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Tratados – Parte 2 Tratados – Parte 2 Prof. Evelyn Sola Prof. Evelyn Sola 1

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Page 1: Tratados – Parte 2 Prof. Evelyn Sola 1. Introdução  Até o século XIX, os tratados costumavam ser bilaterais. No entanto, a partir da segunda metade do

Tratados – Parte 2 Tratados – Parte 2 Prof. Evelyn Sola Prof. Evelyn Sola

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Page 2: Tratados – Parte 2 Prof. Evelyn Sola 1. Introdução  Até o século XIX, os tratados costumavam ser bilaterais. No entanto, a partir da segunda metade do

IntroduçãoIntrodução Até o século XIX, os tratados

costumavam ser bilaterais. No entanto, a partir da segunda metade do séc. XX, os tratados passaram a ser, em sua maioria, multilaterais.

Importância: aumento na solidariedade internacional; positivação (codificação do Direito Internacional); estabelecimento de normas gerais.

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Conceito de Tratado Conceito de Tratado InternacionalInternacional• Art 2º, parágrafo 1º – Para os fins da

Convenção de Viena de 1969: ’tratado’ significa um acordo

internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica.

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Processo de formação dos Processo de formação dos tratadostratados

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4.1) Observações 4.1) Observações IniciaisIniciais A participação do Executivo (1, 3, 4) e do

Legislativo (2) dá um viés democrático ao processo. Requisitos: (i) os Estados devem ter capacidade

para tal ato; (ii) os agentes devem estar legalmente habilitados; (iii) deve haver mútuo consentimento; (iv) o objeto deve ser lícito e materialmente possível.

Representação (art. 6º e 7º): os Estados atuam por meio de representantes, autorizados a praticar atos internacionais em seu nome. São chamados PLENIPOTENCIÁRIOS.

Brasil: art. 84, inc. VIII. Na prática, há delegação desta competência.

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Fases Internacionais Fases Internacionais (negociação; ratificação)(negociação; ratificação)1) Negociação A participação é do Executivo, ou do

seu representante Envolvem as discussões, os debates,

os acordos de vontades, as propostas e as contrapropostas,

Fim das negociações: tem-se o tratado por concluído (toma uma forma mínima, com elementos importantes).

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1.1) Adoção do textoDá-se com o consentimento de todos os Estados

que participaram de sua elaboração.Obs: os tratados celebrados em sede de OIs são

aprovados pelo voto afirmativo de 2/3 dos Estados presentes e votantes (CVDT 69, art. 9º)

1.2) Assinatura Trata-se de um aceite precário e formal, não

acarretando efeitos jurídicos vinculantes. Tem o efeito de proibir condutas que ser

contrárias aos interesses estabelecidos no tratado, um dever de boa-fé.

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2) RatificaçãoDefinição: É a expressão em definitivo do consentimento estatal em ver-se obrigado pelo documento.OBS: assinatura em tratados unifásicos (e a adesão.

É ato exclusivo do Presidente da República.

A ratificação se consuma com a comunicação formal que uma parte faz à outra. Isso se dá:–Troca de notas–Depósito de instrumentos

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2.1) Obrigações advindas da ratificação

(i)fazer valer os direitos previstos no tratado a toda pessoa sujeita à sua jurisdição;

(ii)adaptar sua legislação ao estabelecido no tratado;

(iii)assegurar que não serão tomadas medidas contrárias às pactuadas;

(iv)assegurar àqueles que se sentirem violados, recursos jurídicos para corrigir esta situação.

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2.2) Características da Ratificação:

Ato externo e de governo Ato expresso Ato político e circunstancial Ato discricionário Ato irretratável Ato irretroativo Inexistência de prazos legais

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2.3) AdesãoÉ a vinculação de um Estado a um tratado do qual não participou das negociações.

Não é o mesmo que ratificação!

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CF/88 e o poder de celebrar CF/88 e o poder de celebrar tratadostratados Desde a Primeira República, até os dias atuais, o

sistema adotado pelo Brasil consagra a participação do Poder Legislativo no processo de conclusão de tratados, não tendo havido mudanças profundas nessa sistemática.

