tribunal administrativo e fiscal de almadatribunal administrativo e fiscal de almada não...

Click here to load reader

Upload: others

Post on 23-Feb-2020

9 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

  • .',; ,

    TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    *

    Fel'l1ando JÚlio FelTeira Pires Estrela e outros, melhor identificados a fls. 2 e

    3 dos autos, vieram intentar a presente acção administrativa especial contra o Ministério

    da Justiça e contra o Director Nacional da Polícia Judiciária (sendo que este foi

    absolvido da instância por ilegitimidade, conforme despacho de fls. 402), em que

    impugnam os despachos do Director Nacional da PJ proferidos em 8, ]4,21,23 e 30 de

    Junho de 2004 e os despachos que dizem ter sido proferidos em nome do Director

    Nacional da PJ pela Coordenadora Superior de Investigação Criminal do mc de

    Setúbal, em 24, 27, 28, 29 e 31 de Maio, em 9 de Junho e em 6,27 e 30 de Julho, todos

    do ano de 2004 e através dos quais foram indeferidos os pedidos de pagamento, a título

    de trabalho extraordinário, daquele que os AA alegadamente terão prestado para além

    dajornada diária de trabalho, sem que se encontrassem integrados no serviço de piquete

    ou no de prevenção. Alegam que os despachos impugnados sofrem de vício de violação

    de lei por violação do art" 268.°, n" 3 da CRP, art° 68", n° I e art° 9.", estes do CPA; art"

    79", n° 1 da Lei Orgânica da Polícia Judiciária, art" 59°, n"l, ais. a), b) e d) da CRP, art"

    34." do DL n" 259/98, de 18 de Agosto, por erro nos pressupostos de facto e de direito e

    ainda que os actos praticados pela Coordenadora Superior de Investigação Criminal do

    DIC de Setúbal, sofrem de vício de incompetência.

    Pedem a declaração de nulidade dos despachos impugnados, a condenação do R.

    ao restabelecimento da situação que existiria caso tais despachos não tivessem sido

    proferidos e a condenação do R a reconhecer que o trabalho prestado pelos AA para

    além da respectiva jornada diária, sem que os mesmos se encontrem de piquete ou de

    prevenção, é trabalho extraordinário e a remunera-Io como tal.

    Na Contestação que apresentou, o R veio pugnar pela declaração de

    improcedência da presente acção.

    As partes apresentaram alegações finais escritas, em que terminam reafirmando

    as posições anteriormente defendidas na P.l. e na Contestação***

    Página I de 13

    2-'«waJ

  • , ',',

    TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    Cabe averiguar, no âmbito da presente acção, se os actos impugnados sofrem

    dos vícios acima indicados e se o R. deve ser condenado a reconhecer como

    extraordinário o trabalho prestado pelos AA fora do seu horário normal de trabalho e a

    remw1erá-Io como tal.

    ***

    Os factos

    Vista a prova documental constante dos autos, dão-se como provados os

    seguintes factos com interesse para a decisão:

    a) Os AA, em alguns dos dias dos meses de Maio, Junho e Julho de 2004,

    prestaram várias horas de trabalho, quer no período compreendido entre as 17.30

    h. e as 20.00 h., quer no compreendido entre as 20.00 h. e as 09.00 h. do dia

    seguinte, conforme resulta dos vários documentos, não numerados, que constam

    do P.A e que aqui se dão por reproduzidos;

    b) A prestação de tais horas de trabalho foi efectuada sem que os AA estivessem

    integrados no serviço de piquete ou de prevenção - facto que resulta de acordo

    das partes e ainda da análise dos documentos, não numerados, que constam do

    P.A e que aqui se dão por reproduzidos;

