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Transporte de mercadorias Durante o seu transporte, todos os bens transmitidos entre sujeitos passivos de IVA têm de ser acompanhados de documentos de transporte, ou seja, e conforme os casos, factura, guia de remessa, nota de venda a dinheiro, nota de devolução, guia de transporte ou um documento equivalente. Consideram-se «bens em circulação» todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afectação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efectuadas pelos sujeitos passivos do IVA. Consideram-se ainda bens em circulação os bens encontrados em veículos nos actos de descarga ou transbordo mesmo quando tenham lugar no interior dos estabelecimentos comerciais, lojas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casa de habitação, bem como os bens expostos para venda em feiras e mercados. Não são abrangidos por estas regras, entre outros: os bens manifestamente para uso pessoal ou doméstico do próprio; os bens provenientes de retalhistas, sempre que tais bens se destinem a consumidores finais que previamente os tenham adquirido, com excepção dos materiais de construção, artigos de mobiliário, máquinas eléctricas, máquinas ou aparelhos receptores, gravadores ou reprodutores de imagem ou de som, quando transportados em veículos de mercadorias; os bens pertencentes ao activo imobilizado; os bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas ou de pecuária resultantes da sua própria produção, transportados pelo próprio ou por sua conta; os bens dos mostruários entregues aos pracistas e viajantes, as amostras destinadas a ofertas de pequeno valor e o material de propaganda, em conformidade com os usos comerciais e que, inequivocamente, não se destinem a venda; os filmes e material publicitário destinados à exibição e exposição nas salas de espectáculos cinematográficos, quando para o efeito tenham sido enviados pelas empresas distribuidoras, devendo estas fazer constar de forma apropriada nas embalagens o respectivo conteúdo e a sua identificação fiscal; os veículos automóveis, tal como se encontram definidos no Código da Estrada, com matrícula definitiva; as taras e embalagens retornáveis; os resíduos sólidos urbanos provenientes das recolhas efectuadas pelas entidades competentes ou por empresas a prestarem o mesmo serviço; 1 © Todos os direitos reservados à LexPoint, Lda. Este texto é meramente informativo e não constitui nem dispensa a consulta ou apoio de profissionais especializados.

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Transporte de mercadorias Durante o seu transporte, todos os bens transmitidos entre sujeitos passivos de IVA têm de ser acompanhados de documentos de transporte, ou seja, e conforme os casos, factura, guia de remessa, nota de venda a dinheiro, nota de devolução, guia de transporte ou um documento equivalente. Consideram-se «bens em circulação» todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afectação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efectuadas pelos sujeitos passivos do IVA. Consideram-se ainda bens em circulação os bens encontrados em veículos nos actos de descarga ou transbordo mesmo quando tenham lugar no interior dos estabelecimentos comerciais, lojas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casa de habitação, bem como os bens expostos para venda em feiras e mercados. Não são abrangidos por estas regras, entre outros:

os bens manifestamente para uso pessoal ou doméstico do próprio; os bens provenientes de retalhistas, sempre que tais bens se destinem a

consumidores finais que previamente os tenham adquirido, com excepção dos materiais de construção, artigos de mobiliário, máquinas eléctricas, máquinas ou aparelhos receptores, gravadores ou reprodutores de imagem ou de som, quando transportados em veículos de mercadorias;

os bens pertencentes ao activo imobilizado; os bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas ou de

pecuária resultantes da sua própria produção, transportados pelo próprio ou por sua conta;

os bens dos mostruários entregues aos pracistas e viajantes, as amostras destinadas a ofertas de pequeno valor e o material de propaganda, em conformidade com os usos comerciais e que, inequivocamente, não se destinem a venda;

os filmes e material publicitário destinados à exibição e exposição nas salas de espectáculos cinematográficos, quando para o efeito tenham sido enviados pelas empresas distribuidoras, devendo estas fazer constar de forma apropriada nas embalagens o respectivo conteúdo e a sua identificação fiscal;

os veículos automóveis, tal como se encontram definidos no Código da Estrada, com matrícula definitiva;

as taras e embalagens retornáveis; os resíduos sólidos urbanos provenientes das recolhas efectuadas pelas

entidades competentes ou por empresas a prestarem o mesmo serviço;

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Este texto é meramente informativo e não constitui nem dispensa a consulta ou apoio de profissionais especializados.

os bens que circulem por motivo de mudança de instalações do sujeito passivo, desde que o facto e a data da sua realização sejam comunicados às direcções de finanças dos distritos do itinerário, com pelo menos oito dias úteis de antecedência, devendo neste caso o transportador fazer-se acompanhar de cópia dessas comunicações.

