematizadas de

materiais previamente depositados em herbário, foram diagnosticadas duas novas espécies.

Aqui, elas são descritas e ilustradas e discutem-se as suas afinidades taxonômicas.

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Pseudobombax calcareum Carvalho-Sobr. & L.P. Queiroz, sp. nov. Tipo: Brasil. Bahia: São

Félix do Coribe, Serra do Ramalho, ca. 47 km ao S de São Felix do Coribe, na estrada para

Alagoinhas, 13°47’22”S 43°57’32”W, 13/IX/2005, J.G. de Carvalho-Sobrinho & L.P. de

Queiroz 573 (Holótipo: HUEFS; Isótipos: K, SP). Fig. 18: A-G

Haec species Pseudobombacis parvifolio foliis 5-foliolatis, apice petioli vix dilatato et

tubo staminali indumentato exfasciculatoque affinis sed foliolis coriaceis, calyce glabro,

ovário quinquangulato, fructo angustiore, usque 1,5 cm lato, quinquangulatoque (versum

frutctus 2,8-5,0 latus cylindricusque), et semenibus pyriformibus omnino brunneisque (versum

semina reniforma, bicolorata, variegataque) differt. Species insignis habito cactifomi, a

speciebus nobis notis bene distincta.

Árvore ca. 6 m alt., tronco estriado longitudinalmente, estrias verdes, copa aberta,

irregular; ramos suberificados, geralmente com cerosidade glauca; braquiblastos ausentes.

Estípulas não vistas. Folhas 5-folioladas, agrupadas no ápice dos ramos ou não; pecíolo 45-

120 x 1-2 mm, cilíndrico, glanduloso, glândulas 1 a muitas, principalmente na base, base

achatada, ligeiramente espessada, pubérulo a glabrescente nas extremidades, com cerosidade

glauca, ápice dilatado ca. 3 mm diâm.; peciólulo até 2 mm compr., sulcado longitudinalmente,

pulvinulados ou não; folíolos cartáceos a coriáceos, côncavos ou não, 4,5-12 x 2,5-5,5 cm, 2,1

a 2,9x mais longo do que largo, elípticos, raramente ovais, ápice agudo a arredondado, retuso,

base cuneada a atenuada ou obtusa, curtamente decurrente, margem revoluta, glabros em

ambas as faces exceto por microtricomas peltados, esparsos, face abaxial geralmente glauca,

nervura principal saliente, pubérula a glabrescente, nervuras secundárias 11-17 pares,

impressas em ambas as faces, principalmente na abaxial, inconspícuas distalmente, nervuras

intersecundárias ausentes, nervuras terciárias simples, ramificadas ou retroflexas. Flores

terminais, solitárias ou geminadas, 9-13 cm compr., botões oblongo-lineares até 9,5 cm

compr.; pedicelo 6-20 x 2-9 mm, pubérulo, glabrescente ou glabro, glanduloso ou não;

bractéolas 3, ao longo do pedicelo, 2-4 x 4-5 mm, triangulares, revestidas por microtricomas

peltados, curtamente aristadas ou não, ligeiramente côncavas, margem denticulada, tricomas

ramificados esparsos; receptáculo 5-6 mm compr., pubérulo a glabrescente, glândulas 10-20,

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em um verticilo; cálice 11-18 x 20-22 mm, campanulado a suboblongóide, truncado, 5-

apiculado ou não, externamente com microtricomas peltados, internamente seríceo, glabro na

base; pétalas 9-14 x 0,9-1,9 cm, oblongo-lineares, ápice arredondado a agudo, externamente

amarronzadas quando secas, internamente seríceas, fileiras longitudinais de tricomas simples

em uma metade, tricomas ramificados, delgados na outra, tomentosas próximo à base; estames

ca. 300, tubo estaminal 10-18 x 4-6 mm, 2,5 a 2,8x mais longo do que largo, glabro ou

pubescente, falanges ausentes, filetes (parte livre) 70-120 mm compr., anteras 3-4 mm compr.;

ovário 11-14 x 4 mm, ca. 2,7x mais longo que largo, cônico-oblongóide, 5-angulado, glabro;

estilete 80-140 mm compr., esparsamente pubérulo a glabro, tricomas ramificados. Cápsula

10,5-20,5 x 1,3-1,5 cm, oblongóide, 5-angulada, ápice agudo, apiculado; valvas coriáceas, ca.

7 mm larg., glabras; paina marrom. Semente 3-4 x 2,5 mm, piriforme, marrom-clara, não

maculada; hilo não saliente.

Etimologia: O epíteto “calcareum” refere-se às rochas calcárias da formação Bambuí no

vale do rio São Francisco, às quais a espécie é restrita.

Distribuição geográfica e habitat: Endêmica dos afloramentos calcários em caatinga,

no vale do Rio São Francisco, na região oeste do Estado da Bahia, nos municípios de Bom

Jesus da Lapa e São Félix do Coribe.

Fenologia: Floresce de julho a setembro e frutifica em setembro.

Pseudobombax calcareum é conhecida por apenas três coleções sendo a primeira

realizada, com folhas e flores, por Dárdano de Andrade-Lima no município de Bom Jesus da

Lapa, em 1975 (dados de herbário). Através do presente levantamento foram feitas duas novas

coleções a partir de uma população em São Félix do Coribe, sendo a primeira com folhas

apenas (no mês de abril) e a segunda com flores e frutos (no mês de setembro), que

possibilitaram confirmar tratar-se de uma nova espécie.

Essa espécie apresenta um hábito muito diferente das demais espécies de Pseudobombax

da Bahia, com indivíduos com ca. 6 m de altura, com copa aberta, muito reduzida, formada

por ramos curtos, suberificados, que conferem à árvore um aspecto candelabriforme. Forma

populações com muitos indivíduos agregados, o que foi registrado por Andrade-Lima (1977)

em um trabalho realizado na região de Bom Jesus da Lapa.

Caracteriza-se pelas folhas 5-folioladas, ápice do pecíolo pouco dilatado (até 5 mm

diâm.), folíolos coriáceos, elípticos, conduplicados (muitas vezes apresentando-se dobrados

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nas exsicatas), nervuras secundárias inconspícuas distalmente, cálice externamente glabro e

frutos oblongóides, 5-angulados, apiculados, valvas coriáceas (não lenhosas). Além disso,

nota-se, nas exsicatas, que os folíolos apresentam coloração mais clara na região próxima à

nervura principal na face adaxial, sendo glaucos na face abaxial, e que o pecíolo e a nervura

principal, às vezes, encontram-se fendidos longitudinalmente. Outro aspecto característico

dessa espécie é a liberação de resinas durante a secagem que pode ser evidenciada nas folhas

de papel da prensa.

Pseudobombax calcareum aproxima-se de P. grandiflorum var. grandiflorum e P.

parvifolium pelas folhas 5-folioladas, pelos folíolos elípticos, pelo comprimento das pétalas e

pelo androceu sem falanges. No entanto, difere da primeira pelos folíolos com ápice retuso

(vs. mucronado), pela ausência de nervuras intersecundárias, pelo cálice maior (11-18 x 20-22

vs. 8-14 x 12-20 mm, respectivamente), tubo estaminal geralmente indumentado (vs. sempre

glabro), pelos frutos apenas 5-angulados (vs. 5-alados) e sementes não maculadas (vs.

pintalgadas). Da segunda, diferencia-se pelos folíolos coriáceos (vs. cartáceos), pelo cálice

maior (11-18 x 20-22 vs. 10-11 x 12-19 mm), menor número de estames (300 vs. 450) e

sementes piriformes (vs. reniformes). Distingue-se dessas duas espécies também pelo ovário

11-14 mm compr. (vs. 5-6 mm, em P. grandiflorum e 8 mm, em P. parvifolium) e pelos frutos

mais estreitos (1,3-1,5 cm larg. vs. 2,2-3 cm em p. grandiflorum, e 2,8-5 cm, em P.

parvifolium).

Parátipos: BRASIL. Bahia: Bom Jesus da Lapa, Fazenda Serra Solta, 17/VII/1975, D.

Andrade-Lima 75-8152 (IPA 46217, IPA 46217-A); São Félix do Coribe, 13°47’23”S,

43°57’31”W, 10/IV/2005, J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 485 (HUEFS); Serra do Ramalho,

ca. 47 km ao S de São Felix do Coribe, na estrada para Alagoinhas, 13°47’22”S 43°57’32”W,

13/IX/2005, J.G. de Carvalho-Sobrinho & L.P. de Queiroz 573 (HUEFS).

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Figura 18. Pseudobombax calcareum Carvalho-Sobr. & L.P. Queiroz. A. Ramo com folhas. B-C. Inflorescência, com botões (B) e flores abertas (C). D. Androceu. E. Ovário. F. Ovário em corte transversal. G. Fruto. Escala: A-E, G = 2 cm; F =2 mm. (A-C, D. Andrade-Lima 75-8152; D-H, J.G. de Carvalho-Sobrinho & L.P. Queiroz 573).

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Pseudobombax parvifolium Carvalho-Sobr. & L.P. Queiroz, sp. nov. Tipo: Brasil. Bahia:

Tucano, subida para a Serra das Candeias, 10º55`59”S 39º4`40”W, 13/11/2005 (fl.), J.G. de

Carvalho-Sobrinho et al. 753 (Holótipo, HUEFS; isótipos, K, NY, MBM, SP). Fig. 19: A-F.

Haec species Pseudobombacis grandifolio folioliis ellipticis vel oblanceolatis, calyce

magnutidine et tubo staminali exfasciculato affinis sed pagina abaxiali foliolum et pagina

externa calycem indumentatis (versum duo glabratus), pagina interna petala omnino

indumentatis (versum petala glabrata ad basem), fructo cylindrico (versum frutctus

quinquealatus), et semenibus variegatis (versum semina omnino brunnei) differt.

