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MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO DA DOENÇA DE PEYRONIE João Paulo Cardoso Lopes M 2019

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Page 1: TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO DA DOENÇA DE PEYRONIE · A acumulação de MEC ocorre por intermédio do aumento da expressão e do depósito de proteínas do tecido conjuntivo e da diminuição

MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA

TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO DA DOENÇA DE PEYRONIE

João Paulo Cardoso Lopes

M 2019

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Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto

- Artigo de revisão bibliográfica

Título: TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO DA DOENÇA DE PEYRONIE

Autor: João Paulo Cardoso Lopes Endereço eletrónico: [email protected]

Orientador: Dr. Nuno Rossano Monteiro Louro Assistente Hospitalar Graduado de Urologia Serviço de Urologia - Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto, Portugal Assistente Convidado de Urologia no Mestrado Integrado em Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) Endereço eletrónico: [email protected]

Coorientador: Professor Doutor José Maria Ferreira La Fuente de Carvalho Assistente Graduado Sénior de Urologia Serviço de Urologia - Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto, Portugal Professor Catedrático Convidado de Urologia no Mestrado Integrado em Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) Endereço eletrónico: [email protected]

Afiliação: Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Universidade do Porto, Rua de Jorge Viterbo Ferreira nº 228, 4050-313 Porto

maio 2019

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O Aluno:

_____________________________________________________________________

(João Paulo Cardoso Lopes)

O Orientador:

_____________________________________________________________________

(Nuno Rossano Monteiro Louro)

O Coorientador:

_____________________________________________________________________

(José Maria Ferreira La Fuente de Carvalho)

Porto, maio de 2019

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Dr. Nuno Rossano Monteiro Louro pela disponibilidade, dedicação e auxílio

prestado na elaboração desta dissertação.

Ao meu coorientador, Professor Doutor José Maria Ferreira La Fuente de Carvalho pela recetividade

demonstrada desde o princípio em acompanhar o meu trabalho.

Ao meu pai, mãe e irmã por se revelarem o meu maior suporte ao longo desta longa jornada.

A todos os meus colegas por contribuírem de forma decisiva para que o meu percurso académico

se tornasse ainda mais enriquecedor.

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RESUMO

Introdução

A doença de Peyronie (DP) consiste num distúrbio fibrótico que acomete a túnica albugínea

peniana levando à formação de placa em ≈ 3 a 9% dos homens adultos. A acumulação de tecido

conjuntivo pode desencadear dor genital, deformidade, encurtamento do pénis e/ou disfunção

erétil afetando negativamente o bem-estar físico e psicossocial e, consequentemente, a qualidade

de vida de milhares de homens.

Objetivo

Revisão abrangente baseada na evidência que se concentra no tratamento não cirúrgico da

DP. Pretende-se uma consolidação e confirmação de terapias já estabelecidas bem como uma

abordagem a potenciais novas terapêuticas.

Metodologia

Foi efetuada uma pesquisa (janeiro 2009 - janeiro 2019) na Medline com o motor de busca

Pubmed e na Elsevier com o motor de busca ScienceDirect. Trabalhos publicados previamente ao

ano de 2009 foram incluídos caso demonstrassem pertinência. Consideraram-se artigos originais

ou case reports e consultaram-se revisões de literatura existentes sempre que se revelou oportuno.

As palavras de pesquisa usadas foram uma combinação dos termos Peyronie’s disease, conservative

management, conservative therapy e pharmacotherapy. Apenas foram incluídos artigos em língua

inglesa.

Desenvolvimento

Durante a fase inicial a DP pode progredir, estabilizar ou regredir. Por essa razão, pode ser

benéfico uma abordagem conservadora antes da reconstrução cirúrgica ser considerada. Várias

opções terapêuticas não cirúrgicas têm sido sugeridas para o tratamento da DP. A terapêutica oral,

tópica, a iontoforese ou mesmo o tratamento com ondas de choque extracorporal foram propostas,

no entanto, carecem de evidência científica. As terapias injetáveis são outra opção de tratamento

e as mais sustentadas pela literatura, sendo a colagenase de Clostridium histolyticum (CCh),

atualmente o único agente farmacológico aprovado pela Food and Drug Administration (FDA).

Outros fármacos intralesionais disponíveis incluem o verapamil e o interferão α-2b, no entanto, a

sua utilização é considerada off-label.

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Os dispositivos de tração, como parte de uma abordagem multimodal, são uma ferramenta

adicional. A combinação de várias terapêuticas no sentido de melhorar a eficácia do tratamento

conservador e assim diminuir a necessidade de intervir cirurgicamente também tem sido avaliada.

O sucesso da abordagem cirúrgica está bem documentado e continua a ser o método gold

standard na fase crónica, no entanto, a cirurgia para além de ser um método invasivo e dispendioso,

acarreta potenciais efeitos colaterais.

Conclusão

A DP continua a ser um desafio para os profissionais especialistas em urologia. As

abordagens terapêuticas conservadoras revelam-se uma perspetiva atraente, com potencial papel

em evitar a necessidade e o risco inerente ao tratamento cirúrgico.

O tratamento intralesional revela-se o mais suportado pela evidência científica com a CCh

em primeira linha a ser o agente farmacológico mais prescrito.

Investigações futuras devem concentrar-se em definir melhor os mecanismos de

desenvolvimento/progressão da DP. Uma maior elucidação da fisiopatologia desta doença

permitirá definir futuros alvos terapêuticos.

Palavras Chave: doença de Peyronie, gestão conservadora, terapêutica conservadora,

farmacoterapia

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ABSTRACT

Introduction

Peyronie's disease (PD) consists of a fibrotic disorder affecting the penile tunica albuginea

leading to plaque formation in about 3 to 9% of adult men. The accumulation of connective tissue

can trigger genital pain, deformity, shortening of the penis and/or erectile dysfunction, adversely

affecting the physical and psychosocial well-being and, consequently, the quality of life of

thousands of men.

Objective

Evidence-based comprehensive review focusing on non-surgical treatment of PD. It is

intended to consolidate and confirm established therapies as well as to identify potential new

therapies.

Methodology

A search was conducted (January 2009 - January 2019) on Medline with the Pubmed

search engine and on Elsevier with the ScienceDirect search engine. Studies published prior to 2009

were included if they showed relevance. Original articles or case reports were considered and

existing literature reviews were consulted when relevant. The search terms consisted of

combination of the words Peyronie's disease, conservative management, conservative therapy, and

pharmacotherapy. Only articles in English were considered.

