treinamento_periodização_(tudor_bompa)_-_sequeiros_et_al_-_2005[1]

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  • 8/4/2019 Treinamento_Periodizao_(Tudor_Bompa)_-_Sequeiros_et_al_-_2005[1]

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    Copyright 2005 por Colgio Brasileiro de Atividade Fsica Sade e Esporte.

    Artigo Original:

    Novembro/Dezembro 2005Fitness & Performance Journal Rio de Janeiro v. 4 n. 6

    Estudo de Tudor BompaEstudo sobre a Fundamentao do Modelo de Periodizao de Tudor Bompa do

    Treinamento Desportivo

    SEQUEIROS, J. L. S.; OLIVEIRA, A.L.B.; CASTANHEDE, D.; DANTAS,E.H.M. Estudo sobre a Fundamentao do Modelo de Periodizao de TudorBompa do Treinamento Desportivo. Fitness & Performance Journal, v. 4,

    n. 6, p. 341-347, 2005

    Resumo - Planos anuais de treinamento simples so utilizadosh sculos. Periodizao o planejamento geral e detalhado dotempo disponvel para o treinamento, de acordo com os objeti-vos intermedirios perfeitamente estabelecidos, respeitando-seos princpios cientficos do exerccio desportivo (DANTAS,2003). Este estudo efetuou uma comparao entre os modelos

    de periodizao (MP) de Matveev e Bompa, utilizando-seda metanlise como instrumento estatstico, visando parearos MPs dos autores descritos. Em 1965 Matveev publicou oMP que seria utilizado durante dcadas. Segundo BOMPA(2002), este MP seria tpico de desportos com predominnciade potncia e velocidade. Portanto segundo o referido autoreste MP no poderia servir de parmetro para desportos compredominncia de resistncia. Para equacionar tal problema,

    Bompa prope uma modificao no modelo tradicional, inse-rindo cargas de trabalho de alto volume durante praticamentetoda a temporada. Outro problema est relacionado com amudana da nova ordem mundial do esporte de alto nvel,com competies distribudas ao ano inteiro, onde vriospeaks so necessrios. Bompa tambm prope uma equaopara este problema com ciclos duplos, triplos e mltiplos detreinamento. No entanto, apesar das mudanas ao modelotradicional, Bompa no desconsidera o modelo clssico,apenas adapta.

    Palavras-chave: Treinamento Desportivo, Periodizao doTreinamento, Modelos de Periodizao

    (*) Este estudo foi apresentado e aprovado pelo comit de tica da Univer-sidade Castelo Branco, segundo as normas do Artigo 196, pesquisa comseres humanos do Ministrio da Sade.

    p. 341-347

    Endereo para correspondncia:Rua Andr Rocha, 3215 sl 207 Jacarepagu CEP: 22710-560

    Data de recebimento: Julho 2005 / Data de aprovao: Agosto 2005

    Joo Luis da Silva Sequeiros (CREF 15398 G/RJ)Mestrando em Cincias da Motricidade Humana/[email protected]

    Artur Lus Bessa de Oliveira. (CREF 15037 - G/RJ)Mestrando em Cincias da Motricidade Humana/UCB

    [email protected]

    Diego Castanhede. (CREF 6395 - G/SC)Laboratrio de Biocincias da Motricidade Humana LABIMH/[email protected]

    Estlio Henrique Martin Dantas, Ph. D. (CREF 0001 G/RJ)Professor titular do curso de ps-graduao stricto sensu em Cincia da Motricidade Humana/[email protected]

    PERFORMANCE

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    ABSTRACT

    Study About the Fundamentation of Tudor Bompa Sports TrainningPeriodization Model

    Annual Plans of simple training have been used for centuries. Periodization

    is the general and detailed planning of the available time for the training, ac-

    cording to intermediate objectives perfectly established, being respected the

    scientific axioms of the sport exercise (DANTAS, 2003). This study made a

    comparison between the periodization models (MP) of Matveev and Bompa,using literature revision as research element, seeking compare the described

    authors MPs. In 1965 Matveev published the MP would se used for dacades.

