tratamento do transtorno de ansiedade generalizada (tag): uma revisão narrativa de literatura

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  • 8/9/2019 Tratamento do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): uma revisão narrativa de literatura

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    UNIVERSIDADE PAULISTA

    MARCO ANTONIO LEITE

    TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

    (TAG): uma revisão narrativa de literatura

    SÃO PAULO

    2015

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    MARCO ANTONIO LEITE

    TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

    (TAG): uma revisão narrativa de literatura

    Trabalho de conclusão de curso paraobtenção do título de especialista emTerapia Cognitivo-Comportamentalpara atuar em Múltiplas NecessidadesTerapêuticas apresentado àUniversidade Paulista - UNIP.

    Orientadores:

    Prof a. Ana Carolina S. de Oliveira

    Prof. Hewdy L. Ribeiro

    SÃO PAULO

    2015

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    Leite, Marco AntônioMarco Antônio Leite/ Tratamento do transtorno de ansiedadegeneralizada (tag): uma revisão narrativa de literatura. – São

    Paulo, 2015.

    30 f.

    Trabalho de conclusão de curso (especialização) – apresentado à pós-graduação lato sensu da UniversidadePaulista, São Paulo, 2015.

     Área de concentração: Transtornos de personalidade.

    “Orientação: Prof ª. Ana Carolina Schmidt” 

    “Orientação: Prof. Hewdy Lobo” 

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    MARCO ANTONIO LEITE

    TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

    (TAG): uma revisão narrativa de literatura

    Trabalho de conclusão de curso paraobtenção do título de especialista emTerapia cognitivo-Comportamental paraatuar em Múltiplas NecessidadesTerapêuticas apresentado àUniversidade Paulista - UNIP.

    Orientadores:

    Prof a. Ana Carolina S. de Oliveira

    Prof. Hewdy L. Ribeiro

     Aprovado em:

    BANCA EXAMINADORA

     _______________________/__/___

    Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

    Universidade Paulista – UNIP

     _______________________/__/___

    Profa. Ana Carolina S. Oliveira

    Universidade Paulista – UNIP

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    DEDICATÓRIA

    Dedico à minha maravilhosa esposa Cibele Innocenti, que sempre me contagia

    com seu amor, cuidados, energia e me encoraja a seguir meus ideais,

    ajudando-me a enfrentar todos os momentos difíceis de minha vida.

    Com muito carinho e amor dedico à minha filha Nayana Vilemon Leite pelo

    apoio, compreensão, pela abdicação de nosso tempo de convivência e lazer

    em seu lindo momento de adolescência para que eu pudesse dar mais um

    passo na minha formação profissional.

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    AGRADECIMENTOS

     Agradeço em especial ao Dr. Hewdy Lobo que, com seu grande cabedal de

    conhecimentos, temperados com sua forma empolgante, contagiante ealtamente pedagógica, trouxe à tona o desejo de aprofundar os estudos, de

    modo que seria impossível não adentrar neste campo de conhecimento

    proposto de forma séria, ética e, principalmente, com nobres ideais

    ressignificando assim nossas vidas.

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    EPÍGRAFE

    “  O pensamen to éo ensa io da ação ”  .

    (S.Freud)

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    RESUMO

    O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) faz parte dos transtornos de

    ansiedade como uma categoria nosológica distinta e se caracteriza pela

    presença de sintomas ansiosos desproporcionais e persistentes que afetam ocomportamento humano em diferentes situações, com intensidade de

    manifestações e duração variáveis ao longo da vida. De início insidioso e

    precoce, este transtorno está associado à morbidade relativamente alta e com

    elevados prejuízos individuais e sociais, ao interferir significativamente no

    desempenho de atividades cotidianas e ocupacionais. O objetivo deste estudo

    foi verificar a produção de pesquisa brasileira sobre o transtorno de ansiedade

    generalizada, quais os tratamentos disponíveis e os desafios que este campotraz, mediante realização de estudo exploratório na forma de uma revisão

    narrativa da literatura. O corpus final da revisão é composto por 21 trabalhos

    que foram coletados na base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS),

    no período de 2001 a 2013 e classificado como artigos de periódicos

    científicos, tese de doutorado e trabalho de conclusão de curso de programa de

    aprimoramento profissional. De modo geral, os autores encontrados discutem

    sobre o tratamento medicamentos e se referem a importância da avaliaçãoclínica detalhada e que adesão do paciente ao tratamento depende do

    esclarecimento sobre o transtorno, o tratamento disponível, o tempo necessário

    para que se obtenha a resposta terapêutica, bem como do acolhimento às

    demais questões relacionadas ao uso de medicamentos. Poucos trabalhos se

    referiram ao tratamento não medicamentoso e multiprofissional e a abordagem

    sugerida pelos autores foi a da Terapia Cognitivo Comportamental. A partir

    desta constatação, verifica-se a necessidade de produzir novos estudos para

    ampliar a discussão dentro do tema. 

