transtorno do pÂnico - aspectos gerais, abordagens especÍficas e tratamento

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Grupo: Anne Margarita Cunha Baptista Fernanda Gomes de Sousa Vitor Chvidchenko Transtorno do Pânico: Aspectos Gerais, Abordagens Específicas e Tratament Introdução ao Trabalho Científico Prof. Thiago Crespi 17/5/201 3

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Slide apresentado no curso de Psicologia nadisciplina Introdução ao Trabalho Científico – IBMR – 2º Período – Noite - Orientador:Thiago Crespi.

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Page 1: TRANSTORNO DO PÂNICO - ASPECTOS GERAIS, ABORDAGENS ESPECÍFICAS E TRATAMENTO

Grupo:Anne Margarita Cunha

BaptistaFernanda Gomes de

SousaVitor Chvidchenko

Transtorno do Pânico: Aspectos Gerais, Abordagens Específicas e Tratamento

Introdução ao Trabalho CientíficoProf. Thiago Crespi

17/5/2013

Page 2: TRANSTORNO DO PÂNICO - ASPECTOS GERAIS, ABORDAGENS ESPECÍFICAS E TRATAMENTO

TÓPICOS

1. Introdução. O Transtorno do Pânico

2. Abordagens para o Transtorno do Pânico2.1. Abordagem Biológica

2.2. Abordagem Cognitivo-Comportamental

2.3. Abordagem Psicanalítica

3. Tratamento3.1. Tratamento Psicofarmacológico

3.2. Terapia Cognitivo-Comportamental

3.3. Terapia Psicanalítica

4. Considerações Finais

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1. Introdução. O Transtorno do Pânico

A Historicidade do Pânico - O Deus Pã

Os mitos nos ajudam a entender as relações humanas e guardam em si a chave para o entendimento do mundo e da nossa mente analítica.A mitologia grega, repleta de lendas históricas e contos sobre deuses, deusas, batalhas heroicas e jornadas no mundo subterrâneo, revela-nos a mente humana e seus meandros multifacetados. Atemporais e eternos, os mitos estão presentes na vida de cada Ser humano, não importa em que tempo ou local.Somos todos, deuses e heróis de nossa própria história.

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1. Introdução. O Transtorno do Pânico

Sintomas Característicos Gerais

• elevado estado de excitação;• sentimentos psicológicos intensos de apreensão, medo e terror;• sintomas físicos que podem incluir respiração curta, palpitações cardíacas,

dores no peito, sensações de asfixia ou sufocação;• períodos intensos de estimulação com esgotamento ou estresse físico.• preocupações excessivas em ter uma doença grave, morrer, enlouquecer;• reações do próprio corpo assustam;• variação também na intensidade e no tipo de sintoma.

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1. Introdução. O Transtorno do Pânico

DESCRIÇÃO DO TRANSTORNO DO PANICO PELO DSM-IV-TR (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais)

Os 13 sintomas somáticos ou cognitivos:

(1) Palpitações ou taquicardia; (2) Sudorese; (3) Tremores ou abalos; (4) Sensações de falta de ar ou sufocamento; (5) Sensações de asfixia; (6) Dor ou desconforto torácico; (7) Náusea ou desconforto abdominal; (8) Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio; (9) Desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (estar distanciado de si mesmo); (10) Medo de perder o controle ou enlouquecer; (11) Medo de morrer; (12) Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento); (13) Calafrios ou ondas de calor.

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1. Introdução. O Transtorno do Pânico

CLASSIFICAÇÃO DO TRANSTORNO DO PÂNICO NO CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde)

Ansiedade Paroxística Episódica = ataques recorrentes de ansiedade grave (pânico), os quais não estão restritos a qualquer situação ou conjunto de circunstâncias em particular e que são, portanto, imprevisíveis.

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1. Introdução. O Transtorno do Pânico

Ousado Conceito

Transtorno do Pânico é uma condição mental que, aliada a um conjunto de alterações fisiológicas, comportamentais e emocionais, faz com que o indivíduo passe por um período intenso, repentino e inesperado de medo, sensação de morte ou catástofre iminente, tipicamente abrupto.

