tributação indireta - mauro moreira

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SABER DIREITO – FORMULÁRIO TÍTULO DO CURSO ATENÇÃO!!!! VERIFICAR ANTES DE IMPRIMIR. O ARQUIVO TEM MAIS DE 100 PÁGINAS!!!! TRIBUTAÇÃO INDIRETA. AULA 1: SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO. AULA 2: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS- IPI AULA 3: IMPOSTO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS – ICMS. AULA 4: IMPOSTO SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA – ISSQN AULA 5: GUERRA FISCAL, CONVÊNIOS DE ICMS E REFORMA TRIBUTÁRIA. PROFESSOR MAURO MOREIRA QUALIFICAÇÃO Procurador Federal. Professor de Direito Tributário. Mestrando e Especialista em Direito Tributário. AULA 01 TÍTULO Sistema Constitucional Tributário ROTEIRO DE ESTUDO TRECHOS DA OBRA: Curso de Direito Tributário (será publicada em 2017). Autores: Edvaldo Nilo e Mauro Moreira. 1. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA A competência tributária é o poder conferido à União, aos Estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municípios de instituir tributos por meio do processo legislativo discriminado nas normas

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SABER DIREITO FORMULRIO

TTULO DO CURSO

ATENO!!!! VERIFICAR ANTES DE IMPRIMIR. O ARQUIVO TEM MAIS DE 100 PGINAS!!!!TRIBUTAO INDIRETA.AULA 1: SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTRIO.

AULA 2: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS- IPI

AULA 3: IMPOSTO SOBRE A CIRCULAO DE MERCADORIAS E SERVIOS ICMS.

AULA 4: IMPOSTO SOBRE A PRESTAO DE SERVIOS DE QUALQUER NATUREZA ISSQN

AULA 5: GUERRA FISCAL, CONVNIOS DE ICMS E REFORMA TRIBUTRIA.

PROFESSOR

MAURO MOREIRA

QUALIFICAO

Procurador Federal. Professor de Direito Tributrio. Mestrando e Especialista em Direito Tributrio.

AULA 01

TTULO

Sistema Constitucional Tributrio

ROTEIRO DE ESTUDO

TRECHOS DA OBRA: Curso de Direito Tributrio (ser publicada em 2017). Autores: Edvaldo Nilo e Mauro Moreira.1. Competncia TRIBUTRIA

A competncia tributria o poder conferido Unio, aos Estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municpios de instituir tributos por meio do processo legislativo discriminado nas normas constitucionais.

Sendo assim, decorre do princpio federativo que somente as pessoas que detm poder de legislar possuem competncia tributria ou, em outros termos, poder de tributar.

Portanto, as pessoas dotadas de poder de legislar a respeito da criao ou instituio dos tributos so os entes federativos ou as pessoas polticas, isto , a Unio, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municpios.

Neste sentido, devemos entender que a CF/88 no institui os tributos, mas sim outorga a competncia tributria para os entes federativos criarem os tributos e descreve de que forma esta competncia pode ser exigida.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso da FUNDAO UNIVERSA para Advogado/CEB/2010 foi considerado falso: Os impostos so criados pela Constituio Federal, tendo os entes tributantes competncia para estabelecer as hipteses de incidncia. Da mesma forma, no concurso da ESAF para AFRFB/2010 foi assinalado como afirmativa incorreta: A Constituio Federal, alm de conter normas instituidoras de tributos, igualmente contempla, em seus dispositivos, regras voltadas discriminao das competncias tributrias, a fim de que os entes polticos possam criar seus tributos, dentro das suas respectivas esferas de atribuies. Em outros termos, a Constituio no cria tributos.2. Competncia legislativa e classificao

A competncia legislativa o gnero do qual se origina a competncia tributria, que uma espcie de competncia legislativa para a criao de tributos.

Decerto, tanto a competncia legislativa como a competncia tributria esto previstas no texto constitucional.

Assim sendo, competncia legislativa classifica-se como exclusiva, privativa, concorrente, suplementar, local e residual.

A competncia legislativa exclusiva ocorre quando atribuda a apenas um ente da federao, com a excluso de todos os demais (art. 21). Como exemplo, competncia legislativa exclusiva do Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimnio nacional, conforme o art. 49, I, da CF/88.

Lembre que o Poder Legislativo federal exercido pelo Congresso Nacional, que se compe da Cmara dos Deputados e do Senado Federal.

A competncia legislativa privativa acontece quando enumerada como prpria de uma entidade (Unio, no caso brasileiro), com possibilidade, ao contrrio da competncia exclusiva, de delegao ou suplementariedade, conforme previsto no art. 22 da CF/88.

Deste modo, a Unio competente privativamente para legislar sobre desapropriao (art. 22, II), podendo a lei complementar autorizar os Estados e o Distrito federal a legislar sobre questes especficas relacionadas a este tema.

A competncia legislativa concorrente aquela que pode ser exercida por mais de uma pessoa poltica. A Constituio Federal estabelece, por exemplo, que compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre direito tributrio (art. 24, I).

Neste caso, fundamental deixar claro que no mbito da legislao concorrente no sistema jurdico brasileiro, a competncia da Unio limitar-se- a estabelecer normas gerais.

Assim, a competncia da Unio para legislar sobre normas gerais de direito tributrio no exclui a competncia suplementar dos Estados e do Distrito Federal, eis que inexistindo lei federal (Unio) sobre normas gerais de direito tributrio, os Estados e o Distrito Federal exercero a competncia legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. E a supervenincia de lei federal sobre normas gerais de direito tributrio suspende a eficcia da lei estadual, no que lhe for contrrio, de acordo com o que est estabelecido nos 1 a 4, do art. 24, da CF/88.

Com efeito, a competncia legislativa suplementar significa exatamente a competncia de poder de fixar normas que desdobrem o contedo de normas gerais da Unio (art. 24, 2, da CF) ou que preencham a ausncia ou omisso destas normas gerais (art. 24, 3, da CF).

Do mesmo modo, no se esquea que a CF/88 tambm estabelece a competncia dos Municpios para suplementar a legislao federal e a estadual no que couber e para instituir e arrecadar os tributos de sua competncia, segundo os incisos II e III do art. 30.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Analista/EMBASA/2010 foi considerado com incorreto: Tanto a Unio como os estados, o Distrito Federal e os municpios podem legislar concorrentemente sobre direito tributrio. Cada uma das esferas da administrao tem competncia legislativa plena no mbito de sua jurisdio. Ou seja, apenas na hiptese de inexistncia de lei federal sobre normas gerais, os Estados e o Distrito Federal exercero competncia legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

J a competncia legislativa local dos Municpios e do Distrito Federal, uma vez que a CF/88 disciplina que compete aos Municpios legislar sobre assuntos de interesse local. E o Distrito Federal possui competncia legislativa municipal e estadual. Como exemplo, competncia local do Municpio fixar o horrio de funcionamento de estabelecimento comercial (Smula 645 do STF).

Por fim, a competncia legislativa residual pertencente aos Estados e ao Distrito Federal, pois a CF/88 determina que so reservadas aos Estados as competncias que no lhes sejam vedadas pela Constituio (art. 25, 1). Ou seja, todas as competncias que no so da Unio ou dos Municpios podem ser exercidas pelos Estados-membros.

Importante:

Sobre o tema, necessrio realarmos algumas decises relevantes do STF a respeito de temas ligados ao direito tributrio:

1. Mostra-se constitucional a disciplina do IPVA mediante norma local. Deixando a Unio de editar normas gerais, exerce a unidade da federao a competncia legislativa plena (AI 167.777-AgR);

2. falta de Lei Complementar da Unio que regulamente o adequado tratamento tributrio do ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas, (CF, art. 146, III, c), o regramento da matria pelo legislador constituinte estadual no excede os lindes da competncia tributria concorrente que lhe atribuda pela Lei Maior (ADI 429-MC);

3. Custas dos servios forenses: matria de competncia concorrente da Unio e dos Estados (CF 24, IV), donde restringir-se o mbito da legislao federal ao estabelecimento de normas gerais, cuja omisso no inibe os Estados, enquanto perdure, de exercer competncia plena a respeito (ADI 1.926-MC);

4. Lei estadual que determina que os municpios devero aplicar, diretamente, nas reas indgenas localizadas em seus respectivos territrios, parcela (50%) do ICMS a eles distribuda Transgresso clusula constitucional da no-afetao da receita oriunda de impostos (CF, art. 167, IV) e ao postulado da autonomia municipal (CF, art. 30, III) Inviabilidade de o estado-membro impor, ao municpio, a destinao de recursos e rendas que a este pertencem por direito prprio Ingerncia estadual indevida em tema de exclusivo interesse do municpio (ADI 2.355);

5. A Constituio Estadual no pode estabelecer limite para o aumento de tributos municipais (Smula 69 do STF).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso da FCC para Procurador Estadual/So Paulo/2009 foram consideradas incorretas as seguintes assertivas: A competncia legislativa dos Estados, em matria tributria, residual, podendo instituir outros impostos, alm dos j previstos na Constituio Federal, desde que sejam no-cumulativos e no tenham fato gerador ou base de clculo prprios dos nela discriminados; A competncia legislativa dos Estados para instituir o IPVA depende da prvia edio de lei complementar, conforme j decidiu o Supremo Tribunal Federal. Com efeito, a competncia legislativa dos Estados, em matria tributria, no residual e a competncia legislativa dos Estados para instituir o IPVA no depende da prvia edio de lei complementar, conforme entendimento reiterado do STF.

3. Classificao da competncia tributria

A competncia tributria classifica-se como exclusiva, residual, extraordinria, comum e cumulativa.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para o TCE/AC/2009 foi considerado como incorreto: Na CF, a competncia para instituir impostos foi repartida, obedecendo a tcnica da simultaneidade ou cumulatividade.

A competncia tributria exclusiva se refere a competncia da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios para instituir os tributos que a Constituio prev especificamente apenas para cada ente federativo, a saber:

Competncia exclusiva ou privativa da UnioImpostosa)imposto sobre importao de produtos estrangeiros (II) art. 153, I;

b)imposto sobre exportao, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE) art. 153, II;

c)imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR) art. 153, III;

d)imposto sobre produtos industrializados (IPI) art. 153, IV;

e) imposto sobre operaes de crdito, cmbio e seguro, ou relativas a ttulos ou valores mobilirios (IOF) art. 153, V;

f)imposto sobre propriedade territorial rural (ITR) art. 153, VI;

g)imposto sobre grandes fortunas (IGF) art. 153, VII.