    Palavras- chave:  Saúde Mental, Transtorno de Ansiedade Generalizada,

    Tratamento, Abordagem multiprofissional.

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    ABSTRACT

    The generalized anxiety disorder (GAD) is part of anxiety disorders as a distinct

    nosological category and is characterized by the presence of disproportionate

    and persistent anxiety symptoms that affect human behavior in different

    situations with intensity manifestations and duration lifelong . Insidious and early

    start, this disorder is associated with relatively high morbidity and high individual

    and social damage, to significantly interfere with the performance of their daily

    and occupational activities. The aim of this study was to verify the Brazilian

    research output on generalized anxiety disorder, what treatments are available

    and the challenges that this field brings by holding exploratory study in the form

    of a narrative review of the literature. The final corpus review consists of 21

    works that were collected in the Virtual Library of Health database (BVS) in the

    period from 2001 to 2013 and classified as scientific journal articles, doctoral

    thesis and completion of course work professional development program. In

    general, the authors found discuss treatment medications and refer to the

    importance of detailed clinical evaluation and patient compliance to treatment

    depends on the clarification of the disorder, available treatment, the time

    needed to obtain a therapeutic response, as well as host to other issues related

    to drug use. Few studies referred to the non-pharmacological and

    multidisciplinary treatment and the approach suggested by the authors was that

    of Cognitive Behavioral Therapy. From this finding, there is the need to produce

    new studies to broaden the discussion within the theme.

    Key-words: Mental Health, Generalized Anxiety Disorder, Treatment,multidisciplinary approach.

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    Siglas e abreviaturas utilizadas

    TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada

    TCC – Terapia Cognitivo Comportamental

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    Lista de Quadros

    Quadro 1  Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Revisãonarrativa da literatura 

    21

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    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 13

    2 OBJETIVO.............................................................................................. 17

    3 METODOLOGIA...................................................................................... 18

    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 20

    5 CONCLUSÕES........................................................................................ 27

    REFERÊNCIAS.......................................................................................... 28

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    1 INTRODUÇÃO

    Embora a ansiedade seja uma reação normal do ser humano frente às

    situações que potencialmente provoquem dúvidas, medo ou expectativas altas,

    o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) se caracteriza pela presença desintomas ansiosos desproporcionais e persistentes que afetam o

    comportamento humano em diferentes situações, com intensidade de

    manifestações e duração variáveis ao longo da vida que interferem

    significativamente no desempenho de atividades cotidianas e ocupacionais,

    como os estudos e o trabalho (RAMOS, 2006).

    O início deste transtorno é insidioso, precoce e pode afetar pessoas de

    todas as faixas etárias e de ambos os sexos. Quando os pacientes buscam

    tratamento, referem que sempre foram “nervosos”, “tensos” e a evolução do

    transtorno pode levar à cronicidade pela intensidade do grau de incapacitação

    (AMB, 2008).

    Segundo Mochcowitch et al (2010), quando o conceito de transtorno de

    ansiedade generalizada foi publicado na terceira edição do Manual Diagnóstico

    e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III) pela Associação Norte

     Americana de Psiquiatria foi considerado, inicialmente, uma característica

    diagnóstica residual. A partir do DSM –IV (APA, 1995) o aperfeiçoamento na

    distinção entre TAG e ansiedade “normal” ou adaptativa foi melhor

    caracterizado, assim como seu estabelecimento como categoria nosológica

    distinta. Na quarta edição do manual, passou a se considerar como

    perturbações da ansiedade os seguintes distúrbios: pânico com agorafobia;

    agorafobia sem história de pânico; transtorno do pânico; fobia específica; fobia

    social; transtorno obsessivo-compulsivo; transtorno de estresse pós-traumático;

    transtorno agudo de estresse; transtorno de ansiedade generalizada; transtorno

    de ansiedade associado a uma condição médica geral; transtorno de

    ansiedade induzida por substâncias e transtorno de ansiedade sem outra

    especificação (APA, 1995). A quinta edição deste manual foi lançada em 2013,

    sem alterações nos critérios diagnósticos.