    According to BOMPA (2002), this MP would be typical of sports the used

    mainly potency and speed. Therefore accoding to that author this MP could

    not serve as parameter for sports with resistance predominance. To set out such

    problem, Bompa it proposed a modification in the traditional model, inserting

    loads of work of high volume during practically the whole season. Another

    problem is related the new world order of high level sports, with tournaments

    distributed throughout the year, where several peaks are necessary. Bompa

    also proposes an equation for this problem with double, triples and multiple

    cycles of training. However, in spite of the changes to the traditional model,

    Bompa doesnt disrespect the classic model, he just adapts it.

    Key-Words: Sports Trainning, Trainning Periodization, PeriodizationModel

    RESUMEN

    Estudie Sobre el Fundamentation del Modelo de Periodizacion delEntreinamento del Esportede Tudor

    Se han usado Planes Anuales de entrenamiento simple durante siglos. Peri-

    odization es el general y detall planificacin del tiempo disponible para el

    entrenamiento, segn objetivos del intermedio perfectamente establecidos,

    respetndose los axiomas cientficos del ejercicio deportivo (DANTAS, 2003).

    Este estudio hecho una comparacin entre el periodization planea (MP) deMatveev y Bompa, usando la revisin de la literatura como el elemento de

    la investigacin, buscando la comparacin los MPs de los autores descritos.

    En 1965 Matveev public que los MP habra se usado para el dacades. Segn

    BOMPA (2002), este MP seran principalmente tpicos de deportes los usamos

    la potencia y velocidad. Por consiguiente el accoding a ese autor este MP

    no podra servir como el parmetro para los deportes con el predominio de

    resistencia. Partir el tal problema, Bompa que propuso a una modificacin en

    el modelo tradicional, mientras insertando cargas de trabajo de volumen alto

    durante prcticamente la estacin entera. Otro problema est relacionado el

    nuevo orden mundial de deportes nivelados altos, con torneos distribuidos a

    lo largo del ao dnde varias crestas son necesarias. Bompa tambin propone

    una ecuacin para este problema con doble, los triples y los ciclos mltiples de

    entrenar. Sin embargo, a pesar de los cambios al modelo tradicional, Bompano desacata al modelo clsico, l apenas lo adapta.

    Palabra-Claves: Entrenamiento de los Deportes, Periodization del Entrena-

    miento, Modelos del Periodization

    INTRODUO

    O conceito de periodizao no novo, planos anuais de trei-namento simples so utilizados h sculos. Este conceito temseus primeiros indcios na Grcia Antiga, sendo utilizados nasolimpadas e tambm para treinamento de exrcitos feudais(BOMPA, 2002). Atravs dos sculos o ato de periodizar o trei-namento foi sendo aperfeioado. Por vezes, pocas passaramem branco com relao ao treinamento, mas nada se compara produo de conhecimento sobre este objeto de estudo comoo sculo que se passou e este em que nos encontramos.

    Guerras nunca foram novidade no cotidiano do homem, porm os indcios de grandes colises no incio do sculoXIX, seguido das grandes guerras e suas conseqncias fi-

    zeram com que a preparao fsica dos homens se tornassequesto fundamental para a supremacia de algumas naes.At meados do sculo passado, a influncia militarista erapredominante nos avanos sobre o ato do treinamento fsico.Entretanto com o passar dos anos os desafios antes voltados questo armamentista, se tornaram literalmente uma corridacientfica e tecnolgica a favor da melhor performance fsica.Vrias naes passaram a investir no homem atleta e o ato deperiodizar o treinamento passa a ser primordial.