    c) Os AA requereranl à Coordenadora Superior de Investigação Criminal do

    Departamento de Investigação Crirninal de SetúbaL o pagamento das horas de

    trabalho, a título de "pagamento de horas extraordinárias", a qual indeferiu tal

    pretensão através de vários despachos, datados de 24/05/2004, de 27/05/2004, de

    28/0512004, de 29/05/2004, de 31/05/2004, de 09/06/2004. de 06/07/2004. de

    27/07/2004 e de 30/07/2004, em que se lê que, "Não tendo sido aUlorizada ((

    prestação de trabalho extraordinário, indefiro ()requerido (artO34. odo Dec Lei

    n° 259/98, de 18 de Agosto), O tempo de trabalho eféctivamente prestado, para

    além do horário normal, deverá ser compensado nos {crmos rcgularmcntc

    estabelecidos ()"- cfr docs. não numerados, que constam do PA;

    d) Tais despachos encontram-se datados e assinados pela Coordenadora Superior

    de Investigação Criminal, Maria Alice Ferna.l1des - cfr docs não numerados,

    que constam do P.A;

    Página 2 de 13

    2-'4:WaJtO"'"o~tOtOo

  • .-",, "

    TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    e) Os AA apuseram a declaração ;'romei conhecimento ", seguida da data e da

    respectiva assinatura, sobre cada um dos despachos supra indicados- cfr. does.

    não numerados, que constam do P.A.;

    f) Tendo sido interposto recurso hierárquico de tais despachos, o Director Nacional

    da PJ proferiu vários despachos datados de 08/06/2004, ]4/06/2004, 2l/06/2004,

    23/06/2004, 30/06/2004, em que se lê: UNão tendo sido autorizada a prestação

    de trabalho extraordinário, mantenho o indeférimen/o (artO34. ° do Dec. Lei na

    259/98, de 18 de Agosto). O tempo de trabalho efectivamente prestado, para

    além do horário normal, deverá ser compensado nos termos regularmente

    estabelecidos (arl° 790do Dec. Lei na 275-A/2000 de 9 de Novembro, Despacbo

    Normativo na 18/2002, de 5 de Abril e Despacho na 06/02-SECDN, de 15 de

    Fevereiro, Despacho na I J/O2-.)'eCI)N, de 20 de Março e Despacho na 24/02-

    .)'EC/DN de 16 de Junho) (.)" - cfr. does. não numerados, que constam do

    P.A.;

    ***

    A convicção do Tribunal formou-se através da análise dos documentos referidos

    em cada uma das alíneas supra indicadas.***

    o Direito

    Da notificação dos actos impugnados.

    Alegam os AA que "... os despachos impugnados hierarquicamente, não

    identificam nem o Autor do acto, nem o órgão competente para apreciar a ímpugnação

    dos mesmos e o prazo para o efeito... " Dizem que se encontra violado o art° 268", n° 3

    da CRP e o artO 68°, n° I do CPA.

    Os despachos que foram o,bjecto de recurso hierárquico, foram os proferidos

    pela Coordenadora Superior de Investigação Criminal, do Departamento

    Investigação Criminal de Selúbal. Contrariamente ao que os AA vêm defender, em tais

    despachos foi indicada a identificação do respectivo autor. Não contêm, contudo, a

    indicação do órgão competente para apreciar a sua impugnação, nem o prazo em que

    esta poderia ser apresentada, com o que não foi cumprido o disposto na a!. c), n° I, do

    arfO68.° do CPT A e, na medida em que não foi observado tal formalismo, também sai

    Página 3 de]3

    de

    :2-'«wOJ(!)3,~(!)(!)o(f)(f)

  • - -",

    TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    violado o disposto no art" 268,", n° 3 da CRP, na parte em que se determina que a

    notificação dos actos aos interessados deve ser feita de acordo com o formalismo

    legalmente previsto, No entanto, tal irregularidade não é causa de invalidade dos actos

    proferidos, o que por si só leva à improcedência do vício que Ihes é imputado, Qwmdo

    muito a natureza das irregularidades apontadas seria causa da ineficácia dos actos - cfr.,

    entre outros, a anotação ao art" 68" do CPA, efectuada por Santos Botelho, in "Código