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    Segundo o DSM-V, classifica-se como transtorno de ansiedade

    generalizada a ansiedade e preocupação associadas a três ou mais dos

    seguintes sintomas (com pelo menos alguns destes presentes na maioria dos

    dias nos últimos 6 meses):

    (i) Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele;(ii) Fatigabilidade;(iii) Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” namente;(iv) Irritabilidade;(v) Tensão muscular;(vi) Perturbação do sono (dificuldades em conciliar ou manter osono, ou sono insatisfatório e inquieto).Nota: Apenas um item é exigido para crianças.(APA, 2013).

    De acordo com Ramos (2006), as manifestações deste transtorno

    podem surgir ao longo da vida e, além das questões de humor ansioso, são

    incluídos sintomas físicos de tensão corporal, os quais, por vezes, levam os

    pacientes a buscar outras especialidades médicas, por serem aqueles cujo

    incômodo mobiliza o sujeito em busca de solução.

    Grillo e Silva (2004) realizaram uma revisão de literatura sobre o

    diagnóstico precoce dos principais transtornos do comportamento na criança e

    no adolescente para levantamento de informações práticas referentes às

    primeiras manifestações clínicas. Neste estudo, é salientada a importância do

    reconhecimento dos transtornos de comportamento na infância, especialmente

    na fase pré-escolar ou no início da vida escolar, haja vista que intervenções

    precoces favorecem melhor evolução, além de funcionarem como medida

    preventiva para as dificuldades enfrentadas por crianças e suas famílias quanto

    ao rendimento escolar e no convívio social. Estes autores destacam: os

    transtornos invasivos do desenvolvimento, transtorno de déficit de

    atenção/hiperatividade, transtorno de ansiedade de separação, transtorno de

    ansiedade generalizada, depressão, esquizofrenia, os principais transtornos

    alimentares do adolescente (como a anorexia e a bulimia nervosa) e do uso e

    abuso de substâncias psicoativas. Grillo e Silva (2004) preconizam como

    intervenções precoces na população desta faixa etária a orientação e

    esclarecimento aos pais sobre o prognóstico e, em alguns casos, a busca de

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    aconselhamento genético. Os autores ainda referem que as comorbidades

    entre os transtornos sendo muito frequentes, a manifestação de uma delas

    pode auxiliar no diagnóstico de outra.

    Vianna et al (2009) também ressaltam que, quando os transtornos deansiedade estão presentes na infância ou na adolescência, verifica-se o

    incremento na possibilidade do agravamento progressivo da morbidade ao

    longo da vida. O reconhecimento correto dos sintomas nesta fase da vida

    permite que profissionais da saúde e da educação direcionem suas ações para

    promover cuidado adequado a essas pessoas.

    Com relação à população idosa, em estudo sobre prevalência de

    episódio depressivo maior em amostra de sujeitos octogenários residentes na

    comunidade, Xavier et al (2001) compararam padrões de sono, função

    cognitiva e frequência de outros transtornos psiquiátricos entre sujeitos

    controles normais e sujeitos com depressão maior. Neste estudo, o transtorno

    de ansiedade generalizada foi apontado como uma frequente comorbidade e

    que leva à pior qualidade de vida.

    Quanto ao diagnóstico diferencial, Mochcovitch et al (2010) esclarecem:

     A depressão costuma cursar com humor entristecido e perda deprazer em atividades que anteriormente eram prazerosas, o quenormalmente não ocorre com pacientes com TAG. Além disso, ossintomas somáticos na depressão podem ser variáveis, isto é, podemapresentar-se com insônia ou hipersônia, retardo ou inquietaçãopsicomotores, apetite aumentado ou diminuído, enquanto o TAGapresenta sintomas somáticos de forma mais homogênea. Doençasendocrinológicas, como hipertireoidismo, hipoparatireoidismo,feocromocitoma, síndrome de Cushing, e doenças neurológicas,como crises parciais complexas, podem provocar sintomas deansiedade (p. 2).

    Deste modo, uma avaliação clínica cuidadosa para o diagnóstico

    diferencial para transtornos ansiosos de outros quadros clínicos permite uma

    terapêutica específica e individualizada.