Emprstimos Compulsrios

(art. 148)a)emprstimo por calamidade ou guerra externa (art. 148, I);

b)emprstimo por investimento pblico urgente e de relevncia nacional (art. 148, II);

Contribuies especiais ou para fiscaisa) contribuies de seguridade social (art. 195, art. 239; ADCT, art. 74, 75, 84 e 90);

b) contribuies sociais (art. 212, 5 e art. 240);

c) contribuies de interesse das categorias profissionais ou econmicas, tambm denominadas de corporativas (art. 149);

d)contribuies de interveno no domnio econmico (CIDE) art. 149 e art. 177, 4.

Competncia exclusiva ou privativa dos Estados e do Distrito FederalImpostos

(CF, art. 155)a)impostos sobre transmisso causa mortis e doao, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) art. 155, I;

b)impostos sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao (ICMS) art. 155, II;

c)imposto sobre propriedade de veculos automotores (IPVA) art. 155, III.

Competncia exclusiva ou privativa dos Municpios e do Distrito FederalImpostos

(CF, art. 156)a)imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU) art. 156, I;

b)impostos sobre transmisso inter vivos, por ato oneroso, de bens imveis e de direitos reais sobre imveis, exceto os de garantia, bem como cesso de direitos a sua aquisio (ITBI) art. 156, II;

c)imposto sobre servios de qualquer natureza (ISS), no compreendidos no ICMS, definidos em lei complementar art. 156, III;

Contribuio para o custeio do servio de iluminao pblica (COSIP ou CIP) art. 149-A.A competncia tributria residual se refere competncia da Unio para instituir, mediante lei complementar (legislador ordinrio), impostos no previstos na sua competncia, desde que sejam no-cumulativos e no tenham fato gerador ou base de clculo prprios dos discriminados nesta Constituio (art. 154, I).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

Nos concursos do CESPE para Advogado/BRB/2010 e para Juiz Federal/TRF2/2010 foram consideradas incorretas, respectivamente, as seguintes assertivas:

Para que a Unio tenha competncia para instituir impostos residuais por lei ordinria federal, suficiente que estes obedeam ao requisito de no cumulatividade;

A Unio detm competncia tributria residual e no seu exerccio poder editar lei em que a nova exao seja no cumulativa, desde que no tenha fato gerador ou base de clculo prprios dos demais tributos discriminados na CF.

No demais lembrarmos que o legislador ordinrio aquele que formula leis abaixo da Constituio (legislador constituinte), ou seja, hierarquicamente inferiores Constituio. Assim sendo, realamos que o imposto residual da Unio deve ter o seu fato gerador, base de clculo, contribuinte e tambm a alquota prevista em lei complementar.

Nesse rumo, ressaltamos que o princpio da anterioridade deve ser observado no uso da competncia tributria residual.

Por outro lado, o STF (ADIN 939/DF) j firmou posicionamento no sentido de que a tcnica da competncia residual para o legislador ordinrio e no para o constituinte derivado e a no cumulatividade e o no bis in idem no precisam ser observados quando da criao de um novo imposto atravs de emenda constitucional.

Em sntese, o STF entende que as restries estabelecidas no art. 154, I, da CF, no podem ser opostas a emenda a constituio, mas sim ao legislador ordinrio na criao do imposto por meio da lei complementar.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso da ESAF para Analista/SUSEP/2010 foram consideradas como corretas as seguintes assertivas bem interessantes: O exerccio da competncia residual reservado ao legislador ordinrio, e no ao constituinte derivado; Consoante entendimento firmado no mbito do STF, a no-cumulatividade e o no bis-in-idem no precisam ser observados quando da criao de um novo imposto por meio de emenda constitucional; A exigncia de lei complementar inafastvel e, diferentemente do que ocorre para os impostos discriminados, que tm apenas os seus fatos geradores, bases de clculo e contribuintes previstos em lei complementar, no caso da instituio de novo imposto pela Unio, no exerccio de sua competncia residual, exige-se que tambm a alquota seja prevista em lei complementar; A criao de novo imposto, no exerccio da competncia residual, fica sujeita ao princpio da anterioridade.

Importante:

Diversas questes de concurso so baseadas exclusivamente no art. 154, I, da CF. Portanto, preste bem ateno na cobrana literal deste dispositivo, sem a necessidade do conhecimento da jurisprudncia do STF acima estudada. Em outros termos, algumas questes concursos afirmam que apenas atravs de lei complementar a Unio pode criar impostos residuais e consideram como certa a alternativa.

Por sua vez, registramos que doutrina minoritria entende que os Estados-membros tambm possuem competncia tributria residual, com fundamento na sua competncia legislativa residual prevista no art. 25, 1, da CF, afirmando que competncia tributria residual dos Estados-membros institurem taxas e contribuies de melhoria. Ou seja, as taxas e contribuies de melhoria que no sejam de competncia poltico-administrativa da Unio ou dos Municpios podem ser criadas pelos Estados-membros.

A competncia tributria extraordinria a competncia da Unio para instituir na iminncia ou no caso de guerra externa, impostos extraordinrios, compreendidos ou no em sua competncia tributria, os quais sero suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criao (art. 154, II).

Vale salientarmos que doutrina minoritria, em razo do art. 154, II, da CF/88, sustenta coerentemente que apenas a Unio tem competncia privativa e exclusiva para instituio de impostos, pois este ente federativo pode,na iminncia ou no caso de guerra externa,instituir impostos extraordinrios compreendidos na competncia tributria estadual, distrital ou municipal.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso da FGV para o ICMS/RJ/2009 foi considerado como correta: A Unio poder instituir, mediante lei ordinria, impostos extraordinrios, compreendidos ou no em sua competncia tributria, na iminncia ou no caso de guerra externa, os quais sero suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criao.

A competncia tributria comum ou concorrente a competncia de todos os entes polticos para instituio de taxas, contribuies de melhoria e contribuio previdenciria dos seus servidores, dentro da esfera de competncia poltico-administrativa de cada um.

Competncia comum da Unio, Estados-membros, DF e MunicpiosTaxas

a)taxas de polcia;b)taxas de servio.

Contribuies de Melhoria

Contribuio previdenciria

Por fim, a competncia tributria cumulativa a competncia da Unio para instituir, em Territrio Federal, os impostos estaduais e, se o Territrio no for dividido em Municpios, cumulativamente, os impostos municipais (art. 147, da CF/88).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Procurador Federal/2010 foi considerada correta a seguinte assertiva: Se, na regio Norte do pas, for criado territrio federal, mediante lei complementar, competir Unio a instituio do ICMS nesse territrio. Ressaltamos que competem Unio, em Territrio Federal, os impostos estaduais (ICMS, ITCMD e IPVA) e, se o Territrio no for dividido em Municpios, cumulativamente, os impostos municipais (ISS, IPTU e ITBI).

Podemos afirmar tambm que o Distrito Federal exerce competncia tributria cumulativa, pois possui competncia tributria estadual e municipal.

Ademais, destacamos que a pessoa poltica que detm a competncia tributria para instituir o tributo tambm competente para aument-lo, diminu-lo ou mesmo conceder isenes, observados os limites constitucionais e legais.

4. Caractersticas

A doutrina atribui algumas caractersticas competncia tributria, a saber:

(i) Privatividade, que se manifesta na competncia exclusiva de cada ente federativo para instituir os tributos de sua competncia e, por conseguinte, veda os demais de virem a cri-los.

(ii) Indelegabilidade, entendida como a impossibilidade do ente federativo delegar a terceiros a sua competncia para instituir o tributo.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para o TCE/AC/2009 foi considerada errada: A competncia tributria delegvel, desde que a delegao seja feita entre entidades polticas (Unio, estados e municpios).

Destacamos que no desobedece caracterstica da indelegabilidade o ato legal de determinado ente federativo que confere a outra pessoa jurdica de direito pblico s funes de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, servios, atos ou decises administrativas em matria tributria.

Tais atribuies, segundo o art. 7, do CTN, compreendem as garantias e os privilgios processuais que competem pessoa jurdica de direito pblico que a conferir, sendo que estas atribuies podem ser revogadas, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurdica de direito pblico que a tenha conferido.

Neste sentido, tambm no constitui delegao de competncia tributria o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da funo de arrecadar tributos (3, do art. 7, do CTN). Aqui o que acontece diuturnamente com as instituies financeiras que arrecadam o tributo.

Arrecadar significa receber, descontar ou reter o pagamento do tributo, isto , as instituies financeiras no podem fiscalizar ou cobrar o pagamento do tributo, o que competncia apenas de entidades de direito pblico, dotadas de poder de imprio, tais como a Receita Federal do Brasil (fiscalizar) e a Procuradoria da Fazenda Nacional (cobrar o tributo por meio da execuo fiscal).

Por este fundamento, j decidiu o STJ (Resp 28.675/PR), por exemplo, que a arrecadao de tributos no transforma gerente de banco comercial em autoridade pblica.

Por outro lado, devemos distinguir competncia tributria e capacidade tributria ativa, que significa a possibilidade de determinada pessoa figurar como sujeito ativo ou no plo ativo (credor) da relao jurdico-tributria, sendo a pessoa competente para exigir o cumprimento da obrigao tributria.

Assim, o prprio art. 7 dispe sobre esta possibilidade de delegao da capacidade tributria ativa, quando dispe que as atribuies de fiscalizar tributos, ou de executar leis, servios, atos ou decises administrativas em matria tributria pode ser conferida por uma pessoa jurdica de direito pblico a outra.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

Foi considerada correta a seguinte afirmativa no concurso do CESPE para Juiz Federal/TRF2/2010: A competncia para instituir tributo distinta da competncia para efetuar sua fiscalizao e cobrana; pode, por isso, ser delegada a condio de sujeito ativo da obrigao tributria e, consequentemente, a competncia para lanar, fiscalizar e exigir o pagamento do tributo.

Por outro lado, de forma mais tcnica, existem autores que afirmam que a atribuio da capacidade tributria para outra pessoa poltica d-se por outorga, que seria o nome mais adequado para dizer que deve ser sempre por lei. Mas os concursos pblicos, na grande maioria das vezes, falam em delegao da capacidade tributria ativa por lei e no em outorga.

O exemplo clssico e no mais vlido de delegao da capacidade tributria ativa o das contribuies previdencirias que eram cobradas pelo INSS (autarquia federal). A competncia tributria da Unio, mas a capacidade tributria ativa era do INSS.

Outro exemplo o da possibilidade do ITR de competncia tributria da Unio ser fiscalizado e cobrado pelos Municpios que assim optarem (art. 153, 4, III, da CF/88).

Do mesmo modo, estabelece-se que a lei federal pode cometer aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municpios o encargo de arrecadar os impostos de competncia da Unio cujo produto lhes seja distribudo no todo ou em parte (art. 84 do CTN).