Árvore 5-8 m alt.; tronco estriado longitudinalmente, estrias verdes; braquiblastos ausentes;

ramos e folhas glabrescentes, com tricomas ramificados sobre as nervuras, microtricomas

peltados, muito esparsos. Estípulas não vistas. Folhas (3-)5-7-folioladas, agrupadas no ápice

dos ramos; pecíolo 20-110 x 1 mm, delgado, sulcado longitudinalmente, pubérulo a

glabrescente, com tricomas ramificados esparsos, com pequenas glândulas ao longo do seu

comprimento, base ligeiramente espessada, achatada dorsiventralmente, geralmente com

cerosidade glauca, ápice dilatado, ca. 2-3 mm diâm.; peciólulo ausente; folíolos cartáceos, 2-

7,8 x 0,8-3,2 cm, 2,4-4,3x mais longos do que largos, oval-lanceolados, subelípticos a

elípticos, oblanceolados a estreitamente oblanceolados, ápice agudo a acuminado, base

cuneada a levemente atenuada, margem revoluta, às vezes inconspícua e irregularmente

crenulada, nervura principal saliente na face abaxial, nervuras secundárias 9-12 pares,

impressas em ambas as faces, nervuras intersecundárias ausentes, nervuras terciárias simples,

ramificadas ou retroflexas. Flores terminais, solitárias, ca. 10 cm compr., botões oblongo-

lanceolados; pedicelo 6-24 x 2-7 mm, 2-6,6x mais longo que largo, ereto a encurvado,

pubérulo ou não; bractéolas 3-5, ao longo do pedicelo, ao longo do pedicelo; receptáculo 2-3

mm compr., glândulas ca. 10, em 1 verticilo; cálice 10-11 x 12-19 mm, cupuliforme a

campanulado, truncado, às vezes inconspicuamente 5-apiculado, externamente pubérulo, com

tricomas curtos ramificados, às vezes com microtricomas peltados, internamente seríceo na

metade distal; pétalas 98-130 x 6-15 mm, linear-lanceoladas, ápice agudo, externamente

marrons a cremes, geralmente em listras longitudinais, quando secas, tomentosas próximo à

base, internamente pubescentes, fileiras longitudinais de tricomas simples em uma metade,

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tricomas ramificados, delgados, na outra metade; estames ca. 450, tubo estaminal 7-15 x 3-8

mm, 1,5-5x mais longo que largo, pubescente, falanges ausentes, filetes (parte livre) 80-110

mm compr.; anteras 1-3 mm; ovário 8 x 3-6 mm, ovóide, ligeiramente 5-angulado, subglabro

exceto por microtricomas peltados; estilete ca. 135 mm, subglabro exceto por microtricomas

peltados principalmente na porção basal. Cápsula 95-135 x 28-50 mm, oblonga a oblongo-

elípitica, ligeiramente 5-angulada a 5-angulada, apiculada até 10 mm compr., base cuneiforme,

ca. 15 mm larg., valvas 20-25 mm larg.; lenhosas, glabras, replo 80 x 6-8 mm, oblongo; paina

marrom-clara. Semente 5 x 2-3 mm, subreniforme, marrom-escura, maculada, máculas

inconspícuas; hilo não saliente, ligeiramente mais escuro.

Etimologia: O epíteto “parvifolium” faz referência ao tamanho reduzido dos folíolos

dessa espécie.

Distribuição geográfica e habitat: Endêmica do nordeste do Brasil, nos Estados de

Bahia (sobre a formação Geológica Tucano) e Sergipe (Canindé do São Francisco). Ocorre em

caatinga.

Fenologia: Floresce de agosto a janeiro e frutifica em novembro a fevereiro.

Parátipos: BRASIL. Bahia: Itiúba, 10°38’59”S 39°52’33”W, 17/VIII/2002 (fl.), L.P.

Queiroz et al. 7343 (HUEFS, SPF); 10°38’59”S 39°59’33”W, 19/IV/2004, T.S. Nunes et al.

1131 (HUEFS); 10°38’26”S 39°52’50”W, 19/IV/2004, J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 246

(HUEFS); 19/IV/2004, J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 248 (HUEFS). Tanquinho,

24/XI/1991 (fl.), I. Crepaldi & M.V. Oliveira 06 (HUEFS). Jeremoabo, Serra Branca (Raso da

Catarina), Fazenda Raposa, 10º15’S 38º21’W, 26/VI/2004 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et

al. 250 (HUEFS); a 5 km N na estrada para Fazenda Natureza (Brejinho), 10º3’S 38º21’W,

12/VIII/2005 (f.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 572 (HUEFS). Quijingue, ca. 31,5 km NW

de Tucano, Fazenda Juazeiro Novo, 10º55`51”S 39º3`49”W, 12/XI/2005 (fl., fr.), J.G. de

Carvalho-Sobrinho et al. 752 (HUEFS). Tucano, povoado Bizamum, Serra Grande, 10º51’S

38º2’W, 21/IV/2005 (f.), D. Cardoso et al. 502 (HUEFS); ca. 25 km NW, indo para o povoado

de Bizamum, 10º53`29”S 38º58`40”W, 12/XI/2005 (fl., fr.), J.G. de Carvalho-Sobrinho et al.

751 (HUEFS). Sergipe: Canindé de São Francisco, Curutuba, beira da estrada, 18/X/1999 (f.,

fl.), R.A. Silva 1163 (HRB); Fazenda Brejo, 26/IX/2000 (f., fl.), L.M. Cordeiro et al. 190

(HRB).

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109

Pseudobombax parvifolium caracteriza-se pelas folhas 5-7-folioladas, raramente 3-

folioladas, ápice do pecíolo pouco dilatado (2-3 mm diâm.), folíolos glabrescentes, cálice com

tricomas ramificados, curtos e rígidos na face externa, androceu sem falanges, ovário

subglabro (exceto por microtricomas peltados), tubo estaminal pubescente e sementes

reniformes.

Os folíolos elípticos a oblanceolados, glabrescentes, geralmente em número de 5, a

ausência de falanges, as dimensões do cálice e das pétalas são caracteres da flor que

aproximam P. parvifolium de P. grandiflorum var. grandiflorum da qual difere pela presença

de tricomas ramificados na face externa do cálice (vs. cálice glabro) e na face abaxial dos

folíolos (vs. folíolos subglabros), e principalmente, pelo cálice glabro, pétalas internamente

pubescentes (vs. glabras no terço basal), frutos não alados (vs. 5-alados) e sementes

reniformes, maculadas (vs. subreniformes, pintalgadas).

Além disso, P. parvifolium é conhecida apenas da caatinga enquanto P. grandiflorum

ocorre preferencialmente nas restingas e matas úmidas litorâneas no Estado, podendo ser

encontrada também em matas semi-decíduas a até 150 km do litoral.

Dentre as espécies de Pseudobombax da caatinga, P. parvifolium assemelha-se mais a P.

calcareum com a qual compartilha as folhas 5-folioladas, folíolos sésseis a subsésseis, o

androceu sem falanges e o tubo estaminal pubescente, mas diferindo pelos frutos mais largos

(2,8-5 vs. 1,3-1,5 cm larg.) e sementes reniformes (vs. piriformes).

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Figura 19. Pseudobombax parvifolium Carvalho-Sobr. & L.P. Queiroz. A. Ramo com folhas. B. Folíolo. C. Flor. D. Androceu. E. Ovário. F. Fruto. (J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 250, J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 752).

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos curadores dos herbários HUEFS, HRB, SPF que,

gentilmente, cederam material de empréstimo. Este trabalho contou com o apoio da Fundação

de Amparo à Pesquisa da Bahia (processo n° APR0199/2005), da CAPES através de bolsa de

mestrado para o primeiro autor e do CNPq (processo n° 470221/2001-1) através de bolsa de

produtividade em pesquisa.

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Capítulo IV

Morfologia dos tricomas das pétalas de espécies de

Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l.,

Bombacoideae) e seu significado taxonômico

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Morfologia dos tricomas das pétalas de espécies de Pseudobombax Dugand

(Malvaceae s.l., Bombacoideae) e seu significado taxonômico 1

Jefferson Guedes de Carvalho-Sobrinho2,3

Francisco de Assis Ribeiro dos Santos3

Luciano Paganucci de Queiroz3

RESUMO (Morfologia de tricomas em espécies de Pseudobombax Dugand

(Malvaceae s.l., Bombacoideae) e seu significado taxonômico). O gênero

Pseudobombax Dugand apresenta cerca de 22 espécies, é restrito a região Neotropical e

apresenta taxonomia complexa, com muitas de suas espécies mal circunscritas. Parte de

seus problemas taxonômicos é conseqüência do fato de que suas espécies perdem as folhas

na floração e, portanto, a maioria delas é representada apenas por flores, nos materiais de

herbário. Assim, a busca por novos caracteres das flores deve aumentar a confiabilidade na

taxonomia do gênero. Neste trabalho, investigou-se a morfologia dos tricomas presentes

nas pétalas de oito espécies de Pseudobombax. O estudo utilizou microscopia óptica e

eletrônica de varredura a partir de amostras obtidas de material de herbário e flores fixadas

em etanol a 70%. Em Pseudobombax foram encontrados dois tipos principais de tricomas:

(a) tricomas 2-4-armados, sésseis, longos, flexíveis e com paredes finas, situados na face

adaxial de todas as espécies; (b) tricomas tufosos, sésseis, curtos, rígidos, lignificados, com

paredes espessas, situados na face abaxial das pétalas de todas as espécies analisadas. Os

dados qualitativos e quantitativos obtidos mostraram-se de valor taxonômico para a

resolução de problemas de identificação específica em Pseudobombax.

Palavras-chave: Morfologia; tricomas; Pseudobombax; Malvaceae s.l.; microscopia

eletrônica de varredura.

1 Parte da dissertação de Mestrado do autor. 2 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Botânica, UEFS. Bolsista CAPES. ([email protected]) 3 Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Departamento de Ciências Biológicas, km 03, BR 116 Campus Universitário, CEP 44031-460, Feira de Santana, BA, Brasil

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ABSTRACT (Morphology of trichomes in petals of Pseudobombax Dugand

(Malvaceae s.l., Bombacoideae) species and its taxonomic significance). The

morphology of the trichomes of the petals of species of Pseudobombax Dugand was

investigated. The selected eight species of Pseudobombax were analyzed under optical

microscopy and scanning electron microscopy. The study has detected existence of

variation, both qualitative and quantitative, in morphology of trichomes in petals of species

analyzed. In Pseudobombax, two kinds of trichomes were found: (a) trichomes 2-4-armed,

sessile, long, flexible and with fine walls, situated in the adaxial surface of the petals of all

species; (b) tufted trichomes, sessile, short, rigid, with thick, lignified walls, in the abaxial

surface of the petals of all analyzed species. The qualitative and quantitative data had

revealed taxonomic value for the resolution of problems of specific identification in the

genus.

Key words: Morphology; trichomes; Pseudobombax; Malvaceae s.l.; scanning electron

microscopy.

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Introdução

O gênero Pseudobombax Dugand é representado por cerca de 22 espécies com

distribuição na região Neotropical (Robyns, 1963, 1967; Fernández-Alonso, 2001). Pertence à

subfamília Bombacoideae da família Malvaceae sensu lato (Alverson et al., 1999; Bayer et al.,

1999; Baum et al., 2004; Nyffeler et al., 2005) e caracteriza-se pelo hábito arbóreo, tronco

com estrias longitudinais verdes, folhas digitadas, ápice do pecíolo dilatado, folíolos não

articulados, receptáculo glanduloso e anteras hipocrepiformes. As pétalas são carnosas e

indumentadas em ambas as faces (Robyns, 1963).