Discussion

During the initial phase PD can progress, stabilize or regress. For this reason, a

conservative approach may be beneficial before surgical reconstruction is considered. Several non-

surgical therapeutic options have been suggested for the treatment of PD. Oral, topical,

iontophoresis or even extracorporeal shock wave therapy have been proposed, however, they lack

scientific evidence. Injectable therapies are another treatment option and the most supported in

the literature. Clostridium histolyticum collagenase (CCh) is currently the only drug approved by the

Food and Drug Administration (FDA). Other intralesional drugs available include verapamil and

interferon α-2b, however, its use is considered off-label.

Traction devices, as part of a multimodal approach, are an additional tool. The

combination of various therapies in order to improve the efficacy of conservative treatment and

thereby decrease the need for surgical intervention has also been evaluated.

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The success of the surgical approach is well documented and remains the gold standard

method in the chronic phase, however, surgery is not only an invasive and costly method, it also

has potential side effects.

Conclusion

PD continues to be a challenge for urology specialists. Conservative therapeutic

approaches are an attractive prospect with a potential role in avoiding the need and risk inherent

with surgical treatment.

The intralesional treatment with CCh seems to be the one with the most scientific

evidence and is therefore the most prescribed pharmacological agent.

Future research should focus on better defining the PD development/progression

mechanisms. Further elucidation of the pathophysiology of this pathology will allow future

therapeutic targets to be defined.

Keywords: Peyronie's disease, conservative management, conservative therapy, pharmacotherapy

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADSCs - células estaminais derivadas do tecido adiposo

AUA - American Urological Association

CCh - colagenase de Clostridium histolyticum

DP - doença de Peyronie

FDA - Food and Drug Administration

IFN α-2b - interferão α-2b

iPDE-5 - inibidores da fosfodiesterase tipo 5

MEC - matriz extracelular

PM-MSCs - células estaminais mesenquimatosas derivadas da matriz placentária

RCT - ensaio controlado randomizado

SVF - fração vascular estromal autóloga

TGF-β1 - fator de transformação do crescimento-β1

TNF - fator de necrose tumoral

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Índice

Introdução ......................................................................................................................................... 1

Objetivos ............................................................................................................................................ 2

Metodologia ...................................................................................................................................... 3

Desenvolvimento ............................................................................................................................... 3

Terapêutica oral ............................................................................................................................. 3

Terapêutica tópica ......................................................................................................................... 7

Iontoforese .................................................................................................................................... 8

Tratamento com ondas de choque extracorporal ........................................................................ 8

Terapia com radiação .................................................................................................................... 9

Dispositivos de tração ................................................................................................................. 10

Terapêutica intralesional ............................................................................................................ 10

Conclusão ......................................................................................................................................... 16

Bibliografia ....................................................................................................................................... 18

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Introdução

A doença de Peyronie (DP) é um distúrbio caracterizado por formação de placa fibrosa na

túnica albugínea que pode cursar com dor genital, deformidade do pénis (angulação, em ampulheta

ou indentação), diminuição do seu comprimento e disfunção eréctil(1). Desta forma, a DP pode

cursar com significativa morbilidade física e psicológica pois, por vezes, impede o relacionamento

sexual causando um impacto negativo nas relações(2).

A etiopatogenia da doença permanece por esclarecer, embora se considere que o seu

aparecimento seja resultado da existência de uma predisposição genética(3) aliada a microtraumas

no pénis que ocorrem, por exemplo, durante o ato sexual(4). A DP foi também associada a

determinadas patologias como a doença de Paget do osso(5), a doença de Dupuytren(6) ou a doença

de Ledderhose(7).

A DP é consequência de um distúrbio da cicatrização, semelhante aos queloides, cicatrizes

hipertróficas ou contraturas de Dupuytren, que podem apresentar-se com achados sobreponíveis.

As placas identificadas na doença resultam de um desequilíbrio entre fibrose e fibrinólise. A fibrose

pode ser resultado de lesões teciduais, inflamação crónica, reações autoimunes, reações alérgicas,

insultos químicos e radiação(8). A cicatrização tecidual normal restaura os níveis basais e a

organização da matriz extracelular (MEC), enquanto que a fibrose envolve o crescimento excessivo

e endurecimento dos tecidos, que são atribuídos ao excesso de deposição de componentes da MEC.

O colagénio é a proteína mais abundante na MEC fornecendo resistência estrutural à maioria dos

tecidos humanos(9). A acumulação de MEC ocorre por intermédio do aumento da expressão e do

depósito de proteínas do tecido conjuntivo e da diminuição do seu catabolismo(10). O excesso de

produção de MEC e a falha na sua degradação são os pontos chave da fibrose.

O fator de transformação do crescimento-β1 (TGF-β1) é reconhecido como uma das

citocinas com maior impacto na fibrose e encontra-se aumentado nas placas(11). Variações genéticas

na região codificadora do gene TGF-β1 foram documentadas em doentes com DP e a expressão dos

fatores de transcrição Smad na via TGF-β1 está aumentada em fibroblastos de doentes com DP(12).

A via de sinalização 1-b1/Smad delineia ainda melhor o mecanismo intracelular pelo qual o TGF-β1

medeia a fibrose. Fármacos destinados a bloquear a via de sinalização TGF-β1 podem ser eficazes

no tratamento ou prevenção da DP.

Existem várias co morbilidades e fatores de risco comummente associados à DP como a

diabetes, obesidade, hipertensão, dislipidemia, cardiopatia isquémica, disfunção erétil, tabaco e o

consumo excessivo de álcool(13, 14).

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É uma patologia relativamente comum, com uma prevalência de 3.2 a 8.9% entre homens,

especialmente entre homens de meia idade(15-17) embora também possa ocorrer na população mais

jovem incluindo adolescentes(18).

Relativamente à história natural da doença, esta é caracterizada por duas fases, uma aguda

ou ativa e outra crónica ou estável. A fase aguda, que pode durar de 6 a 18 meses, caracteriza-se

por inflamação ativa normalmente acompanhada de dor que surge mais frequentemente durante

a ereção. Além disso, inicia-se o aparecimento de uma curvatura peniana progressiva como

consequência da formação da placa fibrosa. É nesta fase que os doentes mais poderão beneficiar

de terapias não cirúrgicas. Na segunda fase, crónica, caracterizada por deformidade estável indolor

do pénis que muitas vezes impede o ato sexual, os doentes podem beneficiar de uma abordagem

cirúrgica(19).