Por exemplo, a reteno de imposto de renda (IR) na fonte do servidor pblico estadual desloca a capacidade tributria ativa para o Estado, que, no caso, sujeito ativo do IR, conforme smula 447 do STJ.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE/Juiz Federal/TRF5/2008 foi considerada correta: A indelegabilidade restringe-se competncia tributria, e no abrange as funes fiscais de fiscalizao e arrecadao, podendo este ltimo encargo ou funo ser cometido a pessoa jurdica de direito privado, sem que isso constitua ato de delegao.

(iii) Incaducabilidade ou imprescritibilidade ou, ainda, no sujeita a decadncia, a significar que o no-exerccio da competncia tributria no a defere a pessoa jurdica de direito pblico diversa daquela a que a Constituio a tenha atribudo, de acordo com o art. 8 do CTN, ou seja, a pessoa poltica pode exercer competncia tributria estabelecida no texto constitucional a qualquer tempo.

(iv) Inalterabilidade, no sentido de que o prprio ente federativo competente para instituir determinados tributos pelo texto constitucional no pode ampliar por meio de norma ordinria (infraconstitucional) a sua competncia tributria.

Por exemplo, o Distrito Federal no pode ampliar a sua competncia tributria por meio de lei distrital.

A Constituio Federal estabelece as competncias tributrias de forma rgida. Entretanto, destacamos que esta caracterstica no impede a alterao da competncia tributria por meio de reforma constitucional, desde que tal modificao pelo poder constituinte derivada no seja tendente a abolir a autonomia financeira do ente federado, o que acarretaria violao a forma federativa de Estado (art. 60, 4, I, da CF/88).

De tal modo, no violou a forma federativa de Estado brasileira a Emenda Constitucional n. 3/1993, que extinguiu a competncia dos Estados e do Distrito Federal para instituir o Adicional ao Imposto sobre a Renda (AIR) e a competncia dos Municpios e do Distrito Federal para criar o Imposto sobre Vendas a Varejo de Combustveis Lquidos e Gasosos (IVVC), uma vez que a perda da arrecadao decorrente da extino desses impostos no foi tendente a abolir a autonomia financeira dos respectivos entes federativos.

(v) Irrenunciabilidade, conforme a qual no pode o ente federativo renunciar ou abrir mo da competncia tributria, em virtude do postulado da indisponibilidade do interesse pblico.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso da FCC para Defensor Pblico/PA/2010 foi considerada correta: A competncia tributria indelegvel, inalienvel, imprescritvel, irrenuncivel e inaltervel. O examinador utilizou o termo inalienvel (pouco usado na doutrina) que significa que o ente federativo no pode dispor ou abdicar do direito.

(vi) Facultatividade, pois a competncia tributria uma faculdade que pode ou no ser utilizada pela pessoa poltica, criando ou no o tributo, ou ainda, criando-o somente em parte. Todavia, registramos que, depois de institudo o tributo, no h mais facultatividade para a administrao, uma vez que a atividade de cobrana vinculada, conforme bem previsto no art. 142 do CTN.

Salientamos, ainda, que a Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal LRF) estabelece que constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gesto fiscal a instituio, previso e efetiva arrecadao de todos os tributos da competncia constitucional do ente da Federao (art. 11). Todavia, ressaltamos que a facultatividade continua sendo considerada como caracterstica da competncia tributria pela grande maioria dos doutrinadores.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

Neste sentido, no concurso para juiz federal do TRF/4 Regio/2010 foi considerada correta a seguinte assertiva sobre o art. 11 da LRF; de constitucionalidade questionvel diante da regra de competncia tributria privativa dos entes federados, mas a doutrina tende fortemente a admitir sua constitucionalidade, pois no imporia obrigao de exerccio de competncia tributria, mas apenas consequncias de seu no exerccio.

Competncia TributriaPrivativa

Indelegvel

Imprescritvel

Inaltervel

Irrenuncivel

Facultativa

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso da FGV para o ICMS/RJ/2009 foi considerada correta: De acordo com os ditames da Lei de Responsabilidade Fiscal, constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gesto fiscal a instituio, previso e efetiva arrecadao de todos os tributos da competncia constitucional do ente da Federao. Por sua vez, no concurso do CESPE para Procurador do Estado de Alagoas/2009 foi perguntado na prova discursiva: Discorra acerca da competncia tributria, abordando, necessariamente, a sua definio, bem como a identificao e a definio das suas caractersticas, estabelecidas na Constituio Federal e no Cdigo Tributrio Nacional, detalhando cada uma delas. (mximo de 30 linhas)4.1 Assertivas elementares sobre competncia, fiscalizao, arrecadao e capacidade tributria ativa

A competncia tributria indelegvel e pertence somente aos entes polticos, que so a Unio, os Estados-membros, o Distrito Federal (DF) e os Municpios. tambm uma competncia estabelecida no texto constitucional, sendo considerada uma espcie de competncia legislativa, isto , para instituir os tributos.

Doutro ponto, a expresso capacidade tributria ativa sinnima de sujeito ativo da relao tributria. Segundo o art. 119 do CTN, o sujeito ativo a pessoa jurdica de direito pblico, titular da competncia para exigir o seu cumprimento, ou seja, que possui competncia para fiscalizar e arrecadar o tributo. Em outros termos, podemos afirmar que indica o sujeito ativo da obrigao tributria principal. Logo, uma espcie de competncia estabelecida no texto infraconstitucional, sendo caracterizada como uma espcie de competncia administrativa.

J a fiscalizao tributria delegvel e, segundo a literalidade dos arts. 7 e 119 do CTN, apenas para pessoas jurdicas de direito pblico, que so a Unio, os Estados-membros, o DF, os Municpios, as Autarquias e as Fundaes Pblicas de Direito Pblico.

Por sua vez, a arrecadao tributria delegvel tambm para pessoas jurdicas de direito privado, tais como os bancos ou instituies financeiras, conforme 3, do art. 7, do CTN.

Competncia tributriaIndelegvel

Entes polticos (Unio, Estados, DF e Municpios)

Constitucional

Legislativa

Capacidade tributria ativaSujeito Ativo

Competncia para fiscalizar e arrecadar

Administrativa

Pessoas jurdicas de direito pblico

Fiscalizao tributriaDelegvel

Pessoas jurdicas de direito pblico (Unio, Estados, DF, Municpios, Autarquias e Fundaes Pblicas de Direito Pblico)

Arrecadao tributriaDelegvel

Pessoas jurdicas de direito pblico e de direito privado

Qual o entendimento do STJ sobre o assunto?

Interessante, contudo, notar que o STJ compreende que a Confederao Nacional da Agricultura tem legitimidade ativa para a cobrana da contribuio sindical rural (Smula 396). Ou seja, a despeito dos arts. 7 e 119 do CTN, o STJ julga que pessoa jurdica de direito privado pode ser sujeito ativo da relao tributria.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

A FCC no concurso de Procurador de Estado/MT/2011 cobrou a seguinte questo: Sobre competncia tributria e capacidade tributria ativa, correto afirmar: (a) A competncia tributria delegvel por lei; (b) A capacidade tributria ativa indica o sujeito ativo da obrigao tributria principal; (c) O Cdigo Tributrio Nacional fixa as competncias tributrias; (d) A capacidade tributria ativa exclusiva do ente poltico definido na Constituio Federal; (e) Somente o ente poltico competente para instituir o tributo pode ser titular da capacidade tributria ativa. A resposta a letra b. Por outro lado, a FCC no concurso de Juiz de Direito/MS/2010 cobrou a seguinte questo: Sobre a competncia tributria, correto afirmar que (a) trata-se de competncia administrativa, passvel de delegao por lei complementar; (b) competncia legislativa comum para todas as espcies de tributos; (c) competncia concorrente da Unio e dos Estados; (d) competncia legislativa exclusiva em relao a impostos e emprstimo compulsrio; (e) pode ser delegada por lei relativamente ao exerccio da fiscalizao e arrecadao de tributos. A competncia tributria , em regra, competncia legislativa exclusiva em relao a impostos e emprstimo compulsrio, segundo os arts. 148, 153, 155, 156, da CF/88. Logo, correta a letra b.

5. Separao horizontal e vertical do poder tributrio no sistema tributrio federado

Classificao ou separao bastante simples e j cobrada em concurso pblico a diviso do poder tributrio em horizontal e vertical no sistema tributrio federado. Conforme ensina Ricardo Lobo Torres, a sistematizao dos tributos no federalismo fiscal tem, do ponto de vista jurdico, o objetivo de proceder separao e pulverizao do poder tributrio.

De tal modo, o poder tributrio se separa horizontalmente em poder de legislar, poder de administrar e poder de julgar, enquanto o poder tributrio se separa verticalmente em poder federal, poder estadual e poder municipal. Ressalta-se que o Distrito Federal detm poder tributrio estadual e municipal.

6. Bitributao x bis in idemA bitributao acontece quando dois ou mais entes federativos (Unio, Estados-membros, DF e Municpios)tributam sobre o mesmo fato gerador ou sobre a mesma base de clculo.

Nabitributao, em regra, h invaso inconstitucional de competncia, pois umente federativo est desobedecendo competncia fixada para outro ente federativo.

Exemplo de bitributao no permitido o seguinte: determinadoEstado-membro instituiu um adicional de IPTU, mediante leiestadual, sobre o valor venal do imvel urbano. Isto , oEstado-membro invadiu a competncia do Municpio com a criao de novo imposto incidente sobre base de clculo de tributo do Municpio (IPTU).

Contudo, existem possveis hipteses de bitributaes permitidas pelo texto constitucional. Por exemplo, so os casos do imposto extraordinrio de guerra (IEG) e do emprstimo compulsrio. Nestes dois tributos de competncia da Unio, o legislador federal pode se utilizar de fatos geradores de tributos estaduais ou municipais.

O bis in idem ocorre quando um mesmo ente federativo tributa um nico fato por mais de uma vez. Portanto, o bis in idem significa a criao de um tributo com a mesma natureza jurdica de outro tributo j existente. Ou seja, determina lei do mesmo ente federativo institui um tributo com a mesma hiptese de incidncia ou base de clculo de outro tributo de sua prpria competncia.

Vamos aos exemplos permitidos pela Constituio:

A tributao do lucro pela Unio com o imposto de renda pessoa jurdica (IRPJ) e a contribuio social sobre o lucro lquido (CSLL);

Contribuies para o Programa de Integrao Social (PIS) e a contribuio para o financiamento da seguridade social (COFINS), inclusive o PIS-importao e a COFINS-importao criados pela Lei 10.895/04;

Imposto de importao (II) e imposto sobre produtos industrializados incidente sobre produtos industrializados (IPI) de procedncia estrangeira, conforme art. 46, I, do CTN (REsp N 846.667/RJ);

Todavia, registramos que a doutrina minoritria utiliza o termo bitributao como gnero, isto , englobando a bitributao e o bis in idem, sem realmente diferenciar os institutos.