As espécies de Pseudobombax são tradicionalmente diagnosticadas com base em

caracteres vegetativos, entre eles o número, forma e indumento dos folíolos e o comprimento

do pecíolo e do peciólulo (Robyns, 1963). No entanto, devido ao fato de que as espécies de

Pseudobombax têm folhagem decídua durante a floração, a maioria das espécies é

representada, em herbários, por exsicatas incompletas, geralmente apresentando apenas flores.

Resulta disso que os limites interespecíficos são imprecisos e os espécimes de herbário

encontram-se, na sua maioria, mal identificados.

Dentre as espécies que apresentam limites imprecisos, destacam-se Pseudobombax

grandiflorum (Cav.) A.Robyns com P. longiflorum (Mart. & Zucc.) A.Robyns, e P

marginatum (A. St.-Hil., Juss. & Cambess.) A.Robyns com P. tomentosum (Mart. & Zucc.)

A.Robyns. Esses pares de espécies são de difícil distinção uma vez que apresentam

características morfológicas que se sobrepõem, especialmente na forma, medidas e indumento

do cálice e pétalas, organização e indumento do androceu e número e indumento dos folíolos.

Assim, a busca de caracteres taxonômicos nos frutos e principalmente nas flores é de grande

importância para a identificação das espécies do gênero, representando uma contribuição

significativa para o seu conhecimento taxonômico (G.L. Esteves, comunicação pessoal).

Estudos sobre a morfologia de tricomas têm demonstrado importância taxonômica na

delimitação de subgêneros e espécies de Labiatae (Demissew & Harley, 1992),

Melastomataceae (Guimarães et al., 1999) e Campanulaceae (Batterman & Lammers, 2004).

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A presença de tricomas estrelados é uma sinapomorfia morfológica da ordem Malvales

(APG II, 2003). No entanto, sob essa denominação há tricomas com morfologia muito variável

(Uphof, 1962; Hummel, 1962; Inamdar & Chohan, 1969; Theobald et al., 1950). Para as

Malvales, Uphof (1962) indica a presença de tricomas em diferentes órgãos das plantas e que

são constituídos por até oito células que conferem o aspecto morfológico característico dos

tricomas da ordem.

A ocorrência de tricomas nas pétalas de Pseudobombax é um caráter morfológico que

foi referido como diagnóstico para o gênero por Robyns (1963). Para esses tricomas, este autor

utilizou a denominação tricomas em buquê sem, no entanto, fornecer informações detalhadas

sobre a sua morfologia, tais como o número de células ou de ramos, disposição dos ramos,

comprimento do tricoma e forma de inserção na epiderme.

Salma (1999), investigando a morfologia dos tricomas em folhas de Durio (Malvaceae

s.l, Helicteroideae), encontrou variações que foram utilizadas na delimitação de espécies. No

entanto, não há na literatura descrições detalhadas sobre a morfologia de tricomas em

Bombacoideae, que têm sido descritos apenas ao nível do indumento, sendo a variação

micromorfológica pouco referida, especialmente em se tratando de tricomas nas flores.

O objetivo deste trabalho foi investigar a morfologia dos tricomas das pétalas das

espécies de Pseudobombax a fim de identificar caracteres que possam subsidiar a taxonomia

do grupo.

Material e métodos

Foram obtidas subamostras de material de herbário de oito espécies de Pseudobombax

(tabela 4). Para a análise sob microscopia óptica foram também utilizadas amostras de material

conservado em etanol 70% para Pseudobombax parvifolium.

A partir das amostras de material seco, foram seccionadas duas subamostras, com 1

cm² cada, do terço médio de uma pétala de um espécime de cada espécie. Em seguida,

procedeu-se à reidratação do material através de aquecimento em microondas (potência

máxima, 3 min) em solução aquosa de glicerina (50%). Uma amostra de cada espécie foi

colocada em placa de Petri com água para posterior diafanização, sendo as subamostras

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restantes seccionadas transversalmente à mão livre para a análise da inserção dos tricomas na

epiderme.

O processo de diafanização seguiu as seguintes etapas: banho em hidróxido de sódio a

30% por duas horas, seguido de hipoclorito de sódio a 6,5% por 24 horas, lavagem em água

destilada por duas vezes (30 minutos cada), série alcoólica crescente (30%, 50%, 70%),

coloração com safranina alcoólica por uma hora, série alcoólica decrescente (70%, 50%, 30%,

10%), lavagem em água destilada e acondicionamento em solução aquosa de glicerina (50%)

para posterior análise.

Os cortes transversais obtidos foram colocados em hipoclorito de sódio a 6,5%,

permanecendo até o clareamento total (cerca de uma hora). Logo após, os cortes foram

lavados em água destilada, corados com safranina durante dois minutos, lavados novamente e

colocados em solução aquosa de glicerina (50%) por uma hora. As amostras foram montadas

em lâminas com gelatina glicerinada, seladas com esmalte, analisadas em microscópio óptico

e, em seguida, fotomicrografadas com uma câmera digital Olympus 4.2 megapixels.

A partir da análise do material ao microscópio, foram obtidos dados referentes à forma,

número de ramos, comprimento total médio (µm) e densidade média dos tricomas na face

abaxial das pétalas. Os dados de comprimento dos tricomas da face adaxial são referentes aos

tricomas situados na faixa longitudinal em que se apresentam mais longos. A classificação e a

terminologia utilizada para a descrição dos tricomas foram baseadas em Payne (1978),

Theobald et al. (1950) e Hewson (1988).

Para análise em MEV, foram obtidas amostras de 25 mm2 das faces abaxial e adaxial

das pétalas, que foram fixadas em porta-espécimes, cobertas com cobre/ouro no Metalizador

SCD 050 e analisadas no microscópio eletrônico de varredura LEO 1430 VP. Foram tiradas

eletromicrografias da superfície das pétalas, destacando os tricomas presentes.

Resultados

Foram encontrados tricomas nas faces adaxial (interna) e abaxial (externa) das pétalas

de todas as espécies analisadas (figs. 20-35). Os tricomas foram classificados em dois tipos:

(a) tricomas 2-4-armados, sésseis, longos, flexíveis e com paredes finas, situados na face

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adaxial de todas as espécies (figs. 20-21, 29-30); (b) tricomas tufosos, sésseis, curtos, rígidos,

lignificados, com paredes espessas, situados na face abaxial das pétalas de todas as espécies

analisadas (figs. 22-29, 31-35). Os tricomas da face adaxial conferem uma textura macia ao

toque enquanto os encontrados na face abaxial conferem uma textura áspera.

Em ambos os tipos de tricomas, cada ramo é constituído por uma única célula e todos

os ramos são independentes, mas fusionados em grupos. São inseridos diretamente na

epiderme sem formar um pedúnculo. O ramo pode ser diferenciado em corpo e base. A porção

basal é fusionada e parcialmente inserida na epiderme. Nos tricomas 2-4-armados, o corpo é

sempre maior do que a base (figs. 20-21), enquanto nos tricomas tufosos a base pode ser maior

que o corpo (figs. 26-27, 35).

A face adaxial apresentou tricomas distribuídos em duas faixas longitudinais: uma

constituída por tricomas com ramos relativamente mais longos, e outra, com tricomas com

ramos mais curtos (fig. 30). Esses tricomas apresentaram maior comprimento em P.

marginatum e P. tomentosum, atingindo 1.000 µm de comprimento (tabela 4). Entre as

espécies estudadas, Pseudobombax grandiflorum e P. longiflorum apresentaram o terço basal

da pétala glabro.

Na face abaxial, os tricomas tufosos apresentam-se com comprimento médio menor do

que os tricomas 2-4-armados da face adaxial. Na maioria das espécies, os tricomas tufosos

apresentaram comprimento entre 300 e 400 µm. Apenas P. marginatum e P. parvifolium

apresentaram tricomas menores, variando entre 220 a 300 µm e 170-230 µm, respectivamente.

Os tricomas tufosos apresentam o corpo com 6 a 25 ramos enquanto a base pode ser

ligeiramente constricta na porção situada no nível da epiderme (fig. 29). Os ramos desses

tricomas estão fusionados de forma a conferir um aspecto de um tufo à estrutura formada,

podendo ser mais aberto e com maior diâmetro em P. grandiflorum (figs. 25, 32) e mais

fechado e mais alongado em Pseudobombax tomentosum (figs. 28, 34). Foram observadas,

também, estruturas intermediárias às destas espécies (figs. 22,23, 26).

Os tricomas tufosos mostraram uma variação contínua em comprimento nas espécies

analisadas, sendo os maiores encontrados em P. tomentosum e os menores em P. parvifolium.

A maioria das espécies apresentou uma grande amplitude em densidade de tricomas, sendo

que Pseudobombax longiflorum e P. simplicifolium foram as que apresentaram os menores

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valores médios (tabela 4). Em P. longiflorum e P. campestre, os tricomas nessa face também

se distribuíam em faixas perpendiculares à pétala (fig. 31).

Discussão

1. Nomenclatura dos tricomas tufosos

Os tricomas encontrados nas Malvales têm sido designados genericamente como

tricomas estrelados (Theobald et al., 1950; Foster, 1966; Esteves, 1998; 2001), sendo a sua

presença considerada uma das principais características diagnósticas da ordem (APG II, 2003).

O termo “tricoma estrelado” pode representar estruturas diferentes, de acordo com

conceitos de autores distintos. Assim, tal termo pode expressar um tricoma pedunculado, com

ramificações num mesmo plano (Esau, 1965; Alquini et al., 2003), ou significar que essas

podem estar dispostas em todas as direções, sendo então, chamados de tricomas

multiangulados (Theobald et al., 1950; Hewson, 1988). De certo modo, há um consenso

quanto a sua forma, que deve assemelhar-se à de uma estrela, com raios que divergem de um

único ponto (Esau, 1965; Fahn, 1974; Payne, 1978; Theobald et al., 1950; Hewson, 1988;

Alquini et al., 2003).

Tricomas com morfologia parecida como os de Pseudobombax foram observados em

outros táxons. Os do gênero Quercus foram citados como tufosos (Esau, 1965). Entre os tipos

de tricomas indicados na classificação de Payne (1978), o tipo dendrítico é o que mais se

assemelha com os tricomas de Pseudobombax. Contudo, a condição unicelular dos ramos

desses últimos é um grande diferencial impeditivo da adoção desse termo.