    Em meados da dcada de sessenta, na at ento URSS, umgrupo de estudiosos comandados por Lev Pavilovch Matveevpublica um modelo de periodizao que se tornaria refern-cia durante dcadas. Isso porque, a partir deste momento, os preparadores fsicos antes condicionados a experimentao

    desordenada passaram a organizar seus treinos durante vriosanos.

    Atletas passaram a ter uma sobrevida maior, um treinamentoadequado e um desempenho melhor, tais como os atletas sovi-ticos que passaram a dominar o cenrio olmpico mundial.

    Com o passar das dcadas o cenrio desportivo mundial mo-difica-se a partir do momento em que o bloco socialista sedesmancha. O capitalismo passa a ditar um novo rumo parao esporte mundial, com mais competies e grandes valoresde premiaes no perodo entre olimpadas e uma competioacirrada para promoo das sedes olmpicas. A partir deste

    momento a periodizao tradicional de Matveev passa a serquestionada por alguns e adaptada por outros. Bompa seguea linha tradicional de Matveev, porm faz algumas ressalvasem seu trabalho e menciona que a diferena entre os modelosde periodizao tradicional e os anteriores est no fato de otradicional ter sido o primeiro a ser publicado, no mais doque isto (BOMPA, 2002)

    OBJETIVO

    Este estudo se prope a comparar os modelos de periodizao(MP) de Matveev e Bompa, utilizando-se da metanlise comoinstrumento de pesquisa. Isto se faz necessrio por ainda se

    discutir a aplicabilidade, a adequabilidade e a abrangnciados modelos de periodizao citados com a nova ordem des-portiva mundial.

    Fitness & Performance Journal, Rio de Janeiro, v. 4, n. 6, p. 342, Novembro/Dezembro 2005342

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    REVISO DE LITERATURA

    O planejamento do treinamento desportivo ou simplesmenteperiodizao do treinamento, no novidade e nem descobertarussa. Os gregos j escreviam sobre o assunto, porm a hist-ria e o tempo somente nos reservaram poucos escritos destaera (BOMPA, 2002). Periodizao o planejamento geral edetalhado do tempo disponvel para o treinamento, de acordocom os objetivos intermedirios perfeitamente estabelecidos,respeitando-se os princpios cientficos do exerccio desportivo(DANTAS, 2003).

    No entanto o tempo passou e o assunto ainda desconhecidopor muitos, apesar dos significativos avanos obtidos nas lti-mas dcadas, destacando-se a publicao em 1965 do modelode planejamento anual de treinamento desportivo. Este modelofoi ampla e rapidamente divulgado no mundo ocidental sendo,por este motivo, denominado como modelo de periodizaoclssica ou tradicional.

    O modelo em questo preconiza uma periodizao do

    treinamento em vrios anos, ou seja, a partir da infncia aaprendizagem motora e cognitiva global trabalhada at a juventude, havendo o direcionamento desportivo adequadopara aqueles que demonstrarem durante esses anos a capaci-dade de tornarem-se atletas. Neste perodo inicial os futurosatletas ainda esto em perodo escolar. Envolvimento escolarem identificao de talento tambm assegura aos indivduospelo menos algumas percias profissionais de envolvimento emidentificao de talento e alivia alguns custos que poderiamser restritivos (THOMSON, 1985). Sendo assim os mesmosso direcionados de acordo com suas habilidades, sejam elasmotoras ou no, a se condicionarem na mesma escola. Cada

    um, ao entrar na escola, possui registros de histrico escolar,histrico de habilidades motoras e histrico mdico, ondeo treinamento visa propiciar a vivncia em aes motorasdistintas e o aumento do lastro fisiolgico atravs de perio-dizaes quadrimestrais e semestrais ao longo desses anos.Contudo, no h o direcionamento precoce a um determinadodesporto.