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2. Abordagens para o Transtorno do Pânico

2.1. Abordagem Biológica

Tenta estabelecer relações entre o desenvolvimento do transtorno, os seus sintomas físicos, os mecanismos e possíveis fatores físico/químico/biológicos que influenciam no aparecimento do TP

Compreende estudos de:

• Fatores Hereditários

• Fatores Ambientais

• Anatomia e fisiologia do sistema nervoso envolvidos no TP

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Fatores Hereditários

• Tendência do TP de se agregar em famílias

• Parentes em 1º grau de pacientes com TP apresentam risco oito vezes maior de desenvolvimento da doença

• Estudos com gêmeos apresentam maior concordância de TP em gêmeos monozigóticos do que em gêmeos dizigóticos

• Estudos de polimorfismos em genes candidatos à associação com o TP: não replicados em trabalhos posteriores

• Ainda não há evidências claras e conclusivas da existência de genes relacionados à ocorrência do Transtorno do Pânico

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Fatores Ambientais

Relação entre fatores estressores e desenvolvimento do TP:

• Experiências traumáticas na infância X desenvolvimento do TP na idade adulta

• Eventos estressantes na idade adulta se relacionam com o desenvolvimento de transtornos de ansiedade e TP

• 80% dos pacientes com TP relataram estressores de vida nos últimos 12 meses que precederam o início do transtorno

• Fatores socioeconômicos (etnia, estado civil, grau de escolaridade e renda) não parecem estar diretamente associados ao TP

• Tabagismo e dependência de nicotina X TP: resultados inconclusivos

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Anatomia e fisiologia do sistema nervoso envolvidos no TP

Modificações estruturais identificadas na anatomia de pacientes com TP:

• Volume reduzido nos lobos temporais e na amígdala

• Redução de massa cinzenta no giro parahipocampal esquerdo

• Redução bilateral na massa cinzenta do putâmen

• Aumento no tronco cerebral nos sítios rostrais, na ínsula esquerda e giro temporal superior esquerdo, mesencéfalo e ponte

(Estudos de neuroimagem estrutural)

Limitação: correlação causa ou consequência?

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Conjunto de estruturas neurais relacionadas aos ataques de pânico:

amígdala: estrutura central envolvida nos processos de medo

Responsável pela disseminação de informações que coordenam as respostas autonômicas e comportamentaisvias

eferentes conectam-se

com

ativação do S.N. simpático

Núcleo parabraquial: aumento no ritmo respiratório

Núcleo lateral do hipotálamo:(descarga simpática)

Locus Coeruleus: aumento na produção de norepinefrina

aumento na pressão arterial, frequência cardíaca e resposta comportamental do medo

Núcleo paraventricular do hipotálamo:aumento na liberação de adenocorticóides

Substância cinzenta periaquedutal:respostas comportamentais adicionais (defesa e paralisia postural)

“Rede do medo”

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Conjunto de estruturas neurais relacionadas aos ataques de pânico:

Locus Coeruleus:• Principal local de síntese de noradrenalina

no encéfalo

• Ativado principalmente por estímulos sensoriais novos, inesperados – estado de alerta

• Envolvido diretamente com os sistemas de respostas fisiológicas a situações de estresse e pânico

Amígdala:• Integradora de informações sensoriais às

respostas comportamentais e fisiológicas, principalmente para estímulos que representam perigo

• Participa em processos envolvidos com: emoção, medo condicionado, comportamento social, julgamento de expressões faciais, julgamentos sociais, dentre outros

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Alterações Químicas no Sistema Nervoso (neurotransmissores)

Alterações de funcionamento nos sistemas de neurotransmissores parecem desempanhar um papel central na ocorrência de TP

Neurotransmissores monoaminérgicos

• noradrenalina (norepinefrina)

• serotonina

• dopamina

Envolvidos com os transtornos de humor e de ansiedade

• Sistema de recompensa• Comportamento e cognição• Atenção• Aprendizagem• Esquizofrenia, Mal de Parkinson, ...

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Durante o ataque de pânico:

Disparos repetidos de neurônios noradrenérgicos no locus coeruleus

Alterações Químicas no Sistema Nervoso (neurotransmissores):

devido a

Déficit na transmissão serotoninérgica

Drogas que aumentam a disponibilidade de serotonina e noradrenalina na fenda sináptica (ex: inibidores seletivos da recaptação de serotonina) promovem a regularização da atividade noradrenérgica e, consequentemente, uma melhora nos sintomas de TP

O tratamento de longo prazo com drogas que aumentam a concentração de serotonina e noradrenalina na fenda sináptica produz uma redução na sensibilidade dos receptores para estes neurotransmissores

Reorganização global / “regulagem” do sistema de neurotransmissores / receptoresNão se trata apenas de aumentar a concentração de serotonina ou noradrenalina disponível na fenda sináptica

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2.2. Abordagem Psicológica Cognitivo-Comportamental

2. Abordagens para o Transtorno do Pânico

Foco no estabelecimento de relações entre processos fisiológicos e processos comportamentais/cognitivos envolvidos na ocorrência do transtorno do pânico.