Por exemplo, recentemente (RE 363.852, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 03/02/10), o STF adotou a doutrina minoritria e firmou posicionamento pela inconstitucionalidade da contribuio social sobre a receita bruta proveniente da comercializao da produo rural de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, alegando literalmente, entre outros aspectos, a bitributao com a COFINS.

7. Iniciativa dos projetos de lei de direito tributrio

De incio, destacamos que o art. 61, 1, II, b, da CF/88 estabelece a iniciativa privativa do Presidente da Repblica para as leis que disponham sobre organizao administrativa e judiciria, matria tributria e oramentria, servios pblicos e pessoal da administrao dos Territrios.

Por outro lado, o art. 165, II, da CF/88, dispe que leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecero as diretrizes oramentrias. Assim, existe polmica se h iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo em matria tributria?

A resposta negativa para o mundo dos concursos pblicos. Segundo entendimento consolidado no STF, no h reserva de lei de iniciativa do Chefe do Executivo em matria tributria, exceto no caso dos Territrios Federais, que, nos dias de hoje, no existem no Brasil.

O STF j afirmou mais de uma vez que no ofende o art. 61, 1, II, b, da CF, lei oriunda de projeto elaborado na Assembleia Legislativa estadual que trate sobre matria tributria, uma vez que a aplicao deste dispositivo est circunscrita s iniciativas privativas do chefe do Poder Executivo Federal na rbita exclusiva dos territrios federais. (ADI 2.724, DJ de 02/04/04, ADI 2.447 DJE de 04/12/2009).

Por sua vez, o STF compreende que a reserva de iniciativa prevista no art. 165, II, da Carta Magna, por referir-se a normas concernentes s diretrizes oramentrias, no se aplica a normas que tratam de direito tributrio, como so aquelas que concedem benefcios fiscais (ADI 2.464, DJ de 25/05/2007).8. Repartio das receitas tributrias

A repartio das receitas tributrias ou distribuio de rendas tributrias assunto disposto no texto constitucional (arts. 157 a 162).

Deste modo, a doutrina classifica a repartio de receitas tributrias de repartio direta e repartio indireta.

A forma direta acontece sem qualquer tipo de intermediao, sendo que o ente arrecadador se apropria do montante do tributo ou recebe este montante diretamente do ente federativo competente para instituir o tributo, de acordo com o que est disposto principalmente nos arts. 157 e 158 da CF/88. Assim, pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:

O produto da arrecadao do imposto da Unio sobre renda e proventos de qualquer natureza (100% do IR), incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer ttulo, por eles, suas autarquias e pelas fundaes que institurem e mantiverem;

Vinte por cento (20%) do produto da arrecadao do imposto residual que a Unio instituir no exerccio desta competncia.

Estados e Distrito Federal100% do IR sobre rendimentos pagos, a qualquer ttulo, por eles, suas autarquias e pelas fundaes que institurem e mantiverem;

20% do imposto residual que a Unio instituir no exerccio desta competncia.

Pertencem aos Municpios:

O produto da arrecadao do imposto da Unio sobre renda e proventos de qualquer natureza (100% do IR), incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer ttulo, por eles, suas autarquias e pelas fundaes que institurem e mantiverem, de acordo com art. 158, I, da CF/88;

Cinquenta por cento (50%) do produto da arrecadao do imposto da Unio sobre a propriedade territorial rural (ITR), relativamente aos imveis neles situados, cabendo a totalidade (100%) na hiptese de optar em arrecadar e fiscalizar este tributo, de acordo com art. 158, II, da CF/88;

Cinquenta por cento (50%) do produto da arrecadao do imposto do Estado sobre a propriedade de veculos automotores (IPVA) licenciados em seus territrios, conforme art. 158, III, da CF/88;

Vinte e cinco por cento (25%) do produto da arrecadao do imposto do Estado sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao (ICMS). Estas parcelas de receita pertencentes aos Municpios sero creditadas conforme os seguintes critrios: (i) trs quartos (3/4), no mnimo, na proporo do valor adicionado nas operaes relativas circulao de mercadorias e nas prestaes de servios, realizadas em seus territrios; (ii) at um quarto (1/4), de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territrios, lei federal, segundo art. 158, IV, pargrafo nico, I e II, da CF/88.

Quando o texto constitucional se refere aos Municpios, anotamos que tais regras tambm podem vir a ser aplicadas ao Distrito Federal. Por exemplo, no caso do IOF incidente sobre o ouro, na verdade, toda (100%) a arrecadao pertence ao Distrito Federal, que no pode ser dividido em Municpios (art. 30 da CF/88) e tem tambm competncia tributria municipal.

Municpios e Distrito Federal100% do IR, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer ttulo, por eles, suas autarquias e pelas fundaes que institurem e mantiverem;

50% do ITR, relativamente aos imveis neles situados, cabendo 100% na hiptese de optar em arrecadar e fiscalizar este tributo;

50% do IPVA licenciados em seus territrios;

25% do ICMS.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso da FCC para Procurador Municipal/So Paulo/2008 foi adotado como correto o seguinte enunciado: Dentro do campo da repartio constitucional de receitas tributrias, correto afirmar que at um quarto dos 25% de ICMS que o Estado arrecada pertence aos Municpios de acordo com o que dispuser lei estadual.

A repartio indireta acontece por intermdio de Fundos de Participao ou com arrecadao para aplicao em programas de financiamento ao setor produtivo das Regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste, atravs de suas instituies financeiras de carter regional, de acordo com o art. 159 da CF/88. Seno vejamos a seguir.

A Unio entregar:Do produto da arrecadao dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR) e sobre produtos industrializados (IPI) quarenta e oito por cento (48%) na seguinte forma: (ia) vinte e um inteiros e cinco dcimos por cento (21,5%) ao Fundo de Participao dos Estados e do Distrito Federal (FPE); (ib) vinte e dois inteiros e cinco dcimos por cento (22,5%) ao Fundo de Participao dos Municpios (FPM); (ic) trs por cento (3%), para aplicao em programas de financiamento ao setor produtivo das Regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste, atravs de suas instituies financeiras de carter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-rido do Nordeste a metade dos recursos destinados Regio, na forma que a lei estabelecer; (id) um por cento (1%) ao Fundo de Participao dos Municpios (FPM), que ser entregue no primeiro decndio do ms de dezembro de cada ano, conforme art. 159, I, da CDo produto da arrecadao do imposto sobre produtos industrializados (IPI), dez por cento (10%) aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportaes de produtos industrializados, conforme art. 159, II, da CF;

Do produto da arrecadao da CIDE Combustveis, 29% para os Estados e o Distrito Federal, distribudos na forma da lei, observando a destinao ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes, conforme art. 159, III, da CF.

Unio entregar48% do IR e do IPI, sendo: 21,5% ao FPE; 23,5% ao FPM e 3% para aplicao em programas de financiamento ao setor produtivo das Regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste;

10% do IPI aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportaes de produtos industrializados;

29% da CIDE Combustveis para os Estados e o Distrito Federal.

Por sua vez, para efeito de clculo da entrega de quarenta e oito por cento (48%) do produto da arrecadao dos IR e do IPI previstos no art. 159, I, da CF/88, excluir-se- a parcela da arrecadao do IR, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer ttulo, pelos Estados, Distrito Federal, Municpios, suas autarquias e pelas fundaes que institurem e mantiverem.

Segundo o 2, do art. 159, da CF/88, nenhuma unidade federada poder ser destinada parcela superior a vinte por cento (20%) do montante a que se refere o inciso II, do art. 159, da CF/88 devendo o eventual excedente ser distribudo entre os demais participantes, mantido, em relao a esses, o critrio de partilha nele estabelecido.

Nesse rumo, os Estados entregaro aos respectivos Municpios vinte e cinco por cento (25%) dos recursos que receberem do IPI (10%), proporcionalmente ao valor das respectivas exportaes de produtos industrializados, nos termos do inciso II, do art. 159, da CF/88, observado que as parcelas de receita pertencentes aos Municpios sero creditadas conforme os seguintes critrios: (i) trs quartos (3/4), no mnimo, na proporo do valor adicionado nas operaes industrializadas realizadas em seus territrios; (ii) at um quarto (1/4), de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territrios, lei federal.

Do montante de recursos da Cide Combustveis que cabe a cada Estado, vinte e cinco por cento (25%) sero destinados aos seus Municpios, na forma da lei a que se refere o inciso III do art. 159 da CF/88. Portanto, verificamos que a percentagem final recebida pelos Municpios de 7,25%, que equivale a 25% de 29% da arrecadao total da Cide Combustveis.

Ademais, segundo o art. 153, 5 da CF, assegurada a transferncia do montante da arrecadao do IOF incidente sobre o ouro nos seguintes termos: a)trinta por cento (30%) para o Estado, o Distrito Federal ou o Territrio, conforme a origem; b)setenta por cento (70%) para o Municpio de origem.

Portanto, a repartio de receita tributria no engloba os impostos municipais (IPTU, ITBI e ISS), o ITCMD de competncia estadual e os II, IE, IGF (imposto sobre grandes fortunas) e o IEG (imposto extraordinrio de guerra) de competncia federal.

Decerto, constatamos que a repartio de receitas tributrias engloba somente alguns impostos e a Cide-Combustveis.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso da FCC para Auditor/TCE/SP/2009 foi adotado como correto: O tributo cuja receita no se submete a repartio de natureza constitucional o imposto sobre importao de produtos estrangeiros. Nesse rumo, no concurso do CESPE para Procurador de Contas/ES/2010 foi considerado correto: A respeito da repartio da receita tributria, nenhum imposto municipal sofre repartio do tributo de sua arrecadao.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Juiz Federal/TRF1/2011 foi considerado correto: Por fora de dispositivo constitucional, a Unio repassa, a cada ms, para estados e municpios uma parcela da arrecadao de alguns tributos. Toda a arrecadao de outros tributos, entretanto, permanece com a Unio, a exemplo do imposto sobre a importao.Com efeito, na repartio de receitas tributrias, ressaltamos que vedada a reteno ou qualquer restrio entrega e ao emprego dos recursos atribudos aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios, neles compreendidos adicionais e acrscimos relativos a impostos (art. 160, CF).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Procurador/Boa Vista/2010 foi considerado errado o seguinte item: Sujeita-se condio prevista em programa de benefcio fiscal estabelecido pelo estado o repasse da quota constitucionalmente devida aos municpios em funo das operaes relativas circulao de mercadorias e em funo da prestao de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao.