A morfologia incomum dos tricomas tufosos não apresenta características de tricomas

estrelados e causou dificuldade em seu enquadramento nos sistemas de classificação

existentes. No que se refere à ontogenia, ainda que aqui não se tenha apresentado um estudo

apropriado, é possível considerar que cada ramo unicelular de um tricoma tufoso observado

origina-se a partir de divisões anticlinais de uma mesma célula da protoderme e que as bases

destas células permaneceram unidas após o seu crescimento (Uphof, 1965). Essa afirmação é

feita a partir do indicado por Uphof (1962) para outros táxons da ordem Malvales.

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Evitou-se utilizar o termo “tricomas em buquês” de Robyns (1963), por considerar o

conceito desse autor por demais vago, não apresentando informação quanto à condição celular

dos tricomas. Preferiu-se usar o termo tufoso para designar os tricomas encontrados na face

abaxial das pétalas das espécies de Pseudobombax para também não incorrer no erro da

indicação, implícita no termo estrelado, de um ponto de divergência único para cada ramo do

tricoma.

2. Aplicação taxonômica

Os tricomas 2-4-armados observados na face adaxial das espécies de Pseudobombax

enquadraram-se no conceito dos tricomas 2-5-armados definido Theobald et al. (1950). Esses

autores fizeram referência ao potencial taxonômico desse grupo bem distinto de tricomas que

podem ser uni ou pluricelulares, com o número de ramos podendo variar em um mesmo táxon.

Neste estudo, a presença desses tricomas apenas na face adaxial das pétalas das

espécies analisadas apresentou-se bastante característica e permitiu reconhecer, com base em

seu comprimento, dois grupos principais de espécies: um formado por Pseudobombax

marginatum e P. tomentosum, cujos tricomas variam de 920 a 2.020 µm, e outro, constituído

pelas demais espécies analisadas, no qual os tricomas apresentam comprimento entre 370 a

1050 µm.

No segundo grupo, o comprimento dos tricomas da face adaxial permite distinguir

Pseudobombax campestre e P. longiflorum das demais espécies por apresentarem tricomas

mais curtos, variando entre 370 e 670 µm. P. campestre e P. longiflorum apresentaram

também tricomas tufosos de comprimento e número de ramos equivalentes, distinguindo-se

das demais espécies por apresentar de 8 a 18 ramos, chegando até 25 em P. campestre. P.

longiflorum pôde ser distinguida de P. longiflorum pela menor densidade de tricomas (5-8 vs.

12-18, respectivamente). No entanto, esses caracteres podem estar refletindo mais uma

resposta a fatores ambientais do que propriamente as afinidades taxonômicas entre essas

espécies. Essa afirmação baseia-se no fato de que as coleções dessas duas espécies, utilizadas

na presente análise, foram originadas de localidades da Cadeia do Espinhaço, situadas em

altitudes elevadas, a cerca de 900 metros. Por isso, esse caráter pode ter uma aplicação

taxonômica restrita.

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122

Quanto à separação de Pseudobombax longiflorum e P. grandiflorum, verificou-se que

essas espécies apresentaram tricomas morfologicamente similares em ambas as faces das

pétalas (figs. 3, 6, 12, 13). Porém, P. grandiflorum apresentou tricomas maiores na face

adaxial (810-900 vs. 470-670 µm) e maior densidade de tricomas tufosos na face abaxial do

que P. longiflorum (18,3/área vs. 6,3/área). P. grandiflorum, P. longiflorum e P. campestre

formam um grupo de espécies definido pela presença de tricomas tufosos com maior

amplitude de número de ramos (8-25) em oposição ao grupo formado por espécies com 6-13

ramos.

Com relação à Pseudobombax marginatum e P. tomentosum, apenas os valores de

densidade de tricomas tufosos mostraram-se equivalentes nesses dois táxons. P. tomentosum

apresentou tricomas maiores em ambas as faces das pétalas e menor número de ramos nos

tricomas tufosos. Além disso, P. marginatum apresenta a base proporcionalmente maior que o

corpo (figs. 8, 14), enquanto P. tomentosum distingue-se pelos tricomas muito mais longos do

que largos, com corpo maior do que a base, e ramos mais longos, em sua maioria formando

ângulos menores que 20º em relação ao seu eixo (figs. 9, 15).

Agradecimentos

À CAPES pela bolsa concedida ao primeiro autor, à Profa. Dra. Nádia Roque (UFBA)

pelas sugestões e revisão do texto, à Profa. Dra. Berta Lange pelas sugestões, ao colega,

biólogo Jomar Jardim pelo incentivo e sugestões, aos técnicos do Laboratório de

Micromorfologia Vegetal (LAMIV), Paulino P. Oliveira e Kelly R. Leite, pelo apoio, e a esta

última pela revisão do texto e sugestões.

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Figuras 20-28. Tipos de tricomas em Pseudobombax Dugand. Figuras 20-21. Tricomas 2-4-armados da face adaxial das pétalas de P. campestre (20) e P. grandiflorum. (21). Figuras 22-28. Tricomas tufosos. 22-24. P. longiflorum: tricomas com mais de 20 ramos (23), parede celular espessa e lúmen reduzido (24). 25. P. grandiflorum. 26. P. minimum: ramos curtos em relação à base. 27. P. marginatum: ramos relativamente mais curtos que P. tomentosum. 28. P. tomentosum, com ramos mais longos, orientados verticalmente.

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Figuras 29-34. Tipos de indumento em Pseudobombax Dugand. 29. Padrão de distribuição dos tricomas 2-4-armados e tricomas tufosos nas faces adaxial e abaxial, respectivamente (P. grandiflorum). 30. Faixas longitudinais diferenciadas de tricomas 2-4-armados na face adaxial (P. marginatum). 31-34. Indumento de tricomas tufosos. 31. P. grandiflorum: tricomas mais densos que em P. longiflorum. 32. P. longiflorum: menor densidade relativa. 33. P. marginatum: indumento semelhante ao de P. tomentosum. 34. P. tomentosum: tricomas muito longos.

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0,1 mm

Figura 35. Desenho esquemático de um tricoma tufoso encontrado na face abaxial das pétalas de Pseudobombax parvifolium. As células que constituem os ramos apresentam parede celular espessa e inserem-se diretamente na epiderme, conferindo a condição séssil desses tricomas. Neste exemplo, o corpo (porção fusionada dos ramos) apresenta-se maior que a base, sendo este um caráter importante na distinção de algumas espécies analisadas.

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Tabela 4. Sinopse dos dados qualitativos e quantitativos dos tricomas das faces adaxial e abaxial de pétalas de Pseudobombax Dugand

(Malvaceae s.l., Bombacoideae) e material utilizado para análise em microscopia óptica e eletrônica de varredura.

Face adaxial Face abaxial Espécie Compr.

total (µm) Compr.

total (µm)Nº. de ramos

Densidade por 2.500µm2

Material examinado

P. campestre (Mart. & Zucc.) A. Robyns

475 (370-650)

371 (300-410) 8-25 14,4

(12-18) BRASIL. Bahia: Rio de Contas. 23/8/2000, L.P. de Queiroz 6338 (HUEFS)

P. grandiflorum (Cav.) A. Robyns 850 (810-900)

367 (290-430) 8-18 18,3

(15-23) BRASIL. Espírito Santo: Linhares, 2/9/1998, D.A. Folli 3240 (HUEFS)

P. longiflorum (Mart. & Zucc.) A. Robyns

594 (470-670)

325 (300-400) 9-19 6,3

(5-8) BRASIL. Minas Gerais: Joaquim Felício, 17/6/1990, J.R. Pirani et al. 13200 (SPF)

P. marginatum (A.St.-Hil., Juss. & Cambess.) A. Robyns

1144 (920-1350)

240 (220-300) 6-13 13,4

(8-17) BRASIL. São Paulo: Jales, 16/4/1950, F.C. Hoehne s/n (SPF)

P. minimum sp. nov. inéd.1 770 (700-890)

340 (280-410) 6-12 15,5

(11-20) BRASIL. Bahia: Riachão das Neves, 3/6/1999, E. Melo 2763 (HUEFS)

P. parvifolium sp. nov. inéd.1 810 (600-1050)

200 (170-230) 6-11 18

(14-20) BRASIL. Bahia: Tanquinho, 24/11/1991, I. Crepaldi & M. V. Oliveira 06 (HUEFS)

P. simplicifolium A. Robyns 632 (530-840)

332 (250-400) 7-9 9,4

(7-12) BRASIL. Bahia: Casa Nova, 17/10/1990, Freira-Fierro et al. 1971 (SPF)

P. tomentosum (Mart. & Zucc.) A. Robyns

1975 (1950-2020)

435 (370-600) 6-8 13,9

(11-18) BRASIL. Bahia: Cocos, 16/5/2001, França 3629 (HUEFS)

1 As espécies novas de Pseudobombax foram denominadas pelos nomes que serão validamente publicadas em “Carvalho-Sobrinho, J.G. & Queiroz, L.P. 2006. Novas espécies de Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l.:Bombacoideae) para o nordeste do Brasil. Revta. Bras. Bot. (no prelo)”.

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Capítulo V

Análise cladística do gênero Pseudobombax Dugand

(Malvaceae s.l., Bombacoideae) baseada em

caracteres morfológicos

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Análise cladística do gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l: Bombacoideae)

baseada em dados morfológicos

Jefferson Guedes de Carvalho-Sobrinho1, 2

Luciano Paganucci de Queiroz2, 3

1. Programa de Pós-Graduação em Botânica, UEFS. Bolsista CAPES. ([email protected]). 2. Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Departamento de Ciências Biológicas, Km 03, BR 116, Campus Universitário. 44031-460, Feira de Santana, BA, Brazil 3. Bolsista de produtividade em Pesquisa, CNPq.

RESUMO – (Análise cladística do gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l:

Bombacoideae) baseada em dados morfológicos). O gênero Pseudobombax Dugand

pertence à subfamília Bombacoideae, de Malvaceae s.l., e compreende cerca de 22

espécies com distribuição na região Neotropical. Caracteriza-se pelo hábito arbóreo, folhas

palmadas, pulvinadas, folíolos não articulados, receptáculo glanduloso, pétalas carnosas,

filetes numerosos, conados em tubo e cápsulas com paina abundante. Neste trabalho,

realizou-se uma análise cladística de Pseudobombax com base em 40 caracteres

morfológicos de 25 espécies, sendo 15 de Pseudobombax e 10 espécies de outros gêneros

de Bombacoideae, obtidos a partir de material de herbário e de literatura. Foram obtidas

nove árvores mais parcimoniosas (MPTs), com comprimento igual a 144 passos (ci 0,41, ri

0,67). Pseudobombax mostrou-se monofilético (bs 72%) e como grupo irmão do clado

Bombacopsis-Pachira (bs 72%). Os resultados obtidos apoiaram a consideração de que o

pecíolo dilatado no ápice e os folíolos não articulados são prováveis sinapomorfias de

Pseudobombax. Dentro do gênero, dois clados principais foram obtidos: o primeiro

formado por espécies com folíolos peciolulados a longamente peciolulados e fruto 5-

angular, e o outro, por espécies com estrias longitudinais verdes no tronco. Nesse segundo

clado, um subclado foi formado por espécies endêmicas do semi-árido do Brasil,

caracterizadas pela redução do número de folíolos e ausência de falanges androceu.

