trecho de manuscrito de hannah arendt sobre antissemitismo

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  • 7/26/2019 Trecho de Manuscrito de Hannah Arendt Sobre Antissemitismo

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    29/05/2016 Leia trecho de manuscrito indito de Hannah Arendt sobre antissemitismo - 29/05/2016 - Ilustrssima - Folha de S.Paulo

    http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissi ma/2016/05/1775143-leia-trecho-de-manuscrito-inedito-de-hannah-arendt-sobre-antissemitism o.shtml 1/7

    RESUMOEste um trecho de "Antissemitismo", manuscrito sem dataencontrado por Jerome Kohn e indito at a publicao, nos EUA, de "EscritosJudaicos", que sai aqui pela Amarilys em junho. O pesquisador estima que tenhasido escrito no fim dos anos 1930, em Paris, antes de a autora ser mandada para ocampo de Gurs, em 1940.

    Fred Stein/Album/Picture Alliance

    A filsofa alem Hannah Arendt em foto de 1944

    Em 1781 o conselheiro de corte prussiano Christian Wilhelm Dohm publicou suassugestes "Sobre o Melhoramento Cvico dos Judeus". Dez anos depois aConveno Nacional da Revoluo Francesa referiu-se sua Declarao deDireitos Humanos ao proclamar a emancipao dos judeus. Oitenta e oito anosmais tarde, em 1869, o conselho federal alemo (Bundesrat) rescindiu "todas asrestries de direitos civis e legais anteriores baseadas em diferenas de confissoreligiosa" . Passaram-se meramente duas geraes, e as nicas pessoas na

    Alemanha que gozam de direitos civis e legais so aquelas que podem provar quenenhum de seus avs era judeu.

    Em 1701 Eisenmenger publicou seu "Entdecktes Judenthum" (Judasmodesnudo), o compndio definitivo de todas as alegaes levantadas contra os

    judeus na Antiguidade e na Idade Mdia e uma fonte generosa mesmo hoje para

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    todo tipo de atrocidade inventada, desde acusaes de assassinato ritual at contossobre poos envenenados.

    Cem anos depois de Eisenmenger, apenas 20 anos depois das primeiras propostasde reforma de Dohm, de 10 a 15 anos aps as primeiras tnues propostas deassimilao, o livro "Wider die Juden" (Contra os judeus), de Grattenauer, colocana agenda pblica e no apenas entre plebeus semieducados mas tambm emmeio elite intelectual da capital prussiana: Friedrich Gentz, Clemens vonBrentano, Achim von Arnim, Adam Mller, Heinrich von Kleist algo que soacomo uma verso muito moderna do antissemitismo. Todo o crculo de patriotasque se formava em torno da Sociedade da Mesa Germnica Crist(Tischgesellschaft) torna-se antissemita.

    Em 1869, o mesmo ano em que a plena emancipao civil entrou em vigor naAlemanha, publicada a primeira edio de "Sieg des Judenthums ber das

    Germanenthum" (Vitria do judasmo sobre o germanismo), de Wilhelm Marr.Nos anos 1870 a questo judaica no mais um tpico de discusso, mas antes umponto ao redor do qual se cristaliza um movimento poltico cuja palavra de ordem "anti-semitismo" . Em 1933 todas as propostas poderamos dizer todas asquimeras de um movimento de 130 anos so realizadas, com a exceo, diga-se,da perene sugesto para resolver a questo judaica abatendo todos os judeus.

    ASILO

    A capitulao de todos os judeus alemes seria rapidamente seguida pela dacomunidade judaica mundial, com todas as esperadas e momentosasconsequncias pois de fato todos os protestos, resolues e congressossimplesmente lanam areia em seus prprios olhos, no nos olhos de seusinimigos. O fardo dessa capitulao foi suportado principalmente pelos crculossionistas e utilizado pelo movimento sionista, embora este certamente no possaser culpado por isso. O sionismo de m conscincia era mais ou menos um asiloacidental preexistente para o qual pessoas desesperadas podiam fugir em nome de

    um pouco de esperana e algum resqucio de dignidade.O fracasso poltico dos judeus alemes e da comunidade judaica mundial face catstrofe alem inteiramente apropriado ao decurso dos 150 anos de histria daqual ele a culminao infame ele deve ser esclarecido da maneira maisprofunda, deve-se desnudar o verdadeiro valor da emancipao, deve-se expor seu

    verdadeiro significado histrico. Na medida em que o desenvolvimento queoutrora nos trouxe para as histrias alem e europeia e agora nos expulsa delasno era judaico, mas estrangeiro, ele inevitavelmente se apresenta na mesma

    medida e certamente de maneira mais imperativa para ns hoje como a histriado antissemitismo.