    do Procedimento Administrativo Anotado e Comentado", Almedina, 5" ed" 2002, pág,

    346 e o ac, do STA, proferido no proco n° 058/03, de 01/07/2004, in\y\\-,,\,,_gg~i..J!tem

    que se sumariou: "1 - A nolUicaçc7o mIO é um pressuposto de validade dos aclOs

    adminis tralivos, configurando de eficácia,mero requisitoantes se como

    11 - A notificação insere-se na jàse integrativa da eficácia dos CIciosadministrativos,

    lU - 1/'ata-se, aqui de uma fÔrma de publicidade pessoal que é ulterior à prática do

    aclO, 1V- A invalidade ou a irregularidade da nolUicoçc7onc7oé passível de afectar a

    existência ou o validade do aclo, (", )", No entanto, verifica-se que, no caso, os actos

    nem poderiam ser declarados ineficazes, pois a falta de indicação do órgão competente a

    quem dirigir a impugnação administrativa e a falta de indicação do prazo em que tal

    haveria de ser feito, em nada afectou os di feitos de defesa dos AA, uma vez que estes

    acabaram por interpor os respectivos recursos hierárquicos, tendo estes sido recebidos e

    decidi dos pelo Director Nacional da PJ, sem que isso afectasse o procedimento e a

    decisão tomada, pelo que, por força do princípio do aproveitamento dos actos

    administrativos, o vício seria inoperante e sempre se manteriam na ordem jurídica os

    actos em causa,

    Pelo exposto, illlProcede a declaração de invalidade dos actas impugnados por

    violação do art° 268°, n° 3 da CRP e do are

  • ."'.

    TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    Não acompanhamos os AA em tal conclusão. Dispõe o artO9.° do CPA, sob a

    epígrafe "princípio da decisão": J - Os Órgãos adminzstre/livoslêm, nos termos

    regulados neSle CÓdigo, o dever de se pronunciar sobre todos os assuntos da sua

    competência que lhes selám apresentados pelos particulares, e nomeadamente:

    a) Sobre os assuntos que lhe,s'disserem directamenle respeito,

    b) Sobre quaisquer petiçtJes, representações, reclamaçÔes ou queixas formuladas em

    defesa da Constituição, dos leis ou do interesse geral.

    2 - Não existe o dever de decisão quando, há menos de dois anos conlados da dota da

    apresentação do requerunenro, o Órgão competente tenha praticado um acw

    administrativo sobre o mesmo pedidojórmulado pelo mesmo particular com os mesmos

    fi.mdamentos.

    Sobre o artO9.° do CPA, sumariou-se no ac. do STA, proc" n° 0462S6, datado de

    31-03-2004, in www.dgsi.pt, que "I - Apesar da epígraje deste artigo ser "O Princípio

    da decisão", todavia, o mesmo encerra dois principio.I': o da pronÚncia (conlido no seu

    n° J) e o da decisão (regulado no seu n" 2). 11 - O primeiro dever (o de pronÚncia)

    obriga sempre a Adminislração a tomar posiçtlo peronre qualquer petiçtlo formulada

    por um par/icular, cm'respondendo a tal dever o direito fÚndamental de petiçtlo, em

    matérias que lhes digam respeito ou à Constiluiçtlo e às leis dos cidadtlos (arl.l'.52" da

    CRP e 74" e s.\'.do CPA e Lei n" 43/90 de 10/8). JIJ - Di/Crenle deste, é o dever legal de

    decisão procedimental, que se liga a uma exigência de conc!ustlo dos procedimenlos,

    com a consequente prálica de um acto administrmivo (arts. 57'~ 58" e lOGoa J()9(~