    O plano de expectativa desportiva do atleta chega ao seu cumequando h o direcionamento ao treinamento de alto nvel. Omacrociclo estruturado em perodos anuais, subdividido emmesociclos, onde cada qualidade fsica trabalhada por quatroa seis semanas. Para uma melhor adaptao ao calendrio civil

    os microciclos so elaborados em perodos de uma semana,sendo as distintas cargas de treinamento determinadas deacordo com o objetivo do microciclo.

    Bompa agrega ao seu modelo mesma estrutura do modeloclssico, com perodo preparatrio, subdividido em fase ge-ral e especfica, e perodo competitivo, subdividido em fasepr-competitiva e competitiva (Figura 1). No entanto, Bompaadota o termo macrociclo para designar os perodos de quatroa seis semanas (microciclos) que tm como objetivo trabalharas qualidades fsicas bsicas e especificas, ou seja, na formaestrutural do modelo de periodizao de Bompa, o macrociclocorresponde ao mesociclo do modelo clssico de Matveev.

    Em seu modelo, Bompa ressalta insistentemente a importnciada recuperao do treinamento. Aps um estmulo timo de

    uma sesso de treinamento o perodo de recuperao de apro-ximadamente 24 horas (HERBERGER, 1997). As variaesda supercompensao so dadas de acordo com a intensidadeministrada na sesso, podendo ser ampliada em at 36-48horas ou suprimidas em 6-9 horas. Normalmente atletas dealto nvel fazem duas sesses por dia, levando aos mesmos aterem recuperaes curtas, possibilitando-os a uma adaptao

    maior em relao a recuperaes de maior porte (BOMPA,2002). De acordo com a teoria da recuperao, atletas comidade superior a 25 anos necessitam de recuperaes maioresentre as sesses. Atletas menores de 18 anos tambm, parafacilitar a supercompensao (NUDEL, 1989; ROWLAND,1990; SCHNER-KOLB, 1990; BOMPA,2002). O sexo tam-bm afeta na recuperao, ou seja, as mulheres necessitam deintervalos maiores, pois a diferena endcrina, principalmenteem relao testosterona faz com as respostas sejam maisvagarosas (NOAKES, 1991; NUDEL, 1989;VANDER et.al. 1990; MAKSUD e MWLICHNA, 1989; BOMPA, 2002).Fatores ambientais tambm podem influenciar na recuperao,

    tal como a altitude, onde a obteno de oxignio deficiente(BERGLUNG, 1992), as temperaturas baixas onde a produode hormnios, como o hormnio de crescimento e a testos-terona, fica afetada (LIVENE et. al. 1994; STRASSMAN et.al. 1991) e os nveis de lactato crescem, diminuindo assim ametabolizao dos lipdios tambm por efeito da vasocons-trio (DOUBT, 1991).

    No perodo de competio, Bompa recomenda que antes dascompeties almejadas se faa a introduo de um perodo de

    recuperao, denominado pelo referido autor como macrociclode polimento, tendo como objetivo treinar especificamentepara uma competio importante, remover a fadiga e facilitara ocorrncia da supercompensao, atravs de um decrscimodas cargas de treinamento (unloading), durando no mximoduas semanas ou dois microciclos (BOMPA, 2002). As cargasde treinamento dependem do desporto em questo e como otreinador deseja que seu atleta atue. Para desportos coletivoscom um ou mais jogos por semana as cargas de treinamento semantm estveis, mas os esportes individuais adotam cargasvariantes (BOMPA, 2002).

    No macrociclo de transio as cargas so reprimidas, com o

    objetivo de recuperar o organismo do atleta do excesso decargas aplicadas nas competies e ainda de preparar o orga-nismo para o prximo macrociclo. Neste caso microciclos de

    FIGURA 1

    PLANO ANUAL DE TREINAMENTO

    Fitness & Performance Journal, Rio de Janeiro, v. 4, n. 6, p. 343, Novembro/Dezembro 2005 343

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    recuperao com cargas em progresso so utilizados.