A curvatura peniana representa a queixa predominante nos doentes afetados pois pode

interferir na relação sexual. De acordo com a história natural da doença, 18 meses após o início da

mesma, 89% dos doentes ficarão livres de dor sem qualquer tratamento o que demonstra uma

resolução espontânea ao longo do tempo. Em relação à curvatura peniana, 12% experimentarão

uma redução, 40% permanecerão inalterados mas 48% dos doentes apresentarão progressão(20).

Ainda que vários tratamentos farmacológicos tenham sido testados, a cirurgia mantém-se

o gold stantard do tratamento na fase crónica, especialmente em doentes com comprometimento

das relações sexuais devido à deformidade e/ou baixa rigidez, insucesso das terapias

conservadores, calcificação extensa da placa ou preferência pela correção rápida. De qualquer

forma, doentes em fase aguda da doença que apresentem progressão da deformação, ereções

dolorosas ou que recusem o tratamento cirúrgico são potenciais candidatos a terapêutica

conservadora(21).

Objetivos

Nesta revisão de literatura pretende-se efetuar uma atualização do conhecimento

científico sobre o tratamento não cirúrgico da DP. Deseja-se assim uma consolidação e confirmação

de terapêuticas já estabelecidas na literatura especializada bem como uma pesquisa de possíveis

novas terapias para esta patologia.

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Metodologia

Foi efetuada uma pesquisa (janeiro 2009 - janeiro 2019) na Medline com o motor de busca

Pubmed e na Elsevier com o motor de busca ScienceDirect. Consideraram-se artigos originais ou

case reports, e consultaram-se revisões de literatura existentes sempre que se revelou oportuno.

Trabalhos publicados previamente ao ano de 2009 foram incluídos caso demonstrassem

pertinência. As palavras de pesquisa foram uma combinação dos termos Peyronie’s disease,

conservative management, conservative therapy e pharmacotherapy. Apenas foram incluídos

artigos em língua inglesa.

Assim, consultaram-se um total de 235 referências. Todos os abstracts foram analisados e

definiram-se como critérios de inclusão para esta revisão a originalidade da pesquisa, a contribuição

para a compreensão e o julgamento crítico demonstrado. Foram excluídas todas as referências que

não visassem diretamente a terapêutica não cirúrgica da DP. Deste modo, selecionaram-se 106

artigos originais e case reports que foram utilizados para a elaboração desta dissertação.

Desenvolvimento

Várias opções terapêuticas não cirúrgicas têm sido sugeridas para o tratamento da DP.

Os métodos conservadores como a terapia oral, tópica ou mesmo o tratamento com ondas

de choque extracorporal, concentram-se principalmente no alívio da dor peniana e na prevenção

da progressão da doença. Terapias injetáveis são outra opção comum de tratamento para homens

com DP. A colagenase de Clostridium histolyticum (CCh) decompõe o colagénio, que é um

componente importante da placa fibrosa(22). A injeção de interferão α-2b (IFN α-2b) é outra

alternativa injetável aceite(23). Para além destes dois compostos, existem outros fármacos injetáveis

propostos como o verapamil(24), nicardipina(25) ou ácido hialurónico(26). O tratamento recorrendo a

células estaminais é uma inovação na área(27).

Ademais, existem estudos que combinam várias terapêuticas de forma a melhorar a eficácia

do tratamento conservador e assim diminuir a necessidade de intervir cirurgicamente(28-30).

Terapêutica oral

Vários agentes farmacológicos orais têm sido estudados para o tratamento da DP. Estes

incluem a vitamina E, pentoxifilina, coenzima Q, colchicina, para-aminobenzoato de potássio

(potaba), L-carnitina, anti-inflamatórios não-esteróides (AINES), tamoxifeno e inibidores da

fosfodiesterase tipo 5 (iPDE-5).

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Esta terapêutica é mais atrativa para os doentes por serem alternativas não invasivas

quando comparadas às injeções intralesionais ou à cirurgia. A terapia oral poderia ser benéfica

como terapêutica adjuvante em doentes com DP em fase aguda ou caso os doentes recusassem

outras opções terapêuticas.

No entanto, à exceção dos AINES, a European Association of Urology (EAU) e a American

Urological Association (AUA) ainda não recomendam qualquer outro tratamento oral por não haver

evidência suficiente que comprove a sua eficácia(23, 31).

Para-aminobenzoato de potássio - Potaba

Em 1959, o potaba mostrou reduzir a produção de colagénio in vitro(32). Pensa-se que o

potaba exerce um efeito anti fibrótico através do aumento da absorção de oxigénio pelos tecidos,

um aumento na secreção de glicosaminoglicanos e um aumento da atividade das monoamina

oxidases(33).

Num estudo prospetivo, randomizado, duplamente cego, controlado por placebo (RCT),

realizado em 2005, procurou-se avaliar o efeito do potaba em 103 doentes. No grupo de doentes

que realizou tratamento, verificou-se uma diminuição do tamanho médio da placa sendo que a

curvatura peniana se manteve estável durante os 12 meses de duração do esquema terapêutico.

No grupo de controlo o tamanho da placa permaneceu estável, já a curvatura peniana piorou em

32.5%. Embora não se tenha verificado melhoria da angulação preexistente, os autores concluíram

que o uso de potaba pode ser útil na sua estabilização(34).

No entanto, um estudo retrospetivo recente que envolveu 109 doentes, verificou que o uso

deste fármaco em monoterapia é responsável por uma alta taxa de efeitos adversos (como

distúrbios gastrointestinais, fotossensibilização cutânea, prurido, ansiedade, calafrios, confusão e

dificuldade de concentração) de que resulta uma fraca adesão terapêutica (35).

Atualmente, não há evidência que comprove o efeito benéfico do potaba na DP e, por isso,

não está recomendado(23). Com este perfil significativo de efeitos adversos é improvável que novos

RCTs sejam realizados(36). Para além disso, o fármaco é caro e extremamente difícil de consumir (24

comprimidos/dia).

Colchicina

A colchicina é habitualmente utilizada no tratamento das agudizações da gota. É

reconhecido que as propriedades anti-inflamatórias deste composto podem diminuir a síntese de

colagénio e estimular a atividade da colagenase(37, 38). Estudos iniciais revelaram-se promissores

pois mostraram melhoria na correção da curvatura, no entanto, o benefício clínico não foi

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significativo para além de que se trataram de estudos não randomizados que avaliaram uma

pequena amostra(39, 40). Em 2004, um RCT que envolveu 84 doentes com DP sem placa calcificada

verificou que o grupo tratado com colchicina (0,5-2.5 mg/dia durante 4 meses) não obteve melhoria

objetiva da curvatura peniana nem do tamanho da placa. Além disso, foram verificados efeitos

adversos significativos, nomeadamente desconforto gastrointestinal, diarreia e anemia aplásica(41).

