vi encontro hannah arendt

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO de FILOSOFIA, SOCIOLOGIA E POLÍTICA Programa de Pós-Graduação em Filosofia/Colegiado do Curso de Mestrado em Filosofia Departamento de Filosofia Blog: encontroarendt.wordpress.com 1 VI Encontro HANNAH ARENDT: pluralidade, mundo e política RESUMO DAS COMUNICAÇÕES E CONFERÊNCIAS Resumos cedidos pelos autores à organização do evento. Alterações e acréscimos são possíveis, conforme a vontade dos autores. Caso deseje que seu resumo seja disponibilizado online, entre em contato pelo e-mail [email protected] Título: Hannah ARENDT: Tiempos de oscuridad como categoria filosófico - política. Autor(a): PORCEL, Beatriz Instituição: Universidad Nacional de Rosario Resumo: El texto a presentar planteará que los términos utilizados por Arendt: tiempos de oscuridad o tiempososcuros no configuran solamente una metáfora. Se hará una brevereconstrucción de las posibles fuentes para proponer que dicha expresión puedeser pensada como categoría filosófico-políticaque contiene algunos puntos clave de la teoría de Arendt como luz pública y mundanidad. Se parte del texto Hombresen tiempos de oscuridad, una colección de ensayos sobre personas, sobrevidas individuales; Arendt parece sugerir que ninguna vida individual está prefijada o determinada por la época opor lo que le ha sido dado y no elegido sino que podemos entenderla como capaz de iluminar su propio tiempo. Título: O perdão, a justiça, a memória e o esquecimento. Uma reflexão sobre a política Resumo: SCHAPER, Valério Guilherme Schaper Instituição: Faculdades EST

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Resumos das comunicações e conferências do VI Encontro Hannah Arendt, a ser realizado em Pelotas - RS. Mais informações: http://encontroarendt.wordpress.com/

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO de FILOSOFIA, SOCIOLOGIA E POLÍTICA Programa de Pós-Graduação em Filosofia/Colegiado do Curso de Mestrado em Filosofia Departamento de Filosofia

Blog: encontroarendt.wordpress.com

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VI Encontro HANNAH ARENDT: pluralidade, mundo e política

RESUMO DAS COMUNICAÇÕES E CONFERÊNCIAS

Resumos cedidos pelos autores à organização do evento. Alterações e acréscimos são

possíveis, conforme a vontade dos autores. Caso deseje que seu resumo seja

disponibilizado online, entre em contato pelo e-mail [email protected]

Título: Hannah ARENDT: Tiempos de oscuridad como categoria filosófico - política.

Autor(a): PORCEL, Beatriz

Instituição: Universidad Nacional de Rosario

Resumo: El texto a presentar planteará que los términos utilizados por Arendt:

tiempos de oscuridad o tiempososcuros no configuran solamente una metáfora. Se

hará una brevereconstrucción de las posibles fuentes para proponer que dicha

expresión puedeser pensada como categoría filosófico-políticaque contiene algunos

puntos clave de la teoría de Arendt como luz pública y mundanidad. Se parte del texto

Hombresen tiempos de oscuridad, una colección de ensayos sobre personas,

sobrevidas individuales; Arendt parece sugerir que ninguna vida individual está

prefijada o determinada por la época opor lo que le ha sido dado y no elegido sino que

podemos entenderla como capaz de iluminar su propio tiempo.

Título: O perdão, a justiça, a memória e o esquecimento. Uma reflexão sobre a

política

Resumo: SCHAPER, Valério Guilherme Schaper

Instituição: Faculdades EST

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Resumo: Hannah Arendt assombrou e renovou os debates em filosofia política ao

introduzir o conceito de perdão como força capaz de instaurar o novo na convivência

humana. O perdão foi, assim, alçado ao nível de uma categoria política determinante.

Evidentemente, o perdão como categoria política introduz imediatamente a pergunta

pela justiça. É possível perdoar sempre? É possível perdoar tudo? Ao mesmo tempo, o

perdão é inseparável das questões relativas à memória. É possível perdoar e manter

viva a memória dos que foram violentados, injustiçados? Não há o risco de o perdão

implicar o simples esquecimento? Esquecer não é, pura e simplesmente, uma injustiça

com os que sofreram o mal? Arendt insiste que o perdão é a única prática capaz de

romper o círculo que prende a convivência à repetição estéril e infinita do mesmo. O

novo precisa nascer sem os vestígios de impureza do mal que engendra toda a

violência e dor que aprisiona continuamente o mundo enquanto atividade humana.