    IOdos do CPA). IV - Face à diferente natureza destes princípios, também o seu

    incumprimento tem de ter naturalmenle consequéncias diferentes V - Assim, o dever de

    pronÚncia e, consequentemente, o, direito de pronÚncia, sendo um direilo de cariz

    polilico-constitucional, e é ai que, essencialmenle, se cncOnlra o seu regime. Todavia,

    quando o destinatário de uma petiçtlo é a prÓpria Administração PÚblica, e está em

    causa l.tlnOquestão odministrativa, a fálta de pronuncia pode sancionar-se quer COl11

    uma acçào para o reconhecllnento de wn direito, ou porventura, com uma intimoçào

    das previstas no art" 86" da LPTA. VI- Já bem diferente, c a sanção para a hipÓlese de

    incUlnprimenlo do dever de decisão. Eln 101 hipÓlese, haverá lugar à formaçào de

    PáginaS de 13

    2..J«waJ(!)'"o~(!)(!)o

  • . '."I>

    TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    indeferimento ou deferimento tácitos, residualmente, à hipÓtese de acção para

    reconhecimento de um direito c. eventualmente, a Administração Publica ser

    responsabilizada civilmente pela prática de um ac/o ilicito de gestão pÚblica, VI! - Na

    verdade. de acordo com o artO9° do CPA selo pressupostos da dispensa do dever legal

    de decidir que: 1°- o órgão competente: 2° - tenha praticado: ]O - um acto

    administrativo; 4° há menos de dois anos: 5° - sobre o mesmopedido e com os mesmos

    fi.tndamentos: 6° -formulado pelo mesmo requerente, (..) ",

    Os AA confundem o dever da Administração se pronunciar ou, consoante as

    situações, de decidir sobre determinada pretensão, com o alegado e hipotético dever ~e

    pronúncia sobre os fundamentos em que sustentam a pretensão que apresentaram. O que

    o art° 9° do CPA impõe à Administração, são os deveres de pronúncia, ou, consoante o

    caso, de decisão da pretensão, E, na presente situação, o Director Nacional decidiu a

    pretensão deduzida pelos AA nos recursos hierárquicos. Para se verificar o

    cumprimento de tal dever, o Director Nacional não tem de se pronunciar sobre os

    fundamentos apresentados pelos recorrentes, pois o que se impõe é decidir, embora de

    forma fundamentada, sobre a pretensão e isso foi feito, pelo que não há violação do artO

    9.0 do CPA.

    Da competência.

    Dizem os AA que os actos praticados pela Coordenadora Superior de

    Investigação Criminal, do Depmiamento de Investigação Criminal de Setúbal, sofrem

    do vício de incompetência, por a autorização para a prática de trabalho extraordinário

    ser da competência do Director Nacional da PJ.

    No DR, fI Série, de 16/01/2003, foi publicado o despacho n" 885/2003, datado

    de 06/0l/2003, do Director Nacional da P .J., através do qual foram delegados poderes a

    Maria Alice Teixeira Pinto Fernandes, a exercer ftmções no Departamento de

    Investigação Criminal de Setúbal, para, entre o mais, autorizar a atribuição de abonos e

    regalias a que os funcionários ou agentes tenham direito e adaptar os horários de

    trabalho mais adequados ao funcionamento dos serviços, determinar os regimes de

    prestação de trabalho e autorizar os horários de trabalho específicos, Ora, considerando

    Página () de 13

    :2'--'«waJ'"''"o~'"''"'oUJUJQ)Uoa.o-o

  • .,.<

    TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    tais poderes delegados e atendendo a que a pretensão deduzida pelos AA se reconduzia

    a ver considerado como trabalho extraordinário e pago enquanto tal, o por eles prestado

    noutros períodos que não o compreendido entre as 09.00 horas e as J7.30 horas, podia

    tal pretensão ser decidida pela Coordenadora Superior de Investigação Criminal que

    indeferiu o requerido pejos AA, pois trata-se de matéria que cabe no âmbito da

    delegação de poderes, pelo que improcede o invocado vício de incompetência.

    Do vício de violação de lei.