Discute-se as afinidades inter-específicas em Pseudobombax assim como a evolução dos

caracteres morfológicos em Bombacoideae, rejeitando-se a hipótese de que Cavanillesia e

Scleronema pertencem à essa subfamília.

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Palavras-chave: cladística; morfologia; Pseudobombax; Bombacoideae; Malvaceae

ABSTRACT – (Cladistic analysis of the genus Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l:

Bombacoideae) based on morphological data). The genus Pseudobombax Dugand

belongs to the subfamily Bombacoideae of the Malvaceae s.l., and embraces about 22

species restricted to the Neotropics. It is represented by unarmed trees, with green vertical

stripes in the trunk, digitately compound leaves, apex of petiole widened on the apex,

receptacle often glandular, monadelphous stamens, monothecal anthers and capsules with

abundant kapok. A cladistic analysis of Pseudobombax and related genera was carried out

based on 40 morphological characters of 25 species, 15 of these belonging to

Pseudobombax and 10 species of others Bombacoideae. It was obtained nine more

parsimonious trees (144 steps, ci 0.41, ri 0.67). This study supports the monophyly of

Pseudobombax with moderate bootstrap support, and a sister-group relationship to a clade

made by the genera Bombacopsis and Pachira. The petiole widened on the apex and the

leaflets not joined with the petiole are probable synapomorphies of Pseudobombax. In the

genus, two main clades were verified: the first is formed by species with petiolulated to

long petiolulated leaflets and 5-angular fruit, and another, by species with green vertical

stripes in the trunk. In this clade, a subclade was formed by endemic species to the semi-

arid region of Brazil, characterized for the reduction of the number of leaflets and absence

of phalanges in androecium. The interspecific affinities in Pseudobombax as well as the

evolution of the morphologic characters in Bombacoideae are discussed.

Key words: cladistic; morphology; Pseudobombax; Bombacoideae; Malvaceae

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INTRODUÇÃO

O gênero Pseudobombax Dugand compreende cerca de 22 espécies com

distribuição na região Neotropical (Robyns, 1963; Fernández-Alonso, 2001), das quais 16

ocorrem no Brasil, principalmente em tipos vegetacionais sujeitos a climas estacionais,

como o cerrado e caatinga. O gênero é reconhecido pela combinação do hábito arbóreo,

tronco com estrias longitudinais verdes, folhas palmadas, pulvinadas, agrupadas no ápice

dos ramos, folíolos não articulados, receptáculo glanduloso, pétalas carnosas, filetes

numerosos, conados em tubo e cápsulas com paina abundante.

Pseudobombax foi segregado de Bombax L. por Dugand (1943). Este autor

considerou Bombax como um gênero americano caracterizado pelas folhas com folíolos

articulados, flores com estames numerosos conados em tubo na base e fruto cápsula 5-

valvar. As espécies com ápice do pecíolo dilatado, folíolos não articulados, cápsulas com

cálice persistente e paina abundante foram, então, incluídas no gênero Pseudobombax.

Outros autores consideraram Bombax como nativo do Velho Mundo e transferiram as

espécies americanas deste gênero para Bombacopsis Pittier, mantendo, no entanto,

Pseudobombax como um táxon distinto de Bombacopsis (Robyns, 1963; Nicolson, 1979).

Em sistemas taxonômicos tradicionais, o gênero Pseudobombax foi incluído na

família Bombacaceae (p.ex. Cronquist, 1981). No entanto, estudos filogenéticos na ordem

Malvales, baseados tanto em dados morfológicos (Judd & Manchester, 1997) quanto em

dados moleculares, não sustentam o monofiletismo das famílias Sterculiaceae, Tiliaceae e

Bombacaceae, as quais estão atualmente classificadas em Malvaceae s.l. (Baum et al.,

1998; Alverson et al., 1999; Bayer et al., 1999; Baum et al., 2004; Nyffeler et al., 2005).

Considerando-se os gêneros tradicionalmente incluídos em Bombacaceae, os dados

moleculares mais recentes sustentam o gênero Durio Adans. como parte de um clado que é

o grupo-irmão das demais Malvatheca (Baum et al.,1998). O clado Malvatheca inclui as

Malvaceae s.s. e a maioria das “Bombacaceae”, sendo caracterizado pelas anteras

monotecas (Baum et al., 2004; Nyffeler et al., 2005)

Dentro do clado das Malvatheca, Ochroma Sw. e Patinoa Cuatrec. formam um

clado basal que é irmão de um grande clado que inclui dois grupos: as Malvoideae (que

incluem representantes da tribo Matisieae, antes classificada em Bombacaceae) e as

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134

Bombacoideae, estas incluindo a tribo Adansonieae (Hinsley, 2005) e alguns

representantes das Matisieae (Baum et al., 2004).

Pseudobombax e gêneros afins são tradicionalmente classificados na tribo

Adansonieae (Bentham & Hooker, 1865; Schumann, 1886, 1895; Bakuizen van den Brink,

1924; Barroso, 1978), a qual é caracterizada pela presença de folhas palmadas e estames

numerosos concrescidos em tubo distinto. Bakhuizen van den Brink (1924) e Robyns

(1963) reconheceram, nessa tribo, um grupo de gêneros mais relacionados que recebe a

denominação de grupo-Bombax, incluindo Bombax, Bombacopsis, Eriotheca Schott. &

Endl., Pachira Aubl., Pseudobombax, Rhodognaphalon (Ulbr.) Roberty emend. A. Robyns

e Rhodognaphalopsis A. Robyns. Os dois últimos gêneros têm sido tratados como

sinônimos de Pachira (Alverson, 1994; Steyermark & Stevens, 1998; Fernández-Alonso,

1998, 2003; Alverson & Mori, 2002). Da mesma forma, tem sido questionada a distinção

entre Pachira e Bombacopsis, com alguns autores já tendo realizado algumas combinações

(Alverson, 1994; Alverson & Steyermark, 1997; Fernández-Alonso, 1998).

Os estudos de filogenia do clado Malvatheca apoiam o monofiletismo das

Adansonieae (Baum et al., 2004). Entretanto, esses trabalhos têm utilizado uma

amostragem limitada de táxons deste grupo. No caso de Pseudobombax, apenas uma

espécie (P. ellipticum (H.B. & K.) Dugand) foi incluída nos trabalhos que investigaram a

filogenia das Bombacoideae com uso de informações de ndhF, trnK/matK do DNA

cloroplasmático (Alverson et al., 1999; Baum et al., 2004; Nyffeler et al., 2005). Assim, o

monofiletismo do gênero não foi, até então, investigado, nem as possíveis relações

filogenéticas entre suas espécies.

Esse trabalho tem como objetivos testar o monofiletismo de Pseudobombax,

investigar seu relacionamento com outros gêneros de Bombacoideae, em especial do

grupo-Bombax (sensu Robyns, 1963) assim como analisar as relações filogenéticas entre

suas espécies.

MATERIAL E MÉTODOS

Táxons terminais

O grupo interno foi constituído por 25 táxons da tribo Adansonieae, sendo 15

espécies de Pseudobombax (tabela 5). Estas espécies foram selecionadas a fim de

representar o máximo da variação morfológica e da amplitude da distribuição geográfica

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135

do gênero. As demais 10 espécies representaram diferentes gêneros da tribo Adansonieae:

Adansonia digitata L., Bombacopsis retusa (Mart. & Zucc.) A. Robyns, Bombacopsis

stenopetala (Casar.) A. Robyns, Bombax ceiba L., Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum.,

Ceiba pentandra (L.) Gaertn., Eriotheca crenulaticalyx A. Robyns, Eriotheca gracilipes

(K. Schum.) A. Robyns, E. longipedicellata (Ducke) A. Robyns e Pachira aquatica Aubl.

O grupo externo consistiu de duas espécies de Bombacoideae: Cavanillesia arborea

K. Schum. e Ochroma piramidale (Cav. ex Lam.) Urb. O posicionamento filogenético de

Cavanillesia foi testado apenas por Alverson et al. (1999), que não obtiveram uma

resolução na estrutura do clado Bombacoideae. Ochroma parece apresentar um

posicionamento basal nas Bombacoideae (Baum et al., 2004). Duas outras espécies da

tribo Matisieae foram também incluídas: Matisia ochrocalyx K. Schum. e Scleronema

micranthum Ducke. Esses gêneros eram incluídos em “Bombacaceae” (sensu Cronquist,

1981), mas os estudos mais recentes indicaram que elas podem ser mais relacionadas à

subfamília Malvoideae do que às Bombacoideae e sua inclusão como parte do grupo

externo, neste trabalho, objetivou determinar um ponto de enraizamento da árvore fora da

tribo Adansonieae de forma não ambígua.

Seleção e codificação dos caracteres

Os caracteres utilizados neste trabalho foram obtidos a partir da análise de

espécimes de herbário (tabela 6). Quando não foi possível verificar o estado dos caracteres

em espécimes de herbário, foram utilizadas descrições disponíveis na literatura (Robyns,

1963, 1964; Wild & Gonçalves, 1979; Alverson & Steyermark, 1997; Cascante-Marin,

1997, Fernandez-Alonso, 2001; Alverson & Mori, 2002; Esteves, 2005).

Foram selecionados 40 caracteres importantes para esclarecer as relações entre os

táxons incluídos no grupo interno. Caracteres de forma plana (contorno) foram convertidos

para relações comprimento x largura a fim de se eliminar a subjetividade presente na

aplicação da terminologia morfológica. Os caracteres foram tratados como não ordenados

exceto no caso de alguns caracteres multiestados que expressaram intervalos numéricos.

Os dados obtidos foram editados no programa Nexus Data Editor (Page, 2001) para

confecção da matriz de caracteres. A matriz de dados é apresentada na tabela 7.

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Análise dos dados Os dados foram analisados com o uso do programa Paup 4.0b10 (Swofford, 2000)

para busca das árvores mais parcimoniosas. Para tanto, foram utilizadas duas estratégias de

busca: a primeira usando a opção de busca heurística incluindo permutação de ramos com

o algoritmo TBR e a segunda utilizando a opção “Branch-and-Bound”.