Título: Hannah Arendt: educação grega ou romana?

Autor(a): SCHIO, Sônia Maria

Instituição: Universidade Federal de Pelotas

Resumo: Mesmo que Hannah Arendt (1906-1975) não seja uma especialista em

educação, o seu pensamento também abrange esse tema. Arendt escreveu sobre a

educação em artigos, sendo o mais conhecido “A crise da educação” na obra Entre o

passado e o futuro. Pode-se, porém, alterar um pouco o foco de análise e questionar

qual é o “ideal” de educação em suas concepções, isto é, se ela busca um referencial

grego ou romano como sendo o mais adequado para a política. E a resposta parece

apontar para o romano, pois esse era universalista, buscando integrar populações

heterogêneas oriundas dos diversos territórios conquistados pelos romanos. Essa

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discussão, entretanto, não é consensual, o que demanda uma demonstração mais

cuidadosa, objetivo desse artigo.

Título: Três momentos do conceito de mal em Hannah Arendt

Autor(a): SOUKI, Nádia

Instituição: FAJE - MG

Resumo: Nesta comunicação serão apresentados três momentos paradigmáticos da

evolução na concepção de mal na obra de Hannah Arendt. Em um primeiro momento,

ela se refere ao “mal radical” em Origens do Totalitarismo (1951). No segundo, ela

inaugura o termo “banalidade do mal”, no contexto do julgamento do criminoso de

guerra Adolf Eichmann em Jerusalém (1963), e, no último, retoma a concepção de

“banalidade do mal”, articulando-a com a de “vazio de pensamento”, em A vida do

Espírito (1975). Serão examinados o nascimento do termo, seu contexto histórico, suas

implicações ao nível político e a polêmica levantada em torno de sua originalidade.

Finalmemente, avalio a atualidade das formulações de Hannah Arendt acerca de

"banalidade do mal".

Título: Re-pensar a política: aparência, sentido e ação na obra de Hannah Arendt

Autor(a): FILHO, José dos Santos

Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

Resumo: Delimitar os horizontes da política foi o primeiro passo de Hannah Arendt na

tentativa de compreensão do totalitarismo, fenômeno sui generis a partir do qual ela

desenvolveu sua reflexão sobre o homem e sua condição no mundo. Para ela o

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fenômeno totalitário engendrou o colapso do senso comum na medida em que

suprimiu o locus genuinamente político onde os homens pudessem aparecer e serem

vistos, falar e serem ouvidos, agir e serem afetados pela a ação de outrem. Aparecer,

falar e agir no mundo parece significar a quintessência da condição humana e, esse

modus vivendi, é exatamente o que ela considera como sendo o modo de vida político,

por meio do qual os homens partilham suas experiências singulares e com elas

constroem um mundo comum. O nosso propósito é investigar o problema partindo da

postura arendtiana de re-pensar a política assentada em valores que estão, de certo

modo, na contramão dos cânones da tradição filosófica.

Título: Comunicação ilimitada: vínculo do cidadão nas comunidades políticas

Autor(a): MÜLLER, Maria Cristina

Instituição: Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Resumo: O vínculo que une os cidadãos nas comunidades políticas. Entende-se que

esse vínculo esta além dos chamados motivos naturais à criação das comunidades.

Como Aristóteles já apresentou a amizade – enquanto philia – é o importante

elemento que vincula os cidadãos entre si. No entanto, estendendo a questão a uma

escala mundial, percebe-se que a solidariedade entre os diversos Estados Nacionais

vem sendo construída através de um viés negativo. A solidariedade mundial fixa sua

base no receio da destruição de toda vida humana na terra, possibilidade decorrente

do desenvolvimento de mecanismos bélicos e armas de destruição em massa. Arendt

assevera que é necessário buscar algo diferente da capacidade de destruição do

homem para garantir a solidariedade entre os cidadãos. Recorrendo a Jasper, Arendt

entende que a busca por algum tipo de compreensibilidade ou entendimento mútuo

evitaria o ódio recíproco de um Estado contra outro, de uma nacionalidade contra

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outra, de um “cidadão” contra outro. A fundamentação filosófica dessa unidade

humana estaria na “comunicação ilimitada”.