    Alegam ainda os AA que os actos impugnados sofrem de vício de violação de lei

    - art" 79", n" J da LOPJ, art" 59", n"l, ais. a), b) e d) da CRP, art" 34" do DL n" 259N~,

    de 18 de Agosto -, por erro nos pressupostos de facto e de direito. Para tanto, vieram

    defender que as horas de trabalho por eles prestadas e que não coincidem com o período

    normal de trabalho (período este que acabam por circunscrever ao decorrido entre as

    09.00 horas e as 17.30 horas), nem foram prestadas enquanto integrados nos piquetes ou

    nas unidades de intervenção, devem ser tidas e retribuídas como trabalho extraordinário,

    pedindo que se condene o Réu a reconhecer tal direito e a efectuar o pagamento das

    horas prestadas de acordo com tal qualificação

    A Lei Orgânica da Polícia Judiciária foi aprovada pelo Decreto-Lei n° 275-

    A/2000, de 9 de Novembro, dispondo o seu art" 79", sob a epígrafe "Serviço

    permanente n. que'

    J - O serviço na Polícia Judiciária é de carácter permanente e obrigatÓrio.

    2 - O horário normal de trabalho é definido por despacho do Ministro da

    Justiça.

    3 - O serviço permanente é assegurado '/Óra do horário normal, por piquetes de

    atendimento e unidades de preyenção. ou turnos de fímcionários. tendo os

    fímcionários direiro a suplementos de piquete. de prevenção e de turno.

    -4 - A regulamentaçào de serviço de piquete e do serviço de unidades de

    prevenção ou turnos de jÚncionários e fixada por despocho do Ministro da

    Just iço.

    5 - Mediante despacho do direcror nacional, sempre que tal se revele

    necessário. podem ser estabelecidos serviços, em regime de tUrno, destinados a

    Página 7 de 13

    :2-'«wfitD'"'o~tDtDo

  • , "'\, .

    j1~. ..:f!

    TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    acçlJes de prevenção e de invesligaçi'1o de crlfnes, sem prejuízo do regime geral

    dajimçc7o pÚblica.

    6 - ('om excepção do di,spOSIOno nÚmero seguinte, 25% da remuneray'ão base

    corresponde aojáclOr de disponibilidadejimcional.

    7. - ,)'em prejuízo do di.\posto no n. o 3 do presente artigo. o pessoal operário e

    auxiliar tem direito a um suplemento de prevenção, de modo a ser assegurado o

    carácter permanente e obrigatÓrio do serviço da Polícia Judiciária. de montcmte

    a .lixar por por/ar ia conjl.tnta dos Ministros das Finanças e da Justiça. sendo

    devido a partir da da/a de entrada em vigor do presente diplomo

    Através do Despacho Normativo n° 18/2002, de 13/03/2002, publicado no D.R,

    II Série, B, n° 80, de 05/04/2002, foi aprovado o Regulamento do Horário de Trabalho

    do Pessoal da Polícia Judiciária, o qual, no afio 2°, começa por estabelecer que a

    disciplina por ele instituída não prejudica o carácter permanente e obrigatório do

    serviço, previsto no art° 79°, n° I da Lei Orgânica da Polícia Judiciária Estabelece

    ainda o mesmo Despacho Normativo:

    Artigo 3. oDuração do trabalho

    j - A duração semanaldo trabalho é. nos termosdo artigo 7.() do Decreto-Lein. o 259/98. de 18 de Agosto, de trinla e cinco horas semanais.

    2 - A semana de trabalho é, em regra, de cinco dias, tendo os jÚnclOnáriosdireito a um dia de descanso semanal acrescido de um dia de descanso complementar,

    que devem, em princípio, coincidir corn o domingo e o sábado. respectivamente

    Artigo -I.oPeríodo defilllcio/lomellto do,ç.çenJiços

    J - () período de jÚncionamento dos serviços da Polícia Judiciária é das 8 às20horas dos dias Úteis, sem prejuízo da duração normal do trabalho estabelecido noartigo anterior.

    2 - A dejiniçi'ío em concretojÚncionários. dentro daquele períodonecessIdades do serviço.