O suporte dos clados foi estimado através de teste de bootstrap utilizando 100

repetições e reamostragem de 10 caracteres em cada repetição, com os mesmos parâmetros

de busca heurística. Em cada repetição foram mantidas até 500 árvores.

As árvores mais parcimoniosas foram analisadas no programa Winclada (Nixon

2002). Os caracteres foram otimizados na árvore de consenso estrito, a qual foi idêntica a

uma das árvores mais parcimoniosas, utilizando a opção “acctran” (Fig. 36).

RESULTADOS

Foram obtidas nove árvores mais parcimoniosas (MPTs), com comprimento igual a

144 passos (ci 0.41, ri 0.67) (Figs. 37-38). A tribo Adansonieae apareceu como

monofilética em todas as MPTs embora com pequeno suporte de bootstrap (< 50%).

Dentro desse grupo, a presente análise sustenta Ceiba como grupo irmão de Adansonia (bs

< 50%) e Bombacopsis como grupo irmão de Pachira (bs 74%).

Pseudobombax mostrou-se monofilético (bs 72%) e como grupo irmão do clado

Bombacopsis-Pachira (bs 72%). Dentro de Pseudobombax todos os clados obtidos

apresentaram baixo suporte de bootstrap (< 50%). Dois clados principais de

Pseudobombax foram obtidos: um reunindo quatro espécies (P. guayasense, P. maximum,

P. grandiflorum e P. longiflorum), aqui denominado P. guayasense-P. longiflorum, e o

outro reunindo as dez espécies restantes, denominado P. simplicifolium-P. palmeri.

O segundo clado apresenta, também, dois subclados principais, sendo o primeiro,

com as espécies P. simplicifolium, P. campestre e P. calcareum, (denominado clado P.

simplicifolium-P. calcareum), e o segundo, com sete espécies, denominado P. septenatum-

P. palmeri.

Ochroma posicionou-se, em todas as MPTs, como grupo irmão dos táxons de

Adansonieae. Essa posição foi mantida mesmo restringindo a análise para considerar

Ochroma pyramidale como parte do grupo externo e Cavanillesia como membro do grupo

interno. Cavanillesia não apareceu como relacionado aos demais membros das

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Bombacoideae em nenhuma das MPTs. A restrição da análise para que Cavanillesia

aparecesse como grupo irmão do clado Eriotheca longipedicellata-Pseudobombax palmeri

resultou em árvores com quatro passos a mais do que as MPTs.

DISCUSSÃO

Posicionamento dos gêneros Cavanillesia e Scleronema – apesar do presente estudo ter

focado a resolução do relacionamento filogenético do gênero Pseudobombax, o

posicionamento de Cavanillesia e Scleronema levanta questões interessantes. Esses

gêneros são tradicionalmente incluídos na tribo Matisieae juntamente com os gêneros

Durio Adans., Hampea Schltdl., Matisia, Ochroma e Quararibea (Bentham & Hooker,

1865). Em outros sistemas de classificação, Cavanillesia e Scleronema são posicionados

na tribo Hampeae juntamente com Hampea (Hutchinson, 1967), ou em Durioneae,

juntamente com Campostemon, Durio e Neesia Spreng. (Takhtajan, 1997). Os

representantes desses gêneros são caracterizados principalmente pelas folhas simples, e

palminérvias.

Estudos de filogenia das Malvales indicaram que os gêneros Hampea, Matisia e

Quararibea são mais relacionados ao clado Malvoideae do que ao clado Bombacoideae,

enquanto Scleronema aparece relacionado ao clado Bombacoideae (Alverson et al., 1999;

Baum et al., 1998; Baum et al., 2004; Nyffeler et al., 2005). Segundo Alverson et al.

(1999) o gênero Cavanillesia pertence às Bombacoideae e as análises baseadas em

seqüências ndhF não forneceram uma resolução para as relações das core Bombacoideae.

No entanto, esses autores não apresentaram algum cladograma que justifique essa

conclusão.

Baum et al. (2004) consideraram, de forma intuitiva, que Cavanillesia, por seus

caracteres morfológicos, deveria fazer parte do clado Bombacoideae, e estaria mais

relacionado ao clado formado por Scleronema, Catostema, Bombax, Pachira, Ceiba e

Adansonia. Os resultados obtidos no presente estudo permitem rejeitar essa hipótese.

Cavanillesia não apareceu, em nenhuma das MPTs, como grupo-irmão das Adansonieae

(clado Eriotheca crenulaticalyx-Pseudobombax palmeri). Em lugar disso, apareceu como

parte de um grado basal que também inclui as espécies de Matisia e Scleronema ou

formando um clado com as espécies desses gêneros.

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Cavanillesia e Scleronema foram excluídas do clado Adansonieae por apresentar

caracteres que, no presente estudo, apareceram como plesiomórficos, como as flores

relativamente pequenas (caráter 16), ovário com apenas dois óvulos por lóculo (34), frutos

sem paina (38) e com poucas sementes (39). Além disso, compartilham com as espécies de

Matisia a presença de fruto indeiscente. Assim, os resultados obtidos neste trabalho

apoiaram uma posição taxonômica, em nível de tribo, mais próxima da visão tradicional,

com Cavanillesia e Scleronema provavelmente mais relacionadas às Hampeae do que às

demais Bombacoideae.

Filogenia do grupo-Bombax – O grupo-Bombax não apareceu como monofilético devido

ao posicionamento de Eriotheca crenulaticalyx. Em três das MPTs, esta espécie aparece

como grupo irmão do clado que inclui os demais representantes do grupo-Bombax mas o

mesmo não se verifica nas seis outras MPTs. Como conseqüência do posicionamento de E.

longipedicellata e E. crenulaticalyx, o gênero Eriotheca também não foi sustentado como

monofilético. Esse gênero tem taxonomia complexa (Martins, 1993) tendo sido inclusive

considerado como sinônimo de Bombax por Schumann (1886, 1895) e Bakhuizen van den

Brink (1924). Caracteres diagnósticos do gênero como folíolos articulados, flores com

tamanho reduzido, androceu constituído por até 140 estames e ausência de falanges,

apareceram como plesiomorfias no presente trabalho. Assim, o monofiletismo desse

gênero necessita ser melhor investigado.

Os resultados obtidos no presente estudo sustentam os gêneros Bombacopsis e

Pachira como grupos próximos. Em todas as MPTs, esses gêneros apareceram como

grupos irmãos, com suporte moderado de bootstrap (74%). Isso apoia propostas recentes de

considerar esses gêneros como sinônimos (Alverson, 1994; Alverson & Steyermark, 1997;

Fernández-Alonso, 1998). Os principais caracteres que aparecem como sinapomorfia do

clado Bombacopsis-Pachira são o cálice quase tão longo quanto largo (20), o ovário

revestido por tricomas rudimentares (32) e as sementes maiores, apresentando faces planas

de contato (41), além de reversão para anteras oblongas (30) e para frutos com paina

escassa ou ausente (38). No entanto, alguns desses caracteres são variáveis em

Bombacopsis (Robyns, 1963) e uma amostragem maior é necessária para se obter hipóteses

mais robustas. Dessa forma, o presente estudo concorda com a classificação de Schumann

(1886), que reconheceu nas Adansonieae a existência das tribos Eubombax e Pachiriopsis,

incluindo na primeira os gêneros Bombax e Eriotheca, e na última, Pachira e táxons

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semelhantes. Além disso, reforça a proximidade dos táxons americanos antes classificados

no gênero Bombax, um resultado ainda não obtido em outros estudos de filogenia das

Malvales (Alverson et al, 1999; Baum et al.,1998; Baum et al.,2004; Nyfeller et al., 2005).

Pseudobombax – o gênero Pseudobombax foi apoiado como monofilético com razoável

suporte de bootstrap (72%). Os caracteres sinapomórficos para o gênero são o pecíolo com

ápice dilatado e disciforme (caráter 9), os folíolos não articulados com o pecíolo (7) e o

cálice acrescente no fruto (21). Pseudobombax aparece como grupo irmão do clado

Bombacopsis-Pachira com suporte moderado (bs 74%), sustentado pelo cálice truncado

(caráter 19), pétalas estreitas, tendendo a lineares (22), muito mais longas do que o cálice

(24) e com tricomas tufosos na face abaxial (23), além de estames numerosos (27).

O presente estudo não apoia a classificação proposta por Robyns (1963) que

subdividiu o gênero, com base em caracteres palinológicos, nos subgêneros

Monopseudobombax e Pseudobombax, incluindo no primeiro subgênero apenas P.

simplicifolium com base na presença do que considerou folhas simples. Os resultados

apresentados por este estudo não sustentaram a hipótese de que P. simplicifolium seja

grupo irmão de um clado que reúna as demais espécies de Pseudobombax, permitindo,

assim, refutar a classificação proposta por esse autor.

Dentro do gênero Pseudobombax, dois clados principais foram evidenciados. O

primeiro inclui espécies que podem estar relacionadas a solos arenosos em cerrado ou

florestas estacionais como P. guayasense, P. maximum e P. longiflorum, e em restingas e

florestas ombrófilas litorâneas, como P. grandiflorum. Este clado é sustentado pelos

folíolos peciolulados a longamente peciolulados (caráter 14) e fruto 5-angular (36), e inclui

espécies com folhas caracteristicamente glabras. P. grandiflorum e P. longiflorum formam

um par de espécies reconhecidamente muito próximas (Robyns, 1963), que têm o tubo

estaminal glabro e não apresentam falanges.

O segundo clado principal reuniu dez espécies e foi definido pelo tronco com

estrias longitudinais verdes (caráter 2). Essas estrias representam uma entrecasca

clorofilada que é exposta pelo afastamento de faixas da periderme, deixando o tronco com

aspecto marmorado de cinza e verde. A maioria dessas espécies ocorre em vegetação

sujeita a estação seca prolongada e a presença dessa entrecasca clorofilada pode

representar uma adaptação dessas plantas a esse tipo de ambiente, auxiliando a manter

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140

algum nível de atividade fotossintética, mesmo quando a planta encontra-se desprovida de

folhas. Na caatinga, um ambiente que apresenta tais características, plantas com a casca

descamante revelando uma entrecasca verde podem ser encontradas em diferentes famílias

como, por exemplo, Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillet (Burseraceae),

Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm. (Leguminosae), Jatropha mollissima Baill. e J.

mutabilis Baill. (Euphorbiaceae).