Contudo, tal vedao no impede a Unio e os Estados de condicionarem a entrega de recursos ao pagamento de seus crditos, inclusive de suas autarquias e tambm ao cumprimento da regra de aplicao de recursos mnimos estabelecidos em lei complementar para as aes e servios pblicos de sade.

De mais a mais, o art. 162 da CF estabelece que a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios divulgaro, at o ltimo dia do ms subseqente ao da arrecadao, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os recursos recebidos, os valores de origem tributria entregues e a entregar e a expresso numrica dos critrios de rateio. Deste modo, os dados divulgados pela Unio sero discriminados por Estado e por Municpio; os dos Estados, por Municpio.

Qual o entendimento do STJ e do STF sobre o assunto?

O STJ entende que o plo passivo nas demandas propostas por servidores pblicos estaduais ou distritais, com vistas ao reconhecimento do direito iseno ou repetio do indbito relativo ao imposto de renda retido na fonte, dos Estados-membros ou do DF e no da Unio, pois o art. 157 da CF dispe que produto da arrecadao deste tributo no pertence a Unio. Neste sentido, publicou a Smula 447: Os Estados e o Distrito Federal so partes legtimas na ao de restituio de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores. No mesmo sentido, orienta-se o STF (AI 577.516-AgR, DJE de 20-11-2009).

O imposto o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma situao independente de qualquer atividade estatal especfica, relativa ao contribuinte (art. 16, do CTN). Isto , o imposto um tributo no-vinculado a uma atividade estatal na classificao quanto hiptese de incidncia (fato gerador in abstrato) do tributo, sendo que a lei instituidora do imposto deve levar em considerao fatos e situaes vinculadas ao contribuinte, estranhos a qualquer atuao do Estado direcionada especificadamente ao prprio contribuinte.Diretos so os que atingem o rendimento, o capital, o patrimnio do contribuinte (IR, ITR, IGF, ITCMD, IPVA, IPTU, ITBI), sem a transferncia do nus tributrio a outra pessoa. Indiretos so os impostos sobre o consumo (em regra, IPI, ICMS, ISS), com a possibilidade de transferncia do nus tributrio a outrem, que o consumidor do bem ou contribuinte de fato.O IPI e o ICMS incidentes na importao de bens para consumo prprio so impostos diretos. O ISS fixo imposto direto.

RESUMO FINAL

Nos termos do entendimento majoritrio da doutrina, o direito tributrio brasileiro, nos dias de hoje, pode ser conceituado como ordenamento ou ramo autnomo do direito pblico que estabelece as relaes jurdicas entre o Estado (ente possuidor do poder de tributar) e o sujeito passivo (contribuinte e/ou responsvel tributrio) surgidas em razo da atividade financeira do Estado (AFE), no que diz respeito criao, arrecadao (fiscalizao e cobrana) e extino do tributo.A autonomia legal do direito tributrio consagrada expressamente no art. 24, I, da Constituio Federal (CF), que estatui que compete aos Estados, Distrito Federal e Unio legislar de forma concorrente sobre Direito Tributrio.A competncia tributria o poder conferido Unio, aos Estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municpios de instituir tributos por meio do processo legislativo discriminado nas normas constitucionais.O imposto o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma situao independente de qualquer atividade estatal especfica, relativa ao contribuinte (art. 16, do CTN). Isto , o imposto um tributo no-vinculado a uma atividade estatal na classificao quanto hiptese de incidncia (fato gerador in abstrato) do tributo, sendo que a lei instituidora do imposto deve levar em considerao fatos e situaes vinculadas ao contribuinte, estranhos a qualquer atuao do Estado direcionada especificadamente ao prprio contribuinte.Diretos so os que atingem o rendimento, o capital, o patrimnio do contribuinte (IR, ITR, IGF, ITCMD, IPVA, IPTU, ITBI), sem a transferncia do nus tributrio a outra pessoa. Indiretos so os impostos sobre o consumo (em regra, IPI, ICMS, ISS), com a possibilidade de transferncia do nus tributrio a outrem, que o consumidor do bem ou contribuinte de fato.O IPI e o ICMS incidentes na importao de bens para consumo prprio so impostos diretos. O ISS fixo imposto direto.

AULA 02

TTULO

Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI

ROTEIRO DE ESTUDO

TRECHOS DA OBRA: Curso de Direito Tributrio (ser publicada em 2017). Autores: Edvaldo Nilo e Mauro Moreira.Imposto sobre produtos industrializados (IPI)

As normas jurdicas infraconstitucionais que dispem especificadamente sobre o imposto sobre produtos industrializados (IPI) so: os arts. 46 a 51 do CTN, a Lei 4.502/1964 e o Decreto 7.212/2010 (Regulamento do IPI).

De incio, importante dissertarmos que a CF/88 (art. 153, 3) estabelece que o IPI ser seletivo, no-cumulativo, no incidir sobre produtos industrializados destinados ao exterior e ter reduzido seu impacto sobre a aquisio de bens de capital pelo contribuinte do imposto (na forma da lei).

Assim, o IPI ser seletivo, em funo da essencialidade do produto. Por conseguinte, a CF dispe que o IPI ser seletivo ( obrigatrio) e no que o IPI poder ser seletivo (facultativo), tal como o ICMS.

Segundo apropriada definio da ESAF, a seletividade quer dizer discriminao ou sistema de alquotas diferenciadas por espcies de mercadorias. A seletividade dirigida ao legislador ordinrio, recomendando- lhe que estabelea as alquotas em razo inversa da imprescindibilidade das mercadorias de consumo generalizado. Assim, quanto mais sejam os produtos necessrios alimentao, ao vesturio, moradia, ao tratamento mdico e higinico das classes mais numerosas, tanto menores devem ser as alquotas.

Simplificando, pode-se dizer que a seletividade do IPI impe que as suas alquotas sejam estabelecidas conforme a essencialidade do produto industrializado. Portanto, as alquotas devem ser maiores para os produtos suprfluos ou luxuosos (exs.: caviar, cigarro, carros esportivos etc.) e menores para os produtos considerados essenciais (ex.: produtos da cesta bsica).

Por sua vez, o IPI ser no-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operao com o montante cobrado nas anteriores.

A compensao, neste caso, no significa forma de extino do crdito tributrio estabelecido nos arts. 156, inc. II, e 170 do CTN, mas sim deduo do tributo j cobrado na cadeia produtiva.

Desse modo, o IPI no-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferena a maior, em determinado perodo, entre o imposto referente aos produtos sados do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados.

Ressaltamos que o saldo verificado, em determinado perodo, em favor do contribuinte transfere-se para o perodo ou perodos seguintes (art. 49 do CTN).

Veja o seguinte exemplo da doutrina: Imagine uma Indstria 1 que venda uma chapa de ao pelo valor de R$ 1.000,00 (mil reais), acrescido de IPI calculado pela alquota de 10%, ou seja, R$ 100,00 (cem reais = 10% do valor da operao). O valor total da venda foi de R$ 1.100,00 (mil e cem reais). A Indstria 2, adquirente desta chapa, credita-se do valor de IPI recolhido pela Indstria 1, que foi de R$ 100,00 (cem reais). Imagine agora que a Indstria 2, transforme a chapa em uma caldeira (industrializao) e venda-a por R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) e que o IPI incidente nesta operao seja de 10%. O tributo devido pela venda da caldeira seria de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais). No entanto, como a Indstria 2 creditou-se no valor de R$ 100,00 (cem reais), o IPI a ser pago pela Indstria 2 de R$ 50,00 (cinquenta reais). Neste exemplo, simplificado, verificamos que o IPI a ser recolhido para Unio de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais) R$ 100,00 cobrado da Indstria 1e R$ 50,00 cobrado da Indstria 2, o que corresponde exatamente a 10% do valor da venda do produto final, que foi de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais).

Neste sentido, a no-cumulatividade se refere a uma tcnica de tributao que busca evitar a cobrana do imposto em cascata, funcionando mediante o sistema de crditos e dbitos. Isto , compensa-se o valor devido em cada operao de industrializao com o valor cobrado na operao de industrializao anterior.

Por outro lado, o IPI no incidir sobre produtos industrializados destinados ao exterior (imunidade tributria). Destacamos que a imunidade ou iseno tributria do comprador no se estende ao produtor, contribuinte do IPI, nos termos da smula 591 do STF. Como esse assunto foi cobrado em concurso?

O CESPE no concurso para Juiz Federal/TRF5/2010 considerou correto: Entre as caractersticas de determinados impostos, esto a seletividade obrigatria, a no cumulatividade e a no incidncia quando o bem ou o servio destina-se ao exterior. Assinale a opo em que apresentado imposto sobre o qual se aplicam as trs caractersticas mencionadas: IPI

Ademais, o IPI ter reduzido seu impacto sobre a aquisio de bens de capital pelo contribuinte do imposto (na forma da lei).

Incentivar a aquisio de bens de capital significa estimular o desenvolvimento econmico do pas. Os bens de capital visam a produo de outros bens ou servios. Por exemplo, mquinas e equipamentos industriais. Ou a produo de nibus para transporte coletivo urbano que deve ser incentivada com a reduo do IPI. Da mesma forma, os carros de taxi etc. Outro exemplo que pode ser dado so os hardware e os software produzidos por empresas de tecnologia de informao, tal como a Intel ou Microsoft.

De mais a mais, o lanamento do IPI por homologao e o CTN estabelece tambm que os produtos sujeitos ao imposto, quando remetidos de um para outro Estado, ou do Estado para o Distrito Federal, sero acompanhados de nota fiscal de modelo especial, emitida em sries prprias e contendo, alm dos elementos necessrios ao controle fiscal, os dados indispensveis elaborao da estatstica do comrcio por cabotagem e demais vias internas (art. 50).

Importante:

O IPI se submete ao princpio da anterioridade nonagesimal, mas no se sujeita ao princpio da anterioridade anual.

2.4.1. Aspecto material

O IPI tem como fato gerador (aspecto temporal geral): O seu desembarao aduaneiro, quando de procedncia estrangeira;

A sada do produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, quando for de produo nacional;

A sua arrematao, quando apreendido ou abandonado e levado a leilo (art. 46, I a III, CTN).

Sobre tal dispositivo, afirmamos que o ncleo do fato gerador (aspecto material) do IPI :

Importar produtos industrializados do exterior (art. 46, I, CTN): ou seja, na hiptese, em regra, o IPI incide sobre o produto industrializado importado;

Promover operaes com produtos industrializados (art. 46, II, CTN): neste caso, como bem observa Tavares Paes: o fato gerador do IPI no s a industrializao tout court (simplesmente), mas tambm o consumo, pois se o produto for produzido e se destruir, no saindo da fbrica, e.g., no h o fato gerador;

Arrematar, em leilo, produtos industrializados apreendidos ou abandonados (art. 46, III, CTN).