    Em estudo multicêntrico realizado por Almeida et al (1992) foram

    avaliados 6.470 indivíduos, nos quais prevaleciam os transtornos ansiosos

    (17,6%), seguidos de transtornos fóbicos (16,7%). Estudando uma amostra da

    cidade de São Paulo, Andrade et al. (2002) verificaram que, ao longo da vida,

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    na sua amostra de pesquisa 45,6% havia recebido ao menos um diagnóstico

    psiquiátrico ao longo da vida, dentre os quais eram dependência ao tabaco

    (25%), seguido por transtorno depressivo (18,5%) e transtornos ansiosos

    (16,8%). Dentre os transtornos ansiosos destacaram-se as fobias (8,4%), o

    transtorno de ansiedade generalizada (4,2%), transtorno de pânico (1,6%) e

    transtorno obsessivo-compulsivo (0,3%).

     Allgulander (2007), a partir da sua experiência clínica, discute sobre o

    que os pacientes querem e necessitam saber sobre transtorno de ansiedade

    generalizada: (i) embora demonstrem alívio ao receberem o diagnóstico, é

    importante discutir com o paciente quais são os limites ente as reações de

    ansiedade normais e dos diagnósticos psiquiátricos; (ii) aponta-se anecessidade de discutir sobre o melhor tratamento, seja psicofarmacológico ou

    psicoterápico a partir das evidências de benefício; (iii) os pacientes solicitam

    esclarecimento sobre os efeitos colaterais e interações medicamentosas, haja

    vista a exposição dos pacientes a informações que podem dificultar sua adesão

    ao tratamento, como a questão da dependência ou não às medicações; (iv) faz-

    se necessário esclarecimento sobre o tempo de tratamento farmacológico; (v)

    deve ser dada atenção aos subgrupos específicos com transtorno deansiedade generalizada e, por fim, (v) o acolhimento aos pacientes quanto à

    estigmatização de pessoas com doenças mentais e às outras questões

    preocupantes, como as crenças pessoais que possam interferir na adesão ao

    tratamento e recuperação da doença (ALLGULANDER, 2007).

    Por se tratar de um transtorno mental com alta incidência na população,

    que era visto inicialmente como um transtorno leve, atualmente o TAG tem sido

    tratado como uma doença crônica, associada à morbidade relativamente alta ecom elevados prejuízos individuais e sociais (ANDREATINI et al, 2001). Desta

    maneira, a relevância deste estudo está em conhecer o que tem sido produzido

    a respeito do tratamento do transtorno de ansiedade generalizada e se propõe

    a ilustrar um panorama de atualização sobre as diferentes abordagens de

    manejo clínico e tratamentos disponíveis.

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    2 OBJETIVO

    Verificar o que pesquisadores brasileiros publicaram sobre o transtorno

    de ansiedade generalizada, quais os tratamentos disponíveis e os desafios que

    este campo traz, a partir de uma revisão narrativa da literatura. 

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    3 METODOLOGIA

    Trata-se de um estudo exploratório de pesquisa bibliográfica na forma de

    uma revisão narrativa da literatura.

    Segundo Gonçalo et al (2012):

    a revisão narrativa consiste na elaboração de uma ampla análisesobre um tema, em virtude de apresentar a discussão de dados à luzde uma teoria ou de um contexto, como também para integrar visõesde campos de pesquisa independentes (p. 105).

    Para esta revisão narrativa, foi elaborada a seguinte pergunta

    norteadora da pesquisa: quais as propostas de tratamento mais recentes e

    eficazes no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada para a

    população adulta no Brasil?

     A coleta foi realizada na base de dados eletrônica da Biblioteca Virtual

    de Saúde (BVS), que oferece cobertura de artigos publicados em revistas

    indexadas nacionais e estrangeiras, a partir dos termos “transtorno de

    ansiedade generalizada” AND tratamento, no período compreendido entre 2001

    e 2014.

    Definiu-se como critérios de inclusão: publicações de autores brasileiros

    em periódicos nacionais ou internacionais, escritos em língua portuguesa,

    inglesa ou espanhola, que respondam à pergunta norteadora desta pesquisa,

    referindo-se a discussão sobre diagnóstico, tratamento do transtorno de

    ansiedade generalizada em adultos, e que tivessem os textos completos

    disponíveis na base de dados.

    Como critérios de exclusão foram definidos: artigos escritos em outrosidiomas, que não respondiam à pergunta, ou seja, trabalhos de autores

    estrangeiros que publicaram em periódicos brasileiros, os trabalhos sobre

    manejo clínico de crianças e adolescentes ou idosos, os artigos repetidos, os

    incompletos, os editoriais e as cartas.