Dessa forma, até à data não há consenso relativamente ao seu uso na DP e, por isso, não está

recomendado.

Ainda assim, um estudo prospetivo publicado em 2012 que envolveu 350 doentes, mostrou

que a combinação terapêutica de verapamil injetável, colchicina e vitamina E resulta numa redução

da curvatura peniana, do tamanho da placa e da dor, superior quando comparado à utilização de

verapamil em monoterapia(42).

Pentoxifilina

A pentoxifilina, um derivado da xantina, é um inibidor não específico da fosfodiesterase

com propriedades anti-inflamatórias e anti fibróticas. Regula negativamente o TGF-β1(43) e o fator

de necrose tumoral (TNF) aumentando a atividade fibrinolítica(44).

Em 2011, um estudo de coorte, retrospetivo, avaliou 71 homens com evidência

ecocardiográfica de placas calcificadas. Este trabalho concluiu que a pentoxifilina parece estabilizar

ou até reduzir a placa calcificada o que deixa uma porta aberta para a possibilidade de utilização

deste fármaco na fase crónica da doença. É um estudo que apresenta algumas limitações como o

pequeno tamanho da amostra ou o facto de a população não ter sido randomizada(45).

Em 2016, um estudo caso-controlo, que envolveu 307 doentes, demonstrou que a

associação de pentoxifilina oral com outros antioxidantes e diclofenac tópico é eficaz no tratamento

da DP. Concluiu também que a eficácia clínica da pentoxifilina é superior quando a administração

oral é conjugada com uma administração intralesional do mesmo fármaco. Desta forma, uma

abordagem multimodal parece obter melhores resultados (46).

Ainda assim, são necessários RCTs para confirmar as potencialidades da pentoxifilina no

tratamento da DP. Atualmente, a evidência que suporta a sua utilização é fraca(23).

Coenzima Q

A coenzima Q é um potente antioxidante proposto para o tratamento da fase aguda da DP,

no entanto, existe pouca evidência que suporte a sua utilização. Foi realizado um RCT, duplamente

cego, em 2010, que avaliou 186 doentes com DP crónica em fase precoce. Após 24 semanas,

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verificou-se uma efetiva redução do tamanho da placa, do ângulo de curvatura e da dor. Mais

estudos são necessários para confirmar estes resultados(47).

Inibidores da fosfodiesterase tipo 5

Os iPDE-5 têm sido estudados no tratamento da DP em doentes com ou sem disfunção

erétil. Há forte evidência da sua segurança e eficácia no tratamento da disfunção erétil, ademais,

este grupo de fármacos também parece inibir a síntese/deposição do colagénio e induzir a

apoptose dos fibroblastos/miofibroblastos através do aumento de monofosfato cíclico de

guanosina (GMPc) e óxido nítrico(48). Desta forma, pode ser vantajoso na remodelação cicatricial

tornando-se uma alternativa terapêutica para o tratamento da DP. Em 2011, um estudo

retrospetivo revelou que a toma diária de tadalafil em dose baixa (2.5mg durante 6 meses) parece

ser uma opção de tratamento segura e eficaz na remodelação da cicatriz septal isolada sem

evidência de deformidade peniana através da diminuição da fibrose associada à inflamação que é

relacionada ao stress oxidativo na DP(49).

Um RCT mais recente avaliou os efeitos do sildenafil em 39 doentes com DP e disfunção

erétil. Os resultados levaram os autores a concluir que os iPDE-5 podem ser um candidato ao

tratamento médico da DP particularmente na correção da disfunção erétil e na redução da dor (50).

No entanto, mais RCTs são necessários para apoiar o seu potencial uso como opção

terapêutica na DP. Embora os iPDE-5 se mostrem seguros e eficazes no tratamento da disfunção

erétil em doentes com DP, o uso destes compostos em doentes apenas com DP ainda não é

suficientemente suportado pela literatura.

AINES

Na fase aguda da doença, a dor associada à inflamação é um ponto-chave que pode

perturbar o doente e influenciar negativamente a sua função sexual. As guidelines da AUA sugerem

a utilização de AINES nos doentes em fase aguda para alívio da dor. O agente farmacológico ideal e

a duração da utilização continuam por elucidar(23). Esta é uma recomendação baseada na opinião

de especialistas de mérito na área. De realçar que este tipo de recomendação está associado a um

baixo grau de evidência.

Vitamina E e/ou L-carnitina

A vitamina E é um composto lipossolúvel com ação antioxidante e potencialmente anti-

inflamatória(51).

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No RCT mais recente, duplamente cego, foi estudada a segurança e eficácia da terapia com

Vitamina E e L-carnitina, separadamente e de forma combinada. Foram avaliados 236 doentes mas

os resultados revelaram não haver significância estatística relativamente à melhoria da dor

peniana, curvatura ou tamanho da placa fibrosa individualmente ou mesmo combinando os dois

fármacos(52).

Assim, a utilização de vitamina E ou propionil L-carnitina não está recomendada por

ausência de evidência da sua eficácia(23). Para além disso, um estudo realizado em 2011 demonstrou

um aumento significativo no risco de cancro da próstata associado ao uso da vitamina E(53),

existindo também evidência conflituante acerca dos efeitos cardiovasculares a longo prazo

provocados por esta vitamina em doses altas, necessárias ao tratamento desta patologia(54).

Tamoxifeno

O tamoxifeno é um antagonista seletivo dos recetores de estrogénio. Este fármaco foi

pensado como possível opção terapêutica na DP devido aos seus efeitos inibitórios tanto na

libertação, por parte dos fibroblastos, do TGF-β1 como nos seus recetores. No entanto, um RCT

envolvendo uma pequena amostra datado de 1999, não demonstrou benefício na melhoria da

dor, curvatura ou tamanho da placa(55). Os efeitos adversos do tamoxifeno via oral incluem

afrontamentos, disfunção erétil, erupções cutâneas e desconforto gastrointestinal.

Devido à escassa evidência que sustente a utilização do tamoxifeno associada aos seus

efeitos adversos, não há recomendação para o seu uso na DP(23).

Terapêutica tópica

O verapamil é um inibidor dos canais de cálcio que impede a síntese e secreção de proteínas

da MEC e aumenta a colagenase(56).