    Levando em considerao o atual cenrio desportivo, comvrias competies importantes ao ano, alguns estudiosospassaram a considerar o modelo tradicional de periodizaodo treinamento esportivo ineficiente para promover mais deum peak por temporada, e portanto estaria ultrapassado. Estascircunstncias levam Bompa a fazer duas ressalvas ao modelotradicional. A primeira est relacionada sua opinio de queo modelo tradicional seria tpico de desportos de potncia evelocidade. Desta forma seria um erro aplica-lo ao treinamentode desportos de resistncia. Poder anaerbio parte crucialdo sucesso do treinamento e freqentemente o determinantepara vitrias e derrotas. Voc pode ter o sistema aerbio forte,mas se tiver um sistema anaerbio fraco, ser muito mal suce-dido (Tanaka, 1993). Assim Bompa prope a estes desportosum modelo com cargas de volume alto, bem superiores scargas de intensidade, durante toda a temporada.

    A segunda reflete a necessidade do atual cenrio esportivo

    mundial, onde os novos modelos de treinamento visam promo-ver peaks de performance em vrias competies ao longode uma mesma temporada, em funo dos elevados valores depremiaes e demais interesses comerciais envolvidos.

    O peak o pice das formas fsica, tcnica, ttica e psicolgi-ca, atingido por um atleta como resultado de um programa detreinamento (DANTAS, 2003). O modelo tradicional admiteat trs peaks ao ano, sendo assim Bompa prope modelosduplo, triplo e mltiplo para atender essas demandas (BOM-PA, 2002).

    O modelo duplo destinado a desportos de potncia e ve-locidade, com a mesma estrutura do modelo tradicional,produzindo dois peaks em uma mesma temporada; com doisperodos preparatrios, dois competitivos, dois ou um perodode transio, sendo o ltimo mais eficaz.

    O modelo triplo destinado a desportos com trs competi-es-alvo com nvel de importncia crescente ao longo datemporada. Tal como no modelo anterior, a estrutura no sedistingue da tradicional, ela apenas repetida trs vezes namesma temporada com trs perodos preparatrios, trs per-odos competitivos e de trs a um perodo de transio, sendoo ltimo mais eficaz.

    O modelo mltiplo (Figura 2) destina para temporadas

    com quatro ou mais competies alvo distribudas ao ano eestruturadas tal como os modelo duplo e triplo. O exemplomais claro da aplicao desta estrutura seria a aplicada em umatleta que participa do ATP tour, onde temos quatro grandestorneios distribudos ao ano.

    Como pode ser evidenciado no exemplo acima, medida quese aproxima o fim da temporada, a estrutura vai se modificandode forma que o perodo preparatrio passa ter dimenses en-curtadas, em funo do lastro fisiolgico obtido nos perodosanteriores. Com o passar dos anos e um acmulo repetitivodessas cargas, os perodos preparatrios so encurtados aindamais, havendo uma maior especificidade do treinamento no

    perodo preparatrio.

    MATERIAIS E MTODOS

    O presente estudo utilizou a metanlise (THOMAS & NEL-SON, 2002) para traduzir os dados necessrios a esta pesquisa.Esta metodologia visa combinar e resumir os resultados devrios estudos numa sntese matemtica para integrar os resul-tados dos estudos com a finalidade de resolver os problemas dareviso tradicional (KNAPP, 2002; CASTRO, 2001; VIEIRA& HASSNE, 2001).

    Segundo Galvo, Sawada & Trevizan, (2004), a metanlise indicada quando os resultados de vrios estudos discordamquanto magnitude ou direo do efeito e quando ensaiospara avaliar um determinado assunto so caros ou demandamlongo tempo para serem realizados.

    CARACTERIZAO DA AMOSTRA

    Os estudos utilizados na pesquisa foram selecionados deforma randomizada das bases de dados EMBASE, SPORTDISCUS e MEDLINE atravs da busca por periodizao or

    periodization or periodizacin and treinamento or training orentrenamiento. Foram utilizadas 103 referncias, incluindoartigos e livros disponveis e acessveis publicados pelosautores de periodizao do treinamento.