    Tambm no foi por acaso, evidentemente, que essa catstrofe tenha acontecido

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    na Alemanha, ou que o fascismo alemo tenha concentrado sua viso de mundo eseu programa essencialmente no antissemitismo, ou que sua liderana tenha vindode fragmentos de velhos partidos e grupos antissemitas. Tampouco ela temqualquer coisa a ver com a velha teoria da vlvula de escape segundo a qual um

    bode expiatrio deve ser encontrado para a insatisfao do povo ou com a teoriada notria "judaizao" da imprensa, do teatro e dos profissionais liberais.

    Ambas as teorias procuram no levar o fascismo e o antissemitismo a srio. Aprimeira, a teoria da vlvula de escape, est no mesmo nvel da velha anedota quefaz a pergunta sobre quem deve ser culpado por tudo, para a qual a resposta "os

    judeus e os ciclistas", seguida pela pergunta indignada, "Por que os ciclistas?" para a qual a resposta "Por que os judeus?". Por outro lado, a judaizao como a

    base para o antissemitismo deixa todas as perguntas em aberto, quer como umaexplicao que parte dos prprios judeus que demandam mais "discrio", quercomo uma frase antissemita que considera os judeus uma praga sobre a Terra

    contra a qual seus hospedeiros muito mais fortes no podem por alguma razoextraordinria se defender.

    HECATOMBES

    Que os judeus sejam a fonte do antissemitismo a maliciosa e estpida sabedoriados antissemitas, que, com esta simples crena diablica, pensam poder explicarhecatombes de sacrifcios humanos e montanhas de papel requerendo assassinato,pilhagem e incndio. Mas os judeus fizeram desta a sua prpria sabedoria e com

    ela provaram, como necessrio, a atemporalidade do antissemitismo ou aatemporalidade da misso judaica no mundo.

    Por mais politicamente insignificantes que sejam as teorias desse tipo, nossosinimigos atribuem a elas um significado eminentemente poltico assim que,miseravelmente irrefletidas, elas aparecem entre ns como trapos tirados do baempoeirado do sculo 19 para vestir um povo que foi perseguido, que passou por"pogroms", e converter isso tudo em um conto de fadas de prncipes e princesas.

    A histria judaica, que por dois milnios foi feita no por judeus, mas por aquelespovos que os cercam, parece primeira vista ser uma crnica montona deperseguio e infortnio, da brilhante ascenso e queda de alguns indivduos,expiados por "pogroms" e expulso das massas. Em consequncia, quando ahistria judaica contada por judeus, ela geralmente tem sido uma tentativa tcitararamente "expressis verbis" consciente ou inconsciente de chegar a um acordocom seus inimigos, ou melhor, com a histria de seus inimigos. Mas deve-setambm diferenciar claramente entre a histria escrita a partir de uma perspectiva

    nacional, que busca defender a honra do povo judeu ao provar que eles certamentetm uma histria prpria, e a apologtica de uma histria escrita porassimilacionistas.

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    Nas mos dos assimilacionistas, a histria judaica converteu-se em uma histriada injustia infligida sobre ns que durou at o fim do sculo 18, quando semnenhuma transio e pela graa de Deus e/ou da Revoluo Francesa fundiu-sena histria mundial, a cujo "andamento rastejante", como Hermann Cohencolocou, alegremente confiamos ns mesmos. Em contrapartida, judeusesclarecidos do Leste tentaram escrever uma histria nacional judaica no esprito

    do sculo 19, o que, no nosso caso, significava seguir os rastros da histria judaicacontra o pano de fundo da histria europeia com o propsito de minuciosamenteremendar os contornos do desenvolvimento nacional unificado de um povodisperso.

    Aparentemente protegidos por direitos civis iguais, os judeus do Ocidenteescamotearam a histria do povo judaico em proveito de uma histria da religio

    judaica cuja expresso mais pura e mais sublime era sem dvida a Reforma dasinagoga a fim de se livrar teoricamente de suas incmodas origens e de se

    precipitar com um nico salto em uma histria mundial cujo "andamentorastejante" abriu caminho para uma exposio paradoxal tanto de patriotismoardente quanto de "gratido" bastante servil .

    Essa objetividade elevada dos judeus no Ocidente, para os quais ser judeu no eranada alm de uma religio em que eles no mais acreditavam e que, por isso,tentaram fazer da totalidade do passado histrico europeu o seu prprio sem seinteressar pelo fato de que essa histria fora de "pogroms" e perseguies, essaindiferena dos assimilacionistas foi contrariada pela escrita de uma histrianacional, cujo principal mrito a tomada de partido.