    Para delimitar o corpus desta pesquisa, foram necessárias três etapas

    para a seleção do material. Foram encontrados 84 trabalhos, dos quais 60

    foram considerados com potencial relevância na primeira etapa do estudo, a

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    partir de leitura exploratória conforme Gil (2006). A segunda etapa consistiu na

    leitura seletiva (GIL, 2006), com a aplicação dos critérios de inclusão e de

    exclusão, consistindo na eliminação de 39 trabalhos. Na terceira etapa desta

    pesquisa foi realizada a leitura analítica e interpretativa (GIL, 2006) dos textos

    restantes. O corpus final da pesquisa foi constituído por 21 publicações.

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    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Os 21 trabalhos foram compilados no Quadro 1 a partir dos seguintes

    classificadores: nome dos autores, ano de publicação, nome do periódico, tipo

    de trabalho e tema principal de que se trata.

    Quanto ao ano de publicação, as produções selecionadas de acordo

    com a pergunta da pesquisa datam de 2001 a 2013. Em ordem decrescente de

    maior número de publicações encontrou-se: 2007 (n = 5), 2010 (n = 4), 2006 (n

    = 3), 2008 (n = 2). Os demais anos (2001, 2005, 2009, 2011, 2012, 2013)

    tiveram uma publicação em periódico indexado.

    Foram encontrados 18 trabalhos em língua portuguesa e três em línguainglesa. As revistas com maior número de publicações foram: Revista Brasileira

    de Psiquiatria (n = 6), Revista Brasileira de Medicina (n = 4), Arquivos de

    Neuropsiquiatria (n = 3), Revista de Psiquiatria Clínica (n = 2), Jornal Brasileiro

    de Psiquiatria (n = 2) e, com um artigo cada uma: Caderno de Saúde Pública

    do Rio de Janeiro e Revista de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia

    da Universidade de São Paulo.

    O material encontrado foi classificado como: artigos de periódicos

    científicos (n = 19), tese de doutorado (n = 1) e trabalho de conclusão de curso

    de programa de aprimoramento profissional (n = 1).

    Os principais componentes para tratamento definidos na atualidade são

    o uso de medicamentos (ANDREATINI et al, 2001; MENEZES et al, 2007;

    MOCHCOVITCH et al, 2010; RAMOS, 2006; SCHMITT et al, 2005;

    TOMAZZONI, 2006) e/ou acompanhamento psicoterapêutico, especialmente

    com a abordagem cognitivo-comportamental (AYER, 2008; MENEZES et al,

    2007; MOCHCOVITCH et al, 2010). Também foram citadas técnicas de

    controle de respiração e relaxamento físico como coadjuvantes no tratamento

    do TAG (RAMOS, 2006).

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    Quadro 1: Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Revisão narrativa da literatura

    Ref   Autor   Ano  Periódico Tipo de

    publicação Tema principal 

    1.   Almeida, M. S.; Nunes, M. A.;Camey, S.; Pinheiro, A. P.; Schmidt,M. I.

    2012 Caderno de Saúde Pública,Rio de Janeiro

     Artigo Estudo de prevalência de transtornos mentais na gestação e distribuição segundo variáveissociodemográficas.

    2.   Andreatini, R.; Boerngen-Lacerda, R.;Zorzeto Filho, D.

    2001 Revista Brasileira dePsiquiatria

     Artigo Tratamento farmacológico do transtorno de ansiedade generalizada.

    3.   Ayer, M. B. F. 2008 - TCC - PAP Revisão de literatura sobre transtorno de ansiedade generalizada dentro da Terapia CognitivoComportamental.

    4.  Barbosa, I. G.; Ferreira, R. de A.;Huget, R. B.; Rocha, F; L.; Salgado,J. V.; Teixeira, A. L.

    2011 Jornal Brasileiro dePsiquiatria

     Artigo Estudo de prevalência de comorbidades clínicas e psiquiátricas em amostra de pacientesbipolares tipo I.

    5.  Cantilino, A.; Zambaldi, C. F.;Sougey, E. B.; Rennó Jr, J.

    2010 Revista de PsiquiatriaClínica

     Artigo Revisão de literatura sobre transtornos psiquiátricos no período pós-parto.

    6.  Clavijo, M.; Carvalho, J. J.; Rios, M.;Oliveira, I. R. de.

    2006 Arquivos de Neuropsiquiatria Artigo Estudo comparativo de prevalência de transtornos psiquiátricos em pacientes diabéticos tipo 2 enão-diabéticos.