Título: Considerações de Hannah Arendt acerca do espaço da Résistance

Autor(a):: OLIVEIRA, José Luiz

Instituição: Universidade Federal de São João del-Rei

Resumo: Em Da Revolução (1990), Hannah Arendt trata do que ela chamou de

“tesouro perdido das revoluções”. A intenção é demonstrar que a perda desse tesouro

é lembrada quando ela diz que a almejada liberdade política no interior de um espaço

público não foi alcançada pelas revoluções. Em contraposição à perda desse tesouro, o

nosso propósito é o de esclarecer como os homens da Résistance, lembrados por

Arendt por meio dos escritos de René Char, fundaram um espaço público capaz de

valorizar a memória da tradição vivenciada em atos e palavras. Enfatizaremos que o

objetivo das análises de Arendt é o de destacar uma tradição que foi perdida, e que o

esforço dela em garantir esse destaque se dá também por intermédio de sua atenção à

obra do poeta antigo, Sófocles, referente ao esplendor da antiga polis.

Título: O desinteresse em cuidar do mundo na perspectiva filosófico política de

Hannah Arendt

Autor(a): PASSOS, Fábio Abreu dos

Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo: Hannah Arendt, de maneira mais contundente, se deparou com a

incapacidade do homem moderno de cuidar do mundo e, consequentemente, se sentir

em casa no espaço que o mesmo constrói, reconstrói e “deveria” preocupar-se em

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preservá-lo, quando, em 1943, ficou sabendo da existência dos campos de

concentração, fato este que se tornou um momento decisivo, que iria marcar e

influenciar as reflexões vindouras de nossa Autor(a):a. Este acontecimento pode ser

compreendido na esteira das reflexões acerca do não cuidado com o mundo, na

medida em que os campos de morte nazistas da Segunda Guerra Mundial serem

espaços destinados a eliminar a pluralidade humana, que segundo Arendt, é a “Lei da

terra” e o fundamento da vida humana no mundo, pois “quanto mais povos, mais

mundos”. Assim, o objetivo do presente trabalho é analisar até que ponto os regimes

totalitários, fundamentalmente em sua versão nazista, podem ser vislumbrandos como

o apogeu do desinteressem moderno em cuidar do mundo, ao procurar, pelo

extermínio de judeus, destruir a pluralidade que é a lei da terra.

Título: A "sociedade respeitável" e sua atração para o "mistério do mal" e o "

segredo do vício"

Autor(a): VAZ, Celso Antônio Coelho

Instituição: Universidade Federal do Pará

Resumo: Segundo Arendt um dos fatores que deram origem ao anti-semetismo foi o

apoio financeiro que os judeus banqueiros deram ao Estado-nação. Com base no

pensamento de Tocqueville, ela concebe que uma daz razões para a disseminação do o

ódio ao judeu foi que os judeus ricos exerciam importantes funções financeiras no

Estado, sem nele exercerem função política. A única preocupação deles era o

enrequecimento por intermédio de transações financeiras com o Estado, de modo que

não desempenhavam atividade produtiva na economia. Esta função economicamente

improdutiva dos banqueiros judeus propiciou as massas compará-la à mesma função

que antes desempenhou a aristocracia francesa. Trata-se de uma apropriação de

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Arendt da teoria de Tocqueville sobre as razões políticas e econômicas que

provocaram a Revolução Francesa para explicar as razões do aparecimento do anti-

semitismo moderno. Mas a esta apropriação vai mais longe.

Com base na ideia de Tocqueville segundo a qual o ressentimento dos

oprimidos para com os seus opressores é reprimido pela exploração econômica e a

opressão política, Arendt acrescenta, inspirando-se também em Montesquieu, que

este bloqueio é reforçado pelo comportamento moral exemplar dos opressores. Para

ela, tanto os banqueiros judeus quanto os judeus cultos assumiram a mesma atitude

que levou ao fracasso polítco e moral da aristocracia francesa do século XIX, porque,

sobretudo os judeus cultos, assimilaram os valores, costumes e comportamento social

dessa aristocracia. Para Arendt o aparecimento do anti-semitismo social moderno foi

de ordem moral com consequências políticas.