    3 - Se nada for determinado. o período normal de prestaçao de trabalho, dentrodo período defuncionamenlO dos serviços, é das 9 horas às 12 horas e 30 minulOS e dasJ-Ihoras às 17.horas e 30 mInutos.()

    do período de prestaçao de trabalho dosde jÚncionamento. será determinada pelas

    2--'

  • TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    5 - A prestação do trabalhofora do período de.fÚncionamento dos serviços seráassegurada por unidades dos serviços de piquete e prevenção ou turnos dejÚncionários.

    6 - A prestação de trabalho durante o período de .fÚncionamento dos serviços,por períodos que ultrapassem a duração norlnal do trabalho. será objecto decorrespondente compensaçào temporal.

    7 - O disposto no nÚmero anterior não é aplicável CIOtrabalho prestado emserviço de piquete.

    (... )

    Artigo l ()

    Regime de pre.'ltaçlio de trabalho1 - Compete ao director nacional. tendo em conta a natureza e complexidade

    das tarefà.~a executar, determinar o regime de prestaçào de trahalho e os horários apraticar.

    2 - Em casos especiais, devidamente jÚndamentados, poderào ser adoptadosdiferentes regimes de trabalho, diferentes modalidades de horário ou horáriosdUerenciados dentro de uma mesma unidade orgânica. ou relativamente a jimcionáriosde uma mesma categoria, carreira ou grupo pr

  • c" ~~

    TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    diário" (art 15°); "quando as características de um serviço o justifiquem, poderá ser

    adoptada a modalidade de trabalho por turnos nos termos da lei geral" (artO2 1°).

    o trabalho prestado no âmbito dos serviços de piquete, das unidades de

    prevenção e no regime de turnos, é retribuído através do pagamento de suplementos

    remuneratórios calculados em função das variáveis (categoria profissional do

    funcionário, dias e horas em que é prestado, duração) previstas na Portaria n° 98/97, de

    ] 3 de Fevereiro.

    De acordo com o artigo] 72° da Lei Orgânica da Polícia Judiciária, aprovada

    pelo Decreto-Lei n." 275-A/2000, de 9 de Novembro, "Aos fwlcionários da Polícia

    Judiciária, bem como ao pessoal dirigente, aplicam-se, em tudo o que não contrarie o

    disposto no presente diploma, os correspondentes regimes gerais vigentes para a função

    pública. "

    Resulta das normas atrás transcritas, que o serviço na Polícia Judiciária é de

    carácter permanente e obrigatório, encontrando-se os funcionários e demais prestadores

    de serviço da Polícia Judiciália sujeitos a um horário de trabalho semanal de 35 horas,

    com um dia de descanso semanal, a que acresce um dia de descanso complementar, os

    quais devem, em princípio, coincidir com o Domingo e o Sábado, sendo que, nos casos

    em que nada for determinado em contrário, a prestação diária de trabalho efectuar-se-á

    das 09.00 h. às 12.30 h e das 1400 às 17.30 h O período normal de funcionamento

    dos serviços encontra-se fixado entre as 08.00 h. e as 20.00 h., sendo que a prestação de

    trabalho fora deste período, é assegurada pelos elementos que integram os serviços de

    piquete, ou as unidades de prevenção ou os turnos. Não se estabelecem outras fonnas de

    prestação de trabalho, a não ser as que, para casos especiais e de fomla fundamentada,

    forem determinadas casuisticamente, conforme resulta do n° 2 do artO 7° do

    regulamento do horário de trabalho aprovado pelo Despacho Normativo n" 18/2002. de

    13/03/2002.

    As referidas nom1as estabelecem o regime de prestação de trabalho na Policia

    Judiciária, s

  • ',' .

    .

    TRlBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    h. e as 20.00 h.), seja o prestado já fora desse período e ainda o regime a observar

    quanto à sua retribuição. Trata-se de um regime especiaJ, que atende às especifícidades

    da prestação de serviço na Polícia Judiciária, onde se faculta inclusivamente a

    possibilidade de, perante situações específicas, se adoptarem regimes particulares de

    prestação do serviço.