Ênfase em processos de aprendizagem e na geração de comportamentos aprendidos com interpretação fortemente distorcida (exagerada) de sinais corporais

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Transtorno do Pânico:

Medo aprendido de certas sensações corporais, associadas com o ataque do pânico

Agorafobia:

Resposta comportamental à antecipação destas sensações, temendo sua evolução para um ataque de pânico

Conceitos Gerais da Abordagem Cognitivo-Comportamental

A abordagem cognitivo-comportamental entende que, de forma geral, o transtorno do pânico está relacionado a uma distorção, por algum tipo de mecanismo, das respostas cognitivas (interpretação) do organismo a determinadas sensações corporais que, em si mesmas, não representariam sinal de perigo.

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Modelo de Clark:

Estímulo Interno (alterações corporais:taquicardia, sudorese,

vertigem, ...)

Estímulo Externo (provenientes do meio:luminosidade, ruídos, ...)

OUInterpretação de

Perigo ou Ameaça Iminente

Ativação dosistema simpático

Reações corporaisdesencadeadas

pelo sistema simpático

Confirmação do“perigo”

Ansiedade e necessidade de

defesa

Espiral crescente e rápida

O modelo não detalha o mecanismo exato pelo qual, em determinado momento, houve, pelo indivíduo, o aprendizado da interpretação disfuncional (distorcida) do(s) estímulo(s) que desencadeia(m) o processo

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Modelo de Barlow:

Alto nível de estresse

VulnerabilidadeBiológica

(predisposição genética)

VulnerabilidadePsicológica

(histórico de vida)

Elevação dos níveis de excitação fisiológica

Intensificaçãodos esquemas cognitivos de apreensão e descontrole

sobre as reações corporais

Primeiro ataquede pânico

“Aprendizado do medo”

Medo de novos ataques

Transtorno do Pânico

Influência de fatores sociais

Tendência deevitação de situações

deflagradorasAgorafobia

Medo aprendido predispõe

o organismo à deflagração de novos ataques

Aumento da“ansiedade

antecipadora”

Estímulodesencadeador

(interno ou externo)

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2.3. Abordagem Psicanalítica

2. Abordagens para o Transtorno do Pânico

Parte do pressuposto de que conflitos internos inconscientes estariam na origem das manifestações de ansiedade, podendo, nos casos agudos, levar o indivíduo ao pânico

• Grande variedade de propostas e modelos distintos entre si, dentro da abordagem psicanalítica, para explicar o transtorno do pânico

• Alguns autores nem mesmo reconhecem a existência do Transtorno do Pânico como uma doença ou distúrbio, evitando a rotulação dos pacientes como vítimas do TP

• Predomínio de uma visão holística ou integral sobre o paciente, ao invés de focar exclusivamente no TP

• A avaliação da estrutura da personalidade do indivíduo e de sua história de vida é fundamental

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Alguns conceitos gerais da abordagem psicanalítica

• Transtorno do Pânico como uma somatização de processos inconscientes conflitantes ou mal resolvidos

• Frustrações, ressentimentos e outras experiências vividas na infância, cruciais na formação da personalidade, são identificados como potenciais fatores para o desenvolvimento do TP

• A qualidade da relação parental desempenha papel preponderante para o desenvolvimento da doença: pacientes com TP comumente descrevem seus pais como pessoas muito críticas, bravas, amedrontadoras ou controladoras

• Pacientes que foram crianças medrosas, nervosas e tímidas, e/ou que apresentam desconforto diante de sentimentos agressivos, tendem a apresentar maior vulnerabilidade ao surgimento do TP

• É frequente pacientes com TP apresentarem sentimentos crônicos de baixa autoestima, frustração e/ou ressentimento

• Separação materna precoce ou perdas interpessoais comumente se associam à instalação do TP

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Contexto sóciocultural permissivo e de ausência de limites prejudicando a estruturação psíquica do indivíduo: Pânico e Desamparo

• Desorganização da estrutura social, com sucessivas e aceleradas transformações na sociedade nas últimas décadas:

• Mudanças de valores

• Condições de procriação, filiação e configurações familiares

• Alterações nas formas de educar os filhos

• Mudanças nos papéis de homem e mulher

CRISE DE REFERÊNCIAS

promovendo profundas alterações na organização subjetiva da psique humana

Um modelo psicanalítico proposto para o TP (Costa, 2011)