    7.  Faustino, T. T.; Almeida, R. B. de; Andreatini, R.

    2010 Revista Brasileira dePsiquiatria

     Artigo Revisão de estudos clínicos controlados sobre a efetividade de plantas medicinais/fitoterápicos notranstorno de ansiedade generalizada.

    8.  Graeff, F. G. 2007 Revista Brasileira dePsiquiatria

     Artigo Discussão sobre a ativação diferencial do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal no transtorno deansiedade generalizada e no transtorno de pânico.

    9.  Kummer, A.; Cardoso, F.; Teixeira, A.

    L.

    2010 Arquivos de Neuropsiquiatria Artigo Estudo de incidência de transtorno de ansiedade generalizada na doença de Parkinson e

    propriedades psicométricas da Escala de Ansiedade de Hamilton (Ham-A).

    10.  Mathias, K. de V.; Mezzasalma, M. A.; Nardi, A. E.

    2010 Revista de Psiquiatria

    Clínica

     Artigo Estudo de identificação da presença de transtorno de pânico em pacientes com queixas de

    zumbido.

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    22

    Quadro 1: continuação11. Menezes, G. B.; Fontenelle, L. F.; Mululo,

    S.; Versiani, M.2007 Revista Brasileira de

    Psiquiatria Artigo Revisão narrativa dos aspectos relacionados à resistência do tratamento e estratégias

    farmacológicas no manejo dos transtornos de ansiedade resistentes ao tratamento.12. Mercante, J. P. P. 2007 - Tese de

    DoutoradoEstudo de prevalência ao longo da vida e o impacto das cefaleias primárias em pacientes com esem transtorno de ansiedade generalizada

    13. Mercante, J. P. P.; Bernik, M. A.;Zukerman-Guendler, V.; Zukerman, E.;Kuczynski, E.; Peres, M. F. P.

    2007 Arquivos de Neuropsiquiatria Artigo Estudo sobre a qualidade de vida de pacientes com enxaqueca crônica e com e sem comorbidadespsiquiátricas.

    14. Mochcovitch, M. D.; Crippa, J. A. de S.;Nardi, A. E.

    2010 Revista Brasileira deMedicina

     Artigo Discussão sobre diagnóstico e tratamento dos subtipos de transtorno de ansiedade mais frequentesna população.

    15. Munaretti, C. L.; Terra, M. B. 2007 Jornal Brasileiro dePsiquiatria

     Artigo Estudo sobre a presença de transtornos de ansiedade e tabagismo entre pacientes atendidos emambulatório de psiquiatria.

    16. Penna, P. P.; Gil, C. 2006 Revista de Pós-Graduaçãoda Faculdade deOdontologia da Universidadede São Paulo

     Artigo Estudo sobre a influência de aspectos psicossomáticos sobre a desordem crânio-mandibular (DCM).

    17. Ramos, R. T. 2009 Revista Brasileira deMedicina

     Artigo Revisão do quadro clínico e das estratégias gerais de tratamento farmacológico e psicoterapêuticodos diversos transtornos de ansiedade (transtorno de pânico, agorafobia, transtorno de ansiedadegeneralizada, fobia social, fobias específicas, transtorno de estresse pós-traumático e transtornoobsessivo-compulsivo).

    18. Schmitt, R.; Gazalle, F. K.; Lima, M. S. de;Cunha, A.; Souza, J.; Kapczinski, F.

    2005 Revista Brasileira dePsiquiatria

     Artigo Revisão sistemática sobre estudos de eficácia dos antidepressivos para transtorno de ansiedadegeneralizada.

    19. Tomazzoni, T. Z. 2013 Revista Brasileira deMedicina

     Artigo Estudo sobre o uso de Escitalopram no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada.

    20. Valença, A. M.; Falc o, R.; Freire, R. C.;Nascimento, I.; Nascentes, R.; Zin, W. A.;Nardi, A. E.

    2006 Revista Brasileira dePsiquiatria

     Artigo Estudo sobre relação entre a gravidade da asma e comorbidades com transtornos de ansiedade edepressão.

    21. Valença, A. M.; Freire, R.; Santos, L. M.;Sena, I. M.; Campinho, J. L.; Neto, C. M.;Nardi, A. E.

    2008 Revista Brasileira deMedicina

     Artigo Estudo sobre a frequência de transtornos de ansiedade e de depressão em pacientes de serviço deambulatório hospitalar.