Um estudo piloto, controlado por placebo, realizado para avaliar a eficácia de um gel de

verapamil a 15% aplicado topicamente, demostrou eficácia na eliminação da dor aquando da

ereção, na diminuição do tamanho da placa, da curvatura e na melhoria da qualidade da ereção(57).

Ainda assim, estamos perante um estudo piloto e uma pequena amostra, o que limita a sua

relevância. Apesar das melhorias relatadas, medidas objetivas da curvatura pré-tratamento e pós-

tratamento não foram realizadas o que fragiliza esses achados. Para além disso, a administração

tópica de verapamil não demonstrou uma penetração tecidual adequada para ter qualquer efeito

terapêutico ao nível da túnica albugínea o que foi verificado através da análise de biópsias da túnica

(58).

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8

São necessários estudos randomizados com melhor desenho e tamanho de amostra no

sentido de comprovar ou não a eficácia do gel de verapamil.

Já em 2016, um RCT duplamente cego estudou um novo gel composto por nicardipina,

superóxido dismutase e óleo de emu (H-100) no tratamento da fase aguda da DP. Os resultados

mostraram-se estatisticamente significativos na redução da dor e curvatura peniana, no entanto,

apenas fizeram parte da amostra 22 doentes. O gel foi bem tolerado pelos doentes(59). Um estudo

de design mais adequado é necessário para confirmar estes resultados iniciais encorajadores.

Iontoforese

A iontoforese é uma técnica que emprega uma força elétrica externa de forma a induzir a

passagem de iões através do tecido e, com isso, aumentar a absorção de determinado composto.

Um RCT, duplamente cego, foi realizado em 2007 com o objetivo de determinar a eficácia

da administração tópica de verapamil com o auxílio desta técnica. Embora uma maior percentagem

de doentes tratados com verapamil demonstrasse uma diminuição da curvatura peniana, os

resultados não se revelaram estatisticamente significativos quando comparados ao grupo

placebo(60). A utilização da iontoforese poderá beneficiar doentes cuja dor é a queixa principal ou

que apresentam angulação ténue do pénis e que não desejem realizar terapia intralesional ou

correção cirúrgica. No entanto, mais estudos são necessários para determinar se esta técnica pode

induzir a remodelação da placa e diminuir a curvatura. A única reação adversa relatada associada

ao seu uso é a irritação cutânea.

Devido à falta de evidência, a indução de verapamil por iontoforese não está

recomendada(23).

Ainda assim, um estudo publicado em 2014 demonstrou significativa melhoria na curvatura

peniana quando se utilizou verapamil e dexametasona, induzidos por iontoforese, em 30 doentes

que se encontravam na fase crónica da doença não sendo relatados efeitos adversos(61).

Tratamento com ondas de choque extracorporal

Devido à natureza física da placa, foi explorado o potencial papel das ondas de choque

extracorporal na redução do tamanho da mesma e, assim, na melhoria da curvatura peniana.

Vários estudos recentes demonstram que embora esta técnica seja eficaz no que diz

respeito à melhoria da dor peniana e da função sexual, ela não parece ser tão eficaz na redução do

tamanho da placa ou grau de curvatura(62, 63).

Ainda assim, num estudo publicado em 2016, foram tratados 30 doentes com DP que

obtiveram fracos resultados com outros tratamentos conservadores. Todos os doentes realizaram

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9

9 sessões com 1.500 ondas de choque aplicadas por sessão. Os autores relataram melhorias

significativas não só na dor peniana como também na curvatura, tamanho da placa e função erétil.

Este estudo é limitado pela falta de um grupo de controlo e pelo reduzido número de doentes

incluídos na amostra. Além disso, todos eles foram tratados na fase crónica da doença, não se

podendo inferir se esses mesmos resultados seriam alcançados também na fase aguda(64).

Também em 2016, foi publicada uma meta-análise com o objetivo de avaliar a eficácia deste

tratamento. Os resultados revelaram que o tratamento com ondas de choque extracorporal parece

ser uma escolha eficaz e relativamente segura no que diz respeito à diminuição do tamanho da

placa e no alívio da ereção dolorosa. Pelo contrário, no que concerne à diminuição da curvatura

peniana e função sexual, não foram encontradas diferenças significativas em comparação aos

grupos placebo(65).

Mais RCTs duplamente cegos de alta qualidade são necessários para superar as limitações

dos estudos atuais.

De acordo com as guidelines da AUA, esta técnica não está recomendada na redução da

curvatura ou do tamanho da placa, ainda assim, pode ser proposta ao doente para melhorar a

dor(23).

Terapia com radiação

A radioterapia foi proposta para o tratamento da DP com o intuito de poder auxiliar na

degeneração da placa. No entanto, vários estudos questionaram a sua eficácia na redução da

mesma e da curvatura do pénis(66).

Ainda assim, um estudo retrospetivo datado de 2018, analisou 83 doentes submetidos a

radioterapia entre 1999 e 2008. 47% reportaram regressão sintomática e 78% estabilização da

progressão da doença. Ademais, 71% referiram uma substancial redução da dor e apenas 7%

reportaram progressão. Neste estudo, a radioterapia provou ser um método seguro e bem

tolerado, com bons resultados no alívio da dor na fase aguda da DP. No entanto, é um estudo com

algumas limitações como a ausência de grupo de controlo para além dos dados terem sido

recolhidos através de questionários o que prevê um viés associado à subjetividade das questões(67).

Devido a um défice claro de demonstração de eficácia, o uso da radioterapia não é

recomendado(23). Para além disso, foi levantada a questão dos potenciais riscos associados à

exposição dos doentes à radiação(68).

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10

Dispositivos de tração

Está bem documentado que o uso de dispositivos de tração mecânica e de expansão

tecidular provoca uma alteração do tecido conjuntivo através da proliferação celular e expansão da

MEC. A análise in vitro de células derivadas de túnica albugínea humana normal e doente, cultivadas

em ambiente de tensão mecânica, fornece boa evidência científica para o uso destes dispositivos

na remodelação da placa(69).

Estudos recentes publicados sobre a terapia de tração usando um dispositivo de tração

peniana ou de vácuo mostraram que esta técnica parece ser eficaz na correção da dor, curvatura e

função erétil, associando-se a um risco significativamente menor de posteriormente haver

necessidade de intervir cirurgicamente(70-73).