Nesse rumo, registramos que, atualmente, a hiptese de incidncia do IPI prevista no art. 46, III, a sua arrematao, quando apreendido ou abandonado e levado a leilo, no encontra respaldo ou concretizao na Lei 4.502/64 e tambm no Decreto 7.212/2010. Assim, a doutrina amplamente majoritria entende que no incide IPI nesta hiptese. Contudo, o CESPE no concurso para Juiz Federal/TRF5/2010 considerou correto: Sobre determinado produto industrializado arrematado em leilo incidir o IPI se o produto tiver sido apreendido ou abandonado.

Para os efeitos do IPI, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operao que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeioe para o consumo, sendo, em regra, irrelevantes, para caracterizar a operao como industrializao, o processo utilizado para obteno do produto e a localizao e condies das instalaes ou equipamentos empregados.

Isto , podemos dizer que se caracteriza como industrializao qualquer operao que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentao ou a finalidade do produto, ou o aperfeioe para consumo, tal como:

A que, exercida sobre matrias-primas ou produtos intermedirios, importe na obteno de espcie nova (transformao): por exemplo, engarrafamento de refrigerante ou gua mineral;

A que importe em modificar, aperfeioar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilizao, o acabamento ou a aparncia do produto (beneficiamento): por exemplo, processo de gravao em CD virgem, ou reproduo de fita gravada para o CD;

A que consista na reunio de produtos, peas ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autnoma, ainda que sob a mesma classificao fiscal (montagem): por exemplo, montagem de aparelhos eletrnicos ou automvel;

A que importe em alterar a apresentao do produto, pela colocao da embalagem, ainda que em substituio da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento): por exemplo, substituio de embalagem original por embalagem promocional, objetivando a revenda;

A que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilizao (renovao ou recondicionamento): por exemplo, restaurao de automvel usado.

Com efeito, o produto industrializado resultante de qualquer destas operaes citadas acima, mesmo incompleta, parcial ou intermediria. Nesse rumo, observamos que o IPI incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificaes constantes da Tabela de Incidncia do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI).

Assim, o campo de incidncia do IPI abrange todos os produtos com alquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposies contidas nas respectivas notas complementares, excludos aqueles a que corresponde a notao "NT" (no-tributado), conforme dispe o art. 2, do Decreto 7.212/2010.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

A ESAF no penltimo concurso para AFRFB considerou correto: O campo de incidncia do Imposto sobre Produtos Industrializados abrange todos os produtos relacionados na TIPI, com alquota, mesmo os com alquota zero.

Noutro ponto, a lei exclui da incidncia do IPI, no considerando produto industrializado: (a) o conserto de mquinas, aparelhos e objetos pertencentes a terceiros; (b) o acondicionamento destinado apenas ao transporte do produto; (c) o preparo de medicamentos oficinais ou magistrais, manipulados em farmcias, para venda no varejo, diretamente e consumidor, assim como a montagem de culos, mediante receita mdica; (d) a mistura de tintas entre si, ou com concentrados de pigmentos, sob encomenda do consumidor ou usurio, realizada em estabelecimento varejista, efetuada por mquina automtica ou manual, desde que fabricante e varejista no sejam empresas interdependentes, controladora, controlada ou coligadas (art. 3, pargrafo nico, incs. I a IV, da Lei 4.502/64).

Decerto, o art. 5, do Decreto 7.212/2010, estatui que no se considera industrializao:O preparo de produtos alimentares, no acondicionados em embalagem de apresentao: (a) na residncia do preparador ou em restaurantes, bares, sorveterias, confeitarias, padarias, quitandas e semelhantes, desde que os produtos se destinem a venda direta a consumidor; ou (b) em cozinhas industriais, quando destinados a venda direta a pessoas jurdicas e a outras entidades, para consumo de seus funcionrios, empregados ou dirigentes;O preparo de refrigerantes, base de extrato concentrado, por meio de mquinas, automticas ou no, em restaurantes, bares e estabelecimentos similares, para venda direta a consumidor;A confeco ou preparo de produto de artesanato, proveniente de trabalho manual realizado por pessoa natural, nas seguintes condies: (a) quando o trabalho no contar com o auxlio ou a participao de terceiros assalariados; e (b) quando o produto for vendido a consumidor, diretamente ou por intermdio de entidade de que o arteso faa parte ou seja assistido;A confeco de vesturio, por encomenda direta do consumidor ou usurio, em oficina ou na residncia do confeccionador, desde que, no caso da oficina, empregue-se, no mximo, cinco operrios e, quando utilizar fora motriz, no dispuser de potncia superior a cinco quilowatts; O preparo de produto, por encomenda direta do consumidor ou usurio, na residncia do preparador ou em oficina, desde que, em qualquer caso, seja preponderante o trabalho profissional, atendidas as seguintes condies: (a) oficina empregue, no mximo, cinco operrios e, quando utilizar fora motriz no dispuser de potncia superior a cinco quilowatts; e (b) trabalho preponderante o que contribuir no preparo do produto, para formao de seu valor, a ttulo de mo de obra, no mnimo com sessenta por cento;A manipulao em farmcia, para venda direta a consumidor, de medicamentos oficinais e magistrais, mediante receita mdica;A moagem de caf torrado, realizada por estabelecimento comercial varejista como atividade acessria;

A operao efetuada fora do estabelecimento industrial, consistente na reunio de produtos, peas ou partes e de que resulte: (a) edificao (casas, edifcios, pontes, hangares, galpes e semelhantes, e suas coberturas); (b) instalao de oleodutos, usinas hidreltricas, torres de refrigerao, estaes e centrais telefnicas ou outros sistemas de telecomunicao e telefonia, estaes, usinas e redes de distribuio de energia eltrica e semelhantes; ou (c) fixao de unidades ou complexos industriais ao solo; no exclui a incidncia do imposto sobre os produtos, partes ou peas utilizados nas operaes nele referidasA montagem de culos, mediante receita mdica;O acondicionamento de produtos classificados nos Captulos 16 a 22 da TIPI (16. Preparaes de carne, de peixes ou de crustceos, de moluscos ou de outros invertebrados aquticos; 17. Acares e produtos de confeitaria; 18. Cacau e suas preparaes; 19. Preparaes base de cereais, farinhas, amidos, fculas ou de leite; produtos de pastelaria; 20. Preparaes de produtos hortcolas, de frutas ou de outras partes de plantas; 21. Preparaes alimentcias diversas; 22. Bebidas, lquidos alcolicos e vinagres), adquiridos de terceiros, em embalagens confeccionadas sob a forma de cestas de natal e semelhantes;O conserto, a restaurao e o recondicionamento de produtos usados, nos casos em que se destinem ao uso da prpria empresa executora ou quando essas operaes sejam executadas por encomenda de terceiros no estabelecidos com o comrcio de tais produtos, bem como o preparo, pelo consertador, restaurador ou recondicionador, de partes ou peas empregadas exclusiva e especificamente naquelas operaes;

O reparo de produtos com defeito de fabricao, inclusive mediante substituio de partes e peas, quando a operao for executada gratuitamente, ainda que por concessionrios ou representantes, em virtude de garantia dada pelo fabricante;

A restaurao de sacos usados, executada por processo rudimentar, ainda que com emprego de mquinas de costura;A mistura de tintas entre si, ou com concentrados de pigmentos, sob encomenda do consumidor ou usurio, realizada em estabelecimento comercial varejista, efetuada por mquina automtica ou manual, desde que fabricante e varejista no sejam empresas interdependentes, controladora, controlada ou coligadas; eA operao de que resultem os produtos relacionados na Subposio 2401.20 da TIPI (tabaco total ou parcialmente destalado), quando exercida por produtor rural pessoa fsica.Decerto, no constituem fato gerador do IPI (art. 38 do RIPI):

O desembarao aduaneiro de produto nacional que retorne ao Brasil, nos seguintes casos: (a) quando enviado em consignao para o exterior e no vendido nos prazos autorizados; (b) por defeito tcnico que exija sua devoluo, para reparo ou substituio; (c) em virtude de modificaes na sistemtica de importao do pas importador; (d) por motivo de guerra ou calamidade pblica; e (e) por quaisquer outros fatores alheios vontade do exportador;As sadas de produtos subsequentes primeira: (a) nos casos de locao ou arrendamento, salvo se o produto tiver sido submetido a nova industrializao; ou (b) quando se tratar de bens do ativo permanente, industrializados ou importados pelo prprio estabelecimento industrial ou equiparado a industrial, destinados execuo de servios pela prpria firma remetente;A sada de produtos incorporados ao ativo permanente, aps cinco anos de sua incorporao, pelo estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, que os tenha industrializado ou importado; ouA sada de produtos por motivo de mudana de endereo do estabelecimento.Ademais, o IPI devido sejam quais forem as finalidades a que se destine o produto ou o ttulo jurdico a que se faa a importao ou de que decorra a sada do estabelecimento produtor (Lei n 4.502/64, art. 2, 2).

Qual o entendimento do STF sobre o assunto? O STF (RE 429306/PR, rel. Min. Joaquim Barbosa, 01/02/2011) julgou que incide imposto de importao (II) e IPI sobre operao de importao amparada por arrendamento mercantil financeiro (leasing internacional).

As alegaes contrrias a incidncia eram as seguintes: (i) no h fato gerador do II, por ser o arrendamento mercantil uma espcie de servio; (ii e iii) violao dos princpios constitucionais da legalidade e da isonomia; (iv) violao do dever fundamental de prestao de servios de sade, pois, no caso, o bem tributado seria um equipamento mdico.

Contudo, o STF decidiu da seguinte forma o caso: (i) a importao de produto por contrato de arrendamento mercantil implica tanto prestao de servio (leasing) quanto a prpria importao, de modo que a incidncia de tributos diferentes no significa bitributao; (ii) obedincia ao princpio da legalidade, em razo da possibilidade de aumento das alquotas do II e do IPI pelo Poder Executivo, observados os limites legais, conforme art. 153, 1, da CF; (iii) obedincia ao princpio da isonomia, pois o objetivo da tributao do arrendamento mercantil seria torn-lo menos atrativo que as operaes de compra e venda financiada apenas por vantagens fiscais; (iv) obedincia ao dever fundamental de prestao de servios de sade, pois, embora o princpio da seletividade impusesse que a carga tributria fosse graduada conforme a essencialidade da operao ou do produto, no haveria imunidade, considerados os princpios da capacidade contributiva, da concorrncia, da livre iniciativa e da solidariedade no custeio das atividades estatais.