    Na tabela observa-se que todas as variveis apresentam umaalta disperso (CV>25%), sendo portanto a mdia a melhormedida de tendncia central (SHIMAKURA, 2005).

    INSTRUMENTAO E PROTOCOLO

    As informaes obtidas atravs das referncias foram sub-metidas a uma tabela com 24 critrios que possuem escores.

    Fitness & Performance Journal, Rio de Janeiro, v. 4, n. 6, p. 344, Novembro/Dezembro 2005344

    FIGURA2

    MODELO MLTIPLO

    Fonte: Bompa, 2002

    TABELA 1

    RESULTADOS DA ANLISE DESCRITIVA E INFERENCIAL DO

    GRUPO CONTROLE

    x = mdia; E = erro padro da mdia; Md= mediana; s= des-vio padro; a3 = assimetria; a4= curtose; CV= coeficientede variao

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    Estes escores servem de critrios para validar a confiabilidadee o peso cientfico de cada estudo.

    Os 24 critrios selecionados foram: nmero do artigo; anodo trmino; situao da pesquisa; informao da fonte; sepublicada, onde foi publicada; se publicada em livro, no deedies; se publicada em peridico, tiragem; estrutura daperiodizao; variao das cargas; nmero de peaks; nvel es-portivo; aplicabilidade do modelo; nvel dos sujeitos testados;qualidade de definio do grupo; classificao de confianana seleo do desempenho; como esse nvel foi determinado;nmero total de sujeitos no grupo; sexo dos sujeitos; idademdia das amostras usadas nos grupos; nmero mdio de anosde experincia com o esporte; status do sujeito; experinciaanterior com a tarefa; escore de desempenho mdio do grupona tarefa; desvio-padro do grupo na tarefa.

    A metanlise utiliza uma estimativa denominada tamanhoefeito (TE), determinado pela seguinte frmula (THOMAS& NELSON, 2002), para determinar o potencial estatstico

    da amostra:

    ME = mdia do grupo experimental

    MC = mdia do grupo controle

    SC = desvio-padro do grupo controle

    O instrumento utilizado ser uma tabela desenvolvida noprograma de computador Excel 97. A tabela foi submetida aoprocesso Face Validity, tendo sido revisada e aprovada por3 doutores notrios na rea de Treinamento Esportivo.

    RESULTADOS E DISCUSSES

    Com as informaes dos percentis de corte podemos agruparos estudos referentes a cada um dos modelos investigados eatravs de suas mdias, identific-los dentro dos limites dospercentis.

    Os resultados dos quartis de cada grupo experimental de-monstra que dentro das 103 referncias sobre periodizao dotreinamento, Matveev e Bompa possuem uma boa aceitao erelevncia. O modelo de Matveev o mais considerado dentrodeles, sendo mais aceito que Bompa.

    O clculo do tamanho efeito (TE) classifica os dados em: TEpequeno (< 0,2); TE moderado (= 0,5); TE grande (> 0,8).(Cohen, 1969 in Domingues, 2004).

    De acordo com os TEs apresentados, o modelo de Matveev e omodelo proposto por Bompa, se classificam como TE grande.Cabe ressaltar que tanto a anlise que se utiliza da metanlise,como o clculo do TE so tendenciosos em apontar maiorconsistncia terica nos modelos de periodizao propostospor Matveev e por Bompa.

    Os resultados demonstram a expresso de cada modelo deperiodizao dentro da massa de referncias sobre o assunto.O modelo de Bompa est inserido entre as periodizaesmais atuais, estando presentes de forma significante entreas periodizaes estudas no meio cientfico. J o modelo deMatveev apresentou uma relevncia fortssima, mesmo este

    sendo o mais antigo deles, ainda demonstra sua importnciano mundo cientfico no que diz respeito periodizao dotreinamento.