Uma meta-análise publicada em dezembro de 2018 pretendeu caracterizar com precisão o

efeito da terapia de tração no comprimento do pénis esticado após um tratamento prévio, injetável

ou cirúrgico. Verificou-se um promissor papel desta técnica na redução da perda de comprimento

peniano em homens submetidos a tratamentos. Também foi observado um efeito dose-

dependente já que ao aumento da duração de uso do dispositivo, associou-se uma maior

preservação do comprimento peniano. Ainda assim, é importante ter em conta que os diferentes

estudos incluídos nesta meta-análise tinham diferentes tratamentos primários o que eleva o risco

de viés associado(74).

É provável que os dispositivos de tração tenham um papel importante no futuro fazendo

parte de uma terapia combinada. A combinação com outros agentes farmacológicos pode trazer

benefícios adicionais (28, 75, 76).

Embora a terapia de tração não seja uma técnica invasiva e pareça segura e eficaz quando

usada adequadamente, estudos adicionais devem ser realizados para determinar o tempo ideal de

aplicação, duração e eficácia dos vários dispositivos.

O dispositivo RestoreX® recentemente lançado, está atualmente a ser testado em ensaios

clínicos(77).

Terapêutica intralesional

A terapia intralesional tem sido usada há anos para tratar a DP. Em comparação com a

medicação oral, esta via de administração permite garantir que concentrações adequadas de

princípio ativo atinjam a MEC ao nível da túnica albugínea. A penetração apropriada do fármaco

pode retardar, prevenir ou reverter significativamente a progressão da placa. Quando a placa se

revela densa ou calcificada, pode ser difícil assegurar a adequada penetração do fármaco.

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Colagenase de Clostridium histolyticum

A CCh intralesional é a terapia mais popular para o tratamento da DP sendo o primeiro e

único fármaco a ser aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) e pela European Medicines

Agency (EMA). Descoberto em 1952, consiste na combinação de 2 colagenases que clivam o

colagénio em 2 partes distintas, degradando-o(22).

Em 2013, os estudos IMPRESS I e II (Investigation for Maximal Peyronie’s Reduction

Efficacy and Safety Studies)(22, 78-81) examinaram a eficácia clínica e a segurança das injeções

intralesionais da CCh em indivíduos com DP. Estes dois grandes RCTs, duplamente cegos, em fase

3, relataram uma melhoria média na curvatura de 34% em comparação aos 18,2% no grupo

placebo. Doentes em fase crónica da doença com curvatura >30º e <90º, sem deformidade em

ampulheta, placa calcificada ou placa localizada proximalmente à base do pénis e função erétil

normal são os que mais podem beneficiar deste tipo de terapia. Embora geralmente bem tolerada,

os eventos adversos relatados incluem hematomas penianos (até 50%), dor no local da injeção e

edema. Efeitos adversos graves são raros tais como hematomas severos ou rutura do corpo

cavernoso.

O tratamento prévio com CCh não é contraindicação para cirurgia corretiva subsequente(82). A

utilização desta técnica em homens com deformidade em dobradiça ou em ampulheta, curvatura

ventral, curvatura inferior a 30 ° e superior a 90 °, placa calcificada ou localizada proximalmente à

base do pénis, não foi avaliada. Os estudos IMPRESS suportam que o tratamento com CCh melhora

tanto os aspetos físicos como psicológicos associados à DP.

Num estudo recente, publicado em 2017, o objetivo dos autores passou por determinar a

eficácia e segurança da CCh durante a fase aguda da doença. Os parâmetros de eficácia e segurança

foram comparados entre a atuação na fase ativa e estável. Embora a CCh não esteja atualmente

claramente indicada durante a fase ativa, os resultados sugerem que esta terapia pode ser eficaz e

segura também nesta fase, uma vez que não se verificou uma diferença estatisticamente

significativa na alteração final da curvatura(83). Mais estudos são necessários para confirmar estes

resultados.

Tendo em conta os últimos estudos e de acordo com guidelines recentes, o uso da

colagenase está, assim, recomendado em doentes com a doença em fase estável, curvatura >30° e

<90°, sem deformidade em ampulheta isolada, placa calcificada ou placa localizada proximalmente

à base do pénis e função erétil intacta (com ou sem uso de medicação). A modelagem peniana deve

ser realizada pelo médico após cada ciclo de tratamento e os doentes são aconselhados a realizar

também em casa, três vezes ao dia, entre os ciclos. Previamente ao tratamento, os doentes devem

ser aconselhados relativamente aos possíveis efeitos adversos da injeção (23).

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De forma a otimizar o tratamento com CCh, foi realizado um estudo prospetivo com 53

doentes afim de verificar a segurança e eficácia de um novo protocolo que tem como vantagens

uma menor duração da intervenção e um número inferior de injeções relativamente ao que estava

preconizado. Este protocolo mostrou-se seguro, eficaz e custo eficiente. Os resultados usando

apenas 3 injeções são comparáveis aos dos ensaios IMPRESS que utilizavam 8(78, 84).

Recentemente, foi realizada uma revisão retrospetiva sobre a satisfação dos doentes e

respetivas parceiras após tratamento com CCh. A satisfação de doentes e parceiras foi de 67% e

71%, respetivamente. Os autores concluíram que a CCh proporciona um benefício significativo à

saúde sexual do casal(85).

Ainda este ano foi publicada a primeira meta-análise que comparou os principais fármacos

intralesionais disponíveis: CCh, ácido hialurónico, verapamil e interferão α-2b. Os resultados deste

estudo revelaram que a CCh e interferão α-2b apresentam os melhores resultados em termos de

redução da curvatura peniana enquanto o ácido hialurónico parece ser mais eficiente no que diz

respeito à melhoria da função erétil(86).

Interferão α-2b

O IFN α-2b é uma citocina com atividade anti fibrótica. Desta forma, diminui a taxa de

proliferação fibroblástica, a produção de colagénio extracelular e aumenta a produção de

colagenase nas placas(87).

Em 2006, foi estudada a eficácia e segurança desta injeção intralesional no tratamento da

DP. Este estudo paralelo, multicêntrico, controlado por placebo, considera o interferão em doses

de 5 106 unidades quinzenais por 12 semanas uma terapia eficaz e segura. Verificou-se uma

melhoria significativa na curvatura, tamanho da placa e na resolução da dor nos doentes tratados

com interferão comparativamente ao grupo placebo(88).

Posteriormente, uma análise retrospetiva que envolveu 127 doentes fortaleceu a evidência

existente, obtendo também bons resultados relativos à melhoria da curvatura peniana.(89)

Num estudo mais recente que avaliou 131 doentes com DP verificou-se uma redução

superior a 20% na curvatura peniana na maioria dos homens. Essa redução foi independente da

localização da placa (ventral ou dorsal)(90).