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    Nas publicações selecionadas que discutem sobre o tratamento

    farmacológico são apresentados o uso das seguintes classes de medicamentos

    e sua eficácia: antidepressivos (tricíclicos, inibidores seletivos da receptação de

    serotonina - ISRS, inibidores seletivos da receptação de serotonina e

    noradrenalina - ISRSNA); benzodiazepínicos; ansiolíticos (buspirona);

    betabloqueadores; anti-histamínicos; antipsicóticos atípicos (risperidona,

    aripiprazole, olanzapina, ziprasidona) e anticonvulsivantes (topiramato, ácido

    valproico).

    Nesta revisão narrativa também se encontrou trabalhos que se referem

    ao uso de fitoterápicos/plantas medicinais no tratamento da TAG. O extrato de

    Piper methysticum, conhecido como kava-kava foi o fitoterápico mais estudado.

    Outros estudos envolvendo Ginkgo biloba, Galphimia glauca, Matricaria recutita

    (camomila), Passiflora incarnata e Valeriana officinalis também indicaram

    potencial efeito ansiolítico (ANDREATINI et al, 2001; FAUSTINO et al, 2010).

    Menezes et al (2007) discutem que, embora haja diversas medicações

    eficazes para os transtornos de ansiedade disponíveis, um número significativo

    de pacientes não responde adequadamente ao tratamento, permanecendo com

    sintomas residuais clinicamente significativos. A partir da análise de outros

    estudos, estes autores enumeram como fatores preditores de resistência ao

    tratamento: (i) o grau de gravidade da doença; (ii) a presença de comorbidades

    e de transtornos de personalidade; (iii) diagnóstico incorreto; (iv) uso

    inadequado de antidepressivos; (v) não utilização de técnicas de terapia

    cognitivo-comportamental.

    Mochcovitch et al (2010) também destacam que, além da

    farmacoterapia, a Terapia Cognitiva Comportamental apresenta excelentes

    resultados demonstrados por diversos estudos clínicos, benefícios reforçados

    por Ramos (2006).

     Ayer (2008) citando Zamignani & Banaco (2005) refere que, ao se adotar

    o tratamento comportamental como principal estratégia, em grande parte dos

    casos o procedimento realizado é a exposição com prevenção de respostas.

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     A autora continua:

    Esta técnica consiste em expor o paciente, repetidas vezes e por umtempo prolongado, às situações que provocam desconforto ouansiedade, enquanto pede-se que ele emita resposta que sejam

    incompatíveis com a de ansiedade. As exposições geralmente sãorealizadas de forma gradual, em escala do estímulo menos aversivopara o mais aversivo. É de grande importância ressaltar que o usodesta técnica não pode estar baseado somente no diagnósticopsiquiátrico, mas necessita de uma análise funcional bem elaboradaacerca das variáveis mantenedoras deste comportamento paragarantir a efetividade da técnica (AYER, 2008, p. 7-8).

    Na revisão de literatura realizada por Ayer (2008) encontrou-se que as

    principais técnicas comportamentais utilizadas pelos pesquisadores foram:

    relaxamento progressivo, treino de habilidades sociais, automonitorização e

    resolução de problemas, com destaque para a importância de se realizar o

    follow-up com objetivo de avaliar os ganhos terapêuticos 12 meses após a

    intervenção. Em artigos que analisaram a importância da qualidade dos

    cuidados da atenção primária, detectou-se que a psicoterapia era subutilizada

    neste nível de cuidado e neles se sugeria a implementação e melhoria na

    qualidade dos programas voltados ao tratamento dos transtornos de

    ansiedade, haja vista os resultados positivos das intervenções realizadas

    nestes estudos.

    Um aspecto importante abordado pelos trabalhos encontrados é do

    transtorno de ansiedade generalizada como comorbidade de outros transtornos

    psiquiátricos. Outras questões clínicas também são condições interferentes na

    qualidade de vida desta população. Foram comorbidades estudadas: cefaleias

    primárias (MERCANTE, 2007); enxaqueca crônica (MERCANTE et al, 2007);transtorno afetivo bipolar (BARBOSA et al, 2011); doença de Parkinson

    (KUMMER, CARDOSO, TEIXEIRA, 2010); transtorno de pânico em pacientes

    com queixa de zumbido (MATHIAS et al, 2010); relação entre transtornos de

    ansiedade e tabagismo (MUNARETTI, TERRA, 2007); influência de aspectos

    psicossomáticos relacionados com as desordens crânio mandibulares - DCM

    (PENNA, GIL, 2006), relação entre a gravidade da asma e comorbidades com

    transtornos de ansiedade e depressão (VALENÇA et al, 2006) e frequência de

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    transtornos de ansiedade e de depressão em pacientes atendidos em serviço

    de ambulatório hospitalar (VALENÇA et al, 2008).