Dentro desse segundo clado, um dos subclados foi constituído por Pseudobombax

campestre, P. calcareum e P. simplicifolium. São espécies endêmicas do semi-árido do

Brasil, caracterizadas pela redução do número de folíolos, chegando a um em P.

simplicifolium (caráter 6) e androceu sem falanges (29). Além disso, essas espécies

compartilham as bractéolas triangulares, geralmente glandulares, com margem denticulada,

o número reduzido de estames (170-300), o fruto oblongóide, estreito (1,5-2,5 cm larg.) e

as sementes piriformes, com coloração uniforme. P. simplicifolium compartilha ainda com

P. campestre os folíolos cordados, subglabros, com apenas 8-13 pares de nervuras

secundárias e 170-220 estames. P. simplicifolium ocorre em áreas de caatinga com solo

arenoso, enquanto P. calcareum apresenta distribuição restrita aos afloramentos calcários

no vale do Rio São Francisco, no Estado da Bahia. P. campestre é endêmica dos

afloramentos rochosos de altitude na cadeia do Espinhaço, nos Estados de Minas Gerais e

Bahia.

Além das espécies do clado Pseudobombax simplicifolium-P. calcareum, outras

espécies com distribuição restrita à região leste do Brasil, como P. grandiflorum (endêmica

da mata atlântica) e P. parvifolium (endêmica da caatinga) não apresentam falanges no

androceu. Por outro lado, espécies com distribuição no cerrado, como P. minimum, P.

marginatum e P. tomentosum, apresentam androceu organizado em falanges. Dessas, P.

marginatum e P. tomentosum possuem distribuição geográfica mais ampla, alcançando a

Bolívia e o Paraguai.

O segundo subclado (Pseudobombax septenatum-P. palmeri) é sustentado pelo

androceu com tubo estaminal indumentado (caráter 26) e falanges (29). Associado a isso,

há uma tendência, nesse grupo, ao aumento do número de estames, que geralmente são em

número de 400 a 1500. Em P. minimum, há uma reversão para cerca de 200 estames, sendo

as flores dessa espécie bastante reduzidas e as menores descritas para o gênero. A presença

de folhas e cálice indumentados (caracteres 12 e 17, respectivamente) define o grupo P.

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marginatum-P. palmeri, cuja maioria dos representantes apresenta distribuição em áreas

com clima semi-árido. Dentro desse grupo, Pseudobombax marginatum, P. tomentosum e

P. minimum formaram um clado com distribuição associada à vegetação de cerrado.

As espécies dos clados basais não apresentam um padrão de distribuição restrita.

Pseudobombax guayasense é encontrada no Equador e Peru; P. maximum na Colômbia e

Venezuela; P. longiflorum no Brasil, Paraguai e Bolívia; P. grandiflorum na costa leste do

Brasil desde Pernambuco até Santa Catarina. Por outro lado, nos grupos mais recentes,

verifica-se que várias espécies apresentam distribuição geográfica relativamente mais

restrita, especialmente no clado P. simplicifolium-P. calcareum: P. simplicifolium é

endêmica da caatinga, ocorrendo na área compreendida entre a região central da Bahia, o

sul do Piauí e oeste de Pernambuco; P. campestre encontra-se restrita à cadeia do

Espinhaço em Minas Gerais e Bahia; P. calcareum é conhecida de poucas áreas com

afloramentos calcários no vale do São Francisco, na Bahia. No clado P. septenatum-P.

palmeri, P. minimum é endêmica do cerrado nos estados de Goiás e Bahia, enquanto P.

parvifolium só é conhecida da caatinga nos estados da Bahia e Sergipe (no vale do Rio São

Francisco).

De modo geral, os grupos mais basais das Adansonieae apresentam uma maior

riqueza de espécies em florestas ombrófilas, a exemplo de Ceiba (Gibbs & Semir, 2003) e

Eriotheca (Martins, 1993), esta última com muitas espécies nas florestas Atlântica e

Amazônica. Bombacopsis e Pachira, juntos, somam cerca de 45 espécies (Alverson &

Steyermark, 1997; Fernández-Alonso, 1998), a maioria também com distribuição

principalmente na Amazônia. No entanto, o posicionamento de Pseudobombax em relação

a esses grupos e a análise da distribuição geográfica de algumas espécies do gênero sugere

uma tendência à ocupação, por parte das espécies de Pseudobombax, de áreas com clima

estacional, com vegetação xerófila ou subxerófila, a exemplo da caatinga no nordeste do

Brasil e dos Llanos Venezuelanos. A caducifolia observada nas espécies de Pseudobombax

pode representar um caráter relacionado à adaptação a esses ambientes mais xéricos,

diferentemente das espécies de Bombacopsis e Pachira, que geralmente são sempre-

verdes, não perdendo as folhas em nenhuma época do ano, mesmo durante a floração.

Evolução morfológica no grupo-Bombax – a partir dos resultados obtidos, podem ser

formuladas algumas hipóteses relacionadas à evolução de alguns caracteres no grupo-

Bombax.

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142

A divisão do limbo foliar mostrou-se um caráter importante na definição do grupo

interno, ou seja, o grupo-Bombax. Apesar de aparecer como um estado plesiomórfico no

contexto do grupo estudado, folhas simples com nervação palmada mostraram-se

importantes para questionar a hipótese de que Cavanillesia e Scleronema sejam membros

das Bombacoideae, como afirmado por Alverson et al. (1999) e Baum et al. (2004).

Dentro de Bombacoideae, os resultados obtidos apoiaram a consideração de que o

pecíolo dilatado no ápice e os folíolos não articulados com o pecíolo são estados derivados

e, portanto, prováveis sinapomorfias de Pseudobombax. A presença de folíolos com

margem serreada parece representar o estado plesiomórfico para as Bombacoideae,

aparecendo em Ceiba e Adansonia e passando para folíolos com margem inteira no grupo-

Bombax.

Em Bombacoideae, é possível detectar uma clara tendência ao aumento do tamanho

das flores, com as espécies de Eriotheca apresentando flores relativamente pequenas,

enquanto as espécies do clado Bombax ceiba-Pseudobombax palmeri apresentam flores

grandes (6,5-12 cm compr.) ou muito grandes (13-35 cm compr.). Este incremento do

comprimento da flor está associado ao aumento do número de estames e à presença de

falanges. Segundo Rao (1952) e Van Heel (1966), a flor primitiva das Malvales teria cinco

estames e o seu aumento, em número, seria uma conseqüência de uma multiplicação

secundária, sendo as anteras monotecas das Bombacoideae metade das anteras ditecas

ancestrais. De acordo com esses autores, haveria também uma tendência à conação dos

elementos do androceu, como pôde ser verificado, neste estudo, no grupo Bombacopsis

retusa-P. palmeri.

No conjunto, o aumento em número de estames e a sua conação podem estar

relacionados a uma especialização à polinização por morcegos. De acordo com Heithaus

(1982), as plantas quiropterófilas comumente apresentam hábito arbóreo, flores “em forma

de pincel” e perda das folhas durante a floração, que mantém as flores livres de obstáculos,

facilitando o acesso dos morcegos. Segundo Vogel (apud Heithaus, 1982), durante a co-

evolução com as espécies de morcegos, algumas plantas apresentaram uma tendência ao

posicionamento das flores nas extremidades dos ramos que facilitam o seu acesso por parte

desses animais. Todas essas características são encontradas nas espécies de

Pseudobombax.

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143

Além dos caracteres morfológicos relacionados à sindrome de quiropterofilia, as

espécies de Pseudobombax apresentam comportamento fenológico compatível com essa

síndrome, tal qual a antese crepuscular, como demonstrado em P. grandiflorum por Fischer

et al. (1992). Esses autores registraram visitas às flores dessa espécie por morcegos da

família Phyllostomidae, que segundo Heithaus (1982) apresentam distribuição

exclusivamente Neotropical. Muitos deles são visitantes de espécies de outros gêneros de

Bombacoideae como Ceiba pentandra (Heithaus, 1982), mais relacionadas

filogeneticamente com Pseudobombax do que com grupos de Matisieae (p.e., Cavanillesia,

Scleronema), propostos como pertencentes às Bombacoideae por Alverson et al. (1999) e

Baum et al. (2004). Não há, no entanto, estudos empíricos que evidenciem interações entre

Phyllostomidae e os grupos de Matisieae.

Uma outra tendência evolutiva verificada nas Bombacoideae, com base nos táxons

amostrados, é o surgimento de cápsulas com sementes pequenas, numerosas e envoltas por

paina abundante, que representa uma sinapomorfia do grupo Ochroma pyramidale-

Pseudobombax palmeri. Esses caracteres são associados à anemocoria, que é uma

estratégia que pode ser vantajosa para espécies que apresentam grande estatura em seus

ambientes, como árvores e lianas (Willson, 1992), podendo ter sido uma estratégia

ecológica importante para as Bombacoideae durante o processo de ocupação de áreas com

vegetação mais aberta, como o cerrado e a caatinga. A paina pode, ainda, ter

desempenhado uma função importante na dispersão de sementes através de rios, nos quais

as sementes podem ser carregadas na lâmina d’água devido ao potencial flutuante dessa

estrutura (Hoehne, 1927).

Pseudobombax apresenta sementes numerosas por fruto, dimensões reduzidas,

coloração não atrativa, ausência de estruturas chamativas (p.e., arilo) e alto teor de óleos.

Segundo Almeida (1997), esses são caracteres comumente observados em espécies

consideradas pioneiras ou secundárias iniciais. Aliado a isso, as raízes dessas plantas são

fortemente colonizadas por micorrizas arbusculares, como demonstrado em Pseudobombax

grandiflorum por Zangaro et al. (2002), o que pode ocasionar uma maior facilidade na

colonização de áreas onde as condições ambientais incluem luminosidade e temperaturas

médias mais altas. Assim, tais caracteres devem ter contribuído para o sucesso dessas

plantas durante a ocupação de áreas abertas.

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Pachira e Bombacopsis apresentaram uma reversão desse caráter para cápsulas

geralmente com paina escassa e sementes maiores (ca. 2 cm compr.) e angulosas. Isso pode

estar relacionado ao fato de que, em ambientes florestais ombrófilos, onde há maior

riqueza desses gêneros, a paina pode ter passado a desempenhar um papel não tão

importante para essas plantas. Ao mesmo tempo, a maior dimensão das sementes pode ter

sido uma inovação importante, relacionada ao aumento da quantidade de reservas na

semente, o que pode representar uma estratégia importante na colonização de florestas

tropicais ombrófilas (Vogel, 1980 apud Duke & Pohill, 1981).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Reyjane Patrícia pela revisão do texto e sugestões. Este

trabalho contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (processo n°

APR0199/2005), da CAPES através de bolsa de mestrado para o primeiro autor e do CNPq

(processo n° 470221/2001-1) através de bolsa de produtividade em pesquisa.

LITERATURA CITADA

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Tabela 5. Lista de táxons e material examinado para obtenção dos caracteres da análise cladística do gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae).