2.4.2. Aspecto temporal

Considera-se ocorrido o fato gerador:Na entrega ao comprador, quanto aos produtos vendidos por intermdio de ambulantes (Lei n 4.502/64, art. 2 e art. 5, inciso I, alnea a);Na sada de armazm-geral ou outro depositrio do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial depositante, quanto aos produtos entregues diretamente a outro estabelecimento (Lei n 4.502/64, art. 2 e art. 5, inciso I, alnea a);Na sada da repartio que promoveu o desembarao aduaneiro, quanto aos produtos que, por ordem do importador, forem remetidos diretamente a terceiros (Lei n 4.502/64, art. 2 e art. 5, inciso I, alnea b);Na sada do estabelecimento industrial diretamente para estabelecimento da mesma firma ou de terceiro, por ordem do encomendante, quanto aos produtos mandados industrializar por encomenda (Lei n 4.502/64, art. 2 e art. 5, inciso I, alnea c);Na sada de bens de produo dos associados para as suas cooperativas, equiparadas, por opo, a estabelecimento industrial;No quarto dia da data da emisso da respectiva nota fiscal, quanto aos produtos que at o dia anterior no tiverem deixado o estabelecimento do contribuinte (Lei n 4.502/64, art. 2 e art. 5, inciso I, alnea d);No momento em que ficar concluda a operao industrial, quando a industrializao se der no prprio local de consumo ou de utilizao do produto, fora do estabelecimento industrial (Lei n 4.502/64, art. 2, 1): no caso, considera-se concluda a operao industrial e ocorrido o fato gerador na data da entrega do produto ao adquirente ou na data em que se iniciar o seu consumo ou a sua utilizao, se anterior formalizao da entrega;No incio do consumo ou da utilizao do papel destinado impresso de livros, jornais e peridicos, em finalidade diferente da que lhe prevista na imunidade tributria cultural (art. 150, VI, d, CF) ou na sada do fabricante, do importador ou de seus estabelecimentos distribuidores, para pessoas que no sejam empresas jornalsticas ou editoras (Lei n 9.532/97, art. 40);Na aquisio ou, se a venda tiver sido feita antes de concluda a operao industrial, na concluso desta, quanto aos produtos que, antes de sair do estabelecimento que os tenha industrializado por encomenda, sejam por este adquiridos; Na data da emisso da nota fiscal pelo estabelecimento industrial, quando a empresa comercial exportadora, em relao ao IPI que deixou de ser pago, na sada do estabelecimento industrial, referente aos produtos por ela adquiridos com o fim especfico de exportao, nas hipteses em que (a) tenha transcorrido cento e oitenta dias da data da emisso da nota fiscal de venda pelo estabelecimento industrial, no houver sido efetivada a exportao; (b) os produtos forem revendidos no mercado interno; ou (c) ocorrer a destruio, o furto ou roubo dos produtos;No momento da sua venda, quanto aos produtos objeto de operao de venda que forem consumidos ou utilizados dentro do estabelecimento industrial (Lei n 4.502/64, art. 2 e art. 5, inciso I, alnea e);

Na sada simblica de lcool das usinas produtoras para as suas cooperativas, equiparadas, por opo, a estabelecimento industrial; eNa data do vencimento do prazo de permanncia da mercadoria no recinto alfandegado, antes de aplicada a pena de perdimento, quando as mercadorias importadas forem consideradas abandonadas pelo decurso do referido prazo (Decreto-Lei n 1.455/76, art. 23, inciso II).Na hiptese de venda, exposio venda, ou consumo no territrio nacional, de produtos destinados ao exterior, ou na hiptese de descumprimento das condies estabelecidas para a iseno ou a suspenso do imposto, considerar-se- ocorrido o fato gerador na data da sada dos produtos do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial (Lei n 4.502/64, art. 9, 1).De mais a mais, quando o produto industrializado de procedncia estrangeira, considerar-se- ocorrido o respectivo desembarao aduaneiro da mercadoria que constar como tendo sido importada e cujo extravio ou avaria venham a ser apurados pela autoridade fiscal (art. 2, 3, da Lei 4.502/64).

2.4.3. Aspecto espacial

O aspecto espacial do IPI o territrio nacional, inclusive as reparties alfandegrias do pas na hiptese de importao do produto industrializado do exterior.

2.4.4. Aspecto pessoal

O sujeito ativo a Unio.

Por sua vez, so considerados contribuintes do IPI: (a) o importador ou quem a lei a ele equiparar; (b) o industrial ou quem a lei a ele equiparar; (c) o comerciante de produtos sujeitos ao IPI, que fornea produtos industrializados aos contribuintes definidos como industrial ou quem a lei a ele equiparar; (d) o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilo (art. 51, CTN).

Notamos que na hiptese do comerciante ser contribuinte do IPI, este vende o produto industrializado para um industrial ou quem a lei a ele equiparar.

Para os efeitos do IPI, considera-se contribuinte autnomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante (art. 51, pargrafo nico, CTN).

Considera-se estabelecimento produtor ou industrial todo aquele que industrializar produtos sujeitos ao IPI (art. 3, da Lei 4.502/64).

E equiparam-se a estabelecimento produtor ou industrial: (a) os importadores e os arrematantes de produtos de procedncia estrangeira; (b) as filiais e demais estabelecimentos que exercerem o comrcio de produtos importados, industrializados ou mandados industrializar por outro estabelecimento do mesmo contribuinte; (c) os que enviarem a estabelecimento de terceiro, matria-prima, produto intermedirio, moldes, matrizes ou modelos destinados industrializao de produtos de seu comrcio; (d) os que efetuem vendas por atacado de matrias-primas, produtos intermedirios, embalagens, equipamentos e outros bens de produo (art. 4, da Lei 4.502/64).

Excluem-se do disposto na letra (b) citada acima os estabelecimentos que operem exclusivamente na venda a varejo (art. 4, 2, da Lei 4.502/64).

2.4.5. Aspecto quantitativo

A base de clculo do IPI a seguinte:

No caso do fato gerador ser o desembarao aduaneiro, quando for importao de produto industrializado de procedncia estrangeira, o preo normal que o produto, ou seu similar, alcanaria, ao tempo da importao, em uma venda em condies de livre concorrncia, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no Pas acrescido do montante do imposto sobre a importao (II), das taxas exigidas para entrada do produto no Pas e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigveis: portanto, a base de clculo o valor aduaneiro + imposto de importao (II) + taxas + encargos cambiais.

No caso da sada do estabelecimento do produto industrializado (fato gerador), quando o produto for nacional, o valor da operao de que decorrer a sada da mercadoria, ou na falta deste valor, o preo corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praa do remetente;

Na hiptese de arrematao do produto industrializado, quando apreendido ou abandonado e levado a leilo, o preo da arrematao (art. 47 do CTN).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

O CESPE no concurso para Juiz Federal/TRF2/2010 considerou incorreto: A obrigao tributria de pagamento de tributo no admite que em sua base de clculo seja inserido o valor de outro tributo.

Por sua vez, a alquota do IPI a fixada na legislao federal, devendo obedecer a seletividade, em razo da essencialidade do produto (funo extrafiscal do IPI).

Alm disso, o Poder Executivo, quando se tornar necessrio para atingir os objetivos da poltica econmica governamental, mantida a seletividade em funo da essencialidade do produto, ou, ainda, para corrigir distores, poder reduzir alquotas do IPI at zero (0%) ou acrescentar at trinta (30%) de incidncia ao percentual j fixado na lei (Decreto-Lei n 1.199/71, art. 4).

Qual o entendimento do STJ sobre o assunto?

A reduo da alquota do Imposto sobre Produtos Industrializados ou do Imposto de Importao no implica reduo do ICMS (Smula 95).

2.4.6. Jurisprudncia do STF e STJ

Neste item, registramos a relevante jurisprudncia dos Tribunais Superiores sobre o IPI.

Nesse rumo, a respeito da no-cumulatividade, o STF entende que no possvel o contribuinte se creditar ou se compensar do IPI quando incidente o tributo sobre os insumos ou matrias-primas utilizados na industrializao de produtos isentos ou tributados com alquota zero, antes da vigncia do art. 11 da Lei 9.779/99, por falta de previso legal.

Anotamos o seguinte entendimento do STF: Com o advento do art. 11 da Lei n. 9.779/1999 que o regime jurdico do IPI se completou, apenas a partir do incio de sua vigncia se tendo o direito ao crdito tributrio decorrente da aquisio de insumos ou matrias primas tributadas e utilizadas na industrializao de produtos isentos ou submetidos alquota zero. (RE 475.551; RE 371.898-AgR-ED; RE 460.785).

O art. 11 da Lei 9779/99 dispe: O saldo credor do IPI, acumulado em cada trimestre-calendrio, decorrente de aquisio de matria-prima, produto intermedirio e material de embalagem, aplicados na industrializao, inclusive de produto isento ou tributado alquota zero, que o contribuinte no puder compensar com o IPI devido na sada de outros produtos, poder ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei n 9.430/96 (compensao tributria), observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministrio da Fazenda.

Decerto, o STF compreende que a aplicao do princpio da no-cumulatividade no IPI no diferente da aplicao do mesmo princpio no ICMS, uma vez que o art. 155, 2, II, a, da CF, expresso ao dispor que a iseno ou no-incidncia no ICMS, salvo determinao em contrrio da legislao, no implicar crdito para compensao com o montante devido nas operaes ou prestaes seguintes (informativo 545). Ou seja, no caso, deve existir previso legal para que ocorra o direito ao crdito tributrio tanto no IPI como no ICMS.

Neste sentido, o STJ (REsp 860.369) firmou entendimento no sentido de que direito ao crdito de IPI, fundado no princpio da no cumulatividade, decorrente da aquisio de matria-prima, produto intermedirio e material de embalagem utilizados na fabricao de produtos isentos ou sujeitos ao regime de alquota zero, surgiu apenas com a vigncia da Lei n. 9.779/99.