    No caso de uma determinada situação encontrar a sua disciplina Jurí 1.!.---inteiramente regulamentada em determinadas normas de natureza especial,~..Q.U.e~-------recorrer às normas gerais que, sobre a mesma matéria, são aplicadas à generalida.~

  • l' .,' ~'I ...

    ;,

    TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    disciplina jurídica específica, que regulamenta os tennos em que o mesmo pode ser

    prestado e a retribuição ou compensação temporal que é devida a título de contrapartida

    pela sua prestação.

    A admitir-se a existência de situações excepcionais, em viliude da acumulação

    anormal ou imprevista de trabalho ou da urgência na realização de tarefas especiais não

    constantes do plano de actividades e que, nos termos do ar/" 26" do regime geral

    relativo à duração e horário de trabalho na função pÚblica, aprovado pelo DL n° 259/98,

    de 18 de Agosto, se pudessem configurar como de trabalho extraordinário, a sua

    realização encontra-se pendente de prévia autorização, nos termos do art° 34" do

    mesmo regime geral que, conforme se sumariou no ac. n° 11681/02, de 27/02/2003, do

    TCA - Sul, tem natureza imperativa. Veja-se ainda, quanto à necessidade de prévia

    autorização por parte do dirigente do serviço para que se possa prestar tnibalho

    extraordinário, Paulo Veiga e Mama, in "Função PÚblica", 1° vol., 2" ed., Coimbra

    Editora, pág. 316 e segs..

    Do exposto, conclui-se que os despachos impugnados ao indeferirem o

    pagamento das horas de trabalho prestadas pelos AA por a sua prestação não ter sido

    autorizada, mostram-se conformes com O regime estabelecido no artO34" do regime

    geral relativo à duração e horário de trabalho na ftmção pública, aprovado pelo DL n"

    259/98, de 18 de Agosto, o que significa que improcede o respectivo vicio de violação

    de lei e o pedido de condenação do R. a reconhecer as horas de trabalho prestadas pelos

    AA como trabalho extraordinário e a retribuí-Ias enquanto tal.

    Dizem ainda os AA que os actos impugnados são nulos (art" 133.", n" 2, aI. d) do

    CPA), por violarem o mio 59°, n"l, aIs. a), b) e d) da Constituição da República

    Portuguesa, onde, para além do mais, se consagra o direito à retribuição, o direito à

    organização do trabalho em condições socialmente dignit1cantes, de forma a facultar a

    realização pessoal e a permitir a conciliação da actividade profissional com a vida

    familiar e o direito ao repouso e aos Jazerese a um máximodajomada de trabalho e ao

    descanso semanal.

    Página 12 de 13

    2-'

  • "'=

    'Í,,

    TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADA

    Os direitos à retribuição do trabalho, ao repouso e a um limite máximo da

    Jornada de trabalho, têm natureza análoga aos direitos, liberdades e garantias, pelo que

    têm aplicação directa - artOs ] 7° e 18° da CRP No entanto, entende-se que, no caso,

    tais direitos não se encontram violados. É que, apesar da LOP J estabelecer no seu artO

    79.° que o serviço na Polícia Judiciária tem carácter permanente e e obrigatório, também

    se previu que se estabelecesse um horário de trabalho, o qual e de 35.00 h, semanais,

    repartido, em regra, por cinco dias. O facto de existir o serviço de piquete, de

    prevenção, de turnos ou a possi bilidade de, em casos especiais, se estabelecerem

    horários especiais (cfr. Despacho Normativo n° 18/2002, de 13/03/2002), não obsta a

    que os funcionários e agentes que trabalham na Polícia Judiciária gozem dias qe

    descanso (dois por semana) e, nos dias que trabalham para alem das sete horas diárias,

    sejam compensados temporalmente pelas horas de serviço prestadas (no caso do serviço

    prestado entre as ]7.30 h. e as 20,00 h) ou sejam remunerados com os respectivos

    suplementos. E o recebimento de ta] compensação, s