    Em estudo realizado por Graeff (2007) constatou-se que, além das

    diferenças na sintomatologia e na resposta farmacológica comparativa entre ostranstornos de ansiedade generalizada e de pânico, os hormônios de estresse

    também são afetados de maneira distinta. O autor conclui que, enquanto a

    ansiedade antecipatória e o TAG ativam tanto o eixo hipotálamo-pituitária-

    adrenal quanto o simpático-adrenal, diferentemente do ataque de pânico, o

    qual causa acentuada ativação simpática, pouco afetando o eixo hipotálamo-

    pituitária-adrenal.

    Com relação à diferença entre gêneros, as gestantes e puérperas se

    destacam como subgrupos das mulheres que necessitam de atenção à saúde

    mental pelos fatores de risco inerentes ao momento de vida. Em estudo

    realizado por Almeida et al (2012) discute-se que é dada pouca importância à

    saúde mental da gestante e enfatizados transtornos psicóticos no pós-parto,

    embora as prevalências de transtornos mentais comuns sejam semelhantes na

    gestação e no puerpério. Quando há diferenças, as maiores prevalências

    ocorrem no primeiro período, o que torna essa fase crucial para o diagnóstico e

    tratamento dos transtornos psiquiátricos, uma vez que se constituem como

    importantes preditores de depressão pós-parto, de ansiedade pós-parto, de

    desfechos obstétricos adversos, os quais podem influenciar desde o

    desenvolvimento infantil até a adolescência. 

    Segundo Cantilino et al (2010) o puerpério, por sua vez, é considerado

    uma das épocas mais vulneráveis para ocorrência de transtornos psiquiátricos.

    Os transtornos mais prevalentes são: a disforia puerperal, a depressão pós-

    parto e a psicose pós-parto, patologias que apresentam peculiaridades clínicas

    e que merecem atenção especializada. A revisão bibliográfica realizada por

    estes autores aponta que o transtorno de ansiedade generalizada se destaca

    dentre os transtornos ansiosos que podem ser exacerbados ou precipitados no

    pós-parto.

    Por fim, como manejo dos transtornos de ansiedade resistentes,Menezes et al (2007) sugerem que se realizem mais estudos controlados para

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    que se verifique a eficácia das estratégias farmacológicas atualmente

    preconizadas, sejam elas monoterápicas, de potencialização com associação

    de diferentes classes de drogas ou relacionadas a abordagens de múltiplas

    estratégias, nas quais as intervenções não medicamentosas ocorrem

    concomitantemente ao uso dos fármacos, com a finalidade de que se obtenha

    a melhor resposta no tratamento da TAG com menores prejuízos associados a

    esse transtorno.

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    5 CONCLUSÕES

    De uma maneira geral, os autores encontrados discutem sobre aprescrição de medicações para o tratamento do TAG referem à importância da

    avaliação do perfil de cada paciente e discussão com ele sobre as opções de

    tratamento disponíveis. Os estudos encontrados ressaltam que a adesão ao

    tratamento depende também do fornecimento de informações sobre os

    possíveis efeitos colaterais, o tempo necessário para que se obtenha a

    resposta terapêutica, bem como do acolhimento às demais questões

    relacionadas ao uso de medicamentos. 

     A especificidade ou a generalidade de alguns sintomas presentes no

    TAG pode levar ao superdiagnóstico (overdiagnosis) ou ao subdiagnóstico. É

    imprescindível a investigação clínica para se descartar o diagnóstico

    diferencial.

     A eficácia do tratamento depende de ações conjuntas que visem ao

    cuidado global do paciente. Nesta revisão houve pouca referência ao trabalho

    multiprofissional: o transtorno de ansiedade generalizada é uma questão de

    saúde complexa que necessita de integração da equipe para proporcionar

    abordagem integral de cuidado, de maneira que o sujeito em sofrimento possa

    acessar o serviço de saúde, apropriar-se do seu tratamento, prevenir agravos

    decorrentes do TAG e promover melhora da sua qualidade de vida.

     A maior parte da publicação de pesquisadores brasileiros se refere ao

    tratamento medicamentoso e o tratamento não medicamentoso acaba sendoapenas citado por alguns trabalhos. Desta constatação, surge a necessidade

    de se realizar novos estudos e de aprofundar a discussão sobre os tratamentos

    disponíveis para o transtorno de ansiedade generalizado.

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