Importante:

Segundo o STF, ante a falta de previso legal, registra-se que se a desonerao total do IPI no tributao ou alquota zero que, nas entradas, provoca, para efeitos quantitativos, diferena mxima entre sua condio numrico-tributria e as alquotas de sada, no autoriza que o contribuinte se credite, evidente que, produzindo diferenas menores, a desonerao parcial no pode, por maior razo, gerar-lhe direito de crdito (RE 430.720-AgR, DJE de 27-2-2009).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

O CESPE no concurso para Juiz Federal/TRF1/2010 considerou como incorretas as trs afirmativas seguintes:

No gera crdito do IPI o valor do tributo incidente sobre as embalagens recebidas para emprego em industrializao e acondicionamento;

O nus tributrio dos impostos indiretos recai no consumo, em razo do que direito do industrial, quando adquirir insumos com alquota de IPI menor do que a estabelecida para o produto final, fazer incidir esta ltima tambm na aquisio, cumprindo a no cumulatividade do imposto;

Se uma indstria utilizar, no processo de industrializao, diversos bens onerados pelo IPI sobre os quais incidam diferentes alquotas, quando da sada do produto dessa indstria, dever ser utilizada a alquota mdia, objetivando cumprir o princpio da no cumulatividade.

salutar anotamos tambm que o STF (RE 566.819, julgamento em 29/09/2010) entendeu que se no h pagamento de tributo no momento da compra dos insumos, no se pode falar em direito compensao. Assim, o Ministro Marco Aurlio afirmou que o princpio da no cumulatividade do IPI previsto na CF (inciso II, 3, do artigo 153) visa apenas evitar a cobrana cumulativa do tributo, no a compensao de tributo que sequer foi recolhido.

Do mesmo modo, a Ministra Ellen Gracie afirmou que a no cumulatividade prevista no artigo 153, pargrafo 3, inciso II, da CF, no instrumento de tributao do valor agregado, sim um mecanismo que se limita a autorizar a deduo exata do imposto j suportado na entrada. Segundo a Ministra, no h como pretender a apropriao de crditos na operao de entrada tendo como referncia a alquota devida na sada. S o que foi suportado que pode ser objeto de compensao.

Portanto, em situao em que no haja norma prevendo o creditamento, deve-se negar a obteno de crdito presumido relativamente aquisio de insumos isentos, no tributados ou sujeitos alquota zero do IPI. Por questo de lgica, o STF tambm compreendeu que se no existe o crdito presumido, no h que se discutir sobre o prazo de prescrio ou no para sua cobrana.

Em sntese, foi consolidado no STF o entendimento de que no tendo havido pagamento de tributo na compra de insumos, no h direito a compensao. Em outros termos, apenas os valores efetivamente recolhidos na operao anterior que podem gerar crditos do IPI, por fora da sada do produto final do estabelecimento comercial.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para Juiz Federal/TRF5/2010, elaborado pelo CESPE, foi considerado como correto: Determinada empresa industrial que produz um nico tipo de produto tributado com IPI e com ICMS adquire, para sua produo, dois tipos de insumos industrializados: um deles isento de IPI e o outro, imune tributao do referido imposto. Considerando os dispositivos constitucionais e a jurisprudncia do STF aplicvel ao caso e a inexistncia de qualquer norma infraconstitucional a respeito dessa matria, correto afirmar que, na aplicao do mecanismo de no cumulatividade, a referida empresa no pode deduzir qualquer crdito presumido, seja relativo ao insumo isento ou ao imune. Perceba tambm que o enunciado dispe que inexiste qualquer norma infraconstitucional a respeito dessa matria.

No mesmo concurso, foi considerado como incorreto: Em razo da seletividade e essencialidade do produto que poder o industrial creditar-se do IPI referente aos insumos adquiridos com alquota zero.

Por sua vez, a jurisprudncia do STF firme no sentido de no reconhecer, ao contribuinte, o direito de creditar-se do valor do IPI, quando pago em razo de operaes de aquisio de bens destinados ao uso e/ou integrao no ativo fixo do seu prprio estabelecimento (RE 593.772-ED, DJE de 30-4-2009).

Do mesmo modo, o STJ assevera que a aquisio de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que no se incorporam ao produto final ou cujo desgaste no ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrializao no gera direito a creditamento de IPI (AgRg no REsp 1.082.522/SP; AgRg no REsp 1.063.630/RJ; REsp 886.249/SC; REsp 608.181SC, REsp 497.187SC). A energia eltrica consumida no processo de industrializao exemplo de insumo que no se incorpora ao produto final, segundo a jurisprudncia do STJ.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

Ainda no concurso para Juiz Federal/TRF1/2010, foi considerado como incorreto: A indstria pode creditar-se do IPI pago na aquisio de materiais destinados ao ativo permanente da empresa, para fazer face ao princpio constitucional da no cumulatividade e como verdadeiro: A indstria no pode creditar-se do valor do IPI relativo energia eltrica consumida no processo de industrializao, por no se tratar de insumo ou matria-prima que se incorpore transformao do produto.

Nesse rumo, o STF tem posicionamento no sentido de que a atualizao monetria do tributo no ofende o princpio da no cumulatividade (RE 248.725-AgR, DJE de 19/2/10).

Por outro lado, nos termos da jurisprudncia do STF, no incide correo monetria sobre crditos escriturais de IPI (RE 410.795-AgR, DJE de 29/10/09, AC 1.313, DJE de 11/4/08).

Todavia, a jurisprudncia do STF est pacificada no sentido de ser devida a correo monetria de crditos tributrios quando, por bice do Fisco, a compensao no ocorre no momento adequado (AI 619.664-AgR, DJE de 20/2/09, RE 572.395-AgR, DJE de 25/9/09).

Neste senitdo, a smula 411 do STJ: devida a correo monetria ao creditamento do IPI quando h oposio ao seu aproveitamento decorrentes de resistncia ilegtima do Fisco. O ministro Joo Otavio de Noronha justificou a smula afirmando que a correo monetria de crditos escriturais de IPI devida nas hipteses em que o seu no-aproveitamento pelo contribuinte em tempo oportuno tenha ocorrido em razo da demora motivada por ato administrativo ou normativo do Fisco considerado ilegtimo.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

O CESPE no concurso para Procurador Federal-AGU/2010 considerou correto: devida a correo monetria de crditos escriturais de imposto sobre produtos industrializados na hiptese em que o seu no aproveitamento pelo contribuinte em tempo oportuno tenha ocorrido em razo da demora motivada por ato administrativo ou normativo do fisco considerado ilegtimo.

Noutro ponto, em relao ao crdito-prmio do IPI, trs solues diferentes foram propostas pelos doutrinadores e tribunais: 1) o crdito-prmio teria sido revogado em 30.6.83 pelo Decreto-Lei 1.658/79; 2) o crdito-prmio teria sido extinto em 5.10.90, nos termos do art. 41 do ADCT, em especial diante de seu carter setorial; 3) o crdito-prmio continuaria em vigor at hoje, haja vista que, por no possuir natureza setorial, no teria sido abrangido pelo art. 41 do ADCT.

Contudo, o STF entendeu que o aludido incentivo fiscal teria vigorado at 5.10.90, a teor do disposto no art. 41, 1, do ADCT (Art. 41. Os Poderes Executivos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios reavaliaro todos os incentivos fiscais de natureza setorial ora em vigor, propondo aos Poderes Legislativos respectivos as medidas cabveis. 1. Considerar-se-o revogados aps dois anos, a partir da data da promulgao da Constituio, os incentivos que no forem confirmados por lei).

Portanto, o STF considerou que o crdito-prmio se encaixa perfeitamente no conceito de incentivo fiscal de natureza setorial, porque foi criado para beneficiar o setor industrial e exportador, pois faz meno expressa a produtos manufaturados.

Ademais, registramos a interpretao do STJ (REsp 1.149.424/BA) sobre o 2, do art. 14, da Lei 4.50264, que dispe: No podem ser deduzidos do valor da operao os descontos, diferenas ou abatimentos, concedidos a qualquer ttulo, ainda que incondicionalmente.

O STJ compreendeu que ao impedir a deduo dos descontos incondicionais, o 2, do art. 14, da Lei 4.50264, permitiu a incidncia da exao sobre base de clculo que no corresponde ao valor da operao, em flagrante contrariedade disposio contida no art. 47, II, a, do CTN.

Dessa forma, o STJ afirmou que Os descontos incondicionais no compem a real expresso econmica da operao tributada, sendo permitida a deduo desses valores da base de clculo do IPI. A deduo dos descontos incondicionais vedada, no entanto, quando a incidncia do tributo se d sobre valor previamente fixado, nos moldes da Lei 7.798/89 (regime de preos fixos), salvo se o resultado dessa operao for idntico ao que se chegaria com a incidncia do imposto sobre o valor efetivo da operao, depois de realizadas as dedues pertinentes.Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o valor dos descontos incondicionais no integra a base de clculo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A deciso foi tomada na sesso desta quinta-feira (4), na qual o Plenrio, seguindo o voto do relator do caso, ministro Marco Aurlio, declarou inconstitucional o pargrafo 2 do artigo 14 da Lei 4.502/1964, com redao dada pelo artigo 15 da Lei 7.798/1989, apenas no tocante incluso dos descontos incondicionais na base de clculo do tributo.

O STF entendeu que a incluso de novo fato gerador por meio de lei ordinria violou o artigo 146, inciso III, alnea a, da Constituio federal, que reserva esta competncia unicamente a lei complementar. A deciso ocorreu no julgamento do Recurso Extraordinrio (RE) 567935, apresentado pela Unio contra acrdo do Tribunal Regional Federal da 4 Regio que deu parcial provimento apelao para reconhecer a uma empresa o direito de excluir o valor dos abatimentos incondicionais do clculo do tributo. O RE teve repercusso geral reconhecida pelo Plenrio Virtual e a soluo afetar mais de 100 casos semelhantes que esto sobrestados na Justia Federal.

O ministro Marco Aurlio destacou que, sob a tica contbil ou jurdica, desconto incondicional aquele concedido independentemente de qualquer condio, no sendo necessrio que o comprador pratique qualquer ato subsequente ao de compra para fazer jus ao benefcio e que, uma vez concedido, no ser pago. Ou seja, os valores abatidos repercutem no preo final, o produtor no recebe, mas est compelido a recolher o imposto, verificou.

Ele argumentou que, ao incluir esta modalidade de abatimento de preos no clculo do imposto por meio de lei ordinria foi invadida a competncia de lei complementar. O ministro observou que fatos geradores, bases de clculo e contribuintes dos impostos previstos na Constituio esto fixados no Cdigo Tributrio Nacional (CTN), cabendo ao legislador ordinrio papel limitado na instituio de impostos, apenas com o objetivo de harmonizar o sistema impositivo. O ministro sustentou que o legislador ordinrio federal, ao instituir os impostos, deve observar o regramento bsico relativo a fato gerador, base de clculo e sujeito passivo, sob pena de incorrer em inconstitucionalidade formal.

Ressaltou que, embora proveniente do Congresso Nacional, a lei complementar, por revelar normas gerais em matria tributria, ou seja, por dispor sobre interesses de todas unidades federativas, lei do estado n