Art. 84. Compete privativamente ao PR: VIII – Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

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Constituição: Executivo e o Legislativo devem necessariamente participar do processo de celebração de tratados. No entanto, há doutrinadores que defendem a admissibilidade dos tratados executivos, que dispensam a participação do Parlamento.

IMPORTANTE: existe uma prática diplomática, pela qual o Executivo celebra determinados tipos de tratados sem a participação do Legislativo. Costume extra legem.

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2.1) Procedimento de 2.1) Procedimento de aprovaçãoaprovação

Procedimento complexo de poderes da União (art. 84, VIII c/c art. 21 c/c art. 49, I)

1º momentoApós a fase de negociação do tratado, o Presidente poderá:

• enviar ao Congresso para referendo;• encomendar a realização de novos

estudos; • arquivar o texto, em caso de insatisfação;

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Exceção: convenções internacionais do trabalho, que deverão ser submetidas à aprovação Parlamentar. (Tratado constitutivo da OIT, art. 19, no. 5, letra b).

2º momentoUma vez enviado o texto ao Congresso,

este: Confirmação por meio da elaboração de

um decreto legislativo. Rejeição do texto, apenas comunica ao

Presidente.

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Dupla atuação do Congresso Nacional(i)controle e fiscalização do Executivo; (ii)(ii) atuação independente,

representando a vontade nacional.OBS.1: aprovação parlamentar não equivale à ratificação. O CONGRESSO NACIONAL NÃO RATIFICA NENHUM TRATADO.OBS.2: o Congresso não pode fazer emendas, apenas aprovar ou rejeitar o texto. Poderá, porém, apresentar reservas.

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3º momento Ratificação

Importante: não é propriamente a ratificação que dá efeito ao tratado, mas sim a troca ou o depósito da carta ou dos instrumentos de ratificação na OI ou no lugar indicado.

4º momentoApós o depósito de instrumentos, a prática brasileira (não está previsto em lei ou na CF) tem exigido que o Presidente da República faça a expedição de decreto de execução, promulgando e publicando no Diário Oficial da União o conteúdo do tratado.

Representa a materialização do tratado em nível interno.

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Exceção aos tratados de Direitos Humanos: Emenda Constitucional n° 45 de dezembro de 2004

acrescentou um 3° parágrafo ao artigo 5° do qual determina que os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes à emenda constitucional.

Antes da emenda 45/2004 os tratados internacionais de direitos humanos eram aprovados por meio de decreto legislativo, por maioria simples, conforme artigo 49, inciso I da Constituição de 1988 e depois eram confirmados pelo Presidente da Republica.

Posteriormente a emenda 45/2004 os tratados que versam sobre direitos humanos passaram a ser considerados equivalentes às emendas constitucionais.

E os anteriores? Por não terem sido aprovados pelo rito das emendas constitucionais perderiam o valor de norma constitucional.

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Recurso Extraordinário Recurso Extraordinário 466.343-SP466.343-SP O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do

Recurso Extraordinário 466.343-SP em dezembro de 2008, renovou seu entendimento sobre a hierarquia dos tratados internacionais de direitos humanos.

Majoritariamente o Supremo se posicionou sobre a matéria, alegando que os tratados, antes equiparados às normas ordinárias federais, tenham status de norma supralegal, ou seja, estão hierarquicamente acima da legislação ordinária, mas abaixo da Constituição.

Diante dessa nova posição do Supremo a pirâmide jurídica passa a ser composta de forma diferente, pois na parte inferior encontra-se a lei; na intermediaria encontram-se os tratados de direitos humanos e no topo está a Constituição.

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Efeitos da internalização dos Efeitos da internalização dos tratados na ordem jurídica tratados na ordem jurídica nacionalnacional

(i) revoga todas as disposições em contrário (legislação infraconstitucional, exceção dos tratados de direitos humanos, que têm status de norma constitucional); (ii) não pode ser alterado por disposição normativa posterior (representa o descumprimento de uma norma internacional, passível de responsabilização); (iii) autorizar que os particulares reclamem, perante as instâncias judiciais ordinárias, a satisfação dos direitos neles estabelecidos e o cumprimento das obrigações decorrentes.

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