Para realizar sua crítica moral da assimilação dos “judeus de exceção” às

"exigências desarazoadas da sociedade", Arendt toma por exemplo o comportamento

e as atitudes de Benjamin Disraeli, que incarnou perfeitamente o papel do judeu de

exceção, parvenu e de Rahel Varnhagen e de seu salão, que na Berlin esclarecida do

século XIX era frequentado por todos aqueles que, como os judeus não pertenciam à

sociedade respeitável. Arendt manifesta sua crítica dos costumes e dos valores

tomando por base a alta sociedade de Londres da segunda metade do século XIX, bem

como quando evoca a atmosfera do Faubourg Saint-Germain, na França no final

daquele século, no qual os judeus de exceção assimilados, mas não "muito célebres",

eram "diversões exóticas", "anormais” nesta “sociedade decadente” atraída pelo"

mistério do mal e pelo segredo do vício".

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Título: Em prol do mundo comum: possíveis aproximações entre Arendt e o Direito

Cosmopolita de Kant

Autor(a): BENEDETTI, Eduardo Jose Bordignon

Instituição: Universidade Federal de Pelotas (Bacharelando em Direito)

Resumo: Para construir sua filosofia política, Arendt parte de conceitos de diversos

autores, inclusive de seus contemporâneos. Essa tentativa de reler a tradição evidencia

um dos esforços centrais de Arendt: entender um mundo que, após os totalitarismos,

resta com sua consciência fragmentada. O trabalho compreende esse esforço da

pensadora e tenta buscar as possíveis articulações entre a ética da responsabilidade

pelo mundo comum, desenvolvida por ela, e o direito cosmopolita, previsto por Kant

no terceiro artigo definitivo do opúsculo A Paz Perpétua. Assim, são apresentadas as

possíveis divergências e convergências entre os autores, destacando temas caros a

Arendt, como a situação dos apátridas e a sua concepção de história. O trabalho

resulta de uma primeira aproximação entre Arendt e Kant, tendo em vista as

implicações recíprocas entre ética e política presentes em ambos os pensadores.

Título: Política e Aparência em Hannah Arendt

Autor(a): DIAS, Lucas Barreto

Instituição: Universidade Federal do Ceará (Mestrando em Filosofia)

Resumo: Nesta pesquisa, tem-se como objetivo compreender a aproximação entre

Política e Aparência a partir de Hannah Arendt (1906–1975), explicitando o termo

aparência em relação com a esfera pública, o mundo comum e a pluralidade humana,

conceitos-chave de sua teoria política. Arendt se distancia de uma tradição metafísica

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na qual o primado do “verdadeiro ser” sobre a “mera aparência” subjugou o espaço no

qual os homens agem. Quem aparece, aparece a outros; não se pode aparecer sem ter

quem capte a aparência do ser que aparece. Ademais, precisam de um mundo comum

para que isso possa ocorrer. Os homens não vivem isolados, mas em uma pluralidade

em que surgem e se mostram uns aos outros em um espaço comum: a esfera pública.

O homem aparece e pressupõe um espectador; ambos estão inseridos em um mundo

no qual aparecem. Não há um isolamento entre espectador e aparência, pois o próprio

espectador também aparece a outros, uma pluralidade de homens que percebem e

são percebidos através da aparência.

Título: A categoria totalitarismo segundo Hannah Arendt

Autor(a): FERNANDES, Antônio Batista

Instituição: Universidade Federal do Ceará (Mestrando em Filosofia)

Resumo: Hannah Arendt apresenta o totalitarismo como primeira tentativa de

naturalização do homem. Assim sendo, pretendemos a partir da analise da última

parte de sua obra Origens do Totalitarismo, compreender a novidade dos regimes

totalitários, como aqueles que possibilitaram o nascimento de uma nova forma de

governo, que se baseia no isolamento dos indivíduos e visa o domínio total. Arendt

descreve os campos de concentração e extermínio como sendo a instituição central do

poder organizacional do totalitarismo, servido de laboratórios em que a crença

fundamental de que tudo é possível foi verificada. Portanto, abordaremos nesse

trabalho: a natureza da categoria totalitarismo, seus principais elementos e o modo

como os governos totalitários reduzem o homem a condição de simples membro da

espécie humana.