A terapia com IFN α-2b é atualmente sustentada pela evidência podendo ser utilizada no

tratamento conservador da DP em fase estável com curvatura >30° sem placa calcificada. Ainda

assim, está associada a alguns potenciais efeitos adversos que devem ser transmitidos ao doente

tais como mialgias, artralgias, sinusite, sintomas gripais ou edema peniano minor(23, 91).

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Verapamil

O verapamil, um bloqueador dos canais de cálcio, tem mostrado evidência promissora no

tratamento da DP quando administrado diretamente na lesão. Foi usado pela primeira vez em

1994(92). Estudos in vitro revelaram que o verapamil altera o metabolismo dos fibroblastos, diminui

a secreção de colagénio e aumenta a atividade da colagenase(93).

Em 1998, um RCT revelou que a injeção intralesional de verapamil podia ser uma

abordagem razoável em doentes com placa não calcificada e angulação peniana <30°(94). No

entanto, em 2009, um estudo com o mesmo desenho metodológico, reportou ausência de

significância estatística na redução da dor, curvatura peniana e tamanho ou dureza da placa(95).

Em 2002, um estudo prospetivo não randomizado de 156 doentes concluiu que a injeção

de verapamil parece ser uma opção de tratamento clinicamente eficaz para a redução da dor e

curvatura contribuindo para uma melhoria da função sexual e capacidade erétil(96).

Já em 2010, um ensaio clínico randomizado realizado com 16 doentes concluiu que este

agente tem efeito benéfico na redução do tamanho da placa e na melhoria da satisfação sexual(97).

Em 2015, usando a mesma metodologia, avaliaram-se os resultados de um novo protocolo

procurando identificar preditores de resposta. Ciclos repetidos de 6 injeções parecem ser uma

opção válida. Na maioria dos doentes, pelo menos 12 injeções (2 ciclos) foram realizadas para obter

uma resposta eficaz. Em 78,3% dos doentes tratados na fase aguda da doença, houve um impacto

favorável na curvatura peniana, dor e no tamanho da placa. No entanto, RCTs de maior escala são

necessários para confirmar estes resultados. Relativamente aos preditores de resposta, foram

identificados a idade mais jovem e uma maior curvatura de base(24, 98).

As complicações desta terapêutica incluem principalmente dor no local da injeção,

hematomas penianos, náuseas e tonturas.

Os últimos artigos publicados, focam-se sobretudo na comparação de verapamil em

monoterapia vs terapia combinada. A associação de verapamil + tadalafil demonstrou um melhor

controlo da dor, redução da curvatura peniana e da função erétil melhorando assim a qualidade de

vida dos doentes(99). Já a associação verapamil + antioxidantes orais pode beneficiar

significativamente os doentes graças à melhoria da satisfação sexual e capacidade em atingir o

orgasmo mesmo não se verificando diferença significativa na diminuição da placa e da curvatura

peniana entre o verapamil em monoterapia e a combinação com antioxidantes orais.(30) Também a

combinação verapamil + pentoxifilina demonstrou bons resultados em comparação ao uso de

verapamil ou pentoxifilina em monoterapia(100). No entanto, é de salientar a ausência de grupo de

controlo em cada um destes estudos prospetivos.

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Devido ao défice de ensaios controlados e à contradição dos já existentes, a FDA ainda não

aprovou o uso deste fármaco no tratamento da DP. Ainda assim, as últimas guidelines da AUA não

proíbem a sua utilização off-label em doentes adequadamente pré-aconselhados tendo em conta

as evidências de benefício e a ausência de efeitos adversos severos(23).

Ácido hialurónico

A injeção intralesional de ácido hialurónico é uma inovação no tratamento da DP. Estudos

recentes têm demonstrado eficácia na redução do volume da placa, na dor e angulação peniana

principalmente em doentes em fase ativa da doença(101, 102). Um estudo prospetivo, randomizado,

duplamente cego, publicado em 2017, comparou a terapia com ácido hialurónico ao verapamil. Os

autores obtiveram melhores resultados com o uso do ácido hialurónico no que concerne à melhoria

da curvatura e satisfação dos doentes(26). Uma melhoria significativa na função erétil também tem

sido associada(86).

Para além disso, parece ser uma terapêutica bem tolerada com risco nulo de efeitos laterais

locais ou sistémicos. Embora sejam necessários mais estudos e ensaios clínicos para confirmar a

sua eficácia, o uso de ácido hialurónico parece ser uma terapia promissora no tratamento da DP(102,

103).

Também a injeção intralesional de toxina botulínica demonstrou poder melhorar as

manifestações clínicas da DP melhorando a função sexual dos doentes, no entanto, apenas um

estudo prospetivo foi realizado, em homens com idade ≥18 anos com DP em fase estável. Estes

resultados carecem de solidez através da elaboração de mais estudos randomizados, que incluam

um número adequado de doentes, de forma a confirmar a potencial eficácia terapêutica desta

toxina(104).

Nicardipina

A nicardipina surge como alternativa ao verapamil já que ambos são bloqueadores dos

canais de cálcio. Um RCT datado de 2010, que envolveu 86 doentes, demonstrou resultados

promissores. Os autores observaram uma redução estatisticamente significativa da dor, disfunção

erétil e tamanho da placa. No entanto, a redução da curvatura peniana não se mostrou

estatisticamente significativa(25).

Os efeitos benéficos deste fármaco continuam por confirmar e, por isso, atualmente não é

recomendado.

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Corticosteroides

A terapia injetável com corticoesteroides começou a ser oferecida a doentes com DP na

década de 1950. Foi o primeiro fármaco intralesional a ser usado na DP com o intuito de que as

suas propriedades anti-inflamatórias pudessem inibir ou reverter a fibrose e a formação de

placa(105).

Devido à fraca evidência de benefício e aos efeitos adversos advindos do uso de corticoides

por longos períodos como atrofia tecidular, fibrose ou imunossupressão, injeções deste fármaco

não estão recomendadas no tratamento desta patologia(23, 106, 107).

Orgoteína

A orgoteína é uma versão farmacêutica da enzima superóxido dismutase que possui

propriedades anti-inflamatórias. Exerce o seu efeito através da quebra de radicais livres reduzindo

assim a inflamação e fibrose(108).

Foram divulgados alguns estudos promissores sobre este fármaco mas envolveram

pequenas amostras de população(109, 110). Para além disso, há falta de RCTs que demonstrem um

benefício estatisticamente significativo. Dessa forma, a orgoteína não é recomendada(23).

Células estaminais

A possibilidade de tratamento da DP com a utilização de células estaminais representa a

última inovação nesta área.