    Conseguiu-se assim ao menos escrever uma "Weltgeschichte des jdischen Volkes"(Histria universal do povo judeu), de Simon Dubnow, que, alm de seu valorcomo uma coleo planejada e coesa de materiais, provou uma coisa: que existeum povo judeu. contra isso e no contra uma inabilidade bvia decompreender certas conexes histricas que os historiadores assimilacionistasdirigiram sua indignada polmica contra o precursor de Dubnow, nomeadamente,

    contra Graetz. A preocupao deles era provar que os judeus so todos os tipos decoisa uma religio, o sal da terra, cidados do mundo "par excellence" mas noum povo.

    Ambos os tipos de historiografia judaica so caracterizados por sua inabilidadepara entrar em acordo com o antissemitismo: ambos tentaram reduzi-lo a umaopinio individual acerca dos judeus.

    A escrita nacional da histria contenta-se com simplesmente examinar a histria

    procurando por tendncias amigveis ou hostis aos judeus e, tendo avaliado essasvises, as rene em uma miscelnea. Os historiadores assimilacionistas, que,contudo, tm a vantagem de ao menos levar o antissemitismo a srio, emborasomente em suas formas mais incuas, refutam opinies individuais os

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    equvocos de grandes homens, as mentiras de homens menores na crena de queessa a melhor forma de contribuir para o progresso da poca.

    Para as acusaes antissemitas de que os judeus so improdutivos, eles chamamMoiss e os Profetas, Maimnides, Espinosa, Heine e Marx como testemunhas docontrrio. Uma citao errnea do Talmud contrariada com uma precisa. Por suaprpria natureza, a lista de tais argumentos infinita e limitada apenas pelahabilidade de inveno dos inimigos. Visto que acrtica no sentido literal dapalavra, tal abordagem nunca pergunta a respeito da condio de possibilidade doantissemitismo e das acusaes nas quais, afinal, se acredita. Nunca perguntasobre as reais condies que so a base para tais "calnias e equvocos."

    EMANCIPAO

    Isso especialmente verdade para a Idade Moderna. Para a poca anterior

    primeira proclamao de emancipao, h um verdadeiro reconhecimento e acertode contas com as foras que determinaram nossa histria mas apenas porque, ena medida em que, o passado distante j foi condenado pelo prprio meio no qualos judeus por acaso viviam. Com a emancipao, cessa imediatamente toda crticaao meio no judaico feita de um ponto de vista judaico.

    Para os assimilacionistas a histria dos judeus coincide com a histria daquelasnaes em meio s quais eles vivem. A histria judaica degenera em uma crnicade diversas comunidades urbanas de judeus e mesmo isso escrito como uma

    apologia, como prova da antiguidade da comunidade judaica respectiva, enquantoo antissemitismo, como uma opinio ou um movimento poltico, excludo dessahistria positiva e doravante categorizado como "barbarismo medieval" e"preconceito antiquado".

    Enquanto a escrita nacional da histria baseada na suposio acrtica de umadistncia por princpio entre os judeus e sua nao anfitri, os historiadoresassimilacionistas optam por uma suposio igualmente acrtica de umacorrespondncia de 100% entre os judeus e toda sua nao anfitri.

    A vantagem da hiptese nacionalista em relao dos assimilacionistas puramente prtica: ela no conduz a iluses que sejam to absurdas. Por exemplo,na Alemanha havia operrios e burgueses, havia pequenos burgueses eagricultores alemes, bvaros, prussianos, subios e assim por diante e tambmhavia os simplesmente alemes: nomeadamente, os judeus. Muito antes de Hitlerinventar seu Volksgenosse (compatriota), essa mesma abstrao rastejou paradentro das mentes de meio milho de pessoas. Os judeus eram alemes e nada

    mais. E uma vez que eles eram simplesmente alemes, no poderia haverdiferenas de interesse entre eles e qualquer segmento do povo alemo.

    A crtica sionista deve levar o crdito por acabar com esse absurdo demonstrando

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    que esses "nada mais que alemes" s eram capazes de se apresentar sob uma luzto excessivamente positiva porque no pertenciam de fato plenamente anenhuma sociedade, porque no eram verdadeiramente assimilados em lugarnenhum. Alm disso, ningum alm deles mesmos pode se enganar a respeito deseu prprio patriotismo exagerado.

    JOGO DE FORAS

    Mas, tanto para o sionismo como para a escrita nacional da histria, o estatuto deuma "nao de estrangeiros" to indiferenciado quanto 100% decorrespondncia o para os assimilacionistas. Em vez de uma abstrao o povoalemo temos agora algo como duas abstraes opostas: o povo alemo e os

    judeus. Isso tambm despoja de sua historicidade o relacionamento entre judeus esua nao anfitri e o reduz a um jogo de foras (como os de atrao e repulso)entre duas substncias naturais, uma interao que vai se repetir onde quer que os

    judeus vivam.