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Título: Liberdade e Política: Aproximações entre Herbert Marcuse e Hannah Arendt

Autor(a): JARDIM, Giovane Rodrigues

Instituição: Universidade Federal de Pelotas (Mestrado em Filosofia)

Resumo: Herbert Marcuse e Hannah Arendt são dois importantes pensadores alemães

judeus, e contemporâneos tanto nos estudos em Berlin, perpassando o exílio em

Genebra, como na migração em diferentes períodos para os Estados Unidos.

Entretanto, suas biografias demonstram-nos uma série de desencontros que parecem

não ter oportunizado um trabalho conjunto entre eles, ou até mesmo o

estabelecimento de uma relação de amizade. O leitor que deseja estabelecer as

diferenças entre a filosofia de Marcuse e de Arendt encontra subsídios em uma leitura

panorâmica de suas elaborações. Tal leitura atribui a aparentes divergências uma

exacerbada consideração, que, entretanto, no pensamento de Marcuse e Arendt são

apenas de significado periférico. Esta diferença foi caracterizada por diversos

Autor(a):es, e tradada com estranha naturalidade; de um lado, situa-se Marcuse e a

tradição hegel-marxista, e de outro, a matriz iluminista de Arendt. Em contrapartida,

procura-se nesta investigação questionar tal diferenciação, apontando para as linhas

gerais de uma possível aproximação das assertivas desses dois pensadores cuja vida e

obra fora condicionada pelo compartilhamento de um período em que o “âmbito do

público não mais iluminava os assuntos dos homens”. As divergências entre Marcuse e

Arendt parecem ser mais periféricas do que propriamente relevante em sua

problemática comum, ou seja, na conceituação do que é a liberdade e sua importância

na política, assim como do significado intrínseco da liberdade na política. Tanto

Marcuse como Arendt possibilitam perspectivas para a argumentação de que existem

similitudes e confluência entre suas elaborações. Embora enfrentem temas comuns a

partir de metodologias diversas, eles acabam por apontar em uma mesma direção.

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Assim, compartilham a necessidade de compreender os acontecimentos que

ofuscaram o âmbito público, especificamente figurado no Nazismo, e neste sentido,

ambos depositam no humano, mesmo em “tempos sombrios”, a cofiança em suas

potencialidades. Esta confiança no humano, e o objetivo de compreensão, tratando o

pensar não simplesmente como deduzir, mas como um “colocar-se no lugar do outro”,

possibilita analogamente perceber que Marcuse e Arendt não se opõem no

enfrentamento filosófico da temática sobre a liberdade humana e de sua importância

política. Neste sentido, nem sempre é possível estabelecer uma distinção categórica

entre a tradição hegel-marxista e a matriz iluminista, havendo momentos de

circunscrições comuns, tanto em Marcuse como em Arendt. Isso aponta que ambos

são livres pensadores, ou seja, que se apropriam de elementos da tradição filosófica, e

a partir deles desenvolvem sua reflexão apontando para novos horizontes, que nem

sempre são plausíveis de determinação aos moldes de uma ou outra corrente

filosófica. Em torno da problemática da liberdade e sua intrínseca relação com a

política, propedeuticamente, torna-se possível aproximar Marcuse e Arendt e assim,

investigar as contribuições que suas semelhanças trazem para a reflexão filosófica

contemporânea na exigência de realização da constituição da liberdade onde o âmbito

público ilumine os assuntos dos homens.

Título: A dimensão do pensamento político kantiano segundo Hannah Arendt

Autor(a): MESQUITA, Jéssica de Farias

Instituição: Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Mestranda em

Filosofia)

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Resumo: A proposta da presente comunicação será versar sobre o pensamento de

Hannah Arendt concernente à visão dos estudos acerca da filosofia política kantiana.

Tal proposta será baseada nos relatos feitos por esta pensadora apresentados em uma

disciplina ministrada na New School for Social Research em 1970. As exposições de

Hannah Arendt foram convertidas em livro que foi intitulado Lições sobre a Filosofia

Política de Kant, livro este que apresenta a dimensão política da filosofia kantiana sem

se eximir de pôr em questão seus próprios argumentos. Arendt aborda o contexto

político na filosofia de Kant fazendo um resgate dos elementos expostos em sua

terceira Crítica, sobretudo, quando trata sobre a “Analítica do Belo”. De acordo com

Hannah Arendt, é na “Analítica do Belo” em que se manifesta o maior legado de Kant à

filosofia política.