O potencial efeito terapêutico das células estaminais derivadas do tecido adiposo (ADSCs)

foi demonstrado pela primeira vez em 2013, em modelos de rato. Na fase aguda da doença, a

injeção de ADSCs na área afetada previne a formação de fibrose e elastose na túnica albugínea e

corpo cavernoso(111). Este estudo pioneiro forneceu uma prova de princípio para a eficácia das

células estaminais no tratamento da DP. Foram também realizados mais dois estudos pré-clínicos

em modelos animais em 2014 e 2015 que corroboraram os resultados obtidos anteriormente(112,

113). Ainda assim, dados pré-clínicos qualitativos sobre o uso de células estaminais na DP estão em

falta. Conhecimento e investigações adicionais sobre a fisiopatologia da DP são necessários de

forma a desenvolver melhores modelos de doença que mais se assemelhem à situação humana.

Num dos poucos estudos realizados em humanos, o objetivo passava por determinar a

viabilidade e os efeitos do uso de células estaminais mesenquimatosas derivadas da matriz

placentária (PM-MSCs) na gestão da DP. Os resultados mostraram que as PM-MSCs podem ser

benéficas e eficazes como tratamento conservador em doentes com esta patologia, uma vez que,

em 10 placas tratadas, 7 desapareceram completamente em 3 meses de acompanhamento(27).

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Também num estudo recentemente realizado, combinou-se a injeção de fração vascular

estromal autóloga (SVF) com ondas de choque em 11 doentes com DP. A SVF é conhecida por ter

efeitos na atenuação de cicatrizes, anti-inflamatórios, imunomoduladores e regenerativos. Todos

os doentes reportaram uma melhoria subjetiva na curvatura e na redução do tamanho da placa.

Sete dos quais relataram também melhoria na função erétil(114).

No entanto, estes ensaios apresentam várias limitações como o tamanho bastante reduzido

da amostra, não randomizada, com ausência de grupo de controlo.

Embora promissora, a terapia inovadora com células estaminais necessita de mais estudos

prospetivos em humanos de forma a elucidar melhor o seu potencial terapêutico na DP. Também

os potenciais efeitos adversos induzidos por estas células carecem de esclarecimento podendo

tornar-se num entrave à sua utilização. Tem sido apontado um possível efeito promotor de

tumorigénese associado ao seu uso(115).

Conclusão

A DP continua a ser um desafio para os profissionais especialistas em urologia. As

abordagens terapêuticas conservadoras revelam-se uma perspetiva atraente, com potencial papel

em evitar a necessidade e o risco inerente ao tratamento cirúrgico. Para além disso, embora a

cirurgia continue a ser a opção de tratamento gold standard para doentes com DP em fase estável,

ela não é recomendada para doentes em fase ativa.

Os principais objetivos na gestão da DP incluem melhorar a capacidade de identificar

doentes em risco de a desenvolver, encontrar formas de intervir nos estadios iniciais da doença de

forma a retardar ou impedir a progressão e, finalmente, desenvolver medidas eficazes e

minimamente invasivas para reverter a formação da placa peniana sem comprometer a função

erétil e sexual.

Apesar de uma grande variedade de agentes farmacológicos orais ter sido proposto e

avaliado em doentes com DP, os resultados variam amplamente e ainda não foi estabelecido um

benefício objetivo para qualquer fármaco oral isolado. O número de estudos que envolvem esses

agentes é limitado e a maior parte deles não conseguiram demonstrar um efeito benéfico

consistente. Atualmente, não está recomendada a utilização de qualquer agente oral para o

tratamento da DP à exceção dos AINES que parecem ter um papel relevante na gestão da dor nos

doentes em fase ativa.

Por outro lado, a terapêutica oral combinada parece fornecer melhores resultados

comparativamente à monoterapia no entanto, para além dos estudos existentes compreenderem

pequenas amostras, não há consenso sobre quais fármacos combinar ou sobre quais as dosagens

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de cada composto conduzirão a maior benefício para os doentes. Com um vasto leque de terapias

combinadas a ser administradas, podemos nunca compreender concretamente quais os agentes

responsáveis pelos resultados.

No que diz respeito ao tratamento com ondas de choque extracorporal, este não é

recomendado para o tratamento da curvatura peniana mas foi demonstrado benefício no alívio da

dor. Já os dispositivos de tração podem ter um papel na melhoria da curvatura e comprimento do

pénis embora seja necessária mais investigação. Fazendo parte de uma abordagem multimodal,

pode ser uma ferramenta adicional para a prevenção da perda de comprimento peniano associada

à DP, ainda que a sua eficácia dependa da adesão do doente.

O uso de terapêutica tópica com verapamil, a iontoforese e a radioterapia não estão

recomendadas devido à fraca evidência de eficácia.

No que diz respeito ao tratamento intralesional, este parece ser o mais amplamente

suportado pela literatura, principalmente a CCh que se tornou o primeiro e único agente

farmacológico a obter aprovação da FDA, sendo o fármaco intralesional mais prescrito nos últimos

anos. Ainda assim, a evidência é limitada a doentes em fase estável com uma curvatura dorsal ou

dorsolateral >30° e <90° com função erétil intacta (com ou sem medicação) e o custo elevado é

uma preocupação. Embora a CCh não esteja consistentemente suportada pela literatura durante a

fase ativa da doença, esta pode ser eficaz e segura também nesta fase caso a dor apresentada não

seja significativa. Opções alternativas incluem o INF α-2b e o verapamil mas o seu uso é considerado

off-label. Estudos adicionais permitirão determinar melhor quais doentes podem beneficiar mais

da terapia com CCh, verapamil, interferão α-2b ou mesmo ácido hialurónico. Isso pode depender

da direção da curvatura, tamanho da placa, existência de calcificação e duração da doença.

Talvez o sinergismo entre agentes orais, terapias intralesionais e de tração forneça o melhor

benefício no que respeita ao tratamento conservador, no entanto, os efeitos sinérgicos de várias

modalidades terapêuticas carecem de evidência científica.

O papel do TGF-β1, radicais livres de oxigénio, óxido nítrico, miofibroblastos e dos fatores

genéticos que contribuem para a fibrose são alvos chave para estudos em curso e futuras terapias.

Investigações futuras devem concentrar-se em definir melhor os mecanismos de

desenvolvimento/progressão da DP e como regular a remodelação da cicatriz. Uma maior

elucidação da fisiopatologia da doença permitirá definir futuros alvos terapêuticos.

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Bibliografia

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