    A adequabilidade destes modelos de periodizao definidoquanto a estrutura da periodizao e quanto a variao dascargas. Para identificarmos a estrutura da periodizao, amesma foi dividida em trs: Tradicional, Adaptada e Indefinida(AZEVEDO, 2005). A Tradicional origina-se da periodizaoClssica, possuindo trs fases: Preparao, Competio eTransio. A Adaptada, como o prprio nome sugere, classificaqualquer uma que possuir apenas um ou duas das fases daTradicional, mas nunca as trs. J a Indefinida se aplica nos

    casos de no ser identificado forma de estruturao da perio-dizao observada. Outra forma da adequabilidade quanto variao das cargas. Para encontrar uma classificao quandose trata de cargas encontramos algumas dificuldades.

    Uma extensa pesquisa realizada a respeito dos conceitos ge-rais sobre a carga de treinamento mostra que, se levarmos emconsiderao todos os conceitos expostos por diversos autores,s cargas de treinamento pode destacar quase dez diferenteselementos, tais como; volume, intensidade, densidade, dura-o, freqncia, natureza dos exerccios, durao e naturezados intervalos de repouso, nmero de repeties, magnitudedo estmulo (FORTEZA, 2001).

    No entanto, notvel a importncia de dois desses elemen-tos no treinamento esportivo, corroborado por Verkoshanski

    TABELA 2

    PERCENTIS DE CORTE DOS QUARTIS DO GRUPO CONTROLE

    Fitness & Performance Journal, Rio de Janeiro, v. 4, n. 6, p. 345, Novembro/Dezembro 2005 345

    ME MC / SC

    TABELA 3

    AVALIAO DO QUARTIL DE CADA MODELO DE PERIODIZAO

    TABELA 4

    TAMANHO EFEITO DE CADA MODELO DE PERIODIZAO

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    (1990), e sendo os ndices gerais mais utilizados de carga detreinamento; volume e a intensidade. Cabe ressaltar o princ-pio cientfico do treinamento esportivo da interdependnciaentre volume e intensidade (DANTAS, 2003).

    Esta interdependncia pode se comportar de trs maneirasdistintas: variao de predominncia, predominncia devolume ou predominncia de intensidade.

    Podemos verificar que o modelo tradicional de Matveevobteve os melhores resultados de adequabilidade e na TE deadequabilidade. Podemos atribuir isto, ao fato deste modeloser adequado tanto as categorias de base, quanto aos atletasadultos de alto rendimento. Entretanto, Bompa obteve umarelevncia intermediaria no universo da amostra.

    A abrangncia dos modelos de periodizao do treinamentoesportivo divide-se em duas diferentes formas: quanto aonmero de peaks e quanto ao nvel esportivo. O critriopara identificao do nmero de peaks em uma temporadafoi classificado de duas formas: possibilitando at 3 peaksou mais de 3 peaks. Para a identificao do nvel esportivoforam estabelecidas trs classificaes: alto rendimento,

    amador ou iniciante.

    De acordo com os dados obtidos atravs da metanlise, po-

    demos assinalar que o grau de abrangncia dos modelos deperiodizao do treinamento esportivo, aponta o modelo deMatveev (Tradicional) como preferencial, por conferir aos

    mesmos grande interferncia nos procedimentos contempo-rneos de treinamento esportivo e produes cientficas demesmo tema. Com relao ao modelo de Bompa o grau deabrangncia se torna mais limitado.

    A aplicabilidade dos modelos de periodizao do treina-mento, poder ser classificado como Monstico, quandovisa desenvolver uma qualidade fsica como prioridade eEcltico, quando visa desenvolver diversas qualidades fsicas

    concomitantemente.