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• Importância da LEI (simbólica) no desenvolvimento do ego e superego

O estabelecimento da lei, no sentido de restrições tanto do meio quanto morais permite o surgimento e desenvolvimento do ego e superego, contrapondo-se ao id e possibilitando a estruturação de uma psique equilibrada:

• Id: “princípio do prazer” – pulsões potencialmente infinitas e ilimitadas

• Estabelecimento da lei = agente de castração

• “A lei que priva e limita, também protege e ampara”: referências simbólicas claras para o indivíduo

• O agente de castração institui a lei e põe limite ao gozo, propiciando a renúncia pulsional renúncia das pulsões em troca de segurança e

outros benefícios secundários

Possibilita a existência da civilização e a sobrevivência do próprio indivíduo

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• A lei capacita o Homem a estabelecer relações de troca e a lidar com o desamparo e com a falta (o Homem não pode ter tudo e nem pode sobreviver sozinho)

“A lei humaniza o homem”

Freud:

• Todo homem vive naturalmente em situação de total desamparo (o ser humano não tem condições de ajudar a si próprio)

• Desamparo primário: inerente à constituição do sujeito, fruto de uma angústia fundamental que está presenta desde o nascimento

• Desamparo primário como experiência estruturante

Faz com que o indivíduo se volte para o outro:• abre mão de ambições de autossuficiência narcísica e de ilusões de

onipotência, para poder sobreviver

• Possibilita a sua constituição como sujeito

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E se a lei falha?

• Se não há restrição, não há necessidade de amparo

• Se não há necessidade de amparo, o homem não pode desenvolver uma preocupação com o outro

• Inversamente, se o outro não tem importância, não faz sentido seguir leis ou regras

Se a lei falha, o amparo também não se desenvolve, e vice-versa

• Individualismo exacerbado

• Isolamento

• Permissividade e ausência de limites

• Ausência ou pouco apelo do indivíduo ao outro

Sensação geral de desamparo, isolamento, insegurança, falta de lei e de garantias Cenário extremamente propício para o Transtorno do Pânico

• Viver o excesso pulsional sem limites (não há benefícios compensatórios aparentes associados à renúncia) OU renunciar às pulsões sem garantias de compensação

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Fobia x Pânico

Fobia:

• Conflito emocional interno levando ao recalque de pensamentos ou impulsos perturbadores

• Fracassando o recalque, o conflito é deslocado para um lugar ou situação do mundo exterior, de modo a tentar confinar o conflito ou a ansiedade em um objeto externo: objeto fóbico

• A possibilidade de evitação do objeto fóbico permite uma amenização na ansiedade do indivíduo

Pânico:

• Embora haja um caráter fóbico, não há objeto fóbico claramente definido

• As exigências da realidade externa podem estar tomando o lugar do objeto fóbico

Choque da descoberta do desamparo promovendo o desmoronamento de uma ilusão narcísica

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• Pacientes com TP relatam sintomas que remetem à falta de referencial, de orientação (sensação de estar perdido no espaço), isolamento e separação

Remetem à castração ou interdição, produzindo-se no paciente uma sensação de profundo desamparo

Pânico como um processo de somatização de um medo ou fobia profunda e generalizada da própria falta de lei, limites ou referencial, manifestando-se no corpo na forma de um descontrole generalizado de determinadas funções fisiológicas (batimentos cardíacos, respiração, sudorese, ...)

“Grito” do inconsciente, implorando por lei, limites, amparo e relacionamento

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3. Tratamento

1. Psicofármacos

2. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

3. Psicanálise

Psicofármacos

Na maioria dos casos, esse tratamento é o que está na linha de frente.

O controle dos ataques de pânico é, geralmente, feito através da ingestão de tranquilizantes benzodiazepínicos como o diazepam.

Esse tipo de medicamento alivia o sintoma das crises rapidamente, porém possui grande potencial de abuso e dependência (Davidson, 1997).

Costuma ser usado no início do tratamento para controlar os eventuais sintomas, ajudando na aderência aos tratamentos psicoterápicos.

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3. Tratamento

TCC – Como funciona?

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode servir como alternativa para os casos onde a interação psicofarmacológica não funciona bem ou então como complemento ao tratamento.

O objetivo básico da TCC é o descondicionamento das sensações físicas causadas pelo TP, utilizando princípios de aprendizagem para diminuí-los.

A proposta da TCC é oferecer um tratamento breve com 10 a 20 sessões, todas com objetivos claros que devem ser atingidos. Tanto o papel do paciente quanto o do terapeuta é ativo.