Requisitos da factura

As facturas ou documentos equivalentes devem ser datados, numerados sequencialmente e conter os seguintes elementos:

os nomes, firmas ou denominações sociais e a sede ou domicílio do fornecedor de bens ou prestador de serviços e do destinatário ou adquirente, bem como os correspondentes números de identificação fiscal dos sujeitos passivos de imposto;

a quantidade e denominação usual dos bens transmitidos ou dos serviços prestados, com especificação dos elementos necessários a determinação da taxa aplicável; as embalagens não efectivamente transaccionadas deverão ser objecto de indicação separada e com menção expressa de que foi acordada a sua devolução;

o preço, líquido de imposto, e os outros elementos incluídos no valor tributável; as taxas aplicáveis e o montante de imposto devido; o motivo justificativo da não aplicação do imposto, se for caso disso; a data em que os bens foram colocados à disposição do adquirente, em que os

serviços foram realizados ou em que foram efectuados pagamentos anteriores à realização das operações, se essa data não coincidir com a da emissão da factura.

No caso de a operação ou operações às quais se reporta a factura compreenderem bens ou serviços sujeitos a taxas diferentes de imposto, os elementos referidos nos 2º, 3º e 4º hífens devem ser indicados separadamente, segundo a taxa aplicável. As facturas ou documentos equivalentes podem, sob reserva de aceitação pelo destinatário, ser emitidos por via electrónica, desde que seja garantida a autenticidade da sua origem e a integridade do seu conteúdo, mediante assinatura electrónica avançada ou intercâmbio electrónico de dados. A elaboração de facturas ou documentos equivalentes por parte do adquirente dos bens ou dos serviços fica sujeita às seguintes condições:

a existência de um acordo prévio, na forma escrita, entre o sujeito passivo transmitente dos bens ou prestador dos serviços e o adquirente ou destinatário dos mesmos;

o adquirente provar que o transmitente dos bens ou prestador dos serviços tomou conhecimento da emissão da factura e aceitou o seu conteúdo.

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De qualquer forma, a elaboração de facturas ou documentos equivalentes pelos próprios adquirentes dos bens ou dos serviços ou por terceiros, que não disponham de sede, estabelecimento estável ou domicílio em qualquer Estado membro, tem de ser previamente autorizada pela Direcção-Geral dos Impostos, a qual poderá fixar condições específicas para a sua efectivação. Regra geral, as facturas ou documentos equivalentes devem ser emitidos o mais tardar no 5º dia útil seguinte ao do momento em que o imposto é devido. Todavia, em caso de pagamentos relativos a uma transmissão de bens ou prestação de serviços ainda não efectuada, a data da emissão do documento comprovativo coincidirá sempre com a do recebimento desse montante. Se, por outro lado, for utilizada a emissão de facturas globais, o seu processamento não poderá ir além de cinco dias úteis do termo do período a que respeitam. As facturas ou documentos equivalentes serão substituídos por guias ou notas de devolução, quando se trate de devoluções de mercadorias anteriormente transaccionadas entre as mesmas pessoas. A sua emissão processar-se-á o mais tardar no 5º dia útil seguinte a data de devolução. Os documentos referidos devem ser processados em duplicado, destinando-se o original ao cliente e a cópia ao arquivo do fornecedor.

Guia de remessa e outros documentos

As guias de remessa ou documentos equivalentes devem conter, pelo menos, os seguintes elementos:

nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede e número de identificação fiscal do remetente;

nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede do destinatário ou adquirente;

número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente, quando este seja sujeito passivo;

designação comercial dos bens, com indicação das quantidades. Os documentos de transporte referidos cujo conteúdo não seja processado por computador devem conter, em impressão tipográfica, a referência à autorização ministerial relativa à tipografia que os imprimiu, a respectiva numeração atribuída e ainda os elementos identificativos da tipografia, nomeadamente a designação social, sede e número de identificação fiscal. As facturas, guias de remessa ou documentos equivalentes devem ainda indicar os locais de carga e descarga, referidos como tais, e a data e hora em que se inicia o transporte.