    De acordo com os dados obtidos atravs da metanlise sobreos modelos de periodizao do treinamento esportivo, po-

    demos concluir sob o ponto de vista da aplicabilidade que omodelo de periodizao clssico de Matveev apresentou osmelhores resultados, sendo caracterizado como muito bom.Em um segundo patamar o modelo de periodizao de Bompa considerado como bom.

    CONCLUSO

    O treinamento deve levar em considerao a eficincia gestualda atividade, o maior esforo pelo menor gasto energticopossvel (DANTAS, 2000) e as adaptaes fisiolgicas em

    resposta ao treinamento so altamente especficas naturezada atividade do treino (VALDIVIELSO, 1996). Sendo assimas adaptaes de Bompa ao modelo tradicional do treinamen-

    Fitness & Performance Journal, Rio de Janeiro, v. 4, n. 6, p. 346, Novembro/Dezembro 2005346

    TABELA 7

    RESULTADOS DOS NDICES DE ABRANGNCIA

    TABELA 8

    RESULTADOS DO TAMANHO EFEITO (TE) QUANTO

    ABRANGNCIA

    TABELA 9

    RESULTADOS DOS NDICES DE APLICABILIDADE

    TABELA 10

    RESULTADOS DO TAMANHO EFEITO (TE) QUANTO

    APLICABILIDADE

    TABELA 5

    RESULTADOS DOS NDICES DE ADEQUABILIDADE

    TABELA 6RESULTADOS DO TAMANHO EFEITO (TE) QUANTO A

    ADEQUABILIDADE

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    to, principalmente as destinadas aos desportos de resistnciadevem ser bem investigadas. As cargas com volumes altos du-rante toda a temporada podem sobrecarregar o atleta e causarovertraining. O clculo da curva de treinamento tambm nofoi explicitado na formulao deste modelo e, portanto, no hat o momento nenhuma evidncia cientfica que proporcioneuma resposta confivel do modelo. Sua eficcia, a princpio,

    fundamenta-se em valores subjetivos.Talvez, o fato de desconsiderar o mesociclo e denomina-locomo macrociclo, possa explicar em parte a excluso decurvas de treinamento. No modelo clssico de planificao dotreinamento o mesociclo parte imprescindvel na obtenodo desenvolvimento de qualidades fsicas do desporto a sertreinado. O macrociclo uma parte do plano de expectativadesportivo que se compe dos perodos de treino, competio erecuperao, executados ao longo de uma temporada, visandoconduzir o atleta, ou a equipe, a um nvel de condicionamentoque o capacite a realizar as performances desejadas, nas con-dies escolhidas, dentro de um planejamento de treinamento

    previamente feito.

    Somente introduzindo este modelo a um grupo de atletas po-demos encontrar os resultados que iro evidenciar os rumosde tal modelo. Quanto aos modelos duplo, triplo e mltiploque promovem vrios peaks durante a temporada, no sediferenciam em sua essncia dos modelos de outros autoresque tambm adaptam o modelo tradicional, tais como: Dantas(meeting), Valdivielso (ATR) e Platonov (multicclico).

    Na literatura especfica, o modelo tradicional ainda citadocomo o modelo que propicia uma performance mais adequada,aplicvel e abrangente, seja quanto estrutura da periodiza-

    o, seja quanto variao das cargas de treinamento. Oramonstica, visando desenvolver uma qualidade fsica comoprioridade, ora ecltica, quando visa desenvolver diversasqualidades fsicas concomitantemente. Tanto em relao aonvel esportivo, quanto ao nmero de peaks almejados.

    O modelo prioritrio de Bompa est inserido entre as perio-dizaes mais atuais, estando presentes de forma significanteentre as periodizaes estudas, mas sob a ptica da metanlise,comporta-se de forma menos consistente.

    Sugere-se que, em novos estudos, procure-se incluir a compa-rao de outros modelos de periodizao, buscando cada vez

    mais referncias especializadas no assunto, para que possasomar aos resultados encontrados no presente estudo.

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