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3. Tratamento

TCC – Técnicas

Psicoeducação

A psicoeducação visa decompor a cascata de ansiedade e pânico causada pelos ataques.

Mostra uma análise clara de todas as etapas e introduz o papel dos pensamentos na manutenção do transtorno e o quanto a evitação e os comportamentos de fuga contribuem para a perpetuação dos ataques.

É aplicada nas primeiras sessões, porém pode se repetir durante todo o tratamento.

Essa etapa auxilia o paciente a passar pelas próximas, principalmente as de exposição, que são as que causam mais ansiedade.

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3. Tratamento

TCC – Técnicas

Psicoeducação

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3. Tratamento

TCC – Técnicas

Relaxamento e exposição

Tanto a técnica de relaxamento quanto a de respiração ajudam o portador a diminuir a tensão causada durante os ataques de pânico, além de proporcionar a sensação de controle e domínio sobre o próprio corpo.

A técnica de exposição reproduz os sinais mais comuns de ansiedade como a falta de ar e taquicardia.

Quando o cliente é exposto a esses sinais, promove-se a extinção do condicionamento interoceptivo, ou seja, o cliente deixa de associar os sintomas ansiosos ao ataque de pânico.

Ajuda o cliente a interpretar essas sensações de forma realista e não alarmante.

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3. Tratamento

TCC – Técnicas

Reestruturação Cognitiva

Tem como objetivo identificar pensamentos distorcidos, em relação às sensações corporais ameaçadoras e avaliar, junto ao terapeuta, a veracidade desses pensamentos.

O cliente é incentivado a propor alternativas e também lhe é ensinado como analisar seus pensamentos como uma hipótese e confrontá-los com a realidade.

O paciente precisa estar a par de todo o processo para usá-lo quando necessário.

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3. Tratamento

Terapia Psicanalítica

A psicanálise não trata o TP por não considerá-lo uma doença. O papel da análise é investigar o passado do paciente, principalmente a infância, em busca da causa para tratar o sintoma.

A psicanálise ajuda o portador do TP a lidar com seu sentimento de desamparo e constante angústia.

Aspectos relacionados à psicodinâmica da personalidade serão aprofundados visando explorar situações de conflito que possam ser desencadeadoras das crises.

A experiência assustadora de perda de controle sobre as próprias emoções parece ser central nessas pessoas (Louzã & Elkis, 2007).

Lembrando que a psicanálise tem como característica um tratamento longo.

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4. Considerações Finais

• Descrição do TP, caracterização de fatores físicos, genéticos ou comportamentais associados e proposição de terapias baseadas na atuação direta sobre estes fatores

• “O que faz com que um indivíduo, anteriormente saudável, venha desenvolver o Transtorno do Pânico em um determinado momento da sua vida?”

Pergunta sem resposta por estas abordagens

• Foco nas causas psíquicas do desenvolvimento do TP e olhar integral sobre o sujeito – parte do pressuposto de que o TP é originado por fatores psíquicos e não biológicos

• Diversidade muito grande de teorias e modelos (alguns contraditórios entre si)

• Extrema dificuldade de comprovação experimental dos modelos teóricos

• Neglicenciamento a priori da possibilidade de fatores físicos/biológicos estarem desempenhando papel relevante

Abordagem Psicanalítica:

Abordagens Biológica e Cognitivo-Comportamental

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• Abordagens biológica e cognitivo-comportamental já vêm sendo amplamente utilizadas em conjunto para o tratamento de pacientes com TP, e tudo indica que esta associação continuará ocorrendo no futuro

• A associação da abordagem psicanalítica com a biológica em tratamentos é rara e pouco usual

• Pressões da velocidade e do pragmatismo da vida moderna fazem com que a maioria dos pacientes com TP prefiram as terapias TCC, de duração mais curta:

Dificuldade de avaliação dos tratamentos psicanalíticos para TP (poucos dados disponíveis, longa duração dos tratamentos)

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• Pouca probabilidade de que haja alguma convergência entre a abordagem psicanalítica e as abordagens biológica e cognitivo-comportamental, dada a diferença radical de pressupostos teóricos entre as duas linhas

• Os avanços recentes nas pesquisas nas áreas de genética e de neurociências sugerem que a descrição biológica do TP poderá ainda sofrer consideráveis modificações e desenvolvimentos no futuro

• As abordagens psicológicas, tanto a cognitiva-comportamental quanto a psicanalítica, já apresentam suas bases bastante consolidadas (embora fundamentalmente distintas) e não apresentam tendência de mudanças significativas no futuro

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Obrigado!