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Na falta de menção expressa dos locais de carga e descarga e da data do início do transporte, presumir-se-ão como tais os constantes do documento de transporte. Os documentos de transporte, quando o destinatário não seja conhecido na altura da saída dos bens dos locais referidos, são processados globalmente, devendo proceder-se do seguinte modo à medida que forem feitos fornecimentos:

no caso de entrega efectiva dos bens, devem ser processados em duplicado, utilizando-se o duplicado para justificar a saída dos bens;

no caso de saída de bens a incorporar em serviços prestados pelo remetente dos mesmos, deve a mesma ser registada em documento próprio, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente.

Nestas situações, deve sempre fazer-se referência ao respectivo documento global. As alterações ao local de destino, ocorridas durante o transporte, ou a não aceitação imediata e total dos bens transportados devem ser anotadas pelo transportador nos respectivos documentos de transporte. No caso em que o destinatário ou adquirente não seja sujeito passivo, far-se-á menção do facto no documento de transporte.

Processamento e entrega

Os documentos de transporte têm de ser processados em três vias, numerados seguida e tipograficamente (ou seja, é proibida a utilização de um espaço para preenchimento à mão do número do documento), numa ou mais séries. A numeração terá que ser progressiva e não pode conter mais de 11 dígitos. Os exemplares destes documentos são destinados:

um, que acompanha os bens, ao destinatário ou adquirente dos mesmos; outro, que igualmente acompanha os bens, à inspecção tributária, sendo

recolhido nos actos de fiscalização durante a circulação dos bens pelas, e junto do destinatário pelos serviços da Direcção-Geral dos Impostos;

o terceiro, ao remetente dos bens. A impressão dos documentos de transporte referidos só pode ser efectuada em tipografias devidamente autorizadas pelo Ministro das Finanças. No entanto, os sujeitos passivos podem optar pelo processamento destes documentos através de computador, desde que utilizem software que garanta a sua numeração, e o comuniquem previamente à direcção de finanças do distrito da sua sede.

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Se forem processados desta forma, os documentos de transporte devem conter a expressão «processado por computador».

Infracções

O regime de bens em circulação objecto de transacções entre sujeitos passivos de IVA estabelece uma série de infracções detectáveis no decurso da circulação de bens. A essas infracções é aplicável o Regime Geral das Infracções Tributárias. Assim, por exemplo, a falta de emissão ou de imediata exibição do documento de transporte ou dos outros documentos exigidos farão incorrer os infractores numa coima de 100 a 2.500 euros. Estas coimas são aplicáveis quer ao remetente dos bens quer ao transportador que não seja transportador público regular de passageiros ou mercadorias ou empresas concessionárias a prestar o mesmo serviço. Também são punidas, por exemplo, as omissões ou inexactidões praticadas nos documentos de transporte que não sejam a falta de indicação do número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente dos bens, aplicáveis quer ao remetente dos bens quer ao transportador que não seja transportador público regular de passageiros ou mercadorias ou empresas concessionárias a prestar o mesmo serviço. Será unicamente imputada ao transportador a infracção resultante da alteração do destino final dos bens, ocorrida durante o transporte, sem que tal facto seja por ele anotado. Quando os bens em circulação, transportados num único veículo, provierem de mais de um remetente, a cada remetente será imputada a infracção resultante dos bens por ele remetidos. Sempre que o transportador dos bens em circulação em situação irregular não identifique o seu remetente, ser-lhe-á imputada a respectiva infracção. Presume-se não emitido o documento de transporte que não seja imediatamente exibido pelo transportador. Estas sanções apenas são aplicáveis quando as infracções forem verificadas durante a circulação dos bens, sendo competente para a sua determinação o chefe do serviço de finanças da área onde foram detectadas. Referências Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de Julho Regime Geral das Infracções Tributárias, artigo 117º Código do IVA, artigos 35º e ss. Lei Nº 33/2006, de 28 de Julho