Táxon Material examinado/Fonte bibliográfica

Pseudobombax calcareum sp. nov. inéd.1 D. Andrade-Lima 75-8152; J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 485; J.G. de Carvalho-Sobrinho & L.P. de Queiroz 573

Pseudobombax campestre (Mart. & Zucc.) A. Robyns W. Ganev 3489; A.M. Giulietti 1389

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns W.W. Thomas 9472; A.M. de Carvalho 871 & G.P. Lewis

Pseudobombax guayasense A. Robyns E. Asplund 17588; Robyns (1963) Pseudobombax longiflorum (Mart. & Zucc.) A. Robyns

A.M. Amorim et al. 572; J.G. de Carvalho-Sobrinho 577 & L.P. de Queiroz

Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil., Juss. & Cambess.) A. Robyns

L.P. de Queiroz 3928; J.G. de Carvalho-Sobrinho 580 & L.P. de Queiroz

Pseudobombax maximum A. Robyns E. Palmer 134; Robyns (1963) Pseudobombax millei (Standley) A. Robyns H. Pittier 8719; Robyns (1963)

Pseudobombax minimum sp. nov. inéd.1 E. Melo et al. 2763; Carvalho-Sobrinho et al. 413; R.C. Forzza et al. 1591

Pseudobombax palmeri (Wats) Dugand Robyns (1963)

Pseudobombax parvifolium sp.nov.inéd. 1 L.P. Queiroz et al. 7343; J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 572; J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 751

Pseudobombax septenatum (Jacq.) Dugand Robyns (1963)

Pseudobombax simplicifolium A.Robyns D. Andrade-Lima et al. 1210; W. Moss s/nº (holótipo)

Pseudobombax tomentosum (Mart. & Zucc.) A. Robyns

F. França et al. 3629; J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 481

Adansonia digitata L. Wild & Gonçalves (1979); J.G. de Carvalho-Sobrinho 291

Bombacopsis retusa (Mart. & Zucc.) A. Robyns L.P. Queiroz et al. 4812 Bombacopsis stenopetala (Casar.) A. Robyns J.G. de Carvalho-Sobrinho et al 251 Bombax ceiba L. Robyns (1963) Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum. Gibbs & Semir (2003); L.P. Queiroz et al. 997

Ceiba pentandra (L.) Gaertn. Gibbs & Semir (2003); J.G. de Carvalho-Sobrinho

Eriotheca crenulaticalyx A. Robyns Martins (1993) Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns Robyns (1963); A.M. Carvalho et al. 4007 E. longipedicellata (Ducke) A. Robyns e Robyns (1963) Pachira aquatica Aubl. Robyns (1963); L.A. Mattos-Silva 3139

Cavanillesia arborea K. Schum. J.G. de Carvalho-Sobrinho et al. 475; L.P. Queiroz 1035; K.R.Leite 301

Matisia ochrocalyx K. Schum. Alverson & Mori (2002); Alverson & Steyermark (1997)

Ochroma piramidale (Cav. ex Lam.) Urb. Alverson & Steyermark (1997); Cascante-Marin (1997);

Scleronema micranthum Ducke. Esteves (2005); Alverson & Steyermark (1997)

1 As espécies novas de Pseudobombax foram denominadas pelos nomes que serão validamente publicadas em “Carvalho-Sobrinho, J.G. & Queiroz, L.P. 2006. Novas espécies de Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l.:Bombacoideae) para o nordeste do Brasil. Revta. Bras. Bot. (no prelo)”.

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Tabela 6. Caracteres morfológicos, e os seus estados, utilizados na análise cladística do gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae).

1. Hábito: 0. árvore 1. arbusto

2. Estrias verdes no tronco: 0. ausente 1. presente

3. Tronco ventricoso: 0. ausente 1. presente

4. Acúleos: 0. ausente 1. presente

5. Braquiblastos: 0. ausente 1. presente

6. Divisão do limbo: 0. simples 1. 3 a 5 folíolos 2. 5 a 11 folíolos 3. unifoliolada

7. Articulação do folíolo: 0. ausente 1. presente

8. Compr. do pecíolo (cm): 0. 0,5 a 4,5 1. 6 a 42

9. Ápice do pecíolo dilatado, disciforme: 0. ausente 1. presente

10. Margem da folha/folíolo: 0. inteira 1. lobada 2. serreada

11. Indumento face adaxial com tricomas simples: 0. presente 1. ausente

12. Indumento face abaxial com tricoma simples: 0. ausente 1. presente

13. Tipo de nervação da folha/folíolos: 0. pinada 1. palmada

14. Peciólulo: 0. ausente ou 0,1 1. 0,2 a 2,0 2. 2,5 a 7,5

15. Tipo de inflorescência: 0. flores solitárias 1. cimeiras

16. Comprimento da flor 0. até 3,9 cm 1. 4,5 a 6,0 cm 2. 6,5 a 12,5 cm 3. 13 a 17 cm 4. 17,5 a 35 cm

17. Indumento do cálice: 0. Glabro

1. Indumentado 18. Glândulas no

receptáculo: 0. ausente 1. presente

19. Ápice do cálice: 0. lobado ou

laciniado 1. truncado

20. Razão compr./larg. média do cálice: 0. até 0,6 1. 0,8 a 1,5 2. 3 a mais

21. Abcissão do cálice: 0. persistente 1. decíduo

22. Razão compr./larg. média pétala: 0. até 4,5 1. 6 a 11,5 2. 14 a mais

23. Razão compr. pétalas/cálice: 0. 1,3 a 3,0 1. 4,5 a 12,0 2. 15 a mais

24. Pétalas Tricomas tufosos na face externa: 0. Ausente 1. Presente

25. Estaminódios: 0. ausente 1. presente

26. Indumento do tubo estaminal com tricomas simples: 0. ausente 1. presente

27. Número de estames: 0. 5 1. 20 a 110 2. >180

28. Conação dos filetes: 0. Conados na base 1. Conados até próximo ao

ápice 29. Falanges:

0. ausente 1. presente

30. Forma das anteras: 0. oblongas ou lineares ou

reniformes 1. hipocrepiformes 2. anfractuosas

31. Número de carpelos: 0. 3 1. 5 2. 5 a mais

32. Indumento do ovário c/ tricomas rudimentares: 0. ausente 1. presente

33. Número de lóculos do ovário: 0. 3 a 5 1. 5 2. 5 a 15

34. Número de ovúlos/lóculo: 0. 2 1. muitos

35. Tipo de fruto: 0. cápsula 1. sâmara 2. drupa

36. Fruto 5-angular: 0. cilíndrico 1. 5-angulado 2. 5-alado

37. Razão compr./larg. média do fruto: 0. 1 a 1,4 1. 2 a 6

38. Paina: 0. ausente 1. presente

39. Número de sementes por fruto: 0. até 5 1. 15 a 30 2. muitas (50 a mais)

40. Forma das sementes: 0. não angulosas

1. angulosas

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Tabela 7. Matriz de caracteres utilizada na análise cladística do gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae).

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Figura 36 – Árvore de consenso estrito das nove árvores mais parcimoniosas (144 passos, ci 0.40, ri 0.67). Números acima dos ramos indicam o suporte de bootstrap (para ramos com suporte maior do que 50%). A seta indica o gênero Pseudobombax.

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Figura 37 – Uma das árvores mais parcimoniosas (144 passos, ci 0.40, ri 0.67) com os caracteres otimizados de acordo com o algoritmo acctran. Números acima e abaixo das caixas indicam os códigos dos caracteres e seus estados, respectivamente.

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Figura 38 – Uma das árvores mais parcimoniosas (144 passos, ci 0.40, ri 0.67) com os caracteres otimizados de acordo com o algoritmo acctran. Números acima e abaixo das caixas indicam os códigos dos caracteres e seus estados, respectivamente (complemento da figura 2).

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CONSIDERAÇÕES GERAIS

• Pseudobombax é representado por nove espécies na Bahia: P. calcareum sp. nov.

inéd., P. campestre (Mart.& Zucc.) A.Robyns, P. grandiflorum (Cav.) A.Robyns,

P. longiflorum (Mart.& Zucc.) A.Robyns, P. marginatum (A.St.-Hil., Juss. &

Cambess.) A.Robyns, P. minimum sp. nov. inéd., P. parvifolium sp. nov. inéd., P.

simplicifolium A.Robyns e P. tomentosum (Mart.& Zucc.) A.Robyns. Além disso,

P. grandiflorum é representado pelas variedades grandiflorum e majus. Essa

riqueza é maior do que a encontrada em qualquer outro Estado no Brasil e, até

mesmo, na Colômbia, onde se considerava existir a maior riqueza do gênero.

• A maioria das espécies encontradas na Bahia (seis das nove) tem ocorrência restrita

a um bioma particular no Estado, o que ajuda na identificação taxonômica das

espécies com base no tipo de vegetação que ocorrem.

• A maioria das espécies ocorre na região do semi-árido, onde podem ser encontradas

cinco espécies, três das quais ocorrem no bioma caatinga: P. calcareum, P.

parvifolium e P. simplicifolium e duas ocorrem em campos rupestres e cerrados da

Chapada Diamantina: P. campestre e P. longiflorum, respectivamente. Quatro

espécies são encontradas no cerrado, a oeste do Rio São Francisco: P. longiflorum,

P. minimum, P. marginatum e P. tomentosum. Além desses ambientes, uma espécie

(P. grandiflorum) ocorre no bioma Mata Atlântica.

• Foram identificadas e descritas três novas espécies de Pseudobombax: P.

calcareum, P.minimum e P. parvifolium. Destas, P. calcareum é provavelmente

endêmica da Bahia.

• Durante o levantamento de Pseudobombax para a Bahia foram estabelecidas

coleções completas de espécies ocorrentes no Estado, sendo registrados, pela

primeira vez, folhas, frutos ou sementes de seis espécies. Os caracteres de frutos e

sementes mostraram-se de grande valor taxonômico para a separação das espécies

da Bahia.

• Foi descrita uma variação micromorfológica, até então desconhecida, dos tricomas

das pétalas de Pseudobombax. A morfologia e o padrão de distribuição desses

tricomas também se revelaram uma ferramenta útil para o reconhecimento do

gênero assim como para a distinção de pares de espécies morfologicamente

semelhantes.

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• Os tricomas da face abaxial das pétalas em Pseudobombax devem ser denominados

de tufosos e apresentam caracteres morfológicos distintos dos tricomas estrelados

comumente encontrados nas Malvales.

• Os resultados obtidos a partir de uma análise cladística baseada em dados

morfológicos suportaram o gênero Pseudobombax como um grupo monofilético,

mais relacionado filogeneticamente com Pachira e Bombacopsis do que com outros

grupos de Bombacoideae.