    Assim, o sionismo permanece fincado em sua ideia sobre a absurdidade daassimilao e chega at mesmo a afirmaes puramente dogmticas formuladasapenas para seus oponentes. Para o sionismo, a assimilao efetiva isto , umacompleta transformao dos judeus da Europa ocidental estranha essncia

    judaica, que sempre a mesma, oposta qual est a igualmente eterna essncia dopovo anfitrio. Os relacionamentos entre as duas so governados por um respeitoalcanado medida que cada uma mantm a distncia apropriada.

    Claro que muito lamentvel que ultimamente esse respeito seja de fato maisunilateral ou seja, oferecido apenas por sionistas, que, a ttulo de compensao,no deixam de demonstrar o devido respeito outra essncia mesmo quando elatoma a forma do antissemitismo . Para o sionismo a histria da emancipao opreldio de uma catstrofe que tinha de fazer parte do desenvolvimento daconscincia nacional. De acordo com essa viso, as coisas s estiveram bem portanto tempo por conta de iluses liberais e das tendncias individualistas do

    Iluminismo.NOTAS1. Texto da lei, conforme assinada por Wilhelm 1 e Bismarck, citado em Dubnow,"Weltgeschichte des jdischen Volkes" (Histria universal do povo judeu), vol. 9,p. 340.

    2. Na virada do sculo 19, "semita" e "indo-germnico", como usados por Schlegele Eichhorn, eram termos puramente lingusticos. Eles foram primeiro usados

    como termos antropolgicos e tnicos por Christian Lassen em seu "IndischeAltertumskunde" (ndia antiga, 1847). Lassen caracteriza povos indo-germnicoscomo os mais dotados e produtivos, isto , como "bons", e povos semitas comoegostas, gananciosos e improdutivos em suma, como "maus". Cf. W. Ten Boom,

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    "Entstehung des modernen Rassenantisemitismus" (Formao do antissemitismoracial moderno, 1928), p. 11 ff. Boom cita Lassen extensamente e devidamenteobserva: "No decerto um acaso que essa declarao venha de um homem querepresenta uma cincia que de fato nasceu do esprito do romantismo". Atransformao poltica da palavra "semita" na palavra de ordem "antissemita" bemcomo sua aplicao exclusiva aos judeus vem de Wilhelm Maar, por volta de 1870.

    3. Hermann Cohen, "Jdische Schriften" (Escritos judaicos), vol. 2,"Emanzipation" (1912), p. 223. "Sentimos que nos tornamos pessoas de cultura(seguindo o Decreto Emancipatrio de 1812). Qual sentimento de gratido podeter razes mais profundas do que aquele que nos eleva para nos tornarmos umapersonalidade moral [...] Toda a injustia que devemos suportar no deveria noslevar a duvidar do progresso com o tempo [...]" (p. 224). "Permita-nos fazer usoseguro aqui tambm da histria mundial e seu passo rastejante[...] Umaconsequncia que surge para ns [...] desse decreto que nosso patriotismo mais

    profundo do que antes e ainda no exaurido." Verdadeiramente, "A histriamundial segue caminhos sinuosos" (p. 227). [Itlico no original]

    4. O "Jdische Rundschau" (Panorama judaico) tem oferecido prova constantedisso desde 1933. Especialmente nos primeiros anos, foi preparado para ir a toda equalquer distncia. claro que h sionistas que pensam de forma diferente sobreo assunto e demonstram de alguma forma mais dignidade nacional. Mas eles noso tpicos, porque "respeito" uma consequncia direta da teoria sionista da"essncia" ligado lealdade herdada. Caso contrrio, no poderia ter sidocolocada em prtica to rapidamente com uma questo de consenso geral.

    HANNAH ARENDT(1906-75), filsofa alem de origem judaica conhecida por seus estudos acerca doautoritarismo.

    LAURA D. M. MASCARO, 30, doutoranda em literatura francesa (FFLCH-USP), coordenadora e pesquisadorano Centro de Estudos Hannah Arendt e, com LUCIANA GARCIA DE OLIVEIRA, 33, mestranda em estudosrabes e judaicos (FFLCH-USP), e THIAGO DIAS DA SILVA, 32, doutorando em filosofia (FFLCH-USP),participa do grupo de estudos da mesma instituio, atualmente dedicado ao tema da responsabilidade e do

    julgamento na obra da autora alem.