Título: Atores e espectadores: a mentalidade alargada em meio ao grande festival

mundano

Autor(a): NUNES, Igor Vinícius Basílio

Instituição: Universidade Federal de Goiás (Mestrando em Filosofia)

Resumo: Este texto projeta um duplo-movimento ao tentar aproximar as

possibilidades do engajamento ativo no mundo, por um lado, às características do

retraimento na vida espiritual (mind), por outro. O intuito é destacar algumas

articulações advindas das distintas posições ocupadas pelos homens – ora como atores

e ora como espectadores –, segundo Hannah Arendt, em um espaço público de

aparências. Nesse percurso, a discussão pretende abordar possíveis interdependências

entre ética e política, pensamento e juízo, nas reflexões arendtianas que nunca deixam

de ter em conta que, invariavelmente, os homens se encontram enredados por uma

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teia de relações pré-existente onde quer que vivam juntos e que, não obstante,

tenham suas ações e palavras submetidas à fragilidade e imprevisibilidade de um

processo que lhes escapa por ser sempre maior do que eles próprios.

Título: O Confronto entre o avanço das relações virtuais na Internet com A Condição

Humana da pluralidade arendtiana

Autor(a): SILVA, André Freitas

Instituição: Instituto Superior de Filosofia – IFIBE (Bacharelando em Filosofia)

Resumo: O presente texto problematiza as formas de relações “estabelecidas” pela

internet com os modos de constituição da condição humana da pluralidade de Hannah

Arendt. O avanço tecnológico trouxe grandes transformações no final do século XX e

início do século XXI e a que mais vem conquistando espaço chama-se internet

(worldwide web). As suas ferramentas (MSN, Orkut, Facebook, Google, Twitter, Blogs,

Wikipédia, etc.) diluem todas as fronteiras que antes impediam o contato com o outro.

Em um simples toque no teclado e lá vai a nossa mensagem para os quatro cantos do

mundo, criando assim, uma verdadeira “sociedade de rede”. Mas surge, com isso, um

grande problema: o isolamento do homem e o desconforto social. Ambos passam a ser

a peça chave do afastamento do homem do convívio, ou melhor, do contato com o

outro diretamente e isto configura toda uma problemática para a condição humana da

pluralidade. O mundo se torna um grande teatro, onde as representações passam a ser

necessárias para a sua sobrevivência, criando assim, um falso conforto social. Com

isso, a Internet se transforma em um grande refujo para a liberação do verdadeiro

“eu” existente em nós que são reprimidos por uma “sociedade” normativa e

convencional. Segundo Matta, a internet é uma espécie de caixa de Pandora, da qual,

todos os males são liberados para fins de suas satisfações egocêntricas. Será este o

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destino da subjetividade? Da intersubjetividade? Do encontro? Da pluralidade? Em

confronto com teoria da pluralidade arendtiana, pergunta-se: até onde a pluralidade

está condenada a ser apenas um termo em desuso? Sabemos que para Arendt, a

condição humana da pluralidade é a que condiciona o homem como um ser no mundo,

um mundo real, um mundo em que a relação pluralista é a condição primordial para

uma convivência de pura alteridade.

Título : Sentido e desdobramentos da Política na perspectiva de Hannah Arendt

Autor(a): SILVA, Elivanda de Oliveira

Instituição: Universidade Federal do Ceará (Mestranda em Filosofia)

Resumo: O que faz com que os homens tenham interesse pela política é o sentido que

ela imprime para a vida humana. Esse sentido, para Arendt é a liberdade. Na obra O

que é a política? Arendt explica que o objetivo da política é cuidar do mundo e não dos

homens, pois o mundo sem homens é uma contradição em termos, dado que o mundo

é o espaço resultado do artifício humano. A tarefa da política, segundo Arendt, não é

se preocupar com os meios de manutenção que garantam a subsistência dos

indivíduos, mas garantir o mundo enquanto morada para que os homens sintam-se

pertencentes a ele e não corram o risco de serem dizimados. Para Arendt, nada

poderia ser mais deplorável para a política do que a existência do sistema totalitário,

que enxergou o homem como um mero animal. O objetivo de nosso trabalho é, a

partir da leitura das obras de Hannah Arendt, refletir sobre o sentido e

desdobramentos da atividade política